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UFPE – Universidade Federal de Pernambuco | CEAD – Coordenação de Educação a Distância da UFP SALA AMBIENTE TÓPICOS ESPECIAIS - LEITURA E FORMAÇÃO DE MEDIADORES Ester Calland de Sousa Rosa – UFPE Apresentação Caros cursistas, A escola é um local privilegiado para formar leitores! Essa afirmação parece traduzir uma aspiração da população brasileira, que espera da escola o desenvolvimento de práticas que aproximem os estudantes dos livros e da cultura escrita em geral. Entretanto, apesar da expectativa, também parece consensual a opinião de que a escola não tem cumprido integralmente esse compromisso. Essa linha de raciocínio ganha força, por exemplo, quando os meios de comunicação de massa veiculam notícias que evidenciam a defasagem do Brasil em relação a outros países no que se refere aos hábitos de leitura, em especial, aqueles associados à compra e leitura de livros para deleite pessoal ou busca de informação. A ideia também é reforçada se levarmos em conta as considerações de professores da Educação Básica que se sentem pouco preparados para assumirem a mediação de leitura em sua prática cotidiana. Não obstante, quando situadas no campo de estudos mais sistemáticos, a situação adquire contornos peculiares. Dessa perspectiva, podemos afirmar que as relações entre escola e formação de leitores são mais complexas, o que exige dos educadores uma reflexão mais consistente e balizada para que possam intervir e se posicionarem no debate. Para introduzirmos o assunto nesta Sala Ambiente, identificaremos algumas das questões que têm mobilizado educadores, pesquisadores e gestores públicos na tentativa de compreender como a escola pode, de forma mais abrangente, formar leitores. Em termos de políticas públicas, evidenciam-se esforços integrados dos Ministérios da Educação (MEC) e da Cultura (MinC) na elaboração de propostas como aquela materializada no Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que tem como eixos estratégicos: democratização do acesso (ao livro e à leitura); fomento à leitura e à formação de mediadores; valorização da leitura e comunicação e desenvolvimento da economia do livro.

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UFPE – Universidade Federal de Pernambuco | CEAD – Coordenação de Educação a Distância da UFP

SALA AMBIENTE TÓPICOS ESPECIAIS - LEITURA E FORMAÇÃO DE MEDIADORES

Ester Calland de Sousa Rosa – UFPE

Apresentação

Caros cursistas,

A escola é um local privilegiado para formar leitores!

Essa afirmação parece traduzir uma aspiração da população brasileira, que espera da escola o desenvolvimento

de práticas que aproximem os estudantes dos livros e da cultura escrita em geral. Entretanto, apesar da

expectativa, também parece consensual a opinião de que a escola não tem cumprido integralmente esse

compromisso.

Essa linha de raciocínio ganha força, por exemplo, quando os meios de comunicação de massa veiculam

notícias que evidenciam a defasagem do Brasil em relação a outros países no que se refere aos hábitos de

leitura, em especial, aqueles associados à compra e leitura de livros para deleite pessoal ou busca de

informação. A ideia também é reforçada se levarmos em conta as considerações de professores da Educação

Básica que se sentem pouco preparados para assumirem a mediação de leitura em sua prática cotidiana.

Não obstante, quando situadas no campo de estudos mais sistemáticos, a situação adquire contornos

peculiares. Dessa perspectiva, podemos afirmar que as relações entre escola e formação de leitores são mais

complexas, o que exige dos educadores uma reflexão mais consistente e balizada para que possam intervir e se

posicionarem no debate.

Para introduzirmos o assunto nesta Sala Ambiente, identificaremos algumas das questões que têm mobilizado

educadores, pesquisadores e gestores públicos na tentativa de compreender como a escola pode, de forma

mais abrangente, formar leitores.

Em termos de políticas públicas, evidenciam-se esforços integrados dos Ministérios da Educação (MEC) e da

Cultura (MinC) na elaboração de propostas como aquela materializada no Plano Nacional do Livro e da Leitura

(PNLL), que tem como eixos estratégicos: democratização do acesso (ao livro e à leitura); fomento à leitura e à

formação de mediadores; valorização da leitura e comunicação e desenvolvimento da economia do livro.

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Nesse Plano, a escola é indicada como uma das instâncias formativas que, ao lado da família e da biblioteca

pública, tem papel relevante neste campo, pois atinge contingentes amplos da população, em especial crianças

e jovens, pois estão numa fase receptiva à formação de hábitos. No espaço da escola destaca-se o desafio de

formar mediadores de leitura e que os programas de formação continuada de educadores contemplem essa

questão. As palavras do Ministro da Educação, prof. Fernando Haddad, na introdução do PNLL confirmam,

assim, a expectativa governamental:

O desenvolvimento de uma política pública voltada para a promoção do livro e para a formação de leitores

depende, fundamentalmente, da participação dos sistemas públicos de ensino. O MEC vem desenvolvendo, em

parceria com os municípios, uma proposta de ação pública e conjunta de formação de leitores e de incentivo à

leitura, que tem por princípio proporcionar melhores condições de inserção dos alunos na cultura letrada, no

momento de sua escolarização. Essa proposta, focada essencialmente na qualificação dos recursos humanos e

na ampliação das oportunidades de acesso da comunidade escolar a diferentes materiais de leitura,

consubstancia-se em quatro ações principais: (1) Formação continuada de profissionais da escola e da

biblioteca – professores, gestores e demais agentes responsáveis pela área da leitura; (2) Produção e

distribuição de materiais de orientação, como a revista Leituras; (3) Parcerias e redes de leitura: implantação

de Centros de Leitura Multimídia: (4) Ampliação e implementação de bibliotecas escolares e dotação de acervos

– Programa Nacional Biblioteca da Escola/PNBE. Essas ações decorrem de uma visão política que, no campo do

livro e da leitura, considera dois grandes eixos. De uma parte, o acesso ao livro, de outra a formação de

leitores. Afinal, parafraseando o poeta, precisa-se do livro fechado, mas também de quem o abra,

(Brasil, MEC; MinC. Plano Nacional do Livro e da Leitura. Apresentação do Ministro da Educação. Disponível em

http://www.pnll.gov.br.)

Outra iniciativa coordenada pelo MinC, por meio da Fundação Biblioteca Nacional, é o Programa Nacional de

Incentivo à Leitura (PROLER), que tem dentre seus objetivos a mobilização das escolas para o

desenvolvimento de práticas formadoras de leitores e de mediadores de leitura, já que reconhece a “prioridade

da esfera pública, concretizando-se ações voltadas aos interesses da maioria da população leitora e não-leitora.

Como é ela que, de modo geral, concentra a maioria das ações e dos agentes de leitura - professores das redes

públicas -, deve-se pensá-la como irradiadora das práticas leitoras” (Brasil, MinC. Proler,

http://www.bn.br/proler/Proler.htm ou http://www.bn.br/proler/Proler.htm))

Outro aporte para o debate sobre o papel da escola no processo de formação de leitores são estudos realizados

a partir de resultados de avaliações de grande escala, como, por exemplo, resultados na avaliação de Língua

Portuguesa, no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), promovido pela Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e na Prova Brasil, que integra o Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Básica (SAEB).

Nesses estudos evidencia-se que, dentre os recursos pedagógicos que contribuem para um melhor

desempenho de estudantes nessas avaliações, destacam-se a existência de bibliotecas escolares e uma

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perspectiva de ensino da leitura voltada à compreensão e interpretação de textos e não à mera decodificação.

Além disso, identifica-se que bons resultados em avaliações na área da leitura estão associados à existência de

iniciativas voltadas à formação de leitores, a exemplo da promoção sistemática de rodas de leitura, da contação

de histórias, da organização de sistema de empréstimos para casa.

Para acompanhar melhor essa discussão você poderá ler os textos abaixo:

BRASIL. UNICEF. Aprova Brasil: o direito de aprender. Boas práticas em escolas públicas avaliadas pela Prova Brasil. Brasília, 2007.

____. UNICEF. UNDIME. Redes de Aprendizagem: boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender. Brasília, 2008.

OLIVEIRA, Romualdo. P. e ARAUJO, Gilda C. Qualidade do ensino: uma nova dimensão da luta pelo direito à educação. Revista Brasileira de Educação, n. 28, p. 5-23, jan./abr. 2005.

Outra fonte que tem alimentado o debate acerca das relações entre escola e formação de leitores são

levantamentos censitários sobre o perfil do leitor brasileiro.

Nesse campo, destaca-se a pesquisa intitulada Retratos da Leitura no Brasil e o Indicador Nacional de

Alfabetismo Funcional (INAF), cujos resultados foram divulgados nos livros que também recomendamos como

leitura complementar nesta Sala:

AMORIM, Galeno (Org.). Retratos da leitura no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial; Instituto Pró-livro, 2008.

RIBEIRO, Vera Masagão (Org.). Letramento no Brasil. Reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, Ação

Educativa; Instituto Paulo Montenegro, 2003.

Esses estudos buscaram caracterizar a população adulta no que se refere às atitudes dos brasileiros frente às

atividades de leitura: as práticas mais comuns, os materiais lidos e as produções de escrita cotidiana. Uma

evidência comum nos dois estudos realizados é que a escola aparece como a instituição que, junto com a

família, exerce grande influência na formação de leitores. O período em que mais se lê é durante a

escolarização e os textos e livros recomendados pela escola são os mais frequentemente lembrados pelos

leitores. Além disso, professores são apontados como modelos e como incentivadores da leitura.

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A influência da escola na formação de leitores, no entanto, é considerada restrita já que são limitados os

impactos da leitura escolarizada sobre atitudes e práticas de leitura que persistem em contextos não-escolares

e para além do período em que a pessoa frequenta a escola.

Tais análises estão apresentadas no texto indicado abaixo:

LEITURA COMPLEMENTAR

LÁZARO, André e BEAUCHAMP, Jeanete. A escola e a formação de leitores. In: AMORIM, Galeno (Org.) Retratos

da leitura no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial ; Instituto Pró-livro, 2008, p. 73-82.

Por fim, pesquisas realizadas a partir da coleta de narrativas biográficas de professores também indicam que

esses profissionais se constituem, muitas vezes, como “leitores escolares”, cujo acervo e repertório de

experiências de leitura estão bastante circunscritos àquilo que tiveram acesso por meio da escola, e que,

portanto, acionam preferencialmente esses referenciais ao organizarem suas práticas enquanto mediadores na

formação de leitores. Também aparece um perfil de professor-leitor que tende a desqualificar seu acervo de

experiências pessoais e comunidades não escolares de leitura, não aproveitando esse repertório na mediação

de leitura.

Nesse aspecto, também existe uma ampla literatura nacional. Indicamos para enriquecimento os estudos

abaixo:

LEITURA COMPLEMENTAR

BATISTA, Antônio A. G. A leitura incerta: a relação de professores de Português com a leitura. Educação em

Revista, n.27, p.85-103, 1998.

ROSA, Ester Calland de Sousa; LINS E SILVA, Maria Emília. Ler e escrever na vida de professores (as): uma

integração possível. In: BRANDÃO, Ana Carolina P.; ROSA, Ester Calland S. (Orgs.) Leitura e produção de

textos na alfabetização. Ministério da Educação ; CEEL. Belo Horizonte: Autêntica, 2005, p. 11-26.

Uma questão que se coloca, então, para os educadores é:

Como formar leitores na escola e que referenciais são importantes para que possam se constituir

enquanto mediadores nesse processo?

O objetivo geral desta Sala é tratar dessa questão, tendo como principais objetivos específicos:

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• Identificar letramentos contrastantes na experiência de formação de leitores na escola;

• Propor formas de articular propostas de formação de leitores a outras intervenções que integram o

Projeto Político-pedagógico da escola;

• Levantar diferentes dimensões relevantes na formação de mediadores de leitura.

Para tanto, a Sala foi estruturada em três unidades, quais sejam:

• Unidade 1: Leitura, leitor, letramentos e escola

• Unidade 2: Práticas de leitura na escola: conhecimento e prazer

• Unidade 3: A literatura na formação de mediadores de leitura

Para cada unidade temática, serão abordados os seguintes assuntos:

Unidade 1:

Leitura, leitor, letramentos e escola

• Linguagem, leitura e escrita e a formação de leitores na

atualidade

• Finalidades da leitura e diversidade de estratégias na

formação de leitores

• O leitor no plural: histórias de leitura e diferentes formas

de ler.

Unidade 2:

Práticas de leitura na escola:

conhecimento e prazer

• Leitura de prazer, fruição, formação

• Leitura, informação e conhecimento

• Leitura e conhecimento escolar

Unidade 3:

A literatura na formação de mediadores

de leitura

• Relatos biográficos e repertório do mediador de leitura

• A escolha do texto

• Estratégias na mediação de leitura

A produção final desta sala consistirá na elaboração de uma proposta de mobilização de ações de formação de

leitores na escola tendo três etapas de realização:

1. Levantamento de acervo disponível na escola e na comunidade de seu entorno, abrangendo tanto os

materiais impressos quanto aqueles que utilizam outros suportes e narrativas orais.

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2. Mobilização de um grupo de professores e alunos da escola para a elaboração de um plano de trabalho

envolvendo atividades de formação de leitores.

3. Estruturação de uma proposta de intervenção na escola que esteja voltada à formação de leitores.

Bons estudos!

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Leitura, leitor, letramentos e escola

• Linguagem, leitura e escrita e a formação de leitores na atualidade

• Finalidades da leitura e diversidade de estratégias na formação de leitores

• O leitor no plural: histórias de leitura e diferentes formas de ler.

Para tratar dos temas previstos nesta Unidade, realizaremos duas atividades:

1. A leitura no plural: que leitor formamos na escola?

2. Levantamento de acervo disponível na escola e na comunidade de seu entorno, abrangendo tanto os materiais impressos quanto aqueles que utilizam outros suportes e narrativas orais.

Vamos, agora, ao detalhamento dessas atividades.

Agora vamos recorrer a outra fonte para compor imagens de leitores, acrescentando uma reflexão sobre acervos

de leitura na formação do leitor. Vamos ler alguns fragmentos de relatos autobiográficos de escritores e entrevista

com estudiosos da leitura:

LEITURA OBRIGATÓRIA

ANDRADE, Carlos Drummond. http://www.carlosdrummond.com.br

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NUNES, Lígia Bojunga. Livro: a troca. http://www.casalygiabojunga.com.br

PETIT, Michèle. A leitura na construção da imagem de si e do mundo.

http://www.cendotec.org.br/francaflashpartes/ff48-17leitura.pdf.

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Foram muitos, os professores. In ABRAMOVICH, Fanny. Meu professor

inesquecível. Ensinamentos e aprendizados contados por alguns dos melhores escritores. São Paulo: Editora

Gente, 1997. p.25-33. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf

RIBEIRO, João Ubaldo. Memória de livros. In: ___. Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,

1995, p.139-153. http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/joao-ubaldo-ribeiro/memoria-de-

livros.php

Além desses trechos já previamente selecionados, indicamos a visita ao sitio http://www.releituras.com/ onde

você encontrará diversas biografias de escritores brasileiros, inclusive contemporâneos. Vale a pena explorar o

repertório disponível nessa revista virtual, tanto na forma de textos quanto de vídeos, e tentar localizar

depoimentos sobre leitura e leitores.

Iniciamos essa Atividade discutindo imagens de leitores e depois acrescentamos a questão dos acervos de

leitura como uma dimensão da formação do leitor. Vejamos agora um terceiro aspecto relevante para o

estabelecimento de objetivos escolares na formação de leitores: o que o leitor “faz” com a leitura?

Para dialogar conosco nesta etapa, vamos às leituras obrigatórias previstas para esta Unidade.

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LEITURA OBRIGATÓRIA

Abreu, Márcia. Diferentes formas de ler

http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/ensaios/ensaio6.html

JOBIM E SOUZA, Solange ; GAMBA JR., Nilton. Novos suportes, antigos temores: tecnologia e confronto de

gerações nas práticas de leitura e escrita. Revista Brasileira de Educação. 2002, n.21. p. 104-114.

http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE21/RBDE21_10_SOLANGE_JOBIM_E_SOUZA_E_NILTO

N_GAMBA_JR.pdf

Lopes, Eliane Marta Teixeira. Leitura: prazer e saber.

http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/ensaios/ensaio26.html

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O texto da professora Márcia Abreu propõe uma abordagem histórica para uma reflexão sobre as diferentes

formas de ler e desse modo levanta questões para a formação de leitores na escola.

Por sua vez, os professores Solange Jobim e Souza e Nilton Gamba Jr acrescentam outros argumentos para o

debate sobre formação de leitores, apontando para o impacto de novas tecnologias e nas práticas escolares de

leitura e escrita.

Por fim, num tom mais biográfico, a professora Eliane Lopes discute o que é ler por prazer ou para obter

conhecimento.

LEITURA COMPLEMENTAR

FERREIRA, Sandra Patrícia Ataíde; DIAS, Maria da Graça B. B.. Leitor e leituras: considerações sobre gêneros

textuais e construção de sentidos. Psicologia: Reflexão e Critica. 2005, v.18, n.3, p. 323-329.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

79722005000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação e Sociedade. 2002,

v.23, n.81, p. 143-160. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

24782004000100002&lng=pt&nrm=iso

SOARES, M. B. Letramento e alfabetização: as muitas faces. Revista Brasileira de Educação. 2004, v. 25, n. 1,

p. 5-17. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-

73302002008100008&lng=pt&nrm=iso

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Práticas de leitura na escola: conhecimento e prazer

• Leitura de prazer, fruição, formação

• Leitura, informação e conhecimento

• Leitura e conhecimento escolar

LEITURA OBRIGATÓRIA

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. Salto para o Futuro. TV Escola. Boletim

Ler e escrever: compromisso da escola. ago 2002. Programas 1-4.

http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/ler/ler0.htm

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. Salto para o Futuro. TV Escola. Boletim A

aventura de Conhecer. Ano XVIII Boletim 15, set 2008. Programas 1-5.

http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/173714Aventura.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. Salto para o Futuro. TV Escola. Boletim

Eventos literários e formação do leitor. Ano XVIII - Boletim 16, set 2008. Programas 1-5.

http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/171428Eventos.pdf

LEITURA COMPLEMENTAR

PAIXÃO, Fernando. A leitura como educação dos sentidos.

http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/ensaios/ensaio27.html

SILVA, Ezequiel Theodoro da. A leitura no contexto escolar. Série Idéias n.5. São Paulo: FDE, 1988. p.63-70.

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/lei_l.php?t=001

GERALDI, João Wanderley. A leitura na sala de aula: as muitas faces de um leitor. Série Idéias n.5. São Paulo:

FDE, 1988. p.79-84. http://www.crmariocovas.sp.gov.br/lei_l.php?t=001

As Atividades previstas para esta Unidade são:

1. Práticas escolares de leitura: outra escolarização da leitura é possível?

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2. Mobilização de um grupo de professores e alunos da escola para a elaboração de um plano de trabalho

envolvendo atividades de formação de leitores.

Nossas leituras e atividades realizadas na primeira Unidade evidenciaram que o melhor é se falar em leitura e

leitor no plural. Não existe uma única forma de ler e as finalidades do leitor podem ser muitas.

Diante dessa perspectiva, a pergunta que se coloca é: que leitor formar na escola?

Os três Boletins do Programa Salto para o Futuro, da TV Escola, apresentados como leitura obrigatória para

esta Unidade abordam a relação escola-formação de leitores a partir de ângulos distintos. Eles nos ajudam a

pensar sobre formas de praticar a leitura na escola. Nesse aspecto, lembramos a recomendação da professora

Magda Soares, quando afirma que não se trata de “desescolarizar” a leitura e sim pensar em como melhor

escolarizá-la (SOARES, A escolarização da literatura infantil e juvenil. In: EVANGELISTA, Aracy; BRANDÃO,

Heliana, e MACHADO, Maria (Org.) A escolarização da leitura literária. Belo Horizonte: Autêntica, 2003).

No volume do Boletim, coordenado pelo Núcleo de Integração Universidade & Escola, da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, com o título “Ler e escrever: compromisso da escola”, os autores defendem:

• Ensinar é dar condições ao estudante para que se aproprie do conhecimento historicamente construído

e se insira nessa construção como produtor de conhecimentos.

• Ensinar é ensinar a ler para que o estudante seja capaz de se apropriar do conhecimento acumulado

que está, em grande parte, escrito em livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos.

• Ensinar é também ensinar a escrever, porque a produção de conhecimento se expressa, no mais das

vezes, por escrito.

O coordenador do segundo volume do Boletim “A aventura de conhecer”, professor Edmir Perrotti, defende que

cabe à escola:

• Desenvolver habilidades e competências complexas relativas à informação, tais como buscar, avaliar,

selecionar, organizar, analisar, recriar informações provenientes das diferentes mídias;

• Desenvolver saberes e fazeres informacionais específicos, indispensáveis e inerentes aos processos de

construção de conhecimento de nossa época.

Por fim, no terceiro e último volume da coleção indicado para leitura nesta Sala, sob o tema “Eventos literários

e formação do leitor” e coordenado por Anna Claudia Ramos, a ênfase recai sobre o texto literário. Conforme

argumenta a autora:

A Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, a AEILIJ, da qual faço parte da

diretoria, tem pensando a questão da literatura nas escolas e se posicionado não em favor da desescolarização

da leitura, mas sim em favor da abertura da instituição escolar à especificidade generosa da literatura.

Privilegiamos a literatura e não genericamente a leitura, porque, além de sermos escritores e ilustradores,

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temos experiência como divulgadores da leitura e compreendemos que a literatura possibilita a reflexão, o

prazer, o entretenimento e a fruição estética. Nada como a literatura para nos convidar a entrar no mundo dos

heróis, das aventuras, da exposição da alma humana e da exploração do sentido de tudo o que existe e que

nos cerca. Nada como a literatura para nos fazer defrontar com a multiplicidade de aspectos disso que

chamamos de realidade. Nada como a literatura para nos fazer conhecer com o desconhecido. Por isso,

acreditamos que em um país como o Brasil, a literatura deve estar na escola sim, mas deve ter um espaço

(RAMOS, 2008, p.4-5).

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Leitura e formação de mediadores

A literatura na formação de mediadores de leitura

• Relatos biográficos e repertório do mediador de leitura

• A escolha do texto

• Estratégias na mediação de leitura

LEITURA OBRIGATÓRIA

DIETZSCH, Mary Julia Martins. Professoras dialogam com o texto literário. Cadernos de Pesquisa. 2004, vol. 34,

n.122, pp. 359-389.

ROSA, Ester Calland de S.; LINS e SILVA, Maria Emília. Ler escrever na vida de professores(as): uma integração

possível. In: BRANDÃO, Ana Carolina; ROSA, Ester Calland de S. Leitura e produção de textos na alfabetização.

Belo Horizonte: Autêntica, 2005. p.11-26.

ROSA, Ester Calland de S. A literatura e o relato autobiográfico na formação de professores leitores. In: BARBOSA,

Maria Lúcia Ferreira de F.; SOUZA, Ivane Pedrosa. (orgs.) Práticas de leitura no ensino fundamental. Belo

Horizonte: Autêntica, 2006. p.125-140. (disponível na Biblioteca da Sala)

LEITURA COMPLEMENTAR

EVANGELISTA, Aracy Alves Martins; BRANDÃO, Heliana Maria Brina; MACHADO, Maria Zélia Versiani. A

escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

PAULINO, Graça; EVANGELISTA, Aracy; BRANDÃO, Heliana Maria Brina; PAIVA, Aparecida. A formação de

professores leitores literários: uma ligação entre infância e idade adulta? Educação em Revista, n.30, 1999. p.

51-64.

KRAMER, Sonia. Leitura e escrita de professores: da prática de pesquisa à prática de formação. Revista

Brasileira de Educação. Jan/fev/mar/abr, 1998, n.7. p. 19-41.

BRANDÃO, Ana Carolina; ROSA, Ester Calland de S. Literatura na alfabetização: que história é essa? In: ___.

Leitura e produção de textos na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. p. 45-64. (disponível na Biblioteca

da Sala)

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Estão previstas para esta Unidade as seguintes atividades:

1. Leitura literária na escola e a mediação do professor

2. Estruturação de uma proposta de intervenção na escola voltada à formação de leitores e/ou mediadores

de leitura.

Na Unidade anterior vimos que a leitura na escola pode ter diferentes focos e finalidades:

• Atividade constituinte do ensino dos diferentes componentes curriculares;

• Recurso de acesso à informação e elaboração de conhecimento;

• Atividade prazerosa, de fruição e experiência subjetiva.

Nesta Unidade conclusiva, iremos discutir a função mediadora de professores na formação do leitor, tendo

como ênfase a leitura do texto literário.

E por que essa escolha?

Concordando com o crítico literário e professor Antonio Cândido, a literatura tem algumas especificidades que a

constituem como um bem cultural que deve estar acessível a todos, como direito:

Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou

dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore,

lenda, chiste, até as forma mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações.

(...) Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem

alguns momentos de entrega ao universo fabulado. O sonho assegura durante o sono a presença indispensável

deste universo, independente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional ou poética, que é a mola

da literatura em todos os seus níveis e modalidades, está presente em cada um de nós, analfabeto ou erudito

-, como uma anedota, causo, história em quadrinho, noticiário policial, canção popular, moda de viola, samba

carnavalesco, Ela se manifesta desde o devaneio amoroso ou econômico no ônibus até a atenção fixada na

(CANDIDO, Antônio. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995, p.3)

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