o centro - n.º 30 – 27.06.2007

24

Click here to load reader

Upload: manchete

Post on 14-Apr-2017

531 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

DIRECTOR JORGE CASTILHO

| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |

Autorizado a circular em invólucro

de plástico fechado (DE53742006MPC)

ANO II N.º 30 (II série) De 27 de Junho a 10 de Julho de 2007 ������ 1 euro (iva incluído)

Conselhosmédicospara evitardistúrbios

ALIMENTAÇÃO 7 MARAVILHAS

PÁG. 11PÁG. 16 e 17

Universidadee Conímbrigaprecisamde votos

Exposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografiaExposição colectiva de fotografia

ALMALAGUÊS MEXE PEDRO E INÊS

PÁG. 4 e 5PÁG. 6

À esperaque o dramaseja melhoraproveitado

Maior centroda Europaem tecelagemmanual

Portugal presideà União Europeia

A PARTIR DO PRÓXIMO DIA 1 DE JULHO

PÁG. 2 e 3

Portugal foi um dos 5 países do MundoREVELOU ONTEM O MINISTRO DA JUSTIÇA

PÁG. 10

PÁG. 12

Coimbra celebra o “Dia da Cidade”

que mais cocaína apreendeu

Page 2: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

2 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007

No sentido de proporcionar mais al-guns benefícios aos assinantes destejornal, o “Centro” estabeleceu umacordo com a livraria on line“livrosnet.com”.

Para além do desconto de 10%, oassinante do “Centro” pode ainda fa-zer a encomenda dos livros de formamuito cómoda, sem sair de casa, enada terá a pagar de custos de enviodos livros encomendados.

Os livros são sempre uma excelenteoferta para cada um de nós ou para ofertaa gente de todas as idades, pelo que estedesconto que proporcionamos aos assi-

nantes do “Centro” assume grande rele-vância.

Mas este desconto não se cinge aos li-vros, antes abrange todos os produtos con-géneres que estão à disposição na livrariaon line “livrosnet.com”.

Aproveite esta oportunidade, se já é as-sinante do “Centro”.

Caso ainda não seja, preencha o bole-tim que publicamos na página seguinte eenvie-o para a morada que se indica.

Se não quiser ter esse trabalho, bastaráligar para o 239 854 150 para fazer a suaassinatura, ou solicitá-la através do [email protected].

Depois, para encomendar os seus livros,bastará ir ao site www.livrosnet.com e fa-zer o seu registo e a respectiva encomen-da, que lhe será entregue directamente.

São apenas 20 euros por uma assina-tura anual – uma importância que certa-mente recuperará logo na primeira en-comenda de livros. E, para além disso,como ao lado se indica, receberá ainda,de forma automática e completamentegratuita, uma valiosa obra de arte de ZéPenicheiro – trabalho original simboli-zando os seis distritos da Região Centro,especialmente concebido para este jor-nal pelo consagrado artista.

Adquira livros com 10% de descontoDirector: Jorge Castilho

(Carteira Profissional n.º 99)

Propriedade: Audimprensa

Nif: 501 863 109

Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho

Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930

Composição e montagem: Audimprensa

Rua da Sofia, 95, 3.º - 3000-390 Coimbra

Telefone: 239 854 150 - Fax: 239 854 154

e-mail: [email protected]

Impressão: CORAZE - Oliveira de Azeméis

Depósito legal n.º 250930/06

Tiragem: 10.000 exemplares

PRESIDÊNCIA DA UE COMEÇA A 1 DE JULHO

É este o logotipo da Presidênciaportuguesa da UE, nos tons de azulque reproduzimos na primeira página

PRESIDÊNCIA DA UE

Portugal tem a tarefa histórica de con-duzir a adopção final do futuro Tratadoda UE, mas a presidência portuguesa dos27 também quer focar as “atenções ex-ternas” europeias em regiões e países ter-ceiros estratégicos para o país.

O Governo de Lisboa tem uma “agen-da externa”, que pretende seja “distinti-va”, para os seis meses da sua próximapresidência da União Europeia, contandoimprimir uma nova dinâmica ao relacio-namento entre a Europa e o Brasil, bemcomo com África e com os países da ba-cia sul do Mediterrâneo.

Em relação ao novo Tratado, que subs-tituirá a fracassada Constituição europeia,rejeitada por franceses e holandeses, em2005, o essencial da futura “Lei Funda-mental” da UE ficou adquirido no acordopolítico alcançado pelos chefes de Esta-do e de Governo dos 27, na madrugadade sábado passado, em Bruxelas. Lisboanão deverá assim ter grandes dificulda-des na liderança da negociação e da re-dacção do seu texto final até à CimeiraEuropeia de Lisboa, a 18 e 19 de Outu-bro, onde o novo Tratado será aprovado.

José Sócrates, primeiro-ministro portu-guês e próximo presidente do ConselhoEuropeu de líderes dos 27, quer “arrumar”já em Outubro a questão do futuro “Tra-tado Reformador” (ou Tratado de Lisboa),a “prioridade absoluta”, para depois sededicar, com o seu Governo, aos outrosgrandes objectivos externos da presidên-cia europeia, principalmente a organiza-ção da segunda Cimeira UE/África, mar-cada para Lisboa, a 8 e 9 de Dezembro.

Mas, antes da aprovação do futuro Tra-tado europeu, a presidência portuguesadeverá concretizar, logo nos seus primei-ros dias, a 4 de Julho, o primeiro dos gran-des objectivos da sua “agenda externa”europeia: a primeira cimeira UE/Brasil, emLisboa, com a presença do presidente bra-sileiro, Lula da Silva. O encontro deverá

Portugal herda tarefa histórica lançar as bases de uma Parceria Estraté-gica entre a Europa comunitária e o Bra-sil, país de língua portuguesa e considera-do uma das “potências económicas emer-gentes” que ficará com o mesmo estatu-to, face à UE, dos EUA, Rússia, Japão,Canadá, China, Índia e África do Sul.Com estes países, a UE institucionalizoua realização de um “diálogo político” anu-al em reuniões ao mais alto nível.

Ao longo do semestre, o chefe do Go-verno português, na sua qualidade de pre-sidente do Conselho Europeu de líderesdos 27, e em representação destes, terátambém cimeiras com os chefes de go-verno de vários “parceiros estratégicos”:Rússia (Mafra, em 26 de Outubro), Chi-na (Pequim, a 29 de Novembro) e Índia(30 de Novembro, data e local ainda nãoanunciados).

Num discurso feito em Maio, em Bru-xelas, o ministro dos Negócios Estrangei-ros Luís Amado sublinhou o “sucesso” do“ciclo estratégico” iniciado com o fim daCortina de Ferro que levou ao alargamentoda UE ao Leste europeu.

“Esse processo está no seu fim”, con-cluiu, defendendo “a necessidade de oseuropeus olharem agora para o Mediter-râneo e para o Sul”.

Brasil, África e Bacia sul do Mediter-râneo estarão assim no centro da “agen-da externa” da presidência portuguesa daUE, que também terá de lidar com ques-tões internacionais delicadas legadas pelaactual liderança europeia da Alemanha.

Para a diplomacia portuguesa, o Brasildeverá passar a funcionar como uma “ân-cora” no relacionamento existente entreos 27 e os países da América Latina.

Na Cimeira UE-Brasil, a parte euro-peia será chefiada por José Sócrates, co-adjuvado pelo presidente da ComissãoEuropeia, José Manuel Durão Barroso, epelo Alto Representante para a PolíticaExterna dos 27, o espanhol Javier Solana.

O esquema em que a presidência eu-ropeia em funções representa os 27 Es-tados-membros aplica-se a todas as ci-meiras com países terceiros, mas JoséSócrates entendeu que a importância dareunião com o Brasil justificava o conviteque fez a todos os líderes europeus paraestarem presentes num jantar com o pre-sidente brasileiro, Lula da Silva, em Lis-boa, a 04 de Julho.

Se a próxima presidência portuguesade UE começa com a cimeira UE-Brasil,ela será “rematada” com a segunda ci-meira Europa-África, em Lisboa, a 8 e 9de Dezembro, no último mês do exercí-cio.

Lisboa pretende relançar o diálogo aomais alto nível (chefes de Estado e deGoverno) entre os 27 e África, com aadopção de uma “estratégia nova e glo-bal” entre os dois blocos.

A realização da cimeira reflecte a von-tade de Portugal de relançar a coopera-ção com África, Continente a que o paísestá ligado por antecedentes históricos eculturais.

A primeira Cimeira UE-África realizou-se no Cairo, em Abril de 2000, durante asegunda presidência portuguesa da UE,mas a situação política no Zimbabué temconstituído um obstáculo à realização deuma segunda reunião.

A UE tem em vigor sanções contra oregime do presidente Robert Mugabe,desde Fevereiro de 2002: proibição de vis-tos, congelamento de activos, entre ou-tras, principalmente dirigidas contra osresponsáveis governamentais e altos fun-cionários do país.

O Reino Unido é visto como contrárioà presença de Mugabe na Cimeira, masvários países africanos também recusamparticipar no encontro, se o velho ditadornão for convidado.

A diplomacia portuguesa acredita serpossível resolver este problema até De-zembro e está a trabalhar activamente naelaboração de uma agenda para a reu-nião que vá além da habitual fotografiados líderes e de meras declarações políti-cas.

Lisboa pretende que europeus e afri-canos estabeleçam uma parceria para ospróximos anos em torno de grandes ob-jectivos: reforço dos laços políticos, pro-moção de paz, segurança, desenvolvimen-to, direitos humanos e integração regionale continental em África, cooperação parafazer face aos “desafios globais” e pro-moção de uma larga parceria envolvendoa sociedade civil.

Questões como a imigração, a segu-rança, os direitos humanos, as alteraçõesclimáticas e a energia estarão na agendadeste diálogo, segundo disse à Lusa fontediplomática, em Bruxelas.

Lisboa quer ainda concentrar-se nadefinição de uma política com os vizinhoseuropeus da bacia sul do Mediterrâneo,defendendo um aumento da ambição nasrelações da Europa com o mundo árabe eislâmico.

A diplomacia portuguesa reconheceque o Islão é mal compreendido no Oci-dente e entende que, depois do sucessoda estabilização das fronteiras do Lesteeuropeu, a Europa se concentre agora napaz e na estabilidade da fronteira Sul, que

Page 3: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

3DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007

O jornal “Centro” tem uma alician-te proposta para si.

De facto, basta subscrever uma as-sinatura anual, por apenas 20 euros,para automaticamente ganhar uma va-liosa obra de arte.

Trata-se de um belíssimo trabalhoda autoria de Zé Penicheiro, expressa-mente concebido para o jornal “Cen-tro”, com o cunho bem característicodeste artista plástico – um dos maisprestigiados pintores portugueses, comreconhecimento mesmo a nível inter-nacional, estando representado em co-lecções espalhadas por vários pontosdo Mundo.

Neste trabalho, Zé Penicheiro, como seu traço peculiar e a inconfundívelutilização de uma invulgar paleta decores, criou uma obra que alia grandequalidade artística a um profundo sim-bolismo.

De facto, o artista, para representara Região Centro, concebeu uma flor,composta pelos seis distritos que inte-gram esta zona do País: Aveiro, Caste-lo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria eViseu.

Cada um destes distritos é represen-tado por um elemento (remetendo pararespectivo património histórico, arqui-tectónico ou natural).

A flor, assim composta desta formatão original, está a desabrochar, sim-bolizando o crescente desenvolvimen-

to desta Região Centro de Portugal, tãorica de potencialidades, de História, deCultura, de património arquitectónico, dedeslumbrantes paisagens (desde as prai-as magníficas até às serras verdejantes)e, ainda, de gente hospitaleira e traba-lhadora.

Não perca, pois, a oportunidade dereceber já, GRATUITAMENTE, estamagnífica obra de arte, que está repro-duzida na primeira página, mas que temdimensões bem maiores do que aquelasque ali apresenta (mais exactamente 50cm x 34 cm).

Para além desta oferta, passará a rece-

ber directamente em sua casa (ou no localque nos indicar), o jornal “Centro”, que omanterá sempre bem informado sobre oque de mais importante vai acontecendonesta Região, no País e no Mundo.

Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, porAPENAS 20 EUROS!

Não perca esta campanha promocio-nal, e ASSINE JÁ o “Centro”.

Para tanto, basta cortar e preencher ocupão que abaixo publicamos, e enviá-lo, acompanhado do valor de 20 euros(de preferência em cheque passado emnome de AUDIMPRENSA), para a se-guinte morada:

Jornal “Centro”

Rua da Sofia. 95 - 3.º3000–390 COIMBRA

Poderá também dirigir-nos o seu pe-dido de assinatura através de:

� telefone 239 854 156� fax 239 854 154� ou para o seguinte endereço

de e-mail:[email protected]

Para além da obra de arte que desdejá lhe oferecemos, estamos a prepararmuitas outras regalias para os nossosassinantes, pelo que os 20 euros da as-sinatura serão um excelente investi-mento.

O seu apoio é imprescindível paraque o “Centro” cresça e se desenvol-va, dando voz a esta Região.

CONTAMOS CONSIGO!

EXCELENTE OPORTUNIDADE POR APENAS 20 EUROS

Faça uma assinatura do “Centro”e ganhe valiosa obra de arte

PRESIDÊNCIA DA UE

Em Lisboa

4 de Julho - Cimeira da UE com o Brasil19, 20 e 21 de Julho - Reunião sobre Ciência e Competitividade1 e 2 de Setembro - Reunião sobre Ambiente21 e 22 de Setembro - Reunião sobre Desenvolvimento/Cooperação1 e 2 de Outubro - Reunião sobre Justiça4 de Outubro - Reunião sobre Igualdade18 e 19 de Outubro - Cimeira que deverá aprovar o futuro Tratado25 de Outubro - Reunião sobre Desporto8 e 9 de Dezembro - Cimeira Europa ÁfricaEm Mafra

26 de Outubro - Cimeira UE/Rússia, com a presença do presidente russoVladimir Putin.No Porto

14 e 15 de Setembro - Reunião ministerial Ecofin16, 17 e 18 de Setembro - Reunião ministerial Agricultura e PescasEm Viana do Castelo

7 e 8 de Setembro – Reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.Em Guimarães

5 e 6 de Julho - Reunião de ministros do Emprego e Assuntos Sociais,Em Évora

28 e 29 de Setembro - Reunião de ministros da Defesa

de concluir futuro Tratadovai desde o grande Médio Oriente até ascostas da África ocidental.

Mas Lisboa terá outras tarefas exter-nas sensíveis à frente do bloco europeu,impostas pela actualidade e de evoluçãoimprevisível, nomeadamente a situação noKosovo e no Médio Oriente, bem como acrise nas relações com a Rússia.

Os Estados Unidos apoiam a indepen-dência da província sérvia do Kosovo, aque Belgrado se opõe tenazmente, com oapoio da Rússia. Perante o impasse dacomunidade internacional em torno destaquestão, começa a ser cada vez mais ele-vado o risco de os EUA avançarem uni-lateralmente para um reconhecimento doKosovo independente, iniciativa de con-sequências imprevisíveis para a estabili-dade na região.

Os europeus aguardam por uma reso-lução do Conselho de Segurança dasNações Unidas, mas a solução final nãoserá fácil.

Portugal também pretende desenvolvero papel dos europeus no processo de pazdo Médio Oriente, onde a UE é uma daspartes do chamado “Quarteto” - com asNações Unidas, Estados Unidos e Rússia- que promove a estabilização da região.

Uma Cimeira com a Rússia, em Ma-fra, a 26 de Outubro, com a presença dopresidente Vladimir Putin, permitirá ava-liar se as duas partes já estão prontas paradar passos significativos na sua “Parce-ria Estratégica”, nomeadamente no iníciodas conversações de um importante acor-do de cooperação que tem vindo a serbloqueado pela Polónia, que exige o fimdo embargo russo à sua carne.

O fornecimento de combustíveis porMoscovo à Europa e o estatuto futuro doKosovo são temas sensíveis no actual di-álogo euro-russo.

Ao lado se apontam os principais mo-mentos da agenda desta presidência por-tuguesa da UE.

Page 4: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

4 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007REPORTAGEM

O advogado José Miguel Júdice, deten-tor da marca Inês de Castro, revelou à Agên-cia Lusa que está disponível a cedê-la paraprodutos de qualidade e que possam poten-ciar aquela história verídica.

“Não tenho nada contra a utilização damarca Pedro e Inês em produtos nacionais.Até pode ser em atum, mas tem de ser umaconserva muito boa e não um atum ranho-so”, disse o advogado, confrontado com afalta de aproveitamento comercial daquelahistória.

O registo destas marcas foi a forma de“evitar a degradação” da sua utilização masaté ao momento somente um vinho do Dãoe licores abaciais em Alcobaça estão a uti-lizar esses nomes comerciais.

Noutros países, os amores de Romeu eJulieta ou Tristão e Isolda justificam cente-

JOSÉ MIGUEL JÚDICE DISPONÍVEL PARA CEDÊNCIA

Marca “Pedro e Inês” aberta a produtos de qualidade

Os amores de Pedro e Inês de Castrosão um dos momentos mais marcantes daHistória de Portugal mas o país parece nãoquerer aproveitar este drama para se pro-mover no exterior ou utilizar o drama comomeio de venda de produtos.

“Portugal ainda não sabe aproveitar o quetem de bom”, reconhece à Agência LusaPedro Machado, Presidente da Região deTurismo do Centro, lamentando que o po-der político e os empresários ainda não te-nham “agarrado nesta história” que é únicaem todo o mundo.

Em Inglaterra, os romances ficcionadosde Tristão e Isolda ou de Lancelot e Guine-vere são motivos para circuitos turísticos,produtos de merchandising ou outras mar-cas comerciais e o mesmo sucede em Itáliacom Romeu e Julieta.

No entanto, em Portugal o drama históri-co da paixão de um príncipe com uma damagalega que foi coroada rainha depois demorta continua por explorar, sustenta PedroMachado.

“Em Portugal temos a mania que somosbons comerciantes mas na realidade nãotemos jeito nenhum porque não nos sabe-mos vender”, afirma o advogado José Mi-guel Júdice, dono da Quinta das Lágrimas eo principal dinamizador desta história nosnossos dias.

“Não temos o génio de criar marcas por-tuguesas nacionais” e a história de Pedro eInês constitui “claramente uma marca quetem uma dimensão internacional”, nota oadvogado de Coimbra que defende umamaior aposta no “turismo cultural” até por-que este amor “tem todas as condições paraconquistar” as pessoas.

Pedro Machado vai mais longe e consi-dera que a criação de circuitos turísticos que

nas de produtos, uma situação que não su-cede em Portugal, seja por falta de visãodos empresários, seja pela ausência de umaestratégia de promoção da história.

“O vinho Pedro e Inês é produzido noDão e foi engarrafado somente nos 2001,2003 e 2004” quando existe “a certeza dequalidade”, explicou José Miguel Júdice.

Por seu turno, os licores abaciais só ago-ra começaram a ser comercializados numprojecto de empresários da cidade de Alco-baça que contam com o apoio da direcçãodo mosteiro local, onde estão sepultados oscorpos dos dois amantes.

“É muito pouco para uma coisa tão im-portante”, admite José Miguel Júdice.

Já o ICEP não tem qualquer registo deoutros projectos que utilizem esta memóriahistórica e Portugal parece não querer apro-

veitar uma história real que tem uma dimen-são internacional única para qualificar algunsprodutos.

“Estamos a viver todos uma época glo-balizante e é um escândalo que não consi-gamos investir na memória deste amor”,considera Gonçalves Sapinho, presidente daCâmara de Alcobaça.

Opinião semelhante tem Carlos En-carnação, autarca de Coimbra, que seapercebeu das grandes potencialidadesdesta história quando deu o nome de“Pedro e Inês” a uma ponte pedonal so-bre o Mondego.

“Tem sido um sucesso extraordinário”porque o “nome é reconhecido no mundointeiro” a que se soma depois a qualidadearquitectónica da obra, nota o presidente daautarquia.

A história da revalorização deste dramacomeçou há 18 anos quando José MiguelJúdice adquiriu, com alguns familiares, aQuinta das Lágrimas e investiu num hotelbem como na recuperação dos jardins dolocal onde Inês de Castro foi morta a man-do do pai de D. Pedro.

“A Quinta das Lágrimas é o sítio ondeestá mais fortemente ancorado o mito deInês e Pedro” mas na década de 80, quan-do o projecto começou, o “tema estava com-pletamente esquecido”.

“Os guias turísticos sobre Coimbra nãofalavam sobre Pedro e Inês” e “chegueia ser abordado por alguém que me disseque não se devia estar a promover umasenhora que não era portuguesa e não eracasada”, recorda, entre sorrisos, JoséMiguel Júdice.

História de Pedro e Inês

sem aproveitamento adequado

envolvam os locais mais ligados ao amordos dois nobres (Montemor-o-Velho, Coim-bra e Alcobaça) poderia ser uma forma de“conquistar novos mercados em Espanha ena Galiza”.

Inês de Castro era filha de um fidalgo deLugo (Galiza) e veio a ser mãe do rei deAragão, cujos descendentes reinaram emEspanha a partir do século XV.

“O futuro do sector passa cada vez mais

pelo turismo de experiência” e que “coisamais real do que o romance e o mito deuma história verídica” que tem “todos osingredientes” para conquistar o visitante? -questiona Pedro Machado.

Para o director do mosteiro de Alcobaça,Rui Rasquilho, onde estão sepultados os doisamantes, os turistas “têm pouca informa-ção” sobre Pedro e Inês junto dos promoto-res turísticos nacionais e a história do seuamor permanece pouco divulgada.

“As pessoas chegam ao mosteiro pelomonumento e poucas conhecem a históriadessa paixão”, reconhece o historiador, sali-entando que existem poucos materiais depromoção para distribuir.

“Outros países souberam aproveitar his-tórias ficcionadas e porque é que nós nãofazemos o mesmo com uma coisa real?” -questiona Rui Rasquilho.

A Fundação Inês de Castro, dinamizadapor José Miguel Júdice, pretende inverteresta tendência e a prazo o objectivo é criarum museu dedicado à história daquela pai-xão trágica.

Em paralelo, o IGESPAR (Instituto deGestão do Património Arquitectónico e Ar-queológico) vai criar uma ala dedicada à fi-dalga após o restauro do Convento da Rai-nha Santa, em Coimbra.

Contudo, falta ainda uma articulação aonível dos promotores turísticos para criarcircuitos integrados e acções de promoçãointernacionais adequadas à potencialidadedesta história.

“O Estado português está a promoveras marcas Algarve, Lisboa e Madeira.Faz muito bem mas deveria pensar emque existem outras marcas que poderi-am ser valorizadas”, defende José Mi-guel Júdice.

Pintura da colecção inesiana da Quinta das Lágrimas

Page 5: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

5DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 REPORTAGEM

A história de Pedro e Inês de Cas-tro já foi utilizada em vários filmes por-tugueses mas nunca conseguiu saltarfronteiras e apesar de alguns contac-tos com produtores de Hollywood oargumento permanece por explorarnos mercados internacionais.

Recentemente, um grupo de empre-sários chegou a abordar o advogadoJosé Miguel Júdice, dono da Quintadas Lágrimas e um dos promotores daFundação Inês de Castro, para tentarcriar um filme em Hollywood mas oprojecto não chegou a ir avante.

“As coisas não avançaram” mas“continuamos receptivos” a propostasdesse tipo, garante o advogado, que édetentor da marca comercial associ-ada ao drama histórico.

“Era muito interessante encontrarum bom realizador e investir na pro-dução de um filme para o grande pú-blico internacional”, defende CarlosEncarnação, Presidente da Câmarade Coimbra.

Na sua opinião, o Estado tinha a ga-nhar em investir em algo do géneroaté porque “todo o dinheiro utilizadoseria bem gasto” e essa é uma estra-tégia também utilizada por outros pa-íses para se auto-promoverem.

“Bastava fazer um investimentomais forte” que “teríamos retorno empouco tempo” até porque o drama his-tórico tem um “argumento real quenenhum produtor irá desdenhar”, sus-tenta o autarca de Coimbra.

Inês de Castro pertencia a uma dasmais poderosas famílias da Galiza eveio para Portugal como aia de Cons-tança, mulher de D. Pedro. No entan-to, o príncipe português enamora-sede tal forma da fidalga galega, geran-do um problema político peninsularporque colocava em causa o equilíbriodas relações com o trono de Castela.

Com o romance adúltero do conhe-cimento de todos, o pai de D. Pedro,D. Afonso IV, mandou exilar a aia masa distância não terminou com a prisãodos dois em 1343.

Após a morte de Constança. D. Pe-dro retoma a relação com D. Inês dequem tem quatro filhos, um dos quaisfuturo rei de Aragão e antecessor dosreis de Espanha e um outro que veioa reinar em Portugal com o nome deD. João I.

Nos anos seguintes, D. Pedro re-cusa novos casamentos com prince-

Drama de Pedro e Inês espera

a atenção de Hollywood

sas de sangue real e o seu pai decidiumandar matar Inês de Castro, temen-do a crescente influência castelhanasobre o futuro rei.

A 7 de Janeiro de 1355, o rei apro-veita uma ausência do filho para acaça e ordena aos nobres Pêro Coe-lho, Álvaro Gonçalves e Diogo LopesPacheco que executem Inês de Cas-tro que estava no Mosteiro de SantaClara em Coimbra.

A fidalga foi degolada e, segundo alenda, foi tanto o sangue que originoua cor vermelha das águas na Quintadas Lágrimas, em Coimbra.

A morte originou uma guerra civilentre o filho e o pai que terminou ain-da nesse ano. Dois anos depois, D.Pedro assume o poder, ordena a mor-te dos assassinos e legitima a relaçãocom a fidalga, afirmando que se ha-

via casado secretamente em 1354.A palavra do rei, e de seu capelão

foram a única prova deste casamentoque assim foi legitimado. O corpo deInês de Castro foi então transportadopara Alcobaça num cortejo de váriosdias, tendo sido considerada rainha de-pois de morta.

“Querem melhor argumento do queeste? Só tivemos foi o azar de não ter-mos tido nenhum Shakespeare paraagarrar nesta história” resume PedroMachado, Presidente da Região deTurismo do Centro.

No que respeita à promoção ar-tística, a Fundação quer criar ummuseu evocativo da história e foicriado um prémio literário anual quevisa premiar escritores que utilizemalgum aspecto desse drama nassuas obras.

“O que é importante é que as pes-soas falem mais de Inês de Castro”porque o “tema não vai morrer” já quese trata de uma “história única”, de-fende José Miguel Júdice.

O mito e a história deste amor co-meçou a ser recuperado no séculoXIX, conquistando vários intelectuaispara o drama político e histórico da-quele período da Europa medieval.

Então, surgiram em toda a Europavárias óperas evocativas da tragédiade Inês de Castro, ao gosto românti-co da época, e vários autores escre-veram sobre os seus amores.

“Não conseguimos manter o ritmode promoção”, reconhece Rui Rasqui-lho, Director do mosteiro de Alcoba-ça, considerando que esta história“tem todos os ingredientes para sefazer um grande filme”.

Cartaz de um dos mais famosos filmes baseados no drama de Pedro e Inês, realizado por Leitão de Barros e com diálogos

de Afonso Lopes Vieira. O cartaz faz parte do espólio da colecção inesiana exposta na Quinta das Lágrimas

JÁ FOI TEMA PARA VÁRIOS FILMES PORTUGUESES

Page 6: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

6 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007REPORTAGEM

Carina Fonseca

A IX edição da Feira Anual da Freguesia

de Almalaguês, que decorreu entre 15 e 17

de Junho, contou com uma aposta forte na

animação: houve actuações de disc-jo-

ckeys, grupos de cantares e da dupla musi-

cal Tayti; bem como torneios de futebol de

cinco, xadrez e BTT. Este foi, segundo Jor-

ge Santos, da organização, “o programa mais

dispendioso de sempre”, no valor de cerca

de 18 mil euros. Mas a chuva afastou mui-

tas pessoas do Parque Desportivo da Mi-

lheiriça, que recebeu perto de 40 exposito-

res. Bem disposto, o organizador António

Vaz resume: “Se não fosse o factor tempo,

a Feira teria sido muito melhor – mas para o

ano cá estaremos. O que não correu bem

não dependeu da organização, e sim de S.

Pedro”.

MAIOR CENTRO

DE TECELAGEM MANUAL

DA EUROPA

O certame – organizado pelo Grupo para

o Desenvolvimento Cultural da Freguesia

de Almalaguês, em parceria com a Junta de

Freguesia e a Associação Desportiva e

Cultural de Almalaguês – foi, como de cos-

tume, dedicado ao comércio, indústria e gas-

tronomia regionais. Contudo, o artesanato

constituiu a aposta principal, não fosse Al-

malaguês o maior centro de tecelagem ma-

nual da Europa, onde, como refere Jorge

Santos, “há poucas casas sem um tear mon-

tado”. Estes instrumentos ainda são feitos

nas carpintarias locais.

“Costumamos dizer que, quando nascia

uma menina, em Almalaguês, fazia-se mais

um tear”, conta António Vaz. Porém, lamen-

ta que só “escassas dezenas” de mulheres

se ocupem, presentemente, do tear. Em seu

entender, as pessoas “procuram outras for-

mas de rendimento, mais estáveis”, e “a ju-

ventude já não tem tanta apetência” para

continuar a arte dos antigos.

Cristina Fachada é responsável por um

ALMALAGUÊS NÃO POUPOU DESPESAS PARA BEM RECEBER OS VISITANTES

Chuva prejudicou feira no maior centro

de tecelagem manual da Europaexpositor onde abundam colchas, cortina-

dos e tapetes tradicionais de Almalaguês.

Com 39 anos, é das mais jovens tecedeiras

da região. Trabalha no tear “a 100%” des-

de os 15, mas começou a aprender, com a

mãe, aos 12. Em casa, tem um atelier onde

exibe as peças que vai finalizando. “Há umas

que demoram um mês a fazer e outras que

demoram um dia”, explica, ressalvando que,

de modo geral, estas “levam muito tempo

no tear e, depois, ainda há acabamentos” a

realizar. Aponta uma camilha que lhe cus-

tou uma semana em torno do tear, pela qual

pede 120 euros. “As pessoas gostam mui-

to” do seu trabalho, que abarca “todos os

gostos”; mas o negócio “já esteve melhor”,

garante.

OBJECTIVO: MEXER

COM A FREGUESIA

A Feira Anual de Almalaguês nasceu da

vontade de dinamizar a gastronomia, a te-

celagem, o comércio, a indústria e os servi-

ços locais, explica Jorge Santos. “O objecti-

vo foi mexer um pouco com a freguesia e

mostrar o que ela tem”, diz ainda, acres-

centando que a Feira se revela um “ponto

comum de convívio”. “Continuamos anima-

dos para fazer a próxima Feira, apesar de,

em termos financeiros, nunca conseguirmos

o retorno do investimento. Só o facto de

vermos aqui as várias pessoas da freguesia

juntas, a conviver, já é positivo”, salienta o

organizador.

Da gastronomia local fazem parte a chan-

fana, a sopa à lavrador e o arroz doce (que,

tradicionalmente, na véspera de um casa-

mento, é distribuído pelos noivos aos convi-

dados, esperando que devolvam o prato com

um presente), mas também o vinho ou a

jeropiga. “As pessoas que vêm à Feira ac-

tuar, aquelas que nos visitam e as que con-

tratamos almoçam e jantam todas nas bar-

racas de comes-e-bebes”, afirma Jorge

Santos. A barraquinha do agrupamento de

escutas de Almalaguês já é presença habi-

tual no evento, e regista uma afluência posi-

tiva, mesmo com chuva, garante Teresa

Reis. “Espero que as pessoas venham cá

quer para ajudar os escuteiros quer pela qua-

lidade da comida”, declara, sorridente, de

lenço ao pescoço. O agrupamento participa

na Feira, ainda, com uma quermesse e uma

construção feita de madeira e cordel, ergui-

da no centro do recinto.

UNS CONTENTES

OUTROS NEM POR ISSO

O expositor de Fernanda Amado é dos

mais apelativos, devido às diversas cores e

formas do artesanato urbano que fabrica nas

horas vagas, mas já lhe rendeu clientes fi-

xos e a criação de uma marca própria: “Idei-

as com Arte”. Repetente na Feira Anual de

Almalaguês, Fernanda pinta telas, caixas e

tabuleiros, cria sapatos de bebé, bonecos de

tecido ou acessórios de moda – o que a ima-

ginação ditar. Está rodeada de crianças (jun-

to das quais tem bastante êxito), mas tam-

bém de mulheres. “Para mim, a Feira está

a correr bem, apesar do tempo. Não costu-

ma chover nesta altura: o recinto, ontem [sá-

bado, dia 16], parecia uma piscina”, refere.

Por seu lado, Agostinho Oliveira, vende-

dor de máquinas agrícolas, mostra-se desa-

gradado com a organização e com a escas-

sez de pessoas: “Não entram, porque lhes

cobram entradas”, defende. Também con-

sidera que “falta animação e divulgação da

Feira ao nível dos lugares da freguesia”. Já

a organizadora Ana Fachada entende que

os bilhetes de acesso ao recinto – com o

custo de dois euros – se revelam essenciais

para montar um certame daqueles: “Se co-

locamos aqui só «prata da casa», há críti-

cas, porque não convidamos ninguém mais

interessante. Para trazer a Almalaguês esta

animação cultural, que é muito dispendiosa,

precisamos de cobrar entradas”.

A IX edição da Feira teve o apoio das

Câmaras Municipais de Coimbra, Miranda

do Corvo e Soure, das Juntas de Freguesia

de Almalaguês e de Castelo Viegas e, ain-

da, de patrocinadores locais.

Page 7: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

7DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 DESPORTO

A Federação Portuguesa de Judo

(FPJ) voltou a convocar três atletas de

clubes da Associação Distrital de Judo

de Coimbra (ADJC) para integrar os tra-

balhos da selecção nacional de juniores.

Desta feita, a convocatória tem em vista

a participação no estágio internacional de

Barcelona, que se realiza entre 30 de

Junho e 6 de Julho.

Jorge Fernandes, que compete com o

emblema do Judo Clube de Coimbra

(JCC), e as gémeas Vicente da Acadé-

mica, Ana Patrícia e Ana Filipa, mere-

ceram, de novo, a confiança dos selec-

cionadores nacionais e vão inscrever o

nome na concentração agendada para a

cidade espanhola.

Entretanto, no passado fim-de-se-

mana, os três judocas, conjuntamente

com Filipe Reis e Carla Reis, ambos

do JCC, participaram num estágio de

controlo da FPJ. A iniciativa teve lu-

gar, durante dois dias, em Lisboa, com

o objectivo de observar os atletas nor-

malmente chamados aos trabalhos das

selecções nacionais.

Em Coimbra, também durante três

dias, realizou-se o estágio de preparação

para o Campeonato da Europa de espe-

ranças. A sala de judo do Estádio Cida-

de de Coimbra acolheu os treinos da FPJ,

em que participou Ana Fernandes, judo-

ca dos Carvalhais de Baixo, que compe-

te na categoria de -70 quilogramas.

Com o objectivo de levar a modalida-

de a todos os cantos do distrito, o JCC

JUDO - SELECÇÃO NACIONAL DE JUNIORES

Três judocas de Coimbra

competem em Barcelona

organizou, na passada sexta-feira, mais

uma demonstração. Desta vez, a Escola

Primária de Assafarge foi a eleita, com

os alunos do referido estabelecimento de

ensino a mostrarem-se entusiasmados

com as técnicas apresentadas.

Jorge Farnandes e Filpe Reis, dois dos atletas em evidência no Judo Clube de Coimbra

Os futebolistas Hélder Barbosa e Ivanil-

do vão ser emprestados pelo FC Porto à

Académica na época 2007/08, disse ontem

(terça-feira) à Agência Lusa o treinador da

equipa de Coimbra, Manuel Machado.

Hélder Barbosa, avançado de 20 anos,

já esteve emprestado na temporada passa-

da à Académica, mas uma grave lesão no

joelho durante um jogo-treino, em Novem-

bro, contra o Pampilhosa, afastou-o dos rel-

vados até ao final da temporada.

“Fui bem recebido em Coimbra e sem-

pre foi a minha ambição voltar, no entanto,

ainda não sei para onde vou”, afirmou, cau-

telosamente, o futebolista à Agência Lusa.

Ao contrário de Hélder Barbosa, Ivanil-

do, de 21 anos, vai enfrentar uma nova rea-

lidade, depois de ter estado emprestado à

União de Leiria na temporada passada, apre-

sentando-se segunda-feira, 2 de Julho, dia

do regresso ao plantel.

REFORÇOS PARA O FUTEBOL DA AAC/OAF

Hélder Barbosa e Ivanildo emprestados pelo FC PortoAs cedências dos dois avançados à Aca-

démica coincidem com o ingresso do lateral

esquerdo Lino no FC Porto, que assegurou

o brasileiro a custo zero, depois de este ter

rescindido contrato com os “estudantes” por

mútuo acordo.

Manuel Machado confirmou também que

o médio cabo-verdiano Lito deverá assinar

nos próximos dias, havendo já um pré-acor-

do com o clube de Coimbra. O jogador ali-

nhou pela selecção do seu país e ficou a

gozar um período de férias, após terminar

contrato com a Naval 1º de Maio.

Estes três futebolistas vêm juntar-se aos

sete reforços já anunciados: Licá, Rui Ne-

reu, Markus Berger, Ricardo, Pedrinha,

Pedro Costa e Orlando.

Quem ainda poderá completar o plantel

é o internacional congolês Maboula Lukun-

du, do Standart de Liège, que, segundo o

jornal O Jogo, poderá preencher o lugar do

avançado brasileiro Joeano, uma vez que

ainda não há acordo com o Beitar de Jeru-

salém para novo empréstimo.

O ponta-de-lança Maboula Lukundu, de

31 anos, já representou o Valence, o Móna-

co, o Galatasaray, o Lille e o La Gantoise.

Page 8: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

8 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007OPINIÃO

QUANTO MAIS TARDEMELHOR

A única coisa de que tenho a certe-za é de que vou morrer. E pagar emorrer, quanto mais tarde melhor.

Joe Berardo (empresário)Visão (14/06/07)

SOCIEDADE DE CONFIANÇA

A multiplicação de intervenções ju-diciais, quer na área da administraçãopública quer no domínio da sociedadecivil, por questões de ordem financei-ra e económica, e ainda o agravamen-to da perigosidade e gravidade das vi-olações da lei penal, não apenas eco-nómicas mas sobretudo contra os va-lores da vida e dignidade humanas,apontam para reconhecer que a soci-edade europeia de confiança tendepara não ser o modelo em vigor.

A sociedade de confiança tem umapremissa fundamental na sentença deCícero, segundo o qual o consensus ju-

ris, ou concordância básica de atitudese juízos sobre os comportamentos, é oalicerce da viabilidade da república. Tra-ta-se de um sentimento geralmente par-tilhado sobre a validade dos interessesindividuais e comuns. (…)

O desenvolvimento do globalismo,da teologia de mercado, do encontrodas culturas, e os efeitos na vida in-terna não permitem olhar sem profun-da apreensão para a evolução da so-ciedade de confiança.

Adriano Moreira

(professor universitário)DN 19/06/07

IMPOSTURAS ANTI-CRISTÃS

O combate contra o cristianismo éum dos mais vastos, sistemáticos eduradouros de sempre. Desde a cru-cificação segue múltiplos propósitos,formas, atitudes e um só objectivo.Hoje a campanha adquiriu tons espe-cíficos, especial agressividade e pro-fundo embuste. (…)

Por cá, a república, cujo centená-rio se aproxima, decretou uma siste-mática perseguição religiosa na linhado ateísmo oitocentista. Hoje a hosti-lidade é surda e subtil, mas não me-nos activa. Olhando a cultura oficial,ninguém diria que vivemos num país

cristão. Os autores católicos são me-norizados por o serem. A expressãoreligiosa é possível, mas deve ser pri-vada, e as manifestações da civiliza-ção cristã são silenciadas ou distorci-das. Entretanto, visões ateias, exóti-cas ou anticristãs são subsidiadas, di-vulgadas, celebradas. A cultura oficialé hedonista, relativista, libertária.

João César das Neves

(professor universitário)DN 18/06/07

O PADRE GRAVATAS

Em noticiários marcados por crimesviolentos, homicídios, terrorismo, nãodeixa de ser curiosa, e saborosa, a no-tícia publicada pelo CM acerca de umfalso padre Luís que pregava e esmo-lava por terras de St.º Tirso, que afi-nal não se chamava Luís, e se diziamissionário e fora baptizado por Agos-tinho Caridade, embora para os ami-gos fosse conhecido pelo Gravatas.

A audácia do burlão levou-o a ce-lebrar casamentos na Sé de Braga ediz o povo que falava muito bem, aju-dava criancinhas desvalidas em Áfri-ca, rezava missa com a devoção desanto e, agora católico, já dera umascurvas pela IURD, baptizava e distri-buía a comunhão com o mesmo à von-tade com que alguém se senta numaesplanada pede um café e lê o jornal.Aliás, segundo a notícia, foi preso du-rante um baptismo. Coisa feia queapenas revela que a polícia é gentede pouca fé. E o padre Luís ou Cari-dade ou Gravatas, conforme a intimi-dade e o conhecimento, lá foi a cami-nho do tribunal.

Chamou-me a atenção esta histó-ria porque me parece uma metáforasobre o País e a política. (…)

Francisco Moita Flores

(autarca e professor universitário)CM 24/06/07

UM CÉU DE CHUMBO

Tenho uma amiga que renega o quea metafísica pode ter de sedutor, maspisca o olho a um bom ritual vudu eadora um qualquer bruxedo de vão deescada. É ela quem me garante queeste mal-estar pegajoso, esta dolên-cia sorumbática que tomou conta demim, é natural. Nem é da idade, nemé birra de alma. Diz-me que o cinzen-tismo do céu não se fica lá por cima,desce à terra. E derrama-se, húmidoe viscoso, pelo chão à nossa volta, atétomar conta de nós.

Gosto da tese, porque ela me ab-solve. Assim não tenho de acrescen-tar ao torpor físico, à modorra inte-lectual e a um enorme enfado o mar-tirológio do remorso. Passo logo a ví-tima, por um mecanismo de autopro-tecção do ego que Santana Lopes des-cobriu há muito tempo. A culpa, essa,é do mundo, da Europa, do país, da

cidade e da minha rua. Tudo culpascom que eu posso bem. Porque sórepensa o cerco o sitiante; o sitiadosenta-se no seu destino.

Umas férias vinham agora a calhar.Não sei porquê, mas vinham. Esque-cia o melodrama da Ota, que meteuférias de seis meses (mesmo que eume incline a pensar que foi de vez), eaguardava pelo fim de Junho, para meinteirar de coisas que me interessam.(…)

Nuno Brederode Santos (jurista)DN 17/06/07

A CIMEIRAUNIÃO EUROPEIA-ÁFRICA

A África, com a sua magia, a suafloresta exuberante e a savana a per-der de vista, o seu dia luminoso e co-lorido e a noite enfeitiçada, exerce fas-cínio sobre aqueles que por lá passam.E é sempre com um frémito que seaterra no aeroporto de Nairobi: por aliperto terá tido início a vida humana,por ali perto terá acontecido o saltomilagroso do animal para o Homem,das vozes para a palavra, da oclusãodo mundo para a emergência da luzda consciência.

Mas a África tem o condão dos ex-tremos, como se estivesse ligada si-multaneamente à inocência do Édene ao terror do Apocalipse. A Áfricasubsariana transformou-se num cam-po de ruínas: fome, doença, analfabe-tismo, corrupção, colapso social, tira-nias, sida, guerra, deslocados.

O drama da África é ter perdido aalma e a identidade. Foi lá que ouvicoisas temíveis. Disse-me um negro:“Com esta pele negra não se vai a ladonenhum.” Outro atirou-me: “O vossodeus é mais forte do que os nossos -o vosso dá-vos tudo, os nossos dei-xam-nos na miséria.”

Essa falta de confiança enraíza-se no tem-po, essencialmente por causa da escrava-tura. O “tráfico dos negros”, durante maisde três séculos, é uma das maiores vergo-nhas da Humanidade. No total, pensa-se queviveram escravizados pelo menos 20 milhõesde africanos, pois no processo de escravi-zação terão estado envolvidos uns 50 mi-lhões, o que, como faz notar J. Moltmann,constituiu um dos maiores negócios de to-dos os tempos: os barcos circulavam per-manentemente cheios, segundo este triân-gulo: armas e produtos da Europa para aÁfrica - escravos da África para a Améri-ca - ouro, prata, açúcar, algodão, tabaco daAmérica para a Europa. (…)

A Europa tem responsabilidades es-peciais para com a África, sendo legíti-mo esperar que a próxima cimeira UE-África durante a presidência portugue-sa da União seja bem preparada e ob-tenha resultados eficazes e duradouros

Anselmo Borges

(padre e professor universitário)DN 16/06/07

O RISCO DE POLITIZAÇÃODOS ESTUDOS TÉCNICOS

Depois de meses a defender o ae-roporto da Ota, o ministro Mário Linodecidiu encomendar ao LNEC um es-tudo comparativo entre a Ota e Alco-chete. Esta súbita mudança de opiniãopor parte de quem tinha tantas certe-zas é um péssimo indicador dos pro-cedimentos de decisão seguidos peloGoverno. Mário Lino propõe agora orecurso a uma entidade académicapara resolver aquilo que é uma difi-culdade política do Governo. É umasolução clássica. Quando os governosse deparam com a dificuldade de as-sumir as suas decisões políticas recor-rem a autoridades académicas comreputação de imparcialidade para asvalidar. Esperam que, aos olhos daopinião pública, o ónus da responsa-bilidade pela decisão não recaia so-bre o Governo.

Mas o recurso a autoridades aca-démicas para tomar decisões, mesmoque técnicas, não está isento de pro-blemas. Os académicos não são infa-líveis. Cometem erros involuntáriosporque, tal como os restantes mortais,são influenciados pelos seus interes-ses políticos, pessoais e económicos.(…)

João Miranda (investigador)DN 16/06/07

A NÃO DECISÃO

Portugal é o país das certezas ab-solutas e das desconfianças perma-nentes. Nada de mal viria ao mundose desta tensão resultassem directri-zes para a acção. Infelizmente, mui-tas vezes, o único resultado palpávelé o adiamento das decisões.

A reacção à decisão de equacionaro Campo de Tiro de Alcochete, comoalternativa possível à Ota, para a lo-calização do futuro aeroporto interna-cional de Lisboa não escapou a estaregra: perfilaram-se imediatamente asvelhas e as novas certezas e preten-deu-se marcar o “campo oposto” como ferrete da suspeição.

Alguns primaram mesmo na teoriada conspiração! Porquê só agora Al-cochete? Pois claro, para não emba-raçar o candidato do PS à Câmara deLisboa... porquê pela mão da CIP?Interesses ocultos pagaram o estudo(havendo mesmo quem insinue que elefoi feito a pedido discreto do próprioGoverno...). Porquê a súbita disponi-bilidade da Força Aérea, só agora ma-nifestada? Já se vê, para evitar malesmaiores da Ota na Base de MonteReal. E por aí fora!

Surpreende-me às vezes a veloci-dade com que somos capazes de in-quinar um processo de debate e de to-mada de decisão, agora que o recuodo Governo quanto ao lançamento doconcurso até ao final do ano permiti-ria lançar as bases de uma decisão queo Presidente da República quis que

Page 9: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

9DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 OPINIÃO

fosse tão consensual quanto possível.(…)

António Vitorino (jurista)DN 15/06/07

AS PAIXÕESE OS INTERESSES

Treze autarcas do Oeste pediramque fosse tornado público quem pa-gou o estudo encomendado pela CIP,o estudo que obrigou o Governo a re-cuar na Ota e a ponderar Alcochete.Reparem que não interessou a estesautarcas refutar as conclusões do es-tudo da CIP defendendo, comparati-vamente, os superiores benefícios daOta. Os autarcas do Oeste só quise-ram denunciar que por trás do estudohaveria o interesse particular de quemo financiou, o que seria suficiente paraminar a sua credibilidade. Dito isto,convém lembrar que os autarcas doOeste também representam interes-ses: dos seus municípios, das suaspopulações, dos seus mercados elei-torais. Interesses aceitáveis e justifi-cados. Mas interesses provavelmen-te tão parciais e relativos como ou-tros interesses, públicos e privados,conhecidos e desconhecidos, que comcerteza mantêm inúmeras preferênci-as para a localização do novo aeropor-to. Por que razão deveria o Governoescolher uma solução apenas porqueela beneficia mais municípios a nortedo que a sul? Sendo a construção deum novo aeroporto um grande investi-mento público, que onera todo o País,que compromete o seu desenvolvimen-to nas próximas décadas, a ideia deatirar interesses contra outros pareceincomensurável e improdutiva. (…)

Pedro Lomba (jurista)DN 15/06/07

O ALARIDO DOS INOCENTES

No dia 3 de Junho, a seguir às notí-cias das 20.00, a RTP1 entrevistou umsujeito que está pronunciado pelo ho-micídio de três raparigas, cometido emcircunstâncias particularmente cho-cantes. Sem a autorização e a com-placência da autoridade prisional, aentrevista não teria sido possível.

Tratou-se de um genial acesso desensacionalismo da televisão do Es-tado, para antecipar, face à concor-rência, a rotunda negação da práticados crimes que, no dia seguinte, iriaser feita pelo acusado na audiência dejulgamento.

É sabido que a RTP precisa de umaprogramação deveras aliciante para ohorário nobre, ao mais baixo custopossível, sobretudo durante a presi-dência portuguesa da UE.

Pois com este precedente, e as por-tas das prisões docilmente escanca-radas, ela dispõe agora de um verda-deiro filão: entre homicidas, violado-res, falsários, assaltantes, escroques,

corruptos, narcotraficantes e tuttiquanti, a matéria-prima é fácil, abun-dante, acessível e de borla.

Todos eles se deixarão entrevistarde boa vontade na véspera do julga-mento para dizerem que nada fizeramde mal, que a confissão lhes foi extor-quida sob ameaça ou tortura, que asprovas foram falseadas, que os juízesestão comprados, enfim, que são víti-mas das mais intoleráveis picardias einiquidades. (…)

Se já ninguém acredita na Justiça,porque é que a RTP não há-de ter odesvelo carinhoso e solidário de darvoz aos inocentes?

Os dramas de faca e alguidar e oinsuperável gabarito intelectual dasentrevistas sacudirão a brandura atá-vica dos nossos costumes, provoca-rão o tremendo abalo catártico dasalmas, exarcebarão titilações sincopa-das dos sentimentos, educarão para a ci-dadania, produzirão cultura da melhor,evitarão os erros judiciários, contribuirãopara a aprendizagem ao longo da vida, po-tenciarão o aproveitamento escolar, po-rão de cócoras os nossos parceiros euro-peus e farão com que as audiências su-bam na vertical.

A RTP e a autoridade prisional conti-nuarão a achar que colaboram num ver-dadeiro serviço público.

Ninguém lhes vai à mão. Ninguém res-ponsabiliza ninguém. Ninguém vai para arua. O Governo, esse, inimputável, impá-vido e sereno, assobia para o lado

Vasco Graça Moura (escritor)DN 1406/07

SÃO QUADROS

Com o atear das fogueiras de S.João, queima-se o antigo, o InVerno,o museu das antigas vaidades. Logonasce ou renasce o desejo de deixare partir sem olhar muito lá para trás,em rimas e glosas, em versos e qua-dras de poucas prosas.

Na tua pele graveiuma tatuagem eternapor mais que fujas com[outrotens-me aqui sempre à [perna(…)Santo António, João ou Pedrosão por ordem cronológicanoites sagradas e profanasem que se ama sem lógica

Rui Reininho (músico)JN 23/06/07

OS RATOS NA BOA-HORA

Ridícula história esta, a de um ratoencontrado em estado de avançadadecomposição no gabinete de juízesdo Tribunal da Boa-Hora. Ridícula,mas verdadeira. De tal modo que osjuízes da 4.ª Vara Criminal daqueletribunal, fartos da repetição de casoscomo este, requerem a intervenção dodirector-geral da Saúde (DGS) e do

inspector-geral do Trabalho (IGT), porconsiderarem as condições em que alitrabalham ser atentatórias em relaçãoà saúde e ao funcionamento da acti-vidade profissional. (…)

Esta história, no seu ridículo, reves-te-se de um grau simbólico da carica-tura que se vai desenhando sobre opaís. É ridícula para o país. E tambémpor isso é de clamar contra as coisasrisíveis que alastram sobre uma na-ção que se quer, e se pensa, séria.

A cena dos ratos que se passeiam eapodrecem nos aposentos da Boa-Horapode também ter a leitura da crise quecada vez mais se acentua sobre a Jus-tiça, os seus agentes e organismos. Oefeito roedor das estruturas do edifí-cio social que nos abarca - o Estado -é muito mais catastrófico. Tem de va-ler-se à Boa-Hora. Mas tem de valer-se ainda muito mais rapidamente so-bre o estado de decomposição da ima-gem da Justiça e de seus actores.

Indubitavelmente a crise da Justiçaé evidente. Mas pelos sintomas da cri-se não debelada, talvez até porque maldiagnosticada nos seus múltiplos fac-tores, querer “matá-la”, destruí-la naimagem pública aos olhos dos cida-dãos, é um crime de que todos nós,responsáveis directos e indirectos,havemos de responder historicamen-te. Sem Justiça não há Estado. (…)

Paquete de Oliveira (sociólogo)JN 21/06/07

EM PAZ

Portugal foi considerado em 2006o nono país mais pacífico do Mun-do, num estudo da revista britânica“The Economist”, denominado “Glo-bal Peace Index”. Foram pondera-dos neste estudo 24 factores, comoo número e a gravidade dos crimes,o crime organizado, as verbas des-tinadas às Forças Armadas, os ren-dimentos dos cidadãos e o seu nívelde educação.

Apenas a Noruega, a Nova Zelân-dia, a Dinamarca, a Irlanda, o Japão, aFinlândia, a Suécia e o Canadá foramconsiderados mais pacíficos do que onosso país. O que é notável e mereciater sido evidenciado, embora só tenhasido discretamente divulgado.

A criminalidade violenta grave emPortugal é de apenas 5,5 por cento dototal, sendo que 80 por cento desta sereferem a roubos por esticão pratica-dos na via pública. De resto, prevale-cem a ofensa à integridade física, aameaça e a coacção, os maus-tratosdo cônjuge, os furtos de e em veícu-los, os furtos em instalações comer-ciais e industriais, a condução sobre oefeito do álcool e a condução semcarta. Tudo delitos sujeitos a penasmenores. (…)

Luís Portela (médicoe administrador de empresas)

JN 20/06/07

QUEM NÃO É ARGUIDO…

Conheço uma senhora com muitomais de 70 anos que viveu toda a vidana paz do Senhor e que um destes diasfoi constituída arguida por causa deum mal-entendido num caso de um li-geiro excesso de velocidade num iti-nerário principal.

Tentei confortá-la como pude, dizen-do-lhe até meio a brincar, mas tambémmeio a sério, que quem não é arguidohoje não é bom chefe de família. Mes-mo assim, julgo que na noite seguinte aesta nova categoria da sua vida quasenão pregou olho, entre outros medos,por se ter convencido de que quandofosse passar a alfândega, no aeropor-to, a caminho de umas férias já mar-cadas para 15 dias depois, corria o ris-co de ser impedida de viajar.

Não há vocabulário insuspeito ou ino-cente no léxico do mundo processualpenal. Por muito que os teóricos destemundo jurídico se esforcem por expli-car que a condição de arguido está pre-vista exactamente para mais bem de-fender os interesses de quem está naberlinda, a verdade é que ser constituí-do arguido, ou passar a estar sujeito atermo de identidade e residência, não éa mesma coisa que comer um gelado.

Os arguidos já são mais que muitos,mas, enquanto não forem a maioria ab-soluta da população, não acredito queo estigma social que lhe está associa-do desapareça sem deixar rasto. (…)

Manuel Serrão (empresário)JN 20/06/07

AS FOGUEIRAS DE GAZA

O Ocidente não aprende - o lado de látambém não. Ninguém está disponívelpara isso. Os acontecimentos de Gazadeviam ensinar-nos alguma coisa mas hágente que se compraz na contabilidadede perdas e ganhos a propósito de tudo ede nada. Por exemplo o exercício contu-maz que consiste em atribuir culpas aIsrael a propósito de todo e qualqueracontecimento que prolongue a crise e aagonia do Médio Oriente. Israel, na ver-dade, tem algumas culpas nessa conta-bilidade. Mas é curioso verificar como aimprensa e a televisão estabeleceram osseus silêncios a propósito da recente in-vestida libanesa sobre os extremistas oucomo, a princípio, desvalorizaram o am-biente de guerra civil que se estendia daFaixa de Gaza à Cisjordânia. Por umarazão: Israel estava apenas longinqua-mente envolvido. Se não era possívelcolocar toda a pressão em Jerusalém eTelavive, a imprensa desinteressava-se- não sendo possível atribuir culpas a Is-rael, nenhuma “cobertura dramática” sejustificava, nem os “jornalistas” do cos-tume estavam interessados em manipu-lar imagens, distorcer factos ou inventarpersonagens (…)

Francisco José Viegas (escritor)JN 18/06/07

Page 10: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

10 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007REPORTAGEM

As novas instalações da Unidade deDesabituação da Região Centro do Ins-tituto da Droga e da Toxicodependência(IDT), ontem (terça-feira) inauguradaspelo Ministro da Saúde, dispõem de 12camas para tratamentos intensivos e de-verão atingir cerca de 600 internamen-tos por ano.

O Delegado Regional do IDT, CarlosRamalheira, disse à Agência Lusa que anova Unidade, situada no Hospital deSobral Cid (Coimbra), tem mais cincocamas do que as existentes no antigoserviço, permitindo elevar, no primeiroano, os internamentos anuais para umnúmero da ordem dos 550 a 600, aumen-tando a média anterior de 330.

Representando “o primeiro passo” dotratamento dos que se queiram libertardas toxicodependências, sobretudo os

LUTA CONTRA A DROGA NA REGIÃO CENTRO

Inauguradas ontem em Coimbra

novas instalações de desabituaçãodependentes de heroína, mas também deoutros opiáceos, a Unidade disponibilizaainda valências como a psicoterapia degrupo, individual e de família, acompa-nhamento pós-alta, serviço ambulatório,hidroterapia, massagens e relaxamentoe sessões de educação para a saúde, al-gumas das quais não existiam nas ante-riores instalações.

“Está apta a produzir um serviço deexcelência e a reforçar a capacidade deatendimento. No futuro, poderá ser umadas unidades mais produtivas do país,com uma qualidade ao nível das melho-res da Península Ibérica e da Europa”,adiantou o médico à Lusa.

Representando um investimento daordem dos 1,2 milhões de euros, a novaUnidade de Desabituação foi instaladanum antigo pavilhão do Hospital de So-

bral Cid, em Ceira, nos arredores deCoimbra, que foi sujeito, para o efeito, a“uma reconstrução profunda”.A Unida-de funcionava há mais de 10 anos noCentro de Atendimento a Toxicodepen-dentes de Coimbra, situado na zona deCelas, nesta cidade, ocupando “instala-ções exíguas”.

“Era imperativa uma solução para es-truturar o serviço às necessidades e dig-nidade que os doentes nos merecem”,realçou Carlos Ramalheira, observandoque o processo para a construção dasnovas instalações foi iniciado há noveanos e revelou-se “atribulado e difícil”.

Destinada primordialmente aos uten-tes da região Centro, com estas novasinstalações a Unidade de Desabituaçãovai poder também “aprofundar o relaci-onamento”, ao nível da investigação, com

entidades como a Clínica Psiquiátrica dosHospitais da Universidade de Coimbra eos Centros de Neurociências e de Far-macologia da UC.

Realizada entre Fevereiro e Setembrode 2006, a obra teve uma poupança de37 por cento em relação ao valor adjudi-cado, adiantou o delegado regional doCentro do IDT.

Actualmente, existem cinco unidadesdeste tipo em Portugal: duas em Lisboae as restantes no Algarve, Porto e Co-imbra.

“Estarmos num parque de saúde men-tal como o Sobral Cid é uma enormemais-valia, pois permite explorar siner-gias e rentabilizar serviços”, salientouCarlos Ramalheira.

Registe-se que ontem se assinalou oDia Mundial da Luta contra a Droga.

O Ministro da Justiça, Alberto Costa,afirmou ontem (terça-feira) que Portu-gal é “um contribuinte líquido” no com-bate ao tráfico de droga tendo em 2005apreendido um quinto (20 por cento) dototal de cocaína confiscada na UniãoEuropeia.

“Portugal distingue-se por uma inten-sa actividade no domínio da intersecçãodesse tráfico. Nós não somos parte doproblema porque combatemos o proble-

REVELOU ONTEM O MINISTRO DA JUSTIÇA

Portugal foi um dos 5 países do Mundo

que mais cocaína apreendeu em 2005-2006ma, mas uma parte muito activa da solu-ção”, declarou Alberto Costa à margemsessão evocativa do Dia Mundial de LutaContra a Droga promovida em Lisboapela Polícia Judiciária.

A propósito, o titular da pasta da Jus-tiça referiu que “em 2005 e 2006 Portu-gal foi um dos cinco países do mundoque apreenderam maior quantidade decocaína, o que é bem significativo”.

“Nesse domínio somos um contribu-

inte líquido” no combate à droga, sali-entou.

Alberto Costa indicou ainda que,nesta linha, foi há dias assinado um pro-tocolo que visa estabelecer em Lisboaum centro de análise e operações con-tra o narcotráfico marítimo.

“É um centro que terá uma lideran-ça portuguesa exercida pela PJ e co-meçará a funcionar durante a presidên-cia portuguesa da União Europeia,

avançará com sete países europeus ecom os Estados Unidos como observa-dor. Representará um valioso instrumentopara tornar mais eficaz o combate ao trá-fico em particular, da cocaína”, disse.

Segundo o Ministro, este centro “re-flecte a aposta em Portugal e a apostade Portugal no potencial da porta atlânti-ca da Europa, também em termos deespaço europeu de liberdade, segurançae justiça”.

A agência europeia de informação sobrea droga apelou ontem, Dia Internacionalcontra o Tráfico, a uma definição comumde criminalidade relacionada com a toxico-dependência, para permitir avaliar a verda-deira dimensão do problema e o impacto daspolíticas de combate.

Num comunicado a que a Lusa teveacesso, o presidente do conselho de admi-nistração do Observatório Europeu da Dro-ga e da Toxicodependência (OEDT), Mar-cel Reimen, diz que “a adopção de uma de-finição clara de criminalidade relacionadacom a droga constitui um primeiro passoessencial” para avaliar o problema e o im-pacto das acções da UE.

Na última edição de uma série de notas

Observatório Europeu apela a definição de crimessobre políticas de combate às drogas, on-tem publicada, o OEDT, agência da UE deinformação sobre a droga sedeada em Lis-boa, propõe a adopção de quatro categoriasde crimes relacionados com a droga.

Os crimes psicofarmacológicos seriam osdelitos cometidos sob a influência de droga;os crimes económicos compulsivos seriamcometidos com o intuito de obter dinheiropara a droga; e os crimes sistémicos seriama venda, distribuição e consumo, havendoainda uma quarta categoria de “infracçõesà legislação? em matéria de droga.

Segundo o OEDT, actualmente só sãorecolhidos na UE dados de rotina sobre esteúltimo tipo de crime e mesmo essa notifica-ção é feita com base em critérios muito di-

ferentes.O director desta agência, Wolfgang Gotz,

defende por isso que, tal como já se desen-volveram métodos para monitorizar e des-crever outros aspectos do problema da dro-ga, como as mortes relacionadas com a to-xicodependência, é agora necessário criar“instrumentos fiáveis de avaliação da ex-tensão e das tendências da criminalidaderelacionada com a droga”.

“A definição de um quadro conceptualcomum que permita descrever o problema einvestigar a relação entre droga e criminali-dade proporcionar-nos-á a base de que ne-cessitamos para debater este fenómeno com-plexo com confiança no futuro”, afirmou.

Segundo os números existentes, as infrac-

ções à legislação no âmbito da droga au-mentaram na maioria dos Estados-mem-bros entre 2000 e 2005, sendo os casosrelacionados com a cocaína os que maiscresceram.

O Dia Internacional contra o Abuso e oTráfico Ilícito de Drogas, que se assinalouontem, visa sublinhar o carácter internaci-onal do problema da droga e é este anodedicado ao tema “Drogas: quem controlaa sua vida?”.

Sob o lema “A sua vida. A sua comuni-dade. Deixe as drogas de fora”, o dia visaalertar para o impacto das drogas ilícitas,não só para os que as consomem, mas tam-bém para toda a sociedade, pode ler-se nocomunicado do OEDT.

Page 11: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

11DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007COIMBRA

REABRIUCOM EMENTAS ROMANASE DAS TERRAS DE SICÓ

PARA MARCAÇÕES: 969 453 735

Ruína de Conímbriga

e Universidade de Coimbra

precisam de votos

ESCOLHA DAS 7 MARAVILHAS: APROXIMA-SE O DIA 07/07/07

A palestra, uma das áreas das magníficas ruínas romanas de Conímbriga

recentemente recuperada e abrta ao público

A célebre Torre da Universidade, verdadeiro ex libris da cidade de Coimbra, e o balão

que tem servido para promover a iniciativa das 7 Maravilhas

Falta pouco mais de uma semana para

a escolha das novas “7 Maravilhas” do

Mundo” e, simultaneamente, a eleição

das “7 Maravilhas de Portugal”.

Relativamente ao nosso País, de 77

sítios e monumentos inicialmente esco-

lhidos, viriam a ser seleccionados 21, que

têm vindo a ser divulgados por todo o

País, e dos quais sairão 7, os que reuni-

rem maior número de votos dos portu-

gueses que aderirem à iniciativa.

Como se sabe, será no dia 07/07/07 (7

de Julho de 2007) que vão ser divulgados

os resultados, no decorrer de um espectá-

culo a realizar em Portugal (e que os orga-

nizadores consideram como o maior espec-

táculo jamais efectuado no nosso País).

APELO

DE FREITAS DO AMARAL

O Comissário desta iniciativa em Por-

tugal é o Prof. Diogo Freitas do Amaral,

que dirigiu o seguinte convite aos portu-

gueses:

“Convido-o, muito afectuosamente, a

participar de forma activa - através do seu

voto - nestas duas grandes competições

que decorrem em paralelo: a Declaração

das Novas 7 Maravilhas do Mundo, e a

eleição das 7 Maravilhas de Portugal.

O nosso país sente-se muito orgulho-

so por participar no primeiro evento: a

primeira grande votação feita à escala

mundial. E Portugal tem, igualmente,

muito orgulho em dispor de inúmeras

maravilhas (monumentos, castelos, igre-

jas, sítios) para deles poder escolher os

mais bonitos ou de maior significado.

Estas 7 maravilhas mundiais e 7 ma-

ravilhas portuguesas são todas obras de

arte, produtos do espírito humano na sua

expressão mais nobre, trabalho de cen-

tenas de gerações.

Junte-se a nós! Não deixe de votar!”.

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

E RUÍNAS DE CONÍMBRIGA

Como acima se refere, a selecção feita

por especialistas chegou à escolha dos

21 sítios ou monumentos que concorrem

para que, de entre eles, sejam eleitas as

“7 Maravilhas de Portugal”.

No que concerne à Região Centro,

destacamos, entre os finalistas, a Uni-

versidade de Coimbra e as Ruínas Ro-

manas de Conímbriga.

Desnecessário se torna referir a rique-

za histórica e cultural destes dois locais,

tão conhecidos ambos são em todo o País

e no resto do Mundo.

E embora o resultado desta eleição não

altere o valor de cada um dos sítios que

estão a ser votados, a verdade é que a

escolha dos que vierem a reunir mais

votos – e, portanto, passem a ser consi-

derados como as “7 Maravilhas de Por-

tugal” – terá reflexos muito positivos

sobretudo no que concerne ao incremen-

to dos fluxos turísticos e tudo o que ao

turismo está associado.

Daí que seja importante a votação.

VOTAR NÃO CUSTA

E PODE DAR PRÉMIO

E a verdade é que a votar perdem-se

escassos segundos e pode não se gastar

um cêntimo.

Para quem tem acesso à Internet, bas-

ta ir a www.7maravilhas.pt e escolher a

opção VOTAR, seguindo depois as ins-

truções muito simples que ali são dadas

e sem gastar um cêntimo.

Quem preferir telefonar, deverá ligar

os seguintes números:

- Para escolher as Ruínas de Coním-

briga: 760 10 00 77 19

- Para escolher a Universidade de

Coimbra: 760 10 00 77 15.

A votação via telefone custará 60 cên-

timos + IVA.

Também é possível utilizar o telemó-

vel, enviando uma mensagem SMS para

o número 3077, e escrevendo o seguin-

te_

- Para escolher as Ruínas de Coním-

briga: Portugal 19

- Para escolher a Universidade de

Coimbra: Portugal 15.

Este método de votação custará tam-

bém 60 cêntimos + IVA.

Quem votar pode ganhar ingresso no

grandioso espectáculo que vai decorrer

em Lisboa, no Estádio da Luz, e será

transmitido para todo o Mundo.

Antevisão do que será o espectáculo

no Estádio da Luz

Page 12: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

12 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007COIMBRA

Um dos maiores eventos, quedecorre no concelho de Coimbra,está de regresso. A Feira Popularde Coimbra, uma organização daJunta de Freguesia de Santa Clara,apresenta-se este ano com um pro-grama de iniciativas que prometeanimação no decorrer da sua esta-da no Choupalinho.

Para além das habituais diver-

ESTE ANO TAMBÉM PRESENTE NA INTERNET

Feira Popular está de volta a Coimbrasões, das variadas opções para com-pras e dos tradicionais espaços com“comes e bebes”, a organização es-truturou um programa variado, cujosdestaques vão para a Gala de Kick-boxing, logo no dia 29 de Junho, quecontará com um conjunto de 8 com-bates, e para os seguintes espectácu-los: a 30 de Junho, Banda Kabull; a 1de Julho, Rogério Teixeira e Can-Can;

a 2, Tuna e Cantares Populares daEga; a 4, fados e guitarradas “Des-pertar”; a 6, Grupo Etnográfico deCantares da Criança dos Pereiros; a7, Bandarys; a 8, Muzenza, a 10, Ve-lhos Amigos; a 11, AdLibitum, a 12,Grupo de Cantares de Anobra; a13,Funkykids; e, finalmente, a 14 de Ju-lho, encerrando com chave de ouro oprograma de espectáculos, contará

com a actuação da Banda da For-ça Aérea.

Cientes da relevância desta suarealização, a Junta de Freguesia deSanta Clara criou um espaço infor-mativo através da Internet, em

www.jfsantaclara.com/feirapopularonde, comodamente, poderão ace-

der a todas as novidades sobre a FeiraPopular de Coimbra.

Coimbra celebra “Feriado Municipal”

no próximo dia 4 de Julho

DATA DO FALECIMENTO DA RAINHA SANTA ISABEL

Na próxima quarta-feira, dia 4 deJulho, será o “Feriado Muncipal” doconcelho de Coimbra.

A escolha desta data deve-se ao fac-to de ter sido a 4 de Julho que faleceua Rainha Santa Isabel, Padroeira daCidade, e que aqui está sepultada.

A Rainha Santa Isabel era filha doRei de Aragão.

Casou com D. Dinis, Rei de Portu-gal, por procuração, quando tinha ape-nas 12 anos.

Só viria a encontrar-se com o ma-rido a 24 de Junho de 1282, em Tran-coso.

O casal real veio então fixar-se emCoimbra, onde a Rainha Santa Isabelviveu a maior parte da sua vida e ondefez questão de ser sepultada.

Enviuvou em 1325, tornou-se mon-ja de S.ta Clara e morreu em Estre-moz, a 4 de Julho de 1336. Mas a suavontade de ser sepultada em Coimbrafoi cumprida, e hoje o seu túmulo, naIgreja de Santa Clara-a-Nova, é localde peregrinação ao longo de todo oano, num testemunho da devoção queconquistou junto de muitas pessoas quea consideram santa milagreira, e porisso lhe dirigem preces ou lhe vão agra-decer pedidos satisfeitos.

O MILAGRE DAS ROSAS

Os milagres da Rainha Santa são nu-merosos e conhecidos, particularmentea transformação do pão e moedas emrosas.

Diz a lenda que a Rainha Isabel ti-nha por hábito sair, de noite, sem co-nhecimento do marido, para vis daresmolas e alimento aos pobres deCoimbra.

Um dia o Rei, alertado para essefacto que lhe desagradava, terá de-cidido surpreendê-la. Saiu-lhe ao ca-minho, e Isabel, sabendo que a suaactividade de benemerência desagra-dava ao marido, escondeu no regaçoas moedas e o pão que trazia para ospobres. Questionada pelo Rei sobreo que ali levava, Isabel terá dito: “Sãorosas, senhor!”.

E a verdade é que, abrindo o man-to, dele caíram as rosas em que o pãoe as moedas, milagrosamente, se ha-vima transformado.

RAINHA PACIFICADORA

A Rainha Santa teve também umanotável acção diplomática e pacifi-

cadora, tendo evitado pelo menosdois graves conflitos armados.

É padroeira de Coimbra, Sarago-ça e Portugal. Iconograficamente, érepresentada ou vestida de Clarissaou de Rainha. Os seus atributos sãoa coroa e uma abada de rosas emalusão ao conhecido milagre. Foi ca-nonizada em 1625 pelo papa UrbanoVIII.

FERIADO DE COIMBRA

Como já referimos, o concelho deCoimbra celebra o seu feriado muni-cipal a 4 de Julho em honra à sua pa-droeira.

As festa que lhe são dedicadas,contudo, ocorrem apenas de dois emdois anos, nos anos pares.

Quer isto dizer que este ano nãose efectuam as tradicionais procis-sões, embora haja cerimónias reli-giosas.

Para além diso, a Câmara Munici-pal costuma aproveitar este Dia daCidade para distinguir alguns cida-dãos que se destacaram em diversasáreas de actividade.

Uma imagem menos conhecida da

Rainha Santa, que se encontra na Igreja

«Velha» da Venerável Ordem Terceira de

S. Francisco (Porto). A imagem veste o

hábito franciscano, sustém uma braça-

da de rosas e tem uma bengala na mão

direita. A imagem não apresenta coroa,

ou porque nunca a terá tido, ou por esta

ser de prata e só ser colocada em dias

de festa – por razões de segurança.

Page 13: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

13DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007PUBLICIDADE

Page 14: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

14 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007EDUCAÇÃO / ENSINO

Cega obstinação, autoritarismo, ar-

rogância, sobranceria e prepotência,

são marcas indesmentíveis do gover-

no formatado, inspirado e tutelado por

José Sócrates. Sentimentos de olím-

pica altivez infectaram ministros e

seus colaboradores. Garantem que o

governo não conhecerá recuo ou der-

rota, crendo numa impunidade políti-

ca e social que lhe adviria daquela

maioria parlamentar subserviente e

acrítica, construída sobre as expecta-

tivas defraudadas de tantos e tantos

eleitores. Eles julgam-se messiânicos,

seguindo o exemplo altivo do líder…

A ministra da Educação do governo

de Sócrates também não tem jeito para

o confronto de ideias. Desconhece-lhe

por completo as virtudes. Durante a

maior parte do tempo, vive uma espé-

cie de clandestinidade que é o esconso

refúgio para a sua inaptidão para o diá-

logo. Nunca intuiu as vantagens de um

poucochinho de humildade no exercício

das funções que lhe foram atribuídas.

Ignora as vantagens da troca de ideias,

da discussão e da negociação para a

busca de soluções… A ministra é um

paradigma, com alguns parâmetros re-

finados, da postura, da natureza e das

opções do actual governo.

Uma ministra à imagemdo seu governo

João Louceiro *

* Professor,

Dirigente Sindical do SPRC

Vem isto a propósito do recente

acórdão do Tribunal Constitucional

(TC) que considerou inconstitucionais

as normas impulsionadas por Lurdes

Rodrigues que permitiram a repetição

dos exames de Física e Química do

12º ano apenas aos alunos que, no ano

lectivo passado, se apresentaram à

primeira chamada. Segundo o que foi

divulgado na comunicação social, o

TC confirma o que quase todos afir-

maram na altura: a decisão do Minis-

tério da Educação (ME) “contraria o

princípio de segurança jurídica e o

princípio de igualdade de oportunida-

des”. Lembram-se das razões e dos

protestos que a medida suscitou no fi-

nal do ano lectivo passado?!...

A norma forjada pelo ME desenca-

deou justificada discordância por par-

te de alunos, de pais, dos professores,

dos partidos da oposição, de comen-

tadores… Mas Lurdes Rodrigues,

contra tudo e contra todos e, até, con-

tra as gritantes evidências, tratou de

trancar-se na sua torre de inabaláveis

certezas, incapaz de ao menos admi-

tir a ilegalidade e a injustiça da deci-

são. Ninguém esqueceu o patético de-

sempenho na Assembleia da Repúbli-

ca com a ministra, em tom sonso e já

desorientado, a arrostar a sua obsti-

nação contra o que agora acaba por

ser sentenciado pelo TC…

Mas o que ainda consegue obrigar-

nos ao espanto é que, em comentários

suscitados pelo acórdão, a ministra, fa-

çanhuda, sobrepõe a teimosia ao senti-

do de Estado e avisa que, se fosse ago-

ra, insistiria na proeza! Afinal, para Lur-

des Rodrigues, o que é essa coisa do

Tribunal Constitucional, comparado com

a argúcia da figura que tutela o ministé-

rio da Educação ou com os desígnios

messiânicos do governo que integra?

Poderia parecer falta de inteligência,

mas do que se trata é mesmo de uma

arrogância desproporcionada, cada vez

mais incompatível com as normas míni-

mas do funcionamento democrático. E

é neste quadro que, também a partir do

ME, são cada vez mais preocupantes

os sintomas do autoritarismo com que o

governo se protege da diferença e pro-

cura silenciar as críticas.

Ainda vamos ver algum destes go-

vernantes ou dos seus diligentes co-

missários a instaurar um processo dis-

ciplinar ao Tribunal Constitucional.

Afinal, é preciso amar e respeitar ze-

losamente os nossos líderes… Isto é

alguma democracia, ou quê?!

A Linha SOS Professor, em fun-

cionamento desde Setembro, rece-

beu este ano lectivo mais de uma cha-

mada por cada dia de aulas, sendo

que metade dos telefonemas foram

de docentes vítimas de agressão.

Segundo dados divulgados pela

Associação Nacional de Professores

(ANP), que criou esta linha telefó-

nica, nos cerca de 180 dias do ano

lectivo foram recebidos 184 contac-

tos, 46 por cento dos quais de do-

centes a pedir apoio por agressões

verbais e/ou físicas.

Entre 11 de Setembro e 15 de Ju-

nho, a linha recebeu 94 queixas de

agressões, indisciplina e maus rela-

cionamentos, casos que afectaram

aproximadamente um em cada dois

professores que ligaram para o nú-

mero 808.96.2006.

A maior parte dos casos ocorreu

no interior da escola e 40 por cento

verificou-se mesmo dentro da sala de

aulas, sendo que na maioria das si-

“Linha SOS Professor” registou

dezenas de casos de agressãotuações a agressão partiu dos alunos.

As situações relatadas acontece-

ram maioritariamente no primeiro ci-

clo, onde se registaram 30 por cento

das ocorrências, seguido do ensino

secundário (18 por cento) e do ter-

ceiro ciclo (16 por cento).

Lisboa, Porto e Setúbal continuam

a ser os distritos onde se registaram

mais casos, à semelhança do que já

se verificava nos primeiros meses de

actividade da linha telefónica.

Para combater o problema da vio-

lência nos estabelecimentos de ensi-

no, a ANP vai lançar no próximo ano

lectivo, em parceria com a Universi-

dade Lusófona, o projecto “Aprendo

para Vencer”, que será implementa-

do, numa primeira fase, nas escolas

da antiga primária.

A iniciativa prevê a realização de

acções de formação junto dos pro-

fessores, num total de 51 horas, nas

áreas da Mediação de Conflitos, da

Psicologia e da Psicopedagogia.

A linha telefónica, que funciona

com uma equipa constituída por pro-

fessores, psicólogos, juristas e espe-

cialistas em mediação de conflitos,

vai manter-se em funcionamento no

próximo ano lectivo, todos os dias

úteis.

O serviço, promovido em parceria

com a Universidade Lusófona do Por-

to e com a Liberty Seguros, conta

também com um serviço de mensa-

gens, estando ainda disponível um en-

dereço de e-mail

([email protected])

para os docentes poderem expor os

seus casos.

Segundo dados do Observatório

da Segurança Escolar divulgados em

Março no Parlamento, no passado

ano lectivo foram contabilizadas 390

agressões a professores nas esco-

las e arredores, o que dá uma média

diária superior a dois casos, tendo

em conta que há 180 dias de aulas

por ano.

Page 15: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

15DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007VIAGENS

Varela Pècurto

Quem decidir visitar o norte da Eu-ropa é indispensável ir à Suécia. Di-rei até obrigatório.

Mesmo em breve estadia se cons-tatará que tudo bate certo neste país.

Com população semelhante à dePortugal, há gente a menos para o seuterritório. Ainda assim, tem o mais

elevado nível de vida na Europa gra-ças à sua carga fiscal, que é a maiselevada do mundo.

O que é hoje o seu território já es-tava ocupado no neolítico. Os len-dários Vikings foram pioneiros noscontactos com os povos ocidentaise chegaram até Bizâncio. O recuodas geleiras deu origem a um litoralbastante recortado. O clima é ame-no no sul mas rigoroso a norte. Aposição geográfica da Suécia sub-mete-a a condições muito diferen-tes das nossas, condicionando a vidados suecos ao longo das estações doano. No solstício de Inverno, o sultem 6 horas de luz em cada dia, anorte pouco mais de 3 e na zona ár-tica a iluminação pública mantém-seligada sem interrupção durante osmeses de Inverno.

Não tem petróleo nem carvão, mastem ferro e vastos recursos hidro-eléctricos.

Para além de Alfred Nobel, quemdesconhece as marcas Volvo, Saab,Scânia Vabis e as máquinas de cos-tura Husqvarna?

Tem ainda construção naval, aero-náutica, gado leiteiro e 250 mil renas,carne que me deliciou.

A Suécia conseguiu o milagre dacoexistência entre a indústria e abeleza selvagem dos seus milhentoslagos e das florestas que cobremmais de metade do território. Planta-se sempre mais do que se abate, o

Vida morte e ressurreição do Vasa

que possibilita indústrias derivadas damadeira – pasta, papel, fósforos.

Referir a sua história ocupariaaqui demasiado espaço. Os godosforam subjugados. Lutou-e no séculoXII. Depois com a monarquia vie-ram mais lutas. Dinamarca, Suéciae Noruega formaram a Confedera-ção Escandinava. Em 1814 ficou sóa Suécia com a Noruega, mas estalibertou-se em 1905.

Estocolmo, a capital, ergue-se em

penínsulas e 20 ilhas. Vem do sécu-lo XIII.

Numa dessas ilhas – a Djugarden– está o mais popular museu da Es-candinávia. Sem deixar de visitar ou-tros pontos de interesse também meentusiasmei com este navio, hoje as-

sente num bloco de cimento e encer-rado num “casulo” de alumínio que éo Museu.

Foi o rei Gustava Adolfo que or-denou a construção do barco. Erauma época de guerras navais mesmocom navios construídos sem as regrasde hoje. Mas o rei desejava-o pode-roso: comprimento 60 metros; o gran-de mastro tinha 50 metros de altura;

armamento pesado 58 canhões e li-geiros de abordagem, 16. Para a épo-ca era notável.

Trabalhou-se na sua construção de1626 a 1628.

Aparelhado, em 10 de Agosto de1628 fez a sua viagem inaugural, queseria curta. Enquanto protegido dosventos foi navegando. Saído destazona, as velas enfunaram e desequi-libraram o navio. À segunda investi-da do vento não recuperou e afun-dou-se. Tinha nevegado 300 metros.

Os recursos técnicos desse temponão permitiram a sua recuperação. Sóem 1663 Hans Albrekt von Treileben,recorrendo a um saco de mergulha-dor, recuperou a maioria dos canhões.Mais tarde o engenheiro Frazen e omergulhador Falting descobriram o

navio a 33 metros de profundidade,enterrado numa espessa camada delodo. Mergulhadores da Marinha su-eca colocaram 6 recipientes ocos sobo casco e conseguiram trazê-lo paraa cota dos 15 metros. Recuperaram-se então numerosos objectos, a mai-oria dos quais está exposta no Mu-seu. Em Agosto de 1959, suspensopor cabos e em fases sucessivas e

lentas foi totalmente içado e, ampa-rado por outras embarcações, fun-deou em águas rasas (24 de Abril de1961).

Hoje os seus mastros são vistos do

exterior do Museu, mais altos que otelhado, ultrapassando os 7 andaresdo edifício.

Foi estudado o processo de o con-servar fora de água. Por isso a ilu-minação é fraca, o ambiente é húmi-do, controlado e não se pode entrarno navio. No entanto, no 5.º andar háuma cópia do convés de baterias su-perior. Sem fins comerciais pode-sefotografar ou gravar vídeo. Existeuma loja onde se podem adquirir có-pias de objectos recuperados do na-vio, postais, livros e catálogos sobreo Vasa. Projectam-se slides e filmeslegendados em inglês. As visitas gui-adas normais são em sueco, inglês,francês e alemão, mas podem solici-tar-se outras línguas.

O Museu fecha 5 dias por ano, emdatas festivas.

Para além da eficiência reinante,o tema, centrado na efémera vidaque este barco de guerra teve e ago-ra ressuscitada, tornaram este Mu-seu um popular polo de atracção.

A talha na proa é uma admirávelobra de escultura mas numa constru-ção naval errada. Prova-se, no en-tanto, que nem em navios destinadosao combate eram, à época, dispen-sáveis estas manifestações de arte.

Graças à técnica e a trabalho es-forçado podemos hoje apreciar estarelíquia.

Ao contemplá-lo, lembrei-me dasnossas caravelas perdidas em maresnunca dantes navegados, jamais re-cuperadas e tantas delas com verda-deiros tesoiros a bordo. Certamentemenos belas do que o Vasa, sabe-selá quantas carregavam ouro, prata,pedras preciosas e as especiarias quedestronaram Veneza.

Foto Vasa

Page 16: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

16 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007SAÚDE

Polybio Serrae Silva

(TERCEIRA E ÚLTIMA PARTE)

(Concluímos hoje a reprodução deuma série de conselhos da autoria

de Polybio Serra e Silva - Professorjubilado da Faculdade de Medicina

da Universidade de Coimbra ePresidente do Núcleo Regional

do Centro da FundaçãoPortuguesa de Cardiologia)

Page 17: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

17DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 SAÚDE

Massano

Cardoso

“Raminho de alecrim”…

Uma doente minha, de idade, verda-deiro símbolo da simplicidade humana,entrou no consultório empunhando o len-ço com o qual limpa a saliva, que perma-nentemente escorre de uma boca des-dentada, e a chorar. É comum entrarassim. Habitualmente vem acompanha-da do filho, também ele um simplório araiar a idiotia, que a mãe carinhosamen-te reconhece. “Nasceu assim”! Diz, voltae não volta.

As queixas e a profunda tristeza são,invariavelmente, devidas ao marido que,desde que a catrapiscou, foi sempre umtorturador. Levou-a para Angola, fez-lheos filhos, chegando a dizer que não eramdele, mas sim dos pretos, “como se issofosse possível, porque eram brancos”justificava. A violência com que foi pre-senteada ao longo da sua existência éindescritível. Mesmo agora, o marido di-vidiu a casa, proibindo-a de entrar na suaparte, cortando sempre que lhe apetecea água e a luz, além de ameaças de mor-te a ambos, mãe e filho. Pensei que des-

ta vez tivesse ocorrido mais uma do esti-lo. Mas não. Agora foi pior. Reparei quevinha de preto e que não trazia na outramão, com a qual empunhava a bengala,o tradicional raminho de alecrim.

Há muitos anos fiz-lhe uma pequenaobservação sobre o ramito e explicou-me que era para dar cheiro.

– Quer ver Sr. Doutor? É assim!Esfregou o ramo entre as mãos, pas-

sando-as depois pelo pescoço e cara. Aodar esta explicação, com uma voz muitofina e difícil de entender, agravada pelafalta de dentes, riu-se muito envergonha-da. Uma das raras vezes que a vi sorrir.A partir de então, quando abandonava aconsulta, deixava em cima da secretáriaum raminho de alecrim!

De preto, a chorar, sem o alecrim esem o filho, perguntei o que se tinha pas-sado. Demorei um pouco a perceber queo filho tinha falecido há três semanas.

– Morreu?! Mas como?Explicou-me que o filho tinha entrado

na cozinha e que caiu. Foi ver o que sepassava e ao tentar levantá-lo viu quenão bulia. Estava morto.

– Foi do coração não foi Sr. Doutor?

– Deve ter sido, claro. Mas ele anda-va doente?

– Não! Andava bem!Quando vinha com a mãe à consul-

ta, sentava-se, permanecendo caladodurante todo o tempo. Muitas vezestive que o interpelar, porque o seu si-lêncio era confrangedor. Consegui re-tirar meia dúzia de frases! No entanto,ajudava a mãe mesmo com as suas li-mitações. O pai maltratava-o constan-temente, ameaçando de múltiplas ma-neiras. A mãe dizia que o seu filhinhosofria muito com o comportamento dopai, desde que nasceu há 53 anos. Ain-da antes de morrer o ameaçou de mor-te, porque lhe atribuía o desvio da águado depósito durante a noite.

Sempre num tom desolador ouvi aten-tamente o seu relato e queixas.

Já lá tinha um no cemitério. Este é osegundo. O primeiro morreu de cancrodo estômago aos 26 anos e drogava-se.

– Nessa altura quis que eu fugisse paraa África do Sul por causa do pai. Masviemos na onda dos retornados.

Perguntei-lhe se o pai foi ao funeral.Disse que sim, mas não devia ter ido.

– Sabe o que ele me disse ontem?Que afinal não é o filho que desvia aágua do depósito, porque estava mor-to! Sabe, ele esquece-se de ligar o bo-tão do motor do poço!

A conversa foi-se desenrolando,sempre ao redor de muitas cenas eacontecimentos desagradáveis, atéque se foi embora. Ajudei-a a desceras escadas, convicto de que muito pro-vavelmente não terei mais acesso aoraminho de alecrim que, discretamen-te, “esquecia” em cima da minha se-cretária.

Diz o povo que cada um sabe de sie que Deus sabe de todos. Pode serque seja, o que é certo é que eu tam-bém sei de alguns...

A Autoridade de Segurança Ali-mentar e Económica (ASAE) acabade chamar a atenção para o cuidadoa ter com os alimentos perecíveis de-vido ao Verão, considerada a “épocaalta” para as infecções alimentares.

“Os alimentos são estragados porbactérias, que se multiplicam com astemperaturas elevadas”, pondo em ris-co a saúde dos consumidores, expli-cou Alexandra Veiga, técnica da Di-recção de Avaliação e Comunicaçãode Riscos da ASAE.

Os alimentos mais vulneráveis, ouseja aqueles que precisam de serguardados no frio, são as natas, o fi-ambre, a maionese, os ovos, a carneou o peixe.

Alexandra Veiga advertiu para anecessidade de evitar manter estes ali-mentos entre os 5 e os 60 graus (zonade risco), por se tratar de um interva-lo de temperatura favorável à multi-plicação das bactérias nos alimentosperecíveis.

Como truque para evitar o risco dedesenvolvimento de bactérias nos ali-mentos, esta técnica sugeriu a colo-cação da comida na mesa o mais pró-ximo possível da hora a que vai seringerida, evitando que os alimentosque devem estar no frio ou em tem-peraturas muito elevadas permaneçam

ASAE alerta para “época alta”das infecções alimentares

tempo a mais na zona de risco.Esta advertência surgiu num semi-

nário organizado na passada semanaem Lisboa pela ASAE sobre a “Ava-liação dos Riscos na Cadeia Alimen-tar”.

As infecções alimentares em tem-po de Verão são uma preocupação daASAE, que este ano vai desencadearacções de inspecção nos apoios depraia, nomeadamente restaurantes oucafetarias, disse o Inspector-Geral daASAE, António Nunes.

No seminário, foi também aborda-da a participação da ASAE na cria-ção, a nível europeu, de uma “plata-forma de risco emergente”, que pre-tende tentar prevenir eventuais riscosalimentares.

A Base de Dados de SuplementosAlimentares, nomeadamente comple-xos vitamínicos, ácidos gordos, óme-ga 3 ou preparados à base de ervas,foi outro tema abordado.

Paulo Fernandes, da ASAE, expli-cou que a base de dados, que só seráutilizada pela Autoridade de Seguran-ça Alimentar e Económica, está já aser utilizada, embora ainda esteja a sercarregada.

A base de dados permite, nomea-damente fazer uma avaliação de ris-co dos produtos e fiscalizá-los.

Ómega 3 para diminuirrisco de “tromboses”

Os triglicéridos formam a maior partedas gorduras alimentares que ingerimose são indispensáveis para um normal fun-cionamento do organismo. Em excesso,os triglicéridos constituem um dos prin-cipais factores de risco para as doençascardiovasculares.

A população em geral, e até os profissi-onais de saúde, estão mais conscienciali-zados a preocupar-se com os níveis de co-lesterol. No entanto, conforme refere Fre-derico Teixeira, “existe outra gordura – ostriglicéridos – que circula no sangue queem níveis elevados é prejudicial à saúde ecujas consequências são extremamentegravosas”.

Os hábitos alimentares saudáveis sãobenéficos para o controlo tanto do coleste-rol, como dos triglicéridos, da diabetes ou deoutras desordens lipídicas. A verdade é que,segundo os especialistas, uma vez instaladoo problema deve iniciar-se uma terapêuticamedicamentosa.

E nesta matéria há que falar de substân-cias diferentes. “Se tanto o colesterol comoos triglicéridos estão alterados, então vão sernecessárias associações quer de fibratos ouestatinas com os ómega 3 medicamento. Seo indivíduo tem apenas triglicéridos deveoptar pelos ómega 3, os mais eficazes nes-sa área”, explica Frederico Teixeira.

O profissional de saúde alerta que a ali-mentação e os alimentos ricos em ómega 3,

como alguns peixes, é muito importante, noentanto não é correcto passar a mensagemà população que para evitar as consequên-cias dos triglicéridos basta comer peixe gor-do que isso faz bem ao coração.

“É importante e necessário fazer refei-ções com estes alimentos e em matéria deprevenção pode ser suficiente. O que sabe-mos ao certo é que a terapêutica farmaco-lógica com ómega 3 vai corrigir os triglicéri-dos”, diz Frederico Teixeira, acrescendo queos ácidos gordos polinsaturados têm efeitosbenéficos em diversas áreas.

“Diminuem o risco de trombose, porquereduz a agregação plaquetária; para alémdisso tem uma função arritmogénea, ou seja,os doentes que já têm lesão cardíaca oucoronária têm vantagem em prevenir as ar-ritmias”, refere o especialista.

É consensual entre os profissionais desaúde que “a vantagem dos ómega 3 medi-camento em relação a outros fármacos é,não só a sua eficácia, mas a sua segurança,pois os únicos efeitos secundários referidosforam digestivos de fácil identificação porparte do doente”.

Na opinião de Frederico Teixeira, e emjeito de conclusão, o especialista refere quehaverá apenas alguma dúvida em relação àdose a utilizar. “Para baixar os triglicéridosé necessário a toma de mais de uma cápsu-la por dia, apenas em situações preventivasa toma única diária é benéfica”.

Page 18: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

18 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007A PÁGINA DO MÁRIOwww.apaginadomario.blogspot.com

[email protected]

Mário Martins

RECORTES DO DIA

QUEREM FECHARA DELEGAÇÃO DA LUSA?

Leio no “Diário de Coimbra” e nãoquero acreditar: ao que parece, a agên-cia noticiosa Lusa vai encerrar a dele-gação em Coimbra.

Leio e não acredito!PS – Prossegue a política de “calar”

o país real. O poder quer ser a única voz.Já escrevi há muito sobre o crime quefoi o silenciamento da RDP Centro. Atelevisão pública é aquilo que se sabequanto à cobertura da vida local. Agora(não quero acreditar!) pré-anuncia-se ofecho da delegação da agência noticio-sa. E tudo isto (pasme-se!) perante o si-lêncio da esmagadora maioria dos pode-res locais, que preferem “assobiar parao lado”!!! Cada vez me sinto menos re-presentado. (Honra seja feita à Câma-

ra Municipal de Miranda do Corvo,

que já se manifestou contra o encer-

ramento.)

(publicado no blogue em 23 de Junho)

CAMPEÕES!O André e o Bruno, que já jogaram na

“minha equipa”, sagraram-se hoje cam-peões nacionais.

A equipa de juvenis do Sporting foi aGuimarães vencer por 3-0. O André (queesteve na jogada do 1.º golo) e o Brunoforam titulares.

Ambos estão há três anos na Acade-mia do Sporting, em Alcochete.

Os pais e os irmãos vivem em Coimbra.(publicado em 24 de Junho)

31.º DIAAo 31.º dia voltei a comprar um jornal.Foi o “Público”.

(publicado em 24 de Junho)

POBRE PAÍS...Erro na prova de Física e Química

A leva ministério a anular pergunta -

Aconteceu ontem, nos exames nacionais.Hoje, no “Público”, “Carlos Fiolhais,

físico e professor da Universidade de

Coimbra, lamenta a situação e consi-

dera que ‘nos exames um só erro é

inadmissível uma vez que eles devem

ser preparados com o maior cuidado’.

Acrescenta que a tutela deveria ter

pedido desculpa pela falha e garantir

que vai ‘apurar responsabilidades’”.

Estou de acordo com Carlos Fiolhais.Não percebo como é possível que, todos

os anos, se sucedam os erros nos enuncia-dos dos exames, que é suposto serem ela-borados com muita antecedência e por gen-te competente.

Depois, pouco importa que o Ministérioatribua a todos os alunos a cotação dessasperguntas; o mal já está feito.

Hoje em dia, os alunos têm de ir a examepreparados quanto à matéria e preparadospara encontrar os erros nos enunciados. Éum verdadeiro “jogo do gato e do rato”, quenão dignifica ninguém - nem o país.

Pobre Portugal! Ao estado a que istochegou...

(publicado em 23 de Junho)

ARGUIDO!José Sócrates apresentou queixa-

crime contra bloguer – José Sócratesapresentou uma queixa-crime contra obloguer António Balbino Caldeira devidoao conjunto de textos que este professorde Alcobaça escreveu sobre a sua licen-ciatura em Engenharia Civil na Univer-sidade Independente (UnI), apurou oExpresso junto de fonte próxima do pro-cesso. Está assim explicado o facto de oautor do blogue “Do Portugal profundo”ser ouvido no mesmo dia no Departa-mento Central de Investigação e AcçãoPenal (DCIAP) de manhã como argui-do e à tarde como testemunha.

Esta dupla condição resulta do factode o DCIAP estar a conduzir dois pro-cessos sobre a licenciatura do primeiro-ministro na UnI: um que teve origemnuma participação feita pelo advogadoJosé Maria Martins, que levantou sus-peitas sobre a passagem de Sócrates pelaUnI, e no qual o bloguer será ouvidocomo testemunha, e um segundo que foiaberto após a queixa-crime do primeiro-ministro contra António Balbino Caldei-ra. Ambos os inquéritos estão a correrparalelamente.

Contactado pelo Expresso, AntónioBalbino Caldeira não quis prestar qual-quer declaração. O gabinete do primei-ro-ministro não confirmou a apresenta-ção de uma queixa-crime. No último“post” colocado no blogue sobre a suacondição de arguido, António BalbinoCaldeira escreve: “O sistema persegue

politicamente os seus opositores por

estes pretenderem exercer os seus di-

reitos de cidadania. Mas só sobrevive

com a complacência dos órgãos do

Estado e a resignação popular”. (in“Expresso on-line”)

(publicado em 20 de Junho)

O AEROPORTO DE LISBOAUm dos meus sonhos de menino nascido

na Baixa coimbrã era (continua a ser!) o deconhecer Mundo.

Desde tão novo que não me lembro quan-do, recusei-me sempre a reduzir o “espaçovital” à zona em redor da Rua das Padeiras,entre o Arnado e o Romal, a Praça 8 de Maio,a Portagem e a beira-rio. Com umas salta-das ao Zagalho e a Friúmes, e duas semanaspor ano no Casal da Areia (Buarcos).

VIAGENSTive sorte – comecei a viajar cedo. Pri-

meiro, com o grupo de teatro do Liceu D.João III, com espectáculos todos os anosna zona de Vigo; e em espanhol. Aprendi alíngua e ganhei o gosto. Depois disso, duasgrandes viagens: à Madeira (15 dias) e aAngola (45 dias), em resultado de concur-sos promovidos no liceu.

A primeira deslocação paga pelos meuspais e por mim (com o dinheiro dos traba-lhos que ia fazendo) foi a viagem de finalis-tas, em Março de 1974, a Andorra, quandoa DGS riscou um nome na folha chamadade “passaporte colectivo” – e o Sérgio (queDeus o tenha em descanso) viu-se obriga-do mesmo a ficar em Coimbra.

Vieram depois as viagens a propósito dearbitrar jogos (uma dúzia, todas à Madeira),as reportagens no estrangeiro e aquela queconsidero “a viagem da minha vida”, a con-vite da União dos Jornalistas Católicos: cin-co semanas, de Berlim a Kiev, poucos anosdepois da queda do Muro.

E outras, com a família, até à fronteiracom a ex-Jugoslávia, onde ficou o quase-novo Rover, no fundo de uma latada.

Nos últimos anos, o facto de trabalharnuma revista com ligações a Itália e da mi-nha filha ter estado a estudar no estrangeiroobrigaram a maior número de viagens. E o“Mundial” de futebol de 2006 também mefez viajar até à Alemanha. Infelizmente, nãoregressei a Berlim, embora tivesse bilhetepara a final... se Portugal lá chegasse.

Optando por viajar ao menor custo possí-vel, tenho utilizado frequentemente os servi-ços de companhias “low cost”, que por nor-ma utilizam aeroportos secundários. Foi as-sim que já aterrei em Beauvais (Paris), Stans-ted e Luton (ambos nos arredores de Lon-dres), em Veneza, Milão (Linate), Génova,Pisa, Roma (Ciampino) e Bolonha. Mas tam-bém viajei para os grandes aeroportos deMilão (Malpensa), de Roma (Fiumicino), deBruxelas e de Londres (Gatwick).

O NOVO AEROPORTONão sou técnico, nem o assunto do novo

aeroporto de Lisboa me interessa especi-almente. Vou assistindo ao processo comum sorriso...

Mas há muito que tenho uma ideia: o queinteressa à Região Centro é abertura da basemilitar de Monte Real à aviação civil. Isso,sim, é que favoreceria o desenvolvimentosócio-económico.

Quanto ao novo aeroporto de Lisboa serconstruído em Alcochete ou na Ota, poucadiferença me fará. Até porque, ultimamen-te, tenho optado por viajar do Porto (aero-porto Francisco Sá Carneiro), dada a proxi-midade e a facilidade de acesso por estradaou por comboio/metro. E o aeroporto estáum luxo!

E tenho outra certeza: o aeroporto da Por-tela não deve ser desactivado. É isso quetenho visto por toda a Europa.

AEROPORTOS NA EUROPASó para se ter uma ideia, apresento as

distâncias a que se encontram do centro dacidade os aeroportos das capitais europeiasmais próximas (juntando-lhe os de Milão).

Madrid – Barajas: 12 kmParis – Orly: 14 kmParis – Charles de Gaulle: 23 kmParis – Beauvais: 88 kmLondres – Heathrow: 28 kmLondres – Gatwick: 47 kmLondres – Stansted: 58 kmLondres – Luton: 51 KmRoma – Fiumicino (Leonardo Da Vinci):

32 kmRoma – Ciampino: 15 kmMilão – Malpensa: 45 kmMilão – Linate: 7 kmMilão (Orio Al Serio - Bérgamo): 45 km

(5 km de Bérgamo)Bruxelas: 15 kmOu seja: onde foram construídos novos

aeroportos, os antigos não foram destruí-dos e continuam a funcionar. As excep-ções são Madrid e Bruxelas, porque só têmum aeroporto – que está praticamente den-tro da cidade.

Aqui fica o meu modesto contributo paraa polémica em curso.

Tenho uma sensação: se aqueles que de-cidem viajassem mais na Ryanair, na Easyjet,na Virgin ou mesmo na Portugália... eramcapazes de encontrar mais rapidamente asolução para o problema. A melhor solução.

(publicado em 19 de Junho)

(publicado no dia 22 de Junho)

Page 19: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

19DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 REPORTAGEM

José Soares

[email protected]

16ª FEIRA MEDIEVAL DE COIMBRA

Viajar na máquina do tempo

Mais uma vez, a Sé Velha acolheu

a Feira Medieval de Coimbra, que de-

correu no passado dia 9 de Junho.

Quem visitou este emblemático espa-

ço de Coimbra, cheio de tradições,

teve a oportunidade de fazer uma au-

têntica viagem no tempo.

Está é a 16ª edição da Feira Medi-

eval, que foi organizada pelo Inatel,

Câmara Municipal de Coimbra e As-

sociação para o Desenvolvimento e

Defesa da Alta de Coimbra. Com

mais de 500 personagens (vendedo-

res, pedintes, bruxas, mágicos, saltim-

bancos, barbeiros, artesãos, etc.) e

milhares de visitantes que não arre-

daram pé, a organização só pode es-

tar satisfeita pelos resultados alcan-

çados. Estima-se que tenham visita-

do a Feira, cerca de 30 mil pessoas.

Nas muitas tendas que enchiam por

completo a Sé Velha, eram comerci-

alizados os mais variados produtos:

pão, enchidos, vinho, mel, carne, aves,

sardinhas, doces e muita variedade de

frutas e hortaliças. Quando a hora pe-

dia o almoço, a dificuldade era esco-

lher um dos “restaurantes” medievais

à disposição dos muitos visitantes.

Houve vários pontos altos, mas se-

guramente que para os mais novos e

para as crianças, esse momento foi

atribuído aos saltimbancos. Seguros

nas artes acrobáticas, deliciaram os

visitantes num espaço improvisado em

cima da calçada, protegendo os cor-

pos com simples colchões.

Foram muitas as figuras, mas o

mendigo e profeta “Basilius” atraiu a

maior parte das atenções. Miúdos e

graúdos ficaram impressionados com

aquela sofrida criatura. Actor há qua-

se 50 anos, Joaquim Basílio criou esta

figura há 15 anos e leva o seu papel

tão a sério, que nem para comer des-

pe a personagem, almoçando qualquer

coisa que lhe dão, sentado na dura cal-

çada, tal como os mendigos da épo-

ca. Com a ajuda das próprias chagas,

o mendigo “Basilius” conseguiu ame-

alhar 265 euros em esmolas, que re-

partiu na totalidade pela Casa dos

Pobres de Coimbra e o Colégio de S.

Caetano. No ano passado o peditório

rendeu 1800 euros. Até os dadores de

esmolas estão em crise.

Uma leitura atenta aos pormenores,

realça o rigor das personagens que

participaram nesta 16ª edição, quer

nos diálogos, quer no vestuário. Se-

guramente que há muitos elementos

da organização com essa preocupa-

ção. Mas, há uma figura incontorná-

vel em todo este trabalhoso evento:

chama-se João Fernandes e é, há 23

anos, o Delegado Regional do Inatel.

Quase a fazer 78 anos, esta figura da

cultura de Coimbra, foi assim classi-

ficado num jornal da cidade por Au-

gusto Alfaiate, da Associação para o

Desenvolvimento e Defesa da Alta de

Coimbra: “João Fernandes é, neste

momento, o maior operador cultural da

cidade de Coimbra”.

O actor Joaquim Basílio continua a impressionar os visitantes

com a figura do mendigo “Basilius”

Estima-se que tenham visitado a feira cerca de 30 mil pessoas

Os saltimbancos foram uma atracção para miudos e graúdos

Page 20: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

20 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007ASTROLOGIA

Jorge Côrte Real *

* Jurista

Vénus

Vénus é o segundo planeta do sistemasolar. É o astro cuja radiação solar nelereflectida, parece influenciar o sentimentoque as pessoas mais gostam – o Amor;

ele traduz e influencia a forma comoamamos e como pretendemos seramados. Não é apenas o amor vul-gar das paixões novelescas, mas oamor puro, o do dar porque gosta-mos de o fazer, sem estar à esperade receber algo. Se damos esperan-do retribuição, estamos a negociar,não a amar. Os antigos representa-vam o amor com deusas cujos no-mes variavam: Vénus, Afrodite,Freia, etc. A palavra-chave para Vé-nus no Horóscopo é “Eu amo”.

É pela influência de Vénus que somoscapazes de amar, de nos ligarmos a alguémpelo coração, mas também à Natureza, àsobras, coisas e animais.

O amor não tem fronteiras nem limites,é considerado o sentimento mais nobre daespécie humana. Por amor somos capa-zes de dar tudo. Até a nossa vida.

Da posição de Vénus na carta astro-lógica, resulta a forma como a pessoaama e como interpreta e recepciona oamor que recebe.

Quando bem aspectado, 60º ou 120º aastros benéficos, estamos perante alguémque ama o mundo e a vida. Generosa, sem-pre disposta a ajudar, caridosa, simples ebem intencionada.

Quando mal aspectado, o sujeito ten-derá a ser forreta, invejoso, ciumento,orgulhoso, complexado, desconfiado e

ganancioso.Dissemos que tenderá a ser e não que o

seja inevitavelmente. Porquanto, desdecedo na sua vida, o indivíduo com estascaracterísticas reconhece que não vive bemem sociedades com as suas tensões inter-nas e muito rapidamente começará a pro-ceder a correcções com o objectivo de in-

verter o processo. Se o conseguir, será tãobom ou mesmo melhor que os aparente-mente mais favorecidos, porque dispõe deexperiência que lhe permite melhor com-preender as limitações alheias.

Rege os indivíduos nascidos sob os sig-nos de Touro e da Balança, e correspon-dentemente as 2ª e 7ª casas do horósco-po natural. A segunda casa relacionadacom os ganhos através do trabalho pes-soal e a aquisição de bens materiais; e asétima com o “eu” e os “outros”, os par-ceiros no casamento, nas sociedades e nasociedade em geral.

O dia da semana é a sexta-feira. Influ-encia as crianças dos 7 aos 14 anos, perío-do etário em que estas começam a intera-gir com o Mundo pelo amor. Um desgostode amor nesta altura marcará o indivíduopara toda a vida. Cautela pois com as pu-nições, sobretudo com aquelas que sejamsusceptíveis de ser conotadas directa ouindirectamente com a ideia de “já não gos-to de ti”. V.g. Proibir algo que sempre lhefoi permitido.

O amor é expresso pela fala, pela escri-ta, pelo olhar, pelos gestos, e até pelas re-preensões e chamadas de atenção: “Con-trario-te, para teu bem, porque te amo”.

Curiosidades estatísticas de Vénus:Vénus em Aires, demonstrativo no amor.

Em Touro, constante e fiel. Em Gémeos,inconstante. Em Câncer, sensível. Em

Leão, romântico. Em Virgem exigente nademonstração. Em Balança, equilibrado.Escorpião, intenso. Sagitário, objectivo ide-alista. Em Capricórnio, dedicado. Em Aqu-ário, desprendido. Em Peixes, gentil e com-preensivo

Vénus é, para muitos autores, uma dá-diva de amor.

Com bom relacionamento com Neptu-no, sua oitava superior, e com Mercúrio,teremos o romancista potencial. Se malaspectado, terá o indivíduo tendência paraser vaidoso, beberrão, drogado, exagera-do. Sublinhe-se, no entanto, que os mausaspectos de Vénus são os mais inofensi-vos, comparados com os de outros astros,traduzindo-se quase sempre por algumapreguiça ou inacção nos domínios em quese encontra envolvida.

Vénus, conjunto com o Sol ou com oAscendente, dará tendencialmente origema pessoas excepcionalmente boas, carinho-sas, afáveis e tolerantes, amantes da paz eda harmonia. No domínio físico, confereainda ao seu detentor uma beleza grácil,fora do comum.

No domínio esotérico, está relacionadocom a perfeição. Com o número “pi”(3,1415926), a esfera e com o número re-presentativo da beleza, o “fi”, de Fídias, queo aplicou largamente. Este número é o1,618033, o número da beleza. Apelidado

de “Divina Proporção”, ou “Número Áu-reo” por Leonardo da Vinci, que o aplicouna obra “O homem de Vitrúvio”, como sím-bolo de um corpo proporcionalmente har-monioso. Colocando a ponta de um com-passo no umbigo, os dedos das mãos e dospés, estendidos, deverão tocar na circun-ferência descrita, na qual também se pode

inscrever um quadrado. Se dividirmos olado do quadrado, a altura da figura, peloraio da circunferência, obteremos o nú-mero áureo. A relação largura – altura

segundo esta proporção equilibrada ebela, está presente também no rosto deGioconda, na fachada do Parténon, naformação das conchas (espiral da har-monia), nos cartões de crédito, nos qua-dros mais belos, etc.

Vénus é afeição, os metais o cobre eo latão, as jóias de esmeralda e safira.

Dia da semana a sexta-feira, Ven-dredi, e Venerdi, derivados de Vénus,Friday (derivado de Friga, esposa deOdin) e Freitag, derivado da deusaFreia, a deusa das flores e da alegria.

Abraço, e até breve com o planetaMarte.

Pormenor do “Nascimento de Vénus”

de Botticelli

“O homem de Vitrúvio” de Leonardo da Vinci

Imagem do planeta Vénus captada pela sonda Magella

Page 21: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

21DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 OPINIÃO

Renato Ávila

João PauloSimões

FILATELICAMENTE

A perversidade de um SMS

O afastamento de um professor, hávinte anos em funções de chefia naDirecção Regional de Educação doNorte, acusado de, em privado, terfeito chacota acerca da licenciaturado Primeiro Ministro, tem sido motivode ruidosa campanha de acusações.

Esperar-se-ia maior sisudez e con-tenção. Maior seriedade. Especial-mente por parte das instâncias supe-riores.

Tal não aconteceu e o problemaestá na praça pública como bandeirade rigor e eficácia de uns e persegui-ção de outros.

Tudo não teria passado de um ordi-nário, ainda que discutível, procedi-mento administrativo se, na sua géne-se, não estivesse um indecoroso actode delação e respectivo acolhimentopela entidade hierárquica.

Foi a Directora Regional que o con-firmou na recente entrevista dada aconhecido matutino.

Ora, o aparecimento dum SMS notelemóvel de qualquer cidadão suben-tende a existência duma relação deproximidade pessoal ou institucionalou duma intrusão, positiva ou hostil.

Uma mensagem delatora implica,

por si mesma, uma intrusão ou umaresposta oficiosa a um pedido ou auma ordem.

Tratando-se duma intrusão, muitomal andará quem lhe der crédito. Evem-nos à memória a célebre pará-bola das Três Peneiras, dos nossostempos de menino. Se tiver sido res-posta a um pedido ou a uma ordem,transparece uma intenção de devassapersecutória de condenável baixeza.

Quando tal procedimento se revelapor parte dum superior hierárquico, es-pecialmente se investido de poderesde decisão quanto à carreira e ao fu-turo do subordinado, e deles aquele seserve num quadro de prepotência gra-tuita atentatória da sua dignidade pes-soal e profissional, está-se em presen-ça dum abuso de poder lesivo da li-berdade individual do visado e dumdireito de expressão constitucional-mente consagrado.

O caso DREN, a ter de existir, po-dia e devia constituir um normal pro-cesso judicial no qual o acusador te-ria de dar a cara e apresentar provassérias, concretas e ajustadas e não seficar pela autocracia prepotente da hi-erarquia, da qual o auto acusatório, la-vrado pelo inspector-inquisidor, é umbelíssimo e degradante exemplo. In-seguro pela ligeireza e o ridículo domotivo invocado, entra em genéricas

abstracções para tentar a fundamen-tação dum encomendado libelo.

Todavia, no nosso modesto enten-der, a questão é muito mais grave:

Do currículo da Directora Regionalconsta que foi membro, com respon-sabilidades, da Juventude Socialista edirigente da FENPROF.

Será que a JS e quejandos de outrospartidos produzem regularmente gen-te mentalizada para a delação e a per-secução como moeda para se guinda-rem e permanecerem nos “poleiros”?

Será que as organizações sindicais,na sua pureza e generosidade de prin-cípios, conseguem inserir em seu seiogente disposta a perseguir, a sanearos seus camaradas?

Em que medida a hierarquia, até aomais alto nível, admite ou, porventu-ra, patrocina ou é conivente, este tipode comportamento das chefias?

É sintomática e preocupante a ati-tude até agora demonstrada por essamesma hierarquia, quer a nível oficial,quer a nível partidário.

O Primeiro Ministro e SecretárioGeral do partido apenas conhece ocaso através da comunicação sociale debita a mais comezinha doutrina.Em casos desta natureza, será sem-pre muito pouco para o Chefe do Go-verno e para o responsável máximoda instituição partidária.

A Ministra da Educação só se pro-nunciará após a consulta do proces-so, o que pelos vistos, equivalerá, tãosomente, ao sancionamento do profes-sor, ficando o reprovável procedimen-to da directora regional no livro dosesquecimentos.

A nível partidário, enquanto algu-mas prestigiadas figuras do PS ver-beram o comportamento daquela, o lí-der do PS/Porto não só a apoia comosubscreve as suas estranhas tomadasde posição num típico comportamen-to de guerrilha partidária e do maispuro e execrável carreirismo.

Pelo andar das coisas, começamosa aperceber-nos de que um SMS será,certamente, um método corriqueironesta tenebrosa engrenagem da dela-ção e dos procedimentos persecutóri-os típicos duma justiça palaciana desuseranos prepotentes e vassalos cla-morosamente indefesos à mercê delacaios sem pudor e de esbirros semescrúpulos, na perversa onda dos SMSe, possivelmente, dos microfones eoutros mimos tecnológicos escondi-dos, à laia da CIA e da KGB.

Não foi para isso que votámos PS.Saiba-o o Secretário Geral do Parti-

do Socialista, saibam todos quantos es-tão na política para se servirem, calcandoos outros a fim de mostrarem serviço ealardearem méritos que não têm.

Joséd’Encarnação

POIS...POIS...POIS...POIS...POIS...

Ir ao restaurante é necessidade, éritual, é devoção. Podemos percorrerquilómetros por uma iguaria, um am-biente singular, ainda que, depois, te-nhamos de verificar que somos servi-dos por croatas, brasileiros…

A conta, para os mais afortuna-dos, pode entrar nas despesas dafirma ou servir para desconto noIRS. Para isso, conta com todos osrequisitos: numerada, datada, comnúmero de contribuinte… A maiorparte das vezes, porém, não servepara nada, não há coluna da nossacontabilidade pessoal onde se en-quadre – e pronto!

Apreciei, por isso, rotundamen-te, o ‘gesto’ daquele restaurante tí-pico: no final, não nos apresentoufactura nem recibo nem nota dedébito, mas… uma simples e origi-nal «consulta de mesa»! Assim, emletras impressas!...

1892-1893– Selos de 1871 a 1887com sobrecarga“PROVISÓRIO”

Ainda continuando o estudo do aprovei-tamento dos selos de D. Luís com sobre-carga “1893 PROVISÓRIO”, foram sobre-carregados 30 000 selos de 5 reis preto, 28000 de 10 reis verde, 38 872 selos de 20reis rosa, 28 000 de 25 reis lilás, 30 000 de52 reis azul e 28 000 selos de 80 reis laran-ja.

Para este ultimo aproveitamento e tendoem vista as taxas mais necessárias, alémda sobretaxa “1893 PROVISÓRIO” foramsobretaxados 28.000 selos com 20 reis so-bre 25 reis lilás, 28 000 selos com 50 reissobre 80 reis amarelo laranja e 28 000 se-los com 75 reis sobre 80 reis amarelo la-ranja.

A emissão de sobrecargas “PROVISÓ-RIO” que era destinada a circular nos anosde 1892 e 1893, foi por decreto, autorizadaa circular até Dezembro de 1894.

(In: Selos de Portugal álbum I deCarlos Kullberg)

O exemplar aqui repro-duzido, não é da minhacolecção. Possui um erro.

O erro na Filatelia seráum tema a tratar nestarubrica – talvez no próxi-mo número – uma vezque a imagem aqui men-cionada me faz parar como seguimento das emis-sões do Catálogo de Se-los Postais Portugueses efocar este aspecto impor-tante da História da Fila-telia.

Se o Leitor atento ob-servar bem esta imagem,verá que a palavra “PRO-VISÓRIO” está ligeira-mente desfocada…

(continua)

Page 22: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

22 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007MÚSICA

Distorções

José Miguel Nora

[email protected]

Acaba de ser confirmado mais umgrande evento em Portugal: o “DanceStation”, que terá lugar no próximo dia12 de Julho. Ao contrário do habitual, esteevento apresenta uma série de inovações

em relação a outros do género, primeiroporque se realiza no centro de Lisboa(Rossio), o que não costuma suceder, eporque se separa por dois espaços dis-tintos (a Estação do Rossio e o Coliseu

dos Recreios) conjugando “live act´s” e“dj set´s” de dj´s e produtores da novageração da música de dança. Mas osgrandes nomes desta área não foramesquecidos, como sejam: o canadianoTiga, os Chemical Brothers, os Fischers-pooner, ou mesmo os franceses Air. De

destacar; ainda, a actuação do Dj ErolAlkon e as actuações ao vivo dos Simi-an Mobile Disco, dos Júnior Boys e dosDigitalism. É, sem dúvida, um aconteci-mento a não perder, podendo ser adqui-rido o ingresso para, apenas, uma dasduas salas, ou optar pelo passe para asduas, porque afinal de contas é só atra-vessar a rua.

Mas antes do “Dance Station”, temlugar a 13.ª edição do Festival SuperBock, Super Rock, que, quanto a mim,tem o melhor cartaz deste ano. De des-tacar as seguintes actuações: Metallica

(28 de Junho), Klaxons, Bloc Party, Ar-cade Fire (3 de Julho), Clap Your Han-

ds Say Yeah, The Rapture, MáximoPark, The Jesus and The Mary Chain,LCD Soundsystem (4 de Julho), TheGossip, Tv On The Rádio e Interpol (5de Julho).

Chegaram às lojas nas últimas se-manas alguns discos bem interessan-tes, que já me andavam a despertaralguma curiosidade. O primeiro delesé “Cross” do dj/produtor francês Jus-tice, que reúne os “maxis” que tem vin-do a editar nos últimos tempos, dosquais gosto bastante de “D.A.N.C.E.”.Neste disco aparece aqui uma exce-lente remistura dos MSTRKRFT paraeste tema, que supera, claramente, ooriginal.

Os outros dois discos são: “Idea-lism” dos alemães Digitalism e, ainda,

“Attack Decay Sustain Release” dosbritânicos Simian Mobile Disco. Am-bos os discos são bastante dançáveis,ainda que num registo muito diferentede “Cross”, numa toada claramente“electroclash”.

Para o fim a sugestão de uma ban-da germânica, os Planetakis, que pra-ticam uma sonoridade “pop”, acabamde editar o E.P. “Pogo In The ShoesOf Kylie Minogue”, que além da ver-são original do tema que dá título a estedisco, também, inclui uma série de re-misturas para o mesmo.

PARA SABER MAIS:

www.everythingisnew.ptwww.tiga.cawww.thechemicalbrothers.comwww.fischerspooner.comwww.erolalkan.co.ukwww.pocket-symphony.comwww.simianmobiledisco.co.ukwww.juniorboys.netwww.thedigitalism.comwww.musicanocoracao.ptwww.planetakis.com

Justice “Cross” (Ed Bangers Music)Digitalism “Idealism” (Jens Moelle &Ismael Tuefekci Gbr)Simian Mobile Disco “Attack DecaySustain Release” (Wichita Recordings)Planetakis “Pogo In The Shoes Of KylieMinogue” (Peng Music)

Sérgio Godinho, Mariza e Xutos &Pontapés são alguns dos artistas quese associam a 7 de Julho, em Lisboa, àiniciativa mundial Live Earth, revelouà agência Lusa o coordenador-geral doevento português, Hugo Andrade.

Lisboa será uma das cidades que seassociam localmente ao Live Earth,com um cartaz que conta para já com13 artistas portugueses e lusófonos queactuarão no Pavilhão Atlântico.

O Live Earth é um festival de músi-ca que decorrerá em simultâneo a 7de Julho em todos os cinco continen-tes e que conta com a participação denomes como Madonna, Police ou Ge-nesis.

O evento foi lançado pelo ex-vice-presidente norte-americano Al Gorepara chamar a atenção para o aqueci-mento global do planeta.

Como nem todas as cidades conse-

LIVE EARTH A 7 DE JULHO TAMBÉM EM LISBOA

Sérgio Godinho, Mariza, Xutos e Rui Veloso

entre os participantesguiram uma candidatura a um palcocom transmissão televisiva internacio-nal, com uma audiência estimada dedois mil milhões de espectadores, Lis-boa associa-se ao evento de forma lo-cal, com um cartaz feito apenas de ar-tistas da lusofonia.

Segundo Hugo Andrade, o evento lis-boeta é produzido por Manuel Moura dosSantos e integra, para já, os Xutos &Pontapés, Sérgio Godinho, Rui Veloso,Mariza, David Fonseca, Blind Zero, TitoParis, Ala dos Namorados, FilarmónicaGil, Mundo Cão, Mercado Negro, Vivia-ne e 4Taste.

Quem quiser estar presente no Pavi-lhão Atlântico para assistir aos concer-tos terá de ter uma atitude ecológica eambientalista, referiu Hugo Andrade.

Não haverá bilhetes à venda, pelo queos interessados terão de, no próprio diado evento, participar em actividades

ambientalistas para conseguirem um in-gresso, como trocar lâmpadas fluores-centes por outras de baixo consumo.

A apresentação oficial do “Friends ofLive Earth Lisboa” - assim se chama oevento português - será feita nas próxi-mas semanas.

As actuações no Pavilhão Atlântico,entre as 17h00 e as 02h00, e os concer-tos internacionais do Live Earth serãotransmitidos pela RTP, a estação oficialportuguesa do Live Earth.

“Consideramos vital que a RTP seassociasse ao evento e a esta causa pe-los valores que sempre defendemos”,afirmou à agência Lusa o director deprogramas da RTP, Nuno Santos.

A transmissão dos concertos, no dia 7de Julho, integra uma vasta operaçãotelevisiva da RTP, que inclui debates,exibição de filmes e documentários, adi-antou o responsável.

A transmissão do Live Earth decorre-rá no mesmo dia em que são anunciadasas novas Sete Maravilhas do Mundo,numa cerimónia que decorrerá no Está-dio da Luz, em Lisboa, com transmissãoassegurada pela TVI.

O Live Earth, um evento tambémapelidado de “Um concerto para umclima em crise”, durará 24 horas, teminício em Sidney (Austrália), seguindo-se Tóquio (Japão), Xangai (China), Jo-anesburgo (África do Sul), Londres(Reino Unido), Hamburgo (Alemanha),Istambul (Turquia), Nova Jérsia (Es-tados Unidos) e encerra no Rio de Ja-neiro, na praia de Copacabana.

Beastie Boys, Shakira, Roger Wa-ters (ex-Pink Floyd), Smashing Pum-pkins, Alicia Keys são outros nomesanunciados para o evento, uma versãodo Live Aid e Live 8 destinado a cau-sas ambientais.

Page 23: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

23DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007 INTERNET

IDEIAS DIGITAIS

Inês Amaral

Docente do Instituto Superior Miguel Torga

PREÇOS

MUSIC MAKES FRIENDS

ESPECÍFICAS IRREPRESSIBLE INFO

ASSOCIAÇÃO DE CANCRO CUTÂNEO

PRESIDÊNCIA PORTUGUESA DA UE

O site Preços permite fazer comparações de valo-res de produtos de lojas online do mercado português.Neste espaço é possível consultar preços, comparar ascaracterísticas e analisar especificidades de cada pro-duto.

O Preços foi lançado recentemente e agrega maisde 200 mil produtos de um total de 180 lojas. O objecti-vo é, a curto prazo, cobrir todo o mercado português delojas online. Entre as várias categorias de produtos dis-poníveis encontram-se electrodomésticos, informáticae livros.

PREÇOSendereço: http://www.precos.com.pt/categoria: comércio

O Music Makes Friends é a primeira plataformaeuropeia de partilha de música. Este serviço é gratuitoe permite aos utilizadores criarem listas de músicas,rádios online, registar perfis, adicionar amigos e encon-trar novos grupos. O objectivo é permitir que os visi-tantes possam trocar experiências musicais, criar con-teúdos originais e fazer novas amizades.

Esta comunidade online tem também um serviço pagoque permite beneficiar de conteúdos exclusivos. Paraquem ficar pela conta gratuita pode explorar um inter-face interessante, partilhar e fazer upload de músicasde forma legal. Até ao momento a plataforma está dis-ponível em inglês, francês, espanhol e alemão.

MUSIC MAKES FRIENDSendereço: http://www.musicmakesfriends.com/categoria: música, comunidades

Específicas é um projecto da Universidade deÉvora que dá explicações aos alunos do 12º anoque vão fazer exames nacionais. Os explicadoressão professores do ensino secundário e do ensinosuperior que prometem esclarecer dúvidas, em ma-térias variadas, em 24 horas.

Utilizando como suporte a plataforma Moodle, oEspecíficas é gratuito e pode ser uma mais valiapara os estudantes do 12º ano que tentam concluiro ensino secundário e obter uma boa nota nas es-pecíficas, para se candidatarem ao ensino universi-tário. Sem surpresas, Matemática e Português sãoas disciplinas com maior número de inscrições.

ESPECÍFICAS

endereço: http://www.especificas.uevora.pt/categoria: educação

A poucos dias do início da presidência portugue-sa da União Europeia, já está online a página que oGoverno criou para permitir acompanhar a lideran-ça lusa à frente dos destinos europeus. Neste es-paço vai ser possível a utilizadores comuns e aosmedia saber mais sobre os eventos e decisões to-madas ao longo dos próximos seis meses.

O site está disponível em português, inglês e fran-cês e assume as principais condições em termos deacessibilidade. Permite visualizar o logotipo esco-lhido e justifica a identidade visual, aceder a datase resumos sobre reuniões e eventos vários, consul-tar informações para os media. Há ainda uma áreamuito interessante sobre Portugal, permitindo apre-sentar o nosso país do ponto de vista económico-político e sócio-cultural.

PRESIDÊNCIA PORTUGUESADA UE

endereço: http://www.eu2007.pt/UE/aPT/categoria: política

É já um hábito, mas nunca é demais relembraros conselhos e as recomendações de protecçãocontra o Sol. O site da Associação de Cancro

Cutâneo apresenta informação muito útil para to-das as idades e comportamentos.

Protectores solares, registos de médicos, infor-mações sobre prevenção, diagnósticos sobre pro-blemas de pele e conselhos para brincadeiras decrianças em ambientes seguros e protegidos do solsão alguns dos importantes tópicos deste site.Eventos, arquivos de notícias, links e dados sobredermatologia em Portugal são outras áreas a con-sultar neste espaço indispensável, agora que che-gou o Verão.

ASSOCIAÇÃO DE CANCRO CUTÂNEO

endereço: http://www.apcc.online.ptcategoria: saúde

A Amnistia Internacional lançou uma campa-nha contra a censura na Internet. DenominadaIrrepressible , esta acção é um protesto e umgrito de alerta que visa chamar a atenção parasituações concretas de controlo da luberdade deexpressão na web.

A ONG apresenta informação sobre vítimas di-rectas de uma postura política transversal a todoo tipo de regimes (não é característica exclusivado chamado “Terceiro Mundo”), dedicando umespaço aos autores de weblogs que foram censu-rados, expondo as políticas repressivas que têmsido postas em prática e o que se tem feito paracombater a censura na web. Há ainda uma peti-ção para assinar.

IRREPRESSIBLE.INFO

endereço: http://irrepressible.info/categoria: activismo

Page 24: O Centro - n.º 30 – 27.06.2007

24 DE 27 DE JUNHO A 10 DE JULHO DE 2007TELEVISÃO

PÚBLICA FRACÇÃO

Francisco Amaral

[email protected]

SARKOZY

E A TELEVISÃO

O programa da France 5 “Arrêt surImages”, que tinha como base a análiseda própria televisão, acaba de ser sus-penso, sem que os responsáveis do ca-nal tenham fornecido qualquer tipo deexplicação. Daniel Schneidermann, queanimava há 12 anos este espaço único,já tinha dado sinais, desde o princípiodeste mês, de que algo podia acontecer.

Alguns analistas não perderam tempoa relacionar este facto com a recentevitória de Sarkozy e das ligações do pre-sidente francês com o campo mediático.Assim como não falta também quem secongratule com a decisão da France 5.A verdade é que um espaço único e raronas televisões foi silenciado.

Recentemente, o programa “Arrêt sur

Images”, deteve-se na análise do curio-so caso das imagens transmitidas poruma estação de televisão belga, que nãoescondeu o que se passou no início deuma conferência de imprensa dada pelopresidente francês durante a última ci-meira do G8.

As imagens mostram Sarkozy a che-gar junto do púlpito onde se encontra-

vam os microfones, quase sem fôlego,pedindo desculpas pelo atraso, sorrindo,arrastando a voz e dando a sensação deestar alcoolizado.

“Arrête sur images” mostrou as ima-gens, comentou a opção da televisãobelga e do seu jornalista que, no lança-

mento da notícia, ironiza dizendo queSarkozy vinha de um encontro com Pu-tin onde só tinha bebido água.

A emissão, que poderá ter sido res-ponsável pelo fim do programa, ainda estádisponível no site da France 5 (http://www.france5.fr/asi/), mas mesmo quevenha a ser retirada já corre mundo atra-vés da Internet no YouTube.

Estas imagens não foram mostradaspela televisão francesa, mas vários sitesde jornais parisienses acabaram porfazê-lo. O resto da conferência de im-prensa correu normalmente, mas, afir-mam alguns jornalistas a que ela assisti-ram, Sarkozy estaria “embriagado” como seu próprio poder e com o facto de seencontrar ali, numa cimeira do G8 (sic!).

CAVACO

E A TELEVISÃO

Veio o 10 de Junho e regressaram asintermináveis cerimónias comemorativasdo Dia de Portugal. A RTP lá esteve emdirecto. Em Setúbal, os discursos e ascomendas arrastaram-se por mais de trêshoras.

Para evitar cortar qualquer discurso,a RTP resolveu guardar a publicidade elançá-la no momento em que Cavaco iadistribuindo as comendas. Foi um gestoirreflectido. Cavaco não gostou e pediuesclarecimentos à RTP. Para quem jul-gava que a RTP era independente dopoder político, ruiu logo a seguir tal cren-ça. A RTP não só pediu desculpas, comorecuperou no domingo seguinte todos osmomentos não transmitidos.

A RTP, habitualmente, não pede des-culpas aos seus espectadores, mas veiopublicamente pedi-las à figura máximado poder político – o Presidente da Re-

pública. É pois muito difícil acreditar quea estação pública de televisão esteja aoserviço do público e não do poder.

Por outro lado, é a própria RTP queironiza com o seu estatuto de serviçopúblico. Especialmente no canal 1. É ina-ceitável que numa auto-promoção aoconcurso “Um contra todos”, José Car-los Malato surja, rindo, a perguntar quem

é o primeiro-ministro do Butão… (“paraque não digam que isto não é serviçopúblico”!!!).

O público, esse, só durante o ano de2006, entreteve-se a apresentar mais de11.000 queixas ao provedor do telespec-tador da RTP.

Já agora, o próprio Presidente da Re-pública não esteve bem nesta história.Esperar que a televisão dos nossos dias“aguente” mais de três de horas comuma transmissão monótona e velha… émostrar que, no mínimo, se está noutraonda. E logo ele, que a 25 de Abril afir-mou que as comemorações, assim, já nãofaziam sentido!

OS CRITÉRIOS

JORNALÍSTICOS

E A TELEVISÃO

“O Conselho Regulador da ERC repro-va de forma pública e veemente os termosem que a SIC Notícias se propõe realizaro anunciado debate entre apenas algunsdos candidatos à Câmara de Lisboa, comassumida exclusão de cinco”, lê-se numcomunicado daquele organismo.

A reacção da ERC surgiu como conse-quência a uma queixa apresentada pelocandidato do PCTP/MRPP, Garcia Perei-ra, que apontava um comportamento dis-criminatório por parte da SIC Notícias.Para a entidade reguladora, a “circunscri-ção do mencionado debate a sete dos dozecandidatos já apresentados resulta na mar-ginalização objectiva dos que não vierem aparticipar na emissão em causa”.

O director da SIC Notícias, RicardoCosta, veio responder à Entidade Regu-ladora da Comunicação (ERC) afirman-do que o modelo de debate promovidopela estação com sete candidatos à Câ-mara de Lisboa se baseou em critériosjornalísticos, pretendendo ser “o maisesclarecedor possível”.

É assim que a figura dos “critérios jor-nalísticos” se torna impenetrável, mas,ao mesmo tempo, incontornável. Destavez os critérios apontaram para aquelessete candidatos, mas poderiam perfeita-mente ter obrigado a SIC-Notícias a es-colher outros, menos, bastante menos,aqueles a quem a SIC-N conferisse oestatuto de serem eles a “esclarecer omelhor possível” os eleitores de Lisboa.

Um pouco de bom senso talvez resol-vesse a questão. Mas, aparentemente,ele está ausente. Não fosse assim e já opróprio director da SIC-Notícias, Ricar-do Costa, mesmo certo da sua indepen-dência, se teria distanciado da coberturadas eleições para a Câmara de Lisboa,já que é irmão de um dos candidatos.