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    jesuítas e EEIS

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    V

  • OBRAS DO MESMO AUTOR

    Biseurso de inanguraçAo (Edit;àò de Lisbóaj.A Instl-uc^o e ri N(»vo Allienen da Viclorla.Bocage 6.seu tempo. (No prélo). .iEntre'Aldeias e Montanhas. (No prólo).

    Ã iRefoírna e a cadeira de Historia ÜJiIvíír.sai rio Alheneu

    Provincial do Kspirito-Santo.

    Colomlio e Joanna d'Arc.

    Ao sahir dô prélo a presente olira, consicm-nos que oiufatigávet autor já estava imprimindo na cidatte da VictoriaoalraintUutada: A Celia do Padre Anchiela.

    Que seja bemvinda.

    os EDITORES.

  • «-pEitUITJ^A B ItEIS

    LENDAS I CONTESDOS

    TEMPOS CÜLÜNIAES

    3. 3. fessníiRa |)oooaSoolo do Instttato de Coimbra e de outraa sooiedadce llttorarlas- e

    acientlflcas do Brazil, Inspector Qeral da InsU-ucçSo• Publica Primaria e Secundaria da província db Esplrito-

    Saoto, actual Dlroctor do Instituto AthenouProvincial, Delegado Especial Interino do luapeotor Qeral da In-

    V strucçüo Publica da Oôrte, etc., etc.

    y;\', - 0^

    RIO OK janeiro

    H. LAEMMERT & C., EpiTORES66, Rua do OUTÍdor, 66

    -1985-

  • Mal tive tempo de folhear as paginas de teulivro.

    Quando recebi as provastypographicas, veio-metambém recado do impressor para não demoraro prefacio, que exigias fosse escripto por mim.

    Quiz eximir-me da tarefa, mas podias inter

    pretar a recusa de modo muito diverso da in

    tenção.

    Resolvi portanto escrever estas linhas, que sãomais um cartão de visita a ti, do que uma cartapára o publico.

    Não precisas que recommendem .teus trabalhos; não és um nome novo no mundo litterario.

    Escriptor de tantas obras justamente reputadas, jornalista acostumado ás lutas da im

    prensa, sabes te apresentar galhardamente noçonvivio dos homens de lettras."

  • 1-ijt%

    YI

    Ha miiito tempo que estudas com amor einteresse as lendas e contos históricos da pro-Tincia do Espirito-Santo: pertence á serie d'essestrabalhos o li^ro com que hoje brindas o publico. ,

    Hructo dainvestigação paciente,da obsei'vaçãoartistica dos logaras onde os factos se passárilo,são narrativas qüe se recommeudão, umas peloyalor descriptivo, outras pela critica dos cara-teres, e todas pela exacta compreheiisão quetiveste' do assumpto.

    íalvez que a terceira parte do livro não esteja

    muito bem çollocada entre as que a precedem :o nexo philosophico e histérico como que é quebrado por esses deus capítulos, que destoão doplano da obra, embora escriptos com eléganciae amenidade.

    Estou convencido de que muito agradarão aosleitores, pela emoção dramatica, movimento,

    e colorida paisagem, oscapitules que se inscrevem sob as rubricas Jesuítas e Reis, a A Ideia de

    e .as "duas narrativas sobre PYei Pal-lacyos;

    Terás os applausos que são devidos aos quecom vantagem trabalhão nessecampo das lettras.

    Éâ infatigavel nafaina, epor issç tens feitojus á farta messe de louros,

    r

  • VII

    Sej?ío meus os coiuprimentos que primeirorecebas, servindo esta carta de fiel emissária dosmeus votos.

    Km vez do pretacio, obra de arte, que espe-râ\as, receberàs apenas um cordial aperto demão do

    Aniigü e c.\niar«da

    Corte, 14 de Novembro de 1883.

  • i-

  • PARTE PRIMEIRA

    jesuítas e reis

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  • jesuítas e reis

    Na antiga villa do Espirito-Santo, onde aos 23

    de Maio de 1534 desembarcou Y"asco Fernandes

    Coitinho, donatário da capitania do Eepirito-Santo, afastado 300 braças da chácara do Can-tinho, onde actualmente reside o autor deste

    estudo, vô-se, cercado pela solidSto e pelo silencio,um morro do 1,200 metros de circuito e 204 do

    altura.

  • — 4 —

    Nárrfto vetustas ohronioas que» primitiva

    mente; era ali o quartel do um íorto destacamento sob o oommando de um esmerado e

    gentil fidalgo, que o governador da Bahia en-viára a estes logares.

    Oonta-se que, mais tarde, foi o quartel con

    vertido em presidio para mulheres da vida irada

    o homens condemnados pelo vicio e crime doanimalia; e houve quem escrevesse ter vivido

    aqui um monstro, que tinha cabeça de porco o

    pés humanos.

    Os reis e os jesuitas costumavâo ter chro-

    nistas para registrar as philantropias daquellos.6 as virtudes destes.

    Passou do reino ao império, e nós conhecemos,Accioli, que viveu alguns annos depois do Ber-redo, ambos chromstas, sendo aquelle mór.. Nftò pôde a critica histórica decidir sefoi presi

    dio, se foi afurna de salteadores, eu se ali era acaverna onde os primeiros domina dores, antes dachegada dos jesuitas, occultárão seus theseures.

    Suspeitava-se que de um lado do morro exis-

    tiao thermas; do outro, tumulos.

  • — 5 —

    O monte ou morro tem uma historia, ás vezes

    phantastica, e q^uasi sempre verdadeira.

    Do que ali se passou em relação aos grandes

    crimes, concedendo e até admittindo o que trans-

    mittio-nos a tradição, ignoramos.O que é certo, o que não se contesta, é que

    os morros tôm as suas lendas, como as ilhas os

    seus mythos.

    E' curiosa e cheia de terrores, ao mesmo

    tempo, a crença do povo do logar a respeito de;

    alguns phenomenos que se ohservão da hase

    ao cume do morro, que se suppõe ter sido bem-

    zido, e os velhos dizem que o morro é sagrado.

    Os estranhos, aquelles que visitão a povoação,raras vezes vão ou penetrão naquelle tabernaculo.

    Quem ali demorar-se, com o interesse da ana-lyse, reconhecerá que o sólo é revolto, e crivãoa superfície altaneiros arvoredos com a confígu-

    ração de esqueletos, facto desconhecido á inves-

    tigação zoologica, ás descobertas da geologia.Serão OBsamentas de Índios^ levados ao mar-

    tyrio do azorrague, ao barbaro castigo do troncoou da mazorca^

  • — 6 —

    Por ser caso de duvida ó que o morro causa

    assombrações, e lia quem visse, em dia de finados^ xim moustro vomitando fogos.

    Taúibem se affirma que em noites de De>

    zembro percorre pôr todo o circuito um vam

    piro enorme com olhos abrazados em chammarubra e verde> ao qual denominSLo — Diabo do

    Tíiangue,

    Será que ali vivôrao os mais celebres assas

    sinos? ,0u naquelle monte viviáo os ladrões que

    infestav&o osnossos desertos e praias ?Nao ha

    quem affirma terem ali sido vistas inscripçõeslapidarias, .algumías allegorias ou emblemas de

    bronze ou pedra ? Quem percorre todo o morro

    observa que, na; sua maior extensão, a terra é

    uniforme; mas o que o povo nao explica é a

    causa de em alguns arbustos ouvirem-se gar.galhadas, e, quando ha detonações da natiíreza,surgem espectros na depressão do morro.

    E' ali o covil das medonhas serpentes, que

    são vistas nas estradas, distillando venenos o

    fuzilando fogos, que levão a morte a tudo em

    que tócão!

  • — 7 —

    E' ali o tenebroso cárcere onde ouye-só ca-

    yeiras dando gritos I

    A selya enche-se de terror, e pelos ares re

    percutem alaridos infemaes.

    Tudo isto nos leya a meditar.

    Então reconhece-se que ha, na £scenúa deste

    planeta, no sub-sólo em que pisamos, logares

    onde o gênio de Deus tudo domina, e o gênio

    do homem tudo ignora; e de tedmodo que nem

    explica a transformação dos reinos yegetal emineral, e perturba-se.

    O' contraste esmagadorI ao vôr a regularidade serena e passiva com que se succedeu naeconomia do tempo e do espaço a serie nuncainterrupta das leis reguladoras do universo!Sim; ãquelle morro tem mysterios.

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    Ííí;.'4'

  • II

    Eugênio Sue, o vigoroso talento queproduzio,

    além de muitos, o romance — Judeu Errante ,

    leva o leitor aos pólos, e lá, onde a outra Amé

    rica divide-se por um istlimo, collocou-o, dei

    xando-o entre paredes de gôlo e montanhas do

    ursos, no incruento supplicio de parar no mais

    profundo desses dous ahysmos.

    Fenimeor Cooper, o creador do romance maid-

    timo,' o narrador das batalhas navaes durante as

    lutas da independência da sua patria, conduz os

    leitores pelas escarpas e caohopos, e osarremessaás gargantas dos labyrinthosdo Oceano.

    Júlio Verne faz do mar um céo, onde colloca

    as suas divindades, e escreve a historia dos

  • *

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    .1'i

    — 10 —

    monstros do mnndo mysterioso, como um pro-

    pkéta fazia os vaticinios. ...f (t Alencar fez das florestas um sanctuario, e

    levando os seuslieróes de flanoo em flanco, dede-

    veaá em devesa até ao primitivo berço das raças

    brazis> comassombrosa força descriptiva prende

    o leitor á sua imagiuaçSOi como um cyolone

    se apodera de um tecto e ás .vezes de uma

    cidade.

    Os autores de epopéas fazem os seus heróes

    surgirem do pó das ruas, ou das bravas hyral-

    dicas, ou da sanbados combates, da palavra ouda espada. \

    O autor deste conto ferá flo morro o seu

    beróe.

    Nfto consente a esoòla litterario-romantioa a

    ficção; eiclue a mythologia, e combate os barr

    barismos da lingua, embora tenha-se notado em

    bons escriptores a falta de ordem^ prccisdo e decorrccçiU} em seus trabalhos; porém, • ainda se

    pôde tolerar que os inanimados fallem, gesticulem, ao menos para justificar—se a utilidade da

    rhetorica.

  • X

    — 11 —

    Para melhor se comprehénder algumas das

    scenas da natureza, admittimos a harmonia'"

    imitativa que se emprega para reproduzir ou

    imitar pelos sons o movimento da natureza e

    as emoções da alma. Dolile foi o que mais usou

    e abusou deste invento.

    E' assim que os gritos dos animaes se expri

    mem de ordinário por palavras imitativas, e

    formSLo o que os rhetoricos ohamão onmnatopeia;desde então os montes fallao, e as pedras podem

    gesticular.

    Por minhavez quero fazer do morro meu heróe,©nisso consistirá; simplesmente, uma figura depensamento, porque eu estou de accordo com opovo de Villa-Telhã, quando affirma queo morroencantado falia e geme I

    Quem ignora que a imaginação deleita-se emevocar lembranças do passado, e em reedificar oque o tempo destruio ?

    Mas os acontecimentos que vamos descrevernfto pódem ser productos de imaginaçfto.

    E* preciso que o leitor saiba donde ou por que

    ali apparecem caveiras.

  • . '

    Mi:

    wi:2— • .,

    Pertenceriao aos corpos de alguns intemeratos,

    •^èrtinazes a estoicos que resistirão â perseguição,aos fiàgicios dos jesuitas ?

    Sériao de alguns dos visitadores de Roma, ou

    de outras ordens disseminadas pela terra bra-zileira?

    Por que nao se ba de verificar se erao dos

    espiões que o papa Alexandre e o rei D. João TI

    imandavão, clãndestinamente, para aqui e outraspartes ?

    'Eu sei que os antigos costumavao mandar

    lazer execuções oapitaes no mais elevado e

    publioo dos seus dominioB.

    Mais tarde as'justiças tranferirtto, por ser woischristaOf para as praças, oslobregos espeotaculos.

    Que aliderao-se diversas mortes na forca, naoresta dnvidá.

    Para08 criminosos os frades tinbao bOas propinasa distribuir.

    Se e^o seus complices IPara os innocentes osapparèlhos de morte !

    Nem por isso a penade exterminio deixoude

    contar menos victimas 1

  • — '

    Carlos I, rei do Inglaterra/ sóbe ao patibulo, e

    Ijuíz XYI teve igual sorte.

    Em pleno senado oaliio Oesar ferido mortal-

    xuente pelo punhal de Bruto, e nem por isso

    diminuirão as conspirações em Roma, e Roma

    "daquelle tempo contou nfto menos de tres.

    Os reis sobião ás forcas, e os regicidios repro-

    ^uzirao-so, 0 se actualmente nfto sfto freqüentes,

    ^ porque ha meios de òs inutilizar sem esse

    sobresalto.

    Ide á Roma, á praça da Roquette, e,no dia deVIma execução, reparai que haverá festas, milhões"de espectadores queapplaudem.

    Ide á Inglaterra, o observareis centenares depessoas que eèpreitáo, e dáo vivas de contentamento quando a agonia do que está sendo executado augmenta.

    Ha no povo inglez tod.as as virtudes e vidos, •todos os excessos e defeitos do povo romano, a

    quem elles querem imitar.

    Em Roma iao nobreza e povo ao circo assistir

    uos últimos arrancos da vietima, que sempre era

    «m chrÍBtão.

  • . — 14 —

    Também na Hespanba; quando ein um espc-otaculo de touros nfto morrem dez ou quinze

    oayallos e pelo menos cinco bandarilheiros, a

    feata da morte não prestou.

    Ao Yôr essas scenas dir-se-bia que a maldição

    de l)eus peza e pezará sobre a liumanidade;

    !implacaYel I eterna 1

  • ni

    As caveiras que os habitantes de Yilla-Velhavirão em cabriolas pelo immenso valia quecontornôa omorro, stto do enforcados ou decapitados.

    O ar ó ali quente; é contido I A refracQftoeolar é verde^e gyrcto, zumbindo ao redor daimmensa abobada de lianas, uns insectos que, ao

    menor contacto coma terra, fiofto carbonizados l

    Em noites de verSo, a orbita do morro apre

    senta iiTT» aspecto de ardente incêndio; em manhas de primavera irrompem das incrustaçOes,profusamente, ascorosos reptis, que envcnenjo

    as folhas, as frutas, as aves, as pessoas.

    E' porque a podridão que ali fermenta, ó o

  • • ^ — 16 w

    resulèado do sangue que não extravasou do

    cerebro; logo, bouve o supplicio da forca.

    Beferem cbronicas de jesuítas que a estas.

    terras vierão dous missionários, os quaes daqui-

    fugirão por terem assistido, em um mesmo dia

    'o na mesmabora, ao castigo de serem enterrados

    vivos I trinta e dous. índios, e ali no terra-

    pleno formado pelo níòrro foi onde se abrio avalia.

    .. ÍÉ a razãOç^ou éesse o motivo de vôr-se pelosatalhose encruzilhadas destescaminhos, em horas

    tardias da noite, rolando pernas- e braços ; e doonvir-se gemidos de dentro dos mattos e gritospor cima das arvores.

    Desde aquella época até o momento em quesirvo á verdade, ali no •morro, nunca maisfloresceu o alecrim, nem o rosmaninho, comque as meninas e as velhas adornavão o altar

    de N. 8. do Bosario, padroeira da villa.Os cardos, os espinhos e plantas sylvostres

    occupão a área por onde passou uma geraçãooredula e escrava de um erro.

    Tem a natureza, assim como a humãnidadc,

  • — 17 —

    80U8 períodos de altivez e Benhoril prosperidade,

    ou de desalentadora e craciante decadenoin.

    Tudo se move intelligente, e tudo fatalmente

    \decahe ou finda.

    Aquellas aromaticas plantas,com que as lava-

    díiras perfumavao as finas roupas dos fidalgos,

    dssapparecôrao.

    ' Também extinguio-so* ayapanãj e em seu logar

    jvô-se a paxiuba e a guajará, ; . ? ^

    ' Nem os cedros alterosos, condúr^ e orijo louroL. , • -Ui se encontrâo I

    ' Aquellas náos da índia...

    Aquelles galeões da Hespanba...vPinalmente aos olhos do povo ou dos indifíe-

    rofttes o morro desta Z/enda é uma tapéra, uma,

    siiiples balisa paraos pescadores do Alto.J^ara nós elle vale mais que isso.

    Osnossos antepassados merecem que os julgue-

    ^mos, e contra uns deve-se redigir oanatliema, dooutros devemos honrar a memórias de seus

    nomes.

    Alguns episódiosoccorridosnomorro prendem-

    se ou estendem-se ao logar onde os moradores dec. L.

  • — 18 —

    Yianna e Carapina costumão parar : é o Porto-

    Yelho.

    y Antes do caTalleiro enveredar para a estradageral, vô, bem no alto do morrinbo, umas

    rüiiias.

    AH houve engenho, e fecundou uma lavouri.

    Uma família das principaes que acompanhâiftoao donatário viveu e prosperou naquolle loggr.

    Oonta-se que o ultimo descendente, pobre edesgostoso, fora á Lisbôa, e com minguadaeconomia consegui© tomar ordens sacras.

    Que, nescessitando ter patrimônio certo, paiaconseguir voltar ao Brazil, escrcvôra á U.Joanna de Barcellos, que muito era da casaJ©seus pais, eesta piedosa senhora, compadecendo*se da sorte do seu conterrâneo, destinou-lhe omorro do Alecrim, que era parte de muitos deseus haveres em terras e gados.

    No referido morro mandou aquella senhoraedificar uma capella, e quando em Lisbôa, pormeio de João Oorrôa Paiço, o reitor do seminá

    rio, recebeu a prova de estar feito opatrimôniopara o clérigo, permittio-lhe que viesse*

  • — 19 —

    Estávamos em 1714.

    \ Ainda D. José I e o Conde de Oeiras,\depois marquez de Pombal, nfto tinbao appare-\ido para antepor aLoycia um veio.

    \ No dia 6 de Agosto de 1730 chegou ao portodá Parrinhã opadre André de Moraes Gouyôa \no dia 11 do mesmo mez os povos desta villado Espirito Santo e arrabaldes ouvirfto a missasova.

    \Grande foi a concurrencia de famílias, e. liiitos fôrao 08 sacerdotes de ordens regulares

    quo assistirão ao acto.

    Marca a folhinha desse anno e dia um grandeeclipse do sol.

    Continuou o padre a residir em uma modesta casa rústica, toda ao lado da capella.

    Erfto freqüentes as ladainhas j eaos sabbadoshavia o terço, aos domingos missa eexplicaçãodo Evangelho.

    • A capellinha era de uma simples architeotura.í Objectos de arte nâo adornavS.o as paredes f

    porém o altar era de prata, a naveta de ouro,dadivas dos fieis.

  • - 20 —

    No meio do arco-cruzoiro, sob um pedestalde pedra doAlgarve, sem ter embrechados, estava

    coUocado um B. JMiguel, sustendo ao braço umaenorme balança, para mostrar que a justiçadá-se no céo a quem náo a conscguio cá nortemundo. j

    Em outro plano via-ao o retrato de Poncio Pi-latos, escrevendo a Oaifaz a proposito do pro~cesso de Jesus Christo.

    Pendentes da parede do lado da poria da sa-cristía estavao vários retábulos de santos ouprotectores do Instituto de Loyola, e era talvezpor isso que osanto ou orago do logar era venerado sob onome de Santo Ignacio.

    No tecto, em garatujas earruinado, via-seum santo Elias, com a cbammejante espada,dando combates contra a gentilidade, como osdeuses de Homero que lutavao ató nas densastrevas.

    Na porta principal um santo, cujo nome naoveio á posteridade, e uns quadros de santa Patí-lina e S. Pedro, attribuidos a Gruidò Heni ouGiotto.

  • — 21 —

    Duas pilaatras ou columnas do pau-roi sua-

    pendiao a pia de pedra de broche ou da ilha do

    Payal, e^bem no centro da porta principal, emlepras de tinta carmim, lia-se o seguinte: —Túdo para a ordem de Jesus.

  • í.-:

  • V*

    IV

    o padro André ora um homem de poucaspalavras.

    Prégou uma vez, e esse sermS,o foi accusado^e plagio.

    liia pouco, epor isso, quando necessitou, ounonstrangérão a prégar, oque dizia era furtado.

    Nao era, entretanto, como a mór parto ou

    numero dos de sua classe, nao era aváro.

    Costumava dizer que o padre precisa sabercantochão, lôr bem o Theatro EcclesiasticOf enada de sophisticas ou meta-physicas.

    Dizia que a immortalidade da igreja exigia aignorância visivel de alguns padres.

    Que ha na Biblia duas verdades: o ter fallado

  • — 24 —

    a "burra Balaam, e o ter sido transformada em

    estatua de sal a mulher de luoth*

    Negava a existênciado mundo physico, diziaque a terra é uma aba do céo, e que o sol anda^ 0

    á lua é firme.

    Escreveu uma longa dissertação para demonstrar que o que nós chamamos dia não passa douma noite artificial.

    Trouxe doseminário um tratado de geographiaphysica, que ninguém ocomprehendeu, por nãose conhecer o alphabeto em que estava escripto.

    Dizia elle que o pólo magnético é que faz asestrellas scintillarem.

    Dizia que não prégava muito, porque elle oraaeloqüência,e os seus contemporâneos não sabiaoo que isso valia.

    Paliando era neo-catholico, discutindo eralutherano, e em uma replica que fez diante doseu sacristão, obrigou a este ir .dizer a todo o

    povo que o padre André Gouvôa era um espaçoso phylosopho ebem avolumado theologo.

    Era, Deus lhe perdôe, um tolo.

    Elle se apresentara como virtuoso, e sabia

  • — 2Õ —

    recompôr a pliysioaomia depois que se aviltava,

    ou Buppunha poder ter infamado a alguém.

    Até certo tempo queria a igreja livre o o

    Estado livre; depois, por circumstancias que

    ignoramos, inveotivou a escola liberal, e queria

    que o Papa legislasse para os príncipes.

    Morreu desilludido, isto é, de que era victima

    de um erro.

    Nao conlieoia a Maçonaria, e tinha SalomSo

    por idiota.

    Sem duvida teve em seu tempo quem lhe

    dissesse que elle era tristemente um preteuciosoridículo, um fanqueiro ou muito distincto charlatão.

  • i,' '',•••••• ; : • '•••i • ' i, ' •' V< •••••'• i" •• ' • '

  • A conductã escandalosa dos padres romanos^

    "dos escravos do Papa, tem sido lealmente feridapor Saldanha Marinho, nS.o condemna iniotuTtifQ nós exceptnamos, alguns sacerdotes illus*trados,tolerantes e caridosos, inimigos da tyran-ma de Poma, verdadeiros irmãos em Christo.

    Os que conheçomos (ha excepçOes) distin-

    ^uem-se pela apathia ou retrahimento, e vivem•©m um descanso que assusta a actividade doa

    •outros, que nSto nascôrão nesta provincia.

    Entretanto é de sã justiça o dizer aqui que

    "São intelligentes; porém, ha 113 annos que

    dentre elles surgio um poeta épico; ha 41 annos

    «que appareceu um poeta satyrico e lyrico; ha

  • — 28 —

    40 annos que appareccu o compilador Suzano,

    que era fluminense, e ha 10 ou 12 que morreu

    José Maroellino.

    Era usual o estarem aqui em Yilla Velha o&

    poetas repentistas da Bahia e os hucolicos capi-^

    chabas, pelo que corriao aqui os dias como ossonhos das Odaliscas.

    Era caso que se reproduzia o vôr-se o padroGouvôa recebendo dinheiro para sustentar octilto e dadiyas de avultado valor, porque osdaqiielle tempo erão abastados, e ainda nestoséculo via-se em algumas casas da Victorismoveis em profusfto e de antigos artefactos secompôr todas as pertenças de gabinetes, comckaises-lonffues, sendo estrados com pés de ouro,,e as camas com esmaltes.

    Nã còrte, até fins de 1799, conhecia-se ocapi--chaba eogoyano. Aquelle pernóstico, este fllau-cioso, e ambos com muito ouro.

    Ha umas velhas de 1790, que ainda referem,,sobre a opulencia e oluxo dos capichabas, casosespantosos, o que deixo a Barcellos Ereire, que

    é chronista estudioso.

  • — 29 —

    Quo elles fôrao incuidosos o nunca empre-

    liendôrao, eu vejo pela sua historia; que fôrao

    prodigos tamhem, é verdade ; que erao francos

    até ao esbanjamento, ninguém o contesta, e que

    tiverao bons trastes e bons cavallos, todos podem

    aflSrmar.

    Ha, em algumas casas antigas, cadeiras de

    espaldar e almofadSes de brecado carmezim com

    franjas de ouro, e nos tectos ainda visivelmente

    se^impocm ás vistas relevos e uns anagrammas

    que os modernos nao explicao.

    Apezar das propinas que o padre recebia, dosbenesses e presentes dos devotos, a oapella e opadre fôrao decabindo.

    Em noite de borrasca que sorprendeu ao

    padre Gouvea na casa do Capitao-mór, que morava na actual chácara do Cantinho, profanárao

    9" capella, e um sacrilégio perpetrou-se.

    Roubáráo o altar, a navêta e a lampada.

    Era tudo prata, como dissemos, e uao ha o que

    estranhar, se quizermos reflectir que essee outros

    metaes andavao a granel.

    Nessa época a corrupção e a venalidade

  • 30 —

    invadião tudo, influindo nas decisões ató dosacro coUegioi

    Nao seria difficil provar ç[ue do Yaticanojá60 promulgou uma leique exige a má fé comoprincipio de direito, o assassinato um acto decoragem.

    Esta triste noite da consciência que invadio

    o successor de S. Pedro na cadeira do aposto-

    ladO; nüo a vio o padre Gouvén, queaodeixar

    Portugal veio desembarcar no antigo trapicbedos jesuitas, que então era visto no logar ondehoje o povo de Yilla-Telha costuma passar

    liorus, gozando o mais vasto horizonte marítimo

    o a fresca sombra dosarvoredos, que parecem

    pendentes sobre a grutta onde viveu e morreu

    Pedro Pallacyos, de quem escrevemos a his

    torianasLegendas da Província doEspirito-Santo»

    JoséMarcellino Pereira de Yasconcellos, chro-

    nista capichaba, em um dos seus últimos livros

    recommenda essa nossa tentativa historica;de que

    José de Alencar occupou-se em folhetim, dedi

    cando um longo juizo critico, e decidio com a sua

    autoridade que o autor deste Contó tinha creado

  • — 31 —

    o estylo e dado a fôrma das Lendas nacio-

    Tiaes.

    Hoje vem aqui a proposito agradecer-lhes etambém á imprensa do Brazil e jornalismode Portugal os louvores que me dirigirão.

    Razões ba, portanto, para continuar, embora

    tenba-se dado uma interrupgfto de seis annos,

    que os nSlo consumi na eventualidade, nem naociosidade, e sim em estudar alguns paizes daEuropa, de cujas Utteraturas breve entregareimeus fracos estudos.

    Sempre entendi que as cbronicas, as narrativas, as lendas, sao úteis, porque entre o quea imaginação nos entrega, também se aproveitaos conceitos do escriptor, quando elle não é um

    contrabandista das letras.

    Ha povos que idolatrão dentre os seus aqpellespoetas, romancistas c escriptores que recordãoo culto de suas idéas apaixonadas, o poder desua nacionalidade, a gloria dos seus litteratos,a virtude de seus magistrados severos e dosgeneraes que não vendem a patria.

    Ha nesta provincia pouco gosto para as letras ;

  • - —' 32

    ha quem se soppOe muito mettido a ellas, o

    nada sendo, nao pôde avaliar alguns homens de

    merecimento, que de outras proviucias aqui ap-

    parecem, e se demorão. •

    Muitos sao os Espirito-Santenses illustrados,

    e destes poucos estão na provincia que ellesdizem ser sucif sem entender o sentido»

    liá está em Lisbòa a igreja de S. Roque, quefoi oconvento ou collegio da ordem dos jesuitas,prenhe de grandes adornos, a ouro, todos destae de outras capitanias.

    Lá está o convento de Jesus, onde funcciona

    a Academia das Sciencias de Lisbôa, e o cursosuperior de letras, bem decorado, e onde tra-balhárao entalhadores daqui.

    Era de prata o altar.

    Nada admira, se repararmos para os conventosdos Benedictinos na capital do Império e emS. Salvador.

    Conta-Bo que uma rainHa do Egypto, com aspedras preciosas que lhe presenteavao, mandoulevantar uma pyramide.

    Náo 6 muito que, em um século de fanatismo.

  • — 33 —

    o povo ignorante tudo entregasse ao rei e aos

    X^adres; porquanto, nas trevas em que então se

    ncliava envolvido seu espirito, os considerava,

    nao como homens, seus semelhantes, apenas re

    vestidos de caracter magestatico e ecclesiastico;

    tinha-os por semi-deuses ; julgava-os formados

    de essencia divina.

    c. L.

  • VI

    o leitor nSLo sitio a sua consoienoia do.pa

    vores, nEo recue.

    Já dissemos que a causa da decadência dacapolla foi um roubo.

    Data de remota idade o sacrilégio.

    Reproduzirão-se exemplos de simonia!Quando o governo tbeocratico ou o absolu-

    tismo ecclesiastico alçava sobro o universo o

    alfange ou a cemitarra, erao freqüentes, porestas partes do mundo, commissarios de todasas categorias e de todas as origens ou proce-

    denciaa.

    Desde o Maranbaoaté aoParaguay estendia-se

    esse cordão epidêmico.

  • V .- - .^

    — 30 —

    Os monos (monges, porque a palavra ó grega)

    não vinhão^—porém mandavão.

    Depois que frei Pedro Pallacyos e o padre

    (jesuita) Nobrega mandárão noticia das rique-^

    zas naturaes desta capitania, e Mem de Sã in-

    formâra sobre a prodigiosa vegetação, o que ob-

    servâra Fernando de Aragão, primeiro natura

    lista (hespanbol) que^qui esteve, não demoroua caravana das Tbebaidas carmelengas.

    Nossos avoengos virão passar aqui na praça oali pelo Torrão, o bairro dos beatos, em bandoacomo corvos, a quadrilha dos depredadores que

    extorquirão aos im^os ouro e sangue, porque osmatavão depois de os saquearem, e á terra pri-várão do que Deus nella sepultára para incentivoao trabalho.

    Ha em Villa-T^elha mulheres e homens de ses

    senta a oitenta annos que ufanão-se de ser ne

    tas de frei Sacoonti (este devia ter sido ita

    liano); de frei Monsígnori, do leigo Yalladão, e

    do custodio ou geral de uma das ordens reli

    giosas.

    Nós não temos lido as Décadas de Barros nem

  • — 37 —

    de Couto, nem o Orhe JS&raJico, nem a chronica

    do padre Vasooncellos, jesuita fiel ao seu rei e á

    sua ordem, porque nunca mentio; e mal iríamos

    se affirmassemos que esses pais erão apocryplios^

    para deste modo provar que esses filhos não são

    authenticos, nem dos rubicundos e sedosos frades

    do Monte Sinai, e nem sabemos se meia geração

    de Villa-Yelha e da cidade da Victoria advém

    da sacra progenitura de muitos humildes e men»

    dicantes franciscanos, ou se trabalhavão muitomais que elles os astutos, fogosos e elegantes do-minicos, se os ignorantes capuchos, se os benedi-ctinos sábios ou os agostinhos, cujos conventosvisitei,e atéemPortugal senota que erão mais poderosos em Braga que os bernardos—seusrivaes.

    Esses frades estiverão no Brazil ?

    Suppomos.

    A outra parte da população da Victoria ómixta; tem origem na fidalguia e na plebe.

    Em todas as capitanias elles imprimirão um

    traço de sua passagem.

    E assim concluímos depois de suppôr, porque

    a archeologia christã, ou o estylo arohiteotoniop.

  • — 38 —

    das suas igrejas naEuropa, rcproduzio-se nestecontinente.

    Essa massa de vagabundos de sacola ás costas

    e sandalias nos pés infestou a nossa patria.

    Homens robustos, validos em todos os senti

    dos,esperdiçavao a existência no degradante offi-cio de pedir esmolas aos poderosos, de exigi-las

    aos menos aquinhoados.

    Quem'não dava ao Deus daquelle tempo, era

    constrangido a mandar ao rei.

    A mais eminente das virtudes christãs, a

    caridade, trànsformou-se em vergonhosa especulação. A pretexto de fundar instituições phylan-tropicas, para o que erão necessárias sommas im

    portantes, elles fãzião a derrama, como oscorregedores e capitães-inóres, e o saque erainevitável.

    Oomo em nossos dias se faz o sorteio militar,naquelles tempos se decidia dapropriedade e dafortuna alheias.

    A capella do padre G-ouvôa foi objecto decubiça dessas santas creaturas, e só por se conhecer a Índole, a fervorosa lealdade e dedicação

  • f

    — 39 —

    de alguns ã casa do Senhor e á causa da santa

    ambição do augmento de patrimônio para a

    Santa Sé; é que se explica a destruição de tantos

    monumentos que a piedade dos particulares le-

    vantára; aqui e em outras partes.

    ...

  • VII

    Conta-se que o mameluco Manoel Tebiriçô,que pelos annos de 1781 ainda vivôra na illiaFormosa, ainda moço, fora teatemunlia do roubona capella do morro.

    Ageração que foi contemporânea de frei Pal-lacyos era supersticiosa j a.que Ibe succedeu eraisso e ignorante.

    Alguns jesuitas encarregados de fazer espo

    liações e augmentar o celleiro dos adventidosjtramárão contra o padre Gouvôa, que era estimado pelo povo, e vendo que a fabrica da capellaia tendo uns réditos mais avultados, e que pou

    cos erão os presentes que os do collegio recebião,

    foi resolvido in secreto que se praticasse o roubo,

  • — 42 —

    e selançasse fogo para desapparecerem os vestígios da infamia e do crime.

    Não 88 tinhao passado dons séculos que Roma

    fôra saqueada pelas tropas do condestavel de

    Bourbonj e ainda se trabalha para vingar aquelle

    prejtdzo!

    Trezentos e doze annos antes de Ohristo foi a

    fundação dos aqueductos romanos; a maior partedessa grandiosa obra foi destruída pelos bárbaros. , ,

    Teio o* christianismo.

    Dos seus representantes una fôrSo fieis exe

    cutores ;'outros abusárão da lei de I)euB,e Icváraooferroeamorte atoda a parte onde puderSo algemar os povòs nas prisSes do terror de uns castigoseternos, que pór estarem longe nós nao tememoso desgosto de os sofirer; nem se concilia o Deusde misericórdia còm o Deus das vinganças.

    Depois seguirao-se 08 horrores da Idade Média; mais tarde, com o fervor egoísta dasdescobertas, repetirão-se os morticínios, as perseguições, os abusos.

    Foi por isso que no Brazil, no Porú, na

  • 43 —

    Bolívia; na Hespanlia; menos nos paizes onde o

    protestantismo dominava, vimos se desencadear

    tenebrosos planos, e consummarem-se attentados

    que estão no dominio da bistoria.

    Particularizando. a sánba da perversidade e

    localizando osfactos, fique o leitor em frente ao

    morro onde existia a antigacapellinba, e vérábm

    •aspecto triste e melancólico, ondepoetase artistas

    podem achar quadros seductores paraa niusa datristeza, e desenhos de lugubres effeitos.

    Tempos de calamidades e de escândalos, sumi-vos 1

    Hoje atravessamos idêntica phase da vossainíqua gerarchia, ó verdugos de roupeta !

    Abusarão alguns padres.

    Desde que alguns Papas, e portanto, todos osseus subordinados fizerão da religião um trafico,da salvação das almas uma mercancia, e o crimede Simão reproduzio-se, a igreja perdeu partedo respeito a que se impunha, e as suas tão

    preconizadas prerogativas enfraquecôrão-se!por isso que em toda a parte se observa o

    desfallecimento da fé dos fieis, e a casa do Senhor

    J- •:

  • — 44 —

    Í&. não vê08 devotos em multidão, nem ouveoshymnoa da graça com que os nossos primeirospáis, depois de fiindada a igreja militante edocente, .cóstumavão render homenagem ao Paide Todos.

    ' Desde que nós vimos guerras religiosas ensan

    güentando o mundo, e osschismas partirem do

    Tatican'0, os Papas ambicionando o governo da

    terra, descendo a negocio com a questão de

    consciência, comprehendemos ou ficamos desillu-

    didos, cahindo por terra o phantasma dos anathe-

    mas, as excommunhOes eoutrasridiculas tolices.

    As ruinas lá estão, e quem ali fôr ha de vôr

    nafenda-do abysmo, ou na aresta do flancO es

    querdo da pedra vizinha ao morro, molduras e

    fragmentos que o fogo não extinguiu,

    A pia de mármore e a cruz do sacrario, que

    era depâo-ferroj o povo ainda venera, e em diasdeterminados sobem algumas pessoas, que vão

    orar no legar do sagrado recinto.

    Na igreja matriz da Yilla-Yelha da província

  • II

    — 45 —

    do Espirifco-S into—bem no meio do altar de

    Nossa Senhora do Rosirio está uma relíquia, eno archivo ou livros de obitos se fez menção do

    nome de quem trouxe, e o que representa ou

  • — 46 —

    Hubim praticou um dos seustantosbonsserviços^

    eao chegar ao morro do Cassaroquinha, avistandodali o Poema de Pedra, em que se admira o

    arrojo da concepção e a indomita força de vontade, fez seu itinerário e por entre restingas e

    areaes, veio atravessar os campos de Jaburuna

    transmontana, e deixando a inserica doa

    padres, achou-se no torvelinho de trilhos e

    picadas, de velhos e novos roteiros, sem saber

    comochegar ápovoação; porque entre Jaburuna

    e o morro da Penha havia o grande valle onde o

    homem fazia o papel de agulha ém palheiro.

    Pela direcção do sol foi que elle veio rom

    pendo os matagaes, um laranjal de que ha vestígios, e não deixou de estranhar que asarvores, á proporção que elle se avizinhava de

    um morro, erão disformes, e paredão acurvadas

    por um violento tufão, que corria do mar, do .

    que só ouvia o rugido para a terra.

    Mais um passo, ei-lo em frente a dous bustos

    de pedra. Um apontava para a esquerda, outropara a base do morro. Nos pedestaes havião em

    latim umas palavras cabalisticas.Não as traduzio.

  • -47—

    ^em as reteve em memória—, e dizemos que

    •era na linguado Lacio, porque o povo quando

    uao entende o que quer ler, ou nftocomprehende

    o que ouve, diz:—é latim.

    Notou o forasteiro cainpista que, quanto,

    mais se distanciava da mysteriosa avenida, tanto

    mais se lhe afigurava que outrosbustos surgiSLo;

    e do repente vio um arco construído de ossos,

    ^UG elle juraria terem pertencido a humanos.Adiante vio uma cahana rústica e dentro

    uma eça.

    Fóra era dia; ao entrar reinava completa es

    curidão.

    Quando quiz sahir, üm speotro fechou-lhe aporta.

    A eça abrio-se.

    Ali nao estava outra pessoa I

    Depois, como se um combate se empenhasse,

    ouvio o fracasso de instrumentos; nao se

    íallava.

    Museu incoherente, phantastico 1Nao demorou que a luz, de que fallámos em

    um dos capítulos, illuminasse uma estatua.

  • • • • . p-/

    — 48 — <

    /Heparando para oslados do sinistro sphynge^vio cruzarem dos pés á cabeça infinidades dfr

    vampiros, e reboando pelo tecto, em gritos des

    ordenados, voavSo o revolviao uma abobada,

    produzindo esse tétrico esercicio uma impressão

    tal que o piedoso romeiro ali mesmo cahio.

    Alta noite, ouvia elle o toque de sino, e vozc-

    rias. Seguirao-se alguns minutos de silencio.

    Meditou, e pedia a Deus coragem para vencero pavor, quando no logar da eça foi levantado

    um altar; este illuminou-se.

    Ali nao estava outra pessoal

    Ouvio as doze horas noprimeiro cantar do

    gallo, e quando se dispunha a deixar tao nefas- /

    ta hospedagem, do fundo do recinto apparc-: ,oeu um padre, e, dirigindo-se ao altar, fez a/venia do ritual chrisiao, e disse muito alto: .

    In nominepátria, etc. '"

    Debaixo da terra respondôrão :

    Ad deum qui l

  • '|'l'

    i9 —

    Nao era sombra vã, nem fingida imagem.. Quando osacerdoto, depois de consumir, tevode pronunciar oik, missa est, chamou o assistente- oúnico,que era omesmo romeiro—e disse:

    Antes da benção—retire-se. Fuja, disse opadre, eisto ofez com um tom terrível! Fuja destaterra, e apresso a sua fuga.

    -Esta terra infeliz, em vez de fructos,Produz veneno; este ar, que se respira,Está infeccionado; os Homens fallão,Para communicar mortal peçontia.

    Qualquer de nós, leitores, oque faria?Sahir sem estar terminada a missa?

    , Esahir por ondej se ao entrar na cabana ellase transformou ?

    Ointeresse de saber ou asuspeita sobre oqueiria fazer aquelle padre, depois de celebra ,actuava no espirito do esmoler oflficioso, ecomo80 demorasse, o sacerdote com mais energia

    4

  • — 50 -i

    ordenou-lhe que se retirasse, acorescentandoo seguinte:

    Fugi; por que tardais ? e na fugidaNào olheis para trás; toda a lembrançaSuíTocaí desta terra abominável...

    •Alguna instantes depois, padre ealtar desap-pareoêrao, e em vez de uma cabana aohou-se obeato goyataoaz em uma vastíssima planieie,mmto eonvenoido de que uma densa nuvem anteseus olhos dissipara-se, ou que acabava de salvar-se do naufrágio do pensamento-o sonko!

    Henasceu-lhe a alegria,Agora seu fito, seu objeotivo era oconvento.Procurou otraçado que deixára; porém, apas-

    sagemmudára de aspecto.

    Brao duas horas da noite.

    Attonito, embora temmerario, com os olhos dis-tillando lagrimas, já ao approximar-se da Pitanga rôxa, onde opovo da Vilha-Telha pesca

  • — 51 —

    s aotualmente o camarao, ouyio perfeitamente

    estas palavras:

    O que quer ?

    Tem de Boma? Qaor mais ouro?

    Deus eeoulos de domínio, do delapldaçOes, demortes, de infâmias, de defloramentos, de estn-

    ; pros, de incestos, de coitos damnados, deenvene-namentos, de sacrilégios, de assassinatos judicia-rios epolíticos, ntto bastárao ?

    Aqui ovalente campista caminliou para o1^ donde partiílo estas palavras, edisse formalm

    o em tom de pessoa real:Mulher ou homem, do céo ou do inferno,

    sahei que eu nSLo sou francisoano, nem jes * jnáo vim de Roma, nem de Portugal. NSto vimpedir; vim trazer dinheiro.

    Mal concluirá aquellas palavras, ^ue semduvida as pronunciou com uma solemnidade

  • — 52 —

    dolorosa, vio um corpo aereo passar —quasi aroçar-lhe a cabeça, e foi pousar em cima domorro. -

    Se pola orbita da terra tocasse naquelle momento um outro planeta, ou um daquolles inquilinos do espaço que nao se demorao muito emiim ponto, talvez o romeiro acreditasse que eraum habitante de outras partes do universo, e secUe fôsse espirita quantas revelações para ahistoria í

    Diz a chronica local, contao as velhas, queainda se ouve em certos dias do anno —tocar ali

    indade, e que os meninos do campo e dossubúrbios da TiUa-Velha rezao, enenhum querbnncar, ouvindo o sino.

    Os pescadores das praias de sempreouvem em horas de tentação e á meia noiteprantos elamentações, eos mais corajosos jurftoque ha no meio do morro um oratorio encantado.

  • V

    — 53 —

    Uma das bollezas poéticas da roligiao olirista

    é nao ter destruído, no povo ignorante, o senti>

    mento do maravilhoso ou sobrenatural.

    E' por isso que ochristianismo tem pontos decontacto com o paganismo; o Olympo e o reinoda G-loria tocao-se.

    Lendo-se o poema do Dante o as allegoriasde Toltaire, comprehende-so melhor a Bíblia.

    Moysés o Homero harmonizao-se ?Mentecaptos! Oque éopurgatoi io ? vôde que

    opovo acredita em almas que andão penando,oo teu codigo ou teus interpretes dizem queha inferno, purgatório e paraíso, tres estações,sem duvida muito amenas, para os pobres deespirito; porém, opovo que tu queres deixar emeterna ignorância, desmoraliza atua lenga lengci,porque faz excepções ou restringe os capítulosdo teu romano saber!

    O romeiro, com a alma cheia de inquietaqOes, dirigio-se á igreja onde rendou devotoscultos á Senhora da Penha.

  • — 54 —

    Pudéssemos vô-Io e inlerrogal-o !

    Contraries pensamentos combatia;

    Mais nenhum dominava muito tempo I

    Bem como o mar, que de contrários ventos

    Costuma ser a presa. Ora estava triste.

    Encostado á portaria; ora na igreja respirando,

    Sombrio ia rezar, amargas lagrimasVertendo e arrancando agudos gritos,Quaes os rugidos de um leão uivando.

    Emraagreceii; abrazadora cliamma

    Inflammára seus olhos;Desfigurado, pálido, abatido,Aos seus pareceria .io outro mundoCoveiro ou defunto em procissão.

    De lá foi por bai rooaea e grotas, aioda domi-. nado do terror, pedir a Diogo de Villa-Ponoa,

    oommandante do forte de Pyratininga, pousada elicença para esperar um navio, que o levasse aterras de Campos, ou Cabo-Prio, um dos povoadosonde os frades Pranoiscanos tinhao um convento,que é rival do de Santo Antonio, no Rio de

  • — 55 -

    Janeiro, e por isso erão freqüentes os seus trans

    portes nesta e naquella barra.Antes de retirar-se, ao serão e em noites de

    luar, reunidos o commandante e o mestre decampo Joü.0 de Alcobaça, a farailia de Villa-Pouca e inferiores, uns indios de Nova-Almeida,e uns foreiros que acabavSo de cbegar de umasexplorações da Beal Fazenda, o devoto cam-pista narrou os episódios de sua viagem.

    João de Alcobaça, bomcm que viajára pelopólo, por África e Asia, e caçàra ursos, contouhistorias dos naturaes de Mombaça e Melinde,e referio o seguinte que se passou com elle.

    Vi, disse o mestre de campo, um rio vagaroso onde as almas se submergem, porque sftocondemnadas ás penas do Orco.

    Que tinha ouvido dizer que em certa partedo morro havia um poço, e que ali fôráo atirados os ladrões das alfaias da capella, e queouvira também que, em certas horas do dia, aliappareciao creaturas informes, cobertas de es-camas, espumando, e que a agua depois fervia,e os monstros debatiílo-se até desapparecerêm.

  • m

    — 5« —

    Narráraoousas espantosas ! Affirmára que erainfestada a praia por piratas, e os sertões porquadrilhas de salteadores.

    Dizia ter sido forçado a assistir ao incruento

    supplicio de arrancarem as entranhas ao indio

    que negou-se, ou nSto prestou-se,a ir ensinar onde

    estaya o principal thesouro nas margens do RioMarinho, perfo da Olaria.

    Tudo nos tirái-ao I

    Mas...

    Nunca se cansa a terra providenteDe tirar de seu seio inexliaurivelRicos dons para os seus cultivadores.

    A terra brazileira talada, a fortuna dos seusfilhos extorquido, ainda assim, proclamou a suaindependência.

    . Desde oroubo, desde o sacrilégio prateado na

  • — 57 —

    capella do padre Grouvôa, datou a decadência dasordens religiosas nesta terra deOoitinlio.

    O antigo collegio dos jesuitas é o actual palácio do governo.

    O convento dos carmelitas é agora o quarteldacompanliia do infantaria, e nâo está longe odia dareforma que ha de transformar o convento

    de S. Francisco em asylo de meninas pobres.

    Caminhante !

    Ide ao morro do Alecrim quando no relogiodo convento soar a ultima pancada da meia-noite.

    Nessa hora sobem os phantaámas, tristes, me

    donhos, com punhaes ensangüentados, entoandoum hymno de morte aos vivos qne olles esperfto.

    Quando osol no occaso vai apagando os raios,oa terra, viuva de seu brilho, sepulta-se na invásão trevosa, ouve-se por toda aorbita do morro,um rugido subterrâneo, que em tudo se assemelha ao gemer do gigante.

    Querião os antigos acreditar que o padreGouvôa ali ficou sepultado em baixo de umapedra, e precisa fazer revelações.

  • — 58 —

    A iatãl desconfiança é verdadeira!

    Adeja por ali em certas noites um vulto de

    homem com batina^ e quando um mortal se lheapproxima, some-se como as miragens do horizonte !

    Nunca reparaste, leitor, para aquelles anjos;í esculpidos nas antigas igrejas?

    Tal acontece ás mulheres que vao á fonte;j,, âmbito de pedra, ellas têm visto

    sobre as agnas a figura de um sacerdote, e aopassar pelas silvas e cancellos, muitas vezes,sem querer prestar attenção, virão mais de três

    vezes uns padres dansando sobre os cardaes, enas pontas das pedras que recorchetão pelo caminho, encontrão-se cabeças epés de creaturasque, de repente, se convertem em gansos I

    Tebiriçá transmittio aos seus descendentes aseguinte engenhosa composição do primeiropoeta,que testemunhou o que no morro do Alecrimcausou-lhe assombro*

    O que vamos reproduzir foi encontrado emuma das cellas do antigo convento dos jesuítas da cidade da yictoria, envolto em um

  • — 59 —

    porgaminlio já carcomido e um esciueleto domulher, o que tem de ser assumpto de outro

    conto ein seguida a este.

    Eis o que se lia nesse tempo, escripto peloprimeiro poeta espirito-santense, que, sem duvida,foi perseguido, porque náo era um bobo !

    —Tu que passas na esplendenloAbobada do morro ardente,

    Sombra pallida, tremcnle,

    Como os raios do luar,

    Donde vens? qual 6 teu fito ?És tu archanjo proscrlpto?

    Por que pairas no granito ?

    Yôa ao céo ou vôa ífo mar.

    Por que sempre á noite vólas ?

    Quando o espaço ó todo estreilas.Tu nào surges entre ellas

    Nos ermos, e sempre só ?

    Por que corres taes paragens

    E usas dessas roupagens.

    Fugindo ao ar e íis aragens,

    Rojando-te assim no pó ?

  • — 60 —

    Besposta do phantasma;

    —Eu sou a inveja, curto loiiie !

    A mim o que se prende é «un inysterio.

    Reprobo sou; vivo triste, aereo.

    Qual ave agoureira em cemitério

    Ando assim na penitencia

    Porque fui denunciado I

    Eu roubei as alfaias da igreja—

    Reparai;—sou eu o excomnumgado

  • P'*-'

    PAÊTE se&tutda

    l_EN DAS E CONTOS

    aldeia de cahgahu'

    A PRAIA DA GUARDA EM PAQUETÁ•PREI PALLACYOS NA CAPITANIA DO ESPIRITO-SANTO

    HISTORIA DO LEIGO FREI PALLACYOS

  • j A ALDEIA DE GARGAHÚk- •

  • V

  • çijrfíi

    A ALDÊA DE GARGAHÚ

    Luiz de Vasconcellos e Souza, da illustre

    oasa de Castello-Mellior, exercia o cargo device-rei do Brazil, quando Salvador Corrêa deSá oBeaevido3 edificára a matriz de S. Salvador

    dos Campos dos Goytacazes.

    Em 1688 o desembargador Antonio Peçanhasuccedeu a.Sá e Benevides; porém, já em 1673,a povoaçap dos Campos de S. Salvador fora

    elevada á villá.5 _ C. L.

  • — 66 —

    A capitania da Parahyba estanceava entre o

    rioItabapoana oo cabo de S. Thomó; Gargabúestava na sua jurisdicQão administrativa e eccle-siastica.

    Ainda nao se empenhava o votante para

    eleger o amigo ou o parente, nem a policia cus

    tava centenas de contos.

    A familia regia-se pelas leis da ordenação doReino, e nfto havia listas para os inspectores dequarteirão.

    O juiz almotacé, o da vintena, o alcaide, o

    ouvidor, o corregedor e o abbade erão os pilares

    da garantia dessa sociedade de que nSto temosvestigios.

    Desde 22 de Abril do anno de 1500 em quo

    Pedro Alvares Cabral desçobrio torras do Cru

    zeiro até á época que vou descrever, em relaçSo

    á aldêa de G-argahü, vivia-se como nos tempos

    de Nemrod, uns pescando, outros caçando; e a

    ociosidade era o regalo do pobre e do rico.Ainda o Papa Paulo TTT nSLo tinha declarado

    que os Índios do Brazil erao homens racionaes,

    e jã os jesuítas, assenhorados das terras de

  • — 67 —

    Muribeca e MuriLiba, os haviao como taes,embora reduzidos e administrados.

    A companhia de Jesus fundada em 1534 por

    Ignacio de Loyola, hespanhol de valor pessoal,bomom de subido engenho, obtivera em 1540daquelle Papa tantas bullas quantas requereu»

    Por toda a parte do orbe catholico, em todosos pontos do mundo conhecido por hespanhóos e

    portuguezes, o jesuíta teve influencia, e na aldôadeG-argahii a companhia teve, por espaço de

    setenta e tantos annos, uma grande fazenda de

    criação, que comprehendia os campos da Guaxin-diba até á barrinha do Estreito.

    Do rio Itabapoana para o norte, ou já mo

    ocoupei quando escrevi As Legendas da Provín

    cia do Espiriio-Sanlo) da parte do sul até o

    rio Parahyba será assumpto para um romance;

    bojecircumsorevo-rae á poética enseada do ex-

    tinctoaldeamento que dá o titulo a esta narra

    tiva.

    Fenelon, quando descreve a gruta deOalypso,

    se esforça para nos mostrar a sua topographia ;

    eu, descrevendo o logar onde conheci o ultimo

  • — 68 — .

    ^ãcristão dos jesuitaS; nem poderei descrever aBÍmplicidade rústica dos campos o das cabanas,umas revigoradas pela arte moderna, outras emcompleta ruina.

    Por entre alguns cyprestes esparsos, e grandesnztensões dearôas, seguidas de vastas familias dedormideiras,coroatás, pitangueiras, cardos earo-

    eiras, vião

  • W":— 69 ~

    A primeira industria ali mais aproveitada

    pelos jesuitas foi a da côra da abelha jandahira^

    urucú, tatibá, e ainda hoje lútao os pequenos

    lavradores contra as formigas, praga igual ao

    maruhy, insecto que precede a invasão dos

    mosquitos. Na costa do mar os peixes erão

    tantos que os moradores de S. Salvador vinhão

    em romarias dar-lhes côrco, e tfto abundante

    era a pesca que ião ao mercado do Rio de

    Janeiro.

    Os dizimos, que ainda hoje vigorão por exigências absurdas de algumas camaras munici-paes, vexayao o industrioso pescador. Forao osdizimes no povo de Israel uma contribuiçãoúnica.

    Jesus Chrísto nao estabeleceu dizimes; os

    ápostolos nao os recebôrao, nem os impuzerãonos tres primeiros séculos da igreja; os catholicosnao deviao consenti-los. Regendo-nos, comoera

    logico, pelas leis da mai patria, os dizimes erao

    um direito da corôa, e deve-se aò grande ministro portuguez Mousinho da Silveira a sua;

    abolição.

  • — 70 —

    Pôr causa dos dizimes muitas fôrSLo as recla

    mações e sem couta os couflUlctos entre os povos

    das duas capitanias do Espirito-Santo e Para-liyba dõ Sul.

    Dentre os pescadores da aldêa do Gargaliú,um século depois do que ahi ficou dito, eu

    conheci tres que erEo notáveis cada um por sua

    especialidade, indole e comportamento. O primeiro em idade e em importância foi o preto

    pai Antonio G-anga, o ultimo sacristao dos je-Buitas; o segando o velho Corrôa, indio da tribu^^Py> domestioado; o terceiro o repentista Manoel Silvestre. A vida do preto nâo encerramysterios; porém, que ^alor nao offprece comoreliquia daquelle passado, em que elle, testemunha ocular detodos osplanos, de todo o viver

    de tão celebres homens, tudo vio e de tudo foi

    co^participante ? !

    Tres vezes (elle contava) foi o aldeamento

    áccòmmettidò pelos valorosos goytacazes e re-

    pellidos pelos tupininquins) tribu do Espirito-Santo.

    Osjesuitas da aldôa velha mandarão aos do

  • — 71 ~

    Qãrgahú os mais valentes tupininquins, eocliefedestes invenoiveis cantava antes do combate^animando assim os seus guerreiros:

    —Sou da taba defensor,Sou intrépido e valente,Aqui sou rei, sou scnbor,Massacá de forte gente,— Mais forte que eu não ha;Acima de mim lupá,Sou feroz tupinambã,Massacá de forte gente.

    Sou seniior de noite e dia,

    Sou senhor de mar e terra;

    Quando trôa a pinuhiaArmo a tribu e marcho á guerra.Que terror meu nome inspira!Sou chamado aqui Tabira;Não ha butú que me fira;Meu tacapi tudo aterrai

    Vontade de gente esti-anha,Minha taba não aceita,

    Que haverá guerra tamanha'Como ainda não foi feita !

    E não venha estranho rei

    Dar aqui tyranna lei

    No povo da minha ^'ei —.Na tribu que me respeita.

  • •í';.í;íí?:aa!!!!i^§l

  • 11

    Mal recompensado foi este chefe e sens cóm-panheiros.

    Contava o sacristão que —depois da ultima,

    repulsa, os jesuitas perseguirâo os indigenas^deuma á outra parte, nolittorale no interior,epti-zerão em pratica todos os meios de que ainiquii*dade e o egoismo dispunhS>o.

    A esses exterminavfto, a outros esoravizavfto •

    Aquelles que ainda restavâo e tiravSiO o seualimento da pesca, da caça e dos fructos dasmattas, tudo perdiao, porque os expulsavâo dasterras, e, senhores detodo o território conquistadoâ força, por muitos annos excercêrao sobre as

    trihuB atrocidades, obrigando-as a emigrarem'

  • — 74 —

    para os ermos e brenhas, por onde ainda nestetempo andSo errantes.

    Desde entSío os índios hostilizãO; matSLo ©asso-lã.0 homens e ccasas com ferocidade nunca vista,

    com odio implacável, sem duvida em represáliado que contra os seus antepassados praticárâo osconquistadores.

    Oontava pai Antonio que a respeito do casamento dos Índios n3.o era o mesmo q^®

    observava na nossa sociedade.Dizia que os índios do aldeamento de Grargahú

    o de outros que visitou em companhia do padreprovincial, nao erao obrigados á fidelidade entreesposos; que amulher era indifferente quando

    o marido tomava outra, e quando o marido deixava a mulher, esta nao se desgostava, porquese era moça tomava outro; velha, o que exigiado marido era a alimentação.

    Que a mulher vivia em paz com a amante domarido.

    Que, muitas vezes, umíndio—casava com umada

    sua tribu, e quando vinha daguerra—tomava aquelhe parecia dentreaquellas que aprisionava.

  • — 75 —

    Também dizia que os jesuítas, apezar de ser

    prohibido pelas leis canonioas e pela disciplina

    da igreja—testavao para descendentes—que nflo

    pertenciao ácommunidade....

    Contava mais que nas Moendas, um logar

    que ainda boje ó conhecido, tiverao os jesuitas

    grande engenhoca. -

    Vaqueano, como denominão os habitantes,doscampos—ao que mais conhece os desvios, asencruzilhadas e os escondrijos e latibulos, o

    preto Antonio fôra por muitos annos o correioconfidente dos amores de muitas damas elegan

    tes daquelle tempo e também o porta-cartàs e

    officios entre as duas capitanias.

    Era o melhor chronista da aldôa; mais co-

    pioso que o macrobio Ribeiro; mais fiel que umCouto ou Castanheda.

    Em ceremonias religiosas era tão versadooomo^um sápiento capucho j ensinava rezas áscrianças, e não obstante, os meninos fugiãoquando elle apparecia, porque o tinhão em contade feiticeiro.

    Se eu dispuzosse do plangente estyloelegiaco

  • — re

    de Ovidio, 6 tivesse a melancólica imaginação

    de Xung oua condolente sensibilidade de Nar-ciza Amalia—que também conhece a aldôa—faria persuadir aos leitores de que o meu heróe

    —apezãr de ter tido a mesma sorte do tribuno

    Gelso—quefoi comido pelos ca.es, poderia entrai*'

    no longo catalogo dos martyres e ser canonizado.

  • A PRAIA DA GÜAROA EM PAOÜETA

  • A PRAIA DA GUARDA

    em Paq.uetá

    —Flôres das iiastes cahidas,

    Fruclos de rudes silvados;

    Flôres d'esp'ranças perdidas,

    Fruclos lios galhos mirrados!

    Tal nao és, Ilha dos Amores!

    Quando eu lia romances de Eugênio Sue, eas sublimes cbiméras de A. Dumas pai, pensava

    pouco, e menos me impressionava a natureza.

    Quando li o Gaúcho de José de Alencar, que

    então não era conselheiro da corôa, tendo sido

    consultor da secretaria de estado dos negocios

  • -so

    da justiça, redactor do Diário e do outra folhapolítica, cotnprehendi que a liumauidade ó plagiaria da nossa mãi commum.

    Desdo então observei que a arte é um tosco

    arrôinedo da mãi de Antéo e Cahn, e lembrei-me

    de um soneto que ouvi ã um meu amigo, de que

    darei cópia:

    —Caim, no mundo errante, abandonado,Fugindo á sua pena, arida, dura.Morria sobre um vai abandonado

    No sólo primitivo da Escriptura.

    Aquclle mal atroz que não tem cura,Não abatia o peito allucinado,Do que nasceu no seio do peccado,Que herdou, depois, a geração futura.

    Do céo, sem mendigar luz, nem conforto,Conservava inda o ironlco desdem,E o silencio mordaz e altivo o eólio.

    Mas quando a hora foi que a todos vôm,Como o gigante Antéo no antigo sólo.Bradou, cahindo: ó terra l 6 minha mãi '

    ^Estudando a natureza, fiquei convencido doque foi o castor que inventou a architectura e o

    gênio da humanidade quiz subtilizar tanto, que

    creou as cinco ordens, ás quaes se têm dado os

    /

  • ^ 81 —

    seguintes nomes: T^oscana, Dorica, Jornca, Corin-^ikia e Compobita. Foi motivo para grandes dispu

    tasentre as escolas, como acontece entre a pintura e a poesia, que ainda hoje nos atormentâo, e

    nos deixao em duvida sobre qual dos modôlosfixaremos a nossa attenção e estudo; porque, uns

    querem o Griotto, outros Raphael e Ticiano,muitos o Paulo Yeroneso, quasi todos o MiguelÂngelo. Também fiquei convenoido de que amaçonaria é na humanidade o mesmo que éaabelha no forcado das arvores, e a prova é oseguinte apologo:

    A ABELHA

    —Tão aiiiigft sou do trabalho,Que nem sobre camas de flôres

    Ociosamente descanso.

    Sem offende-las as piso

    E sem feri-las as pico;

    De um mar de belleza sou pirata,

    Madrugo para roubar as pérolas da aurora,E no meio dos campos publicamente furto;

    c. L,

  • — 82 —

    Mas por ladra nenhum juiz

    Até agora me condemnou.

    Sem fogo e sem lambique,

    Industriosa alchiraista,Faço uma dôce quinta essencia;

    Sou amiga da paz e do silencio

    E para credito da clemência.Me não posso irar sem damno,

    Porque quando me vingo morro.

    Dizem que os primitivos habitantes do mundoorUo caçadores e pescadores; logo nao foi a rôdeinvenção de S. Pedro, que era máo cavalloiro, enao pescava do oaniço.

    Penélope o que fez?Plagiou da aranha, pois oque óa mosca sentto

    o peixe do ar?

    A ARANHA

    —Com os pés sabe fazer

    Oque com as.inàos fez Minerva;Lança fios sem lançadeiras,

    Urde tôas sem teares

    E em mathematica proporçãoDo centro para a circumferencia.Deitando linhas estende rôdes.

  • — 83 —

    Com que pesca no ar.

    Em suspensos labyrinthos,Arma transparentes ciladas

    E sem correr com Diana

    Bosques, mattas e silvados;De um canto de sua casa,

    Diante de si vô a caça

    E é d'ella tào golosa

    Que para a colher a todo o preço.Sem piedade se desentranha,E cruelmente obstinada,

    Ròto um laço, tece outro.

    PaquGtá é oninlio das Aranhas... também éafurna encantada das pérolas.

    A PEllOLA

    —O berço em que nasci,

    É a casa que habito :Casa, que sendo prisão,É tào asseiada e rica,

    Que lhe não ganhãQ os paços

    Do mais curioso Monarcha;

    Até não haver quem me descubra

    Nas conchas estou metüda:

  • — 84 —

    Os qiie me nSo querem vOr

    Com perigo me vêm buscar;

    Á custa do seu trabalho

    Sábio aurora, ii\Te;

    Mas a liberdade que me d;ioQue outra cousa é que captiveiro?Quasi sempre estou fecliada

    E quando nas galas me oceupoFico presa.

    Oonheces aquolla figura que é própria paraornar a linguagem, e embellezaro estylo; aquella

    que imprime vivacidade e variedade aos pensamentos, e que permitte revestir de imagens sensi-veiBasidéasmaisabstractas? Todos os grandesescnptores, poetas ou romancistas delia fazemomais brilhante uso. Eunao sou uma nem outracousa; e, por isso mesmo, resigno-me ao papelde vôr 0 admirar.

    ^ Poeta eu fosse, para empregar metaphoras; ePaquetá seria aureolada com a minha linguagemcheia de trópos, e enriquecida com pomposasdescripQões.

    Contemporânea da ilha do Governador, tens-^lhe excedido em tudo.

  • — 85 —

    Rugem em teu seio as tempestades do amor;

    e 08 mil demônios da soduoQão, semelhantes aos

    gênios dos contos arabes, percorrem, nas horasmysteriosas, os flancos das tuas montanhas.

    Tu és, Paquetá, um rebento solitário do tu-mido ventre do oceano, òu espreitas, á superfície, algum demonio que te seduz?

    —Quem sabe se o cataclysmo

    Que punío a humanidade,Nào te fez surgir do abysmo

    Das ondas na iminensidade?

    Oonta-se que, diffusamente, ha nas gargantasdas tuas vielas, nosseixaes e lagoas uns insectosiriantes que adormecem entre as ciências ehoninas ?

    Quando eu passo por entre as tuas restingas,e ouço omarulho dos teus coqueiros, afigura-se-me assistir aos primeiros dias de tua exuberanteVegetação, quando dilatavas teus formidáveispulmões, e ninguém os possuo tílo fortes.

    Quanto estás mudada!

  • aí:;.;;;;.;':. ' 'i.í;V •- ' ••

    — 86

    —Por que foi ? parece um sonho '

    Que mudança ! que mysterio!

    O sitio que era risonho

    Ficou ôrmo cemitério.

    Fui teu como outros forão; pagamos o que te

    déyiamos^ o tributo dos loucos entiiusiasmos^a contribuição das idades.

    Além dos teus horizontes, das tuas angras o

    praias como alfanges, teus habitantes sâGamaveis

    ©gentilmente conviventes.

    As mulheres meneião-se airosas, como umbando dás garças que ahi tração polygonos noespaço, avoejando da praia dos Frades pára aHibeira; daqui para os matagaes das outras -ilhas adjacentes.

    Viver entre ellas écomparticipar do galanteioe dos gracejos delicados.

    Nascer, viver, morrer em Paquetá, ó a suprema ambição do natural.

    Ir á Paquetá, livre, importa deixar na Oôrte08 symbolos e emblemas da fé jurada ao amor,

    e tomar, em Paquetá, algemas.

    Eu vi Taparica, vi o Jardim das Esperidas,

  • — 87 —

    vi 08 archipelagos, vi a ülia do Espirito-Santo,

    das Palmas, Santa-Oruz 0 outras do Atlântico,

    vi a do Desterro e outras.. • e todas prestSo

    vassalagem a ti, ó Thronoda Poesia!

    És celebrepor tuas fabricas, por tens marujos,tuas esteiras e tamancos. Quando chega ao mer

    cado o peixe dos teus viveiros, disputa-se nabanca a compra, como em Modina ou Meka oestrangeiro disputa a posse da mulher formosa.Procura.o-te os tisicos; e as mulheres feias daOôrtevao ouviroscânticos dastuasserôas e pedirà, temperatura da tua atmosphera calor que lhestransforma a economia animal, renovando-lhes

    as physionomias.

    Poste a Gapua da Oôrte de D. João VI, aCintra dos fidalgos daquelle tempo, o amenoregaço dos namorados felizes.

    Perpetuo é o crepúsculo das tuas alvoradas,eterno será o teu encanto.

    Os passaros dos teus bosques dizem a quempassa e a quem ouve, que mente a geographiaquando colloca o Paraíso na Ásia; e isto se per

    cebe porque, nas sombras projectadas das tuas

  • •'"'tif

    — 88 —

    secuoulares mangueiras, sente-se que os seus tri-

    nados parecem com aquellas aves do céo, e Adão

    e Eva sempre estiverao perto de Deus.

    Quem foi vêr-te, e nao perdeu-se seduzido pelas

    tuas tao suaves brizas, pelas flôros que pendemrisonhas por entre os anarcados, e ornao os pentágonos de pedra e juncos dos teus jardins, óo desgraçado a quem Deus privou da vista.

    Tu és como Ampbytrite, que dorme aosom dasvagas.

    Se as bellezas naturaes nao bastassem para tocelebrizar, terias para mim direito á attençaopelo faoto de ter o destino de um grande bomemescolhido o teu quieto remansq para guardartao immenso coraçao e tao grande cabeça.

    Um homem a quem devemos tanto que nemeu sei a somma:— esse homem, esse benemeritofoi o conselheiro José Bonifácio, que, duranteas lutas politicas desta Naçao, entendia que averdade do principio devia ser proclamada pelapratica do exemplo.

    Em 1822, a 16 de Janeiro, exerceo o cargode ministro dos estrangeiros e do Reino.

  • — 89 —

    A Constituinte abrio-so a 3 d© Maio de 1823 j

    no dia 17 de Julho de 1823 foi demittido; a

    12 de Novembro de 1823 a Assembléa Constituinte foi dissolvida á força armada, e JoséBonifácio foi preso e deportado.

    Depois...

    Está no dominio da historia.

    Na praia da Guarda, em Paquetá, ainda sevô a casa onde morou o Patriarcta.

  • FREI PALIACYOSNA CAPITANIA DO ESPIRITO-SANTO

  • o TURflULO DE FREI PALLACYOSTEMPO COLONIAL

    —A' cosia occidental americana,

    Que do Antarctico pólo é mais vizinha,E o nome Brazil sustenta ufana,

    Nào de Santa-Cniz que d'antes tinliaEntre o Topo inflei, gente inhuinana, •

    Estào, sessenta gráos ao sul da Linha,Duas villas, chamadas comvangloria,

    Uma Espirito-Santo, outra Victoria.

    Nas memórias históricas do dironista-mór doImpério e nos annaes da capitania do Espirito-Banto, lô-se o seguinte :

    c( D. Luiza Grinaldi e as camaras da villa da

    Victoria e do Espirito-Santo fizerfto doaçad do

  • — 9á —

    came do morro o capellinha do Nossa Senhora

    da Penha aos religiososmenores capuchos, o que

    foi sanccionado pelo prelado da diocese do Riode Janeiro, Bartholomeu Simões Pereira, que se

    achaya a esse tempo refugiado na capitania ,*

    porém, o convento só obteve mercô de ser con

    templado na ordinária por carta do padrfto em

    6 de Novembro de 1553.»

    Braz da Costa Rubim, em seus documentos

    e memórias sobre a capitania do Espirito-Santo,

    nao foi parco no dizera respeito de frei Pallacjros,sendo abundante e instruído a respeito dos donatários, da bôa emá sòrte da colonia, com que foiagraciádo Vasco Fernandes Coitinho por cartarégia de D. João III, de que teve foral a 7 deOutubro de 1534.

    Foi calamitosa, como todas, a fundaçáo dacolonia portugueza na capitania do Espirito-Santo.

    Coitinho, o honrado vassallo, fidalgo da casa' O

    real, em serviço do reiem G-ôa e China, deixandoa sua quinta, e cedendo a tença que recebia aoEstado, contrahio alguns empréstimos, e a 23 de

  • — 95 —

    Maiode1535,domingo doEspirito-Santo, chegou

    á sua capitania.

    Para Coitinho essa doaçao opulenta de ri

    quezas naturaes foi um presente de angustias. Osaventureiros de commercio,que tôm sido em geral

    08 civilizadores dos harbaros, nfto o protegôrao.

    Além dos criminosos politicos quegozavao de

    homisio por graça de el-rei, entre os quaes a

    maior parte ertto fidalgos, vierílo malfeitores, in-dolentes, desbriados elibertinos.

    As lutas que sustentou contra os selvagens,que Ibe oppuzerÊto resistência e em seguida ainvasão bollandeza e as matanças commettidas

    pelos Francezes, que entrarão no porto e derão

    fundo em frente da povoação, com duas náosartilhadas, donde resultou gloria ao capitão-mórBelchior do Azeredo e ao jcsuita Braz Louronço,

    que se distinguirão defendendo a povoação, con

    tribuirão para desgosta-lo.

    O periodo que decorreu de 1558 a 1562 foicheio de desgraças e infortúnios.

    Nestas tristes circumstancias, nestes dias

    lutuosos de nefasta recordação e de que se não

  • — 96 —

    deye guardar memória, appareceu o anjo da paz,

    o religioso leigo frei Pedro Pallacyos.

    Da provincia da Arrabida, em Portugal, elle

    aportou á capitania doEspirito-Santo, e deu principio a um Passo sobre uma grande pedra con

    tígua ao mar e ao pé da montanha, e nelle col-

    locou a imagem da Virgem em um tosco ora

    tório e mal acabado nicho.

    No cume dessa montanha está o convento.

    Nesta, que digo, peiiliá descoberta,Magestoso edilicio se oíTerecc,Que pela iramensa altura á vista incerta

    Guamecído castello se parece ;Mas neste, mesiho engano a vista acerta,Porque, como direi, e 6 bem confesse,Do inimigo defende em qualquer guerraAfé, a-devoção,, o Rei da terra .

    Essa torre de Faro esclarecida,Esse templo de Epheso, assombro humano,

    Ocolosso da Ilha á Grécia unida,Ofamoso obelisco de Trajano,Amachina do Egyptoengrandecida,O palaclo de Cyro soberano,E o mausoléo de tanta archltectura,São confusos borrões desta pintura.

  • - 97 —

    Todo esse proJigio, quer se encare pela arte,

    quer pela natureza, que em tudo pareceu concorrer para perfeiçSto desse monumento, tliesouroinvejável que orna »heróica Villa Velha, deve-se

    a frei Pallacyos, o architecto que primeiro deuprincipio a esta grande obra.

    A erudita Memória do Sr. Dr. FernandesPinheiro, um dos mais diligentes polygraphosdesta geração, nac- comprehendeu onome destemartyr da religião, porque oillustrado acadêmico n3.o visitou oconvento da Penha para dar-lhe a monographia, nem escreveu, assumptodigno de seus talent08,a vida de frei Pallacyos.

    O hiographo de Monte Alverne, figura home-rica em um século ãe 'prosa, de Sampaio eCaldas, teria, nos tombos do convento enos archi-voB das camaras municipaes das villas e cidadesda provincia do Espirito-Santo, exemplos paiaincentivos de uma noticia cheia de valentia naphrase e rica de conceitos litterarios, em que•sempre distingue-se o meu illustrado mestre,quer inferindo o estudo da historia ecoleaiastica€ da litteratura sagrada, quer denunciando os

    7 o. li.

  • — 98 —

    crimes e attentados dos donatários,quer avigo-

    rando 08 traços tao apagados do horóe que com

    bateu peJa causa da Igreja. Frei Pallacyos nSo

    foi EÓmente nm martyr, que passou a vidádurante dezosete annos em doutrinar os indios

    das diversas aldeias,

    O povo, que poucas vezes erra, chumou-o santo,e sabe-se que mais tarde pretondeu-se a sua

    canonização, que nílo teve segulmento, como refere Braz ua Costa Rubim em suas Memórias

    publicadas no tomo XX.IV da Revista do Instituto

    Histórica.

    Ha na historiada Igreja, como na dos Estados^

    omissões e injustiças.

    Carlos Magno e Luiz de França, ambos reis,,forão canonizados j entretanto nSLo sei se deviãõter aceitação no céo como tiverão no mundo.

    Desde que o historiador consciencioso querreivindicar a verdade, tem de comparar-se asconsequoncias moraes e políticas desses assassinatos religiososfôrao resultados do delírio ou da

    perversidade.

    No primeiro caso, intentada a responsabilidade.

  • — 99 —

    póde-se acliar a escusa do crime; no segando,

    deve-se tirar um corollario : o poder temporal

    do Papa ó uma anomalia ou um contra-senso do

    Evangollio.

    Que frei Pallacyos eraum santo, basta eu des

    crever a sua morte. Os povos da Victoria o

    Villa-Velha ainda repetem, como se fôsse umtestomunlio vivo, o que ouvirfto de seus antepassados.—Frei Pallacyos erasanto.—-Essa crença éiüdestructivel naquella provincia, como a dosprophetas entre as raças celticas.

    Quando frei Pallacyos combatia pela fó catho-lica, oedificava o convento, onde estava a ermiuaque depois desua morte foi entregue ao religioso

    Nicoláo Affonso, nSto se notava no povo, como

    lioje acontece, o abatimento moral, a impiedade.Nota-se que a sociedade civil e religiosa vaipassando por transformações, que nem garantema estabilidade dos Estados, nem a tranquillidadeda Igreja.

    Quetempos forao aquelles !Oh ! innoconcia !

    Hoje...

  • — 100 —

    —A lei, a justiça, a honra, o nome,

    A fé, religião, costume, idéas.

    Opiniões e principies, consciência,

    Dignidades, poder, mesmo o respeito.

    Compra-se hoje! Maldição ao século !

    A negra hypocrisia tudo infesta !

    A heresia negrejaem toda a parte!

    Da religião se mofa impunemente!

    Os dogmas da fé são insultados !

    A innocencia succiimbe, o crime exulta !

    Quando faltarem os vínculos moraes aos aotoa

    da consciência; quando as armas mais oppostasdestruírem os princípios da moral e tudo ficarinvertido, de modo que aliberdade nã-o seja filhado direito; o direito não seja encarnação dajustiça j a justiça nSo seja a consciência da lei,a ponto de servir a impunidade de estimulo a

    todos 08 crimes e misérias; quando uma cousíifor ao mesmo tempo generosa e má, applaudidapela opinião o reprimida pela religião ; nessedia, nessa hora nao desanimem aquelles queestão, que vivem na lei de Deus. Estas serifto

    as- palavras de frei Pallacyos, se elle vivesse

  • — 101 —

    neste tempo de destructivismo politico e reli

    gioso.

    O desprezo da morte, que tomou glorioso

    Clodio e Cursio, Santa Perpetua, Santa Pelioi-

    dade etantos martyres doEvangelho,nSíoexcedem

    ao padecimento defreiPallacyos nacatechese dos

    índios. Anchieta e Nobrega, dous corações ani

    mados de fé e caridade, semelhantes na coragem

    de evangelizar, fôrâo dignos do sérias investigações alentadas por intelligencias robustas noempenho de perpetuar os seus esforços e trabalhosna propaganda da religião catholioa, apostólica,romana.

    A especialissima catechese dos indios na capitania do Espirito-Santo exigia prudência e tino,resignação e tenacidade, qualidades que ornárãoaquelle por quem sempre saudoso etr^^ chorouopovo de Villa-Volha e da então villa Viotoria.

    No empenho fatídico de edificar o conventoonde está a padroeira, obra que ainda hoje sor-prende, pelo segredo do equilíbrio a ponto deparecerum Mastodonte noespaço, ou umapyra-

    mi do suspensa entre nuvens, frei Pall^yos reunio

  • — 102 —

    oa p0708 vizinhos, os índios o poucos colonos,sempre arriscando avida, quer na cdificaQSlo, querindoaos aldeamentos, afim do os converter á féchrista.

    O que isso é, o que temos visto, o que haséculos tem chamado a attençao dos devotos,

    descreve-se nas seguintes estâncias :

    —A gente admirada em terra salta,

    Entoando com gloria nào pequena

    Os louvores da Virgem em voz alta,

    Pois tantas tempestades lhe serena.

    E quando de Maria a gloria exalta.

    Também confessa humilde a pena,

    Porque sem contrição tão manifesta

    Não vale a devoção, a fé não presta.

    —A escrahosa penha vai subindo

    Descalça, de joelhos e de bruços,

    E por toda a ladeira estão se ouvindo

    Menos a voz que o écho dos soluços.

    As aguas que dos olhos vêm sahindo,

    Causão nas ventas huinidos deíluxos;S parece que têm já convertidos

    Os corações em fôrma de gemidos.

  • — 103 —

    A escarpada penha nào consente

    Que por ella se dO nem um só passo,

    Porque o temor da queda preeminente

    Ao toque mais subtil pOo embaraço.

    Só por uma ladeira sóbc a gente,

    Que igual h devoção faz o cansaço.

    Talvez porque se entenda que a virtude

    Damno do corpo é, d'ai ma saiide.

    O labyrintio das florestas druidioas, as ruas

    entre os bosques artificiaes e jardins no tempo do

    Luiz XIY; os ampliitheatros improvisados nas

    praças do Constantinopla, naquelles tempos do

    feudalismo despotico, tudo quanto a natureza o

    arte associadas apresontao do estranbO; de extra

    ordinário na esquisitice da confusão e ao mesmo

    tempo bom delineado, não excedem a rua de

    sombras forrada de pedras, que, da rampa da

    montanha, vai ao convento de Nossa Senhora da

    Penha.

    Dir-se-hia uma archivolta cyclopica, espociede tabernaculo paradisíaco, emfim um throno doOberon, um desenho de Rombrandt, uma scenáde Zimermann.

  • — 104 —

    —Era a tardei os raios últimos

    Do sol rubro e morredouro,

    Rompendo as nuvens escuras

    Que se tornavâo côr d'ouro,

    Se reílectiuo brilhantes,

    Sempre bellos e diversos

    De formoso colorido,

    Nos vários lagos e tanques

    Pelas campinas dispersos.

    Era na hora em que a luz dodia naufraga no

    oceano do trevas, em que nos desertos do céo o

    leão e o cordeiro, o escorpião e o sagittario seconfundem em commum porfia, a hora emfimem que a natureza, essa intelligencia morta,

    elanguece aos beijos da briza.

    Nos paizes onde as legendas sao artigos de fé,

    onde 08 castellos tèm um espectro, os templos

    antigos um fantasma, tudo se engrandece e per

    petua-se, porque o inverosimil nao exclue o pos

    sível, e a critica histórica, espancando a fabula,

    deixa patente a origem da tradição.

    Esses palacios encantados que os poetas col-

    locárao no seio da terra, os thesouros dos contos

    arabes que a poesia e o romance orientaes nao

  • — 105 ^

    loealisàrâo, 8*3.0 productos daimáginaçSiO^siiblinciescategorias no mundo dos espiritoS; embora invi-siveis.

    As visões do Hofl&nann, as creações fantásticas

    de Edgar Poe, nao sao realidades no mundoobjectivo; mas ba certa ordem de pbenomenosmoraes que nascem, vivem e morrem no mystô'-rio psycbologico, e têm, entretanto, suas co-relaçOea com os factos espantosos da vida

    ' bumana manifestados no mundo exterior.Oque as visões representao, o que aimagina

    Qao descreve, oque a poesia inventa, tem umcontacto com a verdade.

    Yisao, poesia, imaginação efantasia ainda nftoapresentarão este facto extraordinário.

    Erei Pedro Pallacyos foi encontrado mortodentro da gruta, onde fazia orações; estava de p»encostado ápedra como overias em extase prfundo com asmãos encruzadas, como èm perpetua contemplação.

    «Avida escoou-se-lbe como um pbiltro deluzem um tubo de ar. »

    Oreligioso leigo,o martyr,o forçado da virtude

  • — 10 6 —

    christã e da caridade evangélica; como recompensa viva, immodiata de seus sacrificios, foi

    convertido em santo.

    Do homem havia o simulacro —o milasfre

    , estava feito!

    No dia 2 de Maio de 1575os habitantes do

    Yilla-Velha; em procissão solemne, dirigirão-seao santo logar.

    DagrimaS; gritos de dor e desesperO; lamentações, saudades, desenganos, dôres lacerantes, todoo resumo do soffrimento,resoou ao redor daquellezimborio até hoje respeitado e sempre venerado.

    Pensador ou visionário, scoptico ou crente,poeta ou philosopho, caminhante, quem qnzv quesejas, pára I '

    A vaidade de alguns poderosos e soberanosconsagrou memória ao aposento de Segismundo,ao de Carlos ÍV e J oilo sem icrra; á escadadonde Carlos YX promulgou o seu edicto deperdão ; á lagea sobre a qual Mareei degollouRoberto de Clermont e omarechal de Champa-gne em presença do Delphim ; o logarondefôrão

    WM

  • — 107 —

    despedaçadas as bullas do anti-papa Bene-dicto.

    Quando avaidade nfto opratica, aperversidadese autora. É assim que temos visto praticar-se oultrage de levantar-se aestatua de um rei nologar ensangüentado onde cahio acabeça de ummartyr.

    S6 uma excep«aol oTatiuano também éumamemória; mas essa nSoé um ultraje á razfto ueao direito; oTatíoano está no mesmo logar Ondeexistio o Circo romano, onde Nero mandavatrucidar OS cbristaos.

    Agruta do pedra onde oreligioso viveu, efo'encontrado morto, estando seu corpo intacto esupbysionomia animada, de frente para oladooratorio onde estava a Tirgem da Penba, nfttem frontaria gotbica, eimalhas, comijas, dexquisita arcbitectura, nem declives lateraesNao ba descida nem subida.

    Aaboboda formada pelo angulo do pedra nãoé em ogiva, nem forrada de molduras.

    Bentro ó uma cellula natural, oblonga.

    Ha alli o deslumbramento 1

  • _ 108 —

    O deslumbramento causado polo pavor e pelo

    respeito, pela veneração e pela crença.

    Fóra, no mesmo terrapleno em parallelogram-

    mo, está sobre uma pedra o oratorio, que ainda

    se conserva intacto.

    A gruta onde morreu Frei Pallacyos nfto ésubterrânea.

    Ha ali um enorme pilar—ó a terra que n&odevorou o corpo!

    Uma grande parede—a eternidade que o esconde !

    Um só tecto—o silencio !

    LENDA

    —Alta noite lias trevas perdidas,Branca sombra d'um'alma sentidaAerea caminha... caminha a voar...

    Parece a neblina levada do vento,Da noite ao relento.

    Fantasma que paira na pedra a rezar.

    Villa-Velha, tu és abençoada.No vertice da montanha, santuário da Virgem!Na base, o tumulo de um santo!

    Sicut dicant populi l

    Rio de Janeiro, 1868.

  • HISTORIA DO LEIGO

    lílEI PEDBO PALLACTOSFundador do primitivo Convento da Scniiora da Penha

    E DO jesuíta

    AFFONSO BRAZFundador do Collegio da mesma Ordem

    Tttío conforme escrererJo alpns cliroiiistas sensconteijoraneos

  • HISTORIA DO LEIGO

    ¥EET PEDKO PALLACYOSFundador do primitivo Convento da Senhora da Penha .

    E DO jesuíta

    AFFONSO BRAZFundíidor do Collegio da mesma Ordem.

    Vasco Coutinlio trata desubníetter os selvagens revoltados.—Apezar de auxiliado pelo padre Affonso Braz, s3o inúteis seus esforços.—E'constrangido a pedir auxilio aogovernador geral do Estado.—Chega íi capitania Frei PedroPallacyos.—Vem o auxilio reclamado por Vasco sob ocommando de Fernão de 83, que suecumbe, siiccedendo-Ihe Diogo de Moura.—Consegue-se a submissão dos selvagens, mas, desanimado odonatário, delibera entregara capitania íi Corôa.

    155Õ a 1558

    Achando a capitania no estado do deoadenoia,que descrevemos, cuidou Vasco Ooutinlio de esforçar-se por faze-la voltar ao nivel de adiantamento em que a deixára quando buscou terras

  • — 112 —

    de Portugal, Mettendo hombros a essa empreza^

    por demais pesada para sou pusillanime espirito,

    facil de desanimar aos primeiros embates da

    adversidade, tratou o donatário do reunir os ha

    bitantes da capitania, dispersos por seus ser

    tões, com a nova gente, que trazia de sua patria.

    Com essa força ello lutou durante deus annos

    consecutivos, de 1555 a 1557, por fazer frenteao inimigo .e obriga-lo a recolher-se para o in

    terior do paiz.

    Nesse difficultoso empenho foi auxiliado pelo^ev. padre -Affonso Braz, da Companhia deJesus, de quem já fallámos, oqual, nessa calamitosa época, conseguindo fundar comos indios

    convertidos as aldéas do Campo e Yelha, aconselhava-os, com a palavra do Evangelho, a fazerem seus companheiros revoltosos depôrem asarmas, reconhecendo osportuguezes como amigos,

    O gentio, porém, orgulhoso e insolente com as

    victorias passadas, tornava inúteis esses esforços,e