o pecado capital da acídia na análise de tomás de aquino

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 25/02/2015 O Pecado Capi tal da Acídi a na Anál i se de Tomás de Aqui no http://www.hottopos.com/videtur28/l j acidia.htm 1/27  Home | Novidades | Revistas | Nossos Livros | Links Amigos O Pecado Capital da Acídia na Análise de Tomás de Aquino (notas de conferência proferida no Seminário Internacional "Os Pecados Capitais na Idade Média", http://www.pecapi.com.br/ - Univ. Fed. do Rio Grande do Sul, setembro de 2004)  Jean Lauand Prof. Titular FEUSP  [email protected] In Memoriam - Josef Pieper (1904-1997), no centenário de seu nascimento  Um apelo ao imaginário A sesquimilenar idéia de pensar as forças da auto-destruição em sete pecados capitais continua exercendo irresistível atração sobre o homem contemporâneo. Trata-se, sem dúvida, de uma idéia genial: a organização de dezenas de vícios em torno de uns poucos eixos, que, uma vez consolidados em sete, apresentam o atrativo adicional que esse número produz sobre a imaginação. Ainda hoje, mesmo aqueles que não sabem sequer enumerar os sete vícios capitais clássicos, empregam a mesma estrutura de pensamento para diversos outros campos: uma simples busca no Google [1] revela que há, em nosso meio, dezenas de páginas da Internet falando dos "sete pecados capitais": da pequena empresa, da mídia, da tecnologia, da psicologia, da publicidade; do atendimento ao cliente, do treinador etc. etc. Além do mais, o tema dos pecados capitais continua suscitando grande interesse  popular. para lembrar alguns poucos exemplos brasileiros recentes e bastante conhecidos, os sete pecados foram objeto de uma coleção temática de livros [2] , de uma muito difundida série de sorvetes  [3] e até de samba-enredo no Carnaval do Rio em 2001. Neste caso, além do mais, a Viradouro realizou literalmente a mentalidade  profundamente alegórica medieval [4] . Preguiça ou acídia? Se compararmos a doutrina dos sete pecados capitais à dos dez mandamentos, verificaremos que aquela, ao contrário desta, não tem, ao longo da história, a fixidez em seu número e conteúdo: os pecados capitais, em sua origem, eram oito e, de acordo com cada autor, a lista pode variar ligeiramente em um ou outro elemento [5] . O atual Catecismo da Igreja Católica apresenta como pecados ou vícios capitais: soberba, a avareza, inveja, ira, impureza, gula e preguiça ou acídia. 1866 Vitia possunt statui secundum virtutes quibus adversantur, vel etiam ad  peccata capitalia reduci quae experientia christiana, sanctum Ioannem Cassianum  et sanctum Gregorium Magnum secuta,  distinxit. Capitalia appellantur quia alia peccata, alia vitia generant. Sunt superbia, avaritia, invidia, ira, luxuria, gula,  pigritia seu acedia  [6] .

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Abordagem sobre a acídia (pecado cap

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    OPecadoCapitaldaAcdianaAnlisedeTomsdeAquino

    (notasdeconfernciaproferidanoSeminrioInternacional"OsPecadosCapitaisnaIdadeMdia",http://www.pecapi.com.br/

    Univ.Fed.doRioGrandedoSul,setembrode2004)

    JeanLauandProf.TitularFEUSP

    [email protected]

    InMemoriamJosefPieper(19041997),nocentenriodeseunascimento

    Umapeloaoimaginrio

    Asesquimilenar idiadepensaras forasdaautodestruioemsetepecadoscapitaiscontinua exercendo irresistvel atrao sobre o homem contemporneo. Tratase, semdvida,deumaidiagenial:aorganizaodedezenasdevciosemtornodeunspoucoseixos, que, uma vez consolidados em sete, apresentam o atrativo adicional que essenmeroproduzsobreaimaginao.

    Ainda hoje, mesmo aqueles que no sabem sequer enumerar os sete vcios capitaisclssicos, empregam amesma estrutura de pensamento para diversos outros campos:umasimplesbuscanoGoogle[1]revelaqueh,emnossomeio,dezenasdepginasdaInternet falando dos "sete pecados capitais": da pequena empresa, da mdia, datecnologia,dapsicologia,dapublicidadedoatendimentoaocliente,do treinadoretc.etc.

    Alm do mais, o tema dos pecados capitais continua suscitando grande interessepopular. S para lembrar alguns poucos exemplos brasileiros recentes e bastanteconhecidos,ossetepecadosforamobjetodeumacoleotemticadelivros[2],deumamuito difundida srie de sorvetes [3] e at de sambaenredo no Carnaval do Rio em2001. Neste caso, alm do mais, a Viradouro realizou literalmente a mentalidadeprofundamentealegricamedieval[4].

    Preguiaouacdia?

    Se compararmos a doutrina dos sete pecados capitais dos dez mandamentos,verificaremosqueaquela,aocontrriodesta,notem,aolongodahistria,afixidezemseunmeroecontedo:ospecadoscapitais,emsuaorigem,eramoitoe,deacordocomcadaautor,alistapodevariarligeiramenteemumououtroelemento[5].

    O atual Catecismo da Igreja Catlica apresenta como pecados ou vcios capitais:soberba,aavareza,inveja,ira,impureza,gulaepreguiaouacdia.

    1866Vitia possunt statui secundum virtutes quibus adversantur,veletiamadpeccatacapitaliareduciquaeexperientiachristiana,sanctum Ioannem Cassianum et sanctum Gregorium Magnumsecuta,distinxit.Capitaliaappellanturquiaaliapeccata,aliavitiagenerant. Sunt superbia, avaritia, invidia, ira, luxuria, gula,pigritiaseuacedia[6].

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    bastante sugestiva, e mesmo intrigante, essa ambigidade em relao ao stimopecadoelencado:a,familiaratodos,preguiaouailustredesconhecida,acdia...?

    Por que o Catecismo hesita entre preguia ou acdia? Ou ser que as toma comopalavrassinnimasouequivalentes[7]?

    Naverdade,parecequeoCatecismonoquer,porumlado,proporcomopecadocapitalumpecado a acdia doqualnuncaningumouviu falar e, por outro, talvez tenhavergonhadealarsemmaisa, relativamente inofensiva,preguiaaoelevadopostodepecadocapital.

    Apreguiaaparecehojecomoumpecadilhosimptico.Em"Ossetepecadoscapitais",sambaenredodaViradouro,preguiasodedicadososversos:

    QuerosombraeguafrescaEuqueronaminharedebalanarBrasil,meuBrasil!

    Aacdiacoisasria,comosevseanteciparmosdesdejumaprimeiraaproximaodadefiniodeacdia:atristezapelobemespiritualaacidez,aqueimadurainteriordohomemquerecusaosbensdoesprito.

    Desde sempre e, durantemuitos sculos, essa tristeza foi considerada pecado capital.Modernamente, porm, e no por acaso, houve um esquecimento da acdia e suasubstituiopelapreguia.Umautor toautorizadocomoPieper faznotarquenohconceitoticomaisdesvirtuado,maisnotoriamenteaburguesadonaconscinciacrist,doqueodeacdia.Enumaformulaoforte,acrescenta:

    O fatodequeapreguiaestejaentreospecadoscapitaispareceque , por assim dizer, uma confirmao e sano religiosa daordem capitalista de trabalho. Ora, esta idia no s umabanalizaoeesvaziamentodoconceitoprimrioteolgicomoraldaacdia,masatmesmosuaverdadeirainverso[8].

    Mais adiante, quando tivermos discutido os conceitos de pecado capital e de acdia,poderemos avaliar melhor o significado e o alcance e o carter perverso dessasubstituio da acdia pela preguia. Para j, faamos uma nota sobre o papel dalinguagemnaeducaomoral

    Notasobrelinguagemeeducaomoral

    O problema pedaggico da ausncia do conceito de acdia para o homemcontemporneo remete antes de mais nada a uma importante lei que estabelece acorrelaoentreexistnciadelinguagemvivaeointeressevitaldeumarealidadeparaumacomunidade.

    EsseesvaziamentoaquesereferePieperocorre,antesdetudo,nocampodalinguagem.EmboraoCatecismodaIgrejacontinueamencionaraacdia(ou,maisprecisamente,oambguopar:preguia/acdia)bvioqueessapalavradesconhecidaparans:quemdensaouviuoupronunciounosltimosanos?

    Portrsdeumproblemadelxico,humgraveproblemadecampodeviso,umavezque a ausncia da palavra nos impede de divisar a realidade a terrvel realidadeantropolgicaqueestpordetrsdapalavraacdia.

    Narealidade,oproblemaaindamaisamplo:naanlisedeToms,todaumamilenareriqussimaexperincia sobreohomem traduzseemsetevcioscapitais, que arrastam

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    atrsdesimuitas"filhas","exrcitos",emtotaldecercadecinqentaoutrosvcios[9],cujos nomes podem soar estranhos aos ouvidos contemporneos. E precisamente aencontrase um grave problema educacional: nos difcil acessar as realidades ticoantropolgicasporfaltadelinguagem:comosetivssemosquetransmitirumjogodefutebol,massempodercontarcompalavrascomo:"pnalti","carrinho","granderea","carto", "impedimento" etc. E reciprocamente: uma vez que no acessamos asrealidadesdesignadaspelaspalavras,elasvosetornandomaisemaisobsoletas.

    NosepensequecomistoestamosafirmandoqueTomsempregueumaterminologiareservadaaespecialistas.No.Asdificuldadesdeentendimentodecorremdadistnciaculturallingsticaenodetecnicismos.Elesevalepraticamentedalinguagemcomumdesuapoca,toespontneacomo,afinal,paransolxicodofutebol.Porexemplo,a filha da inveja chamada sussurratio (e que traduzimos academicamente pormurmurao),puraesimplesmente,afofocadeinveja.

    Comisto, tocamosaquelepontoessencialparaaeducaomoraldehoje,odamtuaalimentao,darelaodialticaentreapercepo(evivenciamento)darealidademoraleaexistnciade linguagemviva:Oempobrecimentodo lxicomoral,hoje,umdosmaisagudosproblemaspedaggicos,namedidaemquegeraumcrculo, literalmente,vicioso:afaltadelinguagemvivaembotaavisoeovivenciamentodarealidademoralodefinhamentodarealidadeesvazia(oudeforma)aspalavras...Faltamnosaspalavras,faltamnos os conceitos, faltamnos os juzos, faltanos acesso realidade. Como tobemapontouFernandoPessoa,numadas"Quadrasaogostopopular",paraocasodasaudade:

    Saudades,sportuguesesConseguemsentilasbemPorquetmessapalavraParadizerqueastm.

    Quandoarealidadeviva,olxicovivo:paraofutebol,noBrasil,humvocabulrioriqussimo:paradiferentesngulosdeuma jogadabastante semelhante,dispomosdostermos:bicicleta,meiabicicleta,puxetaevoleio.Paraarealidadeticaeantropolgica,nossolxicopobre.ComodizofilsofoespanholJulinMaras:

    Humacoisaquemepreocupa,e jodissemuitasvezes.Que,enquanto o vocabulrio de uma rea particular, de um campoprofissional tcnico, de um ambiente especfico, na agricultura,por exemplo, ou na pecuria enquanto esses vocabulriosespecficospossuemumariquezaenorme,tudooqueumhomempodesentirporoutrapessoaresumeseemtodasaslnguasqueconheo ameia dzia de palavras.Algumas positivas, como"amizade", "amor", "ternura", "simpatia", "carinho", e outrastantasnegativas.Parecememuitorestrito.Eutenhoquatrofilhos,j adultos, e os amo de quatro maneiras diferentes. H umavariedadeimensadoamor,ealnguanorefleteessavariedade.uma limitao esquisita. Talvez devida a uma certa desatenopelossentimentos,peloscontedosanmicos,emcontrastecomarefinada ateno dedicada s tcnicas da agricultura, damedicina...Esmilmaneirasdedarumchutenumabola!Eissoporque h um interesse especial. Muitas pessoas gostam defutebol e precisam distinguir os diferentes matizes dessaatividade.E,emcontraste,oqueumapessoasenteporoutraealgomaisdifcil,semdvidanodespertatantointeresse.Euficomuitoperplexocomestefato.[10]

    Anecessidadeda existncia de uma linguagemviva para as virtudes e vcios supera,

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    portanto,omerombitolexicaleinstalasenodapropriapossibilidadedevisualizararealidadedequesetrata[11].

    Masvoltemosaossetepecadoscapitais.

    Ospecadoscapitais:umaelaboraodepensamentosobreexperincias

    NaenumeraoprimitivadeSoGregrioMagnoospecadoscapitaisso:inanisgloria,inuidia,ira,tristitia,avaritia,uentrisingluies,luxuria.[12]

    Enquanto os dez mandamentos esto enunciados na Bblia, a doutrina dos pecadoscapitaisumaelaboraodepensamento,quefruto,comodizonovoCatecismodaIgrejaCatlica,da"experinciacrist"[13].

    Essaexperinciaoriginariamenteadospadresdodeserto,que,naradicalidadedesuaproposta, foram realizando uma tomografia da alma humana e descobrindo, em suasprofundezas,aspossibilidadesparaobemeparaomal.

    Comonum rally ou num enduro, em que as condies damquina so exigidas emcondiesextremas,omonaquismooriginriobuscavatestaroslimitesantropolgicos,nocorpoenoesprito (os limitesdo jejum,davgilia,daorao etc.).Nessequadro,surgiuadoutrinadospecadoscapitais,quecomotantasoutrasdescobertasdosantigoshoje esquecidas ou esvaziadas bem poderia ajudar ao homem contemporneo aorientarsemoraleexistencialmente.

    AsprimeirastentativasdeorganizaressaexperinciaremontamaautoresantigoscomoEvgrio Pntico, Joo Cassiano e Gregrio Magno, mas, somente sculos depois,encontramosumabrilhanteconsolidaoemTomsdeAquino(sc.XIII),querepensademodoamploesistemticoaantropologiasubjacenteaosvcioscapitais.

    SeofilosofardoAquinatesemprevoltadoparaaexperinciaeparaofenmeno,maisdo que em qualquer outro campo quando ele trata dos vcios que seu pensamentomergulhanoconcreto,pois,citandoosbio(pseudo)Dionsio,"malumautemcontingitex singularibus defectis [14] " para conhecer o mal necessrio voltarse para ofenmeno,paraosmodosconcretosemqueeleocorre.Assim,freqenteencontrarmosnasdiscussesdeTomssobreosvciosparaalmdaaparenteestruturaoescolstica expresses de um forte empirismo como: "Contingit autem ut in pluribus...", queremeteaoquerealmenteacontecenamaioriadoscasos...

    Tambm para essa experincia e para essa concretude que se voltam os trabalhospioneiros de JooCassiano e deGregrio. Cassiano que bem poderia ser nomeadopadroeirodosjornalistasohomemque,emtornodoano400,percorreuporlongosanos os desertos do Oriente para recolher em "reportagens" e entrevistas asexperincias radicais vividas pelos primeiros monges tambm o papa Gregrio(acertadamente cognominadoMagno), cuja morte em 604 marca o fim do perodopatrstico, umcampeodo empirismoenopor acaso umdosmaiores gnios dapastoraldetodosostempos.Equemdizpastoral,dizexperincia...

    interessantenotarqueprecisamentecomrelaoaotemaquenosinteressaaacdiaqueCassiano,ementrevistacomoabadeSerapio,ressaltaaforadaexperincia:

    "A tristeza e a acdia ao contrrio dos outros vcios de quefalamos anteriormente no costumam originarse por umamotivao exterior. sabido que com freqncia afligemamarissimamente os solitrios que vivem no ermo, longe doconvvio dos homens. Isto verdadeirssimo e quem quer quetenha vivido nesta solido e tem experincia (expertus) dos

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    combates do homem interior, facilmente o comprova nessasmesmasexperincias(ipsisexperimentis)"[15]

    OsvcioscapitaisnaenumeraodeTomsso:vaidade,avareza, inveja, ira, luxria,gulaeacdia.

    Um outro aspecto interessante est ligado ao prprio significado de vcio capital. S.Tomsensinaquerecebemestenomeporderivarsedecaput:cabea,lder,chefe(emitaliano ainda hoje h a derivao: capo, capoMfia) sete poderosos chefes quecomandam,queproduzemoutrosvciossubordinados.

    Nessesentido,osvcioscapitaissosetevciosespeciais,quegozamdeumaespecial"liderana"[16].Ovcio(eovciocapitalcomprometemuitosaspectosdaconduta)umarestrioautnticaliberdadeeumcondicionamentoparaagirmal.

    ApalavraacdianaobradeToms

    TomsdeAquinoemprega233vezesapalavraacdia[17]em134passagensdesuavastaobra.Em6passagensencontramostambmaformaverbalacedieris,nestecaso,sempre citando Eclesistico 6, 25 "subjice humerum tuum, et porta illam, et neaccidierisvinculisejus"Curva teuombroecarregaa (aSabedoria)eno 'acidies'emrelaoasuascadeias".

    Dessas 134 passagens, a grande maioria 88 reside nos dois momentos em que aacdia tematicamente enfocada por Toms: IIII q. 35 eDemalo q. 11. De resto,encontramos 9 passagens nos Comentrios s Sentenas 24 em outras questes daSumaTeolgica,3noDeVeritate5emoutrasquestesdoDeMalo1noInJob2naCatenaAureainLucam1noSuperIadCor.I1noInPs.e1noAdTitum.

    Aacdiacomotristeza.Acdiaoupreguia?

    A gravidade da acdia j se nota na primeira aproximao do complexo conceito deacdia:aacdiaumatristeza.Eatristezanosjemsimesmaummal,masfontede outros males. Da que para explicar que a acdia pode ser vcio capital, Tomsargumenta:

    Como j dissemos, vcio capital aquele do qual naturalmenteprocedemattulodefinalidadeoutrosvcios.Eassimcomooshomensfazemmuitascoisasporcausadoprazerparaobtlooumovidos pelo impulso do prazer assim tambm fazemmuitascoisasporcausadatristeza:paraevitlaouarrastadospelopesoda tristeza.E esse tipode tristeza, a acdia, convenientementesituadocomovciocapital(IIIIq.35,a.4).

    Aacdia,comopecadocapital,amesmaenicabasededuasatitudescontrrias:umaque leva ao, oumelhor, a umativismo (comoveremos ao examinar as "filhas daacdia)e,poroutrolado,aumainaoeesteomomentosecundrio,derivadoemqueacdiaepreguiaseligam[18],emborasejammuitosmaisimportantessobretudoparaaanlisedohomemcontemporneoasfilhasdaacdialigadasaoativismo.

    Seatristezadaacdiapodelevarinao,levatambmaumainquietude,aumaaodesenfreada,comoveremosmaisadiante.Paraj,valeapenaumaleitura,dopontodevistadaacdia,dopoemadeBertoltBrecht[19]:

    DERRadwechsel Atrocadepneu

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    IchsitzeamStraenhangDerFahrerwechseltdasRadIchbinnichtgern,woichherkommeIchbinnichtgern,woichhinfahreWarumseheichdenRadwechselMitUngeduld?

    FicosentadobeiradaestradaOchofertrocaopneuNo"tlegal",ldeondevenhoNo"tlegal",lparaondevouPorquesigoatrocadopneuComimpacincia?

    Damesmafriezaeacidezdaalmadecorretambmaatitudetediosaeaborrecida,comonosversosdeDrummond:

    Cidadezinhaqualquer

    Casasentrebananeirasmulheresentrelaranjeiraspomaramorcantar.

    Umhomemvaidevagar.Umcachorrovaidevagar.Umburrovaidevagar.Devagar...asjanelasolham.

    Etavidabesta,meuDeus.

    E tanto no fazer como no nofazer, o tdio. Com incomparvel lucidez, FernandoPessoa,noLivrododesassossego (#263)diagnosticaemseusmltiplosaspectos essetdiolimitemonosaumapassagemqueressaltaprecisamentequeoproblemanoestnotrabalhonemnorepouso,masnocentrodoeu:

    O tdio... Trabalho bastante. Cumpro o que os moralistas daacochamariamomeudeversocial.Cumproessedever,ouessasorte,semgrandeesforonemnotveldesinteligncia.Mas,umasvezes em pleno trabalho, outras vezes no pleno descanso que,segundo os mesmos moralistas, mereo e me deve ser grato,transbordaseme a alma de um fel de inrcia, e estou cansado,nodaobraoudorepouso,masdemim.

    Acdia,Depresso&Cia.Almaecorpo.

    Aocaracterizar a acdia comouma tristeza (e, paraGregrio, a prpria tristeza era opecado capital), abremse inmeras dimenses antropolgicas, com interfaces nemsempreclaraseaquestoadquireumaimensacomplexidade:a tristezapode(ouno)ser pecado, doena, estado de nimo, atitude existencial..., ou combinaes dessesfatores.

    Scomenunciaressasdimenses,jsemostraimediatamenteaextremaatualidadedenosso tema.Porexemplo,AndrewSolomon,autordeumdosmais importantes livrossobrea"doenadenossotempo",adepresso,incluiuavelhaacdianoprpriottulodesuaobra:"Odemniodomeiodiaumaanatomiadadepresso"[20].O"demniodomeiodia"odaacdia[21].

    Infelizmente,nesse livro to oportuno e acertado na anlise da depresso o autorincorreemumaimprecisoaoexaminaraobradeTomsdeAquino,dandoaimpressodequeTomsendossatesesque,naverdade,sooavessodasafirmadasrealmentepeloAquinate. E, por se tratar do ncleo da antropologia de Toms, vale a pena queexaminemosoproblema.ErroneamentedizSolomon:

    Toms deAquino, cuja teoria de corpo e alma colocava a alma

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    hierarquicamente acima do corpo, conclua que a alma nopoderiasersujeitasdoenascorporais.Contudo,umavezqueaalmaestavaabaixododivino,erasujeitaintervenodeDeusoudeSat.Dentrodessecontextoumadoenatinhaqueserdocorpooudaalma,eamelancoliaestavaassinaladaparaaalma[22].

    Certamente,adescrioqueTomsfazdaacdia,dasmanifestaesdovciocapitaldaacdia,aproximasemuitodadescrioquepodemosfazerhojedadoenadadepresso.Mas isto no significa que Toms no possa atribuir a tristeza depressiva a causasnaturais,alheiasaombitomoral:quandooAquinatefaladaacdia,desuas"filhas"emanifestaes, est focando a dimenso que mais lhe interessa como telogo: a datristezamoralmenteculpvel[23].Nessamesmalinha,seriainteressante,paranshoje,considerarmos tambm para almda realidade da depresso como doena (hoje emdia,maisdoqueevidenteparans),quepodehaverumaacdia,umadimensomoralemalgunscasosdetristezasdepressivas.

    Deresto,nadamaisalheioaopensamentodeTomsdoqueumaincomunicaoentreespritoematria.OqueToms,sim,afirmaohomemtotal,comaintrnsecaunioespritomatria,poisaalma,paraoAquinateforma,ordenadaparaaintrnsecauniocomamatria.

    Nessesentido,comparemosasafirmaesdeSolomoncomoquerealmentedizSantoToms,precisamenteemrelaoaonossotema,atristeza,osremdiosparaatristeza,queresidenaalma.TomsenfrentaestaquestonaSumaTeolgicaIII38enoartigo5chegaarecomendarbanhoesonocomoremdioscontraatristeza!Pois,dizoAquinate,tudoaquiloquereconduzanaturezacorporalaseudevidoestado,tudoaquiloquecausaprazerremdiocontraatristeza.Tomsdestriassimaobjeo"espiritualista":

    Objeo1.:Parecequesonoebanhonomitigamatristeza.Poisa tristeza residena alma enquantobanhoe sonodizem respeitoaocorpo,portanto,noteriampoderdemitigaratristeza.

    Resposta objeo1: Sentir a devida disposio do corpo causaprazere,portanto,mitigaatristeza[24].

    Deresto,paraosremdioscontraatristeza,TomsnofaladeDeusnemdeSat,massim recomenda: qualquer tipo de prazer, as lgrimas, a solidariedade dos amigos, acontemplaodaverdade,banhoesono.Eaindasobreainteraoalmacorpo,TomsafirmaemIII,37,4:

    A tristeza , entre todas as paixes da alma, a que mais causadano ao corpo [...] E como a almamove naturalmente o corpo,uma mudana espiritual na alma naturalmente causa demudanasnocorpo.

    Quantomelancolia,Tomsestlongedeconsiderlaumaexclusividadeda"alma":

    Os melanclicos desejam com veemncia os prazeres paraexpulsar a tristeza, porque o corpo deles se sente como quecorrodopelohumormau,comodizoFilsofo[25].

    Os melanclicos tm os corpos sempre incomodados pela mcompleio...[26]

    Atristezaexistencialotranstornobipolar[27]

    ParaToms,atristezanosafetaaocompostoespritomatria,comotambmnonecessariamente uma doena. Antes de nos determos a considerar as caractersticasprprias da acdia, interessante demarcar um quadro mais amplo: o da tristeza

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    existencial[28],decorrentedacincia,domdoEspritoSanto.

    TambmaquiqueroprestarumahomenagemameumestreJosefPieper.Pieperfoi,semdvida,umdosmaisdestacadosfilsofosdosculoXXe tratougenialmentedo temaquenosocupa:aacdia.Reproduzimosdoistextosdesuaautoriasobreaacdia,comoanexos a este trabalho. Profundamente identificado com o filosofar de Toms deAquino, Pieper sempre soube trazlo ao dilogo com a realidade contempornea,tambmnoqueserefereaotemadadepresso.

    Comecemospor apresentar seguindo uma aguda intuio de Pieper uma dasmaissurpreendentestesesdeToms:suaambivalenteposturafundamentaldiantedomundo,a que Pieper designou por "PsicoseManacoDepressiva". Reproduzimos, a seguir, obreve texto "ManischDepressiv", publicado nos Buchstabier bungen, Mnchen,Ksel,1980.

    PsicoseManacoDepressiva

    JosefPieper

    (trad.:J.LauandeH.MarianettiNeto)

    Omundoestconstitudodetalformaquequemocompreendesseafundopoderiaserprecipitadonumabismodetristeza:oprprioVerbodeDeusfeitohomemtevedepadecerumamorteterrveleinfamante.Enofimdostempos,ocorrerodomniouniversaldomal.TomsdeAquinoensinaqueodomdacincia(quepermiteconhecer o que este mundo) corresponde bemaventurana:"Bemaventuradososquechoram...".

    Quempensanisto(eoserhumanonoprecisanecessariamentedeumareflexoconscienteparaapercebersedessa realidade)podemuito bem verter lgrimas e cair na mais profunda depressodepressoque,alis,notemporqueserconsiderada"infundada"ou"semobjeto",umavezqueacriaturaprocededonada.

    Mas a criatura tambm para alm de qualquer medidaconcebveltointensamentemantidanaexistnciapeloAmordeDeusque,quemconsideraeste fundamentoe sabe reconheclo,podefacilmenteserinvadidopelaalegria(tambmaparentemente"infundada" e efetivamente no causada por nenhum motivoexterno prximo e determinado). Uma alegria to arrebatadoraque,puraesimplesmente,extravasaacapacidadederecepodaalma.

    Como que fica ento o meiotermo, o "normal"? E por quemeios essa normalidade regulada? Talvez pelo estadofisiolgico do aparelho hormonal das glndulas ou do sistemanervoso.

    Assim,segundoToms,acriaturadpliceemsuaestruturafundamental:porumlado,participadoSer(edaverdade,dabondade,dabeleza...)deDeusmas,poroutrolado,treva, enquanto procede do nada. E essa estrutura dplice projetase num apelocontraditrioaohomem(tambmelecriatura...)emseurelacionamentocomomundo:daa"normalidade"da"psicosemanacodepressivaexistencial"ou,comosedizhoje,dotranstornobipolar.

    Agravidadedessa"patolgica"normalidade quedeveria seraconstante situaodo

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    serhumanonomundopassa,naverdade,despercebidaparaaimensamaioria,quenose d conta de nenhum dos dois plos do transtorno, situandose numa mornamediocridade, alheia aodramticopotencial contido emcada centmetroquadradodoquotidiano.Essa incapacidadede sedeixar abalar, de sentir a vertigemexistencial doapelodarealidade,trazconsigoa"tranqilidade"doanestesiado,quesseinquietaparareagir quando algo ameaa romper a segura redoma em que instalou seu pequenomundo[29].

    Oplopositivodotranstornobipolar

    Narealidade,acriaturamaisdoqueseuseraparente.umaquestodesaberver,deepistme theoretik, no sentido resgatado por Heidegger de competncia(appartenance) do olhar. Essa competncia domirandum como diz Toms, em seucomentrio Metafsica de Aristteles o que aproxima o filsofo do poeta. EningummelhordoqueapoetaAdliaPradoqueem"Deprofundis" [30] , tambmela, falado transtornobipolar,da"almaciclotmica"! para testemunharesseplus deviso:

    "DevezemquandoDeusmetiraapoesia.Olhopedra,vejopedramesmo"[31].

    Esseplo positivo do transtorno a que, segundoToms, a criatura nos convoca expostonocaptulo2daContraGentilesIIecomotodosostemasessenciaisdeseupensamentoremetenosdoutrinadaparticipao[32].

    "Mediteiemtodasastuasobraseemtodasascoisasfeitaspelastuasmos"[33].EstasentenadoSalmo(143,5)postacomoepgrafedoLivroIIdaContraGentilesecomo diz o prprio Toms o princpio estruturador de seus estudos [34] sobre acriao:Deus,comoartficeeartista,deixasuamarcanascoisascriadas[35].

    Assim,acriaoimpeumconviteameditar[36],admiradaalegriadacontemplao.ETomsinsisteumaeoutravez: todasascriaturassoboase tmdebondadeoquetmdeser:"Unaquaequecreaturaquantumcumqueparticipatdeesse,tantumparticipatdebonitate"(Ver.20,4).Emais:certoqueafelicidadedefinitivadohomemresidenaposse de Deus pela contemplao, pelo olhar de amor mas, para o Aquinate, essafelicidadenoalgo"transferido"paradepoisdamorte,esim,algoqueirrompe,quejseinicianestavida,pelafruiodobemdeDeusnosbensdomundo,atmesmoemumcopodeguafrescanumdiadecalor:

    "AssimcomoobemcriadoumacertasemelhanaeparticipaodoBemIncriado,assimtambmaconsecuodeumbemcriadoumacertasemelhanaeparticipaodabemaventuranafinal"(Demalo5,1,ad5)[37].

    Tudo isto muito bonito e est na base no s da doutrina do ser de Toms, mastambm de sua esttica [38] . Porm, essa anlise ficaria incompleta e falsa, se novssemosooutrolado,odadessemelhana,odepressivo...

    Oplonegativodotranstornobipolar

    Defato, paraToms, o domda cincia (conhecer a fundo as coisas criadas), domdoEsprito Santo, corresponde bemaventurana dos que choram: "scientia convenitlugentibus"(IIII9,4sc).Poisacriatura,enquantoprocededonada,depersitreva"creaturaesttenebrainquantumestexnihilo"(sluzenquanto,porparticipao,seassemelhaaDeus"inquantumveroestaDeo,similitudinemaliquameiusparticipat,et

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    sic in eius similitudinem ducit") (De Ver. 18, 2, ad 5). E obscuro tambm oconhecimento que a criatura oferece: "sed quia creatura ex hoc quod ex nihilo est,tenebraspossibilitatiset imperfectionishabet, ideocognitioquacreaturacognoscitur,tenebrisadmixtaest"(InIISent.d12,q3,1,c)

    Quantomais scientia, maior a depresso: porque se constata quo deficientes so ascoisas do mundo "Ad lugendum autem movet praecipue scientia, per quam homocognoscit defectus suos et rerum mundanarum secundum illud Eccle. I qui additscientiam,additetdolorem"(III,69,3ad3).

    ArefernciadeTomsaoEclesiastesnocasual:Salomo,quetem"maissabedoriaquetodosseusantecessores"(I,16),verificaapsexaminarascoisasmaismagnficasque"tudovento"e"quantomaisconhecimento,maissofrimento".QuemlaBbliacomoela , sembeaticesnemafetaes, verificarqueSalomoentra emum"surto"existencial, depois de entregarse ao vinho, e resolve declarar "o que , afinal, a'felicidade' dos humanos"(Ecl. 2,3). Comea enumerando as riquezas e obras de suaimensagrandeza(410):

    Fizparamimobrasmagnficasedifiqueiparamimcasasplanteiparamim vinhas. Fiz paramimhortas e jardins, e plantei nelesrvoresdetodaaespciedefruto.Fizparamimtanquesdeguas,para regar com eles o bosque em que reverdeciam as rvores.Adquiriservoseservas,etiveservosnascidosemcasatambmtivegrandespossessesdegadoseovelhas,maisdoquetodososque houve antes demim em Jerusalm.Amontoei tambmparamimprataeouro,e tesourosdosreisedasprovnciasprovimedecantoresecantoras,edasdelciasdosfilhosdoshomensedeinstrumentosdemsicade todaaespcie.E fuiengrandecido,eaumentei mais do que todos os que houve antes de mim emJerusalmperseveroutambmcomigoaminhasabedoria.Etudoquanto desejaram osmeus olhos no lhes neguei, nem privei omeucoraodealegriaalgumamasomeucoraosealegrouportodo omeu trabalho, e esta foi aminha poro de todo omeutrabalho.

    E Salomo podemos imaginlo com a voz engrolada e derrubando objetos, sob oefeitodolcoolconclui:pelonada(11ess.):

    Eolhei para todas as obras que fizeram asminhasmos, comotambmparaotrabalhoqueeu,trabalhando,tinhafeito,eeisquetudo era vaidade e aflio de esprito, e que proveito nenhumhaviadebaixodosol.[...]Osolhosdohomemsbioestonasuacabea,masoloucoandaemtrevasentotambmentendieuqueomesmo lhes sucedeaambos.Assimeudissenomeucorao:Comoaconteceaotolo,assimmesucederamimporqueentobusquei eu mais a sabedoria? Ento disse no meu corao quetambmistoeravaidade.Porquenuncahavermaislembranadosbiodo que do tolo porquanto de tudo, nos dias futuros, totalesquecimentohaver.Ecomomorreosbio,assimmorreotolo!Porissoodieiestavida,porqueaobraquesefazdebaixodosolmeerapenosasim,tudovaidadeeafliodeesprito.Tambmeuodiei todo omeu trabalho, que realizei debaixo do sol, vistoqueeuhaviadedeixloaohomemqueviessedepoisdemim.Equemsabesesersbiooutolo?Todavia,seassenhoreardetodoo meu trabalho que realizei e em que me houve sabiamentedebaixo do sol tambm isto vaidade. Ento eu me volvi eentreguei omeu corao ao desespero no tocante ao trabalho, o

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    qualrealizeidebaixodosol[39].

    Essa situao "ciclotmica" do homem foi tambm notavelmente expressa por AdliaPradoemumpoemadesgarrado,"Accias"[40],que falado transtorno , angstia anteabelezadeumacriatura,umasimplesacciaqueseja.

    ACCIAS

    MinhaalmaquerveraDeus.Eunoqueromorrer.QueroamarsemlimitesEperdoarapontodeesquecermeRadical,querdizerpelaraizOperdoradicalgeraalegriaExorcizadoenas,mataomedoDpodersobreferasedemniosFalo.Efalotambmmembroviril,Todolxicopobre,IdiomassopecadosPoemas,culpasantecipadamenteperdoadasEis,estaacciafloridageraangstiaParalivrarme,empenhomeEmesgotarlheabelezaBelezaimportuna,Magnficainsuficincia,PorqueaindaconvocaOpoemaperfeito.

    Todaessa doutrina deToms encontra uma inesperada e discreta confirmao at nacano "Garota de Ipanema", de Vinicius e Tom Jobim [41] . A letra, como todosrecordam,vaifalandodabeleza:

    Olhaquecoisamaislinda,maischeiadegraaela,menina,quevemequepassa

    e de como "o mundo inteirinho se enche de graa etc." e, de repente, o verso, toprofundoquantoinesperadoe(s)aparentementecontraditrio:

    "Oh,porquetudototriste?"

    Porqueabelezatrazconsigotambmasensaodesolidoetristeza?TalveztambmporqueseadivinhaqueacriaturatemabelezademodoprecrioecontingentesDeusaBelezaincondicionalesimpliciter[42].

    Conclumosestaseo,comumpardeconsideraesdeSolomon,que,dealgummodo,vmaoencontrodoqueestamosafirmando:

    O fato que o existencialismo muito verdadeiro quanto tendnciadepresso.Avidaftil.Noconseguimossaberporque estamos aqui. O amor sempre imperfeito. Etc. Osdepressivos vem o mundo claramente demais, perderam avantagemseletivadacegueira[43].

    Edopontodevistameramentemdico,emprico:

    Pessoas que atravessaram uma depresso e esto estabilizadasfreqentemente tm uma aguda conscincia da alegria da

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    existncia cotidiana. Mostramse capazes de uma espcie dextase imediatoedeuma intensaapreciaode tudoquebomnassuasvidas[44].

    Aacdia,tristezaemrelaoaosbensinteriores

    A partir de agora, voltamos a examinar a caracterizao que Toms faz da acdia,tristezaquevciocapital.Nada impede,porm,quealgunsdos"sintomas"daacdiapossamtambmsurgiremcasosdemeradoena,semalcancemoral.E,reciprocamente,o dilogo com Toms pode ser interessante para o estudioso de hoje, precisamenteporqueapontaparaesseaspectomoral,toesquecido.

    Comecemospelacaracterizaogeraldaacdia,queTomsfaznoDeMalo,aacdiaotdiooutristezaemrelaoaosbensinteriores,aobemespiritualdivinoemns.

    AacdiacomoJooDamascenodeixouclaro(DefideII,14)uma certa tristeza, da que Gregrio (Mor. 31, 45) por vezesempregueapalavra"tristeza"emlugarde"acdia".Ora,oobjetoda tristezaomalpresente,comodizJooDamasceno(De fideII, 12). Ora, assim como h um duplo bem um que verdadeiramentebemeoutroqueumbemaparente,pelofatodeque bom s segundo um determinado aspecto (pois s verdadeiramente bemo que bom independentemente deste oudaquele determinado aspectoparticular) , h tambmumduplomal:oqueverdadeiraesimplesmentemaleomalrelativoaumcerto aspecto,mas que para almdesse particular aspecto ,puraesimplesmente,bom.

    Portanto, como so louvveis o amor, o desejo e o prazerreferentesaumbemverdadeiro,ereprovveis,sereferentesaumbemaparente,quenoverdadeiramentebemassim tambmodio, o fastidio e a tristeza em relao ao mal verdadeiro solouvveis,masemrelaoaomalaparente(masqueemsimesmobom)soreprovveiseconstituempecado.

    Ora,aacdiaotdiooutristezaemrelaoaosbensinterioreseaosbens do esprito, comodizAgostinho a propsito doSalmo(104,18):"Paraasuaalma,todoalimentorepugnante".Esendoos bens interiores e espirituais verdadeiros bens e saparentementepodemserconsideradosmales(namedidaemquecontrariamosdesejoscarnais)evidentequeaacdiatemporsicarterdepecado.(DeMalo,questo11Aacdia.Artigo1"Seaacdiapecado")

    Algumaspassagenscomplementares

    Alguns aspectos complementares, mais ou menos importantes mais importantes oumenos importantes extradosdeobservaesesparsasnaobradeToms,podemnosajudarnacompreensodessepecadocapital.

    Aacdiaumapossibilidadeexclusivadohomem:opecadodosanjosnopodetersidoodeacdia,porqueoanjonopodetertdioemrelaoaosbensespirituais[45].

    Emsuadimensoqueproduzinao,aacdiacaracterizasepelaveemnciadatristeza,queimobilizaohomem,retardandoaao,daqueS.JooDamascenoafirmeseruma

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    tristezaagravante,pesada,isto,paralisadora[46].

    H dois vcios capitais que so tristezas: acdia e inveja. A acdia a tristeza peloprpriobemespiritualainveja,pelobemalheio[47].

    Aacdiatalcomoosoutrospecadoscapitaisgeraoutrospecados,masistonoquerdizer que os pecados no possam ter, por vezes, outras causas. Podese dizer, noentanto,quetodosospecadosqueprovmdaignorncia,podemrecairnaacdia,qualpertenceanegligncia,pelaqualserecusaaaquisiodosbensespirituais[48].

    Toms,aocomentarquealgunsautoresestabelecemumacorrespondnciaentreossetedonsdoEspritoSantoeossetepecadoscapitais,indicaqueoopostodaacdiaseriaodomdafortaleza(InIIISent.d.34,q.1,a.2,c),oesforopornosedeixardominarporessaacidezdaalma.

    Naligaoentreacdiaedesespero(daqualaindahavemosde falar),Tomsfazumafina observao psicolgica: chegase situao de considerar que o bem rduo sejaimpossveldealcanarporsiouporoutro,pormeiodeumprofundoabatimento,que,quando chega a dominar o afeto do homem, parecelhe que nunca mais poderempreenderalgodebom.Ecomoaacdiaumatristezaqueabateoesprito,aacdiageraodesespero.Ora,aesperanatemporobjetoprprioaquiloquepossvel,poisobem e o rduo, dizem respeito tambm a outras paixes. Da que o desespero nasaespecialmentedaacdia[49].

    Eobjeodequeodesesperoprovmdanegligncia,Tomsrespondequeaprprianegligncia decorre da acdia. E observa que o homem triste no pensa em coisasgrandes e belas, mas s em coisas tristes, a menos que por um grande esforo lembremosqueaacdiaseopefortalezaafastesedascoisastristes[50].

    AacdiatematicamentetratadaemIIII,35(eemDeMalo,11)

    TantoaSumaTeolgica (IIII, 35) comooDeMalo (q.11), humaquesto sobre aacdia, nos dois casos a argumentao muito semelhante e inclusive essas questesestodivididasnosmesmosquatroartigos:aacdiacomopecado,aacidiacomovcioespecial,comopecadomortalecomovciocapital.Nestetpico.tomaremoscomobaseaSumma,complementandocomoDeMalo,quandoforocaso.

    Artigo1,seaacdiapecado.Eadificuldadedeteriniciativas.

    Aprimeiraobjeoadequesendoatristezaumapaixo,noboanemm.Emsuaresposta,Tomsreafirmaqueatristezapelobem,aacdia,eatristezademasiadapelomalquesoms[51].

    Asegundaobjeoadequenopodehaverpecadoquesedevafraquezacorporal,pecado com horamarcada (a tentao domeiodia). Toms responde dizendo que "aculpa" do assdio da acdia aomeiodia do jejum dosmonges, pois toda fraquezacorporal predispe tristeza, mais aguda nessa hora, pela fome e pelo calor [52] .Tomsto"materialista",quenasquestesdeQuodlibet,tratandodojejum,dirqueojejumsemdvidapecado(absquedubiopeccat),quandodebilitaanaturezaapontodeimpedirasaesdevidas:queopregadorpregue,queoprofessorensine,queocantorcante...,queomarido tenha potncia sexual para atender sua esposa!Quemassim seabstmdecomeroudedormir,ofereceaDeusumholocausto,frutodeumroubo[53].

    Umaoutraobservaointeressantenocorpodoartigo1daSumaadequeopesodatristezadaacdiade talmododeprimeonimodohomem,quenadadoqueelefazoagradatalcomoascoisascidas,quesofrias.Daotdioeaenormedificuldadedecomearqualqueraoeacaracterizaodaacdiacomo"torpordamenteemcomear

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    umatobom" [54] .Tantopara a acdia comopara adepresso, essadificuldadeparaempreender,paracomear,essafaltade"iniciativa"(noporacaso"iniciativa"vemde"iniciar",pois:"Burrosnogostadeprincipiarviagens"[55] )manifestase bemosabemosquepassarampordepressoatnoatodeiniciarodia,obanho.No"PoemaemLinhaReta",oheternimolvarodeCamposdiz:

    "Eu,quetantasvezesnotenhotidopacinciaparatomarbanho".

    Ou,emoutrodepoimentodolivrodeSolomon:

    Lembrodeestardeitadonacama,imobilizado,chorandoporestarassustadodemaispara tomarbanho,eaomesmo temposabendoque chuveiros no so assustadores. Eu continuava dando ospassos, umporum,naminhamente vocgira e peos ps nocho ficaempandaatobanheiroabreaportadobanheirovai at a borda da banheira abre a gua entra embaixo delapassasaboneteenxguasesaidabanheiraenxugasevoltaparaa cama. Doze passos, que me pareceram to onerosos coma asestaesdaviacrucis.Maseusabia,logicamente,queosbanhoserammuito fceis de tomar, que durante anos eu havia tomadouma ducha todos os dias e que o fizera to rapidamente e toprosaicamentequeissosequereradignodeumcomentrio.Etc.etc.etc.[56]

    Noartigo2,Tomsdiscuteseaacdiavcioespecial.

    Tratasedetrazertonaaespecificidadedaacdia,poistodoqualquervcioseopeaobem espiritual. Distinguindoa tambm da fuga do bem espiritual por considerlotrabalhoso, molesto ao corpo ou impeditivo dos prazeres corporais. A acdia seentristecedobemdivino,quesealegranacaridade[57].

    Oartigo3discuteseaacdiapecadomortaleaatitudeopostaacdia.

    Aprimeira objeo interessantssima: se a acdia fosse pecadomortal, chocaria defrente com algummandamento da lei deDeusmas percorrendo, umpor um, os dezmandamentosvsequeaacdianoseopeanenhumdelese,portantonopecadomortal.ArespostadeTomssugestivamente,semmaioresexplicaesqueaacdiase ope aomandamento de guardar o sbado, que prescreve o repouso damente emDeus[58].

    Como possvel identificar preguia e acdia, se esta opese ao mandamento dorepouso?!

    ObservemosmaisdepertoaformulaodeToms:

    "...praecipitur quies mentis in Deo, cui contrariatur tristitiamentisdebonodivino"

    Nessesentido,interessanteobservarque,paraToms,essaquiesmentisaatitudedefestadaalma,instaladanaskhol(nosentidoaristotlico)efruindodacontemplao.

    Ao falar da vida contemplativa e de sua superioridade, a superioridade deMaria emrelaoaMarta,diz:

    4. In vita contemplativa est homo magis sibi sufficiens, quiapaucioribusadeamindiget.undediciturLuc.X,"Martha,Martha,sollicitaesetturbarisergaplurima.(...)6 Vita contemplativa consistit in quadam vacatione et quiete,secundum illud Psalmi, "Vacate, et videte quoniam ego sum

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    Deus".(IIII182,1)

    EexplicandoosentidodafaladeCristo"vindeevede"(Jo1,39),decomosechegaaoconhecimentodeDeus,Tomsdiz:

    Per mentis quietem, seu vacationem Ps. XLV, 11: 'Vacate, etvidete'.(SuperEv.Io.cp1lc15)

    Esse salmo "vacate, et videte quoniam ego sum Deus" (skholasate na verso dosSetenta!) citado dezenas de vezes por Toms: como atitude tpica do terceiromandamento(InIIISent.d.37q.1a.2bcoIII,100,3ad2etc.),oavessodaacdia.Nosetratasomentedeausnciadeperturbaesexteriores,mastambmdasinteriores(IIII181,4ad1).

    Ainda nesse artigo, a terceira objeo tambm sugestiva: se a acdia como dizCassianoexperimentadaprincipalmentepelosvaresperfeitos,pelosascetas, entocomo pode ser pecado? Toms responde dizendo que os santos esto sujeitos aos"sintomas"daacdia,noqueconsintamcomessatentaoderepugnnciapelosbensdoesprito[59].

    Artigo4:asfilhasdaacdia

    O artigo 4 muito importante. Nele encontramos os desdobramentos da acdia,particularmenteimportantesparaohomemdehoje:

    Gregrio (Mor. XXXI, 45) acertadamente indica as filhas daacdia. De fato, como diz o Filsofo (Eth. 7, 56, 1158 a 23):"ningum pode permanecer por muito tempo em tristeza, semprazer",edaseseguemdoisfatos:ohomemlevadoaafastarsedaquiloqueoentristeceeabuscaroquelheagradaeaquelesqueno conseguemencontrar as alegrias do esprito instalamse nasdocorpo(Eth.10,9,1176b19).Assim,quandoumhomemfogeda tristezaoperaseo seguinteprocesso:primeiro fogedoqueoentristece e, depois, chega a empreender uma luta contra o quegera a tristeza.Ora, no caso da acdia, em que se trata de bensespirituais,essesbenssofinsemeios.Afugadofimsedpelodesespero. J a fuga dos bens que conduzem ao fim dse pelapusilanimidade,quedizrespeitoaosbensrduosequerequeremdeliberao, e pelo torpor em relao aos preceitos, no que serefereleicomum.Porsuavez,alutacontraosbensdoespritoque,pelaacdia,entristecem,rancor,nosentidodeindignao,quando se refere aos homens que nos encaminham a eles malcia, quando se estende aos prprios bens espirituais, que aacdialevaadetestar.Equando,movidopelatristeza,umhomemabandonaoespritoe se instalanosprazeresexteriores, temosadivagaodamentepeloilcito(...).

    J a classificao de Isidoro dos efeitos da acdia e da tristezarecainadeGregrio.Assim,aamargura,queIsidorosituacomoprovenientedatristeza,umcertoefeitodorancoraociosidadeeasonolncia reduzemseao torporemrelaoaospreceitos:oociosoosabandonaeosonolentooscumpredemodonegligente.Os outros cinco casos recaem na divagao da mente: importunitas mentis, quando se refere ao abandono da torre doesprito para derramarse no variado no que diz respeito aoconhecimento,curiositasaofalar,verbositasaocorpo,quenopermanecenummesmo lugar, inquietudocorporis ( o caso emque os movimentos desordenados dos membros indicam a

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    disperso do esprito) ao perambular por diversos lugares,instabilitas, que tambm pode ser entendida como instabilidadedepropsitos[60].

    Aprimeiradas filhasda acdia odesespero.Esteponto foi especialmente analisadoporPieper (aquemsigodepertonestepargrafo),que ligadiretamenteodesesperooutrafilhadaacdia:apusilanimidade:paralisadopelavertigem,pelomedodasalturasespirituaiseexistenciaisaqueDeusochama,aacdianoencontranimonemvontadedesertograndecomorealmenteestchamadoaserabdicado"tornateoques",afamosa sentena com que Pndaro resume toda tica, que, como a de Toms, estcentradanoser.Quandopassamosaoplanodagraa,aacdiauma"tristitiadebonospiritualiinquantumestbonumdivinum" (IIII35,3),umaborrecersedequeDeusotenha elevado ao plano da filiao divina, participao em sua prpria vida ntima.Queimadoporessa tristeza existencialmente suicida emovidopelaqueimaduradesuaacidez,surgeaevagatiomentis,adispersodequemrenunciouaseucentrointeriore,portanto,entregaseimportunitas:abandonaratorredoesprito,paraderramarsenovariado,buscandoafogarasedenaguasalgadadascompensaeseprazeresdeumaatividade desenfreada: num falatrio incuo (verbositas), o agitarse, o moverse(instabilitas),aincapacidadedeconcentrarseemumpropsito(instabilitas)eaumafdesordenadodesensaesedeconhecimento(curiositas).

    Acdiaesuasfilhas,hoje.

    Mesmo uma descrio breve das filhas da acdia, torna evidente seus perigos: odesenraizamento,aabdicaodoprocessodeautorealizaoprofundadoeu,quepassaaespalharsenovariado(importuneaddiversasediffundere)etc.SejPascal,emumdosPensamentos(136/139),afirmaquetodaainfelicidadedohomemprocededeumanicacoisa:elenopoderestarassconsigomesmoemumquarto[61],hoje,maisdoque nunca, essas possibilidades de disperso esto disponveis e encontramse potenciadasaomximoportodaparte.

    Doena,pecadoouummistodefaltamoraleenfermidade,ofatoqueatristezaumapoderosa fora destruidora, convidando a (ou impondo) diversas compulses: dasdrogasaojogo,doconsumismoaoworkaholism,etc.Portrsdetudoisto,nohaverum componente daquela desperatio, daquela curiositas, daquela evagatio mentis,daquelainstabilitas?

    PaulinhodaViola[62], cujaobra representaoavessodaacdia, aatitudede festadaalma(quemassistiuaofilme"Meutempohoje"comasinesquecveiscenasdaVelhaGuardadaPortela,darodadesambacomZecaPagodinho,dostrabalhoscommadeirade Paulinho etc concordar imediatamente), apresentanos agudamente a acdia emnossoquotidiano,nacano"SinalFechado".

    SINALFECHADOPaulinhodaViola

    Ol,comovai?Euvouindoevoc,tudobem?Tudobemeuvouindo,correndoPegarumlugarnofuturo,evoc?Tudobem,euvouindoembuscaDeumsonotranqilo,quemsabe?Quantotempo...pois...Quantotempo...MeperdoeapressaaalmadosnossosnegciosOh!Notemdequ

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    EutambmsandoacemQuandoquevoctelefona?PrecisamosnosverporaPrasemana,prometotalveznosvejamosQuemsabe?Quantotempo...pois...Quantotempo...TantacoisaeutinhaadizerMaseusuminapoeiradasruasEutambmtenhoalgoadizerMasmefogealembranaPorfavor,telefone,euprecisoBeberalgumacoisa,rapidamentePrasemanaOsinal...EuprocurovocVaiabrir...Prometo,noesqueoPorfavor,noesquea,porfavorAdeus...NoesqueoAdeus...Adeus...

    Parafinalizar,umanota sobreoconsumismo,que, comodizamos,umadas formasdaquel "derramarse no variado". A propsito do consumismo, Toms tem umaobservaomuito interessante e extremamente "moderna". No comeo da III, ao sequestionar seo fimltimo,a felicidadeestnas riquezas, ele, naturalmente, respondequeno:osbensnaturaisordenamseaohomem(enoaocontrrio),eodinheiro,porsua vez, serve apenas para a aquisio desses bens. Porm o dinheiro traz em si umperigoespecfico:eleimitafalsamenteainfinitudedoverdadeirobemsupremo:

    Oapetitedasriquezasnaturaisnoinfinito,porque,apartirdeumacertamedida,asnecessidadesnaturaissosatisfeitas.Masoapetitedasriquezasartificiaisinfinito,porqueestaserviodeuma concupiscncia desordenada e que no tem medida, comoficaevidentepeloFilsofo.Noentanto,sodiferentesosdesejosinfinitos do Sumo Bem e das riquezas. Pois quanto maisperfeitamentesepossuioSumoBem,maiseleamadoemaissedesprezamosoutrosbens(...)jcomoapetitedodinheiroedosbens temporais acontece o contrrio: quando so obtidos, sodesprezados e buscamse outros (...) Sua insuficincia maisconhecidaquandosopossudos(III,2,1ad3)[63].

    Comea assim o famoso "ciclo vicioso": o desespero levame ao consumo, que,mostrandoseinsuficiente(eosbensdeconsumomostramsemaisinsuficeintesquandoso consumidos), leva a mais desespero e a mais consumo... E o mesmo se d emrelaosdemaisatividadesmovidaspelaacdia.Umsignificativoannciopublicitrio,docomeodaeradosvideogames,dizia:

    Atari.Antescomeledoquemalacompanhado.Atari.Transformaum simples aparelho de TV numa mquina que vai alm daimaginao.Atari.Ofascniodaficodentrodarealidadedasuacasa (...). Atari. Demanh, de tarde, de noite, a hora que vocquiser. Atari. Muitos cartuchos j lanados. Atari. Todos osmeses, novos hits. (...) Atari. Companheiro dos solteiros, dossolitrios,dosmalamados,dosdescasados.Atari.Umsistemade6a.geraocombatendoasolido...

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    http://jean_lauand.tripod.com/page005.html

    Eumaltimapalavrasobrearesistnciaacdia.Tomsobservaquea lutacontraospecados no uniforme: em alguns casos devese fugir simplesmente, semconsideraes intelectuais em outros, como no caso da acdia, quanto mais nosaplicamosarefletir intelectualmentesobreosbensespirituais,maisagradveiseles setornamparanse,assim,cessaaacdia[64].

    ANEXO

    Asfilhasdaacdia.AcontribuiodePieper.

    Quandosecompreendeosignificadodasfilhasdaacdia,vseimediatamenteaenormeatualidadeeoalcanceexistencialdotema.LembremosqueGregriohaviaenumerado:desespero,pusilanimidade,torpor,rancor,malciaedivagaodamente.Quantoaestaltima, Isidoro, por assim dizer, a desdobra em: importunitas mentis, curiositasverbositasinquietudocorporiseinstabilitas.

    Anexo1cdiaecuriositasTextodeJosefPieper[65]

    Hum desejo de ver que perverte o sentido original da viso elevaoprpriohomemdesordem.Ofimdosentidodavistaapercepodarealidade.A'concupiscnciadosolhos',porm,noquer perceber a realidade,mas ver. Agostinho diz que a avidezdos gulosos no de saciarse, mas de comer e saborear e omesmosepodeaplicarcuriositase'concupiscnciadosolhos'.A preocupao deste ver no a de apreender e, fazendoo,penetrarnaverdade,masadeseabandonaraomundo,comodizHeidegger em seu Ser e Tempo. Toms liga a curiositas evagatio mentis, 'dissipao do esprito', que considera filhaprimognitadaacdia.Eaacdiaaquelatristezamodorrentadocoraoquenose julgacapazderealizaraquiloparaqueDeuscriou o homem. Essamodorramostra sempre sua face fnebre,onde quer que o homem tente sacudir a ontolgica e essencialnobrezadeseusercomopessoaesuasobrigaesesobretudoanobreza de sua filiao divina: isto , quando repudia seuverdadeiro ser! A acdia manifestase assim, diz Toms,primeiramentena'dissipaodoesprito'(asuasegundafilhaodesespero e isto muito elucidativo). A 'dissipao do esprito'manifestase,por suavez,na tagarelice,na apetncia indomvel'de sair da torre do esprito e derramarse no variado', numairrequietao interior, na inconstncia da deciso e navolubilidadedo carter e, portanto, na insatisfao insacivel dacuriositas.

    Aperversodainclinaonaturaldeconheceremcuriositaspode,conseqentemente,seralgomaisdoqueumaconfusoinofensivaflordoserhumano.Podeserosinaldesuatotalesterilidadeedesenraizamento. Pode significar que o homem perdeu acapacidadedehabitaremsiprprioqueele,nafugadesi,avessoeentediadocomaaridezdeuminteriorqueimadopelodesespero,procura, com angustioso egosmo, em mil caminhos baldados,aquele bem que s a magnnima serenidade de um coraopreparadoparaosacrifcio,portantosenhordesi,podealcanar:aplenitudeda existncia, uma vida inteiramente vivida. E porqueno h realmente vida na fonte profunda de sua essncia, vaimendigando,comooutravezdizHeidegger,na 'curiosidadequenada deixa inexplorado', a garantia de uma fictcia 'vida

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    intensamentevivida'.

    Anexo2AcediaydesesperacinTextodeJosefPieper[66]

    Elprincipioyrazdeladesesperacineslaacedia,lapereza.No hay probablemente un concepto de la tica que se hayaaburguesado tan notoriamente en la conciencia del cristianomedio como el concepto de la acedia. (Parte de culpa es,ciertamente,delatraduccinporpereza,lacualcorrespondeencierta medida al sentido inmediato de la palabra griega akedia,pero sin dar ms que una idea incompleta e imperfecta delautnticocontenidoconceptual).

    Lanocinquesehahechopopulardelpecadocapitaldelaperezagira en torno del dicho la ociosidad es la madre de todos losvicios. La pereza, segn esta opinin, es lo contrario dediligencia y laboriosidad es casi sinnimo de dejadez ydesaplicacin.Deestemodo laacediaseconviertecasi enunconceptodeIavidaindustriosadelaburguesa.Yelhechodequeselacuenteentrelossietepecadoscapitalesparecequees,porasdecirlo,unaconfirmacinysancinreligiosadelaordenacincapitalistadeltrabajo.

    Ahora bien, esta idea no es slo una mera trivializacin yvaciamientodelconceptoprimarioteolgicomoraldelpecadodelaacedia,sinosuverdaderasubversin.

    La teologa tradicionalde Ia Iglesiaconsidera Iaacediacomounaespeciedetristeza,speciestristitiae(12,35,822,35Mal.11Ver.26,4ad6),precisamenteuna tristeza respectodelbiendivinodelhombre.Esta tristeza, a causade la elevacindel serhumano producida por Dios, paraliza, pesa, descorazona (elmomentodelaautnticaperezaes,portanto,slosecundario).

    Loopuestoalaacedianoeslalaboriosidadyladiligencia,sinola grandezade nimoy aquella alegra que es el frutodel amordivinosobrenatural.Laacediayladiligenciaburguesanoslopuedencoexistirperfectamente,sinoquehayquebuscarelorigendeldesmesuradoyexcesivopathosdeltrabajo,propiodenuestrapoca,enlaacedia,queesprecisamenteunrasgofundamentalde la fisonoma espiritual de este tiempo. (La absurda frasetrabajar y no desesperar es instructiva a este respecto). Laperezaaquealudeelconceptode laacediasecontrapone tanpocoaltrabajoenelsentidoburgus,queSantoTomspuededecirque laacediaesprecisamenteunpecadocontrael tercermandamiento, en el que se ordena al hombre el descanso delespritu en Dios (14 22, 35, 3 ad 1 Mal. 11, 3 ad 2). Elautntico descanso y ocio slo es posible presuponiendo que elhombreseadhiereasuautnticoyverdaderosentido.

    La teologa clsica de la Iglesia considera como acedia latristitiasaeculi(Mal.11,3),aquellatristezadelmundodelacualdiceSanPablo,enlasegundaEpstolaalosCorintios(7,10),quellevaalamuerte.

    Esa tristeza es una carencia de grandeza de nimo no quiere

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    proponerse la empresa grande propia de la naturaleza delcristiano. Es una especie de angustioso vrtigo que acomete alhombrecuandosedacuentadelaalturaadondeloelevaDios.Elhombreafectadodeacedianotienenielnimoni lavoluntaddeser tangrandecomo realmentees.Preferiraempequeecersepara sustraerse de estemodo a la obligacin de la grandeza.Laacediaesunahumildadpervertidanoquiereaceptarlosbienessobrenaturales,porqueimplicanesencialmenteunaexigenciaparael que los recibe. En la esfera anmicovital del sano y delenfermo hay algo parecido. La psiquiatra se encuentrafrecuentemente con el hecho de que un neurtico tienesuperficialmenteeldeseodecurarse,peroenrealidadnadatemems que la exigencia de lo que naturalmente se exige a unapersonasana.

    Laacediaes,enlamedidaenquepasadelterrenodelafectoalde la decisin espiritual, una aversin consciente, una autnticahuidadeDios.ElhombrehuyeanteDiosporquelohaelevadoaunmododesersuperior,divino,ylehaobligado,portanto,aunanormasuperiordedeber.Laacedia, finalmente, esuna francadetestatio boni divini (Mal. 8, 1. 17), lo cual significa lamonstruosidaddeque el hombre tenga la convicciny el deseoexpresodequeDiosnoledeberahaberelevado,sinodejadoenpaz(22,35,3).

    La pereza como pecado capital es la renuncia malhumorada ytriste, estpidamente egosta, del hombre a la nobleza queobligadeserhijosdeDios.

    Estafiliacindivina,sinembargo,esasuvezcomoposibilidadynecesidadrealunhechoirrevocablequenadiepuedecambiarennada. Y puesto que este hecho irrevocable, que no se puedecompararconlaoferta,procedentedelexterior,deunregalo,noes otra cosa que una nueva conformacin del ser ntegro delhombre y que afecta al centromismo de su esencia, por eso laacedia,enltimotrmino,significaqueelhombrenoquiereserlo que Dios quiere que sea, es decir, que no quiere ser lo querealmentees.

    La acedia es lo que Kierkegaard, en su libro sobre ladesesperacin (La enfermedad y la muerte), ha llamado ladesesperacin de la debilidad, que es un estado previo de laautnticadesesperacin,yqueconsisteenqueeldesesperadonoquiereserlmismo

    Ladesesperacinnoeslanicahijadelaacedia,aunqueslams legitima. Santo Toms ha reunido, en una especie dediablica constelacin, las filiae acediae, los acompaantes yhermanosdeladesesperacin(Mal.11,422,35,4ad2.19).Estildirigirunmomento laatencinaestasconcomitancias.Puescomo no es azarosa esta conexin, sino que est fundada en elhechodesucomnorigen,elconocimientodeesaafinidadarrojaunaluzqueilustraelmododeserpropiodeladesesperacin.

    Adems de la desesperacin, la acedia engendra, en primertrmino,unavagabundainquietuddelespritu,laevagatiomentis:Ningnhombrepuedemantenerseenlatristeza(Mal.11,4.)y

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    como es precisamente su mismo ser autntico lo que producetristeza en el hombre que cae en la acedia, resulta que estehombreseesfuerzaenevadirsedelreposoenelcentroautnticodesuesencia.

    Laevagatiomentisserevelaasuvezenlaabundanciadepalabrasde Ia conversacin (verbositas),en la insaciabilidad del afn denovedades (curiositas), en el desenfreno sin respetos con quesaliendodelamansindelespritusedispersaendiversascosas(importunitas),en la interna falta de sosiego (inquietudo),en lainestabilidad de lugar y decisin (instabilitas loci vel propositi)(22, 35, 4 ad 3.). Una observacin incidental: todos estosconceptos, relacionados, con la vagabunda inquietud delespritu,serepitenenelanlisisheideggerianodelaexistenciahumana cotidiana, el cual, ciertamente, no llega a calar en lasignificacin religiosa de la acedia: Huida de la existenciahumana de simisma, charlatanera, curiosidad como estarocupado en las posibilidades de entregarse al mundo, noparar,dispersin,faltadereposo.

    Alaevagatiomentisyaladesesperacinsiguelatercerahijadelaacedia,laembotadaindiferencia(torpor)antetodoloqueenverdadesnecesarioparaIasalvacindelhombreesaindiferenciaest unida, por una interna necesidad, a la triste e indolentenegacindelhombresuperior.Lacuartahijaeslapoquedaddenimo (pusillanimitas), ante todo, en cuanto a las posibilidadesmsticasdelhombre.Enquintolugar,lairritadaoposicinatodoaquello cuyo oficio es cuidar de que la verdadera y divinamismidaddelhombrenocaigaenelolvido,enelenajenamiento.Y, finalmente, la autntica maldad (malitia), nacida del odiocontra lo divino que hay en el hombre, la consciente e internaeleccindelmalencuantotal(Mal.3,14ad8)

    Decamos que la aptica tristeza de la acedia es uno de losrasgos decisivos de la fisonoma ntima de nuestra poca, lamismapocaquehaproclamadocomoidealelmundotrabajadortotalitario.

    Estaapatadeterminacomocaractersticadelasecularizacinlafisonoma de toda poca en la que la llamada a las tareasautnticamente cristianas empieza a perder obligatoriedadpblica.Laacedia es el sellode toda pocaquedesesperadesacudirse de encima la nobleza que obliga de ser cristiano yque, por tanto, en su desesperacin, intenta negar su verdaderamismidad.

    Aquella mera enumeracin de las hijas de la apata, lashermanas de la desesperacin, no es ya una sorprendenteconfirmacindeestediagnstico?Nose leeconelvergonzosofastidiodeunhombrealqueselehubiesesorprendidoenmalospasos?No ve nuestra poca que hanmadurado todos aquellosfrutosdelatristezadesesperada?

    Todoestonosediceporelplacerintil,yporlodemsmuyfcil,de rastrear las debilidades de nuestra poca, sino porque lastentaciones de la acedia y de la desesperacin no son de talndole que con apartar los ojos de ellas pierdan su fuerza. La

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    tentacin de la acedia y de la desesperacin se vencenicamenteconlavigilanteresistenciadeunamiradapenetranteyatenta(22,35,1ad4.).Eltrabajarnoanulaladesesperacin(alosumolaconcienciadeella),sinoslolaclarividentegrandezade nimo que confa en la grandeza de la existencia humana,autnticaensumismidad,yselaexige,yelimpulsosobrenaturaldelaesperanzaenlavidaeterna.

    Larazyelprincipiodeladesesperacineslaapticatristezadela acedia. Su perfeccin est acompaada de orgullo. LaTeologa ha sealado a menudo esta relacin entre orgullo ydesesperacin. Si el hombre que al principio desespera pordebilidad llega a darse cuenta de por qu no quiere ser lmismo,entoncescambiarepentinamenteyentoncessepresentalaobstinacin(Kierkegaard).

    [1]Feitaem220304,paraasexpresses"ossetepecadosda"e"ossetepecadosdo".

    [2] A Coleo "Plenos Pecados", lanada em 1998 pela editora Objetiva. Cf.http://www.objetiva.com/releases/plenos_pecados.htm

    [3]OssorvetesMagnumdaKibon.http://www.kibon.com.br/1/f_index.html

    [4]DestacandoseLumadeOliveira,que,alegorizandoopecadocapitaldaluxria(verlinkabaixo),foiaclamadanodesfiledasgrandescampescomottulode"Rainhadasrainhas" de bateria:http://jbonline.terra.com.br/jb/evento/carnaval2001/rio/materia/2001/03/carriomat20010304015.html

    [5]Esse fato aliado ignorncia do assunto permite "liberdades" como a da peapublicitriadaKibon, que inovou radicalmente, afirmando ser a vingana umpecadocapital...!

    [6]Ponto1866.

    [7] O Catecismo emprega o ou sinonmico, seu (como em "Lex nova seu Lexevangelica" #1952, #1965 "dies Domini seu Dominica" #2191). Mas no #2094 diz:"Acediaseuspiritualispigritia".

    [8].Pieper,JosefVirtudesFundamentales,Madrid,Rialp,1976,pp.393394.

    [9]Cf.TomsdeAquino,SobreoEnsinoOsSetePecadosCapitais, trad.eestudosintrodutriosdeJeanLauand,SoPaulo,MartinsFontes,2001.

    [10]EntrevistaaJeanLauandetal.,http://www.hottopos.com/videtur8/entrevista.htm

    [11] Alm disso, o relacionamento entre tica e linguagem tornase ainda maisproblemticoporcontadaconhecida"lei"C.S.Lewisestudaistobrilhantementeemseu clssico Studies in Words que registra a inflao semntica das palavras queexprimemrealidadesmorais.Opiorquenosetratasdeesvaziamentodaspalavrasfundamentais, mas, por vezes, de autntica inverso de polaridade: a palavra quedesignavaumavirtudepassaadesignarumvcio.oqueocorreu,porexemplo,comapalavra "simples" (simplex) e com a palavra "prudncia" (prudentia). Cf. p. ex.http://www.hottopos.com/mirand14/evucc.htm . por essa razo que Pieper fala deinverso,deperversonamodernasubstituiodaacdiapelapreguia.

    [12]MoraliainIob31,45.Nessaenumeraoatristezacompreendeaacdia

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    [13]Ponto1866.

    [14]PorexemploemSent.LibriEthicorumLb2,Lc7,2

    [15]ConlationesV,9

    [16].Nosdoissentidosdapalavra:lderoprimeirolugarelderaquelequedirige,leader.

    [17]115vezesgrafadacomoaccidia128,comoacedia)

    [18]A preguia, diz Toms, diz respeito tardana na execuo das aes: "Pigritiaautem et torpor magis pertinent ad executionem, ita tamen quod pigritia importattarditatemadexequendumtorporremissionemquandamimportatinipsaexecutione.etideo convenienter torpor ex acedia nascitur, quia acedia est tristitia aggravans,idestimpediensanimumaboperando".(IIII,54,2ad1).

    [19].http://members.aol.com/mdersch/brecht.html

    [20].Solomon,AndrewOdemniodomeiodiaumaanatomiadadepresso.RiodeJaneiro,Objetiva,2002.Tit.orig.Anoondaydemonanatlasofdepression.

    [21].Defato,CassianocomeaolivroXdasInstituies,dedicadoacdia,falandodecomo especialmente os solitrios esto sujeitos a ela, sobretudo "hora sexta". ,prossegue, o que os mongesmais antigos designam por "demnio domeiodia". Aoexplicar o porqu do ttulo de seu livro sobre a depresso, Andrew Solomon, diz:"Tomei a frase [de Evgrio e Cassiano] como ttulo deste livro porque descreveexatamenteoqueseexperimentanadepresso.Aimagemserveparaconjuraraterrvelsensao de invaso que acompanha a situao difcil do depressivo.H algo duro eafrontosonadepresso.Amaioriadosdemnios amaioriadas formasdeangstia apiasenacoberturadanoite.Vlosclaramentederrotlos.Adepressoapresentaseaofulgortotaldosol,nosesentindodesafiadapeloreconhecimento.Etc."(op.cit.p.271).

    [22].Op.cit.p.272.

    [23].PorexemploemIIII,28,4ad1,eleexplicitaqueestadiscutiratristezaquevcio.

    [24].Videturquodsomnusetbalneumnonmitigenttristitiam.Tristitiaeniminanimaconsistit. Sed somnus et balneum ad corpus pertinent. Non ergo aliquid faciunt admitigationemtristitiae.

    Ad primum ergo dicendum quod ipsa debita corporis dispositio, inquantum sentitur,delectationemcausat,etperconsequenstristitiammitigat.

    [25].III,32,8ad2.

    [26].InSent.IV,d.49.q.3,a.5,c.

    [27] . Trato mais detalhadamente deste aspecto em "Transtorno Bipolar: a Normal'Patologia' de Toms deAquino",Mirandum 9, Porto, GFM Univ. do Porto, 2002.Disponveltambmonlineem:http://www.hottopos.com.br/mirand9/bipolar.htm

    [28] . Trato mais detalhadamente deste aspecto em "Transtorno Bipolar: a Normal'Patologia' de Toms deAquino",Mirandum 9, Porto, GFM Univ. do Porto, 2002.Disponveltambmonlineem:http://www.hottopos.com.br/mirand9/bipolar.htm

    [29].TomscomentandoaquelainquietantecenadoEvangelhonaqual,apsCristolivraracidadedeumenergmenofurioso,oshabitantesunanimenterogamlhequev

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    embora(Mt8,34Mc5,17Lc8,37)desfereumterrveldiagnstico:"Infirmaenimmens...nonpotestpondussustineresapientiae",amediocridadenosuportaagrandezada sabedoria... S a partir da "felicidade" do nscio, se faz, de algum modo,compreensvelamudanadesentidodapalavra"nice"(dolatimnescius)emingls(cfr.OED):desde seusignificadooriginal 1.Foolish, stupid, senseless. (common in14thand15thc.)atoatual:15.Agreeablethatonederivespleasureorsatisfactionfromdelightful. O OED observa ainda no sentido do Aquinate: "Dicitur enim aliquisinsensatus,siinaetateperfectadiscretionecareat,nonauteminpueriliaetate"(InMet.X,6,20)queniceseaplicapropriamenteaadultos.TheOxfordEnglishDictionary,2nd.EditiononCompactDisk,OxfordUniversityPress,1992.

    [30].Prado,AdliaPoesiaReunida,SoPaulo,Siciliano,1991.

    [31].Ibidem,"Paixo".

    [32] . Tambm para a doutrina da participao, vejasse o j citado: "TranstornoBipolar..."

    [33]."Meditatussuminomnibusoperibustuis,etinfactismanuumtuarummeditabar".

    [34]."Quemquidemordinemexpraemissisverbissumerepossumus"CGII,1

    [35] . "Secunda vero, eo, quod sit perfectio facti, 'factionis', nomen assumit unde'manufacta'dicunturquaeperactionemhuiusmodiabartifice inesseprocedunt" (CGII,1).

    [36]."DivinorumfactorummeditationecessariaestCGII,2

    [37] . "Sicut bonum creatum est quaedam similitudo et participatio boni increati, itaadeptiobonicreatiestquaedamsimilitudinariabeatitudo".

    [38].Cfr.p.ex.meuestudo:"AdoutrinadaparticipaonaEstticaclssica",RevistaInternacionald'Humanitats,Univ.AutnomadeBarcelonaDep.deCinciesdel'Ant.idel'EdatMitjana/EdfFeusp,BarcelonaS.Paulo,vol.II,1999,pp.5158.

    [39] . Neste trecho e o anterior, cito pela Bblia on line da Nathan:http://www.nathan.co.za/biblipor.asp

    [40].Aautoraofertoumeonicomanuscritoduranteaentrevistaquemeconcedeuem51193equefoipublicadaemLauand,L.J.Interfaces,SoPaulo,Hottopos,1997comasugestivadedicatria"comaesperanadoReino,quejestaqui".

    [41] . Notese que Tom Jobim afirma uma concepo de arte como participao, nosentidotomasiano,comoprocureimostrarem"AFilosofiadaartedeS.TomseTomJobim",Atualidade,semanriodaPUCPR,N.246,287a3891,p.8.Nesse sentidoest"...odepoimento, imensamenteprofundo,deTomJobimsobreacriaoartsticaemrecenteentrevistaquandofoicontempladonosEUAcomamaisaltadistinocomquepodeserpremiadoumcompositor,oHallofFame: 'Glria?AglriadeDeuseno da pessoa. Voc pode at participar dela quando faz um samba de manh'. Ecomplementa: 'Glria so os peixes domar, mulher andando na praia, fazer umsambademanh'".

    [42]."Estautemduplexdefectuspulchritudinisincreaturis:unus,quodquaedamsuntquae habent pulchritudinem variabilem, sicut de rebus corruptibilibus apparet (...)Secundusautemdefectuspulchritudinisestquodomnescreaturaehabentaliquomodoparticulatam pulchritudinem sicut et particulatam naturam hunc defectum excludit aDeo, quantum ad omnem modum particulationis... Deus quoad omnes et simpliciterpulcherest"(InDediv.nom.cp4,lc5).

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    [43].Op.cit.,p.380.

    [44].Op.cit.,p.381.

    [45].AngeliinhocquodDeoministrantetmerentur,laboremveltaediumnonhabent:etideopeccatumaccidiaeeisnoncompetit(InIISent.d.5,q.1,a.3,ad3).

    [46].Accidiaautemintensionemtristitiae,intantumutimmobilitethominem,actionemretardansundedicituraDamasceno,quodesttristitiaaggravans,idestimmobilitans.(InIIISent.d.26,q.1,a.3,c).

    [47] .Quia aut hoc est respectu boni proprii, et sic est acedia, quae tristatur de bonospirituali,propterlaboremcorporalemadiunctum.Autestdebonoalieno,ethoc,sisitsine insurrectione, pertinet ad invidiam, quae tristatur de bono alieno, inquantum estimpeditivumpropriaeexcellentiae...(III,84,4c).

    [48] . Ista vitia dicuntur capitalia, quia ex eis ut frequentius alia oriuntur. unde nihilprohibet aliqua peccata interdum ex aliis causis oriri. Potest tamen dici quod omniapeccata quae ex ignorantia proveniunt, possunt reduci ad acediam, ad quam pertinetnegligentia qua aliquis recusat bona spiritualia acquirere propter laborem, ignorantiaenimquaepotestessecausapeccati,exnegligentiaprovenit.(III84,4,ad5).

    [49].Adhocautemquodaliquodbonumarduumnonaestimetutpossibilesibiadipisciper se vel per alium, perducitur ex nimia deiectione quae quando in affectu hominisdominatur,videtureiquodnunquampossit adaliquodbonumrelevari.Etquiaacediaest tristitia quaedam deiectiva spiritus, ideo per hunc modum desperatio ex acediageneratur. Hoc autem est proprium obiectum spei, scilicet quod sit possibile, nambonumetarduumetiamadaliaspassionespertinent.Undespecialiusoriturexacedia.(IIII,20,4,c).

    [50] . Ipsa etiam negligentia considerandi divina beneficia ex acedia provenit. Homoenimaffectusaliquapassionepraecipueillacogitatquaeadillampertinentpassionem.unde homo in tristitiis constitutus non de facili aliquamagna et iucunda cogitat, sedsolumtristia,nisipermagnumconatumseavertatatristibus.(IIII,20,4,ad3).

    [51] .Adprimumergo dicendumquodpassiones secundum se non sunt peccata, sedsecundumquodapplicanturadaliquodmalum,vituperantur sicut et laudantur exhocquodapplicanturadaliquodbonum.undetristitiasecundumsenonnominatnecaliquidlaudabilenecvituperabile,sedtristitiademaloveromoderatanominataliquidlaudabiletristitiaautemdebono,et iterumtristitia immoderata,nominataliquidvituperabile.Etsecundumhocacediaponiturpeccatum.(IIII,35,1ad1).

    [52].Adsecundumdicendumquodpassionesappetitussensitiviet insepossuntessepeccatavenialia,etinclinantanimamadpeccatummortale.etquiaappetitussensitivushabetorganumcorporale,sequiturquodperaliquamcorporalemtransmutationemhomofit habilior ad aliquod peccatum. Et ideo potest contingere quod secundum aliquastransmutationes corporales certis temporibus provenientes aliqua peccata nos magisimpugnent. Omnis autem corporalis defectus de se ad tristitiam disponit. Et ideoieiunantes, circa meridiem, quando iam incipiunt sentire defectum cibi et urgeri abaestibussolis,magisabacediaimpugnantur.(IIII,35,1ad2).

    [53] . Et ideo huiusmodi sunt adhibenda cum quadam mensura rationis: ut scilicetconcupiscentia devitetur, et natura non extinguatur secundum illudAdRom.,XII, 1:"exhibeatis corpora vestra hostiam viventem et postea subdit: rationabile obsequiumvestrum.Siveroaliquisintantumvirtutemnaturaedebilitetperieiuniaetvigilias,etaliahuiusmodi,quodnonsufficiatdebitaoperaexequiputapraedicatorpraedicare,doctordocere,cantorcantare,etsicdealiisabsquedubiopeccatsicutetiampeccaretvirquinimia abstinentia se impotentem redderet ad debitum uxori reddendum. unde

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    Hieronymus dicit: "De rapina holocaustum offert qui vel ciborum nimia egestate velsomni penuria immoderate corpus affligit et iterum rationalis hominis dignitatemamittitquiieiuniumcaritati,vigiliassensusintegritatipraefert.(Quodl.5,q.9,a.2,c).

    [54].Respondeodicendumquodacedia,secundumDamascenum,estquaedamtristitiaaggravans,quaescilicet itadeprimitanimumhominisutnihileiagere libeatsicutieaquaesuntacidaetiamfrigidasunt.Etideoacediaimportatquoddamtaediumoperandi,utpatetperhocquoddicituringlossasuperilludPsalm.,"omnemescamabominataestanima eorum" et a quibusdamdicitur quod acedia est torpormentis bonanegligentisinchoare.(IIII,35,1).

    [55] .GuimaresRosa, Joo Grande Serto:Veredas, Riode Janeiro, JosOlympio,1979,13a.ed.p.392.

    [56].Op.cit.,p.381.

    [57].Respondeodicendumquod,cumacediasittristitiadespiritualibono,siaccipiaturspirituale bonum communiter, non habebit acedia rationem specialis vitii, quia sicutdictumest,omnevitiumrefugitspiritualebonumvirtutisoppositae.Similiteretiamnonpotestdiciquodsitspecialevitiumacediainquantumrefugitspiritualebonumproutestlaboriosumvelmolestum corpori, aut delectationis eius impeditivum, quia hoc etiamnon separaret acediam a vitiis carnalibus, quibus aliquis quietem et delectationemcorporisquaerit.Etideodicendumestquodinspiritualibusbonisestquidamordo,namomnia spiritualia bona quae sunt in actibus singularum virtutum ordinantur ad unumspirituale bonum quod est bonum divinum, circa quod est specialis virtus, quae estcaritas. unde ad quamlibet virtutem pertinet gaudere de proprio spirituali bono, quodconsistit in proprio actu, sed ad caritatem pertinet specialiter illud gaudium spiritualequo quis gaudet de bono divino. et similiter illa tristitia qua quis tristatur de bonospirituali quod est in actibus singularum virtutum non pertinet ad aliquod vitiumspeciale,sedadomniavitia.Sedtristaridebonodivino,dequocaritasgaudet,pertinetadspecialevitium,quodacediavocatur.(IIII,35,2,c).

    [58].Adprimumergodicendumquodacediacontrariaturpraeceptode sanctificationesabbati,inquo,secundumquodestpraeceptummorale,praecipiturquiesmentisinDeo,cuicontrariaturtristitiamentisdebonodivino.(IIII,35,3ad1).

    [59] .Ad tertium dicendum quod in viris sanctis inveniuntur aliqui imperfecti motusacediae,quitamennonpertinguntusqueadconsensumrationis.(IIII,35,3ad3).

    [60].Gregoriusconvenienterassignatfiliasacediae.Quiaenim,utPhilosophusdicit,inVIIIEthic.,nullusdiuabsquedelectationepotestmanerecumtristitia,necesseestquodextristitiaaliquiddupliciteroriatur,unomodo,uthomorecedatacontristantibusaliomodo, ut ad alia transeat in quibus delectatur, sicut illi qui non possunt gaudere inspiritualibusdelectationibustransferuntseadcorporales,secundumphilosophum,inXEthic. In fuga autem tristitiae talis processus attenditur quod primo homo fugitcontristantia secundo, etiam impugnat ea quae tristitiam ingerunt. spiritualia autembona,dequibustristaturacedia,suntetfinisetidquodestadfinem.fugaautemfinisfitperdesperationem.Fugaautembonorumquaesuntadfinem,quantumadardua,quaesubsunt consiliis, fit per pusillanimitatem quantum autem ad ea quae pertinent adcommunemiustitiam,fitpertorporemcircapraecepta.Impugnatioautemcontristantiumbonorum spiritualium quandoque quidem est contra homines qui ad bona spiritualiainducunt, et hoc est rancor quandoque vero se extendit ad ipsa spiritualia bona, inquorum detestationem aliquis adducitur, et hoc proprie est malitia. inquantum autemproptertristitiamaspiritualibusaliquistransfertseaddelectabiliaexteriora,poniturfiliaacediaeevagatiocircaillicita(...)IllaautemquaeIsidorusponitoririextristitiaetacediareducuntur ad ea quae Gregorius ponit. nam amaritudo, quam ponit isidorus oriri extristitia, est quidam effectus rancoris. Otiositas autem et somnolentia reducuntur adtorporem circa praecepta, circa quae est aliquis otiosus, omnino ea praetermittens et

  • 25/02/2015 OPecadoCapitaldaAcdianaAnlisedeTomsdeAquino

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    somnolentus, ea negligenter implens. omnia autem alia quinque quae ponit exacediaoriripertinentadevagationemmentiscircaillicita.quaequidemsecundumquodinipsaarcementis residet volentis importune ad diversa se diffundere, vocatur importunitasmentissecundumautemquodpertinetadcognitivam,diciturcuriositasquantumautemadlocutionem,diciturverbositasquantumautemadcorpusineodemlocononmanens,dicitur inquietudo corporis, quando scilicet aliquis per inordinatosmotusmembrorumvagationem indicat mentis quantum autem ad diversa loca, dicitur instabilitas. velpotestaccipiinstabilitassecundummutabilitatempropositi.(IIII,35,4ad2).

    [61] . Tout lemalheur des hommes vient d'une seule chose, qui est de ne pas savoirdemeurerenreposdansunechambre.

    [62] . Tambm ele autor de uma cano intitulada "Pecado Capital", que comeadizendo:"Dinheironamovandaval...".Eemoutradesuascanes,encontramseossugestivosversos:"Carentedeternura,eufiztantaloucura,andeidemoemmo".

    [63].Adtertiumdicendumquodappetitusnaturaliumdivitiarumnonestinfinitus,quiasecundumcertammensuramnaturaesufficiunt.sedappetitusdivitiarumartificialiumestinfinitus,quiadeservitconcupiscentiae inordinatae,quaenonmodificatur,utpatetperPhilosophuminIpolit.Alitertamenestinfinitumdesideriumdivitiarum,etdesideriumsummiboni.namsummumbonumquantoperfectiuspossidetur,tantoipsummetmagisamatur, et alia contemnuntur, quia quantomagis habetur,magis cognoscitur. Et ideodicitur Eccli. XXIV, qui edunt me, adhuc esurient. Sed in appetitu divitiarum, etquorumcumquetemporaliumbonorum,esteconverso,namquandoiamhabentur,ipsacontemnuntur, et alia appetuntur secundumquod significatur Ioan. IV, cumdominusdicit,quibibitexhacaqua,perquamtemporaliasignificantur,sitietiterum.Ethocideo,quiaeoruminsufficentiamagiscognosciturcumhabentur.

    [64] .Resistendo autem, quando cogitatio perseverans tollit incentivum peccati,quodprovenit ex aliqua levi apprehensione. et hoc contingit in acedia, quia quanto magiscogitamusdebonisspiritualibus, tantomagisnobisplacentia redduntur exquocessatacedia.(IIII,35,1ad4)

    [65].VirtudesFundamentais,Lisboa,Aster,1960,pp.280282.Trad.deNarinoeSilvaeBeckertdaAssumpo

    [66].VirtudesFundamentales,Madrid,Rialp,1976,pp.393398.Trad.deRaimundoPniker.