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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA Dinâmica da paisagem na Microbacia do Riacho Cajazeiras no semiárido potiguar A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA José Pio Granjeiro Batista 2011 Natal – RN Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

Dinâmica da paisagem na Microbacia do Riacho Cajazeiras no

semiárido potiguar A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

José Pio Granjeiro Batista

2011

Natal – RN

Brasil

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José Pio Granjeiro Batista

Dinâmica da paisagem na microbacia do Riacho Cajazeiras no

semiárido Potiguar A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof.Dr. Fernando Moreira da Silva

2011

Natal – RN

Brasil

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Batista, José Pio Granjeiro. Dinâmica da paisagem na Microbacia do Riacho Cajazeiras no semiárido potiguar / José Pio Granjeiro Batista. – Natal, RN, 2011. 99 f. : Il.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA. 1. Fragilidade ambiental - Dissertação. 2. Degradação – Dissertação. 3. Paisagem – Dissertação. I. Silva, Fernando Moreira da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 502.1

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José Pio Granjeiro Batista

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como requisito para obtenção do título de Mestre.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________________________________________

Fernando Moreira da Silva Prof. Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN) (Presidente)

___________________________________________________________________________

Cimone Rozendo de Souza Prof(a). Dr(a).

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN) (Examinadora interna)

___________________________________________________________________________

Bartolomeu Israel de Souza Prof. Dr.

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) (Examinador externo)

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AGRADECIMENTOS

Muitos foram os desafios para construção das ideias desta pesquisa. Nesse sentido,

agradeço aqueles que foram importantes nessa caminhada sertaneja. Agradeço, em primeiro

lugar ao meu orientar Fernando Moreira e a minha esposa Rosana.

A meu pai João Granjeiro Filho, aos meus avôs (João, Lucas) e minhas avós (Marias)

e tios, João, Eufrásio, Cícero, Maria e Alzira (postumamente), e aos outros tios (Manel,

Miraci e neném) minha mãe Maria de Lourdes, aos meus irmãos (Eudes, Luciene e Eliene),

aos meus sobrinhos (Paloma, Letícia e João Luís), a minha prima Norma e aos demais primos.

Aos professores do ECT/UFRN: Sebastião, Vera, Jaziele e Luciana pelo incentivo e

lições importantes no meu caminhar. Meu muito obrigado aos professores do Departamento

de Geografia: Francis, Socorro Martin, e Cleonice Furtado e ao Prof. Samir do IFRN. Outra

mestra importante foi a professora Joana D’arc que me ensinou as primeiras lições

Aos meus amigos: Marcos, Alisson, Gildásio, Edwigenes, Aparecida, Karina,

Cleidson, Derlam, Gisele, Sebastião, João Maria, Almino Afonso, Neto, Rogério,

Raimundinho, Iguatemir, Rogério Nitéroi, Sara Raquel e aos colegas da turma do

PRODEMA.

Aos funcionários e professores do PRODEMA que muito se empenham no

crescimento do programa.

Aos habitantes da Microbacia do Riacho Cajazeiras, que nos receberam tão bem em

suas casas e, em suas terras, no trabalho de campo e nas entrevistas.

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“Sou processo das correntezas do Cachoeirinha, das águas calmas do Açude 25 de Março, da beleza da Serra do Bom Será e da enxada amolada na pedra e na batida do martelo” (José Pio Granjeiro Batista).

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RESUMO

O semiárido nordestino vem passando por mudanças desde sua formação acarretando transformações na paisagem e aumento da degradação. A dinâmica econômica que se estabeleceu no semiárido potiguar durante muito tempo esteve assentada na pecuária, agricultura de subsistência e algodão, entretanto, essas economias declinam a partir dos anos de 1970. Desse modo, os espaços potiguares estão passando por um processo de reordenamento espacial marcado pelo crescimento das atividades agropecuárias e pelo processo de urbanização. Na região do oeste potiguar tais mudanças fragilizam e transformam significativamente a paisagem. Nessas áreas, o processo de urbanização e a atividade agropecuária têm provocado mudanças na paisagem sertaneja alterando a dinâmica natural do Bioma Caatinga que passou a sofrer interferências negativas com a retirada indiscriminada da vegetação. No caso, específico da área em estudo a microbacia do Riacho Cajazeiras localizada nos municípios de Pau dos Ferros, Água Nova, Encanto e Rafael Fernandes as alterações na paisagem tem provocado a degradação e a fragilidade ambiental. Nessa perspectiva, o objetivo da pesquisa consiste em avaliar a dinâmica da paisagem da microbacia do Riacho Cajazeiras, semiárido potiguar, identificando os fatores degradantes, às áreas mais degradadas e/ou susceptíveis a degradação e as fragilidades ambientais. A pesquisa investigou os fenômenos a luz da teoria geossistêmica que enfatiza a integração dos elementos na formação da paisagem. Para a realização do trabalho foram realizadas as pesquisa exploratória, bibliográfica, o trabalho de campo e técnicas de geoprocessamento para avaliar as condições socioambientais da área de pesquisa e sua fragilidade ambiental. Para tanto, primeiramente, foi feito uma analise multitemporal com base nos anos de 1984, 1996 e 2009 demonstrando que a dinâmicade do uso e da ocupação do solo na microbacia do Riacho Cajazeiras mostrou uma mudança significativa na paisagem, especialmente, na vegetação de caatinga. Esta vem se recuperando em varias areas da microbacia, principalmente, em seu alto curso nas Serras do Bom Sera, do Encanto. A análise mostrou a necessidade de desenvolver políticas e programas voltados para a manutenção, recuperação e preservação da vegetação de caatinga da rede fluvial e dos corpos d água. Além disso, foram identificadas as áreas mais degradadas da microbacia e a fragilidade ambiental potencial e emergente que levam em consideração os componentes da paisagem tais como: clima, relevo, geologia, pedologia, geomorfologia e uso e ocupação do solo de forma integrada. Os resultados mostram que a paisagem da microbacia apresenta fragilidade ambiental média e alta em toda sua área, destacando-se, nas margens da rede fluvial proporcionada pelo o uso e ocupação do solo de forma inadequada com as condições ambientais da microbacia. Palavras-chave: Degradação, Fragilidade ambiental, Microbacia e Paisagem.

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ABSTRACT

The semi-arid Northeast region are coming through changes since its formation causing changes in the landscape and increased degradation. The economic dynamics which was established at the Potiguar semiarid had for a long time settled in livestock, subsistence agriculture and cotton, however, these economies decline from the year 1970. Thus, the Potiguar spaces are undergoing by a process of space reordering marked by the growth of agricultural activities and the process of urbanization. In the Potiguar western region these changes weaken significantly transform the landscape. In these areas, the process of urbanization and agricultural activities have caused changes in the hinterland landscape changing the natural dynamics of the caatinga biome that has been subject to negative interference with the indiscriminate removal of vegetation. In this case, the specific study area of the watershed of Cajazeiras Creek located in the cities of Pau dos Ferros, Água Nova, Encanto and Rafael Fernandes, changes in the landscape has led to degradation and environmental fragility. From this perspective, the research objective is to assess the dynamics of the landscape of the watershed of Cajazeiras Creek, semiarid region of the state of Rio Grande do Norte, identifying the degrading factors, the most degraded areas and/or susceptible to degradation and environmental fragility. The research investigated the phenomena of light geosystems theory that emphasizes the integration of elements in shaping the landscape. During this reporting period, it was carried out exploratory and bibliographical research, and geoprocessing techniques to assess the social and environmental conditions of the researched area and its environmental fragility. To do so, first, it was made an multitemporal analisis on the basis of the years 1984, 1996 and 2009 demonstrating that the dynamics of use and land cover in the watershed of Cajazeiras Creek showed a significant change in the landscape, especially in the caatinga vegetation. This has been recovering in various areas of the watershed, especially in its upper course in the mountains of Bom Sera, in Encanto city. The analysis showed the need to develop policies and programs for the maintenance, restoration and preservation of the caatinga vegetation of the river network and of water bodies. In addition, it was identified the most degraded areas of the watershed, environmental fragility and potential emerging that take into account the landscape components such as climate, topography, geology, pedology, geomorphology and the use and occupation of the soil in an integrated manner. The results show that the landscape of the watershed has medium and high environmental fragility throughout its area, especially on the banks of the river network provided by the use and occupation of the soil in an inadequate way with the environmental conditions of the watershed. Keywords: Degradation, Environmental fragility, Watershed and Landscape.

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LISTA DE FIGURAS

p. 1- Localização da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN. 24 2- Localização da área urbana e dos Sítios do Riacho Cajazeiras/RN. 25 3- Resultado da classificação, espacialização e identificação das classes de uso e

ocupação do solo 30

4- Organograma simplificado da pesquisa CAPÍTULO 1

31

1- Localização da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN. 40 2- Esquema gráfico da classificação, espacialização e identificação das classes de

uso e ocupação do solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

43

3- Vegetação de caatinga densa 45 4- Vegetação e caatinga esparsa 45 5- Uso e ocupação do solo na microbacia do riacho Cajazeiras/RN em 1984. 47 6- Uso e ocupação do solo na microbacia do riacho Cajazeiras/RN em 1996. 48 7- Uso e ocupação do solo na microbacia do riacho Cajazeiras/RN em 2009. 49 8- Desmatamentos na microbacia (A, B e C) 52 9- Solos expostos na microbacia (D, E e F) 52 10- Construções irregulares na zona urbana de Pau dos Ferros (G, H e I) 54 11- Áreas degradadas na microbacia CAPÍTULO 2

55

1- Localização da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN. 64 2- Clima da microbacia 71 3- Geologia da microbacia 72 4- Geomorfologia da microbacia 73 5- Declividade da microbacia 74 6- Solos da microbacia 76 7- Fragilidade potencial da microbacia 79 8- Uso e ocupação do solo na microbacia do riacho Cajazeiras/RN em 2011 82 9- Fragilidade emergente na microbacia 83

LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E QUADRO

1- Tabela: Evolução da população dos municípios que compõem a microbacia 16 1- Tabela: Uso e ocupação do solo na microbacia (Capítulo 1) 50 2- Tabela: Evolução da população dos municípios que compõem a microbacia 53 1- Gráfico: Uso e ocupação do solo em 1984 50 2- Gráfico: Uso e ocupação do solo em 1984 50 3- Gráfico: Uso e ocupação do solo em 2009 51 1- Quadro: Localização das áreas degradadas na microbacia 56

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SUMÁRIO p. APRESENTAÇÃO 11 INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA. 13

Ocupação histórica do sertão nordestino 13 Uso e ocupação do solo, degradação ambiental e fragilidade no semiárido 16 Geossistemas, paisagem e as bacias hidrográficas.

20

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 24

METODOLOGIA GERAL

27

REFERÊNCIAS

33

CAPÍTULO 1 – Dinâmica do uso e (da) ocupação do solo na microbacia do Riacho Cajazeiras no semiárido/RN e suas implicações socioambientais.

36

Resumo 36 Abstract 37 Resumen 37 Introdução 38 Características da área de estudo 39 Procedimentos metodológicos 41 O uso e ocupação do solo no semiárido e suas implicações socioambientais 44 Resultados e discussão 45 Considerações finais 57 Referências

58

CAPÍTULO 2 - Avaliação da Fragilidade ambiental na microbacia do Riacho Cajazeiras no Semiárido Potiguar

61

Resumo 61 Abstract 62 Introdução 62 Caracterização da área de estudo 63 Procedimentos metodológicos 65 Referencial teórico 66 Resultados e discussão 68 Considerações finais 84 Referências

86

CONSIDERAÇOES GERAIS 88 APÊNDICE

Formulário de campo

91

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ANEXOS Regras Revista Mercator 94 Regras Revista Boletim Goaino 96 Comprovante do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN 98

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APRESENTAÇÃO

A presente pesquisa “Dinâmica da Paisagem na microbacia do Riacho Cajazeiras no

semiárido potiguar” analisa o uso e a ocupação da paisagem nos anos de 1984, 1996, 2009 e

2011 e, ainda, analisa a degradação e as fragilidades ambientais causadas pelas atividades

antrópicas e naturais na perspectiva integrativa dos diversos elementos da paisagem. O

trabalho está dividido em três partes: apresentação geral, capítulo 01 e capítulo 02.

Nos capítulos “Dinâmica do uso e da Ocupação do Solo na microbacia do Riacho

Cajazeiras no semiárido/RN e suas Implicações Socioambientais” e a “Avaliação da

fragilidade ambiental da microbacia do Riacho Cajazeiras no semiárido potiguar” são

discutidas temáticas relacionadas ao uso e ocupação do solo e suas consequências na

paisagem. Desse modo, destaca-se a importância de estudos sobre a questão ambiental na área

de pesquisa, pois na região existem poucos trabalhos científicos sobre a temática abordada

nessa pesquisa. Como bem lembra o grande geógrafo francês, Jean Tricart (1977) a ocupação

da paisagem precisa ser estudada pela Geografia, com bastante vigor, mas estando aberta às

outras ciências, principalmente, aquelas que procurem discutir de forma interdisciplinar a

dinâmica da paisagem. Entretanto, a Geografia é capaz de analisar a paisagem de forma

integrativa indicando a estabilidade geodinâmica dos geossistemas de forma não disciplinar.

A perspectiva disciplinar parece está mergulhada em uma crise paradigmática sem

saída, pois cabe perguntar se a relação sociedade-natureza pode ser vislumbrada a partir da

ótica disciplinar? Nesse sentido, para Ross (2003, 2009) a Geografia pode responder essa e

outras perguntas de forma satisfatória e prospectiva sob a ótica geosssitêmica, permitindo

indicar caminhos para o uso e a ocupação do solo relacionando os aspectos econômicos,

sociais e ambientais.

A metodologia geossistêmica aborda a paisagem inter-relacionando os vários

elementos da paisagem como: a climatologia, a pedologia, a geologia, a geomorfologia (esta

focada na declividade), e o uso e ocupação do solo utilizando técnicas de geoprocessamento.

A pesquisa optou por analisar a dinâmica da paisagem da microbacia do Riacho Cajazeiras, na

ótica geossistêmica dada a necessidade de estudos para compreender a dinâmica da

sociedade/natureza. Além disso, se faz necessário discutir a situação das microbacias para

contribuir com a gestão territorial local, pois a bacia hidrográfica é considerada pela Politica

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Nacional de Recursos Hídricos como célula essencial para o equilíbrio socioambiental dos

territórios.

Nesse sentido, a pesquisa tem por objetivo geral fazer uma análise da dinâmica da

paisagem e suas implicações socioambientais na microbacia do Riacho Cajazeriras/RN no

semiárido potiguar utilizando os pressupostos da teoria geossistêmica. No primeiro capítulo é

discutido o uso e a ocupação do solo e suas implicações socioambientais; no segundo capítulo

é discutida a fragilidade ambiental potencial e emergente da microbacia pautada na concepção

metodológica de Tricart (1977) e Ross (2003 e 2009). No final são apresentadas as

considerações gerais da pesquisa.

Portanto, é imprescindível uma mudança paradigmática para que se compreenda de

forma interdisciplinar e multidisciplinar a dinâmica estabelecida na relação

sociedade/natureza. Por fim, espera-se que o trabalho possa contribuir para a realização de

outras pesquisas afins.

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INTRODUÇÃO GERAL E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ocupação histórica do sertão nordestino

Segundo Andrade (2011) o sertão nordestino começou a ser ocupada desde o século

XVI pela pecuária ultraextensiva em campo aberto, iniciando desse modo, a retirada da

vegetação de caatinga para a criação de gado e para a agricultura de subsistência. O gado

exerceu e exerce papel fundamental na ocupação das áreas do interior do sertão nordestino.

Na literatura é comum associar o sertão nordestino ao ciclo do gado na formação territorial e

como uma atividade socioeconômica e cultural importante

A criação de gado foi desde os primeiros tempos uma atividade econômica subsidiária da cana-de-açúcar. Os engenhos eram quase sempre movidos à tração animal e, tanto o transporte da cana, dos partidos para a fábrica, como o transporte do açúcar, das fábricas para os portos de embarque, estavam sempre a exigir grande número de bois e de cavalos. Nos primeiros tempos, a criação de gado foi uma atividade a que alguns se dedicaram com espírito demasiado independente para não se submeterem à hierarquia social rígida da civilização açucareira; como não dispunham de capital para montar engenhos, adquirir escravos e plantar canaviais, procuraram estabelecer-se sempre nas proximidades da costa ou dos rios navegáveis, uma vez que os transportes por água eram os únicos usados para as grandes travessias. A guerra holandesa e o medo de perder seus animais, requisitados pelos invasores, fizeram com criadores alagoanos e sergipanos subissem o rio São Francisco em demanda do sertão. A parte alta e as superfícies aplainadas sobre a Borborema não haviam sido exploradas, haviam sido contornadas ao sul por criadores de gado quando subiam o São Francisco, ao norte quando alcançavam e subiam os Vales do Açu e do Apodi. (ANDRADE, 2011, p. 151-152)

Para Manuel Correia de Andrade (2011) o gado foi sempre um servo da indústria

açucareira, sendo importante como força motriz e fonte de alimentação dos engenhos do

litoral nordestino. Além disso, foi uma das atividades responsável pela ocupação de grandes

áreas dos vales fluviais do sertão nordestino ao lado do algodão, que passou a ocupar grandes

áreas dos carrascos e das capoeiras do sertão nordestino desde os primórdios do processo de

colonização em comunhão com o feijão, o milho e a fava.

No Nordeste brasileiro, principalmente no sertão, o algodão esteve presente desde o

começo da colonização que segundo Andrade (2011) nos séculos de XVII e metade do XVIII

essa atividade entrou em crise servindo apenas como tecidos ordinários para vestimenta dos

escravos, mas a partir da industrialização engendrada nas mudanças de relações sociais de

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poder na Europa, principalmente na Inglaterra, o algodão passa a ser um produto comercial

para exportação importante no semiárido.

Os reflexos dessas transformações atingem diretamente o Brasil, porque a economia

portuguesa nesse período era muito dependente da economia inglesa. Ainda segundo esse

autor a partir do século XIX a cultura do algodão incrementa-se devido à utilização da

semente do algodão para a produção de óleo descoberta pelo naturalista Arruda Câmara; pela

abertura dos portos ao comércio inglês; por causa da guerra de Secessão nos EUA (1861-64)

só vindo a entrar em crise em 1929 com a crise econômica mundial e, em relação ao nordeste,

com a praga da lagarta amarela e expansão do algodão nas terras paulistas a cultura algodoeira

que nunca mais se recuperou no sertão nordestino.

No caso do sertão do Rio Grande do Norte a ocupação de acordo com Clementino

(1987) se ocorreu também nos séculos XVI, XVII e XVIII não foi diferente dos outros

estados nordestinos, pois em todos eles se desenvolveram a atividade pecuária e a agricultura,

em consórcio com o chamado binômio gado-algodão associado com o algodão-cultura de

subsistência uma particularidade social do sertão nordestino. A partir do XVIII até os anos de

1980 do século XX o algodão (mocó) passa a ser o principal produto agrícola do estado do

Rio Grande do Norte. Segundo Takeya apud Clementino (1987) o sistema entra em crise no

final do século passado devido ao cenário econômico internacional e a praga do bicudo. Como

lembra Clementino (1987) à estrutura fundiária era e ainda é concentrada nas mãos dos

grandes proprietários de terras que utilizavam a parceria como relação de trabalho

preponderante, mesmo nos dias atuais, ainda é utilizada nas terras potiguares.

O processo de colonização do sertão nordestino realizou-se primeiramente nas

margens da rede fluvial pela pecuária e a agricultura de subsistência. Nas terras do sertão

potiguar o rio Piranhas-Açu e o Apodi-Mossoró são exemplos desse tipo de colonização. No

caso específico a área de estudo deste trabalho localiza-se no alto curso do rio Apodi-Mossoró

que têm a cidade de Pau dos Ferros como um dos ícones característico desse tipo de

conquista, pois era lugar de passagem e parada de boiadas para descanso tanto das boiadas

como dos vaqueiros.

E foi a margem da pequena lagoa, onde hoje correm as ruas da cidade, que os vaqueiros encontraram o lugar de repouso e descanso desejado- a alfombra de frondosa oiticica em cuja haste gravavam a ponta de faca os sinais da fazenda como pontos de referência e distintivos identificadores da rês sumidiça e tresmalhada [...] Pau dos Ferros, na sua origem primitiva, era uma grandiosa oiticica, situada à margem do rio, no cruzamento da estrada, a cuja sombra benfazeja descansavam os

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viandantes [...]Tamanho foi o desenvolvimento da fazenda, que em breve se tornou o centro de convergência, seguindo-se o construir de novas edificações e aumentando assustadoramente o número de sua população que ‘ em pouco tempo, com observa o professor Manoel Jacome de Lima – foi preciso construir uma capela para atender ás necessidades espirituais dos habitantes da localidade que se transformou rapidamente em florescente povoação(MELO, 1990, p. 156-157).

A região do Alto-oeste potiguar era importante rota que ligava o sertão aos portos de

Aracati no Ceará, num primeiro momento e o porto de Areia Branca num segundo momento,

para abastecer os engenhos do litoral nordestino e a mineração das regiões Sudeste e Centro-

Oeste do Brasil. Segundo Lacerda e Barbosa (2006, p. 74) “a colonização realizada pelas

vias fluviais e de onde se processaram elementos de descoberta e ocupação dessas regiões, se

constitui as bases das raízes históricas de onde se ergueu a relação do homem com as

florestas”.

No que se refere à área de estudo à dinâmica e formação territorial tanto urbana como

rural foi estruturada na produção agropecuária – bovino, caprino, ovino, algodão, feijão,

milho arroz – em que a pecuária abastecia a população local com seus produtos tanto

alimentício – leite, queijo de manteiga e qualho, nata, qualhada – como para vestimentas e

construções de utensílios diversos – caçuá, arreios para os cavalos, burros, muares, mulas,

bois de carroça e capinadeira, e roupas (gibão), sapatos, botas, alpercatas, bornó, chapéus,

cintos entre outros- e até o século XIX abastecia a região dos engenhos de cana-de-açúcar e a

região das minas de ouro e diamante entrando em decadência com a crise dessas atividades.

No entanto, a pecuária ainda é importante na região como fonte de subsistência e

abastecimento das áreas urbanas que crescem como é o caso da cidade de Pau dos Ferros que

vem passando por uma urbanização significativa. No caso do algodão, este foi muito

importante para a economia da chamada região da “tromba do elefante” (Alto-oeste potiguar)

até os anos 1980 quando entra em decadência não se recuperando até os dias atuais. Tal

situação pode ser explicada pela falta de políticas públicas, pela praga do bicudo e a

conjuntura da economia mundial, nacional e regional.

Na atualidade a área de pesquisa é composta pelos municípios de Pau dos Ferros,

Encanto, Água Nova e Rafael Fernandes. Cabe destacar que o município de Pau dos Ferros

passa por um processo de urbanização, (tabela 01) como foi observado no estudo – esse

município é o centro polarizador da região do Alto-oeste potiguar e de cidades dos estados do

Ceará e Paraíba por se destacar economicamente no setor de serviços (nas áreas de saúde,

educação, e comércio).

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Ano Água Nova Encanto Rafael Fernandes Pau dos Ferros

Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural

1980 2.040 739 1.301 4.178 1.056 3.122 2.688 670 2.018 16.216 12.957 3.259

1991 2.309 1.193 1.116 4.720 2.102 2.618 3.332 1.529 1.803 20.827 17.782 3.045

2000 2.678 1.630 1.048 4.798 2.116 2.682 4.247 2.206 2.041 24.758 22.311 2.447

2010 2.980 1.908 1.072 5.231 2.130 3.101 4.692 2.709 1.983 27.745 25.551 2.194

Tabela 01: Evolução da população dos municípios que compõem a microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

O processo de urbanização1 é um dos fatores mais degradantes das condições

socioambientais devido ao uso e ocupação desordenada, em especial, nas áreas próximas as

margens da rede fluvial, provocando uma série de problemas nas áreas sociais, econômicas e

ambientais. Nesse contexto o planejamento territorial urbano não tem conseguido de forma

satisfatória, conter o processo de degradação na área de sua influência. Para Ross (2009) a

política de planejamento da produção do espaço territorial brasileiro não tem contemplado o

desenvolvimento econômico, social e ambiental de forma holística e inclusiva, permanecendo

graves problemas socioambientais, tanto nos espaços urbanos como nos espaços rurais de

todas as regiões do Brasil.

Uso e ocupação do solo, degradação ambiental e fragilidade no semiárido

O processo de urbanização e a atividade agropecuária têm provocado mudanças na

paisagem sertaneja alterando a dinâmica natural do Bioma Caatinga que passou a ser sofrer

interferências negativas com a retirada indiscriminada da vegetação. Nesse contexto o

processo de degradação deve ser considerado, pois segundo o Ministério do Meio Ambiente –

MMA (2009) cerca de 80% dos ecossistemas da caatinga já sofreram degradação ao longo do

processo histórico devido ao uso indevido do solo.

A intensificação fragilidade potencializa o processo de degradação ambiental que se

deu justamente com o início da atividade agropecuárias seguida do algodão e do processo de

urbanização. As práticas utilizadas pelas atividades agropecuárias e pela ocupação urbana

desordenada ocorrem sem planejamento e são na maioria das vezes inconsistentes com as

condições naturais do semiárido, provocando ao longo da sua formação territorial, graves

problemas socioambientais. 1 A questão urbana é aqui inserida na perspectiva do IBGE.

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Os atributos que dão similitude às regiões semiáridas são sempre de origem climática, hídrica e fitogeográfica: baixos níveis de umidade, escassez de chuvas anuais, irregularidade no ritmo das precipitações ao longo dos anos; prolongados períodos de carência hídrica; solos problemáticos tanto do ponto de vista físico quanto do geoquímico (solos parcialmente salinos, solos carbonáticos) e ausência de rios perenes, sobretudo no que se refere às drenagens autóctones. [...] No entanto, a análise das condicionantes do meio natural constitui uma prévia decisiva para explicar causas básicas de uma questão que se insere no cruzamento dos fatos físicos, ecológicos e sociais (AB’SABER, 1999, p. 7).

Como destaca Ab’Saber (1999) para analisar o semiárido é importante que considere

não só os atributos físicos e geoquímico, como também incluir os atributos ecológicos e

sociais. Como se pode perceber as ações humanas e as necessidades transformam e

requalificam os espaços. Desse modo, ao longo do processo histórico temos as alterações na

paisagem intensificadas pela ação humana.

As formas de ocupação e uso do solo têm alterado a dinâmica natural dos ecossistemas

terrestres, aéreos, lacustres, fluviais, urbanos causando desequilíbrio socioambiental. Desse

modo, a degradação ambiental tem sido apontada como um dos principais problemas na

atualidade. Segundo Sánchez (2008, p. 27) degradação ambiental é “qualquer alteração

adversa dos processos, funções ou componentes ambientais, ou como alteração adversa da

qualidade ambiental”. No âmbito da lei nº. 6.938/1981 art.3º, inciso III- da Política Nacional

de Meio Ambiente a degradação ambiental é definida “alteração adversa das características

do meio ambiente”.

A degradação ambiental pode advir de vários fatores induzidos pelas ações humanas.

Tais ações podem provocar inclusive mudanças no clima global aumentando a temperatura,

diminuindo a pluviosidade em algumas regiões e aumentando em outras, alterações na vida

animal e vegetal que podem resultar na extinção ou até a mutação de determinadas espécies.

A degradação ambiental pode afetar diretamente os diversos ecossistemas terrestres

agravando a situação natural de algumas regiões como, por exemplo, o semiárido brasileiro

que historicamente passa por períodos de secas cíclicas. Cabe destacar que as degradações

nessas áreas podem ser revertidas com o uso adequado do solo e da manutenção da vegetação

(GUERRA, ALMEIDA e ARAUJO, 2009).

A reversibilidade pode não recuperar toda a biodiversidade anterior existente nessas

áreas. No Brasil segundo Guerra, Almeida e Araujo (2009, p. 28) “Os principais tipos de

degradação consistem na perda da camada superior do solo, proveniente da erosão hídrica

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(39% da área degradada) na perda de nutrientes do solo (28%) e na deformação do terreno

pela erosão hídrica (12%). No semiárido nordestino, em relação à vegetação de caatinga e a

sua fauna vem sofrendo processo de degradação ambiental causado por práticas extrativistas

como: a retirada da vegetação para abastecer os fornos das cerâmicas, das padarias, para o

consumo doméstico e para a produção de carvão que abastecem as áreas urbanas; a caça

predatória de várias espécies nessas áreas como: tatu, peba, preá, juriti, codorna, nambu,

rolinhas entre outras espécies. Além disso, a retirada de mel de abelhas italiana e jandaíra.

Outras práticas degradantes dizem respeito atividades agrícolas e ao pastoreio. Essas

práticas se iniciam com a derrubada e queimada da vegetação para a produção agropecuária

que abastecem principalmente as áreas urbanas. Para tanto, são utilizadas máquinas pesadas

como tratores (estes geralmente cedidos pelas prefeituras aos pequenos produtores) para arar a

terra nos primeiros dias de chuvas, em especial, nos solos mais profundos, à plantação é feita

diretamente nas encostas sem utilizar técnicas de conservação dos solos (como o

terraceamento) e o pastoreio extensivo de bovinos, caprinos e ovinos.

A utilização da Caatinga no semiárido mantém-se presa ainda à prática extrativista, seja pastoril, agrícola ou madeireira. O pastoreio, principalmente de bovinos e caprinos, tem contribuído para a modificação da cobertura vegetal: juntamente com atividade agrícola, explorada segundo práticas itinerantes, que incluem desmatamento e queimadas, tem aumentado a degradação ambiental com perdas irrecuperáveis para a diversidade da florística e faunística, acelerando o processo de erosão e o declínio da fertilidade do solo e da qualidade estrutural das bacias hidrográficas (BRASIL, 2004, p. 51).

Essas atividades compactam e expõem o solo ao processo erosivo; o que tem

intensificado a perda do solo. Como também, tem contribuído para desestruturação das bacias

hidrográficas tornando os ambientes mais frágeis, e, consequentemente, mais instáveis

socioambientalmente.

No semiárido nordestino os fatores mais degradantes estão relacionados a práticas

historicamente inadequadas do uso e ocupação do solo apontado no texto anterior (a citação) e

por outros estudos como os de Ross (2009), Ab’Saber (1999) e Tricart (1977) afirmam que o

regime pluvial irregular com chuvas intensas, secas periódicas e solos rasos facilitam a

degradação e aumentam a fragilidade ambiental.. Essas características aliadas ao uso e

ocupação inadequada do solo tem provocado ao longo da sua formação territorial, graves

problemas socioambientais nas paisagens, seja no espaço rural ou urbano.

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Para Tricart (1977) a paisagem evolui de forma contínua e complexa segundo suas

próprias leis, nesse sentido, as ações antrópicas são exercidas em um sistema natural mutante.

Por isso, é crucial no estudo da organização do espaço identificar como essas ações se

inserem na dinâmica natural com intuito de mitigar a fragilidade da paisagem, e, sugerir quais

são as melhores atividades econômicas a serem praticadas nessas áreas. Nesse contexto, para

estudar a paisagem o autor passou a distinguir a fragilidade em meios morfodinâmicos:

estáveis, intergrades e instáveis definidos por meio da integração dos elementos físicos e as

atividades antrópicas.

Nos meios morfodinâmicos estáveis as condições do ambiente apresentam baixa

fragilidade ambiental, pois onde predomina vegetação densa natural, estabilidade tectônica e

dissecação moderada e declividade do relevo os processos mecânicos da morfogênese são

moderados. Nos meios intergrades ou meio de transição predomina a morfogênese ou a

pedogênese, cabendo ao pesquisador identificar se esses ambientes caminham em direção à

predominância morfogênetica (instabilidade) ou a predominância da pedogenética

(estabilidade) “Os meios intergrades são delicados e suscetíveis a fenômenos de

amplificaçâo, transformando-se em meios instáveis cuja explotação fica comprometida”

(TRICART, 1977, p. 51). Com relação aos meios instáveis a morfogênese predomina em

detrimento da pedogênese. Nesses meios os processos morfogenéticos são intensos com a

presença de erosão intensa (ravinas e voçorocas), solapamentos dos talvegues, assoreamentos

da rede fluvial e desmatamentos aumentando a fragilidade desses ambientes e intensificando a

degradação (TRICART, 1977).

Ross (2003) faz referencia aos estudos de Tricart e acrescenta que a dinâmica

socioespacial da paisagem deve ser analisada de forma integrativa, pois os diversos

componentes da natureza são interdependentes. O clima, o solo, a vegetação, a

geomorfologia, a geologia, o uso e ocupação do solo devem ser correlacionados nas

avaliações para obterem-se as os graus fragilidades representadas pelos geosssistemas.

A ocorrência da degradação ambiental e o aumento da fragilidade ambiental estão

vinculados ao uso e ocupação do solo de forma não coerente com os sistemas ambientais

naturais dificultando seu funcionamento e auto-regulação. Esses processos manifestam-se em

conseqüências socioambientais concretas, tais como a perda da capacidade produtiva dos

solos e, consequentemente, a diminuição da produção agropecuária, que se reflete em perda

da identidade cultural, em migração da população, empobrecimento da população e perda da

qualidade de vida. A problemática nordestina vai muito além da questão física-natural como

descreve Rodrigues e Silva (2002, p. 110),

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Ao mesmo tempo, pode-se apontar que o grande problema do Nordeste semiárido não é de ordem física; é de ordem social. Entre os fatores sociais que influem sobre a desertificação, podem se colocar os seguintes: o sistema da propriedade da terra; o acesso e apropriação dos recursos; a racionalidade dos agentes e atores sociais envolvidos; a intensa pressão humana sobre os sistemas naturais; a tecnologia inadequada prevalecente; a insuficiente integração regional.

Portanto, para avaliar a paisagem é preciso compreender o contexto econômico social

inter-relacionando-os com os elementos físicos da paisagem. No caso do semiárido nordestino

muito se tem atribuído aos fatores naturais referentes às condições climáticas, que durante

muito tempo tem sido utilizado para justificar as mazelas sociais da região dita do “atraso” ou

da “seca”. Nesse sentido, vários mecanismos foram criados para desenvolver a região

nordestina e os estudos de Andrade (2011), Celso Furtado (1980) e Araujo (1995, 2000) e

outros ajudam a entender a integração da região nordeste ao contexto, internacional, nacional

e regional. Não cabe aqui detalhar tal discussão, mas é importante lembrar as marcas deixadas

por esse processo na sociedade nordestina.

Desse modo, a pesquisa analisa a dinâmica multitemporal do uso e da ocupação do

solo, a degradação e a fragilidade ambiental potencial e emergente da paisagem, levando em

consideração os elementos naturais e suas inter-relações na relação sociedade-natureza na

perspectiva geossistêmica. Para tanto, acredita-se que a visão geossistêmica possibilita

analisar a paisagem de forma sistêmica ou “global” utilizando, a bacia hidrográfica, a sub-

bacia ou a microbacia bacia hidrográfica como unidade de análise de forma satisfatória.

Geossistemas, paisagem e as bacias hidrográficas

A ideia de uma visão global das interações da Natureza com a Sociedade na academia

se iniciou segundo Rodriguez e Silva (2002) no final do século XVIII e início do século XIX,

com os trabalhos de Kant, Humboldt e Ritter. Duas correntes se destacaram no contexto da

Geografia: uma visão voltada para a Natureza pautada na Geografia Física (principalmente

com as concepções de Humboldt e Dokuchaev), e uma visão centrada nas causas humanas

(Geografia Humana ou a Antropogeografia) de Karl Ritter. Outra corrente foi o surgimento da

Ecologia como disciplina biológica nos finais do século XIX dando ênfase aos estudos das

relações entre meio físico-químico e os seres vivos. Entretanto, conceito de ecossistema só

veio a surgir em 1935, baseado na concepção da Teoria Geral de Sistemas. Destaca-se

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também a Geoecologia das Paisagens de Karl Troll, surgida nos meados de 1930, onde

analisava funcionalmente a paisagem, integrando o social ao ecológico.

Para tanto, a visão geossistêmica nos possibilita analisar a paisagem de forma

sistêmica ou “global”, utilizando a microbacia hidrográfica como unidade de análise por

entendermos que se encaixa nessa perspectiva teórica e metodológica.

A condição para o desenvolvimento da visão integrada da paisagem na União

Soviética e no leste europeu deve-se as duas condições: o uso do Marxismo o do pensamento

de Lênin como doutrina oficial de cunho dialético materialista e das necessidades de

planificação estatal dos países “socialista” que precisava conhecer as unidades naturais de

forma integrada, para serem bem controladas (RODRIGUEZ, SILVA e CAVALCANTI,

2007).

Na ciência geográfica a paisagem é um elemento de análise importante que durante

muito tempo esteve associada ao conceito de região como se fossem sinônimos. De acordo

com Milton Santos (2008), essa ideia persistiu até o final do século passado dada a influência

da geografia europeia. Com as grandes transformações no mundo a discussão sobre a

paisagem se amplia e Carl Sauer tipifica a paisagem em: natural e artificial. Os dois tipos de

paisagem marcam a relação do homem sobre a natureza. Desse modo, Santos (2008, p. 71)

descreve: “A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais; é formada

por frações ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade, ou por qualquer outro

critério. A paisagem é sempre heterogênea”.

A paisagem acompanha as transformações da sociedade alterando-se em detrimento

das necessidades da estrutura social. Desse modo, a mesma pode ser considerada como

“resultado de uma acumulação de tempos” (SANTOS, 2007, p. 54). Sob a ótica geosistêmica

a paisagem é discutida por Bertrand que aborda e propõe uma classificação metodológica

específica, baseada na relação entre os fatores bióticos, abióticos e a ação antrópica. De

acordo com Bertrand (2004, p. 141),

A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.

A partir dos anos 70 do século XX, a análise da paisagem ganha destaque com a

Ecogeografia desenvolvida por Jean Tricart que considera as unidades ecodinâmicas como

sistemas ambientais por excelência, tendo a Geomorfologia como elemento integrador central

nos seus estudos.

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Vale salientar que a ciência Geográfica tem buscado um método desde sua formação,

que permitisse melhor compreender e analisar, os diversos elementos e processos que

compõem, modifica e modelam as paisagens sob uma ótica mais integradora. Dentre as

teorias e concepções metodológicas da Geografia, destaca-se a Teoria da Ecodinâmica de

Tricart, onde analisa a dinâmica e os processos ecológicos que modelam e modificam a

paisagem, definindo sua resiliência e fragilidades dos ecossistemas, possibilitando apontar

formas mais adequadas e sustentáveis de uso e ocupação do solo em consonância com a

capacidade de cada ecossistema e as necessidades humanas.

De acordo com Tricart (1977) para compreender os mecanismos e a amplitude da

degradação antrópica dos ecossistemas, é imprescindível conhecer as modalidades e a

simultaneidade entre os elementos da natureza: cobertura vegetal, solos, processos

morfogenéticos, hidrológicos e as interferências antrópicas.

O conhecimento das estruturas dos sistemas naturais e sócio-econômicos permite apreciar certas dinâmicas, prever as modificações que podem da reorganização do território. Cada unidade deve, também, ser estudada em função do seu princípio de coesão interna e dos laços de interdependência com outras unidades mais ou menos distantes (TRICART, 1977, p 78)

Nessa mesma linha, temos a teoria da paisagem do francês Georges Bertrand (2004),

que procura entender a paisagem como um sistema dinâmico e instável composto dos

elementos naturais- o clima, o solo, a vegetação, o relevo, fauna, hidrologia e sociedade. O

Autor enfatiza que é preciso estudar as paisagens na concepção geossistêmica.

Outros nomes importantes na atualidade que defendem a visão geossistêmica são: o

cubano José Manuel Mateo Rodriguez que traz novas contribuições para essa corrente de

análise aprimorando a Geoecologia das Paisagens propostas por Karl Troll. No Brasil

podemos destacar os estudos de Antônio Chistofoletti, Carlos augusto de Figueiredo Monteiro

e Jurandir Ross autores que tem se destacado na análise sistêmica da paisagem através de

várias obras nas quais se destacam: Análise de Sistemas em Geografia (CHISTOFOLETTI,

1979); Geossistemas: a história de uma procura (MONTEIRO, 2000) e Ecogeografia do

Brasil: subsídios para o planejamento ambiental (ROSS, 2009).

O estudo utilizou a perspectiva teórica geossistêmica pautada nos estudos de Tricart

(1977), Ross (2003 e 2009) para analisar e compreender os fenômenos e os fatores

degradantes da paisagem da Microbacia do Riacho Cajazeiras, uma vez que, a ocupação

desordenada do solo nas bacias hidrográficas, nas sub-bacias e nas microbacias, tem causado

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degradação ambiental na estrutura pedológica, geomorfológica e florística nas diversas

regiões do planeta, agravando o desequilíbrio socioambiental.

O uso inadequado da ocupação e uso do solo dentro do Bioma Caatinga no semiárido

brasileiro, é apontado pelos estudos de Souza et.al (2008), Alves (2007), entre outros, como

um grave problema a ser resolvido por toda a sociedade. Desse modo, estudos e avaliações

acerca da situação das bacias hidrográficas são fundamentais. Nessa perspectiva, utilizou-se a

microbacia como unidade de análise assim definida:

[...] microbacia é toda bacia hidrográfica cuja área seja suficientemente grande, para que se possam identificar as inter-relações existentes entre os diversos elementos do quadro socioambiental que a caracteriza, e pequena o suficiente para estar compatível com os recursos disponíveis (materiais, humanos e tempo), respondendo positivamente à relação custo/benefício existente em qualquer projeto de planejamento (VITTE e GUERRA, 2007, p. 157)

No caso das bacias hidrográficas, é imprescindível a utilização de ferramentas que

possibilitem um acompanhamento do uso e ocupação do solo uma vez que a bacia

hidrográfica é fonte de abastecimento de água para: o lazer, indústria, agricultura,

dessedentação dos animais, para a sobrevivência e equilíbrio da flora e fauna entre outros.

Desse modo, é importante estudar as bacias hidrográficas de forma integrada em que as

teorias científicas e as tecnologias, estejam voltadas para a construção de sociedades

sustentáveis.

As considerações já feitas mostram a necessidade de buscar novas perspectivas

paradigmáticas para solucionar e mitigar o processo de degradação no semiárido nordestino,

em especial, na área de estudo onde se percebe vários problemas socioambientais causados

pela ação humana. Diante desse quadro, pretendemos investigar e responder os seguintes

questionamentos: Quais são as implicações socioambientais ocasionadas pela retirada da

vegetação de caatinga na microbacia do riacho Cajazeiras/RN? Quais são os fatores

responsáveis pela degradação na área em estudo? Quais são as áreas de maior fragilidade

ambiental da microbacia? De tal forma, o objetivo da pesquisa consiste em avaliar a dinâmica

da paisagem da Microbacia do Riacho Cajazeiras no Semiárido Potiguar, identificando os

fatores degradantes, às áreas mais degradadas e/ou susceptíveis a degradação e as fragilidades

ambientais. Contribuindo desse modo, para o advento de outros estudos e/ou para a

proposição de medidas que visem o processo de construção de sociedades sustentáveis.

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CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A Microbacia Bacia do Riacho Cajazeiras (figura 01) está localizada no Nordeste

brasileiro na Mesorregião do Alto Oeste Potiguar/RN nas microrregiões de Pau dos Ferros e

São Miguel fazendo parte de sua área: os municípios de Pau dos Ferros (na sua área se

encontra os sítios: Maretas, Torrões, Grossos, Alencar, Lagoinha dos Estevãos, Carvão,

Cachoeirinha, Amarela, Boa Sorte, Lagoinha, Seis Olhos, Lagoa de Fora, Várzea de Baixo e

parte do núcleo urbano da cidade), Rafael Fernandes os sítios: Maretas de Cima e Ingá, Água

Nova os sítios Vaca Morta, São Luiz e Lanchinha e Encanto os Sítios: Várzea de Cima,

Sanharão e Cantinho (figura 02). Cabe pontuar que não engloba todas as áreas desses

municípios. Nesse sentido, a microbacia é um recorte compreendendo parte das zonas rurais

dos municípios de Rafael Fernandes, Água Nova, Encanto e Pau dos Ferros e parte da zona

urbana desse último município.

Figura 01: Localização da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

Fonte: baseado na malha do IBGE. Adaptado pelo autor, 2010.

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Figura 02: Localização da área urbana e dos Sítios do Riacho Cajazeiras/RN.

Fonte: Malha do IBGE, 2010 e pesquisa de campo realizada pelo autor, 2010.

A Microbacia abrange uma área de drenagem de 116,9 km2 fazendo parte da Sub-

Bacia do Rio Encanto, localizada no alto curso Bacia do Rio Apodi-Mossoró/RN, na região

hidrográfica do atlântico nordeste ocidental brasileiro, tendo como principais afluentes: o

Riacho Cajazeiras (principal, que recebe o nome de Riacho do Meio no seu baixo curso)) o

Riacho Cachoeirinha, o Riacho da Favela, o Riacho dos Estevãos e o Riacho Boa Sorte. Além

disso, a microbacia apresenta grande quantidade de açudes, barreiros e pequenas barragens,

destacando-se o Açude 25 de Março dentro da área urbana da cidade de Pau dos Ferros e o

Açude das Maretas localizado na zona rural do município de Rafael Fernandes. Os aqüíferos

presentes na microbacia são: os aquíferos fissurais descontínuos no espaço das rochas

cristalinas e os aquíferos aluviais das margens dos riachos e córregos.

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O regime fluvial dos riachos da Microbacia do Riacho Cajazeiras caracteriza-se pela

intermitência de suas águas por estarem submetidos ao regime do clima semiárido (Bs) na

maior parte de sua área. Entretanto, na parte de seu alto curso ocorre à presença do clima sub-

úmido seco (Bw) devido à altitude do Planalto da Borborema (Koppen-Geiger).

A vegetação presente na área da microbacia citada pelos moradores nas entrevistas e

no trabalho de campo, é a Caatinga Hipoxerófila, formada por plantas arbóreas (jurema preta

e branca, aroeira, jucazeiro, mufumbo, marmeleiro, catingueira, angico, sabiá, pereiro,

ingazeira, carnaúba, oiticica, juazeiro, pacotê, emburana; arbustivas (velame, muçambê, rosa

seda, unha de gato, bredo, anil entre outras). Também é encontrada a Caatinga hiperxerófila

(vegetação altamente resistente as condições de aridez) formada pelas cactáceas: xique-

xique, cardeiros e facheiros.

Em relação à fauna, os animais que ainda são encontrados segundo os habitantes da

área da pesquisa conforme as entrevistas realizadas (Apêndice 1) são: mocó, sussuarana,

veado, peba, tejo, tejubina, calango, preá, timbu, cordona, corduniz, nambu, gavião-peneira,

gavião-vermelho e gavião-pequeno, rolinha cascavel, rolinha caldo-de-feijão, rolinha pé-de-

anjo e rolinha-branca, bem-te-vi, sabiá, coruja, azulão, galo-de-campina, golinha, bico-de-

prata, caboclo-lino, fura-barreira, burguesa, canção, bico-de-osso, periquito, currupião,

casaca-de-couro, anum-branco, anum-preto, papa-sebo, João-de-barro, papa-arroz, juriti, as

abelhas (jandaíra, capuchu, maribondo, arapuá); as formigas (de roça, a preta e alemã ou

vermelha), cupins, as cobras (jararaca, corre-campo, cobra- de-cipó, cobra verde, cascavel,

cobra-de-veado, goi-peba) e camaleão.

A geologia dominante na área de estudo segundo o Serviço Geológico do Brasil –

CPRM (2005) é complexo Jaguaretama (com ortognaisse migamatizado tonalitico a

grandiorítico e granítico, migmatitico, restos de supracristais) com uma pequena incidência de

um suíte Serra do deserto caracterizado por ortognaisse grandiorítico e granítico. Em relação à

geomorfologia a microbacia está inserida na Depressão Sertaneja e no Planalto da Borborema

em que as altitudes variam entre 200 a 600m tendo como principal divisor de água a Serra do

Bom Será localizada nos municípios de Encanto e Água Nova e, também as planícies aluviais

presentes nas margens da rede fluvial. Os solos predominantes na área são: Neossolos,

Neossolos litolicos, Luvissolo e Argissolo vermelho-amarelo (EMBRAPA, 2005).

O clima predominante da área segundo a classificação de Köppen-Geiger é o tropical

semiárido quente e seco, entretanto, no seu alto curso registra-se o clima sub-úmido seco

proporcionado pelo Planalto da Borborema marcado por médias térmicas anuais elevadas em

torno de 28°C e por chuvas escassas e irregulares predominantes nos meses de fevereiro a

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maio por chuvas escassas e irregulares predominantes nos meses de fevereiro com uma

precipitação média anual varia entre 400 e 800 mm. Em relação à evaporação média anual

pode ficar entre 1500 e 2200 mm. Nesse sentido, à evaporação sendo bem maior que a

precipitação tende a aumentar o teor de sais nos corpos d’água (barreiros e reservatórios

diversos) e, também na solução do solo e das águas subterrâneas.

A população residente ( uma média feita relacionando a área de cada município com

os dados do IBGE) na área da Microbacia, do Riacho Cajazeiras é de aproximadamente 11

mil pessoas concentrada, principalmente, na zona urbana do município de Pau dos Ferros com

cerca de 8. 500 mil habitantes e cerca 1000 habitantes na zona rural; no município de Rafael

Fernandes aproximadamente 500 habitantes na área rural que faz parte da área de estudo; na

área pertencente ao município de Água Nova na zona rural inserida na microbacia, reside

cerca de 400 habitantes e na área da zona rural na microbacia pertencente ao município do

Encanto, habita aproximadamente cerca de 600 pessoas.

METODOLOGIA GERAL

Para realização da pesquisa foi feito inicialmente, o levantamento bibliográfico em

diversas fontes sobre a temática estudada. Para isso, inclusive, foi realizado um levantamento

em documentos, teses e revistas especializadas sobre os estudos teóricos e estudos de caso

sobre a área de pesquisa.

No entanto, em relação à Microbacia do Riacho Cajazeiras, evidenciou-se apenas a

existência de relatórios técnicos sobre as condições da água da mesorregião da região do Alto

Oeste, vários estudos sobre a Bacia Apodi-Mossoró e alguns estudos pontuais relacionados

aos riscos ambientais e a degradação ambiental, enchentes e problemas urbanos da cidade de

Pau dos Ferros, mas no que se refere à Microbacia do Riacho Cajazeiras, em específico, não

foi encontrado nenhum estudo.

Desse modo, iniciou-se o trabalho e a pesquisa sistematizada em fases distintas

contemplando: coleta de dados primários e secundários, trabalho de gabinete, reconhecimento

e visitas na área de estudo, trabalho de campo com a aplicação de entrevistas, levantamento

fotográfico com registro de coordenadas geográficas com a utilização de GPS e a elaboração

de mapas com o uso de técnicas de geoprocessamento com a utilização de SIG – Sistema de

Informação Geográfica.

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Na fase seguinte, paralelo ao levantamento bibliográfico, fora realizado o

levantamento de dados demográficos, físico-naturais e socioeconômicos dos municípios que

compõem a Microbacia do Riacho Cajazeiras, ou melhor, Pau dos Ferros, Rafael Fernandes,

Encanto e Água Nova. Para isso, utilizaram-se os dados disponíveis no IBGE, EMBRAPA e

IDEMA.

Em seguida, foi feita a aquisição de imagens de satélite gratuitamente no website do

INPE – Instituto nacional de pesquisas Espaciais dos satélites Landsat 5 (Land Remote

Sensing Satélite) sensor TM (Thematic Mapper) e Landsat 7 (Enhanced Thematic Mapper) na

órbita/ponto 216/64 em que selecionou-se àquelas com melhores condições visuais para

realizar o trabalho de comparação e análise sobre o uso e ocupação do solo na microbacia em

estudo. Com isso, foram trabalhadas três imagens do satélite Landsat 5 - que contem 7 bandas

espectrais e resolução de 30 m - nas datas de 26 de julho de 1984, 11 de julho de 1996 e 16 de

junho de 2009. A temporalidade é um fator importante, e o critério de seleção das imagens

baseou-se na semelhança do comportamento e das condições de umidade da área.

Para o processamento das imagens na fase realizada em gabinete, utilizou-se o

software Spring versão 5.1.5 desenvolvido pelo INPE. O processamento da imagem para a

delimitação do recorte da bacia e registro e ajuste das imagens teve referências as cartas do

IBGE e da EMBRAPA da área de estudo na escala de 1:100.000.

Para a delimitação da microbacia considerou-se o relevo e a altimetria disponibilizada

pela EMBRAPA. Após a delimitação da área de estudo, iniciou-se as etapas para a elaboração

do mapa de uso e ocupação do solo: o registro, a segmentação, a classificação e edição das

imagens. A projeção cartográfica utilizada foi UTM/SAD 69, Zona 24 long. 39º, que fora

utilizada como base para o registro, ou seja, o georreferenciamento das informações da

microbacia em estudo.

A composição das bandas utilizadas no trabalho foram 3R4G5B em todas as cenas.

Após o registro e importação das imagens, realizou-se a segmentação que é o processo onde

ocorre o particionamento da imagem em regiões espectralmente semelhantes. Dessas regiões

são extraídos atributos espectrais, geométricos e contextuais que são usados na classificação

de cada região.

O processo usado para segmentar as imagens, foi baseado na técnica de crescimento

de regiões, a qual agrega pixels com propriedades similares (ROSA, 2009). Na segmentação

foram utilizados os parâmetros de similaridade 2 e área 4. Após a segmentação iniciou-se o

processo de classificação que consiste na extração de informação em imagens para reconhecer

padrões e objetos homogêneos.

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Os métodos de classificação são usados para mapear áreas da superfície terrestre que

apresentam um mesmo significado em imagens digitais. Dessa forma, definiram-se as classes,

ou seja, as unidades de uso e ocupação de solo em 6 classes denominadas: caatinga densa,

caatinga esparsa, agropecuária, solo exposto, corpos d’agua, urbano e nuvem/sombra. Esta

última classe fora agregada numa única classe devido a sua pouca incidência.

Com a definição das classes, realizou-se o treinamento utilizando a classificação

supervisionada, com o classificador Bathacharia que é usado no classificador por regiões,

para medir a separabilidade estatística entre um par de classes espectrais, ou seja, mede a

distância média entre as distribuições de probabilidades de classes espectrais. O limiar de

aceitação usado foi de 99,9%. Na figura 03 pode ser visualizado o resultado preliminar da

interpretação e espacialização das classes de uso e ocupação do solo da Microbacia do Riacho

Cajazeiras.

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Figura 03: Resultado da classificação, espacialização e identificação das classes de uso e ocupação do solo na microbacia do Riacho Cajazeiras/RN

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Ao término da classificação e associação das classes (caatinga densa, caatinga esparsa,

agropecuária, solo exposto, corpos d’agua, urbano e nuvem/sombra), resultou no mapeamento e

num plano de informação no formato matriz, que foi convertida para imagem temática,

possibilitando uma análise da dinâmica da paisagem que circunscreve a microbacia em relação ao

seu uso e ocupação. Para o melhor entendimento as fases da pesquisa foram organizadas no

organograma (figura 04) abaixo:

Figura 04: Organograma simplificado da pesquisa.

Após a construção dos mapas de uso e ocupação do solo, realizou-se uma visita de campo na

área de estudo, em que foi realizado o levantamento fotográfico com registro de coordenadas

geográficas com a utilização de GPS para validar a pesquisa e identificar as áreas degradadas. Outro

procedimento adotado foi à aplicação de entrevistas para coleta de dados primários com os

Etapas da pesquisa

Levantamento bibliográfico em diversas fontes

Trabalho de campo com a aplicação de entrevistas

Análises e elaboração do texto final da dissertação

Coleta de dados primários

Visita de campo para validação da pesquisa de gabinete e o registro fotográfico das áreas degradadas

Trabalho de gabinete

Aquisição de imagens

Segmentação

Classificação

Elaboração do mapa de uso e ocupação

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moradores da área em estudo. A pesquisa consistiu numa amostra de 50 pessoas. O formulário

semi-estruturado (em anexo) diz respeito às condições sociais e ambientais que envolvem a

microbacia, no que e refere à água, a fauna, a flora, a agropecuária, a vegetação de caatinga e as

principais mudanças na paisagem. A entrevista foi aplicada de forma aleatória com os sujeitos –

homens ou mulheres de maior idade, moradores da área - contemplando toda a área que

circunscreve a microbacia.

Na elaboração da carta de fragilidade ambiental, foi utilizada a metodologia empregada por

Ross (1994, 2003), que define o grau de fragilidade em duas variáveis: fragilidade ambiental

potencial definida pelos elementos físicos da paisagem (clima, geologia, geomorfologia, pedologia)

e fragilidade ambiental emergente definida pelos elementos físicos somados ao uso e ocupação do

solo.

Nessa perspectiva, os elementos da paisagem foram integrados da seguinte forma: o clima

está relacionado à quantidade e a intensidade da pluviometria; a geologia refere-se à coesão

representada pelos tipos de rochas; a geomorfologia depende do grau de declividade proporcionado

pelo relevo; a pedologia depende das características físicas e minerais do solo e sua capacidade de

resiliência frente aos processos naturais e as ações antrópicas.

Em relação ao uso e ocupação do solo foi considerado o grau de proteção do terreno assim

distribuído: alta proteção nas áreas de floresta densa; média proteção para as áreas de vegetação de

caatinga esparsa; baixa proteção nas áreas urbanas com planejamento inadequado, nas atividades

agropecuárias e nas áreas com presença de solo exposto.

Com o resultado da análise integrada, o uso de técnicas de geoprocessamento e da

superposição das informações da estrutura climática, geológica, geomorfológica (declividade),

pedológica, hidrológica e pelo o uso e ocupação do solo na microbacia, foi confeccionado um

mapa-síntese com os graus de fragilidade ambiental potencial e emergente em três níveis: baixa

fragilidade (peso 1), média fragilidade (peso 2) e alta fragilidade (peso 3). Nesse sentido, a

fragilidade ambiental foi representada nas cores vermelha, amarela e verde que correspondem

respectivamente à fragilidade ambiental alta, média e baixa. Com isso, foram obtidos dois mapas

sínteses que correspondem à fragilidade ambiental potencial e fragilidade ambiental emergente.

O primeiro caracteriza-se pela fragilidade natural representada pelos elementos naturais de

uma determinada paisagem. A capacidade de resiliência dos solos (erosão), das condições climática

(intensidade e pluviometria), da geomorfologia (declividade do relevo), da geologia (coesão das

rochas) que indicam o equilíbrio ou desequilíbrio natural. O último considera a fragilidade potencial

emergente dos elementos naturais somados a ação antrópica definidas no uso e ocupação do solo.

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Por fim, a pesquisa analisa a dinâmica da paisagem na Microbacia do Riacho Cajazeiras no

Semiárido Potiguar a luz da teoria geossistêmica, utilizando técnicas de geoprocessamento, trabalho

de campo e a utilização de entrevistas.

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DINÂMICA DO USO E (DA) OCUPAÇÃO DO SOLO NA MICROBACIA DO RIACHO CAJAZEIRAS NO SEMIÁRIDO/RN E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS

DYNAMICS OF THE USE AND OCCUPATION OF THE SOIL IN THE WATERSHED OF CAJAZEIRAS CREEK IN THE SEMIARID REGION, STATE OF RN, AND ITS SOCIO-

ENVIRONMENTAL IMPLICATIONS

Esp. José Pio Granjeiro Batista

Mestrando do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente/PRODEMA

([email protected])

Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente/PRODEMA

[email protected]

Resumo:

Este artigo analisa a dinâmica do uso e (da) ocupação do solo na Microbacia do Riacho

Cajazeiras/RN, localizada nos municípios de Pau dos Ferros, Rafael Fernandes, Água Nova e

Encanto no semiárido nordestino e suas implicações socioambientais com base na análise da

paisagem. Para a efetivação do estudo foram realizadas as seguintes etapas metodológicas:

levantamento bibliográfico, trabalho de gabinete, trabalho de campo, levantamento fotográfico,

coleta de dados e mapas de referência da área, aquisição de imagens de satélite Landsat5 em que

foram selecionados os anos de 1984, 1996 e 2009 utilizando técnicas de geoprocessamento para

avaliar as condições socioambientais da área de pesquisa. As informaçõese obtidas demonstram que

a dinâmicade do uso e da ocupação do solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras teve uma mudança

significativa na paisagem, especialmente, na vegetação de caatinga. Ressaltando que a vegetação de

caatinga vem se recuperando, principalmente, em seu alto curso. A análise mostrou a necessidade

de desenvolver políticas e programas voltados para a manutenção, recuperação e preservação da

vegetação de caatinga.

Palavras-chave: Microbacia hidrográfica, Paisagem e Solo.

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Abstract:

This article examines the dynamics of the use and occupation of the soil in the watershed of

Cajazeiras Creek, state of Rio Grande do Norte, located in the municipalities of Pau dos Ferros,

Rafael Fernandes, Água Nova and Encanto in the semi-arid northeastern region and its social-

environmental implications based on the analysis of landscape . For the realization of the study it

was performed the following methodological steps: bibliographical survey, office work, field work,

photographic survey, data collection and reference maps of the area, acquisition of satellite images

Landsat5 that were selected in the years 1984, 1996 and 2009 using geoprocessing techniques to

assess the social and environmental conditions of the research area. The informations obtained

demonstrate that the dynamics of the use and occupation of the soil in the watershed of Cajazeiras

Creek had a significant change in the landscape, especially in the caatiga vegetation. Noting that the

caatinga vegetation is recovering, especially in its upper course. The analysis showed the need to

develop policies and programs for the maintenance, restoration and preservation of caatinga

vegetation.

Keywords: Watershed, Landscape and Soil.

Resumen Este artículo examina la dinámica de luso de la tierra y el suelo en la cuenca de la rroyo

Cajazeiras/RN, ubicada en los municipios de Pau dos Ferros, Rafael Fernandes, Água Nova y

Encanto en el noreste y sus implicaciones socioambientales basada en el análisis del paisaje. Para el

estudio se llevó a cabo los siguientes pasos metodológicos: revisión de la literatura, el trabajo de

oficina, trabajo de campo, relevamiento fotográfico, la recopilación de datos y mapas de referencia

de la zona, la adquisición de imágenes Landsat 5 en el que se seleccionaron los años 1984, 1996 y

2009 usando técnicas de SIG para evaluar las condiciones sociales y ambientales dela zona de

búsqueda. La información y análisis obtenidos muestran que la dinámica del uso de la tierra y del

ocupación de la Cuenca en Riacho Cajazeiras había un cambio significativo en el paisaje,

especialmente en la vegetación de sabana. Es importante destacar que la vegetación de sabana se

está recuperando, sobre todo en su curso superior El análisis mostró la necesidad de desarrollar

políticas y programas para el mantenimiento, restauración y conservación de la vegetación de

sabana.

Palabras clave: cuencas hidrográficas, pasaje y suelo.

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Introdução

A ocupação desordenada do solo nas bacias hidrográficas, nas sub-bacias e nas microbacias,

tem causado degradação ambiental, comprometendo a estrutura pedológica, geomorfológica,

climática, florística, faunística nas diversas regiões do planeta agravando o desequilíbrio

socioambiental, principalmente nas regiões de maior fragilidade ambiental. Nesse aspecto, a região

do semiárido brasileiro é uma das regiões que apresenta graves problemas socioambientais nas suas

bacias hidrográficas, provocado por planejamentos e manejos inadequados, acarretando segundo

Alves (2007), Souza et.al (2011) graves problemas a serem resolvidos por toda a sociedade. Desse

modo, estudos acerca da situação das bacias hidrográficas são fundamentais para diminuir a

fragilidade socioambiental nessas regiões. Este trabalho tem como unidade de análise a microbacia.

Nessa perspectiva, a microbacia é conceituada por Vitte e Guerra (2007, p. 157).

[...] microbacia é toda bacia hidrográfica cuja área seja suficientemente grande, para que se possam identificar as inter-relações existentes entre os diversos elementos do quadro socioambiental que a caracteriza, e pequena o suficiente para estar compatível com os recursos disponíveis (materiais, humanos e tempo), respondendo positivamente à relação custo/benefício existente em qualquer projeto de planejamento.

Nesse cenário, é imprescindível a utilização de ferramentas que possibilitem um

acompanhamento do uso e ocupação do solo, uma vez que as bacias hidrográficas são fontes de

abastecimento de água para: o lazer, a indústria, a agricultura, a dessedentação dos animais, a a

sobrevivência e o equilíbrio da flora e da fauna, entre outros. Desse modo é importante estudar as

bacias hidrográficas de forma integrada em que as teorias científicas e as tecnologias estejam

voltadas para a construção de uma sociedade sustentável que, segundo Diegues (1992, p. 28),

apenas será possível se cada sociedade seguir seus próprios parâmetros étnicos, culturais,

econômicos, políticos e sociais.

Vale salientar a importância da análise espaço multitemporal do uso e ocupação do solo para

os estudos sobre as condições das bacias hidrográficas como uma unidade territorial de análise e

planejamento, utilizando técnicas de geoprocessamento como ferramenta auxiliar importante para

alcançar tais objetivos. O geoprocessamento consiste em técnicas matemáticas e computacionais

para o tratamento da informação geográfica que utiliza um Sistema de Informação Geográfica –

SIG que permite integrar e armazenar informações geográficas para utilizar nos estudos ambientais

e no planejamento das cidades, no monitoramento dos espaços, nos estudos das bacias hidrográficas

e outros fins (FLORENZANO, 2007).

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Destarte, os estudos sobre o uso e ocupação do solo tem se tornado cada vez mais

importante na análise da dinâmica dos elementos que compõem a paisagem. Esta é entendida como

“formação antroponatural: constituindo um sistema territorial composto por elementos naturais e

antropotecnogênicos condicionados socialmente, que modificam ou transformam as propriedades

das paisagens naturais originais” (RODRIGUEZ, SILVA e CAVALCANTI, 2007, p. 15).

Partindo desse contexto o objetivo do artigo é analisar a dinâmica do uso e da ocupação do

solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, no semiárido nordestino e suas implicações

socioambientais. Para isso, foi realizada pesquisa bibliográfica, trabalho de campo, trabalho de

gabinete, coleta de dados, de mapas de referência e utilização de técnicas de geoprocessamento em

que foram selecionadas imagens de satélite de três anos distintos 1984, 1996, 2009 por

apresentarem regime pluviométrico nessa região acima de 750 mm (EMPARN, 2011). Esses anos

são considerados chuvosos, o que não compromete a análise, pois é sabido que a vegetação de

caatinga responde as condições atmosféricas perdendo suas folhas rapidamente ou recuperando-se

rapidamente (ROSS, 2009). Os dados possibilitam realizar a análise acerca do uso e da ocupação do

solo na área da pesquisa de forma mais adequada com a dinâmica da vegetação (caatinga) presente

na área de estudo.

Características da área de estudo

A Microbacia do Riacho Cajazeiras faz parte da Sub-bacia hidrográfica do Rio Encanto

afluente do Rio Apodi-Mossoró/RN pertencentes à região hidrográfica do Atlântico Nordeste

Oriental brasileiro. A microbacia está situada na mesorregião do Oeste Potiguar e nas microrregiões

da Serra de São Miguel e Pau dos Ferros possuindo uma área de drenagem de 116,7 km2 envoltos

quatro municípios: Encanto, Pau dos Ferros, Água Nova e Rafael Fernandes.

A hidrografia da Microbacia do Riacho Cajazeiras caracteriza-se pela intermitência de suas

águas tendo como principais afluentes o Riacho Cachoeirinha, o Riacho da Favela, o Riacho dos

Estevãos e o Riacho Boa Sorte. Cabe destacar, que em seu baixo curso o Riacho Cajazeiras é

chamado de Riacho do Meio. Além disso, a microbacia apresenta vários açudes e algumas pequenas

barragens no leito de seus riachos, destacando-se os açudes públicos: Açude 25 de Março, com

capacidade de 8.181.000 m3, dentro da área urbana da cidade de Pau dos Ferros, e o Açude das

Maretas, com capacidade de 3.587.000 m3, localizado na zona rural (Sítio Maretas) do município de

Rafael Fernandes (Figura 01).

A vegetação presente na área da microbacia é a Caatinga Hipoxerófila formada por plantas

arbórea (jurema preta e branca, aroeira, jucazeiro, mufumbo, marmeleiro, catingueira, angico, sabiá,

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pereiro, ingazeira, carnaúba, oiticica, juazeiro, pacotê, imburana, entre outras). Arbustivas (velame,

muçambê, rosa seda, unha de gato, anil). Também é encontrada a Caatinga Hiperxerófila (vegetação

altamente resistente às condições de aridez) formada pelas cactáceas: xique-xique, cardeiros e

facheiros.

Barreiros, açudes, e barragens

Riachos e córregos

N

Riacho Cajazeira

s

Rio A

podi-Mossoró

Rio Encanto

Açude das Maretas

Açude 25 de Março

Méd

io Curso

Baixo Curso

Alt

o C

urso

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

2 0 2 4 6 8 km

Figura 01: Localização da Bacia Hidrográfica do Riacho Cajazeiras/RN.

A geologia dominante na área de estudo segundo a CPRM (2005) é complexo Jaguaretama

(com ortognaisse migamatizado tonalitico a grandiorítico e granítico, migmatitico, restos de

supracristais) com uma pequena incidência de suíte Serra do deserto caracterizado por ortognaisse

grandiorítico e granítico. Em relação à geomorfologia a microbacia está inserida na Depressão

Sertaneja e no Planalto da Borborema em que as altitudes variam entre 200 a 600 m tendo como

principal divisor de água a Serra do Bom Será localizada nos municípios de Encanto e Água Nova.

Os solos predominantes na área são: Neossolos, Neossolos litolicos, Luvissolo e Argissolo

vermelho-amarelo (EMBRAPA, 2005).

O clima predominante da área de estudo segundo a classificação de Köppen é o tropical

semiárido quente e seco marcado por médias térmicas anuais elevadas em torno de 28°C e por

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chuvas escassas e irregulares predominantes nos meses de fevereiro a maio. Entretanto no seu alto

curso registra-se o clima sub-úmido seco proporcionado pelos Contrafortes do Planalto da

Borborema.

Procedimentos metodológicos

Para realização deste trabalho foi efetivado o levantamento bibliográfico, a coleta de dados,

o trabalho de gabinete, o trabalho de campo e o levantamento fotográfico com registro de

coordenadas geográficas com a utilização de GPS e o uso de técnicas de geoprocessamento na qual

utilizamos o software Spring versão 5.1.5 desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais). Desse modo, através do uso de técnicas de geoprocessamento e do trabalho de campo

foi possível realizar uma análise temporal sobre o uso e ocupação do solo da Microbacia do Riacho

Cajazeiras. As informações cartográficas tiveram como base as cartas do IBGE e EMBRAPA na

escala de 1:100.000. Em seguida, foi realizado o registro, a segmentação e a classificação das

imagens de satélite selecionadas. A projeção cartográfica utilizada foi UTM/SAD 69, Zona 24 long.

39º que fora empregada como base para o registro, ou seja, o georreferenciamento das informações

da microbacia em estudo.

No trabalho utilizamos imagens do satélite Landsat5 (Land Remote Sensing Satélite) sensor

TM (ThematicMapper) órbita/ponto 216/64 nas datas de 26 de julho de 1984, 11 de julho de 1996 e

16 de junho de 2009. A composição das bandas usadas foi 5R4G3B em todas as cenas. Após o

registro e importação das imagens realizamos a segmentação que é o processo em que ocorre o

particionamento da imagem em regiões espectralmente semelhantes. Dessas regiões são extraídos

atributos espectrais, geométricos e contextuais que são usados na classificação de cada região. O

processo usado para segmentar as imagens foi baseado na técnica de crescimento de regiões, a qual

agrega pixels com propriedades similares (ROSA, 2009). Na segmentação foram utilizado os

parâmetros de similaridade 2 e área 4. Na etapa seguinte realizamos a classificação.

A Classificação é o processo de extração de informação em imagens para reconhecer

padrões e objetos homogêneos. Os métodos de classificação são usados para mapear áreas da

superfície terrestre que apresentam um mesmo significado em imagens digitais (ROSA, 2009).

Nessa etapa utilizamos a classificação supervisionada com o classificador Bathacharia.

Na avaliação da dinâmica do uso do solo e a situação da vegetação na Microbacia do Riacho

Cajazeiras foi utilizada uma perspectiva espaço multitemporal associado com as visitas e análises

de campo que foram realizados em janeiro de 2011. Nessa perspectiva, foi elaborada uma

espacialização multitemporal do uso e ocupação do solo nos anos de 1984, 1996 e 2009 e as

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principais alterações socioambientais através de técnicas de geoprocessamento e do uso de

geotecnologias que possibilitaram uma leitura da área de pesquisa.

Com a utilização de técnicas de geoprocessamento selecionamos imagens de satélite de anos

chuvosos (acima de 750 mm de chuva anual nos três anos pesquisados) para que a análise não

sofresse diferenças expressivas na dinâmica da paisagem. Sabe-se que a vegetação de caatinga

perde suas folhas depois da época chuvosa. Desse modo, a seleção das imagens levou em

consideração a precipitação como um elemento importante na análise da dinâmica da paisagem

evitando discrepâncias entre os anos pesquisados. Na etapa seguinte, foram definidas as classes de

estudo baseando-se nos critérios de identificação, forma, cor e textura mais usuais, segundo as

técnicas de classificação de imagens de satélite (FLORENZANO, 2007). Dessa forma, foram

definidas as seguintes classes: vegetação de caatinga densa, vegetação de caatinga esparsa,

agropecuária, solo exposto, urbano e, ainda cabe destacar que nuvem/sombra e áreas não

identificadas foram agregados numa única classe (Figura 02).

No que se refere à escolha das classes de vegetação caatinga densa e caatinga esparsa

podemos detectar que não existe na literatura uma classificação taxonômica padrão para a

vegetação da caatinga apontado nos estudos de Rodal, Alcoforado Filho, Sampaio (2003) entre

outros que caracterizam a vegetação da caatinga por diferentes critérios que apresentam

semelhanças e diferenças. Nesse contexto, pelos trabalhos que realizamos em gabinete e no campo

verificamos que os dois tipos escolhidos para representar a vegetação atendiam as perspectivas do

trabalho. Além disso, as limitações nas imagens impossibilitam um detalhamento com precisão da

diversidade florística da caatinga como também da identificação precisa da mata ciliar.

Ao término da classificação e associação das classes resultou um plano de informação no

formato matriz, que foi convertida para imagem temática possibilitando uma análise da dinâmica da

paisagem que circunscreve a microbacia em relação ao seu uso e ocupação.

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Figura 02: Esquema gráfico da classificação, espacialização e identificação das classes de uso e ocupação do solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

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O uso e ocupação do solo no semiárido e suas implicações socioambientais

As alterações na paisagem provocadas por práticas inadequadas de ocupação e uso do

solo alteram a dinâmica natural dos ecossistemas terrestres, aéreos, lacustres, fluviais e

urbanos causando desequilíbrio socioambiental. Desse modo, a degradação ambiental tem

sido apontada como um dos principais problemas na atualidade causada pelo uso e ocupação

do solo sem planejamento, implicando negativamente na qualidade ambiental e na qualidade

de vida da sociedade. Segundo Sánchez degradação ambiental é “qualquer alteração adversa

dos processos, funções ou componentes ambientais, ou como alteração adversa da qualidade

ambiental” (2008, p. 27). No âmbito da lei nº. 6.938/1981 art. 3º, inciso III- da Política

Nacional de Meio Ambiente a degradação ambiental é definida “alteração adversa das

características do meio ambiente”.

No semiárido nordestino à vegetação de caatinga, a fauna e os solos vêm sofrendo

processo de degradação ambiental. Segundo o Ministério do Meio Ambiente – MMA (2009)

cerca de 80% dos ecossistemas da caatinga já sofreram degradação ao longo do processo

histórico devido ao mau uso e ocupação do solo. Nesse contexto, as práticas agrícolas e o

pastoreio têm contribuído para o aumento da degradação dessas áreas. Essas práticas se

iniciam com a derrubada e queimada da vegetação; em seguida, na maioria das vezes, são

utilizadas máquinas pesadas ( geralmente cedida pelas prefeituras aos pequenos agricultores)

como tratores para “arar a terra”; a plantação diretamente nas encostas, pastoreio extensivo de

bovinos, caprinos e ovinos, atividades que compactam e expõem o solo intensificando o

processo erosivo e a qualidade do solo e da água desestruturando as bacias hidrográficas.

A utilização da Caatinga no semiárido mantém-se presa ainda à prática extrativista, seja pastoril, agrícola ou madeireira. O pastoreio, principalmente de bovinos e caprinos, tem contribuído para a modificação da cobertura vegetal: juntamente com atividade agrícola, explorada segundo práticas itinerantes, que incluem desmatamento e queimadas, tem aumentado a degradação ambiental com perdas irrecuperáveis para a diversidade da florística e faunística, acelerandoo processo de erosão e o declínio da fertilidade do solo e da qualidade estrutural das bacias hidrográficas (BRASIL, 2004, p. 51).

No semiárido nordestino os fatores degradantes estão relacionados a práticas

historicamente inadequadas do uso e ocupação do solo intensificado pelo regime pluvial

irregular com chuvas intensas facilitando o processo de erosão e a degradação do solo nas

áreas de vegetação esparsa como, por exemplo, a caatinga nordestina, Tricart (1977). Essa

característica aliada ao uso de práticas inconsistentes com as condições climáticas,

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pedológicas e florística vem provocando ao longo da sua formação territorial, graves

problemas socioambientais no espaço rural e no espaço urbano comprometendo a estrutura

das bacias hidrográficas.

Resultados e discussão

Os resultados obtidos permitiram analisar a dinâmica da paisagem da Microbacia do

Riacho Cajazeiras nos anos de 1984, 1996 e 2009 de forma satisfatória, possibilitando

perceber as alterações provocadas pela dinâmica do uso e ocupação do solo engendrado na

relação sociedade-natureza. De tal forma foi identificado uma variação significativa entre

todas as classes selecionadas para o presente trabalho, em especial, a caatinga densa (Figura

03) e a caatinga esparsa (Figura 04).

A caatinga densa caracteriza-se por apresentar maior número de espécies por unidade

de área. Essa vegetação está presente em alguns trechos da microbacia, em especial, nas áreas

serranas no seu alto curso em que se destaca: a Serra do Bom Será, onde a vegetação é mais

densa e exuberante Essa vegetação sofreu uma dinâmica na área de estudo como revela os

dados obtidos conforme demonstra à tabela 01 e nas (figuras 05, 06 e 07).

Considerando a área em km2 a vegetação densa reduziu aproximada de 30% entre os

anos 1984 e 1996 explicados pelo o aumento de 50% dos corpos d’água construído na área,

em específico, a construção do Açude das Maretas (alto curso) em 1987 e o aumento do solo

exposto. Nos os anos de 1996 e 2009 houve um aumento de mais de 50% da vegetação densa

Figura 03: Vegetação de caatinga densa na margem

esquerda do Riacho do Ingá na Serra do Bom Será,

localizado no Sítio Ingá, município de Rafael

Fernandes/RN (coordenadas lat.: s 6º 9’ 14’’ long. o

38º 15’ 41”).

Fotos: José Pio Granjeiro Batista, Janeiro de 2011.

Figura 04: Vegetação de caatinga esparsa na

margem esquerda do Riacho do Meio localizado

no Sítio Alencar de Baixo, município de Pau dos

Ferros/RN (coordenadas lat.: s 6º 4’ 54’’ long. o

38º 12’ 10”).

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demonstrando uma mudança na dinâmica espacial na área pesquisada, que pode ser entendida

com a redução em torno de 60% da área destinada para a atividade agropecuária, em

específico a agricultura de subsistência que reduziu significativamente nos anos de 1990 e

2009 como mostra os dados do IBGE e confirmado pela evolução demográfica na área de

pesquisa conforme (tabela 2), e também, a recuperação e transformação da caatinga esparsa

em caatinga densa no alto curso e em alguns trechos da Microbacia do Riacho Cajazeiras.

A caatinga esparsa na área se caracteriza como uma vegetação de poucas espécies e

fragmentada em alguns pontos. As análises obtidas nos anos de 1984, 1996 e 2009 mostraram

que essa vegetação aumentou significativamente, algo em torno de 90% entre os anos de 1984

e 1996 frente à redução da atividade agropecuária, especialmente a agricultura. Entre os anos

de 1996 e 2009 ocorreu uma redução da caatinga esparsa de quase 15% explicada pelo

aumento da caatinga densa nas áreas antes ocupadas pela caatinga esparsa demonstrando um

processo de recuperação da vegetação de caatinga densa, principalmente no seu alto curso

como podemos visualizar (figura 5, 6 e 7). No que diz respeito à vegetação de caatinga, é

importante destacar que com o advento das chuvas, essa se regenera rapidamente como uma

“fênix”.

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NUso e ocupação do solo na microbacia do Riacho Cajazeiras em 1984

Fonte: Landsat5 TM 26/07/1984 elaborado pelo autor, 2011.

1 0 1 2 3 4 km Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Zona urbana

Agropecuária

Solo expostoCaat inga densa

Corpos d’água

Caat inga esparsa

Figura 05: Uso e ocupação do solo da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN em 1984.

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NUso e ocupação do solo na microbacia do Riacho Cajazeiras em 1996

Fonte: Landsat5 TM 11/07/1996 elaborado pelo autor, 2011.

1 0 1 2 3 4 km Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Zona urbana

Agropecuária

Solo expostoCaat inga densa

Corpos d’água

Caat inga esparsa

Figura 06: Uso e ocupação do solo da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN em 1996.

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NUso e ocupação do solo na microbacia do Riacho Cajazeiras em 2009

Fonte: Landsat5 TM 16/06/2009 elaborado pelo autor, 2011.

1 0 1 2 3 4 km Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Zona urbana

Agropecuária

Solo expostoCaat inga densa

Corpos d’água

Caat inga esparsa

Nuvem/sombra

Figura 07: Uso e ocupação do solo da microbacia do Riacho Cajazeiras/RN em 2009.

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Os dados obtidos (tabela 01) demonstram uma redução significativa da agropecuária

no período analisado nos anos de 1984 a 2009 com uma redução significativa de 60%

correspondendo a uma área de 30,7 km² (Gráficos 01, 02 e 03). Corroborando com esses

dados, a plantação de algodão praticamente desapareceu e a agricultura de subsistência

(milho, arroz e feijão) tem diminuído significativamente, como mostra os dados do IBGE; em

1990 à área plantada era de 4.754 ha reduzindo para 3.651 ha em 2009 significando uma

redução de quase 25% no que se refere à área plantada das lavouras temporárias. Entretanto, a

pecuária (bovina, caprina e ovina) ainda é uma atividade importante na região desde sua

formação territorial permanecendo como uma atividade econômica e cultural muito presente

no sertão. Na área de pesquisa segundo os dados do IBGE o número de bovinos aumentou,

principalmente, no município de Pau dos Ferros, passando de 4.891 em 1984 para 11.974

cabeças em 2009. Em muitas áreas antes ocupadas pela agricultura de subsistência e o cultivo

de algodão ocorreu à substituição pela pecuária, principalmente, próximo às planícies

aluviais.

CLASSES

1984 1996 2009 Km² % Km² % Km² %

Caatinga densa 12,8 11 9,2 8 19,2 17 Caatinga esparsa 34,3 31 61,5 54 56,7 49 Agropecuária 50,7 45 21 18 20 17 Solo exposto 9,7 9 17,8 15 9,7 8 Corpo d’água 2,5 2 3,7 3 5,3 5 Urbano 0,3 0,1 0,6 1 1,9 2 Nuvem e sombra/não classificado 2,2 2 0,8 1 2,0 2

Tabela 01: Uso e ocupação do solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras, RN.

Fonte: Do autor.

11%

31%45%

9%2%0%2%

1984

Caatinga densa Caatinga esparsa degradada

Agropecuária Solo exposto

Corpos d’á gua Urbano

Nuvem/sombra e não classificado

Gráfico 01: Uso e ocupação do solo em 1984 na Microbacia

do Riacho Cajazeiras, RN.

Fonte: Do autor, 2011.

Gráfico 02: Uso e ocupação do solo em 1996 na

Microbacia do Riacho Cajazeiras, RN.

Fonte: Do autor, 2011.

8%

54%

18%

15%3% 1% 1%

1996

Caatinga densa Caatinga esparsa degradada

Agropecuária Solo exposto

Corpos d’á gua Urbano

Nuvem/sombra e não classificado

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17%

49%

17%

8%5% 2% 2%

2009

Caatinga densa Caatinga esparsa degradada

Agropecuária Solo exposto

Corpos d’á gua Urbano

Nuvem/sombra e não classificado

Gráfico 03: Uso e ocupação do solo em 2009 na Microbacia do

Riacho Cajazeiras, RN.

Fonte: Do autor, 2011.

Ao analisar a dinâmica da paisagem da microbacia nota-se que houve uma oscilação

do solo exposto indicando uma regeneração da vegetação de caatinga em algumas áreas,

principalmente, no baixo curso da microbacia (figuras 5, 6 e 7). Todavia, no que se refere à

classe solo exposto estão inseridos os afloramentos rochosos, os solos agrícolas em pousio, as

estradas e as áreas construídas na zona rural. Tal inserção deve-se a impossibilidade de

identificação precisa de tais elementos devido às limitações da resolução das imagens Landsat

5. No entanto, tais limitações não prejudicaram a análise da dinâmica da paisagem almejada

na pesquisa.

O solo exposto apresentou no período analisado um aumento significativo de 9,7 km²

para 17,87 km², respectivamente, nos anos de 1984 a 1996; porém, nos anos de 1996 e 2009

observou-se uma diminuição de 17,8 km2 para 9,7km2 respectivamente (Tabela 01). Contudo,

na pesquisa de campo foram verificadas várias áreas desmatadas para usos diversos:

comercial e doméstico, agricultura de subsistência e pecuária extensiva (Figura 08).

Durante a realização da pesquisa de campo observou-se a ocorrência dos processos

erosivos em toda a microbacia, principalmente, próximos da área urbana de Pau dos Ferros

onde se notou maior concentração e exposição de solos expostos com a presença de

ravinamentos e assoreamentos (Figura 09) em vários pontos dos leitos fluviais, em especial,

no médio e baixo curso da microbacia.

Segundo Tricart (1977) os solos diretamente expostos à precipitação das chuvas

concentradas nos meses de março a maio com chuvas torrenciais nesse período, característica

do sistema climático do semiárido nordestino, e a forte radiação solar são fatores que

intensificam os processos erosivos. O que se verificou com a presença de ravinas em vários

pontos da microbacia. As ravinas segundo Bigarella (2003, p. 926) “é um estado avançado de

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degradação do solo iniciado pela erosão em lençol”. Esse tipo de processo erosivo acelerado

tende a se intensificar com a retirada da vegetação, técnicas agrícolas inadequadas com o uso

de máquinas pesadas, principalmente, tratores em solos rasos como é caso da maioria dos

solos do semiárido nordestino, causando o assoreamento dos corpos d’água e da rede fluvial.

Ainda nesse contexto, vale ressaltar que a área de pesquisa está inserida na bacia do Apodi-

Mossoró que segundo Rocha, Baccari e Silva (2009) que essa apresenta alta degradação

ambiental em todo o seu curso.

Figura 08: A) Desmatamento e lenha na margem esquerda do Riacho Favela localizado no Sítio Grossos,

município de Pau dos Ferros/RN (coordenadas lat.: s 6º 8’ 47’’ long. o 38º 12’ 56”); B) Desmatamento na

encosta da Serra do Bom Será no lado esquerdo do Riacho Cajazeiras localizado no Sítio São Luiz , município

de Água Nova (coordenadas lat.: s 6º 8’ 42’’ long. o 38º 13’ 11”); C) Criação de bovinos em área desmatada na

margem direita do Riacho Cachoeirinha localizado no Sítio Sanharão, município de Encanto/RN (coordenadas

lat.: s 6º 8’ 09’’ long. o 38º 17’ 01”) (da esquerda para a direita).

Fotos: José Pio Granjeiro Batista, Janeiro de 2011.

Figura 09: D) Solo exposto na margem esquerda do Riacho do Meio localizado no Sítio Alencar, município de

Pau dos Ferros/RN (coordenadas lat.: s 6º 3’ 3’’ long. o 38º 12’2”); E) Assoreamento no leito do Riacho

Cajazeiras localizado no Sitio Torrões município de Pau dos Ferros/RN (coordenadas lat.: s 6º 08’ 4’’ long. o 38º

13’ 1”); F) Erosão com ravinamento na margem esquerda do Riacho do Meio no Sitio Carvão , município de Pau

dos Ferros/RN (coordenadas lat.: s 6º 6’ 11’’ long. o 38º 13’ 10”).

Fotos: José Pio Granjeiro Batista, Janeiro de 2011.

A C B

D F E

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Os corpos d’águas da área pesquisada sofreram um aumento significativo, passando de

2,5 km² em 1984 para 5,6 km² em 2009 um aumento de 124%. Esse crescimento se deve a

construção de barreiros e açudes em vários pontos da sua rede fluvial, em que se destaca o

Açude das Maretas (público) no seu alto curso, inaugurado em 1987 com capacidade de

armazenar 3.587.000 m3 de água, planejado para o abastecimento humano, dessedentação dos

animais e agricultura de vazante. Entretanto, segundo os relatos dos moradores, à água do

açude não é utilizada para o consumo humano direto, sendo utilizada apenas para uso

doméstico (lavar louça, casa e roupa), devido à contaminação proporcionada pelo despejo do

esgoto in natura de parte do núcleo urbano do município de Pau dos Ferros.

No que diz respeito à dinâmica demográfica na área da pesquisa percebemos que

houve uma migração da população rural para os núcleos urbanos em todos os municípios que

fazem parte da Microbacia do Riacho Cajazeiras, em especial, o aumento significativo da

população urbana que ocorreu no município de Pau dos Ferros conforme podemos visualizar

na tabela 02.

Ano Água Nova Encanto Rafael Fernandes Pau dos Ferros

Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural

1980 2.040 739 1.301 4.178 1.056 3.122 2.688 670 2.018 16.216 12.957 3.259

1991 2.309 1.193 1.116 4.720 2.102 2.618 3.332 1.529 1.803 20.827 17.782 3.045

2000 2.678 1.630 1.048 4.798 2.116 2.682 4.247 2.206 2.041 24.758 22.311 2.447

2010 2.980 1.908 1.072 5.231 2.130 3.101 4.692 2.709 1.983 27.745 25.551 2.194

Tabela 02: evolução da população dos municípios pertencentes à microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

Fonte: Censos IBGE, 1980, 1991, 2000 e 2010.

Entretanto, a área urbana do município de Pau dos Ferros vem crescendo de forma

desordenada com construções irregulares nas margens fluviais e nas margens dos corpos

d’água. Além disso, a falta de saneamento básico e da coleta de lixo na periferia e na zona

rural, como foi observado na visita em lócus, tem contribuído para o aumento da degradação

(Figura 10). Nesse município, parte dos efluentes é depositado in natura no Açude 25 de

Março, localizado no centro urbano, cuja capacidade é de 8.180.000 m3. Esse açude é usado

pela população para uso doméstico, na pesca, na agricultura de vazantes e cultivo de

hortaliças. Nas margens do Riacho do Meio (o Riacho Cajazeiras na sua jusante recebe essa

denominação) verificamos áreas que apresentam degradação ambiental de níveis

preocupantes, pois numerosas famílias vivem em áreas insalubres e frágeis que estão sujeitas

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a inundações e a patologias causadas por infestação de insetos. Os estudos de Costa (2010)

também indicaram áreas de risco e fragilidades ambientais e sociais nessas áreas.

Figura 10: G) Construções irregulares na margem do Riacho do Meio (indica a seta) localizado na área urbana

próximo ao Clube da SEMA(coordenadas lat.: s 6º 06’3’’ long. o 38º 13’05”) H) Construções irregulares no

Sangradouro do Açude 25 de Março (indica a seta) no Bairro Riacho do Meio,município de Pau dos

Ferros/RN(coordenadas lat.: s 6º 06’2’’ long. o 38º 13’2”); I) Esgoto a céu aberto despejado in natura nas águas

do açude 25 de Março (como indica a seta), localizado no Bairro do campo na área urbana do município de Pau

Ferros/RN, (coordenadas lat.: s 6º 07’06’’ long. o 38º 1’ 6”) (da esquerda para a direita).

Fotos: José Pio Granjeiro Batista, Janeiro de 2011.

O crescimento urbano desordenado gera sérios problemas socioambientais interferindo

na qualidade de vida da sociedade. Segundo os estudos de Guerra, Almeida e Araújo (2009) a

concentração da população exerce pressão nos recursos naturais através dos desmatamentos

desproporcionais e outro efeito surge da mudança de hábitos dos moradores urbanos, que

normalmente preferem carvão a madeira, aumentando os impactos nos recursos florestais.

Além disso, na área rural de toda a microbacia foi verificado que não existe coleta de lixo,

este é enterrado, jogado ao redor das moradias ou queimado pelos moradores dos quatro

municípios que fazem parte da área de estudo. Outra situação agravante é a existência do

lixão a céu aberto no Sitio Vaca Morta, no município de Água Nova, área próxima a sua

nascente.

Na área de pesquisa, de forma geral, observou-se que a degradação da paisagem tem

comprometido a sustentabilidade socioambiental da Microbacia do Riacho Cajazeiras como

identificado no trabalho de campo. Conforme se pode visualizar na figura 11 e no quadro 01.

G I H

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ÁREAS DEGRADADAS NA MICROBACIA DO RIACHO CAJAZEIRAS/RN

Fonte: Trabalho de campo realizado pelo autor, 2011.Imagem Landsat 5 de 06/08/2011.

3

4

5

2

1

6

7

8

12

14

15

16

17

18

19

20

9

10

11

13

21

22

23

24

25

Pau dos Ferros

Baixo Curso

Médio Curso

Alt

o C

urso

N

Áreas degradadas

Riachos e córregos

Figura 11: Áreas degradadas na microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

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56

As áreas indicadas pelos pontos 4, 6 e 7 estão localizadas nas margens do Riacho

Cachoeirinha e os pontos 1, 2, 3, 5 e 8 estão localizados nas margens do Riacho do Meio (no

baixo curso o Riacho Cajazeiras recebe esse nome pelos moradores). Essas áreas apresentam

desmatamentos, erosão em ravinamentos, solapamento no talvegue e assoreamento do canal.

Os problemas citados são provocados, em geral, pelas atividades agrícolas e pela pecuária

(bovina, caprina e ovina) e lenha para s padarias de Pau dos Ferros.

Quadro 01: Áreas degradadas na microbacia do Riacho Cajazeiras/RN.

Fonte: Trabalho de campo realizado pelo autor, 2011.

Em relação ao médio curso os pontos a seguir estão situados em: 9 (Córrego da

Amarela),10 (Riacho Cachoeirinha) , 13 (Riacho Boa Sorte),14 (Riacho do Carvão), 15, 16,

17, 18, 19 e 22 (Riacho Cajazeiras) e 20 (Riacho dos Estevãos) todos localizados no médio

curso da microbacia. Nessas áreas observou-se a presença de: ravinamento, assoreamento,

solapamento do canal, desmatamento da mata ciliar das planícies aluviais e desmatamentos da

caatinga na depressão pedimentada.

Tais danos, em geral, como foram observados na pesquisa de campo são causados

pelas atividades agropecuárias e pelas atividades urbanas. Cabe ressaltar, que no ponto 14,

observou-se a presença de construções irregulares, lixo no canal e esgotos. No ponto 15, foi

Setores da microbacia do Riacho Cajazeiras Pontos

Coordenadas geográficas (latitude e longitude) e altitude

Baixo Curso

1 Lat.06 2’ 10” s, Long. 38 11’ 7” w; Altitude:206m 2 Lat.06 03’ 54” s, Long. 38 12’ 10” w; Altitude 183m 3 Lat. 06 04’ 13” s, Long. 38 12’ 03”w; Altitude 195m 4 Lat. 06 04’ 32”s, Long.38 12’ 14” w; Altitude 192m 5 Lat. 06 04’ 42”s, Long. 38 12’ 52”w; Altitude 198m 6 Lat. 06 05’ 13”s, Long.38 14’ 32”w; Altitude 207m 7 Lat. 06 05’ 33”s, Long.38 14’ 44” w; Altitude 223m 8 Lat. 06 04’ 34”s, Long.38 13’ 57” w; Altitude 190m

Médio Curso

9 Lat. 06 06’ 16”s, Long.38 15’ 03” w; Altitude 222m 10 La.t 06 06’ 12”s, Long.38 15’ 58”w; Altitude 228m 13 Lat. 06 07’ 27”s, Long.38 13’ 56” w; Altitude 211m 14 La.t 06 06’ 38” s, Long.38 13’ 12” w; Altitude 212m 15 Lat. 06 08’ 01” s, Long.38 12’ 58” w; Altitude 220m 16 Lat. 06 08’ 041”s, Long. 38 01’ 11” w; Altitude 209m 17 Lat. 06 08’ 44”s, Long.38 13’ 23”w; Altitude 220m 18 Lat. 06 10’ 31”s, Long.38 14’ 06” w; Altitude 228m 19 Lat. 06 10’ 11” s, Long.38 14’ 25” w; Altitude 234m 20 Lat. 06 09’ 14” s, Long.38 15’ 41”w; Altitude 245m 22 Lat. 06 10’ 54” s, Long.38 14’ 53” w; Altitude 244m

Alto Curso

11 Lat. 06 07’ 08”s, Long.38 17’ 01”w; Altitude 240m 12 Lat. 06 07’ 51”s, Long.38 17’ 12”w; Altitude 230m 21 Lat. 06 08’ 47” s, Long.38 16’ 54”w; Altitude 266m 23 Lat. 06 11’ 37”s, Long.38 15’ 44” w; Altitude 257m 24 Lat. 06 11’ 44”s, Long.38 16’ 28” w; Altitude 257m 25 Lat. 06 12’ 10”s, Long.38 16’ 06” w; Altitude 250m

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observada a retirada de areia e argila para a construção civil, especificamente para o

município de Pau dos Ferros, e o lançamento de resíduos do matadouro público desse

município lançados in natura na rede fluvial. No ponto 22 foi observado a presença de

construções irregulares próximo ao Açude público das Maretas.

Nas áreas do alto curso da Microbacia do Riacho Cajazeiras no alto oeste potiguar2

foram identificados pela pesquisa de campo nos pontos 11, 12 e 21 próximo às margens do

Riacho Cachoeirinha e nos pontos 23, 24 e 25 próximo às margens do Riacho Cajazeiras a

presença de ravinamentos, assoreamento e solapamento do talvegue e desmatamento da

caatinga nas encostas e da mata ciliar presente nessas áreas. Além disso, no ponto 24,

próximo a nascente do Riacho Cajazeiras, existe um lixão a céu aberto no Sítio Vaca Morta,

pertencente ao Município de Água Nova, contribuindo para aumentar a degradação da

paisagem como também é demonstrado na pesquisa de Guedes, Maia e Fernandes (2008).

Portanto, é preciso repensar ou instituir políticas e programas de recuperação da mata

ciliar, das vertentes e nascentes, recuperar os canais dos riachos, recuperar os solos, manejo

adequado da vegetação de caatinga, políticas de saneamento, coleta de lixo e a construção de

um aterro sanitário, utilização de técnicas menos degradantes aplicadas na agropecuária. Essas

ações são imprescindíveis para recuperar o equilíbrio socioambiental da Microbacia do

Riacho Cajazeiras no Semiárido Potiguar.

Considerações finais

A pesquisa mostrou uma significativa mudança na paisagem da Microbacia do Riacho

Cajazeiras entre os anos de 1984 a 2009 provocado pelo uso e ocupação do solo. Cabe

destacar, que as técnicas de geoprocessamento utilizadas no trabalho permitiram realizar uma

leitura da paisagem da microbacia, embora tais técnicas apresentem limitações quanto à escala

e a resolução das imagens. No entanto, a associação das técnicas de geoprocessamento com o

trabalho de campo e a aplicação de entrevistas reduziram tais limitações, validando e

complementando a análise de forma satisfatória.

Dentre as mudanças ocorridas na área de pesquisa pode-se destacar a diminuição da

agricultura de subsistência e comercial. Todavia, a diminuição da agricultura pode ser

explicada por duas razões: êxodo rural e a falta de politicas agrícolas que considerem as

diversas racionalidades e a suas potencialidades e fragilidades socioambiental na região.

2 Conhecida também com tromba do elefante por causa do estado do Rio Grande do Norte ter um formato que lembra esse paquiderme.

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Aliado a esses fatores considera-se a substituição de muitas áreas agrícolas pela atividade

pecuarista, principalmente, nas áreas da planície aluvial.

Outro ponto importante detectado na pesquisa foi os sérios problemas socioambientais

derivado do crescimento urbano na cidade de Pau dos Ferros sem planejamento territorial

adequado tem comprometido à qualidade da água dos mananciais, principalmente, o Açude

25 de Março que é o receptor de parte do esgoto in natura da cidade. Além disso, as

construções habitacionais nas margens do Riacho Cajazeiras (Riacho do Meio, baixo curso

recebe esse nome) na área urbana desse município constituem áreas de risco passíveis de

inundação. Além disso, a falta de gerenciamento dos resíduos sólidos constitui um grave

problema potencializador da degradação socioambiental. Os municípios que compõem a

microbacia não possuem coleta de lixo nas zonas rurais bem como não possuem aterros

sanitários, descartando seus resíduos em lixões a céu aberto.

Na pesquisa de campo foi verificada a retirada indiscriminada da vegetação de

caatinga, seja para o uso doméstico, ou para alimentar o gado em períodos de estiagem, ou

ainda para fornecer lenha às padarias dos centros urbanos locais, especialmente o município

de Pau dos Ferros, intensificado o processo erosivo com a formação de ravinas, erosão e

assoreamento dos seus canais fluviais. Associado a isso temos a perda da biodiversidade

florística e faunística.

Desse modo, a análise preliminar identificou que uma das implicações mais

significativas é o processo de degradação ambiental causada pelo uso e ocupação do solo de

forma desordenada na Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN contribuindo para aumentar os

problemas sociais tanto no espaço urbano como no rural. Nesse contexto, é importante que os

gestores públicos nas esferas: federal, estadual e municipal cumpram as políticas

estabelecidas em lei em conformidade com o Código Florestal, a Política Nacional e Estadual

de Recursos Hídricos, as Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Saneamento Básico e de

Resíduos Sólidos adequando-se as normas urbanísticas e as demais legislações em vigor.

Nessa perspectiva, torna-se importante à implementação de medidas mitigadoras para

recuperar as áreas degradadas nas nascentes e nas áreas próximas aos mananciais; como

também recuperar os canais fluviais que se encontram degradados. Portanto, se faz

necessários estudos mais pormenorizados na Microbacia do Riacho Cajazeiras associados

com as geotecnologias para o planejamento e gestão que objetivem um maior equilíbrio

socioambiental na área de pesquisa e contribua para o equilíbrio da bacia hidrográfica do

Apodi-Mossoró.

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Avaliação da Fragilidade ambiental na Microbacia do Riacho Cajazeiras no

Semiárido Potiguar

Evaluation of environmental vulnerability in the watershed of Cajazeiras Creek in the Potiguar Semiarid

Esp. José Pio Granjeiro Batista

Mestrando do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente/PRODEMA

([email protected]) Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio ambiente/PRODEMA

[email protected]

RESUMO

O presente artigo analisa a fragilidade ambiental na Microbacia do Riacho

Cajazeiras localizado na mesorregião do oeste potiguar. A pesquisa tomou como

base a concepção integrada da paisagem de Tricart (1977), Bertrand (2004),

Sotchava (1978), Ross (1994, 2003, 2009), Crepani (2008), Ab’Saber (1999)

utilizando técnicas de geoprocessamento para a análise do geossistema na

identificação da fragilidade ambiental dos componentes da paisagem, tais como

clima, relevo, geologia, pedologia, geomorfologia e uso e ocupação do solo. Os

resultados mostram que a paisagem da microbacia apresenta fragilidade ambiental

média e alta em toda sua área, destacando-se, nas margens da rede fluvial

proporcionada pelo o uso e ocupação para a agropecuária e pela ocupação de áreas

urbanas da cidade de Pau dos Ferros. Nesse contexto, se torna urgente uma política

de gestão territorial que considere a bacia hidrográfica como célula de planejamento

e que seja construído um plano de uso e ocupação do solo compatível com a

realidade ambiental e social, considerando as várias racionalidades e os princípios

democráticos.

Palavras-chave: Fragilidade, Paisagem e Microbacia

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ABSTRACT:

This article analyzes the environmental fragility in the watershed of Cajazeiras

creek located in the mesoregion of Potiguar west. The research was based on the

integrated design of the landscape of Tricart (1977), Bertrand (2004), Sotchava

(1978), Ross (1994, 2003, 2009), Crepani (2008), Ab’Saber (1999), using

geoprocessing techniques for the analysis of geosystem in the identification of

environmental fragility of the landscape components such as climate, relief, geology,

pedology, geomorphology and use and occupation of the soil. The results show that

the landscape of the watershed has medium and high environmental fragility

throughout its area, especially on the banks of the river network provided by the use

and occupation for farming and urban areas of Pau dos Ferros city. In this context, it

is necessary, urgently, a regional policy for supporting territorial management that it

considers the watershed as a planning cell and that is constructed a plan for the use

and occupation of the soil compatible with the environmental and social rationalities

and considering the various democratic principles.

Keywords: Environmental fragility, Landscape and Watershed

INTRODUÇÃO

A sociedade vive uma crise paradigmática preconizada principalmente pelo

sistema capitalista pautado no individualismo e no materialismo, ou seja, numa

racionalidade formal e instrumental regulada no controle da natureza e da sociedade

que acaba potencializando a fragilidade dos diversos geosssistemas provocando

graves problemas sociais e ambientais. A sociedade interfere nos ambientes

naturais criando novas situações, construindo e reordenando os espaços físicos com

a implantação de cidades, estradas, atividades agrícolas, instalações de barragens,

retificações de canais fluviais, entre outras constituem alterações que modificam o

equilíbrio da natureza. De acordo com Ross a natureza (2003, p.12) “não é estática,

mas que apresenta quase sempre um dinamismo harmonioso em evolução estável e

contínua, quando não afetada pelos homens”.

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Nesse contexto, se faz necessário tomar decisões que busquem um melhor

relacionamento entre sociedade e natureza, estruturada na sustentabilidade

geossistêmica, tendo a bacia hidrográfica como célula importante de análise e

planejamento territorial.

O presente trabalho busca analisar a fragilidade ambiental proporcionada

pelas próprias condições naturais somadas a contribuição das ações antrópicas

provocado pelo o uso e ocupação do solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras no

semiárido potiguar na perspectiva integrada da paisagem. A fragilidade do ambiente

foi classificada na metodologia empregada por Ross (1994, 2003) que define o grau

de fragilidade em duas variáveis: fragilidade ambiental potencial definida pelos

elementos físicos da paisagem (clima, geologia, geomorfologia, pedologia) e

fragilidade ambiental emergente definida pelos elementos físicos somados ao uso e

ocupação do solo.

Nessa perspectiva, os elementos da paisagem foram integrados da seguinte

forma: o clima está relacionado à quantidade e a intensidade da pluviometria; a

geologia refere-se à coesão representada pelos tipos de rochas; a geomorfologia

depende do grau de declividade proporcionado pelo relevo; a pedologia depende

das características físicas e minerais do solo e sua capacidade de resiliência frente

aos processos naturais e as ações antrópicas. Em relação ao uso e ocupação do

solo foi considerado o grau de proteção do terreno assim distribuído: alta proteção

nas áreas de floresta densa; média proteção para as áreas de vegetação de

caatinga esparsa; baixa proteção nas áreas urbanas com planejamento inadequado,

nas atividades agropecuárias e nas áreas com presença de solo exposto.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A Microbacia do Rio Cajazeiras faz parte da Sub-bacia hidrográfica do Rio

Encanto/RN e da bacia do Rio Apodi-Mossoró/RN, ambas pertencentes à região

hidrográfica do atlântico nordeste oriental brasileiro que fica situada na mesorregião

do Oeste Potiguar e nas microrregiões da Serra de São Miguel e Pau dos Ferros,

possuindo uma área de drenagem de 116,8 km2 abrangendo quatro municípios:

Encanto, Pau dos Ferros, Água Nova e Rafael Fernandes.

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A hidrografia da microbacia caracteriza-se pela intermitência de suas águas

tendo como principais afluentes o Riacho Cachoeirinha, o Riacho da Favela, o

Riacho dos Estevãos e o Riacho Boa Sorte. Além disso, a microbacia apresenta

grande quantidade de açudes destacando-se o Açude 25 de Março dentro da área

urbana da cidade de Pau dos Ferros e o açude das Maretas localizado na zona rural

do município de Rafael Fernandes (Figura 01).

Barreiros, açudes, e barragens

Riachos e córregos

N

Riacho Cajazeira

s

Rio A

podi-Mossoró

Rio Encanto

Açude das Maretas

Açude 25 de Março

Méd

io Curso

Baixo Curso

Alt

o C

urso

38º 11’ 38º 14 ’ 38º 16 ’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

2 0 2 4 6 8 km

Figura 01: Localização da Bacia Hidrográfica do Riacho Cajazeiras/RN.

Fonte: baseado na malha do IBGE. Adaptado pelo autor, 2010.

A geologia dominante na área de estudo segundo a CPRM (2005) é complexo

Jaguaretama (com ortognaisse migamatiza dotonalitico a grandiorítico e granítico,

migmatitico, restos de supracristais) com uma pequena incidência de suíte Serra do

deserto caracterizado por ortognaisse grandiorítico e granítico. Em relação à

geomorfologia, a microbacia está inserida na Depressão Sertaneja e no Planalto da

Borborema em que as altitudes variam entre 200 a 600 m tendo como principal

divisor de água a Serra do Bom Será localizada nos municípios de Encanto, Rafael

Fernandes e Água Nova. Os solos predominantes na área são: Neossolos, Neossolo

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Litólico, Luvissolo e Argissolo Vermelho-Amarelo (EMBRAPA, 2005). O clima da

área segundo a classificação de Köppen-Geiger é tropical semiárido na maior parte

da microbacia. Entretanto, no seu alto curso o clima é tropical subúmido seco devido

à altitude dos contrafortes da Borborema.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa foi sistematizada em fases distintas contemplando:

coleta de dados primários e secundários, trabalho de gabinete, reconhecimento e

visitas na área de estudo, trabalho de campo com a aplicação de entrevistas,

levantamento fotográfico com registro de coordenadas geográficas com a utilização

de GPS e a elaboração de mapas da paisagem utilizando técnicas de

geoprocessamento com a utilização do Sistema de Informação Geográfica - SIG na

perspectiva geosssistêmica utilizando a paisagem como unidade de análise.

Para fazer a análise da paisagem da microbacia do Riacho Cajazeiras utiliza-

se a visão integrada da paisagem na perspectiva de Tricart (1977), Ab’Saber, Ross

(1994, 2003 e 2009) Crepani (2008), Sotachava (1978), Bertrand (2004).

A análise da fragilidade ambiental potencial e emergente da paisagem da

Microbacia do Riacho Cajazeiras levou em consideração os levantamentos de dados

realizados em gabinete, e, em campo, utilizando cartas: topográficas, geológicas,

geomorfológicas, pedológicas e imagens de satélite. A pesquisa foi orientada por

cartas de escalas médias e pequenas (1:50.000, 1:100.000, 1:200.000). No entanto,

para a construção dos mapas temáticos foi utilizada a escala média de 1:100.000.

Para realização do trabalho foi utilizado o softwares Spring 5.1.5 e o CorelDraw.

A espacialização das informações baseou-se em diversas fontes como o

IBGE, Embrapa, CPRM, a classificação de Koppen-Geiger e a classificação do

relevo de Ross. Na construção do mapa de uso do solo foram utilizadas técnicas de

geoprocessamento com a segmentação e classificação da imagem Landsat

considerando o comportamento da paisagem e as unidades de usos selecionadas

quer sejam: caatinga densa, caatinga esparsa, agropecuária, corpos d’agua, solo

exposto e urbano.

Com o resultado da análise integrada e da superposição das informações da

estrutura climática, geológica, geomorfológica (declividade), pedológica, hidrológica

e pelo o uso e ocupação do solo na microbacia foi confeccionado um mapa-síntese

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com os graus de fragilidade ambiental potencial e emergente distribuídos em três

níveis: fragilidade baixa (peso 1), fragilidade média (peso 2) e alta (peso 3).

REFERENCIAL TEÓRICO

Análise integrada da paisagem e a fragilidade ambiental

A idéia de uma visão global das interações da natureza com a sociedade na

academia se iniciou segundo Rodriguez e Silva (2002) no final do século XVIII e

início do século XIX, com os trabalhos de Kant, Humboldt e Ritter. Duas correntes se

destacaram no contexto da Geografia: uma visão voltada para a Natureza pautada

na Geografia Física (principalmente com as concepções de Humboldt e Dokuchaev),

e uma visão centrada nas causas humanas (Geografia Humana ou a

Antropogeografia) de Karl Ritter.

Outra corrente foi o surgimento da Ecologia como disciplina biológica nos

finais do século XIX dando ênfase aos estudos das relações entre meio físico-

químico e os seres vivos. Entretanto, conceito de ecossistema só veio a surgir em

1935 influenciado pela concepção da Teoria Geral de Sistemas. Destaca-se também

Geoecologia das Paisagens de Karl Troll surgida nos de 1930 que analisava

funcionalmente da paisagem integrando o social e ecológico.

Em relação à teoria Geossistêmica ela surge na década de 60 do século XX

com Victor Sotchava, especialista siberiano, na ótica das paisagens (Landschaft)

elaborada pela Escola Russa, fundamentada na Teoria Geral de Sistemas

considerado paisagem como sinônimo de geossistema. A condição para o

desenvolvimento da visão integrada da paisagem na União Soviética e no leste

europeu deve-se as duas condições: o uso do Marxismo o do pensamento de Lênin

como doutrina oficial de cunho dialético materialista e das necessidades de

planificação estatal dos países “socialista” que precisava conhecer as unidades

naturais de forma integrada, para melhor serem controladas.

A partir dos anos 70 do século XX a análise da paisagem de forma integrada

ganha destaque com a Ecogeografia desenvolvida por Jean Tricart que considera as

unidades ecodinâmicas como sistemas ambientais por excelência, tendo a

Geomorfologia como central nos seus estudos. Vale salientar que a ciência

Geográfica tem buscado um método desde sua formação que permitisse melhor

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compreender e analisar, os diversos elementos e processos que compõem,

modificam e modelam as paisagens sob uma ótica mais integradora.

Dentre as teorias e concepções metodológicas da Geografia, destaca-se a

Teoria da Ecodinâmica de Tricart que analisa a dinâmica e os processos ecológicos

que modelam e modificam a paisagem, definindo sua resiliência e fragilidades dos

ecossistemas possibilitando apontar formas mais adequadas e sustentáveis de uso

e ocupação do solo em consonância com a capacidade de cada ecossistema e as

necessidades humanas. De acordo com Tricart (1977), para compreender os

mecanismos e a amplitude da degradação antrópica dos ecossistemas é

imprescindível conhecer as modalidades e a simultaneidade entre os elementos da

natureza: cobertura vegetal, solos, processos morfogenêticos, hidrológicos e as

interferências antrópicas.

Nessa mesma linha temos a teoria da paisagem do francês Georges Bertrand

(2004) que procura entender a paisagem como um sistema dinâmico e instável

composto dos elementos naturais: o clima, o solo, a vegetação, o relevo, fauna,

hidrologia e sociedade. O Autor enfatiza que é preciso estudar as paisagens na

concepção geossistêmica. Outro nome considerado importante nos estudos

geossitemicos é José Manuel Mateo Rodriguez que traz novas contribuições para

essa corrente de análise aprimorando a Geoecologia das Paisagens propostas por

Karl Troll.

No Brasil, destacam-se Antônio Chistofoletti, Carlos Augusto de Figueiredo

Monteiro e Jurandir Ross nos estudos que versam sobre a análise sistêmica da

paisagem. Nessa ótica algumas obras se destacam como: Análise de Sistemas em

Geografia (CHISTOFOLETTI,1979); Geossistemas: a história de uma procura

(MONTEIRO, 2000) e Ecogeografia do Brasil: subsídios para o planejamento

ambiental (ROSS, 2009).

No estudo utiliza-se a perspectiva teórica geossistêmica, pois esta integra os

elementos da paisagem e subsidia o entendimento dos fenômenos de forma mais

abrangente considerado os elementos naturais e artificiais e a ação antrópica. Desse

modo, destaca-se o uso da cartografia e de técnicas de geoprocessamento com uso

de SIG na identificação e intensidade da fragilidade dos ambientes. Tais estudos são

de suma importância para tentar mitigar a degradação. De acordo com Ross (1994,

p. 2)

Os estudos relativos à fragilidade, expressos através de cartogramas e textos, são documentos de extrema importância ao Planejamento Ambiental, que tenha como centro de preocupação

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68

o desenvolvimento sustentado, onde conservação e recuperação ambiental estão lado a lado com desenvolvimento econômico e social

De acordo com Ross (2009), a fragilidade ambiental é a perda do estado

‘clímax’ em que os processos mecânicos atuam em equilíbrio dinâmico

predominando a pedogênese em detrimento da morfogênese, ou melhor, a perda do

potencial ambiental repercutindo no desenvolvimento social da área. Ainda segundo

Ross (2009) a fragilidade diz respeito à quebra do potencial ecológico de um

geossistema diretamente relacionado com as condições do meio físico natural,

principalmente com a cobertura vegetal e o potencial à degradação provocada pelas

atividades antrópicas.

Contudo, a presente pesquisa ateve-se nos referenciais discutidos e na

aplicação da metodologia proposta por Ross (1994, 2003) para analisar a paisagem

da Microbacia do Riacho Cajazeiras.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

1) Fragilidade ambiental potencial

A fragilidade ambiental potencial caracteriza-se pela fragilidade natural de um

determinado espaço que está submetido à capacidade de resiliência dos solos

(erosão), do clima (intensidade e pluviometria), da geomorfologia (declividade do

relevo), da geologia (coesão das rochas) que indicam o equilíbrio ou desequilíbrio

natural. Desse modo, ao analisar os ambientes sob a ótica da fragilidade potencial

são considerados apenas os aspectos naturais. Nessa perspectiva, Tricart (1977)

destaca que para analisar o equilíbrio dinâmico da paisagem é necessário criar

unidades ou tipos das quais ele denominou unidades ecodinâmicas classificadas

em: meios estáveis, meios fortemente instáveis e meios intergrades.

Na Microbacia do Riacho Cajazeiras a fragilidade potencial foi analisada com

a superposição dos mapas de clima (Figura 02), geologia, geomorfologia e

pedologia. Sob essa ótica a pesquisa descreve o resultado da análise dos elementos

naturais, e em seguida, o resultado retorna-se a discussão e mapa-síntese da

fragilidade potencial da Microbacia do Riacho Cajazeiras.

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69

O clima é um dos fatores mais importante na formação da paisagem porque

atua de forma contundente nos processos pedológicos, geomorfológicos,

geológicos, hidrográficos, florístico e faunístico. Nas regiões semiáridas o clima tem

sido um “fator determinante” na formação da paisagem. De acordo com Ab’Saber

(1999, p. 13)

Há muito outros fatores que respondem a marcante originalidade no Nordeste seco a começar pelo fato que elas ocupam posição geográfica anômala, mas próxima do Equador do que dos trópicos. O ritmo do clima regional, porém, continua sendo tropical, com duas estações bem marcadas: uma muito seca, outra moderamente chuvosa, cuja continuidade, entretanto, como vimos, está sujeita a fortes rupturas ao longo dos anos. Podem ocorrer anos muito secos e eventuais períodos de grandes chuvas, com inundações catastróficas.

A fragilidade do clima está relacionada à pluviosidade total, a intensidade

pluviométrica e a distribuição sazonal. Entretanto, a característica mais importante é

a intensidade pluviométrica, pois está diretamente relacionada à quantidade de

precipitação e o tempo dessa precipitação. Nesse caso, onde predomina uma

pluviometria bem distribuída e não torrencial durante todo o ano, o poder erosivo é

bem menor do que onde predomina uma distribuição irregular, concentrada e

torrencial em um único período temporal o processo erosivo é mais intenso.

Entretanto, segundo Ab’Saber (1999, p. 7)

Os atributos que dão similitude às regiões semiáridas são sempre de origem climática, hídrica e fitogeográfica: baixos níveis de umidade, escassez de chuvas anuais, irregularidade no ritmo das precipitações ao longo dos anos; prolongados períodos de carência hídrica; solos problemático tanto do ponto de vista físico quanto do geoquímico (solos parcialmente salinos, solos carbonáticos) e ausência de rios perenes, sobretudo no que se refere às drenagens autóctones. (...) No entanto, a análise das condicionantes do meio natural constitui uma prévia decisiva para explicar causas básicas de uma questão que se insere no cruzamento dos fatos físicos, ecológicos e sociais.

Como destaca Ab’Saber (1999) os problemas referentes ao semiárido deve

ser analisado integrando os atributos ambientais (o clima, geomorfologia, os solos, a

geologia e as atividades que se destacam na paisagem.

Para Cholley apud Andrade (2011, p. 36) os domínios físicos no nordeste

como a estrutura geológica, o relevo, o clima, a hidrografia, o meio biológico, a

vegetação e o espaço geográfico se influenciam mutuamente resultando em

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paisagens naturais e culturais singulares, tendo como elemento que marca mais

sensivelmente a paisagem o clima e a desigualdade social. O clima semiárido tem

como característica principal a pluviometria irregular e secas periódicas. Esse clima

no Rio Grande do Norte equivale a 92,0% do território. Entretanto, na região

ocidental do Estado há uma série de serras com altitudes superiores a 700m

separada pelo planalto da Borborema comandado pelo aplainamento do rio Piranhas

Açu e Apodi-Mossoró modificando a pluviometria e a temperatura devido à altitude

nessas áreas (Figura 03).

As Serras testemunhos, também chamadas de (inselbergues) são bastante

resistente ao intemperismo e a erosão, no entanto, as variações do clima global no

Período Terciário e Quartanário do Cenozóico são responsáveis pela dinâmica da

paisagem no semiárido, como aponta os estudos Ab’Saber, Ross (1994, 2003),

Tricart (1977), Nunes (2006) e Bigarella (2003) Segundo esses autores o clima

oscilou entre clima Tropical quente e úmido e clima tropical semiárido, intensificando

os processos pedogenéticos. Um exemplo é a descontinuidade do relevo

proporcionada pelas serras, serrotes e inselbergues nessa região (Figura 04)

A análise da fragilidade ambiental representada pela geologia está

relacionada ao grau de coesão das rochas, ou seja, a intensidade de ligações entre

os minerais que as compõem. Nas rochas pouco coesas prevalecem os processos

(morfogênese) intempéricos e erosivos, enquanto nas rochas mais coesas

prevalecem a pedogênese.

Aproximadamente 60% do território potiguar são constituídos por rochas

cristalinas do pré-cambriano. O cristalino ocupa grandes áreas na parte sul do

estado do semiárido potiguar, estendendo-se desde o limite da região sedimentar do

litoral leste até o extremo oeste onde o relevo é bastante movimentado por serras,

inselbergues, serrotes e platôs, sendo estes modificados por mudanças climáticas

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71

Fonte: Baseado na classificação de Köppen, 1936. Adaptado pelo autor, 2011.

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

N

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Pau dos Ferros

Rafael Fernandes

Água Nova

Encanto

Núcleo urbano

Limite municipal

Semiárido

Subúmidoseco

CLIMAS

1 0 1 2 3 4 km

Figura 02: Climas da Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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72

Fonte: CPRM, 2005. Adaptado pelo autor, 2011.

1 0 1 2 3 4 km Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Núcleo urbano

Limite municipal

UNIDADES GEOLÓGICAS

N

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Pau dos Ferros

Rafael Fernandes

Água Nova

Encanto

Complexo JaguaretamaSuíte Serra do Deserto

Figura 03: Geologia da Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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73

N

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Rafael Fernandes

Água Nova

EncantoPau dos Ferros

Fonte: Baseado na classificação de Ross, 2009 e NUNES, 2006. Adaptado pelo autor, 2011.

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Núcleo urbano

Limite municipal

UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS

1 0 1 2 3 4 km

Relevos residuaislDepressãoSertane jaPlanície Aluviais

Serra do Encanto

Serra do Bom Será

Serro te

da Gangorra

Figura 04: Geomorfologia da Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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do Cenozoico. Essas rochas apresentam baixa fragilidade ambiental, pois

apresentam alta coesividade o que dificulta o intemperismo.

A fragilidade ambiental representado pelo relevo segundo Tricart (1977), A’b

Saber (1979), Ross (2003) é crucial na análise integrada da paisagem, porque

possibilita a sociedade usar e ocupar a paisagem de forma mais harmônica. A

dinâmica do relevo é influenciada pela ação da declividade topográfica. Numa área

de declividade suave, quase plana, o intemperismo é forte e o processo erosivo é

pequeno. Quando os declives são acentuados, como nas áreas montanhosas e nas

escarpas das serras, o processo erosivo é intenso. Nesse trabalho o grau de

fragilidade ambiental representada pelo relevo será pautado na declividade

conforme a figura 05.

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD692 0 2 4 6 8 km

4 - 6

2 - 4

0 - 2

6 - 8

20 - 30

10 - 20

8 - 10

30 - 40

DECLIVIDADE (GRAUS)

Fonte: EMBRA PA, Brasil em Relevo, 2011.

N

Figura 05: Declividade da microbacia do Riacho Cajazeiras, 2011.

Nesse sentido, evita-se que a sociedade ocupe áreas de nascentes, de

inundação que acabam causando graves consequências à sociedade

potencializando a fragilidade ambiental, e, consequentemente, intensifica os riscos a

desabamentos e enchentes, diminui a fertilidade dos solos, ocorre à diminuição do

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lençol freático, aumenta o assoreamento e solapamento da rede fluvial, intensifica o

desequilíbrio térmico e a capacidade de produção agropecuária.

Nas planícies fluviais a fragilidade ambiental é baixa, pois apresenta

declividade de 0 a 4º. Estas áreas servem de proteção à rede fluvial e aos corpos

d’água. Cabe ressaltar, que essas áreas são protegidas em lei por representar

importância ao equilíbrio dinâmico ambiental e social. As planícies fluviais localizam-

se nas margens dos rios e riachos, essas são geralmente mais espessas nos baixos

cursos. Nessas planícies predominam os solos aluviais compostos de sedimentos

não consolidados em camadas estratigráficas ricas em matéria orgânica de origem

fluvial.

Em relação aos relevos residuais representados pela Serra do Bom Será, a

fragilidade ambiental é considerada média em aproximadamente 70% de sua área,

pois a declividade predominante é de 4 a 20º os demais 30% possui declividade

entre 20 e 30º caracterizando uma fragilidade potencial alta. Na Serra do Encanto a

fragilidade ambiental é média em 50% devido sua declividade está entre 4 e 20º a

outra porção a fragilidade é alta devido a declividade apresentar-se acima de 20º.

Cabe destacar que a Serra do Encanto apresenta a maior declividade da microbacia

entre 30 à 40º (Figura 04). O Serrote da Gangorra apresenta baixa fragilidade

ambiental, pois a declividade varia entre 0 a 4º em quase toda sua área.

A depressão sertaneja apresenta baixa fragilidade ao processo erosivo, pois

sua declividade encontra-se entre 0 a 6º e, em pequenas áreas (próximo a Serra do

Encanto e no baixo do curso do riacho Cachoerinha) apresenta média fragilidade.

A fragilidade dos solos ao processo de degradação na perspectiva de Tricart

(1977), Ross (2009), Guerra e Vitte (2007), Nunes (2006), Ab‘Saber (1979) está

relacionado à capacidade dos solos resistirem aos processos erosivos. Na análise

da fragilidade do solo, considera-se o grau de maturidade dado pelo produto direto

do balanço morfogênese/pedogênese. (Figura 06)

No Rio Grande do Norte, embora existam alguns solos de alta fertilidade

natural (Cambissolo, Luvissolos, Solos Orgânicos e Solos Aluviais), em geral os

solos

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Fonte: EMBRAPA, 2005. Adaptado pelo autor, 2011.

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Núcleo urbano

Limite municipal

1 0 1 2 3 4 km

N

38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Rafael Fernandes

Água Nova

Encanto

38º 11’ 38º 14 ’ 38º 16’

Pau dos Ferros

Neossolos

Argissolo Vermelho-Amarelo

Neossolo Li tól ico Luvissolo

UNIDADES PEDOLÓGICAS

Figura 06: Pedologia da Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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tropicais são frágeis, requerendo no seu trato cuidados especiais para não se

empobreceram quimicamente, e, se degradarem.

Os Solos Aluviais (Neossolos, EMBRAPA, 2005) estão presentes próximos às

margens dos riachos da microbacia como mostra a figura 06. Esses solos, segundo

Nunes (2006), são encontrados encravados nos vales dos rios e riachos dos relevos

residuais da depressão sertaneja sendo muito utilizados na construção civilepelos

agropecuaristas devido a sua alta fertilidade. Esses solos apresentam um manto de

alteração de alta fragilidade ambiental.

Os Solos Litólicos (Neossolo Litólico, EMBRAPA, 2005) são encontrados com

frequência nos planaltos, colinas cristalinas, serras, serrotes e inselbergues e na

depressão sertaneja do semiárido. Esses solos apresentam horizontes A-C-R com

espessura inferior a 50 cm e poucos desenvolvidos. Outra característica importante

desses solos é a sua baixa capacidade de infiltração devido à rápida saturação,

facilitando o escoamento superficial. Por isso esses solos apresentam alta

fragilidade ao processo erosivo, principalmente, em relevos mais acidentados. As

limitações agrícolas mais importantes dizem respeito à pequena profundidade

efetiva, pedregosidade, rochosidade, baixa capacidade de armazenamento de água

e de nutrientes nos mais arenosos e a alta suscetibilidade à erosão, sobretudo nos

relevos mais declivosos.

O solo Bruno-não-cálcio (Luvissolo, EMBRAPA, 2005) apresenta alta

fragilidade ao processo de degradação, principalmente, a erosão, devido a pouca

espessura do solo, variando de rasos a pouco profundos em torno de 80 cm, e, em

muitas áreas do semiárido aparece juntos a afloramentos e pedregosidades.

O solo Podzólico Vermelho Amarelo (Argissolo Vermelho-Amarelo,

EMBRAPA, 2005) são solos encontrados na região semiárida nordestina originários

de rochas cristalinas metamórficas profundos a mediano profundos com horizonte B

textural(Bt) vermelho-amarelo rico em argila forte a moderadamente drenados. Por

apresentar um horizonte B (Bt) textural argiloso acaba por apresentar média

fragilidade a degradação.

Como resultado da análise dos elementos naturais obteve-se o mapa da

fragilidade potencial ambiental a partir dos elementos geossitêmicos analisados.

(Figura 07). Os resultados obtidos mostram que cerca de 86% área da microbacia

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apresenta média fragilidade potencial e o outros 14% apresentam alta fragilidade

ambiental potencial. Cabe ressaltar, que a alta fragilidade concentra-se nos relevos

residuais da Serra do Bom Será, da Serra do Encanto e do Serrote da Gangorra

localizados no alto curso da microbacia.

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79

N

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Rafael Fernandes

Água Nova

EncantoPau dos Ferros

Fonte: Baseado na proposta metodológica de Ross, 2009. Adaptado pelo autor, 2011.

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Núcleo urbano

Limite municipal

FRAGILIDADE POTENCIAL

1 0 1 2 3 4 km

AltaMédia

Figura 07: Fragilidade potencial da Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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2) Fragilidade Ambiental Emergente

A fragilidade ambiental emergente da paisagem considera a fragilidade

potencial dos elementos naturais somada com as atividades antrópicas que pode ser

observada no mapa de uso e ocupação do solo. Na análise considerar-se-á o uso e

a ocupação do solo e, em seguida, segue o mapa-síntese com a fragilidade

emergente da microbacia do Riacho Cajazeiras.

O grau de fragilidade ambiental da paisagem relacionado ao uso e ocupação

da terra e da cobertura vegetal está diretamente ligado à capacidade de proteção da

vegetação aos processos morfogenéticos e pedogenéticos. Na concepção desses

autores, já citados, nas áreas onde predominam vegetação densa a fragilidade

ambiental diminui, predominando a pedogênese, enquanto nas áreas onde a

vegetação foi parcialmente ou totalmente suprimida a fragilidade aumenta

predominando, a morfogênese, e, nas áreas urbanas a erosão é mais intensa por

causa do aumento da energia potencial provocada pelas construções, facilitando a

morfogênese (Figura 08).

Na área urbana do município de Pau dos Ferros parte dos esgotos dessa

cidade é lançada in natura no principal corpo d’água da microbacia o Açude 25 de

Março como fora observado no trabalho de campo e também demonstrado no

trabalho de Guedes, Maia e Fernandes (2008) que apontaram a poluição nas águas

desse açude, um dos ícones centenário do município, comprometendo a qualidade

ambiental desse corpo d´água, e, ainda, compromete a qualidade dos

hortifrutigranjeiros; afetando a sobrevivência de diversos pequenos agricultores

vazanteiros e pequenos pescadores.

Nas margens do Riacho Cajazeiras no seu médio curso e nas margens do

Riacho do Meio no seu baixo curso (a partir da parede do Açude 25 de Março o

Riacho Cajazeiras é chamado Riacho do Meio) observou-se em vários pontos a

existência de construções irregulares na zona urbana pauferrense potencializando a

fragilidade social e ambiental dessas áreas. Cabe salientar, que os estudos de Costa

(2010) apontam a existência de várias áreas de risco de inundação nesses pontos.

Ainda aponta o trabalho de Rocha, Baccaro e Silva (2009) alto grau de antropização

nessas áreas do Rio Apodi-Mossoró causado pelas atividades econômicas e o

processo de urbanização.

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A espacialização identificou que nas unidades serranas da microbacia (Serra

do Bom Será, Serra do Encanto e Serrote da Gangorra) predominam alta e média

fragilidade ambiental devido uma boa representatividade da vegetação de caatinga

densa nessas áreas (Figura 09). Entretanto, alguns pontos dessas áreas são

desmatados para a agricultura e pecuária como foi observado na pesquisa de

campo e, indicado no trabalho de Guedes, Maia e Fernandes (2008). O

desmatamento segundo Tricart (1977), Bertrand (2004) Ab’Saber (1999) e Guerra e

Vitte (2007) aumenta significativamente à fragilidade ambiental

Nas áreas da Depressão Sertaneja o grau de fragilidade ambiental mais

significativo é o médio, por causa da declividade apresentar-se entre 0º a 6º; da

presença de vegetação de caatinga esparsa ser predominante, entretanto, cace

ressaltar que essa unidade apresenta uma área significativa de alta fragililidade

ambiental, porque foi identificada uma significativa quantidade de solo expostos em

vários pontos da microbacia.

O estudo da avaliação da fragilidade ambiental da microbacia do Riacho

Cajazeiras no semiárido potiguar identificou que a situação da paisagem é

preocupante, pois a alta fragilidade emergente representa 33,7km2 da área,

localizada principalmente na planície aluvial, nas áreas serranas e na zona urbana

do município de Pau dos Ferros. A média fragilidade emergente foi predominante em

79,6 km2 da área da microbacia destacando-se na área da depressão Sertaneja,

principalmente no baixo e médio curso e em algumas áreas do alto curso. A

microbacia apresentou fragilidade potencial ecológico sensível ao desequilíbrio

geossistêmico, predominando a morfogênese, em detrimento, da pedogênese. Tal

fragilidade da paisagem é intensificada pelo o uso e ocupação do solo realizado de

forma inadequada em relação as suas características ambientais.

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Fonte: Imagem Landsat 5 de 06/08/2011. Processado em ambiente SPRING pelo autor, 2011.

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Núcleo urbano

Limite municipal

1 0 1 2 3 4 km

N

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Pau dos Ferros

Rafael Fernandes

Água Nova

Encanto

Zona urbana

Agropecuária Solo exposto

Caatinga densa

Corpos d’água

Caatinga esparsa

Figura 08: Uso do solo na Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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83

Projeção e DatumUTM Zona 24s SAD69

Núcleo urbano

Limite municipal

1 0 1 2 3 4 km

N

38º 11’ 38º 14’ 38º 16’ 38º 19’ 38º 9’

6º 4’

6º 7’

6º 10’

6º 13’

Pau dos Ferros

Rafael Fernandes

Água Nova

Encanto

FRAGILIDADE EMERGENTE

AltaMédia

Fonte: Baseado na proposta metodológica de Ross, 2009. Adaptado pelo autor, 2011.

Riachos e córregos

Figura 09: Fragilidade emergente da Microbacia do Riacho Cajazeiras/RN, 2011.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fragilidade ambiental da paisagem da Microbacia do Riacho Cajazeiras no

semiárido potiguar aponta que as áreas mais frágeis encontram-se espalhados por

toda a microbacia, entretanto, as áreas que apresentam maiores índices estão nas

planícies aluviais dos Riachos: Cajazeiras (Riacho do Meio no seu baixo curso)

Cachoeirinha, da Favela, dos Estevãos e Boa Sorte. Os graus de fragilidade foram

espacializados integrando os dados da fragilidade do clima, da geologia, da

geomorfologia (declividade), dos solos, do uso e ocupação do solo da paisagem.

O estudo da avaliação da fragilidade ambiental da microbacia do Riacho

Cajazeiras no semiárido potiguar identificou que a situação da paisagem é

preocupante, pois a alta fragilidade emergente representa 33,7km2 da área,

localizada principalmente na planície aluvial, nas áreas serranas e na zona urbana

do município de Pau dos Ferros. A média fragilidade emergente foi predominante em

79,6 km2 da área da microbacia destacando-se na área da depressão Sertaneja,

principalmente no baixo e médio curso e em algumas áreas do alto curso. A

microbacia apresentou fragilidade potencial ecológico sensível ao desequilíbrio

geossistêmico, predominando a morfogênese, em detrimento, da pedogênese. Tal

fragilidade da paisagem é intensificada pelo o uso e ocupação do solo realizado de

forma inadequada em relação as suas características ambientais.

Os resultados também mostraram que a vegetação é mais densa no alto

curso da microbacia nos relevos residuais Serra do Bom Será, Serra do Encanto e

Serrote da Gangorra, no entanto, aquela se destaca como o divisor de água mais

importante tanto em extensão quanto por ser nascente dos principais riachos da

microbacia. A presença da vegetação de caatinga densa nessas unidades

geomorfológicas ou nas outras unidades analisadas é crucial para o equilíbrio

dinâmico e para restringir a fragilidade potencial das unidades físicas e a fragilidade

emergente. Cabe ressaltar, que dos 47 moradores entrevistados todos disseram que

antes existia uma mata ciliar exuberante próximo aos riachos com a presença de

grandes oiticicas, de carnaúbas, de cajazeiras, de timbaúbas, de mufunbos entre

outros. Em relação à fauna todos os entrevistados disseram que os animais (tatu-

bola, susssuarna, tamanduá, mocó, juriti, peba) estão desaparecendo devido a caça

nessas áreas

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Diante desse quadro, torna-se necessário implementar soluções para mitigar

e corrigir os efeitos provocado pelas atividades econômicas e a expansão urbana

que não estão em harmonia com o potencial ambiental e social da área de estudo.

Nesse contexto, foram identificados vários problemas que acentuam o processo de

degradação e com isso aumentam a fragilidade ambiental potencial e emergente

evidenciadas na área de estudo. Na execução do trabalho de campo e nas

entrevistas foi evidenciado o uso de agrotóxicos na agricultura de subsistência. Dos

47 entrevistados 90% sinalizaram a utilização de venenos e outros produtos em

suas lavouras. Além disso, foi apontada a ausência de coleta de lixo na zona rural

da microbacia por todos os entrevistados; a presença de um lixão próxima a

nascente do Riacho Cajazeiras; a inexistência de saneamento básico nas zonas

rurais e baixo na zona urbana de Pau dos Ferros.

O mapa síntese da fragilidade ambiental emergente (figura 9) mostrou que as

atividades agropecuárias concentram-se próximo das redes fluviais e corpos d’águas

da microbacia não respeitando a legislação ambiental e todo o sistema normativo.

Nessas áreas, foram identificados solapamentos dos canais de todos os riachos da

microbacia, ravinamentos nas suas margens e vários pontos de desmatamento das

matas ciliares.

Portanto, a metodologia empregada ajudou a compreender a dinâmica da

paisagem de forma satisfatória no que se refere o estudo da fragilidade ambiental

potencial e emergente do geossistema. Nesse sentido, como a microbacia do

Riacho Cajazeiras pertence à Bacia do Apodi-Mossoró torna-se necessário

desenvolver um estudo avaliativo das condições socioambientais de toda a bacia

hidrográfica. Esse estudo torna-se importante para subsidiar o planejamento

territorial da microbacia do Riacho Cajazeiras em harmonia com o seu potencial

ecológico, social, econômico e cultural. Tais elementos são constitutivos das

dimensões que compõem a sustentabilidade.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Manuel Correa de. A terra e o homem no nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no nordeste. 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2011. AB’SÁBER, Aziz Nacib. Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida. Revista estudos avançados 13 (36), 1999. BERTRAND, Georges. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. Revista RA´E GA, Curitiba, Editora UFPR, n. 8, p. 141-152, 2004. Disponível em: http://www.nepa.ufma.br/Producao/importantes/paisagem%20bertrand.pdf Acesso em: 07 de jun. 2011. BIGARELLA, João José [Et al]. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Contribuição de Everton Passos. Florianópolis: UFSC, 2003. COSTA, Franklin Roberto da. Inundações urbanas no semi-árido nordestino: o caso do município de Pau dos Ferros. Dissertação de mestrado. PRODEMA/UFRN: Natal, 2010. CPRM. Serviço geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Recife: CPRM; PRODEEM, 2005. CHISTOFOLETTI, Análise de Sistemas em Geografia. São Paulo: Hucitec, 1979. CREPANI, Edison. Zoneamento ecológico-econômico. In: FLORENZANO, Teresa Galloti. (Org.) Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de textos, 2008. EMBRAPA. Brasil em Relevo. Campinas: Monitoramento por Satélite, 2005. Disponível em: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br>. Acesso em: 7 set. 2011. GUERRA, Antonio José Teixeira; VITTE, Antonio Carlos (Orgs.). Geografia Física no Brasil. 2. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. GUEDES, Josiel de A.; MAIA, Jéssica C. L.; FERNANDES, Clefson. Análise da degradação ambiental na microbacia do Riacho Cajazeiras, Pau dos Ferros/RN. Anais do II Simpósio de Geografia Física do Nordeste, 2008. MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. Geossistemas: a história de uma procura. São Paulo: Contexto, 2000. NUNES, José Elias. Geografia física do Rio Grande do Norte. Natal: Imagem Gráfica, 2006. ROCHA, Alexsandra Bezerra da; BACCARO, Claudete Aparecida Dallevedove; SILVA, Paulo César Moura da. Mapeamento geomorfológico da bacia do Apodi-Mossoró- RN – NE do Brasil. Revista Mercator de Geografia da UFC, ano 08, número 16, 2009. RODRIGUEZ, José Manuel Mateo; SILVA, Edson Vicente da. A classificação das paisagens a partir de uma visão geossistêmica. Revista Mercator de Geografia da UFC, ano 01, número 01, 2002.

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ROSS, Jurandir L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. In: Revista do Departamento de Geografia; n. 8, p. 63 - 74. São Paulo, USP, 1994. ROSS, Jurandir L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2003. _______. Ecogeografia do Brasil: subsídios para o planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2009. SOTCHAVA, U. B. Por uma teoria de classificação de geossistemas da vida terrestre. Biogeografia. São Paulo, n. 14, 1978. TRICART, Jean. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE; SUPREN, 1977.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

As sociedades humanas ao se fixarem na paisagem transformam-na e imprimem suas

ideologias na dinâmica desses ambientes. Na atualidade as sociedades passam por uma crise,

em todas as dimensões alterando e degradando negativamente o meio ambiente. Nesse caso, é

preciso que os seres humanos transformem e mudem sua relação com a natureza.

Diante dos resultados analisados na pesquisa conclui-se: que a metodologia aplicada

na pesquisa correspondeu às perspectivas e objetivos propostos. Entretanto, cabe ressaltar,

que as limitações encontradas podem ser diminuídas utilizando uma escala cartográfica maior

de análise. Estudar a dinâmica da paisagem na ótica geossistêmica mostrou-se satisfatória,

entrementes, é preciso considerar os fatores sociais com mais atenção.

Os resultados alcançados identificaram que a microbacia apresenta fragilidade

ambiental alta média tanto do ponto de vista da fragilidade ambiental potencial e a fragilidade

ambiental emergente. Desse modo, todos os setores da microbacia apresentam degradação de

suas terras e da estrutura hídrica. Cabe enfatizar, que houve uma recuperação da vegetação de

caatinga densa, principalmente no alto curso, e um aumento da vegetação esparsa em áreas

antes destinada a agricultura, principalmente na Depressão Sertaneja.

A análise também mostra, que o zona urbana do município de Pau Ferros tem

proporcionado uma pressão significativa para o aumento da fragilidade e da degradação dos

corpos d’água. Pode-se destacar a situação crítica do Açude 25 de Março e dos riachos que

cortam a cidade, pois esse e estes recebem considerada quantidade de resíduos não tratados,

contribuindo para aumentar a degradação no baixo curso da microbacia.

Desse modo, a análise identificou que uma das implicações mais significativas é o

processo de degradação ambiental causada pelo uso e ocupação do solo de forma desordenada

na microbacia do Riacho Cajazeiras/RN contribuindo para aumentar os problemas sociais

tanto no espaço urbano como no rural. Nesse contexto, é importante que os gestores públicos

nas esferas: federal, estadual e municipal cumpram as políticas estabelecidas em lei em

conformidade com o Código Florestal, a Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos,

as Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Saneamento Básico e de Resíduos Sólidos

adequando-se as normas urbanísticas e as demais legislações em vigor.

Nessa perspectiva, torna-se importante à implementação de medidas mitigadoras para

recuperar as áreas degradadas nas nascentes e nas áreas próximas aos mananciais; como

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também recuperar os canais fluviais que se encontram degradados. Portanto, se faz

necessários estudos mais pormenorizados na microbacia do Riacho Cajazeiras associados com

as geotecnologias para o planejamento e gestão que objetivem a construção de uma sociedade

sustentável.

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APÊNDICE

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UNIVERSIDADE FEDRAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

FORMULÁRIO DE CAMPO

PESQUISADOR RESPONSÁVEL: JOSÉ PIO GRANJEIRO BATISTA

NOME DO ENTREVISTADO:______________________________________________Idade:____

Local:_____________________________________________________________ Data:_______

1) Há quantos anos o Sr(a) mora nesse lugar?____________________

2) O Sr.(a) gosta de viver aqui? ( ) sim (...) não

3) Tem escola na localidade ( ) sim ( ) não

4) Tem posto de saúde ( ) sim ( ) não

5) Tem banheiro ( ) sim ( ) não

6) Possui fossa séptica ( ) sim ( ) não

7) Tem coleta de lixo ( ) sim ( ) não

8) Existe algum rio, riacho ou córrego aqui na localidade? ( ) sim (...) não. Caso positivo: Quais

são eles?_____________________________

9) O Sr(a) usa a água do rio? ( ) sim (...) não. Caso positivo: Para qual atividade:

__________________: Caso negativo: Porquê:_______________________

10) A água do rio tem boa qualidade ( ) sim ( ) não

11) Onde nasce o rio que cruza a sua localidade?________________________________

12) Sua propriedade possui:

Açude - sim ( ) quantos________ não ( )

cacimba - sim ( ) quantos________ não ( )

cacimbão - sim ( ) quantos________ não ( )

barragem superficial - sim ( ) quantos________ não ( )

barragem subterrânea - sim ( ) quantos________ não ( )

Outros quais?__________________

13) O Sr(a) usa areia ou barro proveniente da área do rio? ( ) sim ( ) não. Caso positivo: Para

quê?_____________________________

14) Como era o rio antigamente?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

_____________________________________________________

15) O Sr. (a) usa algum tipo agrotóxicos (veneno) na sua propriedade? ( ) sim ( ) não. Caso

positivo: Qual (is): ____________________________

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16) Já houve casos de doenças causadas pelo uso da água? ( ) sim ( )não. Caso positivo:

Qual(is):_____________

17) Na sua propriedade o Sr(a) usa lenha para cozinhar? ( ) sim ( ) não. Caso positivo: Quais são

as espécies utilizadas: ______________________________

18) Quais são as plantas que existiam próximas dos rios?

_______________________________________________________________________

19) Quais são as plantas que existem hoje próximas dos rios?

_______________________________________________________________________

20) Quais são os animais que eram vistos na localidade que o Sr. (a) já não vêem mais?

Quais:_______________________________________________________________________

________________________________________________________________

21) Existe algum problema relacionado ao abastecimento de água? ( ) sim ( ) não. Caso

positivo: Qual

(is):_________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

______________________

22) Existe algum projeto para melhorar o abastecimento de água? ( ) sim ( ) não

Caso positivo: Qual

(is):_________________________________________________________________

23) O que Sr(a) acha que deve ser feito para resolver os problemas relacionados à água?

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

________________________

Observações:_________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________

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ANEXOS

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ANEXO 1 - Normas de submissão da Revista Mercator

REVISTA MERCATOR

Diretrizes para Autores DA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS/ PRESENTATION OF PAPERS O original deverá conter título do artigo, nome completo do autor, titulação, instituição a que está vinculado e e-mail. DA NORMALIZAÇÃO DOS ARTIGOS/ STANDARD OF PAPERS Os artigos deverão ser submetidos a normalização da ABNT, a saber: NBR-10520 (informação e documentação - citações em documentos - apresentação) e NBR-6023 (informação e documentação- referências - elaboração) de agosto de 2002. NBR-10520 REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO/ GENERAL PRESENTATION RULES Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em letras maiúsculas e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas. Exemplos/ Example: A ironia seria assim uma forma implicita de heterogeneidade mostrada, conforme a classificação proposta por Authier-Reiriz (1982).";;;; Apesar das aparências, a descontrução do logocentrismo não é uma psicanálise da filosofia [...]";;;; (DERRIDA, 1967, p.293). Especificar no texto a(s) página(s), volume(s), tomo(s) ou seção(ões) da fonte consultada, nas citações diretas. Este(s) deve(m) seguir a data, separado(s) por vírgula e precedido(s) pelo termo, que o(s) caracteriza, de forma abreviada. Nas citações indiretas, a indicação da(s) página(s) consultadas é opcional. As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Exemplos: Barbour (1971, p.35) descreve: ";;;;O estudo da morfologia dos terrenos [...] ativos [...].";;;; ";;;;Não se mova, faça de conta que está morta.";;;; (CLARAC; BONNIN, 1985, p.72).Segundo Sá (1995, p.27): ";;;; [...] por meio da mesma ‘arte de conversação’ que abrange tão extensa e significativa parte da nossa existência cotidiana [...]";;;; As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. Exemplos: A teleconferência permite ao indivíduo participar de um encontro nacional ou regional sem a necessidade de deixar seu local de origem. Tipos comuns de teleconferência incluem o uso da televisão, telefone, e computador. Através de áudio-conferência, utilizando a companhia local de telefone, um sinal de áudio pode ser emitido em um salão de qualquer dimensão. (NICHOLS, 1993, p. 181). SISTEMA DE CHAMADA As citações devem ser indicadas no texto por um sistema de chamada: [...] autor-data. Quando o(s) nome(s) do(s) autore(s), instituição(ões) responsável(eis) estiver(em) incluído(s) na Exemplos/ Example: Em Teatro Aberto (1963) relata-se a emergência do teatro do absurdo.Segundo Morais (1955, p.32) assinala ";;;; [...] a presença de concreções de bauxita no Rio Cricon.";;;; As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de referências. Exemplos: De acordo com Reeside (1927a)(REESIDE, 1927b). As citações indiretas de diversos documentos de vários autores, mencionados simultaneamente, devem ser separadas por ponto-e-vírgula, em ordem alfabética. Exemplos/ Example: Ela polariza e encaminha, sob forma de ";;;;demanda coletiva";;;;, as necessidades de todos (FONSECA, 19997; PAIVA, 1997; SILVA, 1997)Diversos autores salientam a importância do ";;;; acontecimento desencadeador";;;; no início de um processo de aprendizagem (CROSS, 1984; KNOX, 1986; MEZIROW, 1991). NBR 6023 REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO/ GENERAL PRESENTATION RULES As referências são alinhadas somente à margem esquerda do texto [...] em espaço simples e separadas entre si por espaço duplo [...]. O recurso tipográfico negrito utilizado para destacar o elemento título. Itens de Verificação para Submissão

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Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. Contribuição inédita e original. Em caso negativo justificar ao editor em";;;;;;;;Comentários ao Editor";;;;;;;;(abaixo).

2. Arquivo em formato doc (word) ou RTF. 3. Endereços incluídos no texto encontram-se ativos (ex: http://www.ufc.br). 4. Texto escrito em espaço 1,5, times new roman 12, espaços 2,5 cm. Figuras e tabelas

inseridas no texto em sua devida localização. 5. Texto segue diretrizes de formatação constantes no tópico ";;;DIRETRIZES PARA

OS AUTORES";;;, constante na seção ";;;;;;;;SOBRE";;;;;;;; da MERCATOR. 6. Título do texto em INGLÊS, bem como resumo escrito em três línguas, dentre o

Português e Inglês, obrigatórios, e o francês ou espanhol. Declaração de Direito Autoral Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:

1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à MERCATOR o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.

2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.

3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).

Política de Privacidade Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros. Taxas para Autores ##about.authorFeesMessage## Obtenção Número DOI: 34,00 (BRL) A MERCATOR, enveredando esforços no sentido de se aprimorar como periódico científico, se inseriu, recentemente, à Plataforma CROSS REF (http://www.crossref.org/). Pela Cross Ref há a possibilidade de destinação do número DOI, grosso modo definido como número de indexação eletrônico, demandado inclusive no preenchimento dos dados do Currículo Lattes. Para viabilizar sua obtenção propõe-se participação dos colaboradores com depósito de contribuição de 34 reais (trinta e quatro reais - US$ 20,00) por autor, em uma das contas abaixo: BANCO REAL Ag: 0508 C/C: 3705272-4 BANCO BRASIL ag: 4439-3 C/c: 6.181-6 Caso não possa pagar as taxas descritas, notifique a Equipe Editorial através do campo Comentários, pois não é de interesse impedir a publicação de trabalhos importantes. Texto extraído de: http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/index

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ANEXO 2 - Normas de submissão da Revista Boletim Goiano de Geografia

Diretrizes para Autores

O texto deve estar salvo em formato Microsoft Word. Os metadados deverão ser preenchidos com o título do trabalho, nome(s) do(s) autor(es), último grau acadêmico, instituição que trabalha, endereço postal, telefone, fax e e-mail. A extensão do texto poderá variar de 10 a 20 páginas, para artigos e de 5 a 10 págias para notas de pesquisa . O texto deve ser redigido em português ou espanhol e ser acompanhado de resumos (não usar tradutor automático) com o máximo de 200 palavras e títulos em português, inglês, espanhol ou francês (resumos em três línguas) seguido das palavras-chave e key words, palabras clave ou mots clés. Sugere-se o número de 3 a 4 palavras chaves, atentando-se para o conteúdo do texto. Abaixo dos Títulos deverão ser inseridas as informações sobre a afiliação de todos os autores( Por extenso e de forma completa): nome, instituição, estado, cidade e país de origem. Recomenda-se passar a revisão do artigo bem como dos resumos a profissionais especializados.Texto em fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaço duplo entre linhas. Margens inferiores e superiores de 2 e 2,5 cm, esquerda e direita de 3 e 2,5 cm respectivamente. A estrutura do texto deve ser dividida em partes não numeradas, sendo obrigatória a introdução e asconsiderações finais.As figuras (desenhos, gráficos, mapas, esquemas, fotografias e cromos) e suas legendas deverão ser enviados preferencialmente coloridos de modo a permitir uma perfeita legibilidade, em dimensões nunca superiores a 12 cm X 16 cm. Os arquivos de figuras, em formato COREL, TIF ou EPS. No inicio do artigo deve ser incluido nome do autor (es), filiação, cidade, estado, país e e-mail para contato.

Em caso de pesquisa financiada por agência de fomento, inserir nota no final do artigo informando o tipo de fomento (financiamento de mestrado ou doutorado, agências federais, estaduais, municipais ou mesmo internacionais, empresas privadas etc.) e a data de vigência do financiamento.

As referências deverão ser organizadas, obrigatoriamente, de acordo com a NBR-6023 da ABNT (agosto de 2002).

Condições para submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. A contribuição deve ser original e inédita, e não estar sendo avaliada para publicação por outra revista.

2. Os arquivos para submissão estão em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF (desde que não ultrapasse os 3MB)

3. Todos os endereços de páginas na Internet (URLs), incluídas no texto (Ex.: http://www.ibict.br) estão ativos e prontos para clicar.

4. O texto está em espaço duplo; usa uma fonte de 12-pontos; emprega itálico ao invés de sublinhar (exceto em endereços URL); com figuras e tabelas inseridas no texto. As imagens usadas no decorrer do texto devem também ser enviadas em documento a parte e em formato que permita total legibilidade.

5. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na seção Sobre a Revista.

6. Os direitos autorais serão cedidos para o Boletim Goiano de Geografia.

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Declaração de Direito Autoral

Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos no Boletim

Goiano de Geografia, pois devem abrir mão de seus direitos autorais em

favor deste periódico. Os conteúdos publicados, contudo, são de inteira e

exclusiva responsabilidade de seus autores, ainda que reservado aos

editores o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas

da publicação.

Política de Privacidade

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou à terceiros.

UFG – Universida de Federal de Goiás Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA Campus II, Conjunto Itatiaia, Caixa Postal 131, Goiânia- Goiás- Brasil.

Texto extraído de: http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg/about/submissions#authorGuidelines

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ANEXO 3 – Comprovante de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN

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