as atividades experimentais como meio de promoção da

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Márcia Raquel Rodrigues Rocha As atividades experimentais como meio de promoção da autonomia. Como é que a prática de atividades experimentais em sala de aula influencia a autonomia individual e social dos alunos? Relatório da Componente de Investigação de Estágio IV do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Orientador: Professor Doutor José Miguel de Freitas Coorientadora: Professora Helena Espada Simões Setúbal, 8 de janeiro de 2019

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Page 1: As atividades experimentais como meio de promoção da

Márcia Raquel

Rodrigues Rocha

As atividades experimentais

como meio de promoção da

autonomia.

Como é que a prática de atividades

experimentais em sala de aula

influencia a autonomia individual e

social dos alunos?

Relatório da Componente de

Investigação de Estágio IV do Mestrado

em Educação Pré-Escolar e Ensino do

1.º Ciclo do Ensino Básico.

Orientador: Professor Doutor

José Miguel de Freitas

Coorientadora: Professora Helena

Espada Simões

Setúbal, 8 de janeiro de 2019

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Márcia Raquel

Rodrigues Rocha

As atividades experimentais

como meio de promoção da

autonomia.

Como é que a prática de atividades

experimentais em sala de aula

influencia a autonomia individual e

social dos alunos?

Relatório da Componente de

Investigação de Estágio IV do Mestrado

em Educação Pré-Escolar e Ensino do

1.º Ciclo do Ensino Básico.

Orientador: Professor Doutor

José Miguel de Freitas

Coorientadora: Professora Helena

Espada Simões

Setúbal, 8 de janeiro de 2019

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Page 5: As atividades experimentais como meio de promoção da

Aprender a pensar implica um

renovado papel da parte dos alunos.

Ensinar a prensar implica um

renovado papel da parte do professor.

Joaquim Sá

Page 6: As atividades experimentais como meio de promoção da
Page 7: As atividades experimentais como meio de promoção da

AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento desta investigação e a elaboração deste relatório não

teriam sido possíveis sem a presença, na minha vida, de diversas pessoas às

quais quero, neste momento conclusivo, agradecer. Agradeço:

Aos dois elementos mais importantes da minha vida, o meu pai e a minha

mãe, por me terem visto crescer e me terem criado com uma personalidade que

me permitiu lutar pelos meus objetivos, sempre acreditando em mim própria e

nas minhas capacidades. À minha mãe por me ter transmitido toda a sua força,

determinação, esforço, dedicação e capacidade de perseverança. Ao meu pai,

pelo resto do feitio que tenho.

À pessoa que mais amo no mundo, o meu irmão, por ser a minha maior

preciosidade, por o ter visto crescer e pela pessoa bondosa que é, ainda que

chato e pouco paciente. Por me ter deixado fazer parte da sua educação, por me

deixar ser uma irmã presente e por confiar em mim nos momentos de dificuldade.

Ao meu fantástico namorado e melhor amigo, por ser um homem

maravilhoso, pela relação que criámos, por todos os dias me mostrar mais

razões para o amar, por acreditar em mim e por me apoiar em todas as minhas

decisões, nunca deixando de me chamar à razão quando necessário. Mil

obrigados, por todos os bons momentos que vivemos e pelas brincadeiras que

partilhamos.

À minha família, por me terem feito crescer no meio da loucura e por me

apoiarem em todo o meu percurso. Sem eles, não era o que sou hoje.

Às minhas amigas, Sara Diogo, Sara Reis, Ana Catarina Riqueza, Nadine

Silva e Sara Passuco, por comigo terem partilhado os três anos de licenciatura

e tudo o que esta me trouxe, todas as mágoas e satisfações. À Sara Diogo, Ana

Catarina Riqueza e Nadine Silva, por terem acrescentado mais dois aos três

primeiros anos e terem feito parte de todo o meu percurso no Ensino Superior,

acompanhando-me nesta jornada que foi o mestrado. À Sara Reis, por todas as

noites que passámos acordadas, nas casas uma da outra, por todas as séries

que vimos juntas, por todos os livros que lemos e comentámos, por ter sido

condutora dos meus passatempos. À Ana Catarina Riqueza, a nossa Riqui, por

Page 8: As atividades experimentais como meio de promoção da

além de boa amiga e colega de estudos, ter sido uma boa colega de trabalho.

Um especial obrigado à Sara Diogo, por ter sido o meu maior suporte ao longo

destes cinco anos, pelas noites que fiquei acordada a estudar enquanto ela

dormia ao meu lado, por todos os conselhos nos momentos menos bons, pelos

segredos que partilhámos e por nunca termos escondido nada uma da outra, por

acreditar sempre em nós e nas nossas capacidades. Por comigo ter partilhado o

processo de elaboração deste relatório.

Às minhas amigas, Ana Catarina Lima e Ana Catarina Rosa. À Ana, por

ser a parte mais divertida da minha vida académica e pelo apoio que me deu nos

momentos menos bons. À Rosa, pelos 12 anos de amizade, por termos crescido

juntas e partilhado meia vida.

À professora MJR, por ter suportado esta investigação e ter

disponibilizado a sua prática a duas desconhecidas. Aos fantásticos 25 alunos

do 3.º C, por terem feito parte integrante desta investigação e por terem dado

mais cor à minha vida. À minha colega de estágio, Patrícia Castro, por ter

partilhado comigo três dos quatro momentos de estágio que vivemos, sendo,

mais do que colega, uma boa amiga.

Às Professoras Helena Simões e Leonor Saraiva, por terem feito parte do

meu processo de aprendizagem na área das ciências naturais.

Ao Professor Doutor José Miguel de Freitas, por ter acompanhado o meu

percurso nesta investigação, por me ter apoiado e esclarecido nos momentos de

dúvida, por ser tão ou mais distraído que eu. O meu obrigado, por ter respeitado

o meu espaço e as minhas escolhas, tanto no processo de investigação como

no processo de elaboração deste relatório.

Um obrigado a todas as pessoas que fizeram parte do meu percurso, aos

docentes e não docentes da Escola Superior de Educação, por me terem

acolhido ao longo deste período.

O meu muito obrigado a todos.

Page 9: As atividades experimentais como meio de promoção da

RESUMO

Ainda que o currículo nacional do ensino básico apresente um conjunto

de objetivos nos quais está integrado o desenvolvimento em sala de aula de

atividades experimentais e de exploração, nem sempre os professores do 1.º

Ciclo do Ensino Básico (CEB) dedicam o seu tempo a este tipo de atividades. A

razão mais defendida é a falta de tempo para o desenvolvimento destas

atividades e, sobretudo, a pressão da instituição de ensino e dos encarregados

de educação para uma utilização quase exclusiva do manual escolar.

No entanto, a utilização destas atividades pode ser benéfica para o

processo de ensino-aprendizagem, sendo defendido por alguns autores que o

desenvolvimento de determinadas capacidades associadas ao processo de

experimentação pode apoiar o desenvolvimento cognitivo dos alunos,

promovendo autonomia, independência e uma posição ativa na criação de um

processo de aprendizagem individualizado.

O presente relatório foi elaborado com o intuito de compreender se existe

realmente uma evolução na autonomia das crianças ao longo da exploração

deste tipo de atividades, tanto a nível individual como social. A investigação foi

dinamizada no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º

Ciclo do Ensino Básico, realizado na Escola Superior de Educação do Instituto

Politécnico de Setúbal.

Esta investigação fez parte integrante da Unidade Curricular Estágio IV,

cuja prática decorreu numa turma do 3.º ano de escolaridade da Escola Básica

n.º 3 da Quinta do Conde. Esta turma é constituída por vinte e cinco alunos,

sendo estes os elementos participantes nesta investigação. Com estes alunos

foram realizadas seis atividades experimentais, sendo realizada uma auto e

heteroavaliação sobre cada tarefa após a realização da mesma, posteriormente

comparadas.

Com esta investigação pode-se afirmar que a prática de atividades

experimentais em sala de aula influencia de forma positiva a autonomia dos

alunos durante o desenvolvimento destas atividades. Foi possível observar uma

maior evolução na autonomia social comparativamente à autonomia individual,

Page 10: As atividades experimentais como meio de promoção da

existindo uma extensão destes resultados a outras atividades que não as

atividades experimentais. O desenvolvimento do trabalho em grupo promoveu

uma melhor comunicação, mais respeitosa e natural, entre os vários elementos

da turma. A necessidade de respeitar as opiniões e necessidades dos colegas

durante o trabalho em grupo refletiu-se na convivência diária, social e lúdica.

Ainda assim, foi possível verificar uma evolução na autonomia individual dos

alunos, que desenvolveram a capacidade de desenvolvimento das atividades

experimentais de forma mais independente.

Palavras-chave: Investigação sobre a prática, Ensino das Ciências, Atividades

Experimentais, Trabalho em grupo, Autonomia.

Page 11: As atividades experimentais como meio de promoção da

ABSTRACT

Although the national curriculum of basic education presents a set of

objectives on which is integrated the development into the classroom of

experimental and exploration activities, not always the teachers of the first cycle

of basic education spend their time with this type of activities. The most used

reason is the lack of time to the development of this type of activities and,

especially, the pressure of the educational institution and the guardians for use

almost exclusively the school manual.

However, the use of these activities can be beneficial to the teaching-

learning process, being championed by some authors that the development of

specific capabilities associated with the process of experimentation can support

the cognitive development of the students, promoting autonomy, independence

and an active position in the creation of an individualized learning process.

The present report has been prepared in order to understand if is actually

an evolution in autonomy of children along the exploration of this type of

activities, both individually and socially.The investigation was led for Master's

degree in Preschool Education and 1st Cycle of Basic Education Teaching,

provided at the Escola Superior de Educação of Instituto Politécnico de Setúbal.

This research was part of the Curricular Unit Stage IV, whose practice

took place in the class of the 3rd grade level from Escola Básica n.º 3 da Quinta

do Conde. This class consists of 25 students, who are the elements participants

in this investigation. With these students were developed six experimental

activities, being performed self-evaluation and hetero-evaluation on each task

after the accomplishment of the same, later compared

With this research it is possible to state that the practice of experimental

activities in classroom influences positively the autonomy of the students during

the development of these activities. It was possible to observe greater evolution

in social autonomy compared to individual autonomy, with an extension of these

results to other activities than the experimental activities. The development of

group work has promoted better communication, more respectful and natural

Page 12: As atividades experimentais como meio de promoção da

between the various elements of the class. The need of respect the opinions and

needs of colleagues during group work was reflected in daily living, social and

playful. Still, it was possible to verify an evolution in individual autonomy of the

students, who developed the ability to develop experimental activities more

independently.

Keywords: Research on practice, Teaching of Sciences, Experimental

Activities, Group work, Autonomy.

Page 13: As atividades experimentais como meio de promoção da

ÍNDICE

Índice de Quadros 16

Introdução 17

Capítulo I – Quadro Teórico de Referência 21

1. O Currículo Escolar ................................................................................ 23

1.1. A área curricular de Estudo do Meio ................................................ 27

1.2. O Estudo do Meio no período letivo ................................................. 30

2. O Processo de Ensino-Aprendizagem .................................................... 32

2.1. O Papel do Professor ....................................................................... 35

3. A ciência ................................................................................................. 38

3.1. O ensino da ciência ......................................................................... 39

3.2. A ciência experimental ..................................................................... 43

3.2.1. O plano de investigação 46

4. Autonomia Individual e Social................................................................. 48

5. O trabalho em grupo e a autonomia social ............................................. 49

5.1. O trabalho em grupo e a comunicação ............................................ 50

5.2. As relações no grupo ....................................................................... 51

5.3. Problemas do trabalho em grupo ..................................................... 52

Capítulo II – Metodologia 53

1. Metodologia de estudo ........................................................................... 55

2. Contexto educativo ................................................................................. 57

2.1. A escola ........................................................................................... 57

2.2. A turma ............................................................................................ 58

Page 14: As atividades experimentais como meio de promoção da

3. Procedimentos de recolha e tratamento de dados ................................. 60

3.1. Observação-participante .................................................................. 60

3.1.1. A minha avaliação 61

3.2. Inquérito por questionário ................................................................ 62

3.2.1. Autoavaliação dos alunos participantes 63

3.3. Análise documental .......................................................................... 64

3.4. Análise de conteúdo ........................................................................ 65

4. Descrição dos dispositivos e procedimentos de intervenção ................. 66

4.1. 1.ª fase – Seleção das atividades a desenvolver ............................. 66

4.2. 2.ª fase – Implementação das atividades ......................................... 68

4.2.1. Avaliação quantitativa 69

4.3. 3.ª fase – Análise dos resultados ..................................................... 70

Capítulo III – Análise de Dados 71

1. Narrativa descritiva – momentos de intervenção .................................... 73

1.1. Atividade I – Germinação de sementes de feijão ............................. 73

1.2. Atividade II – Germinação de sementes de feijão ............................ 76

1.3. Atividade III – A luz e os materiais ................................................... 79

1.4. Atividade IV – Os ímanes................................................................. 81

1.5. Atividade V – Diferentes ímanes ...................................................... 82

1.6. Atividade VI – O solo ....................................................................... 84

2. Análise de Dados ................................................................................... 86

2.1. Atividades Experimentais ................................................................. 86

2.1.1. Avaliação da turma 87

2.1.2. Avaliação individual 90

2.2. Trabalho em Grupo .......................................................................... 93

Page 15: As atividades experimentais como meio de promoção da

2.2.1. Avaliação da turma 93

2.2.2. Avaliação individual 95

3. Retrospetiva dos alunos participantes .................................................. 100

Considerações Globais 105

Referências Bibliográficas 111

Apêndices 115

Apêndice I – Guia de Autoavaliação dos alunos ......................................... 116

Apêndice II - Avaliação Qualitativa .............................................................. 117

Apêndice III – Tabelas de registo de dados ................................................ 119

Apêndice IV – Questionário Final ................................................................ 121

Apêndice V – Ficha de registo “Germinação de Sementes I” ...................... 125

Apêndice VI – Ficha de registo “Germinação de Sementes II” .................... 128

Apêndice VII – Ficha de registo “A luz e os materiais” ............................... 132

Apêndice VIII – Ficha de registo “Os ímanes” ............................................. 134

Apêndice IX – Ficha de registo “Diferentes Ímanes” ................................... 136

Apêndice X – Ficha de registo “Os solos” ................................................... 138

Page 16: As atividades experimentais como meio de promoção da

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Horário semanal da turma 3.º C ..................................................... 31

Quadro 2 - Atividades experimentais desenvolvidas durante a investigação ... 69

Quadro 3 - Média de classificação por momento no desenvolvimento do plano

de investigação ................................................................................................ 87

Quadro 4 - Média de classificação individual no desenvolvimento do plano de

investigação ..................................................................................................... 91

Quadro 5 - Média de classificação por momento no desenvolvimento do trabalho

em grupo .......................................................................................................... 93

Quadro 6 - Média de classificação individual no desenvolvimento do trabalho em

grupo ................................................................................................................ 95

Quadro 7 - Classificações do Trabalho Intra Grupos no desenvolvimento do plano

de investigação ................................................................................................ 98

Quadro 8 - Classificações do Trabalho Intra Grupos no desenvolvimento do

Trabalho em Grupo .......................................................................................... 99

Quadro 9 - Respostas ao questionário final sobre as atividades experimentais

....................................................................................................................... 101

Quadro 10 - Respostas ao questionário final sobre o trabalho em grupo ...... 103

Page 17: As atividades experimentais como meio de promoção da

INTRODUÇÃO

Page 18: As atividades experimentais como meio de promoção da

18

O presente relatório está direcionado para uma das principais disciplinas

científicas que integram a área disciplinar de Estudo do Meio: as Ciências da

Natureza. Dentro das Ciências da Natureza, será dinamizada uma relação entre

as atividades experimentais e o desenvolvimento da autonomia individual e

social dos alunos, sendo o tema deste relatório de investigação “As atividades

experimentais como meio de promoção da autonomia”. A escolha deste tema

está maioritariamente centrada no facto das atividades experimentais terem uma

presença diminuta no trabalho realizado nas salas de aula do 1.º Ciclo do Ensino

Básico, por exigirem do professor uma atenção redobrada a tudo o que ocorre

dentro da sala de aula. Acreditando que a prática recorrente de atividades

experimentais influencia a autonomia dos alunos no desenvolvimento destas

atividades propus-me a desenvolver uma investigação neste âmbito, procurando

aumentar a independência dos alunos a cada atividade realizada e diminuir a

influência do professor no desenvolvimento deste tipo de atividades.

No contexto onde foi realizada esta investigação, quando é desenvolvido

algum trabalho prático em sala de aula, este é guiado pelas indicações sugeridas

no manual escolar, não permitindo que as crianças pensem, escolham,

proponham e ainda planifiquem o desenvolvimento da atividade experimental,

tornando-se responsáveis por todos os passos envolvidos na mesma.

Desta forma, acredito que a prática de atividades experimentais em sala

de aula e o desenvolvimento das capacidades associadas a este tipo de

atividades, deverão contribuir para um aumento da autonomia individual e social

das crianças não só durante o desenvolvimento das atividades experimentais,

mas também durante o desenvolvimento de outras práticas mundanas e das

suas vivências em sociedade.

Tendo em conta o tipo de processos necessários à realização de uma

atividade experimental, onde as crianças deverão desenvolver trabalho em

grupo, formulação de hipóteses, o planeamento e elaboração de toda a

atividade, a prática de procedimentos e o trabalho sem o constante apoio de um

adulto, existindo apenas a presença do mesmo, acreditei que as mesmas fossem

capazes de desenvolver a aptidão de trabalhar sozinhas e em grupo, de

confiarem nas suas capacidades, de acreditarem em si próprias e de utilizarem

Page 19: As atividades experimentais como meio de promoção da

19

maioritariamente os seus próprios conhecimentos, aprendendo a considerar

ainda as opiniões e necessidades dos seus colegas de trabalho.

O problema em questão consiste maioritariamente na introdução das

atividades experimentais em sala de aula, como complemento aos meios de

ensino utilizados de forma generalista, como o manual escolar e a transmissão

de teorias pela parte do professor. As atividades experimentais, de acordo com

Oliveira (2010), “(…) podem ser empregadas com diferentes objetivos e fornecer

variadas e importantes contribuições no ensino e aprendizagem de ciências.” (p.

141), servindo como complemento ou como principal instrumento de

aprendizagem, de acordo com o conteúdo a abordar.

Tendo em consideração as temáticas que foram abordadas durante o

período de estágio no qual esta investigação decorreu, tive como principal

intenção que os conteúdos a abordar com os alunos fossem também explorados

através do desenvolvimento de atividades experimentais, utilizando-as como

instrumento prático de verificação da veracidade da teoria trabalhada em sala de

aula. Como elemento de avaliação, e através de algumas técnicas descritas

posteriormente, foi analisado se com a repetição dos processos inerentes às

atividades experimentais os alunos desenvolveram as capacidades necessárias

para planificar e completar todos estes processos sem o constante apoio das

professoras da sala de aula, quer a nível individual, quer durante o

desenvolvimento do trabalho em grupo.

Considero o tema deste relatório pertinente tendo em consideração a

pouca presença das atividades experimentais enquanto instrumento de

aprendizagem nos vários Ciclos do Ensino Básico, tendo como base as três

experiências de estágio anteriores.

Sá (2002) promove a existência de “(…) um ensino menos verbalista, mas

mais centrado em acções práticas sobre os objectos e seres vivos, acções que

se têm revelado vivências pessoais intensas (…)” (p. 34), defendendo o

envolvimento dos alunos no seu processo de ensino. O autor refere ainda que a

área das Ciências da Natureza poderá contribuir para que as crianças sintam

satisfação na escola, considerando que se cumprem os objetivos do programa

com atividades que as crianças apreciam (Sá, 2002). Desta forma, acredito que

a componente da experimentação, a vivência pela parte das crianças, o facto de

Page 20: As atividades experimentais como meio de promoção da

20

estas observarem de forma prática aquilo que lhes é transmitido de forma teórica,

é um bom contributo para a aquisição de conhecimentos pela parte das mesmas,

considerando o envolvimento que lhes é permitido com estas atividades.

As crianças devem estar integradas naquilo que é explorado em sala de

aula. Se não podem escolher o que explorar, então que explorem o que lhes é

disponibilizado, de forma que a sua curiosidade seja despoletada, ou seja, de

forma prática e não apenas de forma teórica. Devem ter a oportunidade de

explorar o meio que as rodeia e, caso não o façam, devem associar o que lhes

é transmitido em sala de aula ao meio, relacionando e comparando informações.

Desta forma, será possível que as mesmas conheçam o funcionamento de

diversos elementos que lhes são disponibilizados e conheçam o funcionamento

do que está fora da sala de aula, fazendo a relação entre as duas realidades:

escola e sociedade.

Tendo em consideração o tema e as motivações pessoais, já descritas

anteriormente, que determinaram a imersão por esta área de estudo, formulou-

se a seguinte questão geral de investigação – como é que a prática de atividades

experimentais em sala de aula influencia a autonomia individual e social dos

alunos? – sendo esta a questão que orientará toda a investigação.

Relativamente à estruturação do relatório em questão, este é constituído

por cinco secções: introdução, três capítulos principais e considerações globais.

O capítulo um, corresponde ao quadro teórico de referência, no qual se

efetua uma revisão sucinta da literatura referente ao tema de investigação. No

capítulo dois, são apresentadas as opções metodológicas adotadas ao longo do

processo de investigação, sendo também descritas todas as fases de

estruturação e implementação do projeto. O capítulo três, engloba a

apresentação e análise dos dados obtidos durante a implementação do projeto.

Seguidamente, nas considerações globais, serão discutidos os resultados

obtidos ao longo da investigação, estabelecendo uma relação entre esses

mesmos dados e a componente teórica apresentada no primeiro capítulo. Para

finalizar, serão apresentadas as referências bibliográficas das obras que

serviram de suporte à estruturação e implementação do projeto.

Page 21: As atividades experimentais como meio de promoção da

CAPÍTULO I – QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

Page 22: As atividades experimentais como meio de promoção da

22

Neste capítulo irei focar-me nas referências presentes na literatura que

apoiam, de alguma forma, a investigação desenvolvida por mim e as razões da

escolha da mesma, sendo algumas destas componentes mais pertinentes que

outras em relação ao tema escolhido.

Para dar início a esta componente teórica, começarei por referir o

Currículo Escolar, dando enfâse à área curricular de Estudo do Meio e à

presença da mesma durante o período letivo.

Posteriormente, farei referência ao processo de ensino-aprendizagem,

referindo a importância do professor para o sucesso desse processo, e ao ensino

das ciências em sala de aula, individualizando a componente das ciências

experimentais. Farei ainda referência à autonomia individual e social

Para concluir a componente teórica deste relatório, farei referência à

componente do trabalho de grupo, relacionada com a autonomia social,

valorizando a comunicação e aprendizagem cooperativa proporcionadas pelo

mesmo e referindo alguns dos problemas apontados pela literatura.

Page 23: As atividades experimentais como meio de promoção da

23

1. O CURRÍCULO ESCOLAR

De acordo com Alonso e colaboradores (1994), o currículo deve ser visto

como “aberto e flexível, susceptível de ser reconstruído e adequado aos

diferentes contextos educativos” (p. 9), sendo esta ideia reforçada pelo

Programa de Estudo do Meio, desenvolvido pelo Ministério da Educação, que

refere que houve uma procura de modo que

(…) a estrutura do programa fosse aberta e flexível. Os professores deverão

recriar o programa, de modo a atender aos diversificados pontos de partida

e ritmos de aprendizagem dos alunos, aos seus interesses e necessidades

e às características do meio local. (p. 102)

Ainda assim, este mesmo programa, bem como os programas referentes

às outras áreas curriculares trabalhadas neste ciclo de estudos, estipulam um

conjunto de temáticas que devem ser abordadas ao longo do ano letivo e que

suscitam nos professores do 1.º CEB, e nos autores e editoras dos manuais

escolares, a necessidade e responsabilidade do cumprimento desses objetivos

no prazo estipulado e com os resultados esperados: classificações positivas de

todos os alunos.

Desta forma, de acordo com o alínea 1., do artigo 2º, do capítulo 1, do

Decreto-Lei: 6/2001, de 18 de janeiro,

(…) entende-se por currículo nacional o conjunto de aprendizagens e

competências a desenvolver pelos alunos ao longo do ensino básico, de

acordo com os objectivos consagrados pela Lei de Bases do Sistema

Educativo para este nível de ensino, expresso em orientações aprovadas

pelo Ministro da Educação, (…) (Abrantes, 2001, p. 15)

sendo o programa de cada uma das áreas curriculares desenvolvido com base

nos objetivos definidos para essa área curricular, expondo as aprendizagens e

competências selecionadas.

Pacheco (2001) coloca ainda o currículo numa componente política da

educação referindo que este apenas “(…) reflecte quer as relações sempre

existentes entre escola e sociedade, quer os interesses individuais e os de grupo,

quer ainda os interesses políticos e os ideológicos, etc.” (p. 19), defendendo que

qualquer proposta curricular, incluindo as alterações realizadas pelas instituições

Page 24: As atividades experimentais como meio de promoção da

24

de ensino, “(…) é uma construção social historicizada, dependente de inúmeros

condicionalismos e de conflituosos interesses” (Pacheco, 2001, p. 19).

De acordo com Abrantes (2001), inicialmente o termo currículo “(…) é

identificado com um conjunto de orientações estabelecidas pelas autoridades

educativas, mas, num outro nível, está associado ao modo como o professor

orienta e organiza efectivamente o processo de ensino-aprendizagem (…)” (p.

42). Pachecho (2001) refere ainda que o currículo “(…) é uma construção que

ocorre em diversos contextos a que correspondem diferentes fases e etapas de

concretização que se situam entre as perspectivas macro e microcurricular“ (p.

68), correspondendo estas perspetivas aos objetivos gerais – que definem a área

a explorar –, e aos objetivos específicos – que definem o que explorar dessa

área – propostos nos programas, bem como aos objetivos metodológicos – que

definem como explorar – referidos por Carvalho e Freitas (2010). É assim

competência do professor, enquanto formador, decifrar qual a melhor forma de

cumprir o programa sem prejudicar os seus alunos, nem beneficiar uns em

função do declínio de outros, pois “(…) o desenvolvimento curricular é sobretudo

um processo gradual e contínuo, envolvendo observação, reflexão, e

ajustamento das orientações e das práticas pedagógicas” (Abrantes, 2001, p.

42).

O seguimento estrito do programa não permite que seja realizada uma

diferenciação pedagógica que promova aprendizagens significativas para cada

um dos alunos, respeitando os seus conhecimentos prévios, as suas dificuldades

e ritmos de trabalho, promovendo as aprendizagens e não as classificações

positivas. No entanto, esta diferenciação faz parte das caraterísticas que

deveriam estar associadas ao currículo nacional, bem como a adequação do

mesmo e a sua flexibilização (Abrantes, 2001). Esta flexibilização deverá permitir

uma reorganização curricular, não significando isto uma alteração estrutural e de

conteúdo dos programas apresentados, mas sim na utilização desses programas

como base para a estruturação de um currículo individualizado. De acordo com

Pacheco (2001) “(…) o desenvolvimento curricular, lato sensu, é uma prática

dinâmica e complexa que se fundamenta, planeia, realiza e avalia em momentos

diferentes, mas relacionados entre si, já que expressam uma mesma realidade”

(p. 65).

Page 25: As atividades experimentais como meio de promoção da

25

De acordo com Roldão (1999),

É o reconhecimento efectivo do direito de todos a uma educação de

qualidade que coloca no centro dos problemas curriculares do nosso tempo

a necessidade de reinventar a escola de modo a oferecer e construir o

currículo como um percurso diferenciado e significativo que, através de

opções diferentes, possa tornar mais semelhante o nível de competências à

saída do sistema escolar, competências de que todos precisarão

igualmente, e de que dependerá sem dúvida o sucesso social e pessoal das

suas vidas. (p. 28)

De forma a promover esta diferenciação pedagógica, as instituições de

ensino procuram desenvolver os Projetos Curriculares de Escola e os Projetos

Curriculares de Turma, que visam especificar a forma como as temáticas serão

desenvolvidas durante o ano letivo, associando o processo de ensino-

aprendizagem a uma turma específica ou, no caso da Educação Pré-Escolar, a

um grupo específico. É durante a elaboração deste projeto, que um professor

deve procurar agir em conformidade com os interesses da sua turma, procurando

desde o início adequar o programa aos interesses individuais e sociais dos seus

alunos, promovendo um bom ambiente de aprendizagem que permita o

desenvolvimento de aprendizagens significativas, realizando assim uma

reorganização curricular. De acordo com Abrantes (2001),

Ao decidir, dentro dos limites estabelecidos a nível nacional, sobre a

organização das diversas áreas e disciplinas do currículo, as cargas

horárias, os tempos lectivos, a distribuição do serviço docente, a escola está,

no fundo, a definir o seu próprio projecto curricular, o qual constitui o aspecto

fundamental do projecto educativo da escola. (p. 48)

É durante o processo de elaboração do projeto educativo da escola e do

projeto curricular de turma que o professor deve estipular, atempadamente, de

que forma pretende desenvolver o seu processo de ensino-aprendizagem,

estipulando os métodos e recursos que considera mais adequados: à sua

prática, sem contrariar as suas crenças e valores pessoais; às necessidades da

turma, não desvalorizando capacidades e conhecimentos prévios nem a

diferença entre os vários alunos; ao meio ambiente, aproveitando esta

componente como uma mais valia neste processo; à instituição, indo ao encontro

das caraterísticas e ideologias da mesma.

Page 26: As atividades experimentais como meio de promoção da

26

Diferenciar actividades e estratégias, inserir a aprendizagem das disciplinas

formais nos contextos dos alunos e em projectos curriculares significativos,

perceber o modo como leêm o mundo para que possam ter acesso a nossa

leitura são outras tantas vias para gerar aprendizagens de níveis mais

próximos entre alunos que, à partida, e cada vez mais, se situam em pontos

bem distantes. (Roldão, 1999, p. 28)

Deve assim unir a necessidade de cumprir, à vontade de ensinar e à

curiosidade de aprender.

No entanto, a obrigação imposta por encarregados de educação e direção

escolar, do cumprimento e utilização total dos manuais escolares, implica que

muitos professores se sintam confinados à utilização dos manuais, considerando

ainda que estes são práticos e evitam um maior esforço pela parte do professor

para garantir que cumpre o programa, existindo assim uma acomodação a este

tipo de trabalho em sala de aula. Desta forma, os professores acabam por

dispensar atividades que sejam desenvolvidas de forma mais prática, como é o

caso das atividades experimentais e as atividades da área das Expressões, que

são muitas vezes desvalorizadas. De acordo com Pacheco (2001) poderá

chamar-se currículo oculto quando existem várias interpretações do programa,

quer pelos autores dos livros, quer pelos professores, quer pela participação

ativa dos alunos no seu processo de ensino-aprendizagem, sendo esta

denominação outra das causas que evita o envolvimento total do profesor na

dinamização de atividades e a permissão do envolvimento dos alunos na

construção do seu processo de aprendizagem.

Carvalho e Freitas (2010) apresentam algumas contraindicações

apresentadas por professores, sobre a execução de tarefas práticas em sala de

aula, como é o caso de “Perde-se muito tempo”; “É muito difícil de abordar de

forma completa”; “Obriga a trabalhar em pequenos grupos e isso causa muita

barafunda (…)”; “Isso favorece a confusão e há alguns alunos que só esperam

isso” (p. 19). Sá (2002) refere que muitas vezes os professores utilizam “(…) a

falta de tempo como justificação para a conhecida falta de empenhamento em

relação às Ciências da Natureza” (p. 29). Estas dificuldades apresentadas para

a realização destas atividades originam um seguimento total do programa e dos

exercícios apresentados nos manuais escolares, sem alterações,

Page 27: As atividades experimentais como meio de promoção da

27

desvalorizando as aprendizagens contextualizadas e, consequentemente,

significativas.

Para que seja possível este processo de reorganização curricular, o

professor deve conhecer o programa que lhe é disponibilizado, o que permitirá

reestruturar o mesmo sem que lhe sejam feitas alterações de conteúdo. Tendo

em conta o tema da investigação em questão, dedicarei maior atenção ao

Programa da área Curricular de Estudo do Meio, fazendo pequenas referências

às restantes áreas curriculares: Português, Matemática e Expressões.

1.1. A ÁREA CURRICULAR DE ESTUDO DO MEIO

De acordo com Carvalho e Freitas (2010), “O Estudo do Meio é uma

“disciplina”, ou melhor, uma área disciplinar que apenas existe nos currículos do

ensino primário e que cada vez mais tende a limitar-se aos dois primeiros anos

de escolaridade obrigatória, nos casos em que existe” (p. 28), defendendo ainda

que a presença desta área disciplinar noutros ciclos de ensino e, no caso do

ensino superior, noutras áreas que não as áreas de Educação e Ensino, seria

benéfico para todos os formandos das várias áreas, especialmente se lhe fosse

proporcionada mais visibilidade no processo de formação de professores. “O

enriquecimento de uma disciplina resulta em grande parte da investigação que

ela promove. Não existindo como disciplina universitária, deixa de beneficiar de

importantes contributos para a realização dessa investigação” (Carvalho &

Freitas, 2010, p. 28).

Estas autoras defendem que a área curricular de Estudo do Meio está

conectada a três importantes áreas de ensino: Ciências Naturais, História e

Geografia, defendendo ainda que estas três áreas possuem aspetos

determinantes nesta fase de desenvolvimento da criança.

As Ciências Naturais remetem a criança para o conhecimento do meio, do

seu corpo, dos outros, dos animais e dos fenómenos físicos e químicos do

quotidiano. As crianças aprendem assim a questionar estes temas e a pesquisar

formas de adquirir conhecimentos sobre os mesmos, conhecimentos práticos

que dão significado às teorias conhecidas (Carvalho & Freitas, 2010).

Page 28: As atividades experimentais como meio de promoção da

28

No caso da História e da Geografia, existem alguns elementos comuns

nos conhecimentos que se adquirem em ambas as áreas, nomeadamente o

conhecimento do mundo e o desenvolvimento de conceitos como tempo e

espaço, relacionando por vezes os dois conceitos. No caso da História é

permitido conhecer a forma como esta se constrói e se desenvolve, realizando

medições de tempo e procurando que as próprias crianças realizem atividades

semelhantes às desenvolvidas pelos historiadores. No caso da Geografia são

dados a conhecer aspetos físicos do mundo e da humanidade, através de

mapas, observação direta e desenvolvimento de trabalhos de pesquisa, como o

trabalho de campo (Carvalho & Freitas, 2010).

Além das componentes teóricas de conhecimentos associados ao

currículo, o Estudo do Meio integra ainda uma componente formativa que se foca

no desenvolvimento de certas capacidades individuais que permitem a

convivência em sociedade, promovendo o desenvolvimento de atitudes e

valores. “A área do Estudo do Meio permite, assim, não só a promoção de um

conjunto de aprendizagens relevantes, mas a mobilização dessas

aprendizagens para o desenvolvimento integral da personalidade do aluno,

contribuindo para o seu enriquecimento como pessoa” (Roldão, 1995, p. 32).

Carvalho e Freitas (2010) referem que a aquisição, pela criança, dos conceitos

de direitos e deveres, e a apropriação da capacidade de reconhecimento desses

conceitos como pertencentes a todos os indivíduos, influenciará a possibilidade

de implementação de atividades e metodologias investigativas.

Com base nestas áreas incluídas na área curricular de Estudo do Meio,

foi elaborado pelo Ministério da Educação o programa referente a esta área

curricular. Este programa menciona que

Para atingir o domínio dos conceitos não é necessário que todos os alunos

tenham de percorrer os mesmos caminhos. No entanto, pretende-se que

todos se vão tornando observadores activos com capacidade para

descobrir, investigar, experimentar e aprender. Com o Estudo do Meio os

alunos irão aprofundar o seu conhecimento da Natureza e da Sociedade,

cabendo aos professores proporcionar-lhes os instrumentos e as técnicas

necessárias para que eles possam construir o seu próprio saber de forma

sistematizada. (ME - DEB, p. 102)

Page 29: As atividades experimentais como meio de promoção da

29

O programa apresenta assim um conjunto de objetivos gerais que,

posteriormente, se transformam em objetivos específicos, em função do ano de

escolaridade a que se referem e do Bloco do qual fazem parte. Desta forma, este

programa está assim dividido por seis Blocos, sendo estes:

o Bloco 1 – À descoberta de si mesmo

o Bloco 2 – À descoberta dos outros e das instituições

o Bloco 3 – À descoberta do ambiente natural

o Bloco 4 – À descoberta das inter-relações entre espaços

o Bloco 5 – À descoberta dos materiais e objetos

o Bloco 6 – À descoberta das inter-relações entre a natureza e a sociedade

Em cada um destes blocos, são apresentadas um conjunto de

capacidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos durante o seu percurso

escolar, estando estas capacidades distribuídas pelos quatro anos de

escolaridade referentes ao 1.º Ciclo do Ensino Básico.

Os objetivos presentes no programa de Estudo do Meio que influenciaram

o desenvolvimento desta investigação, estão dispostos nos Blocos 3 e 5 do

programa, nomeadamente:

Bloco 3 – À descoberta do meio ambiente

o “Realizar experiências e observar formas de reprodução das plantas (…)”

o “Identificar alguns factores do ambiente que condicionam a vidas das plantas

e dos animais (…) – realizar experiências”

o “Recolher amostras de diferentes tipos de solo: - Identificar algumas das suas

características (…)”

Bloco 5 – À descoberta dos materiais e dos objetos

o “Realizar experiências com a luz (…)”

o “Realizar experiências com ímanes (…)”

No Bloco 3 é defendido que “A curiosidade infantil pelos fenómenos

naturais deve ser estimulada e os alunos encorajados a levantar questões e a

procurar respostas para eles através de experiências e pesquisas simples” e que

a procura por essas respostas deverá ser realizada através da “(…) observação

directa, utilizando todos os sentidos, a recolha de amostras, sem prejudicar o

ambiente, assim como a experimentação” (ME - DEB, p. 115). Da mesma

Page 30: As atividades experimentais como meio de promoção da

30

maneira, no Bloco 5 é referido que “A exploração de materiais de uso corrente

deverá assentar essencialmente na observação das suas propriedades e em

experiências elementares que as destaquem” e que os registos realizados

durante essas observações “(…) deverão ser adequados à idade dos alunos e

ter em vista apenas a comunicação das descobertas por eles feitas” (ME - DEB,

p. 123).

1.2. O ESTUDO DO MEIO NO PERÍODO LETIVO

Tal como já foi referido anteriormente, o trabalho desenvolvido em sala de

aula assenta fundamentalmente na utilização dos manuais escolares como

principal instrumento de aprendizagem. No entanto, as atividades práticas e

experimentais são promovidas por vários autores e pelo próprio programa da

área de Estudo do Meio, que, tal como refere Afonso (2008), os professores vêm

como um constrangimento e uma limitação à ação educativa.

Uma das componentes que dificulta o desenvolvimento destas atividades

é a distribuição do período letivo diário pelas várias áreas curriculares, não

influenciando apenas a área curricular do Estudo do Meio, mas também a área

curricular das Expressões. Estas duas áreas possuem uma presença diminuta

quando se realizam as distribuições de horários em função de todas as áreas,

como se pode verificar no quadro 1, que faz referência ao horário semanal da

turma em que se desenvolveu esta investigação. Neste horário é possível

verificar que o tempo disponibilizado para o Estudo do Meio é bastante diminuto

em comparação com o tempo que é disponibilizado para as restantes áreas

curriculares, especificamente Português e Matemática. Considerando que cada

um dos blocos presentes no quadro 1 corresponde a 1 hora semanal, podemos

verificar que são disponibilizadas 7 horas para Matemática, 7 horas para

Português, 3 horas para Estudo do Meio e 3 horas para Expressões, num total

de 23 horas semanais lecionadas pela professora titular de turma. As 3 horas

distribuídas para Apoio ao Estudo e Oferta Complementar são, maioritariamente,

utilizadas para reforço de Português e Matemática. É assim disponibilizado 13%

do horário semanal para o Estudo do Meio, em comparação com 30,4% para

Page 31: As atividades experimentais como meio de promoção da

31

Português e 30,4% para Matemática, excluindo Apoio ao Estudo e Oferta

Complementar.

Quadro 1 - Horário semanal da turma 3.º C

(adaptado do horário disponibilizado pela professora titular de turma)

Ainda que exista alguma flexibilidade nos horários definidos para as

turmas do 1.º CEB, existem outras componentes que determinam a importância

de cada uma das áreas em sala de aula.

Uma destas componentes é a quantidade de páginas disponibilizada em

cada manual escolar, pois os manuais escolares de Estudo do Meio são

consideravelmente mais pequenos que os outros manuais escolares. Esta

diferença determina o tempo que os professores optam por dedicar a cada uma

das áreas, pois, tal como foi dito anteriormente, sentem-se na obrigação da

conclusão das atividades propostas nos manuais, tendo o objetivo de chegar ao

fim dos mesmos antes do término do ano letivo.

Além deste objetivo imposto por pressões externas, existe ainda a

problemática das fichas de avaliação, incluindo provas de aferição e exames

nacionais, que originam problemas em todos os ciclos de ensino. Tal como é

referido por Saraiva, Simões e Ferreira (2010), “(…) a preocupação dos

professores em “prepararem os alunos para exame” reduz o tempo disponível

para aulas práticas e laboratoriais, ou seja, para o desenvolvimento dos

processos científicos e das atitudes e valores face à ciência” (p. 11).

Tempos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

08h00 – 09h00 Português Matemática Matemática Português Português

09h00 – 10h00 Português Matemática Matemática Português Português

10h00 – 10h15 Intervalo

10h15 – 11h15 Inglês Apoio Estudo Português Matemática Estudo do Meio

11h15 – 12h15 Matemática Apoio Estudo Inglês Matemática Estudo do Meio

12h15 – 13h15 Estudo do Meio Expressões Expressões Estudo do Meio Oferta Compl.

Page 32: As atividades experimentais como meio de promoção da

32

2. O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

São várias as metodologias utilizadas por professores e educadores de

infância durante o processo de ensino-aprendizagem. No entanto, todas as

metodologias têm um propósito comum: que os alunos desenvolvam

conhecimentos e capacidades relacionadas com os temas trabalhados. O que

implica, então, o processo de aprendizagem?

De acordo com a teoria do construtivismo, referida por Moura, Cibele,

Malanga e Jamba, (2010), cada um de nós constrói o próprio conhecimento com

base nas experiências vivenciadas diariamente, gerando regras e modelos

individualizados que nos permitem interpretar essa experiências retirando o

melhor de cada uma. Com base neste processo cognitivo, podemos considerar

que a aprendizagem consiste “(…) no processo de ajustamento dos nossos

modelos mentais à acomodação de novas experiências (…) [baseando-se] numa

participação activa dos alunos na resolução de problemas e na exercitação do

pensamento crítico, relativamente às actividades que acham relevantes e

atraentes” (Moura, Cibele, Malanga, & Jamba, 2010, p. 102).

De acordo com Saraiva, Simões e Ferreira (2010) é comum existir uma

distinção entre aprendizagem superficial e aprendizagem profunda. A

aprendizagem superficial é a considerada “aprendizagem de cor”, onde os

alunos procuram apreender os factos necessários à elaboração de uma ficha de

avaliação ou trabalho, esquecendo esses factos logo após a colocação dos

mesmos numa folha de papel. Pelo contrário, a aprendizagem profunda implica

uma apropriação intrínseca dos conhecimentos, procurando compreender o

significado de ideias, conceitos, procedimentos e a aplicação destas

aprendizagens em novas situações escolares e sociais (Saraiva, Simões, &

Ferreira, 2010).

Além desta distinção, expressões como “aprendizagem ativa” e

“aprendizagens significativas” são muitas vezes utilizadas pelos profissionais de

educação, sendo elementos que estes consideram como determinantes no

processo de ensino-aprendizagem. Roldão (1995) refere então que qualquer

aprendizagem é considerada ativa, pois o próprio conceito de aprendizagem

implica a presença do sujeito, o seu envolvimento cognitivo e afetivo, a sua

Page 33: As atividades experimentais como meio de promoção da

33

implicância nas tarefas que estão a ser desenvolvidas. “Aprendizagem activa

significa então toda e qualquer forma de aprender em que o sujeito se envolve

activamente, mobilizando as suas funções cognitivas e o seu potencial de

adesão afectiva para o acto ou tarefa eu lhe é apresentado (…)” (Roldão, 1995,

p. 38.). Desta forma, a aprendizagem ativa implica o desenvolvimento de

processos mentais ativos em que o sujeito põe em ação os mecanismos

cognitivos e afetivos necessários à construção de novos saberes (Roldão, 1995).

Desta forma, pode ser estabelecida uma relação entre aprendizagem profunda

e aprendizagem ativa, tendo em consideração que a aprendizagem superficial

pode apenas ser chamada de memorização.

Para que exista realmente uma aprendizagem ativa ou profunda, os temas

explorados devem ser do interesse da criança, ou seja, a criança deve

estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com esses temas. Por vezes, esta

relação não acontece, sendo necessário estabelecer uma abordagem que vá ao

encontro das vivências, experiências e interesses das crianças, ou estabelecer

um contexto que dinamize novos interesses e curiosidades (Roldão, 1995). “A

aprendizagem torna-se significativa quando a criança se apropria dela em

termos intelectivos e afectivos, incorporando-a e enquadrando-a

harmoniosamente no seu quadro e referências e experiência pessoal anterior”

(Roldão, 1995, p. 53).

Além destas aprendizagens, existem também as consideradas

aprendizagens significativas, já referidas anteriormente. De acordo com Marques

e Roldão (1999), “(…) a aprendizagem significativa é um processo activo de

ligação das novas aprendizagens às antigas ou das familiares às não familiares;

logo, para que os alunos realizem aprendizagens significativas, devem ser

sujeitos activos no processo de aprendizagem” (p. 42). Marques e Roldão (1999)

defendem ainda que, para que as aprendizagens possam ser consideradas

significativas, é necessário estabelecer uma relação equilibrada entre a teoria e

a prática, ou seja, entre a aquisição de saberes científicos e o desenvolvimento

de capacidades e competências que possam ser utilizadas pelos alunos na

aquisição de conhecimentos futuros, fornecendo instrumentos que possibilitem

que sejam os próprios a procurar e desenvolver esses conhecimentos. No

processo de aprendizagem das ciências, as atividades experimentais

Page 34: As atividades experimentais como meio de promoção da

34

proporcionam essa relação com a teoria explorada em sala de aula, sendo ainda

um elemento que promove a curiosidade dos alunos, considerando-se uma

abordagem pertinente.

Podemos então concluir que qualquer verdadeira aprendizagem é

considerada ativa, profunda e significativa. As aprendizagens consideradas

superficiais podem ser denominadas de memorização, tendo em consideração

que estas não contribuem para o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança,

nem promovem que a mesma seja condutora do seu próprio processo de

aprendizagem. Estas memorização é apenas promotora das boas classificações,

impostas por encarregados de educação e pelo próprio sistema de ensino, que

não refletem, muitas das vezes, os verdadeiros conhecimentos e capacidades

que cada criança adquire e desenvolve.

Além da componente da aprendizagem, existe ainda a componente de

ensino. O processo de ensino-aprendizagem é composto por uma componente

de aprendizagem, pela parte do aluno e com influência do professor, e pela

componente de ensino, pela parte do professor e com influência dos alunos.

De acordo com Zabala (1998), o processo de ensino é influenciado por

diversas componentes institucionais, organizativas, metodológicas e do meio. O

autor carateriza ainda a prática pedagógica como “(…) algo fluido, fugidio, difícil

de limitar com coordenadas simples e, além do mais, complexa, já que nela se

expressam múltiplos fatores, idéias, valores, hábitos pedagógicos, etc.” (Zabala,

1998, p. 16). O autor refere ainda que o processo de ensino não pode ser

visualizado como um momento isolado, pois é um processo complexo e

composto que integra três momentos: a planificação, a execução e a avaliação

(Zabala, 1998).

Durante qualquer um destes momentos o professor deve sempre

considerar atividades atuais e futuras, que possam ser desenvolvidas

sequencialmente, permitindo que os alunos utilizem os conhecimentos já

adquiridos durante o processo de construção dos novos conhecimentos. Para

que o processo de ensino seja satisfatório para todas as partes que nele tentam

interferir, o professor deve garantir determinadas caraterísticas que melhorarão

a sua prática.

Page 35: As atividades experimentais como meio de promoção da

35

2.1. O PAPEL DO PROFESSOR

Um dos elementos fundamentais do processo de ensino-aprendizagem é

o elemento profissional de educação: o professor ou educador. Roldão (1999)

refere que “(…) em termos de profissionalidade, o professor poderá definir-se,

no essencial, como aquele que ensina.” (p. 114), considerando que ensinar não

implica apenas debitar informações teóricas, mas pode ser considerada “(…)

uma acção transitiva, que não existe se não se exercer sobre alguém e alguma

coisa. Ou seja, não só ensinar significa fazer aprender, como fazer aprender

alguma coisa a alguém” (Roldão, 1999, p. 114).

De um modo mais profundo, o professor é muito mais do que o elemento

que ensina. É o adulto de referência na ausência dos pais ou encarregados de

educação; é quem as crianças procuram, muitas das vezes, quando lhes surge

algum problema; deve ser detentor de uma fonte de carinho e compreensão, que

permita às crianças o desenvolvimento de um à vontade com o mesmo, o

estabelecimento de uma relação de amor e confiança; acima de professor, é

educador, pois durante a ausência dos pais, o mesmo procura desenvolver as

várias competências das crianças: cognitivas, afetivas e comportamentais. Não

apenas ensina, como também aprende, no desenvolvimento da sua carreira, a

ser melhor indivíduo. A sua importância em sala de aula é de tal maneira

significativa que “(…) nenhum professor ou professora escapa ao juízo que dele

ou dela fazem os alunos” (Freire, 2014, p. 64), os pais e os restantes

profissionais da instituição de ensino.

Desta forma, as responsabilidades inerentes à prática profissional são

diversas e as mais variadas. A tarefa base da sua atividade enquanto elemento

que ensina é o desenvolvimento de atividades que se adequem à turma da qual

é responsável, indo ao encontro das necessidades de cada aluno. Simões,

Ferreira e Saraiva (2010) referem que o professor tem um papel determinante

na seleção e planificação de atividades que vão ao encontro dos objetivos de

aprendizagens e sejam positivas para os alunos, pois há tarefas ou atividades

“(…) que podem parecer muito interessantes, mas quando aplicadas num

determinado contexto se revelam complexas, exigentes ou, pelo contrário,

demasiado fáceis e desmotivantes” (Simões, Ferreira, & Saraiva, 2010, p. 13).

Page 36: As atividades experimentais como meio de promoção da

36

É ainda referido que “Uma das mais difíceis tarefas do professor é dar

resposta às diferentes necessidades dos seus alunos e avaliar o seu progresso

nas aprendizagens formais” (Saraiva, Simões, & Ferreira, 2010, p. 9), ou seja,

além de corresponder às necessidades individuais e sociais da turma, o

professor tem ainda a responsabilidade de avaliar os alunos em relação às

aprendizagens exigidas pelo programa. Durante o processo de avaliação, não

são apenas integrados trabalhos ou fichas de avaliação, existindo também um

processo de reflexão relacionado com a relevância das atividades

desenvolvidas, permitindo que o professor determine a adequação das

atividades do momento e de outras que lhes possam suceder (Saraiva, Simões,

& Ferreira, 2010). As avaliações formativas surgem com base na observação

dos alunos em sala de aula, integrando “(…) o modo como os alunos reagem às

actividades, do seu desempenho nas tarefas e dos progressos que exibem”

(Saraiva, Simões, & Ferreira, 2010, p. 10), baseando-se, em grande parte, na

intuição profissional que é subjetiva e parte integrante de cada prática educativa.

Apesar da subjetividade que qualquer profissional não consegue ignorar,

no processo de ensino o professor deve procurar manter a neutralidade em

relação aos temas explorados em sala de aula, de modo a não influenciar as

aprendizagens dos alunos com a imposição das suas ideologias. Mesmo durante

o desenvolvimento de conversas, discussões e debates essa tendência deve ser

evitada, para que as crianças discutam as suas conceções e consigam alcançar

uma resposta às suas questões de forma mais autónoma possível. De acordo

com Saraiva, Simões e Ferreira, (2010), o professor é um elemento determinante

na formulação das questões de partida e das questões de apoio, não sendo, no

entanto, um elemento determinante na elaboração das respostas que devem ser

alcançadas pelos seus alunos. O papel do professor deve implicar a capacidade

de influenciar, não os conhecimentos, mas as atitudes e a curiosidade das

crianças, fazendo com que as mesmas participem voluntariamente, valorizando

as suas opiniões e validando as suas respostas.

Para que as crianças se sintam motivadas a participar no seu próprio

processo de aprendizagem, é necessário que o professor “(…) não remeta para

segundo plano o recurso à imaginação, à reflexão, à abstracção do imediato e

do próximo, de modo a possibilitar o efectivo alargamento dos mundos

Page 37: As atividades experimentais como meio de promoção da

37

conhecidos pela criança e o correspondente desenvolvimento das suas

potencialidades” (Roldão, 1995, p. 32), valorizando as diferenças e a importância

que esta heterogeneidade tem no processo de aprendizagem do grupo.

Para que todas as atitudes necessárias a uma boa prática profissional

sejam desenvolvidas de forma natural e benéfica para os alunos, o professor

deve adotar, de forma constante, uma atitude reflexiva em relação à sua prática.

Desta forma deve manter os seus conhecimentos sobre essa prática atualizados,

procurando sempre dedicar-se à componente teórica da prática pedagógica, que

ele deve adaptar ao contexto em que exerce a sua profissão. “O professor que

não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à

altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua

classe” (Freire, 2014, p. 90).

No momento do ensino das ciências, o professor deve procurar conhecer

os temas trabalhados, evitando induzir os alunos em algum tipo de erro. Afonso

(2008) refere que muitos professores do 1.º CEB apresentam algumas lacunas

nos seus conhecimentos científicos, referindo que para lidar com a insegurança

os professores evitam “(…) o trabalho experimental, abusando na leitura de livros

na sala de aula e não encorajando a discussão” (p. 24). Muitas vezes os

professores dedicam o seu tempo a debitar conceitos e teorias, dando pouca

relevância ao desenvolvimento das capacidades associadas à ciência e à

aplicação dos conhecimentos científicos em problemas do quotidiano (Afonso M.

, 2008).

Podemos considerar que o professor tem total influência neste processo

de ensino, considerando que sem o mesmo este processo não seria possível,

pelo menos não de forma intencional e estruturada. Se a sua influência adquire

uma vertente tão significativa, faz parte do papel do professor, procurar sempre

o melhor de si, enquanto indivíduo e enquanto profissional, considerando que as

suas ações irão afetar aos níveis cognitivo, afetivo e comportamental de atuais

e futuras gerações, determinando a ordem da sociedade. De acordo com Zabala

(1998), “(…) a melhoria da nossa atividade profissional, como todas as demais,

passa pela análise do que fazemos, de nossa prática e do contraste com outras

práticas” (p. 13).

Page 38: As atividades experimentais como meio de promoção da

38

3. A CIÊNCIA

De acordo com Afonso (2008),

A ciência é um conjunto de metodologias e processos de trabalho

envolvendo procedimentos e competências diversas (…). A ciência é uma

instituição social constituída por pessoas com diferentes personalidades e

capacidades (…). A ciência (…) estabelece relações com o Mundo “exterior”.

A ciência necessita de facilidades materiais e requer a gestão de pessoas,

conhecimentos, bens, materiais e financiamentos. Definir ciências é, de

facto, uma tarefa árdua. (p. 31)

Para se compreender verdadeiramente o que engloba a ciência, é

necessário ter em consideração as várias dimensões que fazem parte da

mesma: dimensão filosófica/epistemológica, dimensão psicológica, dimensão

sociológica e dimensão histórica (Afonso M. , 2008). A dimensão filosófica faz

referência ao aspeto dinâmico da ciência, às teorias, às metodologias usadas

pelos cientistas, às suas alterações ao longo do tempo; a dimensão psicológica

está relacionada com a componente subjetiva dos cientistas, a forma como as

suas caraterísticas pessoais irão influenciar o desenvolvimento do trabalho

científico; a dimensão sociológica “(…) refere-se às relações entre os membros

da comunidade científica (sociologia interna) e às inter-relações que

estabelecem com a sociedade em geral (sociologia externa)(…)” (Saraiva, 2016,

p. 98); a dimensão histórica “(…) procura estudar e compreender como mudam

as ideias científicas e que factores contribuem para que essa mudança ocorra”

(Afonso M. , 2008, p. 55).

Qualquer uma destas dimensões influencia o ser humano e a forma como

este vê a ciência e o que esta engloba. Valorizando a importância da ciência

para o ser humano, podemos considerar que,

A ciência (…) constitui um instrumento privilegiado de estimulação do

espírito humano, importante para o cidadão comum, enquanto parte

integrante do seu desenvolvimento intelectual, em vista da compreensão do

mundo em que vivemos e da capacidade de resolver de forma crítica os

problemas cada vez mais complexos de hoje. (Sá, 2002, p. 33)

Sá (2002), refere a ciência como determinante para os seres humanos no

processo de compreensão do mundo que o rodeia, considerando que sem a

Page 39: As atividades experimentais como meio de promoção da

39

ciência e o acompanhamento da evolução da mesma, não é possível,

verdadeiramente, compreender o mundo que nos rodeia nem estarmos

preparados para viver em sociedade. Ferreira, Saraiva e Simões, (2010), referem

que aprender ciência irá apoiar os alunos neste processo de compreensão,

sendo que para que isso ocorra, “(…) têm de construir conceitos que os ajudem

a reunir as suas observações e experiências; devem aprender a recolher e a

organizar informação, assim como, a aplicar e a testar as suas ideias” (p. 12).

Este processo irá não só contribuir para a compreensão do mundo como também

irá estimular o desenvolvimento de capacidades de tomada de decisões e

resolução de problemas (Ferreira, Saraiva, & Simões, 2010).

3.1. O ENSINO DA CIÊNCIA

Tendo em consideração a importância da Ciência para a sociedade, surge

a abordagem CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade –, atualmente, CTSA –

Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente. Simões, Ferreira e Saraiva, (2010),

referem que esta abordagem “(…) surgiu do reconhecimento de que o conceito

de educação científica precisava de ser alargado para incluir temas sociais

relacionados com o desenvolvimento científico e tecnológico” (p. 41). Mais tarde,

a importância das questões ambientais na vida em sociedade levou à inclusão

da componente ambiental (Simões, Ferreira, & Saraiva, 2010). Ou seja, esta

abordagem e as suas derivações surgiram com o intuito de apoiar o ser humano

na sua compreensão do mundo que o rodeia.

Ainda que seja necessária a presença desta abordagem na sociedade, os

adultos que não são profissionais da área, desvalorizam a sua importância,

ficando a educação científica restringida às instituições de ensino, que ficam

responsáveis por instruir as crianças e esperar que, de alguma forma, essa

instrução chegue aos adultos. Esta ideia é reforçada por Simões, Ferreira, e

Saraiva, (2010), referindo as autoras que o conhecimento científico nas

instituições de ensino “(…) pode contribuir para a formação de um público

informado, interveniente e responsável, capaz de formular opiniões

fundamentadas e tomar decisões sobre importantes questões da actualidade

que são debatidas e que envolvem, de forma crescente, a ciência e a tecnologia”

Page 40: As atividades experimentais como meio de promoção da

40

(p. 41), quer através da mensagem transmitida pelas crianças, quer através

destas crianças, futuramente, enquanto adultos.

Assim, é determinante a forma como a ciência é trabalhada na escola, a

forma como os temas são explorados, a importância que os alunos dão a esses

temas, a forma como o professor estimula a curiosidade dos alunos sobre os

mesmos, a forma como o professor transmite a importância da ciência na vida

em sociedade e ainda a importância que o professor atribui aos conhecimentos

e capacidades já existentes nos alunos. Indo ao encontro da componente da

cidadania presente na área do Estudo do Meio, Santos (2002) refere que “(…) a

Educação através da Ciência permite ao professor o uso das aulas de ciências

para atingir objectivos de educação geral, como as competências interpessoais,

autoconfiança, tomada de consciência para o significado da Ciência em

sociedade” (p. 24), estando a autonomia incluída no desenvolvimento individual

e social de cada aluno enquanto cidadão ativo.

Para aprender ciência, procurando a satisfação dos alunos, não basta que

o professor debite conceitos e teoria em sala de aula. A aprendizagem da ciência

inclui o desenvolvimento das capacidades de observação e questionamento,

desde que o professor tome como sua obrigação a organização de atividades e

situações de ensino que “(…) estimulem a curiosidade e proporcionem às

crianças a oportunidade de observar, recolher e sistematizar dados sobre o

mundo que as rodeia, orientando-as para o desenvolvimento de uma

compreensão das ideias científicas” (Ferreira, Saraiva, & Simões, 2010, p. 12).

Saraiva, Simões e Ferreira, (2010), referem que tanto as capacidades de

investigação como as atitudes em relação à ciência não se desenvolvem nem se

modificam através do diálogo ou de uma única experiência. “Tais competências

e atitudes vão sendo construídas de forma progressiva ao longo da exploração

de actividades diversas, implementadas de forma contínua, coerente e reflectida”

(Saraiva, Simões, & Ferreira, 2010, p. 30).

Esta exploração contínua deve ser planeada com base no que as crianças

já conhecem e nas capacidades que estas possuem. As ideias que já existem,

algumas delas “conceções alternativas”, estão assentes numa base forte,

apresentam uma lógica interna, são persistentes, são semelhantes às primeiras

conceções de vários cientistas e convivem com os conhecimentos

Page 41: As atividades experimentais como meio de promoção da

41

disponibilizados pela escola (Martins, et al., 2007), sendo difíceis de modificar

apenas pela palavra. Giordan e Souchon, (1997) referem que as conceções

correspondem a uma realidade que o aluno viveu estando relacionadas com as

conclusões não debatidas que este retirou das suas experiências. Referem ainda

que as conceções não devem, sob qualquer circunstância, ser ignoradas, pois

das mesmas depende a aprendizagem de um conhecimento ou o

desenvolvimento de uma capacidade (Giordan & Souchon, 1997). Se as

conceções alternativas persistirem significa que os conhecimentos explorados

em sala de aula não foram verdadeiramente adquiridos. Uma das formas de

promover a mudança conceptual necessária ao processo de aprendizagem é a

verificação, pela parte dos alunos, de que os novos conhecimentos são tão ou

mais sólidos que as conceções que existem, sendo esta componente promovida

pela experiência.

Desta forma, existem três dimensões fundamentais no processo de

aprendizagem da ciência: aprender ciência; aprender sobre a ciência, aprender

a fazer ciência (Ferreira, Saraiva, & Simões, 2010; Figueiroa, 2016; Santos,

2002). Diferentes autores referem as três dimensões com diferentes

denominações, mas com o mesmo intuito e os mesmos propósitos.

Aprender ciência implica o domínio dos conceitos e teorias associados a

esta área; aprender sobre a ciência implica o conhecimento sobre os métodos

utilizados por cientistas e a natureza desses métodos, relacionando-os com a

abordagem CTSA já referida anteriormente; aprender a fazer ciência implica o

envolvimento em investigações e o desenvolvimento das competências

associadas a essas investigações, promovendo ainda o desenvolvimento de

competências de resolução de problemas (Ferreira, Saraiva, & Simões, 2010;

Figueiroa, 2016; Santos, 2002). Para a maioria dos autores, estas dimensões

estão intrinsecamente relacionadas, não devendo existir uma delas sem que as

outras duas lhe estejam associadas, permitindo que os alunos compreendam a

forma como conceitos e teorias – aprender ciência – foram alcançados –

aprender sobre a ciência e aprender a fazer ciência. (Ferreira, Saraiva, &

Simões, 2010, p. 14).

A dimensão aprender a fazer ciência é desenvolvida através do trabalho

experimental, trabalho de laboratório, trabalho prático, entre outras

Page 42: As atividades experimentais como meio de promoção da

42

denominações presentes na literatura. De acordo com Simões, Ferreira e

Saraiva, (2010), estas expressões são utilizadas muitas vezes como sinónimos

“(…) e todas elas veiculam a ideia de que os estudantes participam activamente

na realização de uma tarefa, manipulando material num laboratório, numa sala

de aula, ou no exterior da escola” (p. 11). As autoras referem ainda que dentro

do trabalho prático existem ainda diferentes categorias, nomeadamente:

exercícios práticos, que promovem o desenvolvimento de capacidades

manipulativas e práticas; experiências, que permitem compreender e testar

teorias e fenómenos; e investigações, que permitem responder a uma questão-

problema através de uma atividade experimental (Simões, Ferreira, & Saraiva,

2010). Martins e colaboradores, (2007) identificam aqui quatro categorias:

experiências sensoriais, com base nos sentidos; experiências de verificação, que

permitem ilustrar uma relação entre variáveis; exercícios práticos, que se

destinam a aprender métodos ou verificar teorias; e investigações, que visam dar

resposta a uma questão.

No mesmo contexto, Santos (2002) apresenta uma distinção entre

trabalho prático, trabalho experimental e atividades de laboratório, atribuindo

denominações diferentes das apresentadas anteriormente. A autora refere que

trabalho prático implica qualquer atividade que determine a presença ativa dos

alunos, não implicando apenas experiências em laboratório; trabalho

experimental é baseado no ato de experimentar, no conhecimento que se

adquire pela prática; atividades de laboratório implicam “(…) os exercícios, as

experiências, os experimentos por descoberta guiada, as verificações

experimentais e as investigações ou projetos” (Santos, 2002, p. 38).

Denominações semelhantes são utilizadas por Martins e colaboradores, (2007),

referindo trabalho experimental (TE), onde existe controlo de variáveis; trabalho

laboratorial (TL), com recurso a materiais de laboratório; e trabalho prático (TP),

onde o aluno está ativamente envolvido na tarefa, referindo ainda que estas três

práticas podem coexistir. Nesta investigação as atividades experimentais

adquiriram uma conotação de TE e TP.

Independentemente da denominação que lhes é atribuída, as atividades

experimentais são referidas, em qualquer circunstância, como um elemento

determinante no processo de aprendizagem da ciência, por permitirem uma

Page 43: As atividades experimentais como meio de promoção da

43

associação entre as teorias presentes nos manuais escolares, proporcionarem

justificações para essas teorias e permitirem ainda desmistificar as “conceções

alternativas” dos alunos, sendo os próprios a realizar as observações e a retirar

as conclusões que permitem uma mudança conceptual.

3.2. A CIÊNCIA EXPERIMENTAL

Para que o processo de ensino da ciência tenha sucesso, é necessário

ter em consideração a curiosidade e os interesses das crianças. De acordo com

Freire (2014), “O exercício da curiosidade convoca a imaginação, a intuição, as

emoções, a capacidade de conjecturar, de comparar, na busca da perfilização

do objeto ou do achado de sua razão de ser” (p. 85), sendo que quanto mais

esta é estimulada, mais se intensifica e promove a ação sobre a mesma. No

processo de ensino da ciência, a melhor forma de estimular a curiosidade é

permitindo a manipulação de instrumentos que permitam a obtenção de

resultados que forneçam uma resposta às questões despoletadas por essa

curiosidade.

De acordo com Sá (2002), “Sem oportunidades de realizar actividades

científicas, o pensamento da criança acerca do meio físico-natural fica limitado

a um mundo de impressões subjectivas, que não raramente ficam cristalizadas

para o resto da vida” (p. 32). Isto implica que, tal como já foi mencionado, a

criança precisa de comprovar os conhecimentos que lhe são transmitidos

através da sua experiência pessoal. No caso do trabalho científico, para que os

conhecimentos sejam aprendidos e tenham significado para a criança, a mesma

precisa de testar as hipóteses que lhe são colocadas, através de atividades

experimentais, trabalho prático, trabalho laboratorial. Caso o desenvolvimento

destas atividades não seja possível, por exemplo por falta de recursos materiais,

o professor deve tentar ingressar pelo caminho das demonstrações, permitindo

que as crianças se sintam integradas no decorrer das mesmas. De acordo com

Saraiva, Simões e Ferreira, (2010), “(…) sempre que o professor realiza

demonstrações ou outros exercícios práticos, pode, através da discussão

orientada, pedir a colaboração dos alunos na medição, registo, previsão e

interpretação de resultados“ (p.28).

Page 44: As atividades experimentais como meio de promoção da

44

É necessário considerar que as atividades experimentais “(…) não são

simples manipulações físicas executadas de forma mecânica por imitação ou

seguindo as instruções fornecidas pelo professor ou contidas num manual. Pelo

contrário, são acções com uma forte intencionalidade, profundamente

associadas aos processos mentais do aluno” (Sá, 2002, p. 47). Para que as

atividades experimentais não sejam estas manipulações físicas executadas de

forma mecânica, deve ser promovido o desenvolvimento de determinadas

capacidades, competências e atitudes que permitirão que estas atividades sejam

benéficas para o desenvolvimento cognitivo dos alunos.

São vários os autores que identificam competências que devem ser

desenvolvidas com o trabalho experimental, sendo estas observar, inferir,

prever, classificar, comunicar, medir, interpretar informação, levantar questões,

formular hipóteses, identificar variáveis, operacionalizar variáveis e

procedimentos (Sá, 2002). Santos (2002) inclui nestas capacidades “(…) testar

ideias, formular hipóteses, observar, planear e realizar experiências,

problematizar, controlar variáveis, interpretar informação, conceptualizar, pensar

afinal” (p. 23). Saraiva, Simões e Ferreira, (2010) identificam como capacidades

a observação, classificação, formulação de questões, formulação/teste de

hipóteses, identificação e controlo de variáveis, previsão, medição,

planeamento/realização de investigações, registo e interpretação de dados,

comunicação de resultados e conclusões. Afonso (2008) refere como processos

científicos observar, medir, classificar, seriar, registar, formular problemas,

formular hipóteses, prever, identificar, operacionalizar e controlar variáveis,

interpretar dados, planificar/realizar experiências e comunicar. Carvalho e

colaboradores, (1995) referem que

(…) no que respeita às competências dos alunos, trabalho científico significa

orientar o ensino das Ciências de modo a intencionalmente os colocar

perante situações diversas encorajando-os, por exemplo, a levantarem

questões, planearem experiências simples visando a testagem de uma dada

hipótese, fazerem previsões, observarem semelhanças e diferenças,

usarem uma pluralidade de métodos, comunicarem as suas ideias ou, ainda,

a avaliarem os resultados a que chegaram em função dos seus pontos de

partida. (p. 369)

Page 45: As atividades experimentais como meio de promoção da

45

As referências são idênticas e, caso não o sejam, implicam os mesmos

objetivos. Estas competências são refletidas em cada uma das partes

constituintes de um plano de investigação, referido por Sá (2002). Este plano

inclui formulação de uma hipótese; previsão derivada da hipótese; identificação

da variável independente; identificação da variável dependente, identificação das

variáveis a controlar; operacionalização de variáveis e procedimentos;

interpretação de resultados e conclusão. Se é necessário o desenvolvimento de

todos estes passos, os alunos devem desenvolver capacidades que permitam a

execução de cada um dos momentos sem o apoio constante do professor.

Além destas competências e capacidades, são também referidas atitudes

que devem ser promovidas nos alunos, como é o caso de curiosidade, respeito

pela evidência, abertura a novas ideias, reflexão crítica, sensibilidade pelos

seres vivos e o meio ambiente (Sá, 2002). Santos, (2002) refere como atitudes

a desenvolver a “(…) curiosidade, criatividade, flexibilidade, abertura de espírito,

reflexão crítica, autonomia, respeito pela vida e pela natureza” (p. 23). Afonso

(2008) indica a atitude interrogativa, respeito pela evidência/espírito de abertura,

reflexão crítica, perseverança, espírito de cooperação e criatividade. Carvalho e

Freitas (2010) referem ter vontade de propor questões; ter confiança em si, ser

crítico, ser criativo, ter vontade de investigar, ser comunicativo, ter vontade de

trabalhar em grupo. Em qualquer um dos casos, a curiosidade e a capacidade

de questionar são das principais atitudes necessárias ao desenvolvimento de

atividades experimentais, referidas em primeiro lugar por todos os autores.

No entanto, não são só os alunos que devem desenvolver determinadas

capacidades, pois o trabalho experimental depende em grande parte da atitude

do professor em relação ao mesmo. O professor deve, acima de tudo,

desenvolver competências de questionamento e de gestão, promovendo

discussões, partilhas e um bom ambiente de trabalho. Martins e colaboradores,

(2007) referem como tarefas do professor: identificar as ideias dos alunos sobre

os temas trabalhados; incentivar a partilha de ideias e dúvidas; promover a

colaboração entre alunos; incentivar a discussão e o trabalho em grupo;

incentivar a pesquisa de informação em diversas fontes e orientar essa pesquisa;

encorajar a reflexão e a procura de apoio em terceiros na resolução de

problemas e identificar em cada ideia uma hipótese de investigação.

Page 46: As atividades experimentais como meio de promoção da

46

A colocação de questões, pela parte do professor, durante o

desenvolvimento de uma atividade experimental é determinante para a

promoção da curiosidade dos alunos e do empenho dos mesmos, que irão

desenvolver o seu trabalho em função dessas questões, realizando modificações

quando necessário. De acordo com Saraiva, Simões e Ferreira, (2010), embora

a utilização de questões fechadas seja determinante no processo de recordar,

identificar e designar objetos ou fenómenos, é indispensável a colocação de

questões abertas que estimulem o pensamento e a aplicação dos

conhecimentos teóricos nas atividades práticas, questões que estimulem o

pensamento dos alunos. As autoras referem que no processo de avaliação, “(…)

o modo como se pergunta e o tipo de questões usadas podem fazer toda a

diferença entre aquilo que o professor quer medir e aquilo que os testes medem

de facto“ (Saraiva, Simões, & Ferreira, 2010, p. 34).

Carvalho e colaboradores, (1995), referem a promoção de um pluralismo

metodológico no ensino experimental, que deve incluir situações experimentais

que integrem percursos de pesquisa e não só tarefas isoladas; o uso adequado

do questionamento pela parte do professor, questionamento esse que deve

estimular a experimentação; a utilização do trabalho de grupo como instrumento

de aprendizagem cooperativa e o uso de registos que apresentem uma estrutura

livre, que permita ao aluno decidir como os realizar.

De acordo com Marques e Roldão (1999), a componente prática da

ciência é determinante no processo de aprendizagem dos alunos, pois é

necessário promover atividades que permitam compreender como é que se

adquiriu determinada teoria. Os autores defendem que “O que faz falta é a outra

face da ciência, a face da descoberta” (Marques & Roldão, 1999, p. 43).

3.2.1. O PLANO DE INVESTIGAÇÃO

O plano de investigação engloba todos os momentos que fazem parte de

um processo de investigação. Carvalho e Freitas (2010) fazem referência ao

modelo OHERIC/OPHERIC. Este modelo engloba momentos como observação

de um facto, formulação de um problema – integrado posteriormente –,

Page 47: As atividades experimentais como meio de promoção da

47

formulação de uma hipótese, experiência para verificar a hipótese, resultados da

experiência, interpretação de resultados, conclusões.

No âmbito da investigação que deu origem a este relatório, foram

determinantes a seleção do tema, a formulação da questão-problema, a previsão

em função da questão-problema, a identificação das variáveis em estudo, a

manipulação de materiais, a operacionalização de procedimentos, a

interpretação de resultados e as conclusões.

A seleção do tema pode ser realizada pela professora ou proposta pelos

alunos, sendo discutida em sala a pertinência do mesmo; a questão-problema

pode ser produzida pelo professor e ser indutora da investigação, sendo uma

questão que provoca curiosidade, ou pode ser realizada pelos alunos após a

escolha do tema a trabalhar, sendo necessário que a mesma faça sentido e seja

verificável; a previsão é realizada pelos alunos, devendo o professor evitar

interferir na elaboração da mesma e aproveitar este momento para identificar as

possíveis conceções alternativas das crianças; os alunos devem identificar quais

as variáveis – independente, dependente e de controlo – que serão

determinantes para o desenvolvimento da investigação, tomando consciência

que estas influenciarão os resultados obtidos; é necessário planear e verificar

materiais e procedimentos, pois a forma como estes são manipulados e seguidos

também irá influenciar a investigação; o registo e interpretação de resultados é

determinante em qualquer processo de investigação, tendo em consideração

que é através dos mesmos que surgirão as conclusões, que devem ser

exploradas em sala de aula, indo ao encontro das previsões dos alunos.

As variáveis em estudo são elementos que podem gerar algum conflito

durante o desenvolvimento de uma atividade experimental. A distinção entre

variável independente – o que vamos mudar, o que vamos fazer para influenciar

os resultados -, dependente – o que vamos observar, qual o resultado que

esperamos - e de controlo – o que vamos controlar, que elementos podem

influenciar os resultados - nem sempre é a mais clara, sendo esta uma

componente que deve ser bem explicitada para os alunos, para que estes

consigam desenvolver o seu trabalho.

Page 48: As atividades experimentais como meio de promoção da

48

4. AUTONOMIA INDIVIDUAL E SOCIAL

A autonomia é uma aptidão que deve ser promovida desde a infância, de

forma a incitar os seres humanos a serem independentes e a procurarem

dinamizar a sua vida sem o apoio constante de terceiros, atuando de acordo com

as suas ideologias e promovendo uma vida mais equilibrada quando estes

chegarem à idade adulta.

Silva (2009), citando Jiménez Raya, Lamb e Vieira (2007), refere a

autonomia como uma “competência para se desenvolver como participante

autodeterminado, socialmente responsável e criticamente consciente em (e para

além de) ambientes educativos, por referência a uma visão da educação como

espaço de emancipação (inter)pessoal e transformação social” (p. 205).

Leleux (2006) refere uma definição mais sucinta, defendendo que “Ser

intelectualmente autónomo é sinónimo de ser capaz de analisar e criticar” (p. 44),

sendo estas caraterísticas essenciais no ensino das ciências experimentais.

Através das mesmas deverá ser possível promover a autonomia nas crianças,

desenvolvendo as capacidades já referidas, analisar e criticar.

A autonomia pode ser individual, quando diz apenas respeito a um

indivíduo, ou social, quando influencia a forma como este individuo se relaciona

em sociedade. A autonomia social acontece quando “(…) determinado grupo

começa a pensar e agir de acordo com os interesses sociais (…)” (Gadotti,

Baggio, & Tezza, 2014, p. 4), existindo um equilíbrio entre os pensamentos e

atitudes de todos os indivíduos desse grupo.

O trabalho em grupo gera muitas vezes contradições quando os

elementos não encontram um consenso entre as suas ideias. Este estímulo ao

diálogo promove também a autonomia individual, pois os alunos começam a

perceber como expor as suas ideias da forma mais coerente e respeitosa,

desenvolvendo-se enquanto indivíduos.

Page 49: As atividades experimentais como meio de promoção da

49

5. O TRABALHO EM GRUPO E A AUTONOMIA SOCIAL

O trabalho em grupo é um dos principais exercícios que promovem nos

alunos a capacidade de viver em sociedade, permitindo que os mesmos

desenvolvam as suas capacidades de comunicação, principalmente, a

capacidade de expressar a sua opinião e de ouvir e aceitar opiniões diferentes

da mesma. Durante o trabalho em grupo, os elementos do grupo são instigados

a desenvolver as suas capacidades de socialização de forma natural, pois,

principalmente em grupos de longa duração, torna-se necessário o

estabelecimento de um entendimento entre os elementos, durante a procura

dum ambiente propício ao desenvolvimento do trabalho em questão (Vanoye,

1979). De acordo com o mesmo autor, a vida de um grupo depende, em grande

parte, da comunicação que existe entre o grupo, da forma como cada elemento

se expressa, da forma como cada elemento procura integrar os restantes

elementos e da forma como este se sente integrado no grupo.

No entanto, trabalhar em grupo implica mais do que desenvolver a

capacidade de comunicação. Implica organização espacial e temporal,

distribuição de tarefas, respeito pelo trabalho desenvolvido, tanto o individual

como o alheio. Trabalhar em grupo é uma forma positivista de desenvolver

atividades práticas e experimentais, principalmente quando não existem

materiais para cada elemento de uma turma. De acordo com Carvalho e Freitas

(2010), além dos conteúdos académicos os alunos também precisam de

desenvolver as suas competências sociais, genéricas ou específicas.. Desta

forma, há dois tipos de comportamentos a desenvolver: “(…) os pessoais, mais

ligados às aprendizagens académicas, como resumir as ideias discutidas, e os

interpessoais, mais ligados ao trabalho em equipa, como, por exemplo, ouvir os

outros (Carvalho & Freitas, 2010, p. 39).

Para que o trabalho em grupo seja bem-sucedido, quer para a

aprendizagem dos alunos, quer para o processo de ensino e os objetivos

estabelecidos pelo professor, é necessário que o mesmo seja avaliado, não

apenas o produto resultante, mas o processo implicado. No momento de

observação do trabalho em grupo, o professor deve ter em consideração que é

necessária “(…) uma certa distância, um certo afastamento do grupo, mas

Page 50: As atividades experimentais como meio de promoção da

50

também vigilância, interesse, compreensão. O observador interessa-se

igualmente por todos e por tudo, de maneira lúcida, não emocional” (Vanoye,

1979, p. 16). Para que isto seja possível, o mesmo deve procurar não interferir

na comunicação e nas escolhas do grupo, a não ser que seja solicitado o seu

apoio ou que essa interferência seja absolutamente necessária, em caso de

confusão ou discórdia acentuadas.

No entanto, além das relações e da comunicação entre o grupo, o trabalho

em grupo apresenta alguns problemas, que incluem, principalmente,

componentes metodológicas e de gestão de recursos – humanos e materiais.

5.1. O TRABALHO EM GRUPO E A COMUNICAÇÃO

Muito influenciada pela organização espacial, a componente da

comunicação é sobretudo influenciada pelas relações entre os elementos. De

acordo com Vanoye (1979), existem algumas capacidades que melhoram essa

comunicação. Inicialmente, os alunos devem procurar ser capaz de escutar o

outro, e, principalmente, compreender o que este tenta transmitir. Se isto não

ocorrer, o ambiente entre o grupo poderá ficar afetado, “(…) porque cada um

presta mais atenção a si mesmo do que aos outros, ao seu próprio discurso do

que as palavras dos outros participantes (Vanoye, 1979, p. 29).

Além de ouvir e compreender, os alunos devem ainda ser capazes de

exprimir as suas opiniões de forma clara para todo o grupo. Esta componente é

sobretudo determinante para o próprio aluno, que “(…) não se sentirá satisfeito

senão a partir do momento em que tiver a impressão de pertencer ao grupo, de

participar nas suas actividades, de ser aceite por ele e de nele ter certas

responsabilidades” (Vanoye, 1979, p. 31). O autor defende que todos devem ter

a liberdade de poder expor as suas ideias e opiniões, quer em relação ao

trabalho a desenvolver, quer em relação ao grupo em si. O animador do grupo,

sendo referido este papel posteriormente, deve ser responsável por garantir que

cada elemento se exprime livremente.

De acordo com Vanoye (1979), num sistema “(…) «centralizado», as

comunicações passam todas por um indivíduo que centraliza as informações e

as reenvia aos membros do grupo” (p. 33). No entanto, para que o grupo funcione

Page 51: As atividades experimentais como meio de promoção da

51

de forma correta, esta comunicação entre os elementos deve ser promovida.

Existem assim dois tipos de comunicação: comunicação vertical, sendo

caraterística de um sistema centralizado, e comunicação horizontal, entre todos

os elementos dos grupos.

5.2. AS RELAÇÕES NO GRUPO

As relações num grupo de trabalho são sobretudo influenciadas pelas

relações que já estão estabelecidas no momento de criação do grupo, ou seja,

pelas relações sociais entre os vários elementos. Desta forma, em cada grupo

existem papéis definidos, sendo que todos os elementos “(…) devem ter tarefas

destinadas e serem responsáveis por elas, percebendo que, se falharem, não

são eles que falham, mas o grupo” (Vanoye, 1979, p. 38).

De acordo com Vanoye (1979), “O grupo mais rico de possibilidades é

aquele que reúne os participantes mais diferentes” (p. 39), pois é desta forma

que os elementos contribuem positivamente para o grupo, com diferentes

opiniões, geradoras de discussão. No entanto, há grupos formados através da

afetividade – onde as relações se caraterizam por essas afinidades, por exemplo

em votações e discussões – e grupos formados pela relevância dos vários

elementos no trabalho a ser realizado – onde não existem subjetividades

presentes. “Num certo nível de maturidade, o grupo deve conseguir modificar a

estrutura dos papeis para que progrida e para se adaptar a situação do

momento” (Vanoye, 1979, p. 43).

Nestes grupos deve existir um elemento que controle estas relações,

promovendo o bem-estar de todos os elementos e indo ao encontro dos objetivos

estabelecidos para o trabalho a desenvolver. Este elemento deve promover as

discussões entre o grupo, garantindo que todos os elementos são ouvidos e que

as decisões são tomadas de forma unânime, onde todos os elementos

compreendem e aceitam a alteração das suas opiniões pela procura do sucesso

do grupo. O comummente denominado porta-voz, deve ser aceite por todos os

elementos.

Vanoye (1979) refere este elemento como o líder, referindo a importância

do leadership, o processo pelo qual o líder “(…) dirige, guia, influência, controla

Page 52: As atividades experimentais como meio de promoção da

52

as opiniões, os sentimentos, os comportamentos ou a acção dum grupo” (p. 56).

O autor refere ainda que o líder pode ser ditatorial e autoritário – dando ordens

e sendo dono do trabalho –, manipulador – impondo a sua opinião pela

persuasão ou simpatia – ou cooperativo – participando no trabalho desenvolvido

e aceitando as opiniões de todos os elementos – sendo este o mais adequado.

5.3. PROBLEMAS DO TRABALHO EM GRUPO

Os principais problemas associados ao trabalho em grupo, referidos por

Vanoye (1979) são a constituição do grupo, o local de trabalho e a distribuição

espacial dos elementos. A constituição de um grupo pode ser imposta pelo

professor ou da autoria dos alunos. Em qualquer um dos casos, a constituição

do grupo pode ser modificada em função das necessidades do grupo e da turma.

(Vanoye, 1979). O autor refere que podem ser formados pequenos grupos, de 3

a 6 elementos; grupos médios, de 7 a 15 elementos; e grandes grupos, com mais

de 15 elementos. O autor refere ainda que “(…) a rapidez de acção e a eficácia

dum grupo dependam muito da «boa» relação entre o seu tamanho e a tarefa a

realizar” (Vanoye, 1979, p. 21). Em caso de grandes grupos, o próprio grupo

deve decidir se deve dividir-se em pequenos grupos, juntando os resultados

posteriormente.

Também o local de trabalho e a disposição espacial do grupo influenciam

o seu funcionamento. O local deve ser uma divisão luminosa, grande, não

demasiado confortável e isolada de ruídos (Vanoye, 1979). Os participantes

devem organizar-se de forma que todos se consigam ver e ouvir, promovendo a

comunicação entre o grupo, já referida anteriormente. O autor defende que o

próprio grupo deve “(…) tomar consciência, no decorrer dos trabalhos, das

qualidades e dos defeitos de uma certa disposição e das modificações que

devem ser introduzidas” (Vanoye, 1979, p. 25).

Page 53: As atividades experimentais como meio de promoção da

CAPÍTULO II – METODOLOGIA

Page 54: As atividades experimentais como meio de promoção da

54

Neste capítulo irei focar-me na metodologia utilizada por mim para o

desenvolvimento da investigação à qual este relatório faz referência. Para dar

início a esta componente metodológica, começarei por identificar a metodologia

de investigação utilizada, com base na literatura existente sobre a mesma.

Posteriormente, farei referência ao contexto onde decorreu a

investigação, referindo a instituição e a turma participante neste projeto.

No terceiro ponto, serão expostos os procedimentos utilizados para

recolha e tratamento de dados, que, tal como no caso da metodologia, serão

referidos com base na literatura existente sobre o tema.

Para finalizar a componente metodológica deste relatório, farei referência

aos dispositivos e procedimentos de intervenção, ou seja, à forma como

decorreu o processo de investigação.

Page 55: As atividades experimentais como meio de promoção da

55

1. METODOLOGIA DE ESTUDO

Os métodos de investigação disponibilizados pela literatura são diversos

e integram diferentes processos de aplicação e análise. Incluem assim diversas

estratégias que permitem planear, realizar e tirar conclusões da investigação

proposta. De acordo com (Almeida, 1990),

O termo estratégia diz respeito à forma como a investigação é programada,

ajustando a estrutura conceptual e as opções metodológicas ao contexto

empírico especifico. O design consiste na operacionalização da estratégia

de investigação, envolvendo a caracterização e justificação do uso das

técnicas e instrumentos, a caracterização dos sujeitos participantes, assim

como do dispositivo e dos procedimentos. (p. 62)

Durante a prática profissional, o professor procura agir de forma a

melhorar a mesma, investindo na sua relação com os alunos, com os conteúdos

abordados e na relação dos alunos com esses conteúdos. No entanto, o

processo de ensinar não pode ser automaticamente caracterizado como um

processo de investigação, ainda que este seja também realizado com o intuito

de melhorar a prática profissional. O processo de investigação só acontece

quando o professor o decide e age em conformidade com os procedimentos que

decide como investigativos. De acordo com Ponte (2003) “Existem muitas

perspectivas sobre o que é investigar. Tal como acontece com muitas outras

palavras, “investigar” pode assumir múltiplos significados” (p. 1).

Assim, o método que foi utilizado durante esta investigação foi a

investigação sobre a prática que, tal como o nome indica, é caraterizada pela

simultaneidade da investigação com a prática da atividade profissional, estando

integrada nos métodos de investigação qualitativa. De acordo com Ponte (2002),

“Se me ocupo de um problema semelhante a outro já trabalhado por outras

pessoas, mas cujo trabalho eu desconheço, e produzo soluções (para mim)

originais, estou certamente a realizar um trabalho de investigação.” (p. 4).

Beillerot (2001), citado por Ponte (2002), “(…) indica que uma investigação deve

satisfazer três condições: (i) produzir conhecimentos novos, (ii) ter uma

metodologia rigorosa, e (iii) ser pública.” (p. 4), servindo estas bases como

referência na construção da investigação em questão.

Page 56: As atividades experimentais como meio de promoção da

56

A investigação sobre a prática profissional, de acordo com Ponte (2002),

“(…) constitui um elemento decisivo da identidade profissional dos professores”

(p. 2), ou seja, é esta investigação que permite ao professor analisar e refletir

sobre as suas práticas, sobre a sua personalidade profissional, sobre a forma

como atua em sala de aula, com os alunos, num determinado contexto de

aprendizagem e com um determinado tema em estudo. “É preciso experimentar

formas de trabalho que levem os seus alunos a obter os resultados desejados.

Para isso, é indispensável compreender bem os modos de pensar e as

dificuldades próprias dos alunos” (Ponte, 2002, p. 2). De acordo com o autor “A

investigação sobre a sua prática é, por consequência, um processo fundamental

de construção do conhecimento sobre essa mesma prática e, portanto, uma

actividade de grande valor para o desenvolvimento profissional dos professores

que nela se envolvem activamente” (Ponte, 2002, p. 3).

Um dos principais domínios que a investigação sobre a prática deve incluir

é o processo de reflexão. Oliveira e Serrazina referem que “O conceito de prática

reflexiva surge como um modo possível dos professores interrogarem as suas

práticas de ensino. A “(…) expressão ‘prática reflexiva’ aparece muitas vezes

associada à investigação sobre as práticas” (Oliveira & Serrazina, 2002, p. 29),

sendo assim um elemento determinante na modificação da prática profissional.

O professor apenas consegue alterar a sua prática profissional se pensar sobre

ela e decifrar o que pode ser melhorado e como deve ser melhorado. De acordo

com as mesmas autoras, “O pensamento crítico ou reflexivo tem subjacente uma

avaliação contínua de crenças, de princípios e de hipóteses face a um conjunto

de dados e de possíveis interpretações desses dados” (p. 31).

De facto, a concepção de um projecto de investigação não se reduz ao

alinhamento dos procedimentos padronizados sugeridos nos manuais de

investigação. É, fundamentalmente, o resultado de uma reflexão pessoal

orientada por uma curiosidade artesanal capaz de inventar e construir

dispositivos de pesquisa simultaneamente adequados ao esquema

conceptual de suporte e ao contexto empírico específico. (Afonso N. , 2005,

p. 62)

Page 57: As atividades experimentais como meio de promoção da

57

2. CONTEXTO EDUCATIVO

No momento de integração num contexto educativo, a procura de

informação sobre esse contexto deve fazer parte das primeiras ações de

qualquer profissional de educação. Esta é uma componente fundamental para

que a intervenção pedagógica seja bem-sucedida, uma vez que as

aprendizagens contextualizadas são determinantes no processo de ensino-

aprendizagem.

Desta forma, enquanto estagiária, foi fundamental conhecer o contexto de

estágio no qual desenvolvi a minha prática, já que este se revela como uma

componente de extrema importância, tanto na minha formação como na

investigação que desenvolvi como base deste relatório. Na verdade, deve ter-se

sempre em consideração tudo o que envolve o contexto, desde a instituição aos

docentes presentes na mesma, pois estes terão influência na forma de estar,

pensar e agir do professor-estagiário, dado que este se encontra numa fase de

aquisição de capacidades e conhecimentos. Para isso, apoiar-se-á nos docentes

e não docentes da instituição, de modo a ganhar confiança nas suas ações e a

dar continuidade à ação pedagógica ali desenvolvida. Assim, deverão ser

proporcionados os melhores modelos de professores, educadores e pedagogos,

já que “a experiência de um bom estágio pode proporcionar ao aluno

conhecimentos ricos em reflexões e aprendizagens” (Chaves, 2010, p. 154).

Desta forma, centrando-me no estágio desenvolvido durante o processo

de investigação, é de salientar que este decorreu numa sala do 3.º ano de

escolaridade da Escola Básica da Quinta do Conde n.º 3, sendo esta parte

integrante do Agrupamento Vertical de Escola Michel Giacometti, que é

constituído por duas escolas e um jardim-de-infância, integrando níveis de

ensino desde a Educação Pré-Escolar até ao Ensino Secundário.

2.1. A ESCOLA

A escola onde decorreu o referido estágio, integra quatro salas de

Educação Pré-Escolar, quatro turmas do 1. º ano, cinco turmas do 2º ano, três

turmas do 3. º ano e quatro turmas do 4. º ano de escolaridade.1 Estas turmas

1 Agrupamento de Escolas Michel Giacometti. (s.d.). Corpo Docente - Escola Básica da Quinta do Conde nº3 - 2016-2017.

Page 58: As atividades experimentais como meio de promoção da

58

encontram-se divididas, estando os horários letivos distribuídos entre os

períodos da manhã e da tarde, sendo que todas as turmas do 3. º ano têm as

suas atividades letivas no período da manhã, das 08h00 às 13h15.

Na escola em questão existem vinte docentes, estando ainda presente a

coordenadora da escola que não tem uma turma atribuída. Para além destes,

existem ainda os membros do Departamento de Psicologia e do Ensino Especial,

que fazem parte de todo o agrupamento, que tem como sede a Escola Básica

2,3/S Michel Giacometti. Por último existem ainda os membros não docentes que

variam entre as auxiliares de ação educativa do Pré-Escolar, as auxiliares de

ação educativa do 1.º CEB e as funcionárias responsáveis pela cozinha e,

consequentemente, pela alimentação das crianças.

O edifício conta com diversas salas de aula, equipadas com o material

necessário à lecionação das aulas; diversas casas-de-banho; uma biblioteca,

disponível para a consulta e requisição de livros; um refeitório, convertível em

ginásio e sala de espetáculos; um espaço exterior, com um campo de

futebol/basquetebol, onde, sempre que possível, são lecionadas as aulas de

Expressão Motora; uma sala de ATL (atividades de tempos livres) que

complementa o horário letivo, para os alunos que não frequentam as AEC

(atividades de enriquecimento curricular). Existe, ainda, uma área destinada ao

uso exclusivo de docentes e não docentes.

Respetivamente à sala onde decorreu o estágio esta estava divida por

três áreas: a sala de aula com todos os materiais básicos (mesas; cadeiras;

quadro; projetor; computador e placards); a área de expressão plástica que se

situa no fundo da sala, numa sala à parte que contem um armário, um ponto de

água com bancada de arrumação e uma mesa redonda com seis cadeiras; e

uma sala de arrumos.

2.2. A TURMA

Este estágio decorreu na turma 3.º C, tendo como professora cooperante

a professora MJR. No início do estágio esta turma era constituída por vinte e

quatro alunos, sendo posteriormente recebida uma antiga aluna, tendo retornado

a Portugal após algum tempo fora do país. Assim, atualmente, a turma integra

Page 59: As atividades experimentais como meio de promoção da

59

vinte e cinco alunos, quinze raparigas e dez rapazes, com idades compreendidas

entre os oito e os dez anos de idade.

Estes alunos autodescreveram-se como: inteligentes, criativos,

engraçados, curiosos, irrequietos, atentos, um pouco barulhentos, divertidos,

produtivos, simpáticos, exploradores, faladores, maravilhosos e únicos. São uma

turma que procura novas atividades e apresentam uma curiosidade desmedida

por tudo o que envolva uma exploração direta, onde possam ser os próprios a

desvendar as misteriosas respostas.

Nesta turma existem dois casos diagnosticados com Necessidades

Educativas Especiais, um rapaz e uma rapariga, que apresentam diferentes

níveis e dificuldades de aprendizagem. Para apoiar estas crianças são

destacados os membros do Departamento de Ensino Especial que fornecem

apoio personalizado uma vez por semana, na ausência da turma, com uma

professora especializada. Também uma vez por semana, uma das professoras

da escola dá apoio dentro da sala de aula, dedicando especial atenção a estes

dois alunos.

As dificuldades que são apresentadas pela rapariga, notórias em sala de

aula, estão fundamentalmente direcionadas para a área curricular de

Matemática, onde a mesma apresenta imensas dificuldades de aprendizagem.

Quando se sente apoiada e valorizada, o seu processo de aprendizagem fica

facilitado, sendo influenciado pela sua autoestima.

Pelo contrário, as dificuldades apresentadas pelo membro masculino

incluem apenas dificuldades de concentração e não de raciocínio, apresentando

dificuldades a verbalizar o raciocínio de forma oral e escrita.

A referência a estes dois casos específicos acontece porque ambas as

crianças influenciaram os dados obtidos nesta investigação, pois a rapariga

autoavaliou-se constantemente de forma negativa e o rapaz nem sempre

preencheu completamente os questionários e autoavaliações. No entanto, não

existiu qualquer distinção entre estes dois elementos e os colegas de turma, pois

ambos foram integrados nas atividades, tanto pela parte das professoras-

estagiárias como pelos colegas de turma.

Page 60: As atividades experimentais como meio de promoção da

60

3. PROCEDIMENTOS DE RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS

São diversos os procedimentos que foram utilizados enquanto

instrumentos de recolha e tratamento de dados, constituindo assim um leque de

opções que permitirá analisar de diversas formas o tema em estudo. Serão de

seguida descritos os procedimentos em questão, considerando a sua relevância

na investigação, nomeadamente a forma como foram aplicados.

3.1. OBSERVAÇÃO-PARTICIPANTE

O procedimento de recolha de dados mais utilizado foi a observação. De

acordo com Afonso (2005), “A observação é uma técnica de recolha de dados

particularmente útil e fidedigna, na medida em que a informação obtida não se

encontra condicionada pelas opiniões e pontos de vista dos sujeitos, como

acontece nas entrevistas e nos questionários” (p. 91).

Neste caso, a observação realizada foi a observação-participação, que

engloba uma componente participativa do investigador e não apenas a presença

do mesmo enquanto elemento observante. De acordo com Almeida (1990), “A

característica diferencial da observação participante, em relação às outras

técnicas, consiste na inserção do observador no grupo observado, o que permite

uma análise global e intensiva do objecto de estudo” (p. 105).

A componente de observação foi utilizada ao longo de todo o período de

estágio, permitindo conhecer os alunos da turma, as suas caraterísticas, gostos

e preferências, que serão elementos determinantes no processo de análise dos

dados, permitindo conhecer os participantes em estudo e as suas caraterísticas

pessoais, que influenciarão os dados obtidos.

Dentro do processo de observação, e considerando uma primeira

abordagem ao mesmo, “(…) é habitual distinguir entre a observação estruturada

(também designada por observação sistemática) e observação não estruturada

(também frequentemente referida como observação de campo)” (Afonso N. ,

2005, p. 92). A observação utilizada foi a observação não estruturada,

observação de campo, que não engloba qualquer elemento base de observação,

sendo considerada uma observação livre. De acordo com o mesmo autor,

Page 61: As atividades experimentais como meio de promoção da

61

Os produtos de um dispositivo de observação não estruturada consistem em

diversos tipos de textos que constituem o conjunto dos registos de

observação. Em primeiro lugar são produzidas as notas de campo

manuscritas ou gravadas em áudio durante a observação ou imediatamente

a seguir. Em segundo lugar são redigidos os relatórios de campo

constituídos por textos mais elaborados e reflexivos a partir das notas de

campo. (Afonso N. , 2005, p. 93)

Desta forma, as notas de campo foram o principal elemento de recolha de

dados, existindo em formato escrito, realizado após e durante a observação, e

em gravações de áudio, permitindo recordar aquilo que poderá não ter sido

registado em formato escrito por algum lapso momentâneo. Este é o processo

de recolha de informação que penso que se adequou de forma mais correta ao

tema da investigação, pois a componente da autonomia não pode ser medida

nem pode ser estabelecida uma escala de avaliação. De acordo com Bogdan e

Biklen (1994), “Ao recolher dados descritivos, os investigadores qualitativos

abordam o mundo de forma minuciosa.” (p. 49), caraterística importante no

processo de investigação. A observação permitiu notar as diferenças dos alunos,

comparando o início da investigação com o fim da mesma.

3.1.1. A MINHA AVALIAÇÃO

Ainda que a autonomia, tanto a individual como a social, não possa ser

colocada numa escala numérica, optei por criar uma escala de avaliação de

forma a facilitar a avaliação quantitativa, tanto para os alunos como para mim,

sendo esta posteriormente transformada uma avaliação qualitativa, durante o

processo de análise dos dados obtidos (apêndice II). Durante o processo de

observação, procurei reunir as componentes necessárias para avaliar os alunos,

sendo esta uma componente determinante da investigação em estudo, onde a

observação é crucial. A especificação da escala numérica utilizada será

apresentada posteriormente na secção 3.2.1 que faz referência à autoavaliação

dos participantes.

Page 62: As atividades experimentais como meio de promoção da

62

3.2. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO

De acordo com Almeida (1990), “(…) o inquérito por questionário é um

procedimento técnico que várias ciências sociais, como, por exemplo, a

sociologia, a psicologia social, a demografia, tendem a privilegiar na prática da

investigação empírica.” (p. 112). O autor refere que “(…) esta técnica se apoia

uma série de perguntas dirigidas a um conjunto de indivíduos (inquiridos), o que

talvez explique a tentação frequente, inscrita de resto em diversos manuais de

metodologias, de se considerar o inquérito por questionário como caso particular

da entrevista.” (p. 112), existindo assim diversas caraterísticas do inquérito por

questionário que o diferem do processo de entrevista.

De acordo com Afonso (2005), “Na construção de questionários, o

objectivo principal consiste em converter a informação obtida dos respondentes

em dados pré-formatados, facilitando o acesso a um número elevado de sujeitos

e a contextos diferenciados.” (p. 101), sendo esta uma dessas caraterísticas. O

recurso a entrevistas diminui a capacidade do investigador de ter acesso a

diferentes sujeitos e diferentes contextos, pela complexificação do processo de

gestão de tempo e de espaço das entrevistas.

De acordo ainda com o mesmo autor,

Em termos substantivos, a técnica do questionário permite cobrir três áreas

de recolha de informação. Pode centrar-se na recolha de dados sobre o que

o respondente sabe (conhecimento ou informação). Pode orientar-se para o

que o respondente quer ou prefere (valores ou preferências). Pode ainda

seleccionar o que o respondente pensa ou crê (atitudes e convicções).

(Afonso N. , 2005, p. 103)

Isto permite que o investigador decida que tipo de área deverá cobrir o

seu inquérito por questionário, sendo que durante o processo de elaboração do

mesmo, todas as questões devem ser direcionadas para a informação que se

pretende recolher. De acordo com Tuckman (1978), citado por Afonso (2005),

existem sete formatos de respostas, que variam em função da informação que

deve ser recolhida: resposta não estruturada, resposta curta, resposta

categórica, em quadro ou tabela, em escala, por ordenação e por listagem.

Almeida (1990), refere apenas duas categorias de questões e,

consequentemente, de respostas, que poderão estar diretamente relacionados

Page 63: As atividades experimentais como meio de promoção da

63

com os sete formatos apresentados anteriormente, podendo estes formatos ser

colocados nas duas categorias: questões abertas e questões fechadas.

Quando o inquirido pode responder livremente, embora no âmbito das

perguntas previstas, dir-se-á que estas assumem a forma de questões

abertas; quando, pelo contrário, o inquirido tem de optar entre uma lista

tipificada de respostas, as questões correspondentes dir-se-ão fechadas.

(Almeida, 1990, p. 112)

A utilização de questionários foi utilizada no início e no fim do processo de

investigação, permitindo compreender se a investigação correu como planeado

para as duas partes: o investigador e os investigados. Os questionários foram

desenvolvidos com o intuito de ser possível notar nas respostas aos

questionários uma diferença substancial, que permita avaliar os resultados da

investigação e dos processos aplicados. O processo de tratamento de dados

nesta componente de recolha estará relacionado com processos de estatística,

focado nas frequências, médias e modas. As questões de resposta aberta serão

categorizadas e analisadas também de forma estatística, permitindo

corresponder todo o processo a uma metodologia de análise.

É necessário ter em consideração que, “A viabilidade do questionário

como uma técnica fiável de recolha de dados implica a garantia de alguns

pressupostos básicos, relativamente aos respondentes” (Afonso N. , 2005, p.

103), nomeadamente a atitude cooperativa dos mesmos, a sinceridade das

respostas prestadas, dizendo o que sabem, pensam e querem. Desta forma, as

entrevistas teriam sido uma forma mais viável de compreender o pensamento

dos indivíduos que fazem parte integrante do estudo. No entanto, a convivência

com os participantes e o conhecimento das suas caraterísticas pessoais,

permitirá diminuir as tendências que poderão existir nas respostas fornecidas.

3.2.1. AUTOAVALIAÇÃO DOS ALUNOS PARTICIPANTES

Tal como já foi referido anteriormente, no ponto 3.1.1., dentro da

componente dos questionários, optei por desenvolver um questionário de

autoavaliação, onde as crianças deverão autoavaliar-se numa escala numérica

com valores compreendidos entre 1 e 4 nos processos referentes à atividade

experimental e entre 1 e 3 na avaliação referente ao trabalho em grupo (apêndice

I).

Page 64: As atividades experimentais como meio de promoção da

64

A escala numérica com valores compreendidos entre 1 e 4 baseia-se

sobretudo numa escala básica de “Não consegui”, “Consegui com ajuda das

professoras”, “Consegui com ajuda dos colegas” e “Consegui sozinho”, sendo

convertida posteriormente em algo mais elaborado através da avaliação

realizada pelas professoras-estagiárias.

A escala numérica referente ao trabalho de grupo apresenta apenas

valores compreendidos entre 1 e 3 tendo em consideração que o

desenvolvimento desta componente não teve a influência das professoras-

estagiárias, correspondendo apenas a escala de “Não consegui”, “Consegui com

ajuda”, sendo esta a ajuda dos colegas de grupo, e “Consegui sozinho”.

De acordo com Bardin (1977), “Enquanto esforço de interpretação, a

análise de conteúdo oscila entre os dois pólos do rigor da objectividade e da

fecundidade da subjectividade.” (p. 9).

3.3. ANÁLISE DOCUMENTAL

A análise documental foi utilizada enquanto instrumento de apoio, tanto

no processo de formulação e planeamento da investigação, como no

desenvolvimento da mesma e durante a sua conclusão, nomeadamente durante

a elaboração deste relatório. De acordo com Bardin (1977), citando Chaumier

(1974), a análise documental é “uma operação ou um conjunto de operações

visando representar o conteúdo de um documento sob a forma diferente do

original, a fim de facilitar num estado ulterior, a sua consulta e referenciação” (p.

45). A análise documental pretende assim transformar a informação

disponibilizada em determinado documento, tornando-a mais fácil de consultar e

referenciar, tendo em consideração a dificuldade de acesso e análise do

documento original. De acordo com o mesmo autor,

O propósito a atingir é o armazenamento sob uma forma variável e a

facilitação do acesso ao observador, de tal forma que este obtenha o

máximo de informação (aspecto quantitativo), com o máximo de pertinência

(aspecto qualitativo). A análise documental é, portanto, uma fase preliminar

da constituição de um serviço de documentação ou de um banco de dados.

(Bardin, 1977, p. 45)

Page 65: As atividades experimentais como meio de promoção da

65

3.4. ANÁLISE DE CONTEÚDO

De acordo com Bardin (1977), a análise de conteúdo é “Um conjunto de

instrumentos metodológicos cada vez mais subtis em constante

aperfeiçoamento, que se aplicam a «discursos» (conteúdos e continentes)

extremamente diversificados.” (p. 9) De acordo com o mesmo autor, existe um

conjunto de técnicas inerentes à análise de conteúdo e “O factor comum destas

técnicas múltiplas e multiplicadas - desde o cálculo de frequências que fornece

dados cifrados, até à extracção de estruturas traduzíveis em modelos - é uma

hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência” (p. 9). Desta forma,

a análise de conteúdo pode ser utilizada de diversas formas e em função de

diferentes conteúdos com diferentes áreas de exploração, desde que a base da

análise de conteúdo se mantenha, neste caso, a capacidade de tirar conclusões

após o processo de análise.

Na investigação em questão, a análise de conteúdo foi utilizada como

instrumento de exploração dos produtos das crianças, tirando conclusões

através desta análise. Diferentes fichas de registo, diferentes diálogos, diferentes

crianças, diferentes formas de pensar e expor o seu pensamento, originarão

diferentes conclusões, nas quais pretendo apoiar a análise da evolução da

autonomia que é pedida na questão da investigação.

Page 66: As atividades experimentais como meio de promoção da

66

4. DESCRIÇÃO DOS DISPOSITIVOS E PROCEDIMENTOS DE

INTERVENÇÃO

Durante todo o período referente ao processo de investigação, foi

necessário trilhar um caminho que me permitisse alcançar os objetivos

pretendidos. Inicialmente, senti algumas dificuldades no estabelecimento de um

percurso satisfatório que pudesse apresentar consequências positivas para mim,

sendo igualmente positivo para os alunos participantes, sem que apresentasse

caraterísticas totalmente diferentes do processo de ensino-aprendizagem com o

qual os mesmos estão familiarizados.

Ainda que todo o processo de investigação implique autonomia individual

e em grupo, dediquei-me maioritariamente ao desenvolvimento das atividades

experimentais, permitindo que o desenvolvimento da componente social da

investigação se desse de forma natural e sem interferência da parte das

professoras estagiárias. Este processo dividiu-se, para mim, em três fases:

seleção das atividades a desenvolver, em conjunto com a professora titular da

turma; implementação das atividades em sala de aula, incluindo a autoavaliação

dos alunos e a minha avaliação das atividades; e a análise dos resultados

obtidos, com base nas avaliações e na observação dos momentos de

aprendizagem.

4.1. 1.ª FASE – SELEÇÃO DAS ATIVIDADES A DESENVOLVER

Durante uma primeira fase do projeto foi necessário conferenciar com a

professora titular de turma estabelecendo com a mesma quais as atividades que

poderiam ou não ser desenvolvidas em sala de aula. Ficando acordado que as

mesmas teriam de se encontrar totalmente relacionadas com as temáticas que

seriam exploradas num futuro próximo, foi com base no manual escolar da área

curricular de Estudo do Meio, Alfa – Estudo do Meio 3 – 3.º Ano, que escolhi as

tarefas a desenvolver com as crianças, estabelecendo uma cronologia em

função do que seria trabalhado em sala de aula.

Tendo em consideração os três módulos que seriam trabalhados em sala

de aula durante o período de estágio – os seres vivos, as rochas e os solos e os

Page 67: As atividades experimentais como meio de promoção da

67

astros – e as atividades experimentais propostas em cada um dos mesmos,

desenvolvi um conjunto de fichas de registo mais elaboradas e mais dinâmicas

que as apresentadas no manual, permitindo uma exploração mais ativa.

O processo de estruturação das fichas de registo ocorreu de forma

faseada, onde procurei compreender com cada atividade desenvolvida e,

consequentemente, com cada ficha criada, qual das componentes dessas

mesmas fichas apresentava uma estrutura incorreta, desde quadros a tabelas,

passando pela linguagem utilizada e pela possibilidade de respostas abertas e

fechadas.

Para cada nova ficha desenvolvida, optei por realizar uma pequena

análise da ficha anterior, definindo qual das componentes da mesma se tinha

apresentado menos adequada, alterando essa componente na ficha seguinte.

As fichas realizadas estão apresentadas em apêndice, de forma a ser possível

compreender as modificações que foram necessárias em cada uma delas, que

descreverei de seguida.

A primeira ficha apresentada, foi desenvolvida com o intuito de não

descortinar possibilidade de respostas abertas, sendo uma ficha que serviria de

base ao trabalho desenvolvido, para que os alunos se familiarizassem com as

fases, processos e procedimentos de uma atividade experimental. Para que isto

acontecesse, também a previsão da primeira atividade foi apresentada com

questão de resposta fechada, sendo desenvolvida com modelo de escolha

múltipla, tentando que os alunos compreendessem o que lhes seria pedido

nessas componentes das atividades seguintes.

Nas primeiras duas atividades, o modelo de registo apresentava-se sob a

forma de ilustração, sem dados numéricos ou gráficos a serem preenchidos,

tendo em consideração que estas atividades nunca tinham sido desenvolvidas

em sala de aula. Procurei inicialmente facilitar o processo de registo de dados e

também as conclusões alcançadas, ainda que o registo possa não ter sido

apresentado da maneira mais correta ou na melhor estrutura para análise de

dados. Desenvolvi o projeto em função das caraterísticas da turma e do que

considerei mais adequado a estas caraterísticas.

Page 68: As atividades experimentais como meio de promoção da

68

Assim, alguma das atividades posteriores passaram de ilustrações a

tabelas de dupla entrada, que permitissem registar os dados observados, e de

previsões apresentadas em escolha múltipla para previsões livres, a forma mais

adequada de alcançar as conceções alternativas sobre os vários temas

explorados.

Não só as fichas de registo sofreram alterações como também a

implementação das atividades em sala de aula não ocorreu sempre da mesma

forma, sendo necessário considerar a primeira atividade experimental como uma

própria experimentação do que seria mais adequado de aplicar e desenvolver

com os alunos em questão, procurando os seus interesses, curiosidades e busca

pelo conhecimento.

4.2. 2.ª FASE – IMPLEMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES

A segunda fase, que permitiu o desenvolvimento da investigação,

caraterizou-se pela implementação das atividades em sala de aula que, tal como

já foi mencionado, não se desenvolveu sempre da mesma forma. Foram

desenvolvidas seis atividades experimentais em sala de aula, onde considerei a

primeira atividade como a base do projeto, não só por ser a primeira para os

alunos como também para mim com a turma em questão, pois todas as turmas

são diferentes e apresentam diferentes caraterísticas e necessidades individuais

e sociais.

Nem sempre as atividades apresentaram os resultados esperados ou

previstos, nem sempre o estado de espírito de cada aluno ou da turma permitiu

um bom desenvolvimento das tarefas. Por vezes as horas não foram as mais

adequadas, os momentos os mais propícios, o ambiente o mais desafiante. No

entanto, todos os elementos participantes, professoras e alunos, procuraram

demonstrar o seu melhor em cada uma das atividades desenvolvidas.

As atividades desenvolvidas ocorreram a partir da segunda semana de

estágio. Como as atividades foram desenvolvidas em função dos temas

explorados em sala de aula, as mesmas não ocorreram de forma periódica, mas

em função de cada módulo trabalhado. O quadro 2 apresenta o momento em

que cada atividade foi desenvolvida.

Page 69: As atividades experimentais como meio de promoção da

69

Data Tarefa

13 de março Germinação de sementes

Será que as plantas conseguem desenvolver-se sem água?

24 de abril Germinação de sementes

Qual a influência da água na germinação de sementes de feijão?

2 de maio A luz e os materiais

Todos os materiais deixam passar luz?

16 de maio Os ímanes

Um íman atrai todos os objetos da mesma forma?

16 de maio Diferentes ímanes

Será que os ímanes são todos iguais?

21 de junho

O solo

Será que todos os solos deixam passar a mesma quantidade de água?

Quadro 2 - Atividades experimentais desenvolvidas durante a investigação

4.2.1. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA

O processo de avaliação desenvolveu-se, tal como todos os outros

processos até então, de forma gradual, ocorrendo após cada uma das atividades

implementadas em sala de aula. De forma a facilitar a autoavaliação e tentando

que não ocorressem quaisquer perdas de informação válida, após o

desenvolvimento de cada uma das atividades os alunos preencheram um

questionário de autoavaliação que permitia quantificar o nível em que estes se

consideravam encontrar em cada uma das diferentes componentes do processo

experimental – questão-problema; previsão; variáveis independente,

dependente e de controlo; materiais; procedimento; execução; observações e

conclusão – e do trabalho em grupo – distribuir tarefas; respeitar os colegas; dar

a vez; manter a ordem e partilhar os materiais.

Além do questionário de autoavaliação, também eu utilizei um processo

de avaliação semelhante. Os valores utilizados por mim foram iguais aos

utilizados pelas crianças, facilitado o processo de comparação na fase posterior

Page 70: As atividades experimentais como meio de promoção da

70

de análise de dados e estabelecimento de conclusões, através da transformação

da avaliação quantitativa numa avaliação qualitativa de todo o processo de

investigação. A professora titular de turma não foi integrada no processo de

avaliação das crianças por não ter feito parte do processo de implementação das

atividades, dando total liberdade durante o desenvolvimento das atividades,

desde que previamente discutidas e acordadas com a mesma.

4.3. 3.ª FASE – ANÁLISE DOS RESULTADOS

A última fase do processo será apresentada em seguida, no terceiro e

último capítulo deste relatório, e carateriza-se pela apresentação e análise dos

resultados obtidos durante o processo de investigação, incluindo as diferentes

avaliações realizadas, alunos e professoras estagiárias, e uma comparação

entre as mesmas.

O processo de análise de resultados nem sempre decorre da forma mais

fácil para o investigador. Por vezes, este procura estruturar o processo de

recolha em função da questão para a qual procura uma resposta, mas nem

sempre os resultados se mostram satisfatórios, nem vão ao encontro das

previsões que inicialmente foram realizadas.

Page 71: As atividades experimentais como meio de promoção da

CAPÍTULO III – ANÁLISE DE DADOS

Page 72: As atividades experimentais como meio de promoção da

72

Neste capítulo irei focar-me nos dados obtidos durante o processo de

investigação. Os mesmos serão apresentados em formato escrito e em quadros

de referência que contêm os resultados quantitativos da investigação.

Inicialmente, farei uma descrição sucinta do momento de implementação

das atividades em sala de aula, que deverá incluir a descrição da forma como as

atividades foram implementadas em sala de aula e planificadas antes da

implementação.

Posteriormente, apresentarei os dados de avaliação que foram recolhidos

durante a investigação, passando pela autoavaliação dos alunos e pela

avaliação dos mesmos pela minha parte. Neste momento farei referência à

avaliação atribuída em cada momento do processo experimental, desde a

compreensão da questão-problema à conclusão que permite dar resposta a essa

mesma questão, e à avaliação individual de cada aluno, comparando a avaliação

atribuída ao longo das seis atividades desenvolvidas.

Depois deste momento, farei uma avaliação semelhante relativamente ao

desenvolvimento do trabalho em grupo, passando pela avaliação de algumas

componentes que têm influência no mesmo e pela avaliação geral de cada aluno

ao longo das várias atividades, sendo esta desenvolvida da mesma forma que a

anterior.

Para concluir, farei referência a algumas opiniões disponibilizadas pelos

alunos participantes no momento final da investigação, através das respostas

que os mesmos forneceram ao questionário que lhes foi fornecido.

Page 73: As atividades experimentais como meio de promoção da

73

1. NARRATIVA DESCRITIVA – MOMENTOS DE INTERVENÇÃO

Durante o processo de investigação foram seis as atividades propostas

aos alunos participantes. Ao longo das atividades procurei algumas alterações

às mesmas, nomeadamente na componente da elaboração da ficha de registo,

adaptando-a às necessidades dos alunos, e na exploração das atividades em

sala de aula, tentando que as mesmas fossem desenvolvidas sem o apoio

constante das professoras.

Para contextualizar os momentos de intervenção, estes serão descritos

de seguida, procurando uma descrição que transmita as ideias essenciais da

intervenção. Em alguns momentos serão apresentados diálogos dos momentos

de intervenção, sendo expostos pelas iniciais dos nomes dos alunos e pela inicial

do meu nome (M.).

1.1. ATIVIDADE I – GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO

Será que as plantas conseguem desenvolver-se sem água?

Nesta primeira atividade tínhamos como objetivo a plantação de sementes

de feijão de forma a estudar o desenvolvimento dos feijoeiros. Tive por base a

atividade experimental proposta no manual escolar de Estudo do Meio, sendo

pedido na mesma a plantação das sementes em dois vasos distintos e a

ausência de rega num dos mesmos quando ambos apresentassem caule,

procurando responder à questão-problema apresentada anteriormente. Na

elaboração da ficha de registo (apêndice V) procurei ser o mais fiel possível à

ficha proposta no manual escolar, tendo em consideração o pedido da professora

titular de turma de me guiar bastante pelo mesmo. A previsão foi em resposta

fechada tal como era apresentada no manual escolar, sendo proposta em

formato de escolha múltipla, e as observações foram propostas em formato de

ilustração.

Para dar início à atividade, procurei explicar à turma o que iria ser

trabalhado e o porquê, tendo em consideração as caraterísticas do processo de

ensino-aprendizagem com o qual os alunos estão familiarizados. Contextualizei

então a atividade a ser desenvolvida, relacionando-a com o trabalho que estava

Page 74: As atividades experimentais como meio de promoção da

74

a ser desenvolvido em sala de aula e que já tinha sido dinamizado por mim e

pela minha colega estagiária na sua vertente teórica – as plantas e os animais.

Neste caso, toda a atividade se centraria na temática das plantas, estando

relacionada com a germinação de sementes de feijão.

Comecei então por questionar se algum dos elementos da sala já tinha

plantado alguma semente e em que contexto essa atividade tinha decorrido.

Vários alunos disseram já ter plantado batatas, morangos, alfaces, pimentos,

macieiras, roseiras, feijoeiros, cerejeiras, etc. As próprias professoras-

estagiárias mencionaram também se já tinham plantado algo e o contexto em

que o tinham realizado, pois este diálogo, que permite que as crianças conheçam

o adulto, aparenta manter o interesse da turma ativo, seja qual for o tema e a

forma de exploração.

Logo após, dividi a turma em grupos de quatro elementos, constituindo

desta forma seis grupos, que se distribuíram pela sala de aula de forma que

fosse possível trabalhar e estabelecer contacto visual com todos os outros

elementos do grupo. Distribui a primeira ficha de registo criada por mim e com o

acompanhamento dos alunos apresentei todas as partes da ficha, respondendo

a questões que existissem sobre a mesma. Utilizei este método por ser um

método ao qual os alunos estão habituados, pois é desta forma que introduzem

qualquer ficha desenvolvida em sala de aula. No momento da questão da

previsão, questionei como achavam que iríamos verificar as previsões.

“LF: Não vamos regar as plantas.

M.: Nenhum dos vasos?

LF: Não. Vamos regar um e o outro não.

M.: Nunca vamos regar os dois?

TM: Vamos regar os dois agora e deixar um deles depois.

M.: Depois?

TM: Depois… quando tiverem uma planta.”

Distribui então dois vasos por grupo, sendo que a presença dos mesmos

gerou entusiasmo e confusão em sala de aula. Desta forma, distribui as etiquetas

que iriam identificar os vasos, pois a identificação era algo que preocupava as

crianças, pois estas só pensavam que os grupos iriam trocar os vasos. Quando

deram início ao desenvolvimento da atividade experimental, os grupos já tinham

Page 75: As atividades experimentais como meio de promoção da

75

completado a componente do procedimento que fazia referência à etiquetagem

dos vasos que seriam utilizados, encontrando-se esse passo concluído.

Dei então início ao preenchimento da ficha de registo, começando por

explicitar o que era uma previsão e como deveriam preencher essa componente

da ficha. Ainda assim, surgiram algumas dúvidas e no final da atividade alguns

dos alunos procuraram alterar a sua previsão por não ser coincidente com os

resultados obtidos.

Após a previsão foram analisadas as variáveis em estudo, momento que

considerei que seria dos mais difíceis e no qual surgiram imensas dúvidas, tendo

em consideração que a ficha apresentada no manual escolar omitia esta

componente da atividade experimental. No entanto, fui surpreendida

positivamente em relação às respostas que consegui adquirir, pois parte dos

alunos da turma conseguiu identificar uma ou mais variáveis em estudo, quer

fossem controladas, dependentes ou independentes.

Após a identificação de todas as variáveis foi o momento de

desenvolvimento da atividade, sendo que antes do desenvolvimento da mesma

fizemos a verificação dos materiais, de forma a compreender se tínhamos todos

os materiais necessários. Foi então que questionei, com aqueles materiais, como

iriamos realizar o procedimento. As respostas foram semelhantes, alterando

apenas a quantidade de água e de frequência de rega propostas por vários

alunos. Questionei então porque razão iríamos utilizar quatro feijões e não

apenas um ou dois.

“TM: Porque só um podia não nascer e assim são vários e se um não

nascer, nascem os outros.

LF: Vamos dar mais hipóteses de nascer a planta.”

Depois disto, a execução da tarefa ocorreu como esperei, tendo em

consideração que quase todas as crianças já tinham realizado algum tipo de

plantação. Não surgiram dúvidas e apenas no momento da descriminação das

tarefas ocorreram alguns problemas. Desta forma, foi necessário interferir na

componente social do trabalho a desenvolver, estabelecendo para toda a turma

que as tarefas tinham de ser distribuídas por todo o grupo e não apenas

realizadas por um elemento.

Page 76: As atividades experimentais como meio de promoção da

76

Após a plantação e primeira rega das sementes de feijão, todos os grupos

colocaram os seus vasos num local próprio, estando todos os vasos no mesmo

meio ambiente. Ficou estipulado a frequência da rega e que esta apenas poderia

ocorrer estando eu presente, de forma que me fosse possível controlar a

quantidade de água que seria utilizada pelos grupos. Todos os grupos regariam

nos mesmos dias e deviam registar as observações no momento da rega,

devendo ainda registar observações importantes como “não germinou”.

Possivelmente pela qualidade dos feijões utilizados ou pela quantidade de

água utilizada, apenas um dos doze vasos de desenvolveu. Desta forma, os

resultados não foram os esperados, mas foi discutido com as crianças o porquê

deste acontecimento.

“M: Alguém me consegue explicar porque é que só um feijão é que

germinou?

GP: Porque pusemos muita água.

M.: Eu acho que foi muita água… mas podem ter sido outras razões. As

plantas não podem apenas receber água. Precisam da quantidade de água certa

para se desenvolverem da melhor forma.

AB: Podemos fazer outra vez… para ver se fica igual.

M.: Podemos… eu vou tentar encontrar outra atividade que nos ajude a

perceber se foi a quantidade de água ou não.”

De forma a dar resposta às questões que surgiram no final desta

atividade, foi desenvolvida uma segunda atividade com as sementes de feijão.

1.2. ATIVIDADE II – GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO

Qual a influência da água na germinação de sementes de feijão?

Tendo em consideração que a primeira atividade experimental não

permitiu obter os resultados esperados, e considerando a curiosidade dos alunos

em relação ao porquê, optei por realizar uma segunda atividade com o mesmo

tema, sendo esta um pouco diferente (apêndice VI). Considerando a hipótese da

extrema quantidade de água ser a responsável pelo fracasso da atividade

anterior, optei por analisar qual a influência da água na germinação de sementes

Page 77: As atividades experimentais como meio de promoção da

77

de feijão. Para isto, cada grupo da turma plantaria apenas um vaso e cada grupo

regaria a sua plantação com uma quantidade específica de água. Marquei então

alguns copos, que seriam utilizados como regador, e cada grupo ficou

responsável por uma destas quantidades: sem água, pouca água, média água,

muita água, bastante água.

Dando continuidade à ficha de registo anterior, e realizando algumas

alterações que considerei pertinentes, a previsão foi igualmente proposta em

resposta fechada, mas desta vez com maior número de hipóteses e uma

pequena abertura que permitia uma resposta aberta se os alunos assim o

entendessem. O registo das observações foi igualmente proposto em formato de

ilustração, sendo introduzida uma tabela de dupla entrada que permitia resumir

as observações realizadas: germinou, não germinou e quais as plantas que se

desenvolveram mais rápido.

Para dar início à atividade, pedi à turma que se organizasse em grupos,

sendo necessárias algumas alterações aos grupos, pois uma nova aluna tinha

entrado na turma e os grupos eram muitos. Desta forma, reorganizei os grupos

de forma que estes fossem apenas cinco, com cinco elementos. Logo após, fiz

apenas uma referência à atividade anterior, questionando se os alunos se

lembravam do que tinha sido realizado e que problemas tinham sido

identificados. Depois de um pequeno diálogo que permitiu recordar o que tinha

sido trabalhado, fiz uma pequena apresentação da ficha de registo, sendo que a

mesma não foi tão explorada como da primeira vez, pois as crianças já

conheciam a estrutura e a atividade era bastante semelhante. Ainda assim, e ao

contrário da primeira atividade desenvolvida, surgiram diversas dúvidas sobre as

variáveis em estudo. Desta vez, os alunos sentiram imensas dificuldades na

identificação das mesmas, ainda que estas fossem bastante semelhantes às

variáveis apresentadas na primeira atividade.

Questionei então no momento de realizar a previsão o que pensavam que

iria acontecer, tendo em consideração que na atividade anterior a medida de

água utilizada seria a correspondente a “bastante água”.

“GP: A planta sem água não vai crescer, a com pouca água não deve

crescer, a do meio vai crescer, a com muita água vai crescer e a com muita,

muita água vai morrer.”

Page 78: As atividades experimentais como meio de promoção da

78

M.: Quem concorda?

(Todos colocam o dedo no ar)

GP: Se o recipiente fosse maior podíamos por mais feijões e mais água.

PD: (interrompendo o colega) Eu tenho uma oliveira que ninguém regou

e cresceu na mesma…

M.: E isso quer dizer o que PD?

PD: Não sei. Talvez o vaso sem água também cresça.”

Após uma pequena conversa sobre as plantas que existiriam em casa e

que teriam crescido sem serem regadas, demos início à atividade experimental.

Houve uma verificação da lista de materiais e a recolha dos mesmos, tal como

na atividade anterior, sendo que a execução do procedimento ocorreu sem

qualquer dificuldade, sendo uma atividade que decorreu bastante rápido. Como

já sabiam o que iriam plantar e como já o tinham realizado anteriormente, os

grupos não solicitaram tanto apoio como da primeira vez, executando o

procedimento e colocando os vasos no local onde os anteriores estavam.

Depois de todos os grupos terem terminado e a sala estar de novo

organizada de forma individual, comentei a componente do registo de

observações, mencionando que o mesmo seria um pouco diferente do anterior.

Expliquei às crianças a forma como deviam aproveitar esta parte da ficha de

registos e não surgiram dúvidas no preenchimento da mesma, ao contrário do

registo apenas ilustrativo da primeira atividade.

Nesta atividade, as observações não foram ao encontro das previsões

realizadas, pois o vaso que todos pensámos que não iria germinar, o único em

que poderíamos ter termo de comparação, com “bastante água”, foi o único que

germinou. A alteração de temperatura, devido à mudança de estação, poderá

estar relacionada com esta germinação, pois a temperatura aumentou, sendo

necessária mais água para a germinação e posterior crescimento da planta.

Após esta atividade as crianças levaram o vaso com a semente germinada

para a horta da escola, trabalhada nas Atividades de Enriquecimento Curricular

(AEC). Pouco depois a planta morreu, possivelmente devido ao peso das folhas

que o fino caule teve de suportar. No entanto, até a mesma morrer, as crianças

falavam sobre a mesma na sala de aula, mencionando o crescimento, quando

Page 79: As atividades experimentais como meio de promoção da

79

esta caiu por causa do peso e quando morreu, existindo desta forma relatórios

periódicos.

1.3. ATIVIDADE III – A LUZ E OS MATERIAIS

Todos os materiais deixam passar a luz?

Esta atividade, tal como a primeira atividade desenvolvida, foi elaborada

com base na proposta apresentada no manual escolar de Estudo do Meio, tendo

como principal objetivo a consolidação do estudo dos materiais opacos,

transparentes e translúcidos. Após a exploração da componente teórica deste

tema em sala de aula, propus às crianças o desenvolvimento desta atividade. Na

mesma era pedida a observação de um objeto através de diversos materiais,

identificando quais deles permitiam ver, nitidamente ou não, o objeto observado.

Estruturei uma ficha de registo (apêndice VII), com algumas alterações em

relação às anteriores, apresentando uma previsão de resposta aberta e registo

de observações sem formato ilustrativo.

O momento de desenvolvimento desta atividade também decorreu de

forma diferente dos anteriores. Desta vez, não apresentei a estrutura da ficha de

registo às crianças, pedindo que as mesmas lessem o que estava exposto na

ficha e me chamassem caso surgisse alguma dúvida. Pedi que interpretassem a

questão-problema, referindo posteriormente o que a mesma pedia, que

realizassem a previsão e identificassem as variáveis, recorrendo apenas ao

apoio dos restantes elementos do grupo de trabalho. Apesar de já terem

realizado este tipo de atividades duas vezes, surgiram algumas questões sobre

o que era pedido nas previsões e na identificação das variáveis em estudo.

Compreendi que com o meu acompanhamento no início da atividade os alunos

conseguem alcançar resultados positivos, dando respostas coerentes e

concretas. Sem esse acompanhamento, surgem muitas questões,

possivelmente pela falta de confiança que têm neles próprios.

Para facilitar a realização da previsão, expus alguns materiais como

plástico colorido, plástico não colorido, cartão, folhas de papel, papel celofane,

espelho, cartolina e papel vegetal numa mesa, de modo que as crianças

pudessem observar os mesmos e questionar a sua denominação, caso surgisse

Page 80: As atividades experimentais como meio de promoção da

80

essa dúvida. Informei que a previsão deveria ser relacionada com aqueles

materiais e que poderíamos realizar uma pequena discussão sobre os mesmos,

se fosse mais fácil para todos.

Após a realização desta discussão, deixando que a mesma fosse

maioritariamente guiada entre os alunos, demos início ao cumprimento do

procedimento apresentado. Neste momento, deixei também que os alunos

mencionassem quais os materiais que seriam necessários e que realizassem o

procedimento com o mínimo de apoio possível. Verificaram-se algumas

dificuldades, possivelmente relacionadas com a falta de curiosidade sobre o

tema e o pouco à vontade com o mesmo, pois as atividades anteriores foram

ambas influenciadas por experiências do quotidiano, sendo esta pedida pela

professora titular de turma por se encontrar no manual escolar.

Apesar de não ter fornecido tanto apoio como nas atividades anteriores,

as crianças conseguiram, maioritariamente através da discussão em grande

grupo, identificar as variáveis em estudo e dar resposta à questão-problema.

Alguns materiais foram alvos de diferentes respostas no momento da previsão e

também no momento da observação, como foi o caso da folha de papel. De

acordo com a distância colocada entre a folha e o objeto a observar esta permitia

ver o objeto ou não, existindo os dois tipos de observações. Se o objeto estivesse

muito perto da folha, era possível a visualização do mesmo. De forma a não

influenciar a atividade, deixei que os alunos descobrissem através do

desenvolvimento da mesma que a distância deveria ter sido tomada como uma

variável de controlo, pois iria influenciar os resultados obtidos. No momento de

estabelecer conclusões e responder à questão-problema, estas diferenças foram

também discutidas em sala de aula, trabalhando a questão da distância e

experienciando de novo essa parte da atividade.

De um modo geral, houve uma concordância nas previsões e

observações realizadas, sendo que apenas a folha de papel deu resultados

diferentes pela questão já referida.

Page 81: As atividades experimentais como meio de promoção da

81

1.4. ATIVIDADE IV – OS ÍMANES

Um íman atrai todos os objetos da mesma forma?

Esta atividade foi desenvolvida com base numa proposta de jogos

apresentada no manual escolar de Estudo do Meio. O manual propunha a

exploração de ímanes através de alguns jogos, tendo optado por realizar dois

desses jogos como atividades experimentais, esta e outra que será apresentada

posteriormente. A ficha de registo (apêndice VIII) não apresentou alterações em

relação à anterior, integrando apenas uma segunda tabela de registo de dados

que permitia que as crianças explorassem, além dos materiais propostos, outros

materiais. Tal como aconteceu na atividade anterior, as crianças ficaram

responsáveis por analisar a ficha de registo e identificar dúvidas que existissem

em relação à mesma sem o apoio das professoras da sala.

Antes de dar início à atividade, que serviu como introdução à temática do

magnetismo, questionei as crianças sobre o que seria um íman e uma delas

disse ter um íman dentro do estojo. Após a exposição do mesmo de forma que

todos os elementos da turma o conseguissem observar, questionei qual seria a

utilidade de um íman:

“BT: Serve para agarrar coisas.

M.: Qualquer coisa?

CC: Não, só coisas duras.

M.: Como a madeira?

LF: Não, coisas de metal.

M.: Qualquer metal?

LF: Não sei… o ferro e outros metais.

M.: Como é que sabemos quais são esses metais?

LF: Vamos pegar o íman em todo o lado.

M.: Em todo o lado?

AB.: Vamos experimentar a sala toda.”

Depois de discutirmos que materiais da sala os alunos acreditavam que o

íman iria atrair, os alunos deram início ao desenvolvimento do procedimento.

Considero que esta foi a atividade que despertou maior curiosidade nas crianças,

pois estas demonstraram bastante entusiasmo no decorrer da mesma,

Page 82: As atividades experimentais como meio de promoção da

82

procurando na sala elementos que fossem atraídos, comparando as

observações com as previsões realizadas durante a conversa estabelecida

anteriormente.

Percebi que nenhuma criança estaria a registar as suas observações por

não quererem apenas explorar os agrafos, clipes, latas, etc., disponibilizados nos

“materiais” da ficha de registo. Compreendi que nenhum dos alunos se tinha

apercebido da existência de uma tabela em branco, onde poderiam registar

alguns materiais da sala que tivessem experimentado, referindo se era atraído

ou não. Ao apresentar a tabela, quase todos os alunos incluíram de novo a folha

de registo na sua exploração, folha que há muito tempo tinha sido colocada de

parte. No final, todos os grupos tinham preenchido a tabela em branco, com

vários materiais atraídos e não atraídos que existiam dentro da sala: as cadeiras,

os pés das mesas, as mochilas, os ganchos do cabelo, as borrachas, as

tesouras, os lápis, os óculos, etc.

1.5. ATIVIDADE V – DIFERENTES ÍMANES

Será que os ímanes são todos iguais?

Esta atividade, tal como a anterior, foi desenvolvida com base nos jogos

propostos no manual escolar de Estudo do Meio. As duas atividades foram

desenvolvidas no mesmo dia, antes e após o intervalo do período da manhã.

Tendo em consideração que esta atividade foi realizada logo após a anterior, a

contextualização foi mais curta, por já ter sido realizada anteriormente.

A ficha de registo (apêndice IX) foi bastante semelhante à anterior,

possuindo tabelas de previsão e de registo de dados. Tal como até aqui as

crianças ficaram responsáveis pela análise da mesma e identificação de dúvidas

que existissem em relação a esta. Nesta atividade era pretendido compreender

se todos os ímanes são iguais, tendo em consideração o seu tamanho, massa e

formato. Para isso as crianças deveriam experimentar diferentes ímanes que

deveriam atrair um número específico de clips e agrafos. Questionei então às

crianças o que pensavam que iria ser alterado em relação à atividade anterior,

devendo estas basear-se na questão-problema para dar uma resposta à minha

questão.

Page 83: As atividades experimentais como meio de promoção da

83

“EC: Os ímanes vão mudar.

M.: Vão mudar porque?

EC: Então, porque são uns maiores e outros mais pequenos.

M.: E qual vai ser a influência do tamanho dos ímanes nesta situação?

LF: Os mais pequenos vão agarrar menos coisas e os maiores mais

coisas.

M.: Não sabemos se vai ser mesmo assim…

AB.: Vai depender da força. O íman com mais força atrai mais objetos.”

Para isto coloquei a circular pela sala de aula diversos ímanes, com

diferentes tamanhos e formatos, pequenos, grandes, retangulares ou em forma

de ferradura. Deixei que as crianças explorassem os ímanes antes da realização

das previsões, procurando que essa exploração facilitasse um pouco as

mesmas. O desenvolvimento da atividade decorreu sem o surgimento de

dúvidas significativas. No entanto, as crianças não demonstraram tanto interesse

nesta atividade como na atividade anterior, possivelmente devido ao facto da

primeira ser mais aberta, possibilitando uma maior exploração dos ímanes e do

meio.

Apesar disto, foi neste dia que identifiquei melhorias significativas em

alguns elementos da turma, tanto ao nível das atividades experimentais como ao

nível do trabalho em grupo. Vários alunos demonstraram maior facilidade em

lidar com todo o processo experimental e em utilizar a folha de registo com as

tabelas no lugar das ilustrações, confirmando o sucesso das alterações à

mesma. A distribuição de tarefas e a partilha de materiais foi apenas dificultada

pelo entusiasmo em explorar o meio.

Um dos alunos com Necessidades Educativas Especiais, embrenhou-se

profundamente na atividade, procurando, inclusive, cativar os colegas para o

desenvolvimento da mesma. Explorou bastante os ímanes e realizou o

procedimento diversas vezes, procurando garantir os melhores resultados, ou

seja, o maior número de objetos atraídos. Ainda que no registo dos dados

observados tenha existido alguma dificuldade, o aluno dedicou-se

profundamente à execução do procedimento. Ao observar tal situação, optei por

o questionar algumas vezes sobre o que observava, garantindo que toda a turma

o estaria a ouvir, procurando que este se sentisse valorizado.

Page 84: As atividades experimentais como meio de promoção da

84

1.6. ATIVIDADE VI – O SOLO

Será que todos os solos deixam passar a mesma quantidade de água?

Esta atividade colocou término ao processo de investigação. Foi

desenvolvida com base no manual escolar de Estudo do Meio, tal como todas

as outras e tal como ficou estipulado inicialmente com a professora titular de

turma. No entanto, esta ficha de registo (apêndice X) foi elaborada de forma

totalmente diferente das anteriores, sendo entregue aos alunos praticamente em

branco, ou seja, com todos os campos por preencher. Utilizei esta última

atividade para compreender se os alunos se sentiam familiarizados com a ficha

e com as componentes que faziam parte da mesma.

Para dar início à atividade, e tendo em consideração o preenchimento da

ficha de registo, comecei por distribuir os manuais escolares de Estudo do Meio,

pedindo que as crianças abrissem o manual escolar na temática que estaria a

ser trabalhada – os solos. Neste módulo era apresentado um pequeno

procedimento que deveria ser analisado pelos alunos. Nesta atividade era

pedido que as crianças estudassem a permeabilidade de vários tipos de solo,

utilizando filtros, pequenos recipientes, diferentes tipos de solo e água. Com

estes quatro materiais teriam de colocar o solo dentro dos filtros de papel,

despejar a mesma quantidade de água sobre três tipos de solo e reservar a que

fluísse num pequeno recipiente. Esta tarefa seria repetida para os vários tipos

de solo, comparando no fim as quantidades de água dos três recipientes de

reserva.

Pedi então que fossem até à página onde seria apresentado o

procedimento sem título de atividade, questão-problema, materiais e tabelas de

registo de observações. Com base no procedimento apresentado, as crianças

deveriam completar a base da ficha de registo, de forma que lhes fosse possível,

posteriormente, executar o procedimento, registar as observações e responder

à questão-problema elaborada pelos próprios.

Desta forma começaram por definir essa mesma questão-problema, de

forma independente e com o mínimo apoio possível da parte das professoras da

sala. Inicialmente não acreditei que conseguissem realizar o que lhes era pedido,

tendo sido surpreendida positivamente. Em conjunto com os elementos do

Page 85: As atividades experimentais como meio de promoção da

85

próprio grupo e em discussão com os vários grupos, os alunos encontraram uma

forma de dar sentido à ficha de registo. O apoio que forneci foi apenas de modo

a dar sentido à questão-problema, procurando que a mesma ficasse percetível,

coerente e não muito longa. Logo após estabelecer a questão-problema as

crianças identificaram as variáveis em estudo, tendo ainda de identificar as

questões que nos permitem identificar essas variáveis – “O que vamos mudar?”;

“O que vamos observar?” e “O que vamos manter?”.

Com base no procedimento disponibilizado, os alunos identificaram o

material que seria necessário à atividade, tendo eu disponibilizado o material

numa das mesas da sala. Os grupos realizaram então a identificação dos

materiais necessários, sendo que os mesmos só ficavam visíveis após a

identificação. Reuniram os materiais e deram início à última atividade.

Foi notório que o interesse das crianças pelo tema estudado não se

assemelha ao interesse pela temática dos ímanes, pois as mesmas não

demonstraram o mesmo entusiasmo na exploração da atividade. Nesta atividade

as crianças não demonstraram curiosidade, interesse e entusiasmo pelos

resultados que iriam obter.

No entanto, considero que o facto de serem eles próprio a construir a ficha

de registo facilitou o desenvolvimento da atividade, não sendo necessário apoiar-

se na mesma durante a execução do procedimento. Por ter sido necessário

valorizar o procedimento disponibilizado, por ser o único suporte ao

desenvolvimento da atividade, as crianças já conheciam a forma como a

atividade se iria desenvolver, por já conhecerem o conteúdo da ficha. A escolha

da forma de registo também foi importante, pois as crianças escolheram a forma

que mais lhes facilitaria o registo dos dados, uma forma simples e que estas

compreendessem, bastando apenas ordenar os solos pela quantidade de água,

utilizando a designação dos mesmos.

Page 86: As atividades experimentais como meio de promoção da

86

2. ANÁLISE DE DADOS

Foi com base na ideologia de Leleux (2006), na defesa do ser humano

autónomo como um indivíduo capaz de analisar e criticar e na presença destas

caraterísticas no ensino das ciências experimentais, que esta investigação foi

desenvolvida, procurando responder à questão “como é que a prática de

atividades experimentais em sala de aula influencia a autonomia individual e

social dos alunos?”. Tal como já foi mencionado no capítulo anterior, para

responder a esta questão foram recolhidos alguns dados de avaliação durante o

processo de investigação.

Os dados disponibilizados de seguida surgiram da autoavaliação

realizada pelos alunos e da heteroavaliação realizada por mim. As tabelas

apresentadas incluem uma avaliação quantitativa das capacidades dos alunos

no desenvolvimento das atividades experimentais e do trabalho em grupo. Os

valores apresentados incluem apenas a média de todos os alunos por momento

de avaliação ou a média de todos os momentos por cada aluno, tanto nas

atividades experimentais como no trabalho em grupo.

O processo de recolha de dados foi efetuado através de uma classificação

entre 1 e 4, tanto da minha parte como da parte das crianças, sendo que no caso

das crianças foi disponibilizada uma tabela de autoavaliação. É possível verificar

a avaliação qualitativa referente a cada um destes valores através do apêndice

II, que foi utilizado como referência para todos os momentos de avaliação. Após

a recolha das autoavaliações, foi com base na tabela disponibilizada no apêndice

III que reuni as classificações de todas as crianças, obtendo os dados

apresentados de seguida.

2.1. ATIVIDADES EXPERIMENTAIS

Silva (2009) refere que “As actividades laboratoriais são passíveis de

abordagens orientadas para o desenvolvimento da autonomia do aluno” (p. 205).

Com base nesta ideologia, apresentarei de seguida alguns dados relativos ao

desenvolvimento das atividades experimentais em sala de aula, fazendo

Page 87: As atividades experimentais como meio de promoção da

87

referência à avaliação por momentos do plano de investigação e à avaliação dos

alunos, englobando todo o plano, ao longo das atividades.

2.1.1. AVALIAÇÃO DA TURMA

AA – Avaliação dos alunos AP – Avaliação da professora-estagiária

Quadro 3 - Média de classificação por momento no desenvolvimento do plano de investigação

Com os dados apresentados no quadro 3, é possível comparar as

classificações atribuídas por mim e pelas crianças em cada momento do plano

de investigação. Estes dados foram obtidos através da média das classificações

de todas as crianças, ou seja, através da classificação atribuída a cada criança

em cada momento da atividade experimental e da união desses valores.

Apresento ainda uma média geral da atividade, que permite generalizar as

classificações obtidas em modo de conclusão.

Atividade I Atividade II Atividade III Atividade IV Atividade V Atividade VI

AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP

Questão-problema

3,62 2,35 3,00 3,36 3,04 3,30 3,04 3,78 2,96 3,83 3,09 3,78

Previsão 3,57 1,74 3,14 2,67 3,08 3,00 3,04 3,43 2,91 3,74 3,17 3,57

Variável independente

3,20 1,57 2,95 1,43 2,58 2,04 2,57 2,96 2,96 3,04 3,26 3,24

Variável dependente

3,24 1,61 2,71 1,43 3,08 2,04 2,74 2,96 2,87 3,09 3,09 3,24

Variáveis de controlo

3,05 1,65 2,70 1,52 2,54 1,96 2,87 2.96 2,83 3,13 3,17 2,91

Materiais 3,48 2,48 3,62 3,57 3,54 3,54 3,52 3,91 3,39 3,96 3,26 4,00

Procedimento 3,14 2,52 2,95 3,43 2,96 3,42 3,39 3,91 3,13 3,96 3,17 4,00

Execução 3,19 2,26 3,10 3,00 3,00 3,04 3,04 3,78 3,18 3,83 3,30 3,78

Observações 3,67 1,74 3,35 2,43 3,38 2,79 3,35 3,22 3,27 3,30 3,61 3,30

Conclusão 2,90 1,74 2,71 1,81 2,83 1,92 3,22 2,78 3,23 2,87 3,09 3,09

Média total 3,31 1,97 3,02 2,47 3,00 2,71 3,08 3,37 3,07 3,48 3,22 3,49

Page 88: As atividades experimentais como meio de promoção da

88

Uma das primeiras observações que sinto necessidade de realizar está

relacionada com as autoavaliações dos alunos. É possível verificar que os alunos

se tornaram mais moderados nas classificações que atribuíam a si mesmo,

chegando estas a diminuir ao longo das atividades, voltando a aumentar nas

atividades finais. Em 50% dos momentos do plano de investigação foi possível

verificar uma diminuição das classificações atribuídas pelos alunos entre a

primeira e a última atividade desenvolvidas, existindo uma sobreavaliação na

primeira atividade que foi sendo repensada ao longo das restantes.

Apesar da média das classificações atribuídas pelos alunos ser, quando

arredondada à unidade 3, é oscilante quando analisada às centésimas

diminuindo da primeira para a segunda atividade e da segunda para a terceira,

aumentando posteriormente da terceira para a quarta atividade, diminuindo mais

uma vez na transição para a quinta atividade e aumentando na última atividade.

O interesse das crianças pelas atividades e a necessidade de obterem bons

resultados determinam, em grande parte, as classificações que estas atribuem

a si próprias.

Na maioria das atividades, os alunos atribuíram classificações mais

baixas à identificação das variáveis em estudo, à compreensão do procedimento

e à elaboração da conclusão e da resposta à questão-problema. Estas foram as

áreas em que os alunos terão sentido maiores dificuldades ao longo de todas as

atividades, sendo por isso os momentos com classificações mais baixas. Pelo

contrário, o momento de realização da previsão, da execução do procedimento

e da identificação e recolha dos materiais são os momentos mais bem

classificados ao longo de todas as atividades, por terem sido os momentos em

que os alunos sentiram menos dificuldades.

Contrariamente à avaliação dos alunos, a classificação atribuída por mim

reflete valores mais baixos no momento da previsão, pois era o momento em

que surgiam mais dúvidas e em que as crianças realizavam mais questões, de

modo a obterem uma resposta acertada, ainda que tenha ficado estabelecido

com as mesmas que não existiam respostas corretas ou incorretas. Da mesma

forma, a minha classificação reflete valores mais elevados na compreensão do

procedimento a desenvolver, por razões semelhantes às explicitadas

anteriormente: era este o momento que suscitava menos dúvidas. Em

Page 89: As atividades experimentais como meio de promoção da

89

concordância estão os restantes momentos, pois também a identificação de

variáveis e a elaboração da conclusão se encontram com valores mais baixos

na classificação por mim atribuída, bem como a execução do procedimento e a

identificação e recolha dos materiais possuem valores mais elevados.

Em modo de comparação, podemos verificar que a diferença entre a

média de classificação atribuída por mim e a média de classificação atribuída

pelas crianças diminuiu ao longo das atividades, sendo que a primeira atividade

apresentava uma diferença de 1,34 e a última atividade uma diferença de 0,27.

As classificações dos alunos tornaram-se mais ponderadas ao longo das

atividades, aproximando-se bastante da minha classificação na última atividade.

No entanto, na primeira atividade as classificações atribuídas pelas crianças são

superiores às por mim atribuídas, sendo inferiores na última atividade.

Também as classificações obtidas por mim apresentam algumas

oscilações, pois nem sempre as crianças evoluíram entre atividades. No entanto,

a média de classificação de todos os momentos do plano de investigação

aumentou ao longo de todas as atividades, registando um aumento bastante

significativo da terceira para a quarta atividade, sendo esta a primeira atividade

dos ímanes. Este foi sem dúvida um dos melhores dias para o desenvolvimento

das atividades em sala de aula, pois as crianças sentiam-se interessadas e esse

estado fez-se notar na sua prestação. O estado de espírito e o envolvimento das

crianças nas atividades realizadas influencia de forma determinante a forma

como estas ocorrem, A classificação da última atividade apenas reflete a

facilidade com que os alunos desenvolveram determinadas partes desta

atividade, por terem sido os próprios a estruturar a mesma.

De um modo geral, os alunos consideraram que a sua prestação foi

positiva em todos os momentos de todas as atividades, não existindo médias

inferiores a 2, sendo este o limite da classificação positiva. Pelo contrário, 20%

dos 60 momentos por mim avaliados são negativos, estando estes concentrados

nas primeiras três atividades e, maioritariamente, na identificação das variáveis.

No entanto, a avaliação geral dos alunos diminuiu ao longo das atividades,

considerando os mesmos que na primeira atividade foram mais independentes

que nas restantes.

Page 90: As atividades experimentais como meio de promoção da

90

Tendo em consideração que as dificuldades sentidas são refletidas nas

classificações por eles atribuídas, seria de esperar que a primeira tarefa

apresentasse uma classificação superior às restantes, por ter sido a mais

acompanhada por mim. No entanto, acredito que o que reflete a autonomia e

independência dos alunos é a forma como estes ultrapassam as suas

dificuldades sozinhos, sendo esta uma das dificuldades sentidas pelos mesmos

nas últimas atividades, refletindo-se nas classificações.

2.1.2. AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

Cada aluno tem uma personalidade própria e isso determina a forma como

este vê o mundo e os outros. Os seus interesses determinam as suas

classificações a nível escolar, existindo alunos que não são apreciadores da área

das ciências, dedicando maioritariamente a sua atenção à área das letras e vice-

versa. É necessário que o professor se sinta na obrigação de conhecer os seus

alunos, procurando compreender quais são os que precisam de se sentir

cativados e qual o esforço que precisa de aplicar no momento de os cativar para

o desenvolvimento de uma atividade. Se a área de eleição do professor não for

compatível com a área de eleição da criança isto não significa que o professor

deve desistir dessa relação, mas sim que deve colocar mais esforço na mesma,

procurando o seu sucesso.

A avaliação individual dos alunos permite verificar a influência que cada

aluno exerceu na avaliação global da turma, pois é através da mesma que

determinamos os alunos com classificações mais elevadas e os alunos com

classificações mais baixas, não sendo esta componente percetível numa média

geral. É também através da mesma que é possível verificar a evolução de cada

aluno, sendo esta realmente importante para a investigação em estudo.

No quadro 4 estão expostas as avaliações de forma comparativa, tal como

no quadro anterior. O símbolo “/” indica que o aluno não esteve presente na

atividade e o símbolo “-“ indica que os alunos não realizaram a autoavaliação

por não se encontrarem presentes na sala no momento da mesma, ainda que

tenham realizado a atividade experimental.

Page 91: As atividades experimentais como meio de promoção da

91

Alunos Atividade I Atividade II Atividade III Atividade IV Atividade V Atividade VI

AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP

AM 3,0 2,0 2,0 2,0 2,2 1,7 2,6 2,9 2,6 2,9 2,9 3,0

AB 3,7 2,8 4,0 3,0 3,6 2,8 3,7 3,7 3,9 3,8 3,9 4,0

AR* - 1,3 1,9 1,7 3,0 1,6 2,7 3,1 2,7 3,3 4,0 3,0

BT 2,5 1,5 2,1 2,0 2,4 2,2 2,7 3,3 1,7 3,6 3,0 3,4

CC 3,5 2,3 2,9 3,1 3,2 3,4 3,1 3,7 3,2 3,7 3,2 3,5

CG 2,7 1,5 2,6 2,5 2,7 2,5 2,5 3,2 2,5 3,5 2,5 3,5

DB 3,2 1,5 / / 2,6 1,8 2,8 3,6 2,9 2,5 2,8 2,8

EC / / 3,1 3,1 2,9 3,7 3,4 4,0 3,2 4,0 3,3 4,0

FF 3,5 1,9 3,0 2,5 3,1 2,7 3,5 3,5 3,1 3,6 2,6 3,7

GA 2,9 1,2 2,9 1,8 2,8 1,7 3,0 2,8 2,6 3,3 2,8 2,3

GB 3,6 1,6 3,2 2,0 3,2 2,8 3,1 3,2 3,1 3,1 3,3 3,3

GP 2,6 1,8 2,8 2,4 2,6 2,9 2,7 3,4 3,2 3,5 3,3 3,4

LF 3,8 3,6 3,9 3,5 3,9 3,8 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0

MC 4,0 1,4 3,5 1,9 3,7 1,9 / / / / / /

MS* - 1,3 1,5 1,7 1,2 2,2 1,5 2,6 1,8 2,9 2,6 2,7

MG 3,3 2,2 3,6 2,5 3,5 2,9 3,5 3,5 3,7 3,6 3,7 3,5

MP / / 3,8 3,1 3,7 3,6 4,0 4,0 4,0 4,0 3,3 4,0

ML 3,6 3,0 3,2 2,9 3,4 3,4 3,7 3,5 3,7 3,5 3,8 3,7

ME 3,2 2,4 / / 2,9 3,1 3,6 3,6 3,4 3,7 3,5 3,7

PD 3,6 1,4 2,9 1,8 3,2 2,5 2,4 2,8 2,7 2,9 2,8 2,8

SP 3,6 1,3 / / 2,8 2,0 / / / / / /

SF 2,7 1,6 / / / / 2,5 3,6 2,5 3,6 2,4 3,6

SC 3,2 1,8 3,2 2,6 3,2 3,0 3,7 3,4 3,9 3,5 3,8 3,3

SN 3,8 1,9 3,2 2,3 3,3 3,1 2,7 3,4 3,0 3,5 3,4 3,3

TM 3,4 3,2 3,0 3,3 3,0 3,3 3,4 3,8 3,2 3,9 3,3 4,0

AA – Avaliação dos alunos AP – Avaliação da professora-estagiária

*Aluno/a com Necessidades Educativas Especiais

Quadro 4 - Média de classificação individual no desenvolvimento do plano de investigação

No quadro 4 podemos observar que a classificação bastante elevada de

alguns alunos, no momento da média de toda a turma, irá colmatar a

classificação baixa de outros alunos.

Page 92: As atividades experimentais como meio de promoção da

92

Considerando as classificações atribuídas por mim, desde a primeira

atividade alguns alunos receberam classificações elevadas, como é o caso das

alunas LF e ML, seguidas pelo aluno TM e posteriormente pelas alunas MP e

EC, pois estas não estavam presentes no desenvolvimento da primeira

atividade. Isto não significa que estes alunos são melhores alunos ou piores

alunos que os restantes, significando apenas que demonstraram maior à

vontade com o desenvolvimento das atividades experimentais, demonstrando

desde o início que se integravam numa prática educativa de que as mesmas

fizessem parte.

Podemos verificar ainda alguns aumentos significativos nas

classificações, como é o caso das alunas AB, BT, CC, CG, FF, GB, MG, SF e

SN, sendo estas quase todos os elementos femininos da turma. As

classificações de alguns elementos do sexo masculino, como é o caso dos

alunos DB, GA e PD, apresentaram desde o início valores baixos, sendo ainda

das classificações mais baixas da última atividade. A aluna MC e o aluno SP

apresentam classificações inconclusivas, pelo número de ausências registado,

estando ausentes em três ou mais atividades, contabilizando metade das

atividades realizadas. Estes alunos foram retirados das médias da turma, de

forma a não influenciarem, positiva ou negativamente os resultados.

Indo ao encontro das personalidades dos vários alunos, posso considerar

que os alunos DB e GA apresentaram muitas dificuldades no desenvolvimento

das atividades, ainda que se tenham esforçado por acompanhar as mesmas,

sendo que o aluno PD apenas se sentiu desmotivado na sua realização, não

querendo muitas das vezes fazer parte das atividades, por ser excluído pela

turma e pelos próprios elementos do grupo de trabalho.

Um dos alunos que mais me surpreendeu positivamente foi o aluno AR,

aluno com Necessidades Educativas Especiais, que demonstrou bastante

interesse pelas últimas três atividades desenvolvidas, envolvendo-se de forma

bastante intensa nas mesmas, apresentando, no entanto, algumas dificuldades

em alguns dos momentos do plano de investigação.

As classificações atribuídas tanto por mim como pelos alunos são, de um

modo geral, médias/altas, sendo que nas primeiras atividades desenvolvidas as

Page 93: As atividades experimentais como meio de promoção da

93

classificações atribuídas por mim poderiam ser classificadas como

médias/baixas.

2.2. TRABALHO EM GRUPO

Além do desenvolvimento do plano de investigação, optei ainda por

analisar a evolução da turma na componente do trabalho em grupo, tendo em

consideração que este não é um tipo de trabalho utilizado frequentemente na

prática da professora titular da turma. Sendo uma turma cheia de elementos

individualistas por natureza, considerei que talvez na avaliação deste momento

me deparasse com alguns problemas, pois os conflitos coabitam com as

relações de amizade, sendo por vezes coincidentes, ou seja, existindo as duas

relações entre dois alunos. No entanto, no momento de trabalhar em grupo,

todos os alunos procuraram cooperar o máximo que conseguiam, de forma que

este tipo de trabalho lhes fosse proporcionado mais vezes.

2.2.1. AVALIAÇÃO DA TURMA

AA – Avaliação dos alunos AP – Avaliação da professora-estagiária

Quadro 5 - Média de classificação por momento no desenvolvimento do trabalho em grupo

Atividade I Atividade II Atividade III Atividade IV Atividade V Atividade VI

AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP

Distribuir tarefas

2,57 1,87 2,50 2,43 2,42 2,58 2,43 2,78 2,64 2,87 2,57 2,74

Respeitar os colegas

2,81 1,70 2,85 2,29 2,63 2,50 2,70 2,65 2,73 2,65 2,66 2,61

Dar a vez 2,62 1,52 2,60 2,10 2,50 2,38 2,65 2,70 2,68 2,74 2,74 2,79

Manter a ordem

1,86 1,39 2,45 1,90 2,33 2,42 2,30 2,48 2,32 2,35 2,26 2,39

Partilhar os materiais

2,71 1,57 2,70 2,43 2,63 2,96 2,65 2,96 2,50 2,83 2,65 2,96

Média total 2,51 1,61 2,62 2,23 2,50 2,57 2,55 2,71 2,57 2,69 2,58 2,70

Page 94: As atividades experimentais como meio de promoção da

94

Como é possível verificar pelo quadro 5, também as avaliações relativas

ao trabalho em grupo evidenciam um aumento considerável nas classificações

por mim atribuídas, sendo esta componente mais evidente na distribuição das

tarefas, em dar a vez aos colegas e na partilha dos materiais, sendo também

estes os momentos melhor classificados pelas crianças. As componentes de

respeitar os colegas e manter a ordem são as que apresentam piores

classificações, tanto da minha parte como da parte das crianças. Manter a ordem

foi o comportamento mais difícil desde a primeira atividade até a última, obtendo

a pior classificação em todas as atividades. Os próprios alunos consideraram

que não tinham conseguido manter a ordem e um bom ambiente de trabalho,

classificando-se de forma um pouco mais baixa.

Ainda que estas componentes de avaliação não sejam as mais

adequadas e não tenham uma relação direta com a autonomia no trabalho em

grupo, são estas as componentes mais faladas em sala de aula no momento do

trabalho, sendo assim as mais fáceis de compreender e classificar pela parte das

crianças. De modo a não diferenciar o processo de avaliação, mantive também

a minha avaliação com esses critérios, permitindo um termo de comparação.

Para as minhas conclusões usei ainda a componente da observação, algo que

não pode ser quantificado.

Podemos verificar que nesta componente não existe uma discrepância tão

acentuada entre as classificações atribuída por mim e as autoavaliações dos

alunos. Apenas a primeira atividade apresenta uma discrepância mais elevada,

registando uma diferença de 0,9, sendo que a atividade com menor diferença foi

a terceira atividade, com uma diferença de 0,07. Esta atividade foi a atividade

onde se registou uma maior calmaria por parte dos alunos, sendo possivelmente

aquela em que os mesmos sentiram mais dificuldades e, por isso, precisaram de

maior concentração, proporcionando um melhor ambiente de trabalho.

De um modo geral, os alunos consideraram que a sua prestação foi

positiva em todas os momentos do trabalho em grupo, não existindo médias

inferiores a 1,5, sendo este o limite da classificação positiva. Em concordância,

apenas uma das classificações por mim atribuída é inferior a este valor,

correspondendo à atitude de manter a ordem no desenvolvimento da primeira

atividade. As classificações positivas nestas vertentes do trabalho em grupo

Page 95: As atividades experimentais como meio de promoção da

95

dependem sobretudo do estado de espírito dos alunos e da sua pré-disposição

para o desenvolvimento deste tipo de trabalho.

2.2.2. AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

Alunos Atividade I Atividade II Atividade III Atividade IV Atividade V Atividade VI

AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP

AM 2,0 1,4 1,6 2,0 1,6 2,4 1,8 2,6 2,4 2,8 1,6 2,8

AB 3,0 2,4 3,0 2,8 3,0 2,8 3,0 3,0 3,0 3,0 2,8 3,0

AR* / 1,4 / 2,6 2,6 2,4 2,2 3,0 / 3,0 2,4 3,0

BT 2,8 2,2 2,6 2,4 2,8 3,0 3,0 3,0 2,4 3,0 3,0 3,0

CC 2,0 1,4 2,6 1,6 2,2 2,4 2,0 2,4 2,2 2,4 2,0 2,4

CG 2,4 1,2 2,6 1,8 2,4 2,4 2,2 3,0 1,6 2,8 2,2 2,6

DB 2,4 1,8 / / 2,6 2,8 2,0 2,8 2,2 2,8 2,8 2,8

EC / / 2,6 2,4 2,6 3,0 2,6 3,0 2,8 3,0 2,8 3,0

FF 2,6 2,4 2,6 2,8 2,4 3,0 2,6 3,0 2,2 2,8 2,4 2,8

GA 2,8 1,6 2,8 2,2 2,6 2,4 3,0 2,4 2,8 2,6 2,8 2,6

GB 2,0 1,0 2,4 1,8 2,4 2,2 2,4 2,2 3,0 2,2 2,4 2,2

GP 1,8 1,0 2,6 1,4 2,0 2,4 3,0 2,6 3,0 2,4 3,0 2,4

LF 2,8 1,4 3,0 2,0 3,0 2,6 2,8 2,2 2,8 2,2 3,0 2,4

MC 3,0 1,6 3,0 2,0 3,0 2,6 / / / / / /

MS* / 1,8 2,8 2,8 2,8 2,8 3,0 3,0 2,8 3,0 3,0 3,0

MG 2,2 1,0 2,8 2,4 2,4 2,4 2,8 2,6 3,0 2,4 3,0 2,4

MP / / 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0

ML 2,8 2,6 2,6 2,6 2,6 3,0 2,6 3,0 2,4 3,0 2,4 3,0

ME 2,2 1,0 / / 2,6 2,2 2,6 2,4 2,6 2,6 2,8 2,4

PD 2,8 1,0 2,6 1,4 2,4 2,2 2,4 2,2 2,6 2,2 2,6 2,2

SP 2,8 1,2 / / 2,6 1,6 / / / / / /

SF 2,4 2,2 / / / / 2,2 2,8 2,4 2,8 2,0 3,0

SC 2,8 1,4 3,0 2,0 2,8 2,6 2,8 2,4 2,8 2,2 3,0 2,4

SN 2,6 1,6 2,4 2,2 2,6 2,4 2,4 2,8 2,6 2,6 2,6 2,6

TM 2,6 2,4 2,4 2,6 2,0 3,0 2,4 3,0 2,0 3,0 1,8 3,0

AA – Avaliação dos alunos AP – Avaliação da professora-estagiária

*Aluno/a com Necessidades Educativas Especiais

Quadro 6 - Média de classificação individual no desenvolvimento do trabalho em grupo

Page 96: As atividades experimentais como meio de promoção da

96

Tal como já foi mencionado anteriormente, a componente individual é

determinante no processo de classificação, pois classificações elevadas de

alguns alunos irão combater as classificações mais baixas de outros.

Considerando as classificações atribuídas por mim, desde a primeira

atividade alguns alunos receberam classificações elevadas, como é o caso das

alunas AB, BT, FF, ML e SF seguidas pelo aluno TM e posteriormente pelas

alunas MP e EC. Esta componente das classificações está sobretudo

relacionada com a personalidade dos alunos e com o seu comportamento em

sala de aula, sendo estes alunos os que menos perturbam o ambiente de

trabalho.

Ainda que algumas alunas tenham tido melhores classificações na

componente do plano de investigação, isto não significa que as mesmas terão

boas classificações na componente do trabalho em grupo, pois algumas destas

alunas perturbaram os restantes elementos dos seus grupos e,

consequentemente, impediram o estabelecimento de um bom ambiente de

trabalho.

Podemos verificar que toda a turma registou um aumento significativo nas

suas classificações. Muitas das vezes são os próprios alunos, sem o apoio do

professor, que compreendem que não estabelecem um bom ambiente de

trabalho e que isso é prejudicial para eles próprios e não apenas para os outros.

Modificam assim a sua atitude, de modo a criar um ambiente que facilite as

aprendizagens e o bem-estar de todos os elementos da turma.

Tal como na classificação do plano de investigação, a aluna MC e o aluno

SP apresentam classificações inconclusivas, pelo número de ausências

registado. Os alunos com classificações abaixo dos 2,4 na última atividade, ou

seja, as alunas CC, GB, LF e MG e os alunos GP, ME, PD e SC, são alunos

bastante conversadores e com um tom de voz elevado, sendo brincalhões e

destabilizando um pouco o ambiente em sala de aula. Tendo em consideração

que estes alunos representam praticamente 1/3 da turma, o impacto que estes

têm no ambiente de trabalho é bastante significativo, alterando toda a dinâmica

deste tipo de trabalho. No entanto, são alunos interessados pelos trabalhos

desenvolvidos em sala de aula, colmatando um pouco o mau comportamento

que por vezes surge.

Page 97: As atividades experimentais como meio de promoção da

97

Uma das alunas que mais me surpreendeu positivamente foi a aluna BT,

pois conseguiu coordenar o seu grupo desde o início, distribuindo tarefas,

apoiando os seus colegas nas aprendizagens e procurando sempre não

desvalorizar nenhum dos elementos do grupo, ainda que seja uma aluna que por

norma não se destaca e por vezes é excluída pelos colegas. De acordo com a

definição de líder defendida por Vanoye (1979), já referida anteriormente, esta

aluna integra-se como membro de liderança cooperativo, pois não impõe as suas

opiniões os colegas e não se fez notar enquanto membro autoritário mas

enquanto elemento participativo e coordenador da comunicação necessária ao

bom funcionamento do grupo.

As classificações atribuídas tanto por mim como pelos alunos são, de um

modo geral, médias/altas, estando um pouco acima da média registada nos

momentos do plano de investigação. Possivelmente, isto estará relacionado com

o facto de parte do trabalho em grupo ser gerido por atitudes e valores, sendo

estes parte integrante das relações sociais estabelecidas no quotidiano de

qualquer instituição de ensino.

2.3. Trabalho Intra Grupos e Leadership

O trabalho desenvolvido pelos grupos, tal como já foi mencionado, é

deveras influenciado pelas relações que existem entre os vários elementos de

um grupo, ou seja, pela componente social vivenciada diariamente pelos vários

elementos da turma. Desta forma, penso que seja determinante o

desenvolvimento de uma pequena análise das classificações obtidas por cada

grupo de trabalho.

Os grupos de trabalho foram formados com os seguintes elementos:

Grupo 1 – AM, GA, SF, CG e SP;

Grupo 2 – CC, GB, ML, TM e ME;

Grupo 3 – AB, MC, AR, MG e PD;

Grupo 4 – FF, DB, MS, BT e GP;

Grupo 5 – LF, MP, SN, SC e EC.

Estes grupos foram formados com o apoio da professora titular de turma,

procurando juntar, de acordo com as escolhas da mesma, os alunos com

melhores classificações aos alunos com não tão boas classificações.

Page 98: As atividades experimentais como meio de promoção da

98

Procurámos ainda não estabelecer muitas diferenças em relação à planta da

sala de aula diária, de forma a não criar muita confusão no momento de

organização em grupos.

É possível verificar as avaliações por grupos, relativamente ao plano de

investigação, no quadro 7.

Alunos Atividade I Atividade II Atividade III Atividade IV Atividade V Atividade VI

AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP

Grupo 1 2,98 1,52 2,50 2,10 2,63 1,98 2,65 3,13 2,55 3,33 2,65 3,10

Grupo 2 3,46 2,50 3,08 2,83 3.14 3,20 3,38 3,56 3,32 3,58 3,42 3,64

Grupo 3 3,65 1,82 3,18 2,18 3,40 2,34 3,08 3,28 3,25 3,40 3,60 3,33

Grupo 4 2,95 1,60 2,35 2,15 2,38 2,36 2,64 3,28 2,54 3,22 2,86 3,20

Grupo 5 3,60 2,43 3,44 2,92 3,40 3,44 3,56 3,76 3,62 3,80 3,56 3,72

AA – Avaliação dos alunos AP – Avaliação da professora-estagiária

Quadro 7 - Classificações do Trabalho Intra Grupos no desenvolvimento do plano de investigação

Os grupos com classificações mais baixas nas primeiras atividades

mantiveram-se com classificações mais baixas ao longo de todas as atividades.

Da mesma forma, os grupos com classificações mais altas também se

mantiveram dessa forma até ao fim.

Existe alguma discrepância entre as classificações por mim atribuídas e

as classificações atribuídas pelos alunos, principalmente nas primeiras

atividades desenvolvidas. Nos grupos com classificações mais baixas esta

discrepância foi notória em todas as atividades realizadas.

Apesar do grupo 4, de acordo com Vanoye (1979), ter um líder cooperativo

e ter evoluído notoriamente ao longo das várias atividades, um dos elementos

do grupo obteve sempre classificações baixas, influenciando a média obtida pelo

grupo.

Pelo contrário, apesar dos líderes dos grupos 2 e 5 serem líderes

respetivamente, manipulador e autoritário, estes grupos obtiveram sempre

classificações altas, pois os elementos presentes nestes grupos demonstraram

maior à vontade com este tipo de atividades, não sendo necessária uma

excelente coordenação para que os grupos obtivessem bons resultados.

Page 99: As atividades experimentais como meio de promoção da

99

Os líderes dos restantes grupos, 1 e 3, têm atitudes também de líder

autoritário, sendo este o mais comum em menosprezo do líder cooperativo.

Apesar das diferenças de liderança não terem influenciado as

classificações do desenvolvimento do plano de investigação, a diferença na

presença dos diferentes tipos de líderes nos grupos fez-se notar

maioritariamente nas classificações do trabalho em grupo. Estas classificações

são apresentadas no quadro 8.

Alunos Atividade I Atividade II Atividade III Atividade IV Atividade V Atividade VI

AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP AA AP

Grupo 1 2,48 1,52 1,87 2,0 2,25 2,20 2,30 2,80 2,30 2,75 2,15 2,75

Grupo 2 2,32 1,68 2,50 2,15 2,36 2,56 2,40 2,60 2,44 2,64 2,28 2,60

Grupo 3 2,75 1,48 2,85 2,24 2,68 2,48 2,60 2,70 2,87 2,65 2,70 2,65

Grupo 4 2,40 1,84 2,65 2,35 2,52 2,80 2,72 2,88 2,56 2,80 2,84 2,80

Grupo 5 2,73 1,47 2,80 2,32 2,80 2,72 2,72 2,68 2,80 2,60 2,88 2,68

AA – Avaliação dos alunos AP – Avaliação da professora-estagiária

Quadro 8 - Classificações do Trabalho Intra Grupos no desenvolvimento do Trabalho em Grupo

Comparando os quadros 7 e 8, podemos verificar que os grupos com

piores classificações, 1 e 4, no desenvolvimento do plano de investigação são,

no entanto, os grupos com melhores classificações no desenvolvimento do

trabalho em grupo. Existe a possibilidade de estas classificações se

influenciarem de forma determinante, ou seja, o facto do grupo sentir mais

dificuldades no desenvolvimento do plano de investigação fez com que o mesmo

se apoiasse mais nas tarefas a desenvolver. Este apoio poderá ter provocado

uma maior ligação entre os vários elementos do grupo, desenvolvendo-se uma

relação de maior respeito e melhor comunicação ao identificarem as

necessidades sentidas pelos vários membros do grupo.

Page 100: As atividades experimentais como meio de promoção da

100

3. RETROSPETIVA DOS ALUNOS PARTICIPANTES

De modo a compreender qual o impacto desta investigação nos alunos

participantes, optei por realizar um questionário final (apêndice IV) que me

permitiu analisar qual a opinião dos mesmos sobre as atividades desenvolvidas.

Apenas 22 dos 25 alunos da turma responderam ao questionário, pois os outros

três não estavam presentes no momento de responder ao mesmo.

Comecei o questionário pelas questões “o que gostaste mais?” e “o que

gostaste menos?”, procurando compreender quais as atividades experimentais

que tinham sido mais apreciadas pelos alunos. À questão “o que gostaste mais?”

3 alunos responderam que gostaram de todas as atividades, de um modo geral;

3 alunos referiram a atividade dos solos; 6 alunos referiram a germinação e 10

alunos disseram ter apreciado mais as atividades com ímanes. Pelo contrário, à

questão “o que gostaste menos?”, 1 aluno referiu não ter gostado das fichas de

registo, pedindo só a componente prática das atividades; 4 alunos disseram não

ter gostado das atividades com ímanes; 1 aluno referiu não gostar de preencher

os questionários disponibilizados pelas estagiárias; 4 alunos referiram a

atividades “a luz e os materiais”; 8 alunos disseram não ter gostado da

germinação de sementes de feijão; 3 alunos referiram não ter gostado de

trabalhar em grupo e 2 alunos identificaram a atividade dos solos. De um modo

geral, os alunos que referiram gostar da germinação, disseram não gostar das

atividades com ímanes e vice-versa.

Posteriormente questionei que partes do plano de investigação já

conseguiam cumprir e de que modo: com a ajuda dos colegas, com a ajuda das

professoras ou sozinhos. As respostas estão registadas no quadro seguinte:

Page 101: As atividades experimentais como meio de promoção da

101

Não consigo

Consigo com a

ajuda das

professoras

Consigo com a

ajuda dos

colegas

Consigo

sozinho

Compreender a

questão-problema 0 3 9 10

Realizar a previsão 1 6 9 6

Identificar as

variáveis 1 4 7 10

Identificação e

recolha de

materiais

0 2 4 16

Compreensão do

procedimento 3 4 6 9

Execução dos

procedimentos 4 3 6 9

Registo das

observações 0 5 7 10

Retirar conclusões

e responder à

questão-problema

2 4 4 12

Quadro 9 - Respostas ao questionário final sobre as atividades experimentais

Quando questionados sobre ainda precisarem do apoio das professoras,

17 alunos indicaram ainda precisar da ajuda das professoras no

desenvolvimento das atividades experimentais, utilizando justificações como: “às

vezes tenho dúvidas”, “não consigo responder às perguntas”, “preciso de

aprender mais”, “as atividades são difíceis”, “preciso de ajuda para experimentar

as coisas” e “ainda não sei fazer tudo sozinha”. Os 5 alunos que responderam já

não precisar da ajuda da professora, utilizaram justificações como: “eu percebi

Page 102: As atividades experimentais como meio de promoção da

102

tudo”, “já começo a compreender as coisas sozinha” e “durante as experiências

já me ajudaram a aprender”.

Ao questionar o que pensam conseguir fazer agora que não conseguiam

antes, os alunos responderam algo como: “já consigo fazer previsões e antes

não conseguia”, “já compreendo as experiências e outras coisas que as

experiências me ajudaram a compreender e também me divirto”, “antes não

conseguia fazer nada e agora já sei algumas coisas” e “responder «o que vamos

mudar?», «o que vamos manter?», «o que vamos observar?» e à questão-

problema”.

Na componente do trabalho em grupo, 20 alunos disseram ter gostado

desta prática enquanto 2 responderam que não. Algumas das razões utilizadas

foram “é mais fácil”, “é divertido”, “aprendo mais”, “trabalho com os meus

amigos”, “tenho mais ajuda” e “ajudamo-nos uns aos outros”. Quando

questionados sobre a forma como desenvolveram o trabalho em grupo as

respostas são diversas, desde “todos trabalhamos o mesmo”, com 13 respostas,

“eu fiz tudo” e “eu trabalhei mais”, com 3 respostas cada, passando por “eu

trabalhei menos, com 2 respostas, e “eu não fiz nada”, com 1 resposta. Foi ainda

referido por 6 elementos da turma que um ou mais elementos do grupo não

trabalharam.

Quando questionados sobre os vários momentos avaliados no trabalho

em grupo, as respostas foram as seguintes:

Page 103: As atividades experimentais como meio de promoção da

103

Não consigo Consigo com o

apoio das

professoras

Consigo com o

apoio dos

colegas

Consigo sozinho

Distribuir tarefas 2 0 10 10

Respeito pelo

outro 0 1 6 14

Dar a vez 1 1 2 18

Manter a ordem 3 1 6 12

Partilha de

materiais

2 1 6 13

Quadro 10 - Respostas ao questionário final sobre o trabalho em grupo

.

Tendo em consideração as respostas fornecidas neste questionário, o

feedback disponibilizado pelas crianças é considerado positivo, sendo que a

maioria refere já conseguir desenvolver quase todas as componentes de forma

independente, dando justificações satisfatórias às questões de resposta aberta,

algo que também não era conseguido no início.

Page 104: As atividades experimentais como meio de promoção da
Page 105: As atividades experimentais como meio de promoção da

CONSIDERAÇÕES GLOBAIS

Page 106: As atividades experimentais como meio de promoção da

106

O presente relatório teve por base uma investigação desenvolvida em

momento de estágio, ou seja, em simultâneo com a prática pedagógica, que

procurava responder à questão-problema colocada inicialmente – “de que forma

a prática de atividades experimentais em sala de aula influencia a autonomia

individual e social dos alunos?”. No momento do desenvolvimento desta

investigação foram várias as dificuldades sentidas, estando ainda presente a

dificuldade de dar resposta à questão-problema.

Uma das grandes dificuldades sentidas durante a escolha do tema, da

elaboração da questão de investigação e da pertinência que a investigação

poderia ter para a minha prática profissional, foi a identificação de um foco de

interesse, que me permitisse investigar uma temática pertinente para os alunos

e para mim enquanto profissional de educação. De acordo com Quivy (1992),

“(…) não é fácil conseguir traduzir o que vulgarmente se apresenta como um

foco de interesse ou uma preocupação relativamente vaga num projecto de

investigação operacional.” (p. 31), sendo essa a primeira preocupação de quem

jornadeia pelo mundo da investigação.

A dificuldade de começar de forma válida um trabalho tem, frequentemente,

origem numa preocupação de fazê-lo demasiado bem e de formular desde

logo um projecto de investigação de forma totalmente satisfatória. É um erro.

Uma investigação é, por definição, algo que se procura. É um caminhar para

um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal, com todas as

hesitações, desvios e incertezas que isso implica. (Quivy, 1992, p. 31)

Outra das dificuldades esteve relacionada com a implementação das

atividades em sala de aula, pois a professora titular da turma utiliza o manual

escolar em todo o seu processo de ensino. Posto isto, senti alguma dificuldade

em realizar as atividades propostas no mesmo, sendo que a professora acabou

por me fornecer alguma liberdade para adaptar essas atividades da forma que

fosse mais conveniente, tanto para mim como para os alunos. Surgiram então

as fichas de registo e com as mesmas, outras dificuldades: a adaptação a cada

atividade e a escolha das melhores formas de elaboração da mesma, tentando

que esta fizesse sentido para os alunos sem que se tornasse pouco científica ou

demasiado complicada de descodificar.

Page 107: As atividades experimentais como meio de promoção da

107

Procurei então ser flexível no processo de implementação das atividades,

prontificando-me a realizar atividades propostas pelos alunos e a adaptar cada

ficha de registo à atividade e à turma, procurando conhecer as caraterísticas da

mesma ao longo do período de estágio. Percorrendo todas as modificações que

fui realizando nas fichas de registos, considero que em todas elas tive dúvidas

sobre se teriam a forma mais adequada, tanto em previsões, como em registos

de observações ou até mesmo na formulação da questão-problema. A minha

única certeza era que ao longo das atividades gostaria de tirar elementos da

ficha, tentando que na última atividade fossem os alunos a construir a ficha de

registo. Consegui esta componente das minhas ideologias iniciais, ocorrendo

esta de uma forma bastante simplificada e de forma bastante mais positiva do

que eu teria imaginado.

A principal dificuldade que identifiquei foi dar resposta às necessidades

individuais de cada aluno, aos gostos e preferências da turma e, ainda assim,

manter ativa a utilização do manual na sala de aula, considerando as avaliações

formativas. Durante o processo de avaliação, tal como já foi mencionado

anteriormente, o professor deve efetuar uma análise das necessidades de cada

criança e ter sempre em consideração as avaliações formativas. Outra das

componentes que procurei evitar enquanto professora foram as respostas

subjetivas, ou seja, evitar que a minha opinião sobre algo afetasse os momentos

de debate e estabelecimento de conclusões, sentindo ainda algum receio no

desenvolvimento dos temas com que me sinto menos à vontade.

O registo das notas de campo não ficou facilitado, pois estas não podiam

ser realizadas durante o desenvolvimento das atividades, porque poderia perder

algum momento importante ou perder o interesse das crianças, que precisam de

ter toda a atenção focada nelas para que se mantenham interessadas nas

atividades desenvolvidas. As notas de campo foram assim registadas mais tarde,

ao chegar a casa ou no momento do intervalo das aulas, podendo da mesma

forma ficar alguma informação por apontar. Optei então por registar os

momentos de implementação das atividades em registos áudio, por acreditar que

seria mais fácil recordar através dos mesmos. No entanto, ao ouvir as gravações

áudio apercebi-me que, pela sensibilidade do dispositivo, todos os sons foram

gravados, incluindo toda a confusão que existia na sala no momento da

Page 108: As atividades experimentais como meio de promoção da

108

atividade. Isto tornou um pouco difícil decifrar alguns momentos dos diálogos

registados nas gravações.

A escolha do processo de recolha de dados também se revelou intensa e

complexa. Por não considerar que a autonomia possa ser medida

quantitativamente, tive alguma dificuldade em formular uma escala que me

permitisse recolher as autoavaliações das crianças e, posteriormente, comparar

essas autoavaliações com avaliações realizadas por mim. Para se tornar mais

fácil essa comparação, realizei igualmente uma avaliação das crianças,

utilizando a mesma escala de referência, estabelecendo uma relação entre a

avaliação qualitativa e quantitativa.

O tempo em que decorreu esta investigação apresentou-se ainda como

um problema. Considerando que esta investigação decorreu apenas em onze

semanas, sendo este o período em que decorreu o estágio no contexto onde a

mesma se realizou, não podemos considerar que a mesma é totalmente exata.

Por diversas razões, a presença do investigador altera o comportamento dos

elementos praticantes. De acordo com Ponte (2002), é necessário estabelecer

“(…) condições que permitam um distanciamento do investigador relativamente

ao objecto de estudo, quando este lhe é à partida muito próximo, possibilitando

a sua análise racional” (p. 10). Além disto, uma investigação mais duradoura

poderia proporcionar resultados diferentes dos obtidos neste período de tempo.

Ainda assim, irei estabelecer algumas conclusões acerca da investigação

realizada, procurando responder à questão-inicial. Estas conclusões não podem

ser generalizadas a todos os membros do sistema de ensino, professores ou

alunos, tendo em consideração que, nestas investigações, o contexto em que as

mesmas decorrem e a personalidade dos elementos que nelas participam, são

decisivas para os resultados obtidos, não simplesmente influenciando, mas

determinando os mesmos.

Oliveira (2010) refere alguns benefícios das atividades experimentais

enquanto recurso no ensino das ciências: motivam e despertam a atenção dos

alunos; desenvolvem a capacidade de trabalhar em grupo; desenvolvem a

capacidade de iniciativa e de tomar decisões; estimulam a criatividade;

desenvolvem a capacidade de observação e de registo de informações;

desenvolvem a capacidade de analisar dados e propor hipóteses; proporcionam

Page 109: As atividades experimentais como meio de promoção da

109

o desenvolvimento do vocabulário científico; permitem analisar e testar as

conceções alternativas das crianças; permitem valorizar a natureza da ciência e

a importância dos cientistas; permitem compreender as relações entre ciência,

tecnologia, sociedade e ambiente (abordagem CTSA); desenvolvem nas

crianças a capacidade de manipular objetos de forma cuidada e controlada.

Alguns destes conhecimentos e capacidades desenvolvidas pela prática

de atividades experimentais, poderão ser estendidos às restantes áreas

curriculares, por exemplo o desenvolvimento da criatividade, a capacidade de

analisar dados e o cuidado a manipular objetos. O desenvolvimento de

determinadas capacidades referidas por Oliveira (2010) permite às crianças

desenvolver a capacidade de trabalhar de forma autónoma, permitindo e

promovendo que as crianças acreditem nas suas capacidades e conhecimentos

e na utilização dos mesmos enquanto principal recurso em momentos de dúvida.

As crianças adquirem assim um reforço na sua autoestima e na credibilidade que

existe no próprio indivíduo em função das capacidades reconhecidas em

terceiros.

Com base nos resultados obtidos através da comparação entre a

autoavaliação dos alunos e a minha avaliação dos mesmos, podemos considerar

que ambas as avaliações refletem uma evolução positiva na forma como os

alunos desenvolvem as atividades experimentais e os processos inerentes às

mesmas. A discrepância entre avaliações fez-se notar inicialmente, pois os

alunos classificaram-se de forma bastante positiva, diminuindo essa avaliação

na segunda ou na terceira atividade e aumentando de novo nas últimas. As

avaliações finais já são mais equiparadas, podendo considerar-se que

apresentam classificações mais próximas da realidade. Ao nível da autonomia

individual, ou seja, no desenvolvimento do plano de investigação, a resposta não

é totalmente clara, pois a discrepância entre valores pode ser justificada por uma

subjetividade inconsciente da parte do investigador ou por uma ausência de

perceção, pela parte das crianças, da sua melhoria. Estas podem considerar que

as alterações não são relevantes, ou não se aperceberem da presença dessas

alterações, considerando que já eram muito boas no início.

Não só em relação ao plano de investigação, foi ainda possível realizar

uma pequena avaliação do processo de trabalho em grupo, verificando grandes

Page 110: As atividades experimentais como meio de promoção da

110

progressos nesta componente da prática, onde as próprias crianças

conseguiram adaptar as suas avaliações de forma coerente e adequada,

pensando menos nas classificações que gostariam de obter e mais naquelas que

mereciam realmente. Foi principalmente nesta área que identifiquei uma

melhoria bastante significativa. As relações estabelecidas durante estes

momentos faziam-se notar nos vários trabalhos em grupo ou até mesmo nas

pequenas cortesias do dia-a-dia. Neste aspeto, os alunos não conseguiam

identificar com facilidade a sua evolução, pois quando questionados sobre uma

má atitude verbal para um colega por vezes não a conseguiam identificar, sendo

apenas uma atitude mais rude e não o mau comportamento social a que estão

habituados. Quando por vezes os chamava à razão sobre este tipo de respostas

menos cordiais eles sentiam-se injustiçados, pois as atitudes não eram

identificadas.

Na sala de aula, as diferenças foram notórias, a procura pela opinião dos

colegas e o respeito por essa opinião foi-se notando ao longo das atividades,

bem como a procura por um melhor ambiente de trabalho e a inserção de todos

os elementos nas decisões de grupo. Alguns elementos fizeram-se notar pela

capacidade de valorizar os colegas que por norma são desvalorizados e estes

últimos fizeram-se notar pela sua dinâmica quando sentem essa valorização. A

capacidade de comunicar de forma cordial sem um adulto enquanto mediador

aumentou de forma bastante notória ao longo do período de estágio.

Não foi possível, com esta investigação identificar se a promoção da

autonomia através das atividades experimentais influencia outras áreas de

estudo, como o Português ou a Matemática, sendo esta uma questão que eu

gostaria de explorar posteriormente.

Futuramente, acredito que utilizarei tanto as atividades experimentais

como o processo de trabalho em grupo na implementação da minha prática

pedagógica. Se implementadas desde o início do percurso escolar, as crianças

terão ainda mais facilidade em adaptar-se a esta prática, retirando destas

atividades as suas melhores caraterísticas e as aprendizagens que melhor se

adequarem às necessidades individuais, sendo agentes ativos do seu processo

de aprendizagem.

Page 111: As atividades experimentais como meio de promoção da

111

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Page 115: As atividades experimentais como meio de promoção da

APÊNDICES

Page 116: As atividades experimentais como meio de promoção da

116

APÊNDICE I – GUIA DE AUTOAVALIAÇÃO DOS ALUNOS

Autoavaliação

Desenvolvimento da atividade experimental

Não

consegui

Consegui

com ajuda

das

professoras

Consegui

com ajuda

dos colegas

Consegui

sozinho

Questão-problema

Previsão

Variável independente – O

que vamos mudar?

Variável dependente – O

que vamos observar?

Variáveis de controlo – O

que vamos manter

Materiais

Procedimento

Execução

Observações

Conclusão

Trabalho em Grupo

Não consegui Consegui Consegui bem

Distribuir tarefas

Respeitar os colegas

Dar a vez

Manter a ordem

Partilhar os materiais

Page 117: As atividades experimentais como meio de promoção da

117

APÊNDICE II - AVALIAÇÃO QUALITATIVA

Tabelas de referência

Desenvolvimento da atividade experimental

Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4

Questão-

problema

O aluno não

conseguiu

compreender a

questão-problema e

o que era pedido

com a mesma.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

compreender a

questão problema e

o que era pedido na

mesma. Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

compreender

parcialmente a

questão problema e

o que era pedido na

mesma. Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno

compreendeu

totalmente a questão

problema e o que era

pedido na mesma.

Não solicitou o

apoio das docentes.

Previsão

O aluno não

conseguiu efetuar

uma previsão para

os resultados obtidos

nem uma resposta

provisória para a

questão problema.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

efetuar uma previsão

para os resultados

obtidos e uma

resposta provisória

para a questão

problema. Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

efetuar uma previsão

para os resultados

obtidos e uma

resposta provisória

para a questão

problema. Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

efetuar uma previsão

para os resultados

obtidos e uma

resposta provisória

para a questão

problema. Não

solicitou o apoio das

docentes.

Variável

independente

– O que

vamos

mudar?

O aluno não

conseguiu identificar

a variável a ser

modificada.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

identificar a variável

a ser modificada.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar a variável

a ser modificada.

Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar a variável

a ser modificada.

Não solicitou o

apoio das docentes.

Variável

dependente –

O que vamos

observar?

O aluno não

conseguiu identificar

a variável a ser

observada. Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

identificar a variável

a ser observada.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar a variável

a ser observada.

Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar a variável

a ser observada. Não

solicitou o apoio das

docentes.

Variáveis de

controlo – O

que vamos

manter

O aluno não

conseguiu identificar

a variável ou

variáveis a manter.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

identificar a variável

ou variáveis a

manter. Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar a variável

ou variáveis a

manter. Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar a variável

ou variáveis a

manter. Não

solicitou o apoio das

docentes.

Materiais

O aluno não

conseguiu identificar

e adquirir os

materiais

necessários.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes

O aluno teve

dificuldades em

identificar e adquirir

os materiais

necessários.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes

O aluno conseguiu

identificar e adquirir

os materiais

necessários.

Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes

O aluno conseguiu

identificar e adquirir

os materiais

necessários. Não

solicitou o apoio das

docentes

Procedimento

O aluno não

conseguiu referir

quais os passos a

seguir para o

desenvolvimento da

atividade

experimental.

O aluno teve

dificuldade em

referir quais os

passos a seguir para

o desenvolvimento

da atividade

experimental.

O aluno conseguiu

referir quais os

passos a seguir para

o desenvolvimento

da atividade

experimental.

Solicitou

O aluno conseguiu

referir quais os

passos a seguir para

o desenvolvimento

da atividade

experimental. Não

Page 118: As atividades experimentais como meio de promoção da

118

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

esporadicamente o

apoio das docentes.

solicitou o apoio das

docentes.

Execução

O aluno não

conseguiu executar

o procedimento

apresentado.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

executar o

procedimento

apresentado.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

executar o

procedimento

apresentado.

Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

executar o

procedimento

apresentado. Não

solicitou o apoio das

docentes.

Observações

O aluno não

conseguiu identificar

e registar as

observações

realizadas. Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

identificar e registar

as observações

realizadas. Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar e registar

as observações

realizadas. Solicitou

esporadicamente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

identificar e registar

as observações

realizadas. Não

solicitou o apoio das

docentes.

Conclusão

O aluno não

conseguiu

dar uma resposta à

questão-problema.

Solicitou

constantemente o

apoio das docentes.

O aluno teve

dificuldades em

dar uma resposta à

questão-problema.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

dar uma resposta à

questão-problema.

Solicitou

frequentemente o

apoio das docentes.

O aluno conseguiu

dar uma resposta à

questão-problema.

Não solicitou o

apoio das docentes.

Trabalho em Grupo

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Distribuir

tarefas O aluno não conseguiu

distribuir tarefa.

O aluno teve dificuldades

em distribuir tarefas.

O aluno conseguiu distribuir

tarefas.

Respeitar os

colegas O aluno não respeitou os

colegas do grupo.

O aluno teve dificuldade em

respeitar os colegas do

grupo.

O aluno respeitou os colegas

de grupo.

Dar a vez

O aluno não permitiu que os

colegas de grupo

realizassem a atividade

experimental.

O aluno teve dificuldade em

permitir que os colegas

realizassem a atividade

experimental.

O aluno permitiu que os

colegas realizassem a

atividade experimental.

Manter a

ordem

O aluno não conseguiu

manter-se em silêncio e

promover a ordem em sala

de aula.

O aluno teve dificuldades

em manter-se em silêncio e

promover a ordem em sala

de aula.

O aluno conseguiu manter-

se em silêncio e promover a

ordem em sala de aula.

Partilhar os

materiais

O aluno não partilhou os

materiais com os colegas de

grupo.

O aluno teve dificuldades

em partilhar os materiais

com os colegas de grupo.

O aluno partilhou os

materiais com os colegas de

grupo.

Page 119: As atividades experimentais como meio de promoção da

119

APÊNDICE III – TABELAS DE REGISTO DE DADOS

Aluno Questão-

problema

Previsão Variável

independente

Variável

dependente

Variáveis de

controlo

Materiais Procedimento Execução Observações Conclusão

AM

AB

AR

BT

CC

CG

DB

EC

FF

GA

GB

GP

LF

MC

MS

MG

MP

ML

ME

PD

SP

SF

SC

SN

TM

Page 120: As atividades experimentais como meio de promoção da

120

Aluno Distribuir tarefas Respeitar os colegas Dar a vez Manter a ordem Partilhar os materiais

AM

AB

AR*

BT

CC

CG

DB

EC

FF

GA

GB

GP

LF

MC

MS*

MG

MP

ML

ME

PD

SP

SF

SC

SN

TM

Page 121: As atividades experimentais como meio de promoção da

121

APÊNDICE IV – QUESTIONÁRIO FINAL

Questionário Nome:___________________________ Idade:___________

Ao responderes a este questionário lembra-te que nenhuma resposta é correta ou incorreta.

Responde apenas o que pensas que se adequa mais aos teus gostos e preferências.

1. O que gostaste mais?

Porquê?

______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

2. O que gostaste menos?

Porquê?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3. Já consegues compreender a questão-problema?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

4. Já consegues fazer uma previsão?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

5. Já consegues identificar as variáveis?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Atividades Experimentais

Page 122: As atividades experimentais como meio de promoção da

122

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

6. Já consegues identificar e reunir os materiais?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

7. Já consegues compreender os procedimentos?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

8. Já consegues executar os procedimentos?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

9. Já consegues obter e registar os resultados?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

10. Já consegues tirar conclusões e responder à questão problema?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

11. Nas atividades experimentais ainda precisas da ajuda das professoras?

Sim Não

Porquê?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

12. O que é que consegues fazer agora nas atividades experimentais que não

conseguias antes?

Page 123: As atividades experimentais como meio de promoção da

123

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

13. Gostas de trabalhar em grupo? Sim Não

Porque…

Nos ajudamos uns aos outros Trabalho com os meus amigos

É mais fácil Aprendo mais

É divertido Aprendo menos

Faço tudo sozinho Tenho mais ajuda

Há muita confusão na sala Não me deixam fazer as coisas

14. Como desenvolveste o trabalho em grupo?

Todos trabalhamos o mesmo Alguém não trabalhou

Eu trabalhei mais Eu fiz tudo

Eu trabalhei menos Eu não fiz nada

15. Já consegues distribuir tarefas?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

16. Já consegues respeitar os colegas do grupo?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

Trabalho em Grupo

Page 124: As atividades experimentais como meio de promoção da

124

17. Já consegues dar a vez aos colegas?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

18. Já consegues manter a ordem e um bom ambiente de trabalho?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

19. Já consegues partilhar os materiais?

Não Sim, com a ajuda das professoras

Sim, com a ajuda dos colegas Sim, sozinho

Obrigada pelo teu tempo !!

Page 125: As atividades experimentais como meio de promoção da

125

APÊNDICE V – FICHA DE REGISTO “GERMINAÇÃO DE

SEMENTES I”

Germinação de Sementes

Nome: ____________________________________ Data: __________________

Nome dos restantes elementos do grupo:

____________________ ____________________ ____________________

Questão-Problema

A minha previsão

Assinala a afirmação que consideras correta e justifica a tua resposta.

Sem água, as plantas continuam a crescer.

Sem água, as plantas param de crescer, mas não secam.

Sem água, as plantas secam.

Justificação: ______________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

O que vamos mudar? ____________________________________________________

O que vamos observar? __________________________________________________

O que vamos manter? ___________________________________________________

Será que as plantas conseguem desenvolver-se sem água?

Page 126: As atividades experimentais como meio de promoção da

126

Materiais Como devo fazer

O que

observo

Recipiente 1

1.ª semana 2.ª semana 3.ª semana

4.ª semana 5.ª semana 6.ª semana

Deixei de regar na semana _________.

Anotações______________________________________________________________

2 recipientes

terra

8 feijões

2 etiquetas

caneta

água

copo medidor

1. Enche dois recipientes com terra e numera-os com 1 e 2.

2. Coloca quatro feijões em cada recipiente, cobre-os com

terra e rega-os, utilizando a mesma quantidade de água.

3. Coloca os dois recipientes no parapeito da janela da sala

de aula e, durante algumas semanas, vai mantendo a terra húmida

para os feijões germinarem e crescerem, até apresentarem

algumas folhas.

4. Depois de confirmares que os feijões dos dois recipientes

germinaram, deixa de regar os feijoeiros do recipiente 1 e

continua a regar os do recipiente 2, mantendo a terra húmida.

5. Regista as tuas observações no local indicado.

Page 127: As atividades experimentais como meio de promoção da

127

Recipiente 2

1.ª semana 2.ª semana 3.ª semana

4.ª semana 5.ª semana 6.ª semana

Anotações_______________________________________________________________

O que verifico

Continuaram a

crescer Pararam de crescer Secaram

Recipiente 1

Recipiente 2

As minhas conclusões

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Bom Trabalho !!

Page 128: As atividades experimentais como meio de promoção da

128

APÊNDICE VI – FICHA DE REGISTO “GERMINAÇÃO DE

SEMENTES II”

Germinação de Sementes

Nome: ____________________________________ Data: __________________

Nome dos restantes elementos do grupo:

____________________ ____________________ ____________________

Questão-Problema

A minha previsão

Assinala a afirmação que consideras correta e justifica a tua resposta.

Sem água, as sementes germinam.

Sem água, as sementes não germinam.

Com água, as sementes germinam.

Com água, as sementes não germinam.

Com muita água, as sementes não germinam.

Com muita água, as sementes germinam.

Outra previsão: ________________________________________________

_________________________________________________________________

O que vamos mudar? __________________________________________________

O que vamos observar? ________________________________________________

O que vamos manter? _________________________________________________

Qual a influência da água na germinação de sementes de feijão?

Page 129: As atividades experimentais como meio de promoção da

129

Materiais Como devo fazer

O que observo

O meu vaso

Anotações

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6. Enche o recipiente com terra e identifica-o (grupo).

7. Coloca quatro feijões no recipiente, cobre-os com terra e

rega-os, utilizando a medida assinalada no copo medidor.

8. Coloca o recipiente no parapeito da janela da sala de aula

e, durante algumas semanas, vai mantendo a terra húmida para

os feijões germinarem e crescerem, até apresentarem algumas

folhas.

9. Compara o teu vaso com os vasos dos teus colegas de

turma.

10. Regista as tuas observações no local indicado.

1 recipientes

terra

4 feijões

1 etiqueta

caneta

água

copo medidor

Page 130: As atividades experimentais como meio de promoção da

130

Os vasos dos meus colegas

____________________

____________________

____________________

____________________

____________________

Page 131: As atividades experimentais como meio de promoção da

131

O que verifico

Sem água Pouca água Água média Muita água Bastante água

As

sementes

germinaram

As

sementes

não

germinaram

Quais as

plantas que

cresceram

mais?

As minhas conclusões

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Bom Trabalho !!

Page 132: As atividades experimentais como meio de promoção da

132

APÊNDICE VII – FICHA DE REGISTO “A LUZ E OS MATERIAIS”

A luz e os materiais2

Nome: ____________________________________ Data: __________________

Nome dos restantes elementos do grupo:

____________________ ____________________ ____________________

Questão-Problema

A minha previsão

Dialoga com a tua professora e os teus colegas sobre os materiais que pensas que

deixarão passar a luz. Regista as tuas previsões.

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

O que vamos mudar? __________________________________________________

O que vamos observar? ________________________________________________

O que vamos manter?

_________________________________________________Materiais

2 Atividade experimental adaptada de Alfa - Estudo do Meio 3 - 3.º ano e de Explorando a luz… Sombras e imagens: guião didáctico para professores.

Todos os materiais deixam passar a luz?

Objeto à escolha, Cartão; Cartolina; Papel; Papel vegetal; Acetato não colorido;

Acetato colorido; Plástico não colorido; Plástico colorido; Espelho; Papel celofane.

Page 133: As atividades experimentais como meio de promoção da

133

Como devo fazer

O que verifico

Vejo o objeto nítido Vejo o objeto pouco

nítido

Não vejo o objeto

Cartão

Cartolina

Papel

Papel vegetal

Acetato não

colorido

Acetato

colorido

Plástico não

colorido

Plástico

colorido

Espelho

Papel Celofane

As minhas conclusões

______________________________________________________________________

Materiais transparentes

Deixam passar toda a luz

Materiais translúcidos

Não deixam passar a luz

Materiais opacos

Deixam passar alguma luz

1. Coloca o objeto escolhido no parapeito da janela, à luz do sol.

2. Vai colocando os materiais indicados à frente da afia.

3. Regista o que observas no local indicado.

Bom Trabalho !!

Page 134: As atividades experimentais como meio de promoção da

134

APÊNDICE VIII – FICHA DE REGISTO “OS ÍMANES”

Os ímanes3

Nome: ____________________________________ Data: __________________

Nome dos restantes elementos do grupo:

_______________ _______________ _______________ _______________

Questão-Problema

A minha previsão

Assinala com X os objetos que achas que serão atraídos e os que não serão atraídos

pelo íman.

Areia Esferovite Sal Agrafos Prego Borracha Afia Colher Rolha de

cortiça

É atraído pelo íman.

Não é atraído pelo

íman.

Justifica as tuas opções. __________________________________________

____________________________________________________________

O que vamos mudar? __________________________________________________

O que vamos observar? ________________________________________________

O que vamos manter? _________________________________________________

3 Atividade experimental adaptada de Alfa - Estudo do Meio 3 - 3.º ano.

O íman atrai todos os objetos da mesma forma?

Page 135: As atividades experimentais como meio de promoção da

135

Materiais

Como devo fazer

O que verifico

Areia Esferovite Sal Agrafos Prego Borracha Afia Colher Rolha de

cortiça

É atraído pelo íman.

Não é atraído pelo

íman.

É atraído pelo íman.

Não é atraído pelo

íman.

As minhas conclusões

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

1. Coloca todos os objetos, com exceção do íman, dentro do recipiente,

juntamente com a areia, o sal e a limalha de ferro.

2. Aproxima o íman do conteúdo do recipiente.

3. Vai retirando do íman os objetos que foram atraídos.

4. Remexe a areia para facilitar a atração do íman.

Íman; recipiente; areia; limalha de ferro; sal; agrafos; prego; borracha; afia; colher;

rolha de cortiça; outros objetos.

Bom Trabalho !!

Page 136: As atividades experimentais como meio de promoção da

136

APÊNDICE IX – FICHA DE REGISTO “DIFERENTES ÍMANES”

Diferentes ímanes

Nome: ____________________________________ Data: __________________

Nome dos restantes elementos do grupo:

_______________ _______________ _______________ _______________

Questão-Problema

A minha previsão

Discute com a tua professora e com os teus colegas se os ímanes terão todos a

mesma força e se todos os ímanes irão atrair o mesmo tipo e quantidade de objetos.

Regista a tua resposta, justificando-a.

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

O que vamos mudar? __________________________________________________

O que vamos observar? ________________________________________________

O que vamos manter? _________________________________________________

______________________________________________________________________

Será que os ímanes são todos iguais?

Page 137: As atividades experimentais como meio de promoção da

137

Materiais

Como devo fazer

O que verifico

Quantidade de objetos atraídos

Íman pequeno Íman médio Íman grande

Clips

Agrafos

Outros objetos

Quantidade de objetos atraídos

Íman pequeno Íman médio Íman grande

As minhas conclusões

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

1. Coloca 15 clips em cima da mesa.

2. Aproxima o íman pequeno dos clips e regista quantos clips foram atraídos.

3. Repete o passo anterior para os ímanes médio e grande.

4. Repete o procedimento para os agrafos e para outros objetos escolhidos.

5. Regista as tuas observações no local indicado.

Íman pequeno; íman médio; íman grande; 15 clips; 20 agrafos; outros objetos.

Bom Trabalho !!

Page 138: As atividades experimentais como meio de promoção da

138

APÊNDICE X – FICHA DE REGISTO “OS SOLOS”

O Solo

Nome: ____________________________________ Data: __________________

Nome dos restantes elementos do grupo:

_______________ _______________ _______________ _______________

Questão-Problema

A minha previsão

Faz a tua previsão sobre a questão-problema.

Justifica as tuas opções. _____________________________________________

________________________________________________________________

O que vamos _____? __________________________________________________

O que vamos _______? ________________________________________________

O que vamos ______? _________________________________________________

______________________________________________________________________

Page 139: As atividades experimentais como meio de promoção da

139

Materiais

Como devo fazer

O que verifico

As minhas conclusões

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Bom Trabalho !!