tratamento de acervos arquivisticos

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  • O TRATAMENTO DE ACERVOS ARQUIVSTICOS NA UFMG:

    A EXPERINCIA DE ORGANIZAO DO ACERVO CURT LANGE

    Vilma Moreira dos Santos, CRB-6/3081

    Maria Helena Santos, CRB-6/4892

    Marlene de Ftima Vieira Lopes, CRB-6/12903

    Rosngela Pereira Tugny, Mat.1483934

    Silvana Aparecida Silva dos Santos, CRB-6/9275

    RESUMO: O Acervo Curt Lange constitui-se de valioso conjunto de documentosacumulados em decorrncia da intensa atividade do musiclogo Francisco CurtLange no mbito da Amrica Latina, e, de forma destacada, no Brasil. Como partedo Projeto Inventrio de Acervos, projeto interdisciplinar que congrega bibliotecriose professores da UFMG, o tratamento do Acervo Curt Lange vem se desenvolvendocomo projeto piloto utilizando-se o software VTLS (Virginia Tech Library Systems) eo USMARC Format for Bibliographic Data e a ISAD (G) General InternationalStandard Archival Description. Aps estudo da ISAD (G) foi elaborada uma Tabelade Converso, traduzindo as propostas desta norma arquivstica para o formatoUSMARC. Paralelamente elaborou-se o Manual de Entrada de Dados paraDescrio Arquivstica - verso preliminar. Pretende-se estender a metodologiadesenvolvida no Acervo Curt Lange para os demais acervos arquivsticos da UFMG.

    1. Introduo

    Em setembro de 1998, a Reitoria da Universidade Federal de

    Minas Gerais - UFMG, motivada pelo interesse em conhecer, divulgar, e

    otimizar as condies de tratamento e conservao preventiva de seu

    patrimnio cultural (bens mveis e imveis) criou uma Comisso de

    Poltica de Acervos. Essa comisso formada por uma equipe

    interdisciplinar de profissionais das reas de Msica, Biblioteconomia,

    Conservao e Preservao, Letras, Histria e Arquitetura. Em abril de

    1 Professora da Escola de Biblioteconomia da UFMG2 Bibliotecria da UFMG/BU/CCQC3 Bibliotecria da UFMG/BU/CCQC4 Professora da Escola de Msica da UFMG5 Bibliotecria da UFMG/BU/DPD

  • 1999, com apoio do Fundo FUNDEP de Pesquisa, esta comisso iniciou

    o Projeto de Inventrio de Acervos da UFMG, tendo como um dos

    subprojetos a realizao de um Inventrio preliminar para arranjo e

    descrio do Acervo Curt Lange - ACL. O desenvolvimento deste

    subprojeto proporcionou uma experincia piloto de tratamento

    arquivstico dentro da UFMG.

    2. O Acervo Curt Lange: uma breve descrio

    O musiclogo Francisco Curt Lange nasceu em Eilenburg,

    Alemanha, em 12 de dezembro de 1903 e faleceu em maio de 1997, em

    Montevidu, Uruguai. Curt Lange, posteriormente naturalizado uruguaio,

    tornou-se um dos responsveis pelo avano da musicologia latino-

    americana, pelo desenvolvimento da musicologia histrica brasileira,

    atravs de seu trabalho sobre a msica brasileira do perodo colonial e,

    particularmente, sobre a msica dos compositores mineiros do sculo

    XVIII.

    A quase totalidade de trabalhos musicolgicos dedicados msica

    brasileira dos sculos XVIII e XIX contm referncias ao trabalho de

    Curt Lange. Sua obra constitui-se numa fonte obrigatria para o

    conhecimento da vida musical de Minas Gerais nos sculos XVIII e XIX,

    e as raras partituras de obras musicais deste perodo hoje publicadas,

    so de alguma forma, efeito de seu trabalho pioneiro.

    A formao do acervo de Curt Lange (incluindo a coleo de

    manuscritos musicais, hoje custodiada pelo Museu da Inconfidncia de

    Ouro Preto) deu-se, naturalmente, atravs de um processo longo e

    complexo, no qual incluem-se as dificuldades prprias para o exerccio

    da musicologia histrica - rea de conhecimento ainda recente no Brasil,

    somadas s dificuldades peculiares do trabalho de campo em questo.

    De fato, Curt Lange realizou um levantamento importantssimo de

    fontes primrias para a pesquisa musicolgica, mas parte significativa

  • de seu trabalho ainda permanece desconhecida, presente apenas nesta

    documentao ainda no estudada. Se, por um lado, os manuscritos

    musicais parecem, a princpio, mais atraentes para os musiclogos, por

    outro, na correspondncia e nos manuscritos de Curt Lange encontram-

    se informaes relacionadas a um perodo importantssimo da

    musicologia do sculo XX e, particularmente, ao florescimento da

    musicologia histrica brasileira.

    Em 1995, a Biblioteca Universitria da UFMG, com o apoio do

    Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais - BDMG, da Fundao

    Vitae e de doao pela famlia, integrou ao seu patrimnio o acervo de

    Curt Lange. Este acervo composto da totalidade de sua

    correspondncia, de seus manuscritos para artigos e trabalhos

    cientficos, de sua biblioteca, alm de fotografias, instrumentos musicais,

    discos, transcries e reconstrues de obras musicais estudadas pelo

    pesquisador, assim como outros documentos significativos para a

    musicologia. A importncia dessa aquisio foi assinalada por uma srie

    de eventos realizados em Belo Horizonte - um seminrio de musicologia,

    uma exposio de documentos do acervo e alguns concertos -

    ressaltando as contribuies do pesquisador para o patrimnio cultural

    mineiro e latino americano.

    Pouco antes de sua morte, Curt Lange manifestou sua inteno de

    criar, em torno desta documentao, um instituto de musicologia,

    reunindo pesquisadores de reas diferenciadas e criando condies

    bsicas para que se desenvolvessem trabalhos na rea de musicologia,

    dando continuidade sua obra.

    3. Metodologia para tratamento do Acervo Curt Lange

    3.1 Definio da metodologia

    Alguns fatores foram considerados determinantes na definio da

    metodologia adotada no tratamento do ACL.

  • O primeiro e, provavelmente, o mais importante deles, a

    natureza do acervo. Como j mencionado antes, grande a variedade e

    tipologia de materiais acumulados por Curt Lange ao longo de sua vida.

    Observou-se que parte desses materiais eram de natureza nitidamente

    arquivstica: foram acumulados em conexo com a atividade de

    pesquisa musicolgica do titular, guardando uma relao de

    organicidade, seja com o acumulador ou entre os prprios materiais.1

    Nesta perspectiva, encontram-se as duas sries Correspondncia e

    Vida - avaliadas como as de maior relevncia do acervo. A originalidade,

    caracterstica essencial dos arquivos, constitui outro atributo destas

    duas sries. Tambm ficou claro que outra parte do acervo, talvez a

    mais extensa, apresentava caracterstica bastante diversa. Observou-se

    que os instrumentos musicais, as homenagens recebidas, os livros,

    discos, peridicos, os souvenirs, para citar apenas alguns exemplos,

    foram reunidos por Curt Lange, obviamente em torno da mesma

    atividade, mas mantinham uma relao muito mais temtica que

    orgnica, apresentando, portanto, a caracterstica de colees. Em

    sntese, o acervo em pauta de natureza mista, abrigando documentos

    arquivsticos e no arquivsticos.

    O segundo fator que orientou a escolha da metodologia est ligado

    a uma das clusulas do contrato de doao, exigindo do rgo

    depositrio o compromisso de manter o acervo em seu conjunto, sem

    separao de seus componentes. Em vista disto, desde seu

    recebimento pela UFMG, foi designado um espao especfico para a sua

    instalao em uma sala da Biblioteca Universitria.

    O terceiro fator determinante se refere poltica de tratamento da

    informao e de gerenciamento dos servios oferecidos pelo Sistema de

    1 Para esclarecimentos a respeito da noo de organicidade ver: SCHELLENBERG, 1974; BELLOTTO, 1991;LOPES, 1996.

  • Bibliotecas da UFMG. O software adotado, o VTLS, utiliza o formato

    bibliogrfico USMARC para a entrada de dados (USMARC...,1994). Este

    formato, internacional e integrado, permite tratar qualquer tipo de

    material bibliogrfico, como tambm acervos arquivsticos. Um dos

    princpios do software VTLS proporcionar a viso de uma base

    bibliogrfica nica, com possibilidade de interface local e atravs da

    Internet, alm de permitir links a outros arquivos de imagens, sonoros,

    entre outros.

    Outro fator diz respeito possibilidade de se utilizar, dentro do

    formato USMARC, padres para definir o contedo dos elementos de

    dados, no caso, a norma de descrio arquivstica General International

    Standard for Archival Description - ISAD(G).

    Com esses fatores em mente e, aps algumas reunies de

    trabalho, concluiu-se que a metodologia de tratamento arquivstico seria

    a mais adequada para o tratamento do ACL, tanto sob o ponto de vista

    fsico, como do ponto de vista intelectual. Isso porque a premissa bsica

    do tratamento arquivstico preconiza uma interveno nos acervos do

    geral para o particular. Nessa perspectiva, seria possvel atravs dos

    processos de arranjo e descrio, oferecer, num primeiro momento, uma

    viso do todo fundo arquivstico - e, partindo-se do todo, para as

    diversas partes que o compem.

    3.2 Os processos de arranjo e descrio

    Provavelmente, o arranjo constitui uma das atividades mais

    distintas do tratamento arquivstico. O termo bastante adequado, por

    refletir nitidamente o carter da atividade, conforme ser demonstrado a

    seguir.

    Em 1980, Schellenberg descreve o arranjo como o processo de

    agrupamento dos documentos singulares em unidades [de arquivo]

    significativas e o agrupamento, em relao significativa, de tais unidades

  • entre si (Schellenberg, 1980). O arranjo, no entender de Bellotto,

    uma operao ao mesmo tempo intelectual e material, na qual os

    documentos so organizados uns em relao aos outros, dentro de um

    mesmo fundo. Ora, a organizao dos documentos uns em relao aos

    outros, se d quase que naturalmente, em decorrncia do princpio de

    organicidade, que resulta do prprio processo de acumulao dos

    documentos. Ou seja, os documentos se acumulam em decorrncia das

    atividades, mantendo uma relao orgnica com a prpria atividade e

    com os documentos entre si.

    Em sua proposta de ordenao interna dos fundos, Bellotto (1991)

    prope as seguintes subdivises para os fundos arquivsticos:

    sees/subsees, sries/subsries dossis e item documental.

    Enquanto os fundos, e suas respectivas sees e subsees se formam

    a partir do rgo acumulador, as sries e subsries se constituem a

    partir das atividades e do tipo documental.

    Aps anlise da estrutura do ACL, considerou-se que o arranjo

    deveria se dar nos seguintes nveis: fundo, srie e subsrie e, quando

    necessrio, dossi. O quadro de arranjo do ACL est apresentado na

    figura 1.

    Como se v, o quadro de arranjo oferece uma viso da estrutura

    do acervo sob o ponto de vista fsico, no chegando ainda a tratar os

    documentos do ponto de vista informacional. A descrio vem cumprir

    esta funo.

    Por meio da descrio arquivstica, elabora-se a representao

    acurada da unidade de descrio (ex.: fundo) e de suas partes, quando

    for o caso (ex.: seo, srie, dossi), extraindo-se as informaes que

    identifiquem a unidade a ser descrita, ao mesmo tempo explicando o

    contexto de sua produo bem como o sistema de arquivo que a

    produziu (ISAD-G, 1993).

  • Coleo Bibliogrfica: (1) Obras de Referncia; (2) Monografias; (3) Peridicos; (4) Separatas; (5) Folhetos; (6)

    Libretos de pera; (7) Publicaes editadas por CL

    Acervo Curt Lange

    Col.Bibliog.

    Correspondncias

    Partituras Col. Instr.Musicais

    Instr. deTrabalho

    Reg. AudioVisuais

    Iconografia Docs. Raros Docs. dePesquisa

    AtividadesCulturais

    LembranasHomenagem

    Vida

    1 2 43 5 6 7 8

    21 1 2 3

    41 2 3 5 6 7

    1

    1 2 3 4 5

    2 3

    2 4 6 8 10 12

    13

    1

    7 93 115

    21 3

  • Correspondncias: (1) Enviadas; (2) Recebidas

    Partituras: (1) Originais e cpias de manuscritos; (2) Publicadas por CL; (3) Publicadas

    Registros Audio-Visuais: (1) Discos de vinil; (2) Compact disc; (3) Fitas Cassetes; (4) Fitas de rolo; (5) Fitas de

    vdeo;

    Iconografia: (1) Fotografias; (2) Quadros; (3) Slides e microfilmes; (4) Imagens diversas; (5) Negativos

    Documentos Raros: (1) Obras musicais; (2) Documentos manuscritos de arquivos histricos; (3) Livros e

    revistas

    Documentos de Pesquisa: (1) Biobliografia; (2) Miscelnea; (3) Estudos e transcries de documentos de

    arquivos histricos; (4) Artigos e estudos avulsos recebidos por pesquisadores; (5) Transcrio e restauro de

    manuscritos histricos; (6) Domenico Zipoli; (7) Manuscritos avulsos de CL; (8) Listagens; (9) Exemplos

    musicais; (10) Recortes da imprensa; (11) Documentos de programaes musicais; (12) Catlogos e folders;

    (13) Catlogos comerciais de editoras e gravadoras

    Atividades Culturais: (1) Convites, programas e cartazes; (2) Recortes; (3) Programas

  • A ISAD(G) foi concebida como descrio multinvel, partindo-se

    do geral (fundo) para o particular (sees, subsees, srie, subsrie,

    etc.) permitindo representar os diversos nveis de um acervo arquivstico

    estabelecidos durante o processo de arranjo. Assim, ao se tratar um

    acervo arquivstico, possvel definir, uma vez efetuado o arranjo, em

    que nvel ser conduzida a descrio, considerando os recursos

    disponveis na instituio. Por exemplo, possvel definir que os

    acervos arquivsticos sero tratados, num primeiro momento, apenas em

    nvel de fundo e serem abertos para consulta. Quando possvel, os

    demais nveis podero ser descritos. Nota-se que esta metodologia

    possibilita imprimir um ritmo bem mais acelerado ao processamento

    tcnico. 2

    preciso ressaltar que tal processo de descrio - do geral para o

    particular - inverso ao processo de descrio utilizado na

    Biblioteconomia, que tem como ponto de partida o item a ser tratado.

    Outro destaque a ser feito neste ponto que a perspectiva do

    tratamento item por item raramente chega a ser adotada em arquivos.

    4. Aplicao da metodologia: utilizao da ISAD(G) em combinao

    com o Formato Bibliogrfico USMARC

    indiscutvel a importncia do tratamento de informaes por

    meio de padres e formatos internacionais visando ao intercmbio de

    informaes. Nesse sentido, foram adotados para o desenvolvimento do

    subprojeto a norma de descrio arquivstica ISAD (G) para descrio

    do contedo dos elementos e o formato USMARC, que permite a

    entrada de dados relativos a acervos de carter arquivstico, definido

    nesse formato como materiais mistos. Como software foi utilizado o

    Virginia Technical Library System - VTLS, por ser adotado pelo Sistema

    de Bibliotecas da UFMG e ser compatvel com o formato bibliogrfico

    2 Os nveis previstos na ISAD(G) extrapolam o objetivo deste trabalho, deixando de ser includos aqui.

  • USMARC. Adotou-se tambm a International Standard Bibliographic

    Description - General ISBD (G). Para a descrio arquivstica em

    alguns nveis estabelecidos no arranjo, utilizou-se o aplicativo MicroIsis.

    4.1. Tabela de converso: ISAD (G) E Formato Bibliogrfico

    USMARC

    Para a incluso dos elementos de dados da ISAD (G) no registro

    USMARC, estudou-se o item 3: Elementos da descrio da ISAD (G),

    verificando-se a correspondncia conceitual desses elementos com os

    campos e subcampos do USMARC. A partir desse estudo, foi elaborada

    uma tabela denominada Tabela de Converso da ISAD (G) para o

    USMARC Format for Bibliographic Data including guidelines for content

    designation.

    Alguns exemplos da tabela so apresentados, a seguir:

    TABELA DE CONVERSO DA ISAD (G) x Formato Bibliogrfico

    USMARC

    ISAD(G) USMARC

    Nome Campos Cdigos

    Sub-

    Campos

    Especificao dos Sub

    Campos

    ____________

    Campo fixo 008 (VTLS;

    Leader e

    008 USMARC)

  • [...]

    ISAD(G) USMARC

    Nome Campos Cdigos

    Sub-

    Campos

    Especificao dos Sub

    Campos

    3.1.2 Ttulo Ttulo 245 \a

    \b

    \g

    Ttulo

    Outras informaes sobre o

    ttulo

    Data predominante

    [...]

    ISAD(G) USMARC

    Nome Campos Cdigos

    Sub-

    Campos

    Especificao dos Sub

    Campos

    3.2.4 Histria da custdia Nota de

    provenincia

    561 \a

    \b

    \3

    Provenincia

    Perodo da colao

    Material especificado

    [...]

    ISAD(G) USMARC

    Nome Campos Cdigos

    Sub-

    Campos

    Especificao dos Sub

    Campos

    3.5.3 Unidades de

    descrio relacionadas

    Entrada

    analtica

    773 \t

    \w

    Ttulo

    Nmero de controle do

    registro

    [...]

  • ISAD(G) USMARC

    Nome Campos Cdigos

    Sub-

    Campos

    Especificao dos Sub

    Campos

    _____________

    Acesso e

    localizao

    eletrnica

    856 \n

    \u

    \2

    Nome da localizao onde

    a URL se encontra

    URL

    Mtodo de acesso

    O objetivo dessa tabela foi servir de suporte para elaborao do

    Manual de Entrada de Dados para a Descrio Arquivstica - Verso

    preliminar. Esse Manual um instrumento bsico, que junto com o

    formato bibliogrfico USMARC e ISAD (G) possibilita a incluso dos

    registros de natureza arquivstica na base de dados da UFMG

    (SB@Net).

    4.2. Manual de Entrada de Dados para Descrio Arquivstica

    O Manual apresenta a seguinte estrutura: campos fixos e campos

    variveis.

    4.2.1 Campos fixos

    Os campos fixos correspondem ao campo 008 com contedo

    pertinente ao software VTLS (exemplos: campo cdigo do operador e

    nvel local) e ao USMARC: Leader (exemplo: tipo de controle) e 008

    (exemplos: idioma e forma do item).

    A seguir alguns exemplos de campos fixos:

    EASY-CAT Nome USMARC Tag Contedo

    Operator Cdigo do

    Operador

    VTLS Cdigo do operador com 2 dgitos

  • [...]

    EASY-CAT Nome USMARC Tag Contedo

    Lang Idioma 008/35-37 Campo Lngua

    -Lngua predominante no material tratado

    [...]

    EASY-CAT Nome USMARC Tag Contedo

    Archive Tipo de controle Ldr 08 a

    4.2.2 Campos variveis

    Os campos variveis podem ser convencionais, aplicveis a

    qualquer documento, como por exemplo Ttulo ou, especficos, que se

    aplicam conforme as caractersticas e especificidades dos documentos.

    Por exemplo, no tratamento de documentos de natureza arquivstica, a

    Nota de Provenincia constitui um campo especfico.

    A seguir alguns exemplos de campos variveis:

    Campo 245

    245 TTULO DO DOCUMENTO E INDICAO DE RESPONSABILIDADE

    DEFINIO Utilizar para a transcrio do ttulo e indicaes de responsabilidade.

    CARACTERSTICAS No-repetitivo

    USO Arquivos & Colees

    INDICADORES IND 1 Entrada de ttulo adicional

    = no gera entrada adicional de ttulo = 1 gera entrada adicional de ttulo

    IND 2 Caracteres a serem desprezados na alfabetao

    = a 9 nmero de caracteres a desprezar

    SUBCAMPOS \a ttulo (NR)

    \b ttulos paralelos e outras informaes sobre o ttulo (NR)

    \f data de acumulao/produo (NR)

  • \g data predominante (NR)

    \n nmero parte/seo do trabalho (R)

    EXEMPLOS 245 1\a [Acervo de Curt Lange] \f cerca de 1925-1997

    245 1\a [Correspondncia de Henriqueta Lisboa] \f 1915-1985

    245 1\a [Coleo bibliogrfica de Curt Lange] \f cerca de 1925-1997

    Campo 561

    561 NOTA DE PROVENINCIA

    DEFINIO Contm informao relacionada ao material descrito, de sua origem at o

    acesso. Pode ser usado para:

    - Nome do detentor ou endereo quando o item est localizado em

    outro endereo que no o do detentor;

    - Local original de um documento quando o mesmo foi instalado em um

    local e, subsequentemente, movido para outro;

    - ltimo detentor/localizao conhecida quando o documento descrito foi

    roubado ou danificado.

    CARACTERSTICAS Repetitivo

    USO Arquivos e Colees

    INDICADORES IND 1 Indefinido

    = branco

    IND 2 Indefinido

    = branco

    SUBCAMPOS \a Provenincia (NR)

    \b Perodo de reunio/coleo (NR)

    \3 Material especificado (NR)

    EXEMPLOS 561 \a Originalmente colecionado por George Madison e organizadopelo seu neto, John Ferris, depois de sua morte. Foi comprada por

    Henry Kapper em 1878, o qual ampliou a coleo com documentos

    comprados em leiles em Filadlfia e Paris, entre 1878 e 1893.

  • Ainda no contexto dos campos variveis, o ttulo, item 3.1.2 da

    ISAD (G) estabelece que, quando no se dispe de um ttulo formal,

    deve-se [...] comp[o]r um ttulo conciso. No nvel de fundo inclua o

    nome do produtor. Nos nveis inferiores incluir, por exemplo, o nome do

    produtor e um termo que indique um tipo de material...

    O dado de autoria no aplicvel a acervos arquivsticos. Nesse

    caso, considera-se o produtor, isto , o rgo ou indivduo responsvel

    pela acumulao dos documentos. Na ISAD (G) no item 3.2.1 Nome do

    produtor, definido: Indique o nome da(s) organizao(es) ou da (s)

    pessoa(s) responsvel(is) pela produo da unidade de descrio,

    quando esta informao no constar do ttulo.

    No tratamento do Acervo Curt Lange foram adotados ttulos

    atribudos para o acervo no todo e seus nveis inferiores (sries e

    subsries), por no se dispor de ttulos formais.

    Tambm no foram adotados os blocos referentes a assunto e

    entradas secundrias por no se aplicarem a acervos arquivsticos.

    O campo 773 (entrada analtica), possibilita criar um

    relacionamento vertical que significa relacionamento hierrquico do

    todo para suas partes e das partes para o todo (ex....subsries para

    srie). A estrutura hierrquica do Acervo Curt Lange formada por

    fundo, srie, subsrie e dossi e mostrada de modo lgico por meio de

    links gerados por este campo. Esse campo foi definido na exibio como

    parte de.

  • Campo 773

    773 - ENTRADA ANALTICA

    DEFINIO Contm informaes referentes ao item analtico para a unidade descrita no

    registro

    CARACTERSTICA Repetitivo

    USO Arquivos e colees

    INDICADORES IND 1 Controlador de nota

    = exibe nota

    IND 2 Indefinido

    = branco

    SUBCAMPOS \t Ttulo (NR)

    \w Nmero de controle do registro (R) (No VTLS n identificador do registro

    - bib id)

    EXEMPLOS Srie Correspondncias : Acervo Curt Lange

    773 1 \t Acervo Curt Lange \w 0274-82660

    Subsrie Correspondncias recebidas : Acervo Curt Lange

    773 1 \t Correspondncias : Acervo Curt Lange \w 0275-67660

    773 1 \t Acervo Curt Lange \w 0274-82660

    Nos exemplos acima observa-se que na srie Correspondncias :

    Acervo Curt Lange, o campo 773 remete para o registro correspondente

    ao nvel de fundo - Acervo Curt Lange. No exemplo referente a subsrie

    Correspondncias recebidas : Acervo Curt Lange o campo 773 remete

  • para o registro da srie Correspondncias : Acervo Curt Lange e para o

    fundo Acervo Curt Lange.

    No desenvolvimento do trabalho foi definido o tratamento

    arquivstico at o nvel de subsrie utilizando o USMARC. Considerando

    a prpria caracterstica do dossi, que pode agrupar, vrios documentos

    do mesmo tipo (ex.: correspondncias) ou documentos variados

    (ex.:correspondncias, postais, fotografias, separatas, etc.,) que

    optou-se em no utilizar o formato USMARC. Em nvel de dossis

    adotou-se o aplicativo MicroIsis criando bases de dados conforme o

    arranjo de cada subsrie. O campo 856 (acesso e localizao eletrnica)

    foi adotado com a finalidade de permitir a recuperao das informaes

    sobre os documentos contidos nos dossis, atravs de links gerados

    nos registros das subsries correspondentes.

    Campo 856

    856 ACESSO E LOCALIZAO ELETRNICA

    DEFINIO Contm informao necessria para localizar um item eletrnico. A

    informao identifica a localizao eletrnica que contm o item ou a partir

    do qual ela disponibilizada.

    CARACTERSTICAS Repetitivo

    USO Arquivos e colees

    INDICADORES

    IND 1 Mtodo de acesso

    = e-mail 1 FTP

    2 TELNET

    3 Dial-up Acesso remoto-Linha discada

    7 fonte especificada no subcampo 2

    IND 2 Indefinido

  • = branco

    SUBCAMPOS \n nome da localizao onde a URL Uniform Resource Locator se

    encontra ( NR)

    \u URL (R)

    \2 mtodo de acesso (NR)

    EXEMPLOS \u file://c:/easypac/saturn.gif \2 file \n PC local hard drive

    Foram criadas bases de dados para os dossis das subsries

    correspondncias enviadas (Base envia), correspondncias recebidas

    (Base receb), Biobibliografia (Base biobi), Partituras (Base pub),

    Transcries e restauro de obras musicais (Base parti).

    A seguir alguns exemplos de formato de sada dessas bases:

    Base envia da srie Correspondncias enviadas

  • Base pub da srie Partituras

    O campo 856 pode tambm ser utilizado para ligaes de registros

    USMARC com arquivos de imagens digitalizadas, sonorizao, web, e-

    mails e outros. Numa segunda etapa do trabalho o acesso multimdia

    poder ser utilizado em arquivos de imagens de cartas manuscritas,

    partituras raras e incipt. Como exemplo, na srie Partituras incluiu-se a

    imagem da capa da partitura Archivo de Msica Religiosa de la

    Capitania Geral das Minas Gerais Siglo XVIII e na srie

    Correspondncias enviadas a imagem de um carto de Carlos

    Drummond de Andrade para Curt Lange.

  • Exemplo de um registro com campo 856

    4.3 O EASYCAT - EDITOR DE CATALOGAO DO VTLS

    Os registros correspondentes a descrio do Acervo Curt Lange foram

    implantados atravs do EasyCat, editor de catalogao do VTLS, usando a

    planilha archives.wfm e o Manual de Entrada de Dados para Descrio

    Arquivstica - verso preliminar. As subsries Obras de referncia e Monografias

    da srie Coleo bibliogrfica foram tratadas item a item utilizando-se: as regras

    do Cdigo de Catalogao Anglo Americano, 2.ed. (AACR2), Tabela de

    Classificao Decimal Universal (CDU), Tabela Cutter-Sanborn, indexao

    atravs da Library of Congress Subject Headings (LCSH), Rede Bibliodata - CD

    de catalogao (FGV), planilha books.wfm do VTLS, Manual de Entrada de

    Dados para Monografias - verso preliminar, metodologias de transferncias de

    registros bibliogrficos de outras bases (copy cataloging).

  • Em cada registro da srie Coleo bibliogrfica foi criado o campo

    773 com objetivo de fazer o link com a srie. A forma de tratamento item

    a item nestas subsries foi consequncia de dois fatores: a) adoo de

    uma poltica j existente na UFMG para tratamento de monografia; b) o

    trabalho de tratamento item por item foi anterior ao incio do Projeto de

    Inventrio de Arquivos e Colees.

    Exemplo da planilha archives.wfm - Campo fixo

  • Exemplo da planilha archives.wfm - Campos variveis

    5. ADEQUAO DA EXIBIO DOS REGISTROS DE DESCRIO

    ARQUIVSTICA

    Na exibio dos registros arquivsticos, observou-se que a ordem

    dos elementos de dados e os termos referentes aos campos no

    atenderam s expectativas da equipe, uma vez que a ordenao dos

    dados no formato USMARC diferente da ordenao preconizada na

    ISAD (G). Por exemplo, de acordo com o formato USMARC, o campo

    300 que corresponde a 3.1.5 na ISAD (G) vem antes do campo 351 que

    corresponde a 3.1.4 na ISAD (G). Os ajustes foram feitos visando a

    exibio conforme a ordem dos elementos da ISAD (G) e a entrada de

    dados foi feita de acordo com o formato USMARC.

  • 6. Concluso

    O uso desses instrumentos na organizao do ACL, foi uma

    experincia pioneira na UFMG, com resultados muito positivos,

    possibilitando um tratamento e um acesso mais rpido s informaes.

    Provavelmente, esta metodologia ser aplicada nos acervos

    arquivsticos da UFMG.

    A primeira concluso a ser registrada que a metodologia de

    tratamento arquivstico do geral para o particular, pode ser adotada

    independentemente de se dispor de recursos tecnolgicos. Em outras

    palavras o processo de descrio pode ser desenvolvido manualmente,

    adotando-se o sistema de fichas.

    A equipe concluiu tambm que a adoo de uma base nica para

    incluso de registros bibliogrficos e acervos arquivsticos deveria ser

    revista, considerando as particularidades e caractersticas dos arquivos.

    Em vista disso, encontra-se em fase de estudo o desmembramento dos

    registros relativos ao ACL para uma base separada. Esta base seria

    utilizada exclusivamente para os acervos arquivsticos.

    Por meio desta experincia pode-se tambm inferir que outros

    softwares ou aplicativos com estrutura de bancos de dados possam

    assegurar os objetivos propostos.

    Finalmente, destaca-se a importncia da adoo de normas e

    padres internacionais permitindo UFMG disponibilizar as suas

    informaes na rede mundial de comunicao - Internet.

    O acesso s informaes do Acervo Curt Lange pode ser feito

    atravs da pesquisa pelas palavras-chave - Acervo Curt Lange - na

    base de dados do Sistema de Bibliotecas da UFMG pelo endereo:

    http://www.bu.ufmg.br.

  • 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1. BELLOTTO, H. L. Arquivos permanentes: tratamento documental. So Paulo: T. A. Queiroz, 1991. 198p.

    2. CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVOS. Comisso Ad Hoc deNormas de Normas de Descrio. ISAD (G) Norma GeralInternacional de Descrio Arquivstica. 2 ed. rev. Rio deJaneiro: Arquivo Nacional, 1998

    3. CRAWFORD, Walt. MARC for library use. 2 ed. Boston: G. K. Hall,359p.

    4. FEDERAO INTERNACIONAL DE ASSOCIAES DEBIBLIOTECRIOS E BIBLIOTECAS. Equipe do Subgrupo deCatalogao do Grupo de Bibliotecrios em Informao eDocumentao em Processos Tcnicos. ISBD (G) DescrioBibliogrfica Internacional Normalizada (Geral): texto anotado.So Paulo: Associao Paulista de Bibliotecrios, 1980.

    5. INTERNATIONAL COUNCIL ON ARCHIVES. Ad Hoc Commission on Descriptive Standards. Stockholm. General International

    Standard Archival Description. 1993. (Final ICA approvedversion)

    6. LOPES, L.C. A informao e os arquivos: teorias e prticas. Niteroi: EDUSFCar, 1996, 142p.

    7. SCHELLENBERG, T. R. Arquivos modernos: princpios e tcnicas.Rio

    de Janeiro: FGV, 1974. 345p.

    8. USMARC format for bibliographic data: including guidelines forcontent designation. Washington, DC: Library of Congress, 1994.2v.

    RetornarO TRATAMENTO DE ACERVOS ARQUIVSTICOS NA UFMG: A EXPERINCIA DE ORGANIZAO DO ACERVO CURT LANGE1. Introduo2. O Acervo Curt Lange: uma breve descrio3. Metodologia para tratamento do Acervo Curt Lange3.1 Definio da metodologia3.2 Os processos de arranjo e descrio

    4. Aplicao da metodologia: utilizao da ISAD(G) em combinao com o Formato Bibliogrfico USMARC4.1. Tabela de converso: ISAD (G) E Formato Bibliogrfico USMARC

    4.2. Manual de Entrada de Dados para Descrio Arquivstica4.2.1 Campos fixos4.2.2 Campos variveis

    4.3 O EASYCAT - EDITOR DE CATALOGAO DO VTLS5. ADEQUAO DA EXIBIO DOS REGISTROS DE DESCRIO ARQUIVSTICA6. Concluso7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS