modernismo na casa-grande :a

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o MODERNISMO NA CASA-GRANDE :A Jnfân c ia da So ciologia 30sé L ... i2 Jt ha ma .. Pas sos Para Heraldo, l ia e Vera Recife. Po nl es e c a n ais. AlvlTengas, açlicar, água rude, água negra . Aponram para O abc.mo neg ro -'Tu l d as est1:elM. P;\.tio do Par arso. Pt aça de SAo Pedro. l aj ... çaroomida$, decrépi18s calçadas. Falam baixo na pedr a as da alma antia;a. Jo aquim Ca rdo lO (Recife Morto, 1926) RESUMO : A o bra de Gilberto Fr eyre co nstitui-se e m um d os importantes momentos de infle xão d o pe nsamento soc ial bras ileiro rumo a co nsolidação da r eflexão soc iológica p ropriam ente d ita. Ela também se insere num a co rrente mais g eral de r e novaç ão intelectual e estét ica tri butária e m grande med ida ao Movimento Moderni sta . O pr esent e artigo trata dedesenvolver os pressupostos contidos no projeto de p esquisa hom ônimo. É seu objetivo apresentar de f orma breve e didática as passiveis rel ações en tre o dese nvolvimento do Mod ernismo como m ovimento amplo de mudan ça cultural e su as relações com aemergência do mode rno pen samento social brasileiro. Assim, tr ata- se de considerar parte daobra doautor como l ocal privilegiado par a d iscutir o p apel de uma das gran des narrativas sobre o naci onal edesuas tensões entre a modernidade e a trad ição em direção ao es tabelecimento de uma "id entidade" p ara a naç ão. Palavras-chave : Gilberto F reyre, Mod ernismo. I dentidade Naci onal. O co rrida e m São P aulo, a Sem ana d e Art e Modema d e 1 9 22 co nstitui-se nos imbo- l o pr imaz d o movimento mod ern ista brasilei - ro. E la representa um si ntoma de mud anças que vinham ocorrendo nmbito dacultu- ra erudita bra sileira l ecelebra o prim eiro pas- so em busca d e padrões aut ônomos e formas aut ênticas para a c riação estética nacional. Não ap enas no seio d as artes, mas tam bém no campo do pen samento socia l, os intelectuais . procuravam e stabe lecer novos modos de se trat ar e co mpreender ac ultura ea hi stória do Brasil , e stabe l ecendo novas interpretações e va lores para a s ua identidade nacional. O i nício da consolidação instituciona l d o pen- samento soc io lóg ico b rasileiro en contra-se e streitamente relacionado co me ste perí odo , mas rar a mente é a nalisado em co nexão com o pr ocesso de r enovação das form as es téticas. As p rimeiras d écadas d este séc ulo fo- ram marcadas pe la presença d efinitiva do s " explicad o res" do Brasil. S uas interpr etações

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o MODERNISMO NA CASA-GRANDE:A Jnfânc ia da Sociologia

•30sé L ...i2 Jthama .. P a s sos

Para Heraldo, l ia e Vera

Recife. Po nles e canais.AlvlTengas, açlicar, água rude, água negra.Aponram para O abc.mo neg ro -'Tul das est1:elM.P;\.tio do Pararso. Ptaça de SAo Pedro.l aj... ça roomida$, decrépi18s calçadas.Falam baixo na pedra as VQ~ da alma antia;a.

Joaquim Ca rdo lO (Recife Morto, 1926)

RESUMO: A obra de Gilberto Freyre const itui-se em um dos importantes momentos de inflexãodo pensam ento soc ial bras ileiro rumo a co nsolidação da reflexão soc iológica propriam ente d ita.Ela também se insere numa corrente mais gera l de renovação intelectual e estética tributár ia emgrande med ida ao Movimento Moderni sta . O present e artigo trata de desenvolver os pressupostoscontidos no projeto de pesquisa homônimo. É seu objetivo apresentar de forma breve e didática aspassiveis relações entre o desenvolvimento do Modernismo como movimento amplo de mudançacultural e suas relações com a emergência do moderno pensamento social brasileiro. Assim, trata­se de considerar parte da obra do autor como local privilegiado para discutir o papel de uma dasgrandes narrativas sobre o nacional e de suas tensões entre a modernidade e a trad ição em direçãoao estabelecimento de uma "identidade" para a naç ão.Palavras-chave: Gilberto Freyre, Modernismo. Identidade Nacional.

Ocorrida em São Paulo, a Semana de ArteModema de 1922 co nstitui-se no simbo­

lo primaz do movimento modern ista brasilei­ro. Ela representa um sintoma de mudançasque já vinham ocorrendo no âmbito da cultu­ra erudita brasileira l e ce lebra o primeiro pas­so em busca de padrões autônomos e formasautênt icas para a criação estética nacional.Não apenas no seio das artes, mas também nocampo do pensamento social, os intelectuais

. procuravam estabe lecer novos modos de se

tratar e compreender a cultura e a história doBrasil , estabe lecendo novas interpretações evalores para a sua identidade naciona l. Oinício da consolidação institucional do pen­samento sociológico brasilei ro encontra-seestreitamente relacionado com este período,mas raramente é analisado em co nexão com oprocesso de renovação das form as estéticas.

As primeiras décadas deste século fo­ram marcadas pela presença definitiva dos"explicadores" do Brasil. Suas interpretações

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encontram-se ligadas ao fenômeno da reor­ganização política do Estado Nacional na dé­cada de 30 e à estruturação de um novo cam­po intelectual. Nesta época, o pensamentosociológico, ou preto-sociológico, manifesta­do pelo ensaísmo de Gilberto Freyre (1900­1987), Sérgio Buarque de Holanda (1902­1982) e Ca io Prado Jr.(1907-1990), não seriadevedor em relação aos primeiros modern is­tas apena s pelo seu vigor e originalidade nabusca por uma interpretação ampla dó Bra­si1.2

Por outro lado, a chamada geraçãomoderni sta, identificada imediatamente coma renovação dos padrões estéticos nacionais.é frequentemente subestimada em seu papelna reestruturação da compreensão da culturanacional. Ocorre que entre ambos - geraçãodo ensaio histórico-sociológico e modernistasde primeira time - existe uma relação estrutu­rai e genética que enforma mutuamente suaspreocupações e a confi guração de suas obras.

Nesta direç ão, Martins afirma queeste é também o momento em que, atravésdos ' romances regionalistas', os vécus so­ciaux que coexistem num pais tão des igual ediversificado podem se apresentar ao espíritode um leitor urbano que, de outra forma, ja­mais teria como vivenciá-Ios. Vai nesse sen­tido (...) a observação de Antonio Candido deque se inicia um movimento de unificaçãocultural sem precedentes no Brasil. Finalmen­te é na primeira metade da década de 30 quenascem as primeiras tentativas de interpreta­ção de conjunto da história, da econom ia e dasociedade brasileira , a partir de referênciasque não os da ' raça' ou do ' meio tropical ' .Esses livros tornar-se-ão clássicos, influenci­ando posteriormente várias gerações. Emsuma, a intel ítgentsia procura atravessar oespelho (europeizado) para ' ver' o país - eadvogar a mudança . Pois a procura da identi-

dade soc ial passa igualmente pela busca an­gustiada de uma ponte entre essa completarenovação cultural e a reforma da soc iedade:a ponte entre a modernidade e a moderniza­çãodo pais (1987, p.76).

A renovação estética modernista.projetada a partir da década de 20 principal­mente na poesia e nas artes plásticas; j unta­mente com o ensaio de interpretação e críti casoc ial, que tenta recontar o processo de for­mação histórica do país; ass im como a tran s­posição para o pla no ficcional das experiên­cias soc iais regionais pelo chamado Romao­ce de 30 do Nordeste compõem, todos, umquadro geral e orgânico de reconsideração dopassado no interior da experiência presentede definitiva inserção da sociedade nacionalem uma nova fase da modernidade capita listaperiférica .

É assim que apesar da enorme dis­tância formal que separa trabalhos como oManifesto Antropófago ( 1928) de Oswaldde Andrade, Macunaíma (19 28) de Mário deAndrade, Menino de Engenho (1932) de Jo­sé Lins do Rego e Casa-Grande & Senza la(1933) de Gilberto Freyre, todos eles se en­contram ligados pela intenção de fazer uso depadrões estrangeiros de criação /explicaçãocom vistas a supera-los. trazendo vida aossímbolos nac ionais e à adequada compreen­são da cultura brasile ira. Um certo sentido denacionalismo cultural jaz por trás desta ati­tude a despeito da grande diferença de resul­tados estéticos e políticos.

A idé ia de " ressentimento", a qual otítulo do proje to faz menção, denota, por umlado, a ação de experimentar-se novamenteuma sensação. de reco nsiderar-se um sentidoorigina l; e, por outro lado, designa tambémum sentimento de magoa, uma sensação deofensa e resignação. Este duplo sentido seadequa perfeitamente à compreensão. subja-

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cente ao presente texto, sobre a inserção dafigura de Gilberto Freyre e de seu papel nopanorama da renovação cultural brasileira eda elaboração de novos sentidos para a" identidade nacional" encampada pela cha­mada geração modernista do Nordeste. Umarenovação dos sentidos da nacionalidademuitas vezes ambígua, que se projetaria nadécada de 20 no interior das novas formas daarte poética para, logo em seguida, afirmar-sedefinitivamente nos trabalhos do autor deCasa -Grande & Senza la e no que ficou co­nhecido como o Romance de 30.

O modernismo brasileiro precisa sercompreendido, assim como coloca Lafetâ(1973), no interior de suas relações com asoutras esferas da vida social, que apontam,por exemplo, para a dinâmica de inserção dasociedade nacional em uma outra modalidadede relação de acumulação capitalista periféri­ca anunciada a partir da Revolução de 30.Durante este período, a solução do trinômiomodernidade-modemismo-modernizaçãoaponta para a dissolução das fonn as de poderoligárquico; para a redefinição das relaçõesentre Estado e sociedade civil; para a expan­são do aparelho urbano e do setor terciário,com o aumento maciço das chamadas cama­das médias; e, também. para a reorganizaçãodo campo dos intelectuais, através da conso­lidação de instituições formais de pesquisa e. . ,ensino supenor.

Durante as "décadas de vinte e detrinta o Brasil experimentou uma das maisprofundas reverificações dos sentidos de sua"brasilidade".4 Neste período, "o direito per­manente à pesquisa estética; a atualização dainteligência artística brasileira; e a estabiliza­ção de uma consciência criadora nacional",bandeiras do Modernismo como nos falaMário de Andrade (1942, p.45), encontram-seestreitamente vinculadas à emergência de

uma nova intel!igentsia brasileira preocupadacom o estabelecimento e a atualização de no­vos padrões de criação e explicação para acultura nacional.

Adotando-se uma noção ampla domovimento modernista brasileiro tal como aque se expressa em vários dos trabalhos docrítico literário Antonio Candido(particularmente em: 1985, Cap. VI), com­preende-se que este movimento tenha sidoresponsável por uma nova forma de se consi­derar a linguagem, a cultura e a história brasi­leiras. O Modernismo inaugura uma novaatitude com relação à memória cultural dopais: redefine os limites entre o futuro e opassado reconstruindo os horizontes do pre­sente através do estabelecimento de novasrelações entre a tradição e a modernidade.s

Seguindo esta concepção ampla. queenxerga no modernismo um processo de mu­dança cultural geral e não exclusivamente ummovimento estético, o Modernismo brasileiropode ser tomado mais como a reconsideraçãodos sentidos da cultura nacional e suas impli­cações históricas em direção a uma nova re­construção sócio-politica da identidade naci­onal brasileira do que apenas como um pro­cesso de renovação estética; e então, serápossível perceber a presença das mudançasque ocorrem no seio do processo social con­figurando a renovação dos meios simbólicose expressivos, formando uma totalidade quenão pode ser pensada separadamente."

O Modernismo difunde-se no tempo,balizando grande parte dos debates intelectu­ais futuros sobre a cultura nacional; ele espa­lha-se no espaço, sendo colorido pelas inúme­ras fontes regionais por todo o país; e tam­bém sobrepuja os limites da "forma", ultra­passando os domínios da estética, da ficção,para adquirir expressão, por exemplo, atravésdo ensaio histórico-sociológico de Gilberto

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Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e CaioPrado Jr.

Para Antonio Cendido, estes três au­tores cristalizam em suas obras a projeçãcmodemista no campo do ensaio em busca dasíntese explicativa dos múltiplos aspectos davida soc ia l brasileira e de seu desenvolvimen­to histórico . Marcados pelo hibridismo e situ­ados inicialmente às margen s da emergênciainstitucional forrnal do pensamento socialbrasileiro no interior do ambiente universitá­rio - principalmente nos casos de GilbertoFreyre e Sérgio Buarque de Holanda -, estesautores são tributários à forte influência que atradição literária exerceu j unto às primeirasgerações de "explicadores" do Brasil.7

O poderoso ímã da literatu ra interfe­ria com a tendência sociológica, dando ori­gem àquele gênero misto de ensaio, construi­do na confluência da história com a econo­mia, a filosofia ou a arte, que é uma formabem brasileira de investigação e descobertado Brasil, e à qual devemos a pouco literáriaHistória da literatu ra brasileira , de SílvioRomero, Os Sertões, de Euclides da Cunha.Pop ulações Me.-idionais do Brasil, de Oli­veira Viana, a obra de Gilberto Freyre e asRaízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Ho­landa. Não será exagerado afirmar que estalinha de ensaio, - em que se combinam comfelicidade maior ou menor a imaginação e aobservação, a ciência e a arte, - constitui otraço mais característico e original do nossopensamento . Notemos que, esboçada no sécu­lo XIX, ela se desenvolve principalmente noerual, onde funciona como elemento de liga­ção entre a pesquisa puramente científica e acriação literária, dando, graças ao seu car átersincr ético, uma certa unidade ao panorama danossa cultura (Candido, 1985, p. 130).

E, mais adiante, complementa:"Hoj e, vemo.s que é necessário chamar

Modernismo. no senuâo amplo, ao movimento

cultural brasileiro entre as duas guerras, cor­respondente à fase em que a literatura. monten­da-se ainda muito larga no seu âmbito, cooperacom os outros se/ores da vida intelectual nosentido da diferenciação das atribuições. de umlado; da criação de novos recursos expressivose interpretativos, de outro. (...) Um autor comoGilberto Freyre. que parece hoje um soci ãíogoconservador. significou então uma força pode­rosa de critica social. com a desabusada hber­dode de suas interpretações " (Ibidem, p. 134-S).

Neste período, São Paulo foi o berçoda renovação modernista e isto está, sem dú­vida, relacionado com a crescente exper iência'social de desenraizamento do sujeito urbano,aproximando a metrópole brasileira às suascongêneres européias, que em muitos casosserviriam de modelo aos seus intelectuais.'Com a passagem dos anos 20 aos anos 30, o .restante do país não permaneceu em silêncio.O Modernismo difunde-se como projeto deauto-certificação e identidade da cultura na­cional encontrando nos diversos ambientesregionais o material com o qual refundaria aprópria compreensão da cultura e da históriabrasileiras," Um projeto que muitas vezes,mesmo quando está apenas preocupado comos aspectos da renovação formal , não podeser dissociado do sentido político que lhe ésubjacente. É assim que Lafetá se refere àsrelações do Modernismo brasileiro com odesenvolvimento da sociedade. acrescentandoque

"nesse panorama de mode rnização geral se íns­creve o corrente artística renovadora que. as­sumindo o arranco burguês. consegue parado­xo/mente exprimir de igual for ma os aspiraçõesde outros classes, abrindo-se para a toiatídadedo nação através da critica radical âs institui­çôes j à ultrapassadas" (1974, p.17).

Praticamente a totalidade do que setem escrito sobre o Modernismo no Brasilrestringe-se ao seu desenvolvimento no Su­deste do pais. Porém, fora do eixo São Paulo­Rio-Minas o Modernismo ganha força e efe­tiva-se muitas vezes através de um diálogo

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ambíguo no interior das tensões locais entre atradição e o processo de modernização. indomanife star- se mui tas vezes próximo às for-

d . I' 10mas o reg lona isrno.Muito pouco se tem escrito, por

exemplo, sobre o desenvolvimento do Mo­dernismo no Nordeste e, também, sobre aprojeçãc modern ista do Romance de 30 e Su­as relações com a obra de Gilberto Freyre du-

Iod " s bra é ' Irante este peno o. ua o ra e responsave

por um importante e pouco estudado diálogono interior da cultura modema brasileira : aque-rtUt do modem;smo-regh>n.aJ;smo. lImdiálogo sinto mático deste período de supera­ção do pacto oligárquico , que represe nta dife­rentes atitudes e formas de apropriação datradiçêc pela modern idade . O regionalismotem sido tomado muitas vezes como urnaantítese ao moderni smo, embora ele represen­te apenas uma das poss ibilidades para a real i­zação do proje to modernista para a culturanacional; natu ralmente em uma acepção COn­servadora na med ida em que promove aidentidade de um modelo de Estado Nacionalesgotado historicamente.

Entre as décadas de 20 e meados dade 40 o Brasil é constantemente" redescoberto'' pelas co nquistas da nova po­esia, da prosa e do ensaio, que enfeixa vam,não raro, a " refundação" da cultura nacionalem grandes interpretações de sua identidade ede sua história. Muitas das implicaçõesideo lógicas das principais interp retações doBrasil foram trabalhadas por Leite ( 1976) eMota (1977 ). Estas grandes "narrativas" donacional podem ser vistas, em parte, à luz doque se tem chamado recentemente de"discurso fundador" .12 Enunc iados capazesde organizar os repertórios simbó licos herda,dos juntamente com os novos e lementos SUr­gidos com a inserção da sociedade nacionalem um novo hor izonte histórico e social. O

Discurso Fundador é capaz de fornecer umaimagem organizada e "totalizante" do cenárionacional , resultante das novas demandas dosgrupos em seus embates pelo estabelec imentode uma hegemonia que não se esgota apenasno plano da cultura. As tensões entre o Mo­dernismo (Sudeste urbano e industrial) e oRegional ismo (Nordeste agrário e arcaico) .por uma fórmul a ráp ida e grosseira. podemser lidas como indices de expressão e tentati­vas de solução para os dilemas distintos colo­cados pelos difere ntes com plexos sociais. Agrosso modo: esforços pelo estabeJedmentode "discursos fundadores" de iden tidades ereferências tanto mais vá lidas quanto maisamplas histórica e geograficamente. Mas issosó a grosso modo, e dizer ass im não é dizermu ito.

Este período define-se como um inte­ressante e híbrido momento de formação dainteligênc ia brasi leira. Como salienta Candi­do, "o decê nio de 30 nos aparece agora comoum momento de equi líbrio entre a pesquisaloca l e as aspi rações cosmopolitas (...)" (Op.cu., p. 127). Ele registra uma coexistênciaaproximadamente harmoniosa, e em algunscasos indistinta, entre as preocu pações sócio­políticas, de um lado, e estéticas. de outro.Nesta fase, a principal projeção da culturamodernista se verificaria justamente no en­saio e na ficção romanesca, notadamen te noque ficou conhecido como o Romance de 30do Nordeste. Um movimento "que aparececomo instrumento de pesquisa huma na e s0­

cial, no centro de um dos maiores sopros deradica lismo da nossa história" (l bidem,

"p.124).Entre a primeira geração modernista,

aquela emblemat izada por intelectuais daSemana de Arte Modema de 1922 como Má­rio de Andrade e Oswald de Andrade, eaquela que se projetaria na década segu inte,

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como os romancistas de 30 e o próprio Gil·berto Freyre, o Modernismo avançou pel.selaboração de uma nova compreensão e at"tude para com a cultura brasile ira. refundar"do-a pelo estabelecimento de uma n O\'3 cci"cepç ão de idea lida de Dad onal .

A noção de identidade nacioni"como foi tratada por Renato Ort iz., se trad\lZna idéia de uma permanente (re)co nstruçf°histórica de um discurso pretensamente h.t­gemônico por parte dos grupos soc iais em stJ­as. ~~s, ~ ~ ..~~. e, qiw,. o"estrange iro" na formação do Estado Naci'"nal. Na e labo ração dos conteúdos formais Jaidentidade para a nação. os intelectuais s~r·

gem como mediado~s simbólicos, agen, eshistóricos que co nstroem a unidade da div,r­sidade. Sua tarefa se co nstitui em uma ope(a­çãc de transformação simbólica do real. Elesaluam em direção a uma reinterp retação J opopu lar . de suas múltiplas fontes e formas ­fazendo uso na maior ia dos caso s de matrites

culturais exógenas - mode los, esq uemas eteor ias - em busca de um momento sínteseentre o part icular e o universal co mo forma eexpressão de uma ex plicação para a nação.

Assi m,Ma CI<I/ura enquanto fe m'imerlo de linguagem tse'"P" passlwl de imerpre/açdo. mas em ultimail1StáfJCia s õo os Irlteresses que rkfil1em os gMl­pos sociais ql<e decidem sobre o semtdo da ree­laboraç40 s.mb6Jica desta 011 daque ío marli/es­'açda. Os imelecluais tim neste processo umpapel retevame, pois s ão eles os artifices destej ogo M co'Ut~ção SImbólica" (Orna, 1985.p.142).

E então, a reflexão sociológica n!io

pode deixar de enxerga r nos discursos cuu'"reis e nos enunciados estéticos, ou mais ~e­

nericamente: na poé tica , uma verdadeira ro-:lítica do signo. Esta, talvez. seja a poncif'altarefa de uma Soc iologia da Literatura que sepretende efetiva."

o Moderni smo se co nstitui em umadas soluções históricas para esta equaçãodescrita tão bem por Renato Ortíz e AntonioCandido como uma das resolu ções da unida­de da dial ética do local e do cosmopolita.Para o caso do Nordeste, ainda está por serreal izada uma pesqu isa adequada sobre a ten­são estabelecida no inter ior da tríade poesiamodernista da década de 20, ensaísmo his(~

rico-sociológico e romance social da décadade 30 com vistas à formação de uma novaidentidade para a nação, ou mesmo para aregião. Em uma época de reestruturação poli­tica do Estado e de rever ificação dos sentidospara a cultura nac ional, o pensamento de GiI~

berto Freyre se apresenta - no âmbito da crisedo cenário nordestino - como o centro degravidade desta tríade; um campo fecundopara investigações sobre as am bigüidades querevestem o papel exercido pelas narrativas einterpretaç ões do Brasil no interior das ten­sões entre a modern idade e a tradição.

Gilberto Freyre representa um dosprimeiros e princ ipais esforços em direção auma "explicação" do Brasil no interior dopensamento soc ial nacional deste século.Seus estudos, àquela época dete ntores de umaheterodoxia forma l e metodológica, procura­vam na história colonial brasileira elementossoc iológicos e antropo lógicos com os quaisestruturaria uma identidade cultural para anação. Seu legado se constitui, ta lvez. em umdos mais fortes "arquétipos" da explicação daidentidade naciona l.

É prec iso tomar clara. portanto, a in~serção e o significado de sua produção entreas décadas de 20 e de 30. Investigar seus ob­jetivos e como sua obra lida com a tradição ecom as fontes da cultura nac ional redefiniu­do-as por meio de um discu rso "moderno"qu~ incorpora métodos estrangeiros e origi­nais de pesqu isa científica enquanto busca

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explicar a cultura brasileira e sua identidadenacional através de um discurso ambivalente.

Durante este período, o "Mestre deApipucos" foi, talve z, um dos mais importan­tes e influentes inte lectuais brasileiros e suasrelações para com o desenvolvimento dasformas estéticas nacionais nunca foram sufi­cientemente estudadas . Sua própria biografia- ele próprio chegou a sugerir a importânciade estudos em direçãc a uma possível Socio­

. logia da Biografia - surge como ponto-de­partida privilegiado para o esclarecimentodas relações entre os Intelectuais, as CiênciasSociais, a Literatura e o Estado para o desen­volvimento da soc iedade durante a constru­ção da cultura moderna brasileira. Sua obra.cotejada com as demais reali zações do Mo­dernismo nordestino e sulista. se apresenta degrande utilidade para discutir as relações en­tre matéria ficcional (discurso estético) eexplicação soc iológica (discurso cientifico)rumo à construção de sentidos para a Históriapela elaboração de novos significados para amemória social e coletiva.

Os trabalhos de Gilberto Freyre sãopassíveis de anál ise e críti ca não apenas comouma explicação substantivamente cientifica(como na maioria das vezes foi considerada) ,mas também como uma narrativa. A idéiapode ser retirada de Costa Lima, quando esteafirma que a narrativa não se opõe ao conhe­cimento científico e que, ao contrário, o dis­curso ficcional e historiográfico compõem- sede narrativas estruturadas de diferentes for­mas, constituindo-se em uma "organização

.temporal, através de que o diverso, irregular eacidental entram em uma ordem; ordem quenão é anterior ao ato da escritura mas coinci­de com ela; que é ris constitutiva de seuobjeto" ( 1989, p. 17)' .

Várias tendências do pensamentoocidental contemporâneo têm desenvolvido

reflexões que reconsideram as relações entrenarratividade, ficção e história. Para os obje­tivos do presente texto, destacam-se: PeterBurke, alinhado pela perspectiva da historio­grafia francesa da tcole des Aooales;1 6 PaulRicoeur, no contexto da filosofia francesacontemporânea (Cf. Ricoeur, 1994); e Frede­ric Jameson, no interior do conjunto da críticacultural marxista (Jameson, 1992).

No Brasil, alguns têm trab alhado comsemelhante perspect iva. Destaquem-se, aqui ,as publicações Narrativa: ficção e história(Riedel, \988)17 e Margem: Dossiê Narra­dores e Intérpretes (Ramos, 1992 ).18

Trabalhando em uma linha benjami­niana, Gagnebin se apresenta como uma dasmais interessantes contribuições. Ela acom­panha a concepção de Walter Benjamin se­gundo a qual a narrativa existe como experi­ência social coletiva que funde e intercomu­nica os horizontes do "narrador" e dos seus"ouv intes" fazendo uso da tradição que lhes écomum a fim de atualizar ambos como expe­riências compartilhadas.l" Segundo Gagne­bin, seu mais recente trabalho se ocupa com a(...) importância da narração para a constitu i­ção do suje ito. Essa importância sempre foireconhecida como a da remem oração, da re­tomada salvadora pela palavra de um passadoque, sem isso, desapareceria no silêncio e noesquecimento. Essa empresa de remem oraçãojá detennina., na aurora do pensamento grego,a tare fa do poeta e, mais tarde, a do historia­dor (Gagnebin, 1994, p.3).

Uma perspec tiva valiosa para a análi­se da obra de Gi lberto Freyre, que se expressa- principalmente em. Casa-Grande & SeDZ8~

la e Sobrados e Muesmbos - prat icamentecomo um grande relato; onde o autor ("o nar­rador") ao mesmo tempo em que se apresentaidiossincraticamente imerso na forma e noconteúdo de seu trabal ho, organiza empati -

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camente a experiência social do passado pormeio de um exerc ício de "rememoração" queatribui sentido e unidade a história co letiva.20

Os estudos históricos e socio lógicosde Gilberto Freyre, bastante próximos emforma, conteúdo e estilo a algumas conquistasda renovação modernista. quando examina­dos à luz da teoria da História de WalterBenjamin e de sua concepção de critica lite­rária, convertem-se em uma rica fonte de in­vestigações sobre as relações entre historio­grafia, interpretação sociológica e ficção du­rante a construção de uma " identidade" e deurna "memória" para a cultura nacional.

Entre as conquistas da renovaçãomodernista e a inst itucionalização ' do pensa­mento soc iológico nacional , a obra de Gilber­to Freyre se apresenta no interior de um pert­odo marcado, como chamou Élide RugaiBastos, pela obsessão explicativa do Brasi l.buscando as raize s da forma ção nacional pelareinterpretação do passad o. Em sua opinião(198 7, p. 157 e seg.), a enorme penetração deCasa·Grande & Se nza la se dá porque ela sesitua no centro de um ponto de inflexão,quando a sociologia se constitui como um sis­tema, mod ificando a forma de seu discursodo "jurídico" para o "sociológico" e a suaeficácia no interior do recen te campo intelec­tual emergente. A autora identifica em Gil·bertcFreyre a traosiçio ao mod erno - e seuscomponentes subjacentes de "decadência" e"sobrevivência" - como sendo sua temát icaprivilegiada (lbidern, p.I60).

Em Gilberto Freyre, a tentativa deinterpretação da sociedade por meio de ummétodo comprteDsivo partindo do deta lhe edo fragmento • uma at itude comum aos mo­dernistas pretende alcançar o"conhecimento do senso comwn da vida co­tidiana" (Idem, p.162) a fun de perceber suahistoricidade. 0c01Te que apesar da"força te-

volucionár ia" (Candido, 1994) de sua abor­dagem metodológica. os resultados de seustrabalhos muitas vezes se traduzem por umaempatia com o projeto de dominação socialque se eferivou. E assim, Bastos conclui que

~eulU posiç«J lom am a obra cU GilbertoFreyr-t, localizada nQ di cada de 30, rJeme",oi"'portoltle no jog a dtu forços politicos fk en­Ida. &" disCllrso. qw apar«t como 'cienJifico ',tra1lSjip ra' Je em 'disclUJo poIilica ', Uutnlmen­lo junJo_ltlal nQ corutnlÇdo do poelO cU l U'(Op. cu., p.162).

A enorme relevância que assumem ostrabalhos de Gilberto Freyre no cenário inte­lectual e cultural da época se dá em grandeparte pela fuoçio política que sua produçãoexerce, atribuindo sentido e unidade aos pro­jetos de identidade regional e nacional duran­te o momento de consolidação da políticacultural do Estado Novo. Ele surge como umanova le itura da realidade histór ica brasileiraatravés de uma nova linguagem que encerraem sua estrutura estilística tanto os humoresda renovação modern ista, quanto a emergên­cia de uma nova modalidade de discurso, osociológico propriamente dito, que a parti r deentão camin ha em direção a sua autonomiaem busca da consolidação de seu espaço dis­cursivo, de suas instituições e dos seus pro­fissionai s.

Atente-se para o fato de que as pro­postas de Gilberto Freyre causavam maiorimpacto pela "novidade" do que mesmo pela"renovação" efetiva dos seus conteúdos'•principalmente se elas forem confrontadascom os pressupostos e implicações políticascontidas em seu argumento, conservador eresistente em muitos casos às mudanças efe­tivas tanto no interior do campo intelectual >pela adoçâo e desenvolvimento de novasperspect ivas teóricas . quanto às transforma­ções verificadas no seio da própria real idadebrasileira, em franco processo de moderniza­ção.

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o MODERNISMO NA CASA.GRAN DE A .:7...(2"1(::0'" d", Sociolof'oa 81

A obra de Gilberto Freyre deste peri­odo de 30, então, triangula com o que foiproduzido durante os anos 20 pela força derenovação estética - e que perm aneceu à mar­gem da historiografi a do Moderni smo brasl­leiro21

- e com o desenvolv imento da prosaficcional de 30 no Nordeste, ve io que rea lizauma "refundação" do Brasil pela pesqu isa deuniversos e problemas locai s através dos no­vos recursos expressivos conqui stados pelageração modern ista. Sua obra, então, entre­cruza- se com as real izações da poesia devanguarda do Recife dos anos 20 - principal­mente através dos poetas Joaquim Cardozo(1897-1971) e Ascenso Ferreira (1895- 1965)- e com o resultado ficcional dos romancistasde 30 - com destaque para os trabalhos de Jo­sé Lins do Rego ( 190 1-1957), pessoalmenteinfluenciado pelo autor de Casa-Grande &Senula?2

Assim, a reconsideração dos capítu­los iniciais da história do pensamento soc ialbrasileiro - seu periodo de "formação decisi­va" - situa-se precisamente no encontro entreo Moderni smo e a consolidação da reflexãohistórico-soc iológica como domín ios amplose híbridos, que pouco a pouco caminhavamem direç ão a autonomia e a especializaçãopara marcar , então, defin itivam ente a separa­ção entre o Estético e o Científico comopráticas isoladas pelo divórc io. Note-se queparte da obra de Gilberto Freyre - aquelaexatamente onde se dá a sua gênese e afirma­ção - encontra-se entre o desenvolvimento doprocesso de renovação modernista no Nordes­te dos anos vinte - ou de "reeção" ao Moder­nismo propriamente dito, se assim se consi­dera o Regionalismo -, entre a estruturaçãodo movimento do roman ce nordestino da dé­cada de 30 e a elaboração das grandes expli­caçõe s do Brasil através da paulat ina conso li­dação do campo mais "estritamente científi-

co" de estudos sobre a história e a culturabrasi leiras. O desenvolv imento do pensamen­to marxista e a fundação da USP representamíndices importantes para a constituição pos­terior do perfil da intelligentsia brasil eira dosanos subsequentes, geração que iria inicial­mente aplaudir os esforços interpretativos doSociólogo pernambucano para, depo is, co lo­cá-Ia em suspenso, sob suspeita do crime derepresentar as suas própri as raízes aristocráti­cas. Condenado à estátua, seu pensamento foicristalizado e entregue à sorte dos aplausos edos pombos.

Na realidade, as décadas de 20 e de30 se apresentam hoje como um período deestruturação do paradigma nacional moderno:do paradigm a estético e do soc iológico. EGilberto Freyre se configura como um dos.seus mais importantes arautos , brilhante eatónito com a pressa com a qual o tempoerodia os seus valores. A Semana de ArteModema celebra a passagem das artes nacio­nais para o século XX. Casa-Grande & Sen ­zala, por sua vez. situa-se também em umponto de virada; é' ele próprio parcel a funda­mentai do movimento que inst itui o modernodiscurso socio lógico brasileiro.

Divisor de águas e pedra-de-fundaçãodo pensamento social deste século, Casa­Grande constitu i-se integra lmente como umapeça modernista, em sua fonna e conteúdo;trazendo uma reinterpretação do passado c0­

lonial bras ileiro através de uma linguagemco loquial e desabusada num movimento derevalorização dos componentes da nacionali ­dade. Utilizando-se ao mesmo tempo de vastadocumentação erudita e marginal , mescladacom a incorporação do quadro teórico pro­veniente da Antropologia Cultural norte­americana, o autor consegue "hannonizar oscontrár ios" por uma est ilíst ica de forte perso­nal idade marcada pela visão simpática ao

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quadro histórico que descreve e ao seu legadocultural. Mais do que descrever, ele o narra:reconta o passad o por uma longa jornada deidas e vindas - que se contradizem em muitoscasos na mes ma página - compondo umgrande cenár io híbrido e plástico que trans­põe para a própria estrutura do livro o argu­mento que trata de dese nvolver. Já se disseque Gil berto Freyre pensava por imagens.

Último grande suspiro exalado pelaanti ga ordem patriarcal num arremate final dereconsideração de seu próprio proce sso his­tórico de formação, dominação e decadênci a,a obra de Gilberto Freyre - princ ipalmenteentre as décadas de 10 e 50 - pode ser enten­dida em parte como sintom a de uma crise queprocura reab ilitar valores e tradições por umespasmo terminal e. contrad itoriamente. mo­derno. Dai o que se realiza na trilogia"Introdução à História da Soc iedade Patr iar­cal no Brasil " ; uma visão encantada e alegó­rica, uma grande narrativa modem a que tra­duz a decomposição de uma ordem política.econômica e cultural agonizando a superaçãodo quadro hegemônico anterior. Obra dramá­tica e bela que, mesmo equi vocada em boaparte das suas análises, sustenta-se pela forçade sua própria composição. Casa-Grande &SeDula, pivô da trilogia. é peça que já nasceclássica (no sentido que lhe empresta Ador­no), ela traz co nsigo as contradições e de­terminações profundas de seu tem po, plas­mando-as em sua própri a estrutura e reali­zando pelas mãos de um intelectual deslum­brado com a antiga clas se dominante ummovimento de mudança - ma non troppo - deperspectiva da visão da brasilidade através doreexame nostálgico de um passado ao mesmotempo triunfal e decadente. Fosse cle um ro­mance, poderia ser dito, seguindo Lukács eGoldmann, que o escritor representa a cons­ciênc ia-l imite de um tempo em superação e

que o narrador encarna a própria figura doherói-degradado, um herói trágico e proble­mático que sonha revolver os cacos da histó­ria para compor um painel de futuro . Foi en­tão o modernismo da casa-gran de um dosparteiros da modem a socio logia brasil eira,fazend o-a gozar de uma infância pachorrenta,exuberante e melancólica que só a meninicede Car linhos no engenho do avô, contada tãosimples por Zélins que quase faz crer que nãoé co nto, mas memória. Que quase convenceque é o que é mesmo e pron to.

Quem quiser que co nte outra .

Tradição

Terraço de casa-grande de manh ãzinha,fartura espetac ulosa dos coroné is:

- Ó Zé-estribeira! Z é-estribei ro!- lnhôôr !- Quantos litros deu a vaca Cumbuca?- 25, Se u Curuné!- E a vaca Malhada?- 27, Seu Curuné!- E a vaca Pedrês?- 35, Seu Curuné!SÓÓ? Diabo! Os meninos hoje não têm o

qui mamar!

Ascenso Ferreira (Catimbó, 1927)

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1IOnU:sle. Rio de laneiro, Alheneu Cultura

NOTASMestnndo do Curso de Mestrado em Sociologia da

UNICAMP. onde desenecíve projeto de pesquisa sobreGilberto Freyre c o Modemi smo no Nordeste: sob a on­entlÇAo dos Profcssom; Renato Ortiz c Élide RugaiBastos. O presente artigo foi retirado do referido projetOe redigido como parte das arívidades de uma bolsa deApcrfciçoamentolPesquisa do CNPq.I Veja a este respeito. por exemplo. Brite(1971).2 Em alguns casos esta rd açJo entre renovaçao cstttic&

c: pensamento social se apresenta diretamcntc:c talvezMário de Andrade seja o exemplo mais admirá vel daprimeira geraçlO. Sérgio Buarque de: Holanda, junta­mente tom Prudente de Moraes Neto. editaria cm1924 a revista úli l ica ; quase à mesma época, Gijber­

10 Freyre encabeçaria o Movimcnlo Regionalista emt'emambuco c postcrionnente inllucnciari a de formamarcante alguns autores da geração do Roman« de:30.

J Sobre I transformação do panorama politico nacionale suas relações com as camadas médias destaque-se:Fausto t1918) c: Saes {198S); e parttcularmeme no to­canle aos inlelecluais. Miceli (1979); Martins ( 1987);Pécaut ( 1989 ) e Kohut ( 1991).

• Termo rel irado de Moraes (1978 ) onde o autor consi­dera o ano de 1924 como o ponto de inflexão a partirdo qual a imediata intenção de renovação estética mo­dernista passa a incorporar a tentativa de elaboraçãode uma literalura "verdadeiramente" brasileira rumoao estabelecimento de um projeto para a cultura naci­onal .p~ este período, as relações entre projeto este­ucc e projem político são claras. Alguns autores cha­mam a atenç.lo para a releçâo entre o nacionalismocultura! desenvolvido a partir de 1924 e as posteriorespcl tticas culturais do Estado Novo. Uma interessanteanAlise sobre a posiç!o de Os .....ald de Andrade se en­conlra em Johnson (1987).

, HAuma vasta literatura sobre o modernismo brasileiro,entre as principais referencies estão: Brito (197 1);Teles ( 1972); Ávila ( 197') e Martins ( 1987).

•Grande parte da chamada geraç.lo formada por Anto-nio Candido tem traba lhado no sentido de demonstrarcomo as ~laç&s sociais presentes no universo que dásuporte à triade autOf-obra-e-pliblico se manifestamno interior da obra enformando a própria estnIwra

estttica da mesma. Destaq uem-se aqui os lrabalhos deRobcno Schwarz, Ligia Chiappini, relê Porto AnconaLopez., Joio Luiz Lafetá e Walnicc Nogueira Galvlo.

NIo raro, seus ua balhos têm cstabelec:ido um diilogorico e duradouro comas Ciblcias Sociais.

, Para um panorama Mstan te interessante do desenvol­vimentc histórico de algumas das principais instilUJ..ções formais do pensamento social brasileiro. consul teMiceli (1989). Também em Ort iz ( 1990) enconU'am­se elcmc:ntos importantes paB uma reflelllo sobre aeonsolidaçlo da matriz disciplinar dll$ Cimcias Soei­ais enquanto campo ecadêmicc autónomo. Especifl­camcnte sobre as contribuiçõa de Gilberto Fn::yre.Strg io Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.. veja orecente ensai~aula de Cardoso (199] ).

•Sevcenkc (1992) reconta de forma bastan te sugestivaa história cultural da metrópole paulista quando ela nadécada de 20 definitivamente mergulha na vitrine deslmbelcs da modernidade.

" M ocWNJiMO ( 1928) de Mu jo de Andrade pode servisto como um admirável exemplo desta intensa buscadou (onte, para o cSllbc:lee imcnto de um novo sentidopara a palavra nacional.

10 Entre os trabalhos que têm se dedicado à investigaçãodas relações entre "modermsmos" e " regionalismos"locais. destaquem-se : Azevedo (1984) e Chia.ppini( 1978); ambos, duas teses de doutoramento pela Uni­versidade de São Paulo.

I I Destaque-se o recente e interessante estudo deD'Andrea ( 1992), que trabalha as relações entre Gil­benc Preyre e IS expressões literárias do regionalismodo ponto-de -vista da critica e da hisrórialiterária.

I J Veja, por exemplo. Orlandi ( 199] ), para uma ímeres­same reuniao de textos do ponto de vista da Análisedo Discurso.

U P .ara um Interessante panorama da época consulteCandido (1987), e, mais especificamente, o compên­dio de Teles (1990), que encena seu trabalho acres­centando que "( ...) os romanci stas de ] 0 do Nordesteconstrulram a linguagem mais eficazmente adequadaaos principias modernistas de se ' redescobrir' o Bra­sil, de revelar o homem brasíte'rc na plenitude de suaesperançae miséria" (p.I07).

I. No panorama da ren exao internacional ccn temporâ­!\tI Swingewood ( 1975 e 1986) vem tnlbalhando emtomo de uma i nle~le pen.pectiva da Sociologiada Lileralura-

IS No interior desta mesma obra, O aguarnis do k"'fXJ.especial atençlo deve ser dada ao capitulo III, "A ver­são solar do patriarcaJismo: Casa-Grande &. Senzala",p.187-2J8.

16 Veja "A históna dos acontrximentos e o renasc imentoda narrativa" in Burke (1992., p.321-48).

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n Com contribuições de Benedito Nunes. Bento PradoJúnior , Luiz Costa Lima, Ricardo Benzaqu en de Ara­újo. Nico lau Sevcenko, Francisco Igjésjas, Luiz Feh­peBeêtaNeves, luiz Eduardo Soares. Silviano Santi­ago, José Migue l Wisnik, José Américo da Morta Pes­sanha e Horus Vital Brazil.

.1 Com textos de reenn e Marie Gagnebin. Elias ThoméSaliba, G uilherme Simões Gomes Ir., Lou is Quéré,Eliane Robert Moraes, Silvia Helena Simões Borelli,Edgard de Assis Carva lho. Matiza Wemeck e Mãrcia'Mansar O'Al éssio.

19Veja"O Narrador" em Benjamin(1993).

20 Existem, naturalmente, algum as dificuldad es de seutilizar semelhante perspectiva para o trato de seme­lhante objetc; no caso, a obra de Gilberto Freyre.

21 A este respeito. destaq uem-se os trabalh os de Barros( 1975); e de Inojosa ( 1968/69) .

12 Há uma vasta bibliografia sobre Gilberto Freyre. Cu­riosamente uma das ultimas referências publicadasaponta implici tamente para esta relaçao com o Mo­de rnismo. Apesar d isso, o autor não dese nvolve estaperspectiva preferindo solucionar o estudo por meiode uma abo rdage m monográfica da obra de G.f . nadécada de 30. Trata-se de Araujo (1994).