ciência geológica e sustentabilidade da vida na terra vida na terra geologia, ambiente e sociedade...

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Ciências Naturais Carla Brinca Paula Canha Zélia Delgado Revisão Científica Carlos Ribeiro da descoberta À Terra Ciência geológica e sustentabilidade da vida na Terra Geologia, ambiente e sociedade DE ACORDO COM AS METAS CURRICULARES Manual do Professor

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Ciências Naturais

Carla BrincaPaula CanhaZélia Delgado

Revisão Cientí�caCarlos Ribeiro

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TerraCiência geológica e sustentabilidade

da vida na Terra Geologia, ambiente e sociedade

DE ACORDO COM AS METAS CuRRiCulARES

Metas

Curriculares

da descobertaÀ

Terra

Terra

Manualdo

Professor

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5. Dinâmica externa da Terra

Importância do ambiente geológico para a saúde

Como já aprendeste, os materiais geológicos são essenciais para produzir bens de consumo e proporcionar bem-estar às populações humanas. Mas a saúde e até a sobrevivência do ser humano e dos res-tantes seres vivos também dependem do ambiente geológico do local onde habitam.

Marco Polo, explorador nascido em Veneza, chegou em 1275 à residência de verão do imperador chinês e começou a trabalhar como seu emissário, o que o levou em longas viagens um pouco por todo o território chinês de então. Nos seus relatos, Marco Polo referia ser essencial utilizar cavalos locais em vez dos cavalos europeus que havia trazi-do. Afirmava ele que os cavalos autóctones destas áreas montanhosas saberiam evitar as plantas venenosas, contrariamente aos cavalos de outras proveniências, que se alimen-tavam delas e, consequentemente, morriam. Nos seus registos constam os sintomas dos cavalos europeus envenenados.

Atualmente, pensa-se que as zonas montanhosas descritas por Marco Polo correspondem a locais com elevada concen-tração natural de selénio, um elemento químico que ocorre nas rochas e no solo. Os sintomas descritos coincidem com o que se conhece acerca do envenenamento por este elemento. De facto, em alguns locais do mundo, ainda hoje são frequentes casos de envenenamento de animais (e, por vezes, de seres humanos), em zonas de solos ricos nesse elemento e onde crescem al-gumas espécies de plantas que o acumulam nos seus órgãos.

Curiosamente, o selénio é essencial à saúde; na sua ausência o músculo do coração não consegue funcionar corretamente e o risco de alguns tipos de cancro aumenta.

Adaptado de Tradução de um glossário de Geologia Médica (Nuno Pinto, Universidade de Aveiro, 2010)

1. Indica a causa provável da morte dos cavalos europeus nas expedições de Marco Polo nas montanhas do território chinês.

2. Indica uma razão pela qual o envenenamento por selénio ocorre apenas em alguns locais do mundo.

3. O selénio, apesar de ser um veneno em doses elevadas, não deve ser eliminado da alimentação humana ou animal. Explica porquê.

Desde a Antiguidade, o ser humano utiliza as argilas e as areias, ou as águas termais, por exemplo para prevenir e tratar diversos pro-blemas de saúde (Fig. 1).

À descoberta

Sugestões de resposta:

À descoberta

1. A causa provável foi envene-namento por selénio.

2. Porque a quantidade deste elemento depende da compo-sição das rochas e dos solos, que varia de região para região.

3. O selénio tem um papel importante no funcionamento do músculo cardíaco e na prevenção de algumas formas de cancro.

▪ Links

Terra e Saúde

http://www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portu-gal/brochura4_web.pdf

PROFESSOR

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PROFESSORSugestões de resposta:

Já aprendi

A – solo.

B – doenças.

C – dose/concentração.

Os efeitos dos materiais e processos geológicos nos seres vivos de-pendem, no entanto, da dose ou da intensidade a que estes são expostos.

O flúor, por exemplo, revela grande eficácia na prevenção da cárie dentária. Em regiões onde a água é naturalmente rica no ião fluoreto, as populações têm menor incidência de cáries do que nas de regiões com água pobre nesse ião. Esta descoberta levou, em muitos países, à adição artificial de flúor à água das redes de abastecimento. Contudo, em dose excessiva, o flúor é tóxico, provocando distúrbios nos rins, fí-gado e dentes.

Os seres vivos podem ser expostos a doses excessivas de ião fluoreto, por exemplo na sequência de vulcanismo. Na erupção do vulcão islan-dês Eyjafjallajoekull, em 2010, foram expelidos 100 milhões de metros cúbicos de cinza, com elevado conteúdo em flúor. A sua dissolução na água foi fácil e rápida, expondo assim as populações humanas, plantas e animais a elevadas doses deste elemento (Fig. 2).

Outras erupções revelaram-se ainda mais perigosas, como a do vul-cão Pinatubo (1991) que expeliu, entre outras substâncias nocivas, mais de 5000 toneladas de cádmio, 100 000 toneladas de chumbo, 500 000 toneladas de crómio e 800 toneladas de mercúrio. Estes metais têm elevada toxicidade e uma vez espalhados no solo e na água são absor-vidos facilmente pelas plantas e animais e chegam rapidamente ao ser humano, provocando doenças muito graves.

Um princípio básico enunciado no século XIV por Paracelso (1493-1541) estabelece que uma substância pode ser benéfica (funcionar como medicamento) ou prejudicial (constituir um veneno) dependendo da dose.

2. Mancha de cinza expelida pelo vulcão Eyjafjallajoekull, em 2010.

1. Tratamentos medicinais numa fonte termal (A) e usando argila (B).

Completa as frases, associando um termo a cada letra.

Materiais que ocorrem naturalmente no ar, na água, nas rochas e no A po-dem ser indispensáveis para a saúde. Mas as mesmas substâncias podem provocar B nos seres vivos se a sua C for excessiva.

A B

5.3 Geologia, ambiente e sociedade5.3 Geologia, ambiente e sociedade

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5. Dinâmica externa da Terra

Impactes da alteração do ambiente geológico no ambiente e na saúde

Muitas substâncias minerais potencialmente perigosas para os seres vivos e para a saúde humana ocorrem nas rochas em formas inofensi-vas. No entanto, a exploração dos recursos geológicos, por exemplo em minas e pedreiras, expõe os minerais à ação do ar e da água. Ocorrem então reações químicas ou fenómenos físicos que permitem dispersar no ambiente (ar, água e solo) determinados elementos que estavam en-globados nos minerais e que assim se tornam perigosos.

À descoberta

O arsénio foi o veneno usado em muitos homicídios no século XIX. Era misturado nos alimentos, provocando um envenenamento lento, com sintomas semelhantes aos de outras doenças.

O arsénio é um elemento químico muito tóxico. Entre outros efeitos graves, provoca can-cro. Ele ocorre naturalmente, ainda que em baixas concentrações, em rochas, solos, água e ar. Em países como o Bangladesh, a água subterrânea contém, naturalmente, concen-trações muito elevadas deste elemento, que é proveniente das rochas. Sendo a única água disponível na região, milhões de pessoas, gado e outros seres vivos apresentam sintomas de envenenamento. Muitas plantas apresentam sinais de toxicidade, mas algumas conseguem desenvolver-se bem em solos contaminados e até concentram arsénio nos seus tecidos, podendo por isso ser utilizadas para remover estes contaminantes da água e do solo.

A contaminação do ambiente por este elemento pode resultar de processos geológicos naturais (como as erupções vulcânicas e as nascentes termais) ou da atividade humana (como a exploração de minas e a queima de carvão). Em Portugal, encontram-se águas superficiais e subterrâneas com concentrações de arsénio superiores ao valor permitido pela legislação. Estas ocorrências coincidem com regiões de minas de ouro e de piri-te, por exemplo, ou em zonas de vulcanismo subaquático de elevada temperatura, nos Açores. Neste último caso, é a temperatura elevada da água que facilita a dissolução do arsénio contido nas rochas.

Adaptado de Arsénio: um contaminante natural (Carvalho, M. R., 2008) in Terra e Saúde: Construir um ambiente mais seguro (Mateus, A. coord.), Departamento de Geologia, FCUL, Lisboa, pp. 5-6

1. De acordo com a informação do texto, classifica as afirmações seguintes como verdadeiras ou falsas.

A. O arsénio ocorre naturalmente no ambiente.

B. Em algumas regiões do mundo, a concentração natural de arsénio prejudica a saúde.

C. Não existem leis em Portugal que regulem os níveis permitidos de arsénio.

D. Na proximidade de uma central termoelétrica, que queima carvão para obter energia, é possível que a concentração de arsénio na atmosfera seja superior ao normal.

2. Em 2010, a ONU considerou urgente evitar o envenenamento por arsénio no Bangladesh. Propõe medidas que possam ajudar a resolver este problema.

Sugestões de resposta:

À descoberta

1. A – Verdadeira.

B – Verdadeira.

C – Falsa.

D – Verdadeira.

2. Por exemplo: assinalar os reservatórios de água com ní-veis mais elevados de arsénio e interditar o uso dessa água; aproveitar a água da chuva em vez da água naturalmente contaminada; usar plantas que acumulam arsénio para ajudar a retirar este elemento do solo; aumentar a pesquisa científica sobre a forma de descontaminar a água.

▪ Links

Minas abandonadas em Portugal

http://www.edm.pt/html/livro.html#/Capa/

Venenos naturais

http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&id=364:venenos--para-dar-e-vender&Itemid=77

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PROFESSOR

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A geologia médica estuda a forma como o ambiente geológico in-fluencia a saúde, realizando estudos e sugerindo medidas de prevenção e de proteção do ser humano e dos outros seres vivos (Fig. 3).

Lê os exemplos seguintes.

A. A antracose é uma doença pulmonar provocada pelo depósito de partículas de antracite (carvão fóssil) presentes na poeira de carvão inalada.

B. O amianto, fibra mineral extraída de algumas rochas, foi usado na construção civil devido às suas propriedades – não arde, não apodrece e é um bom isolador térmico e acústico. Deixou de ser usado quando se descobriu que a inalação do amianto provocava doenças graves nos pulmões.

C. Pessoas que habitam em regiões onde o solo e a água são naturalmente ricos em cál-cio e magnésio sofrem menos de osteoporose. Mas, quando a concentração natural de certos minerais e elementos é muito elevada, pode ocorrer toxicidade no ser humano e noutros seres vivos.

Justifica as afirmações seguintes, baseando-te em um ou mais dos exemplos acima descritos.

1. O ambiente geológico natural pode contribuir para a promoção da saúde das pessoas.

2. O ambiente geológico natural pode apresentar riscos para os seres vivos.

3. O ambiente geológico por vezes é perigoso para os seres vivos porque o ser humano explora e utiliza os recursos geológicos de forma pouco cuidadosa.

A B

3. O radão é um gás radioativo que ocorre em rochas e solos graníticos e em regiões vulcânicas. Dispersa-se na atmosfe-ra com facilidade, não apresentando assim concentrações perigosas. Contudo, em ambientes fechados, como é o caso das casas construídas em granito, este gás pode concentrar-se (A). A sua inalação em quantidades elevadas é muito perigosa, podendo causar doenças como o cancro do pulmão. Em Portugal, os níveis de radão são monitorizados em todas as regiões graníticas e de vulcanismo ativo (Açores). Os mineiros estão expostos a níveis elevados de gases e poeiras resultantes do processo de extração (B). São comuns entre os mineiros doenças como a silicose, que resulta da acumulação de partículas de sílica nos pulmões, levando a dificuldades respiratórias graves. Atualmente, existe legislação que impõe medidas para a diminuição da sílica em locais de trabalho particularmente ricos em poeiras e gases.

PROFESSORSugestões de resposta:

Já aprendi

1. O exemplo C mostra como a presença de cálcio e magnésio no ambiente previnem a osteo-porose.

2. O exemplo C esclarece que os minerais, quando em dose eleva-da, se tornam tóxicos.

3. Os exemplos A e B mostram que a exploração do carvão ex-põe as pessoas a níveis prejudi-ciais de antracite, assim como a utilização de amianto na cons-trução civil expõe as pessoas a doses de amianto que natural-mente não ocorreriam.

5.3 Geologia, ambiente e sociedade5.3 Geologia, ambiente e sociedade

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5. Dinâmica externa da Terra

Impactes da ação humana nos processos geológicos

Como vimos, a mineração mobiliza elementos químicos e altera o ambiente geológico, pondo em risco a qualidade do ar, água e solo e a saúde de pessoas e restantes seres vivos. Muitas outras atividades hu-manas interferem com os processos geológicos naturais.

Os processos geológicos naturais internos são originados pelos agentes da dinâmica interna da Terra associados a altas temperaturas e pressões e os externos são originados por agentes da dinâmica ex-terna da Terra, como o vento, a chuva, os rios ou as ondas, por exemplo (Tabela 1).

A sismicidade induzida pela exploração do subsolo ou por grandes explosões é um exemplo de como as atividades humanas podem causar fenómenos que ge-ralmente são naturais e estão relacionados com a dinâ-mica interna da Terra (Fig. 4). No entanto, apesar de as atividades humanas poderem interferir nos processos geológicos internos, são os processos geológicos exter-nos os que sofrem maiores impactes da ação humana.

▪ Links

Planeta Terra nas nossas mãos

http://www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portu-gal/brochura1_web.pdf

Exemplos de processos geológicos

Consequências dos processos geológicas

Inte

rnos

Movimento e subducção das placas litosféricasFusão de rochas, movimento e consolidação de magmaMetamorfismo

Formação de relevos e deformação de rochasSismicidadeVulcanismoFormação e transformação de minerais e de rochas

Exte

rnos

Meteorização e erosão das rochasTransporte e deposição de sedimentosColapso e subsidência (afundamento) da crosta

Alteração e destruição de relevosFormação de solosAlteração de minerais e de rochas Formação de minerais e de rochas

Tabela 1 Exemplos de processos geológicos e suas consequências.

4. As explosões em minas ou de caráter bélico provocam vibrações nos materiais rochosos que são registadas pelos sismógrafos.

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5.3 Geologia, ambiente e sociedade

Em consequência da sua atividade, o Homem atua como agente geo-lógico, criando processos que não existiriam sem a sua intervenção, ou acelerando e retardando alguns processos naturais.

Por exemplo, o relevo é o resultado da contínua e lenta interação entre os processos geológicos internos (como a colisão de placas li-tosféricas) e externos (como a erosão). No entanto, algumas atividades humanas têm o poder de modificar as formas de relevo de uma região, de uma forma rápida e intensa. Essas atividades podem, por exemplo, remover uma colina ou aplanar uma elevação, alargar um vale ou der-rubar uma arriba. Mas podem ainda criar áreas emersas onde antes apenas existia mar (Fig. 5).

A alteração da superfície da Terra interfere também com a atmos-fera (por exemplo, alterando o regime dos ventos) e a hidrosfera (por exemplo, modificando as correntes marinhas).

A B

5. O Homem pode modificar rapidamente o relevo, por exemplo através da remoção de gran-des quantidades de solo e rochas (A) ou pela formação de ilhas artificiais (B).

Como foi afirmado pela Comissão para o Ano Internacional do Planeta Terra, o Homem move atualmente mais materiais na superfície terrestre do que todos os agentes erosivos naturais.

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5. Dinâmica externa da Terra

Um exemplo que ilustra como a ação humana sobre a geosfera (ou litosfera) acaba por interferir com os restantes subsistemas terrestres é a construção de barragens (Fig. 6).

As barragens são barreiras, construídas pelo Homem, que impedem o fluxo natural de água num rio, levando à formação de grandes lagos artificiais – as albufeiras.

A construção de barragens permite a acumulação de grandes mas-sas de água, com benefícios importantes para o ser humano, como a produção de energia renovável e a reserva de água para eventuais pe-ríodos de seca.

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A

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5.3 Geologia, ambiente e sociedade

6. Algumas alterações provocadas pela construção de uma barragem. Troço de rio antes da construção (A) e na fase de funcionamento da barragem (B).

Contudo, a construção de barragens tem consequências nos proces-sos geológicos naturais. Uma delas é a alteração do regime natural de erosão e de deposição de sedimentos. Numa albufeira são retidos se-dimentos e água que naturalmente seguiriam pelo rio. Uma barragem retira energia transportadora à água do rio. O menor transporte e depo-sição de sedimentos nas áreas costeiras intensifica a erosão do litoral.

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5. Dinâmica externa da Terra

Os solos são um recurso essencial que pode levar milhares de anos a formar-se. Por exemplo, a destruição ou alteração da cobertura ve-getal natural expõe o solo à ação dos agentes externos, promovendo a sua erosão e redução (Fig. 7).

▪ Link

Alterações climáticas – registos nas rochas

http://www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portu-gal/brochura5_web.pdf

Na queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) há libertação de gases, como o dióxido de carbono, para a atmosfera. A acumulação desses gases na atmosfera gera uma cadeia de fenó-menos que se relacionam uns com os outros: alteração do regime das chuvas, aumento da temperatura do ar e da água do mar, fusão do gelo polar, aumento do nível médio da água do mar, alteração das correntes marítimas, etc. Estas modificações afetam também os processos geoló-gicos externos, como por exemplo o aumento da dissolução de algumas rochas devido ao aumento da temperatura e acidez da água.

A construção de infraestruturas, como estradas, túneis ou espaços urbanos, exige muitas vezes a alteração das características das rochas e dos solos (como a permeabilidade e a resistência), o que pode aumentar o risco de desmoronamento ou influenciar o regime de escorrência e in-filtração da água. Os estudos geológicos prévios à construção permitem diminuir esses impactes, evitar acidentes e prevenir riscos ambientais.

7. A destruição da cobertura vegetal natural intensifica a erosão do solo e o processo natural de deslizamento de terras em vertentes com grande declive.

Na Holanda, a constru-ção de áreas residen-ciais em cotas abaixo do nível do mar exige a bombagem de água para baixar o nível da água no lodo e argila onde as casas estão construídas, causando ainda maior rebaixa-mento da superfície (subsidência).

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5.3 Geologia, ambiente e sociedade

À descoberta

As barragens são barreiras ao transporte de sedimentos

O aumento da escorrência, devido à rega, aumenta a erosão

A manutenção dos portos e da navegabilidade dos rios exige a dragagem de sedimentos

Deposição

Erosão

A destruição das dunas facilita o avanço do mar

Extração de sedimentos para utilização na construção civil

Nos últimos 75 anos, a elevação média do nível do mar foi de cerca de 1,7 mm/ano

Menor quantidade de sedimentos chega ao litoral

EsporõesProtegem da erosão nuns locais e agravam-na noutros

Sugestões de resposta:

À descoberta

1. Porque destrói praias, dunas e outros habitats naturais e ainda danifica bens construídos pelo ser humano.

2. As ondas do mar provocam a erosão das rochas costeiras e das dunas, destruindo barrei-ras naturais, o que possibilita o avanço do mar.

3. Construção de barragens, dragagem de sedimentos nos rios e no litoral, construção de algumas obras de proteção do litoral, como os esporões, e des-truição de vegetação das dunas.

4. Uma causa de origem global é o aumento do nível médio do mar (resultante do aumento global da temperatura). Outras causas são locais, como a des-truição de dunas ou a constru-ção de esporões.

5. Porque os esporões prote-gem uma parte da costa mas agravam o problema da erosão do lado oposto.

Já aprendi

O aluno pode referir, por exem-plo:

1. Interferência na infiltração e escorrência da água e na erosão, transporte, sedimentação. Para grande volume de remoção de materiais, pode referir-se a al-teração do regime de ventos ou do traçado das linhas de água.

2. A erosão do leito diminui a ju-sante. A deposição de sedimen-tos aumenta na barragem e di-minui a jusante, incluindo na foz, intensificando a erosão litoral.

3. Diminuição da infiltração e aumento da escorrência da água das chuvas.

A erosão costeira que atualmente se faz sentir no litoral português tem diversas cau-sas. Embora algumas dessas causas sejam naturais, as mais importantes resultam de atividades humanas.

Impactes da ação humana sobre o avanço do mar e a erosão da costa portuguesa

Indica perturbações dos processos naturais resultantes das ações humanas:1. Terraplanagem de uma elevação de terreno, com deposição do solo noutro local.2. Construção de uma barragem.3. Construção de área urbana, com a impermeabilização de mais de metade do solo.

1. Explica por que razão a erosão e o avanço do mar pode constituir um problema grave.2. Indica causas naturais para o avanço do mar na costa portuguesa.3. Identifica ações humanas que intensificam a erosão e o avanço do mar.4. Algumas causas do avanço do mar são globais, enquanto outras resultam de ações lo-

cais. Explica a afirmação.5. Indica por que razão a construção de esporões não constitui uma solução para travar o

avanço do mar.

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5. Dinâmica externa da Terra

Crescimento populacional e desenvolvimento sustentável

Nos países mais desenvolvidos, o consumo de recursos geológicos e de energia são muito elevados, assim como a produção de resíduos. Só em 2010, em Portugal foram extraídos 1276 milhões de euros de recur-sos geológicos – água subterrânea e minerais metálicos e não metálicos.

Atualmente, a população mundial é de 7,2 mil milhões de pessoas, prevendo-se que seja de 9,6 mil milhões em 2050. O crescimento po-pulacional é maior nos países em desenvolvimento. Se nos próximos 50 anos a população dos países em desenvolvimento atingir estilos de vida equiparáveis aos dos países industrializados, o consumo de recursos deverá ser duas a cinco vezes superior ao atual.

A situação pode ficar incomportável a vários níveis: esgotamento dos recursos, produção de resíduos difíceis de eliminar, aumento da poluição e alteração irreversível da superfície da Terra (Fig. 8).

▪ Links

Solo – a pele da Terra

http://www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portu-gal/brochura10_web.pdf

8. As consequências do esgotamento local dos recursos naturais está patente nas minas abandonadas, como a de São Domingos, no Alentejo (A). Em Portugal, existem pelo menos 175 minas abandonadas, algumas delas com perigo para o ambiente e para a saúde. As atividades extrativas têm frequentemente impactes negativos, por exemplo alterando a paisagem (B). Os bens produzidos a partir dos recursos geológicos, depois de utilizados, constituem resíduos que é necessário eliminar (C).

A B C

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5.3 Geologia, ambiente e sociedade

A B C

9. O desenvolvimento da tecnologia dos satélites permite monitorizar, cada vez melhor, processos geológicos como o degelo, os movimentos de terras, a progressão das lavas e cinzas de uma erupção ou a evolução da erosão costeira (A). Os biólogos e os geólogos trabalham em projetos que usam as plantas para travar a erosão ou para despoluir solos (B). Os geólogos também participam na sensibilização das pessoas para um uso racional dos recursos naturais (C).

Os geólogos, em conjunto com cientistas de outras áreas, estão a trabalhar em modelos de desenvolvimento sustentável, ou seja, que as-seguram a disponibilidade de recursos e a qualidade do ambiente para as gerações futuras (Fig. 9). Para tal, desenvolvem estudos e projetos em várias frentes:• Aperfeiçoamento dos métodos de exploração dos recursos geológi-

cos, usando novas tecnologias e instrumentos mais eficientes para a sua extração e transformação.

• Desenvolvimento de formas de despoluir solos e água contaminados por minas e outras formas de exploração de recursos geológicos.

• Estudo de métodos para diminuir as consequências dos riscos geoló-gicos (como sismos, erupções vulcânicas, derrocadas e inundações).

• Planeamento das intervenções do ser humano, nomeadamente as grandes obras de engenharia, de forma a terem menos impactes nos processos geológicos.

• Sensibilização das pessoas para reduzirem o consumo de recursos e de energia, reutilizarem os materiais e reciclarem os que não pu-derem ser reutilizados.

▪ Links

Recursos – a caminho de um futuro sustentável

http://www.yearofplanetearth.org/content/downloads/portu-gal/brochura6_web.pdf

PROFESSOR

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5. Dinâmica externa da Terra

Conservação da geodiversidade

A crescente utilização do território para agricultura, floresta e áreas urbanas, por exemplo, conduz à perda das funções naturais do território, com destruição da geodiversidade.

A geoconservação é uma área da geologia que estuda, protege e divulga o património geológico da Terra. Uma das formas de prote-ger e divulgar os mais importantes valores geológicos é a criação de geossítios, locais onde os minerais, as rochas, os fósseis, os solos ou as geoformas possuem características próprias que nos permitem conhecer a história geológica do nosso planeta. Os geossítios, além de terem um elevado valor científico, podem igualmente ter um valor educativo e turístico. Em Portugal, existem mais de 300 geossítios, espalhados por todo o continente e ilhas, alguns deles únicos a nível mundial (Figs. 10 e 11).

▪ Links

Geossítios

http://geossitios.progeo.pt/

Geoparque de Arouca

http://www.geoparquearouca.com/

Geoparque dos Açores

http://www.azoresgeopark.com/index.php

10. Geossítios. Vale de Meios, em Santarém, com a maior jazida de pegadas de terópodes do Jurássico Médio da Península Ibérica, tendo em conta a elevada quantidade de pegadas existentes e o seu excelente estado de conservação (A). Praia do Telheiro, em Vila do Bispo, com uma discordância que separa rochas muito antigas e dobradas de depósitos sedimentares mais recentes e horizontais (B).

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11. Geossítios. Foz da Ribeira do Faial – Madeira, com uma espetacular disjunção prismática, numa espessa escoada basáltica (A). Península de Peniche, rara e valiosa pela sequência de estratos do Jurássico, muito completa e rica em informação sobre este período da história da Terra (B).

A B

Em Portugal existem ainda geoparques, territórios com limites bem definidos que incluem um notável património geológico, como é o caso do Geoparque dos Açores, com 56 geossítios, ou do Geoparque de Arou-ca, com 41 geossítios (Fig. 12).

Os geossítios e os geoparques são divulgados de modo a que as pessoas os possam visitar. Indica vantagens e inconvenientes da visitação destes locais.

12. No Geoparque de Arouca (A), entre muitos outros valores naturais, encontram-se fósseis de trilobites, bivalves, gastró-podes, cefalópodes, braquiópodes, crinoides, ostracodes, graptólitos, icnofósseis e muitos outros grupos. Encontram-se aqui os maiores exemplares do mundo de muitas espécies de trilobites (B).

Sugestões de resposta:

Já aprendi

Espera-se que os alunos reco-nheçam a importância da di-vulgação dos geossítios e geo-parques, considerando que são lugares de interesse científico e pedagógico já que revelam a história da Terra e permitem o desenvolvimento económico das regiões, pelo turismo que geram. Espera-se que os alunos também reconheçam a neces-sidade de as visitas serem con-troladas para que não se perca património valioso. De facto, o vandalismo ou a extração ex-cessiva de amostras de rochas ou fósseis para colecionismo são algumas ações que podem levar à destruição do patrimó-nio que se pretende preservar.

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5.3 Geologia, ambiente e sociedade5.3 Geologia, ambiente e sociedade