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TEXTO POÉTICO O POETA COSTA ANDRADE Francisco Fernando da Costa Andrade ou simplesmente Costa Andrade, também conhecido por Ndunduma wé Lépi, nome de guerra, adoptado nos tempos da guerrilha no Leste de Angola, durante os idos anos 60 e 70, é natural do Lépi, localidade situada na actual província Huambo, onde nasceu há 64 anos, em 1936. Fez os estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango. AUTOBIOGRAFIA Não existe mais a casa onde nasci nem meu Pai nem a mulambeira da primeira sombra. Não existe o pátio o forno a lenha nem os vasos e a casota do leão. Nada existe nem sequer ruínas entulho de adobes e telhas calcinadas. Alguém varreu o fogo a minha infância e na fogueira arderam todos os ancestres. Vocabulário: entulho” – resíduos, lixo de demolições; “adobes” – espécie de tijolo ; ancestres” - descendentes ______________________________________________________________ ______

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Page 1: Texto poético2

TEXTO POÉTICO

O POETA COSTA ANDRADE

Francisco Fernando da Costa Andrade ou simplesmente Costa Andrade, também conhecido por Ndunduma wé Lépi, nome de guerra, adoptado nos tempos da guerrilha no Leste de Angola, durante os idos anos 60 e 70, é natural do Lépi, localidade situada na actual província Huambo, onde nasceu há

64 anos, em 1936. Fez os estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango.

AUTOBIOGRAFIA

Não existe maisa casa onde nascinem meu Painem a mulambeirada primeira sombra.

Não existe o pátioo forno a lenhanem os vasos e a casota do leão.

Nada existenem sequer ruínasentulho de adobes e telhascalcinadas.

Alguém varreu o fogoa minha infânciae na fogueira arderam todos os ancestres. 

Vocabulário:

“entulho” – resíduos, lixo de demolições; “adobes” – espécie de tijolo ; “ancestres” - descendentes

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Este poema é autobiográfico porque o poeta recorda aspectos da sua vida, do tempo da infância, como:

a sua casa – “o pátio” - “a mulambeira” – “o forno a lenha” – “os vasos” de flores – “a casota do leão”

o seu pai as suas coisas

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os descendentesEm relação à forma ou aspectos formais, o poema é composto por 4 estrofes (uma quintilha, dois tercetos e uma quadra), tem um número variável de sílabas métricas, não tem rimas, portanto os versos são versos soltos e também existem poucos recursos estilísticos significativos. Quando se faz a leitura em voz alta do poema as sonoridades resultam das aliterações, ou repetições de sons nasais (m, n).Salienta-se o tom de saudade, lamento e negatividade, dados pela construção dos versos, com repetição do advérbio de negação “não” e do advérbio de intensidade “nada”, a que vão sendo acrescentadas coisas que se perderam, através da conjunção coordenativa copulativa “nem”, que vai enumerando o que se perdeu, o que já não existe da sua infância. Nem existe a casa, nem o pai, nem a “mulambeira”, “nem sequer ruínas”.

PROPOSTA DE ACTIVIDADE DE ESCRITA POÉTICA

Após a leitura deste poema autobiográfico, que mostra como a história das pessoas é feita de vivências, lugares, relações familiares, recordações, tradições, costumes, objectos a que cada um se liga, tenta construir o teu próprio poema autobiográfico.

Sugiro que optes pela estrofe curta de 4 versos (quadra) com rima e versos até sete sílabas métricas.O tema deve estar relacionado com a tua história de vida ou a do teu país.Exemplo - O teu poema pode começar assim:

No cacimbo eu nasciEm casa de tijolo sempre vivi

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