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1 Análise do Comportamento e os Transtornos de Ansiedade e Personalidade Maria Zilah Brandão Instituto de Psicoterapia e Análise do Comportamento PsicC e-mail: [email protected]

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Page 1: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

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Análise do Comportamento e os

Transtornos de Ansiedade e

Personalidade

Maria Zilah Brandão Instituto de Psicoterapia e

Análise do Comportamento – PsicC

e-mail: [email protected]

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PROPOSTAS DO BEHAVIORISMO

RADICAL PARA O TRATAMENTO

CLÍNICO DOS TRANSTORNOS DE

PERSONALIDADE E ANSIEDADE

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Terapia analítico-comportamental:

O trabalho clínico de base analítico-comportamental tem como principal foco a

identificação e alteração de fatores ambientais responsáveis pela instalação e manutenção dos problemas apresentados

pelo cliente como queixa

(Zamignani, 2002).

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Características:

a) identificação da função do

comportamento é pré-requisito para a

intervenção;

b) as (respostas) queixas foram

selecionadas ao longo de uma história

de interação com o ambiente;

c) queixas podem ter funções diversas de

acordo com o contexto;

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deve-se investigar todas as possíveis

conseqüências ambientais que mantém uma

classe de respostas;

modelo de seleção pelas conseqüências dá

ênfase à ação do controle operante sobre as

respostas;

as técnicas devem considerar a função do

comportamento no ambiente que pode ser

diferente em cada caso.

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Psicoterapia Funcional-Analítica (FAP):

A FAP é uma forma de tratamento que enfatiza a

análise da relação terapeuta-cliente, no contexto

clínico – ou seja, na sessão, no momento em que

ela ocorre.

A ênfase dada por Kohlenberg (1987) está

exatamente na análise desta relação e dos

aspectos nela envolvidos. Esta análise passa a ser

a própria intervenção, que conseqüentemente,

produzirá mudanças de comportamento nas

relações diárias dos clientes. Na relação

terapêutica, é possível evocar e mudar padrões de

comportamento (os chamados comportamentos-

problema), identificados, também, como

comportamentos clinicamente relevantes (CRBs).

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Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

A ACT é uma proposta de terapia

fundamentada no behaviorismo radical e nas

pesquisas recentes na área de

comportamento verbal.

Acredita que não são os comportamentos

problemáticos que devem ser mudados, mas

sim o contexto socio-verbal onde

ocorrem(Hayes,1993)

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Análise Clínica do Comportamento (ACC):

A ACC é o nome dado à prática de psicoterapia

ambulatorial fundamentada na filosofia

behaviorista radical. Enfoca no processo verbal

entre o terapeuta e cliente dentro do consultório,

como instrumento privilegiado de mudança

terapêutico, e é indicada especificadamente para

condições clínicas onde o terapeuta não tem

acesso às contingências do cotidiano do cliente.

Acredita-se que a FAP e a Terapia construcional,

fariam parte da A.C.C. (Vandenberghe, 2003).

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PERSONALIDADE

Popularmente acredita-se que a pessoa

possui uma personalidade a qual são

atribuídas as causas do seu

comportamento. Nessa concepção, por

exemplo, o comportamento delinqüente,

apresentado por um indivíduo, teria como

causa a personalidade anti-social do

mesmo.

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Para os behavioristas radicais a

personalidade é resultado da experiência de

vida e história de reforçamento de cada

pessoa. É o repertório comportamental do

indivíduo - o conjunto de comportamentos

que ocorre de forma consistente em muitas

situações, resultado de contingências

também consistentes ao longo do tempo.

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Transtorno de Personalidade

É um padrão persistente de vivência íntima

ou comportamento que se desvia

acentuadamente das expectativas da cultura

do indivíduo, é generalizado e inflexível, tem

início na adolescência ou no começo da idade

adulta, é estável ao longo do tempo e provoca

sofrimento e prejuízo.

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Critérios Diagnósticos para um Transtorno da Personalidade (DSM- IV)

Um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Este padrão manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas:

(1) Cognição

(2) Afetividade

(3) Funcionamento interpessoal

(4) Controle dos impulsos

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Critérios Diagnósticos para um Transtorno da Personalidade

O padrão persistente é inflexível e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e sociais.

O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

O padrão é estável e de longa duração, podendo seu início remontar à adolescência ou começo da idade adulta.

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Critérios Diagnósticos para um Transtorno da Personalidade

O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou conseqüência de outro transtorno mental.

O padrão persistente não é decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral.

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Transtorno de Personalidade na Análise do Comportamento

A análise do comportamento não se prende

somente a características descritivas e

topográficas para fazer o diagnóstico de um

transtorno de personalidade. O processo de

categorizar os clientes de acordo com o DSM-

IV é útil se ajudar os clínicos a observarem os

Comportamentos Clinicamente Relevantes.

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A análise do comportamento propõe identificar

as variáveis de controle (as condições que dão

origem e mantêm os comportamentos).

Características descritivas, não contam sobre

controlar variáveis, dificultando a análise

funcional.

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Com base na análise funcional, Kohlenberg e

Tsai (1991), reconheceram as reações

internas do terapeuta e seus sentimentos

como centrais para o diagnóstico, e

focalizaram o tratamento dos comportamentos

problemáticos do cliente ocorrendo dentro da

sessão. Em um sistema ideal, as reações do

terapeuta para o comportamento problemático

do cliente, seriam incluídas como ferramentas

e critérios de diagnóstico.

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O enfoque analítico funcional enfatiza o

papel das contingências interpessoais na

causa, tratamento e construção do sistema

de classificação para os fenômenos

comportamentais conhecidos como TP

(transtornos de personalidade).

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NOÇÃO DO SELF E BEHAVIORISMO

RADICAL:

O self é considerado como a construção da

subjetividade via cultura, sendo produto de

contingências filogenéticas, ontogenéticas e

culturais (Rubio, 2004).

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O behaviorismo radical vê o self como

decorrente de uma aprendizagem que se

tornou possível a partir do desenvolvimento

da linguagem e dos treinos verbais na

presença de uma pessoa que estimula essa

noção por meio de repetições da palavra

“eu” associada a diferentes verbos que

indicam ações ou comportamentos.

Assim, o conceito de self é entendido como

produto da aprendizagem possibilitada pela

comunidade verbal que utiliza a palavra “eu”

diante de comportamentos de um indivíduo

(Sousa, 2003).

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O self, então, é resultado de estímulos

externos em que a comunidade modela o

comportamento de indivíduos.

O eu depende de experiências públicas,

mas à medida que ocorrem

concomitantemente com evento privados,

estes passam a controlar o uso da palavra

“eu”, quando uma pessoa fala de si mesma.

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Para um desenvolvimento normal, as

afirmações do eu são, inicialmente,

controladas por eventos públicos e,

posteriormente, ficam sob controle de

eventos privados. No entanto, pelo seu

caráter complexo e impreciso, a

aprendizagem do eu pode possuir falhas, e

os indivíduos podem ser colocados sob

controle apenas de eventos públicos o que

leva a instabilidade do comportamento e

dependência do ambiente.

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TRANSTORNO DE

PERSONALIDADE BORDERLINE

Maria Zilah Brandão

Instituto de Psicoterapia e Análise do

Comportamento – PsicC

e-mail: [email protected]

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Os borderlines são vistos como clientes que

não aproveitam bem a psicoterapia,

desistem cedo do tratamento e facilmente

recaem.

São também conhecidos por sua

ambivalência, isto é, por apresentarem

sentimentos e ações contraditórias entre si,

ou que se modificam muito rapidamente.

Apresentam dificuldade para escolher e

tomar uma decisão, podem tentar suicídio

em função de um sofrimento inexplicável

ou indefinível e, freqüentemente relatam

crises de identidade

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DSM – IV e Análise do Comportamento

Behavioristas Radicais geralmente não fazem

diagnóstico, nem usam o termo Transtorno de

Personalidade, por acreditarem que descrições

(topografias) pouco ajudam e que o “rótulo”

(diagnóstico) atrapalha.

Para a Análise do Comportamento na Clínica, não há

uma desordem comum que explique uma série vasta de

comportamentos: explicações devem considerar

contextos.

Os Behavioristas contemporâneos, Kohlemberg, Koer e

Chauncey (2000), usam o behaviorismo como meio de

compreender e promover a integração de métodos e

conceitos utilizados em outros sistemas teóricos.

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Diagnóstico tradicional e funcional

Critérios diagnóstico do DSM IV

De acordo com o DSM IV (APA,1995), no

Transtorno de Personalidade Borderline o

individuo apresenta um padrão instável no

que ser refere a relacionamentos

interpessoais, auto-imagem e afetos,

padrões constantes de impulsividade, que

estão presentes em uma variedade de

contextos, tendo inicio na idade adulta,

preenchendo 5 ou mais dos critérios citados

abaixo:

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Esforços para evitar abandono real ou

imaginário

Padrões de relacionamentos interpessoais

instáveis e intensos, em que a pessoa

alterna entre extremos de idealização e

desvalorização

Perturbação de identidade

Impulsividade em duas ou mais áreas(sexo,

abuso de substancias, comer compulsivo,

etc)

Comportamentos, gestos ou ameaças de

suicídio ou de comportamentos

automutilantes

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Instabilidade afetiva - oscilação freqüente de

humor

Sentimentos crônicos de vazio

Raiva intensa ou dificuldade em controlar a

raiva

Episódio de ideação paranóide relacionado

ao stress e a sintomas dissociativos intensos

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A partir da análise funcional da queixa,

incluindo observação do comportamento na

relação terapêutica, chegar-se-ia às classes

comportamentais que são padrões de

comportamento reunidos por terem a mesma

função ,a mesma causa.

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Perturbações na identidade,

relacionamentos instáveis e instabilidade

afetiva poderiam ser visto, em determinado

caso, como uma falta de responsividade a

SDs internos, que indicaria uma história de

falta de reforçamento e/ou punição para

expressões do tipo: “eu sou”, “ eu gosto”, “

eu sinto”.

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Kohlenberg sugere que a ausência de SDs

internos poderia produzir um “self diferente”. O

cliente costuma dizer por exemplo: “ sou um

eremita”.Esta verbalização mostra que, para ele,

a noção, mesmo que ruim, do “ self sozinho” é

melhor que a instabilidade do self

externo(presente, ausente, punitivo, reforçador).

Estar sozinho poderia significar relaxar, não

responder ao controle dos outros. É uma

esquiva do controle excessivo dos outros. Outra

forma de esquiva é não se envolver mesmo

estando presente, ou retirar-se para o

isolamento após contatos interpessoais

intensos.

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Outra fala comum entre os clientes é: “sinto-me

dividido, como se houvesse dois eus”. Essa

afirmação pode ser produto de contingências

muito diferentes administradas pela família ou

por outros e nas circunstancias em que está

sozinho.

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Segundo Kohlenberg e Tsai (2001) a noção

de self inclui alguns atributos complexos:

primeiro, ela se refere a algo diferente do

corpo, o self não é físico; segundo, o self é

modelado por estímulos externos,

geralmente por outras pessoas; em terceiro

lugar, há um self que é imutável e não mais

sujeito ao controle dos outros, mas que nem

sempre pode ser acessado. Esse terceiro

atributo do self refere-se ao que Hayes

(1984) chamou de perspectiva de ver-se.

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Entendemos que esse self seria um estimulo

privado que permite a qualquer individuo ver-

se como diferente de seu repertório

comportamental e ver-se como constante e

continuo, a despeito das diferentes

mudanças de contexto e ambientes as quais

se expõem, ou mudanças de repertório, ou

mesmo de tipo de controle (externo ou

interno) ao qual está respondendo.

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O “eu” que uma pessoa usa para falar de si

mesmo é controlado parcialmente por

eventos internos, mas pode haver

experiências que não colocam o “eu” sob

essas condições.Nesses casos, o “eu” passa

a ser controlado apenas por eventos

públicos, afetando sua estabilidade e

independência, assim, alguns transtornos

comportamentais podem ocorrer, como é o

caso do Transtorno de personalidade

Borderline .

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Para a análise do comportamento o “eu” emerge a partir de repetições de frases que se iniciam com “eu”. O “eu” é uma perspectiva constante, imutável, a partir da qual você observa a si mesmo e ao mundo. Há, no entanto, pais que punem ou dificultam a aprendizagem do “eu”.Dessa forma, não valorizar as afirmações sob controle interno que começam com “eu quero”, “eu gosto”, “ eu sinto”, dificultam a formação desse lócus de analise ou ainda confundem a criança que passa a falar “eu” quando percebe a presença do desejo dos pais. Os pais reforçam ou punem as emissões verbais de acordo com os próprios sentimentos, não levando em conta os sentimentos privados da criança.

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Kohlenberg e Tsai (2001) hipotetizam que a

dificuldade em ter um “eu” sob controle

privado levaria a criança ao desenvolvimento

de um “eu” instável ou “ inseguro”,

dependente da avaliação e presença do

outro. Isso ainda poderia levar a falta de

espontaneidade e criatividade.

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A noção de self dos clientes borderlines

geralmente é ausente ou frágil.

Kohlenberg e Tsai (1995) apontam que o

desenvolvimento do “eu” emerge

inicialmente como uma unidade funcional

separada, como por exemplo, “eu estou”,

para unidades funcionais como “ estou com

calor, estou com fome, estou aqui”, tendo

em comum eu estou.

Posteriormente emerge o eu como

referencia, primeiro sob controle de

estímulos públicos, depois privados

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A história do desenvolvimento do transtorno

da personalidade borderline aponta para um

relacionamento parental caótico, em que,

segundo Linehan(1991, apud Kohlenberg e

Tsai,1993) os pais provavelmente

invalidavam os relatos das crianças a

respeito de suas próprias experiências das

seguintes maneiras:

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1.Invalidando relatos de experiências

negativas

2.Simplificando o controle de sentimento ou

problema, bem como o esforço que a

criança deveria fazer para lidar com ele

3.Criticando e punindo a criança quando ela

expressasse sentimentos ou opiniões que

divergissem das dos pais

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Na visão comportamental de Linehan e

Kerer (1993), a invalidação é a falta de

reforço positivo para o controle privado das

respostas da criança.

Assim, a experienciação do self fica

dependente de estímulos externos, deixando

a pessoa, extremamente sensível ao humor

e aos desejos dos outros.

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Outra condição que pode existir decorrente

disso, é que a noção de self perde-se ou

modifica-se. A pessoa deixa de ter a

percepção de constancia do self. Pode haver

uma sensação de “ “vazio” ou de

despersonalização, levando-a a pensar que

o que ela sente não é ela mesma.

Algumas pessoas podem passar a esquivar-

se de forma física ou emocional de outras

pessoas, de maneira a evitar que os outros

possam exercer controle, mesmo que de

maneira positiva, sobre seu self

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Outras pessoas, podem desenvolver o medo

de ficarem sozinhas. Kohlenberg e Tsai

(1991) relatam que isso provavelmente

ocorra porque passaram não apenas por

condições invalidantes , mas também por

situações de negligência extrema

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Tratamento do Transtorno Borderline na FAP

Identificar controle excessivo do “eu”para SDs

externos. Reforçar verbalização sob o controle

dos SDs privados. Ex.: eu gosto, eu sinto, eu

quero

O comportamento de responder

excessivamente ao controle externo pode

aparecer na sessão com aquele cliente que

concorda com o terapeuta, age cautelosamente,

é cortes e precisa muito da opinião do

terapeuta. Kohlenberg e Tsai (1991), sugerem a

técnica de associação livre: “conte-me tudo que

entre na sua cabeça- todos os pensamentos,

sentimentos e imagens”, esperar e modelar

respostas que surjam sob controle interno.

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Criar condições, na sessão, para que o cliente fale mais de si mesmo, sem o controle do terapeuta.

Ajudar na organização geral da vida do cliente – estimular tomadas de decisão imediatas.

Aumentar a freqüência de expressão emocional “verdadeira” ( que está sob o controle de SDs internos).

Desenvolver vínculos afetivos – reforçamento natural na sessão (demonstração de carinho, interesse, afeto, atenção)

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Fazer com que o cliente estabeleça confiança

no terapeuta.

Validar sentimentos ( inclusive os negativos):

ensinar análise comportamental, ensinar auto

observação, reforçar naturalmente opiniões,

pensamentos, expressões negativas, ações e

pequenas mudanças.

Bloquear esquivas de sentimentos e promover

exposição e aceitação emocional na sessão:

lembrar as experiências passadas na sessão,

estabelecer contingências positivas para o

enfrentamento e aceitação, analisar

funcionalmente o comportamento do outro

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Fornecer critérios para que o cliente possa fazer

mudanças, tomar decisões e analisar seus

próprios comportamentos.

Ajudar o cliente a perder o medo da vida e a ter

esperança de ter momentos felizes.

A análise funcional feita junto com o cliente é

um importante estratégia de validação de suas

experiências, já que demonstra que todos o

comportamentos são normais e funcionais no

contexto de vida do cliente, tanto os passados

como os atuais

Reforçar a capacidade para superar problemas

também é importante

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Como se faz “validação” na terapia

Mostrar ao cliente que você ouviu, entendeu e

organizou suas queixas. Dar feedback de que

isso aconteceu.

Reforçar respostas que são sensatas e que

demonstram compreensão. O terapeuta deve

mostrar que os comportamentos presentes e

passados são funcionais.

Reforçar esforços do cliente para melhorar

Mostrar crença na relação terapêutica

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Estudo de caso clínico

História de vida

O cliente tinha 31 anos no inicio da terapia,

solteiro, pertencente a uma família de 5 irmãos,

sendo ele o 4º filho. Seus pais são semi-

analfabetos e sempre foram paupérrimos e

ignorantes. Relatou ter sido maltratado e

abusado fisicamente na infância além de ter

passado fome e sofrido negligencia. Por

necessidade começou a trabalhar aos 13 anos

em um bar, onde começou a beber muito. Foi

despedido aos 15 anos e arrumou outro

emprego, na função de auxiliar de serviços

gerais.

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50

Teve bom desempenho, foi promovido,

conseguiu estudar, se formar, fazer mestrado

e arrumar um emprego bom. Seus

relacionamentos afetivos neste período foram

caóticos, conturbados e o último, profundo e

fracassado. Suas amizades sempre foram

superficiais e cheias de desconfianças, com

apenas um único amigo real e constante. Sua

família era um local de convivência sem

nenhum vinculo afetivo entre a pessoas.

Sentia-se infeliz e estranho, confuso,

angustiado e estava bebendo muito.

Page 51: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

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Foi encaminhado para a psicoterapia após ter

tentado suicídio, num momento de depressão,

desespero e sentimentos de estar sendo

perseguido por pessoas desconhecidas que

estavam ao seu redor.Na primeira sessão o

cliente relatou seus pensamentos paranóicos,

sua vontade de morrer e sua dificuldade em

enfrentar sua nova vida profissional, em uma

cidade nova, com pessoas desconhecidas,

pois havia ingressado, por concurso público,

num órgão de pesquisa em outro estado.

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52

Pontos relevantes

A grande diferença entre auto-estima e auto

confianças do cliente. O medo de não

suportar o diferente, a imprevisibilidade do

fato novo, mesmo que bom. A família longe

e o medo de ficar sem referência, de não

conseguir se ver mais como o mesmo. A

dificuldade de ser alguém, para ele que

considerava não ser nada.

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53

O cliente relatou, nas sessões

subseqüentes, seu desejo de largar tudo, e

arrumar um sub-emprego em sua cidade

natal. Lá ele tinha identidade, aqui não. O

cliente achava que as pessoas olhavam

estranho para ele e não tinha coragem de ter

nenhum tipo de relacionamento, ele se

relacionava apenas com prostitutas com

objetivo puramente sexual. O cliente havia

alugado uma casa na nova cidade mas não

suportava ficar nela; a casa estava

totalmente vazia porque ele não conseguia

mobília-lá.

Page 54: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

54

Como e quanto a auto-imagem do cliente

dependia do que ele era na família, que lhe

mostrava ser uma pessoa totalmente

desprezível. A auto-imagem presa aos SDs

externos e passados; como foi indiferente às

muitas mudanças de sua vida nos últimos

anos. Embora tivesse estudado e trabalhado

sentia-se da mesma forma. Recusava algo

bom como seu; sentia-se angustiado por

estar nesta nova situação.

Page 55: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

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Com relação ao seu corpo, sentia-se feio,

magro demais, estranho; achava impossível

alguém deseja-lo, a não ser que fosse pior que

ele. Mesmo querendo engordar, para ele

comida era só para matar a fome, não

comendo bem e não diferenciava paladares.

Observa-se que havia forte predisposição para

fugir dessa situação; não se envolver com o

prazer para assegurar-se da sua identidade

estabilidade; onde ele sempre foi bom:

agüentar sofrer para sobreviver. A

demonstração de sofrimento evitava punição

do pai e também o livrava da esperança inútil

de dias melhores.

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O início da terapia constou de aconselhamentos para decisões importantes que o cliente deveria tomar e apoio para melhorar sua depressão. O cliente achava que não iria conseguir, não sabia avaliar seus trabalho, sentia-se observado e com medo de receber críticas, além de sentimentos de inferioridade.

Pediu ajuda da T, depois de seis meses, para comprar roupas, comida, móveis, carro. A T elogiava suas decisões, valorizava pequenas iniciativas, comentava sua própria percepção de algo e pedia a opinião dele. Na fase de anorexia desenvolveu-se atividades para estimular o paladar, comer coisas boas na clínica, etc.

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57

Aos poucos as contingências positivas para

seus comportamentos melhoraram a

autoconfiança e ele falava menos em ir

embora. Aceitou a proposta da T para

começar a sair de casa e fazer amigos e deu

certo. Ficou com medo da intimidade dos

amigos e cortou-os . Só depois de algum

tempo se aproximou de outras pessoas e

novamente foi bem sucedido. Começou a

sais demais, a beber demais e piorou da

depressão. Começou-se tudo de novo,

devagar.

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58

O cliente começa a mostrar afetividade pela

T, que responde com reciprocidade, o cliente

melhora no trabalho, mantém alguns

amigos, troca idéias com a T e toma

decisões.

Ainda não consegue namorar e nem levar

alguém para casa. Falou de sua inveja dos

poderosos e da sua raiva do pai.

Depois dessa fase foi iniciada exposição

verbal às situações do passado, uma vez

que cliente quis saber porque era assim.

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59

Transtorno de Personalidade Esquiva

Comportamento de Esquiva no

Contexto Clínico

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60

Definição segundo DSM-IV:

Um padrão persistente de inibição social,

sentimentos de inadequação e

hipersensibilidade à avaliação negativa que

começa no início da idade adulta e está

presente em uma variedade de contexto,

indicado por, pelo menos, quatro dos

seguintes critérios:

Page 61: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

61

Critérios Diagnósticos – DSM-IV

Evita atividades que envolvam contato

interpessoal significativo com outras

pessoas devido ao medo da crítica, da

desaprovação ou da rejeição.

É incapaz de se envolver com as pessoas a

menos que tenha certeza de que será

aceito.

Limitado a relacionamentos íntimos, devido

ao medo de ficar envergonhado, ou do

ridículo.

Page 62: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

62

Preocupação de estar sendo criticado ou

rejeitado em situações sociais.

Inibido em novas situações de contato

interpessoal em função de sentimentos de

inadequação.

Tem uma visão de si mesmo como

socialmente inapto, sem atrativos pessoais

ou inferior aos outros.

Relutante a assumir riscos pessoais ou

engajar-se em quaisquer novas atividades

que possam resultar embaraço.

Page 63: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

63

Análise do Comportamento

“Nenhum ato particular define a esquiva,

todos temos muitos tipos de barras para

prevenir diferentes tipos de choques. Ainda

assim, algumas formas de esquiva são mais

problemáticas que outras, se quisermos

entender e, talvez, fazer algo a respeito da

esquiva, primeiro temos que reconhecê-la.”

(Sidman,1989)

Page 64: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

64

Definição:

O Comportamento de Esquiva é definido,

segundo Catânia (1999), como aquele que

previne ou evita um estímulo aversivo pela

apresentação de uma resposta. O indivíduo

responde no sentido de evitar as

contingências aversivas.

Page 65: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

65

Visão de self

Kohlenberg sugere que, nestes casos, a noção, mesmo que ruim, do “ self sozinho” é melhor que a instabilidade do sef externo (presente, ausente, punitivo, reforçador). Estar sozinho poderia significar relaxar, não responder ao controle dos outros. É uma esquiva do controle excessivo dos outros. Outra forma de esquiva é não se envolver mesmo estando presente, ou retirar-se para o isolamento após contatos interpessoais fortemente agradáveis

Page 66: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

66

Descrição do Caso:

Jovem, 29 anos, sexo masculino, procurou a

terapia com queixa de Depressão.

Não saía mais de casa, só ficava no quarto

deitado, não se encontrava com os amigos,

relatava ter um desânimo muito grande, não

estava conseguindo realizar nenhum tipo de

atividade e já havia tentado o suicídio.

Page 67: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

67

Análise Funcional:

Pode ser observar que os comportamentos

de Esquiva apresentados pelo cliente eram

mantidos pelo fato destes evitarem situações

que indicavam compromissos e também

responsabilidades.

A “Depressão” relatada pelo cliente

provavelmente já era produto de

contingências aversivas das quais o cliente

havia passado a se esquivar.

Page 68: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

68

O fato do cliente deixar de freqüentar

ambientes sociais ocorreu devido a relação

estabelecida entre estes locais e os assuntos

referentes à faculdade, trabalho e outros

tipos de responsabilidades que eram

evitados por parte do cliente.

Page 69: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

69

Principais conseqüências da Esquiva:

Perda do contato com reforçadores

positivos;

Recorrência de respostas emocionais ou

sentimento negativos;

Falta dos sentimentos positivos decorrentes

do contato com novas situações;

Aumento do potencial aversivo da situação

evitada;

Generalização de respostas emocionais

para outras situações;

Page 70: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

70

Tratamento: Durante o primeiro ano, foram reduzidos os

comportamentos de esquiva frente às

situações sociais, o que foi realizado com

êxito.

O cliente passou a sair mais vezes, deixou

de ficar em casa e arrumou uma namorada.

Decidiu, então, sair da casa de seus pais e

passar a morar em uma cidade vizinha, com

o objetivo de cursar uma faculdade.

Page 71: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

71

Alteração nas contingências:

Agora o cliente teria que assumir

determinadas responsabilidades e

compromissos, situação da qual ele evitava

por ser muito aversiva.

ANSIEDADE E ESQUIVA

Page 72: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

72

A terapeuta começou a trabalhar a esquiva

do cliente diante destas situações, as quais

envolviam responsabilidades e

compromissos.

Os comportamentos observados eram:

- faltar a faculdade

- não estudar

- chegar atrasado

- desmarcar a sessão

Page 73: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

73

O cliente justificava sua esquiva por meio de

comportamento privados, como:

“Não consigo estudar porque sou muito

ansioso”

“Não venho a terapia porque não tenho

vontade”

Sentimento Comportamento

Page 74: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

74

A esquiva emocional pode ser observada e

sinalizada pelo terapeuta.

O cliente deve aprender a tolerar sua

próprias reações emocionais e vivenciá-las

ACEITAÇÃO

Page 75: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

75

O que é a Aceitação?

Aceitar, de acordo com Kohlemberg e

Cordova (1994), significa tolerar as emoções

associadas com um estímulo aversivo sem

fugir, escapar ou atacar. É estar em contato

com os estímulos que evocam sentimentos

dolorosos.

Page 76: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

76

O cliente foi encorajado a permanecer nas

situações aversivas através de:

Treino de relaxamento e respiração;

Enfrentamento gradual da situação de

estudo;

Aceitação dos sentimentos evocados.

Page 77: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

77

Bloqueio da Esquiva:

Um outro procedimento adotado foi o de

reapresentar ao cliente o estímulo

discriminativo que, originalmente, evocou a

esquiva.

No caso, quando o cliente tentava justificar

ou deixava de responder sobre o

cumprimento de determinadas tarefas,

novamente lhe era perguntado sobre o

assunto, impedindo que a esquiva se

fortalecesse.

Page 78: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

78

A Importância do Contexto:

O bloqueio da esquiva deve ser aplicado

com moderação e em um contexto

baseado primordialmente por reforço

positivo

Funciona como estímulo aversivo e

acarreta todos os efeitos indesejáveis a ele

associados

Esquiva do tratamento

Page 79: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

79

Quando o bloqueio das esquivas de

responsabilidades e compromissos tornou-se

mais freqüente, e a terapia passou a assumir

uma função semelhante às demais

contingências do cliente, ou seja, de

cobrança...

Page 80: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

80

...o cliente abandonou

temporariamente o

tratamento terapêutico.

Page 81: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

81

Conclusão:

Mesmo havendo deixado a terapia, este

caso pode ser considerado de grande

sucesso no que diz respeito ao

enfrentamento das situações sociais.

O cliente, até então, não havia mais

apresentado crises de Depressão ou

tentativa de suicídio.

Page 82: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

82

Apesar de ser muito difícil o manejo do

comportamento de esquiva no contexto

clínico, ele é bastante freqüente e de possível

alteração. O que pode ser realizado a partir do

enfrentamento gradual destas situações e

aceitação dos sentimento evocados por estas

contingências.

Page 83: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

83

Pontos a serem destacados no tratamento dos transtornos de

Personalidade

-Reforçar padrões adequados de comportamento, mesmo que incipientes.

-Evitar feedback negativo para classes específicas de comportamento do cliente.

-Descrever junto ao cliente aspectos de sua história de vida que levaram a aquisição das dificuldades atuais, sem criticar os comportamentos inadequados.

-Validar expressão de sentimentos negativos e positivos. Mostrar compreensão e empatia. Para isso é importante não perder de vista a história de vida do cliente e a aquisição de tais comportamentos.

Page 84: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

84

-Criar condições na sessão para a expressão do

“eu” sob controle de estímulos privados. Fazer

exercício de associação livre; responder

questões pessoais, preferências por

determinadas situações, estimular verbalização

de sensações produzidas pelos cinco sentidos;

pedir opinião do cliente para várias situações e

valorizá-las, etc.

-Reforçar emissões controladas pelo “eu” como

estímulo privado.

-Manter consistência em termos de

relacionamento interpessoal e afetivo na

sessão.

-Manter consistência nas orientações.

Page 85: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

85

-Mostrar que alguns comportamentos são

inadequados, por exemplo, sensações de medo de

estar sendo perseguido, separando sempre a

compreensão do terapeuta de que o sentimento do

cliente é real, mas que a perseguição não está

acontecendo. Explicar que o medo proveniente de

situações passadas, e a falta de aprendizagem de

discriminações desses estados podem realmente levar

a interpretações erradas.

-Dar feedback a partir da análise funcional do contexto

dilui ou elimina a aversividade da técnica.

-Modificar a noção de causalidade do comportamento

do cliente. A visão de que o comportamento foi

aprendido retira a culpa do cliente. Investir nestas

análises.

Page 86: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

86

Enfatizar no que o indivíduo faz de melhor;

Fazer muitas perguntas sobre padrões funcionais

saudáveis. Examinar situações.

Desenvolver o papel ativo do cliente na sessão:

ajudar a procurar as causas de seu comportamento.

Não desqualificar emoções internas e imprevisíveis

do paciente, mas relacioná-las com suas ações e

com as contingências das quais emergem, durante o

processo de análise funcional.

Utilizar descrição colaborativa.

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87

Pontos comuns nas psicoterapias sobre os Transtornos de Personalidade(TP).

Segundo Livesly (2005), resultados de estudos

sugerem que terapias psicodinâmicas e

cognitivas são igualmente efetivas. Isto implica

que, tratamentos com visões diferentes podem

ser mais produtivos, combinando os

componentes mais eficazes de cada um, do

que competindo.

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88

TP envolve problemas centrais comuns a todos os casos, como também características especificas de acordo com os pacientes e a forma da desordem. Estratégias gerais são usadas durante todo o tratamento para dirigir-se ao problema principal do cliente . Intervenções especificas para cada caso são necessárias.

Características centrais das TP envolvem um mau desenvolvimento do sistema do self e problemas interpessoais crônicos.

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89

Postura mais apropriada para o tratamento de Desordens de Personalidade: prover suporte, empatia, e validação.

O tratamento deve maximizar os efeitos dos fatores comuns

Estes fatores têm componentes de suporte baseados no relacionamento terapêutico e na aprendizagem de novas experiências.

Page 90: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

90

O progresso do tratamento pode ser descrito como uma série de fases:

A primeira fase começa com o manejo da crise, onde o objetivo é assegurar a segurança do paciente e dos outros;

A segunda fase, tem como objetivo estabilizar sentimentos e impulsos e restabelecer o controle comportamental, na maior parte das vezes usando as estratégias gerais de psicoterapia, complementando com medicação apropriada.

Page 91: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

91

O terceiro estágio, controle e regulação, foca na redução dos sintomas e aprendizagem de habilidades de autocontrole de afetos e impulsos. Neste estágio as estratégias de tratamento geral são complementadas com intervenções comportamentais, cognitivas e farmacológicas.

Na quarta fase Exploração e mudança,a idéia é diminuir regras mal adaptadas, comportamentos interpessoais e comportamentos como a auto invalidação e alteração da percepção sobre conseqüências traumáticas.

Page 92: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

92

A última fase, integração e síntese, é um tratamento de longo-prazo. Este envolve a construção de um auto-sistema mais adaptativo e com representações integradas dos outros.

Page 93: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

93

Estratégias terapêuticas propostas

Intervenções genéricas são feitas no tratamento de TP de acordo com 4 estratégias: construir colaboração, manter consistência, validação, e construir motivação. Estas estratégias são utilizadas para modificar o problema central. Colaboração, por exemplo, ajuda a diminuir a desconfiança e modifica problemas de trabalho cooperativo. Similarmente, a consistência no relacionamento terapêutico modifica expectativas não previsíveis do inicio de relacionamentos. Validação ajuda a corrigir auto-injurias que retardam a formação de um self coerente. Finalmente, construir motivação ajuda a modificar a passividade e a baixa autoconfiança.

Page 94: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

94

Transtornos de

Ansiedade

Maria Zilah Brandão Instituto de Psicoterapia e Análise do

Comportamento – PsicC

e-mail: [email protected]

Page 95: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

95

Ansiedade : visão do behaviorismo

radical

Segundo Skinner (1994), a ansiedade é

uma condição vivenciada “... quando um

estímulo precede caracteristicamente um

estímulo aversivo com um intervalo de

tempo suficientemente grande para permitir

a observação de mudanças

comportamentais” (p.179).

Page 96: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

96

As respostas eliciadas no indivíduo quando

exposto ao estímulo aversivo original, podem

ser transferidas a estímulos neutros que

ocorram em um mesmo intervalo de tempo.

Essas respostas passam então, a se manifestar

em outras situações nas quais haja a presença

daqueles estímulos que antecederam

caracteristicamente a situação aversiva;

Assim, a presença de estímulos anteriormente

neutros, e então pareados a uma situação

aversiva, passa a caracterizar uma ameaça, ou

uma situação de risco potencial para o sujeito,

gerando ansiedade.

Page 97: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

97

OBSERVACÕES:

As técnicas comportamentais de exposição a

estímulos ansiogênicos e prevenção de

respostas de fuga-esquiva têm tido muito

sucesso, mas o reforçamento negativo não

parece ser o único processo que mantêm as

respostas de ansiedade;

Page 98: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

98

Contingências de reforçamento positivo para

comportamentos problemáticos, controle por

regras e baixa densidade de reforçamento para

repertórios sociais podem também estar

mantendo as respostas de ansiedade ou

evitação;

A Relação terapêutica reforçadora permite o

descondicionamento inicial da ansiedade e o

desenvolvimento de novos comportamentos

(mais adequados e portanto passíveis de

reforçamento) que permitirão a diminuição dos

repertórios de fuga-esquiva.

Page 99: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

99

Transtorno do Pânico

I-Definições:

É conceituado como medo aprendido de

certas sensações corporais associadas com

o Ataque de Pânico e a Agorafobia como

uma resposta comportamental à antecipação

de tais sensações ou sua evolução para um

Ataque de Pânico completamente

caracterizado (Craske & Barlow,1999).

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100

De acordo com DSM-IV, o Transtorno do pânico é uma desordem de ansiedade, caracterizada por ataques de pânico recorrentes e que pelo menos um dos ataques de pânico seja seguido de outro dentro de um mês com uma das características que se seguem: a) preocupação persistente sobre ter um outro ataque; b) preocupação com as conseqüências de um ataque: medo de perder o controle, ter um ataque do coração, ficar louco e; c) uma mudança significativa no comportamento relacionado com os ataques.

Page 101: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

101

II-Queixas do Cliente:

aversividade da crise

ansiedade antecipatória ou generalizada (medo de

ter medo)

medos subjetivos:

de ficar louco;

de morrer;

das reações corporais;

de pensamentos catastróficos

medo de lugares de onde não possa fugir no caso

de um ataque.

Page 102: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

102

III-Conseqüências dos Ataques

de Pânico:

generalização dos medos para outras

situações (situações novas, viagens,

desconhecido ou imprevisível);

aumento do repertório de fuga-esquiva;

déficit de atividades e de reforçadores;

queda na autoconfiança;

depressão (pelo isolamento e reclusão);

aumento da auto-observação corporal;

Page 103: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

103

Algumas sensações corporais tornam-se

indícios (eliciadores e discriminativos) de um

futuro ataque de pânico e o cliente fica

tentando livrar-se deles.

Page 104: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

104

IV-LEITURA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL

DO PÂNICO

Vulnerabilidade genética + fatores

ambientais desencadeadores (contato com

estímulos aversivos) + ganhos secundários

da queixa.

Sensações corporais = estímulos pré-

aversivos (indicam que algo ruim

acontecerá)

Page 105: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

105

1ª crise → sensações muito aversivas

associadas a outras reações corporais mais

leves e a situações ambientais levam a

respostas antecipatórias de ansiedade →

respostas de fuga-esquiva e agorafobia;

Manutenção e exacerbação dessas crises

pelo meio ambiente. Reforçamento de

padrões disfuncionais. Ex.: indivíduo evita

punição de algumas pessoas, evita trabalhos

desagradáveis e ganha atenção e respeito.

Page 106: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

106

Conseqüências para o cliente: diminui padrões

adequados de interação e aumenta queixas

relativas a sensações corporais e

comportamentos de fuga-esquiva;

Retomada do ciclo inicial: com o tempo, as

pessoas se cansam e punem o comportamento

do cliente e tendem a se afastar dele.

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107

V-Tentativas de solucionar o problema:

controlar os pensamentos catastróficos;

controlar a ansiedade e as reações corporais

associadas a elas;

evitar ou fugir das situações que podem

produzir ansiedade;

buscar as razoes dos ataques de pânico.

-Todas essas tentativas não funcionaram e não

funcionarão. Por que?

Page 108: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

108

VI- Procedimento: 1. Plano de Tratamento 30 a 50 sessões de cinquenta minutos

cada – uma ou duas vezes por semana; 9 a 10 meses de tratamento; Acompanhamento psiquiátrico e

psicológico. 2- Psicodagnóstico: Dinâmico, com o

objetivo de identificar o problema (diferente da queixa), a especificidade de cada caso.

Page 109: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

109

3- Tratamento: técnicas

3.1 Estratégias para lidar diretamente com

componentes comportamentais dos ataques

de pânico:

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110

3.1 3.1.1. Ansiedade antecipatória ou medo de

ter medo:

a) Terapia de Aceitação e Tolerância Emocional. Uso da

F.A.P. (Psicoterapia Analítico Funcional) e bloqueio das

respostas de fuga-esquiva.

b) Exercícios de relaxamento e treino em respiração para

reduzir ansiedade por meios naturais;

c) Exercícios de percepção corporal e discriminação de

sensações e sentimentos;

d) Exercícios sistematizados ou auto-programados de

exposição interoceptiva (Paes da Barros, 1999)

-

Page 111: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

111

3.1.2. Sensações de despersonalização ou

medo de ficar louco:

a) Fortalecimento do “self” (perspectiva permanente de

observação e análise exclusiva de cada um de nós),

desenvolver o senso do self por meio da relação

terapêutica. Demonstrar que a pessoa não é seu

comportamento. (Hayes, 1987).

b) Exercícios de discriminação entre pensamentos e

realidade. “Separar o que é do que pensa que é”. Ex.:

Eu vou morrer e morrer de fato.

c) Exercícios para demonstrar que pensamento e

sentimento não levam necessariamente a ação (perder

medo dos pensamentos catastróficos).

Page 112: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

112

Situação

Pensamentos

Sentimentos

ou Ação

Ex.: posso ter um ataque de pânico e não ter

pânico. (Gentil, 1997)

3.1.3. Ausência de Informação do Problema

a) Fornecer informação científica sobre aquisição e

extinção de respostas condicionadas de ansiedade;

Page 113: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

113

Fuga Aumenta Ansiedade

Bloqueio de Esquiva e Enfrentamento = Extinção

Page 114: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

114

Próximas Exposições

a) Possibilitar compreensão dos aspectos filogenéticos

do medo e da ansiedade.

3.1.4. Técnicas Comportamentais:

a) Treino respiratório

Page 115: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

115

b) Relaxamento - reduzir medo e ansiedade na

medida em que o relaxamento produz senso de

controle e domínio.

O relaxamento e o treino em respiração são

respostas incompatíveis com a tensão que ocorre

durante o ataque de pânico.

Page 116: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

116

c) Exposição - É a técnica utilizada para

vencer a esquiva fóbica. Refere-se à

confrontação ou aproximação repetida ao

objeto ou situação temida, até que o medo

ou a esquiva diminua de intensidade.

Pode ser por inundação ou gradual (no

caso constrói-se hierarquia de situações que

causam ansiedade); pode ser por exposição

interoceptiva ou situacional. Também pode

se ao vivo ou por imagens.

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117

3.2. Analise funcional do Problema: Identificar os eventos antecedentes e as

mudanças ambientais decorrentes das crises ou queixas pertinentes ao pânico;

Identificar outros padrões comportamentais associados a ele;

Verificar em que direção o pânico mudou a vida do cliente;

Levantamento de alternativas para satisfação das necessidades emocionais que concorram com a atenção dada ao problema. Diminui a resistência ao tratamento;

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118

VII-Considerações finais:

1. O tratamento contextual e analítico

funcional enfatiza:

a) Exposição às próprias reações emocionais;

b) A relação terapêutica

c) A análise funcional do comportamento

Page 119: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

119

VIII-Material para o cliente

Ansiedade: Como lidar com esse problema

Lembre-se que:

1. O pensamento é algo que existe e é um tipo de

comportamento da pessoa, mas o pensamento é

diferente da realidade. Aliás, o pensamento pode ter

maior ou menor semelhança com a realidade dos fatos,

mas ele nunca é o fato.

Essa semelhança depende da situação atual, da

história de vida da pessoa, do nível de ansiedade dela

no momento e da forma como ela vê o mundo.

Page 120: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

120

É importante, que ao sentir emoções negativas

associadas a pensamentos catastróficos a pessoa

tende diferenciar o pensamento negativo exagerado,

da realidade dos fatos.

Saber que está reagindo ao pensamento é importante

e aumenta a chance da pessoa separar “o que é” do

que “pensa que é”.

2. Os meus pensamentos e sentimentos por mais

conturbados que estejam não desestruturarão o meu

“self”. Eu sou mais do que eu sinto, preciso e faço. Eu

sou (self) quem observa tudo isso.

Page 121: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

121

3. Um outro comportamento importante quando se

está ansioso é aceitar a ansiedade.

Isto significa não ter medo das próprias ações

corporais. Entenda-as como respostas normais e

adequadas a situação perigosa ou ao

pensamento amedrontador, como é o caso a que

estamos nos referindo agora.

4. A última orientação refere-se à necessidade de

relaxar a musculatura do corpo e a respirar

corretamente nestas situações. Inspire pelo nariz

(boca fechada) e solte o ar pela boca.

Page 122: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

122

5. É fundamental você se lembrar que não dá para

exercer controle absoluto sobre o mundo, sobre

os fatos ou sobre si mesmo. Aceite o que foge ao

seu controle. Não se esqueça desta frase: “Deus

me dê força para controlar o que posso,

humildade para aceitar o que não posso

controlar e a sabedoria para perceber a diferença

entre as duas primeiras”. (A.A.A.).

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123

TRANSTORNO

OBSESSIVO-COMPULSIVO.

I-Introdução

A analise do comportamento oferece uma

proposta eficaz, experimentalmente embasada,

de atendimento individual ou em grupo para o

tratamento do TOC.

É objetivo desse trabalho apresentar as

principais técnicas para o tratamento do TOC,

assim como contextualizar e discutir sua

aplicação clinica.

Page 124: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

124

II – DEFINIÇÃO (DSM-IV-TR):

Transtorno Obsessivo-Compulsivo – caracteriza-

se por obsessões (que causam acentuada ansiedade

ou sofrimento) e/ou compulsões (que servem para

neutralizar a ansiedade).

OBSESSÕES: pensamentos, impulsos ou imagens

recorrentes e persistentes que, em algum momento

durante a perturbação, são experimentados como

intrusivos e inadequados e causam acentuada

ansiedade ou sofrimento.

Page 125: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

125

COMPULSÕES: comportamentos repetitivos

(p.ex., lavar as mãos, organizar, verificar) ou

atos encobertos (p.ex., orar, contar ou repetir

palavras em silêncio) que a pessoa se sente

compelida a executar em resposta a uma

obsessão ou de acordo com regras que devem

ser rigidamente aplicadas.

Visam prevenir ou reduzir o sofrimento ou evitar

algum evento ou situação temida; entretanto,

esses comportamentos ou atos encobertos não

têm uma conexão realista com o que visam

neutralizar ou evitar ou são claramente

excessivos.

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126

III-Variáveis ambientais relacionadas com a instalação e manutenção do TOC:

Reforçamento negativo: as respostas de esquiva no TOC (compulsões) têm a função de evitar a ocorrência das obsessões incômodas ou de evitar um evento/ estímulo de conotação ameaçadora. As variáveis que exercem controle operante sobre a emissão dessas respostas são estímulos pré-aversivos (ex. um ambiente no qual as obsessões geralmente ocorram), as quais as conseqüências punitivas tenham sido pareadas, e também algumas operações estabelecedoras (ex. ambiente rico em estimulação aversiva), por serem essas responsáveis pelo aumento do valor de reforçamento negativo contingente as esquivas bem sucedidas.

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127

Também ocorre reforçamento

negativo através da retirada de eventos

aversivos, tais como tarefas e

responsabilidades.

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128

Reforçamento positivo: reforçadores sociais

importantes como atenção, elogios, contato

afetivo, podem controlar a emissão de respostas

obsessivo-compulsiva. Isso por que essas

respostas podem, em algumas circunstâncias,

proporcionar um desempenho desejável pela

sociedade. Por ex.: quando uma criança é

reforçada pelos pais por manter seus cadernos

impecáveis pelo excesso de cuidado.

É importante ressaltar que, muitas vezes, esse

esquema de reforçamento positivo é utilizado de

forma inconsistente (intermitente), ou seja, ora a

comunidade pune ora reforça fortalecendo ainda

mais o comportamento.

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129

Diminuição dos reforçadores sociais: isso

ocorre quando a família, por exemplo, deixa

de exigir do indivíduo o cumprimento de

determinadas responsabilidades em função

de sua “doença”, considerando, muitas

vezes, a pessoa incapacitada para outras

atividades. Assim, as ações dos clientes são

minimizadas ainda mais, o que acaba por

reduzir os contatos sociais possivelmente

reforçadores.

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130

Déficits de habilidades: podem ser o próprio

resultado dos comportamentos obsessivo-

compulsivos, bem como o elemento principal

envolvido na manutenção e gênese do

problema.

Acredita-se que os déficits em algumas dessas habilidades dificultem o acesso a reforçadores que os comportamentos obsessivo-compulsivos permitem. No entanto, esta relação é precária, pois o TOC acaba, a médio e a longo prazo, trazendo outras dificuldades a vida do indivíduo como: perda de relacionamentos satisfatórios, diminuição de oportunidades, privação de contato com reforçadores importantes (agravamento do caso).

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131

Nesse sentido, as respostas obsessivo-

compulsivas podem ocorrer sob controle de

reforçamento positivo e negativo, em

configurações de contingências bastante

complexas. Por esta razão, a atribuição da

eliminação das obsessões como explicação

para as compulsões seria insuficiente.

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132

IV – PASSOS INICIAIS

A) Avaliação do paciente em relação ao TOC e a seu funcionamento geral

História de vida passada e atual

História desenvolvimento do problema

Levantamento do repertório comportamental atual

Tratamentos anteriores

Expectativas da Terapia

B) Levar o paciente a reconhecer os possíveis prejuízos do TOC sem tratamento ( adesão)

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133

C) Caracterização cuidadosa do TOC:

Comorbidades;

Tipos de obsessões e compulsões

(freqüência , durações,etc);

Situações que favorecem o TOC;

Observações e eventual aplicação de

escalas.

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134

D) Estabelecimento de um relacionamento

terapêutico sólido. Objetivos:

Favorecer a adesão ao tratamento;

Instalar esperança (contar os casos bem

sucedidos, as pesquisas com bons

resultados);

Especial atenção para clientes mal-sucedidos

em outras terapias – buscam auxílio pela

última vez;

Compensar a aversividade das técnicas.

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135

E) Estabelecer objetivos do tratamento comportamental

Construir vínculo terapêutico;

Identificar as prováveis variáveis ambientais das quais o comportamento obsessivo-compulsivo é função Realizar Análise funcional do comportamento;

Ensinar ao paciente e familiares sobre as características do TOC e sobre seu tratamento, apontando soluções, incentivando participação familiar e prevenindo desistências.

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136

V- TÉCNICAS

A) Exposição a estímulos ansiogênicos e

prevenção de respostas ritualísticas:

É a técnica comportamental mais utilizada e

que tem apresentado os melhores resultados;

Pode ser ao vivo ou imaginária; gradual ou

implosiva;

Enriquecida pela visão analítico-

comportamental.

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137

Passos:

a) Listar as situações que geram maior ansiedade

e que levam ao aparecimento de obsessões e

compulsões.

Por ex: Uma paciente com medo de se sujar ou

contaminar sua casa, evita entrar no seu quarto

ou trocar de roupa sem antes tomar um banho

demorado para desinfetar-se (3 horas de banho

com 8 sabonetes).

A mesma paciente não come depois do banho

para não sujar-se ou contaminar-se novamente.

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138

b) Listar o conteúdo das obsessões e compulsões.

Ex : Mania de limpar tudo, pensamento de que

pode haver contaminação.

c) Hierarquizar as situações dos mais difíceis as

mais fáceis para fazer enfrentamento ou

exposição. Ex: Cliente que não come fora da

cama e que não anda no seu próprio carro.

Como começar?

d) Persuadir o cliente da importância da exposição

e da prevenção de respostas. Lembre-se : É um

procedimento aversivo!

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139

e) Levar o paciente a: Tolerar sensações e

emoções provenientes do enfrentamento. Ele

será levado a “ viver o que evita sentir”, “ fazer o

que não faz” , “pensar no que não gosta”;

f) Levar o paciente a correr os riscos potenciais

que evita ao emitir esquivas e rituais, com ajuda

do terapeuta e familiares. Questionar os riscos.

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140

g) Levar o paciente a concluir, vivenciando, que o

sofrimento (ansiedade ou obsessão)

desaparecem lentamente, sem a emissão de

rituais.

Ex: Uma cliente que não dorme na sua própria

cama, foi levada a fazê-lo com a ajuda da mãe,

tendo ficado 3 horas seguidas com níveis altos

de ansiedade e com pensamentos obsessivos de

contaminação. Depois dormiu (na cama).

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141

B) análise funcional:

a) Identificar as função do TOC na vida do cliente e modelar comportamentos adequados que possam atingir os mesmos objetivos que as obsessões ou compulsões;

b) Desenvolver repertórios comportamentais nunca antes adquiridos ou desaprendidos em função do TOC (estabelecer comportamentos concorrentes ao TOC);

c) Modelar a visão analítico-comportamental no repertório do cliente;

d) Analisar a relação terapêutica segundo a visão da psicoterapia analítico-funcional.

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142

OBSERVAÇÕES:

a) Em casos em que há apenas compulsão, sem identificação do pensamento obsessivo, a técnica permanece a mesma: impedir ou bloquear a compulsão e observar as situações onde ela ocorre.

b) No caso de obsessões e compulsões “mentais”, forçar a manutenção do pensamento por meio de relatos verbais, história, gravações, até que a ansiedade desapareça.

Ex: Cliente que sofre de modo patológico a perda de um relacionamento amoroso, tem que lembrar obsessivamente de fases boas do relacionamento, da seqüência delas no momento em que aconteceram, várias vezes. Cliente acredita que se entender e decorar tudo, vai parar de pensar no rapaz.

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143

VI – OUTRAS TÉCNICAS EFICAZES:

Modelagem (de comportamento de aproximação ou enfrentamento);

Modelação (dos modelos de enfrentamento);

Treinamento de mediadores e orientação familiar;

Inundação associada a modelação – Terapeuta faz, depois leva o cliente a fazer;

Indicar leituras, sites cientificamente atualizados e conversas com pessoas que se beneficiaram do tratamento;

Técnicas de resolução de problemas, se necessário.

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144

VII-OBSERVAÇÕES FINAIS:

As técnicas comportamentais (TC) são as

mais eficazes (exposição e prevenção de

respostas);

É essencial a Análise Funcional do caso;

O modelo de fuga-esquiva é insuficiente,

sendo necessário a leitura da funcionalidade

do TOC na vida do cliente;

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145

Cabe ao analista do comportamento investigar as possíveis variáveis que estão mantendo o comportamento-problema e atuar na modificação de contingências, buscando a diminuição do sofrimento do cliente, tratando-se de quaisquer comportamentos, inclusive os que tipicamente, caracterizam o TOC;

Para a análise do comportamento, os comportamentos exibidos por uma pessoa, que levariam a afirmar que ela “possui um TOC”, foram selecionadas durante sua história de vida por processos idênticos aos que selecionaram os comportamentos ditos “normais”, de outras pessoas.

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146

O QUE É TOC O QUE NÃO É TOC

Adultos Crianças e

adolescentes

Adultos Crianças e

adolescentes

Um homem que

lava suas mãos

100 vezes por

dia, até elas

ficarem

vermelhas e em

carne viva.

Um garoto de 14

anos que se

atrasa todo dia

para ir à escola

pois não

consegue sair do

chuveiro até que

tenha se

ensaboado e

enxaguado

exatamente 41

vezes.

LIMPANDO

LAVANDO

Uma mulher que

infalivelmente

lava suas mãos

antes de cada

refeição.

Uma garota de

16 anos que

gasta 20 minutos

lavando e

cuidando de

seus cabelos

todos os dias

antes de ir para

a escola.

Uma mulher que

fecha e torna a

fechar sua porta

antes de ir para

o trabalho todo

dia por meia

hora.

Uma criança que

checa inúmeras

vezes se o

interruptor da luz

está desligado,

mesmo

parecendo ser

óbvio que a luz

está apagada.

CHECANDO

QUESTIONANDO

VERIFICANDO

Uma mulher que

verifica e torna a

verificar se a

porta de casa e

as janelas estão

fechadas todas

as noites antes

de ir para a

cama.

Uma criança que

verifica e torna a

verificar se as

luzes estão

apagadas

quando ela sai

do quarto,

exatamente

como seus pais

lhe ensinaram a

fazer

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147

O QUE É TOC O QUE NÃO É TOC

Adultos Crianças e

adolescentes

Adultos Crianças e

adolescentes

Um homem que

guarda por 19

anos jornais "por

acaso" sem

nenhum sistema

de arquivamento

ou busca.

Uma criança que

guarda fósforos

usados para se

proteger contra

um eventual

incêndio em sua

casa.

COLECIONANDO

ACUMULANDO

Uma mulher que

dedica todo seu

tempo livre e

dinheiro para

montar sua

coleção de arte.

Uma criança cuja

parede do quarto

está coberta com

flâmulas de

todos os seus

times de

esportes

favoritos.

Um estudante do

colegial que

necessita bater

de leve na

moldura da porta

toda a aula, 14

vezes antes de

entrar.

Uma garota de 7

anos que não

consegue parar

de saltar sobre a

guia da calçada

até que ela tenha

feito isso 99

vezes, pois ela

teme que algo

horrível possa

acontecer com

sua mãe se ela

não o fizer.

CONTANDO

REPETINDO

Um músico que

repete uma

passagem difícil

várias e várias

vezes até obter a

perfeição.

Uma garota de 5

anos que se

diverte com seus

amigos enquanto

salta sobre

pedras na

calçada

cantando a

musica " pulando

na pedra, terei

minha mãe

comigo"

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148

O QUE É TOC O QUE NÃO É TOC

Adultos Crianças e

adolescentes

Adultos Crianças e

adolescentes

Uma mulher que

gasta horas

colocando em

ordem alfabética

todos os itens do

armário da

cozinha, e

necessita colocar

todas as suas

roupas

organizadas por

cor.

Um garoto de 5ª

série que não

consegue deixar

o vestiário da

escola até que

seu tênis esteja

com o laço

amarrado

simetricamente.

ARRANJANDO

ORGANIZANDO

Um executivo

que não deixa

seu escritório até

que sua mesa

esteja limpa e

suas gavetas

vazias.

Um rapaz de 17

anos que gosta

de arrumar as

mercadorias na

prateleira na loja

onde trabalha

Tabela retirada do site www.astoc.org.br - Associação

de Portadores de Síndrome de Tourette, Tiques e

Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Page 149: 129139795 Analise Do Comportamento e Os Transtornos de Personalidade

149

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