Download - A ARTE MusiCAL - cm-lisboa.pt
A ARTE MusiCAL
que dia a dia vao afinando 'e meJhorando OS
seus admiraveis dotes, preocupando-se uni · ca mente com o conseguimento d'essa perfei~ao ideal que est:'! na mente de todo o ve rdadeiro artista.
Guilhe rmin a Suggia bem o co mpro vou no Concerto de Volkmann e no primeiro anda mtnto do de Dvorak, obras eric;adas de numei'Os as transcendencia s de technica e de expressao, que a gent il violoncell ista so ube veneer com grande aisance.
Nao sci isso nos mostrou o progresso feito ; na sonoridade e tambem notavel o que a illustre a rtista i:em conseguido e tudo nos confirm a, em cad a nova audic;ao, os prognosti cos que fomo s dos primeiros a fazer a proposito de Guilhermina Suggia, que con tinuamo<> a considerar com uma estrell.a de primeira grandeza no futuro a rtistico do nosso paiz.
0 publico de Lishoa acompanha-a carin.hosamente em todas as etapes da sua carr.e ira .e deixa-se semp re impressionar vivamente pelo extraordinario talento da joven violoncellista . Por isso nao sci na s duas pec;as apontadas, mas em todos os pequenos trechos que execl!-tou, muitos d'elles nao annunciados, poude a sympathica artista contar mais urn triumpho, que o publico em peso soube traduzir n'um a espontanea e affectuosissima manifestacao.
Com.pa r!ilhou, e com 'inteira iustic;a, d'estes applausos sua irma Virginia, uma ide al acompanhadora, que nao scimen te nas obras de conjuncto em que collaborou, mas tambem" em dois soberbos solos, uma Legenda de Liszt e um Estudo de Rubinstein, evidenciou altissimos recursos de pianista, que todos souberam devidamente apreciar.
As duas talentosas irmas offerece ram no dia seguinte um a interessqnte matine__e a il lustre amadora a sr.' D. Sarah Marques, em cu jo palacete foram tambem muito ovacio nadas.
N'esta optima tarde de musica fez-se tambern ouvir a sr.' D. Sarah, com trechos de Massenet e de Fontenailles, cantando tambem o trio da Carmen com duas sympathicas amadoras, D. L aura Sauvinet Bandeira e D. Maria de Magalhaes, o sr. Cecil Mackee, com a Fantasiestiick de Hussla, e o sr. Anton~o Lamas com duas pe.;:as de viola de am or. . Em 27, regressavam a Mattosinhos as duas
illustres artistas, tendo na estac;ao por occasiao da de$pedida, as mais significativas demonstrac;oes de apreyo por parte de muitos dos seus admiradores . e amigos que ali se encontravam.
:Agenda da proxima quinzena
Dia 1- Matin ee do violinista Julio Cardona, tomando parte tambem como solistas as sr. '" D. Beatriz Correia, D. Carlota Tatti , D. Medina de Sousa e o vio lon cell ista Moraes Palmeiro.
Dia 3- Concerto da Real Academia de Amadores de Musica , sendo o producto appli cado, a manuten<;iio das aulas, que est iio Jando tao oroficuos resultados artisticos . Figurarao nu progi·amn1a as 3 Rapsedia s do fallec ido Victor Hussla.
Dia 7 - Concerto da Sociedade de J\1usica de Camara.
Dia 8- Concerto da Sociedade de r:ollcertos e Escola de Musica, com a oratoria de Jose Henrique dos Santos.
Dia 9-Concerto organi~ado palo professor Sarti e sua illustre esposa, com o concurso de diversos artistas e amadores.
Dia 15- Festa musical em favor da famili a do de'sditoso cornetinista Jose Rodrigu es.
Tem tambem Iogar em maio a terceira conferencia-concerto da Academia dos Estudos Livres, cu jo assu mpto e como se sabe a vida e obras de Lmz Beethoven, sendo conferente o nosso illustre collaborador e amigo o sr. Dr. Manuel d'Arriaga.
Guilhermina Suggia
Do numero 9 do «Mundo E legante,, inte ressante quinzenario parisiense que acabamos de recehe r, pedimos licenc;a para transcrever a seguinte apreciac;ao firmada por Duhois -M eillaert e referente ao triumpho que a nossa illustre violonceJ!ista Suggia, alcanc;ou recentemente na sala Pleyel:
«Des qu'elle parait, jeune, gracieuse, les yeux souriants, Ia silhouette elegante, ell e conquiert les sympathies de l'auditoire ...
E lle s'assied posement, le buste un peu abandonne dans une delicieuse n )nchalance, et ses prunelles claires e vives, errent ingenilment sur I' assistence.
Les premiers ac:ords de l'acompagnement se font entendre . . .
Alors. subitement, elle se transform.e ..• La taille redressee, J'ceil fixe, J'esprit
preoccupe de l'ceuvre a interpre ter, on devine dans cette attitude fermement recueillie, l'effort vers une superieure manifestation de I' Art. ..
La jeurte fille fait place a I' artiste .. .
A ARTJO .MusiCAL lag
Du I1Jerveilleux. instrument des sonorites graves s'elevent, ondulent harmonieusernent, planent dans le silence profond de Ia salle ... Ce sont des pl aintes d'une tendre suavite, des gemissements d'un~ poignante emotion qui penctrent les creurs . . .
Lentement, avec soupl ':' sse, l'aa:chet glisse sur les cordes . . . Le bras delicat se ploie en un geste de caresse ..
Le chant s'enfle, grandit, domine, s'enfi cvre, se magnifie en des acu~nts vibrants, en des rythmes extatiques, pour se resoudre
. en reverie, se muer en un e alanguissante rnelancnlie, qui enveloppe 1'<1me d'un e infi-nie tendresse . . . .
Maintenant, c'est Ia Yi e et le mouvement.. L'in strument trepide sous l'archet fougueux, qui va, vient, repart, alerte, inlas · sable, tandis que Ia main gauche execute sur les cordes une gymn astiq ue etourdissante ...
Et, sure d'elle, !'artiste fre rnissante se prodigue, se livre toute entiere, vibre avec son ins trUll1CI1t 1 en jait fai!Jir de s SODS etranges, dans un vertige endiable que l'esprit i1 peine a suivre . ..
La manche large au tiss u Iache, s'agite en tous sens, telle !'aile d' un oiseau blesse; elle semble elle me me grisee de mouvement et prendre une part active dans ]'execution .. .
Et ce sont de petits accents brefs , des appels ironiques succedant aux imprecations des basses, des notes piquees, des traits stridents, toute Ia techmque capricieuse d'une fertile imagination . . .
La te te penchee, les levres setTees, les yeux ardents, )e pied en arre t, !'artiste ilCce)ere encore Ia mesure, emportee pi!r l'arde,nte passion de son art ... .. On Ia sent empregnee de cette reuvre qu'elle anime de toute .Ia force, de toute Ia puissance de ses nerfs surexcites .. .
Un trait bref: c'est fin i .. Elle se !eve dans une detente de tout son
etre trop longtemps contracte : on Ia devine brisee par !'effort. .. Sa physionomie s' eclaire d'une joie sincere . . E ll e sourit de son joli sourire . ..
Et le public, charme, fascin e, subjugue, apres e tre demeure haletant pendant )'execution, laisse soudain eclate r son admiration; il bat des mains; trepigne, erie , se !eve appelle, reclame !'artiste; il veut Ia revoir, )ui exprimer sa satisfaction, son ravisse!nent, sa reconnaissance pour !'emotion eprouvee.
Et elle, toujours souriante- frais sonrire de dix-huit ans! - salue, redevenue diline, un contentement dans ses beaux yeux . ..
F. DUBOIS·ME.ILLAER'J'.
C1\RT1\. DE Wl\SHINGTON
i'vleu caro Lambertini
So hoje !he posso escrever depoi s de tomar posse do meu novo Iogar na Carnegie Institution d'onde espero mandar para a Ar·te Musical - no duplo sentido de revista e Arte -informac;6es d' est a esplendida cidade. Poucos dias antes da minha chegad a a Symplzor~ Orchestra tinh a dado o seu 4·" concerto d'este anno, que e o 2 . " apenas da su a existencia.
Limito-me ao programma, porque nao ouvi a musica: a abertura da opera Der improvisator de d' Albert, o concerto de Lalo em re menor para violoncello e orchestra tocado por Mirk o Belinski, a 8. • symphonia de Beethoven, a Abendlied de Schumann c os Papillons de Popper para violoncello e piano, e o Scherro de Goldma rk e o Festival march de Rich-Strauss para orchestra. Esta instituic;ao e mantida por subscripc;ao particu lar, e pelo producw dos conce rtos; e vile bem pelo que eu ouvi, e pelas inform ac;6es qu e me deram o regente d'orchestra Reginaldo de Koven eo thesoureiro, Mr. H. Droop, distincto pianista e proprietario da primeira casa musici!l d'aqui. Os programmas sao bem impressos e contern interessantes notas analyticil s e historicas. A orchestra comp6e-se d'umas oo figuras, com a disposic;ao que vi na Allemanlia, com os contrabaixos de corda a esquerda e no fundo, os de metal (trombones de varas, etc .) a direita; e apresenta -se em concertos symphonicos um a vez por mez, e em concertos populares «OS domingos. N'estes o programma nao e analytico, mas contem duas particularidades : a primeira, urn tallio em que se pede a empreza que toque tal pcc;a no proximo concerto ; a segunda urn a folha em que se pode indicar o programma inteiro do concerto immediato, com direito ao 1. 0 premio de 2 S dolla rs, ao 2 . 0 de rS e ao 3.• de ro, distribuidos por jury.
Assisti aei ensaio geral e ao proprio g.o concerto popular em 27 de marc;o no formoso Chase's Theatre, no genero da Trindade com Iogar para 2:000 pessoas pelo menos .. Ouvido com attenc;ao e silencio o programm a correu bem, com excepc;ao do pianista Olmsted, americano ao que parece, que tocou o 1.• movimento do concerto de Grief; como quem s6 tern dedos, -nao me enthusiasmando tambem na Gavotta de Sapell-