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ISSN 1519-0412 vol. IX nº 35 jan./mar. 2007

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ISSN 1519-0412

vol. IX nº 35 jan./mar. 2007

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Ficha catalográfica

P418 PensarContábil,v.1,n.1,ago.1998-. -RiodeJaneiro:CRC-RJ,1998-.

Trimestral ISSN1519-0412

1.Contabilidade.I.ConselhoRegionalde ContabilidadedoEstadodoRiodeJaneiro

CDU–657

Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de JaneiroPraça Pio X, 78 - 6º, 8º e 10º andares - Rio de Janeiro - RJCEP: 20091-040 • tel.: (21) 2216-9595 - fax: (21) 2516-0878www.crc.org.br Envio de artigos e assinatura: [email protected] de impressão: março/2007Tiragem: 2.000 exemplares

ISSN 1519-0412Distribuição: por assinatura anual (R$ 16,00)Atendimento ao assinante -tel.: (21) 2216-9544 / fax: (21) 2516-9268

ExpedienteConselho Diretor do CRC-RJ

Antonio Miguel FernandesPresidente

Carlos de La RocqueVice-presidente

Francisco José dos Santos AlvesVice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional

Lílian Lima AlvesVice-presidente de Administração e Finanças

Nelma Bello Goulart de AlbuquerqueVice-presidente de Fiscalização e de Ética e Disciplina

Carlos Alberto do NascimentoVice-presidente de Registro Profissional

Cezar StagiVice-presidente de Interior

CONCEITO QUALIS/CAPES: LOCAL C

Corpo EditorialFrancisco José dos Santos AlvesRio de Janeiro - RJEditorDoutor em Contabilidade e Controladoria – FEA/USPProfessor da Universidade Estácio de SáProfessor da UERJ

Antonio Miguel FernandesRio de Janeiro - RJMestre em Ciências Contábeis – UERJProfessor da Faculdade Moraes Júnior, da EPGE da FGV Management e do CPGE da UCAM

José Alonso BorbaFlorianópolis - SCDoutor em Contabilidade - USPProfessor da UFSC

Josir Simeone GomesRio de Janeiro - RJPós-doutorado em Controle de Gestão na Universidade Carlos III de MadridProfessor da UERJ

Maria Thereza Pompa AntunesSão Paulo - SPDoutora em Controladoria e Contabilidade – USPProfessora Adjunta – Universidade Presbiteriana Mackenzie/FAAP

Nahor Plácido LisboaSão Paulo - SPDoutor em Controladoria e Contabilidade – FEA/USPProfessor da FEA/USP e Pesquisador da FIPECAFI

Sandra Maria dos SantosFortaleza - CEPós-Doutorado em Economia Regional e Urbana – UFPE/PIMESDoutora em Economia Industrial – UFPE/PIMES Editora Chefe da Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão

Waldir Jorge Ladeira dos SantosRio de Janeiro - RJMestre em Contabilidade Financeira – UERJProfessor da UERJ, da Faculdade Moraes Junior e da EPGE da FGV Management

Jornalista responsável: Alessandra Vale (Mtb 21.215)Capa e diagramação: Renata AguiarRevisão: Carlos NouguéProdução editoral: Cajá - Agência de ComunicaçãoApoio administrativo: Fátima Bacelo, Paula Ribas e Patrícia Silva

“As opiniões emitidas em artigos são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução de qualquer matéria, desde que citada a fonte.”

PensarContábil

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Editorial

Sumário

A Qualidade da Informação de Custo Considerando-se Diferentes Necessidades e Diferentes Métodos de Custeio 5Rosana Carmen de Meiroz Grillo Gonçalves Adriana Cristina da Silva

A Importância da Capacitação do Contabilista para o Uso de NovasTecnologias de Informação 11José Paulo Cosenza Luiz da Costa Laurencel

Medidas de Avaliação de Desempenho para Planejamento e Controle 20Janaína Senra Silva

Utilização do Modelo ISAR/UNCTAD: uma Análise comparativa 27Aracéli Cristina de Sousa Ferreira André Luiz Bufoni Natiara Penalva Muniz

Informação Meio Ambiental para os Stakeholdersdiante da Concepção do Balanced Scorecard 35Roseane Patrícia de Araújo Silva Freire Fabiana de Cássia de Araújo Silva

Regulamentação das Seguradoras Brasileiras – A proteção dos beneficiários 40Márcia Maria Oliveira Revoredo Fernando Pereira Tostes

Francisco José dos Santos Alves Vice-Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional

Uma publicação do

Nesta edição, publicamos três trabalhos dos seis classifi-cados no Prêmio Geraldo de La Rocque. “A Importância da Capacitação do Contabilista para o Uso de Novas Tecno-logias de Informação”, classificado em 1º lugar, busca dis-cutir a importância do sistema de informação contábil e das inovações tecnológicas para a análise de dados; “Medidas de Avaliação de Desempenho para Planejamento e Contro-le”, classificado em 2º lugar, objetiva discutir as diversas medi-das utilizadas no processo de avaliação de desempenho com destaque para o capital intelectual; e “Utilização do Modelo ISAR/UNCTAD: uma Análise Comparativa”, um dos traba-lhos classificados em 3º lugar, teve a finalidade de comparar as informações divulgadas pelas empresas com o modelo pro-posto pelo ISAR/UNCTAD. Na próxima edição, publicaremos mais trabalhos classificados.

Além desses, temos mais três artigos: “A Qualidade da Informação de Custo Considerando-se Diferentes Neces-sidades e Diferentes Métodos de Custeio”, que trata da im-portância da gestão de custos para que as entidades sejam competitivas e ofereçam bens e serviços com qualidade; “In-formación Medioambiental para los Stakeholders frente a la Concepción del Cuadro de Mando Integral”, que tem como intuito enfocar a importância da informação meio am-biental para os stakeholders diante da concepção do Balanced Scorecard; e “Regulamentação das Seguradoras Brasilei-ras – a Proteção dos Beneficiários”, que pretende analisar como a regulação das atividades das seguradoras protege os direitos dos segurados.

Summary

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 3 - 4, jan./mar. 2007

Costs Information Quality Considering Different Information Needed and Different Costs Measurement Methods 5Rosana Carmen de Meiroz Grillo Gonçalves Adriana Cristina da Silva

The Importance of the Accountant´s Proficiency in the Use of New Information Technology 11José Paulo Cosenza Luiz da Costa Laurencel

Evaluation of Performance Methods for Planning and Management 20Janaína Senra Silva

ISAR/UNCTAD Model Utilization: a Comparative Analysis 27Aracéli Cristina de Sousa Ferreira André Luiz Bufoni Natiara Penalva Muniz

Información Medioambiental para los Stakeholdersfrente a la Concepción del Cuadro de Mando Integral 35Roseane Patrícia de Araújo Silva Freire Fabiana de Cássia de Araújo Silva

The Regulation of the Brasilian Insurance Companies –The protection of the insured customers 40Márcia Maria Oliveira Revoredo Fernando Pereira Tostes

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CRC-RJ Conselho Regional de Contabilidade do RJPensar Contábil

Orientações aos colaboradores da Revista Pensar ContábilPerfil temático e objetivos da publicação:A Revista Pensar Contábil é um periódico trimestral do Conselho Regional de Contabilidade, existente desde agosto de 1998 e tem como missão a divulgação de artigos relevantes na área de contabilidade, com o objeti-vo de fomentar a pesquisa.

Mecanismo de avaliação de artigos:Podem encaminhar artigos para a revista colaboradores do Brasil e do exterior.Os artigos recebidos são avaliados pelo Corpo Editorial e consultores externos, através do sistema double blind review, não sendo conhecidos os autores durante a avaliação.Os artigos são apreciados e pontuados para uma edição específica da revista.

Envio e regras para publicação de artigos:Os artigos deverão ser inéditos, podendo estar no idioma português, espanhol ou inglês. Devem ser encami-nhados para o e-mail [email protected], nos prazos e características a seguir:

Para publicação na Revista número Prazo para receber artigos 36 – Abr/Mai/Jun - 2007 31/03/07 37 – Jul/Ago/Set - 2007 30/06/07 38 – Out/Nov/Dez - 2007 29/09/07

a) em folha de rosto, deverá constar: - o título do artigo; - identificação e qualificação do(s) autor(es) constando: o nome completo, número de registro (se for o caso), for-

mação e qualificação profissional e/ou acadêmica (no caso de citar instituição de ensino, informar também o CEP, Cidade e UF correspondente);

- endereço completo, telefone, fax e e-mail do(s) autor(es);b) a estrutura de apresentação do artigo deverá conter: título do artigo, resumo e palavras-chaves, assim como os

mesmos tópicos em inglês (title, abstract, key words), introdução, desenvolvimento e conclusão;c) a bibliografia completa deverá ser apresentada em ordem alfabética no fim do texto, de acordo com as normas da

ABNT (NBR-6023 revisada);d) a formatação do artigo deve ser: - digitado em Word, tamanho A4, fonte Times New Roman; - fonte tamanho 12 para texto e tamanho menor para citações de mais de 3 linhas, notas de rodapé, paginação e

legendas das ilustrações e tabelas; - as folhas devem apresentar margem esquerda e superior de 3 cm; direita e inferior de 2 cm; - entrelinhas simples; - alinhamento justificado;e) os artigos deverão estar redigidos em português. Os artigos de autores do exterior serão publicados em inglês,

espanhol ou português, conforme o caso;f) os artigos deverão ter no mínimo 10 e no máximo 15 páginas;g) os artigos deverão ter sido completa e perfeitamente revisados;h) o autor deverá encaminhar “DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE E TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS

AUTORAIS”, devidamente assinada, para o endereço do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro (CRC-RJ), A/C da Revista Pensar Contábil. O modelo da Declaração encontra-se no site do CRC-RJ, (www.crc.org.br) na parte destinada à Revista.

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 3 - 4, jan./mar. 2007

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CRC-RJ Conselho Regional de Contabilidade do RJ Pensar Contábil

Artigo recebido em 29/09/2006 e aceito em 25/10/2006.

A Qualidade da Informação de Custo Considerando-se Diferentes Necessidades e Diferentes Métodos de CusteioResumo

Para que as entidades sejam competitivas e ofereçam bens e serviços com qualidade à sociedade, é fundamental a gestão de seus custos. Constantes mudanças ambientais têm levado os sistemas responsáveis pela gestão de custos a se reestruturarem de forma a atender diferentes necessidades informacionais. Com esta prerrogativa, este estudo esboça três horizontes de análise por meio dos quais os métodos de custeio podem ser comparados. Os métodos são analisados segundo a utilidade, confiabilidade e valor de feedback das informações por eles geradas. É discutida a importância fun-damental desta análise na escolha de um método de custeio e de um sistema de custos que produzam informações de valor agregado ao processo decisório.Palavras-chave: método de custeio, sistema de custo, qualidade da informação contábil.

AbstractThe management of the costs of organizations is funda-

mental for competing and offering services and goods with quality for society. Constant environmental changes have caused the cost management systems to be rebuilt and to present different types of information. With this prerogative, this study presents a framework with three approaches for studding and comparing the cost measurement methods. This framework considers the informational characteristics: utility, reliability, and feedback value. The fundamental impor-tance of using this analytical framework in cost measurement method choice and in the decision process value-adding cost systems choice is discussed.Key words: cost method, cost system, accounting information quality.

1. IntroduçãoO ambiente de competitividade global, que exige alta qua-

lidade e preços moderados, tem levado as empresas a re-pensar seus sistemas de custo, que passam a desempenhar papel fundamental nos processos de gestão.

A informação de custo, anteriormente focada no forneci-mento do melhor custo do produto, passa a atender a outras exigências. Brummer (1997) afirma que: “Se antes, as em-presas tinham a prerrogativa de definir seus preços a partir da aplicação da margem de lucro desejada sobre os custos, a realidade contemporânea praticamente inverteu esta equa-ção. O lucro passou, então, a ser obtido pela diferença entre o preço agora determinado pelo mercado competitivo – e os

custos, estes sim sujeitos à administração da empresa”.As novas necessidades ou exigências informacionais in-

cluem, por exemplo:• a de fornecer custos dos processos e de melhorias, obje-

tivando-se a otimização eficiente no uso de recursos, e• a de entender os custos dos produtos do desenvolvi-

mento à fabricação (custo-meta) (TANI et al, 1994; CLIF-TON et al, 2003), e também nas fases posteriores de distri-buição e pós-venda.

As novas necessidades informacionais fazem com que o estudo comparativo dos métodos de custeio, que anterior-mente se preocupava basicamente com a qualidade da men-suração (que deveria ser o menos arbitrária possível), passe a analisar a utilidade, a confiabilidade e o valor de feedback das informações geradas. Esses três requisitos ou qualida-des da informação contábil foram amplamente discutidos por Hendriksen e Van Breda (1992) e no pronunciamento con-ceitual nº 2 do FASB3 (1980), que aborda as características qualitativas da informação contábil.

Este trabalho pretende apresentar a visão de diferentes autores sobre as exigências relativas às informações de cus-to que sejam úteis no processo decisório (item 2), tratando da confiabilidade dos sistemas de custeio mais utilizados (item 3), e, finalmente, discutindo as ações corretivas decorrentes das informações de custo que acusem desvios das metas previstas, ou seja, o potencial de feedback das informações de custo (item 4).

2. Utilidade da Informação de Custosa) Decisões Baseadas em Informações de Custos

As necessidades gerenciais quanto às informações de custos têm evoluído ao longo do tempo, tanto devido à ne-cessidade de implementar estratégias competitivas, como devido às mudanças trazidas por tecnologias inovativas.

1 FEA/USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo – CEP 14049-000 – São Paulo – SP.2 IFUSP/USP – Instituto de Física de São Paulo – Universidade de São Paulo – CEP 05508-090 – São Paulo – SP.3Financial Accounting Stantards Board.

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 5 - 10, jan./mar. 2007

Rosana Carmen de Meiroz Grillo GonçalvesRibeirão Preto – SPProfessora Doutora – Depto. de C.Contábeis – FEA/USP1

Doutora em Física Aplicada – USP2

[email protected]

Adriana Cristina da SilvaRibeirão Preto – SPProfessora Assistente do Depto. de C.Contábeis – FEA – RP/USP1

Mestre em Ciências Contábeis e [email protected]

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O atendimento dessas necessidades tem se beneficiado da tecnologia de informação atual, capaz de viabilizar a gera-ção de informações paralelas e complementares por dois ou mais sistemas de custos.

Na tentativa de melhor situar essa evolução, vale a pena comparar os quadros 1 e 2, que, apesar de retratarem pes-quisas em diferentes ambientes, auxiliam na visualização de como a demanda por informação de custos pode divergir ao longo do tempo. O quadro 1 retrata as decisões empre-sariais, em ordem decrescente de importância, baseadas nas informações dos sistemas de custos, reportadas pela Price Waterhouse no ano de 1994 e apresentadas por Ching (1995).

Quadro 1 – Decisões baseadas em informações sobre custos

Tipos de decisões1) Estabelecimento de preço (pricing)2) Gerenciamento de desempenho3) Controle de Custos4) Análise de Novos Produtos5) Estratégia de Mercado6) Mudança na engenharia de produtos/processos7) Compra ou Fabricação (terceirização)8) Justificativa de Investimento

Fonte: CHING, 1995.

O quadro 2 mostra o uso das informações de custo, gera-das a partir de sistemas de custos baseados no custeio por atividades, por diferentes empresas inglesas no ano de 1995. Tais dados foram extraídos de Innes e Mitchell (1995). As de-cisões estão escritas em ordem decrescente do número de menções pelos entrevistados. O uso mais citado é em deci-sões de redução de custo. Isso revela indícios de mudanças no uso das informações de custo, outrora (quadro 1) usadas maciçamente no processo de estabelecimento de preços.

Em 2000, Innes, Mitchell e Sinclair (2000) publicaram um artigo comparando os resultados encontrados anteriormente por Innes e Mitchell (1995) com dados referentes a 1999, tendo encontrado resultados semelhantes quanto à utiliza-ção da informação de custos.

Quadro 2 – Decisões baseadas em informações sobre custos

Tipos de decisões 1) Redução de Custos 2) Pricing de Produtos/Serviços 3) Mensuração/ melhoria de desempenho 4) Modelagem de Custos 5) Orçamentos 6) Análise de Rentabilidade de Clientes 7) Decisões sobre volume de produção / linha de produtos 8) Criação de Novos Produtos/Serviços 9) Avaliação de Estoques10) Outras Aplicações

Fonte: INEES; MITCHEL, 1995.

O quadro 3 descreve a importância das informações de custo segundo Dunk (2004). Esse autor aponta primeira-mente o uso das informações para uma melhor avaliação da eficácia do planejamento. Os custos reais e orçados de-vem ser comparados distinguindo-se os estágios nos ciclos

de vida de produtos e processos. Os trabalhos relacionados aos custos no ciclo de vida dos produtos classificam-nos em quatro estágios: estágio de lançamento do produto, estágio de crescimento das vendas, estágio de maturidade e estágio de declínio (WARD, 1992; DUNK, 2004).

Dunk (2004) discute em ordem decrescente a importância do uso das informações de custo. Segundo o autor, o uso mais relevante da informação de custo é para a gestão dos produtos e processos em diferentes estágios do seu ciclo de vida, enfatizando em particular a comparação entre custos reais e orçados. Dunk (2004) apresenta como a segunda maior forma de utilização das informações de custo seu au-xílio na melhoria das decisões relacionadas a preços (quadro 3). Na seqüência são apresentados mais quatro usos:

• analisar a lucratividade de produtos;

• auxiliar no projeto de novos produtos;

• facilitar o entendimento do impacto ambiental dos produ-tos, do desenvolvimento à fabricação; depois na distribuição, no uso efetivo dos produtos, no seu descarte, e em seu po-tencial de reciclagem;

• uso de informações sobre os itens do pós-venda respon-sáveis por porcentagens significativas do custo do produto, tais como garantias, custos de peças de manutenção etc.

Os custos da garantia têm crescido em importância na de-cisão de compra do consumidor final (SHIELDS e YOUNG, 1991; MURTHY e BLISCHKE, 2000).

Quadro 3 – Decisões baseadas em informações sobre custos

Tipos de informações1) Gestão dos produtos e processos em diferentes estágios do seu ciclo de vida;2) Precificação de produtos e processos;3) Lucratividade dos produtos;4) Auxiliar no projeto de novos produtos;5) Facilitar o entendimento do impacto ambiental dos produtos;6) Análise dos custos do pós-venda

Fonte: DUNK, 2004.

Comparando-se os quadros 1, 2 e 3, infere-se sobre a evo-lução no uso das informações provenientes dos sistemas de custo. Tais sistemas tipicamente eram orientados para eviden-ciar os custos de áreas funcionais e custos de produtos, tendo evoluído para os custos de processos, e mais recentemente para os custos no ciclo de vida dos produtos e processos.

(b) Análise das informações proporcionadas pelos mé-todos de custeio considerando-se diferentes negócios e diferentes composições de custos e despesas

A literatura atual sobre sistemas de custo tem enfatizado estudos diferenciados com aplicações em diferentes classes de empresas, diferentes negócios, e aplicadas a cada setor produtivo específico.

Calleja et al (2006) faz um estudo com empresas de quatro países (EUA, Reino Unido, França e Alemanha), verificando o comportamento dos custos em função de di-versas variáveis, incluindo governança corporativa e setor produtivo. Pizzini (2006) focou na relação entre desenho do sistema de custo e avaliação da relevância e utilidade da

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Rosana Carmen de Meiroz Grillo Gonçalves Adriana Cristina da Silva A Qualidade da Informação de Custo Considerando-se Diferentes Necessidades e Diferentes Métodos de Custeio

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informação de custo pelos gerentes na área de saúde, es-pecificamente em um hospital.

Outros estudos, como o de Veen-Dirks (2006), analisam a utilização do sistema de controle gerencial, e conseqüente-mente a utilização das informações de custo, em função da flexibilidade do ambiente produtivo.

O estudo do sistema de controle gerencial e a utilização das informações de custos também foi objeto de estudo de Ferreira e Otley (2005), Auzair e Langfield-Smith (2005), Sulai-man e Mitchell (2005), Love e Irani (2003), Lin e Yu (2002).

Por esses estudos, percebe-se que a tendência é o aban-dono da prescrição de um único sistema de custo e método de custeio a toda e qualquer empresa. De modo geral, as decisões baseadas em informações sobre custos serão mais eficazes se todos os gastos que representam somas percen-tualmente consideráveis forem criteriosamente analisados, e se for estudada a possibilidade de identificá-los com proces-sos ou produtos da forma mais objetiva possível, em todas as fases de seu ciclo de vida.

A estrutura de gastos da empresa, por sua vez, varia em diferentes negócios e em diferentes fases do ciclo de vida de produtos e processos.

Tomando-se como exemplo a empresa X, na qual as des-pesas com vendas, quer variáveis, quer fixas, sejam mais expressivas até mesmo que os custos de produção (HUIDO-BRO, PEREA; 1997), pode-se inferir que a relevância do mé-todo de custeio que apenas foque a atribuição de custos aos produtos será menor. Neste exemplo, o uso do custeio ABC, conforme apresentado no item 3.3, se aplicado de forma a fa-cilitar o entendimento dos gastos com vendas, poderá gerar informações de maior valor.

Tratando-se de empresas em que os gastos com a produ-ção, principalmente os custos diretos e variáveis, são mais expressivos, e cujo processo produtivo se encontra suficien-temente otimizado, as informações fornecidas pelo méto-do de custeio variável com a identificação das margens de contribuição dos produtos poderão ser de relevância igual ou superior às informações provindas do método de custeio baseado em atividades. No entanto, este julgamento deverá ser precedido pela análise das necessidades informacionais dos processos de gestão discutida no item (a) do tópico 3.

3. Os Métodos de Custeio como Instrumentos de Mensuração e Sua Confiabilidade

Quanto mais os usuários puderem confiar no fato de que uma informação representa as condições e eventos econô-micos que ela se propõe a representar, mais confiável será esta informação contábil. Três são os itens que tornam uma informação confiável: ser verificável, ser neutra, e possuir fidedignidade na representação. Ser verificável implica que há um consenso a respeito das métricas utilizadas na men-suração. A fim de ser neutra, a informação contábil deve reportar a atividade econômica do modo mais fiel possível, sem colorir a imagem que ela comunica a fim de influenciar atitudes em uma direção particular (nem para mais, nem para menos). A informação de custos aumenta a fidedig-nidade de sua representação à medida que busca proxis que melhor traduzam o sacrifício econômico na produção de bens ou de serviços.

3.1. Custeio por absorçãoO custeio por absorção tinha como objetivo a avaliação

dos estoques e fornecimentos de informações para fins de legislação, geralmente não se importando com informações relevantes para a vantagem competitiva, e, como abordado por Martins (2003),

era desenhado para épocas anteriores, quando a mão-de-obra direta e os materiais eram os fatores de produção predominan-tes, a tecnologia era estável, as despesas indiretas apoiavam o processo produtivo e existia um número limitado de produtos.

A abordagem tradicional destes sistemas vê a administra-ção de uma empresa em unidades especializadas com uma divisão rígida de responsabilidade. Os gerentes de cada área funcional estimam os recursos por categoria de custos (in-cluindo salários, viagens, instalações etc.) necessários para cumprir suas tarefas funcionais e são responsáveis por cum-prir suas tarefas com os recursos designados.

A estrutura organizacional funcional (organização unitá-ria e centralizada), a qual decompõe as operações globais da firma em departamentos separados, cada qual com ativi-dades altamente especializadas (por exemplo, distribuição, fabricação, transporte, finanças e compras), é suficiente para a geração de informações por esses sistemas, porém seu emprego nestas estruturas já se faz insuficiente.

Segundo Martins (2003),[...] estes sistemas pressupõem que os produtos e seu cor-respondente volume de produção causam custos. Desta forma, fizeram dos produtos individualmente o centro do sis-tema de custos, sendo os custos classificados em diretos e indiretos, fixos e variáveis em relação ao produto e alocados aos produtos com bases de rateio baseadas no volume.

Formas alternativas de utilização do custeio por absor-ção alocam custos indiretos e fixos aos produtos com bases de rateio baseadas no consumo de mão-de-obra direta, de horas máquinas, no volume produzido ou em combinações desses fatores. O fato é que a falta de relacionamento en-tre as bases de rateio e o consumo de recursos responsável pelos custos indiretos e fixos rateados acarreta as arbitrarie-dades da aplicação neste método. Tratando-se de custos de produto, estes serão indubitavelmente distorcidos.

Dificilmente custos de produção conjunta serão passíveis de identificação com os diferentes produtos. No custeio por absorção, “a maior parte das apropriações é feita em função de fatores de influência que, na verdade, não vinculam efetiva-mente cada custo a cada produto” (MARTINS, 2003). Por se alterar um procedimento de distribuição de custos fixos, pode-se fazer um produto rentável ou não-rentável (aparentemente), ou transformar um superavitário em deficitário e vice-versa.

Pela própria natureza dos custos fixos (invariabilidade), arbitrariedade no seu rateio e variação por unidade em fun-ção de oscilações do volume global, e por propiciar valores de lucro não muito úteis para fins decisoriais, a mensuração proveniente deste método de custeio, em geral, proporciona o mais baixo nível de fidedignidade representacional.

3.2. Custeio VariávelUsando-se o Custeio Variável, somente são alocados

aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados

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Rosana Carmen de Meiroz Grillo Gonçalves Adriana Cristina da Silva A Qualidade da Informação de Custo Considerando-se Diferentes Necessidades e Diferentes Métodos de Custeio

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CRC-RJ Conselho Regional de Contabilidade do RJPensar Contábil

e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado.

Os custos variáveis são, em geral, característicos dos pro-dutos, ou passíveis de identificação na unidade produzida ou vendida, correspondendo também, quase sempre, aos cus-tos diretos destes produtos.

O conceito de custo do produto é rigorosamente expresso nesse sistema, sendo que os demais custos que não sejam característicos do produto, ou específicos e constantes para a unidade produzida e vendida, são tratados, coerentemente, como custos gerais do conjunto das atividades da empresa, e portanto não são atribuídos às unidades produzidas ou vendi-das. A margem de contribuição representa uma estimativa do excedente unitário medido pela diferença entre o preço unitá-rio de venda efetivo e o custo unitário específico do produto.

O método de custeio variável tem como principal objeti-vo a determinação dos custos característicos dos produtos, permitindo, por isso, a administração da margem de con-tribuição. Essa margem, em algumas situações, pode ser calculada levando-se em consideração fatores limitantes, a fim de propiciar informações mais úteis à tomada de decisão (MARTINS, 2003, p. 190).

A mensuração de custos variáveis relacionados aos pro-dutos, sem dúvida alguma, é a mensuração de maior neutra-lidade e comparabilidade.

3.3. Custeio baseado em atividadesEm um artigo intitulado “The Hidden Factory”, Miller e Voll-

mann (1985) trataram da pergunta “O que causa os custos indiretos?” Eles chegaram a um significativo entendimento das causas dos custos indiretos; em duas frases, os autores criaram uma visão a respeito de como os gerentes e conta-dores poderiam ver os custos indiretos:

As unidades de produtos determinam a mão-de-obra direta e os insumos materiais no real chão de fábrica. Mas na ‘fá-brica oculta’, onde se acumula o grosso dos custos indiretos de fabricação, a verdadeira força motriz provém de transa-ções e não de produtos físicos.

Num refinamento da aplicação do ABC (segunda gera-ção) foi constatado que o foco no custo do produto não pro-duz informações suficientes para se avaliar a lucratividade de uma empresa no longo prazo. Essa deficiência levou à análise dos processos da empresa. Foram identificados processos e as atividades associadas a estes processos. Os processos incluem produção, distribuição, vendas, ad-ministração e outras funções.

A segunda geração vem prover informações não só para o melhoramento contínuo, como também para a evolução do desempenho. As informações sobre os custos dos produtos também são geradas, mas a ênfase não recai sobre elas.

A terceira geração ABC foca-se em unidades de negó-cios e seus relacionamentos com outros negócios internos e externos à empresa. Ela liga atividades aos processos e, então, processos às unidades de negócios. Desta forma, um segundo estágio ligando procedimentos é necessário para implantar tal sistema. O foco agora está nas unidades de negócios, e não nas atividades ou processos. Apesar de se direcionarem para a mesma base de dados da primeira e da

segunda gerações, agora os direcionadores de custos são usados para melhorar a estratégia competitiva através da análise da cadeia de valor.

A primeira e a segunda gerações aplicaram os conceitos de valor adicionado versus valor não-adicionado dentro das atividades internas da empresa para eliminar custos, des-perdícios, e conseguir eficiência e redução de custos. A ter-ceira geração procura analisar que atividades estão ou não gerando vantagem competitiva para a organização. Além dessas atividades, a companhia também possui numerosas atividades-suportes que podem adicionar valor ao produto ou serviço. A primeira e a segunda gerações do sistema ABC não integraram as atividades-suportes explicitamente, mas consideraram métodos para que estas atividades-suportes pudessem ser realizadas ou eliminadas se não possuíssem valor adicionado. A terceira geração ABC considera as ativi-dades-suportes e o quanto elas podem ser usadas para um ganho de vantagem competitiva.

3.4. A estrutura geral do modelo ABCO custeio baseado em atividades ocorre em duas fases

principais. Na primeira determinam-se os custos das ativida-des e na segunda a alocação dos custos das atividades aos produtos ou a outros “objetos” de interesse, tais como clien-tes e serviços. A primeira fase pode ser chamada de custeio do processo baseado em atividades, e a segunda custeio de produtos baseado em atividades.Figura 1 – Relação entre o custeio baseado em atividades e a aná-lise do processo de negócio.

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Recursos

Alocação dos Recursos

Atividades

Alocação das Atividades

Objeto de custo

ProcessosAnálise

dos Processosdo Negócio

Custo dos Processos /

Oportunidade de Melhoria

Direcionadores de Recursos

Direcionadores de Atividades

Medidas de performance

consumidas por produtos/

clientes

Na análise do processo de negócio definem-se os pro-cessos e concomitantemente as atividades relacionadas aos processos.

Atividades – São as unidades de trabalho que identifi-cam, com um nível de detalhamento adequado, como a em-presa emprega o tempo e os recursos disponíveis.

Recursos – Os recursos são os fatores de produção como trabalho, tecnologia, viagens, suprimentos e outros. Dessa forma, os recursos são considerados a fonte dos custos. O custo de uma atividade é, portanto, a soma dos custos de todos os recursos utilizados para realizá-la.

Objetos de custo – Processos, unidades de produtos, ser-viços ou clientes que recebem os custos das atividades etc.

O processo de identificação dos recursos às atividades pode ser decomposto, conforme sugerido por Nakagawa (1993), em três modalidades: recursos direta e naturalmente identificáveis com as atividades, recursos com identificação direta pesquisada e recursos de difícil identificação.

Os custos direta e naturalmente identificáveis referem-se

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aos materiais e mão-de-obra direta. Os que requerem identi-ficação pesquisada são os custos indiretamente relacionados com unidades, lotes, departamentos etc. Outros custos indi-retos de fabricação podem requerer alocação por meio de ra-teios, se a empresa desejar uma alocação total dos custos.

O processo de identificação pode ocorrer em duas mo-dalidades: os custos que podem ser alocados diretamente aos processos ou atividades e os custos que podem ser alocados diretamente aos produtos ou famílias de produtos (OSTRENGA et al, 1994).

Talvez o principal problema relacionado com a identifica-ção de recursos às atividades seja a utilização deles em di-ferentes períodos de tempo, o que exige análises do ciclo de vida dos recursos e produtos. Em suma, para o custeio das atividades é necessário o conhecimento do potencial de uso do recurso ao longo de sua vida útil, e das atividades realiza-das nesse período.

Há que considerar a estrutura produtiva atual e sua utili-zação presente e futura para calcular o custo unitário de uma atividade. O ABC, portanto, é um sistema de custeio que adota um enfoque de longo prazo em vez de um enfoque de curto prazo no comportamento dos custos.

O segundo passo para o custeio de objetos é especificar os direcionadores de custos. Um direcionador de custos é a base usada para a alocação de custos dos grupos de custos e de atividades para objetos de custos. O modelo ABC apre-senta dois tipos de direcionadores: o direcionador de custos de recursos e o de atividades.

Direcionadores de Custos de Recursos: alocam os custos e as despesas às atividades conforme o consumo de recursos com o objetivo de calcular os custos de cada ati-vidade. O direcionador de recursos mede a quantidade de recursos consumidos pela atividade.

Direcionadores de Custos das Atividades: alocam os custos das atividades para os objetos de custos, que podem ser processos, produtos, serviços, clientes etc. Os direcio-nadores de atividade medem a freqüência e a intensidade demandada de uma atividade por um objeto de custo.

Usando-se o ABC, imputar custos aos processos, em ge-ral, pode ser feito de forma bastante neutra, confiável e fiel, pois são os processos que consomem recursos. No entanto, a confiabilidade de levar os custos do processo para os di-ferentes objetos (produtos, serviços clientes etc.) dependerá muito das características de cada empresa e até mesmo da sensibilidade do analista de custo. Muitos pesquisadores e consultores que se utilizam do ABC não imputam todos os custos dos processos aos produtos, e tratam diferentemente este overhead de custo excedente. Para obter informações sobre lucratividade, pode-se calcular a diferença entre o pre-ço do produto e seus custos imputados, usando a soma de tais diferenças diminuída dos gastos de overhead. Outras abordagens no uso do ABC podem cometer arbitrariedades ao levar os custos dos processos para os diferentes objetos, diminuindo bastante a confiabilidade do método de custeio.

4. Capacidade de Feedback da Informação Gerada

Em consonância com o ciclo de controle, as informações de custo, desde que estejam fora das expectativas previstas

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(através de comparações com custo padrão ou de benchma-rking com a concorrência), deverão ser analisadas como uma retroação para a regulagem do processo. Essas informações deverão auxiliar na proposição de ações corretivas que de-verão implicar a redução dos custos (desde que a redução de custos esteja de acordo com os objetivos propostos pela organização), e que a redução de custos não impacte nega-tivamente nos outros objetivos da entidade.

As intervenções para as reduções de custos serão efica-zes à medida que aumentem a racionalidade econômica dos processos, e isso só será mais facilmente obtido se os pro-cessos e os custos dos processos forem mais bem compre-endidos. Portanto, a visão processual, a visão baseada em atividades, na maior parte das vezes, propicia informações com maior utilidade para o feedback.

Informações que não auxiliem a proposição de medidas corretivas em consonância com os objetivos sistêmicos po-dem gerar decisões equivocadas.

Informações que não tenham o poder de feedback para auxiliar as ações corretivas levam os gerentes, diante de cus-tos muito altos, a geralmente adotar cortes generalizados de despesas indiretas para controlar os gastos. As decisões mais comuns incluem, como mencionado por Martins (2003):

• redução geral no orçamento de todos os departamentos;• congelamento de salários;• corte ou congelamento de atividades indiretas;

• congelamento de investimentos.

Instala-se com isso um ciclo vicioso degenerativo que pio-ra as condições. Quando os problemas de curto prazo são resolvidos, os custos retornam na pior das hipóteses a seus níveis anteriores e normalmente mais altos, porque muitas decisões importantes foram adiadas. A deterioração na quali-dade do serviço e pressões sobre os empregados conduzem a uma renovação dos custos e à volta do crescimento das despesas indiretas.

Os controles de custos propensos a contribuir para a to-mada de decisões equivocadas, em geral, não consideram como os recursos são consumidos pelos processos. Há so-mente uma preocupação da divisão da empresa em centros de custos com o controle através de relatórios de acompa-nhamento de despesas (atual versus orçado).

É freqüente a análise do que se gastou este mês, este trimestre, contra o que foi orçado no mesmo período do ano anterior. Frente a despesas altas, a maioria das ações toma-das pelos gerentes é de curto prazo, tanto relativamente à visão, quanto às conseqüências. Isso significa que, quando as despesas reais são superiores em relação aos valores orçados, as medidas corretivas dissociadas do fato gerador podem ser desastrosas.

É muito enganosa a análise de custos que se concentra nos valores e não nos fatores que originam os custos. “Os custos não são meramente incorridos (espontâneos), eles são causados. Nos fatores geradores de custos que os adminis-tradores devem concentrar suas atenções” (CHING, 1995).

5. ConclusãoO objetivo deste trabalho foi considerar três horizontes de

análise por meio dos quais os métodos de custeio podem

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ser comparados. É duvidosa a ubiqüidade de um método de custeio. Numa abordagem contingencial, cada organização deverá analisar as informações geradas pelos métodos de custeio, segundo sua utilidade, confiabilidade e valor de feed-back. Esta análise fundamentará a escolha de um método de custeio e de um sistema de custos que está sujeita à análise de muitos outros fatores: restrições orçamentárias, sistemas de apontamentos vigentes e a ser implantados, existência ou desenvolvimento de pacotes de softwares compatíveis, impacto na estrutura organizacional etc.

O custeio baseado em atividades conjugado à análise da empresa segundo a visão processual dirigida às necessidades dos clientes tem papel fundamental na redução de custos, em

consonância com as dimensões estratégicas priorizadas. Não obstante, cada entidade tem sua formação organizacional e identidade própria que definirão os melhores sistemas de re-gistros e análises. Diferenças como estrutura organizacional da entidade, estratégias de penetração no mercado potencial, volume de recursos etc. impactam na determinação de dife-rentes necessidades informacionais de custo.

A intenção deste estudo foi sugerir a análise dos métodos de custeio segundo a utilidade, confiabilidade e valor de fe-edback das informações por eles geradas. Espera-se com isso abrir linhas de discussões e contribuir para que a conta-bilidade como ciência seja aplicada na prática de maneira in-teligível para o auxílio do processo de tomada de decisões.

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A Importância da Capacitação do Contabilista para o Uso de Novas Tecnologias de InformaçãoResumo

O presente artigo tem como objetivo primordial refundar o arcabouço intelectual do contabilista. Busca-se discutir a im-portância do sistema de informação contábil e das inovações tecnológicas para a análise de dados, visando a uma gênese capaz de dar novo alento à realidade contábil. No bojo do trabalho, procura-se mostrar o que é necessário para uma adequada tomada de decisão, o mecanismo informacional necessário para a consecução desta tarefa e a proposta, ain-da incipiente, de uma metodologia envolvendo CBR e redes neurais, a qual serve de exemplo para a nova realidade con-tábil. Resulta que o contabilista não deve se omitir no estudo deste novo ferramental e, é proposta dos autores, que as entidades responsáveis pela qualificação técnica dos conta-bilistas promovam a capacitação e atualização do conheci-mento dos profissionais que lhe são filiados.Palavras-chaves: Sistemas de informação contábil; capacitação profissional, tecnologia de informação.

Abstract The following article have as it main objective a new ap-

proach to the most important intellectual ideas pertaining to accountants. The search for an accounting information sys-tem and innovation for data analyses such that a genesis may occur creating a new framework for accounting practices. In the article, necessary conditions for decision-making are pre-sented and also the informational mechanism for this task. The proposal of a methodology includes case-based reason-ing and neural networks, serving as an example to the new accounting reality. The accountants should not be aware of the main ideas of these new instruments, being author’s pro-posal that entities responsible for the accounting technical qualification be the leader on enabling the accountants learn-ing of these new concepts.Key words: Accounting information system, accountant’s technical qualification, information technology.

1. IntroduçãoA maior complexidade das atividades empresariais, desta-

cando-se aspectos como a globalização, a competitividade e o desenvolvimento tecnológico, tem provocado o crescimento das demandas por mecanismos de comunicação bem estrutu-rados que permitam oferecer um sistema de informação com

capacidade para auxiliar o processo de tomada de decisão gerencial. A contabilidade é o pilar central dentro da estrutura básica desse mecanismo de informação empresarial.

Embora seja possível encontrar diversas distinções quanto ao papel da informação contábil neste contexto, dependendo do tipo de usuário que a utilize, este trabalho conduz seu interesse para o estudo dos sistemas de informação contábil como mecanismos de registro sistemático de todas as tran-sações econômicas que afetam o patrimônio das entidades e sua conseqüente evidenciação contábil para os usuários. Por este motivo, o sistema de informação contábil é identi-ficado como um núcleo de conhecimentos sobre a posição e a movimentação quantitativa e qualitativa da riqueza per-tencente a determinada empresa ao realizar suas atividades econômicas em um ambiente específico.

Para Kaplan e Cooper (1999: 20), a existência de vários usuários da informação contábil, cada um com realidades econômicas distintas, ou seja, com demandas de informa-ções diferentes e às vezes até conflitantes entre si, implica um novo ordenamento da informação contábil. É dizer, na necessidade de uma imediata consideração de um conjun-to integrado de sistemas de avaliação do desempenho e de mensuração do resultado que sirva igualmente a todos os grupos de interessados, independentemente de que sejam estes de âmbito interno ou externo à organização.

No entanto, antes de falar de sistemas de informação contábil, é importante definir primeiro o que se entende por informação. De acordo com Donoso e Donoso (1994: 224),

José Paulo Cosenza Rio de Janeiro – RJContadorDoutor em contabilidade pela Universidad de ZaragozaMestre em Ciências Contábeis pela UERJ1

Professor Assistente da UERJ1

[email protected] ou [email protected]

Luiz da Costa LaurencelRio de Janeiro – RJEngenheiroDoutor em Engenharia de Produção – COPPE/UFRJ2 Mestre em Engenharia de Transporte UFRJ2

Professor Adjunto da UERJ1

[email protected]

Artigo recebido em 1º/11/2006 e aceito em 25/01/2007.

1 UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEP 20.559-900 – Rio de Janeiro – RJ.2 UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro – CEP 22.290-240 – Rio de Janeiro – RJ.

Trabalho classificado em 1º lugar no Prêmio Geraldo de La Rocque – 2006

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a informação é a obtenção de conhecimentos, fatos, dados ou notícias que dão lugar a uma redução da ignorância e da incerteza. Ao se analisar esta conceituação, pode-se concluir que para que uma coisa seja considerada uma informação deve necessariamente agregar algo de novo para aquele que vai decidir ou então reduzir sua incerteza quanto ao elemento ou situação que precisa conhecer. Logo, não tem sentido es-truturar um sistema de informação contábil quando o mesmo não contribua para que os tomadores de decisão possam de-cidir baseados em critérios e parâmetros que tragam resul-tado positivo para a gestão do empreendimento. Em outras palavras, a validade de um sistema de informação contábil está intimamente condicionada pela determinação de uma sucessão de etapas e passos básicos que justificarão o valor final do mesmo em função da utilidade da informação que proporciona para o alcance dos objetivos da entidade.

Por outro lado, historicamente é um fato o notável impacto que o aspecto tecnológico vem tendo sobre o desenvolvimento da profissão contábil. Tendo em mente que o desenvolvimento da atividade contábil sempre esteve atrelado às necessidades de informação dos usuários e às alternativas tecnológicas possibilitadas em cada época, é importante fazer uma reflexão sobre os aspectos estratégicos necessários para o contabilista manter-se profissionalmente competitivo no contexto atual.

Neste sentido, é preciso estar atento ao tipo de informa-ção que desejam os usuários da contabilidade, sem ignorar as ferramentas tecnológicas disponíveis para viabilizá-la. Com isso, tudo leva a crer que o profissional de contabilida-de deverá, necessariamente, dispor de conhecimentos sobre tecnologia e sistemas de informação que lhe permitam ela-borar relatórios e demonstrações úteis à tomada de decisão dos distintos usuários da informação contábil, especialmente aqueles mais importantes para a gestão das empresas.

A contabilidade é uma parte fundamental do sistema de informação da empresa, já que registra, mensura e eviden-cia os fatos econômicos que ocorrem no âmbito de atuação da mesma. Como cada vez mais as telecomunicações têm afetado o campo da transmissão de informações econômi-cas, torna-se então importante que o contabilista se prepare para adquirir conhecimentos sobre as principais ferramentas ligadas à informática, estudando principalmente os conceitos associados às novas tecnologias de comunicação.

O possível impacto do aspecto tecnológico na profissão contábil é inquestionável, uma vez que as tecnologias de in-formação funcionam como um motor que permite responder às novas necessidades de informação. No campo prático há, então, a necessidade de distinguir a diferença entre as me-lhorias que somente afetam o aspecto quantitativo e aquelas que possibilitam novos métodos de trabalho contábil e, conse-qüentemente, permitem levar a contento o desenho de novos sistemas de informação a partir das tecnologias existentes. Tudo leva a crer que a utilização intensiva de ferramentas liga-das ao setor de telecomunicações introduzirá muitas mudan-ças importantes nas atividades típicas dos contabilistas.

Neste trabalho, são analisadas e discutidas algumas dessas novas ferramentas disponíveis para que contabilis-tas possam administrar, compartir e canalizar tanto a infor-mação real como o conhecimento intangível da empresa e seus efeitos na organização, integrando-os às aplicações

decorrentes das novas tecnologias de informação. Para isso, o trabalho está organizado em quatro partes, sendo que na primeira parte se comenta o papel que assumem os sistemas de informação contábil, discutindo sua importância para o de-senho, gerenciamento e avaliação da atividade empresarial. Em seguida, é dedicada atenção ao estudo das tecnologias de informação, bem como à análise das principais fontes de informação que o contabilista deve manejar para estar bem informado e, assim, tomar a decisão de forma otimizada. No terceiro bloco, comenta-se o que são as redes neurais ou sistemas inteligentes, descrevendo seus principais modelos e ilustrando sua aplicação na atividade contábil. Finalmente, é apresentada uma proposta de aplicação de modelos que incorporam como ferramenta a inteligência artificial para au-mentar e melhorar a quantidade e a qualidade da informação gerada através do sistema de informação contábil, realizando-se posteriormente as devidas conclusões e recomendações.

2. A Informação e a Tomada de DecisãoA gestão empresarial se caracteriza por um contínuo

processo decisório visando à tomada de decisão para a re-solução dos problemas que aparecem na condução do em-preendimento. No entanto, a resolução de problemas é uma tarefa complexa na medida em que envolve não somente o reconhecimento do problema, mas também o seu entendi-mento, além da necessidade de estabelecer objetivos, de-terminar opções alternativas, avaliar suas conseqüências e escolher uma destas alternativas para implantá-la e observar seus resultados.

Em função disto, a principal característica de uma informa-ção se associa ao fato de que ela deve permitir que se consti-tua uma ferramenta que proporcione ao tomador de decisão a oportunidade de reflexão, levando-o ao desenvolvimento de uma atitude racional, minimizando os riscos e melhoran-do a qualidade do processo de tomada de decisão. Ou seja, a tomada de decisões é um processo racional e para isso requer a utilização de sistemas de informação que apóiem os tomadores de decisão na formação de sua opinião. Por este motivo, entendemos que a informação é condição ne-cessária, ainda que não totalmente suficiente, para que se tome uma decisão racional e satisfatória. Mas, para isso, ela precisa ser clara e compreensível, deve ser relevante, ne-cessita ser fiável, comparável, oportuna e imparcial, além de apresentar um benefício superior ao custo de sua geração. Estas características são fundamentais quando se analisam os impactos de novas tecnologias de informação nos siste-mas de informação contábil, principalmente nos casos onde a predominância das variáveis qualitativas é importante.

De acordo com Davis e Olson (1993, p. 208), a informa-ção consiste em um dado cujo valor é real ou é percebido e que é processado de uma forma significativa para o tomador de decisão em suas decisões atuais ou em suas decisões futuras. Logo, é importante que o sistema de informação contábil, ao identificar os acontecimentos relevantes para a entidade, consiga transformá-los em informação que possa ser comunicada aos tomadores de decisão para embasarem suas decisões em parâmetros de racionalidade e eficácia.

Considerando que o objetivo da contabilidade é proporcio-nar informação útil para a tomada de decisão, na maioria das

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vezes tais decisões equivalerão a predições e estimativas sobre fatos futuros que afetarão o desempenho da empresa. Isto implicará uma série de ações que, por sua vez, também necessitarão de novas fontes de informação, representando um fluxo contínuo de decisão onde a informação é o input uti-lizado no momento em que se tomam as decisões e que vai controlar determinada ação que produzirá nova informação, conforme esquematizamos na figura seguinte:

Figura 1: O processo decisório

Fonte: elaboração própria.

Em um contexto de contingências normais ou desejadas num processo decisório, os eventos se iniciariam a partir da coleta de uma informação necessária para uma correspon-dente tomada de decisão que, em seguida, daria lugar a uma ação, cujo resultado se refletirá em uma nova informa-ção utilizada para se tomar outra decisão, e assim sucessi-vamente de maneira indefinida. Quando não é possível que o processo decisório realize sua própria retroalimentação, o tomador de decisão necessitará então tomar sua decisão sem contar para isto com a informação agregada pelo fluxo de informação original, o que se denomina tomada de deci-são anormal ou não desejada.

Todavia, para que o processo decisório seja completo, não bastam apenas os três elementos citados (informação, decisão e ação), já que estes são afetados pela percepção e pelo julgamento que tem o tomador de decisão sobre esses elementos. Em outras palavras, a percepção e o julgamen-to também são componentes que fazem parte do ciclo de tomada de decisão. Para Rodgers e Gago (1999 e 2000), sem estes dois elementos a tomada de decisão é incomple-ta, pois eles representam determinadas variáveis (externas e internas) que estão fortemente associadas e correlacionadas ao processo decisório. Além de afetar a informação (Kowitz e Knutson, 1980: 5), também influi na decisão que vai ser toma-da (Jones, 1992: 242; Kahneman e Tversky, 1982: 197). De acordo com Serrano (2000: 95), a percepção é a forma como cada indivíduo classifica e categoriza a informação, que por isso lhe proporciona uma perspectiva nova na resolução de problemas. Isto faz com que a informação necessária para a tomada de decisão venha influenciada pela percepção da pessoa que a recebe, que por sua vez irá transmitir esta mes-ma informação conforme sua própria percepção. Ou seja, a percepção e a informação se encontram fortemente corre-lacionadas (Rodgers e Housel, 2000), e, quanto maior seja a informação disponível sobre determinado fato, tanto maior será a probabilidade de que a percepção sobre o mesmo seja correta (Harrison, 1991: 202). Por todos estes aspectos

e tendo em conta que cada pessoa classifica e categoriza a informação de maneira diferente, é que Serrano (2000: 96) entende ser necessária a utilização de uma metodologia que permita pesquisar os documentos do passado para que o to-mador de decisão possa chegar à verdade por seus próprios meios e méritos (heurística). Além disso, a percepção tam-bém é influenciada pela experiência que tem o tomador de decisão com os dados que está analisando.

Por outro lado, a informação sofre ainda os efeitos da po-lítica de julgamentos de cada tomador de decisão. Ou seja, o indivíduo processa a informação, ou a recupera na memó-ria, de acordo com as regras de decisão que estão implícitas em sua memória, provenientes de sua experiência, ou que são utilizadas em sua profissão. Estas regras proporcionam um guia útil para ordenar a informação antes de tomar uma decisão (Serrano, 2000: 96) e reduzem a influência que a informação não relevante tem sobre o julgamento das pesso-as especializadas no assunto (Waller, 1999: 223). De acordo com Ashton e Ashton (1995: 4), ainda que a contabilidade proporcione informação crítica que vai dar lugar a um julga-mento econômico e a uma tomada de decisão, não significa que a aprendizagem do indivíduo ou sua memorização da informação não seja também útil para o processo decisório. Todavia, cabe comentar que num processo decisório não ocorre somente a influência da informação sobre o julga-mento, mas a recíproca também é verdadeira. Isto é, o julga-mento de cada pessoa afeta a informação que ela considera relevante e que vai formar o conjunto de fatos econômicos que irá considerar na hora de analisar os dados contábeis (Jones, 1992: 230). Em suma, a relação entre o julgamento e a informação é de interdependência, como relata Maines (1995: 70): os julgamentos podem ser representados como uma combinação simples e linear da informação.

Em função do exposto, acreditamos que os sistemas de informação contábil podem ser aperfeiçoados, incorporando novas ferramentas tecnológicas que permitam a geração de informações mais estruturadas e completas para aplicar no processo gerencial. Para Benjamin e outros (1984), o enorme potencial que as tecnologias de informação oferecem atual-mente supõe toda uma fonte de oportunidades estratégicas derivadas da melhor utilização da informação contábil. Se-gundo Porter e Millar (1985), este fato permitirá a geração de mais dados sobre as atividades da empresa, além de recu-perar informações que antes não estavam disponíveis com a devida antecedência para a tomada de decisão. Contudo, muitas destas novas ferramentas ainda são desconhecidas dos profissionais que exercem a atividade contábil, por se-rem originárias de outras áreas de conhecimento. Por este motivo, vamos comentar algumas destas técnicas e analisar como os sistemas de informação contábil poderiam incorpo-rar algumas destas ferramentas para a melhoria da qualida-de das informações.

3. As Tecnologias de Informação no Âmbito Empresarial

A evolução da informática e o desenvolvimento do conhe-cimento do processamento humano da informação têm fa-vorecido o aparecimento de aplicações inteligentes, que têm sido introduzidas em algumas áreas de atividades das em-

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presas. Estas ferramentas, cientificamente definidas como aplicações de inteligência artificial, se utilizam de certas pro-priedades que, de alguma maneira, lhe permitem funcionar de forma parecida com a inteligência humana. Na verdade, elas vão além da simples resolução de modelos formulados sob condições e objetivos perfeitamente definidos (Bonsón, Martín e Escobar, 2000: 22) e procuram funcionar como fer-ramentas de apoio diante de problemas menos estruturados e que requeiram soluções baseadas em mecanismos de ra-ciocínio e percepção que estejam plenamente dentro do do-mínio do que se entende por inteligência humana (Gurbaxani e Whang, 1991: 68).

Conforme Bonsón, Martín e Escobar (2000: 23), não exis-te consenso quanto a uma definição aceita amplamente que permita conceituar o termo inteligência artificial, já que cada um aborda este conceito a partir de uma perspectiva distinta no âmbito empresarial. Sierra (1996: 56), todavia, escreve que é possível considerar a inteligência artificial como um conjunto de técnicas e metodologias voltadas para a resolu-ção de problemas cujo interesse não é mais do que analisar os comportamentos humanos nos aspectos que se referem à percepção, compreensão e decisão, com o objetivo de re-produzi-los posteriormente com o auxílio de uma máquina, que no caso é o computador. As técnicas de inteligência ar-tificial tratam de conseguir que os computadores simulem e incorporem em um sistema de informática os conhecimentos ou certas características que são próprias do ser humano, como a compreensão da voz, a visão, o raciocínio etc. Para Serrano (1999), ainda que o termo inteligência artificial tenha certo apelo comercial, é difícil fazer uma separação exata de até onde vai a informática convencional e onde começa a inteligência artificial, já que, afinal, ambas representam pro-gramas de computador, ou seja, um software.

No entanto, a aplicação das distintas ferramentas que a inteligência artificial disponibiliza permite incorporar certa do-sagem de inteligência nos sistemas de informação contábil. Alguns autores atualmente têm dado a denominação siste-mas de informação contábil inteligentes a estes tipos de me-canismos (O’Leary e Watkins, 1992; Bonsón, 1995). Tal fato resulta da eficácia e eficiência que alcançam os sistemas de informação contábil nas fases de entrada dos dados, arma-zenamento e processamento para posterior saída destes da-dos em forma de informação útil para a tomada de decisão.

Os mecanismos de inteligência artificial podem ser agru-pados em métodos dedutivos e métodos indutivos. Como métodos dedutivos, classificam-se os sistemas inteligentes; já como métodos indutivos, destacam-se os algoritmos de indução de regras e árvores de decisão, os algoritmos gené-ticos, as redes neurais artificiais e os sistemas de raciocínio baseado em casos.

Os sistemas inteligentes costumam ser a técnica de inte-ligência artificial mais conhecida e geralmente são confundi-dos com a própria inteligência artificial, a ponto de ambas as terminologias serem identificadas como sinônimas. Um siste-ma inteligente pode ser definido como a incorporação em um computador de um componente baseado no conhecimento obtido a partir da habilidade de um especialista que conse-guiu que a máquina proporcione conselhos inteligentes ou tome uma decisão inteligente sobre uma função do processo

(Bonsón, Martín e Escobar, 2000: 23). Ou seja, por ser um programa de computador, um sistema inteligente captura o conhecimento de um especialista sobre determinado tema e imita sua lógica de raciocínio quando está resolvendo os pro-blemas em determinada situação onde se aplica este mesmo tema. Uma das vantagens dos sistemas inteligentes é a sua facilidade para explicar, de maneira compreensível, o modo como se chegou a certa decisão. Além disso, permitem redu-ções de custos, ao conseguirem reproduzir e tirar maior pro-veito da perícia do especialista e permitirem a realização de tarefas triviais que originalmente só poderiam ser feitas por este especialista. Seus inconvenientes, segundo Bonsón, Martín e Escobar (2000: 23), se relacionam à complexida-de dos processos de extração de conhecimentos, principal-mente naquelas áreas onde existam tantas exceções como regras ou então nas situações em que os especialistas não estejam de acordo com a decisão que seria a mais correta para ser aplicada no caso. Por outro lado, a representação do conhecimento que irá compor a base de dados é muito difícil, e no mundo real nem sempre se dispõe de informação completa e segura sobre tudo. A incerteza e o risco são variá-veis naturais no mundo dos negócios. Assim, diferentemente dos humanos, os sistemas inteligentes não dispõem da ca-pacidade de modificar o mecanismo de raciocínio em função da situação concreta com que está se defrontando.

A técnica de algoritmos de indução de regras e árvores de decisão é baseada geralmente nos algoritmos ID3 e C4.5 formulados por Quinlan (1979, 1986, 1987, 1988 e 1993), que permitem a extração automática de modelos explícitos de comportamento a partir de um conjunto de exemplos re-presentativos da situação que se quer estudar. A aplicação de determinado algoritmo de indução faz com que o sistema descubra o modelo ótimo que permite explicar as relações existentes entre os atributos e as decisões adotadas. Con-forme Bonsón, Martín e Escobar (2000: 27), os resultados obtidos são apresentados em forma de árvore de decisão ou então utilizando o formato clássico de regras. Estes au-tores comentam que, ainda que ambas as soluções sejam possíveis, a clareza e facilidade de interpretação decorren-te da utilização de modelos gráficos aconselham na maioria das ocasiões o emprego das árvores de decisão. Estes sis-temas apresentam como vantagens o fato de que supõem uma estratégia alternativa de engenharia do conhecimento sempre que os dados representam decisões de especialistas na matéria estudada. Também permitem identificar relações ocultas, representando a trajetória ótima que precisa ser obedecida para que se alcance determinada decisão, além de explicarem os exemplos de partida e permitirem classi-ficar corretamente os novos casos sempre que haja varia-ções substanciais nas condições sob as quais se geraram os exemplos utilizados no processo de indução. Como inconve-nientes, é possível citar a impossibilidade de manejar casos incompletos em que se desconheça o valor de algum atributo, o que força a eliminá-lo do conjunto de exemplos, sua pouca capacidade de predição e sua incapacidade para distinguir entre os atributos que são necessários e os que são apenas confirmatórios. Hart (1987: 188) registra que essa última limi-tação obriga a que os resultados tenham que ser avaliados para a detecção de possíveis incongruências.

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De acordo com Bonsón, Martín e Escobar (2000: 27), os algoritmos genéticos foram originariamente desenvolvi-dos por Holland (1992), que estabeleceu uma técnica com o propósito fundamental de resolver problemas de otimiza-ção recorrendo a sistemas que apresentam semelhança com o processo de evolução biológico descrito por Darwin. Em função disso, o processo de otimização começa a par-tir da geração aleatória de uma possível solução para, em seguida, aplicar um procedimento interativo de adaptação que permita evoluir para um resultado que possa estar bem próximo do ótimo. Em outras palavras, este mecanismo vai criando sempre uma nova situação, a partir da situação ini-cial, até chegar a uma solução ótima que permita viabilizar concretamente o problema de otimização. Para isso, no en-tanto, faz-se necessário dispor de parâmetros que sirvam de orientação comparativa, ou seja, cada padrão represen-ta a presença ou ausência do conjunto de propriedades ou características que são objeto de estudo em determinado indivíduo ou exemplo, de forma que existirão tantos padrões iniciais quantos forem os elementos que constituam a po-pulação inicial. Assim, o algoritmo genético, através de um processo interativo, determina a combinação de proprieda-des ou padrão mais adequado para otimizar o problema que está sendo proposto ou analisado. Bonsón e Sierra (1997: 13) destacam como aspectos positivos desta técnica o fato de permitir trabalhar com dados incompletos ou contradi-tórios e oferecer explicações aos usuários sobre a tomada de decisões em formato adequado, e a possibilidade de substituir os algoritmos ad hoc na resolução de problemas específicos. Suas desvantagens estão associadas à sua dificuldade para estabelecer os parâmetros que controlam o processo de otimização. Isto porque é um problema que normalmente tem que ser resolvido mediante mecanismos de tentativa e erro, e ao funcionamento do algoritmo que dependerá do esquema de representação escolhido.

As redes neurais artificiais tentam simular a forma de fun-cionamento do cérebro humano e, conforme Gately (1995: 9), formam um conjunto de neurônios artificiais que traba-lham visando emular a capacidade do cérebro humano para classificar padrões de comportamento, fazer previsões ou tomar decisões com base em experiências passadas. De acordo com Bonsón, Martín e Escobar (2000: 28), uma rede neural se estrutura em camadas de neurônios que podem ser diferenciados em três tipos de função: i) uma camada de entrada formada por neurônios que representam os dados de entrada do problema, existindo tantos neurônios nesta camada quanto o número de entradas que estejam sendo manejadas; ii) uma ou várias camadas intermediárias onde são processados os dados de entrada; e iii) uma camada de saída cujo número de neurônios dependerá da quantidade de saídas que se espera obter. De acordo com Nelson e Illin-gworth (1991: 59-61), as redes neurais apresentam uma sé-rie de características particulares que as fazem mais idôneas para a resolução de determinados problemas. Primeiramen-te, suas bases são advindas de rigorosos fundamentos ma-temáticos. Além disso, funcionam seguindo ao princípio do paralelismo inerente, o que permite que os neurônios de cada camada (elementos de processamento unitários) trabalhem de forma conjunta. Outro aspecto positivo das redes neurais

é que elas trabalham sob um mecanismo de distribuição do conhecimento por toda a estrutura da rede, em lugar de ele ser armazenado em determinado lugar. Isto permite que o resultado se origine de interações que são realizadas pelos neurônios. Para Bonsón, Martín e Escobar (2000: 28), o fato de o conhecimento distribuir-se através de uma rede propicia que se desfrute de alta tolerância diante de falhas, já que se pode aprender e tomar decisões a partir de dados incom-pletos. Por outro lado, possui a capacidade necessária para realizar auto-ajustes, adaptando-se às circunstâncias atuais. A estrutura e funcionamento da rede a tornam especialmente idônea para alcançar o reconhecimento dos padrões, uma vez que sua intuição lhe permite tratar situações em que os dados são incompletos, ambíguos ou inexatos. Suas impro-priedades, conforme Martín (1997) e Bonsón, Martín e Esco-bar (2000: 29), decorrem dos seguintes aspectos: i) para que a rede funcione adequadamente, é preciso que o fato que se apresenta como problema tenha uma estrutura similar ao do conjunto preparado previamente; ii) uma vez obtidos os re-sultados, a dificuldade para interpretar os pesos dos fatores de ponderação que foram empregados torna quase impos-sível explicar os critérios que conduziram a tal resultado; iii) para que a rede proporcione os resultados desejados, deve contar com a estrutura adequada, o que algumas vezes pode requerer bastante tempo na determinação de qual estrutura e método utilizado são os relativos ao processo de tentativa e erro; iv) para que a rede resolva corretamente os proble-mas, é necessário dispor de um extenso conjunto prepara-do previamente, de modo a contemplar todas as situações possíveis; v) há de ter-se sempre presente a idéia de que a rede não garante em nenhum momento que a solução seja a ótima para o problema proposto.

Outra técnica, muito utilizada na década de 1990, é a dos sistemas de raciocínio baseado em casos (case-based rea-soning ou CBR). De acordo com Morris e Sinha (1996: 63), estes sistemas têm como premissa que, se um caso, repre-sentado por uma combinação das condições do problema (ou descrição) e de sua correspondente solução (decisão), oferece bons resultados com antecedência, o mesmo poderá ser utilizado para a resolução de problemas com as mesmas características no futuro. Ao contrário, se falhou em situa-ções anteriores, não deveria ser utilizado, para não se repetir este mesmo tipo de erro. Bonsón, Martín e Escobar (2000: 29) comentam que os sistemas CBR constroem bases de casos com o objetivo de proporcionar uma série de referên-cias anteriores que tenham similitude com a situação atual e que possam constituir um apoio ao processo decisório dos usuários. Assim, com a ajuda de uma ferramenta de busca incorporada ao sistema, o usuário pode obter facilmente as experiências similares acontecidas no passado, as decisões que foram tomadas nestes casos e os resultados obtidos. Além disso, o sistema arquiva os problemas novos para utili-zá-los na resolução de problemas futuros, o que permite que a base de casos esteja sempre atualizada.

Com relação aos sistemas CBR, existe a obrigatoriedade da busca constante de ferramentas alternativas que propor-cionem um rápido e detalhado acesso às situações apresen-tadas no passado e que, por suas características, possam ser especificamente aplicadas como referências básicas

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para embasar o processo decisório. Por este motivo, Curet, Elliot e Jackson (1996: 48) entendem que os sistemas CBR são um recurso válido para dar suporte à tomada de decisão, principalmente nos campos difusos em que não se possam determinar facilmente regras e procedimentos. Sierra e ou-tros (1995: 67) complementam que também são válidos para formar uma base de dados composta por casos que contem-plem informações estratégicas para a empresa.

Finalmente, existem ainda os denominados sistemas hí-bridos que apresentam como fundamento a combinação de duas ou mais técnicas de inteligência artificial com o propó-sito de superar as limitações ou inconvenientes que cada sistemática apresenta individualmente. Em suma, trata-se da tentativa de maximizar o binômio vantagens/inconvenientes de modo que as desvantagens que apresenta cada técnica sejam reduzidas à sua expressão mínima. Dessa maneira, pode-se fazer uma combinação de redes neurais com algorit-mos genéticos, redes neurais com lógica difusa, sistemas in-teligentes com algoritmos de indução de regras e árvores de decisão, ou então utilizar redes neurais baseadas em regras. Os sistemas híbridos geralmente são de interesse especial para enfrentar os problemas que, por suas características particulares, possam ser decompostos em um conjunto de subproblemas, de forma que em cada um deles se apliquem as técnicas identificadas como mais apropriadas (Bonsón, Martín e Escobar, 2000:30).

4. A Aplicação da Tecnologia da Informação para a Resolução de Problemas de Decisão nas Empresas

A cada dia cresce mais o interesse pela aplicação da inte-ligência artificial na atividade humana, suscitando uma multi-plicidade de invenções que estão sendo aplicadas com êxito nos mais variados campos do conhecimento humano. Nas Ciências Contábeis, essa tendência incipiente e embrionária, muito embora existam diversas áreas com potencialidades para trabalhar essas novas técnicas, como é o caso da au-ditoria, da análise financeira, da perícia contábil, do controle gerencial etc. Há que comentar, contudo, que o campo em que estão sendo criadas mais aplicações de sistemas in-teligentes é o da auditoria (Fortuna, Busto e Sastre, 1991), em parte porque podem servir para ajudar no processo de determinação dos programas de auditoria por seguir e dos tipos e tamanhos da amostragem por escolher, bem como no cálculo de erros de revisão das contas contábeis e na análise de grandes volumes de transações contábeis, permi-tindo realizar uma revisão analítica e formar uma opinião so-bre os dados patrimoniais que se estão auditando (Serrano, 1999). De acordo com Cornell, Landsman e Shapiro (1989), um sistema inteligente de contabilidade permitiria modelar a experiência do profissional de contabilidade em determinado campo contábil.

Em função disto, é muito importante conhecer os aspec-tos que se associam a tais técnicas, o que é feito à continu-ação. Com isso, objetiva-se analisar um modelo capaz de permitir aos analistas financeiros a tomada de decisão relati-va à concessão de crédito através de uma modelagem CBR e de redes neurais. Uma dificuldade básica da abordagem é a complexidade presente na informação contábil que as ins-

tituições financeiras apresentam quando viabilizam ou não determinada concessão de empréstimo e a importância no âmbito da empresa de dita informação.

De um modo geral, a escolha da base de dados que se deve considerar para o estudo considera as seguintes premissas:

– os dados devem ser provenientes de transações finan-ceiras reais, de modo que se possam comparar as decisões de crédito da instituição financeira;

– a escolha da base de dados deve levar em considera-ção que uma comparação com a abordagem por redes neu-rais implica um processo de treinamento fidedigno.

Uma forma de construção da base de dados é a aplicação

de um questionário (vide Anexo I) junto às distintas entidades financeiras de dada localização geográfica. Para isso, é pos-sível considerar a seguinte classificação:

• bancos comerciais de grande porte;• bancos comerciais de pequeno porte;• caixas econômicas; e• bancos múltiplos.

A utilização do questionário em anexo permite a obtenção de 19 variáveis, cujo conjunto de respostas dos entrevistados fornece o escopo da base de dados.

Na aplicação da técnica CBR, a recuperação de casos semelhantes é um aspecto primordial para considerar os sis-temas de CBR eficientes. Em geral, considera-se o método de recuperação indutiva ou via configuração topológica do “vizinho mais próximo”. Watson (1997: 24) fornece a base conceitual para a recuperação do “vizinho mais próximo”. Considera que: i) a possível concessão de crédito depende unicamente da renda esperada pela empresa e da quantida-de de reembolso trimestral; e ii) a decisão é dicotômica, ou seja, conceder ou negar o financiamento.

Normalmente se toma como base uma representação gráfica, considerando a renda futura da empresa versus o reembolso dos empréstimos. Trata-se de um gráfico com as variáveis citadas como eixos, e, cada vez que ocorre um novo empréstimo, de acordo com suas características, o mesmo é situado no plano explicitado por tais eixos. Cada uma das situações é armazenada na memória do sistema. Ao final da introdução da base de dados, define-se uma se-paração entre empréstimos reembolsáveis ou não, definindo, claramente, uma tipologia por regiões, ou melhor, a constru-ção de agrupamentos (clusters). Em geral, ao se incluir uma nova situação, é possível levar em conta três possibilidades, denotadas por C, N e K, sendo esta última a nova situação. Se C representa um empréstimo concedido e N um emprés-timo negado, para saber se é possível ou não aprovar a con-cessão do empréstimo a K, deve-se calcular a distância que separa K tanto de C com de N.

dC XC YC= + representa a distância de K a C

e

dN XN YN= + representa a distância de K a N

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Figura 2: O processo decisório

caso N

caso C

YN

XN

caso K

XC

Reem

bolso

de

empr

éstim

os

Renda futura

Fonte: adaptado de Serrano, 2000, p. 390.

O menor dos dois valores determina a pertinência de K de os agrupamentos concederem ou negarem.

É possível, complementarmente, adicionar ponderações a cada uma das situações de acordo com a experiência prévia. Este é o procedimento do sistema CBR para apenas dois atributos. Considerando n atributos para cada situação, de-notando por A uma situação nova e por B a situação antiga, já armazenada na memória, j uma característica individual (entre 1 e n), w o peso da importância da característica j, e f a função de similaridade das características, tem-se que a similaridade é dada por:

A e B ( ) ( ), ,jA B f Aj Bj jω=

j = 1,n

Fica determinado, então, o percentual de similaridade en-tre as situações A e B.

Utilizando o pacote ReMindTM, obtém-se a estrutura da base de dados; uma vez introduzido o rótulo que se quer dar à base, o sistema permite definir tantos campos quan-tos sejam necessários, como, por exemplo: Booleanos, que permite uma resposta tipo “sim” ou “não”; Simbólicos, com várias respostas possíveis.

Definidos os campos, avalia-se a base criada. É possível a ocorrência de situações não consideradas nas respostas dos questionários, ou melhor, o que os analistas consideravam importante. Logo, uma etapa prioritária é a escolha definitiva das variáveis para análise. Após determinar tais variáveis, trabalha-se com o editor de campos. A partir deste ponto, os campos estão definidos e as situações armazenadas em um arquivo. As situações introduzidas estarão catalogadas como “guardada”, significando tal fato que o sistema irá considerá-las no momento de recuperar os casos de similaridade. Não é necessária uma amostra de validação. A situação extraída do arquivo será rotulada de “hipotética” e classificada pelo sistema em função dos dados armazenados. Este procedi-mento é repetido para todas as situações. Ter-se-á, então, uma taxionomia para a concessão de empréstimos.

Na comparação com a rede neural, é possível utilizar os mapas auto-organizados de Kohonen, cuja idéia básica é transformar uma imagem de um conjunto multidimensional de entrada em um conjunto de saída de dimensão reduzida. Possui duas camadas, uma de entrada e outra de processa-mento. Na primeira camada se recolhe e distribui a informa-ção. Através dos pesos sinápticos, cria-se o vínculo com a camada seguinte, a qual realiza uma projeção não-linear dos dados de entrada, preservando as características primordiais – no caso deste estudo, separando as regiões de similarida-de. O resultado final é um mapa topológico (explicitando as configurações das distintas regiões) que delimita a conces-são de crédito. Uma analogia, de fácil interpretação, é con-siderar uma fotografia multidimensional em que os objetivos, cuja vizinhança denota proximidade, estejam presentes de forma semelhante no mapa. Abordagens de mesmo contexto são fornecidas pelo escalonamento multidimensional (multi-dimensional scaling).

Retornando ao exemplo original, o mapa resultante irá mos-trar, para cada variável e para cada classificação do banco de dados, que empréstimos devem ser concedidos ou não.

Em Serrano (1996), pode-se ver que o mapa auto-organi-zativo permite gerar mapas auxiliares, por exemplo, zonas de alta ou baixa avaliação da gerência e avaliação de risco (risk rating), situadas entre limiares definidos a priori.

5. ConclusõesO presente artigo buscou caracterizar, de uma forma

simplificada, a íntima relação existente entre as novas tecnologias ao alcance dos contabilistas e a necessidade de uma informação objetiva, de fácil manuseio, confiável, capaz de permitir uma análise mais fidedigna de situações complexas.

Nos problemas de risco de crédito, fraudes ou falência de empresas, o uso dos instrumentos de inteligência artificial permite a separação, a busca de similaridade e a hierarqui-zação de atributos predefinidos, permitindo uma melhor ex-planação da problemática. Não se devem considerar as re-des neurais, os sistemas especialistas, o raciocínio baseado em casos e até os tópicos mais hodiernos de máquinas com suporte vetorial (SVM) e de modelos de fusão (incorporando, concomitantemente, sistemas nebulosos, algoritmos genéti-cos etc.) como uma panacéia no campo contábil. Não há dú-vida de que não são técnicas óbvias; contudo, é necessário e imprescindível que as mesmas sejam incorporadas de forma palatável no arcabouço conceitual da contabilidade.

Por este motivo, faz-se imprescindível e necessária a estru-turação de uma política educacional por parte das entidades responsáveis pela qualificação técnica dos profissionais de contabilidade, no sentido de capacitar os futuros contadores para o convívio com este processo de inovação tecnológica. Adicionalmente, deve-se buscar incorporar ao ferramental dos atuais contabilistas, através dos programas de educação continuada dos CRCs, as novas idéias apresentadas neste trabalho. Dessa maneira, estar-se-á agregando mais valor à profissão e minimizando os riscos de perda de mercado para profissionais de áreas afins.

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Anexo Questionário para análise da concessão de crédito

PERGUNTAS RESPOSTASA) Informação qualitativa mínima necessária previamente

1. Apresenta declaração dos bens patrimoniais? Sim / Não

2. Utiliza mecanismo de escrituração contábil formalizado? Sim / Não

2. Cumpre as exigências mercantis, sociais e tributárias? Sim / Não

4. Dispõe de títulos de direitos de propriedade civil ou societária? Sim / Não

5. Apresenta informações negativas nos registros civis ou societários? Sim / Não

(A) Muito positiva

(B) Positiva

6. Opinião obtida através da entrevista pessoal (C) Normal

(D) Negativa

(E) Muito negativa

B) Informação qualitativa financeira

7. A situação financeira, atualmente, é boa, má ou ruim? B / M / R

8. A situação financeira, na sua avaliação, pode melhorar, mantém-se ou tende a piorar? M / SM / P

C) Informação qualitativa econômica

9. A informação econômica, atualmente, é boa, má ou ruim? B / M / R

10. A situação econômica, na sua avaliação, pode melhorar, mantém-se ou tende a piorar? M / SM / P

D) Informação qualitativa posterior

(A) Muito qualificada

(B) Qualificada

11. Avaliação da gerência (C) Normal

(D) Pouco qualificada

(E) Não qualificada

(A) Em crise aguda

(B) Em crise

12. Classificação do setor (C) Normal

(D) Em expansão

(E) Em forte expansão

(A) Muito bom

13. Avaliação de risco (B) Bom

(C) Regular

(D) Ruim

15. É adequado o destino dos recursos e aplicações financeiras? Sim / Não

16. A empresa tem uma imagem positiva no mercado? Sim / Não

17. A empresa tem uma política estratégica de gestão? Sim / Não

18. A empresa elabora relatórios de gestão social corporativa? Sim / Não

19. A empresa tem políticas de gestão ambiental?

E) Decisão tomada pela entidade financeira

20. Decisão tomada pelo comitê de avaliação de riscos

___________________________Visto

( ) Aceito( ) Aceito parcialmente( ) Negado

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Medidas de Avaliação de Desempenho para Planejamento e Controle1. Resumo

O objetivo deste trabalho foi discutir as diversas medi-das utilizadas no processo de avaliação de desempenho, com destaque para o capital intelectual. As empresas tive-ram que quebrar paradigmas para se adaptarem à realida-de da Sociedade do Conhecimento. Assim, os sistemas de avaliação tradicionais foram substituídos ou adaptados. O valor das organizações deixou de ser representado pelo seu conjunto de ativos, e passou a ser sua capacidade de inovação, de criação, sua vantagem competitiva (ativos in-tangíveis). Contudo, muitos são os desafios para mensurar esses ativos intangíveis, em especial o capital intelectual. Portanto, as organizações tentam adequar suas medidas de desempenho para planejamento e controle, bem como utilizar esse sistema para motivar os funcionários, fonte de conhecimento e inovação.Palavras-chaves: capital intelectual, sociedade do conhecimento, avaliação de desempenho.

2. AbstractThe objective of this article is the analysis of several me-

thods used on the evaluation of performance, especially the intellectual capital. Companies have broken paradigms to adapt themselves to the reality of the Knowledge Society. Hence, traditional evaluation systems have been replaced or adapted. The commercial value of the companies is no longer represented by their assets. Their value is now represented by their innovation and creation capacities, as well as their competitive advantage (intangible assets). However, there are many challenges in order to measure these intangible as-sets, especially the intellectual capital. Therefore, companies try to adjust their performance methods for planning and ma-nagement, as well as using this system to motivate their em-ployees, who are their knowledge and information source.Key Words: intellectual capital, knowlegde society and evaluation of performance.

3. IntroduçãoAs mudanças ocorridas no cenário mundial obrigaram as

organizações a buscar novos desafios para se manterem competitivas. A Sociedade Industrial deu lugar à Sociedade do Conhecimento, na qual o principal ativo das empresas deixou de ser as máquinas e sua capacidade de produção para ser seus ativos intelectuais, ou seja, o conhecimento

que ela possui. O conhecimento tornou-se a vantagem com-petitiva sustentável, a ser considerado como variável-chave pelas organizações.

Drucker (1999) enfatiza que, na sociedade do conheci-mento, o verdadeiro investimento se dá cada vez mais no conhecimento do trabalhador. Sem este conhecimento, as máquinas são improdutivas, por mais avançadas e sofistica-das que sejam.

Nesse novo universo, empresas adquirem outras exclusi-vamente por seu conhecimento, pagando mais que o valor de mercado. Dessa forma, o valor das empresas não corres-ponde apenas ao seu valor contábil. A diferença entre o valor contábil e o valor de mercado das empresas são os ativos in-tangíveis. A aplicação do conhecimento vem impactando, so-bremaneira, o valor das organizações, pois a materialização da utilização desse recurso, mais as tecnologias disponíveis e empregadas para atuar num ambiente globalizado, produ-zem benefícios intangíveis que agregam valor às mesmas.

O Capital Intelectual é, atualmente, o recurso intangível mais importante de uma empresa. O Capital Intelectual de uma organização é representado pelo conjunto formado pe-las competências de seus funcionários e pelo conhecimento individual e coletivo incorporado em seus processos produti-vos e de gestão organizacional; por sua capacidade de trans-ferência e de integração de conhecimento; pela qualidade de seus relacionamentos com clientes, fornecedores e mercado de trabalho; e, finalmente, por sua capacidade de inovação e crescimento (Gomes e Barbosa, 2002).

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é estudar o ca-pital intelectual e os sistemas de recompensa das empresas, importante instrumento de motivação do capital humano.

4. Conceito de Capital IntelectualA definição de capital intelectual tem sido discutida por

muitos pesquisadores. A partir do século XV, alguns econo-mistas começaram a estudar formas de atribuir valor monetá-rio ao ser humano, tendo tais pesquisas um caráter econômi-

1 UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEP 20.559-900 – Rio de Janeiro - RJ

Trabalho classificado em 2º lugar no Prêmio Geraldo de La Rocque – 2006

Janaína Senra SilvaRio de Janeiro – RJContadoraMestranda em Ciências Contábeis – UERJ1

[email protected]

Artigo recebido em 1º/11/2006 e aceito em 25/01/2007.

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co de estimar as perdas com as guerras e as imigrações. Para Stewart (1998) o capital intelectual corresponde ao

conjunto de conhecimentos e informações encontrado nas organizações, o qual agrega valor ao produto e/ou serviços, mediante a aplicação da inteligência e não do capital mo-netário ao empreendimento, proporcionando-lhe vantagem competitiva.

Brooking (1996, p. 12) apud Wernke et al (2003) conceitua capital intelectual como uma combinação de ativos intangíveis, oriundos das mudanças nas áreas da tecnologia da informa-ção, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e capacitam seu funcionamento.

Capital Intelectual é, segundo Edvinsson e Malone (1998, p. 19), “um capital não financeiro que representa a lacuna oculta entre o valor de mercado e o valor contábil. Sendo, portanto, a soma do Capital Humano e do Capital Estrutural”.

CAPITAL INTELECTUAL = CAPITAL HUMANO + CAPITAL ESTRUTURAL

Os autores comparam o capital intelectual a uma árvore, na qual as partes visíveis (troncos, galhos, folhas) represen-tariam a forma como a empresa é conhecida no mercado. Essa forma seria expressa por seus relatórios financeiros e contábeis, organogramas e outros documentos. Os frutos se-riam os lucros e os produtos da empresa. As raízes represen-tariam o valor oculto, escondido debaixo da terra, nem sem-pre visível. Para que a árvore se desenvolva e dê bons frutos, é imprescindível que suas raízes sejam fortes e sadias. Des-sa forma, o capital intelectual seriam a raiz da árvore, pois é imprescindível para o sucesso da organização, mas seu valor não é expresso nas demonstrações contábeis.

Karsten e Bernhardt (2003) chamam a atenção para o fato de que, “se o capital intelectual representa a massa enterrada da raiz da árvore visível, ou, usando uma outra imagem conhecida, o iceberg gigante escondido embaixo da superfície que se encontra emersa; supondo que repre-sente 2/3 ou mais do valor real das empresas, então nos defrontamos não somente com uma distorção no setor de investimentos, mas como uma verdadeira crise que se es-tende por toda a economia”.

5. Mensuração de Capital IntelectualNo atual contexto, o valor contábil de uma empresa ra-

ramente corresponde ao seu valor de mercado. Johnson e Kaplan (1993, p. 30) apud Wernke et al (2003) salientam que o valor econômico de uma companhia não é limitado à soma dos valores de seus ativos tangíveis, pois inclui o valor de seus ativos considerados intangíveis.

Karsten e Bernhardt (2003) destacam que “o grande respon-sável por essa defasagem contábil é o conjunto dos recursos intelectuais que correspondem aos ativos mais valiosos encon-trados nas empresas e que não vêm sendo levados em conta”. Karsten e Bernhardt (2003) citam os seguintes exemplos:– Em 1995, a IBM pagou US$ 3,5 bilhões (14 vezes a ava-

liação contábil de US$ 250 milhões) na compra da Lotus. O ágio pago pela IBM representa sua avaliação monetária do conhecimento exclusivo daquela empresa.

– A MICROSOFT, empresa de Bill Gates, é muito mais capi-tal intelectual do que capital físico. O seu valor de mercado corresponde a 100 vezes o valor de seu ativo tangível.

– A NOKIA, filial finlandesa, com apenas cinco empregados, fatura US$ 200 milhões por ano.

Stewart (1998, p. 51) ressalta que, quando o mercado de ações avalia a empresa em três, quatro ou dez vezes mais que o valor contábil de seus ativos, está contando uma ver-dade simples, porém profunda: os ativos físicos de uma em-presa baseada no conhecimento contribuem muito menos para o valor de seu produto (ou serviço) final do que os ativos intangíveis (os talentos de seus funcionários, a eficácia de seus sistemas gerenciais, o caráter de seus relacionamentos com os clientes, que juntos formam seu capital intelectual).

A mensuração do capital intelectual é estudada por muitos pesquisadores. Alguns autores apresentam conceitos práticos sobre capital intelectual. Karsten e Bernhardt (2003) citam os conceitos de medição formulados por STEWART (1998), SVEI-BY (1997) e EDVINSSON & MALONE (1999), “que oferecem modelos que podem ser utilizados por executivos e gerentes de modo a melhorar o desempenho, aumentar a lucratividade e o sucesso organizacional em longo prazo”.

Segundo os autores, “STEWART aborda o gerenciamento de empresas a partir de sua experiência em empresas como General Eletric, Hewlett-Packard e a Merck & Co. SVEIBY explica como utilizar e avaliar esses ativos com base em estudos de empresas como a VM-Data, a Skandia AFS e a Celemi. EDVINSSON E MALONE demonstram uma lista de medição aperfeiçoada a partir da experiência da Skandia”.

No entanto, ainda não existe uma metodologia objetiva para mensurar os ativos intangíveis das empresas. Quanto totalizaria, por exemplo, o capital intelectual na Microsoft, em-presa que vive estritamente de sua capacidade de criação, de seu conhecimento? Assim, esse valor tão relevante não é expresso nas Demonstrações Contábeis, e o valor contábil da empresas não representa seu valor de mercado.

6. Gestão do Capital IntelectualImportantes empresas no âmbito mundial mantêm pro-

gramar formais que buscam estimular ou desenvolver seu capital intelectual. Essas organizações utilizam instrumen-tos internos como o aumento de conhecimentos de seus funcionários e externos através do relacionamento com clientes e outras formas.

Para Gomes e Barbosa (2002): “um controle gerencial adequado do capital intelectual parte da hipótese de que os ativos e recursos básicos disponíveis para uma empresa, sejam eles pessoal, processos organi-zacionais e produtivos, tecnologias adotadas, insumos etc., somente serão relevantes para a empresa se ela puder, de forma eficiente e eficaz, utilizar o conhecimento incorporado”.

Wah (2000, p. 54) apud Wernke et al (2003) cita algumas experiências bem-sucedidas de empresas que utilizam a gestão do conhecimento para facilitar os fluxos interativos de conhecimento através de toda a corporação.

“Na British Petroleum os gerentes do conhecimento buscam e codificam as lições aprendidas em suas unidades de ne-gócios e uma equipe se encarrega de disseminar essas prá-ticas na intranet da empresa”. “No caso da Ernst & Young, as equipes publicam o conhe-cimento das melhores práticas em forma de knowledge

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containers para serem aprendidas e aplicadas pelos outros funcionários. Assim, os consultores podem acelerar a solu-ção de problemas e levar os resultados aos clientes mais rapidamente”. “Na Xerox, os representantes de campo contribuem com dicas eletrônicas numa plataforma padronizada para o compartilhamento de conhecimentos, utilizada no mundo todo, contribuindo para reduzir os custos de peças e de mão-de-obra.”

Kanter et al (1998, p. 55) apud Wernke et al (2003) apre-sentam diversos exemplos de empresas que estimulam o capital intelectual e implementaram métodos de estímulo na busca de inovações de produtos e processos.

Um dos exemplos é a 3M (Minnesota Mining Manufactu-ring), empresa que tem como filosofia a inovação. Ela inves-te todos os anos até sete centavos de dólar de cada venda em pesquisa e desenvolvimento. Seus funcionários têm 15% de tempo livre para se dedicar a produtos e processos, que eles mesmos escolhem. Não há necessidade de aprovação dos níveis hierárquicos. A empresa estimula a visita a outros laboratórios e clientes, o compartilhamento de tecnologias e projetos e a integração entre os diversos setores e departa-mentos. Uma das formas de encorajar a interação entre o pessoal técnico foi a criação do Fórum Técnico da 3M, uma organização à qual todos os técnicos pertencem.

Palestras com ganhadores do Prêmio Nobel e sessões de solução de problemas estão entre os programas do Fórum. Há também a apresentação de problemas pelos funcionários de diversas unidades para que os demais possam debater sobre as possíveis soluções. Ainda instituiu diversos progra-mas e prêmios que salientam que tanto a direção da empre-sa como os colegas valorizam as contribuições dadas.

Outro exemplo é a E. I. Du Pont de Nemours and Com-pany, Inc, que investe um bilhão de dólares em pesquisas por ano. A empresa oferta aos seus funcionários um ambiente que orienta e focaliza a pesquisa de inovações em produtos e processos químicos, através de um processo estruturado por intermédio de equipes multidisciplinares. O desenvolvi-mento é orientado para o mercado. Dessa forma, a empresa estimula a interação com os clientes e entre os setores in-ternos, utilizando uma rede de comunicação para a troca de informações (eletronicamente ou pessoalmente). Também realiza parcerias com universidades.

Os esforços da General Electric Company são para eli-minar as fronteiras entre os departamentos. Assim, utiliza equipes multifuncionais (com representantes de várias áre-as) e realiza reuniões nas quais os membros das equipes expressam livremente suas idéias. Com o objetivo de for-çar a sintonia com as necessidades de mercado, financia pesquisas através de contratos externos e estimula a “abor-dagem multigerações” (que são metas de como agir para 24 meses, segunda geração, e como agir para 36 meses, terceira geração).

Gonçalves Filho e Gonçalves (2001, p. 56) apud Wernke et al (2003) explicam a utilização da Tecnologia da Informa-ção no sentido de desenvolver o capital intelectual através do acesso ao conhecimento técnico da HP (Hewlett Packard).

“A empresa desenvolveu um sistema denominado ESP (Ele-tronic Sales Partner), que contém centenas de milhares de

documentos, apresentações, especificações técnicas e elos para documentos externos disponíveis mundialmente atra-vés da internet. Alguns desses documentos são organizados automaticamente por meio de “metaconhecimento”, ou seja, classificações de tipo e formato desse conhecimento, recu-perado de forma eficiente por uma ferramenta de pesquisa por categoria, que dispõe de recursos de arquivamento dos documentos acessados. Outro sistema disponível na HP via Web é o Connex, que permite ao pessoal de pesquisa e de-senvolvimento localizar experts em conhecimentos neces-sários para seus projetos. Também existem sistemas base-ados no Lotus Notes, que permitem troca de conhecimento dos trainees com instituições de ensino e ainda há um sis-tema que conecta os revendedores à empresa permitindo-lhes obter informações técnicas e serviços on-line”.

7. Sistemas de Avaliação de Desempenho Os relatórios fornecidos pela contabilidade financeira não

retratam certas realidades das empresas atualmente, tendo em vista o fato de o valor contábil das ações estar muitas ve-zes abaixo do seu valor de mercado. Esse contraste entre os dois valores vem sendo identificado como ativos intangíveis.

Essa nova realidade traz um novo conceito de administra-ção de empresas que conduz à necessidade de aplicação de novas estratégias, de nova filosofia de gestão e novas formas de avaliação do valor da empresa. Nesse novo contexto, as empresas traçam estratégias visando a motivar seus funcio-nários com o objetivo de não “perder” conhecimento.

Segundo Sveiby (1997) apud Gomes e Barbosa (2002):“os ativos intangíveis de uma empresa seriam compostos pelo conjunto de competências dos indivíduos membros da empresa, a estrutura interna da empresa, utilizada como fio condutor de conhecimento dentro da empresa, e finalmente a estrutura externa da empresa, servindo como fio condutor de conhecimento entre ela e seus clientes e fornecedores”.

Sveiby (1997) define competência individual como:“o conhecimento explícito, o conhecimento tácito, a expe-riência, o julgamento e a socialização passada, de que é possuidor cada indivíduo. A estrutura interna, com cargos ocupados basicamente por gerentes e pessoal de suporte operacional/administrativo, seria projetada para atender três grandes tarefas, quais sejam: o gerenciamento das tensões entre os profissionais (funcionários e especializados) e os gerentes, o gerenciamento dos processos de prestação de serviços e/ou a produção e a transferência de conhecimento tácito. A estrutura externa mais do que gerir o fluxo finan-ceiro entre os diversos atores, se encarregaria do tráfego de competências, conhecimentos, referências favoráveis, imagem da empresa etc.”.

Os executivos das organizações desempenham diversas funções do ponto de vista gerencial, tais como seleção e trei-namento de pessoas, resolução de problemas, delegação de responsabilidades, manutenção da disciplina. Além dessas funções, eles têm de procurar criar um clima que induza os funcionários a trabalhar eficaz e eficientemente, aprovar as decisões a que os funcionários não estejam autorizados e interagir com os outros executivos, entre outras.

Para desempenhar as suas funções, os executivos depen-dem de informações, que podem ser formais (relatório) ou informais (conversas pessoais e telefônicas, observações).

Janaína Senra Silva Medidas de Avaliação de Desempenho para Planejamento e Controle

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Anthony e Govindarajan (2002, p. 557) chamam a atenção para o termo gerenciamento itinerante, que confirma a im-portância das informações informais para os executivos. Este autor enfatiza que a maioria dos executivos considera essas informações informais mais importantes do que qualquer re-latório formal, e que os executivos que se apóiam principal-mente em relatórios formais são exceções.

Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p. 556), “a finali-dade dos sistemas de avaliação de desempenho é auxiliar a obediência de estratégias”. A alta administração define uma série de parâmetros adequados à estratégia da empresa. Os parâmetros mais comuns são lucro e receita (financeiros); contudo, ultimamente, os resultados não-financeiros estão sendo cada vez mais utilizados.

Anthony e Govindarajan (2002. p. 560) enfatizam que “é importante para os altos executivos não somente observar os parâmetros financeiros, que indicam os resultados de deci-sões tomadas, mas também os parâmetros não financeiros, que são indicadores importantes do desempenho futuro”.

8. Sistemas de ControleA maioria das empresas usa técnicas similares na elabo-

ração e revisão do orçamento de resultados e nos relatórios deles decorrentes, de comparação dos resultados reais (as-pectos estritamente financeiros).

A forma como são gerenciados os sistemas orçamentários de resultados é muito diferente, principalmente no tocante à monitoração das atividades das unidades (Anthony e Govin-darajan, 2002, p. 530). As técnicas de análise das variações no orçamento são utilizadas por muitas empresas para medir o desempenho de seus executivos.

Os modos de exercer controle podem ser diferentes. Anthony e Govindarajan (2002, p. 530) classificam como controle rígido aquele no qual a administração frequentemente controla as ati-vidades de uma unidade, e como controle a distância quando é exercido um controle limitado destas atividades durante o ano.

O principal aspecto em que o controle rígido difere do con-trole distante não é o grau de delegação, mas a extensão da monitoração (Anthony e Govindarajan, 2002, p. 530). Embo-ra o controle rígido seja acompanhado frequentemente por uma delegação de poderes mais limitada do que o controle a distância, esse nem sempre é o caso.

8.1. Controle rígidoNo controle rígido, os executivos devem atingir metas es-

pecíficas de curto prazo. A administração auxilia seus subor-dinados na resolução dos problemas cotidianos. O desem-penho dos executivos de cada unidade será mensurado pelo cumprimento do objetivo principal e obrigatório, qual seja, o lucro. Será avaliado o desempenho mensal em comparação com o acumulado, analisadas e debatidas as variações, e consideradas providências corretivas, caso fique evidencia-do que as metas não estão consoantes com o orçamento.

Para Anthony e Govindarajan (2002, p. 530), “esse é um sistema em que o desempenho dos executivos é avaliado principalmente pela habilidade de atingir as metas orçadas nos períodos compreendidos nos relatórios”.

O controle rígido tem duas vantagens importantes sobre o controle a distância. A primeira é evitar o desperdício e a

ineficiência dos executivos, uma vez que eles estarão pre-ocupados com os resultados. A segunda é que, devido à pressão, os executivos buscarão formas de controlar melhor as operações e iniciar novas atividades com o objetivo de alcançar as metas orçadas.

O controle rígido tem quatro desvantagens principais. A primeira é que os efeitos podem ser contraproducentes, pois os executivos tomarão decisões visando ao alcance das me-tas a curto prazo. Dessa forma, essas decisões podem não ser de interesse a longo prazo da empresa. Anthony e Govin-darajan (2002, p. 532) chamam a atenção para o fato de que, “se, num ambiente de controle rígido, é dada ao executivo uma grande autonomia, há a possibilidade de serem toma-das decisões antieconômicas a curto prazo”.

A segunda é que os executivos das unidades, para obter lucros a curto prazo, podem não tomar decisões com efeito a longo prazo. Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p. 533), “os executivos podem propor investimentos ‘seguros’ (que produzem adequados fluxos de caixa) em vez de proje-tos de alto risco, ainda que possam trazer alto retorno”.

A terceira desvantagem é que os executivos podem ten-tar fixar metas de lucros que eles consideram atingíveis. Como os executivos têm a meta única de alcançar o lucro orçado, eles podem distorcer a comunicação entre as uni-dades e seus superiores, ocasionando dados equivocados na empresa toda, uma vez que o lucro orçado pode ser me-nor que o lucro que a empresa tem capacidade de alcançar. Além disso, os executivos podem adiar medidas corretivas, relutando em admitir durante o ano que não alcançaram o lucro orçado.

A quarta desvantagem é que os executivos podem ma-nipular e fraudar os dados financeiros com o objetivo de alcançar as metas financeiras estabelecidas. Anthony e Govindarajan (2002, p. 533) citam que “uma modalidade é escolherem procedimentos contábeis que cerceiam os lucros futuros para serem atingidas metas correntes (exemplo: pro-visões inadequadas para créditos incobráveis, manipulação de estoques, reclamações de seguros etc.). Outra modali-dade é a falsificação de dados, isto é, o uso deliberado de dados incorretos”.

8.2. Controle distanteNo controle a distância, o orçamento é um instrumento

de comunicação e planejamento. Os executivos não serão, necessariamente, avaliados com base nas variações entre os resultados reais e orçados. As diferenças entre os valo-res reais e os orçados são debatidas mensal ou trimestral-mente pela administração e pelos executivos das unidades. São analisadas e explicadas as origens de tais diferenças, e, caso seja necessário, providências corretivas são tomadas durante o ano pela administração.

Anthony e Govindarajan (2002, p. 531) enfatizam que “o orçamento não é, porém, considerado uma meta obrigatória, mas é considerado a melhor estimativa de lucratividade na época em que foi elaborado. O fato de a meta original não ter sido atingida não significa necessariamente um fraco de-sempenho”. Um exemplo do controle a distância é delegar às unidades limites de compra de insumos sem necessidade de aprovação prévia da matriz.

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9. Sistemas de Avaliação em Geral9.1. Quadro de avaliação balanceada

Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p.561), “a tabela de avaliação balanceada é um exemplo de sistema de ava-liação de desempenho que adota um equilíbrio entre parâ-metros estratégicos díspares, visando conseguir a congru-ência de objetivos, estimulando, portanto, os funcionários a atuarem no melhor interesse da organização. Ao aumentar a congruência de objetivos, a tabela de avaliação balanceada é um instrumento de enquadramento da organização, aper-feiçoando a comunicação, definindo objetivos organizacio-nais e dando retorno para apreciação das estratégias”.

O quadro de avaliação de desempenho combina os parâmetros estratégicos: financeiros e não-financeiros, de resultado e causais e de natureza interna e externa à empresa. Cada parâmetro da tabela avalia um aspecto es-tratégico da empresa.

Para Anthony e Govindarajan (2002, p.561), “ao definir a tabela de avaliação balanceada, os executivos devem esco-lher uma série de parâmetros que (1) reflitam acuradamente os fatores críticos que determinarão o sucesso da estratégia da empresa; (2) mostrem relação entre si de causa e efeito, indicando a maneira como os parâmetros controlam os resul-tados econômico-financeiros a longo prazo; e (3) proporcio-nem uma visão abrangente da situação da empresa”.

Os parâmetros de resultado informam o que aconteceu na empresa e avaliam o resultado de uma estratégia traçada pelos executivos. Assim, o valor do aumento da receita, por exemplo, é resultado da prática da estratégia da empresa. Por outro lado, os parâmetros causais indicam alterações que podem modificar os resultados e mudar o comportamento na organização. Dessa forma, estes parâmetros que mostram a evolução das áreas principais na prática da estratégia são “parâmetros de futuro” (Anthony e Govindarajan, p. 561).

Anthony e Govindarajan (2002, p. 562) destacam que “parâmetros de resultados e parâmetros causais estão inti-mamente ligados. Se os parâmetros de resultado indicam a existência de um problema, e os parâmetros causais mos-tram que a estratégia está sendo respeitada, há grande pro-babilidade que a estratégia deve ser mudada”.

Muitas empresas avaliam o desempenho financeiro atra-vés de sistemas sofisticados. Contudo, os parâmetros não-financeiros muitas vezes não são incluídos na avaliação do desempenho dos executivos da empresa. Anthony e Govin-darajan (2002, p. 562) concluem que um dos motivos para tal acontecimento é o fato de que “estes parâmetros são muito menos sofisticados do que os parâmetros financeiros, e a alta administração estava menos habituada a seu uso”. Po-rém é importante salientar a importância que estes parâme-tros têm atualmente, pois ignorar aspectos não-financeiros como a qualidade dos produtos e a satisfação dos clientes pode levar uma organização ao fracasso.

A organização deve medir a importância dos parâmetros internos, como o rendimento da produção, e externos, como a satisfação dos clientes na organização. Para Anthony e Govindarajan (2002, p. 562), “a razão para essa recomen-dação é o fato de que as empresas sacrificam frequente-mente seu desenvolvimento interno em favor de resultados externos, ou ignoram resultados externos na convicção

equivocada de que são suficientemente bons parâmetros de avaliação internos”. Contudo, é fundamental que ambos os parâmetros sejam considerados na avaliação de desem-penho dos executivos.

Um dos pontos mais importantes do Quadro de Avaliação Balanceada é sua característica de avaliar resultados e cau-sas de maneira a levar a empresa a atuar em conformidade com suas estratégias. A congruência de objetivos é alcança-da quando os objetivos gerais e financeiros coincidem com os objetivos pessoais do nível mais baixo. Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p.564), “com tais parâmetros, todos os funcionários podem compreender a maneira como seus atos influem nas estratégias da empresa”.

Não existe um quadro de avaliação balanceada genéri-co, uma vez que os parâmetros estão relacionados às es-tratégias, que são inerentes à organização. Há apenas uma estrutura geral.

Anthony e Govindarajan (2002, p. 564) descrevem esta estrutura: “os parâmetros da tabela de avaliação balanceada são ligados de alto a baixo entre si e ligados aos objetivos específicos da organização inteira. A tabela dá ênfase à idéia de relações de causa e efeito entre os parâmetros”.

É imprescindível que o quadro não seja uma “lista de la-vanderia”, ou seja, que haja coerência e relação de causa e efeito entre os parâmetros e as perspectivas. Dessa for-ma, cria-se um instrumento de transformação da estratégia e ação e torna-se possível a avaliação do desempenho.

Os executivos devem preocupar-se com alguns problemas que podem limitar a utilização do Quadro de Avaliação Ba-lanceada, como a falta de correlação entre parâmetros não-financeiros e resultados; a fixação em resultados financeiros; a falta de mecanismo de aperfeiçoamento; parâmetros desa-tualizados; uma avaliação sobrecarregada e dificuldade de estabelecer compensações.

O principal problema do quadro-tabela é que não há ga-rantia de que a lucratividade se manterá dentro das metas, sob qualquer parâmetro financeiro. É importante que a admi-nistração da organização entenda as relações entre os parâ-metros financeiros e os não-financeiros.

9.2. Controle interativoO controle interativo tem como principal objetivo favo-

recer a formação de um clima de aprendizado, no qual os funcionários de todos os níveis da organização pesquisem continuamente o ambiente, identifiquem a probabilidade de surgimento de problemas e de oportunidades, troquem infor-mações abertamente e experimentem modelos alternativos, a fim de se adaptarem a novos ambientes.

O controle interativo alerta a administração para as incer-tezas estratégicas, ou seja, alterações importantes no am-biente que podem afetar a estratégia da organização, tais como mudanças na preferência dos clientes, nas tecnologias, nos concorrentes, produtos substitutos, entre outros. Dessa forma, os executivos podem avaliar o impacto da mudança sobre a organização e buscar uma forma de se adaptar, uma nova estratégia ou modificação na atual, por exemplo.

Anthony e Govindarajan (2002, p. 572) enumeram as se-guintes características do controle interativo:

1. Seu ponto principal é um subconjunto de informações

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de controle gerencial relativo às incertezas estratégicas.

2. Os altos executivos tratam essas informações com se-riedade.

3. Os executivos de todos os níveis da organização concen-tram sua atenção nas informações produzidas pelo sistema.

4. Superiores e subordinados debatem as implicações das informações, visando a futuras iniciativas estratégicas.

5. Nas reuniões para esses debates, são analisadas as informações, são levantadas hipóteses e são tomadas decisões.

O controle interativo é parte integrante do sistema geren-cial. As informações interativas tendem a ser de natureza não-financeira.

10. Remuneração dos ExecutivosUm dos maiores problemas gerenciais é motivar as pes-

soas da organização, fazendo com que seu comportamento colabore para o alcance das metas e objetivos da companhia.

Em geral, a remuneração dos executivos de uma organi-zação é composta de salário, benefícios (plano de saúde, por exemplo) e incentivos. Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p. 616), os planos de compensação por incentivos podem ser divididos em planos de incentivos a curto prazo, que se baseiam no desempenho do ano em curso ou a longo prazo.

As gratificações dos planos de curto prazo geralmente são pagas em dinheiro, e as de longo prazo, em ações da companhia. Um dos métodos mais comuns para o cálculo da gratificação de curto prazo é determinar percentuais sobre o lucro. Por exemplo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) determina um percentual so-bre o lucro que será distribuído aos funcionários a título de participação nos resultados, limitando o valor de cada funcio-nário a 2,7 salários.

Existem diversos métodos para calcular a gratificação dos funcionários, tais como aumento da lucratividade do ano ante-rior, EVA (Economic Value Addes), percentagem do lucro. A for-ma de calcular o montante que a organização atribuirá para gra-tificação dos funcionários é determinada pela diretoria ou pelo executivo-chefe, ou ainda por uma decisão conjunta dos dois.

A forma de remuneração dos funcionários de uma orga-nização varia de acordo com a ênfase que a empresa dá ao desempenho. A organização pode dar ênfase ao salário; des-sa forma, devem ser recrutadas pessoas competentes, que devem ser bem pagas para que possa ser exigido um bom desempenho. Na outra vertente, a organização pode dar ên-fase ao recrutamento de pessoas capacitadas, à expectativa de que tenham um bom desempenho e a pagar-lhes bem caso seu desempenho seja realmente bom (Anthony e Go-vindarajan, p. 625). O efeito motivacional das duas formas é diferente para os executivos. Anthony e Govindarajan (2002, p. 625) explicam que, “como o salário é uma receita fixa, a ênfase no salário pode levar ao conservadorismo e à com-placência. A ênfase em gratificações de incentivo tende a en-corajar os executivos a despenderem o máximo esforço”.

10.1. Critérios de desempenhoDefinir a base da gratificação dos executivos é uma tarefa

árdua. Muitas empresas usam critérios financeiros, tais como margem de contribuição para o lucro, lucro da própria unida-de, lucro controlável da unidade, lucro antes de impostos e lucro líquido da empresa. Por exemplo, se uma unidade é um centro de lucro, o critério seria o próprio lucro da unidade.

As organizações devem fazer ajustes dos fatores incon-troláveis nos critérios financeiros. As perdas por motivos na-turais (fogo, terremoto, enchente) e acidentes não causados por negligência dos executivos, bem como as despesas re-sultantes de decisões de executivos superiores no âmbito da unidade, devem ser ajustadas ao critério financeiro.

O vínculo criado entre a gratificação e um critério finan-ceiro de curto prazo pode ser nocivo à organização. Con-forme descrito anteriormente, a gratificação de executivos vinculada a metas financeiras de curto prazo pode ocasionar os seguintes problemas: encorajá-los a tomar decisões de curto prazo em detrimento dos interesses de longo prazo da empresa; os executivos podem postergar ou até não reali-zar investimentos que possam dar resultados a longo prazo para não prejudicar os resultados financeiros de curto prazo; e manipular dados para cumprir metas correntes.

Um dos mecanismos para resolver esse problema é vin-cular a gratificação dos executivos ao desempenho de vários anos. Contudo, Anthony e Govindarajan (2002, p. 629) citam como fraquezas desse método a dificuldade que os execu-tivos terão de vincular seus esforços à recompensa em um esquema de vários anos, diminuindo e efeito motivacional da recompensa; a aposentadoria ou transferência do executivo nesse período, o que dificultaria a adoção do plano; e a pos-sibilidade de fatores fora do controle do executivo influencia-rem a realização das metas a longo prazo.

Outro método seria organizar um quadro de avaliação balanceada em que se incluiriam itens não-financeiros, como o crescimento das vendas, a participação no merca-do, a satisfação dos clientes, a qualidade dos produtos, o desenvolvimento de novos produtos, o desenvolvimento do pessoal e a responsabilidade perante o público. Anthony e Govindarajan (2002, p. 630) ressaltam que “a alta adminis-tração pode incutir a desejada orientação de atitudes a lon-go prazo versus atitudes a curto prazo nos executivos das unidades e compensar os fatores que não estejam refleti-dos nos parâmetros financeiros com uma seleção judiciosa de critérios financeiros e não financeiros, bem como dando a esses critérios pesos apropriados”.

Segundo Anthony e Govindarajan (2002, p. 638), um sis-tema de incentivos que contenha os seguintes fatores tem probabilidade muito maior de sucesso:

• necessidades, valores e convicções dos executivos re-compensados;

• cultura da empresa;

• fatores externos, como as características do ramo da empresa, os métodos de compensação da concorrên-cia, o mercado de trabalho dos executivos e pormeno-res legais e tributários;

• estratégias da empresa.

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11. ConclusãoAs empresas devem adaptar-se à Sociedade do Conhe-

cimento. Logo, suas estratégias, metas e objetivos devem refletir a mudança necessária para mantê-la competitiva.

No novo cenário, o bem mais precioso que a organização tem é o conhecimento. Dessa forma, o capital intelectual deve ser valorizado. A organização deve motivar seus funcionários, dando-lhes a infra-estrutura necessária ao desempenho de

seu trabalho, além de incentivá-los a criar, a se desenvolver. Outra forma de valorizá-los é através de recursos finan-

ceiros satisfatórios. Os sistemas de desempenho devem es-timular os funcionários a agregar valor à empresa e a não ser recompensados apenas por um sucesso individual.

Logo, nesse novo cenário a sinergia entre os recursos materiais e humanos é imprescindível para a sobrevivência da organização.

Janaína Senra Silva

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 20 - 26, jan./mar. 2007

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Utilização do Modelo ISAR/UNCTAD: Uma Análise ComparativaResumo

O objetivo da pesquisa foi comparar as informações divul-gadas pelas empresas com o modelo proposto pelo ISAR/UNCTAD. Para este trabalho foram escolhidas sete empre-sas: cinco do setor siderúrgico e Aracruz e Petrobras, para comparação dos resultados econômicos com seu desem-penho ambiental através das informações divulgadas em suas demonstrações financeiras publicadas, nos relatórios de gestão ambiental e nos balanços sociais ou relatórios de desempenho socioambiental. Os resultados indicam que, a exemplo de estudos anteriores, tais relatórios não apresen-tam informação adequada para resguardar stakeholders dos riscos financeiros associados aos passivos de origem am-biental, mas a persistente existência de inconsistências nas demonstrações de um ano para o outro.Palavras-chave: passivo ambiental, contabilidade ambiental, inves-timento ambiental.

AbstractThe main objective of this research was to compare firms’

disclosure against proposed ISAR/UNCTAD model. This pa-per selected a sample of 7 entrepreneurships to compare economics and environmental performance in their financial, environmental, social and social environmental reports: five of them from iron and steel sector, Aracruz and Petrobras. The results indicate (1) that, as previous studies, reports do not have an adequate level of financial information to pro-tect stakeholders from risks related to future environmental liabilities; and (2) a persistent financial statements inconsis-tence still remain.Key words: environmental liability, green accounting, environmental investment.

1. IntroduçãoO espaço conceitual em que se encontra esse trabalho

está vinculado à possibilidade de se poderem analisar os resultados ambientais que uma empresa diz alcançar com seus resultados econômico-financeiros, através de metodo-logia própria, com base em sugestões do ISAR/UNCTAD2.

O objetivo da pesquisa foi comparar as informações divul-gadas pelas empresas com o modelo proposto pelo ISAR/UNCTAD3. Escolhemos o relatório proposto pelo ISAR/UNC-TAD pela importância desse modelo na contabilidade am-biental. O ISAR, ao propor o modelo de apresentação de informações sobre meio ambiente, parte do princípio de que

os passivos e contingências ambientais foram devidamente reconhecidos, apropriadamente mensurados e evidenciados pela contabilidade da empresa.

Os organismos nacionais e internacionais que propõem modelos de relatórios sociais tratam da divulgação de infor-mações sobre os resultados econômicos, sociais e ambien-tais de determinada entidade. O lucro, para alguns, não pode ser analisado apenas em seu aspecto econômico, e sim de forma comparada com as contribuições sociais e ambientais que ele deve trazer. O triple bottom line, ou análise tripla, é como esse enfoque tem sido chamado.

Para este trabalho foi escolhido o setor siderúrgico para comparação dos resultados econômicos com seu desempe-nho ambiental através das informações divulgadas em suas demonstrações financeiras publicadas, nos relatórios de ges-tão ambiental e nos balanços sociais ou relatórios de desem-penho socioambiental.

Os resultados indicam que, a exemplo de estudos ante-riores, tais relatórios não apresentam informação adequada para resguardar stakeholders dos riscos financeiros asso-ciados aos passivos de origem ambiental, mas a persistente existência de inconsistências nas demonstrações de um ano para o outro.

2. Referencial ConceitualA pesquisa trata do passivo ambiental de acordo com os

entendimentos da Teoria Contábil, das normas e legislação

Aracéli Cristina de Sousa FerreiraRio de Janeiro – RJContadoraProfessora titular da UFRJ1

Doutora em Ciências Contá[email protected]

André Luiz BufoniRio de janeiro – RJContador Pesquisador da UFRJ1

Mestre em Ciências Contá[email protected]

Natiara Penalva MunizRio de Janeiro – RJMestranda em Ciências Contábeis Pesquisadora da UFRJ1

Artigo recebido em 1º/11/2006 e aceito em 25/01/2007.

1 UFRJ – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – CEP 22.290-240 – Rio de Janeiro – RJ.2 ISAR/UNCTAD – International Standards Accounting Reporting/United Nations Conference on Trade and Development (Padrões Internacionais de Contabili-

dade da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento). Environmental financial accounting and reporting at the corporate level. 1997. Disponível em www.unctad.org/isar

3 O relatório sobre questões do meio ambiente proposto pelo ISAR/UNCTAD apresenta-se no anexo I.

Trabalho classificado em 3º lugar no Prêmio Geraldo de La Rocque – 2006

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 27 - 34, jan./mar. 2007

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brasileiras pertinentes e, principalmente, da orientação dada pelo ISAR/UNCTAD sobre o assunto.

A Teoria Contábil caracteriza Passivo como “sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos resultantes de obrigações presentes” (Hendriksen, 1999 p. 408). O mesmo autor considera como característica de um passivo o fato de que não é necessário que o valor da obrigação seja conheci-do com certeza, bastando que o sacrifício futuro seja provável (pág. 410). Além disso, diz ainda que, “para se reconhecer um passivo, por exemplo, ele deve ser mensurável. Entretan-to, simplesmente porque um passivo não pode ser medido, não quer dizer que não seja um passivo – continua sendo um passivo não reconhecido. O conceito de passivo em contabi-lidade, assim, engloba provisões e contingências”.

Conforme FIPECAFI (2000, pág. 246), “... há inúmeros passivos que também devem ser registrados, apesar de não terem data fixa de pagamento ou mesmo não conterem ex-pressão exata de seus valores. Isto porque no exigível de-vem estar contabilizadas todas as obrigações, encargos e riscos, conhecidos e calculáveis. As provisões são normal-mente encargos e riscos já conhecidos, e seus valores são calculáveis, mesmo por estimativas”.

Já as “Reservas para Contingências são, por outro lado, uma expectativa de perdas ou prejuízos ainda não incorri-dos; por ser possível antevê-los e por precaução e prudência empresariais, segrega-se uma parte dos lucros já existentes, não os distribuindo para suportar financeiramente o período em que o prejuízo ocorrer efetivamente” (FIPECAFI, pág. 266). Na mesma linha o ISAR/UNCTAD — cujo modelo foi seguido para a realização do presente estudo — recomenda um modelo para a divulgação de informações ambientais nos relatórios anuais da companhia. O ISAR/UNCTAD justifica a necessidade dessa divulgação considerando que a poluição causada por empresas públicas ou privadas e por governos nas várias esferas se tornou um problema não só econômi-co, mas social e político.

No seu entendimento, esse grupo da ONU considera que passivos ambientais são obrigações relacionadas com os custos ambientais incorridos por uma empresa e que aten-dem aos critérios de reconhecimento de passivo. Diz também que em alguns países, mesmo quando são incertos o mon-tante ou o momento da despesa a ser incorrida, “os passivos ambientais” são registrados como provisões para passivos ambientais. Além disso, cita a figura da obrigação construti-va, que é baseada em considerações éticas ou morais, além da consideração de obrigação legal. Como exemplo é citado o fato de uma empresa poder considerar como seu passivo ambiental a limpeza de uma área em particular mais como uma questão de reputação do que de exigência legal.

Nesse sentido, considera-se que uma empresa que polui dentro dos limites legais estabelecidos não deixa de ter um passivo em relação ao meio ambiente, pois haverá a neces-sidade de restaurar ou remediar o meio ambiente, ou seja, poderá haver uma obrigação pecuniária, mesmo que legal.

Quanto ao fato de não se poder mensurar esse tipo de dívida, o grupo do ISAR/UNCTAD é taxativo ao afirmar que em “raras situações não será possível estimar, no todo ou em parte, o montante do passivo ambiental”.

A Comissão de Valores Mobiliários aprovou recentemente

o Pronunciamento do IBRACON NPC Nº 22, que divide as contingências passivas em: (a) praticamente certa, (b) pro-vável, (c) possível e (d) remota; sendo que a provisão deve ser reconhecida no caso de ser provável (item 10. b). Mas, para que isso aconteça, outras duas exigências deverão ser atendidas: (1) haja uma obrigação (informal ou legal) em con-seqüência de evento passado e (2) o montante da obriga-ção possa ser estimado com suficiente segurança. Assim, podemos reduzir a dois os problemas para evidenciação do passivo ambiental: reconhecimento e valoração.

Ferreira e Bufoni (2006) já haviam encontrado evidências de que, em 1992, problemas em estimar passivos ambientais já eram difíceis de aceitar, porque:

“(...) como a base do conhecimento sobre os problemas ambientais cresce, e a remediação e o provisionamen-to associado estão se tornando cada vez mais comuns, a inabilidade da companhia em não conseguir estimar gastos ambientais esta se tornando cada vez mais difícil de aceitar” (BAKER, 1996).

Este parecer está de acordo com o ISAR, que acredita “raras seriam aquelas situações onde nenhuma estimativa pudesse ser efetuada” (IBRACON, 1998). Mas, mesmo com tais esforços e com a exigência da Securities and Exchange Commission (SEC) de que as empresas emitam relatórios se os gastos com a poluição tiverem um efeito material em seus resultados, em abril de 1993 a SEC advertiu que as empresas americanas não estavam fornecendo informação ambiental suficiente (WILLIAMS e PHILLIPS, 1994). As demonstrações regulamentadas parecem não atender às necessidades de informação dos usuários (LIMA e VIEGAS, 2002).

Quanto à Lei 6404/76, ela diz que:“Art. 184 – No balanço, os elementos do passivo serão

avaliados de acordo com os seguintes critérios:I – as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculá-veis, inclusive imposto de renda a pagar com base no resul-tado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço.”

Nosso estudo entendeu que, dada as características do processo produtivo da indústria siderúrgica em geral, a polui-ção gerada, mesmo que dentro dos limites legais, e o risco inerente a esse processo produtivo deveriam ser reconhe-cidos pelas empresas. Consideramos esse entendimento compatível com a teoria contábil, com o pronunciamento do ISAR/UNCTAD e com as normas da CVM.

3. MetodologiaDada a quantidade de empresas analisadas, este trabalho

se assemelha a um estudo de caso múltiplo. Apresentamos a seguir a descrição da amostra, as fontes de dados, a metodolo-gia de análise e limitações inerentes ao projeto de pesquisa.

Na pesquisa-piloto, realizada com o setor de papel e ce-lulose no ano 2003, relativa ao ano de 2002, verificou-se que o grau de informação divulgado sobre investimentos e ações sobre o meio ambiente nos relatórios de gestão ambiental, também chamados de relatórios de desempenho socioam-biental, não encontraram correspondência nos relatórios con-tábeis. Outro dado importante é que nenhuma das empresas

Aracéli Cristina de Sousa Ferreira André Luiz Bufoni Natiara Penalva Muniz Utilização do Modelo ISAR/UNCTAD: Uma Análise Comparativa

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informava o passivo ambiental decorrente de sua atividade, embora todas citassem problemas de impacto ambiental.

Naquele momento, dois pontos principais foram analisa-dos: investimento em meio ambiente e reconhecimento de passivos ou contingências ambientais. Os resultados foram os seguintes:

Investimentos em Meio Ambiente

Empresa Balanço Patrimonial Relatório Ambiental

Votorantim Celulose Não identificado R$ 56.682

Ripasa Não identificado Não identificado

Aracruz Não identificado Não identificado

Provisão para Contingências Ambientais (*)

Empresa Balanço Patrimonial Relatório Ambiental

Votorantim Celulose Não identificadoTrata apenas das ações positivas

Ripasa Não identificadoTrata apenas das ações positivas

Aracruz Não identificadoTrata apenas das ações positivas

(*) Não reconhecer a provisão, para a contabilidade, significa não reconhecer risco ambiental de suas operações sobre o patrimônio da empresa.

Em 2004, já com apoio da FAPERJ, decidiu-se analisar as empresas do setor siderúrgico, escolhido pelos seguintes fa-tores: a) em 1999 o Instituto Brasileiro de Siderurgia promo-veu um treinamento especial sobre contabilidade ambiental realizado pelo ISAR/UNCTAD, com o apoio do BNDES; b) os impactos ambientais causados pela atividade de siderur-gia são relevantes; c) o setor vem investindo na melhoria do processo produtivo, visando torná-lo menos degradante; e d) o setor é usuário intensivo de água, recurso natural cuja po-luição vem aumentando. Além dessas empresas, decidiu-se incluir outras duas, Petrobras, e Aracruz Celulose; a primeira, por sua importância na economia nacional e pelos impactos ambientais que sua atividade provoca; a segunda, por ter tido suas informações ambientais certificadas por uma empresa especializada em 2003, o que não havia ocorrido em 2002. Foram analisadas as informações divulgadas em 2004 relati-vas às suas operações em 2003.

Amostra Analisada

Companhia Siderúrgica de Tubarão – CST

Companhia Siderúrgica Nacional – CSN

Companhia Siderúrgica Paulista – Cosipa

Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A – Usiminas

Gerdau S.APetróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS

Aracruz Celulose S.A.

Quanto às fontes de dados, todas as informações são de livre acesso do público e foram extraídas de divulgações das próprias empresas. Foram elas: a) relatórios anuais; b) demons-trações financeiras padronizadas; c) relatórios ambientais e so-cioambientais; e d) o site das empresas. Outra fonte consultada foi a página da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, www.cvm.gov.br, como forma de ampliar a base de informações.

A técnica usada neste trabalho para a análise das informa-ções prestadas pelas empresas é de natureza qualitativa e estruturada da seguinte maneira: tomou-se como parâmetro o modelo do ISAR/UNCTAD; caso a empresa apresentasse qualquer informação referente ao tópico, suas informações seriam classificadas em (A) quando atende, (A.P.) caso aten-da parcialmente, e, inexistindo qualquer menção ao tipo de informação exigida pelo tópico no modelo do ISAR/UNCTAD nos relatórios da empresa, a classificação seria (N.A.) – não atende. Por exemplo, no tópico Políticas de Descontamina-ção e Recuperação de Terrenos, se a empresa apresenta informações sobre ambos, descontaminação e recuperação, foi classificada como (A) – atende; se apresentou informa-ções sobre um ou outro, foi classificada como (A.P.) – atende parcialmente. Pelos motivos expostos a seguir, esta classifi-cação passou a figurar em colunas na planilha de análise.

Durante a análise, percebeu-se que, embora completa, a estrutura do modelo do ISAR/UNCTAD era substancialmente diferente da estrutura das demonstrações financeiras brasi-leiras, donde ocorrências em determinadas áreas do mode-lo da ONU serem encontradas em uma ou mais partes das informações prestadas pelas empresas analisadas. Assim, resolveu-se alterar a forma de planilhamento de maneira a comparar ambas as estruturas. Por exemplo, o item “ques-tões chaves”, que segundo o ISAR deveria estar no relatório ambiental, foi encontrado no Relatório Anual de Administra-ção e foi então grafado como RA – Relatório Anual. Como atendia plenamente, foi grafado na coluna A.

Além disso, uma análise crítica foi feita sobre os docu-mentos. Verificou-se o formato, a consistência e os valores dos investimentos apresentados compilados por empresa.

Esta pesquisa tem como limitações conhecidas: i) o fato de que as empresas pesquisadas não são obrigadas a adotar o modelo ISAR/UNCTAD, podendo adotar outros modelos, tais como Balanço Social do IBASE, GRI – Global Reporting Initiative, entre outros; ii) o fator humano, já que a análise foi realizada em 7 (sete) empresas, e as demonstrações obri-gatórias são compostas de 11 (onze) elementos, além dos acessos aos site das empresas e CVM – Comissão de Valo-res Mobiliários, ampliando assim a base de consulta. Com a estrutura do modelo ISAR, que possui 33 tópicos por analisar (excluindo o item J – Outras Informações), foram feitas 2.541 observações, podendo informações relevantes para o estudo terem sido truncadas em meio às irrelevantes. Considera-se o erro aceitável.

4. Análise dos Resultados4.1. Comparando com o padrão do ISAR/UNCTAD

A primeira análise efetuada foi com relação à adesão das empresas ao modelo apresentado pelo ISAR. Pode-se dizer que houve melhoria na qualidade das informações prestadas em 2005, se comparadas com as apresentadas em 2004 e relativas ao exercício de 2003. Como ponto positivo, desta-ca-se a Companhia Siderúrgica Paulista – Cosipa, com a in-formação sobre contingência ambiental, e a CSN, que traz o total do custeio em meio ambiente.

Nas planilhas das empresas do setor de siderurgia — Co-sipa, CSN, CST, Gerdau e Usiminas —, identificou-se que nos dois anos não ocorreram alterações nos itens: “F. Di-

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vulgação (disclosure) de políticas contábeis”; “G. Demons-trações de Resultado”, “H. Balanço Patrimonial” e “I. Notas explicativas”, tendo assim a nomenclatura N.A. – não atende em todos os seus subitens. A exceção é a empresa Cosipa, conforme será mostrado posteriormente.

A seguir os pontos em que foram observadas variações em cada empresa:

COSIPAA empresa apresentou uma leve melhoria; suas informa-

ções sobre meio ambiente, além das disponibilizadas no seu site, conforme o ano de 2003, vieram em seu relatório anual, sendo assim uma apresentação mais abrangente e formal. Quantitativamente a Cosipa acrescentou dois subitens que não atendia e que passaram a vigorar como A. atende no ano de 2004, conforme quadro a seguir:

Evidenciação (disclosure) recomendada 2003 2004

Referências cruzadas com outros relatórios ambientais N.A. A.

Questões chaves do meio ambiente que a empresa defronta a curto e médio prazo

N.A. A.

Destaca-se a nota explicativa da empresa, na qual con-templa a informação sobre contingência ambiental, divul-gando que em 2004 a empresa não provisionou nenhuma contingência ambiental, porém em 2003 mostra o valor de R$ 83 (milhares).

CSNPode-se dizer que nas comparações da CSN, um subitem

deixou de ser atendido, “Compromisso da empresa na con-tínua melhoria do meio ambiente”, contra seis subitens que passaram a ser atendidos, um de forma parcial, nas demons-trações apresentadas sobre o ano de 2004. Os subitens fo-ram destacados a seguir:

Evidenciação (disclosure) recomendada 2003 2004

Compromisso da empresa na contínua melhoria do meio ambiente

A. N.A.

Dados segmentados do desempenho das questões do meio ambiente

N.A. A.P.

Dados financeiros sobre custos do meio ambiente N.A. A.

Referências cruzadas com outros relatórios ambientais N.A. A.

Questões chaves do meio ambiente que a empresa defronta a curto e médio prazo

N.A. A.

Planos para as respectivas abordagens N.A. A.

Assuntos legais pendentes N.A. A.

Um fato apresentado pela CSN em seu relatório do meio ambiente que deve ser ressaltado são gráficos que trazem o total de investimentos de capital em meio ambiente para os anos de 2004, 2003 e 2002, e o custeio em meio ambiente, que totaliza R$ 147, R$ 107 e R$ 70, valores em milhões para os anos de 2004, 2003 e 2002, respectivamente, sendo esses valores abertos em: controle de emissões atmosféri-cas, controle de efluentes líquidos, controle de resíduos sóli-dos e administração do meio ambiente.

CSTSeguindo o ocorrido no Relatório de Pesquisa Socioam-

biental I, a CST foi novamente a empresa que mais subitens

atendeu, totalizando 12 (doze) atendidos e 2 (dois) atendidos parcialmente. A empresa deixou de abordar assuntos relati-vos às melhorias ocorridas desde o último relatório e acres-centou outros pontos, tais como: “planos para as respectivas abordagens”, onde a empresa fala da sua estratégia para o Protocolo de Kyoto e a redução de CO2, e “Questões chaves do meio ambiente com que a empresa se defronta a curto e médio prazos”, onde a empresa lista metas por cumprir no período de 2004 até 2008, colocando a posição da meta, se está “cumprida” ou “em desenvolvimento”.

Observe abaixo os subitens que sofreram alterações do ano de 2003 para o ano de 2004.

Evidenciação (disclosure) recomendada 2003 2004

Melhorias significativas desde o último relatório A. N.A.

Melhoria nas áreas chaves desde o relatório anterior A. N.A.

Questões chaves com as quais a empresa se defronta N.A. A.

Responsabilidades organizacionais N.A. A.

Referencias cruzadas com outros relatórios ambientais N.A. A.

Questões chaves do meio ambiente que a empresa defronta a curto e médio prazo

N.A. A.

Planos para as respectivas abordagens N.A. A.

Níveis atuais e projetados dos dispêndios com as questões ambientais

A.P. N.A.

GERDAUAnteriormente, quando se falou em melhoria, a Gerdau

também estava incluída: a empresa passou de forma super-ficial a segmentar as informações do desempenho das ques-tões ambientais por região geográfica, mostrando um pouco de cada usina. No relatório ambiental de 2003, a Gerdau cita que possuía um sistema de gestão ambiental nos moldes da ISO 14001; neste atual relatório ambiental, a empresa es-clarece que no Brasil a Gerdau Açominas (MG), a Gerdau Cosigua (RJ) e a Gerdau Piratini (RS), as quais respondem a 60% da capacidade instalada no País, possuem a certifica-ção ISO 14001.

A tabela a seguir traz as alterações encontradas nas de-monstrações e nos relatórios da empresa, obedecendo ao modelo ISAR/UNCTAD.

Evidenciação (disclosure) recomendada 2003 2004

Dados segmentados do desempenho das questões do meio ambiente

N.A. A.P.

Questões chaves com as quais a empresa se defronta N.A. A.

Descrição dos sistemas e normas internacionais A.P. A.

Dados segmentados de desempenho baseado na utilização de energia, utilização dos materiais, emissões e rotas para disposição de resíduos

N.A. A.

Referencias cruzadas com outros relatórios ambientais N.A. A.

USIMINASA empresa Usiminas deixou de divulgar “planos para as

respectivas abordagens” no ano de 2004; em contraparti-da, cresceu, apresentando 6 (seis) novos subitens, entre os quais se destacam: a “declaração da política ambiental”, item normalmente divulgado pelas empresas; e “níveis atuais e projetados dos dispêndios com as questões ambientais”, di-vulgado em nota explicativa, item Imobilizado, onde se lê que

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os investimentos previstos para 2005 para proteção ambien-tal totalizavam R$ 82.788 milhares. As alterações ocorridas de 2003 para 2004 podem ser observadas a seguir.

Evidenciação (disclosure) recomendada 2003 2004

Compromisso da empresa na contínua melhoria do meio ambiente

N.A. A.

Dados segmentados do desempenho das questões do meio ambiente

N.A. A.

Melhoria nas áreas chaves desde o relatório anterior N.A. A.

Declaração da política ambiental N.A. A.

Referencias cruzadas com outros relatórios ambientais N.A. A.

Planos para as respectivas abordagens A. N.A.

Níveis atuais e projetados dos dispêndios com as questões ambientais

N.A. A.P.

4.2. Análise do investimento em meio ambienteNesta parte analisamos os dados referentes aos investi-

mentos em meio ambiente. Normalmente as empresas apre-sentam o valor investido em meio ambiente no seu balanço social (Modelo IBASE) ou no Relatório Ambiental. Acerca desse assunto, podemos destacar alguns pontos: i) a maioria das em-presas expressa este valor, somente não encontrado na em-presa Aracruz Celulose; ii) quando apresentado o investimento em meio ambiente, não informa a sua abrangência, ou melhor, a destinação deste recurso (prevenção, recuperação ou com-pensação); iii) como já ocorrido no ano de 2003, constatou-se a divergência dos valores investidos em meio ambiente.

No ano de 2003 detectamos uma inconsistência de dados na Petrobras. Neste ano encontramos inconsistências nas infor-mações do Balanço Social da CSN, conforme quadro abaixo. Valores em milhares de reais

Investimentos em Meio Ambiente Divulgados

EmpresaDemonstração 2003 Demonstração 2004

Sobre o ano de 2002

Sobre o ano de 2003

Sobre o ano de 2002

Sobre o ano de 2003

Sobre o ano de 2004

CSN 56.089 13.533 123.642 151.330 159.436

Observa-se a diferença dos valores apresentados pela empresa referente aos anos de 2002 e 2003, e não foi en-contrada qualquer explicação sobre esta divergência. Diante da amplitude desse fato, a empresa CSN não fará parte das análises pertinentes a investimento em meio ambiente.

Repetindo o fato ocorrido com as demonstrações do ano de 2003, a Petrobras mostra diferentes valores investidos em meio ambiente no ano de 2004: no Balanço Social a empresa traz o valor de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, e em seu re-latório anual, o valor de R$ 1,4 bilhão. No caso das análises, consideraremos o primeiro valor, dado que a amplitude da diferença não é tão grande.

Com relação à receita líquida e ao resultado operacional, destaca-se um aumento dos valores ao passar dos anos; já quanto ao montante investido em meio ambiente, facil-mente encontrado nas demonstrações das empresas, pu-demos notar uma diminuição proporcional gradativa. Não é possível afirmar, entretanto, que as empresas invistam muito ou pouco na área do meio ambiente. Para isso, seria necessária a informação sobre os passivos e os danos cau-sados ao meio ambiente. Com a falta de clareza neste tipo

de informação, simplesmente se comparou a evolução dos investimentos em meio ambiente – IMA, a receita líquida e o resultado operacional.

Investimento em Meio Ambiente - IMA

Receita Líquida

Resultado Operacional

Cosipa

2002 55.563 2.715.622 728.278

2003 8.996 3.520.359 858.006

2004 3.531 5.115.167 1.954.272

CST

2002 23.519 2.840.930 134.444

2003 29.120 3.729.417 1.156.300

2004 45.474 5.096.172 1.802.611

Gerdau

2002 38.138 9.161.712 961.478

2003 50.425 13.366.961 1.147.212

2004 44.547 19.597.262 4.454.667

Usiminas

2002 58.826 6.633.852 (658.127)

2003 29.329 8.659.909 1.828.381

2004 11.862 12.229.873 4.516.962

Ressalta-se que, excluindo a CST, que teve a variação de seu investimento em meio ambiente maior que a evolução da receita líquida e o resultado operacional, todas as outras empresas diminuíram a variação do seu investimento em meio ambiente. Em contrapartida, aumentaram a variação da receita líquida e do resultado operacional. Destaque para a CST, com a maior variação em IMA de 56,16%, e para a Cosipa, com queda de 60,75%.

Como as próprias empresas informam em seu Balanço Social, faz-se uma simples proporção de seus investimentos em meio ambiente com seu resultado operacional e com a receita líquida, e torna-se visível a redução deste percentual, como se observa na tabela abaixo.

IMA / Receita Líquida IMA / Resultado Operacional

2002 2003 2004 2002 2003 2004

COSIPA 2,05% 0,26% 0,07% 7,63% 1,05% 0,18%

CST 0,83% 0,78% 0,89% 17,49% 2,52% 2,52%

GERDAU 0,42% 0,38% 0,23% 3,97% 4,40% 1,00%

USIMINAS 0,89% 0,34% 0,10% -8,94% 1,60% 0,26%

No que se refere à Petrobras, apesar da dúvida sobre o valor investido em meio ambiente, houve uma variação do ano de 2003 para 2004 de 61,64%, tendo em 2003 investido R$ 948.209 milhares contra R$ 1.532.651 milhares em 2004.

Um item que chamou a atenção no quesito meio ambien-te diz respeito aos co-produtos de uma empresa siderúrgica: segundo o Relatório de Responsabilidade Social da empre-sa CSN, “Em 2004 foram geradas 3,5 milhões de toneladas de resíduos (640 kg por tonelada de aço produzido)...”. Ou seja, para uma tonelada, 1.000 kg, de aço produzido, 640 kg são resíduos. Outra informação extraída deste mesmo relatório: “Em 2004, a comercialização desses co-produtos — também chamados matérias-primas secundárias — ga-

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rantiu à CSN uma receita bruta de R$ 224 milhões.” Partin-do destas informações, comparou-se a receita/faturamento na venda desses subprodutos com o investimento em meio ambiente.

IMA – Investimento em Meio Ambiente

CSN Cosipa

IMA - milhões de Reais

Receita/faturamento bruto de co-produtos

- milhões de R$

IMA - milhões de Reais

Receita/faturamento de co-produtos - milhões

de R$

2002 56,1 126,4 2002 55,6 n.e.

2003 13,5 100,0 2003 9,0 27,5

2004 - 224,0 2004 3,5 48,0

CST Usiminas

IMA -

milhões de US$

Faturamento de co-produtos - milhões

de US$

IMA - milhões

de R$

Receita/faturamento líquida de co-produtos

- milhões de R$

2002 6,7 18,4 2002 58,8 13,4

2003 10,1 22,0 2003 29,3 13,5

2004 17,1 28,0 2004 11,9 16,9

Primeiro ponto a destacar é que o valor do faturamento de co-produtos informado pela empresa CST está em dóla-res, e, diante disso, adotaram-se para a conversão do IMA os valores declarados pela própria empresa em suas demons-trações contábeis de 2002, 2003 e 2004: respectivamente, R$ 3,5333, R$ 2,8892 e R$ 2,6544. Devido à dúvida já apre-sentada, no ano de 2004 não consta valor para o IMA para a companhia CSN, e para a informação da Cosipa receita/fa-turamento co-produtos ano 2002 consta a nomenclatura n.e. – não encontrado.

Nota-se que as empresas vêm obtendo um crescimento da receita dos co-produtos e uma diminuição dos investimen-tos em meio ambiente, e que nos casos apresentados essa receita já supera o investimento.

4.3. Parecer dos auditores independentesO papel da auditoria nas empresas é fundamental, pois

traz confiança aos investidores e ao mercado em geral. Neste tópico será analisado como a auditoria se comporta perante as informações e relatórios sobre o meio ambiente apresentados pelas empresas.

A análise efetuada foi a de simplesmente verificar se exis-te algum parecer por parte da auditoria em relação aos rela-tórios sobre meio ambiente. O resultado desta pesquisa para o ano de 2004 está descriminado no quadro abaixo:

Empresa Empresa de Auditoria Resultado da pesquisaAracruz BVQI EncontradoCST PriceWaterhouseCoopers EncontradoPetrobras Ernst & Young EncontradoCosipa Ernst & Young Não encontradoCSN Deloitte Touche Tohmatsu Não encontradoGerdau PriceWaterhouseCoopers Não encontradoUsiminas Ernst & Young Não Encontrado

Para as empresas em que não foram localizados pare-ceres da auditoria, nada podemos ressaltar. Em relação às demais, apresentamos a seguir:

ARACRUZEm relação à Aracruz, o procedimento adotado foi dife-

rente, pois a empresa BVQI – Bureau Veritas Quality Interna-cional foi responsável somente pelo Relatório de Sustentabi-lidade, nome dado pela Aracruz ao seu relatório ambiental, deixando que a Deloitte Touche Tohmatsu auditasse as de-monstrações contábeis.

O BVQI, através de seu parecer, informa que foi contra-tada para avaliar a consistência e confiabilidade das infor-mações sociais e ambientais apresentadas. Afirma que a Aracruz possui um sistema de coleta de dados e consolida-ção de informações devidamente implementadas para seus processos e iniciativas de caráter social e ambiental e que este é satisfatório para a divulgação de informações repre-sentativas desses processos.

Ao término da Carta Relatório dos auditores, o BVQi con-sidera que todas as informações sociais e ambientais apre-sentadas no Relatório de Sustentabilidade 2004 da Aracruz Celulose S.A. refletem, de forma consistente e confiável, to-dos os dados coletados em suas unidades de produção e nos escritórios da companhia.

CSTAo término do Relatório Ambiental da CST, a PriceWa-

terhouseCoopers emitiu parecer sobre tal relatório através de uma Carta Relatório. A empresa de auditoria inicia afirmando que é de inteira responsabilidade da administração da CST o relatório em questão.

Seguindo a leitura da Carta dos Auditores Independen-tes, é informado que o propósito dos trabalhos efetuados por parte da PriceWaterhouseCoopers foi o de confirmar que as informações contidas no Relatório Ambiental da CST estão suportadas pelos sistemas de informações, instrumentos de monitoramento ambiental da Companhia, controles internos e comunicações externas.

Posteriormente é detalhado o procedimento adotado para a emissão da Carta. Finaliza explicando que:

“o trabalho foi limitado à verificação das informações con-tidas no relatório apresentado pela CST, não incluiu qual-quer análise e avaliação da política e das práticas de gestão ambiental da empresa e que os procedimentos adotados não representaram um exame de acordo com as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis e, conseqüentemente, não estamos expressando uma opinião sobre as informações revisadas”.

PETROBRASEm seu Balanço Social e Ambiental (p.104), a Petrobras

apresenta relatório dos auditores independentes, que dizem estar aquele relatório com suas informações revisadas. Os auditores não emitem, entretanto, opinião sobre os relatórios, alegando constituir a auditoria neste tipo de relatório “um es-copo menor” se comparada com os procedimentos relativos às demonstrações financeiras tradicionais. A empresa de au-ditoria é bastante descritiva em como efetuou a revisão do balanço social e ambiental da companhia.

5. Considerações FinaisRepetindo fato ocorrido em pesquisas anteriores, nenhu-

ma das empresas pesquisadas atendeu integralmente aos

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tópicos propostos pelo modelo ISAR/UNCTAD. Mais uma vez as empresas não reconhecem os seus pas-

sivos ambientais, mesmo que legais. Além disso, continuam mostrando, através de seus relatórios, seus investimentos

em meio ambiente, mas não especificam sua destinação, se visam à prevenção, recuperação ou compensação. Evi-denciações de passivos ambientais continuam a ser rarida-des nas demonstrações financeiras dessas empresas.

Aracéli Cristina de Sousa Ferreira André Luiz Bufoni Natiara Penalva Muniz Utilização do Modelo ISAR/UNCTAD: Uma Análise Comparativa

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 27 - 34, jan./mar. 2007

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Elementos do relatório anual Evidenciação (disclosure) recomendada

A. Relatório do presidenteCompromisso da empresa na contínua melhoria do meio ambiente

Melhorias significativas desde o último relatório

B. Relatório por segmento de negóciosDados segmentados do desempenho das questões do meio ambiente

Melhoria nas áreas chaves desde o relatório anterior

C. Relatório ambiental

Declaração da política ambiental

Grau mundial de conformidade

Questões-chaves com as quais a empresa de defronta

Responsabilidades organizacionais

Descrição dos sistemas e normas internacionais

Dados segmentados de desempenho baseados na utilização de energia, utilização dos materiais, emissões e rotas para disposição de resíduos

Dados específicos do setor, incluindo índices acordados pela indústria (eficiência ecológica)

Dados financeiros sobre custos do meio ambiente

Estimativas financeiras de economias e benefícios posteriores aos esforços pró-ambiente

Referências cruzadas com outros relatórios ambientais

Declaração de verificação independente

D. Relatório Financeiro e Operacional

Questões-chaves do meio ambiente que a empresa defronta a curto e médio prazo

Planos para as respectivas abordagens

Andamento das abordagens das mudanças exigidas por requisitos legais futuros

Níveis atuais e projetados dos dispêndios com as questões ambientais

Assuntos legais pendentes

E. Relatório da diretoria Declaração da política ambiental

F. Divulgação (disclosure) de políticas contábeis

Estimativa de provisões e contingências

Políticas de capitalização

Políticas de recuperação de ativos

Políticas de descontaminação e recuperação de terrenos

Política de depreciação

Demonstração de resultados

G. Demonstração de ResultadoDespesas excepcionais ligadas ao meio ambiente

Outros custos e benefícios ligados ao meio ambiente

H. Balanço Patrimonial

Provisões ligadas ao meio ambiente

Provisão para descontaminação

Custos ligados ao meio ambiente, capitalizados

Recuperações esperadas

I. Notas explicativas Responsabilidades contingentes ligadas ao meio ambiente e as respectivas explicações

J. Outras informações

* Tradução livre.

ANEXO I – ISAR: Estrutura de Relatório sobre as Questões do Meio Ambiente para o Relatório Anual *

Aracéli Cristina de Sousa Ferreira André Luiz Bufoni Natiara Penalva Muniz

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Informação Meio Ambiental para os Stakeholders diante da Concepção do Balanced ScorecardResumo

A matéria ambiental tem evoluído, passando de uma va-riável que significava um mero impacto sobre a imagem da organização para se transformar em fator estratégico. No contexto atual, os usuários das unidades econômicas vão além dos acionistas e credores, pois as organizações per-cebem a exigência de informação demandada pelos varia-dos agentes do entorno, os stakeholders, e, nesse sentido, necessitam da implantação de sistemas de gestão estraté-gica que lhes proporcionem obter vantagens competitivas. O Balanced Scorecard surge como uma ferramenta que per-mite o seguimento de variáveis que ajudam na consecução de objetivos a curto e longo prazo, enfocando a obtenção de indicadores financeiros e não financeiros. O desenvol-vimento desse trabalho tem como intuito enfocar a impor-tância da informação meio ambiental para os stakeholders diante da concepção do Balanced Scorecard. Em sua con-clusão, considera que o Balanced Scorecard deveria trazer na formulação de seus indicadores a variável meio ambien-tal, contemplando informações para os agentes do entorno, bem como se evidencia a importância da divulgação desses indicadores, o que ajudaria a organização na melhoria de sua competitividade empresarial.Palavras-chaves: meio ambiente; stakeholders; Balanced Scorecard.

ResumenLa materia ambiental ha evolucionado, pasando de una

variable que significaba un mero impacto sobre la imagen de la organización para transformarse en factor estratégico. En el contexto actual, los usuarios de las unidades económicas van además de los accionistas y acreedores, pues las orga-nizaciones perciben la exigencia de información demandada por la grande gama de agentes del entorno, los stakeholders, y en ese sentido necesitan de la implantación de sistemas de gestión estratégica que les posibilite obtener ventajas competitivas. El cuadro de mando integral surge como una herramienta que permite el seguimiento de variables que ayudan a la consecución de objetivos, a corto y largo plazo, enfocando la obtención de indicadores financieros y no finan-cieros. El desarrollo de ese trabajo tiene como objetivo enfo-car la importancia de la información medioambiental para los stakeholders delante de la concepción del cuadro de mando integral. En su conclusión se afirma que el cuadro de mando integral debería traer en la formulación de sus indicadores la variable medioambiental, contemplando informaciones para la grande gama de actores del entorno, bien como se evi-

dencia la importancia de la divulgación de esos indicadores lo que ayudaría a la organización mejorar su competitividad empresarial demostrando la importancia que los agentes del entorno tienen para ella.Palabras-clave: medioambiente; stakeholders; cuadro de mando integral

IntroducciónActualmente, las empresas han ampliado el ámbito de

su responsabilidad delante de sus accionistas, proveedores y otros agentes, interesados en tener conocimiento sobre aspectos que van además de los resultados económicos y financieros. Este enfoque, aludido a la empresa, está vincula-do a la superación de la teoría centrada en la consecución de beneficios para sus propietarios para la teoría que contempla la preocupación con una gama de actores que tienen intere-ses en ella, o sea, los stakeholders.

Para Domench (2002), de acuerdo con el enfoque con-ceptual de la teoría de los agentes interesados (stakehol-ders) la divulgación de información social y medioambiental es un intento de la firma por legitimar sus actuaciones ante un conjunto de usuarios interesados en el comportamiento de la misma, diferentes a accionistas y acreedores.

Para Dueñas (2006) las organizaciones deben adaptarse continuamente a los cambios sociales, culturales, económicos y políticos que se producen en su entorno, como una necesi-dad para que se mantengan y fortalezcan su posición compe-titiva en el mercado, garantizando su permanencia en él.

En ese sentido, las organizaciones han tenido que dotarse de una gran flexibilidad para lograr sus objetivos, implemen-tando nuevas estrategias dirigidas a obtener ventajas com-

Roseane Patrícia de Araújo Silva FreireJoão Pessoa – PBBacharel em Ciências ContábeisMestre em Engenharia de Produção Doutoranda Pela Universidad de Granada-EspañaFacultad de Ciencias Económicas y EmpresarialesProfessora Titular da Universidade Estadual da Paraíba1

[email protected]

Fabiana de Cássia de Araújo SilvaJoão Pessoa – PBBacharel em Ciências ContábeisDoutoranda pela Universidad de Granada-EspañaFacultad de Ciencias Económicas y Empresariales [email protected]

Artigo recebido em 13/07/2006 e aceito em 25/10/06.

1 UEPB – Universidade Estadual da Paraíba – CEP 58.100-001 – Campina Grande – PB.

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petitivas que se traduzcan en un incremento de la producti-vidad, diferenciación de los productos y optimización de los factores de producción, todo ello de acuerdo con las necesi-dades de la sociedad y la atención a una demanda cada vez más selectiva (Dueñas, 2006).

López Gordo (2006) afirma que hoy en día la materia am-biental ha evolucionado, pasando de una variable que repre-sentaba un mero impacto sobre la imagen de la organización para revelarse como un factor estratégico que condiciona tanto la eficacia empresarial de producir valor para los ac-cionistas, como la destreza de negociar los riesgos que con-ciernen a tal capacidad, y es por ello que repercute sobre el cometido económico y financiero de la entidad.

La exigencia demandada por los usuarios de las unidades económicas ha conllevado modificaciones en la actuación empresarial, la cual desea obtener ventajas competitivas. El mantenimiento de estas requiere la implantación de sis-temas de vigilancias que informen sobre las oportunidades y amenazas que puedan potenciar o hacer desaparecer las buscadas ventajas.

En ese contexto, el cuadro de mando integral surge como una herramienta que permite el seguimiento de variables que ayudan a la consecución de objetivos, a corto y largo plazo, lo cual no sólo enfoca a la obtención de resultados financie-ros, sino que debe está dirigido a la obtención de resultados con una orientación estratégica al potenciar otro tipo de re-cursos de carácter intangible, los cuales son necesarios para la generación de valor a largo plazo para la empresa. El cua-dro de mando integral permite la medición del resultado de la empresa desde cuatro perspectivas siguientes: financiera, procesos internos, clientes y aprendizaje y crecimiento.

Este trabajo tiene el intuito de enfocar la importancia de la información medioambiental para los stakeholders delante de la concepción del cuadro de mando integral. Comprendie-se que los stakeholders representan la grande gama de res-ponsables por la continuidad de la unidad económica, pues, fornecen el feedback para que la misma pueda evaluar sus acciones en el entorno social que se encuentra, obteniendo a través de la transparencia de las informaciones divulgadas éxito en su estrategia empresarial.

Consideraciones sobre el Cuadro de Mando Integral (CMI)

López Viñegla (2005) señala que en los últimos años, den-tro del área del management y del Control de Gestión, emer-ge con fuerza el concepto del Balanced Scorecard (Cuadro de Mando Integral, CMI), acuñado por Kaplan y Norton y, cuyo impacto empresarial está fuera de generar duda.

La denominación Cuadro de Mando Integral es la traduc-ción en español para el Balanced Scorecard, modelo de ges-tión estratégica criado por Kaplan y Norton en 1992, donde su filosofía primaria se basa en que sólo se puede gestionar lo que se puede medir y que el determinante del valor de las empresas está cada vez más centrado en los activos intangi-bles que en los tangibles.

Otro principio que fundamenta este modelo es el hecho de que las mediciones de las actuaciones sobre la base de da-dos contables y financieros por si sólo, no resultan suficien-tes, pues los aspectos financieros a corto plazo no garantizan

el éxito futuro. El Cuadro de Mando Integral es un sistema de gestión en que, además de utilizar indicadores financieros y no financieros como medida de control de la estrategia de la unidad económica, define las relaciones causa-efecto que ligan los índices de consecución, tornando posible observar la forma en que las variaciones de unos indicadores derivan de las de otros, lo que proporciona un itinerario lógico para conducir la estrategia hacia los objetivos finales pretendidos por la organización.

Cebrián y Cervino (2005) al citar Kaplan y Norton (1997) abordan que el Cuadro de Mando Integral trata de traducir la misión y la estrategia explicita de una organización en un amplio conjunto de medidas de actuación para la creación de valor, organizadas coherentemente bajo cuatro perspecti-vas diferentes, que corresponden a las áreas clave de la or-ganización. Las perspectivas son las siguientes: perspectiva financiera, perspectiva del cliente, perspectiva de los proce-sos internos y perspectiva del aprendizaje y crecimiento. La perspectiva financiera trata de potenciar la vinculación de los objetivos financieros con la estrategia de la firma, los cuales deben estar conectados con todas las otras perspectivas; la perspectiva del cliente analiza la percepción de la empresa por parte del cliente; la perspectiva de los procesos internos intenta buscar la excelencia en los procesos internos; y la perspectiva del aprendizaje y crecimiento dirige la atención hacia aquellos recursos que son clave para mejorar y innovar.

Según comenta López Viñegla (2005), el importante en ese modelo es que ninguna perspectiva funciona de forma independiente, sino que se puede tomar la iniciativa actuan-do en cualquiera de ellas. En términos generales, el primer paso sería la definición de los objetivos financieros, siendo precisos para alcanzar la visión (meta a alcanzar a largo pla-zo). Los objetivos financieros deben constituir el efecto de la forma que la organización va a actuar con los clientes, y por su vez, el logro de sendos objetivos dependerá de cómo fue programada y planificado los procesos internos. Por último, el Balanced Scorecard (CMI) plantea que el logro unificado de todos estos objetivos pasa por una formación- aprendizaje y crecimiento continuos, siendo uno de los pilares básicos de esta metodología.

Martinez (2006) aborda que el CMI no es sólo un conjun-to de indicadores que miden la situación y evolución de la empresa, indicadores que de forma aislada tratan de medir las variables que se han considerado claves del éxito, sino que, por el contrario se trata de indicadores conectados entre sí, con intuito de alcanzar objetivos comunes, de esa forma, cada una de las medidas seleccionadas para un CMI debe conformar un elemento más de una cadena de relaciones de causa-efecto, de tal manera que queda claramente identifica-do el mensaje que se trata de comunicar el significado de la estrategia de la organización en la que se está implantando dicho instrumento de gestión.

En ese aspecto, el sistema de medición que incorpora el CMI debe establecer de forma explícita las relaciones entre los objetivos y medidas en las diversas perspectivas que se divide. Como ejemplo, la rentabilidad financiera puede ser una medida de la perspectiva financiera, donde el inductor de esta medida podría ser las ventas repetidas y ampliadas a los clientes existentes, el resultado de un grado de fidelidad en-

Roseane Patrícia de Araújo Silva Freire Fabiana de Cássia de Araújo Silva Informação Meio Ambiental para os Stakeholders diante da Concepção do Balanced Scorecard

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tre esos clientes. De esa forma, la lealtad del cliente se inclu-ye en el CMI en la perspectiva del cliente porque se espera que tenga una gran influencia en la rentabilidad económica. En relación al ejemplo anterior se puede citar indicadores de actuación como el de la entrega puntual al cliente-EPC, en la perspectiva del cliente, pero para conseguir esto habrá que plantearse qué procesos internos hay que mejorar para alcanzar lo anterior, tales como tiempos de ciclos cortos en los procesos operativos y en los procesos internos de alta calidad, factores que ambos pueden ser pedidos dentro de la perspectiva de los procesos internos. Además, mejorando las habilidades de los empleados de operaciones se puede conseguir todo lo anterior y que se engloba dentro de la últi-ma perspectiva, aprendizaje y crecimiento.

Para López Viñegla (2005) es importante hacer hincapié en que las relaciones causas-efectos que se establecen son entre objetivos, no entre indicadores los cuales sirven para la medición de los objetivos. El autor presenta como ejemplo una cadena de relaciones de causa-efecto que puede ocurrir en cualquier empresa, conforme demostrado en la figura 1.

La figura 1 muestra que en el área de aprendizaje y creci-miento la empresa podría establecer inicialmente como obje-tivo interesante una serie de planes de incentivos, de forma que los empleados estén más satisfechos con su trabajo y sean más eficientes si cabe. De esa forma, es seguro que la calidad del servicio se incrementaría, siendo este un objetivo clave del área de procesos internos de la organización. Todo ello deriva en su satisfacción del cliente mayor, lo que con-secuentemente puede desembocar en una fidelización del cliente, aspecto muy cuidado en el área de clientes. Final-mente, ello genera mayores ventas lo que hace aumentar los beneficios, en cierta forma, se esta incidiendo en la es-trategia de crecimiento de la organización, lo que deriva en una mayor rentabilidad y una creación de valor importante, aspectos importantes del área Financiera de la empresa.

Figura 1: Relaciones causa-efecto entre objetivos

objetivos, acciones y medidas de desempeño a todos los ni-veles de la organización, lo que supone la necesaria coordi-nación entre las distintas áreas funcionales y la integración de la estrategia con los objetivos a corto plazo. Es importante resaltar que es necesario contar con la implicación de todos los responsables de la empresa, los cuales deben participar activamente en el establecimiento de los objetivos, acciones e indicadores de desempeño.

El Cuadro de Mando Integral supone una importante he-rramienta de control al posibilitar la comparación de los datos provisionales con los datos históricos, detectar desviaciones y emprender las acciones correctivas oportunas, favorecien-do, de esa forma, la gestión preactiva de la organización.

Otras calidades que se destacan son que el CMI contribu-ye a la identificación y revisión permanente y continua de la estrategia, naturaleza flexible, adaptabilidad a la actividad y circunstancias concretas de cada organización, su carácter sintético y sinóptico que proporciona una visión rápida y glo-bal de la empresa, entre otras.

Implicaciones sobre la Teoría de los StakeholdersLas organizaciones se quedan preocupadas con las nuevas

tendencias de los mercados, y por este motivo intentan buscar mejores maneras de gestionar sus recursos de una forma res-ponsable, que puedan garantizar una mayor competitividad e consecuentemente una mayor demanda de mercado.

La teoría de los stakeholders se ha presentado tanto en el marco de las teorías de la organización (Freeman, 1984; Freeman y Gilbert, 1988, 1992; Freeman y Reed, 1983, Mi-troff, 1983 citado por Argandoña, 1998) como en el de la ética de la empresa, como una superación de la teoría neoclásica que identifica la maximización del beneficio con el objetivo de la empresa y, por tanto, hace de los propietarios los únicos implicados en dicho objetivo.

La pretensión del concepto de la teoría stakeholders es afirmar y mostrar que la empresa en su dirección y gobierno es responsable no sólo por los accionistas sino también por otros individuos y/o grupos que tienen unos intereses en las acciones y decisiones de la empresa.

De acuerdo con Freeman(1984), citado por Argandoña (1998), “los stakeholders son cualquier grupo o individuo que puede afectar o ser afectado por la consecución de los obje-tivos de la empresa”. Una teoría de los stakeholders que se base en esta definición carece de fundamentación normativa, así como de criterios para identificar quienes son los stake-holders o para adjudicar los derechos que corresponden a cada uno (Donaldson, 1989 citado Argandoña, 1998).

La gobernabilidad de las empresas delante de la teoría stakeholders implica la búsqueda por parte de la dirección de un equilibrio entre las exigencias legítimas de los diversos grupos de interés de la empresa – accionistas, trabajadores, clientes, proveedores, entidades de crédito, empresas aso-ciadas, comunidad local etc., así como, la participación de todos los individuos o grupos – que poseen algún tipo de relación o vinculación con los objetivos de la organización.

En general los stakeholders pueden ser clasificados como todos los accionistas, inversores, ejecutivos, empleados, clien-tes, suministradores, distribuidores, concurrentes, como tam-bién los representantes del gobierno como el propio gobierno,

Rentabilidad

Fidelización

Calidad del Servicio

Planes de incentivos

Crecimiento

Satisfacción Cliente

PROCESSOS INTERNOS

APRENDIZAJE

Y CRECIMIENTO

Satisfacción empleados

Financiera

Clientes

Roseane Patrícia de Araújo Silva Freire Fabiana de Cássia de Araújo Silva Informação Meio Ambiental para os Stakeholders diante da Concepção do Balanced Scorecard

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 35 - 39, jan./mar. 2007

Fonte: Adaptado de López Viñegla (2005).

López Gordo (2006) transcribe algunas ventajas de la im-plementación del Cuadro de Mando en las organizaciones, entre ellas evidenciase:

El Cuadro de Mando Integral requiere de la definición de

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comunidades locales, ONGs, grupos de apoyo a la empresa, opinión pública, medio de comunicación y otros más.

Dicha teoría es sin embargo una comprensión de la res-ponsabilidad social corporativa donde los directivos y la em-presa son, y deberían ser vistos, como agentes morales que representan las exigencias o intereses de una variedad de grupos de intereses, o individuo. Esta comprensión esta di-reccionada a las políticas, estrategias, procesos y una cultura empresarial propia donde la empresa y su dirección deben generar procedimientos y respuestas ante su responsabili-dad social corporativa, para los stakeholders.

Según Harrison y Freeman citado por Esteban(2000)“Seguramente “los efectos económicos” son también socia-les, y seguramente “los efectos sociales” son también econó-micos. Dividir el mundo en económico y social, en definitiva, es bastante arbitrario. Desde luego, una de las ideas origina-les detrás del enfoque de gestión de stakeholder era tratar de encontrar un camino para integrar lo económico y lo social”.

De acuerdo con la información, la teoría de los stakehol-ders afirma la imposibilidad de separar los problemas econó-mico-empresariales de los problemas o cuestionamientos éti-cos y por esa razón es imprescindible que la empresa tenga una visión amplia de los objetivos que desea atingir.

La teoría stakeholders plantea una mayor responsabilidad para las empresas y las obligan a tener compromiso, res-pecto y fidelidad para con todos los individuos y/o grupos de intereses, atendiendo las necesidades y expectativas de la gran demanda. Así los stakeholders no sólo tienen derechos, sino que también han de asumir responsabilidades delante de la organización.

Información Medio Ambiental para los Stakeholders en el Cuadro de Mando integral

López Viñegla (2005) aborda que al considerar que el sistema informativo actúa de catalizador de los datos para convertirlos en información, se está delante un componente estratégico en la empresa, por cuanto puede contribuir en el proceso de toma de decisiones.

Para Banegas Ochovo et al (2000) dada la realidad que envuelve a las empresas, es fundamental la existencia de un sistema de información flexible, constituyéndose como un factor estratégico y un pilar de todo el sistema de gestión que se desea implementar, pues permitirá disminuir la incer-tidumbre, mejorar el proceso de decisiones o modificar las consecuencias de una decisión ya tomada.

En ese contexto se destaca que para el control y la toma de decisiones por parte de los gestores, es necesario que el sistema de información tenga aspectos económicos y socia-les, pues para poder decidir es necesario estar informado, tanto para esclarecer las decisiones económicas como para hacer frente a todas las decisiones que se puedan tomar en materias relacionadas con aspectos ligados al campo social. López Gordo (2005) afirma que la materia ambiental es reco-nocida como un factor estratégico que condiciona la eficacia empresarial de producir valor para los accionistas y la des-treza de negociar los riesgos que dicen respecto a esa ca-pacidad y, es por ese riesgo que repercute de forma decisiva sobre el cometido económico y financiero de la entidad.

La misma autora aborda que una gestión medioambiental adecuada puede reportar una mejora en la competitividad de la empresa, una determinada imagen social y un aumento en las ventas y, por tanto, beneficios de largo plazo.

Domench (2002) informa que la mayor parte de la literatura contable que aborda el estudio de la responsabilidad social de la empresa identifica dos grandes campos temáticos objeto de atención que son: medio ambiente e información sobre los grupos de referencia ( empleados y sociedad en general ).

De esa forma, se puede decir que las áreas más impor-tantes sobre las que se proyecta la responsabilidad social de las empresas son las referentes a los impactos derivados de actuaciones empresariales en el entorno físico, el reco-nocimiento de la responsabilidad social con los empleados y la labor social de la empresa. Esos aspectos constituyen la base de todo un conjunto de actuaciones a partir de la cual se elabora la información social y medioambiental.

En el desarrollo de ese trabajo se considerará la infor-mación medioambiental la cual, según transcribe Domench (2002), hay que tener en cuenta que la acción de la empresa en el medio físico produce unos impactos ambientales que son objeto de atención y preocupación por los agentes socia-les, grupos de ciudadanos e instituciones gubernamentales que exigen control e información tanto de las actuaciones empresariales como de los impactos que las mismas produ-cen en el medio ambiente.

Muchos autores destacaron el incremento experimentado por la información medioambiental divulgada, debido más a las presiones sociales que a exigencias impuestas por algu-na legislación. Este cambio de actitud está relacionado como consecuencia del cambio de valores de la sociedad y de las demandas de la misma. (Domench, 2002).

La empresa tiene su responsabilidad relacionada con el impacto que sus actuaciones causan en el medio ambiente y en la ordenación de prioridades en relación a los costes incurridos o evitados en su relación con el entorno.

Emerge, en ese contexto, la importancia de la información medioambiental para los stakeholders, los cuales son todos los individuos y/o grupos de intereses que pueden ser afecta-dos o afectar en la toma de decisiones de la empresa.

La necesidad que tiene las empresas de asumir una res-ponsabilidad social, lleva a que las mismas tengan que inte-grar variables sociales en los sistemas de gestión implanta-dos, estableciendo una simbiosis entre los propios objetivos económicos-financieros y los de carácter social. En ese sentido, el cuadro de mando integral es una herramienta que facilita la toma de decisiones, pues incluye informacio-nes externas y internas a través de índices o ratios, que recopilan datos referentes a múltiples áreas funcionales de la empresa.

Tradicionalmente, el Cuadro de Mando Integral, hace referencia a cuatro perspectivas fundamentales: financiera, cliente, procesos internos y aprendizaje y crecimiento. En ese sentido, Cebrián y Cerviño (2005) comentan que es im-portante señalar que las múltiples dimensiones que la meto-dología del CMI plantea para analizar el desempeño estraté-gico, son las básicas, pero, se pueden, en cada caso, añadir o recortar dependiendo de las circunstancias particulares de la empresa que plantee su implementación.

Roseane Patrícia de Araújo Silva Freire Fabiana de Cássia de Araújo Silva Informação Meio Ambiental para os Stakeholders diante da Concepção do Balanced Scorecard

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López Viñegla (2005) afirma que cada empresa, en función de sus rasgos, de sus planes estratégicos, y del entorno, debe saber seleccionar sus indicadores claves de gestión, y entre la mayoría de las empresas siempre existen diferencias.

Un CMI con éxito es el que comunica una estrategia a través de un conjunto integrado de indicadores financieros y no financieros. Según Kaplan y Norton (1997), a la hora de elaborar un CMI hay que tener en cuenta tres principios que permiten vincular a este CMI con la estrategia, los cuales son: las relaciones causa-efecto, los inductores de la actua-ción y la vinculación con las finanzas.

Las organizaciones que transforman sus estrategias a sus sistemas de mediciones son mucho más capaces de ejecutar su estrategia, por que pueden comunicar sus obje-tivos y sus metas.

Consideraciones FinalesDentro de las limitaciones del cuadro de mando integral

(CMI) López Gordo (2005) enfoca el hecho de que, en algu-nas propuestas, se utilice al cliente como único agente del entorno, bien como aborda como limitación el carácter de do-cumento interno de las empresas que o emplean. Cuanto a la primera limitación citada, se considera que la perspectiva del cliente tiene como objetivos estratégicos, generalmente, la generación o propuesta de valor para el cliente, sean clientes reales o potenciales, a través de la satisfacción del cliente y su consiguiente fidelidad. A pesar de la flexibilidad del CMI, se comenta poco sobre la importancia de la variable medio ambiental en la formulación de indicadores que puedan traer reflejos positivos para los agentes interesados, comunidades en general, instituciones gubernamentales, o sea, otra gama

de stakeholders que no son sólo los accionistas o clientes. Delante de la importancia de eses agentes do entorno me-

diante a actual coyuntura la cual están inseridas las empre-sas, donde muchas basan su sistema de producción en la uti-lización de recursos no renovables o la utilización de bienes de propiedad común como el agua o el aire, es indispensable que en la formulación de sus estrategias pongan de manifies-to preocupación con su imagen frente a la sociedad.

A través de la implantación de indicadores medios am-bientales durante la formulación del CMI, las empresas po-drán posibilitar una mejora en la competitividad empresarial obteniendo éxito por medio de aspectos como: mejora en la eficiencia del proceso productivo, generación de una imagen de empresa y productos respetuosos con la sociedad, reduc-ción de costes empresariales, contribución a la obtención de la calidad total y generación de ingresos adicionales.

Relativamente a la segunda limitación arriba citada, la cual se refiere al CMI como un documento interno de la empresa, pues su publicación puede ser una valiosa información para la competencia, teniendo en vista que traduce toda la estrate-gia de la unidad de negocio, es importante considerar que la organización podría publicar los aspectos relacionados con su actuación medioambiental divulgando los indicadores que representan estos aspectos y que se encuentran ubicados en el CMI, concordando de esa forma con el manifiesto de Navarro(2003) citado por López Gordo (2005).

Las organizaciones no pueden vivir a la margen de los diversos agentes que hacen parte de su entorno, por el con-trario, deben construir sus estrategias de gestión asegurando la importancia de cada uno de esos partícipes, pues son ellos que pueden garantizar su supervivencia a largo plazo.

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Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 35 - 39, jan./mar. 2007

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Regulamentação das Seguradoras BrasileirasA proteção dos beneficiáriosResumo

Neste artigo, pretende-se analisar como a regulação das atividades das seguradoras protege os direitos dos segura-dos. Para um melhor entendimento, são demonstradas al-gumas das ferramentas utilizadas pelos órgãos reguladores e fiscalizadores das seguradoras brasileiras, assim como, sucintamente, são definidos alguns conceitos básicos, ne-cessários à compreensão deste artigo, tais como seguro, resseguro, co-seguro e retrocessão.

Permeiam-se os conceitos de: margem de solvência, capaci-dade de retenção e Patrimônio Líquido Ajustado. Também são definidos o papel das reservas técnicas e a distribuição dos Ati-vos das seguradoras, conforme a legislação regulamentadora do Sistema Nacional de Seguros Privados. Através da interpre-tação destes conceitos, é investigada a forma como, no Brasil, a regulamentação evita o fechamento de empresas seguradoras e cria uma estratégia de crescimento para o setor.

Para alcançar estes objetivos, a metodologia utilizada abrange a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo. Na bibliografia analisada são incluídas as normas do Sistema Nacional de Seguros Privados vigentes em julho de 2006, tendo como principal foco a regulamentação da atividade de seguro em seus ramos elementares. A pesquisa de campo, realizada na Superintendência de Seguros Privados (SU-SEP), investiga sua atuação junto às seguradoras. Objetiva verificar como a SUSEP promove a estabilidade, zela pela li-quidez e solvência, e assegura a expansão e o funcionamen-to das entidades que por ela são fiscalizadas e reguladas.Palavras-chaves: regulação; seguradoras; segurados; seguro; solvência.

AbstractIn this article we analyze the Brazilian legislation that regu-

lates the underwriting activity designed to protect the rights of the insured. For a better understanding, we explain some of the legal instruments used by the Brazilian supervising agen-cies, as well as basic concepts such as insurance, reinsur-ance, coinsurance, retrocession, liquidity margin, capacity to retain risks and others necessary to understand the text.

We also examine the rules regarding the private insurance industry, in particular the use of accounting reserves and the allocation of assets to assure a proper liquidity, prevent bank-ruptcy and promote the growth of the companies.

The methodology used was bibliographical research complemented by interviews with local officers from SUSEP – Superintendence of Private Insurance, responsible for mon-itoring the underwriters. We studied the legislation issued by the National System of Private Insurance Business up to July 2006. We focused in the rules related to property and liability insurance. The interviews investigated the method used by SUSEP to the monitor and control the insurance business; promote its liquidity, solvency and expansion. Key words: regulation; insuring; insurance; insured; solvency.

IntroduçãoO seguro está imbricado na vida das pessoas, sejam elas

físicas ou jurídicas, crianças ou adultos, empresas pequenas ou multinacionais, donos de carros populares ou do último lançamento de carro esportivo. Boa parte da população bra-sileira já teve contato, de alguma forma, com atividades rela-cionadas a seguros.

A regulamentação aplicável às seguradoras é extensa e constantemente alterada, sendo trabalhoso manter-se atuali-zado. A composição patrimonial das seguradoras não é am-plamente conhecida, em especial quando se fala das reser-vas técnicas. Embora a contabilização de suas transações esteja detalhadamente definida na legislação pertinente, o senso comum indica que até os contabilistas têm dificulda-des em interpretar essas demonstrações contábeis.

Os objetivos deste artigo são analisar as imposições e limitações constantes na regulamentação das seguradoras, para entendermos suas conseqüências; comparar o mode-lo de regulamentação vigente no Brasil com o da Europa; e comparar o crescimento do mercado segurador nacional com o de outras nações ou grupos de nações.

Márcia Maria Oliveira RevoredoRio de Janeiro – RJ ContadoraAuditora Interna e Contadora da Controladoria do Geo-Rio1

[email protected]

Fernando Pereira Tostes Rio de Janeiro – RJ Doutor em Controladoria e Contabilidade pela USP2

Professor do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ3

[email protected]

Artigo recebido em 02/11/2006 e aceito em 25/01/2007.

1 Geo-Rio – Fundação Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro – CEP 22.211-110 – Rio de Janeiro – RJ.2 USP – Universidade de São Paulo – CEP 05.508-900 – São Paulo – SP.3 UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – CEP 20.559-900 – Rio de Janeiro – RJ.

Regulamentação das Seguradoras Brasileiras – A proteção dos beneficiários

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1. Conceitos Básicos Relacionados às Atividades das Seguradoras

Para tratar do assunto seguro, há que pensar em alguns conceitos como mutualismo, previdência e incerteza. De acordo com FIGUEIREDO (1997, p. 18), o mutualismo é um dos seus principais fundamentos, e representa a idéia de dividir um prejuízo entre um grupo de indivíduos. SILVA (1999, p. 33) define mutualismo como a “união de esforços de muitos em favor de alguns elementos do grupo, já que estes, isoladamente, não teriam condições de suportar pre-juízos de monta”. SOUZA (2001, p. 5) comenta que há re-gistros de que os comerciantes da Babilônia já praticavam o compartilhamento de risco no século XII a.C. Quando um comerciante, ao atravessar o deserto, perdia um camelo, os demais criadores o ressarciam com um animal similar. SOU-ZA também comenta sobre registros de que os fenícios de-senvolveram um sistema de reposição de embarcações para as perdas ocorridas durante viagens pelos mares Mediterrâ-neo e Egeu.

Os conceitos de previdência e incerteza, conforme SILVA (1999, p. 33), ajudam a entender os motivos de contratar um seguro. Previdência relaciona-se com a rejeição da possibili-dade de perder patrimônio em função de não ter considerado a hipótese de perda. Não se deseja perder um patrimônio construído, razão por que se deve analisar em que possi-bilidades isso pode ocorrer, para então tentar evitá-las ou reduzir seu risco. Entretanto, se há certeza de perda, este fato não pode ser segurado. O seguro carrega em si uma premissa de incerteza.

2. Regulamentação e Proteção dos Clientes das Seguradoras

As seguradoras atuam em um mercado com uma regula-mentação consistente, que conforme FUNENSEG (2006, p. 48) “contemplam todo o período de funcionamento das socie-dades, desde a sua constituição até a sua liquidação”. Esta regulamentação visa controlar a capacidade econômica das sociedades com o intuito de garantir os direitos contratuais dos segurados, minimizando os riscos de uma seguradora ser insolvente. A atuação das entidades supervisoras, como a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e o IRB Brasil Resseguros (IRB), do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e do Conselho Monetário Nacional (CMN) objetiva garantir que as seguradoras presentes no mercado brasileiro possuam capacidade econômica sustentável, e sejam financeiramente solventes. As principais ferramentas utilizadas para tal estão elencadas a seguir:

a) Autorização para atuar no mercado de seguros nacio-nal, autorizando até os ramos e regiões específicas.

b) A pulverização dos riscos (através de resseguro, co-seguro e retrocessão).

c) A limitações impostas sobre: • constituição de Provisões e • composição dos Ativos.

d) A manutenção de:• capital mínimo, conforme ramo e região onde operam;• margem de solvência; e• limites de Retenção.

2.1. AutorizaçãoPara autorizar a constituição das sociedades segurado-

ras, a SUSEP avalia a capacidade econômica da empresa e de sua controladora. Verifica se os ativos são suficientes para garantir as operações da seguradora. O foco principal é a capacidade econômica da sociedade e do respectivo con-trolador, verificando a composição do seu Patrimônio Líquido Ajustado (PLA). Esta análise é feita ainda que a controladora seja uma pessoa física, sendo, neste caso, feita com base na declaração anual de ajuste do imposto de renda.

O cálculo do PLA, também chamado Ativo Líquido, é feito a partir do Patrimônio Líquido Contábil, ao qual são adiciona-das as receitas de exercícios futuros que já foram recebidas, e são deduzidas participações em outras instituições segu-radoras ou afins (como as que atuam nos ramos vida e saú-de) e 50% das participações em sociedades com outros fins, despesas de exercícios futuros efetivamente despendidas, despesas antecipadas, marcas e patentes, imóveis rurais, ativos diferidos, direitos e obrigações relativos à operação de sucursais no exterior, créditos tributários decorrentes de prejuízos fiscais de imposto de renda e bases negativas de contribuição social. Este valor é utilizado tanto para fins de autorização de operação no mercado de seguros como no cálculo da margem de solvência e do limite de retenção.

O motivo da exigência deste valor é que, geralmente, os primeiros anos de atuação das empresas seguradoras são deficitários, e a sociedade deve possuir capacidade de se manter até alcançar os anos subseqüentes, nos quais prova-velmente passará a ser rentável.

A autorização prévia da SUSEP também se faz necessá-ria quando as seguradoras desejam alterar seus ramos ou sua região de atuação.

2.2. A pulverização dos riscos A pulverização dos riscos é realizada através de meca-

nismos como resseguro, co-seguro e retrocessão. Essas ferramentas possibilitam a divisão de riscos de forma que as seguradoras possam aceitá-los, limitados a sua capacidade econômica e seus limites técnicos. O IRB é a entidade que mais está envolvida com o mecanismo de pulverização de risco, pois lhe cabe, conforme seu estatuto, “efetuar opera-ções de resseguro, regular o co-seguro, o resseguro e a re-trocessão e promover o desenvolvimento das operações de seguro no País”.

A criação do mercado ressegurador brasileiro objetivou o fortalecimento e o desenvolvimento do mercado segurador nacional. Com o resseguro, torna-se possível aumentar a capacidade seguradora das sociedades nacionais, retendo maior volume de negócios em nossa economia (fonte: http://www.irbbrasilre.com.br).

Através do co-seguro, as seguradoras dividem as respon-sabilidades, o prêmio e os riscos relacionados a um mesmo bem. Os seguradores envolvidos denominam-se co-segura-dores, e tornam-se responsáveis por uma quota-parte do va-lor do seguro. Esta quota relaciona-se ao prêmio e à possível indenização por pagar.

No resseguro, a seguradora transfere parcialmente para o ressegurador a responsabilidade do risco assumido, sem que haja envolvimento do segurado. A parcela que excede

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o limite de retenção da seguradora é transferida para a res-seguradora. Caso a parcela transferida também exceda a capacidade do IRB, este poderá transferir para outras segu-radoras nacionais, através do mecanismo denominado retro-cessão. As seguradoras são obrigadas a aceitar ao menos 50% das retrocessões que lhe são oferecidas. Se eventual-mente estes valores não puderem ser totalmente absorvidos pelo mercado nacional de seguros, o IRB poderá oferecê-los às companhias resseguradoras estrangeiras.

2.3. Constituição de provisões e composição dos ativosObjetivando garantir as operações das seguradoras, con-

forme FUNENSEG (2006, p. 99) e SOUZA (2001, p. 113), são constituídas as provisões técnicas. Os valores que de-vem compor estas provisões, e os cálculos que devem ser realizados para sua definição, são, em geral, estabelecidos pelo CNSP e SUSEP. Algumas destas provisões dependem de cálculos atuariais. Nestes casos, as seguradoras preci-sam encaminhar as notas técnicas atuariais demonstrando sua base de cálculo, e dependem da aprovação da SUSEP para sua utilização. Entretanto, ainda que as notas tenham sido autorizadas, em qualquer tempo, a SUSEP pode deter-minar a utilização outro método específico para seu cálculo.

Algumas provisões são constituídas automaticamente, a cada apólice lançada, enquanto outras, mais complexas e de-pendentes de cálculo atuarial, são registradas mensalmente. A SUSEP mensalmente verifica os valores registrados nas provisões, e, além disso, as Demonstrações Contábeis Anu-ais sofrem uma auditoria atuarial. Conforme estabelecido na resolução CNSP nº. 135, de 11-10-2005, deve ser executada por um profissional atuário independente, o qual valida os valores apresentados nas provisões atuariais (baseadas nas informações estatísticas a respeito dos sinistros ocorridos na seguradora e no mercado em que a empresa atua).

Os valores que constituem as provisões técnicas no Pas-sivo de uma seguradora também geram reflexos em seus Ativos, decorrente da vinculação de seus bens que servem de garantia de suas provisões. A SUSEP é informada, men-salmente, dos saldos existentes relacionados à cobertura de suas provisões, o que pode ser chamado Ativo Vinculado. Estas informações são encaminhadas em “mapas-resumo”, nos Demonstrativos Contábeis, e também são inseridas no Formulário de Informações Periódicas (FIP).

São definidas, na Resolução CMN nº. 3.308, de 01-09-2005, algumas limitações para a composição dos Ativos Vin-culados, sendo previstas as aplicações destes recursos que garantem as provisões técnicas. Estes não são os únicos li-mitadores do Ativo. A Resolução CNSP nº 88, de 18-08-2002, estabelece critérios para a realização de investimentos pelas

sociedades seguradoras e prevê alguns outros limites para os Ativos, regulando até aqueles que não estão vinculados às provisões. Desta forma, as seguradoras não possuem li-vre arbítrio sobre a aplicação de seus recursos e tomam suas decisões dentro dos limites estabelecidos na legislação.

A veracidade de algumas informações encaminhadas, através da FIP, para a SUSEP é testada. Os valores de investimentos em CETIP1, SELIC2 e/ou CBLC3 são verifi-cados pela SUSEP, que confronta os apresentados na FIP com os registros constantes nas bases de dados do CETIP, SELIC e CBLC.

A SUSEP também é responsável pela verificação do aten-dimento dos limites impostos pela Resolução CMN nº. 3.308, de 01-09-2005, aos Ativos Vinculados, examinando suas ca-racterísticas quantitativas e qualitativas. Entre as limitações está, por exemplo, que a partir do ano de 2008 ficará vedado que um único imóvel represente mais do que 4% (quatro por cento) do valor total dos recursos garantidores.

2.4. Capital mínimoA regulamentação estabelece a manutenção de Capital

mínimo, conforme ramo e região onde se opera. A SUSEP examina a composição do Capital da sociedade, permitindo que a seguradora se estabeleça apenas se cumprir as de-terminações estabelecidas pela resolução CNSP nº. 73, de 13-05-2002. Esta resolução define os valores mínimos de capital, específicos para cada região em que se deseje ope-rar. Os valores mínimos de capital são compostos por uma parcela fixa, de um milhão e duzentos mil reais, e outra variá-vel, entre cento e vinte mil e dois milhões e quatrocentos mil por região onde pretende operar. Caso a seguradora deseje operar nacionalmente, ou seja, nas oito regiões delimitadas, a parcela variável mínima do capital é de seis milhões, o que somado à parte fixa resulta em um capital mínimo de sete milhões e duzentos mil reais.

A regulamentação a respeito do Capital não se limita ao estabelecimento de seu valor mínimo de subscrição, pois também cria imposições quanto a sua forma de integrali-zação. Deve ser feita com um mínimo de 50% em moeda ou títulos públicos federais. Esta medida estimula a saúde financeira das seguradoras e visa garantir recursos com alto índice de liquidez e isentos de riscos.

2.5. A manutenção de margem de solvência Semestralmente, a solvência das sociedades segurado-

ras que operam nos ramos elementares é aferida confrontan-do-se a margem de solvência calculada com o valor de seus Ativos Líquidos. Esta exigência se fundamenta na Resolução CNSP nº. 08, de 21-07-1989, alterada pela Resolução CNSP

1 Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP). É uma associação civil, sem finalidade lucrativa, criada em conjunto pelas instituições financeiras e o Banco Central, em março de 1986, para garantir mais segurança e agilidade às operações do mercado financeiro brasileiro. Constitui-se em um mercado de balcão organizado para registro e negociação de valores mobiliários de renda fixa. Para mais informações consulte < http://www.cetip.com.br >.

2 Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para títulos federais, Destina-se ao registro de depósitos interfinanceiros e títulos emitidos pelo Banco Central do Brasil, Tesouro Nacional, Estados e Municípios, por meio de equipamento eletrônico de teleprocessamento, em contas gráficas, abertas em nome de seus participantes, bem como ao processamento de operações de movimentação, resgates, ofertas públicas e respectivas licitações financeiras. Para mais informações consulte <http://www.bcb.gov.br/?SELIC >

3 Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), criada em 1997 a partir de uma cisão da Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA – para atender as necessidades do mercado brasileiro de uma estrutura de Clearing e Depositária. As características dos serviços de custódia, compensação, liquidação e ge-renciamento de riscos colocam a CBLC em linha com as práticas e recomendações internacionais. Para mais informações consulte <http://www.cblc.com.br/ >

Márcia Maria Oliveira Revoredo Fernando Pereira Tostes Regulamentação das Seguradoras Brasileiras – A proteção dos beneficiários

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nº. 55, de 03-09-2001. O que se busca com este procedi-mento é mensurar a capacidade de as seguradoras honra-rem seus compromissos perante os segurados. Para isso foi estabelecido o indicador que relaciona os Ativos líquidos e a Margem de Solvência calculada adotando o maior resultado obtido nos procedimentos seguintes: a multiplicação do valor dos somatórios dos prêmios retidos dos últimos 12 meses por 0,20; ou a multiplicação do somatório dos sinistros re-tidos dos últimos 36 meses por 0,33 e a divisão do resul-tado por 3. A equipe técnica do departamento que analisa a solvência da seguradora verifica se os ativos líquidos são iguais ou superiores a sua margem de contribuição. Nos ca-sos identificados de insuficiência, o Colegiado4 da SUSEP é informado, normalmente sendo sugerido que a seguradora entre em plano de recuperação.

O cálculo da margem de solvência utiliza dois parâmetros, a média anual dos sinistros retidos e um percentual dos prê-mios emitidos nos últimos doze meses. O motivo do uso des-tes dois parâmetros é a prudência, sendo levado em consi-deração o valor mais desfavorável para a seguradora. Desta forma, ainda que o histórico dos sinistros tenha sido baixo, se houver um aumento brusco na emissão de prêmios, haverá a necessidade de manter o Ativo Líquido com valores con-servadores. A prudência demonstrada nestes procedimentos tem o objetivo de garantir que a seguradora honre os seus compromissos.

2.6. A manutenção de limites de retençãoA SUSEP e o CNSP, através da Circular SUSEP nº. 136,

de 21-08-2000, e da Resolução CNSP nº. 085, de 19-08-02, fixam o limite de 3% do ativo líquido das seguradoras como o valor máximo que esta pode reter de risco. Entretanto, as seguradoras devem calcular, no primeiro e no terceiro trimes-tre de cada ano, os seus limites para cada um dos ramos em que atua, dentro do intervalo entre 0,3 e 3%. Estes cálculos devem possuir base teórica científica e gerar dados consis-tentes, podendo ser recalculados no segundo e no terceiro trimestre do ano. Existem apenas algumas situações pontu-ais, nas quais é permitido um percentual de 0,075.

2.7. Outras especificações da regulamentaçãoPode-se considerar que as ferramentas já citadas são as

principais para garantir a viabilidade econômica e financeira das seguradoras, e conseqüentemente proteger os segura-dos. Principais, porém não únicas, pois há também outras, que podem ser classificadas como acessórias. Dentre estas estão: o uso do Plano de Contas Padrão, os registros auxilia-res obrigatórios, o envio periódico para a SUSEP de informa-ções econômico-financeiras e operacionais através do FIP, o envio de questionário trimestral revisado e questionário de riscos anual, conforme o estabelecido na circular SUSEP nº. 253, de 12-05-2004.

As contas que são obrigatoriamente utilizadas nos regis-tros contábeis das seguradoras são definidas em um plano de contas padrão previsto na Resolução CNSP nº. 86, de 19-08-2002, e atualizado pela circular SUSEP nº. 314, de 27-12-2005. Esta circular também padroniza sua utilização e

seu funcionamento, como o intuito de contribuir para o enten-dimento, a clareza e a comparabilidade das Demonstrações Contábeis das companhias seguradoras.

As seguradoras, desde 1988, enviam mensalmente o FIP para a SUSEP, conforme estabelecido na Circular SUSEP nº. 02, de 08-03-1988, atualmente regulamentada pela Cir-cular SUSEP nº. 319, de 02-03-2006. Desta forma, as se-guradoras mantêm a SUSEP informada sobre sua situação econômico-financeira, bem como sobre as demais especi-ficidades relacionadas às suas operações e sua adminis-tração. Assim fica viabilizado o acompanhamento mensal feito pela SUSEP, que analisa os dados fornecidos pelas seguradoras. Trimestralmente a FIP é chancelada por au-ditores independentes, conforme Resolução CNSP nº. 118, de 22-12-2004. Na FIP também são incluídas informações sobre o adequado cumprimento da regulamentação legal. As informações recebidas permitem também que a SUSEP conheça a estruturação do mercado segurador para o en-frentamento dos riscos.

Além das informações vindas das seguradoras, também são recebidas informações vindas dos segurados através do atendimento do plantão fiscal, que é realizado na sede da SUSEP e foi criado para receber reclamações e atuar junto às seguradoras. Assim os direitos dos segurados podem ser defendidos. Ocorrendo um grande volume de reclamações envolvendo uma mesma seguradora, a SUSEP fica sabendo que estão ocorrendo problemas, e tem o dever de investigar a origem das queixas.

Os controles não são estáticos; continuamente são mo-dificados, alterados ou acrescidos procedimentos, em prol da solidez do mercado de segurador. Entre as inovações atuais, está o projeto-piloto do sistema público de escritu-ração digital. Com este projeto, paulatinamente, a partir de agosto de 2006, as seguradoras, juntamente com as demais instituições financeiras, vêm escriturando eletronicamente o livro Diário e o Razão. Este procedimento impede que os de-monstrativos encaminhados para a SUSEP sejam alterados após seu envio e análise.

3. RiscosA regulamentação e a imposição de controles objetivam

mitigar os riscos das operações das seguradoras; entretanto, não há como eliminá-los integralmente. O risco, de acordo com SOUZA (2001, p. 27), “representa a possibilidade de um evento inesperado ocorrer gerando prejuízo ou necessidade econômica ou danos materiais e pessoais [...] deve ser: in-certo, aleatório, possível, real, lícito e fortuito.” NOHRA et al (2004, p. 36) na palestra sobre questionário de risco define o risco como “a medida de incerteza relacionada às oscilações de parâmetros que afetam o patrimônio da sociedade, tendo as seguintes divisões: risco de mercado, risco de crédito, ris-co legal, risco de subscrição e risco operacional”.

3.1. O Risco de CréditoO Risco de Crédito, conforme NOHRA et al (2004, p. 37),

está relacionado com a probabilidade de uma seguradora não receber, parcial ou totalmente, um valor previsto de uma

4 O Colegiado é formado pelos ocupantes dos cargos da SUPEP: Superintendente, Diretores, Secretário-Geral e Procurador-Geral.

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contraparte de uma operação financeira, como no caso de um emissor de títulos financeiros não efetuar o pagamento previsto na data de seu vencimento.

3.2. O Risco de Mercado O Risco de Mercado, conforme NOHRA et al (2004, p.

38), está relacionado às flutuações nos retornos esperados de seus ativos e passivos, podendo ser ocasionado por ta-xas de juros, taxas de câmbio, índices de inflação, preços de imóveis ou cotações de ações. Se uma sociedade possui parte relevante de seus ativos indexados de forma distinta da utilizada nos seus passivos e há variação desfavorável dos indexadores dos ativos, esta entidade é abalada pela política de indexação de seus componentes patrimoniais.

3.3. O Risco Legal O Risco Legal, conforme NOHRA et al (2004, p. 39), se

relaciona com a falta de um completo atendimento da legisla-ção, e pode impactar o retorno das operações. A seguradora pode não conhecer a totalidade de suas obrigações legais e, como elas afetam sua atuação no mercado, ficar exposta a riscos desconhecidos, além de estar passível de sanções.

3.4. O Risco de Subscrição O Risco de Subscrição, conforme NOHRA et al (2004,

pp. 28-30 e 40), é oriundo das incertezas existentes na esti-mação das provisões técnicas que acarretam uma situação econômica adversa. Quando são constituídas as provisões técnicas, não há certeza dos sinistros que irão ocorrer, e por isso se pode concluir que os sinistros são variáveis aleatórias e, como tais, podem ser previstos com razoável segurança. Matemáticos especializados em ciências atuariais estimam os valores que as seguradoras devem desembolsar, relacio-nados aos sinistros que devem ocorrer. No entanto, sempre haverá diferenças entre as estimativas e as ocorrências reais. Sempre haverá algum risco de subscrição das provisões, ou seja, risco de serem constituídas com valores sensivelmente inferiores aos do efetivo pagamento de indenizações.

Valores dos prêmios calculados inadequadamente tam-bém podem acarretar riscos de subscrição. A competitivida-de do mercado, a inexperiência em determinado ramo ou a carência de informações estatísticas podem influenciar os valores dos prêmios, os quais podem ficar inferiores ao risco que as seguradoras assumem. Os cálculos equivocados do risco influenciam diretamente o valor dos prêmios e das pro-visões, criando, assim, também um risco de subscrição.

As estimativas sempre possuem certo grau de incerteza. Há de se considerar que diversos motivos podem levar a ocorrência de sinistros não previstos. Por mais imparcial, tecnicamente adequada, criteriosa e conservadora que seja a técnica utilizada, as condições ambientais, extrínsecas à apólice, podem modificar-se bruscamente. A ocorrência de guerra, epidemias, problemas sociais como a violência ou modificação de condições climáticas podem impactar no volume de ocorrência de sinistros e acarretar a afetação da estrutura patrimonial das seguradoras. Afinal, os desem-bolsos para os pagamentos dos sinistros afetam a liquidez das empresas, podendo até fazer-se necessário que sejam realizados aportes de capitais dos acionistas para que seja

reestruturado o PLA da seguradora. Há que garantir o capi-tal mínimo suficiente para cobrir o risco de má constituição das provisões técnicas.

O risco de subscrição é maximizado se não houver isen-ção dos responsáveis pela verificação do risco, quando da emissão de seus pareceres técnicos dos produtos por se-rem comercializados pela Seguradora. Uma forma de re-duzir seu risco é garantir a imparcialidade e a competência técnica dos profissionais que atuam definido os produtos das seguradoras e efetuando os cálculos do prêmio e das provisões técnicas.

3.5. O Risco Operacional O Risco Operacional e os outros riscos são, conforme

NOHRA et al (2004, p. 42), os enfrentados pelas socieda-des, com exceção dos referentes a mercado, crédito, legal e de subscrição. Englobam situações como o risco de a se-guradora ter sua imagem abalada pela divulgação de algum episódio, ou da ocorrência de falhas internas administrativas que resultem em prejuízos.

4. A Regulamentação Internacional de Instituições Financeiras

Os conceitos utilizados internacionalmente na regulação de instituições financeiras surgiram em 1974, quando foi cria-do o Comitê de Basiléia, com foco nas instituições bancárias. O Comitê foi resultado da associação dos bancos centrais de países que compunham o G-10 (Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão Luxemburgo, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos) e se tornou um marco para a re-gulação internacional das instituições financeiras. Tem como sede o Banco de Compensações Internacionais na cidade de Basiléia, Suíça, sendo referência para os órgãos superviso-res e autoridades públicas na supervisão dos bancos de suas jurisdições. O comitê funciona como um fórum de discussão com o objetivo de estabelecer as melhores práticas de super-visão bancária. Através de sua atuação, foram consolidados conceitos de gestão de riscos e requisitos mínimos de capital para as Instituições Financeiras, apresentados no Acordo fir-mado em 1988, que ficou conhecido como “Basiléia I”.

O desenvolvimento e o acréscimo de complexidade da atividade bancária na década de noventa, bem como os es-cândalos corporativos (WorldCom e Enron) que trouxeram à tona as fraquezas dos controles internos de grandes cor-porações, revelaram a necessidade de revisão de algumas normas do acordo de 1988. Neste contexto, em 2004, após três anos de trabalho, o Comitê de Basiléia publicou o Inter-national Convergence of Capital Measurement and Capital Standards: A Revised Framework, que ficou conhecido como “Basiléia II”. Ampliando o escopo do “Basiléia I”, visa a ga-rantir que as instituições financeiras estejam adequadamente capitalizadas e que os riscos existentes sejam mensurados nas demonstrações financeiras. Sua grande inovação foi abandonar o conceito de uma medida para todos com impo-sições de ponderações de risco e aderir a conceitos de flexi-bilidade, favorecendo a autogestão de riscos. As medidas va-riam de acordo com a ponderação dos riscos e sua forma de gerenciamento, que passam a ser validadas pelo órgão re-gulador. A partir deste pronunciamento, é dada maior ênfase

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nas metodologias internas, nas rotinas de revisão e no com-portamento do mercado, levando em consideração o risco operacional. Desta forma, a supervisão bancária é reformu-lada, bem como os conceitos de transparência de mercado. “Basiléia II” estabeleceu um sistema baseado no requisito de capital sensível ao risco (relação mais direta entre risco e ca-pital); supervisão bancária baseada na comunicação estreita entre supervisores e instituições financeiras (qualificando as metodologias criadas pelas instituições); e transparência de mercado, aumentando consideravelmente a quantidade e o detalhamento da informação disponibilizada.

5. A Regulamentação do Mercado Segurador na União Européia

Os sistemas de garantias de solvência na Europa são di-versos e, conforme GAUSE (2006, p. 41), variam de uma regulação ampla e abrangente (como na Grã-Bretanha) a países onde não existem dispositivos que regulem o assun-to. Entre esses casos extremos, existem países nos quais a regulação é parcial (como a Alemanha, que regula apenas os ramos de Vida e Saúde).

A Comunidade Européia está desenvolvendo um novo modelo de regulação que pretende aprimorar o funciona-mento do mercado segurador. Neste processo estão envol-vidos, entre outros, a International Association of Insurance Supervisors5 (IAIS – Associação Internacional dos Supervi-sores de Seguros) e o Committee of European Insurance and Occupational Pensions Supervisors (CIEIOPS – Comitê das Autoridades Européias de Supervisão de Seguros e Previ-dência). Este novo sistema em desenvolvimento está sen-do conhecido por “Solvência II”. Isso se deve ao fato de ser subseqüente à regulamentação contida nas Diretivas 12 e 13 da Comissão da União Européia emitidas em 2002 sobre a Margem de solvência das empresas de seguros de vida e de não-vida (conhecida por “Solvência I”) e também ao de possuir os fundamentos contidos no “Basiléia II”.

O “Solvência II” estrutura um sistema que se sustenta em três pilares:

• Alocação de Capital sem se limitar a fórmulas simples para o cálculo de valores mínimos, utilizando-se de modelos internos desenvolvidos pelas próprias seguradoras, basea-dos em riscos. Impactam nas atividades dos órgãos supervi-sores, que precisarão entender amplamente os riscos envol-vidos em cada seguradora.

• Controles Internos mantidos pelas seguradoras devem suportar a gestão interna dos riscos. Seus aspectos qualita-tivos serão supervisionados pelos órgãos competentes, os quais só poderão avaliar uniformemente se houver uma har-monização contábil.

• Ampliação da transparência administrativa, que pode exigir do mercado uma remodelação da estrutura utilizada em seus registros e ainda acarretar o aumento dos custos de divulgação destas informações.

GAUSE (2006, p.43) explica que a formulação da legis-lação da União Européia é inicialmente proposta pela Co-missão da União Européia ao Parlamento Europeu para discussão dos Estados membros. As propostas para aplica-ção nos próximos anos ficam registradas, e então é dada a oportunidade de manifestação e posicionamento aos setores atingidos pela legislação. Neste momento, também são rea-lizados estudos sobre o impacto das alterações propostas. Finalizado este processo, as medidas concretas são estabe-lecidas. Exemplificando, a regulação diretiva de resseguros foi aprovada, em outubro de 2005, após longos cinco anos de discussões sobre os seus possíveis impactos no mercado ressegurador e segurador.

6. O Impacto das Normas Internacionais no BrasilNo Brasil, a implementação do “Basiléia I” começou em

agosto de 1994, com a publicação da Resolução CMN nº 2.099, de 17-08-1994, que aprovou

“[...] regulamentos que dispõem sobre as condições relati-vamente ao acesso ao Sistema Financeiro Nacional, aos valores mínimos de capital e patrimônio líquido ajustado, à instalação de dependências e à obrigatoriedade da manu-tenção de patrimônio líquido ajustado em valor compatível com o grau de risco das operações ativas das instituições fi-nanceiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil”.

Como se pode notar, houve demora de alguns anos, mas os padrões estabelecidos no acordo de Basiléia passaram a valer no Brasil.

Atualmente, o Brasil é um dos membros da IAIS, que re-comenda que o sistema de gerenciamento de risco cubra to-dos os riscos aos quais a seguradora está exposta e adota conceitos estabelecidos no “Solvência II”.

Em alguns dos atos da SUSEP, nota-se a intenção de seguir as recomendações da IAIS, no intuito de aprimorar o gerenciamento dos riscos existentes nas atividades das seguradoras. Um exemplo é a Circular SUSEP nº. 285, de 21-03-2005, na qual fica demonstrado o início do processo de migração para o sistema proposto no “Solvência II”. Nesta circular, a SUSEP estabelece a obrigatoriedade do cadastro de recursos e mapa de saldos, referentes às áreas de tecno-logia da informação e contábil, por serem preenchidos pelas sociedades seguradoras, pelas entidades abertas de previ-dência complementar e pelas sociedades de capitalização, e enviados anualmente, ratificados por seus administradores.

7. O Crescimento do Mercado de Seguros no Brasil e no Mundo

Conforme informações da SUSEP, a participação do mer-cado de seguros, previdência aberta e capitalização no Pro-duto Interno Bruto (PIB) brasileiro atingiu 3,1% no acumulado entre junho de 2005 e maio de 2006, tendo crescido compa-rativamente ao ano passado, quando de janeiro a dezembro

5A IAIS foi estabelecida em 1994 com os objetivos de cooperar para contribuir com a supervisão melhorada da indústria de seguro, no nível internacional e doméstico. Possui as finalidades de manter mercados eficientes, justos, seguros e estáveis, para o benefício e a proteção dos clientes, promover o desenvol-vimento de mercado segurador e contribuir para a estabilidade financeira global. A IAIS representa os reguladores do seguro e os supervisores de umas 180 jurisdições em mais de 130 países, e orienta que as seguradoras devem possuir um sistema de gerenciamento de risco, de forma a complementar o sistema de capital mínimo e margem de solvência.

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Figura 4 – Crescimento acumulado dos Prêmios de Seguro no Brasil, América Latina, Europa Ocidental e no Mundo, a cada 5 anos – de 1990 a 2005.

automóvel patrimonial pessoas demais

36%8%

45% 11%

Figura 1 – Composição do Mercado de seguros brasileiro em Junho de 2006. Principais Grupos - comparativo / Prêmio Direto

Fonte: Seguros no mundo (1969 a 2005) em http://www.funenseg.com.br/es-tatisticashistoricas.php

Considerado apenas o volume relativo, partindo do total de prêmios do ano de 1990, demonstramos na figura 3 o crescimento percentual de cada continente, ou parte. Pode-se observar que, entre os anos de 1990 e 2005, o maior cres-cimento percentual dos prêmios totais se deu na América Latina, sendo, em 2005, 392% acima dos valores de 1990. Neste ranking, abaixo do crescimento da América Latina es-tão a Europa Ocidental com 204%, a África com 170% e a Oceania com 139%. Nesse mesmo período, o mundo teve um crescimento de 137%.

Analisando comparativamente o crescimento do Mercado de Seguros no Brasil com o crescimento na América Latina, na Europa ocidental e no mundo, percebemos que o volume de prêmios totais no Brasil cresceu 850% em relação a 1990, conforme apresentado na figura 4.

Fonte: Seguros no mundo (1969 a 2005) em http://www.funenseg.com.br/es-tatisticashistoricas.php.

Ao longo dos últimos quinze anos (entre 1990 e 2005), considerando os prêmios totais, o crescimento acumulado do mercado de seguros no Brasil foi superior ao da América Latina. Conforme os dados constantes da tabela “Seguros no mundo (1969 a 2005)” (disponível em http://www.fu-nenseg.com.br/estatisticashistoricas.php), todos os países descritos da América Latina tiveram crescimento nos valo-res dos prêmios totais, mas nota-se que o país com maior crescimento foi o Brasil, e também que em 2005 ele possui os valores mais significativos. O percentual de crescimento da América Latina foi altamente influenciado pelo Brasil, e o dos demais países do grupo, desconsiderando o Brasil, fica em torno de 269%. Ainda assim, nota-se que os valores superam o percentual mundial e o dos demais continentes. Deve-se considerar que os países desenvolvidos, que já possuem a cultura de repassar os riscos para seguradoras, têm o mercado de securitário mais difundido, razão por que sua margem de ampliação deste mercado é em geral menor que a dos países em desenvolvimento.

O crescimento percentual acumulado do PIB do Brasil, apresentado no quadro 1, nestes mesmos quinze anos foi em torno de 70%. Levando-se em conta os prêmios to-tais no Brasil, que no mesmo período aumentaram 850%, pode-se interpretar que a atividade de seguros está em

100%

1990 1995 2000 2005

Perc

entu

al

200%

300%

400%

500%

600%

700%

800%

900%

1000%

0%

anoBrasil América Latina Europa Ocidental Mundo

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Figura 3 – Crescimento Percentual dos Prêmios de Seguro nos Con-tinentes – de 1990 a 2005

Demonstramos na figura 2 um visível crescimento do vo-lume de prêmios totais em todo o mundo, os quais, devido ao seu maior volume em comparação com os da América Latina, África e Oceania, ficam destacados principalmente na América do Norte, Europa oriental e Ásia.

Figura 2 – Prêmios Totais nos Continentes – Período de 1990 a 2005

Fonte: Seguros no mundo (1969 a 2005) em http://www.funenseg.com.br/es-tatisticashistoricas.php.

AméricadoNorteAméricaLatina

MundoEuropaOcidental

AsiaÁfrica

Oceania

EuropaOriental

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1400000

1200000

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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

milh

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ded

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es

0

600%

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

perc

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ano1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 20050

500%

400%

300%

200%

100%

AméricadoNorteAméricaLatina

MundoEuropaOcidental

AsiaÁfrica

Oceania

EuropaOriental

esse percentual ficou em 2,9%.A soma dos prêmios dos grupos patrimonial e de automó-

veis, em junho de 2006, representa 46% do mercado, en-quanto o grupo de pessoas representa 45%. Apresentamos na figura 1 uma demonstração da composição dos grupos de seguro, conforme o Boletim da SUSEP de junho de 2006.

Fonte: Boletim2006_06.xls em www.susep.com.br/menuestatística/estatisticas.asp

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6 Luxemburgo é um pequeno país da Europa ocidental, desenvolvido, com um crescimento contínuo e baixos índices de inflação. Em 2005 seu Produto Interno Bruto per capita foi o maior do mundo.

7 China é o pais mais populoso do Planeta, em desenvolvimento, e que se intitula como um Estado socialista com sistema econômico de socialismo de mercado. Tem tido nos últimos anos um acelerado crescimento econômico.

8 Polônia é um país da Europa Ocidental que sofreu fortes mudanças, em 1989, quando o regime comunista foi derrubado e foi instaurada uma democracia de economia de mercado, tendo tido até o início dos anos noventa uma economia planificada.

efetiva ampliação, ou seja, mais pessoas físicas e jurídi-cas estão repassando os seus riscos para empresas segu-radoras. Países que tiveram crescimento desta magnitude (ou superior) foram Luxemburgo6 3.146%, China7 1810% e Polônia8 1179%.

Quadro 1 – PIB Brasileiro em Dólares – de 1990 a 2005.

PIB em Dólar (US$ milhões) - Período:1990-2005 - Estimativa do Banco Central do Brasil, obtida pela divisão do PIB a preços correntes pela taxa média anual de câmbio de compra

Ano PIB a preços correntes (em US$ M)1990 469.3181991 405.6791992 387.2951993 429.6851994 543.0871995 705.4491996 775.4751997 807.8141998 787.8891999 536.5542000 602.2072001 509.7972002 459.3792003 506.7842004 603.9942005 796.284

Fonte: IBGE e Banco Central disponível em http://www.bcb.gov.br/htms/banu-

al2005/rel2005cap1p.pdf.

Conforme notícia de 23 de julho de 2006 (disponibiliza-da em <http://www.irb-brasilre.com.br/exibir_noticia.cfm>), a previdência privada aberta é um dos principais fatores do crescimento do mercado brasileiro de seguros:

“O titular da Superintendência de Seguros Privados (SU-SEP), Renê Garcia, aponta a recuperação da previdência aberta como um dos principais fatores para o crescimento do mercado brasileiro em um ritmo acima da grande maio-ria dos outros segmentos da economia nacional. Segundo ele, depois dos problemas enfrentados no primeiro semestre de 2005, em decorrência da nova forma de tributação que gerou dúvidas entre os investidores, a previdência aberta vem se recuperando rapidamente e as perspectivas são as melhores possíveis: em até quatro anos as reservas acumu-ladas nesse segmento devem passar dos R$ 150 bilhões, prevê René Garcia. Para o superintendente da SUSEP, esse cenário positivo engloba todo o mercado.”

A tendência de crescimento fica evidente quando anali-samos o comportamento dos prêmios consolidados de 2006 e 2005, como demonstrado na figura 5. É visível que todos os meses demonstrados de 2006 tiveram valores superiores aos apresentados no ano anterior.

ConclusãoO mercado de seguros no Brasil é densamente regulado,

mas esse fato não é exclusividade do nosso País. Órgãos in-ternacionais, como a IAIS, orientam a respeito da forma como este mercado deve ser gerenciado, influenciando na formação de regulamentos relacionados à atividade de seguros.

A legislação brasileira vigente possui muitos elementos quantitativos para controlar e supervisionar o mercado de se-guros, mas outros fatores qualitativos não são levados plena-mente em consideração. Fatores como a qualidade do risco subscrito, a qualidade do resseguro contratado, os riscos de crédito e de mercado envolvendo os ativos garantidores das reservas e os riscos operacionais e legais do negócio não pa-recem impactar fortemente nas análises feitas pela SUSEP, e também não influenciam os valores para capital mínimo.

A Comunidade Européia está inovando nos conceitos existentes de avaliação e supervisão das seguradoras atra-vés do projeto “Solvência II”, o qual se sustenta em três pila-res que podem ser resumidos em1º – requisitos financeiros que levam em consideração o risco individual da seguradora;

2º – revisão feita pelo órgão supervisor sobre os dados quantitativos e qualitativos;

3º – disciplina do mercado, que deve gerenciar seu risco de forma transparente.Os conceitos do “Solvência II” ainda não foram colocados

totalmente em prática. Ainda estão sendo estudadas medidas concretas para sua implantação, e avaliados os impactos dessa mudança no mercado. No entanto, o mercado segurador bra-sileiro já começou a disseminar parte destes novos conceitos, que vêm influenciando a regulamentação procedente da SU-SEP. Estas mudanças se devem à relevância da matéria, uma vez que este é um mercado emergente no Brasil, e que impacta fortemente na economia o País. Afinal, o mercado de seguros entremeia diversos ramos da economia, envolvendo muitas empresas que possuem bens segurados e grande envolvimen-to com os investimentos nacionais (as seguradoras mantêm um alto volume de ativos garantidores das provisões aplicados).

Fica evidente que a regulação do mercado de seguros no Brasil, assim como na Europa, busca garantir a solvência das empresas, com certo grau de certeza para todo o mercado se-gurador, mas neste estudo não foi possível avaliar se o cresci-mento das seguradoras se deve, em parte, à regulação. O fato é que o mercado segurador europeu está crescendo e o brasileiro mais ainda e — por que não dizer? — de forma surpreendente, superando em muito o crescimento percentual do PIB.

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Figura 5 – Crescimento dos prêmios de seguro no Brasil – 2005 e 2006.

3.891.1534.149.771

3.544.6764.091.607

3.332.147

4.629.390

3.258.4582.737.720

3.395.8733.157.511

3.264.582 3.621.855 3.440.9483.711.921

3.439.203 3.437.6793.889.822

ano 2006

6.000.0005.000.0004.000.0003.000.0002.000.0001.000.000

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

5.206.207

ano 2005

Fonte: Boletim2006_06.xls em www.susep.com.br/menuestatística/estatisticas.asp.

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BibliografiaBACEN, BANCO CENTRAL DO BRASIL. Os Princípios Essenciais da Basiléia. Tradução não oficial para o português, elaborada pelo Banco Cen-tral do Brasil, do documento originalmente intitulado Core Principles for Effective Banking Supervision, publicado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), setembro de 1997. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/ftp/defis/ basileia.pdf>. Acesso em 20-08-2006.BACEN, BANCO CENTRAL DO BRASIL. “Composição do Sistema Financeiro Nacional”. Disponível em <http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP>. Acesso em 20-08-2006.BACEN, BANCO CENTRAL DO BRASIL. “Relatório Anual 2005”. Disponível em <http://www.bcb.gov.br/htms/banual2005/rel2005cap1p.pdf>. Acesso em 20-08-2006.CEA, THE EUROPEAN INSURANCE AND REINSURANCE FEDERATION. “Solvency II Introductory Guide”. Disponível em <http://www.cea.assur.org/cea/download/publ/ article244. pdf>. Acesso em 20-08-2006.CEA, THE EUROPEAN INSURANCE AND REINSURANCE FEDERATION. “CEA Solvency II Project Information Page”. 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Acesso em 20-08-2006SUSEP, SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS. “Circular nº. 319”, de 02-03-2006. Disponível em <http://www.susep.gov.br/textos/circ319.pdf >. Acesso em 20-08-2006SUSEP, SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS. “Forma de Cálculo da Margem Solvência”. Disponível em <http://www.susep.gov.br/menumercado/margem_solvencia.asp>. Acesso em 20-08-2006

Márcia Maria Oliveira Revoredo Fernando Pereira Tostes

Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. 9, n. 35, p. 40 - 48, jan./mar. 2007

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Gestão de Risco de MercadoAutor: Fernando P.Tostes

No Brasil existem poucos livros abordando gerência de risco. O livro do professor Tostes inicia com um resumo histórico das principais teorias de gerenciamento de risco sob a ótica de finanças (capítulos 1 e 2). Em seguida, faz um trabalho inédito, abordando a teoria de controle interno contábil e sua aplicação no gerenciamento de risco de mercado (capítulos 3, 4 e 5). Os livros sobre o assunto tratam do controle interno do ponto de vista da auditoria contábil e nunca de forma prática, como ferramenta para reduzir o risco da fraude e de erros não-intencionais nas mesas de operação das corretoras e dos bancos.

Para ilustrar como as duas teorias se complementam — finanças e controle interno —, o autor explica seu uso no mercado de instrumentos derivativos (operações a termo, mercado futuro, swaps e opções). Decompõe os vários tipos de risco (capítulo 6), ilustra o ambiente operacional das instituições financeiras e os tipos de organização mais adequados para controlar riscos e explica em detalhe os elementos de controle de cada técnica de gestão de risco.

Por último, mais uma vez, o autor inova trazendo uma pesquisa feita no mercado brasileiro, durante os anos de 1996 (antes da crise da Ásia) e 2000 (após as crises da Ásia, Rússia e do Long-Term Capital Management), mostrando as técnicas que as principais instituições financeiras estavam empregando para controlar o risco de mercado em suas carteiras. Fica evidente o enorme progresso alcançado em resposta à turbulência ocorrida.

O texto é escrito em linguagem compreensível ao leigo, de modo a ser usado tanto por operadores de mesas de trading quanto por controlers e contadores. Pode, ainda, ser adotado em curso de finanças empresariais ou de investimentos, como leitura complementar.

LançamentosEsta página se destina à divulgação de livros da área de contabilidade. Os autores interessados deverão encaminhar um exemplar do livro ao Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Profissional do CRC-RJ, que, após tomar conhecimento, o disponibilizará em sua biblioteca para consulta.

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A Assembléia da ANPCONT tem o prazer de comunicar a aprovação para realização do I Congresso da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis.

Período: 14 a 19 de junho de 2007Local: Gramado – Rio Grande do Sul

Mais informações: www.furb.br/congressoanpcont www.anpcont.com.br

I Congresso da Associação Nacional dos Programas

de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

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