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 ANAIS 1/15 IDENTIFICAÇÃO DAS MOTIVAÇÕES E BARREIRAS PARA A ADOÇÃO DE PRÁTICAS AMBIENTAIS EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS: ESTUDO DE CASOS NO SETOR DE BATERIAS AUTOMOTIVAS  DENISE FRANCO ( [email protected] ) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA  ANA BEATRIZ LOPES DE SOUSA JABBOUR ( [email protected] ) UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU  RESUMO Este artigo teve como objetivo identificar as principais motivações e barreiras para a adoção de práticas ambientais em cadeias de suprimentos ( green supply chain management ) em empresas do setor de baterias automotivas. O estudo foi realizado em duas das principais empresas desse setor no Brasil. A análise foi baseada em observações de atividades operacionais das empresas in loco, entrevistas com os gestores responsáveis pelas atividades de gestão ambiental e obtenção de dados secundários. Como resultados identificaram-se as principais motivações, que são atendimento a requisitos legais, imagem e redução de custo (longo prazo); e as principais barreiras, que são a falta de conscientização da população, falta de conhecimento, falta de treinamento e aumento de custos (curto prazo). Palavras-chave: Gestão Ambiental em Cadeia de Suprimentos; Motivações; Barreiras; Setor Baterias Automotivas.

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    IDENTIFICAO DAS MOTIVAES E BARREIRAS PARA A ADOO DEPRTICAS AMBIENTAIS EM CADEIAS DE SUPRIMENTOS: ESTUDO DECASOS NO SETOR DE BATERIAS AUTOMOTIVAS

    DENISE FRANCO( [email protected] )UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS - CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

    ANA BEATRIZ LOPES DE SOUSA JABBOUR( [email protected] )UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU

    RESUMO

    Este artigo teve como objetivo identificar as principais motivaes e barreiras para a adoode prticas ambientais em cadeias de suprimentos (green supply chain management) emempresas do setor de baterias automotivas. O estudo foi realizado em duas das principaisempresas desse setor no Brasil. A anlise foi baseada em observaes de atividadesoperacionais das empresas in loco, entrevistas com os gestores responsveis pelas atividadesde gesto ambiental e obteno de dados secundrios. Como resultados identificaram-se asprincipais motivaes, que so atendimento a requisitos legais, imagem e reduo de custo

    (longo prazo); e as principais barreiras, que so a falta de conscientizao da populao, faltade conhecimento, falta de treinamento e aumento de custos (curto prazo).

    Palavras-chave:Gesto Ambiental em Cadeia de Suprimentos; Motivaes; Barreiras; SetorBaterias Automotivas.

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    1 INTRODUO

    A preocupao com a preservao ambiental assume hoje uma importncia cada vezmaior para as empresas. Sendo assim, o grau de comprometimento de empresrios eadministradores na busca de solues ambientalmente adequadas para os problemas daproduo, distribuio e consumo de bens e servios est cada vez maior. Alm disso,dimenses econmicas e mercadolgicas das questes ambientais tem se tornado cada vezmais relevantes, representando custos e/ou benefcios, limitaes e/ou potencialidades,ameaas e/ou oportunidades para as empresas. Assim, cada vez mais considerada nasestratgias de crescimento das empresas (SOUZA, 2002).

    No entanto, como as empresas esto atualmente organizadas em cadeias desuprimentos, representadas por empresas interdependentes, a gesto ambiental no pode ficarrestrita a uma nica empresa. Por isto, a importncia de se discutir gesto ambiental em

    cadeias de suprimentos (green supply chain management).A gesto ambiental em cadeia de suprimentos conduziu, assim, a uma expanso das

    fronteiras e passou a contemplar, desde a jusante at a montante, mais processos que osanteriormente inseridos na gesto ambiental das empresas (SVENSSON, 2007). Para Jappuret al. (2008), estas organizaes, em cadeias globais, j despertaram para a necessidade deincluir as preocupaes ambientais nas estratgias de negcio e esto incentivando a melhoriado desempenho ambiental dos constituintes de sua cadeia produtiva, principalmente seusfornecedores diretos. Adicionalmente segundo Rao e Holt (2005), a gesto ambiental emcadeia de suprimentos promove eficincia e sinergia entre os parceiros do negcio e contribuipara um aumento do desempenho ambiental, minimizando desperdcios e auxiliando aeconomia de custos.

    Diante desse cenrio, esta pesquisa concentrou-se, ento, na seguinte indagao: Quaisso as motivaes e barreiras na adoo de prticas de gesto ambiental na cadeia desuprimentos em empresas do segmento de baterias automotivas? Tendo em vista que estesegmento possui regulamentaes especficas no Brasil e que atualmente a Poltica Nacionalde Resduos Slidos est em vigor, de acordo com Thun e Muller (2010), uma caractersticaimportante os aspectos normativos que regem as questes ambientais do pas em anlise, parase estudar as motivaes e barreiras na adoo de prticas de gesto ambiental em cadeia desuprimentos.

    Para responder o problema de pesquisa proposto, o trabalho teve como objetivoidentificar e analisar as motivaes e barreiras existentes na adoo de prticas de Green

    Supply Chain Management (GSCM). Para tanto, foi realizado estudo de casos em duas dasprincipais empresas do setor de baterias automotivas do Brasil.O presente trabalho composto por cinco sees. A primeira a Introduo, em que

    se relata a contextualizao do tema, e apresenta o problema e o objetivo de pesquisa. Nasegunda, foi realizada uma reviso da literatura, na qual se discorre sobre conceitosrelacionados ao tema, como gesto ambiental em cadeia de suprimentos (conceitos, definiese prticas), os motivadores e barreiras na adoo de prticas de GSCM, e as legislaespertinentes ao setor eletroeletrnico do segmento de baterias automotivas. A terceira seodescreve a metodologia utilizada para a realizao do estudo. E, ento, os dados coletadosforam descritos e discutidos com intuito de se obter o resultado para o estudo em questo eest relatado na seo quatro, sendo possvel com isso finalizar o trabalho com uma concluso

    na quinta seo.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    A fundamentao terica discorre inicialmente sobre conceitos e definies de GestoAmbiental em Cadeias de Suprimentos, em seguida, analisaram-se as motivaes e barreiraspara adoo de prticas voltadas a esse tema. Alm disso, utilizaram-se como base legislaesbrasileiras, como a Poltica Nacional dos Resduos Slidos que visa a logstica reversa e asresolues do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) que regem especialmente aproteo a poluio.

    2.1 Gesto Ambiental em Cadeia de SuprimentosA gesto ambiental em cadeia de suprimentos tem suas razes na literatura de gesto

    ambiental e de gesto da cadeia de suprimentos cujos componentes dizem respeito influncia e aos relacionamentos entre esses dois focos (SRIVASTAVA, 2007). Os estudos

    sobre gesto ambiental na cadeia de suprimentos ainda so recentes, todavia este assunto temevoludo em diferentes reas e incluem questes como gesto da produo, relacionamentocliente-fornecedor, desenvolvimento de produtos, compra de matria-prima, ciclo de vida deprodutos, alm de outras (SARKIS, 2003).

    Srivastava (2007) define gesto ambiental em cadeia de suprimentos como "(...)integrao do pensamento ambiental na gesto da cadeia de suprimentos, incluindo design deproduto, seleo de fornecedores de matria-prima, processos de fabricao, entrega doproduto final aos consumidores, bem como a gesto do fim de vida do produto aps sua vidatil". Ainda, segundo Brassolatti e Martins (2010), o gerenciamento ambiental da cadeia desuprimentos deve expandir o conceito tradicional da gesto da cadeia de suprimentos,englobando as questes ambientais, a fim de que os impactos ambientais sejam minimizadosdurante todo o ciclo de vida do produto..

    Labegalini (2010) relata que a definio e o escopo de GSCM encontram uma enormeamplitude na literatura desde a compra verde at a integrao da cadeia de suprimentossustentvel, abrangendo fornecedor, produtor, consumidor, logstica reversa e, ainda, cadeiade suprimentos em circuito fechado. Com isso, infere-se que a diminuio dos impactosambientais de um sistema, como o da cadeia de suprimentos, requer o envolvimento de todasas organizaes relacionadas a ele e de todas as suas reas funcionais. Canning e Hanmer-Lloyd (2007) asseguram que, qualquer que seja o ramo do negcio e independentemente dalocalidade de suas operaes, as empresas devem sempre minimizar os impactos ambientaisde seus processos, incluindo essas metas em toda a cadeia de suprimentos na qual esto

    inseridas.Adicionalmente, dois objetivos primrios de GSCM podem ser reconhecidos (LU;WU; KUO, 2007):(1) Encontrar critrios de desempenho ambiental consistentes entre os participantes da cadeiae promover comportamento corporativo ambiental responsvel entre todos os atores na cadeiade produtos e servios;(2) Ajudar os fornecedores a reconhecer a importncia da resoluo de questes ambientais eampar-los na instalao de suas prprias iniciativas de melhoria.

    Zhu, Sarkis e Lai (2008) conduziram um estudo que teve como objetivo investigarempiricamente as prticas de GSCM. Essas prticas foram divididas em cinco fatores comomostrado a seguir:

    Gesto Ambiental Interna Comprometimento da alta gerncia; Apoio de gestores de nvel mdio;

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    Cooperao de diferentes reas funcionais na adoo de melhorias ambientais;

    Gesto ambiental de qualidade total; Cumprimento a legislaes ambientais e programas de auditoria; Certificao ISO 14001; Existncia de um Sistema de Gesto Ambiental;

    Compra verde Rotulagem ambiental dos produtos; Cooperao de fornecedores em objetivos ambientais; Auditoria ambiental realizada na gesto interna dos fornecedores; Fornecedores certificados pela ISO 14001; Avaliao das prticas ambientalmente amigas de fornecedores secundrios;

    Cooperao com os clientes

    Cooperao com os clientes para Ecodesign; Cooperao com os clientes para Produo mais Limpa; Cooperao com os clientes para Embalagens verdes;

    Eco-design Desenvolver produtos que utilizem menos matria-prima e energia; Desenvolver produtos que suas matrias-primas e componentes sejam reutilizados,

    reciclados e recuperados; Desenvolver produtos que evitem ou reduzem o uso de materiais perigosos e/ou

    seu processo de fabricao; Recuperao do Investimento

    Recuperao do investimento (venda) do excesso de estoque e de materiais;

    Venda de sucatas e materiais usados (logstica reversa); Venda de equipamentos em excesso.Como Zhu, Sarkis e Lai (2008) validaram estatisticamente essas prticas, optou-se por

    adotar essa classificao neste artigo.

    2.2 Motivaes e Barreiras para a Adoo de Prticas da Gesto Ambiental em Cadeiade Suprimentos

    As empresas s adotam prticas de gesto ambiental em cadeia de suprimentos seidentificarem benefcios, especificamente nos resultados financeiros e operacionais (BRITO;BERNARDI, 2010). Seuring e Mller (2008) realizaram uma anlise dos estudos publicados

    no perodo de 1994 at 2007 sobre o GSCM em peridicos tradicionais. Um dos resultadosdesta reviso bibliogrfica foi a declarao das principais presses ou incentivos para aaplicao de prticas do green supply chain management. O Quadro 1 listaclassificatoriamente estes motivadores em quantidade de artigos que os citaram. Percebe-se,ento, que o mais mencionado, no perodo e escopo do estudo, foi Atendimento a requisitoslegais e o que menos foi citado, em relao aos outros, foi a Reputao que estrelacionada imagem que as empresas querem que seus clientes tenham de suas aesambientais.

    Motivadores1oAtendimento a requisitos legais2oPresses dos consumidores3o Incentivos dos acionistas4oVantagem competitiva

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    5oPresses de ONGs

    6oReputao / ImagemQuadro 1:Incentivos para o GSCM.Fonte:Adaptado de SEURING e MLLER, 2008.

    Walker, Sistob e Mcbainc (2008) investigaram sete grandes organizaes pblicas eprivadas comprovou que os incentivos fundamentais foram: conformidade a requisitos legais,minimizao do risco ambiental, monitoramento do desempenho ambiental e presso porparte dos clientes. Enquanto que cada companhia selecionou uma barreira, sendo assim, nohouve semelhana entre as respostas e a nica dificuldade listada por duas das seteorganizaes foi o alto custo que indispensvel para adotar as prticas do GSCM.

    Testa e Iraldo (2010) realizaram um estudo com quatro mil fbricas de diferentes

    setores industriais localizadas em sete pases pertencentes Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) e observaram que as prticas de GSCM sofrequentemente adotadas por exigncia de clientes e consumidores ou por pressesdecorrentes de outros atores importantes da cadeia, que j iniciaram a aplicao de conceitosdo GSCM. Outro motivador encontrado que um Sistema de Gesto Ambiental estabelecidopode proporcionar uma adoo de ferramentas do GSCM mais eficaz, sendo que necessita,entre outras coisas, envolver sua cadeia de suprimentos em suas atividades ambientais.

    As limitaes detectadas por Testa e Iraldo (2010) em sua anlise esto relacionadas avaliao de fornecedores e seus requisitos, posto que muitas vezes dados e informaessigilosas so imprescindveis para ser possvel um julgamento no contexto ambiental de seusfornecedores e os requisitos ambientais devem estar alinhados, indo de encontro aosprincpios das outras companhias existentes na cadeia de suprimentos. Alm disso, o estudomostrou que faz-se necessrio altos investimentos iniciais para conseguir implantar mtodosde gesto ambiental em toda a cadeia de suprimentos e, tambm, o lucro a curto e mdioprazo torna-se desprezvel e concretizando uma barreira enfrentada.

    Thun e Mller (2010) fizeram uma pesquisa com trinta empresas do setor automotivoalemo em que constataram-se que os principais motivadores para a adoo de prticas doGSCM so as exigncias de clientes. Alm disso, a competio/concorrncia a segundaprincipal fora motriz. Em contraste, o governo e seus regulamentos legais desempenhampouca influncia para implementao do mtodo. Fatores internos, tais como a atitude dosgestores sobre as questes ambientais so de importncia moderada tambm. Por conseguinte,

    o poder estimulante dos ltimos dois condutores mais fraco, em comparao com os outrosdois.A principal dificuldade para implementao de prticas de GSCMdetectada por Thun

    e Mller (2010) baseia-se no fato de que, globalmente, as empresas esto atuando emdiferentes naes e, portanto, distintas legislaes e aes ambientais so seguidas eutilizadas, o que pode impedir um denominador comum das atividades ambientais dessascadeias. Alm disso, a dependncia de atos ambientalmente corretos de todas as empresas quepertencem cadeia de suprimentos outro fator de dificuldade detectado no estudo.Considerando-se barreiras internas percebeu-se que a falta de conhecimento por parte defuncionrios das empresas, a falta de uma poltica ambiental interna formulada por cada eloda cadeia de suprimentos e falta de uma integrao de todas as reas funcionais so obstculos

    tambm encontrados.A pesquisa feita por Yang e Sheu (2011) analisou a gesto ambiental em cadeia desuprimentos de seis empresas de manufatura do setor de informtica em Taiwan e China e

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    identificou que aps a aplicao de rigorosas legislaes ambientais europeias (RoHS), para

    manter seus clientes e assim as exportaes, as companhias tiverem que se adaptarrapidamente a novos sistemas de gesto ambiental para conseguirem cumprir comregulamentos impostos. Sendo assim, como Thun e Mller (2010) verificaram, diferenteslegislaes de diferentes nacionalidade de empresas podem ser consideradas barreiras para aaplicao de prticas do GSCM, porm pode tornar-se motivador inicial para empresasfornecedoras e/ou exportadoras (YANG; SHEU, 2011).

    Andi, Yurt e Baltacioglu (2012) foram responsveis por um estudo que envolveu oitoempresas do setor de eletroeletrnicos da Turquia e entre outras coisas conseguiu-se concluirque os incentivos so: exigncias de clientes (ou potenciais clientes) e a vantagem competitivarelacionada imagem da empresa. A pesquisa mostrou ainda que a legislao seria umimportante motivador se no existisse a falta de monitoramento e controle por parte das

    organizaes pblicas. Pode-se observar, tambm, que os altos custos (em curto prazo) e faltade conscientizao de fornecedores e clientes so as principais barreiras deparadas pelasempresas analisadas.

    Com isso, percebe-se que os estudos envolveram amplos setores industriais, mesmoque nesta reviso tenha prevalecido o de eletroeletrnicos (YANG; SHEU, 2011; ANDI;YURT; BALTACIOGLU, 2012;) e onde as empresas estudadas esto localizadas soprincipalmente Europa, sia e Amrica do Norte (SRIVASTAVA, 2007; WALKER;SISTOB; MCBAINC, 2008; THUN; MLLER, 2010; YANG; SHEU, 2011; ANDI;YURT; BALTACIOGLU, 2012). Alm disso, constatou-se que para se detectar com maioreficcia as motivaes e barreiras para adoo de prticas GSCM, os artigos concentraram emanlises em organizaes pblicas e privadas trazendo, portanto, evidncias prticas.

    2.3 Legislao Ambiental Brasileira para o Setor de Baterias AutomotivasA normatizao e legislao ambiental brasileira envolvem as leis decretadas, as

    resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente (COMANA) e, ainda, as normasbrasileiras regulamentadoras da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT).Analisando essas normas observou-se uma exigncia de se evitar os impactos ambientaiscausados por organizaes pblicas e privadas. Por exemplo, tem-se a Lei 12.305 PolticaNacional dos Resduos Slidos, a Resoluo CONAMA 313/2002 que dispe sobre o"Inventrio Nacional de Resduos Slidos Industriais" e, tambm, as normas brasileirasregulamentadoras com procedimentos de classificao, transporte e armazenagem dos

    resduos.A Lei Nacional dos Resduos Slidos, segundo o Artigo 4o, rene o conjunto deprincpios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e aes adotadas pelo Governo Federal,isoladamente ou em regime de cooperao com Estados, Distrito Federal, Municpios ouparticulares, com vistas gesto integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dosresduos slido. Compreende-se, nesse momento, que o governo brasileiro comea a sepreocupar com os impactos ambientais, causados pelo consumo exacerbado das pessoas e, emconsequncia, a altssima acelerao na produtividade nas indstrias.

    Em busca de possveis legislaes relacionadas ao setor eletroeletrnico foi realizadauma pesquisa no portal do Ministrio do Meio Ambiente e verificaram-se as regulamentaesdo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que o rgo consultivo e

    deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA. Analisaram-se, ento,todas as regulamentaes CONAMA desde o ano 2000 e foram detectadas algumas leisligadas ao meio ambiente e que deveriam moldar aes das organizaes de todos os setores.

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    Percebeu-se que as regulamentaes do CONAMA envolvem variados temas, reas e setores

    industriais, sendo que o Conselho um colegiado representativo de cinco setores, a saber:rgos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.A nica resoluo encontrada que pode estar diretamente ligada ao setor de

    eletroeletrnico a de nmero 401 do ano de 2008, o qual determina um teor mximo desubstncias qumicas (chumbo, cdmio e mercrio) na utilizao da fabricao de pilhas ebaterias que sero comercializadas no Brasil. Alm disso, essa legislao determina critrios enormas para a administrao correta dessas substncias e, por fim, considera outrasprovidencias. Conclui-se, ento que, no Brasil no h uma regulamentao eficaz no que serefere ao lixo eletrnico, por enquanto, somente o descarte de pilhas e baterias regulamentado pelo CONAMA, por meio da resoluo j citada.

    Infere-se, com isso, que a legislao ambiental brasileira est apenas em um estgio

    inicial para conseguir atingir regulamentaes ideais. Embora sem nenhum impacto aindarelevante nas tomadas de decises das empresas, a nova Poltica Nacional de ResduosSlidos j considerada um avano expressivo, sendo que foca em aes relacionadas logstica reversa, a qual como afirmado por Svensson (2007) e Labegalini (2010), umas dasimportantes prticas presentes na gesto ambiental na cadeia de suprimentos. Com isso, asempresas esto sendo pressionadas a adquirirem tcnicas mais ambientalmente corretas, comintegrao sas reas de projeto e desenvolvimento de produto, otimizaes da cadeia desuprimentos e da anlise do ciclo de vida.

    Sendo assim, pretende-se realizar um estudo que ir identificar, do mesmo modo comque os autores citados neste captulo, motivadores e barreiras na implementao de mtodosdo GSCM, no setor eletroeletrnico no segmento de baterias automotivas.

    3 MTODO DE PESQUISANo presente trabalho foi utilizado o mtodo de estudo de caso que segundo Yin (p. 24,

    2010) permite que os investigadores retenham as caractersticas holsticas e significativasdos eventos da vida real e, alm disso, preocupa-se com a apresentao rigorosa e justa dosdados empricos. Um estudo de caso bem realizado considera no mnimo trs fontes deinformaes: pesquisas histricas do tema, observaes diretas dos eventos estudados eentrevistas das pessoas envolvidas, o que leva a triangulao do mtodo. Com isso, o estudode caso tem a capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidncias.

    O estudo de caso investigou duas das principais empresas do setor de baterias

    automotivas do Brasil com o objetivo de pesquisar e analisar a adoo de prticas de GSCMeseus motivadores e barreiras. Para alcanar os objetivos estabelecidos nesta pesquisa foiutilizado o mtodo exploratrio.

    Foi realizada uma pesquisa na literatura a fim de elaborar o questionrio que foiaplicado aos gestores ambientais das empresas selecionadas, sendo que este procedimentoenvolve a interrogao direta dos profissionais da rea e do estudo de caso, para obter umconhecimento mais detalhado.

    Para a primeira empresa pesquisada a entrevista foi realizada com o gestor ambientalque estava nesse cargo h seis anos, tcnico de Segurana do Trabalho h 27 anos e tambm ps-graduado em Gesto Ambiental. Na segunda empresa o encontro foi com o supervisorambiental que estava neste cargo h seis meses e cuja formao acadmica de graduado em

    Biologia e em Qumica Industrial e tambm ps-graduado em Atribuies Tecnolgicas.Com os dados e o conjunto de evidncias coletados, foi possvel a produo de umanarrativa geral do caso. No relatrio da pesquisa foi exposto apenas os dados relevantes,

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    apresentados em quadros demonstrativos que permitem uma viso geral e detalhada dos dados

    das duas empresas, de modo a extrair concluses vlidas e relaes entre elas. Alm disso, osresultados obtidos foram comparados com a teoria.

    4 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOSAs informaes apresentadas a seguir so provenientes das empresas em estudo, cujas

    identificaes, por razo de conservao de sigilo, no podem ser reveladas. Alm disso,adiante so expostas as caracterizaes das empresas, as entrevistas realizadas e percepesdas observaes do cotidiano das organizaes.

    4.1 Empresa Alfa4.1.1 Caracterizao da Empresa

    A primeira empresa onde foi realizada a pesquisa, denominada Alfa (), localiza-se naregio de Bauru e atua no mercado de fabricao de tanto de componentes quanto bateriasautomotivas acabadas. Seus clientes englobam desde lojas de atacado revendedoras comograndes montadoras de veculos. Esta corporao j est h 19 anos atuando nesse mercado eatualmente conta com cerca de 500 funcionrios diretos.

    A empresa alfa possui a certificao ISO 9001, cuja primeira validao foiconquistada no ano de 2000. Possui tambm a certificao ISO 14001, que foi emitida em2006 apenas para a unidade de Bauru. As suas recertificaes ocorrem a cada trs anos erealizam-se auditorias de manuteno a cada um ano. A ltima certificao da ISO 9001 e14001 foram realizadas em 2011, juntamente com a primeira certificao da ISO/TS 16949que uma referncia mundial para o sistema de gesto da qualidade solicitado pelas empresasatuantes do setor automotivo.

    A sua Poltica do Sistema de Gesto Integrado descreve: As indstrias Alfa-SP debaterias ltda., localizada no distrito industrial II em Bauru-SP, fabricante de bateriasautomotivas, industriais e componentes, em conjunto com o seu Capital Humano, Clientes eFornecedores se comprometem com a fabricao de produtos com alta tecnologia e qualidadeatendendo os requisitos e satisfao dos clientes, as normas e regulamentos da legislaoambiental vigente, preservando o meio ambiente e prevenindo a poluio atravs da melhoriacontinua de seu SGI, paraotimizar os recursos naturais e minimizar os impactos ambientais.

    4.1.2 Prticas de GSCM

    Quando interrogado sobre o conceito de Gesto Ambiental em Cadeias deSuprimentos, o entrevistado respondeu no ter informao, entretanto com o desenvolver daentrevista e da visita, constataram-se pequenas aplicaes das prticas ambientais que estorelacionadas a este tema. Portanto, aps a entrevista conduzida pela pergunta contida noquestionrio que define este conceito, segundo os autores Canning e Hanmer-lloyd (2007),Srivastava (2007), Brassolatti e Martins (2010) e Labegalini (2010) e, com as observaesfeitas durante a visita, pode-se constatar que as principais prticas ambientais em cadeia desuprimentos utilizadas pela empresa alfa, mesmo que ainda no incio de sua utilizao, so:

    Gesto Ambiental Interna Comprometimento da alta gerncia; Apoio de gestores de nvel mdio;

    Cumprimento legislaes ambientais e programas de auditorias; Certificao ISO 14001; Existncia de um Sistema de Gesto Ambiental;

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    Compra verde

    Rotulagem ambiental dos produtos; Fornecedores certificados pela ISO 14001;

    Eco-design Desenvolver produtos que suas matrias-primas e componentes sejam reutilizados,

    reciclados e recuperados; Recuperao do Investimento

    Venda de sucatas e materiais usados (logstica reversa).Alm disso, o gestor ambiental destacou que a empresa busca usufruir de fontes

    alternativas de energia e, como exemplo disso, relatou que a partir de janeiro de 2012 acompanhia adaptou 100% dos equipamentos que utilizavam gs liquefeito de petrleo (GLP)como combustvel e passou para o gs natural e, a partir de fevereiro de 2012, 100% da fonte

    de energia eltrica da empresa advinda da energia elica.

    4.1.3 Motivaes e Barreiras para Adoo de Prticas de GSCMO gestor ambiental foi tambm questionado sobre as motivaes que a empresa

    encontrou para estabelecer essas e outras prticas em sua gesto ambiental, considerando suacadeia de suprimentos e as principais foram:

    Atendimento a requisitos legais; Presses de clientes / consumidores; Imagem / Reputao corporativa; Reduo de custos (longo prazo).

    As maiores dificuldades que foram constatadas para a implantao dessas e novasferramentas, levando em considerao sua cadeia de suprimentos so:

    Falta de conscientizao da populao; Falta de conhecimento / informao sobre o assunto; Falta de compreenso / entendimento de como adotar as prticas; Falta de treinamento; Aumento de custos (curto prazo).

    4.2 Empresa Beta4.2.1 Caracterizao da Empresa

    A segunda empresa onde foi realizada a pesquisa, doravante denominada Beta (),

    tambm localiza-se na regio de Bauru e atua no mercado de reposio de baterias chumbo-cido automotivas e seus clientes so lojas de varejo revendedoras e instaladoras dessesprodutos. Alm de produtora, Beta tambm recicladora de baterias automotivas tanto de suamarca como de concorrentes. Atravs da reciclagem dessas baterias obsoletas, consegue-serecuperar, entre outros componentes, o chumbo, o qual pode ser vendido ou utilizado pelaprpria fbrica para manufaturar novos produtos. Esta empresa j est h 40 anos atuandonesse mercado e atualmente conta com cerca de 450 funcionrios diretos.

    A Poltica da Qualidade estabelecida pela alta direo da empresa descrita a seguir(reviso 2):

    A Baterias Beta uma empresa que atua no mercado de reposio na rea de acumuladoreseltricos chumbo-cido, que tem como foco o compromisso com os clientes em ser referncia naqualidade do produto, atravs do comprometimento e participao de todos na melhoria continua,nos seguintes aspectos: Encantar o cliente; Desenvolver tecnologias, aperfeioando processos;

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    Ser uma das melhores empresas para se trabalhar;

    Manter atitudes positivas;Sempre atendendo aos requisitos do cliente.A empresa beta possui certificao ISO 9001, cuja primeira validao foi conquistada

    em 2004. Suas recertificaes ocorrem a cada trs anos, a ltima validao foi realizada emfevereiro de 2012. Mesmo no tendo a certificao ISO 14001, a empresa j conta com umaPoltica Ambiental estabelecida (reviso 0):

    A Baterias Beta uma empresa que atua no mercado de reposio na rea de AcumuladoresEltricos Chumbo-cido e Ligas de Chumbo, que tem o compromisso com a sociedade emoferecer produtos de alta qualidade, sempre respeitando o Meio Ambiente, baseado nos seguintesaspectos: Reduo do consumo de recursos naturais; Preveno poluio; Reutilizao de produtos reciclveis;Atendendo aos requisitos legais aplicveis, visando sempre a Melhoria Contnua.

    4.2.2 Prticas de GSCMQuando questionado sobre o conceito de Green Supply Chain Management, o gestor

    respondeu no ter conhecimento, porm com o desenrolar da entrevista e da visita,constataram-se aplicaes das prticas ambientais que esto relacionadas a este tema. Sendoassim, aps a entrevista guiada pelo questionrio que define este conceito, segundo os autoresCanning e Hanmer-lloyd (2007), Srivastava (2007), Brassolatti e Martins (2010) e Labegalini(2010), e com as observaes feitas durante a visita pode-se constatar que as principaisprticas ambientais utilizadas pela empresa beta em sua cadeia de suprimentos so:

    Gesto Ambiental Interna Comprometimento da alta gerncia; Apoio de gestores de nvel mdio; Cumprimento legislaes ambientais e programas de auditoria; Existncia de um Sistema de Gesto Ambiental;

    Compra verde Fornecedores certificados pela ISO 14001;

    Eco-design Desenvolver produtos que suas matrias-primas e componentes sejam reutilizados,

    reciclados e recuperados; Recuperao do Investimento

    Venda de sucatas e materiais usados (logstica reversa).

    4.2.3 Motivaes e Barreiras para Adoo de Prticas de GSCMAdentrando ao tema desta pesquisa, o gestor foi tambm questionado sobre as

    motivaes que a empresa encontrou para estabelecer essas prticas em sua gesto ambientale as principais foram:

    Atendimento a requisitos legais; Imagem / Reputao corporativa; Reduo de custos (longo prazo).

    Outra inspirao citada pelo gestor foi a certificao ISO 14001, cuja implantao estem andamento e que para ser estabelecida necessidade muitas vezes de outras tcnicas

    implantadas.As maiores dificuldades que foram constatadas para a implantao dessas e novas

    ferramentas so:

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    Falta de conscientizao da populao;

    Falta de conhecimento / Informao sobre o assunto; Falta de compreenso / entendimento de como adotar as prticas; Falta de treinamento; Aumento de custos (curto prazo).

    4.3 Discusses dos ResultadosEsta pesquisa consistiu na investigao das motivaes e barreiras para a adoo de

    prticas de gesto ambiental em cadeia de suprimentos em duas empresas do setoreletroeletrnico do segmento de baterias automotivas. Tomando com base as entrevistasrealizadas com os gestores ambientais e as observaes feitas in loco nas fbricas, foi possvelelaborar os Quadros 2, 3 e 4, que sintetizam os dados coletados referentes s prticas

    ambientais existentes nas companhias, s motivaes e barreiras para a implementao dessase outras tcnicas ambientais, sobretudo em cadeia de suprimentos.

    Prticas de GSCMPrticas Utilizadas

    Empresa Empresa

    Gesto Ambiental Interna

    Comprometimento da alta gerncia

    Apoio de gestores de nvel mdioCooperao de diferentes reas funcionais na adoo demelhorias ambientais

    Gesto ambiental de qualidade total

    Cumprimento legislaes ambientais e auditoriasambientais

    Certificao ISO 14001

    Existncia de um Sistema de Gesto Ambiental

    Compra verde

    Rotulagem ambiental dos produtos

    Cooperao de fornecedores em objetivos ambientaisAuditoria ambiental realizada na gesto interna dosfornecedores

    Fornecedores certificados pela ISO 14001Avaliao das prticas ambientalemente amigas de

    fornecedores secundriosCooperao com os clientes

    Cooperao com os clientes para Ecodesign

    Cooperao com os clientes para Produo mais Limpa

    Cooperao com os clientes para Embalagens Verdes

    Eco-designDesenvolver produtos que utilizem menos matria-prima eenergiaDesenvolver produtos que suas matrias-primas ecomponentes sejam reutilizados, reciclados e recuperadosDesenvolver produtos que evitem ou reduzem o uso de

    materiais perigosos e/ou seu processo de fabricaoRecuperao do Investimento

    Recuperao do investimento (venda) do excesso deestoque e de materiais

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    Venda de sucatas e materiais usados (logstica reversa)

    Venda de equipamentos em excessoQuadro 2:Listagem de prticas ambientais em cadeia de suprimentos utilizadas nas empresas em estudo.Fonte:Prpria autoria.

    Como mostrado no Quadro 2, em relao a adoo de prticas de GSCM, as empresasestudadas foram consideradas atuantes deste mtodo, posto que realizam seleo defornecedores considerando, entre outros, aspectos ambientais, selecionam e reciclam todoresduo gerado em seu processo de fabricao e, entre outras prticas, so responsveis pelagesto de seus produtos aps sua vida til, como descrito por Srivastava (2007).

    A empresa alfa mostra-se um pouco mais avanada em relao aplicao dessasprticas, sendo que apresenta a Certificao ISO 14001, ou seja, um Sistema de Gesto

    Ambiental institudo. Porm, a Certificao est relacionada ao fato desta empresa apresentarcomo clientes grandes montadoras, que fazem presses em seus fornecedores a fim de aplicartambm prticas do GSCM em sua cadeia. Todavia, a empresa beta no encontra-se longe,posto que j apresenta um Sistema de Gesto Ambiental inicialmente estruturado e esperacertifica-se dentro de no mximo um ano. Outro diferencial da empresa alfa a utilizao daferramenta Rotulagem Ambiental, cujo objetivo, segundo o responsvel ambiental, informarclientes e consumidores a importncia da destinao correto do produto quando este tornar-seobsoleto. Com isso, todas as baterias produzidas na fbrica saem com um rtulo que contminformaes ambientais para orientar os consumidores.

    O Quadro 3 resume as principais motivaes para a adoo de ferramentas ambientaisprincipalmente em cadeia de suprimentos das empresas investigadas.

    Principais Motivadores Empresa Empresa Atendimento a requisitos legais

    Presses dos clientes / consumidores

    Incentivos dos acionistas

    Pressos de ONGs

    Imagem / Reputao Corporativa

    Relaes com a comunidade

    Reduo de custos (longo prazo)Quadro 3:Principais motivaes detectadas para a adoo de prticas ambientais especialmente em cadeias

    de suprimentos.

    Fonte:Prpria autoria.

    Infere-se que as principais motivaes - atendimento a requisitos legais (WALKER;SISTOB; MCBAINC, 2008; SEURING; MLLER, 2008; BRASSOLATTI; MARTINS,2010; YANG; SHEU, 2011), imagem / reputao corporativa (ANDI; YURT;BALTACIOGLU, 2012) e reduo de custos (longo prazo) (BRASSOLATTI; MARTINS,2010) - esto em acordo nas duas organizaes. Alm disso, na empresa alfa foi averiguadooutro incentivador que a presso de clientes / consumidores, que est claramenterelacionado influncia de grandes montadoras que fazem parte de sua cadeia desuprimentos, sendo que elas, em sua maioria, apresentam avanado conceito de gestoambiental em sua cultura organizacional, como foi observado por Seuring e Mller (2008),

    Walker, Sistob e Mcbainc (2008), Thun e Mller (2010), Testa e Iraldo (2010), Yang e Sheu(2011), Andi, Yurt e Baltacioglu (2012) em suas anlises.Thun e Mller (2010) identificaram, em contrapartida, que atendimento a requisitos

    legais no foi um importante incentivo para as empresas do estudo, enquanto que Andi; Yurt

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    e Baltacioglu (2012) identificaram que seria um incentivo se houver monitoramento e

    controle por parte das organizaes pblicas, porm o ambiente e as vises analisadas nosdois casos tambm no so anlogas.O Quadro 4 apresenta as principais dificuldades verificadas junto s empresas

    pesquisadas para a implementao de prticas ambientais especialmente em cadeia desuprimentos.

    Principais Barreiras Empresa Empresa

    Falta de conscientizao da populao

    Falta de conhecimento / informao sobre o assunto

    Falta de comprometimento (funcionrios / alta direo / etc)

    Falta de compreenso / entendimento de como adotar as prticas

    Inibio da inovao (alto custo)Receio na divulgao de informaes para a cadeia de suprimentos

    Falta de treinamento

    Aumento de custos (curto prazo)

    Outras: Falta de cooperao de todos os elos da cadeiaQuadro 4:Principais barreiras detectadas para a adoo de prticas ambientais principalmente em cadeias de

    suprimentos.Fonte:Prpria autoria.

    Entende-se, portanto, que a falta de conscientizao da populao, falta deconscientizao de fornecedores e clientes (ANDI; YURT; BALTACIOGLU, 2012); falta

    de conhecimento / informao sobre o assunto, verificado por Thun e Mller (2010) tambm;falta de compreenso / entendimento de como adotar as prticas; falta de treinamento,aumento de custos (curto prazo) (WALKER; SISTOB; MCBAINC, 2008; BRASSOLATTI;MARTINS, 2010; TESTA; IRALDO, 2010; ANDI; YURT; BALTACIOGLU, 2012) foramas principais barreiras encontradas durante o estudo nas duas companhias e as que apresentamautores destacados indicam que eles tambm identificaram essas barreiras como resultado desuas anlises.

    Um ponto importante citado pelo gestor ambiental da empresa alfa foi a falta decooperao de todos os elos da cadeia, que segundo a prpria definio do green supply chainmanagement delineados pelos autores Canning e Hammer-Loyd (2007) no vivel sem acontribuio de todas as partes envolvidas na cadeia de suprimentos.

    Com os dados coletados, pode-se perceber que a teoria reflete a realidade, sendo queas motivaes selecionadas pelas empresas vo ao encontro aos incentivos listados pelosautores citados nesse trabalho, mesmo considerando que seus estudos basearam-se emempresas localizadas em outras naes e de setores diferentes ao analisado nesta pesquisa.Todavia, a maioria das barreiras encontradas neste estudo no esto em conformidade dasdetectadas nas pesquisas realizadas pelos autores citados, apenas o aumento de custos a curtoprazo foi considerada empecilho ao mesmo tempo em quatro do total de estudosmencionados. Sendo assim, no foi possvel detectar uma grande semelhana entre asbarreiras obtidas com as mencionadas pelos autores levados em considerao neste estudo,talvez isso deve-se ao fato de que o Brasil apresenta questes de legislao ambientaisespecficas e ainda menos rigorosas.

    5 CONSIDERAES FINAIS

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    Este trabalho buscou identificar as motivaes e barreiras para a adoo de prticas de

    gesto ambiental em cadeias de suprimentos, sendo que um tema ainda pouco exploradopelos estudos acadmicos e h poucos exemplos de aplicaes em empresas no Brasil.Foi observado durante toda a investigao que as empresas apresentam prticas

    ambientais em suas cadeias de suprimentos, mesmo que em incio de implantao. Sendoassim, essas prticas iniciais encontram-se conduzidas e praticadas no dia-a-dia das empresasanalisadas. Com isso, esto buscando novos desafios relacionados gesto ambiental. Almdisso, detectou-se que mesmo as duas companhias apresentando portes aproximados (grande),a empresa alfa apresenta um sistema de gesto ambiental mais rigoroso, pois apresentaferramentas de GSCM mais complexas, como a ISO 14001 e a rotulagem ambiental. Istoclaramente deve-se ao fato desta organizao apresentar um mercado consumidor maisexigente, que so grandes montadoras de veculos, posto que estas apresentam rigorosos

    programas de seleo de fornecedores, inclusive no mbito ambiental.Com isso, os dados coletados durante as entrevistas, a reviso da literatura que guiou a

    produo do questionrio e as visitas in loco permitiram concluir que as motivaes estorelacionadas ao atendimento a requisitos legais, imagem e reputao corporativa e reduode custos a longo prazo, como j citados em outros estudos internacionais. Enquanto que asprincipais barreiras incluem a falta de conscientizao da populao, falta de conhecimento einformao sobre o assunto, falta de compreenso e entendimento de como adotar as prticas,falta de treinamento, e aumento de custos a curto prazo, sendo que no aproxima-se dasdificuldades encontradas por outros autores em suas pesquisas.

    Pode-se considerar, ento, que a conscientizao ambiental em uma cadeia desuprimentos, torna-se reflexo da viso cultural de uma sociedade, que somente posteriormenteser delongada para organizaes pblicas e privadas. Alm disso, pode-se verificar que osetor de baterias, por apresentar severas legislaes em comparao a outros setores, podetornar-se referncia de boas prticas ambientais, inclusive de gesto ambiental em cadeia desuprimentos.

    REFERNCIASANDI, E.; YURT, O.; BALTACIOGLU, T. Green supply chains: Efforts and potentialapplications for the Turkish market. Resources, Conservation and Recycling, v.58, p.50-68,2012.BRASSOLATTI, T. F. Z.; MARTINS, M.l F. Gesto ambiental da cadeia de suprimentos:

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