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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
NÁDIA ROCHA DE OLIVEIRA
INFECÇÃO URINÁRIA E SUAS COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO:
UMA REVISÃO DE LITERATURA
CAMPO GRANDE 2012
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NÁDIA ROCHA DE OLIVEIRA
INFECÇÃO URINÁRIA E SUAS COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO:
UMA REVISÃO DE LITERATURA
CAMPO GRANDE 2012
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS. ORIENTADORA: Prof ª Dr ª Maria Auxiliadora de Souza Gerk
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OLIVEIRA, N. R. INFECÇÃO URINÁRIA E SUAS COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO: UMA REVISÃO DE LITERATURA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.
Aprovado em: Campo Grande, MS,........... de ........................... de 2012. Resultado: ……………………………………
BANCA EXAMINADORA Orientador _________________________________________________________
Profª. Dr ª Maria Auxiliadora de Souza Gerk (orientadora/UFMS)
1º Examinador _________________________________________________________
Profª. Drª. Maria Lúcia Ivo (UFMS) 2º Examinador _________________________________________________________
Profª. Msc. Sandra F. Freitas (UFMS)
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me concedeu a graça de alcançar mais
este objetivo, encorajando-me através da fé. Aos meus pais Elimar e Anabenta e
meus irmãos Jefferson e Ana Paula pelo amor, carinho e também por incentivar e
acreditar no meu potencial. A minha avó Maria da Rocha que é exemplo de vida, aos
familiares, amigos. A professora Dôra pela paciência, disposição e por compartilhar
seus conhecimentos. E também a todos os mestres que fizeram parte da minha
historia.
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RESUMO
A infecção do trato urinário representa a segunda maior causa de morbidades obstétricas e um dos principais fatores associados a complicações gestacionais e neonatais. Este estudo tem como objetivos compreender a infecção do trato urinário (ITU) e sua relação com as complicações na gestação e a atuação do enfermeiro na sua prevenção, verificar a frequência de infecção urinária na gestação, identificar as complicações/agravos gestacionais mais comumente associados à infecção urinária, identificar a atuação do enfermeiro na prevenção da infecção urinária na gestação. Trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza exploratório-descritiva. A pesquisa foi realizada no período de janeiro a outubro de 2012. Foram adotadas, para análise, referências científicas na língua portuguesa e espanhola que versavam sobre o estudo priorizando os últimos vinte anos, ou seja, de 1991 a 2011. Para atender aos objetivos propostos, optou-se pela busca não eletrônica em dissertações de Mestrado e em manuais do Ministério da saúde, bem como a busca nas bases de dados on-line: Google Acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Lilacs. Para busca dos dados nas bases online foram utilizadas as seguintes palavras-chaves, conforme os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): complicações na gravidez, sistema urinário, cistite e pielonefrite. Foram selecionados 24 artigos científicos na língua portuguesa e dois na espanhola, uma dissertação e três manuais do Ministério da Saúde. Através deste estudo observou-se a frequência de infecção do trato urinário na gestação acometendo ate 12% das gestantes e as complicações que a mesma provoca à mãe e ao feto, a exemplo de trabalho e parto pré-termo, ruptura prematura de membranas, pré-eclâmpsia, entre outras. Também se observou a importância pré-natal e a atuação do enfermeiro na detecção e tratamento precoce da infecção do trato urinário no período gestacional, melhorando assim para a qualidade de vida da mãe e da criança.
Descritores: Complicações na Gravidez. Sistema Urinário. Cistite. Pielonefrite.
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RESUMEN
Una infección del tracto urinario es la segunda causa principal de morbilidad obstétrica y uno de los principales factores asociados a complicaciones del embarazo y neonatales. Este estudio tiene como objetivo comprender la infección del tracto urinario (ITU) y su relación con las complicaciones durante el embarazo y el trabajo de enfermería en la prevención, comprobar la frecuencia de la infección del tracto urinario durante el embarazo, identificar complicaciones / trastornos gestacionales más comúnmente asociada con la infección urinario identificar el papel de la enfermera en la prevención de la infección del tracto urinario durante el embarazo. Se trata de una revisión de la literatura de tipo exploratorio-descriptivo. La encuesta fue realizada entre enero y octubre de 2012. Se tomaron para el análisis, referencias científicas en el estudio de portugués y español, que se centró en priorizar los últimos veinte años, es decir desde 1991 hasta 2011. Para cumplir con los objetivos propuestos, se optó por buscar no electrónicos y manuales tesis de maestría en el Ministerio de Salud, así como buscar en la base de datos en línea: Google Scholar, SciELO (Scientific Electronic Library Online) y Lilacs. Para buscar en las bases de datos en línea que utiliza las palabras clave siguientes, de acuerdo a los descriptores de Ciencias de la Salud (DeCS): complicaciones del embarazo, sistema urinario, cistitis y pielonefritis. Se seleccionaron 24 artículos científicos en Inglés y dos en español, una disertación y tres manuales del Ministerio de Salud a través de este estudio se observó la frecuencia de infección de las vías urinarias en el embarazo que afecta hasta al 12% de las mujeres embarazadas y las complicaciones que hace que la madre y el feto, como el trabajo de parto y el parto prematuro, ruptura prematura de membranas, preeclampsia, entre otros. También se observó la importancia prenatal y el trabajo de enfermería en la detección temprana y el tratamiento de infecciones del tracto urinario durante el embarazo, lo que mejora la calidad de vida tanto de la madre y el niño.
Palabras Clave: Complicaciones del Embarazo. Sistema Urinario. Cistitis.
Pielonefritis.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 8 2.2 Objetivo específico ............................................................................................. 8
3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 9
4 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 10 4.1 Infecção do Trato Urinário ................................................................................ 10
4.1.1 Definição .................................................................................................... 10 4.1.2 Classificação .............................................................................................. 10 4.1.3 Agentes causadores ................................................................................... 10 4.1.4 Diagnóstico ................................................................................................. 11 4.1.5. Fatores de risco ......................................................................................... 11
4.2 ITU na Gestação .............................................................................................. 11 4.2.1 Tratamento ................................................................................................. 13
4.3. Infecção do Trato Urinário na Gestação - Complicações ................................ 14 4.3.1. Complicações Maternas ............................................................................ 14 4.3.2. Complicações Perinatais ........................................................................... 15
4.4 Atuação do Enfermeiro na Prevenção da Infecção do Trato Urinário na Gestação ............................................................................... 15
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 21
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2004), a infecção do trato
urinário (ITU) caracteriza-se por presença e multiplicação de microrganismo no
sistema urinário, podendo ser classificada conforme a sua localização, sendo
pielonefrite (rim), cistite (bexiga) e uretrite (uretra). Pode ser sintomática e
assintomática, e quando esta não é acompanhada e tratada pode levar a
complicações como choque e óbito.
Conforme Soares, Nishi e Wagner (2006), “a infecção do trato urinário é
definida como a presença e multiplicação de microrganismos no trato urinário”.
Pode atingir pessoas de qualquer sexo e idade, porem é mais frequente em
mulheres uma vez que a uretra feminina é mais curta que a masculina e localiza-se
próxima ao ânus, podendo ocorrer contaminação do trato urinário através das fezes
(JACOCIUNAS; PICOLI, 2007).
A infecção urinária é comum na gestação devido à própria anatomia feminina
e as alterações anatômicas e funcionais (PEREIRA, 2010), e neste período acomete
17 a 20% das gestantes (BRASIL, 2010).
Por ocorrer nessa etapa da vida da mulher adquire real importância devido às
complicações materno-fetais que podem provocar, como a anemia, ruptura
prematura das membranas corioamnióticas, parto pré-termo, baixo peso,
leucomalácia e óbito perinatal (PEREIRA, 2010).
A gestação ocasiona modificações, algumas mediadas por hormônios, que
favorecem as ITUs como a estase urinária pela redução do peristaltismo ureteral,
aumento da produção de urina, glicosúria e aminoacidúria favorecendo o
crescimento bacteriano e infecções. Os microorganismos envolvidos são aqueles da
flora perineal normal, principalmente a Escherichia coli, que responde por 80 a 90%
das infecções (BRASIL, 2005).
Durante a gravidez, as infecções urinárias mais graves podem causar
contrações uterinas, levando ao trabalho de parto prematuro, aborto, hipertensão
arterial, óbito fetal e até mesmo óbito materno quando a infecção se torna severa e
generalizada (PAGNONCELI; ABEGG; COLACITE, 2010).
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Sendo assim, torna-se necessário o estudo da infecção urinária em gestantes
para melhor compreender suas implicações para a gestação e, para realizar o
planejamento da assistência de Enfermagem de modo que contribua para a sua
prevenção.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Compreender a infecção do trato urinário (ITU) e sua relação com as
complicações na gestação e a atuação do enfermeiro na sua prevenção.
2.2 Objetivo específico
Verificar a frequência de infecção urinária na gestação;
Identificar as complicações gestacionais mais comumente associados à
infecção urinária;
Identificar a atuação do enfermeiro na prevenção da infecção urinária na
gestação.
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3 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza exploratório-descritiva,
realizada a partir de pesquisa não eletrônica e online em artigos científicos, teses,
dissertações e documentos do Ministério da Saúde.
A pesquisa em referencial teórico foi realizada no período de janeiro a outubro
de 2012. Foram adotadas, para análise, referências científicas que versavam sobre
o estudo priorizando os últimos vinte anos, ou seja, de 1991 a 2011.
Para atender aos objetivos propostos, optou-se pela busca nas bases de
dados on-line: Google Acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library Online) e
Lilacs, utilizando-se as seguintes palavras-chaves, conforme os Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS): complicações na gravidez, sistema urinário, cistite e
pielonefrite.
Foram encontrados duas dissertações, quatro manuais do Ministério da
Saúde, 28 artigos na língua portuguesa, três na espanhola. Após a análise a partir
de leitura exploratória e interpretativa, com o objetivo de compreender as diferentes
opiniões de autores e encontrar denominadores comuns no que se refere ao tema,
incluiu-se na pesquisa 24 artigos científicos na língua portuguesa e dois na
espanhola, uma dissertação e três manuais do Ministério da Saúde.
Após a coleta dos dados foi realizada leitura e interpretação dos mesmos,
escolhendo as informações de interesse. A análise foi feita a partir de leitura
exploratória e interpretativa, com o objetivo de compreender as diferentes opiniões
de autores e encontrar denominadores comuns no que se refere ao tema.
Através das informações encontradas nos artigos analisados, foram descritos
os pontos considerados importantes, procedendo-se a relação entre o conteúdo e o
tema abordado.
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4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Infecção do Trato Urinário
4.1.1 Definição
Segundo Perez, Carrerete e Dekermacher (2004) a infecção do trato urinário
é a invasão de microorganismos, geralmente bactérias, que desencadeiam uma
resposta inflamatória. Atingem o trato urinário por via ascendente, hematogênica ou
linfática, e geralmente acompanhada de bacteriúria e piúria.
A infecção urinária pode comprometer o trato urinário baixo, sendo
classificada como de cistite, ou afetar simultaneamente o trato urinário inferior e o
superior, também denominada pielonefrite. A infecção urinária baixa ou cistite pode
ser sintomática ou não (LOPES, 2005).
4.1.2 Classificação
As infecções do trato urinário podem ser complicadas ou não complicadas, as
primeiras tendo maior risco de falha terapêutica e sendo associadas a fatores que
favorecem a ocorrência da infecção. A infecção urinária é complicada quando ocorre
em um aparelho urinário com alterações estruturais ou funcionais (RORIZ-FILHO,
2010).
De acordo com Lopes (2005) as cistites são infecções não complicadas
enquanto as pielonefrites, ao contrário, são mais complicadas, pois resultam da
ascensão de microrganismos do trato urinário inferior e estão geralmente associadas
à presença de cálculos renais.
Segundo Lopes (2005) e Rodrigues (2010) tanto a infecção urinária baixa
como a alta podem ser agudas ou crônicas e sua origem pode ser comunitária ou
hospitalar.
4.1.3 Agentes causadores
As principais enterobactérias causadoras de ITU são Escherichia coli (85%
ITU comunitárias e 50% ITU hospitalares), Staphylococcus saprophyticus, Proteus
sp, Klebsiella sp, Pseudomonas sp, Serratia sp, Enterobacter sp, Enterococo
(VIEIRA NETO, 2003).
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4.1.4 Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial é firmado através do crescimento de
microorganismos na urocultura. A bacteriúria caracteriza-se por crescimento
bacteriano acima de 100.000 colônias/ml, porém valores mais baixos são aceitos em
algumas situações (VIEIRA NETO, 2003): “acima de 100 colônias/ml de coliformes
em mulher sintomática, qualquer crescimento em urina colhida através de punção
suprapúbica, acima de 1000 colônias/ml em homem sintomático”.
4.1.5. Fatores de risco
A incidência varia de acordo com a faixa etária, é mais comum no sexo
masculino, no primeiro ano de vida, devido à maior incidência de mal-formações
congênitas, como válvula de uretra posterior, mal-formações da uretra (VIEIRA
NETO, 2003). A incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino se
mantém na fase adulta, relacionado à atividade sexual, durante a gestação ou na
menopausa. Na mulher, a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e sua
proximidade com ânus e vestíbulo vaginal, o que possibilita a colonização desta por
enterobactérias, que habitualmente causam ITU (HEILBERG; SCHOR, 2003).
4.2 ITU na Gestação
De acordo com o Ministério da Saúde, esse é o problema urinário mais
comum durante a gestação. O quadro clínico varia de bacteriúria assintomática, que
acomete 2% a 10% das gestantes até o quadro clínico de pielonefrite (BRASIL,
2010).
A ITU é a terceira intercorrência clínica mais comum na gestação,
acometendo de dez a 12% das grávidas, sendo que a maioria destas infecções
ocorre no primeiro trimestre da gravidez. Esta infecção pode contribuir para a
mortalidade materno-infantil (HEILBERG; SCHOR, 2003).
Duarte et al. (2002) afirmam que a infecção do trato urinário é a presença e
replicação de bactérias no trato urinário que provoca danos aos tecidos do sistema
urinário. No entanto, durante a gravidez, o entendimento desta definição deve ser
ampliado, considerando-se os riscos potenciais de complicações.
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No período da gestação o organismo materno sofre modificações e
adaptações com o objetivo de favorecer o período gestatório e a resolução da
gravidez (CARRARA; DUARTE; PHILBERT, 1996).
As alterações mais frequentes durante a gravidez são a dilatação do sistema
coletor (compressão extrínseca pelo útero gravídico e pelo complexo vascular
ovariano dilatado; hipertrofia da musculatura longitudinal no terço inferior do ureter; e
redução da atividade peristáltica decorrente do progesterona) e o aumento do débito
urinário. A associação destes fatores à redução do tônus vesical favorece a estase
urinária e o refluxo vésico-uretral (DUARTE et al., 2008).
Segundo Figueiró-Filho et al (2009) e Pereira (2010) a dextrorrotação uterina,
bem como a dilatação da veia ovariana na gravidez, podem ser fatores causais para
hidronefrose e desenvolvimento mais frequente de pielonefrite à direita.
Devido à redução da capacidade renal de concentrar a urina durante a
gravidez, fica reduzida sua atividade antibacteriana, passando a excretar
quantidades menores de potássio e maiores de glicose e aminoácidos, fornecendo
um meio apropriado para a proliferação bacteriana. (DUARTE et al., 2008).
Os mesmos autores relatam que no período gestacional a urina da grávida
apresenta pH mais alcalino, situação favorável ao crescimento das bactérias
presentes no trato urinário. Adicionalmente, o hiperestrogenismo gestacional
contribui para a adesão de certas cepas de Escherichia coli.
Assim parece claro que, durante a gravidez, fatores mecânicos e hormonais
contribuem para provocar mudanças no trato urinário materno, tornando-o mais
susceptível às formas sintomáticas de infecções (BAUMGARTEN, 2011).
A infecção do trato urinário representa uma das doenças infecciosas mais
comuns durante a gestação, com frequência variando de cinco a dez por cento
(DELCROIX et al., 1994).
Durante a gestação, quatro tipos de infecções urinárias podem ser
identificadas: a bacteriúria assintomática, a infecção urinaria baixa (cistite), a
pielonefrite aguda e a pielonefrite crônica (OLIVEIRA; LOPES, 2007).
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A infecção do trato urinário pode ser sintomática ou assintomática, notando-se
na gravidez a ocorrência de fatores que facilitam a mudança de infecções
assintomática para sintomáticas (DUARTE et al., 2002).
4.2.1 Tratamento
De acordo com Duarte et al. (2008) e Pereira; Bordignon (2011) é no período
gestacional que o arsenal terapêutico antimicrobiano e as possibilidades profiláticas
são restritas, considerando-se a toxicidade de alguns fármacos para o produto
conceptual (embrião/feto e placenta).
Por estes motivos o diagnóstico precoce seguido de terapêutica adequada e
imediata torna-se imprescindível durante a assistência pré-natal, evitando
comprometer o prognóstico materno e gestacional (DURATE et al., 2008).
Segundo Figueiró-Filho et al. (2009) e Mazzer; Silva (2010) o uso de
antibióticos durante a gravidez é muito singular. Medicamentos usados diariamente
com segurança na prática clínica diária não devem ser usados nas gestantes, a
exemplo do cloranfenicol e sulfonamidas, além de tetraciclinas, quinolonas e sulfas
no primeiro trimestre os antibióticos só devem ser prescritos quando seus efeitos
benéficos sobrepujarem significativamente os seus possíveis riscos.
O tratamento de ITU na gravidez por dose única não é recomendado. O
tratamento deve ser por no mínimo sete dias. Os antimicrobianos que podem ser
utilizados com segurança na gravidez são Cefalexina, Ampicilina, Amoxacilina e
Nitrofurantoína (Macrodantina) (HEILBERG; SCHOR, 2003).
Os mesmo autores afirmam que com a ciprofloxacina, os riscos não podem
ser descartados, não devendo ser portanto recomendada. Em casos de pielonefrite,
o tratamento é preferencialmente por via parenteral em nível hospitalar.
Toxicidade dos agentes antibióticos mais utilizados no tratamento de infecção
do trato urinário durante a gravidez:
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Quadro 01: Diagnósticos de Enfermagem Drogas Classe
FDA* Fetal Materna
Cefalexina/Cefalotina B Riscos mínimos** Alergia
Cefuroxima/Cefazolina B Riscos não detectados Alergia
Ceftriaxone B Riscos mínimos** Alergia
Penicilina B Teratogenicidade improvável
Alergia
Eritromicina B Toxicidade não conhecida Alergia
Sulfas C Kernicterus Hemólise
Alergia
Nitrofurantoína B Hemólise Pneumonia intersticial Neuropatias
Metronidazol B Baixo risco de toxicidade fetal***
Discrasia sanguínea
Clindamicina B Dados disponíveis não sugerem teratogenicidade
Colite pseudomembranosa Alergia
Isoniazida C Neuropatia Convulsão
Hepatotoxicidade
Tetraciclina D Displasia dentária Retardo do crescimento ósseo
Hepatotoxicidade Insuficiência renal
Cloranfenicol C Síndrome cinzenta Toxicidade para a medula óssea
Cotrimoxazol B Antagonismo ao folato Vasculite
Ciprofloxacina/Norfloxacina C Anormalidades no crescimento ósseo
Alergia
Fonte: FIGUEIRÓ-FILHO et al, 2009, p.168.
4.3. Infecção do Trato Urinário na Gestação - Complicações
4.3.1. Complicações Maternas
As complicações maternas das ITU são secundárias ao dano tecidual
causado por endotoxinas bacterianas, ocorrendo principalmente nos quadros de
pielonefrite (DUARTE et al., 2008).
Segundo Duarte et al. (2002), Duarte et al. (2008) e Figueiró-Filho et al.
(2009), outras complicações têm sido associadas à infecção urinária, incluindo
hipertensão/pré-eclâmpsia, anemia, corioamnionite e endometrite.
Embora alguns estudos demonstrem que há relação entre ITU e hipertensão
na gravidez, essa associação é controversa. Porém, existem relatos de que essa
associação exista somente em mulheres com bacteriúria de origem renal
(FIGUEIRÓ-FILHO, 2009).
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4.3.2. Complicações Perinatais
De acordo com Duarte et al. (2002), Nogueira e Moreira (2006), Duarte et al.
(2008), Figueiró-Filho (2009), Pagnocelli (2010) e Arroyave (2011) o trabalho de
parto e parto pré-termo, recém-nascidos de baixo peso, ruptura prematura de
membranas amnióticas, restrição de crescimento intra-útero, paralisia
cerebral/retardo mental e óbito perinatal são destaques de complicações associadas
à ITU.
Há relatos de casos de leucomalácia encefálica, secundários tanto às
quimiocitocinas maternas (passagem transplacentária) quanto à septicemia fetal,
cuja origem foi a ITU materna (MAZZER; SILVA, 2010). Segundo Duarte et al.
(2008) gestações complicadas por infecção urinária estão associadas também a
aumento de mortalidade fetal.
Em 1997 foi realizado um estudo com crianças com paralisia cerebral,
mostrou-se prevalência de 17,9% de ITU durante a gravidez dessas crianças em
comparação à prevalência de 5,2% nas crianças normais (FIGUEIRÓ-FILHO et al.,
2009).
Desta forma concluiu-se que o risco de paralisia cerebral é de quatro a cinco
vezes maior nas gestantes acometidas por ITU (Idem).
4.4 Atuação do Enfermeiro na Prevenção da Infecção do Trato Urinário na
Gestação
Segundo o Ministério da Saúde o pré-natal classificado como de baixo risco
pode ser realizado pelo enfermeiro, de acordo com o Decreto nº 94.406/87, que
regulamenta Lei nº 7.498/1986 do Exercício da Enfermagem (BRASIL, 2005, p.148).
Sendo suas atribuições:
Realizar ações educativas para as mulheres e suas famílias;
Realizar consulta de pré-natal de gestação de baixo risco;
Solicitar exames de rotina e orienta tratamento conforme protocolo do serviço;
Encaminhar gestantes identificadas como de risco para o médico;
Realizar atividades com grupos de gestantes, grupos de sala de espera etc.;
Realizar visita domiciliar, quando for o caso;
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Registrar seu atendimento no prontuário e no cartão da gestante a cada
consulta;
Realizar coleta de exame citopatológico.
O enfermeiro tem papel importante na atuação do pré-natal, através de
atividades em grupo e da consulta de enfermagem, devendo realizar a
Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), que consiste em histórico de
Enfermagem, diagnósticos, planejamento da assistência de enfermagem
(prescrições de enfermagem), implementação e avaliação, visando o cuidado com
binômios mãe e filho durante a gestação (BERBEL; GURAH; SCHIM, 2011).
A época ideal para rastreamento da ITU na gestação é a partir da primeira
consulta pré-natal, considerando a repetição do exame em populações com maior
risco de infecção urinária, no caso, diabéticos, com antecedentes de infecções
prévias, anomalias de trato (NARCHI; KURDEJAK, 2008).
O enfermeiro deve solicitar exames conforme protocolo do ministério da
saúde, como o exame de urina tipo I, urocultura e antibiograma. Eles são capazes
de mostrar a presença de bactérias na urina e também outros sinais que ajudam a
fazer o diagnóstico (BERBEL; GURAL; SCHIRR, 2011).
Figueiró-Filho et al. (2009) afirma que para evitar complicações, deve-se
solicitar para toda a gestante, urocultura de três em três meses, a fim de descobrir
infecções urinárias e tratá-las precocemente, evitando as complicações comentadas
anteriormente.
Durante a consulta de enfermagem devem ser consideradas as percepções e
as expectativas, aceitação da gravidez, situação sócio-econômica, antecedentes
obstétricos e ginecológicos, história da gestação atual, hábitos de vida, saúde
contexto social e familiar da gestante a fim de prepará-la para gestação, parto e
puerpério saudável e seguro (BERBEL; GURAL; SCHIRR, 2011).
Deve-se estar atento aos antecedentes de ITU na infância, em outras
gestações, ou até mesmo infecções reincidentes na gestante. No Histórico de
Enfermagem também deve ser perguntado sobre a presença de sintomas
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característicos da infecção do trato urinário como: prurido, secreção vaginal,
irritação, febre e disúria (BERBEL; GURAL; SCHIRR, 2011).
De acordo com Melo (2010) é de fundamental importância na gravidez a
interação da paciente e do enfermeiro, pois isso é o que determinará a eficácia do
pré-natal.
O Histórico de Enfermagem tem como finalidade conhecer hábitos individuais
da mulher que possam facilitar a adaptação do mesmo à unidade e ao tratamento,
além de identificar os problemas passíveis de serem abordados nas intervenções de
enfermagem (FREITAS et al, 2010).
Através de um estudo realizado por Lucena e Arantes (2006) através de
revisão de prontuários das gestantes, foram verificados perfil socioeconômico,
propedêutica laboratorial para avaliação da infecção urinária. Após avaliação dos
resultados foram elaborados os seguintes diagnósticos de enfermagem:
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Quadro 02: Diagnósticos de Enfermagem Diagnóstico de Enfermagem
Intervenções de Enfermagem
Resultados Esperados
Risco para Infecção Urinária
- Ensinar a gestante a realizar higiene antero-posterior para evitar o transporte de microorganismos da região vulvar e anal ao meato urinário - Orientar dieta alimentar, para que a depleção das defesas primárias não aumente.
- Gestante execute a higiene da região da região vulvoperineal no sentido vulvoperineal da maneira correta, prevenindo assim, a infecção urinária - Ingestão de nutrientes necessários, de acordo com suas possibilidades, colaborando para defesa do organismo
Déficit de conhecimento mais relacionado ao exame de urina (urina tipo I e cultura)
-Ensinar a coleta da primeira urina pela manhã explicando que, por ser ácida e mais concentrada, essa amostra apresenta melhor conservação dos elementos figurados. - Antes da coleta, lavar as mãos para diminuir, ao máximo possível, número de microorganismos. - Lavar a região vulvoperineale vestibular no sentido antero-posterior usando água e sabão. - Coletar o jato médio de urina. - Posicionar o frasco coletor de forma que não entre em contato com a pele, pêlos pubianos ou roupas. - Coletar cerca de 10 ml quantidade considerada suficiente para a realização do exame. - Fechar o frasco coletor exclusivamente com a tampa própria. - Encaminhar o material ao laboratório o mais rápido possível. Evitar a colocação da amostra em refrigerador doméstico.
- Obter resultados fidedignos do exame de urina. - Diminuir, ao máximo possível, o número de microorganismos presentes nas mãos, e que possam contaminar a amostra. - Diminuir, ao máximo possível, o número de microrganismos presentes na região vulvoperineal que possam contaminar a amostra. - Evitar as bactérias presentes na porção distal da uretra migrantes do meio externo. - Evitar a contaminação da amostra. - Encaminhar a quantidade suficiente para o exame e evitar a contaminação pelo extravasamento de urina do frasco. - Evitar a contaminação da amostra. - Realizar o exame até 4 horas após a coleta, para que não ocorra a desestruturação dos elementos figurados da urina, nem multiplicação bacteriana por permanência em temperatura ambiente.
Manutenção da saúde alterada
- Ensinar a importância das práticas básicas de saúde para a prevenção da infecção urinária na gestação. - Informar a gestante sobre os serviços de saúde disponíveis
- Diminuir os fatores de risco que mais contribuem para abortos, partos prematuros e infecção ovular. - Procurar os serviços para a promoção e manutenção da sua saúde.
Fonte: LUCENA; ARANTES, 2006, p.121.
Segundo Berbel, Gural e Schirr (2011, p. 18-19) o enfermeiro deve fornecer
orientações à gestante objetivando a prevenção das ITU como:
Manter uma ingesta hídrica de no mínimo dois litros por dia, isso aumenta a
quantidade de urina e impede que as bactérias se fixem na parede da bexiga
causando infecção;
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Urinar frequentemente (no mínimo a cada 2 horas), pois isso ajuda na limpeza
da bexiga e uretra dificultando a infecção;
Urinar antes de dormir e após as relações sexuais para a diminuição da
entrada de bactérias na bexiga;
Devem ser evitados irritantes urinários como chá, bebidas alcoólicas, evitar
banhos de espuma ou aditivos químicos na água para que não haja variação
do pH vaginal;
Realizar higiene íntima de períneo duas vezes ao dia, sempre limpando o
períneo e o meato uretral de frente para trás para que haja a diminuição de
contaminação fecal para a uretra;
Forçar a saída de toda a urina da bexiga evitando a estase urinária
Medidas simples de educação em saúde realizadas pelo enfermeiro durante a
consulta de Enfermagem, como mencionadas acima, podem contribuir
significativamente para a diminuição da frequência da infecção do trato urinário
associada à gestação e, consequentemente, para a redução das complicações ao
binômio mãe/feto.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A infecção do trato urinário é muito comum no sexo feminino devido a sua
anatomia como uretra mais curta quando comparada com a masculina, pela
localização próxima do vestíbulo vaginal e ânus que favorece a contaminação por
enterobactérias.
Através da revisão de literatura pode-se observar que a frequência e a
gravidade da infecção urinária durante a gestação, devido às alterações anatômicas
e funcionais que acontecem nesse período, acometendo até 12% das gestantes.
Sendo assim este assunto adquire importância devido às complicações que a
mesma acarreta ao binômio mãe e filho como trabalho de parto pré-termo pré-
eclâmpsia, anemia, corioamnionite, endometrite, recém-nascidos de baixo peso,
ruptura prematura de membranas amnióticas, entre outros encontrados nas
publicações pesquisadas neste estudo.
O tratamento da infecção do trato urinário na gestação merece atenção, pois
não pode ser tratado de maneira generalista, e cabe ao profissional responsável
saber escolher o antimicrobiano correto.
É fundamental a participação do enfermeiro no período do pré-natal, cabendo-
lhe executar a Sistematização de Assistência de Enfermagem de maneira correta,
estar atento as características de cada gestante, para assim poder prestar uma
assistência de boa qualidade e prevenir as complicações que a infecção urinária
provoca para a gestante e para o feto.
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