revista a festa
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temos
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visão
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hora.
Sabemos
q u e
é
c i e
tumulto
e
d e incerteza
c
d . :
confusão
d e
valores.
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d e
victoria
d o
arriv ismo.
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d e
graves
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para
o
homem.
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sabemos,-também,
q u e
não
é
esta
a
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c i e agonia
e
inquietude
q u e
a
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vive.
A
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dansa
a
sua
dansa
eterna
n u m
velho
rythmo
e m
d o i s
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todas
a s
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interiores
s e
equilibram,
o s
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sao
luminosamente
serenos.
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o
que
nesses gestos
parecia
u m
esplendor
su -
premo
d e
beeza
o u
d e verdade
não
era
senão
u m
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ephemero
d a
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exsurgem
das
profundezas
d o
ser
Ímpetos
bruscos
e
imrevstos,
que
trazem
a
insatisfação —
a angustia,
a
febre,
e
quebram
o s
compassos
harmoniosos,
e
fazem
pensar,
aos
q u e
s e
esqueceram
d e
Deus,
qu e
tudo
está
perddo M
—
mas
que
são,
e m
verdade,
ondas
desconhecidas
d e
energia
para
a
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d e
u m
equilíbrio
novo
e
d e
outra
mais
alta
serenidade...
N ó s
temos
a
comprehensão
nitida
deste
momento.
Deste
momento
n o
mundo
e
deste
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h o
Brasil .
Vemos,
l á
fora
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a q u i
dentro,
o rodopio
d o s
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mentos
e m
torvelinho
t rági co .
E
a s investidas
reiv indicado
ras
dos
appetites
que
s e
disfarçavam
e
agora
s e
desencadeiam
€ 4 T 4 - 4 u r 4 c h -
na
ingênua
i l lusão
d e
q u e
a s
barreiras
que
a
cor-
tinham
tombaram
para
sempre.
i V l a s
vemos
igualmente
o s
espíritos
legitimos
n o
sei-
posto
uTimutavel,
E
apuramos
o
ouvido
a o
brado
d e
alerta
das
sen-
tmellas
perdidas.
E
sentimos
á
f l o r
d o
solo
o
frêmito
das
subtér-
raneas
correntes
d e
força
viva,
que
serão
captadas
p e l a
sabedoria
divina
n a
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pré-
xima
d a s
construcções
admiráveis .
A
arte
é
sempre
a
primeira
que
f a l a
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annun-
ciar
o
q u e
virá .
E
a
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momento
é
u m
canto
d e
alegria
uma
reiniciação
n a
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uma
promessa
d e
esplendor.
Passou
o
profundo
desconsolo
românt i co .
Passou
o
estéril
scepticismo
parnasiano.
Passou
a
angustia
das
incertezas
symbolistas.
O
artista
canta
agora
a
realidade
total:
a
d o
corpo
e
a
d o
espirito,
a
d a
natureza
e
a
d o
sonho ,
a
d o
homem
e
a
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Deus ,
canta-a, porém,
porque
a
percebe
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compreende
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toda
a
sua
múltipla
belleza,
e m sua
profundidade
e infinitude.
E
por
i s t o
o
seu
canto
é
feito
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intelligencia
e
d e
instincto
(porque
também
deve
ser
total)
e
é
f e i t o
d e
rythmos
livres
elásticos
e
ágeis
como
músculos
d e
athletas
velozes
e
altos
como
subtilissimos
pensamentos
e
sobretudo
palpitantes
d o
triumphò
interior
_3HgJlasce
d a s
adivinhações
maravi lhosas . . .
E
ouvimos
o
suspiro
d e
aílivio
d a
mediocr idade
finalmente
desòpprimida:
d a
mediocr idade
q u e ,
aproveitando
o
desequilíbrio
de
u m
instante,
ergueu
também
a sua
v o z
e m falsete,
e
encheu
o
a r
d e
gestos
desart i cu lados,
e
proclamou-se
vencedora, —
O
artista
voltou
a
ter
o s
olhos
adolescentes
e
encantou-se
novamente
c o m
a
Vida :
t o d o s
o s
h o m e n s
o a c o m p a n h a r á
0
i S Ê M & M - :
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 4/20
m
&
A
fi
/
íí
« v
/
a
n
S E D A P R O S A
f
A
poesia
t e v e
seus domínios l ã o
grande-
mente alargados
ultimamente,
que
a
prosa
tem andado
c ircumscripta
a o
rotriari
e d e
aventuras,
a o
cosmopol it ismo cinematico;
Isso,
visto
o
espectaculo e m extensão:
o
easo
d é
Proust
o u
o
d e
Joyce
sà o
excepcionaes,
si
b e m
que
característ icos,
Stevenson,
Conratl,
Gobineau,
Kipling,
J f a c k
London,
por
u m
lado; M o r ân d ,
Giraudoux,
M ac
Orlan,
Durtain,
Cendrars,
Dekobra,
por
outro,
velhos e
novos, d o s
mais lidos hoje.
Todas
a s
restricçoes
inevitáveis
e
ne-
cessadas
feitas,
impossível
negar
que
a
poesia
tem
sido
inais
sensível
c exacto
sysmographo
l iterário
neste
começo
d e
jSmÍ07*TTCF SoblC- _
• t u d o ,
d o
q u e
a
prosa.
A
falta
d e
personalidades
notáveis
a
cultivarem
a
prosa
seria
uma
justif icativa,
mas
não
corresponderia aos factos.
A explicação
é
outra,
e
fácil:
transição
rapidíssima,
império
quasi
indispu
ado d o
ephemero, falta
d e
tempo
material
para
realizações
m a i s
insistentes
e iterativas,
Proust,
Joyce,
excepeões
que
com-
provam...
Facilidades
e
seducções
d a
poesia (pa-
rece
pueril
notál -o):
crystalisaçãò
instan-
tanea
d e
momentos
velozes,
c o m
funda
projecção
n o
sub-consciente,
c o m
sueces-
siva
excitação d a
emotividade
pelo
dyna-
mismo
das
suggestões
ellipticas
e
pela
variedade
d e
fôrmas,
A
symphonia,
essa, exige
a cont inu idade
da
attenção,
apresenta
a s
longas
prepa-
rações
d e
ambiente,
a analyse,
a corrente
d e
intensidade
renovada
d a entrosagem
duma
acção
continua,
interior,
exterior,
ambas
a s cousas
a o
mesmo
tempo.
- A
SvTuDhonia.
ouér
dizej\„à;:_abi-a--4ê--
ficção,
const ru ída .
Não
estabeleço
gráos
d e super ior idade
¦qualitativa
entre
o s
dois
grandes
ramos
d a
activ idade
art ist ico-l iteraria .
O
que
não
ha
é ,
e m
geral,
capac idade
d e
esforço
para
obras
que
exijam
fôlego,
alem
d a
intensidade,
que
pôde
ser syn-
thetica.
H a
momentos
mais
longos
que
outros ,
t i a vida;
momentos
que
exijem
represem
tação
mais
complexa,
mais
accentuada,
d e
suggestão
precisa
e
pormenorisada.
Estados
d e
emoção
segunda
criam
sup-
perposições
n o
tempo
que
s ó
a
graphia
suecessiva
pode
communicar
o u
sug-
gerir..,
Proust...
A
musica
t e m
dado
provas
concludentes
dessa necessidade.
Strawinsky,
Schoenberg,
têm
cr iado
sobretudo
grandes
massas,
intensas
e
estensas,
a o
par
d e
curtas
paginas
d e
«humour».
diminuir d o
homem
a
faculdade d a
força
fecunda.
O
«humour»
por
s i
s ó ,
esterilisaria,
e m
pouco
tempo,
a arte;
o
cinema,
em
sua
representação,
nao
n a
esthetica,
que
é
maravilhosamente
promissora,
porém
na
estrictamente
mecanista,
pertence
a o
am -
bito d a nova arte:
o
próprio
cinema.
Sujeitar
a
literatura a
qualquer
outra
arte
é
anniquilal-a.
Tirar
elementos
d e
outras
artes
para
dar-lhe
vital idade
nova
é
justo,
sob
a
cond ição d e
fazer
a
transposição sob_cr i -
terio
estrictamente
l iterário.
«Cada
v e z mais
a arte
é
«construída»
logo
a arte caminha
para
uma
arte
d e
Wn-tbcsc:
a architecturaa-rr-,
Julgamento
apressado,
superficial,
por
que
o homem
sente
a
vida
por meio
d e
variados sentidos, muito mais
numerosos
que
o s celebres
e
convencionaes
c inco ,
porém
sente a
u m
tempo
o
t odo
e
as
partes;
não
prescinde
d e nenhuma;
c o n -
segue
até
gosar
através d e cada um a
dellas suecessiva o u intermittentcinente.
O
cego
não
v c ,
nem o
surdo
o u v e ,
mas
o cego
commove-se
c o m a musica ,
agudamente,
o
surdo
pode
ser
arrebatado
por
uma deslumbrante
v isão .
Poderá haver
uma
commoção
synthetica,
correspondendo a
uma arte
combinada,
no
sentido
chimico
d a expressão.
Será,
porém,
para
raros
momentos:
o
homem
nao
poderá
renunciar
aos
prazeres
analyticos
e
á s
syntheses
parciaes,
por
q u e
será
para
e l l e ,
u m
empobrec imento.
T od a
arte construída
contem
archite*
ctura,
porém
architectura
própria;
toda
architectura
contem
poesia
e musica,
vis to
l h e serem esserciaes
o
rythmo
e
a
harmo-
n i a ,
porém
rythmo
e harmonia
arch i tecto -
* 8 F \
Satie,
Poulenc,
Auric,
Honnegger,
Mal i -piero, Milhaud, quasi
s ó
paginas
rápidas
e
electricas,
porém
s e m
desdenhar
o
thea-
tro, a
acção
lyrica.
Estes
exemplos
d a
musica
não
são
inu-
teis:
accentuam
a
legit imidade
d e fôrmas
que
vinham
sendo
desdenhadas,
repellidas
c om o
incompatíveis
c o m
a
crise
actual
d e
veloc idade,
justificável,
sem
duvida,
bella
até,
sob
muitos
dos seus
aspectos,
mas
que
seria
necessário
combater
s i
viesse
ruços-,
A
analyse e
a
synthese são,
uma
e
outra essenciaes
e
significativas
n a
arte
moderna,
como
e m
todas
a s artes em
que
seja
dado
vasto
logar
á
intell igencia.
á cerebralidade,
a o
par
d o
subconsciente
e
até d o
inconsciente:
caso
d a
arte actual,
O
predomínio
d a
synthese
poderia
in -
clinar
o espirito
preferencialmente
para
a
poesia
e
para
o
aphorisma,
o romance
e
a
novella
parecendo
essencialmente
ana-
lyticos.
Felizmente
para
a
arte,
que
perderia
altos
meios
d e
expressão,
aqui llo
é mera
apparencia:
não
ha
incompat ib i l idade
entre
synthese
e
analyse,
quando
esta
seja
substanciosa
e
efficaz
para
o effeito
art ist ico.
Demais,
cumpre'
notar,
synthese
não
quer
dizer
«fôrma
breve,
curta»,
mas,
sim,
rápida,
attingindo
o essencial,
essen-
c i a i
q u e
pôde
ser
muito
complexo
e
até
extenso.
— A
velocidade
necessária
deve
provir
d o
espirito,
que
gera a fôrma
como
l h e
for
necessária,
que
gera
a
fôrma
adequada,
s i
e m
verdade
cr iador :
A N D R A D E
i
ü
r i
c r
Por
isso Proust, Strawinsky
são
legi-
timamente
modernos,
tanto
quanto
o s
que
são «curta, 'breve»,
c inematographica -
mente
r áp idos :
o s
Cendrars,
o s
Coc ie a u ,
o s
Auric,
etc.
A
poesia,
tomando
menos
tempo
para
ser
apprehenclida
e
relativamente
menos
tempo
para
ser
graphada
(não
digo: con-
cebida),
parece
convir
particularmente
ao
espirito
deste momento,
a o
tr i i impho
actual,
absoluto,
d o
ephemero,
d a
machina
amanhã
obsoleta
e
atrazada,
d o dyna-
mismo
exterior,
que
amanhã
terá
exte-
i iüadp
o
homem,
e o
terá levado
a
u ma
irresistível
ânsia
pelas
crystalisações
em
que
a
eternidade
d a
natureza
humana
tenha
sua
parte.
—Qttas-i—
- toda—a—prosa
mod ernista— tem-
estado,
por
isso, subordinada
á
poesia,
prov indo
antes
d e
Whitman
e
d e
A ppo-
linaire
d o
que
d a
tradição
d a
prosa.
Não
importa:
sempre
houve
dessas
tro-
cas
e
entrechoques .
O
que
é
innegavel
é
que
o
pittoresco
actual
(radio,
cinema,
automóvel,
aero-
plano,
usinas,
massas
operárias)
está
sendo
exgot tado
e
vai
já
descorando .
Proust,
Joyce,
agora
Cocieau,
estão
in -
d icando ,
não u m
caminho, u m
exemplo
a seguir,
porém
uma
possibil idade
e um a
legi t imidade .
A
prosa
exige
u m
senso
d e harmonia
cycl i ca
e
uma
continuidade
complexa
nã o
substancialmente
necessária
á
poesia.
Por
isso, antevejo
u m
renascimento
d a
prosa,
p è l c T
advento
d e
u m
novo
espiri to
de
medida
e
contensão
clássicas,
que
seja
capaz
d e
retiral-a
d o faiscar
d e
imagens
mult ico lor idas
d e
M orand ,
d a
atonal idade
mate
d e
Cendrars,
d o
contorc ion ismo
espir ituoso
e
perspicaz
d o
engenhoso
Gi -
raudoux.
n o
néo-romantismo
ado lescente
d e
Montherland..,
Assim
como
Prous t
corresponde
a
Stra-
whisky
(mas
não
é
absolutamente
neces-
sario
ser
slavo,
ser
russo ...
Cada
um
a
seu
modo,
segundo
a
ethica
de
su a
raça),
assim
é necessário
que
surjam
pro -
sadores
que
valham
effectivamente
um
Essenin,
u m
Maiakowsk,
um
Valery-Lar-
baud
(por
onde
s e
v ê
que
h a
dois «
Bar -
nabooth»
bem
differentes, e
que
e u
estimo
diversamente) .
Que
sobretudo
não
sejam
apenas
re-
flexos
e m
prosa,
aqui,
dos
nossos
poetas
modernistas,
mas
que
valham
por
si
mes-
mos,
como
affirmações
positivas
d a
prosa
N ã o
é
d e
crer
que
n a
multipl ic idade
d o s
rythmos
emociònaes
d a
vida
moderna,
só
sejam
escolhidos
os^rythmos
pr ivat i vos
poéticos. ~~~
Aqui,
no
Brasil,
seria
prova
d e
falta
de
complexidade
d o
ambiente
l i terár io,
at é
de
preguiça
physica
d e
escrever,
quando
5a«.°
terrôr>
d a
asphíxiá
causada
pelas
defficiencias
lamentáveis
d e
nosso
com-
- tnercio
e
umustí ia
editoriaes
«Falta
d e
estimulo»,
dirão. Sim:
as
meninas
s ó
costumam
recitar
o s
poetas,
e
a
moda
d a
declamação
grassa
no s
salões.
Nossos
legítimos
poetas
não
recebem
entretanto,
t a l
i llusoria
e
perniciosa
ceie-
bridade.
Editores
?
H a
nisso
circulo
v i c i oso:
u m
movimento
torte
e
grande
d e
creação
e m
prosa
criará
o
editor.
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M .
i
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7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 5/20
¦•
CINCO
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I
a
3
P O E M A
D
E
CE
C
li
IA
MEIRELLE
S
IV
CASULO
A '
hora
do
teu
destino,
Crearam-se
o s
fios
tênues
Que
t e
envo lveram,
Dentro
dos
quaes
dormir ias
.£)—te-u-sofiho
preparatório,
A
Inic iação
das
azas
Para
a
sabedoria
dos
espaços
Hoje,
romperam-se
todos
o s
casulos:
E
f o i
uma
festividade,
e m
torno...
Mas
t u ,
guardado
n o
teu,
Nào
t e
pudeste
mover
mais:
Não
tinhas
mais
aquelle
pequenino
sopro ,
Invisível,
Occulto W
Que
anima
todas
a s
formas
Dize-me,
insecto
obscuro:
Com
que
azas
voas te
D e
dentro
d e
t i
mes mo ?
Qual
f o i
a
tua
In i c iação?
Qual
6
a
tua
sabedoria?
1 9
26.
i i
E u
t e
daria
consolos
tão
grandes,
S e
houvesse
voz
para
o s
d izer
S e
houvesse
gestos
para
a s
crear,
E u
t e
daria
tantas
certezas
d e
amor
Dentro
d o
meu
co r a ç ã o ,
Dansou-se
a
dansa silenciosa
d a
renuncia :
E u
t e
ensinaria
tantas
coisas
felizes,
O ' bem-amado,
Mas
e m
todas
a s
portas
dos
meus
sent ido*
Ha
feras
d e
oihos
accesos
Vigiando
a s revelações
Longe
d e todas
a s
conquistas
e
d e
todas
a s ambições,
D < ?
olhos
fechados
para
todas
a s
esperanças,
D e
mãos
abertas
para
todas
a s
renuncias,
Cresce
dentro
d e
ti:
i S ê
cada
vez
maior
Excede-te
d i a
a d ia
'Quando
o
teu
s o l
projèçtar
tão
longe
a
t u a sombra
Que
nem
a
alcances
mais,
Q u a nd o
a tua
sombra
s e
perder
para
lá d a
v i d a
e
d a morte,
Saberás
que
é hora
d e
terminar.
Cresce. Avulta .
Dispersa-te.
Farta-te d e
ser
grande,
'Para
te saciares
d e
grandeza,
Para
te
desencantares
d'essa ultima
volúpia...
v
iu
Volvi
o s
olhos
para
dentro ,
Extendi
o s
braços
sobre
o
m u n d o ,
—
E o
meu
coração
fluia
sobre
a s
creaturas
C om o
u m
r i o
perenne...
E
e u
era
uma
fonte
serena,
a
perder-se...
E m
todas
as coisas
que
havia,
N ã o
havia
mais
nada
d e m im :
Nem
lembrança
d a
minha
figura
Nem
noticia
d a
minha
passagem
E e u
m e
sentia
tão
longe...
Mas
tu
ainda
eras
muito
mais
para
lá ,
O ' terra
d a s
victorias
perfeitas
E
o
esforço
d e
te
alcançar
me
levantava
T ã o firme,
tão alto, tão
e m
dôr
•
C om o
uma
grande
montanha
barbara,
D e
pedras
ásperas,
M u d a ,
Amarga,
Sem
ninguém...
Terra
d e
cactus
duros ,
Terra
d e
fogos
bárbaros,
T u ,
sim,
que
é s
minha,
grande
terra
fatal
T u ,
sim,
que
é s
minha,
Paru
que
e u
te
d ê
forma
n o v a ,
Para
que
transfigure
o
teu soffrimento,
Para
que
te
faça
como
u m
c é o
grandioso ,
Conver tendo
e m
silencio
e l o u v o r
T u d o
o
que
e m
f i
e r a
chorar
A
gosto,
92 7
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 6/20
4
~ -
f
o
s
i
a
¦
a modernidade
u n i
v
e
r
s a
A arte
é
u m a
aseenção e m
proftin-
d i dade.
E
t c w ú c assim
a
acompanhar
a
v i da ,
(descobiindo- lhe
a
própria
essência
n o 1
si-
gnificado
intimo
d a
realidade
obj-eçtiya.
A
s u a
funeção
n o tempo
,é
estar
pre-
sente
a o
momento
q u e
passa,
fixando1-lhe
a
synthése, e
revelando
portanto
o
i n d k e
que'
e l l e
representa
na infinita
curva
pro-^
gressiva
d a
evolução cósmica.
A
s u a finalidade
u o
espaço
é ,
nào
restringir
ao
limite
geògra,phico
c i a s
nado1-
í iáí idiades
a
sua
capacidade
revela
o r a , ma s
integrar
a
ânsia
v i v a dessas
nacionalidades
m o concerto
harmônico
c i a
communhão
uni-
versalista,
Exprimir
n o
momento
pieseute
O
mo -
mento
que
passou
e ,
e m
relação
a o '
tempo,
o
mesmo
que
isolar
d a
existência
univer-
s a l u m
dado
povo,
e m
relação
a o
espaço.
A
conclusão é
p o r
consegi inte
inevi-
tavel: a
a r t e só
é
verdadeiramente
grande
quando
é
tu
ode
r u a
i n o
tempo
e
u n i versa-
lista
n o
espaço.
O concei to
svnthetico
d a arte, nesta
ordem
de
considerações, resume-se
pois
p a
somttia
d e
ambos
o s elementos,
isto
e,
modernidade universalista.
O
nacionalismo
puro
é e m
arte
unia
dissonância
n o
coro
d e
vozes
predest ina-
das
que
tecem
á
volta
do
planeta
a
lti-
minosa atmosphera
d e
todas
as
ânsias h i u -
manas
subindo
para
Deus.
E u
chamo nacionalismo
puro
aquelle
que
traduz
a concepção
d o
mundo- restri-
eto
e
ignora
n o s
seus effeito^
a
aspiração
e o
ideal
metaphysico
d a
humanidade
H a
e m
cada
povo
uma
predestinação
artística,
q u e
inevitavelmente
s e
manifesta-
r á
n a
sua
arte,
porque
a
arte
é
u n i a ;
re-
velação
d i a Belleza
Integral
através
d a emo-
ção
com m ovida
d o artista.
-
A
attitude
do
- a r - t i s - t - a
diante-
Ja-vida,
e m
todas
as suas
múltiplas
modal idàdles,
é
escutar-lhe
a s vozes
profundas
e
fixa-las,
transfiguradas
pela
sua
equação
pessoal;
na
expressão
tangível
e
humana
que
l h e torna
possível
a
existência
object iva,
U m artista
é
tanto
maior
quanto
mais
largo
é
o
horizonte
que
a s suas
concepções
abrangem
—
porque
a força latente
d e
u m
povo
tem
um significado
intimo'
além
d o s
« i m i t e s
aeeidentaes
o u
não
d a
situação
geo-
graphica.
T o d a
a
raça
fala
atravéz
d a
sua
arte,
« n ã o
porque
l h e
constitua
« o
único
objecto,
& i e m
seja o
circulo
estreito
dentro'
do
qual
e l l e
se h a
de
mover.
Mas
porque
o frêmito
d a
vida
que
co-mmúnica,
serv indo- lhe
de
base
dyuami ca ,
(rjêscerra
a o s
seus
olhos a s
perspectivais
transcendentes
d e
uma
totalidade
humana
ivoltada
para
u m
ideal
c o m m u m .
A
arte,
n a
s u a
expressão
mais
elevada,
íem
d e
explicar
a s
nacionalidades
não
em
f a c e
d e
si mesmas,
mas
e m
f a c e
d o
uni-
verso.
O
artista,
que
é
uma
synthese
d e seu
tempo
e
d o
seu
meio, é
po-rtanto
um
na-
—CTOxrtrrrwTxt—«.ojjuhiu.i«.u—c—íiii,u.ij«.h.íu«*)—IJ
« - '
i
C I
u
^—
a
sua arte,
prõje-ctàirido-se
sobre
o '
mesmo
fundo
de
aspirações universaes,
parte
c om-
tudo,
e„é
força
que
parta,
d o
sentimento
profundo
d e
seu ambiente
especifico e
da
eompreheusão
perfeita
e superior
d
© « - q u e -
elle
representa
n a ordem
universal.
O
desvir tuamento
deste
conceito bi -
parte-se
em
duas
correntes oppostas,
coim
resultados,
divergentes,
mas
igualmente
'es-
tereis
nos
seus
eífei tos.
D e
um
lado,
o
nacionalismo
em
si
mesmo,
do
qual
s e
poderia
dizer
que
é,
I
S
t
3
( f ragmento
d e
u m
ensa io)
e m
arte,
a conseqüência
d a theoria
L r i d i -
vidualista
appíicadã
á s
conec t i v i dades .
D e
outro,
u m
universalismo
vazio,
sem
ligações
physicais
o u
uietaphysicas d e ne -
nhuma
natureza,
correspondendo
d e
facto
a
uma
attitude
puramente
mental,
d e
que
decorre,
a rigor,
o
mero
óosmopoli t isnío
incaracteristico
que
assiguala
a
ausência
d e
ofigèm
e
portanto
a
i legi t imidade
c i e fim.
Tudo
se
reduz a
t u n a
questão
d e
rythmo,
N o
pr imei ro
c a s o
a
confusão
c
ma-
ni festa.
M oldá - se
a
arte
u o
rythmo
em
v ez
d e
imprimir
o
rythmo
n a
arte.
O
phenomeno
d e
expansão
atrophia-
se assim mim
processo
c i e
refracção, 0 *1
mais
precisamente,
d e
polar ização.
Daqui se
conclue
por
uma
iucompre-
hensào
total
d o
que
v e m a
ser,
do
ponto
d e vista
deste
ensaio, o
rythmo
n a
arte.
palavra
d e
q u e
m e
sirvo,
aliás,
em
falta
d e
melhor.
L m
ultima
analyse,
toma-se
por
arte
o
próprio
rythmo,
quando
n a
verdade a
s u a
funeção
é
vitaliza-la,
dando- lhe
incl ivi-
dual idade
própria.
A
obra
d e
arte
q u e
resulta
desta c o m -
prehensão
errônea
é u m
puro
manei r i smo,
tanto
mais
artificial
quanto
mais
s e
afasta
d a
realidade
total
o u
mais
se
approxima
d a
realidade parcial.
b
e
n
c
3
m
O s
q u e
accenderam
a s
lanternas
desta
«festa»
d e
pensamento
e
d e belleza,
e
s ã o
toda
um a
geração
d e
artistas
e
pensadores,
ainda
não
começaram
a descer
a
outra
vertente
d a
Mo n -
tanha,
—
estão
m e s m o
muito
l o n g e
disto.
M a s
já
viveram
o
bastante
para
assistir
ia o
surgimento
d e
u m a
phalange
nova,
d e mais
jovens
irmãos
q u e
ainda
a h i v e e m i
n a
em-
briaguez
d a
adolescência,
.0
q u e
e l l e s
olham
c o m
ternura,
recordando
o s versos
d e Mere-
d i th :
« A
geração
m a i s
moça,
e i s
a
filha
d e
nossas
almas n o
futuro;
mostremos nossas
[almas
vertendo,
p o r
e l l a
o sangue
n o s s o ,
afiando
n o s s o s
sentidos.
Q u e
e l l a
^ s e j a
bastante
forte
para
desafiar
m a i s
corajosamente
d o
q u e
n ó s
o s
golpes
do
[adversário,
e v e r
levantarem-se
Forças
m a i s
estranhas)).
C o m o
o
p o e t a
inglês,
e l l e s
compreendem
q u e
serão
maiores
« a s
alegrias
d o
futuro»,
e
sentem
q u e
o
espirito
v a e
tessendo
«miia-
gres
n o v o s ,
revelações
e d e l i c i a s ) : - ,
o
ouvem,
longe
ainda,
m a s
distinet-o,
« o
canto
d e
gaito
_ c l e . _ m a n h ã s -
-resplandescentes)), . . .
E
sobre
a
cabeça
d o s
q u e
v e r a
chegando,
esboçam,
commovidos,
o
primeiro
gesto
pa-
tornai
d e
bençam.
d
a
3
r
O
t
s
s
o
Fechado neste
estreito horizonte,
o
artista
já
não
é
u m
homem n a humani-
dade
e
muito menos
Mima
f a c i t a
nova
I r i a
revelação
d a
arte:
é
aperas u m
i n d i v í d u o
constrangido
n a s
limitações
d o
s e u
m a c i o
nalismo,
com
tuna
actua.icVde
íeslricta
e
fugitiva
1 1 0
tempo
e
uma
realidade
instável
c
insigniíicativa
n o espaço.
N o
segundo
c a s o
h a
a
ausência
de
rythmo
caracterisada
pela
sua
própria
mal-
tiplicidacle.
Escapam
d o
objectivo
deste estudo1 os
factores d e
ordem biológica
e
mesolog i ca
que
tornariam
mais
imiuediata
a
ev iden-
c i a
d a
th ese.
D e
toda a
forma, o
phenomeno
é
intuitivamente couiprehensivel,
pois
assigna-
I a
o
typo
divergente
qtte
define
o
primeiro
caso.
O
processo
inverte-se
e
é
antes
de
super-expansão
o
s e n
caracter.
Porque a
arte não
existe,
assim c o m o
não
existe
o
artista,
e m virtude
d e
urna
deliberação
d a
vontade
ind iv id ua l .
U m
artista
c
u m
artista
a despeito
de
s i
mesmo
e
em
conseqüênc ia
de
l e i s
sa-
períores
a o
s e u
ju lgamento.
A
s u a
missão é
revelar-nos
a
Belleza
Suprema,
q u e
se
n ã o
atíiuge
apenas
pela
intelligeneia,
mas sobretudo
pelo
'sentimento.
E'-Ihe
portanto
impossível abstrair d as
condições
necessárias
dentro das
quaes
se
h a d e
produz ir
a
s u a obra,
porque
eüas
l h e foram
determinadas
sem
interferência
sua.
Quer
isto
dizer
que
a
legitimidade
da
arte não
pôde
resultar
d e
u m a
«attitude»
inconci l iável
com a
sua
origem
e
a
su a
finalidade,
que
são
de
facto
superiores
á
idéa
que
deltas
s e f a z a humanidade
vulgar.
Destituída
d e
rythmo
a
obra
univer-
¦ ¦sal ista—perde-—o
caracter
idealista
que-
a
individuai isa,
como o
nacolaismo
puro
lh e
atrophia
o
intimo
sentido
d e
humani dad le
que
a
integra
n a
progressão
ascendente
d as
nossas
aspirações
e
ideaes.
A s bruscas
eclosões riacionaiVtas
que
assignalam
a
historia
d e todos
o s
p o v o s
não
traduzem
o desejo
latente
de
exc lu i r
o
paiz,
e m
que
cilas
se verificam,
d a
c o m -
munhão
humana, mas
a
consc ientização
de
instinetos
profundos
e
incoercivein,
cujo
o b-
jecto
vital
é
imprimir
o
s e u prop-rio-
ry -
thmo n a harmonia
transcendente
d o
uni -
verso.
O
que
l h e
marca
a caracteristica
é a
tendência
d e
internação especifica
que
lh e
é
inherente
e
própria,
isto
é ,
o
senso-
de
equilíbrio
que
o
attráe
e
l h e
d á
a
perce-
pção
d a s necessidades
imprescind.veki
atra-
v é s
d a
conservação
perfeita
d a
sua
essência.
A s
reacções
significam
por
consegu inte
a
opposição
orgânica contra
a
contamina-
ção
exterior,
n ã o
propriamente
pelas
per-
tubações
d e ordem
physiologica
que
sobre-
venham,
mas
pelo
desvir tuamento
de
ry-
thmo
que
o
instineto
acivinha
fatal
em
conseqüência
dessas
pertubações.
O
que
üeve
interessar o
artista
não
e
a
reacção
e m s i ,
pois que
t a l
elemento
é
propriamente
i rreduct ivel ao
ideal
de
arte
que
o
orienta
—
mas
a
vibração
secreta
q u e
a
determina
e o
indice
d e affirmação
q u e
e l l a representa.
S e r
nacionalista
e m
arte
eqüivale
a
encontrar
a
comnexão subtil
e
f o i
signif icado
verdadeiro
d e uma
modialLade
nacional
em
4iuee—trO"-g'lobo,—fcomackr
cernia
~a~scrrmiTa-
dynamica
d e
todos
o s
povos
n a
terra.
Deve
ser
o
seu
único
legitimo
Òirgülho
a
realização
d e
uma
obra
q u e
tenha
u m
•X
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 7/20
b a n d e i r i n h a s d e
p a p e l
A
1 2 d e
Setembro
ultimo,
inaugurou-se
a
l.a
Exposição
d o Livro
Italiano
e m
Buenos
Aires.
O
valor d o s livros
expostos,
antigos
e
modernos,
elevou-se
a
s e i s milhões
d e
liras.
*
*
*
Obteve
este
anno o
grande
prêmio
d e
li -
teratura
d a
Academia
Francesa
o
escriptor
Josepli
d e Pesquidoux.
tendo
cabido
o
gran-
d e
prêmio
d e
romance
d o
illustre
cenaculo
a
Joseph
Kessel.
* +
Morreu,
h a
p o u c o .
.Jerôme
K . Jerôme,
o
grande
humorista
inglês.
Havia
attingido
ao s
• Í 5 8
annos d e
idade e deixou uma
o b r a
d e
cerca
d e
quarenta
volumes, entre
i o s
quaes
s ã o
es-
pecialmente
citados
o s
seguintes.
Í T l i r e e
M en
o n
l h a
limtmel,
Tca Table
T a l k ,
Hkeiches
in
Laverkfor.
T h e
Passing o f
M e
Third
F l o o r B a-
. ú l c ,
Esther
Castways,
T h e
Grral
Gpmble, etc.
*
*
U m
n o v o
romancista
norueguês
revelado
á
infinita
curiosidade
l iterária
d e
n o s s o
tempo:
Peter Egge. S e u
ultimo
romance,
traduzido
em
francês
s o b
o
titulo
d e C h e z
Vinccni
Oest,
está
.obtendo
largo
successo.
*
*
O s
jornaes
registam
a
morte recente
de
James-Òliver
Curwood, o romancista
nortivame-
ricano
q u e
vinha conquistando,
d e
1908
para
c á ,
a
mais solida
nomeada
universal.
S e u s
li -
vros
estão
-
traduzidos
e m treze o u
quartoze
línguas
estrangeiras.
Ultimamente,
segundo
no s
conta
Leon Treich,
trabalhava
n a
composição
d e
u m a
serie d e
romances
inspirados
pelas
lu -
t a s franco-inglesas
n o
Canadá
durante
o
XVIII
século,
para
o
q u e
havia
feito
longas
pesquisas
n o s
archivos canadenses.
A
morte interrompeu-o
e m
pleno
labor.
uno
t'0
8' í
a
#
9
O R I E N T A
'Ah
quem
foi
que
passou
pelo
meu
pomar
colorido
e
arrebatou
o s
meus
fruetos
maduros?
—
D eve
ter s ido
alguém
que
houvesse
o s
passos
s i l enc iosos
para
nào
despertar
o s
meus
servos
ze losos .
Quem
consegu iu
abrir
o
meu cofre
escondido
e
roubar
meu
val i os i ss imo
thezouro?
Foi
alguém
que
embr iagou
minha
serpente
d e
esmeralda
e
distrahiu
o
meu
cerbéro
de
ouro.
Q uem
é
que
andou
dentro
do
meu
inconsciente
creando
energias
estranhas?
D eve
ter
s ido
alguém
que
desceu d e
altas montanhas,
e
veiu
d e
um
l on g í n q u o
passado
para
crear
o
meu
melancó l i co
presente.
Q uem
terá
descerrado
a s
minhas
cort inas
verdes,
para
e m
segredo
olhar
o
meu
recinto?
e
depois
apagar
aquella
lâmpada
triste
que
era
a saudade
da
alegria,
e
ia
que imando
num
mister
d e consc i ênc i a
e
d e
instineto,
o s
mais
raros
perfumes
exquesitos
dentro
d a
minha
melancolia?
Deve
ter
s ido
alguém
que
vestisse
u m
manto
tào
negro
que
não
manchasse
a minha
treva.
Eu escuro
a
voz longínqua
que
s e
eleva
do
fund o
do
meu
passado
immemorial,
e nao
vos
posso
mais
ouv ir,
guizos
d o meu
Momento.
An do
agitado
d e
movimentos
novos,
e não
posso
seguir
para
o
teu movimento.
E
h ouv e
alguém
que
aproveitou
o
meu
somno,
e
veiu entre
a minha
cort ina
colorida,
alguém
que
é invisível,
c
que
e u nem
mesmo
presenti,
e
com
uni
sopro
apagou a
minha
chamma
commovida,
o
meu
enthus iasmo
por
T i
Vida .
f i m
m i a i s alto
que
o
d e aff i rnmLi i i i J i i_eJ^s^
tencia
particular,
que
nào
reflicta na
su a
manifestação
artística
uma
origem
l ídima
e
ponderável
e a ânsia co i lect iva
dessa
o n-
gem
dentro
de
um
dado momento1.
A
arte
não
t e m
íuneção
histórica,
por-
que
a
sua
finalidade
não é explicar
o
pas,-
sado,
é
antes revelar
o
presente
e
prophe-
tizar
o
futuro através
de
uma
creação
d e
belleza.
Qu an do
a
arte encontra
o s e u
object ivo
n o
passado,
o artista entrou num
circu lo
vic ioso,
e m
cuja
regressivictacle
se
n i l o acha
compensada
a
lacuna
assim aberta
no
pre-
sente.
Esta
funeção
pertence
d e
facto á
cr i -
t i c a
.applicada
á
historia
artística,
porque
em
t a l
papel
a critica n ã o
t e m
l imitação
no
tempo.
." "
A
arte
que
não
é
actual
representa
antes
u m
phenomeno
de
cultura:
falta-lhe
autonomia,
,
ind iv idual idade,
,
seasibili. ade,
própria,
e
não traduz
a
rigor
O '
sentimen-
N ão
ha—menos—dc superficial— na
sua rUSKiR
t o
do
artista
diante d a vida, mas
a
su -
perfectação
d o artífice
rev ivendo
u m
m u n d o
morto
através
d e uma
pura
acrobacia mental.
A
sua
arte
nada
revela,
porque
c
.n a
essência
uma copia,
u m
aspecto
insubstan-
t - i a l
e
falso
que
nada
acerescenta e
e m
nada
alarga
o s
horizontes
d o -
s e u
tempo.
significação
do
q u e
n o
pro-dueto
industrial,
que
necessariamente
ignora
a
equação
pes-
soai
d o
artista
e
attinge apenas
a
rea l i dade
exterior d a
obra.
O
papel
synthetico d o
artista
s ó se
preenche
integralmente
quando
s e sommam
nelle
as m i l
facetas moveis
d o
sen
ambiente,
Uma nova
concepção d e arte
surge
precisamente
r t o i
momento e m
q u e
a
linha
evolutiva
d a
arte
tende
a
afastar-se
da
v i d a
a estagnar-se
o u
a
involu ir
e m
sentido
pip-
posto
á
espiral
ascendente
que
e l l a
descreve.
O
papel
tío
artista
é
estar
presente
a
esse momento,
apprehende-lo
e m toda a
sua
plenitude
e
profundidade
e defilnir-nos
o s e u s ignificado essencial,
que
h a
de
des-
vendar
a o s olhos da
humanidade
um
es -
tagio r n a i s
alto
n a
ascenção
perenne
q u e
nos
leva
para
o
infinito
--e
para
a
infi-
nita
revelação.
Nunca
f o i
mais
largo
o espaçoi
que
arte,~
d e
separa
duas
phases
suecessivas
d a
como
o
que
s e
intepõe
entre
a
arte
hontem
e a d o
momento1
actual.
A arte
moderna é
um
puro
milasrrc
c í e
sensibilidade
e
d e
sinceridade
e
é
milagre
n à o
menor
d e techjnica
o
d e
pacidade
d e transfiguração.
..falou
assim:
« A s
grandes
nações
e s t í r é * -
v e m
a
s u a
historia
e m tres
livros:
o d e
seus
feitos,
o d e
s u a s
palavras
e
o
d e
s u a
arte.
Nenhum
destes
livros
é
comprehensivel
sem
a leitura
d o s
.outros
d o i s ,
porém,
d o s
tres,
o
único digno
d e
confiança é o
ultimo.
Por -
q u e
o s
feitos
d e
u m a
nação
p o d e m
s e r
glor
riosos
s e
o s acompanha-
a
fortuna
e
suas
pa-
lavras
poderosas
graças
ao
gênio
d e
aígún$
d e
seus
filhos,
emquanto
q u e
a
arte
é
for-
m a d a
d o s
d o n s
geraes
e d a s
simpathias com-
m u n s
d e
u m a
raça.
M a i s
ainda:
a
política
d e u m a
nação
pode
ser-lhe
imposta,
e
p o r
i s t o n ã o
reíleotir
seu
verdadeiro
caracter;
suas
palavras
p o d e m
ser
mentirosas,
embora
a raça
inteira
ignore
a
mentira
e
nenhum
historiador
saiba
dis t inguir
c o m
segurança
a
hypocrisia.
M a s
a arte ê
sempre
c o i s a
ínstinetiva,
e a s u a
-
b ô a o u
má
fé
s e
mostra
á l u z
d o
d i a » . ( O
revouso ã e
un i
c a-
h
S ã o
Marcos,
prólogo).
A
crônica
d e
nossa vida
regista
'alguns
feitos
dignos,
e
o s
annaes
d e
n o s s o
espirito
algumas
bellas
palavras;
m a s d e
n o s s a
arte,
q u e poderíamos
dizer?
E ' amarga
a
reflexão
a
q u e
R u s k i n
n o s
obriga, Amarga,
' m a s
salutar.
Q u e
e l l a
se
pro-
longite
p o r
todos
o s espíritos
p a r a
q u e
to -
4es- -^stTemt^frn^ -e -^
para
a
o b r a
immtnsa
q u e
a i n d a
t e m o s
a
rea-
lizar.
t
a
s
s
o
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7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 8/20
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v -
s t a
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iMÉÉsk
P
¥
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d o
0
noofrumo
assobiava
n a
madrugada
mi -
noira.
Dentro
d t J
v a g ã o b
u n i a
páizagem
árida
d e
caixeiros-viaj
antes,
devorando
cousas.
Orgia
d e
bananos
e
ovos
duros.
( A s
viagens
foram
feitas
para
a
gente
comer.
Para comer
e
para
«fazer
a
praça».
O
resto é
secundár io ) .
U m coronel
mineiro,
encarnando
a
hospir
t a l
idade
ancestral,
distribuía á
força
pasteis
hebdomadários,
dentro
d u m
sacco
d e
papel.:
E'
serv ido?
Obrigado . . .
Pôde
comer. . . Não tem
gordura.
M i-
n h a
mulher
soffre d o
estômago.. .
Obrigado.
Mas
coma,
homem
U m
padre gordo
acceita
e devora
meia
dúzia.
Depois saoca
d a
algibeira
da
batina-
u m
palito
d e
o s s o ,
limpa
n o lenço vermelho"
—
e d e olhos
fechados lê o breviario
c o m
a
bocea.
Não
h a nada mais
imprudente
de
q u e
a
gente
travar
relações n o
trem
d e
ferro.
H a 2 0
horas
que
e u
s o u
obr igado a
con-
versar
com
u m
homem
que
não
conheço
( cha-
mado
seu
Btlnmo),
que
fala
s e m
parar
um
minuto .
S a u
B.biano
t e m uma
fome d e l o b o , uma.
verve
espantosa
e
u m
b o m
humor d e
cor -
eunda.
Comendo
bananas elle
> m e
d i z :
* ¦ —
E m Paris
tem
muita
mulher, n ã o ?
f
1
i
*
¦ — •
E'
i s s o
mesmo.
O
Brasil
é muito
gran-
de.. .
M a s não
desenvolve
muito...
Raciocino
u m
instante
—
e
acho
melhor
• c o n c o
d..r c o m B l b V o .
Por monosyllabos.
E
elle, implacável :
- —
O
Senhor
também
joga
futebol?
_ _ _
_ »
t {
i
.__
U m conduetor
annuneia
a baldeação
em
Brumadinho.
Tento
fugir,
mas Bibiano
t m e
persegue
como
o m e u
destino.
Daqui
a
2
horas
é Pau-dos -Fer ros . . .
Vae
descer?
Badales, Apitos, \Moleques
vendendo
balas
d e mosca.
~ 7
Qual
é
o
melhor
hotel
d e
Paú-dosrFer -
ros?
• —
E'
o
ún ico . . .
Então,
vamos.
Dahi
a
pouco
estamos diante
dum
vasto
casarão colonial ,
todo d e
pedra,
janellas
pin-
tadas
de
azul,
e
a o
redor
a
varanda
d e
ma -
deira
c a r c o mi d a .
Sentados
na
calçada,
uma fila
d e negros,
_.Jagar_^ndoL
a o
_Só
Quem
é essa
macacada?
• ¦—
O s
donos
d o
hotel...
Tantos
assim?
s
ferros
Cuidado
q u e
i s t o
está
tudo
podre...
E o
Snr.
pôde
cahir...
Que
horror
Peço café
com
leite
e
paraty,
por
causa
d o
f r io .
Aqui
não
tem
leite,
não
senhor...
(Minas
paradoxal)
M a s
Bibiano
é
providencial
como
uni sue-
cedaneo.
Elle está
pratico
d e
viagens
e
co -
nhece
bem
a s
cousas d o
Brazil. Traz
sempre
u m a maleta
c o m
leite
condensado,
sardinhas
e outros
comestíveis.
Num
segundo
o
foga-
reiro
crepita.
Chocolate.
Paraty.
B e m estar...
etc.
Depois
fomos
ver o arraial.
Q u e
miséria
Pelas
calçadas
uma
fila
interminável
de
alei-
jados.
Chiboca,
Cachaça .
Força
estranha
d a
terra,
embrutecendo ,
plasmando
o
homem, numa
inércia
deso ladora .
M a s
Páu
-
dos
-
Ferros
tem
uma
histor ia
cur iosa.
A
sua
fundação
é anterior
a o
anno
d a
fumaça,
aquelle anno
terrível e m
q u e
as mat-
tas
arderam,
numa
crepitação
vulcânica, acos-
sando
o s
Índios,
para
a s serras, d o Anastác io
e
d o Cater iangongo.
«...
Certa
v e z ,
surgiram
n o
povoado
d o
Coruja tres
mulheres
damas...
Ninguém sa-
bia
donde
v inham.
Dissolução.
Sodom a.
Então, o
bom
vigário, zelando
pela pureza
das almas,
convoca
a
população.
Violênc ia .
Invade
o
local
d o
crime.
Arrasta
i a s
ganhadei -
ras
pelas
ruas.
E
solta-as
numa
jangada,
rio
abaixo...
Fogo
Fogo n a
casa
d o i
pe c c a d o
(...
O
v igár io não
sabia
que
a
prov i -
dencia
divina também vela
pelas peccadoras ,
a s co i tadinhas )
E
a
jangada
desceu. . .
desceu,
- á
mercê
d a s
águas. Até
u m
rancho abandonado.'
Era
u m
pouzo
de bandeirantes.
L á den-
tro
o s homens
rudes
aqueciam n o
brazeiro.
(Quem
sabe
s i l á
estaria
Fernão Dias
P i a e e ç
Leme?)
Elles
eram bons.
Deram
comida,
aga-
zalho
á s
pobres
creaturas,
que
eram
lindas.
E
partiram,
ansiosos
para
voltar.
Depois
out ros
passaram...
E , assim, fo i
fundada
Páu -dos -Fer ros .
Graças
ao
peccado,
Bibiano. . .
M a s
es-
tou
com uma
fome
*
« *
— E '
uma
família
só
corro ída
p e l o
á l coo l . . .
^ O s
bons
são
malandros
e
obrigam
o s
loucos
a
trabalhar...
U m
quarto
para
o s
dois.
Cheirando
a
mofo.
Camas
c o m
manchas
suspei tas , -que
já ~
serviram
a
muitas
gerações
de
micróbios.
O s
buracos
d o
assoalho
tapados c o m folha
de
zin-
co.
E
nas
paredes
a
teia-de-aranha
disfarçando
u m
lim©-
esverdeadov
O
jantar
foi
mais
intimo,
mas
m ovi m en-
tado.
Um
garçon
negro,
em
mangas
de c a-
misa, typo
d e
gorilla
á
paizana,
servia
a toiesa
assoviando.
O s
Cometas
davam
murros
e m
cima
da
mesa,
discu t indo
preços,
aos
berros.
Todos
«fa-
ziam
a
praça»
da
linha
E .
F. C .
B .
Por
elles
soube
que
o
arame
farpado
está
subindo. . .
Q u e
o
bacalhau « R e i
d o s
M ares»
também
está
a
1 1 2 .
Barat iss imo
O
frio
nacionaliza
o
paladar.
Depois
d e
4
paratys
com
Fernet,
Bibiano
f icou
terno
e
deu
para
fazer
conf idenc ias .
Assoou
o nariz
n o s
dois
dedos e
falou
~assirrr:
"
aqui o
«Circo
Bonifácio»,
onde
trabalha o
clown
«Réco-Réco»,
que
f o i
o
meu
companhei -
r o
quando
eu
estreei
n o
c irco . . .
Nesse
tempo
eu
tinha
1 5
annos
e
era vagabundo.
Já ti -
nha
alguma
habili tação
—
quer
dizer, tinha
boa
cabeça e
uma
escripta
que
eiu
u m co l -
losso
M a s
era
vagabundo.
O
que
e u
gostava
era
d a
gandaia.
A h i
appareceu
e m
Sete L a-
goas
u m
circo
chamado
«Aretuza»
—
e eu
me contractei
para
trabalhar
d e
«tonny».
F a-
zia toda
a
noite
uma
entrada
c o m
o
« R eco -
Reco».
Fui
pegando
pratica
e logo
sabia
d e
còr mais
d e 200
cniradm.. .
fora
o s
papeis
da segunda
parte
(pantomina).
M a s
aconteceu
que
e u
peguei
um
rabicho
pela
filha
d o Cae-
tano,
dono
d o
c irco
—
uma morena
gostosa
mesmo,
c o m
u n s
olhos deste tamanho... El la
era
meia noiva
de u m out ro artista
que
f a - -
zia u m
volante
n o
trapezio.
0
cabra
era
briguento, descobr iu
o
nego-
cio
e
m e
prometteu
uma
surra.
Fiquei
cora
medo
e
tive
que
cahir fora...»
Bibiano
sentia falta
de
pressão.
P e d i o
mais
um
paraty.
«Hoje
tem
funecão .
E u
v o u lá falar
com
o
«Réco-Réco».. .
Quer
ir?
Noi te agreste.
A
neblina fina
peneirando
umas
estrellas
apagadas. Bib iano
que
conhe-
cia
o
local, ia
me
guiando
n a
escur idão ,
pe*
I a s
ruas
desertas
do
arraial.
Caminhamos mui-
to.
Elle
falando, falando
sempre:
— . . .
«esta
terra
precisa
duma
carteira
de
indigente. A s
duas
únicas industrias
sã o
a s
esmo,la3
e
a
venda
d e
quei jo . . .
Viu
quan-
tos
aleijados? E não é s ó
isso, Páu -de -Fer -
ros
é
u m
verdadei ro
museu.
H a
d e
tudo...
Opilados, mulheres
d e
papo,
descobridores
d o
mobm-conUmio».
N ã o
vale
a
pena
falar...
Essa
friagem
faz
dôr
dedenev -
Sub:mos
rampa3
quasi
a
pique,
ruellas
tor -
tuosas. E
lá e m cima, num
descampado,
es -
tava
armado
o
pavilhão
«Circo
Boni fá c i o» .
Summario .
Uma barraca
feita
de
saccos de
annagem
com dois
mastaréos.
Molecada . Gri-
tos
de
bala
e de
café.
Caboclos
rodeando
o
«quentão».
N a
porta
uma velha harpia recebia
o s b i*
lhetes
e t irava
pela
orelha
o s moleques
q u e
queriam
entrar
de
ca rona .
Circo
repleto.
0 Juiz
municipal,
o
adjun-
to,
o
delegado
d e
policia
(que
era
a o
mesma
tempo
delegado
e
alfaiate).
E outras
auto -
ridades
n a
primeira
fila.
Solemnes
como e m recita
de
gala
n o
M u-
nic ipal .
A
banda
d e
musica,
formada
d o s melhores
elementos
sociaes
• — ¦
o barbeiro,
o
filho
d *
seu
T m o c o »
M afra,
agente
d a
estação,
etc...
—
estava
ga^ha-da
n o
coreto
enfeitado.
T i n ha
mesmo
peças
escolhidissimas...
Para
o
arame
um solo
d e
bombardino.
Para
o
urso e o s
números
d e
fera,
uma
marcha
militar feita
com
heroísmo
pelo
contrabaixo, -
—
Isto
é
magni f i co
Vou
até
á
Vananda
e
quando
m e
debruço,
Bibiano
acocte ;
— ¦
. . .«que
e l l e
era caixei ro-v ia
jante
ma s
não
tinha
vindo
a Páu-dosrFerros
para
fazer
a
praça.
M a s
para
se encontrar
com
u m
an -
-trgo-comijanteu-õ^
A
nossa
entrada
num
camarote
—
foi
sen*
sacional
como
a
d o
Príncipe
de
Galles
nu m
«Cabarét»
d e
Londres .
Poe ira .
Charanga.
Acetyleno .
E apresentação...
Fardamentos
d e todas
a s
policias
d o Brasil,
transformados
e m
dol -
tempo.
Q u e m
é elle?
. . .«pois
não
v ê
que
e u
soube
que
está
mans
d e
artista.
Alamares
e
caracachás
d o u -
rados
para
tapear.
M a s
que
calma
A l i
n ã o s
ha sadismo,
n ã o
h a
velhas
inglezas,
sentadas
n a
primeira
f i l a ,
c o m
olhos
d e
vampiro
—
á
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 9/20
V
C A N T O
f
( '
8
t
a
P Á T R I A
J O V E N
Q u e r o
t e
nàíriorar,
minha
terra
menina.
Com
o
teu
vest ido
desta
manhã
te acho
linda:
o
saiote
d o matto
o
fichii
da
garoa...
e a s
missangas
d e
teus
ribeirões
reluzindo
Q u e r o
te
namorar,
minha
terra
garrida,
e ainda
tremo
s e
t oco
o
teu
manto
d e
estrelías
—
essa
tua
bandeira
verde
e dourada
c o m o
uma
acácia
f l or ida .
Mas
venço
a
t imidez:
não
t e
quero
platônico
num
gargarejoinefficaz:
« o h
minha
Pátria,
o h
meu
thezouro...»
Q u e r o
teu
ventre
d e
morena
sertaneja,
teus
montes*— pomas
que
amamentam
d e
ouro...
Q u e r o
vencer-te
com
u m
vigor
de
alma
potente:
e desbravar-te
e
fecundar-te
i m p et u o s o — -
vrilmne
Has
d e
gemer
com
o
meu
amor não
o
grito
bárbaro
da
cachoeira,
do
brejo,
das
caatingas...
mas
o
zuni do
fino
e effus ivo
dos
dynamos
essas electricas
cigarras
das
usinas.
M e u
esforço
será tua
gloria
e
alegria
quero
te namorar
minha terra
suprema.
jeito
a crizes
d e
melancholia.
A f firma
«que
a arte
n ã o
d á
n a d a ,
neste
paiz..,»
0
eeu
o l h o
esquerdo
verte
u m
l i q u i d o
azulado.
E
o
outro
move-se
mâz
d a
luneta,
c o m o
um
peixe
dentro
d u m
aquário.
— •
. . .«A
arte
n o
B r a s i l
está
e m
plenna
decadência. . .
N ã o
h a
m a i s
artistas
c o r n o
An -
chyzes
Pery o Joaquim
Araújo.
~ ~
Nunca
mais
A o
p a s s o
q u e
n a Europa,
nao...
E ú
emprezas
c o m o
o « C i r c o
Hanggebeck»
—
qu o
t e m
3 .000
feras...
E circos
em
q u e
até
o s
aristocratas
f a z e m
números. . .
( . - . . .
lembrei-me
d e
Pierre L o t i ,
fazendo
u m
numero
d e
«elown»...
«Memórias»).
Réco-Réco
lamenta-se:
—
A
m i n h a
arte
já
n ã o -
agrada
mais...
L i s t o u
velho
T i v e a
minha
gloria
c o m
o
«Clementino»,
o
« Z é c a
Floriano»..
T e n h o
chronieas
assigna»
d a s
p o r
homens
d é
valor...
M a s
agora...
O
q u e
quer?
A
v e l h i c e , ,
a f o m e .
• • ¦ - •
e .
a
gente
é obrigado
a
andar
,neste
inferno,
c o m
um
circo
mambembe...
ganhando
u m a
miséria
qu e
m a l
d á
pra
comer.. .»
Antes
q u e
e l l e
chorasse,
Bibiano,
para
provar
a
honestidade
d o
s e u
commercio,
re-
citava
versículos
e
psalmos
deturpados.
* *
*
E
esta
manha, terra
menina,
íintes
da fa ina,
t eu
jrwpn
pgpngn
Há. .V
n hpijn Hpct r *
pnppin
I I I R
L
L
0
ARAÚJO
espera d o
salto mortal. . .
Aquillo
faria
o ,
de-
sespero
d e
Monsieur
d e Phocas.
B
n a
bar-
reim
as estrelías
esquálidas
s o r r i e m - , cheias d e
dentes
d e
o u r o .
—
O l h e
é
aquelle
Réco-Réco
entra,
desfecha
u m
rizo d e me-
tralhadora
e
f a z
a
volta
a o
picadeiro,
alvar,
arrastando
p o r
u m correntão
enorme
u m
ca-
chorro
d e
panno.
E a eaboclada,
e m
c o r o :
Paiaço
Você
t á
c o m
fome...
Sáe
paiaço
Réco-Réco
foge, vencido.
'
A
charanga delira.
Então
nina
menina
cigana
v e m
fazer
ma-
gicas
n o
arame.
O s e u
« m a i l l o t »
remendado
já
~ í o i
roíipa
-deHbanho.—EUa
t o m
olhos—de-
pavor.
Vae
a o
meio d o arame...
O
guarda-
chuva-sacode,
e m * - v ã o ,
c o m o u m
appello
para
o
C é o *
Ella m a l
s e
equi l ibra. . .
O l h a
assustada
o chicote d o director .
,
.
Resvala
ie
cahe.
M a s
o
palhaço preto
é
uma esponja.
M ar
gnetiza
a
archibancada.
Domina-lhe
o maxi-
lar...
Escancara-lhe
a
g - u é l a
delirante, num
r i z o
pantagruélico
H3 -el lea— imploram:
— -
Paiaço
preto
Canta o
«Bode».
— *
Canta
o
« B a h ú » ,
paiaço
M a s ,
d e repente,
fiquei
tonto.. .
Pergun-
tei
a
Bibiano
si
n a o -
estava
sonhando.—Erre^
(«força
dental...»
m a s
i s s o
é incrível )
..
C ó l ó ,
a
estrella,
v e m fazer
o
s e u
nu -
m e x o
sensacional
S a í m o s
antes d a
pantomima.
Réco-Réco
veio-nos
encontrar
n o bote-
q u i m
d o
arraial.
O
q u e
s e
bebe?
- * —
A c h o
melhor
cont inuar;. .
Tinha
diante
d e m i m
u m
h o m e m
d e
^
panno
d e co l chã o .
N o d i a
seguinte volto
a o c i r co .
Quero
s e r
apresentado
aquella
crea-
tura.
S ó
depois
d a
funcção.
O s números
s e
repetiram
monótonos.
A
charanga
moendo
u m a s cousas horríveis.
O e
cavallos
levantavam
n o
picadeiro
u m a
poeira
infernal.
E o circo
e r a
t ã o
pequeno
—
qu e
se
sentia
aquelle
cheiro
d e
u r s o
e
d e
p a n * -
thera,
q u e
vinha
d a s
jaulas.
M a s
C ó l ó
veio
fazer
o
seu
numero
d e
for-
ç a ,
maravilhosa
n u m
maillot
d e
seda
branca.
Vamos
agora
ao
camarim.
Era
preciso
fazer
a
volta
p o r
traz
d a s i
jaulas,
fora
d a cerca
d e
arame
q u e
i m p e d e 1
o
accesso
até á
l o n a .
Excursão
medita
e
pe-
rigosa.
Réco-Réco
esperava
fora
d a barraca.
N a
porta
d o camarim
u m
cartaz
d i z i a » ;
« M i s s
C ó l ó » ,
A
cortina
arredou
e e l l a a p p a - - .
receu,
athletica
e
suada,
dentro
d u m
roupão
d e banho.
Camarim,
coberto
de z i n c o ,
c o m
cort inas
4 0
annos,
u m a
mascara
affiictiva,
u m a bocea
amarga
c o m
d o i s sulcos
d e
soffrimento).
Bibiano
apresenta.
E
começam
a
recor-
d a r
o
passado.
(...
D e u s
meu H a
certas
vidas t ã o
elas-
ticas,
q u e
parecem
feitas
d e
borracha.. .)
.«---¦ .
« P o i s
e\i--depois
q u e
sahi
d o - ^ d r e o^ ^
W segredo,
hein?
m a s entre amigos,
pod ia
contar...»
Bibiano
l iba:
. . .«pois
e r a u m a espécie
i d e
ca ixeiro-
viajante d o Céo...
E
o
s e u
« t r u c »
e r a s i m * -
pies...
E l l e fazia
a defeza c o m
o s
santos. . .
- - - - -
N ã o — p o s s o _.
comprehender . . .
Fáci l . . .
E u intitulo-me
propagandista
d a
religião
catholica
( ...
i s s o n ã o
f a z mal
nenhum
porque
e u s o u
protestante^
n ã o
é? )
. . .
Compro
1 0 0 . 0 0 0
cordões
com
medalhas
d e
santos...
mando
imprimir
rezas e
v o u cor -
rer
a
praça...
( E s s e
commercio só
d á
em
M i n a s
e
S
N a s
paredes,
retratos
d e
artistas
—
d o -
madores,
jockeis,
volantes,
palhaços.
(Alguns
tinham
desenhado
dedicatórias
incríveis).
Sobre
u m a m e z a
desinontavel,
pomadas,
r ou g es —
e o
retrato i d e
Miguelzão,
fardado
d e
domador,
o
peito
cravejado
d e
medalhas,
e
ameaçando
i Q o j m
o
( g a r f i o
í ( d ' e
fogo
o
l e ã o i
«Me-
nelike»...
N o
camarim
visinho
u m a
c r e a n ç - a
a e
pei-
t o
chorava'.
r io:
—
«Aquella
é
a
C ó l ó .
u m
;
b o m
numero
d e
açrobacia
è
força
dental.
E '
amante d o
domador
Miguelzão
- • • -
o
q u e
lutou
c o m o
urso».. .
uma
cigana
d e
2 0
a n n o s , t y p o -
perfeito
jte
india,
c o m u n s
o l h o s
oblíquos
d e
febre...
( E l l e
disse:
« f o r ç a -
dental.. . amante
d o
M iguelzão. . .»)
...
Colada dentro d u m
maillot
d e
seda
purpura...
w a — P a u iO — p o r q u e— o — p o v o — e — m u , i
w
carola). . .
C o r r o a
praça...
E m cada
villa
eu
d e i x o
1 . 000
cordões...
espalhando
d e
casa
e m
casa...
Depois
v o l t o
para
receber o
dinheiro.
- — -
A h o
cobre
c a e
n a certa
alguns m a i s
po -
b r e s ,
dão a
gallinha
- - -
só
d e
mede
d o
San-
t o »
E
Bibiano
tirou
d o b o l s o u m cruc if ixo
e u m
p a r
d e
óculos
pretos, q u e
e l l e
usava,
E
o urro
duma
panthera,
c o m o u m
l a - * -
mento
d a
carne,
estremecia d e l e v e o telha-
d o
d e
zinco .
M a s
C ó l ó
precisava
fazer
o « m a q u i l l a g e * »
para
ia segiwda
petrfê. ———
(...
era
m a i s alta d e
que
e u .
O acety-
l e n o
punha
u m
l a i v o
d e
cobre n o
s e u
per-
f i l c igano).
«Desculpem...
I s s o
aqui é
u m a dee-
ordem...»
Procuro
u m
elogio"... Inutii.
Porquê
M i-
guelzão,
proprietário
daquella
j ó i a ,
v e m bus-
c a l - a
para
a
pantomina.
Balbuc io. . .
« Q u e r o
offerecer
u m
c h á
a o
grande
ar-
t-ista»...
Miguelzão
sorri
c o m o u m
tigre
—
e
des-
apparece
n a
escuridão.
..
* *
*
coino-emissár io d e
Deus.
- - - - -
E
- V o c ê ,
m e u
velho
?
Réco-Réco
é
hespanhol
t h - e o z o p h o ,
» é
su -
#,
N o botequim
d o arraial.
Tapeação.
Con-
versas
c o m
o
grande
artista. Miguelzão
acre-
Ex
..*-¦•
a>. . .
.*
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 10/20
8
f
e ti
t
a
ri
Ti I
I I
LOS
CLÁSSICOS...
¦ ¦ * —
Joyce
—
ülyssos ,
-~ ¦>_...
—
Dedalüs,
»
- — .
Protimttè.
C o c t e M
—
Orpheu .
»
—
Anligotin.
< * ~
Strawinsky
—
O M i p u s
Rex.
Sat ie
—
Sóc r a t e s .
- ~
Milhaud
• - - ¦
L e s
malheurs
kVOrphêè.
Honuegger
¦—
I t o i
Davj l .
— «
»
•
Juâilh.
. . .
etc...
Joyce,
Cocteau, Strawinsky,
Satie,
Mi lh a ud ,
Honnegger. . .
T i t u l o . .
clássicos, obras
d e
vanguarda
mo -
dernista....
Exemplo a
seguir?
N ã o
porem phénomeno
symptomatico,
si -
gni f i cat ivo
e m
extremo,
H ã o
h a
academismo,
escravisação
a o
pas-
sado,
e m
t a l
insistência n o u s o
d e
títulos
cias-
s i cos .
l i a , i s s o
s i m ,
indicação
evidente
d a
fa-
cil idade
q u e
taes
títulos
trazem
d
eomprehen-
são r l a . s
novas
attitudos
d o
espirito,
t i tu los
e
até
assumptos.
Ü Orpheu,
d e
Cocteau
é
uma
d a s
obras
mais
realizadas
d a s novas
tendências .
Entretanto,
ê
uma
parodia
Vive
d a velha
isymbologia
hellenica,
qu e
repercute,
gravemente,
n o
subsolo
da
cons-
trucçào modernis ta .
Por debaixo
d a
scint i l lação
veloz
d o
es-
pirito
d e Cocteau.
lá esta
a
paixão
trágica
r l e
Eur ipedes .
À
obra-prima
nasceu d e
tal contraste.
antiga
e
moderna;
' m a i s
legitima crystali*.
/.ação
d e
arte
d o
que
ceT tos^ ) as^ teh osu_ i i _ A i^
tole
Franco; talvez
tão
valida
para
a
perda-
M
U
B
I €
Y
ração secular
quanto
a
estylisação
rac iniana
d e
themas
identicamente
c la .s i cos .
A
jogralidade,
o s
prestígios
clownescos
ali-
existentes não
m e
impedem
d e
insistir
neste
juizo .
E m obras
assim,
a
realização depende
d e
grande audác ia
n a
imposição
d o
rythmo
mo -
derno
a
velhas
concepções;
portanto,
c i e
o s
autores
vivos
serem
legít imos
homens d o seu
tempo.
Por i s s o
s ó
os
mais
notáveis
dentre o s
modernos conseguem
e x i b o
_
e m
tal
[empresa..
S ó ,
o s
homens
d e
grande
força d e insfcin-
cto
e
d e
grande
e
perfeitamente
equi l ibrada
cultura.
E_piri tos
d e
engenho
cr iador
seguro, sem
_.no;mm'd')de.
s e m
renuncia
d e
nenhuma
l id i -
m a
riqueza cultural
adqui r i da ,
i r i a s ,
também*
e
principalmente,
sem
nada
d e
l ivresco
e d e
servi},
senhores
e m
lisa
e nua
propriedade
do »
legados
recebidos .
Uma das
faces
d o
multifonne
modernismo.
dita n a
minha
influencia
política
—
e trata-
m e c o m respeito,
pensando
n o s
impostos
do
circo.
Conta-me aventuras,
cousas
d o
«metier»
com
u m
sotaque
carregado d e
cigano
d o s
Bal -
kans,
. . .«Os
pães
eram rumaicos
—
mas
elle
nasceu
em
Saragdssa,
n a Hespanha.
Dahi
ba-
t - e r a m
para
a
America . . .
Boas
praças
naquelle
tempo...
Depois
o
interior
I d o
Brasil.
S .
Anua
d o
Livramento...
Vaccaria...
( . . .Cóló
bebia aos
goles
uma
mistura de
café
c o m
canna.
Senti,
d u a 3 vezes,
o seu
o lhar
firme
sobre mim.
—
Q u e
animal
raro
seria
aquelle?)
. . . «Nenhum
d i a
d e descanço.. .
cami -
nhando
sempre... a ,
pé...
a
cavallo . . .
o s
car-
gueiros
carregando
a
l ioj i ia e
o s mastaréos.
-
—
Vida desgraçada
...«e
a s
geadas
e as
chuvas... Perto
d a
Yaccariã^
bateu
u m
pé"
de~vento"
e reduzio
a
lona a fran
galhos.. .
. N ã o
se ,aproveitou
u m
pe-
daço
d e
trapoi
e
o mastaréo rachou
p e l o
meio...
E
a
f o m i e ,
m e u
amigo
Quantas
vezes
pas-
s a í m o s
f o m e
n o
sertão...
: T J m a
vez n o
Para-
n á ,
depois
d e 3
d i a s s e m comer,
encontramos
u m
cargueiro
d e
milho.. .
Devorou-se
aquillo
num
instante...
E m
Palmas,
morreu
u m
macaco
e
o
urso
quasi
m e
matou.. .»
(...
e u
começava,
a
m e
inquietar
c - o p i i
aquella
historia...
M a s
Bibiano,
corta
a
con-
versa-
pra
fazer
a
( a p o l o g i a 1
d e Luthero
e
con-
demnar
o s
papas
— ¦
Locrec ia
Borgia
dava
veneno
dentro
d o
choco la te . . .
M a s
o amante delia
que
er a
um
tenente
d e
policia,
não f o i
t rouxa. . .
N ã o
tomou o
veneno
E i
apertou
o
botão
d a
cam-
painha
electr ica . . .
Então
e l l a
deu uma
pu -
nhalada
n a
mão
delle.
~ ^ X X - .
S i m Senhor
L i i s s o
n o
romance
d e
F on - F on . . .
— -
Agora
v o u
trenar o
«sáltó
beduinow,
Dobrou-se e m
duas.
Ondulou . . . E
comer
çou
a
(saltar,
com
a
persistência
d e u m
«fox»
que
v i o
o
gato
e m cima
d o
mu r o .
Afinal
Miguelzão
v ia jou .
O
di rector é
obrigado a
sondar
a s .
pra-
ças
antes d e
instaliar
o circo.
Felizmente.
Então
peço
uma
idéia,
a
Bibiano. Elle
sug-
gere
trez
razoáveis e
uma
absurda.
Acceito a
ultima:
A
C ó l ó
é filha
d e
c igano . . .
Tira
a
sorte e sabe ler
a mão... M a s si você
qui4
zer...
( > - . ,
ahi elle
baixa
a
vóz
e
m e
diz
u m a
cousa n o
o u v i d o . . . , )
Preciosissimo
Bibiano
C o m o
eu
me
arrependo
d e
ter feito
u m
máo
juizo
a teu
respeito
M e u nobre
amigo
Elle
arranja
t u d o .
Combina
u m
encontro c o m Cóló.
De~~passãgem
para
o l iotel^clescobre numa
rua
d e Páu-dos-Ferros,
u m
«Forcb
inverosimil ,
capaz d e
amedrontar
um i chtyozauro ."
Imme-
diatamente
elle
subloca esse
monstro .
E
o
nosso
passeio
pelo
arraial
f o i mais
sublime
que
o desfile
da
Rainha
d e Sabá,
pe-
I a s
ruas
d e
Jeruzalém...
U m escândalo
soc ia l .
E
o
«Ford»
ruma
para
u m
sitio
propicio
q ue
Bibiano
c o n he c i a .
Era
a
( u m a
legoa longe,
u m
logar sombrio,
onde uma
fonte
sussurrava
dentro
dum bos-
que
d e
pinheiros .
(.,.
uma
velha
d e
100
annos,
chamada
Çaniia,
dizia
q u e
nessa
fonte
tinham matado,
a
sede o s
primeiros
caçadores
d e esmeraldas
e m
caminho
para
a
Serra
d o
Cater iangonge) .
Então,
senti
dentro d e
mim
u m Ímpeto
ban«
deirante
e
urna sede
de
cousas
myster iosas.
M a s
C ó l ó ,
displicente,
limpava a s
unhas
c o m
u m
grampo.
Aquilo
m e
c o mmo v e u :
—
Miguelzão
tem
cimueis
d e
V o c ê ?
— ¦
Nã o . . .
E '
muito
carinhoso
pra
mim...'
S ó
que
á s
vezes elle
m e surra...
(...
então
Bibiano
baixou
a
v ó z ,
outr
VP.7,.
mft
itÜSigj*** rn -m
a.arrvaAn. q / %
/•..¦ixT.rlr. I?.
r i<-,.»
¦ -t * * * ¦
* * • « * *
awm
w- B««
- x - i
t-__—l
_j
il.
i '__ l r
r
r r
¦
irr.tr.——
r t
rtr
'.<«**
Soffri u m
abalo
moral
mais forte
q u e
um
«Knock-ont».
E
preparei-me
para
morrer
c o m
d ign idade .
M a s
e l l e
voltou
radiante,
dizendo
q u e
« a
praça
e r a
boa...»
Então resolvi
prestar
uma
homenagem
ao
grande
artista
—
e comprei
u m
camarote ,
para
o s e u benef ic io .
O s
cartazes
berraram a
ultima
funeção.
O
caminhão arrastou
pelo
arraial
o
bom-
bo
d e
Réco-Réeo
o
os
gemidos
.
d o
«urso
Kluka».
Mulheres
velhíssimas
saiam c i a cama
para
apreciar
o
phénomeno.
E
á
noite,
numa
orgia d e
p ó
e
acetsy-.
leno...
—
S a i
paiáço
(.
.
Miguelzão
v a r .
lutar c o m
o
urso
«Kluka») .
" v ~ - -
Sae-paiaço
(...
Silencio
O
apito
d o
director
pede
si lencio
Miguelzão
vae
fazer
o
seu numero»
«volante».
O
«double-salto
mortal
n o
trapezio
com
o s
olhos vendados. . .
Silencio,
senhores '
H a
perigo
d e vida...)
N a
barreira
as
mulheres
d e
dolman Iam-
b e m o
heróe
c o m
u n i olhar
amoroso
d e
g o s * *
ma.
Elle
passa
breu
n a s
mãos.. .
Experimenta
o
pulso.. .
—
Bo m
Sobe a
escada...
Quando
segura,
parece
que
o
trapezio
encompridou
u m
p ou co .
Isso
não
tem
importância . . .
Deve
ser a
corda
t o r c i da .
A
charanga
estacou.
H a u m
silencio
besta,-'
n o
circo.
Então
e l l e
lança
u m .
olhar impassi*
vel,
venda
o s
olhos
-
e
espera
que
a
comV
pãnheira
jogue
o
outro
trapezio.
Quando
firmou
o
pulo.
e u vi
uma
cordat
estalar
n o
mastaréo...
Elle
já
estava voando. . .
lá
e m
cima../
perto
d a
lona.
£,*
yj u._i—kvxp \j
U
i
mv
.
. T3 ..
\h3" Largou
u n u t
nta-u...
uepois
oura. ~
— T . .. E
f o i c o m o
_unia
bala
e m
cima
(W
anchbancada.
Fui
assistir
o
e n s a i i o j d a
manhã,
n o
«Circo
Boni fá c i o» .
Trabalho
n o
picadeiro .
Creanças
tronando
o arame,
contorc ionis -
mo e saltos.
Vigilância
severa
i d o s
c iganos .
Algumas,
sentiam
frio
e
precizavam
apanhar.
U m athleta
adoleiscente
equilibrava
u m me -
nino
na
ponta
dum
bambu
appareceu) .
—
Q u e
imprudente
Aquelle
Bi b i ano
*
*
Miguelzão
chegou,
nessa
mesma
noite
e
f o i
m e
procurar
n o
hotel .
Cóló
com
u m
maillot
preto
d e
trabalho,
ve io
jesfregar
a
sola
d a
sandália
n a
cacheta,
c f ô
breu.
brasil io
i t iberê
Para
essa
questão
d e
d ô r a i s
'moraes
—
eu
sou
u m
c o v a r d e .
Então
abracei
Bibiano
e
embarquei .
D o i * -
m i
mal.
Accorde i
assustado
como
u m homem'
que
cahio
d o
trapezio.
Abri
uma
janella.
0-noekirno
i^h-acc^Hiara-na-nTadríTgada
ago-
nizante.
E
uma
igreíjinha
colonial
erguia
para
o ^'
O é o s
a
sua
torre
c a r c o mi d a .
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 11/20
/
e 8
t
a
uma
oite
d e
o u s i m ã o ,
dilettante
»53|Jf
a
Ê r W
A-* f sA Y \% fi
#& - ( - ¦ • B i
A
j j » ,
_ c _ l
M á
experiência.
E u
descera
a s
escadas
d o Clube
dos
Aluados,
onde
perdera
d u -
zentos
m i l
réis n a
roleta,
e
olhava,
abor-
retido, a
chuva cahir
n a
rua
deserta,
negra. Dera-me
assim
u m
desejo
súbito
d e
passar
u m
quarto
d e
hora
numa
baiuca ;
então
procurara
aquelle
clubezinho
reles
d a
Lapa.
Agora
u m
arrependimento
en-
raivecedor
me fazia
subir
o
sangue
á -
cabeça,
e m
m i l
projectos
d e
re iv ind icação
honesta claquelles
duzentos
m i l
réis.
A
ultima vez
que
e u
visitara
minha
mãe, e m
Iguape
—
porque
e u
s o u
d e
íguape-ainda e l l a
m e
dissera,
c o m
um
sorriso
maguado:
¦—
Não trouxe
nenhum
presentinho
para
sua
mãe...
Deixe
estar...
E
fora
perder
duzentos
m i l
r é i s
para
o s
capadocios
d o
Clube
dos
Alliadòs
E i s a h i
n o
que
dava
a
minha
mania
d e
ambientes.
Taxis,
n a
porta
d o clube,
esperavam
freguezes.
Vendo -me
parado,
a
escolher
destino,
c o m
u m
a r d e
lorde
perdulár i o
( o
ar com
que
todo
pobre
diabo
sae
d e
u m
clube)
o s
chofêrs
r n e
acenavam,
offe-
recendo
a s
machinas.
Superior ,
accendi
u r n
cigarro
e
toquei,
a
p é ,
sob
a chuva.
Deu-me
vontade, então,
d e
passar
pela
r u a
Moraes
e
Valle.
Uma
rua
d e
mu-
íheres
perdidas,
numa noite
d e
c hu v a ,
é
triste,
infinitamente.
(Poças
d'agua
reflectem
o s
lampeões.
Trechos
d e
can-
tigas
saem
pelas
grêtas
das venezianas
cerradas.
N ã o
s e v ê
ninguém.
Apenas,
vago,
o
-vulto
d o
guarda
rondante,
repre-
sentante
somnolento-da
Ler).
O r a ,
vamos,
S i m ã o
Assim
falei
a
mim
mesmo,
vencendo
a
ultima
hesitação
d a
virtude.
E u nã o
ia
comprometter
a
virtude,
entretanto.
Era
apenas
a
satisfação
d e
u m
capricho
d a
sensibilidade.
O
ambiente,
queria
o
ambiente.
B o a
no i te
B o a
noite.
Um
conhec ido .
Exacta inenk
q u a nd o
menos
esperava,
numa
noite
d e c hu v a ,
a o
virar
uma
esquina
d e
rua
v ic iosa ,
surge
o
contratempo
fatal: o c o n hec i d o ,
o
conhec ido
que
nos v ê , nos
cumpri-
menta,
f a z
u m a r
camarada e
passa.
Quern?
Um
sujeito
com
quem
temos
relações
apenas d e
vista e
cuja
ún ica
funeção,
n a
vida,
parece
ser essa: appa-
recer
assim.
U m sujeito
que
existe
so -
mente
para
aborrecer-nos .
Sssssiu.. .
O '
belleza
A s
primeiras
portas
mysteriosas,._P.r in-
cipiei
a soffrer O amor
Dentro
d e
i
mim
começou
a
estranha
sensação
pun-
gente. Ninguém
podia
adivinhar,
n a
mi -nha
sombra,
uma dôr
ambulante,
a
d ôr
especial
e
saborosa
d e
sentir
o
ambiente.
A r u a
estendeu-se,
dobrada a
esquina.
Diesería,
naquella
noite.
Passava
d a
uma
d a
manhã
e
poucas
mulheres ainda
havia
acordadas,
atraz das
janellas,
á
espera.'
-Pela
calçada,
nem
mesmo
u m
marinheiro
japonez.
(Será
que
muitos
homens
pen-
sam
á s
vezes,
como e u ,
nos marinhei ros
japonezes
que
desembarcam,
cheirando
a"
suor
e
a
óleo,
e vêm
por
aqui,
e m
gru-
pos,
mettendo
o
nariz
n a s
casas,
pr ocu -
rando,
escolhendo?
Oh,
que
desgraça
im -
mensa
a
destas
mulheres )
Plaf,
enfiei
o s
p é s
num
baraco
cheio
c r
água.
Boni to
E '
o resultado
d e
andar
distrahido,
a fazer
reflexões
piegas
Ia
apanhar
u m
resfriado.
Não,
não:
havia
u r n
recurso:
o botequim
d a
rua
Joa q u im
Silva
estava
aberto,
graças
a
Deus.
T o -
maria
u m
cálice
d e
conhaque.
Apressei
o
passo
para
reagir
contra
a
friagem.
- - S i
m ã o
S imão?
Uma
mulher
chamara
S i m ão
- -Sssss iu
Venha
c á .
Simão,
não
se
faça
d e besta.
N ã o
havia
duvida:
tinham
chamado
sociedade
d e concer tos
symphonicos
S ã o
u n a n i m e s
o s
a p p l a i i 3 o s
á a c c ã o
c a l -
t u r a l
d a q u e l l a
sociedade,
q u e já
d e u
u n s
pa-
r e s
d e
centenas
d e
concertos
orchestraes,
ai-
g u n s
d o s
q u a e s
bastante
apreciáveis.
L e m b r o - m e
c i e
execuções
b o a s
d e obras
m o d e r n a s ,
sobretudo
d e
algumas
d é
romanti-
c o s ,
Wagner
principalmente.
J á
lá
v ã o
e s s e s
b e l l o s
tempos
A
S o c i e d a d e
d e
C o n c e r t o s
S y m p h o n i c o s
v i-
ve
pobremente,
precariamente,
d a
f r a c a renda
d o s
concertos
e
d e
u m a
p e q u e n a
e
insuffi-
ciente
subvenção
official.
0
Prof.
Francisco
Braga
h a
l o n g o s
annos
v e m
r e g e n d o
a orchestra
d a
S o c i e d a d e ,
c o m
e s f o r ç o
c a d a
' v e z
m a i s
inefficaz
e
(porque
n ã o
o
declarar?)
m a i s
desanimado.
Falta
d e
e s t i m u l o ,
e t a m b é m
desorienta-
ção.
" E m
t o d a s
a s
partes
d o i n u n d o
as soeieda»
d e s symphonicas
e s t ã o e m
c r i s e .
M a u r ic e D u-
m e s n i l
queixa.se
d i s s o ,
em
l i v r o
documentado.
A f P a q u i
c h e g o u
a
u m
p o n t o
e m
q u e
nã o
m a i | 3
6
permittido
a o s
amadores
e
a o s
cri.ti-
c o s
silenciar.
A s
e x e c u ç õ e s , m a l
preparadas
p o r
falta
d e
e n s a i o s
( q u o
s â r - a
dispendiosos),
s ã o
inva-
riavelmente
p é s s i m a s .
0
repertório
n ã o
é mais
renovado.
Q u a n d o
u m a
o b r a
n o v a
é apresen-
t a d a .
r e p
etem-ria
exhaustivamente.
a
pretexto
d e
insistentes
e
improváveis
solicitações.
O n d e ,
p o i s P
a » s i m ,
a
f u n e ç â o
educativa
d a
S o c i e d a d e
?
E d u c a r
o
g o s t o
c o m
a
Heróica
em
iy -
t h m o d e v a l ? a
viennense?
C e l e b r a r
o
centenário
d e Beethoven
co m
a u d i ç õ e s
i f l c - y a c t a s ,
frouxas, m o l l e s
d a s Sym-
p h o n i a s V J
D ê
a
governo
f o r t e
subvenção,
fazendo
u m
contrato verdadeiramente
esclarecido,
exi-
g i n d o
execuções
soífriveis
ao
m e n o s ,
e
a
re-
n o v a ç ã o
suecessiva
d o s
repertórios.
D e i x e s - s c -
Beethoven
em
p a z , p o r
u n s
tem-
pos.
A
t a l m o n ó t o n o
e
arrastado
burocratismo
m u s i c a l . - 4 n * e
ferw^
d e o u r o . .
por
mim.
Voltei,
procurando
v e r
d e
qu e
janella
partira
a
voz
desafinada.
( No s s a
Senhora,
como
era
possivel
q u e
alguém
m e
conhecesse
naquella
rua?)
-
O '
seu
coisinha.
entra
aqu i ,
L f m à
porta
abíiu-se
para
mim.
D o
es-
curo
uma
cabeça
me
acenava,
com
a r
d e
mando.
« C o i s inh a »
Era
extraord inár io .
Parei,
indec iso .
-
J á
s e esqueceu,
hein?
Entre
aqui;
Entrei.
A
mulher trancou
a
porta
atra/
d e
mim.
Suba,
S i m ão .
Subi
a
escada
meio
á s
escuras, c o mo
num
sonho.
- Co mo
v a i
D .
C a n d o c a ?
D .
Candoca
O nome
d e
minha
mã e
á
uma
hora
d a
manhã
numa
casa d a
ru a
Moraes
e
Vulírr™A:rr;
Simão,
diletante
d e
ambientes
E l l a
subira
atraz.
N o
patamar,
vol te i -
m e .
A l u z
d o
quarto,
c o m
a
porta
es-
cancarada,
incidiu
sobre
u m
rosto
bexj-
goso
d e
mulata:
M a ri co t a
Você
a n u i *
meu
Deus?
--Não,
a l i
n a esquina—
escarneceu
ella.
Uma
commoção
profunda
m e
pungiu .
Tive
vontade
d e chorar.
Maricota...
- V o c ê
está
homem,
hein?
...
a
Marico ta
daquelle
doce
tempo,
quando
e u
usava
camisola...
--Todo
elegante,
Simão.
Hum,
num
...
que
dormia
n o
meu
quarto,'
junto
á
minha
cama,
porque
e u
tinha
m e d o
d o
invisível
e
d a
escuridão...
—
Não- fa la
nada?
Está mude
UW
...
d o
tempo
d e
meu
avô,
que
me
man-
dava
com e l l a
n a
venda
d o
seu Hi l á r i o ,
para
impor
certo
respeito
aos
homens
-
Bom,
s i você
está
disposto
a nã o
conversar,
então vá-se
embora.
Perd eu
a
l ingua?
F i z
o
gesto
d e
recuar.
Marico ta
agar-
rou-me
pelo
braço
e
empurrou-me
para
o
quarto.
Deu
uma
o rd em:
Sente
ahi.
Apontava
a cama.
A
colcha
branca
estava
amaríanhada.
M anchas
d e
terra
aceusavam
con t a d os
d e
botas. N o
cr iado
mudo,
uma
nota
d e
cinco
m i l
réis ati-
rada.
Pontas
d e
cigarro
espaíhavarn-sô
pelo
c hão .
Sente
Está
com
luxo?
B om ,
Preferi
sentar
e m
cima
d a
mala,
qu e
u m
panno
d e crochê
cobr ia .
M a ri co t a ,
sinto-me
hest if icado.
-
Estou
v en d o .
-Que
é
feito
d e
você, neste tempo
tudo?
—
—
Ora. s i
e u
fosse
contar?
m
u
i
y
-Ha
quantos
annos,
s i m senhora
Quantos
mes mo ?
¦ - • - • *
U é ,
conte
pelos
dedos .
Contei
pelos
dedos, como
e l l a
acon-
selhava
por
ironia: u m ,
dois,
tres,
qüa-
tro
...
doze .
—
Doze
annos
Como
é
que
você
me
reco n h eceu?
— = = - = - 0 r a , -
e u
criei
você,
Simão.
^Me
d á
u m cigarro?
E
concluiu
c o m simplicidade,
escolhendo
u m
c igarro
n a minha
carteira:
" : • > - * # '
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 12/20
^miiajm*imm^
10
« -
f
ê
è
t
íí
— V o c ê
passou,
olhou
d o
lado
da mi-
nha
porta
e
eu
pela
fresta
reconheci
logo .
Mas
fiquei
pensando:
será?
Não
p o d i a
deixar
d e ser:
o mesmo
focinho
Esta
hi .
P e c h
a
M a
ricota
que
m e
abrisse
um
pouco
a
janella.
O
quarto
estava
aba-
fado.
U n i
cheiro
d e
roupa
suja
e
de
água
d e
colônia
d e
turco
impregnava
as
narinas.
M aricota
sentou-se
n a
cama
e
ficou
me
olhando,
a
fumar.
- - V o c ê
não
envelheceu,
M a ri c o ta.
N ã o
p o u c o
N ã o
mesmo.
N ã o
envelhecera.
E *
verdade
que
per-
dera
a
frescura
d a
primeira
m o c i d a d e ,
quando,
c o m
a
sua
carne
dura
e
f lexível
d e mulatinha
nova,
a o
passar
vincava
um
silencio
intencional
n o s
grupos
d a
porta
d a
venda.
S ó
o
q u e
sempre
a
enfeiara
u m bocado
eram
aquelías
marcas
d e
be-
xiga.
Porém,
n ã o
envelhecera:
enco
para.
Ficara
madura,
com
adipos idades
fofas
d e
vida
oc iosa .
V o c ê
casou,
M a ri c o t a?
- - Q u a l
casar
Com
aquelle
porqueira?
E l l a
fugira
d a
nossa
casa
com
u m bar-
beiro
chamado
M alachias. M alachias
to -
cava
violão, cantava
modinhas
e
possuía
u m
cacho
grosso
n a
testa.
Quando
M a la -
chias
fazia
serenata
n a nossa
r u a ,
M a r i -
cota
sahia
d o
quarto
pé-ante-pé
e ia
para
o
muro
d o
jardim.
Uma
v e z
desappa-
receiam.
Meu
avô
ficou
tres
d i a s
c o m
uma
veia
querendo
rebentar
no
pescoço ,
latejando
forte.
O
major
Rebello,
que
era o
delegado
d e
policia,
desenvolveu
J á .
Depois,
mudando
d e
tom:
D .
Candoca
está
muito
velha?
Insistia
n o
nome
d c
minha
mãe.
E
eu
tinha
sempre
a
impressão,
a o
cscuta l -o ,
dito
por
aquella
bocea
e
naquelle
quarto,
d e
ver
uma
ilor
arrastada
por
u m
exgoto.
-Responda,
Simão
F i cou
mudo
outra
vez?
Porqueira
E s t á
moça
ainda,
M arico ta .
Esta
moça
m
Levantei-me.
N o
meu
coração
aquel le
cynismo,
aquelías
maneiras
obscenas ,
aquella
definitiva
decadênc ia
doíam
c o m o
uma
machucadura .
-— Espere
riiais
u m
pouco,
S i m ão .
Tenho
pressa.
-—Quer
dizer
que
a franceza
está
te
esperando.
Qual
S i
passar
d a
hora,
leva
uns
tabefes.
Gigo lô
O r a
N ã o
tenho
franceza
nenhuma.
Vou
dormir,
é
que
é.
E u
estava
numa
impaciência
atroz.
Agarrei
o
chapéu.
Que
nojo
E
que
angustia
Conte
mais
alguma
coisa
d e
casa,
lá
e m
Iguape.
Vocês
ainda
moram
na
mesma
casa?
A's
vezes
tenho
saudades .
Moramos.
A s
paredes
estavam
cheias
d e
cartões
postaes
e
retratos,
como
escudos
numa
sala
d e
armas.
N o
espelho
d o
lavator io ,
na
fenda
entre
a
moldura
e
o aço,
M a-
ricota
enfiara
mais
retratos,
mais
cartões.
D e
que
é
que
você
se
ri?
Sacud ia - se
toda,
numa
violenta
expan-
são.
Parecia
que
estava
sob
a
obsessão
d e
uma idéa
comic»ssima.
•—Vá,
M arico ta ,
expl ique
o
que
é isso,
Ella
poude
faliar,
afinal:
—•Você
s e
lembra daquellas
nossas
mas
luquices, d e noite?
Senti-me envergonhado
pela
e voca ç ã o ,
V o c ê
era
damnadinho,
Simão...
Eu
tinha apenas nove annos,
naquelle
tempo...
N ã o
sabia
o
que
fazia.
Des-
pudorada,
M arico ta
vinha
reabrir
agora
o
esquec ido cofre
das
minhas lembranças
d e
pequeno
Stendhal
iguapense.
O h
o
balbuciar
d o
instineto,
a s
anciedades
vagas,
o s
gestos
vagos
da meninice in tu i t i va
T o d o s
o s homens
da
cidade
p ro v o ca v a m
M arico ta .
Boliam
com
e l l a ,
quando
pas-
sava.
Era
uma
atmosphera
ardente
em
torno
da
minha
pagem.
S õ e u ,
porém,
conhecia
a sua
cáhda
nudez
d e c h o c o -
late, s ó e u conhecia
o cheiro
exci tante,
inexplicavelmente
excitante,
que
v i n h a
daquelle corpo.
C om o
o
escuro
me fizesse
medo,
muitas noites
e u descia
d a
cama
e
pedia
para
dormir
junto
delia.
F i ca va
acolhido, confor tado ,
sob
o
peso
dos
bra-
ç o s
grossos
que
m e
envolviam. Tinha
u m a
sensação
confusa, indistineta,
d e
q u e
aquelle
volume enorme
d e
carne
quente
encerrava
uma
coisa
desconhec ida
para
mim,
exercia
uma
funeção
que
escapava
a o
meu entendimento,
mas
que
o m eu
sangue
agitado
queria
adivinhar.
M a ri c o t a
então apertava-me,
beijava-me.
M inhas
pe -
queninas
mãos
apalpavam-na toda, agar-
toda
a
sua
act iv idade
para
descobrir
o s
fugitivos.
Porém
o
sargento
d o desta-
camento
e r a
primo
d e M alachias
e des-
confiou-se
d e
q u e
estivessem
conlu iados .
E
nunca mais
se soube
de-M arico ta ,
nem
d e M alach ias.
N ó s
pensávamos
que
o M alachias
tivesse
casado
com
você...
U m
vagabundo
daquelles?
Deus
m e
livre.
E n t ã o
você
s e arrependeu
d o
passo.
Fez
u m
hiüchõcHó.
comTo T D è i ç õ
grosso.
- - - E
h a
quanto
tempo
você
anda nesta
v i d a ?
Maricota sacudiu o s hombros,
a s
pernas
esticadas,
o s olhos fitos
n a
ponta
d as
chinellinhas.
Começou
a
fazer
perguntas
por
minha
mãe,
por
todos
d e
casa.
Teve
tristeza
quando
soube
que
meu
avô
morrera.
Coitado
D e
que?
Coração.
Deu
outro
muchocho. Abanou
a c a-
beca c o m
phi losophia :
D e
uma
coisa
o u
d e outra
a .
gente
tem
d e ir
mesmo.
M u d o u
o curso d a s idéas e
perguntou
de
goipe:
V o c ê
está
empregado
aqui n o
Rio?
E s t o u
estudando.
O
que?
Medic ina.
D e
muito estudar
é
que
o s burros
morrem.
— R i u - s e - — H o u v e
A^proximei -me
para
ver:
um
sargenlQ- i la— ravam-l l i e
caines lmmte;nrro
silencio
d a
Brigada
Polic ial,
mulato,
de
bigodes
ag-
casa a d o rmec i d a
gress ivos;
u m instantâneo
d e
piquenique, _
mi>
y & cahjr na
escada
numa
praia,
com
mulheres
e hom en s
exhib indo
garrafas,
e m
t r iumpho;
um
— N a o
n a
perigo .
« Bo a s
Festas
e Feliz
Anno
N o v o » ,
em
—Então
boa
noite,
Simão.
Appareça,
letras doiradas,
cercando
um
par
d e
noi-
— S i m,
M a ri co t a .
vos
a
beijar-se;
uma
negra
d e
vestido Abriu-me
a
porta.
uma—pausa,—;
Porque
não s e
emprega?
H a
tanto
med i co
N ã o
faz
mal.
H u m ,
hum
Está adiantado?
Q u a n d o
s e
forma?
N o
anno
que
vem.
-já?
curto
d e braço
com
uma
sujeita
branca,
esta d e cabellos
cortados,
muito
gorda,
monstruosa,
como
uma
sapa;
uma
c.iança
de collo
espantadinha,
sen.ada
sobre
u m a
aimofada,
olhando
a objectiva
sem
com*
prehender;
e
outras
lembranças,
d e
ami-
gas,
d e
capadocios,
d e
domingos
d e
festa,
d e
coisas
tristemente
banaes.
U m
pedaço
d e sabonete
d e coco
jazia
no mármore
d o
lavatorio,
atirado.
U m a
abotoadura
d e
homem ficara
esquecida .
A s
peças
d e
louça
estavam
arrumadas
sobre
panninhos
d e crochê
c o m fitas ver-
melhas.
Maricota,
adeus.
' T á
bom, adeus.
Apparece
p'ra
con-
versar.
E s t á
d i re i to .
E u
quasi
nunca
paro
aqui.
Passo
uns
mezes no
Rio
e
moro
o resto d o
anno e m
Taubaté.
Sabe,
Taubaté, Tenho
lá
u m
portuguez.
Ainda
não f a z tres
sema-
nas
que
cheguei
e elle
j á
m e escreveu .
Paixão
é
uma coisa
séria, M a ri co t a .
M e u
desencanto
era
tão doloroso
(at t in-
gira
o
auge)
que
m e
puz
a
dar conselhos
f ingidos .
—
F / ;
_MaricQÍ3j
paixão
é
u m a co i s a
r
i
b
e
i
r
o
séria.
T o me
cuidado
com esse
portuguez.
A
gente
lê
sempre
tantos crimes
no s
jornaes
Caminhei
para
a
porta.
Marico ta
então
levantou-se
d a
cama,
onde
accendera
um
novo
cigarro
que
a
envolv ia d e
fumaça,
suffocando-a,
fazendo-a
franzir
o nariz.
Estendi a mão
para
ella...
— ; :
Aceusr;;;
—
Adeus,
S i m ão .
Poz-se
a
rir.
Sahi
para
o ar
gelado
d a
noite.
A t é
outro
d i a ,
M a ri co t a .
Quando
escrever
para
D . C a n d o ca ,
d ê
lembranças
minhas.
Ah,
isto
era
o cumulo
Segui
tonto .
Dei u m
esbarrao num
preto
.que
v inh a
pela
calçada,
E u ia como
que
bebedo .
Dentro
d e
mim havia magua,
s a ud a d e ,
pena,
revolta...
A v id a
U m
frio
ganhava-me
a s
pernas,
endu-
recendo-as.
Lembrei-me
então
d e
q u e
tinha
o s
sapatos
encharcados. Boni to
Agora
não
escapava.
I a apanhar u m
res-
friado
Bello
ne goc io .
Rápido, entrei
no
botequim.
Cheguei
a o balcão
e
pedi
um
co n h a que . O
gar-
ção
f o i
a o
armário
e
tirou garrafa:
ia
já
me servir
quando ,
picado por
u m
desejo novo, suspendi a ordem. Hesitei
commigo...
N ã o
ha
u m reservado
aqui?
A l i
n o fundo,
por
aquella
porta.
Quer
que
sirva lá ?
Hesitei mais... Emfim,
aquella noit
estava mesmo
perdida
para
a
rectidão
e
a virtude.
«Simil ia
similibus
curantur».
O
ambiente do botequim
(decer to
havia
bebedos n o
reservado) ia
fazer-mc
bem.
O
meu
acabrunhamento
pedia
á lcool, al -
cool, álcool...
L e v e
lá
a
garrafa.
E embioquei
para
a
porta
d o fun d o .
( D o
livro
«Bah ianinha
e
outras
mii-
lheres
»).
c
O
u
t
o
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 13/20
f
ti
8
t a
1 1
o
ialogo
Lic inm
—
...mas
deixe-os
o s
eucaly-
p t o s
e
a
sua
f i n a i ,
profunda
e nosudgica
bel-
l e z a d e
transplantados...
A
tua
m a i s
grave
experiência. . .
Èffltm
- -
...a
mais
dolorosa
experiência
q u e
m e
ficou
d a luta
contra
a s
medíocres
amarguras
d e
cada
d i a .
f o i
a
d o contraste
absoluto
entre a
Vida
e a
«vida»...
___,
Licin im
—
Pa ra d ox o?
Moram
— -
,,.entre
a
V i d a ,
o
d i v i n o
o
profundo
manancial,
e
a vida
d e
c a d a
uni,
a
«minha
v i d a » ,
isto é ,
. t u d o
o
q u e ,
e m
mim
ó
justamente
u m a
limitação
d a
V i d a ,
u m a
bar-
reira a velar
o
horizonte
insondavel,
u m a
di -
minuição
d o frêmito
infini to. . .
a
d o s
e u c a l i p t o s
_ram-a-Tictor ia
feita.
Porque
todas
a s vezes
q u e
a
existência
d e
u m
h o m e m
f ô r
tessida
d a s
mesmas
contingências
q u e
v ã o
fazendo
a
minha,
e l l e
será
vencido.
O
Espirito
é
sem-
pre
o
meemo
infinito,
i r m ã o
d a
Vida.
A
- < v i d a »
d e
cada
u m
é
q u e
o limita
e
prende,
m a i s
ou
O n d e v ê s
u m
contraste^
vejo
apenas
a
dif-
ferença
entre
o
grande
t o d o
e
u m a
porção
humilde.
Marcm
— *
A
Vida
só
é
V i d a
c o m o
to *
talidade.
E
o
Espirito
é
s e u
irmão:
feito
d a
mesma
essência
e
d a
mesma
infinitude.
N ós
vivemos,
porém,
c o m o
o
cavouqueiro
humilde
q u e ,
tendo
t o d o
o céu
amplo
e
livre
para
-olhar,
n à o
pede
desprender
o s
o l h o s ,
a nà o
s e r
p o r
instantes
fugitivos,
d o
m e i o
palmo
d e
terra
escura
que
trabalha.
LieinMS
—
Queres
alludir
a o
esforço
e
a o
canino
d é
c a c l a
homem...
M a s
a
d ô r
nã o
é
fecunda?
Marcm
—
0
a
q u e .
os
poetas
chamaraim
a B
grandes
dores
redemptoras
n ã o
s ã o
as
qu e
n ó s
conhecemos
hora
a
hora.
A
v i d a
d e
cada
u m ,
a
minha vida
: ~ ~ a — s o m m a
d a s
pequeninas
angustias
quctdanas,
d a s
desesperantes
incom-
pletações,
d a s
incapacidades
incoerc iveis . . .
L
cnws
—
. . .dos
minuscu
a s
alegrias...
Murem
—
..oh,
sim
também
d a s
.trai-
çoe'ras
alegrias
insignuicativas,
q u e
se
esvaem
• c o m o
fumo.
Não
a s
innommaveisansiedades, que
de
alto
a
baixo
rasgam
o s
paredões
d o Espir i to :
t n a - 8
o
esforço
obscuro
d e
cada
instante
pelo
p ã o
amargo.
N ã o
a
angustia
d o
Destino
e
d a
significação
d o
ser:
m a s
a
preoecupação
realista
d e
cada
momento
q u e
passa,
e ein
q u e
o
Espirito
s e
esquece
d e s i
mesmo
e
s e
esquece
d e
q u e ,
e m
torno
delle,
se
a J b r e
para
todos
o s lados
o
Infinito.
Licmim
—
M a s
não
dizias
que
o I&pi-
rito
tem
a
grandeza
d a
Vida?
M a r
c m
—
0
Espirito
é
irmão
d a
Vid a ;
m a s
exilado
n o
mais
sombrio e
estreito
cár -
cere.
C o m o
s e
poude
dar
á s duas
coisas
an^
tagonicas,
á Vida
e
á
« v i d a » ;
o
mesmo
eterno
o
indecifrável
nome?
Licin':m
—
Não desenvolves
u m
conceito
d e
philosopho:
descreves
u m a
sensação
d e
ar-
;t ista.
Marcus
—
M a s
u m a
sensação
q u e
m e fi -
c o u
percutindo
n o
m a i s
fundo
d o s e r , e
q u e )
s e
í e z
minha
philosophia.
Licinms
—
Agoniante
philosophia,
e m
to -
d o
caso . . .
Marcm
—
E u
s e i
que
h a . n a
prisão,
por-
ISADORA
DUNCAN
tas
abertas
para
o livre
descampado.
M a s
nã o
s ã o
para
mim...
O
monge,
q u e
renunciou,;
achou
a
libertação.
M a s e u
n ã o
s o u
d o n o
d e
abrir
minhas
cadeias.
Porque
acima
d o
de-
'mjo
d e
renuncia,
domina
o
dever
d o
sacri-
ficio.
E
assim,
a
«minha
v i d a » ,
q u e
é
como
é ,
como
tinha
d e s e r ,
irrevogavelmente,
se
ergue
diante
d e
todo
o
m e u
s o n h o c o m o
o
proprio-piia^tasma-Ada
irrealização-.
Lcnm
—
Incümprehensivel
íatalismo,
nu-
m a
alma
ardente
c o m o
é
a
tua.
Outros
nã o
venceram?
M W ' m s _ _ ^ _ . Q _ \ i b r < y s L -
venceram
l-
N
ã o .
-Acha-
Isadora
D uncan
morreu
num
ult imo
gesto
harmônico e
terrível .
Das
att i tudes
que
a vida
lhe
fez
tomar
o u
que
a
arte
1 h e
impoz,
nenhuma
mais
surprehendente.
M o v i m e n t o
de
dansa,
ainda
assim,
arrebatada
num
panejamento
de seda
sumptuosa
ao
t o rvel inho
mortal
e
ver-
tiginoso.
Del i r io
d e
rapidez:
a
poesia
do
d y n a -
mismo,
o
alheiamento
do
mundo ,
o
êxtase
pela
extrema
ve loc i dade
mecânica:
ópio
d o
mundo
moderno
Isadora
D uncan
morreu
de
morte
ade-
quada,
de
morte
que
o
seu
cabotinismo
prest igioso
escolher ia .
Vida
de
calculista,
de
aventureira,
ex -
pulsa
de
França,
vagabunda
por
vezes
suspeita...
Vida
de
d o id a ,
de
gosadora ,
d e
impul-
siva
cruel...
P or
ella,
desva i rou
defini -
t ivamente
o
ardente
poeta-menino
do
Jbolshevismo,
o
frágil
e duro
Essenin.
Animadora
E'bria
dos
rythmos
inex-
p iorados
de
belleza
latentes
nos
corpos
jovens
e flexíveis...
Viveu
entre
posturas
de
irresistível
magia
expressiva,
entre
a s
florentes
car-
nações
d a
adolescência,
de
toda
unia
m a-
ravi lhosa
ronda
de
juventude
por
ella
fclespertada
para
a
graça
e
a emoç ão
do
movimeno
Reveladora
d a
poesia
sübtil
da
matéria,
dos
sent idos
que
a plástica
exalta
e
trans-
figura...
Arte
a
mais
árdua,
cr i adora
de
ephe-
meros
momentos
mágicos...
Entre
os
sombr ios
velludos
pendentes,
no M uni c i pal ,
em
1916 ,
Isadora
sósinha-
sem
mais
recursos
d o
que
o
seu
corpo,
sua
c o m m o ç ã o
a
resolver-se,
fecunda,
em
rythmos
raros,
e a «Sona ta»
o p . 3 5 ,
de
Chopi n
interpretada
j D Ó r
M aur ice
D u m e s -
nil,
volteava,
pungente,
exaltada,
reco -
Ihida...
Aquella
não
era,
para
mim,
Isadora, u m a
som
â
certa
D u n c a n :
era isto
apenas:
u m rythmo
desencadeado,
vibrando.
Depois , certo
dia,
um
au tomóvel
tombou
no
Sena com
suas filhas...
Depois , num
automóvel,
no
mesmo
Par i s ,
u m chalé de
seda veneziana,
prendendo-se
ao
eixo
duma roda, arrastou-a,
em
ry -
thrno
i nexorável ,
á
pausa
terminal,
á
p o s - *
-tura
em—que
-
parecem-
aos-
nossos
- o l h o s
synthetisados
todos
o s rythmos
admiráve is
por
e l l a
antes
suscitados...
menos;
e
m a i s
o ü
m e n o s
permitte
o u
impede
q u e
até
e ] l e
penetre
o
grande
s o p r o
d a
Vi -
d a .
O r a ,
o
desejo,
a
ansiedade
d o
Espirito'é
romper
e s s a
limitação,
p a r a
livremente
re-
ceber
o
frêmito
profundo,
para
banhar-se
nas
f t g u ã s ,
plenas
daquelle
oceano
s e m
f i m .
O
g o -
H H õ
d e
arte
é
a
expressão
humana
d e s s e
de-
sejo,
E
a realização
artística,
u m a
conquista
gradativa.
Licinms
—
S e
a V i d a
é
o
f i m
supremo
d a
arte,
q u e
fica
s e n d o
a
Belleza?
^
Marcm
— *
Vida
e
Belleza
s ã o
u m a
mrama
coisa.
O s
artistas
sempre
tiveram
a
intuição
disto,
m a s
o s
philosophos
obscureceram,
co m
o s
seus
raciocínios
complicados,
esta
noção
t ã o simples.
Quantas
paginas
inúteis
p a r a
de-
finir
o « b e l l o
e m
s i »
E
quantas
paginas
inu-
t e i i s
para
negar-lhe
a—realidade
O b e l l o
é
o^
q u e
v i v e ,
e
«realizar»,
e m
arte,
consiste,
n ã o
e m
imitar
a
V i d a ,
m a s
e m
apprehendel-a,
captal-a.
O
próprio
verbo
«realizar:
n ã o
no s
está
dizendo
tud o?
Licinms
—
M a s
d e
tua
parte,
c o m o
vêa
a Belleza?
Explica-te.
Marcm
—
A
Belleza
é u m a
s ó ,
p o i s
qu e
u m a
s ó
é
a
V i d a ,
m a s ,
p o r
necessidade
lo -
gica
d o
espirito,
e u
a
vejo
s o b
tres
aspectos
diversos.
Primeiro,
a
Belleza
ardente,
i s t o
é ,
a
expressão
d o
inescrutavel
dynamismo
da
V i d a ,
d o
q u e
é força,
movimento,
interiori-
d a d e ,
desse
sangue
invisível
q u e
circula
nas
coisas
e
q u e
constitue
a
parte
occulta
d e
su a
realidade
a
t o d o s
os
nossos
sentidos
aguça-
dos.
Segundo,
a Belleza
luminosa,
q u e
é
a
pias-
tica
universal,
—
o
mysterio
d a
Fôrma.
A
Fôrma,
divina
acima
d e t u d o ,
porque
contra-
riou
a
dispersão
e
«construiu»
os
mundos . . .
Terceiro,
a Belleza
profunda,
q u e
seria
a
revelação
d o sentido
d a
V i d a ,
a
penetração
_.das.Jeis_..eternas,
a
communhão
c o m o -
Espi- -
rito
d e
Deus.
Licm'ws
~ —
M a s ,
a s s i m ,
confundir-se-iain
n u m
s , ó
todo
a arte,
a
philosophia
e
a
scien-
c i a ,
—
a
act iv idade
total
d o humano
espi-
r i to.
Marcus
—
A
arte,
a
p h i l o s o p h - i a ,
e
a
scien-
c i a
s ã o
uma
só e
mesma
interrogação
infi-
nita.
E
c o m o
o conceito
philosophico,
o u o
postulado
scientifico,
a
obra
artística
nada
mais
representa
d o
q u e
u m a
tentativa d e
ex -
plicação
d o
mysterio.
K
arte,
a
philosophia
e a
sciencia
sã o
u m
s ó
e
mesmo
formidável
esforço
d e
liber-
tação.
E
a
obra artística,
c o m o o
conceitos
philosophico
o u
o
postulado
scientifico
nada
m a i s
é
d o
q u e
u m
triumphante surto
d o E s-
"pirito
para
longe
d a
s u a
prisão
estreita.
Licinms
—
M a s
então
p o r
q u e
separais
e m cathegorias
diversas
a
a r t e ^
a
philosophia^
a
sciencia?
M c t - r e m
—
Porque,
apezar d e
t u d o ,
existe
entre
e l l a s
u m a
differença
essencial.
Deixe-
m o s
d e
l a d o
a
philosophia,
q u e
é u m
mixtta
'ITIfliP.TTmV.O.1
fld QI*fA a
iC«/ -> tI qt* . / -> ¦««•)
n .
nniic irlni«A,r>*«/\G
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F3XrSX?ttX7TVV)
o—^uumu^i
imwk
ü -
p
FV
c
apenas
a s
duas
ultimas.
H a ,
n u m a e noutra,
polaridades
oppostas:
a
sciencia
abstráe,
a
arte
concretiza.
A
sciencia
d ã - n o s
o
echeina?
a expressão
fria
d a
l e i . M a s
a
arte corpori -
f i c a .
para
n ó s ,
a
verdade
d a s
coisas,,
reata
a totalização
d a
verdade, fundindo
n u m a
es-
seircia única
a
B e l l e z a
ardente,
a
B e l l e z a
lu -
minosa
e
a
Belleza
profunda
d o
universo.
E
m a i s
d o
q u e
t u d o "
i s t o , "
ã"Wtê^êprêsenta
para
n ó s
o
milagre
d a
Ençarnação,
p o r q u e ;
palpi-
tante d e n o s s a
carne e
n o s s o
sangue,
a o
mes-
m o tempo
q u e
é d i v i n a ,
permitte
á
nossa
- h - i - i m a n - i - d a d e
a
a s c e n ç ã * )
-imrpreh-eHdeírèe-.-
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 14/20
,.,..»......,
¦¦- ¦'
•
'.
••
•
/2
-
/'
e s
l
a
Liemrm
» - -
Fazes
d a
arte
u m a
rel igião .
Marcm
— *
Digo-te
q u e
a
ânsia
d e
Bél-
l e z a
é
m a i s
profunda
d o
q u e - - - a - t u i - s . k K i i w l 4 i - . r e -
ligiosa...
Ucm im
—
Heresia
Marcas
— -
Nüo:
o
crente
procura
D e u s ,
e
pára
e m
D e u s .
0
artista
v i v e
c h e i o
d a
d i-
vindadc,
e
p o r
i s t o
quasi
q u e
se
l h e
não;
dirige
directamente.
B '
o
esplendor
d e
S u a .
O b r a
q u e ,
sobretudo,
o fascina.
W
a
V i d a l
q u e
o
f a z
estremecer
d e
desejo
infinito...
Licinms
—
O u v e
l á ,
m e u
artista:
vo u
agora
ennunciar-te
t o d a s
a s contradições
em
q u e
cahiste.
Marcm
—
Também
i s t o
seria
inútil,
L i-
cinius.
N a
luta
entrei
a
V i d a e
a
« v i d a » ,
tud o
é
contradicção,
e
o
Espirito
n a d a
m a i s
pode
fazer
d o
q u e
contradizer-se
ti
c a d a
p a s s o ,
pois
a
cada
p a s s o
é sol icitado
p o r
d o i s
p ó l o s
o p-
postos.
Xj icMm
- 4 -
M a s
d a s
t u a s
theorias
resal-
ta
q u e
a
a r t c i
é
Justamente
a victoria
contra
a vida
mesquinha.
Marcm
—
I s t o
mesmo:
«realizar»
é
ven-
c e r ,
n o
sentido
e m
q u e
falas.
....
Licinms
—
Portanto,
esta
oppressão
d a
« v i d ' - * " ,
é
o
o j u e
s e i
poderia
chamar
« o
primeiro
m o m e n t o »
d a
arte,
p o i s
s e m
elia...
Marcm
" ~ -
...sem
e l l a ,
s e m
esta
oppres-
s ã o ,
o
Espirito
confundir-se-ia
c o m
a
Vida,
simplesmente,
e n ã o
haveria
o
surto
esplen-
d i d o
desse
gigantesco
esforço
d e
libertação,
que--é
a-energia
criadora
n a
obra
d e
arte-.
JJeinim
• — •
C o m o
t e
queixas,
p o i s ,
d a
«vida»?
Murem
• - -
Falava-te
d o m e u
c a s o
e
go -
neralisei,
talvez,
s e m
querer,
rermitte-mequo
explique
p o r
u m a
ingênua
imagem
o
m e u
peri-
samcnto
obscuro:
o Espirito,
prisioneiro
d a
« v i d a » ,
é
c o m o
u m a chamma
d é b i l
que
vivesse
d e
pequenino
respiradouro
d a
redoma
e m
q ue
a
encerraram.
C o m
q u e
ânsia
e l l e
quer
ab -
sorver
t o d o
o
oceano
d e
a r
q u e
lá
fora
p a i * -
pita
M a s
se
obstruires
o respiradouro,
ella
desfallecerá;
e
se
fizeres
o
v á c u o
n a
redo-
m a ,
e l l a
virá
a extinguir-se
fatalmente.
E
eu ,
p o r
m i m ,
q u a s i
q u e
já
n ã o
respiro. . .
Licinms
—
C o m
t o d o
este fervor?
Marcm
- -
S e r á ,
s e
quizeres,
m a i s
um a
contradicção.
M a s
tudo
é contrad icção. . .
N ão
v ê s
estes
eucalyptos?
O
q u e
f a z
a
profunda
harmonia
d e
u m a
paisagem
é
t u d o ,
n e l l a ,
ter
sido
criado
delia
mesma.
N o
entanto,
estes
eucalyptos
vieram
d e
longe,
d e
outras
paisa-
gens
muito
differentes
desta,
e aqui
s e
er-
guem
agora
c o m o
estranhos
exilados.
Como
se
d e u
q u e
tivessem
vindo
a
constituir um a
harmonia
ainda
m a i s
mysteriosa
q u e
a
pri -
meira,
p o r
e s s a « f i n a ,
profunda
e
nostálgica
b e l l e z a » ,
d e
q u e
ainda
h a
pouco
t ã o
commovi-
damente
¦falavas?
s e l v a g e n s
e
f o s s e i s
Daqui
mesmo,
d o
lugar
e m
q u e
m e
acho
—
b e m
modesto
aliás
— :
uma
pequena
mesa
e m
frente
d e
u m
janella
aberto,
c o m
uma
perspectiva
variegada
d e
telhados
vermelhos,
antennas
d e
radio
e
o
rythmo
tropical
d e
duas
palmeiras
rumorejantes
sobro
o
a z u l
nu -
blado
d o c e u
—
eu
tenho
u m a
proposta
a
fazer
a o s
escriptores
brasileiros:
esperar
que
o
t e m p i o i
e
o
t m i e i o
operem
a
differenciação
de -
sejada
entre
a
língua
brasileira
e
o
id ioma
portuguez.
A
língua
escapa
á s
possibil idades
d a
crea-
ção
artística
e
não
creio
q u e
n o s
satisfaça
a
nossa
ânsia
d e
brasil
idade
u m a
algaravia.
artificial,
n o s
moldes
d o
volapuk
e
inven-
ç õ e s
congêneres.
A s
línguas
n ã o
s e
inventam
n e m
é
bo m
q u e
s e
inventem.
Não
v a e
a q u i
nenhum
conselho
d e
iner-
cia
ante
o
movimento
febril
d o
n o s s o
tempo.
Pelo
contrario:
fixemos
c o m
carinho"e
d i-
ligencia
o s
brasileirismos correntes
e
p o r
na-
d a
d o
mundo
n o s
detenhamos
ante
a
possi-
ta
s
so
da
silveira
isJl r i
u\jr\%JUnynv
AU
fwiUli OO
(Traducção)
Qu e
ouves,
Walt
Whitman?
'
O u ç o
o
canto
do
operár io
e
d a
aldeã
O u ç o
a o
longe,
o
gri to
das
crianças
e'dos
animaes
no
-amnhecer, -
" *v
¦?
°UÇos^ÍT'tU°ch--Clam°r
d°S
aust* 'al ia"os
* ¦
perseguirem
.--j—bd-\auos
selvagens^
——<
z z ~ ~ ~
O u ç o
os
bai lados
hespanltóes
com
castanholas,
á
sombra
d o
castanhe-ro,
e
a o
som
d o
arrabil
e
d a
guitarra
uço
o s
con t ínuos
e
surdos
rumores
do
Tâmisa
O u ç o
os-selvagens'
bymnos
de
liberdadeda
França
Heróica
O U Ç d e a i t X a 1 ^ ^
d °
b a t e l e Í r ° '
- i ta"d°
-ÍS
PoS
O u ç o
o
rumor
de
asas
dos
gafanhotos
da
Syria
arrasando
Ouc o0"ne i ta Sf
- ¦
'-'f
° S
S O b
°
Peso
das
s « - > s
nuvens teSs
?
ornbaSrsoíre
Tl/°
^
P°^
¦M Slte
SSa
Nüo5
°
negl'°
d a
Vasta
e
v e n e™ v e l
QU^eaStMad0,ni"la|eÍrG
meXÍCan°
e
°^°
o s
ferros
0 U Ç d a
meíitf'
M
W*?
o s
fieis
d o
alto
0UÇ°queS
.-Sondem W1
™
**&
e
aS
-es
-do-coro-
0UÇvel0a
ff
ottskSSaC°S
€
*
V ° Z
d°
marinteiro
fa-«cto
Oucoe"oadhcabdOS
Pel,°S
*™X °S™rm
O u r o
nM
e"
a
- l € r
° S
S C U S
annaeS
e
P a l m O S ,
uç o
o s
harmoniosos
mythos
v v e q ™ j
e
^ L,
infantil
S e r na -
natural,
_
._
. . .
,'
o
O
fr\**
4-
/i/-. t~
1.
romnas";
~B
&
"
" s
IÍf%
iC i idas
O u ç o
a
(historia
da
vida
divina
e c h
mnH-*
;« *
-
Christo,
o
bello
Deu C
ajWr£n*a
*
O u ç o
o
hindu
a
ensinar
ao
seu
alumno
favor i to
o s
an,or«
s
guerras,
o s
precei tos
ext rab idos
dos
poetas ai, P
'
veram^ha
mais
d e
tres
m i l
annos
c
itdnrKansmS
bilidade
d e
incompreensão
portugueza
e m
face
d o s
textos
brasileiros.
N ã o
percamos
o
equilíbrio
comtudo,
por-
q u e
o exotismo
é
detestável
e
e m
muito
se
assemelha,
particularmente
n a
arte,
á
incipièn-
c i a
ridícula
d o s
novos-ricos
e á
attitude
im -
becil
d o s
parvmus.
N ã o
inventemos
a
língua:
sejamos
--inda
m e s m o
q u e
o s
cabotinos
se
zanguem
- — *
na-
turaes,
simplesmente
naturaes.
Para
aquelles
q u e
andam
ausentes
d a
na-
tureza
e
d a
naturalidade
a
suggestão
pare-,
cera
pedante,
m a s
n e m
p o r
i s s o ,
menos
pro-
pia
W
q u e
e l l e s
ignoram
que maravilhosa
cousa-
v e m
a
- s e r
esta
cousa
simples
é
adorável :
s e r natural.
S e r
natural,
todavia,
n ã o
é
se r
n e m
i s t o
n e m
aquillo,
calculadamente.
tural
—
D e u s
m e
ajude
—
é
se r
semanais
nada.
E'-emfim,
m a i s
o u
menos
e
salvas
todas
a»
restricções,
n ã o
falar
tupi-guarany.
n e m
a
linguagem
d e
chumbo
e m
q u e
s e
exprimiam
o s
l U i S o s
d e
1500 ,
n e m
ainda
o
produeto
amor-
x P l 1 0
.(le.ambos,
obtido
em
virtude
d e
u m
na-
cionalismo
hypertrophiarlo.
Para
a
]taba
~-
o s
selvagens,
para
P o r -
tugal
* — *
o s
puristas.
Para
u n s
e
outros
voltará
p o r
e s s a
for-
m a
a
idade
d o s
descobrimentos,
c o m
o
que
todos
ficarão
m u i
contentes,
já
q u e
n e m
un s
n e m
outros
s e
apercebem
d o
q u e
o
Brasi l
existe.
Eaqui
ficaremos
n ó s
e
através
d e
n ó t * ,
viverá
n a
s u a
evolução
constante-,
cada
m a i s
plástica,
mais
á g i l ,
m a i s
moderna
— -
mais
brasileira,
Quejn_não_
quizer
escrever
e m
brasileiro
(entidade
existente:
o
portuguez
n o
Bras il)
q u e
.escreva
n o
q u e
quizer,
q u e
n ó s
o
c on '
servaremos
n u m
mostruario
d e
raridades.
Preferentemente,
'entretanto-,
já
q u e
a
bi -
ama
os--seta
e
fascina,
escrevam
e m
tudo-
o
q u e
quizerem, m e n o s
em
portuguez
d e
P o r * -
t r a g a r
porque
i s s o
n ã o
é
s e r
rmÀta
ella
ve z
B r ã i s i T
a^ - -
*1< \ -
w
H
T
I V I
A
N
Inff]nf?,,.f
N , 0 W m b M
Próximo
vindouro
a
d o t
-Clf:m?morai"á - o
e e - 8 ' u n d o
centenário
K
ta
propheta d a
segunda
metade
- d o
século
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 15/20
.li
/
e
e
t
a
O
e r r o
13
s u b t i l
J R á
catão
mortas,
hoje
e m
d i a ,
Iodas
às
heresias
scientifiças
e
philòsophicas
que
hu -
milharam
a
Belleza,
O
triiunplio
d a
Arte < _ •
d a
Imaginação
n o
próprio comi i i i j
d a
Philosophia
rea i'
zoti-sc
cn.
Bwgson,
que
n o s
preparou,
só -
mente
pela
revelação
mais
intima
do
nosso
organismo
psycho
o - i co ,
uma
attitude
espi-
ritual
t ã o
sadia,
que
s e
tornou
impossível
a
vida
das
vegetaxes
noc ivas .
Ficou
apenas,
como
. u m ü H ^ ~ õ ? 7 7 T T T Í Í ^ 7 r
a
profimda
iu iu ição
d e
que
a
A r t e
é
a V
guma
cousa
d e
.essencial
n a
relato
d o
espirito
coni
a
vi. 'a.
E u
sinto
na
obra
d e
Heuri
Bremond
a
malícia
secreta,
a
i senção
niachiaveíka
d e
confiar nio nn- i-ir' iu ,
¦
. _ • <
. . .
...,,
3
"
ijiy*'w"uu
^¦ 'Ut i . i -a,
essa
cer-
t e z a
mystei-iosa
que
possuímos.
A s u a
these
faventa
é
a
diffetóça
essencial
entre
a
activ idade
poética
e
a
a c t iv ku
c
ph i loso -
phica.
E '
uma
linha
d e
expMenc i a
umica
« • >
experiência
poética;
o
coníaefo
c o n .
a
reahaade
profunda
s e
realiza
sem
nenhum
processo
d c
intelligencia
o u
d e
racfoaniò-
e
u m
conhecimento
directo,
immediaío ,
se -
melnante
a o
conhecimento
myst ico
J á
nào
h a
mais
lugar
para
o erro
dois
que
paginaram
que
o
élan
poético
signi-
ficava
o
dolono&o
esforço
hnmano,
diante
impotência
inicial
d a
razão
cm
ágpnehèiifc
o
Universo,
mas
que
a
razão
educada
d ê -
senvolv ida ,
tendo
consegui do
conceituar
o
Un.verso,
chegaria
ásèim
a
destruir
o
o b-
jecto
mesmo
f i a
Poesia,
isto
é-o
mvs-teno
do
mundo
objec üv o
e m
relação
á
nossa
intehigeucia.
A
poesia
humilhada,
(j .
nha
que
resignar-se
a
ser
u m a
activ idád .*
transitória,
por
meio
da
qual
a
homem
aflP
pffB*
f -
d*bff<*
m
R a z ã o ,
t e
que
a
PhiloGophia,
saí isía/eudo
a
t o d o s
o s
appetiíes
da
intcKigencia,
marcasse
a
mtima
phase
oa
evo lu çã o
inteilectual
O s r .
Bremond
é
um
verdadeiro
D
Qu i -
¦wte
a
investir
contra
esse
inútil
m oi n h o
iíe
vento.
Inútil,
porque
o
ambiente
inteilectual
d o
mundo
e
tão
outro;,
a
alma
e m
n ó s
t o d o s
- e s t a
tao
á
fiôr
d a
pelle,
estamos
v i vendo
«um
m u n d o
mioral
t ã o
inédito,
como
si
mW
geramos
acoberto
uma
nova
d imensão
subjectiva,
(aliás
a s
dimensões
são
subie-
ehvas,
índices
d a
possibilidade
d a
nossa
acçao
sobre
as
cousas.
Está
ainda por es-ciever-se
a
«nova
critica
d o
espirito»)
é
tá o
outi'0
o
' . v o u *
color ido
intimo,
que
nenhuma
signiíicaçao
ainda
guardam,
n e m
essas
velhas
tormulas
sem
vida,
n e m
o
esforça
vào~4e- -
eembatel-as.
O
s r .
M^msfíS nio,
ex-
o i-sua
Pnilosophia.
Esse
é
o
s o a
erro
é
nt^''iC,1Cia
? ? * * >
i m « S ™
e l l e ,
hã o
onSm\)j
e
u m
c onta d o
directo,
mia
an .
p.ehcnsao
immediata
d a reaifci , 'e,
seme-
í nÍ L_Íxj
_-._.„...
sc
confundem:
o
caracter
essencial
d a
ex -
pene„c,a
poética
é
d e
ser
communi cave l -
o
mysteo
nada
pode
transmitlir
d a v e r
ale
ma
c o m
a
q u a l
entra
em
cohtacto
í>or-
que
o
sabor
original
dessa
.verdade
c
intransmissivel,
Isso
é
corno
quem
d\y
« a
Poesia
é
divina,
ú
maior
q u e
a
Razão'
( l i & o n j a
a
í ú V A u ú l *
inteilectual
modena)
ma s
«inda
é
u m
estado
onde
se
insinua
uma
certa
grosseria
espiritual,
aquella
c i e
dese-
j a r
e
d e
poder
transmittir
o
frueto
d e
nossa
experiência
profunda
r E^ k mr -
Tl.suplina
a seguir
é
ã
« d i s c i p l i n a
c i o « c o -
nhecimento»,
é
forçoso
hierarchi/ar,
e
0 0 * 1 -
cluir
que
a
maior
experiência
é
a
q u e
Con-
d u z
a o
maior
conhecimento.
O
maior
co -
nhecimento
é
intransmissivel,
logo
aquelle
q u e
s e
transmitte
será
u m
conhecimento
transitório,
u r n a
phase
d a
evolução
huma-
n a
quc.^ào
pod end o
ainda
s e r
mystica,
b
a
r
r
e
tio
...em
IfífiO
nm- Pn/i,.^ a ,,
1—F"0-*—*
'-mo—TXTTcirü5- u , - o — T X T T c i r ç s — K S d U L " d l — j ^ "
c a i u
e m
puro
anachronismo —
e
recuou
para
u m
horizonte
inacessível
e
nebuloso:
o
^
commemoração
official,
co m
banda
d e
musica,
parada
em
3.
Christovão
romantismo
histórico,
U m
'momento
perdido
u o
tempo.
te
d o
s u l ,
banhada
d e
largos
r i o s
escachoan-
t e s
e
e r m o s
—
u m a
o d e
selvagem
c
prodigiosa cantando
u m
n o v o
m u n d o
n a
apotheoee
d a
força
ame-
ricana.
Q u e
puderam v ê r
o s
s e u s
o l h o s
europeus
d a s
margens
d o
T e j o ,
agrados
d e
saudade
e
nostalgia?
0
mysterio
d a
v i d a
formidável
6
i r rev* .
M a
trepidando
surdamente
n o
profundo
seio
d a
natureza
maravilhosa
e
incomureliendida,
o
assombro
d a
energia
insuspeitada,
o
minm
indecifrável.
*
B
dle
Voltei
atordoado
para
a
Europa
distante'
e
envelhecida.
E
rolaram
quatrocentos
annos
sobre
aquel-
le
d i a
original.
E
agora
é
q u e
n ó s
t e
descobrimos
natua
realidade
profunda,
n ó s
o s
brasileiros
d e
h o j e ,
q u e
te
sentimos
o
lythnio
e
sabemos
revelar
a
a l m a
q u e
t e
anima.
Não
é
porque
desejamos
q u e
existas
qu e
t u
existes
n e m
é
porque
queiramos
crear
um a
n o v a
formula
d e
arte
q u e
a "
tua
v i d a
s e
af-
firma
e
s e define. "
T u
existes
porque
chegou
para
n ó s
a
hora
d e
^ompreh^^
virgein"Vlgi iorada
e
immatura
q u e
o s
s e - ^
c u l o s
contemi^laram
em
p a r w n f n Q ^,.„, ,»
caa i cu la^e
em
s e r "
poética,
Ã
" M y s t ic a
ex-
tinguirá
a -razão
d e
s e r
d a
Poe
iu .
E '
assim
qde
o
s r .
Bremond,
preoccupadü
c o m
uma
simples cüífeieuça
d e
conceitos ,
incide
n o
mesmo
erro
que
comòaíe.
Não,
s r .
Bremont,
n o s
queremos
uma
theoria
d a
Arte
que
nào
s e
resolva
senão
e m
s i
mesma,
d e
uma
Arte
que
esteja
ver-
dadeiiam-ente
creando
:'entro
de
nós,
a
t odo
momento,
a
nossa
substancia
esPii%:al
e
cumprindo
a
mysteriosa
funeção
d e
tran
stormar
incessantemente
a
viça
neesa
mes-
m a
substancia
espiritual.
A
sua
theoria
ainda
c
frueto
d c
outra
con d içã o
psychoiogiea .
A
geração
moderna
está
vendo
o
W
verso
de
uma
situação
differente,
com o
si
estivesse
d e
cabeça
para
baixo,
o u
c o m o
s.
tovesse
n o s
olhos
u m
jogo
d e
espelhos
deformadores.
E l l e
é
a
mais
ingênua
ef e
tentativas
para
afeiçoar
á
disciplina
d o
cia-
ciss.smo
a
inquietação
d a
alma
moderna
porque
essa
inquietação
foi
o ú n i c o ,
chismá
verdadeiro
d l o
espirito
humano
Toros
o s
«utros
deixaram
a '
alma
intacta,
sempre
a
mesma
no
seu.
estado
de
tendência
Espi-
nto
clássico,
hierarchisante,
n ã o
po
; e r á
se r
o
s r .
Bremond
admitt ido
ao
nosso
estaco
de
graça.
D o
harmonioso
universo
proas-
hano
e l l e
saberá
apenas
.que
é
u m
paciente
estudo
d e
observação
psychoiogiea,
e
q u e
h a
paginas
bellas,
e
que
a sonata
d e
Via-
temi
e
maravilhosa
de
vibração
e
c o l o r i d o
e
merecerá
por isso
mesmo
a phrase
pie'
dosa.de
Ton io
Kroger:
« A h
le
brave,
d i i -
lettante...»
..,
s e m
attingir
q u e
destino
encerrava
o
teu
es-
f c r a n h o
mysterio.
Existes
porque
existes
n o
univereo
e
o
t e u
movimento
te
integra
u a
harmonia
cos-
m i
ca .
te
a
0
q u e
Cabral
descobriu
f o i
u m a
terra
ppna
e
virgem,
u m a
floresta
immensa
e
(,^rbara,
a o b
a
claridade
tropical
d a s
estrei-
Existes
pot 'queji£)j5_-^t*^^
ti m
J i ü j ^ u ^ m ^ u r T í S s n ã o - .
queremos
s e r
senão
nós
a
b
i
|
meímos
•-
o
teu
d y n a m . & m o
adolescente
agin-
d o ,
fecundando,
enchendo
o
m u n d o
d a
v iva
m z
juvenil
d e
t u a
força
triumphante.
O
t e u
rythmo
é
a
n o s s a
alegria
saúda-
v e '
í s I e m
o
g i g o
imbecil,
s e m
a
altitude
yjaia
-
gaivmane
ridícula:
a s
largas
perspe-
etívas
batidasj
d e
s o l ,
o s
horizontes
amplos,;
os
c é u s
profundos,
povoados
d e
a s t i - o s ,
e
o
-surto"
glor ioso-da '
tu a vida
para
a
grande
V i d a
- - -
u m a
affirmação
heróica
e
irredueti-
vel;
ndg-mes]:iKJS--^^iscient-es-^le--.Trdc
jmesmosr"
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 16/20
,14
• —
/'
o
$
/ o
m
u
s
c
a
v e e s t i d o
á
paizano,
- :
Quem
é aquel le?
-
E '
Xangô...
- - - N ã o
é...
Sentado
n a
l . a
f i l a
e
.
Xangô
olhava
c o m
d ispl i cênc ia
as'formas
transitórias,
a s cousas
reaes
e impalpaveis
d a
vida - - -mulheres,
braços,
e ó l i o s ^
etc.
Fiz-lhe,
d e longe,
ama
continência.
Elle
respondeu
sorr idente,
affavel,
suburbano,
-Aqui
a o
meu
lado
h a
uma
cade ira
vaga
e
a
O h
Mestre...
Nessa
oceasião,
o
pianista
Emilio
Frey
c o m
a
sua
«carrüre»
d e
athleta,
atacava
u m
Prelúdio
e
Fuga
d e i
Bach.
Com
u ma
precizão
e
uma
serenidade
impeccaveis¦".,
Absolutamente
geometrico.^_
Nas_
suas
mãos
possantes
s e
diluía
toda
a
phiToso-
phia
d o
João
Sebastião
—
e
e u
tinha
a
impressão
d e
que
s e
tornava
rígida
quasi
impenetrável.
Prefiro
u m
Bach
mais
humano
disse-me
Xangô.
-Concorde i
e
aplaudi,
como
toda
.
gente.
E o
pianista
alpino
cont inuava
imperturbável.
E r a
agora
aquella
«Invitation
à
I a
valse»,
qne
W e j b - e r
compoz
para
aleoria
das
meninas
d o
Instituto...
O
cavalheiro
f a z
o
s e u
convite,
u m
pouco
s e j m
brilho
A
senhora
recuza
e
depois
acceita
tirní-
damente.
Mas
a dança
é u m
exci tante
e
u m
tomeo
d a
alma.. .
Dançaram
muito
t
a o
fmdar
a
valsa,
entre
a
pausa
e j
o
agradecimento-a
platéa
s e i
enganou
e
appiaudio
c o m
enthusiasmo.
E
Xangô
e x pl i c ou :
Esse
phenomeno
é
muito
natural
A
platea
está
habituada
a
afplaudir
no
f i m
d e
cada
musica...
Ora
a b i ,
o
ún ico
culpado
é
o
Weber,
que
f e z
uma
pausa
tão
longa...
—
O h
que
impiedade,
M es tre
E
e l l e
proseguio:
* ¦ -
A
verdade
é
que
a
a r t l e
é
hoje
( d e po i s
do
«sport»),
u m
nobre
passa-tempo
d e
argentarios.
Veja
Você,
o suecesso
mun-
dano
d o
theatro
lyr ico
—
gênero
musical
absolutamente
falso
e
a n a ch ro n i co
. _ _
i
p
i
•
•
•
— . ; .. - ;
e
a
enorme
concurrencia
a o
Salão
e
a o s
concertos.
Muito
maior
q u e
a d o s
campos
d e «foot
-
bali»...
—
V o c ê
exagera.
-Constato
apenas.
M a s
i s s o
é expli-
c a v e i .
E m
primeiro
logar,
é
u m
sagrado
. Í e Y _ e r _ _ s o c i a l , exhibir
a
indumentária.
Depois
a freqüência
á
feira
d a s
toilettes,
assegura
a o
indivíduo
uma
super ior idade
d e
gestos
infalliveis
e d e
phrases
feitas
—
q u e
pode
perfeitamente
supprir
a
falta
d e cultura
artística.
,..
Qualquer
cavalheiro
d e
casaca,
que
pagou
b e m
a
s u a
poltrona,
e s t á
autori-
zado
a
achar
q u e
Strawinski
t e m
o
gênio
pândego
e
d a r
urros
d e
enthusiasmo
o u-
vindo
a
fallecida
Tosca...
...Madame
Lobinho,
debicando
um
«fondant»,
está
achando
q u e
E m i l
Frey
toca
tudo
c o m
«limpeza
e
execução»
(Isto
é ,
hygiene
e
ve l o c i dade—
duas
nota-
v e i s
qualidades
q u e
caracterizam
o s
trens
d e
luxo).
D e
resto,
qual
dessas
damas
nao
sabe
q u e
Beethoven é
o
gênio
d e
Bonn,
e
q u e
Debussy
é
u m
sujeito
muito
engraçado?
b
a
i
I
i
o
Cousas
q u e
s e
aprendem
e m
creança...
c
q u e
servem
para
toda
a v ida .
--Mas
então,
M estre,
você não
c r ê
na
grande
emoção
d o
au d i t ó r io?
—
Que
illusão
Reclames...
boni tos
cartazes. . .
E
a
critica
d e
arte official,
que
tem o
dever
moral
d e
orientar
as
platéas— -ha
1 0 0
annos
q u e
pensa
po r
logares
comnums...
Dahi
certas
cousas
incomprehensiveis
A
consagração
d e
virtuoses
medíocres,
a falta
d e
auditório
para
a
musica
pura,
a
ausência
d e concertos
symphonicos
nas
temporadas
lyricas
-
e
a t é ,
Deus
me
perdoe,
o « Hy m n o
Nacional»
d e
Oo t t -
s c h - a l k ,
ou v id o
e m
p é
e
e m
êxtase,
no s
concertos
patrióticos
d a
Senhora
G uio mar
N ovaes .
•-De
facto
é
ridículo.
— . ..
e
anti-constitucional;
porque
nã o
se
trata
dum
hymno
official.
Alem
d e
s e r
dum
máo
gosto
deplorável..
M as
vamos
ouvir
essa
Rhapsodia...
Frey
atacava
agora
a
banalissima
2 . a
Rhapsodia
d e
Lizt.
-Porque
essa
mania
d e
terminar
con-
certos
c o m
musicas
d e Lizt?
E Xangô:
E '
natural...
Você
precisa
n ã o
es-
quecer
que
o s
artistas
v e m
«fazer
á
Ame-
rica».
E
que
o s
repertórios
são
esco-
lhidos
a
dedo:
românticos
melozos
q u e
fazem
soluçar
a s
meninas,
o u então,
vir-
tuosidades
e
malabarismos
musicaes...»
Soavam
a s
ultimas
notas
d a
Rhapsodia
Gritos,
alplausos
frenéticos.
Mas
antes
que
pedissem
«bis»,
Xangô
fugio,
rolou
a s
escadas—
e
desapareceu
n a
mult idão.
m
9
9
r
3
s
i
I
e
i
r
o
"
op.
3 2,
d e
lorenzo
fernandez,
edição
g .
ncordi
&
c,
milão,
1927
Para
que,
entre
nós,
s e
forme
op in i ã o
sobre
uma obra
d a
importância
d o
«Trio
rirasileiro»,
para
piano,
violino-e-vioron-
c e l l o ,
d e
Lorenzo
Fernandez,
h a
mister
vei-a
assim
editada,
estabilisada
material-
mente.
As-aud ições
d e
taes
producçjòes
vul -
tuosas,
e ,
sobretudo,
d o
gênero
«mus i ca
u e
camera»,
inaccessivel
a o
publico
em
geral,
são
raras,
deficientes,
preparadas
apressjio^
tlisi_S€n
pre
s e r n
a
menor
homogeneidade,
d e v id o
a
talta
d e
estudos
repetidos
dos
mesmos
elementos
reunidos .
O
« T r i o» ,
d e
Lorenzo
Fernandez,
fo i
ja
execu tado
algumas
vezes.
A
duas
daquellas
exenirnes
açç^i
a l r T b a s
pouco
satisfactorias,
a inbas~dando
a
impressão
d e
interpretadas
por
amado-
r e s
(apesar
d a responsabil idade
d e
alguns
nomes
notórios),
ambas
desequi libradas,
rnas.
O
peior
defeito
dellas
f o i ,
porém,
outro
•
o da
incomprehensão
dos
rythmos
brasi
leiros.
TPor
que
será
que
qualquer
«pianeiro»
de"s i íourbío
sente
e
transmitte
melhor
o s
rythmos
d a
musica
brasileira,
tão
var iados
tao
ncos,
tão
d yn a mi co s ?
^
m a í
é
inicialmente
d e
origem
peda-
gogica,
o
inst ituto
Nacional
d e
M u s i c a
muito
pouco
s e
preoecupando
com
a
te-
chnica
d a
canção
e
d a
musica
instrumental
brasileiras
populares,
fonte
d e
emoções
e
d e
uma
corrente
d e
suggestão
rythmica
que
ja
s e
vae
reflectindo
n a
alta
mu -
sica,
melhor,
n a
musica-arte.
y^ezrrrtario^
qnãndo~
s e
encontram
de
race
c o m
a
necessidade
d e
executar
po r
exemplo,
certas
paginas
d e
VilIa-LÓbos,
Nepomuceno ,
d e
Lorenzo
Fernandez,
d e
Luciano
Galiet,
lá
vem
o
desmonte
d o
ÍI
í , 1 0 '
e
5
peça
é
in^rPi-etada
sem
qu e
r~7uc
^ra
a
colunlna
vertebral
o o r -
tanto perdida,
inefficiente
H a
excepções.
N o
caso
d o
«.Tr io»,
d e
Lorenzo
Fer-
nanclez,
foram
sobretudo
a s
partes
de
piano
e
violoncel lo
que
o
anniquillaram
sob
a
ducha
glacial
d a
v ir tuos idade
des-
provida
d e
comprehensão
e
d e
alma
Agora,
porem,
lendo
A^pariittumJedt
tada,
com
elegante
sobriedade,
pela
casa
Ricardt,
d e
Milão,
pude
sentir
integral
mente
esta obra cheia
d e
impero
j ovem
e
d e
poesia.
O
que
tinha
diante
d oso ih os ,
e
reminis-
cencias
das
execuções
ouvidas,
alteradas,
transfiguradas
pelo
recuo
n a
memória
e
rectif icadas
pela
leitura
directa,
mostra-
ram-me,
em
toda
o
seu
arrojo
sereno,
a s
virtudes
j á
notáveis
dum
poder
c r i ado r
e m
aseenção,
e
a affirmação
duma
segu-
rança
technica
corno
poucas
haverá
t i do
o
Brasil
tão
completas
e
f lexíveis.
C o m o
sou,
uma
o u
outra
v e z ,
imagi-
noso,
tenho
me
del iciado
c o r n
o
pensar
no
que
seria
este
« T r i o» ,
si
e l l e
t ivesse
fôrma
menos
clássica
e m
a
d ispos ição
d o s
seus
«tempos»,
e
fosse.-assim
cor .sti .u ido:
-
Can ção
(Andante),
II-Allegro
M ã e s -
toso
(aetual
l . o
tempo).
E
o s
outros
dois
tempos?
P o u c o
inte-
ressantes
?
P o u c o
interessantes:
não
Apenas
des-
guaes
T u d o
isto
que
estou
d izendo:
inútil
im -
pert inência:a
critica
s ó
verifica
« a
pos-
t e - F i o f i - » , - -
e
oc iosso
querer
intervir
n a
cria-
ção
realizada.
E m
todo
o
caso
já
está
ev idenc iado
q u e
^
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 17/20
o
melhor
dos
meus
applausos
v a i
para
o s
dois
primeiros
tempos
d o
« T r i o »
O
Ímpeto
«exterior»
não
cessa,
nem
diminue
ate
a o final
d a
obra:
o « interior»
é
q u e
muda
d e
qualidade
e
d e
intensidade
O
«Scherzo»
é
vivaz,
curioso,
mas'
aparte
a exposição
d o
2 . 0
motivo
o u
thema,
caracteiistico,
porem
pouco
rico
todo
o
interesse
quasi
se
perde
e m
rene-
ticoes
succcssivas
d o
thema,
modif i cado
d o
»
sapo
jururu»,
ligadas
por
mod u l a
C Q . e s
muito
previstas e
a t é
tr iviaes
O
tempo
ultimo
é
curto,
s e m
t e r
a
forte
viveza
q u e
possa
compensar
a
bre-
vidade
O
thema,
muito
bello,
u m
tanto
longo
demais
para
q u e
possa
dar
sub-
fjtancia
e movimento
a u m a
obra
d e
archi-
tectura
accentuadamcnte
cycl i ca
Não
importa
Uma
obra
assim
n ã o
pôde
representar
artificio,
reunião
hábil
d e *
paginas
con-
cebidas
e m
momentos
differentes
d á
car^
reira
d o
composi tor .
E l l a
perdurará
si
tiver
p e l o
menos
um
ktempo»
f e l i z ,
verdadeiramente
rcalzado
«cam-ra»
q u j e
co i h êç o
t ê m
parles mais
ê
Quasi
tocas
as
obras
symphoriicas
e
d *
outras
menos
interessantes,
dos
maiores
clt
•
R L Í i o - m e á s ¥ : # H i #
Ora,
apesar
destas
restricções,
a
obra
permanece
e m
primeira
plana
e m
nossa
biJ.ograpna
iru: .cal
c i e
todos
c s
tempos
A s
restncçots
foram
feitas
por
sso
mesmo:
por
q u e
a
obra
é
signif icativa
e
d e
,1-nporlanc'a
fó:a
d o
commum
Nao
penso
q u e
musica
symphoi . ica
seja
superior
a
musica
d e
camera.
S ã o ,
porem,
essencialmente
differentes
como
concepção.
Neste
« T r i o»
u m
facto
resalla-
muitas
vezes
a
complexidade
d o
desenho
d e
d es
nvolvimento
desborda
d o
gênero
eathWe'
a o
symphonico s ro
e
aninge
caSl6
q u c
f
P J ' r t e
d 0
Piano
es;á
sobre
aigaca'
°Pu,en*a
Por
demais
Abundância,
accumulo
d e
elementos
eis
q u e
caracterisa
o
primeiro
tempo
menWA^1
W
domi"^
lógica-
mente
dirigida
variedade
d e
recursos
te
línicos,
engenho
cheio
d e
frescor
moço
lonffe<<S'e„n<<Cançr,0,>'es^aim^
nge
ainda
n o
q u e
s e
refere
a o
ffráo
e
crystalisação
L
A s
linhas
sào,'nelle,
mais
simples
norem
reçumando
densa
e
perfumosaS
ora
arcSrff;T,CÍ1'
me,dida'
s c m
Prejuízo
d o
teçao.
doe,ance
« e
Wma
exal°
tada
íon+iW
e"tR;
a
doIencia
ai™len-
ada
d o
thema
popular
cearense
e
o
grito
e
commoçao
intensa,
porem
contida
d o
d
e m a
numero
d o i s
q u e
v a i
ah ;„xo % rU
gina
d e
Lorenzo
Fernândez,
d á
áqüella
pagina
u m a
força
persuasiva
e
transito•£
ó u aM rL v"
Ve''rade
Pene'ra»te.
d a
m e L o r
quanclacíe
poética.
O
« T r i o
Brasileiro»
é
pagina
digna
d e
figurar,
c o m
a
iA'SMtà_Na
Rêtfe"f
d e
Nepomueei ip;
a s
«Dansas
Africana
J
Je.ru»
e
«Rasga-Coração»
d e
Villa'
S0
cPertorio
obrigado
d o s
nossos
conccr.os
d e
conjuneto
A
edição
d e
Ricardi
trouxe
o
« T r i o »
dorBras i lUmei0
d 3 S
aciualidades
ait is-ícas
E i i e
s ó
teve
a
ganhar
c o m
e s t e
n o v o
contacto
c o m
o
publico:
excellen
e
indicio
d e
s u a s
possibilidades d e
perduração
f
e
s
ia
¦—
75
j-n.
n,,
tab,
, . e i ,
(ll,mafe(;rio
11
Ua.
Nada
d e
theatra).
Interpreto
seourtdario
d o
ChòpM
e
d o s
secundár ios .
maia
Aseás
bem:
o m
Scriabin,
s e m
chegar
á
força,
ás
violentas
aecentuações
emotivas
de
Kub;s(e.n.
incomparavel interprete
d a
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filava.
f
tâjM u
J T
CM*Ê^iví++&&
^- -Cl - - | i -
^-»'»mm*,T .
_,—t
T
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O.
7£yái>
lu
ni
ii
m
u
o
y
O E D I P U S
R E X .
D E
S T í U W I N S K Y
O s
grandes
acontecimentos
mundia.es
do
an-
no^no
domínio
Ia
ind ica ,
foram
a
co.mmemo-
ração
d o
centenário
c i a
morte
d e
Beet hoven
e
a
primeira audição
d o
oratório
Oedipus
Uex,
d e
Strawinsky.
As
comemorações
d o
centenário
beetho-
veniano
exigem
not ic iár io
.íiimidente-,
que
fa-
remos
aparte.
~
Quanto á
ult ima
obra
d e
Strawinsky,
a
impressão
q u e
s e
'pôde
eifcrahir
d a cr i t i ca
eu -
roneia
á
Irlp i o i n t » - n i . / - . . r . o ià ~.
^ x j ^ i ^ u j * *
h j ,
p , u i— q a t ;
nau
í,
u e
ue -
<*pção,
pelo
menos
d e
relativa
d e c e pç ão .
, ' íA
evolução
d o
eminente autor
d a
Sagra-
çw
da
Vrhmvma,
d o
Bastar?
d e
Fogo
a este
¦l
mV°
é >
'effect ivamento,
descoucer tado ra .
A s
experimentaçcüs
pouco
felizes,
poréni,
m
t í i d b
largamente
compensadas
pelas
cria-"
C o e s 'definit ivas,
como
P etm chh i
e íi
Hagra-
W ' 0 -
S i
o
Rag-Twm
é
u m
simples
d iver t i -
mnbo,
outro
tanto
n ã o
ae
d á
mm
0 .
\Cmcerto ,
para
piano
e orchestra
d e
câmara,
onde
já se
vislumbra
a
tendência
para
vigorosa
simplt
ficação,
essencialmente
architectural,
a
Haen-
d e i ,
t ã o
rica
d e
substancia
humana,
quanto
desdenhosa
- d e
effeitos
decorat ivos
exteriores
e d o
accumulo
d e
ornamentação .
- Q u ando
será
ouvido,
esse
Edipo,
u o
Rio.
d e
Janeiro?
Quando,
si
n e m
Petnichka
e
a
Sagmçõú
n o s
chegaram
ainda?
O s
concertos
symphonicos
consti tuem,
no s
ooji tractos
d a
Prefeitura,
letra
morta.
A N T O M E T A
RUDGE
MILLER,
PIA N IS T A
A
Sra.
Antoniefea
Redge
Müler,
retirada
d a
vida
artística
activa
longo
período,
nestes
últimos
tempos,
reappareceu,
o
anno
passado,
tomando-
parte,
c o m
áteoliito
êxito,
n a
exe-
cução
d o
Quintefio, d ' e Schumanm
c o m
o «Loj i -
d o n
String
Quarteto.
E U - e
anno,
n o
instituto
Nacional
c i e
M u-
sica,
ouvimos
á
illustre
artista
patrícia
u m
pro-
gramma
d o
èseãrap
interesse,
q u e ,
antes
d o
mais,
parecia
visar
alguma
competição
co m
BraiLowsky
tal
a
similitude
entre
aquelle
pro-
gramma
e
o
ultimo
d o
joven
pianista.'
Transcripções
d e
Liszt,
peças
c i e
Alkan,
peças
d e
autores
secundários
(apesar
d e
fin-
landezes
o
islandezes).,.
U m
pouco
d e
falta
d e
força
physica,
pro-
veniente
talvez
d e
afastamento
prolongado
d a
act iv idade
pianist ica
a
que
£ o ü
forçack
e
um a
certa
insegurança...
Ainda
assim,
o
mesmo
excellente
gosto,
a
elegância,
uma
moderação
aristocrática,
tudo
exp r im ido
personalidade
discreta,
d e
altas
v i r -
tudes
à e
artista.
U m a
Pastoral
d e
Scarlatt :
inesquecivel
GUIOMAR
NOVAES,
PIA N IS T A
A
gloriosa
Guiomar
Novaes
no^mente
en -
tre
nós.
Não
a
ouvíamos
h a
mui to
tempo.
F o i
m á o ,
o
longo
intervalio,
Não
n o s
ha -
bitaiamos
á
t ransição .
Observamos,
rudemente,
a differença.
A
act iv idade
febril
d o s
Estados
Uni dos
ex:|e
calmantes.
A s
ind iv idual idades
emot ivas
muiro
-definidas
e
accentuadas.._exíiurem
ao
americano
d o
norte
suas
ultimas
energias
d e
sentimento,
tão
gastas
n o s
entrechoques
d o s
in
ieresses
quotidianos,
nas
expansões
nocturnas
n o s
cabareí.3,
e n a
algazarra
frenética
d o s
«stá-
ãiwiis».
Guiomar
Novaes
afez-se
^g-Ji&cegsidades
d o
EMIL
FREY,
P I ANI S TA
SÜISSO
Excellente
interprete
d e
Bach,
d e
Scar
latti,
d e
Beethoven
sobretudo .
Memorável,
sua
execução
d a
Sonata
o p.
1 1 1 ,
d e
Beethoven.
Estylo
elevado,
seguro,
s e m
severidade
ex-
consumidor
musical
estadunidense:
fez-se
im -
pessoal,
e,
para
interessai-,
bate
recorda
fo
v i r tuos i dade .
Perfeição
fria
Uma
interpretação
d a s
varwéõps
e
fuga
so -
b r e
u m
ihenía
de
Eamulel,
d e Braimis.
duma
total
yacuidade..-
:__
Scriabin,
n a
bella
4 .
a
Somfa,
e m d o i s
tem-
p o s ,
desossada,
tenra,
porem
s e m
sombra
d e
interesse.
7/21/2019 Revista A Festa
http://slidepdf.com/reader/full/revista-a-festa 18/20
1 6
f
e
$
l
a
O
Dons
aspectos
diversos
caracterisam
a
arte
moderna:
o
q u e
configura
u m a
profunda
vetmde
possuída
e sentida
o
6
n o
alheia-
mento
d e
toda
a ,
regra
preestabelecida
um a
realisação espontânea
e
independeoite^
e
o
qu e
resulta
d a
obediência
passiva
e
deapersonali-
zante
a
preceitos
conhecidos
e
preexistentes
á
object ivação
artística.
E m
outras
palavras:
u m a
arte
d o
cuja
es-
sentia
resulta,
diante
d o
exame
cri tico,
um a
nova
esthetica
e
u n i a
arte
plasmada
e m
mo -
délos
figidos,
torcida
a
servir
u m a
esthet ica
determinada.
N ã o
é
q u e
cada
artista,
deva
possuir
unia
esthetica
part icular
e m
contraposição
aquella
q u e
assignala
umi
época,
porque
d c
resto
o
mesmo
phénomeno
se t o m
verificado
em
diversas
escolas
e
é
o elemento
mais
seguro
qu e
n u s
permitte
dist inguir
o
artista
verdadeiro
d o
f a l s o
artista.
E '
q u e ,
emquanto
o s
primeiros
estão
dentro
d o s e u
tempo
o realizam
inconsciei.tem.mte
u m a
obra
conforme
ao
espirito
dessa
época,
os
segundos
teem
presente
u m
f i m
conhec i do ,
q u e
é
a origina;
i d a
d e i
a
todo
o
transe
- —
co -
rollario
inevitável
d a
attitude
ind iv idua l is ta
q u e
assumemi,
e
tanto
mais
nociva
quanto
no s
d á ,
n a
originalidade
p o r
amor
delia
mesma,
expressões
artificiaes
q u e
nada
s ignif icam.
N o
Brasil,
essa
orig inal idade
pecca
du as
v e z e s ,
porque
n a
maioria
d o s
casos
é
apenas
imitação,
é
imitação
n o
peor
sentido:
n ã o
as -
eimilada
nem
sentida
e
portanto
inadequada
e
falsa.
Quando o s
poetas
brasileiros
cantam
a
poesia
d a s
usinas,
temos
d e
admittir
q u e
se
d a
c
J i .
a
j n j
n
é
desnaturalizaram,
provisoriamente
a o
menos,
porque
é manifesta
e incontroverso
que
as
usinas
não
n o s
caracterisam
nem
podem
cons -
tituir
valor
básico
n a
nossa
arte.
Parece
excusado
dizer
ainda
uma
v e z
q u e
o
artista
s ó
se
affirma
verdadeiramente
pelo
que
haja
d e
sinceramente
espontâneo
n a
su a
arte.
Desprezada
a
origem
estrangeira
d a s
usi-
n a s ,
ellas
representam
n o
nosso
problema
es -
thetico
u m a
pura
invenção:
a d e
quem
se
dlude
a
imaginar
que
é
possivel
fazer
poesia
nova
tom
a
novidade
rebuscada.
S e
o artista
não
ê
—
é
inútil
querer
ser.
_._.A--iu;d:-da4^
a
arte
moderna
é
sobretudo
notável,
e
mais
que
e m
qualquer
outra,
pela
sinceridade qu e
a
assignala.
a
i
I
i
A
l iteratura
flamenga
d o
após-guerra
apre-
senta
os
seguintes
nomes
aureolados
já
d e
glo-
ria:
Felix
Timmermans,
que
publicou
e m 1 9 1 7
o
seu
primeiro
romance
PdlièÜer,
o
qual
cons-
titue,
n a
expressão
de
Paul Kenis,
o
mais
bello
hymno
á
alegria
d e
viver
d e
que
se
possa
orgulhar
aquella
literatura;
Anton
Th i ry ,
autor
d e
contos
admiráveis,
Ernest
Claes,
tam-
b e m
contista,
Alice
Nalron,
poetisa,
Paul
Va n
Ostaven,
Wies
Moens,
etc.
O
parnasianismo,
por
exemplo,
f o i
u m
t r ium-
p l h )
d e
attitude
deliberada,
absolutamente
in -
compatível
c o m
a
ini lludivel
s incer idade
q u e
n o s
dist ingue.
E m
verdade,
nunca
a
arte
n o
Brasil
fo i
nas
suas
intimas
e legitimas
vontades,
tã o
sincera
como
a
de
hoje .
S e
o
artista
não
consegue
convencer -nos
d e
que
sente
aquiljo
q u e
faz,
d e
quo
a
su a
obra
é
uma
revelação
profunda e
u m a
rea-
lização
espontânea,
nós
pedimos
a o
artista
qu o
n o s
deixe
e m
p a z ,
e
passamos
adiante.
Por
isto,
e
somente
por
J J j m
usinas,
como
outras'
^or igvndía \dã)
grítàni
d e
u m
modo
intolerável,
como
nada
ainda
gri-
tara
n a
arte
brasileira.
n
Podemos
d e
resto
cataloga-las
entre
os
mais
conspicuos
convencional
ismos.
na
s u a
tri-
plice
qualidade
d e
invenção,
d e
imi tação
o
d e
lugar -commum.
Taes
são
os
resultados
d a
arte
sujeiltjaí
con
cientemente
a
uma
determinada
esthetica.
Exactamente,
como
a
prosa
d e
alguns
in -
dm du os ,
e m
cuja
syn.axe
u m
profundo
conhe-
cimento
d e
grammatica
n ã o
impede
que
haja
dois
erros
para
cada
l inha.
Já
todo
o
mundo
está
farto
d e
saber
que
aprender
estylo
é a
maneira
mais
certa
tle
se
n ã o
ter
estylo.
C o m o ,
e m
t a l
hypothese,
pôde
alguém
es-
perar
que
haja
u m
meio
o u
u m
processo
c a -
•
p a z
d e
lhe
ensinar
a
ter
inspiração?
S e
somente
os
poetas
brasileiros
m e
qui -
zessem
acreditar
AUDIÇÃO
D E
C O M P O S I Ç Õ E S
D E
0 .
L O R E NZ C
F E R N A N D E Z
N a
tarde
d e
20
d e
Setembro
p .
p,
rea-
üzou-se
n o
Salão
Nobre
d o
Instituto
Nacional
d e
Musica
uma
audição
d e
composições
or i -
gmaes
d e
Oscar
Lofrenzo
Fernandez,
u m
d o s
jovens
mestres
d a
vanguarda
musical
brasi-
leira.
Excepcional,
c o m o
significado
artístico,
aquellaa
celebração
d e
arte
veiu
confirmar
a'
robustez
d o
surto
musical
d o .
Brasil
novo.
ac -
cenliuar
a fecunda
alvorada
dum
movimento
q u e
promette
criar
para
nossa
gente
algumas
ma -
_,
wguuiai.
mr
n
v ,
,
t'fivljjir.?'5>y. o
- . ¦ <
* . " - . - - - -y
*.
=_.
___
twtwmhn
Pf,pf?,,ri
n / . . _ - , „ „ * , * > ,
c
J a
pvevjoiveis realizações"
d e
bõF-
'f"u"1
Dirá
delia,
longamente,
« F E S T A . »
e m
nu -
mero
ulterior.
0
programma,
excelleutemente
executado,
f o i
0
seguinte:
l.a
PA R T E :
a)
Nocbu-nal
-
( lá;
aud i -
Ç ã o ) ,
b )
llomança —
para
violill0j
X
Pela
Exma.
Snha.
Pmf.
/'«*«_
tUMirbrmi,,;
Ao
Piano,
o
Sr.
Mar io
d e
Azevedo
Sovta.
Su i te
—
para
Quintetto
d e
i s o p r o
(l .a audição)
—
«Sonho
d e
uma
noite...
M )
sertão,
l .o
(jre-
pusculo
n o
sertão.
2.o
o
Sacy-Perêrê .
3
o
P e _ .
sadelo.
4 . o
Canção
d a
Madrugada.
5 . »
Alegria
d a
Manhã
-
Pete
Sre.
Profe
.
^
_
—
(Flauta),
Rodolpho
A ttmmio
(Oboé),
A ntão
boates
(Clarineta),
Crescendo
Lima
(Fagote)
ieza:
Depois
d a
revelação
fulminante,
ha
quasi
u m
anno,
d o s
coros
d e
Villa-Lobos,
a s
sonori-
dades
transparentes,
límpidas,
e
, o s
rythmos
alertas
e
graciosos
d e s c i a
admirável
pmtorai
-bmsüeim:
a
Suite,
para
Quintetto
d e
sopro,
d e
Lorenzo
Fernandez.
, 'c(i
encorn-
(T i^ iupa) .
2 .
« >
PARTE"
ção),
Historieta
Ingênua -
(l.a audição);
,,-
°oes
Inf^is:
a )
Pequeno
Cortejo,
b)
Ronda
Noetarna,
c )
l)an_a
M isteriosa.
Marcha
d o s
S o k h d m f m
éesaf imdos
( l .a audição) ,
Vwilmn-
pos,
Ikma
dos
Tmgarés
_
D o _
«Poem ê t os
Braseiro.»
(l .a
adição),
fyfiuM
Fmtastieo
-
O X audição).
Aventuras
d o
Pequeno
P o l o ,
rm
-
Variações-MiniatiUMU.
¦ - -
Pftra
pia,w>
Pela
Exma.
Snha.
Prof. Eeloysd
d c Figueiredo
a ;
Smdina
¦-,
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Ausência,
Pam
canto
—
Pela
Exma.
Snha.
Amaliia
Lorenzo
Fernandez,
C o m
acompanhamento
d e
«Orchestra
d e
Carne-
r a » .
a )
U m
beip,
b )
Scmmrikma,
Para
canto
-
Pelo
Ex.no.
S r .
Prof .
Corbiniano
Villaça,
c o m
acompanhamento
de.
«Orchestra
d e
Canre-"
r a » .
a )
C«nção
* Berço
_,
b )
, 1 .
Prmumem
rri
Para
canto
-
P e l a .
Esto.
Saia.
Amal ia
Lorenzo
Fernandez,
e o m
acompanUmento
d e
«Orchestra
d e
Camera». ^
A s
peças
d e
canto
com
acompanhamento
d e
«Orchestra
d e
Câmara»
f<XT
oivo
...
1
r.
audi ^ ^ ^ ^ ;
f r X m e m ) >
era
.congti^
tuída
pelos
Srs.
Profs.
Pedro
Vieira
(Flauta) ,
Rodolpho
Attanasio
(Oboé),
Antão
Soares
(Cia -
rineta),
Crescencip
Lima
(Fagote),
Rodolpho
Píefferkorn
(Trompa),
Mar io
d e
Azevedo
S o u -
z a
(Piano).
R i 0 m e u
Chipsman
(Violino).
Geor-
ge
Bolman
(Violino).
Norberto
Cataldi
(Viola)
Alfredo
Comes
(Violoncello)
e
Antônio
L eo -
pardi
(Contrabaixo) .
• I
1
7/21/2019 Revista A Festa
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