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Durval Durval Damiani Damiani Instituto da Crian Instituto da Crian ç ç a a HCFMUSP HCFMUSP Unidade de Endocrinologia Pedi Unidade de Endocrinologia Pedi á á trica trica Edema Cerebral na Edema Cerebral na Cetoacidose Cetoacidose Diab Diab é é tica tica Podemos evit Podemos evit á á - - lo? lo? I Jornada de Endocrinologia Pediátrica do Rio Grande do Norte Mesa Redonda – Diabetes Mellitus

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DurvalDurval DamianiDamiani

Instituto da CrianInstituto da Criançça a –– HCFMUSPHCFMUSP

Unidade de Endocrinologia PediUnidade de Endocrinologia Pediáátricatrica

Edema Cerebral na Edema Cerebral na CetoacidoseCetoacidose DiabDiabéética tica ––

Podemos evitPodemos evitáá--lo?lo?

I Jornada de Endocrinologia Pediátricado Rio Grande do Norte

Mesa Redonda – Diabetes Mellitus

CAD

• Definição / Prevalência

• Fisiopatologia

• O “fantasma” do edema cerebral

• Protocolo ICR

Definição

Glicemia > 300mg/dLCetonemia (corpos cetônicos > 3mmol/L)

ou cetonúriaAcidose metabólica (pH <7,3

e/ou Bic<15mEq/L)

É a primeira manifestação do DM tipo 1em 25% dos casos!!!

Cetoacidose Diabética

Em crianças de menos de 4 anosRisco de 36%

Sexo feminino(28,9%) > masculino (23,8%)

Nível de consciência alterado – 23,3%Sinais de coma – 10,9%

Estudo de 2121 casos abaixo de 15 anosde idade – 26,3% CAD

Neu A et al. Pediatric Diabetes 4(2):77-81, 2003

Qual a causa ?

Cetoacidose Diabética

Deficiência absoluta ou relativa de insulina

+Aumento dos hormônios contra-reguladores

(glucagon, epinefrina, norepinefrina,cortisol, GH)

Fatores precipitantes em crianças :InfecçõesFatores emocionais, estresseFalta de administração de insulina

CetoacidoseCetoacidose DiabDiabééticatica

Fatores precipitantes em adolescentes :Sub-dosagem de insulinaDescontrole alimentarConsumo de álcool

Situação clínica de extrema gravidade

Exige tratamento hospitalar

Exige conhecimento fisiopatológico do

processo, para evitar SEQÜELAS

Cetoacidose Diabética

CAD – Diagnósticos Diferenciais

Hipoglicemia*Uremia*Gastroenterite com acidose metabólicaAcidose lática*Intoxicação por salicilatosEnvenenamentos (etileno glicol, álcool

metílico)*Encefalites e outras lesões cerebrais

* Acidose com ânion gap (Na + K – Cl - HCO3 > 16mmol)

Cetoacidose Diabética

Lembrar que :Episódios recorrentes de CAD em

pacientes diabéticos já estabilizadosfreqüentemente representam errosdeliberados nas doses de insulinaprescritas, distúrbios psíquicos e,

às vezes, desejo de ser removido doambiente familiar.

O grande temor:Edema Cerebral

Ocorre em:0,3 a 1% dos casos

Dunger DB et al. Arch Dis Child, 2004

0,7-3% dos casosLawrence S et al Canadian Medical Association,2003

Há consenso em que um objetivo maiorno tratamento da CAD é a prevenção

do edema cerebral

CAD – Edema Cerebral

• 8 episódios/100 pacientes-ano

• 20% dos pacientes respondem por 80% dos episódios

• Mortalidade para cada episódio de CAD = 0,15-0,31%

• Edema cerebral “idiopático” responde por 2/3 ou mais da mortalidade

Rosenbloom AL. JPEM 2007;20:5-18

Edema cerebral – fatores de risco

• Idade < 5 anos

• Gravidade da acidose

• Grau de hipocapnia

• Elevação de uréia

• Infusão de Bicarbonato de Sódio

• Aumento inadequado da concentração de Na no tratamento da CAD

• Ausência de evidência de associação entre VOLUME ou TONICIDADE de fluidos ou a taxa de modificação da glicemia e o risco de Edema Cerebral pode ser resultado de manipulação alterada de sódio pelos rins devido àlesão cerebral, mais do que àcomposição ou o ritmo de administração de fluidos

Edema cerebral – fatores de risco

Rosenbloom AL. JPEM 2007;20:5-18

Edema Cerebral -Mecanismos

• Vasogênico – quebra da barreira hêmato-liquórica (tumor ou trauma) – este é o mecanismo principal na CAD

• Citotóxico – envenenamento ou desarranjo metabólico

• Osmótico – hiponatremia

• Curso bimodal: – 2/3 dos pacientes – 6-7h após início de tratamento

– 1/3 – 10-24h após

• A resposta típica inicial do SNC à CAD évasogênica, enquanto o edema cerebral sintomático pode requerer hipoxiaprolongada ou um insulto adicional:

–Liberação inapropriada de HAD

–Sobrecarga volumétrica

–Hipoxia central a partir da correção rápida da acidose periférica com bicarbonato

Edema Cerebral -Mecanismos

• Por espectroscopia, a região de edema cerebral apresenta aumento de TAURINA, MIOINOSITOL E GLICOSE

• Taurina é um regulador da neuroproteção e da concentração osmótica e, em modelos animais, tem sido implicada em edema cerebral

• Citocinas inflamatórias – poderiam alterar a função capilar e contribuir ao edema cerebral

Edema Cerebral -Mecanismos

CAD

Proposta de um protocolo

Proposta de um protocolo...

JustificativaJustificativa

Estabelecer um protocolo de tratamento Estabelecer um protocolo de tratamento da CAD, tecnicamente, da CAD, tecnicamente, mais simples e mais simples e econômicoeconômico que aquele que utiliza que aquele que utiliza insulinoterapiainsulinoterapia intravenosa contintravenosa contíínua, nua, eliminando a necessidade de uma eliminando a necessidade de uma segunda veia perifsegunda veia periféérica e bomba de rica e bomba de infusão de fluidos, sem admitir perda de infusão de fluidos, sem admitir perda de eficiência ou aumento de complicaeficiência ou aumento de complicaçções.ões.

ObjetivoObjetivo

•• Avaliar a eficiência do tratamento Avaliar a eficiência do tratamento da CAD com da CAD com ananáálogo de alogo de açção ão rráápida da insulina por via pida da insulina por via subcutâneasubcutânea atravatravéés da sua s da sua comparacomparaçção com a ão com a insulinoterapiainsulinoterapiaintravenosa contintravenosa contíínua.nua.

Reposição de volume

Insulinoterapia

Correções eletrolíticas

CAD

Protocolos em estudo :

Insulina REGULAR em infusão contínua -IRIC

Insulina LISPRO sub-cutânea

Cetoacidose Diabética

Fase de Reparação de volume:

SF 0,9% - 20mL/kg na primeira hora

SF 0,9% - 10mL/kg nas horas seguintes, até reposição da volemia

Cetoacidose Diabética

Início da insulinoterapia :

IRIC - 0,10 U/kg/hora - EV

Lispro - 0,15 U/kg/2horas - SC

Cetoacidose Diabética

ReposiReposiçção de Potão de Potáássiossio

Uso de BicarbonatoUso de Bicarbonato

Uso de FosfatoUso de Fosfato

Cetoacidose Diabética

CasuCasuíística e Mstica e Méétodostodos

•• 60 epis60 episóódios de CAD definidos por dios de CAD definidos por glicemia glicemia ≥≥≥≥≥≥≥≥300 300 mgmg//dLdL, pH < 7,3 ou bicarbonato < 15 , pH < 7,3 ou bicarbonato < 15 mEqmEq/L/L e e cetoncetonúúriaria > ++> ++ entre Junho/2001 a entre Junho/2001 a Junho/2003.Junho/2003.

•• 30 epis30 episóódios foram tratados com dios foram tratados com ananáálogo de logo de aaçção rão ráápida por via subcutâneapida por via subcutânea e 30 epise 30 episóódios dios com com insulinoterapiainsulinoterapia intravenosa contintravenosa contíínuanuaalocados por lista de alocados por lista de randomizarandomizaççãoão..

Idade (anos)

Masc : Fem

IRIC LISPRO

12,15 11,28

8:22 9:21

CasuCasuíística e Mstica e Méétodostodos

ReposiReposiçção de Fluidosão de Fluidos Ritmo de InfusãoRitmo de Infusão

Tratamento do choque SF 0,9%: 20 mL/kg/h até restaurar perfusão periférica

Expansão SF 0,9%: 20 mL/kg/1ah

10 mL/kg/prox. horas

Reposição de

PotássioKCl 19,1%: 20 mEq/L – (<0,5 mEq/kg/h)

após a 1a diurese e K ≤≤≤≤6,5 mEq/L

Administração

Bicarbonato

Bicarbonato Sódio: 1 mEq/kg/h

se pH < 6,9 ou bicarbonato < 5 mEq/L

Administração

Glicose

Glucose 5%: se glicemia ≤≤≤≤ 250 mg/dL

e paciente não tolera VO

CasuCasuíística e Mstica e Méétodostodos

•• InsulinoterapiaInsulinoterapia ((primeiras 24 horas)primeiras 24 horas)

–– Grupo experimental (Grupo experimental (Grupo LISPROGrupo LISPRO))

•• LISPRO 0,15 U/kg a cada 2 horasLISPRO 0,15 U/kg a cada 2 horas atatééglicemia capilar glicemia capilar ≤≤≤≤≤≤≤≤ 250 250 mgmg//dLdL →→→→→→→→

LISPRO 0,15 U/kg a cada 4 horas LISPRO 0,15 U/kg a cada 4 horas

–– Grupo controle (Grupo controle (Grupo IRICGrupo IRIC))

•• Insulina Regular Intravenosa ContInsulina Regular Intravenosa Contíínua nua 0,1 U/kg/hora0,1 U/kg/hora atatéé glicemia capilar glicemia capilar ≤≤≤≤≤≤≤≤ 250 250 mgmg//dLdL →→→→→→→→ Insulina RegularInsulina Regular 0,15 U/kg 0,15 U/kg scsc a a cada 4 horascada 4 horas

CasuCasuíística e Mstica e Méétodostodos

•• InsulinoterapiaInsulinoterapia

–– Insulina humana NPH iniciada apInsulina humana NPH iniciada apóós s ∼∼∼∼∼∼∼∼ 12 12 hshs0,4 U/kg a cada 12 horas (0,3U 8/8h).0,4 U/kg a cada 12 horas (0,3U 8/8h).

•• Controles LaboratoriaisControles Laboratoriais

Glicemia capilarGlicemia capilar

Admissão, 2 Admissão, 2 hshs, glicemia capilar, glicemia capilar

≤≤≤≤≤≤≤≤ 250 250 mgmg//dLdL, , 6,12,24 horas ap6,12,24 horas apóóssGlicemia, Na, Na, ClCl, K, U, C, Mg, P, K, U, C, Mg, P

GasoGaso arterial, arterial, BetaBeta--HidroxibutHidroxibutííricorico

A cada horaA cada hora

CetonCetonúúriaria A cada micA cada micççãoão

•• CritCritéérios de Recuperarios de Recuperaççãoão–– Alerta, com boa aceitaAlerta, com boa aceitaçção ão vovo–– pH >7,3; pH >7,3; bicbic >15 >15 mEqmEq/L, ânion /L, ânion gapgap<16mEq/L<16mEq/L

RESULTADOS

ResultadosResultados

•• Taxa de Queda das Glicemias CapilaresTaxa de Queda das Glicemias CapilaresGLICEMIA CAPILAR (Média)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

500,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Tempo (horas)

mg

/dL

IRIC Média

LISPRO Média

Dx = 250 6 hs após 12 hs após

IRIC = 47,07 IRIC = 47,07 mgmg//dLdL/hora /hora (dose 0,1 U/kg/hora)(dose 0,1 U/kg/hora)LISPRO = 51,81 LISPRO = 51,81 mgmg//dLdL/hora /hora (dose 0,15 U/kg a cada 2 horas)(dose 0,15 U/kg a cada 2 horas)

6 horas 6 horas iniciasinicias

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

500,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

GLICEMIAGLICEMIA(70 (70 –– 110 110 mgmg//dLdL))

7,00

7,05

7,10

7,15

7,20

7,25

7,30

7,35

7,40

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

pHpH(7,37 (7,37 –– 7,44)7,44)

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

BicarbonatoBicarbonato(20 (20 –– 29 29 mEqmEq/L)/L)

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

BetaBeta--OHButOHButííricorico(0,03 (0,03 –– 0,3 0,3 mmolmmol/L)/L)

SSóódio Corrigidodio Corrigido(135 (135 –– 147 147 mEqmEq/L)/L)

130

135

140

145

150

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

92,00

96,00

100,00

104,00

108,00

112,00

116,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

CloroCloro(96 (96 –– 109 109 mEqmEq/L)/L)

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

PotPotáássiossio(3,7 (3,7 –– 5,0 5,0 mEqmEq/L)/L)

0

4

8

12

16

20

24

28

32

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

ÂNION GAPÂNION GAP(8 (8 –– 16 16 mEqmEq/L)/L)

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

FFóósforosforo(2,9 (2,9 –– 5,4 5,4 mgmg//dLdL))

270,00

275,00

280,00

285,00

290,00

295,00

300,00

305,00

310,00

315,00

320,00

INICIAL 2 HS DX=250 6 HS 12 HS 24 HS

IRIC Média

LISPRO Média

OsmolalidadeOsmolalidade ssééricarica(280 (280 –– 290 290 mOsmmOsm/kg)/kg)

ConclusõesConclusões

•• O tratamento com anO tratamento com anáálogo de alogo de açção rão ráápida por pida por via subcutânea, precedido da reposivia subcutânea, precedido da reposiçção ão apropriada de fluidos e eletrapropriada de fluidos e eletróólitos, na dose de litos, na dose de 0,15 U/kg a cada 2 horas at0,15 U/kg a cada 2 horas atéé atingir glicemia atingir glicemia capilar capilar ≤≤≤≤≤≤≤≤ 250 250 mgmg//dLdL e posteriormente 0,15 e posteriormente 0,15 U/kg a cada 4 horas (U/kg a cada 4 horas (0,1U/kg a cada 3h0,1U/kg a cada 3h):):

�� EficienteEficiente�� SeguroSeguro�� Tecnicamente mais fTecnicamente mais fáácilcil�� Econômico Econômico

((-- R$ 150,37/paciente nas 1R$ 150,37/paciente nas 1asas 6 horas)6 horas)

ConclusõesConclusões

•• Planejamos melhorar sua eficiência:Planejamos melhorar sua eficiência:

–– ManutenManutençção do controle ão do controle glicêmicoglicêmico

–– Tempo de controle da acidose metabTempo de controle da acidose metabóólicalica

•• LISPRO 0,10 U/kg a cada 3 horasLISPRO 0,10 U/kg a cada 3 horasa partir do instante a partir do instante

glicemia capilar glicemia capilar ≤≤≤≤≤≤≤≤ 250 250 mgmg//dLdL

•• NPH 0,3 U/kg 8/8 NPH 0,3 U/kg 8/8 hshs a partir das a partir das primeiras 12 a 24 horas de tratamentoprimeiras 12 a 24 horas de tratamento

Diabetes Care 2005;28:1856-61

“Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes...”

Albert Einstein

Unidade de Endocrinologia PediUnidade de Endocrinologia Pediáátrica trica –– ICRICR--HCHC--FMUSPFMUSP