boletim confluências

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BOLETIM ESCOLAR Confluências (2ª Série) janeiro / fevereiro 2013 Confluências Nesta edição: Scriptomanias Em Inglês &… Artes É fraqueza desistir- se da felicidade Apontamentos Breves p. 2-8 p. 9 p. 10 p. 11 p. 12 “… é fraqueza/ Desistir-se da cousa começada.” Camões, Os Lusíadas, c.I, est.40 Selo Escola Intercultural 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos O Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI, IP) e a Direção-Geral da Educação (DGE) entregaram à escola Secundária de Camões o Selo Escola Intercultural, para os anos de 2012/13 e 2013/14, em cerimónia realizada no Cinema São Jorge, em Lisboa. LER PARA VIVER Parabéns aos membros do Clube Ler Para Viver pela excelente perfor- mance de leitura de uma versão ‘abreviada’ de O Nariz, de Nikolai Gógol… No final da leitura (12/12/2012 - Biblioteca), que contou com a participação de ex-alunos e com a presença de convidados de honra, houve ainda um beberete-convívio para troca de impressões. A enquadrar a iniciativa, foi realizada uma exposição sobre alguns escritores russos. Parabéns à organização e aos participantes! ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES FINALMENTE MONUMENTO DE INTERESSE PÚBLICO

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Publicação da E.S. Camões

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Page 1: Boletim Confluências

BOLETIM ESCOLAR

Confluências (2ª Série)

janeiro / fevereiro

2013

Confluências

Nesta edição:

Scriptomanias E m I n g l ê s & … Artes É fraqueza desistir-se da felicidade Apontamentos Breves

p. 2-8 p. 9 p. 10 p. 11 p. 12

“… é fraqueza/ Desistir-se da cousa começada.” Camões, Os Lusíadas, c.I, est.40

Selo Escola Intercultural

10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos

O Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI, IP) e a

Direção-Geral da Educação (DGE) entregaram à escola Secundária de Camões o Selo Escola Intercultural, para os anos de 2012/13 e 2013/14, em cerimónia realizada no Cinema São

Jorge, em Lisboa.

LER PARA VIVER Parabéns aos membros do Clube Ler Para Viver pela excelente perfor-

mance de leitura de uma versão ‘abreviada’ de O Nariz, de Nikolai Gógol… No final da leitura (12/12/2012 - Biblioteca), que contou com a participação de ex-alunos e com a presença de convidados de honra, houve ainda um beberete-convívio para troca de impressões. A enquadrar a iniciativa, foi realizada uma exposição sobre alguns escritores russos. Parabéns à organização e aos participantes!

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES FINALMENTE

MONUMENTO DE INTERESSE PÚBLICO

Page 2: Boletim Confluências

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Gaiola de Pesca

A ferramenta visível no convés é uma gaiola de pesca, também chamada de covo ou nassa de pes-ca.

Uma gaiola de pesca é um objeto usado na pesca, daí estar presente no convés do barco. As gaiolas de pesca são ferramentas já utilizadas há muitos anos. Antigamente eram baseadas numa estrutu-ra mais rígida normalmente cúbica, cilíndrica ou cónica e que era depois revestida com fibras vege-tais de forma a ter uma entrada, por onde o peixe/marisco pudesse entrar mas dificilmente sair.

Atualmente, as gaiolas de pesca são feitas, na maioria, com uma armação metálica ou plástica e revestidas de rede plástica. As gaiolas de pesca são ligadas a um cabo, que está amarrado a uma boia, de forma a assinalar o local onde se encontram, para que a sua recolha seja mais fácil.

A função desta ferramenta é manhosa, o seu objetivo é simular um abrigo para o animal e por isso é colocado isco dentro da gaiola. Esta é coberta por uma esteira para que seja mais cativante e con-vidativa.

Os peixes atraídos pelo isco e julgando que se trata de um ambiente seguro, entram para a gaiola, de onde depois dificilmente saem, ou não saem, sendo pescados quando se trouxer a gaiola à super-fície.

Claro que esta forma de pesca é bastante descuidada, visto que apenas podemos presenciar aquilo que pescamos depois de tirar a gaiola da água e a trouxermos para o convés, acabando, por vezes, por pescar peixe/marisco que ainda não deveria ser pescado por ser demasiado jovem. No caso das gaiolas que observei na imagem parecem ter sido utilizadas para recolher amêijoa (que é um maris-co), visto que está uma amêijoa caída no convés do barco.

Ao pescar peixe/marisco demasiado novo, a espécie fica sem juvenis que se possam reproduzir, diminuindo a população, podendo, em casos extremos, levar a uma situação extinção da espécie.

Em síntese, a pesca, utilizando gaiolas é uma forma fácil e prática de pescar, mas negligente quanto ao que se pesca. Por isso deve ser utilizada com moderação e precaução, cumprindo sempre as regras e limites impostos pela Direção-Geral de Recursos Naturais, que considera a utilização de gaiolas de pesca uma arte de pesca passiva. Assim como se deve estar informado sobre os limites e regras impostos por outras entidades reguladoras do sector.

Manuel Sousa Ribeiro, 10º A

Título: Confluências

Iniciativa: Departamento de Línguas

(Grupo Disciplinar de Românicas)

Coordenação de edição: António Sou-to, Manuel Gomes e Lurdes Fernan-des

Periodicidade: Trimestral

Impressão: GDCBP

Tiragem: 250 exemplares

Depósito Legal: 323233/11

Propriedade: Escola Secundária de Camões

Praça José Fontana

1050-129 Lisboa

Telefs. 21 319 03 80 - 21 319 03 87/88

Fax. 21 319 03 81

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to d

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nu

el Go

mes (P

esca)

Inspiração

Sinto-me sempre inspirada nos momentos mais ‘impróprios’. Minutos antes de me ir deitar, a meio de um teste, etc. Costumava ignorar esses momentos, ignorar o facto de ter uma ideia e de a poder usar para algo. O problema é que a inspiração vai e vem, e se não a usares enquanto a tens, eventualmente vai desaparecer e quando quiseres realmente fazer algu-ma coisa (escrever um texto, desenhar, qualquer coisa), irás sentir-te pre-so e confuso sem ela. Por isso, segue o meu conselho: sempre que te senti-res inspirado, aproveita. Faz qualquer coisa de que te sintas orgulhoso, algo que te faça sorrir por o teres feito. Não desperdices a oportunidade de fazer algo bom. Arranja um caderno, um bloco de notas, e sempre que uma ideia surgir, toma nota. Acredito que muitas vezes, obras extraordi-nárias surgem desses pequenos momentos, dessas pequenas notas. Não precisas de grandes aparatos e preparações para criares algo lindo, mas sim de imaginação, simplicidade e pequenas coisas que te façam feliz.

Anca Ciuntu, 11º E

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

A minha rua

Viro a esquina e aqui estou, na minha rua. Faz tempo desde a última vez que aqui estive. Nada mudou, o cheiro a chuva, a movimento, a carros, a pessoas, tudo se mantém. O mesmo cheiro a cidade permanece. É como se aqui, no meio de Lisboa, no meio de tantas vielas e pracetas, a minha pequena rua se refugiasse da passagem do tempo, da mudança.

A primeira coisa que vejo são os correios, um imponente edifício cinzento à minha esquerda. A pesada porta está fechada, mas os estores estão ainda abertos, uma luz ama-relada atravessa os vidros e ilumina os meus passos.

À minha direita encontra-se um café. Mais do que um, aliás. Dois cafés, ainda abertos apesar da hora tardia, e um restaurante prestes a fechar.

Oiço vozes, não preciso de andar muito para perceber de onde vêm: duas mulheres con-versam animadamente encostadas à porta do já encerrado cabeleireiro. Consigo perceber, pelo seu vestuário extravagante e reduzido, que estão a fazer tempo, à espera do primeiro cliente, ou do segundo, talvez. Passo e oiço-as rir. Está frio. Esteve a chover há pouco e há de chover outra vez, e no entanto elas riem. Têm uma noite inteira pela frente e riem…

Quem não ri é o sem-abrigo que está deitado num velho banco do outro lado da rua. Não ri, mas sim treme, debaixo de um cobertor verde-escuro, tão velho quanto o banco (o sem-abrigo ou o cobertor?)

Sigo em frente apesar de me pesar o coração. Já é costume aqui, já estou habituada, mas nunca deixa de doer.

Ao lado esquerdo vejo então o meu prédio. Verde e antigo, mas não antigo o suficiente para que seja considerado bonito. É talvez o prédio mais feio da rua. Consigo ver a minha janela no primeiro andar, semiaberta. Os cortinados, também eles verdes, estão cerrados e pouco deixam ver para além deles. A luz da sala, porém, está acesa e tudo deixa ver. As prateleiras do meu pai repletas de livros serão sempre a minha parte preferida da casa.

Passo pelos dois cabeleireiros mesmo ao lado e chego ao supermercado que ainda está aberto. Sempre gostaram de fechar a horas tardias… A luz que vem de lá de dentro é for-te, quase me encandeia no meio de tanta escuridão.

De repente oiço gritos, algum bêbado talvez, não seria o primeiro nem o último a tentar acordar os moradores desta rua.

Ando mais um pouco, o passeio está repleto de carros. Estacionar aqui sempre foi um problema.

Paro então por instantes, começo a sentir a chuva… Penso no sem-abrigo, nas prostitu-tas…

A rua continua, mas são apenas mais carros e cafés iguais (ou diferentes) a todos os outros.

Está na hora de regressar a casa.

Clara Mendes, 12º J

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Doce Infância

Lembro-me dos tempos de criança, quando tudo era simples e puro. Uma brincadeira. Quando um passarinho ou uma borboleta eram seres com uma beleza inigualável e voavam tão livremente. Tam-bém um dia queríamos ser como eles e voar até ao sol, deitarmo-nos e brincarmos nas nuvens bran-cas como algodão. Correr no jardim atrás de uma bola ou daquele amigo ou amiga mais especial. Olhar o mundo com uma ingenuidade e pureza próprias da tenra idade. A vontade de crescer, de ser grande, ter sapatos altos como a mãe, ter um carro e uma casa só nossa, ser o melhor polícia, o melhor médico ou a melhor professora e pensar que o único problema que tínhamos na vida era ter-mos de comer a sopa e os legumes ao jantar.

Hoje penso: o que é feito dessas crianças? O que é feito da ingenuidade, da pureza e da simplicida-de? O que é feito das corridas no jardim, do sonho de voar, do polícia, do médico, da professora e do amigo que connosco brincava?

Apercebo-me que todas estas coisas continuam lá e continuam tão maravilhosas como antes. A ida-de, por vezes, é que muda as pessoas, faz-nos perder os valores tão bons que tínhamos quando éramos crianças. Será que algum dia os vamos recuperar? Ou será que vamos continuar a desprezar a beleza das coisas simples que nos rodeiam? Continuar a andar carrancudos e não mostrar um mero sorriso às pessoas que por nós passam?

No fim disto surge-me apenas uma pergunta: Será que a criança que foste tem orgulho da pessoa que és?

Filipa Esteves Velasco, 11º L

"Querida Primavera, Eu paro, respiro... Mas nada vem, e tudo vai, Como esta folha que cai, E voa, devagarinho. Perdida, levada – Em direção ao nada –, Seguindo o seu caminho.

Como as histórias que contam Os leves sopros do vento. Como caminhos que apontam Por entre as mágoas do arrependimento.

É como a chuva a deslizar Por esta forte tempestade, Como sombra a caminhar Entre abismos da realidade.

E os sussurros, na solidão, Nem esses irão saber O quão dura é a escuridão: Abrir os olhos e não ver!

Mas, Quando Yavanna* despertar

Em seu tom doce e ligeiro, Fará o Sol cruzar o Mar. Fará parar o Mundo inteiro!

E aquela rua perdida Sem princípio, meio ou fim Abrirá a Porta esquecida Que vai dar ao meu Jardim.

Porque as cantigas que Ela traz Levam Mar de volta às ilhas! Fazem Alice tornar atrás, Ao País das Maravilhas!

Aqui te espero, traz as cores e o amor con-tigo.

Tua, Alice." Yavanna – Senhora (Deusa) da Natureza, segundo Tolkien.

Alice Ruiz, 10º L

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Caminhando... Quem sobe a Travessa S. Bernardino, seja dia ou noite, não sente pro-

priamente uma sensação de bem-estar e con-forto. Nesta perspetiva da subida temos uma primeira impressão desagradável com vidros partidos no chão, poeira e barulho de obras e finalmente um rio de beatas a aclarar a cor negra do alcatrão.

Mas, se nos habituarmos a passar nesta rua, percebemos que existe uma grande diferença, uma realidade diferente, na mesma rua. Como dois países separados por uma frontei-ra, os edifícios situados à esquerda desta estreita rua são pobres, desarranjados, feios e visivelmente velhos. Pouca privacidade, jane-las partidas e muitos objetos e pessoas em muito pouco espaço. Já os edifícios à direita

da rua são novos, condomínios com garagem, jardim e boa apresentação.

Junto a estes condomínios existem sempre muitos carros estacionados, mas são sempre velhos, com um aspeto feio e ultrapassado. Talvez porque os bons carros estejam na garagem e não ao alcance de qualquer peão.

Ao chegar ao cimo da subida que, deixando para trás os condomínios, agora se limita a caras feias e mal conservadas de ambos os lados, damos com um pátio precedido de um túnel. A separar o túnel e o pátio da rua pública existe um portão velho, cor de vinho, cor esta visivelmente comida pela ferrugem.

Passamos o portão, atravessamos o túnel escuro e entramos no pátio bem iluminado e arejado. De um e outro lado, passeios para onde dão as entradas dos prédios. É assim que chegamos a minha casa.

João Pinto,12º A

Tempo cruel A noite calada obscurece, sob as estrelas sorridentes, os corações indiscretos de duas almas perdidas no tempo. No seio da noite os corações, quentes no ardor do momento, deslumbram o tempo proibido de amar. A madrugada chegou e a noite, vencida pelo tempo, abandona as almas amadas. Tempo cruel… Mas o tempo passa, e o amor persiste. A noite voltou.

Clara Cottet, 10º A

Terminou já o prazo de entrega dos trabalhos destinados à VIII edição do

Concurso Literário Camões. No próximo dia 18 de abril, numa jornada recheada de even-tos, serão divul-gados os traba-lhos e os autores distinguidos. Mantém-te aten-

to!

Participa!

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Poema de Introdução (porque achei que até ficava bem) Em cima da mesa guardo alegria Por baixo dela ninguém saberia Não fosse eu tão transparente Genuína e inocente Não é evidente? Não acredites, desconfia A falsa poeta não se fia.

Estou sem inspiração Mas minha professora de português Quer que eu melhore a caligrafia A senhora até tem razão E eu até lhe agradecia Abençoá-la-ei, então, com poemas Da mais alta categoria. Repare-se, por favor, Na fidelidade e simpatia, Que guardo pelos temas Da minha poesia.

1)Pensamentos

Mente cansada, alma vazia, melancolia, rotina do teu dia, Destreza, firmeza, Tanta certeza, mas a sinuosa melodia ecoa na tua cabeça. Voltas e revoltas mexes e remexes tantas pontas soltas nunca enlouqueces?

Elimina o que te prende, encara e entende o mais feliz e independente é o ignorante inocente. O pensamento voa difuso, confuso, destoa, e não perdoa um fio de sucessões, dúvidas, complicações, tantas questões... A dúvida magoa. Continuo numa prisão. Sanidade mental, então? Ajuda-me, estou à toa!

2) Receios…

Receio... Sou o espelho da sociedade hipócrita, egoísta. Não o faço por maldade, devo-o a esta sociedade que me educou gananciosa, consumista. Sonhava ser política, economista, acabar com a desigualdade, seguia demagogias utópicas, mas encarei a realidade. Agora a minha vontade é não acabar sem reação, sem capacidade corrompida pelo mundo renunciando a minha maior verdade. Será o meu grande dilema a fila de espera do centro de desemprego? Será para mim um problema viver em paz e sossego?

Como tantos outros conterrâneos, acabarei preguiçosa, acomodada, apreciando prazeres momentâneos, aguardando pelo futuro sentada? Não planeando a vida, vivendo-a bem relaxada, esperando colher frutos de uma árvore ainda por semear. Eu. Será esse o meu destino? Tornar-me-ei acomodada? Deixarei de ser revoltada? Serão os meus versos somente pura ficção? Serei eu mais um fantoche que o sistema tem na mão? Ou então… Permanecerá em mim a necessidade de intervenção e, como tantos outros que tentaram, acabarei perdida na minha própria (des)ilusão? Receio...

Inês DiasInês DiasInês DiasInês Dias

11º H11º H11º H11º H

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Confluências

SCRIPTOMANIAS (cont.)

3) Geração sem noção Espero uma revelação Quero ser significante Não quero cair na tentação De me tornar um vazio ambu-lante Inconstante, ignorante Conformado, acomodado. Futuramente, por favor, não continuem o nosso pecado, sigam por outro lado rumo ao mundo idealizado. Oiço críticas destrutivas À nossa geração promissora,

Apostaram tudo na gente E a gente os atraiçoa… Esquecem-se, desconsolados, Que tudo nos deram de mão bei-jada. Vós, cegos de amor, Nunca nos negaram nada, Crescemos mimados, habituados A que amparem os nossos fra-cassos, de facto, esperançados que não seríamos nós os falha-dos. Vivemos a pensar Que o futuro há de chegar perfeito e programado sem arestas para limar. Cada um, dentro de si, pensa, «nasci para ser um lorde», mas no momento da luta não há quem os acorde. Geração da informação,

tecnologia e comunicação, mente sã, corpo são, teorias da compaixão. Mas a maior preocupação são os iphones em promoção. Geração sem noção…. Dito o sermão, e esperando que não seja em vão, deduzo que a minha função seja procurar uma razão, algo que estabeleça ligação com a minha produção, que prove que não foi em vão.

4) O destino dos escolhi-dos

Termina o curso, segue o predesti-nado per-curso,

apregoa o discurso, parece amigo, parece irmão, movimentou os seus recursos e tem o povo na mão. Tão bom sentir o poder, estar acima do comum cidadão, mas no fundo sente uma estranha sensação. Preocupação, consideração pelo resto da população? O conceito de injustiça define-se no seu coração, pois o perjúrio da verdade é a grande realidade dos decisores sem compaixão.

Ele queria o impossível, mudar o mundo para sempre, achava-se competente, convicto e persistente. Queria ser diferente, agradar a toda a gente, erradicar a pobreza, e que célebre missão o seu desejo de antemão. Mas cedeu à pressão... À necessidade de superioridade, a sede de dinheiro sobrepõe-se à racionalidade, é verdade, afeta o mundo inteiro! Decerto não é por maldade, à primeira... Mas à segunda segue-se a tercei-ra, torna-se uma brincadeira, tirar aqui, tirar ali, hipócritas ainda falam em respeito à ban-deira. E que equipa perfeita, desvios, lavagens, esquemas de corrupção,

tachos prometidos a ignorantes bem nascidos. Os esforçados? Esquecidos. Eles são um grupo restrito, tudo e todos têm interligação, têm os principais negócios na mão. Ainda exploram o povo incitando ao consumo de bens mais que supérfluos, autênticos reis do roubo. Diminuem a produção, importam em demasia. O desemprego aumenta, uma autêntica razia. Srs. Doutores Engenheiros, deveriam ter vergo-nha por serem ricos des-truindo a felicidade de quem sonha.

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Mudar o Mundo

O mundo em que vivemos esteve sempre repleto de felicidade e tristeza, paz e guerra, desconfiança e amizade; sentimentos contrários com os quais interagimos todos os dias. Estes sentimentos sur-gem das mais variadas maneiras: através de um reencontro, de um desentendimento; através da arte, da música, de um abraço; através de injusti-ças, de confrontos. Infelizmente, não creio que haja um momento em que tudo à nossa volta este-ja totalmente bem. Existe sempre uma pequena parte que está errada... triste.

Contudo, creio (e espero ter razão) que existe muita gente neste mundo que tenta todos os dias melhorar a sua vida ou a vida de alguém de quem gosta muito. São essas pessoas que podem fazer a diferença, pois apesar de não ser fácil realmente ajudar, o que conta é a intenção.

Muitas vezes, uma simples canção ou um filme

despertou em mim pensamentos relativamente àquilo que também eu podia fazer para mudar o que me incomoda, à minha volta e não só. Queria conseguir fazer com que a maldade neste mundo deixasse de existir. Queria ser capaz de distribuir a riqueza que muitos possuem pelas pessoas que realmente a necessitam. Queria conseguir con-vencer as pessoas a deixar de lutar pela felicidade e a começar a colaborar para a alcançar. Mas não acredito que isso seja possível. Não acho que haja alguém capaz de mudar o mundo; mas não deixo de tentar mudar o que é possível, o que está à minha volta. Consigo colocar um sorriso na cara de alguém que esteja a ter um mau dia e consigo ser boa pessoa simplesmente respeitando aqueles que estão à minha volta e sendo... eu própria.

Consigo ficar feliz desfrutando da arte, da músi-ca, da amizade e da família que me rodeia, e agra-deço à vida por isso.

Anca Ciuntu, 11º E

Para sempre Foi no dia 5 de Abril de 2012. Fazia frio, não se via o sol e não sei o que chorava mais: se o céu, se os

meus olhos. Eu sabia que nunca me iria esquecer daquele dia, daquela notícia que nos deixou a todos de rastos.

A cadela tinha estado comigo desde que eu nasci, tínhamos precisamente a mesma idade – 15 anos. Mas, enquanto eu estava na flor da vida, ela estava no fim.

Era linda, no seu pelo castanho com uma mancha branca no peito. E como corria! Quando a soltava, no campo, sabia que só a voltaria a ver quando o sol cruzasse o horizon-te. Mas estava descansada porque, cadela de caça que era, ela sabia bem o caminho para casa.

Uma vez, estava eu com a minha avó perto da ribeira. Tinha cerca de quatro ou cinco anos e queria ver a água mais de perto. Debrucei-me, perdi o equilíbrio e caí lá dentro. A minha avó ficou tão atrapalhada que só gritou "Alice!". Mas a cadela sal- tou para a ribeira e trouxe-me para a margem.

E, de repente, todos esses anos se fecharam, todos os Verões felizes se reduziram a um dia de chuva frio, à noite.

Ela não tinha forças para andar, pelo que tivemos de a levar ao colo para a sala onde os seus olhos iriam descansar para sempre.

Disseram-me para não entrar. Mas como podia eu não entrar? Como podia eu deixá-la na ribeira sozi-nha? Por isso entrei, e estive com ela até ao seu último suspiro.

Hoje, ainda a sinto no vento, a correr em liberdade. Sei que vai estar lá para mim, não importa quan-tas ribeiras surjam na Estrada.

Alice Ruiz, 10º L

Page 9: Boletim Confluências

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Confluências

Em Inglês & … Artes

A FILM REVIEW – CRASH (2004)

“You think you know who you are? You have no idea." In some way, this applies to every character in the film. We think we know who we are, but only in the most extreme situations, when we are angry, scared and nervous, we truly show it.

And that's exactly what Paul Hag-gis, director, producer and co-writer, is trying to portray. "Crash" begins with the story of Jean Cabot (Sandra Bullock), the spoiled wife of the District Attorney Rick Cabot (Brendan Fraser), who are car-jacked by two black burglers. After, the characters start to collide with each other. They all have one thing in common: their lives have been changed due to racism. There's the racist police officer, the black detec-tive and his drug dealer brother, the persian shopkeeper and his daughter, the TV director and his

wife and also the hispanic lock-smith.

There are no main characters, be-cause they all are relevant to the plot. They all are just pawns in this emotional chessboard, when their lives bump into one another. In these bumps, they finally learn about who they are, about what they are doing with their lives.

The film may be short (less than two hours), but at the same time it's power-ful. Since the begin-ning till the

conclusion, there's always a feeling of incessant excitement, almost as they want to take our breath away.

Marvellous choice of actors, mar-vellous performances, especially from Matt Dillon, who got nomi-nated for the Academy Award of Best Supporting Actor in the role of the frightful officer John Ryan, and

also from Thandie Newton, who plays the woman that is molested by him.

"Crash" is an intense film, which shows in a direct, honest and raw way, a reality of our society. We think ourselves as modern, and still, we judge a person simply by race. Overall, its Oscar for Best Mo-tion Picture was well-earned.

Film Info - Country: US directed by: Paul Haggis screenplay by: Paul Haggis Bobby Moresco running time: 112 minutes rating : 8.2 / 10 sources:

www.en.wikipedia.org/wiki/Crash_(2004_film www.indb.com/title/tt0376679

Pedro Guilherme Cortez, 11º H

Page 10: Boletim Confluências

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Confluências

É FRAQUEZA DESISTIR-SE DA FELICIDADE

“É Fraqueza Desistir-se da Felicidade” A conferência que alegrou o Camões

Reportagem de um encontro alegre sobre um assunto sério FOI NO PASSADO DIA 5 DE FEVEREI-RO QUE SE REALIZOU A CONFERÊN-CIA INTITULADA “É FRAQUEZA DESISTIR-SE DA FELICIDADE”, ORGA-NIZADA PELAS PROFESSORAS LINA MARQUES, ÂNGELA LOPES E LÍDIA TEIXEIRA EM PARCERIA COM O MOVIMENTO CAMONIANO E A TUR-MA A DO 11º ANO. O CONFLUÊNCIAS NÃO PÔDE DEIXAR DE ESTAR PRE-SENTE PARA RELATAR O MOMENTO.

Por Ricardo Silva (11º A)

Foi por volta das 12h00 que o auditório Camões recebeu a profissional de televisão Teresa Paixão, o prof. Rui Brites e o humo-rista Nilton. A realização desta conferência teve por origem a participação de dois alunos do Camões no programa da RTP2 em parce-ria com a ARTV ‘Quem Fala Assim’ no ano letivo passado. A escola oponente na final, escola D. Inês de Castro, de Alcobaça, tam-bém participou na iniciativa a convite da escola.

Ao chegar ao auditório Camões que aco-lheu a iniciativa, deparámo-nos com um mural escrito por muitos dos alunos presen-tes onde se podiam ler frases relacionadas com o tema, umas inspiradoras e outras não tanto. A sala estava já cheia quando as luzes diminuíram e deram lugar a uma apresenta-ção de fotografias dos alunos, professores e funcionários da nossa escola intitulada “Momentos de Felicidade”, a qual deixou sorrisos em todos quantos se viram a si e aos seus colegas retratados. A moderação ficou a cargo da professora Lina Marques que se encontrava no palco acompanhada pelo prof Rui Brites, Nilton e o aluno que representou a nossa escola na Assembleia da República, Ricardo Nunes da Silva.

Uma Participação Fortuita

A abertura foi seguida pela participação de Teresa Paixão que, invulgarmente, se encon-trava na régie, donde explicou o objetivo do programa ‘Quem Fala Assim’ do qual foi a

criadora. Para contextualizar a sua interven-ção terminou mostrando trechos da partici-pação de ambas as escolas na final.

Foi de seguida dada a palavra aos aluno finalistas do programa que nos levaram pelas respetivas participações e experiências, donde se destacou, da parte do camoniano, a sinceridade com que explicou o quão difícil foi para ele fazer, dado o tempo, os dois dis-cursos com o apoio da equipa. Da parte do vencedor do programa, António Barreiro frisou a alegria que tinha em ver que, apesar da “rivalidade” no programa, este encontro proporcionou uma oportunidade de partilha de experiências.

Houve ainda lugar para que uma professo-ra da escola D. Inês de Castro mostrasse a sua satisfação em se encontrar naquele lugar, tendo lido um discurso preparado pelo diretor da respetiva escola.

A orado-ra que se seguiu foi a professo-ra de Por-tuguês Lídia Tei-xeira, a qual apresentou o trabalho de breve análise da “Felicidade na Poesia de Camões”. A professora deixou assim descobertas rela-ções e sentidos ocultos, trazendo as palavras do autor d’ Os Lusíadas à linguagem corren-te e atual.

Um estudo Curioso

Foi então tempo de dar lugar às jovens alunas do 11ºA, Mariana Oliveira e Leonor Andrade (com o apoio técnico de Rita Pires), que apresentaram um estudo desenvolvido pela sua turma resultante de um inquérito feito aos alunos e professores da nossa esco-la. Este pequeno estudo em tudo retratava

um Camões feliz. Das muitas curiosidades resultantes deste trabalho podemos destacar o facto de os professores darem mais impor-tância aos amigos do que aos filhos (28 con-tra 26%) ou o facto de 89% dos alunos se sentirem bem no seu curso (sendo a taxa de satisfação de 100% no caso dos alunos de artes inquiridos) ou até de 83% dos alunos se

sentir bem na escola.

Ouvir os Oradores Externos

Após uma participação marcada até então pelos oradores da nossa escola, teve lugar a intervenção do professor Rui Brites, que tem vindo a estudar, ao longo de dez anos, a feli-cidade dos portugueses, e que apresentou a comunicação “O que é importante para ser feliz”. Pode-se destacar do que foi dito o facto dos portugueses se considerarem mais infeli-zes do que realmente são. Segundo Rui Bri-tes, os estudos que se debruçam sobre esta matéria são insuficientes e pouco aprofunda-dos, pelo que não espelham a realidade. O professor afirmou também que era necessá-rio olhar para os chamados gaps que real-mente descrevem a situação do nosso país, os quais demonstram que, ao contrário do que se afirma, os países do sul da Europa não são tão infelizes como se pensa.

Rui Brites terminou frisando que nenhum de nós é, na verdade, infeliz. Porém, é com grande facilidade que nos consideramos um povo triste e pessimista; e elogiou também o título dado à iniciativa.

A duração da conferência deixava já os alunos inquietos nas cadeiras. Num auditó-rio a abarrotar, os jovens continham-se para ouvir aquele que lhes despertava mais inte-resse. Foi então altura de ouvir o bem conhe-cido humorista Nilton que dedicou o seu tempo a explicar “A Filosofia do Humor”. Ele, que faz parte do elenco do programa 5 para a

Meia-Noite e que ficou conhecido pelas suas participações em Levanta-te e Ri ou K7 Pira-

ta, fechou com chave de ouro a conferência dedicada à Felicidade. Pôde-se então perce-ber que há três teorias explicativas do humor e até uma relação matemática entre o que se diz e o que faz rir as pessoas.

Foi, de resto, o orador que mais fez rir a audiência, segundo ele, pretendia mesmo falar a sério mas não pode evitar que o públi-co se risse desalmadamente.

Um Final Feliz

Terminou assim em grande alegria e cheia de felicidade a primeira conferência camonia-na a debruçar-se desta forma sobre o tema. A soma das partes foi um resultado muito posi-tivo, segundo a organização, que abandonava o espaço com uma sincera satisfação. Para trás ficam não só semanas de trabalho como também duas entrevistas dadas pelos orado-res à “recém-nascida” RSC – Rádio Secundá-ria de Camões.

A nossa

escola não

podia ter ido

para férias

de forma

mais feliz.

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Confluências

Apontamentos

As Artes em dia!

(12º F)

No âmbito do estudo de Memorial do

Convento (disciplina de português), os alunos do 12º ano realizaram em janeiro (2013) uma visita ao Palácio Nacional de Mafra. Depois de uma passagem pela vila velha, para verem de perto a Igreja

de Santo André (ao lado da qual teriam habitado os pais de Baltazar Sete-Sóis), e orientados por um(a) guia, admiraram a basílica, percorreram os aposentos dos reis (ala norte) e um corredor da parte conventual, com entrada na biblioteca. Apesar do frio, S. Pedro deu tréguas. E o convívio fez-se!

Fotos retiradas de: https://www.facebook.com/escolasecundariacamoes

SEMANA DAS PROFISSÕES - UMA INICIATIVA DO MOVIMENTO CAMONIANO

Um leque variado de convidados de excelência!

Page 12: Boletim Confluências

Confluências

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Com o generoso apoio do

Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES

http://www.escamoes.pt

BE/CRE

http://esccamoes.blogspot.com/

Ao professor Lino das Neves, ao funcionário José Alvega e a todos quantos colaboraram com a cedência de fotos e tra-

balhos para este Boletim, uma palavra de agradecimento.

BR

EV

ES

A página da escola foi reformulada e apresenta agora uma nova imagem.

Descobre-a e... interage!

UM POUCO DO MUITO QUE VAI ACONTECENDO

Ca

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CONCERTOS

AO FIM DA TARDE!

Maria da Conceição Daniel — aposentada a partir de 1 de março de 2013. A comunidade escolar expressa-lhe os votos de felicidades!

www.escamoes.pt