seminario didÁtico internacional sobre …

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13 03 ana SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM PAN AMECN,: S. N4ITARY BUREAU '--- WASHINGTON 6, D. 5- REPARTICAO SANITARIA PAN-AMERICANA Escritório Regional da Organizarao Mundial da Saúde Washington, D. C. 1959 4

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Page 1: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

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SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL

SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

PAN AMECN,: S. N4ITARY BUREAU'--- WASHINGTON 6, D. 5-

REPARTICAO SANITARIA PAN-AMERICANA

Escritório Regional da Organizarao Mundial da Saúde

Washington, D. C.1959

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SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL

SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

(Salvador, Bahia, Brasil, 6-15 de julho de 1958)

Publicanoes CientíficasNo. 42

Setembro, 1959

REPARTICAO SANITÁRIA PAN-AMERICANA

Escritório Regional da Organizaqao Mundial da Saúde

1501 New Hampshire Avenue, N. W.

Washington 6, D.C., E.U.A.

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Reimpresso do Boletin de la Oficina Sanitaria PanamericanaAno 38, Vol. XLVI, N° 5, Maio, 1959

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SUMARIO

Página

Introduçao .................................................................... 1

Documentos de trabalho:

Razóes para a realizaçao de um inquérito de recursos e necessidades de enferma-gem-Maria Rosa de Sousa Pinheiro ......................................... 5

Que é levantamento?-Apollonia F. Adams .................................... 10

Problema social e problema de investigaçao-Oracy Nogueira ................... 14

As várias fases do levantamento estatístico-Benedito Coelho Rodrigues .......... 23

Planejamento do levantamento dos recursos e necessidades da enfermagem noBrasil-Maria de Lourdes Verderese ........................................... 29

Processo utilizado na obtengáo de dados sabre serviços de enfermagem em hospi-tais e centros de saúde brasileiros-Thomas B. Jabine ........................ 36

Levantamento dos recursos e necessidades da enfermagem no Brasil: Coleta dedados-Olga Verderese ....................................................... 44

Avaliagao do levantamento dos recursos e necessidades da enfermagem no Brasil--Maria de Lourdes Verderese ................................................ 47

O interésse do público num levantamento de enfermagem-Haydée G. Dourado.. 49

Razoes do bom éxito de alguns levantamentos de recursos de enfermagem-Apollonia F. Adamns ......................................................... 54

Relatório Final ................................................................. 60

Anexos:

I Instalaçao e encerramento do Seminário ................................... 67

II Organizaago local do Seminário ........................................... 68

III Programa do Seminário ................................................... 69

IV Corpo docente ............................................................ 72

V Lista de participantes ..................................................... 72

VI Agradecimentos ........................................................... 74

VII Bibliografia ............................................................... 75

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SEMINARIO DIDATICO INTERNACIONAL SOBRELEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Introducao

Tornam-se cada vez mais freqtentes osestudos e levantamentos que as enfermeirasempreendem com o objetivo de determinaras obrigaQoes da classe perante a sociedade,tanto no que respeita a prestaaáo do melhorserviço profissional possível quanto no queconcerne ao estabelecimento de meios maisadequados de trabalho, próprios a consecuçaodesse desiderato. Cónscia da importancia edo significado dessa tendencia geral, e esti-mulada pelo interésse que as técnicas e osresultados obtidos nos levantamentos dos re-cursos e das necessidades da enfermagem noBrasil despertaram em vários países estran-geiros, a Associaqao Brasileira de Enfer-magem solicitou a Repartiaáo SanitáriaPan-Americana, Escritório Regional da Orga-nizaaáo Mundial da Saúde, a realizaçao, emterritório brasileiro, de um seminário didá-tico sBbre esse tema.

Em cumprimento désse desejo, efetuou-sena cidade do Salvador, Bahia, o SeminárioDidático Internacional sóbre Levantamen-tos de Enfermagem, que tomou como exem-plo principal de uma aplicaaáo prática dastécnicas de levantamentos e estudos sóbreenfermagem o trabalho dessa natureza reali-zado no Brasil.

Constituíu o conclave realizaaáo impor-tante e coroada de éxito, dentro da série dereunioes désse género que a Organizaçáo pe-riódica e regularmente empreende com a co-laboraçao de várias outras entidades. Parti-ciparam do seu planejamento e organizaáaoas seguintes instituioóes: a Associaaáo Bra-sileira de Enfermagem, especialmente pelasua SeQao Estadual de Bahia e pelo seu Cen-tro de Levantamentos dos Recursos e Neces-sidades da Enfermagem; a Universidade daBahia, através da sua Escola de Enferma-gem; os Serviços de Saúde Pública dos Esta-dos Unidos da América, Divisáo de Recursos

de Enfermagem, Divisáo de Enfermagem deSaúde Pública; a Fundaçao Rockefeller, e aAdministraçáo da Cooperacao Inter-Ameri-cana.

OBJETIVOS

Teve o Seminário os seguintes objetivosprincipais:

a) Fazer demonstraçao das técnicas delevantamento aplicáveis nos estudos sóbreenfermagem, proporcionando informaçoesbásicas sóbre ésses processos de investigaçaoe permitindo a sua discussao; e

b) procurar despertar o interesse das en-fermeiras pela realizaçao de levantamentosque, assegurando idéia mais clara da situa-çao presente da enfermagem, Ihes permitamtraçar, corn maior seguranca, planos para aprestaçáo de serviços de enfermagem maiscondicentes com a realidade social, econó-mica e cultural de seus paises.

PARTICIPANTES

Foram convidados a participar do Semi-nário dez países: Argentina, Brasil, Chile,Colómbia, México, Panamá, Peru, Portugal,Uruguai e Venezuela. Baseou-se essa escolhano fato de já haverem as enfermeiras dos ci-tados países efetuado ou iniciado estudos deenfermagem, ou manifestado a intençao defazé-lo, utilizando-se, principalmente, da téc-nica de levantamento. Atingiu o total de 31o número de representantes nacionais.

Uma solicitaçao de sugestoes dos tópicospertinentes a problemas de enfermagempassíveis de estudo por levantamento e sBbreos quais se desejava versassem as discussóesfoi enviada ás enfermeiras participantes, emfevereiro de 1958. Com ésse pedido, encami-nhou-se-lhes igualmente, para consulta e re-feréncia, a publicaçao entitulada "Design forState-wide Nursing Surveys-a Basis for

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS I)E ENFERMAGEM

Action", manual preparado pela Divisao deRecursos de Enfermagem, sob a direçao deMargaret G. Arnstein, do Departamento deSaúde, Educaçao e Bem-Estar, Serviços deSaúde Pública, dos Estados Unidos da Amé-rica.

Receberam-se sugestoes de quinze parti-cipantes (48,3 %), as quais compreenderamum total de 60 tópicos. Grupados os assun-tos e tida em consideraçao a freqeéncia comque eram mencionados, assim puderam re-sumir-se:

Tópicos Sugeridos Fre-qüéncia

Cálculo estimativo do pessoal necessá-rio aos serviços de enfermagem ...... 9

Funçóes do pessoal de enfermagem .... 7Levantamento do pessoal de enferma-

gem ......... .................... 6Recrutamento de candidatas para as es-

colas de enfermagem ............... 6Problemas da formaçáo profissional de

enfermeiras ....................... 6Diversos .......................... 22*Náo puderam ser apreciados .......... 4t

Total ................... ... .... 60

* 8 tópicos diferentes, indicados 2 vezes; 6 tó-picos diferentes, indicados 1 vez.

t Tópicos que nao poderiam ser estudados porlevantamento.

INDICAqAO DE PERITOS E CONSULTORES

Para atuar como especialista de técnicas delevantamentos de enfermagem, foi convidadaa Sra. Apollonia F. Adams, atual Diretorada Divisáo de Recursos de Enfermagem dosServiços de Saúde Pública dos Estados Uni-dos da América. Sua participaçao, sempresegura e esclarecida, contribuiu grandementepara o interesse e o entusiasmo que se evi-denciaram durante todas as atividades doconclave. Contou ainda o Seminário com aparticipaçáo de um corpo docente consti-tuído de conferencistas, assessóres e consulto-res especializados em ciencias sociais, esta-tistica e enfermagem, os quais prestaramás atividades colaboraçao brilhante e valiosa,nao apenas tornando, dest'arte, possível a

realizaçao do conclave, como também trans-formando-o num acontecimento vivo e útil.

LOCAL

Recaíu na cidade do Salvador, Bahia, a es-colha do local para a realizaçáo dos trabalhosdo Seminário, por contar a cidade com urnmadas escolas de enfermagem mais reputadas dopaís e pelo conceito que desfruta a especiali-dade nos meios universitários do Estado, oque torna o ambiente sobremodo propício aefetivaçáo de estudos internacionais.

Serviram de sede das sessóes plenárias edos trabalhos de grupo as amplas e confor-táveis instalaoSes da referida Escola de En-fermagem. Ali também se alojaram os parti-cipantes, o clue lhes permitiu dedicar tempointegral aos trabalhos e estudo dos temasabordados. Outrossim, graças a localizaçaodas atividades (Anexo II), pode ser repar-tida entre um grupo maior a responsabilidadepelas várias questóes de caráter administra-tivo, que geralmente consomem tempo pre-cioso.

MATERIAL DE CONSULTA

Distribuíram-se aos participantes as se-guintes publicaçoes para consultas e referén-cias:

1) Adams, Apollonia F. Olson: How to Studythe Nursing Service of an Out-patient De-partment. Public Health Service; Publi-cation 497. Superintendent of Docu-ments, U. S. Government PrintingOffice, Washington 25, D. C., 1957.

2) Arnstein, Margaret G.: Guide for NationalStudies of Nursing Resources. WorldHealth Organization, 1953.

3) Olson, Apollonia Frances, e Tibbitts, Helen,G.: Study of Head Nurse Activities in aGeneral Hospital, 1950. Public HealthMonography No. 3. Public Health Serv-ice, Publication No. 107. Superintendentof Documents, U. S. Government Print-ing Office, Washington 25, D. C., 1951.

4) Hospitals and Public Health Nursing Serv-ices Plan Better Patient Care. Departmentof Public Health Nursing, Department ofHospital Nursing, National League forNursing, 1956.

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SEMINÉÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

5) How to Study Supervisor Activities in a Hos-pital Nursing Service. Elinor D. Stanfordand other members of the staff of theDivision of Nursing Resources. PublicHealth Service. Publication No. 496. Su-perintendent of Documents, U. S. Gov-ernment Printing Office, Washington 25,D. C., 1957.

6) How to Study Nursing Activities in a PatientUnit. Preparado pela Division of NursingResources sob a direçáo de Margaret G.Arnstein. Public Health Service Publica-

tion No. 370. Superintendent of Docu-ments, U. S. Government Printing Office,Washington 25, D. C., 1954.

Foi igualmente entregue a todos os parti-cipantes umna bibliografia (Anexo VII) ade-quada aos trabalhos a serem realizados sobrelevantamentos de enfermagem. Outrossim,pequena biblioteca, constituída de livros epublicaeoes selecionadas e pertinentes aos te-mas tratados, foi organizada e aberta aosparticipantes.

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SEMINARIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

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Documentos de Trabalho

RAZOES PARA A REALIZACAO DE UM INQUJERITO DE RECURSOSE NECESSIDADES DE ENFERMAGEM*

MARIA ROSA DE SOUSA PINHEIRO

Diretora da Escola de Enfermagem da Universidade de Sao Paulo e Presidente daAssociaado Brasileira de Enfermagem

Pediram-nos que vos falasse das razóespara se fazer um levantamento de recursos enecessidades de enfermagem, no género doque éste país acaba de realizar. Essas razóesestao intimamente ligadas as vicissitudes daenfermagem no Brasil, as quais precisamosabordar. Provávelmente encontrarao eco emvós, pois julgamo-las muito semelhantesaquelas com que se defrontam todos os paísesde língua portuguesa e espanhola.

O problema da enfermagem no Brasil éum problema social. Talvez porque a en-fermagem exige o trabalho das maos, nao selhe dá crédito de profissao que tambémutiliza o trabalho do cérebro. É frequenteouvirmos criticas acerbas por desejarmospara e enfermeira um curso universitário;mesmo os nossos melhores amigos, aquélesque mais apoiam a enfermagem, nos achamexageradas quando falamos da necessidadede dar a essas profissionais sólida culturabásica.

Para tornarmos mais clara esta exposiçao,faremos breve revisao do sistema educacionalbrasileiro e do ensino da enfermagem noBrasil.

No sistema de educaçáo geral, o cursoprimário corresponde a 5 anos de estudos e o

* Os trabalhos que aparecem nesse reimpressoforam apresentados ao Seminário Didático In-ternacional sobre Levantamentos de Enfermagem,celebrado em Salvador, Bahia, Brasil, do dia 6 a15 de julho de 1958.

curso secundário a 7, dividido em 2 ciclos:o primeiro ciclo, "ginásio", de 4 anos e osegundo ciclo, "colégio", de 3 anos. A exi-gencia para a admissao em qualquer escolasuperior é a posse do curso secundário com-pleto, ou sejam 12 anos de preparo acade-mico.

O ensino da enfermagem tem sofrido modi-ficagóes e passado por várias etapas pro-gressivas, que indicamos a seguir:

la. etapa

De 1890 a 1923, da criaaáo da primeiraescola' de enfermagem no Brasil até a im-plantaaáo do sistema Nightingale. Nesseperíodo, bastava á candidata ler e escrevercorretamente e conhecer aritmética ele-mentar. A duraQao do curso de enfermagemera entáo de 2 anos.

2a. etapa

Compreende o período de 1923 a 1949. Em1923 foi criada a Escola Ana Neri, no Rio deJaneiro, em moldes modernos, cujo curso,inicialmente de 2 anos e meio, passou logodepois a 3 anos. Embora nao se exigisse aapresentaaáo de certificado de ginásio, fazia-se para a matrícula, na própria escola, umexame de admissao em que a candidata deviademonstrar-se possuidora de "instruçao se-cundária bastante". Havendo a legislaçaofederal conferido ao estabelecimento a con-

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

diçao de escola-padráo, as demais escolas quese formaram também se contentavam com oexame de admissao; sómente duas exigiram,desde a sua fundacáo, a apresentaao docertificado de ginásio.

Sa. etapa

Vem de 1949 á data presente. Em ag6stode 1949 promulgou-se a lei 775, até hojevigente, que modificava a legislaaáo anterior.De acórdo com essa lei, o requisito de ad-missáo passava a ser curso secundário com-pleto, isto é, ginásio e colégio, ou equivalen-tes, a partir de agósto de 1956; até essa data,poderiam as escolas aceitar estudantes por-tadores de certificado de ginásio. Paralelosaos cursos de enfermagem, de 36 meses deduraQao, a mesma lei criou cursos de auxiliarde enfermagem, de duraaáo mais curta (18meses) e com base na posse de curso pri-mário; era facultada ás escolas a manutenQaode ambos. Foi medida sábia do ponto devista político, visto que possibilitou o apro-veitamento das candidatas portadoras decurso primário; sem isso, talvez nao aceitas-sem os legisladores a elevaçao do requisito deadmissao no curso de enfermagem.

Mesmo antes da lei 775 de 1949, isto é,antes da exigencia de ginásio, a produgaodas escolas era extremamente reduzida. Em1952, ano em que terminou o curso a últimaturma sujeita a legislaQao anterior, 22 escolasde enfermagem expediram 299 diplomas, ousejam 13,5 diplomadas por escola. No anoseguinte, ésse número caíu para 270, isto é,12,2 por escola. Só em 1955 voltou a seratingida a proporgao de 1952.

Teria sido a exigencia de ginásio a causadessa queda? Presumimos que sim, mastrata-se de uma suposigao. Outros fatórespodem ter interferido na produqao das esco-las.

Náo é, pois, de admirar que, ao aproximar-se a data da exigencia de colégio, ou equiva-lente-exigéncia que incidiria sóbre a turmaa ser admitida em 1957-as educadoras deenfermagem ficassem apreensivas, temendover diminuir ainda mais o número de candi-datas, já tao escasso. Nao faltaram-e nao

faltam-as opinioes de que as portadoras dediploma de colégio jamais escolheriam comocarreira a enfermagem, por terem abertas ásua frente as portas das faculdades de medi-cina. esse temor féz com que, no momento deser posta em execuçáo a exigencia de colégio,nova lei viesse prorrogar a exigencia, porcinco anos, isto é, até agosto de 1961.

Compreendeu a classe que em cinco anosa situaçao seria a mesma, pois, se o númerode profissionais está aumentando, a necessi-dade dessas profissionais aumenta aindamais. Temendo que em 1961 novo adiamentoviesse destruir a esperança de se dar aoBrasil enfermeiras de maior cultura, ao níveldos demais profissionais liberais, resolveu-seatender simultaneamente aos problemas dequalidade e de quantidade, como já o fizeraa lei 775 de 1949. Em conseqeéncia, tramitapelo Congresso Federal projeto de lei queinstitui cursos de 3 níveis: superior, médio eauxiliar, baseados, respectivamente, em co-légio, ginásio e primário. As escolas que con-tarem com candidatas de colégio ou equiva-lente poderáo tentar a aventura do cursosuperior. Duas escolas já se adiantaram alei e estáo fazendo funcionar curso désseniível. Estamos, portanto, no limiar de umaquarta etapa na história do ensino da enfer-magem neste país.

Náo nos foi fácil chegar até aqui, e naosabemos se nosso plano virá a tornar-serealidade. O conceito-diríamos, mesmo, o"preconceito"-de que a enfermeira naoprecisa de grande cultura está tao arraigadono espírito do público, inclusive no de muitasenfermeiras, que, para conseguirmos con-vencer os autores do projeto de lei da ne-cessidade de curso superior, foi precisoplanejarmos, nesse curso, a formaçao deprofess6ras de enfermagem.

Nao é raro ouvirmos dizer que basta aenfermeira saber ler e escrever; na opiniáodos que emitem tal idéia, a enfermeira naoprecisa raciocinar: sua funçao será apenasseguir, mecánicamente, trabalhando com asmaos, sem que o cérebro entre em funçao, aprescricáo médica.

Em resumo, neste país, a enfermagem nao

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

é profissao nobre, a nao ser para religiosas.Poucas jovens das classes sociais mais pri-vilegiadas a ela acorrem, e as que o fazemsofrem, em geral, resistencia da família.

Talvez a posiçao da mulher na sociedadeesteja influindo poderosamente nesse con-ceito. A mulher brasileira nao conseguiuainda emancipar-se da tutela masculina, osdireitos legais da mulher casada sáo aindamuito restritos. Até que ponto essa posiáaode inferioridade afeta a enfermagem, cabeaos sociólogos explicar. Um fato, porém, éevidente: contando a enfermagem com umnúmero muito restrito de homens nas suasfileiras, custa-lhe abrir caminho numa socie-dade inteiramente controlada pelos homens;faltam-lhe a agressividade e o prestigio neces-sários; talvez lhe falte também o espíritológico, que dirige o raciocinio, descobre argu-mentos e a éstes dá forga.

Da combinaçáo désses fatóres, temos aseguinte situaçao:

Primeiro, número insuficiente de enfer-meiras e auxiliares de enfermagem. E es-cassíssimo o número desse pessoal. Com adivulgaçao dos princíipios da boa adminis-traçao hospitalar, feita através de cursos,congressos, jornadas, etc.-éstes últimos pro-movidos por associaóoes médicas e de hos-pitais-estao os hospitais percebendo quenao tém enfermagem e que precisam me-lhorar o seu padrao nesse setor. Daí a pro-cura cada vez maior de pessoal preparado.

Segundo, qualidade deficiente de preparo.Como o número de pessoal formado é escassoe se concentra nas grandes cidades, procuramos hospitais, e sobretudo as congregagóesreligiosas, criar suas próprias escolas, paraprover ás suas próprias necessidades. Senao,vejamos: Nos vinte anos que decorreramlogo após a criaçao da Escola Ana Neri, istoé, de 1923 a 1943, abriram-se 9 escolas deenfermagem. Nos últimos quinze anos, 23escolas de enfermagem e 58 escolas ou cursosde auxiliar de enfermagem foram criados.Dessa pletora de escolas, só pode resultar orebaixamento do padráo. Considerando-seque até o momento nao existe curso regularde especializaçao de professóras de enfer-

magem e que é relativamente pequeno onúmero de enfermeiras que obtiveram éssepreparo no estrangeiro ou em faculdades defilosofia, depreende-se que essa quase centenade escolas está funcionando com professórasimprovisadas, que, além de seu curso degraduaçao, nada mais possuem senao boavontade. E, como boa vontade náo é sufi-ciente, temos como resultado escolas cadavez mais fracas, a produzir enfermeiras queás vézes nao vao além do nível de auxiliar,e auxiliar pouco melhor que atendente.

Terceiro, salários baixos. Como decorrén-cia daquela idéia de que enfermagem é pro-fissao de categoria secundária, como de-corréncia, também, da situaaáo económicade país pobre, os salários para pessoal deenfermagem sao baixos, comparados com osdas profissóes afins. E evidente que a pers-pectiva de uma remuneraaáo inferior ao valordo trabalho prestado e ao tempo gasto emanos de estudo nao poderá atrair para aenfermagem candidatas em número apre-ciável. O aparecimento de outras oportuni-dades para a mulher ganhar a vida, há trintaanos passados práticamente inexistentes forado magistério e tao vastas na época atual,provávelmente contribui para desviar paraoutros campos muitas jovens que procuramuma profissao e que talvez fóssem atraídaspela enfermagem se esta oferecesse condioqesconvidativas.

Quarto, desergao da profissao ou retiradado país. Sendo a enfermagem uma profissáoessencialmente feminina, é de se esperar queo casamento lhe roube grande número deelementos, que passam a dedicar-se ao lar.E compreensível e, na nossa opiniáo, um dosobjetivos do ensino da enfermagem, que ocurso prepare a mulher para as suas respon-sabilidades de espósa e mae. Acontece,porém, que motivos outros estao provocandoum éxodo da profissao; e, após alguns anosde exercício, muitas enfermeiras procuramoutro campo de atividade.

Estamos observando, últimamente, umfenómeno curioso: enfermeiras que con-tinuam a exercer a profissáo, porém fora doBrasil. Já está tomando vulto o número dos

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

que vao trabalhar nos E. U. A., sem contaraquelas que a Organizaaáo Mundial daSaúde aproveita para que atuem nos paísesda América Latina. É imperioso que sedescubra a causa dessa insatisfagao e que aenfermagem do Brasil consiga reter no país oselementos que formou para atender as suaspróprias necessidades.

Quinto, o desemprégo de enfermeiras emcertas zonas do país. Por estranho que pareça,apesar da escassez de enfermeiras no Brasil,há certas zonas que nao podem absorver aspoucas que nas mesmas existem. Certasescolas de enfermagem localizadas em regióesmenos desenvolvidas, escolas que se forma-ram justamente para atender as necessidadeslocais, tem dificuldade em colocar suas diplo-madas. A necessidade existe, argumentamos diretores de servico, mas nao há recursospara pagar os vencimentos a que fazem jusas enfermeiras. Preciam estas emigrar paraos grandes centros, onde iráo encontrar colo-caçao.

Sexto, o aproveitamente inadequado depessoal de enfermagem. Em muitas situa-çoes, especialmente na saúde pública, asenfermeiras nao estáo sendo aproveitadospara funçoes de enfermagem. Nao se fazenfermagem, ou esta é praticada por pessoalleigo, enquanto as enfermeiras se dedicam aserviços burocráticos, inteiramente em desa-cordo com o preparo que, é de esperar-se,receberam. Em compensaçao, há lugaresonde auxiliares de enfermagem, enfermeiraspráticas e até atendentes dirigem serviços deenfermagem e executam funçoes de altaresponsabilidade, porque a instituiqao naoconsegue obter a cooperaçCo de enfermeirasou nao pode pagá-las.

Sétimo, legislaçio perigosa para a enferma-gem. Por julgarem assim atender aos interés-ses do público-mas de uma maneira queconsideramos mal orientada-ou para satis-fazerem a interésses particulares, de carátereleitoral, os legisladores, tanto no ámbitonacional quanto no ámbito estadual, estaocontinuamente elaborando projetos de leidos quais alguns sao benéficos para o públicoe para a classe, outros, frequentemente,prejudiciais para a enfermagem.

Tornou-se imprescindível esclarecer oslegisladores, e nessa funçao vem sendo con-sumidas, há mais de dez anos, as energias deum grupo de enfermeiras que, por base deseus argumentos, só tém a opiniao da classee a própria.

Conjugados, ésses problemas formamoutro mais amplo, de caráter nacional: deum lado, os hospitais, os serviços de saúde,os legisladores e os governantes exigindoenfermeiras, reclamando contra a falta dessasprofissionais e tentando resolver o problemaa seu modo, através da criaçgo de escolas deenfermagem e de auxiliar de enfermagemdesprovidas de base económica que lhes asse-gure o bom funcionamento, destituidas decorpo docente portador de preparo adequadoe funcionando com um corpo discente dimi-nuto; de outro lado, enfermeiras desempre-gadas ou mal aproveitadas, ou enfermeirasdescontentes, que abandonam a profissáo ouemigram do país, em busca de situaáaomelhor.

Havia muito vinha a Associaçao Brasi-leira de Enfermagem lutando, quase sempresem éxito, por uma legislaaáo adequada, pelamanutenaáo do padrao das escolas, peladivulgaçao da profissao entre a mocidadebrasileira. Quando, em 1954, foi pelos le-gisladores consultada sóbre qual era o desejoda classe com respeito ao adiamento, porcinco, anos, da exigencia de colégio paraadmissáo nas escolas de enfermagem, viu-se a entidade sem recursos para opinar, comconhecimento de causa, no interésse danaaáo. Se, por um lado, sentia a necessi-dade da formaaáo de pessoas de base cul-tural mais sólida, capazes de reconhecerproblemas e encontrar soluo6es, por outrolado, também reconhecia que o país naoestava em condiçóes de reduzir ainda mais aprodugao das escolas.

Compreendeu que a enfermagem se achavaante uma encruzilhada e que lhe cumpriaescolher um caminho. Compreendeu tambémque, fósse qual fósse o rumo escolhido, eramister planejar o futuro. Contudo, em quebases firmar ésses planos? Necessitávamosdados objetivos que nos servissem de funda-mento. Era indispensável sabermos quais os

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9SEMINAÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

tipos de pessoal de enfermagem que neces-sitava o país e qual o preparo exigido paraque pudessem exercer com eficiencia as suasfunoóes; quantos poderiam ser absorvidos nofuturo próximo; com que recursos contá-vamos para preparar ésse pessoal; e, aindamais, desejávamos descobrir a razao daatitude indiferente-e, quando nao indi-ferente, até depreciativa-da sociedade paracom a enfermagem; e como vencer essa ati-tude.

Se pudéssemos obter tais dados, náo sóteríamos as bases para o nosso plano comotambém os argumentos para discutir com oslegisladores, os governantes, as pessoas auto-rizadas e as próprias enfermeiras.

Surgiu daí a idéia de se fazer um estudoacurado, intenso e cuidadoso de nossa situa-çao atual. No VII Congresso Brasileiro deEnfermagem, realizado em 1954, uma re-comendaçao foi feita nesse sentido. Como aABE nao contasse com recursos para reali-zar, sózinha, tal estudo, recorreu a OMS e aFundaçao Rockefeller, as quais, compreen-dendo o alcance da idéia e a sua futura in-fluéncia na enfermagem brasileira, pronta-mente acederam em auxiliá-la.

Formou-se em 1956 o Centro de Levanta-mento dos Recursos e Necessidades da Enfer-magem, com o pessoal técnico e administra-tivo necessário; a Fundaçao Rockefeller dooua Associaçao Brasileira de Enfermagem aimportancia de US$40.000,00 para a realiza-çao do estudo; e a OMS enviou ao Brasiluma de suas consultoras com prática deestudos dessa natureza, a qual integrou aequipe de trabalho daquele Centro. Algumasentidades públicas e particulares, civis ereligiosas, nacionais e internacionais, interes-saram-se pelos trabalhos e deram valiosa con-tribuiçao cedendo seus técnicos, que parti-ciparam do planejamento do projeto ou dacoleta e interpretaQao de dados. Entre ésses,destaca-se o Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística, cujos recursos materiais e hu-manos foram amplamente utilizados.

Faz-se mister dizer que a responsabilidademaior e o maior volume de trabalho recaíram,naturalmente, sóbre a equipe de enfermeiras

do Centro de Levantamentos; mas, sem acooperaaáo dos demais elementos, nao teriasido possível a realizaçao de um empreendi-mento désse vulto.

Chega ele agora ao seu término, dois anose meio após iniciado. Sabíamos que, numpaís da extensáo do nosso, dotado de meiosde comunicaaáo deficientes, nao seria pos-sível, num estudo único, obter todos os dadosque desejávamos possuir; porém tínhamos aesperança de que, uma vez apresentado umponto de partida, as enfermeiras e outraspessoas interessadas na enfermagem se sen-tissem estimuladas a realizar pequenos estu-dos, localmente, que suplementassem o nosso.

Esse interésse e ésse estímulo já se mani-festaram. O Centro Académico da Escola deEnfermagem de Sao Paulo realizou um in-quérito entre os estudantes da Universidadede Sáo Paulo com o intuito de divulgar a en-fermagem e auscultar a opiniáo da classe uni-versitária sobre a mesma. Foi distribuido umquestionário entre 900 estudantes, dos quaisse colheram 354 respostas. Entre as pergun-tas do inquérito, figurava uma sobre se aenfermagem é profissáo de nivel superior. Aessa, 22% dos que contestaram o inquéritoresponderam afirmativamente; 53,1 % opina-ram pela negativa; e os demais mostraram-seindecisos ou deixaram o espaço em branco, oque também significa dúvida. Essa verifica-

aáo confirma nossa idéia sobre o desconheci-mento e o desprestigio da enfermagem. Pro-vávelmente, outros estudos estáo sendo feitosdos quais nao tivemos ainda conhecimento.

As principais razoes que levaram a Asso-ciaaáo Brasileira de Enfermagem a fazer oLevantamento dos Recursos e Necessidadesda Enfermagem foram, portanto, as seguin-tes: 1) obter dados que lhe facultassem elabo-rar um plano de aaáo; 2) dar fórga a seusargumentos quando pleiteasse, junto aospoderes públicos, aos membros da classe ea sociedade em geral, medidas visando áexecuaáo do plano; e 3) estimular outrosgrupos de enfermeiras ou de pessoas interes-sadas na enfermagem a realizar estudos se-melhantes, de ámbito estadual ou local.

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QUE É LEVANTAMENTO?

APOLLONIA F. ADAMS

Chefe da Divisao de Recursos de Enfermagem dos Serviços de Saúde Pública dosEstados Unidos da América

GENERALIDADES

"Levantamento é um método através doqual se procura, de maneira planejada ousistemática, responder a uma pergunta-uma forma de coletar e avaliar dados deoutro modo imprestáveis á comparafiaodireta. E trabalho que nao se efetua em labo-ratório, que raramente requer muitos anospara se consumar e que via de regra nao sepresta a fins experimentais. Fora estas, temtodas as características da verdadeira pes-quisa: planejamento meticuloso, atengaoescrupulosa aos detalhes, absoluta objetivi-dade e análise estatistica."* O que precedeé uma declaraçao do Professor Frazer Brock-ington, extraída do relatório da ConferénciaInternacional sóbre o Planejamento de Estu-dos de Enfermagem.

Levantamento é um método através doqual se pode fazer o exame, o diagnósticoe a proposta de solugao de problemas encon-trados. Propóe, freqientemente, uma ordemde prioridade para as providéneias que sedevam tomar com base nos seus resultados.É a reuniao de fatos concernentes a deter-minada situagao-alguns dos quais já co-nhecidos ou de fácil obtençao, outros que sedescobrem á medida que se processa o levan-tamento. Também serve para revelar aexistencia de fatos desconhecidos e esclarecerse novos estudos ou pesquisas se fazem neces-sários. Fornece uma análise dos dados encon-trados.

Levantamento é trabalho relacionado comnos problemas de uma comunidade ou socie-

* International Conference on the Planning ofNursing Studies, preparado por Margaret G.Arnstein e Ellen Broe. Florence Nightingale Inter-national Foundation-1 Dean Trench Street-London, S.W. 1-Inglaterra.

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dade, sendo porisso frequentemente con-siderado um estudo de campo, que náo seprocessa num laboratório ou instituigao.

CARACTERíSTICAS DOS LEVANTAMENTOS

De uma maneira geral, os levantamentosrequerem a acumulagao de grandes volumesde dados: milhares de observao5es e ques-tionários, muitas vézes. E o caso, particular-mente, de alguns levantamentos maiores, eassim sucedeu em certos levantamentos quehá mais tempo se fizeram na Europa. Ainterpretaçao e análise dessa massa de dadosrequer perícia. E necessário discernimento,de modo que a massa de dados nao obscureçao significado ou a utilizaçao dos dados.

Há alguns tipos principais de levanta-mento. Podem ser:

1) descritivos de algum fenómeno: a opiniaode um grupo, o quadro geral de um grupo,etc.;

2) explanatórios da mentalidade de umaclasse: por exemplo, o absenteísmo na in-dústria, estabelecendo, de maneira fidedigna,a natureza das relaçóes existentes entre umou mais fenómenos e uma ou mais causas;

3) experimentais, colocando á prova umahipótese específica, através da realizaçao deum levantamento e, em seguida, mudadas ascondio5es, outro, a fim de determinar se asmodificaoóes ocorridas podem-se relacionarcom providéncias tomadas: por exemplo,levantamentos dietéticos, após modifica5oesdo padrao de distribuiçao ou consumo dealimentos;

4) de avalialao ou de programaçaio, como osque se realizam para verificar a possibilidadede determinada providémcia haver alteradoou estar em condioóes de alterar certos fato-res; levam como objetivo imediato aplicaçao,modificaçao ou troca: por exemplo, os levan-

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tamentos das atividades de pessoal de enfer-magem, tendo como resultado uma re-distribuiçao de funqoes;

5) de diagnóstico-uma procura de causasnum setor relativamente desconhecido;

6) de prognóstico, para predizer uma situa-çao futura.

HISTÓRICO

A história dos levantamentos é longa einteressante. Como tao bem afirmou o Pro-fessor Brockington,* principiaram atravésda iniciativa de homens excepcionais eevoluíram até a técnica da "produaáo emmassa", a cargo de grupos. Essa evolugao foio resultado do desenvolvimento de medidasmais aperfeiçoadas e do aumento da períciana análise crítica.

Os levantamentos tém por base uma supo-siçgo, que se procura pór á prova, mas naocomo pesquisa pura; por exemplo, acredi-tamo-nos em presenga de falta de pessoal deenfermagem, ou de determinada categoriadessas profissionais, ou confiamos em que aexposijgo dos fatos relativos á especialidadenos proporcionará uma base para o planeja-mento de aaáo organizada.

O VALOR DE UM LEVANTAMENTO DE

ENFERMAGEM

1. Levantamento de enfermagem nao éuma atividade de laboratório: está rela-cionado com a vida de sociedade que noscircunda completamente e na qual nos acha-mos todos comprometidos.

2. Podemos participar do empreendi-mento e formar entre os que no mesmo tra-balham.

3. A iniciativa nos proporciona fatos emque basearmos medidas destinadas a me-lhorar os serviços prestados pela classe.

Atentemos nas dúvidas que temos comrespeito á enfermagem. Enfrentam-nos pro-blemas? De que natureza? Temos objetivosem mira? Como pretendemos alcan,á-los?Um levantamento pode auxiliar-nos no

* Idem.

planejamento de melhor serviço de enfer-magem, das seguintes maneiras: 1) verifi-cando qual é o número das enfermeiras queexistem em todos os setores da profissao; 2)procurando determinar quantas enfermeirassao necessárias para a consecugao dos pa-droes mínimos de assisténcia-a disponibili-dade e a falta; 3) decidindo qual o preparointelectual que as enfermeiras devem ter parao desempenho de suas funçses; 4) sele-cionando os setores ou tipos de serviço deenfermagem que requerem novo estudo; e 5)providenciando meios através dos quais asenfermeiras, profissoes afins e outras pessoasda comunidade podem trabalhar juntas.

Fundamentalmente, as medidas que setomam na realizaço de um levantamentosáo as seguintes:

1. Relaciona-se o que se ternm.2. Determinam-se as necessidades.3. Verifica-se a possibilidade de se obter mais

-ou, se se tem demasiado, sugere-se a me-lhor maneira de aproveitar a abundancia.

4. Determina-se a ordem de prioridade dasprovidencias a tomar.

5. Planejam-se os métodos de agáo.6. Distribuem-se os encargos.7. Organiza-se tudo para as avaliaçoes periódi-

cas.

Levantamento de enfermagem náo é umaatividade académica destinada, simples-mente, a coletar dados sociológicos interes-santes. Leva um objetivo concreto. Destina-se a avaliar os recursos da enfermagem emrelaaáo com as necessidades de caráter sani-tário de uma comunidade ou nacao. Essameta jamais deve ser perdida de vista noplanejamento e na execuqáo do levanta-mento. Um levantamento bem planejado ebem executado fornecerá as organizaçóes daclasse muitos dados concretos em que basearseus programas, suas atividades e seus planospara o futuro.

Gostaria de citar uma passegem do dis-curso proferido pela Sra. Lucile Petry Leonena IX Assembléia Mundial da Saúde, queteve como tema-"As enfermeiras: suaformagáo profissional e seu papel nos progra-

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mas de saúde": "Todos quantos participa-ram destas discussoes técnicas reconhecema importancia da enfermagem na tarefa defazer sadios os povos e, através do melhora-mento da sua saúde, elevar-lhes o padráo devida e libertar o espírito humano para queatinja a plenitude de sua capacidade criadorae auto-realizaçao." Haverá objetivo melhorque o de trabalhar em favor da saúde dospovos para que se torne possível a libertaçaodo espírito humano e éste atinja a plenitudede sua capacidade criadora e auto-realizaaáo?

Desejo agora falar sobre duas maneiras dese abordar um levantamento de recursos deenfermagem: 1) o tipo de levantamento queseria feito num país onde o número de pessoalde enfermagem, particularmente pessoal deenfermagem profissional, é relativamentegrande; e 2) o tipo de levantamento de re-cursos de enfermagem que poderia ser feitonum país onde o número de pessoal de enfer-magem profissional é pequeno. Os recursosde enfermagem podem ser também avaliadosatravés de um levantamento que determinea maneira pela qual estao sendo utilizadasas capacidades profissionais dos elementos daclasse: uma avaliaQao do que está sendo feitono momento, em matéria de serviço de enfer-magem. Essa informaaáo pode ser utilizadacomo ponto de partida ou orientaçáo parao desenvolvimento da enfermagem num país.

Algumas de vós procedeis de países ondeo número de pessoal de enfermagem profis-sional é ainda pequeno e onde sáo aindagrandes os problemas de saúde; e é possívelque vos estejais sentindo profundamentetristes porque nao tendes os recursos de cujaexistencia em outros países estais ouvindofalar. Gostaria que notásseis que vos encon-trais numa situaçao ante a qual se apresentagrande oportunidade-uma oportunidadeque algumas de nós, enfermeiras de paísesonde a enfermagem está bem desenvolvida eonde há maior número de elementos da nossaclasse, nunca mais teremos. Está ao vossoalcance tirar, á medida que promoveis odesenvolvimento da enfermagem em vossospaíses, proveito de cada érro que nós outrascometemos. Podeis trocar idéias com enfer-

meiras de grande tirocinio, colher dessaspalestras sugestoes que adaptareis e apli-careis ás vossas condiçóes, assim escrevendo,vós mesmas, a história da enfermagem emvossos países e tornando a contribuigao danossa classe para a saúde de um povo muitomaior do que a nós outras será de novooferecida a oportunidade de fazé-lo. E esperoque aquilo que levareis convosco da vossaparticipacao neste seminário nao será aidéia de seguir exatamente o que outremestá fazendo alhures, ante uma situaáao com-pletamente distinta. Espero que tenhaismaior discernimento e coragem para avaliaro que se está passando em vosso país equais sao as vossas próprias necessidades.Vossos programas serao assim melhor pla-nejados e mais capazes de atender essasnecessidades. Como autoras da história da en-fermagem em vossos países, cumpre-vos disci-plinar o espírito á indagaçao objetiva dosserviços e dos rumos que a enfermagem vemprestando e tomando-e basear vosso julga-mento na razao, melhor que nos sentimentos.Deveis estar sempre cónscias de que as con-cepçóes teóricas que se infiltram no ensinoda enfermagem, estimulando-o e fazendo-ocaminhar sempre para a frente, nao podempassar adiante do que constitui o progressológico da enfermagem em vossos paises.Deveis fazer com que o exercício da enfer-magem tenha toda possibilidade de progredirparalelamente com o ensino dessa especiali-dade. Nenhum programa de ensino é maissólido, mais aplicável ou mais razoável queo nivel de desenvolvimento da prática daenfermagem tal como observada pela estu-dante e da qual a mesma participará quandodiplomada.

Por estas razoes, aguardo com muitoprazer a oportunidade que terei de trabalharconvosco, durante éstes poucos dias, naprocura da maneira mais objetiva de vermoso que se está passando no campo da enfer-magem, a fim de térmos uma base para aquiloque nos agradaria fósse a realidade. Esta éa razáo primordial da conduçao de um levan-tamento. "C'est sa raison d'étre."

Há mais de uma maneira de se fazer um

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

levantamento de recursos de enfermagem.Vereis neste seminário como um país degrande extensao, que conta com um númeroconsiderável de enfermeiras, está fazendopela primeira vez uma revisao geral básica daenfermagem em seu território. Ésse é o pri-meiro passo a ser dado num país onde onúmero de pessoal de enfermagem é rela-tivamente vasto. O seguinte, resultado deum levantamento dessa natureza, é, habi-tualmente, a observaçao crítica e objetivado que se passa no ensino da enfermagem ena prática da profissao, de modo que os dadosco]hidos possam formar a base de providén-cias fundamentais visando á melhoria daassisténcia aos enfermos, por meio do aperfei-çoamento da enfermagem. A melhor utiliza-qao das capacidades do pessoal de enferma-gem nao é sómente a única maneira de sealiviar a falta dessas profissionais, senaotambém a primeira medida básica no sentidodo aperfeiçoamento dos serviços da classena assisténcia aos pacientes e demais res-ponsabilidades.

Aquelas que dentre vós procedeis de paísesonde a quantidade de pessoal de enferma-gem é pequena podeis fazer um levantamento

de vossos recursos de enfermagem com basena segunda maneira de abordar a questao,já mencionada: avaliar a utilizaaáo dascapacidades do pessoal e em seguida decidircomo essas capacidades poderao ser melhoraproveitadas. Isso se torna, entao, o ele-mento básico da orientagao que no futuroestareis imprimindo á enfermagem em vossospaíses, no que respeita á maneira como osvossos programas e serviqos devem desen-volver-se.

As organizadoras deste seminário provi-denciaram de modo a dar-vos tempo paradiscussoes e alguma experiencia práticasobre a maneira de fazer e registrar observa-

oqes objetivas das atividades do pessoal deenfermagem. Podeis verificar que está reser-vado na agenda tempo para a discussao e oestabelecimento de formulários para a coletade observaqoes; e que a 10 de julho está pro-gramada uma sessáo que versará sobre omodo como a enfermeira-chefe ou super-visora avalia as necessidades de assisténciadireta aos pacientes em relaçao com a distri-buiáao do pessoal de enfermagem disponível,bem como o auxílio que lhe cumpre dar aésse pessoal.

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PROBLEMA SOCIAL E PROBLEMA DE INVESTIGAQAO

ORACY NOGUEIRA

Professor do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, Rio de Janeiro, Brasil

1. Conceito de "Problema Social"

Lembra Clarence Marsh que, segundo aetimologia, a palavra problema indica algo"pósto ou lançado á frente" ("thrown for-ward"), isto é, algo que "se impoe a atençao"("thrust upon the attention"), e considera estadefiniçao aplicável aquilo que usualmente setem chamado de problema social:

"O próprio termo é urna dessas expressoes po-pulares muito usadas, mas que se mostram re-fratárias á definigao exata, quando nos detemospara perguntar a nós mesmos o que realmente es-tamos dizendo. Há muito que problema socialfigura entre essas expressoes vagas, porém úteis.Nao obstante tratar-se de uma expressao taopopular, é difícil dizer-se, cm térmos exatos, quevem a ser problema social. Todavia, apesar dessadificuldade, ante a qual contrasta a exatidao comque se definem os processos sociais, pode-se darunma idéia do respectivo conceito, cm termos ge-rais.

"Problema social, no sentido em que vamosempregar a expressáo, é qualquer situaçao queatraia a atençao de um número considerável deobservadores competentes, dentro de uma so-ciedade, como algo a exigir reajustamento ou so-lugao através de açao social, isto é, coletiva, deurna ou outra sorte. A expressáo "número consi-derável" é, confessamo-lo, vaga, porém a escolhe-mos deliberadamente, para indicar qualquernúmero-desde a esmagadora maioria até umaminoria pequena, mas capaz e enérgica." (1)

O estudo dos problemas sociais deu origema fecunda literatura em que a preocupaçaodos autores abrange desde as questoes deconceituaaáo e classificacao, de determinaáaode fases e de causaaáo-isto é, a relaçao dosproblemas com as condiçoes gerais e especí-ficas, com os valores sociais e com a mudanQasocial, e dos problemas entre si-até os mé-todos e técnicas próprias á sua investigaçao.

Geralmente, os autores salientam o duplo

caráter objetivo e sócio-cultural do problemasocial, ficando como um dos pontos maissuscetiveis de discussáo a questáo de se sabera quem caberá o juizo decisivo ou suficientepara que uma situaçao social seja identifi-cada como problema: o papel da opiniaopública, dos grupos de pressáo, especial-mente do grupo mais diretamente afetadopela situaaáo, e dos peritos ou especialistas.

O autor da presente comunicaçao aceitao ponto de vista de que problema socialimplica nao apenas em situaaáo que ameacea sobrevivéncia, o bem-estar e o desenvolvi-mento de s@res humanos, considerados in-dividualmente ou como membros de umgrupo com experi@ncias e valores próprios,mas também na tomada de consciéncia, porparte dos componentes do grupo, tanto dascondiçoes que assim os afetam quanto daexeqiibilidade e eficácia de medídas desti-nadas a remové-las ou a atenuar-lhes asconsequéncias.

Embora as expressóes bem-estar e desen-volvimento sejam extremamente vulneráveisa controvérsia, há tend@ncia para se esta-belecer, á medida que as diferentes popula-

o6es humanas se integram na teia universalda civilizaçao, conceito cada vez mais gene-ralizado da necessidade de se asseguraremcertas condiçoes mínimas de vida aos sereshumanos-e isto em muitos setores, taiscomo, por exemplo, as questóes de saúde ehigiene, nutri9go, habitaçáo e educaçáo-eos peritos podem estabelecer com relativasegurança quais as medidas sem cuja adoçaonao haverá probabilidade de se resolveremos problemas.

Pode-se acrescentar que uma das evidén-cias da integraçgo de urna populaaáo humanana teia universal da civilizaçao consiste nodesenvolvimento de certos tipos de especiali-zaçao em sua estrutura social e na valoriza-

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çao da experiencia dos individuos que osexercem, pela generalidade de seus contem-poráneos. Assim, a opiniáo pública tende arefletir a dos peritos ou especialistas, tantoquanto éstes náo sejam estranhos ao grupoe os prestigiem os demais componentes.

Dest'arte, o problema social envolve aconsideraaáo tanto de condiçoes materiais,objetivas ou de falo quanto da definilao dasituaaio por aqueles a quem a mesma afeta.

Nao obstante a relativa uniformidade doselementos considerados pelos diferentesautores na conceituaaáo de problema social,a diversidade de orientaaáo teórica e deénfase em determinados fatóres impóe anecessidade de exame mais atento das pers-pectivas que tém sido tentadas no seu estudo.

2. Perspectivas Usuais no Estudo dos Pro-blemas Sociais

Abbott P. Herman classificou as perspec-tivas ("approaches") adotadas pelos diferen-tes autores, no estudo dos problemas sociais,em cinco categorias, as quais acrescentounova perspectiva: a) A perspectiva atomisticab) a perspectiva da desorganizaado social; c)a perspectiva da defasagem cultural ("cultur-al lag"); d) a perspectiva do valor social; e)a perspectiva da comunidade; e f) a perspec-tiva da conjuntura e mudanqa social. (2)

a) A perspectiva atomística. Quer os autoresse dediquem ao estudo simultáneo de umamultiplicidade de problemas, quer se especia-lizem no estudo de uma só categoria deproblemas sociais, essa perspectiva carac-teriza-se pela énfase que poe na identificaáaode causas especificas e múltiplas e na pre-conizaQao de tratamentos igualmente especí-ficos para cada categoria de problemas,ainda que se reconheça formalmente o entre-laçamento e a interdependencia déstes.

A principal contribuiaáo désses estudosreside em seu caráter altamente informativoe no seu impacto sobre as explicaçoes sim-plistas e monocausais que prevalecem entreos leigos.

Sua principal limitaaáo está, justamente,em seu caráter atomístico, ou seja na subes-timaaáo dos fatóres ou denominadores

comuns dos diferentes problemas e do condi-cionamento circunstancial ou histórico dés-tes.

b) A perspectiva da desorganizacao social.Os problemas sociais sáo vistos como índicesde condiçao ou processo social mais profundo-o de desorganizaçao-que consistiria noafrouxamento do poder de motivaçao oucontrole das normas sociais sobre os mem-bros do grupo.

A principal contribuigao dessa perspectivatem sido chamar a atenaáo para a relaáaoentre os problemas sociais e outros elementosda conjuntura social, bem como, especial-mente, para o entrelaçamento dos problemassociais, quando, em geral, as próprias enti-dades que tratam de diferentes problemassociais o fazem como se éstes fóssem indepen-dentes uns dos outros.

Para o autor da presente comunicaa~o,a principal limitaçáo dessa perspectiva estáem dar a mesma énfase aos problemas deconduta e aos problemas que resultam doabandono de normas tradicionais, quandomuitos problemas das sociedades modernasresultam, antes, da persistencia de normas epráticas tradicionais, num mundo ao qualnao mais se aplicam e que está, portanto, aexigir a sua revisáo e o desenvolvimento denormas mais adequadas as condiçoes vigen-tes.

c) A perspectiva da defasagem cultural("cultural lag"). Devido a invençao ou adescoberta, certas partes da cultura estaomudando mais rápidamente que outras.Dado o entrelaçamento entre os diferentesaspetos da cultura, essa defasagem, maiscedo ou mais tarde, resulta em desajusta-mentos.

Embora, em outras épocas, fatóres náo-mecánicos (por exemplo, noqoes como a daesfericidade da terra) possam ter desempe-nhado importante papel como agentes demudança social, a partir do século XIX asinvenoóes mecanicas passaram a constituiros principais impulsores da mudanca.

A atenaáo do estudioso volta-se entáopara 1) as mudanQas na cultura material e2) as resistencias da sociedade que impedem

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

o ajustamento as novas condiçoes que daíresultaram.

O exemplo clássico é o da introdugao demáquinas mais complexas, nas fábricas, emfins do século XIX, coincidindo com a ex-pansao das cidades, com o aumento dovolume de trabalhadores e com o absenteísmodo capitalista. Uma das conseqtincias daintroduqgo das novas máquinas foi o au-mento da proporcao de acidentesno trabalho;porém a sorte dos acidentados continuou adepender de relaçoes diretas e informais como patrao, que estava ausente ou tinha ocaráter impessoal de uma corporaçáo desócios ou acionistas. Houve, assim, lapso,defasagem, demora ou hiato no desenvolvi-mento cultural, o qual sómente terminoucom o advento da legislagao relativa aosacidentes no trabalho e com a difusao demedidas de segurança e prevençao.

A principal vantagem dessa perspectivaestá em a mesma chamar a atengao para aimportancia de situaóoes novas, ligadas aodesenvolvimento industrial, e para o papeldas invençoes em geral e, especialmente, dasque afetam a produgáo, a locomogao e acomunicaçao, no desenvolvimento dos pro-blemas sociais, com a incorporaçao, a Socio-logia, de uma linha de pensamento que atéentáo vinha recebendo contribuigóes quaseexclusivamente da corrente marxista.

A teoria deixa claro que os problemas náodecorrem das mudanças por si, mas sim dasresistencias ou inadaptagoes as novas con-diçóes.

A principal limitaçao da teoria está,porém em ela tratar as invençoes e as mu-danças conseqientes como se f6ssem inde-pendentes dos designios humanos e subesti-mar o papel das atitudes e valores, enfim,dos elementos da cultura nao-material, nadeterminaçao da revisáo e da reorganizaaáodas relaqoes humanas em fungao do desen-volvimento de novas condioses. Em geral,as novas condiçoes criadas pelas invençoesmecánicas dáo nova atualidade a discussáosabre a coeréncia dos mores, como situaçoesde fato ou entre si.

d) A perspectiva do valor social. Como a

expressáo indica, essa perspectiva consisteem dar-se énfase ao papel dos valores sociais,isto é, das normas, ideais e crenQas da comu-nidade, tanto na identificagao como nacausaçao e persistencia dos problemas sociais(3).

As atitudes ou juizos de valor sao asmesmas normas, ideais e crenças, em suaexpressáo individual; sao, enfim, o aspetoindividual ou subjetivo das normas, ideaise crenQas.

Segundo Richard C. Fuller, os valoressociais ou os juíizos de valor interferem nosproblemas sociais de trés modos: 1) deter-minam o que é e o que nao é problema; 2)contribuem para a existencia do problema,pela competigao entre valores ou preterigaode uns por outros, na conduta; e 3) o acórdoou desacordo quanto a solugao depende daconcordancia ou do conflito entre os valoresaceitos pelos componentes da comunidade.

A principal contribuiçao dessa perspectivaconsiste em ela chamar a atençao para aimportancia das opini6es e atitudes dosindividuos ou grupos envolvidos no pro-blema.

Ao mesmo tempo em que dá énfase aosaspetos culturais e subjetivos do problema,compensando, em certo sentido, o exageroda teoria da defasagem cultural, essa pers-pectiva tende para o exagero oposto, com asubestimaçao dos fatóres externos ou situa-cionais.

e) A perspectiva da comunidade. Trata-semais de um método de estudo do que pro-priamente de uma posigao teórica. Consisteno exame dos problemas a luz do estudoglobal da comunidade.

É perspectiva oposta á atomiística e naqual se tira proveito das hipóteses implícitasnas teorias da desorganizafao social, da defa-sagem cultural e do valor social.

A principal desvantagem dessa perspectivaconsiste na tendencia que tem de se limitara consideraçao de uma situagao definida-mente localizada. Há, pois, o perigo de senegligenciarem os fat6res que atuam de forapara dentro -da comunidade ou as relaçges

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

da comunidade com o mundo humano exte-rior.

f) A perspectiva da conjuntura e mudancasocial. Abbott P. Herman propoe esta novaperspectiva, partindo dos seguintes pressu-postos:

"I. Se os problemas emergem do meio culturalmais amplo, segundo insistem os sociólogos, oexame désse meio deve ser a primeira tarefa docientista social. Désse exame dever surgir umconhecimento fundamental para a análise dosproblemas.

"II. Essa compreensáo, ainda que nao possaser completa, no atual estágio das ciencias so-ciais, deve proporcionar maior penetraçao na in-terrelaçao dos problemas e tornar patente anecessidade de um tratamento unificado e coor-denado de suas raízes comuns.

"III. Ésse conhecimento deve fornecer os da-dos indispensáveis para o planejamento a curto elongo t@rmo que, embora com resistencia, vaisendo reconhecido como base segura para a polí-tica local e nacional." (4)

Quanto ao conceito de problema social,assim o expóe: "Os problemas sociais surgemou se agravam quando uma sociedade criaou aceita instrumentos de mudança e, noentanto, falha na compreensao, antecipaáaoou trato das conseqeéncias désse ato" (5).

A perspectiva preconizada por Abbott P.Herman caracteriza-se pela atengao dadaaos fatóres situacionais ou á conjunturasocial. Segundo o ponto de vista désse autor,compete aos sociólogos a tarefa de percebero problema em sua fase mais incipiente pos-sível, a fim de concorrer para que se tomeconsciencia da situaçao o mais cedo que sepuder.

A principal contribuicao dessa perspectivaestá em ela tentar fundamentar uma atitudenao apenas postfactum, mas também preven-tiva, em relaçao aos problemas sociais.

A principal restriçao que se pode fazer aaceitaaáo da perspectiva de Herman porestudiosos dos chamados países subdesen-volvidos deriva do fato de que ele, perten-cendo a uma sociedade nacional altamenteindustrializada e desenvolvida, tende a ver,tal como os demais autores na mesma condi-

çao, os problemas sociais como situaçóes dedeterioraçao-de fato ou potencial-de con-diçóes sociais já alcançadas, enquanto queos problemas dos países subdesenvolvidosdecorrem, antes, de nao terem atingido asmesmas condiqoes ou, mesmo, condiçoesmais modestas.

3. Uma nova perspectiva no estudo dos Pro-blemas Sociais: a do desenvolvimentosócio-económico.

Antes de enunciar a nova perspectiva,convém lembrar que cada uma das perspec-tivas apresentadas no tópico anterior integrae supera, ao mesmo tempo, a precedente, seminvalidá-la completamente, visto que cadauma delas é válida em determinado plano.Assim, cada perspectiva implica antes numacomplementaaáo e enriquecimento das ante-riores, que propriamente na sua inteira nega-çao.

O mesmo espera o autor da presente comu-nicaçao que se d6 com a perspectiva a serformulada, isto é, que ela incorpore e, aomesmo tempo, em certo sentido, complete asanteriormente expostas.

Assim, o autor nao nega a convenienciado estudo exaustivo e da exaustiva acumula-?ao de informaqoes sistemáticas sobre osdiferentes problemas sociais que afetam asociedade a que pertence, nem que certosproblemas dessa sociedade possam ser vistosem termos de desorganizafao social, de defasa-gem cultural ou de resistencia dos valores so-ciais a mudança; nao nega e antes reconhecea necessidade de levar em conta tanto osfatóres situacionais ou objetivos como osculturais ou atitudinais, em relaçao aos pro-blemas sociais; porém, ao mesmo tempo,julga conveniente realçar o fato de que, nassociedades em desenvolvimento, os problemassociais representam, frequentemente, anteso desenvolvimento social e a elevaçao donível de aspiragáo da populaçao que a dete-rioraçao de condiqoes já atingidas. É assimque se pode dar o aparente paradoxo de oproblema se estar agravando, quando, exami-nando-se a situaçao numa perspectiva dia-

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crónica, se verifica que, objetivamente, elatem melhorado.

No Brasil, por exemplo, especialmente noSul, a réde de unidades tem aumentado numritmo mais acentuado que o do aumento dapopulaçao; as condiçoes sanitárias melhora-ram consideravelmente, nas últimas décadas;com a urbanizaçao e a industrializaa~o,parte considerável da massa trabalhadoraatingiu padráo de vida mais aceitável; e naoobstante essas e outras conquistas nunca sereclamou tanto como agora a respeito dosproblemas educacionais, dos problemas desaúde e higiene e dos problemas relacionadoscom o padrao de vida.

Provávelmente, deve-se levar em conta,ao se considerarem os problemas dos paísessubdesenvolvidos ou, melhor, em desenvol-vimento, o fato de que se, de um lado, élesvao sendo atingidos súbita e macigamentepelos mesmos fat6res de mudança que tématuado nas sociedades industrializadas, deoutro, eles contam, para o equacionamentodos próprios problemas, nao apenas com asua própria experiéncia, mas também com oconhecimento de como se processaram asmudancas, quais os problemas que surgiram,as medidas adotadas e suas conseqiencias,quando os paises mais avancados passarampor situaçóes análogas.

As condiçoes já atingidas pelos países maisavançados sáo gabaritos de comprovadaexequibilidade para os povos dos paíseschamados subdesenvolvidos, o que náo querdizer que nao devam ser adaptados ás pecu-liaridades e a experiencia de cada qual.

O sociólogo Robert E. Park já haviachamado a atenaáo para o fato de que "ointerésse do público pelos problemas dacomunidade surge quando dois movimentossociais se unem-o movimento pelo bem-estar e o movimento pela eficiencia" (6).Em outras palavras, a preocupaaáo com osproblemas sociais tende a acompanhar apreocupaaáo com a elevaçao do padrao devida e da produtividade.

Também já se disse que uma das principaispreocupaçoes da civilizaaáo contemporáneaé diminuir as duas formas tradicionais de

desigualdade entre os séres humanos: a deconhecimentos e a de riqueza material (7).

Os países subdesenvolvidos ou em desen-volvimento vao-se tornando cada vez maissensíveis a essas aspiraçoes humanas que,difundidas das sociedades mais industriali-zadas e desenvolvidas, os atingem simul-taneamente com o próprio processo deindustrializaaáo e desenvolvimento sócio-económico.

Repita-se, pois, que problema social implicanao apenas numa situaaáo que ameace asobrevivéncia, o bem-estar e o desenvolvi-mento de seres humanos, considerados in-dividualmente ou como membros de umgrupo com experiencias e valores próprios,mas também na tomada de consciencia, porparte dos componentes do grupo, da exeqii-bilidade e eficácia de medidas destinadas aremover as condiqoes que os afetam ou aatenuar as conseqüiencias das mesmas.

Em outras palavras, sob o ponto de vistasociológico, o problema social implica em duasordens de condio5es: 1) condiçoes materiais,objetivas ou de fato; e 2) condicoes sócio-culturais.

Assim como há envolvimento do mundoobjetivo pela cultura, também há interpene-traçao ou overlapping entre as duas ordensde condicoes.

A primeira ordem de condiçoes com-preende todo e qualquer fator que tenda alimitar a duragao da vida humana ou a faze-la decorrer em situagao de frustraçao, sejapor insatisfaaáo das necessidades funda-mentais de cada individuo, seja por inapro-veitamento de suas aptidoes.

A ocorréncia, por exemplo, de uma taxaelevada de mortalidade infantil, numa popu-laaáo qualquer, pode estar relacionada coma insuficincia dos recursos materiais á suadisposigao, com o inaproveitamento ou de-sigualdade de distribuigáo désses recursos,com o seu conseqiientemente baixo padraode vida e com as suas condiqoes culturais(falta de desenvovimento tecnológico e cien-tífico, apego a crenças, valores e práticastradicionais), estando todos ésses fatóresintimamente ligados entre si.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

No entanto, apesar da frustraçao que amortalidade infantil ocasiona, principal-mente aos pais das crianças, e da angústia edos temores que tendem a acompanhar asituaçao, uma taxa elevada de óbitos decrianças pode-se repetir indefinidamente,através das geraçoes, sem que os componen-tes do grupo sequer vislumbrem a possibili-dade de que as coisas se passem de outromodo. As próprias crenças, os folkways e osmores do grupo estaráo de tal modo ajustadosás condiçóes correntes que ajudaráo seuscomponentes a aceitar os óbitos infantiscomo algo natural e inexorável que escapa aoámbito de poder dos seres humanos. Assim,a crise produzida pelos óbitos de criançasreduz-se ao mínimo, e mínima será a preocu-paçao com a situaçao, em relaçao a qual asreaçoes já estarao padronizadas e incorpora-das á tradiçao.

O estranho que provém de outro grupocujas condiçoes já permitiram que se redu-zisse a taxa de mortalidade infantil talvez seangustie mais com a situaaáo que os próprioscomponentes do grupo afetado. Conseqien-temente, poderá estar ele mais inclinado aadotar medidas imediatas a fim de remové-laou atenuar seus efeitos, o que lhe pareceráincompreensivel e lhe aumentará a amargura,especialmente se estiver desarmado de con-hecimentos sociológicos e antropológicos.

As condicóes sócio-culturais compreen-dem o nível de desenvolvimento económico,tecnológico e científico do grupo, suas cren-cas, valores e atitudes, o ritmo de mudançaa que está sujeito e a freqeéncia dos contac-tos e, conseqientemente, da comunicaçaocom outros grupos, especialmente com gruposcujas condiçoes contrastam com as suas.

Assim, a tomada de consciencia de umasituaçao-problema por parte do grupo poderesultar quer do agravamento da própriasituaçao, no sentido do aumento na propor-çáo dos componentes do grupo diretamentealcançados por suas conseqiiencias, quer detransformaqoes operadas no próprio grupo eque o levem a considerar intolerável umasituaçao á qual até entao se achava acomo-dado.

Portanto, embora frequentemente se as-socie a nogao de problema social á de desor-ganizaaio social, com igual razao se poderáassociá-la á de desenvolvimento sócio-econó-mico, de desenvolvimento, progresso ou pros-peridade social.

Nas sociedades em desenvolvimento, osproblemas sociais nao raro constituem, aomesmo tempo, reflexos do desenvolvimentoe pontos de estrangulamento désse processo,como é, por exemplo, o caso dos graves pro-blemas de educaçao no Brasil atual.

Com efeito, parece ser em sociedades emprocesso de rápida transformaçao, nas quaisa industrializaa~o e a urbanizagao vao-seacentuando cada vez mais como expressoesde mudança na infraestrutura social, que osproblemas sociais se tornam mais agudos.Situaçoes crónicas, que sempre caracteriza-ram as sociedades subdesenvolvidas, trans-formam-se, pouco a pouco, em focos daconsciencia e da atençao coletivas e passama ser suportadas com crescente impaciencia.

No desenvolvimento de um problemasocial, podem-se, pois, discriminar duas fasesprincipais: A primeira é aquela em que oproblema já existe como um conjunto decondiçoes ou fatóres cujas conseqeénciassao frustradoras e, portanto, indesejáveispara os componentes do grupo; mas em queésses componentes nao tém qualquer cons-ciéncia da possibilidade de contróle racionalda situaçao, nao vislumbrando plano algumde açao sistemática em relaqao a mesma. Atomada de consciencia da situaçao-problemaconstituirá o primeiro passo para a sua even-tual soluQao e inaugurará a segunda fase emsua história natural.

Como o problema social, tal como estásendo conceituado, é característico das socie-dades mais complexas, integradas por grupose camadas nao apenas culturalmente diferen-ciadas, porém, frequentemente, em conflito,surge a dificuldade de se saber qual o grupoou setor da sociedade cuja posigao, em rela-çao a determinada situaçao, será decisivapara a sua identificaçao como situaçao-problema.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Os sociólogos tém discutido, por exemplo,a importancia da opiniao pública, da opiniaodos peritos e da posijao dos grupos de pressaona identificaçao dos problemas sociais.

S6bre a opiniao dos peritos e a opiniaopública, deve-se considerar que a voz isoladados peritos e a voz dos peritos com o córo daopiniao pública representam dois estágiosdiferentes do problema. Quando a opiniaopública delega aos peritos a tarefa de resolvero problema, éste eleva-se ao nivel de pro-blema técnico-científico.

Quanto á posiçao dos grupos de pressao,parece inevitável que em tórno de qualquerproblema social se formem duas correntesextremas-a dos que tém interésse investidono status quo e a dos interessados imediatosna reforma social-além dos indiferentes edos elementos de posiçgo moderada.

De qualquer modo, o problema socialexiste (uma vez aceita a conceituaçao ex-posta), na medida em que a situa9áo-pro-blema tem, em vista de suas conseqeéncias,poder de motivaçao para desencadear ummovimento social no sentido de remové-laou de lhe atenuar os efeitos. Assim, em certosentido, a propor9ao dos que se preocupamcom a situaçao é medida da extensao doproblema; e a capacidade de influencia eco-nómica, política e cultural dos que optampor determinada mudança ou soluqao écritério para se prognosticar o éxito ou ofracasso, a iminéncia ou o provável retarda-mento desta.

Todo reformador social, seja éle perito,moralista ou missionário, percebe que oprimeiro passo decisivo em prol de sua causaé a conquista de novos adeptos, isto é, apropagaçao a outros individuos da conscién-cia que éle já adquiriu em relaaáo á situaçao-problema. Enquanto essa propagaçao outransferencia de consciéncia nao se der, oproblema será individual ou, quando muito,de um grupo de especialistas ou de sectários,e nao, própriamente, problema social.

4. Problema Social e Problema de Investigaçao

Embora problema social e problema deinvestigaçao empírica sejam, em princípio,

dois conceitos distintos, relativos a preocupa-o6es que se dirigem a dois planos diferentesde atividades e motivam operao6es cujosobjetivos imediatos sao tao diversos-mu-danga social consciente ou procurada e co-nhecimento da realidade-há entre ambosmais de um ponto de contacto, como produ-tos e ingredientes da mesma conjunturasócio-cultural.

Todo problema social é problema parainvestigagao, ainda que a humanidade dedi-que aos problemas sociais apenas uma parcelade seu esfórgo de pesquisa.

No último século, os conhecimentos cientí-ficos e as invençoes-produtos do espírito deinvestigaçao do homem-tanto contribuírampara a soluqgo de velhos problemas, armandoo homem de novos recursos, como suscitaramnovos problemas, seja pela desigualdade defruiaáo dos beneficios resultantes, seja peloimpacto exercido sóbre a estrutura social,com o aparecimento de novos pontos deatrito e tensáo nas relagoes humanas.

Alguns sociólogos consideram o estadopermanente de crise em que passaram a viveras sociedades européias, corm o advento daeconomia capitalista e, em especial, com aRevolugao Industrial, o principal fator dodesenvolvimento da Sociologia, que seria,assim, como que o instrumento de intros-pecçao das modernas sociedades em cons-tante mudança e desequilibrio (8).

Mesmo deixando-se de lado o período maisremoto-ou menos próximo-do desen-volvimento da Sociologia, já é por si bastantesignificativa a constataçao de que o modernomovimento de pesquisas sociais tomou vulto,tanto na Europa como nos Estados Unidos,a partir de fins do século passado, com astentativas para transferir a atitude científicae o espírito de investigaçgo que se vinhammostrando tao fecundos, em relaçQo aosfenómenos naturais, para o campo dos pro-blemas sociais.

Foi a preocupaçao com o problema dopauperismo numa sociedade-uma sociedadeem franca prosperidade-que levou Frede-rico Le Play a efetuar seu famoso estudo dopadrao de vida dos operários europeus; e a

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

mesma ordem de preocupaaáo conduziu,mais tarde, Charles Booth, Rowntree, Bow-ley e outros a realizar investigaçoes, quetambém se tornaram famosas, sobre as con-dioóes de vida da camada menos favorecidada populaaáo, em Londres e outros pontosda Inglaterra.

Nos Estados Unidos, o movimento doslevantamentos sociais (social surveys) tam-bém tomou impulso a partir de fins do séculopassado, resultando, rápidamente, num a-cervo de milhares de estudos, uns de ámbitomais geral, outros de ámbito mais específico.Assim, até 31 de dezembro de 1927, segundoa Bibliography of Social Surveys, de Eaton-and Harrison (9), o total dos levantamentosefetuados nos Estados Unidos se elevava a2.775, dos quais 154 gerais e 2.621 especiali-zados.

Na América Latina, embora mais recente,o movimento vem-se expandindo rapida-mente nas últimas décadas, sendo já apre-ciável o acervo de levantamentos efetuadosno México, na Guatemala, no Chile, naArgentina e no Brasil.

No Brasil, os levantamentos tem-semultiplicado rápidamente, nos últimos anos,especialmente a partir de 1936, quando serealizou, em Sáo Paulo, o primeiro levanta-mento sistemático do padráo de vida de umgrupo de famílias de trabalhadores (10).

A partir désse estudo, o fluxo de levanta-mentos tornou-se ininterrupto, mas foi de-pois da última guerra mundial que o movi-mento ganhou ritmo acelerado. InstituiQoesuniversitárias, repartiçoes públicas, associa-çóes de classe, instituiç6es de assisténciasocial, escritórios comerciais especializados,comissoes e instituioóes de pesquisa, enfimtoda uma multiplicidade de entidades sociaistem contribuido ativamente para o movi-mento.

Problemas relativos ao padráo de vida e aproduao, ao abandono de menores e á de-linqeéncia juvenil, á educaçáo em seus dife-rentes níves e ramos, á saúde e á mortalidade,tem sido objeto de levantamentos sistemáti-cos; e náo poucos désses tornaram-se pontos

de partida para a instituiaáo de serviçospermanentes de coleta e análise de dados.

Assim, por tóda parte, os levantamentossociais vao-se generalizando como instru-mentos, nao apenas para se retratar objetiva-mente a realidade, mas também para seaferir a mudança-o agravamento ou a ate-nuaaáo dos problemas e, conseqientemente,a inocuidade ou a eficácia das medidas postasem prática.

Segundo o depoimento de Pauline V.Young, "cinquenta anos de incessantes le-vantamentos de cada aspeto da vida emcomunidade, com a participaçao tanto deinvestigadores profissionais como do públicoleigo-deram fundamento á convicqao deque fatos cientificamente colhidos a) deli-neiam os problemas sociais; b) constituemo único ponto de partida seguro para o plane-jamento social; c) constituem meio eficientede munir-se o público das informaçoes e dosconhecimentos necessários ao funcionamentodo regime democrático; e d) ajudam amobilizar as forças da comunidade para aaQáo conjugada" (11).

Embora o levantamento social tenha tidoe continue a ter importante papel no desen-volvimento da Sociologia, é preciso, de umlado, salientar o caráter inter-disciplinar queo mesmo tende a assumir e, de outro, adistináao entre levantamento social e investi-gafao social própriamente dita.

No levantamento social, dá-se énfase acoleta e sistematizaçao de dados para autilizaáao imediata num plano de aaáo sóbreas condiçoes que vigoram numa localidadeou área geográfica bem definida. O levanta-mento social tende, pois, a ser um estudoeminentemente descritivo.

A pesquisa ou investigaçao social (socialresearch) visa a contribuir para o corpo maisabstrato de conhecimentos que integram osistema conceitual, teórico e metodológicodas ciéncias sociais.

Referindo-se a uma área territorial bemdelimitada e a um período de tempoigualmente bem definido e apresentando-sesob forma eminentemente descritiva, emlinguagem objetiva e em estilo antes incisivo

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que persuasivo, o levantamento social con-trasta tanto com a literatura planfletáriacomo os estudos de gabinete, em que os pro-blemas sao, freqilentemente, apresentadossob forma dogmática ou sob forma abstrata,servindo os dados concretos, quando recebemqualquer atenaáo, apenas para ilustrarprenoqoes ou generalizaçoes apriorísticas.

No presente Seminário, seráo apresentadosos resultados de um levantamento realizadopor pessoal especializado, sobre o ensino daenfermagem no Brasil.

Ésse levantamento permitirá entreveraté que ponto o problema já impregnou asconsciencias, fora do circulo restrito dosespecialistas; e, ao mesmo tempo, á medidaem que o relatório fór sendo divulgado, cons-tituirá contribuiaáo para um movimento,tanto no sentido de eliminar as resisténciase aumentar a receptividade a um ramo deensino profissional de cuja importancia osparticipantes déste Seminário estao convic-tos, como também no de elevar o padraode organizaaáo e eficiencia das instituiqoesque ao mesmo se dedicam.

REFERÉNCIAS

(1) Case, Clarence Marsh: "A definition of SocialProblems", em Alfred McClung Lee andElizabeth Briant Lee, Social Problems inAmerica: A Source Book, Henry Holt &Co., New York, 1949, pág. 10.

(2) Herman, Abbott P.: An Approach to SocialProblems, Ginn & Co., Boston, 1949.

(3) Guber, John F. y Harper, Robert A.: Prob-lems of American Society: Values in Con-flict, Henry Holt & Co., New York, 1949.

(4) Herman; Abbott P.: An Approach to SocialProblems, Gin & Co., Boston, 1949, pág.50-51.

(5) Herman, Abbott P.: An Approach to SocialProblems, Gin and Company, Boston, 1949,pág. 51-52.

(6) Young, Pauline V.: Scientific Social Surveysand Research, 3a. ediçao, Prentice-Hall, Inc.,Englewood Cliffs, N. J., 1956, pág. 21.

(7) Gillin, John Lewis et al: Social Problems,3a. ediçao, D. Appleton-Century Com-pany, New York, 1943, pág. 19.

(8) Freyer, Hans: Introducción a la Sociolo-gía, Ediciones Nueva Epoca, S. A., Madrid,1939.

(9) Young, Pauline V.: Scientific Social Surveysand Research, 3a. edigao, Prentice-Hall,Inc., Englewood Cliffs, N. J., 1956, pág. 25.

(10) Lowrie, Samuel Harman: Pesquisa de Padraode Vida das Familias dos Operários daLimpeza Pública da Municipalidade de SdoPaulo, Departamento de Cultura, SáoPaulo, 1938.

(11) Young, Pauline V.: Scientific Social Surveys

and Research, 3a. ediçao, Prentice-Hall,

Inc., Englewood Cliffs, N. J., 1956, pág. 2.

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AS VÁRIAS FASES DO LEVANTAMENTO ESTATISTICO

BENEDITO COELHO RODRIGUES

Chefe do Serviço de Inquérito da Secretaria Geral do Conselho Nacional de Estatística,Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

I. RECONHECIMENTO E DEFINI9AO DO

CAMPO DE PESQUISA

Reconhecida a necessidade de um levanta-mento estatístico de determinado assunto oufato, a primeira providencia dos seus realiza-dores será, evidentemente, reconhecer e definiro campo que o estudo vai abranger. Se a ma-téria já foi alvo de pesquisas anteriores, cum-prir-lhes-á, também, verificar a necessidadede planejar o novo trabalho de modo apoder-se compará-lo com o precedente, pelomenos em alguns itens.

O reconhecimento do campo tomará porbase alguma fonte de informaçao, princi-palmente cadastros (relaçoes, fichas, relató-rios etc.) capaz de fornecer o número e a loca-lizaçao dos informantes, bem como, conformea sua qualidade, características que indi-quem a espécie ou importancia do infor-mante: número de leitos, valor da produaáo,número de empregados, número de volumes,etc. Para certos assuntos, entretanto, nemsempre há cadastro ou mesmo conhecimentodo número de ocorréncias, obstáculo que sedeverá superar indiretamente, isto é, pormeio de consultas que se completem, dirigi-das a individuos, entidades e publicaçóes.Tal fato ocorre quando se trata de assuntospara as quais nao há instituiçao responsável,ou que sao ainda muito recentes, ou sobreas quais nao houve oportunidade de fazerpesquisa estatística.

Através do exame do cadastro ou, na faltadeste, de outras fontes, determinam-se os in-formantes que serao consultados, bem comoos que cumpre excluir porque consultá-losseria apenas encarecer, avolumar e prolongaro trabalho, sem resultados concretos ou demaior utilidade: por exemplo, informantesque constituem excegao dentro do campoestudado, ou que sáo de localizagao difícil,ou que tem pouca ou nenhuma importancia.

(É óbvio que, ao se divulgarem os resultadosfinais do trabalho, essas exclusoes seráo men-cionadas e justificadas, para o perfeito conhe-cimento do campo abrangido.)

II. MODALIDADE DO LEVANTAMENTO

Conhecido o número e a localizaçao dosinformantes, cumpre decidir-se, antes da ela-boraqao do questionário, se o inquérito serádo tipo censitário, abrangendo a totalidadedos mesmos, ou se o número dos informantese a disponibilidade de pessoal especializadoaconselham a adoçao do processo de amostra-gem. Faz-se mister definir ésse ponto, umavez que os dizeres do questionário dependemdo tipo do levantamento.

No levantamento censitário, deve-se terem vista o sistema de coleta a ser utilizado-entrevista ou consulta pelo correio (em al-guns casos, também por telefone ou pelo te-légrafo)-uma vez que ésse pormenor influina preparaaáo do questionário. A escolha dosistema está na dependencia de várias cir-cunstáncias, tais como o número e a localiza-9ao dos informantes, a disponibilidade depessoal para as entrevistas diretas, o grau deprofundidade da pesquisa (quantidade eespécie de quesitos) e os recursos financeiros.

Nessa fase do trabalho, verifica-se a inter-dependencia do processo de coleta e a pro-fundidade da pesquisa: a utilizaaáo do cor-reio muitas vézes torna recomendável aeliminaçao de determinados quesitos que po-deriam figurar se se contasse com a presençae a ajuda de um entrevistador.

III. QUESTIONÁRIO

1. Definiçao

Assentado o ámbito e o tipo do levanta-mento, bem como a modalidade da coleta dedados, já se pode dar inicio a elaboraçao de-finitiva do questionário, também denomi-

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nado instrumento ou boletim de coleta, noqual serao registradas, de maneira sistemá-tica, as informagoes procuradas. Constitui-sede uma série de quesitos, redigidos ou náo emforma de pergunta, junto aos quais se re-serva espaço para a respectiva resposta, emproporgáo á mesma, que pode ser um nú-mero, uma frase, uma palavra, um simples"sim" ou "nao", quando fór o caso de indicarexisténcia ou inexisténcia, afirmativa ou ne-gativa.

2. Elaborafao

Fator fundamental de um levantamentoperfeito, o questionário deve ser elaboradopor pessoas experimentadas nesse tipo detrabalho, pois vários requisitos sáo necessá-rios para o seu preparo satisfatório. Taispessoas deverao trabalhar em colaboraçáocom especialistas na matéria a ser pesquisada,visto que, evidentemente, nao lhes seriapossível conhecer a fundo todos os assuntossujeitos a investigaçoes estatísticas. O pre-paro do questionário deve atender a váriasexigéncias, tanto no seu conteúdo quanto nasua apresentaçao. Uma das preocupaçóesserá fazé-lo o mais reduzido possível, com-posto apenas de indagaqçes realmente ne-cessárias ao objetivo colimado, eliminando-seas que possam ser deduzidas e obtidas direta-mente pelos interessados, assim como assupérfluas ou de contestaçao sabidamente di-fícil ou muito trabalhosa, considerado oassunto e o meio cultural abordado.

Na formulagao dos quesitos, particularatenaáo deve ser dada aos seguintes porme-nores:

1) Redaaáo direta e objetiva, em lingua-gem clara e comum, para serem compreendi-dos de modo uniforme por todas as pessoas epermitirem respostas concretas e compará-veis.

2) Evitar cuidadosamente perguntas ten-denciosas, que insinuem determinada res-posta, como, por exemplo: "Atribui a menorproduaáo de arroz á falta de transporte paraescoamento?"-como se o levantamento esti-vesse interessado em chegar a uma conclusáopré-estabelecida. O correto seria: "A que mo-tivos atribui a menor produaáo de arroz?"

3) Evitar perguntas indiscretas, constran-gedoras, que predispóem o informante contrao preenchimento do formulário: "Já provo-cou abortos?", "Tem filhos ilegítimos?", etc.

4) Nao empregar unidades de medidaestranhas ao meio.

5) Evitar indagaoóes cujas respostas re-queiram a realizaçáo de cálculos, como, porexemplo, perguntar, além da quantidade pro-duzida, da área cultivada e do valor daprodugao, também o valor unitário e o rendi-mento médio, os quais podem ser calculadosno local de apuracao.

6) Náo fazer duas perguntas para umaúnica resposta: "Está satisfeito com a pro-fissao e o lugar em que trabalha?" O corretoseria: "Está satisfeito: a) com a sua pro-fisso? ...... ; b) com o lugar em que tra-balha? ......

7) Náo incluir perguntas ambíguas, quepossam ser compreendidas de maneiras di-ferentes.

Uma vez preparados, os quesitos devemser colocados numa ordem lógica, na qualviráo em primeiro lugar os que caracterizamou identificam o informante. Conforme o seunúmero e a diversidade dos aspetos abrangi-dos, poderáo ou nao vir grupados sob váriositens ou títulos, tais como: caracterizaçáogeral, serviços mantidos, material, pessoal,produ9ao, vendas, orgamento, etc.

Os questionários devem conter sempreinstruçoes em que se indique, primeiro, afinalidade e o ámbito do levantamento.Muitas vézes, quando há interpreta9oes dis-tintas ou quando se atribuiu sentido diferentedo usual ao objeto da pesquisa ou a algumdos quesitos, é mister esclarecer e precisartambém esse ponto ou pontos. Em seguidavIm as instruçoes sobre como responderdeterminados quesitos-visto que muitos dis-pensam qualquer explicaáao: nome, ende-ré8o, idade, sexo, etc.

3. Apresentafao material

O conteúdo do questionário ditará o ta-manho e o sentido (horizontal ou vertical)do papel a ser empregado, bem como a ma-neira como virao impressos os quesitos.Minúcias como a necessidade de que o preen-

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chimento possa ser feito também a tinta e acircunstancia de que o formulário será muitomanuseado deveráo entrar em consideraçao,procurando-se harmonizar preocupaoóes deordem económica com o atendimento dosrequisitos de boa qualidade. Evitem-se ques-tionários de grandes dimensoes, que im-pressionam mal o informante e dificultam omanuseio: os tamanhos oficio, meio-ofício eduplo-ofício, que coincidem com os formatoscomerciais de papel, sáo os mais aconselhá-veis, tanto económicamente, por isso que seevita desperdicio no corte, quanto para oarquivamento, por se adaptarem ás dimen-soes de pastas, capas e arquivos. Nos ques-tionários extensos, compostos de váriasfolhas, estas devem vir numeradas e gram-peadas. Quando se requer o preenchimentodo formulário em mais de uma via, a utiliza-

aáo de cór diversa para cada uma é de vanta-gem inegável. Muito importante também é anitidez e a limpeza da impressáo, que deveser feita em vários tipos de letras (maiúscu-las, minúsculas, negrito, itálico), para desper-tar a atengao do informante e ressaltarmelhor os vários itens em que se divide oquestionário.

4. Teste de preenchimento

Convém submeter o boletim de coleta aum teste de preenchimento, antes de mandarimprimí-lo. Assim se verifica:

1) Se todos o entendem com facilidade e demaneira uniforme;

2) quais as reaqóes de alguns dos informantespreviamente consultados ante determinadosquesitos;

3) que o entrevistador ficou suficientementefamiliarizado com o assunto e o questio-nário; e

4) qual o tempo médio necessário ao preen-chimento.

Impresso o questionário, pode-se dar inícioa fase de coleta de dados, que a seguir sediscute.

IV. COLETA

Dentre os vários meios que podemn ser uti-lizados na coleta de informaçoes, destaca-se aentrevista direta e a consulta pelo correio,

telégrafo e telefone. Qualquer désses pro-cessos tem vantagens e desvantagens, e apreferencia por um ou outro depende de di-versos motivos: número e localizaçao dos in-formantes, número de entrevistadores dispo-níveis e recursos financeiros.

A entrevista direta, em que o entrevistadorentra em contacto pessoal com o informante,é a maneira mais eficiente de se obterem da-dos, principalmente quando se encarregadessa missao pessoa que, além de educada,desembaraçada e hábil, está devidamenteinstruida e treinada no sentido de:

a) Identificar-se mediante a apresentagáo dodocumento emitido pela entidade que representa;

b) expor os motivos da pesquisa e o signifi-cado de cada pergunta do questionário;

c) esclarecer e assegurar que as informaçóesprestadas tém caráter confidencial;

d) nao influenciar o informante na sua ma-neira de pensar, mas ater-se rigorosamente aosconceitos emitidos nas instruçoes;

e) expor ao informante quanto é necessárioque a sua colaboragao seja a mais completa pos-sível;

f) prestar os esclarecimentos que lhe forempedidos;

g) auxiliar, quando a isso solicitado, no preen-chimento do boletim; e

h) concordar em voltar noutra ocasiao, se as-sim lhe fór sugerido.

As vantagens da entrevista direta podemser assim resumidas: 1) O questionário me-lhor se preenche, pois as dúvidas e as falhassao eliminadas de pronto, graças á interven-gao do entrevistador. Essa conferencia nolocal geralmente evita pedidos de verificaçaoquase sempre demorados. 2) Os questionáriospreenchidos sáao devolvidos com mais rapidez.Nos outros métodos de coleta, pela ausenciade um interessado, tardam muito mais e ásvezes até caem no esquecimento, dando ori-gem a pedidos de devoluágo de resultadodemorado e problemático. 3) Obtém-se infor-maó6es suplementares, que muito esclareceme auxiliam os trabalhos de apuragao.

Entre as desvantagens do método, apon-tam-se as seguintes: 1) Aumento do custo doempreendimento, devido á necessidade demanter e transportar pessoal de campo; 2)

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perda de tempo com visitas a informantesque nem sempre podem atender da primeiravez; e 3) grandes distancias a percorrer.

A nosso ver, sómente o primeiro reparotem fundamento, eis que os outros dois de-saparecem ante o que apontámos comosegunda vantagem do sistema: a maior rapi-dez na devoluQao dos questionários preenchi-dos, graças á presença do entrevistador.Mesmo aquela única desvantagem é larga-mente compensada, tanto pela perfeicao erapidez com que se preenchem e devolvem osquestionários quanto pela circunstancia deque a apuraçao pode ter início muito antes,sem o atraso e os extravios que ocorrem nosoutros processos, em que a devoluqao fica acargo dos informantes, entre os quais há umnúmero considerável de atitudes de desinte-resse ou má vontade. Isso abrevia a duraáaodo empreendimento e contribui, por suavez, para reduzir-lhe o custo.

A coleta de dados pelo correio, um dosprocessos mais económicos e que freqiente-mente os serviços de estatística de váriospaíses adotam, tem seu éxito condicionado adois fat6res: a qualidade do serviço postale, principalmente, o próprio informante. Noque se refere ao primeiro, que só deve serutilizado quando atingir tódas as localidadesda área abrangida pelo levantamento, cum-pre considerar-se a possibilidade de extravios,falta de regularidade e de presteza na en-trega, etc. Quanto ao segundo, cabe ter emmente as seguintes possibilidades: 1) Que omaterial enviado nao seja lido ou o seja ap-pressadamente, dando margem a preenchi-mento deficiente do questionário; 2) que otransfira a outra pessoa, nem sempre a maisindicada para a tarefa; 3) que nao logre com-preender certos quesitos e nao se esforce nopreenchimento de outros; 4) que extravie oquestionário; 5) que retarde o seu preenchi-mento e devolugao; e 6) que deixe de res-pondé-lo, por desinterésse ou má vontade.

A utilizagao do correio requer o envio deurna circular, re(.igida em linguagem clara ecortes, onde o órgao ou órgaos responsáveispela pesquisa se identifiquem perante os in-formantes, exponham as finalidades do em-preendimento e encareçam o valor da co-

laboraçao que representará o preenchimentocorreto do questionário anexado, cuja devo-lucao se pedirá para dentro de determinadoprazo. Um envelope de retórno, selado oufranqueado, deverá seguir junto á circular.

Para controlar esse movimento de corres-pondencia, prepara-se uma relaçao dos in-formantes abordados, deixando-se á frente decada nome espaço para a data e o número doregistro postal da remessa feita, para a datado recebimento da resposta e para a anotaçáorelativa ao envio de pedidos de devoluáaoaos retardatários.

A coleta de dados por telefone, de todos osprocessos o mais rápido e económico, só sepresta a inquéritos muito simples, que tQmpor objetivo, principalmente, conhecer a opi-niao pública sóbre determinados assuntos.Além de nao permitir levantamentos esta-tísticos compreendendo dados numéricos quedemandem consultas a registros e documen-tos, o sistema tem a desvantagem de nao pro-porcionar um boletim autenticado.

O telégrafo, que se utiliza em casos excep-cionais e de grande urgéncia, e quando a enti-dade oficial interessada goza de franquia,apresenta as mesmas limitaçoes da coleta portelefone, mais a dos possiveis enganos natransmissao do texto.

Sóbre determinados assuntos, as informa-çoes podem ser obtidas diretamente, emfontes que mantém registro permanente daocorréncia: casamentos, nascimentos e óbi-tos, licenciamento de veículos, movimentoescolar, arrecadaáao de tributos, etc. É:ssesregistros, entretanto, instituidos com finali-dades administrativas, nem sempre atendemcom exatidao e atualidade a indagaçao que sefaz, havendo entao necessidade de pesquisasisoladas.

V. CRÍTICA

Antes de se iniciar a apuraçao, os questio-nários recebidos passam por um trabalho derevisáo e correçao, ao qual se dá o nome decritica, e que compreende a verificaçao dostotais e sub-totais, o exame da relaaáo entreas respostas de vários quesitos, a leitura dasanotaoses suplementares feitas pelos infor-mantes, etc. Nessa fase, efetuam-se os cálcu-

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

los que se considerem necessários, estabele-cendo-se totais e sub-totais, percentagens,proporçoes, etc.; e assinalam-se os quesitosque porventura nao possam ser apurados pordeficiencia da respectiva informaçáo, fatoésse que será assinalado no relatório final.

Quando o recolhimento dos questionáriosé feito por um agente ou pelo entrevistador,realiza-se no ato uma crítica preliminar quevise a eliminar omissoes, respostas incomple-tas e outras deficiencias, do que resulta, comojá se assinalou, uma diminuigao dos poste-riores pedidos de verificaçao que costumamfazer-se necessários.

O trabalho da crítica aplica-se também aosresultados das apuraçoes primárias, em quea forma condensada (totalizaçao) já permiteoutras observaçoes, como, por exemplo, ocomportamento dos dados entre si. Sem acrítica, os resultados poderao estar eivadosde erros, pois todos os absurdos que foremdeclarados serao considerados na apuragáo,conduzindo a conclusoes falsas e acarretandoa desmoralizaçao dos dados estatísticos.Esse trabalho deve ser confiado a pessoalconhecedor das finalidades do inquérito edotado de espírito de observaçao e bom sensoque o capacitem a analisar as respostas, umavez devidamente orientado pelo chefe daturma, a fim de que os critérios e pontos devista sejam os mais semelhantes.

Quando se trata de inquéritos regulares ouperiódicos (anuais, por exemplo), a críticafaz-se também por comparaçao, isto é, con-frontando-se as informaçQes mais recentescom as do questionário anterior. Nos levan-tamentos eventuais, para os quais nao há umponto de referencia, a crítica baseia-se noconhecimento do assunto, na relaaáo exis-tente entre várias respostas e, ainda, na com-paraaáo dos casos de dúvida com as respostasde outros informantes da mesma categoria.

A correaáo de lapsos verificados no ques-tionário nao poderá ficar por conta do crítico,o que o viciaria nessa prática, sobre consti-tuir falsificacao do dado fornecido. Apenascorreçoes irrefutáveis, que demonstrem errode transcrigao ou de unidade, se admitem;nos demais casos, a anu8ncia do informante

deve ser solicitada e é preferível excluí-lo daapuraçáo se tal nao for possível.

VI. APURA0AO

É a fase em que o grande número de in-formaçoes esparsas recolhidas (questioná-rios), cujo volume náo permite qualqueranálise ou conclusao sobre o assunto, serágrupado e sintetizado segundo determinadasmodalidades, para que posteriormente, atra-vés da sua análise, se interpretem e estudemas tendencias, causas e conseqeéncias dosfatos coletivos.

Cabe notar que na apuraçao dois aspetosquantitativos se distinguem: no primeiro,observa-se a presença ou ausencia de algunsatributos em uma série de objetos, coisas ouindividuos; no segundo, a magnitude ou omovimento de características variáveis.Assim, numa apuragao relativa a estabeleci-mentos hospitalares, podemos distinguirquantos, do total considerado, possuem osatributos: raios-X, banco de sangue, ambula-tório, maternidade, eletrocardiografia, etc.;e em seguida verificar a grandeza das variá-veis: leitos, médicos, enfermeiras, doentesadmitidos, altas, óbitos, etc.

A apuraçao poderá ser manual ou meca-nica, dependendo do número de informantese de quesitos, bem como do pessoal dispo-nivel.

A apuraçao manual consiste, em linhasgerais, conforme a necessidade, no relaciona-mento de cada informante para ulteriorestotalizao5es e tabulaçóes; ou no seu relacio-namento já em uma tabulaaáo auxiliar, istoé, em lugar de virem um a um, figuram gru-pados, digamos, por classe de indústria, mu-nicípio ou, tratando-se de hospital, segundoa especialidade ou capacidade (de 50 a 99leitos, de 100 a 199, etc.), de acórdo com oplano de apresentaaáo.

Esse relacionamento ou grupamento com-poe a coluna indicadora da fólha de apuragáoou de trabalho; as demais colunas referem-seaos quesitos que irao ser apurados. E o quese denomina cabeçalho de apuraado. Quando orelacionamento se fizer necessário, a suacomposigao far-se-á segundo determinadaordem (alfabética, geográfica, de grandeza,

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS D)E ENFERMAGEM

etc.), a fim de facilitar a apuraaáo e verifica-ago rápida dos dados alusivos a qualquerinformante. Evita-se a perda de tempo e deespaço com a especificaçao do nome da cadainformante, atribuindo-se a cada um dosmesmos um número (código), que será ins-crito no questionário respectivo.

A apuraaáo mecánica está reservada aoslevantamentos em que é grande a massa dequestionários ou de informaqoes desejadas.Processa-se em máquinas especializadas(perfuradoras, separadoras, conferidoras, ta-buladoras, etc.), das quais as mais conhecidasno Brasil sáo as chamadas "máquinas Holle-rith", que se arrendam da InternationalBusiness Machines Corporation (IBM).

É incalculável o serviço prestado por ésseequipamento, nas grandes apuraçoes, graçasa velocidade e ao número de combinaçoes etabulaçoes que permite. Tarefas que reque-reriam meses e numeroso pessoal fazem-seem poucos dias e com um número reduzidode funcionários.

O trabalho consiste, numa descriQao su-cinta, em: 1) Transformar em números tódasas informaqóes náo numéricas, de acordo umcódigo adotado para cada quesito; 2) passarpara cartoes especiais as informaoóes codifi-cadas nos questionários, por meio de perfu-raaáo nas máquinas próprias; 3) conferir oscartóes perfurados; e 4) separar a massa decartoes segundo grupos e categorias, para emseguida obter os resultados impressos (tabu-laçao), de conformidade com as tabelas deapresentaçáo planejadas.

VII. ANÁLISE E INTERPRETA9AO

Esta é a fase final, de suma importancia,em que o técnico irá analisar os resultados-que já se condensaram e combinaram se-gundo vários aspetos-a fim de: 1) Verificarse todos estao em condiçóes de ser divulga-dos, o que nem sempre ocorre porque as vézesindicam uma situaçao sabida ou visivelmenteinverídica; e 2) interpretá-los, vale dizer ex-plicá-los e tirar conclusoes; e, consequlente-mente, fazer recomendaçóes.

Para tanto, devem os dados ser submetidosa um tratamento estatístico que se faz atra-

vés do cálculo de médias, percentagens, des-vio-padrao, moda, mediana, correlaaáo, etc.,valores ésses indispensáveis a formulaaáo derecomendaçoes. Durante o trabalho de in-terpretaçao, os responsáveis deverao obser-var, entre outros, os seguintes principiosfundamentais: a) Náo aceitar idéias precon-cebidas sébre os resultados da pesquisa; e b)nao desprezar fatos que contrariem o resul-tado a que se desejaria chegar.

VIII. APRESENTAÁAO DOS RESULTADOS

Finda a análise e interpretaçao, chega omomento de se apresentarem os resultadosobtidos, o que pode ser feito de trés formasdistintas: tabular, gráfica e de texto. As duasprimeiras sáo as mais indicadas e utilizadas.Na forma tabular, os dados ou resultados decada aspeto ou característica do assunto tra-tado aparecem em colunas distintas, distri-buídos segundo as especificaoóes da colunaindicadora. É a forma de apresentaçao maiscompleta. Na forma gráfica, os dados apre-sentam-se ilustrados por meio de desenhosou figuras com dimensóes proporcionais aintensidade do fenómeno tratado. A finali-dade dos gráficos é atrair, mais que as tabe-las, a atençáo do leitor; e dar-lhe impressáomais imediata das ocorréncias a que se refe-rem. Todavia, a forma gráfica tem duas limi-taQoes: 1)Náo possui a capacidade de repre-sentar tantos fatos quanto uma tabela, quepode conter muitas colunas e linhas; e 2) náoapresenta valores exatos, mas apenas aproxi-mados. A apresentaçao sob a forma narra-tiva, além de mais extensa, assimila-se commaior dificuldade, visto que os números naoaparecem ordenadamente, em linhas e colu-nas, porém distribuídos dentro do texto.Alega-se que essa modalidade permite aoautor encaminhar a atençao do leitor paradeterminados dados e aspetos, mas na formatabular o mesmo se consegue, e com maispropriedade, por meio de comentários feitosem seguida a cada tabela. A nosso ver, essamaneira de apresentaçao só se aplica quandosáo poucos os dados numéricos ou quando,sem ser numerosos, tais dados se referem avários assuntos.

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PLANEJAMENTO DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS ENECESSIDADES DA ENFERMAGEM NO BRASIL

MARIA DE LOURDES VERDERESE

Diretora Associada, Levantamento dos Recursos e Necessidades da Enfermagem no Brasil

A idéia de se proceder a um levantamentodos recursos e necessidades da enfermagemno Brasil surgiu da preocupaado, havia muitosentida pelos líderes da profissáo e unánime-mente manifestada pela classe ao ensejo doVII Congresso Brasileiro de Enfermagem,realizado em 1954, de planejar para o futuro,com base em dados objetivos, utilizaáaomais adequada do pessoal de enfermagem, afim de melhorar a assisténcia que essa espe-cialidade presta á coletividade.

As seguintes perguntas estavam a exigirrespostas que só um estudo cuidadoso e ob-jetivo da situaçáo atual da enfermagem bra-sileira poderia fornecer: Quais os problemasde saúde do Brasil que requerem a participa-Qao imediata da enfermagem? Quais os meiosnecessários á atuaçgo eficiente, numa turmade saúde? Quais os tipos ou categorias depessoal de enfermagem necessários ao desen-volvimento de um programa de saúde e qualo preparo exigido para que ésse pessoal possaexercer conl eficiencia suas funoóes? Qual aquantidade do pessoal existente, que ativi-dades desempenham seus elementos e quan-tos poderiam ser absorvidos num futuropróximo? Com que recursos se conta parapreparar ésse pessoal?

Gragas á ajuda financeira da FundaáaoRockefeller e á assisténcia técnica da Organi-zaçáo Mundial da Saúde, p6de a ABE, orga-nizando o seu Centro de Levantamentos dosRecursos e Necessidades da Enfermagem,iniciar um planejamento e uma abordagemlógica da questáo, de forma que prometesseatingir a base dessas preocupaçóes.

Considerando-se a) que a enfermagem naoé um servi9o isolado, porém parte do serviçototal de saúde da comunidade, b) que muitosdos problemas da enfermagem sáo, igual-mente, da responsabilidade de outros pro-

fissionais e c) que a enfermagem, como tódae qualquer outra profissáo, necessita da assis-tencia e do apóio da coletividade, repre-sentantes de áreas ou setores da Medicina,da Administraçáo Sanitária e Hospitalar, daEducaaáo, da Estatística e da Pesquisa So-cial, do Bem-Estar Social e outros líderes dacomunidade foram chamados a dar a suacooperaçao em todas as fases do Levanta-mento.

Fez-se um plano de organizaçao destinadoa estabelecer o trabalho conjunto de todosésses elementos, distribuindo-se-os em co-missóes e determinando-se a responsabilidadede cada uma das mesmas para com o em-preendimento. O organograma respectivoaparece mais adiante.

Circunstáncias locais fizeram com que oCentro funcionasse com duas diretoras-uma que se encarregou principalmente daparte administrativa e da publicidade, outraque teve a seu cargo, mais que tudo, a seáaotécnica. Confessamos que a medida nio nosparece de todo necessária, embora seus re-sultados fóssem adequados, na situaaáo pre-valente.

O Conselho Diretor, geralmente designadoComissáo Executiva, era pequeno e com-preendia a Presidente da Associagao Brasi-leira de Enfermagem e representantes daFundagao Rockefeller, da Organizaaáo Mun-dial de Saúde, dos Ministérios da Educaqáoe da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística, da Campanha de Aper-feiçoamento de Pessoal de Ensino Superior edo Serviço Especial de Saúde Pública. In-vestido de autoridade administrativa, ésseórgáo foi mantido pequeno, a fini de lhe serpossível administrar eficientemente os traba-lhos do Levantamento.

O Conselho de Colaboradores contou com

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS D)E ENFERMAGEM

72 membros, que representavam os diferentessetores da enfermagem e da medicina, educa-Cao, estatística e pesquisa social da comuni-dade, etc. Sua constituigio nao se baseou nocritério de assisténcia em assuntos técnicosou profissionais, porém na necessidade de sedar a cada um dos seus componentes orienta-çáo mais segura sóbre a enfermagem brasi-leira e seus problemas.

A Comissáo Técnica, á qual coube aorienta9áo geral e execuçao dos trabalhos delevantamento em todas as suas fases, estéveconstituida apenas de enfermeiras que lhededicaram tempo integral e cujas atividadesuma das diretoras do Centro dirigia e coorde-nava.

A Assessoria Técnica, composta de peritosem enfermagem, medicina, administraçaosanitária, educaçao e pesquisa social, prestou

aos trabalhos, quando solicitada, os serviçosda sua atribuiaáo.

Todas as decisóes do grupo encarregadodo planejamento registraram-se em ata, demodo a tornar possível o prosseguimentológico dos trabalhos, com base nas resoluçoese providencias anteriores. Uma das primeirasiniciativas foi a delimitagao do ámbito doestudo. Na seleçáo dos problemas ou áreas ainvestigar, tomaram-se em consideragáo osrecursos materiais e de pessoal disponíveis epartiu-se da premissa de que muitas vézesos problemas específicos assumem propor-çóes mais exatas quando vistos em conjunto,dentro da situagáo geral. tsse trabalho con-duziu á decisáo de que o Levantamentodevia ser de ámbito nacional. Segue-se oesquema total do empreendimento.

ESQUEMA DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADES DAENFERMAGEM NO BRASIL-1956

Propósito do levantamento

Determinar os recursos e asnecessidades da enfermagemno BrasilÁREA 1Conhecer o potencial humanode que dispóe a enfermagemem seus diferentes setoresou ramos de atividade.a) Enfermeiras em atividade

Dados necessários

Legislagáo vigente s6bre o exercí-cio de enfermagem, como base paraconceituaçao de térmos.

Dados sobre:a) número de enfermeiras exis-

tentes nas instituiqoes desaúde oficiais e particulares dopaís, distribuidas segundo otipo e localizagáo geográfica;

b) preparo profissionalc) funçoes que desempenhamd) características individuais,

tais como: idade, sexo, estadocivil e número de dependentes

Meios para obtençao dos dados

Contato com as escolas de enfer-magem oficiais ou reconhecidas naforma da lei vigente, que regula oensino de enfermagem no país (Lei775, de agosto de 1949).

Consulta a dados existentes nasseguintes instituiçóes:

Diretoria do Ensino SuperiorServiço Nacional e Estaduais da

Fiscalizaçáo da MedicinaInstituto Brasileiro de Geogra-

fia e Estatística (IBGE)Campanha Nacional de Aperfei-

toamento de Pessoal de NivelSuperior (CAPES)

Questionário para obter informa-ó5es complementares nao conse-

guidas através de consultas aosórgáos mencionados.

I I

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

ESQUEMA DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADES DAENFERMAGEM NO BRASIL-1956-Cont.

Propósito do levantamento

b) Enfermeiras inativas

e) Pessoal auxiliar

ÁREA 2

Servivos de Enfermagem Hos-pitalara) Conhecer a atual organi-

zaaáo dos serviços de en-fermagem das instituio6eshospitalares (o estudo serálimitado a hospitais de 25leitos e mais, incluindo hos-pitais gerais e especializa-dos)

Dados necessários

Dados sobre número de enfermei-ras inativas, duraçáo e causas dainatividade, interesse pela voltaa profissáo e interésse por cursosde atualizagao em enfermagem.Dados s6bre os diferentes cursos(em existencia) de formaaáo depessoal auxiliar de enfermagem.Dados sobre:a) número de pessoal existente

nas instituiçqes de saúde ofi-ciais e particulares do país;

b) preparoe) atividades que exercem

Lista completa dos hospitais exis-tentes e sua distribuiçao segundoa especialidade, entidade mante-nedora e número de leitos.Dados sóbre:a) organizaçao de servivo de en-

fermagem e suas relaçoes ouparticipaaáo com outros servi-vos;

b) número e categoria do pessoalde enfermagem;

e) preparo do pessoal de enfer-magem para as funvoes queocupa;

d) programas de educavao em ser-vivo e cursos mantidos pelainstituiçao;

e) condivóes oferecidas pelos hos-pitais e que influenciam diretaou indiretamente nos cuidadosde enfermagem;

Meios para obtenráo dos dados

Questionário.Contato com as sevoes estaduaisda ABE para localizaçao das en-fermeiras inativas na regiao emque trabalham.Contato com os cursos de auxiliarde enfermagem, oficiais ou reco-nhecidos na forma de lei vigenteque regula o ensino da enfermagemno país (Lei 775, de agosto de 1949)para se obter a relaçáo nominaldos auxiliaresContato com instituiçoes de saúdeonde existem cursos para forma-qao de pessoal auxiliar (Departa-mento Nacional da Crianca, De-partamentos Estaduais de Saúde,Serviços Nacional e Estaduais deTuberculose, etc.) para obtençáode informaoes concernentes á du-ragao do curso, programas desen-volvidos e títulos conferidos aosque concluem ésse curso.Consulta a dados numéricos exis-tentes nos seguintes servicos:

Diretoria do Ensino Superior,IBGE e outros.

Utilizaçao dos dados obtidos atra-vés do Levantamento dos Ser-

viços de Enfermagem Hospitalar ede Saúde Pública e Escolas deAuxiliar de Enfermagem.

Aproveitamento de dados existen-tes no Servivo de Estatística daSaúde.

Questionário a ser preenchidoatravés de entrevista pessoal paraobter as informaçoes desejadas.

Levantamento, por amostragem,dos hospitais, tomando-se comobase o número de leitos e o tipo dehospital.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

ESQUEMA DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADES DAENFERMAGEM NO BRASIL-1956-Cont.

Prop6ósito do levantamento

b) Determinar padróes razoá-veis para avaliar a quanti-dade de serviço de enferma-gem necessária aos hospi-tais.

e) Considerar como as condi-Qoes de emprego afetam aprocura de servios de en-fermagem .

ÁREA 3

ServiQos de Enfermagem deSaúde Pública

a) Conhecer a atual organiza-Qáo dos serviços de enfer-magem dos Departamen-tos ou Serviços de Saúdedo país.

b) Conhecer os recursos de en-fermagem disponíveis e osprogramas de saúde desen-volvidos pelas unidadessanitárias.

Dados necessários

f) horas disponíveis para o cui-dado do paciente do pessoalde enfermagem, de acórdo coma categoria do pessoal; rela9aoentre o número de horas decuidados de enfermagem mi-nistrados por enfermeiras epelo pessoal auxiliar.

Critérios para serviço de enfer-magem.Estimativa de necessidades: infor-maçoes relativas ao que constituiutilizaçao aceitável do pessoal deenfermagem para o cuidado detodos os pacientes.

Dados s6bre a situaaáo funcionaldo pessoal de enfermagem: esta-bilidade, remuneraqáo, regime detrabalho, renovaçáo de pessoal ecausas ou fatóres de afastamentodo pessoal, de acordo com a cate-goria do mesmo.

Lista das instituigóes de SaúdePública, em níveis nacional e es-tadual.Dados s6bre: a) existencia de umaseçáo de enfermagem nos Depar-tamentos ou Serviços de Saúde,nacionais e estaduais, seus obje-tivos e posiçáo dentro da estru-tura geral do Departamento;

b) número e categoria do pessoalde enfermagem;

c) tipo de atividade exercida pelopessoal de enfermagem e pre-paro do pessoal para o desem-penho de suas fungoes;

Meios para obtenjáo dos dados

Determinar por comissao de espe-cialistas em administraáao hos-pitalar e serviços de enfermagemhospitalar.Perspectivas possíveis:1) Utilizaáao de padróes aceitá-

veis (índice de peritos)2) Determinar como está sendo

utilizado o pessoal de enferma-gem e determinaaáo dos cuida-dos de enfermagem que estaosendo ministrados numa amos-tra dos hospitais brasileiros

3) Número de vagas existentesnos hospitais, com disponibili-dade financeira, para o pessoalde enfermagem e o númerode vagas sem disponibilidadefinanceira.

Consultas sobre "Consolidacáodas Leis do Trabalho".

Utilizaáao dos dados existentes naDivisáo de Organizaçao Sanitáriado Ministerio da Saúde.Questionários e Entrevistasa) para investigaçao dos servisos

de enfermagem dos Departa-mentos nacionais e estaduaisde Saúde (adaptaaáo do ques-tionário para o estudo dos ser-vivos nacionais);

b) para estudo dos serviços de en-fermagem nas unidades sani-tárias.

Levantamento, por amostragem,das unidades sanitárias (os De-partamentos seráo investigados

- -

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

ESQUEMA DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADES DAENFERMAGEM NO BRASIL-1956-Cont.

Propósito do levantamento

c) Determinar as necessida-des atuais dos serviços deenfermagem e os recursosnecessários para sua expan-sáo futura.

ÁREA 4Escolas de Enfermagema) Conhecer a estrutura das

escolas de enfermagem dopaís.

b) Verificar as lacunas exis-tentes no ensino de enfer-magem e determinar os as-petos onde há necessidadede melhoria

c) Ajudar as escolas para quese beneficiem mutuamentede suas experiencias.

d) Calcular os recursos atuaise futuros prováveis, quantoa candidatos potenciais asescolas de enfermagem.

Escolas de Auxiliar de Enfer-mazem

a) Estudar a situaçáo atualdos cursos ou escolas de au-xiliar de enfermagem dopaís. (O estudo limitar-se- áaos cursos ou escolas auto-rizadas ou reconhecidas,na forma da lei vigente queregula o ensino da enferma-

Dados necessários

d) programas de enfermagem de-senvolvidos pelas unidadessanitárias, programas de edu-caçao em servico e cursos des-tinados á formaçao do pessoalauxiliar.

Critérios para serviços de enfer-magem de saúde pública

Estimativa de necessidade, in-formaqoes relativas ao que cons-titui uma utilizaqao aceitável dopessoal de enfermagem para aten-der ás necessidades de enferma-gem da populaaáo brasileira.

Lista das escolas de enfermagem,segundo a distribuiçao geográficae subordinaçgo administrativa.

Dados sobre:a) Organizaçao administrativa e

didática das escolas;b) Composiçao do corpo discente:

número, seleçao, permanenciaao término de cada série es-colar, desisténcias e suas pos-siveis causas, condiçoes e prá-ticas de saúde;

c) Composiçáo do currículo e seudesenvolvimento;

d) Condiçoes do campo de está-gio;

e) Custo per capita do ensino deenfermagem;

f) Produaáo anual em número deestudantes das escolas de nií-vel médio do país, em ambos osciclos (1° e 20).

Dados sobre:a) Distribuigáo das escolas ou

cursos segundo a subordina-çao administrativa e localiza-qáo geográfica;

b) Composiçao do corpo docente;c) Corpo discente: número, con-

diçoes de admissáo, regime es-colar, condio6es e práticas desaúde;

Meios para obtenrao dos dados

em sua totalidade). Adaptaqao datécnica de amostragem utilizadapara o levantamento dos hospi-tais no estudo dos serviços de en-fermagem de saúde pública.

Determinados por comissao deperitos em saúde pública e enfer-magem de saúde pública.Perspectivas possíveis:1) Utilizaçao de padróes corren-

tes (1:5.000)2) Determinar os programas de

enfermagem desenvolvidos emunidades sanitárias em diferen-tes estágios de desenvolvimentoe fazer tentativa no sentido deverificar como o pessoal de en-fermagem está sendo utilizadonessas unidades.

Consultas aos dados existentesna Associaçao Brasileira de En-fermagem (ABE), na Divisáo doEnsino Superior, no Serviço deEstatistica da Educaaáo, naCAPES, etc.

Questionário a ser preenchidoatravés de entrevistas com as di-retoras das escolas de enfermagem.

Utilizaçáo de dados obtidos no es-tudo dos serviços de enfermagemhospitalar e de saúde pública.

Consultas a dados existentes naABE e no Serviço de Estatísticada Educaaáo.

Questionários a serem enviadospelo Correio as diretoras das es-colas ou de cursos de enfermagem.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

ESQUEMA DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADES DAENFERMAGEM NO BRASIL-1956-Cont.

Propósito do levantamento Dados necessários R Meios para obtengao dos dados

gem no país: Lei 775, deagósto de 1949).

b) Determinar se o tipo deeducagáo ministrado poressas escolas e o número deauxiliares formados corres-pondem ás necessidadesde pessoal de enfermagemnas instituiç5es de saúdedo país.

ÁREA 5

a) Analisar alguns fat6res queafetam a produaáo do pes-soal de enfermagem.

b) Procurar avaliar o estadosanitário do Brasil.

Formular recomendaSóes nabase dos dados obtidos.Determinar áreas que necessi-tam de estudo posterior.Desenvolver um plano de agáoque permita ás escolas e ser-vivos de enfermagem benefi-ciarem-se dos resultados dosestudos de recursos e necessi-dades de enfermagem do país.

d) Composiçao e desenvolvi-mento do currículo;

e) Relaçgo entre o número depessoal necessário nas insti-tuiçoes de saúde do país e o nú-mero de conclusoes de curso,anualmente;

f) Atividades atualmente exerci-das pelo pessoal auxiliar.

Dados sobre:a) Grupos etários e sexo na popu-

laçgo estudada;b) Nivel de educaçao: número

dos que concluíram curso pri-mário, número dos que con-luíram curso de grau médio ede diplomados por curso supe-rior;

e) Atitude do público em relaáaoa enfermagem;

d) Posiçáo econ6mico-social dopessoal de enfermagem.

Dados sobre:a) Condiçoes de saúde (índices de

mortalidade, expectativa devida, freqiencia de doençastransmissíveis);

b) Condiçoes do meio ambiente(percentagem da populagáoque se beneficia com abasteci-mento de água devidamentetratada, que dispóe de instala-

o5es adequadas para a remo-çáo de dejetos);

e) Recursos assistenclais.

Utilizaçao dos dados obtidos no es-tudo dos serviços de enfermagemhospitalar e de saúde pública.

Utilizaçáo dados publicados pelasinstituiçóes seguintes:

IBGECAPESServiço de Estatística da Edu-caçáo

Dados dos estudos de comunidade.

Dados do IBGE, do Servico Fe-deral de Bioestatística, do SESP,da Divisao de Organizaçao Hos-pitalar, etc.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

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Page 41: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

PROCESSO UTILIZADO NA OBTENCAO DE DADOS SOBRE SERVICOS DEENFERMAGEM EM HOSPITAIS E CENTROS DE SAúIDE BRASILEIROS

THOMAS B. JABINE

Assessor de Estatistica da Adrninistrafao de Cooperaado Internacional, emn missao no Brasil

INTRODUÇAO

Uma das fases mais importantes do Levan-tamento dos Recursos e Necessidades daEnfermagem no Brasil foi a coleta de in-formaçoes sóbre os recursos de enfermagemdos hospitais e a maneira como estao osmesmos sendo utilizados. A única informaçaode que se dispunha era o número das en-fermeiras a servico dos referidos estabeleci-mentos conseguido nas campanhas esta-tísticas anuais do IBGE. No boletim dehospitais da Campanha Estatística de 1956(Questionário Q-6.01.0) constava um únicoitem relativo a essas profissionais:

"10. Enfermeiros:Pela Escola Ana Neri e equi-

Diplomados valentesPor outras escolas ou cursos

Nao diplomados, atendentes e auxiliares deenfermagem"

Havia espaços no questionário para o re-gistro do número de elementos de cada umadas trés categorias que trabalhavam no hos-pital na data de 31 de dezembro de 1955.Nao trazia o questionário, porém, qualquerinstruaáo específica que habilitasse o AgenteMunicipal a classificar, numa das categoriaspropostas, as enfermeiras e auxiliares.

Salta aos olhos de quem conhece a estru-tura da enfermagem no Brasil a falta declareza désse item de questionário, sujeito ainterpretaçoes erróneas. Aparentemente, foio que aconteceu com freqeéncia, pois o es-tudo assim realizado chegou a conclusao deque havia 5.823 cnfcrmeiras diplomadastrabalhando nos hospitais brasileiros, áqueladata, quando na ocasiao apenas cérca de4.123 enfermeiras haviam recebido diplomaem escolas de enfermagem reconhecidas,desde a fundaaáo de tais estabelecimentos

no Brasil. Pode-se argumentar que a 'con-clusáo do IBGE foi ligeiramente exageradapor se terem computado mais de uma vezenfermeiras que trabalhassem em diversoshospitais, mas se assim fósse o aumento secontrabalançaria com a deduaáo da consi-derável percentagem de diplomadas quefaleceram, se aposentaram ou se afastaramda profissao por outros motivos-sem falarque nem tódas as enfermeiras em atividadetrabalham em hospitais.

As 5.823 enfermeiras "diplomadas" foramdistribuidas da seguinte maneira: Escola AnaNeri e equivalentes, 2.100; outras escolas oucursos, 3.723. Provávelmente, o primeironúmero representa, pelo menos de maneiraaproximada, a verdadeira quantidade deenfermeiras diplomadas a servico de hospi-tais, naquela época. O segundo, certamente,refere-se a enfermeiras auxiliares ou que ad-quiriram conhecimentos profissionais em cur-sos diversos, sem reconhecimento oficial.

Assim, verifica-se que havia muito poucainformaçao sóbre serviços de enfermagemem hospitais e que os poucos dados existen-tes, por deficiencia dos métodos de coleta,eram suspeitos. A única soluqao seria umlevantamento de tais atividades. Como era,entretanto, impossível visitar os 2.345 hos-pitais que se espalham pelo vasto territóriobrasileiro, recorreu-se ao processo da amos-tragem. Aqui se descrevem os métodos uti-lizados para a seleçao da amostra, coleta deinformaçoes e apuracao dos resultados.

O UNIVERSO DO QUAL A AMOSTRA

FOI SELECIONADA

Antes de definirmos o universo do qual seselecionou a amostra, cumpre-nos discutir osfundamentos disponíveis. Os fundamentosnao sao sempre iguais ao universo, devendo o

36

I

Page 42: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

TABELA I.-Instituijoes, leitos e pessoal de enfermagem, segundo a espécie de instituigao.

Espécie de instituiaáo

GeralMaternidadeTuberculosePsiquiatriaOutros,

Total ...............

Instituiçoes Leitos Enfermeiras diplomadas

No.

1.79715399

129167

2.345

Percentagemdo total

76,76,54,25,57,1

100,0

No.

119.0895.845

16.84942.57129 .3 45b

213.699

Percentagemdo total

55,82,77,9

19,913,7

100,0

No.

4.490354331247401

5.823

Percentagemdo total

77,16,15,74,26,9

100,0

Fonte: Apuraçao do Questionário Q-6.01.0 da Campanha Estatística do IBGE de 1956.a Excluido do universo do levantamento.b Dos quais 22.332 estavam em 41 hospitais de lepra.

universo ideal, para o propósito do levanta-mento, ser algumas vézes modificado porquenáo existem fundamentos disponíveis quecontenham todos os membros, ou elementos,do universo ideal.

Os fundamentos utilizados no presentelevantamento foram urma lista dos estabele-cimentos para os quais se preencheu, na Cam-panha Estatística de 1956 do IBGE, o ques-tionário Q-6.01.0. Um desses questionáriosdeveria ter sido preenchido para cada "es-tabelecimento de assisténcia hospitalar epara-hospitalar" existente na data de 31 dedezembro de 1955. Tais estabelecimentosforam mais explicitamente definidos como

"... todas as instituiçQes, enfim, que inter-nem pessoas para tratamento médico ou que,mesmo nao tendo assisténcia médica comoobjetivo (albergues, educandários, etc.),mantenham leitos para ésse fim".

Considerando que a seleçao da amostradeveria ser limitada ás instituioóes compre-endidas nessa lista, automáticamente ex-cluímos do nosso universo hospitais ou insti-tuiçoes similares que náo existissem na datade 31 de dezembro de 1955 (ou pelo menosem qualquer época de 1955), assim como osque existiam mas para os quais nao se pre-encheu questionário.

Foram feitas outras exclusóes do universo,

TABELA II.-Instituiçoes e leitos em instituigaes excluidas do universo do levantamento, por espéciede hospital.

Categoria

Total da lista0 a 24 leitos

DiferengaCom 25 ou mais leitos localizados

em áreas excluidas

Universo do levantamentoPercentagem do total relacionado

que ficou no universo do levan-tamento

Espécie de hospital

Geral Maternidade Tuberculose Psiquiatria

No. Leitos No. Leitos No. Leitos No. Leitos

1.797 119.089 153 5.845 99 16.849 129 42.571613 8.257 82 1.168 5 71 13 211

1.184 110.832 71 4.677 94 16.778 116 42.36020 1.048 1 29

1.16464,7

109.78492,2

7045,8

4.648 9479,5 94,9

16.778 11699,6 89,9

42.36099,5

Fonte: Apuraçao do Questionário Q-6.01.0 da Campanha Estatística do IBGE de 1956.

37

Page 43: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

limitando-se propositadamente a selegáo daamostra a certos grupos de instituio6es dalista ou fundamentos:

1. Das nove espécies de instituioges relaciona-das, eliminámos cinco: lepra, cirurgia, pediatria,pronto socorro e outras especializaoges; e conser-vamos: geral, maternidade, tuberculose e psi-quiatria.

2. Eliminámos todas as instituióoes com menosde 25 leitos, de ac6rdo com o número de leitosindicado na lista.

3. Eliminámos todas as instituiçoes das se-guintes áreas: os territórios do Acre, de Rondóniae do Rio Branco; exceto o municipio da respectivacapital, o Território do Amapá e os estados doAmazonas, do Pará e do Maranháo; e o Estadoda Paraíba, exceto os municipios da Capital e doParnaiba.

Essas exclus6es diminuíram muito poucoo valor do Levantamento, por ser pequena,dentro do cómputo geral, a percentagem doserviço de enfermagem executado naquelasinstituioóes (vide tabelas I e II). Diminuí-ram, no entanto, considerávelmente, os gas-tos com o empreendimento, graCas á elimina-gao de fontes de informagao para as quais asentrevistas teriam sido caras, além de muitopouco produtivas.

SELEÇAO DA AMOSTRA

1. Considerafoes gerais

O tamanho da amostra foi limitado pelonúmero de pesquisadores e pelo tempo de quese dispunha para as entrevistas. Inicial-mente, ficou decidido que a amostra de hos-pitais nao excederia a quantidade de 300estabelecimentos. A amostra selecionadaachava-se, na realidade, mais próxima dacasa dos 200.

Embora aconselhável que os hospitais daamostra compreendessem uma proporgaoelevada das enfermeiras a serviço désses es-tabelecimentos, também se considerou es-sencial contar com uma boa representaçaode hospitais de todos os grupos de tamanho(baseado no número de leitos). O plano deamostra utilizado representa o equilibrio en-tre ésses dois objetivos.

Num país vasto como o Brasil, as despesas

de viagem nao podem deixar de constituirfator importante num levantamento de ám-bito nacional. O sistema de estratificagaoutilizado e a aplicaçáo da técnica de amos-tragem por conglomerado no interior repre-sentam iniciativas no sentido da redugao dadespesa média de viagem por unidade entre-vistada.

2. 0 extrato de grandes hospitais

Todos os "grandes" hospitais foram in-cluídos na amostra, como "grande" compre-endendo-se os estabelecimentos das seguintescategorias: gerais, com 500 ou mais leitos; detuberculose, com 500 ou mais leitos; e depsiquiatria, com 1.000 ou mais leitos.Tomou-se como base a quantidade de leitosindicada pela Campanha Estatística de 1956.

Nenhuma maternidade foi incluida no ex-trato em questao, visto que na lista naohavia estabelecimento dessa espécie com 500ou mais leitos. Pela Tabela III, vé-se queapenas 29 hospitais puderam ser incluidosnessa categoria: 19 gerais, 4 de tuberculose e6 de psiquiatria. Reunidos, porém, ésses 29hospitais, embora representando apenas 2 %do número total do universo, abrigam 25 %dos leitos compreendidos no mesmo.

3. 0 extrato de hospitais das "áreas metropoli-tanas"

Trés cidades do Brasil-Rio de Janeiro,Sao Paulo e Recife-com os municipios queas circundam, possuem concentragoes dehospitais excepcionalmente grandes e ofere-ceram, assim, oportunidade para a realizaçaode um grande número de entrevistas compouca ou nenhuma despesa de viagem. Alémdisso, os hospitais dessas áreas, mesmo ex-cluídos os que se classificam na categoria dos"grandes", costumam possuir quantidade deleitos acima da média geral. Formou-se porisso um segundo extrato, constituido de todosos hospitais do universo do Levantamento,menos os grandes hospitais das tres áreasmetropolitanas referidas, que assim se especi-ficam:

Area do Rio de Janeiro: Distrito Federal e osmunicípios de Duque de Caxias, Meriti, Nilópolis,

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Page 44: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

TABELA III.-O universo e a amostra de hospitais.

InstituiSoes Leitos*

Extrato e espécie de hospital Número Número

Percentagem Percentagemna amostra na amostra

No universo Na amostra No universo Na amostra

Instituiç5es grandesgeral 19 19 100,0 17.481 17.481 100,0maternidadestuberculose 4 4 100,0 2.693 2.693 100,0psiquiatria 6 6 100,0 23.588 23.588 100,0

extrato 29 29 100,0 43.762 43.762 100,0

Áreas metropolitanasgeral 150 30 20,0 18.518 3.881 21,0maternidades 21 4 19,0 1.786 237 13,3tuberculose 23 4 17,4 4.769 1.099 23,0psiquiatria 42 7 16,7 6.352 1.052 16,6

extrato 236 45 19,1 31.425 6.269 19,9

Residuogeral 995 106 10,7 73.785 9.543 12,9maternidades 49 8 16,3 2.862 596 20,8tuberculose 67 6 9,0 9.316 1.044 11,2psiquiatria 68 11 16,2 12.420 2.275 18,3

extrato 1.179 131 11,1 98.383 13.458 13,7

Todos os extratosgeral 1.164 155 13,3 109.784 30.905 28,2maternidades 70 12 17,1 4.648 833 17,9tuberculose 94 14 14,9 16.778 4.836 28,8psiquiatria 116 24 20,7 42.360 26.915 63,5

Total 1.444 205 14,2 173.570 63.489 36,6

* Segundo as informaçoes da campanha estatística de 1956 do IBGE.

Niterói, Nova Iguaçu e, no Estado do Rio deJaneiro, Petrópolis.

Área de Sao Paulo: Os municipios de SaoPaulo, Santo André, Sao Bernardo do Campo eSao Caetano do Sul, no Estado de Sao Paulo.

Área de Recife: Os municipios de Recife, Ja-boatao e Olinda, no Estado de Pernambuco.

Vinte por cento de todos os hospitais désseextrato foram incluidos na amostra. Utili-zou-se a técnica de seleçao controlada, a fimde assegurar que de cada municipio, espéciee categoria pelo número de leitos se selecio-nasse mais ou menos a mesma proporgao dehospitais.

4. 0 extrato de residuo

O terceiro e último extrato consistiu de to-dos os hospitais que nao se classificaramcomo grandes e que nao se encontravam nastrés áreas metropolitanas: vale dizer, os hos-pitais das restantes capitais estaduais e dointerior. Os hospitais gerais désse extrato fo-ram grupados em conglomerados, cada umcontendo, aproximadamente, oito hospitaissituados no mesmo municipio ou em muni-cípios vizinhos. Com exceçao dos casos demunicipios onde havia mais de oito hospi-tais, todos os hospitais de cada municipioforam postos no mesmo conglomerado.

39

Page 45: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

A amostra selecionada désse extrato foiuma amostra sistemática de dez por centodos conglomerados que haviam sido forma-dos. A amostra continha, de cada conglome-rado selecionado, náo somente os hospitaisgerais mas também quaisquer maternidades,hospitais de tuberculose e de psiquiatriaque por acaso se achassem localizadosnos mesmos municipios. (Todos os municí-pios que nao possuíam hospitais gerais masque comportavam um ou mais hospitaisespecializados foram designados para fazerparte de um dos conglomerados antes daseleçáo da amostra. Dessa maneira, todos oshospitais especializados tiveram asseguradauma oportunidade de seleçao. A mesma téc-nica foi utilizada para os centros de saúdetambém selecionados désse extrato.) Assim,obtivemos uma amostra contendo quase exa-tamente dez por cento dos hospitais gerais doextrato e aproximadamente dez por centodos hospitais especializados.

5. A amostra dos centros de saúde

A coleta de dados sobre serviços de enfer-magem em centros de saúde constituiu faseseparada do estudo, e as necessidades dessafase nao influenciaram o plano de amostra-gem para os hospitais. Todavia, verificou-seque a amostra de hospitais poderia ser tam-bém utilizada, em parte, para os centros desaúde. Isso foi feito da seguinte maneira:

a. Uma vez que deviam visitar todas as capi-tais estaduais, os investigadores entrevistaramtambém todos os centros de saúde dos municipioscorrespondentes.

b. Foram entrevistados todos os centros desaúde dos municipios das tres áreas metropolita-nas.

e. Obtiveram-se dados diretamente do ServiçoEspecial de Saúde Pública (SESP) para umaamostra de dez por cento de seus centros desaúde e algumas informao5es para o conjunto detodos os centros de saúde do SESP.

d. 0 centro de saúde de Araraquara, no Es-tado de Sao Paulo, foi entrevistado, devido ás suascaracterísticas peculiares.

e. Obteve-se amostra aleatória para todos oscentros de saúde nao incluídos em qualquer dascategorias acima, entrevistando-se todos os que se

achavam localizados em municipios selecionadosdo extrato do residuo da amostra de hospitais.Como observado anteriormente, qualquer muni-cipio com um centro de saúde e sem hospitalgeral foi adicionado a um dos conglomerados for-mados antes da selecao da amostra de hospitais.Desse modo, todos os centros de saúde tiveramoportunidade de ser selecionados.

AVALIA9AO DA AMOSTRA

As tabelas III e IV mostram as situaq6esdas duas amostras, em relagço com os uni-versos dos quais foram extraídas. Observe-seque a amostra de hospitais, embora compre-endendo sómente 14% do número total dehospitais, possui 37 % dos leitos désses hospi-tais. Isso foi realizado por meio da utiliza-çáo de uma fraqáo de amostragem mais ele-vada nos extratos dos grandes hospitais edas tres áreas metropolitanas. O fato é par-ticularmente notável com relaçao aos hospi-tais de psiquiatria que possuíam mais da me-tade de seus leitos nas seis instituioóes quecontavam com mais de mil leitos cada uma.

Verificamos que a amostra do extrato daárea metropolitana foi de quase exatamente20 %, tanto quanto ao número de instituioóesquanto ao de leitos, enquanto que no ex-trato do resíduo a amostra excedeu sua es-perança matemática de 10 %, especialmenteno caso dos leitos em que 13,7% do totalforam incluídos na amostra. Diferenças dessaespécie podem ser esperadas quando umaamostra pequena de conglomerados se uti-

TABELA IV.-O universo e a amostra de Centrosde Saúde.

NúmeroPercenta-

Especificaa 5 gem naNo uni- Na amostra

verso amostra

SESPOutros

Capitais dos EstadosÁreas metropolitanas*AraraquaraResiduo

Total

145

6051

154

365

15

6051

21

102

* Exceto as capitais dos Estados.

10,3

100,0100,0100,0

13,6

27,9

40

Page 46: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

liza. O efeito das mesmas sBbre os resultadospode ser reduzido ao mínimo pela utilizaáaode estimativas de razao.

COLETA DE DADOS

A maioria das entrevistas foi realizadapelas tr8s pesquisadoras do Centro. Trésagentes locais fizeram as entrevistas nosEstados de Sáo Paulo, Santa Catarina e RioGrande do Sul; e o pessoal do SESP e daICA (Ponto IV) féz algumas das entrevistasno Nordeste.

Visitaram-se tBdas as capitais estaduais,onde as pesquisadoras coletaram os dados detodos os departamentos de saúde, centros desaúde e hospitais da amostra. Da mesmaforma se procedeu para com os doze conglo-merados de municíipios do interior (o 130conglomerado era o Município de Salvador,capital da Bahia), nos mesmos se entrevis-tando todos os hospitais e centros de saúdedo universo do Levantamento.

As trés pesquisadoras e as trés agenteslocais trabalharam um total de c8rca de 520dias no campo (inclusive considerável tempoconsumido em viagem), nesse período pre-enchendo questionários para 193 hospitais,

TABELA V.-Resultados da coleta.

82 centros de saúde, 33 departamentos desaúde estaduais (alguns Estados tém maisde uma entidade dessa natureza) e 7 agén-cias federais: 315 instituihÑes no total, che-gando-se á média, num cálculo aproximado,de 4 questionários por semana para cadapesquisadora.

Tal como ocorre na maioria dos levanta-mentos dessa espécie, nao foram obtidas en-trevistas completas para tBdas as unidadesda amostra. Dos hospitais que se incluemnesse caso, uma parte estava colocada, poruma ou outra razao, fora do ámbito do Le-vantamento.

A Tabela V apresenta um resumo dos re-sultados da coleta. Observa-se que foi muitopequena a proporgao de hospitais incluídosno ámbito do Levantamento para os quaisnao se obtiveram entrevistas completas:somente 4 em 189, isto é, pouco mais de 2 %.

Todos os 16 hospitais fora do ambito doLevantamento eram gerais, a maioria commenos de 25 leitos para pacientes, na ocasiáo.Verificou-se que dois dos hospitais da amos-tra compreendiam, na realidade, uma únicainstituicáo; e que outro, anotado na listacomo geral, era hospital de tuberculosos.

Situacáo

Dento do ámbito do levantamentoentrevistas realizadasentrevistas nao realizadas

Total

Percentagem do total das entrevistasrealizadas

Fora do ámbitomenos de 25 leitosnáo operando como hospitalcom atividades encerradas

Total

Espécie de hospital

Geral Maternidade Tuberculose Psiquiatria

No. Leitos0 No. Leitosa No. Leitos' No. Leitosa

137 29.448 11 799 14 4.836 23 26.8502 394 1 34 1 65

139 29.842 12 833 14 4.836 24 26.915

. De acórdo com o cadastro.b Nao é aplicável.

91,7 b 100,098,6

1042

16

bb

644348

71

1.063

95,8 b

41

Page 47: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

MÉTODOS DE ESTIMAÇAO

A maioria dos números apresentados comoresultados do levantamento de hospitaissao estimativas simples, sem tendenciosi-dade, isto é, estimativas feitas pela multi-plicaçáo dos valores da amostra de cadaextrato pelo inverso da fraQao de amostragemutilizada no extrato. Assim, os valores doshospitais grandes foram incluídos nas esti-mativas com o péso 1, os valores da amostrapara o extrato das áreas metropolitanas re-ceberam o péso 5 e aos valores da amostrapara o extrato de resíduo atribuiu-se o péso10.

Nas apuraqoes, féz-se um ajuste com re-laçao aos quatro hospitais sobre os quais naose preencheram questionários. Para tal, se-lecionou-se, em cada caso, o hospital daamostra cujas características (espécie, loca-lizaçáo geográfica, número de leitos, etc.)mais se aproximassem das do congénere na-quela situaçao e computaram-se duas vézesos seus valores, antes da ponderaaáo regular.Quando o estabelecimento preenchia os ques-tionários mas deixava em branco deter-minado item, fazia-se um ajuste em cadagrupo (espécie de hospital e extrato) afetado,pelo cálculo da seguinte razao:

leitos de todos os hospitais do sub-grupoleitos em hospitais informantes

do item em questao

Em seguida, multiplicava-se o total doshospitais informantes do sub-grupo por éssefator.

Há vários tipos de estimativa de razao quepoderiam ter sido utilizados para elevar aprecisao das estimativas relativas aos hospi-tais. Infelizmente, o tempo foi escasso para oscálculos mais complexos que tais fórmulasexigem. As estimativas de razáo feitas paraalguns dos principais itens estao apresenta-das na Tabela VI. Para quase todos os itens,essas estimativas sao considerávelmente me-nores do que as estimativas sem tendencio-sidade, o que nao é muito de admirar se noslembramos que a amostra no extrato doresíduo continha hospitais com um número

total de leitos bastante maior do que o valoresperado de 10 %, de acórdo com o cadastro(Vide Tabela III). A estimativa de razao levaésse fato em consideraçáo e faz um ajustecompensador.

Ao interpretarmos os resultados concernen-tes aos hospitais, portanto, devemos lem-brar-nos de que as estimativas de totaistendem a ser elevadas. Entretanto, as estima-tivas de proporçóes e percentagens, bemcomo outras razóes em que tanto o numera-dor quanto o denominador derivam da amos-tra, nao terao essa característica e merecemmaior confiança que os números absolutos.

Nas apuraçoes dos dados dos centros desaúde, utilizou-se. uma estimativa de razao.Em lugar de se multiplicarem por 10, o queteria fornecido uma estimativa simples, semtendenciosidade, os totais da amostra doextrato de resíduo o foram por 7,4, razao donúmero total de centros de saúde do extrato,dividida pelo número da amostra. Assim, aestimativa do número total de centros foiigualada ao total conhecido, e a precisao dosoutros itens estimados indiscutivelmenteaumentou.

OBSERVAÇOES SOBRE O NÚMERO

TOTAL DE LEITOS

De interésse especial é a estimativa derazao total de leitos apresentada na TabelaVI. Observamos, em primeiro lugar, que émenor do que o valor correspondente do ca-cadastro:

Total de leitos no universo do levan-tamento, de acórdo com o cadastro. 173.570

Estimativa baseada no Levanta-mento ......................... 160.307

Diferença ........................ 13.263Essa diferenga é o resultado de dois fatóres:1) Mudanças no número de leitos entre 31 dedezembro de 1955 (data de referencia do ca-dastro) e o período do Levantamento (meiadosde 1957); 2) Erros do cadastro, tais como in-formaaáo errónea do número de leitos ou in-clusao errónea de uma instituiçao que naofuncionava, realmente, como hospital.

42:.r

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Page 48: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

TABELA VI.-Estimativas de razao do número dehospitais e de leitos, por espécie de hospital.

No. de hospitais No. de Leitos

Espécie de hospital De acor- De acor- De ad De acordodo com do com r com le-

o cadas- o levanta- com o ca- vanta-tro mento astro mento

Geral 1.164 1.007 109.784 94.986Maternidade 70 70 4.648 4.589Tuberculose 94 95 16.778 18.836Psiquiatria 116 116 42.360 41.896

Total 1.444 1.288 173.570 160.307

Yix# = xi -

yi

x; = total da amostra do extrato

y; = total da amostra do item correlato

Yi = total do extrato deste item

Uma vez que mudanças reais do número deleitos sao mais freqilentes para mais quepara menos, torna-se provável que o cadas-tro de 1955 haja exagerado em cérca de 10 %o número de leitos disponíveis em hospital.Uma estimativa aproximada do total de lei-tos hospitalares no Brasil a época do Le-vantamento oferece os seguintes números:

Universo do levantamento ......... 160.300Menos de 25 leitos ................ 8.300Áreas excluidas ................... 1.000Espécies de hospitais excluidos..... 29.300

Total ......................... 198.900

Com base na estimativa da populaçao doBrasil aquela época, ésse total dá uma média,para o país, de um leito de hospital paracada 310 pessoas.

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Page 49: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADES DAENFERMAGEM NO BRASIL: COLETA DE DADOS

SUMÁRIO DA CONFERENCIA

OLGA VERDERESESupervisora de Campo, Levantamento dos Recursos e Necessidades de Enfermagem no Brasil

.Antes de tecermos consideraçoes sobrealguns aspetos da coleta de dados do Le-vantamento dos Recursos da Enfermagemno Brasil, convém salientarmos que o estudoabrangeu todo o país, com os seus 8.513.844km2 de extensao territorial e a sua populaçaoestimada em 60 milhóes de habitantes.

1. ÁREAS INVESTIGADAS

As áreas investigadas foram as seguintes:1) Escolas de enfermagem; 2) Escolas deauxiliares de enfermagem; 3) Enfermeirasativas e inativas; 4) Serviços de enfermagemhospitalar, e 5) Servicos de enfermagem desaúde pública.

1. Escolas de enfermnagema) Número: 33b) Localizaaáo: (Ver mapa anexo)

2. Escolas de auxiliares de enfermagema) Número: 43b) Localizagao: (Ver mapa anexo)

3. Enfermeiras ativas e inativasa) Número: 4.517b) Localizaçao: Distribuidas por todo

o território nacional.

4. Serviços de enfermagem hospitalara) Número dos hospitais existentes:

2.543b) Número dos hospitais investiga-

dos: 203c) Localizaçao: (Ver mapa anexo)A investigaçao das instituiçoes hospi-talares foi feita pelo processo de amos-tragem.

5. Serviços de enfermagem de saúde públicaa) Número dos serviços investigados:

148b) Localizaçao: (Ver mapa anexo)Igualmente neste setor, empregou-se oprocesso de amostragem.

II. PROCESSO DE INVESTIGAÇAO ERESULTADOS DA COLETA DE DADOS

A escolha dos métodos de coleta é gover-nada pela natureza e ambito do empreendi-mento. Em 90 % das pesquisas sociaisempregam-se questionários, e o planeja-mento dos mesmos é uma das tarefas maisimportantes. Foi ésse o método usado emtodas as áreas do presente trabalho submeti-das a investigaçao. Segue-se um quadrodemonstrativo dos processos de investiga-

Areas investigadas

1. Enfermeiras ativas e inativas

2. Escolas de auxiliares de enfer-magem (43)

3. Escolas de enfermagem (33)

4. Instituices hospitalares (203)

5. Servicos da Saúde Pública (148)

6. Alguns aspetos sócio-económi-cos

Processos de investigaçáo

Questionários enviados pelo correio (a tra-vés de agentes locais)

Questionários enviados pelo correio

Questionários preenchidos através deentrevistas

Questionários preenchidos através deentrevistas

Questionários preenchidos através deentrevistas

Utilizacao de dados publicados por fontesoficiais

% de respostas

Ativas: 55,88Inativas: 25,1

97,7

100

98

10

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Page 50: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

'1

ÁREAS ESTUDADAS NO LEVANTAMENTO DE DADOS DE INSTITUICOES

HOSPITALARES E DE SAIDE PÚBLICA

aIO BRANCO

PASR . .;: MARANHNAO : EAPA :DO NORTE

GOIS BAH"IA

MATO GROSSO

RANDE DO SUL

A ESCOLAS DE ENFERMAGEM

ÁREAS ESTUDADAS NO LEVANTAMENTO DE DADOS DEINST(TUIÇOES HOSPITALARES E OE SAiOE PÚBLICA

çao utilizados e dos resultados da coleta dedados.

III. TRABALHO DE CAMPO PESSOAL

Cerca de 80 % do trabalho de campo foifeito por tres pesquisadoras do Centro deLevantamentos, que percorreram todos osvinte estados do Brasil, a isso dedicando todoo seu tempo. Auxiliaram-nas tr¿s agentes desegao estadual da Associaçao Brasileira deEnfermagem, uma enfermeira membro daConferéncia dos Religiosos do Brasil eenfermeiras do Serviço Social de SaúdePública e da Administraçao da CooperaçaoInternacional.

IV. TREINAMENTO DO PESSOAL

Tanto as pesquisadoras do Centro quantoas agentes que colaboraram na coleta dedados por meio de entrevistas passaram porum período de orientaçao e treinamentoantes de iniciar suas atividades.

V. MEIOS DE CONDU9AO

O meio de transporte mais utilizado foi oaviao, devido á economia de tempo queproporciona, ás grandes distancias que de-viam ser cobertas e também ao fato de quecertas zonas do país náo contam com outromeio de transporte adequado.

VI. TEMPO GASTO

1. Escolas de enfermagem: 12 meses

Por motivo impossível ou difícil de se pre-ver no planejamento, o serviço de coleta dedados nas escolas de enfermagem foi in-terrompido por seis meses.

2. Serviços de enfermagem das instituigoeshospitalares e da Saúde Pública

As trés pesquisadoras do Centro gastaramna coleta de dados déste setor (250 questio-nários), incluido o tempo de viagem, 4 mesese 15 dias. As trés agentes locais (63 questio-

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

nários), 2 meses e quinze dias. Média: 4questionários por semana, cada investiga-dora.

Deixamos de especificar aqui a coleta dosdados referentes as escolas de auxiliares deenfermagem e ás enfermeiras ativas e inati-vas por ter sido a mesma feita pelo correio.A respeito, vale salientar que foi feito tra-balho de seguimento e que as percentagensde 55,9 e 25,1 de respostas obtidas, respecti-vamente, das enfermeiras ativas e inativasnao indicam que 54,1 e 74,9 % das mesmasdeixaram de responder os questionários;presume-se que muitas nao foram atingidaspor defici8ncia de endereço ou do serviçopostal.

VII. CUSTO DA COLETA*

1. Escolas de enfermagem.. Cr$36.010,90preço médio por questio-

nário ................ Cr$1.091,20

* Nao foram incluidos aqui os salários das trespesquisadoras que trabalharam tempo integral,visto que sua funcao nao era apenas coletar dados:

2. Serviços de enfermagemde hospitais e daSaúde Pública ...... Cr$278.236,40preço médio por questio-nário ..... ........ Cr$883,30

VIII. DIVULGACAO

Todo trabalho de campo foi precedido deuma fase de intensa divulgaçao, que se pro-longou durante tódas as atividades. Alémda troca direta de correspondencia com asentidades a serem pesquisadas, em tódasas localidades atingidas pelo Levantamentoafixaram-se cartazes e fizeram-se entrevistaspela imprensa falada e escrita.

IX. DIFICULDADES ENCONTRADAS

1. Falta de dados estatísticos das insti-tuiçoes, o que contribuiu para retardar opreenchimento dos questionários.

2. Inexistencia de serviços de enfermagemem muitas instituiçoes investigadas.

auxiliaram também nas diferentes fases da pes-quisa.

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Page 52: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

AVALIACÁO DO LEVANTAMENTO DOS RECURSOS E NECESSIDADESDA ENFERMAGEM NO BRASIL

MARIA DE LOURDES VERDERESEDiretora Associada, Levantamento dos Recursos e Necessidades da Enfermlagem no Brasil

CONSIDERAyqES INICIAIS

E extremamente difícil planejar um levan-tamento sem o conhecimento adequado dapopulaçao a ser abrangida e da maneira pelaqual as pessoas reagem ás perguntas que se-rao formuladas. Várias dúvidas podem re-querer prévia indagaaáo: quanto tempo vaidurar o trabalho? qual o orçamento necessá-rio? que técnica se deve adotar na coleta dedados? como saber se as perguntas a subme-ter seráo, náo só acessíveis como também sig-nificativas para a média dos informantes?

A prática tem indicado que, para se che-gar a uma decisao sóbre ésses e outros pontos,é necessário fazer uma série de provas ou en-saios, isto é, preparar questionários experi-mentais antes do definitivo, caso seja essa atécnica de coleta de dados estabelecida. Ésseensaio preliminar, cuidadoso e eficiente, con-siderado parte integrante da investigaçao,pode assumir a forma de um estudo-pilóto,um levantamento em miniatura.

No Levantamento dos Recursos e Necessi-dades da Enfermagem no Brasil, a idéia detal estudo preliminar, embora sugerida eapoiada por elementos do Centro, foi postade lado, á vista de determinadas considera-çoes. A doagáo ou ajuda financeira a ser con-seguida poderia se limitar apenas a essa fasedo trabalho, isto é, a um levantamentoabrangendo área menor do território brasi-leiro. Estimuladas pelos resultados obtidosnessa investigaaáo parcial, as demais áreasou regioes procurariam, em seguida, conse-guir recursos para levantamentos futuros. Avista das dificuldades que poderiam advir daadogao dessa medida e considerada a im-portáncia que o conhecimento dos seus pró-prios recursos e necessidades tinha para aenfermagem brasileira, resolveu-se tentar um

estudo de ámbito nacional. Para suprir afalta do estudo-pilóto, ficou decidido experi-mentar sistemáticamente as diferentes ca-racteristicas ou problemas isolados que secompreendiam no esquema do Levanta-mento.

A prem8ncia do tempo, oriunda da enormeextensáo territorial a cobrir, e certa inex-periéncia dos investigadores fizeram com queos ensaios dos primeiros questionários naose realizassem de maneira completa e meti-culosa. Isso acarretou dificuldades á análisee interpretaaáo dos dados: a) algumas per-guntas, que os informantes deixaram embranco ou responderam de maneira incom-pleta, poderiam ter sido eliminadas ou formu-ladas de novo, em termos mais precisos, demodo a se atingirem os objetivos visados; b)a significaçao de alguns t8rmos poderia tersido explicada de forma mais simples e clara;c) a julgar pela percentagem das perguntasdeixadas sem resposta, alguns questionáriospoderiam ter sido simplificados; e d) a coletade dados para o estudo dos serviços de enfer-magem de saúde pública, visto que se verifi-cou haver defici8ncia de informaçoes estatís-ticas em muitas das instituioóes investigadas,poderia ter sido enriquecida com uma obser-vaçao direta de tais serviços.

Embora se possa considerar que o orga-mento foi bem feito, visto que nos permitiuchegar á conclusáo dos trabalhos com umdeficit reduzido, no que diz respeito, princi-palmente, á coleta, á análise e á interpretaáaodos dados, bem como á elaboraaáo do relató-rio final, um estudo-pilóto teria fornecidobase mais segura para o cálculo mais exatodo custo e da duraaáo do empreendimento noseu conjunto e em cada uma das suas etapas,com o fim de precisar os pontos que permiti-riam certas medidas mais económicas.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS I)E ENFERMAGEM

Sobre as medidas que teriam facilitado aaplicagao prática dos resultados e recomen-daçoes do Levantamento, há ainda umnaconsideraçao final: o planejamnleto de urmacomissao de medidas subseqientes durante afase de organizaçao das demais comissóes-executiva, de assessoramento, técnicas, etc.Experiéncias realizadas em outros países temdemonstrado que essa antecipaçao torna olevantamento mais rico de significado paraquantos do mesmo participam, visto que osproblemas a serem estudados se selecionamna base de providencias que serao tomadasno futuro. A certeza de que o estudo dos re-cursos e necessidades da enfermagem resul-tará em medidas concretas, em favor damelhoria dos serviços de saúde prestados aopúblico, teria incentivado participaçao e co-operaçao mais decisivas nas diferentes etapasdo trabalho. No entanto, somente após a co-leta, análise crítica e interpretaçao dos dadosé que se tratou da concretizaáao do em-preendimento, como deve ter ficado anotadopelos integrantes das suas várias comissoes.

Todavia, apesar das deficiencias que apon-tamos como ocorridas durante o desenrolarde nossos trabalhos, podemos afirmar que ainvestigaçao logrou éxito, considerados osfatos seguintes:

1. Sua organizaçao e planejamento foram cui-dadosos.

2. Atingiram-se, quase totalmente, a finali-dade e os objetivos apontados.

3. As enfermeiras que formaram a turma doCentro e os membros que integraram as diversascomissoes selecionaram-se criteriosamente.

4. Foi competente a assisténcia técnica e ade-quado o auxiílio financeiro proporcionados, res-pectivamente, pela Organizaçao Mundial daSaúde e a Fundaçao Rockefeller.

5. As enfermeiras brasileiras colaboraram, demaneira absoluta, no preenchimento dos questio-nários.

6. Os médicos e administradores de institui-çoes hospitalares e da Saúde Pública apoiaram ostrabalhos, colocando á disposigáo os dados esta-tísticos que possuíam e devotando ao empreendi-mento, com a maior boa vontade, muito do seutempo. Essa colaboraçao evidencia-se no fato deterem os primeiros respondido 98 % das perguntasformuladas e os segundos, 100%.

7. Foi intenso o trabalho de divulgaçao dopropósito e dos resultados do Levantamento, como objetivo de se obter colaboraçáo mais extensanas suas atividades e nos planos feitos para ofuturo.

Embora coubesse á turma de enfermeirasdo Centro de Levantamentos a maior respon-sabilidade e o maior volume de trabalho, sema participaçao dos demais elementos que co-laboraram no estudo náo teria sido possivelrealizar um levantamento dos recursos e dasnecessidades da enfermagem em base nacio-nal, principalmente em se tratando de umpaís de táo grande extensao territorial comoo Brasil.

(Em apoio da afirmaçao de que a finali-dade e os objetivos do Levantamento foramquase totalmente atingidos, fez-se urna expo-sigáo, ilustrada com gráficos e tabelas, dosresultados finais désse inquérito, a qual serápublicada, na íntegra, no relatório final.)

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Page 54: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

O INTERESSE DO PúiBLICO NUM LEVANTAMENTODE ENFERMAGEM

HAYDÉE G. DOURADO

Diretora Associada, Levantamento dos Recursos e Necessidades da Enfermagem no Brasil

OBJETIVO DO PROGRAMA DE RELACOES

COM O PIBLICO

1. 0 Levantamento dos Recursos e Neces-sidades da Enfermagem, que ora se realiza,tem como propósito contribuir para melhoraros servigos de enfermagem prestados aopúblico do Brasil. O fato de ser a sua finali-dade conhecer para melhorar e nao conhecerpor conhecer facilitou-lhe a divulgaçao, devez que no país sao escassos os empreendi-mentos de ciéncia pela ciencia. Os poucos queexistem, apesar de representarem uma res-posta a necessidades prementes, nao gozamainda do apóio da opiniao do público emgeral. Reconhece-se a importancia da divul-gaçao num levantamento désses, uma vezque só se pode melhorar a enfermagemprestada ao público do país quando o pú-blico ou, melhor, certos setores do mesmo,constituindo-se em grupos de pressáo, de-mandarem essa melhoria.

As profissoes que atuam no campo daenfermagem, se quiserem ter açáo e reterseu lugar na estrutura da sociedade de hoje,devem tragar por si mesmas as suas princi-pais diretrizes e ser capazes de pensar pararesolver os seus próprios problemas, ajudadaspela grande soma de recursos de fora que lhescumprirá saber procurar. Compete ao pro-grama de relaoges com o público encarregar-se de grande parte dessas atividades decomunicagao.

Decididas as diretrizes, competirá princi-palmente a médicos que ocupem cargosadministrativos grande parte da iniciativade colocá-las em prática, na tentativa deatingir o alvo ou alvos colimados. O que asenfermeiras interessadas no seguimento dasdiretrizes tem a fazer é conquistar adeptosentre os médicos administradores que aindanao estejam incorporados ao movimento.Entáo, o grupo de enfermeiras, médicos,

educadores e outros, já integrado, propagaráa outras mentes as idéias que já tém emcomum. Essa comunicaago é também, emgrande parte, atribuigao do programa derelagoes com o público.

2. Interessar o público no melhoramento daenfermagem-dmbito do programa de divulga-gao. Nosso raio de agao, na tarefa de divul-gar, nao abrangeu o público geral do Brasil.E que, sem a ocorréncia de uma calamidadepública, á maneira de uma Guerra da Cri-méia, nosso assunto de enfermagem nao tevea forga de impressionar a opiniao pública doBrasil, como nacao. Um assunto de interessegeral como era a construgao da usina hidro-elétrica de Paulo Afonso somente anos depoisficou conhecido em todo o país. Essa limita-çao, decorrente de fatóres sociais, foi caracte-rizada num dos discursos do Presidente daRepública, que se referiu ao arquipélagobrasileiro, formado de núcleos esparsos, semmuita intercomunicagao.

Tivemos, pois, que levar nosso raio deagço as áreas impressionáveis, que foram: a)a classe; b) os médicos administradores eoutros; e c) segmentos do público em geral.

a) Para despertar o interésse da classe. Omeio mais eficiente de divulgaago dentro daclasse é a utilizaçao de sua estrutura socialmais vasta-a Associagao. Tínhamos á nossafrente sério obstáculo, na missao que levá-vamos de interessar no levantamento a classeinteira: até hoje, apenas um quarto dos pro-fissionais da enfermagem acorre á Associa-çgo. Verificou-se que nem mesmo um aconte-cimento de alto interésse para a classe, comoo Congresso Internacional de Enfermagemrealizado no Brasil em 1953, conseguiuaumentar apreciávelmente essa proporgao.Esse é um dos precalgos que a nossa geragaotem enfrentado. Suas causas sáo múltiplas,

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS I)E ENFERMAGEM

entre as quais a de que, vinte anos após aintroduaáo da enfermagem técnico-científica,isto é, após a fundaçao da Escola Ana Neri,dos 1.400 enfermeiros existentes no Brasilapenas 400 tinham direito a fazer parte daAssociaaáo: os demais pertenciam a duasescolas que nao se haviam ainda decidido aaceitar os novos padróes da legislaçao doensino da enfermagem; e hoje, embora essasescolas estejam com todos os direitos dasoutras, muitos dos diplomados da épocapassada continuam afastados da Associaçao.

O Centro de Levantamentos encontrououtras resistencias sociais. Existe grandedisparidade de conhecimentos e de saláriosentre os que o público considera enfermeiros.Numa extremidade da escala estao as en-fermeiras diplomadas, a comecar das quepertencem ao corpo docente das escolas deenfermagem e das que chefiam serviços emgrandes áreas administrativas, grupos aosquais pertencem as enfermeiras que daodiretrizes á Associaçao Brasileira de Enfer-magem. Na outra extremidade da escalasituam-se as que fazem o trabalho de baseda saúde pública ou prestam os cuidados decabeceira nos hospitais: sem diploma, naopodem ser membro da Associaaáo. Perten-cem a ésse grupo os elementos que se agre-miam nos 14 sindicatos de enfermeiros dopaís. Por sua vez, as diplomadas, membrosda Associagao, geralmente nao fazem partedos sindicatos.

Para o programa de divulgaçao do Centrode Levantamentos, o pessoal do referidogrupo, sem diploma, reveste-se de grandeimportáncia-eis que o objetivo do empreen-dimento é a melhoria dos serviços prestadospela enfermagem e a essas profissionais,justamente, tem cabido proporcionar aopúblico tais serviços.

A aproximaáao dos dois grupos, tentadapelos serviços do Centro que se ocupam dasrelaçoes com o público, náo foi totalmenteobtida. Reconhecemos nao ser fácil realizá-la, tanto mais quanto a defasagem dos níveisculturais que os distinguem tem aumentado,nos últimos anos, com a melhora do grupo deformaaáo mais recente, graças á introdugao,

entre as enfermeiras diplomadas e em ativi-dade, de um número cada vez maior decolegas portadoras de outros cursos universi-tários. As enfermeiras interessadas em re-solver problemas sociais da classe continuama procura de meios para encaminhar ésseproblema á solugáo, tarefa que agora nosparece facilitada pela posse, em que estamos,dos números e de algumas característicasde todos os grupos.

Condiçoes favoráveis. No setor da classeque faz parte da ABE, a divulgaçao doempreendimento foi fácil, visto que domesmo, precisamente, partira a idéia derealizá-lo. Cérca de 300 associadas haviamestado presentes á assembléia em que aquestao se discutiu e assentou. Com o de-senvolver dos trabalhos, numerosas foramas manifestaçoes de justo orgulho entre ascomponentes désse grupo, como é exemplo acarta em que a Seaáo de Pernambuco solicitaapresentar no XI Congresso Anual de En-fermagem os resultados do Levantamento.

Como sói acontecer com os fatos sociais, olevantamento é paciente e agente de in-fluenciaaáo: dá-se por ter a classe progredidoa ponto de demandar planejamento socialbaseado em dados objetivos, e a classe pro-gride através do próprio levantamento. Emnúmero apreciável, as enfermeiras tem cons-ciéncia de que o empreendimento enaltece aprofissáo. Recolher matérias primas daciencia e do saber e trabalhá-las com a finali-dade prática de agir é uma das característi-cas das profiss6es técnico-científicas. Temosnotado como o Levantamento está contri-buindo para dar ánimo novo aos médicos eas enfermeiras, que estáo mais capacitadosdo quanto é necessário melhorar os progra-mas de saúde. Anima-os a esperança de que,munidos de dados fidedignos, lhes sejapossível lutar para que a enfermagem ocupe,nos programas de saúde e de bem-estar social,o lugar a que tem direito. Está reconhecidoque a enfermagem é uma das profiss6es quefazem uso de conhecimentos técnicos maisadequados para influir no bem-estar social.Faz uso do meio mais poderoso de comuni-caáao, ao trabalhar face a face com o ser

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SEMINAÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

humano, podendo assim criar comunicabili-dade ao langar mao dos recursos espléndidosda presença pessoal. Com a presenga pessoal,ficam menores as barreiras al comumenteencontradas, tais como o analfabetismo e ocatecismo. Estudos sociais da linguagem*apontam ésses aspetos. Com imagens audí-veis e visíveis, córes, gestos, etiquéta dehospitalidade e tudo quanto ocorre nainteraçao do tipo da visita da enfermeira afamília, á escola ou á fábrica, a comunicaçaode idéias processa-se com vantagem sobreoutros meios de massa, como a escrita e orádio. A televisáo é dos meios de massa o quemais se aproxima da presença pessoal.

Muito se deve, pois, á contribuigao daenfermagem de saúde pública nas mudançassociais que ocorrem no sentido de maior bem-estar social.

No Brasil, as enfermeiras mais ativas naclasse dáo-se conta de que a sua Associaçaofaz um levantamento para retratar objetiva-mente a realidade da enfermagem, visando atragar linhas de agao, consideradas comprioridade as que efetuaráo com mais econo-mia e rapidez as mudanQas necessárias aobem-estar social. Isso lhes dá ánimo novo eas revitaliza na luta que atualmente em-preendem. O rio da enfermagem náo devedispersar suas águas em planicies arenosas esem rumos; agora poderá correr em seu pró-prio leito, previamente por ele cavado,imprimindo-se assim velocidade á torrente.

Por último, desejamos registrar que, parao aliciamento, dentro da classe, do maiornúmero possível de adeptos dos ideais deprogresso expressos na declaraçao dos objeti-vos do levantamento, se usaram os meios depropagaçao de idéias acima descritos, com oemprégo máximo da presença pessoal, naosó por parte do pessoal do Centro como tam-bém aproveitando-se as viagens que, pormotivos diferentes, as enfermeiras dos Con-selhos do Centro fazem a outros estados.

Por meio désse contacto direto e atravésdo sistema ordinário da remessa de cartas e

* Carpenter, Edmund: The New Languages, inExplorations-Studies in Culture and Communica-tion, No 7, Toronto, 1957.

recortes de jornal, tentámos atingir asenfermeiras do Brasil, dirigindo-nos aosnúcleos existentes, ou seja, á Seçao da ABEem 15 estados, e criando agentes especiais doLevantamento nos 4 estados restantes, ondeainda náo se constituíram seoses. Houvetroca de correspondencia entre o Centro etodos ésses núcleos.

Outros meios utilizados dentro da classeforam a apresentaçao de relatórios de pro-gresso durante as assembléias gerais e a pu-blicaçgo de notícias do Levantamento emtodos os números da revista trimestral daclasse e em alguns números do Boletim In-formativo.

Como era de se esperar, a Diretoria daABE está incorporada ao empreendimento.Também a Subcomissao de Diretoras de Es-colas de Enfermagem tomou parte no planoe na coleta de dados, criando fundadas espe-ranças de que tralbalhará no sentido de efe-tuar as mudanças que ajuda a recomendar.

b) Médicos administradores e outros. Desdeque a ABE manifestou o propósito de fazero estudo, o apóio de médicos administradoresde programas de saúde e educacao, repre-sentantes no Brasil da Fundaaáo Rockefellere da Repartiaáo Sanitária Pan-Americana,foi-lhe assegurado. Posteriormente, os Minis-térios da Saúde e da Educaaáo, bem como oIBGE, fortaleceram com a sua adesao ogrupo que prestigiava o estudo. No Brasil,históricamente, os médicos mais proemi-nentes da saúde pública propugnam para queo país tenha enfermeiras bem preparadas.Sem o seu apóio, nao teríamos atingido a faseatual, na enfermagem. Foram éles que en-tenderam os rumos apontados pela experién-cia norte-americana, posta ao seu alcancepela benemérita Fundaçao Rockefeller, nocoméeo de nossa era.* Hoje, ainda, os médi-cos sanitaristas constituem importante grupo

* Em 1921, o Dr. L. W. Hackett, representanteno Brasil da Fundagao Rockefeller, convidou ocientista brasileiro Carlos Chagas, entao Diretordo Departamento Nacional de Saúde Pública, avisitar os Estados Unidos. Cre-se que um dos me-lhores resultados da visita foi a criaçao da EscolaAna Neri, para preparar as enfermeiras de saúdepública de que necessitava o Departamento.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

mobilizador de recursos para a criaçao de boaenfermagem de saúde pública. Também umbom número dos que traçam diretrizes daadministraáao hospitalar ou do moderno en-sino da medicina, bem como um proeminentelíder da política educacional do país, auxi-liam a ABE, tanto técnicamente como como seu prestigio de líderes, e tém com a Asso-ciaçáo um consenso sobre o futuro auspiciosoda profissao de enfermagem.

Para se obter a colaboraçao sistematizadadesse grupo, deu-se-lhe lugar de proeminen-cia no Conselho de Colaboradores, o qual,sendo composto de 7 áreas distintas, teve omaior número de representantes das especia-lidades médicas pertinentes. Assim se com-pós o referido órgáo, no qual tiveram as-sento 72 membros:

área médica 25" de enfermagem 10" de educ. govern. 8" de estatíst. e pesq. soc. 8

área de bem-estar social, internacional e na-cional 8

área de irradiagao p/o públ. em geral ep/publ. fem. 7

área de profissoes em coordenagao c/a en-fermagem 6

A todos ésses núcleos do nosso meio social,assim como a uma centena de outros líderes,diretoras de escolas de enfermagem, presi-dentes das Seçoes Estaduais e das Comissoesda Associa9ao Brasileira de Enfermagem, es-taremos dentro em pouco habilitando para aaçao com o fornecer-lhes as informaçóes e oconhecimento que lhes permitirao mobilizaras fórgas sociais ao seu alcance, em beneficiodo melhoramento da enfermagem.

Apoiada nesses núcleos, a ABE tentaráalcançar muitas outras áreas da administra-9ao pública. Desde já, contamos com maiorcompreensao que no passado, junto ás dire-torias de saúde das Fórcas Armadas do país,as quais tém prestigiado o Centro de Levan-tamentos.

c) O público em geral. A incipiente enfer-magem técnico-cientifica do Brasil nao senteainda grande impacto da opiniao pública, na

sua marcha para os objetivos que colima. OLevantamento nao levava, pois, a aspiragaode obter a simpatia do homem da rua. Issonao ihe impediu, todavia, de informar as ca-madas mais numerosas do público. A vista dodesconhecimento do problema, utilizámos orádio e os jornais, num trabalho de divulga-çao que, embora pouco abundante, de ummodo geral, soube bem aproveitar as vanta-gens próprias a cada um dos referidos recur-sos. No trato de assunto pouco conhecido,cumpre notar que o jornal oferece ao públicoo beneficio da leitura cuidadosa e meditada.

3. Consideraçoes finais e recomendaçoes. Adivulgaçao é, portanto, atividade essencialna realizaçao de um levantamento, bem comopara que se efetivem as suas recomendaqoes.Além de estar á altura da tarefa, a pessoaescolhida para assumir a responsabilidadedesse programa deve possuir personalidadecapaz de produzir a centelha intelectual eemocional que movimente as fórgas dequantos estao em condiçoes de agir.

O Relatório Final do Levantamento é apeça de divulgaçao mais importante. Paraque o leia grande número de pessoas-os se-tenta membros do Conselho de Colaborado-res, todos os diretores de programas de saúdedo país, etc.-um relatório de divulgaçao,resumo do técnico, deverá ser também pre-parado. Acreditamos que a leitura désse re-latório, mais os contactos pessoais, tantosquantos possíveis, com as pessoas que toma-rao iniciativas para o cumprimento dasrecomendaç6es, devem ser de molde a provero público de informaçóes e conhecimentosque lhe sirvam de instrumento na formaçaode um consenso social frente á mobilizaçaodas fórQas da comunidade em prol da aaáoconjugada.

A etapa final das atividades de relaçoescom o público está sendo a consideraçco, emcompanhia do grupo técnico do Centro, dassugestoes que se farao á Associaçáo Brasi-leira de Enfermagem sóbre as providenciasque tomará para o cumprimento das reco-mendaçoes do Levantamento, inclusivequanto á criaçao de um órgao com estrutura

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1

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SEMINAÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

material para ésse fim. Essa entidade poderápertencer á Associaçáo ou ser criada, a pe-dido da mesma, num setor da administra9aopública, de preferencia na pasta da Saúde.Ao Ministério da Saúde competiria, por soli-citaçao da Associaçao Brasileira de Enferma-gem, formar um conselho consultivo inter-

ministerial para, em coordenaçao com oórgao executivo acima referido, constituir-seem grupo de trabalho deliberativo de ondeemanariam as decisoes, as diretrizes e a ava-lia9ao das providencias para a promoçao demelhores servi9os de enfermagem para o pú-blico do Brasil.

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RAZOES DO BOM EXITO DE ALGUNS LEVANTAMENTOSDE RECURSOS DE ENFERMAGEM

APOLLONIA F. ADAMS

Chefe da Divisao de Recursos de Enfermagem dos Serviços de Saúde Pública dosEstados Unidos da América

O que vou dizer agora aplica-se a qualquerespécie de levantamento no campo da enfer-magem. Tódas as avaliaçoes dos recursosdessa especialidade devem ser o início de ummovimento no sentido da melhor utilizaçaodo pessoal e do aperfeiçoamento da assistén-cia prestada aos enfermos-vale dizer, nosentido de melhorar a saúde do povo. A idéiada sua realizaçao pode haver surgido de umindividuo ou de um pequeno grupo; entre-tanto, para que as suas conclusoes se trans-formem em medidas concretas, muitos outrosdeverao ser chamados a participar do plane-jamento da emprésa. Devem estar repre-sentadas, e colaborando, todas as categoriasde enfermeiras, se tais medidas se esperam daclasse inteira. Ademais, a enfermagem nao éum serviço isolado, privativo das enfermei-ras, senao parte integrante do conjunto dosserviços de saúde da comunidade. Por conse-guinte, alguns dos seus problemas sao tam-bém da responsabilidade de outros grupos.Por exemplo, se há acentuada falta de en-fermeiras, a comunidade deve ser inteiradado fato e dar assisténcia e apóio ao recruta-mento de mais jovens de ambos os sexos paraa especialidade. Os grupos de cidadaos po-dem, igualmente, ajudar a convencer a quemde direito da necessidade de se empregarmaior número de pessoal de enfermagem ede se melhorarem as condiçoes de emprégo.Os médicos, os educadores e todos quantostrabalham em atividades afins, bem como opúblico em geral, devem ser incluidos numlevantamento que abranja tóda a comuni-dade. Cumpre fazer-se um plano da organi-zaçao geral do levantamento, de modo a sefixarem as funçoes e responsabilidades decada grupo, dentro do empreendimento. Eis,mais adiante, um exemplo de tal plano.

Se há mais de uma associaçao de enferma-gem, é do interésse do levantamento que to-das o patrocinem, igualmente representadasna Comissao Executiva. Sómente através dacooperaQao da totalidade das enfermeiras,podem-se lograr os melhores resultados. AComissao Executiva tem, habitualmente, asseguintes atribuiqoes:

a) Informar os grupos de enfermeiras, médicose pessoal hospitalar dos planos do levantamento;

b) indicar o diretor do levantamento;c) nomear os membros da Comissáo de Asses-

soramento (caso esta nao estiver, já, constituida);d) providenciar local para os servicos de es-

critório e pessoal de secretaria;e) providenciar a colaboraçao de estatísticos;f) obter financiamento;g) marcar as entrevistas e as visitas de campo

para o diretor e assistentes de campo;h) nomear as comissóes técnicas que se fizerem

necessárias;i) proceder á revisao das recomendacoes das

sub-comissóes técnicas e formular as do levanta-mento.

Esta é, habitualmente, uma comissaopequena, cujo tamanho varia. Deve sersuficientemente pequena para que possaadministrar eficientemente o levantamento.A Comissao de Assessoramento pode sernumerosa. Sua composigao deve ser algoampla e compreender representantes deoutros campos além da enfermagem. Comlamentável freqiencia, a Comissao de Asses-soramento é convocada, recebe orientaaáosobre a enfermagem e seus problemas, masnao se lhe dá oportunidade de prestar auxilioconcreto. Pode-se aproveitar melhor aComissao de Assessoramento sub-dividindo-se-a em pequenos grupos de trabalho, du-rante uma reuniao, para que cada um dos

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Associaçóes de Enfermagem

Comissáo Executiva do Levantamento -I RelaVóes cor o público| --- açes cm-o

Comissao de - Diretor doAssessoramento Levantamento

|Comissoes Técnicas

: Responsabilidades administrativas.-------- : Responsabilidades de assessoramento, ape

mesmos chegue, separadamente, as conclu-soes que formaráo os pareceres da totalidadede seus membros.

Se os grupos que tomaram as primeirasprovid8ncias no sentido da realizagao dolevantamento formaram o núcleo da Co-missao de Assessoramento, a Comissao Exe-cutiva é entao pelo mesmo nomeada.

As atribuiç6es da Comissao de Assessora-mento devem ser as seguintes:

a) Opinar sóbre o ámbito do levantamento;b) opinar sobre os métodos de procedimento

gerais;c) prestar assisténcia na formulaqao de reco-

mendaçoes;d) prestar assisténcia na formulagao de planos

para o cumprimento das recomendaoSes;e) dar aos grupos que se fizeram representar,

bem como ao público, informaçóes sobre a ma-neira como o levantamento está sendo conduzido,seu andamento e seus resultados;

f) decidir quais as normas que devem ser ado-tadas nas relaçóes com o público e encarregar-seda direçao geral das atividades nesse setor;

g) nomear a Comissáo Executiva (se a Comis-sáao de Assessoramento tiver sido constituida pri-meiro);

h) distribuir as responsabilidades pelas medi-das subseqüentes e estabelecer os métodos e meiosatravés dos quais se mantenham atualizadas asinformaçoes básicas.

A importancia da comissáo encarregadadas relaoóes com o público e da divulgagao

Comissao deMedidas

Subseqientes

de informaçóes será mencionada mais adi-ante. Suas atribuioóes sáo as seguintes:

a) Formular um plano e um programa para adivulgaçao das informaçoes relativas ao levanta-mento;

b) providenciar de modo que as finalidades dolevantamento, os métodos através dos quais seespera dar cumprimento a essas finalidades e asverificaçoes feitas sejam claramente compreen-didos pelo público em geral, assim como pelosgrupos de profissionais e outros, interessados noempreendimento;

c) providenciar de modo que tódas as reunioese atividades do levantamento se divulguem locale nacionalmente, através de notas á imprensa,programas de rádio e outros meios de comunica-9ço;

d) prestar assisténcia ao diretor e ás váriascomissoes na divulgaaáo das informaçóes quenecessitem fazer circular em determinados mo-mentos;

e) orientar e informar a Comissao Executivae o diretor do levantamento sobre a melhor ma-neira de se utilizarem os meios de publicidade eas relaçóes com o público;

f) servir de elemento de contacto e ligagao nosentendimentos com todos os outros órgáos derelaçóes com o público e fontes de informaaáo.

A extensáo do território coberto pelolevantamento determinará se a ComissaoTécnica deve constituir-se de um corpoúnico ou sub-dividir-se em grupos menores,

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E:-

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

cada qual especializado num setor da enfer-magem. Sua colaboraçao é a seguinte:

a) Delinear objetivos de estudos em camposespecializados;

b) auxiliar na coleta e interpretagao dos dadospertinentes a ésses estudos;

c) formular recomendaçoes relativas a camposespecializados (normas e critérios).

A Comissao de Medida Subseqientes tema seu cargo a execucao das recomendaçoesdo levantamento. Integram-na membros dasComissoes Executiva, de Assessoramento eTécnica. Assim, cada um dos seus elementosjá tem conhecimento das atividades dolevantamento.

Nessa comissao devem estar representadastodas as organizaçóes que patrocinaram olevantamento. Deve estar autorizada pelospatrocinadores a pór em execuçao as reco-mendaçoes, sem ter que volver a cadaorganizaçao de enfermagem para que apro-vem cada uma das suas providencias. Seusmembros devem ser periódicamente substi-tuídos, de acordo com um plano de rodízio, afim de que nao sobrevenha a estagnaçao dointerésse e dos setores representados.

Se o levantamento abranger apenas umnúmeio !imitado de hospitais e instituiçoes,entao vários membros do pessoal e da admi-nistragáo désses hospitais e instituioóes de-vem participar do planejamento e podemintegrar uma das comissoes. E necessárioorientar cuidadosamente todos os partici-pantes quanto as finalidades do levanta-mento e as atribuio5es que lhes cabem, afim de manter o seu interésse e conseguir oseu apóio total.

Todavia, a seleçao de comissóes náo é oúnico trabalho de planejamento para arealizaçao de um levantamento. Uma dasrazóes mais importantes de certos levanta-mentos nao terem resultado em providenciasde muito éxito foi o fato de nao se haverposto bastante cuidado no planejamentototal, antes do início da coleta de dados.Temos um velho adágio que aqui talvez seaplique: "Os tolos correm onde os anjostemem caminhar". Nao há necessidade de

pressa, num levantamento. O planejamentodeve compreender:

a) A definiaáo da finalidade do levantamento:que quereis verificar?

b) A determinaçao dos problemas ou setoresda enfermagem que precisam ser estudados paradar resposta a pergunta acima formulada.

Seria prudente determinar e registrar to-dos os problemas tais como os vé o grupoque se propoe a fazer o levantamento, a fimde se obter uma visao de conjunto e evitara omissao de qualquer setor importante.Desse ponto de vista geral dos problemas, ogrupo que se ocupa do levantamento podedeterminar quais os que devem ser encara-dos primeiro. O estabelecimento dessasprioridades pode basear-se na preméncia dasnecessidades presentes ou na possibilidadede se estudarem certos aspetos do problema.As vézes, somente uma parte de determinadoproblema pode ser estudada de cada vez.

Deve-se pensar nas relaçóes com o públicoe na publicidade, e planejá-las, desde o iníciodo levantamento-assim que a ComissaoExecutiva esteja constituida. Essa é umadas providéncias do levantamento nas quaisos grupos de enfermagem parecem ter maisdificuldades. Nao reconhecem a sua impor-tancia. Talvez devido ao fato de por muitosanos ter sido considerado contrário á éticaprofissional divulgar as capacidades e os pro-blemas da enfermagem, falta á classe conhe-cimento da maneira de se empregar éssetalento especializado.

Muitas vézes, o pessoal de enfermagemimagina que, por ter sido nomeado membrode uma das comissoes, um redator de jornalprovidenciará tBda a publicidade. Antesassim fósse! As vézes, ésse redator náo foiinformado de que a publicidade está entreas suas atribuioóes. Sendo um homem muitoocupado, pode nao ter tempo para compare-cer a muitas reunioes. O resultado é naohaver publicidade de espécie alguma.

Aquelas de nós que, há algum tempo, vi-mos auxiliando grupos de pessoas interessa-das na realizaçao de levantamentos sabemosdo grande valor de um programa bem plane-

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

jado de publicidade e de relaçoes com opúblico para despertar entusiasmo pelaparticipaçáo no empreendimento e paraobter apóio as providencias subsequentes,ditadas pelas verificaoóes feitas.

Por essa razao, agora se sugere o estabele-cimento de uma comissáo separada para otrabalho de publicidade e de relaçoes corn opúblico. O presidente dessa comissao deveser pessoa experiente e dispor de tempobastante para organizar e planejar um bornprograma.

REGISTRO DAS REUNIOES E DECISOES

Deve-se manter registro cuidadoso detodas as decisoes do grupo encarregado doplanejamento, para que os esforços e as pro-vidéncias seguintes se efetuem de maneiralógica, com base nas deliberaçoes e medidasanteriores.

Selecionados, por ordem de prioridade, osproblemas ou setores a serem estudados,decide-se quais os dados necessários, quemvai colher ésses dados e como os deverácolher-se por meio de questionários ouentrevistas, observaçáo direta, etc. Podeacontecer que alguns dados já estejam dispo-niveis nas diversas fontes, requerendo apenascompilagao num registro conjunto.

Será necessário estabelecer os seguintespontos: Quando se fará a coleta dos dados?Como seráo éles tabulados e quem os anali-sará e interpretará? Quem fará a leitura dorelatório? Será técnico, ésse relatório? Tendo-se em mira estimular os vários grupos dacomunidade a tomar providencias, será ocaso de fazer-se também um relatório defeitio popular?

As respostas que se derem a essas pergun-tas servirao de modelo ou plano do levanta-mento. Fazendo-se a coleta dos dados antesque qualquer dessas providencias estejaclaramente definida e a responsabilidade da,sua execugao claramente atribuída, seraoinevitáveis os atrasos e as confusoes.

A seleçao de pessoal e a obtengáo de insta-lagóes, equipamentos e financiamento consti-tuem outros pormenores que devem serpreviamente considerados. A enfermeira que

vai dirigir um levantamento de ámbito mu-nicipal ou nacional deve ser cuidadosamenteselecionada, com base na sua competénciapara ésse cargo, e dispensada de qualqueroutra funaáo durante-a coleta dos dados.Além disso, é necessário conceder-lhe dis-pensa das suas responsabilidades normaispelo tempo necessário á sua participaçao noplanejamento e, após a coleta, na avaliaçao eanálise dos dados, bern como para a redaçáodo relatório. Seráo necessários fundos parao pagamento do pessoal, telefone, despesasde viagem, materiais (questionários, papel eoutros artigos de escritório), selos, a tabula-

aáo dos dados e a impressao do relatório. Ocusto de um levantamento varia de acórdocom o seu escopo e a área coberta. Cumpriráincluir no orçamento os gastos de viagemque os membros das comissóes fizerem paraassistir as reunioes, se tal fór o caso. Muitasvezes, a organizaaáo de onde procede o mem-bro de comissao pode encarregar-se de taisdespesas, como uma contribuiaáo para olevantamento.

Há mais uma consideraaáo muito impor-tante na realizagao de um levantamento: oplanejamento, antes do inicio do levanta-mento, das providencias subsequentes. NaDivisáo de Recursos de Enfermagem, sóviemos a capacitar-nos da importancia déssepormenor quando já havíamos publicado omanual "Design for State-wide Nursing Sur-veys". Portanto, náo encontrareis nessapublicaçao referencia ao fato. Quando seplaneja antecipadamente, no período em quese organizam e selecionam as demais comis-soes, a comissáo que terá a seu cargo as pro-vidéncias subseqfentes, todos imediata-mente reconhecem a intengao que os autoresdo levantamento tem de obter medidas con-cretas com o seu esfórço. Essa característicaimprime, aos olhos de todos os participantes,maior significaaáo ao levantamento, além detornar mais clara a selegao dos problemas,em previsáo das medidas que seráo tomadasdepois. Outra vantagem de se dar ao em-preendimento, desde o inicio, a objetividadeque lhe é própria reside no fato de muitasorganizagoes se sentirem mais inclinadas a

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

participar de um levantamento que visaa um fim prático e nao simplesmente aprodugao de mais um relatório que pode naolograr outro resultado que o de ir parar numaprateleira de biblioteca e encher-se de pó.

Dos 48 Estados que formam a nagaoamericana, 37 fizeram um tipo qualquer delevantamento dos seus recursos de enferma-gem. Alguns, geralmente aquéles em que secuidou com mais atençao, durante o planeja-mento, dos pormenores que mencionei hápouco, deram origem a mais providenciasque outros. Eis algumas dessas providencias:

a) Maiores verbas estaduais para os programasde ensino de enfermagem;

b) mais escolas para enfermeiras auxiliares;c) auxílio financeiro por parte de organizaqoes

hospitalares para a realizagco de mais estudossobre as questóes de enfermagem;

d) recrutamento coordenado e maior númerode matrículas nas escolas de enfermagem;

e) programas de formaçao profissional em ser-vico;

f) ... e muitos outros resultados.

Sem dúvida, um dos aspetos mais impor-tantes de qualquer levantamento é a oportu-

nidade que o mesmo oferece ás enfermeirasde trabalhar com muitas outras pessoas emfavor do melhoramento da assiténcia aosenfermos e dos serviços de saúde em seu país.

SUMÁRIO

Os levantamentos tem logrado o maioréxito quando cuidadosa e ponderadamenteplanejados e organizados, quando todos osparticipantes estao a par dos propósitos doempreendimento e das atribuiçoes que lhescabem, quando as'providéncias subseqilentesforam consideradas e planejadas desde oinício e quando, por meio do serviço depublicidade e de relaçóes com o público,muita gente, assim como muitas enfermeiras,conhece os objetivos do estudo e suas veri-ficaçóes.

Estivemos discutindo os tipos de levanta-mentos de recursos de enfermagem que temsido preferidos e se revelado eficientes nosEstados Unidos. Há muitos outros modos dese fazer um levantamento; e outros propósi-tos. Em todas as partes do mundo, há paísesestudando-se a si próprios, num esfóoro pormelhorar.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Dois grupos de trabalho em atividade

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Relatório Final

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS DOS

TRABALHOS DE GRUPO

Na primeira sessáo plenária, a Coordena-dora do Seminário, Sra. Maria Palmira Titode Moraes, expós os propósitos, a organiza-çao e as atividades do conclave, assim orien-tando as participantes sobre os trabalhos aserem levados a efeito nas sessoes plenáriasou dos grupos de trabalho. Ao apontar a im-portáncia que vém tendo, no campo da en-fermagem, os trabalhos de investigaçgo, aoradora afirmou-"Quando uma profissáoprocura um esclarecimento maior do seucampo de açqo e procede a uma revisáo deseus conceitos, dos seus métodos e técnicas,quando procura e tenta a síntese entre a des-crigao empírica e a explicaáao de fatos rela-cionados com o seu exercício, esta profissaoestá atingindo a maturidade. O número cres-cente de estudos de enfermagem já realizadosem diferentes países, a importancia e a am-plitude dos seus temas, indicam que a enfer-magem se encaminha francamente para al-cangar 8sse grau de desenvolvimento noexercício das suas atividades."

Passando a apresentar o programa do Se-minário, a Coordenadora ressaltou o caráterdemonstrativo de todas as atividades didá-ticas das reunióes. O Seminário náo preten-dia formar pesquisadoras e táo pouco apre-sentar receitas pré-fabricadas para a solugaode problemas de enfermagem, senáo apenasatender á necessidade que existia de se tor-narem conhecidos das enfermeiras vários dosprocessos de pesquisa que estáo sendo utili-zados nos estudos da profissao. "Faremos umestudo de alguns problemas,,processos e téc-nicas de levantamentos:' de enfermagem emgeral", observou a prelecionadora; e acres-centou: "Tódas as participantes tomaraoparte nesse estudo através de palestras e ati-vidades dos grupos de trabalho. O mesmofaremos em refer8ncia ao estudo do Levan-tamento dos Recursos e Necessidades da En-fermagem no Brasil, que vai constituir o

nosso principal exemplo prático neste Semi-nário."

Mostrou, a seguir, a interrelaçao dos as-suntos incluídos no programa e mencionouque, embora estivessem as participantes divi-didas em tr8s grupos, se tentaria imprimirás atividades d8sses grupos o caráter de tra-balho de equipe. Através dos relatórios apre-sentados nas sessóes plenárias, procurar-se-iafazer com que os grupos compartilhassem osresultados de todos os trabalhos.

Terminando sua preleçao, a Coordenadoradeu informaçoes gerais sobre as diversascomiss6es que haviam sido constituidas,cujas funçoes especificou; e comentou asvárias atividades sociais incluídas no pro-grama.

Na sessao plenária seguinte, Sra. MariaPalmira Tito de Moraes apresentou os resul-tados obtidos pela solicita9áo, que se fizera,de sugestoes de tópicos que as participantesconsiderassem mais interessantes e passíveisde estudo pelo processo de levantamento.Como o número das sugestóes apresentadascorrespondesse a 48,3 % do número de parti-cipantes inscritas, além de serem algumasdessas sugestoes contribuigao de um únicogrupo nacional, ficou resolvido distribuir aosgrupos I e II os temas mais freqientementemencionados. Teve-se em mente, com isso,fazer com que nos trabalhos práticos de grupouma ou duas enfermeiras de cada país repre-sentado tivessem a oportunidade de estudaros aspetos principais de diferentes temas.Atendiam-se assim, da forma mais amplapossível, as sugestóes apresentadas pelas par-ticipantes, com a vantagem de que ainda seprocurava utilizar ao máximo o tempo des-tinado aos trabalhos de grupo. As enfermeirasbrasileiras presentes integrar-se-iam tódasnum grupo de trabalho, para ter o ensejo detomar conhecimento, de maneira mais por-menorizada, dos resultados do Levanta-mento dos Recursos e Necessidades da En-fermagem no Brasil; e decidir sobre os meiosde agao futura.

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Ao assinalar o ámbito e as limitaoóes daaplicaçao da técnica de levantamento, queexige cuidadosa escolha dos tópicos a ser es-tudados, a Coordenadora chamou atengaopara a diversidade dos processos técnicos deabordagem désse sistema, diversidade quenao constituía inconveniente, sendo antesaceitável e aconselhável, desde que tais pro-cessos técnicos se fizessem acompanhar deum trabalho de reflexáo e sistematizaaáo teó-rica. Mencionou, a seguir, alguns exemplosdessa variedade de maneiras de aproximaáaopostos em prática no Levantamento dos Re-cursos e Necessidades da Enfermagem noBrasil, que as participantes teriam oportuni-dade de estudar.

Nas sessóes plenárias subseqientes, fize-ram-se palestras-que neste trabalho se pu-blicam quase todas na íntegra-relacionadascom a conceituaçao e metodologia de um le-vantamento de enfermagem nas suas diferen-tes fases: planejamento, coleta, análise, crí-tica e interpretaçgo de dados e avaliaçao dosresultados.

A fim de tornar mais ampla a oportunidadede consulta do material e das referencias bi-bliográficas, ficou unánimemente decididodissolver o grupo que deveria tratar de "Al-guns exemplos de levantamentos de enfer-magem na América Latina", antes incluidono programa, porém distribuíram-se cópiasmimeografadas dos estudos que constituiriamobjeto da referida reuniao.

DESCRIAO DOS TRABALHOS DE GRUPO

As reunises dos grupos de trabalho obe-deceram, em geral, ao seguinte esquema:

1. Orientaçáo prévia do grupo2. Realizaaáo de trabalhos práticos3. Debates s6bre os trabalhos realizados4. Avaliaçáo

DescriçCo Sucinta do Trabalho dos Grupos I eII

1° Tema

Formulacáo de problemas para um levan-tamento de enfermagem e preparagao de umesquema do mesmo.

Problemas propostos: a) determinar o nú-mero de pessoal de enfermagem em ativi-dade num país X e algumas de suas car-acterísticas profissionais e pessoais; b)determinaro número de enfermeiras inativas,causas da inatividade e interésse pelo rein-gresso na profissao.

Formulado o objetivo e definidas as cate-gorias de pessoal de enfermagem, traçou-seum plano em que figuraram os seguintes da-dos: propósitos do estudo, dados necessáriose meios para a obtenaáo dos mesmos.

20 Tema

Aferihao e computaçao de dados cole-tados.

Distribuíram-se ás participantes dos gru-pos questionários já preenchidos, em partetirados do material preparado para o Levan-tamento dos Recursos e Necessidades da En-fermagem no Brasil, porém com dados ficti-cios, de modo a respeitar-se a ética que seaplica a qualquer investigaaáo dessa natu-reza. Requereu-se a análise dos seguintesquestionários: 1) questionário individual deenfermeiras em atividade; 2) questionários6bre unidades sanitárias e suas caracterís-ticas gerais; 3) questionários sobre hospitaise suas características gerais.

Os grupos subdividiram-se, e cada subdi-visáo encarregou-se de preparar uma fólha detrabalho, a análise e a tabulaçao dos dadosde um dos questionários mencionados.

30 Tema

Preparagao de tabelas, tomando-se comobase a tabulagao dos dados feita em sessaoanterior.

Deram-se ao grupo algumas normas geral-mente usadas na preparaaáo de tabelas, asaber: a) a tabela retrata, através de seusdados, determinada situaçao, que deve sersempre apresentada de maneira adequada,dentro de uma moldura; b) a tabela deve serclaramente identificada com um título queresponda, sempre, tras perguntas: De que setrata? Onde? Quando?-em outras palavras,o título deve identificar claramente o assuntotratado, mencionar onde foram colhidos os

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

dados e informar a data a que os mesmos sereferem; c) há, as v8zes, necessidade de notasde rodapé que melhor expliquem um dado;d) as informacoes constantes de uma tabeladevem ser adequadamente classificadas emcabeçalho, coluna indicadora e campo; e e)tipos de impressao diferentes devem ser usa-dos em diversas partes da tabela.

Para a prática de preparaçao de tabela,cada sub-grupo trabalhou de forma inde-pendente.

4° Tema

Utilizaçao de recursos. Elaboragao de or-çamento para um pequeno levantamento deenfermagem.

Discutiram-se as diversas etapas a seremcumpridas antes da elaboraçao de um orga-mento para levantamento: a) formulaçaoclara e precisa do problema a ser estudado;b) determinaçao do universo a ser abrangidopelo estudo (grupos de pessoas ou situaçóesabrangidas, delimitaçao da área geográfica,características do grupo ou da situaçao aestudar); c) determinaçao do objetivo; d) se-leçao, por meio de uma lista de perguntas,dos dados necessários á consecucQo do obje-tivo; e) técnicas de coleta de dados (ques-tionário, entrevistas, observaçoes, etc.); e f)elaboraaáo de um plano-pilóto para servir,entre outros objetivos, de base a elaboraçaode um orgamento.

Dados a serem considerados na elaboraçgodo or~amento:

Pessoal:Diretor do LevantamentoPessoal de CampoAssisténcia TécnicaPessoal de Secretaria

Material:Custo de tabulaçáo e gráficosMaterial de escritórioEquipamentoDespesas diversas, como telefone, impressao,

etc.Trabalho de Campo:

Transporte do pessoal de campoDiárias para o pessoal de campoGratificaoóes de agentes locais

Além désses exercícios, aos quais se entre-garam ambos os grupos, o Grupo I fez lei-tura e interpretaaáo de tabelas, utilizando-separa esse fim algumas tabelas escolhidas en-tre as do Levantamento dos Recursos e Ne-cessidades da Enfermagem no Brasil. OGrupo II recebeu orientaçao sóbre a observa-

aáo de atividades de enfermagem, técnica quetambém vem sendo utilizada nos levanta-mentos realizados por essa esDecialidade, epraticou as seguintes formas de observagáoa) observaçao contínua, isto é, feita inin-terruptamente durante determinado períodode tempo-uma, duas, quatro ou mais horas,dependendo do tamanho da amostra dese-jada-técnica que requer a observaçao deuma só pessoa de cada vez; e b) observaçaointermitente de trabalho, isto é, diversas pes-soas observadas durante o mesmo período detempo, sendo de 15 minutos o intervalo en-tre as observaoóes das atividades de cadapessoa.

As consultoras que tiveram a seu cargoauxiliar o grupo na prática da técnica acimareferida, bem como as profissionais que apraticaram, foram, separadamente, orienta-das por Sra. Apollonia F. Adams, que ob-servou a seguinte ordem:

l a. etapa:1. Que fatos devem ser procurados2. Onde encontrar ésses fatos3. Por que sao os mesmos necessários4. Quem deve ser observado5. Onde e quando devem as observa-

çoes ser feitas6. Qual a forma de observaçao a ser

empregada-contínua ou intermi-tente

2a. etapa: Registro das observaçoes:1. Formulário para o registro das obser-

vaçoes2. Tamanho da amostra3. Ensaio prévio do formulário

3a. etapa: Seleçao dos observadores:1. Pessoal disponível2. Capacidade de fazer observaoqes ob-

jetivas

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

3. Teste de verificaqáo da objetividadedos observadores

4a. etapa: Treinamento e supervisao dos obser-vadores:

1. Orientagáo sobre o objetivo da obser-vaçao

2. Prática de observaáao3. Supervisáo dos observadores durante

o período de estudo e conferenciascom os mesmos

5a. etapa: Apresentaçao dos observadores aogrupo ou á pessoa que se vai observar:

1. OrientaQao das pessoas a serem ob-servadas

2. Razáo para a observaáao3. Explicaaáo do processo de observaçao

A prática foi feita em enfermarias selecio-nadas do Hospital das Clínicas da Universi-dade da Bahia. Subdividiu-se o grupo dasparticipantes em unidades de dois elementos,cada unidade sob a orientaçáo e supervisáo deuma consultora. Com base na coleta de dadosfeita, submeteu-se a técnica aplicada a umaanálise e avaliaaáo, da qual participaram, emconjunto, t6das as componentes do grupo ini-cial. Discutiram-se ainda alguns empregosespecíficos das técnicas de observaçao dasatividades do pessoal de enfermagem.

Descriçao Sucinta dos Trabalhos Realizadospelo Grupo III

Ésse grupo empregou todo o tempo dedi-cado aos trabalhos práticos no estudo, aná-lise, crítica e interpretagáo do conjunto detabelas do Levantamento dos Recursos eNecessidades da Enfermagem no Brasil, re-ferentes aos seguintes setores: 1) enfermeirasindividuais, em atividade e inativas; 2) ser-vigos de enfermagem hospitalar; 3) serviqosde enfermagem de saúde pública; e 4) esco-las de enfermagem e de auxiliar de enferma-gem.

O estudo das tabelas foi precedido de umarápida interpretagao de dados demográficos,com o fito de proporcionar idéia mais claradas condiçóes de saúde e sócio-económicas doBrasil, para melhor conhecimento do meio

em que atua a enfermagem e que deve sertomado em consideraqao no traqado de pla-nos para aaáo futura.

Reuniram-se no Grupo III elementos re-presentativos da enfermagem brasileira, lí-deres do exercício e do ensino da profissao. Afim de nao perderem a oportunidade, queestavam tendo, de estudar e debater em con-junto problemas cuja soluçqo muito contri-buirá para o progresso da enfermagem e dosserviqos de assisténcia nacionais, as enfer-meiras que integravam 8sse grupo resolveramnao se limitar ao delineamento de planos deagao futura, tema do programa, porém tam-bém incluir nos seus estudos providenciasque resultassem na formulaçqo de recomen-daoóes para os diferentes setores da enferma-gem que estavam sob consideraçáo. Termi-nado o Seminário, perto de metade dascomponentes désse grupo permaneceram umdia mais na Bahia, a fim de reunir-se namanha seguinte e fazer recomendaqoes rela-tivas ao setor do ensino da enfermagem.

O material utilizado por ésse grupo de tra-balho e as conclusoes aprovadas náo fazemparte do presente relatório. Foram entreguesao Centro de Levantamentos dos Recursos eNecessidades da Enfermagem da AssociaqáoBrasileira de Enfermagem, para que se estu-dassem as recomendaóoes, com vistas a apro-veitá-las no levantamento feito no país.

MOÇAO APROVADA PELO SEMINARIO

Na sessao plenária de 11 de julho, Sra.Elida H. Frabasile, do Uruguai, apresentoumogao recomendando que as enfermeiras pre-sentes ao Seminário procurassem despertar ointeresse das associaoóes de enfermagem deseus respectivos países pela realizagáo de le-vantamentos de enfermagem. Recomendavaainda a mogáo que um estudo sobre escolasde enfermagem na América Latina realizadohavia dez anos pela Repartigao SanitáriaPan-Americana, sob a orientagáo de Sra.Agnes W. Chagas, fósse repetido, a fim deque os resultados entáo obtidos pudessem sercomparados com os atuais, e assinalados osprogressos feitos pelo ensino da enfermagem

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SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

nos países latino-americanos. A moaáo foiaprovada por unanimidade.

RESULTADO DA ANÁLISE DAS RESPOSTAS DE

31 PARTICIPANTES AOS QUESTIONÁRIOS DE

AVALIAÇAO DO SEMINÁRIO

Na última sessáo plenária, a Coordenadorado Seminário apresentou os resultados par-ciais tirados dos dados que havia sido possí-vel apurar até o momento para a avaliaáaodo Seminário. Referiam-se os mesmos aosdados coletados durante quatro dias de ava-liaaáo consecutiva, os quais demonstraramo grande interésse das participantes pelos as-suntos que estavam sendo tratados. Numaavaliaáao livre, em que se pedia as partici-pantes fazer comentários sobre o Seminário eapresentar sugestóes, verificaram-se os se-guintes resultados:

1. Aspetos mais frequentemente mencio-nados (indicados 8 a 16 v¿zes): pouco tempopara o programa estabelecido; boa organiza-çáo do programa; grande eficiencia nos tra-balhos de grupo; valiosa experiencia adqui-rida durante o Seminário; palestras cheias deinteresse; harmonia e bom estabelecimentode relaqoes humanas.

2. Aspetos mencionados com a frequenciade uma a quatro vézes: verificaaáo do muitoque havia ainda por estudar-se; confusáo nostrabalhos de grupo; dificuldades devidas á di-ferenca de idiomas; divisáo dos grupos, depreferencia, em sub-grupos ou grupos meno-res; sessoes demasiado longas; grande homo-geneidade dos grupos; falta de homogenei-dades nos grupos; programa social muitointeressante; excelente oportunidade para oconhecimento dos problemas da enfermagembrasileira; líderes por vézes autocráticos;maior participaçáo por parte dos consultores;dificuldade nos trabalhos de secretaria e irre-gularidade na distribuigao de documentos;os documentos deviam ter sido traduzidos aoespanhol e enviados ás participantes antesde começar o Seminário; desejável um inter-cambio maior entre os tres grupos; ambientede trabalho excelente; ficha de avaliaaáo ina-dequada. Trés participantes deixaram de fa-zer comentários ou apresentar sugestoes.

No final do Seminário, o último questioná-rio apresentado ás participantes compreen-dia um pedido de opiniáo sobre os seguintesaspetos: futura participaçao de enfermeirasem seminários sobre levantamentos de en-fermagem, preparaçao profissional dessas en-fermeiras; duraaáo do seminário em semanase horas de trabalho, modificaqoes no pro-grama; realizaçao de outros seminários decunho internacional, regional ou nacional;oportunidade para a leitura da documentaáaodistribuida durante o seminário. Feita a aná-lise das respostas, verificaram-se os seguintesresultados mais importantes:

1) As 31 enfermeiras participantes do Se-minário declararam-se dispostas a recomen-dar que uma enfermeira de seus respectivospaíses tome parte num futuro seminário so-bre levantamentos de enfermagem. Quantoa preparaáao que essa enfermeira deveria ter,as participantes, na sua maioria, indicaram,além do curso geral de enfermagem, preparogeral de nivel superior ou secundário com-pleto e vasta experiencia profissional. Essaexperiencia deveria ser, de preferencia, nocampo da educaçao, da administraaáo e daenfermagem de saúde pública. Diversas par-ticipantes mencionaram a necessidade de teressa enfermeira experiencia de levantamen-tos. Outras sugestoes compreenderam: a ne-cessidade de preparaaáo em ciencias sociais,conhecimento das condioóes da enfermagemem seu país, ser líder de enfermagem, ocuparfunçoes dentro da associaçao profissional edesempenhar cargo oficial.

2) Com referencia á duraaáo recomendadapara futuros seminários sobre levantamentosde enfermagem, os resultados foram os se-guintes: sete indicaram mais de duas sema-nas e as restantes, em número de vinte equatro, duas semanas, prazo que tres con-sideraram mínimo, enquanto duas sugeriramdoze dias úteis. Visto que o Seminário durarasete dias úteis, conclui-se que foi demasiadobreve, na opiniáo unánime das participantes.

3) Nas recomendaQoes para a modificaçaodo programa, 16 participantes indicaram quenáo fariam modificaçoes e 5 sugeriram a in-clusáo de horas reservadas a estudo, na bi-

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Page 70: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINARIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM 65

Discutem-se idéias, experiencias, pontos de vista

Sra. Apollonia F. Adams despede-se na Sessao de Encerramento

Page 71: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

66 SEMINÁRIO SOBRE LEVAN]

blioteca. Outras sugestóes apresentadas, coma freqeéncia de uma por participante, refe-riam-se a: realizaçao de uma conferenciadiária com duas sessóes de trabalho de grupoe umna sessáo plenária com debate geral; pro-grama menos condensado; mais tempo paraos debates em grupo; início dos trabalhos as8 horas da manha, em lugar de ás 9; tempoestipulado de descanso entre as sessoes; náomarcar atividades didáticas interessantespara depois das refeió6es e reservar maistempo para o intercambio informal de idéias;proporcionar a mesma experiencia prática atodas as participantes; reunioes menos lon-gas. Duas participantes deixaram de respon-der a éste quesito.

4) Á consulta sóbre se as participanteshaviam tido ou náo oportunidade de ler a

TAMENTOS DE ENFERMAGEM

idocumentaáao distribuida durante o Semi-nário, 17 responderam afirmativamente e 14com a negativa; destas, 9 declararam que ha-viam lido alguns dos documentos distrihuí-dos.

O registro do movimento da pequena bi-blioteca organizada para o Seminário indicaque foram em número de 10 as requisiçoes delivros e publicaçoes várias. Os comentáriossóbre a falta de tempo decerto explicam cla-ramente o reduzido movimento registradonaquela seaáo.

Em resumo, o Seminário foi consideradomuito útil e, a julgar pelas opinioes expres-sas, seria conveniente organizar, no futuro,seminários sobre o mesmo tema, com pelomenos duas semanas de duraaáo.

Page 72: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

Anexo I

INSTALACAO E ENCERRAMENTO DO SEMINARIO

A sessao inaugural, que se realizou a 7 dejulho de 1958, na sede da Reitoria da Uni-versidade da Bahia, foi presidida pelo Mag-nifico Reitor da prestigiosa entidade, Prof.Edgard Santos. No seu discurso de saudagaoás participantes, S. Excia. ressaltou o aspetohumanitário do desempenho da profissáo deenfermeira e, referindo-se á importancia dostemas constantes da agenda, assinalou o va-lor dos trabalhos em estudo para a aprecia-

aáo dos problemas da assisténcia prestadapela enfermagem e o encontro de soluçóesadequadas. Suas palavras finais foram a rei-teraçáo da promessa de apóio e colaboraçaoabsoluta da Universidade ás atividades queentao se iniciavam.

Também fizeram uso da palavra, dandoboas vindas ás participantes e formulandovotos de éxito, o Representante da Reparti-çao Sanitaria Pan-Americana, escritório re-gional da Organizaaáo Mundial da Saúde,Dr. Kenneth O. Courtney, e a Presidente daAssociaaáo Brasileira de Enfermagem, Seçáoda Bahia, Da. Maria Ivete Ribeiro de Oli-veira.

Antes de encerrar-se a sessáo, a Presidenteda Associaçáo Brasileira de Enfermagem,Sra. Maria Rosa Souza Pinheiro, analisou,nas suas linhas gerais, o problema da enfer-magem no Brasil e expós as razoes que havi-am levado a Associaçao a esforçar-se pela rea-lizagço de um levantamento dos recursose necessidades da classe, como fonte de da-dos concretos para o planejamento de aáaofutura.

* * *

A sessao de encerramento, realizada a 15de julho de 1958, foi presidida pela Diretorada Escola de Enfermagem da Universidadeda Bahia, Sra. Nilza Marques Garcia. Fize-ram uso da palavra, nessa ocasiao:

I. Sra. Rosalba Flores de Fernández, quefalou em nome das participantes e externou

sua admiraçáo pelas enfermeiras do Brasil,pelo trabalho excepcional que havia sido oLevantamento, pela atitude franca e deste-mida com que se enfrentara a realidade dosfatos e pela coragem com que se planejara aaçao futura. Expressou os sentimentos geraisde gratidao a:

1. A Universidade da Bahia e a Escola de En-fermagem, pela sua magnífica e fraternal hospita-lidade;

2. O povo da Bahia, cuja encantadora e mis-teriosa Capital a todos cativara;

3. A Organizaçao Mundial da Saúde e a Re-partiçao Sanitária Pan-Americana, que, reconhe-cendo o valor do trabalho realizado pelas en-fermeiras brasileiras, tudo haviam feito para queesse trabalho transpusesse as fronteiras nacionaise fosse servir de exemplo e estímulo ás enfermeirasdos países irmaos, ali representadas;

4. As consultoras, os conferencistas e a coor-denadora do conclave, que muito haviam contri-buido para o seu éxito.

Ao terminar, a oradora féz votos para que asemente assim plantada resultasse em frutos be-néficos para todos os povos ali irmanados.

II. Sra. Maria Rosa S. Pinheiro, Presi-dente da Associaaáo Brasileira de Enferma-gem, para agradecer o apóio e a colaboraçaoda Universidade da Bahia e da Escola deEnfermagem. A oradora ressaltou quáo felize honrada a Associagao se sentira de poderdiscutir seus problemas e planos com as en-fermeiras dos dez países representados noconclave.

III. Sra. Apollonia F. Adams, que, ao re-ferir-se á valiosa experiencia oferecida pelo

Seminário, concitou as enfermeiras a conti-nuar os trabalhos de pesquisa no campo dasua especialidade e dirigiu palavras de estí-mulo ás profissionais brasileiras, que tudodeviam fazer, sem esmorecimentos, para le-var a bom termo a tarefa iniciada.

IV. Sra. Catherine Kain, em nome da Ad-

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Page 73: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO S6BRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

ministragáo da Cooperaaáo Internacional,para agradecer as realizadoras do Seminárioo convite feito áquela repartiágo federal ame-ricana e expressar seu entusiasmo pelo éxitoque haviam tido aquéles dias de estudo e in-tercámbio cultural.

V. Sra. Maria Palmira Tito de Moraes,coordenadora da reuniáo, em nome da Or-ganizagao Mundial da Saúde e da Reparti-

aáo Sanitária Pan-Americana, para agrade-cer ás entidades cuja colaboraçáo haviatornado possível o proveitoso encontro.

Sra. Glete Alcantara, que em nome dasparticipantes ofereceu um brinde á Escola deEnfermagem da Bahia, como símbolo de re-conhecimento pela generosa hospitalidade, e

Sra. Elida Frabasile, a quem suas colegas de-legaram a missáo de presentear com um ramode flores as consultoras, os conferencistas e acoordenadora do conclave, foram as duas úil-timas oradoras da sessáo.

Em seguida, procedendo ao encerramento,Sra. Nilza M. Garcia agradeceu, em nomeda Escola de Enfermagem, as homenagensque Ihe haviam sido prestadas e disse quefora um privilégio para aqu8le educandárioacolher na sua sede as figuras mais proemi-nentes da enfermagem dos países ali repre-sentados, ao mesmo tempo que reafirmavaestarem as enfermeiras da Bahia e do Brasilsempre ansiosas por receber suas colegas deoutras pátrias.

Anexo II

ORGANIZACAO LOCAL DO SEMINÁRIO

Providéncias tomadas no sentido de pron-tamente atender certas necessidades da vidadiária, tais como, entre outras, no caso pre-sente, correio, cámbio, passagens e lavande-ria, permitiram aos participantes do Semi-nário dedicar toda a sua atengáo aos temasdas reunioes e confer8ncias. As atividadesextra-curriculares do conclave estiveram acargo das seguintes comissóes:

Comissao de Atividades SociaisLícia de Almeida, Vice-Presidente da Associa-

aáo Brasileira de Enfermagem, Seçao Esta-dual da Bahia

Nilza M. M. Garcia, Diretora da Escola de En-fermagem da Universidade da Bahia

Maria Ivete Ribeiro de Oliveira, Presidente daAssociaa&o Brasileira de Enfermagem, SegaoEstadual da Bahia

Glacy Vieira, Professóra de Enfermagem daEscola de Enfermagem da Universidade daBahia

Teresa Villas-Boas, Presidente da Comissáo deProgramas da Associaçao Brasileira de En-fermagem, Segao Estadual da Bahia

Comissao de Relaçoes com o Público e Imprensa

Haydée G. Dourado, Diretora-Associada, Le-vantamento dos Recursos e Necessidades daEnfermagem no Brasil

Nilza M. M. Garcia, Diretora da Escola deEnfermagem da Universidade da Bahia

Maria Ivete Ribeiro de Oliveira, Presidente daAssociaçao Brasileira de Enfermagem, SeçáoEstadual da Bahia

Maria Rosa de Sousa Pinheiro, Presidente daAssociaaáo Brasileira de Enfermagem

Comissao de Ligaçao com a Escola de Enfermagem

Para a recepaáo das participantes:Virginia ArnoldAgnes W. ChagasCatherine KainBeatrice LeningtonHilda LosierMaria Palmira Tito de MoraesOlga Verderese

Para assuntos de alojamento e saáde:Maria Palmira Tito de MoraesOlga Verderese

Para assuntos de correio e finanças:Agnes W. Chagas

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Page 74: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Comissao de Avaliaçao

Apollonia F. AdamsPetronilla ComminsCatherine KainBeatrice LeningtonBenedito Coelho Rodrigues

Comissao do Relatório

Agnes W. ChagasHilda LosierMaria Palmira Tito de MoraesMaria de Lourdes VerdereseOlga Verderese

Secretárias do Seminário

Dalma GalvaoRuth Valadao de MatosSusana Podanoffsky

Em todas as sessóes plenárias, atuavacomo diretor de debates um membro do corpodocente do Seminário.

A Comissao de Atividades Sociais e todo opessoal local devotaram-se com empenho esingular eficiencia á tarefa de proporcionar omáximo confBrto a quantos se beneficiaramda magnífica hospedagem oferecida pela Es-cola de Enfermagem da Universidade daBahia.

Para as operaoóes de cambio, utilizou-seum estabelecimento bancário da cidade deSalvador, que durante tris dias manteve ádisposiqao dos interessados, em horas deter-

minadas, um dos seus funcionários. O ser-vigo postal estéve a cargo da bibliotecária doconclave, que o desempenhou com efici8ncia.Uma das integrantes da Comissáo de Ativi-dades Sociais tomou a si as questóes referen-tes a passagens e transporte e teve atuaçaoexcelente, que muito facilitou a soluçao dosproblemas surgidos nesse terreno. Para evi-tar que as participantes tivessem de ausen-tar-se das reuni6es, um agente de viagensestéve trés vézes na Escola, providenciando-se assim o regresso do pessoal vindo de fora.Outros membros da mesma comissáo, prin-cipalmente nos fins de semana, quando se in-terrompiam os trabalhos, dedicaram grandeparte do seu tempo as participantes, ser-vindo-lhes de guias amáveis e grandes co-nhecedores do local, em passeios e compras.

Magnificamente impressa e editada em es-panhol, inglés e portugués, foi distribuida aospresentes uma publicaçao sobre a cidade deSalvador, na qual se encontravam informa-çoes de grande utilidade para quem visitavauma cidade pela primeira vez: indicacao dospontos de maior inter8sse turístico, horário elocalizaçao dos serviços religiosos regulares eum guia do comércio local.

A tradicional hospitalidade baiana féz-sesentir, em todos os momentos e nos mínimosdetalhes, a quantos tiveram a grata oportu-nidade de comparecer ao Seminário DidáticoInternacional sobre Levantamentos de En-fermagem.

Anexo III

PROGRAMA DO SEMINÁRIO DIDATICO

Domingo, 6 de julho

Chegada dos participantes

Segunda-feira, 7 de julho

9:30 ás 12:00Sessáo InauguralAbertura Oficial do Seminário Didático pelo

Magnífico Reitor da Universidade da Ba-hia, Prof. Edgard Santos.

Saudagáo da Presidente da Associaçao Bra-sileira de Enfermagem, Seçgo da Bahia,Sra. Maria Ivete Ribeiro de Oliveira.

Palavras do Representante da OrganizaçaoMundial da Saúde e da Repartiçao Sani-tária Pan-Americana, Dr. Kenneth O.Courtney

Discurso da Presidente da Associaçao Bra-sileira de Enfermagem, Sra. Maria Rosa deSousa Pinheiro.

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Page 75: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Aspeto do Auditório na Sessáo de Encerramento

14:00 ás 15:00"O Seminário Didático Internacional sobre

Levantamentos de Enferinagem: Propó-sito, Organizaqco e Atividades"

Sra. Maria Palmira Tito de Moraes

15:00 as 16:30"Que é Levantamento de Recursos de En-

fermagem?"Sra. Apollonia F. Adams

17:00Chá oferecido pelo Magnífico Reitor e Sra.

Edgard Santos, no Instituto Feminino daBahia.

Terla-feira, 8 de julho

9:00 as 10:00"Seleçgo e utilizaqao, neste Seminário, dos

temas sugeridos pelos participantes".Sra. Maria Palmira Tito de Moraes

10:00 as 11:30"Problema Social e Problema de Investiga-

çao"Prof. Oracy Nogueira

11:30 as 12:30Organizaaáo dos Grupos de Trabalho

14:00 as 15:30"O Levantamento dos Recursos e Necessi-

dades da Enfermagem no Brasil: como foiplanejado o Levantamento"

Sra. Maria de Lourdes Verderese

15:30 As 17:30Reuniao dos Grupos de TrabalhoTemas de estudo e debate:1. "Formulagao de problemas para um le-

vantamento de enfermagem".2. Resultados do Levantamento dos Recur-

sos e Necessidades da Enfermagem noBrasil.

Quarta-feira, 9 de julho

9:00 as 10:30"As várias fases do levantamento estatístico:

campo de pesquisa, questionário e coleta"Sr. Benedito Coelho Rodrigues

10:30 As 12:30Reuniao dos Grupos de TrabalhoTema de estudo e debate:"Aferiqao e computaqao de dados. Elabora-

çao de tabelas".

14:00 as 15:30"O Levantamento dos Recursos e Necessi-

dades da Enfermagem no Brasil: Coletados dados"

Sra. Olga Verderese

15:30 as 17:30Temas de estudo e debate:1. Esquema de um levantamento de enfer-

magem de acórdo com um tema sele-cionado entre os sugeridos pelos parti-cipantes.

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Page 76: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS I)E ENFERMAGEM

Elaboraçao de questionários2. Resultados do Levantamento dos Recur-

sos e Necessidades da Enfermagem noBrasil (continuaçao do estudo e debatedeste tema)

Quinta-feira, 10 de julho

9:00 as 10:30"As várias fases do levantamento estatístico:

crítica e apuraáao; análise e interpre-taçao; apresentaçáo dos resultados".

Sr. Benedito Coelho Rodrigues

10:30 as 12:30Reuniáo dos Grupos de TrabalhoTemas de estudo e debate:1. Coleta de dados; análise, crítica e inter-

pretaçao dos dados de um levantamentode enfermagem

2. Observaaáo em um hospital3. Resultados do Levantamento dos Recur-

sos e Necessidades da Enfermagem noBrasil (continuagao do estudo e debatedeste tema)

14:00 ás 16:30Reuniao dos Grupos de TrabalhoContinuaçao dos trabalhos da manha. Ava-

liaçáo das atividades nos Grupos de Tra-balho

20:00 ás 21:30"O Levantamento por Amostragem"

Sr. Thomas Jabine

Sexta-feira, 11 de julho

9:00 ás 10:30"O interesse do público num Levantamento

de Enfermagem"Sra. Haydée Guanaes Dourado

10:30 ás 12:00Reuniáo dos Grupos de TrabalhoPreparacáo dos relatórios

14:00 as 15:30"O Levantamento dos Recursos e Necessi-

dades da Enfermagem no Brasil: avalia-çao".

Sra. Maria de Lourdes Verderese

15:30 as 17:00Sessáo Plenária: Leitura dos relatórios dos

Grupos de Trabalho, seguida de debate

21:00Concérto da Orquestra Sinfónica da Univer-

sidade-Auditório da Reitoria

Sábado, 12 de julho

14:30Excursao-Bahia tradicional. Visita a parte

antiga da cidade-principais igrejas e con-ventos.

21:00Teatro Santo António da Universidade da

Bahia-"A Almanjarra"-peça em 2 atos,de Arthur Azevedo

Domingo, 13 de julho

9:00Excursáo-Bahia pitoresca. Visita ás princi-

pais praias e pontos pitorescos da cidade

13:00Almoco típico na Escola de Enfermagem-

Demonstragao de "Capoeira"

Segunda-feira, 14 de julho

9:00 ás 10:30"As partes principais de um relatório de pes-

quisa"Prof. Oracy Nogueira

10:30 ás 12:00Reuniao dos Grupos de TrabalhoTemas de estudo e debate:1. Utilizaçgo de recursos. Elaboragáo do or-

gamento; pessoal e material necessáriosa um levantamento de enfermagem

2. Avaliagao geral do Levantamento dos re-cursos e necessidades da Enfermagemno Brasil e determinaçáo de meios deagáo

14:00 ás 15:30"As razóes do bom éxito de alguns levanta-

mentos de enfermagem"Sra. Apollonia F. Adams

15:30 ás 17:30Reuniao dos Grupos de TrabalhoOrganizagao de relatórios

Terça-feira, 15 de julho

9:00 as 12:00Sessao plenária para apresentagáo dos rela-

tórios dos Grupos de Trabalho. Debate.

14:00 ás 15:00Sessao Plenária para avaliaçao do Seminário

Didático

15:30 ás 17:00Sessáo de Encerramento do Seminário Didá-

tico Internacional

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Page 77: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Presidente da Sessio:Sra. Nilza M. M. Garcia

Oradores:Sra. Rosalba Flores de FernándezSra. Maria Rosa Sousa PinheiroSra. Catherine Kain

Sra. Apollonia F. AdamsSra. Maria Palmira Tito de MoraesSra. Glete de AlcantaraSra. Élida Frabasile R.

Encerramento do Seminário Didático pelaSra. Nilza M. M. Garcia

Anexo IV

O CORPO DOCENTE DO SEMINÁRIO

Conferencistas

Sra. Haydée Guanaes Dourado, Diretora Asso-ciada, Levantamento dos Recursos e Necessidadesda Enfermagem no Brasil.

Sra. Maria Rosa de Sousa Pinheiro, Presidenteda Associagáo Brasileira de Enfermagem, Dire-tora da Escola de Enfermagem da Universidadede Sao Paulo

Assessóres

Sta. Virginia Arnold, Diretora Assistente daFundagáo Rockefeller.

Sr. Thomas Jabine, Assessor de Estatística daAdminstravao de CooperaQáo Internacional, emmissao no Brasil.

Sra. Catherine Kain, Consultora de Enferma-gem da Administragáo de Cooperaaáo Interna-cional dos Servigos de Saúde dos Estados Unidosda América do Norte.

Sra. Beatrice Lenington, Consultora em Enfer-magem Hospitalar da Administraaáo de Coopera-qao Internacional, em missao no Brasil, no ServigoEspecial de Saúde Pública.

Sra. Petronilla Commins, Consultora de En-fermagem; da Repartigáo Sanitária Pan-Ameri-cana, Escritório Regional da Organizaqao Mun-dial da Saúde.

Consultores

Sra. Apollonia F. Adams, Chefe da Divisao deRecursos de Enfermagem dos Serviqos de Saúdedos Estados Unidos da América.

Prof. Oracy Nogueira, Professor do CentroBrasileiro de Pesquisas Educacionais.

Sr. Benedito Coelho Rodrigues, Chefe do Ser-vigo de Inquérito da Secretaria Geral do ConselhoNacional de Estatística (Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística).

Sra. Maria de Lourdes Verderese, Diretora Asso-ciada, Levantamento dos Recursos e Necessida-des da Enfermagem no Brasil.

Sra. Olga Verderese, Supervisora de Campo, Le-vantamento dos Recursos e Necessidades da En-fermagem no Brasil.

Sra. Agnes W. Chagas, Consultora de Enfer-magem da Repartiá'o Sanitária Pan-Americana,Escritório Regional da Organizagáo Mundialda Saúde

Srta. Hilda Lozier, Consultora de Enfermagemda RepartiQáo Sanitária Pan-Americana, Escri-tório Regional da Organizagáo Mundial da Saúde

Coordenadora do Seminário Didático

Sra. Maria Palmira Tito de Moraes, Consul-tora de Enfermagem da Repartigáo SanitáriaPan-Americana, Escritório Regional da Organi-zaqao Mundial da Saúde

Anexo V

LISTA DE PARTICIPANTES

Argentina

Nydia GordilloDirectora de la Escuela de Enfermería Univer-

sitariaUniversidad Nacional de CórdobaCórdoba

Brasil

Glete de AlcántaraDiretora, Escola de Enfermagem de Ribeiráo

PretoUniversidade de Sao PauloEstado de Sao Paulo

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Page 78: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Ermengarda de Faria AlvimChefe da Se9ao de EnfermagemDivisao de Orientagao TécnicaServigo Especial de Saúde PúblicaRio de Janeiro-Distrito Federal

Maria do Carmo DantasProfessora de EnfermagemEscola de Enfermagem "Ana Neri"Universidade do BrasilRio de Janeiro-Distrito Federal

Clarisse FerrariniChefe dos Servivos de EnfermagemHospital das ClínicasUniversidade de Sao PauloEstado de Sao Paulo

Nilza Marques Maurício GarciaDiretora, Escola de EnfermagemUniversidade da BahiaSalvador, Bahia

Lourdes Torres GarciaPesquisadora, Hospital das ClínicasUniversidade de Sao PauloEstado de Sao Paulo

Irma Maria MadalenaDiretora, Escola de Enfermagem Luiza de Ma-

rillacUniversidade Católica do BrasilRio de Janeiro-Distrito Federal

Margaret MeinDiretora, Escola de Enfermagem do RecifeRecife, Pernambuco

Isaura Barbosa LimaChefe da Segao de EnfermagemDivisao de Organizagao Sanitária do Departa-

mento Nacional de Saúde, Ministério daSaúde

Rio de Janeiro-Distrito Federal

Maria Ivete Ribeiro de OliveiraVice-Diretora, Escola de EnfermagemUniversidade da Bahia, ePresidente da Associaçao Brasileira de Enfer-

magemSegáo da Bahia-Estado da Bahia

Marina de Andrade ResendeDiretora da Divisáo de EnfermagemServiço Especial de Saúde PúblicaRio de Janeiro-Distrito Federal

Lenísia da Costa SantosPesquisadora, Centro de Levantamentos dos

Recursos da EnfermagemAssociagao Brasileira de EnfermagemRio de Janeiro-Distrito Federal

Chile

Rosalba Flores de FernándezDirectora, Escuela de EnfermeríaUniversidad de ChileSantiago

Marta Moya de SudyEnfermera Asesora, Sub-Departamento de En-

fermeríaServicio Nacional de la SaludSantiago

Irma OlivariDirectora, Escuela UniversitariaServicio Nacional de SaludSantiago

Ruth SchastEnfermera Asesora, Sub-Departamento de En-

fermeríaServicio Nacional de Salud PúblicaSantiago

Colombia

Inés DuranaDecana Facultad de EnfermeríaUniversidad Nacional de ColombiaBogotá

María MonsalveEnfermera Jefe Plan PilotoMinisterio de Salud PúblicaBogotá

México

Alicia Roca BelmontSub-Jefe del Servicio de EnfermeríaMaternidad "Arturo Mundel"México-Distrito Federal

Margarida Navarro SalazarEncargada de la Sección de Enfermería de la

Dirección de Enfermería y Trabajo SocialMéxico-Distrito Federal

Panamá

Silvia DuncanJefe del Servicio de Enfermería de Salud Pú-

blica

73

Page 79: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINÁRIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

Ministerio de SalubridadPanamá

Mercedes ChongInstructora de Enfermería PsiquiátricaEscuela de EnfermeríaHospital Santo TomásPanamá

Peru

Elena Aliaga PeñalozaJefe de la Sección de Registro del Departamento

de EnfermeríaMinisterio de Salud Pública y Asistencia So-

cialLima

Alicia J. Arrieta de SilvaJefe de la Sección de Enfermería de Salud Pú-

blicaDepartamento de Enfermería del Ministerio de

Salud Pública y Asistencia SocialLima

Portugal

Rosélia Ribeiro RamosDiretora dos Servigos de Enfermagem de

Saúde Pública, Assisténcia á Maternidade eInfáncia; Professóra de Enfermagem deSaúde Pública

Escola Técnica de EnfermeirasLisboa

Cristant RegalaVice-Diretora, Escola Técnica de Enfermeiras,

Instituto Portugues de OncologiaLisboa

Uruguai

María Rosa ParentiniInstructora de EnfermeríaUniversidad de la RepúblicaMontevideo

llida H. Frabasile RullánDirectora, Escuela de Sanidad y Servicio SocialMinisterio de Salud PúblicaMontevideo

Venezuela

Carmen Caraballo SanabriaEnfermera Jefe en la Unidad SanitariaBarcelona

Carmen Amadora ZavalaDirectora de la Escuela Nacional de Enferme-

rasCaracas

Anexo VI

AGRADECIMENTOS

A Repartigao Sanitária Pan-Americana,Escritério Regional da Organizagao Mundialda Saúde, registra aqui seu melhor agradeci-mento-

- ao Ministério da Saúde do Brasil, peloconvite, gentilmente formulado, no sentidode que o Seminário Didático Internacional serealizasse em territorio brasileiro;

- aos Govérnos dos países que se fizeramrepresentar, por essa colaboraaáo e por a ha-verem prestado através dos seus profissionaisde maior tirocínio no campo da enfermagem;

- ao Magnífico Reitor da Universidade daBahia, Prof. Edgard Santos, á Diretora daEscola de Enfermagem da mesma entidade,Sra. Nilza M. Garcia, e ao ilustre Corpo Do-

cente do referido educandário, pela acolhidacordial e inestimável coopera9ao dispensadasaos participantes;

- aos Servigos de Saúde Pública dos Esta-dos Unidos da América e á Diretora da suaDivisao de Recursos de Enfermagem, Sra.Apollonia F. Adams, pela participa9ao dailustre profissional, que atuou como Consul-tora e Especialista de Técnica de Levanta-mentos de Enfermagem do conclave;

- ao Diretor, Chefes de Clínica e todo opessoal de enfermagem do Hospital das Clí-nicas da Universidade da Bahia, pela cola-boraçáo irrestrita, sumamente valiosa, du-rante a realizacáo, naquele estabelecimento,de demonstraóoes práticas constantes do pro-grama;

74

Page 80: SEMINARIO DIDÁTICO INTERNACIONAL SOBRE …

SEMINARIO SOBRE LEVANTAMENTOS DE ENFERMAGEM

- ao Diretor do Laboratório Central doEstado da Bahia, Dr. Manuel Ferreira, pelobrilhante trabalho de assessoramento du-rante o estudo e debate da enfermagem desaúde pública no Brasil;

- ao Dr. Thales de Azevedo, Professor daUniversidade da Bahia, por haver amável-mente fornecido referencias bibliográficas degrande utilidade aos trabalhos; e

- á Fundacao Rockefeller, á Administra-çao da Coopera9áo Internacional dos Esta-

dos Unidos da América, á Associagco Brasi-leira de Enfermagem e sua Seaáo Estadualda Bahia, ao Centro de Levantamentos dosRecursos e Necessidades da Enfermagem noBrasil, ao Centro Brasileiro de PesquisasEducacionais e ao Instituto Brasileiro deGeografia e Estatistica, pelo apóio prestadoatravés da sessao de especialistas dos cam-pos da enfermagem, pesquisa social e esta-tística para o fim de fazer palestras e servircomo assessóres durante os trabalhos.

Anexo VII

BIBLIOGRAFIA

(1) Abdellah, Faye G., e Levine, Eugene: Pa-tient and Personnel Speak. Public HealthService Publication No. 527. Superinten-dent of Documents, U. S. GovernmentPrinting Office, Washington 25, D. C.,1957.

(2) Abdellah, Faye G.: Appraising the ClinicalResources in Small Hospitals. PublicHealth Monograph No. 24. Public HealthService Publication No. 389. Superinten-dent of Documents, U. S. GovernmentPrinting Office, Washington 25, D. C.,1954.

(3) Ackoff, Russell L.: The Design of Social Re-search. The University of Chicago Press,1953.

(4) Adams, Apollonia F.: How to Study theNursing Service of an Outpatient Depart-ment. Public Health Service PublicationNo. 497. Superintendent of Documents,U. S. Government Printing Office, Wash-ington 25, D. C., 1957.

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REVISTAS

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(2) Educaçao e Ciencias Sociais. Centro Brasi-leiro de Pesquisas Educacionais, Rio deJaneiro, Brasil.

(3) International Social Science Bulletin.UNESCO Publications Center, Paris.

(4) IPH-Instituto Brasileiro de Desenvolvi-mento e de Pesquisas Hospitalares, Rio deJaneiro, Brasil.

(5) Nursing Outlook, New York, U. S. A.(6) Nursing Research, New York, U. S. A.(7) Revista Brasileira de Estatistica, Rio de

Janeiro, Brasil.

(8) Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos,Instituto Nacional de Estudos Peda-gógicos, Centro Brasileiro de PesquisasEducacionais, Rio de Janeiro, Brasil.

(9) Revista Brasileira de Estudos Politicos,Faculdade de Direito da Universidade deMinas Gerais, Brasil.

(10) Revista Técnica de Planejamento Hospitalar,Rio de Janeiro, Brasil.

(11) Review of Educational Research, NationalEducation Association, Washington,U. S. A.

(12) Sociologia, Sao Paulo, Brasil.

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