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    Artigo ISO/TS16949

    O que precisa mudar na ISOTS 16.949, para melhorar aQualidade no Setor

    Automotivo? Capítulo 1 – Requisitos Específicos dos Clientes 

    Com a experiência de atuar há mais de 35 anos na área da Qualidade e no

    Mercado Automotivo, antes até de existir a ISO 9001 neste mercado, trago a

    partir deste artigo e de outros que pretendo escrever, minha visão sobre o que

    entendo ser importante mudar na ISO TS 16.949, para quem sabe começar a

    trilhar um caminho que através dos requisitos e processos de certificação,

    possamos ter ferramentas que levem as empresas a adotar este Sistema de

    Gestão da Qualidade de forma a trazer mais benefícios para este mercado. O

    objetivo é o de iniciar um processo de análise crítica e de reflexão dos

    profissionais envolvidos com este sistema, nas montadoras, sistemistas e

    fornecedores da cadeia, para avaliar o que realmente está agregando valor

    para as empresas e não para o IATF – International Automotive Task Force,

    auditores, consultores e outros profissionais da área da qualidade.

    Diferencio a visão das empresas da visão do IATF e profissionais da qualidade

    deste mercado, pois exceto para as empresas, é possível que muitos dos

    demais envolvidos entendam que, quanto mais complexos e abrangentes forem

    os requisitos, seus empregos estejam garantidos, já que as empresas

    precisarão de mais treinamentos, mais consultorias e mais profissionais na

    área para poderem atender tais exigências.

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    Uma norma, seja ela qual for, visa padronizar algo (um produto, um processo,

    um sistema etc), enquanto que os requisitos específicos visam, como o próprio

    nome já diz, ser específico. Portanto, é um contrassenso uma norma fazer

    referência a requisitos específicos.No caso dos requisitos específicos dos Clientes, imagine que você é um

    Auditor ou Consultor e queira fazer o seguinte exercício para estudar o SGQ

    Automotivo: imprimir a norma ISO TS 16.949, os manuais de referências (AIAG,

    VDA etc), os Requisitos Específicos e Manuais de Fornecedores de todas as

    empresas do Setor Automotivo que possuem tais exigências, sejam elas

    Nacionais ou Multinacionais, em português e/ou outra língua. Alguém

    consegue imaginar a altura desta pilha, se considerarmos um documento emcima do outro? Eu não consigo!

    Parece até, que há um concurso entre as empresas do mercado automotivo,

    onde ganha: aquela que tem mais requisitos específicos, ou aquela que tem os

    requisitos mais complexos, ou ainda aquela tem os “melhores” requisitos,

    dependendo da visão de cada uma. E a criatividade do pessoal vai longe! O

    fato é que na prática, 95 % dos requisitos estão na norma, porém cada uma

    quer que seja atendido de modo diferente, por exemplo: usando seu próprioformulário, ou algum critério de aceitação um pouco diferente, ou seu método

    de auditoria de processos, ou que tenha um determinado tipo de treinamento

    etc. Até entendo que a empresa tenha alguns requisitos específicos

    necessários, mas, se são tão relevantes, que estejam no contrato ou pedido e

    não num manual à parte com repetições ou variações de requisitos que já

    estão na norma, pois isto só vai agregar custos adicionais para interpretar tais

    requisitos, implementá-los no SGQ, ter excesso de abordagens diferentesdentro da empresa para atender os mesmos requisitos etc.

    A pergunta e reflexão que precisa ser feita, é se estes requisitos que são

    definidos pelas empresas aos seus fornecedores, vão melhorar a qualidade dos

    produtos, e/ou aumentar a produtividade, e/ou ainda reduzir custos? Se, quem

    está definindo estes requisitos, pagaria profissionais para analisar, implantar,

    monitorar eventuais mudanças etc, pois realmente está agregando valor para a

    empresa?

    É importante que nós profissionais da área da Qualidade Automotiva nos

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    • alguns requisitos específicos, como QSB – Quality Sistems Basics, na

    prática são redundantes em relação aos requisitos da norma. Na forma de

    como tem que ser atendidos para estar de acordo com o QSB, tornam

    burocráticas algumas aplicações, pois obriga a empresa a usar alguns

    formulários complexos de utilização e dificultam a aplicação de determinados

    requisitos, já que tem que ser cumpridos na forma estabelecida, que muitas

    vezes não é a ideal para a empresa. Por exemplo, os requisitos: processo de

    resposta rápida; controle de produto não conforme; trabalho padronizado;

    treinamento padronizado do operador e outros, já são direta ou indiretamente

    especificados na ISO TS 16.949, porém fora do QSB, podem ser atendidos da

    forma que a empresa julgar mais adequada;

    • há clientes que desconhecem seus próprios requisitos específicos,devido a turnover, falta de treinamento interno etc , gerando inclusive algumas

    vezes, não conformidades das auditorias das certificadoras.

    A palavra exigência ou requisito, pode dar a impressão para alguns, de maior

    rigor para alcançar a qualidade ou melhor desempenho, porém o que está

    acontecendo na maioria dos casos na prática com os requisitos específicos, é

    maior burocracia. Basta olharmos para nossos serviços públicos e verificar se a

    ISO TS não está tomando um caminho semelhante.Qual seria a solução então?

    No caso da revisão da norma: o IATF retirar a necessidade de se analisar e

    implementar os requisitos específicos dos clientes (doce ilusão!).

    No caso das empresas da cadeia automotiva: estas não terem mais requisitos

    específicos para os seus fornecedores, principalmente os que estão

    relacionados com os requisitos da norma, assim, se houver a necessidade de

    um ou outro requisito muito específico, que conste no contrato ou pedido.Pense também, em como seria bom se seus Clientes Automotivos não

    tivessem requisitos específicos, o quanto sua vida estaria facilitada.

    A ISO TS 16.949 precisa permitir que as empresas tenham profissionais para

    desenvolver e melhorar produtos e processos, aumentar a produtividade,

    reduzir custos etc, ao invés de ficarem preenchendo documentos, registros,

    formulários etc, que não trazem resultados efetivos para o negócio.

    A ISO TS 16.949 precisa caminhar em todos os seus aspectos, para a

    abordagem da ISO 9001, especificando apenas o que deve ser feito, mas não

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    como, pois para o como, é quase impossível obter uma solução adequada para

    todas as empresas.

    O que precisa mudar na ISOTS 16.949, para melhorar aQualidade no SetorAutomotivo? 

    Capítulo 2 – FMEA: Failure Mode and Effect Analysis 

    Se você já gastou um mínimo de 600 horas fazendo FMEA’s, tanto de projetos

    como de processos, possivelmente chegará às mesmas conclusões a seguir,ou seja, que FMEA é de grande utilidade apenas em determinadas situações.

    Muitos profissionais da qualidade no setor automotivo (auditores, consultores,

    analistas, gestores etc), tem a preocupação de descobrir meios de atender o

    que a norma exige; e embora isto seja uma real necessidade para manter a

    certificação, o foco desses artigos é questionar se a norma atende às

    necessidades da empresa; neste caso, utilizando FMEA para prevenir defeitos.

    Em teoria, FMEA é uma ferramenta para ser usada na Análise do Modo eEfeito de Falhas Potenciais. Desta forma, vamos supor que uma montadora

    esteja buscando fazer uma inovação no motor de um determinado veículo

    popular, para atender novas especificações de desempenho (velocidade,

    economia de combustível, nível de ruído etc). Neste caso, cabe fazer o FMEA

    de Projeto e de Processo para este motor; bem como possivelmente para

    alguns de seus componentes, mas não necessariamente para todos, pois salvo

    aqueles que tenham um conceito novo de projeto ou que vão utilizar algumprocesso novo de fabricação; os demais, exceto para atender a norma, não

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    teriam a necessidade de ter FMEA’s, já que neste caso, na prática não

    estaríamos tratando de um produto ou um processo novo, mas sim do mesmo

    tipo de projeto e de processo para um produto que tem apenas dimensões/

    especificações diferentes dos já existentes. Por exemplo: se neste projeto já sedeterminou as especificações do eixo do motor; considerando que ele não seria

    fabricado por um processo diferente de outros eixos, não haveria necessidade

    de fazer o FMEA de Processo, já que apenas as dimensões são diferentes.

    Imagine que sua empresa, seja uma fábrica de um determinado tipo de produto

    plástico que vai em veículos, como uma grade para passagem do ar

    condicionado ou um componente de levantador de vidro: fazer FMEA numa

    situação dessa é usar o computador para aplicar as funções copiar e colar ousalvar como, pois certamente seria usado o mesmo processo dos outros

    produtos e fazer FMEA seria improdutivo, até porque o próprio processo de

    APQP, já possui algumas atividades preventivas, como a execução de

    amostras, se aplicável; e/ou a produção de lote piloto com a realização de

    inspeções e testes; realização de estudos de capabilidade etc.

    Há processos e projetos que são totalmente dominados e até parametrizados,

    realizados na maioria por empresas que produzem determinados tipos deprodutos há anos e sem problemas significativos de qualidade. Se a empresa

    tem um processo dominado, fazer FMEA é apenas cumprir uma burocracia.

    Fazer FMEA seriamente, significa reunir uma equipe multifuncional e analisar

    em geral por horas, todas as falhas potenciais para um produto ou um processo

    e não apenas preencher um formulário com o nome de FMEA.

    Se você quer fazer uma análise crítica da eficácia dos FMEA’s na sua empresa,

    tanto de projeto, como de processos, faça uma amostragem significativa nosFMEA’s, observando apenas a coluna Ações Recomendadas; e verifique: a) se

    estas ações são consistentes e foram determinadas graças ao FMEA: se sim, o

    FMEA está sendo útil; b) se estas ações só foram colocadas nesta coluna, para

    mostrar ao auditor ou cliente que tem alguma(s) ação(ões) preventiva(s), pois

    seriam tomadas de qualquer forma e já fazem parte dos produtos e processos

    existentes: se sim, o FMEA está sendo inútil; ou c) não existem ações

    recomendadas para prevenir os problemas, pois o projeto e/ou processo é

    dominado: se sim, o FMEA está sendo inútil. Nos casos b e c, o FMEA está

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    sendo preparado apenas para atender um requisito de auditoria e tomando

    certamente um tempo enorme do pessoal técnico responsável por fazê-lo,

    quando isso não é incumbência de um estagiário.

    Outras tratativas inadequadas para o FMEA, praticadas no mercadoautomotivo:

    • FMEA por Família: esta é uma prática que serve apenas para atender a

    norma, mas não ajuda a prevenir problemas, pois o FMEA, tanto de projeto

    como de processo, deveria ser aplicado para um produto novo específico,

    modificado ou com outra aplicação. O FMEA por Família, facilita a elaboração

    do FMEA do Produto, mas não é resultado de uma análise efetiva de

    problemas potenciais; ao invés disso, se torna um formulário que é preenchido

    com os problemas existentes e não potenciais.

    • Revisão de FMEA: esta é outra prática que só agrega custo, pois a

    empresa acaba usando o FMEA para registrar ações corretivas e não para

    prever problemas potenciais. Mais custoso ainda, é quando essa revisão é por

    produto. Tem-se a idéia de que, se a empresa tem um arquivo onde vai

    deixando o FMEA com a cara do processo atual, para os próximos, será

    necessário apenas usar as funções copiar e colar ou salvar como para ter os

    novos FMEA’s, porém isso não é fazer uma análise de problemas potenciaisestruturada, isso é preencher formulário que não terá nenhum efeito prático

    preventivo, que é a função efetiva do FMEA.

    Se a empresa precisa realmente fazer um FMEA, não é necessário ter um

    FMEA por Família, nem ficar registrando as ações corretivas nos FMEA’s

    existentes, pois se precisar de uma referência, basta utilizar o FMEA de um

    item semelhante, bem como ter o histórico de reclamações e de não

    conformidades internas de itens semelhantes, como base para análise e

    prevenção de falhas potenciais para o novo produto.

    Cabe lembrar, que todos os modos de falhas tem um risco de acontecer, porém

    é inviável tomar ações preventivas para todos, bem como pode haver causas

    potenciais que não foram identificadas, ou seja o FMEA, mesmo que muito bem

    feito, não é garantia de que não haverá problemas após o desenvolvimento,

    mas sim para evitar aqueles mais relevantes ou com maiores riscos.

    Salvo exceções, para componentes como peças estampadas, usinadas,

    injetadas etc, o FMEA não vai ajudar na prevenção de defeitos, pois estaremos

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    Partindo do princípio que um equipamento de medição está calibrado,

    conforme requisito da ISO 9001, bem como o operador deste equipamento está

    qualificado para fazer as medições, também conforme requisito da ISO 9001,

    qual o benefício para uma indústria, ter como requisito analisar estatisticamente“todos” os sistemas de medição de equipamentos que foram desenvolvidos e

    testados para realizar especificamente determinados tipos de medição?

    Resposta: o custo para atender este requisito é muitas vezes superior ao

    benefício, isso se a empresa detectar algum tipo de sistema de medição que

    precise efetivamente ser alterado em função de um estudo realizado. Esta

    possibilidade, pela vivência de quase 30 anos realizando estudos e

    implantando MSA, é muito rara. Sabe-se que um micrômetro é adequado por

    exemplo, para medir o diâmetro de um pino usinado; que um durômetro foi

    desenvolvido para medir dureza, além de vários outros exemplos, então fazer

    uma indústria, cujo foco é produzir com qualidade, ficar fazendo estudos

    estatísticos de sistemas de medição, é totalmente improdutivo.

    As ferramentas que são apresentadas no manual de MSA, não são destinadas

    a indústrias, mas sim a empresas ou laboratórios que desenvolvemequipamentos e dispositivos de medição. Se excepcionalmente uma indústria

     desenvolver algum tipo de equipamento ou dispositivo de medição para uma

    determinada característica a ser medida no seu produto, até poderia ser

    aplicado algum método da MSA, mas seria uma exceção.

    Se sua empresa é certificada na ISO TS 16.949, se possível levante os custos

    abaixo, desde quando sua empresa implantou o sistema para certifica-lo:

    • Treinamentos Internos e/ou Externos sobre MSA (lembrando que o manual está

    na 4ª Edição);

    • Tempo gasto e custos da mão de obra, incluindo encargos sociais, envolvidos

    para: participação nos treinamentos, realização dos estudos e análise estatística dos

    dados de todos os sistemas de medição dos planos de controle, bem como de todos

    os estudos apresentados nos PPAP’s;

    Consultoria para implantação dos métodos de análise;• Compra de software para aplicação dos métodos;

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    • Custo de acompanhamento do pessoal interno e demonstração de evidências

    para as Auditorias Internas e Externas, mais o custo das horas dos auditores.

    Depois de levantar todos esses custos, levante quantos sistemas de medição

    desde a implantação e certificação tiveram que ser alterados (equipamento de

    medição, método etc) devido a um estudo que apresentou resultados

    insatisfatórios. Após esta análise, também devemos considerar se nestes casos

    que eventualmente houve necessidade de mudança, haveria algum impacto

    para empresa; por exemplo reclamações dos clientes com algum impacto

    financeiro.

    Possivelmente após toda esta análise, você concluirá que não valeu a pena! Émuito esforço e custos altos para pouquíssimo ou nenhum resultado.

    Outra forma de chegar a conclusão de que a MSA é desnecessária como

    requisito, seria verificando quantas reclamações em relação aos seus

    fornecedores houve, cujas causas estavam relacionadas com sistemas de

    medição inadequados. Se sua empresa é certificada na ISO TS 16.949, seus

    fornecedores são ao menos ISO 9001, portanto não tem que aplicar MSA, mas

    calibram os equipamentos e o pessoal que usa é qualificado para isso.

     

    Então, o que deveria acontecer com a exigência de MSA,como requisito da ISO TS 16.949?

    Resposta:ser excluído e seu manual ser utilizado apenas como referênciapara utilização, quando a empresa não tiver certeza sobre algum sistema de

    medição que ela aplica, ou quando tiver que desenvolver algum equipamento

    ou dispositivo de medição.

    Da mesma forma que outras técnicas estatísticas podem ser aplicadas nos

    processos industriais; por exemplo: análise de experimentos ou Taguchi, mas

    não são requisitos, o mesmo deveria acontecer com a MSA.

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    A exigência da MSA, é semelhante a se a empresa tivesse que fazer estudos

    para verificar se suas máquinas ou ferramentas de produção, são adequadas

    para aquilo que se propõem. O desempenho dos indicadores dos processos, já

    permitem uma análise que orientem onde atuar e o mesmo vale para ossistemas de medição.

    Nossa empresa presta serviços de treinamento e consultoria em MSA, porém

    nossa preocupação quando implantamos algum requisito é de conseguir

    demonstrar aos clientes a utilidade de sua aplicação, o que não acontece com

    a MSA, cuja única justificativa que temos para sua aplicação é que é um

    requisito da ISO TS 16.949.

    Se a MSA fosse boa para as indústrias, certamente seria requisitos da ISO

    9001 e na versão de 2015, nada é mencionado sobre esse requisito.

    A idéia da indústria automotiva de que quantos mais requisitos ou mais

    exigências melhor será a qualidade, é equivocada; e o MSA é um dos itens da

    norma que mostra que está agregando muito mais custos do que benefícios.

    O que precisa mudar na ISOTS 16.949, para melhorar a

    Qualidade no SetorAutomotivo? 

    Capítulo 4 – PPAP: Production Part Approval

    Process 

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    O PPAP (Production Part Approval Process) ou PAPP – Processo de

    Aprovação da Peça de Produção na prática é o resultado do processo de

    APQP – Planejamento Avançado da Qualidade do Produto, que é muito bem

    estruturado, exceto pelo fato de determinar formatos de formulários eferramentas que precisam ser apresentadas independentemente do tipo de

    produto ou processo. Vide artigos sobre FMEA, MSA e Requisitos Específicos

    dos Clientes.

    Na minha visão, o que deveria ser apresentado na prática aos clientes

    basicamente seriam as especificações referentes aos produtos (desenhos,

    normas, especificações de testes e ensaios etc) e os resultados de estudos de

    capabilidade, inspeção, ensaios e testes que comprovassem o atendimento aosrequisitos especificados.

    Salvo raríssimas exceções, embora recebam ou exijam muitas vezes FMEA,

    Estudos de MSA, Fluxo do Processo e Planos de Controle estes documentos e

    registros não são analisados pelos clientes e nem precisam, por isso torna-se

    desnecessária sua apresentação, independentemente do nível de submissão.

    Além do que já abordei sobre o uso indiscriminado de FMEA e MSA para

    qualquer produto “novo”, onde novo está entre aspas, porque na realidade namaioria das vezes não se trata de um produto novo, pois utilizam a mesma

    concepção de projeto e/ou processo e/ou meios de medição, ou seja é o

    mesmo tipo de produto com especificações diferentes, utilizando o mesmo

    processo e recursos de fabricação dos demais produtos.

    Duas ferramentas que são elaboradas e apresentadas, mas que em geral não

    são utilizadas na prática internamente pelas empresas: Plano de Controle e

    Fluxo de ProcessoO plano de controle no formato que é requerido na ISO TS 16.949 é uma

    ferramenta muito complexa de ser preenchida e interpretada, tanto que existe

    um capítulo no manual de APQP para tratar especificamente sobre seu

    preenchimento, pois há muitas informações que só servem para apresentação

    do PPAP, mas na fábrica as empresas fazem os planos de inspeções, que tem

    a mesma utilidade, porém são mais simples de aplicar. Desta forma há uma

    redundância de documentos diferentes com as mesmas informações, ao

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    menos daquelas que interessam na prática para a fábrica, onde as inspeções

    são realizadas por posto de trabalho/ operação.

    O fluxograma de processo é outra ferramenta que se prepara em geral apenas

    para apresentar no PPAP, pois muitas empresas tem softwares paraprogramação e controle da produção, onde são parametrizados pela própria

    engenharia a sequência de fabricação, onde na emissão das OP’s (Ordens de

    Produção), muitas vezes já se especificam as etapas de fabricação, os

    recursos (máquinas, ferramentas etc), os parâmetros de fabricação, os planos

    de inspeção etc.

    Outra exigência absurda é que os fornecedores das empresas ISO TS 16.949,

    também apresentem ou retenham seus PPAP’s, fornecedores estes que muitasvezes são certificados apenas ISO 9001 e não conhecem o PPAP, entretanto

    podem entregar produtos dentro das especificações requeridas fazendo ou não

    o PPAP, para isso já existe na ISO TS um requisito referente à avaliação de

    fornecedores.

    Um aspecto que não é abordado na questão de submissão de PPAP, é que os

    clientes e seus funcionários não assinam nenhum acordo de confidencialidade

    em relação aos documentos e registros que estão recebendo, pois na prática aempresa está entregando formalmente todo seu Know how de determinado

    produto, porém não tem nenhum tipo de garantia que aquele material será

    mantido sob sigilo.

    Agora vamos fazer um exercício de imaginação:

    • Vamos supor que determinada montadora irá lançar um novo veículo

    hoje, iniciando sua produção;

    • Vamos tentar imaginar quantos produtos: materiais, componentes,

    conjuntos, subconjuntos, sistemas e subsistemas poderia possuir este veículo

    novo;

    • Imaginemos agora que cada um desses produtos precisam de um PPAP

    que é composto de 18 itens;

    • Agora considerando o item anterior, vamos imaginar imprimirmos todos

    os PPAP’s de todos os produtos;

    • Por fim, vamos imaginar fazermos uma pilha dos PPAP’s impressos e

    qual altura alcançaria.

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    Eu não consigo ter idéia da altura dessa pilha, muito menos do quanto custaria

    para fazer tudo isso (menos imprimir e empilhar), mas tenho certeza que com

    critérios coerentes, daria para fazer uma redução significativa de custos e

    melhoria de resultados, pois ao invés de serem utilizados engenheiros,técnicos, analistas etc para fazer documentos, boa parte deles desnecessários,

    estariam utilizando este tempo para desenvolver produtos e processos com

    melhor qualidade, mais produtividade e menor custo.

     Os profissionais da qualidade do mercado automotivo e os mentores da ISO

    TS 16.949, precisam mudar o pensamento de que quanto mais documentação

    exigirem, estarão garantindo a qualidade dos produtos, pois ao invés disso, o

    que tem acontecido na prática é criar muita burocracia e consequentementecustos que tiram o foco dos profissionais em efetivamente promoverem

    melhorias em suas atividades, para ficarem preparando documentos.

    O FIM DOS

    PROCEDIMENTOS NASEMPRESAS!Com a mudança da ISO 9001 em 2015, onde não é mais requerido o manual

    da qualidade, nem nenhum tipo de procedimento; enfim, vai acontecer o que

    seria natural para os processos de gestão das empresas: o fim dos

    procedimentos formais. Se alguma empresa e principalmente algum

    profissional da área da qualidade resistir a essa mudança, será como se

    estivesse lutando alguns anos atrás, para manter a máquina de escrever,

    mesmo a elétrica, na época que surgiram os computadores e impressoras, com

    a mesma função e outras que todos nós conhecemos.

    É preciso entender que os motivos dessa mudança, tendem a acabar com uma

    das maiores razões de resistência da implantação da ISO 9001 nas empresas:

    a burocracia. Essa visão burocrática da norma, se dá em função de vários

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    aspectos, surgidos nas versões da ISO 9001 de 1987 e 1994, onde eram

    exigidos procedimentos em quase todos os requisitos. Com as versões da ISO

    9001:2000 e 2008, mesmo reduzindo a quantidade de requisitos com

    necessidade de procedimentos, muitas empresas mantiveram essa prática pararequisitos que não são exigidos. Desta forma, foram criados alguns conceitos e

    que são cultivados até hoje, como: 1. Se padronizarmos as atividades

    utilizando procedimentos, o resultado será o mesmo e consequentemente o

    padrão de qualidade será mantido; 2. Se tivermos procedimentos e houver um

    novo funcionário, basta ele ler o procedimento que poderá trabalhar, sem

    grandes necessidades de alguém ficar lhe ensinando as coisas; e 3. Para

    atender a norma, é importante escrever o que você faz e fazer o que estáescrito.

    Se observarmos a evolução dos processos de gestão e o cenário atual, esses

    conceitos se mostram ultrapassados, pois além das mudanças constantes nos

    processos, hoje nas empresas que estão buscando maior competitividade, a

    maioria dos processos são geridos com sistemas ou programas informatizados

    e em muitos casos integrados, onde o que o profissional precisa, é aprender

    como usar o software nas atividades que executa. Estes softwares,dependendo da adequação, praticidade, nível de treinamento dos envolvidos e

    estruturação, direcionam as pessoas para o que elas devem fazer, quando,

    como e quem está autorizado a fazer o que; protege e dá acesso ou não a

    determinadas informações e execução de atividades pelos usuários; podem ter

    um back-up automatizado e reduz drasticamente o uso de papel, além de

    outras inúmeras vantagens. Se uma empresa que está informatizada, tiver que

    fazer procedimentos para atender a ISO 9001, terá praticamente quedisponibilizar o manual(is) do(s) software(s) que utiliza.

    Se a empresa não for totalmente informatizada, mesmo assim determinados

    softwares como excel, podem ser utilizados para estabelecer determinadas

    rotinas e substituir procedimentos. Além de softwares do mercado, aplicados

    para determinadas atividades, sub processos ou processos.

    Não há procedimento, por melhor escrito que seja, que substitua o treinamento

    “in loco” dado por um gestor ou profissional mais experiente, sobre as

    atividades que um novo profissional vai executar na empresa. Além disso,

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    ninguém, depois que conhece as práticas da empresa fica lendo o

    procedimento cada vez que vai executar uma atividade ou um sub processo

    que seja. Se o treinamento de um funcionário novo for feito baseado na

    utilização de bons softwares, o aprendizado é mais rápido e menos sujeito aerros.

    Outro fator importante, é que como a norma requer a busca da melhoria

    contínua, o conceito de padronizar, não que isso não possa ser necessário em

    determinadas atividades, fica superado como regra geral, pois não dá para

    melhorar os processos se não houver mudanças. Isto pode ser feito sem muita

    burocracia, alterando um software, eventualmente terceirizando alguma

    atividade, mudando a estrutura organizacional etc.O que aconteceu na prática com a utilização de procedimentos, foi:

    • Muitas empresas e seus profissionais, por não conhecerem com maior

    profundidade a norma e a interpretação dos seus requisitos, saem fazendo

    procedimentos, tanto para o que a norma requer, como para aquilo que a

    norma não requer, se tornando para algumas empresas, um processo

    interminável, levando algumas delas a precisarem de um profissional só pra

    cuidar da documentação e até a desistirem de implantar a norma;

    • Também por desconhecimento, se entra num nível de detalhamento

    desnecessário dos procedimentos e ainda se criam instruções de trabalho

    também desnecessárias, tais como: preenchimento de formulários (etiquetas,

    pedidos de compras, requisições, registros de produção etc), ou de como

    operar determinada máquina (ligar, aquecer, manusear os produtos, desligar

    etc), sem levar em consideração o que a própria norma recomenda, ou seja a

    complexidade da atividade e o nível de competência do pessoal.

    A estrutura dos procedimentos em geral praticada no mercado, foidesenvolvida com uma “perfumaria” sem utilização prática. Seria como se um

     jogador de futebol se perfumasse antes do jogo; onde ele fica cheiroso, mas

    isso não vai ajuda-lo em nada no seu desempenho. Alguns tópicos da estrutura

    de procedimentos que podemos considerar “perfumaria”: 1. Numeração ou

    Codificação do Procedimento, ao invés de chama-lo apenas pelo nome; 2.

    Objetivo: se por exemplo, o procedimento de chama “procedimento para

    compras de matéria prima e componentes”, para que descrever o objetivo; 3.

    Referências: normalmente se preenche esse tópico, colocando a própria norma

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    ISO 9001 ou outros procedimentos teoricamente relacionados com aquele; 4.

    Anexos: se especifica quais anexos (normalmente formulários, tabelas etc)

    foram citados no procedimento e que fazem parte dele, porém isso implica em

    que se houver alteração no anexo, seja necessário alterar o procedimento; 5.

    Revisões: descrições de todas as alterações que foram feitas no procedimento

    ao longo do tempo e muitas vezes se explicando o motivo, porém a forma mais

    prática é guardar as revisões anteriores, de preferência eletronicamente.

    Detalhe importante sobre esses comentários: quando comecei a fazer

    procedimentos, utilizava esta estrutura que foi recomendada num artigo que li,

    cujo nome era: “Como Fazer Procedimentos de Qualidade”; porém com o

    tempo, fui percebendo que, ou não tinham utilidade prática; ou não eram

    observados pela maioria dos auditores, pois não são relevantes para o sistema;bem como a simplificação tinha maior receptividade pelos usuários e menor

    resistência para implantação, desde que refletisse aquilo que de fato era

    praticado e ao mesmo tempo, atendesse aos requisitos da norma, sem

    burocracia e sem “perfumaria”.

    • Em muitos casos, o procedimento pode engessar a empresa,

    principalmente se especificar atividades desnecessárias e não exigidas pela

    norma e que para mudar qualquer coisa, primeiro é necessário mudar o

    procedimento, cuja complexidade dependendo da sistemática adotada, passa

    por além de fazer a alteração: tirar cópias para quem usa e às vezes para

    quem não usa, tendo como finalidade apenas a pessoa ou área saber que o

    procedimento existe; ter um protocolo de distribuição com a assinatura dos

    responsáveis pelo uso, ter carimbo de cópia controlada (que na verdade não

    garante o tipo de controle a que se propõe), substituir as cópias antigas etc.

    Tudo isso nada mais é em grande parte do que, a tal burocracia, pois não vai

    ajudar a empresa a melhorar seus resultados e nem a pagar os salários dequem executa essas atividades.

    Não são raras as situações onde empresas recebem não conformidades em

    auditorias, por não praticarem aquilo que escreveram nos procedimentos e

    muitas vezes não são requeridos pela norma, mas como estão nos

    procedimentos, o auditor pode não só exigir, como abrir uma não conformidade

    se não estiver sendo cumprido.

    Quando o sistema não está bem implementado, o procedimento é usado

    muitas como uma “muleta”, para justificar que uma não conformidade

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    aconteceu porque não seguiram o procedimento, que muitas vezes é complexo

    ou não reflete a melhor prática para atender a norma.

    Salvo raríssimas exceções, na ISO 9001 versões 2000 e 2008, apenas como

    referência, uma empresa com cerca de 500 funcionários ou menos, não precisater um Manual da Qualidade contendo os procedimentos obrigatórios, com

    mais de 30 páginas para atender os requisitos documentados da norma. Neste

    caso, não estamos falando de documentos que a própria organização usa para

    sua operação: desenhos, métodos específicos para seus produtos e serviços,

    legislação aplicável, planilhas, tabelas etc, mas sim do que é preciso para

    mapear os processos, estabelecer os procedimentos e cobrir todos os

    requisitos da norma.Nessa nova versão da norma, muitos requisitos estabelecem a necessidade de

    se ter informações documentadas, porém não precisa ser na forma de

    procedimento. O melhor caminho que as empresas podem seguir, não só para

    atender a norma, mas também para se tornarem mais competitivas, será o de:

    mapear e otimizar seus processos de gestão; na medida do possível

    informatizá-los ou automatizá-los; estabelecer indicadores que suportem

    melhor os resultados da empresa, preferencialmente financeiros; e definir paracada processo, um gestor que tenha autoridade e atue do início ao fim do

    processo para melhora-lo, interagindo com os outros gestores quando

    necessário.

    O mapeamento dos processos, por exemplo na forma de fluxogramas com

    etapas e responsáveis, sendo feito de uma forma que cubra todos os requisitos

    da norma, deverá ser a estrutura documental a ser auditada. Quanto mais os

    processos de gestão da empresa estiverem informatizados ou automatizados,mais fácil será cumprir os requisitos. Se estiver pouco informatizada, o

    mapeamento dos processos vai ajudar a iniciar ou continuar esse trabalho de

    informatização ou automação da empresa, que é um caminho sem volta. O

    Sistema de Gestão da Qualidade será a junção e interação dos processos que

    são cobertos pela norma, que poderá ser documentado de forma simples,

    porém não significa que a gestão será simples, pois existem outros requisitos

    da norma a serem atendidos, além da forma de documentar o Sistema de

    Gestão da Qualidade.

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    Os profissionais da área da qualidade e gestores da empresa, terão que

    quebrar o paradigma de que ter a ISO 9001 significa ter manual,

    procedimentos, documentos e instruções que as pessoas seguem e com isso

    conseguem o certificado. A abordagem da nova versão, terá como foco,conhecer o negócio como um todo e consequentemente desenvolver um

    Sistema de Gestão da Qualidade voltado para trazer resultados para esse

    negócio. O prazo previsto para que as empresas se adaptem à nova versão

    após ela ser homologada é de 3 anos, isso em função das mudanças

    significativas que ela trará, mas que a meu ver será totalmente benéfica para

    as empresas, porém precisará que os profissionais e gestores que atuarem

    direta ou indiretamente nesse processo, tenham uma visão bem maior degestão de negócio, gestão por processos e espírito empreendedor para

    realmente ter um sistema dinâmico, onde as mudanças e melhorias são uma

    prática constante. As empresas, independentemente do porte, produto ou

    serviço que ofereçam, precisam ter como referência sobre dinâmica de

    mudanças o que vem acontecendo há algum tempo com os meios de

    comunicação e o acesso a informação, onde as mudanças são quase que

    diárias.A ISO 9001, que é uma norma internacional, não foi desenvolvida para

    atrapalhar as empresas. Se o Sistema de Gestão da Qualidade atrapalha e não

    traz resultados para a empresa, é porque a norma está mal implementada. A

    empresa não pode ter dois processos de gestão, sendo um a Gestão do

    Negócio e o outro o Sistema de Gestão da Qualidade, pois o segundo deve

    estar inserido dentro do primeiro.

    As Novas Regras da ISO TS16.949 vão ajudar a melhorara Qualidade do Setor

    Automotivo?

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    Comentários:da forma como foi incluída esta regra, parece até que o

    tempo para realização das auditorias é cronometrado, bem como a

    verificação do desempenho dos processos e satisfação dos clientes não eram

    auditados. O detalhe, é que essa hora a mais vai ser cobrada. Vamosconsiderar uma situação em que a empresa vai passar por 4 homens/ dia de

    auditoria, ou seja 32 horas: será que é preciso essa uma hora a mais? Como a

    tendência é melhorar a qualidade da auditoria com um melhor planejamento,

    sendo mais produtiva, por que acrescentar uma hora e ainda cobrar por uma

    modificação que é para melhorar a qualidade da auditoria? Considerando a

    mesma situação de 32 horas de auditoria, o IATF encontrou uma forma dos

    Organismos de Certificação aumentarem seu faturamento em 3%, com oacréscimo dessa uma hora, ou seja está agregando custo ao processo de

    certificação. Não foram poucas as vezes, que presenciei auditorias que na

    prática terminavam antes do horário previsto e na maioria dos casos com mais

    de uma hora de antecedência, principalmente quando o sistema está maduro e

    bem implementado.

     

    Site com produtos automotivos e não automotivos: se apenas parte do site

    da organização possuir uma certificação ISO TS 16949, deverá haver uma

    “barreira física”, ou seja, uma parede/muro ou edificação em separado,

    segregando os processos automotivos dos não automotivos. O número de

    funcionários atuando nos processos automotivos poderá ser considerado para

    determinar o tempo de auditoria desde que a seguinte condição seja atendida:

    os funcionários devem ser dedicados exclusivamente à parte automotiva e não

    lhes será permitido atuar em processos não automotivos. Nota: este requisito

    não poderá ser aplicado caso os processos de produção automotiva estiverem

    integrados com os processos de produção não automotiva.

    Comentários: em que esta regra vai melhorar a qualidade ou reduzir custos do

    setor automotivo? No mínimo para algumas empresas, vai acrescentar custos

    para criar esta “barreira física”, além de limitar a atuação de alguns

    funcionários, somente no mercado automotivo. Talvez a intenção seja identificar

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    as não conformidades, pois um sistema não pode ser fixo ou rígido, já

    que um dos requisitos da norma é o de promover a melhoria

    contínua. Sendo assim, um sistema de gestão deve ser concebido para gerir

    os processos e estas mudanças, evitando que a empresa perca o controle donegócio e consiga se manter no mercado. Por outro lado, existem“não

    conformidades” e “NÃO CONFORMIDADES” e que pelas regras de

    certificação, são classificadas entre Menores e Maiores; então porque não

    adotar um rigor maior para correção apenas para não conformidades maiores,

    deixando as menores limitadas a um plano de ações consistentes e

    fechamento na próxima auditoria? Isso evitaria custos adicionais para as

    empresas e desgastes desnecessários, bem como o fato de fechar algumasnão conformidades em determinado momento, não significa que não existam

    outras acontecendo, valendo lembrar que nas auditorias de manutenção nem

    todos os processos e requisitos são auditados, portanto é enganoso achar que

    porque não conformidades foram fechadas, o sistema está ok. Dependendo do

    tipo e quantidade de não conformidades, não é nem necessário tempo

    adicional para fechamento na auditoria seguinte, mas para isso é preciso bom

    senso do auditor que precisa saber distinguir bem, o que é o que não érelevante. Por exemplo: porque não permitir a correção de determinadas não

    conformidades menores durante a auditoria, principalmente quando a auditoria

    dura 3, 4 ou 5 dias? Também há “não conformidades menores” e “NÃO

    CONFORMIDADES MENORES”. Neste sentido, o processo de auditorias da

    ISO 9001 é mais coerente, e nem por isso, é menos exigente. No meu primeiro

    processo de certificação de QS 9000, na Sabó Unidade Retentores que tinha

    cerca de 2000 funcionários em 1997, a empresa já era certificada na ISO 9001e houve 6 não conformidades menores durante a auditoria, que teve 15

    homens/dia (3 auditores em 5 dias auditando 3 turnos). Como era permitida a

    correção e tivemos 5 dias para isso, com toda empresa totalmente

    comprometida fizemos um trabalho consistente de correção, pois eram

    problemas simples e ao final a empresa foi recomendada. Nada mais justo e

    coerente para uma empresa totalmente comprometida com a qualidade e um

    trabalho duro de vários meses que tornou aquela recomendação justa e tenho

    certeza de que os auditores inclusive o do INMETRO, que estava auditando o

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    Organismo Certificador, ficaram satisfeitos e com a consciência tranquila ao

    recomendar a empresa, principalmente considerando os vários processos

    complexos que viram implantados de forma robusta, como APQP, Manutenção

    de Máquinas e Equipamentos, Gerenciamento de Ferramental, Produção eOutros.

     

    Participação de Consultores: Consultores da Organização não podem estar

    fisicamente presentes no site do cliente durante a auditoria, ou participar da

    auditoria de qualquer forma. Com esta regra, o IATF não quer que a auditoria,

    tenha a presença física, contato telefônico ou qualquer outra forma de contato

    com o Consultor.

    Comentários:  podemos comparar esta situação a uma pessoa que vai se

    submeter a um julgamento, mas não pode levar o seu advogado de

    defesa, ou ainda uma empresa passar por uma fiscalização tributária e o

    Contador da empresa que é terceirizado não poder participar. Por que uma

    empresa contrata um Consultoria? Certamente não é para gastar dinheiro, massim porque não tem domínio completo não só dos requisitos, mas

    principalmente de como implantá-los. Assim como existem Consultores e

    “Consultores”, existem Auditores e “Auditores”. Já presenciei Auditores

    Automotivos, dando aulas sobre qualidade e sugestões durante a auditoria,

    algo que é totalmente incompatível com a atividade, pois estão na prática

    dando consultoria. Também já reestruturamos sistemas automotivos já

    certificados, que eram impraticáveis ou burocráticos demais, porque muitasvezes os auditores ao longo das auditorias, foram dando sugestões na forma

    de oportunidades de melhorias e a empresa por desconhecimento e medo

    efetivamente de contrariar o Auditor, implantaram estas sugestões. Uma coisa é

    o Consultor responder questões durante a auditoria, outra coisa é ajudar a

    empresa e o Auditor a esclarecer como determinado requisito é atendido. Outro

    fator importante, é que o Auditor do Organismo de Certificação para ser

    aprovado na prova que o qualifica, precisa acertar 85% das questões, ou seja

    há uma probabilidade de ele errar ao interpretar determinado requisito de até

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    15 %, o que é estatisticamente significativo. Com isso, também só posso

    concluir que essa regra é mais uma vez para facilitar o trabalho do Auditor e

    complicar o dá empresa, podendo ocasionar custos adicionais se forem

    apontadas não conformidades por falta de maior domínio da empresa aodemonstrar o atendimento aos requisitos, bem como ficar intimidada com a

    postura do Auditor.

     

    CONCLUSÃO: A evidência de que a ISO TS 16.949 está no caminho errado, é

    o artigo da Renata Turbiani para o UOL Carros, em São Paulo (SP) –

    26/12/2013, cujo título é:Com 72 casos, recall de veículos bate recorde em

     2013

     

    Outros Artigos relacionados com a ISO TS 16.949: vamos começar a

    elaborar para reflexão dos profissionais da Qualidade, outros artigos

    relacionados com o que na nossa visão, é preciso melhorar na ISO TS 16.949

    em termos de mudanças nos requisitos, aplicações das ferramentas etc.

    Acompanhe!

    A Ineficácia da ISO TS 16.949

    no Setor Automotivo! 

    Este artigo não trata de uma opinião sobre a ISO TS 16.949, mas sim de fatos

    que comprovam como a abordagem desta norma precisa ser totalmente revista

    para que traga resultados para o setor automotivo, ou cada vez mais ela terá

    menos organizações certificadas, mesmo que as montadoras continuem

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    forçando a barra para que os fornecedores da cadeia automotiva a adotem

    como modelo de sistema de gestão da qualidade.

    Como evidência da ineficácia da norma, basta por exemplo acessar o link

    abaixo e verificar que se considerarmos todas as montadoras, os casos de

    recall atingem uma média superior a um caso por semana, provocando

    enormes prejuízos para montadoras, fornecedores e compradores. Vale

    ressaltar que situações de recall são geralmente problemas que causam mau

    funcionamento do veículo ou possibilidades de afetar a segurança dos

    usuários, porém há ainda vários tipos de reclamações formais e informais que

    não são divulgadas e quantificadas, que devem elevar significativamente os

    problemas de qualidade em veículos.

    Link de Recall de Veículos no Brasil: http://www.estadao.com.br/jornal-do-

    carro/servicos/recall/

    Um dos problemas da aplicação dos requisitos da ISO TS 16.949 é que

    diferentemente da ISO 9001, independentemente do produto que a organização

    ofereça, seja por exemplo um simples componente plástico, estampado,usinado etc; ou a complexidade de um motor, sistema de transmissão, sistema

    de freios etc; para uma organização se certificar na ISO TS 16.949 ela

    necessita aplicar todos os requisitos e ferramentas exigidas pela norma, além

    dos requisitos específicos de cada cliente.

    O fato de haver na ISO TS 16.949 a exigência de se atender requisitos

    específicos dos clientes, demonstra um contrassenso em relação à finalidade

    de uma norma de sistema de gestão, que é o de padronizar os requisitos e não

    prescrever em como atendê-los. Os requisitos específicos de clientes, salvo

    raras exceções, são os mesmos requisitos que já constam da ISO TS 16.949,

    porém com formas de atendimento diferentes, como por exemplo reclamações

    de clientes, onde cada empresa tem um formulário ou método diferente. Ao

    invés de se preocupar com o preenchimento do formulário específico no caso

    de uma reclamação, o cliente deveria avaliar se a causa foi bem identificada, se

    foram tomadas ações corretivas para eliminá-la e se foram eficazes, já que a

    http://www.estadao.com.br/jornal-do-carro/servicos/recall/http://www.estadao.com.br/jornal-do-carro/servicos/recall/http://www.estadao.com.br/jornal-do-carro/servicos/recall/http://www.estadao.com.br/jornal-do-carro/servicos/recall/

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    causa do problema não vai mudar em função do formulário ou método que será

    preenchido. Um fornecedor de uma organização que é certificada na ISO TS

    16.949, já tem um processo de ações corretivas próprio, uma vez que precisa

    ser certificado na ISO 9001.

    As principais deficiências da ISO TS 16.949 e que a tornam ineficaz, são:

    • Burocratização, provocada principalmente pelos Requisitos Específicos dos

    Clientes; e

    • Uso inapropriado e indiscriminado de Ferramentas, como: FMEA, Plano de

    Controle, PPAP e MSA

     

    1. Burocratização e Requisitos Específicos dos

    Clientes

    Podemos afirmar que já está incorporado no setor automotivo, uma cultura da

    exigência de apresentação de documentos e preenchimento de formulários

    específicos de cada Cliente em várias situações, como: desenvolvimento deprodutos e processos, reclamações, alterações de produtos e processos e

    outras, onde obriga o fornecedor em situações semelhantes a adotar modos

    diferentes de tratar para cada Cliente, o que na prática não melhora a

    qualidade nem o resultado daquela atividade e aumenta custos, pois é gasto

    muito mais tempo para se cumprir o requisito e atender o que podemos tratar

    em boa parte como “mimos” do cliente, que deveria se preocupar mais com os

    resultados e não com o formulário que deve ser preenchido.

    Este tipo de abordagem infelizmente tem causada a impressão de que o setor

    automotivo é exigente, quando na prática está se tornando cada vez mais

    burocrático. Parece que há uma concorrência das empresas do setor

    automotivo para ver quem é mais “exigente”, ou seja, burocrático.

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    Estas exigências, vem através de manuais de fornecedores e outros que tratam

    de requisitos específicos para fornecedores, ou seja, é uma norma dentro de

    outra norma.

    Não há uma consciência de muitos profissionais da qualidade do setor

    automotivo de que não precisam ter manuais de fornecedores, pois a ISO TS

    16949 não exige, porém como são cobrados de seus clientes, acabam criando

    seus manuais e exigindo o cumprimento pelos seus fornecedores sem a

    preocupação de que só estarão agregando custos, pois os fornecedores terão

    que analisar e em geral buscar cumprir do “jeitinho” que está no manual, pois

    se o fornecedor for certificado na ISO TS 16.949 os Organismos Certificadores

    vão auditar se a organização cumpre tais requisitos.

    Vamos imaginar uma organização certificada na ISO TS 16.949 que tenha 10

    Clientes com requisitos específicos, ou seja ela terá que cumprir além dos

    requisitos da ISO TS 16.949, mais 10 outras normas que exigem as mesmas

    coisas, porém com formatos e/ou parâmetros diferentes. É muita criatividade e

    falta de “desconfiômetro” uma organização achar que suas exigências são tão

    ou mais importantes quanto as que já estão na ISO TS 16.949 e na ISO 9001,que é a base da ISO TS 16949. Se realmente houver necessidade de fazer

    alguma exigência muito específica sobre seus produtos, basta inclui-la em

    contrato e não no sistema de gestão da qualidade.

    Muitas destas exigências são criadas, mas não há uma avaliação se estão

    trazendo resultados para a organização, uma vez que geram custos adicionais

    tanto para a organização que exige, como para o fornecedor que precisacumpri-las. Para a organização que exige porque precisa verificar se o que ela

    exige está sendo cumprido, muitas vezes através de auditorias, visitas,

    relatórios, acompanhamento das ações etc; e para o fornecedor, porque

    precisa analisar tudo que é exigido e implantar. Como essas exigências, muitas

    vezes não foram discutidas no início de fornecimento de produtos, tais custos

    não foram incluídos nas cotações dos produtos.

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    Outro absurdo, são alguns requisitos como QSB, Auditorias de Processos,

    algumas exigências de qualificações e outros requisitos só poderem ser

    aceitos em auditorias, se o fornecedor utilizou determinadas consultorias ou

    determinados treinamentos de consultorias específicas, como se estivéssemostratando de métodos que reflitam “o estado da arte” em termos de técnicas e

    qualificação, além de passar uma visão que poderíamos chamar de “esquisita”

    de dependência e falta de flexibilidade para atendimento a requisitos de

    práticas que na maioria não são complexas de implementar e já constam na

    ISO TS 16.949. É como se o governo abrisse um processo de licitação, sem

    especificar os requisitos para as organizações concorrentes atenderem e ainda

    determinasse quais as organizações que podem concorrer para executar osserviços. Uma maneira simples de avaliar a ineficácia dessas exigências seria

    por exemplos: verificar se fornecedores que implantam o QSB não possuem

    reclamações de clientes; ou se o fato de fazer determinados tipos de

    treinamentos com determinadas consultorias, tornam essas atividades infalíveis

    sobre o ponto de vista de aplicação prática e resultados.

     

    2. Uso inapropriado e indiscriminado deFerramentas, como: FMEA, Plano de Controle, PPAPe MSA

    Vamos começar abordando como determinadas ferramentas são mal aplicadas

    no setor automotivo, começando pela FMEA – Failure Mode and Effect

    Analysis, cujo desenvolvimento e aplicação inicial surgiu na área militar eposteriormente pela NASA, Indústria da Aeronáutica nos anos 60 e

    posteriormente em outros setores. Creio que podemos considerar que na

    Indústria Aeronáutica tem resultados, pois se considerarmos os índices de

    confiabilidade de aviões, são incomparavelmente superiores aos de veículos,

    basta observarmos os dados de recall, mencionados anteriormente.

    É claro que projetar um avião e fabricá-lo, é um processo que leva tempo e asconsequências de problemas podem ser catastróficas, portanto a análise de

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    falhas potenciais deve ser minuciosa e criteriosa; daí uma das características

    diferentes do setor automotivo, onde se exige FMEA desde matérias primas e

    componentes, até sistemas como motor, transmissão, freios etc.

    O FMEA é uma ferramenta complexa, que está inter-relacionada com outras

    ferramentas, como plano de controle, fluxo de processo, CEP etc, entretanto

    aplica-la em muitas situações, é como se tivéssemos utilizando um canhão

    para matarmos um pernilongo, pois o custo é muito alto e ineficaz. Outra

    premissa da aplicação de FMEA é que seja realizado por uma equipe

    multifuncional com especialistas de várias áreas no produto e processos em

    questão, o que em geral não acontece na prática.

    Vamos supor um fornecedor do mercado automotivo de peças injetadas de um

    determinado tipo de produto, por exemplo o recipiente de armazenamento de

    água para o limpador de vidros de veículos; qual a utilidade do FMEA para um

    tipo de produto como esse, cujas matérias primas, processos, tipos de

    ferramentas e parâmetros de fabricação são conhecidos e dominados pelo

    fornecedor? O método de FMEA, depois que forem feitos os FMEA’s por família

    vai ser o famoso “copiar e colar”, ou seja a ferramenta não terá utilidadealguma como prevenção de problemas. Desta forma, o FMEA acaba virando

    uma burocracia, uma formalidade que precisa ser atendida para a ISO TS

    16.949, porém sem resultados práticos. O próprio processo de

    desenvolvimento de produtos e processos já é preventivo, pois há produção de

    amostras e lotes pilotos que são inspecionados e testados antes da fase efetiva

    de produção, onde ações preventivas podem ser tomadas.

    Na verdade, não estão sendo feitos FMEA’s para produtos novos, pois os

    produtos são do mesmo tipo, já que utilizam o mesmo conceito de projeto e

    processo, porém com dimensões e algumas especificações diferentes, mas

    dominadas pelo fornecedor.

    O MSA – Measurement Systems Analysis, é outra ferramenta mal aplicada,

    pois trata-se de fazer estudos estatísticos em sistemas de medição, cuja

    aplicação mais adequada seria para empresas que fabricam dispositivos e

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    equipamentos de medição e não para uma indústria de fabricação de produtos.

    Na ISO 9001, que faz parte da ISO TS 16.949 há o requisito de calibração de

    equipamentos e dispositivos de medição, que já é suficiente para atender as

    necessidades de uma indústria no sentido de dar confiabilidade aos resultadosde inspeções e ensaios, principalmente se complementarmos com outro

    requisito também da ISO 9001, que o pessoal deve ser competente para

    executar as atividades que afetam os requisitos do produto, entre essas

    atividades podemos considerar a medição de produtos. A aplicação de

    algumas técnicas de MSA, poderia se dar em situações muito particulares,

    como por exemplos diferenças entre meios de medição entre o cliente e o

    fornecedor de determinada característica, critérios de aceitação em defeitosvisuais (cor, acabamento etc) ou ainda se a organização desenvolveu algum

    dispositivo de medição diferente para controle de alguma característica do

    produto ou processo. Hoje, as organizações em geral, tem no mínimo um

    profissional em tempo integral ou parcial dedicado a fazer e as vezes refazer

    desnecessariamente, análises estatísticas de sistemas de medição para todas

    as características dos planos de controle e em todos os produtos “novos”.

    Vamos lembrar que paquímetros tem suas aplicações específicas, durômetrossão para medir dureza, micrômetros para medir como exemplo diâmetros e

    assim por diante; e as empresas que desenvolveram estes equipamentos já

    fizeram vários estudos e fazem quando da calibração para garantirem sua

    confiabilidade. Raramente uma organização muda seu sistema de medição em

    função dos resultados dos estudos requeridos no MSA, a não ser que seja em

    situações bem específicas, como as mencionadas anteriormente. Resumindo o

    custo dos estudos de MSA é muito maior que os benefícios para as empresascertificadas na ISO TS 16.949.

    Plano de Controle é uma ferramenta usada em mais de 99% dos casos no

    formato requerido pela norma, apenas na apresentação do PPAP, já que na

    fábrica, no recebimento, nos laboratórios internos etc, são usados outros

    documentos que especificam como e quando o produto é inspecionado,

    ensaiado e testado. O plano de controle enviado com o PPAP é uma repetição

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    do que já está escrito nos documentos que são utilizados na prática, porém em

    outros formatos, portanto um custo adicional.

    PPAP – Production Part Approval Process: na prática é uma formalização de 18

    itens documentados que precisam ser entregues ao cliente quando da

    aprovação de um item novo ou alteração de itens existentes, porém o que

    ocorre com esta documentação na prática na grande maioria dos casos é:

    apenas conferência para verificar se todos os documentos previstos estão

    entregues, sem uma avaliação profunda do conteúdo e da consistência, tanto

    que é objeto de auditorias de certificação, mesmo se estiver aprovado pelo

    cliente; duplicidade de documentos sendo preparados pelo fornecedor, pois por

    exemplos os planos de controle e fluxos de processos usados internamente são

    em geral formatos diferentes; alguns documentos e registros não tem utilidade

    efetiva ou são um “copiar e colar”, como FMEA’s, Estudos de MSA, Estudos de

    Capabilidade e outros; sem contar os custos de organizar e entregar todas esta

    documentação que acaba sendo também objeto de auditorias e

    consequentemente de não conformidades, acarretando em mais custos para a

    organização.

     

    Em síntese, o que poderia ser modificado na ISO TS 16.949,considerando a necessidade de adequação à versão da ISO9001:2015:

     

    Requisitos Específicos dos Clientes: eliminar este requisito, pois requisito

    específico deve estar em contrato e fazer parte do processo dos custos para

    cotação dos produtos. A ISO 9001 e a ISO TS 16.949 já possuem requisitos

    suficientes para os fornecedores atenderem as necessidades dos clientes; e ter

    requisitos específicos, é criar uma norma dentro de outra norma.

    FMEA: deveria ser requerido apenas para sistemas e subsistemas fornecidos

    diretamente às montadoras, ou em situações específicas onde os conceitos do

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    projeto e/ou do processo são alterados significativamente, lembrando que a

    ISO 9001:2015 incluiu análise de riscos nos processos, sem especificar a

    metodologia a ser usada.

    Plano de Controle: poderia ser eliminado como requisito, pois na ISO

    9001:2015 já é estabelecido que a organização deve determinar e aplicar os

    critérios e métodos (incluindo monitoramento, medições e indicadores de

    desempenho relacionados) necessários para assegurar a operação e controle

    eficazes desses processos.

    Estudos de MSA: deveria ser eliminado como requisito e ter uma nota

    relacionado com o item 7.1.5 Recursos de Monitoramento e Medição da ISO

    9001:2015, mencionando o manual de referência de MSA especificando em

    quais situações poderiam ser realizados estudos com base no manual.

    Exemplos: sistemas de medição diferentes da mesma característica em

    operações/ etapas diferentes; critérios de aceitações para inspeções visuais:

    acabamento, aparência etc; e desenvolvimento de dispositivos de medição

    específicos para um produto ou processo.

    PPAP: se limitar aos documentos relacionados com as especificações do

    produto (desenhos, normas etc) e resultados de inspeção, ensaios e testes do

    produto/processo novo ou alterado; eliminando a acesso do cliente a

    documentos que especificam como o produto é fabricado, controlado etc, até

    porque estas informações devem ser tratadas como confidenciais.

    Vamos considerar estas mudanças um sonho que aconteceu e imaginar quanto

    de custos e tempo iríamos reduzir, considerando a quantidade de documentos

    inúteis a menos para serem elaborados, reuniões, visitas, auditorias,

    treinamentos, não conformidades e outros custos que seriam eliminados ou

    reduzidos. Imaginando ainda o impacto da extensão dessas mudanças

    considerando a quantidade de produtos, fornecedores e profissionais

    envolvidos em todo setor automotivo, provavelmente teríamos os Engenheiros,

    Técnicos, Analistas e outros profissionais envolvidos com a ISO TS 16.949, ao

    invés de ficarem produzindo documentos e relatórios muitos deles inúteis,

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    poderiam dar foco efetivamente no desenvolvimento, na melhoria da qualidade

    e aumento da produtividade dos produtos e processos do setor automotivo; e

    quem sabe reduzir significativamente o índice de recall.

    Mesmo que alguns itens sejam difíceis de serem alterados, pois estão sob a

    diretriz do IATF – International Automotive Task Force, se as organizações

    brasileiras eliminassem os requisitos específicos para seus fornecedores, já

    teríamos uma redução significativa da burocracia e de custos.