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ISSN 1980-6841
Novembro, 2009 91
Determinao da Eficcia Anti-Helmintcaem Rebanhos Ovinos: Metodologia deColheita de Amostras e de Informaesde Manejo Zoossanitrio
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Simone Cristina Mo Niciura
Ceclia Jos Verssimo
Marcelo Beltro Molento
Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos:Metodologia da Colheita de
Amostras e de Informaes deManejo Zossanitio
Embrapa Pecuria SudesteSo Carlos, SP
2009
ISSN 1980-6841
Novembro, 2009
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria
Embrapa Pecuria Sudeste
Ministrio da Agricultura e Abastecimento
Editores Tcnicos
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Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:
Embrapa Pecuria Sudeste
Rod. Washington Luis, km 234
Caixa Postal 339, So Carlos, SPFone: (16) 3411-5600Fax: (16) 3361-5754Home page: http://www.cppse.embrapa.brEndereo eletrnico: [email protected]
Comit de Publicaes da Unidade
Presidente: Ana Rita de Araujo NogueiraSecretrio-Executivo: Simone Cristina Mo NiciuraMembros: Maria Cristina Campanelli Brito, Milena Ambrsio Telles,Snia Borges de Alencar
Reviso de texto: Simone Cristina Mo NiciuraNormalizao bibliogrfica: Snia Borges de AlencarTratamento de ilustraes: Maria Cristina Campanelli BritoEditorao eletrnica: Maria Cristina Campanelli BritoFoto(s) da capa: Ana Carolina de Souza Chagas e Rodrigo Giglioti
1a
edio on-line (2009)
Todos os direitos reservados
A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Embrapa Pecuria Sudeste
CDD: 636.39
Niciura, Simone Cristina Mo Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos:
Metodologia de Colheita de Amostras e de Informaes de ManejoZoossanitrio [Recurso eletrnico] / Simone Cristina Mo Niciura [et al.].Dados eletrnicos. So Carlos: Embrapa Pecuria Sudeste, 2009.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: Word Wide Web: Ttulo da pgina na Web (acesso em de novembro de 2009). 29 p. (Documentos / Embrapa Pecuria Sudeste, 91; ISSN: 1980-6841).
1. Ovinos. 2. Manejo Zoossanitrio 3. Metodologia. I. Mo, Simone Cristina
Niciura. II. Verssimo, Ceclia Jos. III. Molento, Marcelo Beltro. Ttulo. IV. Srie.
Embrapa 2009
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Simone Cristina Mo Niciura
Mdica Veterinria, Dra., Pesquisadora da
Embrapa Pecuria Sudeste, So Carlos, SP,
Ceclia Jos Verssimo
Mdica Veterinria, Dra., Pesquisadora do
Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP,
Adriana Hellmeister de Campos Nogueira
Mdica Veterinria, Ms., Pesquisadora do
Instituto Biolgico, So Paulo, SP,[email protected].
Ana Carolina de Souza Chagas
Biloga, Dra., Pesquisadora da Embrapa
Pecuria Sudeste, So Carlos, SP,
Autores
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Ana Lcia Luz Alberti
Mdica Veterinria, Ms., Pesquisadora do Plo
Regional Sorocabana, APTA, Presidente
Prudente,SP, [email protected]
Carlos Frederico de Carvalho Rodrigues
Mdico Veterinrio, Ms., Pesquisador da UPD de
Itapetininga, APTA, Itapetininga, SP,
Cristina Maria Pacheco BarbosaZootecnista, Dra., Pesquisadora da UPD de
Itapetininga, APTA, Itapetininga, SP,
Daniela Pontes Chiebao
Mdica Veterinria, Pesquisadora da UPD de
Sorocaba, APTA, Sorocaba,SP,
Daniel Cardoso
Mdico Veterinrio, Dr., Pesquisador da UPD de
Araatuba, APTA, Araatuba, SP,
Giane Serafim da SilvaZootecnista, Dra., Pesquisadora do Plo Regional
Noroeste Paulista, APTA, Votuporanga, SP,
Jos Roberto Pereira
Bilogo, Ms., Pesquisador do Plo Regional Vale
do Paraba, APTA, Pindamonhangaba, SP,
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Luciana Morita Katiki
Mdica Veterinria, Ms., Pesquisadora do Institu-
to de Zootecnia, Nova Odessa, SP,
Luiz Florncio Franco Margatho
Mdico Veterinrio, Dr., Pesquisador da UPD de
Bauru, APTA, Bauru, SP,
Ricardo Lopes Dias da CostaMdico Veterinrio, Dr., Pesquisador do Plo
Regional Extremo Oeste, APTA, Andradina, SP,
Romeu Fernandes Nardon
Zootecnista, Dr., Pesquisador do Plo Mdio
Paranapanema, APTA, Assis, SP,
Tatiana Evelyn Hayama Ueno
Mdica Veterinria, Ms., Pesquisadora da UPD de
Mirassol, APTA, So Jos do Rio Preto, SP,
Vera Cludia Lorenzetti Magalhes CurciMdica Veterinria, Dra., Pesquisadora da UPD
de Araatuba, APTA, Araatuba, SP,
Marcelo Beltro Molento
Mdico Veterinrio, Dr., Professor da Universida-
de Federal do Paran, Curitiba, PR,
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Apresentao
A ovinocultura tem apresentado crescimento constante nosltimos anos em todo o pas, em virtude do crescimento do mercadoconsumidor de carne ovina e da viabilizao de sua produo empequenas e mdias propriedades rurais. Entretanto, h problemaschamados de helmintoses gastrintestinais, que afligem a criaodesses animais, ocasionando prejuzos aos sistemas de produo.Para o controle da verminose, anti-helmnticos tm sido utilizados em
larga escala, e de maneira indiscriminada, o que promove osurgimento da resistncia aos produtos qumicos, alm da ineficciano combate aos helmintos. Por este motivo, antes da aplicao dequalquer anti-helmntico em ovinos, necessrio distinguir se oproduto ser capaz de agir eficazmente no controle dos vermespresentes no rebanho.
Uma forma de se atestar a eficcia dos produtos anti-helmnticos a aplicao do teste de reduo de contagem de ovosnas fezes (TRCOF). O diagnstico realizado por meio desse testefornece informaes de grande valia para a orientao das decises edas recomendaes tcnicas futuras quanto ao uso de anti-helmnticos. O TRCOF de grande aplicabilidade prtica para osprofissionais atuantes na criao de ovinos, podendo ser tambmextrapolado para a realizao de pesquisas sobre a eficcia dosprodutos anti-helmnticos em caprinos. Assim, este documentodescreve a metodologia padronizada do TRCOF para colheita,remessa e exame de amostras de fezes, e de informaes de manejoem rebanhos ovinos.
A prtica agropecuria aqui descrita foi definida e validadapor uma equipe interinstitucional e multidisciplinar de pesquisa emovinos, que envolve pesquisadores da Embrapa Pecuria Sudeste, daUniversidade Federal do Paran e de diversos centros de pesquisa(Instituto de Zootecnia, Instituto Biolgico e Unidades de Pesquisa eDesenvolvimento) da Agncia Paulista de Tecnologia dosAgronegcios (APTA), distribudos e atuantes em todas as regiesdo Estado de So Paulo.
Maurcio Mello de Alencar
Chefe Geral
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Sumrio
Introduo ...................................................................................... 11
Metodologia de colheita de amostras e de informaes de
manejo em rebanhos ovinos ...................................................... 14
Aplicao de questionrio ............................................................ 15
Pr-experimento para colheita de fezes, contagem de OPG e
coprocultura ................................................................................. 19
Seleo de animais para aplicao do teste ................................. 23
Realizao de teste de reduo de contagem de ovos nas fezes
(TRCOP) ....................................................................................... 24
Avaliao dos resultados ............................................................. 26Referncias .................................................................................... 27
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Determinao da Eficcia Anti-
Helmntica em Rebanhos Ovinos:Metodologia de Colheita deAmostras e de Informaes deManejo Zoossanitrio
Simone Cristina Mo Niciura
Ceclia Jos Verssimo
Marcelo Beltro Molento
Introduo
A ovinocultura uma atividade econmica que est em
crescimento na maioria dos estados brasileiros devido ao aumento da
demanda do mercado consumidor de carne ovina. Alm disso, a
criao de ovinos surge como alternativa de viabilizao social e
econmica de pequenas e mdias propriedades rurais (CUNHA et al.,
2007), pois possibilita o aproveitamento de reas inadequadas para
a criao de outras espcies animais ou para o cultivo de lavouras,
seja pelo tamanho ou pela topografia acidentada, e ainda permite a
integrao com outras atividades agropecurias.
Um dos maiores entraves na criao de ovinos a pasto nos
trpicos a alta prevalncia de helmintos gastrintestinais, dentre osquais se destacam as espcies Haemonchus contortuse
Trichostrongylus colubriformis. O H. contortus a espcie mais
prevalente e patognica, ocasiona edemaciao, anemia, retardo no
desenvolvimento, e, no raro, morte dos animais (VERSSIMO,
2001; AMARANTE et al., 2004; COSTA et al., 2007). Dessa
maneira, a hemoncose causa perdas diretas e indiretas em diferentes
sistemas de produo, muitas vezes inviabilizando-os
economicamente.
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12 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Alm da alta prevalncia, o controle das helmintoses
gastrintestinais tem sido dificultado em funo da resistncia que os
parasitas adquirem aos produtos qumicos. Atualmente, o controle
dos nematoides feito basicamente por meio da aplicao de anti-helmnticos de amplo espectro (que controlam vrias espcies de
helmintos) ou de pequeno espectro (que so mais especficos, por
exemplo, s controlam os vermes que se alimentam de sangue).
Os trs grupos de anti-helmnticos de amplo espectro disponveis no
mercado so: (1) benzimidazis (thiabendazol, mebendazol,
parbendazol, albendazol, fenbendazol, oxbendazol, oxfendazol e
triclabendazol), que se ligam -tubulina e evitam a polimerizaodos dmeros de tubulina em microtbulos, e tambm inibem a
fumarato-redutase e o transporte de glicose; (2) imidazotiazis
(levamisol e tetramisol) e pirimidinas (pirantel e morantel), que so
agonistas de receptores de acetilcolina e provocam contrao
muscular e paralisia; e (3) lactonas macrocclicas (avermectinas:
ivermectina, abamectina, doramectina, eprinomectina e selamectina;
e milbemicinas: moxidectina, nemadectina e milbemicina oxima), que
abrem canais de cloro direcionados por glutamato e ocasionamparalisia da neuromusculatura, inclusive da faringe (ALMEIDA e
AYRES, 1996; COLES et al., 2006). Os anti-helmnticos de pequeno
espectro so: (1) salicilanilidas (closantel, rafoxanida niclosamida e
oxiclozamida) e nitrofenis ou substitutos fenlicos (disofenol,
nitroxinil, niclofan, nitroscanato e bitionol), desacopladores de
fosforilao oxidativa; e (2) organofosforados (diclorvs, triclorfon,
coumafs e fention), inibidores da acetilcolinesterase (ALMEIDA eAYRES, 1996).
A no observncia da ocorrncia de resistncia anti-helmntica
tem levado ao aumento de populaes de nematoides parasitas
gastrintestinais com resistncia mltipla aos produtos qumicos
(MOUSSAVOU-BOUSSOUGOU et al., 2007), principalmente em
H. contortus (AMARANTE et al., 1992; ECHEVARRIA, 1996;
VERSSIMO et al., 2002; THOMAZ-SOCCOL et al., 2004). Esse fato
causa prejuzos significativos devidos utilizao muito frequente epouco eficaz dos produtos anti-helmnticos, fatores que contribuem
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13Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
ainda para selecionar nematoides capazes de sobreviver ao
tratamento, os quais formaro a prxima gerao de vermes (COLES,
2005). No Estado de So Paulo h criaes de ovinos com
resistncia a vrios grupos de anti-helmnticos de amplo espectro(VERSSIMO et al., 2009). Uma vez que no h expectativa de
lanamento de novos produtos no mercado, nos prximos anos,
essencial tomar medidas preventivas para manter a eficcia dos anti-
helmnticos existentes (COLES et al., 2006).
primeira vista, parece mais fcil abandonar um produto
anti-helmntico quando ele para de funcionar que realizar testes de
eficcia no rebanho. Entretanto, a rotao anual de grupo de anti-helmntico no impede o estabelecimento da resistncia (SARGISON
et al., 2007) e, em casos de elevada resistncia, nem a combinao
de produtos qumicos pode resultar em melhor eficcia (COLES,
2005).
A avaliao da eficcia de anti-helmnticos permite que
estratgias apropriadas de manejo sejam colocadas em prtica
(COLES, 2005). Portanto, quanto mais precoce a identificao da
resistncia dos helmintos, mais rpidos sero os resultadosalcanados. Segundo Alvarez-Snchez et al. (2005), a resistncia
pode ser avaliada por mtodos in vivo (reduo da contagem de
ovos nas fezes), in vitro (ecloso de ovos e desenvolvimento de
larvas) e moleculares (que utilizam a reao em cadeia da
polimerase). Desses, o mais utilizado o teste de reduo de
contagem de ovos nas fezes (COLES, 2005), principalmente em
ovinos em que h boa correlao entre a contagem de ovos nasfezes e o nmero de vermes em parasitismo (COLES et al., 2006).
Vale ressaltar que os testes in vivo e in vitro so facilmente eamplamente aplicveis, mas podem ser influenciados pelasazonalidade dos helmintos (COLES, 2005).
A extenso da resistncia a anti-helmnticos pouco
conhecida (COLES, 2005). Assim, o levantamento dessas
informaes permitir a tomada de deciso quanto escolha do anti-
helmntico mais eficaz para o rebanho. Permitir tambm a realizaode alteraes no manejo que visem ao controle do parasitismo por
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14 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
helmintos e das perdas econmicas decorrentes, e que tambm
busquem diminuir a velocidade de aparecimento de resistncia aos
produtos anti-helmnticos. Com isso em mente, neste documento
est apresentada a metodologia utilizada para o diagnstico do nvelde infeco de rebanhos ovinos por helmintos gastrintestinais e da
eficcia dos produtos anti-helmnticos comercialmente disponveis
(de qualquer princpio ativo e, de preferncia, aqueles utilizados no
rebanho investigado) no controle desses helmintos.
Metodologia de colheita de amostrase de informaes de manejo emrebanhos ovinos
O teste de reduo de contagem de ovos nas fezes (TRCOF)
tem como objetivo determinar a eficcia de um produto anti-
helmntico em uma populao parasitria por meio da comparao de
dados de reduo de contagem de ovos nas fezes entre os animais
de um grupo controle e os animais de um grupo tratado com umproduto antiparasitrio.
Inicialmente, seleciona-se uma propriedade criadora de ovinos
para a aplicao do TRCOF, e nesse aspecto fundamental a
identificao individual e permanente dos animais avaliados e demais
informaes da escriturao zootcnica do criatrio selecionado.
Para a realizao do teste, devem ser utilizados grupos de sete a dez
ou mais animais por vermfugo a ser avaliado quanto eficcia.Como exemplo, para que sejam avaliados cinco diferentes anti-
helmnticos e o grupo controle (seis grupos experimentais), a
propriedade deve possuir rebanho de, no mnimo, 42 ovinos. No
rebanho avaliado, o intervalo mnimo aps a ltima aplicao de anti-
helmnticos deve ser de 90 dias para moxidectina 10%; de 90 a 110
dias para lactonas de longa ao (como ivermectina 3,15%) e de 30
dias para os demais anti-helmnticos.
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15Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Alm disso, na propriedade aplicado um questionrio
(Figura 1)para o levantamento de informaes sobre o manejo do
rebanho e, a seguir, realizado um pr-experimento para a
determinao inicial da contagem de ovos por grama de fezes (OPG)e, aps coprocultura, para a identificao dos gneros de helmintos
prevalentes.
Aplicao de questionrio
As principais informaes avaliadas pelo questionrio(Figura 1) so: nmero de machos e de fmeas; raas ovinas; ano
de incio da criao de ovinos, origem dos animais, frequncia de
aquisio de novos animais, manejo dos animais recm adquiridos
(realizao de quarentena, de tratamento com anti-helmntico ou de
contagem de OPG); manejo alimentar: rea de pastagem, tipo de
forrageira, realizao de rotao de pastagem, fornecimento de
suplementao; manejo reprodutivo: quantidade de cordeiros
nascidos e desmamados por ano, cuidados com as ovelhas no pr-parto e no ps-parto, uso de biotcnicas da reproduo; manejo de
cordeiros: cuidados com o recm-nascido, idade desmama e
suplementao; manejo sanitrio: vacinaes, vermifugaes
(produtos, doses e frequncia), realizao e resultados de contagem
de OPG, utilizao do mtodo Famachae uso de mtodos de
controle alternativos (como fitoterapia e homeopatia); criao de
outras espcies animais, e consrcio de espcies animais ou deculturas nas reas de pastagem de ovinos; e contratao de
assistncia tcnica.
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16 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Figura 1.Questionrio para caracterizao do manejo adotado nas propriedades de criao de
ovinos.
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17Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Figura 1.Continuao.
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18 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Figura 1.Continuao.
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19Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Pr-experimento para colheita de fezes, contagem deOPG e coprocultura
A colheita de fezes feita, ao acaso, de 10 ovinos em cadacategoria animal (cordeiros, borregos, ovelhas e machos
reprodutores). A contagem de OPG consiste na colheita de fezes
(6 a 8 cbalos) diretamente da ampola retal do animal com o auxlio
de um saco plstico fino. Aps a colheita, as amostras devem ser
acondicionadas em isopor com gelo e encaminhadas ao laboratrio.
O exame de contagem de OPG deve ser feito em, no mximo, 4 dias
aps a colheita das fezes. At o momento da realizao do exame,as amostras devem ser refrigeradas (jamais congeladas) em geladeira
(a 4 C) em sacos plsticos bem lacrados.
A contagem de OPG (Figura 2) feita por meio da tcnica de
Gordon e Whitlock modificada (UENO e GONALVES, 1998). Para
tanto, no mnimo um dia antes dos exames, a soluo saturada de
sal preparada por meio da adio de sal a um litro de gua at que
o sal comece a precipitar. Em geral, utiliza-se a diluio de 375
gramas (g) de sal de cozinha em um litro de gua. Para a contagemdo OPG, 2 g de fezes so homogeneizados em 28 mililitros (mL) da
soluo saturada de sal e coados em coador plstico. As duas
cavidades da cmara McMaster so preenchidas e, aps perodo de
decantao por 3 min, so avaliadas em microscpio ptico. Nas
duas clulas da cmara McMaster devem ser contados os ovos da
famlia Trichostrongylidae, de Strongyloides spp (ovos larvados), de
Monieziaspp e os oocistos de Eimeriaspp (Figura 3). Vale ressaltarque os ovos degenerados no devem ser considerados. O nmero de
ovos obtido nas duas clulas da cmara McMaster multiplicado por
50 para a obteno da contagem de OPG.
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20 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Figura 2.Esquema do procedimento de contagem de ovos por grama de fezes (OPG).
Figura 3. Imagens microscpicas de ovos e oocistos de parasitas gastrintestinais de ovinos.
a) Ovos da famlia Trichostrongylidae; b) ovos de Strongyloidesspp; c) ovos deMonieziaspp;
d) oocistos de Eimeriaspp. Fonte: Laboratrio de Sanidade Animal da Embrapa Pecuria Sudeste.
A coprocultura realizada de acordo com a tcnica adaptadade Roberts e OSullivan (1950) (Figura 4). Assim, as 10 amostras
com contagens mais altas de OPG so selecionadas, misturadas e
submetidas cultura. Para a coprocultura, as fezes so depositadas at
a metade de um recipiente de vidro, que tampado com uma placa de
Petri, e borrifadas com gua para aumentar a umidade. Sugere-se
manter um barbante entre a placa e a borda do frasco para que haja
aerao do cultivo. A seguir, as amostras so cultivadas em estufa
BOD a 27 C por 8 dias ou em temperatura ambiente por 10 dias.
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21Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Transcorrido o tempo de cultivo, o frasco de vidro totalmente
preenchido com gua, tampado com a placa de Petri e, para a
recuperao das larvas infectantes, frasco e placa so invertidos
bruscamente, para evitar que a gua derrame. A seguir, a placa de Petri preenchida com gua, que, aps quatro horas, recolhida com
pipeta, acondicionada em tubo de ensaio identificado e armazenada em
geladeira por, no mnimo, 2 a 3 horas para a decantao das larvas.
Posteriormente, o sobrenadante removido para que as larvas
permaneam em volume de 2 a 4 mL. As larvas podem ser mantidas
em geladeira (a 4 C) at a avaliao morfolgica para a determinao
dos gneros dos helmintos. Entretanto, esse procedimento dever serrealizado o mais rapidamente possvel, pois com o passar do tempo,
as larvas sofrem deteriorao, o que dificulta a futura identificao.
Figura 4. Esquema do procedimento de coprocultura.
Para a identificao dos gneros de nematoides, as larvas so
retiradas com uma pipeta, e uma gota depositada sobre uma lmina
e, sobre ela, instilada uma gota de lugol. A seguir, procede-se
avaliao e classificao morfolgica (VAN WYK et al., 2004) de 100
larvas sob microscopia ptica com objetiva de aumento de 20X ou 40X
(Figura 5). Caso no sejam obtidas 100 larvas, deve ser feita a
contagem do total de larvas presentes, e o resultado deve serconvertido em porcentagem.
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22 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Figura 5. Imagens microscpicas de larvas de diferentes gneros de helmintos parasitasgastrintestinais de ovinos. a) Haemonchusspp; b) Oesophagostomum spp; c)Trichostrongylus
spp; d) Cooperiaspp (com poro anterior em destaque); e) Strongyloidesspp.
Fonte: Laboratrio de Sanidade Animal da Embrapa Pecuria Sudeste.
As larvas obtidas aps a coprocultura podem ser
armazenadas em gua ou em lcool 70 GL, em microtubos de
1,5 mL a 4 C ou congeladas a 20 C para a realizao de estudos
futuros, como os testes moleculares. Caso seja necessria aavaliao posterior das larvas para identificao dos gneros de
helmintos, recomenda-se a manuteno das larvas em gua em
geladeira (a 4 C).
A partir dos resultados de contagem de OPG, para que o
TRCOF seja aplicado na propriedade, 80% dos animais por categoria
devem apresentar OPG igual ou superior a 200. Em caso de alta
frequncia de OPG igual a zero (mais de 20%) ou de aplicaorecente de anti-helmntico, o teste deve ser novamente realizado em
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23Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
poca do ano com maior ocorrncia de verminose ou aps o trmino
do perodo de efeito residual do tratamento. Dessa maneira, caso a
propriedade se enquadre nesse critrio de contagem de OPG,
procede-se seleo dos animais para a aplicao do TRCOF.
Seleo de animais para aplicao do testeNa propriedade, os ovinos so selecionados para a formao
dos grupos experimentais (grupos tratados com anti-helmnticos e
grupo controle) e a realizao do TRCOF. Nesse teste, pode ser
usado qualquer animal desmamado, a partir de dois meses de idade,independentemente da raa, do sexo ou da categoria. Como
exigncia, os animais devem apresentar escore de condio corporal
(classificado de 1 a 5 a intervalos de 0,25) entre 1,75 e 3,75 e grau
Famacha de 1 (mucosa ocular muito vermelha) a 4 (mucosa ocular
rosa plido). Se possvel, deve ser dada preferncia a categorias
animais mais susceptveis verminose, como animais jovens
(cordeiros e borregos) e ovelhas lactantes.
Os animais com grau Famacha 5 (mucosa ocular branca) nodevem ser usados nos experimentos, mas vermifugados
imediatamente (ou no dia seguinte aps a aplicao da medicao
suporte) e submetidos ao tratamento emergencial, que consiste em
deixar o animal emuma baia com fornecimento de volumoso de boa
qualidade e de concentrado com pelo menos 18% de protena bruta.
Alm disso, o animal deve receber um produto com ferro orgnico
injetvel seguido por trs aplicaes de vitamina B12 a intervalos de48 horas. Caso o anti-helmntico de eleio seja base de
organofosforado, o animal dever receber, ainda, um protetor
heptico.
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24 Determinao da Eficcia Anti-Helmntica em Rebanhos Ovinos: Metodologia de Colheitade Amostras e de Informaes de Manejo Zoossanitrio
Realizao do teste de reduo de contagem de ovosnas fezes (TRCOF)
Para a realizao do TRCOF, os ovinos devem ser distribudosda forma mais homognea possvel nos grupos experimentais. Assim,
cada grupo deve conter o mesmo nmero de animais das diferentes
raas, categorias, sexos, idades, escores de condio corporal e
contagens de OPG (se houver essa informao para cada animal
antes do teste). No momento da aplicao do teste, em uma planilha
de campo (Figura 6) so anotadas observaes como: data da
colheita, responsvel pela colheita das amostras, nome dapropriedade, municpio, regio, Estado, identificao do animal, sexo,
categoria animal, raa, tratamento anti-helmntico, grau Famacha,
escore de condio corporal, peso do animal, presena de sinais
clnicos (como diarreia, edema submandibular e doenas infecciosas)
ou outras observaes e contagem de OPG pr-experimento.
Sete a 10 ou mais animais devem ser distribudos em um dos
grupos experimentais: grupos de tratamento com anti-helmnticos e
grupo controle no tratado. As doses e as vias de aplicao dos anti-helmnticos devem seguir a recomendao do fabricante, e os
animais preferencialmente devem ser pesados para o clculo correto
da dose a ser administrada. Os produtos devem estar no prazo de
validade e armazenados adequadamente e deve-se dar preferncia a
produtos de marcas idneas e de qualidade reconhecida. Para os
tratamentos parenterais, a aplicao por via subcutnea (sc) na
paleta do animal, e devem ser tomados cuidados para garantir aantissepsia do local por meio do uso de lcool iodado a 2%, como
tambm pela utilizao de agulhas descartveis e pela administrao
de todo o produto. Para os tratamentos de via oral, deve-se proceder
jejum alimentar prvio dos animais por 12 horas, com gua
vontade.
O dia da aplicao dos anti-helmnticos considerado o dia
zero (D0) do TRCOF. Aps os tratamentos, os animais podem
permanecer no mesmo manejo e pasto em que estavam antes darealizao do teste.
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Figura6
.Planilhadecampoparaanotaodeinformaesdosanim
aisduranteotestedereduodacontagemd
eovosnasfe
zes(TRCOF).
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Avaliao dos resultados
Quando diferentes produtos anti-helmnticos so avaliados,
todos os animais utilizados no TRCOF devem ser submetidos anova colheita de fezes aps 14 dias dos tratamentos para
contagem de OPG e realizao de coprocultura, segundo os
procedimentos descritos anteriormente. Para a coprocultura, as
fezes dos animais com OPG positivo de cada tratamento devem ser
agrupadas e cultivadas por grupo experimental. A coprocultura
tambm deve ser realizada quando todos os animais do grupo
experimental apresentarem OPG negativo (igual a zero).
O clculo da eficcia de cada anti-helmntico, que compara
cada vermfugo em relao ao grupo controle, feito por meio do
programa RESO 2.0 modificado (WURSTHORN e MARTIN, 1990).
Alternativamente, pode-se usar a seguinte frmula:
De acordo com o resultado da eficcia, os anti-helmnticosso classificados (ZAJAC e CONBOY, 2006) como:
a) % Eficciavermfugo
maior que 90%: medicao eficiente;
b) % Eficciavermfugo
entre 80% e 90%: medicao com baixa
eficincia ou suspeita;
c) % Eficciavermfugo
inferior a 80%: medicao ineficiente.
Como exemplo, aps a contagem de OPG de 10 animais
submetidos ao tratamento com um anti-helmntico (3450, 2500,1250, 1050, 950, 750, 250, 150, 100 e 0) e de 10 animais
submetidos ao grupo controle (3950, 2500, 2400, 2250, 1150,
950, 600, 400, 200 e 150), calcula-se a mdia de OPG para cada
grupo. Assim, a mdiaOPGvermfugo
foi de 1045 e a mdiaOPGcontrole
foi de 1455. A seguir, procede-se o clculo da eficcia: [(1455-
1045)/1455] x 100, que resultou na %Eficciavermfugo
de 28%.
Dessa maneira por apresentar valor de eficcia inferior a 80%, oanti-helmntico avaliado foi considerado ineficiente para o
tratamento dos animais do rebanho em estudo.
100% x
mdiaOPG
mdiaOPGmdiaOPGEficcia
controle
vernfugocontrole
vermfugo
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Assim, os resultados de eficcia devem ser utilizados para
orientar a escolha do produto anti-helmntico mais adequado e
eficaz para a aplicao no rebanho ovino da propriedade avaliada.
Agradecimentos
Apoio financeiro da Embrapa Macroprograma 3.
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