tcc de geografia henágio josé da silva-ano: 2011

109
AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE BELO JARDIM FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES FABEJA BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS - PE E A DEGRADAÇÃO DO SOLO - O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO HENÁGIO JOSÉ DA SILVA BELO JARDIM PE 2011

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Page 1: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

0

AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE BELO JARDIM

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FABEJA

BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS - PE E A

DEGRADAÇÃO DO SOLO - O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO

HENÁGIO JOSÉ DA SILVA

BELO JARDIM – PE

2011

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Page 2: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

1

AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DE BELO JARDIM

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FABEJA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – FABEJA

HENÁGIO JOSÉ DA SILVA

BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS – PE E

A DEGRADAÇÃO DO SOLO – O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia da FABEJA, como parte do programa de

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.

ORIENTADOR: PROF. Dr. NATALÍCIO RODRIGUES DE MELO

BELO JARDIM – PE

2011

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Page 3: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

2

Silva, Henágio José da

Brejo de Altitude do Município do Brejo da Madre de Deus – PE e a Degradação do

Solo - o caso da comunidade do Amaro. Belo Jardim, o Autor, 2011.

108 folhas: il., fig., gráf., mapas, quadros, fotos.

Monografia de trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura Plena em Geografia

– Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim- FABEJA – PE, 2011.

―Orientador: Prof. Dr. Natalício Rodrigues de Melo, FABEJA‖.

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Page 4: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

3

AUTARQUIA DE ENSINO SUPERIOR DO BELO JARDIM

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – FABEJA

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – FABEJA

HENÁGIO JOSÉ DA SILVA

Título: “BREJO DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS

- PE E A DEGRADAÇÃO DO SOLO – O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO”

BANCA EXAMINADORA

TITULARES:

Orientador:___________________________________________________

Prof. Dr. Natalício Rodrigues de Melo FABEJA

1º Examinador:__________________________________________________

Prof. Ms. Lindhiane Costa de Farias

FABEJA

2º Examinador:__________________________________________________

Prof. Arnaldo Dantas

FABEJA

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Page 5: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

4

Primeiro ao Sr. Jesus Cristo por proporcionar

minha vida, aos meus pais: José Joaquim da Silva e

Maria de Fátima da Silva que apesar de tanta dificuldade

conseguiram cumprir seus papéis enquanto pais

ensinando os valores éticos e morais.

Aos meus irmãos Elizângela Maria da Silva, Ângelo

José da Silva, Alberto José da Silva, Philippe José

Joaquim da Silva e a minha sobrinha Maria Paula.

A minha querida noiva Janaina Marinho da Silva

que esteve presente ao meu lado durante todo processo

de estudo e pesquisa.

.

Dedico

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Page 6: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

5

AGRADECIMENTOS

Á Jesus Cristo (01- 33 – a. d) por me proporcionar a vida;

Á presidente da AEB - Carmem Peixoto; Á diretora da FABEJA - Luzia Squinka; Ao coordenador do curso de Geografia – Prof. Dr. Natalício de Melo

Rodrigues; Aos chefes do departamento de Geografia – Ricardo e Arnaldo Dantas; Aos professores – Lindhiane, Mario Benner e Luzia Chaves;

Aos meus familiares:

Meu pai José Joaquim da Silva

Minha Mãe Maria ade Fátima da Silva

Minha irmã Elizângela Maria da Silva e meus irmãos Ângelo José da

Silva, José Alberto da Silva, Philippe José Joaquim da Silva.

Aos meus colegas de Trabalho no INSTITUTO AGRONÔMICO DE

PERNAMBUCO, Anamaria Jordão, Suzana Cordeiro e ao Engenheiro Agrônomo

Francisco Maurício de Araújo que sempre me motivou para o estudo e contribuiu

para minhas pesquisas orientando e informando os processos principalmente sobre

a Degradação do Solo.

Ao conselho ligado a agricultura do município CONDESB – Conselho de

Desenvolvimento Sustentável de Brejo da Madre de Deus, na pessoa de Elizabeth

Szilassy que disponibilizou mapas e registros Pluviométricos. Também ao

INSTITUTO AGRÔMICO DE PERNAMBUCO – IPA de Brejo da Madre de Deus que

disponibilizou informações fundamentais para execução do presente trabalho.

Ao agricultor Maurício, que dispôs de seu tempo para se deslocar até as

áreas de pesquisa no Amaro, tento um vasto conhecimento no objeto de pesquisa,

conhecendo os espaços do brejo de Altitude, aos agricultores que contribuíram para

pesquisa, abrindo os espaços e o tempo para ceder as informações necessárias.

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Page 7: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

6

RESUMO

Os Brejos de Altitude são disjunções de floresta atlântica proporcionada pelos

acidentes orográficos de tais áreas com elevações superiores a 600 m altitude em

relação ao nível do mar que possuem características atípicas das áreas em seu

contorno, essas áreas apresentam condições pluviométricas distinta a sua

adjacência, com índices que passam dos 1.000 m anuais e condições de

temperatura amena pela sua elevação e pela presença de uma vegetação arbórea

verde durante todo o ano, solos profundos pelo grande grau de intemperismo

químico. Esses espaços apresentam boa capacidade hídrica com várias nascentes

que dão origem a riachos e rios muitas vezes perenes que dão suporte a agricultura

local e ao abastecimento hídrico da cidade. No passado essas áreas apresentavam

enorme significância para seu entorno pela produção agrícola de vegetais e frutas,

pois forneciam essas mercadorias nos dias de feiras. Hoje esses espaços estão

fortemente degradados, sua vegetação original praticamente não existe mais, dando

espaço aos cultivos de hortaliças temporárias e frutas permanentes como Bananeira

e mais recentemente a introdução da pecuária bovina com utilização de pasto de

pisoteio. Essas práticas vêm causando a degradação e perda do solo principalmente

pela erosão dos mesmos, o que naturalmente ocorrem e ocorreram durante milhões

de anos, mas com as ações antrópicas esses espaços vêm sendo fortemente

degradados o que vem causando a diminuição da produtividade das hortaliças e

frutas.

Palavras chave: Brejo de Altitude, solo, degradação, agricultura, erosão.

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Page 8: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

7

ABSTRACT

The upland forests are disjunctions of accidents provided by the Atlantic forest

terrain in such areas with elevations above 600 m altitude above sea level which are

atypical features in its border areas. These areas have different rainfall conditions

than its surrounding areas with amounts of more than 1,000 m and annual

temperature conditions amenable for its elevation and the presence of green

vegetation all year long, deep soils by chemical weathering to a large degree. These

spaces have a good water capacity with several water springs that give rise to

streams and rivers, often perennial, that support local agriculture and water supply to

urban areas. In the past these areas had an important significance to the region

supplying vegetable and fruit production to the weekly markets. Today these areas

are heavily degraded, the original vegetation no longer exists, giving rise to

temporary crops of vegetables and fruits like Banana and more recently the

introduction of cattle grazing. These practices are causing erosion with soil

degradation and loss, which naturally occur and have occurred over millions of years,

but with human actions these areas have been greatly degraded causing a reduction

in vegetable and fruit productivity.

Palavras-chave: upland forests, soil, degraded, agriculture, erosion.

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Page 9: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

8

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

LISTAS DE FIGURAS

Figurajf

Figura 01 Parte de uma mapa da região Nordeste, com vegetação da Mata

Atlântica.........................................................................................

24

Figura 02 Esquema representativo das chuvas orográficas nos brejos de

altitude............................................................................................

25

Figura 03 Distribuição altitudinal da vegetação remanescente, Mata

Atlântica..........................................................................................

25

Figura 04 Ambiente do Bioma Mata Atlântica, com sinais de degradação.... 40

Figura 05 Estágio avançado de degradação do solo–Voçoroca.................... 40

Figura 06 Esquema do processo humano nas causas de erosão................. 44

Figura 07 Manejo inadequado ao solo – queimada....................................... 52

Figura 08 Esquema de práticas que degradam o solo.................................. 53

Figura 09 Polígono que compreende os limites do município de Brejo da

Madre de Deus..............................................................................

56

Figura 10 Figura representativa do município de Brejo da Madre de Deus... 56

Figura 11 Aspectos geomorfológicos da área de ocorrência de Brejo de

Altitude............................................................................................

65

Figura 12 Barragem Oitis na comunidade dos Oitis, 2010............................. 66

Figura 13 Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da

Madre de Deus do ano 1984 a 1990..............................................

68

Figura 14 Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da

Madre de Deus do ano 1991 a 2000..............................................

68

Figura 15 Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da

Madre de Deus do ano 2001 a 2010..............................................

69

Figura 16 Valores pluviométricos anual da sede e das áreas rurais do

município de Brejo da Madre de Deus do ano 2010......................

70

Figura 17 Distrito de Cavalo Ruço Região Brejeira, 2011.............................. 74

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Page 10: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

9

Figura 18 Figura representativa do município de Brejo da Madre de Deus... 75

Figura 19 Figura representativa da região do brejo de altitude do município

de Brejo da Madre de Deus............................................................

75

Figura 20 Reserva Particular do Patrimônio Natural do Bitury - Região

Brejeira............................................................................................

76

Figura 21 Nascente d’água – Região Brejeira, 2010...................................... 77

Figura 22 Barragem de Santana II – Região Brejeira, 2010........................... 78

Figura 23 Serra da Prata – Região Brejeira, 2011.......................................... 78

Figura 24 Serra do Ponto – Região Brejeira, 2011......................................... 78

Figura 25 Cachoeira de São Francisco, Região Brejeira, 2011...................... 79

Figura 26 Perfil do solo Livramento– Região Brejeira, 2011.......................... 80

Figura 27 Perfil do solo Amaro – Região Brejeira, 2011................................. 80

Figura 28 Cultivo de hortaliças no Amaro – Região Brejeira, 2011................ 81

Figura 29 Cultivo de banana no Amaro – Região Brejeira, 2011................... 81

Figura 30 Preparo de solo no cultivo de morango, Região Brejeira, 2011.... 82

Figura 31 Cultivo de morango, Região Brejeira, 2011.................................... 82

Figura 32 Pasto para bovino no Amaro, Região Brejeira, 2011..................... 82

Figura 33 Pasto para bovino no Cajueiro, Região Brejeira, 2011.................. 82

Figura 34 Foto de área de pasto com sinais iniciais de erosão por sulco..... 83

Figura 35 Foto de erosão em estágio de sulcamento..................................... 83

Figura 36 Olaria de tijolos manual, Escorrego, Região Brejeira, 2011........... 84

Figura 37 Figura representativa da região de brejo de altitude do município

de Brejo da Madre de Deus............................................................

85

Figura 38 Foto de uma paisagem comum na comunidade do Amaro, com

exploração de pasto para bovinos..................................................

86

Figura 39 Gráfico da utilização de queimada na comunidade do Amaro....... 89

Figura 40 Gráfico dos motivos da queimada na comunidade do Amaro........ 89

Figura 41 Gráfico do uso de herbicida pelos agricultores do Amaro.............. 90

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Page 11: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

10

Figura 42 Gráfico de desmatamento em áreas de serra no Amaro................ 91

Figura 43 Gráfico de utilização da técnica de curva de nível no Amaro......... 92

Figura 44 Gráfico do tipo de aração na comunidade do Amaro..................... 93

Figura 45 Gráfico do tipo de irrigação utilizada pelos agricultores do Amaro. 94

Figura 46 Gráfico do uso das terras em áreas de declividade....................... 95

Figura 47 Trabalho agrícola nas áreas de alto declive................................... 96

Figura 48 Pecuária em área de alto declive................................................... 97

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Page 12: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

11

LISTA DE MAPAS

fvbfgbfth Descrição

Mapa 01 Principais brejos de altitude do Nordeste, 1971............................ 26

Mapa 02 Mapa de Solos de Pernambuco.................................................... 38

Mapa 03 Mapa Geológico de Brejo da Madre de Deus............................... 59

Mapa 04 Mapa pedológico do município de Brejo da Madre de Deus....... 60

Mapa 05 Mapa Geomorfológico da área de Brejo da Madre de Deus....... 61

Mapa 06 Mapa da distribuição fitofisiográficado Brejo da Madre de Deus. 63

Mapa 07 Mapa de valores hipsométricos do Brejo da Madre de Deus....... 64

LISTA DE QUADROS

Nºvfbgfb

Quadro 01 Localização dos Brejos de Altitude.................................................... 26

Quadro 02 Principais brejos de altitude de PE e PB........................................... 27

Quadro 03 Tipos de vegetação e vegetação remanescente da Mata Atlântica.. 30

Quadro 04 Tipos de vegetação remanescente nos brejos de altitude do Nordeste.............................................................................................

31

Quadro 05 Efeito do erosão em diferentes tipo de cobertura do solo................. 50

Quadro 06 Produção Agrícola do município de Brejo da Madre de Deus........... 72

Quadro 07 Rebanho pecuário do município de Brejo da Madre de Deus........... 72

Quadro 08 Quantitativo de propriedades por áreas do município de Brejo da Madre de Deus...................................................................................

73

Quadro 09 Perfil de uso de solo no sitio Amaro – impactos ambientais.............. 88

Quadro 10 Perfil de uso de solo no sitio Amaro – técnicas agrárias................... 93

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Page 13: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

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LISTA DE SIGLAS

APP - Área de Preservação Permanente

BDE –Base de Dados do Estado

COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento

CONDESB – Conselho de Desenvolvimento Sustentável

CPRM - Serviço Geológico do Brasil

DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DAEE-IPT- Departamento de Águas e Energia Elétrica – Instituto de Pesquisas

Tecnológicas

EBAPE–Empresa de Abastecimento de Pernambuco

EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ETENE –Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste

EW - Ondas de Este

FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

FMI – Fundo Monetário Internacional

FPA - Correntes Perturbadas do Sul

GLSOD– Global Assessment of Soil Degradation

IAC – Instituto Agronômico de Campinas

IBAMA–Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE–Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

IVDN - Índice de Vegetação por Diferença Normalizada

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPA –Instituto Agronômico de Pernambuco

MMA - Ministério do Meio Ambiente

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PSF - Posto de Saúde da Família

RBGF-Revista Brasileira de Geografia Física

RPPN - Reserva Particular de Patrimônio Natural

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Page 14: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

13

SIBC - Sistema Brasileiro de Classificação de Solo

SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

ZAPE - Zoneamento Agroecológico de Pernambuco

ZCIT- Zona de Convergência Intertropical

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Page 15: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

14

SUMÁRIO

1 Introdução............................................................................................ 17

2 Revisão de Literatura........................................................................... 18

2.1 Paisagens de exceção, brejos e sua tipologia..................................... 18

2.1.1 Brejo de Fundo úmido e ou Vale......................................................... 19

2.1.2 Brejo de Altitude ou exposição............................................................ 20

2.2 A Teoria dos refúgios e redutos como modelo teórico para

explicação da origem dos brejos.........................................................

22

2.3 Características da vegetação dos brejos............................................. 23

2.4 Localização dos brejos de altitude....................................................... 26

2.5 Importância socioeconômica dos brejos de altitude............................ 28

2.6 Degradação dos brejos de altitude...................................................... 29

3 Conceito e tipologia do solo................................................................. 32

3.1 Tipos de Solos..................................................................................... 32

4 Conceito de degradação do solo e sua aplicação............................... 39

4.1 O Problema da degradação do solo no mundo................................... 40

4.2 Causas de degradação do dolo........................................................... 43

4.2.1 Erosão antrópica................................................................................. 43

4.2.2 Erosão geológica................................................................................. 44

4.3 Fatores que contribuem para a erosão................................................ 45

4.3.1 O ciclo superficial da água e sua relação com o solo.......................... 46

4.3.2 O ciclo sub-superficial da água no solo............................................... 47

4.3.3 A influência da morfologia no solo.......................................................

47

4.3.4 Os diferentes tipos de solo e sua relação com os processos

erosivos................................................................................................

48

4.3.5 A importância da cobertura vegetal para a proteção do solo..............

49

4.3.5.1 A retirada da cobertura vegetal e consequências no solo...................

51

4.3.5.2 As consequências da queimada para o solo....................................... 51

[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto int

Page 16: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

15

4.3.5.3 Uso inadequado do solo...................................................................... 53

5 Aspectos jurídicos ambiental............................................................... 54

6 Caracterização Geográfica do Município de Brejo da Madre de

Deus....................................................................................................

56

6.1 Aspectos Socioeconômicosdo Município de Brejo da Madre de

Deus.....................................................................................................

57

6.2 Características Geológica do Município de Brejo da Madre de

Deus.................................................................................

58

6.3 Características Pedológica do Município de Brejo da Madre de

Deus.....................................................................................................

60

6.4 Características Geomorfológica do Município de Brejo da Madre de

Deus.....................................................................................................

61

6.5 Características da cobertura vegetal e Altimetria................................ 62

6.6 Recurso hídricos do município de Brejo da Madre de Deus............... 64

6.6.1 Águas subterrâneas............................................................................. 65

6.7 Características Climáticas do município de Brejo da Madre de

Deus.....................................................................................................

66

6.8 Características Agropecuária e Fundiária do município de Brejo da

Madre de Deus....................................................................................

70

7 Características do brejo de altitude do Município do Brejo Madre de

Deus....................................................................................................

74

7.1 Características naturais do brejo de altitude da Madre de Deus........ 76

7.2 Características Pedológicas do Brejo de Altitude da Madre de

Deus....................................................................................................

80

7.3 Características Agropecuárias do Brejo de Altitude de Brejo da

Madre de Deus....................................................................................

80

7.4 Desgaste e uso inadequado do solo no Brejo de Altitude da Madre

de Deus...............................................................................................

83

8 O caso da Comunidade Amaro........................................................... 85

9 Material e Método 87

10 Resultados........................................................................................... 88

[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto int

[Digite um

Page 17: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

16

10.1

10.2

10.3

10.4

10.5

10.6

10.7

10.8

10.9

Utilização da Técnica da Queimada....................................................

Uso do Herbicida.................................................................................

Desmatamento em Área de Serra.......................................................

Desmatamento em APP......................................................................

Prática da Curva de Nível....................................................................

Aração de Terra no Amaro..................................................................

Forma de Irrigação..............................................................................

Trabalho Agrícola nas Áreas Agrícolas...............................................

Pecuária na Área de Declive...............................................................

89

90

91

92

93

94

95

96

97

11 Conclusão............................................................................................ 98

Referências Bibliográficas................................................................... 99

Apêndice.............................................................................................. 107

[Digite uma citação do documento ou o resumo de um ponto inte

Page 18: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

17

1 INTRODUÇÃO

A degradação dos solos pode ser considerada um dos maiores problemas

ambientais dos dias atuais, isso porque ela afeta não só as terras agrícolas, mas

também as áreas de vegetação natural, e o Brasil não está livre desse desastre,

inúmeras fontes de literatura e estudos de casos têm destacado uma grande área do

nosso território como sendo de solo bastante degradado(Andrade, 1999).

No Brasil, intimamente ligada à agricultura, resultam da combinação entre o

clima implacável, um rápido desenvolvimento econômico e solos extremamente

frágeis. São inúmeros os fatores causadores da degradação dos solos, podendo ser

fatores causadores diretos ou simplesmente fatores facilitadores para que ocorra a

degradação, também chamado de fatores aceleradores.

Em outro caso, a ação de atores naturais sobre o solo causando a erosão é

um fator direto, enquanto que um fator facilitador a essa ação pode ser antrópico. Os

de ordem antrópicas designados de facilitadores são em geral os ligados aos

desmatamentos, pastoreio, uso excessivo de vegetação, cortes em taludes,

remoção de cobertura vegetal. Esses podem ser de ordem ou uso direto, a saber:

uso de máquinas, condução de gado, encurtamento de pousio, entrada excessiva de

água, uso excessivo de produtos químicos ou estrumes, deposição de resíduos,

entre outros problemas de ordem ambiental. Quanto ao de ordem natural, destacam-

se a chuvas torrenciais, ventos e alagamentos, entre outros (Andrade, 1999).

Vale salientar que essa área abrejada é de suma importância, não só pela

potencialidade agrária, mais também por ser considerada área de biodiversidade

extremamente alta. Recentemente foi criada uma RPPN no local. Embora os

remanescentes florestais estejam bastante fragmentados, a sua importância

biológica é incontestável: a bioflora é rica e possui elementos vulneráveis, ratificando

a necessidade de se priorizar a sua conservação e uso sustentável dos recursos

naturais existentes.

Page 19: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

18

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Paisagens de exceção, brejos e sua tipologia

As paisagens de exceção constituem fatos isolados, de diferentes aspectos

físicos e ecológicos inseridos no corpo geral das paisagens habituais. Mais que isso

são referências para o homem desde a pré-história. Enfatiza-se que as paisagens de

exceção serviram de referência para os nossos antepassados, e por isso devem ser

bem conservados e protegidos. Tendo uma localização, quase sempre, muito

distanciada entre si, os sítios de paisagens bizarras em um país de tamanho gigante

raramente podem ser conhecidos ou estudados em sua totalidade (AB’SABER, p.

149, 2003).

Na linguagem simbólica utilizada nas ciências biogeográficas sucedem-se

termos para designar “ilhas” de vegetação aparentemente anômalas, identificadas

nos corredores de grandes domínios morfoclimáticos e fitogeográficos (AB’SABER,

p. 145, 2003). O mais singelo desses termos é certamente a expressão relicto,

aplicada para designar qualquer espécie vegetal encontrada em uma localidade

específica e circundada por vários trechos de outro ecossistema.

Um outro termo usado para designar manchas de ecossistemas típicos de

outras províncias, porém, encravado no interior de um domínio de natureza

totalmente diferente , é utilizada a expressão “enclave” fitogeográfico. Conforme Ab’

Saber ao explicar a razão de serem esses “enclaves‖ ecossistêmicos foi necessário

toda trajetória de pesquisa que tornou possível a Teoria dos redutos e refúgios. Na

realidade, os “enclaves” de ecossistemas em espaço de médio porte refletem a

dinâmica das mudanças climáticas e paleoecológicas do período quaternário

(AB’SABER, p. 145, 2003).

Lins, 1989 conceitua como brejo “Subespaços úmidos que apresentam

formas diversificadas de uso que as diferenciam das dominantes, no interior das

quais se encontram situados”. Como sub - unidades regionais, que são, essas

manchas úmidas reclamam uma caracterização geográfica sistemática ( ANDRADE,

1963).

Page 20: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

19

Os espaços subúmidos se destacam dos espaços semiáridos, dominantes na

região, por suas condições agroecológicas excepcionais refletidas nos tipos e

desempenho dos sistemas agrícolas em que sobressaem as lavouras e o manejo de

baixo e ou médio nível tecnológico. Existem diferentes tipologias de brejos: Brejo de

Várzea, Brejo de Fundo úmido e ou Vale e por fim Brejo de Altitude ou Exposição,

que apresentam princípios fitoecológicos similares, mas com características próprias

(LINS, 1989).

Muitos desses espaços de exceção estão concentrados na faixa de rebordo

do Planalto da Borborema. Eles ocupam posições inferiores do relevo e alternam

com os Brejos de Altitude e estão caracterizados por condições climáticas com as

mais elevadas cotas pluviométricas e pouca ou quase nenhuma deficiência hídrica,

por exemplo o Brejo do Mimoso. Nesses ambientes a hidrografia é permanente e

vegetação natural hidrófila, nesses campos de várzea, seus solos são

moderadamente ou poucos desenvolvidos, profundos, argilosos, imperfeitamente

drenados, ácidos, comumente saturados com água, durante boa parte do ano,

sujeito a inundações com baixa fertilidade, denominados entre eles o hidromórficos e

os aluviais distróficos (LINS, p 99, 1989).

Essa acuidade, permitiu desenvolvimento de uma série de estudos, que

perpassa por diversos autores brasileiros que deram grande contribuição para

explicação e origem, desenvolvimento e tipologia dos brejos, entre os quais

destacam-se: Ab’Saber (USP), Raquel de Caldas - UFPE, Vasconcelos Sobrinho

(UFPE), Gilberto Osório de Andrade (UFPE), só para citar alguns e a relevância

desse tipo de pesquisa.

2.1.1 Brejo de Fundo úmido e ou Vale

São tipos agroecológicos de espaços ocorrentes entre algumas áreas

serranas agrestinas, como a Serra do Mimoso e outras serras, constituídos por

relevo pouco movimentado ou plano, com altimetria entre 500 a 700 metros, clima

sub-úmido, com pluviosidade em torno de 700 a 900 mm anuais, com pouca ou

moderada deficiência de água, hidrografia permanente e ou semipermanente e ou

Page 21: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

20

temporária, vegetação natural de floresta caducifólia / caatinga hipoxerófila,

atualmente devastada em sua quase totalidade, e solos pouco desenvolvido,

moderadamente profundo, textura média, boa disponibilidade de água, ácido a

pouco ácido e com baixa a média fertilidade, onde dominam os aluviais distróficos e

eutróficos (LINS, p 99, 1989).

Ampla diversificação das formas de uso é constatada nessas áreas, onde os

sistemas agrícolas envolvem culturas permanentes, como as de frutas diversas, de

banana, de citros, de coco, e de pinha, assim como culturas temporárias, que

incluem as hortaliças, de flores, de mandioca e de milho, além de pastagem de

capineiras. Deficiência temporária de água e em alguns casos, a deficiência de

fertilidade são seus principais entraves ao uso agrícola e em face disso esses

espaços são dotados de regular e ou restrita aptidão para o uso com culturas. Os

problemas acima referidos são superados através das práticas como a irrigação e as

adubações orgânica e inorgânica.

2.1.2 Brejo de Altitude ou exposição

Os brejos de altitude constituem zonas fisiográficas de maior importância para

o suporte econômico das áreas semiáridas do Nordeste (SOBRINHO,1970).

Segundo Paulo Kageyama (2004) ―os brejos de altitude nordestinos são

enclaves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região

semiárida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática

bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco

conhecimento sobre sua vegetação e ecologia‖.

A predominância do extrativismo de madeira e de lenha como principal fonte

de energia, tanto para as indústrias de gesso como para a população, coloca em

risco esse bioma ainda tão pouco conhecido. Por outro lado, este bioma é rico em

conhecimento popular tradicional, tanto sobre plantas medicinais fitoterápicas como

sobre a cultura alimentar, e pode apontar alternativas para a conservação e o uso

sustentável de sua biodiversidade.

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Lima (1960) o brejo de Altitude constitui em Pernambuco disjunções de

floresta tropical perenifólia, dentro da zona Caatinga, e por sua condições

geoambientais localizam-se, via de regra, nos níveis superiores das serras, quer

graníticas, quer cretácea, acima de cotas nunca inferiores aos 500 metros, e

progressivamente maiores, no sentido geral SE-NW, até os 1.100 metros. Por sua

vez, o Geógrafo Gilberto Osório de Andrade define como brejo de altitude

“Subunidade regionais, que jamais ultrapassam 1020 m sobre o nível do mar e

geralmente tem menos de 600 m de relevo local(...) Há que levar em conta

solidariamente os suprimentos hídricos atmosférico que nelas acarretam

precipitação responsáveis pelas manchas úmidas. Ora esses suprimentos são de

origem remota. O ar límpido, de baixa umidade relativa, dos sertões que as

circundam não lhe proporcionam valores higroscópicos susceptíveis de

condensação a tão modesta altitude. Trata-se então de verdadeiros complexos

circunstanciais solidária, cuja resultante se exprime em termos de exposição.

Exposição ao fluxo de massas advectivas de ar úmido, ou à dilatação de massas

conectivas nevoentas. Em suma, de posição geográfica em relação as regiões de

origem dessas massas e de postura em função da direção geral em que elas

anualmente se propagam‖ Sobrinho, 1970 apud (Duque, p 23, 1964);Duque( 1964)

afirma que Brejo de Altitude ―são as montanhas com altitudes acima de 600 metros

com pluviosidade e umidade mais regulares, com ou sem fontes d’água, solo

profundo de argila ou sílica, com revestimento de floresta ou de capoeiras de

aspecto mais higrófilas que as Caatinga.‖ ( ETENE, 1964 p111).

Lins (1989) afirma que brejo de altitude são espaços relevo com gradientes,

suaves a fortes com altitudes superiores a 600 metros acima do nível do mar,

raramente ultrapassando 1000 metros, clima úmido e ou sub-úmido, com cotas

pluviométricas entre 900 e 1.300 mm anuais e pouca deficiência hídrica, hidrografia

permanente e ou semipermanente. Sua vegetação natural primitiva de floresta

subcaducifólia e ou subperenifólia em sua maioria erradicada, foi substituída por

formações secundárias e seus solos são muitos desenvolvidos, muito profundos,

argiloso, com alto teor de água disponível, pouco ácido a ácido, com média a baixa

fertilidade, onde dominam os podzólicos vermelho – amarelos eutrófico e distrófico

com ou sem A proeminente e os latossolos vermelho – amarelo húmicos e os

amarelos, ambos distróficos.

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Lavouras permanentes como as de banana, das frutas, de café, de citros

secundadas por lavouras temporárias como as de hortaliças, de flores, de mandioca,

de milho e de feijão, dominam nos agrossistemas e comumente são conduzidos em

manejo de baixo e ou médio nível tecnológico.

As principais limitações das condições agrícolas ao uso com a agricultura são

a suscetibilidade, a erosão, a obstáculos e à mecanização, devido a natureza do

solo e ao gradiente do relevo, a deficiência de água durante os meses secos e a

deficiência de fertilidade, em alguns solos. Por essa razão, num manejo de médio

nível tecnológico e na dependência da classe do solo e de sua fase, assim como do

gradiente do terreno são espaços que apresentam um potencial agroclimático de

bom a restrito para uso agrícola (LINS, p 97, 1989).

Assim Vasconcelos Sobrinho define o brejo de altitude como ―(...) um acidente

orográfico que por sua elevação acentuada, incidência de correntes atmosféricas

úmidas e natureza do solo, condiciona uma vegetação predominantemente mais

higrófila que as áreas circunvizinhas em meio as que se encontram situados‖.

2.2 A Teoria dos redutos como modelo teórico para explicação da

origem dos brejos

Em uma visualização dinâmica e interdisciplinária dos fatos paleoclimáticos e

paleocológicos, pode-se sintetizar os acontecimentos do seguinte modo: no período

de Wurm IV – wiscosim superior, durante a última glaciação pleistocênica, quando

se formaram fantásticas geleiras nos pólos Sul e Norte e em cordilheiras e altas

montanhas, o nível do mar desceu até 100 metros menos do que é seu nível atual.

As temperaturas médias em todo planeta baixaram de 3º a 4ºC, rebaixando o nível

de calor das terras baixas intertropicais e tornando bem mais frio o ambiente das

regiões subtropicais e temperada e muito fria a temperatura das montanhas a

altiplanos existentes à altura dos trópicos (Itatiaia, por exemplo, entre nós)

(AB’SABER, p. 52, 2003).

O grande acontecimento, porém, foram os deslocamento das correntes

marítimas frias ao longo da face leste dos continentes, sujeitos, até então, apenas

aos efeitos de correntes quentes, propiciadoras de umidade. As correntes frias

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projetando-se para o norte até a altura da Bahia, no caso brasileiro – contribuíram

para barrar a entrada de umidade atlântica, devido a uma atomização das massas

de ar úmido. Estando o mar em nível mais baixo, as correntes frias

(Malvinas/Falklands) ficavam mais distantes da costa antiga, contribuindo

indiretamente diretamente para expansão dos climas semiáridos ao longo do litoral

recuado e na retroterra de algumas regiões situadas em depressões de escarpa e

serranias, ou em forte transição da faixa sub-litorânia na direção dos sertões da

época (AB’SABER, p. 53, 2003).

Foram processos que se fizeram atuar, progressivamente, por alguns

milhares de anos, provavelmente 23.000 anos A.P até 12.700 anos A.P. (Antes do

Presente). Nesse intervalo de tempo os ―corredores‖ da semiaridez em processo,

feneceram as coberturas florestais anteriores, processou-se uma generalizada

dessoalagem dos horizontes superficiais dos solos preexistentes e um extraordinário

avanço das caatingas por muitos setores dos planaltos e terras baixas interiores do

Brasil. Concomitantemente com a progressão da semiaridez, houve recuo e

fragmentação dos espaços anteriormente florestados permanecendo matas

biodiversas apenas na ―ilhas‖ de umidade testada de algumas escarpas voltadas

para os ventos úmidos de exceção, tendo as florestas anteriores ao avanço da

semiaridez permanecido em redutos, sub a forma de ecossistema minoritário ao seu

entorno (AB’SABER, p. 53, 2003).

2.3 Características da vegetação dos Brejos

A floresta Atlântica brasileira é uma das 25 prioridades mundiais para a

conservação. Calcula-se que essa floresta abrigue 20.000 espécies de plantas

vasculares, sendo 8.000 endêmicas (MYERS ET AL. 2000). Além do alto grau de

endemismo observado em alguns grupos vegetais (veja Mori et al. 1981, Peixoto &

Gentry 1990, Thomas et al. 1998), a floresta Atlântica apresenta elevada riqueza e

diversidade de espécies (Begon et al. 1996) que, em alguns locais, são superiores

às observadas em trechos de floresta Amazônica (Silva & Leitão Filho 1982; Brown

& Brown 1992).

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Com base na distribuição dos tipos de vegetação, estima-se que a floresta

Atlântica nordestina cobria uma área contínua de floresta com 76.938 km², ou

6,4%da extensão da floresta Atlântica brasileira, distribuídas em cinco tipos

vegetacionais: 1. Áreas de tensão ecológica 43,8%; 2.floresta estacional

semidecidual 22,9%;3.floresta ombrófila aberta 20,5%; 4.floresta ombrófila densa

7,9%; e5.formações pioneiras 6,1%.Nessa tipologia existem ainda as florestas de

terras baixas (< 100 m de altitude), submontanas (100-600 m) e montanas(> 600 m)

(IBGE 1985).

Figura 01: Observa-se parte de um mapa da região Nordeste, especificamente os estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Piaui e Ceará. As manchas em tom cinza representa as áreas de florestas presente em algumas áreas, a mancha que bordeia o litoral do oceano Atlântico e onde se localiza a original da floresta Atlântica nordestina, e o seu domínio ambiental durante o período Pleistoceno. Fonte: IBGE, 1985.

Parte da floresta Atlântica nordestina é composta pelos brejos de altitude:

“ilhas” de floresta úmida estabelecidas na região semiárida, sendo cercadas por uma

vegetação de caatinga (ANDRADE & LIMA, 1982). Os brejos são ―áreas de

exceção” dentro do domínio do nordeste semiárido (LINS, 1989). A existência

dessas ilhas de floresta em uma região onde a precipitação média anual varia entre

240 - 900 mm (IBGE 1985; Lima, 1989) está associada à ocorrência de planaltos e

chapadas entre 500 - 1.100 m altitude (e.g., Borborema, Chapada do Araripe,

Chapada de Ibiapaba), onde as chuvas orográficas garantem níveis de precipitação

superiores a 1.200 mm/ano (ANDRADE & LIMA, 1960; 1961) (Figuras 2 e 3).

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Figura 02: Perfil esquemático representando a formação de chuvas orográficas e sua influencia na manutenção das condições agroambientais dos brejos de altitude no Planalto da Borborema, região Nordeste do Brasil. As nuvens se formam inicialmente no oceano, nesse local de origem há uma grande incidência de energia solar, essa quando combinadas com condições marítimas de abundancia de águas, propiciam elevação de água por processo de evaporação, consequentemente iniciam-se aumento de umidade nas nuvens, formando as do tipo cúmulos nimbos, as diferenças de temperatura atua que através dos ventos quentes e úmidos fazem-na deslocar-se do ponto de origem oceânica para o continente, o efeito continentalidade combinados com o efeito altitude, propicia a condensação, saturação, e por fim a precipitação nas áreas elevadas do relevo formando as chuvas. Fonte: Adaptado de Mayo & Fevereiro,1982.

Figura 03. As cores e sua variação representada na figura simulam as variações das cotas altimétricas presente no Planalto da Borborema em relação ao nível do mar. A linha em cor azul os limites da territorialidade do Estado de Pernambuco. As cotas altimétricas estão representadas por cor e nível de altitude. As cotas de 1.000 metros em cor branca distribuídas em locais específicos, nesse caso exemplificam as colinas do morro do Magano no município de Garanhuns, são hoje os antigos testemunhos de pediplanosdo período geológico denominado pleistocênico, cognominados hoje de Pd3 e realçadas pelos pediplanos mais recente e de cotas mais baixas. As cotas que variam entre 800-500 são superfícies pediplanas exaltadas no pleistoceno denominadas de Pd2 e predominam em partes do sertão e principalmente no agreste; e por fim o Pd1 que vai de 40 metros até 500; as demais cotas são partes dos sedimentos denominados Barreira e acumulação e sedimentação litorânea ou praias. Fonte: SOS Mata Atlântica, 1993.

C a a t i n g a F l o r e s t a A t l â n t i c a C a a t i n g a F l o r e s t a A t l â n t i c a _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 3 0 0 5 0 0 1 . 1 0 0 7 0 0 1 . 1 0 0 2 . 1 0 0 m m / a n o

Planalto da Borborema

Ventos úmidos

Oceano Atlântico

Page 27: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

26

2.4 Localização dos Brejos de Altitude

De acordo com Vasconcelos Sobrinho (1971), existem 43 brejos na floresta

Atlântica nordestina, distribuídos nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte,

Paraíba e Pernambuco (Figura 4), cobrindo uma área de pelo menos 18.589 km2

(quadro 01). Somente Pernambuco e Paraíba possuem 31 brejos, distribuídos em 28

municípios do agreste e sertão (quadro 02). Assim, pelo menos 1/4 da área de

distribuição original da floresta Atlântica nordestina é representada pelos brejos de

altitude (Figura03).

Estados N° de Brejos Área Floresta em Km² %

Ceará 11 6.596,5 35,48

Rio Grande do Norte 5 1.147,5 6,18

Paraíba 8 6.760 36,37

Pernambuco 23 4.850 21,97

Total 47 18.589 100 Quadro 01: Localização dos Brejos de Altitude nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Na primeira coluna identificam-se as unidades estaduais da federação que contém áreas de Brejo de Altitude, na segunda coluna apresenta a quantidade (em número) de brejo de altitude, na terceira coluna está demonstrado área ocupada pela vegetação original de Mata Atlântica nos Brejos de Altitude, na última coluna o percentual dos estados em relação a área florestada dos Brejos de Altitude e por fim a última linha da tabela consta o total das colunas citadas. Fonte: Sobrinho,1971.

Mapa 01. Mapa parcial da Região Nordeste. Ao Norte, observa-se parte dos Estados do Ceará e Piaui onde praticamente não há brejos. Ao centro do mapa, os Estados da Paraíba e Pernambuco onde se concentra a maior parte dos brejos nordestinos. Em tom cinza a representação territorial dos municípios, e em tom verde as manchas que representam os brejos e sua distribuição espacial. Os Principais brejos de altitude se situam nos estados da Paraíba e Pernambuco. Fonte: Vasconcelos Sobrinho, 1971.

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Localização dos brejos de altitude de Pernambuco e Paraíba

Brejos Estado Município Localização

Bananeiras Paraíba Bananeiras 6° 45’, 35° 37’

Areia

Paraíba Areia 6° 57’, 35° 40’

Alagoa Nova

Paraíba Alagoa Nova 7° 04’, 35° 45’

Araruna

Paraíba Araruna 6° 33’, 35° 44’

Umbuzeiro

Paraíba Umbuzeiro 7° 40’, 35° 38’

Teixeira

Paraíba Teixeira 7° 13’, 37° 15’

Princesa Paraíba Princesa Isabel 7° 44’, 37° 59’

Bonito

Paraíba Bonito 8° 28’, 35° 43’

Triunfo

Pernambuco Triunfo 7° 49’, 38° 6’

Tacaratu

Pernambuco Tacaratu 9° 05’, 38° 7’

Mimoso

Pernambuco Arcoverde 8° 25’, 37° 2’

Varas

Pernambuco Arcoverde 8° 25’, 37° 2’

Taquaritinga

Pernambuco Taquaritinga 7° 54’, 36° 1’

Brejo dos Cavalos

Pernambuco Caruaru 8° 16’, 35° 58’

Gravatá

Pernambuco Gravatá 8° 12’, 35° 32’

Bezerros

Pernambuco Bezerros 8° 19’, 36° 25’

São Miguel

Pernambuco São Miguel 7° 20’, 38° 39’

Camocim de São Felix

Pernambuco Camocim de São

Félix

8° 21’, 35° 45’

Agrestina

Pernambuco Agrestina 8° 27’, 35° 56’

Catimbau

Pernambuco Buíque 8° 37’, 37° 8’

São José

Pernambuco Moxotó 8° 43’, 37° 31’

Serra Negra

Pernambuco Bezerros 8° 13’, 35° 46’

Serra Negra

Pernambuco Floresta 8° 36’, 38° 34’

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Serra do Olho d’Água

Pernambuco Belo Jardim 8° 19’, 36° 25’

Serra do Vento

Pernambuco Belo Jardim 8° 19’, 36° 25’

Serra do Genipapo

Pernambuco Sanharó 8° 21’, 36° 32’

Serra de Ororubá

Pernambuco Pesqueira 8° 19’, 36° 46’

Poções

Pernambuco Poção 8º11’, 36º42’

Serra do Comunati

Pernambuco Águas Belas 9° 5’, 37° 7’

Serra do Arapuã

Pernambuco Floresta 8° 36’, 38° 34’

Serra do Araripe

Pernambuco Exu 7° 30’, 39° 43’

Quadro 02. Na tabela consta a relação dos principais brejos de altitude de ocorrência nos estados de Pernambuco e Paraíba, onde é apresentado o nome do brejo na primeira coluna, na segunda os estados pertencentes, no terceiro a cidade em que o brejo está inserido e por último da coordenadas (latitude e longitude). Destacando-se a ausência do brejo de altitude da cidade de Brejo da Madre de Deus, que provavelmente está inserido no brejo de Serra dos Ventos no município de Belo Jardim, que faz fronteira com o brejo de altitude do município de Brejo da Madre de Deus. Fonte: Sobrinho, 1970.

2.5 Importância Socioeconômica dos Brejos de Altitude

As condições privilegiadas dos brejos de altitude têm atraído pecuaristas e

agricultores, que, através da criação de gado e do desenvolvimento de lavouras

permanentes, como as de banana, café e citros, secundadas por lavouras

temporárias, como as de hortaliças, mandioca, milho e feijão, constituem a base da

estrutura socioeconômica desse setor da floresta Atlântica (LINS, 1989). Segundo

Lins (1989), a população dos brejos é distribuída de forma desproporcional entre

proprietários, arrendatários, parceiros e ocupantes, sendo, em sua maioria,

constituída por analfabetos ou semianalfabetos que manejam a terra por meio de

técnicas tradicionais, reduzindo a produtividade. Segundo esta autora, boa parte da

população é subnutrida, enfrenta desemprego sazonal (durante as entressafras) e

tem difícil acesso aos principais serviços básicos.

Os espaços de Brejos de altitude teve no passado próximo uma enorme

importância para economias locais, Gilberto Osório quando estudando os brejos

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elucidou essa condição quando afirmou: “(...) se feira terminou, quando desmancha

as barracas e os toldos, vê-se os feirantes com os seus burros, e caixas, e balaios,

rumando estrada a fora de regresso aos celeiros escondidos, são os Brejos”

(OSÓRIO,1964). Ao sopé das serras de Brejo, desenvolveram-se muitas povoações

ou situaram-se mesmo dentro de suas áreas, quando suficientemente amplas. Deste

modo, os brejos constituem, de fato pólos de desenvolvimento, foram eles os

criadores da civilização agrícola da caatinga.

Segundo Manoel Correia de Andrade (1968) os brejos como centro de

desenvolvimento econômico apresentam duas paisagens naturais que deram origem

naturalmente, as formas de povoamento, de exploração do solo e de paisagens

culturais. Assim, nos planaltos existiam em geral grandes propriedades dedicada a

pecuária extensiva de bovinos, caprinos e ovinos e à cultura do algodão.

Nas serras a paisagem é bem diversa, o povoamento é mais recente, pois os

primeiros povoadores do sertão pouco numeroso, e preocupados com a pecuária, só

as procuravam nas épocas de seca e as vezes para fazer pequenos roçados de

lavoura de subsistência. Nela se refugiavam também, nos dois primeiros séculos, os

indígenas, que só perderam o domínio das mesmas após a demorada Guerra dos

Bárbaros. Especializam-se sobre tudo na cultura do café e da cana-de-açúcar para

produção da rapadura e aguardente: nos últimos anos, porém, impossibilitados de

competir com os produtos oriundos de áreas melhor localizadas, vem evoluindo para

a policultura, desenvolvendo o cultivo de milho, do arroz e do feijão ao lado dos

produtos tradicionais. (CORREIA, 1968, p.113-5).

2.6 Degradação dos Brejos de Altitude

Os brejos poderiam ser considerados como unidades superiores de recursos

naturais renováveis; megassistemas, se aceitos como complexos harmônicos

resultantes de unidades menores que mutualmente se condicionem: solo, clima,

água do solo, vegetação e fauna. E, como tal, são duplamente vulneráveis: em cada

um dos seus componentes e no seu todo (SOBRINHO, p84 e 85. 1970).

Page 31: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

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Segundo Sobrinho (1970) um fato que é constatado pelos estudiosos o

extremo grau de degradação que apresentam os brejos: uns poucos, embora

apareçam férteis, já não possuem as condições primitivas de produtividade que

ofereciam aos primeiros ocupantes. E, então, somente se poderá esperar uma

progressiva decadência em sua produtividade; em sua capacidade como centros de

abastecimento das áreas que lhe são dependentes: eles próprios cada vez mais

densamente povoados, diminuindo suas áreas de cultivo.

Hoje tem em vista as potencialidades grande parte da floresta nordestina,

incluindo os brejos, tem sido convertida em terras agricultáveis (Viana et al. 1997);

as reservas naturais são pequenas e mal manejadas (Dias et al. 1990, Lima &

Capobianco 1997) e a caça de subsistência é praticada de forma generalizada

(ALMEIDA ET AL. 1995). De acordo com Ranta et a, (1998), grande parte do que

restou desta floresta é composta por arquipélagos de fragmentos florestais, a

maioria deles com menos de 10 hectares de área. Mesmo em áreas protegidas, a

ausência de grandes vertebrados frugívoros é a regra (TABARELLI, 1998).

Tipos de Vegetação Área de vegetação original (Km²)

Vegetação remanescente (Km²)

% do total

Formação pioneiras 4.739,06 (6,1% ) 707,33 14,9

Áreas de tensão ecológica

33.684,03 (43,8 %) 1.465,56 4,35

Fl. Estacional semidecidual

17.677,5 (22,9) 1.942,7 10,9

Fl. ombrófila Densa 6.122,01 (7,9%) 277,9 4,5

Fl ombrófila aberta 14.715,86 (20,5%) 1.499,62 10,19

Total 76.938,46 5.983,1 7,6 Quadro 03: Na tabela acima apresentam-se os tipos de vegetação e vegetação remanescente na floresta Atlântica nordestina. Na primeira coluna encontram-se os tipos de vegetação da floresta Atlântica, onde se percebe cinco sub-tipos de vegetação Atlântica; já na segunda coluna se enfatiza a quantidade total em Km² de cada sub-tipo de vegetação Atlântica e suas áreas em percentagem; na terceira coluna encontra-se a quantidade dos remanescentes em Km² dos sub-tipos da vegetação Atlântica e na quarta coluna o percentual dos remanescentes dos sub-tipos de floresta Atlântica; por fim na última linha o total do quantitativo de cada coluna. Fonte: SOS Mata Atlântica (1993), IBGE (1985).

De forma mais sistemática, os brejos têm sido convertidos em lavouras de

café, banana e culturas de subsistência, como milho, feijão e mandioca, desde o

século XIX (Lins 1989). Tais atividades têm representado perda e fragmentação de

Page 32: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

31

habitats, extração seletiva de plantas (e.g., madeiras, bromélias, plantas medicinais)

e eliminação de grandes vertebrados pela caça (VASCONCELOS SOBRINHO 1971,

SILVA & TABARELLI 2000). Sobrinho (1971) relata a existência de extensas

florestas dominadas por cedro (Cedrelafissilis Vell Meliaceae) que sucumbiram

devido à exploração madeireira na década de sessenta. Na verdade, a grande

maioria das principais cidades situadas na região do semiárido nordestino está

situada nas áreas de brejo, que ainda constituem celeiros agrícolas (LINS, 1989). O

―refúgio das plantas‖ também tem sido um refúgio para as populações humanas

pobres do semiárido nordestino.

Atualmente, restam 2.626,68 km² da vegetação original dos brejos (Tabela 4),

a qual já representou, pelo menos, 18.500 km² de florestas semideciduais e

ombrófilas abertas. Estes 2.626,68 km² de vegetação incluem também mosaicos

com vegetação de cerrado e de caatinga (e.g., Chapada do Araripe, Ibiapaba), não

discriminados no mapa de remanescentes (SOS MATA ATLÂNTICA, 1993). O valor

da vegetação remanescente torna os brejos o setor mais ameaçado da floresta

Atlântica brasileira, embora não seja possível estabelecer o quanto este valor

representa em termos da área ocupada pela vegetação original, para a qual não há

estimativas. Um outro setor ameaçado é a floresta Atlântica nordestina costeira (que

se estende de Alagoas ao Rio Grande do Norte), que possui 3.197,62km² de

floresta, mangues e restingas (5,6% da área de distribuição original, SOS Mata

Atlântica 1993).

Tipos de vegetação

remanescente

Área de vegetação

remanescente (km²)

% Vegetação

Áreas de tensão ecológica 872,86 33,2

Fl. estacional semidecidual 1.057,94 40,3

Fl ombrófila aberta 695,88 26,5

Total 2.626,68 100

Quado 04. Nessa tabela encontramos os sub-tipos de vegetação remanescente nos brejos de altitude do Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco). Na primeira coluna temos os sub-tipos de remanescentes vegetação nos brejo de altitude; na segunda coluna a área em Km² remanescente dos sub-tipos de vegetação dos brejos de altitude; na terceira e última coluna o percentual de cada vegetação remanescentes e por fim na última linha o total em Km e Percentagem das vegetações remanescentes nos Brejos de Altitude. Fonte: SOS Mata Atlântica (1993), IBGE (1985).

Page 33: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

32

3 Conceito e tipologia do solo

Segundo organização governamental e cientistas do estudo relacionado ao

solo, segue abaixo algumas definições sobre o mesmo. Coleção de corpos naturais

constituídos por parte sólida, líquida e gasosa, tridimensionais, dinâmicos, formados

por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a maior parte do manto superficial

das extensões continentais (EMBRAPA, 2006). O solo é o resultante da interação de

cinco fatores ambientais: material de origem, clima, relevo, organismos e tempo

(JENNY, 1941). A pedologia é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada

na Rússia por Dokuchaiev no ano de 1880. Os solos correspondem a camada viva

que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração

das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos,

biológicos e químicos. Para ISO 11074-1 de 1/08/1996 a definição diz que o solo é a

camada superficial da crosta terrestre constituída por partículas minerais, matéria

orgânica, água, ar e organismos vivos. Numa perspectiva mais funcional é de

salientar também que o solo é o meio natural mais importante para o crescimento

das plantas. Nota-se que todas definições apresentam em comum o solo como um

organismo dotado de diversidades química, física e biológica e que são o suporte

para a formação vegetal e vida no planeta, apesar de ser diferenciado no ponto de

vista agronômico e geológico.

3.1 Tipos de Solos

A classificação pedológica nacional vigente consiste numa evolução do antigo

sistema americano, formulado por Baldwin et al. (1938), modificada por Thorp &

Smith (1949). As importantes mudanças que incidiram na trajetória da classificação

de solos no sentido de sua nacionalização ora efetivada através das quatro

aproximações elaboradas de 1980 a 1997 e da publicação do Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos (EMBRAPA, 1998; 1999).

Page 34: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

33

A classificação de um solo é obtida a partir dos dados morfológicos, físicos,

químicos e mineralógicos do perfil que o representa. Aspectos ambientais do local

do perfil, tais como clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas,

características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizadas.

A classificação de um solo começa no momento da descrição morfológica do

perfil e na coleta de material no campo, que devem ser conduzidas conforme

critérios estabelecidos nos manuais (LEMOS & SANTOS, 1996; SANTOS et al.,

2005; IBGE, 2005), observando-se o máximo de zelo, paciência e critério na

descrição do perfil e da paisagem que ele ocupa no ecossistema.

Dentre os tipos de solos existentes e classificados pelo sistema brasileiro de

classificação de solo, encontramos: argissollos, cambissollos, chernossolos,

espodossolos, gleissolos, latossolos, luvissolos, neossolos, nitossolos,

organossolos, planossolos, plintossolos, vertissolos.

Argissolos: Grande parte dos solos desta classe apresenta um evidente

incremento no teor de argila do horizonte superficial para o horizonte B, com ou sem

decréscimo, para baixo no perfil. A transição entre os horizontes A e Bt é

usualmente clara, abrupta ou gradual.

São de profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de

cores avermelhadas ou amareladas, e mais raramente, brunados ou acinzentadas. A

textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no

horizonte Bt, sempre havendo aumento de argila daquele para este (EMPRAPA,

SETEMBRO 2009).

Cambissolos: Compreendem solos constituídos por material mineral, com

horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que

em qualquer dos casos não satisfaçam os requisitos estabelecidos para serem

enquadrados nas classes Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos ou Gleissolos.

Têm seqüência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R. Devido à

heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições

climáticas, as características destes solos variam muito de um local para outro.

Assim, a classe comporta desde solos fortemente até imperfeitamente drenados, de

rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-76 amarelada até vermelho escuro.

Page 35: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

34

Chernossolos:- São solos normalmente pouco coloridos (escuros ou com

tonalidades pouco cromadas e de matizes pouco avermelhados), bem a

imperfeitamente drenados, tendo seqüências de horizontes A-Bt-C ou A-Bi-C, com

ou sem horizonte cálcico, e A-C ou A-R, desde que apresentando caráter

carbonático ou horizonte cálcico.

São solos moderadamente ácidos a fortemente alcalinos, com argila de

atividade alta, com capacidade de troca de cátions por vezes superior a 100

cmolc/kg de argila, saturação por bases alta, geralmente, superior a 70%, e com

predomínio de cálcio ou cálcio e magnésio, entre os cátions trocáveis.

Embora sejam formados sob condições climáticas bastante variáveis e a partir

de diferentes materiais de origem.

Espodossolos: A cor do horizonte A varia de cinzenta até preta e a do

horizonte E desde cinzenta ou acinzentada-clara até praticamente branca. A cor do

horizonte espódico varia desde cinzenta, de tonalidade escura ou preta, até

avermelhada ou amarelada.

A textura do solum é predominantemente arenosa, sendo menos comumente

textura média e raramente argilosa (tendente para média ou siltosa) no horizonte B.

A drenagem é muito variável, havendo estreita relação entre profundidade, grau de

desenvolvimento, endurecimento ou cimentação do B e a drenagem do solo.

São solos, em geral, muito pobres em fertilidade, moderada a fortemente

ácidos, normalmente com saturação por bases baixa, podendo ocorrer altos teores

de alumínio extraível. Podem apresentar fragipã, duripã ou ―ortstein‖ 80 .

Gleissolos: Os solos desta classe encontram-se permanente ou

periodicamente saturados por água, salvo se artificialmente drenados. A água

permanece estagnada internamente, ou a saturação é por fluxo lateral no solo. Em

qualquer circunstância, a água do solo pode se elevar por ascensão capilar,

atingindo a superfície.

São solos mal ou muito mal drenados, em condições naturais, tendo o

horizonte superficial cores desde cinzentas até pretas, espessura normalmente entre

10 e 50cm e teores médios a altos de carbono orgânico. São solos que

ocasionalmente podem ter textura arenosa (areia ou areia franca) somente nos

horizontes superficiais, desde que seguidos de horizonte glei de textura franco

arenosa ou mais fina.

Page 36: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

35

Latossolos: São solos em avançado estágio de intemperização, muito

evoluídos, como resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. Os

solos são virtualmente destituídos de minerais primários ou secundários menos

resistentes ao intemperismo.

Variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram solos que têm cores

pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados,

transicionais para condições com um certo grau de gleização, são normalmente

muito profundos, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases,

distróficos ou alumínicos.

São típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em zonas

subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão,

pedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave

ondulado, embora possam ocorrer em áreas mais acidentadas, inclusive em relevo

montanhoso. São originados a partir das mais diversas espécies de rochas e

sedimentos, sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.

Luvissolos: Estes solos variam de bem a imperfeitamente drenados, sendo

normalmente pouco profundos (60 a 120cm). Podem ou não apresentar

pedregosidade na parte superficial e o caráter solódico ou sódico, na parte

subsuperficial.

O horizonte Bt é de coloração avermelhada, amarelada e menos

freqüentemente, brunada ou acinzentada. A estrutura é usualmente em blocos,

moderada ou fortemente desenvolvida, ou prismática, composta de blocos angulares

e subangulares. São moderadamente ácidos a ligeiramente alcalinos, com teores de

alumínio extraível baixos ou nulos.

Neossolos: Compreende solos constituídos por material mineral, ou por

material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em

relação ao material originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos

pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao próprio material de

origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição química, ou dos

demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a

evolução dos solos.

Nitossolos: Compreende solos constituídos por material mineral, com

horizonte B nítico, textura argilosa ou muito argilosa (teores de argila maiores que

Page 37: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

36

350g/kg de solo a partir do horizonte A), estrutura em blocos subangulares ou

angulares, ou prismática, de grau moderado ou forte, com cerosidade expressiva

nas superfícies dos agregados ou caráter retrátil.

Esta classe exclui solos com incremento no teor de argila requerido para a

maior parte do horizonte B textural. São, em geral, moderadamente ácidos a ácidos,

com argila de atividade baixa ou com caráter alítico, com composição caulinítico -

oxídica.

Organossolos: Compreende solos pouco evoluídos, com predominância de

características devidas ao material orgânico, de coloração preta, cinzenta muito

escura ou brunada, resultantes de acumulação de restos vegetais, em graus

variáveis de decomposição, em condições de drenagem restrita (ambientes mal a

muito mal drenados), ou em ambientes úmidos de altitudes elevadas, saturados com

água por apenas poucos dias durante o período chuvoso.

Ocorrem normalmente em áreas baixas de várzeas, depressões e locais de

surgentes, sob vegetação hidrófila ou higrófila, quer do tipo campestre ou florestal.

Ocorrem também em áreas que estão saturadas com água por poucos dias (menos

de 30 dias consecutivos) no período das chuvas, situadas em regiões de altitudes

elevadas e úmidas durante todo o ano, neste caso estando normalmente assentes

diretamente sobre rochas não fraturadas.

Planossolos: Os solos desta classe ocorrem preferencialmente em áreas de

relevo plano ou suave ondulado, onde as condições ambientais e do próprio solo

favorecem vigência periódica anual de excesso de água, mesmo que de curta

duração, especialmente em regiões sujeitas à estiagem prolongada, e até mesmo

sob condições de clima semiárido.

Nas baixadas, várzeas e depressões, sob condições de clima úmido, estes

solos são verdadeiramente solos hidromórficos. Embora, em zonas semiáridas e,

mesmo em áreas onde o solo está sujeito apenas a um excesso d’água por curto

período, principalmente sob condições de relevo suave ondulado, não chegam a ser

propriamente solos hidromórficos. Entretanto, é difícil distinguir, sem observações

continuadas e em períodos de seca e chuvosos, se as cores pálidas do solo

resultam ou não da expressão de processos atuais de redução.

Page 38: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

37

Plintossolos: Compreende solos minerais, formados sob condições de

restrição à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso de

umidade, de maneira geral imperfeitamente ou mal drenados.

Alguns solos desta classe, embora tenham sua gênese associada a

condições de excesso de umidade ou restrição temporária à percolação d’água,

ocorrem nos tempos atuais em condições de boa drenagem, podendo apresentar

cores avermelhadas na maior parte do perfil.

São típicos de zonas quentes e úmidas, mormente com estação seca bem

definida ou que, pelo menos, apresentem um período com decréscimo acentuado

das chuvas. Ocorrem também na zona equatorial perúmida e mais esporadicamente

em zona semiárida.

Vertissolos: Variam de pouco profundos a profundos, embora ocorram

também solos rasos. Em termos de drenagem, variam de imperfeitamente a mal

drenados. Quanto à cor, podem ser escuros, acinzentados, amarelados ou

avermelhados. Fisicamente, quando úmidos, têm permeabilidade muito lenta. A

textura é normalmente argilosa ou muito argilosa, embora possa ser média (com um

mínimo de 300g de argila por kg de solo) nos horizontes superficiais; quanto à

consistência, varia de muito duro a extremamente duro quando seco, sendo firme a

extremamente firme quando úmido, e muito plástico e muito pegajoso quando

molhado.

São solos desenvolvidos normalmente em ambientes de bacias sedimentares

ou a partir de sedimentos com predomínio de materiais de textura fina e com altos

teores de cálcio e magnésio.

Page 39: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

38

Mapa 03: Mapa de solos do Estado de Pernambuco. Vê-se os tipos de solos representados por manchas de cores diferenciadas, em cor laranja observa-se os solos Podzólicos comum na Zona da Mata, no Agreste e pequenos focos no Sertão do Estado. Na cor amarela vê-se o solo Latossolo comum na Zona da Mata e presente na parte mais Oeste do Sertão, em cor vermelha tem-se os solos Litólicos presente na parte em o Estado se divide com a Paraíba, em cor branca vê-se os Regossolos bem presente no agreste do Estado, em tom de marrom nota-se os solos Bruno Não Cálcico presente no Sertão do Estado, em cor azul observa-se o solo de Areia Quartzosa e por fim os solos Planossolos representado epela cor cinza e presente na Zona da Mata e Agreste. Fonte: SUDENE. Uso atual e potencial dos solos do Nordeste, 1985. ORG: Maria Jaci Câmara de Albuquerque DES./ ED. GRAF. : Fernando J. C. C. Lins.

Page 40: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

39

4 Conceito de degradação do solo e sua aplicação

“A degradação do solo pode ser entendida com a deterioração das suas

propriedades edáficas e tem como uma das principais causas à erosão” (EMBRAPA,

2008). Por sua vez o IBAMA (1990) define degradação de uma área que ocorre

quando a vegetação nativa e a fauna foram destruídas, removidas ou expulsas; a

camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e o regime

de vazão do sistema hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre

quando há perda de adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é

inviabilizado o desenvolvimento socioeconômico‖.

Muitas dessas degradações encontram-se possivelmente nas atividades

agrícolas, industriais e construção civil têm ocasionado o surgimento de áreas

degradadas que destoam claramente de suas características de solo, hídricas,

relevo e biodiversidade original. Um dos problemas mais sérios observados e

sentidos em muitos municípios, tanto no meio rural como urbano, é causado pela

erosão conhecida como ―voçoroca‖, que provoca grandes perdas de solo, causa

problemas sociais, econômicos e ambientais e, ainda, coloca em risco a vida e o

patrimônio da população (EMBRAPA, 2008).

Fundamentados em observações do campo agronômico, diferenciam

processos e fatores de degradação do solo. Os primeiros correspondem às ações e

interações químicas, físicas e biológicas que afetam a capacidade de autodepuração

do solo e a sua produtividade (LAL et al. 1989). Os fatores compreendem os agentes

e catalisadores naturais ou induzidos pelo homem, que colocam em movimento os

processos e causam alterações nas propriedades do solo e nos seus atributos de

sustentação da vida. Entre os processos de degradação induzidos pelo homem

citam a compactação, a erosão acelerada, desertificação, salinização, lixiviação e

acidificação.

Menciona ainda que entre os fatores, a agricultura, indústria e urbanização.

Citam que as alterações produzidas pelos processos geram, entre outros aspectos,

efeitos negativos sobre a qualidade ambiental, estabelecendo, então, a relação com

o conceito de solo enquanto espaço geográfico (―land‖) e, assim, o sentido amplo de

degradação do solo (―land degradation‖). Ainda no campo agronômico, a

degradação de terras agrícolas deve enfocar além dos processos de degradação

Page 41: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

40

citados acima, também os aspectos econômicos, uma vez que a perda de

produtividade pode estar relacionada com a degradação do solo.

Segundo POWER & MYERS, citado por DIAS & GRIFFITH (1998), define a

qualidade de um solo como a sua capacidade de manter o crescimento vegetal, o

que inclui fatores como agregação, conteúdo de matéria. Abaixo imagens de solos

em fases de degradação.

Figura 04 e 05: Na figura da esquerda encontra-se um ambiente característico de brejo de altitude com topografia ondulosa e vegetação original completamente ausente o que acelera os processos de degradação incipientes. A direita vê-se uma área com acelerado processo de degradação do solo, com estágio conhecido como ―voçoroca‖, causado pela retirada da vegetação natural, consequentemente a aceleração do escorrimento superficial acarretado pela dificuldade de infiltração da água por falta de vegetação para diminuir os impactos das gotas de água ao chegar no solo. Fonte: Fotos Dr. Cláudio Lucas Capeche, 2011.

4.1 O Problema da Degradação do Solo no Mundo

Segundo o Banco Mundial, os solos agrícolas do mundo vêm se degradando

a uma taxa de 0,1% ao ano, dados que corroboram com os estabelecidos pela FAO,

que apontam a perda de cinco milhões de hectares de terras aráveis por ano devido

a más práticas agrícolas, secas e pressão populacional, além de inúmeras ações

antrópicas de exploração inadequada dos recursos naturais englobando o

compartimento solo.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUD), através do

GLSOD (Global Assessment of Soil Degradation – Projeto de Avaliação Mundial da

Page 42: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

41

Degradação do Solo), registrou que 15% dos solos do planeta (aproximadamente 20

bilhões de ha) uma área do tamanho dos Estados Unidos e Canadá junto, estão

classificados como degradados devido às atividades humanas. Do total desta área

degradada, 5% encontram-se na América do Norte, 12% na Oceania, 14% na

América do Sul, 17% na África, 18% na Ásia, 21% na América Central e 13% na

Europa. Se considerarmos as áreas inabitadas do mundo, o percentual de solos

degradados no planeta sobe de 15% para 24% (OLDEMAN, 1994).

O maior problema que reside nestas constatações é que a maioria destes

solos degradados ou em processo de degradação está nos países menos

desenvolvidos. Estima-se que 39% da população da Ásia (1,3 bilhão de pessoas)

vivam em áreas com tendências para desertificação, na África, 65% dos solos

agrícolas estão degradados e na América Latina e Caribe, o mau uso de produtos

químicos e erosão degradaram 300 milhões de ha.

Na Europa, dados de 2002 publicados pela Comissão Europeia, estabelecem

que 52 milhões de ha (16% da área agrícola total), estão afetados por algum

processo de degradação (salinização, erosão, desertificação, ou excesso de

urbanização). Essa degradação ameaça a fertilidade das terras e a qualidade das

águas. O solo perde a sua funcionalidade e o equilíbrio ecológico em geral.

O problema é potencializado quando se leva em conta que a resiliência

natural de determinadas propriedades solo é muito lenta. Estima-se sob um clima

úmido, que são necessários cerca de 500 anos para que se formem uma camada de

solo de 2,5 cm de espessura. Ainda, segundo o projeto da avaliação mundial da

degradação de solo do PNUD (OLDEMAN, 1994), cinco são os principais fatores de

degradação dos solos listados a seguir (com os seus percentuais de participações

nas áreas mundiais degradadas):

1) Desmatamento ou remoção da vegetação natural para fins de agricultura,

florestas comerciais, construção de estradas e urbanização (29,4%);

2) Superpastejo da vegetação (34,5%);

3) Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como

o uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa

qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de práticas

conservacionistas de solo (28,1%);

Page 43: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

42

4) Exploração intensiva da vegetação para fins domésticos, como

combustíveis, cercas, etc., expondo o solo à ação dos agentes erosivos (6,8%); e

5) Atividades industriais ou bioindustriais que causam poluição do solo (1,2%).

No continente Sul Americano, segundo o GLSOD, tem-se 244 milhões de ha de solo

degradado, sendo o desmatamento responsável por 41%, o superpastejo por 27,9%,

as atividades agrícolas por 26,2%, a exploração intensa da vegetação por 4,9%. Os

dados relativos de solos degradados na América do Sul em decorrência das

atividades industriais são ínfimos por dois motivos: falta de levantamento sistemático

e global no continente de sites contaminados e/ou degradados pelos processos

industriais e a baixíssima industrialização dos países do continente quando

comparado aos países desenvolvidos e industrializados. No Brasil não existe até o

momento nenhum estudo conclusivo quanto a quantidade e distribuição dos solos

degradados em escala nacional.

É importante ressaltar, que independente da ausência de avaliações exatas a

respeito da extensão de áreas degradadas no Brasil, todas as estimativas apontam

o desmatamento e as atividades agropecuárias como os principais fatores de

degradação dos nossos solos. O impacto causado por obras de engenharia

(estradas, ferrovias, barragens, etc.), por atividades de mineração a céu aberto e por

algumas atividades indústrias, certamente sensibiliza a população de modo geral,

que tende a atribuir a esses fatores a responsabilidade maior pela degradação dos

solos. Essa impressão é plenamente justificável, uma vez que, são atividades

altamente impactantes, pois devem-se lembrar que a degradação não pode ser

avaliada apenas pela extensão, mas também por sua intensidade.

No caso de impactos causados por atividades mineradoras podem resultar

em uma área de influência muito maior que a área de lavra, proporcionando, por

exemplo, a degradação de recursos hídricos, que vão refletir em toda a bacia, como

é o caso clássico de minerações de carvão a céu aberto, onde a oxidação de

sulfetos metálicos que acompanham o minério promove a ocorrência de drenagem

ácida e a solubilização de metais pesados, podendo trazer consequências danosas

para uma área de influência muito além da área de lavra. No entanto, ao avaliar a

extensão de degradação causada por estas atividades, verifica-se que ela é mínima,

principalmente comparando-a ao desmatamento e ao superpastejo nos solos

nacionais.

Page 44: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

43

Aliado a essa crescente quantidade de terras agrícolas que estão em

processo degradativo, que leva a perdas de produtividade dos sistemas de produção

agrícola e a decretação por parte dos organismos internacionais como FAO e FMI,

do início da ―Era de alimentos caros‖ em virtude de vários fatores, entre eles:

estoques mundiais baixos, alto preço do petróleo (que encarece os insumos e

incentiva à produção de etanol à base de milho) e demanda crescente

(principalmente da China que aumentou o seu consumo anual de cereais de 450

milhões de toneladas em 2001 para 513 milhões de toneladas em 2007 (Stefano &

Salgado, 2008) e que representa hoje o maior importador de algodão e soja do

mundo), além de uma previsão da população mundial para 8,3 bilhões de pessoas

em 2030, é de se esperar que as políticas nacionais e internacionais de uso e

manejo dos solos sejam direcionadas no caminho da sustentabilidade deste

importante ecossistema chamado solo.

4.2 Causas de Degradação do Solo

É o processo de desgaste e consequente modificação da superfície das terras

(rochas e solos), sendo influenciada por: água, vento, cobertura vegetal, topografia e

tipo de solo. As erosões podem ser classificadas em geológica e antrópica:

4.2.1 Erosão Antrópica: refere-se àquela oriunda da interferência do homem sobre

o ambiente, intensificando a ação da água da chuva e/ou vento sobre o solo

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44

Figura 06: Observa-se primeiramente na parte superior da figura um modelo esquemático que ilustra o processo erosivo do tipo antrópica. Em primeiro momento observa-se uma situação original em que a mata nativa mantém os processos dos ciclos naturais da água, carbono, nitrogênio, enxofre, e do fósforo, onde os mesmos encontram-se em harmonia; em outro momento o segundo, observa-se a retirada da cobertura vegetal; e por fim no terceiro momento o solo exposto em consequência da ação erosiva das chuvas, ventos e atividades de aeração agrárias inadequada. Na parte inferior da figura e a esquerda uma ilustração que enfatiza uma voçoroca em uma encosta de morro bastante desmatada; e a direita uma voçoroca em uma peneplanície, ao fundo pode ser visto uma encosta com a cobertura vegetal intacta e sem erosão. Fonte: G. Sparoveck, 2011.

4.2.2 Erosão geológica: refere-se àquela oriunda da atividade geológica (água, vento e

gelo) sobre a superfície terrestre, correspondendo a um processo natural, sem a

interferência do homem. As erosões do tipo geológica podem ser divididas em vários

tipos, dependendo das condições locais:

Erosão hídrica - corresponde à ação da água sobre a superfície do solo,

promovendo três processos fundamentais: desagregação, transporte e deposição

das partículas do solo.

Desagregação das partículas do solo - a desagregação ocorre devido ao

impacto das gotas de chuva sobre a superfície do solo sem cobertura vegetal

(viva ou morta), provocando o selamento superficial dos primeiros centímetros

do solo, a redução da infiltração da água e o escorrimento superficial.

Transporte das partículas – o transporte das partículas ocorre devido ao

escoamento superficial da água que não infiltrou no solo. Dependendo da

intensidade de escorrimento o arraste do solo pode ocorrer superficialmente

Page 46: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

45

no terreno (erosão laminar - a erosão laminar ocorre de maneira lenta e é de

difícil mensuração, porém sempre se espalha sobre extensas áreas,

chegando a recobrir cerca de dois terços ou mais das encostas, em uma

bacia de drenagem, durante um pico de evento chuvoso (HORTON, 1945). É

considerada por muitos autores como o principal responsável pela maior

produção de sedimento em uma bacia hidrográfica (Marques, 1950; Marques

et al., 1961; Morgan, 1986; Stocking, 1987; Selby, 1993; Thomas, 1994), em

canais pouco a medianamente profundos, abertos pela força da enxurrada

(erosão em sulcos - de acordo com a classificação do DAEE-IPT (1990), os

sulcos constituem feições alongadas e rasas (inferiores a 50 cm)), ou através

de grandes sulcos, os quais concentram grande quantidade de água (erosão

em voçorocas – ainda acordo com a classificação do DAEE-IPT (1990) as

boçorocas tem dimensões superiores e atingem o lençol de água subterrânea,

havendo portanto processo de erosão subterrânea (piping) ).

Deposição das partículas – a deposição das partículas é o processo final da

erosão e consiste no armazenamento do solo erodido em rios, lagos,

represas, açudes, terraços.

Erosão eólica - consiste na ação do vento causando a desagregação de

rochas, bem como dos agregados do solo, e, ainda, no transporte e deposição do

material desagregado.

4.3 Fatores que contribuem para a erosão

Segundo Sengik, (2005) a erosão é causada por forças ativas, como as

características da chuva, a declividade e comprimento do declive do terreno e a

capacidade que tem o solo de absorver água, e por forças passivas, como a

resistência que exerce o solo à ação erosiva da água e a densidade da cobertura

vegetal.

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46

4.3.1O ciclo superficial da água e sua relação com o solo

Segundo Sengik (2005) a chuva é um dos fatores climáticos de maior

importância na erosão dos solos. O volume e a velocidade da enxurrada dependem

da intensidade, duração e frequência da chuva. A intensidade é o fator pluviométrico

mais importante na erosão, embora a intensidade seja o fator mais importante,

assim, quanto maior a intensidade de chuva, maior a perda de solo por erosão.

Dados obtidos (CASTRO, 1999) revelou que, para uma mesma chuva total de

21mm, uma intensidade de 7,9mm produziu uma perda de terras cem vezes maior

que uma de 1mm.

A erosividade é a habilidade da chuva em causar erosão (HUDSON, 1961).

Esta relaciona-se com o total de chuva, a sua intensidade, o momento e a energia

cinética. Em climas tropicais, por exemplo, também são considerados importantes a

variação sazonal e a ocorrência de eventos anômalos (THOOMAS, 1994).

A frequência das chuvas é um fator que influi nas perdas de terras pela

erosão. Se os intervalos entre elas são curtos, o teor de umidade do solo é alto, e

assim as enxurradas são mais volumosas, mesmo com chuvas de menor

intensidade.

As gotas de chuva que golpeiam o solo são um agente que contribui para o

processo erosivo pelo menos por três formas: a) Desprendem partículas de solo no

local que sofre o impacto; b) Transportam por salpicamento, as partículas

desprendidas; c) Imprimem energia em forma de turbulência, à água superficial.

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47

4.3.2 O ciclo sub-superficial da água no solo

A Infiltração é o movimento da água para dentro da superfície do solo. Quanto

maior sua velocidade, menor a intensidade de enxurrada na superfície e,

consequentemente, reduz-se a erosão. O movimento de água através do solo é

realizado pelas forças de gravidade e de capilaridade; esse movimento através dos

grandes poros, em solo saturado, é fundamentalmente pela gravidade, enquanto em

um solo não saturado é principalmente pela capilaridade.

Durante uma chuva, a velocidade máxima de infiltração ocorre no começo,

e usualmente decresce muito rapidamente, de acordo com alterações na estrutura

da superfície do solo. Se a chuva continua, a velocidade de infiltração gradualmente

aproxima de um valor mínimo, determinado pela velocidade com que a água pode

entrar na camada superficial e pela velocidade com que ela pode penetrar através

do perfil do solo (SENGIK, 2005).

4.3.3 A influência da morfologia no solo

A topografia do terreno pela declividade e pelo comprimento dos

lançantes, exercem acentuada influência sobre a erosão. O tamanho e a quantidade

do material em suspensão arrastado pela água dependem da velocidade cm que ela

escorre, e essa velocidade é uma resultante do comprimento do lançante e do grau

de declive do terreno (SENGIK, 2005).

Do grau de declive dependem diretamente o volume e a velocidade das

enxurradas que sobre ele escorrem. Aires (1999) apresenta alguns princípios de

hidráulica que, teoricamente, podem explicar as relações entre a velocidade da água

e o seu poder erosivo: (a) a velocidade da água varia com a raiz quadrada da

distância vertical que ela percorre, e a sua energia cinética, de acordo com o

quadrado da velocidade; a energia cinética é a capacidade erosiva. Assim, se o

declive do terreno aumenta quatro vezes, a velocidade de escorrimento da água

aumenta duas vezes e a capacidade erosiva quadruplica; (b) a quantidade de

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48

material que pode ser arrastado varia com a quinta potência da velocidade de

escorrimento; (c) o tamanho das partículas arrastadas varia com a sexta potência da

velocidade de escorrimento.

O comprimento de rampa não é menos importante que o declive, pois à

medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas vão-se

avolumando proporcionalmente como, também, a sua velocidade de escoamento vai

aumentando progressivamente. Em princípio, quanto maior o comprimento de

rampa, mais enxurrada se acumula, e a maior energia resultante se traduz por uma

erosão maior.

4.3.4 Os diferentes tipos de solo e sua relação com os processos

erosivos

A erosão não é a mesma em todos os solos. As propriedades físicas,

principalmente estrutura, textura, permeabilidade e densidade, assim como as

características químicas e biológicas do solo exercem diferentes influências na

erosão. Suas condições físicas e químicas, ao conferir maior ou menor resistência à

ação das águas, tipificam o comportamento de cada solo exposto a condições

semelhantes de topografia, chuva e cobertura vegetal (SENGIK, 2005).

A textura, ou seja, o tamanho das partículas é um dos fatores que influem

na maior ou menor quantidade de solo arrastado pela erosão. Assim, por exemplo, o

solo arenoso, com espaços porosos grandes, durante uma chuva de pouca

intensidade, pode absorver toda água, não havendo, portanto, nenhum dano;

entretanto, como possui baixa proporção de partículas argilosas que atuam como

uma ligação de partículas grandes, pequena quantidade de enxurrada que escorre

na sua superfície pode arrastar grande quantidade de solo. Já no solo argiloso, com

espaços porosos bem menores, a penetração da água é reduzida, escorrendo mais

na superfície; entretanto, a força de coesão das partículas é maior, o que faz

aumentar a resistência à erosão (SENGIK, 2005).

A estrutura, ou seja, o modo como se arranjam às partículas de solo,

também é de grande importância na quantidade de solo arrastado na erosão. A

Page 50: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

49

matéria orgânica retém de duas a três vezes o seu peso em água, aumentando

assim a infiltração, do que resulta uma diminuição nas perdas por erosão. A

profundidade do solo e as características do subsolo contribuem para a capacidade

de armazenamento da água no solo que esse mesmo solo com um subsolo mais

compacto e pouco permeável (SENGIK, 2005).

4.3.5 A importância da cobertura vegetal para a proteção do solo

A cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra a erosão. O

efeito da vegetação pode ser assim enumerado: (a) proteção direta contra o impacto

das gotas de chuva; (b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes

que atinja o solo; (c) decomposição das raízes das plantas que, formando

canalículos no solo, aumentam a infiltração da água; (d) melhoramento da estrutura

do solo pela adição de matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de

retenção da água; (e) diminuição da velocidade de escoamento da enxurrada pelo

aumento do atrito na superfície.

A cobertura vegetal é o fator de maior relevância na proteção dos solos,

pois afeta a sua erosão de várias maneiras, a saber: através dos efeitos espaciais

da cobertura vegetal, dos efeitos de energia cinética da chuva e do papel da

vegetação na estabilidade dos agregados de solos (GUERRA, 1994). A cobertura

vegetal reduz as taxas de erosão do solo através de: proteção ao impacto da chuva,

diminuição da água disponível ao escoamento superficial, decréscimo da velocidade

de escoamento superficial e aumento da capacidade de infiltração de água no solo

(COOKE & DOORNKAMP, 1990). Quando cai em um terreno coberto com densa

vegetação, a gota de chuva se divide em inúmeras gotículas, diminuindo também,

sua força de impacto. Em terreno descoberto, ela faz desprender e salpicar as

partículas de solo, que são facilmente transportadas pela água. A vegetação, ao

decompor-se, aumenta o conteúdo de matéria orgânica e de húmus do solo,

melhorando-lhe a porosidade e a capacidade de retenção de água (SENGIK, 2005).

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50

Tipo de uso

Perdas de solo Runoff

t/ha/ano % da chuva

Mata 0,001 1,1

Pastagem 1,0 1,6

Cafezal 1,4 1,6

Algodoal 36,0 8,2

Quadro 05: Tabela de diferentes formas de uso de solo com diferentes quantidades de perda de solo e de água. A coluna da esquerda elucida o tipo de vegetação em analise, a coluna central o total de perdas de solo por t/ha e por fim a coluna da direita a perda de água provenientes das precipitações pluviométrica em porcentagem. Os dados foram obtidos em pesquisa de solo em Campinas Estado de São Paulo. Fonte: Lal (1990).

Na tabela acima percebe-se a perda de solo numa área natural, sem ação

antrópica, que apresenta uma quantidade mínima de perda de solo com 0,001 t/ha,

apenas, e uma perda mínima de água de 1,1% provenientes das precipitações.

Diferentemente de uma área em que em que a ação humana está presente, no caso

do uso agrícola do cultivo de algodoeiro, que chega a 36,0 t/ha o que representa

uma enorme perda de solo e de água com 8,2% de perda de precipitações, que

provavelmente se perde por escorrimento superficial e evaporação, dessa forma

causando a perda do solo por erosão.

A vegetação também tem papel importante no processo da erosão eólica,

reduzindo a velocidade do vento na superfície do solo e absorvendo a maior parte

da força exercida por ele. Aprisionando as partículas de solo, a vegetação previne a

formação de nuvens de areia e impede que tais partículas sejam carregadas pelo

vento. A vegetação é mais eficiente, porém, se os restos culturais estão bem fixados

no solo, é benéfica na redução da erosão eólica.

Page 52: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

51

4.3.5.1 A retirada da cobertura vegetal e as consequências para o

solo

As florestas e matas naturais encontram-se praticamente em equilíbrio, cheias

de vida, tanto nos seus solos, como nos rios e lagos. Isto pode ser comprovado pela

grande quantidade e variedade de espécies vegetais e animais, também chamado

de biodiversidade. A derrubada das florestas visando o uso com a atividade

agropecuária e/ou a exploração para a retirada de madeiras, tem sido o principal

agente destruidor da vegetação. Essas práticas deixam o solo exposto a ação da

chuva e do vento, além de destruir a matéria orgânica, principal responsável pela

fertilidade e vida do solo (CAPECHE, CLAUDIO LUCAS, 2005).

4.3.5.2 As consequência da queimada para a camada superficial do

solo

O fogo é uma técnica do Neolítico, amplamente utilizada na agricultura

brasileira, apesar dos inconvenientes agronômicos, ecológicos e de saúde pública.

As queimadas ocorrem em todo território nacional, desde formas de agricultura

primitivas, como as praticadas por indígenas e caboclos, até os sistemas de

produção altamente intensificados, como a cana de açúcar e o algodão. Elas são

utilizadas em limpeza de áreas, colheita da cana de açúcar, renovação de

pastagens, queima de resíduos, para eliminar pragas e doenças, como técnica de

caça etc. Existem muitos tipos de queimadas, movidas por interesses distintos, em

sistemas de produção e geografias diferentes. (EMBRAPA – Monitoramento por

Satélite, 2011).

Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), durante

o período de junho a novembro, grande parte do país é acometido por queimadas,

que se estendem praticamente por todas as regiões, com maior ou menor

intensidade. O fogo é normalmente empregado para fins diversos na agropecuária,

na renovação de áreas de pastagem, na remoção de material acumulado, no

preparo do corte manual em plantações de cana-de-açúcar etc. Trata-se de uma

Page 53: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

52

alternativa geralmente eficiente, rápida e de custo relativamente baixo quando

comparada a outras técnicas que podem ser utilizadas para o mesmo fim. Os

Estados que, tradicionalmente, apresentam maior número de focos de calor são

Mato Grosso e Pará.

A queimada descobre a superfície do solo transformando em cinzas e vapor

no ar a vegetação existente, elimina a matéria orgânica do solo, eleva a temperatura

do solo, Volatiliza N e S, destrói os micro-organismos do solo, assim possibilitando o

agravamento do desgaste do solo e potencializando os processos iniciais da erosão.

Figura 07: Observa-se uma área em que o processo de limpeza de terreno baseado em prática do tipo queimada. Esse tipo manejo tradicional tem sido ainda praticado, principalmente ente os agricultores sem conhecimento adequado sobre o uso do solo. Essa prática inadequada destrói a camada superficial ou o solo orgânico, proporcionando sua exposição ao sol e chuva, aumentando a eficiência dos processos erosivos. Localidade sítio Oitis, Brejo da Madre de Deus-PE. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

Page 54: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

53

4.3.5.3 Uso inadequado do Solo

O modo como a terra é manejada, ou seja, se está ou não recoberta de

vegetação, bem como o sistema de cultivo, são também fatores importantes para

condicionar uma maior ou menor mobilidade dos solos.

Os tipos de uso e ocupação do solo são considerados pela maioria dos

autores como responsáveis pelo desencadeamento e/ou a aceleração dos

processos erosivos nas encostas. As práticas agrícolas e de manejo de solo

inadequados provocam a intensificação dos processos erosivos, pela exposição,

remobilização e desagregação dos solos, e a alteração do escoamento superficial. A

urbanização impõe modificações sérias no sistema de drenagem superficial e

subsuperficial, que aceleram os processos erosivos nas encostas e nos vales

fluviais, através de desmatamentos, aterros, impermeabilização dos solos,

canalizações que subestimam o potencial hidráulico das drenagens, e construção de

estradas e de reservatórios.

Figura 08: Modelo elucidando as consequências das práticas inadequada do uso do solo: 1- Terreno desmatado em área de encostas com grande aclives favorecendo a erosão do solo por gravitação; tornando; 2- Terreno cultivado em encostas tende a perder os nutrientes do solo pelas enxurradas e escoamento de matéria orgânica para área mais baixa; 3- Assoreamento de rios por excessiva carga de sedimentos oriundos das encostas desmatadas; 4- Erosão com voçoroca carreadas para área de terras cultivadas; 5- Ocupação urbana no topo do morro propiciando desmoronamento e aumento de escoamento superficial por pavimentação e expansão urbana; 6. Lavouras cultivadas em área aclives sem uso de curva de nível com bastante possibilidade de ampliar a erosão; 7- Cultivo de pastagem para alimentação de gado; 8- Inundações provocadas pela excessiva carga de sedimentos oriundos das encostas, por processos naturais e por processos antrópicos oriundos de áreas desmatadas. Fonte: Souza Cruz, 2011.

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54

5 Aspectos jurídicos ambiental

Sobre a conservação dos recursos naturais em especial a vegetação e o solo,

a nova lei do código florestal atribui:

Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de

vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse

comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com

as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e

3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de

preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-

estar das populações humanas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de

2001)

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,

excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos

recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à

conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;

(Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei,

as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto

em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de

18.7.1989)

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de

largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a

50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a

200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

Page 56: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

55

4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200

(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803

de 18.7.1989)

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura

superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água",

qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta)

metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a

100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do

relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

(Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a

vegetação.

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim

declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação

natural destinadas:

a) a atenuar a erosão das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.

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56

6 Caracterização do Município de Brejo da Madre de Deus

O município do Brejo da Madre de Deus localiza-se na Mesorregião do Agreste

Pernambucano, especificamente na Microrregião do Vale do Ipojuca, faz fronteiras

ao Norte com o município de Santa Cruz do Capibaribe, ao Sul com Belo Jardim, ao

Oeste com Caruaru, e ao Leste com Jataúba. A área é delimitada pelo paralelo de S

- 08º08'45", e o meridiano de W - 36º22'16". O acesso ao município mais utilizado é

o rodoviário, através das BR – 232, BR – 104 e PE – 145 que possui uma distância

da capital Recife de aproximadamente 204 Km.

A sede municipal encontra-se a 627 m de altitude e próximo está localizado o

teto máximo do estado de Pernambuco, com 1.195 m de altitude, localmente

conhecido como Serra do Ponto (Alecrim, Elísio, 2003)

Figura 09 e 10: Observa-se um polígono que compreende os limites do município de Brejo da Madre de Deus. As cores representam as cotas altimétricas do município. O tom verde as cotas que variam entre 650m à 1.18 m no ponto mais culminante do município e nesse local que se situam as área abrejadas e mais úmidas do município. As demais cores representam as cotas que variam entre 400 a 550, trata-se de uma área mais seca e predomina o clima tipo quente e seco. A linha vermelha que corta o município da direita para esquerda (leste – oeste) é a PE-145, já os traços azuis representa os cursos d’água que se orientam no sentido sul-norte. Fonte: Beth/CONDESB, 2008.

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6.1 Aspectos Socioeconômicos do Município de Brejo da Madre de Deus

O município foi criado em 20/06/1893, pela Lei Estadual nº 52, sendo formado

pelos distritos: Sede e Fazenda Nova e pelos povoados: Barra do Farias,

Caldeirões, Logradouro, Mandaçaia, São Domingos e Fazenda Velha. De acordo

com o censo 2010 do IBGE, a população residente total é de 45.192 habitantes

sendo 35.135 (77,7%) na zona urbana e 10 057 (22,3%) na zona rural. Os

habitantes do sexo masculino totalizam 22 150 (49,01) %, enquanto que do feminino

totalizam 23 042 (50,99) sua densidade demográfica é de 59,3 hab/Km², perfazendo

uma superfície de aproximadamente 762 Km², equivalente a 0.79 % do Estado de

Pernambuco (IBGE, 2006)..A rede de saúde se compõe de 02 Hospitais, 81 Leitos,

22 Ambulatórios, e 48 Agentes Comunitários de Saúde Pública. A taxa de

mortalidade infantil, segundo dados da DATASUS é de 86,95 para cada mil crianças.

Na área de educação, o município possui 58 estabelecimentos de ensino

fundamental com 9759 alunos matriculados, e 05 estabelecimentos de ensino médio

com 585 alunos matriculados. A rede de ensino totaliza 175 salas de aula, sendo 28

da rede estadual, 118 da municipal e 29 particulares. Dos 9 654 domicílios

particulares permanentes, 6133 (63,5)% são abastecidos pela rede geral de água,

717 (7,4)% são atendidos por poços ou fontes naturais e 2804 (29,0)% por outras

formas de abastecimento. A coleta de lixo urbano atende 4212 (43,6)% dos

domicílios.

Os gastos sociais per capita são R$ 26,00 em educação e cultura, R$ 01,00

em habitação e urbanismo, R$ 09,00 em saúde e saneamento e R$ 12,00 em

assistência e previdência social (2000). Os setores de atividade econômica formais

são: Indústria de transformação, gerando 85 empregos em 08 estabelecimentos,

Comércio com 56 em 33, Serviços com 55 em 08, Administração pública com 690

em 03, Construção civil com 1 em 1, e Agropecuária, extrativismo vegetal, caça e

pesca com 23 em 07.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal-IDH-M é de 0,579. Este

índice situa o município em 151o no ranking estadual e em 4998º no nacional.

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O Índice de Exclusão Social, que é construído por 07 (sete) indicadores

(pobreza, emprego formal, desigualdade, alfabetização, anos de estudo,

concentração de jovens e violência) é de 0,301, ocupando a 166º colocação no

ranking estadual e a 5.246º no ranking nacional.

6.2 Características Geológica do Município de Brejo da Madre de

Deus

Geologicamente, o corpo granítico do Batólito Brejo da Madre de Deus é parte

integrante do Batólito Caruaru-Arcoverde, o maior corpo da associação cálcio-

alcalina de alto potássio da Província Borborema, ocupando a porção centro-leste do

mesmo e situado entre os municípios de Belo Jardim e Brejo da Madre de Deus

(Melo, 2002). A extensão lateral leste do batólito corresponde ao complexo ígneo

cálcioalcalino de alto potássio Fazenda Nova/Serra da Japecanga (Neves e

Vouchez, 1995). As rochas encaixantes do batólito Brejo da Madre de Deus são, ao

sul, biotita xistos granatíferos, paragnaisses e ortognaisses graníticos a

granodioríticos, e, a norte, ortognaisses graníticos a dioríticos e migmatitos.

A trama magmática, segundo Melo (op. cit.), possui, na porção central, foliação

com direção aproximadamente NE-SW e mergulho variando de moderados a fortes

para SE ou NW. No restante do batólito, predominam direções EW-NS e mergulhos

fracos. Ainda na porção central observam-se zonas de cisalhamento mesoscópicas

(Z. C. Fazenda Nova) exibindo critérios cinemáticos sinistrais originada em estágio

submagmático, mostrando uma evolução na deformação de fluxo viscoso a

deformação no estado sólido.

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MAPA GEOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE BREJO DA MADRE DE DEUS

Mapa 03: Mapa Geológico do Município de Brejo da Madre de Deus. Vê-se em tom Vermelho escuro que está presente na região brejeira do município a unidade litoestratigráfica Np3 – 2cm – Suíte calcialcalina de médio a alto potássio Itaporanga (cm): granito e granodioritoporfirítrico associado a diorito 588 Ma U-Pb. Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2008.

Page 61: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

60

6.3 Características Pedológica do Município de Brejo da Madre de

Deus

Tomando-se como base a classificação utilizada pelo levantamento de baixa

e média intensidade de solos do Estado de Pernambuco produzido pela EMBRAPA

– Solos (2002), a área de estudo apresenta um mosaico se solos.

Mapa 04: Mapa pedológico do município de Brejo da Madre de Deus. No mapa encontram-se cinco tipos de solos: em tom verde claro está presente o solo Planossolo que está bem presente na região do extremo Norte e centro-leste; em tom de marrom escuro observa-se-se o solo Brunos não cálcicos presente em menor proporção no município; de cor marrom claro e salteados em pequenas manchas por boa parte do município está os solos Litólicos; de cor amarelo claro observa-se, em menor quantidade no município o solo denominado Regossolos e por fim em to, de cinza escuro, em maior proporção e presente em toda região brejeira está presente o solo Podzólico Vermelho Amarelo que na nova classificação de solos é o Argissolos. Fonte: Zoneamento Agroecológicode Pernambuco - ZAPE (Silva, et. al., 2001) Direitos reservados: Embrapa Solos, UEP Recife.

A área apresenta Patamares Compridos e Baixas Vertentes, onde o relevo é

suave ondulado, com Planossolos mal drenados, fertilidade natural média e

problemas com acúmulo de sais; Topos e Altas Vertentes com solos Brunos não

Cálcicos, rasos e fertilidade natural alta; Topos e Altas Vertentes do relevo ondulado

com solos Podzólicos drenados, com fertilidade natural média e as Elevações

Residuais com solos Litólicos rasos, pedregosos e fertilidade natural média

(BRASIL, 2005).

Page 62: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

61

6.4 Características Geomorfológica do Município de Brejo da Madre

de Deus

Geomorfologicamente, a área do município de Brejo da Madre de Deus

apresenta-se como um mosaico de morfofeições, largamente associado a

superfícies aplainadas e pouco dissecadas. As formas inter-montanas são

decorrentes das diversas fases de denudação pós-cretácea da Borborema. Os

pedimentos se elevam em pequenos patamares sem que haja uma ruptura brusca

de gradiente condicionada por uma trama de falhas, ocasionando o confinamento de

pequenos depósitos em alvéolos restritos ao ambiente fluvial.

Mapa 05: Mapa Geomorfológico da área de Brejo da Madre de Deus. Em tom marrom escura vêm-se as unidades de cimeira de 700 á 900 metros de altitude localizado no centro-leste; em tom marrom claro observa-se as encosta de degradação distribuído em três partes do município bordeando essas áreas vê-se as encostas de agregação; em tom de cinza escuro está representado os maciços residuais e em tom mais claro os Inselberg espalhados no município; nos tons verde escuro à claro vê-se as unidades pedimentares, do tom mais claro com 250 metros ao tom mais escuro com 650

metros de altitude. Fonte: Rhaissa Francisca Tavares de Melo, Danielle Gomes da Silva e Antônio

Carlos de Barros Corrêa.

A uniformidade topográfica da superfície dos pedimentos só é interrompida

pelos relevos residuais em forma de inselbergs e alinhamentos de serras, com

altitudes variando de 500 a mais de 900 m, testemunhos das antigas superfícies

cenozóicas. Os relevos residuais apresentam-se orientados segundo as direções

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preferenciais da estrutura regional, NE-SW, formando vales profundos e encaixados,

com controles estruturais indicando movimentação tectônica possivelmente neo-

cenozóica associada à reativação de antigas estruturas com descida do nível de

base a sudoeste e subida a noroeste, ocasionando perda de nascentes fluviais e

captura de drenagem (mapa 05).

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63

6.5 Características da cobertura vegetal e Altimetria

O município de Brejo da Madre de deus possui naturalmente dois tipos

vegetacionais em dois diferentes tipos climáticos, a vegetação da região semiárida

que é a Caatinga que está compreendida na maior parte do município e na região

brejeira encontra-se a vegetação de Mata Atlântica compreendida em menor área do

município. Também encontra-se na interface dos dois tipos vegetacionais uma

vegetação de transição entre esses dois biomas.

Mapa 06: Mapa de densidade vegetacional do município de Brejo da Madre de Deus, distribuição fitofisiográfica a partir da classificação da imagem com valores do índice de vegetação por diferença normalizada (IVDN). Observa-se a representação da densidade da vegetação ajustada ao solo, vê-se na área avermelhada porções não vegetadas ocupadas por rios, barragens, áreas completamente desmatadas e centros urbanos; nas áreas de tom bege vê-se uma vegetação esparsa que apresentam locais desmatados em recuperação, focos produtivos agrícola e pecuário; já nas áreas de tom verde claro-escuro observa-se áreas pouco antropizadas com vegetação semi-densa à densa. Percebe-se que na área central do município encontra-se uma vegetação densa, mesmo sendo na região semiárida e de vegetação caatinga, já localização sudoeste vê-se pequenas porções de vegetação densa de mata atlântica na região brejeira, motivo dessas pequenas porções de vegetação densa é causada pela alta retirada da vegetação para prática agrícola, pecuária e estacas madeiras para construção civil. Fonte: RBGF- Revista Brasileira de Geografia Física Recife-PE Vol.1 n.02 Set/Dez 2008,15-29, Silva, M. D.; Galvíncio, J. D.& Pimentel, R. M. M. . Pernambuco, em julho/2007.

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O relevo do município de Brejo da Madre de Deus é atípico de outros

municípios da região semiárida do Nordeste. Na região do brejo de altitude o relevo

é altamente ondulado e declivoso, com serras de cotas altimétricas acima de 1000

metros acima do nível do mar. A medida que segue para região semiárida encontra-

se bastantes áreas pediplaniziadas e pedimentadas.

Mapa 07: Na orientação sudoeste encontram-se as maiores cotas altimétricas que em direção ao

norte seguindo uma diagonal a altimetria vai decrescendo até chegar as menores cotas Município do Brejo da Madre de Deus. Em tom de cinza encontra-se os pontos de maior altimetria que chega aos 1099 metros nas áreas de tom vermelho observa-se cotas até 899 metros ambos presentes na região brejeira. Já nas cores de tom verde vêm-se as áreas de menor altimetria encontrados na região semiárida norte do município com cotas iniciais de 299 metros de altitude. Fonte: RBGF- Revista Brasileira de Geografia Física Recife-PE Vol.1 n.02 Set/Dez 2008,15-29, Silva, M. D.; Galvíncio, J. D.& Pimentel, R. M. M.Pernambuco, em julho/2007.

Page 66: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

65

Figura 11. Aspectos geomorfológicos da área de ocorrência de Brejo de Altitude. Na indicação da seta em vermelho temos uma representação de como ocorre o relevo do município com brejo de latitude, vê-se um culme de maior altimetria de cor verde com pigmentos acinzentados e nas bases áreas de tom marrom são as localidades de menor altitude. Fonte: SOS Mata Atlântica, 1993.

6.6 Recursos hídricos do Município de Brejo da Madre de Deus

O município de Brejo da Madre de Deus encontra-se inserido nos domínios da

Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe. Seus principais tributários são: o Rio

Capibaribe e os riachos: Boi Manso, Doce ou Mulungu, das Barracas, da Jurema,

Açudinho, dos Poços, Tabocas, Quixabeira, Fundo, do Brejo da Madre de Deus,

Mandacaru do Norte, Jacaré, da Cachoeira, Mandacaru do Sul, da Onça, Santana,

Santo, Betume e Veado Podre. Os principais corpos de acumulação são os açudes:

Machado (1.228.340 m³) e Oitís (3.020.159 m³). Todos os cursos d’água no

município tem regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o

dendrítico (CPRM - Serviço Geológico do Brasil).

Page 67: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

66

Figura 12: Em primeiro plano vê-se o espelho d’água da represa - barragem na comunidade denominada Sítio Oitis, ao fundo escarpas cristalinas do grande conjunto geológico-geomorfológico denominado Planalto da Borborema. O espelho da água assenta-se sob uma massa de solo com embasamento cristalino impermeável. Grande parte dessa água represadas é para o uso de irrigação e lazer para população local, municipal e de outros municípios. Latitude S- 08º05’371‖; W- Longitude 36º22’464‖ e altitude 563 metros. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.

6.6.1 Águas Subterrâneas

O município de Brejo da Madre de Deus está totalmente inserido no Domínio

Hidrogeológico Fissural. O Domínio Fissural é composto de rochas do embasamento

cristalino que englobam o subdomínio rochas metamórficas constituído do Complexo

Belém do São Francisco, Complexo Vertentes, Complexo São Caetano, Suite Serra

de Taquaritinga e do Complexo Salgadinho e o sub-domínio rochas ígneas da

Suitecalcialcalina Itaporanga, Suite peraluminosa Xingó, Suites hosonítica Salgueiro-

Terra Nova, Granitóides e da Suite Máfica (CPRM - Serviço Geológico do Brasil).

Page 68: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

67

6.7 Características Climáticas do município de Brejo da Madre de

Deus

Segundo os pesquisadores Rhaissa Francisca Tavares de Melo, Danielle

Gomes da Silva e Prof. Dr. Antonio Carlos de Barros Corrêa as condições climáticas,

em linhas gerais, não diferem das existentes no semiárido nordestino, onde as

condições de extrema semiaridez transitam gradualmente para condições de maior

umidade em função de posições topograficamente mais elevadas dentro da região.

Tomando-se como ponto inicial à precipitação, a média anual no distrito de Fazenda

Nova, a 509 m de altitude, situa-se em torno de 557,5 mm, com período seco de 7 a

8 meses de duração e os valores máximos de precipitação concentrando-se no

trimestre março, abril e julho, totalizando 50% da precipitação anual. A sede

municipal de Brejo da Madre de Deus registra 844 mm, concentrados nos meses de

março a julho, com cerca de 75% do total de precipitação anual.

O clima é do tipo Tropical Semiárido com chuvas de verão; o período

chuvoso tem início em novembro e término em abril, com precipitação média anual

de 431,8 mm e; a temperatura média anual é equivalente a 22°C (BRASIL, 2005).

A ocorrência de concentração de precipitação acima de 100 mm em Brejo da

Madre de Deus e Fazenda Nova nos meses de março/abril denota a influência da

zona de convergência intertropical (ZCIT), que apresenta sua maior expansão

nesses meses no hemisfério sul (cerca de 4ºS em média), como também pelas

ondas de este (EW) e as correntes perturbadas de sul (FPA).

Quanto à temperatura média anual, Fazenda Nova apresenta o valor de

22,7ºC,com médias máximas em novembro e dezembro de 31,7ºC e mínima em

agosto e setembro, de 17,9ºC. Entretanto, em Brejo da Madre de Deus a

temperatura média anual é de 22,2ºC, com médias máximas mais elevadas entre

dezembro e janeiro de 23,5ºC, e mínimas entre julho, agosto e setembro, 16,5ºC.

Essas temperaturas mais amenas são devidas principalmente à orografia.

A seguir gráficos pluviométricos do município de Brejo da Madre de Deus, de

sua sede do ano de 1984 a 2010 e de suas localidades rurais.

Page 69: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

68

Figura 13: Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus do ano 1991 a 2000. Os valores da coluna a esquerda representam a pluviometria que vai de 0 a 1.600 mm; as colunas em cor azul com seus respectivos valores, representam as precipitações anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus e por fim na parte inferior a marcação do anos em que se deu as precipitações, nota-se uma variação das precipitações anuais, sendo assim uma localidade de muita irregularidade de chuvas. Tendo a maior precipitação no ano de 1985 atingindo 1.392 mm/ano e menor índice no ano de 1990 atingindo apenas 651 mm/dia. Fonte: EMATER; EBAPE e IPA (2011).

Figura 14: Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus do ano 1991 a 2000. Os valores da coluna a esquerda representam a pluviometria que vai de 0 a 1.400 mm; as colunas em cor azul com seus respectivos valores, representam as precipitações anuais da sede do município e por fim na parte inferior a marcação do anos em que se deu as precipitações. Verifica-se a irregularidade pluviométrica, tendo seu maior índice no ano de 1997 atingindo 1.175,8 mm e com menor índice ocorrendo no ano de 1993 apresentando apenas 367,5 mm. Fonte: EMATER, EBAPE, IPA – Brejo da Madre de Deus, 2011.

968

1392

1124,7

830,4 941,5

1046,8

651

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1 2 3 4 5 6 7

Precipitação (mm)

Índecis Pluviométricos Anuais do Brejo da Madre de Deus do ano 1984 a 1990

1gvrtfbtgggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggg 1985 1986 1987 1988 1989

760,1

1139,8

367,5

895

998,6

853

1175,8

504

807

1158

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

1.400,00

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Série1

Índices Pluviométricos Anuais do Município de Brejo da Madre de Deus mm Precipitaçao

1984 1990

Page 70: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

69

Figura 15: Valores pluviométricos anuais da sede do município de Brejo da Madre de Deus do ano 1991 a 2000. Os valores da coluna a esquerda representam a pluviometria que vai de 0 a 1.400 mm; as colunas em cor azul com seus respectivos valores, representam as precipitações anuais da sede do município e por fim na parte inferior a marcação do anos em que se deu as precipitações. Vê-se uma certa regularidade pluviométrica a partir do ano de 2004 e os seis anos subsequentes, tendo com maior índice o ano de 2010 atingindo 1.326,8 mm e com menor índice o ano de 2003 alcançando os 691 mm. Fonte: EMATER, EBAPE, IPA – Brejo da Madre de Deus, 2011.

Os índices pluviométricos do município de Brejo da Madre são coletados no

escritório local do Instituto Agronômico de Pernambuco– IPA, localizando no centro

da cidade, ao lado da igreja Nossa Srª. do Bom Conselho, com os o par de

coordenadas latitude S – 08º 08’ 58‖ e longitude W - 36º 22’ 13‖olocal está a 636

metros de altitude do nível do mar. Nos índices nota-se que existe uma

irregularidade nos quantitativos precipitados do ano de 1984 ao ano 2010, tendo

com menor índice o ano de 1993 atingindo 367,5 mm e com o maior índice

ocorrendo no ano de 1985 atingindo 1.392 mm, tendo uma diferença entre o maior e

o maior índice de 1.024,5 mm, o quê representa uma extrema irregularidade.

Observando os três gráfico pluviométricos acima, vê-se que nos últimos sete anos

existem uma maior regularidade. Nos últimos 27 anos em que se mediu os índices

pluviométricos na sede da cidade têm-se uma média de 976,0 mm/anual, o que

representa uma média relativamente superior ao das médias das cidades do

semiárido nordestino, característica essa que diferencia o município em estudo do

seu entorno, sendo o mesmo localizado em um brejo de altitude, fator esse que

proporciona esses índices pluviométricos.

911,2

1048,8

691

1278,3

1149

805,1

1059,5

1167

1303,5 1326,8

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Série1Precipitação mm mm Índices Pluviométricos Anuais do Município de Brejo da Madre

de Deus

Page 71: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

70

Figura 16: Índices pluviométricos anual da sede e das áreas rurais do município de Brejo da Madre de Deus do ano 2010. O gráfico apresenta em sua coluna da esquerda os índices pluviométricos referencias de 0 a 1.800 mm, no centro, observam-se na parte superior os quantitativos pluviométricos em mm e na parte inferior as localidades onde existem pluviômetros e por fim na coluna da direita a legenda, sendo representada por cores que indicam cada região do município. Fonte: IPA e CONDESB – Brejo da Madre de Deus, 2010.

Nota-se que no gráfico acima existem colunas com quatro cores diferentes.

As colunas vermelhas representam a região brejeira (Xéu, Ladeira Preta, Cavalo

Ruço e Amaro) com índices pluviométricos mais expressivos chegando a atingir na

comunidade de Ladeira Preta 1.644 mm/ano, as colunas de cor azul representam a

região semiárida do município (Brejinho, Paridas, São Paulo, São Domingo,

Queimadas e Baraúnas) tendo os índices de chuvas de menor expressividade, com

índice na comunidade de queimadas atingindo apenas 395 mm/ano, a coluna de cor

amarela representa uma comunidade localizada na área de interface entre a região

brejeira e a semiárida, tendo seu índice de chuva alcançando 1.128 mm/ano e por

fim a coluna de cor preta representa a sede do município que atingiu 1.314,8

mm/ano. No gráfico verifica-se a diferença pluviométrica de diferentes regiões do

município em especial o quantitativo pluviométrico que atinge a região do brejo de

altitude.

1.636,5 1.644,0

1.360,5

1.396,5

1.314,8

1.128,0

866,0

716,5 753,0

510,6 519,5

395,0 481,0

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800 Legenda:

Região do Brejo de

Altitude

Sede Municipal Área de transição Região Semiárida

Índices Pluviométricos do município de Brejo da Madre de Deus - PE

mm

1.326,88

Page 72: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

71

6.8 Características Agropecuária e Fundiária do município de Brejo

da Madre de Deus

A Agropecuária contribui com 9,754% (Fonte – IBGE – Censo 2007) do

Produto Interno Bruto do Município. Exploram tradicionalmente as culturas de milho

e feijão, especialmente nos Distritos de Mandaçaia, Fazenda Nova e praticamente

em todo setor centro norte do município.

A área na região Brejeira, antes densamente coberta por fruteiras, café e

mandioca, encontra-se hoje bastante descoberta, sendo transformadas em

pequenas áreas de cultivo de hortaliças ( coentro, alface, cebolinha, chuchu, etc), a

prática de agricultura orgânica vem sendo uma atividade implantada em pequenas

áreas e como principal atividade agrícola o cultivo de banana da variedade Prata e

Prata Pacovã que possui prática de manejo tradicional com baixo nível tecnológico,

a atividade que vem tendo destaque é a produção de morango cujo área se estima

aproximadamente 4 hectares com bom nível tecnológico na irrigação, adubação,

preparo do solo e outras práticas de cultivo. Na região também vêm surgindo a

atividade pecuária com a criação de gado bovino para corte, nas áreas com alto

declive o que vem causando degradação física do solo.

Áreas ribeirinhas ao Rio de Tabocas pertencentes aos Distritos de Barra do

Farias e Mandaçaia apresentam predominância do criatório bovino, especialmente

leiteiro. Há no Município uma tradição de mais de 40 anos no que concerne à

disseminação da prática de agricultura irrigada, exercendo influência nessa área

sobre os Municípios de Belo Jardim e Jataúba, com predomínio das culturas de

repolho, tomate, cenoura e beterraba, já tradicionais no município de origem e nos

demais. Face às secas cíclicas ocorridas com maior frequência na região, essas

culturas, que constituíam a base econômica do município, chegou-se a explorar a

cenoura em três plantios anuais, perfazendo uma área física de cerca de 300

ha/ano, ocorreu um sensível declínio chegando-se a estimar (ano de 2010) a área

de cenoura, em 50 ha.

Page 73: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

72

Produção Agrícola Municipal no ano de 2009

CULTURAS Área colhida

(ha)

Quantidade

produzida

(t)

Rendimento

médio

(kg/ha)

Valor (R$1,00)

Tomate 65 2.600 40.000 1.690.000,00

Feijão

(em grão)

900 92 102 110.000,00

Milho

(em grão)

800 192 240 86.000,00

Banana 350 210 600 18.000,00

Mandioca 10 60 6.000 8.000,00

Castanha de

Caju

30 6 200 5.000,00

Café

(beneficiado)

20 6 300 16.000,00

Mandioca 30 180 6.000 31.000,00

Manga 6 6 1.000 3.000,00

Batata Doce 10 50 5.000 30.000,00

Quadro 06: Produção Agrícola do município de Brejo da Madre de Deus do ano de 2009. Na primeira coluna vê-se a descriminação das culturas agrícolas de destaque do município, na segunda coluna relaciona-se o total de área colhida em hectares, na terceira coluna verifica-se a quantidade produzida em Kg, na quarta coluna observa-se o rendimento médio em Kg/ha e por fim vê-se na última coluna o quantitativo em reais (R$) por cada cultura. Na tabela verifica-se que a cultura que ocupou mais áreas foi o feijão atingindo 900 ha e o milho atingindo 800 ha, mas essas culturas apresenta uma baixa produtividade pela técnica rudimentar de cultivo. Já a atividade que gerou mais resultados econômicos foi o cultivo de tomate atingindo R$ 1.690.000,00 reais, sendo essa atividade desenvolvida por agricultores empresariais e de outros municípios em sua maioria. E a cultura mais expressiva na região brejeira foi a cultura da banana atingindo 350 hectares. Fonte: IBGE, Censo 2009.

Efetivo dos rebanhos no ano de 2009 REBANHOS Efetivo

Bovinos 9.300

Suínos 2.320

Caprinos 4.400

Ovinos 4.800

Asininos 350

Muares 380

Equinos 400

Galos, frangas, frangos e pintos 30.500

Galinhas 2.300

Vacas Ordenhadas 1.600 Quadro 07: Rebanho pecuário do município de Brejo da Madre de Deus em 2009. A coluna da esquerda descrimina as espécies animais e da direita o quantitativo do efetivo animal. Nota-se que o rebanho de animais que apresenta maior efetivo é de aves (Galos, frangas, frangos e pintos) com 30.500 animais que são produzidos por diversas famílias de agricultores familiares, já o rebanho bovino totaliza 9.300 animais entre macho e fêmeas. Fonte: IBGE, Censo 2009.

Page 74: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

73

Com relação a situação fundiária do município a quantidade de propriedades

existentes no município chega a 1.620 (IBGE, 2006) propriedades registradas,

concentrando essa quantidade nas pequenas propriedades. Em 1995 a maior

concentração no número de propriedades estava nas áreas de menos de 10

hectares com quase 80%.

Estabelecimentos, por grupos, de área total

Total Menos de10

10 a menos

de 100

100 a menos de

1000

1000 a menos de

10.000

Mais de 10.000

1.780 1.263 455 61 1 0

Quadro 08: Quantitativo de propriedades (por áreas) do município de Brejo da Madre de Deus. Na primeira coluna nota-se o total de propriedades registradas, na segunda coluna o total de propriedades com menos 10 hectares, na terceira coluna o total de propriedades com áreas entre 10 à 100 hectares, na quarta coluna o total de propriedades entre 1.000 á 10.000 hectares por fim a coluna com total de propriedades que ultrapassa 10.000 hectares. Nota-se que o maior quantitativo de propriedades está em áreas com menos 10 ha totalizando 1.263 propriedades o quê significa que o município tem sua maioria das propriedades de pequenas áreas pertencentes a agricultores familiares e que apresentam menos de quatro módulos fiscais (cada módulo fiscal são 20 ha na região) as mesmas se enquadrando dentro das características do PRONAF – Programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar. Já com relação a latifúndios existem 62 propriedades e apenas uma com mais de 1.000 ha. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário / BDE – Base de Dados do Estado (Período de referência: 1995).

Page 75: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

74

7 Características do brejo de altitude do Município de Brejo da

Madre de Deus

Nessas porções úmidas que ocupam a parte sul do município com

aproximadamente 70 km², localiza-se o objeto de estudo, denominado Região

Brejeira, na qual, constitui uma área de exceção, com cotas altimétricas variando de

700 m à 1.100, (1195 alguns autores) m de altitude. Por conta da altitude e

consequente umidade, prevalece uma flora com características fisiográfica de

enclaves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região

semiárida cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática

bastante atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco

conhecimento sobre sua vegetação e ecologia (Lins, 1979).

A região possui apenas um distrito, Cavalo Ruço a 4 Km da Sede, onde existe

infraestrutura de calçamento, posto de saúde, escola. Segundo as informações da

técnica em enfermagem do Posto de Saúde da Família – PSF, na região do brejo de

altitude existem 892 famílias, totalizando uma população de 3.568 habitantes.

Figura 17: Vê-se um logradouro rural pavimentado localizado no distrito de Cavalo Ruço na região brejeira. Nota-se a pavimentação com calçamento, sistema de eletrificação, telefone público, posto de saúde familiar – PSF, essa comunidade funciona como sede da região brejeira tendo alguns serviços básico, também verifica-se a presença na margem esquerda do cultivo de banana que é a principal atividade agrícola da região. Latitude S – 0810’28‖ ;Longitude W – 36º23’02‖ as cotas altimétrica nesse local atinge781 m de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.

Page 76: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

75

Os demais povoados são sítios sem infraestrutura básica, alguns tendo apenas

grupo escolar. São as localidades que compõe a região brejeira: Conceição, São

Francisco, Genipapo, Preguiça, Xéu, Almas, Rosário, Piedade, Ladeira Preta, Santa

Rosa, Bitury, Cajueiro, Bituriznho, Cavalo Ruço, Livramento, Pacote, Cafundó, Boa

Vista, Pedra Grande, Amaro, Chã do Amaro, Teixeira, Navalha de Cima, Boi, Lages,

São Gonçalo, Arara de Dentro e Navalha de Baixo. O escritório local do Instituto

Agronômico de Pernambuco – IPA, estima uma quantidade de propriedade nessa

região, em torno das 200 unidades produtivas, um pouco mais que 10% do total

municipal.

Figura 18 e 19: Figuras representativas do município de Brejo da Madre de Deus e da região brejeira. A esquerda, destaque para o município Brejo da Madre de Deus, a direita mapa do município com a área da região brejeira em verde. Vê-se o tom de verde claro ao mais escuro que a medida que escurece a cor a altitude se eleva, nota-se que existe uma área pontilhada em verde que representa a área de preservação da Mata Atlântica através de uma Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN, na parte superior em roxo nota-se parte da sede municipal, tanto nas áreas esquerda, direita e central verifica-se em cor azul as nascentes que dão vida aos rios que cortam o município. Fonte: Beth/CONDESB, 2010.

Page 77: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

76

7.1 Características naturais do brejo de altitude da Madre de Deus

A vegetação natural da região brejeira é a mata Atlântica subcaducifólia, que

praticamente não existe mais, sendo substituída pelas atividades agrícolas e

pecuárias ou pelo simples desmatamento para uso da madeira. Hoje existe uma

Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, essa área ocupa uma área de

173 Ha na localidade do Biturí, sendo essa a única reserva de preservação na

região brejeira.

Fgura 20: Vê-se uma paisagem da vegetação da região brejeira. Ao fundo uma Reserva Particular do Patrimônio Natural– RPPN do Bituri com mata atlântica verde e densa, sendo a vegetação original dessa região do brejo de altitude, localizada no sítio Bituri com coordenadas: Latitude S- 08º11’556‖; Longitude W- 36º23’457‖ e altitude de 990 metros. Fonte: Henágio José da Silva

Os recursos hídricos na região brejeira são bastante presente e abundante,

existem várias nascentes perenes bem distribuídas em toda região brejeira que são

utilizadas para consumo humano e abastecem os rios do município Laranjeira,

Tabocas e Açudinho.

Page 78: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

77

Figura 20: Foto de uma nascente na região brejeira. No centro uma nascente d’água na localidade Sítio Ponteiro. A nascente é uma área de preservação permanente – APP, que por lei deveria está florestada em sua margem. Mas, nota-se que existe uma grande degradação do espaço pela retirada da vegetação e substituição pela pastagem, também percebe-se que existe um pisoteio proveniente da pecuária bovina e uma coloração da água anormal com características mistura com barro. Fonte: Beth / CONDESB, 2010.

Na localidade de Santana existem duas barragem que abastecem o

município, ambas administrada pela COMPESA, o rio mais expressivos da região é

o Laranjeira que nasce na localidade de Cavalo Russo e passa por dentro da cidade.

Todos recursos hídricos do município tem suas origem na região brejeira o a torna

uma área especial e que deve ser bem preservada. Praticamente todas as

nascentes, rios, riachos estão desprotegidas, pois suas matas ciliares já foram

removidas, um projeto recentemente executado pelo Conselho de Desenvolvimento

Sustentável – CONDESB e financiado pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA,

para reposição das matas ciliares desses olhos d’águas.

Page 79: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

78

Figura 21: Vê-se a barragem de Santana II, na localidade de Santana, barragem sob administração da COMPESA que proporciona o abastecimento da cidade do Brejo da Madre de Deus - PE. Nota-se que a barragem está em uma área estratégica, sendo posicionada em um vale, assim aproveitando a drenagem que o vale propõe. Também vê-se em toda margem da barragem o nível de degradação tendo quase toda vegetação original retirada e uma área de queimada, área que deveria ser de preservação permanente – APP. A barragem localiza-se entre o par de coordenadas: Latitude S -08º10’517‖, Longitude w- 36º22’192‖, atingindo uma altitude de 791. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

A área é fortemente ondulada o que impossibilita a prática da agricultura e

muito menos da pecuária. A região possui várias serras com cotas altimétricas que

ultrapassam os 1000 metros, como a Serra da Prata com seus 1050 metros, a Serra

do Ponto com 1195 metros e a Serra do Estrago com 895 metros de altitude.

Figura 22 e 23: Paisagens naturais comuns na região brejeira com serras. Na imagem 22 ao fundo vê-se a Serra da Prata, nota-se a forte ondulação da região e nível de perda de vegetação para implantação de pastagem para exploração da pecuária bovina. Na imagem 23 observa-se em segundo plano a Serra do Ponto maciço cristalino do período pré-cambriano, na vista esquerda da serra corredor d’água descendo serra a baixo. Ambas localidades com respectivas coordenadas: Latitude S- 08º09’094‖,W- Longitude: 36º21’550‖e altitude de 1020 metros; Latitude S-08º09’606‖ e Longitude W- 36º23’527‖ com altitude de 1195 metros. sendo o ponto mais alto do Estado de Pernambuco(IBGE). Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

Page 80: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

79

Pela elevação da área existem vários corredores d’água e uma delas é a

cachoeira que é um ponto de lazer para localidade, para a população municipal e

para os turistas, com corrente d’água perene denominada São Francisco.

Figura 25: Vê-se a cachoeira de São Francisco, na localidade que possui mesmo nome, cachoeira que é afluente do rio Tabocas e fonte de Lazer para população da localidade e espaço muito visitado por turistas de cidades vizinhas. Nota-se pouca vegetação nas bordas da cachoeira, retirada para uso da madeira uma vez que para a prática agrícola é inviável pelo grande afloramento rochoso-granítico. Latitude S- 08º10’040‖, Longitude W- 36º21’193‖ e com altitude de 720 metros. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.

Page 81: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

80

7.2 Características Pedológicas do Brejo de Altitude da Madre de

Deus

Segundo a Classificação de solo da EMBRAPA o solo da Região Brejeira é o

Podzólico Vermelho – Amarelo, ver mapa pedológico do município, com a nova

classificação do Sistema Brasileiro de Classificação de Solo–SIBCs da EMBRAPA

passa a ser Argissolo Vermelho - amarelo.

Figura 26 e 27: Vê-se nas duas imagens o perfil do solo Argissolo, Na foto 26 a esquerda, nota-se um corte no solo, possibilita a identificação de diversos horizontes, de cima para baixo, o horizonte O denominado orgânico, devido a alta decomposição de massa biológica; o horizonte A na representado pela vermelha. Na imagem 27 a direita vê-se de cima para baixo o horizonte ―O‖ denominado orgânico com poucos centímetros, o horizonte A com aproximadamente 25 cm de cor marrom e o horizonte B 180 cm de cor vermelho. Localização: Sítio Livramento Latitude S - 08°10'25‖, Longitude W - 36°23'11‖ – 844 Metros de altitude; Sítio Amaro Latitude S 08°10'16‖ e Longitude W - 36°23'32‖ – 951 Metros de altitude, respectivamente. Fonte: Henágio José da Silva, 2011

7.3 Características Agropecuárias do Brejo de Altitude de Brejo da

Madre de Deus

Historicamente as primeiras atividades agrícolas na região brejeira foram: o

cultivo de cana de açúcar, seguido do cultivo de café sombreado que teve sua

grande importância. No presente as principais atividades agrícolas são a produção

de olerícolas em geral (alface, couve, chuchu, cenoura, beterraba, coentro,

cebolinha) em pequenas áreas que são cultivadas nos melhores locais, pé de serra

e várzeas.

Page 82: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

81

Figura 28: Vêm-se canteiros com cultivo de hortaliças numa área de várzea, na localidade do Amaro. Atividade desenvolvida por alguns agricultores da região sempre em pequenas áreas que são colhidas e comercializadas na feira da sede e em outras cidades. Latitude S - 08°09'43‖ ; e Longitude W - 36°24'01‖ – 901 metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

O cultivo da banana é a principal atividade, existindo em quase todas

unidades produtivas, o manejo é tradicional com práticas arcaicas, sem pouca

inovação tecnológica no cultivo, sendo os bananais antigos com baixa produtividade.

Figura 29: Vê-se o cultivo de banana com tratos culturais precários, na Localidade do Amaro. Atividades que ocupam a maior área dentre as culturas cultivadas: Latitude S - 08°10'09‖ e Longitude W - 36°23'42 – 941metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva.

Uma atividade que vem surgindo na região por apresentar condições

edafoclimáticas favoráveis ao cultivo é a produção do morango, que possui bom

padrão tecnológico com uso de irrigação localizada, preparo do solo com base na

análise do mesmo, com mulching para proteção dos frutos e interrupção do

nascimento de ervas daninhas e uma adubação adequada.

Page 83: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

82

HX HJUE HDE HJE

Figura 30 e 31: Vê-se nas duas imagens a atividade no processo do cultivo de morango, na foto 30 preparo do solo (adubação orgânica, levantamento de canteiros) para cultivo do morango e na imagem 31 a cultura do morango implantada com utilização de mulching (plástico branco utilizado para evitar o contato do fruto do morangueiro com o solo, evitar a infestação de ervas daninhas e manter a umidade do solo) e limpeza da cultura, retirando folhas velhas e afetadas por pragas. Localidade do Amaro, Latitude S- 08°09'50‖ e Longitude W- 36°23'56 – 909 metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.

Também a produção de hortaliças de forma orgânica se destaca na região

atualmente três produtores cultivam nesse sistema as mais diversas variedades de

hortaliças e frutas.

Uma atividade relativamente recente na região é a pecuária bovina de corte,

que vem tomando grande espaço nesse cenário de brejo de altitude, em sistemas

semiextensivo de criação, com áreas desmatadas nas serras para implantação de

capim para pastejo dos animais, sendo atualmente uma das atividades que mais

ocupam os solos da região.

Figura 32 e 33: A esquerda uma serra na localidade do Amaro, observa-se que a área foi bastante degradada por desmatamento e revertido em pasto para pecuária bovina de corte, tornando o solo exposto a aceleração do intemperismo - erosão.É possível observar blocos rochosos ―matacões‖ em processo de deslizamento devido a declividade da encosta. A direita uma outra área degradada com processo erosivo inicial para o desenvolvimento de voçorocas, em primeiro plano é possível observar um sulcamento do solo em seu estágio inicial. Localidade do Sitio do Amaro: Latitude S- 08°09'50‖ e Longitude W- 36°23'56‖, nesse local as cotas altimétricas atingem em média 900 metros de altitude. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.

Page 84: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

83

7.4 Desgaste e uso inadequado do solo no Brejo de Altitude da Madre de Deus

A região do brejo de Altitude por ter muito presente em seu espaço uma

topografia fortemente ondulada, com serras, e poucas áreas de várzea nos fundo

dos vales, a prática agrícola se torna economicamente e ecologicamente inviável,

pois as atividades em encostas dificulta a mão de obra, uso de máquinas e se

desgasta com maior facilidade causando a diminuição da produtividade de qualquer

atividade agrícola implantada nesses locais. Apesar dessas condições topográficas

o homem insiste em utilizar esses espaços para produção agropecuária.

A maioria dos agricultores tem em suas propriedades diversos estágios de

degradação do solo causado pelo uno inadequado desse recurso natural. O cultivo

de ladeira a baixo nas encostas das serras, o desmatamento descontrolado nos

topos dos morros e nas proximidades dos espelhos d’águas que são Áreas de

Proteção Permanente – APP’s, causam o desgaste do solo. A atividade pecuária de

criação de bovino de corte que vem causando grande pressão aos espaços úmidos

do brejo de altitude, com a retirada da vegetação que nem mais é a original para

inversão com capim para pastejo animal, na maioria das vezes em áreas impróprias

para essa atividade, que são implantadas nas encostas das serras, causando

primeiro a descoberta do solo no período do desmatamento, em seguida o pisoteio

bovino acarretando a compactação do solo o que facilita o escorrimento das águas

da chuva provocando erosões por sulco com posterior voçoroca.

Figura 34 e 35: Vê-se na foto da esquerda uma área de pastejo com sinais iniciais da evolução da erosão em estágio de sulcamento, na outra foto processo erosivo consolidado em pleno estágio de sulco, iniciando o processo final ―voçoroca‖. Nas respetcivas localidades: Cajueiro e Santana, ambas na região brejeira. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

Page 85: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

84

Também o uso da argila para produção de tijolos manuais vem causando

impactos no solo, uma vez que não se faz nenhum estudo para uma retirada

controlada desse recurso. Causando a degradação do solo por desprotegê-lo

retirando a vegetação e cortando as barreiras expondo as camadas inferiores do

solo.

Figura 36: Observa-se empilhamento de tijolos e telhas de barros fabricados por uma olaria de fabrico manual, em outro momento os tijolos são queimados para dar mais dureza e consistência e uso nas construções. Esse processo e bastante impactante, uma vez que sua fabricação exige desmatamento para retirada do barro, e em outro momento o uso da madeira para queima do tijolo. Essa atividade sem uma política adequada de manejo vem impactando as condições naturais do brejo pela diminuição da cobertura vegetal. Localidade Sitio do Escorrego. Latitude S –08º09’252‖, Longitude W – 36º22’157‖ e cota altimétrica de 650 metros. Fonte: Henágio José da Silva, 2010.

Page 86: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

85

8 O caso do Comunidade Amaro

A comunidade do Amaro está situada na Região Brejeira do Município

distante de sede 9 Km no sentido sudoeste. Entre as Coordenadas Latitude S –

08º10’12‖ e Longitude W – 36º23’ 38‖ em 935 metros de altitude no seu ponto inicial

tendo como base a sede do município e as coordenadas Latitude S – 08º08’53‖ e

Longitude W – 36º24’ 21‖ em 919 metros de altitude. Segundo o IPA – LOCAL a

comunidade possui 42 famílias com aproximadamente 200 pessoas morando na

localidade, tendo 60% dos homens e 40% das mulheres.

Figura 37: Região Brejeira do município de Brejo da Madre de Deus. Vê-se em tom verde claro a escuro a área de brejo de altitude com suas respectivas comunidades. Na área em destaque, com uma seta e um círculo tracejado, na parte de cima da figura observa-se a área do Amaro (objeto de estudo). Fonte: Beth / CONDESBE

Com relação aos serviços básicos na comunidade destaca-se que existe um

agente de saúde que faz monitoramento na comunidade, um grupo escolar com

ensino fundamental até a 4ª série, não existem saneamento nem sistema de

abastecimento de água, as famílias se abastecem de água através das nascentes

locais e o sistema de esgotamento é particular com fossas sépticas, existe sistema

Page 87: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

86

de eletrificação trifásica em toda comunidade atendendo aos domicílios e a

produção agrícola. Como saneamento básico encontramos algumas casas com

fossa séptica (IPA, 2010 - PAM - Plano de Ação Municipal).

A comunidade apresenta um grande potencial hídrico com nascentes e um rio

perene, o Rio Amaro. Apesar de não haver reservatórios de grande porte, há

abundância de água. A vegetação de mata atlântica é explorada insustentavelmente

com praticamente todo formação primária já retirada, a topografia bastante

acidentada, mas com áreas próximas aos afloramentos rochosos, propícias para o

cultivo, as várzeas. A atividade agrícola explorada no Amaro é bastante diversificada

entre frutas, legumes, raízes, entre elas se destacam: banana, morango, manga,

abacate, laranja, chuchu, cenoura, repolho, batata doce, cebola, cebolinha, coentro,

macaxeira, inhame, beterraba, etc. Há dois produtores de hortaliças orgânica

associado a organização Terra Fértil – associação dos produtores orgânico do

município, mas o destaque principal na produção agrícola é o cultivo de banana

ainda em sistema com pouca tecnologia e plantios antigos e a produção do morango

com tecnologia moderna, irrigação, adubação e tratos culturais. Com relação a

atividade pecuária hoje se destaca a criação de bovinos num sistema semiextensivo

que hoje ocupa uma grande área da localidade. O desgaste do solo vem sendo um

grande problema na comunidade, principalmente pela ocupação das terras com alto

declive pela prática agrícola e principalmente pela pecuária nas áreas de pastejo.

Figura 38: Vê-se uma paisagem comum na comunidade do Amaro. Na parte superior a rocha cristalina do período pré-cambriano conhecida como Serra do Ponto, em sua base produção de hortaliças e em sua encosta pasto para criação bovina em área de declive. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

Page 88: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

87

9 MATERIAL E MÉTODO

Essa pesquisa foi realizada em duas fases distintas, uma primeira relacionada

coleta de materiais abrangendo pesquisa bibliográfica, nessa visa coletar material já

publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente

com material disponibilizado na Internet, relacionado ao tema a ser pesquisado, para

apropriação teórica do conteúdo e composição do mesmo.

Em outro momento, a pesquisa foi realizada no estudo de caso da

comunidade do Amaro, região brejeira do município, visitou-se todas as

propriedades da comunidade, totalizando 21 propriedades, onde foi entrevistado um

dos membros da família. Utilizou-se uma ficha de pesquisa com 14 questionamentos

diretamente ligados as formas de uso da terra pelos agricultores. A pesquisa de

campo foi fundamental para testar a hipótese, buscando as possibilidades de

identificar no município de Brejo da Madre de Deus a causa relacionada a

degradação do solo por impactos ambientais , a saber, queimadas, desmatamento,

uso de herbicida e técnicas de produção, irrigação, curva de nível e aração,

condições que foram detectadas em campo, porém com perfil bastante particular

discutido e exposto nos resultados.

Quanto as dificuldades encontradas na pesquisa, foi encontrar um método

para organização dos dados de campo e sua posterior interpretação.

Page 89: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

88

10 RESULTADOS

Ao analisar os dados de campo que elucidou o perfil de uso de solo no sitio

Amaro, foi possível estabelecer duas categorias de analises, uma primeira

relacionada ao uso de solo e seus consequentes impactos ambientais (Quadro 9) e

as técnicas ou práticas agrárias(Quadro 10).

PERFIL DE USO DE SOLO NO SITIO AMARO –IMPACTOS AMBIENTAIS

Área Hectare

N° de Proprie dades

Queimadas Herbicida Desmata mento

Pecuária em declive

Agricultura em declive

0,5 a 10 12 3 6 7 7 9 11 a 20 5 3 3 1 5 4

21 a 30 3 0 2 1 2 3 + de 31 1 0 0 0 1 1

Total/% 21/100 6/29 11/52 9/43 15/71 17/81

Quadro 09: Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

Quanto aos impactos ambientais, por exemplo o que se percebeu em campo,

encontram-se as práticas agrícolas e pecuária, como são os casos das queimadas.

A prática da queimada, presente na terceira coluna do (quadro 09), A

queimada é uma técnica bastante utilizada para o preparo do solo antecedente ao

plantio. Essa técnica causa alterações químicas e biológica no solo, expõem os

solos as intempéries do tempo, facilitando os processos erosivos, atingem 29% das

propriedades, sendo mais comum nas de área com menos de 20h.

Page 90: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

89

10.1 Utilização da técnica da queimada para preparo do solo

Figura 39: Vê-se o gráfico da utilização da técnica da queimada pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

A intenção dos agricultores na utilização da técnica da queimada,

compreende na diminuição da mão-de-obra, sendo na localidade muito escassa e a

agilidade no processo que antecede o plantio, sendo uma técnica barata e eficaz

para o que se deseja. Alguns poucos agricultores ainda pensam que a queimada

traz benefício para prática agrícola, boa parte dos agricultores tem a consciência dos

prejuízos que provocam a queimada, mas mesmo assim utilizam essa técnica.

Figura 40: Vê-se o gráfico dos motivos do uso da queimada no Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

29%

71%

Utilizam a técnica da Queimada

SIM

NÃO

0

1

2

3

4

5

6

7

Varorece oplantio

Diminui amão de obra

Agiliza oplantio

Sabe que éprejudicial

2

7 7 7

Motivos da Queimada

Page 91: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

90

10.2 Uso de herbicida para combate do mato

Quanto ao uso de herbicida verifica-se que 52% dos agricultores utilizam esse

insumo para a prática agrícola, sendo mais comum nas propriedades entre 11 a 30

hectares. O uso do herbicida é uma prática que vem crescendo nas atividades

agrícolas, muitas vezes substituindo a queimada. Na comunidade do Amaro esse

uso, é uma prática de um pouco mais que a metade dos agricultores proprietários,

um fator que diminui essa prática na comunidade é as culturas plantadas bananeira

e pastagem que não necessitam o uso do herbicida.

Figura 41: Gráfico do uso de Herbicida pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

48%

52%

Uso do Herbicida

SIM

NÃO

Page 92: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

91

10.3 Desmatamento em áreas de serra

Dos 21 agricultores proprietários pesquisados 9 fazem desmatamento nas

áreas impróprias para prática agropecuária o que equivale a 43% do total de

agricultores e 12 não utilizam novas áreas com o desmatamento, sendo mais

comum nas propriedades menores de 10 hectares em que são relativamente

pequenas e os agricultores anseiam explorar todo espaço. Apesar de poucos

realizarem desmatamento na comunidade é importante enfatizar o nível de

desmatamento que existem na localidade, praticamente todas as áreas já não mais

possuem vegetação original, por esses motivos há poucos desmatamentos, tendo

em vista que as propriedades já estão desmatadas.

Figura 42: Gráfico do desmatamento em áreas de serras na comunidade do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

9

12

SIM

NÃO

Desmatamento em Áreas de Serra

Page 93: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

92

10.4 Desmatamento para Cultivo As Áreas de: Topo De Morro, Encosta, Margem de Rio, Cacimba, Etc. Os agricultores que desmatam as áreas impróprias para o uso na

agropecuária na comunidade do Amaro, segundo os mesmos admitem desmatar

porque querem utilizar toda a área da propriedade, outro motivo citado foi porque os

agricultores só tem aquelas áreas para a prática agropecuária, principalmente por

serem essas propriedades de dimensões relativamente pequenas, outros citam

serem as melhores áreas e outros acham que não faz mal o uso de terras situadas

em áreas de preservação permanente.

Figura 43: Gráfico dos motivos em que os agricultores desmatam áreas de preservação permanente. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

0

2

4

6

8

10

12

14

Não Faz Mal Só tem essaárea

Queraproveitar

todo terreno

São asmelhores áreas

3

8

13

5

Desmatamento em Áreas de Serras

Page 94: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

93

Quanto a segunda categoria relacionam-se as práticas ou técnicas agrárias,

como é o caso da irrigação, aração de solo, e curva de nível (Quadro 10).

PERFIL DE USO DE SOLO NO SITIO AMARO – TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

Area Hectare

N° de Propriedade

Curva de nível

Aração Irrigação Pecuária em declive

Agricultura em declive

0,5 a 10 12 1 9 6 7 9

11 a 20 5 0 4 3 5 4 21 a 30 3 0 2 2 3 4

+ de 30 1 0 1 0 1 1

Total/% 21/100 1/8 16/76 11/52 15/71 17/81 Quadro 10: Perfil de uso de solo no sitio amaro – técnicas de produção.

Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

10.5 Prática da curva de nível

A curva de nível é uma técnica antiga de conservação do solo, usada

para possibilitar a redução dos processos erosivos, todas as áreas com declive

devem ser usado curva de nível que pode ser realizada com uso de máquinas de

precisão como teodolito ou por aparelhos adaptados e de simples confecção e uso

como o pé-de-galinha. Nota-se que mais de 95% dos agricultores da comunidade do

Amaro não utilizam essa técnica. Por as áreas serem de constante declive, todos os

agricultores deveriam utilizar a técnica da curva de nível para manter a integridade

física do solo.

Figura 44: Gráfico sobre a utilização da técnica de curva de nível pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

1

20

SIM

NÃO

Uso da Curva de Nível

Page 95: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

94

10.6 Aração do solo e qual tipo

Nota-se que a forma de aração é adota por 76% dos agricultores do sítio

Amaro, sendo mais comum nas propriedades de dimensão entre 0,5 e 20 hectares.

A forma mais praticada pelos agricultores do Amaro é a utilização de tração animal,

motivo principal pela forte declividade das áreas o que dificulta a aração por trator.

Na verdade só deveriam ser aradas as áreas de várzeas, pois a aração em área de

declive facilita o processo de erosão. Percebe-se ainda o uso de força humana para

revolver o solo com a utilização de enxada. Por fim existem agricultores que não

usam aração, motivo esse porque os solos já estão ocupados por bananeiras e

pasto para bovino.

Figura 45: Vê-se o gráfico das formas de aração de terra na comunidade do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011

0

5

10

15

20

Trator Tração Animal Enxada Não Faz

0

16

6 4

Aração de Terra no Amaro

Page 96: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

95

10.7 Forma de Irrigação utilizada pelos agricultores

Nota-se que a irrigação é adotada por 52% dos agricultores do sítio Amaro e

que mais comum nas propriedades de dimensão entre 0,5 a 20 hectares. A forma de

irrigação mais utilizada é a de aspersão, esse tipo de irrigação causa muito dano ao

solo, pois os jatos d’água lançados pelo aspersores são grossos causando impacto

e desagregação das partículas do solo facilitando os processos erosivos. Na

comunidade inicia-se o uso de irrigação localizada por microaspersão que lançam

jatos d’água pequenos e finos causando pouco dano ao solo, pois não desagregam

as partículas do solo.

Figura 46: Gráfico da forma de irrigação adotada pelos agricultores do Amaro. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

10

7

0

5

0 2 4 6 8 10 12

Aspersão

Microaspersão

Mangueira

Não usa

Utilização de irrigação no Amaro

Page 97: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

96

10.8 Trabalho agrícola nas áreas de alto declive

A região por ser de constante declividade os agricultores utilizam bastante

essas áreas, mais de 80% dos agricultores utilizam esses espaços de declive para a

prática agrícola. Para o cultivo agrícola essas áreas são de extrema fragilidade, pois

os processos erosivos em declive acentuado são acelerados pela força da

gravidade, também essas áreas deveriam ser de preservação mantendo a

vegetação original que quase não existem mais. Nota-se que o uso das áreas de

declive para a agricultura é com em praticamente todas as dimensões de

propriedades, não tendo uma faixa de tamanho de propriedade que seja mais

representativo para esse uso.

Figura 47: Observa-se o gráfico das atividades dos agricultores realizadas em área de declive. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

17

4

Sim

Não

Utilização das terras em áreas de declive acentuado

Page 98: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

97

10.9 Pecuária em área de alto declive

A utilização de áreas de alto declive para a atividade pecuária vem se

tornando uma prática comum na comunidade do Amaro, tendo 71% dos agricultores

envolvidos nessa atividade em áreas impróprias, sendo mais comum nas

propriedades de dimensão entre 11 a 30 hectares por serem relativamente grande

nessa região.

Sobre os motivos em que os agricultores implantam as áreas de pastejo para

os bovinos, 15 criadores utilizam dessas áreas por que querem aproveitar todo

terreno, dessa forma utilizam áreas impróprias para essa prática, 10 criadores

disseram que usam as áreas declive acentuado por que as terras são pequenas e

só possuem aquelas áreas, 10 agricultores enfatizaram que as áreas de declive são

as melhores áreas do terreno para a criação de bovinos e 3 criadores falaram que

utilizar áreas de declive não causa nenhum problema para o solo.

Figura 48: Observa-se o gráfico dos motivos em que os agricultores realizam pastos em área de declive. Fonte: Henágio José da Silva, 2011.

3

10

15

6

Acha que não faz mal

So tem essa área

Quer aproveitar todoterreno

São as Melhores áreas

Porque faz Pasto em Área de Declive

Page 99: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

98

11 CONCLUSÃO

Diante da análise em decorrência dos dados obtidos chega-se ao resultado

que no Brejo de Altitude do Município de Brejo da Madre de Deus, particularmente

no estudo de caso da comunidade do Amaro que:

O uso de técnicas arcaicas de preparo do solo com a queimada e o uso de

herbicida como técnica moderna para combate das ervas daninha estão

proporcionando o desgaste do solo diminuindo a vida microbiana e matéria

orgânica como também favorecendo a retirada da cobertura do solo expondo-

o as intempéries do clima;

Os solos estão sendo usados de forma imprópria, incompatível no que diz

respeito as normas de conservação de solo e preservação ambiental através

da retirada da cobertura vegetal original das áreas de declive acentuado;

O uso de técnicas de produção agrícola como irrigação que está sendo

utilizada em áreas de declive acentuado e com sistema de irrigação em sua

maioria dos casos com aspersão que causa o desagregação das partículas

do solo e aração do solo que mesmo sendo a tração animal facilita os

processos erosivos;

A falta de utilização de técnicas de conservação de solo como a curva de

nível que possibilita a diminuição do desgaste do solo por erosão;

As culturas implantadas em áreas de alta declividade estão possibilitando a

eficiência do processo erosivo, causando o enfraquecimento do solo e a

perda da produtividade;

A atividade pecuária bovina está ocupando espaços indevidos para essa

prática que apresenta condições edafoclimáticas desfavoráveis para a

mesma.

Page 100: TCC de Geografia  Henágio José da Silva-Ano: 2011

99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

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Ficha de Pesquisa - Utilização de técnicas para uso do solo na Agricultura

Nome:

Localidade:

Georeferenciamento:

S - W-

Área da Propriedade:

Há quantos anos trabalha no local:

1 - Práticas de cultivo:

a) Faz aração do solo: ( ) Trator ( ) Tração animal ( ) Enxada ( )não faz

b) Trabalha nas áreas de alto declive: ( ) sim ( ) não

c) Usa irrigação: ( )aspersão ( ) microaspersão ( ) mangueira ( ) não usa

d) Faz curva de nível: ( ) sim ( )não

e) Faz queimada para preparo do solo ( ) sim ( )não

f ) Usa herbicida para combate do mato ( )sim ( )não

g) Faz desmatamento: em áreas de serra ( ) sim ( )não

Conhece as técnicas de conservação do solo: ( )sim ( ) não Quais:

Conhece as leis do código ambiental ( ) sim ( ) não

Porque desmata para cultivo, as áreas de topo de morro, encosta, margem de rio, cacimba, etc. ( ) Acha que não faz mal ( ) Só tem essa área ( ) quer aproveitar todo terreno ( ) são as melhores áreas

Recebe alguma orientação de técnicos do governo ou de outras instituições sobre conservação de solo: ( ) sim ( ) não De qual?

Já buscou informações sobre conservação de solo nos órgãos de assistência técnica ( ) SIM ( ) NÃO QUAL?

Quais as principais culturas trabalhadas? 1- 2- 3-

Tem atividade Pecuária: ( ) Bovino ( ) Caprinovinocultura ( ) Nenhuma

Por que faz pasto em área de alto declive: ( ) Acha que não faz mal ( ) Só tem essa área ( ) quer aproveitar todo terreno ( ) são as melhores áreas

Percebeu a redução da produtividade de seus produtos: ( ) sim ( ) não

Porque queima: ( )É melhor para as plantas ( ) Diminui a mão de obra ( ) Agilizar o plantio ( ) Sabe que prejudica o solo, mas faz

Percebe seu solo se desgastando ( ) sim ( ) não De quê norma: