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MODELO DE ANÁLISE DE RISCOS APLICADA NA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS Leonardo Dias Pinto (Latec/UFF) Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas (Latec/UFF) Resumo Os resíduos sólidos provenientes das diversas atividades industriais representam perdas significativas e impactos aos processos produtivos, além de ocasionar impactos e riscos nas diversas atividades. A gestão de resíduos é um sistema de ggestão utilizado para reduzir ou eliminar os impactos socioambientais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável de forma sistêmica, permitindo identificar perdas e priorizar etapas para controle. As perdas de materiais, desgastes de equipamentos e tempo de produção aliados aos riscos de acidentes, vazamentos e impactos ambientais podem ser analisados por ferramentas de identificação e controle, permitindo estabelecer estratégias para gestão destes resíduos industriais de forma preventiva, priorizando as etapas mais críticas dentro deste modelo de gestão. Palavras-chaves: Gestão de resíduos, análise de riscos, perdas, meio ambiente 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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  • MODELO DE ANLISE DE RISCOS

    APLICADA NA GESTO DE RESDUOS

    SLIDOS INDUSTRIAIS

    Leonardo Dias Pinto

    (Latec/UFF)

    Osvaldo Luiz Gonalves Quelhas

    (Latec/UFF)

    Resumo Os resduos slidos provenientes das diversas atividades industriais

    representam perdas significativas e impactos aos processos produtivos,

    alm de ocasionar impactos e riscos nas diversas atividades.

    A gesto de resduos um sistema de ggesto utilizado para reduzir

    ou eliminar os impactos socioambientais, contribuindo para o

    desenvolvimento sustentvel de forma sistmica, permitindo identificar

    perdas e priorizar etapas para controle.

    As perdas de materiais, desgastes de equipamentos e tempo de

    produo aliados aos riscos de acidentes, vazamentos e impactos

    ambientais podem ser analisados por ferramentas de identificao e

    controle, permitindo estabelecer estratgias para gesto destes

    resduos industriais de forma preventiva, priorizando as etapas mais

    crticas dentro deste modelo de gesto.

    Palavras-chaves: Gesto de resduos, anlise de riscos, perdas, meio

    ambiente

    12 e 13 de agosto de 2011

    ISSN 1984-9354

  • VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 12 e 13 de agosto de 2011

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    1. INTRODUO

    Diversas atividades de indstrias que atuam na explorao de recursos naturais so apontadas

    como principais responsveis no favorecimento do desequilbrio ambiental e causadoras de

    perdas irreparveis ao meio ambiente (SILVA, 2008). Por outro lado, estas indstrias

    investem cada vez mais no desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas integrados para

    reduo das perdas nos processos e menores impactos aos ambientes em que atuam direta ou

    indiretamente.

    Segundo Ribeiro (2003), a utilizao de estudos e implantao de sistemas de gesto de forma

    sistmica e contnua em seus aspectos econmicos, sociais, culturais e ambientais so cada

    vez mais aplicados nas diversas etapas da cadeia produtiva de uma empresa.

    A utilizao de ferramentas para anlise das etapas de seus processos na busca de

    identificao de possveis perdas e medidas corretivas para reduzir ou eliminas riscos e perdas

    so fundamentais para crescimento da cultura de desenvolvimento sustentvel nas

    organizaes.

    As perdas esto associadas diminuio de produo ou rendimento, prejuzos com aumento

    de resduos ou sobras, acidentes e impactos ao ambiente que envolva descarte de produtos ou

    paralisao de um processo.

    O presente estudo busca apresentar os conceitos para a utilizao de um modelo para anlise

    de riscos na gesto dos resduos industriais, permitindo identificar etapas dentro de seus

    processos de produo associados a outras ferramentas como coleta seletiva, formas de

    armazenagem e destinao final de resduos slidos em busca de melhor eficincia e seu

    desenvolvimento de forma integrada.

    A condio estabelecida para melhorias no sistema de gerenciamento de resduos slidos

    permite a evoluo para um Sistema de Gesto Integrado (SGI) e apoio no desenvolvimento

    de novas tecnologias e alternativas para tratamento sistmico da questo.

    2. FORMULAO DA SITUAO PROBLEMA

    As indstrias buscam cada vez mais investir em sistemas de controle para reduzir perdas e

    impactos ao meio ambiente e identificam em seus resduos gerados, uma grande oportunidade

    para realizar aes de reciclagem ou reutilizao e consequente aumento de produo.

    A importncia deste tema est diretamente relacionada aos impactos ambientais e a destinao

    final de resduos slidos que so destinados aos aterros sanitrios e industriais, gerando

    passivos cada vez mais nocivos a degradao do nosso planeta.

    O problema identificado e que motiva esta pesquisa a necessidade de desenvolver um

    modelo que possibilite a aplicao na anlise dos riscos durante a gesto de resduos para

    melhor desempenho de seus processos, de forma sustentvel e economicamente vivel.

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    3. OBJETIVO

    O objetivo deste estudo desenvolver um modelo para anlise de riscos que seja aplicvel na

    gesto dos resduos slidos industriais. Para alcanar este objetivo, ser realizada uma anlise

    dos conceitos de gesto e de perdas, para o desenvolvimento de um modelo de anlise de

    riscos que permita identificar onde ocorrem os descartes e a priorizao das aes, levando

    em considerao os aspectos tericos abordados no estudo.

    4. GESTO DE RESDUOS

    Segundo Chiuvite e Andrade (2001) o entendimento sobre o que resduo est relacionado

    com tudo o que descartado durante o processo de produo, transformao ou utilizao de

    bens e servios, bem como os restos decorrentes das atividades humanas, em geral, e que se

    apresente no estado slido ou semi-slido, lquido e os gases emitidos podem ser

    caracterizados como resduos.

    O planejamento de gesto dos resduos um conjunto de aes aplicadas em etapas de um

    determinado processo, permitindo a identificao do material ou produto, suas formas de

    recolhimento, transporte, armazenamento, destinao, acondicionamento e gesto final,

    podendo ser reutilizado, reciclado ou destinado para depsitos (aterros) de acordo com a

    anlise e tratamento definido.

    Segundo Castilhos Junior (2003), o gerenciamento de resduos deve ser integrado, englobando

    etapas articuladas entre si, desde aes visando a no gerao de resduos at a disposio

    final.

    Figura 01 - Modelo de agrupamento dos sistemas de gesto

    Fonte: LOPES (2004) adaptado.

    A gesto de resduos remete no s aos fatores administrativos, gerenciais, econmicos,

    ambientais e de desempenho, mas tambm a aspectos operacionais e tecnolgicos, LIMA

    (2002).

  • VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 12 e 13 de agosto de 2011

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    As polticas ambientais brasileiras so estruturadas e estabelecem diretrizes e regulamentos

    para a questo de resduos, porm na prtica, suas aplicaes e formas de fiscalizao e

    controle so deficientes. A Constituio Brasileira, em seu Artigo 225, dispe sobre a

    proteo ao meio ambiente, a Lei 6.938/81 estabelece a Poltica Nacional de Meio Ambiente,

    a Lei 6.803/80 dispe sobre as diretrizes bsicas para o zoneamento industrial em reas

    crticas de poluio e a resoluo CONAMA 23 dispem sobre resduos perigosos.

    Algumas empresas e indstrias multinacionais ou de nacionais de grande porte utilizam

    normas especficas internacionais, seguindo as diretrizes de seus pases sede ou normas

    internacionais traduzidas pela ABNT, onde so aplicadas para complementao ou aplicao

    prtica na implantao desta gesto.

    A utilizao de um sistema de gesto para controle dos resduos e a aplicao de solues

    inovadoras e sustentveis para utilizao ou destinao destas sobras ou materiais so sem

    dvida um dos maiores desafios no processo de melhoria das condies ambientais e de

    impactos na natureza, uma vez que alguns materiais podem representar grandes volumes e

    componentes ou substncias de alto tempo para decomposio.

    4.1. Segregao e identificao dos resduos

    Segundo Lima (2002), a forma de segregao de forma correta e parametrizada fundamental

    para o incio do gerenciamento, permite o tratamento de forma racional e estruturada e reduz

    ainda mais o dispndio de recursos na identificao, seleo e acondicionamento dos resduos.

    Para iniciar um sistema de controle dos resduos gerados necessrio primeiramente

    identificar e definir aquilo que vai ser controlado, ou seja, preciso saber quais resduos sero

    trabalhados.

    A identificao e posterior segregao permitem, alm da melhoria na organizao e

    ordenao dos ambientes, uma melhor qualidade dos resduos e segregao por

    compatibilidade, reduzindo riscos de contaminaes, degradaes e desgastes. Estas etapas

    durante a identificao e segregao dos resduos aumentam as possibilidades de recuperao

    ou reciclagem e reduzir o volume a ser tratado.

    A separao dos resduos deve ser realizada preferencialmente no local de origem, com

    segregao dos possveis contaminantes ou resduos perigosos, evitando a mistura de

    materiais incompatveis ou reagentes. Deve-se ainda evitar misturas de resduos slidos e

    lquidos, aumentando a possibilidade do tratamento na fase seguinte.

    4.2. Caracterizao e classificao dois resduos

    Segundo a NBR 10004 os resduos so caracterizados nos estados slidos e semi-slidos e

    que resultam das atividades da comunidade de origem: Industrial, domstico, hospitalar,

    comercial, agrcola, servios gerais e varrio.

    O agrupamento em classes distintas de resduos que possuem caractersticas semelhantes em

    funo dos riscos que apresentam ao meio ambiente e a classificao so os principais pontos

    a serem considerados no estabelecimento das aes, uma vez que a tcnica e a viabilidade

    econmica permitem o controle sistmico do problema.

    Resduos slidos industriais:

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    So resduos slidos e semi-slidos resultantes do processamento industrial, bem como do

    desgaste de seus equipamentos e instalaes, abrangendo lodos, lquidos provenientes do

    processamento, sobras de materiais produtos fora das especificaes. Incluem-se tambm

    resduos semi-slidos depositados em estaes de tratamento e efluentes e sobras de

    componentes utilizados para transporte e movimentao de materiais.

    Periculosidade dos resduos:

    Resduos com caractersticas que, em funo de suas propriedades fsicas, qumicas ou

    contagiosas, possuam potencial de risco sade, provocando ou acentuando um aumento de

    mortalidade ou incidncia de doenas; risco ao meio ambiente e nas comunidades ao entorno.

    A periculosidade de um resduo permite priorizar o tratamento, deposio e formas de

    controle, onde muitas vezes bastante difcil em funo, principalmente, das limitaes

    tcnicas de tecnologias e custos.

    Os resduos no definidos previamente como de conhecimento periculoso deve ser analisado

    atravs da amostragem, exames e testes laboratoriais padronizados para caracterizao

    conforme suas caractersticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

    Classificao dos resduos:

    As fases de um determinado resduo desde a sua gerao, manuseio, acondicionamento,

    armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposio final, devem basear-se na

    classificao em funo dos riscos potenciais e reais que estes podem apresentar ao homem e

    impactos ambientais.

    A ABNT estabeleceu um conjunto de normas para padronizao e caracterizao dos resduos

    de acordo com sua especificidade e aplicao.

    NBR 10.004 Resduos Slidos Classificao

    NBR 10.005 Lixiviao de Resduos Procedimento

    NRB 10.006 Solubilizao de Resduos Procedimento

    NBR 10.007 Amostragem de Resduos Procedimento

    Quadro 01 - Normas ABNT para classificao e caracterizao de resduos Fonte: Acesso em 06 dez. 2010.

    A NBR 10.004 classifica os resduos nas seguintes categorias de risco:

    Classe I - Perigosos: resduos ou mistura que, em funo de suas caractersticas de

    inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar

    riscos sade pblica, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou

    incidncia de doenas e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseado

    ou disposto de forma inadequada. Como exemplo, estes so: Lama de cromo, borras oleosas,

    lodo de estao de tratamento.

    Classe II - No Inertes: so os resduos que por suas caractersticas, no se enquadram nas

    classificaes de resduos Classe I (Perigosos) ou Classe III (Inertes). Esses Resduos podem

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    apresentar propriedades como: solubilidade em gua, biodegradabilidade, combustibilidade.

    Ex.: Restos de alimentos, papel, papelo, madeira, tecidos, borrachas, correias.

    Classe III - Inertes: resduos que submetidos ao teste de solubilidade (conforme NBR 10.006

    - Solubilizao de resduos) sem constituintes solubilizados em concentraes superiores aos

    padres de potabilidade da gua conforme a NBR 10.004. Como exemplo, estes so: Blocos

    de Concreto, vidro, porcelana, plsticos.

    4.3. Inventrio de resduos industriais

    Os resduos existentes ou gerados pelas diversas atividades industriais devem ser controlados

    de forma especfica, sendo considerado como uma das etapas do sistema de gesto. A

    resoluo CONAMA 313 dispe sobre o Inventrio Nacional de Resduos Slidos Industriais,

    apresentando informaes sobre a gerao, caractersticas, armazenamento, transporte,

    tratamento, reutilizao, reciclagem, recuperao e disposio final dos resduos slidos

    gerados pelas indstrias do pas.

    Em seu anexo I, a resoluo define uma estrutura de formulrio especfico para coleta dos

    resduos gerados durante atividade industrial e informaes sobre seu preenchimento,

    fundamentais para que o Estado obtenha conhecimento da real situao em que esses resduos

    se encontram e possa cumprir seu papel na elaborao de diretrizes para o controle e

    gerenciamento dos resduos industriais no pas.

    As informaes sobre o processo de produo desenvolvido pela indstria tambm so

    abordados neste inventrio, listando as matrias-primas, suas quantidades totais utilizadas no

    ltimo ano correspondentes capacidade mxima da indstria, com as unidades de medida

    correspondentes e as quantidades dos produtos fabricados pela indstria nos ltimos doze

    meses e as correspondentes capacidade mxima da indstria, indicando claramente as

    unidades de medida correspondentes.

    Alm das matrias-primas, o inventrio deve conter informaes sobre os principais processos

    da indstria e os resduos slidos gerados, contendo descrio sobre material, quantidade em

    toneladas por ano, cdigo de classe e tipo de resduo (ANEXO B) e sua forma de destinao,

    atravs de tratamento, reutilizao, reciclagem, ou disposio final fora da indstria.

    O ANEXO C define os cdigos e formas de armazenamento, tratamento, reutilizao,

    reciclagem e disposio final, padronizando assim a classificao e reporte das informaes

    pela empresa geradora.

    O inventrio de resduos industriais deve ser comunicado mensalmente pelas indstrias ao

    rgo estadual de meio ambiente e suas informaes atualizadas a cada vinte e quatro meses,

    ou em menor prazo, de acordo com o estabelecido pelo prprio rgo, que far um

    acompanhamento e monitoramento das condies e impactos das empresas geradoras no

    Brasil.

    5. Mtodo para anlise de riscos

    A utilizao de modelos para identificao e controle dos fatores potenciais de riscos e perdas

    auxilia na antecipao e preveno, permitindo melhor gesto dos processos e controle da

    produo.

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    Cada etapa da produo ou processo deve ser mapeada, juntamente com os riscos e fatores

    potenciais de perda envolvidos, possibilitando realizar uma anlise crtica em cada item,

    freqncia, severidade e medidas que possibilitem o controle ou eliminao do risco ou perda

    levantado.

    A Anlise Preliminar de Riscos (APR) uma metodologia de anlise dos riscos de processo e

    operaes. O critrio de aceitabilidade de riscos definido para a APR determinar a

    necessidade de aes preventivas ou mitigadoras dos cenrios identificados.

    A metodologia de APR compreende a execuo das seguintes tarefas:

    - Definio das fronteiras das instalaes analisadas;

    - Coleta de informaes sobre as instalaes, a regio e as caractersticas da substncia

    perigosas envolvidas;

    - Definio dos mdulos de anlise;

    - Realizao da APR propriamente dita (preenchimento da planilha para cada mdulo

    de anlise);

    - Elaborao das estatsticas dos cenrios por categorias de freqncia e de severidade

    e da lista de sugestes geradas no estudo;

    - Anlise dos resultados e preparao do relatrio.

    A realizao da APR realizada atravs de um modelo de uma planilha, com as informaes

    necessrias avaliao de riscos para cada mdulo de anlise, conforme ANEXO A.

    5.1. Anlise de atividades

    Na etapa de anlise das atividades realizadas, so identificadas as principais etapas das

    atividades e seus riscos, criticidade, melhorias e monitoramento, na busca de melhor

    eficincia na gesto.

    O fluxograma do quadro abaixo demonstra os nveis necessrios neste processo e a

    classificao dos efeitos para aplicao da APR.

    Figura 02 - Fluxograma de APR

    Divida a rea/Processo

    em Mdulos

    Selecione um mdulo

    para anlise

    Identifique as situaes

    de risco aplicveis

    Avalie suas causas e

    barreiras de proteo

    Defina os efeitos

    Classifique:

    Freqncia

    Complete a anlise com

    base na Matriz de Deciso

    Severidade RiscoSelecione uma situao

    de risco para anlise

    Divida a rea/Processo

    em Mdulos

    Selecione um mdulo

    para anlise

    Identifique as situaes

    de risco aplicveis

    Avalie suas causas e

    barreiras de proteo

    Defina os efeitos

    Classifique:

    Freqncia

    Complete a anlise com

    base na Matriz de Deciso

    Severidade RiscoSelecione uma situao

    de risco para anlise

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    Fonte: Elaborao prpria.

    Alguns itens so indispensveis na elaborao de uma metodologia de anlise de atividades

    para possibilitar a identificao de possveis perdas e riscos:

    - Processo ou atividade com seus passos necessrios;

    - Descrio do perigo ou risco;

    - Frequncia de realizao (Rotina, eventual ou emergencial);

    - Probabilidade da perda (alta, mdia, baixa ou inexistente);

    - Potencial de Risco (Catastrfico, alto, mdio, baixo, desprezvel ou inexistente);

    - Procedimento de melhoria e controle.

    Depois de estabelecidos estes itens, possvel estabelecer uma rotina para monitoramento,

    priorizao, acompanhamento dos responsveis e prazos para nova verificao.

    5.2. Matriz de riscos

    Para realizao de um modelo de anlise de riscos cada cada cenrio, rea, local ou processo

    so classificados de acordo com a sua categoria de freqncia e de severidade, que fornecem

    uma indicao qualitativa de frequncia esperada de ocorrncia e do grau de severidade das

    consequncias de cada ponto identificado.

    Para aplicao de APR necessria a identificao das categorias citadas anteriormente

    conforme uma matriz de riscos, estabelecendo pesos para frequncia e severidade, que

    multiplicados, permite escalonar os nveis de risco.

    A frequncia a classificao de uma ocorrncia no esperada dentro de um determinado

    processo analisado, estando relacionada a uma lista de categorias com cinco classificaes e

    pesos atribudos, que seguem desde uma ocorrncia remota at um acontecimento freqente.

    A classificao de severidade est associada abrangncia e ao impacto que a ocorrncia

    atribuda pode ocasionar potencialmente, ou nos caso de ocorrncia anterior, a classificao

    conforme histrico, permitindo assim a anlise do risco sob diferentes aspectos de ordem

    ambiental, de sade e de segurana ocupacional, na reputao da empresa, alm dos aspectos

    sociais e operacionais.

    Os valores obtidos nas classificaes de frequncia e severidade devem ser enquadrados na

    matriz de riscos (quadro 02), permitindo classificar o nvel de risco, estabelecendo assim um

    nvel de priorizao para tratamento dos riscos analisados. Os valores encontrados nos

    quadros da matriz so resultado da multiplicao dos pesos de severidade e frequncia, onde

    so atribudas cores para melhor visualizao dos nveis.

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    Quadro 02 - Matriz e nveis de riscos

    Fonte: Instruo de Anlise de Riscos Vale (2009) adaptado.

    A matriz de riscos permite identificar o nvel em que aquele risco listado est associado e

    estabelecer critrios prioritrios da categoria de risco para a tomada de deciso. Este clculo

    em funo da freqncia e severidade atribui uma pontuao especfica para cada risco listado

    e analisado.

    Os critrios em funo do nvel de risco variam do menor risco ao mais alto, com cinco nveis

    de categoria:

    - Muito baixo: pontuao entre quatro e oito, com cenrios de riscos tolerveis e sem

    necessidades de medidas para reduo, cabendo sua implantao aps anlise e

    responsabilidade de liderana ou gerncia da rea local.

    - Baixo: pontuao entre dez e vinte e quatro pontos, apresentando cenrios de riscos

    baixos e tolerveis, permitindo sua reduo atravs de medidas simples e de baixo

    investimento. As sugestes devem ser analisadas e no consideradas obrigatrias no caso de

    investimentos mais elevados e imediatos com custo baixo e baixo esforo.

    - Mdio: pontuao entre vinte e seis e sessenta e quatro, permitindo-se conviver com

    cenrios neste nvel de risco, porm com reduo de mdio em longo prazo. As

    recomendaes so consideradas obrigatrias com prazo mximo de at trs anos.

    - Alto: pontuao entre oitenta e cento e vinte e oito, onde os riscos desta categoria

    devem ser minimizados. As recomendaes so consideradas obrigatrias e de

    responsabilidade da gerncia da unidade ou do negcio e implantao com prazo mximo de

    um ano.

    - Muito alto: pontuao igual ou superior a cento e sessenta, com implantao imediata

    ou interdio at a soluo de situao ou do risco. So consideradas obrigatrias e de

    responsabilidade do diretor da rea de negcio ou do empreendimento.

    Os cenrios identificados com classificao como risco mdio, alto e muito alto devero ter

    sua classificao de freqncia e severidade reavaliada, considerando que as recomendaes

    propostas sero implantadas ou possam varia em funo de interferncia com outros riscos e

    processos.

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    6. Resultados esperados

    Prevenir ou mitigar a repetio dos eventos ou de eventos semelhantes que possam gerar

    perdas dentro das empresas so etapas fundamentais para estabelecer um gerenciamento de

    resduos de forma sustentvel e baseada em resultados.

    Este modelo de anlise de riscos aplicado na gesto de resduos slidos industriais permite um

    controle sistmico para diversas fases do processo, possibilitando desta forma que pessoas,

    departamento, empresa ou fornecedores realizem aes para eliminao no processo.

    Estas ferramentas auxiliam na gesto de resduos, identificando reduo de perda e materiais

    que possam ser reinseridos no processo produtivo, reutilizao de materiais em outros

    produtos, formas de segregao e coleta seletiva nos pontos de perda e no diretamente no

    destino final de todos os resduos, possibilitando melhoria no transporte dos produtos,

    estocagem e destino final para fornecedores ou demais possibilidades.

    Os resultados identificados auxiliam na tomada de decises para melhoria dos processos, alm

    de possibilitar polticas para implantao de programas de educao ambiental nas empresas e

    comunidades ao entorno, de modo que os temas identificados possam atuar na reduo dos

    resduos ou reaproveitamento destes.

    Uma das formas para melhoria ou reaproveitamento no processo a reciclagem, definida

    como o processo de reaproveitamento dos resduos slidos, em que os seus componentes so

    separados, transformados e recuperados, envolvendo economia de matrias-primas e energia,

    combate ao desperdcio, reduo da poluio ambiental e valorizao dos resduos, com

    mudana de concepo em relao aos mesmos (PNUD, 1998).

    As anlises podem auxiliar tambm na identificao dos principais resduos slidos existentes

    na empresa, permitindo que matrias com potencial de reciclagem como material orgnico,

    papel, papelo, plsticos, madeiras, vidros e metais sejam reaproveitados e materiais com

    pouca ou baixa reciclagem como trapos, borracha, terra e couro recebam a destinao

    adequada, assim como os resduos com alto potencial poluidor, como pilhas, baterias e

    lmpadas fluorescentes.

    7. Consideraes finais

    O estudo mostrou fatores importantes para realizao deste mtodo de identificao e controle

    dos resduos slidos industriais na busca de melhorar a eficincia produtiva e diminuio dos

    impactos ambientais associados s diversas etapas.

    O gerenciamento de resduos slidos apenas uma das etapas para que as empresas e

    organizaes, independente de seus processos ou porte, busquem desenvolver a cultura do

    desenvolvimento sustentvel de forma integrada e eficaz.

    A eliminao de sobras e o manejo ambientalmente sustentvel dos resduos slidos devem ir

    alm da simples deposio em aterros sanitrios, industriais e reaproveitamento por outros

    processos, buscando desenvolver a causa fundamental do problema, procurando mudar os

    padres no sustentveis de produo e consumo.

    Finalmente importante separar que este estudo teve o mrito de apresentar o tema de

    importncia sobre a aplicao de um modelo sistmico para identificao de riscos e perdas

    dos resduos slidos e melhorar o gerenciamento e a tomada de decises nas indstrias.

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    8. Referncias Bibliogrficas

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR ISO 14001 - Sistemas da

    gesto ambiental - Requisitos com orientaes para uso. 30/05/2007.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR10004 - Resduos slidos -

    Classificao. 31/05/2004.

    CASTILHOS JUNIOR, A. B. de, et al. Resduos Slidos Urbanos: aterro sustentvel para

    municpios de pequeno porte. Rio de Janeiro: ABES/RiMa, 2003, 294p.

    CHIUVITE, Telma Bartholomeu Silva; ANDRADE, Tereza Cristina Silveira. Resduos

    Slidos. Gerenciamento de Resduos: aspectos tcnicos e legais. Revista Meio Ambiente

    Industrial, n. 29 p. 59-61, abril/maio, 2001.

    TORRES, H. G. Indstrias sujas e intensivas em recursos naturais: importncia crescente

    no cenrio industrial brasileiro. In: MARTINE, G. (org.). Populao, meio ambiente e

    desenvolvimento: verdades e contradies. Campinas: UNICAMP, 1996, p.43-53.

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    9. Anexos

    ANEXO A - Planilha de Anlise Preliminar de Riscos (APR)

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    ANEXO B - Descrio dos resduos slidos industriais

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    ANEXO C - Cdigos para armazenamento, tratamento, reutilizao, reciclagem e disposio final