disciplina restaurativa para escolas

Upload: contatocef

Post on 02-Jun-2018

240 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    1/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    2/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    3/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    4/26

    S r i e D a R e f l e x o A o

    TEORIA E PRTICA

    DISCIPLINA RESTAURATIVA PARA ESCOLAS

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    5/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    6/26

    Lorraine Stutzman Amstutze Judy H. Mullet

    Traduo deTnia Van Acker

    TEORIA E PRTICA

    DISCIPLINA RESTAURATIVA PARA ESCOLASResponsabilidade e ambientes

    de cuidado mtuo

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    7/26

    1a edio, outubro de 2012Todos os direitos reservados e protegidospela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

    proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios,

    sem a autorizao prvia, por escrito, da Editora.

    Direitos adquiridos para a lngua portuguesa por Palas Athena EditoraAlameda Lorena, 355 Jardim Paulista

    01424-001 So Paulo, SP BrasilFone (11) 3266-6188

    [email protected]

    Ttulo original: The Little Book of Restorative Discipline for SchoolsCopyright 2005

    Coordenao editorial: Lia DiskinCapa e projeto gr co: Vera Rosenthal

    Produo e Diagramao: Tony RodriguesPreparao de originais: Lidia Angela La Marck

    Reviso: Lia Diskin

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Amstutz, Lorraine Stutzman e Mullet, Judy H. Disciplina restaurativa para escolas : responsabi lidade e ambientesde cuidado mtuo / Lorraine Stutzman Amstutz e Judy H. Mullet ;traduo de Tnia Van Acker. So Paulo : Palas Athena, 2012.

    Ttu lo original: The Litt le Book of Resorative Discipline for Schools

    1. Admin istrao de conflitos 2. Disciplina escolar 3. Disciplina restaurativa4. Educao Finalidades e objetivos 5. Interao professor-alunos6. Pedagogia I. Mullet , Judy H. II. Ttulo.10-10308

    12-05540 CDD-371.5

    ndices para catlogo sistemtico:1. Disciplina escolar : Educao 371.5

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    8/26

    CONTEDO

    Prefcio de Vivi Tuppy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

    1. I NTRODUO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19A brincadeira do peru . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21Um ambiente de cuidado mtuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

    2. P OR QUE DISCIPLINA RESTAURATIVA ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27O papel da disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27Objetivos-chave da disciplina restaurativa . . . . . . . . . . . . . . . . .28O papel da punio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30O papel da Justia Restaurativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32Outras razes da disciplina restaurativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37O continuum que vai da punio restaurao . . . . . . . . . .40

    3. V ALORES E PRINCPIOS DA DISCIPLINA RESTAURATIVA . .45A Justia Restaurativa... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

    A disciplina restaurativa... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46Indicadores de disciplina restaurativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

    4. C AMINH ANDO EM DIREO A UM AMBIENTE RESTAURATIVO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53Caractersticas das escolas pacificadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56Regras e normas flexveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    9/26

    8

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    5. D ISCIPLINA RESTAURATIVA :MODELOS E APLICAES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69Abordagens de treinamento da escola inteira . . . . . . . . . . . .69Reintegrao depois de uma suspenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70Reunies de classe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74Crculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76Elementos-chave dos processos circulares . . . . . . . . . . . . . . . . .77Conferncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .84Mediao para cabuladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87

    Bullying assdio moral escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

    6. I DEIAS PARA OS PRXIMOS PASSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99Abordagens para a escola inteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99A disciplina que restaura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101Medidas restaurativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103Cidadania em ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .104Um desafio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105

    Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107Referncias bibliogrficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    10/26

    9

    PREFCIO

    Omomento histrico tem nos apresentado o grande desa-fio de encontrarmos juntos solues viveis, possveis eexequveis perante a insustentvel onda de violncia que acomunidade humana vem assistindo. Nesse sentido, acreditoque a Educao, como instituio e processo, junto a todaa rede escolar, pode ser um dos territrios promotores darestaurao das relaes humanas para a construo de umacultura que verdadeiramente possa ter como valor central aresponsabilidade e o respeito mtuo.

    Este cenrio exige a compreenso de que todos ns, cida-dos, somos educadores e, portanto, temos o dever e o com-promisso de encontrar respostas mediante aes conjuntas,somando nosso potencial, conhecimento e experincias a fimde transformar ideias equivocadas de excluso em programaseducativos inclusivos e regeneradores.

    O Programa Educadores da Paz nasceu com o lanamen-

    to do Manifesto 2000 pela UNESCO, e os seis princpios porele contemplados so: respeitar a vida, rejeitar a violncia,ser generoso, ouvir para compreender, preservar o planeta eredescobrir a solidariedade. Este programa da UNESCO ins-pirador de aes edificantes no campo das relaes de convi- vncia, da promoo da sustentabilidade ambiental e da justiasocial. Tem como alicerce estrutural o Relatrio da Comisso

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    11/26

    10

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    Internacional para o Sculo XXI, que Jacques Dellors apre-sentou para a UNESCO, com seus quatro pilares da educao:aprender a viver juntos, aprender a conhecer, aprender a fazer eaprender a ser. O Programa Educadores da Paz foi implantadona rede escolar pblica da regio de Araatuba/SP e faz partedos Programas de Formao de Educadores em Cidadania,tica e Valores Universais da Associao Palas Athena.

    Sob a gide dos princpios norteadores de Construo deCultura de Paz, o Programa Educadores da Paz encontrou naJustia Restaurativa um espao de conhecimento e prticasque, associado aos recentes avanos da neurocincia, oferecemetodologia e dispositivos para atender s urgentes deman-das sociais, relacionais e ambientais, sobretudo das nossascrianas e das futuras geraes.

    Mas, para tanto, preciso um olhar amplo e contextualiza-do, que demanda aes sistmicas, em redes sociais parceirase promotoras de mudanas efetivas e transformadoras quereconheam as especificidades culturais de cada realidadepara a sua eficaz atuao.

    Considerando os mbitos micro e macro, individual e cole-tivo, pblico e privado, a profundidade e a superfcie da diver-sidade dos ambientes sociais e comunitrios, foi necessrioencontrar uma linguagem comum e meios operacionais quese adequassem e promovessem mudanas de comportamento.Portanto, a Educao e a escola constituem espaos promis-

    sores pelo potencial de aprendizagem que todo processo edu-cativo oferece, e pelo fato de podermos, atravs do processopedaggico, cuidar das nossas crianas e acolher seu porvir.

    Para a sustentabilidade da democracia, necessrio criarcondies para o surgimento do livre pensar entre nossos cida-dos e, para tanto, importante promover polticas pblicasque efetivamente considerem e invistam no capital humano.

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    12/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    13/26

    12

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    A transformao da sociedade de uma cultura de guerraem uma cultura de paz talvez a mais radical e abrangenteque qualquer mudana anterior da histria humana, afirmaDavid Adams, sistematizador do Programa de Cultura de Pazda UNESCO. Mas para chegarmos at a criana, seus pais ea comunidade, precisamos inicialmente capacitar os ldereseducacionais, a comear pelos diretores e coordenadores dasescolas, avanando at os professores e funcionrios, que porsua vez capacitaro os alunos, permeando a sala de aula e osespaos escolares para atingir a famlia e o entorno comuni-trio da escola.

    Se o foco est na mudana de comportamento, neces-srio focalizar a pessoa do lder e no apenas o cargo ou fun-o que ele ocupa. Portanto, ao longo de toda a capacitao,objetiva-se oferecer as tcnicas, a base conceitual e ref lexiva,mas o maior cuidado recai sobre o como construir espaos,articular ambientes relacionais que exalem pela experinciaos valores de gentileza, cuidado, amorosidade, generosidade,responsabilidade, confiana, honestidade, amizade, vncu-lo, respeito e tica. O como fazer com que os profissionais vivenciem, encarnem, incorporem esses valores, que so ofundamento de todo o programa, ser o maior desafio e omaior cuidado, pois estaremos sempre a servio da vida.

    A prtica permanente do centramento visa chegar a umamente alerta, desenvolver e sustentar a capacidade atencional,

    capacidade esta que, favorece todo o sistema educacional. Doponto de vista das cincias da cognio, a prtica do centra-mento um esforo sistemtico para reeducar a ateno eas habilidades mentais e emocionais com a possibilidade deamenizar as emoes destrutivas, como a raiva, e incentivaras emoes construtivas e afetuosas, como a amorosidade e adisponibilidade para a compreenso, obtendo calma interior

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    14/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    15/26

    14

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    A prtica do dilogo permite compartilhar ideias e signifi-cados, sempre na disposio de querer aprender com o outro,e no de convencer ou seduzir, gerando espaos de acolhimen-to e escuta ativa. uma forma de conversao que favorecea criatividade e a possibilidade de emergirem novas ideiasque isoladamente no teriam a chance de serem pensadas. Adisposio das pessoas sempre em crculo abre espaos para ver e reconhecer a humanidade do outro; no crculo todos osintegrantes participam igualitariamente, podendo a palavraassumir a sua funo integradora.

    O centramento e o dilogo so ferramentas fundamentaispara a resoluo pacfica dos conflitos com base nos princpiosda Justia Restaurativa. As prticas restaurativas apresenta-das como crculos de paz ou crculos restaurativos so prticascujo objetivo primordial a resoluo do conflito subjacente eno apenas do incidente isolado. Todo o interesse est voltadoao atendimento das necessidades fsicas e afetivas das pessoascomprometidas, tanto vtima(s) como ofensor(es) e os demaisenvolvidos direta ou indiretamente. Por meio de um ambienteconfivel, seguro, honesto, tico e transparente, consegue-sereconhecer o que est subjacente ao ato ofensivo, podendo-setratar disso para desfazer a cadeia de violncia e reconstruiras relaes de convivncia fortalecedoras e dignificantes.Assim, utiliza-se a energia do conflito de forma pedaggicapara abrir e consolidar as relaes e os vnculos.

    Estamos vivendo um momento na histria da humanidadeem que a gerao mais velha aprende com a gerao maisnova. As crianas e os adolescentes, depois de aprenderem ocentramento, a prtica do dilogo e da resoluo pacfica e res-taurativa dos conflitos, utilizam estes dispositivos dentro doambiente familiar quando surgem conflitos, ensinando combastante sucesso aos pais e cuidadores. Estas informaes

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    16/26

    15

    P REFCIO

    so apresentadas nas produes de texto em que os alunosrelatam suas diversas experincias, e como conduzem o pro-cesso tornando-se verdadeiros mediadores. So experinciasmarcantes e geradoras de empoderamento, alegria, realizaoe autossatisfao.

    Acredito que, na medida em que as prticas restaurativaspara a soluo de conflitos comecem a ser apropriadas pelocidado e aplicadas nas pequenas divergncias que permeiamas relaes de convivncia, estaremos avanando na direode uma cidadania participativa e responsvel, consolidandoos elos conectivos e vinculantes da convivncia nos diversoscontextos sociais. O cidado estar verdadeiramente habitan-do o espao social, emocional e poltico no qual est inserido, valorizando o cuidado mtuo, a solidariedade e preservandoa vida.

    Por fim, para que os dispositivos metodolgicos possamser efetivos, necessrio realizar encontros, reunies, semi-nrios nos quais a base conceitual, os princpios norteadoresda Cultura de Paz e da Justia Restaurativa sejam apresenta-dos, refletidos e vivenciados por todos os participantes nosdiversos momentos e contextos, conclamando esforos para asensibilizao, compreenso e engajamento de toda a equipeescolar, alunos e familiares, permitindo que a escola possaser uma comunidade de aprendizagem.

    Historicamente estamos num momento de bifurcao e

    precisamos fazer escolhas radicais: deixar a crena do usoda violncia para controle e imposio de vontades e passara acreditar e a agir por meio de aes que valorizem o livrepensar dos cidados, que promovam a autonomia, rejeitandotoda e qualquer forma de violncia, nutrindo os valores depaz, justia, equidade nos quais a educao assuma um com-promisso ativo e irrevogvel nessa direo.

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    17/26

    16

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    A experincia concreta de transformao de uma rea-lidade pela mudana de conduta pessoal tem evidenciadoque, na medida em que os profissionais e lderes come-am a apresentar atitudes mais acolhedoras, conciliadoras,criando ambientes ticos alinhados com os princpios daCultura de Paz e da Justia Restaurativa, todo o processode aprendizagem e das relaes de convivncia comeamigualmente a apresentar resultados significativos, elevan-do os ndices de aprendizagem e reduzindo os ndices de violncia. Alm disso, a equipe escolar, os alunos, os pais ea comunidade passam a funcionar em redes de cooperaoporque aprendem a considerar o outro, as singularidades,a parti r de escolhas mais inclusivas, responsveis, rumo maturidade a fim de querer ser parte da mudana que sealmeja ver no mundo.

    Ao longo destes dez anos, o Programa Educadores da Paz vai ganhando consistncia, permanentemente avaliado eadaptado com base nas respostas comportamentais apresen-tadas e gera desdobramentos. Um deles o Programa Gestoresda Paz uma ao em rede para melhor atendimento de alunosque apresentam condutas inadequadas que comprometemo ambiente escolar. Tendo como base norteadora os princ-pios e valores da Cultura de Paz e da Justia Restaurativa, osgestores da paz discutem e analisam os casos; apresentampossibilidades e meios de ao concreta para sanar, legitimar,

    recuperar e incluir o aluno em risco social. So convidadosa participar dos encontros regulares todos os protagonistas,representantes das instituies que podem disponibilizaros meios efetivos para a mudana: promotor e juiz da infn-cia e juventude, conselho tutelar, Comdica, polcia militar ecivil, Fundao Casa, Creas, diretoria de ensino, Secretariade Sade e Higiene Pblica, psiclogos e assistentes sociais

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    18/26

    17

    P REFCIO

    do frum e toda uma rede assistencial de atendimento, numesforo conjunto de compromisso educativo.

    O efeito multiplicador se torna evidente na medida emque as solicitaes para novos territrios vo emergindo,porm a preservao da qualidade de aplicao metodolgica de altssima relevncia e responsabilidade. Entendo que omediador e o educador necessitem de tcnicas, meios e conhe-cimentos, porm, se no houver explicitamente uma atitudede compromisso e responsabilidade tica que evidencie nocomportamento uma motivao restaurativa, conciliadora,pacfica, apesar dos desafios e exigncias dos ambientes eacontecimentos, corremos o risco da frustrao. O educadorda paz aquele que fala em honestidade e honesto, fala emrespeito e respeitoso, fala em responsabilidade e respon-svel, fala em paz e pacfico, sempre no compromisso como amor e a verdade.

    Vivi Tuppy Psicopedagoga, gestora do Programa Educadores da Paz

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    19/26

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    20/26

    19

    1

    INTRODUOO segredo da educao respeitar o aluno.

    Ralph Waldo Emerson

    As situaes escolares que exigem disciplina podem,efetivamente, constituir oportunidades para aprender,crescer e formar um esprito de comunidade. Esta ideia estfundamentada na proposta de Nel Noddings, autora do livroCaring: A Feminine Approach to Ethics and Moral Education [Cuidado mtuo: uma abordagem feminina educao ticae moral], segundo a qual o objetivo da educao revelaruma imagem atingvel de si, que mais encantadora do queaquela manifestada pelos atos praticados no momento atual. 1

    Para que isso acontea necessrio ampliar nossa viso dadisciplina como punio, ou mesmo resoluo de problemas,para chegar a uma perspectiva mais holstica, capaz de vertodos os aspectos do comportamento como fatores relaciona-dos entre si. Inmeras descobertas no campo da pedagogia

    e reas correlatas j apontam nessa direo. Destacaremosaqui duas delas.

    Primeiramente, a escola pacificadora. Este um conceitoque coloca a educao como prtica para e pela comunida-de. Ele vem sendo amplamente reconhecido e estudado nombito pedaggico e tem implicaes significativas para aquesto aqui abordada. Em segundo lugar, os princpios e

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    21/26

    20

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    valores da Justia Restaurativa tm muito a contribuir comnosso modo de conviver, inclusive na comunidade escolar.Embora a Justia Restaurativa tenha surgido na cultura oci-dental dentro do campo da justia criminal, sua abordagem vem ganhando cada vez mais reconhecimento e aplicaesna esfera educacional.

    A presente obra se baseia nesses e noutros conceitos, eoferece algumas sugestes de como a abordagem restaurativapode ser aplicada disciplina e resoluo de problemas nocontexto escolar. No entanto, no estamos propondo uma recei-ta pronta para aplicao da disciplina restaurativa. Faz-lo seriasimplificar demais as situaes complexas e multifacetadas queemergem da comunidade. Longe disso, a disciplina restaurativaoferece uma filosofia ou estrutura para nos guiar na formulaode programas e na tomada de decises dentro do contextoespecfico da situao com a qual nos defrontamos.

    Convidamos os leitores a leva-rem em considerao os valores daJustia Restaurativa, adaptando-ospara que sirvam ao seu caso parti-cular. Fazendo isso, honramos a for-a e as competncias presentes noambiente em que nos encontramos.

    Oferecemos este livro como recurso para professorese administradores escolares, esperando que possa ser um

    acrscimo til ao conhecimento e especialidades j presentesdentro da escola.

    E comeamos contanto duas histrias que, para alguns,soaro boas demais para ser verdade, um exagero at. Noentanto, elas ilustram o potencial da abordagem restaurativaquando aplicada a escolas, e mostram que muito do nossotrabalho se assemelha semeadura.

    A disciplinarestaurativa uma filosofiaou estrutura.

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    22/26

    21

    I NT RODUO

    No temos a iluso de que a implantao das aborda-gens restaurativas seja uma panaceia capaz de curar todosos problemas de comportamento. Conhecemos, igualmente,histrias de frustrao, de trabalho com alunos e situaesonde se teve a impresso de que as sementes plantadas no vingariam. Mas as duas histrias que seguem demonstramque, estimulando a empatia, podemos gerar compaixo e moti- var escolhas acertadas. Quando pedimos a uma criana quese coloque no lugar dos outros, as potencialidades podem setornar realidade.

    Algum disse certa vez que em qualquer situao de confli-to h pelo menos 500 alternativas. Possibilidades nunca antesaventadas esto disponveis todos os dias nas nossas salas deaula. preciso criatividade e um senso de que isso possvelpara que essas opes sejam descobertas. Acreditamos queesta conscincia das possibilidades no experimentadas cons-titui a nova e inexplorada fronteira da educao comunitria.Esperamos que as histrias que seguem ajudem a fomentartal perspectiva no seu ambiente escolar.

    A Brincadeira do Peru 2

    O que acontece quando se renem dentro de uma escola vazia, tarde da noite, cinco alunos do 3 o ano do ensinomdio, cinco ou seis perus e a vontade de serem lembra-

    dos? Resposta: um desastre.O plano era pegar os perus numa avcola local, levar

    para a escola e correr por todo lado para fazer baguna.Mas depois que se viram dentro da escola, segundo o relatodos rapazes, a adrenalina subiu e se tornaram um bandodescontrolado.

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    23/26

    22

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    Eles colocaram perus dentro dos armrios para que voassem na cara dos colegas desavisados na manhseguinte. Outro peru foi degolado e seu sangue espalhadopelos corredores. Outro ficou to desesperado que vooude encontro a uma janela alta e quebrou o pescoo. Umaconfuso indescritvel esperava o zelador de manh. Seutrabalho se transformou em filme de horror.

    O caso foi parar na justia, mas o juiz percebeu que essapequena comunidade tinha feridas abertas que o sistema jurdico no podia sanar. Ento o caso foi encaminhadoao programa de Justia Restaurativa.

    Inicialmente, era preciso decidir quem seria convocadopara a conferncia restaurativa alm dos cinco rapazese seus pais, que j tinham concordado em participar.Alguns indivduos, inclusive pessoas da igreja, foramescolhidos para representar a comunidade em geral.Tambm solicitou-se a presena da diretora, do superin-tendente, de trs professores e do zelador da escola. Umrepresentante da mdia foi convidado, esclarecendo-seque viria como membro da comunidade. O total somou35 participantes, incluindo um facilitador lder e cincofacilitadores comunitrios treinados que atuaram como voluntrios.

    O processo preliminar que precedeu a conferncia

    comeou por uma reunio com os cinco rapazes e seuspais. A segunda reunio foi feita com membros da comu-nidade escolar, inclusive o zelador evidentemente furioso.Ele queria participar, mas insistiu que no faria parte deum encontro com baboseiras do tipo cantar musiquinhasde mos dadas.

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    24/26

    23

    I NT RODUO

    O ambiente estava tenso nos momentos iniciais da con-ferncia. Primeiro os representantes da escola falaram desua raiva e da sensao de terem sido trados por aquelesrapazes, cujas qualidades positivas reconheceram.

    Os alunos tiveram oportunidade de falar e conta-ram como a brincadeira escalou para o descontrole.Manifestaram vergonha e desconforto quanto a seu com-

    portamento e pediram desculpas aos presentes, incluindoseus pais. O ltimo rapaz a falar estava vermelho e tremia.Relatou que sentia tamanha vergonha do que tinha feitoque era difcil caminhar pela rua principal e olhar paraas pessoas.

    Na ltima parte da conferncia o facilitador pergun-tou se algum queria fazer comentrios finais. O zeladorlevantou a mo e o silncio caiu sobre a sala. Ele dirigiu-seaos rapazes. Falou que aceitava seu pedido de desculpas.Depois, virou-se para o ltimo rapaz e disse: Da prxima vez que me vir na rua, pode olhar nos meus olhos porque vou me lembrar de voc pelo que hoje mostrou ser, e nopelo que fez naquela noite.

    Um Ambiente de Cuidado Mtuo 3

    Tive oportunidade de visitar uma escola primria pacifi-cadora no mesmo dia em que fiquei sabendo que a mesmaganhara um prmio estadual por excelncia pedaggica.Um grupo de candidatos a professor e eu fomos conduzidospelo diretor numa inspiradora visita pelas instalaes. Osprprios educadores projetaram a escola. Insistiram em

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    25/26

    24

    LORRAINE STUTZMAN A MSTUTZ e J UDY H. M ULLET D ISCIPLINA R ESTAURATI VA PARA ESCOLAS

    fazer mudanas que deram muito trabalho aos arquite-tos, mas que, segundo acreditavam, propiciariam o sensocomunitrio que desejavam. Os pais dos alunos do pri-meiro ano podiam escolher a classe de seu filho segundoo mtodo de alfabetizao que desejavam. Somente paiseram contratados como auxiliares de classe, e voluntriosda comunidade podiam ser vistos por todo o prdio.

    No meio da escola havia um centro cultural que homena-geava as tradies comunitrias. Na sala de mdia todos osmateriais eram acessveis a professores e alunos. Havia lis-tas de espera para professores que desejavam trabalhar ali.

    O diretor fez questo de mencionar que a escola norecebia um tosto a mais do que as outras da regio. Quandoperguntei a ele qual sistema disciplinar tinham desenvolvi-do, ele parou por um segundo e disse: Acho que no temosum sistema disciplinar. que no temos problemas disci-plinares. Eu visitara dezenas de escolas de quatro estadosdurante o perodo em que trabalhei como psicloga escolare professora do ensino mdio, mas nunca vira uma escolacom tal ambiente de paz e engajamento comunitrio.

    Logo em seguida fui visitar outra escola da mesmaregio. Ficava mais ou menos a um quilmetro dali, e ascrianas da escola que acabara de visitar cursariam o ensi-no mdio nela. Logo na entrada notei buracos imensos

    no piso de ladrilho. Soube ento que os armrios tinhamsido removidos havia pouco e colocados num lugar ondeos adultos pudessem ficar de olho o tempo todo, j queos alunos haviam posto fogo nos armrios naquele outrolocal. Quando o sinal tocava no final de cada aula, os pro-fessores trancavam a porta da sala de aula para que os

  • 8/10/2019 Disciplina Restaurativa Para Escolas

    26/26