MERCADO

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Na Conferência Anual da ITMF (International Textile Manufactures), que precedeu o 52º Congresso Dornbirn-MFC – fórum mundial de discussões sobre

o setor de fibras, realizado na Áustria, em setembro

de 2013 –, o consultor Peter Driscoll, diretor da PCI

Fibras, fez uma projeção para os próximos 50 anos

dos mercados regionais para todas as fibras têxteis,

abordando também o comportamento do comércio

de vestuário. O tema da conferência “Reequilibrar o

poder entre Indústria e Varejo” foi escolhido pelos

organizadores do evento para propor a integração da

cadeia têxtil, bem como avaliar o ambiente de negócios

que vem permeando o abastecimento mundial de

manufaturados têxteis. A última edição do PCI Fibres

Red Book (World Synthetic Fibres Supply/Demand

Report 2012), do qual se originou este artigo, revela

que a demanda mundial por fibras estava projetada

para atingir 85,8 milhões de toneladas em 2013.

O relatório também apontou que a China, ainda

que sua economia tenha reduzido o ritmo de

crescimento nos últimos dois anos, continua a ser

o maior exportador têxtil e de vestuário do mundo,

enquanto o Egito, único país da África analisado

do estudo, por causa da produção de algodão, teve

o melhor desempenho da região ao exportar US$

3,5 bilhões para os EUA em 2012. A indústria têxtil

e de vestuário da África do Sul, país de economia

mais dinâmica do continente africano, por sua vez,

apresentou crescimento baixo ao longo dos últimos

dez anos devido à enxurrada de produtos asiáticos

de baixo custo que inunda seu mercado interno.

Comercio global

A preocupação dos produtores de algodão e da

indústria têxtil/vestuário é que o seu futuro seja

afetado significativamente pela política de preços

adotada pela China, país que tem a maior indústria

do setor em todo o mundo e que domina também

Por conta destas previsões instigantes, as perguntas

que podem ser feitas no mercado global é: ‘quem

vai sobreviver à desaceleração? Existe um futuro para

a produção de fibras, tecidos e vestuário em outros

países que não sejam aqueles com os mais baixos

custos de produção?’. Se a resposta for afirmativa, ‘de

que forma irá manter-se tal produção e, sobretudo,

qual o nível de escala será sustentável?’.

Há excesso de capacidade na indústria de poliéster

global, principalmente devido a investimentos

significativos nos últimos anos na China. De acordo

com o estudo PCI Fibras, a produção de poliéster

na China, incrementada em 2010, tem afetado os

preços e as margens dentro da indústria de poliéster

global, influenciando também os preços de outras

fibras químicas e, por conseguinte, o comércio dos

produtos têxteis. Vejamos, a seguir, o comportamento

do comércio de têxteis e vestuário nos principais

mercados regionais, conforme estudo apresentado pela

consultoria durante a conferência ITMF de 2013.

Fibras têxteis: análise e perspectivas (parte 2)

A segunda parte do estudo apresentado pela PCI Fibras durante a ITMF 2013 traz um

panorama global do mercado de vestuário

Tradução Inglês: Mario Cortopassi

a produção de matérias-primas, tanto de fibras de

algodão quanto sintéticas. Porém, olhando para o futuro,

de acordo com o relatório da PCI Fibras, o algodão,

apesar do forte avanço das fibras químicas em todo

o mundo, parece destinado a manter a sua quota de

mercado pelos próximos 20 anos (período de 2020-

2030). Essa previsão foi feita na conferência de Peter

Driscoll, que, entretanto, acrescenta: “a desvantagem

é que o algodão vai manter a sua quota, porque o

crescimento em consumo de todos os tipos de fibras

deve desacelerar de 3,5% ao ano para apenas 1,0%

ao ano durante 2020-2030”. Esta previsão é muito

mais pessimista do que a taxa de crescimento de

2,5% prevista por outros observadores do mercado

têxtil internacional. A causa dessa desaceleração, de

acordo com PCI Fibras, será um corte dramático na

taxa de crescimento do consumo de fibra da China,

que deve começar por volta de 2020. Como resul-

tado, a produção de fibra sintética global vai crescer

apenas 0,8% ao ano no próximo período 2020-2030.

Comércio total dos Estados Unidos em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuário

As importações de vestuário de algodão ainda lideram em relação às de fibras químicas; os preços do algodão

influenciaram as vendas nos últimos anos.

MERCADO

68 portal www.textilia.net textília n0 91 fev/mar/abr 2014

Comércio total da América do Sul em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuário

Comércio total da Europa Ocidental em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuário

Comércio total da Turquia em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuário

Comércio total da Índia em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuário

Os mercados da América do Sul têm importado cada vez mais têxteis para seu próprio

consumo; as exportações de vestuário, porém, têm declinado.

As importações de vestuário de fibras químicas cresceram mais do que os produtos

de algodão.

O comércio de produtos de algodão na Turquia mostrou alguma recuperação nos

últimos anos, mas o novo negócio neste mercado está crescendo no segmento de

tecidos de fibras químicas (MMF).

O comércio têxtil da Índia ainda é liderado pelo algodão, com presença do vestuário

relativamente modesta.

Comércio total da China em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuário

Comércio total do Japão em vestuário/têxteis

1.000 tons Algodão

Fibras Químicas

têxteis vestuárioAs exportações da China de tecidos de fibras químicas se sobressaíram em grande

quantidade, mas os volumes de vestuário englobam todo tipo de fibra, inclusive as

que tiveram declínio. Os dados líquidos para têxteis de algodão, por sua vez, regis-

tram queda devido às grandes importações de fio fiado.

O Japão importa grandes quantidades de vestuário em algodão e vem aumentando suas

importações em fibras químicas. As importações de têxteis também estão crescendo no país.

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MERCADO

70 PORTAL WWW.TEXTILIA.NET TEXTÍLIA N0 91 FEV/MAR/ABR 2014

Canada/USA final demand - MMF

Although the per capita trend in Canada/USA is still quite flat, it is forecast by 2015 to be growing at 0.7% pa (1.5% in overall volume). Pipeline stocks, currently below 20%, are forecast to peak close to 60% of final demand around 2020-25.

Canadá/EUA demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

South America final demand - MMF

The per capita trend through to 2030 in South America is put as growing at 2.1% pa (in overall volume at 3.0%), with pipeline stocks, currently below 40%, forecast to peak close to 45% of final demand around 2015.

América do Sul demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

Embora a tendência per capita (consumo) no Canadá/EUA seja totalmente nivelada,

é previsto um crescimento de 0,7% no ano (1,5% no volume total) para 2015. Os

estoques, atualmente, estão abaixo de 20%. Prevê-se um pico da demanda total de

60% de fibras químicas entre 2020/25.

A tendência per capita para 2030 na América do Sul é de um crescimento de 2,1% ao

ano (em volume total 3,0%). Com os estoques, normalmente abaixo de 40%, prevê-se

um pico de demanda total perto de 45% por volta de 2015.

West Europe final demand - MMF

Although the per capita trend in West Europe is still quite flat, post-2020 it is forecast to be growing at 1.3% pa (1.4% in overall volume). Pipeline stocks, currently below 5%, are forecast to peak close to 45% of final demand around 2025.

Europa Ocidental demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

Turkey final demand - MMF

Per capita trend in Turkey through 2000-10 was growing at 3.9% pa (5.4% in overall volume), but is now put long-term at 1.3% (2.2%). Pipeline stocks, currently below 30%, are forecast to peak just above 60% of final demand before 2020.

Turquia demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

Embora a tendência per capita na Europa Ocidental ainda seja totalmente horizontal,

após 2020 é previsto um crescimento de 1,3% ao ano (1,4% em volume total). Os

estoques, atualmente, estão abaixo de 5%, e prevê-se um pico perto de 45% de

demanda total por volta de 2025.

A tendência per capita na Turquia entre 2000-10 estava crescendo 3,9% ao ano (5,4%

em volume total), mas há algum tempo vem registrando apenas 1,3% de crescimento

(2,2% volume). Os estoques, atualmente, estão abaixo de 30%, e existe a previsão de

um pico de 60% da demanda total antes de 2020.

India Final Demand - MMF

The long-term trend is put in per capita terms at an average 3.2% pa, and in actual volume at 4.3%.

Índia demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

China final demand - MMF

The long-term trend is put in per capita terms at an average 9.5% pa (2003-13) and 2.5% pa (2013-23), and in actual volume at 10.0% and 2.8%.

China demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

A longo prazo, prevê-se, em termos de consumo per capita, uma média de 3,2% ao

ano, em volume atual de 4,3%.

A tendência, a longo prazo, prevê um crescimento na média de consumo per capita

de 9,5% ao ano (2003-13) e de 2,5% ao ano entre 2013-23 e em volume, atual de

10,0% e 2,8% no período 2013-23.

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MERCADO

71PORTAL WWW.TEXTILIA.NETTEXTÍLIA N0 91 FEV/MAR/ABR 2014

Japan final demand - MMF

The per capita trend for Japan remains close to flat, with any change in apparent demand coming from cyclic effects. Pipeline stocks, currently below 15%, are forecast to peak close to 40% of final demand around 2020.

Japão demanda total – Fibras Químicas

kg/capita milhão de tons

Per capita trends compared – all fibresTendência do consumo per capita comparando todas as fibras

kg/capita Canadá/EUA Índia

América do Sul Japão

Europa Ocidental China

Turquia China (de fora)

A tendência de consumo per capita para o Japão permanece perto da

atual, qualquer que seja a mudança da demanda aparente que acontece

de forma cíclica. Os estoques, atualmente abaixo de 15%, permitem

prever um pico perto de 40% de demanda total em 2020.

Conclusão em termos da produção de Fibras Químicas

Crescimento

2012 2013ANO/

ANO2020

2012-20 2012-30

(Média % por ano)

AMÉRICAS 3 673 3 738 1,8% 4 128 1,5% 0,7%

EUROPA +

OUTROS5 166 5 143 -0,4% 5 845 1,6% 0,4%

Extremo

Oriente4 509 4 330 -4,0% 3 918 -1,7% -0,9%

SUL DA

ÁSIA4 237 4 562 7,7% 5 735 3,9% 1,0%

ÍNDIA 3 877 4 005 3,3% 6 430 6,5% 4,0%

CHINA 36 699 39 207 6,8% 52 158 4,5% 0,4%

TOTAL 58 161 60 985 4,9% 78 214 3,8% 0,8%

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