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  • 7/27/2019 Conexiones Ocultas Capra

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    AS CONEXES OCULTASCincia para uma vida sustentvel

    Fritjo Capra

    E!"TO#A CULT#"X S$o %auloTradu&$o 'arcelo (rand$o CipollaT)tulo do ori*inal+ The Hidden Connections.Cop,ri*-t . /00/ Fritjo Capra1"S(N 2345607823S"NO%SEAs 9ltimas desco:ertas cient)icas mostram ;ue todas as ormas de vida < desde as c=lulas maisprimitivas at= as sociedades -umanas> suas empresas e Estados nacionais> at= mesmo suaeconomia *lo:al < or*ani?am Fritjo Capra desenvolveu uma compreens$o sistmica e uniicada;ue inte*ra as dimens@es :iol*ica> co*nitiva e social da vida e demonstra ;ue a vida> em todosos seus n)veis> = interli*ada por redes compleBas1

    A Eli?a:et- e uliette

    Sumario%recio%arte "+ Dida> mente e sociedade51 A nature?a da vida/1 'ente e conscincia41 A realidade social%arte ""+ Os desaios do s=culo XX"81 A vida e a lideran&a nas or*ani?a&@es -umanas

    31 As redes do capitalismo *lo:al61 A :iotecnolo*ia em seu ponto de muta&$o71 Dirando o jo*o

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    Ep)lo*o+ O sentido das coisasNotas(i:lio*raia

    A educa&$o = a capacidade de perce:er as coneB@es ocultas entre os enmenos1G

    < Dclav Havei

    -ttp+II:r1*roups1,a-oo1comI*roupIdi*italJsourceI -ttp+II*roups1*oo*le1com1:rI*roupIDiciadosJemJLivros

    AgradecimentosNo decorrer dos 9ltimos vinte e cinco anos> ten-o praticado um estilo de pes;uisa ;ue

    depende undamentalmente de dilo*os e discuss@es travados com al*umas pessoas e pe;uenos*rupos de ami*os e cole*as1 A maioria das min-as intui&@es e id=ias ori*inou pelas muitas e estimulantes discuss@es acerca da nature?a e da ori*em davida e pela calorosa -ospitalidade ;ue me dedicou na Escola de Der$o de Cortona> em a*osto de52> e na ETH de Muri;ue> em janeiro de /005K a (rian oodPin e #ic-ard Stro-man> pelos provocantes de:ates so:re a teoria da

    compleBidade e a :iolo*ia celularK a L,nn 'ar*ulis> pelas esclarecedoras conversas so:re micro:iolo*ia e por ter pelas insti*antes discuss@es so:re as semel-an&as e dieren&as entre ascincias naturais e as sociais> e por ter pelo encorajamento> pelo apoio e por toda uma s=rie de de:ates sistemticos

    so:re os conceitos undamentais da teoria social> so:re as rela&@es entre tecnolo*ia e cultura eso:re as sutile?as da *lo:ali?a&$o< a illiam 'edd e Otto Sc-armer> pelas esclarecedoras conversas so:re as cincias sociais< a 'ar*aret -eatle, e ',ron ellner pelos inspiradores dilo*os ;ue travamos nodecorrer de vrios anos so:re a compleBidade e a auto 'orten Flatau> %atr)cia S-aP> %eter Sen*e> Etienne en*er> 'anuel'an*a> #alp- Stace, e a todo o *rupo SOLA# do Nene Nort-ampton Colle*e> pelas numerosas eestimulantes conversas acerca da teoria e da prtica da administra&$o

    < a 'ae (rian oodPin> #ic-ard Stro-man e !avid Su?uQi> pelas discuss@es elucidativasso:re *en=tica e en*en-aria *en=tica< a Steve !uenes> por uma util)ssima conversa acerca da :i:lio*raia so:re as redes meta:licas

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    < a 'i*uel Altieri e anet (roPn> por ter por diversas conversas esclarecedoras so:re a cincia> a ilosoia> a ecolo*ia>a no&$o de comunidade e a vis$o ;ue o Terceiro 'undo tem da *lo:ali?a&$oK a Ha?el Henderson> err, 'ander> !ou*las TompQins e !e:i (arQer> pelos estimulantes dilo*osso:re tecnolo*ia> sustenta:ilidade e economia *lo:alK a !avid Orr> %aul HaPQen e Amor, Lovins> por muitas conversas inormativas so:re o projeto

    ecol*ico ecodesignYK a unter %auli> pelos dilo*os prolon*ados e estimulantes so:re o a*rupamento ecol*ico deind9strias> travados em trs continentesK a anine (en,us> por uma discuss$o lon*a e inspiradora acerca dos Gmila*res tecnol*icosG danature?aK a #ic-ard #e*ister> pelas muitas discuss@es acerca de como os princ)pios de projeto ecol*icopodem ser aplicados ao planejamento ur:ano< a ol*an* Sac-s e Ernst pelas inormativas conversas so:re Gpol)ticaverdeGK e a Dera van AaQen> por ter en;uanto tra:al-ava para escrever este livro> eu tive aelicidade de comparecer a diversos simpsios internacionais nos ;uais muitos dos assuntos ;ueeu estudava oram discutidos por autoridades em diversos campos1 Sou proundamente *rato aDclav Havei> presidente da #ep9:lica Tc-eca> e a Oldric- Cerri,> diretor por sua *enerosa -ospitalidade durante o simpsio anual da Frum /000> reali?adoem %ra*a nos anos de 57> 5 e /0001

    Sou *rato a "van Havei> diretor do Centro de Estudos Tericos de %ra*a> pela oportunidadede participar de um simpsio so:re cincia e teleolo*ia na Universidade Carlos> em maio de 521

    'eu muito o:ri*ado ao Centro "nternacional de %es;uisas %iero 'an?> por ter em #)mini> na "tlia> em

    outu:ro de 51Sou *rato a Helmut 'il? e 'ic-ael Lerner> por ter durante um simpsio de dois dias reali?ado no CommonPeal Center> em (olinas>Calirnia> em janeiro de /0001

    A*rade&o ao Frum "nternacional so:re a lo:ali?a&$o por ter reali?adosrespectivamente em San Francisco a:ril de 57Y e Nova VorQ evereiro de /005Y1

    En;uanto tra:al-ava neste livro> tive a valiosa oportunidade de apresentar id=ias ainda em*erme a um p9:lico composto de pessoas de diversos pa)ses em dois cursos dados noSc-umac-er Colle*e> na "n*laterra> nos ver@es de 52 e /0001 Sou proundamente *rato aSatis- umar e a todo o pessoal do Sc-umac-er Colle*e por terem rece:ido calorosamente a

    mim e R min-a am)lia> como i?eram muitas outras ve?es no passado e aos alunos ;ue tivenesses dois cursos> pelas in9meras per*untas cr)ticas e su*est@es 9teis1

    No decorrer do tra:al-o ;ue desenvolvo no Center or Ecoliterac, Centro de Eco em (erQele,> tive a:undantes oportunidades de discutir novas id=ias so:re aeduca&$o para uma vida sustentvel com toda uma rede de educadores eBtraordinrios> e issoajudou a, Hoa*land e especialmente a Meno:ia (arloP por ter o-n (rocQman> pelo encorajamento e porter (ernt Capra> por ter lido o manuscrito inteiro> peloapoio entusiasmado e pelos 9teis consel-os ;ue me deu em numerosas ocasi@es1

    'eu muito o:ri*ado tam:=m a Ernest Callen:ac- e 'anuel Castells> por terem lido omanuscrito e eito muitos comentrios cr)ticos1

    A*rade&o ao meu editor> 'ic-ael Fis-PicQ> da Harper Collins> pelo seu cont)nuo

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    entusiasmo e est)mulo> e R ate 'orris> pela maneira sens)vel e cuidadosa com ;ue preparou osori*inais1

    A*rade&o R min-a assistente> Trena Cleland> pela so:er:a or*ani?a&$o do manuscrito epor ter mantido o meu escritrio em :om uncionamento en;uanto eu me concentrava totalmentena ela:ora&$o deste livro1

    %or 9ltimo ;uanto R ordem> mas n$o ;uanto R importWncia> eBpresso a min-a maisprounda *ratid$o por min-a esposa Eli?a:et- e min-a il-a uliette> pela pacincia e

    compreens$o ;ue tiveram no decorrer de vrios meses de rduo tra:al-o1

    Prefcio%ropon-o neste livro> a aplicar tam:=m ao dom)nio social a nova compreens$o da vida

    ;ue nasceu da teoria da compleBidade1 %ara tanto> apresento uma estrutura conceitual ;ueinte*ra as dimens@es :iol*ica> co*nitiva e social da vida1 'eu o:jetivo n$o = somente o deoerecer uma vis$o uniicada da vida> da mente e da sociedade> mas tam:=m o de desenvolveruma maneira coerente e sistmica de encarar al*umas das ;uest@es mais cr)ticas da nossa=poca1

    Este livro divide

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    sociais dessa transorma&$o cultural1Em meu primeiro livro> O Tao da Fsica\ 573Y> discuti as implica&@es ilosicas das

    dramticas mudan&as de conceitos e id=ias ;ue ocorreram na )sica < meu campo ori*inal depes;uisas < durante as trs primeiras d=cadas do s=culo XX> mudan&as essas cujasconse;ncias ainda aetam as nossas atuais teorias so:re a mat=ria1

    Em meu se*undo livro> O Ponto de Mutao\\ 52/Y> mostrei de ;ue maneira arevolu&$o da )sica moderna prei*urava revolu&@es semel-antes em muitas outras cincias e uma

    correspondente transorma&$o da vis$o de mundo e dos valores da sociedade em *eral1 EBplorei>em espec)ico> as mudan&as de paradi*ma na :iolo*ia> na medicina> na psicolo*ia e na economia1No decorrer desse processo> perce:i ;ue todas essas disciplinas> de uma maneira ou de outra>lidam com a vida < com sistemas :iol*icos e sociais vivos < e ;ue> portanto> a Gnova )sicaG n$oera a cincia mais ade;uada para esta:elecer um novo paradi*ma e constituir a principal ontedas metoras usadas nesses outros campos1 O paradi*ma da )sica tin-a de ser su:stitu)do poruma estrutura conceitual mais ampla> uma vis$o da realidade cujo centro osse ocupado pelaprpria vida1

    %ara mim> essa mudan&a de ponto de vista oi muito prounda ocorreu aos poucos e comoresultado de muitas inluncias1 Em 522> pu:li;uei um re*istro pessoal dessa camin-adaintelectual> ao ;ual dei o t)tulo de Sabedoria Incomum+Conersas com Pessoas !ot"eis .###*Publicado pela Editora Cultrix, So Paulo, 1985.** Publicado pela Editora Cultrix, So Paulo, 1986.***Publicado pela Editora Cultrix, So Paulo, 1990

    No come&o da d=cada de 520> ;uando escrevi O Ponto de Mutao> a nova vis$o darealidade ;ue -averia enim de su:stituir em diversas disciplinas a vis$o de mundo mecanicista ecartesiana ainda n$o estava> de maneira al*uma> plenamente desenvolvida e estruturada1 !ei Rsua ormula&$o cient)ica o nome de Gvis$o sistmica da vidaG> numa reerncia R tradi&$ointelectual da teoria dos sistemas e deendi tam:=m a id=ia de ;ue a escola ilosica daGecolo*ia proundaG> ;ue n$o separa os seres -umanos da nature?a e recon-ece o valorintr)nseco de todos os seres vivos> poderia ornecer uma :ase ilosica> e at= mesmo espiritual>para o novo paradi*ma cient)ico1 Hoje em dia> vinte anos depois> ainda esposo a mesma opini$o1

    Nos anos su:se;entes> eBplorei as conse;ncias e implica&@es da ecolo*ia prounda eda vis$o sistmica da vida com a ajuda de ami*os e cole*as em diversos campos de tra:al-o> eeBpus em vrios livros os resultados de nossas pes;uisas1 $reen Po%itics em co 528Y analisa a ascens$o do %artido Derde na Aleman-a Pertencendo ao&nierso ]Editora CultriB> S$o %aulo> 54^em co S$o %aulo> 53^ em co Lenore oldman> #di*er Lut? e Sandra 'ar:ur*>54Y prop@e uma estruturaconceitual e prtica para uma administra&$o de empresas consciente da ecolo*ia e Steering)usiness Tb*ar+ Sustainabi%it,or*ani?ado por mim juntamente com unter %auli> 53Y = umacoletWnea de ensaios escritos por eBecutivos> economistas> ecolo*istas e outros> ;ue apresentammeios prticos pelos ;uais poderia ser vencido o desaio da sustenta:ilidade ecol*ica1 No

    decorrer de todas essas investi*a&@es> eu sempre me voltei> e ainda me volto> principalmentepara os processos e padr@es de or*ani?a&$o dos sistemas vivos < ou as GconeB@es ocultas entreos enmenosG15Y

    A vis$o sistmica da vida> eBposta em suas *randes lin-as em O Ponto deMutao> n$oera uma teoria coerente dos sistemas vivos> mas antes uma nova maneira de pensar so:re a vida>;ue inclu)a novas percep&@es> uma nova lin*ua*em e novos conceitos1 Era um pro*ressoconceitual da van*uarda das cincias> desenvolvido por pes;uisadores pioneiros em diversoscampos> ;ue criava uma atmosera intelectual prop)cia R reali?a&$o de avan&os si*niicativos nosanos su:se;entes1

    !epois disso> cientistas e matemticos deram um passo *i*antesco rumo R ormula&$o deuma teoria dos sistemas vivos+ desenvolveram uma nova teoria matemtica _ um conjunto deconceitos e t=cnicas matemticas < para descrever e analisar a compleBidade dos sistemas vivos1

    "sso tem sido c-amado de Gteoria da compleBidadeG ou Gcincia da compleBidadeG nos escritos dedivul*a&$o cient)ica1 Os cientistas e matemticos> por sua ve?> preerem c-am

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    Na cincia> at= - pouco tempo> aprend)amos a u*ir das e;ua&@es n$o ;ue eram;uase imposs)veis de resolver1 Na d=cada de 570> por=m> os cientistas dispuseram pela primeirave? de poderosos computadores de alta velocidade ;ue os ajudaram a resolver essas e;ua&@es1Com isso> desenvolveram diversos novos conceitos e t=cnicas ;ue aos poucos conver*iram paraconstituir uma estrutura matemtica coerente1

    No decorrer das d=cadas de 570 e 520> o orte interesse pelos enmenos n$o A Teia da -ida56Y]Editora CultriB> S$o %aulo> 57^> i? um resumo da teoria matemtica da compleBidade eapresentei uma s)ntese das atuais teorias n$o e pu:licaram comoo eco eminismo> a ecopsicolo*ia> a eco a ecolo*ia social e a ecolo*ia transpessoal1"nserindo apresentei no primeiro cap)tulo de A Teia da -idauma vis$o deconjunto atuali?ada da ecolo*ia prounda e das suas rela&@es com essas outras escolasilosicas1

    A nova compreens$o de o ;ue = a vida < :aseada nos conceitos da dinWmica n$o dispomos de umalin*ua*em eica? para descrever e analisar os sistemas compleBos1 Antes do desenvolvimento dadinWmica n$o n$o eBistiam conceitos como os de atratores> retratos de ase> dia*ramas de:iurca&$o e ractais1 Hoje em dia> esses conceitos permitem ;ue novas ;uest@es sejamormuladas e *eraram intui&@es importantes em muitos campos do con-ecimento1

    'in-a aplica&$o da a:orda*em sistmica ao dom)nio social a:arca em si> tacitamente> omundo material1 "sso n$o = usual> pois> tradicionalmente> os cientistas sociais nunca seinteressaram pelo mundo da mat=ria1 Nossas disciplinas acadmicas or*ani?aram ao passo ;ue as cincias sociaistratam das estruturas sociais> as ;uais s$o compreendidas essencialmente como conjuntos dere*ras de comportamento1 No uturo> essa divis$o ri*orosa j n$o ser poss)vel> pois o principal

    desaio deste novo s=culo < para os cientistas sociais> os cientistas da nature?a e todas aspessoas < ser a constru&$o de comunidades ecolo*icamente sustentveis> or*ani?adas de talmodo ;ue suas tecnolo*ias e institui&@es sociais < suas estruturas materiais e sociais < n$oprejudi;uem a capacidade intr)nseca da nature?a de sustentar a vida1

    Os princ)pios so:re os ;uais se er*uer$o as nossas uturas institui&@es sociais ter$o de sercoerentes com os princ)pios de or*ani?a&$o ;ue a nature?a e? evoluir para sustentar a teia davida1 %ara tanto> = essencial ;ue se desenvolva uma estrutura conceitual maio de /005 Fritjo Capra

    Parte Um Vida, mente e sociedade

    1- A natureza da vidaAntes de apresentar a nova estrutura uniicada para a compreens$o dos enmenos

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    :iol*icos e sociais> vou retomar a anti;)ssima per*unta GO ;ue = a vida[G e eBamin mas sim a partir de uma perspectiva estritamentecient)ica e> ent$o> vou restrin*ir a princ)pio o meu ol-ar para encarar a vida como um enmenopuramente :iol*ico1 !entro desse campo restrito> a per*unta pode ser reormulada da se*uintemaneira+ G`uais s$o as caracter)sticas ;ue deinem os sistemas vivos[G

    Os cientistas sociais talve? preerissem proceder se*undo a ordem inversa < primeiro

    identiicar as caracter)sticas ;ue deinem a realidade social e depois ampli inte*rando de maneira a incluir nela o dom)nio:iol*ico1 N$o - d9vidas de ;ue isso seria poss)vel> por=m> como ui ormado nas cinciasnaturais e j desenvolvi uma s)ntese da nova concep&$o da vida nessas disciplinas> = natural ;ueeu comece por a;ui1

    Em deesa desse meu proceder> posso airmar tam:=m ;ue> em im de contas> a prpriarealidade social evoluiu a partir do mundo :iol*ico entre dois e ;uatro mil-@es de anos atrs>;uando uma esp=cie de Gs)mio meridionalG Austra%oithecus a/arensisY icou de p= e passou acamin-ar so:re duas pernas1 Na;uela =poca> os primeiros -omin)deos desenvolveram um c=re:rocompleBo> a lin*ua*em e a capacidade de a:ricar erramentas ao mesmo tempo> a a:solutain=pcia de seus il-otes> ;ue nasciam prematuros> levou R orma&$o das am)lias e comunidadesde apoio ;ue constitu)ram as :ases da vida social -umana1/Y %or isso> = sensato ;ue acompreens$o dos enmenos sociais seja :aseada numa concep&$o uniicada da evolu&$o davida e da conscincia1

    A rimordia%idade das c0%u%as`uando voltamos nosso ol-ar para a imensa variedade de or*anismos vivos < animais>

    plantas> seres -umanos> microor*anismos a?emos de imediato uma importante desco:erta+toda vida :iol*ica = constitu)da de c=lulas1 Sem as c=lulas> n$o -averia vida so:re esta Terra1Talve? isso n$o ten-a sido sempre assim < da;ui a pouco voltarei a essa ;uest$o4Y masatualmente podemos di?er com certe?a ;ue n$o - vida sem c=lulas1 Essa desco:erta nospermite adotar uma estrat=*ia t)pica do m=todo cient)ico1 %ara identiicar as caracter)sticas ;uedeinem a vida> procuramos o sistema mais simples ;ue maniesta essas caracter)sticas1 Essaestrat=*ia reducionista mostrou sa:emos tam:=m ;ue o mais simples de todos os sistemas vivos = a c=lula18YA ri*or> a c=lula :acteriana1 Sa:emos -oje em dia ;ue todas as ormas superiores de vidaevolu)ram a partir das c=lulas :acterianas1 !entre estas> as mais simples pertencem a uma am)liade min9sculas :act=rias es=ricas c-amadas de microplasma> ;ue medem menos de um mil=simode mil)metro de diWmetro e cujo *enoma consiste num 9nico anel eito de dois ilamentos de !NA13Y %or=m> mesmo nessas c=lulas min9sculas> uma compleBa rede\ de processos meta:licos\\opera ininterruptamente> transportando nutrientes para dentro da c=lula e dejetos para ora dela eusando continuamente as mol=culas de alimento para a:ricar prote)nas e outros componentescelulares1

    Em:ora o microplasma seja composto de c=lulas m)nimas no ;ue di? respeito R suasimplicidade interna> s s$o capa?es de so:reviver num am:iente ;u)mico espec)ico e mais oumenos compleBo1 Como salienta o :ilo*o Harold 'oroPit?> isso si*niica ;ue temos de a?er umadistin&$o entre dois tipos de simplicidade celular16Y A simplicidade interna si*niica ;ue a:io;u)mica do am:iente interno do or*anismo = simples> ao passo ;ue a simplicidade ecol*icasi*niica ;ue o or*anismo imp@e poucas eBi*ncias ;u)micas ao am:iente eBterno1*Network. pala!ra " u#ada $ exau#to %o li!ro e " u& co%ceito i&porta%te da doutri%a do autor. Si'%i(ica u&a (or&ade or'a%i)ao %o+li%ear do# co&po%e%te# de u& #i#te&a, ue #e i%(lue%cia& reciproca&e%te atra!"# de di!er#o#-ca&i%o#-, e %o #e'u%do u&a li%a cau#al /%ica e exclu#i!a. N. do .2**3 &etaboli#&o, da pala!ra 're'a &etabole -&uda%a-2, " a #o&at4ria de todo# o# proce##o# biou&ico#relacio%ado# $ !ida.

    !o ponto de vista ecol*ico> as :act=rias mais simples s$o as ciano:act=rias> as

    antepassadas das al*as a?uis> ;ue tam:=m contam da

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    *ua> do nitro*nio e de minerais puros1 O interessante = ;ue essa enorme simplicidade ecol*icaparece eBi*ir uma certa medida de compleBidade :io;u)mica interna1 A ersectia eco%(gica

    A rela&$o entre a simplicidade interna e a simplicidade ecol*ica ainda n$o oi :emcompreendida> em parte por;ue a maioria dos :ilo*os simplesmente n$o est$o acostumadoscom o ponto de vista ecol*ico1 Como eBplica 'oroPit?+ A vida cont)nua n$o = propriedade de um9nico or*anismo ou esp=cie> mas de um sistema ecol*ico1 A :iolo*ia tradicional sempre teve a

    tendncia de centrar a aten&$o nos or*anismos individuais> e n$o no continuum:iol*ico1 So:esse ponto de vista> a ori*em da vida = encarada como um acontecimento sin*ular> no ;ual umor*anismo sur*e e se destaca do meio circundante1 !e acordo com um ponto de vista maise;uili:rado no ;ue di? respeito R ecolo*ia> o correto seria eBaminar os ciclos proto :em como do nitro*nio iBado pelas:act=rias em suas ra)?es e todos juntos> ve*etais> animais e microor*anismos> re*ulam toda a:iosera e mantm as condi&@es prop)cias R preserva&$o da vida1 Se*undo a -iptese aia> deames LovelocQ e L,nn 'ar*ulis>2Y a evolu&$o dos primeiros or*anismos vivos processou de um am:iente inor*Wnico numa:iosera auto escreve Harold 'oroPit?> Ga vida = uma propriedadedos planetas> e n$o dos or*anismos individuais1GY

    A ida de/inida e%o 1!ADoltemos a*ora R ;uest$o GO ;ue = a vida[G e a&amos a se*uinte per*unta+ como

    unciona uma c=lula :acteriana[ `uais s$o as caracter)sticas ;ue a deinem[ `uandoeBaminamos uma c=lula no microscpio eletrnico> perce:emos ;ue os seus processosmeta:licos dependem de certas macromol=culas especiais < mol=culas muito *randescompostas de lon*as cadeias de centenas de tomos1 !uas esp=cies de macromol=culas dessetipo encontram eBistem essencialmente dois tipos de prote)nas+ as en?imas ;ue

    atuam como catalisadoras de diversos processos meta:licos> e as prote)nas estruturais> ;ueconormam a estrutura da c=lula1 Nos or*anismos superiores> - tam:=m muitos outros tipos deprote)nas com un&@es espec)icas> como os anticorpos do sistema imunol*ico ou os -ormnios1

    Uma ve? ;ue a maioria dos processos meta:licos s$o catalisados por en?imas e asen?imas s$o especiicadas pelos *enes> os processos celulares est$o su:metidos a um controle*en=tico> o ;ue l-es d *rande esta:ilidade1 As mol=culas de #NA servem de mensa*eiras etransmitem> a partir do !NA> inorma&@es em cdi*o para a s)ntese de en?imas> esta:elecendoassim o v)nculo crucial entre os aspectos *en=tico e meta:lico da c=lula1

    O !NA tam:=m = responsvel pela auto ;ue = uma caracter)sticaessencial da vida1 Sem ela> toda e ;ual;uer estrutura ormada acidentalmente teria de*enerado edesaparecido> e a vida jamais teria evolu)do1 A enorme importWncia do !NA poderia nos levar aconcluir ;ue ele = a 9nica caracter)stica ;ue deine a vida1 %oder)amos di?er simplesmente+ GOs

    sistemas vivos s$o sistemas ;u)micos ;ue contm !NA1G O pro:lema dessa deini&$o = ;ue asc=lulas mortas tam:=m contm !NA> com eeito> as mol=culas de !NA podem ser preservadaspor centenas ou mesmo mil-ares de anos depois da morte de um or*anismo1 EBemploespetacular de um caso desses oi relatado - al*uns anos> ;uando certos cientistas alem$esconse*uiram identiicar a eBata se;ncia *en=tica do !NA do crWnio de um Neandertal < de umser ;ue j estava morto - mais de cem mil anos50Y %ortanto> a simples presen&a do !NA n$o:asta para deinir a vida1 No m)nimo> nossa deini&$o teria de mudar para+ GOs sistemas vivos s$osistemas ;u)micos ;ue contm !NA e n$o est$o mortos1G 'as assim estar)amos di?endo> emessncia> ;ue Gum sistema vivo = um sistema ;ue est vivoG < uma tautolo*ia pura e simples1

    Esse pe;ueno eBerc)cio :asta para nos mostrar ;ue as estruturas moleculares da c=lulan$o s$o suicientes para nos proporcionar uma deini&$o de vida1 Temos tam:=m de descrever osprocessos meta:licos da c=lula < em outras palavras> os padr@es de rela&$o entre asmacromol=culas1 Nessa a:orda*em> voltamos nosso ol-ar para a c=lula como um todo> e n$opara suas partes1 Se*undo o :io;u)mico %ier Lui*i Luisi> cujo campo espec)ico de estudos = aevolu&$o molecular e a ori*em da vida> essas duas a:orda*ens < a vis$o G!NA

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    GcelulocntricaG < representam duas *randes correntes ilosicas e eBperimentais das cincias:iol*icas na atualidade55Y1

    As membranas 2 Os /undamentos da identidade ce%u%arEBaminemos a*ora a c=lula como um todo1 Ela se caracteri?a> antes de mais nada> por um

    limite a mem:rana celularY ;ue esta:elece a discrimina&$o entre o sistema < o GeuG> por assimdi?er < e seu am:iente1 !entro desse limite> - toda uma rede de rea&@es ;u)micas ometa:olismo celularY pela ;ual o sistema se sustenta e se conserva1

    A maioria das c=lulas tm> al=m das mem:ranas> outros limites ;ue as separam doam:iente> como paredes ou cpsulas celulares r)*idas1 Essas caracter)sticas s$o comuns adiversos tipos de c=lula> mas s as mem:ranas s$o um tra&o universal da vida celular1 !esde osseus primrdios> a vida na Terra oi associada R *ua1 As :act=rias deslocam portanto> = uma condi&$oessencial da vida celular1

    As mem:ranas n$o somente s$o uma caracter)stica universal da vida como tam:=mapresentam o mesmo tipo de estrutura em todos os seres viventes1 Deremos ;ue os detal-esmoleculares dessa estrutura mem:ranosa universal tra?em em si importantes inorma&@es acercada ori*em da vida15/Y

    Uma mem:rana = muito dierente de uma parede celular1 Ao passo ;ue as paredescelulares s$o estruturas r)*idas> as mem:ranas est$o sempre ativas < a:rem por terperdido ou *an-ado um ou mais el=trons> s$o dotados de car*a el=trica positiva ou ne*ativa^ amem:rana> por ser semi controla a propor&$o desses diversos tipos de )ons e mant=mo e;uil):rio entre eles1 Outra atividade crucial da mem:rana = o :om:eamento> para ora dac=lula> de todo res)duo clcico eBcessivo> de modo ;ue o clcio ;ue ali permanece n$o eBceda demaneira al*uma o n)vel muito :aiBo desse elemento ;ue = necessrio para o uncionamentometa:lico celular1 Todas essas atividades cola:oram para ;ue a c=lula se conserve en;uantoentidade distinta e seja prote*ida das inluncias am:ientais nocivas1 com eeito> a primeira coisa

    ;ue uma :act=ria a? ;uando = atacada por outro or*anismo = a:ricar mem:ranas154Y Todas asc=lulas nucleadas e at= a maioria das :act=rias tam:=m tm mem:ranas internas1 Nos livrosescolares> a c=lula ve*etal ou animal = *eralmente i*urada como um *rande disco rodeado pelamem:rana celular e contendo dentro de si diversos dis;uin-os menores os or*WnulosY> cada umdos ;uais rodeado pela sua prpria mem:rana158Y

    Na verdade> essa ima*em n$o = nem um pouco precisa1 A c=lula n$o cont=m diversasmem:ranas distintas> mas um 9nico sistema mem:ranoso interli*ado1 O c-amado Gsistemaendomem:ranosoG est sempre em movimento> envolve os or*Wnulos ou or*anelasY e c-e*a at=os limites da c=lula1 Tratadecomposta e produ?ida de novo153Y

    %or meio de suas vrias atividades> a mem:rana celular re*ula a composi&$o molecular dac=lula e assim preserva a sua identidade1 Temos a) um interessante paralelo com as id=ias mais

    recentes do campo da imunolo*ia1 Al*uns imunolo*istas crem a*ora ;ue o papel essencial dosistema imunol*ico = o de controlar e re*ular o repertrio de mol=culas em todo o or*anismo>conservando assim a Gidentidade molecularG do corpo156 No n)vel celular> a mem:rana celulardesempen-a papel semel-ante+ controla as composi&@es moleculares e> assim> mant=m aidentidade da c=lula1

    AutogeraoA mem:rana celular = a primeira caracter)stica ;ue deine a vida celular1 A se*unda

    caracter)stica = a nature?a do meta:olismo ;ue ocorre dentro dos limites da c=lula1Nas palavras da micro:ilo*a L,nn 'ar*ulis+ GO meta:olismo> a ;u)mica incessante da

    autoconserva&$o> = uma caracter)stica essencial da vida1111 Atrav=s do meta:olismo perene>atrav=s dos luBos ;u)micos e ener*=ticos> a vida continuamente produ?> repara e perpetua a simesma1 S as c=lulas e os or*anismos compostos de c=lulas a?em meta:olismo1G57Y

    `uando eBaminamos mais de perto os processos meta:licos> perce:emos ;ue elesencadeiam

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    or*anismosY> assim tam:=m os or*anismos s$o conce:idos como redes de c=lulas> r*$os esistemas or*Wnicos e as c=lulas> como redes de mol=culas1 Uma das principais intui&@es da teoriados sistemas oi a percep&$o de ;ue o padr$o em rede = comum a todas as ormas de vida1 Onde;uer ;ue -aja vida> - redes1

    A rede meta:lica da c=lula envolve dinWmicas muito especiais> ;ue s$oeBtraordinariamente dierentes do am:iente Gsem vidaG em ;ue se encontra a c=lula1 Assimilandonutrientes do mundo eBterior> a c=lula sustenta inclusive os ;ueconstituem o prprio limite152Y A un&$o de cada um dos componentes dessa rede = a detransormar ou su:stituir outros componentes> de maneira ;ue a rede como um todo re*enera sorem mudan&as estruturais cont)nuas ao mesmo tempo ;ue preservam seuspadr@es de or*ani?a&$o> ;ue sempre se assemel-am a teias1

    A dinWmica da auto*era&$o oi identiicada como uma das caracter)sticas undamentais davida pelos :ilo*os Hum:erto 'aturana e Francisco Darela> ;ue l-e deram o nome deGautopoieseG literalmente> Gautocria&$oGY15Y O conceito de autopoiese associa as duascaracter)sticas ;ue deinem a vida celular mencionadas anteriormente+ o limite )sico e a redemeta:lica1 Ao contrrio das super)cies dos cristais ou das macromol=culas> o limite de umsistema autopoi=tico = ;uimicamente distinto do restante do sistema> e participa dos processosmeta:licos por constituir a si mesmo e por iltrar seletivamente as mol=culas ;ue entram e saemdo sistema1/0Y

    A deini&$o do sistema vivo como uma rede autopoi=tica si*niica ;ue o enmeno da vidatem de ser compreendido como uma propriedade do sistema como um todo1 Nas palavras de %ierLui*i Luisi> GA vida n$o pode ser atri:u)da a nen-um componente molecular isolado nem mesmoao !NA ou ao #NAY> mas somente a toda a rede meta:lica delimitada1G/5Y

    A autopoiese nos ornece um crit=rio claro e poderoso para esta:elecermos a distin&$oentre sistemas vivos e sistemas n$o ;ue os v)rus n$o s$o vivos>pois alta os v)rus s$o estruturas molecularesinertes compostas de prote)nas e cidos nucl=icos1 O v)rus => em essncia> uma mensa*em

    ;u)mica ;ue precisa do meta:olismo de uma c=lula -ospedeira para produ?ir novas part)culasvirticas> de acordo com as instru&@es contidas no seu !NA ou #NA1 Essas novas part)culas n$os$o constitu)das dentro dos limites do prprio v)rus> mas ora deles> na c=lula -ospedeira1//Y

    !o mesmo modo> um ro: ;ue monta outros ro:s a partir de pe&as produ?idas por outrasm;uinas n$o pode ser considerado um ser vivo1 Nos anos recentes> aventou no uturo> novasormas de vida1 %or=m> a menos ;ue eles sejam capa?es de sinteti?ar seus componentes a partirde Gmol=culas de alimentoG presentes no am:iente> n$o podem ser considerados vivos de acordocom a nossa deini&$o de vida1/4Y

    A rede ce%u%arNo mesmo momento em ;ue come&amos a descrever detal-adamente a rede meta:lica

    da c=lula> constatamos ;ue ela = eBtremamente compleBa> at= mesmo no caso das :act=rias mais

    simples1 A maioria dos processos meta:licos s$o acilitados catalisadosY por en?imas econsomem a ener*ia ornecida por mol=culas especiais de osato> c-amadas de AT%1 Asen?imas constituem por si ss uma intrincada rede de rea&@es catal)ticas> e as mol=culas de AT%ormam uma rede ener*=tica correspondente1/8Y %or meio do #NA mensa*eiro> am:as essasredes li*am ;ue = em si mesmo uma compleBateia c-eia de interli*a&@es internas e elos de realimenta&$o eed:acQ loopsY\ atrav=s dos ;uais os*enes re*ulam direta e indiretamente as atividades uns dos outros1

    *#a&o# a expre##o -elo# ou a%"i# de reali&e%tao- %a (alta de outra &elor. id"ia co%tida %e##a expre##o " ade al'o ue, te%do #ido produ)ido, 'erado ou&odi(icado por outra coi#a, a(eta por #ua !e) e##a outra coi#a de &odo a produ)ir &odi(ica7e# %ela. u&a e#p"cie de

    rede cau#al de &o dupla.* expre##o #er u#ada i%/&era# !e)e# %o decorrer do li!ro. N. do E.2

    Al*uns :ilo*os a?em distin&$o entre dois tipos de processos de produ&$o e> do mesmo

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    modo> entre duas redes distintas dentro da c=lula1 A primeira = c-amada < num sentido maist=cnico do termo < de rede Gmeta:licaG> e nela os GalimentosG ;ue passam pela mem:rana celulars$o transormados nos c-amados Gmeta:licosG < os tijolin-os a partir dos ;uais s$o constru)dasas macromol=culas1

    A se*unda rede est li*ada R produ&$o das macromol=culas a partir dos meta:licos1 Essarede inclui o n)vel *en=tico> mas vai tam:=m al=m dele> e por isso = c-amada de redeGepi*en=ticaG !o *re*o ei GacimaG ou Gao lado deGY1 Em:ora essas duas redes ten-am rece:ido

    nomes dierentes> s$o intimamente interli*adas e constituem> juntas> a rede celular autopoi=tica1Uma das principais intui&@es da nova compreens$o de o ;ue seja a vida oi a de ;ue as

    ormas e un&@es :iol*icas n$o s$o simplesmente determinadas por uma Gmatri? *en=ticaG> mass$o> isto sim> propriedades ;ue nascem espontaneamente da rede epi*en=tica inteira1 %aracompreender esse sur*imento espontWneo> temos de compreender n$o somente as estruturas*en=ticas e a :io;u)mica da c=lula> mas tam:=m as compleBas dinWmicas ;ue se desenrolam;uando a rede epi*en=tica depara com as restri&@es )sicas e ;u)micas do am:iente1 Se*undo adinWmica n$o a nova matemtica da compleBidade> esse contato resulta num n9merolimitado de ormas e un&@es poss)veis> ;ue s$o descritos matematicamente pelos atratores de novas esp=cies de matemtica> tra?idas R lu? pela necessidade decompreender :em como na imprensacient)ica popular1/2Y A maioria das pessoas tende a crer ;ue a orma :iol*ica = determinadapela matri? *en=tica> e ;ue toda a inorma&$o reerente aos processos celulares = transmitida R*era&$o se*uinte atrav=s do !NA> ;uando a c=lula se divide e o seu !NA se reprodu?1 N$o =isso> de maneira al*uma> o ;ue acontece1

    `uando uma c=lula se reprodu?> ela transmite R *era&$o se*uinte n$o somente os seus*enes> mas tam:=m as suas mem:ranas> en?imas> or*Wnulos < em suma> toda a rede :iol*icacelular1 A nova c=lula n$o = produ?ida pelo !NA Gnu e cruG antes> = um prolon*amento da redeautopoi=tica inteira> ;ue a ela se sucede sem solu&$o de continuidade1 O !NA nunca =transmitido so?in-o> pois os *enes s podem uncionar dentro do conteBto da rede> e> redeautopoi=tica1 Foi assim onde a vida desenvolveu sem jamais romper as leis :sicas das suas redes auto*eradoras1

    O surgimento de uma noa ordemA teoria da autopoiese identiica o padr$o das redes auto*eradoras como uma das

    caracter)sticas ;ue deinem a vida> por=m> n$o nos ornece uma descri&$o detal-ada dosprocessos )sicos e ;u)micos envolvidos nessas redes1 Como vimos> essa descri&$o = essencialpara a compreens$o do sur*imento das ormas e un&@es :iol*icas1

    O ponto de partida dessa descri&$o = a constata&$o de ;ue todas as estruturas celularescondu?em a sua eBistncia num estado muito aastado do estado de e;uil):rio termodinWmicoassim> lo*o declinariam para o estado de e;uil):rio < ou seja> a c=lula morreria < se o meta:olismocelular n$o i?esse uso de um luBo cont)nuo de ener*ia para recompor e restaurar as estruturasna mesma velocidade em ;ue elas decaem1 "sso si*niica ;ue a c=lula s pode ser descrita comoum sistema a:erto1

    Os sistemas vivos s$o ec-ados no ;ue di? respeito R sua or*ani?a&$o < s$o redesautopoi=ticas mas a:ertos do ponto de vista material e ener*=tico1 %ara se manter vivos>precisam alimentar as c=lulas> como todos os or*anismos vivos> produ?em dejetos continuamente> eesse luBo de mat=ria < alimento e eBcre&$o esta:elece o lu*ar ;ue elas ocupam na teia alimentar1Nas palavras de L,nn 'ar*ulis+ GA c=lula tem uma rela&$o automtica com al*um outro ser1 EladeiBa va?ar al*uma coisa> ;ue ser comida por outro ser1G/Y

    O estudo detal-ado do luBo de mat=ria e ener*ia atrav=s de sistemas compleBos resultouna teoria das estruturas dissipativas> desenvolvida por "l,a %ri*o*ine e seus cola:oradores140Y A

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    estrutura dissipativa de ;ue ala %ri*o*ine = um sistema a:erto ;ue se conserva :em lon*e doe;uil):rio> em:ora seja tam:=m estvel+ a mesma estrutura *lo:al se conserva apesar do luBo eda mudan&a constantes dos seus componentes1 %ri*o*ine cun-ou o termo GestruturasdissipativasG para su:lin-ar a )ntima intera&$o ;ue eBiste entre a estrutura> de um lado> e o luBo ea mudan&a ou dissipa&$oY> de outro1

    A dinWmica dessas estruturas dissipativas caracteri?a em espec)ico> pelo sur*imentoespontWneo de novas ormas de ordem1 `uando o luBo de ener*ia aumenta> o sistema pode

    c-e*ar a um ponto de insta:ilidade> c-amado de Gponto de :iurca&$oG> no ;ual tem apossi:ilidade de derivar para um estado totalmente novo> em ;ue podem sur*ir novas estruturas enovas ormas de ordem1 Esse sur*imento espontWneo da ordem nos pontos cr)ticos deinsta:ilidade = um dos conceitos mais importantes da nova compreens$o da vida1 Tecnicamente>denomina em l)n*ua in*lesa> = muitas ve?es c-amado simplesmente deemergence ]A traduo desse termo por "emergncia" presta-se a confuses, de modo que preferimos traduzi-lo por"surgimento", que expressa exatamente a mesma idia. !. do .#$> ou Gsur*imentoG1 O enmeno do sur*imentoespontWneo j oi recon-ecido> inclusive> como a ori*em dinWmica do desenvolvimento> doaprendi?ado e da evolu&$o1 Em outras palavras> a criatividade < a *era&$o de ormas novas < =uma propriedade undamental de todos os sistemas vivos1 E> uma ve? ;ue o sur*imento dessasnovas ormas = tam:=m um aspecto essencial da dinWmica dos sistemas a:ertos> c-e*amos Rimportante conclus$o de ;ue os sistemas a:ertos desenvolvem n$o somente eBplica o sur*imento espontWneo da ordem como tam:=m nos ajuda a deinircompleBidade145Y Tradicionalmente> o estudo da compleBidade sempre oi um estudo dasestruturas compleBas a*ora> por=m> est deiBando de centrar poder)amos deini identiicadas por ns em nosso estudo da vida celular1 Ficamos sa:endo ;ue ac=lula = uma rede meta:lica auto*eradora> limitada por uma mem:rana> ec-ada no ;ue di?respeito R sua or*ani?a&$o ;ue = a:erta do ponto de vista material e ener*=tico> e a? uso de umluBo constante de mat=ria e ener*ia para produ?ir> reparar e perpetuar a si mesma e ;ue operanum estado distante do e;uil):rio> um estado em ;ue novas estruturas e novas ormas de ordempodem sur*ir espontaneamente> o ;ue condu? ao desenvolvimento e R evolu&$o1 Essascaracter)sticas s$o descritas por duas teorias dierentes> ;ue representam duas maneiras diversasde ver a vida < a teoria da autopoiese e a teoria das estruturas dissipativas1

    `uando tentamos inte*rar essas duas teorias> desco:rimos ;ue elas n$o se coadunamtotalmente1 En;uanto todos os sistemas autopoi=ticos s$o estruturas dissipativas> nem todas asestruturas dissipativas s$o sistemas autopoi=ticos1 "l,a %ri*o*ine desenvolveu sua teoria a partir

    do estudo de sistemas t=rmicos e ciclos ;u)micos compleBos ;ue ocorrem lon*e do e;uil):rio>muito em:ora ten-a sido motivado> para tanto> por um proundo interesse so:re a nature?a davida144Y

    As estruturas dissipativas> portanto> n$o s$o necessariamente sistemas vivos mas> comoo sur*imento ]de novas ormas de or*ani?a&$o^ = uma parte essencial da sua dinWmica> todas asestruturas dissipativas tm o potencial de evoluir1 Em outras palavras> eBiste uma evolu&$o Gpr= essa id=ia = amplamente aceita pelacomunidade cient)ica1

    A primeira vers$o a:ran*ente da id=ia de ;ue a mat=ria viva ori*inou na clssica o:ra A Origem da -ida> pu:licada em 5/148Y Oparin c-amou e -oje ela = con-ecida comumente como Gevolu&$o pr= teriam evolu)do compostos dotadosde compleBidade molecular cada ve? maior e novas propriedades emer*entes> at= ;ue se ori*inou

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    a mais eBtraordinria de todas as propriedades emer*entes < a prpria vida1G43YEm:ora a id=ia de uma evolu&$o pr= n$o - consenso

    entre os cientistas ;uanto Rs etapas precisas desse processo1 Drias -ipteses oram propostas>mas nen-uma oi demonstrada1 Uma delas parte da no&$o de ciclos e G-iperciclosG ciclos comvrios elos de realimenta&$oY de catalisa&$o ormados por en?imas capa?es de auto como catalisadores de processos meta:licos1

    Essa capacidade catal)tica do #NA> j provada> permite teria sur*ido o !NA> o pereito portador de todas asinorma&@es *en=ticas> dotado ainda da capacidade de corri*ir erros de transcri&$o em virtude dasua estrutura :iilamentar1 Nesse est*io> o #NA teria sido rele*ado ao papel intermedirio ;uetem -oje> su:stitu)do pelo !NA mais eica? ;uanto ao arma?enamento de inorma&@esY e pelasen?imas prot=icas mais eica?es ;uanto R catalisa&$oY1

    A ida em sua /orma mnimaTodas essas -ipteses n$o passam ainda de puras especula&@es> ;ue se :aseiam ;uer na

    id=ia de -iperciclos catal)ticos de prote)nas en?imasY> ;ue se rodeiam de mem:ranas e depois deal*um modo criam uma estrutura de !NA ;uer na no&$o de um mundo de #NA ;ue evoluiu parao mundo atual em ;ue coeBistem o !NA> o #NA e as prote)nas ;uer ainda numa s)ntese dessasduas -ipteses> ;ue oi proposta recentemente14Y `ual;uer ;ue seja a id=ia ;ue se ten-aacerca da evolu&$o pr= levanta - al*um modo pelo ;ual possamos deinir as caracter)sticas m)nimas dos sistemasvivos ;ue podem ter eBistido no passado> independentemente dos ;ue evolu)ram depois[ Eis a

    resposta de Luisi+ Est claro ;ue o processo ;ue condu? R vida = um processo cont)nuo> o ;uenos torna muito di)cil a tarea de dar uma deini&$o ine;u)voca R id=ia de vida1 com eeito> =evidente ;ue eBistem muitos pontos do camin-o proposto por Oparin em ;ue se poderia situarar:itrariamente o sinal de Gvida m)nimaG+ no est*io da autoou a primeira c=lula1b80Y

    Luisi c-e*a R conclus$o de ;ue as diversas deini&@es de vida m)nima> em:ora todasi*ualmente justiicveis> podem ser mais ou menos si*niicativas dependendo do o:jetivo para o;ual s$o usadas1 Se a id=ia :sica da evolu&$o pr= deve ser poss)vel> emprinc)pio> demonstr pelo menos> o de reconstituir os

    diversos passos evolutivos propostos pelas vrias -ipteses pr= o:teve temos denos lem:rar ;ue esse campo de estudos = ainda muito recente1 N$o a? mais do ;ue ;uarenta oucin;enta anos ;ue se come&aram a empreender pes;uisas sistemticas acerca da ori*em davida1 %or=m> muito em:ora as nossas id=ias mais detal-adas acerca da evolu&$o pr= a maioria dos :ilo*os e :io;u)micos n$o tem a menord9vida de ;ue a ori*em da vida na Terra resultou de uma se;ncia de acontecimentos ;u)micos>sujeitos Rs leis da )sica e da ;u)mica e R dinWmica n$o

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    lados a ;uest$o da evolu&$o pr= ele identiica os princ)pios:sicos da :io;u)mica e da :iolo*ia molecular ;ue s$o comuns a todas as c=lulas vivas1 %rocura aori*em evolutiva desses princ)pios e a encontra nas c=lulas :acterianas airma ;ue eles devemter desempen-ado um papel de desta;ue na orma&$o das Gprotoc=lulasG> a partir das ;uaisevolu)ram as primeiras c=lulas+ GEm virtude da continuidade -istrica> os processos pr= 'oroPit? se per*unta+ !e ;ue maneira a mat=ria> sujeitaa esses princ)pios e aos luBos de ener*ia dispon)veis na;uela =poca so:re a super)cie da Terra>poderia ter por im> aprimeira c=lula viva[

    Os e%ementos da idaOs elementos :sicos da ;u)mica da vida s$o os seus tomos> mol=culas e processos

    ;u)micos> ou Gcamin-os meta:licosG1 Ao discutir detal-adamente esses elementos> 'oroPit?mostra> de maneira muito :ela> ;ue as ra)?es da vida est$o proundamente lan&adas na )sica ena ;u)mica :sicas1

    %odemos partir da o:serva&$o de ;ue as li*a&@es ;u)micas m9ltiplas s$o essenciais paraa orma&$o de estruturas :io;u)micas compleBas> e ;ue os tomos de car:ono CY> nitro*nio NYe oBi*nio OY s$o os 9nicos ;ue ormam re*ularmente essas li*a&@es m9ltiplas1 Sa:emos ;ues$o os elementos leves ;ue constituem as li*a&@es ;u)micas mais resistentes1 %or isso> n$o = desurpreender ;ue esses trs elementos> juntamente com o elemento mais leve> o -idro*nio HY>sejam os principais tomos de toda a estrutura :iol*ica1

    Sa:emos tam:=m ;ue a vida come&ou na *ua e ;ue a vida celular ainda se desenvolvenum am:iente a;uoso1 'oroPit? salienta ;ue as mol=culas de *ua H/OY s$o altamentepolari?adas do ponto de vista el=trico> pois seus el=trons permanecem mais prBimos do tomo deoBi*nio do ;ue dos de -idro*nio> de modo ;ue deiBam uma eetiva car*a positiva nos H e umacar*a ne*ativa no O1 Essa polaridade el=trica da *ua = um dado undamental dos detal-esmoleculares da :io;u)mica e> em espec)ico> da orma&$o das mem:ranas> como veremos ase*uir1 Os demais tomos principais dos sistemas :iol*icos s$o o soro %Y e o enBore SY1S$o am:os elementos dotados de caracter)sticas ;u)micas sin*ulares> em virtude da *rande

    versatilidade de seus compostos por isso> os :io;u)micos acreditam ;ue devem ter s$oespecialmente importantes nos processos de transorma&$o e distri:ui&$o de ener*ia ;u)mica>processos esses ;ue eram t$o essenciais no conteBto da evolu&$o pr= eBiste um conjunto universal de pe;uenas mol=culasor*Wnicas ;ue s$o usadas por todas as c=lulas como alimento para o meta:olismo1 Em:ora osanimais in*iram muitas mol=culas *randes e compleBas> estas s$o sempre decompostas ema*re*ados mais simples antes de entrar no processo meta:lico das c=lulas1 Al=m disso> on9mero total de mol=culas usadas como alimento n$o supera o de al*umas centenas < e isso =notvel> em vista do ato de ;ue - um sem H> N> O> % e S1

    A universalidade e o pe;ueno n9mero de tipos de tomos e mol=culas nas c=lulas viventesatuais = um orte ind)cio de ;ue todas elas tm uma ori*em evolutiva comum < as primeirasprotoc=lulas e essa -iptese *an-a mais or&a ainda ;uando eBaminamos os camin-osmeta:licos ;ue constituem a ;u)mica :sica da vida1 'ais uma ve?> encontramos a) o mesmoenmeno1 Nas palavras de 'oroPit?+ GEm toda a enorme diversidade de tipos :iol*icos> entre os;uais se incluem mil-@es de esp=cies distintamente identiicveis> a variedade de camin-os:io;u)micos = pe;uena> restrita e universalmente presente1G84Y Z muito poss)vel ;ue o centrodessa rede meta:lica> ou Gcarta meta:licaG> represente uma :io;u)mica primordial ;ue tra? emsi importantes inorma&@es acerca da ori*em da vida1

    )o%hinhas de ida mnimaComo vimos> a o:serva&$o e a anlise cuidadosas dos elementos :sicos da vida d$o a

    entender ;ue a vida celular tem suas ra)?es numa )sica e numa :io;u)mica universais> ;ue jeBistiam muito tempo antes de evolu)rem as primeiras c=lulas vivas1 Doltemo

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    acr=scimo de nen-um outro ator> de maneira a evoluir e ormar as mol=culas compleBas das;uais sur*iu a vida[

    A id=ia de ;ue pe;uenas mol=culas presentes numa Gsopa ;u)micaG primordial pudessemcom:inar muitoscientistas disseram ;ue a pro:a:ilidade de uma tal evolu&$o pr= su*eriram a ocorrncia de um acontecimento eBtraordinrio ;ue desencadeou essa

    evolu&$o> como> por eBemplo> a ;ueda so:re a Terra de meteoritos ;ue contin-ammacromol=culas1

    Hoje em dia> nosso ponto de partida para a resolu&$o desse eni*ma = radicalmentedierente1 Os cientistas ;ue tra:al-am nesse campo recon-eceram ;ue a al-a do ar*umentotradicional ]a avor da evolu&$o pr= como 'oroPit? salienta incansavelmente> parte da -iptese de ;ue desde muito cedo>antes do aumento da compleBidade molecular> certas mol=culas ten-am constitu)do mem:ranasprimitivas ;ue espontaneamente dispuseram e n$o numa sopa ;u)micasem estrutura undamental nen-uma1

    Antes de entrar nos detal-es de como as primitivas :ol-as limitadas por mem:ranas esta:eleceram e> por isso> vriasmol=culas pe;uenas podem entrar nas :ol-as ou ser incorporadas R mem:rana1 Entre essasmol=culas incorporadas encontrar e a ves)culase tornaria assim um pe;ueno oco de convers$o de ener*ia luminosa em ener*ia potencialel=trica1 Uma ve? instalado esse sistema de convers$o de ener*ia> torna esseconteBto ener*=tico se soistica ;uando as rea&@es ;u)micas ocorridas dentro das :ol-asprodu?em osatos> ;ue s$o muito eica?es para a transorma&$o e a distri:ui&$o de ener*ia;u)mica1

    'oroPit? airma tam:=m ;ue o luBo de ener*ia e mat=ria = necessrio n$o somente parao crescimento e a replica&$o das ves)culas> mas tam:=m para a pura e simples conserva&$o deestruturas estveis1 Uma ve? ;ue todas as estruturas desse tipo nascem de eventos aleatriosocorridos no dom)nio ;u)mico e est$o sujeitas R deteriora&$o termodinWmica> elas s$o por suaprpria nature?a entidades ;ue s eBistem ora de um e;uil):rio termodinWmico e s podem serpreservadas mediante um processamento cont)nuo de mat=ria e ener*ia186Y A essa altura> tornasujeitos a um luBo cont)nuo de mat=ria e ener*ia> ao passo ;ue o interior delas = um espa&orelativamente ec-ado em ;ue - *rande pro:a:ilidade de desenvolverem tudo j est pronto para ;ue ocorra a evolu&$o pr= - muitas dieren&as de propriedades ;u)micas e componentes estruturais1 Casoessas dieren&as persistam ;uando as mol=culas se dividem> j podemos alar de uma memria

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    pr= como essas esp=ciescompetiriam pela o:ten&$o de ener*ia e de diversas mol=culas presentes no am:iente> ocorreriauma esp=cie de dinWmica darPiniana de concorrncia e sele&$o natural> nas ;uais determinadosacidentes moleculares poderiam ser aumentados e selecionados em virtude de suas vanta*ensGevolutivasG1 Al=m disso> ves)culas de tipos diversos ocasionalmente undir prei*urando oenmeno da sim:io*nese a cria&$o de novas ormas de vida por meio da sim:iose dos

    or*anismosY na evolu&$o :iol*ica187Y Assim> perce:emos ;ue uma variedade de mecanismospuramente )sicos e ;u)micos d Rs ves)culas limitadas por mem:ranas o potencial de GevoluirG>mediante a sele&$o natural> de maneira a ormar estruturas compleBas capa?es de reprodu?ir a simesmas> mas sem en?imas nem *enes nesses primeiros est*ios182Y As membranas

    Doltemos a*ora R orma&$o de mem:ranas e :ol-as limitadas por mem:ranas1 Se*undo'oroPit?> a orma&$o dessas :ol-as = a etapa mais importante da evolu&$o pr= -idro:as repelidas pela *uaY1 H>por=m> uma terceira esp=cie de mol=culas> a das su:stWncias *ordurosas e oleosas> c-amadaslip)dios1 S$o estruturas alon*adas com um lado -idrilo e outro -idro:o> mol=cula de lip)dio> emi*ura adaptada de 'oroPit? 5/Y1

    `uando esses lip)dios entram em contato com a *ua> ormam espontaneamente diversasestruturas1 %odem> por eBemplo> constituir uma pel)cula monomolecular ;ue se espal-a so:re asuper)cie da *ua> ou podem revestir *ot)culas de leo e mant por eBemplo> e tam:=m eBplica o poder dosa:$o de remover manc-as de *ordura1 Ou ainda> os lip)dios podem revestir *ot)culas de *ua emant ;ue consiste numa duplacamada de mol=culas com *ua em am:os os lados1 Z essa a estrutura :sica da mem:rana> e>

    R semel-an&a da pel)cula monomolecular> tam:=m pode constituir ;ue s$o asves)culas limitadas por mem:ranas de ;ue estivemos alando1 Essas mem:ranas ormadas poruma dupla camada de *ordura apresentam um n9mero surpreendente de propriedades :astantesemel-antes Rs das mem:ranas celulares atuais1 Elas limitam o n9mero de mol=culas capa?es depenetrar na ves)cula> transormam a ener*ia solar em ener*ia el=trica e at= c-e*am a acumularcompostos de osato dentro de sua estrutura> com eeito> as mem:ranas celulares de -oje em diaparecem ser um desenvolvimento dessas mem:ranas primordiais1 Tam:=m elas s$o eitasprincipalmente de lip)dios> com prote)nas li*adas R mem:rana ou nela inseridas1 As ves)culaslip)dicas> portanto> s$o as estruturas ;ue maior pro:a:ilidade tm de ter sido as protoc=lulas apartir das ;uais evolu)ram as primeiras c=lulas vivas1

    Como nos lem:ra 'oroPit?> as propriedades delas s$o t$o assom:rosas ;ue = importanten$o perder de vista o ato de ;ue s$o estruturas ;ue se ormam espontaneamente se*undo as leis

    :sicas da )sica e da ;u)mica130Y Com eeito> ormam

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    nosso am:iente s$o derivados do petrleo e de outras su:stWncias or*Wnicas1 %or=m> essedeslocamento do o:jeto principal de estudo < do !NA e #NA para as mem:ranas e ves)culas ;ue j trouBe muitos resultadosencorajadores1

    Uma das e;uipes pioneiras nesse tipo de pes;uisa = comandada por %)er Lui*i Luisi> do"nstituto Federal de Tecnolo*ia da Su)&a ETHY> em Muri;ue1 Luisi e seus cole*as conse*uirampreparar am:ientes muito simples> do tipo G*ua e sa:$oG> nos ;uais ves)culas semel-antes Rs

    descritas acima s$o capa?es de ormar dependendo das rea&@es;u)micas envolvidas> perpetuar crescer e replicar ou desaparecer135Y

    Luisi su:lin-ou o ato de ;ue as ves)culas auto ilustradoacima> o limite = composto de um 9nico componente> C1 S - um tipo de mol=cula> A> capa? depenetrar a mem:rana e *erar C na rea&$o A ;ue ocorre dentro da :ol-a1 Al=m disso> ocorreuma rea&$o de decomposi&$o> C e o produto % sai da ves)cula1 !ependendo das taBasrelativas dessas duas rea&@es> a ves)cula pode crescer e replicar pode permanecer estvel oupode desaparecer1 As duas rea&@es :sicas de um sistema autopoi=tico m)nimo> se*undo Luisi54Y1 Luisi e seus cole*as reali?aram eBperimentos com muitos tipos de ves)culas e testaramuma *rande variedade de rea&@es ;u)micas ;ue ocorrem dentro dessas :ol-as13/Y %rodu?indoprotoc=lulas autopoi=ticas ;ue se constituem espontaneamente> esses :io;u)micos recriarama;uela ;ue talve? ten-a sido a etapa mais cr)tica da evolu&$o pr= os elementos dos compostos ;u)micos eram C> H> O> % etalve? S> com a entrada do nitro*nio nesse sistema> talve? so: a orma de amnia NHY> tornou pois o nitro*nio = essencial paraduas caracter)sticas t)picas da vida celular < a catalise e o arma?enamento de inorma&@es134Y

    Os catalisadores aumentam a velocidade das rea&@es ;u)micas sem sorer transorma&@esnesse processo> e tornam poss)vel a ocorrncia de certas rea&@es ;ue> sem eles> n$o

    aconteceriam1 As rea&@es de catalise s$o processos important)ssimos e essenciais para a;u)mica da vida1 Nas c=lulas atuais> essas rea&@es s$o mediadas por en?imas mas> nosprimeiros est*ios das protoc=lulas> essas macromol=cuias ela:oradas nem se;uer eBistiam1Entretanto> os ;u)micos desco:riram ;ue certas mol=culas pe;uenas> ;ue se li*am a mem:ranas>podem talve? apresentar propriedades catal)ticas1 'oroPit? sup@e ;ue oi a entrada do nitro*niona ;u)mica das protoc=lulas ;ue levou R orma&$o desses primeiros catalisadores1 E> nesse meio os :io;u)micos do ETH conse*uiram recriar em la:oratrio essa etapa evolutiva> a?endocom ;ue mol=culas dotadas de racas propriedades catal)ticas se li*assem ;uimicamente Rsmem:ranas das ves)culas ormadas no la:oratrio138Y

    Com o aparecimento dos catalisadores> a compleBidade molecular aumentou rapidamente>por;ue os catalisadores criam redes ;u)micas mediante a interli*a&$o de diversas rea&@es1`uando isso acontece> o ;ue entra em jo*o = toda a dinWmica n$o

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    Harold 'oroPit? airma ;ue a anlise da se;ncia ;u)mica ;ue vai das pe;uenasmol=culas at= os aminocidos revela um eBtraordinrio conjunto de correla&@es ;ue parecesu*erir a eBistncia de uma Gprounda l*ica de redesG no desenvolvimento do cdi*o *en=tico136Y

    Outra desco:erta interessante nos inorma ;ue as redes ;u)micas> ;uando operam em

    espa&os ec-ados e est$o sujeitas a um luBo cont)nuo de ener*ia> desenvolvem processos ;ue>surpreendentemente> assemel-am poreBemplo> ;ue caracter)sticas si*niicativas da otoss)ntese :iol*ica e do ciclo ecol*ico docar:ono sur*em espontaneamente em certos sistemas criados em la:oratrio1 A utili?a&$o damat=ria parece ser um tra&o *enerali?ado das redes ;u)micas ;ue s$o conservadas distantes doe;uil):rio por um luBo constante de ener*ia137Y

    GA mensa*em ;ue icaG> di? 'oroPit?> G= a necessidade de compreender muitos outrospro:lemas da ;u)mica pr= se aca:e por desenvolver umateoria ade;uada das redes ;u)micas> teoria essa ;ue revelar por im os se*redos do 9ltimoest*io do sur*imento da vida1

    O deseno%imento da ida`uando a memria codiicou as redes ;u)micas limitadas

    por mem:ranas ad;uiriram todas as caracter)sticas essenciais das c=lulas :acterianas de -oje emdia1 Esse *rande marco da evolu&$o da vida esta:eleceu2 :il-@es de anos> unscem mil-@es de anos depois da orma&$o das primeiras protoc=lulas1

    Foi assim ;ue sur*iu um ancestral universal < ou uma 9nica c=lula ou toda uma popula&$ode c=lulas < do ;ual descendem todas as posteriores ormas de vida so:re a Terra1 Z comoeBplica 'oroPit?+ GEm:ora n$o sai:amos ;uantas ori*ens independentes de vida celular podemter ocorrido> toda a vida atual descende de um 9nico clone1 Essa conclus$o decorre da

    universalidade das redes e pro*ramas :io;u)micos :sicos da s)ntese macromolecular1G3Y Esseancestral universal provavelmente superou> em desempen-o> todas as protoc=lulas1 E assim seusdescendentes tomaram conta da Terra inteira> tecendo uma rede :acteriana planetria eocupando todos os sistemas ecol*icos> de modo a impossi:ilitar o sur*imento de outras ormasde vida1

    O desenvolvimento *lo:al da vida decorreu atrav=s de trs *randes camin-os evolutivos160Y O primeiro> ;ue talve? seja o menos importante> = o das muta&@es *en=ticas aleatrias> oelemento principal da teoria neodarPiniana1 A muta&$o *en=tica = causada por um erro casual naauto no momento em ;ue as duas cadeias da dupla -=lice do !NA separam por=m> n$o parecem ocorrer com re;ncia suiciente para eBplicar aevolu&$o da *rande diversidade de ormas de vida> dado o ato :em con-ecido de ;ue a imensa

    maioria das muta&@es s$o nocivas> e s umas poucas resultam em varia&@es 9teis165YNo caso das :act=rias> a situa&$o = outra> pois elas se dividem com tanta rapide? ;ue

    :il-@es podem ser *eradas a partir de uma 9nica c=lula num pra?o de poucos dias1 Em virtudedesse ritmo acelerad)ssimo de reprodu&$o> uma 9nica muta&$o :acteriana :en=ica podeespal-ar a muta&$o => de ato> um camin-o evolutivoimportante para as :act=rias1

    As :act=rias tam:=m desenvolveram um se*undo camin-o de criatividade evolutiva> umcamin-o muit)ssimo mais eica? do ;ue a muta&$o aleatria1 Elas trocam livremente entre si suascaracter)sticas -ereditrias> numa rede *lo:al de intercWm:io dotada de um poder e umaeicincia incr)veis1 A desco:erta desse com=rcio *lo:al de *enes> c-amado tecnicamente derecom:ina&$o do !NA> deve ser considerada uma das desco:ertas mais eBtraordinrias da:iolo*ia moderna1 L,nn 'ar*ulis descreve e muitas:act=rias c-e*am a trocar at= ;uin?e por cento de todo o seu material *en=tico todos os dias1 Z

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    como eBplica 'ar*ulis+ G`uando uma :act=ria se v amea&ada> ela espal-a pelo am:iente o seu!NA> e todas as ;ue est$o em torno o recol-em num per)odo de poucos meses> ele se espal-apelo mundo inteiro1G64Y Uma ve? ;ue todas as lin-a*ens :acterianas tm o poder de intercam:iardessa maneira suas caracter)sticas -ereditrias> al*uns micro:ilo*os airmam ;ue as :act=riasn$o podem> a ri*or> ser classiicadas em esp=cies168Y Em outras palavras> todas as :act=riasa?em parte de uma 9nica teia vital microscpica1

    Na evolu&$o> portanto> as :act=rias s$o capa?es de acumular rapidamente suas muta&@es

    ocasionais> :em como *randes por&@es de !NA atrav=s da troca de *enes1 %or isso> s$o dotadasde uma eBtraordinria capacidade de adaptar a micro:iolo*ia nos d umali&$o de -umildade+ as tecnolo*ias da en*en-aria *en=tica e de uma rede *lo:al decomunica&@es> propaladas como avan&os eBclusivos da civili?a&$o moderna> j tm sido usadasdesde - :il-@es de anos pela rede planetria de :act=rias1

    No decorrer dos primeiros dois :il-@es de anos de evolu&$o :iol*ica> as :act=rias eoutros microor*anismos oram as 9nicas ormas de vida no planeta1 Nesses dois :il-@es de anos>as :act=rias transormaram continuamente a super)cie e a atmosera da Terra e esta:eleceramos ciclos ec-ados *lo:ais ;ue *arantem a autoinventaram todas as :iotecnolo*ias essenciais R vida+ a ermenta&$o> a otoss)ntese> a iBa&$o donitro*nio> a respira&$o e diversas t=cnicas de locomo&$o rpida> entre outras1 As mais recentespes;uisas de micro:iolo*ia evidenciam ;ue> no ;ue di? respeito aos processos materiais da vida>a rede planetria de :act=rias oi a principal onte de criatividade evolutiva1 'as o ;ue di?er acercada evolu&$o das diversas ormas :iol*icas> da enorme variedade de seres viventes ;ue -a:itamo mundo vis)vel[ Se as muta&@es aleatrias n$o s$o para elas um mecanismo evolutivo eiciente>e se elas n$o trocam *enes como a?em as :act=rias> como evolu)ram as ormas superiores devida[ Essa per*unta oi respondida por L,nn 'ar*ulis com a -iptese de um terceiro camin-o daevolu&$o < a evolu&$o pela sim:iose < ;ue tem implica&@es proundas para todos os ramos da:iolo*ia1

    A sim:iose < a tendncia de ;ue or*anismos dierentes vivam em )ntima associa&$o unscom os outros e at= uns dentro dos outros como as :act=rias ;ue vivem em nossos intestinosY < =

    um enmeno comum e :em con-ecido1 'ar*ulis> por=m> oi um passo al=m e props a -iptesede ;ue sim:ioses prolon*adas> envolvendo :act=rias e outros microor*anismos ;ue viviam dentrode c=lulas maiores> teriam criado e continuam a criar novas ormas de vida1 Essa -ipteserevolucionria oi proposta por 'ar*ulis em meados da d=cada de 560 e transormou con-ecida a*ora como Gsim:io*neseG> ;ue postula a cria&$o denovas ormas de vida atrav=s de arranjos sim:iticos permanentes como o principal camin-o pelo;ual evolu)ram todos os or*anismos superiores163Y Tam:=m nessa evolu&$o atrav=s da sim:ioseas :act=rias teriam desempen-ado um papel de desta;ue1 `uando certas :act=rias pe;uenasentraram em sim:iose com c=lulas maiores e continuaram vivendo dentro delas na ;ualidade deor*Wnulos> o resultado oi um passo evolutivo *i*antesco < a cria&$o de c=lulas ve*etais e animais;ue se perpetuaram por reprodu&$o seBuada e aca:aram por evoluir e transormar esses or*anismos

    continuaram a a:sorver :act=rias> incorporando parte do *enoma destas a im de sinteti?arprote)nas para novas estruturas e un&@es :iol*icas> num processo mais ou menos anlo*o aodas us@es e a;uisi&@es empresariais ;ue ocorrem -oje em dia no mundo dos ne*cios1 seacumulam> por eBemplo> os ind)cios de ;ue os microt9:ulos> essenciais para a ar;uitetura doc=re:ro> oram ori*inariamente uma contri:ui&$o das :act=rias c-amadas espiro;uetas> comorma de saca contada de maneira muito :ela por 'ar*ulis e !orion Sa*an no livro Microcosmos167Y "mpulsionada pela criatividade intr)nseca de todos os sistemas vivos> maniesta peloscamin-os da muta&$o> da troca de *enes e da sim:iose e controlada pela sele&$o natural> a teiaplanetria da vida eBpandiu

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    *en=tica> marcados e pontuados por transi&@es rpidas e drsticas162Y Essa ima*em de umGe;uil):rio pontuadoG indica ;ue as transi&@es s9:itas oram causadas por mecanismos muitodierentes das muta&@es aleatrias da teoria neodarPinista parece> pois> ;ue a cria&$o de novasesp=cies atrav=s da sim:iose desempen-ou nesse processo um papel cr)tico1 Nas palavras de'ar*ulis+ G!o ponto de vista amplo do tempo *eol*ico> as sim:ioses assemel-am - /83 mil-@es de anos> aos mais devastadores processos deeBtin&$o em massa j ocorridos neste planeta se*uiu - 66 mil-@es de anos> a catstroe ;ue eliminou os dinossauros da ace da Terra a:riucamin-o para a evolu&$o dos primeiros primatas e> ao im e ao ca:o> da esp=cie -umana1 O 5ue 0 a ida6

    Doltemos a*ora R ;uest$o proposta no come&o do cap)tulo < `uais s$o as caracter)sticas;ue deinem os sistemas vivos[ < e recapitulemos tudo o ;ue aprendemos1 Tomando comoeBemplo as :act=rias> ;ue s$o os mais simples de todos os sistemas vivos> caracteri?amos ac=lula viva como uma rede meta:lica limitada por uma mem:rana> auto*eradora e ec-ada no;ue di? respeito R sua or*ani?a&$o1 Essa rede necessita de vrios tipos de macromol=culasaltamente compleBas+ prote)nas estruturais en?imas> ;ue atuam como catalisadoras dosprocessos meta:licos o #NA> o mensa*eiro ;ue porta as inorma&@es *en=ticas e o !NA> ;uearma?ena as inorma&@es *en=ticas e = o responsvel pela auto al=m disso> ;ue a rede celular = a:erta dos pontos de vista material eener*=tico> e ;ue a? uso de um luBo constante de mat=ria e ener*ia para produ?ir> reparar eperpetuar a si mesma ;ue permanece num estado distante do e;uil):rio termodinWmico> numestado em ;ue novas estruturas e novas ormas de ordem podem sur*ir espontaneamente>condu?indo assim ao desenvolvimento e R evolu&$o1

    Dimos> por im> ;ue uma orma pr= antes de mais nada> precisamos incluir uma compreens$o da mentee da conscincia em nossa teoria dos sistemas vivos1

    'udando o oco da nossa aten&$o para a dimens$o co*nitiva da vida> veremos ;ue estsur*indo a*ora uma concep&$o uniicada da vida> da mente e da conscincia> uma concep&$o na;ual a conscincia -umana encontra al=m disso> ;ue essa concep&$o uniicada nos

    permitir compreender a dimens$o espiritual da vida de maneira totalmente compat)vel com asconcep&@es tradicionais de espiritualidade1

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    2- Mente e conscinciaUma das mais importantes conse;ncias ilosicas dessa nova compreens$o da vida =

    uma concep&$o inaudita da nature?a da mente e da conscincia> ;ue inalmente supera odualismo cartesiano entre mente e mat=ria1 No s=culo XD""> #en= !escartes :aseou a suaconcep&$o da nature?a numa divis$o undamental entre dois dom)nios independentes eseparados < o da mente> a Gcoisa pensanteG r0s cogitansY> e o da mat=ria> a Gcoisa eBtensaG r0se4tensaY1 Essa cis$o conceitual entre mente e mat=ria tem assom:rado a cincia e a ilosoiaocidentais - mais de tre?entos anos1

    !epois de !escartes> os cientistas e os ilsoos continuaram a conce:er a mente comouma esp=cie de entidade intan*)vel e oram capa?es de ima*inar como essa Gcoisa pensanteGpoderia relacionar

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    mudan&a permanente> o or*anismo conserva a sua identidade *lo:al> seu padr$o de or*ani?a&$o1O se*undo tipo de mudan&a estrutural num sistema vivo = a;uele ;ue cria novas estruturas ;ue n$o s$o c)clicas> mas se*uem umalin-a de desenvolvimento> tam:=m ocorrem continuamente> ;uer em decorrncia das inlunciasam:ientais> ;uer como resultado da dinWmica interna do sistema1

    Se*undo a teoria da autopoiese> o sistema vivo se li*a estruturalmente ao seu am:iente>ou seja> li*a cada uma das ;uais desencadeia

    mudan&as estruturais no sistema1 A mem:rana celular> por eBemplo> assimila continuamentecertas su:stWncias do am:iente para incorpor os sistemas vivos s$o autnomos1 O am:iente s a? desencadear asmudan&as estruturais n$o as especiica nem as diri*e1 Essa acopla*em estrutural> tal como adeinem 'aturana e Darela> esta:elece uma n)tida dieren&a entre os modos pelos ;uais ossistemas vivos e os n$o por eBemplo> ela rea*e ao pontap= de acordo com uma cadeia linear de causa e eeito1Seu comportamento pode ser calculado por uma simples aplica&$o das leis :sicas da mecWnicanePtoniana1 `uando voc d um pontap= num cac-orro> a situa&$o = totalmente dierente1 Elerea*e ao pontap= com mudan&as estruturais ;ue dependem da sua prpria nature?a e do seupadr$o n$o o comportamento resultante = imprevis)vel1

    f medida ;ue o or*anismo vivo responde Rs inluncias am:ientais com mudan&asestruturais> essas mudan&as> por sua ve?> alteram o seu comportamento uturo1 Em outraspalavras> o sistema ;ue se li*a ao am:iente atrav=s de um v)nculo estrutural = um sistema ;ueaprende1 A ocorrncia de mudan&as estruturais cont)nuas provocadas pelo contato com oam:iente < se*uidas de uma adapta&$o> um aprendi?ado e um desenvolvimento tam:=mcont)nuos < = uma das caracter)sticas undamentais de todos os seres vivos1 Em virtude daacopla*em estrutural> podemos ;ualiicar de inteli*ente o comportamento de um animal> masjamais aplicar)amos esse termo ao comportamento de uma roc-a1

    f medida ;ue continua intera*indo com o am:iente> o or*anismo vivo sore uma se;nciade mudan&as estruturais e> com o tempo> aca:a por ormar o seu prprio camin-o individual deacopla*em estrutural1 Em ;ual;uer ponto desse camin-o> a estrutura do or*anismo sempre pode

    ser deinida como um re*istro das mudan&as estruturais anteriores e> portanto> das intera&@esanteriores1 Em outras palavras> todos os seres vivos tm uma -istria1 A estrutura viva = sempreum re*istro dos desenvolvimentos j ocorridos1 Ora> como a estrutura de um or*anismo constituium re*istro das mudan&as estruturais anteriores> e como cada mudan&a estrutural inluencia ocomportamento uturo do or*anismo> se*ue o comportamento door*anismo vivo => de ato> determinado1 %or=m> n$o = determinado por or&as eBteriores> mas pelaestrutura do prprio or*anismo < uma estrutura ormada por uma sucess$o de mudan&asestruturais autnomas1 Assim> o comportamento do or*anismo vivo = ao mesmo tempo

    determinado e livre1 Os sistemas vivos> portanto> respondem autonomamente Rs pertur:a&@es doam:iente1 #espondem a elas com mudan&as na sua prpria estrutura> ou seja> com um rearranjodo padr$o de li*a&@es da sua rede estrutural1 Se*undo 'aturana e Darela> nen-um sistema vivopode ser controlado s pode ser pertur:ado1 'ais ainda+ o sistema vivo n$o especiica somenteas suas mudan&as estruturais especiica tam:=m ;uais s$o as pertur:a&@es do am:iente ;uepodem desencade o sistema vivo conserva a li:erdade de decidir o ;ueperce:er e o ;ue aceitar como pertur:a&$o1 Z essa a c-ave da teoria da co*ni&$o de Santia*o1 Asmudan&as estruturais do sistema constituem atos de co*ni&$o1 Na medida em ;ue especiica;uais as pertur:a&@es do am:iente ;ue podem desencadear mudan&as> o sistema especiica aeBtens$o do seu dom)nio co*nitivo ele Gprodu? um mundoG> nas palavras de 'aturana e Darela1 Aco*ni&$o> portanto> n$o = a representa&$o de um mundo ;ue eBiste independentemente e por si>mas antes a cont)nua produ&$o de um mundo atrav=s do processo do viver1 As intera&@es dosistema vivo com seu am:iente s$o intera&@es co*nitivas> e o prprio processo do viver = umprocesso de co*ni&$o1 Nas palavras de 'aturana e Darela> Gviver = con-ecerG1 f medida ;ue oor*anismo vivo se*ue o seu prprio camin-o de modiica&$o estrutural> cada uma das mudan&as

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    ;ue comp@em esse camin-o corresponde a um ato co*nitivo> o ;ue si*niica ;ue o aprendi?ado edesenvolvimento n$o passam de dois lados da mesma moeda1

    A identiica&$o da mente> ou co*ni&$o> com o processo da vida = uma id=ia nova nacincia> mas = uma das intui&@es mais proundas e arcaicas da -umanidade1 Nos tempos anti*os>a mente racional -umana era vista como apenas um dos aspectos da alma imaterial> ou esp)rito1Adistin&$o :sica ;ue se a?ia n$o era entre corpo e mente> mas entre corpo e alma> ou corpo e

    esp)rito1 Nas l)n*uas anti*as> tanto a alma ;uanto o esp)rito eram descritos pela metora do soprovital1 As palavras para GalmaG em sWnscrito atmanY> em *re*o s,cheY e em latim animaYsi*niicam> todas elas> GsoproG1 O mesmo vale para as palavras ;ue si*niicam Gesp)ritoG em latimsiritusY> em *re*o neumaY e em -e:raico ru"%Y1 Tam:=m elas si*niicam GsoproG1 A anti*aid=ia comum a todas essas palavras = a de ;ue a alma ou o esp)rito s$o o sopro da vida1 !omesmo modo> o conceito de co*ni&$o na teoria de Santia*o vai muito al=m da mente racional> namedida em ;ue inclui todo o processo do viver1 A compara&$o entre a co*ni&$o e o sopro vitalparece ser uma metora pereita1

    %ara mel-or compreender e avaliar o avan&o conceitual ;ue a teoria de Santia*orepresenta> vamos voltar R espin-osa ;uest$o da rela&$o entre mente e c=re:ro1 Na teoria deSantia*o> essa rela&$o = simples e clara1 A caracteri?a&$o cartesiana da mente como GcoisapensanteG = a:andonada1 A mente n$o = uma coisa> mas um processo < o processo de co*ni&$o>identiicado com o processo do viver1 O c=re:ro = uma estrutura espec)ica atrav=s da ;ual se desse processo1 A rela&$o entre mente e c=re:ro> portanto> = uma rela&$o entre processo eestrutura1 Al=m disso> o c=re:ro n$o = a 9nica estrutura atrav=s da ;ual opera o processo deco*ni&$o1 Toda a estrutura do or*anismo participa do processo co*nitivo> ;uer o or*anismo ten-aum c=re:ro e um sistema nervoso superior> ;uer n$o1

    Na min-a opini$o> a teoria da co*ni&$o de Santia*o = a primeira teoria cient)ica a superara cis$o cartesiana entre mente e mat=ria> e por isso ter conse;ncias das mais momentosas1 Amente e a mat=ria j n$o parecem pertencer a duas cate*orias dierentes> mas podem serconce:idas como dois aspectos complementares do enmeno da vida < processo e estrutura1 Emtodos os n)veis da vida> a come&ar com o da c=lula mais simples> a mente e a mat=ria> o processoe a estrutura> ac-am tal como a compreende a teoria de Santia*o> = associada R vida em todos osseus n)veis e constitui> portanto> um enmeno muito mais amplo do ;ue a conscincia1 Aconscincia < ou seja> a eBperincia vivida e consciente < se maniesta em certos *raus decompleBidade co*nitiva ;ue eBi*em a eBistncia de um c=re:ro e de um sistema nervoso superior1Em outras palavras> a conscincia = um tipo especial de processo co*nitivo ;ue sur*e ;uando aco*ni&$o alcan&a um certo n)vel de compleBidade1

    Z interessante notar ;ue a no&$o de conscincia como processo apareceu na cincia j nos=culo X"X> nos escritos de illiam ames> ;ue muitos consideram o maior psiclo*o norte e um deensor veemente da interdependncia da mente edo corpo1 Airmou ;ue a conscincia n$o = uma coisa> mas um luBo em cont)nua mudan&a> e

    ressaltou a nature?a pessoal> cont)nua e altamente inte*rada dessa corrente da conscincia18YNos anos su:se;entes> por=m> as eBtraordinrias opini@es de illiam ames n$o oram capa?esde diminuir o asc)nio ;ue o cartesianismo eBercia so:re os psiclo*os e os cientistas naturais> esua inluncia s voltou a se a?er sentir nas 9ltimas d=cadas do s=culo XX1 'esmo durante asd=cadas de 570 e 520> em ;ue novas -ipteses -umanistas e transpessoais estavam sendoormuladas pelos psiclo*os norte o estudo da conscincia como uma eBperinciaviva ainda era ta:u no campo das cincias da co*ni&$o1

    No decorrer da d=cada de 50> a situa&$o mudou por completo1 A cincia da co*ni&$oirmou novas t=cnicasn$o possi:ilitando a o:serva&$odos processos neurais compleBos associados R ima*ina&$o e a outras eBperincias prprias doser -umano13Y E> de repente> o estudo cient)ico da conscincia tornou pu:licaram de autoria de *an-adores do %rmio No:el e outros eminentescientistas de?enas de arti*os escritos pelos maiores cientistas e ilsoos da co*ni&$o oram

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    pu:licados no rec=m e ten-am Rs ve?es se en*ajado em acalorados de:ates>parece ;ue se est c-e*ando a um consenso cada ve? maior ;uanto a dois pontos de *randeimportWncia1 O primeiro> como j dissemos> = o recon-ecimento do ato de ;ue a conscincia =um processo co*nitivo ;ue sur*e de uma atividade neural compleBa1 O se*undo = a distin&$o

    entre dois tipos de conscincia < em outras palavras> dois tipos de eBperincias co*nitivas < ;uesur*em em n)veis dierentes de compleBidade neurol*ica1

    O primeiro tipo> c-amado de Gconscincia primriaG> sur*e ;uando os processos co*nitivospassam a ser acompan-ados por uma eBperincia :sica de percep&$o> sensa&$o e emo&$o1Essa conscincia primria maniesta c-amado Rs ve?es deGconscincia de ordem superiorG>2Y envolve a autoconscincia < uma no&$o de si mesmo>ormulada por um sujeito ;ue pensa e relete1 A eBperincia da autoconscincia sur*iu durante aevolu&$o dos *randes macacos> ou G-omin)deosG> junto com a lin*ua*em> o pensamentoconceitual e todas as outras caracter)sticas ;ue se maniestam plenamente na conscincia-umana1 Em virtude do papel essencial da releB$o nessa eBperincia consciente de ordemsuperior> vou c-am entre outrascoisas> a capacidade de ormar e reter ima*ens mentais> ;ue nos permite ela:orar valores>cren&as> o:jetivos e estrat=*ias1 Esse est*io evolutivo tem rela&$o direta com o tema principaldeste livro < a aplica&$o da nova compreens$o da vida ao dom)nio social < por;ue> com a evolu&$oda lin*ua*em> sur*iu n$o s o mundo interior dos conceitos e das id=ias como tam:=m o mundosocial da cultura e dos relacionamentos or*ani?ados1

    A nature9a da e4eri7ncia conscienteO pro:lema central da cincia da conscincia = o de eBplicar a eBperincia su:jetiva

    associada aos acontecimentos co*nitivos1 Os diversos estados de eBperincia consciente s$o Rsve?es c-amados de 5ua%iapelos cientistas da co*ni&$o> pois cada estado = caracteri?ado por umaGsensa&$o ;ualitativaG especial1Y O desaio de eBplicar esses 5ua%ia oi caracteri?ado como Go

    osso duro de roerG da cincia da conscincia> num arti*o do ilsoo !avid C-almers> citado com:astante re;ncia1 50Y !epois de recapitular cincia co*nitiva convencional> C-almers airma;ue n$o = poss)vel eBplicar por ;ue certos processos nervosos d$o ori*em R eBperinciaconsciente1 G%ara eBplicar a eBperincia conscienteG> conclui ele> Gprecisamos de um elementoeBtra na eBplica&$o1G

    Essa airma&$o nos a? lem:rar do de:ate entre os mecanicistas e os vitalistas acerca danature?a dos enmenos :iol*icos nas primeiras d=cadas do s=culo XX1 En;uanto osmecanicistas airmavam ;ue todos os enmenos :iol*icos poderiam ser eBplicados pelas leis da)sica e da ;u)mica> os vitalistas asseveravam ;ue uma Gor&a vitalG deveria ser acrescentada aessas leis> constituindo eBtra)sico> da eBplica&$o dosenmenos :iol*icos1 A id=ia ;ue sur*iu desse de:ate> e ;ue s oi ormulada muitas d=cadasdepois> oi a de ;ue> para eBplicar os enmenos :iol*icos> tam:=m temos de levar em conta a

    dinWmica n$o as leis da )sica e da :io;u)mica e a dinWmica n$o encontram posto ;ue num outro n)vel de compleBidade1

    A eBperincia consciente = um enmeno ;ue sur*e espontaneamente emergenthenomenonY> ou seja> n$o pode ser eBplicada somente em un&$o dos mecanismos neuronais1 AeBperincia nasce da dinWmica n$o e s poder ser eBplicadase a nossa compreens$o da neuro:iolo*ia or com:inada a uma compreens$o dessa dinWmica1%ara c-e*ar a uma compreens$o plena da conscincia> temos de estud da :io;u)mica e da :iolo*ia do sistemanervoso e da dinWmica n$o

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    `uando o estudo da conscincia se processa pela com:ina&$o da eBperincia> daneuro:iolo*ia e da dinWmica n$o o Gosso duroG se transorma no desaio da compreens$o eda aceita&$o de dois novos paradi*mas cient)icos1 O primeiro = o paradi*ma da teoria dacompleBidade1 Uma ve? ;ue os cientistas> em sua maioria> est$o acostumados a tra:al-ar commodelos lineares> muitas ve?es relutam em adotar a estrutura n$o reerimo restrin*ido e re*ulado pela atividade cient)ica coletiva < a al*o ;ue n$o se resume auma coletWnea de relatos individuais1 'esmo ;uando o o:jeto de investi*a&$o = o relato emprimeira pessoa das eBperincias conscientes> a valida&$o intersu:jetiva ;ue = uma das prticaspadroni?adas da cincia n$o precisa ser deiBada de lado158Y

    As esco%as de estudo da consci7ncia

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    O uso da teoria da compleBidade e a anlise sistemtica dos relatos das eBperinciasconscientes em primeira pessoa ser$o essenciais para a ormula&$o de uma cincia daconscincia di*na desse nome1 Nestes 9ltimos anos> j demos vrios passos si*niicativos rumo aesse o:jetivo1 Com eeito> a prpria medida de utili?a&$o cient)ica da dinWmica n$o *an-adordo %rmio No:el156Y Essa escola oi c-amada de GneurorreducionistaG por Francisco Darela> poisredu? a conscincia aos mecanismos nervosos1 Assim> a conscincia = GdeseBplicadaG> como di?C-urc-land> da mesma maneira ;ue> na )sica> o calor oi GdeseBplicadoG ;uando oi identiicado Rpura e simples ener*ia das mol=culas em movimento1 Nas palavras de Francis CricQ+ GDocG> suasale*rias e triste?as> suas memrias e am:i&@es> sua no&$o de identidade pessoal e livren$o passam> na verdade> da resultante comportamental de um *rande conjunto de c=lulasnervosas e das mol=culas a elas associadas1 Como Alice de LePis Carroll teria dito+ GDoc n$opassa de um saco de neurnios1G57Y

    CricQ eBplica detal-adamente como a conscincia se redu? R ativa&$o dos neurnios> mastam:=m airma ;ue a eBperincia consciente = uma propriedade emer*ente do c=re:ro como umtodo1 Contudo> n$o c-e*a a tratar da dinWmica n$o e n$o conse*ue> desse modo> roer o Gosso duroG dacincia da conscincia1 Eis o desaio lan&ado pelo ilsoo o-n Searle+ GComo = poss)vel ;ue aativa&$o de neurnios> ;ue = um processo )sico> o:jetivo> descrit)vel em termos puramente;uantitativos> provo;ue eBperincias ;ualitativas> particulares> su:jetivas[G52Y

    A se*unda corrente de estudo da conscincia> c-amada de GuncionalismoG> = a maispopular dentre os ilsoos e estudiosos da co*ni&$o de -oje em dia15Y Seus deensoresairmam ;ue os estados mentais s$o deinidos pela sua Gor*ani?a&$o uncionalG> ou seja> porpadr@es de rela&@es causais no sistema nervoso1 Os uncionalistas n$o s$o reducionistascartesianos> pois prestam cuidadosa aten&$o aos padr@es nervosos n$o por=m>;ue a eBperincia consciente seja um enmeno emer*ente e irredut)vel1 %ode at= parecer ;uen$o se redu? a nen-um outro enmeno mas> na opini$o deles> o estado de conscincia se deine

    completamente pela or*ani?a&$o uncional> e> portanto> pode ser compreendido no mesmomomento em ;ue essa or*ani?a&$o = identiicada1 Z assim ;ue !aniel !ennett> um dos principaisuncionalistas> deu a seu livro o t)tulo sedutor de Consciousness '4%ained ]A ConscinciaEBplicada^1/0Y

    'uitos modelos de or*ani?a&$o uncional oram postulados pelos estudiosos da co*ni&$oe> conse;entemente> eBistem -oje muitas lin-as do uncionalismo1 fs ve?es> incluem analo*ias essas ;ue decorrem do estudo da inteli*ncia artiicial1/5Y(em menos con-ecida = a escola ilosica dos c-amados GmisterianosG1 Airmam eles ;ue aconscincia = um mist=rio proundo> o ;ual a inteli*ncia -umana> em virtude de suas limita&@esintr)nsecas> jamais compreender1//Y Na opini$o deles> a rai? dessas limita&@es = uma dualidadeirredut)vel < ;ue> na prtica> n$o = outra sen$o a clssica dualidade cartesiana entre a mente e a

    mat=ria1 Se a introspec&$o n$o pode nos di?er nada acerca do c=re:ro en;uanto o:jeto )sico>tam:=m o estudo da estrutura cere:ral n$o pode nos a:rir nen-um acesso R eBperinciaconsciente1 Como se ne*am a conce:er a conscincia como um processo e n$o compreendem anature?a dos enmenos emer*entes> os misterianos s$o incapa?es de transpor o a:ismocartesiano e c-e*am R conclus$o de ;ue a nature?a da conscincia ser para sempre ummist=rio1

    %or im> - uma corrente de estudos da conscincia ;ue> em:ora pe;uena> vem crescendo:astante> e ;ue a? uso tanto da teoria da compleBidade ;uanto dos relatos em primeira pessoa1Francisco Darela> um dos undadores dessa escola de pensamento> deu undadopor Edmund Husserl no come&o do s=culo XX e desenvolvido ainda por muitos ilsoos europeusde renome> entre os ;uais 'artin Heide**er e 'aurice 'erleau e a esperan&a deHusserl e de seus se*uidores era> e ainda => a de ;ue uma verdadeira cincia das eBperinciassu:jetivas seja criada em associa&$o com as cincias naturais1

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    A neuroenomenolo*ia> pois> = um m=todo de estudo da conscincia ;ue com:ina em si oeBame disciplinado das eBperincias su:jetivas com a anlise dos padr@es e processos neuraiscorrespondentes1 A partir dessa a:orda*em dual> os neuroenomenolo*istas eBploram diversosdom)nios de eBperincia su:jetiva e procuram compreender de ;ue maneira eles sur*emespontaneamente a partir de atividades neurais compleBas1 A*indo dessa maneira> essesestudiosos da co*ni&$o est$o> na verdade> dando os primeiros passos rumo R ormula&$o de umaverdadeira cincia das eBperincias su:jetivas1 `uanto a mim> i;uei muito satiseito>

    pessoalmente> em ver ;ue o projeto dos neuroenomenolo*istas tem muito em comum com acincia da conscincia ;ue vislum:rei - mais de vinte anos numa conversa com o psi;uiatra #1!1 Lain*> ;uando airmei> a t)tulo de especula&$o> o se*uinte+ Uma verdadeira cincia daconscincia111 teria de ser um tipo novo de cincia> ;ue lidasse com ;ualidades> n$o com;uantidades> e se :aseasse na partil-a de eBperincias> e n$o em medi&@es veriicveis1 Osdados dessa cincia seriam padr@es de eBperincia su:jetiva> ;ue n$o poderiam ser ;uantiicadosnem analisados1 %or outro lado> os modelos conceituais ;ue interli*assem os dados teriam de serlo*icamente coerentes> como todos os modelos cient)icos> e talve? pudessem at= conterelementos ;uantitativos1/8Y

    A iso a artir do interiorA premissa :sica da neuroenomenolo*ia = a de ;ue a isiolo*ia do c=re:ro e a

    eBperincia consciente devem ser tratadas como dois dom)nios de pes;uisa interdependentes ei*ualmente importantes1 A investi*a&$o disciplinada das eBperincias conscientes e a anlise dospadr@es neurol*icos correspondentes imp@em limites uma R outra> de modo ;ue as atividades depes;uisa num e noutro campo podem orientar umas Rs outras num processo de eBplora&$osistemtica da conscincia1

    Os neuroenomenolo*istas de -oje em dia comp@em um *rupo muito -etero*neo1!iver*em ;uanto ao modo de levar em conta as eBperincias su:jetivas e> al=m disso>propuseram diversos modelos dierentes para os processos neurais correspondentes1 Essecampo todo = apresentado de maneira detal-ada num n9mero especial do 8ourna% o/Consciousness Studies> intitulado GThe -ie* From :ithinG ]GA Dis$o a %artir do "nteriorG^ eor*ani?ado por Francisco Darela e onat-an S-ear1/3Y

    No ;ue di? respeito Rs eBperincias su:jetivas> trs *randes camin-os de anlise est$o

    sendo percorridos1 O primeiro :aseia m=todo desenvolvido :em no come&oda psicolo*ia cient)ica1 O se*undo = a a:orda*em enomenol*ica no sentido estrito> tal como oidesenvolvida por Husserl e seus se*uidores1 O terceiro camin-o :aseia especialmente na tradi&$o :udista1 Seja;ual or o camin-o de sua escol-a> esses cientistas co*nitivos insistem em ;ue n$o est$olan&ando um ol-ar casual so:re as eBperincias su:jetivas> mas sim empre*ando umametodolo*ia ri*orosa ;ue eBi*e uma capacidade especial e uma orma&$o cont)nua> Rsemel-an&a das metodolo*ias de outros campos de o:serva&$o cient)ica1

    A metodolo*ia da introspec&$o oi proposta como instrumento principal da cincia dapsicolo*ia por illiam ames> no im do s=culo X"X e oi padroni?ada e praticada com *randeentusiasmo durante as d=cadas su:se;entes1 %or=m> lo*o deparou mas por;ue os dados por ele levantados

    diver*iam muito das -ipteses ormuladas a riori1/6Y As o:serva&@es estavam muito adiante dasid=ias tericas da =poca> e os psiclo*os> em ve? de reeBaminar suas teorias> passaram a criticaras metodolo*ias uns dos outros> o ;ue lan&ou em orte descr=dito a prtica da introspec&$o1 %orcausa disso> cin;enta anos se passaram sem ;ue a prtica da introspec&$o osse o:jeto deal*um desenvolvimento ou mel-oria1

    Hoje em dia> os m=t