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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JUREMA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL, LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO 8,5 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COM ALUNOS DO 5º ANO EM DUAS ESCOLAS DE NOVA XAVANTINA, MT. ROSANI PRESTES DA SILVA SILQUEIRA [email protected] Orientador: PROF.: ILSO FERNANDES DO CARMO NOVA XAVANTINA / 2014

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JUREMA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL, LETRAMENTO E

ALFABETIZAÇÃO

8,5

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COM ALUNOS DO 5º ANO EM DUAS

ESCOLAS DE NOVA XAVANTINA, MT.

ROSANI PRESTES DA SILVA SILQUEIRA

[email protected]

Orientador: PROF.: ILSO FERNANDES DO CARMO

NOVA XAVANTINA / 2014

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JUREMA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL, LETRAMENTO E

ALFABETIZAÇÃO

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO COM ALUNOS DO 5º ANO EM DUAS

ESCOLAS DE NOVA XAVANTINA, MT.

ROSANI PRESTES DA SILVA SILQUEIRA

Orientador: PROF.: ILSO FERNANDES DO CARMO

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do Título de Especialização em Educação Infantil, Letramento e alfabetização.”

NOVA XAVANTINA/2014

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Ler não é caminhar e nem voar sobre as palavras. Ler é reescrever o que estamos lendo, é perceber a conexão entre o texto e o contexto e como vincula com o meu contexto.

Paulo Freire

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RESUMO

Quando se fala em alfabetização, tem–se muito a ser discutido e aprimorado

em vários pontos e verifica–se a importância na formação do cidadão, em qualquer

idade. Dessa forma tem–se a importância de pesquisar as principais dificuldades

encontradas pelos alunos em duas escolas, fazendo uma comparação dessas

dificuldades, analisando sua similaridade e como podemos tentar solucionar as

dificuldades. Com o objetivo de avaliar o ensino–aprendizagem e descrever as

principais dificuldades enfrentadas pelos alunos, nas duas escolas do Município de

Nova Xavantina, com isso foi possível identificar as dificuldades encontradas e

solucioná–las a partir da escolha do método adequado. A população investigada foi

de 51 alunos, sendo 25 da Escola João Mallet e 26 da Escola Monteiro Lobato do

Município de Nova Xavantina. Todos os alunos foram avaliados a partir da leitura de

textos e ditados, onde foi possível avaliar a leitura, escrita, interpretação de textos. A

partir desse estudo foi verificado que, os principais problemas encontrados foram na

escrita e na leitura e em relação à escola trabalhada houve uma maior ocorrência do

mesmo na Escola João Mallet.

Palavras-chave: Leitura; Escrita; Letramento; Alfabetização.

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SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................ 05

1 – Material e Métodos............................................................................... 09

• 1.1 – Área de Estudo........................................................................ 09

• 1.1.1 - O Município de Nova Xavantina........................................... 09

• 1.1.2 – Escola M. Monteiro Lobato ................................................. 09

• 1.1.3 – Escola E. Cel. João N. de Medeiros Mallet ......................... 11

• 1.2 – Público Alvo ............................................................................. 13

• 1.3 – Coleta de Dados ....................................................................... 15

2 - Resultados e Discussão ........................................................................ 16

Conclusão ............................................................................................... 33

Referências Bibliográficas ..................................................................... 35

Anexos ..................................................................................................... 38

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INTRODUÇÃO

O Brasil sendo um país em desenvolvimento necessita ainda ultrapassar a

problemática do sistema educacional por falta de investimentos apropriados, não

apenas financeiro, mas também na qualidade do conhecimento em ensinar para os

alunos não somente a decodificarem um texto, mas mostrar a importância de ler e

compreender textos tanto na vida privada como também a nação.

O capitalismo atual incentiva á alfabetização, pois passou a enfrentar esta

nova realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, é preciso

também saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de

leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente.

A aprendizagem é o processo mais importante no comportamento humano e

fundamental na vida, pois tudo o que ele faz, pensa e percebe é aprendido, com isso

aprendemos e aprender (SILVA, 2003).

Para WEIL (1988, p. 100), a aprendizagem pode ser entendida como sendo

o processo de integração e adaptação do ser humano e o ambiente. Sabendo das

necessidades de uma criança, torna – se necessário que sua estrutura cognitiva se

desenvolva e se modifique constantemente ao meio, isso é aprendizado.

Outros autores consideram a aprendizagem como a aquisição de novos

comportamentos, mas SCHIMITZ (1982 p. 53) afirma que a aprendizagem é um

processo de aquisição e assimilação, razoavelmente consciente, de novos padrões

e novas formas de perceber, ser, pensar e agir.

Aprender a ler e escrever é, antes de tudo, aprender a ler o mundo,

compreender o seu contexto, localizar-se no espaço social mais amplo, a partir da

linguagem LEITE & DUARTE (2007), sobretudo na sociedade letrada a alfabetização

passou a ser o rito crucial da preparação para a vida e que, advindo o capitalismo,

passou a resumir-se à preparação para o mercado (DEMO, 2007).

Tanto no mercado de trabalho como na vida social é possível perceber a

importância da alfabetização, onde podemos citar alguns exemplos: interpretação de

dados impressos em documentos, contratos, passagens, agência bancária entre

outras.

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A palavra letramento é nova no contexto da Educação e surge para nomear

a busca pelo registro de usos e funções da modalidade escrita em processos sociais

de comunicação TFOUNI (2000), e para designar a relação que indivíduos e

comunidade se estabelecem com a escrita nas interações sociais. (ROJO, 1995).

SOARES (1998), explica que letramento é um termo traduzido da palavra

inglesa literacy que significa a condição daquele que faz uso competente e frequente

da leitura e da escrita. Para tanto, não é tão somente saber ler e escrever, mas

envolver-se em situações sociais em que a leitura e a escrita estejam presentes.

Para esta autora a prática de letramento pode ter duas facetas, sendo uma, a social,

entendida como: O conjunto de práticas socialmente envolvendo leitura e escrita

geradas por processos sociais mais amplos e responsáveis por reforçar ou

questionar valores, tradições e formas de distribuição de poder presentes nos

contextos sociais.

Para BRASIL (1997, p. 36), não se formam bons leitores oferecendo

materiais de leitura empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são

iniciadas no mundo da escrita.

SOARES (2002), afirma que a palavra letramento é utilizada para designar

diferentes efeitos cognitivos, culturais e sociais em função dos contextos de

interação com a palavra escrita e das mais variadas e múltiplas formas de interação

com o mundo, mas não só palavras escrita, mas também a comunicação visual,

auditiva e espacial.

A necessidade de o letramento escolar propiciar aos sujeitos um domínio da

língua materna que se estenda para além da própria escola é uma das principais

questões presentes nas discussões realizadas em torno do tema no Brasil

(SOARES, 2004; TERZI, 1995; CERUTTI-RIZZATTI, 2009, 2012).

Segundo RUTTER (1987), as dificuldades de aprendizagem são notadas

como uma categoria de vulnerabilidade psicossocial, com isso a criança tende a

desenvolver sentimentos de baixa auto – estima e inferioridade, acarretando

dificuldades de déficits de habilidades sociais e problemas emocionais ou de

comportamento são vistas como uma condição de vulnerabilidade psicossocial.

Assim, essa condição, quando persistente e associada a fatores de risco presentes

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no ambiente familiar e social mais amplo, podem afetar negativamente o

desenvolvimento do indivíduo e seu ajustamento em etapas subsequentes.

Dentro dos limites deste trabalho, portanto, objetivamos reconhecer e mostrar

a importância do letramento, da leitura e da escrita em duas escolas do município de

Nova Xavantina, visando avaliar o ensino aprendizagem do antes, durante e depois,

no Município de Nova Xavantina.

OBJETIVOS:

OBJETIVO GERAL:

• Descrever e analisar as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos em

duas escolas diferentes, Nova Xavantina – MT.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Identificar as dificuldades dos alunos no processo de ensino – aprendizagem

em cada escola;

• Desenvolver uma solução para os problemas;

• Analisar as causas que levam os alunos aterem dificuldades

ESTRUTURA DO TRABALHO.

Este trabalho foi desenvolvido com a finalidade de buscar entender e

solucionar as principais dificuldades dos discentes de duas escolas públicas do

município de Nova Xavantina - MT, sendo uma escola estadual e outra municipal,

caracterizando as mesmas e seus discentes conforme as dificuldades enfrentadas.

Neste estudo, o nossa área de estudo foi o município de Nova Xavantina,

mas precisamente as escolas: Monteiro Lobato (municipal) e na Escola João Mallet

(estadual), com o objetivo de descrever, identificar e sanar as dificuldades

encontradas nas duas escolas e analisar as causas para tais problemas. O público

alvo dessa pesquisa foram uma sala de quinto ano, tanto da Escola Monteiro Lobato

quanto da Escola João Mallet e para a coleta de dados, foi estabelecida uma relação

de dificuldades diagnosticadas através de atividades interdisciplinares, com o

objetivo de saná – lãs posteriormente. Com isso conseguimos constatar que as

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dificuldades encontradas nas duas escolas são similares, mas em alguns casos

houve uma variação, onde foi possível verificar que muitas dos problemas

encontrados estão relacionados/influenciados pelo ambiente familiar.

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1 - MATERIAL E MÉTODOS

1.1 - ÁREA DE ESTUDO

1.1.1- O MUNICÍPIO DE NOVA XAVANTINA

Segundo FERREIRA (2001, p. 542), o município de Nova Xavantina está

localizado na região centro-leste do estado de Mato Grosso, sendo centro geodésico

do Brasil (Fig. 01), com aproximadamente 635 km de distância da capital, Cuiabá.

Sua extensão territorial é de 5.566,29 Km², fazendo limites com os municípios de

Água Boa, Nova Nazaré, Cocalinho, Araguaiana, Barra do Garças, Novo São

Joaquim e Campinápolis.

Segundo Censo do IBGE (2010), o município de Nova Xavantina foi fundado

em 1943 e emancipado em 1980, com uma população de 19.643 habitantes.

Para MARIMON (1998, p. 26), o clima da região foi caracterizado como

subtropical úmido, com duas estações bem definidas: um verão chuvoso de outubro

a abril e um inverno seco de maio a setembro. Sendo uma temperatura média anual

de 24°C (FERREIRA, 2001).

Figura 01 – Mapa da localização do Município de Nova Xavantina.

1.1.2 – ESCOLA MUNICIPAL MONTEIRO LOBATO

www.escolajkdenx.blogspot.com.br

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A Escola Municipal Monteiro Lobato foi criada através do Decreto Lei nº 214

de 10 setembro de 1987, como sendo uma extensão da Escola Municipal de 1º Grau

Coronel Vanique, tendo como diretora da escola e suas extensões a Sr. Maria

Rosalva Fernandes Boechat e como coordenadora a Sr. Alice Katsuyama Toyama e

o corpo de docentes formado por 7 professores.

O nome da escola foi sugerido pelo Prefeito Municipal o Sr. Osvaldo Takashi

Toyama, prestando uma homenagem a José Bento Monteiro Lobato, que foi um

grande escritor da Literatura Infantil, um autor que tinha a criança em primeiro plano,

assim como a escola.

O símbolo da escola é composto pelo Visconde de Sabugosa, adaptado de

um dos personagens do Sítio do Pica – Pau Amarelo de Monteiro Lobato, sendo

caracterizado por um boneco de sabugo de milho, sentado em um banco, com um

livro na mão, representando o costume de estudar e a inteligência.

Inicialmente a escola era mantida pela Prefeitura Municipal e contribuição

mensal dos pais, o que possibilitava a realização de festas para os alunos,

comemorações de datas cívicas, o pagamento de alguns funcionários e a aquisição

de materiais permanentes e de consumo. A coordenadora da época sempre se

preocupou em conquistar um espaço adequado ao funcionamento da mesma, pois

vinha se instalando em prédios alugados, que não ofereciam um espaço adequado e

condições ao trabalho pedagógico. No entanto no ano de 1991, com o empenho do

Prefeito Municipal, o Sr. Osvaldo Takashi Toyama, iniciou – se a construção do

prédio da escola.

De acordo com o Decreto Lei nº 414 de 06 Janeiro de 1992, emancipa e

autoriza a Escola Municipal de 1º Grau Monteiro Lobato. Assumindo como primeira

diretora a Sra. Alice Kiyomi Katsuyama Toyama com autorização nº 058/92/93 e

como primeira secretária a Sra. Michella Sintya Farias Rodrigues com autorização nº

051/92/93. E neste mesmo ano no mês de Julho, é inaugurado a tão sonhado prédio

da escola, com 873,00 m² construídos.

No ano de 1993, assume a direção da escola através da portaria nº 1768 de

17 de Fevereiro de 1993 a Sra. Genira Walker, tendo como secretária Iracema

Santina Castro “in memória” por portaria nº 1769 de 17 de Fevereiro de 1993 e como

coordenadora a Sra. Noeli Militz Stasczak, dando assim continuidade aos trabalhos

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anteriores. Nos anos seguintes, foram nomeados como diretores a Sra. Noeli Militz

Stasczak, gestão de 1994/1995, a Sr. Ivete Pereira na gestão de 1996/1997, o Sr.

Hamilton Garcia Hespporte como gestor da escola no período de 1998 á 2003, uma

vez que em sua gestão que ocorreu a mudança na denominação da escola, sendo

alterada para Escola Municipal Monteiro Lobato. Em todas as gestões ocorrem

mudança para a melhoria da educação e sempre com a colaboração de profissionais

que fizeram e fazem um excelente trabalho com amor e dedicação a arte de

ensinar.

A Escola Municipal Monteiro Lobato se localiza na Rua Constantina, Bairro

Novo Horizonte, 113 no Setor Nova Brasília no Município de Nova Xavantina – MT

(Fig. 02).

Figura 02 – Escola Municipal Monteiro Lobato, Nova Xavantina – MT.

A Escola Municipal Monteiro Lobato atende hoje 583 alunos, sendo 303 no

período matutino e 280 no período vespertino e 51 pessoas compondo o corpo de

funcionários.

1.1.3 – ESCOLA ESTADUAL JOÃO NEPOMUCENO DE MEDEIROS MALLET

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A Escola Estadual Coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet foi criada

pelo Decreto nº 2.147/82 de 06 de Dezembro de 1982, mantida pelo Governo do

Estado de Mato Grosso, autorizada a funcionar em 11 de fevereiro de 1985 pela

resolução nº239/85 de 17 de Dezembro de 1985, prorrogação 065/91 a partir de 01

de Janeiro de 1991 a 31 Dezembro de 192. Foi reconhecida pela portaria nº

3.277/92 e renovação de reconhecimento pela portaria nº 067/04 – CEE/MT, CNPJ

nº 01.931/0001-75, tendo como início das atividades, no dia 11 de fevereiro de 1985,

com 08 (oito) séries iniciais.

Na época em regime de nomeação, sendo a primeira diretora da escola a

senhora Arminda Severina de Freitas, que cursou pedagogia após o término do

mandato em 1987. A escola funcionava em 04 turnos: Matutino das 7h às 10h30min,

Intermediário das 10h45min às 14h15min, Vespertino das 15h às 18h e Noturno

das19h às 22h30min. O ano letivo era de 180 dias, neste período a recuperação era

de 20 dias letivos no final do ano e avaliação final.

O segundo diretor foi o Professor José Rodrigues Silqueira (1988 - 1991),

também sobre o regime de nomeação. Uma das ações participativas de sua direção

foi à fundação do Grêmio Estudantil que teve participação ativa inclusive com

eventos e aquisição de material permanente, sendo uma ação em destaque a

construção da sala onde hoje está a biblioteca.

O terceiro diretor foi o professor Adevaldir Alves (1992 - 1993) que ficou no

cargo somente um ano. A diretora subsequente foi a Professora Maria Auxiliadora

Severina Barbosa (1993 à 1994), onde ocorreu ampliação e reforma da mesma

durante esse período. Em fevereiro de 1994 com o apoio de professores assumiu a

direção a professora Noádia Sousa Melo (1994 à 1995), que realizou diversas ações

de manutenção, conservação e ampliação de espaços. Em fevereiro de 1996

assumiu a direção da escola o professor José Vilar da Costa, sendo o primeiro

diretor eleito pela comunidade escolar (1996 à 1999), que realizou diversas obras,

como: pintura geral da escola, reforma elétrica, construção e iluminação da quadra

esportiva, construção do muro e a calçada em volta a escola entre outras.

No dia 03 de janeiro de 2000, tomou posse o professor Valdir Marcon (2000

à 2005), que por sua vez elaborou e concretizou diversos projetos no âmbito escolar.

No dia 03 de Janeiro de 2005 assumiu a direção da escola a professora Tânia Maria

Alencar Silva (2005 à 2010), neste período a escola recebeu o EJA, conhecida como

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escola de suplência ou NEP, realizou reformas e adquiriu diversos materiais

permanentes para a escola e no final do ano letivo de 2009 foi eleito novamente o

Sr. José Vilar da Costa, dando assim continuidade aos trabalhos dos gestores

anteriores e melhorando cada vez mais o trabalhos dos professores e a qualidade

da educação dos alunos.

A Escola Estadual Coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet se localiza

na Avenida Rio Grande do Sul, 1039, Bairro Centro, no setor Nova Brasília no

Município de Nova Xavantina – MT (Fig. 03).

Figura 03 – Escola Estadual Coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet, Nova

Xavantina – MT.

A Escola atende 1.013 alunos, sendo no período matutino 356 alunos e no

período vespertino 297 alunos, no período Noturno atende a modalidade EJA com

360 alunos e o corpo de funcionários é composto por 80 pessoas.

1.2 – PÚBLICO ALVO

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O público alvo deste trabalho foram os alunos do quinto (5º) ano, que

frequentam as respectivas escolas de Nova Xavantina – MT, sendo a Escola

Municipal Monteiro Lobato (Fig. 04) e a Escola Estadual Coronel João Nepomuceno

de Medeiros Mallet (Fig. 05).

Figura 04 – Mostrando os alunos da Escola Monteiro Lobato.

Figura 05 – Mostrando os alunos da Escola João Mallet, Nova Xavantina – MT.

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1.3 – COLETA DE DADOS

Primeiramente será traçado um panorama de algumas dificuldades

encontradas pelos alunos tanto na leitura, escrita e na interpretação de textos e, na

sequência, serão relatadas as atividades que vão ser desenvolvidas

interdisciplinarmente nas duas turmas do quinto ano, na Escola Estadual Coronel

João Nepomuceno de Medeiros Mallet e na Escola Municipal Monteiro Lobato.

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2 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do panorama traçado, foram destacadas algumas dificuldades

encontradas nas duas escolas (Tabela 1), dentre os quais podemos destacar a

dificuldade na escrita, na leitura e interpretação.

Tabela 1 – Principais dificuldades encontradas pelos alunos das escolas: João

Mallet e Monteiro Lobato, município de Nova Xavantina - MT.

Principais dificuldades Escola João Mallet

(25 alunos)

Escola Monteiro

Lobato (26 alunos)

Leitura 10 5

Compreensão de texto 5 5

Escrita 14 10

Criar frases 3 2

Interpretação 6 5

Expressar oralmente 7 2

Analfabeto 1 0

Sabemos que o termo alfabetização e letramento estão intimamente ligados

e precisam ser trabalhados juntos, mesmo sabendo da realidade de cada escola,

das dificuldades de cada aluno, dos recursos e da estrutura das mesmas.

A aprendizagem é possivelmente um dos processos mais importantes do

comportamento humano e é algo extremamente complexo que começa desde o

nascimento e, talvez mesmo na vida intra – uterina.

A criança não tem meios de sobreviver sozinha no início da vida, com o

passar do tempo e a maturação não são suficientes, ainda é necessário que sua

estrutura cognitiva se desenvolva e se modifique constantemente em respostas as

constantes complexidades do meio, ajustando sua capacidade de responder a elas.

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Este processo é chamado de aprendizado, que pode ser definido como modificações

nos estilos de respostas em função dos efeitos da experiência (SILVA, 2009).

WEIL (1988, p. 100) afirma que a aprendizagem pode ser definida como

sendo o processo de integração e de adaptação do ser humano no seu ambiente,

uma vez que o ambiente é mutável.

TEIXEIRA (1997, p. 60), afirma que só se aprende para a vida quando não

somente se pode fazer a coisa de outro modo, mas também se quer fazer de outro

modo.

O aprendizado necessita de estruturas cerebrais íntegras, devidamente

maturadas, para que as funções específicas sejam elaboradas de modo adequado e

eficiente, uma vez que a integralidade dos componentes cerebrais é fundamental

para que o aprendizado se desenvolva (SILVA, 2003).

O mesmo autor afirma que no processo de ensino – aprendizagem há quatro

elementos fundamentais:

� COMUNICADOR OU EMISSOR: Representado pelo professor ou pelas

máquinas de ensinar, como transmissores de informações ou agentes do

conhecimento.

� MENSAGEM: Que é o conteúdo educativo, que deve ser clara e precisa

ser entendida.

� RECEPTOR DA MENSAGEM: O aluno, que deve ser um recebedor

crítico dos conhecimentos e informações que lhe são transmitidas.

� MEIO AMBIENTE: Pode ser o meio escolar, familiar e social, onde possa

se efetivar o processo.

É muito importante o papel desses elementos durante o processo, pois a

falha de um pode acarretar problemas de aprendizagem sérios, que prejudicará

tanto o professor quanto o aluno, mas principalmente o aluno, uma vez que suas

dificuldades, muitas vezes ficam guardadas para si, por medo e/ou vergonha e se o

professor não tiver competência para detectar e busca a solução, o problema tende

cada vez mais a aumenta.

Podemos considerar também, a existência de sete fatores fundamentais

para que a aprendizagem se efetive, independentemente de qual metodologia e

teoria utilizada: saúde física e mental, motivação, prévio domínio, maturação,

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inteligência, concentração ou atenção e memória. O conjunto desses fatores

BRUNER (1969), DROUET (2001, p. 27) e POPPOVIC e GOLUBI (1996, p. 5),

chamaram de “Prontidão para a alfabetização”, pois a partir desses elementos a

criança é capaz de iniciar o processo da função simbólica (leitura) e a sua

transposição gráfica (escrita).

Mas algumas observações devem ser feitas, pois não podemos considerar

somente esses critérios para se conseguir ler e escrever, fazendo isso estaríamos

excluindo pessoas que apresentam algumas restrições. Exemplos disso são

crianças e adultos com raciocínio lógico comprometido, porem escrevem muito bem,

deficientes físicos com parcial ou total comprometimento da coordenação motora,

que são leitores e escritores competentes e também adultos com excelente

raciocínio lógico, boa coordenação motora, mas que são analfabetos.

PAÍN (1985), considera que dificuldades de aprendizagem como aquelas

apresentadas ou somente percebidas no ato de ingresso da criança no ensino

formal, no entanto, sabendo da abrangência do conceito, incluí – se ainda os

problemas decorrentes do sistema educacional, das características intrínsecas do

indivíduo e das influências ambientais.

SILVA (2003), descreve que há vários fatores que influenciam no

desenvolvimento do aprendizado da criança, onde podemos destacar como o

principal a desigualdade social e a desestruturação familiar, que por sua vez são

imprescindíveis nesse processo de formação e muitas das vezes esses dois fatores

estão intimamente ligados. Normalmente, as populações mais carentes buscam

melhores condições de sobreviverem, com a criança acaba frequentando várias

escolas e obrigada a adequar a cada realidade da escola. E a desestruturação

familiar que como sabemos que a família é a base de tudo e é também o primeiro

grupo social a que pertencemos, uma vez que a permanência da criança na escola

fica comprometida e a relação dos mesmos é restrita, dificultando seu aprendizado

enquanto criança.

Podemos citar também outros problemas enfrentados como: a violência, o

álcool, a falta de diálogo e a exploração infantil, pois em ambas escolas haviam

alunos que trabalhavam.

As mesmas dificuldades são notadas como uma categoria de vulnerabilidade

psicossocial RUTTER (1987), em que a criança que apresenta essas dificuldades

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pode desenvolver sentimentos de baixa auto-estima, inferioridade, déficits em

habilidades sociais e problemas emocionais ou de comportamento (ERIKSON,

1971).

Para SILVA (2009), as causas que geram no educando a dificuldade de ler e

escrever durante seu processo de alfabetização são distintas e dentre elas podemos

citar: déficit perceptual, déficit linguístico, dislexia, disgrafia, disortografia, dislalia

entre outras. Muitos estudos indicam que os processos utilizados pelas crianças

quando leem e escrevem não são os mesmos, pois há uma complexidade que

podem determinar essas dificuldades uma vez que cada pessoa tem suas

particularidades e anseios que determinam sua forma de aprender. A compreensão

da leitura abrange aspectos sensorias, emocionais, intelectuais, fisiológicos,

neurológicos, culturais, econômicos e políticos.

As figuras abaixo mostram as principais dificuldades encontradas na Escola

João Mallet (fig. 06) e na Escola Monteiro Lobato (fig. 07).

Fig. 06 – Principais dificuldades encontradas pela Escola Estadual Coronel João

Nepomuceno de Medeiros Mallet, Nova Xavantina – MT.

Na Escola João Mallet (Fig. 06) pode - se verificar que, dentre todas as

dificuldades se destaca a escrita, correspondendo 3,5% dos alunos. E quando

comparada com a Escola Monteiro Lobato (Fig. 8), verificamos que apresentou

também uma grande incidência de alunos com a mesma dificuldade. Neste caso

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podemos atribuir esse resultado principalmente a falta de leitura, a inversão das

palavras e/ou a confusão das mesmas por parte de alguns alunos.

Quando se atribui, a falta de leitura como um dos fatores que leva a

dificuldade na escrita, não me refiro somente ao tempo que os alunos permanecem

na escola, pois quando falo isso devem – se supor que cabe ao professor trabalhar a

leitura em sala de aula, muitas das vezes duvidando da sua competência e da sua

postura perante os alunos, mas os alunos muitas das vezes não têm o hábito de ler,

dificultando seu aprendizado.

A escrita começou com a comunicação primitiva demonstrando a

capacidade do homem em abstrair o desenho visual do ambiente e dar-lhe

representação gráfica (SOUZA e SISTO, 2001).

Fig. 07 – Principais dificuldades encontradas pela Escola Municipal Monteiro Lobato,

Nova Xavantina – MT.

Quando comparamos a dificuldade na leitura nas duas escolas (Fig. 08),

podemos verificar que a Escola Monteiro Lobato apresenta um maior índice de

alunos com essa dificuldade, em relação á Escola João Mallet.

Hoje não existe uma idade ideal para o aprendizado da leitura, pois têm – se

crianças que aprendem a ler muito cedo, porque a leitura passou a ter tanta

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importância que não conseguem ficar sem saber. O início do processo da leitura é

chamado de decodificação, pois temos o envolvimento de discriminação visual dos

símbolos impressos e a associação entre as palavras (SILVA, 2009).

Neste período dois fatores determinam a leitura: o texto impresso, que é

visto pelos olhos e aquele que está “por trás” dos olhos: o conhecimento prévio do

leitor, pois uma criança não alfabetizada pode ter muitas informações, mas não será

capaz de ler, porque não tem recurso de decodificação de leitura, ela tem apenas o

conhecimento prévio, mas não consegue decifrar a informação captada pelos olhos

ou vice – versa.

Quando se fala em conhecimento prévio, não se trata somente do

conhecimento sobre o assunto tratado pelo texto, mas também o que se sabe

acerca da linguagem e da própria leitura.

SILVA (2009), afirma que a leitura é a correlação entre os sons e os sinais

gráficos através da discriminação do código e a compreensão da ideia.

A leitura é um processo de compreensão abrangente, que envolve aspectos

emocionais, sensoriais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos e alguns outros e é a

correspondência entre os sons e os sinais gráficos e a compreensão do conceito ou

ideia. (SILVA, 2003).

Segundo GARCIA (1998) a leitura é um sistema simbólico acoplado a

linguagem falada e aliado e dependente da linguagem interior, pois a relação entre a

palavra escrita e sua significação envolve processos cognitivos, como: a codificação,

a decodificação, a percepção, a memória entre outros. A complexidade de tal

processo demanda que para que uma pessoa obtenha uma mensagem é necessário

que ela decodifique e atribua significado ao que

Vale ressaltar a importância da família durante esse processo, sendo para a

criança seu referencial, uma vez não realizando seu papel, desencadeara uma série

de problemas. A família é o microscomo, pois tudo o que passou no mundo exterior

tem origem na família (SOUZA, 1985).

Em meio a todo esse processo de aprendizagem, SCOZ (1991, p. 251), diz

que hoje temos uma seletividade escolar, que pode ser caracterizada a partir de três

grupos de alunos considerados como os mais atingidos: os que não chegam a entra

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na escola, os que entram e são excluídos e os que são discriminados dentro do

sistema escolar, através das reprovações de série.

Segundo TIBA (2002, p. 186), a repetência escolar começa nas primeiras

provas do ano, quando o aluno vai mal em algumas matérias.

Portanto uma criança que apresente problemas na leitura e na escrita,

possivelmente terá outras dificuldades em toda sua vida e se tornaram dependentes

de outras pessoas, pois não conseguiram se orientar sozinhos.

Fig. 08 – Mostrando a comparação na dificuldade de leitura, realizada nas duas

escolas de Nova Xavantina – MT.

Na Escola Monteiro Lobato (Fig. 07), foi verificado que 2,6% dos alunos

apresentavam problemas na escrita, valor esse menor que da outra escola. Fica

claramente visível a relevância de diferentes análises sobre o assunto, com o

objetivo de favorecer a aquisição do conhecimento.

A linguagem escrita demanda um processo de instrução explícita, um

esforço deliberado e sistemático de aprendizagem (CASTRO & GOMES, 2000, p.

24). A ortografia é um dos componentes da linguagem escrita, que pode ser definida

como “a codificação das formas linguísticas em formas escritas, respeitando um

contrato social aceite e respeitado por todos, que revela o seu caráter convencional,

ditado pelo costume e etimologia das palavras, pelo uso e evolução histórica”

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(HORTA & MARTINS, 2004, p. 213). Trata-se, assim, de um código de

representação que reflete a história e cultura da língua que representa.

Dos diferentes sistemas de representação da escrita que existem, o sistema

alfabético é o sistema que transcreve a língua no nível mais básico e elementar: o

nível fonológico (MOSTERÍN, 2002, p. 35). Os sistemas alfabéticos representam

predominantemente as estruturas abstratas da linguagem oral que são os fonemas;

contudo, a consistência da conversão entre fonemas e grafemas (e inversamente

entre grafemas e fonemas) é bastante variável de alfabeto para alfabeto (e de

sistema ortográfico para sistema ortográfico), o que constitui uma fonte de

diferenciação entre as ortografias alfabéticas.

Os sistemas ortográficos alfabéticos podem ser classificados num contínuo

que se situa entre o transparente (regular) e o opaco (irregular). As ortografias mais

regulares facilitam a aprendizagem da leitura e da escrita (esse efeito facilitador

traduz-se em ritmos mais rápidos de aprendizagem e menos erros). A irregularidade

ortográfica, por seu lado, segundo MOSTERÍN (2002, p.35), existem os seguintes

sistemas de escrita: morfossilábica, silábica, morfoconsonântica, consonântica,

alfassilábica e alfabética.

SILVA (2009), explica que as aprendizagens de leitura e escrita não são

atividades isoladas, fazem parte de um processo de desenvolvimento da linguagem,

essas dificuldades se devem a uma deficiência qualquer na estruturação e na

organização da linguagem como um todo.

Como vimos o processo de aprendizado é complexo e de construção e a

estratégia de memorizar as sílabas muitas das vezes não é eficaz, pois o aluno

apenas memorizando o alfabeto não irá entender e compreender as regras de

geração e funcionamento do sistema de escrita alfabética. Por isso muitas das vezes

as ideias que os alunos constroem sobre a escrita são erros construtivos, que são

necessários para que se aproximem cada vez mais da escrita convencional, mas de

forma alguma o professor deve concordar porque fazem parte do aprendizado ou

esperar que sejam superados rapidamente, sabendo do ritmo de cada aluno.

Esta fase é marcada pela passagem da infância para a adolescência,

aumentando a responsabilidade, o número de professores e matérias entre outras

mudanças que ocorrem neste período.

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Ler numa escrita alfabética requer a descoberta do princípio alfabético,

aprendizagem que se refere à compreensão da existência de relações sistemáticas

entre um grafema e um fonema (leitura) e inversamente entre um fonema e um

grafema (escrita). A compreensão deste princípio implica a mobilização de

capacidades para segmentar as palavras nos seus elementos fonéticos, para os

recuperar na mesma ordem, de forma a associá-los aos respectivos grafemas e

requer da criança um nível de raciocínio conceptual muito sofisticado. (SILVA, 2009).

Para aprender a ler e a escrever, é determinante que a criança adquira a

consciência de que a fala é uma cadeia divisível em fonemas, e de que existem

ligações entre a segmentação fonêmica e a codificação/descodificação alfabética, no

contexto da leitura e da escrita. A leitura e a escrita alfabética exigem um ensino

explícito, pois a exposição ao material escrito só por si não desencadeia

espontaneamente o conhecimento de que os sons podem ser representados por

letras (SILVA, 2009).

Vários fatores podem determinar a maior ou menor facilidade em aceder ao

princípio alfabético, nomeadamente o ambiente sociocultural em que a criança está

integrada, a riqueza e frequência das suas interações com livros e com a escrita em

geral, as características do sistema de escrita que tem de aprender.

SILVA (2009), afirma que as dificuldades de leitura implicam muitas das

vezes na falha durante o processo de reconhecimento, ou na compreensão do

material escrito.

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Fig. 09 – Mostrando o índice de alunos que apresentam a dificuldade em

compreender textos, comparando as duas escolas de Nova Xavantina – MT.

Quando um indivíduo consegue ler, escrever e entende alguns símbolos,

para a sociedade ele já está preparado para inserir no mercado de trabalho, mas

esse pensamento já está sendo modificado, pois quando isso acontece o indivíduo

está alfabetizado, mas não letrado porque o letramento exige do indivíduo algo a

mais como a interpretação da realidade, do seu cotidiano.

SILVA (2009), afirma que a capacidade de ler e compreender textos são

uma condição sem a qual uma pessoa encontrará diversas dificuldades para

enfrentar os desafios, principalmente na sociedade atual, sendo que as várias

formas de interação social exigem que um indivíduo possua a capacidade de ler

para conseguir se inserir em diferentes situações sociais, como o mercado de

trabalho.

Além disso, a arte de ensinar a ler e escrever exige do aluno condições para

estabelecer circunstâncias diferenciadas que sejam capazes de adaptar a

heterogeneidade da sala de aula (SILVA, 2003). Diante disso a associação que a

criança faz entre a escrita e a fala leva a mesma a não diferenciar a leitura da fala,

em reação ao comportamento, uma vez que somente crianças mais maduras

conseguem identificar a leitura silenciosa como ato de ler. (KATO, 1999).

No presente estudo foi possível observar essa dificuldade nos alunos, pois

uma pequena quantidade de alunos conseguia fazer uma leitura silenciosa e foi

possível também perceber que o nível de concentração dos mesmos é muito baixo,

se dispersa com muita facilidade.

Essa relação que as crianças fazem da leitura silenciosa, é que eles

precisam falar em voz alta para que sejam ouvidos, ou até mesmo para conseguirem

interpretar uma simples frase.

Muitas das vezes nos professores encaramos a leitura como alavanca para

atividades de produção e o aluno passa a acreditar que a leitura é sempre vinculada

a um trabalho posterior. Nesse sentido a leitura perdeu seu lado lúdico e prazeroso e

passa a ser um suporte para a gramática e outras atividades.

Professores pegam um lindo poema e uso para que os alunos possam

trabalhar os substantivos, por exemplo, com isso o aluno deixa de ler e conhecer

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uma obra literária e só lembra de textos literários relacionando com as atividades

posteriores. Segundo ZILBERMAN (1988, p. 46), “texto nenhum nasce para ser

objeto de estudo, de dissecação de análise.”

Portanto deve – sempre lembra que o professor deve conhecer o texto antes

de compará-lo ao seu aluno e deve estar preparando para eventuais discordâncias

de interpretação, desde que sejam respeitados os limites da obra. Um texto dá

margem a mais de uma interpretação, desde que sejam respeitados os limites da

obra.

LAJOLO (1994 p. 56), diz que “A leitura só se torna livre quando se respeita,

ao menos em momentos iniciais do aprendizado, o prazer ou a aversão de cada

leitor em relação a cada livro.”

Neste estudo verificou – se que os alunos da Escola Monteiro Lobato

apresentam uma maior dificuldade na interpretação de textos, quando comparados

com a Escola João Mallet (Fig. 10).

Fig. 10 – Dificuldade em interpretação de textos.

A habilidade de conseguir realizar leitura caracteriza – se como um fator de

crescimento pessoal, pois provoca na capacidade de aprender de forma autônoma e

quanto maior o nível de autonomia, maior será seu desenvolvimento como leitor e

seu repertório linguístico/vocabular (SILVA, 2009). Pois somente a leitura é capaz de

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torna o indivíduo mais culto com um vocabulário amplo e diversificado, fazendo com

que se sobressaia perante os demais.

Fig. 11 – Dificuldade em criar frases

No que se refere à dificuldade na leitura KLEIMAN (1995), definiu letramento

como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita sistema simbólico e ao

analisar os efeitos que envolvem as práticas de letramento duas facetas: a

instrumental e a ideológica. No primeiro caso podemos levar em conta as análises

decorrentes dos usos da escrita para determinados fins individuais, onde podemos

destacar a produção de textos. Já no segundo caso podemos levar em conta a

natureza ideológica dos textos, analisando se o que eles transmitem carrega uma

imposição ou uma tendência ideológica às pessoas.

ZUCOLOTO & SISTO (2002), afirmam que as dificuldades de leitura

sugerem principalmente devido a falha no reconhecimento na compreensão do

material escrito e pode se manifestar por confusão, inversão, transposição e

substituição das letras, erros na conversão símbolo – som, ordem das sílabas

alteradas, lentidão na percepção visual entre outros e ainda em áreas diferentes

como em escrever um ditado e no soletrar.

Essa inversão, confusão ou até mesmo a substituição das letras em diversas

situações ocorre muito, devido à falha no reconhecimento e na compreensão das

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palavras que durante seu processo de alfabetização não foi percebido ou até mesmo

não foi dada a devida atenção á dificuldade. Por causa de dificuldade que não foi

solucionada quando aconteceu, hoje temos crianças que são lentas para escrever e

não se concentram no que estão fazendo.

Durante o estudo, houve casos onde o aluno não conseguia criar frases a

partir de textos ou mesmo a partir de ditados (Fig. 11), devido a alguma dificuldade

relacionada a linguagem e a escrita, onde o aluno apresenta bastante dificuldade em

se expressar, tanto na escrita quanto na fala, não se relaciona com os colegas, não

se interage com os mesmos, sente – se reprimido, quando fala, a tom de voz é

baixo.

Alguns dos erros cometidos pelos alunos (Tabela 2), na hora de escrever um

texto, mesmo do próprio livro ou ditados, pode – se verificar que muitas das vezes,

são palavras conhecidas, mas são pronunciadas de forma errada e com isso o aluno

escreve errado também.

Tabela 2 – Mostrando os principais erros cometidos pelos alunos da Escola João

Mallet e Monteiro Lobato.

Erros cometidos pelos alunos

Depois => depoi Cozinha =>conzinha Vassoura => bassora

começo => comoço Idiota => indiota Satisfação => sastisfação

Esquerdo => escredo Mendigo => mendingo Salsicha => salchicha

Cerveja => cerveija Mortadela => mortandela Pequi => piqui

Empregado => enpregado De repente => dirrepente Problema => Poblema

/probrema

Põe => poi Depois => de pois Serviço => cervisso

Viu => vio Aquilo => a quilo Colheita => coleita

Trabalho => trabaio Toalha => toalia Velhinha => velinha

Palhaço => paliaço Folha => folia Agulha => agunha

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Nesse contexto LEAL (2005), afirma que é necessário tomar cuidado para

que não foque apenas no letramento como prática restrita apenas no uso de textos

escritos, pois é possível ter uma pessoa letrada, mas sem ser alfabetizada para

atividades de leitura e escrita de textos.

Em qual for a utilização do termo seja ele na escrita ou oralmente para um

fim específico, deve – se levar em conta que por trás da atividade de comunicação

estabelecem formas de enunciados contextualizadas, evidenciando os gêneros

textuais (ALVES, 2008).

Os alunos devem ver na leitura algo interessante e desafiador, uma

conquista capaz de dar autonomia e independência. E devem estar confiantes,

condição esta para enfrentar o “desafio de aprender fazendo” (SILVA, 2003).

O que muitas das vezes percebemos que a bagagem que o aluno traz

consigo, mostra que como foi sua trajetória escolar, muitas das vezes foi reprimido,

por isso tem medo ou vergonha de se expressar ou até mesmo pelo convívio familiar

que apresenta muitas restrições.

Atualmente o número de educandos com dificuldades de aprendizagens é

muito alto, principalmente nas redes públicas, onde existe a aprovação automática e

os ciclos de alfabetização e até mesmo a ignorância por parte de alguns professores

em relação ao novo processo.

Os alunos que chegam ao 3º ano e ficam retidos, acabam sendo rotulados

pelos próprios colegas e em alguns casos pelos professores, que afirmam que a

criança tem problema de cabeça, mesmo sem procurar entender o motivo de tal

dificuldade e acabam sendo excluídos dentro da sala de aula.

Sabendo da imensa função do sistema nervoso em comandar todos os

outros sistemas, fica fácil de entender porque tantas crianças apresentam distúrbios

neurológicos, que prejudicam tanto sua aprendizagem. Ainda podemos classificar

algumas das causas dos distúrbios, como: neurológicos, genéticos, emocionais e

também a privação cultural (SILVA, 2003).

Distúrbio do aprendizado escolar é considerado como sendo um processo

que desvia ou impede a evolução adequada da criança nas diferentes atividades da

escola (TOPCZEWSKI, 2000, p. 18).

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Segundo SILVA (2009), o fracasso escolar não ocorre só através da

dificuldade na ou de aprendizagem, mas como foi explicitado acima, depende de

outros fatores. Na escola deve haver psicopedagogo e sala de recurso para

justamente detectar o que está ocasionando a aprendizagem lenta do aluno, assim

realizar uma analise do quadro desse discente. Conforme a resposta, esse aluno

terá um acompanhamento do psicopedagogo no contra turno na sala de recurso, na

qual tem uma estrutura pedagógica adequada para proporcionar um ensino que

venha dar condições melhor na vida educacional, social e no contexto familiar na

qual está inserida.

ZUCOLOTO & SISTO (2002), relatam que o fracasso escolar nas primeiras

séries (ano) do ensino fundamental tem sido estudado pelos mais diversos

profissionais preocupados com a escola, na busca de explicitar os fatores que

interferem no sucesso escolar e melhorar o ensino público no Brasil.

No caso da criança que fracassa a escola, que em princípio poderia prover

mecanismos protetores, aparece como instância que contribui para aumenta a

vulnerabilidade frente a riscos, em particular no ponto de transição que caracteriza a

momento de ingresso no ensino formal (MARTURANO, 1999).

De acordo com BAMBERGER (1991), a regressão da aptidão para a

linguagem não provém apenas do crescente interesse pela tecnologia, pois a

corrente de estímulos visuais que satisfazem a criança de forma semelhante a

tecnologia e restringem o potencial de experiência linguística enfraquecendo os

poderes imaginários da mente.

Portanto é necessária uma visão mais crítica do problema que aflige as

escolas, onde indivíduos alienados e incapazes são mais facilmente manipulados. A

escola poderia através da leitura, transformar esses indivíduos em cidadãos

conscientes, mas isso não é muito interessante para as camadas dominantes que

bloqueiam o acesso do povo ao livro.

Em relação aos recursos que cada escola deve oferecer, somente a Escola

Monteiro Lobato apresentou alguns dos critérios, dentre eles podemos destacar: um

psicólogo para atender os alunos, mas na Escola João Mallet contava com uma

psicopedagoga, que estava na articulação da escola mas não tem mais.

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Fig. 12 – Dificuldade em expressar oralmente.

Para AQUINO & PIMENTA (2010), o cidadão se torna usuário ajustado da

língua conhece a linguagem na quais as leis são escritas, as decisões são tomadas,

e a sociedade se organiza. Com isso é necessário um envolvimento por parte da

sociedade, mas na maioria das vezes o comodismo ultrapassa a vontade de mudar,

de ir além.

Segundo LAJOLO (1994 p. 45) a leitura é condicionante da participação na

capital da cultura de uma sociedade e, logo, responsável pelo grau de cidadania de

que desfruta o cidadão.

A escola está a serviço do estado, produzindo indivíduos enquadrados na

sociedade e em muitos casos, quando se busca uma mudança, como, por exemplo,

uma biblioteca com ampla variedade de livros, não se encontra. E também a forma

com os professores trabalha e as condições de sala que deveriam favorecer a

leitura, ou são precárias ou nem existem.

Os professores acabam apresentando uma visão limitada, através de textos

fragmentados e questões vazias, sem a preocupação de instrumentalizar os alunos

para a construção de uma visão de mundo coerente.

DEMO (2007, p. 19), relata que a pesquisa não é ato isolado, intermitente,

especial, mas atitude processual de investigação diante do desconhecido e dos

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limites que a natureza e sociedade nos impõem, sendo considera a melhor forma de

se alcançar a qualidade intelectual e evoluir.

A pesquisa deve ser entendida como meio de se obter uma capacidade de

elaboração própria, que o professor deve estar constantemente em busca de

inovações, assim a pesquisa passa a constituir um diálogo inteligente com a

realidade, sendo observada como um comportamento e ferramenta cotidiana do

professor.

Assim o professor passa de um mero ministrador de aulas para uma pessoa

admirada pelos colegas e principalmente pelos próprios alunos e principalmente irá

passar mais confiança para os seus alunos. (AQUINO & PIMENTA, 2010).

A Escola João Mallet apresentou um caso em o aluno não era alfabetizado,

sendo um aluno indígena e sabendo da realidade do seu cotidiano, o mesmo foi

encaminhado para a articulação da escola. Quando se foi estuda o caso do aluno,

percebemos que se tratava de seu primeiro ano na escola, pois tinha mudado para o

município a pouco tempo e antes estava na aldeia. Ao final do ano letivo, o mesmo

já estava reconhecendo as vogais, as letras do alfabeto, já realizava algumas

operações de matemática, entre outras evoluções que ocorreu.

Vale ressaltar a importância de uma junta de professores capacitados para

tal serviço, percebe – se tal comportamento verificando o resultado obtido.

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CONCLUSÃO

Com este trabalho foi possível constatar as principais dificuldades

encontradas pelos alunos nas duas escolas do Município de Nova Xavantina.

Embora as mesmas dificuldades fossem encontradas, o grau em que cada uma se

apresenta variou, mesmo porque os recursos que cada escola dispõe são diferentes.

Foi possível também diagnosticar e solucionar as mesmas com o auxilio e

colaboração dos pais e da escola como um todo. Ficou evidente uma melhor

participação tanto dos alunos quanto dos pais, pois na busca da solução da

problemática pelo professor, houve uma procura de conhecimento, de querer

aprender mais.

O também foi diagnosticado em outros trabalhos semelhantes, cuja

participação dos pais na formação do caráter e no cotidiano escolar faz muita

diferença.

Na Escola Estadual Coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet havia um

caso de um aluno que não era alfabetizado, mas no final do ano letivo, o mesmo já

conseguia realizar pequenas operações, conhecia as vogais e o alfabeto. Ele

conseguia se expressar oralmente, mas com dificuldade.

Na Escola Municipal Monteiro Lobato, não havia nenhum caso de aluno sem

ser alfabetizado e o grau em que as dificuldades se apresentavam era baixo em

relação á outra escola.

Portanto a educação tem melhorado muito e precisa ainda passar por muitas

mudanças em sua estrutura, mas podemos perceber que os alunos estão evoluindo

em passos largas, mesmos com as restrições de cada um e através do empenho e

trabalho de todos nos professores, pois sabemos da importância dessa fase na

formação do cidadão.

Vale ressaltar a importância de ser trabalha os temas transversais, a

interdisciplinaridade e sempre acopla a alfabetização e o letramento, pois estam

intimamente ligados, mas muitas vezes, pela comodidade de muitos profissionais,

são trabalhados separadamente, ou até mesmo, o termo letramento se quer é

falado.

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Nos como formadores de cidadãos devemos sempre estar buscando inovar

e levar para a sala de aula e contextualizar. Quando formos trabalhar um conteúdo,

sempre tentar relacionar com o cotidiano, facilitando a aprendizagem do aluno, de

forma simples mas que ele vai entender.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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ANEXO 1 (texto que foi trabalhado a leitura e a interpretação de texto)

O SOFÁ ESTAMPADO

É pequeno, tem só dois lugares. E fica perto da janela. Pro sol não desbota o

estampado, a Dona – da – casa fez uma cortina branca, fininha e toda franzida; no

fim de atravessar tanto pano, a luz entra cansada na sala, clareando tudo de leve.

É só passar pelo sofá que a Dona – da – casa começa: ajeita um almofadão,

estica a ponta do tapete, arruma a cortina na janela, anda pra trás para ver o efeito,

e aí suspira contente “é uma graça!”.

E é. O sofá estampado é uma graça. Gorducho. Braço redondo. Fazenda bem

esticada. Mais pra baixo que pro alto. Mas o melhor de tudo – longe, nem se discute

– é o estampado que ele tem: amarelo bem clarinho, todo salpicado de flor; ora é

violeta, ora é margarida, e lá uma vez que outra também tem um monsenhor.

O resto todo da sala foi arrumado pra combinar com o sofá: poltrona verde –

musgo, tapete marrom, espelho redondo pra botar na parede branca um pouco do

estampado, e mais isso e mais aquilo, e mais a Dalva também. Porque o sofá

estampado não é só ele e pronto: é ele, e a Dalva.

Lygia Bojunga Nunes. O sofá estampado. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998 (Fragmento).

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ANEXO 2 – Ditado da Música que foi trabalhado.

FAMÍLIA

[...]

Família, família,

Vovô, vovó, sobrinha.

Família, família,

Janta junto todo dia,

Nunca perde essa mania.

Mas quando nenê fica doente

Procura uma farmácia de plantão

O choro do nenê é estridente

Assim não dá pra ver televisão.

[...]

Família, família,

Cachorro, gato, galinha.

Família, família,

Vive junto todo dia,

Nunca perde essa mania.

A mãe morre de medo de barata

O pai vive com medo de ladrão

Jogaram inseticida pela casa

Botaram um cadeado no portão.

[...]