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Comitê Técnico Permanente de Acompanhamento do
Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
para a Revisão do Plano Diretor
Data: 12/02/2020
Local: Auditório Carlos Nelson Ferreira dos Santos, IPP
Membros do Grupo de Interlocutores: Dayse Gois (MPRJ/GAEMA), Maria Bernadete
Montesano (CMDR), Giovanna Berti (CMDR), Claudia Muricy (ex-PCRJ/SMU), Manoel
Ribeiro (IAB), Isabelle Cury (IPHAN), Vinicius Monte Custodio (OAB-Barra), Fernanda
Schwarc Mary (PROURB/UFRJ), Julio Sampaio (ICOMOS), Sofia Cerqueira Borges
(IPPUR/UFRJ), Yago Evangelista (UFF), João Pedro Rocha (ITDP/AMAVAG/APP Vargens),
Jacqueline Guerreiro (Subcomitê Oeste/CBH-BG) e Victor Hugo Albino (IHC/CGP/GPV).
Membros do CTPD: Monica Bahia Schlee Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM), Paulo Vianna
(SMU/SUBU/CGPP/GM), Bruna Miceli (SMU/SUBU/CGPP/GM), Julia Queiroz
(SMU/SUBU/CGPP/GM), Alberto Taveira (SMU/SUBU/CGPP/GM), Benar Filho
(SMU/SUBU/CGPP/GM), Mariana Barroso (U/SUBU/CGPP), Glória Torres
(U/SUBU/CGPP), Claudia Grangeiro (U/SUBU/CP), Marcelo Viseu (U/SUBU/CGPP/CPL),
Estela Fontenelle (U/SUBU/CGPP/CPL), Jorge Alberto Ponte (U/SUBU/CGPP/CPL),
Carolina Machado Martins (U/CIM), Daniela Javoski (U/CIM), Eugenia Loureiro
(U/SUBU/CGPP/GNIU), Juliana Povoleri (U/SUBU/CGPP/CPT), Adriana Lima (IH/SUBH),
Izabel Mendes (IH/SUBH), Carlos Papera (SMAC), Alexandre Pereira (CVL/EGP-RIO),
Luciane Moutinho (CVL/SUBPAR), João Paulo Alves (Rio-Águas), Christiane Lopes (SME),
Livia Lomar Paulino (SEOP/SUBDEC), Juliana de Souza Monteiro (SEOP/SUBDEC),
Cristina Lodi (SMC) e Luis Tadeu Suzano Castor (RIO-URBE).
Convidados: Henrique Torres (CET-RIO), Arnaldo Lyrio (CET-RIO), Silvio Coelho
(U/SUBU/CGPP), Felipe Coriolano (U/SUBU/CGPP/GNIU), Maria Lucia Navarro
(SMIHC/SUBCTO), Brasiliano Vito Fico (SMAC), Ruth Aono (IPP/CTPE), Luís Peruci
(IPP/CTPE), Thaís Garlet (SMU/SUBU/CGPP/CPL), Silvio Coelho (U/SUBU/CGPP) e
Mariana Pamplona (U/SUBU).
A reunião iniciou-se às 10:20 horas.
A arquiteta Mônica Bahia Schlee, Gerente de Macroplanejamento da Secretaria
Municipal de Urbanismo (SMU/SUBU/CGPP/GM), agradece a presença de todos e inicia a
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reunião com informes gerais. Menciona que esta, além de ser a 7ª reunião do Grupo de
Interlocutores da Revisão do Plano Diretor, é também a 100ª reunião do Comitê Técnico de
Acompanhamento do Plano Diretor, que se reúne desde 2012. Agradece as contribuições e
parabeniza os representantes dos órgãos que formam este comitê pelos trabalhos
realizados em conjunto e pela colaboração no fortalecimento gradativo do planejamento da
cidade. Informa sobre a reunião que aconteceu no dia 29/01/2020, à tarde, e sobre a oficina
realizada ao longo do dia 30/01/2020, com o objetivo de aprofundar a discussão sobre as
macrozonas e mesozonas. Informa que estes encontros contaram com a facilitação da
equipe da World Institute Resource (WRI) e com a participação de técnicos da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente (SMAC), da Fundação Rio-Aguas e da Casa Civil. Informa
também sobre as quatro reuniões sobre macroordenamento territorial subsequentes ao dia
30/01 com membros do CTPD. Menciona que na última delas, realizada ontem (dia
11/02/2020), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) apresentou estudos para
subsidiar a discussão sobre a definição da macrozona de proteção e qualificação ambiental,
que serão apresentados hoje, na segunda parte da reunião. Ressalta mais uma vez que os
resultados que serão apresentados nesta reunião são fruto de um trabalho coletivo de um
grupo de cerca de 20 técnicos das diversas coordenadorias e gerências da Coordenadoria
Geral de Planejamento e Projetos - CGPP, da SMAC e da Fundação Rio-Aguas, que
participaram das reuniões e da oficina. Observa que as discussões sobre as mesozonas já
estão em andamento e que a previsão é apresentar o resultado destas discussões na
reunião do dia 11/03/2020. Chama a atenção de que a próxima reunião, prevista para o dia
19/02/2020, não será realizada devido ao curto espaço de tempo para finalizar as
discussões em um intervalo de uma semana. Observa que não foi possível manter a rotina
de reuniões quinzenais em fevereiro devido ao Carnaval.
A seguir, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) apresenta a programação da
reunião, que contará com a apresentação da evolução da proposta de macroordenamento
territorial, apresentada na reunião anterior, realizada em 29/01, e com a apresentação dos
estudos específicos realizados pela SMAC para a delimitação da macrozona de proteção e
qualificação ambiental, seguidas de debate.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) inicia sua apresentação, convidando
Mariana Barroso (SMU/SUBU/CGPP) e Manoela Guerrante (SMU/SUBU/CGPP/CPL) para
compor a mesa e colaborar na apresentação.
No início da apresentação, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM),
atendendo à solicitação do representante do IAB, Manoel Ribeiro, retoma o início das
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discussões sobre os desejos de cidade, consensualizados pelo Comitê Técnico de
Acompanhamento do Plano Diretor em janeiro de 2018, que permearam as discussões
sobre a base conceitual da Política Urbana, de forma a garantir o bem-estar de todos os
habitantes da cidade, a pluralidade e a justa distribuição de oportunidades, a manutenção e
a valorização do patrimônio natural e cultural, da produção e do trabalho. Informa que os
desejos consensualizados pelo Comitê Técnico de Acompanhamento do Plano Diretor para
o Rio de Janeiro objetivam fazer dela uma cidade mais:
Equilibrada e Equânime;
Saudável e Resiliente;
Produtiva e Multifuncional;
Segura e Ordenada;
Inclusiva e Participativa.
Em prosseguimento, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) mostra como
estes temas transversais atravessam conceitualmente e operacionalmente a estrutura do
processo de revisão do Plano Diretor, seja nas discussões sobre as bases da Política
Urbana, nas políticas setoriais que a complementam, no encadeamento entre as escalas de
planejamento e nas estratégias de implementação.
Em relação à atualização da proposta de Macroordenamento a ser apresentada,
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) retoma as linhas que norteiam a elaboração
da proposta de revisão do Macroordenamento, já apresentadas na reunião anterior,
ressaltando a intenção de aprimoramento da comunicação das intenções de planejamento
urbano na legislação e a incorporação da visão de futuro em face às atuais condições da
cidade, com a distribuição dos bônus e ônus da urbanização e a melhoria da gestão e da
proteção dos ativos ambientais e culturais do município.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) pontua as escalas de ordenamento
territorial consensuadas a partir das discussões com o Grupo de Interlocutores na reunião
anterior, as quais abrangem Macrozonas; Mesozonas e Zonas. Informa que, até o presente
momento, esta última escala será definida na Lei de Uso e Ocupação do Solo.
De forma a esclarecer a evolução da proposta a ser apresentada, Monica Bahia
Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) apresenta o mapa das macrozonas apresentado na reunião
com o Grupo de Interlocutores realizada no dia 29/01/2020, que continha duas macrozonas:
a Macrozona de Ocupação Urbana e a Macrozona de Proteção e Gestão Sustentável.
Informa que, com o avançar das discussões, esta proposta foi ajustada e desmembrada,
passando a abranger quatro macrozonas:
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Macrozona de Proteção e Qualificação Ambiental, caracterizada pela ocorrência
de áreas protegidas pela legislação ambiental e urbanística e áreas onde a
ocupação de baixo impacto e compatível com a conservação ambiental é
permitida. As principais diretrizes para esta macrozona incluem: a) Fortalecer a
gestão integrada da proteção e recuperação ambiental; b) Incrementar a
fiscalização e os mecanismos de sustentabilidade ambiental; c) Compatibilizar o
uso e a ocupação do solo às legislações de proteção ambiental, cultural e
paisagística; d) Assegurar a manutenção das áreas com ativos ambientais; e)
Viabilizar atividades econômicas de baixo impacto, associadas ao turismo, ao
lazer, à agricultura e a pesquisa.
Macrozona de Requalificação e Desenvolvimento, caracterizada pela ocorrência
de áreas onde a infraestrutura existente deve ser remodelada para possibilitar a
renovação urbana. As principais diretrizes para esta macrozona incluem: a)
Reorganização e requalificação do tecido urbano, através de ações estratégicas;
b) Prioridade de investimentos públicos e redistribuição dos investimentos em
urbanização; c) Combate à pobreza extrema e incentivo à geração de emprego e
renda; d) Readequação da infraestrutura, onde necessário, priorizando as áreas
servidas por sistema completo de saneamento (com tratamento de esgotos); e)
Intensificação da ocupação residencial, privilegiando a mistura de usos,
tipologias e rendas; f) Revitalização e ampliação da oferta de espaços livres
públicos e arborização; g) Identificação e valorização das áreas com atributos
culturais.
Macrozona de Controle Urbano, caracterizada pela ocorrência de áreas onde se
concentram os investimentos e os benefícios advindos dos ativos ambientais e
culturais e paisagísticos da cidade, com maior potencial para financiamento e
redistribuição dos investimentos em urbanização. As principais diretrizes para
esta macrozona incluem: a) Captar e redistribuir os recursos advindos da
valorização das áreas urbanas para financiamento de ações que visem reduzir
as desigualdades territoriais; b) Salvaguarda da paisagem cultural e a qualidade
ambiental urbana; c) Condicionar o adensamento urbano as características
ambientais e culturais e vulnerabilidades (fragilidades) ambientais; d)
Condicionar o adensamento urbano à readequação da infraestrutura que se
encontre em vias de saturação.
Macrozona de Ocupação Direcionada, caracterizada pela ocorrência de áreas
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com ocupação dispersa e rarefeita, onde a ocupação será direcionada ao
entorno das centralidades, objetivando conter o espraiamento da mancha
urbana. As principais diretrizes para esta macrozona incluem: a) Conter o
espraiamento da ocupação residencial na periferia; b) Fortalecer os sub-centros
locais ao longo dos eixos estruturadores de transportes, priorizando a
implantação de infraestrutura, incluindo saneamento com tratamento de esgotos,
implantação de equipamentos, arborização e serviços urbanos, para conter o
espraiamento da ocupação urbana em áreas sem infraestrutura; c) Combate à
pobreza extrema e incentivo à geração de emprego e renda; d) Direcionar a
ocupação urbana para as áreas infraestruturadas; e) Condicionar o
adensamento a investimentos em infraestrutura (mobilidade, saneamento,
equipamentos públicos) e proteção socioambiental; e) Fortalecer as conexões
entre sub-centros locais e regionais; f) Conjugar o desenvolvimento econômico
ao respeito às áreas agrícolas e fragilidades ambientais.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) apresenta o mapa com a delimitação
das macrozonas e informa que os critérios conceituais empregados para sua definição
abrangem: Condições ambientais (áreas protegidas pela legislação existente e com
estudos para proteção); Condições da cidade existente; Condições da Infraestrutura e
Densidade. Ressalta que este nível de ordenação territorial se caracteriza por grandes
porções de áreas com características assemelhadas, a ser complementada na escala do
Mesozoneamento, que será objeto de discussão em uma próxima reunião. Observa mais
uma vez que o objetivo deste exercício gradativo de refletir sobre o macroordenamento
territorial da cidade visa articular e correlacionar as macrozonas e mesozonas para que
elas reflitam o que se pretende alcançar em cada uma e estabelecer um direcionamento
para a captação e redistribuição dos recursos advindos dos investimentos em urbanização,
considerando as características atuais e as expectativas de futuro para os territórios.
Pondera que neste processo, pode haver idas e vindas.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) informa que, a partir das discussões
ocorridas na reunião anterior com o Grupo de Interlocutores e nas reuniões técnicas
subsequentes, a SMU avaliou a inclusão das Unidades de Conservação de Uso
Sustentável anteriormente excluídas da proposta da Macrozona de Proteção e Qualificação
Ambiental. Foram elas: 1. Área de Proteção Ambiental de Sepetiba; 2. Área de Proteção
Ambiental dos Pretos Forros e 3. Área de Proteção Ambiental e de Recuperação Urbana
da Serra da Misericórdia. Esclarece que após os sucessivos debates a opção considerada
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mais adequada pela SMU, salvo melhor juízo, foi incluir as duas primeiras integralmente e
as áreas com cobertura vegetal remanescentes da última, tendo em vista a ocorrência de
ocupação consolidada e de ocupação irregular, com alta densidade populacional,
permeando toda a área de abrangência desta UC.
Mariana Barroso (SMU/SUBU/CGPP) observa que na APARU da Serra da
Misericórdia há também centralidades comerciais e habitacionais que se mesclam dentro
dos limites estabelecidos para esta unidade de conservação.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) salienta a importância de se
considerar a ocorrência dos bolsões de pobreza e probreza extrema na Zona Norte e Zona
Oeste, onde residem 65% dos habitantes da cidade. Informa que em 2010 a pobreza
atingia 14% dos domicílios cariocas, cujas rendas per capitas não ultrapassavam ½ salário
mínimo (de acordo com o Censo do IBGE de 2010) e que 38,4% dos domicílios particulares
do município em 2010 abrigavam pessoas com renda per capita de até 1 salário mínimo
(correspondente a R$ 510,00 na época). Com base nos dados do Censo do IBGE de 2010,
mostra que 77,7% do total dos domicílios municipais com pessoas abaixo da linha da
extrema pobreza (rendas até 1/8 salário mínimo), equivalendo a 9.270 domicílios, se
localizavam nas Áreas de Planejamento (APs) 5 e 3. Ressalta ainda que 80% e 78%,
respectivamente, do total de domicílios municipais com pessoas situadas nas linhas de
pobreza e vulnerabilidade à pobreza, totalizando 57.848 e 181.278 domicílios, se
localizavam nestas APs em 2010.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) observa que a o instrumento de
proteção ambiental denominado “Área de Proteção Ambiental e de Recuperação Urbana”,
utilizado isoladamente, não tem demonstrado eficácia para lidar com estas questões
prementes na cidade e que é necessário implementar estratégias conjugadas, em parcerias
com outros órgãos.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) encerra sua apresentação e passa a
palavra ao geógrafo Brasiliano Vito Fico, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
(SMAC), para iniciar sua apresentação, informando novamente aos integrantes do Grupo
de Interlocutores que a etapa dos questionamentos será iniciada em seguida.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) inicia sua apresentação trazendo elementos que
serviram de base para a construção da proposta de delimitação da Macrozona de Proteção
e Qualificação elaborada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC). Apresenta
os valores tangíveis de ambientes naturais, calculados em dólar, por hectare, com base no
artigo “Changes in the global value of ecosystem services”, de 2014, de autoria de Robert
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Costanza, Rudolf de Groot, Paul Sutton, Sander van der Ploeg, Sharolyn J. Anderson, Ida
Kubiszewski, Stephen Farber e R. Kerry Turnerf. Afirma que o valor intangível desses
ambientes extrapola os valores calculados, em decorrência dos beneficios indiretos dos
serviços ambientais para a Cidade, influenciando o bem-estar do cidadão carioca e os
diversos setores da economia municipal, como o turismo, o mercado imobiliário, entre
outros.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) aponta as preocupações com a dificuldade de controle
da expansão urbana em áreas de interesse ambiental, e expõe sua visão sobre o Plano
Diretor como um elemento normativo definidor do que se pode ocupar e o que não se pode
ocupar.
Para reforçar seus argumentos, Brasiliano Vito Fico (SMAC) apresenta relatos
jornalísticos de eventos climáticos extremos ocorridos nos últimos quarenta anos, que
causaram grande prejuízo à população com alagamentos e deslizamentos. Pontua que os
altos investimentos em intervenções para mitigar os efeitos dos referidos eventos não se
mostraram suficientes, o que ficou evidente pelos transtornos decorrentes das chuvas de
2019 e do início de 2020, exemplificando com o caso da Praça da Bandeira, onde o
investimento com o reservatório para a retenção da água da chuva não evitou a ocorrência
de novos alagamentos. Rememora também o dever do poder público de defender e
proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado, registrado no artigo 225 da
Constituição Federal de 1988:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
(...)”.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) inicia a apresentação da proposta de delimitação da
macrozona de proteção e qualificação ambiental, pontuando considerações conceituais.
Destaca que esta macrozona se caracteriza por abranger um território ambientalmente
valioso devido à significativa biodiversidade, aos serviços ambientais essenciais que
fornecem à cidade para a sustentação da vida das gerações presentes e futuras, incluindo
a regulação climática, e às suas características peculiares geológicas e geotécnicas,
demandando cuidados especiais para sua proteção e conservação.
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Brasiliano Vito Fico (SMAC) informa ainda que esta macrozona contém
remanescentes florestais significativos em diversos estágios sucessionais que contribuem
para a manutenção da biodiversidade, conservação dos solos e manutenção dos recursos
hídricos superficiais e subterrâneos. Argumenta que a referida macrozona admite em
significativa porção a ocupação urbana controlada e sustentável, bem como atividades
econômicas de baixo impacto. Observa que as áreas de produção agrícola são
incentivadas para a produção de alimentos e para a conservação de alguns dos serviços
ambientais. Acrescenta que esta macrozona fornece defesa natural à cidade contra os
efeitos dos eventos meteorológicos de grande intensidade, causadores de alagamentos,
escorregamentos e danos à vida e ao patrimônio.
De forma a explicitar os componentes desta macrozona, Brasiliano Vito Fico
(SMAC) apresenta um detalhamento das áreas que compõem a macrozona de proteção e
qualificação ambiental, por ele identificadas como macroáreas, a partir de mapas digitais
depositados no Sistema de Informações Urbanas (SIURB) com as camadas formadoras de
cada macroárea.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) apresenta a Macroárea de Proteção Integral, cujos
componentes são as Unidades de Conservação de Proteção Integral (Parques Naturais,
Reserva Biológica e Monumentos Naturais). A diretriz desta macroárea é a permissão da
gestão dos espaços protegidos por unidades de conservação de proteção integral,
garantindo a conservação dos atributos naturais que motivaram a sua criação. Informa que
esta macroárea é composta por áreas, via de regra, em excelente estado de conservação,
abrigando rica biodiversidade, remanescentes de Mata Atlântica em diferentes estágios de
regeneração e ecossistemas associados, nascentes e cursos d’água preservados,
elementos que permitem a qualidade e segurança ambiental e geotécnica dos
assentamentos do entorno.
A segunda macroárea apresentada por Brasiliano Vito Fico (SMAC) foi a
Macroárea de Preservação Permanente, composta por Áreas de Preservação Permanente
(APPs) definidas pela Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei Federal nº 12.651, de 25
de maio de 2012) que incluem: margens dos cursos d’água, nascentes, topos de morro,
encostas com declividades acima de 45 graus, vegetação nativa de restingas e
manguezais. Observa que esta macroárea inclui ainda as áreas de vargens alagadas, os
fragmentos de Floresta Ombrófila Densa não protegidos pela legislação, em estágio médio
e avançado de regeneração, as lagunas costeiras e sua faixa marginal de proteção e as
Zonas de Vida Silvestre de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (APAs e
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APARUs). As diretrizes desta macroárea são:
Manter sem ocupação as APPs com ou sem vegetação nativa, preservando os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade;
Facilitar o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar da população;
Atenuar o efeito das “ilhas de calor” das áreas intensamente urbanizadas;
Favorecer o turismo ecológico como força de atração de recursos e gerador de
postos de trabalho;
Proteger fragmentos florestais que, por razões diversas, ainda não possuem
instrumentos de proteção como APPs ou Unidades de Conservação. Segundo
a Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 (Lei da Mata Atlântica), no
seu artigo 11, o corte e a supressão de vegetação nos estágios avançado e
médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados quando a
vegetação: a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de
extinção e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência
dessas espécies; b) exercer a função de proteção de mananciais ou de
prevenção e controle de erosão; c) proteger o entorno das unidades de
conservação, dentre outras restrições.
A terceira macroárea apresentada por Brasiliano Vito Fico (SMAC) foi a Macroárea
de Uso Sustentável, composta por Unidades de Conservação de Uso Sustentável (APAs e
APARUs), excetuando as suas zonas de vida silvestre, quando existentes, já incorporadas
na macroárea anterior. As diretrizes sugeridas são: a garantia da a proteção dos atributos
naturais que motivaram a criação da UC, bem como a ambiência das populações que nela
habitam; e a formulação de políticas ambientais e planos de manejo que garantam a
biodiversidade e as características naturais da unidade em conjunto com a ocupação
humana, de forma sustentável.
A quarta macroárea apresentada por Brasiliano Vito Fico (SMAC) foi a Macroárea
de Controle e Qualificação Ambiental, cujos componentes são as áreas de Relevante
Interesse Ambiental (ARIAs) para criação de futuras Unidades de Conservação, conforme
definidas pela SMAC; as Zonas de Amortecimento de Unidades de Conservação Federais,
Estaduais e Municipais); as Áreas de Reserva de Arborização (ARAs) e o Aquífero
Guaratiba, situado na Região Administrativa de mesmo nome. As diretrizes desta
macroárea são:
Garantir a proteção definitiva de remanescentes vegetais de Mata Atlântica e
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seus ecossistemas associados através da criação de Unidades de
Conservação (UCs). Nestas áreas não será permitida a alteração dos
parâmetros de ocupação e proteção até a criação da Unidade e a edição do
seu respectivo Plano de Manejo.
Gerir os espaços definidos como franjas das UCs de Proteção Integral,
controlando a ocupação irregular, a expansão urbana, a integridade dos
espaços protegidos, mantendo ou reduzindo os parâmetros urbanísticos de
ocupação do solo.
Proteger as fontes de águas subsuperficiais e subterrâneas contidas no
Aquífero Guaratiba, mantendo sob controle a ocupação de seu perímetro e
evitando o seu esgotamento ou poluição.
Propiciar a conexão dos grandes remanescentes vegetais através da criação
de corredores verdes.
Utilizar os próprios municipais já definidos como Reservas de Arborização, por
ocasião de grandes parcelamentos, em projetos de criação de novas áreas
verdes, como praças, parques urbanos e reflorestamentos.
A quinta macroárea apresentada por Brasiliano Vito Fico (SMAC) foi a Macroárea
de Estruturação de Projetos Ambientais, cujos componentes são as Zonas Agrícolas de
Projetos de Estruturação Urbana (PEUs); as Áreas de Uso Agrícola e Pastoril constantes
do mapeamento de uso do solo e cobertura vegetal da cidade e as áreas de
Reflorestamentos. As diretrizes desta macroárea são:
Permitir a permanência e expansão da atividade agrícola e pastoril sustentável
como parceira da conservação da natureza, os solos, a água e a
biodiversidade;
Favorecer a segurança alimentar da cidade através do abastecimento contínuo
de bens agrícolas produzidos no território municipal;
Fortalecer a gestão participativa do solo urbano, com a formação e
manutenção de redes cariocas de produtores de alimentos;
Garantir o estoque de áreas produtivas que impeçam a expansão urbana e a
impermeabilização dos solos;
Garantir a manutenção e ampliação dos plantios de florestas nativas por
regime de Mutirão ou de contratações.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) encerra sua apresentação e Monica Bahia Schlee
(SMU/SUBU/CGPP/GM) abre espaço para as perguntas. A primeira rodada de perguntas
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teve as inscrições dos participantes Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra), Jacqueline
Guerreiro (Subcomitê Oeste/CBH-BG), Henrique Torres (CET-RIO), Julio Sampaio
(ICOMOS), Manoel Ribeiro (IAB), Giovanna Berti (CMDR), Luís Peruci (IPP/CTPE).
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) pergunta se as proposições e
encaminhamentos feitos pelo Grupo de Interlocutores serão apresentados a título de
subsídio ou se sua inclusão no Plano Diretor será deliberada por este coletivo por meio de
votação. Relembrando algumas das observações e sugestões feitas em reuniões
passadas, destaca as de Pedro da Luz (IAB), sobre as escalas de planejamento
(macrozonas, mesozonas, macroáreas e zonas), e de João Pedro, a respeito da região das
Vargens, sobre a diferença entre proibir a ocupação estabelecendo exceções e permitir a
ocupação, estabelecendo exceções. Pergunta se essas foram levadas em consideração.
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) reafirma sua posição, explicitada em reuniões
passadas, sobre a necessidade das matérias de uso e ocupação do solo, abrangendo
inclusive o zoneamento e o parcelamento do solo, serem tratadas no Plano Diretor,
comentando que essa posição é comungada por outros participantes do Grupo de
Interlocutores. Considera que a situação que ainda persiste atualmente, no qual o
planejamento urbano estabelecido em 2011 convive com a aplicação de dispositivos
normativos de uso e ocupação do solo da década de 1970, compromete a eficácia do
ordenamento territorial estabelecido. Questiona também se o uso e o controle de uso do
solo deveriam ser tratados como política setorial, sendo estes temas transversais, segundo
sua visão.
Fazendo uma ponte com o tópico abordado por Brasiliano Vito Fico (SMAC) em
relação aos piscinões, Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) pondera que, se o Plano
Diretor não estabelecer o regime jurídico do uso, parcelamento e ocupação do solo, ele não
estabelecerá todos os índices necessários para ocupação do território, entre os quais a
efetiva aplicação dos índice de permeabilidade para otimizar o investimento em obras
relativas à drenagem.
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra), referindo-se à Macrozona de Requalificação
e Desenvolvimento, argumenta pela necessidade de mapeamento dos bens imóveis vagos
como um instrumento de arrecadação. Informa que a legislação vigente permite o uso
deste instrumento por parte do poder público e menciona alguns logradouros (na Avenida
Venezuela, por exemplo), no Centro da Cidade, onde imóveis abandonados poderiam ser
arrecadados visando o interesse social. Observa que a atual gestão municipal montou um
grupo de trabalho (GT) para tratar deste assunto em 2017 e pergunta quais foram os
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desdobramentos.
Bruna Miceli (SMU/SUBU/CGPP/GM informa que, de acordo com a proposta
apresentada, o Centro não está inserido na Macrozona de Requalificação e
Desenvolvimento, mas na Macrozona de Controle Urbano. Vinícius Monte Custodio (OAB-
Barra) expressa que mesmo estando em outra macrozona, este instrumento deve ser
utilizado.
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) observa que as favelas e demais áreas de
ocupação irregular localizadas na Macrozona de Controle Urbano, como a Rocinha e o
Vidigal, por exemplo, precisam ser consideradas com cuidado e atenção especial, pois
também são áreas que apresentam grande contingente de população abaixo da linha de
pobreza e extrema pobreza.
Em relação às Áreas de Proteção Ambiental e Recuperação Urbanas – APARUs,
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) informa que esta figura de proteção estabelecida no
Plano Diretor de 1992 não foi recepcionada pela legislação federal na lei que institui o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, Lei Federal nº 9.985/2000).
Citando o artigo 55 da referida lei e o artigo do decreto que o regulamentou, argumenta que
as unidades de conservação e áreas protegidas que não pertençam às categorias previstas
nesta lei devem ser reavaliadas por ato normativo pelo órgão que as propôs, com base na
categoria e função para as quais foram criadas:
“Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base
nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta
Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até dois anos, com o
objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para as
quais foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta Lei.”
O Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002 regulamentou artigos da Lei nº
9.985/2000, inclusive o Art. 55:
“Art. 40. A reavaliação de unidade de conservação prevista no art. 55 da Lei
no 9.985, de 2000, será feita mediante ato normativo do mesmo nível
hierárquico que a criou.
Parágrafo único. O ato normativo de reavaliação será proposto pelo órgão
executor.”
Desta forma, Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) considera complicado o poder
público municipal continuar trabalhando com uma figura de proteção ambiental que não
está contemplada na Lei Federal, pois não se sabe o regime jurídico da mesma, e
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Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
acrescenta que o Plano Diretor de 2011 não cita a APARU.
Monica Bahia Schlee Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) pede a palavra e informa que
o Plano Diretor de 2011 considerou a APARU como uma das categorias de Unidades de
Conservação de Uso Sustentável. Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) considera que,
mesmo estando incluída no Plano Diretor em vigor, é necessário observar o que a lei
federal comanda.
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) retoma a questão dos piscinões e da taxa de
permeabilidade, e pergunta se a Prefeitura possui comparativos entre gastos com piscinões
e gastos com asfalto permeável, se isto já foi colocado em análise. Observa mais uma vez
que o Plano Diretor, ao não abordar todos os índices de ocupação urbana, se torna incapaz
de atuar na resolução dos problemas relacionados, por exemplo, aos eventos extremos,
inclusive aos associados com o fenômeno das mudanças climáticas.
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) reafirma que o Plano Diretor não deve
abordar apenas a escala do Macrozoneamento, mas também o zoneamento e o
parcelamento do solo, como matérias fundamentais, trazendo todo o regimento básico. Os
Planos de Estruturação Urbana – PEUs, por sua vez, devem abordar as excepcionalidades,
naquilo que for necessário, visando um planejamento mais direcionado.
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) direciona a última pergunta a Brasiliano Vito
Fico (SMAC), sobre a forma como a SMAC está concebendo a implantação de corredores
verdes nas áreas de ocupação, nos pontos sob o domínio privado, ou seja, se estão
pensando em servidão ambiental, desapropriação, ou outra forma de implementação.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) responde a Vinícius Monte Custodio
(OAB-Barra) que este forum é de caráter consultivo, como foi definido no regimento interno
do Grupo de Interlocutores para a Revisão do Plano Diretor, disponibilizado a todos nas
primeiras reuniões. Dessa forma, não haverá votações. Os diálogos com sugestões e
críticas e sobretudo os encaminhamentos feitos pelos membros do grupo são todos
registrados nas atas e disponibilizados na Plataforma do Plano Diretor e na página da
Secretaria Municipal de Urbanismo no site da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e
servirão de subsídio e base para o processo de elaboração do Plano Diretor.
Em relação às contribuições e sugestões que vêm sendo feitas pelo Grupo de
Interlocutores, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) observa que as observações
de Pedro da Luz quanto às escalas de planejamento foram acatadas e a denominação de
macroáreas foi substituída por mesozonas de modo a evitar confusões com os demais
recortes territoriais denominados como áreas (Áreas de Planejamento, Áreas de Especial
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Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
Interesse, etc),
A respeito da região de Vargens, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM)
explica que esta região está no cerne das discussões sobre a preservação das áreas
úmidas na cidade, em face à pressão urbana que vem sofrendo. E que, apesar dos estudos
realizados, a SMAC ainda não criou uma unidade de conservação na região. Avalia que a
maioria das áreas indicadas para proteção e mapeadas pela SMAC já estão incluídas na
proposta de Macrozoneamento apresentada pela Secretaria Municipal de Urbanismo
(SMU), com exceção da APARU da Serra da Misericórdia e das áreas que, apesar de
estudadas pela SMAC para criação de unidades de conservação, ainda não foram
protegidas pela legislação municipal.
Mônica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) menciona a questão do não
reconhecimento das APARUs no SNUC, exposta por Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra),
e analisa alguns aspectos da APARU da Serra da Misericórdia, como existência de
fragmentos de cobertura vegetal acima da cota 100m, existência de um complexo de
favelas, e a ocupação urbana consolidada dentro dos limites da UC.
Em relação ao questionamento sobre a Política de Uso e Ocupação do Solo,
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) responde a Vinícius Monte Custodio (OAB-
Barra) que o tratamento transversal dado nesta revisão à Política Urbana, que abrange e é
complementada pelas Políticas Setoriais, que incluem a Política de Uso e Ocupação do
Solo, não significa a exclusão desta última como tema tranversal do ponto de vista do
ordenamento territorial, tal como ocorreu no Plano Diretor de 2011. Informa que no Plano
Diretor de 2011 não houve a inclusão dos objetivos e diretrizes da Política de Uso e
Ocupação do Solo e esta lacuna pode ter influenciado a falta de articulação entre os
objetivos e diretrizes da Política Urbana como um todo e sua implementação através da
aplicação de instrumentos e índices de aproveitamento, por exemplo. No que tange a
absorção da escala de zoneamento no Plano Diretor, argumenta que esta é uma tarefa
desafiadora e sujeita a conflitos de visões e interesses, considerando a complexidade da
cidade, os recursos humanos disponíveis e a perspectiva indefinida de um ano eleitoral.
Observa que até o presente momento, a inclusão do zoneamento, assim como do
parcelamento do solo, no Plano Diretor não estão previstas. Acrescenta que há uma
proposta de Lei de Parcelamento do Solo em tramitação na Câmara de Vereadores (PLC
56/2018).
Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) pede a palavra e informa que publicou um
parecer jurídico na Revista Brasileira de Direito Urbanístico sobre o PLC 29/2013. Monica
Comitê Técnico Permanente de Acompanhamento do
Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) solicita o encaminhamento do parecer à SMU.
No que tange aos bens imóveis em estado de vacância, Monica Bahia Schlee
(SMU/SUBU/CGPP/GM) informa que a SMU não possui um levantamento atualizado sobre
todo o território municipal, mas que a Prefeitura conta com um Sistema de Gestão de
Terrenos e Próprios Municipais, trabalho iniciado pela RIOURBE com apoio do IPP, e com
base nesse levantamento, e em outras duas fontes de informação, a SMU realizou dois
estudos em 2016 para identificação de áreas prioritárias para implantação de habitação de
interesse social e para implantação de equipamentos urbanos, em torno das principais
centralidades e ao longo dos principais eixos de transporte da cidade.
Mariana Barroso (U/SUBU/CGPP) pede a palavra e informa sobre um grupo de
trabalho coordenado pela Prefeitura em 2017, que reuniu diversos órgãos municipais, como
a Procuradoria Geral do município (PGM), a Secretaria Municipal de Habitação (SMH), a
Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade
(IRPH), e contou também com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE. Este GT se debruçou sobre a questão dos imóveis abandonados no
centro, mapeou os imóveis vazios e elaborou um diagnóstico e propostas de
encaminhamento, inclusive com indicação de instrumentos passíveis de aplicação, com
destaque para a arrecadação de imóveis. Menciona que o SEBRAE analisou algumas
áreas específicas, mais delicadas, identificando que nem sempre o problema se refere à
legislação de uso do solo, em alguns casos, é necessária uma ação direta de intervenção
no espaço urbano. Lamenta que não houve prosseguimento a esta iniciativa.
Em relação às favelas, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) reitera que
estas são elementos característicos do espaço urbano carioca e que têm sido considerados
nesta revisão, inclusive nas discussões sobre o macroordenamento territorial, como
demonstrado hoje nos mapas apresentados e na discussão sobre a inclusão ou não da
APARU da Serra da Misericórdia na Macrozona de Proteção e Qualificação Ambiental.
Concorda com a necessidade de avaliação criteriosa das diferenças entre as favelas nas
áreas mais centrais e infraestruturadas em relação às demais favelas da cidade, no que
tange ao nível de consolidação da urbanização, existência de infraestrutura e percentual de
domicílios em situação de pobreza. Esclarece que, ao destacar a situação de pobreza e
extrema pobreza que se espraia na AP3 e na AP5, não significa negligenciar a situação
das favelas nas APs 2 e 4 ou no Centro, mas reconhecer que, há territórios muito mais
vulneráveis, que não têm acesso à infraestrututra básica. Observa que isso acontece
inclusive dentro dos grandes complexos de favelas como a Rocinha e o Vidigal,
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Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
argumentando que as favelas, tais como as cidades, não são territórios homogêneos e as
edificações localizadas em suas franjas, quanto mais afastadas dos logradouros que lhes
dão acesso, mais estão sujeitas a situações de extrema precariedade.
No que diz respeito aos corredores verdes, Monica Bahia Schlee
(SMU/SUBU/CGPP/GM) cita o trabalho em andamento pela Casa Civil (CVL) para
definição dos corredores numa escala de maior detalhe para o Plano de Desenvolvimento
Sustentável.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) responde a Vinícius Monte Custodio (OAB-Barra) que
ele não possui segurança de opinar se todos os parâmetros referentes ao uso e ocupação
do solo devem ser incluídos no texto do Plano Diretor ou se estes devem ser definidos na
Lei de Uso e Ocupação do Solo ou em legislações específicas. Entretanto, considera que
os parâmetros relativos à permeabilidade do solo e ao índice de aproveitamento dos
terrenos poderiam, tal como feito em São Paulo. Menciona não possuir opinião formada em
relação à base territorial (bairros, bacias hidrográficas ou outros recortes territoriais) em
que estes devem ser instituídos.
Jacqueline Guerreiro (Subcomitê Oeste/CBH-BG) informa que sua fala se dará em
dois eixos. O primeiro eixo será o das lutas sociais. Considera que é muito interessante a
formatação das macrozonas de proteção, na dimensão dos ecossistemas com potencial
para proteção, e de transição, à qual considera que devem pertencer as áreas agrícolas e
demais áreas de valor ambiental local, para o estabelecimento do diálogo entre a equipe de
revisão do Plano Diretor com os movimentos de luta social nos territórios, relacionados à
questão ambiental e agrícola. Menciona como exemplo a Floresta de Camboatá. Segundo
Jacqueline, abre-se a oportunidade de diálogo com as lutas sociais, mas esse diálogo
precisa ser sistematizado, concretizado para além deste Grupo de Interlocutores, que
apesar de ser um espaço muito interessante de promoção democrática, não atenderá a
demanda de discussão com os movimentos sociais que necessita de muito mais tempo
para ser configurado. Pergunta de que forma os agricultores familiares, que estão inseridos
dentro destas lutas, mas que não estão situados apenas nos espaços apresentados pela
Prefeitura como áreas agrícolas, vão poder ser identificados e fortalecidos neste Plano
Diretor. Ressalta que a luta pela agricultura familiar também existe na Áreas de
Planejamento 3 e 4.
Sobre o segundo eixo, relativo ao apoio à revisão do Plano Diretor e também aos
estudos apresentados pela SMAC, Jacqueline Guerreiro (Subcomitê Oeste/CBH-BG)
informa que o Subcomitê Oeste/CBH-BG aprovou um GT de acompanhamento da revisão
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Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
do Plano Diretor e que o Comitê da Baia de Guanabara dispõe de recursos para
macroprogramas que têm interface com a discussão apresentada na presente reunião, um
deles para a revisão do Plano de Saneamento, que já está sendo discutido com a
Fundação Rio-Aguas, e o outro, referente à implantação de projetos de infraestrutura
verde. Informa que o Comitê da Baia de Guanabara possui também um macroprograma de
apoio à pesquisa para estudantes, em níveis de extensão, mestrado, doutorado e pós
doutorado, que poderia ser utilizado para apoiar estudos sobre a conservação e a gestão
de algumas das referidas áreas protegidas.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) responde a Jacqueline Guerreiro
(Subcomitê Oeste/CBH-BG) concordando com a importância estratégica da agricultura
urbana, sobretudo tendo em vista o perigo de desabastecimento a que esta está sujeita em
virtude de eventos como a greve dos caminhoneiros ocorrida em 2018, e sobre a sua
localização em áreas da cidade além das reconhecidas como áreas agrícolas no
mapeamento do uso do solo e do zoneamento, expondo que a promoção de atividades
como a agricultura agroecológica faz parte do ideário da cidade multifuncional, saudável e
resiliente. Acrescenta que na Macrozona de Ocupação Direcionada também há a
intencionalidade de promoção de atividades agrícolas de maior porte e que possibilite a
produção de alimentos em maior escala. Por fim, parabeniza o Sub-comitê Oeste do
Comitê da Bacia da Baía da Guanabara pelo engajamento na discussão sobre a revisão do
Plano Diretor e agradece o oferecimento de apoio.
Mariana Barroso (SMU /SUBU/CGPP) pede a palavra e destaca a necessidade de
previsão destas atividades agrícolas no quadro de usos e atividades.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) retoma o tema do fortalecimento da participação
popular e a importância do tema da agricultura urbana como elemento de discussão entre a
prefeitura e a população. Aponta o desafio de atendimento aos produtores agrícolas que
estão fragmentados no espaço urbano, de como viabilizar economicamente sua produção
por parte do poder municipal. Felicita o o Sub-comitê Oeste do Comitê da Bacia da Baía da
Guanabara por colocar o Plano Diretor em sua pauta e considera importante que este
Comitê participe das discussões do Plano Diretor.
Henrique Torres (CET-RIO) aborda a questão da impermeabilização do solo urbano,
expressando sua preocupação com os projetos viários, afirmando que estes são os
maiores causadores de impermeabilização do solo, em conjunto com as edificações, o que
demanda o tratamento criterioso desta questão, em especial o desenho das vias, a
implantação e a manutenção da arborização e a criação de áreas permeáveis na cidade.
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Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
Henrique Torres (CET-RIO) argumenta que mesmo não sendo objeto da apresentação
realizada por Brasiliano Vito Fico (SMAC), gostaria de saber a posição da SMAC sobre
como a mobilidade afeta o meio ambiente, a saúde das pessoas, com a produção de gases
poluentes, incluindo os Gases do Efeito Estufa (GEEs) que vão acentuar as mudanças
climáticas, assim como a formação de ilhas de calor e a poluição local. Questiona como
está sendo feita a medição deste tipo de poluição – poluição local – que afeta diretamente
a saúde das pessoas.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) responde a Henrique Torres (CET-RIO) que considera
importante repensar os projetos viários e de drenagem, e que há divergências entre as
legislações federal e municipal em relação a questões de drenagem urbana e à faixa de
proteção dos corpos hídricos. Informa o esforço da SMAC na luta pela readequação de
projetos viários com adequações na drenagem, previsão de arborização e preservação
ambiental. Sobre os Gases de Efeito Estufa, informa que a SMAC tem um projeto de
monitoramento. Destaca ainda os problemas das intervenções de drenagem na região das
Vargens, com efeitos na estabilidade geomorfológica. No que concerne aos impactos da
poluição, Brasiliano Vito Fico (SMAC) expõe a necessidade de realização e
compatibilização de um grande conjunto de ações a serem desenvolvidas, desde o projeto
viário em si, a racionalização dos transportes, a manutenção de áreas verdes e sua
ampliação, assim como o estímulo ao transporte ativo. Sobre o Plano Diretor, volta a frisar
que considera fundamental que as diretrizes das Macrozonas de Proteção e Qualificação
sejam aplicadas de forma assertiva, criando zonas de qualificação e recuperação
ambiental, sobretudo nas áreas ambientalmente frágeis como o caso das Vargens.
Considera que nada impede que a Lei de Uso do Solo forneça uma proteção adicional
sobre as áreas frágeis, mas, é preciso gravar essas restrições no Plano Diretor.
Monica Bahia (SMU/SUBU/CGPP/GM) complementa a resposta lembrando sobre a
importância de se promover a arborização urbana no território carioca, sobretudo na Área
de Planejamento 3 (AP3) e em torno dos corredores de transporte. Neste sentido, observa
a necessidade da implementação do Plano Municipal da Arborização por áreas prioritárias.
Julio Sampaio (ICOMOS) aborda a questão da conservação das Áreas de Proteção
do Ambiente Cultural – APACs. Considera crucial expandir a questão da conservação do
patrimônio cultural em relação ao uso dos bens e áreas com atributos culturais por parte da
população socialmente vulnerável, em especial àquelas localizadas nas áreas centrais da
cidade, como a APAC do SAGAS, a APAC da Cidade Nova, Catumbi e parte de São
Cristóvão. Expõe sua preocupação com os processos de gentrificação destas áreas a
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Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
medio e longo prazos. Considera que os instrumentos de proteção e conservação devem
estabelecer parâmetros similares aos das Áreas de Especial Interesse Social, com o
objetivo de buscar mitigar o processo de gentrificação que poderá ocorrer nestas áreas.
Julio Sampaio (ICOMOS) aborda também a questão do esvaziamento e
subutilização dos imóveis e a necessidade de prover nestes instrumentos oportunidades de
requalificação e reutilização, sobretudo na área do Corredor Cultural, em torno do Colégio
São Bento e também em São Cristóvão e em outras áreas centrais. Informa que a literatura
de proteção do patrimônio cultural indica que a melhor forma de proteger é a utilização,
desde que seja feita com parâmetros urbanísticos e edilícios compatíveis com as
características do legado protegido. Afirma que o conjunto das APACs da área central da
cidade abrange o maior conjunto arquitetônico protegido da virada do século XIX para o
século XX, com cerca de 6.000 edificações protegidas e que é preciso superar o mito de
que, ao se proteger, se congela. Argumenta que é preciso mudar este paradigma para uma
visão de uso sutentável, dentro de parâmetros apropriados à natureza destas áreas
protegidas.
Respondendo a Julio Sampaio (ICOMOS), Monica Bahia Schlee
(SMU/SUBU/CGPP/GM) concorda com a importância de garantir o uso compatível com as
diretrizes de preservação dos bens e áreas protegidas devido aos atributos culturais, seja
na Macrozona de Controle, ou na Macrozona de Proteção e Qualificação, por exemplo.
Giovanna Berti (CMDR) contrapõe a noção vigente de que a atividade agrícola
ocorre apenas nas zonas destinadas a esse uso. Argumenta que os movimentos populares
de agricultura urbana demonstram que a agricultura não está restrita a zonas, sendo
realizada nos quintais, nas varandas, nas favelas, nas praças e nos terrenos baldios.
Afirma que a produção de alimento deve ter protagonismo no planejamento urbano, devido
a razões intrísecas à manutenção da vida nas cidades, mas também pelos benefícios
ambientais que possibilita, como a melhoria dos níveis de permeabilidade do solo.
Giovanna Berti (CMDR) relembra que uma das recomendações no Pacto de Milão indica a
prioridade para transformação de terras públicas ociosas em áreas de agricultura urbana.
Observa que existem movimentos de agricultura urbana na APARU da Serra da
Misericórdia e questiona se estes estão sendo considerados. Destaca a ausência de
ciclovias ao longo dos novos corredores de transporte e pergunta o motivo.
Mônica volta a mencionar que as áreas com cobertura vegetal remanescentes na
APARU da Serra da Misericórdia foram incluídas na Macrozona de Proteção e Qualificação
Ambiental e solicita a Giovanna Berti (CMDR) o mapeamento das áreas agrícolas em uso
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pelo movimentos movimentos de agricultura urbana neste território de modo a verificar se
estas foram inseridas. Sobre a recomendação do Pacto de Milão, Monica Bahia Schlee
(SMU/SUBU/CGPP/GM) volta a mencionar os levantamentos de imóveis já citados e a
existência do Sistema de Gestão de Terrenos e Próprios Municipais, mas argumenta em
prol da necessidade de um planejamento e gestão conjugados das demandas setoriais
sociais sobre essas áreas. Advoga que estas áreas são objeto de demanda também para
outras ações sociais importantes, como a implantação de equipamentos de saúde,
assistência social, educação e até de espaços de lazer e recreação. Daí a importância
estratégica de se pensar a destinação em conjunto. Sobre a indicação da necessidade de
ampliação das ciclovias, em especial ao longo dos corredores de transporte, Monica Bahia
Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) afirma que registrará esta contribuição na seção de
encaminhamentos.
Mariana Barroso (U/SUBU/CGPP) pede a palavra e analisa os trabalhos realizados
pela SMU e pela SMAC, destacando as duas escalas de macroordenamento apresentadas.
Observa que a SMU ainda não finalizou uma proposta de mesozoneamento (também
chamada de macroáreas na apresentação feita pela SMAC, de acordo com o modelo de
macroordenamento de São Paulo). Mariana Barroso (U/SUBU/CGPP) explica que, no
entendimento da SMU, outras áreas ambientalmente importantes e ou frágeis podem ser
incluídas na mesoescala e que esse detalhamento está sendo discutido com a SMAC.
Ressalta que outras secretarias foram convidas a participar das reuniões para discussão do
macroordenamento territorial e a SMAC foi a primeira a apresentar sua proposta.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) complementa que os demais órgãos
estão com muitas demandas e que não puderam participar deste início de proposição de
macroordenamento, mas se integrarão à discussão nas próximas reuniões.
Mariana Barroso (U/SUBU/CGPP) reitera a preocupação da SMU na efetivação da
proteção ambiental, citando o exemplo da APP das margens de rios, que juridicamente não
deveriam estar ocupadas, mas na prática o cenário é outro. Questiona quais instrumentos
seriam efetivos para garantir a proteção destas áreas. Informa que tanto a APARU da Serra
da Misericórdia como a a APA dos Pretos Forros foram instituídas em 2000, e questiona
em que medida a demarcação destas áreas como áreas de proteção contribuiu para
proteger estas áreas da vulnerabilidade ambiental e social desde então.
Cristina Lodi (SMC) parabeniza o esforço de promoção da participação popular na
revisão do Plano, com o encaminhamento das contribuições deste fórum, mas considera
que ainda há duas questões a serem definidas: uma, a respeito das Áreas de Proteção do
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Ambiente Cultural, a outra, dos territórios sociais. Relativo à primeira questão, entende as
possíveis polêmicas em relação à inclusão das mesmas na Macrozona de Proteção e
Qualificação, mas reforça o papel do patrimônio cultural e ambiental na promoção da
paisagem carioca como Patrimônio da Humanidade, insistindo que é preciso avançar nesta
discussão, igualando os cuidados com a proteção ao patrimônio cultural aos cuidados com
a proteção do patrimônio natural. Para isso, sugere enquadrar os conjuntos protegidos
devidos aos seus atributos culturais localizados dentro dos limites e nas proximidades das
unidades de conservação ambiental na Macrozona de Proteção e Qualificação Ambiental.
Considera que esta inclusão perpassa também a questão da terminologia, pois esta é
importante inclusive para aplicação de instrumentos. Desta forma, opina que a
denominação desta macrozona deveria ser alterada para Macrozona de Proteção e
Qualificação ou Macrozona de Proteção e Qualificação Ambiental e Cultural.
Em relação à segunda questão, Cristina Lodi (SMC) menciona a importância de se
considerar os territórios sociais, expondo que a cidade que queremos, aquela que é a
Capital Mundial da Arquitetura, e que dispõe de representações de todos os elementos da
arquitetura valorizados mundialmente, que inclui exemplares da arquitetura excepcional e
da aquitetura moderna, por exemplo, também inclui a arquitetura das favelas. Considera
que as favelas sejam a uma prioridade na revisão do Plano Diretor, de forma a possibilitar o
desenvolvimento efetivo do território municipal.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) informa que as favelas estão sendo
consideradas, assim como os loteamentos irregulares e clandestinos, tanto no Diagnóstico
Intersetorial Integrado, como tem sido considerados nos estudos feitos para a revisão do
Plano Diretor, assim o foram nos mapas apresentados na reunião de hoje. Considera ainda
que estas áreas poderão ser melhor visualizadas na escala das mesozonas.
Cristina Lodi (SMC) observa que esta visualização deve ser feita já na escala das
macrozonas, considerando que esta escala é a mais visada na leitura do Plano Diretor.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) observa que os denominados
territórios sociais são áreas que permeiam toda a malha urbana e estão presentes tanto
nas favelas e loteamentos irregulares como em outras áreas da cidade. Volta a mencionar
a importância de se considerar as favelas como territórios heterogêneos que são,
observando também a característica particular da segregação social no Rio de Janeiro, que
ocorre conjugada à proximidade espacial com os territórios formais. Desta forma,
argumenta pela importância de se promover a implentação e a revitalização dos espaços
livres públicos como elementos de coesão social.
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Manoel Ribeiro (IAB) comenta sobre a necessidade de tornar mais claro o papel da
cidade no contexto internacional no Plano Diretor, ou seja, estabelecer no planejamento
urbano metas e mecanismos para estimular as potencialidades da Cidade e sustentar o
seu desenvolvimento econômico, que permitirá garantir a fiscalidade necessária para a
manutenção das demais políticas setoriais. Dessa forma, expressa a necessidade de
discussão do papel da cidade produtiva para viabilização da cidade social.
Luís Peruci (IPP/CTPE) comenta a exposição de Brasiliano Vito Fico (SMAC) sobre
as interrelações entre proteção ambiental, manutenção dos serviços ambientais e
segurança ambiental da população, advogando que ao seu ver, a desigualdade social é o
problema principal da cidade. Afirma que o meio ambiente está dado e que o grande
objetivo do Plano Diretor é promover a eqüidade social e não somente a preservação do
patrimônio natural.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) discorda veementemente da afirmação de que o meio
ambiente estar dado.
Luís Peruci (IPP/CTPE) considera que o enfrentamento da desigualdade social não
está no mesmo patamar de cuidado por parte do poder público.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) questiona se a cidade está preparada para os eventos
climáticos extremos que enfrentamos regularmente e sua acentuação com o acirramento
das mudanças climáticas.
Luís Peruci (IPP/CTPE) menciona que o sistema de piscinões e de represas datam
do Plano Agache, elaborado na década de 1930 do século XX.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) questiona a efetividade das intervenções de engenharia
levadas a cabo na cidade em face à intensidade dos eventos climáticos extremos.
João Pedro Rocha (ITDP/AMAVAG/APP Vargens) sugere que a diretriz de
fortalecimento dos subcentros em torno dos eixos de transportes, definida para a
Macrozona de Ocupação Direcionada, deveria ser uma diretriz geral para as demais
macrozonas de ocupação também.
João Pedro Rocha (ITDP/AMAVAG/APP Vargens) questiona o por quê dos bairros
do Centro e Glória não estarem enquadrados na Macrozona de Requalificação e
Desenvolvimento, mas na de Controle Urbano. Argumenta que esta região ainda apresenta
potencial para desenvolvimento imobiliário e considera que faria mais sentido se estiverem
inseridas na Macrozona de Requalificação e Desenvolvimento.
João Pedro Rocha (ITDP/AMAVAG/APP Vargens) observa que um dos objetivos do
Plano Diretor é ajudar a manter a cultura local. Lembra que o Plano Diretor de 1992
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protegeu as Vargens e sua cultura local (seus sítios, sua arquitetura, sua ambiência, etc.),
porém considera que as legislações de uso do solo posteriores ao Plano Diretor de 2011,
direcionadas à região das Vargens, tentaram mudar a cultura local, para reproduzir um
padrão de ocupação à semelhança do padrão Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes
em Vargens.
Eugenia Loureiro (SMU/SUBU/CGPP/GNIU) critica o uso do termo “requalificação”
como denominação de macrozona, considerando-o como uma diretriz a ser espacializada,
pois questiona se todas as áreas da cidade do Rio de Janeiro não necessitam de
requalificação em maior ou menor grau.
Eugenia Loureiro (U/SUBU/CGPP/GNIU) endossa o posicionamento de Luís Peruci
e questiona a polarização da discussão entre o meio ambiente e a área ocupada (e
passível de ocupação) da cidade. Argumenta que o combate à desigualdade deve ser o
foco de atuação do poder público municipal, em todos os âmbitos, incluindo o planejamento
e as proposições normativas. Dessa forma, considera que o debate deve ter sua pauta
ampliada, contendo outros temas relevantes e urgentes para a cidade, como as lutas
sociais pela moradia, entre outros.
Brasiliano Vito Fico (SMAC) considera que a luta ambiental não se dissocia da luta
contra a desigualdade social.
Eugenia Loureiro (U/SUBU/CGPP/GNIU) advoga pela importância de se
encaminhar esse diálogo com a Subsecretaria de Habitação.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) concorda com João Pedro Rocha
(ITDP/AMAVAG/APP Vargens) que a diretriz de fortalecimento dos subcentros em torno
dos eixos de transportes seja uma diretriz geral para a cidade. Observa, entretanto, que
sua ênfase na Macrozona de Ocupação Direcionada se dá pela urgência no controle do
espraiamento urbano, sobretudo na AP5.
Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) relembra à Eugenia Loureiro
(U/SUBU/CGPP/GNIU) e aos demais presentes que a questão da moradia, bem como da
função social da cidade e da proriedade urbana, foram abordadas na segunda e terceira
reuniões do Grupo de Interlocutores, mas que a discussão destes temas não se
encerraram nestas reuniões. Informa que foi feito um contato com a equipe do Programa
Territórios Sociais para a apresentação dos resultados deste trabalho na próxima reunião e
estende o convite à Adriana Lima, representante da Subsecretaria de Habitação, para
apresentação dos estudos e propostas iniciais para elaboração do Plano Municipal de
Habitação pelo órgão.
Comitê Técnico Permanente de Acompanhamento do
Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
Diante do acirramento das discussões em paralelo e a necessidade de se encerrar
a reunião tendo em vista a atividade que será realizada no auditório do IPP a partir das
14:00hs, Monica Bahia Schlee (SMU/SUBU/CGPP/GM) agradece a presença de todos e
encerra a reunião às 13:30h, convidando para o próximo encontro, que será realizado em
11/03/2020.
ENCAMINHAMENTOS DA REUNIÃO DO DIA 11/12/2019:
Conforme estabelecido no artigo 2º do Regimento Interno do Grupo de Interlocutores
para a Revisão do Plano Diretor, os encaminhamentos acordados conjuntamente nesta
instância consultiva auxiliarão no direcionamento do processo de Revisão do Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano Sustentável da Cidade do Rio de Janeiro.
Nesta reunião os encaminhamentos foram os seguintes:
Em linhas gerais, quanto ao alcance e conteúdo do Plano Diretor:
Garantir que o enfrentamento da desigualdade social seja uma das prioridades
do Plano Diretor e que este direcionamento esteja refletido na definição do
macroordenamento territorial.
Considerar os territórios com vulnerabilidade sociail na definição do
macroordenamento territorial.
Discutir o papel da cidade produtiva para viabilização da cidade em termos
sociais.
Estabelecer no planejamento urbano metas e mecanismos para estimular as
potencialidades da Cidade e sustentar o seu desenvolvimento econômico.
Garantir que o Plano Diretor e as legislações de uso do solo respeitem as
características e culturas locais dos bairros.
Considerar a agricultura familiar no planejamento urbano da cidade.
Quanto à estrutura e escopo do Plano Diretor e instrumentos normativos
complementares:
Tratar o uso e o controle de uso do solo como temas transversais do Plano
Diretor.
Incluir o zoneamento urbanístico assim como os índices de ocupação urbana e
demais parâmetros urbanísticos, dentre os quais a taxa de permeabilidade, por
exemplo, na Lei que instituirá o novo Plano Diretor.
Comitê Técnico Permanente de Acompanhamento do
Plano Diretor
Súmula da 7ª Reunião do Grupo de Interlocutores
Rever a proposta da Lei de Parcelamento do Solo em tramitação na Câmara dos
Vereadores à luz das discussões sobre a revisão o Plano Diretor e incluí-la na lei
do Plano Diretor.
Estabelecer a atribuição aos Planos de Estruturação Urbana – PEUs para
abordar características e excepcionalidades locais, com vistas a um
planejamento direcionado.
Revisar as unidades de conservação e áreas protegidas que não pertençam às
categorias previstas na lei 9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC), com base na categoria e função para as
quais foram criadas, por ato normativo do órgao responsável por sua criação e
tutela.
Prever as atividades agrícolas no quadro de usos e atividades no Plano Diretor.
Em relação às macrozonas:
Inserir os bairros do Centro e Glória na Macrozona de Requalificação e
Desenvolvimento.
Reforçar a ideia de que a diretriz de fortalecimento dos subcentros em torno dos
eixos de transportes definida para a Macrozona de Ocupação Direcionada é uma
diretriz geral para as demais macrozonas de ocupação.
Atualizar o mapeamento dos bens imóveis em estado de vacância a partir das
fontes disponíveis.
Alterar a denominação da Macrozona de Proteção e Qualificação Ambiental para
Macrozona de Proteção e Qualificação ou Macrozona de Proteção e
Qualificação Ambiental e Cultural.
Enquadrar os conjuntos protegidos devidos aos seus atributos culturais
localizados dentro dos limites e nas proximidades das unidades de conservação
ambiental na Macrozona de Proteção e Qualificação.
Incluir a região das Vargens na Macrozona de Proteção e Qualificação
Ambiental.
Incluir as áreas agrícolas na Macrozona de Proteção e Qualificação Ambiental
Quanto ao processo da revisão do Plano Diretor:
Estabelecer entendimentos com o Comitê de Bacia da Baía da Guanabara (Sub-
comitê oeste) para viabilizar o apoio à revisão do Plano Diretor.