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UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS TESE Alimentação Artificial de Fêmeas de Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari: Ixodidae) Através de Tubos Capilares Isis Abel Bezerra 2004

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UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

TESE

Alimentação Artificial de Fêmeas de

Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari:

Ixodidae) Através de Tubos Capilares

Isis Abel Bezerra

2004

Adivaldo Fonseca
Text Box
VERSAÕ SEM CORREÇÃO - REPASSADA POR ADIVALDO FONSECA EM DEZ DE 2008, COMO MODELO DE MATERIAL E METODOS.
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ALIMENTAÇÃO ARTIFICIAL DE FÊMEAS DE Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari: Ixodidae) ATRAVÉS

DE TUBOS CAPILARES

ISIS ABEL BEZERRA

Sob a Orientação do Professor Adivaldo Henrique da Fonseca e Co-orientação dos Professores

Carlos Luiz Massard Natalino Hajime Yoshinari

Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Philosophiae Doctor em Ciências Veterinárias – Área de Concentração em Parasitologia Veterinária.

Seropédica, RJ Fevereiro de 2004

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Verificar na Biblioteca Central. ........... .....................

Abel, Isis Alimentação Artificial de Fêmeas de Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari; Ixodidae) Através de Tubos Capilares. Seropédica. RJ. UFRRJ. Instituto de Veterinária. 2004. xv. nº f: il.............................. Orientador: Adivaldo Henrique da Fonseca

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

ISIS ABEL BEZERRA

Tese submetida ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, área de Concentração em Parasitologia Veterinária, como requisito parcial para obtenção do grau de Philosophiae Doctor. TESE APROVADA EM -----/-----/------

Dr. Adivaldo Henrique da Fonseca Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Dr. Carlos Luiz Massard. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Dr. Cleber Oliveira Soares. Embrapa Gado de Corte (CNPGC)

Dra. Márcia Cristina de Azevedo Prata. Embrapa Gado de Leite (CNPGL)

Dr. Rafael de La Vega. Laboratórios Biológicos e Farmacêuticos de Cuba (LABIOFAN)

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Se nunca abandonas o que é importante para ti, Se te importas tanto a ponto de estares disposto a lutar para obtê-lo,

Asseguro-te que tua vida estará plena de êxito. Será uma vida dura,

Porque a excelênica não é facil, Mas valerá a pena.

(Richard Bach)

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Dedico esse trabalho...

Ao Pedro, meu Grande Companheiro,

por ser meu “porto seguro” sempre.

À pequenina e tão querida Cíntia

por ter dado outro sentido à minha vida.

Aos meus pais, Alcebíades e Caridade,

e irmãos, Taís e Rodrigo,

pelo apoio incondicional em todos os momentos.

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Agradeço especialmente...

Ao amigo Cleber Oliveira Soares

Pela prontidão em colaborar na minha formação profissional sempre.

À amiga Rosana Colatino

Por estar sempre por perto, incentivando-me e apoiando-me.

Aos amigos, Marcos, Valíria, Matheus e Letícia

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Pela acolhida em sua sua casa e em sua família

e pelo apoio nos momento mais difíceis.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Adivaldo Henrique da Fonseca pela oportunidade e por ter acreditado

em meu trabalho.

Ao Dr. Rafael De La Vega pelas contribuições nas fases finais desse trabalho.

À Profa. Maria Paz Abraira Lopez de Crespi pelo empréstimo dos coelhos.

Ao Prof. Carlos Hubinger Tokarnia pelo empréstimo do biotério e da balança

analítica.

À amiga Alessandra Scofield pela grandiosa ajuda na produção das imagens.

Aos amigos do Laboratório de Doenças Parasitárias: Abisair Castro, Carlo José

Freire de Oliveira, Cátia Marques da Costa, Daniel da Silva Guedes Jr., Fábio Jorge

Moreira da Silva, Fabíola do Nascimento Corrêa, Luciana Rodrigues de Almeida,

Nathalie Cunha, Raquel Silva Lisboa e Renata Madureira pelo compartilhamento de

idéias, pela ajuda em todos os momentos e pelo carinho pela minha pequenina mesmo

antes de seu nascimento.

Aos funcionários Adevaldo José Gonçalves, Jaime da Silva Pena, Joel Teodósio

de Oliveira, José de Oliveira, Luiz Carlos Ribeiro da Paz e Nori pelo apoio na execução

desse projeto.

Ao funcionário Pedro Timóteo pela sua paciência e sempre boa vontade em

ajudar.

Aos amigos do curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, em especial

Denise, Sandra Borges e Elza Mika pelas discussões científicas e pelos momentos de

lazer que compartilhamos.

Ao CAPES pelo apoio financeiro.

A todos que contribuírm direta e indiretamente pela execução desse trabalho.

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SUMÁRIO

Pág.

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 4

2.1. Alimentação Artificial de Carrapatos Através de Membrana......................... 4

2.1.1. Membranas naturais.............................................................................. 4

2.1.2. Membranas artificiais........................................................................... 7

2.2. Infecção de Carrapatos através de Injeção Percutânea................................... 11

2.3. Infecção de Carrapatos através de Infusão Retal............................................ 12

2.4. Alimentação e Infecção de Carrapatos através de Tubos Capilares............... 12

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 16

3.1. Origem e Manutenção da Colônia de Amblyomma cajennense...................... 16

3.2. Infestação Artificial de Adultos Amblyomma cajennense em coelhos........... 18

3.3. Alimentação Artificial Através de Tubos Capilares....................................... 18

3.3.1. Coleta e conservação do sangue........................................................... 18

3.3.2. Fêmeas em jejum.................................................................................. 19

3.3.3. Fêmeas semi-ingurgitadas.................................................................... 19

3.4. Parâmetros Biológicos.................................................................................... 22

3.5. Análise Estatística........................................................................................... 23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 24

4.1. Biologia das Fases Parasitária e Não-Parasitária de Fêmeas Amblyomma

cajennense Alimentadas em Coelhos.......................................................................

24

4.2. Alimentação Artificial de Fêmeas Amblyomma cajennense em Jejum.......... 27

4.2.1. Parâmetros relativos à fase parasitária.................................................. 33

4.2.2. Parâmetros relativos à fase não-parasitária........................................... 33

4.2.3. Parâmetros relativos à postura.............................................................. 39

4.2.4. Parâmetros relativos à eclosão larval.................................................... 41

4.3. Alimentação Artificial de Fêmeas Amblyomma cajennense Semi-

Ingurgitadas...............................................................................................................

41

4.3.1. Parâmetros relativos à fase não-parasitária........................................... 45

4.3.2. Parâmetros relativos à postura.............................................................. 45

4.3.3. Parâmetros relativos à eclosão larval.................................................... 48

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5. CONCLUSÕES................................................................................................... 50

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 51

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ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela 1.. Parâmetros biológicos de fêmeas de Amblyomma cajennense

alimentadas em coelhos – Grupo de Referência................................................

26

Tabela 2. Peso médio das fêmeas de Amblyomma cajennense antes e depois

de serem submetidas à alimentação artificial através de capilares seguida de

período de jejum de 45 dias...............................................................................

37

Tabela 3. Parâmetros relativos à fase parasitária de fêmeas de Amblyomma

cajennense alimentadas em coelhos após alimentação artificial através de

capilares seguida de jejum de 45 dias................................................................

43

Tabela 4. Períodos relativos à fase não parasitária de fêmeas de Amblyomma

cajennense alimentadas em coelhos após alimentação artificial através de

capilares seguida de jejum de 45 dias................................................................

44

Tabela 5. Parâmetros relativos à postura de fêmeas de Amblyomma

cajennense alimentadas em coelhos após alimentação artificial através de

capilares seguida de jejum de 45 dias................................................................

46

Tabela 6: Parâmetros relativos à eclosão larval de Amblyomma cajennense.

Material oriundo de fêmeas alimentadas em coelhos após alimentação

artificial através de capilares seguida de jejum de 45 dias.................................

48

Tabela 7: Peso médio das fêmeas de Amblyomma cajennense semi-

ingurgitadas antes e depois da alimentação artificial através de

capilares..............................................................................................................

50

Tabela 8: Períodos relativos à fase não parasitária de fêmeas de Amblyomma

cajennense após alimentação prévia em coelhos e complementação da

alimentação através de capilares........................................................................

52

Tabela 9: Parâmetros relativos à postura de fêmeas de Amblyomma

cajennense após alimentação prévia em coelhos e complementação da

alimentação em capilares..................... .............................................................

53

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Tabela 10: Parâmetros relativos à eclosão larval. Material oriundo de fêmeas

Amblyomma cajennense após alimentação prévia em coelhos e

complementação da alimentação através de capilares.......................................

55

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ÍNDICE DE QUADROS

Pág.

Quadro 1. Membranas naturais utilizadas na alimentação artificial de

carrapatos...........................................................................................................

5

Quadro 2: Membranas artificiais utilizadas na alimentação artificial de

carrapatos...........................................................................................................

8

Quadro 3: Substâncias oferecidas como alimento na alimentação artificial

de carrapatos através de capilares......................................................................

14

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ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1. Coelho submetidos á alimentação artificial de adultos de Amblyomma

cajennense...............................................................................................................

17

Figura 2. Fêmeas Amblyomma cajennense em jejum submetidas à alimentação

artificial através de capilares..................................................................................

20

Figura 3. Fêmeas Amblyomma cajennense após oito dias de alimentação em

coelhos....................................................................................................................

21

Figura 4.. Fêmeas de A. cajennense semi-ingurgitadas submetidas à

alimentação artificial através de capilares..............................................................

23

Figura 5. Fêmeas de Amblyomma cajennense em jejum durante alimentação

através de capilares. Observar palpos no interior dos capilares (→)......................

30

Figura 6. Fêmeas de Amblyomma cajennense submetidas à alimentação

artificial através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense em jejum de

45 dias; B, Fêmeas 1, 2, e 3 de A cajennense após alimentação artificial por 24

horas........................................................................................................................

31

Figura 7. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 4, 5, e 6 de A cajennense em jejum de 45 dias;

B, Fêmeas 4, 5, e 6 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas......

31

Figura 8. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 7, 8, 9, e 10 de A cajennense em jejum de 45

dias; B, Fêmeas 7, 8, 9 e 10 e 3 de A cajennense após alimentação artificial por

24 horas...................................................................................................................

32

Figura 9. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense em jejum de 45 dias;

B, Fêmeas 1, 2, e 3 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas; C.

Fêmea 1 em jejum, com maior aproximação; D. Fêmea 1 após 24 horas de

alimentação, com maior aproximação....................................................................

33

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Figura 10. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 8, 9, 10 de A cajennense em jejum de 45 dias;

B, Fêmeas 8, 9, 10 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas; C,

Fêmea 8 em jejum, com maior aproximação; D, Fêmea 8 após 24 horas de

alimentação, com maior aproximação....................................................................

34

Figura 11. Eliminação de excretas por fêmeas Amblyomma cajennense durante

alimentação artificial. A, Fêmeas A. cajennense eliminando excretas com

predominância de guanina; B, Fêmeas A. cajennense eliminando excreta de

sangue.....................................................................................................................

35

Figura 12. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense em jejum de 45 dias;

B, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense após alimentação artificial por seis horas

por oito dias consecutivos.......................................................................................

38

Figura 13. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 4, 5 e 6 de A cajennense em jejum de 45 dias;

B, Fêmeas 4, 5 e 6 de A cajennense após alimentação artificial por seis horas

por oito dias consecutivos.......................................................................................

38

Figura 14. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 7, 8, 9 e 10 de A cajennense em jejum de 45

dias; B, Fêmeas 7, 8, 9 e 10 de A cajennense após alimentação artificial por seis

horas por oito dias consecutivos.............................................................................

39

Figura 15. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense após alimentação

artificial por seis horas por oito dias consecutivos; B, Fêmeas 4, 5 e 6 de A

cajennense após alimentação artificial por seis horas por oito dias consecutivos.;

C. Fêmea 1 após seis horas de alimentação artificial por oito dias consecutivos,

com maior aproximação; D. Fêmea 5 após seis horas de alimentação artificial

por oito dias consecutivos, com maior aproximação..............................................

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RESUMO

ABEL, Isis. Alimentação artificial de fêmeas de Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari: Ixodidae) através tubos capilares Seropédica: UFRRJ, 2004. 63p. (Tese, Doutorado em Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária).

A alimentação artificial de artrópódes hematófagos tem contribuído para os estudos sobre a relação patógeno-carrapato. A técnica que utiliza capilares para esse fim oferece vantagens em relação às demais por ser segura, de baixo custo e de fácil manuseio. Entretanto, pouco se sabe sobre a influência do método sobre a biologia dos carrapatos. O presente trabalho visou aperfeiçoar a técnica de alimentação artificial através de tubos capilares e verificar sua influência sobre a biologia de fêmeas de A. cajennense em jejum e semi-ingurgitadas. Cento e quarenta fêmeas em jejum foram alimentadas em capilares de microhematócrito, repletos de sangue bovino citratado por 12h; 24h; 48h; 5 dias 2h/dia; 5 dias 6h/dia; 8 dias 2h/dia e 8 dias 6h/dia e, em seguida, foram expostas a coelhos para complementarem a alimentação. As teleóginas tiveram seus parâmetros biológicos relativos à fase não-parasitária, postura e eclosão larval analisados. Dentre os carrapatos alimentados, 83,3% aumentaram de peso, apresentando corpo arredondado, perceptível à vista desarmada. Os carrapatos expostos por 24h e por 8dias 6h/dia adquiriram 2,43mg e 3,25mg, respectivamente, não havendo diferença significativa entre ele (p>0,05). A análise dos resultados sugere que são necessárias seis horas de alimentação diária por oito dias para que fêmeas em jejum ingiram uma quantidade satisfatória de sangue aos tubos capilares. Com relação às fêmeas semi-ingurgitadas, no oitavo dia de infestação em coelhos, 30 fêmeas, pesando acima de 150mg, foram retiradas de seus hospedeiros e expostas aos tubos capilares também repletos de sangue bovino citratado. Os espécimens foram divididos em três grupos com o tempo de exposição de 2h; 6h e 12h. Após esse período, as fêmeas foram analisadas quanto aos parâmetros biológicos relativos à postura e eclosão larval. O peso médio adquirido pelas fêmeas semi-ingurgitadas variou de 10,79mg a 41,13mg. Esse é o primeiro relato da ingestão de grande volume de sangue por carrapatos ixodídeos após alimentação artificial através de capilares. A análise dos resultados demonstrou que seis horas de exposição foram suficientes para se observar uma ingestão significativa de sangue pela fêmea semi-ingurgitada. A alimentação artificial através de tubos capilares não interferiu na biologia de fêmeas de A. cajennense. Palavras-chaves: carrapatos, alimentação artificial, capilares

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ABSTRACT

ABEL, Isis. Artificial feeding of Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787)(Acari: Ixodidae) females through capillary tubes technique. Seropédica: UFRRJ, 2004. 63p. (Thesis, Philosophiae Doctor in Veterinary Sciences, Veterinary Parasitology).

Artificial feeding technique of haematophagus arthropods has been brought great contribution to the research about the relation pathogen-ticks. Capillary tubes technique offers some advantage because it is safe, of low cost and easy to manipulate. Although, a little is known about its influence over tick’s biology. The purpose of the present work was to improve the artificial feeding through capillaries and to check its influence over fast and partially fed A. cajennense female’s biology. A hundred and forty fast females were exposed to capillaries, full of citrated bovine blood in different experiment time (12h; 24h; 48h; 5 days 2h/day; 5 days 6h/day; 8 days 2h/day and 8 days 6h/day) and then they were exposed to rabbits to engorge. Engourged females had their biological parameters checked. Some ticks put on weight, showing rounded body, perceptible with the naked eye. Among the groups ticks exposed for 24h and 8days 6h/day put on 3,25mg and 2,43mg, respectively, although there were no expressive difference between them (p>0,05). The analysis of the results suggests that it is necessary six hours of daily feeding, during eight days for fast females engorge satisfactory quantity of blood in the capillaries. In relation to partially fed females, in the eighth day of infestation in rabbit, thirty specimens, with more than 150mg, were taken out of there host and were exposed to capillaries also full of citrated bovine blood. These specimens were divided into three groups (2h, 6h, 12h) according to the time of exposition. After these periods females also had their parameters biological checked. The average weight that the partially fed females got varied from 10,79mg to 41,23mg. This is de first report about the ingestion of this quantity of blood by ixodid ticks after artificial feeding through capillaries tubes. The analysis of the results suggests that 6h of exposition are enough time to observe expressive ingestion of blood by the partially fed ticks. Artificial feeding through capillaries doesn’t have any influence over A. cajennense biology. Key-words: ticks, artificial feeding, capillaries

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1

1. INTRODUÇÃO

Os carrapatos são vetores de uma grande diversidade de patógenos, entre eles

vírus, bactérias e protozoários, que infectam humanos e outros vertebrados

(JASINSKAS et al., 2000). Para o estudo desses patógenos em laboratório é

necessário manter animais e carrapatos, o que representa alto custo e demanda

tempo. Outra dificuldade é associar a presença do patógeno na circulação periférica

com o momento da alimentação dos carrapatos, o que faz com que seja impossível

monitorar a quantidade de patógeno ingerida pelos mesmos. Nesse contexto, a

alimentação artificial de carrapatos oferece vantagens em relação à alimentação em

animais.

São muitas as vantagens de se alimentar artrópodes artificialmente. A

alimentação in vitro para carrapatos é uma ferramenta valiosa para estudos

detalhados do comportamento alimentar desses e permite avaliar mudanças no

ambiente do carrapato, o que não seria possível no hospedeiro natural (LÖSEL et

al., 1992). Os métodos de alimentação artificial possibilitam avaliar a eficiência do

vetor, expô-los a concentrações específicas de patógenos, além de ser possível

reduzir o número de animais de laboratório necessários para as pesquisas em

doenças transmitidas por eles (BUTLER, 1984 apud HOKAMA et al., 1987).

Ademais, a alimentação artificial é útil para elucidar o estímulo para a fixação, as

exigências nutricionais e os fatores de resistência do hospedeiro (HOWARTH &

HOKAMA, 1983).

Os métodos de alimentação artificial já foram bem estudados para artrópodes

que fazem alimentação rápida, especialmente os solenófagos. Mosquitos, pulgas,

moscas, barbeiros, piolhos, ácaros e carrapatos argasídeos já foram submetidos

sistemas que empregaram tanto membranas naturais, quanto membranas artificiais

(BURGDORFER & PICKENS, 1954; HADDON Jr., 1956; LAUER &

SONENSHINE, 1978; WADE & GEORGI, 1988; CARROL et al., 1992).

Particularmente, carrapatos argasídeos prontamente inserem seus aparelhos bucais

em membranas finas e ingerem uma variedade de meios. Para os ixodídeos,

entretanto, esses métodos tornam-se mais difíceis visto que precisam criar um sítio

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2

de alimentação, secretar cemento e fixar suas peças bucais antes de um longo período

de alimentação (BROADWATER et al., 2002). Ainda, os carrapatos ixodídeos

geralmente não se fixam no hospedeiro sincronizadamente. Assim, seu suplemento

alimentar deve ser fresco e palatável durante um período de tempo prolongado. Outra

dificuldade comum é que nos estudos sobre a transmissão de patógenos, a aquisição

de sua alimentação precisa coincidir com a ascensão ou máximo de parasitemia no

hospedeiro, o que nem sempre é possível, já que o período pré-patente nos

hospedeiros varia enormemente (HOWARTH & HOKAMA, 1983).

Muitas pesquisas foram conduzidas utilizando-se membranas naturais, artificiais

e capilares na alimentação artificial de artrópodes. Esses sistemas trouxeram grandes

contribuições aos estudos sobre transmissão de patógenos por carrapatos. No Brasil,

os estudos pertinentes à alimentação artificial obtiveram êxito com o uso de

membrana de silicone e de microcapilares, tanto na manutenção quanto na infecção

de artrópodes (MOURA et al., 1997; ROCHA et al, 1997; ABEL, 1999; FONSECA

et al., 1999).

O método que utiliza capilares na alimentação artificial, embora não promova o

ingurgitamento total dos espécimens e apresente diferenças em relação à alimentação

natural, reduz o número de variáveis a serem consideradas no momento da

alimentação do carrapato (JASINSKAS et al., 2000). Ainda, oferece vantagens frente

aos demais métodos por permitir manipulações experimentais e os carrapatos podem

ser infectados com clones de patógenos ou diferentes cepas ao mesmo tempo

(INDEST et al., 2001; FINGERLE et al., 2002). O método também permite que o

tamanho do inóculo possa ser ajustado de acordo com o interesse, que agentes

patogênicos que não são infectantes para os animais experimentais possam ser

testados fenotipicamente, além de que moléculas que inibem ou estimulam a

infecção em carrapatos possam ser testadas junto com o inóculo (BROADWATER et

al., 2002). Entretanto, poucos estudos optaram até o momento pela utilização dessa

técnica, possivelmente pela escassez de dados na literatura sobre as implicações do

método sobre a biologia dos carrapatos.

O “carrapato-estrela”, Amblyomma cajennense, é um ixodídeo autóctone das

Américas. Sua baixa especificidade parasitária lhe confere alto grau de

comprometimento na transmissão de agentes zoonóticos já estabelecidos no país,

bem como de patógenos causadores de zoonoses emergentes. É um carrapato muito

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estudado no Brasil devido ao seu envolvimento na transmissão de Rickettsia rickettsi,

agente etiológico da Febre Maculosa. Porém outros patógenos semelhantes a

Encephalitozoon s. e Borrelia sp., Cowdria ruminnatium e Erhlichia bovis já foram

isolados a partir de vísceras de carrapatos dessa espécie natural ou

experimentalmente infectados (MASSARD, 1984; BARROS-BATTESTI, 1998;

RIBEIRO & GUIMARÃES, 1998; DE LEMOS et al., 2001). Em geral, para a

manutenção desse carrapato em laboratório são utilizados coelhos para a alimentação

dos estágios imaturos e eqüinos para a alimentação dos adultos (PRATA, 2002).

Desta forma, o estudo de patógenos transmitidos por esse parasito torna-se,

então, difícil, uma vez que requer instalações, infra-estrutura e mão-de-obra para

manutenção de animais de grande porte para conclusão de seu ciclo biológico. A

possibilidade de se completar todo o ciclo de A. cajennense em animais de menor

porte já foi estudada, porém os dados não foram satisfatórios (LOPES et al., 1998).

O estabelecimento de um modelo experimental no qual se possa estudar a relação

Amblyomma-patógeno na ausência do hospedeiro pode contribuir signifiativamente

na compreensão dos meios de transmissão de vírus, bactérias e protozoários

potencialmente transmissíveis por ele.

Nesse contexto, o presente trabalho objetivou aperfeiçoar o sistema de

alimentação artificial por meio de capilares e verificar a influência do método sobre

os parâmetros biológicos de fêmeas A. cajennense alimentadas em jejum e semi-

ingurgitadas.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Alimentação e Infecção de Carrapatos Utilizando-se Membranas

2.1.1. Membranas Naturais

A primeira tentativa em alimentar carrapatos utilizando membrana natural foi

feita por CHUMAKOV et al. (1945) apud ABBASSAY et al. (1994). Entretanto, o

primeiro relato de um ciclo biológico completo de uma espécie de carrapato

(Ornithodoros moubata) em laboratório por meio de membrana natural foi feito por

MANGO & GALUN (1977).

As membranas naturais já utilizadas na alimentação artificial de carrapato foram:

câmara de ar de ovos embrionados de galinhas, membrana da asa de morcegos,

mesentério de bezerros, papo de galinha, ceco de coelho e peles de bovinos, suínos,

coelhos, camundongos e aves (Quadro 1).

Quando a técnica emprega câmara de ar de ovos, estes são fertilizados e

incubados a 39,5°C. No momento da exposição aos carrapatos, a temperatura é

diminuída para 37°C porque temperaturas mais baixas aumentam a mortalidade dos

embriões. Um pedaço da casca é retirado acima da câmara de ar. Utilizando-se um

pincel pequeno, um grupo de carrapatos é colocado sobre a membrana da casca e a

casca é recolocada e selada com parafina. Os ovos retornam para estufa à umidade

relativa de 40-60%. Após aproximadamente cinco dias a casca é retirada e os carrapatos

são inspecionados diariamente. Os ovos são verificados diariamente para mortalidade

dos embriões. Utilizando essa técnica, PIERCE & PIERCE (1956) conseguiram que

47% das larvas de Boophilus microplus estudadas se alimentassem e mudassem para

ninfas.

Quando a técnica emprega peles de animais, são muitos os modelos já

desenvolvidos. Em síntese, os animais são sacrificados e deles são retirados pequenos

fragmentos de pele que são utilizados no sistema de alimentação artificial. A área

removida é parcialmente tricotomizada (os pêlos deixados apresentam em torno de 2mm

de comprimento) e tratada com antibióticos e fungicidas antes da sua utilização. Essas

peles podem ser utilizadas ainda frescas ou estocadas por até três meses numa

temperatura que pode variar entre –20°C e -25°C (KEMP et al., 1975; VOIGT et al.,

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Quadro 1. Membranas naturais utilizadas na alimentação artificial de carrapatos.

Tipo de Membrana Carrapato Autores

Ovos embrionados

de galinha

Boophilus microplus PIERCE & PIERCE (1956)

Ornithodoros spp

Argas reflexus

BURGDORFER & PICKENS (1954)

Asa de morcegos Ornithodoros moubata MANGO & GALUN (1977)

Mesentério

de bezerros

B. microplus

Haemaphysalis longicornis

Ixodes holocyclus

KEMP et al. (1975)

Papo de galinha A. (Persicargas) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

Ceco de coelho A. (P.) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

Pele de bovino B. microplus

H. longicornis

I. holocyclus

KEMP et al. (1975)

Amblyomma variegatum VOIGT et al. (1993)

A. variegatum

Rhipicephalus appendiculatus

YOUNG et al. (1996)

Pele de suíno O. moubata OSBORNE & MELLOR (1985)

Pele de coelho Dermacentor andersoni HOWARTH & HOKAMA (1983)

A. variegatum VOIGT et al. (1996)

A. variegatum

R. appendiculatus

YOUNG et al. (1996)

Pele de camundongo D. andersoni PAINE et al. (1983)

D. andersoni HOWARTH & HOKAMA (1983)

Pele de aves Argas (P.) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

O. moubata OSBORNE & MELLOR (1985)

Argas spp ABBASSAY et al. (1994)

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1993; YOUNG et al. 1996). VOIGT et al. (1993) conseguiram que todos os ínstares de

Amblyomma variegatum completassem o ingurgitamento em membranas de pele de

animais in vitro. Os autores utilizaram essa técnica com sucesso nos estudos da

transmissão de Theileria mutans e C. ruminantium. Contudo, TAWFIK & GUIRGUIS

(1969), quando utilizaram pele de pombo para alimentar ninfa de Argas (Persicargas)

arboreus, acharam desvantajosa a utilização de membrana natural em relação a outros

métodos pela preparação e conservação da membrana serem trabalhosas. Ainda assim,

outros estudos foram conduzidos utilizando-se membranas naturais na alimentação

artificial.

A pele bovina foi utilizada no estudo da biologia de larvas de Boophilus

microplus, ninfa de Haemaphysalis longicornis e fêmeas de Ixodes holocyclus (KEMP

et al., 1975). A membrana de pele de morcego foi empregada na manutenção do ciclo

de O. moubata artificialmente (MANGO & GALUN, 1977), assim como a pele de

coelho serviu para manter A. variegatum em laboratório (VOIGT et al., 1993). A pele

de camundongo foi utilizada no sistema de alimentação in vitro e para estudar as

atividade da salivação e de alimentação de Dermacentor ansersoni (PAINE et al.,

1983).

Quanto aos patógenos testados, a membrana de pele de coelho foi empregada no

estudo da transmissão de Anaplasma marginale por D.r andersoni (HOWARTH &

HOKAMA, 1983). A pele bovina foi empregada também no estudo da transmissão de T.

mutans e C. ruminatium por A. variegatum (VOIGT et al., 1993) e peles de aves já

foram utilizadas no estudo da transmissão do vírus do Oeste do Nilo por Argas spp

(ABBASSAY et al., 1994).

As membranas naturais são fixadas no sistema sempre com face externa voltada

para o recipiente onde o carrapato será colocado e a face interna voltada para o

recipiente que contém o material a ser ingerido. O material usado para fixar a membrana

no sistema costuma ser fita de borracha (HOWARTH & HOKAMA 1983; VOIGT et

al., 1993), fita elástica (MANGO & GALUN, 1977; ABBASSAY et al., 1994), cola

(KEMP et al, 1975) ou pasta de óxido de zinco (VOIGT et al., 1993). Em alguns

modelos as membranas devem ser trocadas periodicamente porque tornam-se secas e

perdem a flexibilidade (HOWARTH & HOKAMA 1983).

Como fonte de alimentação já foram utilizados meio de cultura (KEMP et al.,

1975), papa de hemácias (HOWARTH & HOKAMA 1983) e sangue total desfibrinado

(PAINE et al., 1983) ou com anticoagulante; neste caso sendo melhor aconselhada a

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utilização de heparina (VOIGT et al., 1993). O alimento deve ser trocado

periodicamente e aquecido. Caso contrário, o carrapato nem sequer perfura a membrana.

Para tanto, o recipiente com sangue deverá estar em contato com uma placa aquecedora

(MANGO & GALUN, 1977) ou todo o sistema deverá ser colocado em estufa

incubadora (VOIGT et al., 1993). Nesse caso, fatores como temperatura, umidade

relativa do ambiente e concentração de CO2 podem ser ajustados para promover uma

melhor fixação dos carrapatos (VOIGT et al., 1993). Para evitar a contaminação da

fonte alimentar durante o processo de alimentação, em muitas situações é necessária a

adição de antibióticos ao alimento (PAINE et al., 1983).

Geralmente, os carrapatos são expostos ao sistema de alimentação artificial dias

após a muda, sem ter contato prévio com o hospedeiro. Há apenas um relato no qual os

carrapatos utilizados foram previamente alimentados por alguns dias antes de serem

submetidos ao sistema de alimentação artificial (HOWARTH & HOKAMA, 1983).

A presença de pêlos no sistema costuma ser atrativo suficiente para os carrapatos

se alimentarem (VOIGT et al., 1993). Entretanto, PAINE et al. (1983) também

utilizaram ATP e glutationa reduzida como fagoestimulante quando utilizaram pele de

camundongo para alimentar D. andersoni. Esse procedimento garantiu que fêmeas dessa

espécie se alimentassem fixadas à membrana de pele de camundongo por 48 horas.

2.1.2. Membranas artificiais

A utilização de membranas artificiais na alimentação artificial de carrapatos

segue a mesma metodologia descrita para as membranas naturais, com a exceção de que

aqui são utilizados materiais sintéticos. Já foram testadas membranas de parafilme,

látex, baudruche, silicone, celofane e nailon (Quadro 2).

HADDON (1956) apud HOKAMA et al. (1987) foi o primeiro pesquisador a

usar membrana de Parafilme para alimentar artrópodes. Desde então, essa membrana foi

utilizada no estudo da morfologia das hemácias de bovinos sofrendo digestão in vivo no

intestino de Ornithodoros concanensis (KIRCH et al., 1991) e nos estudos sobre a

biologia de Argas (P.) arboreus (TAWFIK & GUIRGUIS,1969) e O. moubata moubata

(SCHWAN et al.,1991). As membranas deste material são à prova d’água,

semitransparentes, inodoras, insípidas e flexíveis. Contudo, TAWFIK & GUIRGUIS

(1969) observaram vazamento durante seus experimentos. Além dessa desvantagem,

SCHWAN et al. (1991) observaram que só podem ser utilizadas uma vez

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Quadro 2: Membranas artificiais utilizadas na alimentação artificial de carrapatos:

Tipo de Membrana Carrapato Autores

Parafilme Argas (Persicargas) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

Ornithodoros coriaceus HOKAMA et al. (1987)

Ornithodoros concanensis KIRCH et al. (1991)

Ornithodoros. moubata SCHWAN et al. (1991)

Látex O. concanensis KIRCH et al. (1991)

Baudruche A. (P.) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

Rhipicephalus appendiculatus WALLADE et al. (1991; 1993;

1995)

Silicone Ixodes holocyclus STONE et al. (1983)

O. moubata OSBORNE & MELLOR (1985)

O. moubata OSBORNE & MELLOR (1986)

Amblyomma variegatum VOIGT et al. (1993)

A. (P.) miniatus DUTRA (1995)

A. cajennense MOURA et al. (1997)

A. (P.) miniatus FONSECA et al. (1999)

Celofane A. (P.) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

Nailon A. (P.) arboreus TAWFIK & GUIRGUIS (1969)

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Para serem eficientes, essas membranas não devem ser esticadas quando utilizadas e

devem ser recobertas em uma das faces por uma camada fina de pêlo. Esta face é, então,

exposta ao carrapato (HOKAMA et al., 1987).

A membrana de látex, desenvolvida a partir de pedaços de luvas cirúrgicas,

somente foi utilizada por KIRCH et al. (1991), sem sucesso. A intenção dos autores era

de caracterizar a hemólise dos eritrócitos sofrendo digestão in vivo no intestino de O.

concanensis. Em contrapartida, os mesmo autores obtiveram êxito quando utilizaram a

membrana de parafilme para o mesmo fim. As ninfas completaram o ingurgitamento e

foram capazes de mudar. Esses autores acreditam que as necessidades sensoriais e táteis

foram mais completas com essa membrana e/ou que a ruptura mecânica da membrana

foi mais fácil.

As membranas baudruche são comercialmente preparadas a partir de intestino

bovino, do qual são extraídos componentes naturais voláteis e solúveis. Já foram

utilizadas com pêlos como estímulos táteis por WALLADE et al. (1991), mas TAWFIK

& GUIRGUIS (1969) conseguiram que 97,6% das ninfas A. (P.) arboreus estudadas se

alimentassem e mudassem para adultos sem qualquer fagoestimulante sobre essa

membrana. Em se tratando de carrapatos ixodídeos, o grupo do pesquisador S. M.

WALLADE foi o que mais utilizou membrana baudruche em experimentos com

alimentação artificial, na década de 1990. Rhipicephalus appendiculatus foi a espécie

eleita pelo pesquisador, sendo inclusive a espécie com a qual conseguiu os melhores

resultados. WALLADE et al. (1991) conseguiram que fêmeas dessa espécie

ingurgitassem totalmente em seu sistema de alimentação artificial. Mais tarde, esses

mesmos autores utilizaram o método na alimentação de ninfas R. appendiculatus e

verificaram que a técnica poderia ser usada para estudos sobre a transmissão de

Theileria parva (WALLADE et al., 1993). Até então, os sistemas empregavam sangue

heparinizado bovino disposto sempre abaixo dos carrapatos. Entretanto, no sistema em

que o sangue é oferecido dessa forma, a contaminação do sangue ocorre com amior

frequência. Portanto, a fonte de alimentação tem que ser trocada mais vezes por dia,

levando a um gasto maior de sangue. Além disso, como nesse sistema não é possível a

homogeneização do sangue, as hemácias depositam-se no fundo do recipiente,

impossibilitando o acesso dessas aos carrapatos. Não seria possível, então, a utilização

desse método para infecção de carrapatos com parasitos intraeritrocíticos. Para

solucionar esse questão, WALLADE et al. (1995) desenvolveram um sistema no qual o

sangue era oferecido acima dos carrapatos. Nesse caso as trocas de sangue foram feitas

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somente duas vezes ao dia. Foi observado que os carrapatos alimentados alcançaram

níveis de ingurgitamento e muda comparáveis com aqueles de carrapatos alimentados

naturalmente.

A membrana de silicone já foi utilizada na manutenção de O. moubata

(OSBORNE & MELLOR, 1985), A. cajennense (MOURA et al., 1997) e A. (P.)

miniatus em laboratório (DUTRA, 1995; FONSECA et al., 1999). Ainda, STONE et al.

(1983) utilizaram essa membrana para obtenção da toxina paralisante produzida por I.

holocyclus. Esse método costuma ser defendido por seus adeptos pelo fato de ser rápido,

de baixo custo, simples e eficiente, em termos de capacidade reprodutiva, com

economia significante no uso de animais e tempo dos operadores (OSBORNE &

MELLOR, 1985). A descrição mais completa de sua preparação foi feita por DAVIS et

al. (1983). Entram na sua composição Parafilm®, cola de silicone e pedaços de tecido

organdi poliéster. Uma das faces dessa membrana é completamente lisa com as fibras

do tecido passando por baixo da superfície, enquanto que no lado oposto as fibras do

tecido se projetam imediatamente acima da superfície, resultando numa superfície que

se assemelha à textura da pele natural, sendo desnecessária a utilização de pêlos como

estímulo tátil (BUTLER, 1984). No sistema de alimentação artificial, esta face fica

voltada para o recipiente onde estará o carrapato, enquanto que a face lisa fica em

contato com o sangue.

Em outra descrição da utilização da membrana de silicone, foi preciso que os

carrapatos tivessem seus aparelhos bucais levemente forçados na membrana para se

alimentarem, com os palpos ficando do lado de fora. Quando os hipostômios estavam

inseridos totalmente os palpos foram colados na superfície (STONE et al.,1983).

Embora esse procedimento tenha levado os pesquisadores a alcançarem seus objetivos,

os mesmos observaram algumas anormalidades que acreditam ser decorrentes da

utilização da cola nos palpos. Geralmente, essas membranas podem ser utilizadas

sucessivas vezes, após lavagem com água e detergente neutro e são autoclaváveis

(FONSECA et al., 1999).

Já foram utilizados como fonte de alimentação nesses sistemas: papa de

hemácias (HOKAMA et al., 1987), soro fetal bovino (STONE et al., 1983; HOKAMA

et al., 1987), solução de glutationa (HOKAMA et al., 1987), meio de cultura (STONE

et al., 1983; HOKAMA et al., 1987), salina (HOKAMA et al., 1987) e sangue total

desfibrinado ou com anticoagulante (STONE et al., 1983; OSBORNE & MELLOR,

1986; KIRCH et al., 1991; SCHWAN et al.,1991; WALLADE et al., 1993; MOURA et

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al., 1997; FONSECA et al., 1999). A exposição dos carrapatos ao sistema por muitas

horas torna necessária a adição de antibióticos à fonte alimentar (OSBORNE &

MELLOR, 1986; SCHWAN et al., 1991). Para promover uma melhor fixação do

carrapato à membrana já foram testados vários fagoestimulantes, como substâncias

artificiais (fibra de poliéster, fibra de algodão mercerizado coberto por poliéster, fibra de

seda, cabelo sintético) (HOKAMA et al., 1987), excretas e exúvias dos carrapatos

(WALLADE et al., 1993), pêlos (HOKAMA et al., 1987) e secreções do animal doador

do sangue (lavado de orelha, suor, lavado de penas, vestígio de sangue) (MOURA et al.,

1997; FONSECA et al., 1999), além de vestígios de líquido coxal (OSBORNE &

MELLOR, 1986).

Diferentes formas de manter a temperatura sangüínea no sistema já foram

descritas. Todo o sistema pode ser colocado dentro de estufa climatizada ou o sangue

pode ser colocado em contato com água quente circulante (OSBORNE & MELLOR,

1986), banho-maria (DUTRA, 1995) ou placa aquecedora (MOURA et al., 1997).

Propondo um sistema diferente, FONSECA et al. (1999) colocaram os frascos que

continham sangue sobre placa de bronze com serpentina em seu interior, por onde

circulava água previamente aquecida. Com esse procedimento os autores obtiveram

êxito.

2.2. Infecção de Carrapatos através de Injeção Percutânea

Essa técnica tem sido utilizada por alguns autores com o único intuito de infectar

carrapatos com diferentes patógenos. A primeira descrição foi feita por SCHREUDER

& UILENBERG (1976), quando infectaram A. variegatum e R. appendiculatus com T..

parva e T. mutans. Posteriormente, WALKER et al. (1979) também utilizaram a técnica

com a mesma finalidade. KOCAN et al. (1986) infectaram ninfas de D. andersoni

(ingurgitadas em bovinos livres de infecção) com eritrócitos inteiros ou lisados oriundos

de animal positivo para A. marginale, também utilizando essa técnica

Os adeptos dessa metodologia acreditam que a injeção percutânea seja mais

simples e melhor que as membranas para infectar carrapatos (KOCAN et al., 1986). De

fato, a técnica consiste em simplesmente injetar patógenos na região central do dorso ou

do ventre de carrapatos ingurgitados ou semi-ingurgitados, com auxílio de microseringa

ou de capilares modificados para esse fim (WALKER et al., 1979). O inóculo costuma

ser feito até que o idiossoma do carrapato esteja totalmente distendido. Tanto sangue

fresco quanto sangue resfriado já foram utilizados nessa metodologia.

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Em todos os estudos nos quais essa técnica foi utilizada, os adultos resultantes

foram investigados para presença do parasito, quando foram expostos para se

alimentarem em animais livres de infecção.

Uma das desvantagens desse método, apontada por KOCAN et al. (1986), é que

ocorre extravasamento de inóculo e vísceras do carrapato pelo orifício aberto pela

agulha. Embora essas feridas sejam facilmente curadas, torna-se impossível estimar a

quantidade de material infectado que está sendo inoculado. Outra desvantagem é que

não se pode estimar em que tecido do carrapato que o inóculo está sendo feito. Dessa

forma não há reprodução de variáveis cruciais que podem influenciar na relação vetor-

patógeno (POLLACK et al., 1991). Ainda, observa-se índice de mortalidade elevada

entre os carrapatos que são submetidos à injeção percutânea. Comparando essa técnica

com a técnica de microcapilares, RECHAV et al. (1999) obtiveram resultados melhores

com capilares uma vez que as ninfas de Amblyomma. americanum sobreviventes ao

método de injeção não foram capazes de completar a ecdise para adultos.

2.3. Infecção de Carrapatos através de Infusão Retal

O método de infusão retal foi estudado por POLLACK et al. (1991), utilizando

as espécies Ixodes dammini, Dermacentor variabilis, Hyalomma impeltatum e

Amblyomma americanum. O método consiste em injetar quantidades conhecidas de um

inóculo patogênico diretamente no ânus do carrapato, com auxílio de capilares

adaptados para essa finalidade. Diferentes substâncias foram testadas, entre elas meio de

cultura positivo para Borrelia burgdorferi e soro animal. A eficiência do método é

semelhante a da injeção percutânea. Contudo, garante uma maior sobrevivência dos

carrapatos, quando comparada a essa técnica.

2.4. Alimentação e Infecção de Carrapatos por Meio de Capilares

A primeira descrição deste método foi feita por CHABAUD (1950). O único

relato da utilização dessa técnica para alimentar argasídeos foi feito por RAU &

HANNOUN (1968), quando conseguiram que ninfas e adultos Argas reflexus reflexus

ingurgitassem completamente nos capilares. Já para carrapatos ixodídeos, os capilares

têm sido utilizados tanto para alimentá-los, quanto para infectá-los com diferentes

patógenos. O método já foi utilizado no estudo da transmissão de leptospiras por D.

andersoni e Amblyomma maculatum (BURGDORFER, 1957), na infecção de R.

appendiculatus por .T. parva (PURNELL & JOYNER, 1967; JOYNER & PURNELL,

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1968; WALKER et al., 1979), na infecção de Ixodes ricinus por B. burgdorferi(GERN

et al., 1990), no estudo da resistência de bovídeos e coelhos a R. appendiculatus

(LÖSEL et al., 1993) e, mais recentemente, na infecção de Ixodes loricatus por B.

burgdorferi (ABEL, 1999). O método também foi utilizado no xenodiagnóstico para

obtenção de sangue infectado por Theileria parva. Nesse estudo, Rhipicephalus

appendiculatus previamente infectados foram capazes de contaminar capilares repletos

de sangue livre de infecção (PURNELL & JOYNER, 1967).

Nesta técnica os carrapatos são fixos em placas de Petri ou em lâminas de

microscopia com a face ventral voltada para cima, com auxílio de fita dupla-face ou

plasticina. Os capilares com diâmetros internos conhecidos, geralmente em torno de

0,3mm, repletos da solução a ser ingerida, são posicionados sobre o aparelho bucal dos

carrapatos. CHABAUD (1950) considera que seja necessário deixar os palpos fora dos

capilares. Entretanto, PURNELL & JOYNER (1967) observaram que, em experimentos

nos quais os palpos foram deixados fora do capilar, o movimento desses foi o mesmo de

que quando foram colocados dentro dos capilares. Esses autores trabalharam, então,

inserindo todo capítulo de R. appendiculatus no interior dos capilares, assim como

JOYNER & PURNELL (1968), com a mesma espécie de carrapato, e ABEL (1999),

com I. loricatus.

Diferentes fontes de alimentação podem ser utilizadas, de acordo com o objetivo

a ser alcançado. Já foram utilizados sangue total desfibrinado, heparinizado ou citratado,

plasma, hemácias, soros e meios de cultura (Quadro 3).

A fim de se manter a temperatura da fonte alimentar aquecida, o sistema todo

deve ser exposto à temperatura desejada. Nos experimentos de PURNELL & JOYNER

(1967), a temperatura do sistema foi mantida com auxílio de uma luminária. Já

RECHAV et al. (1999) e RECHAV et al. (2000) utilizaram banho-maria para que a

fonte alimentar fosse atraente para A. maculatum.

O relato de obtenção de espécimens ingurgitados utilizando-se a técnica de

alimentação por meio de capilares somente foi feito com carrapatos argasídeos (RAU &

HANNOUN, 1968). Até o momento, os ixodídeos estudados foram previamente

alimentados, por algumas horas ou dias, em animais de laboratório, ou após exposição

ao capilar foram colocados sobre seus hospedeiros para terminarem sua alimentação. O

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Quadro 3: Substâncias oferecidas como alimento na alimentação artificial de carrapatos

por meio de capilares.

Tipo de Alimento Carrapato Autores

Sangue

total desfibrinado

Rhipicephalus appendiculatus PURNELL & JOYNER (1967)

Sangue

total heparinizado

R. appendiculatus PURNELL & JOYNER (1967)

PURNELL (1970)

Argas reflexus reflexus RAU & HANNOUN (1968)

Sangue

total citratado

R. appendiculatus WALKER et al. (1979)

Plasma R. appendiculatus PURNELL & JOYNER (1967)

JOYNER & PURNELL (1968)

Hemácias R. appendiculatus PURNELL (1970)

Soro R. appendiculatus PURNELL & JOYNER (1967)

JOYNER & PURNELL (1968)

LÖSEL et al. (1992)

Meio de cultura Dermacentor andersoni

Amblyomma maculatum

BURGDORFER (1957)

Ixodes ricinus GERN et al. (1990)

Ixodes loricatus ABEL (1999)

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tempo de exposição ao hospedeiro e aos capilares varia de acordo com a espécie de

carrapato e com os objetivos do estudo. PURNELL & JOYNER (1967) alimentaram R.

appendiculatus previamente por quatro dias e, em seguida, mantiveram os carrapatos

nos capilares por sete dias. Para manter os capilares por todo esse tempo, esses tiveram

que ser trocados periodicamente pois o cemento obstruía o capilar. PURNELL (1970)

testou diversas possibilidades envolvendo a alimentação de R. appendiculatus sobre o

hospedeiro natural antes e depois do repasto em capilares. Observaram que somente os

carrapatos que fizeram alimentação prévia em coelhos foram capazes de transmitir T.

parva enquanto adultos. LÖSEL et al. (1992) e LÖSEL et al. (1993) utilizaram adultos

de R. appendiculatus previamente alimentados em coelhos por 5 a 7 dias. Essas fêmeas

apresentavam de 35 a 70mg quando foram retiradas para serem utilizadas no

experimento.

Segundo RECHAV et al. (1999), é possível quantificar o fluido ingerido pelo

carrapato e estimar o número de patógenos ingeridos por eles. No que se refere à

infecção, o método oferece vantagens em relação à infusão retal porque é similar ao

processo natural, no qual o patógeno entra no hospedeiro pela via oral. O método

permite, ainda, a infecção dos carrapatos antes, durante e depois da alimentação no

hospedeiro.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Origem e Manutenção da Colônia de Amblyomma cajennense

Para estabelecimento da colônia de carrapatos, foram utilizadas teleóginas

colhidas pela remoção direta por torção sobre o próprio eixo, em eqüinos (Equus

cabalus), pertencentes ao Setor de Equideocultura da Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro (UFRRJ). As fêmeas de Amblyomma cajennense -foram lavadas em água

corrente, secas e identificadas, segundo ARAGÃO & FONSECA (1961) e mantidas em

estufa do tipo BOD sob temperatura de 27°C e umidade relativa acima de 80%, para

oviposição.

Larvas, ninfas e adultos oriundos dessas teleóginas foram alimentados em

coelhos (Orictolagus cuniculus), Nova Zelândia x Califórnia. Os animais foram cedidos

pelo Setor de Cunicultura, Instituto de Zootecnia da UFRRJ, com idade variando entre

60 e 90 dias de idade. Os animais foram mantidos nos biotérios dos Laboratórios de

Doenças Parasitárias e de Anatomia Patológica (Convênio UFRRJ/Embrapa – Projeto

Sanidade Animal - PSA). Os animais receberam ração comercial e água ad libitum,

durante o período de infestação. Para manutenção da colônia, todos os estágios foram

alimentados após aproximadamente 15 dias de jejum. Larvas e ninfas foram alimentadas

utilizando-se metodologia utilizada por PRATA (2002).

Para a infestação dos coelhos, o pêlo de uma pequena área da região dorsal, com

cerca de 12cm de diâmetro, foi aparado para receber dispositivos de tecido de algodão

com 6cm de diâmetro interno (Figura 1), que foram fixados com auxílio de pasta Una

(NEITZ et al., 1971). No interior dos dispositivos, pedaços de algodão que haviam sido

friccionados em cavalos foram passados na pele dos coelhos antes que 20 casais de A.

cajennense fossem dispostos em seu interior. Os dispositivos foram vedados com

auxílio de linha para costura, para prevenir a fuga dos carrapatos. Para evitar que os

coelhos retirassem os dispositivos, colares de placas plásticas (6cm de diâmetro interno

e 28cm de diâmetro externo) foram dispostos em seus pescoços, como descrito por

WATTS et al. (1972), com modificações (Figura 1). Oito dias após a infestação, os

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Figura 1. Coelho submetido à infestação artificial com a fase adulta de

Amblyomma cajennense

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dispositivos foram abertos diariamente para recuperação das fêmeas ingurgitadas

desprendidas naturalmente. Tais fêmeas foram levadas ao laboratório onde foi feita a

limpeza, pesagem e fixação em placas de Petri para oviposição.

3.2. Infestação Artificial de Adultos Amblyomma cajennense em Coelhos

Quarenta casais de A. cajennense foram colocados sobre dois coelhos, conforme

descrito acima, para obtenção de dados relativos às fases parasitária e não-parasitária.

As fêmeas, com 45 dias de jejum, se alimentaram até o desprendimento natural, quando

foram recolhidas, limpas e fixadas em placas de Petri para acompanhamento dos

parâmetros biológicos.

Foram realizadas observações diárias, sempre no mesmo horário, com margem

de uma hora para menos ou para mais, com o intuito de se observar o início da

oviposição e subseqüentemente proceder ao recolhimento da postura diária. Os ovos

depositados por cada fêmea foram pesados diariamente, em balança analítica de quatro

casas decimais, e colocados em pequenos tubos de ensaio individuais devidamente

identificados e vedados com algodão hidrófilo. As fêmeas foram observadas por mais

três dias após o término da postura, para certificação do evento. Em seguida, as

quenóginas foram pesadas e descartadas, enquanto que se procedia a observação diária

dos frascos que continham os ovos para observação do início da eclosão, seu período de

duração e seu percentual, conforme será descrito no item 3.4..

3.3. Alimentação Artificial através de Capilares

Fêmeas de A. cajennense oriundas de colônia mantida em laboratório (item 3.1.),

com aproximadamente 45 dias de jejum, foram empregadas nos ensaios de alimentação

artificial por meio de microcapilares. O sistema desenvolvido foi baseado nos estudos

de DE LA VEGA et al. (2000).

3.3.1. Coleta e conservação do sangue

Utilizou-se sangue colhido assepticamente por punção da veia jugular de

bezerros, mantidos em piquete pertencente ao Laboratório de Doenças Parasitárias, com

auxílio de tubos de ensaio com vácuo (4mL), contendo citrato fosfato dextrosado. Em

seguida, o material foi levado ao laboratório, onde foi identificado e conservado na

temperatura de 4ºC por um período máximo de sete dias. Quando da sua utilização, o

tubo era mantido em temperatura ambiente.

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3.3.2. Fêmeas em jejum

Cento e quarenta fêmeas de A. cajennense foram pesadas, com auxílio de

balança analítica de quatro casas decimais, e fixadas em bandejas de isopor (19cm x

10cm), com auxílio de fita dupla face, com a face ventral voltada para cima. Em

seguida, capilares para determinação de microhematócrito com 75mm de comprimento,

1,0mm de diâmetro interno e 1,5mm de diâmetro externo, sem anticoagulante, repletos

de sangue bovino citratado, foram dispostos sobre as peças bucais dos carrapatos

(Figura 2). O experimento foi conduzido em duas etapas: na primeira, os carrapatos

foram expostos aos capilares por 48h, 2h/dia por cinco dias consecutivos (5d2h/dia) e

6h/dia por cinco dias consecutivos (5d6h/dia); em uma segunda etapa os tempos de

exposição eleitos foram 12h, 24h, 2h/dia por oito dias consecutivos (8d2h/dia) e 6h/dia

por oito dias consecutivos (8d6h/dia). Cada grupo experimental foi composto por 20

fêmeas que, durante a alimentação artificial, foram mantidas a 27ºC e umidade relativa

acima de 80%.

Durante o período estabelecido para alimentação, nos grupos experimentais cuja

exposição as capilares se deu por 24 horas ou mais, esses foram trocados a cada 12

horas, para evitar a alimentação dos carrapatos com sangue ressecado. Essa medida

também objetivou impedir que a formação de cemento obstruísse o capilar. Após os

referidos tempos de exposição, as fêmeas foram lavadas e pesadas para verificação da

ingestão de sangue. Em seguida, foram dispostas, juntamente com 20 machos, sobre

coelhos para completarem a alimentação. A partir do oitavo dia de infestação, os

carrapatos desprendidos naturalmente foram retirados, limpos, pesados e fixados em

placas de Petri para acompanhamento e análise de seus parâmetros biológicos.

3.3.3. Fêmeas semi-ingurgitadas

Trezentas fêmeas de A. cajennense, no oitavo dia após exposição a 15 coelhos

para alimentação, como descrito acima, foram retiradas manualmente de seus

hospedeiros para serem empregadas nos estudos de alimentação artificial (Figura 3). Os

espécimens foram pesados, examinados quanto a integridade das peças bucais e

organizados em três grupos de 10 espécimens. Somente foram escolhidos carrapatos que

pesassem acima de 150mg. Os grupos foram organizados de modo que se obtivesse uma

homogeneidade das amostras quanto ao peso. As fêmeas foram, então, fixadas em

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Figura 2. Fêmeas Amblyomma cajennense em jejum submetidas à alimentação

artificial através de capilares

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Figura 3. Fêmeas Amblyomma cajennense após oito dias de alimentação em

coelhos.

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bandejas de isopor e expostas aos capilares repletos de sangue bovino citratado, em

diferentes tempos: 2h, 6h e 12h (Figura 4). Durante esse período os carrapatos foram

mantidos sob as condições controladas já descritas anteriormente. Observações

regulares foram conduzidas para verificação da ingestão de sangue. Sempre que os

capilares apresentavam-se vazios, novos capilares repletos de sangue eram expostos aos

carrapatos. Após os tempos de exposição eleitos, as fêmeas foram lavadas, novamente

pesadas e fixadas em placas de Petri para acompanhamento e análise de seus parâmetros

biológicos.

3.4. Parâmetros Biológicos

Além da verificação do ganho de peso relacionado à ingestão de sangue após

alimentação artificial, observações diárias foram conduzidas para verificação de

parâmetros relativos aos processos de postura e eclosão larval, utilizando metodologia

semelhante à utilizada por PRATA (2002). As fêmeas alimentadas artificialmente em

jejum foram analisadas ainda quanto ao seu período parasitário no coelho, quando

observou-se o período de alimentação e o percentual de recuperação de fêmeas

ingurgitadas.

Parâmetros relativos a postura:

a. Peso das fêmeas ingurgitadas: média de peso das fêmeas de cada grupo;

b. Período de pré-postura: número de dias decorridos entre o desprendimento natural

ou o final da alimentação artificial e a postura do primeiro ovo, para fêmeas

alimentadas artificialmente em jejum e semi-ingurgitasdas, respectivamente;

c. Período de postura: período entre a postura do primeiro e do último ovo, para cada

fêmea;

d. Peso da postura: total de peso das posturas diárias para cada fêmea;

e. Peso da quenógina: verificado três dias após o término da postura;

f. Perda de peso da fêmea: Peso da fêmea alimentada artificialmente em jejum após

desprendimento natural ou peso da fêmea semi-ingurgitada após alimentação

artificial subtraído do peso da quenógina;

g. Índices de eficiência reprodutiva (IER) e nutricional (IEN): calculados segundo

BENNET (1974);

h. Ritmo de postura diária: percentual de ovos postos a cada 24 h após o início da

postura de cada fêmea.

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Figura 4. Fêmeas de A. cajennense semi-ingurgitadas submetidas à alimentação

artificial através de capilares.

1 3 4 5

6 7 8 9 10

2

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Parâmetros relativos ao processo de eclosão larval:

a. Período de incubação: compreendido entre o início da postura e o início da

eclosão;

b. Período de eclosão: compreendido entre a eclosão da primeira larva da última larva;

c. Percentual de eclosão: estimativa visual da quantidade de larvas eclodidas em

relação à massa de ovos de cada fêmea.

3.5. Análise Estatística

Para análise dos resultados utilizou-se o programa Graph Pad Instattm (Copyright

1990-1994). Nesse programa os parâmetros foram analisados separadamente. Os testes

estatísticos utilizados foram ANOVA e Teste de Tukey Kramer com nível de

significância de 5%. Quando a diferença entre os desvios padrões foi considerada

extremamente significante, pelo teste de Bartlett, utilizou-se os testes não-paramétricos

Kruskal-Wallis e Dunn, também com nível de significância de 5%.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Biologia das fases parasitária e não-parasitária de fêmeas de Amblyomma

cajennense alimentadas em coelhos – Grupo de Referência

Os dados relativos a alimentação e reprodução de fêmeas de Amblyomma

cajennense alimentadas em coelhos estão disponíveis na Tabela 1. A escassez da

literatura no que diz respeito à biologia das fases parasitária e não-parasitária de fêmeas

de alimentadas em coelhos tornou necessário o estabelecimento de um grupo que

fornecesse dados de referência, para ser comparado aos grupos experimentais. Esse

grupo foi denominado Grupo de Referência.

Dentre as 40 fêmeas naturalmente alimentadas em coelhos, 36 (90%) foram

recuperadas após um período parasitário que durou, em média, 10,69 dias. PINTER et

al. (2002) observaram período de alimentação mais rápido (7,8 dias) quando também

utilizaram coelhos para alimentar fêmeas de A. cajennense. Entretanto, seu percentual

de recuperação foi menor (71,6%), assim como o peso médio das fêmeas ingurgitadas

(325,95mg comparado à média de 436,59mg do presente trabalho). É possível que esses

resultados tenham sofrido influência do período de jejum dos carrapatos. No presente

trabalho, o período de jejum eleito foi de 45 dias, enquanto que PINTER et al. (2002)

preferiram utilizar adultos com 60 dias de jejum. Aliado a isso, os machos do referido

trabalho foram alimentados previamente por cinco dias até que as fêmeas fossem

alocadas nos dispositivos de alimentação. Esse procedimento foi adotado pelos autores

com o intuito de otimizar a fixação das fêmeas devido à presença de feromônios de

fixação produzidos pelos machos.

De acordo com as observações de RECHAV et al. (2000) sobre A. maculatum,

A. hebraeum e A. variegatum, esses feromônios, denominados por eles de feromônios

de agregação-fixação, são produzidos somente por machos que tenham se alimentado no

hospedeiro mamífero por pelo menos oito dias. De fato, pode ter ocorrido uma

aceleração do processo de alimentação, mas esse procedimento não assegurou um

número maior de fêmeas ingurgitadas. Inclusive, PINTER et al. (2002) concluíram em

seu trabalho que o período parasitário dos machos não teve influência sobre as variáveis

das fêmeas. Os resultados do presente estudo corroboram com as conclusões de

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Tabela 1. Parâmetros biológicos de fêmeas de Amblyomma cajennense alimentadas em

coelhos – Grupo de Referência

Parâmetros Valores

Período de alimentação (dias) 10,69±2,05a

Percentual de recuperação (%) 90

Peso da fêmea ingurgitada (mg) 436,59±148,60a

Período de pré-postura (dias) 7,47±1,95a

Período de postura (dias) 26,31±8,36a

Peso da postura (mg) 196,69±95,01a

Índice de eficiência reprodutiva (%) 43,20±10,82a

Peso da quenógina (mg) 175,08±65,87a

Perda de peso da fêmea (mg) 261,51±113,65a

Índice de eficiência nutricional (%) 77,75±28,02a

Percentual de fêmeas com posturas viáveis (%) 38,89

Período de incubação (dias) 36,14±1,23a

Percentual de eclosão (%) 30,71±27,31a

Período de eclosão (dias) 3,21±2,64a a m’édia ± desvio padrão(limites)

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PINTER et al. (2002), uma vez que os machos foram infestados em coelhos no mesmo

momento que as fêmeas sem exercer influência sobre seus parâmetros biológicos.

Quando comparou-se esses resultados com os obtidos por PRATA (2002), que

utilizou fêmeas alimentadas em eqüinos, observou-se que o percentual de recuperação

nesses hospedeiros foi menor que no presente trabalho (47,03%). Contudo, a

alimentação foi mais rápida (9,9 dias) e as fêmeas recuperadas foram, em média, mais

pesadas (544,68mg). Esse resultado já era previsto, uma vez que, embora seja polixeno,

A. cajennense tem dificuldade em completar todo seu ciclo biológico em coelhos.

LOPES et al. (1998) chegaram a afirmar que seria impossível manter todo o ciclo

biológico da espécie em coelho. Entretanto, PINTER et al. (2002) tiveram êxito

utilizando esses animais para manter os carrapatos em laboratório. Os dados do presente

estudo reforçam essa idéia.

O período de pré-postura (7,47 dias), embora mais longo no presente trabalho,

não foi discordante dos dados de referência em coelhos (5,9 dias) (PINTER et al., 2002)

e eqüinos (6,32) (PRATA, 2002). Já o período de postura foi muito semelhante ao

observado por PRATA (2002) em equinos.

O IER foi mais baixo que o observado por PRATA (2002) (58,36%), mas está

de acordo com o obtido por PINTER et al. (2002) (43,6%). Já o IEN obtido no presente

trabalho foi equivalente ao observado em fêmeas alimentadas em eqüinos (77,75%),

segundo PRATA (2002). Esses valores sugerem que fêmeas de A. cajennense

alimentadas em coelhos têm dificuldades para converter o sangue ingerido em ovos,

quando comparado com as fêmeas alimentadas em cavalos. Os demais processos

metabólicos mantiveram-se dentro do padrão estabelecido para a espécie.

Os parâmetros relativos à eclosão larval não foram satisfatórios. Inicialmente, o

percentual de fêmeas com posturas viáveis, ou seja, posturas das quais pelo menos um

ovo foi capaz de eclodir, foi baixo (38,89%). Nas demais posturas os ovos eram

ressecados ou não foi possível a visualização do acúmulo de guanina no saco retal do

embrião. Estas observações sugerem ter havido distúrbios na absorção de água durante

o processo de oviposição e no desenvolvimento embrionário, que ocorre após a

oviposição. O período de incubação foi mais longo que o observado por PINTER et al.

(2002), embora não tenha grande diferença (33,5 dias contra 36,14 dias do presente

trabalho). Contudo, o percentual de eclosão foi baixo, comparativamente, uma vez que

aqueles autores conseguiram 65,8% de eclosão, enquanto nesse trabalho apenas 30,71%

foram capazes de eclodir. O baixo percentual de eclosão foi acompanhado por um

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pequeno período de eclosão que durou, em média, 3,21 dias. Esse período tão curto era

esperado, uma vez que a eclosão não foi realizada satisfatoriamente. PINTER et al.

(2002) não mencionam esse parâmetro em seu trabalho, porém PRATA (2002)

observou 7,86 dias, quando a infestação se deu em eqüinos. Os dados encontrados

sugerem que a alimentação em coelhos não impede o desenvolvimento embrionário de

A. cajennense, mas exerce ação negativa sobre a biologia da espécie, no que diz respeito

à eclosão das larvas. Fatores hormonais e até mesmo problemas na absorção de água

durante o processo de oviposição podem estar envolvidos nesse processo.

4.2. Alimentação Artificial de Fêmeas de A. cajennense em Jejum

Após os diferentes tempos de exposição aos capilares, 140 fêmeas de A.

cajennense foram pesadas novamente para verificação da ingestão de sangue. A

utilização da pesagem para esse fim foi adequada, uma vez que tornou o método mais

prático e exeqüível, com equipamentos comumente encontrados em laboratório. De

forma geral, técnicas mais sofisticadas vêm sendo utilizadas para constatar a ingestão

após a exposição a capilares. A verificação já foi conduzida com marcações radiativas e

através de xenodiagnóstico (BURGDORFER, 1957; JOYNER et al., 1972; PURNELL

et al., 1972; BROADWATER et al., 2002). Quando o método envolveu transmissão de

patógenos ou busca de compostos da fonte alimentar na hemolinfa dos carrapatos,

utilizou-se identificação molecular (RECHAV et al., 1999; JASINSKAS et al., 2000).

Ainda, electrogramas também foram empregados com essa finalidade (LÖSEL et al.,

1992). Em contrapartida, LÖSEL et al. (1993), em seu estudo sobre a resistência natural

de bovinos e coelhos a R. appendiculatus também pesaram os carrapatos antes e depois

de oferecerem soro de hospedeiros previamente infestados, com êxito. Mesmo

utilizando uma membrana artificial na alimentação de O. moubata, HUMPHERY-

SMITH et al. (1993) também optaram pela pesagem dos carrapatos para verificação da

ingestão. DE LA VEGA et al. (2000), igualmente, obtiveram resultados satisfatórios

quando adaptaram o método de microcapilares para o carrapato B. microplus. Acredita-

se que embora muito eficazes, técnicas mais sofisticadas encareçam ou tornem o

método de alimentação artificial através de microcapilares mais demorado.

Em descrições anteriores sobre essa técnica, em geral, os carrapatos foram

fixados em placas de Petri ou em lâminas de microscopia com a face ventral voltada

para cima, com auxílio de fita dupla-face ou plasticina. Os microcapilares com

diâmetros internos conhecidos (em torno de 0,3mm) repletos da solução a ser ingerida,

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foram posicionados sobre o aparelho bucal dos carrapatos. LÖSEL et al. (1992)

utilizaram capilares de dimensões maiores que os comumente utilizados (100mm de

comprimento, 1,2mm de diâmetro interno e 2mm de diâmetro externo), assim como os

utilizados no presente trabalho (75mm de comprimento, 1,0mm de diâmetro interno e

1,5mm de diâmetro externo). Para minimizar essa diferença LÖSEL et al. (1992)

optaram por afilar os capilares até que esses apresentassem 300 a 350μm de diâmetro

interno, abertura suficiente para abrigar o conjunto de hipostômio e quelíceras, deixando

os palpos de fora. CHABAUD (1950) considerou necessário deixar os palpos fora dos

capilares. Em concordância, JASINSKAS et al. (2000) deixaram os palpos de A.

americanum livres. Contudo, nos trabalhos de JOYNER & PURNELL (1968), ABEL

(1999) e BROADWATER et al. (2002) todas as peças bucais foram inseridas no interior

dos capilares, com êxito. No presente trabalho optou-se pela inserção de todas as peças

bucais do carrapato no interior dos capilares (Figura 5), sem alterar as dimensões

originais desses, obtendo-se resultados satisfatórios.

Foi possível a constatação da ingestão de sangue mesmo à vista desarmada,

ainda antes da pesagem (Figuras 6, 7, 8, 9, 10). Os carrapatos apresentaram idiossoma

arredondado, além de terem excretado substância esbranquiçada ou, em algumas vezes,

avermelhada pela abertura anal (Figura 11). As excretas dos ixodídeos são compostas

predominantemente de proteínas, entre elas hemoglobina, responsável pela coloração

vermelha do material observado. Já a guanina substância esbranquiçada costuma

compor de 1 a 9% das excretas desses carrapatos (SONENSHINE, 1991). PURNELL &

JOYNER (1967), ao isolar formas infectantes de T. parva a partir de R. appendiculatus,

também observaram excreção avermelhada após alimentação artificial. Analisando esse

conteúdo, encontraram hemácias intactas e infectadas por T. parva. Segundo

SONENSHINE (1991), os ixodídeos têm ciclos de eliminação de excretas distintos,

embora a bioquímica do processo excretor ainda não esteja bem entendida. Algumas

espécies realmente podem eliminar sangue não digerido logo após o repasto sangüíneo.

A observação da excreção após o período de alimentação artificial constitui- se em outra

forma de se verificar o sucesso da ingestão. Alguns autores, consideram-na tão

importante que fizeram uso somente dela como avaliação de seus trabalhos

(FINGERLE et al. 2002; INDEST et al., 2002).

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30

Figura 5. Fêmeas de Amblyomma cajennense em jejum durante alimentação através de

capilares. Observar palpos no interior dos capilares (→).

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31

Figura 6. Fêmeas de Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 1, 2, e 3 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas.

Figura 7. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 4, 5, e 6 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 4, 5, e 6 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas.

4 5 6

6 5 4

A

B

1

1 2

3 2

3

A

B

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32

Figura 8. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 7, 8, 9, e 10 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 7, 8, 9 e 10 e 3 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas.

7 8

10 9 8

7

9 10 A

B

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33

Figura 9. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 1, 2, e 3 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas; C.

Fêmea 1 em jejum, com maior aproximação; D. Fêmea 1 após 24 horas de

alimentação, com maior aproximação.

1 1

1 2 3

3 2 1

A

B

D C

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34

Figura 10. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 8, 9, 10 de A cajennense em jejum de 45 dias;

B, Fêmeas 8, 9, 10 de A cajennense após alimentação artificial por 24 horas; C,

Fêmea 8 em jejum, com maior aproximação; D, Fêmea 8 após 24 horas de

alimentação, com maior aproximação.

8 9 10

9 10 8

8 8

A

B

C D

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35

Figura 11. Eliminação de excretas por fêmeas Amblyomma cajennense durante

alimentação artificial. A, Fêmeas A. cajennense eliminando excretas com

predominância de guanina; B, Fêmeas A. cajennense eliminando excreta de sangue.

A B

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36

O peso médio das fêmeas de A. cajennense, submetidas a um período de jejum

de 45 dias, antes e depois da alimentação artificial através de microcapilares está

relacionado na Tabela 2. Observou-se que dentre os grupos experimentais, os

carrapatos expostos por 24h e por 8d6h/dia foram os que adquiriram o maior peso em

média (2,43mg e 3,25mg, respectivamente), não havendo diferença significativa entre

eles (p>0,05). O menor peso médio adquirido após repasto sanguíneo em capilares foi

observado no grupo exposto por 12 horas aos capilares. Ainda, o ganho de peso

adquirido foi significativamente maior após 24 horas de exposição (p<0,05). Entretanto,

à medida que se aumentou o tempo de exposição, houve um decréscimo da capacidade

de ingestão de grandes quantidades de sangue, não sendo mais observada diferença

significativa entre alimentar os carrapatos por 48h ou cinco dias. A diferença voltou a

ser observada quando a exposição se deu de forma seriada, ou seja, poucas horas por

muitos dias, como no grupo 8d6h/dia (Figura 12, 13, 14, 15). De acordo com as

observações de LÖSEL et al. (1992), dentro de um período de nove horas expostos a

capilares repletos de soro de coelho, R. appendiculatus apresentou cinco fases de

alimentação: sucção rápida, salivação, descanso, sucção lenta e sucção-salivação. Desta

forma, é provável que a alimentação por 8d6h/dia se assemelhe melhor ao processo

natural de alimentação dos carrapatos, uma vez que a digestão não é contínua e que em

algumas espécies de carrapatos nas primeiras 24-36 horas ocorre pouca ou nenhuma

ingestão de sangue pelos carrapatos. Nesse período, os mesmos se preparam para

alimentação: secretam cemento e posicionam suas peças bucais (SONENSHINE, 1991).

Os tempos de exposição a capilares observados na literatura são muito variados,

levando de poucos minutos (RAU & HANNOUN, 1968) até oito dias (RECHAV et al.,

2000). Isto se deve, provavelmente, à preocupação dos diferentes autores em adequar a

técnica à espécie de carrapato utilizada, ao estágio de desenvolvimento do carrapato ou,

até mesmo, às condições de seu laboratório. Com a intenção de padronizar o método

para infecção de Ixodes scapularis por B. burgdorferi, BROADWATER et al. (2002)

testaram diferentes tempos de exposição entre 2,5 e 13 horas. Também não observaram

diferença significativa na ingestão de sangue dentro desse período. Concluíram,

inclusive, recomendando a exposição por 2,5 horas, embora também acreditem que para

cada espécie de carrapatos e/ou patógeno envolvidos, novas padronizações devam ser

conduzidas. Em ensaios preliminares para execução do presente trabalho, foram

testados diferentes tempos de exposição inferiores a 12 horas. A ingestão foi muito

pequena e até mesmo inexistente quando o tempo de

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37

Tabela 2. Peso médio das fêmeas de Amblyomma cajennense antes e depois de serem

submetidas à alimentação artificial através de capilares seguida de período de jejum de

45 dias

Grupos Peso médio

em jejum

Peso médio após

alimentação artificial

Peso médio

adquirido

12 horas 5,87±0,96 ab 6,62±1,34 a 0,75±0,68 a

24horas 6,51±1,11 ab 8,94±2,02 ab 2,43±1,14 bcd

48 horas 5,63±2,02 ab 7,17±3,05 ac 1,54±1,36 ab

5d2h/dia 8,08±2,95 ab 9,65±3,54 bc 1,57±1,17 abc

5d6h/dia 5,34±2,48ab 6,72±3,15 ad 1,39±1,09 abc

8d2h/dia 5,99±1,75 abc 8,09±2,61 ac 2,10±1,28 bcd

8d6h/dia 6,31±1,23 ab 9,56±2,79 bc 3,25±2,05 d

Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5%

pelos testes Kruskal-Wallis e Dunn

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38

Figura 12. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense após alimentação artificial por seis horas por oito

dias consecutivos.

Figura 13. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 4, 5 e 6 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 4, 5 e 6 de A cajennense após alimentação artificial por seis horas por oito

dias consecutivos.

1 2 3

1 2 3

A

B

5 6

4

4

5 6

A

B

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39

Figura 14. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 7, 8, 9 e 10 de A cajennense em jejum de 45 dias; B,

Fêmeas 7, 8, 9 e 10 de A cajennense após alimentação artificial por seis horas por oito

dias consecutivos.

7 8 9 10

7 8 9 10

A

B

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40

Figura 15. Fêmeas Amblyomma cajennense submetidas à alimentação artificial

através de capilares. A, Fêmeas 1, 2 e 3 de A cajennense após alimentação

artificial por seis horas por oito dias consecutivos; B, Fêmeas 4, 5 e 6 de A

cajennense após alimentação artificial por seis horas por oito dias consecutivos.;

C. Fêmea 1 após seis horas de alimentação artificial por oito dias consecutivos,

com maior aproximação; D. Fêmea 5 após seis horas de alimentação artificial

por oito dias consecutivos, com maior aproximação.

1

6 5 4

2 3

1 5

A

D

B

C

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41

exposição se deu por duas horas. Considerando a classificação de SONENSHINE

(1991), nesse período os carrapatos estariam na primeira fase da alimentação, a fase

preparatória. Nesse período, espera-se pouca ou nenhuma ingestão de sangue por

algumas espécies de ixodídeos. De fato, os autores que optaram pelas exposições de

apenas algumas horas aos capilares, embora reconheçam todas as vantagens e

facilidades do método, lamentam por uma ingestão muito pequena. BROADWATER et

al. (2002) observaram ingestão de apenas 0,03μL de meio de cultura por ninfas de I.

scapularis após 2,5 horas. ABEL (1999) obtiveram resultados semelhantes com ninfas

de I. loricatus. DE LA VEGA et al. (2000) observaram ganho de peso médio de 0,21mg

e 0,41mg após 35 minutos de exposição de B. microplus à sangue bovino desfibrinado e

heparinizado, respectivamente.

A exposição dos carrapatos aos capilares por mais de 12 horas poderia expor os

mesmos a sangue danificado, além de ser possível a obstrução dos capilares devido a

produção de cemento (PURNELL & JOYNER, 1967). Portanto optou-se por trocar os

capilares a cada 12 horas. Em outros sistemas de alimentação artificial nos quais os

carrapatos ficaram expostos a fonte alimentar por muitas horas a troca de sangue regular

também se fez necessária. BARRÉ et al. (1998) fizeram duas trocas por dia quando

utilizaram membrana de silicone para infectar ninfas de A. variegatum com C.

ruminantium. BURKOT et al. (2001) trocaram a fonte alimentar de larvas e ninfas I.

scapularis a cada 24-36 horas no estudo sobre a infecção desses carrapatos por B.

burgdorferi, utilizando membrana de pele de camundongo. ALJAMALI et al. (2002)

trocaram os capilares oferecidos a A. americanum sempre que necessário, dentro de um

período de 24 horas. No presente trabalho, as trocas a cada 12 horas foram satisfatórias

uma vez que não comprometeu o sucesso da alimentação dos carrapatos e foi suficiente

para impedir que a produção de cemento obstruísse os capilares.

A temperatura estabelecida para a experimentação nos diferentes trabalhos

também variou muito, de acordo com a espécie de carrapato, desde 22ºC a 37ºC

(JASINSKAS et al., 2000; INDEST et al., 2001; BROADWATER et al., 2002). O

grande desafio nesse caso é manter o sangue aquecido à temperatura semelhante a do

hospedeiro natural sem, entretanto, aquecer demais o ambiente do carrapato para evitar

dessecação. INOKUMA et al. (1994) colocaram todo o sistema sobre placa aquecedora.

RECHAV et al. (1999) utilizaram banho-maria para manter o sangue aquecido. No

presente trabalho, a estufa de grande porte proporcionou o desenvolvimento do trabalho

totalmente a 27ºC e umidade relativa superior a 80%. Essas constantes foram ideais para

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42

a realização do trabalho, uma vez que os carrapatos foram capazes de se alimentarem e

pareciam em condições normais de motilidade e interesse pelos hospedeiros após serem

retirados das bandejas. Ainda, o sangue se manteve em boas condições dentro do

período de 12 horas estabelecido para as trocas dos capilares.

Os capilares não interferiram na capacidade das fêmeas em se fixarem

em seus hospedeiros. Inclusive, foi facilmente perceptível a avidez por alimento que

alguns carrapatos apresentaram após alimentação artificial. Esses logo se fixaram aos

hospedeiros quando expostos a eles. Esse resultado era previsto, uma vez que também

foi observado por DE LA VEGA et al. (2000) em fêmeas de B. microplus e por

BROADWATER et al. (2002) em ninfas de I. scapularis.

4.2.1. Parâmetros relativos à fase parasitária

A partir do oitavo dia de alimentação em coelhos, iniciou-se a coleta das fêmeas

que se desprenderam naturalmente de seus hospedeiros. Os dados relativos aos

parâmetros da fase parasitária estão demonstrados na Tabela 3. A recuperação das

fêmeas ingurgitadas foi satisfatória, variando de 55% a 100% entre os grupos

experimentais. A recuperação do grupo de referência foi de 90% e ao considerar a

recuperação a partir de infestações artificiais em eqüinos conduzidas por PRATA

(2002) (47,03%), os resultados do presente trabalho são ainda mais evidenciados. O

período médio de alimentação variou entre 8,94 e 11,77 dias. Já o peso das fêmeas

recuperadas foi satisfatório, algumas vezes ultrapassando o peso médio das fêmeas do

grupo de referência, embora não tenha sido constatada diferença significativa entre

esses valores.

4.2.2. Parâmetros relativos à fase não-parasitária

A partir da coleta e pesagem das teleóginas, foram conduzidas observações

diárias no sentido de se avaliar os parâmetros biológicos descritos a seguir, que estão

disponíveis na Tabela 4. Tais parâmetros são de importância no estudo sobre a biologia

de carrapatos. DE LA VEGA et al. (2000) analisaram parâmetros dessa natureza, como

a eficiência da deposição de ovos e a fertilidade desses em seus estudo com B.

microplus alimentados através de microcapilares.

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43

Tabela 3. Parâmetros relativos à fase parasitária de fêmeas de Amblyomma cajennense

alimentadas em coelhos após alimentação artificial através de capilares seguida de

jejum de 45 dias

Grupos No. recuperadas/no.

alimentadas (%)

Período médio de

alimentação (dias)*

Peso médio das fêmeas

recuperadas (mg)**

12 h 19/20 (95) 10,88±1,71 ab 449,80±119,42 a

24h 20/20 (100) 8,94±0,77 ab 525,48±198,77 a

48 h 14/20 (70) 12,08±2,36 ab 483,88±203,07 a

5d2h/dia 13/20 (65) 11,77±1,42 bc 536,62±219,92 a

5d6h/dia 16/20 (80) 10,44±2,13 ab 462,95±224,24 a

8d2h/dia 11/20 (55) 9,55±1,75 ab 504,75±102,40 a

8d6h/dia 20/20 (100) 10,05±2,44 ab 452,81±160,79 a

Referência 36/40 (90) 10,69±2,05 ab 436,59±148,60 a

Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5%

pelos testes Kruskal-Wallis e Dunn (*) ou Kruskal-Wallis (**).

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44

Tabela 4. Períodos relativos à fase não parasitária de fêmeas de Amblyomma

cajennense alimentadas em coelhos após alimentação artificial através de capilares

seguida de jejum de 45 dias

Grupos n Período de pré-postura (dias) Período de postura (dias)

média±dp média±dp

12 h 19 7,79±1,58 abd 27,58±9,29 a

24 h 20 7,55±0,94 abd 26,65±7,67 ab

48 h 14 5,50±1,51 c 18,79±4,16 bc

5d2h/dia 13 5,54±0,78 c 18,69±3,64 bd

5d6h/dia 16 6,06±1,06 cd 19,13±4,80 acd

8d2h/dia 11 7,82±0,98 abd 31,73±6,29 a

8d6h/dia 20 8,20±1,44 d 28,50±9,23 a

Referência 36 7,47±1,95 abd 26,31±8,36 ac

Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5%

pelos testes Krukal-Wallis e Dunn

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45

O período de pré-postura dos diferentes grupos experimentais, não diferiu

significativamente do mesmo período do grupo de referência, com a exceção dos grupos

expostos por 48 horas e por 5d2h/dia que levaram 5,50 e 5,54 dias, respectivamente

para iniciarem a oviposição, valores menores que o grupo de referência. Esses valores

indicam que houve um aumento da taxa metabólica dos carrapatos submetidos a esses

tratamentos. Quando se analisou os grupos experimentais entre si, observou-se que

houve diferença significativa entre eles. Não houve diferença entre grupos

experimentais testados em uma mesma bateria de experimentos, ou seja, não houve

diferença entre os grupos 12h, 24h, 8d2h/dia e 8d6h/dia e, igualmente entre os grupos

48h, 5d2h/dia e 5d6h/dia. O ideal em um trabalho experimental é que todos os grupos

sejam testados em conjunto, para evitar a interferência de fatores alheios ao controle.

Entretanto, as dificuldades em manter grande número de coelhos em biotério tornaram

necessária a divisão do experimento em etapas.

Quanto ao período de postura, também não foi observada diferença significativa

entre os valores apresentados pelos diferentes grupos experimentais e o grupo de

referência. Já quando se comparou os grupos entre si, ocorreu o mesmo evento

observado para os valores do período de pré-postura. Isso evidenciou a influência da

divisão do experimento em etapas sobre os resultados, sugerindo que o período

parasitário em coelhos em épocas diferentes do ano tenham influência sobre os

parâmetros relativos à fase não-parasitária mesmo que esta seja conduzida sob

condições controladas de temperatura e umidade.

4.2.3. Parâmetros relativos à postura

Uma vez iniciada a postura, diariamente foram colhidos os ovos de cada fêmea

individualmente no intuito de se obter os dados demonstrados na Tabela 05.

Todos os grupos experimentais apresentaram valores de peso de postura, IER,

peso da quenógina, perda de peso da fêmea e IEN semelhantes estatisticamente aos

mesmos parâmetros do grupo de referência (p>0,05). Esses dados demonstram que a

alimentação artificial, de fato não interferiu na biologia dos carrapatos, assim como já

observado por DE LA VEGA et al. (2000) e RECHAV et al. (2000).

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46

Tabela 5. Parâmetros relativos à postura de fêmeas de Amblyomma cajennense alimentadas em coelhos após alimentação artificial através

de capilares submetidas previamente a jejum de 45 dias

Grupos Peso da Postura (mg)*

Índice de eficiência

reprodutiva (%)*

Peso da quenógina

(mg)*

Perda de peso da

fêmea (mg)**

Ïndice de eficiência

nutricional (%)*

n Média±dp n Média±dp n Média±dp n Média±dp n Média±dp

12h 19 200,16±81,16 19 43,86±12,55 19 194,44±80,46 19 255,36±104,67 19 79,63±17,80)

24h 20 248,32±128,28 20 46,23±12,27 20 224,98±122,68 20 300,50±138,73 20 83,09±26,80

48h 14 215,51±124,27 14 42,03±10,84 14 158,55±74,45 14 325,33±151,87 14 63,94±14,45

5d2h/dia 13 272,75±152,91 13 47,11±11,78 13 181,66±54,52 13 354,96±173,91 13 72,96±11,05

5d6h/dia 16 232,30±146,02 16 47,45±11,72 16 145,93±69,87 16 317,77±165,93 16 69,43±12,50

8d2h/dia 11 217,10±76,63 11 43,04±11,77 11 212,13±94,46 11 292,63±99,30 11 73,79±8,62

8d6h/dia 20 175,05±68,41 20 40,69±14,81 20 226,61±110,84 20 226,20±104,41 20 91,73±60,76

Referência 36 196,69±95,01 36 43,20±10,82 36 175,08±65,87 36 261,51±113,65 36 77,75±28,02

As médias observadas em uma mesma coluna não diferem significativamente ao nível de 5% pelos testes Kruskal-Wallis(*) ou ANOVA(**).

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47

4.2.4. Parâmetros relativos à eclosão larval

As observações diárias das posturas de cada fêmea permitiram a coleta dos

dados expostos na Tabela 6.

O percentual de fêmeas que produziram ovos férteis entre os grupos

experimentais variou de 42,86% a 100%. Para analisar os dados, as posturas nas quais

não foi observada eclosão foram retiradas do estudo, ficando os parâmetros relativos à

eclosão larval apenas com as posturas férteis. Os valores percentuais de fêmeas que

produziram ovos férteis foram melhores que os observados no grupo de referência,

sendo considerados, portanto, satisfatórios. Já o período de incubação, o percentual de

eclosão e o período de eclosão não sofreram influência da alimentação artificial e os

diferentes tempos de exposição testados, uma vez que não foi observada diferença

significante entre os diferentes grupos experimentais e o grupo de referência.

4.3. Alimentação Artificial de Fêmeas de Amblyomma cajennense Semi-

Ingurgitadas

A partir da infestação de 300 fêmeas de A. cajennense em 15 coelhos, foi

possível a formação de três grupos experimentais homogêneos para a execução do

experimento. Partiu-se de um grande número de carrapatos para que se pudesse

assegurar a obtenção do número de carrapatos exigidos para montagem dos grupos

experimentais. Muitos carrapatos foram descartados por não apresentarem as peças

bucais íntegras e/ou por não apresentarem o peso ideal (acima de 150mg). Em estudos

preliminares, observou-se que fêmeas com peso inferior não foram capazes de ovipor, o

que dificultou a análise do método frente aos parâmetros biológicos da espécie (dados

não publicados). O descarte dessas fêmeas pode ser evitado em rotina laboratorial, uma

vez que se pode coletar fêmeas em dias diferentes após a fixação para experimentação,

conforme o objetivo do estudo.

O período de alimentação prévia nos hospedeiros naturais varia de acordo com a

espécie de carrapato. HOWARTH & HOKAMA (1983) mesmo optando pela utilização

de pele de coelho na alimentação artificial de D. andersoni alimentaram previamente

ninfas e adultos por quatro a seis dias em coelhos. BROADWATER et al. (2002)

também alimentaram fêmeas de I. scapularis e de D. variabilis por quatro a cinco dias

antes de oferecer-lhes microcapilares contendo meio de cultura com borrelias. O

período de alimentação prévia em coelhos estabelecido no presente

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Tabela 6: Parâmetros relativos à eclosão larval de Amblyomma cajennense. Material

oriundo de fêmeas alimentadas em coelhos após alimentação artificial através de

capilares submetidas previamente a jejum de 45 dias

Grupos n/N (%) Período de incubação

(dias)

Percentual de eclosão

(%)

Período de eclosão

(dias)

12h 16/19 (84,21) 36,31±3,20 21,25±23,06 2,31±2,47

24h 20/20 (100) 34,80±3,72 35,00±32,04 3,50±3,19

48h 6/14 (42,86) 36,50±1,22 13,33±8,16 1,67±1,63

5d2h/dia 12/13 (92,31) 34,00±1,21 35,83±25,75 3,92±2,64

5d6h/dia 13/16 (81,25) 35,00±2,55 25,38±22,22 2,77±2,39

8d2h/dia 8/11 (72,73) 37,63±3,96 10,00±0,00 1,00±0,00

8d6h/dia 11/20 (55,00) 35,36±3,44 23,64±25,01 2,45±2,58

Referência 14/36 (38,89) 36,14±1,23 30,71±27,31 3,21±2,64

n, número de fêmeas com posturas viáveis; N, número de fêmeas que fizeram posturas; As médias

observadas em uma mesma coluna não diferem significativamente ao nível de 5% pelo teste Kruskal-

Wallis

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trabalho foi de oito dias, de acordo com as observações sobre o grupo de referência.

Nesse grupo, no oitavo dia as fêmeas iniciavam o desprendimento natural do

hospedeiro. A intenção foi de retirar aquelas que ainda estivessem fixadas para

assegurar que muitas delas estivessem na fase rápida de alimentação.

Os tempos de exposição aos capilares eleitos para essa etapa do trabalho (2, 6 e

12 horas), foram baseados no fato de que, sendo as fêmeas previamente alimentadas,

trabalhar-se-ia com as mesmas nas fases finais da alimentação, ou seja, fase de

alimentação rápida (SONENSHINE, 1991). Nessa fase, os carrapatos ingeririam uma

grande quantidade de sangue em pouco tempo. Portanto, no presente trabalho, procurou-

se reproduzir artificialmente a fase final de alimentação, utilizando somente as fêmeas

que pareciam estar há um dia da queda natural. Procedimento semelhante foi adotado

por BROADWATER et al. (2002) que infectaram ninfas de I. scapularis previamente

alimentadas em camundongos, oferecendo capilares repletos de meio de cultura por

quatro horas. Carrapatos semi-ingurgitados também já foram empregados em outros

tipos de alimentação artificial. BURKOT et al. (2001) utiltizaram larvas e ninfas I.

scapularis semi-ingurgitadas na infecção experimental dessas com borrelias através de

membrana de pele de camundongo.

O ganho de peso médio das fêmeas semi-ingurgitadas após alimentação artificial

está exposto na Tabela 7. Houve ganho de peso significativo em todos os grupos

experimentais. O grupo exposto aos capilares por 6 horas foi o melhor sucedido, embora

à analise estatística a diferença não seja significativa. Esse é o primeiro relato da

ingestão de grande volume de sangue por carrapatos ixodídeos após alimentação

artificial. Esse resultado somente é comparável com os achados de RAU & HANNOUN

(1968), que trabalhando com a biologia de A. reflexus em laboratório conseguiram que

fêmeas aumentassem seu peso em 30 a 40mg e as ninfas em 10 a 35mg. Os carrapatos

argasídeos adequam-se melhor aos diferentes sistemas de alimentação artificial devido a

sua forma de se alimentar. Alimentam-se pouco por muitas vezes em um mesmo estágio

de desenvolvimento. Os ixodídeos por ficarem mais tempo fixados ao hospedeiro

apresentam mais fatores na relação parasito-hospedeiro que interferem no sucesso da

alimentação. Durante o processo de alimentação artificial, as fêmeas em plena atividade

de hematofagia logo ingeriam todo o conteúdo dos capilares (70μL). Esses resultados

não concordam com os achados de BROADWATER et al. (2002), que utilizando

metodologia semelhante somente conseguiram que ninfas de I. scapularis ingerissem

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Tabela 7: Peso médio das fêmeas de Amblyomma cajennense semi-ingurgitadas antes e

depois da alimentação artificial através de microcapilares

Grupos Peso médio antes dos

capilares

Peso médio após

capilares

Peso médio

adquirido

2 horas 297,58±135,95 323,02±135,57 28,09±29,07

6 horas 297,53±140,91 338,66±132,51 41,13±46,72

12 horas 292,12±142,27 302,91±133,66 10,79±22,54

As médias observadas em uma mesma coluna não diferem significativamente ao nível de 5% pelo teste

ANOVA

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0,03μL de meio de cultura nos capilares. Os autores atribuem a pouca quantidade de

solução ingerida à artificialidade do método e à inserção dos palpos no interior dos

capilares, o que poderia ter inibido a ingestão da solução. No presente trabalho todas as

peças bucais também foram inseridas nos capilares. Em alguns casos, inclusive, foi

necessário o reabastecimento dos capilares por três a quatro vezes. O grupo exposto aos

capilares por 12 horas foi o que ingeriu menor quantidade de sangue, em média.

Entretanto, é importante ressaltar que, tendo as fêmeas semi-ingurgitadas uma

musculatura mais desenvolvida, facilmente retiravam os capilares das peças bucais. O

longo período de exposição dificultou o monitoramento mais amiúde do grupo 12 horas.

Inclusive, algumas vezes observou-se fêmeas sem capilares por algumas horas. Talvez

esse fator tenha prejudicado uma maior ingestão de sangue desse grupo. Contudo, a

análise dos resultados indica que bastam seis horas de exposição para uma ingestão

significativa de sangue.

4.3.1. Parâmetros relativos à fase não parasitária

Todas as fêmeas semi-ingurgitadas A. cajennense alimentadas artificialmente

através de capilares foram capazes de realizar postura, com exceção de um exemplar do

grupo exposto aos capilares por seis horas. Esse exemplar, portanto, foi retirado das

análises, passando assim o grupo a apresentar somente nove espécimens. Os dados

relativos à fase não parasitária estão disponíveis na Tabela 8.

O período de pré-postura médio dos grupos experimentais variou de 6,90 a 8,11

dias, dado que está em concordância com o grupo de referência. Já o período de postura

foi semelhante em todos os grupos. A única diferença apontada pelo teste de Tukey-

Kramer ao nível de 5% de significância está entre os grupos controle e 2 horas. Esse

grupo apresentou o menor período médio de postura (18,50 dias).

4.3.2. Parâmetros relativos à postura

Os parâmetros relativos à postura das fêmeas de A. cajennense semi-ingurgitadas

alimentadas através de capilares foram semelhantes aos parâmetros do grupo de

referência, com exceção do parâmetro perda de peso da fêmea (Tabela 9). Nesse a

perda média de peso do grupo 12 horas foi significativamente menor que a perda do

grupo de referência, indicando que a utilização dos nutrientes pelos carrapatos desse

grupo não foi comprometida.

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Tabela 8. Períodos relativos à fase não parasitária de fêmeas de Amblyomma

cajennense após alimentação prévia em coelhos e complementação da alimentação

através de capilares

Grupos

Período de postura (**)

(dias)

Período de postura (**)

(dias)

n média±dp n média±dp

2 horas 10 7,20±1,03 a 10 18,50±9,76a

6 horas 9 8,11±1,36 a 9 19,33±6,60 ab

12 horas 10 6,90±1,10 a 10 20,40±3,86 ab

Referência 36 7,47±1,95 a 36 26,31±8,36 b

Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5%

pelos testes ANOVA(*) ou Tukey-Kramer (**).

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Tabela 9. Parâmetros relativos à postura de fêmeas de Amblyomma cajennense após alimentação prévia em coelhos e complementação da

alimentação em microcapilares

Grupos Peso da postura (mg)*

Índice de eficiência

reprodutiva (%)***

Peso da quenógina

(mg)*

Perda de peso da

fêmea (mg)**

Índice de eficiência

nutricional (mg)***

n Média±dp n Média±dp n Média±dp n Média±dp n Média±dp

2 horas 10 145,19±87,29 a 10 42,16±9,18 a 10 144,42±67,99 a 10 181,25±105,94 ab 10 89,90±55,63 a

6 horas 9 133,58±70,15 a 9 37,04±11,03 a 9 176,40±50,47 a 9 180,21±104,10 ab 9 100,90±86,72 a

12 horas 10 133,27±105,89 a 10 45,21±29,42 a 10 167,56±80,40 a 10 135,35±98,02 a 10 128,52±100,85 a

Referência 36 196,69±95,01 a 36 43,20±10,82 a 36 175,08±65,87 a 36 261,51±113,65 b 36 77,75±28,02 a

Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5% pelos testes ANOVA (*), Tukey-Kramer(**)ou Kruskal-

Wallis(***)

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4.3.3. Parâmetros relativos à eclosão larval

A maioria das fêmeas estudadas, tanto dos grupos experimentais, quanto do

grupo de referência, foi capaz de realizar postura. Entretanto, um número reduzido de

carrapatos produziu ovos férteis. Essas posturas foram retiradas da análise. Tais

resultados estão disponíveis na Tabela 10.

O percentual de fêmeas que produziram ovos férteis foi baixo, variando de 20 a

50%. Esses resultados eram esperados, uma vez que no grupo de referência somente

38,80% das fêmeas produziram ovos aparentemente em boas condições para eclosão.

De forma semelhante, DE LA VEGA et al. (2000) observaram índice de fertilidade

mais baixo entre as fêmeas de B. microplus que se alimentaram através de capilares em

relação ao grupo de referência. Esse fato foi atribuído pelos autores ao efeito tóxico que

o sangue heparinizado poderia exercer sobre o desenvolvimento embrionário dos

carrapatos. No presente trabalho, utilizou-se citrato fosfato dextrosado como

anticoagulante e seu efeito negativo sobre o experimento não pode ser descartado, uma

vez que não há informação na literatura disponível a esse respeito. As diferenças na

fonte alimentar, assim como no tipo de anticoagulante e fagoestimulantes utilizados,

têm sido apontadas por vários autores por influenciar a alimentação, a mortalidade e o

rendimento biológico em diferentes artrópodes hematófagos (GALUN, 1967;

SCHWAN et al., 1991; WALLADE et al., 1993). Ademais, embora as fêmeas

experimentais tenham ingerido grande quantidade de sangue aos capilares neste

experimento, o peso final não atingiu 400mg. As fêmeas somente alimentadas em

coelhos, após queda natural do hospedeiro, pesaram em média 436,59mg (Tabela 3). É

possível que parte das fêmeas semi-ingurgitas utilizadas neste trabalho, ainda não

tivessem copulado quando foram retiradas de seus hospedeiros. A fêmea semi-

ingurgitada virgem de um ixodídeo é capaz de ovipor, entretanto seus ovos não

apresentam a eclodibilidade esperada (SONENSHINE, 1991).

O período de incubação variou de 33 a 34 dias entre os grupos experimentais.

Esses valores foram inferiores aos do grupo de referência, tendo sido observada

diferença significativa entre os período de incubação dos grupos 6 e 12 horas e o grupo

de referência. Nos demais parâmetros, percentual de eclosão e período de eclosão, os

grupos experimentais foram concordantes com o grupo de referência.

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Tabela 10. Parâmetros relativos à eclosão larval. Material oriundo de fêmeas

Amblyomma cajennense após alimentação prévia em coelhos e complementação da

alimentação através de capilares

Grupos n/N (%) Período de

incubação*

Percentual de

eclosaõ**

Período de

eclosão**

2 horas 2/10 (20,00) 34,00±1,41 ab 45,00±49,50 a 5,00±5,66 a

6 horas 5/9 (55,55) 33,40±1,14a 58,00±27,75 a 5,20±2,59 a

12 horas 4/10 (40,00) 33,00±0,82 a 25,00±30,00 a 2,75±3,50 a

Referência 14/36 (38,80) 36,14±1,23 b 30,71±27,31 a 3,21±2,64 a

n, número de fêmeas com posturas viáveis; N, número de fêmeas que fizeram postura. As médias

seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem significativamente ao nível de 5% pelos

testes Tukey-Kramer (*) ou ANOVA (**).

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5. CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos no presente estudo pôde-se concluir:

5.1 O protocolo de alimentação artificial através de capilares desenvolvido no presente

trabalho foi adequado para alimentar fêmeas de A. cajennense.

5.2. Fêmeas de A cajennense em jejum alimentadas artificialmente através de capilares

ingeriram volume significativo de sangue após seis horas de alimentação diária, por oito

dias consecutivos.

5.3. Fêmeas de A cajennense em jejum alimentadas artificialmente através de capilares

por seis horas diárias por oito dias consecutivos apresentaram parâmetros biológicos

semelhantes às alimentadas em coelhos.

5.4. Fêmeas de A cajennense semi-ingurgitadas alimentadas artificialmente através de

capilares ingeriram volume significativo de sangue após seis horas de alimentação.

5.5. Fêmeas de A cajennense semi-ingurgitadas alimentadas artificialmente através de

capilares por seis horas apresentam parâmetros biológicos semelhantes às alimentadas

em coelhos.

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