periodización tactica 2

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este libro trata de explicar un poco mas lo del libro de periodización táctica 1 el fundamento sistemico del futbol

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179Marisa SilvaO desenvolvimento do jogar,segundo a Periodizao TcticaCOLEOPreparao Futbolstica1O desenvOlvimentO dO jOgar, segundO a PeriOdizaO tctica2 Copyriht: Marisa SilvaMCSports (Moreno & Conde Sports Limitada)C/ Coln 43 C. 36700. TUY (PONTEVEDRA)www.mcsports.esISBN:Febrero 2008Diseo de cubierta: AcclamInfografa: Alfredo G. Pinal.Maquetacin: Ignacio LledQuedan rigurosamente prohibidas, sin la autorizacin escrita de los titulares del copyright, bajo las sancio-nes establecidas en las leyes, la reproduccin total o parcial de esta obra por cualquier medio o procedimien-to, comprendidos la reprografa y el tratamiento informtico y la distribucin de ejemplares de ella mediante alquiler o prstamo pblicos.3dedicatriaA todos os que traam o seu percurso de vida na partilha de conhecimentos, convices,obras,conversas,exemplos,confsses,desabafos,questes, gestosedvidas.Porcadamomentoemquesecruzamcaminhose pensamentos.Penso que tem de haver no fundo de tudo, no uma equao, mas uma ideia extremamente simples. E para mim essa ideia, quando por fm a descobrirmos, ser to convincente, to inevitvel, que diremos uns aos outros:Que maravilha! Como poderia ter sido de outra maneira?(John Archibald Wheeler cit. in Wheatley, 1992:18)45agradecimentOsAo Professor Vtor FradeAo Professor Jos GuilhermePorqueascoisastmumaorigem,estaobranasceunosmomentos, conversas e ensinamentos que tive ao longo destes anos.OBRIGADO pelo privilgio!67ndice geraldedicatria3agradecimentOs51.intrOduO112.a fundamentaO sistmica nO futebOl152.1.TeoriA dos sisTemAs. o JoGAr enquAnTo sisTemA de sisTemAs172.1.1. AGlobAlidAde 182.1.2. AinterAco 232.1.3. AorGAnizAo 262.1.3.1.AorGAnizAoestruturAleFuncionAl 272.1.3.2.osPrincPiosdeAco 292.1.3.2.1. AorGAnizAocolectivAnAexPressodosPrincPiosdeAco.umentendimentodetcticA. 302.1.4. AFinAlidAde 342.2.A imPorTnciA de criAr e desenVolVer um modelo372.2.1. oPAPeldomodelonAtomAdAdedecisodosjoGAdores 402.2.1.1.oentendimentocomumnAinterPretAodojoGo.AculturAdAequiPA. 412.2.1.2.dAculturAdePercePoculturAcomPortAmentAl 442.2.2. oPAPeldomodelonAtomAdAdedecisodotreinAdor 503.a sustentaO etnOmetOdOlgica Para O estudO de casO534.Que jOgar? a caracterizaO dO mOdelO de jOgO5584.1.PlAniFicAo sisTmicA. A modelAo do JoGAr.574.1.1. ArelAoPrincPios-momentosdejoGo.umconceitodeesPeciFicidAde. 584.1.2. AArticulAodosPrincPios,sub-PrincPiosesub-PrincPiosdesub-PrincPiosnodesenvolvimentodAesPeciFicidAde. 604.1.3. AArticulAoHierArquizAdAdosPrincPiosdejoGo.AmodelAodAesPeciFicidAde. 644.2.o exerccio como Veculo dA esPeciFicidAde.674.2.1. AintervenodotreinAdornodesenvolvimentodAesPeciFicidAde. 695.PadrO semanal755.1.o diA dA comPeTio.765.2.TerA-FeirA: recuPerAo AcTiVA:785.3.quArTA-FeirA: FrAco inTermdiA do JoGAr.815.4.quinTA-FeirA: A GrAnde FrAco do JoGAr. dinmicA comPlexA do JoGAr.835.5.sexTA-FeirA: PequenA FrAco do JoGAr.855.6.sbAdo: PredisPosio PArA o JoGo.875.7.A AlTernnciA do PAdro semAnAl.886.a anlise desta alternncia HOrizOntal cOntextualizada atravs de um mOrfOciclO.973 feira: recuPeraO activa atravs da abOrdagem mais Parcelar dO jOgar, aO nvel dOs sub-PrincPiOs 1044 feira: abOrdagem da fracO intermdia dO jOgar, aO nvel da articulaO de sub - PrincPiOs 1075 feira: abOrdagem da dinmica cOmPletadO jOgar, aO nvel da articulaO dOs grandes PrincPiOs 11196 feira: abOrdagem da PeQuena fracO dO jOgar, aO nvel dOs sub-PrincPiOs e sub-sub- PrincPiOs 115sbadO: PredisPOsiO Para O jOgO dO dia seguinte 1187.a Pertinncia desta alternncia HOrizOntal cOntextualizada1217.1.como melhorAr esTe TiminG AnTeciPATrio?1288. evidncias cOnclusivas:1359.referncias bibliOgrficas14110.anexOs147ndice de figurasfigura 1 exercciO de Passe73figura 2 a fracciOnalizaO de um PrincPiO90figura 3 mOrfOciclO PadrO desenvOlvidO POr mOurinHO92figura 4 mOrfOciclO PadrO96figura 5 Os HemisfriOs Que cOnstituem O crebrO HumanO.121figura 6 a criaO da intenO Prvia nO crtex frOntal e a activaO dO crtex Parietal. 129figura 7 - da intenO Prvia intenO em acO13210111. intrOduOOprocessodepreparaodasequipasnoFutebolenvolveumconjunto deprocedimentosedecisesqueresultadaformacomosevojogoeo treino.Em consequncia disso, Filipe Martins (2003) identifcou a existncia de vrias tendncias de treino: a originria do Leste da Europa (LE), a originria dospasesdoNortedaEuropae AmricadoNorte(NE),aoriginriados pases Latino- Americanos (TI) e por ltimo, uma tendncia denominada de Periodizao Tctica.A primeira tendncia, oriunda dos pases de Leste da Europa, caracteriza-se pela diviso da poca desportiva em perodos, estruturados para atingir picos de forma em determinados momentos competitivos. Para alm disso, este modelo de preparao confere primazia varivel fsica, assente numa preparao geral e sem qualquer ligao com a forma de jogar. Deste modo, preconizaumprocessoabstractocentradonosfactoresdacargafsica, atravs de mtodos analticos.A segunda tendncia de treino, com origem nos pases do Norte da Europa e Amrica do Norte (NE), tentou transcender o carcter universal da primeira tendncia,dandograndeimportnciaaodesenvolvimentodascapacidades fsicasexigidasnacompetio,defnindo-asdeespecfcas.Apartir daqui,exacerbou-seaavaliaodascargasatravsdostestesfsicos procurando conhecer assim, a forma dos jogadores. Para alm disso, esta tendncia de treino caracteriza-se por desenvolver a varivel fsica, tcnica e psicolgica em separado.Contrariando este carcter analtico, surge nos pases Latino-Americanos uma tendncia designada de Treino Integrado onde os aspectos fsicos, tcnicos e tcticos so desenvolvidos conjuntamente. Deste modo, procura promoverumamaiorsemelhanacomasexignciasdacompetio conferindo uma grande importncia ao Jogo e sua especifcidade. Contudo, esta concepo no deixa de ser abstracta uma vez que se refere a um Jogo geral a partir do qual se faz a estruturao do processo de treino.AdenominadaPeriodizaoTcticaumaconcepodetreinoe competioparaofutebolquetemsidopreconizadapeloprofessorVtor Frade. De acordo com este autor, o processo de preparao deve centrar-se 12naoperacionalizaodeumjogaratravsdacriaoedesenvolvimento contnuo do Modelo de Jogo e portanto, dos seus princpios. Neste contexto, aperiodizaoeprogramaodoprocessoconfereprimaziaTcticaou seja,regula-senodesenvolvimentodeumaorganizaocolectivaque sobrecondiciona a varivel fsica, tcnica e psicolgica. O processo centra-se na aquisio de determinadas regularidades no jogar da equipa atravs daoperacionalizaodosprincpiosdoModelodeJogoassumindo-sepor isso, num Treino Especfco.No sentido de melhor esclarecer esta forma de operacionalizar o processo detreinoprocuramosnumprimeiromomentosistematizarosaspectos conceptometodolgicosqueadefnem.Contudo,aPeriodizao Tctica umaconcepoqueseencontrapoucoretratadanaliteraturaeporisso, deparamo-noscomescassasrefernciasbibliogrfcaslevando-nosa reequacionaroteordestetrabalho.Nesteseguimento,decidimosincidir nosfundamentosconceptometodolgicosqueadefnem,apartirdedados empricosdoprocessodetreino-competiodotreinadorJosGuilherme Oliveira

. A escolha deste treinador deve-se ao facto de ser reconhecido pelo professor Vtor Frade como um dos treinadores que operacionaliza o processo de treino tendo em conta as premissas da Periodizao Tctica.ParaabordarosconceitosdaPeriodizaoTcticasentimosqueera fundamentaldesenvolverumaconcepocomplexadojogarpara transcender a fragmentao reduccionista

da teoria Convencional e superar o holismo abstracto

do Treino Integrado para evidenciar uma nova forma deverojogoeportanto,otreino.Apartirdaquiiremossistematizaros princpios metodolgicos que regem a operacionalizao de um jogar de acordocomaPeriodizao Tcticaparareconhecerosprocedimentosque tornam esta concepo diferente das demais.Com este objectivo, realizamos uma entrevista ao treinador Jos Guilherme com o intuito de conhecer as suas ideias, Intenes e portanto, o modo como pretende jogar. Com esta conversa em anexo contextualizamos a lgica do processo deste treinador e percebemos assim o sentido da operacionalizao doseujogar.Este treinador trabalha na formao do Futebol Clube do Porto, encontrando-se no escalo sub-5 nesta poca de 2007/2008. Para alm disso, professor na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. 2Divideapreparaoemfsica,tcnica,tcticaepsicolgicaetrabalha-as isoladamente. 3Defende uma preparao integral de todas as componentes mas no se referem a um Modelo de Jogo e por isso, assume contornos abstractos. 13Contudo,iniciamosestaobracomaabordagemsistmicanofutebol. Entendendo que a Periodizao Tctica assenta num paradigma diferente do Convencional, era de todo importante que fzssemos uma elucidao simples e sinttica dos conceitos - chave para se entender o jogo e portanto, o treino. Decidimosentrarporumaportadiferenteparaquepossamosdesdelogo partir de um pensamento e uma lgica que nos permite ter um entendimento credvel ainda que diverso ou at marginal. Com este ponto procuramos desdelogotraarumcaminhoalternativonaabordagemdoscontedos queentendemosfundamentaisparaelucidarepermitirumacompreenso orientada para os fenmenos colectivos que se desenvolvem continuamente como o caso do futebol.Noentanto,esteenquadramentoconceptualjseorientanasideiasdo treinadorJosGuilherme,apartirdasquaisoperacionalizaoprocesso. Equacionamososentidodeadequaoempricadassuasescolhase procedimentosnodesenvolvimentodoprocesso.Paraissoexploramosa entrevista para perceber o modo como entende a problemtica do jogo e do processo de treino, condizente com o paradigma sistmico.Posto isto, fazemos a anlise do processo de treino-competio concebido e gerido pelo treinador Jos Guilherme ao longo de uma semana, assumindo-senummicrociclo-padrodoprocesso.Contextualizandoosproblemas empricos com que este treinador se deparou numa dada semana, analisamos o que foi feito para atingir os objectivos traados. O modo como d sentido operacionalizaodosobjectivostraados,ouseja,naoperacionalizao doseujogar.Apartirdaquipercebemosasualgicaconceptualea metodologia com que desenvolve as suas ideias e assim que depreendemos a singularidade do seu processo, em virtude da singularidade do seu jogar.Nummomentoposteriorincidimosnodesenvolvimentodeaspectos decisivosquetornamaPeriodizaoTcticadiferentedasdemais.Epara reforar a viabilidade deste novo paradigma, deixamos propositadamente para o fnal, um captulo dedicado importncia desta concepo metodolgica tendoemcontaaformacomopensamos,comoagimosesentimos. Aps aexposiodetodaalgicaachamosqueseriaomomentoadequado pararefectirmosnoscontributosdasneurocinciasparaalegitimidadee entendimento da Periodizao Tctica.Com este trabalho procuramos esclarecer que a Periodizao Tctica no uma teoria do treino. Assume-se numa nova concepo de jogo e portanto, de treino na qual a Especifcidade dinmica dos acontecimentos lhe d uma singularidade que o treinador tem de contemplar para conseguir o seu jogar. 14Isto porque a Periodizao Tctica isso mesmo, o desenvolvimento do seu jogar atravs de um caminho que se faz fazendodeste modo, a premissa fundamental,primeiro,saberoquesequeredepois,traarumcaminho atravs de um processo ESPECFICO. O trabalho do treinador assemelha-seaodocozinheiroquecomeapordefnirareceita(ojogar),analisando posteriormenteosingredientesecondiesderealizaoquedispe(a cozinhaeutensliosqueprecisa)eapartirdaqui,desenvolveareceita manuseando os ingredientes para conseguir o gosto que pretende. Esperemos que ao longo deste livro possamos aguar o apetite para novas formas de jogaresobretudo,desenvolveracapacidadedemanusearosingredientes para aperfeioar o sabor desse jogar152. a fundamentaO sistmica nO futebOlProcuramos o esquema de pensamento mais simples possvel que possa ligar os factos observados.(Albert Einstein)Numaanliseevolutivapercebemosqueacinciaocidentalorientou-seeedifcou-sesobreoscontributosdoracionalismoclssico,herdado deAristtelesedesenvolvidoporDescartes(Durand,979).Comeste autor, a cincia desenvolveu-se sobre os seguintes princpios fundamentais (Descartes, 97 in Durand, 979:):dividir no maior nmero possvel deparcelas cada uma das difculdades aexaminar,tantoquantofornecessrioparamelhorasresolver;orientar ordenadamente os pensamentos, comeando pelos objectosmaissimplesemaisfceisdecompreenderparamostrarcomopoucoa pouco, por graus sucessivos, se chega ao conhecimento dos maiscomplexos;fazer sempre levantamentos to completos e apreciaes to geraisquantopossvel,deformaaassegurarquenadaomito.A partir destes pressupostos, o decurso da investigao segue o pensamento analtico e por isso, assistimos institucionalizao do positivismo segundo oqualosobjectossoreduzidoseisoladosparatentarconhecerasua complexidade.Para alm disso, verifcamos a difuso do conceito de universalidade atravs de metodologias gerais, como um pronto-a-usar,que pouco valorizam os dados contextuais de cada problema.Estepanoramadainvestigaoedoconhecimentofoicontestadopor diversos autores (e obras) como Capra, Varela, I. Prigogine, Maturana, entre lll16outrosquedefendiamopensamentosistmicoemdetrimentodoanaltico (Carrilho, 99).Apesar desta alternativa, facilmente nos apercebemos do triunfo cartesiano naformadeequacionarosproblemaseportanto,deinteragirsobreeles. Noentanto,estaformaredutoradeinterpretarosproblemascomplexose os procedimentos abstractos tm cado em falncia metodolgica (Durand, 979).Emconsequnciadisso,verifcamosaaceitaoecredibilidade crescente da Teoria dos Sistemas e do Pensamento Ecolgico, que desenvolve uma linguagem que transcende o reduccionismo cartesiano.A pertinncia desta questo pode parecer abstracta ou ftil para a nossa rea de estudo. Contudo, a adopo dos pressupostos Convencionais condiciona o modo como pensamos, interpretamos e interagimos na realidade e por isso, no Futebol. Deste modo, acreditamos que este fenmeno deve ser equacionado luz de um pensamento sistmico para que a partir daqui, se desenvolva uma metodologia congruente com a sua complexidade.Face a isto, diversos autores como Weiner, Rosnay, Von Bertalanffy, Morin que aparentemente nada tm a ver com o Futebol desenvolveram um novo paradigma que nos permite conhecer o jogo e o treino com outros olhos. Neste sentido, a abordagem sistmica leva-nos a conceber o nosso objecto de estudo de outra forma e por isso, a adoptar procedimentos diferentes dos Convencionais para atingir elevados rendimentos.Acomplexidadedesteobjectivo(problema)exigeumametodologia coerenteeadequadaquevdeencontrosuanaturezaempricaepor isso,acreditamosqueateoriaemetodologiadetreinodevetranscender ospressupostosClssicoseequacionaroFutebolapartirdeuma abordagem sistmica. Atravs dela, adoptam-se instrumentos conceptuais e procedimentos empricos que procuram a modelao da realidade (ou seja, dojogo),defnindo-sedemodelao sistmica4 (Bertrand&Guillement, 988).um cartesiano olharia para uma rvore e a dissecaria, mas a ele jamais entenderia a natureza da rvore. um pensador de sistemas veria as trocas sazonais entre a rvore e a terra, entre a terra e o cu. (...) um pensador de sistemas veria a vida da rvore somente em relao vida de toda a foresta, como o habitat de pssaros, o lar de insectos... (in Ponto de Mutao citado por Ribeiro, 2003)Modelao Sistmica: um conceito que ser abordado num momento posterior e por isso, passvel de um maior esclarecimento. 172.1. TeoriadossisTemas.ojogarenquanTosisTemadesisTemasPensamos situar-nos hoje num ponto crucial desta aventura, no ponto de partida de uma nova racionalidade, que deixou de identifcar cincia e certeza, probabilidade e ignorncia(Ilya Prigogine, cit. Benkirane,2002)Nadcada50,VonBertalanffyelaborouA teoria Geral dos sistemasatravsdaqualiniciaoparadigmasistmico.Deacordocomesteautor, osistemadefne-seemcomplexos elementos em interaco (977,cit. Frade, 990:). Deste modo, no ser a equipa um sistema?Concorrendo para esta questo, Morin (997) refere-nos que o sistema um todo constitudo pelas relaes dos seus constituintes. Neste seguimento, o jogar expressa as relaes de cooperao entre os colegas e de oposio com os adversrios. De acordo com esta concepo, o jogo um sistema de sistemas.Assim,partindodestaformadeconceberojogar,abordaremosum conjuntodeconceitosfundamentaisquecaracterizamossistemas:a globalidade, a interaco, a organizao e a fnalidade.182.1.1. A GlobAlidAdETrata-se aqui de uma noo tipicamente complexa: quando se v a unidade, v-se a diversidade na unidade e, quando existe diversidade, procura-se a unidade.(Morin, 1990)O futebolista deve conservar o gosto por jogar e o desejo de perfeio, a partir daqui s necessrio pr-se de acordo com a ideia que vai defender porque sendo vital a qualidade individual, ainda o mais a capacidade de coordenao de todos os elementos em jogo(Valdano, 1998: 238)Para esclarecer o conceito de sistema, Saussure (9 cit. Durand, 979:) refere-nos que umatotalidade organizada porelementossolitrios,quepodem defnir-se apenas uns em relao aos outros, em funo do seu lugar nestatotalidade.Face a isto, como conceptualizar as entidades colectivas e os seus elementos ouseja,comoconceberojogocomofenmenocolectivoeosjogadores comopartedessaentidade?SegundoKaufmann&Qur(200)surgiram duas concepes, a nominalista e a individualista.Aconceponominalistacompreendeaentidadecolectiva(aequipa) nosseustermosgeraisatravsdosconceitosdauniversalidade. Analisaa equipanasuaglobalidadeconstitudaporelementosindependentesque podem estabelecer relaes entre si. Esta concepo no diferencia os seus elementos nem os compreende nessa mesma totalidade e por isso, v apenas a totalidade descurando das particularidades e relaes dos jogadores.Trata-seassimdeumholismo

queassentanumconceitodeunidade globalabstracta.Combatendoestaideia,Morin(98:00)citaPascal queconsideraimpossvelconhecer as partes sem conhecer o todo, comoconhecer o todo sem conhecer particularmente as partes. Analogamente podemosdizerqueparaconheceraequipacomoumatotalidadedevemos compreenderasrelaesdosseusjogadoresdomesmomodoquepara conhecerestasrelaes(comopartesdojogo)temosdecompreendera equipa.5Oholismoumacorrentedepensamentoqueentendeosobjectos/fenmenos como um todo. 19Por isso, o conceito de totalidade no pode confundir-se com um holismo abstractoouseja,naideiadeumaunidadeglobalquedescuradopapel dinmicodassuaspartes,dasinteracesinterrelacionaisdossectoresda equipa, das caractersticas individuais e das relaes dos jogadores nos vrios momentos de jogo.Reconhecendo a importncia do individual na constituio das entidades colectivas,asegundaconcepoindividualistaentendequeocolectivo constitudoporumapluralidadedeelementosquedevemseranalisados nasuaindividualidade,apesardepoderemestabelecerrelaesunscom osoutros(Kaufmann&Qur,200).Nestaperspectiva,aequipareduz-se a uma anlise dos seus jogadores em termos singulares ou seja, entende aentidadecolectivacomoumsomatriodejogadoresquesoanalisados isoladamente.Contudo, Kaufmann & Qur (200) reconhecem que apesar das entidades colectivas como a equipa - ser constituda por um conjunto de elementos, estesnotmumaexistnciaindependentecomopreconizaaconcepo individualista. Os elementos so ligados por uma regra ou lei ou seja, comumadeterminaolgicaeporisso,tmumaexistnciarelacionada enquanto parte dessa entidade.Neste sentido Morin (997:03) refere-nos que uma unidade colectiva no se reduz justaposio dos seus elementos porque adquire uma identidade global, que superiorsomadassuaspartesconstituintes. Desta forma evidencia que o sistema expressa um conjunto de propriedades que os seus elementosnoapresentamisoladamenteounoutrosistema.Faceaisto, podemos ver a equipa como um sistema que vale pelo seu todo, em virtude das interaces dos seus jogadores, que fazem com que a dinmica do jogo apresente determinadas caractersticas.Assim,emalternativaconcepoindividualistaeaoholismo, Descombes(ref.inKaufmanneQur,200)surgecomumaconcepo pseudo-holista.Entendeasentidadescolectivascomoumatotalidade signifcanteouseja,comumaordemapartirdaqualpercebeasrelaes todo-partes.Deacordocomestalgica,asrelaesdosjogadorestmum determinadosignifcadoemfunodaequipa(totalidade)queconstituem. Destemodo,compreende-seaindividualidadenasrelaesqueestabelece com os demais colegas no desenvolvimento desta actividade colectiva.Assim,asentidadescolectivasresultamdoarranjodosindivduos (entenda-sejogadores)numatotalidadeestruturadaouseja,numarelao 20confgurada(Kaufmann&Qur,200).Nestesentido,trata-sedeum conceitodecolectivoquenoanulaaindividualidadeondecadajogador assume um papel na totalidade que constitui.Deste modo, uma unidade constituda por jogadores que se relacionam unsdosoutrosnasrelaesquedefnemaequipaeporisso,devemser perspectivados luz do sistema (equipa) que constituem. De acordo com esta lgica, as equipas valem pela sua identidade ou seja, pelo seu colectivo.Em concordncia com esta ideia, Mourinho (2003) refere-nos que a melhor equipa no a que tem melhores jogadores mas a que joga como uma equipa. Atravs desta perspectiva, este treinador considera que mais importante do que ter um conjunto de jogadores, fundamental que se relacionem de modo a criarem uma unidade colectiva. Deste modo, so as relaes e interaces entreosjogadoresquetornamojogonumaactividadecolectiva(Cunhae Silva, 999).Para isso, a equipa tem um conjunto de jogadores com diferentes funes, quecondicionamaspropriedadesdotodo.Ento,afunoqueojogador desempenhanoseiodaequiparesultadasrefernciascolectivas.Segundo Kaufmann&Qur(200),nosfenmenoscolectivososujeitoapreende normas, valores e desenvolve capacidades, adquire hbitos na socializao do todo ou seja, nas relaes com os demais. Neste contexto, o desenvolvimento de uma dinmica colectiva entenda-se jogar faz com que as exigncias individuaissejamsobrecondicionadaspelopapelquedesempenhamnessa equipa.De modo a esclarecer esta ideia, facilmente percebemos que na constituio da equipa os jogadores assumem funes diferenciadas mas reconhecemos que os comportamentos a desenvolver nos momentos defensivos, ofensivos e nas transies depende da forma como a equipa joga. Por isso, tomemos como exemplo o lateral direito duma equipa que ataca predominantemente atravs de situaes rpidas e consequentemente, assume uma funo dspar de um lateral direito que actua numa equipa que privilegia o ataque posicional curto e com circulao de bola pela defesa.Face a isto, compreendemos que cada jogador desempenha um determinado papel na equipa e por isso, a exacerbao do colectivo no um conceito geral ou abstracto. No desenvolvimento de uma aco colectiva (entenda-se jogo), osagentesocupamfuneselugaresdiferenciadosmascomplementares, fxado por uma regra de actividade que defne essa colectividade (Kaufmann & Qur, 200).21Destemodo,concordamoscomFrade(00,inMartins,00)quenos esclarece que as alteraes individuais resultam de um colectivo e por isso, daspropriedadesqueodefnem.Nestecontexto,asalteraesindividuais resultam de uma confgurao colectiva e portanto, das interaces com os demais colegas.Reforandoestepensamento,Kaufmann&Qur(200)afrmamque os elementos das entidades colectivas sointerdependentes sendopossvel conceb-losavriosnveis:doselementos,daspartesedotodo.Nesta perspectiva, o jogoumfenmeno colectivo queseconstitui nasrelaes individuais,grupaisesectoriaisdosjogadores.Trata-sedeumaentidade colectiva cujas interrelaes so partes de um todo, com uma confgurao e um Sentido que contextualiza essas mesmas interaces individuais, grupais e sectoriais.Procurando esclarecer esta ideia, consideremos como exemplo um objecto queevidenciaestalgicadepensamento.Imaginemosumboloquese assume numa totalidade constituda por vrios ingredientes como o acar, ovosentreoutros.Contudo,oboloalgodiferentedosseusingredientes que deixam de ser partes isoladas para se assumirem numa totalidade com os demais e adquirir uma nova expresso. Assim, as partes do bolo no so o acar ou os ovos mas as fatias e as migalhas do prprio bolo e por isso, sequeremosconheceratotalidadeatravsdassuaspartesnopodemos procurarnosingredientesporqueestescontextualizam-senasrelaesque estabelecem com os demais para ganhar uma forma prpria. Assume-se por isso num objecto colectivo cujas partes tm de ser perspectivadas luz do mesmo.Transportando este conceito de colectivo para o jogo percebemos que se trata de um todo que resulta das interaces individuais dos jogadores, que seconstituemnasmigalhasdobolo.Eporisso,esteentendimentodo colectivoleva-nosaequacionarasrelaesdosjogadoresenquantopartes desse mesmo todo. Deste modo, as partes podem ser ao nvel das relaes colectivas, sectoriais, grupais dos jogadores como constituintes de um jogo.Concorrendo para esta perspectiva, Guilherme Oliveira (anexo ) diz-nos queentendeojogocomouma dinmica do conjunto mas que tem sub-dinmicasqueestorelacionadascomessamesmadinmicadeconjunto. Assim,compreendeojogocomoumaunidadecolectivaresultantedas relaes que os jogadores estabelecem entre si.22Partindo deste pensamento, este autor acrescenta que inicia a abordagem aojogocomosseusjogadoresdeumaformaglobalouseja,decomoa equipadevejogarnosvriosmomentosdejogoparaqueosjogadoresse contextualizem nessejogo (todo).Istoporqueo colectivosmaisfortequandotodososjogadores,todosossectoreseaarticulaoentresectorescomea a ser muito forteeparaissoosjogadorestmdeperceberaarticulaoentresectores,aformacomoossectorestmdejogar,aformacomoindividualmentetmdesecomportarfaceaoscolegas,faceequipa. A partir daqui, os jogadores contextualizam-se no colectivo.Procurando esclarecer esta ideia, d um exemplo: emtermosdefensivosqueroqueaequipadefendazona.ento,aprimeiraideiaquelhestransmitocomoaequipanaglobalidadevaidefenderzona.vaidefendercomlinhasprximas,tantoemprofundidadecomoemlargura,comosearticulamessaslinhasentresi().depoisdelesperceberemtudoisso,euvoudizercomoqueroqueosectordefensivodefenda,oespaoentrejogadores,nocasodosjogadoresdasequipasadversriasseposicionaremdedeterminadaformacomo que o sector defensivo joga em funo disso, se a bola estiver emdeterminada zona, onde os jogadores se devem colocar, se estiver noutra,comoqueseposicionam.eisto,tantoparaosectordefensivo,comoparao sector intermdio e para o sector atacante. eles s compreendem issoquandojentenderamogeral.Nestesentido,oconceitodeglobalidadesubentendeumarelaotodo-partesconcretaondeadinmicaindividualadquireumdadosentidoem funo da unidade colectiva. De acordo com este entendimento, o jogo um tododinmicocujaidentidadecolectivaresultadeumaOrganizao,que lheconfereumaLgica.Porisso,opapelindividualqueosujeitoassume no desenvolvimento dessa instncia colectiva torna-se objectivo ou seja, os comportamentos adquirem um dado signifcado.Estaabordagemsistmicareforaassimocarcterinter-relacionaldos jogadoresequenoslevaaequacionarumoutroconceitofundamental:a interaco.232.1.2. A intErACotoda a interaco dotada de alguma estabilidade ou regularidade assume um carcter organizacional e produz um sistema ( Morin, 1990)Apesardetradicionalmenteseentenderasacesnumarelaolinearde causa-efeito, o conceito de sistema leva-nos para um outro entendimento ou seja, deixa de se analisar os comportamentos dos jogadores como uma aco para ser reconhecida como uma INTERaco. De acordo com esta lgica, a aco de um jogador infuencia a dinmica do sistema e portanto, nas intenes e decises dos demais. Tratando-se de um fenmeno colectivo, a aco colectiva pelo que provoca nos outros e nas suas relaes (Kaufmann & Qur, 200)Reforandoestalgica,VtorFrade(990)reconhecequeofutebol umjogodedinmicascujainvarianteestruturalaInteraco.Partindo destaperspectiva,ojogarumatotalidadequeresultadasinteraces dos jogadores e por isso, no deve ser interpretado como um somatrio de acontecimentos aleatrios porque se inscreve num contexto colectivo.Atravs desta premissa, a tomada de deciso no abstracta porque tem repercusses no contexto onde se inscreve. A deciso do jogador no se reduz asimesma,teminfuncianadinmicadasrelaescomosseuscolegas, adversrios e portanto, no contexto da dinmica colectiva ou seja, no jogo.Concorrendo para este entendimento a teoriadadecisointeractivaevidenciaqueatomadadedecisodeumelementoinfuencianaforma como os demais elementos antecipam os efeitos dessa deciso e a partir da, fazemassuasescolhas. Aacointerpretadaeantecipadapelosdemais elementos,condicionandoassimodesenvolvimentofuturodosistema,ou seja, as interaces.Estalgicafaz-nosreconhecerqueodeterminismocausa-efeito (institucionalizadopelobehaviorismodeWatson)nopermiteapreender os efeitos das decises no sistema ou seja, retrata uma realidade distorcida ecarenciadadasrelaesedosefeitosquecadacomportamentoinduzna dinmica do jogar porque a comunicao visual, a linguagem, a gestualidade corporal, a sugesto, a imitao, as reaces de cada momento de jogo tem repercusses contextualizadas. -Vencedora do Prmio Nobel da Economia em 2005. 24Assim,anaturezadojogocaracteriza-sepeladinmicadasrelaesde cooperao dos colegas da equipa para transcender os propsitos adversrios e por isso, os problemas que se colocam s equipas e jogadores so de natureza tctica(Frade,989;GuilhermeOliveira,99;Garganta,997). Atravs deste conceito, enaltecemos que a adequabilidade da deciso fundamental para resolver as difculdades impostas pelo adversrio e por isso, as exigncias colectivas e individuais que se colocam so tctico-tcnicas.Contudo, estas interaces dos jogadores expressam a inteno individual que subjugada a uma ideia colectiva, a uma Inteno que Guilherme Oliveira (00) designa de projectocolectivodejogo.Atravs deste entendimento, reconhece que a natureza tctica do jogar compreende uma Organizao colectiva que se repercute em cada inteno e deciso do jogador e portanto, nas interaces.Destaforma,estaOrganizaoColectivaconstitui-senaglobalidadeou seja, no todo e as interaces dos jogadores so as partes que o constituem. Assim, as relaes individuais, grupais e sectoriais so ordenadas por uma Organizao, como uma lei que governa o mundo dos factos (Kaufmann & Qur, 200). De acordo com esta ideia, as decises dos jogadores resultam dos dados contextuais mas so sobreconfguradas por regras colectivas que os levam a optar por determinadas escolhas em detrimento de outras.Para uma melhor compreenso imaginemos uma equipa que realiza a transio ofensiva atravs de passes longos do seu meio campo para a frente e uma outra que nesse mesmo momento de jogo, aposta numa progresso apoiada da bola. Em consequncia desta ideia colectiva, os jogadores quando ganham a posse da bola optam por passes longos para a frente enquanto que outros procuram fundamentalmente jogar nos colegas mais prximos.Assim,asdecisesdosjogadoresinscrevem-senumsistemaeportanto, numa lgica de funcionamento segundo a qual as aces do jogo adquirem sentido (Garganta & Cunha e Silva, 000). Sendo deste modo que se estabelece um sistema de valores e referncias que tornam as interaces dos jogadores determinsticasouseja,comumadadaOrganizaoeconsequentemente, uma dada confgurao.Esta confgurao resulta de uma ideia de jogo que o treinador tem para a equipaeportanto,aformacomodesenvolveasrelaesdosjogadoresnos vriosmomentosdejogo.Apartirdaquiaequipamanifestadeterminadas caractersticas e portanto, uma identidade.SegundoGuilhermeOliveira(anexo)o jogo tem de ser um sistemade interacesemqueessas interaces so criaes nossas para se25jogar de determinada forma. Assim,trata-sedemanipularosistemade interaces para fazer emergir uma unidade colectiva ou seja, um padro de comportamentosdosseusjogadores.Nacontinuidadedestalgicaafrma que paraumaequipajogardedeterminadaformahinteracesmasparaumaequipajogardeformadiferente,essasinteracessodiferentes.Neste seguimento, refere ainda que importante perceber que condicionando emexendonessasinteraces-enquantopartes-seinterferena globalidade ou seja, na expresso do jogo. Com este pensamento, este autor d um exemplo que concretiza bem esta ideia. Refere-se dinmica de trs jogadoresatacantesquepossuemumagrandemobilidadeentreeleseque caracteriza o comportamento da equipa e jogadores. Contudo, humdessesjogadores que se lesiona e o jogador que entra para o seu lugar muitomaisestticoeento,arelaodessejogadormaisposicionalcomosoutrospassaa serdiferente.ento,elestmdeinteragirdeuma formadiferentedo que interagiam com o outro e se no tivermos essa preocupao, essaleitura, muitas vezes estamos a criar problemas no relacionamento dessestrsjogadores.Assim, a dinmica colectiva refecte a mudana interactiva destes jogadores.Destemodo,asinteracesdojogoresultamdasrelaesdosjogadores equedevemsermodeladasparafazeremergiradinmicacolectivaque pretende.Assim,asrelaeseinteracesdosjogadoresinscrevem-se numa Organizao Colectiva ou seja, numa Lgica que contextualiza esses comportamentos.Faceaisto,vamosdesenvolverumconceitofulcralnestaabordagem:a Organizao.262.1.3. A orGAnizAoO futebol uma combinao de organizao colectiva, mas de exaltao da capacidade individual(Valdano, 1998: 214)De acordo com Morin (98), o conceito de sistema sem organizao to redutor como o conceito de organizao sem sistema. Assim, a Organizao fundamental para a abordagem sistmica.Segundo este mesmo autor, as caractersticas do sistema resultam da forma comoseorganizamosseuselementos.Porisso,consideraqueadefnio desistemaenvolvedoisconceitosfundamentaisequeavisoholistano contempla: a interaco e a organizao.Nestesentido,aorganizaodosjogadoresconfguraasinteracesda equipaeporisso,levaadeterminadasregularidadesqueaidentifcam. Deste modo, um sistema sem organizao resulta numa agregao aleatria deacontecimentossobreosquaisosjogadoresetreinadortmmaiores difculdades em interagir (Garganta & Cunha e Silva, 2000).Faceaesteentendimento,ainteligibilidadedojogarcompreendeum sistema de interaces que so desenhadas pela organizao da equipa e por isso, adquire uma identidade comportamental resultante dos arranjos dos jogadores em todos os momentos do jogo.De acordo com Durand (979), a organizao dos sistemas contempla um lado estrutural e um lado funcional. No pensamento sistmico, toda a estrutura vistacomomanifestaodeprocessossubjacentesouseja,aestrutura deumsistemaresultadasinteracesqueaconstituem.Analogamente, aorganizaodojogarpartedeumaestruturaquecondicionaumadada dinmica ou funcionalidade.272.1.3.1.A orGAnizAo EstruturAl E FunCionAlNasdcadasanterioresorigemdopensamentosistmico,orusso Alexandre Bogdanov desenvolveu uma teoria ainda hoje pouco conhecida. Esta teoria foi designada de tectologia para expressar a ideia de cincias dasestruturascujoobjectivoeraperceberereconhecerosprincpiosde organizao dos sistemas vivos e no-vivos (Capra, 996). Posteriormente, surge a ciberntica defnida por Nobert Wiener (cit. Capra, 99: 5) como acinciadocontroleedacomunicaonoanimaledamquina.Desenvolvida a partir dos conceitos da teoria geral dos sistemas, esta rea de conhecimento levou pela primeira vez a transcender a diviso cartesiana de corpo-mente, concebendo a mente como o prprio processo da vida e no umacoisa.Destemodo,oladoprocessualfoireconhecidocomoprimado epistemolgico do pensamento sistmico.Nesteseguimento,aestrutura(ouforma)dossistemasvivospassarama ser reconhecidos comoresultado deumprocesso ouseja,dadinmica das interaces.Destemodo,oEstruturalismodacibernticainiciaumanova forma de perceber a organizao da vida apesar de ter ganho uma conotao mecanicista.Nestecontexto,Morin(982)referequeoconceitodeorganizaofoi evoluindoassociadoideiadeestruturadistorcendoereduzindoasua importncia. De acordo com este autor, a estrutura representa o lado rgido e esttico do sistema. Transferindo esta ideia para o jogar, este conceito de estrutura refere-se (e reduz-se) ao sistema de jogo da equipa a partir do qual resulta uma dinmica do jogo. Contudo, como j referimos, o jogar uma fenomenologia dinmica de interaces.Paraesclarecerestaideia,oconceitodeorganizaonossistemasvivos compreende um lado activo ou seja, no se reduz a algumas regras estruturais. A organizao compreende um determinismo que funciona como um programa que regula e orienta a evoluo do sistema. Deste modo, a dinmica do jogo uma funcionalidade organizada a partir de uma estrutura.Apartirdestalgica,oconceitodeorganizaonopodereduzir-seao conceito de estrutura ou melhor, de sistema de jogo. Em consequncia disso, oconceitodeorganizaoqueseadequaaojogar(sistemasdinmicos) 28compreendeoladoevolutivoecentra-senafuncionalidadedaequipa,nas interaces que a constituem.Deste modo, mais importante do que o conceito de sistema de jogo (como estruturadosistema)adinmicaqueresultadasrelaesdosjogadores, quesobrecondicionadaporessadisposio.Facilmentecompreendemos que a dinmica do jogo da equipa que joga num sistema de -4-3-3 difere de quando joga num --- porque a disposio dos jogadores condiciona essa dinmica. Contudo, este conceito de sistema (como estrutura) no pode ser redutor do conceito de organizao porque apesar de condicionar a dinmica dojogarnocompreendeoverdadeirosentidodaorganizaocomouma ordem dinmica.Esclarecendoestaideia,aorganizaodojogopartedosistemadejogo masvaimuitomaisalmdoqueissoporqueumamesmaestruturagera dinmicasdiferenteseporisso,umjogardiferente.Aevidenciaresse facto, percebemos que existem inmeras equipas que partem de uma mesma estrutura mas a organizao das relaes dos jogadores nos vrios momentos de jogo so dspares.Nestesentido,aorganizaocompreendeumaordemquefazemergir determinadasregularidadesnocomportamentodosjogadoreseporisso, noalgoestanque.Destemodo,osistemadejogoopontodepartida paraconfguraradinmicadojogarmasafuncionalidadecompreendeas caractersticasdosjogadores,osprincpiosdeacoemdeterminados momentos, as estratgias de resoluo em determinados contextos.Face a este entendimento, a Organizao sistmica refere-se a princpios de aco que confguram as interaces dos jogadores nos vrios momentos dejogo.Destaforma,podemosdizerqueestesprincpiosdeacosoos princpios de jogo.292.1.3.2.os PrinCPios dE ACoOsprincpiosdejogosoasreferncias(intencionais)dotreinadorpara resolver os problemas do jogo e por isso, expressam-se no comportamento dos jogadores. Procurando defnir este conceito Guilherme Oliveira (anexo ) refere-nos que o princpio o inciodeumcomportamentoqueumtreinadorquerqueaequipaassumaemtermoscolectivoseosjogadoresemtermosindividuais. Destemodo,osprincpiosdejogopotenciamdeterminados comportamentos.Para clarifcar esta ideia, tomemos como exemplo a forma como as equipas fazemprogredirabolanoterreno,umavezquesetratadeumproblema inerentedinmicadojogo.Peranteanecessidadedaequipafazerabola chegarbalizaadversria,umtreinadorapostanumaprogressoatravs depasseslongosorientadosparaoscorredoreslateraisdomeiocampo adversrio, onde se posicionam os extremos. Enquanto isto, outro treinador pretendequeabolaprogridaapartirdadefesacompassescurtosparaa linha de meio campo e assim, chegar zona mais avanada do terreno. Em consequncia destas intenes, na primeira equipa as referncias so os passes longos para as laterais e na segunda os passes curtos entre a defesa e o meio campo levando por isso, a uma dinmica de jogo diferente. Deste modo, os treinadores promovem uma forma diferente de resolver este problema e por isso, os princpios de aco (de jogo) so distintos.Assim, os princpios de jogo permitem ao treinador desenvolver determinadas regularidades comportamentais dos jogadores, organizando as suas relaes e interaces. Desta forma, privilegia uma ordem no desenvolvimento do jogo tornando-o determinstico ou seja, torna a previsibilidade incalculvel dos acontecimentos numa imprevisibilidade potencial (Frade, 998).Concorrendoparaestaideia,GuilhermeOliveira(anexo)refereque atravs dos princpios de jogo ocomportamentodojogadortemdeseinserirdentrodeumdeterminadopadrodejogoisto,dentrodeumaorganizaopr-defnida. Desta forma desenvolve uma identidade colectiva a partir da abordagem dos princpios de jogo fazendo com que expresse uma invarincia7 de acontecimentos.7Oconceitodeinvarinciaretmoquesemantmconstantenadinmicadeum sistema (Stacey, 99). 30Deste modo, a Organizao do jogar ou seja, os princpios, fazem com que os factos do jogo se desenvolvam num determinado universo de possibilidades. Assim, a equipa adquire uma identidade prpria.Desenvolvendoestalgica,VtorFrade(2003,inMartins,2003:XII) preconiza um modelo de preparao designada de Periodizao Tctica. De acordo este autor, a primazia conferida Organizao do ataque, da defesa e das transies e portanto, temavercomadistribuiodosprincpios.No seu entendimento, trata-se de abordar os princpios dos vrios momentos de jogo para que se expressem na matriz comportamental dos jogadores ou seja, numa determinada Organizao Colectiva.2.1.3.2.1.A orGAnizAo ColECtivA nA ExPrEsso dos PrinCPios dE ACo. um EntEndimEnto dE tCtiCA.Atravs desta abordagem, o referido autor enaltece que a Tctica resulta desteconceitodeOrganizaoeporisso,compreendeumadeterminada expresso fsica, tcnica e psicolgica. Neste contexto, a Tctica subentende odesenvolvimentodosprincpiosdeacodaequipaqueinduzema adaptaes concretas a nvel fsico, tcnico e psicolgico.Faceaesteentendimentopercebemosqueaexacerbaofsicatemum papelsubjugadoaodesenvolvimentodasrelaesentreosjogadorespara assim, criar uma entidade colectiva e portanto, uma organizao. Deste modo, esta concepo desafa a Teoria Convencional do Treino uma vez que esta se preocupa fundamentalmente com as aquisies fsicas dos jogadores em detrimento de um entendimento colectivo e das relaes que o constituem.Em afnidade com a concepo Tctica encontra-se Jos Mourinho (cit. Oliveira et al., 200: 93) que afrma que a sua prioridade que a equipa tenha um conjuntodeprincpiosquedemorganizaoequipa e por isso, as preocupaestcnicas,fsicasepsicolgicassurgemporarrastamento.Procurandoesclareceresteconceito,voltemosaoexemploanterioronde uma equipa adopta como princpio fazer a bola progredir com passes longos enquanto que a outra o faz atravs de passes curtos. Daqui percebemos que os padres de ocorrncias que defnem as equipas em questo so diferentes, fruto de uma organizao. Deste modo, as exigncias fsicas dos princpios desenvolvidosemcadaequipasodiferentespoisnaprimeiraexistea 31dominnciadedeslocamentosmaisprolongados,comabolaaserjogada noespaoenquantoquenaoutra,osdeslocamentossomaiscurtos,com mudanasdedirecoesentidomaisfrequentes.Comisto,asadaptaes bioqumicaseneuromuscularessoconcretaseportanto,resultantesda confguraodosprincpios.Domesmomodo,asexignciastcnicase psicolgicas resultam dos referidos princpios. Face a isto, a Organizao do jogo algo Especfco que requer um conhecimento e domnio das solicitaes e exigncias que cada jogar envolve, para que o seu desenvolvimento seja consistente.Noentanto,ocarcterdaOrganizaoColectivacomportarepercusses concretasemcadajogador,pelopapelquedesempenhanoseiodojogar. Comojreferimosanteriormente,aunidadecolectivadosistema(a totalidade)noalgoabstractomasresultadasrelaeseinteracesdos jogadores e portanto, de um padro de acontecimentos que faz com que os comportamentos de um defesa central sejam diferentes de um extremo, por exemplo.Paraalmdisso,odefesacentralnumaequipadesenvolvedeterminadas funes e comportamentos que resultam dos princpios de jogo e que portanto, numa outra equipa so diferentes. Deste modo, as adaptaes que resultam do jogar so verdadeiramente Especfcas, ou seja, condicionadas pela funo quedesempenhanaequipa. Assim,aOrganizaodojogarcomportaum conceito de Especifcidade subjacente aos princpios de jogo que a equipa e os jogadores desenvolvem.Neste contexto, Vtor Frade (2004) refere que esta abordagem auto-hetero ou seja, os comportamentos individuais (auto) no se descontextualizam do colectivo(hetero)atravsdosprincpiosdeacodaequipa.Destaforma, o processo individualizante porque se privilegia a qualidade individual apoiada no colectivo, numa determinada lgica de jogo.Neste sentido, Guilherme Oliveira (anexo ) afrma que s assim o conceito de Especifcidade adquire uma expresso concreta pois contempla as funes einteracesqueosjogadoresdesempenhamnadinmicacolectiva.A Especifcidade assenta por isso, no conceito de globalidade que compreende arelaotodo-partes,contextualizadanumaOrganizao.Destemodoas interaces individuais, grupais, sectoriais e intersectoriais que constituem a dinmica colectiva no so gerais, reconhecendo o papel de cada jogador.Reforando este pensamento, Descombes (ref. Kaufmann & Qur, 200) refere que a relao todo-partes supe um princpio de organizao que se 32assume como primado lgico do todo sobre as partes. De acordo com esta ideia,aEspecifcidadedasrelaesentreotodoOrganizado(jogo)eas suaspartes(relaesdosjogadores)quetornaosfenmenoscolectivos signifcantes ou seja, com um signifcado. Assim, a Especifcidade colectiva confgura-se nos princpios de interaco dos jogadores.Deacordocomestaperspectiva,aexacerbaodaequipaenquanto colectivofazcomqueasrepercussesindividuaisadquiramdeterminados contornos.Porisso,JosMourinho(inOliveiraetal.,200:93)refere queasuaprioridadeodesempenhocolectivo,queaequipajoguecomo pretende,acrescentandoaindaquenoconcebeaevoluodeumjogador descontextualizada da equipa. A dinmica colectiva resulta da participao individual dos jogadores de um modo Especfco ou seja, enquadrado pelos princpios de aco que caracterizam a equipa.Atravs deles estabelece-se um conjunto de normas e valores sobre o qual se compreende a participao individual ou seja, os jogadores participam no jogo de acordo com determinados princpios. Desta forma, o jogador um agente normativo ou seja, os comportamentos resultam de determinadas normasevalores(Ogien,00).Deacordocomestalgica,osjogadores apropriam-se desses valores e princpios no prprio processo de socializao ou melhor, nas relaes que estabelecem com os colegas no desenvolvimento do jogo.A teoria do agente normativo refere-se existncia de valores e normas comuns na regulao dos comportamentos individuais (Ogien, 00). Neste sentido,acrescentaqueaordemsocialdasentidadescolectivas(comoo jogo) resulta da aquisio e interiorizao desses mesmos valores apesar das divergncias de interesses, conhecimentos, expectativas dos seus elementos (Ogien, 00). De acordo com esta concepo, os jogadores orientam os seus comportamentos segundo os valores institucionalizados no funcionamento da equipa. Deste modo, o comportamento individual nas entidades colectivas condicionado por um quadro de condutas ou seja, pelos princpios de aco (Ogien, 00).Comestepensamento,asinteracesindividuaisnoseconfnam suaevidnciaouseja,valorizaaordemsocialeosmotivosinternosque condicionam as relaes com o envolvimento (Ogien, 00). Neste sentido, os comportamentos dos jogadores resultam das normas e valores interiorizados no desenvolvimento do jogo e por isso, dos princpios de aco que defnem a equipa.33DeenaltecerqueosprincpiosdeacoresultamdeumaFinalidadeou seja, dos objectivos do treinador para cada momento de jogo (ao nvel das interaces dos jogadores). Assim sendo, a Organizao funcional (dinmica) pretendida para a equipa condiciona o caminho a seguir, no desenvolvimento de determinados comportamentos em detrimento de outros.Face a isto, iremos abordar um outro conceito fundamental na sistmica: a Finalidade.342.1.4. A FinAlidAdECada verdade tem o seu momento mas quando se elege uma verdade deve-se defend-la em todo o momento (Valdano, 1998: 207)Comojreferimosanteriormente,adinmicadeumsistemaresultadas interaces dos seus elementos. Contudo, estas interaces so condicionadas pelos objectivos que perseguem ou seja, a fnalidade confgura a forma como se relacionam os seus elementos (Bertrand & Guillemet, 988). Deste modo, a fnalidade orienta e d sentido evoluo do sistema.De acordo com esta lgica, a Finalidade a forma como se quer jogar ou seja, defne-se numa ideia de jogo que o treinador objectiva para a sua equipa e que se vai desenvolvendo ao longo do processo. Assim, podemos entend-lacomoumaconjecturaquevaiconfgurarasinteracesindividuaise colectivas da equipa.Concorrendoparaestesentido,GuilhermeOliveira(2004:30)refere-nos que importante que otreinadorsaibamuitobemaquiloquepretendeda equipa e do jogo, que tenha ideias muito concretas relativamente sinvariantes/padresquepretendequeasuaequipaeosrespectivosjogadoresmanifestem.Reforandoesteaspecto,JosMourinho(cit. Oliveiraetal., 200)afrmaquefundamentalqueosjogadorescompreendamassuas ideiasouseja,asuaflosofadejogoparaquedestemodo,possamter comportamentos ajustados ao que pretende. Assim, esta ideia de jogo a que se aspira a Finalidade do jogar e por isso, o Modelo de Jogo.SegundoVtorFrade(985:5),omodelocomoumapedagogia deprojectoque deve estar constantemente a ser visualizado assumindo-se no elementocausaldofuturoouseja,noreferencialquesepretendeatingir. Destaforma,omodeloojogoaqueseaspiraeportanto,vaiorientaras decises face a esse Propsito.Deacordocomestalgica,GuilhermeOliveira(anexo)referequeomodelodejogoumaspectofundamentaldetodoomeuprocessodetreinoporqueelequemevaiorientando,mevaidireccionandoemtudoaquiloquefaoepeoparafazeremdiaadia.Avanando nesta ideia, refere ainda que humanecessidadepermanentedomodeloestarsemprepresenteem35todo o instante de forma a que as coisas se direccionem sempre como eupretendoqueaconteam.Assim,omodocomosepretendejogardeterminanteparaconfgurar oprpriojogoporqueseumtreinadortemcomoidealqueasuaequipa jogue com a manuteno e circulao da bola a partir do seu meio campo, ento ir privilegiar uma dinmica diferente de um outro treinador que tem comofnalidadejogarfundamentalmenteemtransiodefesa-ataque,aps ganhar a posse da bola no seu meio campo. Com isto, depreendemos que os princpios de jogo so diferentes, condicionados por uma fnalidade ou seja, por um Modelo de Jogo.Contudo, o modelo no se restringe ao plano conceptual ou ideolgico do jogo ou seja, compreende igualmente o lado prtico uma vez que o jogo umfenmenoqueseencontraempermanenteconstruo.Demonstrando acordocomesteaspecto,Castelo(99)referequeomodelodejogo compreendeasuaevoluodinmicaecriativaaolongodoseuprocesso dedesenvolvimento.Faceaisto,GuilhermeOliveira(anexo)concorda que to importante como o lado das ideias do treinador para o jogar o lado prtico do processo, da forma como os jogadores compreendem o projecto colectivo da equipa e o desenvolvem.Assim, a ideia que o treinador tem para a equipa passa pela Organizao Colectiva nos vrios momentos de jogo. Por isso, Guilherme Oliveira (anexo ) afrma que otreinadortemumconjuntodeideiasrelativasaojogarquepretendeparaaequipaejogadorese que so transmitidas aos jogadores paraqueapartirdesseentendimento,oscomportamentossemanifestem dentro de determinados padres.Este conceito de Modelo defne-se num projecto que se vai desenvolvendo aolongodoprocessoatravsdoqualsecriaumconjuntodevalorese princpiosqueconferemumadeterminadalgicaaosfactosdojogo.Por isso, o Modelo de Jogo pode compreender-se como um idioma sobre o qual os jogadores e treinador desenvolvem a linguagem do jogo.Nestesentido,omodelodejogopromoveumaculturaorganizacional ouseja,umconjuntodeprincpiosquesopartilhadospelosjogadorese treinadorparadesenvolverumadeterminadaformadejogar.Porisso,o modelo estabelece umsentidodemissocolectiva dinmica do sistema (Bertrand & Guillemet, 988: 7).36Atravs deste pressuposto, a Finalidade ou seja, o modelo de jogo de uma equipa, no se dissocia do conceito de Organizao uma vez que as interaces so concebidas em funo dos objectivos pretendidos. Para esclarecer esta ideia, consideremos o seguinte exemplo: uma equipa em momento defensivo tem como objectivo recuperar a posse da bola o mais rapidamente possvel e longe da sua baliza. Face a isto, a organizao defensiva deve ser condizente comissoporqueseperanteesteobjectivo,osjogadoresdefendemnoseu meio campo, a viabilidade de sucesso ser menor. No entanto, se a equipa se organizar defensivamente no meio campo adversrio ser mais provvel recuperar a posse da bola longe da sua baliza. Deste modo, percebemos que os objectivos so determinantes na Organizao da equipa.Aimportnciadesteaspectoparece-nosfundamentalporqueatravs dosprincpiosdomodeloqueotreinadorOrganizaoscomportamentosda equipa e dos jogadores. Assim, promove uma forma de interagir nos vrios momentos de jogo. E desta forma condiciona o modo como os jogadores iro solucionar os seus problemas, levando-nos a citar Valdano (998: 238):o princpio da autoridade deve equilibrar poder e respeito; o treinador que abusa das ordens o que no sabe convencer. o que o jogador pede so respostas aos seus problemas e o maestro que encontra essas solues no necessitar de gritar porque ter ganho autoridade com conhecimentos372.2. aimporTnciadecriaredesenvolverummodelo()O xito no futebol tem mil receitas . O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores(Valdano, 1998: 210)Comojreferimos,aFinalidadedosistemaouseja,oModelodeJogo confere um determinado Sentido ao desenvolvimento do processo face a um conjunto de regularidades que se pretendem observar. Deste modo, o modelo permite responder questo: para onde vamos?Apertinnciadestaquestoparece-nosfundamentalparadesenvolver umprocessodireccionadoparaumdeterminadojogarouseja,paraum processo Intencional. A partir dele criam-se um conjunto de referncias que defnem a organizao da equipa e jogadores nos vrios momentos de jogo. Destemodo,omodeloorientaoprocessoparaumjogarconcretoatravs dosprincpioscolectivoseindividuaisemfunodoquepretendido. Neste sentido, trata-se de desenvolver um jogar Especfco e no um jogar qualquer.EvidenciandoaimportnciadesteModelodejogo,VtorFrade(2004) afrmaqueojogarumaorganizaoconstrudapeloprocessodetreino, faceaumfuturoquesepretendeatingir.Destemodo,esclarecequeo processoconfguraojogofazendoemergirdeterminadasregularidadesno comportamento da equipa e jogadores.Reforando esta lgica, Guilherme Oliveira (anexo ) refere que atravs dos princpios do modelo de jogo que se desenvolve a Organizao colectiva e individual dos jogadores e que se expressa num padro de comportamentos que o treinador objectiva para a equipa.Neste entendimento, o modelo envolve a operacionalizao dos princpios de aco dos jogadores nos vrios momentos de jogo. Por isso, este conceito de modelo de jogo no se reduz a uma ideia geral, tratando-se sobretudo de confgurarasinteracesdosjogadores.Reforandoesteladopragmtico 38doprocesso,VtorFrade(2003inMartins,2003:III)afrmaquemaisimportante que a prpria noo de modelo, so os princpios do prpriomodelo uma vez que nem todos assumem a mesma importncia8 nem so operacionalizados da mesma forma.Por isso, a confgurao do modelo resulta da articulao e desenvolvimento dosprincpiosparaqueojogoadquiraumadadaidentidade.Destaforma defne uma qualidade comportamental promovida pelos princpios de aco sobre os quais o treinador e jogadores analisam e interpretam os factos do jogo e de desenvolvimento do processo. Assim, atravs do modelo que se concebemeavaliamasinteneseosacontecimentosdetodooprocesso face ao que se pretende (Le Moigne, 994).Nesteseguimento,GuilhermeOliveira(2004)referequeoModelo fundamental para conceber e desenvolver um processo coerente e Especfco preocupado em criar um jogar. Com esta lgica, enaltece que a construo do processo de treino-competio deve assentar numa dada articulao de Sentido condicionando assim os procedimentos e decises do treinador e jogadores. Deste modo, no existe um modelo de jogo nico porque cada treinador tem as suas ideias e portanto, determinados objectivos comportamentais para a equipa.Paraalmdisso,aformacomoosobjectivossointerpretadose concretizadospelosjogadorescondicionamodesenvolvimentodoprprio modelo.Assim,osprincpiosadquiremumaconfguraoemfunodas particularidades que envolvem a equipa e que tornam a evoluo do processo singular.Aindanestecontexto,entendemosqueimportanteevidenciaras caractersticasdosjogadoresumavezquesodeterminantesnaprpria concretizaodosprincpiosdejogo.Nestesentido,imaginemosuma equipa que tem como princpio ofensivo circular a bola pelos trs corredores. Todavia, o modo como este princpio concretizado depende da interpretao, caractersticasecapacidadedosjogadoresouseja,seapresentamumbom jogoposicional,umaboaqualidadedepasseerecepo,seexploramos espaos. Assim, se numa equipa os jogadores no tiverem qualidade de passe erecepoouseosjogadorestiveremdifculdadesemjogarlongeento, iro predominar os passes curtos e por isso, a concretizao deste princpio acontececomessaconfgurao.Noentanto,numaoutraequipa,com jogadores com qualidade de passe a mdia e longa distncia, a circulao da 8Esta questo ser desenvolvida posteriormente.39bola no se restringe ao jogo curto permitindo mudanas de corredor rpidas. Deste modo, este mesmo princpio condicionado pelas caractersticas dos jogadores. Face a isto, podemos referir que os princpios so recriados pelos jogadoreseequipaquedevemserumacrescentocriativoqualidadedo jogo.402.2.1. o PAPEl do modElo nA tomAdA dE dECiso dos joGAdorEsA maneira como o indivduo apreende e interpreta a informao depende da sua experincia, dos seus valores, das suas aptides, das suas necessidades e das suas expectativas. Temos tendncia para reter os dados que so compatveis com as nossas convices e as nossas ideologias, e que nos convm.(Abravanel, 1986)DeacordocomFaria(999),ojogoumaconstruoactivaquese desenvolve e decorre da afrmao e actualizao das escolhas e decises dos jogadores, realizadas num ambiente de constrangimentos e possibilidades.Concorrendoparaestaquesto,Frade(98:)reconhecequetoda aacodojogocontmincerteza e por isso, necessrio realizarestratgiasdecomportamento,comoartedeagiremcondiesaleatriaseadversas. Atravsdestaideia,esteautorevidenciaaimportnciadeummodelode comportamentoseprincpiosdeacoparaconstruirumadadaformade jogar.Reforandoesteaspecto,LeMoigne(994),refere-nosqueoprojectodo modelizador-omodelodejogo-permitecompreend-loprojectivamente ouseja,tornaarepresentaosignifcativa.Assim,podemosdizerqueas decises dos jogadores tm um determinado valor e sentido, na concretizao e desenvolvimento do modelo de jogo. Por isso, os factos de jogo so interpretados luz de um mesmo cdigo simblico ou seja, de um universo conceptual.412.2.1.1.o EntEndimEnto Comum nA intErPrEtAo do joGo. A CulturA dA EQuiPA.Formar uma equipa como criar um estilo, uma atmosfera. Trata-se, acima de tudo, de dar alma a um conjunto de onze futebolistas.(Lobo, 2003)Comojreferimos,omodelodejogodefne-senarefernciacolectiva apartirdaqualosjogadoresanalisameinterpretamosfactosdojogo conferindo-lhe uma signifcao pessoal. Deste modo, importante que este entendimento individual seja congruente com o entendimento da equipa para se criar uma lgica comum. Atravs dela os factos do jogo so interpretados segundo uma mesma perspectiva.Reconhecendo que as situaes de jogo envolvem dados variveis que no so antecipveis ou seja, conhecidos priori, ento, a signifcao pessoal deve convergir para uma lgica interna de funcionamento (Garganta & Cunha eSilva,000).Destemodo,modelaabasedeinterpretaodosjogadores que tm ideias, experincias, valores e conhecimentos diferentes.Faceaistoosjogadorespodemterumapaisagemmentaldiferenteou mesmo contrria ao que o treinador pretende e por isso, Vtor Frade (2003 inMartins,2003:X)referequetemdesecriarumapaisagem mental porque o desenvolvimento de um jogo temdenascerprimeironacabeadosjogadores.Este aspecto fundamental para que as decises e interaces dos jogadores sejamantecipadospelosdemaiscolegasdeacordocomumconjuntode directrizes que confguram os vrios momentos de jogo. Concorrendo para estaideiacolectiva, Valdano(998)referequeparaumjogodequalidade importante ter cincoou seis jogadores a pensar a mesma coisa ao mesmo tempo.Assim,omodelodejogoeosseusprincpiosprocuramumapercepo comum dos factos do jogo concorrendo para uma organizao comportamental ou seja, que as decises dos jogadores se inscrevam num contexto Especfco Colectivo. Convergindo para esta lgica, Resende (2002:8) afrma que os jogadores devem desenvolver ummapadoseufutebol para que possam atribuirumsentidoaocomportamento.Atravsdestaideiaenaltecea 42importnciadeperanteummesmoacontecimentohaverumentendimento comum dos jogadores. Segundo Vtor Frade (985:3), existe anecessidadedeterjemsiumarepresentaodaquiloqueapreende.ArelevnciadesteconceitofundamentalpoiscomonosrefereCunha eSilva(999:7),a percepo j, de certa forma, aco, porque ocorposeencontracomprometidocomomundoquandopercepciona:comoque o antecipa. Assim,seperanteumasituaodejogoosjogadoresda mesma equipa a compreendem e interpretam de um modo diferente ento, os comportamentos que desenvolvem no convergem para uma dada forma de resoluo. Por isso, os princpios de aco permitem desenvolver uma forma de equacionar o jogo numa mesma linha de pensamento.Desta forma cria-se uma representatividade comum do jogo que se pretende desenvolver fazendo com que haja a categorizao dos dados signifcativos docontexto.Assim,osfactosdojogoadquiremumdeterminadovalore signifcadoparaosintervenientesporquesenumaequipaimportante circularabolajogandosobretudoemprofundidadenoutrapodeserem largura e por isso, a forma como a equipa se comporta aquando a posse da bola diferente.Neste entendimento, a tomada de deciso no algo aleatrio ou seja, apesar das particularidades do contexto, o jogador sobrecondicionado a decidir em funo do projecto de jogo da equipa e portanto, dos seus princpios. Assim, omodelodejogopermitecondicionarasescolhasdosjogadoresparaum padro de possibilidades ou seja, orienta as decises dos jogadores.Reforandoestaideia,GuilhermeOliveira(anexo)referequeo desenvolvimentodomodeloaolongodoprocessodetreino-competio procura que a equipa e jogadores consigamresolverosproblemasdeumaformapermanente,dentrodeumadeterminadaformaderesoluo porque existemvrias formas de resolver os problemas e ns queremos que elessejamresolvidoscomumadeterminadalgica conferida pelos princpios de jogo.Fortalecendo este fundamento, Antnio Damsio (2003) refere-nos que a tomada de deciso resulta dos valores e das representaes que temos acerca dosfenmenosemquenosenvolvemos.Destemodo,omodelodejogo permitedesenvolverumconjuntodeconviceserepresentaesmentais dos comportamentos a desenvolver nos vrios momentos de jogo.A partir desta lgica, os princpios contextualizam as decises dos jogadores nosvriosmomentoseportanto,defnem-senaordemorganizativadojogo. Nestesentido,osprincpioscriamumacultura. Atravsdesteconceito 43procuramos esclarecer a existncia de um conjunto de valores e princpios que caracterizam a dinmica da equipa como uma entidade colectiva. Desta forma, edifca-se uma representao e uma base de funcionamento que faz com que oscomportamentosindividuaisseinscrevamespontaneamentenessamesma cultura. Tal como acontece nas sociedades, a existncia individual desenvolve-sedeacordocomumconjuntodeprincpiosevaloresqueasseguramuma coexistncia, segundo uma cultura.Analogamente, o funcionamento colectivo de uma equipa resulta de uma coexistncia onde o modelo de jogo rege as interaces individuais. Neste sentido,ojogotorna-secomoumacultura comportamentaldosjogadores assente em determinados princpios.Noentanto,paraquesemanifestecomoumaculturaimportanteque estesprincpiospermitamqueosjogadoreseequipatenhamsucessona resoluodosseusproblemasporqueseassimnofor,acrenanaideia colectiva de jogo e nos seus princpios de aco no acontece. E sendo assim, ojogadordeixadeacreditarnumalgicadefuncionamentoeportanto,os comportamentos individuais e colectivos no acontecero.Reconhecendo este pressuposto, Guilherme Oliveira (anexo ) afrma que ojogadorsconseguefazerdeterminadocomportamentobemseprimeiroocompreender e depois, se achar que realmente esse comportamento benfco, tantoparaaequipacomoparaele. Atravs desta ideia reala a importncia dosobjectivoseprincpiosdeacoajudaremosjogadoresaresolveros problemas do jogo. Por isso acrescenta que muitasvezesutilizamosestratgiaspara que os jogadores reconheam a importncia daquele comportamentoporquesdessaformaaqualidadesemanifesta.Este autor reconhece assim um papel fundamental s convices dos jogadores no desenvolvimento do modelo de jogo.De modo a esclarecer esta ideia, tomemos como exemplo um treinador que pretende que a sua equipa jogue fundamentalmente em posse da bola e a faa circular pelos vrios corredores pela linha defensiva. Atravs desta Inteno procuracondicionaroscomportamentosdosseusjogadores.Contudo,se os jogadores procuram jogar desta forma mas no so efcazes devido, por exemplo, s caractersticas e posicionamento dos defesas, falta de apoios viveis para fazer a bola progredir para o meio campo e perdem a posse da bola em zonas de grande perigo para baliza eles passam a jogar num primeiro momentodeorganizaoofensivaparalongedabaliza,deformaaevitar riscos. Deste modo, passam a ter comportamentos que no vo de encontro ao que o treinador idealiza e passam a desenvolver outras solues que lhes permitemtermaissucessodoquelhessolicitado.Nofundo,trata-sede 44superar as difculdades de forma a serem mais efcazes ainda que no v de encontro ao que o treinador pretende porque a credibilidade e exequibilidade do comportamento solicitado nula para os jogadores.Contudo, se o treinador reconhece que este comportamento no acontece porque os mdios se encontram afastados dos defesas e os passes so muito longos,oquepermiteaosadversriosganharapossedabola,entodeve intervirnosentidodesuperarestadifculdadeparaqueaequipacirculea bola pela defesa em segurana e a faa progredir. Se isso acontecer ou seja, setmsucessonaexecuodestecomportamento,passamaacreditarea acontecercommaisregularidade.Eentotorna-sepossvelaassimilao dos princpios comportamentais.Nacontinuidadedestaideia,percebemosqueosistemadeconvices desenvolvidopelomodelodejogonoalgoabstractoouseja,compreende aefcciadaaconodesenvolvimentodojogo.Paraalmdisso,omodelo estabelece-se como uma cultura comportamental quando os princpios de aco dos jogadores se manifestam com regularidade.2.2.1.2.dA CulturA dE PErCEPo CulturA ComPortAmEntAlA cultura de jogo o entendimento de jogo que os jogadores tm e a forma como utilizado em prol de um projecto colectivo de jogo(Guilherme Oliveira, anexo 1)O jogo uma actividade que resulta das interaces dos jogadores e por isso,concretiza-senaaco.Expressandoestaideia,VtorFrade(2003in Martins, 2003: XVI) refere que o jogo acontece no domnio de um-saber-fazer. Contudo, este saber-fazer tanto melhor quanto mais apoiado num saber-sobre-um-saber-fazerouseja,sobreumentendimentoconsciente das interaces a desenvolver no jogo.Contudo,reforaqueesteladodeidentifcaoformalnoresolveos problemasporqueojogardecorrenodomniodosaber-fazerepor issonobastaqueosjogadorescompreendamoquetmdefazerseno oconseguemconcretizaraonveldoscomportamentos.Nestesentido,o entendimentocomumdojogoserveparapotenciarodesenvolvimentode uma cultura comportamental.45Concordando, Guilherme Oliveira (Anexo ) refere que se pretendecriaruma certa flosofa de entendimento e de manifestao do comportamento. Nesteseguimento,oreferidoautoracrescentaquesetratadeconseguirtransmitirdeterminadasideiasequipaeaequipaentenderasideiasens,emconjunto,construmosumjogoemqueessasideiasestejampermanentementerepresentadasnessemesmojogo.Deste modo, o desenvolvimento de um modelo de jogo ou seja, de uma forma de jogar, passa por fazer com que os jogadores adquiram determinados princpios de aco.Areforaraimportnciadestepressuposto,Jacob&Lafargue(2005) demonstram que as experincias anteriores condicionam determinadas aces a partir das representaes que possumos. Deste modo, percebemos que se um treinadorpretendequeosseusjogadoresjoguemdeumadeterminadaforma entodevefazercomqueadquiramosprincpiosdessejogo. Atravsdeles, modelaainteracocomportamentaldosjogadoreseportanto,adinmica colectiva da equipa. E para isso preciso tempo mas sobretudo um processo que se preocupe com a aquisio de determinados princpios de jogo (Mourinho, in Oliveira et al., 006)De acordo com esta lgica, Guilherme Oliveira (Anexo ) refere que deumaformasimplespode-sedizerquetreinarcriarumaformadejogar. Estaabordagempreocupa-secomodesenvolvimentodedeterminados automatismoscomportamentaisdosjogadoresouseja,queestessejam capazes de agir espontaneamente na concretizao dos princpios de jogo. neste sentido que nos referimos cultura comportamental.Reforandoalgicadestepressuposto,McCrone(2002:43)explicaque todaahierarquiadeprocessamentocerebralparaelaborarumarespostaemplenaconscinciademoracercademeiosegundo,o que muito tempo para decidir no calor do jogo e por isso, esclarece que as aces que decorrem numespaodetempomaiscurtoresultadaantecipao.Atravsdela possvel reduzir o meio segundo da resposta consciente para um quinto de segundo.De acordo com este autor, trata-se de um atalho do crebro para se antecipar s situaes. Contudo, refere que isso s acontece quando j se experimentou a mesma situao e agravoucomoumhbito-comoumautomatismo .Assim,paraqueoscomportamentosdosjogadoreseequipaseinscrevam automaticamente no desenvolvimento do projecto de jogo da equipa preciso criar hbitos. Atravs deles, os comportamentos surgem ao nvel do inconsciente ouseja,resultamdacapacidadedeantecipaodaresposta.Parareforar melhor esta ideia, Baars (988 cit. McCrone, 2002: 45) afrma que quasetudo46oquefazemos,fazemosdeformainconsciente.quandoaprendemosalgopelaprimeiravez,sentimo-nosinsegurosetemosconscinciademuitospormenoresdaaco. No entanto, com a prtica vamos faz-lo de forma cada vez mais inconsciente.Deste modo, a aprendizagem e exercitao de um comportamento faz com queasuarealizaosolicitecadavezmenosrecursosaocrebroatravs da adaptao. E esseoobjectivo dotreinoouseja,criaredesenvolvera adaptao dos jogadores no desenvolvimento de um jogar e portanto, de uma Organizao Colectiva.Neste sentido Guilherme Oliveira (Anexo ) refere que quandofaloemmomento de treino falo em momento de aprendizagem.Entenda-seque esteconceitodeaprendizagemserefereadeterminadoscomportamentos que pretende para a equipa ou seja, os princpios de aco dos jogadores na concretizao de um jogo.Atravsdestepressuposto,oprocessodetreinoconcebe-senumespao onde os jogadores desenvolvem determinados comportamentos, em funo do projecto colectivo da equipa. E por isso, trata-se de adquirir os princpios de aco dos vrios momentos de jogo (Frade, in Rocha, 000).ArelevnciadesteaspectoreforadaporJacob&Lafargue(2005) quando revelam que os comportamentos envolvem um agente de preparao daaco.Esteagente,apartirdainteno, criaumasimulaonointerior docrebrodessamesmaaco. Assimelaboraumarepresentaomotora da aco e prev a possibilidade da sua concretizao. De acordo com esta antecipao, o cortx frontal decide se essa aco ser ou no realizada.Os referidos autores acrescentam ainda que o crebro recorre memria das experincias anteriores e efeitos das decises tomadas. No seguimento desta ideia reconhecem que aps uma deciso o crebro regista essa deciso bem como os efeitos que provoca para que no futuro, num contexto semelhante, opte pela deciso que teve os efeitos positivos. Assim, de acordo com este conhecimento,aexperinciapermiteajustaraantecipaodasdecises atravs da memria e portanto, a familiaridade com um determinado contexto entenda-sejogarcriaumamaiorefccianasdecises.Ouseja,as consequncias positivas ou negativas de determinadas escolhas condicionam as intenes e simulaes posteriores porque se antecipam os efeitos da aco em funo do que aconteceu anteriormente em contextos semelhantes.Reforandoestepressuposto, AntnioDamsio(994,2003)demonstra que o resultado da experincia condiciona as antecipaes e decises futuras atravsdoquedesignademarcadores-somticos.Deacordocomeste 47autor,atravsdelesexisteoregistoemocional9dasdecisesouseja,os efeitos da deciso provocam determinadas emoes que podem ser positivas ou negativas e que vo ser associadas deciso que a originou. Desta forma, quando nos confrontamos com uma situao semelhante, a memria vai ajudar o crebro associando a deciso ao respectivo estado emocional, que pode ser positivoounegativo.Faceaistosomosdireccionadosarepetirdecisese experincias que motivaram os estados positivos e a evitar o que se associa aosestadosnegativos.Procura-seoptimizarasdecisesfuturasemfuno do passado, regulando as escolhas para o que nos levou ao sucesso.Contudo, o referido neurocientista no errodedescartes(99) demonstra que esse registo no acontece apenas na mente porque o corpo tem um papel determinante no registo emocional dos efeitos das decises. Neste sentido, as emoes que decorrem no corpo vo conotar positiva ou negativamente determinadas decises confgurando a antecipao das respostas futuras.Deacordocomestalgica,percebemosqueaantecipaoresultada experincia dos jogadores fazendo com que se inclinem a ter comportamentos que os levaram a ter sucesso anteriormente na resoluo dos seus problemas. Atravsdela,osjogadorescriamdeterminadasrepresentaesquemuitas vezes so diferentes da concepo do treinador ou mesmo contrrias. Sendo assim, no converge para o projecto colectivo da equipa.Faceaisto,aaquisiodedeterminadoscomportamentosporpartedos jogadores passa sobretudo pela exercitao, para haver a qualifcao emotiva das respostas, o que vai potenciar determinadas decises e eliminar outras. Mas isso exige a concretizao dos comportamentos ou seja, dos princpios de jogo.Neste sentido, para desenvolver o projecto de jogo da equipa tem de haver a concretizao dos seus princpios de jogo para criar uma maior identifcao dojogadorcomdeterminadoscontextos,paraoptimizaracapacidadede antecipaoeconsequentemente,dedeciso.Destemodocria-seuma culturadasrepresentaesqueseconsegueapenascomaconcretizaoe desenvolvimento dos princpios de aco que regem a dinmica dos jogadores. Deste modo, trata-se de um hbito que se adquire na aco (Frade in Rocha, 000).Contudo, este conceito de hbito no pode ser entendido como um conjunto de comportamentos mecnicos por parte dos jogadores porque como nos refere Guilherme Oliveira (Anexo ) o princpio de jogo umincio. Neste sentido 9O registo emocional constitui-se nos estados do corpo.48acrescenta que atravs deles possvel antecipar o aparecimento de determinados padres nas interaces dos jogadores masnosabemososdetalhesdecomoopadrovaiemergir. E por isso importante que o jogador tenha capacidade e espao para criar e inventar na concretizao desses princpios.De acordo com Jacob & Lafargue (2005), a concretizao do acto motor, sendo ele consciente ou inconsciente, envolve a participao do lobo frontal umavezqueatravsdelequearepresentaodaacopassaprpria aco.Aintervenodestemecanismotemumpapelmuitorelevantena qualidade das decises porque, como j referimos, essas representaes so antecipaesquefazemosdofuturo,sobrecondicionadaspelopassado.E porisso,emsituaesemqueolobofrontalreconhecequeessainteno no vai ter os efeitos pretendidos, no a concretiza em aco, ajustando essa inteno.Este aspecto determinante em contextos dinmicos como o jogo e por isso, osjogadoresnopodemdemitir-sedoseulobofrontalporqueatravs deste mecanismo que o hbito permite melhorar a qualidade da antecipao. A realizao regular dos princpios de aco faz com que os jogadores criem uma familiaridade com uma lgica de funcionamento que os leva a antecipar commaiorefcciaemenoresforoosefeitosdoscomportamentos.Isto porque a prtica de determinados princpios de aco faz com que os jogadores e equipa adquiram uma memria que os direcciona nas escolhas, ainda que sejainconscientemente.Contudo,estecarcterinconscientenoprescinde daenvolvnciaeconcentraodojogador.Concorrendoparaestaideia, Guilherme Oliveira (Anexo ) afrma que hanecessidadedosjogadoresse envolverem completamente e estarem comprometidos emocionalmentenesteprojectodeconstruodeequipa.Com este sentido, procura-se habituar o jogador a resolver os problemas deacordocomumalgicamasaformacomosecomportanoaquie agora,naprpriaconcretizaodosprincpiosnopodesermecnica. Procurando esclarecer esta ideia, pensemos numa equipa que em transio defesa-ataque procura jogar num primeiro momento em passe para o ponta delanaquedescaiparaazonalateraldireitacomintenoderecebera bola. Esta inteno defne-se num sub-princpio de jogo de organizao da transio ofensiva. Contudo, a forma como vai ser concretizado depende dos jogadores e do prprio contexto porque pode ser conseguido com um passe de calcanhar, com um passe precedido por um drible ou por uma fnta para superarumadversrioquedifcultaopassenumprimeiromomento,entre muitas outras possibilidades. E estes detalhes so criados pelo jogador e para o qual no existe equao, constituindo-se no espao de inveno e recriao. 49Concorrendoparaestaideia,GuilhermeOliveira(Anexo)acrescenta queesses detalhes so de extrema importncia porque vo ser eles quevo promover a diversidade e vo fazer evoluir a equipa, os jogadores, otreinadoreconsequentemente,ojogo.Assim,oprocessonopodefechar-seaestepotencialcriativouma vezqueenriqueceoprpriodesenvolvimentodojogo(FradeinMartins, 2003). Para alm disso, os jogadores tornam-se desta forma construtivos no projecto colectivo da equipa e portanto, de uma forma de jogar. Deste modo, oscomportamentosdevemacrescentarqualidadedinmicaindividuale colectiva da equipa.Face a isto, o desenvolvimento do projecto colectivo de jogo assume um carcterparticularpelaformacomoosjogadoresassimilamerecriamo prprio modelo. No seguimento desta ideia, Guilherme Oliveira (Anexo ) referequeesteladoprticoecriativodosjogadoresfundamentalparaa prpria evoluo do modelo e para a reformulao conceptual - das intenes do treinador face ao que vai acontecendo.E por isso acrescenta que no acha correcto que digam: nsadoptamosummodelodejogo. Isto porque no seu entendimento criamosummodelodejogo numa criaodialcticaentretreinadorejogadores.Deacordocomestaideia,parasecriarumaformadejogarotreinador tem de ter um papel interventivo no desenvolvimento e concretizao desse projecto de jogo da equipa.502.2.2. o PAPEl do modElo nA tomAdA dE dECiso do trEinAdorA riqueza da adopo de um modelo est em quem comanda o processo, isto , o futuro como aquilo a que a gente aspira.(Frade, 2004)Atravsdomodelodejogo,otreinadorejogadoresdesenvolvem umadadaformadejogar,comdeterminadosprincpiosdeaco.Deste modo,cadatreinadorconcebeecriaoseumodelo.Paraalmdisso,oseu desenvolvimento tambm depende da forma como os jogadores e equipa o assimilam e concretizam.Deste modo, Guilherme Oliveira (Anexo ) afrma que omodelodejogoumacoisamuitocomplexaemuitasvezesaspessoassomuitoredutorasnoentendimentodesteconceitodemodeloporquepensamqueomodelodejogoapenasumconjuntodecomportamentoseideiasqueotreinadortemparatransmitiradeterminadosjogadores.E por isso acrescenta que omodelodejogotemavercomasideiasqueotreinadortemparatransmitiraosjogadores,isto,comasuaconcepodejogo,mastambmtemdeestarrelacionadocomosjogadoresquetempelafrente, com o que entendem de jogo. deve estar relacionado com o clubeonde est, com a cultura desse clube porque existem clubes com culturascompletamentediferentes.Desta forma, reconhece um papel determinante ao contexto e aos aspectos que infuenciam o desenvolvimento e concretizao do modelo.Esclarecendoessaideiareferetambmque evidente que quando umclube contrata um treinador, contrata ideias de jogo porque sabe que vaijogardentrodedeterminadasideias.mastambmotreinadorquandochegaaumclubetemdecompreenderquevaiparaumclubecomumdeterminadotipo de histria, com determinado tipo de cultura, com um determinadohistorialnumpascomdeterminadascaractersticas.eotreinadortemdecompreendertudoissoeomodelodejogotemdeenvolvertudoisso.esenoseenvolvecomtudoisso,oquevaiacontecerque,pormaisqualidade51que possa ter, pode no ter o mesmo sucesso do que se tudo isso estiverrelacionado.Assim, o desenvolvimento de um jogo envolve um conjunto de aspectos queotreinador,enquantolderdoprocesso,temdegerirparaoconduzir para onde pretende. Neste sentido, para Vtor Frade (2003 in Martins, 2003: VII) o treinador assume-se no comandoexterioraosistemaregulado ou seja, o responsvel por conceber e regular a evoluo do projecto de jogo da equipa.De modo a esclarecer este conceito o referido autor acrescenta que opapeldotreinadorparainterferir no sentido de catalisar a concretizao do processo. Reconhecendo que este lado pragmtico determinante afrma que o treinador temdesernarealidadeoindividuoqueaproximatudoquefavorvelaocrescimentoqualitativodoprocesso,nosentidodofuturoaqueseaspira. Neste contexto, trata-se de construir e desenvolver determinadas regularidades no comportamento da equipa ou seja, os princpios de aco que constituem o modelo de jogo.Paraalmdisso,aintervenodotreinadornodecorrerdoprocesso determinante nessa construo. De acordo com Guilherme Oliveira (00), o papel do treinador no se restringe ao planeamento e estruturao do processo porquenoseuentendimento,temumpapeldeterminantenaconcretizao do processo, atravs da sua interveno. A forma como interage e intervm no desenvolvimento do processo de treino e competio muito importante pararegularosacontecimentosnosentidodoquepretende.Destemodo reconhece que a forma como o treinador intervm no aqui e agora muito importanteparaconfguraraqualidadedoprocessoouseja,emfunodo que pretende.Face a isto, e de modo a elucidar este entendimento, realizamos um estudo de caso para apreender as pertinncias do contexto que elucidam as decises eprocedimentosdotreinadornaoperacionalizaodoseumodelo.De acordo com Vouga (2005), os estudos de casos so mtodos qualitativos que pelassuasdescrieseconclusespodemserconsideradasformasvlidas de pesquisa cientfca.Por isso, desenvolvemos uma procura emprica ou seja, a partir dos princpios do modelo de jogo para apreender a lgica prtica do desenvolvimento desse modelo. Assim, os critrios de anlise no so gerais mas contextualizados pelo modelo de jogo que o treinador pretende desenvolver com os jogadores.52533. a sustentaO etnOmetOdOlgica Para O estudO de casOComojfalamosanteriormente,aanlisedoprocessodesenvolvido pelotreinadorJosGuilhermeOliveirafundamentalparapercebermos aspremissasconceptuaisemetodolgicasdaPeriodizaoTctica.Neste sentido, mais do que nos restringir anlise descritiva procuramos sistematizar umaformadeconstruirojogoquepretendeparaasuaequipa.Ecomoj referimos,estaconstruonodecorredeformalinearouseja,envolve um conjunto de aspectos contextuais que tm de ser geridos em funo do modelo de jogo.Noentanto,faceaocarcterempricodojogar,parapercebero desenvolvimento do processo temos de o contextualizar no modelo de jogo do autor e assim, compreender a sua prtica. Neste sentido, desenvolvemos acaracterizaoempricadaoperacionalizaoatravsdeumtrabalho interpretativo das condies de adequao.Reforando a validade desta metodologia, a etnometodologia uma rea de conhecimento da sociologia que apesar de marginal tem-se debruado sobre o carcter prtico dos fenmenos sociais (Fornel, Ogien & Qur, 200). Destaformavisaconheceredescreverosprocedimentoscontextualizados nos seus locais de concretizao e a sua actualizao prtica.Este tipo de pesquisa etnometodolgica pe em causa o papel da teoria e das hipteses e o carcter geral das interpretaes utilizado pelas cincias sociais. Centra-se na unicidade fenomenal das concepes ou seja, considera que um modelo se manifesta num contexto singular eportanto, com uma srie de detalhes que lhe do um sentido prtico (Watson, 00). Deste modo, o desenvolvimento do modelo de jogo decorre num contexto singular que lhe confere uma singularidade prtica.54Atravs deste pensamento, a pesquisa etnometodolgica coloca nfase no empirismoenasquestesqueresultamdodesenvolvimentodarealidade concreta (Fornel, Ogien & Qur, 200). Por isso, deixa-se guiar no pelas preocupaestericasmaspelaimportnciaprticadodesenvolvimento dos fenmenos, como o jogo. Face a este entendimento, reforamos o lado processual no desenvolvimento de um jogo e portanto, das tcnicas, decises que o treinador assume na sua construo.Nestesentido,atravsdoestudoetnometodolgico,analisamosum contexto particular centrando-nos nas prticas locais e nas condies em que se desenvolve o modelo. Deste modo, preocupamo-nos com o sentido de adequao nica que a operacionalizao desse modelo exige.Reforandoalegitimidadedesteprocedimento,Garfnkel(cit.Fornel, Ogien & Qur, 200) refere-se pertinncia do contexto onde as situaes so geradas porque o modelo manifesta-se nos detalhes da sua actualizao prtica. De acordo com esta lgica, o modelo resulta da sua operacionalizao constante e portanto, dos procedimentos prticos desenvolvidos pelo treinador e jogadores ao longo do processo.O estudo etnometodolgico focaliza-se sobre a produo local e endgena dos fenmenos sociais evitando os mtodos de anlise formal para responder squestesdeordemlgicaedesentidodocontexto(Watson,200). Destemodo,analisaasprticasemsimesmasenocomoindicadoresde representaesgenricas.Assim,procuranascondiesconcretasonde acontece a aco, a sua validade prtica ou seja, analisa e refecte as decises prticas no seu contexto e portanto, em funo dos detalhes imediatos que as produzem. Por isso, contrariamente anlise formal, a etnometodologia interroganosoqueacontecemasoquemotivaoseuacontecimento (Watson, 00).Face a isto, as decises e procedimentos do processo tm um sentido em funo do modelo de jogo que se pretende desenvolver ao longo do processo. Deste modo, a partir do modelo que o professor Jos Guilherme idealiza para a sua equipa e que portanto, operacionaliza ao longo do processo. Por isso, estudamos a operacionalizao desse mesmo modelo.Paraisso,realizamosumaentrevistaabertaaoreferidotreinadorde modoapercebercomoentendeojogoeportanto,comopreconizaoseu desenvolvimento.554. Que jOgar? a caracterizaO dO mOdelO de jOgO (...)um modelo no se pode reduzir a um esquema organizado, por maior que seja a sua qualidade. Necessitamos constru-lo e l-lo na sua potencialidade organizadora: tem de ser organizante (...)(Moigne, 1999 cit. Faria, 1999:42)(... )No adoptamos um modelo de jogo, ns criamos um modelo de jogo.(Guilherme Oliveira, anexo 1)Para Guilherme Oliveira (Anexo ), o modelo de jogo expressa-se emtodooinstante porque ele que guiatodooprocessodeoperacionalizao. Nestesentidoacrescentaquetemcomoobjectivocriaredesenvolveruma dada forma de jogar e portanto, estabelece um conjunto de princpios para a sua equipa.Demodoaesclarecerestaideia,esteautorafrmaquepretende criar,conjuntamente com os jogadores, um modelo de jogo e desenvolv-lo omais possvel. Paraisso,comeariaporreconstruir na minha cabea, omeumodelodejogo,asminhasideiasparaoptarpelamelhorestratgiadetransmissodessasideiasaessesjogadores. Neste seguimento, esclarece comoquetinhamdejogar:comoquetinhamdeatacar,comotinhamdedefenderecomoquetinhamdefazerastransies.De acordo com esta lgica, para criar uma dada forma de jogar estabelece aorganizaodosprincpiosdejogodaequipademodoadesenvolvero modelo. Para jogar como pretende, Guilherme Oliveira (Anexo ) quer que a sua equipa em momento ofensivo sejaumaequipadepossedebola,mascomumapossedebolacomobjectivodedesorganizaraestruturadefensivaadversria ou seja, atravsdacirculaodebola.Em momento de transio ataque defesa pretende que a equipa procure noprimeiroinstanterecuperarapossedabola.Paraalmdisso,procura 56simultaneamentefecharaequipapara,nocasodenoconseguirganhar apossedabola,estarcompactaeentraremorganizaodefensiva.Neste sentido,acrescentaqueestegrandeprincpioimportanteparaimpedira explorao do contra-ataque das equipas adversrias e por isso, procura ser agressivo na sua concretizao.Nocasodenoconseguirrecuperarapossedabolanestemomentode transio,aequipaentraemorganizaodefensiva.Enestemomento,o referido autor pretende condicionar a equipa adversria a jogar de determinada forma atravs da defesa zona. Esclarecendo esta ideia d como exemplo: sequisermosquejoguelonge,pressionamosmaisfrenteparaganharabolaemdeterminadosmomentosno entanto, sequisermosqueaequipajoguemaisperto,deixamosaequipasubirparadepois,estrategicamenteemdeterminadaszonasganharapossedebola. Desta forma procura provocar o erro ao adversrio e assim, recuperar a posse da bola.Aps a sua recuperao, em momento de transio defesa-ataque, a equipa procura manter a posse da bola e por isso, aposta na situao de contra-ataque com segurana. Atravs deste princpio, refora que o principal objectivo manter a posse da bola para iniciar o processo ofensivo. No entanto, esclarece quesemprequefor possvel dar profundidade em segurana,aequipa deve faz-lo.Atravs destes grandes princpios de jogo, Guilherme Oliveira concebe e organiza o seu processo de preparao.574.1. planificaosisTmica.amodelaodojogar.O que se pretende que o comportamento que a equipa tem em jogo, se manifeste regularmente (uma manifestao de regularidades).(Frade, 2004)Nosentidodedesenvolveromodeloquecaracterizamosanteriormente, Guilherme Oliveira (Anexo ) defne os grandes princpios de cada momento dejogoparacriaredesenvolverasregularidadescomportamentaisque pretende.Destemodomodelaosistemaouseja,confguraojogarda equipa. Por isso, referimo-nos modelao sistmica.Noentanto,estamodelaonosurgeporgeraoespontnea,ouseja, carecedeumperododetempoparasedesenvolver,constituindo-seno processodetreinoecompetio.Nestesentido,falamosdaperiodizao. De acordo com Guilherme Oliveira (Anexo ), a periodizao consiste notempoquegastonaconstruodojogarqueotreinadorpretende.Concorrendo para este entendimento, Vtor Frade (2003 in Martins, 2003) referequeojogarnoumfenmenonaturalmasconstrudoporum processo Especfco ou seja, concentrado no desenvolvimento do modelo de jogo. E por isso, na operacionalizao dos princpios nos vrios momentos de jogo.584.1.1. A rElAo PrinCPios - momEntos dE joGo. um ConCEito dE EsPECiFiCidAdE.Deacordocomestaconcepometodolgica,oprocessotemcomo objectivo desenvolver uma determinada forma de jogar e portanto, defender, atacar e transitar entre estes dois momentos. Por isso, o desenvolvimento do jogar compreende a organizao comportamental em momento defensivo, ofensivo, da transio defesa-ataque e da transio ataque-defesa.Apesar de ser possvel diferenciar estes momentos de jogo, eles sucedem-secontinuamentenumaordemnosequencialouseja,semumaordem defnida.Destemodo,ojogoconstitudopelosvriosmomentos,que nosedissociam.Reforandoestalgicadepensamento,JosMourinho (cit.Oliveiraetal.,200:92)afrmaqueno consigo dizer se o maisimportante defender bem ou atacar bem, porque no consigo dissociaressesdoismomentos. Neste contexto acrescenta que aequipaumtodoeoseufuncionamentofeitonumtodotambm e por isso, estdemasiadointerligadoparaeuconseguirfazeressaseparao.Nestesentido,aOrganizaodaequipanosvriosmomentosdeveser congruenteouseja,devehaverumaArticulao.Concorrendoparaesta ideia,GuilhermeOliveira(Anexo)dumexemplobastanteelucidativo da interrelao entre os princpios defensivos e os ofensivos: euqueroteruma boa posse de bola, uma boa circulao de bola e para ter uma boacirculao de bola tenho de ter um jogo posicional muito bom. Por isso,os jogadores tm de estar bem colocados mesmo nos aspectos defensivos,para quando ganharem a posse da bola estarem nos stios certos para abolapodercircular.Neste contexto acrescenta: seeutenhoesteprincpioofensivo de posse e circulao de bola e defendo homem a homem, faomarcaesindividuais,aq