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ACA 0415 - 2005 O CLIMA DA TERRA: Processos, Mudanças e Impactos Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP O CLIMA DA TERRA: Processos, Mudanças e Impactos Prof. OSWALDO MASSAMBANI, Ph.D. Professor Titular [email protected] Prof. TÉRCIO AMBRIZZI, Ph.D. Professor Titular [email protected] Departamento de Ciências Atmosféricas Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

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Slide 1Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
O CLIMA DA TERRA:
Processos, Mudanças e Impactos
Prof. OSWALDO MASSAMBANI, Ph.D.
Universidade de São Paulo
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
EL NIÑO
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
El Niño – Oscilação Sul
incontrolável pelo Homem
conhecendo-o e prevendo-o, porém, o Homem pode prevenir-se ou mesmo beneficiar dos seus impactos no clima
INTRODUÇÃO
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
El Niño – Oscilação Sul
componente oceânica
componente atmosférica
esta interação entre o oceano e a atmosfera é uma das principais fontes de variabilidade do clima no planeta
ACA 0415 - 2005
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Oscilação Sul (componente atmosférica)
Darwin (Austrália) e Tahiti (Pacífico Sul)
efeito “gangorra”
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Desde o descobrimento das Américas há registos da ocorrência do El Niño. Pescadores peruanos observavam anos em que havia a ocorrência anómala de águas quentes na costa do país e a enorme redução da quantidade de peixe próximo da época do Natal, dando o nome de El Niño ao fenómeno (menino Jesus, em espanhol).
O que é El Niño?
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
tem duração típica de 12 a 18 meses
reaparece normalmente em intervalos de dois a sete anos
evolução típica:
Tem início no princípio do ano
Atinge a máxima intensidade durante o mês de dezembro do mesmo ano (e janeiro do ano seguinte)
Enfraquece na metade do segundo ano
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Os ventos observados no Pacífico Equatorial sopram de leste para oeste, empilhando a água na costa da Ásia.
O que ocorre normalmente?
“ventos alísios”
o nível do mar no Pacífico oeste é cerca de 70 cm mais alto que na costa das Américas
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Essa camada de água quente vai progressivamente diminuindo de espessura para leste, até que na costa do Peru seja praticamente inexistente (com aproximadamente apenas 40 m de espessura), onde predominam águas frias (temperatura da ordem de 15 ºC), que surgem das profundezas oceânicas.
Essas águas frias são ricas em nutrientes, permitindo a manutenção de diversos ecossistemas marinhos e atraindo cardumes.
ACA 0415 - 2005
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
EM ANOS NORMAIS:
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Nos anos sem El Niño, há forte movimento ascendente (de ar húmido e quente) e baixa pressão atmosférica na superfície (favorecendo a formação de nuvens e chuva) na região da Indonésia e setores norte/nordeste da Austrália;
enquanto que há movimento subsidente (de ar seco e frio) e alta pressão atmosférica na superfície (inibindo a formação de nuvens e chuva) no Pacífico Leste, principalmente na costa oeste da América do Sul.
baixa pressão atmos-férica
alta pressão atmos-férica
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
IMPORTANTE:
a distribuição da temperatura da superfície do mar influencia na Célula de Walker e vice-versa, formando um sistema acoplado oceano-atmosfera.
ventos alísios próximo da superfície
movimento ascendente na região da Indonésia
ventos de oeste em altos níveis (próximo da tropopausa)
movimento subsidente no Pacífico Leste
Célula de Walker
+
+
+
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
ACA 0415 - 2005
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
A diferença do nível do mar entre a parte leste e oeste diminui e a camada de água quente, que se encontra no Pacífico oeste, desloca-se para leste, eventualmente atingindo a costa do Peru.
O QUE OCORRE EM ANOS DE EL NIÑO?
Com o surgimento das águas quentes no Pacífico Central, os ventos alísios perdem intensidade, podendo até inverter de direção em algumas regiões do Pacífico Equatorial.
Os ventos de oeste em altos níveis também perdem intensidade sobre o Pacífico tropical leste.
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Com a alteração no regime de ventos, as nuvens que normalmente produzem chuvas abundantes na parte oeste do Oceano Pacífico, próximo à Indonésia, deslocam-se para leste, para o Pacífico Central e, posteriormente, para a costa oeste da América do Sul, trazendo chuvas para esta região.
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
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Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
ACA 0415 - 2005
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
PERDAS SÓCIO-ECONÓMICAS
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
(muito mais fraco)
anomalias quentes avançaram para leste apenas até o Pacífico Central, aumentando ali a TSM em 1 ºC.
IMPACTOS ASSOCIADOS AO EL NIÑO
NO MUNDO: a estrutura das águas mais quentes observadas no Pacífico Tropical durante um evento El Niño pode variar de um episódio para outro, contribuindo para as variações dos impactos gerados pelo fenómeno.
o evento
aumentou TSM próxima ao Peru em 5 ºC
o evento
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
DJF
JJA
EL
NIÑO
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
A mudança da posição das chuvas no Pacífico provoca alterações nas condições climáticas de várias regiões do planeta, devido à grande quantidade de energia envolvida no processo de formação da chuva.
Secas no Nordeste do Brasil, no norte da Austrália, Indonésia e no sudeste da África ou enchentes no Sul e Sudeste do Brasil, no Peru, Equador e parte do leste africano, podem decorrer do fenómeno.
*
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Lembrando: os impactos sobre um local podem mudar de um evento El Niño para outro!
p.ex.: no norte da Região Sudeste brasileira e no Estado da Bahia
1991/92
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Centro Oeste
Não há evidências de efeitos pronunciados nas chuvas desta região. Tendência de chuvas acima da média e temperaturas mais altas.
Norte
Secas de moderadas a intensas no norte e leste da Amazônia. Aumento da probabilidade de incêndios florestais, principalmente em áreas de florestas degradadas.
Nordeste
Como o leste da Amazônia, secas de diversas intensidades no norte do Nordeste ocorrem durante a estação chuvosa de fevereiro a maio. Sul e oeste do Nordeste não são significativamente afetados.
Sudeste
Moderado aumento das temperaturas médias. Não há padrão características de mudança das chuvas.
Sul
Precipitações abundantes, principalmente na primavera e chuvas intensas de maio a julho. Aumento da temperatura média.
Argentina, Paraguai e Uruguai
Precipitações acima da média no nordeste da Argentina, Uruguai e Paraguai, principalmente na primavera e verão.
Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa
Redução das precipitações na maior parte do ano, com exceção dos meses de março a junho que aparentemente não são afetados. A exceção é a costa Pacífica da Colômbia que recebe chuvas intensas no verão.
Equador, Peru, Bolívia e Chile
*
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Percentagem da Precipitação Sazonal em relação ao total anual sobre o Brasil (Adaptado do INMET, 2001)
PRIMAVERA
INVERNO
VERÃO
OUTONO
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Média das Anomalias de Precipitação (mm) observadas nos Episódios El Niño Fortes/Moderados e Fracos (Coelho et al., 1999)
Forte -Moderado
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Média das Anomalias de Precipitação (mm) observadas nos Episódios El Niño Fortes/Moderados e Fracos (Coelho et al., 1999)
Forte -Moderado
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Como o El Niño, a La Niña também varia em intensidade.
E A LA NIÑA?
Fenómeno contrário ao El Niño, ou seja, o arrefecimento das águas superficiais no Pacífico Equatorial Central e Leste.
(também chamado “El Viejo” ou “anti-El Niño”)
Outros eventos La Niña registados ocorreram em: 1904/05, 1908/09, 1910/11, 1916/17, 1924/25, 1928/29, 1938/39, 1950/51, 1955/56, 1964/65, 1970/71, 1973/74, 1975/76, 1988/89, 1995/96 e, mais recentemente, no período de 1998 a 2001.
1995/96
fraco
1988/89
intenso
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Durante os episódios La Niña, observa-se uma intensificação da circulação atmosférica normalmente observada no Pacífico Equatorial.
intensificação da Célula de Walker
Fonte: CPC/NCEP
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Nestas condições, há uma intensificação da velocidade dos ventos alísios que empurra as águas quentes com uma força superior ao normal para a costa da Austrália e da Indonésia, ou mesmo para a Índia. Dá origem a nuvens e cheias de grandes dimensões nessa área.
Na costa do Peru, o ressurgimento de águas frias é também mais forte. Maior afloramento de nutrientes e seca intensa.
Aumenta o desnível da água entre a parte oriental e ocidental do Pacífico.
ACA 0415 - 2005
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
Principais efeitos no Brasil: durante o verão, há tendência de diminuir a chuva sobre a Região Sul e de aumentá-la em parte do Nordeste Brasileiro e no leste da Amazónia.
Como o El Niño, em geral, a La Niña começa a desenvolver-se no início de um ano, atinge sua intensidade máxima no final desse ano e dissipa-se em meados do ano seguinte.
*
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DJF
JJA
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O El Niño ocorre, historicamente, com uma frequência média de quatro anos. No entanto, entre 1984 e 1997 (13 anos) deveria ter ocorrido três vezes e ocorreu seis vezes (o dobro do esperado), sendo a última a mais intensa (4 acima da média).
Os modelos climáticos sugerem que o culpado por essas oscilações é o “efeito de estufa”, embora sem certezas.
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Os cientistas têm observado que a intensidade do El Niño no Pacífico Central quase dobrou, com o evento mais intenso a ocorrer em 2009-2010. O aquecimento global é apontado como a causa deste facto.
Estes resultados sugerem que as alterações climáticas já podem estar a afetar o El Niño, deslocando o centro de ação a partir do Leste para o Pacífico Central.
Há quem afirme que “Se a tendência que observamos continuar, as previsões meteorológicas de longo prazo terão que ser todas alteradas, pois foram baseadas na compreensão do El Niño da segunda metade do século XX”.
ACA 0415 - 2005
Departamento de Ciências Atmosféricas – IAG-USP
ALGUMAS REFERÊNCIAS
AMBRIZZI, T., 2003: El Niño/Oscilação Sul e Teleconexões atmosféricas no Hemisfério Austral. Tese de Livre Docência, 201pp.
MAGAÑA, V. e T. AMBRIZZI, 2005: Climate variability in the tropical and subtropical Americas and El Niño/Southern Oscillation. Atmosfera, 18, 211-235..
AMBRIZZI, T., E.B. SOUZA, AND R.S. PULWARTY, 2004: The Hadley and Walker Regional circulations and associated ENSO impacts on South American seasonal rainfall. In The Hadley Circulation: Present, Past and Future. Edited by Henry F. Diaz and Raymond S. Bradley, Kluwer Academic Publhishers, Chapter 7, 203-235.
COELHO, C.A.S., 2001: Anomalias de precipitação sobre a América do Sul e sua relação com a Temperatura da Superfície do Mar dos oceanos Pacífico e Atlântico durante períodos de extremos de El Niño/Oscilação Sul. Dissertação de Mestrado defendida no Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG/USP, 254 pp.
COELHO, C.A.S.; UVO, C.B.; AMBRIZZI, T., 2002. Exploring the impacts of the tropical Pacific SST on the precipitation patterns over South America during ENSO periods. Theor Appl Climatol 71: 185-197.
DRUMOND, A. ; AMBRIZZI, T., 2003. Estudo observacional e numérico da variação da circulação atmosférica nas América em episódios extremos da Oscilação Sul. Rev. Bras. Meteo., 18(1): 1-12.
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