matem atica recreativa de kaprekar na educac˘ao b~ asica
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIENCIA EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE MATEMATICA
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMATICA
EM REDE NACIONAL - PROFMAT
Arthur Henrique da Silva
Matematica Recreativa deKaprekar Na Educacao Basica
Orientadora:
Profa. Dra. GABRIELA LUCHEZE DE OLIVEIRA LOPES
Natal - RN
Marco de 2020
Arthur Henrique da Silva
Matematica Recreativa deKaprekar Na Educacao Basica
Dissertacao de mestrado profissional apre-
sentada ao PROFMAT, Programa de Mes-
trado Profissional em Matematica em Rede
Nacional da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos
para obtencao do tıtulo de Mestre em Ma-
tematica.
Orientadora: Profa. Dra. GABRIELA LU-
CHEZE DE OLIVEIRA LOPES.
Natal - RN
Marco de 2020
Matematica Recreativa deKaprekar Na Educacao Basica
Arthur Henrique da Silva
Dissertacao de mestrado profissional apre-
sentada ao Programa de Mestrado Pro-
fissional em Matematica em Rede Nacio-
nal (PROFMAT) do Departamento de Ma-
tematica da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como parte dos requisitos
para obtencao do tıtulo de Mestre.
Banca Examinadora:
Profa. Dra. Marcia Maria Alves de Assis (Membro Externo)
UERN
Prof. Dr. Edgar Silva Pereira (Membro Interno)
UFRN
Prof. Dr. Jaques Silveira Lopes (Membro Interno)
UFRN
Profa. Dra. Gabriela Lucheze de Oliveira Lopes (Orientadora)
UFRN
Natal - RN
Marco de 2020
Silva, Arthur Henrique da. Matemática recreativa de Kaprekar na educação básica / ArthurHenrique da Silva. - 2020. 98f.: il.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Ciência Exatas e da Terra, Programa deMestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - PROFMAT.Natal, 2020. Orientadora: Gabriela Lucheze de Oliveira Lopes.
1. Matemática - Dissertação. 2. Matemática recreativa -Dissertação. 3. História da matemática - Dissertação. 4.Kaprekar - Dissertação. 5. Aritmética - Dissertação. I. Lopes,Gabriela Lucheze de Oliveira. II. Título.
RN/UF/CCET CDU 51
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET
Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324
Dedico esse trabalho a todos os profes-
sores da Educacao Basica. Profissio-
nais que diante das mas condicoes para
exercer seu trabalho e a desvalorizacao
da profissao, seguem firmes e fortes na
luta por um paıs melhor e mais justo
para nossas criancas.
Agradecimentos
A Deus, pelo guia diario em toda minha trajetoria ate aqui.
A todos os professores de matematica que tive na minha vida academica, na qual
transferiram um pouco do seu conhecimento. Em especial ao professor Cleiton, meu pro-
fessor do Ensino Fundamental que me incentivou muito na matematica e principalmente
na Olimpıada de Matematica. E tambem a professora e orientadora Gabriela, por todos
os ensinamentos, paciencia e conversas ao longo da escrita desta dissertacao. Voces sao
uma inspiracao para mim.
A banca examinadora, pela disposicao em avaliar esta dissertacao.
A minha mae, Agmar. Que sempre esteve presente em cada segundo da minha
vida. Incrıvel mae e agora uma incrıvel avo.
A minha irma, Bruna. Que sempre foi minha companheira e incentivadora das
minhas escolhas.
Ao meu pai, Raimundo. Minha grande fonte de inspiracao pessoal e profissional.
Tudo que sou e conquistei foi gracas a ele.
A minha esposa Camila, por toda paciencia e compreensao em nosso dia a dia.
Nao teria terminado este trabalho sem sua ajuda.
Ao meu filho, Bernardo. A materializacao do amor para mim.
A Nick. Pelo amor e companherismo.
Aos meus familiares, meus tios(as), primos(as), avos e avos. E em especial a minha
prima Maria Helena, minha irma mais nova.
Ao meu sogro, minha sogra e minha cunhada. Pelo carinho e amor que tem pela
minha famılia.
Aos meus amigos, desde a infancia em Felipe Camarao, passando pelo Atletico
Colinas, amigos do IFRN e da UFRN. Em especial Azevedo, Caio, Gleidson, Larisson,
Rodrigo e Teixeira. Obrigado por se fazerem presente em minhas conquistas.
Aos meus amigos de PROFMAT. Pelos encontros descontraıdos e pelas ajudas
durante o mestrado.
E a todos que direta ou indiretamente contribuıram para que eu pudesse estar aqui
hoje.
“Educacao nao transforma o mundo.
Educacao muda as pessoas.
Pessoas transformam o mundo.”
Paulo Freire
Resumo
O presente texto tem como tema central a Matematica Recreativa. Logo, procura-
mos expor o que alguns matematicos falam sobre sua definicao, destacar a sua importancia
para o ambito escolar e como ela apareceu ao longo da historia. Tambem abordaremos
grandes nomes da Matematica Recreativa, como Martin Gardner, o principal nome da
Matematica Recreativa no mundo. E aqui no Brasil, falaremos de Malba Tahan e sua
contribuicao para a Matematica Recreativa. Em uma das publicacoes feita por Martin
Gadner, ele aponta um matematico indiano chamado Kaprekar. E justamente este ma-
tematico indiano que iremos destacar no nosso trabalho. Contaremos um pouco sobre sua
historia, passando pela infancia, adolescencia, ate a sua fase adulta. Destacaremos o con-
texto historico e geografico em que ele vivia na epoca e abordaremos suas duas pesquisas
mais conhecidas: A Constante de Kaprekar e os Numeros de Kaprekar. O nosso principal
enfoque matematico sera os Numeros de Kaprekar, adotamos a forma como o Iannucci
(2000) demonstra a dinamica do numero em seu artigo. Mas para poder fazer toda a
abordagem matematica contida nos Numeros de Kaprekar, juntamente com o artigo do
Iannucci (2000), dedicaremos um espaco da dissertacao para poder explanar a matematica
contida no trabalho, que brasicamente e Aritmetica. Na nossa pesquisa ultilizaremos as
ideias de Chaquiam e Mendes (2016) para explorar a Historia de Kaprekar e como resul-
tado propomos um produto educacional que aborda a Matematica Recreativa associada
a Historia da Matematica. Esse produto educacional e um livreto de atividades para ser
ultilizado em sala de aula por professores do Ensino Fundamental II.
Palavras-chave: Matematica Recreativa, Historia da Matematica, Kaprekar, Aritmetica.
Abstract
The main theme of this text is Recreational Mathematics. Therefore, we seek to
expose what some mathematicians say about this definition, highlight its importance for
the school environment and how it appeared throughout history. We will also address
big names in recreational mathematics, such as Martin Gardner, the leading name in
recreational mathematics in the world. And here in Brazil, we will talk about Malba
Tahan and his contribution to Recreational Mathematics. In one of Martin Gadner’s
publications, he points to an Indian mathematician named Kaprekar. It is precisely this
Indian mathematician that we will highlight in our work. We will tell you a little about
his history, going through childhood, adolescence, until its adult phase. We will highlight
the historical and geographic context in which he lived at the time and discuss his two
best-known researches: The Kaprekar Constant and the Kaprekar Numbers. Our main
mathematical focus will be the Kaprekar Numbers, we adopted the way that Iannucci
(2000) demonstrates the dynamics of the number in his article. But in order to be able
to make the whole mathematical approach contained in the Kaprekar Numbers, together
with the article by Iannucci (2000), we will dedicate a space for the dissertation to be able
to explain the mathematics contained in the work, which is, in general, Arithmetic. In our
research we will use the ideas of Chaquiam and Mendes (2016) to explore the History of
Kaprekar and as a result we propose an educational product that addresses Recreational
Mathematics associated with the History of Mathematics. This educational product is an
activity booklet to be used in the classroom by Elementary School teachers.
Keywords: Recreational Math, History of Mathematics, Kaprekar, Arithmetic.
Sumario
1 INTRODUCAO 4
2 Fundamentos da pesquisa 8
2.1 Matematica Recreativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.1.1 O que e a Matematica Recreativa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.1.2 Matematica Recreativa ao longo da historia . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.3 Dois autores da Matematica Recreativa . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Historia da Matematica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3 A aritmetica para o estudo dos Numeros de Kaprekar . . . . . . . . . . . . 30
3 Kaprekar e sua matematica 34
3.1 Kaprekar, a India . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Os numeros de Kaprekar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3 A Constante de Kaprekar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4 Aplicacao da Constante de Kaprekar na Educacao Basica 49
4.1 A elaboracao do livreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.2 Questionamentos sobre o Numero e a Constante de Kaprekar . . . . . . . . 54
5 CONSIDERACOES FINAIS 57
APENDICE A 63
Lista de Figuras
2.1 Papiro de Rhind . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Blaise Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 Pierre de Fermat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 Pontes de Konigsberg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.5 Exemplos de Matematica recreativa praticada em sala de aula . . . . . . . 16
2.6 Martin Gardner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.7 Logo do evento Gathering for Gardner (G4G) . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.8 Julio Cesar de Mello e Souza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.9 Revista ERRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.10 Livro que conta a experiencia numa madruga na epoca da escola . . . . . . 23
2.11 A historia de oito paes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.12 Livro de Malba Tahan: O Homem que Calculava. . . . . . . . . . . . . . . 25
2.13 Curso Ministrado por Julio Cesar para professores . . . . . . . . . . . . . . 26
2.14 Diagrama sobre a construcao da historia de um personagem . . . . . . . . 29
3.1 Localizacao da India no mapa mundi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Ganesha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3 Taj Mahal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.4 Mahatmam Gandhi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.5 Mapa mostrando o deslocamento do povo indiano apos a separacao . . . . 39
3.6 Dattatreya Ramchandra Kaprekar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.7 Quantidade de interacoes e a frequencia dos numeros de quatro dıgitos . . 48
Lista de Tabelas
2.1 Palavras chaves mencionadas nas definicoes de Matematica Recreativa . . . 11
2.2 Quantidade de vezes que aparecem as palavras chaves nas definicoes de
Matematica Recreativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.1 Alguns exemplos do Numero de Kaprekar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1 INTRODUCAO
Nos anos iniciais da Educacao Basica, sempre fui um aluno que me dava bem
nas disciplinas. Nunca tive problema com nota e basicamente gostava do que estudava.
Mas acredito que a medida que os anos vao passando e os alunos vao avancando, o nıvel
das disciplinas vao ficando mais sofisticados e os alunos tendem a ter mais facilidade
com algumas e dificuldades com outras disciplinas. Foi o que aconteceu comigo quando
cheguei na quinta e sexta serie do Ensino Fundamental II (atualmente sexto e setimo
ano do Ensino Fundamental II). Nessas series, comecei a oscilar muito na disciplina de
matematica. Tirava notas muito altas e notas medianas. Ate que em 2005, para minha
surpresa, consegui ser quarto lugar na Olımpiada de Matematica a nıvel estadual. Para
mim, foi uma surpresa quando vi meu nome numa faixa me parabenizando, em frente
ao Centro Eduacional Libanea de Medeiros, o CELM (escola na qual cursei meu Ensino
Fundamental II todo). A partir daquele desempenho na olımpiada, meus amigos passaram
a falar que eu era o melhor aluno de matematica da minha turma e minha confianca em
relacao a matematica aumentou bastante. Desde entao, com a confianca em alta, sempre
tirava a maior nota de matematica da turma. A Olımpiada de Matematica exigia do
aluno um conhecimento matematico, mas exigia muito mais o raciocınio logico. Talvez
tenha sido por esse estilo de questao que eu tenha me identificado. E por conta disso,
acendeu em mim, uma paixao, que desconhecia pela matematica.
Cursei o Ensino Medio no Instituto Federal de Ciencia e Tecnologia do Rio Grande
do Norte (IFRN) de 2009 a 2011 e ja no primeiro ano chamei a atencao do meu professor
de matematica, Antonio Roberto. Percebendo minha seguranca na disciplina e o meu
raciocınio logico, ele convidou-me para integrar a equipe preparatoria da Olimpıada Bra-
sileira de Matematica das Escolas Publicas (OBMEP). O convite foi de pronto aceito, e
todas as sextas feiras a tarde nos reuniamos para estudar para a OBMEP. Na primeira
aula ja me encantei com a forma que a matematica iria se apresentar, com questoes bem
desafiadoras e divertidas de pensar. Outra coisa que me chamou atencao, foi o fato de as
aulas serem no laboratorio de matematica do IFRN, acabei ficando encantado com todos
aqueles jogos, materiais didaticos, materiais de manuseio, nunca tinha visto uma sala
so para a matematica, acabei ficando encantado com aquilo tudo. Entao, passei o meu
Ensino Medio todo convivendo com uma matematica diferente daquela que meus amigos
de sala de aula convivia.
Em 2012, entrei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no
4
curso de Ciencia e Tecnologia no turno noturno. Nos semestres iniciais, estava tirando
notas muito boas nas disciplinas que envolvia matematica, como calculo, geometria e
algebra linear. Entretanto, nao indentifiquei-me com o curso em face de disciplinas nao
relacionada a matematica, fato que levou-me a desistencia do curso.
Com tempo disponıvel, ja que havia desistido do curso de Ciencia e Tecnologia,
e por indicacao de pessoas que sabiam do meu interesse e manejo da matematica, inciei
atividade laboral, ministando aulas particulares de matematica, bem como ministrei um
curso preparatorio para selecao do IFRN, o que fez-me ver a paixao que sentia em ministrar
aulas de matematica e daı a decisao de ingressar no curso de Licenciatura em Matematica,
o que aconteceu no ano de 2014 na UFRN.
Durante o curso de matematica, tive dois “sustos”. Um foi a forma como a ma-
tematica era abordada. Passei minha vida toda calculando e na graduacao de matematica
pensei que iria calcular ainda mais. Mas nao foi isso que ocorreu. Aprendi uma ma-
tematica nova, o mundo das demonstracoes. No inıcio senti um pouco de dificuldade, mas
posteriormente me acostumei e acabei me envolvendo bastante, ja que as demonstracoes
exigiam o raciocınio logico igual nas questoes das Olimpıadas de Matematica. Outro lado
da matematica que me deparei foi a parte das disciplinas de educacao, como por exemplo
didatica da matematica. Nessas disciplinas educacionais, pude rever um laboratorio de
matematica, o da UFRN. Com o laboratorio, pude lembrar aquela epoca das aulas da
OBMEP que tive no laboratorio do IFRN. Outro ponto positivo em relacao as disciplinas
de educacao foi conhecer varios recursos didaticos em relacao ao ensino de matematica,
historia, jogos, tecnologia, entre outros recursos. Acabei me encantando por essa abor-
dagem da matematica. Confesso que nesse caso foi uma surpresa bem positiva. Desta
forma, pude juntar o que aprendi nas aulas particulares que ministrava com o que aprendi
nas disciplinas educacionais.
Outro momento bem oportuno na minha graduacao em matematica foi ter feito
parte do Programa de Educacao Tutorial (PET). La, pude realizar pesquisas, projetos,
compartilhar experiencias e participar de eventos voltado a matematica. No PET fiz pes-
quisas na area de sequencias e series, conceito de infinito e tive um contato maior com
a matematica dita pura. Entao, acabei tendo facilidade quando chegou nas disciplinas
que envolviam mais demonstracoes, como Analise e Algebra Abstrata. O PET me pro-
porcionou participar de eventos que me agregaram muito no conhecimento e na interacao
com outros estudiosos, como encontro da Algebra, o Encontro Potiguar dos Grupos PETs
(EPOPET), alem das interacoes com outros PET’s da universidade como o de filosofia e
medicina. Entao, o PET foi parte importantıssima na minha graduacao.
Mesmo me formando no final de 2017, nao queria parar de estudar matematica.
Entao decidi fazer pos-graduacao na area. Uma das alternativas apresentada foi o Mes-
trado Profissional em Matematica em Rede Nacional (PROFMAT). Como trabalho como
tecnico em eletrotecnica durante a manha e a tarde, a unica pos-graduacao que consegui-
ria conciliar com o trabalho era o PROFMAT. Desta forma em 2018, consegui ingressar
5
no programa. Quando procurei a professora para buscar orientacao para a escrita da dis-
sertacao, ela me perguntou sobre o que eu gostava na matematica, sobre o que eu queria
escrever e se atuava em alguma escola como professor de matematica. Falei que nunca
tinha atuado em uma escola como professor, que minha unica experiencia lecionando foi
as aulas particulares e o curso preparatorio para o exame do IFRN. Porem, veio a mente o
porque eu comecei a gostar de matematica e lembrei da Olimpıada de Matematica. Desta
forma, falei que gostava de uma matematica mais divertida, diferente das aulas em que
o professor enche o quadro de contas e formulas. Falei que gostava de jogos, da parte da
Historia da Matematica, tecnologias, entre outros recursos.
Assim, fomos em busca de algo que despertasse a nossa atencao e a atencao de quem
lesse. E chegamos ao matematico Kaprekar. Um indiano que conseguiu encontrar numeros
magicos e muito curiosos. Exatamente o que procuravamos. Assim, desvendamos a vida
de Kaprekar e os numeros que o levaram a fama, os Numeros de Kaprekar e a Constante
de Kaprekar. Ao pesquisar a biografia de Kaprekar, baseamos na forma de pesquisa
apresentada por Chaquiam e Mendes (2016) quando abordam a Historia da Matematica.
Durante a pesquisa sobre Kaprekar, a orientadora apresentou a Matematica Recreativa,
termo esse que nao o conhecia. Ao estudar, percebi que esta matematica era a que me
fez encantar pela disciplina.
Frente ao exposto, temos a seguinte questao-foco da nossa pesquisa: De que
maneira seria possıvel associar a Matematica Recreativa e a Historia da Ma-
tematica para os estudos de conteudos do Ensino Fundamental II em sala
de aula? Assim, fizemos um levantamento sobre a Matematica Recreativa ao longo da
historia, sua definicao segundo estudiosos e os grandes representantes desta matematica a
nıvel nacional e mundial. Ao final do estudo da Matematica Recreativa com o matematico
Kaprekar, apresentamos um produto educacional com relacao nas tres principais vertentes
deste trabalho, Matematica Recreativa, Kaprekar e Historia da Matematica.
Desta forma, o objetivo geral desta dissertacao e discutir e propor um livreto
de atividades pautado no estudo biografico do matematico Kaprekar e a Constante de
Kaprekar. De forma mais especıfica, os objetivos sao os seguintes:
• Discutir as diversas definicoes de Matematica Recreativa;
• O papel da Matematica Recreativa na Historia da Matematica;
• Discutir o uso da Historia da Matematica em sala de aula;
• Apresentar os principais resultados de aritmetica para congruencias;
• Apresentar a biografia do indiano Kaprekar;
• Apresentar e discutir os Numeros de Kaprekar;
• Apresentar um produto educacional pautado na Matematica Recreativa utilizando
a Historia da Matematica.
6
Alem da introducao, que e o capıtulo 1, nosso texto tem outros 3 capıtulos. No 2o,
fizemos um levantamento sobre Matematica Recreativa, fazendo uma discussao sobre sua
definicao, falando seu papel ao longo da historia e relatando o trabalho de dois grandes
contribuintes desta matematica. Alem da Matematica Recreativa, tratamos da Historia
da Matematica e sua aplicacao em sala de aula. Integra tambem o capıtulo 2o, uma
abordagem sobre a congruencia matematica como instrumento utilizado na discussao
sobre os Numeros de Kaprekar.
No 3o capıtulo, apresentamos algumas informacoes sobre a India e dados biograficos
do matematico Kaprekar, alem de consideracoes sobre os temas por ele estudado. Como
parte integrante do 3o capıtulo, ha uma abordagem de um artigo do Iannucci (2000) e
sua respectiva explanacao sobre os Numeros de Kaprekar.
O 4o capıtulo e constituido de duvidas apresentadas por alunos da UFRN, sobre
os Numeros e a Constante de Kaprekar, quando a exposicao da pesquisa. Completa o 4o
capıtulo, um apanhado de sugestao quanto ao texto do produto educacional.
No 5o capıtulo, sao feitas as consideracoes finais sobre o trabalho.
7
2 Fundamentos da pesquisa
Neste capıtulo, observaremos algumas definicoes de Matematica Recreativa dada
por varios autores. Alem disso, buscaremos a importancia da Matematica Recreativa ao
longo da historia e personagens que ajudaram na sua divulgacao. Iremos ver a importancia
da Historia da Matematica para o processo de ensino e aprendizagem e alguns resultados
importantes da aritmetica.
2.1 Matematica Recreativa
Nesta secao, iremos abordar definicoes da Matematica Recreativa, seu uso em sala
de aula e sua importancia para alguns ramos da matematica. Traremos o principal nome
da Matematica Recreativa no mundo, Martin Gardner, e o principal nome no Brasil, Julio
Cesar de Mello e Souza.
2.1.1 O que e a Matematica Recreativa?
Ao longo dos anos, a matematica sempre foi, na maioria das vezes, a disciplina
em que os alunos apresentavam maior dificuldade. A pesquisadora Sadovsky (2007, p.15
apud FRANCA; SANTOS; SANTOS, 2007, p.13) relata que o baixo desempenho na ma-
tematica nao e somente no Brasil, e um problema de ordem mundial. E segundo Franca,
Santos e Santos (2007 p.31) “O que se observa na maioria das escolas de Ensino Funda-
mental e Ensino Medio e o alto ındice de reprovacao e de alunos com serias dificuldades
para compreender a matematica, muitas vezes, demonstram desinteresse pela disciplina.”
Logo, a matematica e vista, por maior parte dos estudantes, como uma disciplina em que
o aprendizado apresenta umaserie de dificuldades e a maioria dos alunos acabam criando
um bloqueio para a matematica, fazendo assim ser uma das disciplinas com maior ındice
de reprovacao.
Assim, buscar uma forma de mudar a visao dos alunos e da sociedade acerca da
matematica e preciso. Existem varios fatores que ajudariam nessa mudanca, como por
exemplo, as estruturas das nossas escolas da Educacao Basica, com projetor multimıdia,
laboratorios de matematica, entre outras condicoes e espaco para que o professor pudesse
planejar melhor uma aula. Mas, acreditamos que o principal fator de mudanca e a forma
como a matematica e apresentada. A matematica ensinada da forma tradicional ainda pre-
8
domina nas salas de aula, uma aula na qual o professor apresenta o assunto com formulas
e mais formulas no quadro e resolucoes de questoes atras de resolucoes de questoes. Desta
forma, o professor utilizar recursos didaticos para que o aluno se atente mais as aulas de
matematica e bastante importante. Franca, Santos e Santos (2007, p.33) fala que “Uma
das alternativas de ajudar o aluno na abstracao e utilizar jogos matematicos em sala de
aula, isso estimula o raciocınio-logico que tanto estamos enfatizando que seja despertado
em nossos alunos.” Sugere-se como forma de mudanca, que haja iniciativas como: Tra-
zer jogos, desafios, projetos, etc. Assim, a Matematica Recreativa pode se tornar uma
alternativa para os professores nas escolas.
Mas o que seria essa Matematica Recreativa? Que tipo de matematica e esta?
Acredito que muitas pessoas nao tenham ouvido falar em Matematica Recreativa, ja que
a popularizacao do termo ”Matematica Recreativa”e seus estudos voltado para Educacao
Basica e algo recente. A definicao desta matematica nao e algo simples de se fazer. Muitos
estudiosos acabam por defini-la com palavras e termos diferentes.
Devido a essa diversidade de definicoes, resolvemos buscar o ponto de vista de
alguns pesquisadores da area e expor suas definicoes ou discussoes a cerca da Matematica
Recreativa para que possamos entender melhor esta matematica.
Os primeiros que traremos sao Martins e Picado (2014 p.101), que procuram trazer
a discussao da definicao de Matematica Recreativa da seguinte forma, “Ha quem diga de
forma muitıssimo simplista que a Matematica Recreativa e o assunto que engloba puzzles
e jogos matematicos.”
O pesquisador e professor americano Singmaster procura definir da seguinte forma,
Matematica Recreativa e matematica divertida e popular [...] e umamatematica divertida e usada pedagogicamente como um desvio da ma-tematica seria ou como uma maneira de tornar matematica seria com-preensıvel ou palatavel. (SINGMASTER, 2000, p.4, traducao do autor)
Outros pesquisadores que procuraram definir a Matematica Recreativa foram os
Barves, dizendo que
a Matematica Recreativa e uma matematica divertida e usada comodiversao da matematica seria ou como uma maneira de tornar a ma-tematica seria compreensıvel ou palatavel. [...] Uma definicao obviae que, e a matematica levando a alguma diversao, embora para umapessoa leiga. (BARVES, BARVES, 2012, traducao do autor)
Ja a pesquisadora Bartlova procura trazer a defnicao de um grande pesquisador
da area de Matematica Recreativa,
Talvez a definicao mais concisa de Matematica Recreativa seja a quefoi fornecida pela figura principal de matematica recreativa de todos ostempos, nomeadamente Martin Gardner, que alegou que MatematicaRecreativa e aquela parte da matematica que “inclui qualquer coisa quetem espırito de jogo” (BARTLOVA, 2016, p.2, traducao do autor)
,
9
Mas tambem, Bartlova procura fazer sua propria definicao, de uma forma muito
completa, da sua visao da Matematica Recreativa, dividindo em quatro aspectos, o as-
pecto cientıfico-popular, o aspecto do divertimento, o aspecto pedagogico e o aspecto
pedagogico.
1. O aspecto cientıfico-popular - a Matematica Recreativa e a parte damatematica que e divertida e popular. Ou seja, os problemas correspon-dentes devem ser compreensıveis para um leigo interessado, embora assolucoes possam ser mais difıceis. Pela Matematica Recreativa, pode-mos entender a abordagem usando a qual podemos tornar a matematicaseria compreensıvel ou, pelo menos, mais palatavel.2. O aspecto do divertimento - a Matematica Recreativa e uma ma-tematica usada como um desvio da matematica seria para a diversaode alguem. Por exemplo, um dos proeminentes matematicos recreativoscontemporaneos Ian Stewart percebe o papel da Matematica Recreativaprecisamente nesse sentido. Ele esta tentando ver a matematica comouma fonte de inspiracao e alegria. Ele costuma escrever em seus livrosque a matematica divertida e aquela parte que nao e ensinada na escola.O mesmo ponto de vista foi defendido por Martin Gardner, que, alemdisso, acreditava que, mesmo na escola, a matematica ensinada deveriaser divertida ate certo ponto.3. O aspecto pedagogico - a Matematica Recreativa pode ser usadapara fins de ensino. E visto como uma grande utilidade pedagogica.Suas partes estao presentes na matematica mais antiga conhecida e essasituacao continua ate os dias atuais.4. O aspecto historico - a Matematica Recreativa sempre desempenhouum papel muito importante na historia da matematica e foi responsavelpela origem de teorias e conceitos matematicos importantes que naoexistiriam sem ela.(BARTLOVA, 2016, p.2, traducao do autor)
O aspecto 3 abordado por Bartlova traz a discussao principal deste trabalho, o
uso pedagogico da Matematica Recreativa em sala de aula, na qual iremos discutir mais
a frente. Ja o aspecto 4, traremos exemplos ao longo da historia em que a Matematica
Recreativa foi importante para a construcao da matematica como conhecemos hoje.
Assim, observamos que a Bartlova apresenta de varios pontos de vista a Ma-
tematica Recreativa, mostrando desde o seu papel ao longo da historia ate seu uso em
sala de aula.
Com essa exposicao das definicoes de Matematica Recreativa feita por alguns au-
tores, podemos ter uma nocao do que seja a Matematica Recreativa. Como forma de
organizar as ideias e buscar uma melhor compreensao, apresentamos na tabela 2.1 al-
gumas palavras chaves utilizadas pelos autores na discussao e definicao da Matematica
Recreativa.
10
Tabela 2.1: Palavras chaves mencionadas nas definicoes de Matematica Recreativa
Autores PALAVRAS CHAVES
MARTINS, PUZZLES,
PICADO JOGOS
DIVERTIDA, POPULAR,
SINGMASTER DESVIO DA MATEMATICA SERIA,
COMPREENSIVEL
DIVERTIDA,
BARVES DESVIO DA MATEMATICA SERIA,
BARVES COMPREENSIVEL,
MATEMATICA PARA LEIGOS
MARTIN GADNER, JOGOS, ALEGRIA,
IAN STWART DIVERTIDA
DIVERTIDA, POPULAR, PALATAVEL,
BARTLOVA COMPREENSIVEL PARA UM LEIGO,
DESVIO DA MATEMATICA SERIA
A tabela 2.2 mostra os quantitativos que cada palavra chave aparece ao longo de
todas as definicoes e discussoes colocadas aqui.
Tabela 2.2: Quantidade de vezes que aparecem as palavras chaves nas definicoes de Matematica Recreativa
PALAVRAS CHAVES QUANTIDADE
DIVERTIDA 4
DESVIO DA MATEMATICA SERIA 3
MATEMATICA PARA LEIGOS 2
JOGOS 2
COMPREENSIVEL 2
POPULAR 2
PUZZLES 1
ALEGRIA 1
Examinando as tabelas 2.1 e 2.2, podemos observar que os autores apresentam
varios termos e palavras na busca por definir a Matematica Recreativa, sao elas: divertida,
jogos, compreensıvel, popular, uma matematica para leigos, desvio da matematica seria,
alegria e puzzles. Assim, fica claro que nao temos uma definicao unica e representativa do
termo Matematica Recreativa. Porem, a de se observar que palavras e termos aparecem
com mais frequencia quando os autores procuram definir, como e visto na tabela 2.2. Com
o que foi expostos pelos pesquisadores e de acordo com as tabelas 2.1 e 2.2, podemos definir
a Matematica Recreativa como uma matematica que procurar desviar da matematica
11
ensinada da forma tradicional, tornando-a mais compreensıvel ate para leigos, desta forma,
a matematica se apresenta de forma divertida e popular.
Entretanto, e mais comum encontrar estudos que preferem nao definir a Ma-
tematica Recreativa. Por exemplo, Martins e Picado (2014 p.101) falam que “o melhor e
mesmo nao a tentar definir. As definicoes tendem a fechar, e a Matematica Recreativa, na
sua genese, e aberta.” Mesmo construindo uma definicao sobre a Matematica Recreativa,
acreditamos que o melhor seria nao definir, haja vista nao ter uma definicao concreta e
unificada. Assim, quando buscamos definir o que seria Matematica Recreativa, acabamos
por restringir ate onde esta matematica pode alcancar.
Mas uma das grandes discussoes sobre a Matematica Recreativa nem e sobre sua
definicao, e sobre o seu uso pedagogico. Algumas pessoas tem uma certa desconfianca em
relacao a utilizacao da Matematica Recreativa nas salas de aula. Porem, acreditamos que
a Matematica Recreativa pode ter um papel pedagogico muito importante no processo
de ensino e aprendizagem na Educacao Basica. Utilizar a Matematica Recreativa para
prender a atencao do aluno para o que sera ensinado pode ser uma alternativa. Ou entao,
introduzir um assunto ou ate mesmo explicar um teorema de forma mais divertida e
alegre pode fazer o aluno entender melhor e ate mudar um pouco sua visao do que seja a
matematica. Ribeiro compartilha da mesma ideia quando diz que
A procura da solucao de um problema nem sempre exige um grandeconhecimento de matematica. E nesse momento que a recreacao atraia curiosidade dos que nao se interessam pela materia e os convida apratica do raciocınio logico-dedutivo e consequentemente ao estudo dadisciplina. (RIBEIRO, 2018, p.11)
Desta forma, a Matematica Recreativa tem papel importante na desconstrucao da
matematica tradicional e na quebra do paradigma de ser a disciplina com maior dificuldade
entre os alunos da Educacao Basica. E cada vez mais, hoje em dia, e preciso que ela se
faca presente nas salas de aula para que a visao de uma matematica sistematica e as vezes
que nao serve para o dia a dia das pessoas seja aos poucos descontruıda.
2.1.2 Matematica Recreativa ao longo da historia
A Matematica Recreativa e tao antiga quanta a propria matematica. A seguir, va-
mos mostrar exemplos de Matematica Recreativa de acordo com as definicoes e discussoes
feita no topico anterior. Apresentaremos o Papiro de Rhind, a origem da propabilidade,
o desafio das Pontes de Konigsberg e sobre os numeros binarios.
O primeiro exemplo que iremos abordar e um dos mais antigos documentos recre-
ativos encontrado. E o famoso Papiro de Rhind, exposto na figura 2.1. E um documento
egıpcio escrito por volta de 1650 a.C, na qual foi escrito por Ahmes (por isso, algumas
vezes, o papiro de Rhind e tambem conhecido como papiro de Ahmes). O papiro leva
este nome porque o escoces Alexander Henry Rhind o adquiriu por volta 1856. Hoje em
dia, todas as obras pertencentes a Rhind, inclusive o Papiro de Rhind, se encontram no
12
museu britanico em Londres.
Figura 2.1: Papiro de Rhind
Fonte: https://www.matematicaefacil.com.br/2015/11/papiros-matematica-egipcia-
papiro-rhind-ahmes.html Acesso em 02/02/2020
No papiro, encontra-se diversos problemas matematicos, sua grande maioria pro-
blemas nao cotidianos da epoca. Ribeiro (2018, p.11) fala que o papiro Rhind possui
“problemas criativos e ludicos”. Ja Bartlova, explica o lado recreativo do papiro de
Rhind,
Os egıpcios costumavam declarar seus problemas de matematica naforma de um quebra-cabeca. Como estes problemas nao tinhamaplicacao na vida cotidiana, talvez seu principal objetivo fosse forne-cer prazer intelectual. Um dos primeiros casos tem a forma de umacancao de ninar:Sete casas, em cada uma sao 7 gatos,cada gato mata 7 ratos,cada rato teria comido 7 espigas de espelta,cada orelha de espelta produzira 7 hekat.Qual e o total de todos eles?(BARTLOVA, 2016, p.15, traduzido pelo autor)
Um outro momento importante para a matematica que teve como base a recreacao
foi a origem da probabilidade. A probabilidade existia em nosso meio ha muito tempo,
segundo Carloni (2019, p.13) os primeiros registros de probabilidade estao associados a
jogos de azar na epoca da idade media. E foi um desses jogos de azar, que acredita-se que
tenha iniciado a construcao dos conceitos e calculos de probabilidade, que foi o desafio
proposto pelo Chevalier de Mere a Blaise Pascal figura 2.2. Carloni fala que o desafio
proposto e
13
conhecido como problema dos pontos, apresenta a seguinte situacao:“Dois jogadores disputavam um premio que seria dado a quem primeirofizesse 6 pontos no jogo. Quando o primeiro jogador tinha 4 pontos e osegundo tinha 3 pontos, foi preciso interromper o jogo. Como dividir opremio? (CARLONI, 2019, p.13)
Figura 2.2: Blaise Pascal
Fonte: https://atitudereflexiva.wordpress.com/2018/08/06/o-triangulo-de-pascal/
Acesso em 02/02/2020
Com o problema em maos, Pascal passou a acionar e trocar cartas com seu amigo
matematico Pierre de Fermat figura 2.3 em busca de solucionar tal problema. Estas cartas
sao os registros do inıcio da construcao da teoria da probabilidade. Apos a divulgacao dos
seus estudos sobre o desafio, Fermat e Pascal mudaram a visao das pessoas em relacao a
jogos de azar. Elas passaram a saber quem tinham mais chance de vencer certo jogo ou
o modo de jogar que lhe desse mais chances de ganhar.
Figura 2.3: Pierre de Fermat
Fonte: https://atitudereflexiva.wordpress.com/2016/09/07/o-ultimo-teorema-de-fermat/
Acesso em 02/02/2020
Outro grande exemplo de Matematica Recreativa dando origem a uma grande
teoria esta associada a resolucao do problema das sete pontes de Konigsberg, feita por
Euler. O problema se passa na cidade de Konigsberg na qual possui duas ilhas e um
14
conjunto de pontes interligando essas ilhas e outras partes do mapa como mostra a figura
2.4. O desafio consiste em passar por todas as pontes uma unica vez e retornar para o
ponto de partida. Tal problema e solucao deram origem a teoria de grafos.
Figura 2.4: Pontes de Konigsberg
Fonte: https://www.mat.uc.pt/ alma/escolas/pontes/ Acesso em 02/02/2020
Alem desses tres exemplo de Matematica Recreativa durante a nossa historia, existe
outros inumeros exemplos. Passando pelos numeros binarios que foram criados apenas
pela curiosidade e diversao e que hoje em dia e a linguagem da nossa computacao. E
chegando em desafios e jogos que encontramos hoje em dia na sala de aula, como por
exemplo, o cubo magico, Sudoku e torre de Hanoı como mostra a figura 2.5.
Assim, observamos que a Matematica Recreativa sempre esteve presente em nossa
humanidade ao longo da historia e que cada vez mais ela se apresenta em sala de aula.
Desta forma, compreender todo o papel da Matematica Recreativa para matematica e
importante para que possamos explora-la da melhor forma possıvel com os nossos alunos.
Esses e outros exemplos de Matematica Recreativa durante os anos estao presente
na tese de dotourado com o tıtulo Historia e estado atual de Matematica Recreativa e sua
relacao a matematica seria de Bartlova (2016).
15
Figura 2.5: Exemplos de Matematica recreativa praticada em sala de aula
Fonte: http://www.cubovelocidade.com.br/basico/,
https://www.amazon.com.br/Carlu-Brinquedos-1125-Torre-Multicor/dp/B07BH4Q3CB
e https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/sudoku.htm Acesso em 02/02/2020
2.1.3 Dois autores da Matematica Recreativa
Na secao anterior, vimos alguns exemplos de Matematica Recreativa durante a
historia. Agora, iremos abordar personalidades que contribuıram para a Matematica
Recreativa. Bezerra deixa bem claro a grande quantidade de contribuintes para esta
matematica quando diz que
Muitos matematicos ao longo da historia dedicaram-se ao estudo deRecreacoes Matematicas, como Leon Battisti Alberti (1404 – 1472), LucaPacioli (1445 – 1517), Leonhard Euler (1707 – 1788), Pierre de Fermat(1601 – 1665), entre outros. Esses matematicos tem sido citados emestudos de Historia da Matematica, sobre alguns problemas recreativos,por exemplo, o problema proposto por Euler, sobre a possibilidade depercorrer as sete pontes da cidade de Konigsberg, sem passar pela mesmaponte duas vezes. (BEZERRA, 2018, p.31)
Apesar do grande numero de contribuintes para a Matematica Recreativa, iremos,
aqui, abordar somente dois. O grande nome da Matematica Recreativa no mundo, Martin
Gardner, e o principal nome aqui no Brasil, Julio Cesar de Mello e Souza.
As informacoes que apresentaremos a seguir sobre Martin Gardner foram retiradas
do site MacTutor (http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Gardner.
16
html)
Em 21 de outubro de 1914, na cidade de Tulsa, Oklahoma, no centro dos Esta-
dos Unidos, nasceu Martin Gardner, o nome mais famoso da Matematica Recreativa no
mundo. A mae de Martin Gardner, Willie Wilkerson Spiers, era professora dos anos ini-
ciais, porem, apos o nascimento dos seus tres filhos, Martin (o mais velho), Jim e Judith,
ela largou o trabalho para cuidar deles, e continuou apenas com seu hobby favorito, que
era pintar. Sua mae costumava ler muitos livros para seus filhos.
O livro preferido de Martin Gardner na infancia era o magico de Oz. Foi com
esse livro, atrelado a seu lado curioso, que despertou a leitura em Martin Gardner. Por
isso, antes mesmo dele entrar na escola, Martin Gardner ja sabia ler. Ja seu pai, James
Henry Gardner, era doutor em geologia e possuıa uma pequena empresa de petroleo, e
muitas vezes, levava seu filho mais velho para o ambiente de trabalho. Naquela epoca, o
negocio com petroleo estourou no mundo todo como uma riquıssima fonte de energia e a
empresa James passou a ser altamente lucrativa. Desta forma, a famılia vivia muito bem
financeiramente, nao atoa, na casa deles, possuıa uma quadra de tenis na qual Martin
Gardner comecou a jogar quando conseguiu manusear a raquete de tenis. Mais tarde,
o pai de Martin Gardner acabou se tornando presidente da Associacao Americana de
Geologos de Petroleo.
Figura 2.6: Martin Gardner
Fonte: https://skepticalinquirer.org/exclusive/in-celebration-of-martin-gardner/ Acesso
em 02/02/2020
Contudo, nao so a mae de Martin Gardner teve um papel importante na formacao
educacional do filho, com leituras de varios livros que fizeram ele saber ler ate antes de
entrar na escola. O pai, Henry Gardner, foi bastante importante por despertar no filho
uma paixao na qual levou consigo para o resto da vida, a magica. O pai de Martin
17
Gardner, segundo Lister (2005), ”apresentou-o a magia quando lhe ensinou o ”Paddle
Trick”, que emprega uma faca de mesa e varios pedacos de papel”. Com a empolgacao
do filho com a magica que acabara de descobrir, seu pai lhe deu uma copia da Cyclopedia
of Sam Loyd ’s, um livro do matematico Samuel Loyd, que segundo O’Connor e Robertson
(2003), era conhecido como San e ficou famoso pelas criacoes de quebra-cabecas, magicas
e interatividades matematicas. Com todo esse aporte, Martin Gardner comecou a se
interessar por esse tipo de recreacao: magicas e quebra cabecas. Nao a toa, de acordo
com O’Connor e Robertson (2010), a magica o levou “a sua primeira publicacao, New
Color Divination in The Sphinx, a uma revista de magica, em maio de 1930, quando
ainda era estudante do Ensino Medio”.
Ja na escola, Martin Gardner so tinha aptidao para a fısica e a matematica, as ou-
tras disciplinas ele nao gostava muito. Costumava dizer que “sua professora de matematica
do Ensino Medio, Pauline Baker, adorava o raciocınio dedutivo, enquanto pensava que
seu professor de fısica, ME Hurst, era o professor mais inspirador da escola” (O’Connor e
Robertson 2010).
Por influencia do seu professor de fısica, Martin Gardner iria fazer fısica no Instituto
de Tecnologia da California. Porem, um dos requisitos para adentrar no curso era ter
dois anos de College e ele nao possuıa. Entao, Martin Gardner resolveu fazer dois anos
na Universidade de Chicago para posteriormente voltar para fazer fısica no Instituto de
Tecnologia da California. Porem, o jovem americano acabou por se encantar por filosofia,
curso na qual fazia na Universidade de Chicago, e resolveu continuar, se formando em
1936.
Assim que se formou, Martin Gardner teve serias dificuldades em conseguir em-
prego, ja que os Estados Unidos passava pela pior crise economica de sua historia, co-
nhecida como a depressao economica. Varias empresas falindo e pessoas que investiram
pesado na bolsa de valores perdendo dinheiro. Assim, diante da situacao do seu paıs, Mar-
tin Gardner resolveu trabalhar nas oportunidades que apareciam. Trabalhou em varios
setores, como o proprio diz em Albers e Gardner
Eu tive varios empregos. Trabalhei como assistente social da Admi-nistracao de Socorro de Chicago. Eu tive que visitar 140 famılias re-gularmente no que foi chamado de Cinturao Negro. Eu tambem tivevarios trabalhos ımpares: garcom, propagandista de refrigerante, etc.(ALBERS, GARDNER, 2005 apud O’CONNOR; ROBERTSON, 2010)
Ainda chegou a trabalhar como reporter e como oficial de relacoes publicas na
universidade na qual se formou em filosofia. Por volta de 1941, Martin Gardner aca-
bou servindo a marinha americana durante a segunda guerra mundial e ficou embarcado
durante cerca de tres anos no oceano Atlantico dando suporte a navios de combate e
impedindo qualquer tipo de invasao que os Estados Unidos acabassem por sofrer. Ate que
em 1945, apos o fim da segunda guerra mundial, Martin Gardner retorna para o territorio
americano.
18
No retorno a Chicago, apos a segunda guerra mundial, Martin Gardner acabou
vendendo seu primeiro conto para uma revista masculina chamada Esquire Magazine.
Apos a venda do seu primeiro conto, percebeu que poderia tirar seu sustento apenas
da sua escrita, e resolveu nao voltar a trabalhar como oficial de relacoes publicas na
Universidade de Chicago, cargo que tinha antes de servir a marinha americana. Desta
forma, Martin Gardner acabou conseguindo escrever para duas revistas periodicamente,
uma era a propria revista Esquire Magazine e a outra era a Humpty Dumpty, uma revista
infantil que fazia publicacoes de contos, poemas, artigos de nao-ficcao, jogos, quadrinhos,
etc. Uma revista que fazia bem o estilo de escrita favorita de Martin Gardner.
Em 1947, o escritor americano se mudou para Nova York e continuou a escrever
para a Humpty Dumpty. Pouco tempo depois que chegou a cidade novaiorquina, Martin
Gardner conheceu Charlotte Greenwald, aquela que em 1952 se tornou sua esposa e fica-
ram juntos ate a morte de Charlotte em 2000. Ambos tiveram dois filhos, o Jim e o Tom.
No mesmo ano de seu matrimonio, Martin Gardner publicou seu primeiro livro, In Name
of Science que posterior foi republicado em 1956 sob o tıtulo de Fads and Fallacies in the
Name of Science.
Em dezembro de 1956, Martin Gardner fez o trabalho que o projetaria para a
Matematica Recreativa, foi a sua publicacao sobre hexaflexagonos na revista americana
Scientific American, revista muito importante e com divulgacoes mensais sobre ciencia. A
publicacao de Martin Gardner sobre os hexaflexagonos teve um retorno tao positivo que
o editor o chamou para escrever mensalmente na revista. Assim, Martin Gardner deixou
seu cargo com a Humpty Dumpty e passou a escrever um artigo mensal na Scientific
American na qual tinha como tıtulo Mathematical games. Ele escreveu na sua coluna
por 25 anos e popularizou a matematica e matematicos para todo o mundo. Mas nao
so de artigo de revista viveu Martin Gardner, ele publicou inumeros livros como relata
O’Connor e Robertson
Seus livros tambem tiveram um enorme impacto na popularizacao damatematica. Ele escreveu mais de sessenta livros de capa dura, bemcomo inumeros panfletos de cerca de 50 paginas. Certamente, nem que-remos listar os tıtulos de mais de sessenta obras, por isso vamos fa-zer uma selecao:Maquinas e diagramas logicos (1958); A Alice anotada(1960); Relatividade para o milhao (1962); O universo ambidestro: as-simetria de espelho e mundos invertidos no tempo (1964); Carnaval ma-tematico: um novo resumo de tentadores e quebra-cabecas da ”ScientificAmerican”(1975); The Incredible Dr Matrix (1976); Aha! Insight (1978);Ciencia: Bom, Ruim e Bogus (1981); Aha! Gotcha: Paradoxos de Puzzleand Delight (1982); Os porques de um escrivao filosofico (1983); Codigos,Cifras e Escrita Secreta (1984); Divertidos enigmas matematicos(1986);Viagem no tempo e outras perplexidades matematicas (1987); Quebra-cabecas perplexos e provocacoes tentadoras (1988); Musica Fractal, Hy-percards e Mais (1991);
19
Meus melhores enigmas matematicos e logicos (1994); Classic Brain-teasers (1995); Calculus Made Easy (1998); Um treino de Gardner:treinando a mente e entretendo o espırito (2001); Contos Matematicosde Quebra-Cabecas (2001); e Bamboozlers (2008) (O’CONNOR, RO-BERTSON, 2010)
Martin Gardner teve uma contribuicao imensuravel para a matematica e a Ma-
tematica Recreativa, mesmo sem ser formado em matematica. A nao formacao em ma-
tematica o ajudava na hora de escrever sobre a matematica, ja que o seu conhecimento
era o mesmo das outras pessoas que nao se aprofundaram na disciplina, isso o ajudava a
escrever com uma linguagem que um leigo em matematica entendia bem.
Em maio de 2010, Martin Gardner faleceu na sua cidade natal, porem, deixou um
legado na matematica que e estudado e desenvolvido ate nos dias atuais. A influencia de
Martin Gardner na recreacao e tao grande que muitos estudiosos o consideram o maior
nome da Matematica Recreativa da historia. Como forma de homenagem, desde de 1993,
ocorre o encontro mundial de Matematica Recreativa nos Estados Unidos, o nome do
evento e Gathering for Gardner (G4G) figura 2.7.
Figura 2.7: Logo do evento Gathering for Gardner (G4G)
Fonte: https://www.gathering4gardner.org/ Acesso em 02/02/2020
As informacoes que apresentaremos a seguir sobre Malba Tahan foram retiradas do
Site Oficial da Famılia e dos Admiradores de Malba Tahan (https://www.malbatahan.
com.br/)
No Brasil, um autor se destacou por popularizar a Matematica Recreativa em todo
territorio nacional, foi Julio Cesar de Mello e Souza Figura 2.8 que nasceu em 6 de maio
de 1895, na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de ter nascido na capital federal da epoca,
Rio de Janeiro, Julio Cesar passou toda sua infancia em Queluz, cidade pequena que
pertence a Sao Paulo e fica na divisa com o estado do Rio de Janeiro.
Os pais de Julio Cesar, Joao de Deus de Mello e Souza e Carolina Carlos de
Toledo, conhecida como Dona Sinha, eram professores em Queluz e a escola funcionava
nas dependencias de sua casa e tinha somente eles como professores. Julio Cesar teve
nove irmaos e com tantos irmaos, nao faltava ajuda para manter o trabalho escolar, por
exemplo, Julio Cesar e sua irma Julieta ajudavam recolhendo licoes, distribuindo cadernos
e atividades, apagando a lousa, etc. O dia a dia escolar presente na famılia Mello e Souza
e o fato de os pais serem professores, fizeram com que sete dos nove filhos de dona Sinha
e de Joao de Deus optassem pelo magisterio como profissao. Com uma famılia muito
20
grande e pouco recurso financeiro, Julio Cesar teve uma infancia bem simples, e acabava
dividindo seu tempo entre ajudar na escola, brincar na rua e estudar.
Figura 2.8: Julio Cesar de Mello e Souza
Fonte: https://www.malbatahan.com.br/biografias/julio-resumo/ Acesso em
02/02/2020
Aos onze anos, Julio Cesar conseguiu passar no exame de admissao da escola militar
no Rio de janeiro, assim sendo, morou por tres anos na cidade maravilhosa, porem, nao
terminou os estudos porque a escola era paga e seu pai nao tinha dinheiro para manter
seu filho. Durante esses tres anos na escola militar, Julio Cesar criou sua primeira obra
literaria, a revista ERRE, que no site oficial da famılia e dos admiradores de Malba Tahan
que tem o apoio do grupo Editorial Record, fala que
Nela, ele exercia as funcoes de diretor, redator e ilustrador. Ao ladodo tıtulo da revista que inventou, apresentou seu primeiro pseudonimo:“ERRE Redactor Salomao IV”. Depois, avisava: “Erre – crıtico, illus-trado e mensal”. Tratava-se de um engenhoso caderninho, com folhasdobradas, costuradas a mao, escrito com caneta tinteiro e ilustrado peloproprio autor com desenhos a mao livre, coloridos com lapis de cor ouguache. As historias eram organizadas em capıtulos e privilegiavamo suspense, a guerra ou ainda a ciencia dos animais e do corpo hu-mano. (https://www.malbatahan.com.br/biografias/1895-1906/, acessoem 02/02/2020)
21
A revista ERRE figura 2.9, que perdurou por entre janeiro de 1907 ate novembro
de 1908, ja mostrava o talento de Julio Cesar em relacao a criatividade e a escrita. Ao
todo, a revista teve 25 exemplares e hoje em dia, o acervo se encontra no Centro de
Memoria da Faculdade de Educacao da Unicamp.
Figura 2.9: Revista ERRE
Fonte: https://www.malbatahan.com.br/biografias/1895-1906/ Acesso em 02/02/2020
Em seguida, em 1909, Julio Cesar conseguiu uma vaga na escola Dom Pedro II.
Uma escola bastante tradicional e renomada no Rio de Janeiro ate nos dias atuais. Acabou
conseguindo permanecer e terminar os estudos na escola pois conseguiu uma bolsa integral.
Entre varios fatos curiosos que Julio Cesar passou na nova escola, destacamos quando
o professor de portugues passava redacoes para serem feitas e entregues, e quem nao
entregasse teria que passar o final de semana na escola e nao poderia retornar para casa.
Julio Cesar, amante da escrita, acabava escrevendo a sua redacao e ganhando dinheiro
escrevendo redacoes para seus colegas de classe. Outro fato interessante, foi que numa
noite no final de semana, o entao diretor naquela epoca, acordou os dois alunos que ali
dormiam para poder ver o cometa Halley passando. Tal noite foi tao marcante para Julio
Cesar, que quando mais velho, escreveu um conto falando sobre esta experiencia que teve
na escola, conhecido como Acordaram-me de madrugada (Figura 2.10).
22
Figura 2.10: Livro que conta a experiencia numa madruga na epoca da escola
Fonte: https://www.malbatahan.com.br/biografias/1906-1925/ Acesso em 02/02/2020
Em 1911, seu pai acabou falecendo e sua mae foi morar no Rio de Janeiro. Com a
vinda para o Rio, sua mae acabou fundando um externato na qual seus filhos, incluindo
Julio Cesar, eram os professores. Em 1912, Julio Cesar conseguiu seu primeiro trabalho
formal, era auxiliar na Biblioteca Nacional e posteriormente comecou o curso superior em
engenharia civil na antiga Escola Politecnica da Universidade do Brasil. Desta forma, Julio
Cesar se dividia entre aulas na escola da mae, auxiliar na Biblioteca Nacional e a noite
fazia o curso de engenharia civil. Em 1921, ja formado, na escola normal, assumiu como
professor substituto de Euclides Roxo, professor que teve papel importante na educacao
em matematica no Brasil e na qual tinha sido seu professor anteriormente. Dois anos
depois, por meio de concurso, acabou se tornando professor efetivo. Entre tantas aulas
que ministrava, acabou se encantando por uma ex-aluna, Nair Marques, Mulher na qual se
tornou sua esposa em marco de 1925 e posteriormente tiveram tres filhos, Rubens Sergio,
Sonia Maria e Ivan Gil.
Julio Cesar trabalhou por um tempo como tradutor de correspondencias de guerra
no jornal O Imparcial, no Rio de Janeiro. Segundo Neto e Salles (2015, p. 23) o jornal
publicava pequenos contos para que as pessoas pudessem ler no caminho de ida e volta
do trabalho. Logo, Julio Cesar se interessou em escrever pequenos contos para que fosse
publicado no jornal. Fez alguns e deixou na mesa do diretor para que ele pudesse avaliar
para uma possıvel publicacao. Porem, toda vez que ele ia na sala do diretor, observava
seus contos no mesmo lugar que os tinham deixados. Logo, percebeu que o diretor nao
daria importancia aos seus contos. Desta forma, Julio Cesar resolveu alterar a assinatura
do conto, de J. C. Mello e Souza para R. V. Slady, e relatou ao diretor que se tratava
de um conto estrangeiro. No dia seguinte percebeu que um dos seus contos, A historia
23
dos oito paes figura 2.11, estava na capa do jornal. Assim, observou a importancia de um
codinome para um escritor pouco conhecido conseguir publicar algum tipo de material.
Desta forma, Julio Cesar resolve criar um pseudonimo que o acompanhou por varios anos,
Malba Tahan.
Figura 2.11: A historia de oito paes
Fonte: https://www.malbatahan.com.br/biografias/1906-1925/ Acesso em 02/02/2020
Assim, apos a ideia do pseudonimo, Julio Cesar comecou a escrever livros e contos
com a assinatura de Malba Tahan. Um grande parceiro dele nesta empreitada foi o diretor
do jornal A noite, Irineu Marinho. Julio Cesar levou os livros e contos para o jornalista
e o explicou a situacao do pseudonimo Malba Tahan. Ao ler os contos, gostou muito
e resolveu publicar na primeira pagina do seu jornal e garantiu nao revelar o nome de
Julio Cesar como autor e sim Malba Tahan. Irineu Marinho foi um dos responsaveis pelo
surgimento e disseminacao de Malba Tahan para o publico brasileiro.
Mas de onde veio esse nome Malba Tahan? Ele existiu mesmo? Malba Tahan
existiu sim. Segundo Siqueira e Filho
o personagem Malba Tahan nasceu em 06 de maio de 1885, proximo ‘acidade de Meca. Foi prefeito da cidade arabe de El-Medina e abando-nou o cargo quando seu pai morreu, em 1912, o qual deixou uma grandefortuna como heranca. Entao, Malba Tahan passa a viajar por variospaıses: Russia, India, China, Japao e regressa, posteriormente, para aArabia Saldita. Em 1921 ele morre, ainda jovem, numa luta pela liber-dade de uma pequena tribo de beduınos, no deserto da Arabia Central.(SIQUEIRA, FILHO, 2008 apud FILHO, 2013, p. 25)
Desta forma, o pseudonimo, Malba Tahan tinha uma linha a ser seguida, a linha
arabe. Desta forma, Julio Cesar ambientou as obras assinadas por Malba Tahan como
sendo arabe, destacando a religiosidade, a cultura, polıtica e o cotidiano do povo daquela
regiao. Entao, em suas obras, via-se muito elementos como camelo, deserto, oasis, entre
outros elementos que caracterizasse que o autor era mesmo arabe.
24
Aos poucos, os livros e contos escritos por Malba Tahan iam se tornando cada vez
mais populares. Em 1934, Malba Tahan tinha feito varios contos e seu primeiro livro
falando sobre Matematica recreativa que se chamava Matematica divertida e curiosa.
Porem, a grande obra de Malba Tahan foi o livro O homem que calculava figura 2.12.
Um livro que juntava a cultura arabe com os conhecimentos matematicos. O livro teve
um grande ındice de vendas e Malba Tahan ficou conhecido em todo Brasil. Segundo
o que consta no site do Malba Tahan malbatahan.com.br, o grande escritor Monteiro
Lobato havia afirmado que o homem que calculava seria uma obra que iria transgredir
a barreira do tempo e passar de geracoes em geracoes. Ate hoje, e um dos livros sobre
Matematica Recreativa mais utilizados em sala de aula pelos professores de matematica.
A obra foi tao impactante na vida de Julio Cesar que atualmente ele e mais conhecido
pelo pseudonimo Malba Tahan do que pelo proprio nome. Mas o livro, O Homem que
Calculava, rompeu as barreiras brasileiras. Malba Tahan acabou recebendo convites para
ir a Portugal, Argentina, Uruguai, entre outros paıses para falar do famoso livro e sobre
recreacao matematica. O livrou foi traduzido para lıngua espanhola e inglesa para que
pudesse ser comercializado fora do paıs. Sabe-se que o pseudonimo Malba Tahan publicou
cerca de 56 livros, com diferentes vertentes, como matematica, didatica, contos infantis,
teatros, etc.
Figura 2.12: Livro de Malba Tahan: O Homem que Calculava.
Fonte:
https://www.amazon.com.br/Homem-Que-Calculava-Malba-Tahan/dp/8501023140
Acesso em 02/02/2020
Nao so com os livros e contos o Malba Tahan ficou conhecido e deu a sua con-
tribuicao para o Brasil. Outras atividades, fora da escrita, marcaram o autor brasileiro.
Malba Tahan rodou o Brasil todo, cerca de 200 cidades, para ministrar palestras e cursos
de aperfeicoamento de professores Figura 2.13. Na cidade na qual moro desde da minha
infancia, Natal-RN, o professor Malba Tahan ministrou curso para professores das escolas
publicas.
25
Na decada de 1950 ocorreram algumas iniciativas em aprimoramentoda matematica na Escola Normal de Natal, podemos citar como porexemplo o curso ministrado pelo professor Julio Cezar de Mello e Souza(Malba Tahan) aos professorandos da Escola e aos professores da redepublica do estado. (ASSIS, 2016, p.189)
Figura 2.13: Curso Ministrado por Julio Cesar para professores
Fonte: https://www.malbatahan.com.br/biografias/1937-1957/homem Acesso em
02/02/2020
Outra contribuicao importantıssima foi a universidade do ar, projeto que atraves
da radio nacional procurava ministrar aulas a distancia, um pequeno embriao do Ensino
a Distancia, EaD, tao difundido e cada vez mais presente nos dias atuais. Tambem criou
a revista “Al Karismi”, importante meio de comunicacao que era destinada a publicacoes
de Matematica Recreativa. Segundo o que consta no site do Malba Tahan
O empenho de Malba Tahan em popularizar a Matematica foi muitogrande [...] no Diario “A Noite”, Malba Tahan estreava a “Ma-tematica Divertida e Curiosa”, talvez a primeira coluna do generono mundo. (https://www.malbatahan.com.br/biografias/1937-1957/,acesso em 02/02/2020)
Assim, Malba Tahan teve um papel importantıssimo para a matematica e para
educacao matematica. Ele criticava bastante a forma como a matematica era ensinada na
maioria das escolas no Brasil, a forma tradicional de ensino, principalmente na disciplina
de matematica. A esses professores, ele denominou de “algebristas”. Como forma de
contribuicao no sistema de ensino em matematica, ele publicou uma serie de livros neste
sentido, como a Didatica da Matematica, Matematica Divertida e Pitoresca, Matematica
Divertida e Diferente, Matematica Divertida e Curiosa, O Homem que Calculava, entre
outras obras de suma importancia para educacao matematica.
Malba Tahan faleceu em 18 de junho de 1974. Ele estava em Recife para ministrar
uma palestra para professores quando pela manha sofreu um infarto vindo a obito. Apesar
26
da morte, a vida e as obras de Malba Tahan perduram ate hoje na educacao brasileira.
Sua importancia e sua dedicacao para com a matematica foram tao imensuraveis que
mesmo depois de 39 anos de sua morte, foi promulgado o projeto de Lei 3482/04, pela
deputada professora em letras da UFG Raquel Teixeira, que decreta que o dia 6 de maio,
data de nascimento de Malba Tahan, e declarado o dia nacional da matematica.
2.2 Historia da Matematica
Com a educacao cada vez mais dinamizada, utilizando como por exemplo, jogos,
dinamicas e tecnologias, a busca por alternativas de ensino para a sala de aula de modo
que o aluno seja peca atuante na busca pelo conhecimento e bastante importante. A
utilizacao da Historia da Matematica como recurso pedagogico no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos, principalmente da Educacao Basica, e uma excelente alternativa
para que o professor possa introduzir os conteudos matematicos em sala de aula. Oliveira,
Oliveira e Vaz (2014) afirma que “O uso dos fatos historicos na sala de aula proporciona
um melhor entendimento dos alunos no que diz respeito a dimensao historica dos assuntos
envolvidos, despertando assim o interesse dos alunos, motivando-os ainda mais a buscar
o conhecimento.” Desta forma, o uso da Historia da Matematica como recurso didatico
pode ser uma boa alternativa para prender a atencao do aluno e fugir um pouco daquela
aula mais tradicional, com formulas e algoritmos no quadro. Desta forma, o ensino com
uso da Historia da Matematica nao e so benefico a matematica, ela propoe uma interdis-
ciplinaridade e aguca o poder de investigacao e senso crıtico do aluno. Gasperi e Pacheco
(2007, p. 4) afirma que “Estudar a Historia da Matematica permite que o professor tenha
uma visao mais ampla e contextualizada de sua disciplina interligando a matematica com
outras disciplinas, respeitando suas especialidades”.
A interdisciplinaridade “Trata-se de explorar as fronteiras das disciplinas e as zonas
intermediarias entre elas.” (JAPIASSU, 1976, p.57). Alem disso, a interdisciplinaridade
pode ser uma aliada da Matematica Recreativa, Japiassu (1976 p.54) apresentava a inter-
disciplinaridade como uma oposicao a forma de ensino do tipo tradicional. E justamente
esse tipo de oposicao que abordamos na secao anterior ao tratar da Matematica Recrea-
tiva.
A interdisciplinaridade traz uma serie de benefıcios para o ambito da sala de aula,
Clark Abt apresenta algumas delas a seguir,
- Despertar entre os estudantes e os professores um interesse pessoalpela aplicacao de sua propria disciplina a uma outra;- Estabelecer um vınculo sempre mais estreito entre as materiasestudadas;- Abolir o trabalho macante e por vezes “bitolante” que constitui aespecializacao em determinada disciplina;- Reorganizar o saber;
27
- Estabelecer comunicacao entre os especialistas;- Criar disciplinas e domınios novos de conhecimento, mais bem adap-tados a realidade social;- Aperfeicoar e reciclar os professores, reorientando-os, de sua formacaoespecializada, a um estudo que vise a solucao de problemas;- Reconhecer o carater comum de certos problemas estruturais, etc.(Clark Abt apud JAPIASSU, 1976, p. 56)
Essas caracterısticas, sobre a interdisciplinaridade, foram consideradas no nosso
estudo articulando a Matematica Recreativa e a Historia da Matematica e na elaboracao
do nosso produto educacional. Desse modo, buscamos promover uma integracao da ma-
tematica com disciplinas como lıngua portuguesa, historia e geografia.
Nas indicacoes para o Ensino Fundamental I e II dos Parametros Curriculares
Nacional (PCN) referente a matematica fala que:
A Historia da Matematica pode oferecer uma importante contribuicao aoprocesso de ensino e aprendizagem dessa area do conhecimento. Ao reve-lar a matematica como uma criacao humana, ao mostrar necessidades epreocupacoes de diferentes culturas, em diferentes momentos historicos,ao estabelecer comparacoes entre os conceitos e processos matematicosdo passado e do presente, o professor cria condicoes para que o alunodesenvolva atitudes e valores mais favoraveis diante desse conhecimento.(BRASIL, (b), 1998)
O PCN foi substituido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A nova
diretriz continua indicando o uso da Historia da Matematica,
Alem dos diferentes recursos didaticos e materiais, [...] e importanteincluir a Historia da Matematica como recurso que pode despertar in-teresse e representar um contexto significativo para aprender e ensinarmatematica. (BRASIL, (a), 2017)
Entretanto, tem que se ter um cuidado ao usar Historia da Matematica no pro-
cesso de ensino. Chaquiam e Mendes (2016, p. 19) alertam que os professores devem ter
cuidado no uso da Historia da Matematica, sempre perguntando para quem e para que
a usar. Esses autores chamam mais atencao quando diz que “e necessario que se tenha
clareza sobre quais historias tratamos e de que modo nos referimos direta e indiretamente
a matematica a ser ensinada e ate que ponto essas historias podem ser utilizadas peda-
gogicamente.” Assim, devemos sempre ter a preocupacao ao utilizar um recurso didatico
em sala de aula (como por exemplo tecnologia, jogos, dinamicas, filmes etc) para nao ser
uma atividade apenas de entretenimento e sim com um fim pedagogico.
Assim, usaremos a Historia da Matematica para construcao da experiencia vivida
por um personagem do seculo XX. Porem, a construcao desta narrativa nao pode ser feita
como um conto de historia, com relatos de fatos, datas e eventos. Mendes e Chaquiam
chamam a atencao de como deve ser feito esta construcao,
28
As historias que tratam exclusivamente sobre a vida dos matematicosou apenas dos professores de matematica, e que tem apelo fortementebiografico, podem contribuir de forma apenas ilustrativa para o ensinoe a aprendizagem de conceitos, propriedades e relacoes matematicas, seforem exploradas apenas no ambito dessas biografias. Uma alternativapara a superacao dessas limitacoes das biografias e que o professor deveplanejar, executar e avaliar o desenvolvimento de projetos de inves-tigacao historica que avancem com relacao a conexao entre vida, obrae o fazer matematico desses sujeitos investigados de modo a ir alem dasimples biografia. Caso contrario essas historias com enfoque central nasbiografias poderao tender a se configurar apenas como historias pitores-cas e anedotarias a respeito de personagens da historia da Matematica.(CHAQUIAM, MENDES, 2016, p.20, grifo do autor)
Para ficar bem claro a forma como devemos explorar um personagem matematico
ao longo da historia, Chaquiam e Mendes deixa de forma bem didatica um diagrama
figura 2.14 que esquematiza toda a construcao de um personagem historico.
Figura 2.14: Diagrama sobre a construcao da historia de um personagem
Fonte: CHAQUIAM, MENDES, 2016, p. 92
O diagrama deixa claro a forma como devemos construir uma Historia da Ma-
tematica com enfoque em uma personalidade. Ele expoe que nao devemos apenas focar
no personagem em destaque, outros elementos sao bastante importantes na hora dessa
construcao.
No diagrama ele comeca fazendo uma juncao do personagem com o tema/conteudo
que esta relacionado a aquele personagem. Relatar como o tema/conteudo se desenvolveu
ao longo dos anos e as personalidades que contribuıram para o seu desenvolvimento e
29
muito importante. Outro caminho a ser tomado na hora da investigacao e sobre o que esta
ocorrendo no cenario mundial e local em que se encontra o personagem em estudo. Saber
a cultura em que ele vive, saber a polıtica do seu paıs, religiao, entre outros elementos
que pode influenciar no dia a dia do personagem estudado. Desta forma, ambientamos de
forma bem completa todo o desenvolvimento do personagem e o leitor passa a compreender
toda a construcao historica e matematica da personalidade e do assunto ali abordado. No
desenvolvimento do nosso produto educacional, nos pautamos nas ideias de Chaquiam e
Mendes e na interdisciplinaridade.
2.3 A aritmetica para o estudo dos Numeros de Ka-
prekar
Nesta secao, abordaremos a matematica que sera necessaria para o estudo e en-
tendimento dos resultados sobre os Numeros de Kaprekar. A aritmetica e a base para o
entendimento do conteudo matematico da nossa dissertacao. Parte deste ramo da ma-
tematica e uma das disciplinas obrigatorias do PROFMAT e na qual se tornou a base
matematica deste texto, principalmente o conteudo de congruencia. Desta forma, esta-
mos utilizando como base o livro de aritmetica da colecao PROFMAT de Hefez (2016).
Este ramo da matematica e bastante importante tanto na graduacao quanto na pos gra-
duacao, ja que e uma das disciplinas em que o estudante de um curso de licenciatura em
matematica comeca a ter um contato maior com a matematica mais formal, com teoremas
e demonstracoes. Ja na Educacao Basica, ela se faz presente do Ensino Infantil ao Ensino
Medio. Serao abordados definicoes, proposicoes, corolarios e exemplos para que os leitores
possam compreender cada parte aqui explanada.
Seja a, b ∈ Z. A notacao (a, b) indica o maximo divisor comum (MDC) e [a, b]
indica mınimo multiplo comum (MMC).
Dois numeros inteiros a e b sao ditos coprimos, ou primos entre si, se (a, b) = 1.
Definicao 2.3.1. Seja m um numero natural com m > 1. Diremos que dois numeros
inteiros a e b sao congruentes modulo m se os restos de sua divisao euclidiana por m sao
iguais. Quando os inteiros a e b sao congruentes modulo m, escreve-se:
a ≡ b(modm)
Por exemplo, 21 ≡ 13(mod2), ja que os restos da divisao de 21 e de 13 por 2 sao
iguais a 1.
Quando a relacao a ≡ b(modm) for falsa, diremos que a e b nao sao congruentes,
ou que sao incongruentes, modulo m. Escrevemos, nesse caso, a 6≡ b(modm).
Por exemplo, 19 6≡ 11(mod3), ja que os restos da divisao de 19 e de 11 por tres sao
diferentes, 1 e 2, respectivamente.
Assim, decorre, imediatamente, da definacao de congruencia, algumas implicacoes
que iremos nuncia-las a seguir.
30
Proposicao 2.3.1. Seja m ∈ N. Para todos a, b, c ∈ Z, tem-se que
(i) a ≡ a(modm),
(ii) se a ≡ b(modm), entao b ≡ a(modm),
(iii) se a ≡ b(modm) e b ≡ c(modm), entao a ≡ c(modm).
Porem, para verificar se dois numero sao congruentes modulo m, nao e necessario
efetuar a divisao euclidiana de ambos por m para depois comparar os seus restos. E
suficiente aplicar o seguinte resultado:
Proposicao 2.3.2. Suponha que a, b,m ∈ Z, com m > 1. Tem-se que a ≡ b(modm) se,
e seomente se, m|b− a.
Demonstracao: Sejam a = mq+r, com 0 ≤ r < m e b = mq′+r′, com 0 ≤ r′ < m,
as divisoes euclidianas de a e b por m, respectivamente. Logo,
b− a = m(q′ − q) + (r′ − r).
Portanto, a ≡ b(modm) se, e somente se, r = r′, o que, em vista da igualdade
acima, e equivalente a dizer que m|b− a, ja que |r − r′| < m.
Por exemplo, 21 ≡ 13(mod2). Ja que 2|(21 − 13) = 8. Desta forma, fica mais
rapido e simples identificar quando dois numeros sao congruentes modulo m.
A seguir, teremos uma proposicao na qual faz relacoes entre duas ou mais con-
gruencias.
Proposicao 2.3.3. Sejam a, b, c, d,m ∈ Z, com m > 1 .
i) Se a ≡ b(modm) e c ≡ d(modm), entao a+ c ≡ b+ d(modm).
ii) Se a ≡ b(modm) e c ≡ d(modm), entao ac ≡ bd(modm).
Demonstracao: Suponhamos que a ≡ b(modm) e c ≡ d(modm). Logo, temos
que m|b− a e m|d− c.i) Basta observar que m|(b − a) + (d − c). Fazendo uma manipulacao chegamos
que m|(b+ d)− (a+ c).
ii) Como m|b − a e m|d − c, observamos tambem que m|(b − a)d e m|(d − c)a.
Somando ambos temos que m|(b− a)d+ (b− c)a. Desenvolvendo chegaremos que
m|bd − ac. Logo, concluimos que bd ≡ ac(modm). Pela proposicao 2.3.1 (ii), temos que
ac ≡ bd(modm).
Com a proposicao acima, podemos agora partir de duas ou mais congruencia e
chegar em outra na qual seria mais simples e facil trabalhar. Um exemplo disto seria o
corolario anunciado asseguir.
Corolario 2.3.1. Para todos n ∈ N, a, b ∈ Z, se a ≡ b(modm), entao tem-se que
an ≡ bn(modm).
31
Demonstracao: Provaremos por inducao. Para n = 1 temos que e verdadeiro,
ja que a ≡ b(modm) como diz nossa hipotese. Iremos supor valido para n = k. Vamos
demonstrar que e valido para n = k+1: Como temos que a ≡ b(modm) e ak ≡ bk(modm),
vamos aplicar a proposicao 2.3.3. (ii) nas duas congruencias e teremos a.ak ≡ b.bk(modm).
Chegaremos que ak+1 ≡ bk+1(modm).
A proxima proposicao diz que para congruencias vale o cancelamento com relacao
a adicao.
Proposicao 2.3.4. Sejam a, b, c,m ∈ Z, com m > 1. Tem-se que
a+ c ≡ b+ c(modm) ⇐⇒a ≡ b(modm).
Demonstracao:
(⇒)
Se a + c ≡ b + c(modm), entao m|(b + c) − (a + c), o que implica que m|b − a e,
consequentemente, a ≡ b(modm).
(⇐)
Se a ≡ b(modm), segue-se imediatamente da Proposicao 2.3.1. (i) com
c ≡ c(modm) que a+ c ≡ b+ c(modm).
Entretanto, nao vale, em geral, o cancelamento para a multiplicacao, como se pode
verificar no exemplos a seguir.
Exemplo 2.3.1. Sabemos que 54 ≡ 30(mod8), ja que 54− 30 = 24 e 8|24. Desta forma
temos que 6.9 ≡ 6.5(mod8), e, no entanto, 9 6≡ 5(mod8).
Com o exemplo acima, temos que ter sempre o cuidado no cancelamento da con-
gruencia em relacao a multiplicacao. A proposicao abaixo nos mostra a forma correta de
utilizar o cancelamento com relacao a multiplicacao devido a introducao de uma hipotese.
Proposicao 2.3.5. Sejam a, b, c,m ∈ Z, com m > 1. Temos que
ac ≡ bc(modm) ⇐⇒a ≡ b(mod m(c,m)
).
Demonstracao:
Como m(c,m)
e c(c,m)
sao coprimos, temos ac ≡ bc(modm) ⇐⇒ m|(b − a)c ⇐⇒mc,m|(b− a) c
(c,m)⇐⇒ m
(c,m)|b− a ⇐⇒a ≡ b(mod m
(c,m))
Corolario 2.3.2. Sejam a, b, c,m ∈ Z, com m > 1 e (c,m) = 1. Temos que
ac ≡ bc(modm) ⇐⇒a ≡ b(modm).
32
Daremos, a seguir, algumas propriedades adicionais das congruencias relacionadas
com a multiplicacao.
Proposicao 2.3.6. Sejam a, b ∈ Z e m, n, m1, ..., mr inteiros maiores do que 1. Temos
que
i) se a ≡ b(modm) e n|m, entao a ≡ b(modn);
ii) a ≡ b(mod mi), ∀i = 1, ..., r⇐⇒a ≡ b(mod [m1, ..., mr]);
iii) se a ≡ b(modm), entao (a,m) = (b,m).
Demonstracao:
(i) Se a ≡ b(modm), entao m|b − a. Como n|m, segue-se que n|b − a. Logo,
a ≡ b(modn).
(ii) Se a ≡ b(mod mi), i = 1, ..., r, entao mi |b − a, para todo i. Sendo b − a um
multiplo de cada mi, segue-se que [m1, m2,..., mr] |b− a, o que prova que
a ≡ b(mod [m1, m2,..., mr]).
A recıproca decorre do item (i).
(iii) Se a ≡ b(modm), entao m|b − a e, portanto, b = a + tm com t ∈ Z. Logo,
temos que
(a,m) = (a+ tm,m) = (b,m).
Com esses resultados, podemos compreender melhor a aritmetica contida no artigo
do Iannucci (2010), que sera abordado em uma secao do proximo capıtulo.
33
3 Kaprekar e sua matematica
Neste capıtulo, falaremos sobre a India e alguns dos seus aspectos, como economia,
cultura e religiao. Pontuaremos algumas das contribuicoes da India para matematica e
mostraremos a situacao da India no seculo XX. Abordaremos o matematico indiano Ka-
prekar e suas duas principais obras, Os Numeros de Kaprekar e a Constante de Kaprekar.
3.1 Kaprekar, a India
As informacoes que apresentaremos a seguir sobre a India foram retiradas de Palma
(2008) e de uma reportagem da BBC (https://www.bbc.com/portuguese/geral-47487130)
A India e um paıs localizado no continente asiatico figura 3.1 e possui a segunda
maior populacao do mundo, perdendo somente para a China e e o setimo em extensao
territorial. Os indianos sao muito fieis a cultura e a religiao, nao atoa, esses dois aspectos
afetam bastante a economia, a polıtica e a vida social dos indianos.
Figura 3.1: Localizacao da India no mapa mundi
Fonte:
https://www.istockphoto.com/br/vetor/grey-mapa-do-mundo-com-a-indica%C3%
A7%C3%A3o-da-%C3%ADndia-gm480492182-68487731 Aceso em 06 de abril de 2020.
34
Acredita-se que cerca de 80 % da populacao indiana siga o Hinduısmo como religiao,
religiao esta que possui varios deuses, como Ganesha figura 3.2, que e conhecido como
deus do intelecto, da sabedoria e da fortuna. A cultura e a religiao acabam por segregar
classes na populacao. Palma fala dessa segregacao da seguinte forma
A segregacao da populacao indiana e social e religiosa. Ocorre no nas-cimento, no matrimonio e na vida profissional. Ela se baseia em castas.Apesar da extincao legal deste sistema em 1947, com a independencia,elas permanecem embutidas nos valores e no cotidiano da sociedade in-diana. A comunidade internacional e associacoes de direitos humanoscomecaram a questionar se o sistema de castas e uma tradicao milenare religiosa, ou uma forma de racismo e instrumento de manutencao dosprivilegios das castas superiores. PALMA (2008, p.19)
Figura 3.2: Ganesha
Fonte: https://www.significados.com.br/ganesha/ Acesso em 20/02/2020
O regime de castas faz com que mulheres sejam consideradas inferiores aos homens,
sendo assim, ocupando cargos de baixa expressao em todos os seguimentos economicos,
e muita das vezes acaba por ficar em casa cuidando da famılia. Segundo o regime, os
casamentos sao arranjados entre os pais das noivas e noivos, na maioria das vezes famılias
amigas prometem seus filhos em futuros casamentos. Uma classe bem conhecida nesse
regime sao os Dalit, que sao os indianos que violaram o sistema de casta. Souza [2020] diz
que os Dalit “realizam trabalhos considerados desprezıveis, como a limpeza de esgotos, o
recolhimento do lixo e o manejo com os mortos. Uma vez rebaixado como dalit, a pessoa
coloca todos seus descendentes nesta mesma posicao.”
A economia indiana era basicamente a agricultura de subsistencia, cerca de 70 %
da populacao colhia para sobreviver. Porem, em alguns produtos, a India se destacava,
35
como o cultivo de arroz, trigo, cha e fumo. Porem, na decada de 90, o governo indiano
permitiu que o capital estrangeiro entrasse na India, fazendo uma grande revolucao na
economia e na vida local. Devido a ser um paıs muito populoso e que a maioria da sua
populacao era pobre, muitas industrias, principalmente a americana, viu um lugar onde
encontraria uma mao de obra humana barata. Desta forma, enormes fabricas de grandes
empresas se instalaram na India. Um dos maiores call center do mundo se encontra na
India, ja que a sua populacao, como um todo, fala Hindu e o ingles, legado deixado pelos
britanicos na epoca da colonizacao.
Mas a cultura e a religiao indiana atraem turistas do mundo todo. Devido ter uma
moeda desvalorizada a nıvel mundial, a India acaba por atrair turistas pelo baixo custo
diario que o visitante tera. Porem, o que acaba chamando a atencao dos turistas sao
as grandes construcoes religiosas e culturais da India. O Taj Mahal figura 3.3 e um dos
maiores sımbolos do povo indiano, recebe milhoes de turistas todo ano e chama a atencao
pela sua beleza e arquitetura.
Figura 3.3: Taj Mahal
Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-construido-o-taj-mahal/
Acesso em 20/02/2020
Alem da cultura e das grandes construcoes arquitetonicas da India, outro ponto
que chama a atencao do paıs e a sua contribuicao para a matematica ao longo dos anos. O
maior legado deixado pela India para a matematica foi o sistema de numeracao decimal. O
sistema que adotamos hoje em dia, o posicional, com unidade, dezena, centena, milhares
e assim por diante, veio dos indianos, nao atoa e conhecido como sistema de numeracao
indo-arabico, indo devido aos Hindus terem descoberto e Arabico porque foi o povo Arabe
que popularizou o sistema de numeracao.
Um grande matematico e tambem astronomo muito famoso na India e o Aryabhata,
do seculo VI. Sua grande contribuicao fica por conta da trigonometria. Ele fez grandes
avancos nas funcoes trigonometricas seno e cosseno. Porem, ele e muito conhecido pelo
36
valor aproximado que acabou encontrando para o numero π. Sautoy (2019) diz que “Ele
tambem usou o π para medir a circunferencia da Terra, chegando ao valor de 39.968 km
- um numero muito proximo daquele que conhecemos hoje (40.075 km).”
Outro matematico indiano que deu sua contribuicao ao longo da historia foi Brah-
magupta. No inıcio do seculo VII, Brahmagupta, que viveu por volta de 628, escreveu
trabalhos falando sobre os numeros negativos e como fazer as quatro operacoes basicas da
matematica com esses numeros. Este foi o trabalho mais influente de Brahmagupta na
matematica, mas nao foi o unico, ele se aprofundou em resolucoes de equacoes quadraticas
e de equacoes com duas variaveis. O estudo de equacao pelo matematico indiano foi tao
primordio que Fermat apresentou estudos parecidos no mundo ocidental quase um milenio
depois.
Outro matematico indiano bastante importante foi Srinivasa Ramanujan, que nas-
ceu em 22 de dezembro de 1887 e faleceu em 26 de abril de 1920. Um matematico
extraordinario que viveu no final do seculo XIX e inıcio do seculo XX. Teve uma contri-
buicao imensuravel para a matematica mais avancada. O atual diretor-geral do Instituto
de Matematica Pura e Aplicada (IMPA) Marcelo Viana relata, em sua coluna na Folha
de Sao Paulo, que
No seculo 19, a India produziu um dos matematicos mais extraordinariosda historia: Srinivasa Ramanujan (1887-1920), cuja vida foi contada nofilme “O homem que viu o infinito.” Dotado de intuicao fora do comumpara descubrir formulas matematicas complexas, Ramanujan atribuıasua inspiracao a deusa Namagiri. (VIANA, 2019)
Muitas descobertas e pesquisas feitas, principalmente no primeiro milenio depois de
Cristo, pelos matematicos indianos acabaram nao se espalhando pelo mundo. Como havia
uma divisao bem clara entre ocidente e oriente, muito da matematica desenvolvida no
mundo oriental so veio ao ocidente muitos seculos depois. Provavelmente esta desconexao
fez com que muitos matematicos orientais nao tivessem a fama que os ocidentais tiveram.
Mas vamos falar como estava a India no seculo XX, ja que nosso personagem
principal viveu nesta epoca. No inıcio do seculo XX, a India vivia sobre controle do imperio
ingles. Apos o fim da primeira guerra mundial, o parlamento britanico acabou fazendo
inumeros reformas na comunidade indiana afim de amenizar os efeitos que a guerra trouxe
a nacao inglesa. Tais reformas trouxeram indignacao ao povo e ao parlamento indiano e
uma onda em busca da independencia da India comeca a ganhar forca. Neste momento,
surge um personagem que iria unificar a India em busca da independencia, Mohandas
Karamchand Gandhi, nascido em 02 de outubro de 1869 e faleceu em 30 de janeiro de
1948. Tambem conhecido como Mahatmam Gandhi figura 3.4.
37
Figura 3.4: Mahatmam Gandhi
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi Acesso em 20/02/2020
A India possuıa uma disputa religiosa entre os Hindus e os Mulcumanos pela
predominancia no territorio indiano. Porem, Gandhi, Hindu, pediu tregua nesta disputa
e que as duas vertentes religiosas se juntassem em pro da independencia da India. Com
seu discurso de luta nao armada, sempre pregando a paz, Gandhi passou a contar cada vez
mais com seguidores, chegando a ser a principal figura polıtica da India naquele momento.
Assim, cada vez mais a luta pela independencia da India ficava forte e a presenca britanica
em territorio indiano insustentavel. Apos o fim da segunda guerra mundial, a Inglaterra
ve insustentavel o domınio do territorio indiano e resolve fazer transicao de independencia
da India.
Porem, o clima entre Hindus e Mulcumanos estava cada vez pior. Confrontos, atras
de confrontos entre os seguidores das vertentes religiosas, milhares de pessoas chegaram a
morrer nestes confrontos. A solucao foi dividir o paıs para que cada seguimento religioso
tivesse sua terra. Assim, os Mulcumanos ficaram com 20 % do territorio indiano, na qual
chamaram de Paquistao e os Hindus ficaram com o restante que ainda permaneceu com
o nome de India. Neste perıodo a tensao era muito grande no paıs. Ate que em 1947, os
ingleses reconheceram a India como o paıs independente. Mesmo apos a independencia e
a separacao dos povos Hindus e Mulcumanos figura 3.5, o clima de conflito esteve presente
na India, nao a toa em 1949 o ativista Mahatmam Gandhi acabou morto em confronto
religioso. Um filme que retrata bem esse momento de tensao entre os Hindus, Mulcumanos
e os Ingleses e “O ultimo vice-rei”dirigido por Gurinder Chadha.
38
Figura 3.5: Mapa mostrando o deslocamento do povo indiano apos a separacao
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Parti%C3%A7%C3%A3oda%C3%8Dndia Acesso
em 20/02/2020
As informacoes que apresentaremos a seguir sobre Kaprekar foram retiradas do site
MacTutor (http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Kaprekar.html)
Diante deste cenario no inıcio do seculo 20, em 17 de janeiro de 1905, nascia na
cidade de Dahanu, a cerca de 100 quilometros da capital indiana Mumbai, Dattatreya
Ramchandra Kaprekar figura 3.6, tambem conhecido como Ganitanand. Kaprekar nasceu
em uma famılia muito humilde e foi basicamente criado pelo pai, ja que sua mae faleceu
quando ainda tinha apenas oito anos de idade. O pai de Kaprekar era fascinado pela
astrologia. Muito das vezes o jovem indiano acompanhava seu pai nos estudos sobre os
astros. Provavelmente deve ser o motivo pelo encantamento que Kaprekar adquiriu pelos
numeros, ja que o estudo da astrologia necessita um certo conhecimento matematico.
39
Figura 3.6: Dattatreya Ramchandra Kaprekar
Fonte: http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Kaprekar.html Acesso em
20/02/2020
Kaprekar frequentou a escola secundaria em Thane (as vezes conhecido como
Thana), muito proximo da capital indiana Mumbai. Naquela epoca, Kaprekar ja mostrava
o seu gosto por uma matematica mais divertida, mais recreativa. O‘Connor e Robert-
son (2007) confirma quando diz que na escola, Kaprekar “passava muitas horas felizes
resolvendo quebra-cabecas matematicos.”. Posteriormente, em 1923, Kaprekar estudou
no Fergusson College em Pune. A escola e bastante conceituada na India, muitas pessoas
importantes do povo indiano estudaram nesta instituicao de ensino. No site da escola
https://www.fergusson.edu/article/history.html diz que “Mahatma Gandhi, em sua men-
sagem ao Dr. GS Mahajani, nesta ocasiao, escreveu: “Quem deixara de se entusiasmar
com o registro nobre do servico prestado pela DE Society e pelo Fergusson College a causa
da educacao?” Assim, temos a nocao da importancia da escola na educacao indiana. No
Fergusson College , em 1927, Kaprekar ganhou o premio Wrangler R.P. Paranjpe , que
e concedido pela melhor matematica original produzida por um aluno. Assim, o jovem
indiano comecou a mostrar a sua aptidao pela matematica.
Em 1929, na Universidade de Mumbai, Kaprekar se formou bacharel em ma-
tematica. Apos sua formacao, comecou a lecionar numa cidade ao centro da India,
chamada Devlali. A medida que os anos iam passando, Kaprekar chamava a atencao
da forma como os seus alunos se encantavam pela matematica, muito pela forma que o
professor transmitia o seu conhecimento. Assim, Kaprekar passou a dar palestras nas
universidades e escolas da redondeza sobre os metodos que praticava em sala de aula e
revelar um pouco sobre suas pesquisas.
Mesmo apos formado, Kaprekar continuou a estudar e praticar a matematica mais
40
avancada. Um dos ramos que mais gostava de estudar e se identificava era a teoria
dos numeros. Para expressar sua paixao pela matematica, ele costumava falar que “Um
bebado quer continuar bebendo vinho para permanecer naquele estado agradavel. O
mesmo acontece comigo no que diz respeito aos numeros.” (O‘CONNOR, ROBERTSON,
2007)
A medida que Kaprekar pesquisava, percebeu a necessidade de divulgar os resul-
tados. Porem, Kaprekar sempre encontrou dificuldade em divulgar suas pesquisas em
revistas renomadas da India. Malheiro e Gomes explicam que
Os problemas matematicos a que Kaprekar se dedicava eram considera-dos pelos matematicos mais iminentes como triviais e pouco importantes,de tal forma que dificilmente ele conseguia publicar os seus trabalhos emrevistas renomadas, sendo conhecido fundamentalmente no nıvel da Ma-tematica recreativa e dos jogos matematicos. (GOMES, MALHEIROS,2011, p.1)
Como Kaprekar nao fez pos-graduacao, nunca recebeu um treinamento formal da
matematica superior, que na epoca era peculiar aos estudantes de pos-graduacao. Esta
falta de conhecimento de uma matematica mais formal era comum em alguns matematicos
indianos. Um grande exemplo disso foi o matematico Ramanujan, que fez grandes desco-
bertas, mas nao tinha o aparato da matematica formal. Precisou viajar para a Inglaterra
afim de aperfeicoar sua matematica para fazer valer suas descobertas. Isto foi retratado
no filme que conta a vida de Ramanujan, O Homem que viu o Infinito. Essa falta de
formalizacao da sua matematica e o ramo em que gostava de pesquisar, fez com que
Kaprekar sofresse julgamentos negativos dos companheiros indianos matematicos acerca
dos trabalhos divulgados, como por exemplo Decimais Recorrentes, Quadrados Magicos,
Numeros Inteiros, entre outros. Falavam que eram trabalhos sem importancia e muito
triviais.
Durante toda a sua vida, trabalhou sozinho nas suas pesquisas. Apos o falecimento
da sua esposa em 1966, percebeu que a pensao que ganhava nao era o suficiente para se
manter. Entao, Kaprekar comecou a dar aulas particulares de ciencia e matematica para
complementar a renda, pois sempre viveu em situacao bem humilde.
A fama de Kaprekar a nıvel mundial so veio em 1975, quando o grande percursor da
Matematica Recreativa no mundo, Martin Gardner, escreveu sobre uma das pesquisas de
Kaprekar em sua coluna Mathematical Games, na edicao de marco da Scientific American
. Assim, os trabalhos de Kaprekar comecaram a ter reconhecimento de ordem mundial.
Pesquisas, como a Constante de Kaprekar e Numeros de Kaprekar, passaram a ser conhe-
cidas e estudadas pelo mundo todo. Nas secoes seguintes traremos uma discussao acerca
destas duas descobertas de Kaprekar. Apos 11 anos da publicacao de Martin Gardner,
em 1986, Kaprekar faleceu, mas deixou um legado importante para os numeros e para
Matematica Recreativa.
41
3.2 Os numeros de Kaprekar
A aritmetica vista na secao 2.3 sera de extrema importancia para entender esta
secao sobre os Numeros de Kaprekar. Assim, caso tenha alguma duvida sobre algum
procedimento aqui exposto, volte a secao de Aritimetica e tente compreender.
Alguns numeros do nosso sistema de numeracao indo-arabico apresentam propri-
edades particulares. Podemos formar conjuntos de numeros que possui propriedades se-
melhantes. Como por exemplo os numeros 2, 4, 6, 8, 10, 12... sao todos divisıveis por 2 e
por isso sao chamados de numeros pares. Outro exemplo sao os numeros 2, 3, 5, 7, 11...
que possui a caracterıstica semelhante de que sao divisıveis so por 1 e por eles mesmos,
conhecidos como numeros primos.
Abaixo, apresentaremos numeros que possui uma caracterıstica semelhantes entre
si. Conhecidos como Numeros de Kaprekar.
9, 92 = 81, 8 + 1 = 9;
45, 452 = 2025, 20 + 25 = 45;
297, 2972 = 88209, 88 + 209 = 297;
4879, 48792 = 23804641, 238 + 04641 = 4879;
17344, 173442 = 300814336, 3008 + 14336 = 17344;
538461, 5384612 = 289940248521, 289940 + 248521 = 538461.
Tabela 3.1: Alguns exemplos do Numero de Kaprekar
Os numeros indicados anteriormente apresentam a seguinte caracterıstica:
• Inicialmente pegamos um numero e o elevamos ao quadrado;
• Agora desmambramos o numero obtido em duas partes;
• Em seguida, somamos esses dois numeros obtidos e obtemos o numero inicial.
Em seu artigo, Iannucci (2000) chama os numeros que possui estas caracterısticas
de Numeros de Kaprekar. A seguir, traremos a definicao que Carosh apresenta, no artigo
do Iannucci (2000), acerca do numero n-Kaprekar.
Formalmente, um numero n-Kaprekar, k ≥ 1 (para n = 1, 2, 3, ...) satisfaz o par de
equacoes a seguir,
k = q + r, q ≥ 1
k2 = q.10n + r, 0 ≤ r < 10n
Por exemplo,
k = 45 = 20 + 25 ⇒ q = 20 e r = 25;
42
k2 = 20.102 + 25 = 2025.
Desta forma, o 45 e um 2-Kaprekar. Outro exemplo e,
k = 297 = 88 + 209 ⇒ q = 88 e r = 209;
k2 = 88.103 + 209 = 88209.
Desta forma, o 297 e um 3-Kaprekar.
Por convencao, e adotado que 1 e um n-Kaprekar, para todos n ≥ 1 e que 0 e 10m,
para todo m ≥ 1, nao sao n-Kaprekar.
Kaprekar, ao listar os Numeros de Kaprekar, apresentou numero 9. Porem, nao
listou os numeros 99, 999, 9999,... (numeros que possui somente 9 como dıgito). No
entanto, todos os numeros da forma 10n − 1 (para todo n ≥ 1) e um n-Kaprekar.
Proposicao 3.2.1. Todo numero da forma 10n − 1, n inteiro, n ≥ 1, e um numero
n-Kaprekar.
Demonstracao: Suponha k = 10n − 1, n inteiro, n ≥ 1; podemos escrever:
k = 10n − 1 = (10n − 2) + 1
e k2 = (10n − 1)2 = (10n)2 − 2.10n + 1 = 10n.10n − 2.10n + 1
= (10n − 2).10n + 1, no qual q = 10n − 2 e r = 1.
Para apresentar o principal resultado do artigo do Iannucci (2000), sobre o numero
n-Kaprekar, teremos que entender a definicao e o lema a seguir.
Definicao 3.2.1. Se (a, b) = 1, denotaremos por (a−1)b o menor inteiro positivo m tal
que am ≡ 1(modb). Segue que m = (a−1)b se, e somente se, 1 ≤ m < b e am ≡ 1(modb).
Vamos estabelecer alguns exemplos, para melhor esclarecer a definicao e a notacao
anterior:
Exemplo 3.2.1. Vamos fazer com a = 5 e b = 7. Como (5, 7) = 1, temos na nossa
notacao m = (5−1)7. Desta forma, o menor inteiro positivo m que satisfaz 5m ≡ 1(mod7)
e 3. Logo, m = (5−1)7 = 3
Exemplo 3.2.2. Vamos fazer com a = 3 e b = 10. Como (3, 10) = 1, temos na
nossa notacao m = (3−1)10. Desta forma, o menor inteiro positivo m que satisfaz
3m ≡ 1(mod10) e 7. Logo, m = (3−1)10 = 7
Lema 3.2.1. Suponha que (a, b) = 1. Entao m = (a−1)b e n = (b−1)a se, e somente se m
e n sao positivos e am+ bn = ab+ 1.
43
Demonstracao:
(⇒)
Pela definicao, temos que
m = (a−1)b ⇒ am ≡ 1(modb), com 1 ≤ m < b
n = (b−1)a ⇒ bn ≡ 1(moda), com 1 ≤ n < a.
Logo, observamos que m e n sao positivos.
Multiplicando a primeira desigualdade por a e a segunda por b, teremos
a ≤ am < ab
b ≤ bn < ab.
Somando as duas novas desigualdade obteremos am+ bn < 2ab. (1)
De acordo com o que foi visto na secao 2.3, temos
bn ≡ 0(modb).
Somando a congruencia anterior com am ≡ 1(modb) temos am+ bn ≡ 1(modb).
Como o [a, b] = ab por (a, b) = 1, temos pela Proposicao 2.3.6 (ii)
am+ bn ≡ 1(modab) ⇒ am+ bn = 1 + abt, com t inteiro.
Basta provar que t=1 que terminamos a demonstracao. Vamos supor que t ≥ 2.
am+ bn = 1 + abt ≥ 1 + 2ab > 2ab ⇒ am+ bn > 2ab.
Uma contradicao pela desigualdade (1). Desta forma, t < 2. Porem, temos que
am+ bn− 1 e maior que 1, ja que a, m, n e b sao inteiro positivos maiores que 1. Assim,
para manter a desigualdade (1) verdadeira, temos que t e inteiro positivo. Logo, t = 1.
(⇐)
Suponha que am + bn = ab + 1 com m,n > 0. De acordo com o que foi visto na
secao 2.4, temos que
am ≡ 0(moda)
ab ≡ 0(moda)
Com as duas congruencias anterior, temos que bn ≡ 1(moda). Ou seja, n = (b−1)a.
Analogamente, segue que m = (a−1)b.
Com a definicao 2.2.1 e o Lema 2.2.1, iremos anunciar o principal resultado do
artigo do Iannucci (2000).
Para cada numero inteiro N > 1, denotaremos K(N) o conjunto de numeros
inteiros positivos k para que existam numeros positivos q e r tal que
44
k2 = qN + r, 0 ≤ r < N (2)
k = q + r, (3)
Por uma questao de convencao, devemos ignorar a solucao k=N (para qual q=N e
r=0). Desta forma, Iannucci em seu artigo, busca caracterizar N.
Subtraindo (3) de (2), temos:
k2 − k = k(k − 1) = q(N − 1) (4)
Como desconsideramos a solucao k=N, temos 1 ≤ k ≤ N − 1. Pois, se k ≥ N ,
entao por (4) implica que q > K, contradizendo a equacao (3).
O conjunto K(N) nao e vazio, pois o 1 sempre esta em K(N). Suponhamos que k
estivesse em K(N). Como (k, k − 1) = 1, segue por (4) que d|k e d′|k − 1 para alguns d
e d’ positivos tais que dd′ = N − 1 e (d, d′) = 1. Agora, vamos supor um k′ = N − k.
Como 1 ≤ k ≤ N − 1, temos que k′ > 0. Com k′ = N − k ⇒ k′ = (N − 1) − (k − 1).
Desta forma, como d′|(N − 1) e d′|(k − 1), temos que d′|k′. Assim, temos que k = dm e
k′ = d′m′, para alguns m e m’ positivos. Desta forma, segue a equacao abaixo,
dm+ d′m′ = N = dd′ + 1 (5)
Agora, aplicando o Lema 3.2.1 em (5), teremos
k = d(d−1)d′ ; k′ = d′(d′−1)d
Porem, temos dd′ = N − 1, (d, d′) = 1 e m = (d−1)d′ e m′ = (d′−1)d. Entao, pelo
Lema 2.2.1, temos dm+ d′m′ = N . Portanto,
dm = N − d′m′ = (N − d′m′ −mm′) +mm′
e disso (dm)2 = (N − d′m′)2
= N2 − 2d′m′N + (d′m′)2
= N2 −Nd′m′ −Nd′m′ + (d′m′)2
= N2 −Nd′m′ − d′m′(dm+ d′m′) + (d′m′)2
= N2 −Nd′m′ − d′m′dm− (d′m′)2 + (d′m′)2
= N2 −Nd′m′ −mm′(N − 1)
= N2 −Nd′m′ −mm′N +mm′
= (N − d′m′ −mm′)N +mm′
Desta forma, temos o seguinte par de equacoes,
dm = k = (N − d′m′ −mm′) +mm′ mm′ < N
(dm)2 = k2 = (N − d′m′ −mm′)N +mm′
Assim, observamos que dm satisfaz (2) e (3) (com q = N − d′m′ −mm′ e
r = mm′), onde dm pertence a K(N). Caso substituısse dm por d’m’, encontraremos que
d’m’ pertence a K(N). Desta forma, falamos que por simetria, d’m’ pertecente a K(N).
O que acabamos de discutir e o seguinte teorema,
45
Teorema 3.2.1. K ∈ K(N) se, e somente se, k = d(d−1)(N−1)/d para algum divisor
unitario d de N-1.
Falamos que um numero natural a e um divisor unitario de b, se (a, ba) = 1. Por
exemplo, 5 e um divisor unitario de 60, pois (5, 12) = 1. Ja o 10 nao e divisor unitario de
60, ja que (10, 6) 6= 1.
Exemplo 3.2.3. Vamos fazer um exemplo para N = 102. Como iremos trabalhar com
N-1, temos que estudar os divisores de 99, D(99) = 1, 3, 9, 11, 33, 99. Assim, temos o 1 e
99 e o 9 e 11 como divisores unitarios. Por convencao ja adotada nesta secao, ja sabemos
que o 1 pertence ao conjunto K(N). Vamos analisar os outros numeros.
• d = 99,
k = d(d−1)(N−1/d) ⇒ k = 99.(99−1)99/99 = 99.(99−1)1
X = (99−1)1 ⇒ 99X ≡ 1(mod1) ⇒ X e qualquer numero inteiro positivo. Porem,
como k < N , temos que X so pode ser 1. Desta forma, k = 99.(99−1)1 = 99.1 = 99.
• d = 9,
k = d(d−1)(N−1/d) ⇒ k = 9.(9−1)99/9 = 9.(9−1)11
X = (9−1)11 ⇒ 9X ≡ 1(mod11) ⇒ Logo X e 5. Desta forma,
k = 9.(9−1)11 = 9.5 = 45.
• d = 11 Por simetria, temos que d = 9 e d′ = 11. Assim, dm = 45 e
d′m′ = N − dm = 100− 45 = 55.
Desta forma, 1, 45, 55, 99 ∈ K(102)
Assim, podemos encontrar os Numeros de Kaprekar por meio do Teorema 3.2.1.
3.3 A Constante de Kaprekar
O trabalho mais famoso de Kaprekar no mundo todo e a Constante de Kaprekar,
muito pela publicacao do Martin Gardner em sua coluna. Aqui no Brasil, a Constante de
Kaprekar vem aparecendo recentemente, alguns portais como Globo, Uol, Folha de Sao
Paulo e BBC vem publicando materias acerca da constante desde do ano passado. Na
vigesima nona edicao da Olimpıada de Matematica do Brasil, uma das questoes voltada
para o publico do oitavo e nono ano do Ensino Fundamental II era sobre a Constante
de Kaprekar. Assim, nos ultimos anos, com o crescimento da Matematica Recreativa, a
Constante de Kaprekar aparece com mais frequencia em nosso meio.
46
05. Em 1949 o matematico indiano D. R. Kaprekar, inventou um pro-cesso conhecido como Operacao de Kaprekar. Primeiramente escolhaum numero de quatro dıgitos (nao todos iguais), em seguida escreva adiferenca entre o maior e o menor numero que podem ser formados apartir de uma permutacao dos dıgitos do numero inicial. Repetindo oprocesso com cada numero assim obtido, obtemos uma sequencia. Porexemplo, se o primeiro numero for 2007, o segundo sera 7200 – 0027 =7173. O terceiro sera 7731 – 1377 = 6354.Comecando com o numero 1998, qual sera o 2007-esimo termo dasequencia?(XXIX Olimpıada Brasileira de Matematica. Segunda Fase. Nıvel 2.www.obm.org.br 2007)
Para conhecer como funciona a Constante de Kaprekar, devemos seguir as seguintes
instrucoes:
1o Escolha um numero qualquer inteiro positivo de quatro dıgitos, desde que possua
pelo menos dois dıgitos diferentes;
2o Em seguida, reorganize os dıgitos do numero escolhido em ordem decrescente e
subtraia da ordem crescente dos dıgitos;
3o Pegamos o resultado da subtracao e repetimos o procedimento anterior ate
encontrar uma constante.
Para facilitar o entendimento, vamos fazer o procedimento acima para o numero
1956.
1o passo e a escolha o numero de 4 dıgitos: 1956;
2o passo e reorganizar o numero em ordem decrescente, 9651. Depois em ordem
crescente, 1569. Apos isso, fazer a subtracao destes dois numeros, 9651 – 1569 = 8082.
3o passo, caso nao tenha chegado no numero 6174, e realizar o procedimento no-
vamente. Reorganizar em ordem decrescente, 8820, e na ordem crescente, 0288. E fazer
a subtracao, 8820 – 0288 = 8532.
Repetiremos novamente a instrucao 2. Reorganizamos na ordem decrescente, 8532,
e na ordem crescente, 2358. E fazer a subtracao, 8532 – 2358 = 6174.
Reorganizando na ordem decrescente, 7641, e na ordem crescente, 1467, e fazendo
a subtracao obteremos, 7641 – 1467 = 6174. Assim, observamos que chegamos ao numero
6174.
Agora vamos realizar o procedimento com o numero 8349, porem de forma mais
rapida e intuitiva:
9843− 3489 = 6354
6543− 3456 = 3087
8730− 0378 = 8352
8532− 2358 = 6174
7641− 1467 = 6174
Observamos que chegamos no mesmo numero que no exemplo anterior. Vamos
realizar agora com o numero 1993:
47
9931− 1399 = 8532
8532− 2358 = 6174
7641− 1467 = 6174
Os tres exemplos acima nos fizeram chegar no mesmo numero, 6174. E justa-
mente este numero que e conhecido como Constante de Kaprekar. Independentemente do
numero que se escolha, seguindo as instrucoes acima, sempre chegaremos na Constante de
Kaprekar, 6174. Esta descoberta foi feita por Kaprekar em 1946 e anunciada em 1949 na
conferencia nacional de Madras, na India, e posteriormente publicada no artigo Problemas
Envolvendo Reversao de Dıgitos, em 1953.
Uma das grandes duvidas acerca da Constante de Kaprekar e sobre a quantidade
de vezes que tenho que repetir as instrucoes. Em estudos feitos, chegaram a conclusao que
o numero maximo de vezes em que precisaremos repetir as instrucoes sao sete. A seguir,
mostraremos uma tabela 3.7 de Gomes e Malheiro na qual faz relacao entre quantidade
de numero de quatro dıgitos e quantas interacoes precisamos fazer.
Figura 3.7: Quantidade de interacoes e a frequencia dos numeros de quatro dıgitos
Fonte: GOMES, MALHEIROS 2011, p.2
Desta forma, podemos responder a questao da XXIX Olimpıada de Matematica.
Assim, depois de fazer 2007-esimo interacoes da Constante de Kaprekar, chegaremos ao
numero 6174. Ja que em no maximo 7 interacoes se chega a Constate.
Vale salientar que foi testado esses mesmos procedimentos para outras quantidades
de dıgitos. Foi verificado que com tres dıgitos, repetindo o mesmo procedimento acima,
chegaremos sempre no numero 495. Caso queira se aprofundar no estudo da Constante
de Kaprekar ou ate entender o porque de isto acontecer, sugiro o artigo de Oliveira (2013)
cujo o tıtulo e 6174: Um problema com numeros de quatro algarismos.
48
4 Aplicacao da Constante de Kapre-
kar na Educacao Basica
Neste capıtulo, apresentaremos os percursos de elaboracao do produto educacional
com base na Historia da Matematica e Matematica Recreativa. Alem disso, faremos a
descricao e indicacao da possıvel aplicacao do livreto de atividades por parte dos profes-
sores de matematica, e comentaremos sobre o processo de refinamento feito apos nossas
reflexoes.
4.1 A elaboracao do livreto
Apos o nosso estudo sobre como seria possıvel associar a Matematica Recreativa e
a Historia da Matematica para os estudos de conteudos do Ensino Fundamental II em sala
de aula, que foi aqui apresentado, desenvolvemos um livreto de atividades que contempla
essa dimensao. O objetivo desse produto educacional e oportunizar aos professores de
Matematica do Ensino Fundamental II uma forma de apresentar uma curiosidade ma-
tematica por meio da Historia da matematica, promover a interdisciplinaridade e agucar
o poder de investigacao dos estudantes. Destacamos que no ambito de alcance do profes-
sor de matematica, esperamos que este, de forma particular, amplie seus conhecimentos
sobre Matematica Recreativa e Historia da Matematica e, mais particularmente, sobre a
historia da India e o matematico indiano Kaprekar.
O livreto de atividades e composto basicamente por duas partes, uma dedicada
ao professor de matematica e outra por atividades voltadas aos estudantes do Ensino
Fundamental II que chamaremos de Revistinha sobre o numero magico. A parte
dedicada ao professor da uma visao resumida da pesquisa que foi feita nesta dissertacao
e que delineou a elaboracao das atividades para os estudantes, alem da indicacao de
materiais de consulta para que o professor possa enriquecer o seus conhecimentos sobre
a India. As atividades dedicadas aos estudantes, que compoem a Revistinha sobre o
numero magico, contem um texto (narrativa) e tarefas que emergiram a partir da nossa
visao sobre o uso da Historia da Matematica como terreno fertil para interdisciplinaridade
e o desenvolvimento de projetos de investigacao que mostre uma conexao entre a vida,
obra e o fazer matematico de uma personalidade que viveu em epoca anterior a nossa.
O trabalho que antecedeu a elaboracao do livreto de atividades, iniciou-se com um
49
estudo biografico sobre Kaprekar, que abrangeu aspectos da historia da India e vida e
obra desse matematico indiano. O contexto historico revelou que a India passava por um
momento de grandes mudancas polıticas no cenario mundial durante a vida de Kaprekar.
Isso delineou alguns questionamentos que foram propostos na Revistinha sobre o numero
magico como tarefas para os estudantes do Ensino Funadmetal II. A pesquisa sobre as
obras de Kaprekar, indicaram que este matematico dedicou parte de seus estudos em
descobrir relacoes e propriedades aritmeticas dos numeros naturais, como por exemplo, as
que foram apresentadas nessa dissertacao, a saber, os Numeros de Kaprekar e a Constante
de Kaprekar nas secoes 3.2 e 3.3, respectivamente.
Escolhemos a Constante de Kaprekar como o conteudo matematico a ser levados
para os alunos, pois acreditamos que esse tema e mais facilmente compreendido, pois
envolve apenas operacoes simples, como, por exemplo, subtracao de numeros naturais
com quatro dıgitos. E que pode ser levado a qualquer ano do Ensino Fundamental II,
diferentemente do conteudo de potenciacao que esta presente nos Numeros de Kaprekar.
Alem disso, consideramos que o assunto e divertido, desafiador e envolvente.
A Revistinha sobre o numero magico nao foi aplicada em uma turma do Ensino
Fundamental II, mas tivemos a oportunidade de apresentar parte de seu conteudo a uma
turma do curso noturno de Licenciatura em Matematica da UFRN que cursava a disciplina
de Teoria dos Numeros no semestre 2019.2. Isso ocorreu em forma de dois seminarios,
onde apresentamos e discutimos uma primeira versao do texto que introduz a vida do
matematico indiano Kaprekar e sua constante. Esses dois momentos foram importantes
para refinamento do texto e direcionamento para elaboracao das tarefas que compoem a
Revistinha sobre o numero magico.
Em um desses seminarios, levamos uma primeira versao do texto (uma narrativa
escrita pelo mestrando) ainda sem tıtulo e pedimos para que os estudantes de licenciatura
o lessem. Antes da leitura, informamos a esses estudantes o proposito daquele texto,
que seria o de levar para um aluno da Educacao Basica, particularmente para o Ensino
Fundamental II. Apos a leitura, fizemos uma discussao e coletamos algumas observacoes e
sugestoes, que esbocamos um pouco mais a frente. Antes, porem apresentamos, a seguir,
o texto que foi levado para discussao. O texto era provisorio e ainda nao tinha tıtulo,
segue o texto:
Numa pequena cidade no interior da India, morava o jovem menino chamado
Kaprekar. Quando pequeno, brincava muito com seus amigos na floresta da
cidade em que nasceu, Dahanu.Fazia trilha, tomava banho de cachoeira, en-
tre outras brincadeiras. Claro, que sempre acompanhado de um dos pais dos
amigos.
50
A noite, Kaprekar gostava de ficar com seu pai e observar o ceu. O pai de
Kaprekar era astronomo e ele tinha um telescopio e assim, o jovem garoto
passava a noite olhando as estrelas e os astros no ceu, principalmente a Lua,
seu astro favorito. Kaprekar, ao olhar o ceu pelo telescopio, fazia perguntas
bem interessantes para si mesmo. Qual a distancia da terra para lua? Quanto
tempo vive uma estrela? Quao maior e a terra em relacao a lua? Ou sera que
a lua e maior que a terra?
Como a maioria das respostas sobre os astros eram numeros, o jovem indiano
passou a gostar mais de matematica. Kaprekar passou a prestar mais atencao e
se dedicar mais nas aulas de matematica, na tentativa de encontrar e entender
as respostas para seus questionamentos.
Quando adolescente, no ensino medio, Kaprekar se divertia com os numeros.
Sempre desafiava os colegas de sala com jogos e magicas envolvendo ma-
tematica. Ate que um dia, investigando os numeros, descobriu algo muito
interessante. Ele pegou o numero 1993 e reorganizou em ordem decrescente
(9931) e subtraiu da ordem crescente (1399). Achou o numero 8532. Depois
fez o mesmo procedimento e achou o numero 6174. Repetiu o processo e achou
o mesmo numero que havia achado anteriormente, 6174. Curioso como era,
Kaprekar resolveu pegar outro numero e testar para ver o que acontecia. Re-
solveu pegar o numero 1995. Repetiu o processo anterior e encontrou o mesmo
numero, 6174.
Kaprekar ficou muito feliz com sua descoberta. Chegou em casa todo animado
e foi mostrar ao seu pai o que tinha desvendado. O pai do jovem indiano
escolheu novos numeros de quatro dıgitos e chegou ao numero 6174. Ele ficou
impressionado com a descoberta do filho. E chamou o numero 6174 de magico.
Encantado com o que acabou de descobrir, Kaprekar decidiu procurar alguem
que possa explicar para ele o porque de isto ocorrer. Entao, Kaprekar fez suas
malas, e resolveu ir para Mumbai, capital da India para poder encontrar alguem
que pudesse resolver o problema do numero magico 6174.
Ao chegar em Mumbai, observou que havia muito tumulto e um aglomerado
de pessoas. Percebeu ali que estava havendo uma revolucao na India. Sem
entender muito bem o que se passava, resolveu procurar alguem para falar sobre
seu numero magico. Ao observar ao redor, percebeu que havia um homem que
fala para uma multidao atenta a sua fala. Pensou logo que se tratava de uma
pessoa importante e inteligente e que poderia ajudar a desvendar o misterio do
tal numero magico.
51
Quando o senhor terminou de proferir suas palavras para a multidao, Ka-
prekar chegou perto dele e pediu ajuda, prontamente o senhor perguntou no
que ele poderia ajudar, o jovem indiano falou que buscava uma resposta para
o numero magico que havia descoberto. O senhor, muito prestativo, observou
os calculos que Kaprekar tinha feito no papel e falou para o jovem que nao
poderia ajudar por nao entender quase nada com os numeros. Foi aı que o
senhor se apresentou como Mahatman Gandhi, advogado e bom com as pala-
vras e oratoria, e nao com os numeros. Curioso, Kaprekar entao perguntou o
que tanto ele falava para toda aquela multidao. Gandhi respondeu que a India
vivia um perıodo de revolucao em busca da sua independencia e que o paıs
vivia em constante conflito. Entao Gandhi falava para o povo que devıamos
fazer a revolucao na forma mais pacıfica do mundo, sem luta armada, so com
a paz. Ao escutar aquilo, Kaprekar reconheceu que Gandhi era genial com as
palavras. Agradeceu a atencao que o senhor indiano teve com ele e resolveu
seguir em frente.
Kaprekar pareceu abatido por nao ter conseguido a resposta do seu numero
magico, mas nao desistiu e resolveu andar pela cidade em busca de outras
pessoas que podem o ajudar. Ate que ele achou uma escola enorme, chamada
FergussonCollege. Logo pensou que ali poderia ter alguem que entendessem de
numero e que poderia ajuda-lo a descobrir o misterio do numero 6174. Ao
entrar na escola, se deparou com um senhor bem vestido e de oculos. Logo
pensou que este homem poderia o ajudar. Chegou perto e perguntou quem
era o senhor. Ele falou que era Subramanyan Chandrasekhar, ganhador do
premio Nobel da fısica de 1983. Sem muito conhecimento, Kaprekar perguntou
a Chandrasekhar o que seria premio Nobel. Ele tratou logo de explicar que se
tratava do maior premio da ciencia no mundo. Que todo ano eles premiam os
maiores cientistas por suas contribuicoes para com a sociedade. Impressionado
com tamanha homenagem que o senhor indiano ganhou, Kaprekar nao pensou
duas vezes, ele poderia ajudar a desvendar o misterio do tal numero magico.
Agora, apresentaremos algumas observacoes e comentarios feitos pelos estudantes
de Licenciatura em Matematica:
• Uma observacao foi que o texto estava muito extenso e isso seria um ponto negativo
a aplicacao em sala de aula.
• Na narrativa, Kaprekar encontra em um unico dia duas figuras importantes da
India, Gandhi e Subramanyan Chandrasekhar, e os estudantes indagaram sobre a
possibilidade disso acontecer a um menino na vida real.
• Alguns estudantes se manifestaram dizendo que o texto era divertido ate a apre-
sentacao da Constante de Kaprekar e que depois ficou chato. Isso colabora com a
nossa visao sobre Matematica Recreativa.
52
• Vimos que alguns estudantes testaram outros numeros para verificar a propriedade
que foi descoberta por Kaprekar. E alguns fizeram questionamentos sobre a cons-
tante de Kaprekar, esses questionamentos serao apresentados na proxima secao.
Depois, de nossas reflexoes feitas a luz da nossa pesquisa e das consideracoes dos
estudantes, reelaboramos o nosso texto, e escolhemos um tıtulo, que ficou assim:
KAPREKAR E MAGICA DO NUMERO 6174
Numa pequena cidade no interior da India, morava o jovem menino chamado
Kaprekar. Quando pequeno, durante o dia, se reunia com os amigos e brincava
pelas ruas da cidade e pela floresta que tinha perto da sua casa. A noite,
Kaprekar gostava de ficar com seu pai e observar o ceu. O pai de Kaprekar
era astronomo e ele tinha um telescopio e assim, o jovem garoto passava a
noite olhando as estrelas e os astros no ceu, principalmente a Lua, seu astro
favorito.
Kaprekar, ao olhar o ceu pelo telescopio, fazia perguntas bem intrigantes para
si mesmo. Qual a distancia da terra para lua? Quanto tempo vive uma estrela?
Sera que a lua e maior que a terra?
Como a maioria das respostas sobre os astros era numeros, o jovem indiano
passou a gostar mais de matematica. Kaprekar passou a prestar mais atencao e
se dedicar mais nas aulas de matematica, na tentativa de encontrar e entender
as respostas para seus questionamentos.
Fascinado pelos numeros e pela matematica, Kaprekar passou a conhecer jogos
envolvendo a matematica, o cubo magico, Torre de Hanoı, sudoku e magicas
matematicas. Mas o que chamou a sua atencao foi o numero magico 6174.
Por exemplo, pegando o numero 1993 e reorganizando em ordem decrescente
(9931) e subtrair da ordem crescente (1399), achamos o numero 8532. De-
pois fazemos o mesmo procedimento e achamos o numero 6174. Repetimos
o processo e achamos o mesmo numero que havıamos achado anteriormente,
6174. Assim, se fizermos esse joguinho com numeros de quatro dıgitos teremos
sempre o numero 6174, exceto se escolhermos o numero com todos os dıgitos
iguais.
Gracas a este numero magico, Kaprekar ficou conhecido em toda a escola e
posteriormente em toda cidade. Seu pai chegou a brincar com Kaprekar falando
que ele ia ser famoso igual a Mahatmam Gandhi ou ate ganhar um premio
Nobel. Sem saber quem era Gandhi, Kaprekar pergunta quem e? Seu pai
responde que e um famoso indiano que luta pela paz do mundo e pelo povo
indiano.
53
Feliz pela comparacao, Kaprekar resolve estudar mais ainda para ser reconhe-
cido como Gandhi. Seus estudos fizeram que Kaprekar se tornasse o professor
de matematica mais famoso da cidade, suas aulas eram as mais divertidas e
apaixonantes que ja existiu. Tudo isso, porque quando crianca gostava das
magicas e jogos matematicos.
No segundo seminario, foi dedicado aos Numeros de Kaprekar. Como esses estudantes
estavam cursando a disciplina de teoria dos numeros e ja haviam estudado o conteudo
de congruencias, apresentamos os resultados discutidos na secao 3.2 desta dissertacao.
Durante e apos nossa apresentacao varios questionamentos por parte dos estudantes foram
sendo colocados. Juntamos a esses, alguns dos nossos proprios questionamentos acerca
do tema e apresentaremos na proxima secao.
4.2 Questionamentos sobre o Numero e a Constante
de Kaprekar
Nesta secao, apresentamos alguns questionamentos feito pelos estudantes de Licen-
ciatura (na apresentacao do segundo seminario) e alguns feitos por nos mesmos. Fizemos
pesquisas em artigos e em sites em busca das respostas a esses questionamentos. Para
aqueles que encontramos respostas, nos a apresentamos a seguir ou entao indicaremos os
sites para consultas e aprofundamentos no topico. Para algumas perguntas, nao encon-
tramos respostas em nossa pesquisa, isso imediatamente nos revela dois pontos, ainda
ha muito a ser pesquisado e descoberto pelos estudiosos dos Numeros e Constante de
Kaprekar e muito a ser estudado por nos que gostamos de matematica.
Seguem os questionamentos:
• Quantas interacoes no maximo precisamos fazer para chegar na Constante
de Kaprekar?
Sao no maximo 7 interacoes. Na secao 3.3, na figura 3.7, mostra uma tabela com a
quantidade maxima de interacoes;
• Todo Numero de Kaprekar e ımpar?
Nao, 2728 e um numero de Kaprekar par.
2728, 27282 = 7.441.984, 744 + 1.984 = 2728
• Existem numeros primos que sejam de Kaprekar?
Sim, o numero 1.111.111.111.111.111.111 e um numero de kaprekar primo que foi di-
vulgado por R. Gerbicz em https://www.primepuzzles.net/puzzles/puzz_837.
htm
54
• Como saber qual o proximo Numero de Kaprekar?
O artigo Some Properties of the Kaprekar Numbers and a Means of Generation
de Colin G Black (http://www.scienceasia.org/2001.27.n2/v27_133_136.pdf)
descreve um metodo de implementacao para gerar numeros inteiros de Kaprekar,
usando o pacote de software de algebra computacional: Mathcad.
• O numero 1 pode ser considerado Numero de Kaprekar?
Sim. No inıcio da secao 3.2, relatamos que o numero 1 e um Numero de Kaprekar.
• Qual a forma correta de desmembrar o quadrado de um numero para
depois fazer a adicao (de acordo com a definicao de Numeros de Kaprekar
apresentada na secao 3.2)?
Sem usar um recurso computacional, seria por inspecao.
• Os Numeros de Kaprekar so funciona para a base 10?
Sim. Pois a definicao de Numero de Kaprekar e na base 10. Porem, no artigo do
Iannucci (2000), ele traz outras bases, como a binaria, que possui compartamento
semelhante com a dos Numero de kaprekar.
• Qual a utilidade dos estudos Kaprekar na matematica ou em outro campo
da ciencia?
Apontamos os aspectos indicados Bartlova (2016) que discutimos na secao 2.1, que
sao o aspecto cientıfico-popular, o aspecto do divertimento, o aspecto pedagogico e
o aspecto historico na qual os estudos de Kaprekar podem ser inseridos.
• Como os Numeros de Kaprekar podem ser usados na matematica da
Educacao Basica?
Uma resposta para isso vem diretamente de um dos objetivos dessa dissertacao, que
e a elaboracao de um produto educacional. Entao, para ver um exemplo de como os
Numeros de Kaprekar podem ser usados na matematica da Educacao Basica, veja
o nosso produto educacional elaborado, explorando a Constante de Kaprekar.
• Quantos numeros n-kaprekar existem entre 1 e 100?
Existem 5 numeros n-kaprekar entre 1 e 100. Sao 1, 9, 45, 55 e 99. Como a
quantidade de numeros entre 1 e 100 e finita e em quantidade relativamente pequena,
podemos fazer as contas de acordo com o teorema 3.2.1. ou basta olhar para uma
das tabela dos Numeros de Kaprekar que ja se encontra elaborada e divulgada na
internet por varias pessoas. Uma dessas tabelas se encontra em https://oeis.
org/A006886/b006886.txt os 51.514 primeiros Numeros de Kaprekar.
• Observe os valores nos conjuntos abaixo: K(10)=1, 9, K(5)=1, 4, K(3)=1,
2. Pode-se afirmar que K(N)=1, (N-1)?
55
Nao. Ja que K(100) = 1, 45, 55, 99. Porem, observamos que 1 e N-1 pertecem a
K(N).
• Para encontrar o conjunto K(N) e necessario sempre ir atribuindo valores
ou existe uma maneira mais rapida?
Basta usar o teorema 3.2.1. para poder encontrar Numeros de Kaprekar sem ser
por tentativa.
• Dado um numero natural k, caso elevar a 3, e possıvel obter um Numero
de Kaprekar?
O artigo de Ianucci publicado no Journal of Integer Sequences , Vol. 8 (2005),
(https://cs.uwaterloo.ca/journals/JIS/VOL8/Iannucci/iannucci45.pdf) apre-
senta as chamadas triplas de Kaprekar.
8, 83 = 512, 5 + 1 + 2 = 8
45, 453 = 91.125 9 + 11 + 25 = 45
297, 2973 = 26.198.073 26 + 198 + 073 = 297
• Existe alguma nomenclatura para os elementos q e r da definicao?
Nao encontramos nos artigos que pesquisamos.
• Existe outra maneira de descobrir se um numero pode ser escrito da
forma de Kaprekar?
Sim. Basta usar a escrita do teorema 3.2.1. para base 10.
• O conjunto K(N) e tambem um conjunto de Numeros de Kaprekar?
So se for N na base 10.
• Porque os Numeros de Kaprekar tem que ser com k maior ou igual 1, ou
seja, porque nao e valido para os numeros negativos?
O zero nao pode ser por convencao adotada no inıcio da secao 3.2. E nao podem ser
negativos, pois ao elevar ao quadrado, obterei numeros positivos e posteriormente
nao conseguirei chegar no numero inicial que era negativo.
• Qual a relacao K(N) e divisores unitarios?
Isso pode ser visto na demonstracao do teorema 3.2.1.
• Existe alguma forma de definicao analoga ao Numeros de kaprekar para
numeros racionais nao inteiros?
Nao foi encontrado nenhum trabalho a respeito dos numeros racionais nao inteiro
com comportamento semelhante ao de Kaprekar.
56
5 CONSIDERACOES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo a utilizacao da Matematica Recreativa e
da Historia da Matematica no ambiente escolar. Inicialmente, fizemos um levantamento
das definicoes de Matematica Recreativa e trouxemos a discussao sobre seu uso em sala
de aula. Falamos de exemplos ao longo da historia para mostrar que a Matematica
Recreativa sempre esteve presente na construcao da matematica que conhecemos hoje
em dia. Para dar exemplos, falamos sobre duas grandes personalidades da Matematica
Recreativa, Martin Gardner e Malba Tahan. Falamos sobre suas vidas e apresentamos
algumas de suas obras para a Matematica Recreativa. Obras essas que podem fazer parte
do dia a dia escolar.
Como forma de exemplificar a Matematica Recreativa em sala de aula, resolvemos
falar sobre a matematica descoberta por Kaprekar. Matematico pouco conhecido aqui no
Brasil. Para explorar Kaprekar, usamos como base o livro do Chaquiam e Mendes (2016),
que nos mostra como abordar a historia de um personagem matematico para uso em sala
de aula.
A matematica de Kaprekar que aprofundamos foram os Numeros e a Constante
de Kaprekar. Para os numeros, resolvemos enfatizar o artigo do Iannucci (2000), na qual
traz uma forma generica de encontrar os numeros de Kaprekar sem ser por tentativa
e aborda a aritmetica, uma das displina do PROFMAT. Ja em relacao a Constante de
Kaprekar, apresentamos as suas caracterısticas e elaboramos um produto educacional para
ser abordado em sala de aula com os alunos pelo professor de matematica.
Alem destas explanacoes, fizemos sugestoes de aprofundamento de alguns assuntos
aqui abordados. Como por exemplo, a Matematica Recreativa ao longo da historia com a
Bartlova (2016) na secao 2.1.1 e o artigo do Oliveira (2013), na secao 3.3, na qual sugerimos
para quem quer aprofundar na Constante de Kaprekar, assim como nos aprofundamentos
nos Numeros de Kaprekar atraves do artigo do Iannucci (2000) na secao 3.2. Na secao 4.1
deixamos varias sugestoes para se iniciar estudos futuros, alguns com referencias e outros
nao.
57
Referencias Bibliograficas
ARAUJO, Aderito. As pontes de Konigsberg. Departamento de Matematica
da Universidade de Coimbra. Disponıvel em: https://www.mat.uc.pt/~alma/
escolas/pontes/. Acesso em 02 de fevereiro de 2020.
ASSIS, Marcia Maria Alves de. MATEMATICAS ELEMENTARES NA
ESCOLA NORMAL DE NATAL Legislacao, Programas de Ensino,
Material Didatico (1908-1970). 2016. 224f. Tese (Doutorado em Educacao).
Centro de Educacao. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2016.
BARTLOVA, Tereza. History and current state of recreational mathe-
matics and its relation to serious mathematics . 2016. 148f. Tese (Doutarado
em matematica). Departamento de analise matematica. Universidade Charles em
Praga. 2016.
BARVE, Vasant; BARVE, Minakshi. Recreational Mathematics. Departa-
mento de Educacao em Ciencia e Matematica. 2012.
BEZERRA, Maria da Conceicao Alves. SOBRE A MATEMATICA RECRE-
ATIVA algumas contribuicoes iniciais. Revista Historia da Matematica para
Professores. Ano 4, n. 1. p. 29-36. Mar. 2018.
BRASIL. (a) Parametros curriculares nacionais : Matematica. Secreta-
ria de Educacao Fundamental. Brasılia : MEC / SEF, 1998.
BRASIL. (b) Base Nacional Comum Curricular. Brasılia: MEC, 2017. Dis-
ponıvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=
download&alias=79601-anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_
slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 22 de fevereiro de 2017.
BROWN, Matthew. O homem que viu o infinito. 2016.
58
CARLONI, Paula Carolina. O Estudo de Probabilidade no ensino medio. 2019.
59f. Dissertacao (Mestrado Profissional em Matematica). PROFMAT. Universidade
Federal do Espırito Santo. 2019.
CHADHA, Gurinder. O ultimo vice rei. 2017.
CHAQUIAM, Miguel; MENDES, Iran Abreu. Historia nas Aulas de Ma-
tematica. Fundamentos e Sugestoes didaticas para professores. Belem (PA).
SBHMat. 1o edicao. 2016.
CORDEIRO, Tiago.Como foi construıdo o Taj Mahal?. Super Interes-
sante. 2013. Disponıvel em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/
como-foi-construido-o-taj-mahal/. Acesso em 20 de fereiro de 2020.
FILHO, Mario Roberto. Julio Cesar de Mello e Souza - o Malba Tahan: O
Homem que Calculava, a vida e o legado. 2013. 72f. Dissertacao (Mestrado
Profissional em Matematica). PROFMAT. Universidade Federal do Triangulo
Mineiro. 2013.
FRANCA, Kleber Vieira; SANTOS, Josiel Almeida; SANTOS, Lucia S. B.
dos. Dificuldades na Aprendizagem de Matematica . 2007. 41f. Trabalho de
Conclusao de Curso (Matematica). Centro Universitario Adventista de Sao Paulo
Campus Sao Paulo. 2007.
GASPERI W. N. H. de; PACHECO, E. R. A historia da matematica
como instrumento para a interdisciplinaridade na Educacao Basica. PDE:
Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria da Educacao do Estado
do Parana. 2007.
GOMES, Alexandra; MALHEIRO, Catarina. A Rotina de Kaprekar. Jornal
de Matematica Elementar, no 292. 2011.
HEFEZ, Abramo.Aritmetica. Rio de Janeiro (RJ): SBM, 2016.
IANNUCCI, Douglas E. The Kaprekar Numbers. 2000. Department of
Mathematics. University of the Virgin Islands;
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e a patologia do saber. Rio de
Janeiro. Imago Editora LTDA. 1976.
59
LISTER, David. Martin Gardner and Paperfolding. 2005. Disponıvel em:
https://britishorigami.info/academic/lister/martin_gardner.php Acesso
em 25 de fevereiro de 2020.
MARTINS, Paula Mendes; PICADO, Jorge. Cinco tributos a Martin Gardner.
Sociedade Portuguesa de Matematica. Periodico 71. p. 97-111. 2014.
NETO, Andre Pereira; SALLES, Pedro Paulo. MALBA TAHAN: MUITO
ALEM DO PSEUDONIMO . 2015.
O’CONNOR, JJ. ROBERTSON, EF. Samuel Loyd. 2003. Disponıvel em:
http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Loyd.html . Acesso em:
21 de fevereiro de 2020.
O’CONNOR, JJ. ROBERTSON, EF. Dattatreya Ramachandra Kaprekar.
2007. Disponıvel em: http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/
Kaprekar.html . Acesso em 25 de fevereiro de 2020.
O’CONNOR, JJ. ROBERTSON, EF. Martin Gardner. 2010. Disponıvel em:
http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Gardner.html . Acesso
em 22 de fevereiro de 2020.
OLIVEIRA, Vanessa Castro de; OLIVEIRA, Cristiano Peres; VAZ, Francieli
Aparecida. A HISTORIA DA MATEMATICA E O PROCESSO DE EN-
SINO APRENDIZAGEM. XX EREMAT - Encontro Regional de Estudantes de
Matematica da Regiao Sul Fundacao Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA),
Bage/RS, Brasil. 13-16 nov. 2014.
OLIVEIRA, Paulo Eduardo. 6174: um problema com numeros de qua-
tro algarismos 2013. CMUC, Departamento de Matematica. Universidade de
Coimbra.
PALMA, Luciana dos Santos. O cinema indiano: a maior industria cinema-
tografica do mundo 2008. 62f. Trabalho de Conclusao de Curso (Comunicacao
Social). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Filosofia e Ciencias
Humanas, Escola de Comunicacao. 2008.
PERCıLIA, Eliene. ”Sudoku ; Brasil Escola. Disponıvel em:
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/sudoku.htm. Acesso em 02 de fe-
vereiro de 2020.
60
RIBEIRO, Bruno da Silva. Matematica Recreativa: Uma Experiencia
Baseada em Clubes . 2018. 58f. Dissertacao (Mestrado Profissional em Ma-
tematica). PROFMAT. Colegio Pedro II. 2018.
SAUTOY, Marcus Du. Como a India revolucionou a matematica seculos an-
tes do Ocidente. BBC. 2019. Disponıvel.em: https://www.bbc.com/portuguese/
geral-47487130 . Acesso em 23 de fevereiro de 2020.
SINGMASTER, David. The Utility of Recreational Mathematics. Proceedings of
Recreational Mathematics Colloquium v - G4G (Europe). p. 3-46. 2000.
Site Amazon. Disponıvel em: https://www.amazon.com.br. Acesso em 02 de
fevereiro de 2020.
Site Atitude Reflexiva. Disponıvel em: https://atitudereflexiva.wordpress.
com/. Acesso em 02 de fereiro de 2020.
Site Cubo Velocidade. Disponıvel em: http://www.cubovelocidade.com.br/
basico/. Acesso em 02 de fevereiro de 2020.
Site Istock. Disponıvel em: https://www.istockphoto.com/br/
vetor/grey-mapa-do-mundo-com-a-indica%C3%A7%C3%A3o-da-%C3%
ADndia-gm480492182-68487731. Acesso em 06 de abril de 2020.
Site Matematica e facil. Disponıvel em: https://www.matematicaefacil.
com.br/2015/11/papiros-matematica-egipcia-papiro-rhind-ahmes.html.
Acesso em 02 de fevereiro de 2020.
Site Oficial da Famılia e dos Admiradores de Malba Tahan. Apoio: Grupo Editorial
Record. Disponıvel em: https://www.malbatahan.com.br/biografias/sumario/.
Acesso em 15 de janeiro de 2020.
Site Oficial da Fergunsson College. Disponıvel em: https://www.fergusson.
edu/article/history.html . Acesso em 25 de fevereiro de 2020.
Site Significados. Disponıvel em: https://www.significados.com.br/ganesha/.
Acesso em 20 de fevereiro de 2020.
Site Skeptical Inquirer. Disponıvel em: https://skepticalinquirer.org/
61
exclusive/in-celebration-of-martin-gardner/. Acesso em 02 de fereiro de
2020.
Site Wikipedia. Disponıvel em: https://pt.wikipedia.org. Acesso em 20 de
fereiro de 2020.
SOUSA, Rainer Goncalves. As castas indianas . Brasil Escola. Disponıvel
em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/as-castas-indianas.htm.
Acesso em 23 de fevereiro de 2020.
VIANA, Marcelo. India tem 3.000 anos de matematica. Folha de Sao Paulo.
2019. Disponıvel em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloviana/
2019/10/india-tem-3000-anos-de-matematica.shtml . Acesso em 23 de fevereiro
de 2020.
XXIX Olimpıada Brasileira de Matematica. Segunda Fase. Nıvel 2. Disponıvel
em: www.obm.org.br. Acesso em 20 de fevereiro de 2020.
62
63
APÊNDICE A
Tarefas que compõem a Revistinha sobre o número mágico, parte do
produto educacional, voltado para aplicação por parte dos professores de
matemática e seus alunos do Ensino Fundamental.
KAPREKAR E MÁGICA DO NÚMERO 6174
Autor: Arthur Henrique da Silva
Numa pequena cidade no interior da Índia, morava o jovem menino chamado
Kaprekar. Quando pequeno, durante o dia, se reunia com os amigos e brincava
pelas ruas da cidade e pela floresta que tinha perto da sua casa. À noite, Kaprekar
gostava de ficar com seu pai e observar o céu. O pai de Kaprekar era astrônomo e
ele tinha um telescópio e assim, o jovem garoto passava a noite olhando as estrelas
e os astros no céu, principalmente a Lua, seu astro favorito.
Kaprekar, ao olhar o céu pelo telescópio, fazia perguntas bem intrigantes
para si mesmo. Qual a distância da terra para lua? Quanto tempo vive uma estrela?
Será que a lua é maior que a terra?
Como a maioria das respostas sobre os astros era números, o jovem indiano
passou a gostar mais de matemática. Kaprekar passou a prestar mais atenção e se
dedicar mais nas aulas de matemática, na tentativa de encontrar e entender as
respostas para seus questionamentos.
64
Fascinado pelos números e pela matemática, Kaprekar passou a conhecer
jogos envolvendo a matemática, o cubo mágico, Torre de Hanoí, sudoku e mágicas
matemáticas. Mas o que chamou a sua atenção foi o número mágico 6174.
Por exemplo, pegando o número 1993 e reorganizando em ordem
decrescente (9931) e subtrair da ordem crescente (1399), achamos o número 8532.
Depois fazemos o mesmo procedimento e achamos o número 6174. Repetimos o
processo e achamos o mesmo número que havíamos achado anteriormente, 6174.
Assim, se fizermos esse joguinho com números de quatro dígitos teremos sempre o
número 6174, exceto se escolhermos o número com todos os dígitos iguais.
Graças a este número mágico, Kaprekar ficou conhecido em toda a escola e
posteriormente em toda cidade. Seu pai chegou a brincar com Kaprekar falando que
ele ia ser famoso igual a Mahatmam Gandhi ou até ganhar um prêmio Nobel. Sem
saber quem era Gandhi, Kaprekar pergunta quem é? Seu pai responde que é um
famoso indiano que luta pela paz do mundo e pelo povo indiano.
Feliz pela comparação, Kaprekar resolve estudar mais ainda para ser
reconhecido como Gandhi. Seus estudos fizeram que Kaprekar se tornasse o
professor de matemática mais famoso da cidade, suas aulas eram as mais divertidas
e apaixonantes que já existiu. Tudo isso, porque quando criança gostava das
mágicas e jogos matemáticos.
65
ATIVIDADES
Em que continente fica a Índia? O que você sabe sobre este país? Pinte de verde o seu país e de vermelho a Índia. ______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________
66
Quais as respostas para as três perguntas que Kaprekar fez ao olhar pelo telescópio?
Escolha um número qualquer de quatro dígitos, desde que não tenha todos os dígitos iguais, e faça a mágica 6174 no esquema feito a seguir. OBS: Não pode usar os exemplos da história.
Coloque aqui o número escolhido:
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
Caso não tenha chegado ao número 6174, continue os cálculos no espaço da página seguir.
67
68
O que é o prêmio Nobel? Conhece algum dos ganhadores? ______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
Você já tinha ouvido falar em Mahatmam Gandhi? Faça uma pesquisa e escreva um pouco mais sobre ele.
___________________________________
___________________________________
___________________________________
_______________________________________
___________________________________
___________________________________
___________________________________
___________________________________
69
Conte para os seus familiares as suas descobertas sobre a Índia, Kaprekar e sua constante.
Arthur Henrique da Silva
Gabriela Lucheze de Oliveira Lopes
Uso da Constante deKaprekar
no Ensino Fundamental II
Natal-RN
2020
1
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Arthur Henrique da Silva
Gabriela Lucheze de Oliveira Lopes
Uso da constante de Kaprekar no Ensino Fundamental II
Natal – RN
2020
2
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
3
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
SUMÁRIO
Apresentação................................................................................... 4
Introdução......................................................................................... 5
Orientação ao professor................................................................... 6
Proposta de atividades..................................................................... 8
Objetivos
Materiais
Kaprekar e a Mágica do Número 6174 ............................................ 9
Sugestões de materiais..................................................................... 16
Considerações finais......................................................................... 17
Referências....................................................................................... 18
4
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Apresentação
Caro(a) professor(a),
esse livreto é fruto de uma dissertação de Mestrado
Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que teve como
tema central o uso da Matemática Recreativa e a História da
Matemática nas aulas de matemática no Ensino Fundamental
II. O assunto matemático escolhido como condutor foi a
constante de Kaprekar.
As atividades contidas nesse material, que foram
elaboradas para o uso em sala de aula, incluem um texto que
introduz o matemático indiano Kaprekar e tarefas para serem
realizadas com os alunos que envolvem perspectivas da
Matemática Recreativa e da história da Índia.
Ao término da atividade para sala de aula, trazemos
uma lista contendo sugestões de filmes que retratam a Índia
daquela época e de links que podem subsidiar as discussões em
sala e ajudar na elaboração de outras atividades.
Arthur e Gabriela
5
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Introdução
Ao longo dos anos, a matemática sempre foi, na maioria das vezes, a
disciplina em que os alunos apresentavam maior dificuldade. A
pesquisadora Sadovsky (2007, p.15 apud FRANÇA; SANTOS; SANTOS, 2007,
p.13) relata que o baixo desempenho na matemática não é somente no Brasil, é um
problema de ordem mundial. E segundo França, Santos e Santos (2007 p.31) “O
que se observa na maioria das escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio é o
alto índice de reprovação e de alunos com sérias dificuldades para compreender a
matemática, muitas vezes, demonstram desinteresse pela disciplina.” Logo, a
matemática é vista, por maior parte dos estudantes, como uma disciplina em que o
aprendizado apresenta uma série de dificuldades. Então, para contrapor esta
dificuldade de ensino, a Matemática Recreativa pode ter papel fundamental.
Uma das grandes discussões sobre a Matemática Recreativa é sobre o seu
uso em sala de aula. Algumas pessoas tem uma certa desconfiança em relação a
essa utilização, porém, acreditamos que a Matemática Recreativa pode ter um papel
pedagógico muito importante no processo de ensino e aprendizagem na Educação
Básica. Utilizar a Matemática Recreativa para prender a atenção do aluno para o
que será ensinado pode ser uma alternativa, ou então, introduzir um assunto ou até
mesmo explicar um teorema de forma mais divertida e alegre pode fazer o aluno
entenda melhor e até mudar um pouco sua visão do que seja a matemática. No
entanto, a utilizaremos aqui na intensão de despertar a curiosidade dos alunos para
uma propriedade interessante sobre alguns números de quatro algarismos. E
acreditamos que com a descoberta dessa propriedade eles poderão ser instigados a
buscar novas indagações, contribuindo assim para o crescimento de um espírito
investigativo. Ribeiro compartilha da mesma ideia quando diz que
A procura da solução de um problema nem sempre exige um grande
conhecimento de matemática. É nesse momento que a recreação atrai a
curiosidade dos que não se interessam pela matéria e os convida à prática
do raciocínio lógico-dedutivo e consequentemente ao estudo da disciplina.
(RIBEIRO, 2018, p.11)
6
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
A Matemática Recreativa teve papel importante durante a história e na
construção de grandes teorias matemáticas. E cada vez mais, hoje em dia, é preciso
que ela se faça presente nas salas de aula para que a visão de uma matemática
dura, sistemática e as vezes que não serve para o dia a dia das pessoas seja aos
poucos descontruída. Bartlová (2016) deixa isso bem claro quando diz que “a
matemática recreativa sempre desempenhou um papel muito importante na história
da matemática e foi responsável pela origem de teorias e conceitos matemáticos
importantes que não existiriam sem ela.”
Com a educação cada vez mais dinamizada, utilizando como, por exemplo,
jogos, dinâmicas e tecnologias, a busca por alternativas de ensino para a sala de
aula de modo que o aluno seja peça atuante na busca pelo conhecimento é bastante
importante. A utilização da história da matemática como recurso pedagógico no
processo de ensino e aprendizagem dos alunos, principalmente da educação básica,
é uma excelente alternativa para que o professor possa introduzir os conteúdos
matemáticos em sala de aula. Oliveira, Oliveira e Vaz (2014) pontuam que “O uso
dos fatos históricos na sala de aula proporciona um melhor entendimento dos alunos
no que diz respeito à dimensão histórica dos assuntos envolvidos, despertando
assim o interesse dos alunos, motivando-os ainda mais a buscar o conhecimento.”
Desta forma, o uso da história da matemática como recurso didático pode ser uma
boa alternativa para prender a atenção do aluno e fugir um pouco daquela aula mais
tradicional, com fórmulas e algoritmos no quadro. Desta forma, o ensino com uso da
História da Matemática não é só benéfico à aprendizagem da matemática, ele
propõe uma interdisciplinaridade e aguça o poder de investigação e senso crítico do
aluno. Gasperi e Pacheco (2007) alarga essa discussão afirmando que “Estudar a
História da Matemática permite que o professor tenha uma visão mais ampla e
contextualizada de sua disciplina interligando a matemática com outras disciplinas,
respeitando suas especialidades”, o que nos diz que o professor também é será
beneficiado quando estuda a História da Matemática.
7
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Orientação ao professor
É importante que você, professor, amplie seus conhecimentos sobre a história da Índia
e seus costumes de modo a poder orientar uma discussão em sala de aula. Os livretos para os
alunos contendo o texto e as tarefas devem ser entregues aos alunos da sala, de forma
individual, duplas ou trios, vai depender da quantidade de livretos que estará à disposição.
Com o material em mãos, os alunos devem ser orientados a fazer a leitura. Após a leitura de
todos, abre-se um tempo para discutir o que eles acharam do texto e explanar algumas dúvidas
que possam ter aparecido durante a leitura. Após a leitura, os alunos devem começar a
resolver os exercícios. Como algumas atividades exigem pesquisa, o ideal seria a atividade ser
realizada em um laboratório com computadores. Caso a escola não disponha de laboratórios
com computadores, utilizar alguma sala com projetor multimídia ou um projetor multimídia
móvel e realizar as pesquisas em sala de aula. Após dar um tempo para resolver as questões,
abre-se um espaço para discutir os resultados encontrados e uma avaliação da atividade
desenvolvida.
Para auxiliar os alunos e os professores em relação à pesquisa, na seção de sugestões
de materiais, possui links falando um pouco sobre o que está sendo abordado neste livreto.
Caso o professor queira se ambientar e ambientar os alunos, passar alguns dos filmes
sugeridos nas sugestões seria bastante proveitoso na hora da atividade.
8
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Proposta de atividades
As atividades dedicadas aos estudantes que, compõem a Revistinha sobre o número
mágico, contêm um texto (narrativa) e tarefas que emergiram a partir da nossa visão sobre o
uso da História da Matemática como terreno fértil para interdisciplinaridade e o
desenvolvimento de projetos de investigação que mostre uma conexão entre a vida, obra e o
fazer matemático de uma personalidade que viveu em época anterior a nossa.
Objetivos
• Utilização da História da Matemática com a Matemática Recreativa;
• Promover a interdisciplinaridade;
• Aguçar o raciocínio lógico e o poder de investigação dos alunos;
Materiais
• Revistinha sobre o número mágico impressa;
• Quadro Branco e pincel para quadro branco;
• Projetor multimídia;
• Computador;
• Lápis grafite e de cor, de preferência verde e vermelho.
9
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
KAPREKAR E MÁGICA DO NÚMERO 6174 Autor: Arthur Henrique da Silva
Numa pequena cidade no interior da Índia, morava o jovem menino chamado
Kaprekar. Quando pequeno, durante o dia, se reunia com os amigos e brincava
pelas ruas da cidade e pela floresta que tinha perto da sua casa. À noite, Kaprekar
gostava de ficar com seu pai e observar o céu. O pai de Kaprekar era astrônomo e
ele tinha um telescópio e assim, o jovem garoto passava a noite olhando as estrelas
e os astros no céu, principalmente a Lua, seu astro favorito.
Kaprekar, ao olhar o céu pelo telescópio, fazia perguntas bem intrigantes
para si mesmo. Qual a distância da terra para lua? Quanto tempo vive uma estrela?
Será que a lua é maior que a terra?
Como a maioria das respostas sobre os astros era números, o jovem indiano
passou a gostar mais de matemática. Kaprekar passou a prestar mais atenção e se
dedicar mais nas aulas de matemática, na tentativa de encontrar e entender as
respostas para seus questionamentos.
Fascinado pelos números e pela matemática, Kaprekar passou a conhecer
jogos envolvendo a matemática, o cubo mágico, Torre de Hanoí, sudoku e mágicas
matemáticas. Mas o que chamou a sua atenção foi o número mágico 6174.
10
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Por exemplo, pegando o número 1993 e reorganizando em ordem
decrescente (9931) e subtrair da ordem crescente (1399), achamos o número 8532.
Depois fazemos o mesmo procedimento e achamos o número 6174. Repetimos o
processo e achamos o mesmo número que havíamos achado anteriormente, 6174.
Assim, se fizermos esse joguinho com números de quatro dígitos teremos sempre o
número 6174, exceto se escolhermos o número com todos os dígitos iguais.
Graças a este número mágico, Kaprekar ficou conhecido em toda a escola e
posteriormente em toda cidade. Seu pai chegou a brincar com Kaprekar falando que
ele ia ser famoso igual a Mahatmam Gandhi ou até ganhar um prêmio Nobel. Sem
saber quem era Gandhi, Kaprekar pergunta quem é? Seu pai responde que é um
famoso indiano que luta pela paz do mundo e pelo povo indiano.
Feliz pela comparação, Kaprekar resolve estudar mais ainda para ser
reconhecido como Gandhi. Seus estudos fizeram que Kaprekar se tornasse o
professor de matemática mais famoso da cidade, suas aulas eram as mais divertidas
e apaixonantes que já existiu. Tudo isso, porque quando criança gostava das
mágicas e jogos matemáticos.
11
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
ATIVIDADES
• Em que continente fica a Índia? O que você sabe sobre este país?
Pinte de verde o seu país e de vermelho a Índia.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________
12
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
• Quais as respostas para as três perguntas que Kaprekar fez ao olhar pelo
telescópio?
• Escolha um número qualquer de quatro dígitos, desde que não tenha todos os
dígitos iguais, e faça a mágica 6174 no esquema feito a seguir. OBS: Não
pode usar os exemplos da história.
Coloque aqui o número escolhido:
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
(Dígitos em ordem decrescente) (Dígitos em ordem crescente) (Número encontrado)
Caso não tenha chegado ao número 6174, continue os cálculos no espaço da página seguir.
13
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
14
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
O que é o prêmio Nobel? Conhece algum dos ganhadores?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
Você já tinha ouvido falar em Mahatmam
Gandhi? Faça uma pesquisa e escreva um
pouco mais sobre ele.
___________________________________
___________________________________
___________________________________
_______________________________________
___________________________________
___________________________________
___________________________________
___________________________________
15
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Conte para os seus familiares as suas descobertas sobre a Índia, Kaprekar e
sua constante.
16
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Sugestões de materiais
Filmes:
Gandhi, dirigido por Richard Attenborough de 1983:
O filme conta a vida de Gandhi. Ótimo filme para entender um pouco sobre esta pernalidade
mundial e entender um pouco sobre a Índia.
O homem que viu o infinito, dirigido por Matthew Brown de 2016:
O filme conta a vida do matemático indiano Rmanajuam. Desde suas descobertas matemáticas
na Índia até sua ida á Inglaterra. Ótimo filme para fazer o paralelo à vida do matemático
indiano Kaprekar.
O último vice-rei, dirigido por Gurinder Chadha de 2017:
O filme se passa no meio do século XX e conta o processo de independência da Índia e os
conflitos religiosos. Ótimo filme para compreender um pouco da história da Índia.
Sites:
Biografia de Gandhi: https://www.ebiografia.com/mahatma_ghandi/
Biografia de Kaprekar: http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Kaprekar.html
Curiosidade do prêmio Nobel: https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/premio-nobel.htm
História da Índia: https://brasilescola.uol.com.br/historia/india-antiga.htm
Pontos turísticos da Índia: http://tudoindia.com.br/pontos-turisticos-da-india/
Para a produção deste livreto utilizamos o site de figuras grátis: https://pixabay.com/pt/
17
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Considerações finais aos professores de matemática
Consideramos que este livreto pode ser um meio pelo qual você, professor de
matemática, pode levar conteúdos matemáticos para a sala de aula abordando a Matemática
Recreativa associada a História da Matemática. Além disso, destacamos que consultando a
sugestão de materiais que deixamos neste texto, você pode ampliar seus conhecimentos sobre
Matemática Recreativa, História da Matemática e, mais particularmente, sobre a história da
Índia e o matemático indiano Kaprekar.
Enfatizamos que nossa escolha por abordar a história da Matemática se baseia,
principalmente, na vertente que com o seu uso proporcionamos um terreno fértil para
promover a interdisciplinaridade e aguçar o poder de investigação dos estudantes. A
Matemática Recreativa pode desempenhar um papel importante na sala de aula, despertando o
interesse dos alunos em aprender matemática, além de servir para que a visão de que a
matemática é dura, sistemática e as vezes que não serve para o dia a dia das pessoas seja aos
poucos desconstruída.
Desejamos que você, professor, faça mais investigações e que se inspire neste livreto
para elaborar outras tarefas e desafios para os seus alunos.
18
Uso da constante de Kaprekar no ensino fundamental II ________________________________________________________________________________________________________________________________________
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Matemática
PROFMAT - Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional
Referências
• BARTLOVÁ, Tereza. History and current state of recreational mathematics and
its relation to serious mathematics. 2016. 148f. Tese (Doutarado em
matemática). Departamento de ánalise matemática. Universidade Charles em
Praga. 2016.
• FRANÇA, Kleber Vieira; SANTOS, Josiel Almeida; SANTOS, Lúcia S. B. dos.
Dificuldades na Aprendizagem de Matemática. 2007. 41f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Matemática). Centro Universitário Adventista de São Paulo
Campus São Paulo. 2007.
• GASPERI W. N. H. de; PACHECO, E. R. A história da matemática como
instrumento para a interdisciplinaridade na Educação Básica. PDE: Programa
de Desenvolvimento Educacional da Secretaria da Educação do Estado do Paraná.
2007.
• O'CONNOR, JJ. ROBERTSON, EF. Dattatreya Ramachandra Kaprekar. 2007.
Disponível em: http://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Kaprekar.html.
Acesso em 05 de março de 2020.
• OLIVEIRA, Vanessa Castro de; OLIVEIRA, Cristiano Peres; VAZ, Francieli
Aparecida. A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E O PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM. XX EREMAT - Encontro Regional de Estudantes de Matemática
da Região Sul Fundação Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé/RS,
Brasil. 13-16 nov. 2014.
• RIBEIRO, Bruno da Silva. Matemática Recreativa: Uma Experiência Baseada
em Clubes. 2018. 58f. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática).
PROFMAT. Colégio Pedro II. 2018.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Matemática
PROFMAT Mestrado Profissional em Rede Nacional