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UNISALESIANO
Centro universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Enfermagem
Maria José Elias dos Santos Silva
Patrícia Aparecida Inácio Zamian
A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES
DOS IDOSOS
LINS – SP
2009
MARIA JOSÉ ELIAS DOS SANTOS SILVA
PATRICIA APARECIDA INÁCIO ZAMIAN
A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO
ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem sob a orientação da Profª. M.Sc. Marilisa Baralhas e orientação técnica da Profª. Esp. Jovira Maria Sarraceni
LINS - SP
2009
1
Silva, Maria José Elias dos Santos, Zamian, Patrícia Aparecida Inácio
A atuação dos agentes comunitários de saúde no atendimento das necessidades dos idosos l / Maria José Elias dos Santos Silva; Patrícia Aparecida Inácio Zamian. – – Lins, 2009.
92p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2009
Orientadores: Marilisa Baralhas; Jovira Maria Sarraceni
1. Agente Comunitário de Saúde. 2. Programa Saúde da Família. 3. Idosos. I Título.
CDU 616-083
S581a
2
MARIA JOSÉ ELIAS DOS SANTOS SILVA
PATRICIA APARECIDA INÁCIO ZAMIAN
A ATUAÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE NO
ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES DOS IDOSOS
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.
Aprovada em: ____/____/____
Banca Examinadora:
Profª. Orientadora: Marilisa Baralhas
Titulação: Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Medicina de Botucatu-
UNESP
Assinatura _________________________________
1º Prof.(a):_______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:_________________________________
2º Prof.(a):_______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:___________________________________
3
EpígrafeEpígrafeEpígrafeEpígrafe
“Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.”
(Reinhold Niebuhr)
4
Aos meus pais, João e MariaAos meus pais, João e MariaAos meus pais, João e MariaAos meus pais, João e Maria
Dedico a vocês mais esta conquista queDedico a vocês mais esta conquista queDedico a vocês mais esta conquista queDedico a vocês mais esta conquista que consegui na vida, porque foram vocês, consegui na vida, porque foram vocês, consegui na vida, porque foram vocês, consegui na vida, porque foram vocês,
que mesmo sendo pque mesmo sendo pque mesmo sendo pque mesmo sendo pessoas simples e humildes colocaramessoas simples e humildes colocaramessoas simples e humildes colocaramessoas simples e humildes colocaram em mim o gosto pelos estudos em mim o gosto pelos estudos em mim o gosto pelos estudos em mim o gosto pelos estudos
desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.desde pequenina e sempre me incentivaram a subir os degraus da vida.
Amo VocêsAmo VocêsAmo VocêsAmo Vocês
Aos meus filhos, Thiago e AlineAos meus filhos, Thiago e AlineAos meus filhos, Thiago e AlineAos meus filhos, Thiago e Aline
Valeu!!! Ter esperado alValeu!!! Ter esperado alValeu!!! Ter esperado alValeu!!! Ter esperado alguns anos, até que vocês crescessem para que eu guns anos, até que vocês crescessem para que eu guns anos, até que vocês crescessem para que eu guns anos, até que vocês crescessem para que eu
pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e pudesse concluir uma graduação. Cuidar de vocês foi a melhor coisa que fiz na vida e
vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram vocês se tornaram filhos maravilhosos, carinhosos, comprometidos e me apoiaram
desde o primeiro dia em que eu voltei a estudesde o primeiro dia em que eu voltei a estudesde o primeiro dia em que eu voltei a estudesde o primeiro dia em que eu voltei a estudar. dar. dar. dar.
Amo VocêsAmo VocêsAmo VocêsAmo Vocês
Ao meu esposo, José AntonioAo meu esposo, José AntonioAo meu esposo, José AntonioAo meu esposo, José Antonio
""""Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza Amar nada mais é do que despertar aquele a quem amamos para toda a grandeza
de que são capazes.”de que são capazes.”de que são capazes.”de que são capazes.” (Autor Desconhecido) (Autor Desconhecido) (Autor Desconhecido) (Autor Desconhecido)
Dedico a você, mais esta vitória em Dedico a você, mais esta vitória em Dedico a você, mais esta vitória em Dedico a você, mais esta vitória em minha minha minha minha vida, pois você sempre me incentivou e vida, pois você sempre me incentivou e vida, pois você sempre me incentivou e vida, pois você sempre me incentivou e
esteve ao mesteve ao mesteve ao mesteve ao meu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas eu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas eu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas eu lado. Obrigada pela paciência que teve comigo nas semanas de de de de prova, prova, prova, prova,
na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro na correria do dia a dia, na falta de tempo. Você me mostrou o que é o verdadeiro
amoramoramoramor. . . .
Te AmoTe AmoTe AmoTe Amo
Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José
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Aos meus grandes amoresAos meus grandes amoresAos meus grandes amoresAos meus grandes amores
Meus pais Antonia e Neusa Meus pais Antonia e Neusa Meus pais Antonia e Neusa Meus pais Antonia e Neusa minha minha minha minha
referencia para toda vida. Oreferencia para toda vida. Oreferencia para toda vida. Oreferencia para toda vida. Obrigada, vocês fizeram a brigada, vocês fizeram a brigada, vocês fizeram a brigada, vocês fizeram a pessoa que pessoa que pessoa que pessoa que sou. sou. sou. sou. Amo vocês.Amo vocês.Amo vocês.Amo vocês.
A minha filha Nátalle, que será sempre meu A minha filha Nátalle, que será sempre meu A minha filha Nátalle, que será sempre meu A minha filha Nátalle, que será sempre meu
motivo de superação e conquistas, amo você filha.motivo de superação e conquistas, amo você filha.motivo de superação e conquistas, amo você filha.motivo de superação e conquistas, amo você filha.
AAAAo meu marido Paulo Roberto pela paciência, o meu marido Paulo Roberto pela paciência, o meu marido Paulo Roberto pela paciência, o meu marido Paulo Roberto pela paciência, compreensão e apoio em todos os momentos.compreensão e apoio em todos os momentos.compreensão e apoio em todos os momentos.compreensão e apoio em todos os momentos.
Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo Aos meus sogros, Paulo e Catarina, por todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo apoio e carinho que me dedicaram durante todo
tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais tempo, saiba que sem vocês tudo seria mais difícil.difícil.difícil.difícil.
Obrigada sem vocês tudo o Obrigada sem vocês tudo o Obrigada sem vocês tudo o Obrigada sem vocês tudo o que fiz não teria sentidoque fiz não teria sentidoque fiz não teria sentidoque fiz não teria sentidoAAAA
Patrícia AparecidaPatrícia AparecidaPatrícia AparecidaPatrícia Aparecida
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AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos A Deus, que confiamos, que nos concedeu a vida, a inteligência para lutar,
e a força para suportar as dificuldades... Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e Patrícia Patrícia Patrícia Patrícia
A nossa professora e orientadora Jovira, por ter contribuído com tantas
sugestões relevantes durante o processo de construção deste trabalho, e pelo incentivo incondicional...
Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia Às professoras Márcia Adass e Márcia Aleixo e Lídia Helena pelas
correções de português e Inglês dos capítulos e resumo deste trabalho.
Maria José e Patrícia Maria José e Patrícia Maria José e Patrícia Maria José e Patrícia
A Unidade do PSF do Jardim Dom Bosco de Guaiçara-SP, representado pela Coordenadora Cristiane Vigarane e a Enfermeira
Marina, que nos recebeu com tanto carinho e atenção... Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia
Aos ACS do PSF do Jardim Dom Bosco de Guaiçara-SP, pela forma que nos acolheu e por contribuírem para a realização deste projeto...
Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia
Às minhas chefes Rosangela e Meire, , , , pelo imenso empenho e boa vontade
em adaptar meus horários de trabalho para que eu pudesse estudar. Muito
obrigada....
Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José
7
À minha companheira de pesquisa, Patrícia, por dividirmos expectativas,
anseios, esperanças, sonhos, inseguranças e medos, mas, sobretudo pela
imensa amizade que nos uniu.
Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José
A minha família Aos meus pais que amo tanto Antonio e Neusa, os meus irmãos, em especial minha querida irmã Daniela, aos meus sobrinhos e sobrinhas,
minhas cunhadas, pela compreensão por muitas vezes estar distante de vocês para poder finalizar este trabalho...
PatríPatríPatríPatríciaciaciacia À minha cunhada Ana Maria pelo incentivo que me deu antes de tudo...
PatrPatrPatrPatrííííciaciaciacia À minha Sobrinha Téssiane por me ajudar no início, e depois com as
pesquisas no computador, quando tudo ainda era desconhecido... PatrPatrPatrPatríciaíciaíciaícia
À minha amiga e companheira de pesquisa Maria José, pela confiança e amizade...
PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia
A minha grande Amiga Ligia Abraão que sempre esteve comigo nestes quatro anos, por compartilhar vários momentos da minha vida, sejam eles
tristes, felizes ou importantes como este... PatríPatríPatríPatrícia cia cia cia
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Agradecimento EspecialAgradecimento EspecialAgradecimento EspecialAgradecimento Especial
A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma A nossa orientadora Marilisa Baralhas, pela forma que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar que nos acolheu desde o início deste projeto, por estar
sempre junto a nós durante esta caminhada, nos sempre junto a nós durante esta caminhada, nos sempre junto a nós durante esta caminhada, nos sempre junto a nós durante esta caminhada, nos ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa ajudando e apoiando, você é nosso exemplo, nossa
inspiração de alcançar vôos minspiração de alcançar vôos minspiração de alcançar vôos minspiração de alcançar vôos maiores.aiores.aiores.aiores. Maria JoséMaria JoséMaria JoséMaria José e e e e PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia
“Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.” (Richard Bach)
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RESUMO
O envelhecimento é um fenômeno que vem ocorrendo atualmente de
forma vertiginosa, entretanto, os problemas resultantes desta realidade são preocupantes, pois se faz necessários profissionais capacitados para atender as diferentes necessidades dos idosos. Frente a estas questões, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) inserido no Programa Saúde da Família (PSF), vem de encontro às necessidades de prevenção, promoção e manutenção da saúde dos idosos. Para tanto, é necessário que este tenha uma capacitação específica para atuar no contexto familiar e comunitário em que o idoso está inserido. Este estudo objetivou descrever a atuação do ACS no PSF frente à saúde do idoso, avaliar como os idosos correspondem ao atendimento, identificar as dificuldades encontradas pelos ACS na atuação com idosos e conhecer a percepção dos ACS sobre seu papel frente à saúde do idoso. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa, sendo realizado no PSF do Jardim Dom Bosco Guaiçara. A coleta de dados foi realizada com 05 ACS e 10 idosos inscritos no programa, através da técnica de entrevista semi-estruturada e em profundidade, onde os depoimentos foram audiograváveis, sendo utilizado um questionário com questões que compreendiam dados de identificação e perguntas abertas. Foi observado que todos os ACS são do sexo feminino e a maioria possui ensino médio completo. Os ACS tem uma visão do idoso de um ser carente e solitário, sendo estes fatores também descritos pelos profissionais como o de maior necessidade por parte dos idosos. Outro aspecto importante que foi evidenciado refere-se à concepção do idoso como um ser limitado. Os ACS também relatam a necessidade de estar recebendo qualificação específica para atuar com idosos e a maioria refere encontrar dificuldade para atuar com esta população, em especial para estar falando, orientando e informando-os no dia-dia. Essa falta de conhecimento dificulta a atuação dos ACS, e compromete a resolutividade de seu trabalho. Em relação aos idosos, foi possível observar que o vinculo o acolhimento e a humanização são fatores marcantes nesta relação de cuidado. Essa formação de vínculo entre os idosos e os ACS é muito favorável e necessária para a qualidade da assistência; o acolhimento e a humanização favorecem esta vinculação, pois cria uma relação de carinho e respeito. Os idosos descrevem os ACS como educadores, e facilitadores do acesso, sendo muito importante, pois demonstra atenção, acolhimento, dedicação, para com os idosos. Porém, deve-se ter cuidado, pois a família pode acabar transferindo a responsabilidade do cuidado para os ACS, acarretando sobrecarga para este profissional. Frente ao que foi exposto, conclui-se que há necessidade dos ACS estarem recebendo capacitação específica para atuarem com idosos. Neste aspecto é de extrema importância programas que visem qualificar os ACS para atuarem com idosos. PALAVRAS CHAVE: Agente Comunitário de Saúde. Programa saúde da Família. Idosos.
10
ABSTRACT
The aging is a phenomenon that comes occurring currently of vertiginous form, however, the resultant problems of this reality is preoccupying, therefore it is made necessary enabled professionals to attend the different necessities of the aged ones. Front to these issues, the Health ´s Communitarian Agent (HCA) inserted in the Family`s Health Program (FHP), comes of meeting to the necessities of prevention, promotion and maintenance of the health of the aged ones. For in such a way, it is necessary that this has a specific qualification to act in the familiar and communitarian context where the aged one is inserted. This study objectified to describe the performance of the HCA in the FHP front to the health of the aged one, to evaluate as the aged ones correspond to the attendance, to identify the difficulties found by the HCA in the performance with and aged, to know the perception of the HCA on its paper front to the health of the aged one. It is about an exploratory-descriptive research, with qualitative boarding, being achieved in the FHP of the Dom Bosco Garden in Guaiçara. The collection of data was achieved with 05 HCA, and 10 aged enrolled ones in the program, through the technique of interviews semi-structuralized and in depth, where the depositions had been audiogradable, being used a questionnaire with questions that understood data of identification and open questions. It was observed that all the HCA is of the feminine sex and majority possesses complete average education. The HCA has a vision of the aged one of a devoid and solitary being, being these described factors also by the professionals as of great necessity on the part of the aged ones. Another important aspect that it was evidenced, it is refered the conception of the aged one as a limited being. The HCA relate the necessity to be receiving specific qualification to act with aged and majority refer to find difficulty to act with this population, in special to be speaking, guiding e informing them in the day-day. This lack of knowledge difficult the performance of the HCA, and compromises the resolutividade of its work. In relation to the aged ones it was possible to observe that I tie the shelter to it and the humanization are marked factors in this relation of care. This the formation of bond between aged and the HCA is very favorable and necessary for the quality of the assistance; the reception and the humanization favor this entailing, therefore it creates a relation of affection and respect. The aged ones describe the HCA as educators, and facilitators of the access, being very important, therefore it demonstrates attention, reception, devotion, stops to the aged ones. However, must have care had, therefore the family can finish transferring to the responsibility of the case to the HCA, causing overload to this professional. Front to was displayed, it is concluded that there is necessity of the HCA to be receiving qualification specific to act with aged. In this aspect is of extreme importance programs that they aim at to characterize the HCA to act with aged.
KEY WORDS: Health`s Communitarian Agent.Family`s Health Program. Aged.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Dados de Identificação dos participantes da pesquisa
Quadro 2: Dados de Identificação dos participante da pesquisa
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACD: Auxiliar de Consultório Dentário
ACS: Agente Comunitário de Saúde
ESF: Estratégia Saúde da Família
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS: Ministério da Saúde
OMS: Organização Mundial da Saúde
ONU: organização Mundial das Nações Unidas
PACS: Programa Agente Comunitário de Saúde
PNAD: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
PNH: Política Nacional de Humanização
PSF: Programa Saúde da Família
SUS: Sistema Único de Saúde
THD: Técnico em Higiene Dental
UBS: Unidade Básica de Saúde
USF: Unidade Saúde da Família
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................14
CAPÍTULO I – CONHECENDO A TRAJETÓRIA DO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE E DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA E DESVELANDO SUA
INTERFACE
COM O TRABALHO DO AGENTE COMINITÁRIO DE SAÚDE.................... 16
1 UM BREVE RELATO SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) ..................................................... 16
1.1 Fundamentos do Programa Saúde da Família..................................... 19
1.1.1 Atribuições do Enfermeiro .................................................................... 22
1.1.2 Atribuições do Médico .......................................................................... 23
1.1.3 Atribuições do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem .......................... 24
1.2 O ACS e suas atribuições .................................................................... 24
CAPÍTULO II – SAÚDE DO IDOSO: CONHECENDO OS PRINCIPAIS
AVANÇOS E DESAFIOS ............................................................................... 30
2 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL .............................................. 30
2.1 Caracterização e perfil dos idosos nos dias atuais............................... 33
2.1.1 Distribuição urbano-rural da população idosa ...................................... 35
2.1.2 Feminilização da velhice ...................................................................... 35
2.1.3 O idoso no domicílio ............................................................................. 36
2.1.4 Distribuição dos idosos segundo a etnia .............................................. 37
2.1.5 Nível de escolaridade entre os idosos.................................................. 38
2.1.6 Rendimentos dos idosos ...................................................................... 39
2.1.7 Aspecto religioso .................................................................................. 40
2.1.8 Violência e preconceito ........................................................................ 41
2.2 Necessidades específicas dos idosos.................................................. 42
2.2.1 Idade cronológica e idade funcional ..................................................... 45
2.2.2 Necessidades Hierárquicas de Maslow................................................ 45
2.2.2.1 Necessidades Fisiológicas.................................................................. 46
2.2.2.2 Necessidades de Segurança .............................................................. 46
13
2.2.2.3 Necessidade de Amor e Integração.................................................... 47
2.2.2.4 Necessidade de Estima ...................................................................... 47
2.2.2.5 Necessidade de Auto Realização ....................................................... 48
2.3 Desafio do cuidado ao idoso para o setor da saúde ............................ 49
2.4 O idoso e a família ............................................................................... 51
CAPÍTULO III – UM OLHAR PARA O ACS NO CUIDADO AOS ISODOS ... 54
3 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 54
3.1 Procedimentos e Métodos.................................................................... 54
3.2 Caracterização do campo de pesquisa ................................................ 56
3.3 Análise dos resultados e Discussão..................................................... 57
3.3.1 A palavra dos Agentes Comunitários de Saúde ................................... 58
3.3.2 Identificação dos ACS .......................................................................... 58
3.3.3 Visão dos ACS sobre as necessidades dos idosos.............................. 60
3.3.4 As dificuldades dos ACS para atuar com idosos.................................. 62
3.3.5 O estabelecimento de vínculo com o idoso.......................................... 65
3.3.6 A palavra dos idosos ............................................................................ 66
3.3.7 Identificação dos idosos ....................................................................... 67
3.3.8 Análise dos depoimentos dos idosos ................................................... 69
3.3.8.1 Vínculo Humanização e Acolhimento como fatores primordiais na
relação idosa ACS .......................................................................................... 69
3.3.8.2 O ACS como educador ....................................................................... 71
3.3.8.3 O ACS como facilitador do acesso x falta de limite no relacionamento
idoso-ACS....................................................................................................... 72
3.4 Parecer sobre a pesquisa..................................................................... 74
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................... 77
CONCLUSÃO................................................................................................. 78
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 81
APENDICES................................................................................................... 86
ANEXO ........................................................................................................... 90
14
INTRODUÇÃO
O interesse por esse objeto de pesquisa se desenvolveu ao longo de
nosso aprendizado durante a graduação, vindo de encontro à visão que se
revelou, da realidade em aulas práticas.
Surgiu então, o anseio de aprofundar-nos no tema em questão, o que
vem agora se expressar neste trabalho de pesquisa, que aborda a atuação dos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no atendimento as necessidades dos
idosos.
Nos dias atuais os ACS encontram dificuldades para estar atuando com
idosos, visto a saúde destes ser um tema de grande complexidade. O
envelhecimento populacional é um fenômeno que está acorrendo de forma
vertiginosa, o que leva a necessidade de profissionais aptos a atender a
demanda deste novo perfil de cliente.
Neste sentido, inserido no Programa Saúde da Família (PSF), o
enfermeiro é peça fundamental na capacitação do ACS. O presente estudo,
objetiva descrever a atuação dos ACS no PSF frente à saúde do idoso, avaliar
como os idosos correspondem ao atendimento dos ACS, identificar as
dificuldades encontradas pelos ACS na atuação com os idosos e conhecer a
percepção dos ACS sobre seu papel frente à saúde do idoso.
Para comprovar o que foi levantado, realizou-se pesquisa exploratório-
descritiva, com abordagem qualitativa, sendo realizada a coleta de dados em
campo, com ACS e idosos. Para tal, foi elaborado um roteiro de questões o
qual foi utilizado com os ACS e os idosos, sendo os discursos audiograváveis.
O trabalho justifica-se em função do envelhecimento populacional, fato
este que se comprova por levantamentos governamentais, como dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caracterizando que este
aumento ocorre devido aos avanços tecnológicos, as descobertas científicas na
área da saúde e em especial dos métodos diagnósticos e preventivos, à
redução das taxas de natalidade, fecundidade e mortalidade. Para tanto, se
faz necessário profissionais de saúde capacitados para que haja efetividade no
atendimento com idosos.
15
O presente trabalho dividiu-se em três capítulos. O primeiro capítulo
destina-se a uma abordagem histórica e teórica do Sistema Único de Saúde
(SUS) e o Programa Saúde da Família.
O segundo capítulo objetiva-se descrever a população idosa, seu perfil e
suas necessidades.
No terceiro capítulo, será abordada a pesquisa em campo, sendo
realizada no PSF do Jardim Dom Bosco de Guaiçara-SP. Neste capítulo
também será exposto os dados coletados, sua analise e discussões, bem como
a conclusão a cerca dos objetivos traçados.
Finalizando o trabalho desenvolvido, na seqüência aborda-se as
sugestões de intervenção baseada nos resultados obtidos. Encerra-se o
trabalho, esperando que o mesmo venha contribuir de alguma forma para a
evolução dos profissionais e para o início de novas pesquisas.
16
CAPÍTULO I
CONHECENDO A TRAJETÓRIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E DO
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA E DESVELANDO SUA INFERFACE COM
O TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
1 UM BREVE RELATO SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)
Conhecer a trajetória das políticas públicas de saúde se faz necessário
neste trabalho, para que se possa compreender o cenário remoto e atual do
sistema de saúde do nosso país, bem como sua influência sobre as
necessidades de saúde da população.
Segundo Baralhas (2008), o sistema de saúde em nosso país vem
passando por muitas mudanças no decorrer dos anos, e a construção do SUS
é resultado de grandes lutas política e ideológica ao longo de sua trajetória,
tendo a participação de diferentes grupos sociais.
O direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados de
direitos sociais, que têm como inspiração o valor da igualdade entre as
pessoas. No Brasil, este direito apenas foi reconhecido na Constituição Federal
de 1988 e antes disso, o Estado apenas oferecia atendimento à saúde para
trabalhadores com carteira assinada e sua família, porém as outras pessoas
tinham acesso a estes serviços como um favor e não como um direito. Durante
a Constituinte de 1988 as responsabilidades do Estado são repensadas e
promover a saúde para todos passa a ser seu dever (DIREITO À SAÚDE,
2009)
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação. (DIREITO À SAÚDE, 2009)
17
A criação do SUS está diretamente relacionada à tomada de
responsabilidade por parte do Estado (DIREITO À SAUDE, 2009).
Para Figueiredo e Tonini (2007), o processo de criação do SUS teve
início a partir das definições legais estabelecidas pela Constituição Federal de
1988 e da Lei Orgânica de Saúde, sempre em conformidade com as
representações dos secretários estaduais e municipais de saúde.
O SUS é um sistema formado por várias instituições dos três níveis de
governo (União, Estados e Municípios) e pelo setor privado, que é contratado e
conveniado, de caráter complementar, para suprir as necessidades de
assistência, quando não existem serviços públicos para tal. Apresenta a
mesma doutrina e as mesmas filosofias de atuação em todo o território
nacional e é organizado de acordo com uma mesma sistemática. Como
sistema, é um conjunto de ações, serviços e unidades que se integram visando
às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. (BRASIL, 1990)
A lei 8.080-90 dispõe ainda os princípios doutrinários do SUS:
Universalidade, Eqüidade e Integralidade, enquanto que os princípios
organizacionais são: Regionalização, Hierarquização, Resolutividade,
Descentralização e Participação dos Cidadãos. Tais princípios foram
fundamentados e conceituados do seguinte modo:
a) Universalidade: é a garantia de que todo e qualquer cidadão, sem
distinção alguma, receberá atenção à saúde por parte do sistema;
b) Integralidade: as necessidades de saúde das pessoas devem ser
levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da
maioria. A pessoa deve ser vista de forma integral, um ser integral
biopsicossocial, e deverá ser atendida com essa visão por um
sistema de saúde também integral, de forma a promover, proteger e
recuperar a saúde;
c) Eqüidade: este princípio assegura que as ações e serviços de todos
os níveis independente de sua complexidade, sejam prestados a
todas as pessoas, sem privilégios ou barreiras, ou seja, todas as
pessoas devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de
saúde;
d) Hierarquização e regionalização: os serviços devem ser organizados
em níveis de complexidade tecnológica crescente; o nível primário
18
deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros
devem ser utilizados apenas quando necessário. Quanto mais bem
estruturado for o fluxo de referência e contra-referência entre os
serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. Cada
serviço de saúde tem uma área de abrangência, ou seja, é
responsável pela saúde de uma parte da população. Os serviços de
maior complexidade são menos numerosos e por isso mesmo sua
área de abrangência é mais ampla, em relação aos vários serviços
de menor complexidade. O acesso da população à rede deve
acontecer através dos serviços de nível primário de atenção, que
devem estar qualificados para atender e resolver os principais
problemas que demandam os serviços de saúde. Os demais deverão
ser referenciados para os serviços de maior complexidade
tecnológica.
e) Descentralização: o SUS existe em três níveis, ou esferas: nacional,
estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições
próprias. A descentralização é compreendida como uma
redistribuição da responsabilidade pelas ações e serviços de saúde
por cada nível de governo. Os municípios passaram a assumir seu
papel na prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde; as
transferências passaram a ser baseadas em sua população e no tipo
de serviço oferecido, e não no número de atendimentos.
f) Resolutividade: este princípio basea-se na exigência de que, quando
uma pessoa procura pelo atendimento ou quando surge um problema
de saúde que cause impacto sobre os demais, o serviço prestado
esteja capacitado para enfrentá-lo e resolver o problema até o niível
de sua competência.
g) Participação dos cidadãos: é a garantia constitucional de que a
população terá participação no processo de formação das políticas
de saúde e do controle de sua execução, em todas as esferas de
governo, tendo para isto entidades representativas formada por
pessoas diversas, inclusive cidadão comum.
Wai (2007) destaca que através do processo de municipalização, estados
e municípios buscaram modelos próprios para se adaptar da melhor maneira
19
as regras do SUS. Com isto houve a criação e implementação de uma série de
novos desenhos e arranjos assistenciais que permitiu a cada município,
conhecedor de seus problemas, agir de acordo com suas necessidades. Uma
proposta que vem se destacando e ganhando notoriedade no plano nacional, é
a Estratégia Saúde da Família (ESF).
1.1 Fundamentos do Programa Saúde da Família
Na perspectiva de Freitas (2006), o PSF foi concebido pelo Ministério da
Saúde em 1994, com o objetivo de proceder à reorganização da prática
assistencial em novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional
de assistência, orientado para a cura de doenças e no hospital. Ele incorpora e
reafirma os princípios básicos do SUS, estruturado a partir da Unidade de
Saúde da Família (USF). De acordo com autora, o programa trabalha com base
nos seguintes princípios:
a) Caráter Substitutivo: no qual se verifica que o PSF não significa
criação de novas unidades de saúde (exceto em áreas totalmente
desprovidas da mesma), pois veio substituir o modelo antigo e
tradicionalista, ou seja, a substituição das práticas convencionais
de assistência por um processo de trabalho baseado no conceito
de promoção da saúde;
b) Integralidade e Hierarquização: a USF está inserida no primeiro
nível de ações e serviços do sistema local de assistência,
denominado atenção básica. Deve vincular-se à rede de serviços,
de forma a garantir atenção integral aos indivíduos e famílias,
assegurando a referência e contra-referência para os diversos
níveis, inclusive os de maior complexidade tecnológica para a
resolução de situações ou problemas identificados;
c) Territorialização e vinculação: a USF trabalha com um território de
abrangência definido que se processa por meio do cadastramento
e do acompanhamento de um número determinado de família para
cada equipe; equipe multiprofissional, em que cada equipe do PSF
é composta, no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar
ou técnico de enfermagem, e até 12 ACS. Cada equipe acompanha
20
de 600 a 1000 famílias, com limite máximo de 4.000 pessoas.
Outros profissionais, a exemplo de dentistas, assistentes sociais e
psicólogos, poderão ser incorporados às equipes ou formar
equipes de apoio, de acordo com as necessidades e possibilidades
locais.
Desta forma, o PSF vem como uma estratégia para a organização da
atenção básica, que tem, por objetivo, a implementação da vigilância à saúde,
por meio de um conjunto de ações individuais e coletivas, voltadas para a
promoção, prevenção e tratamento dos agravos a saúde (FREITAS, 2006).
Segundo Freitas (2006), o programa visa mudar o enfoque de
atendimento à doença, para um enfoque de promoção e atenção integral aos
indivíduos e suas famílias. Contudo, a preocupação central do PSF é a
mudança do modelo assistencial hegemônico centrado na atuação da
demanda espontânea, no pronto atendimento, na lógica de produção de atos e
procedimentos curativos e fragmentados com baixo impacto na resolução de
problemas.
Para Rodrigues (2008), o PSF foge à concepção usual dos demais
programas concebidos no Ministério da Saúde, já que não é uma intervenção
vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrário,
caracteriza-se como uma estratégia que possibilita a integração e promove a
organização das atividades em um território definido com o propósito de
proporcionar o enfrentamento e resolução dos problemas identificados. Assim,
destaca-se o trabalho do ACS, com o propósito de atuar como elo entre a
população e a equipe de saúde.
Freitas (2006) ressalta que através desta concepção, procura-se
estabelecer alguns princípios como: construir vínculo e co-responsabilidade
entre os profissionais de saúde e população; definir, como objeto alvo de
atenção, a família, entendida a partir do ambiente e espaço geográfico em que
vive; responsabilidade por uma população adstrita e de uma intervenção com
ações integrais, no enfrentamento dos principais problemas de saúde dos
indivíduos, família, meio ambiente e ambiente de trabalho, o que vem
possibilitando às equipes uma compreensão ampliada do processo saú-
de/doença e da necessidade de intervenções que vão além de práticas
curativas.
21
Segundo Figueiredo e Tonini (2007) definir como esse programa vai
acontecer não depende só do que está estabelecido na legislação, mas de
entender como as práticas anteriores serão substituídas, o que exige um novo
processo de trabalho, centrado na vigilância à saúde, que é feita a partir de um
cronograma a ser cumprido pelo médico (no consultório ou na própria
comunidade), enfermeira (no consultório ou na comunidade), auxiliar ou agente
comunitário de saúde (fazem as visitas com tarefas predeterminadas).
Segundo os mesmos autores, o PSF deve estar em consonância com o
SUS, por intermédio do:
a) Município: como aquele que decide optar pelo PSF orientando o
modelo de atenção básica;
b) Estado: via Secretaria de Saúde, que recebe a proposta de
programação do PSF, aprecia e aprova na Comissão de
Intergestores. Ao viabilizar a proposta, o Estado se responsabiliza
pelo apoio técnico e financiamento, o que se chama de adesão;
c) Vigilância epidemiológica: opera na raiz da história natural das
doenças que articulam com integrantes da cadeia da enfermidade:
ser humano (hospedeiro); agente etiológico; meio ambiente.
Figueiredo e Tonini (2007) relatam que é importante o constante
monitoramento de saúde dos grupos sociais e de tudo que envolve o processo
de adoecer, e os profissionais de saúde do PSF não devem ficar esperando
sinais ou alarmes de adoecimento, devendo estar sempre atentos para detectar
precocemente desvios de saúde ou fenômenos que levam ao adoecimento.
Rodrigues (2008) ressalta que, nesta perspectiva, espera-se que a
equipe atenda as necessidades de saúde da população, por meio de ações
como as indicadas e descritas a seguir:
a) Planejamento de ações compreendidas como a capacidade para
diagnóstico local, atentando-se para os aspectos positivos da
comunidade e ao potencial das pessoas;
b) Saúde, Promoção e Vigilância à saúde com enfoque na co-
responsabilidade e na participação social. Cabe à equipe reconhecer
os fatores que determinem à qualidade de vida das pessoas,
promover a articulação intersetorial local;
c) Trabalho interdisciplinar em equipe que favorece a prática de um
22
profissional se reconstruir na prática do outro, destacando os
diversos saberes e práticas que possibilita o cuidado mais integral e
resolutivo.
Dessa forma, Rodrigues (2008) coloca que o trabalho na ESF em seu
cotidiano é complexo e dinâmico, requerendo dos profissionais várias
capacidades e várias práticas que promovam impacto na saúde da população.
Assim, a equipe deve compreender este trabalho e reconhecer o limite
específico das atribuições dos diferentes profissionais, socializar conhecimento
e informações, participarem do processo de formação de profissionais com
vistas a identificar os problemas biológicos, mentais e sociais da comunidade.
Os membros da equipe devem articular suas práticas e saberes no
enfrentamento de cada situação identificada para propor solução conjunta e
intervir de maneira adequada.
A Portaria GM/MS 648 de 28 de março de 2006, descreve as atribuições
mínimas específicas de cada categoria profissional, como as indicadas e
descritas a seguir, cabendo ao gestor municipal ou do Distrito Federal ampliá-
las, de acordo com as especificidades locais.
1.1.1 Atribuições do Enfermeiro
a) realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde,
prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias na USF e, quando
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
comunitários (escolas, associações, e outros), em todas as fases do
desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e
terceira idade;
b) conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo
gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições
legais da profissão, realizar consulta de enfermagem, solicitar
exames complementares e prescrever medicações;
c) planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
ACS;
d) supervisionar, coordenar e realizar atividades de educação
23
permanente dos ACS e da equipe de enfermagem;
e) contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do
Auxiliar de Enfermagem, Auxiliar de Consultório Dentário (ACD) e
Técnico em Higiene Dental (THD); e
f) participar do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da USF.
1.1.2 Atribuições do Médico
a) realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde,
prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias em todas as fases
do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e
terceira idade;
b) realizar consultas clínicas e procedimentos na USF e, quando
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços
comunitários (escolas, associações, e outros);
c) realizar atividades de demanda espontânea e programada em clínica
médica, pediatria, ginecoobstetrícia, cirurgias ambulatoriais,
pequenas urgências clínico-cirúrgicas e procedimentos para fins de
diagnósticos;
d) encaminhar, quando necessário, usuários a serviços de média e alta
complexidade, respeitando fluxos de referência e contra-referência
locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do
plano terapêutico do usuário, proposto pela referência;
e) indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento do usuário;
f) contribuir e participar das atividades de Educação Permanente dos
ACS, Auxiliares de Enfermagem, ACD e THD; e
g) participar do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da USF;
h) compete ao médico acompanhar a execução dos protocolos,
devendo modificar a rotina médica desde que existam indicações
clínicas e evidências científicas para tanto.
24
1.1.3 Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem
a) participar das atividades de assistência básica realizando
procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na USF
e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
espaços comunitários (escolas, associações etc.);
b) realizar ações de educação em saúde a grupos específicos e a
famílias em situação de risco, conforme planejamento da equipe; e
c) participar do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da USF.
1.2 O ACS e suas atribuições
Na perspectiva de Wai (2007), o ACS pode ser encontrado em duas
situações distintas em relação à rede do SUS: ligado a uma unidade básica de
saúde ainda não organizada na lógica do PSF; ligado a uma Unidade Saúde da
família.
Os ACS exercem o trabalho sob a supervisão do profissional enfermeiro, desenvolvendo atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde através de ações educativas individuais e coletivas. (COLOMÉ, JAHN; BECK, 2003, p.23)
Segundo Wai (2007), atualmente em nosso país encontra-se em
atividade mais de 204 mil ACS, estando presentes tanto em comunidades
rurais e periferias urbanas, quanto em municípios altamente urbanizados e
industrializados. Para a mesma autora, o ACS tem se apresentado como uma
nova identidade social, porém ainda pouco estudada. No entanto, este
profissional vem ocupando um vazio existente nas práticas de saúde,
configurando-se num elo vivo entre a unidade e a comunidade.
Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005) destacam, que os agentes
comunitários de saúde vêm se constituindo, no PSF, como segmento efetivo do
trabalho em saúde, representando novos atores nos cenários da assistência. É
um segmento efetivo da produção dos serviços, que se apresenta, não apenas,
como suporte para gerar determinadas ações em saúde, mas, também, como
peça essencial na organização da assistência.
25
Segundo Bezerra, Espírito Santo, Batista (2005) o ACS por vivenciar os
problemas e morar na comunidade em que desempenha sua função, é uma
figura muito importante, pois é o elo de interlocução entre a equipe e o usuário,
na produção do cuidado. Ele traz para dentro da equipe de saúde o olhar da
comunidade.
Ser agente de Saúde é ser povo, é ser comunidade, é viver dia a dia a vida daquela comunidade (...). É ser o elo de ligação entre as necessidades de saúde da população e o que pode ser feito para melhorar suas condições de vida. O agente comunitário é o mensageiro de saúde da comunidade. (BRASIL, 1991 apud SILVA; DALMASO, 2002 p.75).
A profissão do ACS foi regulamentada em 10 de julho 2002, com a lei
10.507, sendo responsável pelo acompanhamento de 750 pessoas
determinadas de acordo com a área de abrangência da Unidade de Saúde. O
ACS constitui-se em um profissional ativo para melhorar e motivar a
capacidade da população quanto aos cuidados com sua saúde e transforma-se
em ator imprescindível para o desenvolvimento psíquico, físico, econômico,
político e social da população. A mesma lei determina os requisitos necessários
para ser ACS: ser morador da área de atuação há pelo menos dois anos, ter
completado o ensino fundamental, ser maior de 18 anos e concluir de forma
satisfatória o Curso Introdutório para as equipes de PACS/PSF (BARALHAS,
2008).
As atribuições do agente comunitário de saúde foram reeditadas a partir
desta lei, e, em 28 de março de 2006, pela Portaria do Ministério da Saúde, GM
nº. 648, ficou estabelecido como atividades a serem executadas pelos ACS:
a) desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de
saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características
e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e
grupos sociais ou coletividade;
b) trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a
microárea;
c) estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo ações
educativas, visando a promoção da saúde e a prevenção das
doenças, de acordo com o planejamento da equipe;
d) cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros
26
atualizados;
e) orientar famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis;
desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das
doenças e de agravos, e de vigilância à saúde, por meio de visitas
domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios
e na comunidade, mantendo a equipe informada, principalmente a
respeito daquelas em situação de risco;
f) acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos
sob sua responsabilidade, de acordo com as necessidades definidas
pela equipe;
g) cumprir com as atribuições atualmente definidas para os ACS em relação
à prevenção e ao controle da malária e da dengue, conforme Portaria nº.
44/GM, de 3 de janeiro de 2002. (BRASIL, 2002)
Segundo Duarte, Silva e Cardoso (2007), todas estas atribuições exigem
do ACS uma liderança natural na comunidade, fundamentada na capacidade
de se comunicar com as pessoas para estimular a co-responsabilidade na
melhoria da qualidade de vida e saúde da população.
Os ACS possuem um papel muito específico que os difere dos demais
membros da equipe do PSF. Antes de tudo, são pessoas que convivem com a
realidade e as práticas de saúde do bairro onde moram e trabalham, portanto
identificam-se com a cultura, linguagem e os costumes de sua própria
comunidade (NUNES, 2002 apud DUARTE; SILVA; CARDOSO, 2007).
Segundo Baralhas (2008), o ACS recebe uma formação básica, através
de um curso introdutório, oferecido, em sua maioria, pelas Secretarias
Municipais de Saúde, até 3 meses após a contratação do profissional, com o
principal objetivo de fornecer conhecimento para suas ações e para melhor
compreensão de seu trabalho e dos demais profissionais da equipe. Esta
capacitação deve iniciar-se concomitante ao início do trabalho da equipe do
PSF.
Baralhas (2008), ressalta, que esta fase é de extrema importância, visto
ser a partir daí que os profissionais se sensibilizam para a construção de um
novo modelo e adquirem conhecimentos que possa prepará-lo para estar
atuando junto a comunidade.
O Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de
27
Saúde, preocupados com a peculiaridade do trabalho do ACS, instituíram a
Formação Profissional dos Agentes Comunitários de Saúde, iniciada no ano de
2005, com a participação das três esferas de governo, cuja proposta é
conceder aos agentes já atuantes na rede a formação em nível técnico,
melhorando, assim, a qualidade da assistência prestada. (BARALHAS, 2008)
Baralhas (2008) descreve, que no estado de São Paulo esse processo
de formação esta ligado aos Centros Formadores de Pessoal de Saúde
(Cefors). O curso tem um total de 1.350 horas/aula, dividido em 3 módulos,
com duração de 450 hora/aula. Esta proposta visa dar suporte para o exercício
da função dos ACS, bem como equiparar o nível de formação dos mesmos,
visto que para realizar a matrícula é exigido certo grau de escolaridade; ao final
dos 3 módulos, o profissional deverá ter concluído o ensino médio.
Segundo Tomaz (2002), evidenciam-se três aspectos que devem ser
levados em conta ao discutir o processo de formação ou qualificação do ACS:
o perfil do profissional a ser capacitado, suas necessidades de formação e
qualificação, e que competências devem ser desenvolvidas ou adquiridas no
processo educacional.
(...) o processo de qualificação do ACS ainda é desestruturado, fragmentado, e, na maioria das vezes, insuficiente para o adequado desempenho de seu papel. (TOMAZ, 2002, p. 266)
Os mesmos autores defendem a necessidade de utilizar métodos de
ensino-aprendizagem inovadores, reflexivos e críticos, centrados no estudante,
e, se possível, incluir novas tecnologias, como a educação à distância.
De acordo com Tomaz (2002), os conhecimentos exigidos no processo
de trabalho do ACS são bastante complexos e diversificados, apontando
também ao fato destes conhecimentos ultrapassarem o campo da saúde, pois
requer dos ACS conhecimentos dos aspectos que estão presentes na vida da
população local, o que exige uma atuação intersetorial.
Segundo Lunardelo (2004 apud BARALHAS, 2008), a qualificação e
profissionalização do ACS, é um fator de realização pessoal e profissional para
os mesmos, que têm buscado a construção da sua identidade, como também
um crescimento humano e profissional.
28
Em seu trabalho Tomaz (2002), ressalta que por falta de uma clara
delimitação de suas atribuições, o papel do ACS tem sido distorcido
sobrecarregando, muitas vezes, seu trabalho, passando a ser uma carga
excessiva. Qualquer ação que deva ser desenvolvida nas famílias e na
comunidade é atribuída ao ACS.
Segundo Baralhas (2008), o ACS encontra limitações inerentes ao seu
trabalho, que estão relacionadas ao modo como eles mesmos percebem suas
ações e atribuições e o que os profissionais da equipe compreendem sobre seu
papel. A mesma autora relata ser visível o desejo dos ACS de deter
conhecimento técnico-biológico, para estar direcionando-o para ações
assistenciais curativa.
Os ACS estão direcionados e orientados para execução de suas ações, conforme portarias editadas pelo MS. Muitas vezes, como é permitido adaptação de acordo com a realidade local, esses profissionais carregam uma gama de atribuições muito extensas do que a permitida na proposta dos programas. (BARALHAS, 2008 p. 37)
Segundo Baralhas (2008), as questões apresentadas que envolvem os
ACS levam a refletir sobre estes profissionais atuantes nos serviços e sua
importância na reorganização da prática sanitária vigente.
Com relação à atuação dos ACS frente às necessidades dos idosos,
encontramos vários estudos realizados por autores diversos, podendo citar
como exemplos: Bezerra; Espírito Santo e Batista (2005), Colomé, Jahn e
Beck, (2003), Silvestre e Costa Neto, (2003), Pacheco e Santos (2004), entre
outros.
Estes autores buscam identificar o conhecimento dos ACS frente à
saúde dos idosos, bem como sua inserção, percepção e prática profissional.
Neste sentido, Silvestre e Neto (2003) ressaltam em seu trabalho que o
grande desafio para o ACS é construir uma imagem positiva sobre o ser idoso.
Segundo os mesmos autores, o cuidado do idoso deve basear-se
principalmente na família e na atenção básica de saúde, através das Unidades
Básicas de Saúde, em especial nas unidades de PSF, pela possibilidade de
maior reconhecimento dos problemas da população, e o desenvolvimento de
vínculo com o idoso atendido.
29
Os profissionais devem estar atentos à importância da inserção do idoso
na família e na vida da comunidade, para manter seu equilíbrio físico,
emocional e mental (FLORIANI; SCHRAMM, 2004).
A equipe de saúde precisa estar sempre atenta à pessoa idosa, na constante atenção ao seu bem-estar, à sua rotina funcional e a sua inserção familiar e social, jamais a deixando à margem de seu contexto, mantendo-a mais independente possível no desempenho de suas atividades rotineiras. (BRASIL, 2000 p.11)
Para Colomé, Jahn e Beck (2003), o ACS vem contribuir de forma
positiva na melhoria das condições de saúde do idoso, exercendo o trabalho
sob a supervisão do enfermeiro da unidade, desenvolvendo atividades de
prevenção e promoção da saúde, através de ações educativas de forma
coletiva e individual.
Em geral, o trabalho realizado pelo ACS busca uma resolutividade, uma
vez que as ações desenvolvidas por este profissional é pautada na sua
identificação com a comunidade, mas Silvestre e Costa Neto (2003) ressaltam
a necessidade dos profissionais receberem capacitação e formação para
atuarem com idosos.
Para atuar nesta perspectiva, é necessário que o poder público invista na formação de indivíduos capazes de lidar com os múltiplos aspectos que revestem o envelhecimento humano. (BEZERRA; ESPÍRITO SANTO; BATISTA, 2005, p.814)
Os ACS têm se mostrado despreparados para atuar na saúde dos
idosos, conforme destacam Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005). Os
autores relatam que é necessário prover condições e preparo para que o ACS
disponha de instrumento adequado ao lidar com as necessidades e problemas
dos idosos, desta forma estarão contribuindo com os demais profissionais, e
juntos promoverem um envelhecimento saudável.
30
CAPÍTULO II
SAÚDE DO IDOSO: CONHECENDO OS PRINCIPAIS AVANÇOS E
DESAFIOS
2 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
O século XX foi marcado por grandes avanços nas ciências do
envelhecimento graças aos estudos dos pioneiros Metchnikoff e Nascher que
estabeleceram os fundamentos da Gerontologia e da Geriatria. (FREITAS et
al., 2002)
Assim, a Gerontologia caracteriza-se como um ramo da ciência que
estuda o processo de envelhecimento e os múltiplos problemas que envolvem
a pessoa idosa. Já a Geriatria é a ciência que estuda os aspectos curativos e
preventivos da atenção à saúde. Essa possui uma relação próxima com as
ciências da área médica. (OHARA; SAITO 2008)
Segundo Castro e Vargas (2005), os gerontologistas ressaltam que o
processo de envelhecimento começa desde a concepção. Tais autores afirmam
ainda que a velhice é um processo contínuo onde ocorrem transformações
morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, levando a progressiva
perda da capacidade de adaptação, maior vulnerabilidade, processos
patológicos, que culminam por levá-lo à morte.
O homem desde o principio da civilização sempre se preocupou com o
processo de envelhecimento e com a velhice que é uma conseqüência natural.
Porém, nos últimos anos o envelhecer, assim como a incapacitação funcional
associada a esse processo passou a ser interesse político, social, econômico e
de muitos profissionais, surgindo vários estudos a respeito. (FREITAS et al.,
2002 )
De acordo com Castro e Vargas (2005), em épocas anteriores o estudo
científico sobre envelhecimento ficava em segundo plano, em virtude de uma
visão puramente capitalista, onde não havia interesse em despender recursos
para estudar uma fase da vida em que o homem já não mais produzia e muitas
31
vezes, estava dependente.
Segundo Freitas et al. (2002), o envelhecimento da população brasileira
só começou a ser pesquisado em 1988 durante o VI Encontro Nacional de
Estudos Populacionais e daí em diante outros estudos se seguiram. Ainda
segundo os mesmos autores, esse interesse deve-se de um lado à natural
tendência em se pesquisar e estudar o envelhecimento e, por outro, o grande e
rápido aumento da população idosa pressionou passivamente o
desenvolvimento nesse campo.
Atualmente são evidentes os vários avanços da tecnologia em diversas
áreas do conhecimento humano em especial, aqueles que proporcionaram o
prolongamento da expectativa de vida da população. Entre esses avanços
podemos citar: o aumento dos recursos médicos tecnológicos, como a
descoberta de métodos diagnósticos e terapêuticos, melhoria das condições de
vida e de medidas preventivas. Esses fatores associados à redução das taxas
de fecundidade e mortalidade permitiram com que as pessoas vivessem mais,
ou seja, levaram à longevidade e determinando o envelhecimento populacional.
(COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)
Para Freitas et al. (2002), a queda da mortalidade é um processo que se
inicia no momento do nascimento e altera a vida do indivíduo, da sociedade e
das estruturas familiares e hoje o envelhecimento populacional se sobressai
como um fenômeno mundial.
No Brasil estima-se que a população de idosos crescerá 16 vezes, contra cinco vezes o crescimento da população geral. Em termos absolutos, em 2025 isso significará a sexta maior população de idosos do mundo, ou seja, 32 milhões de indivíduos idosos. Tal processo não é discutido apenas por suas implicações sociais, mas também pela necessidade de estruturação de um modelo assistencial que contemple o segmento idoso de forma integral. (BEZERRA; ESPÍRITO SANTO; BATISTA, 2005, p.810)
Segundo Freitas et al. (2002), a participação na sociedade de idosos na
faixa de 60 anos e mais aumentou no Brasil de 4% em 1940 para 9% em 2000.
Segundo os mesmos autores, com o decorrer dos anos tem ocorrido também,
o aumento da proporção da população mais idosa, de 80 anos e mais,
alterando o próprio grupo.
O fenômeno relacionado ao envelhecimento populacional tem sido
32
motivo de preocupações por causarem mudanças sócio-econômica e político-
cultural na sociedade. Essa preocupação não é apenas dos países
desenvolvidos, onde o fenômeno do envelhecimento se iniciou primeiramente,
mas também dos países em desenvolvimento, onde a proporção de idosos
vem ocorrendo em um ritmo bastante acelerado. (CASTRO; VARGAS, 2005 )
Em 1980 existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças , 20 anos
depois, essa relação praticamente dobrou passando para quase 30 idosos por
cada 100 crianças. (IBGE, 2000)
Contudo, para Castro e Vargas (2005) o setor da saúde sofrerá grande
impacto em seu financiamento com essas transformações e mudanças, pois
sem dúvida há um aumento desproporcional de gastos com essa população.
Dessa forma, surge a necessidade de uma adaptação da sociedade
como um todo para se adequar a essa realidade de forma positiva. Essa
população, cujo número tem crescido, tem necessidades médicas,
psicológicas, sociais, emocionais, financeiras, ambientais entre outras.
(FREITAS et al., 2002)
As necessidades dos idosos ultrapassam os aspectos físicos, devendo ser considerados os aspectos ambientais, culturais, sociais, familiares, psicológicos e espirituais, dentre outros, para que os profissionais possam assisti-los de forma contextualizada e integral, promovendo a qualidade de vida na terceira idade, minimizando o grau de dependência e estimulando sua participação na sociedade. (COLOMÉ; JANH; BECK, 2003, p.23)
Portanto, para tal assistência faz-se necessários profissionais
qualificados para enfrentar essa demanda.
Outro aspecto que tem recebido bastante atenção é a feminilização da
velhice. (FREITAS et al., 2002). Segundo Roach (2003), em 1990, a
expectativa de vida ao nascer era de 79 anos para as mulheres e 72,1 para
homens, em 2040 está projetado que a expectativa de vida será de 82,8 anos
para mulheres e 75,9 para homens.
Na perspectiva de Freitas et al. (2002), no Brasil, o impacto social
relacionado ao envelhecimento é mais importante que o estudo das causas
biológicas do envelhecimento. A importância do impacto social é devido ao fato
de que o Brasil, ainda passa por ajustes na política econômica e desigualdades
sociais em muitas regiões e paralelamente as modificações demográficas que
estão ocorrendo, cresce também a necessidade de profundas transformações
33
socioeconômicas nos países de terceiro mundo. Em relação ao aspecto
econômico, o idoso é muitas vezes visto com preconceito, pois é
0000considerada uma população não produtiva, quando na verdade o lado
produtivo e criativo do idoso pode ser incentivado através de políticas sociais.
(CASTRO; VARGAS, 2005)
Á precária condição socioeconômica, associam-se múltiplas afecções concomitantes, perdas não raras da autonomia e independência e dificuldade de adaptação do idoso à as exigências do mundo moderno que, em conjunto, levam o velho ao isolamento social. (FREITAS et al., 2002 p.4)
Segundo Freitas et al. (2002), os idosos por terem sua força de trabalho
reduzida, em virtude de doenças crônico-degenerativas não têm como
enfrentar uma competição desigual, a marginalização e a perda da sua
condição social.
Felizmente, segundo Castro e Vargas (2005), essa situação tem sido
revertida aos poucos, através da criação de políticas e ações, tendo como
participantes o poder público, idosos e comunidade. Os autores afirmam ainda
que a velhice e suas dimensões têm sido difundidas na sociedade pelos meios
de comunicação das universidades, sociedades científicas, palestras e no
discurso do Estado.
2.1 Caracterização e perfil dos idosos nos dias atuais
A organização Mundial da Saúde (OMS) define população idosa como
aquela a partir dos 60 anos de idade, nos países em desenvolvimento e 65
anos de idade nos países desenvolvidos. (IBGE, 2002)
Em abril de 2002 a Assembléia Geral das Nações Unidas realizou na
cidade de Madri a 2ª Assembléia Mundial sobre envelhecimento para discutir o
impacto do rápido envelhecimento no planeta e propor políticas específicas
para este seguimento etário. Para que se possam traçar diretrizes políticas
adequadas à população idosa, é preciso conhecer o perfil e as características
34
dessa população que no Brasil já atinge quase 15 milhões de pessoas. (IBGE,
2002)
Portanto, conhecer as reais necessidades do idoso torna possível
adequar várias ações que englobam aspectos biosocioeconômicos, para que
os mesmos tenham assistência eficiente, humana e resolutiva como é
preconizado pelo PSF. (ARAUJO, 2003)
Segundo Ohara e Saito (2008), as alterações no perfil demográfico dos
países em desenvolvimento assustam, pois esse aumento traz evidentes
efeitos sobre o sistema social, econômico e de saúde.
A promulgação em 4 de janeiro de 1994, da Lei 8.842, que dispõe sobre
a política do idoso é uma prova da preocupação com a questão do idoso. De
acordo com a referida lei, a Política Nacional do Idoso tem por objetivo
assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua
autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Em seu artigo 3º,
reconhece que o envelhecimento populacional é questão de interesse da
sociedade em geral. No parágrafo V, reconhece a necessidade de considerar
as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil. (IBGE, 2002)
O IBGE (2002), ao realizar o Censo demográfico de 2000 procurou
retratar a população idosa, especialmente aquela responsável pelo domicílio e
buscou dados referentes à condição no domicílio, à situação educacional e ao
rendimento mensal do idoso brasileiro. Quando o mesmo fala em responsável
pelo domicílio no Censo Demográfico 2000 se refere à indicação pelos
moradores daquela pessoa considerada como referência do domicílio ou da
família.
Do ponto de vista demográfico, envelhecer significa aumentar o número
de anos vividos. Juntamente com a evolução cronológica estão fenômenos
biopsíquicos e sociais importantes para a percepção da idade e do
envelhecimento. Nas sociedades ocidentais o envelhecimento está associado à
saída da vida produtiva por meio da aposentadoria aos 60 anos. Porém, é difícil
caracterizar uma pessoa como idosa apenas pela idade. Além do mais, na
terceira idade estão indivíduos diferenciados entre si, tanto do ponto de vista
socioeconômico como demográfico e epidemiológico. (CARVALHO e
ANDRADE, 2000 apud IBGE, 2002)
35
2.1.1 Distribuição urbana-rural da população idosa
A distribuição da população urbana-rural idosa acompanha o processo
de urbanização no Brasil. Os idosos residentes nas áreas rurais passaram de
23,3% , em 1991, para 18,6%, em 2000. Na América Latina a maioria dos
idosos que vivem nas áreas urbanas são mulheres. (IBGE, 2002)
De acordo com o Coldevin (apud IBGE, 2002, p.15), “projeções
demográficas mostram que a tendência a uma maior urbanização e o aumento
do número de idosos continuará, com mais homens nas zonas rurais e
mulheres idosas nas cidades”.
Outro ponto importante a ser destacado, é o fato da residência na cidade
facilitar a vida da mulher idosa, especialmente das viúvas, pela proximidade
com seus filhos, serviços de saúde, comércio e outras facilidades que a vida
urbana oferece. (IBGE, 2002)
2.1.2 Feminilização da velhice
Segundo Roach (2003 p. 2), “está comprovado que as mulheres vivem
mais que os homens, pois as mulheres idosas superam o número de homens
idosos em 3 a 2”. Este fenômeno pode ser explicado pelo fato de as mulheres
serem mais pacifistas, menor exposição a riscos no trabalho, se preocupam e
prestam mais atenção aos problemas de saúde, melhor conhecimento destes e
utilizam mais os serviços de saúde. (BERQUÓ apud ARAUJO, 2003)
A longevidade feminina traz consigo problemas como viuvez, solidão,
enfrentamento com a perda do companheiro, dificuldades financeiras, falta de
um cuidador ou dependendo de cuidados de parentes e maior dificuldade de
encontrar um companheiro. O fato de as mulheres idosas predominarem sobre
os homens idosos tem repercussões consideráveis nas demandas por políticas
públicas. Embora elas vivam mais que os homens, estão mais sujeitas a
deficiências físicas e mentais. (FREITAS et al., 2002)
36
Segundo Araujo (2003), para as mulheres são maiores as chances de
enfrentar o declínio da capacidade física e mental sem apoio de um marido.
Freitas et al. (2002), ressaltam que a maior parte das mulheres são
viúvas ou separadas e vivem só, não fazem parte do mercado formal de
trabalho, possuem baixa escolaridade, apresentam debilidade biológica,
enquanto os homens morrem antes.
Roach (2003) ilustra que os benefícios da Previdência Social geralmente
são menores do que os recebidos pelos homens, pois muitas mulheres
apresentam descontinuidade no tempo de trabalho. O autor ainda refere que as
mulheres são mais aptas a sair do emprego para cuidar de problemas
familiares, recebem menores salários, e dão prioridade a outras áreas da vida
em detrimento da vida profissional.
Com base nos dados da Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios (PNAD) de 1995, as mulheres viúvas constituíam 45% das mulheres idosas, as separadas 7% e as solteiras outros 7%%. Por outro lado quase 80 % dos homens estavam em algum tipo de união conjugal. (FREITAS et al. 2002, p. 61)
Na perspectiva de Roach (2003), o homem idoso que torna-se viúvo tem
mais probabilidade de casar-se novamente do que as mulheres idosas viúvas e
também as viúvas superam os viúvos em cinco para um.
Desta forma, a diferença conjugal por sexo se explica de um lado pelo
fato das mulheres viverem mais que os homens e por outro em razão da
sociedade e cultura que admite com mais facilidade que os homens se casem
com mulheres mais novas do que eles. (FREITAS et al., 2002)
2.1.3 O idoso no domicílio
Segundo o IBGE (2002), foi verificado no censo demográfico do ano
2000 que 62,4% dos idosos eram responsáveis pelos domicílios brasileiros,
observando-se um aumento em relação a 1991, quando os idosos
responsáveis representavam 60,4%. Os cônjuges representam cerca de 22% ,
que significa que grande parte dessa população, 84,4%, ocupa papel de
37
destaque na organização familiar brasileira. Em 2000, os idosos do sexo
feminino compunham 37,6% dos responsáveis pelo domicílio, enquanto no
início da década passada essa proporção atingia 31,9%. Tem destaque o fato
de que a idade média do responsável idoso, em 2000 estava em torno de 69,4
anos, sendo 70,2 anos para o sexo feminino e 68,9 anos para o sexo
masculino.
Um fator que tem chamado bastante atenção é o elevado número de
domicílios unipessoais ocupados por mulheres idosas, pois em 2000 no
conjunto do país representavam 67%. (IBGE, 2002). Uma explicação para esse
fenômeno pode ser encontrada no fato de que o grande número de mulheres
viúvas possa estar vivendo sozinhas. Além disso, como os viúvos ou
separados se recasam com mais facilidade que as mulheres nas mesmas
condições causando diferenciação dos arranjos familiares em função do gênero
e da idade do responsável (BERQUÓ et al.,1990 apud IBGE,2002). Os idosos
em domicílios unipessoais são mais freqüentes nas regiões Sul e Sudeste
(IBGE, 2002).
Para o IBGE (2002), nas últimas décadas, o contexto demográfico em
geral vem demonstrando uma redução no número de pessoas da família no
Brasil. Mostra ainda que mais da metade onde o responsável seja idoso
também residiam pessoas na condição de filhos ou enteados, sendo 56,8%
onde o responsável era do sexo masculino, contra 50,6% quando o domicílio
estava sob a responsabilidade de uma idosa.
As condições de saneamento básico são de suma importância, devido à
contribuição para o bem estar e a saúde dos moradores. Neste sentido, o
Censo 2000 observou que nos domicílios onde o responsável era idoso, 56,8%
apresentavam saneamento adequado com rede de esgoto ou fossa séptica e
coleta de lixo. Porém, há diferenças regionais, sendo encontrado na região
Sudeste cerca de 80% dos domicílios com idosos responsáveis e saneamento
básico adequado, enquanto na região Norte essa proporção cai para 24%.
Ainda havia um número considerável de idosos vivendo em domicílios com
saneamento semi adequado ou inadequado. (IBGE, 2002)
2.1.4 Distribuição dos idosos segundo a etnia
38
Segundo Araujo e Alves (2000), em 1996 mais da metade dos idosos
brasileiros se declararam brancos (63,3%), 35,6% pretos ou pardos, e menos
de 1% se declarou amarelo. Ainda segundo o mesmo autor, entre a população
branca, os idosos representavam 9,7%. Entre os pretos e pardos, a proporção
de idosos alcançava 10,2% e 6,7% respectivamente. Considerando as 650 mil
pessoas de cor amarela apontadas pela Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD), 15,3% delas tinham 60 anos ou mais.
2.1.5 Nível de escolaridade entre os idosos
Em se tratando da população idosa, o índice de alfabetização é
considerado um termômetro das políticas educacionais brasileiras do passado.
Nas décadas de 1930 até pelo menos 1950, a educação era restrita a alguns
grupos da sociedade específicos. O baixo saldo da escolaridade média dos
idosos é reflexo desse acesso desigual. (IBGE, 2002)
O Censo demográfico 2000 mediu a alfabetização pelo número de
pessoas que se declararam saber ler e escrever, pelo menos um bilhete
simples. Na última década houve um aumento significativo desse indicador. A
proporção de idosos alfabetizados passou de 55,8% em 1991 para 64,8%, em
2000, representando um crescimento de 16,1% no período (IBGE, 2002).
Apesar desse avanço, em 2002, a população de idosos analfabetos era
grande, representando cerca de 5,1 milhão de pessoas. (IBGE, 2002)
De acordo com Araujo et al. (2003), o analfabetismo nos idosos é ainda
marcante, chegando a 45% desta população. O mesmo autor diz que entre
aqueles que conseguiram chegar às escolas, apenas 5,4% puderam completar
o curso primário e 49,6% têm primário incompleto.
O nível de alfabetização considerando o sexo é diferenciado, os homens
continuam sendo mais alfabetizados que as mulheres com 67,7% contra 62,6%
respectivamente. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que no
passado os homens tinham mais acesso à escola do que as mulheres. (IBGE,
2002)
39
Em relação ao número de anos de estudo, o valor encontrado em 2000
continuava sendo muito baixo, com média de apenas 3,4 anos. Para os
homens 3,5 anos e para as mulheres 3,1 anos. Porém, em comparação com
1991, houve aumento nesta média para ambos os sexos, sendo que o
crescimento relativo na média foi maior para as mulheres. Ao comparar a
média de anos de estudos entre as Unidades da Federação, observou-se que
são bem variadas, ficando o Distrito Federal com 6,0 e o Maranhão com 1,5
anos de estudo. (IBGE, 2002)
Contudo, observa-se que no período intercensitário houve uma melhora
significativa, o que indica maior acesso a educação, provavelmente resultado
dos programas de alfabetização de adultos implementados nas últimas
décadas. O quadro educacional melhorou nas últimas décadas, mas, a
situação dessa população ainda é desfavorável, o que afeta sua condição de
vida e de seus familiares. Além disso, nos dias atuais são muitas as exigências
da vida moderna em relação ao cotidiano do idoso. (IBGE, 2002)
2.1.6 Rendimentos dos idosos
A renda de um indivíduo é responsável pela aquisição de bem e serviço,
sendo indicador de bem estar individual e de pobreza. As zonas rurais
apresentam menores índices de desenvolvimento econômico, sendo
necessário maior incremento de renda nessas áreas para reduzir as
desigualdades sociais. O rendimento rural nas regiões Norte e Nordeste são
ainda mais baixo, trazendo altos índices de pobreza rural. (IBGE, 2002)
O idoso ainda possui renda media inferior a do conjunto da população de
menor idade, mas nos últimos anos analisados, seu crescimento foi mais
intenso. Dados publicados pelo IBGE no ano 2000 evidenciaram que o Distrito
Federal e o Rio de Janeiro apresentaram os maiores rendimentos médios para
idosos (R$ 1.796,00 e 1.018,00, respectivamente), seguidos pelos demais
estados da região Sul e Sudeste. Os menores rendimentos por sua vez, foram
verificados nos estados do Nordeste, em especial no Maranhão, onde a média
de rendimento girou em torno de R$287,00. (IBGE 2002)
40
Segundo Araujo et al. (2003), o IBGE (2001), faz referência às altas
taxas de migração dos estados do norte-nordeste para outros estados em
busca de melhor qualidade de vida.
Em relação ao trabalho (Brasil MS apud ARAUJO et al., 2003), diz que a
satisfação no trabalho é de extrema importância, pois esta se constitui num dos
mais importantes estímulos para a longevidade entre os homens. Esse trabalho
pode ser entendido como atividade profissional, doméstico ou voluntário. Este
fato é preocupante, pois segundo o autor citado, 51,2 % dos homens
entrevistados encontravam-se sem nenhuma atividade profissional, ao passo
que 70,9% das mulheres apontavam o cuidado do lar como atividade
profissional.
No caso dos idosos homens, em 1999 os rendimentos de aposentadoria
representavam o principal componente da renda (54,1), enquanto o rendimento
do trabalho era de apenas 36%. Para as idosas, quase 80% da renda
correspondia aos rendimentos de pensão e aposentadoria. (IBGE, 2002)
A universalização dos benefícios da seguridade social foi muito
importante para a melhoria dos rendimentos dos idosos, porém o grande
aumento do número de idosos causa fortes pressões no sistema
previdenciário. Em paralelo, o aumento da proporção de idosos que vivem
sozinhos traz a tona questões sobre as condições que devem ser oferecidas
aos mesmos para que tenham uma vida mais autônoma e integrada. (IBGE,
2002)
Segundo Roach (2003), para que se possa acompanhar o aumento da
demanda por pagamento de benefícios da seguridade social, mais mudanças
poderão ocorrer no futuro.
2.1.7 Aspecto religioso
As pessoas idosas parecem se aproximar mais da religião. A
maturidade, a experiência, os problemas da vida, a maior disponibilidade de
tempo levam a essa proximidade. Os profissionais de saúde devem levar em
41
consideração os aspectos religiosos ao atender a população idosa. (VALENTE
apud ARAUJO et al., 2003)
De acordo com Araujo et al. (2003), dentre os idosos 46,8% professam o
catolicismo, 42,3% são evangélicos, 7,21% espíritas e 3, 60% relatam não
pertencer a nenhuma religião.
2.1.8 Violência e preconceito
A cada dia, o problema da violência contra idosos torna-se cada vez
mais extenso. É comum ouvirmos falar em denuncias de maus tratos contra
idosos. Essa violência é expressa principalmente sob a forma de abandono
pelos familiares, institucionalização forçada, ameaças, chantagem,
desvalorização, roubos, abuso de autoridade, agressões físicas e verbais. Os
profissionais de saúde deverão estar capacitados a identificar os casos de
maus tratos e acionar os serviços de proteção das vítimas e acompanhar os
casos identificados. (ARAUJO, 2003)
Muitas pessoas em nossa sociedade evitam falar sobre envelhecimento. A
velhice está associada à deterioração, doenças crônicas e mentais e morte. Na
verdade, envelhecer é apenas uma fase da vida. Tem problemas e
dificuldades, mas também tem prazeres e compensações. “Há muitas idéias
falsas e erros de concepção sobre o idoso”. (ROACH, 2003, p.7).
Em anos anteriores havia maior respeito pelas pessoas mais velhas. Eram
considerados sábios, com experiências de vida a serem aproveitadas.
Entretanto, durante tempos, antes e depois da guerra a velhice passou a ser
vista negativamente. (ROACH, 2003)
Podemos citar como exemplo de preconceito contra o idoso o fato de ver
todas as pessoas idosas como inúteis, vulneráveis, dementes ou carentes de
assistência. Atitudes negativas incluem não dar valor às opiniões, contribuições
e idéias, dizendo que os velhos não sabem de nada; tratá-los com desrespeito,
e ignorá-los. (ROACH, 2003)
Com o grande aumento da população idosa, atitudes com essa população
parecem estar mudando novamente. “O pendulo que se moveu em direção ao
42
preconceito do idoso parece mover-se para uma visão mais humanista sobre a
velhice”. (ROACH, 2003, p. 7)
É necessário conhecer e analisar as relações entre envelhecimento e
dependência. A velhice pode ser produtiva desde que haja investimento nos
programas de inclusão social e valorização do idoso (FREITAS et. al., 2002)
2.2 Necessidades específicas dos idosos
Segundo Roach (2003 p.2), “não há um idoso típico. Cada pessoa é tão
diferente quanto as experiências que viveu ao longo da vida”. Ressalta que
embora eles sejam diferenciados e similares em muitas maneiras, existem
certas características e problemas comuns associados ao envelhecimento.
Contudo, quando se planeja e implementa cuidados deve-se considerar a
individualidade de cada um, com seus diferentes contextos de vida.
Quando uma pessoa envelhece é fato estabelecido que suas
características físicas mudem com o tempo, tornando-se notáveis. O cabelo
torna-se grisalho, a pele enruga, os ossos desmineralizam e os vasos
sanguíneos tornam-se enrijecidos e inelásticos. (SMITH; TIMBY, 2005)
Ocorrem também alterações anatômicas e fisiológicas nos vários
sistemas do organismo. No sistema nervoso ocorre perda neural, aumento da
espessura das meninges, atrofia cerebral, diminuição dos processos
dendríticos, redução da substância branca, diminuição da velocidade de
condução da célula nervosa, e diminuição das respostas. No sistema sensorial
são consideradas alterações fisiológicas a diminuição da acuidade visual e
fotossensibilidade. (OHARA; SAITO, 2008)
O sistema cardiovascular tem maior prevalência de hipertensão arterial e
doença coronariana. Existe uma diminuição de reserva funcional cardíaca,
porém essa reserva funcional é muito maior do que o necessário para a vida
cotidiana. Entre as alterações respiratórias que acontecem com o
envelhecimento tem destaque a diminuição da capacidade vital, devido ao
menor volume de oxigênio no sangue arterial. (OHARA; SAITO, 2008)
43
No sistema musculoesquelético ocorrem transformações que afetam a
mobilidade, a locomoção e a postura do idoso, havendo diminuição no
equilíbrio e lentidão na execução dos movimentos, sem que isso prejudique
sua capacidade funcional. (OHARA, 2008)
As principais alterações gastrointestinais que ocorrem com a idade são
diminuição das glândulas salivares, causando boca seca, e algumas vezes
dificuldade de deglutição, alteração no paladar devido à diminuição do número
de papilas gustativas, atrofia da mucosa gástrica e intestinal, diminuição da
prestasse. (ROACH, 2003)
No sistema geniturinário começando em torno dos 40 anos ocorre uma
gradual diminuição em tamanho e número dos néfrons e até a idade de 80
anos, uma perda de 50%, porém cada rim requer somente 25% dos néfrons
para manter o seu funcionamento normal. Ocorre uma redução a taxa de
filtração, excreção e reabsorção renal, tem propensão a um maior limiar renal
de glicose de, maior risco de desidratação devido à diminuição da sensação de
sede. Os desequilíbrios eletrolíticos podem ocorrer mais rapidamente. As
mudanças na função renal alteram também a excreção das drogas pelos rins,
devendo-se tomar cuidados na prescrição e administração de medicamentos.
(ROACH, 2003)
Para Santos Filho (2006), quando as funções biológicas começam a
apresentar problemas que comprometem as reservas funcionais do idoso e
quando esses problemas atingem seu limiar, as queixas quanto á saúde, em
diferentes níveis começam a surgir.
Aderbal e Leite (2006) citam como características bastante marcantes
nesta faixa etária a alta prevalência de doenças, como as doenças
cardiovasculares, as neoplasias, os quadros demenciais e o manejo
terapêutico no idoso.
De acordo com Roach (2003), os idosos têm menos doenças agudas
que os mais jovens, porém quando são acometidos por doenças agudas
demoram a se recuperar e têm mais complicações. Ainda segundo o autor, a
doença crônica é a principal preocupação para o idoso, pois aproximadamente
80% dos idosos têm ao menos uma doença crônica e muitos até duas ou mais.
As doenças crônicas têm mais probabilidade de levar a incapacidades.
Sendo assim, a incidência dessas doenças complica os cuidados e torna a
44
assistência de enfermagem uma parte integral da atenção ao idoso. Combater
as doenças crônicas nos idosos é um desafio para que atinjam sua mais alta
capacidade funcional. Dessa forma, é de suma importância dar ênfase aos
programas de manutenção da saúde e a busca de um estilo de vida saudável e
preventivo para ajudar o idoso a lidar com a doença crônica. (ROACH, 2003)
Roach (2003) afirma que as doenças mentais mais comuns nos idosos
são o alcoolismo, a demência e a depressão, ficando o suicídio como a décima
causa de morte entre os homens idosos.
Ao cuidar de pacientes idosos os profissionais da saúde devem estar
aptos a reconhecer as alterações fisiológicas normais para melhor atendê-los
em suas necessidades. Os idosos enfrentam problemas psicológicos e sociais
em virtude das respostas emocionais que ocorrem com o envelhecimento
normal, doenças agudas e crônicas, mudanças de papel na família e na
sociedade, status, problemas com moradia ou relacionados à assistência
médica. (SMITH; TIMBY, 2005)
Santos Filho (2006, p.76) ressalta a importância da “avaliação geriátrica
eficiente e completa a custos razoáveis”. Tem a mesma importância o
diagnóstico precoce de problemas de saúde e o trabalho em conjunto de
equipe multidisciplinar para orientação e apoio ao idoso quando necessários.
Uma avaliação geriátrica ampla na visão de Aderbal e Leite (2006) seria
avaliar o idoso de uma forma global, com o objetivo de impedir a progressão de
da doença e evitar a incapacidade funcional. Essa avaliação tem caráter
multidisciplinar e aborda a saúde física, as habilidades funcionais gerais, a
saúde psicológica e os fatores socioambientais. Dessa forma, torna possível
desenvolver um plano adequado de intervenção que visa o tratamento das
doenças diagnosticadas, evitar o seu agravamento e retardar as limitações
funcionais.
Os enfermeiros ao avaliar os padrões de saúde e doença nos idosos
devem levar em consideração as características individuais, o estilo de vida do
paciente, como situação social e ambiental, pois estes fatores influenciam
muito no funcionamento geral. (SMITH; TIMBY, 2005). Devem ainda avaliar o
grau de incapacidade, integralidade física, cognitiva e afetiva, adesão ao
tratamento e sentimentos. Nesta avaliação o enfermeiro deve utilizar os
conhecimentos específicos de enfermagem para a saúde do idoso, podendo
45
assim ter condições de minimizar e compensar as perdas de saúde e as
limitações relacionadas ao envelhecimento. (OHARA; SAITO, 2008)
2.2.1 Idade Cronológica e Idade Funcional
De acordo com Roach (2003), a idade cronológica, ou seja, o número de
anos desde o nascimento é um método simples de avaliação da idade, embora
não seja o mais eficaz. Justifica essa afirmação, o fato de duas pessoas com a
mesma idade terem resposta funcional bastante diferente. Assim sendo, essa
diferença de funcionamento entre as pessoas de mesma idade, leva ao método
de avaliação funcional, que irá avaliar a idade em termos de desempenho
funcional.
Roach (2003, p. 57) “define avaliação funcional como um método
sistemático de avaliar a capacidade do idoso de funcionar no seu ambiente”.
Essa avaliação torna possível avaliar a saúde e o bem-estar do adulto idoso de
forma individual. Baseia-se na avaliação da saúde física, avaliação do auto
cuidado, avaliação psicológica e avaliação social. Assim sendo, a avaliação
funcional auxilia os profissionais da saúde a planejar e implementar o cuidado
do paciente idoso.
Sem uma boa avaliação funcional o adulto idoso pode não obter o cuidado de saúde necessário ou pode receber mais ajuda do que o necessário. O cuidado de saúde desnecessário pode propiciar dependência ou ser financeiramente devastador para as pessoas com rendimentos fixos. (ROACH, 2003 p. 56)
Segundo Roach (2003), a capacidade funcional da pessoa idosa é
comparada com o padrão de desempenho do adulto, portanto adultos que não
atendem o critério de desenvolvimento padrão esperado para adulto são
considerados idosos.
2.2.2 Necessidades Hierárquicas de Maslow
46
Quando se pensa no cuidado direcionado à pessoa idosa, é necessário
utilizar um método ordenado e sistemático para identificar as necessidades
dessa clientela. Para isso Roach (2003) indica a teoria de Maslow, que se
baseia na hierarquia das necessidades e pode ser usada para priorizar e
planejar os cuidados de enfermagem. As necessidades de Maslow são
classificadas em ordem ascendente, começando pelas necessidades mais
básicas, como as necessidades fisiológicas. A seguir temos as necessidades
de segurança, necessidade de amor e integração social, necessidade de
estima e necessidade de auto-realização.
Raramente qualquer pessoa consegue atender a todas as necessidades
e Maslow estimou que menos de 1% da população atinge a realização
completa. (ROACH, 2003)
2.2.2.1 Necessidades Fisiológicas
As necessidades fisiológicas são as mais básicas ou inferiores e Maslow
acreditava que deveriam ser satisfeitas primeiro, antes de prosseguir para as
necessidades mais elevadas. São classificadas como necessidades
fisiológicas, a necessidade de oxigênio, alimento, água repouso e alimentação.
(ROACH, 2003)
“A enfermagem tem como base a ajuda ao idoso no atendimento das
necessidades que não podem realizar por si mesmos devido à idade, doença
ou lesão”. (ROACH, 2003 p. 17)
2.2.2.2 Necessidades de Segurança
Segundo Roach (2003), as necessidades de segurança são o segundo
nível nesta hierarquia e são particularmente importantes para o idoso, por se
tratarem de necessidades que estão estritamente ligadas às necessidades
fisiológicas. O autor ainda afirma que o paciente deve sentir-se seguro e
47
confiante para curar-se e idosos que não se sentem seguros podem ficar
confusos, agitados e com raiva. Segundo ele, uma forma de aumentar os
sentimentos de confiança e segurança no idoso é o contato freqüente com as
pessoas que ele ama e a relação de confiança enfermeiro-paciente.
2.2.2.3 Necessidade de Amor e Integração Social
Segundo Roach (2003), considerando a teoria de Maslow, todas as
pessoas têm necessidade de se sentirem especiais, amadas e pertencerem a
um grupo e um relacionamento importante e significativo com os outros
aumenta o sentimento de participação e colaboração. Em relação aos idosos
quando estes perdem uma pessoa que ama ou amigos, podem perder também
o senso de serem amados e pertencerem a grupo especial. Para o autor,
perdas de amigos do grupo podem causar solidão e depressão e, portanto
novos relacionamentos devem ser incentivados.
Para Roach (2003), a necessidade a necessidade de amor e de
pertencer a um grupo social pode muitas vezes ser transferida de pessoas para
um animal, um projeto especial ou para o trabalho em uma instituição de
caridade.
2.2.2.4 Necessidade de Estima
Na visão de Roach (2003), a estima reflete o sentimento que uma
pessoa tem de si mesma e quando esses sentimentos são positivos,
acompanha boa auto-estima. Portanto, pensamento e sentimentos negativos
levam a uma baixa auto-estima e embora a auto estima venha de dentro, a
aceitação dos outros contribui. Dessa forma, os familiares, amigos e pessoas
amadas devem ser estimulados a expressar sua aprovação e admiração pelos
idosos para ajudá-las no atendimento de sua necessidade de auto-estima.
48
Segundo Santos Filho et al. (2006), a auto-estima é importante para que
ocorra mudança de hábitos e que o processo de promoção de saúde possa ser
estabelecido e implementado. Da mesma forma, segundo ele, a valorização da
pessoa por si mesma contribuirá também para a prevenção de doenças e
promoção da saúde, permitindo uma efetiva qualidade de vida para o idoso.
Segundo Roach (2003) a morte ocorre geralmente por causa de uma
incapacidade para atender uma necessidade fisiológica e raramente, a morte
ocorre por uma necessidade de amor e de auto- estima não atendida. Porém,
quando a necessidade de auto-estima mantém-se sem atendimento a pessoa é
incapaz de compensá-la, podendo desenvolver-se a depressão, e levar até
mesmo ao suicídio.
Quanto aos profissionais de saúde, de acordo com Roach (2003), estes
podem contribuir para aumentar a auto-estima do idoso ouvindo atentamente o
que o mesmo está dizendo e estimular suas lembranças de experiências e
sucessos passados.
2.2.2.5 Necessidade de Auto-realização
Roach (2003, p. 17) define a auto-realização como um “processo de
crescimento no qual a pessoa aspira a ser “tudo que pode ser” para atingir o
maior potencial possível, e senti-se preenchido”. O mesmo afirma ainda que,
embora a auto-realização seja uma meta valiosa, somente poucas pessoas são
capazes de atingir sua plenitude. Segundo o autor “a vida está completa
quando a pessoa idosa é capaz de fazer com a sua vida tudo o que deseja
fazer e o que é mais ajustado a fazer. Afirma também que explorar a religião e
a filosofia pode ajudar a pessoa na busca da auto-realização.
Na perspectiva de Roach (2003), a necessidade de adquirir
conhecimento e compreensão é uma parte da auto-realização e os idosos que
se mantêm intelectualmente ativos têm maiores possibilidades de auto-
realização. Da mesma forma o aperfeiçoamento de talentos, como tocar um
instrumento musical ou através da pintura poderá ajudar na auto-realização.
49
2.3 Desafio do cuidado ao idoso para o setor da saúde
O grande aumento da população idosa constitui-se num verdadeiro
desafio para o setor da saúde, em especial, nos países em desenvolvimento,
pois como já citado anteriormente, traz implicações à política sócio-econômica.
(COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)
Segundo Lima-Costa e Veras (2003), em paralelo às mudanças na
pirâmide populacional as doenças próprias do envelhecimento ganham
destaque no conjunto da sociedade. Desta forma, um dos resultados dessa
dinâmica é uma demanda crescente por serviços de saúde e escassez de
recursos para atendê-la.
No Brasil o aumento da população de idosos se dá em meio a graves
crises econômicas sem que tenha havido um pleno desenvolvimento. Já se
sabem que essa população tem necessidades diferentes e específicas que
devem ser consideradas, ocorrendo freqüentemente comprometimento da
autonomia decorrente das várias doenças crônico-degenerativas, principal
causas de morte nos dias atuais. (COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)
O aumento da população idosa envolve custos, exigindo dos gestores de
saúde mudanças no modelo assistencial. Em termos de utilização dos serviços
de saúde, os idosos apresentam mais problemas de longa duração, que
geralmente necessitam de uso contínuo de medicamentos, um número maior
de exames laboratoriais e diagnósticos, assim como intervenções custosas,
envolvendo tecnologia complexa para um cuidado adequado. Além do mais, a
abordagem médica tradicional focada apenas na queixa principal e a reunião
desses sintomas num único diagnóstico pode ser adequado a um adulto jovem,
mas não para um idoso. (VERAS, 2003)
De acordo com Lima-Costa e Veras (2003), entre os idosos as
internações hospitalares são mais freqüentes e o tempo de ocupação do leito é
maior quando comparado às demais faixas etárias. Com um atendimento
adequado e preventivo pode-se reduzir o número de internações hospitalares e
o tempo de internação.
Neste contexto fica claro que o sistema de saúde no Brasil passa por
uma redefinição de prioridades. Os serviços de atenção à saúde do idoso
50
devem ser capazes de aplicar medidas adequadas para tratar e prevenir esse
tipo de doença e suas complicações, buscando minimizar as seqüelas, a perda
de autonomia e da qualidade de vida. (COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)
A enfermagem, cuja essência é o cuidado ao ser humano também deve
implementar ações de saúde que buscam a promoção, proteção e recuperação
da saúde de acordo com a Lei 8.842/94 que dispõe sobre a política Nacional do
idoso. Neste sentido, o trabalho dos Agentes Comunitário de Saúde, que atuam
sob a supervisão do profissional enfermeiro tem relevante importância na
melhoria das condições de vida dos idosos, por auxiliar na compreensão das
reais necessidades dos mesmos. (COLOMÉ; JAHN; BECK, 2003)
Os profissionais de saúde que atuam com idosos devem procurar ter
uma visão e atitudes positivas para com o idoso. Isto significa não ter
preconceito, pois se o profissional tiver uma visão negativa do envelhecimento,
com inevitável declínio cognitivo e físico, os cuidados desse profissional
refletirão essa visão. Desse maneira esses profissionais poderão não tratar o
idoso com respeito e dignidade, mas sim como um ser incapaz de cuidar de si
mesmo. Especialmente os profissionais de enfermagem que atuam mais
diretamente no cuidado, precisam empreender formas de atendimento
respeitoso e digno, ajudando a desfazer atitudes preconceituosas e erros de
concepção sobre o envelhecimento. (ROACH, 2003)
Segundo Ohara (2008), morrer aos 60, 70 anos é morrer cedo,
interrompendo um percurso da vida do indivíduo que poderia ter vivenciado
alegrias, convivências, para as quais não tinha tempo com os afazeres
cotidiano. O autor ressalta que envelhecer bem é passar por esse processo
sem valorizar os aspectos negativos, mas sim indo ao encontro da plenitude
dos benefícios do envelhecer com qualidade de vida.
Na perspectiva de Roach (2003), a doença não é inevitável e pode ser
evitada em algumas circunstâncias, mudando apenas os hábitos de saúde.
Nesse sentido, observa-se que muitos idosos nos dias atuais têm procurado
melhorar a qualidade de vida e os hábitos de saúde, através da atividade física,
alimentação mais equilibrada, redução do estresse e parando de fumar.
Não restam dúvidas que o aumento da expeditiva de vida foi um dos
maiores feitos da humanidade, acompanhado de uma melhora substancial dos
parâmetros de saúde, ainda que não esteja distribuída com plena equidade nos
51
diferentes países. A longevidade, que antes era privilégio de poucos, já é
possível até mesmo nos países mais pobres, mas não podemos esquecer que
é importante envelhecer com qualidade de vida e esse é o grande desafio da
Saúde Pública. Afinal de contas, o envelhecimento populacional é a aspiração
natural de todas as sociedades. Temos que encontrar os meios de incluir esses
idosos em nossa sociedade, mudar conceitos já estereotipados, procurar
formas justas de distribuição dos serviços para atender essa população que
mais cresce no país. (LIMA-COSTA; VERAS, 2003)
2.4 O Idoso e a família
De acordo com Roach (2003 p. 3), “a família é a pedra angular do suporte
social”.
Segundo Freitas et al. (2002), a importância da família, tanto em relação
aos êxitos como às dificuldades da vida é reconhecida em muitas épocas e
lugares, pois as relações familiares são as mais vivenciadas pelo idoso. O
autor afirma que para o idoso, ao longo da história, a estrutura familiar lhe foi
fundamental em muitos sentidos, como o exercício do mando, da influencia, do
cuidado e da proteção, aceitação e valorização e pela experiência acumulada.
Em vários países, vem ganhando força a preocupação e a valorização
da intervenção no nível da família como forma de integração e dinamização
das diversas políticas sociais. O ano de 1994 foi definido pela Organização das
Nações Unidas (ONU) como “Ano Internacional da Família”. Também a igreja
católica se preocupou com a família, escolhendo o ano de 2000 como o “Ano
da Família”. Esses movimentos refletem a família como prioridade política e
social. (CASTRO; VARGAS, 2005)
Segundo Castro e Vargas (2005), vem crescendo internacionalmente a
visão de que as unidades de atuação família e comunidade são pontos
importantes da estratégia de diversas políticas sociais. Exemplo dessa
estratégia de valorização da família é a criação do PSF, na década de 90 pelo
Ministério da Saúde, centrando assistência integral na família e não apenas
nos membros isolados.
52
Castro e Vargas (2005) ressaltam que a família por ser a célula principal
da sociedade não pode ser vista de forma isolada da vida social e comunitária,
uma vez que ambas se inserem na política econômica e social da sociedade
como um todo. Afirma ainda que é na família que o individuo inicia suas
relações e começa a compreender o sentido de coletividade, de viver em
grupo, construindo valores e atitudes.
De acordo com Castro e Vargas (2005), o conceito de família vem
sofrendo mudanças ao longo dos séculos em decorrência de fatores
econômicos, políticos, sociais e culturais.
Dentre esses fatores Freitas et al. (2002) exemplifica com as
dificuldades econômicas, a liberação da mulher, e a urbanização, fazendo
alterar a estrutura familiar surgindo assim novos arranjos de família. Neste
sentido ocorreu um afastamento emocional, intelectual e mesmo físico entre
seus membros. Segundo o autor, apesar de hoje com os diferentes estilos de
vida ser difícil definir família, ela continua a ser o núcleo primário, promotor do
suporte emocional, social e psicológico, indispensável ás crianças, aos adultos
e aos idosos.
Segundo Ferreira (2001 p. 312), família significa “pessoas aparentadas
que vivem em geral, na mesma casa”. Mas considerando a diversidade de
composição familiar dos dias atuais Castro e Vargas (2005) concordam com
Gaiva e Arantes (1999 p. 55), que relatam que “as sociedades contemporâneas
não tem um modelo único de família”. Sendo assim, a família hoje se
caracteriza pela inexistência de um modelo dominante.
Embora a família tenha perdido sua característica tradicional, por ser um
grupo de fundamental importância, o velho deve permanecer desempenhando
seu papel de sábio. Muitos idosos têm contatos freqüentes com suas famílias,
outros preferem ter uma vida mais independente com um mínimo de apoio de
outros familiares. Cerca de 80% a 90% das necessidades de cuidados dos
idosos são prestados por cuidadores familiares. (ROACH, 2003)
Segundo Freitas et al. (2003), ocorre também uma tendência da família
em manter uma relação de ajuda e contato, mas não convivendo no mesmo lar
com os senescentes.
Os idosos também prestam grande contribuição à geração mais jovem,
servindo como modelo de referência no enfrentamento de perdas, pelo
53
envelhecimento bem sucedido, relato da experiência de vida e na transmissão
de valores familiares. (ROACH, 2003)
Embora o apoio da família seja fundamental ao idoso, quando a família
passa por situações de estresse pode ocorrer uma disfunção familiar, onde o
idoso que compõe a família sofre impactos diretos. Essa disfunção é pode ser
refletida no idoso pela manifesta de negligência ou abusos, exaustão dos
cuidadores e depressão. Os profissionais da saúde devem estar atentos a
situações de disfunção familiar, avaliando continuamente e interagindo com o
paciente, o cuidador e outros membros da família para identificar tais situações
de risco. (ROACH 2003)
O idoso pode sofrer com a violência intra-familiar. Esta poder ser
entendida como além da negligencia, a violência física e psicológica. A
violência física é quando alguém causa ou tenta causar algum dano por meio
da agressão física, podendo levar a conseqüências físicas e psicológicas. A
violência psicológica é a mais difícil de ser identificada, embora seja a mais
comum entre os idosos. Neste tipo de violência o idoso pode se sentir
desvalorizado sofre ansiedade e adoecer com facilidade. Negligência é a
omissão da responsabilidade de um ou mais membros em relação ao idoso,
principalmente aquele com condição específica ou dependente. (OHARA;
SAITO, 2008)
Segundo Ohara e Saito (2008), o enfermeiro deve avaliar situações de
risco para violência contra idosos, observando sinais de alerta e deve também
esclarecer a família e o idoso sobre seus direitos.
Freitas et al. (2002) enfatizam a importância de se promover a interação
dos idosos nas relações intergeracionais na comunidade, na família, no
trabalho e no lazer, integrando as pessoas da terceira idade com crianças,
adolescentes, jovens e adultos. Dessa forma, estaremos contribuindo para a
inserção e adequação desse contingente populacional na sociedade e ao
mesmo tempo tornando possível um intercâmbio de experiências com a
terceira idade.
54
CAPÍTULO III
UM OLHAR DO ACS NO CUIDADO AOS IDOSOS
3 INTRODUÇÃO
O presente estudo visa demonstrar que nos dias atuais os ACS
encontram dificuldades para estar atuando com idosos, sendo então
necessário que estes profissionais recebam formação específica para lidar com
esse grupo específico. Quando os ACS recebem este tipo de formação,
tornam-se capazes de reconhecer as necessidades e os direitos do idoso e
conseqüentemente, passam a prestar uma assistência de qualidade e neste
sentido, o enfermeiro é a peça chave na capacitação deste profissional.
Sabendo-se que uma intervenção adequada contribui para um
atendimento qualificado, sendo de fundamental importância que os
profissionais estejam aptos, visto que a saúde do idoso é tema de grande
complexidade, cabe aos profissionais estarem preparados para tal.
Frente ao que foi descrito, para atingir os objetivos deste estudo, após
apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa do Unisalesiano, protocolo nº 245
em 17/08/2009, optou-se em realizar uma pesquisa em campo no Município de
Guaiçara no Estado de São Paulo. Neste estudo, sob a ótica da pesquisa
qualitativa, foram abordadas as questões relacionadas à saúde dos idosos e a
atuação dos ACS junto a esta população, após esclarecimento e assinatura do
Termo de Consentimento Livre Esclarecido.
3.1 Procedimentos e Métodos
Para a realização desta pesquisa observou-se a Resolução 196/96 do MS
(Brasil, 1996) que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos.
Inicialmente foi mantido contato com a Coordenadora do PSF, momento em
55
que foi explicado a natureza, os objetivos, métodos empregados e relevância
do estudo. Sendo então após isto solicitado autorização para a realização da
pesquisa no PSF do Jardim Dom Bosco-SP.
Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem
qualitativa, sendo realizada a coleta de dados com 5 ACS e 10 idosos inscritos
na USF do Jardim Dom Bosco Guaiçara-SP. Para esta pesquisa foi utilizado
método de estudo de caso e observação sistemática (apêndice A).
Para Lima e Costa (2005) a pesquisa qualitativa, independentemente do
seu tipo, procura a raiz do problema que se propõe estudar, se aprofundando
em suas causas e efeitos sobre os sujeitos que vivenciam a situação
pesquisada. Segundo os mesmos autores este tipo de pesquisa busca
aprofundar conhecimentos que permitirão encontrar as razões que levaram à
determinada situação em estudo, sempre considerando o contexto histórico,
social e cultural da população estudada.
O instrumento de coleta de dados empregado neste estudo foi a técnica
de entrevista semi-estruturada e em profundidade, audiograváveis, sendo
realizada durante a pesquisa em campo, baseando-se em um roteiro com
questões, que compreendiam dados de identificação e perguntas abertas.
A entrevista semi-estruturada é descrita por Minayo (2003) como
entrevista com questões abertas e formuladas previamente, em que o
entrevistado discorre livremente sobre o tema.
Estudo de Caso: considerando os objetivos desta pesquisa, o estudo de
caso foi desenvolvido com observação detalhada do pesquisador no sujeito. Os
ACS foram acompanhados durante sua atuação com os idosos, sendo
realizado à medida que os fatos ocorreram, sem qualquer interferência do
pesquisador.
Observação Sistemática: foram observados tanto os ACS quanto os
idosos no decorrer das visitas, tendo a preocupação de observar atentamente
os aspectos que eram de interesse para a pesquisa. O ato de observar não
significou apenas olhar os fatos aleatoriamente, mas investigando, buscando
captar toda a essência.
Entrevista semi-estruturada em profundidade: foram realizadas
entrevistas com os ACS e com os idosos, sendo explicado pessoalmente ao
ACS e aos idosos qual a natureza, objetivo e importância deste trabalho, sendo
56
utilizado um questionário que compreendiam dados de identificação e
perguntas abertas. As entrevistas foram realizadas individualmente com cada
participante, sendo audiograváveis. Todo material coletado foi transcrito na
integra, sendo lido, discutido e analisado os depoimentos, na seqüência foram
levantados os questionamentos. Os instrumentos estão disponíveis nos
apêndices B e C.
A pesquisa ocorreu no mês de agosto de 2009 após o projeto ter sido
submetida à aprovação do Comitê de Ética, e os ACS e os idosos terem
assinado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo A).
3.2 Caracterização do campo de pesquisa.
O município de Guaiçara foi emancipado política e administrativamente
em 30 de Dezembro de 1953, por meio da Lei Estadual nº. 2.456, está
localizado na região Centro-Oeste, mesorregião de Bauru e microrregião de
Lins. A área total deste município corresponde a 269,30 Km² e conforme dados
de 2008 apresenta uma população de 11.302 habitantes, sendo o índice de
envelhecimento de 45,37% e a população com 60 anos e mais corresponde a
10,53%. A taxa de mortalidade da população de 60 anos e mais é de 3.231,44
por cem mil habitantes nessa faixa etária. A expectativa de vida da população é
de 72,03 anos. (PERFIL DO MUNICÍPIO, 2009).
A cidade conta com três escolas Municipais, de 1ª a 4ª série do Ensino
Fundamental, e uma escola Estadual de 5ª série do Ensino Fundamental a 3ª
série ao Ensino Médio e três Creches Municipais. Possui uma agência de
correios, uma agência bancária, duas farmácias um Centro Comunitário, uma
quadra coberta, sendo conhecido por seu cultivo e comércio de plantas. O
município realiza anualmente uma festa religiosa, denominada Quermesse de
São João Batista, sendo esta muito conhecida na região.
O município de Guaiçara desenvolve muitos trabalhos sociais, entre
estes se observa projetos e práticas direcionadas aos cuidados com os idosos.
Os projetos desenvolvidos voltados para a população idosa são mantidos pela
Prefeitura Municipal da cidade.
57
A rede de saúde é composta por 02 Unidades de Saúde, sendo 1
Unidade Básica no Centro da cidade que mantém um posto de atendimento no
Bairro Geraldo Silva II e a 1 Unidade de PSF no Jardim Dom Bosco. Os
serviços de média e alta complexidade são prestados pelos municípios de
referência.
O Jardim Dom Bosco localiza-se na vicinal que liga a cidade de
Guaiçara a Lins. Trata-se de um bairro ainda em crescimento, a população
conta com 1 Creche municipal, 1 Escola Municipal de1ª a 4ª série do Ensino
Fundamental, uma sede do CRAS (Centro de Referência de Assistência
Social), o qual desenvolve vários projetos, dentre eles alguns voltados para a
população idosa.
A USF do Jardim Dom Bosco conta em média com uma população de
200 idosos. A equipe conta com 05 ACS, 1 Médico, 1 Enfermeira, 3 Auxiliares
de Enfermagem, 1 Motorista, 1 Auxiliar Administrativo que cuida da limpeza, 1
Auxiliar Administrativo que fica na farmácia e 1 Estagiário de Enfermagem. A
equipe de saúde bucal, conta com 1 Assistente de Consultório Dentário (ACD),
e 1 Dentista.
3.3 Análise dos resultados e Discussão
Esta pesquisa se caracterizou em um estudo qualitativo, tendo a
preocupação de observar, descrever e documentar os aspectos que eram de
interesse para a pesquisa, após foram analisados os dados obtidos, sendo este
nosso referencial para as conclusões e discussão. Os resultados e discussões
do presente estudo foram organizados em duas partes de acordo com os
objetivos propostos.
Na primeira parte serão apresentadas as características e o perfil dos
ACS e na seqüência serão abordadas as discussões acerca dos resultados. Na
segunda parte serão abordadas as características o perfil e as necessidades
dos idosos, sendo em seguida apresentado as discussões referentes aos
resultados obtidos.
58
Os dados apresentados neste trabalho tiveram como base as entrevistas
dos 5 ACS do PSF do Jardim Dom Bosco Guaiçara-SP e dos 10 idosos
inscritos no programa que participaram da pesquisa.
3.3.1 A palavra dos Agentes Comunitários de Saúde
Durante a pesquisa, foi analisado qual o foco de atenção que os ACS
dispensavam aos idosos, observando se os profissionais visavam à melhoria
na qualidade de vida dos mesmos, a percepção e orientação quanto aos
fatores de risco aos quais os idosos estão expostos e a interação dos
profissionais com os idosos.
Para melhor compreensão dos resultados, foi elaborado um quadro
explicativo com os dados de identificação e para análise dos discursos optou-
se em evidenciá-los através dos temas: a visão do ACS sobre as necessidades
dos idosos, as dificuldades dos ACS para atuarem com idosos e o
estabelecimento de vínculo com o idoso.
3.3.2 Identificação dos ACS
O quadro abaixo demonstra os dados de identificação dos ACS que
participaram da pesquisa:
(continua)
ACS Sexo Idade Escolaridade Tempo de residência no bairro
Tempo atuação
na instituição
Experiência anterior
1 Feminino 33 Ensino Fundamental
7 anos 5 meses Operária
2 Feminino 46 Ensino Médio 8 anos 3 anos e 7 meses
Técnico em Contabilidade
3 Feminino 43 Ensino Médio e cursando Técnico de
Enfermagem
12 anos 3 anos e 7 meses
Cuidadora de idoso.
59
4 Feminino 30 Ensino Médio 16 anos 3 anos Vendedora 5 Feminino 42 Ensino médio 9 anos 1 ano e
seis meses
Doméstica
Fonte: Silva; Zamian, 2009.
Quadro 1 – Dados de Identificação dos ACS participantes da pesquisa.
De acordo com os dados apresentados, observa-se que 100% dos ACS
que atuam no PSF do Jardim Dom Bosco são do sexo feminino, característica
que também foi encontrada na pesquisa dos autores Bezerra, Espírito Santo e
Batista (2005) que ressaltam sobre a resistência por parte da comunidade em
aceitar o ACS do sexo masculino. Segundo os autores, essa resistência
justifica-se pelo fato de que as famílias por uma questão cultural podem sentir
certo constrangimento em aceitar que um ACS do sexo masculino adentre em
suas residências e compartilhe de sua intimidade. Já um ACS do sexo feminino
torna mais fácil o diálogo com a comunidade e o acesso ao domicílio, tendo em
vista a proposta do PSF que busca uma relação mais pessoal dos profissionais
com os usuários, proporcionando maior resolutividade.
A faixa etária dos ACS encontra-se entre 30 e 42 anos, o que demonstra
maturidade para desenvolver a função proposta.
A Lei que cria a profissão de ACS - 10.507 de 10 de julho de 2002
descrevem em seu Artigo 3º, os requisitos que o ACS deve preencher para
exercer a profissão sendo os seguintes:
I - residir na área da comunidade em que atuar;
II - haver concluído com aproveitamento curso de qualificação básica
para a formação de Agente Comunitário de Saúde;
III - Haver concluído o ensino fundamental.
Em relação a escolaridade apenas 1 ACS possui Ensino Fundamental
completo, sendo que 4 possuem Ensino Médio completo. Estes dados também
foram evidenciados na pesquisa de Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005),
ressaltando-se o alto percentual de ACS com Ensino Médio completo. Este fato
é bastante positivo porque demonstra que o nível de escolaridade está acima
do que é exigido para exercer a profissão de ACS.
Residir no bairro também é um dos quesitos necessários para ser ACS.
Todas as ACS que participaram desta pesquisa residem no bairro entre sete e
(conclusão)
60
dezesseis anos. Este fato é de grande importância, pois sugere maior
conhecimento da realidade e dos problemas do bairro. De acordo com Bezerra,
Espírito Santo e Batista (2005), o ACS por morar na comunidade é conhecedor
dos problemas daquela população, sendo este um importante fator que
contribui para a produção do cuidado.
Foi possível constatar que as participantes, na sua maioria, atuam a
mais de dois anos como ACS, o que sugere uma continuidade do cuidado,
permitindo que este seja efetivo e comprometido, favorecendo assim um
vínculo com o idoso.
Chamou a atenção o fato de nenhuma ACS possuir experiência anterior
em trabalhar com a comunidade, sendo que em relação ao idoso, apenas uma
relatou ter trabalhado como cuidadora. Entretanto observa-se que o trabalho
desenvolvido como ACS tem sido realizado com dedicação e qualidade,
principalmente pelo fato de conhecerem a sua clientela.
3.3.3 Visão dos ACS sobre as necessidades dos idosos
Ao analisar os resultados, tomando por base o discurso dos profissionais
entrevistados e sua interação durante as visitas, foi possível constatar que os
ACS possuem uma visão dos idosos como sendo pessoas carentes, solitárias
e abandonadas, sendo também relatados pelos profissionais os mesmos
fatores como de maior necessidade por parte dos idosos. Pode-se comprovar
este resultado a partir dos depoimentos descritos abaixo.
“... eles já estão mais carentes, não trabalham mais, estão aposentados
e às vezes levam uma vida sedentária. Necessitam de atenção em todos os
sentidos (saúde, família). Ele tem muita sabedoria. Precisa muito da gente. Ele
é muito dependente de carinho, é frágil, encontra muitos obstáculos para tudo.
É importante que nesta fase da vida o familiar esteja o mais presente possível.
Visão de abandono”. (ACS 01).
“O idoso em geral tem saído de uma comunidade pobre ou mesmo
quando rico, geralmente ele é carente de amor familiar porque se ele se depara
uma alteração da sua realidade [...]”. (ACS 02).
61
De acordo com os relatos, fica evidenciado que os ACS possuem uma
concepção de que os idosos possuem grande carência afetiva, sendo pouco
mencionados por eles, outros tipos de alterações que causam necessidades
específicas. Entretanto, conforme evidenciado em outros estudos, o idoso tem
necessidades complexas e especificas da velhice, que ultrapassam o aspecto
emocional.
Também foi ressaltada a carência em relação aos recursos econômicos
que o idoso encontra neste determinado momento da vida, deixando-o
suscetível a diversos problemas, como podemos observar no discurso:
“Eu vejo o idoso como uma carga de experiência para passar para nós
mais jovens, eu o vejo meio que desprotegido, existe pouco respeito para com
o idoso nos dias de hoje até mesmo pela família, eu vejo o idoso acuado
financeiramente e em todos os ângulos”. (ACS 03).
“O primeiro impacto quando a gente fala com eles é de pessoas
carentes, os jovens não querem mais falar com eles, pessoas doentes, mas é
complicado explicar, eles têm mais necessidades em relação á tudo”. (ACS
05).
Outro aspecto importante que foi evidenciado nos discursos, refere-se à
concepção do idoso como um ser limitado. A velhice, em geral é vista pelas
pessoas como uma fase de incapacidade ou limitação para aprender. Esses
preconceitos rotulam e dificultam qualquer atividade desenvolvida que
beneficiem essa clientela. O discurso abaixo demonstra uma visão limitada
sobre a velhice:
“Eu vejo que os idosos têm realmente limitações, cada um tem suas
limitações [...]”. (ACS 4).
Alguns autores como Oliveira, Gomes e Oliveira (2006), Pinho, Custódio
e Makdisse (2009) discutem os sentimentos de solidão na velhice buscando
identificar as causas que levam à solidão, como sendo um processo
acelerador para a depressão nos idosos. A pessoa idosa em decorrência das
perdas sofridas ao longo dos anos acaba sentindo solidão e isolamento. A
solidão é citada como um fator que leva o idoso a adoecer com maior
facilidade, como é relatado no depoimento abaixo:
“[...] E a gente aprende a conhecer o humor deles, como estão naquele
dia. Uns mais tristinhos, outros mais contentinhos e aí eu chego brincando ‘ ta
62
tristinho, credo que carinha mais feia’ quando eu percebo que eles não estão
muito bem falo primeiro qualquer coisa que não seja relacionado à saúde [...]”.
(ACS 02).
“[...] os filhos os netos trabalham, não ficam muito em casa. , quando
eles são dois ainda não é tanto, mas quando ele já está sozinho é mais. Eu
acho que se a gente trabalhar estar parte já melhora, porque a própria solidão
da pessoa adoece mais [...]”. (ACS 04).
Segundo Pedrozo e Portella (2003), a velhice pode vir acompanhada de
perdas , em função de todas as transformações que acontecem ao longo da
vida, o que causa impacto sobre a pessoa, fazendo com que a solidão se
instala como sofrimento intenso na vida do idoso.
Neste sentido Colomé, Janh e Beck (2003) ressaltam que as
necessidades dos idosos vão além do aspecto físico, devendo ser considerado
os aspectos ambientais, culturais, sociais, familiares, psicológicos e espirituais,
dentre outros, para que os profissionais prestem um cuidado integral,
promovendo uma melhora na qualidade de vida desta população.
Deste modo, foi evidenciado que os ACS apresentam uma grande
preocupação com o indivíduo idoso e sua inserção no âmbito familiar e social,
e sentem-se responsáveis e comprometidos em minimizar suas necessidades
frente aos aspectos emocionais e afetivos. Assim, pode-ser atribuir este
comportamento humanitário e acolhedor dos ACS em relação à clientela idosa,
o fato de os mesmos serem um ente da comunidade e certamente,
conhecedores das mazelas existentes neste contexto.
3.3.4 As dificuldades dos ACS para atuar com idosos
A maioria dos entrevistados relata encontrar dificuldade para lidar com
os idosos, em especial para estar falando, orientando e informando-os no dia-
dia. Eles também referem que o idoso é muitas vezes teimoso ou resistente a
medicação, o que leva os ACS a serem criativos ou abrir mão de suas
experiências pessoais para estar resolvendo problemas que surgem em seu
63
dia a dia. Essa falta de conhecimento dificulta a atuação dos ACS, e
compromete a resolutividade de seu trabalho com o idoso.
“[...] eles são mais teimosos, alguns são mais até, tem mais medo, tem
alguns que você tem que falar diferente, mais sério [...]” (ACS 04).
“[...] quando fica de idade tem mudança de humor, ficam “ranzinza”, eles
não querem muito ouvir a gente falar, acham que a gente ta brigando. Tem que
ter jogo de cintura para falar com eles, explicar o medicamento que está
tomando, sempre marcando como tem que tomar. Assim, se toma à noite
coloco a lua, se é para tomar de dia, coloco solzinho”(ACS 01).
“[...] desenhava no medicamento uma luinha para noite, um solzinho
para o dia, assim ela tomava sem errar. Às vezes por em pacotinhos
diferentes, tem que ser muito criativa, tem alguns que você tem que passar e
lembrar se já tomou ai você chega e fala e o remédio já tomou ai ele fala
esquece vou tomar. Têm alguns que não quer tomar e você tem que ser mais
severo vai de cada um” (ACS 04).
Em consonância com o que foi observado, Bezerra, Espírito Santo e
Batista (2005) ressaltam ser necessário que o poder público invista na
formação de indivíduos capazes de lidar com os múltiplos aspectos que
revestem o envelhecimento humano.
[...] deve prover condições para apropriação do instrumental adequado e necessário para o ACS lidar com os problemas de saúde dos idosos e, assim contribuir com os demais membros da equipe para o envelhecer saudável. (BEZERRA, ESPÍRITO SANTO; BATISTA, 2005 p.814)
Os ACS também relatam como fator dificultador para o trabalho, a
ausência de capacitação específica para atuar frente à saúde do idoso. Os
depoimentos a seguir ilustram as dificuldades que os ACS encontram para
estar atuando com a população idosa, pela falta de conhecimentos específicos,
e reforça a necessidade dos profissionais estarem qualificados para atender os
idosos.
“Eu gostaria que tivesse palestras, capacitação mesmo, uma vez por
mês ou a cada dois meses. Reuniões, palestras explicando tudo. Psicólogos
que nos explicassem como falar com o paciente porque tem casos que a gente
fica muito abalado. Então esses profissionais ensinariam a gente a lidar com
eles. Quanto mais capacitado à gente for, melhor” (ACS 01).
64
“A gente teve uma capacitação que foi geral e não específica para o
idoso. Eu acho que para nós que temos trabalhado muito com idosos,
principalmente do grupo de risco (hipertensos, diabéticos) é importante uma
capacitação específica sim. Esta seria voltada mais para o psicológico dele. O
idoso por mais que ele fala, converse, ele sempre está assim mais tristinho,
pois tem coisas que ele não consegue aceitar” (ACS 02).
“Sim, além do que já recebi, eu tenho o direito de cobrar isso dos meus
superiores [...] A gente convive com eles, então tem ter assim muito cuidado,
até porque a gente se familiariza muito com eles e a gente não pode confundir
muito as coisas se não acaba estragando o trabalho. Gostaria de receber
capacitação na parte de alimentação [...]” (ACS 03).
O agente comunitário de saúde é uma figura bem conhecida da
população e acessível à comunidade, sendo reconhecido como fonte
importante de informações relacionadas a doenças, aos medicamentos e ao
funcionamento da unidade de saúde. Os ACS em suas visitas enfatizam
orientações sobre a prevenção de doenças, o funcionamento da unidade de
saúde, o uso de medicação, o encaminhamento a unidade de saúde em caso
de doenças, entre outras orientações.
Neste sentido, se faz necessário que os ACS estejam qualificados para
tanto. Com relação à atuação dos ACS frente às necessidades dos idosos,
encontraram-se diversos autores que buscam identificar o conhecimento dos
ACS frente à saúde dos idosos, dentre eles pode-se citar Silvestre e Costa
Neto (2003). Tais autores relatam à importância da capacitação do ACS, pois
trata-se de um trabalhador integrante da equipe de saúde, e não apenas um
membro da comunidade informante dos problemas.
Os profissionais devem ter de modo claro a importância da manutenção
do idoso na família e na comunidade e ser capazes de lidar com os múltiplos
aspectos que revestem o envelhecimento.
Caminhar na direção da construção de um modelo de assistência tendo
em vista o envelhecimento da população, se faz necessário que os serviços de
saúde tenham profissionais preparados, pois a atenção à saúde do idoso
reveste-se de grande complexidade.
65
Nesta trajetória, no entanto, é preciso considerar a necessidade de contínuos investimentos na capacitação dos profissionais, visando à abordagem multidimensional e interdisciplinar da pessoa idosa e tendo como eixos norteadores para a integralidade de ações: o enfrentamento de fragilidades da pessoa idosa, [...], em todos os níveis de atenção, conforme proposto no pacto pela saúde do idoso. (MARIN, MARQUES e FERES et al., 2008, p.11).
Os ACS têm se mostrado despreparados para atuar na saúde dos
idosos, conforme destaca Bezerra, Espírito Santo e Batista (2005). Os autores
relatam que é necessário prover condições e preparo para que o ACS disponha
de instrumento adequado ao lidar com as necessidades e problemas dos
idosos, desta forma estarão contribuindo com os demais profissionais, e juntos
promoverem um envelhecimento saudável.
3.3.5 O estabelecimento de vínculo com o idoso
Percebeu-se também que os entrevistados gostam de atuar com idoso,
têm muita afinidade com esta população e referem que os mesmos são
carinhosos e fáceis de lidar. Todos os entrevistados demonstram preocupação
com os idosos, eles têm a consciência de que a população idosa necessita de
maior atenção. Além de demonstrar grande afinidade em trabalhar com idoso,
o que fica claro é o vínculo que se cria por parte destes profissionais com esta
população em especial. Esta constatação caminha lado a lado com o que se é
preconizado hoje no modelo de atenção a saúde.
Para Freitas (2006) o vínculo pressupõe equilíbrio obrigatório entre duas
partes. Sendo assim, quando a vida necessita de equilíbrio, temos que pensar
na qualidade dessa vinculação. O vínculo amplia a eficácia das ações de
saúde e favorece a participação do usuário durante a prestação do serviço. As
falas a seguir demonstram a importância do vínculo na relação ACS e idoso.
“Eu gosto muito. Adoro trabalhar com ele. Eu não sei se é qualidade ou
defeito, mas eu acabo me apegando muito. Procuro fazer o melhor para eles,
ficar bem pertinho e fazer o melhor para eles” [...]. (ACS 01)
“Eu me sinto muito bem trabalhando com idoso. Eu prefiro até trabalhar
com idoso do que com gestante ou adolescente, por causa dessa carência
66
deles a gente sente amor e se apega. Eu pelo menos gosta bastante de
trabalhar com o idoso. O idoso é educado para falar com você [...]”. (ACS 02)
Desta forma, podemos destacar que por atuarem a mais de dois anos,
terem predileção pela população idosa só vem fortalecer a formação de um
vinculo, o que favorece o cuidado, pois o ACS vai estar em contato direto com
o idoso e suas necessidades, podendo assim ter uma intervenção imediata e
com maior resolutividade.
Neste sentido Silvestre e Costa Neto (2003), ressaltam em seu trabalho
que deve ser valorizado as relações com a pessoa idosa para a criação de
vínculo e confiança, de afeto e respeito, prestando atenção de forma integral á
pessoa idosa.
Para o estabelecimento do vínculo, os ACS devem conquistar a
confiança do idoso, que surge com o reconhecimento do profissional como
participante de seu tratamento, passando o paciente a tê-lo como referência,
fazendo até confidências depois de compreender o seu trabalho.
Segundo Ferreira (2001), a palavra vínculo é originária do latim, estando
ligada a “[...] tudo o que ata, liga ou aperta; nó, liame, ligação moral [...]”.
0000000 Neste sentido Baralhas, (2008) ressalta a importância de implantar
nos serviços de saúde práticas relacionadas ao acolhimento, vínculo e
humanização, praticas estas que está em consonância com a Política Nacional
de Humanização (PNH) de 2003, cuja principal proposta coincide com os
próprios princípios do SUS.
O vínculo é conseqüência de uma relação mais próxima do paciente
com os ACS, por conseqüência das visitas domiciliares, que facilita a
aproximação do idoso à unidade de saúde. O idoso se compromete com as
atividades propostas e permite que o vínculo seja estabelecido quando se
sente satisfeito com o serviço prestado pelos ACS. Esses fatores contribuem
para a promoção da saúde do idoso e melhor qualidade de vida.
3.3.6 A palavra dos Idosos
67
Durante a pesquisa buscou-se analisar qual a percepção dos idosos
frente ao trabalho dos ACS, para que assim fosse possível levantar
questionamentos referentes ao vínculo, acolhimento e humanização bem como
ilustrar o papel de educador dos ACS e a importância destes como facilitadores
das ações desenvolvidas e do acesso. Para tanto foi realizado leitura e analise
dos depoimentos.
3.3.7 Identificação dos idosos
O quadro abaixo identifica os idosos que atuaram como parte dos
sujeitos da pesquisa:
(continua)
Idoso Sexo Idade Escolaridade Estado
Civil
Tempo de
Residência
no Bairro
Profissão
01 Feminino 68 anos Primário
incompleto
Viúva 10 anos Aposentada
02 Feminino 67 anos Analfabeta Casada 1 ano e 4
meses
Aposentada
03 Feminino 76 anos Primário
Incompleto
Casada 17 anos Do lar
04 Masculino 74 anos Primário
incompleto
Casado 17 anos Aposentado
05 Feminino 66 anos Primário
completo
Casada 3 anos Aposentada
06 Feminino 86 anos Analfabeta Viúva 3 anos Aposentada
07 Masculino 76 anos Primário
completo
Casado 15 anos Aposentado
08 Feminino 70 anos Primário
completo
Casada 15 anos Aposentada
09 Feminino 67 anos Analfabeta Casada 04 anos Aposentada
10 Masculino 69 anos Primário Casado 04 anos Aposentado
Fonte: Silva; Zamian, 2009. Quadro 2 – Dados de Identificação dos idosos participantes da pesquisa.
68
Após análise dos dados de identificação dos idosos, observa-se que, em
relação ao gênero, pode-se notar que as mulheres estão em maior número
entre os entrevistados. Levando em consideração o fato de que a escolha dos
idosos a serem entrevistados foi feita de forma aleatória, temos uma
confirmação de que o número de mulheres idosas supera o número de homens
idosos como já foi abordado anteriormente no segundo capítulo deste trabalho.
O Censo 2000 confirma que “a razão de sexo da população idosa é
bastante diferenciada, sendo bem maior o número de mulheres”. (IBGE 2002 p.
140)
Outro dado apresentado pelo Censo 2000, está relacionado à grande
quantidade de mulheres idosas viúvas. Nesta pesquisa, encontramos duas
mulheres viúvas, enquanto todos os homens participantes encontravam-se
casados. Esses fatos trazem implicações sociais uma vez que grande parte
das mulheres idosas tem menos tempo de experiência no mercado de trabalho
formal, portanto menos tempo de contribuição previdenciária e são menos
educadas. (IBGE, 2002).
Também chama a atenção, o fato da baixa escolaridade dos idosos
pesquisados, pois o nível máximo de escolaridade atingido foi o Primário
Completo e ainda encontramos duas idosas analfabetas. Araujo e Alves
(2000) afirmam que o nível de alfabetização dos idosos é baixo, sendo que o
maior número de analfabetismo encontra-se entre as mulheres.
Em relação à profissão, dos dez idosos pesquisados nove são
aposentados e apenas uma entrevistada não é aposentada e não tem profissão
formal. “O aumento da expectativa de vida da população faz com que a
aposentaria seja uma etapa cada vez mais extensa da vida” (GODOY;
RIBEIRO, 2005 p.36).
Sem dúvida que a seguridade social foi um dos maiores benefícios para
a população idosa, porém com o grande aumento do segmento idoso e a
longevidade, tornam-se imprescindíveis novas estratégias na política
econômica e previdenciária para suprir a demanda dessa população que
cresce em ritmo bastante acelerado. (FREITAS et al., 2002).
69
3.3.8 Análise dos depoimentos dos idosos
Após a coleta do material com os idosos e a transcrição das falas,
emergiu um resultado rico em informações e significados possibilitando uma
abordagem ampla dos vários aspectos encontrados nas relações dos idosos
com os ACS integrantes do PSF do Jardim Dom Bosco. Porém, interessou-nos
discutir sobre os temas que foram evidenciados com maior ênfase pelos
idosos, sendo os seguintes: o vínculo, a humanização e o acolhimento, os ACS
como educadores, os ACS como facilitadores do acesso e a falta de limite no
relacionamento idoso e ACS.
3.3.8.1 Vínculo humanização e acolhimento como fatores primordiais na
relação idosos e ACS
O vínculo criado entre os profissionais e os usuários do serviço de saúde
favorece a eficácia das ações e contribui para a participação do usuário
durante a prestação do serviço.
Schimith e Lima (2004) ressaltam que acolhimento e vínculo dependem
do modo de produção do trabalho em saúde. O acolhimento possibilita regular
o acesso por meio da oferta de ações e serviços mais adequados, contribuindo
para a satisfação do usuário. O vínculo entre profissional e paciente estimula a
autonomia e a cidadania, promovendo sua participação durante a prestação de
serviço em saúde.
Segundo Franco, Bueno e Merhy (1999) o acolhimento pode ser definido
como uma estratégia para a reorganização do serviço de saúde que garante o
acesso universal, a resolutividade e o atendimento humanizado. Dessa forma,
o acolhimento atende a mudanças que vêm ocorrendo no setor saúde, à
inversão do modelo de atenção atual e respeita os princípios do Sistema Único
de Saúde.
Vinculo significa: “[...], tudo que ata, liga ou aperta, [...], ligação moral. Humanização é definida como” ato ou efeito de humanizar-se, tornar
70
humano dar condição humana a, humanar, tornar benévolo, afável, tratável, fazer adquirir hábitos sociais polidos, civilizar. Acolhimento significa o ato ou efeito de acolher; recepção; atenção; consideração. (FERREIRA, 2001 p.12, 369,712).
Uma prova da importância da humanização, do vínculo e do acolhimento
foi a implementação pelo Ministério da Saúde da Política Nacional de
Humanização (PNH) em concordância com os princípios do SUS. Uma de suas
diretrizes é o reconhecimento dos direitos do cidadão a um atendimento digno
e respeitoso para com todas as raças, gênero, etnias orientação sexual, e
populações específicas como índios, quilombos, ribeirinhos, assentados, outros
(BRASIL, 2003).
Nas respostas dos idosos entrevistados a questão do vínculo fica
evidente nas falas:
“[...] à vezes a gente tem dificuldade, tem um pouco de cisma de
procurar o posto, não sabe falar direito e aí fica meio afastado, e ela vem fala
pela gente, aproxima a gente, são amigos, não é gente estranha, é um pessoal
que vem na casa da gente e fala igual à gente, é mais fácil falar pra ela. Então
é uma comunicação mais fácil do que em um posto estranho, ou ir lá na cidade,
lugar onde o povo não tem muita intimidade com a gente. (IDOSO 4).
“Como eles estão sempre visitando, então eles participam da vida da
gente (...) agora eles (profissionais da USF) ficam sabendo quem tem o quê.
Os agentes vêem a fundo tudo o que está se passando aqui na região”.
(IDOSO 8).
A formação de vinculo entre os idosos e os ACS é muito favorável e
necessária para a qualidade da assistência.
O cuidado comunitário do idoso deve basear-se, especialmente, na família e na atenção básica de saúde, [...] em especial daquelas sob a estratégia de Saúde da Família, que devem representar para o idoso, idealmente o vínculo com o sistema de saúde. (SILVESTRE; COSTA NETO, 2003 p. 841).
Segundo Baralhas (2008), o Agente Comunitário de Saúde veio para ser
um elo, uma ponte entre a Unidade de Saúde, a família e a comunidade,
possibilitando assim maior resolutividade nos serviços da atenção básica de
acordo com os princípios do SUS. Esse vínculo entre ACS e usuários dos
serviços de saúde, torna-se possível porque um dos requisitos básicos para ser
71
ACS de acordo com a Lei 10.507, de 10 de julho de 2002, que regulamenta a
profissão de ACS, é que ele resida na comunidade em que irá atuar. Assim
sendo o mesmo conhece os problemas, as pessoas do bairro, sua cultura, fala
a mesma “língua” dos moradores e isso torna mais fácil a comunicação. A
formação de vínculo também é favorecida através das visitas domiciliares, que
possibilitam a percepção dos problemas e das reais condições de vida da
família.
Foi evidenciada também através das falas dos idosos, de forma
explícita, a forte questão da humanização e do acolhimento dos ACS para com
os idosos. Verifica-se que há uma relação de carinho, respeito e sentimento de
aceitação recíproca.
“Ah ela é muito importante pro idoso, ela dá atenção pra gente, é
atenciosa trata a gente bem, não é como gente que um dia ta com uma cara,
outro dia com outra. [...] eu quero que a dona [...] sempre continua atendendo a
gente, antes onde eu morava não tinha esse atendimento” (IDOSO 2).
“Com o ACS a gente se sente mais amparado. Nos não temos
familiares por perto e elas são um anjo da guarda. [...] Os idosos se sentem
protegidos” (IDOSO 6).
O PSF vem reorganizar o modelo tradicional de atenção à saúde,
buscando formas de atendimento humanizado das práticas de saúde e a
satisfação dos usuários através dessa estreita ligação entre profissional e
comunidade (SILVESTRE; COSTA NETO, 2003). Segundo os mesmos autores
atuando dessa forma o PSF busca um atendimento onde as pessoas possam
sentir-se bem e acolhidas em suas necessidades, carências e limitações e
sintam que estão sendo respeitadas como seres humanos.
3.3.8.2 O ACS como educador
A função de educador é outro ponto que aparece no recorte das falas
dos idosos conforme foi evidenciado abaixo.
“[...] vejo que foi muito bom para a comunidade, ela vem, acompanha,
ajuda, orienta, [...] explica, conversa, prepara a pessoa, favorece muito”
(IDOSO 4).
72
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde, GM 648 faz parte das
funções do ACS: estar em contato permanente com as famílias desenvolvendo
ações educativas, visando à promoção da saúde e a prevenção das doenças,
de acordo com o planejamento da equipe; desenvolver atividades de promoção
da saúde, de prevenção das doenças e de agravos, e de vigilância à saúde,
por meio de visitas domiciliares e na comunidade, mantendo a equipe
informada principalmente a respeito daquelas em situação de risco. (BRASIL,
2006).
De fato a função de educador exercida pelo ACS é de extrema
importância na comunidade, pois como já foi dito anteriormente existe uma
facilidade de comunicação entre ACS e população. Assim sendo as chances
desse trabalho de orientação atingir os objetivos propostos são bem maiores.
Jardim (2007) ressalta a importância do ACS como educador e agente
de mudança da comunidade. A autora cita que esse papel transformador é
possível em razão das visitas domiciliares, do levantamento de problemas e da
mediação entre o serviço de saúde e a população atendida.
Nesse sentido, durante a pesquisa em alguns relatos de idosos e
também dos ACS eles citam as mudanças ocorridas no bairro após a
implantação do PSF, falam do antes e após o PSF:
“eu que moro aqui a bastante tempo sei como era antes e depois do
posto e deste serviço, então eu sei que melhorou muito, antes era muito difícil”.
(IDOSO 4).
Parte dessas mudanças é fruto desse trabalho de orientação e educação
realizado pelos ACS.
3.3.8.3 O ACS como facilitador do acesso X falta de limite no relacionamento
idoso e ACS
A análise das falas dos entrevistados, mostra de forma clara e bastante
expressiva que os idosos vêem os ACS como um facilitador do acesso ao
serviço de saúde, como se pode observar:
73
“[...] eu não posso andar, ela vem aqui, como é que eu ia lá? [...] a
pessoa idosa não tem como ir no postinho, se eu tenho que ir lá ela marca, é
muito bom. [...] a gente tem dificuldade de andar, de esperar”. (IDOSO 1)
“Pra mim é importante porque a gente não vai até eles, então eles vêm
até a gente”. (IDOSO 3).
“[...] quando precisamos de uma consulta ela vai lá e marca pra gente,
ás vezes ta faltando algum remédio ela busca também. Trouxe facilidades,
porque eu quase não posso andar, tenho problema no joelho, então elas vindo
aqui já facilita”. (IDOSO 9).
Toda essa facilidade que os ACS proporcionam é importante e
demonstra até mesmo atenção, acolhimento, dedicação, visto que alguns
idosos realmente têm muita dificuldade de locomoção. Porém, é importante
considerar que muitas vezes a família pode estar transferindo toda a
responsabilidade do cuidado para o ACS. Além disso, é importante estimular
no idoso a independência e a autonomia, pois muitos ainda são capazes de ter
uma vida ativa e solucionar problemas da vida diária.
Roach (2003) ressalta, que cada idoso é uma pessoa única. Tanto que
duas pessoas com a mesma idade cronológica, pode ter respostas fisiológicas
e cognitivas, assim como grau de dependência completamente diferente. Ser
idoso não significa ser incapaz e também a família deve ser conscientizada
quanto ao seu papel de cuidadores.
Bandeira (2005) ressalta, que a respeito da autonomia na terceira idade,
é importante que o idoso não se considere dependente, pois a dependência
pode afetar a sua auto-estima e bem estar, por carregar o estigma de peso ou
incômodo. Segundo o autor esses sentimentos levam a solidão, isolamento e
depressão.
Percebe-se na fala de alguns entrevistados idosos que a comodidade e
atenção proporcionada pelos ACS levam muitas vezes a uma falta de limites no
relacionamento idoso e ACS.
“Os ACS vem em casa [...], deixam o telefone da própria agente.
Quantas vezes liguei para o celular da [...] pedindo remédio, ficou ótimo para a
gente”. (IDOSO 4).
74
“[...] para você ter uma idéia a [...] deixa o telefone dela com a gente e
celular é uma coisa particular, e eu sei que eu posso ligar a qualquer hora que
ela vai me atender”. (IDOSO 5).
Baralhas (2008) ressalta que a política local ou o fato da família ou
indivíduo assistido não se responsabilizar pela própria saúde determina os
limites de atuação dos ACS. Segundo a autora, quando o usuário dos serviços
de saúde e a própria família transfere a responsabilidade do cuidado à saúde
para o ACS este pode não conseguir cumprir com suas funções de orientação
e promoção da saúde, pelo acúmulo de responsabilidades. A autora fala ainda,
que as limitações referentes ao trabalho dos ACS estão relacionadas com a
forma como o Agente e demais profissionais envolvidos entendem suas reais
atribuições. Dessa forma, a percepção distorcida das funções do ACS acaba
por trazer uma sobrecarga para esse profissional, que busca realizar o seu
trabalho de melhor forma possível, com dedicação e solidariedade.
3.4 Parecer sobre a pesquisa
Na pesquisa verificou-se que nos dias atuais os ACS encontram
dificuldades para estar atuando com as pessoas idosas pela necessidade de
receber qualificação específica. Neste sentido Mendonça (2004) ressalta que
os conhecimentos exigidos no processo de trabalho do ACS são bastante
complexos e diversificados, o que requer novos conhecimentos necessários
para adequar este profissional no desempenho de sua função.
[...] exige um conhecimento bastante complexo para acompanhar indivíduos e grupos, no âmbito da identificação de risco ambiental, da promoção da saúde e da prevenção de doenças prevalentes. Esta combinação indica a emergência de uma profissão e a necessidade de uma melhor qualificação profissional, ou seja, a introdução de competências profissionais. (MENDONÇA, 2004, p.358).
Ainda referindo o mesmo autor, Mendonça (2004), e confirmando o que
se abordou neste estudo os ACS em muitos momentos abrem mão de suas
75
experiências próprias para estar atuando frente a problemas diários, pela
necessidade de conhecimentos específicos a cerca da saúde dos idosos.
Mendonça (2004 p. 359) ressalta que “... diante da ausência de um
saber instituído, o profissional ACS age em função de sua experiência de vida
e do seu perfil social, que guarda identidade com o grupo/comunidade a que
pertence”.
Um aspecto preocupante na análise e que deve ser abordado é a
sobrecarga deste profissional, neste sentido Tomaz (2002), refere o profissional
como sendo um super-herói, pela sobrecarga de trabalho e distorção no seu
papel.
O papel dos ACS como mediadores é algo unânime na opinião dos
idosos, como também o de educador. Este profissional é visto pela população
como um elo de comunicação em todos os sentidos que envolvem a unidade
do PSF e o Cliente.
Neste sentido Bornstein, Stotz (2006), ressaltam o trabalho do ACS
como sendo de mediador, tanto no que se refere à mediação entre o serviço e
a comunidade, como no que se refere à mediação entre diferentes saberes,
sendo este conceito ampliado, pois favorecem a facilitação do acesso as
pessoas de um modo geral.
Em relação ao envelhecimento populacional, foi evidenciado através de
referencial teórico que o crescimento da população idosa tem provocado
inúmeras alterações na sociedade, com impactos que recaem sobre a
sociedade, o mercado de trabalho, as ações políticas, as relações familiares e
principalmente no sistema de saúde.
O desafio maior no século XXI será cuidar dessa população crescente de idosos, a maioria com níveis socioeconômico e educacional baixos e uma alta prevalência de doenças crônicas e incapacitastes. Os sistemas de saúde terão de fazer frente a uma crescente demanda por procedimentos diagnósticos e terapêuticos das doenças crônicas [...] (SANTOS FILHO et al. 2006, p.71).
Este crescimento é visto como um problema mundial, não apenas
nacional, neste sentido cabe aos profissionais estarem aptos para atender esta
população. Os profissionais da área da saúde, principalmente a enfermagem,
tem neste sentido, uma oportunidade de trabalho muito grande, visto que em
76
relação ao PSF, o enfermeiro é a peça chave na capacitação do agente
comunitário de saúde.
O atendimento ao idoso deve ser humanizado, priorizando o respeito às
leis criadas para os idosos. As intervenções voltadas necessitam de
conhecimentos sobre as necessidades desta população em especial, pois
atenção à saúde do idoso é um assunto de grande complexidade, o que se
justifica a criação de programas governamentais para estar preparando os
profissionais para atender a demanda, prestando assim uma assistência plena
e com resolutividade.
Após vivenciar o trabalho realizado e verificar os relatos obtidos através
das entrevistas dos ACS e dos idosos, observou-se a necessidade de se criar
uma proposta de intervenção não só referente à formação específica, mas
também em relação aos idosos. Viu-se também a necessidade de impor limites
de atuação, visto que em algumas situações ultrapassam as funções
preconizadas para os ACS.
77
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Frente aos resultados obtidos neste trabalho e tendo em vista a possível
contribuição deste com os serviços de saúde, sugere-se:
a) investir na Educação Permanente da ESF para que a formação
contínua do profissional seja uma realidade, respondendo assim às
necessidades que esta população precisa;
b) supervisionar as atividades dos ACS verificando os resultados e a
efetividade assim como oferecendo suporte necessário à eles;
c) planejar as ações voltadas para a saúde do idoso, de modos a
definir objetivos e resultados esperados;
d) conscientizar a população da importância de sua atuação junto aos
ACS no que se referem ações desses profissionais;
e) construir um documento que venha nortear as ações dos ACS frente
à saúde dos idosos, com o objetivo de esclarecer a real posição e
sua função.
Sugere-se ainda que futuramente seja dada a continuidade a esta linha
de pesquisa, visto ser um tema muito rico de informações, complexo e que
merece ser explorado, o que virá contribuir para novos conhecimentos aos
profissionais e graduandos da área.
78
CONCLUSÃO
Tendo em vista os objetivos desta pesquisa, buscamos caracterizar os
ACS, e a população idosa, bem como analisarmos cada situação levantada nos
depoimentos. A partir da perspectiva qualitativa, com base nas entrevistas
buscamos analisar alguns aspectos relevantes para nossa conclusão.
Com relação à saúde do idoso, fica claro que este é um assunto de
grande complexidade, mas cabe aos profissionais de saúde ampliar seus
conhecimentos para atuar com esta população visando à melhoria da
qualidade de vida dos mesmos.
Ao analisar a fala dos ACS, ficou elucidada a concepção que este
profissional tem acerca do ser idoso, um indivíduo carente, solitário. Porém,
através deste estudo evidenciou-se que os ACS devem compreender que as
necessidades dos idosos ultrapassam o aspecto emocional e envolvem o
físico, o ambiental, o social, o cultural, o familiar,o psicológico, entre outros.
Em contrapartida, o carinho que os profissionais dispensam a esta população é
muito grande, ficando evidenciado a empatia que existe por parte dos ACS em
estar atuando com idosos.
Entretanto, observou-se escassez no entendimento que os ACS têm do
idoso acerca de suas necessidades, se compararmos com toda complexidade
que envolve o envelhecer. Constatou-se que os ACS são vistos como
facilitador do cuidado, ele compartilha valores, costumes, com a comunidade,
neste sentido ele é essencial ao cuidado com idosos, mas para tanto acredita-
se ser necessário que ele esteja apto ao desempenho da função.
A análise dos depoimentos dos idosos nos levou a constatação da
importância deste profissional como educador, sendo ele o grande facilitador
das orientações e das ações, onde a população tem o ACS como o elo entre
UBS e as pessoas. Confirma-se através das analises a importância do vínculo
para um trabalho resolutivo na comunidade. O vínculo é de extrema
importância, pois cria uma confiança entre a população e os profissionais.
Um aspecto preocupante evidenciado nesta pesquisa é a carga
excessiva de responsabilidade que acaba recaindo sobre os ACS, pois muitas
vezes os idosos criam uma dependência tão grande deste profissional que ele
acaba ultrapassando os limites de suas funções. Isto também vem de encontro
79
com a necessidade de estar recebendo qualificação específica para estar
atendendo esta população.
A questão do idoso em nosso país, deve merecer cada vez mais o
interesse dos órgãos públicos, dos formuladores de políticas sociais e da
sociedade em geral, dado o volume crescente deste segmento populacional,
seu ritmo de crescimento e de suas características demográficas, econômicas
e sociais.
Nesse sentido, justifica-se o investimento na formação dos ACS, pois
estes profissionais devem ser capazes de lidar com os múltiplos aspectos que
revestem o envelhecimento humano, de forma integrada com a comunidade e
assim, contribuir para a melhor qualidade de vida do idoso,
Os ACS em seus depoimentos reproduzem uma necessidade de adquirir
tal conhecimento sobre a população idosa, para poder atende - lá de forma
plena. No seu cotidiano ficam claras as barreiras que são encontradas por falta
de conhecimentos científicos. Ao relatarem os obstáculos que vivenciam por
falta de conhecimento, demonstram as dificuldades de resolutividade no
desempenho de suas funções.
Devido à importância do desempenho do trabalho deste profissional,
ACS, no contexto da saúde do idoso, é de extrema necessidade que se
incorpore ferramentas estratégicas, crie programas de especialização, para que
assim ele venha sugerir ações com qualidade e possa assim potencializar seu
trabalho.
Face ao exposto, considerando que o objetivo principal do estudo foi
analisar as atividades dos ACS com base na qualificação específica,
ressaltando os aspectos qualitativos no atendimento, sugere-se estudos
posteriores que considerem a qualidade das atividades realizadas por esses
profissionais e a identificação dos aspectos que levam à dificuldade de
realização de suas atividades, que devem estar presentes no trabalho diário
desses profissionais.
Assim, acreditamos que o conteúdo deste estudo é de grande
importância para os profissionais de saúde, pois permite uma reflexão sobre o
redirecionamento de suas ações junto à população idosa e seus familiares,
deixando evidenciada a necessidade de programas que visem à qualificação
profissional para atender a demanda desta clientela. Enfim, deseja-se que
80
futuramente este estudo contribua de alguma forma para a melhoria na saúde
dos idosos e para o exercício profissional dos ACS, ou então que levante
discussões sobre o assunto, permitindo assim que busquem melhorias e uma
atenção à saúde mais humanizada.
81
REFERÊNCIAS
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82
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86
APENDICES
87
APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso
1 INTRODUÇÃO
Com base nos dados apresentados, esta pesquisa propõe-se a estar
avaliando a importância da inserção dos ACS no atendimento aos idosos,
sendo de fundamental importância que os ACS estejam preparados para
desempenhar sua função.
Para tanto será realizado um acompanhamento das atividades diária dos
ACS na unidade do PSF atendendo a população de idosos, sendo colhido
depoimento dos ACS sobre seus conhecimentos relacionados à saúde dos
idosos.
Sendo também aplicado questionário aos ACS e aos idosos, como
suporte para desenvolvimento do estudo.
1.1 Descrição do trabalho realizado
a) Materiais de suporte para coletar dados e informações.
b) Aplicação de questionários que serão previamente desenvolvidos e
apresentados neste projeto.
1.2 Discussão
Confronto entre teoria (referencial teórico dos primeiros capítulos) e a
prática utilizada pela empresa ou entidade.
1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenção ou
modificações de procedimentos.
88
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista para ACS
I Dados de identificação
Sexo:
Idade:
Estado Civil: Filhos:
Grau de escolaridade:
Quanto tempo mora neste bairro:
Experiências profissionais anteriores:
Experiência profissional atual:
Tempo de trabalho nesta instituição:
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1) Porque escolheu esta profissão?
2) Há quanto tempo você é ACS?
3) Você recebeu capacitação para atuar como ACS?
4) Você acha que é necessária uma capacitação específica para atuar
com idosos?
5) Gostaria que você falasse qual sua visão do idoso.
6) Como você se sente trabalhando com idosos?
g) Você encontra dificuldade para estar atuando com idosos? Quais
são?
7) Que estratégia você utiliza par atingir seus resultados no cuidado aos
idosos?
8) Como o idoso demonstra satisfação (aceitação) pelo seu trabalho?
9) Como você sabe que a necessidade dos idosos está sendo atendida?
10) Como você vê a importância de seu trabalho para esta população?
11) Gostaria de falar alguma coisa que não lhe foi perguntado?
89
APÊNDICE C – Roteiro de entrevista para idosos
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Sexo:
Idade:
Estado Civil: Filhos:
Grau de escolaridade:
Quanto tempo mora neste bairro:
Profissão/Ocupação:
II PERGUNTAS ESPECÍFICAS
1) O que você acha do trabalho do ACS?
2) Você acha que o trabalho do ACS contribuiu para melhorar sua vida?
Como?
3) Para você qual a importância do ACS para os idosos?
4) Você gostaria de falar algo que não lhe foi perguntado sobre o ACS?
90
ANEXO
91
ANEXO A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)
TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL
1. Nome do Paciente: Documento de Identidade nº
Sexo:
Data de Nascimento:
Endereço:
Cidade: U.F.
Telefone:
CEP:
1. Responsável Legal: Documento de Identidade nº
Sexo: Data de Nascimento:
Endereço:
Cidade: U.F.
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):
II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
1. Título do protocolo de pesquisa: 2. Pesquisador responsável: Cargo/função:
Inscr.Cons.Regional:
Unidade ou Departamento do Solicitante:
3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência
imediata ou tardia do estudo).
SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR
4.Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):
5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar)
92
6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar)
7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar) 8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar) 9. Duração da pesquisa: 10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / /
III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU
REPRESENTANTE LEGAL
1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.
2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.
3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.
4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o
estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.
5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes
da pesquisa.
Observações complementares.
IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.
93
________________________________ Local, / / .
Assinatura
____________________________________
Testemunha
Nome .....:
Endereço.:
Telefone .:
R.G. .......:
____________________________________
Testemunha
Nome .....:
Endereço.:
Telefone .:
R.G. .......: