+museu boletim n.º 1 | maio 2003 / separata

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Separata do boletim do Museu Municipal de Palmela nº 1 (Ante-Projecto em divulgação de Maio a Novembro de 2003) ÍNDICE Introdução 1. O Museu Municipal de Palmela hoje........................................................................................... 1.1. Missão, posição orgânica, funções, pessoal e instalações....................................... 1.2. Acervo e Núcleos e Extensões museológicos em actividade 1.2.1. Núcleo-Sede ou Núcleo do Castelo 1.2.2. Núcleo do Pinhal Novo 1.2.3. Núcleo do Vinho e da Vinha 1.2.4. Extensão - Centro de Interpretação do Zambujalinho 1.2.5. Extensão - Moinhos Vivos 1.2.6. Extensão - Centro Artes e Ofícios Sebastião Fortuna 1.3. Serviço Educativo 1.4. Inventário e Reservas 1.5. Edição 2. Programa-Base do Museu Municipal de Palmela (proposta) 2.1. Conceito de Museu polinucleado – definição, modelo de gestão, objectivos, vocação e funções 2.2. Núcleos e Extensões Museológicos a implantar no concelho Produzir-se-ão programas para cada Núcleo, integrando contributos resultantes da fase de discussão pública; três desses programas estão em fase de investigação/desenvolvi mento: Núcleo do Castelo/Casa Capelo; Núcleo de Pinhal Novo e Núcleo do Vinho e da Vinha. 2.2.1. Núcleo-Sede – Castelo de Palmela e envolvente 2.2.2. Núcleo do Vinho e da Vinha – Adega de Herdade de Algeruz 2.2.2.1. Galeria de Exposições Temporárias – Largo S. João 2.2.3. Núcleo da Quinta do Anjo 2.2.4. Núcleo do Pinhal Novo 2.2.5. Museu da Malária – Extensão museológica em Águas de Moura 2.2.6. Centro de Interpretação do Zambujalinho – Extensão museológica 2.2.7. Castro de Chibanes – Extensão museológica 2.2.8. Núcleo da Herdade de Rio Frio 2.2.9. Centro de Artes e Ofícios de Quinta do Anjo – Extensão museológica 2.2.10. Moinhos da Serra do Louro – Extensão museológica 2.2.11. Colecção Palmela de Arte Contemporânea 2.2.12. Apoio a colecções privadas e/ou de associações de cultura e recreio 2.3. Linha editorial do Museu Municipal 2.4. nventário e Plano Municipal de classificação de Património Edificado 3. Amigos e Voluntários no Museu Municipal 4. Adesão a entidades especializadas em Património e Museologia Programa Museológico Municipal de Palmela

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Page 1: +museu boletim n.º 1 | maio 2003 / separata

Separata do boletim do Museu Municipal de Palmela nº 1

(Ante-Projecto em divulgação de Maio a Novembro de 2003)

ÍNDICE

Introdução

1. O Museu Municipal de Palmela hoje...........................................................................................1.1. Missão, posição orgânica, funções, pessoal e instalações.......................................1.2. Acervo e Núcleos e Extensões museológicos em actividade

1.2.1. Núcleo-Sede ou Núcleo do Castelo1.2.2. Núcleo do Pinhal Novo1.2.3. Núcleo do Vinho e da Vinha1.2.4. Extensão - Centro de Interpretação do Zambujalinho1.2.5. Extensão - Moinhos Vivos1.2.6. Extensão - Centro Artes e Ofícios Sebastião Fortuna

1.3. Serviço Educativo1.4. Inventário e Reservas1.5. Edição

2. Programa-Base do Museu Municipal de Palmela (proposta)2.1. Conceito de Museu polinucleado – definição, modelo de gestão, objectivos, vocaçãoe funções2.2. Núcleos e Extensões Museológicos a implantar no concelhoProduzir-se-ão programas para cada Núcleo, integrando contributos resultantes da fasede discussão pública; três desses programas estão em fase de investigação/desenvolvimento: Núcleo do Castelo/Casa Capelo; Núcleo de Pinhal Novo e Núcleo do Vinho e daVinha.

2.2.1. Núcleo-Sede – Castelo de Palmela e envolvente2.2.2. Núcleo do Vinho e da Vinha – Adega de Herdade de Algeruz

2.2.2.1. Galeria de Exposições Temporárias – Largo S. João2.2.3. Núcleo da Quinta do Anjo2.2.4. Núcleo do Pinhal Novo2.2.5. Museu da Malária – Extensão museológica em Águas de Moura2.2.6. Centro de Interpretação do Zambujalinho – Extensão museológica2.2.7. Castro de Chibanes – Extensão museológica2.2.8. Núcleo da Herdade de Rio Frio2.2.9. Centro de Artes e Ofícios de Quinta do Anjo – Extensão museológica2.2.10. Moinhos da Serra do Louro – Extensão museológica2.2.11. Colecção Palmela de Arte Contemporânea2.2.12. Apoio a colecções privadas e/ou de associações de cultura e recreio

2.3. Linha editorial do Museu Municipal2.4. nventário e Plano Municipal de classificação de Património Edificado

3. Amigos e Voluntários no Museu Municipal

4. Adesão a entidades especializadas em Património e Museologia

ProgramaMuseológicoMunicipalde Palmela

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Introdução

O presente documento destina-se a apresentar,para discussão pública, entre Maio e Novembrode 2003, as bases da programação museológicado município de Palmela, cujas orientações ge-rais remontam a 1986/87.

Desde então, quer por opções autárquicas, querpela dinâmica de outras instituições que operamno território concelhio, quer por actos de agentesdiversos (ex.: particulares), vivemos uma nova re-alidade. O presente documento tem dois objec-tivos fundamentais: por um lado, caracterizar aestrutura museológica municipal actual; por ou-tro, propôr e perspectivar o que pode caracteri-zar a curto, médio e longo prazo essa mesma re-alidade, no quadro das directrizes traçadas pelaautarquia para a política cultural.

Em matéria de protecção e gestão do patrimóniocultural, as competências das autarquias estãogenericamente definidas em dois diplomas fun-damentais - a Lei 159/99, de 14 de Setembro (artº20º) e a Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro, co-nhecida como Lei do Património -, nenhum dosquais regulamentado. Assim, cada município tempautado a sua acção nesta área de intervençãoem função quer das prioridades que são traçadasem cada mandato, quer da herança histórica ine-rente ao próprio território gerido; a capacidade fi-nanceira local e a determinação política das equi-pas autárquicas e, ainda, a maior ou menor tradi-ção de participação cívica local em torno destasmatérias da História, Memória e Identidade, aca-bam por influenciar em parte o rumo dos aconte-cimentos.

Está, actualmente, em discussão a Lei-Quadro deMuseus. A proposta –base de programaçãomuseológica para o concelho de Palmela, queaqui se apresenta, integra princípios subjacentesao citado quadro legislativo em preparação, vistoque no âmbito da Rede Portuguesa de Museus(RPM) há disposições/normas consideradas co-muns a todos os museus portugueses (indepen-dentemente da tutela) que devem ser respeita-das, quer por razões inerentes ao próprio concei-to de Museu e ao código deontológico que regeeste tipo de entidade técnico-cultural, quer pelofacto de poderem vir a garantir uma futuraacreditação no âmbito da RPM, fundamental paraqualificação e candidatura a eventuais financia-mentos.

A Câmara Municipal considera que esta área deintervenção, como outras, embora se caracterizepor uma grande especificidade técnica, carecede auscultação alargada à população, dada a im-portância cultural relevante do conjunto de equi-pamentos a que poderemos talvez chamar nofuturo Complexo Museológico Municipal .

De modo a garantir a maior divulgação e debatepossíveis, do presente documento, propomos arealização de acções públicas com diversos agen-tes culturais locais, Juntas de Freguesia e comu-nidade educativa, visando a introdução de novaspropostas e/ousugestões que garantam umamaior eficácia e adequabilidade dos objectivosprogramáticos do Museu Municipal aos desejosdas comunidades nas quais se pretende implan-tar ou requalificar/reestruturar núcleosmuseológicos.

Este documento – na versão definitiva - elencarátambém uma série de estudos e projectos quesão fundamentais produzir para o desenvolvimen-to cultural do concelho, na perspectiva de valori-zação e divulgação do património cultural e natu-ral do nosso território de intervenção e do reco-nhecimento e reforço da História e da IdentidadeLocais.

1.O Museu Municipal de Palmela(MMP) hoje

1.1. Missão, posição orgânica,funções, pessoal e instalações

O Museu Municipal de Palmela foi criado, em fi-nais dos anos 80 do século XX, como uma estru-tura polinucleada, de funcionamento permanentee sem fins lucrativos, tendo como missão preser-var o património cultural do território administradopelo município de Palmela, integrando acervos re-presentativos da memória de cada freguesia doconcelho, potencializando uma leitura da sua di-versidade através de exposições e publicações,em espaços expositivos programados – tempo-rários e/ou permanentes -, de progressiva instala-ção.

Tutelado pela Câmara Municipal, o Museu surgecomo unidade integrada na Estrutura Orgânicada autarquia em 1987 - nesse momento são defi-nidas as suas funções e âmbito de intervenção. Épois clara a intenção da Câmara Municipal em

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criar um serviço apto a intervir na área do Patri-mónio Cultural, tendo como documento fundador,escrito e oficial uma deliberação municipal, o queé revelador do seu estatuto jurídico.

Neste momento (2003), o Museu constitui umasub-unidade orgânica da Divisão de PatrimónioCultural, integrada no Departamento de Cultura eDesporto da autarquia e coordenada pelo Execu-tivo Municipal através do eleito responsável peloPelouro Sócio-Cultural.O Manual de Funções da autarquia especifica cla-ramente as atribuições da Divisão Municipal aci-ma mencionada e, no seu seio, as do Museu Mu-nicipal. Este serviço, que domina as actividadesproduzidas pela DPC, tem rubricas orçamentaisautónomas para realização das acções inerentesao seu normal funcionamento - conservação ereservas, exposições, investigação, serviçoeducativo e edição -, um Plano de ActividadesAnual e acções inscritas no Plano Plurianual deInvestimentos da autarquia, uma equipa perma-nente afecta ao Museu e vários espaços/edifíciossob sua gestão.

Funções1 do Museu Municipal

a) Assegurar a gestão do Museu Municipal;

b) Implementar o programa museológico defini-do para o concelho, contribuindo com outros ser-viços da autarquia para uma gestão integrada dopatrimónio cultural, paisagístico e urbanístico doconcelho;

c) Providenciar pela criação do núcleo central doMuseu Municipal, a instalar no Castelo de Palmelano âmbito do Programa de Recuperação e Ani-mação do Castelo (PRAC);

d) Providenciar pela criação e divulgação de ou-tros núcleos museológicos, de sítio ou temáticos,de acordo com uma estratégia de valorização eafirmação da diversidade sócio-cultural do con-celho;

e) Providenciar a criação e posterior gestão dosector de Reservas do Museu Municipal;

f) Assegurar através do Serviço Educativo, e, sem-pre que necessário, em articulação com outrasunidades do Departamento, a realização de visi-tas guiadas e actividades de animação sócio-

educativa, preferencialmente dirigidas a escolas,mas também a outros grupos ou entidades;

g) Planear, programar, coordenar e realizar inicia-tivas culturais, nomeadamente exposições artísti-cas e temáticas, ou que derivem das actividadesdesenvolvidas no Museu ou no património históri-co edificado;

h) Gerir a ocupação da Igreja de Santiago no qua-dro das funções atribuídas a esse espaço peloPRAC;

i) Assegurar contactos com outras entidades nosentido de adquirir objectos de interesse históricoe cultural destinadas às colecções das exposi-ções permanentes e temporárias do Museu Mu-nicipal, ou para depósito no sector de Reservas;

j) Assegurar a edição regular de catálogos relati-vos às colecções das exposições permanentes,temporárias e das reservas;

São também acções inerentes à equipa do Mu-seu Municipal a participação em reuniões de co-ordenação promovidas pelo responsável pela Di-visão e a elaboração de relatórios sobre a suaactividade e a sua apresentação ao responsávelpela Divisão.

Pessoal afecto ao Museu Municipal

A Direcção do Museu é assegurada pela Chefiade Divisão de Património Cultural e a equipa afec-ta é composta por 4 licenciados em História (dosquais um é Arqueólogo), um licenciado em Histó-ria de Arte, um licenciado em Antropologia, umAnimador Sócio-Cultural, um Técnico Profissionalcom funções na área da Museografia, um Técni-co Auxiliar de Museografia (afecto à sub-unidadede Arqueologia), 2 assistentes administrativos, 2vigilantes.A estes recursos acrescem, do ponto de vista doPessoal afecto, dois técnicos superiores em regi-me de Avença: um Arqueólogo (com funções decoordenação da unidade de Arqueologia) e umlicenciado em História com funções de investiga-ção em História Local/ Assessoria Cultural daautarquia.De referir que a generalidade dos técnicos repar-te as suas funções entre concepção-produção deexposições temporárias (monográficas e de ar-tes plásticas), investigação nalguns domínios do

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Património Histórico Edificado e Etnografia locais,inventário de bens culturais locais, ServiçoEducativo do Museu, gestão da Igreja de Santia-go e gestão do stock de publicações; uma dostécnicos superiores é também responsável pelagestão corrente do Gabinete de Estudos sobreOrdem de Santiago, sub-unidade da Divisão.

Instalações afectas à equipa técnicado Museu Municipal

Os espaços de trabalho da equipa afecta ao Mu-seu Municipal são, nestemomento, quatro e dispersos (abaixo menciona-dos) além das áreas exíguas existentes para re-servas (das quais falaremos adiante):

- a sacristia da Igreja de Santiago (piso térreo):instalação da “sede” daDivisão, partilhada com equipa afecta ao Gabine-te que implementa oPRAC;- uma sala-atelier de Serviço Educativo, no Caste-lo, instalada numa galeria da Praça de Armas;- um gabinete de trabalho instalado no Centro His-tórico de Palmela, onde trabalha um assistenteadministrativo, e 3 técnicos superiores do MuseuMunicipal (pessoal que transitará para Adega deAlgeruz logo que a conclusão da obra de adapta-ção se concretizar);- temporariamente há deslocação diária (exceptoà 2ª feira) do pessoal que assegura visitas a umaexposição patente na Adega da Herdade deAlgeruz.

1.2. Acervo e Núcleos e Extensões2

Museológicos em actividade

Palmela, apesar de durante séculos – do XV aoXIX – ter sido sede de uma importante OrdemReligiosa e Militar não é proprietária de patrimó-nio histórico-artístico móvel de interesse notável,facto que terá causas tão diversas como: a acçãodos invasores franceses, a extinção das OrdensMilitares em 1834 e a extinção do concelho em1855, e sequente integração dos espólios docu-mental e artístico em entidades fora do actual ter-ritório municipal, acidentes diversos (ex.; incêndi-os) e vandalismo a que alguns imóveis estiveramsujeitos após a desactivação do Castelo enquan-to reduto defensivo de grande importância.

Contudo, um imponente conjunto de estruturasarquitectónicas classificadas como património na-cional – caso do Castelo e da Igreja de Santiago,das Grutas Artificiais de Quinta do Anjo e doPelourinho da vila de Palmela; outras classifica-das como valores concelhios; núcleos de patri-mónio arquitectónico vernacular dos principaisaglomerados populacionais do concelho; um va-riado leque de costumes e tradições agrícolas(agro-pastoris e vitinivícolas, com algumas pro-duções de reconhecida qualidade a nível regio-nal, nacional e internacional); actividades oficinaisjá em recessão ou já desaparecidas; um activoassociativismo nas áreas do folclore e da músicafilarmónica. Todas estas especificidades consti-tuem um importante manancial patrimonial a es-tudar, preservar e divulgar, de forma a alicerçaridentidades locais fortes, e a preservar e construiras memórias colectivas, propiciadoras de um de-senvolvimento social e cultural relevante, capazde garantir a integração das novas comunidadesque se instalam no concelho, em particular naszonas de maior expansão urbana.

Abrir novas perspectivas de leitura do concelho,através do olhar incidente sobre o património - sejao histórico-edificado, o arqueológico, as memóri-as dos saberes-fazer tradicionais ou o patrimónionatural - tem guiado a acção até agora desen-cadeada pelo Museu Municipal, relacionandoPalmela com as áreas envolventes (perspectivan-do a sua inserção nos espaços regional e nacio-nal), ao longo do tempo.

O primeiro espaço de exposição permanente –Núcleo do Castelo/Espaço Arqueológico - abriuao público em Maio de 1996, no âmbito do de-senvolvimento do Programa de Recuperação eAnimação do Castelo de Palmela. Seguiram-se-lhes, no Castelo, o Espaço de Transmissões Mili-tares e a Reserva Visitável de Escultura S. Tiago,e na freguesia de Pinhal Novo a abertura da Re-serva Visitável “Oficina do Ferreiro Faria”.

O acervo actual

O Museu privilegia a preservação in situ de colec-ções e edifícios, a incorporação de espóliosetnográficos e oficinais que espelhem a culturalocal, e a integração no Museu, a título de depósi-to, dação ou doação, de outras colecções ou ob-jectos significativos para a memória local.

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O acervo móvel actual é essencialmente constitu-ído por colecções arqueológicas, resultantes dostrabalhos de prospecção e escavação desenvol-vidos no concelho desde 1988, e em fase deinventariação.

A partir de exposições temporárias patentes noNúcleo do Castelo/Igreja de Santiago – respecti-vamente dedicadas à iconografia de S. Tiago eaos sistemas de Transmissões Militares - estabe-leceram-se parcerias entre a autarquia e dois mu-seus: Museu Nacional de Arte Antiga e do Museuda Arma de Transmissões Militares - Exército Por-tuguês, que garantiram o depósito de peças pro-priedade daquelas entidades no Museu Munici-pal de Palmela.

De destacar ainda o depósito do espólio oficinal“Oficina do Ferreiro Faria”, que resultou de umaacção conjugada dos proprietários da mesma, daJunta de Freguesia e da Câmara Municipal/Mu-seu Municipal.

O protocolo estabelecido entre a autarquia e umparticular permitiu integrar, também como depó-sito, um vasto acervo tecnológico e vitivinícola, queconstitui a base do Núcleo do Vinho e Vinha.Actualmente está em preparação um Protocolo acelebrar entre a Câmara Municipal e o InstitutoNacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que visa odepósito, no Museu Municipal de Palmela, do acer-vo entomológico, laboratorial e documental doantigo Instituto de Malariologia sediado em Águasde Moura.Propriedade municipal é também um conjunto deobras de artes plásticas contemporâneas, resul-tantes da realização de exposições temporáriasna Igreja de Santiago e noutros equipamentos degestão e/ou propriedade municipal.

Além do acervo móvel, o Museu Municipal geretambém a manutenção de alguns sítios arqueoló-gicos – ex.: área arqueológica do Castelo dePalmela, Alto da Queimada, Necrópole Calcolíticade Quinta do Anjo, jazida romana do Zambujalinho-, procede a acções de conservação e restauro(ex.: recuperação do Pelourinho de Palmela; in-tervenção de conservação da Capela de S. Gon-çalo) partilhando responsabilidades com aDGEMN e o IPPAR; inventaria e propõe classifica-ção de património imóvel; e desenvolve acçõesde recolha de património incorpóreo ou imaterial,com vista à criação futura de um arquivo de histó-ria oral no município.

1.2.1. Núcleo-Sedeou Núcleo do Castelo

• Espaço Arqueológico

No âmbito da implementação do PRAC, realiza-ram-se intervenções arqueológicas no monumen-to com o objectivo de encontrar novas leituras paraa vida da fortificação e de garantir o devido acom-panhamento das obras de construção civil exigidas.Os achados estruturais que as escavações reve-laram, impuseram – pela sua importância e quali-dade documental - uma revisão do projecto ar-quitectónico previsto para as várias salas da Pra-ça de Armas, e assim se garantiu a conservaçãoe integração dos vestígios arqueológicos in situ,cumprindo-se as funções divulgativa e pedagó-gica previstas também no programa da autarquia. O espaço museológico resultante desta interven-ção ocupa actualmente por 4 galerias da Praçade Armas. Embora dedicada genericamente àarqueologia no concelho (salas 1 e 2), privilegiaos vestígios e espólio encontrados no próprio cas-telo (salas 3 a 5) e na vila de Palmela, significati-vos da sobrevivência de influências islâmicas aonível técnico e cultural até ao séc. XV.

• Espaço de Transmissões Militares

Em 1885, com a instalação no Castelo de umHeliógrafo para o serviço militar de transmissõestelegráficas ópticas, a telegrafia militar fica sediadaneste edifício – conhecido como Casa dos Radio-telegrafistas - até à transferência em 1993, para aSerra da Arrábida, do último posto retransmissorque o Exército possuía em Palmela.A colecção exposta - maioritariamente oriunda doMuseu da Arma de Transmissões do Exército Por-tuguês - inclui espólio representativo dos meiosde transmissão físicos e sonoros, visuais e ópti-cos (destaque para a telegrafia óptica), eléctrico-electrónicos (material telefónico e telegráfico),manuais de instrução, material de linhas e demedida e ensaio, equipamento TSF e de feixeshertzianos. A faixa cronológica estende-se doperíodo islâmico à Guerra Colonial portuguesa.A recuperação deste espaço para fins museológi-cos proporcionou uma renovada leitura históricado monumento realçando uma das suas mais im-portantes funções.

• Igreja de SantiagoLocalizada dentro da cerca primitiva do Castelo,constitui um notável templo da 2ª metade do sé-culo XV, classificado como Monumento Nacionalem 1910.

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Sendo em si própria um objecto museal, a Igrejaconstitui também um lugar municipal3 de exce-lência para realização de exposiçõesmonográficas, de artes plásticas, espectáculosmusicais, palestras e actos protocolares. A suagestão é da responsabilidade do Museu Munici-pal.São visitáveis os espaços contíguos que dão aces-so à Reserva Visitável de Escultura S. Tiago e aorelógio (tecnologia do séc. XVIII) da torre sineira.

• Reserva Visitável Escultura S. Tiago

A reserva visitável Escultura S. Tiago integra obrasde estatuária antiga - sécs. XV, XVI e XVII - empedra e madeira, de diferentes oficinasescultóricas. Aí encontramos diferentes formas derepresentar S. Tiago, patrono da Ordem Religiosae Militar sediada no Castelo de Palmela entre osséculos XV e XIX.Propriedade do Museu Nacional de Arte Antiga -parte da Colecção Vilhena - este espólio está de-positado no Museu Municipal de Palmela e ex-posto numa sala dos chamados Paços de D. Jor-ge e no Côro-Alto da Igreja de Santiago.

1.2.2. Núcleo de Pinhal Novo

• Reserva visitável

OFICINA do FERREIRO FARIA

A Oficina do Ferreiro Faria é uma colecção com-posta por instrumentos e utensílios profissionaisdo Mestre Faria depositados pelos herdeiros domesmo no Museu Municipal, em Março de 1998,para estudo, salvaguarda e divulgação. Foi insta-lada na Herdade de Rio Frio, quer pela importân-cia do local, quer para corresponder a um desejodos proprietários - que a colecção não saia dafreguesia de Pinhal Novo.A colecção não está integralmente estudada nemrestaurada, trabalho moroso que está em cursopela equipa do Museu Municipal, encontrando-se em situação museológica de “reserva visitável”.O interesse de que se reveste, quer pelas peçasque integra (permitem conhecer um ofício tradici-onal quase desaparecido), quer pelo acto de pre-servação patrimonial que lhe está subjacente, jus-tifica, contudo, a sua abertura ao público, apesarde ainda não o ser de forma permanente, nemem local e discurso expositivos definitivos.

• No âmbito do Núcleo de Pinhal Novo são reali-zadas visitas guiadas ao complexo ferroviário dePinhal Novo (actualmente interrompidas devido às

obras em curso no âmbito da modernização fer-roviária) e à Herdade de Rio Frio, interessantenúcleo urbano dominado por uma casa senhorialde inícios do século XX.

1.2.3. Núcleo do Vinho e da Vinha

Este núcleo museológico foi criado pela CâmaraMunicipal, correspondendo a uma proposta doproprietário do imóvel onde está implantado –antiga Adega da Herdade de Algeruz - e a umaintenção, que remonta aos anos 50-60 do séculoXX, da comunidade palmelense, de criar um Mu-seu do Vinho, facto mencionado em programasda Festa das Vindimas da época. Ao abrigo deum protocolo estabelecido entre a autarquia e oparticular proprietário do imóvel, a autarquia estáa desenvolver o programa museológico.

A adega da antiga Sociedade Agrícola de Algeruzera considerada, nos anos 30, como “a mais mo-derna adega de Portugal”, devido à inovadoratecnologia que o seu proprietário Don GregorioGonzalez Briz, ali implementara – o sistema deânfora argelino -, após um curso de enologia feitoem Bordéus.O Núcleo-Adega, pela composição do seu espó-lio e colecções e enquanto espaço de memória,está vocacionado para a apresentação e divul-gação da temática da história vitivinícola do con-celho de Palmela e sua região e para a preserva-ção e conservação do património da arqueologiaindustrial, devendo afirmar-se na relação com acomunidade local, reflectindo histórias de vida,saberes e anseios.Este espaço museológico deverá ainda proporci-onar a organização de exposições temporáriasde temáticas subsidiárias e afins, desenvolvendoestudos e parcerias com outras instituições damesma natureza, no âmbito nacional e internaci-onal.

1.2.4. Extensão museológicaCentro de Interpretaçãodo Zambujalinho

Estrutura de interpretação da natureza e do patri-mónio arqueológico preservado in situ, proprie-dade da Associação dos Produtores Florestais daPenínsula de Setúbal (AFLOPS) e por esta gerida.Uma das áreas de exposição permanente é daresponsabilidade do Museu Municipal, que aí ex-põe algumas peças da colecção arqueológica

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romana, obtida em escavações na jazida que sepode visitar ao longo dos percursos pedestres deobservação propostos.Um protocolo entre a autarquia e a associaçãopermite que, ao público escolar do concelho emvisita organizada ao local, através do Museu Mu-nicipal, não seja cobrado ingresso (a autarquiaassume estes custos).

1.2.5. Extensão museológica– Moinhos Vivos

O Museu Municipal realiza visitas guiadas ao Cen-tro “Moinhos Vivos”, entidade privada proprietáriae economicamente gestora de 2 moinhos na Ser-ra do Louro, nos quais ainda são praticados pro-cedimentos artesanais de moagem de cereal,embora o processo de panificação já esteja mo-dernizado.Um protocolo entre a autarquia e a associaçãopermite que, ao público escolar do concelho emvisita organizada ao local, através do Museu Mu-nicipal, não seja cobrado ingresso (a autarquiaassume estes custos).O S.E. do Museu Municipal criou uma maleta pe-dagógica que permite, em aula, a exploração dotema-alvo da visita, quer como motivação para amesma, quer como meio de consolidação de co-nhecimentos.

1.2.6. Extensão museológica– Centro Artes e OfíciosSebastião Fortuna

O Museu Municipal realiza visitas guiadas ao Cen-tro de Artes e Ofícios do artesão-oleiro SebastiãoFortuna, proprietário, dinamizador e gestor domesmo. Olaria tradicional, pintura de azulejo e can-taria tradicional são actividades que o públicopode apreciar.Um protocolo entre a autarquia e a associaçãopermite que, ao público escolar do concelho emvisita organizada ao local, através do Museu Mu-nicipal, não seja cobrado ingresso (a autarquiaassume estes custos). Este público pode tambémter acesso ao manuseamento do barro e a ateli-ers de pintura de azulejo que, após cozedura,serão devolvidos às escolas.

1.3. Serviço Educativo

Porque a preservação patrimonial e a comunica-ção/divulgação constituem as funções

polarizadoras da vida do Museu, divulgar memó-rias, objectos e sítios é acto mais frequente daequipa do Museu, através do Serviço Educativo(S.E.).Nos últimos dois anos, o S.E. diversificou as suasacções e solidificou a sua presença junto de umpúblico que – até à data – tem sido o seu alvoprivilegiado: a comunidade escolar.Através da realização de visitas, programação deexposições temporárias, concepção-produção denovos materiais de uso didáctico-pedagógico eedições, quer para a comunidade educativa lo-cal, quer para os munícipes em geral e outros vi-sitantes, o relacionamento Museu-Comunidadeatingiu um momento que se considera ideal paragarantir melhores índices de satisfação, fidelizaçãode públicos e melhoria da qualidade dos servi-ços. Para tal tem também contribuído um espíritode equipa e a consciência da necessidade deauto-avaliação do trabalho realizado.

a) Projectos em destaque Ano lectivo 2002-2003i) “Alimentação Saudável”/ Projecto Cidades Sau-dáveis (em articulação com o Gabinete Municipalde Informação e Apoio ao Consumidor)ii) O Museu vai à Escola (no âmbito do Dia Inter-nacional dos Museus)iii) Exposição “Os sentidos dão cor à vida”

b) Visitas guiadas e jogos de descoberta do patri-mónio concelhio edificado,civil e religioso, em vários pontos do concelho,com particular destaque para o Centro históricoda Vila de Palmela e para o complexo ferroviáriode Pinhal Novo e Herdade de Rio Frio.c) Ateliers lúdico-pedagógicosd) Teatrinho de fantochese) Exposições itinerantesf) Guarda-Roupa histórico e etnográficog) Maletas Pedagógicas e Dossiers Temáticos

1.4. Inventário e Reservas

Inventário

O processo de inventário patrimonial é indispen-sável à prossecução de qualquer actividademuseal. No presente estão em fase de inventárioas colecções arqueológicas – algumas já trata-das e documentadas -, e o depósito de peças daAdega da Herdade de Algeruz.Quanto ao acervo móvel - já inventariado no LivroGeral de Inventário e no Livro de Depósitos -, ini-ciar-se-á no presente ano a sua informatização,

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dada a viabilidade financeira de aquisição do Pro-grama de Inventário MATRIZ.Estão também em curso dois levantamentotemáticos e uma prospecção de patrimónioconstruído, os quais darão seguidamente lugar àcartografia de imóveis, no âmbito das competên-cias quer do Museu Municipal quer da DivisãoMunicipal de Informação Geográfica.São alvos dos levantamentos em curso adegas eoutros equipamentos de transformação vitivinícolae imóveis de distribuição pública de água (fontes,fontanários, minas de água, chafarizes, bicas eafins). A prospecção centra-se na identificação elocalização de imóveis de habitação cujo estudodas plantas, distribuição dos espaços interiores efisionomia permitirão caracterizar a “CasaCaramela” e o âmbito geográfico destes imóveis.

Reservas (não visitáveis)

A Adega de Algeruz (uma área restrita), um arma-zém alugado na Herdade de Rio Frio e duas sa-las dos Paços de D. Jorge constituem as exíguasinstalações da Reserva não visitável do Museu Mu-nicipal.As reservas arqueológicas estão acondicionadasno piso superior da sacristia da Igreja de Santia-go.Qualquer uma destas situações inviabiliza a aber-tura das reservas a investigadores, ainda que con-dicionada, e apresenta condições medíocres paraconservação do acervo;esta situação que tem condicionado a aceitaçãode alguns objectos de maior porte (ex.: mobiliáriode zonas rurais) e de algumas peças etnográficas.

1.5. Edição

A acção editorial do Museu Municipal tem-se ori-entado fundamentalmente para a publicação deroteiros e catálogos de exposições monográficas;este facto tem sido crucial para o estudo de co-lecções fundamentais para o património concelhioe até regional e nacional; alguns textos de catálo-gos são inclusivamente utilizados como referên-cia bibliográfica nalgumas disciplinas de cursosuniversitários, o que é revelador da sua qualidadee utilidade.Além destas publicações têm-se editado, semregularidade fixa, outros estudos monográficos dedivulgação da História Local. O apoio à ediçãotem existido, ao ritmo dos autores e não porencorajamento da autarquia, por razões de ordemfinanceira.

O Boletim do Museu Municipal pretende tornar-se a ser um meio privilegiado de contacto comvários públicos actuais e potenciais do Museu e,em particular, com a comunidade educativa. Dadoque a primeira edição do Roteiro do Museu Muni-cipal se encontra esgotada (e desactualizada), atéà definição de um novo modelo Roteiro, o Boletim+ museu constituirá o meio preferencial de divul-gação dos núcleos museológicos e outras activi-dades realizadas pelo município no domínio doPatrimónio Cultural.A produção de Dossiers temáticos pelo ServiçoEducativo do Museu é de tiragem limitada, passí-vel de actualização anual e edição na reprografiamunicipal.Entretanto, foi editado, no âmbito do Projecto “Ali-mentação Saudável”/Cidades Saudáveis, umDossier com um capítulo dedicado à importânciado património gastronómico local e inicia-se tam-bém, neste momento, uma colecção de guias des-tinada preferencialmente ao público infanto-juve-nil, cujo nº 1 é dedicado à descoberta do Castelode Palmela.Carece-se de alguns desdobráveis actualizadospara visita autónoma a Núcleos e Extensões doMuseu (Moinhos, Rio Frio, Centro Histórico dePalmela e Complexo Ferroviário de Pinhal Novo);um desdobrável-síntese da oferta municipal 2002-03 em Educação Patrimonial tem tido um uso bemsucedido, junto da comunidade educativa.

2.Programa-Basedo Museu Municipal de Palmela(Proposta para discussão pública)

A definição de uma política museológica para oconcelho de Palmela tem vindo a ser pensadadesde há cerca de dezasseis anos, sem que umclaro programa museal tenha ainda vindo a públi-co, apesar de, genericamente, serem aceitescomo base do desenvolvimento desse programatrês ideias-chave:

a) a necessidade de criar núcleos museológicosdescentralizados, que correspondam à identida-de de cada freguesia do concelho, as quais têmritmos de povoamento, desenvolvimento econó-mico-social e matizes culturais diversos;o concelho de Palmela caracteriza-se por umadiversidade patrimonial ao nível das cinco fregue-sias, que urge valorizar e reflectir numa perspec-tiva museológica integrada, a fim de não se

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dispenderem recursos com a multiplicação depequenos espaços museais, mas fazendo ressal-tar em cada zona o que de substancial aí urgedestacar.

b) a decisão de implantar no Castelo de Palmelao Núcleo – Sede do Museu Municipal, que integrevários espaços capazes de permitir uma leiturado crescimento do monumento e das utilizaçõesde que o mesmo foi alvo até à actualidade;

c) a consciência de que a acção museológica sedeve desenvolver no quadro de uma políticapatrimonial clara, que equacione as vertentes depatrimónio cultural – arqueológico, arquivístico ehistórico-edificado, etnográfico, industrial, gastro-nómico – com o património natural, a gestão ur-banística e o turismo.

2.1. Conceito de Museu– definição, modelo de gestão,objectivos, vocação e funções

Definição

Um Museu “ é uma instituição permanente, semfim lucrativo, ao serviço da sociedade e do seudesenvolvimento, aberto ao público, e que reali-za investigação acerca de testemunhos materiaisdo homem e do seu meio, adquire-os, conserva-os, comunica-os e expõe-os com fins de estudo,educação e deleite.”4 , tendo como meio específi-co de comunicação a exposição, sendo seus com-plementos as publicações, conferências, ateliers,maletas pedagógicas, visitas guiadas e acçõesafins.

Esta definição abrangente, acima apresentada,integra sítios e monumentos naturais, arqueológi-cos e etnográficos e sítios e monumentos históri-cos que tenham actividades/funções análogas àsdo museu tradicional, como jardins botânicos ezoológicos, centros científicos, planetários, par-ques naturais e instituições cujos objectivos se-jam o estudo, a preservação e educação.

Modelo de Gestãoadoptado em Palmela

O historial de acção apresentado acima, carac-terizador das linhas mestras do equipamento auto-denominado Museu Municipal de Palmela – suavocação ou meio de enraizamento territorial, asestratégias de relacionamento entre as diferentesunidades territoriais suas componentes e os seus

objectivos e missão -, permite defini-lo, quanto aomodelo de gestão, da seguinte forma:• Descentralização territorial e centralização fun-cional5 , o que significa que o M. M. Palmela cons-titui um“Museu polinucleado, em que os diferentes nú-cleos, concebidos segundo moldes organizativossemelhantes, participam, através de subtemas va-riados, do mesmo campo temático e dosagensindividualizadas do naipe funcional/disciplinar co-mum, consentâneas com esses subtemas e comas envolventes humana e material de cada nú-cleo”.6

Há uma instância coordenadora não museológica(autárquica) que garante a existência de meiostécnicos, científicos e financeiros para o funcio-namento do Museu; os núcleos partilham entre sicertas funções (formação, conservação, docu-mentação) com vista a uma optimização de mei-os humanos, técnicos e financeiros afectados acada núcleo e à própria instância-coordenado-ra.7

Objectivos, vocação e funções

O M.M. Palmela tem, definidos pela Câmara Mu-nicipal, orientações gerais, espaços e áreas fun-cionais, e detém capacidade para planificar ins-trumentos e recursos – é clara a origem do finan-ciamento e modelo de gestão adoptado – de for-ma a garantir a sua sustentabilidade.Dar continuidade ao Programa de Recuperaçãoe Animação do Castelo (PRAC) e institucionalizare consolidar a estratégia municipal de interven-ção museológica, reforçando os núcleosmuseológicos existentes e abrindo novos núcle-os, dando prioridade ao núcleo do Vinho e da Vi-nha (Algeruz e Palmela), aos núcleos CasaCaramela e ferroviários (Pinhal Novo) e “grutas”de Quinta do Anjo, são as áreas de trabalhoespecificadas no Plano de Trabalho Municipal para2002-20058 ,.

Neste contexto é, agora, necessário assumir umprograma de trabalho a médio e longo prazo edefinir opções de intervenção no terreno, dadosalguns constrangimentos financeiros comuns à ge-neralidade dos municípios, realidade que afectaa dotação ideal do Museu com recursos huma-nos, instalações, equipamentos (ex.: informáticos,audiovisuais, de segurança, laboratoriais) e mei-os logísticos diversos.Da relação de Núcleos e Extensões Museológicosque a seguir se apresentam – e que abrangem ageneralidade do território administrado pelo mu-

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nicípio – é fundamental calendarizar o tipo de in-tervenção a gizar, de acordo com a disponibilida-de financeira endógena e tendo claramente pre-sente que a abertura de uma nova frente de tra-balho acarreta as obrigatórias despesas de funci-onamento, sem as quais o equipamento culturalnão cumprirá os objectivos para os quais foi cria-do.

2.1.1. Recursos Humanos

O museu deve dispor de profissionais qualifica-dos, em número suficiente e com formaçãodiversificada, de acordo com a sua vocação etipologia, para assegurar as funções inerentes aoseu funcionamento;O recurso a parcerias com entidades afins, pro-gramas de estágio de instituições acreditadas,contratualização de serviços a profissionais daárea por um tempo adequado, deve serequacionado sempre que considerado fundamen-tal para se atingirem determinados objectivos.Estabelecer parcerias com entidades museoló-gicas nacionais ou internacionais e outras institui-ções de investigação e ensino superior quecomplementem, enriqueçam ou colaborem no de-senvolvimento da sua função, é uma prática quedeve ser fomentada.A direcção técnica deve ser assegurada por umtécnico superior qualificado tendo como funções:dirigir e coordenar os serviços prestados pelomuseu e o tratamento documental dos bens, ve-lar pela segurança e pela conservação, interpre-tação e difusão dos bens e acervos do museu epropor e coordenar a execução de um plano anu-al de actividades do Museu;o museu deve dispor de pessoal de vigilância ajus-tado às características do acervo, instalações, di-mensão e tipologia do museu;a conservação e o restauro só podem serefectuados por profissionais legalmente qualifica-dos, no âmbito do código deontológico dos pro-fissionais de museus.

2.1.2. Regulamento Interno

O Museu deve dispor de um documento escritoaprovado pela tutela, no qual se apresenta a mis-são, objectivos, filosofia de acção, plano de incor-porações e conjunto de principais normativos eprocedimentos relativos à actividades de investi-gação, documentação, conservação, segurança,difusão e educação, que todo o pessoal do mu-seu deve conhecer e aplicar.

2.1.3. Instalações a afectar

O Museu deve possuir instalações adequadas àconservação e segurança dos acervos e ao cum-primento das funções inerentes ao seu estatutodefinido pelo ICOM, bem como as que garantamacesso e segurança aos públicos e condiçõesdignas de trabalho ao pessoal.

São espaços indispensáveis:- espaços públicos: acolhimento (recepção, con-trolo de ingressos, registo de visitantes, venda demateriais, bengaleiro); sanitários; áreas de expo-sições com informação adequada aos bens ex-postos; centro de documentação; espaços paraactividades educativas, auditório;- espaços de acesso condicionado ou privados:reservas e zona de expurgo; espaços técnicosde trabalho, reprografia; oficina de conservação;cozinha e sanitários para pessoal.

2.1.4. Política de incorporação de bens

A definição de uma política de incorporação debens, baseada na investigação, alicerça a forma-ção do acervo museal e deve estar em conformi-dade conforme a missão, vocação e objectivosdo museu;ficarão definidos os procedimentos da incorpora-ção de bens: recolha científica, transferência,dação, doação, compra e legado; são tambémdefinidos os termos de aceitação de depósitos;qualquer incorporação deve ser documentada edeve garantir a conservação e segurança do bem;o museu dever deter o título válido de proprieda-de de cada bem adquirido.O Museu Municipal de Palmela tem conseguidogarantir, através de Protocolos, o depósito de bensculturais fundamentais para a interpretação e di-vulgação da História Local. Consideramos que,neste âmbito, devem prosseguir-se esforços quegarantam – à semelhança do que aconteceu como Museu Nacional de Arte Antiga e Museu dasTransmissões do Exército – futuras incorporações.Os bens incorporados não poderão ser aliena-dos a não ser em situação excepcional medianteproposta fundamentada e objecto de decisão fa-vorável da instituição de que dependem adminis-trativamente.

2.1.5. Prática de Estudo e Investiga-ção do Património

O museu deve realizar acções desta natureza, no

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campo da sua vocação e relativamente aos bensculturais nele incorporados, com o objectivo deos identificar, interpretar, expor, divulgar e fomen-tar o progresso do conhecimento;estas actividades podem realizar-se através depessoal próprio, parcerias com outras entidadesvocacionadas para a investigação e recurso apessoal qualificado exterior ao museu.

2.1.6. Registo, Inventárioe Documentação

O museu deve garantir o Registo, Inventário eDocumentação dos bens culturais nele incorpo-rados, de acordo com normas em vigor e proce-der à actualização de dados, assegurando a iden-tificação e controlo dos bens e os respectivos di-reitos de propriedade;a totalidade dos bens deve estar registada no Li-vro Geral de Inventário que, caso esteja suportedigital deve ter cópias de segurança, de acessorestrito, a fim de garantir a inviolabilidade e per-manência dos dados;os depósitos, quer de curta quer de longa dura-ção, devem também ser registado e receber porcada bem um número individualizado, a quecorresponderá uma ficha de inventário sumário.

2.1.7. Conservação e Segurança

O museu deve garantir as condições de conser-vação e segurança dos bens incorporados, fixarprincípios, normas e procedimentos de conser-vação, estabelecer prioridades da conservaçãopreventiva e efectuar avaliação dos riscos;é fundamental, para cumprir tal objectivo, a exis-tência de mecanismos adequados – mecânicos,físicos ou electrónicos – para garantir a preven-ção, protecção física e vigilância; a detecção e oalarme; a capacidade de intervenção e deneutralização de qualquer perigo para os bens,instalações, públicos e pessoal do museu.

Medidas de conservação necessárias a um Mu-seu:- as condições estruturais do edifício (meios deisolamento do interior do edifício face ao exteriorou mecanismos de correcção adequados, tendoem consideração as especificidades arquitectó-nicas e funcionais dos edifícios e sua envolvente)- equipamentos e/ou sistemas de medição e demonitorização dos teores de luz, humidade relati-va, temperatura e de qualidade do ar que permi-tam conhecer as condições ambientais em queos bens se encontram.

2.1.8. Organização de Reservas

O museu deve organizar as suas reservas, deacordo com plano previamente elaborado, a fimde assegurar a conservação e segurança dosacervos, com equipamento e mobiliário próprio econdições para acesso de público investigadorsão fundamentais num plano de reservas.

2.1.9. Serviço Educativo

Através de um plano de actividades, aprovadopela tutela, contemplando exposições e uma po-lítica editorial adequadas à sua vocação e àtipologia, o Museu deve garantir o cumprimentodestas funções, alargando a acessibilidade ao pa-trimónio e às manifestações culturais, e incenti-vando a participação comunitária e diversificaçãode públicos.O Serviço Educativo, em obrigatória articulaçãocom todas as demais áreas funcionais do Museu,deve ter os seguintes objectivos gerais:

• divulgar as colecções integradas no Museu e opatrimónio concelhio;• Fomentar o gosto pelo património e pelas artese suacompreensão e valorização;• Contribuir para o desenvolvimento social, cultu-ral e afectivo/cognitivo do visitante;• Criar experiências culturais e sociais significantespara os públicos - alvo a fim de fomentar o prazerde usufruir do Património, numa perspectiva deeducação não-formal.

Devem ser actividades permanentes:• visitas guiadas e ateliers de diversos formatos epara vários públicos;• disponibilização de guarda-roupa histórico eetnográfico e adereços;• disponibilização de maletas pedagógicas rela-tivas a diversos patrimónios concelhios;• disponibilização ao público de um Fundo Docu-mental e Informativo sobre Património e Museolo-gia• actividades específicas de exploração de ex-posições temporárias;• actividades comemorativas de diversos diasevocativos de valores culturais e/ou memórias lo-cais, nacionais e internacionais e do patrimóniocultural e natural, como por ex.: Dia Internacionaldos Museus, Dia Mundial da Criança, Dia Mundi-al da Floresta, Dia Nacional dos Castelos, Dia doConcelho, Dia da Restauração do Concelho, Dia

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dos Centros Históricos;• projectos de parceria com escolas, outros servi-ços municipais e associações diversas;• implementação de estratégias de motivação devisita para variados públicos;• Edição do Boletim do Museu Municipal (impres-sa e on-line);• Produção de réplicas de objectos e documen-tos de interesse significativo para a história local,fiéis o original e com fins científicos, educativos ede deleite.

2.1.10. Política de incentivo à criaçãode Amigos e Voluntários do Museu

Este objectivo deve contribuir para a divulgaçãodo património e enquadra-se numa via defidelização e alargamento de públicos do Museu.Devem ser reconhecidos institucionalmente todosquantos, por meio individual ou colectivo, colabo-rem com o Museu a fim de divulgarem as suascolecções e enriquecerem o seu acervo, dedican-do a esta função um esforço permanente e volun-tário.A recepção de divulgação de actividades (convi-tes), do Boletim do Museu, desconto em publica-ções do Museu Municipal, são meios de incenti-var essas práticas.As debates e a realização de inquéritos, tenden-tes a avaliar periodicamente a satisfação dos pú-blicos, com associações de cultura e recreio, es-tabelecimentos de ensino, Juntas de Freguesia eparticulares interessados por estas temáticas –adaptadas naturalmente às especificidades decada um destes grupos - deve ser também ummeio de promover a constituição destes grupos.

2.1.11. Acesso aos bens culturais edever de informação

O museu deve dispor de espaços de exposição,com horários regulares, publicamente divulgadose adaptados à sua vocação, tipologia, localiza-ção e necessidades dos públicos; o regime deacesso ao Museu deve ser fixado pela tutela epublicitado.Deve ser garantido o acesso de investigadores abens que, embora não expostos, não sofram qual-quer dano por serem analisados.O registo de visitantes deve ser rigoroso.

A informação / sinalização exterior deve incluir:denominação, horário e qualquer outra informa-

ção de interesse público; a sinalização deve loca-lizar-se à entrada do núcleo urbano e próximo dasua implantação;nos museus polinucleados a informação deveconstar em todos os núcleos museológicos.

2.2. Núcleos e ExtensõesMuseológicos a implantarno concelho

Este capítulo elenca os Núcleos e ExtensõesMuseológicos que têm vindo a ser equacionados,pela Câmara Municipal, implantar ou apoiar a cri-ação no concelho, quer pela importância de quese revestem determinadas colecções e memóri-as para as identidades locais, quer pelo relevoque certos monumentos e colecções assumemno contexto da história local, regional e nacional.Faz-se também aqui um ponto de situação quan-to ao desenvolvimento de várias linhas de investi-gação no quadro das temáticas do Museu Muni-cipal.

2.2.1. Núcleo-Sede– Castelo de Palmela e envolvente(programa em curso)

Conceito:Musealização in situ e Museu de Síntese

O Museu surge, no Castelo, como elemento cha-ve numa estratégia de revitalização do monumen-to, conciliando espaços de exposição permanente– como é o caso dos Espaços Arqueológico e deTransmissões Militares, já abertos – com zonaspreferencialmente destinadas à realização deeventos temporários, que diversificam a ofertacultural, caso das exposições que regularmentedecorrem na Igreja de Santiago, as quais têm pro-piciado o contacto do público com espólios ar-queológicos, artísticos e tecnológicos querevivificam a memória do monumento.O programa museológico definido para o Castelode Palmela contempla espaços evocativos des-sas várias épocas, implantados em zonas domonumento que vão sendo progressivamente re-abilitadas arquitectonicamente.A sede do Museu Municipal será a Casa Capelo -no Castelo de Palmela - quando se proceder àsua recuperação, no âmbito do Programa de Re-cuperação e Animação do Castelo.

Os Espaços Museológicos do Núcleo do Casteloserão os seguintes:

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• Espaço Arqueológico (exposição actual, nasgalerias da Praça de Armas, será requalificada) –leitura in situ da história da fortificação;• Ocupação Medieval e Reconquista – museali-zação da Torre de Menagem• História de Palmela (concelho e sede) e da Or-dem de Santiago (a instalar na Casa Capelo; inte-grará, entre outras, a colecção de Escultura S.Tiago, actualmente em situação de ReservaVisitável e parte da colecção arqueológica oriun-da da fortificação e do Centro Histórico da Vila dePalmela)• Transmissões Militares (aberto ao público em1999)

2.2.2. Núcleo do Vinho e da Vinha– Adega de Herdade de Algeruz(em curso)Conceito: Museu temático, especializado(caracterização geral - vide capítulo 1)

2.2.2.1. Galeria de ExposiçõesTemporárias – Largo S. João

Afecta ao Núcleo do Vinho e da Vinha e a sergerida em torno de acções turístico-culturais rela-cionadas com os objectivos do Núcleo e da Casa-Mãe da Rota dos Vinhos.

2.2.3. Núcleo da Quinta do AnjoConceito: Museu de Sítio/Centro de Interpretação

O Núcleo Arqueológico do Museu Municipal fica-rá instalado na freguesia de Quinta do Anjo, quan-do se proceder à musealização dos SepulcrosNeolíticos locais (classificados como MonumentoNacional em 1934), no quadro do Protocolo esta-belecido entre a autarquia e o Instituto Portuguêsdo Património Arquitectónico (IPPAR) em 2001, eà instalação de um Centro de Interpretação domonumento.

Esse Núcleo ficará dotado de uma sala de expo-sição permanente, uma área de exposições tem-porárias vocacionada para apresentação de tra-balhos arqueológicos a decorrer na área do con-celho, uma área de recepção de grupos e umazona de divulgação de publicações municipais ede canalização de público para circuitos históri-co-turísticos do concelho e da região.A aquisição de um edifício próximo do monumen-to viabilizaria também a instalação das reservasarqueológicas municipais e os serviços que ga-rantam o seu progressivo inventário e tratamento.

2.2.4. Núcleo do Pinhal Novo – a ins-talar no Edifício Santa Rosa (a remode-lar do ponto de vista arquitectónico)Conceito: Museu temático, de Identidade (cara-melos, ferroviários, urbanismo e sociabilidadesrurais e urbanas)• Edifício Santa RosaÁrea museológica de interpretação do crescimen-to/desenvolvimento urbano da vila de Pinhal Novo,tendo como fios condutores:- a história dos Caminhos-de-Ferro, crescimentourbano da aldeia/vila e alterações decorrentes daevolução demográfica;- ofícios tradicionais desaparecidos – no qual seenquadra a recuperação de materiais oficinais,como a “Oficina do Ferreiro Faria”, uma barbea-ria, uma mercearia, uma oficina de sapateiro, umlugar de frutas;- estrutura urbana e política de qualificação arqui-tectónica local.

2.2.5. Museu da Malária– Extensão museológica(Águas de Moura)Conceito: Museu temático, Especializado

A instalar em imóvel de raiz a construir no terrenocontíguo aos futuros laboratórios (actual CEVDI):financiamento do Ministério da Saúde e da Ciên-cia e Tecnologia, resultante de eventual (a estu-dar) candidatura de parceria Instituto Nacional deSaúde/Câmara Municipal de Palmela.Esta unidade museológica de ciência médicapode constituir-se como um importante interfaceentre a comunidade educativa e a investigaçãocientífica, além de lhe ser inerente uma originali-dade temática que resulta de uma excepcionallinha de investigação nacional coroada de êxitoreconhecido a nível internacional – a erradicaçãoda Malária em Portugal.

2.2.6. Centro de Interpretaçãodo Zambujalinho– Extensão museológicaConceito: Musealização in situ;pólo ecomuseológico(vide caracterização sumária no capítulo 1)

2.2.7. Castro de Chibanes – ExtensãomuseológicaConceito: Musealização in situ

Definição de uma estratégia de preservação e in-terpretação da jazida arqueológica, através de

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circuito de observação dissuasor da destruiçãode estruturas de castro existentes, com recurso asinaléctica adequada.

2.2.8. Núcleo da Herdade de Rio Frio(objectivo de instalação não explorado)Conceito: Musealização in situ

Diversos espaços são passíveis de leitura museale preservação patrimonial na Herdade de Rio Frio,quer os relacionados com os modos de produ-ção locais de finais do séc. XIX e séc. XX, emtorno da exploração agro-pecuária, de azeite ede arroz, quer a própria estrutura habitacional eactividades comerciais de origem.O estudo das sociabilidades inerentes à estruturade propriedade, dos valores relacionados com ainovação tecnológica e história do transporte flu-vial, marcados pela acção do latifundiário JoséMaria dos Santos - personalidade marcante a ní-vel do desenvolvimento agrícola nacional doséc.XIX – são outras linhas de investigação que,a serem exploradas poderiam constituir a basede um programa museológico para a Herdade,com objectivos conjugados de cariz turístico, eco-nómico e cultural.

2.2.9. Centro de Artese Ofícios de Quinta do Anjo– Extensão museológica

A criar na aldeia de Quinta do Anjo (após remo-delação de um edifício escolar a desactivar), comvista a salvaguardar as práticas do saber-fazerartesanal/oficinal tradicional como a tanoaria e aqueijaria, actividades enraizadas naquele povoa-do e com tendência para o desaparecimento noseu facies original, quer devido à modernizaçãodas actividades económicas, quer pela perda defunção na sociedade actual.

2.2.10. Moinhos da Serra do Louro –Extensão museológica(vide capítulo 1)

2.2.11. Colecção Palmela de Arte Con-temporâneaConceito: Núcleo especializado

Esta colecção tem resultado de uma política deaquisição (muito limitada) de obras de arte porparte da autarquia e também de contrapartidasprestadas à autarquia por artistas plásticos - que

têm exposto no município, em particular na Igrejade Santiago – pelo apoio logístico municipal à re-alização de exposições individuais ou colectivas.

2.2.12. Apoio a colecções privadas,de associações de cultura e recreioou outras (ex.: filarmónicas, ranchosfolclóricos)

O apoio à organização – inventário e exposição –e divulgação de colecções privadas e/ou de as-sociações de cultura e recreio é um objectivo doMuseu Municipal, que responderá a solicitaçõespontuais devidamente analisadas de acordo comcritérios de autenticidade e qualidade dos bens apatrimonializar.

2.3. Linha editorial do Museu Municipal

É fundamental definir uma linha editorial do Mu-seu Municipal, garantindo a publicação de estu-dos-base sobre o património concelhio, por inves-tigadores contratados ou por técnicos daautarquia. Alguns temas estão identificados comofundamentais, a saber:• estudo do património edificado e histórico-artís-tico do concelho;• estudo do Centro Histórico de Palmela (evoluçãourbana, arquitectónica e sócio-cultural);• estudo geológico e paleontológico do concelho;• actualização da Carta Arqueológica (em curso);• estudo do património vitivinícola do concelho:cartografia e memória descritiva (em curso);• estudo do património molinológico do concelho(em curso);• estudo do património da Herdade de Rio Frio;• estudo das tradições da comunidade caramela(em curso);• estudo do Núcleos urbanos Originais da aldeiade Quinta do Anjo e da vila de Pinhal Novo;• estudo da memória colectiva sobre a propaga-ção da Malária no concelho de Palmela (áreas deincidência da doença: Águas de Moura, Rio Frio,Poceirão);• edição de desdobráveis e roteiros por cada Nú-cleo museológico (e Extensão, se tal se justificar);• edições diversas do Serviço Educativo, de acor-do com planos de actividades anuais.

2.4. Inventário e Plano Municipal declassificação de Património Edificado:documento que será aditado ao Pro-grama Museológico Municipal(trabalho em curso)

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1 In Câmara Municipal de Palmela – Manual de Defi-

nição de Funções, Junho de 2000, pp.121-1222 Adoptamos aqui a terminologia utilizada pelo

Ecomuseu do Seixal no que se refere aos espaços

museológicos daquela entidade. Assim, considera-

mos “Núcleo” um sítio, edifício ou equipamento cuja

gestão é exclusivamente de responsabilidade muni-

cipal e “Extensão” um sítio, edifício ou equipamento

cuja gestão ou propriedade é partilhada entre o mu-

nicípio e outras entidades privadas ou particulares.

Nos casos considerados Extensões Museológicas do

MM Palmela, num existe em exposição acervo ar-

queológico gerido pelo Museu Municipal e nos ou-

tros dois casos as actividades realizadas destinam-

se sobretudo a divulgar património incorpóreo (sa-

beres-fazer tradicionais no campo da transformação

cerealífera e panificação e na campo da olaria e azu-

lejaria).

Em todos os casos a autarquia adquire – mediante

um pagamento anual contratualizado em Protocolo

com as três entidades -, para os munícipes integra-

dos em visitas organizadas, serviços gratuitos para

participação nestas acções; caso contrário, seriam

prejudicadas/penalizadas as actividades laborais

normais e a produção corrente fundamental para ren-

tabilidade empresarial, no caso dos Moinhos e do

Centro de Artes e Ofícios; no caso do Centro de In-

terpretação do Zambujalinho a afluência de alunos

do concelho sem qualquer contrapartida financeira

da autarquia poria também em risco a

sustentabilidade do Centro, nomeadamente no que

se refere à existência de guias especializados em

Património Natural.3 A gestão deste imóvel é da responsabilidade da

Câmara Municipal, conforme Acto de Cessão de

1999.4 In Estatutos do Conselho Internacional dos Museus

(ICOM), 1974, Título II, Artº 3º5 LAMEIRAS-CAMPAGNOLO, Maria Olímpia – “Ana-

lisar e comparar entidades museológicas e

paramuseológicas”, in Actas do VII Encontro Nacio-

nal Museologia e Autarquias, Seixal, C. M. Seixal,

1998, p.1036 Ibidem, pág. 1037 Ibidem , pág. 1048 vide Plano de Trabalho Municipal para 2002-2005,

C.M. Palmela, 2002, pág. 12 (pontos 7, 8 e 9)

3.Amigos e Voluntáriosno Museu Municipal(vide capítulo 2. 2.1.10.)

4.Adesão a entidades especializadasem Património e Museologia

4.1. Adesões efectivadas

4.2.1. Associação Portuguesa dosAmigos dos Castelos

4.2.2. Associação de Municípios comCentros Históricos

4.2.3. Associação Internacional deMolinologia/TIMS-Portugal

4.2.4. Membro da Secção de Municí-pios com Museu da Associação Naci-onal de Municípios Portugueses

4.2. Adesões em preparação

4.2.1. Associação Portuguesa deMuseologia

4.2.2. Rede Portuguesa de Museus

4.2.3. ICOMOS

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