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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

1

REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA

ISSN: 2447-455X

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

2

FACULDADE SÃO FRANCISCO DE JUAZEIRO

Diretor acadêmico/administrativo: Richard Douglas

COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO – PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Coordenadora: Teresa Leonel

COLEGIADO DE FISIOTERAPIA

Coordenadora: Bruna Angela Antonelli

COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO

Coordenadora: Giovanna Aléxia Meireles

COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Coordenador: Wellington Dantas de Sousa

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – NUPPEX

Coordenadora: Késia Araújo

Supervisor de projetos: Pablo Michel Magalhães

Design gráfico

Tiago Vieira Ribeiro De Carvalho

Layout para internet

Luécito de Sousa Filho

OBJETIVO DA REVISTA

A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,

integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo científico,

divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem como as colaborações

advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à comunidade científica e à

sociedade em geral contribuições através dos debates aqui promovidos.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

3

Conselho Editorial

Administração - Ciências Contábeis

Prof. Fabio Feitosa da Silva - Especialista

Prof. Hesler Piedade Caffé Filho - Mestrando

Prof. José Adelson Gonçalves de Almeida - Especialista

Prof. Mario Cleone de Souza Junior - Mestre

Prof. Wellington Dantas de Sousa - Mestrando

Prof.ª Erika Jamir - Mestrando

Prof. Augusto Jorge - Mestre

Fisioterapia

Prof.ª Bruna Angela Antonelli - Mestre

Prof.ª Caroline Dieder Dalmas de Andrade - Mestre

Prof. Carlos Dornels Freire de Souza - Mestre

Prof.ª Daniela C. Gomes Goncalves e silva - Mestre

Prof. Denilson José de Oliveira - Especialista (Mestrando)

Prof.ª Roberta Machado – Doutora

Prof.ª Paula Telles Vasconcelos - Mestre

Prof. Fabricio Olinda - Mestre

Comunicação

Prof.ª Aline Francisca dos Santos Benevides - Mestranda

Prof. Cecilio Ricardo de Carvalho Bastos - Mestrando

Prof.ª Késia Araújo - Especialista

Prof.ª Teresa Leonel Costa - Mestre

Prof.ª Vera Medeiros - Mestre

Áreas convergentes

Prof.ª Eliene Matos e Silva - Doutora

Prof.ª Jordânia de Cassia de Araújo Costa - Mestre

Prof. Jorge Messias Leal do Nascimento – Mestre (Doutorando)

Prof.ª Maria Aline Rodrigues de Moura – Mestre

Prof.ª Maria da Conceição Araújo Carneiro – Mestre (Doutoranda)

Prof. Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães – Mestre

Prof. Ronilson Sousa – Mestre

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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SUMÁRIO

DOSSIÊ TEMÁTICO – 2º CONINTA

“CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO PARA UMA SOCIEDADE CIDADÔ

O PAPEL DA EQUIPE DE SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER INFANTO-

JUVENIL PELOS FAMILIARES .................................................................................... 8

Patrícia Shirley Alves de Sousa

Larissa Lorena de Carvalho

Joice Requião Costa

Emanuella Lisboa Baião Lira

Marcelo Domingues de Faria

MORTALIDADE NEONATAL NO BRASIL: FATORES EPIDEMIOLÓGICOS

........................................................................................................................................... 17

Emanuella Lisboa Baião Lira

Joice Requião Costa

Patrícia Shirley Alves de Sousa

Herydiane Rodrigues Correia Wanderley

Marcelo Domingues de Faria

CONTEXTUALIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA COM

ENFOQUE EM FATORES DE RISCO .......................................................................... 26

Joice Requião Costa

Emanuella Lisboa Baião Lira

Patrícia Shirley Alves de Sousa

Herydiane Rodrigues Correia Wanderley

Marcelo Domingues de Faria

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA BASEADA NO MODELO DA

CIF PARA PACIENTES COM AVC. ............................................................................. 33

Carlos Dornels Freire De Souza

Adriana Rodrigues

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

5

Aline Gonçalves Da Paixão

Danilo Sobral Da Silva Fernandes

Diogenes Ferreira Dos Passos

Einstein Zeus Alves De Brito

A ESCOLA COMO EDUCADORA NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO ÉTICO. ENTRE

AS POSSIBILIDADES E DESAFIOS. .............................................................................. 43

Normilza Moura

EMOAFETOPOLITIZAÇÃO: UM OLHAR DESAFIADOR SOBRE A EDUCAÇÃO

CONTEXTUALIZADA ................................................................................................ 56

Maria Da Conceição Araújo Carneiro

A ECOSOFIA E A FORMAÇÃO DO SUJEITO AMBIENTALMENTE CONSCIENTE:

A CONTRIBUIÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA.

...................................................................................................................................... 67

Kellison Lima Cavalcante

Rafael Santana Alves

CARRAPICHO VIRTUAL: EXPERIÊNCIA DE EDUCOMUNICAÇÃO E

PROTAGONISMO COM JOVENS DO VALE DO SALITRE, JUAZEIRO (BA).

......................................................................................................................................... 75

Érica Daiane Da Costa Silva

AS NOVAS MÍDIAS NA WEB 2.0 E OS SEUS REFLEXOS NA PRÁTICA DOCENTE

NO ENSINO SUPERIOR ................................................................................................ 86

Tiago Vieira Ribeiro De Carvalho

Késia Araújo

Jonas Martins

Ricardo Amorin

Dinani Amorim

A FALTA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FATOR DE RISCO PARA

OS EMPREENDEDORES INDIVIDUAIS DA CIDADE DE SENHOR DO BONFIM-BA

....................................................................................................................................... 95

Keila Daniela Souza De Carvalho

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

6

A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL NA GESTÃO EMPRESARIAL DAS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NA CIDADE DE JUAZEIRO-BA

..................................................................................................................................... 122

Romaine Caline Barbosa Dos Santos Vieira

Carla Patrícia Dos Santos Falcão

Florisvaldo Cunha Cavalcante Junior

Wellington Dantas De Sousa.

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO FATOR DE EFICIÊNCIA,

EFICÁCIA E COMPETITIVIDADE NA GESTÃO EMPRESARIAL ............................ 140

Florisvaldo Cunha Cavalcante Junior

Elis Magalhães Santos De Freitas

Wellington Dantas De Sousa.

O PODER DOS ATACAREJOS: ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS DO COMÉRCIO

REGIONAL PARA COMBATER A EVASÃO DA RENDA E TRAZER O EQUILÍBRIO

DO MERCADO REGIONAL DE ALIMENTOS NO NORTE DA BAHIA.

..................................................................................................................................... 149

José Adelson Gonçalves De Almeida

CRESCIMENTO ECONÔMICO E A ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DA RENDA EM

PETROLINA-PE ............................................................................................................ 159

Antônio José Gomes Pedrosa

ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES RELACIONADAS AO TEMA EXAME DE

SUFICIÊNCIA DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NO PERÍODO DE

2014 A 2015. ...................................................................................................................... 177

Rita Regina Marques Costa

Jamila Cristina Almeida De Jesus.

ARTIGOS LIVRES

A UTILIDADE DE UMA OBRA LITERÁRIA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA

.................................................................................................................................................... 189

Inaldo Moreno

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

7

MARKETING SOCIETAL: COMPREENDENDO SUA APLICAÇÃO NAS

ESTRATEGIAS DAS ACADEMIAS DE JUAZEIRO-BA ................................................ 206

Cleiane Alves dos Santos Pionorio

Erika Maria Jamir de Oliveira

Géssica Tamires Barbosa Silva

Lilian Filadelfa Lima dos Santos Leal

Victor Cunha dos Santos Souza

A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DE MARKETING PARA O DESEMPENHO

COMPETITIVO NA REDE DE POSTOS RAUL LINS .................................................... 214

Amanda Vargas Moraes

Erika Maria Jamir de Oliveira

Gessica Shirlei Silva de Mattos

Lara Lorena Rodrigues de Castro

Sheyla Maria Domingos dos Reis

A APLICABILIDADE DO MIX DE MARKETING NA EMPRESA HAVAIANAS

PETROLINA-PE .................................................................................................................... 224

David Reinaldo Dantas

Erika Maria Jamir de Oliveira

QVT - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A FELICIDADE COMO VALOR

ORGANIZACIONAL ........................................................................................................... 234

Janine De Lamare Cordeiro Moura

Valéria Miranda dos Santos

Hesler Piedade Caffé Filho

RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – CONINTA

.................................................................................................................................................... 251

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O PAPEL DA EQUIPE DE SAÚDE NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER INFANTO-

JUVENIL PELOS FAMILIARES

Patrícia Shirley Alves de Sousa1

Larissa Lorena de Carvalho2

Joice Requião Costa3

Emanuella Lisboa Baião Lira4

Marcelo Domingues de Faria5

INTRODUÇÃO

O conceito primordial de saúde, proveniente do pensamento grego antigo, atribuía ao ser

humano que tinha um corpo saudável a consequencia de obter uma mente sã. Com a

industrialização, o mesmo passou a ser compreendido como um estado de ausência de afecções

e enfermidades (SCHWARTZ, 2001). Somente em 1946, a Organização Mundial de Saúde

(OMS) amplia a definição desta, passando, por sua vez, a ser entendida como um completo

bem-estar físico, mental e social (SARLET, 2010).

Por conseguinte, essa evolução revela a imprescindibilidade da formação e atuação de

equipes multidisciplinares de saúde capazes de desenvolverem atitudes, diálogos e competências

firmados na transdisciplinaridade e interdisciplinaridade. Uma vez que, o ser humano não é

apenas um corpo físico, nem tampouco só consciência ou exclusivamente emoção. Ponderar

esses aspectos isoladamente é relegar a um segundo plano o todo e a integridade, que devem ser

foco permanente dos profissionais que lidam com a saúde (MENEZES; MORÉ; BARROS,

2008).

Como todas as enfermidades, o câncer é uma patologia que necessita dessa atuação e

visão interdisciplinar por parte dos profissionais de saúde. Em 2030, a carga global estimada

será de 21,4 milhões de casos novos de câncer, e 13,2 milhões de mortes por câncer, em

consequência do crescimento e do envelhecimento da população, bem como da redução na

mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países em desenvolvimento

(INCA, 2014).

1 Enfermeira.

Professora substituta do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Mestranda no Programa de Pós-

Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista em Saúde da Família pela UFPel. E-mail:

[email protected] 2 Odontóloga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. E-mail:

[email protected] 3 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista

em Nefrologia pela UNINTER. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista

em Enfermagem Neonatal pela FPS. E-mail: [email protected] 5 Médico Veterinário. Professor Adjunto da UNIVASF. Mestrado e Doutorado em Ciências pela USP. E-mail:

[email protected]

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No Brasil, assim como em outros países, o câncer já representa a primeira causa de morte

(7% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, em todas as regiões

(INCA, 2016). Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência além das leucemias

(que afeta os glóbulos brancos), são os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático)

(INCA, 2012).

Diante do surgimento do câncer infanto-juvenil, os familiares passam a conviver com

diversos sentimentos, como culpa, negação, medo, confusão, raiva, desgosto e angústia

(ABRALE, 2006). Segundo Menezes et al. (2007), como as famílias consistem na principal

forma de apoio ao doente, estas fazem inúmeras adaptações em sua vida e rotina. Algumas

adotam até a mesma dieta restritiva do doente, reduzem a carga profissional e de atividade de

lazer visando ter mais disponibilidade para suprir as necessidades do mesmo.

Além do aparecimento da doença, a hospitalização é uma experiência estressante, dadas as

situações em que ela ocorre, e envolve profunda adaptação do paciente às várias mudanças

decorrentes do processo de internação, independentemente da idade. A internação imediata, a

separação de casa e do convívio familiar, além dos procedimentos terapêuticos que, muitas

vezes, agridem o paciente física e emocionalmente, são fatores desestruturantes tanto para a

criança quanto para os demais membros da família (COSTA; MOMBELLI; MARCON, 2009).

Uma forma de conduzir esse evento complexo é compreender como as famílias enfrentam

e suportam os problemas surgidos diante de uma doença grave, levando em conta também a

percepção de cada membro da mesma em relação ao câncer, suas fantasias e dificuldades em

acostumar-se com a situação (PENNA, 2004).

Enfrentamento é a tradução do termo inglês coping, definido como o esforço de

comportamento e cognição do indivíduo voltado para manobrar um acontecimento estressante,

fazendo-o entender quais os fatores que irão influenciar o resultado final do processo

(FOLKMAN, 2011). Para isso, é preciso que o indivíduo seja resiliente, ou seja, capaz de

superar e ressignificar de forma positiva as situações adversas, manejando a doença e o

tratamento ao logo do tempo (PAULA JÚNIOR; ZANINI, 2011).

São cinco as principais funções do enfrentamento. A primeira versa sobre diminuir as

condições ambientais que acarretam dano; a segunda faz referência a aceitar eventos ou

realidades negativas procurando a adaptação aos mesmos; a terceira visa manter uma

autoimagem positiva em relação ao evento adverso; a quarta sugere a manutenção do equilíbrio

emocional, e a quinta reporta-se à conservação de relacionamentos satisfatórios com os outros

(GIMENES, 2003).

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10

Perante o exposto, desenvolveu-se uma pesquisa na ala de oncologia pediátrica do

Hospital Dom Malan – Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP),

visando analisar o processo de enfrentamento adotado por familiares/responsáveis de crianças e

adolescentes com câncer e hospitalizados. Este trabalho é um recorte da Dissertação de

Mestrado: ‘CÂNCER EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: o enfrentar da doença pelos

familiares’, do programa de pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade

Federal do Vale do São Francisco, tendo como finalidade compartilhar o papel da equipe de

saúde no enfrentamento do câncer infanto-juvenil pelos familiares.

MATERIAIS E MÉTODOS

Previamente à sua realização, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, através do parecer

CAAE 45724915.7.0000.5196 de 28/07/2015.

Trata-se de um estudo descritivo, fenomenológico com abordagem qualitativa, realizado

no período de agosto a novembro de 2015, momento em que se atingiu o desvelamento do

fenômeno, no Hospital Dom Malan localizado no Município de Petrolina (PE), que trabalha sob

a gestão do IMIP, uma entidade filantrópica que atua nas áreas de assistência médico-social,

ensino, pesquisa e extensão comunitária.

Os participantes do estudo foram compostos por 16 familiares/responsáveis das crianças

ou adolescentes em tratamento para o câncer infanto-juvenil internados no Hospital Dom Malan.

Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, com base em roteiro contendo

questões norteadoras e de apoio. Cada familiar/responsável assinou o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) e foi entrevistado individualmente. Após cada entrevista gravada, as

falas foram transcritas para não se perder os modos pelos quais os familiares/responsáveis se

expressaram, tanto física quanto verbalmente. Foi atribuída a letra F seguida do número em

ordem crescente dos familiares/responsáveis, visando garantir o sigilo e anonimato dos mesmos.

Os discursos dos familiares/responsáveis foram transcritos e analisados partindo-se de

quatro momentos, conforme orientação de Martins e Bicudo (1989):

1. leitura geral e atentiva da descrição de cada discurso, de modo que o pesquisador possa captar

o sentido do todo: neste momento, ele procura se aproximar do lugar onde o sujeito

experienciou aquela dada situação, de forma a não ser um mero expectador;

2. leituras das entrevistas, quantas vezes forem necessárias, pelo pesquisador para buscar

identificar unidades de significado (U.S.), ou seja, coloca-se em evidência os significados da

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

11

descrição, que não se encontram prontos no texto, mas que tem a ver com a disposição do

pesquisador frente às suas perspectivas e interrogação;

3. obtendo as U.S., o pesquisador tentar expressar o “insight” contido em cada uma delas, de

maneiras a aproximá-las fazendo as convergências possíveis de todas as U.S. obtidas dos

discursos/entrevistas, através de expressões concretas dos sujeitos, de modo a construir

categorias reveladoras do fenômeno em estudo;

4. o pesquisador, para chegar à estrutura do fenômeno, sintetiza e integra os “insights ”contidos

nas U.S., buscando uma descrição consistente desse fenômeno tal como ele se mostra de sua

estrutura.

O processo de desvelamento numa pesquisa fenomenológica ocorre durante a entrevista e

também na sua análise. Na entrevista, o pesquisador se detém à busca da vivência, manejando a

entrevista de maneira a conseguir o relato das vivências de determinadas situações e, ao mesmo

tempo, tendo o cuidado de direcionar o sujeito a dar determinadas respostas. Já durante a análise

dos dados, o pesquisador analisa as vivências dos sujeitos no que tange ao que eles

experienciaram e foi relatado, mas também ao que não foi dito, mas ficou implícito nas suas

expressões (MARTINS; BICUDO, 1989).

RESULTADOS

Caracterização dos familiares/responsáveis

Dos 16 familiares/responsáveis participantes do estudo, 14 eram mães (87,5%), uma avó

(6,25%) e um pai (6,25%). A mãe, normalmente, é a cuidadora principal e, em muitos casos, a

única, visto ser a integrante da família a cuidar em período integral de seu filho (FARIA;

CARDOSO, 2010).

A cor de pele predominante entre os familiares foi a parda (50%), a média de idade foi 41

anos e 87,5% eram casados/união estável. Corroborando com estes achados, por Fagundes et al.

(2015) estudaram dez indivíduos observando as percepções de cuidadores de crianças em

tratamento oncológico, mostrando que a maioria dos entrevistados também tinham a cor parda,

eram casados e a idade variava entre 23 e 42 anos.

Conforme classificação econômica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE (2014), 93,75% dos entrevistados pertencem a classe E [com rendimento de até 2 salários

mínimos (SM), ou seja, R$1449,99]. Em relação a escolaridade, 50% possuía Ensino

Fundamental completo.

Caracterização das crianças e adolescentes

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

12

Todos os pacientes estavam em tratamento quimioterápico (100%) e possuíam terapêutica

superior a 15 dias. Desses, 10 indivíduos (62,5%) eram do sexo masculino e seis (37,5%), do

feminino. A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é o tipo de neoplasia mais frequente na oncologia

pediátrica do hospital, sendo a patologia de 14 dos 16 pacientes (87,5%), seguida pelo

neuroblastoma (6,25%) e linfoma de Hodgkin (6,25%). Segundo dados do INCA (2014), a LLA

é o tipo de neoplasia maligna mais comum na infância e acomete mais meninos do que meninas,

confirmando os achados da pesquisa.

A Figura 1 especifica as idades das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no

hospital e evidencia a prevalência entre 2 a 5 anos, confirmando dados do INCA (2016).

Figura 1 - Gráfico evidenciando idade das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no

IMIP - Petrolina, 2015.

Desvelamento fenomenológico

Após transcrição e análise dos discursos, conforme orientação de Martins e Bicudo

(1989), identificou-se seis unidades de significado (U.S.) que permitiram explicar o fenômeno

em questão: “Como ocorre o enfrentamento de familiares/responsáveis das crianças e

adolescentes hospitalizados com neoplasias”, conforme mostra a Figura 2. Nesse artigo abordar-

se-á sobre a equipe de saúde e hospital.

Figura 2 - Unidades de Significado dos discursos dos familiares/responsáveis das crianças e

adolescentes em tratamento oncológico no IMIP – Petrolina, 2015.

25%

12,50%

31,25%

6,25%

12,50%

6,25% 6,25%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Idade

Idade

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13

Percebeu-se nos discursos que o atendimento da equipe de saúde é considerado ótimo

pelos familiares. Todavia, um fator que dificulta o processo de enfrentamento pela família é o

fato de a comunicação entre a equipe de saúde e os membros familiares mostrar-se confusa,

ambígua ou não realizada. Como pode-se evidenciar nas falas.

“Desde que nós chegamos aqui eles nos tratam muito bem. Nunca faltou nada. Graças a

Deus! Eu só sinto falta de informação, entende? Teve melhora, não teve. Só isso. No

restante, eles são ótimos! ... ” (F8).

“ ... às vezes eu não entendo se meu filho melhorou ou não. Eles não explicam direito ...”

(F16).

Dittz et al. (2008) destacam a importância do cuidador receber o acompanhamento dos

profissionais, tanto da enfermagem como de outros membros da equipe multidisciplinar, já que a

permanência no hospital gera ansiedade, e esses profissionais podem auxiliá-lo na diminuição

dessa emoção que, muitas vezes, é decorrente das intensas relações de cuidado que envolve uma

hospitalização.

No tocante ao ambiente hospitalar, constatou-se um desconforto em relação ao mesmo.

“Podia ser mais colorido né? Quando é para gente ‘vim’ pra cá já começa o choro...”

(F6).

“... sem contar que a gente dorme nessa cadeira. Mas o importante é a saúde dele...” (F2)

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

14

Dittz et al. (2008) e Milanesi et al. (2006) concordam que o ambiente hospitalar propicia

o aumento da tensão e ansiedade tanto nos pacientes como nos cuidadores, que se deparam com

uma série de mudanças, normas e regras que lhe são impostas.

Estudo sobre percepções de familiares de pessoas portadoras de câncer sobre encontros

musicais durante o tratamento neoplásico realizado por Silva, Marcon e Sales (2014),

comprovou que o encontro mediado pela música promove a abertura do ser para o diálogo e o

vínculo entre enfermeiro, cliente e família, ampliando as possibilidades de interação entre os

sujeitos envolvidos no processo de cuidar das pessoas que convivem com o câncer e subsidiando

aos familiares/ acompanhantes a elaboração de estratégias de enfrentamento e a transcendência

de suas vicissitudes.

CONCLUSÃO

Existe uma lacuna na comunicação entre a equipe de saúde e familiares de crianças e

adolescentes com câncer e hospitalizados, seja pela falta ou até mesmo através da qualidade da

informação transmitida, influenciando diretamente no processo de enfrentamento desses

familiares.

Um ambiente hospitalar mais colorido, bem como as próprias roupas dos profissionais são

alternativas simples que influenciariam de forma positiva no processo de enfrentamento da

família e paciente.

REFERÊNCIAS

ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Comunicação com parceiros e

familiares. São Paulo, 2006. Disponível em

<http://www.abrale,org.br/apoio_psicologico/conversando/comunicação_familiares.php>.

Acesso em: 27 nov. 2014.

COSTA, J. B.; MOMBELLI, M. A.; MARCON, S. S. Avaliação do sofrimento psíquico da mãe

acompanhante em alojamento conjunto pediátrico. Estudos de Psicologia. v. 26, n.3, p.317-325,

2009.

DITTZ, E. S.; MOTA, J. A. C.; SENA, R. R. O cotidiano no alojamento materno, das mães de

crianças internadas em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Revista Brasileira Saúde

Materno Infantil, Recife, v. 8, n. 1, p. 75-81, 2008.

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15

FAGUNDES, C. S. O.; SILVA, M. F.; JÚNIOR, R. F. S.; BARBOSA, H. A. “Senti culpa, muita

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MORTALIDADE NEONATAL NO BRASIL: FATORES EPIDEMIOLÓGICOS

Emanuella Lisboa Baião Lira6

Joice Requião Costa7

Patrícia Shirley Alves de Sousa8

Herydiane Rodrigues Correia Wanderley9

Marcelo Domingues de Faria 10

RESUMO

A Mortalidade Infantil (MI) é considerada com um dos principais indicadores sociais de uma

população. Apesar da redução desse índice nos últimos 10 anos, o Brasil ainda possui níveis

alarmantes, destacando-se os óbitos neonatais como responsáveis por 50% dos óbitos infantis. A

pesquisa tem como objetivo listar as principais causas e fatores relacionados aos óbitos

neonatais, bem como os índices de mortalidade neonatal nos últimos 10 anos, encontrados na

literatura e no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Trata-se de uma revisão

sistemática, considerando artigos publicados nos últimos 5 anos, em português, nas bases de

dados LILACS, SCIELO e BDENF. A coleta de dados foi realizada no mês de julho de 2016,

partindo dos seguintes descritores: “Mortalidade infantil”, “Causas de morte” e “Fatores

Epidemiológicos”. Foram encontrados 178 trabalhos, porém foram selecionados 13 artigos para

análise. Foi realizado a busca de dados epidemiológicos, referente aos últimos 10 anos, no

Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) no Portal da Saúde do Ministério da Saúde.

Constatou-se que a taxa de mortalidade neonatal no Brasil vem mantendo níveis elevados, com

pouca modificação do componente neonatal precoce. Dentre as causas destacou-se as Afecções

perinatais e as malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. A

prematuridade, o baixo peso ao nascer e fatores socioeconômicos maternos como idade, renda e

escolaridade, foram os principais fatores de risco para a mortalidade neonatal. Espera-se que

essa investigação sirva de subsídios para o planejamento de atividades de vigilância em saúde,

referentes aos fatores de risco para a mortalidade neonatal.

Palavras-chaves: Mortalidade Infantil. Recém-nascido. Causas de Morte

INTRODUÇÃO

A Mortalidade Infantil (MI) é considerada um dos principais indicadores sociais de

uma população. Apesar da redução desse índice nos últimos 10 anos, o Brasil ainda possui

níveis alarmantes, destacando-se os óbitos neonatais como responsáveis por 50% dos óbitos no

primeiro ano de vida (BRASIL, 2007).

6 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista

em Enfermagem Neonatal e Pediátrica pela FPS. E-mail: [email protected] 7 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista

em Nefrologia pela UNINTER. E-mail: [email protected] 8 Enfermeira.

Professora substituta do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Mestranda no Programa de Pós-

Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista em Saúde da Família pela UFPel. E-mail:

[email protected] 9 Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela FIP. E-mail: [email protected] 10 Médico Veterinário. Professor Adjunto da UNIVASF. Mestrado e Doutorado em Anatomia dos animais

domésticos e silvestes pela USP. E-mail: [email protected]

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Os óbitos neonatais correspondem também a 36% dos ocorridos em menores de cinco

anos em todo o mundo. Em países em desenvolvimento, verifica-se que a mortalidade neonatal

possui índices ainda expressivos, correspondendo a mais de 50% das taxas de mortalidade

infantil (RADES; BITTAR; ZUGAIB, 2004).

Para melhor entendimento, França e Lansky (2008) caracterizam a Taxa de

Mortalidade Infantil (TMI) como todos os óbitos de crianças menores de um ano, sob o número

de nascidos vivos (multiplicado por 1000). Reforçam que a mortalidade infantil é dividida em

mortalidade neonatal (de 0 a 27 dias de vida), que subdivide-se em neonatal precoce (de 0 a 6

dias de vida) e neonatal tardio (de 7 a 27 dias de vida); e mortalidade pós-natal (de 28 dias a 1

ano de vida).

As principais taxas de mortalidade neonatal no Brasil são as perinatais, predominando

nas primeiras vinte e quatro horas de vida, fase de continuidade do processo de crescimento e

desenvolvimento fetal. O nascimento prematuro está relacionado a 75% da mortalidade

neonatal, sendo a causa mais comum de morbidade neonatal, associado a fatores demográficos e

obstétricos (CARVALHO; GOMES, 2005).

É de suma importância a detecção de fatores de risco e de áreas de risco para a

priorização de cuidados de saúde. Para enfrentar esse desafio, em 1975, o Ministério da Saúde

desenvolveu o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), com a finalidade de coletar

dados sobre a mortalidade no país, possuindo variáveis fundamentais, a partir de diagnósticos

médicos, para desenvolver indicadores epidemiológicos que beneficiam a gestão em saúde

(BRASIL, 2016).

Assim, o Brasil vem se preocupando com as taxas de mortalidade neonatal,

implementando medidas de intervenções com ações de qualificação desde o acompanhamento

pré-natal à assistência neonatal na sala de parto e na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

(BRASIL, 2005).

Fica evidente que compreender detalhadamente os fatores epidemiológicos que

determinam a Mortalidade Neonatal no Brasil representa uma necessidade premente no

momento atual. Por esse motivo, esta pesquisa teve o objetivo de listar as principais causas e

fatores relacionados aos óbitos infantis, dispostos na literatura, bem como apresentar os índices

de mortalidade neonatal nos últimos 10 anos no Brasil.

METODOLOGIA

Para redação deste artigo, foi realizada revisão sistemática, cuja metodologia

proporciona a incorporação de vários tipos de estilos de pesquisas, com o objetivo de investigar

o entendimento de um fenômeno (GIL, 2002).

A coleta foi realizada entre julho e agosto de 2016, considerando artigos de periódicos

científicos publicados nos últimos 5 anos, no idioma português, disponíveis em textos completos

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nas bases de dados Literatura Latino-Americana e Ciências de Saúde (LILACS), Scientific

Eletronic Library Online (SCIELO) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF).

O levantamento bibliográfico partiu dos seguintes descritores: I) Mortalidade Infantil;

II) Recém-nascido e; III) Causas de Morte, segundo os Descritores em Ciências da Saúde

(DECS). Primeiramente, foi realizada a busca nas bases de dados SCIELO e BDENF com os

descritores “Mortalidade Infantil” e “recém-nascido” e, em seguida, com os descritores

“Mortalidade Infantil” e “Causas de Morte”. Na base de dados LILACS, realizou-se apenas uma

busca com os três descritores, chegando ao total de 178 artigos. Porém, após leitura de títulos e

resumos (foram selecionados 11 artigos para análise. Alguns dados epidemiológicos referentes à

Mortalidade neonatal no Brasil, nos últimos 10 anos, foram pesquisados no Sistema de

Informação sobre Mortalidade (SIM), através do Portal do Ministério da Saúde.

Como estratégia de análise, foi realizada a síntese de conhecimento das obras

selecionadas, com a apresentação das principais causas e fatores relacionados aos óbitos

neonatais. Assim, chegou-se a discussão dos principais destaques, fundamentada na literatura

pertinente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Brasil, a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) apresenta tendência decrescente: em

2007, foram estimados 45.360 óbitos e, em 2015, 37.291 óbitos. Os níveis atuais são, entretanto,

ainda muito elevados e tornam a situação do país preocupante no cenário mundial, pois a taxa

atual é semelhante à dos países desenvolvidos no final da década de 1960. Países como Japão,

Canadá, Cuba, Chile e Costa Rica conseguiram diminuição significativa e simultânea da

mortalidade pós-neonatal e neonatal, enquanto, no Brasil, não houve mudança apreciável do

componente neonatal nas últimas décadas (SIM, 2016; UNICEF, 2015).

Nos últimos 10 anos, houve diminuição de óbitos neonatais de 2007 para 2010, caindo

de 30.821 para 27.687 óbitos, mantendo-se estável até 2015, quando foram registrados 26.297

óbitos. Até o mês de junho do ano de 2016, já foram notificados 4.750 óbitos neonatais.

Constatou-se, ainda, que os maiores índices estão presentes na região sudeste, e em algumas

regiões, como Norte, Sul e Centro-Oeste, esse índice manteve-se estável durante esse período.

Dados podem ser observados na Figura 1 (SIM, 2016).

Figura 1. Número de óbitos neonatais (masculinos e femininos) notificados, nos

últimos dez anos. [1] País [2] Região

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

20

Fonte: SIM - Junho de 2016

A Figura 2 apresenta a tendência dos componentes neonatal precoce e neonatal tardio,

do ano de 2012 a 2016, observou-se que, em todos os anos, o componente neonatal precoce

deteve a maior proporção do total de óbitos. No ano de 2015, dos 26.297 óbitos neonatais,

20.013 foram neonatais precoces; e 6.284, neonatais tardios (SIM, 2016).

A componente mortalidade neonatal precoce não apresenta redução no período,

podendo ser explicada pelo aumento da viabilidade fetal. A melhora na qualidade na assistência

em saúde, maiores investimentos ao atendimento à gestante de risco e às unidades de terapia

intensiva neonatal fazem com que os índices de mortalidade fetal diminuam e esses óbitos

deslocam-se para o período neonatal precoce (LANSK et al., 2007).

Figura 2. Número de óbitos neonatais (masculinos e femininos)

notificados, nos últimos cinco anos, segundo grupo etário.

Fonte: SIM - Junho de 2016

A concentração de óbitos neonatais precoces, que é correspondente ao período da

primeira semana de vida, denota a relação com a falta de assistência voltada à gestante e ao

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recém-nascido antes, durante e após o parto, principalmente no atendimento imediato ao bebê e

na unidade de cuidados neonatais (FRANÇA; LANSK, 2008).

Para que ocorra o nascimento saudável do bebê é necessário que o hospital tenha

estrutura adequada da sala de parto e de recepção do recém-nascido, pois é onde o bebê recebe

os primeiros cuidados, principalmente na manutenção do padrão térmico e respiratório. É

necessário atendimento de qualidade nesse momento para que ocorra uma redução impactante

na mortalidade neonatal (BITENCOURTO; GAIVA, 2014).

Ainda é observado o despreparo da equipe no cuidado imediato das complicações

antes, durante e após o parto, como na estabilização fisiológica da mãe e na reanimação do

recém-nascido. Existe um número elevado de mortes por asfixia intraparto, até mesmo em

recém-nascidos a termo e com peso ideal para a gestação, situações que poderiam sem evitáveis,

sendo causado apenas devido ao despreparo da equipe de saúde (FRANÇA; LANSKY, 2009).

No que se refere às causas dos óbitos, segundo o CID-10 (Classificação Internacional

de Doenças e Problemas relacionados à saúde) pôde-se observar na Figura 3 que as Afecções

perinatais (Cap. XVII) correspondem à maior proporção, com 60% dos casos, seguidos de

Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Cap. XVII), com 22%;

Doenças infecciosas e parasitárias (Cap. I), com 4%; Sinais e achados de anormalidades em

exames clínicos e laboratoriais (Cap. XVIII), Causas externas de morbidade e mortalidade (Cap.

XX) e Doenças do Aparelho Respiratório (Cap. X), com 3%; Doenças endócrinas nutricionais e

metabólicas ( Cap. IV), Doenças do Sistema Nervoso (Cap. V), e Doenças do Sistema

Circulatório ( Cap. IX), com 1% (SIM, 2016).

O elevado índice de óbitos causados por afecções perinatais é considerado preocupante,

visto que aquelas relacionadas aos partos prematuros ou crescimento uterino tardio estão, na

maioria das vezes, estão associadas às consultas de pré-natal de má qualidade (ROCHA et al.,

2011).

Figura 3. Número de óbitos neonatais (masculinos e femininos)

notificados, no ano 2015, segundo capítulo da CID10.

Fonte: SIM - Junho de 2016

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Estudo realizado no estado do Rio Grande do Norte constatou que a prematuridade e o

baixo peso ao nascer correspondem aos principais fatores de risco da Mortalidade neonatal

precoce. Também foram apresentados outros fatores de risco como mães sem escolaridade, da

raça negra e gestação gemelar. Os autores consideram que esses fatores necessitam de atenção

especial dos serviços de saúde no pré-natal, parto e puerpério, com assistência em tempo

oportuno e de qualidade, prevenindo intercorrências, sequelas e até mesmo a morte neonatal por

causas que poderiam ser evitáveis (TEIXEIRA et al., 2016).

A prematuridade é um problema de saúde mundial de grandes dimensões, pois possui

relação com diversos fatores desencadeantes dos óbitos em recém-nascidos. Além disso, traz

repercussões clínicas ao bebê, que necessita de cuidados complexos, podendo perdurar por toda

a vida, devido as suas sequelas (TEIXEIRA et al., 2016; AQUINO et al., 2007).

Outros estudos verificaram que idade e escolaridade materna possuem relação com a

mortalidade neonatal. Verificou-se risco de morte três vezes maior em bebês de mães muito

jovens (menores de 15 anos), comparando com bebês de mães entre 20 e 34 anos. Em relação à

escolaridade da mãe, constatou-se risco elevado de óbitos neonatais cujas mães não possuíam

instrução (RODRIGUES et a., 2013; LIMA et al., 2012).

Para Haiddar, Oliveira e Nascimento (2001), a escolaridade materna tem importante

efeito na mortalidade. Destacam a relação entre menor escolaridade com ocorrência de partos

prematuros, bebês com baixo peso ao nascer e menores números de consultas de pré-natal,

decorrentes, provavelmente, da menor condição social e das dificuldades de acesso aos serviços

de saúde.

Apesar dos fatores que levam ao óbito neonatal serem variados e atuarem com

diferentes intensidades, é necessária a adoção de medidas mais diretas nos serviços de saúde e

também na comunidade, que garantam atendimento adequado ao binômio mãe-filho desde o

pré-natal, parto e em todo período neonatal. Este atendimento proporcionaria a detecção, em

tempo hábil, de outros fatores de risco para morte neonatal, como os relacionados aos

nascimentos de pré-termos e anóxia neonatal (RADES; BITTAR; ZUGAIB, 2004).

Bitencourt e Gaiva (2014) afirmam que existem políticas públicas para a melhoraria da

assistência à gestante e ao recém-nascido, porém existe falta de planejamento execução e

fiscalização das ações, provocando assim ineficácia das consultas de pré-natal e da assistência

no parto. A precariedade de estrutura física para o atendimento obstétrico e neonatal de alto

risco, também está relacionada diretamente nos indicadores de mortalidade neonatal no país.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo ajudou a elucidar as tendências brasileiras de mortalidade neonatal.

Constatou-se que a taxa de mortalidade neonatal, no Brasil, vem mantendo níveis elevados, com

pouca modificação do componente neonatal precoce (0 a 6 dias de vida), que ocupa papel

importante no excesso de mortes infantis. Dentre as principais causas, destacaram-se as afecções

perinatais e as malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas. A

prematuridade, o baixo peso ao nascer e fatores socioeconômicos maternos, como idade, renda e

escolaridade, foram os principais fatores de risco para a mortalidade neonatal.

Por fim, espera-se que essa investigação sirva de subsídio para o planejamento de

atividades de vigilância em saúde, referentes aos fatores de risco para a mortalidade neonatal,

sugerindo outros estudos imprescindíveis que abordem, por exemplo, a relação dos fatores de

risco com o acesso ao serviço de pré-natal, parto e puerpério. O trabalho indica a necessidade de

mais estudos dirigidos aos fatores socioeconômicos maternos, o monitoramento desse indicador

e a manter a sua relevância nas estratégias das políticas públicas.

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26

CONTEXTUALIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA COM

ENFOQUE EM FATORES DE RISCO

Joice Requião Costa

11

Emanuella Lisboa Baião Lira12

Patrícia Shirley Alves de Sousa13

Herydiane Rodrigues Correia wanderley14

Marcelo Domingues de Faria15

INTRODUÇÃO

São consideradas doenças crônicas não transmissíveis, as Doenças Cardiovasculares,

Neoplasias, Diabetes mellitus e Doenças Respiratórias que apresentam múltipla etiologia,

associação às deficiências e incapacidades funcionais, longos períodos de latência, curso

prolongado e origem não infecciosa (BRASIL, 2006).

A denominação doença renal crônica (DRC) refere-se à quadro sindrômico, de perda

progressiva da função renal e, na maioria das vezes, irreversível. É caracterizada pela

deterioração das funções bioquímicas e fisiológicas de todos os sistemas do organismo,

consequência do acúmulo de catabólitos (toxinas urêmicas), resultando em alteração do

equilíbrio hidroeletrolítico e ácido básico, acidose metabólica, hipovolemia, hipocalemia,

hiperfosfatemia, anemia, distúrbio hormonal, hiperparatireoidismo, infertilidade, retardo no

crescimento, dentre outros (RIELLA, 2003).

Com a deterioração da função renal, os produtos do metabolismo proteico (que formam

os componentes da urina) acumulam-se no sangue causando desequilíbrios na bioquímica do

organismo e nos sistemas cardiovascular, hematológico, gastrintestinal, neurológico e

esquelético, além de alterações na cútis e no aparelho reprodutor (THOMÉ et al., 2006).

Na DRC, são característicos os distúrbios dos vasos sanguíneos, glomérulos, túbulos,

interstício renal e das vias urinárias inferiores, que podem ser ocasionados por: alterações

metabólicas, vasculares, renais, imunológicas, tubulares primários, obstrução do trato urinário

por cálculos renais, hipertrofia da próstata e constrição uretral, bem como por distúrbios

congênitos (GUYTON; HALL, 2006).

11

Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF.

Especialista em Nefrologia pela UNINTER. E-mail: [email protected] 12

Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF.

Especialista em Enfermagem Neonatal pela FPS. E-mail: [email protected] 13

Enfermeira. Professora substituta do colegiado de enfermagem da UNIVASF. Mestranda no Programa de Pós-

Graduação Ciências da Saúde e Biológicas da UNIVASF. Especialista em Saúde da Família pela UFPel. E-mail:

[email protected] 14

Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela FIP. E-mail: [email protected] 15

Médico Veterinário. Professor Adjunto da UNIVASF. Mestrado e Doutorado em Ciências pela USP. E-mail:

[email protected]

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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A perda da função renal evolui gradativamente e irreversivelmente. Por ser lenta e

progressiva, resulta em processos de adaptação que, até certo ponto, mantém o portador

assintomático. Se não for adequadamente tratada e controlada, pode levar à morte. Na DRC, o

portador necessita de tratamento renal substitutivo como hemodiálise, diálise peritoneal e

transplante renal (SESSO, LOPES, 2011).

Os principais sinais da uremia causada pela diminuição progressiva da função renal são:

fraqueza, fadiga, confusão mental, cefaleia, prurido, edema, halitose amoniacal, náusea, emese,

anorexia, constipação, diarreia, anemia, infertilidade, cãibras musculares, doença óssea, entre

outros (GRICIO; KUSUMOTA; CÂNDIDO, 2009).

Na fase terminal da insuficiência renal crônica, destaca-se a incapacidade dos rins

manterem sua função no meio interno, levando a intensificação da sintomatologia urêmica no

portador causada pelas alterações fisiológicas e bioquímicas da doença. O aumento dos sintomas

necessita de correção e terapia renal substitutiva. Por ser uma enfermidade que provoca

alterações físicas, psicológicas e sociais, culmina na redução da capacidade física e profissional

e limitações sociais, podendo gerar alterações na saúde mental do portador (REIS et al., 2008).

A DRC é considerada um sério problema de saúde pública devido à elevada prevalência

na população mundial e ao seu impacto na morbimortalidade dos indivíduos acometidos. No

Brasil, a prevalência de portadores crônicos em tratamento hemodialítico aumentou de 24.000,

em 1994, para 100.000, em 2010 (BASTOS; BREGMAN; KISZTAJN, 2010).

Muitas organizações públicas de saúde, particularmente nos países desenvolvidos, estão

direcionando especial atenção ao estudo da epidemiologia da DRC, centrando os esforços no

diagnóstico precoce e na instituição de intervenções imediatas, com o objetivo de alterar o curso

da doença. Conhecer a situação epidemiológica atual e os principais fatores de risco para o

desenvolvimento da DRC pode subsidiar as equipes de saúde na implantação de estratégias de

prevenção e diagnóstico precoce, minimizando os riscos, inúmeras complicações, ocorrência de

co-morbidades e demais desfechos devastadores decorrentes da doença. Assim o presente estudo

pretende identificar, na literatura, o atual contexto epidemiológico e fatores de risco para o

desenvolvimento da DRC.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura cuja metodologia proporciona a

incorporação de vários tipos de estilos de pesquisas, com o objetivo de investigar o

entendimento de um fenômeno (GIL, 2009).

Para tanto, foram consideradas como fontes bibliográficas, artigos de periódicos

científicos publicados e disponíveis em textos completos nas bases de dados "Literatura Latino-

Americana e Ciências de Saúde" (LILACS), “Medical Literature Analysis and Retrievel System

Online” (MEDLINE) e “Scientific Electronic Library Online” (SciELO), além de serem

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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estipulados os limites de período, compreendido entre 2007 e 2015 e idioma português. A coleta

de dados foi realizada durante o mês, de julho de 2016. Neste trabalho, procurou-se encontrar

estudos de qualidade com informações pertinentes, fiáveis e atualizadas sobre a epidemiologia e

fatores de risco da DRC. Neste sentido, de forma a encontrar a informação sobre a temática em

estudo, foram selecionados como descritores “Doença renal crônica”, “Fatores de risco” e

“Epidemiologia”, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS).

Foram selecionadas 126 publicações. Dessas, eliminadas 83 que estavam em inglês e 8

em espanhol. Das 35 produções em português, 19 foram eliminadas pois não estavam

relacionadas diretamente com os aspectos epidemiológicos e fatores de risco para DRC. Após

leitura exploratória dos estudos, foram escolhidos 14 trabalhos para análise.

Para análise e síntese do material foram realizados os seguintes procedimentos: a) leitura

exploratória, b) leitura seletiva e c) leitura crítica ou reflexiva, assim, chegou-se a discussão dos

principais destaques, fundamentada na literatura pertinente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA DRC

Desde 1999, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), divulga o Censo Brasileiro de

Diálise, mostrando que os centros de terapia de hemodiálise respondem a um inquérito referente

às características da unidade, prevalência e incidência de pacientes, modalidades de tratamento

dialítico, entre outras. Através desta ferramenta, pode-se ter acesso à realidade sobre a doença

renal crônica no país.

Atualmente, em todo o Brasil, existem 700 estabelecimentos habilitados para oferecer

tratamentos renais pela rede pública de saúde, atendendo mais de 120 mil pacientes. Entre 2010

e 2015, foram habilitados 50 novos serviços. De acordo com o relatório dos censos da SBN,

houve aumento do número de pacientes em diálise no país na última década, com cerca de

84,14% de portadores em tratamento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2015).

No Brasil, o número de pacientes em terapia renal substitutiva é inferior ao de países

desenvolvidos, o que pode ser explicado pela baixa participação dos centros de diálise no censo,

porém, o fato mais alarmante refere-se ao precário acesso aos serviços de saúde. Acredita-se que

50 a 70% dos brasileiros que têm doença renal crônica terminal morrem sem usufruir de

qualquer modalidade de tratamento (SESSO et al., 2011).

A incidência de novos pacientes cresce cerca de 8% ao ano, resultado, principalmente, da

crescente epidemia dos fatores de risco cardiovasculares. A doença renal crônica resulta em

hospitalizações frequentes e eleva o custo socioeconômico (CRAVO et al., 2011).

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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Pouco se sabe sobre a prevalência, a morbidade e a mortalidade da doença renal crônica

em estágios iniciais no Brasil, pois os dados sobre morbimortalidade de doentes renais crônicos

apresentados no país são muito restritos à população em tratamento hemodialítico (SALGADO

FILHO; BRITO, 2009).

PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A DRC

A Organização Mundial de saúde (OMS) recomenda aos diversos países o aumento da

vigilância para doenças crônicas não transmissíveis, com ênfase nos fatores de risco mais

comuns às mesmas. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, várias doenças

podem concorrer para a anulação funcional permanente dos rins. Atualmente, a mais frequente é

a Nefropatia diabética. Os portadores de hipertensão arterial, pielonefrite aguda e

glomerulopatias também são considerados grupos de risco na origem da DRC e serão discutidos

a seguir:

a) Nefropatia diabética

O Diabetes Mellitus (DM) é considerado fator importantíssimo de risco para DRC,

representados por até 30% dos casos de diabetes tipo I; e 20%, nos diabéticos tipo 2. A

ocorrência de nefropatias tem origem multifatorial, dependendo de fatores ambientais, genéticos

e da hiperglicemia. O glomérulo é a principal estrutura renal comprometida nesta situação, pois

o quadro de hiperglicemia sérica constante causa nefroesclerose (RIELLA, 2008).

A nefropatia diabética é um tipo de doença glomerular e, atualmente, é classificada como

a maior causa isolada da DRC em vários países da Europa, Japão e EUA, chegando a atingir

parcela importante dos portadores em tratamento dialítico, responsabilizando-se por quase 50%

desta população (DAUGIRDAS; BLACKE, 2008).

A nefropatia também caracteriza-se pela lesão renal associada à albuminúria, a qual é um

dos principais marcadores da doença e que tem assumido posição de destaque dentre as causas

de doença renal grave, relacionando-se fortemente a complicações cardiovasculares (AJZEN;

SCHOR, 2005).

É recomendado que a albuminúria seja verificada como rotina nos portadores diabéticos,

pois os níveis elevados associam-se diretamente à evolução da DRC além da sua progressão

(SALGADO FILHO; BRITO, 2009).

b) Hipertensão arterial

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

30

Estudos epidemiológicos prospectivos estabeleceram com clareza a relação causal entre

hipertensão arterial (seja sistólica ou diastólica) e insuficiência renal crônica. A prevalência da

hipertensão arterial na população adulta é superior a 25%. Muitos desses indivíduos não têm

ciência, e entre os que sabem, menos de 30% são adequadamente tratados. Portanto, há

potencial para que nos próximos anos a hipertensão arterial continue a ser causa importante de

DRC (THOME, et al. 2006).

Nos pacientes com DRC, a própria doença é considerada importante fator de risco para

mortalidade por complicações cardiovasculares. Essa ocorrência está intimamente relacionada

ao aumento da obesidade, DM e síndrome metabólica que aceleram a progressão da DRC

(OLLER et al, 2012).

A Hipertensão arterial é um dos maiores fatores de risco para a progressão da DRC,

sendo classificada como importante alvo terapêutico. Para o controle da HA seria ideal que o

valor da pressão arterial estivesse abaixo de 130/80 mmHg sem a presença de proteinúria; e de

125/75 mmHg, na presença da proteinúria maior que 1g/dia (AJZEN; SCHOR, 2005).

Alguns estudos identificam como fator de risco na população hipertensa com função

glomerular reduzida a presença de proteinúria; e também caracterizam como fatores associados

à presença de Diabetes Mellitus e tabagismo. O tratamento da HA consiste numa medida efetiva

para prolongar a sobrevida renal dos pacientes com DRC das mais variadas etiologias, assim o

controle da HA é uma importantíssima medida terapêutica na redução da progressão da DRC

nos pacientes em diferentes estágios da doença na fase pré-dialítica (DAUGIRDAS; BLACKE,

2008).

c) Pielonefrite Aguda

A pielonefrite aguda é descrita como infecção urinária que acomete o parênquima renal e

o sistema coletor. Os agentes infecciosos mais comuns são bactérias Gram negativas, incluindo

E. coli (82%, em mulheres; e 73%; em homens), Klebsiella (2,7% em mulheres; e 6,2%, em

homens), Proteus, Enterobacter e Pseudomonas. As bactérias Gram positivas são menos

frequentes, incluindo E. faecalis e S. aureus. A via de infecção renal pode ser ascendente, com

bactérias Gram negativas provenientes do trato urinário inferior; ou hematogênica (mais rara),

geralmente associada a foco infeccioso extra renal como tuberculose pulmonar ou miliar,

endocardite, diverticulite ou abscesso oral (DAUGIRDAS; BLACKE, 2008).

A pielonefrite aguda não complicada é o resultado de infecção do trato urinário que

ascendeu da bexiga para o rim e ocorre tipicamente em mulher jovem saudável. Em sua forma

severa é também responsável pelo desenvolvimento da DRC. O prognóstico da pielonefrite

aguda não complicada é bom desde que o diagnóstico seja rápido e o tratamento seja adequado

para evitar complicações (OLLER et al., 2012).

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d) Glomerulopatias

As doenças glomerulares são causas frequentes de DRC, sobretudo nos países em

desenvolvimento, associadas, normalmente, à infecções na infância. São responsáveis por,

aproximadamente, 11,4% dos pacientes em diálise no Brasil. Em sua maioria, apresenta curso

insidioso e assintomático ocasionando demora no diagnóstico, o que contribui para pior

sobrevida renal e clínica do paciente (SBN, 2013).

A progressão da glomerulopatia é identificada pelos marcadores proteinúria e níveis de

TFG. Esse acompanhamento deve ser realizado por meio do controle da pressão arterial, nível

do edema, controle de disfunção metabólica e proteinúria com a intenção de minimizar a

ocorrência de mortalidade (DAUGIRDAS; BLACKE, 2008).

Estudos epidemiológicos das doenças glomerulares apresentam importância para a

melhoria na compreensão e incidência da doença, além de estimar a adoção de estratégias

diferenciadas para novas formas de prevenção e tratamento (OLLER et al., 2012).

e) Doença renal policística do adulto

A doença renal policística do adulto é a mais comum das doenças císticas hereditárias.

Suas manifestações clínicas incluem, além dos cistos renais, cistos em outros órgãos, como

fígado e pâncreas. O diagnóstico é confirmado pelo histórico familiar e exames de imagens. É

considerada a causa mais frequente de doenças hereditárias que evoluem para DRC, sendo

responsável por 5 a 10 % de pacientes em terapia renal substitutiva (DAUGIRDAS; BLACKE,

2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O resultado desse estudo permitiu a identificação dos principais fatores de risco para a

doença renal crônica, dentre eles: a) Diabetes Mellitus na presença de Nefropatias diabéticas; b)

Hipertensão arterial; c) Pielonefrite aguda e; d) Glomerulopatias. Constatou-se, também, que o

cenário epidemiológico da DRC, atualmente, causa preocupação em vista das consequências

devastadoras da doença. É necessário destacar a importância do sistema nacional de informações

e notificações e divulgação de dados epidemiológicos de pacientes classificados como grupo de

risco para desenvolvimento da DRC no país, permitindo o planejamento da assistência e

efetividade do tratamento, minimizando as complicações. Por fim, espera-se que esse estudo

possa contribuir para novas pesquisas voltadas ao impacto da DRC e subsidiar decisões para

melhorar a assistência aos pacientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJZEN, H.; SCHOR, N. Guia de Nefrologia. 4.ed. São Paulo: Manole Ltda, 2005.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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grave, mas também prevenível e tratável. Rev Assoc Med Bras. São Paulo, v. 56, n. 2, p. 248-

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33

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA BASEADA NO MODELO

DA CIF PARA PACIENTES COM AVC

Adriana Rodrigues de Sousa Santos16

;

Aline Gonçalves da Paixão17

;

Danilo Sobral da Silva Fernandes18

;

Diogenes Ferreira dos Passos19

;

Einstein Zeus Alves de Brito20

;

Carlos Dornels Freire de Souza21

RESUMO

Introdução: A CIF tem finalidade de proporcionar uma linguagem unificada e padronizada

envolvendo uma estrutura que visa descrever a saúde e seus estados relacionados, viabilizando

auxilio à comunicação e troca de informações. Existem dois principais tipos de AVC: isquêmico

e hemorrágico. Os acidentes vasculares cerebrais em algumas situações são antecipados por um

ou mais Acidente Isquêmico Transitório (AIT). Objetivo: Demonstrar a importância de uma

avaliação fisioterapêutica em pacientes com AVC baseada no modelo da CIF, tornando o

profissional de fisioterapia mais capacitado em registrar dados cinético-funcionais e definir

metas de tratamento que beneficiem a vida do paciente em todos os âmbitos. Delineamento

Metodológico: Estudo de caso tendo em vista uma proposta de avaliação baseada no modelo da

CIF a partir de um caso clínico de um paciente que apresenta sequelas decorrente de AVC.

Resultados: Após os dados colhidos na avaliação pode-se fazer o diagnóstico fisioterapêutico

cinético-funcional de Hemiparesia espástica à esquerda, como limitação da funções e estruturas,

da atividade e participação e da qualidade de vida Discussão: Para esses pacientes que sofreram

AVC, a adoção do modelo de funcionalidade e incapacidade durante a avaliação é considerada

fundamental para a compreensão das múltiplas dimensões afetadas pela doença, tendo em vista

que seus parâmetros fornece ao fisioterapeuta a possibilidade de identificar as capacidades e as

limitações nos três níveis que envolvem a saúde e desenvolver um plano de tratamento que

atende as reais necessidades do paciente. Conclusão: No presente estudo ficou evidente a

importância da aplicação de uma avaliação baseada na CIF em pacientes com AVC, pois nesses

pacientes deve ser imprescindível o conhecimento dos quatro domínios básicos que norteiam a

CIF.

PALAVRAS-CHAVE: Acidente Vascular Cerebral (AVC); Acidente Isquémico Transitório

(AIT); Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF); Fisioterapia.

INTRODUÇÃO

A International Classification of Funtioning Disability and Health (ICF) foi aprovada em

maio de 2001 pela Assembleia Mundial da Saúde, tendo em vista a necessidade de conhecer as

diferentes dimensões do processo de adoecimento. Posteriormente, através do Centro

Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais

16

Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail:[email protected]; 17

Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail:[email protected]; 18

Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail: [email protected]; 19

Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail: [email protected]; 20

Estudante do curso de Fisioterapia da FASJ; e-mail: [email protected]; 21

Professor do Curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco; e-mail:[email protected]

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em Língua Portuguesa, a ICF foi traduzida para língua portuguesa tendo como título

“Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF” (FARIAS;

BUCHALLA, 2005).

A CIF tem finalidade de proporcionar uma linguagem unificada e padronizada envolvendo

uma estrutura que visa descrever a saúde e seus estados relacionados, viabilizando auxilio à

comunicação e troca de informações. Essa classificação foi organizada em quatro domínios

distintos: funções do corpo, estruturas do corpo, atividades e participação e fatores ambientais

(RUARO et al., 2012).

Os profissionais da fisioterapia necessitam de um modelo teórico para que este venha

conduzir a sua prática e pesquisa, demarcando assim, seu papel na sociedade. Desse modo, a

CIF surge como um modelo teórico e adequado, possibilitando aos fisioterapeutas a adequada

compreensão do processo saúde-doença vivenciado pelos indivíduos, desde o início da doença

até suas consequências funcionais (SAMPAIO et al., 2005).

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre devido uma alteração do fluxo sanguíneo no

cérebro. A Organização Mundial de Saúde define como “sinais de distúrbio focal ou global da

função cerebral, de evolução rápida, durando mais de 24 horas ou ocasionando a morte sem

outra causa aparente além daquela de origem vascular” (PEREIRA et al., 2013).

Existem dois principais tipos de AVC: isquêmico (por falta de irrigação sanguínea) e

hemorrágico (por hemorragia sanguínea). O mais comum é o isquêmico, resultando na perda do

suprimento sanguíneo para uma região do encéfalo devido à obstrução de uma ou mais artérias

que o irrigam. O AVC hemorrágico pode ocorrer de modo intracerebral ou subaracnóidea, sendo

o primeiro resultante de um aneurisma ou trauma no interior das áreas extravasculares do

cérebro e o segundo, caracterizado por ser uma hemorragia entre o cérebro e os ossos do crânio.

Os dois hemorrágicos irão aumentar a pressão intracraniana, gerando lesão dos tecidos cerebrais

e restringindo o fluxo sanguíneo distalmente (FERLA et al., 2015).

Machado (2011) complementa que os acidentes vasculares cerebrais, em algumas

situações, são antecipados por um ou mais Acidente Isquêmico Transitório (AIT), definido

como um fenômeno cerebrovascular que resulta em déficit neurológico revertido de modo

espontâneo em até 24 horas. Apesar de existir reversão, o risco destes pacientes em desencadear

um AVCi aumenta de 20-30% nos próximos 30 dias. Contudo, deve-se considerar o AIT uma

urgência neurológica, devendo o tratamento ser iniciado o mais rápido possível.

Caso não seja tratado precocemente, o AVC pode resultar em maiores prejuízos

neurológicos e levar à incapacidade, e até mesmo a óbito. As manifestações clínicas mais

frequentes envolvem a fraqueza muscular, espasticidade e padrões motores atípicos

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(PIASSAROLI et al., 2011). Makiyama et al., (2004) relatam em seu estudo que a prevalência

de AVC é de nível elevado do mesmo modo que a taxa de sobrevida, onde aproximadamente

90% dos sobreviventes irão desenvolver algum tipo de comprometimento, tornando assim, uma

das principais causas de incapacidade em adultos.

Os principais fatores de risco para desencadear o AVC são a hipertensão arterial sistêmica

(HAS) seguida de doenças cardíacas como as embolias, diabetes mellitus (DM),

hipercolesterolemia, obesidade, consumo de álcool e uso de tabaco (SÁ et al., 2014).

Oliveira e Silveira (2011) afirmam que a capacidade em saber que esses pacientes podem

sofrer influências dos fatores contextuais (ambientais e pessoais) e dos impactos positivos e

negativos, torna a utilização da CIF de grande importância para o diagnóstico e tratamento

fisioterapêutico. Vale ressaltar que uma doença ao ser diagnosticada em um paciente, não

resultará um mesmo impacto em outros pacientes.

O presente estudo tem como objetivo demonstrar a importância de uma avaliação

fisioterapêutica em pacientes com AVC baseada no modelo da CIF, tornando o profissional de

fisioterapia ainda mais capacitado em registrar dados cinético-funcionais e definir metas de

tratamento que beneficie a vida do paciente em todos os âmbitos.

DELINEAMENTO METODOLÓGICO

Trata-se de um estudo de caso tendo em vista uma proposta de avaliação baseada no

modelo da CIF a partir de um caso clínico de um paciente que apresenta sequelas do AVC. O

estudo foi realizado na cidade de Juazeiro-BA, através de visita domiciliar realizada por alunos

estagiários do 8° período de Fisioterapia, durante o Estágio Supervisionado I- Saúde Coletiva.

A avaliação foi fundamentada com base no modelo biopsicossocial estabelecido pela CIF,

através dos seguintes pilares – Funções e estruturas do corpo; Atividade e Participação; Fatores

ambientais e pessoais.

A análise da função e estrutura do corpo foi realizada através de uma criteriosa avaliação,

onde o exame físico demostrou a funcionalidade por meio de instrumentos, como a avaliação de

amplitude de movimento- através da goniometria; avaliação da força muscular; avaliação do

tônus e trofismo muscular; avaliação da marcha; avaliação de equilíbrio e coordenação motora;

avaliação postural; avaliação de reflexos tendíneos; avaliação de movimentos involuntários;

avaliação de dor ao movimento (tendo como base a escala analógica de EVA); avaliação da

movimentação quanto a passividade e extensibilidade; além das manobras deficitárias

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(mingazzini, braços estendidos, barré, raimiste, queda dos membros inferiores em abdução e

manobra de firmar jornal).

No que diz respeito à atividade e participação, a avaliação foi realizada com uma ênfase

voltada à execução de tarefas especificas e a participação referida pelo paciente em seu contexto

social, tendo em vista o grau de incapacidade.

Os fatores ambientais foram evidenciados através de uma avaliação ergonômica, onde

tentou-se determinar os agentes facilitadores e eventuais barreiras encontradas em seu domicilio,

os fatores que foram levados em consideração nessa análise ergonômica foram: iluminação, uso

de tapetes, dimensionamento dos degraus, características do piso e localização de móveis e

objetos pela casa.

Já os fatores pessoais, foram estabelecidos mediante a observação contínua do paciente e

perguntas relacionadas ao assunto, na tentativa de determinar as particularidades da sua

interação social, além disso, dados pessoais do paciente foram obtidos. Por fim, aplicou-se um

questionário de qualidade de vida específico para pacientes com AVC (ECVI-38), que avaliou 3

domínios: capacidade física, aspectos emocionais e aspectos sociais, parâmetros semelhantes

aos estabelecidos pela CIF.

RESULTADOS

Paciente A.J.S., sexo masculino, 61 anos, com história familiar de hipertensão, relata ter

sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 30/08/2008. Após a alta hospitalar, foi

iniciado o tratamento fisioterapêutico, onde o paciente relata ter feito fisioterapia por um

período de três anos, apresentando melhoras consideráveis das sequelas desencadeadas pelo

AVC, após o inicio do tratamento fisioterapêutico.

Após a aplicação e avaliação do paciente através de uma ficha de avaliação

fisioterapêutica, (conforme modelo utilizado pelos estagiários) foi constatado que o paciente

apresenta importantes restrições tanto em suas AVD’s, como também em sua interação social,

apresentando como queixa principal dores fortes na cabeça, ombro, braço e perna esquerda.

Apresenta instabilidade na marcha, diminuição de ADM, sensação de cansaço, o que faz ter

dificuldades em permanecer de pé impossibilitando de realizar as atividades de lazer e suas

AVD’s.

Apresenta ainda dificuldades em realizar movimentos finos com as mãos e um déficit de

sensibilidade em hemicorpo esquerdo, o que levou à impossibilidade de retornar a sua principal

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ocupação pré-AVC. Além desses fatores, o paciente relatou sentir-se desmotivado por conta das

restrições causadas pelas sequelas, impossibilitando-o de atividades sociais.

O ambiente domiciliar aparenta ser ergonômico para suas necessidades, com portas largas,

banheiro amplo e rampa na entrada, agindo como facilitadores para o paciente. Porém, o piso

escorregadio aumenta o risco de instabilidades posturais, além de atuar como barreira para suas

AVD’s. Após os dados colhidos na avaliação pode-se fazer o diagnóstico fisioterapêutico

cinético funcional de Hemiparesia espástica à esquerda.

No organograma 1, são apresentadas as principais características da avaliação do paciente.

Organograma 1- Dados do paciente evidenciado pelo modelo biopsicossocial estabelecido pela CIF.

FATORES AMBIENTAIS

Facilitadores

. Portas largas

. Banheiro amplo

. Rampa na entrada da casa

Barreiras

. Piso escorregadio

FATORES PESSOAIS

Facilitadores

. Cognitivo preservado

. Desejo de melhorar

Barreiras.

. Sente-se desmotivado por realizar

atividades sociais e lazer

FUNÇÕES E

ESTRUTURAS DO

CORPO

. Hemiparético;

. ↓ da ADM (lado

acometido - esquerdo);

. Pele normal, sem

cicatrizes;

. Padrão de Wernick

mann;

. Algia no ombro,

cotovelo e joelho (lado

acometido);

. Hiperreflexia lado

acometido);

. R. Babinsk presente.

. Defícit de marcha e

equilíbrio.

ATIVIDADES

. Dificuldade na

marcha;

. Impossibilidade

de realizar

atividade como

andar de bicicleta;

. Impossibilidade

de realizar

atividades com

MMSS e MMII

esquerdos.

PARTICIPAÇÃO

. Impossibilidade de voltar

ao trabalho;

. Não participa de

atividades com os amigos e

em eventos sociais.

CONDIÇÃO DE SAÚDE

Paciente com sequelas do

AVC (hemicorpo esquerdo)

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DISCUSSÃO

O modelo biopsicossocial estabelecido pela CIF vem para romper o paradigma de saúde-

doença e transforma-lo em saúde-ambiente, além de focar não só na visão biológica, mas sim

biológica, psicológica e social, tratando o indivíduo de acordo com suas particularidades

intrínsecas e extrínsecas (OMS, 2004). Mângia et al., (2008) complementam dizendo que esse

novo modelo de avaliação busca superar o modelo biomédico, que levava em consideração

apenas a incapacidade de uma maneira redutiva.

A CIF representa um modelo que se baseia em uma abordagem biopsicossocial, usada

com o objetivo de integrar várias dimensões da saúde, por isso, o modelo também é chamado de

integrativo (ARAÚJO, 2013). Riberto (2011) afirma que esse modelo integrador deve pautar-se

na análise de domínios, a saber: funções e estruturas do corpo, atividade e participação, além

dos fatores ambientais e pessoais.

Verdiani et al., (2016) evidenciam que os programas de reabilitação vêm passando por

uma mudança de conceito de saúde, levando agora em consideração termos mais amplos que

avaliam fatores sociais, psicológicos e ambientais. Segundo Araujo et al., (2015) o uso da CIF e

consequentemente desse modelo biopsicossocial representam o caminho que garante uma

abordagem mais ampla.

No que tange a fisioterapia, a mesma necessita de um modelo teórico que guie sua prática

e demarque seu papel na sociedade, o que possibilitará uma melhor compreensão do processo

vivenciado pelo indivíduo, que abrange desde a instalação da doença até suas consequências

funcionais (SAMPAIO et al., 2005). Ruaro et al., (2012) afirmam que a CIF oferece um padrão

de classificação que permite a padronização da linguagem acerca da funcionalidade e,

consequentemente, da construção progressiva de escalas que classifique o fenômeno saúde-

doença-funcionalidade-cuidado.

Oliveira e Silveira (2011) complementam que, ao utilizar a CIF, o fisioterapeuta torna-se

capaz de registrar dados funcionais e definir metas de tratamento com uma maior certeza de

eficácia em todos os âmbitos que norteiam a vida do paciente, além de apresentar uma boa

relação custo-benefício, tendo em vista que a mesma favorece a utilização de recursos

amplamente disponíveis e compatíveis com as reais necessidades do paciente.

No que diz respeito ao indivíduo pós-AVC, sabe-se que o mesmo pode se deparar com

sequelas motoras significativas, e estas além de diminuírem sua funcionalidade atuam como

barreiras fazendo com que eles não consigam retornar às suas atividades pré-AVC

desencadeando assim alterações psicológicas e sociais afetando as relações interpessoais e

fazendo com que a família também seja afetada por todo esse processo (MARQUES, 2006).

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Para esses pacientes que sofreram AVC, Oliveira e Silveira (2011) evidenciam a relevante

importância da adoção do modelo de funcionalidade e incapacidade na avaliação dos mesmos,

tendo em vista que ela proporciona uma avaliação e posterior intervenção elaboradas para cada

caso especifico, sendo considerado um modelo extremamente importante, tendo em vista que

seus parâmetros viabilizam uma visão biopsicossocial do paciente, fornecendo ao fisioterapeuta

a possibilidade de identificar as capacidades e as limitações nos três níveis que envolvem a

saúde e assim, desenvolver um plano de tratamento que atende as reais necessidades do

paciente.

O paciente relatado no estudo sofreu alterações estruturais que restringiram tanto suas

AVDs, como toda a sua vida em geral, gerando instabilidade na marcha, diminuição de ADM,

sensação de cansaço, além da dificuldade na realização de movimentos finos e déficit de

sensibilidade no hemicorpo esquerdo, sendo restrito tanto em suas atividades diárias, como

também na participação social. As fortes dores apresentadas no ombro, cabeça, braço e perna

esquerda limitam e incapacitam ainda mais o paciente, tornando-o uma pessoa dependente de

familiares e amigos.

Além disso, uma importante queixa apresentada pelo paciente diz respeito a incapacidade

de conseguir se deslocar longas distâncias sozinho, além da incapacidade de dirigir e realizar

movimentos finos, principalmente com a mão no lado afetado. As incapacidades e limitações

descritas nesse estudo deixam a vida social do paciente ainda mais comprometida.

A CIF promove uma visão do processo de funcionalidade e incapacidade humana em um

sistema de classificação hierárquica, segundo um esquema de ramificação, constituído por

componentes (funções e estruturas do corpo, atividade e participação), domínios e categorias.

Cada um desses componentes possui vários domínios e cada domínio diversas categorias,

constituindo por fim unidades de classificação de saúde e dos estados da saúde (FARIA et al.,

2012).

Carmo et al., (2015) esclarecem que, apesar da taxa de mortalidade diminuída, o AVC

ainda é umas das doenças mais incapacitantes do mundo. Assim sendo, a busca de critérios para

avaliação dessas incapacidades torna-se cada mais pertinente, necessitando de uma

padronização.

Os processos patomecânicos do pós-AVC influenciam também no ambiente em que esses

indivíduos estão inseridos, uma vez que as alterações motoras refletem em uma maior

probabilidade de instabilidades globais, principalmente por aumentar o risco de quedas e

acidentes domésticos, além de objetos passarem a funcionar como barreiras, uma vez que

dificultam a locomoção e interação social. Pensando nisso, o modelo da CIF explora parâmetros

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que fornecem uma maior ênfase nos quesitos ambientais, levando a uma avaliação detalhada das

questões extrínsecas que envolvem os indivíduos inseridos nesse processo (FONTES et al.,

2010).

Outro pilar apresentado pela CIF são os quesitos pessoais apresentados por cada paciente,

e como todo o processo envolvendo a incapacidade pode influenciar diretamente as suas

particularidades emocionais. Com isso outro ponto negativo apresentado pelo paciente em

questão foi o fato do mesmo não conseguir retornar a sua principal ocupação antes do AVC,

como descrito por Oliveira et al., (2011), este é um fator que favorece ao surgimento de doenças

psicológicas, devido as incapacidades e limitações, como a depressão, o que leva a uma piora

das relações familiares e sociais do paciente.

Terroni, et al., (2009) enfatizam que a depressão é um grave problema que afeta os

indivíduos pós-AVC, existindo inúmeros casos, porém com poucos diagnósticos, assim sendo,

os processos depressivos apresentados pelos indivíduos apresentam associações com fatores, tais

como: pensamento de suicídio, perda de apetite, fadiga, ansiedade, alterações psicomotoras e

humor depressivo, fazendo necessário cada vez mais uma avaliação que explore os aspectos

psicossociais desses indivíduos.

CONCLUSÃO

No presente estudo ficou evidente a importância da aplicação de uma avaliação baseada na

CIF em pacientes com AVC, pois nesses pacientes deve ser imprescindível o conhecimento dos

domínios básicos que norteiam a CIF: a estrutura e função corporal, atividade, participação,

além fatores ambientais e pessoais. Buscar formas de avaliação de cada um desses domínio é o

desafio ao fisioterapeuta, sobretudo pela escassez de instrumento para avaliação de fatores

ambientais e pessoais.

Sugere-se a realização de mais estudos envolvendo condutas fisioterapêuticas que

complementem o modelo da CIF, além da apresentação deste modelo aos acadêmicos e

profissionais, principalmente os fisioterapeutas, para que tenham o conhecimento de como a

inclusão do modelo da CIF torna suas condutas mais eficazes e o tratamento mais dinâmico.

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A ESCOLA COMO EDUCADORA NA CONSTRUÇÃO DO SUJEITO ÉTICO. ENTRE

AS POSSIBILIDADES E DESAFIOS.

Normilza Cristina Moura da Silva22

RESUMO

O presente artigo tem o objetivo de fazer algumas considerações sobre o papel da escola

enquanto instituição responsável pela formação acadêmica das futuras gerações, crianças e

jovens. Neste contexto aumenta a sua responsabilidade com a dupla finalidade do ensino: o

desenvolvimento intelectual e a formação ética do sujeito. Baseando-se num estudo

bibliográfico buscou-se nas concepções teóricas de Freire, Sacristán, Sastre e Moreno, Morin

apontar reflexões a respeito da função deste ambiente educativo que hoje vai além da

preparação cognitiva do estudante para o exercício de determinadas funções sociais; a escola

enquanto educadora tem compromisso com uma educação que ajude o aluno construir sua

identidade cultural, tornando-se um sujeito pensante, cidadão critico, reflexivo e

consequentemente um sujeito ético. Nessa perspectiva a prática escolar enfrenta possibilidades

e desafios no desenvolvimento e construção desse processo.

Palavras- Chaves: Educação escolar; formação ética; desafios e perspectivas;

.

Introdução

A escola enquanto instituição social fruto da sociedade moderna recebeu a incumbência

da formação das novas gerações em relação aos conhecimentos produzidos e valorizados pela

humanidade, além de proporcionar a socialização do sujeito para o convívio social. Dessa

forma, durante muitos anos, a escola esteve centrada na tarefa de transmissão dos

conhecimentos historicamente acumulados, constituindo-se num local privilegiado de ascensão

social e de acesso à cultura produzida pelo homem.

No entanto, hoje, com as inúmeras mudanças e transformações que ocorreram dos

diversos setores da sociedade, a escola tem assumido funções que vão além da transmissão de

conteúdos. Nesta perspectiva pretendemos refletir sobre o papel da instituição escolar no

contexto atual, enquanto um espaço comprometido com a formação cidadã, humana e ética do

aluno. Para isso, buscou-se fazer um estudo bibliográfico ressaltando as ideias de Freire, Morin,

Sacristán, Sastre e Moreno Vaz, que contribuem para uma visão de escola mais global e mais

complexa, coerente e conectada com as necessidades de construção de um ambiente

22

Mestre em educação pela Universidade de La Empresa. Professora da Faculdade de Capim Grosso-

FCG- Curso de Pedagogia, professora do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães. Email:

[email protected]

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humanizado, tendo em vista as possibilidades da comunidade escolar promover práticas

educativas reflexivas que ajude aos educandos a construir o seu agir ético.

Reflexões a Respeito da Função Social da Escola no Contexto Atual

Com o processo de democratização e acesso das camadas populares à escola pública,

esta, passa a ser analisada sob o ponto de vista dos críticos da educação tradicional, como

reprodutora do sistema social e econômico dominante, também como mantedora do status quo.

Neste sentido sua função social estaria reserva a preparação do sujeito para desempenhar certos

papéis sociais de acordo a sociedade estratificada. Ou seja, a escola enquanto um aparelho

ideológico da classe burguesa ajudaria a legitimar as desigualdades sociais.

No entanto, porém, queremos situar a nossa discussão a partir das teorias críticas e pós

críticas que procuraram levantar reflexões , debates, críticas e questionamentos a respeito da

organização e funcionamento da escola tradicional, suscitando assim novas perspectivas em

relação ao processo educativo. Queremos situar a escola enquanto um espaço que privilegia o

homem como sujeito ativo da sua própria educação. Um ambiente que valoriza a pluralidade de

identidades, o multiculturalismo e a subjetividade do sujeito.

A escola provocadora de mudanças, parte da premissa que a educação tem um caráter

contínuo e permanente e que o homem é um sujeito atuante no seu processo educativo. Segundo

(FREIRE, 1981, p. 28) “A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é

homem. O homem deve ser sujeito da sua própria educação. Não pode ser o objeto dela.” Neste

contexto tanto a escola quanto o educador exercem um trabalho pedagógico e político pois estão

envolvidos na tarefa de ajudar os educandos a construírem uma consciência crítica e

desenvolverem seu potencial criativo. Morin ( 2004, p.65) reafirma o desafio educativo a ser

trilhado pelo espaço escolar.“A educação deve contribuir para a autoformação da pessoa

(ensinar a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão.”

A escola enquanto instituição social, que promove a socialização, a produção cultural e

a formação dos educandos deve fundar sua prática educativa na reflexão contínua, incluindo o

afeto, a tolerância, o compromisso e a esperança. Ela deve capacitar o sujeito para agir e

intervir no mundo tornando um ser capaz de promover mudanças no meio social. Sacristán ,

(2002, p. 212) comenta, “a atitude educativa por excelência, quando é entendida como uma

ação exercida reflexivamente, não consiste em reproduzir a cultura, e sim em tornar possível

que os indivíduos sejam seus possuidores e não os possuídos.” Dessa forma entendemos que a

escola deve formar para que o aluno torne-se sujeito autônomo, capaz de apropriar-se da

cultura, modificando, refazendo e melhorando.

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O mundo contemporâneo está vivendo um intenso avanço da ciência e da tecnologia,

caracterizado pelos interesses da economia de mercado, estamos submersos ao processo da

globalização. A lógica global impõe a política de seus interesses econômicos, comerciais,

culturais e ideológicos à população em geral, e também, ao sistema educativo. Não se pode

negar que esse cenário trouxe inúmeras consequências para a sociedade atual, pois a

globalização tem dupla face. Ao mesmo tempo promove a integração e a segregação,

privilégios e carências, riqueza e pobreza, a exploração dos recursos naturais e esgotamento

deles.

A globalização não é social, humanizadora, ela é exclusivamente econômica, assim

cresce de maneira assustadora o número de excluídos condenados à fome e a miséria; as

pessoas, os países extremamente pobres ficam a margem do atual contexto de desenvolvimento.

Vivemos a “ era da tecnologia da informação e da comunicação” mas o conhecimento e o

capital produzido e acumulado, ainda não foi capaz de minimizar a miséria humana. Neste

contexto em que o homem perde a dimensão humana, social, ecológica do mundo para a lógica

da economia de mercado a mensagem da educação escolar é essencial e imprescindível.

A escola faz parte desse contexto social, portanto, seus limites e possibilidades são

relevantes e consideráveis, primeiro por ser um espaço de formação humana e segundo por ser

também um espaço de produção e transmissão de conhecimentos científicos, culturais e

valorativos. Assim por meio de uma educação reflexiva, espera-se que a escola provoque a

formação de homens questionadores, reflexivos, capazes de construir conhecimentos de maneira

autônoma, responsável, crítica e comprometida consigo mesmo, com o outro e com o nosso

destino comum enquanto sociedade planetária.

Estamos vivendo um cenário contemporâneo caracterizado pela globalização, por

mudanças que se processam rapidamente, as noções de tempo e espaço não são mais as mesmas.

Um mundo bombardeado de informações e conhecimentos, que se renovam constantemente a

um ritmo que impressiona. Neste sentido a ética ocupa os espaços de discussão nos mais

variados setores da sociedade. Para Freire em um dos seus últimos escritos, intitulado: Do

direito e do dever de mudar o mundo, publicado no livro pedagogia da indignação ressalta o

seguinte,

Mecanicistas e humanistas reconhecem o poder da economia globalizada hoje.

Enquanto, porém, para os primeiros nada há o que fazer em face de sua força

intocável, para os segundos não apenas é possível, mas se deve lutar contra a

robustez do poder dos poderosos que a globalização intensificou ao mesmo

tempo que debilitou a fraqueza dos frágeis (2000, p.27).

Nesse sentido que se justifica a educação de homens, mulheres politicamente e

criticamente para a enfrentar essas mudanças sociais e ao mesmo tempo contrapor a esse modelo

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econômico vigente estabelecendo novas referências de valores humanizantes. Segundo Sacristán

( 2002, p.234) seria necessário a “ defesa de determinados valores, o desenvolvimento de certos

princípios que se consideram um progresso para os indivíduos.” Daí a necessidade da escola

praticar uma educação humanizadora, ética que ajude o sujeito resgatar sua identidade humana

que possa ajudar na construção de um espaço melhor para viver.

Ainda evidenciando o pensamento de Freire que nos ajuda a justificar a necessidade da

construção de uma prática educativa que vislumbra a esperança, a utopia, o sonho, não uma

utopia ingênua, mas uma utopia calcada na construção de uma prática comprometida e coerente.

Ele afirma a necessidade de se repensar o modelo da sociedade atual, tendo em vista os efeitos e

interesse da economia capitalista,

Se as estruturas econômicas, na verdade, me dominam de maneira tão

senhorial, se, moldando meu pensar, me fazem objeto dócil de sua força, como

explicar a luta política, mas, sobretudo, como fazê-la e em nome de quê? Para

mim, em nome da ética, obviamente, não da ética do mercado, mas da ética

universal do ser humano, para mim, em nome da necessária transformação da

sociedade de que decorra a superação das injustiças desumanizantes. (FREIRE,

2000, p.27)

Certamente, a educação escolar no cenário atual deve se reconhecer como um ambiente

de reflexão e ação tendo como base os problemas que aflige as sociedades locais e globais. E

para abordar os problemas complexos que a sociedade vive hoje, a escola precisa ir além do

trabalho com os conteúdos e conhecimentos conceituais, ela precisa investir na formação para

cidadania, para a construção de atitudes e comportamentos éticos.

Para Zabala (2002), educar o indivíduo para ser capaz de responder, aos problemas

apresentados pelo contexto social, de maneira comprometida consigo mesmo e com a sociedade,

é o que se espera de uma educação para a cidadania. Neste sentido é que a escola pode se

apresentar como educadora na construção do agir ético do individuo. Uma vez que para Freire

(2000, p. 37) “Não há educação sem ética.” E ainda acrescenta o mesmo autor destacando a

função da prática educativa escolar.

Transformar a experiência educativa em puro treino técnico é amesquinhar o

que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter

formador. Se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não

pode se dar -se alheio a formação moral do educando. Educar é

substantivamente formar. ( FREIRE, 1996, p. 19)

Portanto a educação escolar não pode preocupar-se apenas como a instrução, ela deve

conciliar na sua prática educativa os dois aspectos que são inerentes à formação humana hoje. A

educação técnica,que se preocupa com o desenvolvimento do intelecto, e a educação ética, que

se preocupa com a formação da personalidade. Freire (1996, p.18) diz que “Não é possível

pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela.” Portanto, no contexto

contemporâneo, levando em consideração o paradigma da complexidade, a instrução técnica e

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formação ética na educação escolar interagem simultaneamente, assumindo um caráter

complementar. Não se pode negar hoje a multiplicidade de funções que a escola assume, mas

esta multiplicidade se dá em função da própria natureza da formação integral e plena do

indíviduo. Educar para o desenvolvimento pleno do sujeito exige-se do espaço escolar a

responsabilidade e o comprometimento com o ser humano em toda a sua plenitude. Educar neste

contexto exige uma concepção complexa, holística multidimensional da realidade e do ser.

A escola enquanto educadora na construção do agir ético, precisa antes de qualquer coisa

refletir sobre a ética que se quer construir junto com os alunos. Pois, de acordo com Freire,

“Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se

educam em comunhão, mediatizados pelo mundo (1981, p. 79).” Nesse contexto a ética de que

estamos falando, não pode ser ensinada, transmitida, como um conjunto de valores eleitos,

proclamados e definidos pela escola e pelos professores.

A escola deverá exercer o papel de mediadora no processo de construção do sujeito ético.

Para Freire ( 1996, p.33) “ a prática educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de

decência e de pureza.” Dessa forma precisa se articular uma prática educacional reflexiva, a

partir das próprias relações vividas no interior do espaço educativo. Se a escola pretende cultivar

valores como o respeito, a paz, a solidariedade, a justiça precisa definir conjuntamente com os

alunos e a comunidade escolar, o que considera valorativo para as relações que pretendem viver.

O aluno precisa ser sujeito ativo e participativo nesse processo.

Portanto, as atividades escolares devem favorecer aos alunos o exercício da reflexão

permanente, da vivência democrática, da participação, do diálogo. A escola deve ajudar os

alunos a pensar e refletir sobre os valores éticos eleitos pela comunidade educativa, como

importantes para as relações estabelecidas dentro e fora do espaço escolar. A ética a ser

trabalhada na escola deve priorizar e focalizar a qualidade das relações entre os agentes da

própria instituição escolar. Segundo os PCN ( 1998) as relações sociais efetivamente vividas no

interior na escolar são na verdade os melhores educadores.E nesse processo de debates, de

argumentações, da criticidade que começa a emergir o sujeito ético.

Educar para a construção da personalidade e o agir ético do aluno no mundo, requer que

a escola adote uma posição em relação aos problemas sociais, econômicos que repercutem no

espaço da escola , colocando estas questões para que possam ser pensadas e refletidas

dinamicamente com os educandos. Definir um projeto conjunto estabelecendo os valores que

devem ser cultivados, potencializados, e os contravalores que devem ser eliminados em relação

as atitudes concretamente vividas. Segundo Sartre e Moreno (2002, p.58)

Formar os(as) alunos(as), desenvolver sua personalidade, fazê-los(as)

conscientes de suas ações e das consequências que acarretam, conseguir que

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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aprendam a conhecer melhor a si mesmo(as) e às demais pessoas, fomentar

cooperação, a auto confiança e a confiança em suas companheiras e seus

companheiros, com base no conhecimento da forma de agir de cada pessoa, e

beneficiar-se das consequências que estes conhecimentos lhes proporcionam.

A realização destes objetivos leva a forma de convivência mais satisfatória e a

melhoria da qualidade de vida das pessoas, qualidade de vida que não se

baseia no consumo, e sim em gerir adequadamente os recursos mentais...

Intelectuais e emocionais - para alcançar uma convivência humana muito mais

satisfatória.

A escola pode ser educadora na construção do agir ético do educando, na medida em

que redefinir seu projeto curricular colocando na práxis educativa o exercício do agir ético,

como eixo central de todo o trabalho pedagógico. Agir ético deve perpassar todo o contexto

escolar, de forma a estar impregnado transversal implícito e explicitamente nas ações

educativas desenvolvidas.

Isto quer dizer elaborar propostas que visem educar para a autonomia, cidadania, e para

a capacidade de diálogo, tendo em vista a construção de princípios éticos que permitam aos

alunos a se indignar com os problemas vividos localmente e também universalmente. Uma vez

que o local e o global se entrelaçam no mundo atual. Educar para ajudar na construção do agir

ético supõe uma escola que se comprometa com a formação de sujeitos dialógicos, críticos

dispostos a refletir sobre as relações pessoais, sobre sua participação social e sobre a capacidade

de auto regulação para aprender a conviver junto. Esta vivência ética acontece na comunicação

oral e gestual, ou seja, na vivência dialógica. São nas relações comunicativas entre o eu, tu, nós

que a natureza da ética e as construções intersubjetivas do agir ético se efetiva.

Em suma, a escola educadora deve disseminar a vivência desse tipo de relação, pois

contribui para a formação de uma comunidade ética educativa, espaço propício para o exercício

do agir ético. Nesse caso a escola possibilita aos alunos analisar criticamente o ambiente

cotidiano, aproximando seus hábitos e condutas com os princípios éticos que vão construindo.

Ensinar o exercício da coerência é ensinar agir eticamente, na medida que coloca-se para o

educando o desafio do pensar e agir reflexivamente a respeito das seus ações e condutas. A

escola comprometida com os sujeitos e seus atos, ajudará aos alunos a tornarem-se mais críticos,

mais conscientes, mais pensantes, mais colaboradores que podem se juntar a outros em busca de

uma sociedade mais justa solidária, e mais humana.

Faz-se necessário o fortalecimento na comunidade escolar dos princípios éticos como o

respeito mútuo, justiça, a solidariedade, diálogo, isso servirá de referência para a eleição de

outros valores que serão estabelecidos coletivamente por todos os membros do ambiente

escolar, tendo em vista a construção de uma escola mais comprometida com o ensino e

aprendizagem do agir ético dos seus alunos e alunas. A aprendizagem do agir ético leva tempo,

tempo histórico, tempo biológico, tempo social e cultural, conforme assinala (VAZ, 2002,

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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p.292) “o agir ético é sempre um agir histórico e um agir situado”. Em síntese, aprender agir

eticamente é aprender agir reflexivamente no seu próprio ambiente de vivência, nos momentos

de tomada de decisões, nos diálogos que exigem a criação de respostas e argumentos mais

adequados, assim as relações éticas e o agir ético vão sendo construídos no dia a dia, a cada

instante, a cada situação concreta vivida no âmbito interno e externo da comunidade educativa.

Desafios para o Ensino e Aprendizagem da Ética no Cotidiano da Escola

A construção de um espaço escolar ético onde as relações pessoais e sociais sejam

guiadas pelo agir ético dos sujeitos, ainda encontra algumas barreiras a serem ultrapassadas pela

comunidade educativa e por os indivíduos que a compõem. Tendo em vista a abordagem e os

argumentos exposto até agora, sobre a função da escola no contexto contemporâneo, fica

evidente que ela tem que ir além do trabalho restrito de transmissão de conteúdos. Pois ocupar-

se da educação integral das crianças e jovens é assumir o compromisso com a promoção plena

do indivíduo, sua formação ética e intelectual.

Hoje em dia, ganha atenção e força a ideia de que a educação escolar assume cada vez

mais responsabilidades no processo educativo das crianças e jovens. Sabe-se que ela não é a

única responsável por esse processo, no entanto, não se pode eximir sua importância na

formação humana do educando. O desenvolvimento do agir ético por parte do aluno será

concretizado, com a orientação atenciosa da comunidade escolar, que aguçando o senso de

compromisso, responsabilidade e reflexão no seu próprio processo de aprendizagem, estará

contribuindo de alguma forma para o aprimoramento da aprendizagem em relação ao agir na

convivência com o outro.

Incentivar a convivência democrática, a discussão sobre temas éticos, direitos humanos,

diversidade, sustentabilidade e inclusão social no espaço escola e na sala de aula, fazendo uma

ponte com os assuntos trabalhados nas disciplinas que compõem o currículo, exercitando assim

o pressuposto da transversalidade nas praticas desenvolvidas, supõe uma modificação de

mentalidade a respeito da função social da escola. Dessa forma uma prática escolar que coloca a

formação ética cidadã dos seus alunos como eixo central e transversal do seu projeto

educacional, precisa em primeiro plano trabalhar com sua equipe a mudança de paradigma. Pois

de nada adianta proclamar novas práticas procedimentais e atitudinais, se a mentalidade dos

educadores ainda esta totalmente arraigada nos velhos paradigmas.

Dificilmente se conseguirá avançar nas práticas educativas criativas, inovadoras,

comprometidas com a verdadeira formação integral do ser, se as práticas continuam centradas

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na visão linear, reducionista, mecanicista do sistema educativo. De acordo com Morin, ( 2002,

p. 135) “a complexidade fundamental de um sistema é associar em si a ideia de unidade, por um

lado, e a de diversidade ou multiplicidade, do outro, que em princípio se repelem e se excluem”

Neste sentido a organização escolar precisa redimensionar seu trabalho numa perspectiva

mais ampla, que leve em consideração a realidade, o indivíduo como um sistema complexo,

capaz de apreciar todos os aspectos que o compõem. Capaz também de considerar a inter-

relação desses aspectos que assegure um pensamento aberto, dinâmico, que une e que liberta. A

escola, os educadores na verdade precisa reaprender continuamente sobre sua função, pois

diante de um contexto de mudanças e transformações constantes faz-se necessários novos

posicionamentos mais dialógicos, mais democráticos, mais educativos que de fato possam

ajudar na construção do sujeito ético.

Em suma podemos dizer baseando-se nas ideias de Álvarez et al (2002), que a primeira

dificuldade encontrada para trabalhar a ética no cotidiano da escola, decorre da necessidade de

mudança de concepção de mundo e de educação. Ainda existe uma inércia por parte de algumas

escolas e de alguns professores, que afirmam ser sua função exclusivamente a de ensinar

conteúdos, preparar o aluno intelectualmente para enfrentar a concorrência dos vestibulares e

do mercado de trabalho. Estes resistem em abraçar os novos paradigmas, que orientam e

conduzem a prática educativa para uma ação mais ampla, mais integral, mais interligada às

múltiplas necessidades do ser humano no seu processo de formação. Dessa primeira

dificuldade, decorrem várias outras as quais mencionaremos a seguir.

Um segundo desafio a ser superado pela escola se refere à compreensão da concepção de

transversalidade e interdisciplinaridade. Pode-se afirmar que ainda é tímida na formação inicial

e continuada dos profissionais da educação um sólido embasamento no currículo que condições

para esses profissionais desenvolverem uma prática centrada nesses pilares. Trabalhar a ética na

perspectiva da transversalidade e da interdisciplinaridade exige do profissional da educação uma

abertura para além da organização curricular estabelecida, é preciso estar atento ao currículo

oculto, às possibilidades de trabalhar projetos comuns, pesquisas de interesse educacional e

social, desenvolvidas a partir das suas próprias práticas que colaborem com o desenvolvimento

de temas que efetivamente vão auxiliar na formação integral do aluno.

Terceiro elemento a ser considerado nesse processo é a pouca experiência que os

espaços escolares tem em trabalhar coletivamente. O trabalho em equipe é pouco exercitado

pelos profissionais da educação, ainda se percebe as práticas centradas no individualismo e

isolamento disciplinar. No entanto, quando se pensa numa formação holística, integral, faz-se

necessário pensar em objetivos comuns, que demanda a participação e colaboração de todos os

envolvidos no processo de formação da criança, isto requer uma nova aprendizagem, aprender a

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trabalhar com o outro, aprender o verdadeiro sentido do trabalho coletivo que é a busca de

resultados comuns, o alcance de objetivos que satisfazem a toda equipe e não apenas a um ou

outro membro da equipe de trabalho. O sucesso de um representa o sucesso de todos os seus

membros, de forma que o todo é tão importante quanto as partes que compõem esse todo. Nessa

direção se o ensino da ética for objetivo central de cada disciplina e do projeto maior da escola é

possível que a instituição escolar tenha êxito nessa tarefa, uma vez que o objetivo maior da

unidade escolar estar perpassando também os objetivos das disciplinas, dos conteúdos enfim, de

todas as atividades desenvolvidas no ambiente interno e externo da escola

O quarto aspecto a ser pensado se refere à carência de material e recursos disponíveis

para trabalhar os diversos temas que envolvem a transversalidade em especial o tema ética. A

formação do sujeito ético exige da escola e dos professores a seleção de matérias que sirvam de

apoio, para a reflexão, para facilitar a discussão e o diálogo sobre o tema. A construção do

sujeito reflexivo não se dará apenas pelo discurso e pelos projetos trabalhados, mas consistirá

também no planejamento contínuo pelos professores através das disciplinas que selecionará

leituras, filmes, atividades de pesquisa, jogos, debates, palestras e outros meios que estiverem a

disposição para proporcionar aos alunos momentos ricos de aprofundamento e discussão sobre a

temática.

O quinto desafio a ser enfrentado é a necessidade de colocar em exercício as atividades

direcionadas a formação ética do aluno(a). Em geral se percebe muitos projetos pedagógicos

recheados de um discurso e de uma rica fundamentação teórica sobre a formação integral do

sujeito, formação ética e cidadã, mas na prática cotidiana pouco ou quase nada se faz em busca

dessa aproximação entre o discurso proclamado e a prática executada. Dessa forma é pertinente

citar o seguinte pensamento,

É preciso testemunhar a nossos filhos que é possível ser coerente, mais

ainda, que ser coerente é um final de inteireza de nosso ser. Afinal a coerência

não é um favor que fazemos aos outros, mas uma forma ética de nos comportar.

Por isso, não sou coerente para ser compensado, elogiado, aplaudido.

(FREIRE, 2000, p. 22)

Uma escola que pretende tornar seu projeto de formação ética o ponto de partida para a

formação plena, precisa esforçar-se para diminuir a distância entre o que se ensina e o que se

faz, além de criar mecanismos para tornar essa aprendizagem significativa para os alunos, no

sentido de tornar esse ambiente rico em procedimentos, conteúdos, fatos e atitudes que

assegurem a construção de comportamentos reflexivos e consequentemente a construção de

sujeitos éticos.

Por fim, o sexto e último desafio apontado aqui, diz respeito a organização dos tempos,

espaços e meios para o trabalho sobre ética. É preciso pensar e organizar estes elementos de

maneira mais flexível e dinâmica. Culturalmente se percebe que o ensino e aprendizagem se dão

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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de maneira centrada na sala de aula em horários fixos delimitados pela matriz curricular. É

necessário que a escola e os professores ampliem as possibilidades para a formação desse

sujeito. Pensando assim numa formação articulada, interligada aos vários tempos, espaços e

meios que a criança tem a sua disposição. A exemplo do currículo oculto, das vivências

extraescolares, dos problemas pessoais e sociais vividos no cotidiano que se constituem objetos

de estudo e discussão sobre a temática em questão.

De modo geral é preciso levar em consideração também que as dificuldades vividas hoje,

para conduzir o ensino da ética de forma mais dinâmica e reflexiva no espaço escolar, esta

relacionado ao processo histórico pelo qual passou a educação escolar brasileira. Nos primeiros

séculos da colonização o ensino esteve atrelado a visão religiosa, os jesuítas foram os únicos

responsáveis pela educação em nosso país durantes anos. Eles desenvolveram uma educação

voltada para a fé e a cultura católica. Dessa forma a ética cristã trabalhada pela companhia de

Jesus tinha como princípios fundamentais a procura da perfeição do homem por meio dos

ensinamentos e difusão do catolicismo, apreço a obediência absoluta aos superiores, a hierarquia

e a disciplina rígida.

Portanto, a educação no Brasil no período colonial, imperial e primeiros anos da

república estava a serviço de uma sociedade aristocrática e escravocrata. O acesso das camadas

populares a escola era restrito e os poucos que conseguiam frequentar, bastava-lhe pouca

instrução, mera preparação e treino para o exercício de determinadas funções, dessa forma a

retórica teve o papel mais importante que a criticidade e a criatividade.

Mesmo com os movimentos ocorridos no Brasil, por volta dos anos vinte e trinta do

século passado, que defenderam uma escola nova, pública, gratuita e democrática, com

propostas pedagógica inovadora, que considerava o aluno sujeito ativo no processo ensino e

aprendizagem. A escola brasileira continuou durante muito tempo centrada no ensino

tradicional, em práticas repetitivas, mecânicas e tecnicista. No início dos anos sessenta com a

instalação da ditadura militar a perspectiva crítica, social e política praticamente não existiu no

espaço escolar. O processo ensino e aprendizagem passa a ser mais rígido, controlador e

mecânico. O papel da escola consistia em formar um cidadão dócil, obediente, dotado de uma

formação para o cumprimento dos deveres cívicos e patrióticos, transmitir assim o

conhecimento intelectual e normas morais para a manutenção do regime político social vigente.

Neste contexto, o ensino da ética restringia-se à educação moral e cívica que deveriam

contribuir para formar sujeitos totalmente conformados, passivos, capazes de concordar com

tudo sem questionar e consequentemente sem refletir sobre seu entorno e sua realidade.

Só no final dos anos setenta e toda a década de oitenta com o surgimento de outras

tendências pedagógicas como as progressistas, o próprio processo de redemocratização do país,

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a formulação da nova constituição democrática, que se observa o discurso latente de um

processo ensino e aprendizagem pautados em novos modelos e novas práticas mais

construtivistas e reflexivas.

Ao fazer essa breve retrospectiva, pretende-se mostrar que a dificuldade de se trabalhar

hoje no espaço escolar uma prática educativa que prima por uma educação integral, que concebe

o ensino e aprendizagem da ética como indispensável a formação plena do educando, que

concebe a transversalidade como uma proposta a ser implementada a partir do envolvimento e

comprometimento da equipe escolar, com a percepção e exercício de uma nova mentalidade

paradigmática, está sem dúvida também ligado ao processo histórico educacional , que reflete de

alguma maneira no processo de formação dos educadores.

Sabe-se que os educadores são produtos da sua formação acadêmica, política, social e

cultural, estes aspectos sem dúvida refletem no seu fazer pedagógico. Dessa forma quando não

se têm na formação inicial e continuada dos professores uma sólida e aprofundada

fundamentação teórica relacionada ao tema, temos um ciclo que se repete: uma vez formados

sem essa base de conhecimentos teórica - prático no que se referem as dimensões aqui

discutidas, da ética , da transversalidade, da interdisciplinaridade, forma-se alunos também sem

a preocupação dessas questões. É pertinente citar Perrenoud (2002, p. 52) reafirmando a

necessidade de desenvolver práticas reflexivas que adquiram significados concretos para o

ensino da ética, “[…] um profissional reflexivo nunca deixa de se surpreender, de tecer vínculos,

porque o que ele observa alude aos seus marcos conceituais, que podem provir de uma longa

prática reflexiva pessoal e de saberes privados, que ele permitiu ser construída ao longo dos

anos.” Se considerarmos que a natureza da ética é essencialmente reflexiva, o seu ensino no

contexto escolar não pode se dar fora do contexto das práticas pedagógica que priorizam a

reflexão permanente da ação.

Considerações Finais

Se compreendermos o ato de educar como uma relação dinâmica entre as crianças e os

adultos nos diferentes contextos de vivências, é na relação cotidiana do viver e do conviver que

aprendemos a praticar certos comportamentos e atitudes. Recorremos à ideia de Maturana,

(2000, p.91) para explicar o nosso pensamento “Somos o que conversamos, e é assim que a

cultura e a história se encarnam em nosso presente”. Portanto, se a escola pretende educar a

partir de certos princípios éticos, faz-se necessário colocá-los como eixo central da convivência,

podemos construir um espaço escolar ou outro de acordo com o que é produzido no seu interior,

de acordo as conversações, os diálogos que são praticados pelos sujeitos que compõe esse

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espaço. Para a construção desse lugar como diz Maturana (2000) é preciso estar disposto

emocionalmente para comprometer-se com a construção do ambiente que queremos viver e

conviver.

Portanto, em relação aos aspectos ressaltados em nossas reflexões, percebemos que para

trabalhar o tema ética na escola, faz-se necessário mudar a nossa concepção de mundo, de

sociedade, de escola e da prática educativa do professor. Como diz Petraglia (1995, p. 77) “ É

preciso que os educadores iniciem o processo de reforma do pensamento, [..] é preciso

persistência e dedicação quando se acredita na próprias ideias”. Neste sentido tanto a escola

como os educadores, poderão a partir da educação provocar uma reforma no pensamento que

resultem em atividades mais conscientes criativas e dinâmicas. Situações educativas que sejam

capazes de ensinar a ética segundo Morin (2003) não por meio de lições de moral, mas sim “

deve formar-se mentes com base na consciência de que o ser humano é, ao mesmo tempo,

indivíduo, parte da sociedade, parte espécie”. Desse modo, o desenvolvimento de um trabalho

que prioriza a ética no cotidiano escolar, deve compreender a realização de atividades que

valorizam a autonomia, a participação, a compreensão, o trabalho coletivo, a consciência de que

o ser humano tem responsabilidade na construção da cidadania terrena.

Portanto, colocar em prática, na vivência cotidiana os princípios éticos construídos

conjuntamente na escola, exige da comunidade educativa um elevado grau de comprometimento

e reflexão com sua ação desenvolvida. Pois não se pode agir de forma contrária aos princípios

que ensinamos; nem tão pouco nos mantermos indiferentes a determinadas situações que exigem

um posicionamento de reflexão e de diálogo. Para ensinar a ética na escola, as pessoas que

trabalham nesse espaço precisam estar dispostas a abertura com o outro, o comprometimento, a

interação afetiva, o cuidado com seus pares e com a comunidade, precisa desenvolver a

sensibilidade, a capacidade de pensar reflexivamente, criticamente tomando consciência da

necessidade de efetivação de atitudes concretas.

Assim, frente ao exposto pressupomos que apesar das dificuldades apresentadas para um

trabalho contínuo que evidencia a ética no contexto escolar, é possível trilhar caminhos que

apontem para uma prática escolar educadora capaz de contribuir para a formação de alunos

críticos, pensantes, reflexivos e construtores do seu agir ético.

REFERÊNCIAS

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EMOAFETOPOLITIZAÇÃO: UM OLHAR DESAFIADOR SOBRE A EDUCAÇÃO

CONTEXTUALIZADA

Maria da Conceição Araújo Carneiro23

RESUMO

Este artigo discute a importância da emoção, do afeto e do processo de politização do educando enquanto

ferramentas fundamentais para o processo ensino-aprendizagem, daí o termo:

EMOAFETOPOLITIZAÇÃO. As dimensões: emocional, afetiva e política devem ser trabalhadas nas

práticas pedagógicas, na perspectiva de melhor formar o educando mais centrado, crítico, participativo,

autônomo, com sua autoestima trabalhada, de modo que possa tomar consciência da sua realidade,

podendo nela intervir, e assim assumir a constituição de sua aprendizagem e de sua história.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Emoção, Afeto, Politização.

INTRODUÇÃO

Pensar a escola em tempos globalizados requer um recorte histórico do que tem ocorrido

neste espaço educativo, nesta direção é relevante analisar como esta instituição ao longo de sua

história tratou e/ou trata: a emoção, o afeto, a cognição e a politização do educando e suas

implicações para formação da pessoal humana crítica, reflexiva, transformadora e cidadã. É

notório que o foco da escola sempre foi desenvolver o aspecto intelectual do educando, por

séculos se mostrou indiferente aos aspectos emocionais, afetivos e políticos do sujeito,

negligenciando a educação emocional, cidadã do indivíduo, tratando todos e todas de forma

homogênea.

Comennius já se perguntava: é possível ensinar a todos da mesma forma? O modelo

epistemológico que ainda hoje voga no Brasil, se for interpelado não responde as demandas

atuais da sociedade , visto que não faz sentido nenhum há muitos e muitos anos, essa defasagem

é respaldada num modelo cartesiano que visualiza uma lógica mercadológica advinda do

capitalismo selvagem que se materializa numa prática pedagógica fria e indiferente a formação

humana, hoje tão aclamada em todo os discursos educacionais.

Lançar sobre a educação na perspectiva de um olhar sobre o afeto, a emoção e a

politização do educando talvez não seja uma proposta inovadora já que tem se multiplicado

estudos nessa área, mas, se faz extremamente necessária já que todos os olhares técnicos e

racionais não foram e nem serão suficientes para diagnosticar a fundo e promover as mudanças

23

Maria da Conceição Araújo Carneiro, Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ. [email protected]

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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necessárias. Neste contexto lanço o termo: “EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” termo novo e

provocador que será desdobrado etimologicamente ao longo deste artigo.

A Emoafetopolitização pode ser compreendida como uma reflexão e sugestão para o

fazer pedagógico que agrega um conjunto de concepções a cerca da contribuição do afeto, da

emoção e do processo de politização do indivíduo no contexto educacional ,sendo fundamental a

compreensão da base epistemológica que respalda essa prática.

A princípio é crucial explicar a terminologia: “EMOAFETOPOLITIZAÇÃO”, a

expressão surge da junção de três dimensões fundamentais a formação da pessoa humana:

emoção, afeto e política, para melhor compreensão, veja cada uma delas:

Dimensão emocional - por acreditar ser esta responsável por conflitos de todas as

ordens na sociedade, desde uma simples discussão até mesmo tragédias de

repercussões: nacional e internacional;

Dimensão afetiva – por ser a afetividade ferramenta capaz de nortear as atitudes

dos educandos de modo a produzir: o diálogo, a proximidade, a tolerância, o respeito

e o amor a si e a todos com os quais estabeleçam relações estáveis ou passageiras.

Dimensão Política – por esta a responsável por posturas que conduzem ao

exercício da cidadania, a transformação da sociedade numa perspectiva mais justa,

inclusiva e igualitária.

Para melhor visualização e entendimento da dimensão da

“EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” no contexto de uma prática pedagógica emancipadora e cidadã

faz-se necessário aprofundar o estudo deste trabalho com o objetivo de melhor visualizar o

diálogo entre autores no que se refere a afetividade, emoção e politização, na perspectiva de

evidenciar pontos convergentes entre autores clássicos e contemporâneos, uma vez que

pensamentos e pluralidade de sentidos tornam uma reflexão mais enriquecedora, o que

consequentemente contribuirá para melhor compreensão do objeto de estudo deste artigo.

Autores clássicos: um olhar sobre a emoção, afeto e politização na educação.

Neste olhar sobre a base epistemológica que respaldam a terminologia em questão e

consequentemente a sua prática traz para o bojo desta discussão autores de extrema relevância

para o estudo da temática analisada, como referencial clássico foi feito uma aprofundamento24

*Faculdade São Francisco de Juazeiro-FASJ. E-mail:[email protected]

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maior em relação a Piaget, Vygotsky e Wallon procurando durante todo o estudo focar pontos

comuns , os quais analisaremos ao longo do texto.

Entre os autores clássicos encontram-se pontos comuns no que se refere as dimensões:

afetivas, emocionais e políticas no contexto da prática educativa,logo os autores abaixo integram

a base epistemológica da emoafetopolitização : Piaget, Vygotsky e Wallon.

Wallon dá ênfase ao papel da emoção no desenvolvimento humano, uma vez que as

relações que as crianças vivenciam com outras pessoas que cuidam delas desde o seu

nascimento é permeada de emoções, afetividade, posições políticas, valores e não somente de

cognição.

É necessário esclarecer que a teoria walloniana é baseada em quatro elementos

fundamentais que dialogam o tempo todo: afetividade, emoções, movimento e formação do eu.

Essa teoria repudia a visão fragmentada do desenvolvimento humano, visando uma

compreensão do ponto de vista dos aspectos: do ato motor, da afetividade e da cognição, bem

como do ponto de vista das relações que o indivíduo estabelece com o seu meio.

O pensamento pedagógico Walloniano deixa claro a especificidade do educador

enquanto eixo da ação pedagógica, devendo este procurar mobilizar os aspectos afetivos e

cognitivos presentes na prática pedagógica com intuito de interagir com os educandos buscando

entendimento destes aspectos.

Outro autor de extrema relevância para este trabalho é Lev Semenovich Vygotsky, vez

que assume uma posição teórica segundo a qual o indivíduo nasce biológico, porém através das

vivências no contexto cultural se constitui em sujeito sócio-histórico-político.

Vygotsky defende que nenhuma forma de comportamento é tão forte quanto aquela

ligada a emoção. Confirmando assim que se quisermos suscitar ao aluno formas de

comportamento de que necessitamos é fundamental nos preocupar com suas emoções.

Segundo a teoria de Vygotsky a afetividade assume sem dúvida um papel importante, em

seus escritos referente a emoção e a politização do indivíduo no processo de interação social,

oferecendo contribuições significativas para a educação, deixando muito claro que é possível a

compreensão do pensamento humano tomando como referência sua base afetiva, isto é, as

razões que dão origem aos pensamentos e estas encontram suas origens nas emoções.

Ainda segundo o autor o conhecimento só acontece a partir de uma intensa interação

entre os indivíduos. Também questionava o dualismo entre as dimensões afetivas e cognitivas

quando mencionava que a psicologia tradicional pecava em separar os aspectos intelectuais dos

afetivos.

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No tocante ao termo “EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” é extremamente relevante a

contribuição de Jean Piaget, autor renomado e de reconhecimento no âmbito educacional.

Segundo Piaget: não existem estados afetivos sem elementos cognitivos, assim como não

existem comportamentos puramente cognitivos, quando se refere aos papéis da assimilação e da

acomodação cognitiva.

No que tange a afetividade Piaget afirma ser esta uma fonte de energia de que a cognição

se utiliza para seu funcionamento, vez que na relação do sujeito com o objeto, com as pessoas e

consigo mesmo, existe uma energia que direciona seu interesse para uma ou outra situação.

Este autor reconheceu a afetividade como agente motivador da atividade cognitiva, vez

que afetividade e atividade cognitiva constituem termos complementares: “afetividade seria a

energia, o que move a ação, enquanto razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar

desejo, sentimentos variados e obter êxito nas ações.

Piaget, Vygotsky e Wallon sugerem que na prática pedagógica não se pode mais

trabalhar com disjunção entre o campo da racionalidade, da afetividade e da emoção para

explicar o funcionamento psíquico. O comportamento e os pensamentos humanos se sustentam

na indissociação de emoções e pensamentos, de aspectos afetivos e cognitivos que irão

fundamentar a construção de valores, crenças, enfim contribuirão significativamente para

formação da pessoa humana sobretudo na dimensão política.

É consenso entre os três estudiosos, que o processo de ensino e aprendizagem deve

incluir a afetividade, a emoção e o processo de politização de forma significativa. Estes

sinalizam que o processo de aprendizagem deve envolver um total comprometimento do

discente tão físico, quanto intelectual, moral, político e emocional, sendo que a afetividade, em

especial a motivação, desempenha papel importante nessa tarefa, vez que, em geral, o

comportamento do ser humano é permeado pela emoção e se esta for bem conduzida permite a

formatação do homem/mulher numa perspectiva politizada para atuar numa sociedade de

conflitos, intolerância e violenta de forma mais ajustada, convergindo para o respeito a

diversidade, a prática da inclusão e ao exercício da cidadania.

Piaget e Vygotsky ambos cognitivistas e interacionistas em suas teorias apresentam

pontos convergentes e divergentes, o fundamental neste estudo é o aprofundamento teórico,

visando compreender o melhor possível suas abordagens para que haja maior clareza quanto ao

objeto de estudo em questão: a “EMOAFETOPOLITIZAÇÂO” no contexto das práticas

pedagógicas e sua implicação no processo ensino-aprendizagem.

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Ambos entenderam o conhecimento como adaptação e como construção individual e

concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são autorregulados. Porém, discordaram

quanto ao processo de construção, ambos viram o desenvolvimento e aprendizagem da criança

como participativa, não ocorrendo de maneira automática.

Por outro lado, estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual, porém cada um

começou e perseguiu por diferentes questões e problemas. Enquanto Piaget estava interessado

em como o conhecimento é construído, Vygotsky estava interessado na questão de como os

fatores sociais e culturais influenciam o desenvolvimento intelectual, aqui a emoafetopolitização

encontra terreno fértil para sua aplicabilidade e validade no âmbito educacional.

No que se refere ao desenvolvimento cognitivo Segundo Piaget, a origem do

desenvolvimento cognitivo dá-se do interior para o exterior, ocorrendo em função da maturidade

da pessoa. O autor considera que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo,

porém sua ênfase recai no papel do ambiente para o desenvolvimento biológico, ressaltando a

maturidade do desenvolvimento.

A abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget, o desenvolvimento é de fora para

dentro, através da internalização. Vygotsky afirma que o conhecimento se dá dentro de um

contexto, afirmando serem as influências sociais mais importantes que o contexto biológico.

Em linhas gerais, para a teoria vygotskiana, o desenvolvimento ocorre em função da

aprendizagem, ao contrário do pensamento de Piaget que assegura ser a aprendizagem uma

consequência do desenvolvimento. O desenvolvimento cognitivo para Piaget, é o de

equilibrarão, existiria uma interação entre o indivíduo e o meio, ligados com outros fatores

como: experiências, genética, maturação biológica, formando os esquemas, a assimilação, a

acomodação, a adaptação e a assimilação.

Ao analisar a teoria de Vygotsky em relação a teoria de Wallon percebe-se que este

defende a cultura e o social como pontos de relevância para formação do indivíduo. Porém este

não analisa essa formação apenas no que tange ao aspecto cognitivo; atribui grande significado a

um aspecto que durante muito tempo foi tido como secundário dentro das salas de aula, as

relações afetivas, sociais e culturais, evidenciando que a “EMOAFETOPOLITIZAÇÃO” é uma

prática viável ao fazer educativo e bem operacionalizada contribuirá significativamente para o

desenvolvimento do indivíduo critico, participativo e cidadão

Vygotsky ao desenvolver seus estudos, concluiu que o desenvolvimento infantil é

socialmente construído, pois as transformações da sociedade e da cultura interferem no

desenvolvimento do sujeito e transforma a relação que este mantém com a realidade e ao mesmo

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tempo a consciência dele sobre ela, assim práticas emoafetivopolitizadoras encontra forte

ressonância na visão Vygotkyana.

Um dos pontos que chama a atenção da teoria de Vygotsky que neste estudo, refere-se

as influências das interações sociais no desenvolvimento cognitivo e político que de modo geral

quando foca as influências das interações, aborda-se a questão da cultura, determinadas

ideologias, religiões, classes sociais, sistema econômico, presença ou ausência de escolarização ,

características da linguagem, riqueza ou pobreza do meio etc., evidenciando a importância dos

saberes sociais e da emoafetopolitização e suas implicações na formação integral da pessoa,

trazendo para discussão a relevância das dimensões: política, emocionais e afetivas no contexto

das relações pessoais, familiares e sociais.

Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, para o autor o

desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não são

capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e,

para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um

desenvolvimento conflituoso, aqui Wallon deixa muito claro a importância da inteligência

emocional ser focada e trabalhada pela escola, para que efetivamente se pense numa formação

integral do educando.

Wallon sem dúvida foi o autor que soube muito bem privilegiar a relação entre os

domínios afetivo e cognitivo, na medida em que criou uma teoria de desenvolvimento da

personalidade. Ocupando-se em estudar a passagem do orgânico ao psíquico, verificou que,

nesse processo, ocorre concomitantemente o desenvolvimento de ambos os domínios. O

desenvolvimento da personalidade oscila entre movimentos ora afetivos, ora cognitivos, que são

interdependentes; em outras palavras, à medida que a afetividade se desenvolve, interfere na

inteligência e vice-versa.

Wallon compartilha com Vygotsky a mesma matriz epistemológica, o materialismo

histórico e dialético, sendo que, para Wallon (1981), a emoção é o principal mediador, enquanto

que, em Vygotsky (1993, 1991), o sistema de signos e símbolos ocupa tal papel, posto que as

relações estabelecidas entre os indivíduos tornou-se fundamental ao olhar atento deste autor.

Piaget, Vygotsky e Wallon sugerem que na prática pedagógica não se pode mais

trabalhar com disjunção entre o campo racionalidade , da afetividade , da emoção e da interação

para explicar o funcionamento psíquico. O comportamento e os pensamentos humanos se

sustentam na indissociação de emoções e pensamentos, de aspectos afetivos e cognitivos, nesta

direção a “Emopolitização “ responde as demandas defendidas pelos autores.

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É consenso entre os três autores estudiosos, que o processo ensino-aprendizagem deve

incluir a afetividade de forma significativa. Estes sinalizam que o processo de aprendizagem

deve envolver um total comprometimento do discente tanto físico, quanto intelectual, político e

emocional, sendo que a afetividade, em especial a motivação, desempenha papel importante

nessa tarefa, vez que, em geral o comportamento do ser humano é permeado pela emoção.

O lugar da emoção, do afeto e da politização do indivíduo na educação contextualizada.

Por outro lado ao abordar o processo de conscientização e politização do educando,

Freire afirma:

“A conscientização não pode existir fora da “práxis”, ou melhor, sem o ato ação-

reflexão. [...] Por isso mesmo, a conscientização é um compromisso histórico. É também

consciência histórica: é inserção crítica na história, implica que os homens assumam o papel de

sujeitos que fazem e refazem o mundo. [...] A conscientização não está baseada sobre a

consciência, de um lado, e o mundo, de outro; por outra parte, não pretende uma separação. Ao

contrário, está baseada na relação consciência-mundo. [...] A conscientização supõe. Por sua

vez, o superar a falsa consciência, quer dizer, o estado de consciência semi-intransitivo ou

transitivo ingênuo, e uma melhor inserção crítica da pessoa conscientizada numa realidade

desmitificada”. (FREIRE, 1980, p. 26 e 90).

Segundo Freire, a educação deve ser vista como ato educativo de conhecimento e

portanto um ato político, deve ser encarada enquanto prática de liberdade, logo como ferramenta

de conscientização, tendo como ponto de partida a realidade que por sua vez precisa ser

compreendida e transformada,para que assim possa ser libertadora .

Nesta perspectiva afirma Gadotti: em si mesmo, não é libertador, o será se estiver

associado a um compromisso político em favor dos excluídos. Ela é uma ferramenta essencial

para intervir no mundo, para Freire, “A libertação é o fim da educação. A finalidade da

educação será libertar-se da realidade opressiva. A educação visa à libertação, a transformação

radical da realidade, para melhorá-la, para torná-la mais humana, para permitir que os homens e

as mulheres sejam reconhecidos como sujeitos da sua história e não como objetos”. (GADOTTI,

1999, p. 9).

Para Tiba (2002, p. 18) o desenvolvimento cognitivo do homem está fortemente ligado

aos fatores sociais, biológicos, psicológicos e afetivos:

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É preciso ter consciência que o ser humano passa por fases de desenvolvimentos em

tempos individuais e que a aprendizagem acontece desde o seu nascimento até o fim de

sua vida, e que este processo de aprender, envolve situações afetivas, sociais e

biológicas, que devem ser conhecidas pelo ensinante para que possa encontrar

subsídios nas teorias pedagógicas ou nos processos práticos para atingir o objetivo que

é levar à criança a apropriação do conhecimento com liberdade de pensamento.

A aprendizagem é mais proveitosa quando o aluno é conduzido a refletir e a estabelecer

relações entre os aspectos afetivos e cognitivos. Deve haver sempre um entrelaçamento entre

esses dois aspectos, pois as emoções são disposições corporais que vão definir as ações e a partir

de um determinado estado emocional, age-se de determinado modo e não de outro. Ao ocorrer

uma mudança na emoção, consequentemente, transforma-se a ação.

No processo educacional estão envolvidos professores e alunos e estes, carregam dentro

de si experiências adquiridas no âmbito familiar: bloqueios, medos, ansiedades, e outros traumas

que acabam atrapalhando o processo de aprendizagem porque geram insegurança, assegura

Chalita (2004). Para conseguir que esse aluno se prontifique a assimilar os conhecimentos, o

professor deve estar preparado para se aproximar da sensibilidade do aluno, deve estar

preparado para educar com afeto.

Esse sentimento conduz à valorização da pessoa humana, tanto nos fatos externos como

nas causas subjetivas, valoriza tudo o que está dentro do homem como os medos, os conflitos e

anseios. Valoriza ainda todos os fatos e acontecimentos externos a ele, fatos do passado e as

perspectivas futuras. Sabe-se que em toda e qualquer atividade que é realizada com amor os

resultados são excelentes.

O afeto tem duração (freqüência) no tempo e gera a inteligência relacional que se

expressa por meio de sentimentos como amor, amizade, empatia, solidariedade, altruísmo,

ternura, compaixão. Estudos recentes, afirma Cury (2003), concluem que a afetividade é a fonte

de todos os tipos de inteligência: cinestésico-corporal, verbal, intrapessoal, interpessoal, lógico-

matemática, visual, auditiva, semântica, musical, espacial, social, naturalista, religiosa, etc.

O emocional tem papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade

e este, por sua vez, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais. Em outras palavras,

afetividade é o termo utilizado para identificar um domínio funcional abrangente e, nesse

domínio funcional, aparecem diferentes manifestações: desde as primeiras, basicamente

orgânicas, até as diferenciadas como as emoções, os sentimentos e as paixões. Assim:

Porque, para se educar bem, o intelecto só não basta. Para se educar bem, é preciso

mexer com uma dimensão da personalidade que vem sendo ignorada na maioria dos

conselhos dados aos pais nos últimos trinta anos. É preciso mexer com a emoção

(GOTTMAN, 2001, p. 20).

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As emoções e os sentimentos compõem a vida afetiva do homem e esta, se constitui em

um aspecto de fundamental importância na sua vida psíquica. As emoções e os sentimentos são

como alimentos de psiquismo e estão presentes em todas as manifestações da vida humana.

É cada vez mais notório o apelo entre psicólogos e educadores no sentido de humanizar o

conhecimento, e até os próprios professores, com o objetivo de desenvolver o lado cognitivo

paralelo ao afetivo. Assim é coerente citar as publicações das obras: Inteligências Múltiplas

(GARDNER, 1995) e Inteligência emocional (GOLEMAN, 1995), que muito colaboraram para

que a emoção ganhasse um espaço significativo no âmbito educacional.

Um documento digno de ser abordado neste artigo trata-se do Relatório de Delors,

publicado no Brasil em 1998, com o título: “Educação: Um Tesouro a Descobrir. Relatório da

Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI,coordenado por Jacques Delors.

Neste documento encontram-se os quatro pilares da educação, além de apresentar propostas

visando a melhoria das práticas pedagógicas dos educadores no cotidiano escolar.

Nos quatro pilares da educação encontramos respaldo que sugere práticas

emoafetopolitizadoras que por sua vez evidencia forte preocupação com a produção do

conhecimento: aprender a conhecer e o aprender a fazer e principalmente com a formação

humana e a operacionalização destes pilares no que se refere a politização do sujeito no aprender

a ser e aprender a conviver.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As leituras realizadas conduzem a uma reflexão, que é reconhecer a importância da

emoção, do afeto e do processo de politização do educando no processo de ensino-aprendizagem

e considerar que o aluno é um ser cheio de sentimentos que precisam aflorar junto com a

cognição. Esses passos são fundamentais para a formação de um cidadão e para a efetivação da

cidadania de cada aluno.

No espaço da sala de aula o aluno vivencia experiências afetivas, emocionais, sociais e

políticas que determinarão o sucesso ou não, de sua aprendizagem. É aí que o trabalho do

professor ganha grande dimensão na sua relação com o aluno, porque as estratégias que ele usa

para abordar os conteúdos escolares, as atividades propostas e a forma de avaliar, influenciarão

de forma determinante a construção afetiva da relação professor-aluno.

Não podemos pensar na evolução da pessoa humana sem necessariamente considerar sua

evolução pessoal, afetiva, emocional e política, nesta direção devemos pensar no

desenvolvimento emoafetopolitizador a partir da percepção e auto-percepção que a pessoa

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produz por si: o que penso? o que sei? As crenças que tenho a cerca da vida e da sociedade são

positivas ou negativas? Qual a imagem que tenho de mim? Qual a imagem que as pessoas têm

de mim? Como vejo a sociedade? Como percebo minha realidade? Como conduzo minha vida e

minha história?

Esses questionamentos proporcionam inquietações no sujeito conduzindo-o a reflexões

que irão favorecer uma ressignificação na sua forma de ver e sentir o mundo e a si mesmo,

melhorando-o como pessoa, visto que o indivíduo começa a se reformular e a se melhorar em

todos os sentidos à medida que começa a se apropriar do seu contexto emocional, social, político

e afetivo, daí a importância do desenvolvimento desses fatores para uma sociedade que

apresenta inúmeros problemas como: violência, preconceito, intolerância, agressividade.

Enfim, vale ressaltar que esse debate não se encerra apenas pelo que aqui foi exposto,

contudo, deixa uma forte reflexão que em muito poderá contribuir para melhoria de uma prática

pedagógica mais eficaz que favoreça a uma formação mais afetiva, emocional, critica e

politizada capaz de perceber nas relações humanas e numa sólida formação um caminho

possível rumo a uma educação de qualidade que atualmente a sociedade demanda.

REFERÊNCIAS

CURY, A. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a

descobrir. São Paulo: Cortez, 1996.

FREIRE, Paulo. 1970.Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz

e Terra, 1996.

_____. 1980. Conscientização – Teoria e prática da libertação. Uma introdução ao pensamento

de Paulo Freire. São Paulo, Editora Moraes, 4ª ed.

_____. 1979. Educação como prática da liberdade.Rio, Paz e Terra, 9ª Ed.

_____. 1992.Pedagogia da esperança. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

_____. 1993a.Política e educação. São Paulo, Cortez.

GADOTTI,Moacir; ROMÃO, José E. (Orgs). 1995. Educação de Jovens e adultos. São Paulo,

Cortez/Instituto Paulo Freire.

_____. 1999a. “Paulo Freire- da ‘pedagogia do oprimido à

‘ecopedagogia’”. Cadernos Pensamento Paulo Freire. São Paulo. Instituto Paulo Freire.

_____. 1999b.(Coord). Projeto Carta da Terra. São Paulo.IPF.

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GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática 1. ed. Porto Alegre :Artes

Médicas, 1995.

GENTILI, Pablo (org.)(1995) Pedagogia da exclusão (Petrópolis, Vozes) 3a.ed.

GOLEMAN, D. Inteligencia emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser

inteligente. Trad. Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

GOTTMAN, J. Inteligência emocional e a arte de educar nossos filhos: como aplicar os

conceitos revolucionários da inteligência emocional para uma compreensão da relação entre pais

e filhos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

MORIN, E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 10. e2d. Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

________ Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro – 2 ed. – São Paulo: Cortez;

Brasília, DF: UNESCO, 2000;

TIBA, I. Quem ama educa. São Paulo: Gente, 2002, pp. 18-28.

WALLON, H. Psicologia e Educação da Criança. Lisboa: Universidade, 1981.

VYGOTSKY, L S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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A ECOSOFIA E A FORMAÇÃO DO SUJEITO AMBIENTALMENTE

CONSCIENTE: A CONTRIBUIÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE

AULA

Kellison Lima Cavalcante25

Rafael Santana Alves26

Resumo: A Ecosofia permite compreender que a natureza e os seres humanos fazem parte do

mesmo ecossistema comunicativo, propondo assim, discussões entre meio ambiente e filosofia.

Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo refletir sobre o pensamento ecosófico, como um

instrumento de conhecimento do sentido humano na natureza e a contribuição no processo de

aprendizagem no mundo contemporâneo, através de uma discussão teórica do assunto abordado.

Fundamentou-se a partir de aspectos provenientes do pensamento de Félix Guattari, que

contribuiu e auxiliou na problematização da prática acadêmica. A Ecosofia proposta por

Guattari aborda a nossa compreensão, como parte do meio em que vivemos, e como aprendemos

e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as três ecologias: a do meio ambiente,

a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental). Assim, é possível compreender que

a Ecosofia é mais que uma reflexão sobre ecologia, natureza e subjetividade humana, é uma

busca por ações concretas, levando em consideração a interação do homem com o meio

ambiente. Dessa forma, a Ecosofia estimula uma ampla consciência ambiental, possibilitando

extrair do campo da aprendizagem e do conhecimento o potencial de nos tornarmos capazes de

compreender o que o nosso planeta precisa e rever nossas ações.

Palavras-chave: filosofia; ecologia; meio ambiente.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade atual discute com frequência sobre as questões ambientais, destacando a

preocupação na extinção dos recursos naturais, das várias formas de vida e o consequente fim da

própria espécie humana no planeta. Isso se deve, principalmente, à crescente ação de

deterioração da natureza, provocada pelo homem. Assim, a crise ambiental é resultado da nossa

sociedade, que interfere na natureza, sem preocupar-se com o futuro.

Guattari (2009) afirma que os modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem

no sentido de uma progressiva deterioração do nosso planeta. Nesse sentido, os problemas

ambientais da contemporaneidade são resultados das ações humanas sem projeção consciente ao

longo do tempo, prejudicando o futuro da natureza. Assim, torna-se relevante a discussão

ecosófica abordada pelo filósofo francês Félix Guattari, que procurou concatenar de modo

25 Graduando em Licenciatura em Filosofia (UFPI – Polo Juazeiro-BA), Mestre em Tecnologia Ambiental

(ITEP/UFPE) e-mail: [email protected]; 26

Graduando em Licenciatura em Pedagogia (UFPI – Polo Juazeiro-BA), Mestrando em Educação, Cultura e

Territórios Semiáridos (UNEB) e-mail: [email protected].

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lógico e heterogêneo os conceitos do que é natural e do que é cultural, relacionando natureza e

meio ambiente com o humano.

De acordo com Guattari (2009), vivemos no planeta sob a aceleração das mutações

técnico-científicas que podem ser identificadas no tempo atual, onde vivemos uma crise

ambiental, de revoluções políticas, sociais e culturais. Através de três registros. Assim, a

proposta ecosófica defendida por Guattari busca resposta e ações para a problemática ambiental

que vivenciamos no cotidiano.

A tomada de consciência ecológica futura não deverá se contentar com a preocupação

com os fatores ambientais, mas deverá também ter como objeto devastações ambientais no

campo social e no domínio mental (GUATTARI, 2009, p. 41). Dessa forma, torna-se

imprescindível a compreensão da formação do sujeito ambiental atualmente em sala de aula,

inserido no processo de inclusão nas práticas ecológicas e ações ambientais para buscar soluções

para as ações antrópicas de destruição. Assim, sem transformações das mentalidades e dos

hábitos coletivos haverá apenas medidas ilusórias relativas ao meio material.

Para Guattari (2009), a Ecosofia é um modelo prático e especulativo, ético-político e

estético, não sendo uma disciplina, mas sim uma simples e eficaz renovação das antigas formas

de concepção do ser humano, da sociedade e do meio ambiente.

Nesse sentido, essa pesquisa partiu da problemática que Guattari (2009) afirma que os

modos de vida humanos individuais e coletivos evoluem no sentido de uma progressiva

deterioração. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo refletir sobre o pensamento

ecosófico, como um instrumento de conhecimento do sentido humano na natureza e a

contribuição no processo de aprendizagem no mundo contemporâneo.

2 MATERIAL E MÉTODOS

De acordo com Gil (2002), este trabalho caracteriza-se em uma pesquisa qualitativa,

requerendo o uso do método exploratório e descritivo a partir da dialética referente ao assunto

em questão e abordando uma análise de experiências e abordagens teóricas sobre a Ecosofia no

processo de formação do sujeito ambientalmente consciente e a contribuição da aprendizagem

em sala de aula, além da observação sistemática para delineamento de conceitos educacionais.

Assim, consistiu em uma análise e interpretação dos aspectos provenientes do pensamento de

Félix Guattari, que contribuiu e auxiliou na problematização.

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Dessa forma, este trabalho foi realizado inicialmente a partir de um estudo teórico do

pensamento ecosófico de Guattari (2009) e para a investigação científica consistiu na utilização

do método dialético, para que resultados significantes e satisfatórios sejam atingidos.

Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se

transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer

solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade.

Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social,

político, econômico, etc. Empregado em pesquisa qualitativa (GIL, 2002, p.

72).

Assim, a dialética consistiu na exposição de fotografias para estudantes de cursos

Técnicos e de Graduação do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) para

discussão e compreensão da ecosofia proposta por Félix Guattari, em dois momentos: um no

Campus Petrolina e outro no Campus Petrolina Zona Rural (Figura 1).

Figura 1 – Exposição e discussão com os estudantes: (a) Campus Petrolina e (b) Campus

Petrolina Zona Rural.

Fonte: os autores

As fotografias e as discussões retratam a ação humana de degradação do Rio São

Francisco no município de Petrolina-PE, resultantes de pesquisa científica do primeiro autor. A

partir das fotografias da realidade ambiental local foi despertado o interesse de compreensão e

diálogo entre os estudantes. Algumas fotografias podem ser observadas na Figura 2.

(a) (b)

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Figura 2 – Algumas fotografias usadas na exposição e discussão.

Fonte: Cavalcante (2014)

Assim, as fotografias foram utilizadas para concatenar o pensamento ecosófico com a

problemática ambiental da realidade vivenciada por estudantes do IF Sertão-PE, no município

de Petrolina-PE. Os diálogos foram guiados pela proposta de Guattari (2009), divididos em

ecologia ambiental, mental e social par entendimento da realidade local dos estudantes e a

contribuição da aprendizagem para a formação do sujeito ambiental.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O conceito de Ecosofia foi criado pelo filósofo francês Félix Guattari, que expressa as

formas como os sujeitos interagem entre si e com o meio ambiente, a partir do conhecimento de

práticas ambientais sustentáveis no processo de educação e aprendizagem escolar. De acordo

com Guattari (2009) a Ecosofia aborda a nossa compreensão, como parte do meio em que

vivemos, e como aprendemos e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as três

ecologias: a do meio ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental).

Ecologia do meio ambiente - onde tudo é possível de acontecer, quanto às

evoluções flexíveis e quanto às piores catástrofes ambientais; “cada vez mais,

os desequilíbrios naturais dependerão das intervenções humanas”,

principalmente quanto à regulação das relações entre o oxigênio, o ozônio e o

gás carbônico; Ecologia social - deve trabalhar as relações humanas,

reconstruindo-as em todos os níveis do socius; Ecologia subjetiva ou mental -

será levada a reinventar a relação do sujeito como o corpo, a psique

(inconsciência) e o consciente (GUATTARI, 2009, p. 52).

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O pensamento ecosófico consiste em despertar a condição humana no meio ambiente

como consequência das nossas ações sem projeção consciente, que vêm ocorrendo ao longo das

gerações e que culminaram nos graves desequilíbrios ecológicos da contemporaneidade, além de

enfatizar a formação de um novo ser humano, com base nas três ecologias propostas pelo

filósofo. Guattari (2009) ressalta que os modos de vida humanos individuais e coletivos

evoluem no sentido de uma progressiva deterioração. Assim, o enfoque do pensamento do

filósofo através da Ecosofia está no fracasso em entendermos e aprendermos sobre a

problemática ambiental, sobre as ações que a causaram e suas implicações ou projeções ao

longo do tempo.

Nesse sentido, os problemas ambientais são resultados da evolução da sociedade, em

seus aspectos econômicos, políticos, sociais e educacionais, que sintetizam a subjetividade da

condição humana. Assim, essa subjetividade significa a nossa percepção sobre o mundo em que

vivemos e sobre nós mesmos, nosso modo de pensar e agir para preservar e cuidar do meio

ambiente. De acordo com a Ecosofia proposta por Guattari, o que está em questão é a maneira

de viver daqui em diante sobre esse planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-

científicas e do considerável crescimento demográfico.

Assim, a Ecosofia consiste no entendimento e desenvolvimento de novas práticas sociais

e analíticas na busca da criação de novas subjetividades. Como afirma Guattari (2006):

Não seria exagero enfatizar que a tomada de consciência ecológica futura não

deverá se contentar com a preocupação com os fatores ambientais, mas deverá

também ter como objeto devastações ambientais no campo social e no domínio

mental. Sem transformações das mentalidades e dos hábitos coletivos haverá

apenas medidas ilusórias relativas ao meio material (p.173).

Nessa perspectiva, de acordo com Devall e Sessions (2004), Sofia vem do grego

‘sabedoria’, o que relaciona com a ética, as normas, as regras e a prática, assim, a Ecosofia

implica um deslocamento da ciência para a sabedoria. Assim, o que precisamos no mundo

contemporâneo é a expansão do pensamento ecológico em direção ao pensamento da Ecosofia.

A condição humana passa a ser um ser integrado no meio, um ser completo, holístico, que

conjuga aspectos biológicos, mentais, sociais e espirituais.

A Ecosofia insere-se no contexto de uma força potencializadora e/ou uma ação para

refletir sobre as problemáticas existentes no e pensar a educação e o meio ambiente, como

destaca Guattari (2009):

A Ecosofia não considera a dimensão do meio ambiente como sinônimo de

natureza coloca em igualdade a qualidade das relações sociais, bem como a

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qualidade da subjetividade humana, construídas a partir das relações do ser

humano consigo mesmo, dos seres entre si, com o ambiente planetário (p. 32).

Assim, as condições do meio ambiente não podem ser dissociadas da nossa condição de

existência no planeta. Essa condição está associada diretamente a nossa formação ecológica em

sala de aula, a nossa formação como um sujeito ambientalmente consciente. O ser humano

precisa aprender a desenvolver um pensamento transversal para compreender de fato e implantar

em sua essência, a fim de entender as frágeis relações que regem as aspectos globais do nosso

planeta, em uma esfera mais abrangente e os aspectos locais e pertinentes ao nosso

desenvolvimento.

A Ecosofia tem como princípio a formação de cidadãos capazes de compreender o

ambiente em que vivem e buscar respostas para os problemas de um modo geral, como éticos,

científicos, culturais e, sobretudo ambientais. Em sala de aula, a Ecosofia tem como finalidade

estimular o educando a observar e compreender o mundo, como sendo parte integrante dele,

oferecendo assim, a possibilidade de agir, com respeito e consciência. É importante destacar

que, nesse contexto, a escola tem a finalidade de proporcionar condições para que o educando

tenha uma aprendizagem baseada na Educação Ambiental.

Diante desse cenário, o homem nasce para ser educado, e tem na formação escolar a

possibilidade de mudança e construção de um mundo ambientalmente mais consciente. Dessa

forma, as três ecologias descritas na Ecosofia de Félix Guattari na formação do estudante tornam

evidentes as problemáticas que estão acontecendo na nossa natureza, que exige cuidados

especiais para poder preservar e criar condições para manter o equilíbrio do meio ambiente.

Assim, a Ecosofia em sala de aula se configura como uma necessidade social, criando uma

conscientização de que todos devem cuidar e preservar o meio ambiente para as futuras

gerações, formando indivíduos atuantes.

Nós dependemos do meio ambiente para nossa sobrevivência desde a evolução dos

nossos ancestrais. Porém, como parte integrante da natureza e, sobretudo um ser social capaz de

provocar alterações no meio em que vivemos, podemos a partir da Ecosofia no convívio escolar,

provocar mudanças permanentes para cuidar da nossa natureza.

Dessa forma, foi possível identificar através da discussão com os estudantes que a

Ecosofia consiste em um modelo prático nos campos ético e político, que tem como finalidade a

ressignificação da concepção de ser humano, de sociedade e de meio ambiente. Assim, foi

possível identificar características da realidade vivenciada pelos estudantes na prática da

Ecosofia, como distribuído na Tabela 1.

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Tabela 1 – Compreensão das características da Ecosofia

ECOLOGIA DE GUATARRI (2009) SENTIDO PARA OS ESTUDANTES

AMBIENTAL

- Catástrofes;

- Desenvolvimento ou evolução;

- Intervenções humanas;

- Natureza.

MENTAL

- Criar novos pensamentos e ações;

- Relação do sujeito com o corpo;

- Entender a finalidade do trabalho

desenvolvido;

- Entender a finalidade do sujeito no meio

ambiente.

SOCIAL

- Compreender as relações humanas;

- Formas de pertencer ao meio social;

- Formas de corrigir coletivamente o meio

em que vive em sociedade.

Fonte: dados da pesquisa.

De acordo com Meksenas (1994), o gênero humano desenvolve de tal modo sua

consciência no tempo que chega um momento onde não basta sentir o mundo criando valores

(mitos) sobre o mundo. Surge o desejo de descobrir as leis que regem o nosso mundo, a querer

entender o mundo de modo racional e procurar soluções para os problemas resultantes de nossas

ações. Nesse sentido, é possível destacar que a filosofia se opõe ao mito, pois a consciência

filosófica não se limita a sentir o mundo. Assim a Ecosofia tem como finalidade interpretar de

modo racional os questionamentos e problemas do nosso meio ambiente para, em seguida,

questionar a realidade.

Nessa perspectiva, o pensamento ecosófico de Guattari possibilita a relação do ser

humano com a realidade que o produz e o atravessa, em suas múltiplas dimensões. Assim,

através da compreensão das três ecologias torna-se imprescindível a nós, como seres humanos e

parte indissociável do meio ambiente, a procura da conciliação dessa relação de possibilidade no

nosso Planeta para minimizar os riscos de problemas ambientais e intervenções humanas na

natureza.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Ecosofia proposta por Guattari aborda a nossa compreensão, como parte do meio em

que vivemos, e como aprendemos e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as

três ecologias: a do meio ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental).

Assim, foi possível compreender que a ecologia ambiental tem como características a

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possibilidade de ocorrência naturalmente. A ecologia mental está relacionada aos conceitos de

desempenho e benefício humano como ser ambiental e consciente. Dessa forma, a ecologia

social tem como princípio o convívio humano em sociedade e a busca pela solução coletiva dos

problemas ambientais tanto na esfera local como global.

A Ecosofia apresenta aspectos fundamentais para desvelar a relação que nós precisamos

entender para a conscientização ambiental, garantindo a continuidade do mundo em que

vivemos, preservando a natureza e os seres vivos. Foi possível compreender que a Ecosofia é

mais que uma reflexão sobre ecologia, natureza e subjetividade humana, é uma busca por ações

concretas, levando em consideração a interação do homem com o meio ambiente. Dessa forma,

a Ecosofia estimula uma ampla consciência ambiental, possibilitando extrair do campo da

aprendizagem e do conhecimento o potencial de nos tornarmos capazes de compreender o que o

nosso planeta precisa e rever nossas ações.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, K. L. Potencial dos efluentes das estações de tratamento de esgoto

doméstico de Petrolina-PE para irrigação de sorgo sacarino. 2014. 121 f. Dissertação

(Mestrado em Tecnologia Ambiental) – Instituto de Tecnologia de Pernambuco, Recife, 2014.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto

Alonso Muniz. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

DEVALL, B.; SESSIONS, G. Ecologia profunda: dar prioridade à natureza na nossa vida.

Águas Santas: Edições Sempre-em-Pé, 2004.

GALLO, S. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GUATTARI, F. As três ecologias. 20ª ed. Trad. Maria Cristina F. Bittencourt. Campinas:

Papirus, 2009, 56p.

______. Caosmose: um novo paradigma estético. 4ª reimpressão. Rio de Janeiro: Editora 34,

2006.

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CARRAPICHO VIRTUAL: EXPERIÊNCIA DE EDUCOMUNICAÇÃO E

PROTAGONISMO JUVENIL EM COMUNIDADES DO VALE DO SALITRE,

JUAZEIRO (BA)

Érica Daiane da Costa Silva27

Introdução

Da experiência com a pesquisa-ação durante minha conclusão do curso de graduação

em Comunicação Social – habilitação em jornalismo em multimeios pela Universidade do

Estado da Bahia – UNEB em 2010 surgiu o Carrapicho, informativo comunitário impresso que

tinha o objetivo de divulgar notícias acerca do Vale do Salitre, interior de Juazeiro (BA). A

primeira edição foi elaborada junto com atores/atrizes da comunidade de Alfavaca a partir de

oficinas de comunicação, ministradas durante o meu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC.

Com o propósito de retomar a produção de notícias locais e estimular a formação política

de jovens e sua intervenção na comunidade, em 2015, fruto de um trabalho de educomunicação

que desenvolvi voluntariamente com adolescentes das comunidades de Alfavaca e Baraúna, foi

produzida e lançada a segunda edição do Carrapicho. Um ano depois, diante da ampliação do

acesso à internet nas comunidades do Salitre, e motivada por uma premiação organizada pela

Brasil Foundation, através do Prêmio de Inovação Comunitária “Outra parada”, escrevi a

proposta do Carrapicho Virtual, projeto que visava estender o informativo para o ambiente

virtual e que foi selecionada entre 72 iniciativas financiadas em todo o país.

A partir de oficinas de educomunicação e sessões de Cinema ao ar livre nas

comunidades, o projeto envolveu diretamente uma média de 60 adolescentes e crianças, as

quais produziram vídeos, fotografias e textos para a página Carrapicho Virtual lançada na rede

social Facebook. O novo canal de comunicação da região do Salitre divulga notícias a partir de

um processo de produção de conteúdos baseado na responsabilidade com a informação, dando

visibilidade a pautas de relevância social para a região, prezando pela função social dos meios

de comunicação e contribuindo assim com a democratização da Comunicação. A gestão

compartilhada também se faz presente na proposta do Carrapicho Virtual, que tem como

27

Especialista em Ensino da Comunicação Social Universidade do Estado da Bahia – UNEB ; Graduada em Comunicação Social – Jornalismo em Multimeios pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB; Graduada em História pela Universidade de Pernambuco – UPE; Militante da luta pela Democratização da Comunicação; Atualmente é docente no curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ; Idealizadora e Facilitadora do Projeto Carrapicho Virtual.

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objetivo central a formação política e técnica desses/as sujeitos, bem como o fortalecimento do

sentimento de pertencimento à região.

A iniciativa conta também com apoio das associações comunitárias das duas

comunidades e tem contribuído para a formação crítica-ativa desses/as jovens, as/os quais se

organizam a partir de reuniões mensais e de grupo de discussão no aplicativo whatsapp.

Educomunicação e protagonismo da juventude

A escola tradicional tem se distanciado do cumprimento de seu papel enquanto

propulsora de uma educação libertadora, que, conforme definia Paulo Freire, está ancorada na

relação dialógica entre educador/a e educando, os quais, juntos, irão construir o conhecimento.

A comunicação social não se difere de tal realidade, uma vez que também não tem exercido a

função social que lhe é atribuída, desconsiderando a própria condição de direito humano.

É com base nessas constatações que passa a existir a contraposição dos modelos de se

comunicar e educar. É isso que justifica, por exemplo, a existência de um modelo de

comunicação predominante e um contra-hegemônico, bem como uma educação convencional e

uma prática educativa diferenciada. De modo geral, a contra-hegemonia surge dos movimentos

sociais que, preocupados com a emancipação popular necessária à mudança da sociedade,

passam a propor formas de sensibilização. Tal sensibilização se faz necessária porque parte-se

da ideia de que o modelo dominante aliena os indivíduos, na perspectiva de garantir a aceitação

do que lhes é imposto.

Os meios de comunicação, teoricamente, divulgadores da informação de qualidade,

isenta e preocupada com o bem estar social, na prática, não cumprem por completo esta função.

No Brasil, a Lei que regula o setor é de 1962, portanto, ultrapassada, pois o contexto midiático

atual se difere e muito daquela época. A insatisfação com a mídia “oficial” desperta a reação de

diversos movimentos que ao longo dos anos defendem a bandeira da democratização da

comunicação, tomando por base a Declaração Universal dos Direitos Humanos que apresenta a

comunicação como direito.

Busca-se, portanto, a existência dos processos comunicativos horizontalizados, de forma

que a população possa ser tanto receptora quanto produtora/emissora de informação e que possa

ainda se apropriar de mecanismos de controle social, tendo em vista o caráter público dos meios

de comunicação que operar mediante uma concessão pública.

Diante da realidade da comunicação brasileira, há uma urgência em repensar as formas

de se fazer comunicação, atentando para sua função, inegavelmente, educativa. Com o propósito

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de ensaiar um modelo que diferenciado e visto como o mais democrático, a mídia contra-

hegemônica, que compreende uma gama de possibilidades de se fazer comunicação, insere-se

em um novo modelo proposto no qual deve haver, de fato, a valorização da diversidade sócio-

cultural e dos princípios democráticos que devem estar expressos nas formas de construção

coletiva. É neste contexto, que surge então um campo de estudo e de intervenção social – o qual,

estudiosos/as da comunicação e da educação, chamaram de educomunicação – que propõe o

engajamento consciente dos indivíduos na estrutura social a qual pertencem.

Este novo campo se propõe a refletir acerca do uso das tecnologias, a fim de estimular a

utilização das mesmas em prol de uma real democratização e não em favor da reprodução de um

sistema alienante e opressor. Para Soares (1996), a prática educomunicativa se configura como

um espaço de discussão e cidadania e assume posição estratégica na organização social. É,

portanto, uma forma de enfrentamento às estruturas que manipulam a opinião pública em favor

da difusão de uma ideologia dominante, ou seja, em favor dos valores sócio-culturais e do poder

econômico de uma minoria.

A educomunicação coloca como indispensável, de imediato, a necessidade de educar

os/as cidadãos e cidadãs para recepção crítica e ativa. Para isso, é necessário o incentivo à

leitura crítica dos meios e à produção e difusão de conteúdos que fujam à regra dos veículos de

comunicação convencionais. Uma discussão que já vem sendo feita há algum tempo alerta

também para a necessidade da inovação pedagógica no âmbito da educação formal e informal,

atentando para a existência das novas tecnologias da informação que se multiplicam a cada dia.

O advento das novas tecnologias, de acordo com Jesus (1986), possibilita transformar

toda a prática da comunicação social, mudança esta que, por extensão, envolveria os currículos

escolares, as instituições educacionais formadoras dos profissionais, os projetos desenvolvidos

nos cursos, os sindicatos e mesmo o exercício prático das profissões. Isto teria reflexo na

cultura, na livre expressão, na defesa dos interesses e direitos humanos. Entretanto, para que isso

ocorra é essencial a disposição dos diversos setores da sociedade, com esse propósito de

promover o exercício da cidadania e, consequentemente, a existência de uma sociedade livre de

desigualdades e opressões.

Neste sentido, muitas iniciativas tem legitimado a eficácia desse campo teórico-prático,

proporcionando a existência de um fenômeno que Soares (2003) chama de “ecossistemas

comunicativos”. O mesmo autor, na obra Sociedade da informação ou da comunicação?,

descreve o amplo e importante alcance deste novo campo:

às correntes de fundamentação psicossocial e cultural soma-se a vertente política que

aponta para a necessidade de esclarecer a população sobre a importância de

democratizar os recursos e instrumentos de comunicação, caso se queira preservar a

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democracia em outros campos da vida social. Não se está falando de outra coisa senão

de educação para cidadania. (SOARES, 1996, p. 58).

Anna Penido, no texto Educação pela Comunicação aborda a observação crítica, a

experimentação, interatividade, inclusão, criatividade, cooperação e a participação como

exemplos de princípios fundamentais desta prática que, para a autora, constitui-se em uma

metodologia de ensino-aprendizagem. Penido (2008, p. 49) pressupõe a existência de quatro

etapas essenciais nesse processo: preparação, planejamento, produção e disseminação. Essas

ações geram impactos na vida social das pessoas e das comunidades, que, uma vez mobilizadas,

mostram-se mais participativas, críticas e pró-ativas em torno de questões do seu

interesse; valorizam e lidam melhor com a diversidade e as ações de caráter coletivo e

possuem maior nível de criticidade, acesso e apropriação em relação às tecnologias e os

meios de comunicação.

A juventude é considerada um público potencial com o qual podem ser desenvolvidas

experiências de educomunicação. Entretanto, não há restrição para a execução de tal atividade,

pois a intenção é desenvolver atitudes e comportamentos, habilidades e conhecimentos a partir

das diversas formas de exercer o direito à comunicação.

No caso da experiência do Carrapicho, inicialmente trabalhei com um público misto de

jovens, adultos, crianças e idosos. Em seguida, optei por focar na juventude como público

produtor de informação, porém, numa perspectiva de atingir toda a população consumidora dos

conteúdos produzidos por esses/as jovens.

Tanto as duas edições impressas do Carrapicho, quanto o estágio atual de propagação

na internet, a educomunicação tem sido o ponto de partida. Durante as oficinas, encontros e

reuniões, as/os participantes discutem a comunicação como direito, bem como conhecem

algumas técnicas de jornalismo e noções básicas de produção audiovisual, com destaque para

fotografia e vídeo. A definição das pautas é outro elemento essencial da formação e do

andamento da rotina produtiva, uma vez que isto acontece em conjunto com as/os participantes.

A escolha das pautas é embasada pela discussão acerca da importância do veículo

abordar conteúdos de interesse da comunidade, a exemplo de problemas coletivos recorrentes,

bem como tratar das potencialidades e valorizar a identidade regional. Assim, caracterizamos

esta experiência como uma iniciativa de educomunicação, uma vez que, conforme Soares

(2003), uma das definições deste campo de intervenção ainda em estudo é a ação crítica e pró-

ativa, na qual os sujeitos são instigados a produzirem conteúdos e assim intervir na sociedade.

O engajamento das/dos adolescentes, aos poucos, vão permitindo um movimento de

produção de sujeitos praticantes da cidadania crítica-ativa, conceito que prevê a existência de

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um/uma cidadão/cidadã consciente do seu lugar na sociedade e capaz de assumir um

compromisso social e coletivo com a melhoria desta sociedade da qual se sente parte.

No entendimento desses/as jovens, a mídia livre Carrapicho vem para provocar e

conscientizar as/os leitores e leitoras acerca da realidade local, como pontua Roseane Santos, de

13 anos, uma das educomunicadoras: “aqui no Salitre tem que ter jornal... temos que falar das

estradas, das empresas que estão chegando e destruindo o Salitre...”. Em outra frente de atuação,

o apoio da comunidade, Sônia Ribeiro, uma das lideranças da comunidade de Baraúna destaca

que esse projeto contribui para que “os filhos do Salitre não esqueçam suas origens e sintam

orgulho de ser salitreiros e salitreiras”.

Convergência Midiática e Mídia Livre

Nas últimas décadas temos visto o crescimento das Tecnologias da Informação e

Comunicação (TIC’s) e também das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação

(TDIC’s), apontadas como importantes instrumentos de mediação das relações humanas e de

construção do conhecimento. Tenho observado que a escola convencional, inclusive as

Unidades que estes/as jovens participantes do Carrapicho frequentam, pouco tem aproveitado as

possibilidades de educomunicação através do uso das TIC’s e TDIC’s.

No entanto, sobretudo a partir da ampliação do acesso a internet, a necessidade de

potencializar o uso da rede por parte desses/as jovens foi se tornando visível no Vale do Salitre.

O uso das redes de dados móveis através do celular só tem aumentado nos últimos anos nas

comunidades rurais de Juazeiro com a chegada do sinal de telefonia móvel de determinada

operadora. Em nível nacional, uma pesquisa da CETIC.br, divulgada em 2014, identificava que

82% dos/das jovens entre 9 e 17 anos, acessam internet pelo celular e que destes 73% são

adeptos/as das redes sociais. O facebook, segundo a mesma pesquisa, é usado por 78% deste

mesmo público.

Percebi então que é preciso aprofundar a discussão quanto ao poder da mídia e o uso

desta enquanto formadora de opinião desses/as adolescentes do Salitre, o que poderia

tranquilamente ser feito para além do ambiente escolar, numa perspectiva de trabalhar pontos

essenciais para a construção dos ecossistemas comunicativos, conceito defendido por teóricos

que vem discutindo a educomunicação no Brasil.

O cenário de convergência midiática se fortalece ainda mais a partir da ação da

juventude com relação ao uso conjugado das diversas mídias. As habilidades desenvolvidas por

uma criança e/ou adolescente no que se refere ao manuseio dos aparelhos, dos programas, das

plataformas, redes sociais, etc, só reforça a lógica defendida pelas teorias da comunicação de

que cada vez mais somos apreendidos pelas nuances da “Sociedade da Informação”.

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Ao iniciar esses/as jovens no campo da educomunicação, há uma grande investida

educativa no sentido de promover um bom uso dos instrumentos de comunicação cada dia mais

disponíveis e acessíveis a esse segmento da sociedade. Ou seja, há um ambiente propício para a

educomunicação, o que fortalece ainda outro conceito também em construção: o de mídia livre

ou midialivrismo, que, para Malini e Antoun (2013) são práticas da sociedade civil que se

opõem ao modo de se fazer comunicação dos conglomerados empresariais de mídia, os quais

formam ou controlam a opinião pública desde o nível local até o internacional. Para os autores,

há ainda o midialivrismo ciberativista que

reúne experiências singulares de construção de dispositivos digitais, tecnologias e

processos compartilhados de comunicação, a partir de um processo de colaboração

social em rede e de tecnologias informáticas, cujo principal resultado é a produção de

um mundo sem intermediários da cultura, baseada na produção livre e incessante do

comum, sem quaisquer níveis de hierarquia que reproduza exclusivamente a dinâmica

de comunicação um-todos (Malini e Antoun, 2013, p. 21 e 22)

A experiência com a produção de conteúdo disseminado pelas edições impressas do

Carrapicho e atualmente com o Carrapicho Virtual só reafirma a necessidade da mídia livre se

fortalecer como instrumento de promoção da cultura e da consciência política frente ao

monopólio dos meios de comunicação no Brasil. Com forte tendência à regionalização dos

conteúdos, o Carrapicho se estabelece como um canal de mídia livre e conquista seu público que

gosta de ser a notícia, que sente-se contemplado ao ver sua realidade (positiva ou negativa)

sendo exaltada ou denunciada em uma canal midiático capaz de dialogar com o mundo inteiro

através da rede mundial de computadores.

Quando esse canal passa a ocupar também o espaço da internet, a possibilidade de

mostrar ao mundo o que há de bom ou o que precisa melhorar no Vale do Salitre promove uma

aceitação enorme da proposta, a qual conquista admiradores também por ser algo produzido em

sua essência por adolescentes. A adesão às notícias (medida pelos indicadores de reprodução e

interação existentes na rede social facebook) pela população local ou por simpatizantes ou ainda

por parentes que vivem distantes, expressa a ineficácia dos conglomerados de mídia com relação

às pautas regionais e à diversidade, sobretudo cultural.

Partindo de tudo isso, somando-se às possibilidades de convergência midiática hoje tão

latente no Salitre e à participação das/dos adolescentes no Carrapicho desde a primeira edição,

confirmei o potencial deste público e a possibilidade de iniciá-los/las em práticas

educomunicativas constantes. Além disso, sempre tive como referências positivas, além das

teorias, experiências práticas desenvolvidas em outros locais do país, especialmente na região

Nordeste, como é o caso da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda (CE) e do Projeto Mídia

Jovem, em Aracaju (SE). Na região do Sertão do São Francisco, sempre me chamou atenção a

experiência de algumas rádios comunitárias, bem como o case de comunicação popular

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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desenvolvido pelo Setor de Comunicação da Diocese de Juazeiro, quando tinha à frente o bispo

D. José Rodrigues de Souza, que criou a Rede de Correspondente populares.

Um aprendizado promovido pelo conhecimento destas experiências e especialmente

pelo Carrapicho Virtual é de que o acesso desses jovens aos recursos tecnológicos, a exemplo de

celulares, câmeras digitais, internet – e o uso conjugado de tudo isso, a chamada convergência –

facilita o diálogo sobre a importância das mídias na educação e da educação para a mídia,

principalmente, possibilitando assim uma ação educomunicativa a partir desses recursos.

Importante destacar que o que mais diferencia esta formação do cotidiano das salas de aula são

as metodologias. A base da educomunicação é a participação. Os sujeitos devem ser

protagonistas das discussões, dos meios de comunicação criados, dos conteúdos produzidos,

enfim da ação proposta (Soares, 2003). Nos processos de construção levou-se em conta a

importância do grupo planejar, executar, avaliar para reconstruir, princípios básicos para a

efetivação deste campo prático-teórico que se consolida como uma intervenção social.

Neste sentido, ao tomar como referência as abordagens de Soares (2003), é possível

dizer que as atividades desenvolvidas pelo Projeto Carrapicho desde 2010 são parte de uma

experiência concreta de educomunicação. Para ele, uma vez que se contempla as duas área, há

uma relação entre a teoria e a prática, há uma intervenção social e uma reflexão sobre esta

prática, pode-se apontar a existência de experiências educomunicativas.

Primeiros resultados

Mesmo as primeiras edições do Carrapicho tendo sido algo pontual, já era possível

observar o crescimento das/dos jovens ao se envolverem com o tema do direito à comunicação,

com ênfase na crítica da mídia. Essa constatação aparece de forma mais nítida no momento em

que o grupo discute as pautas a serem noticiadas no Carrapicho, as quais refletem uma

necessidade latente de visibilizar a região, uma ausência fortemente sentida na mídia

convencional.

Os elementos postos pelos/as jovens na discussão acerca da mídia e suas influências

também evidenciam o quanto a participação no Projeto Carrapicho vem fazendo diferença na

formação desse grupo. Os exemplos trazidos ao debate durante as oficinas e encontros,

sobretudo mediante a observação de produtos midiáticos como telenovelas, noticiários,

programas de humor e músicas, confirmam a legitimidade do processo de emancipação dos

sujeitos, um dos objetivos da educomunicação.

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Na experiência do Carrapicho Virtual – que começa a se estabelecer como um canal de

mídia livre gestionado, em sua essência, por adolescentes – já se desenha as áreas da

educomunicação pontuadas por Soares (2011), sendo: (1) educação para comunicação; (2)

expressão comunicativa através das artes; (3) a mediação tecnológica nos espaços educativos;

(4) a pedagogia da comunicação; (5) a gestão da comunicação nos espaços educativos; e (6)

reflexão epistemológica sobre a prática. Isto por si só já se configura como um frutífero cenário

de resultados significativos que só tem a contribuir com a educação formal, não formal, com a

formação pessoal desses/as jovens e, consequentemente, com o engajamento social na

coletividade gerando processos geradores de transformações.

Há ainda outros resultados, os quais impactam muito mais para fora, porém sem deixar

de produzir efeitos também sobre o grupo. Trata-se da boa referência criada acerca da região, as

possibilidades de releituras, quebra de estereótipos construídos, os quais nas últimas décadas

contribuíam para uma imagem negativa do Vale do Salitre, especialmente no tocante a falta de

água e de perspectivas de desenvolvimento. O Carrapicho Virtual sinaliza a existência de jovens

atuantes, conhecedores da realidade local e social e politicamente comprometidos/as com sua

região. Apresenta ainda a preponderância de uma população que acompanha as novidades da

tecnologia, que se conecta com o mundo e que produz informação, a própria informação.

Considerações Finais

Parece indiscutível a necessidade da apropriação das diversas mídias como forma de

romper com as estruturas de poder que dominam política, econômica e culturalmente a

sociedade. Para tanto, é preciso repensar as estratégias de formação diante do contexto atual de

massificação das possibilidades tecnológicas que vem interferindo diretamente nas rotinas e

formas de comportamento das pessoas, especialmente da juventude.

É evidente que a educação para a mídia precisa ser mais explorada e que se o ambiente

formal da educação não tem dado conta disto, é preciso articularmo-nos em torno de outros

espaços potenciais capazes de promover uma emancipação da juventude, iniciando-lhes numa

prática cidadã onde cada um e cada uma estejam conscientes e comprometidos/as em promover

mudanças positivas, reconhecendo e considerando seu lugar na sociedade.

Os resultados desta experiência educomunicativa no Salitre já são visíveis e permitem

reafirmar que estas duas áreas, comunicação e educação, são mesmo inseparáveis, daí a origem

do termo educomunicação. Percebo, no entanto, que estas duas áreas do conhecimento precisam

ser melhores aproveitadas no âmbito escolar, viabilizando assim uma ação mais ampla, com

resultados concretos para além da escola, mas na sociedade de modo geral.

O atrativo da tecnologia deve ser tomado como motivo maior de envolvimento da

juventude e a partir disso criar os ecossistemas comunicativos, tornando esses/as jovens sujeitos

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de seus anseios, dos problemas coletivos, da busca por soluções, começando pelo universo do

lugar onde vivem, sem perder de vista todo o contexto onde estão inseridos/as, seja a

comunidade, o bairro, o município, porém se propondo a enxergar a região, o país, a sociedade.

A prática que vem sendo desenvolvida por estes/as agentes educomunicadores/as do

Carrapicho passa a fazer sentido a partir do momento que a ação desenvolvida seja algo

consciente para eles e elas, o que irá contribuir com a formação dos/das mesmos/as enquanto

seres humanos mais críticos/as e comprometidos/as com as causas sociais e coletivas. Por fim,

faz um sentido inquestionável também para todas as pessoas envolvidas indiretamente, a

população consumidora e apoiadora da iniciativa, uma vez que há uma animação popular com a

experiência e ainda o usufruto de um conteúdo de qualidade que passa a circular na mídia, com

forte atenção para o que se passa ao seu redor, o que pouco se vê na mídia considerada oficial.

Vale ainda destacar, a título de prestação de contas à sociedade, que o recurso oriundo da

premiação da Brasil Foundation foi o suficiente para investir apenas em oficinas do Projeto

Carrapicho Virtual no período de abril a junho de 2016. Porém, após a culminância do Projeto, a

deliberação do grupo de 22 jovens, as/os que decidiram abraçar a proposta, foi de que a

iniciativa permaneceria independente de financiamento. Neste caso, o andamento do projeto se

dá a partir da ação voluntária de cada membro envolvido/a, da comunidade que apoia e de um

conjunto de internautas que tem consumido as informações produzidas pelo Carrapicho Virtual.

Há, portanto, um enorme caminho a ser percorrido. Contudo, já se sabe que a aposta na

educomunicação é algo central na formação de crianças e adolescentes, buscando o

fortalecimento dos sujeitos de forma significativa e assim contribuindo com uma sociedade mais

plural, constituída de indivíduos mais autônomos e sabedores do seu papel enquanto

interventores na realidade.

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AS NOVAS MÍDIAS NA WEB 2.0 E OS SEUS REFLEXOS NA PRÁTICA

DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR

Tiago V.R. Carvalho28

Késia Araujo11

Jona Martins11

Ricardo J. R. Amorim11 29

Dinani G. Amorim11 12

Resumo. Este artigo reflete sobre o impacto das novas mídias no processo de docência no

Ensino Superior, buscando relacionar as mudanças que ocorreram a partir do novo paradigma da

convergência, contextualizando-os com a prática docente em sala de aula, confrontando as

lógicas de ensino do paradigma anterior com as demandas que esse novo modelo exige, tanto na

elaboração de novas propostas de ensino, quanto no novo perfil do docente, que não mais é

detentor do conhecimento e tampouco de seu compartilhamento.

Palavras-chave: Novas mídias, Convergência, Educação, Docência, Web 2.0.

INTRODUÇÃO

Na contemporaneidade as relações sociais são direcionadas por condicionantes que vão

além do simples contato humano. Esses processos ocorrem mediados por inúmeros elementos

sociais, entre eles, podemos destacar os oriundos da revolução da microeletrônica, tais como, os

computadores, tablets e celulares. Até que ponto as novas mídias na web 2.0 poderão auxiliar as

práticas docentes no processo ensino-aprendizagem? (CAJAIBA, 2016).

O presente artigo, busca encontrar subsídios bibliográficos para a retórica de encontrar

soluções nas práticas docentes com a mediação das novas mídias na web 2.0 fazendo um

paralelo entre a teoria e prática no sentido de auxiliar o processo ensino-aprendizagem.

E esses condicionantes possibilitaram novos olhares para as estruturas sociais, entre elas,

a educação, seja a nível básico ou superior, pois, esse processo formativo passou a ser

estruturado de maneira diferenciada, onde os espaços físicos e temporais não são mais barreiras

para a formação dos sujeitos.

28

PPGESA – Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação Cultura e Territórios Semiáridos - Universidade

do Estado da Bahia (UNEB) Departamento de Ciências Humanas - DCH III – Juazeiro – BA – Brasil. -

[email protected] 29

Colegiado de Computação - Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE) – Petrolina, PE –

Brasil.

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Desse modo, o assunto tratado nesse artigo são as possibilidades que as novas mídias

propiciam à educação bem como os seus impactos. Assim, a proposta temática é a utilização

dessas mídias computacionais no processo educacional, apresentando-as como elementos

facilitadores do processo de ensino e aprendizagem. Instrumentos esses que agilizam a gestão, o

planejamento, a avaliação e a práxis pedagógica, beneficiando a formação do educando.

Os serviços dessas mídias conferem agilidade e clareza nos processos de orientação,

realização de atividades e a oportunidade de acessar todos estes recursos de qualquer lugar

através de internet.

A internet pode ser utilizada com finalidade educativa, pois, possui características que

permitem a mediação e apropriação dos conhecimentos construídos socialmente, nela existem

serviços disponibilizados por empresas aos sujeitos, favorecendo a interação entre sujeitos e o

compartilhamento de informações, itens importantes quando remetidos à aprendizagem.

São exemplos dessa condição, as plataformas de elaboração de documentos, planilhas e

slides que foram migradas, integralmente, para a internet, com adição de novas ferramentas,

facilitando assim, o uso desses recursos, muitas atividades feitas manualmente pelo sujeito,

como cópia de segurança, compartilhamento de arquivos, envio de formulários/questionários de

pesquisas científicas são executadas automaticamente pelos provedores desses serviços.

É possível contemplar que a tarefa de empreitar tais objetivos e demandas é árdua por

contemplar tantos aspectos, mas que pode ser otimizada e aprimorada através da aquisição e

utilização de novas tecnologias, mas como Saccol, Schlemmer e Barbosa (2011, p.31)

observam:

... se adotarmos uma concepção epistemológica de que o conhecimento é fruto

de construção do indivíduo feita em colaboração com professores e colegas,

devemos selecionar tecnologias que permitam interação intensiva entre as

pessoas, por exemplo, por meio de ambientes virtuais que disponibilizem

fóruns, chats, espaços para compartilhamento de projetos, arquivos de interesse

comum.

Nessa perspectiva de escolha de novas tecnologias é preciso considerar o fator da

avaliação, que é a culminância da atividade acadêmica como evidencia Severino (2008, p.

29) “quaisquer que sejam as modalidades de tarefas passadas aos alunos, é preciso que haja

orientação clara a respeito do que estará sendo esperado e avaliado, fornecendo-lhes diretrizes

técnicas para a realização dessas tarefas”.

Mesmo falando dos meios, o propósito desse uso de novas mídias não será uma

inteligência individual mas sim a inteligência coletiva, termo cunhado por Levy (2007) que

parte do princípio que nenhum de nós pode saber de tudo, havendo a necessidade de juntarmos

as peças, associarmos recursos e unirmos habilidades em prol de uma construção de

conhecimento mais ampla e impossível de ser construída individualmente.

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Diante disso, Jenkins (2006) observa no seu “paradigma da convergência” que essa

convergência dos meios possibilita uma cultura participativa que resulta em uma inteligência

coletiva, nada será mais estático, os direitos de propriedade são questionados e não há mais

controle do conteúdo gerado. Desta forma a convergência dos meios possibilita o fluxo de

conteúdos por meio de múltiplos suportes midiáticos; a cooperação entre múltiplos mercados

midiáticos, gerando comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que

vão a quase qualquer parte em busca de experiências de entretenimentos que desejam.

Reafirmando Jenkins, Levy (2007, p. 28) diz que:

[...] uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada,

coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das

competências. [...] Ela visa ao reconhecimento das habilidades que se

distribuem nos indivíduos, a fim de coordená-las para serem usadas em prol da

coletividade. A coordenação dos inteligentes coletivos ocorre com a utilização

das tecnologias da informação e comunicação [...].

Isso demonstra o quão importante é o papel da tecnologia da informação como

mediadora de inteligência distribuída.

NOVAS MÍDIAS

Consideraremos novas mídias todas aquelas advindas a partir do novo paradigma da

convergência e que possuam características da web 2.0.

A tecnologia em que a Web 1.0 se baseia é ao mesmo tempo ‘tradicional’ e

revolucionária: por um lado, tira proveito do modelo da imprensa escrita usado

há Séculos, por outro permite distribuir conteúdos a custos muitíssimo baixos,

ou mesmo nulos – (Clinton, 200530

).

Dessa forma, a Web 2.0 traz dinamismo aos sites e weblogs (blogs), possibilitando que

conteúdos possam ser publicados, distribuídos e compartilhados de forma descentralizada, ou

seja, sem a necessidade de uma filtro editorial de uma grande mídia, possibilitando que usuários,

por motivações pessoais, em uma cultura participativa, produzam coletivamente gerando uma

inteligência maior que a individualmente possível Jenkins (2006).

30

Disponível em <http://blog.unto.net/on-web-20.html> . Acesso em 14 de junho de 2016.

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NOVAS MÍDIAS E PRÁTICAS DOCENTES

O desafio é grande. Em um mundo conectado e tecnológico, em que as informações e

relações são líquidas e tecnologias até então restritas estão presentes nos bolsos e pulsos dos

alunos encontram-se os professores. E as faculdades. Atrasadas em suas estruturas fordistas e os

professores, orientados a cumprirem ementas burocráticas e lógicas didáticas desatualizadas

com o novo universo conectado e fluido. De um lado professores analfabetos digitais ou

utilizando a classificação de Prensky (2001) - Imigrantes digitais, lutando contra suas próprias

limitações e do outro alunos - nativos digitais - desinteressados, crentes que podem encontrar

tudo que precisam a poucos cliques. No final, quem está certo? Como tornar mais fluidas as

sólidas estruturas educacionais do ensino superior brasileiro? Como despertar a atenção de

alunos dispersos e com acesso aos mesmos conteúdos dos professores? Lévy apresenta o novo

professor como um mediador.

A principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos

conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua

competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o

pensamento. O professor torna-se um animador da inteligência coletiva dos

grupos que estão a seu encargo (LEVY, 1999, p. 171).

A passividade na relação aluno-professor está tão ultrapassada quanto a que existia na

era do rádio ou da televisão, em que espectadores bovinamente consumiam o conteúdo

preparado por editorias por vezes tendenciosas. Assim como a Televisão não acabou, o

professor não deixará de existir. Ele apenas deve aprender a conviver com outros atores

educativos, que assim como ele, formam, educam e ensinam. Conectado, alunos compartilham,

trocam experiências e coletivamente constroem conhecimento e inteligência coletiva, por meio

das novas mídias e tecnologias.

Além de propiciar uma rápida difusão de material didático e de informações de

interesse para pais, professores e alunos, as novas tecnologias permitem, entre

outras possibilidades, a construção interdisciplinar de informações produzidas

individualmente ou em grupo por parte dos alunos, o desenvolvimento

colaborativo de projetos por parte de alunos geograficamente dispersos, bem

como a troca de projetos didáticos entre educadores das mais diferentes regiões

do País. Conforme as velocidades de transmissão das redes vão aumentando,

novas aplicações para fins educacionais vão se tornando viáveis, tais como

laboratórios virtuais. (Takahashi, 2000, p.46).

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REPRIMIR OU MEDIAR?

Talvez a resposta de todas essas questões seja a reflexão individual de cada docente em

sua prática de ensino, já que não há uma regra clara para isso. Qual deve ser a nova postura do

professor nesse novo cenário? Impor sua autoridade máxima e recolher todos aparelhos

tecnológicos no início das aulas? Ou integrá-los em sua prática docente? Se integrá-los, como

utilizá-los? Como mensurar efetivamente os resultados dessa integração? Como apresentar

resultados de desempenho docente se o professor não foi o responsável por apresentar o

conteúdo? Já que o professor não mais detém o conteúdo, basta um monitor para mediar o

conhecimento? Quais são os limites de um mediador? De quem é a responsabilidade da

formação e treinamento tecnológico docente? E discente? E sem nem todos tiverem os mesmos

acessos? E se um discente for um analfabeto digital?

A autonomia do professor na escolha e utilização do melhor meio para realizar

o seu melhor ensino complementa-se com a exploração crítica das formas como

uma mesma informação pode ser veiculada nas diferentes mídias. A exploração

das informações obtidas, o debate, a crítica, a reflexão conjunta, a liberdade

para apresentação de posicionamentos divergentes, o estímulo à troca

permanente, a conversa, a mediação e a construção individual e coletiva crítica

do conhecimento são ações que devem estar presentes na nova pedagogia da

sala de aula no ensino presencial, preocupada com a aprendizagem criativa e

interativa, a participação significativa e contínua e a interação entre aprendizes

e professores (KENSKY, 2003, p.101).

O novo docente deve refletir diariamente sobre essas e outras questões em sua prática

docente líquida, uma vez que a partir de agora, nada mais será estático, sólido ou eterno em sua

relação em sala de aula.

ALUNOS CONECTADOS, PROFESSORES DESLIGADOS

Se o mundo mudou, como podemos continuar ensinando da mesma forma de sempre?

Em relação à incorporação de novas mídias, no caso do professor, o grande desafio não é

apenas aprender um novo jeito de ensinar. O maior desafio será abdicar de comportamentos já

cristalizados e inventar um novo papel, menos autoritário (e não menos importante) de orientar e

motivar a aprendizagem. Essa transformação não será fruto de um trabalho individual, mas de

um movimento de mudança da própria sociedade, que irá acontecer conforme forem aparecendo

e confrontando-se demandas, resistências e pressões culturais, econômicas e políticas.

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DESAFIOS PARA O FUTURO

A inserção das tecnologias e utilização adequada às demandas que se apresentam no

âmbito educacional mostra-se verdadeiramente importante, e para como as novas mídias pode-

se contemplar benefícios educacionais progressivos no trato e aperfeiçoamento de suas várias

possibilidades.

Os tempos de compartilhamento são marcados por uma infinidade de informações que

são repassadas de forma instantânea, onde os indivíduos se identificam com causas comuns

sendo representados através de vídeos, frases, textos, imagens, áudios etc.

Os autores Viktor Mayer – Shchonberger e Kenneth Cukier (2013) definem bem esta

nova era com uma abordagem clara sobre o advento do Big data, onde enfatizam o poder do

cruzamento de dados e a importância dos mesmos para nos conduzir nas descobertas sobre

soluções plausíveis para problemas que assolam a humanidade. Para os autores, esta nova era

desafia a maneira como vivemos e interagimos com o mundo. Segundo estes estudiosos, este

novo tempo marca o início de uma importante transformação aliada às novas tecnologias. A

revolução da informação passa por um processo de crescimento desenfreado, onde, diariamente,

aumentam assustadoramente os números de dados no mundo.

Analisando este novo contexto em que estamos inseridos, retomamos a análise de Geertz

(2008), onde este autor simplifica que toda e qualquer ação só poderá ser avaliada mediante a

sua ocorrência. Em relação ao comportamento humano, ele ultrapassa barreiras quando o

assunto beneficia aos anseios sociais de um determinado grupo.

Compartilhar ideias é um fenômeno histórico, inserido no processo cultural e social das

civilizações humanas. Muito antes do advento da internet e dos sites de compartilhamento,

trocar ideias, informações, práticas, estilos de viver, dentre várias outras coisas, era atividade

constante entre os povos. Logicamente, este processo serviu tanto para o bem quanto para o mal:

a Alemanha Nazista foi um Estado fundamentado no pensamento fascista de Hitler,

compartilhado de forma massiva pelo seu partido e, por conseguinte, de grande parte dos

alemães simpatizantes da causa; por outro lado, o movimento internacional dos direitos

humanos no pós Segunda Guerra foi o resultado de uma série de ideias em torno da dignidade

humana e do respeito às diversidades em todo o globo. O que devemos ressaltar é que este

compartilhar possui uma grande potencialidade, sendo fruto de uma cultura que, segundo Geertz

(2008), constrói os indivíduos puramente à sua imagem. Utilizar esta ferramenta com sobriedade

e responsabilidade é o grande desafio a todos aqueles que lidam com a comunicação

interpessoal.

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No contexto escolar, a interdisciplinaridade surge propondo um novo jeito de agir e

pensar, onde o conhecimento é compreendido como um processo de ensino-aprendizagem,

mediado pelas tecnologias e suas implicações sugerindo assim, uma integração de conteúdos

onde o aluno deverá ser capaz de fazer diversas leituras através das mais variadas linguagens do

universo tecnológico e informacional em que ele está inserido.

O sujeito pensante não pode pensar sozinho; não pode pensar sem a coparticipação de

outros sujeitos no ato de pensar o objeto. Não há um “penso” e não o contrário. (COELHO,

2006, p.66).

A proposta para este novo pensar pedagógico, é promover trocas em prol da unidade

humana, onde o pensar e o agir caminhem juntos na intensificação do diálogo entre a

metodologia e o conceito, integrando-os simultaneamente nos diferentes campos do saber

enquanto ser social, sujeito e objeto do conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo tem como principal proposta alertar os docentes de nível superior sobre

as diversas realidades existentes em sua prática docente, apresentando o novo paradigma que

vivemos, onde que alunos possuem acesso aos mesmos conteúdos que seus docentes e que além

disso, vivemos em um mundo líquido, em que tudo se transforma: o relacionamento que temos

com os alunos, o relacionamento com as novas mídias, a sociedade e nós mesmos.

Em sua reflexão sobre o papel do professor diante das inovações tecnológicas, Elia

(2011) deixa claro que os professores atuais se tornaram meros passadores de conteúdo, e que

por ser processual, tudo isso é reversível. Ele alerta sobre o novo papel mediador que o

professor deve ter na fase atual das EAD/TIC, que deve acima de tudo resgatar a preparação e

motivação do “velho professor de 60 anos atrás”, questionando a viabilidade prática dessa

mediação com qualidade.

Ribeiro et al (2011) em sua análise sobre o curso de extensão, “Planejamento Criativo e

Pesquisa: em jogo o conhecimento do aluno e do professor” reforça a necessidade da construção

de um novo Objeto de Aprendizagem, reforçando o novo papel do professor nesse novo cenário

da web2.0. Ribeiro ainda complementa:

Sabe-se que, com o uso das ferramentas do computador, o aluno tem a

possibilidade de aprender através de um ciclo de imaginar, criar, brincar,

compartilhar e refletir. Porém, para que isso ocorra, o professor também precisa

tomar consciência do seu papel nessa sala de aula virtual e como as ferramentas

podem auxiliá-lo em sua prática pedagógica. Pretende-se, assim, promover

situações em que os professores e ciberinfantes possam, a partir de uma

experiência reflexiva, engajar-se, de forma criativa e científica, num processo

dinâmico, participativo e interdisciplinar de aprendizagem. (RIBEIRO, 2011,

p.319)

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Reforçando a importância da necessidade de reformulação do papel do professor em sala

de aula LOSSO et al (2011) materializa a discussão com a utilização de um dos principais

protagonistas da web2.0: os blogs, que oferecem a possibilidade do alunos também ser o autor,

juntamente com o professor, exigindo uma nova postura deste que passará a ter um papel

essencial no processo, o de mediador.

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A FALTA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FATOR DE RISCO PARA

OS EMPREENDEDORES INDIVIDUAIS DA CIDADE DE SENHOR DO BONFIM-BA

Keila Daniela Souza de Carvalho31

RESUMO

O planejamento estratégico e seus elementos são de grande importância como ferramenta

essencial para auxiliar os empreendedores no gerenciamento dos seus empreendimentos, de

forma a definir a direção a ser seguida. O artigo objetivou identificar se os empreendedores

individuais da cidade de Senhor do Bonfim-BA utilizam o planejamento estratégico durante o

gerenciamento do seu negócio e analisar a falta dessa ferramenta na gestão e as consequências

da ausência da mesma que acarretam riscos para as empresas, levando muitas vezes ao

fracasso.Para a obtenção das informações necessárias foram realizadas pesquisas bibliográficas

para destacar a importância do planejamento estratégico e suas vantagens, além de uma

pesquisa de campo com a aplicação de questionário fechado, abordando os elementos do

planejamento e outros aspectos como:quem gerência e qual a escolaridade, qual o ramo de

atividade, qual o motivo da abertura da empresa, há quanto tempo existe e etc a fim de

conhecer a situação em que se encontram os empreendedores da cidade citada.De acordo o

resultado, 66% dos questionados não possuem o planejamento e a ausência dessa ferramenta

pode direcionar o empreendimento ao fracasso. Concluiu-se que, os empreendedores

individuais da cidade de Senhor do Bonfim-BA estão em um cenário de vulnerabilidade e

expostos a situações de riscos.

Palavras-chaves: Planejamento estratégico, gerenciamento, fracasso.

ABSTRACT

The strategic planning and its elements are of great importance like a essential tool to assist

entrepreneurs in management their enterprises, in order to define the direction to be followed.

The article aims identify whether individual entrepreneurs of Senhor do Bonfim-BA utilize

strategic planning for management of your business and, analyze the lack of this tool in the

management and the consequences of its absence which carry risks for companies often leading

to failure. To obtain the necessary information, literature searches were performed to highlight

the importance of strategic planning and its advantages, plus a field research with an application

of closed, addressing the elements of planning and other aspects such as who manages and what

your schooling, which branch of activity, the reason to opening of the company, etc. in order to

know the situation in which they are entrepreneurs in cited city. According to the result, 66% of

the questioned not have the planning and the absence of this tool can direct the entrepreneurs to

failure, Concludes that individual entrepreneurs of Senhor do Bonfim- BA are in a scenario of

vulnerability and exposure to risk situations.

Keywords: Strategic planning, Management, Failure.

1 INTRODUÇÃO

31

Graduada em Administração de Empresas na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina.

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É significativo o aumento de pessoas que buscam ser dono do seu próprio negócio, com

suas responsabilidades e atribuições ditadas por si, fazendo o que sabem e o que gostam estando

satisfeito. Os empreendedores individuais estão surgindo com inovações sem medo de errar

arriscam e investem tudo o que tem, alguns procuram orientações outros simplesmente encaram

o mercado. Para alguns essa atitude de arriscar já se torna um grande desafio superado e

felizmente contam com a sorte e conseguem manter-se no mercado encarando os novos

obstáculos.

É comum muitos empreendedores desenvolver seus negócios sem ideias claras de qual

caminho estão tomando, aonde pretendem chegar, como chegar. Estes se deparam com situações

de riscos que na maioria das vezes afetam diretamente e são fatores determinantes para o

fracasso do negócio.

É importante lembrar que, as pessoas não estão mais acomodadas, buscam soluções

diferentes das empíricas, o achismo não lidera mercado, a concorrência cada vez mais está

acirrada e pronta pra derrubar aqueles que atuam desprevenidos, com falta de informações.

A falta do planejamento hoje é um dos principais fatores que levam os empresários a

fecharem as portas, por isso á importância de elaborar este projeto para traçar os riscos que estão

por vim decorrente de um erro crucial. Alguns trabalhos científicos abordaram o planejamento

estratégico com ferramenta competitiva, indicador de falência, mas todos em abrangência

nacional, o tema proposto é dirigido aos empreendedores situados na cidade de Senhor do

Bonfim- BA, visando contribuir com a prevenção e diminuição dos riscos decorrentes da falta

do planejamento estratégico.

Portanto, este trabalho pretende ajudar os empreendedores individuais a nortear a direção

do seu empreendimento, a partir de conceitos científicos fica fácil identificar quais aspectos

mais importantes que se deve ter mais foco para localização dos problemas e desafios. E

permitir a compreensão do planejamento estratégico e suas vantagens. Vale ressaltar que, as

dificuldades existem para que haja crescimento e melhoria na qualidade dos produtos e ou

serviços oferecidos no mercado.

No contexto econômico, os empreendedores fazem parte ao que se refere á contribuição

do desenvolvimento e crescimento econômico da cidade, com geração de renda, diminuição da

taxa de desemprego e supri as necessidades da população.Na busca de conhecimento sobre os

empreendedores individuais, é necessário fazer levantamento sobre há quanto tempo existe o

negócio, qual o ramo de atuação, se houve ajuda por parte de instituições locais, quem faz o

gerenciamento e qual a escolaridade do responsável para gerir os negócios entre outros.

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O presente artigo teve como objetivo identificar se os empreendedores individuais da

cidade de Senhor do Bonfim-BA utilizam o planejamento estratégico durante o gerenciamento

do negócio. É importante frisar que, essa ferramenta é de suma importância para auxiliá-los a

direcionar seu empreendimento.

O presente artigo é resultado de pesquisas que descreve a importância do planejamento

estratégico como técnica essencial para os empreendedores individuais, esclarece as vantagens

para elaboração do planejamento e seus principais elementos. Além disso, foi necessário

demonstrar o crescimento dos empreendedores individuais no Brasil, classificar as empresas

segundo o seu porte e apontar o cenário de riscos.

A metodologia utilizada foi descritiva, explicativa e para a concretização das

informações foram realizadas pesquisas bibliográficas, observação sistemática não participante

além de pesquisa em campo na cidade de Senhor do Bonfim-BA com a utilização do

questionário fechado para obtenção dos dados.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CRESCIMENTO DOS EMPREENDEDORES NO BRASIL

Conforme o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa – 2013 (Sebrae-NA/

Dieese), no ano de 2012foram registrados no Brasil um total de 6.405.122 milhõesde empresas,

das quais 5.963.168 milhões são micro, 377.902 mil são pequenas empresas, 44.835 mil são

média empresa e 25.620 grande empresa. Contabilizou-se que no final do ano 2013 foram

registrados mais de 923 milde Empreendedores Individuais (Eis). No total geral de julho 2009 a

dezembro de 2013, o registro foi de 3.659.781 milhões como mostra o gráfico do SEBRAE.

Gráfico 1- Número Acumulado de MEI (Dez/ 2013)

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98

Na tabela aponta a distribuição e a participação de cada estado, vale destacar que a Bahia

representou 6,7% do total.

Tabela – Participação Estadual no total do MEI

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99

Depois de identificado o quantitativo dos Micros empreendedores

individuaisdistribuídos em todo o país, é importante observar a classificação por setor

de atividade,onde cada um exerce influência no mercado nacional.

Gráfico 2: Distribuição de MEI por grande setor acumulado até dezembro de

2013

De acordo com a publicação no portal Brasil (2012),

No Brasil, o empreendedorismo se popularizou a partir da década de

90, o quecontribuiu para a crescente participação desse tipo de empresa na

economiado país. O papel de destaque da modalidade ganhou ainda maisforça com

aentrada em vigor da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2007, e da

Leido Microempreendedor Individual, em 2008.

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2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS SEGUNDO SEUDO PORTE

Para Maximiano (2006:7) ”uma empresa é uma iniciativa que tem o objetivo de fornecer

produtos e serviços para atender á necessidade de pessoas, ou de mercados, e com isso obter

lucro”.

É importante destacar que, alguns órgãos a citar como exemplo o IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Pesquisa) classifica o porte das empresas com base na quantidade de funcionários

existentes. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social) classifica

segundo o porte com base no faturamento, com sua própria normatização e classificação.

2.2.1 MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

Segundo a Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008 Microempreendedor Individual é a pessoa

que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário, tendo o registro no

Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas-CNPJ. Para ser Microempreendor individual, é

necessário faturar no máximo até R$ 60.000,00(sessenta mil) reais por ano e não ter participação

em outra empresa como sócio ou titular. O MEI também pode ter um empregado contratado que

receba o salário mínimo ou o piso da categoria.

2.2.2 MICROEMPRESA (ME)

Conforme a Receita Federal, “consideram-se micro empresa, para efeito do Simples, a pessoa

jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00

(trezentos e sessenta mil reais)”.

2.2.3 EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP)

Considera-se empresa de pequeno porte, para efeito do Simples, a pessoa jurídica que tenha

auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil

reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). (RECEITA

FEDERAL)

2.2.4 EMPRESA DE MÉDIO PORTE

Consideram-se as empresas de médio porte, aquelas que tenham auferido no ano-calendário

receita bruta anual superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e igual ou

inferior a R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais), conforme a lei de nº 10. 165, de 27 de

dezembro de 2000.

2.2.5 EMPRESA DE GRANDE PORTE

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De acordo com a lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Consideram-se as empresas de

grande porte que tenha auferido no ano-calendário receita bruta anual superior a 300.000.000,00

(trezentos milhões de reais).

Segundo Bernardi (2003:59)

Não é incomum, do ponto de vista sistêmico e holístico, encontrar empresas de

menor porte altamente saudáveis, muito bem integradas e harmônicas,

lucrativas e com boa imagem no mercado. Também não é incomum encontrar

situações contrarias em grandes empresas. A diferença é a massa crítica,

recursos, capital e outras facilidades que o porte propicia.

2.3 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

“Planejamento estratégico é metodologia administrativa que permite estabelecer a direção a ser

seguida pela empresa, e que visa ao maior grau de interação com o ambiente, onde estão os

fatores não controláveis pela empresa”. (OLIVEIRA 2009:143)

Para Maximiano (2006:70) “Não importa se tem dois ou dois mil funcionários, qualquer

empresa precisa ser organizada. Organizar é definir as responsabilidades de cada pessoa ou

grupo de pessoas que trabalha para empresa”.

Com a globalização e a alta tecnologia as características no mercado são intensas mudanças,

concorrência acirrada, clientes cada vez mais exigentes, portanto, o planejamento estratégico

torna-se indispensável para diminuição dos riscos e conquista para o sucesso. Esse planejamento

deverá ser contínuo, ininterrupto com maior flexibilidade sendo adaptado para alcançar de forma

generalizada todos os envolvidos no ambiente interno e externo. Um planejamento quanto mais

detalhado, especifico e analítico mais eficaz será. Vale lembrar que as organizações vivem em

processo de adaptação, em virtude das interferências externas. E convivendo com um ambiente

de imprevisibilidade é importante que os empreendedores estejam aptos a enfrentar o futuro com

um plano traçado.

O Planejamento Estratégico aborda a empresa em sua totalidade, de forma holística, ou seja,

abrangente, enquanto o planejamento tático é mais especifico, abordando uma área da empresa,

e o planejamento operacional é voltado para as particularidades de um determinado

setor.Através do planejamento estratégico é possível definir missão, visão, princípios e valores

da empresa, definir metas e objetivos.Assim:

Planejamento estratégico é uma atividade técnica administrativa que, através da

análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas

oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da

sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a

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organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos.

(FISCHMANN; ALMEIDA, 1991, p. 25)

Pode-se afirmar que o planejamento estratégico está vinculado aos objetivos organizacionais que

afetam a viabilidade e o desenvolvimento da organização. (CHIAVENATO; SAPIRO, 2009)

Levando em consideração que a todo o momento atuamos em diferentes cenários, onde somos

bombardeados de informações, o ambiente externo constantemente sofre alterações e com isso

influencia diretamente na tomada de decisões que na maioria das vezes necessita traçar

estratégias para obter vantagens. Estratégia são ações definidas por alguém para servir de

norteadores em um determinado momento, para atingir tais objetivos.

Para Chiavenato (2009, 4) “estratégia é definida basicamente como um curso de ação escolhida

pela organização a partir da premissa de que uma futura e diferente posição poderá oferecer

ganhos e vantagens em relação a situação presente”.

Portanto, a importância do planejamento estratégico do negócio está na elaboração e,

principalmente, tem como objetivo direcionar os rumos que a empresa deve dar, através de

respostas precisas como: qual o contexto da empresa hoje? Onde pretende chegar? O que fazer

para chegar lá? Quanto tempo é necessário? Isso possibilita o empreendedor a coordenar e

controlar o plano de ação e através do caminho traçado buscar atingir todas as metas descritas.

Além disso, deve-se ter flexibilidade para adequar sempre que houve percalços na trajetória. O

foco não deverá estar somente nos problemas ou nos objetivos, a motivação é um aspecto

primordial, pois todos deverão estar empenhados em um único propósito.Empresários precisam

colocar em prática o uso do planejamento para verificar suas ações e traçar estratégias para a

empresa, isso serve tanto para abertura quanto para crescimento.

2.4 VANTAGENS AO ELABORAR O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Planejar consiste em “definir objetivos (qual situação deverá ser alcançada), definir um ou mais

cursos de ações (caminhos para atingir o objetivo), definir meios de execução (previsão dos

recursos necessários para realizar do objetivo)”.(MAXIMIANO, 2011: 61)

O planejamento estratégico não é o sucesso do negócio, mas para obter sucesso é preciso

enfrentar a incerteza do futuro, com seus riscos, incertezas e ás vezes certezas. Para isso, a

empresa precisa estar preparada para encarar os acontecimentos, digamos que, prever boa parte

dos fatos que estão por vir.

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103

Boas Ideias vêm á mente, mas para torna-la realidade é preciso construir passo a passo. Para o

empreendedor organizar essas ideias é necessário organiza-las através do planejamento que será

seu mapa de percurso. Irá nortear na busca de informações sobre seu ramo, os produtos ou

serviços oferecidos aos seus clientes, apontarão os pontos fortes, os fracos que precisam ser

trabalhados para melhorar e contribui para identificação da performance da gestão do negócio.

A elaboração do planejamento é um desafio e tanto, requer persistência, comprometimento, uma

pesquisa é um trabalho que deve haver muita dedicação e criatividade.Estratégico são tudo o que

gera importantes decisões do mais alto nível, ou seja, geralmente essas decisões são tomadas

pelos proprietários, diretores. O empreendedor quando faz um planejamento adequado

determina seus objetivos a curto e longo prazo, define como usar os recursos disponíveis,

escolhe as estratégias de ação e identifica as oportunidades.

Para Maximiano (2011: 65)

A empresa é uma ilha cercada de ambiente por todos os lados. O ambiente é

feito principalmente de mercado, concorrência e muitos outros elementos,

todos eles oferecendo ameaças e oportunidades: conjuntura econômica, ação do

governo, mudanças tecnológicas e muitos outros que o empreendedor deve

monitorar constantemente. Quanto mais complexos esses elementos ou mais

rápida a mudança, mais necessário se torna o planejamento estratégico.

A empresa possui seu ambiente interno que deve estar altamente preparada para rápidas

mudanças que são influenciadas pelo ambiente externo. Quando a organização tem um plano de

execução dificilmente saberá lhe dar com essas dificuldades, pois os cenários já foram previstos

para o futuro, através do planejamento fica mais fácil direcionar qual posição tomar quando o

ambiente externo coloca-os em situações de riscos, as decisões se tornam mais fáceis e as perdas

caso aconteçam estarão sob controle e estimadas.

Sai na frente com vantagem por saber direcionar ou equilibrar os processos dentro da empresa,

até mesmo quando um fornecedor não cumpre a entrega da matéria prima na data certa, o

concorrente que possui um bom planejamento tem outros fornecedores que pode suprir a falta de

outro e assim a produção não ficará prejudicada, são em pequenos detalhes que enxergamos a

vantagem de elaboração do planejamento estratégico. Para que o planejamento seja uma

vantagem deve ser encarado como um instrumento eficiente, e acompanhando

permanentemente, desde que seja organizado e benfeito.

Quanto mais claras as ideias e mais objetivas, os resultados são mais fáceis de serem alcançados,

pois as informações foram levantadas pelo próprio empreendedor o qual depositou confiança e

se adequa ao tamanho e a atividade da sua empresa. O empreendedor passa a enxergar novas

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oportunidades, novos cenários, novos mercados de maneira sucinta a empresa será bem

sucedida.

Desde a antiguidade traçar um plano estratégico era fundamental para ganhar grandes batalhas,

os militares tinham que pensar antes de agir, descrever o cenário antes de ir as lutas, conhecer o

território para derrotar o inimigo. Até mesmo nas competições olímpicas, os competidores

reuniam-se para descrever as estratégias para obter êxito, visando atingir os objetivos desejados,

mesmo sabendo a dimensão dos desafios eram articulados os resultados.

No meio político também fazem uso do plano de forma estratégica para dimensionar o público

alvo, descrever como serão atingidos, de que forma, quais os meios que serão utilizados para

atraí-los, apontar os pontos fortes e fracos, onde está às oportunidades, identificar os

concorrentes que representam ameaças.

Percebem-se as vantagens que o planejamento estratégico traz pra quem dele faz uso. Os dados

citados apontam os riscos que cada vez mais os empreendedores enfrentam devido á falta do uso

dessa ferramenta, se quer ser bem sucedido no anseio profissional, para ter realizações parte da

premissa de elaborar um plano, não existe mágica, não existe fórmula o planejamento é o

norteador.

Para alcançar os resultados, Chiavenato (2010) afirma que “um curso de ação a ser escolhido

pela organização a partir da premissa de que uma futura e diferente posição poderá oferecer

ganhos e vantagens em relação à situação presente”.

Existe apenas um caminho certo que levará a algum lugar que pode fazer o empreendimento ser

bem sucedido, através de uma importante ação que somente o empreendedor poderá fazer pelo

sucesso da sua empresa que é planejar e planejar. Não basta ter criatividade e persistência, tem

que ser objetivo, não basta apenas sonhar tem que transformar em realidade.

Como afirma Dornelas (2005: 95)

Não existem fórmulas mágicas para isso, o que se aconselha aos

empreendedores é a capacitação gerencial continua, a aplicação de conceitos

teóricos para que adquiram a experiência necessária, e a disciplina no

planejamento periódico das ações que devem ser implementadas na empresa.

Planejamento estratégico consiste em uma continua análise e tomada de decisões acerca dos

pontos fortes e pontos fracos da empresa, identificação das oportunidades e ameaças que

permeiam o meio ambiente, com isso faz-se necessário constituir objetivos estratégias e ações

que possibilitam eficácia na competitividade.

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105

2.5ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Ambiente interno

“É constituído por todo o conjunto de recursos e capacidades pertencentes á organização ou

disponíveis para seu uso, reunidos e organizados para elaborar, produzir e distribuir produtos ou

serviços destinados ao seu mercado alvo”(MOTA, 2009: 29)

Rezende (2008:62) afirma que “o meio ambiente está intimamente relacionado com os sistemas

organizacionais. Todas as organizações para que possam funcionar plenamente, necessitam ser e

estar envolvidas com o ambiente interno e o externo.”.

Negócio

“Pode ser conceituado como o ramo ou segmento em que a organização atua. É o entendimento

do principal beneficio esperado pelo cliente da organização”. (REZENDE, 2008: 38)

Missão

Segundo Chiavenato (2010: 62) “A missão representa a razão da existência de uma organização.

Significa a finalidade ou motivo pelo qual a organização foi criada e para que ela deve servir”.

Salim et al. (2005:44) afirma que “a missão da empresa é a função que ela vai exercer junto ao

mercado, provendo-lhe de produtos e/ou serviços”.

Visão

A visão deve ser clara e objetiva determinando sua perspectiva a longo prazo. Para Chiavenato(

2010:65)

Todas as organizações devem ter uma visão adequada de si mesmas, dos

recursos de que dispõe do tipo de relacionamento que deseja manter com seus

clientes e mercados, do que quer fazer para satisfazer continuamente as

necessidades e preferências dos clientes de como irá atingir os objetivos

organizacionais, das oportunidades e desafios que deve enfrentar.

Salim et al (2005:43) entende que “a visão é uma direção estratégica. É onde queremos chegar

no futuro. A visão é que determina o destino de uma organização”.

Principais diferenças entre Missão e Visão, de acordo com Salim et al (2005:45)

A visão é o que se sonha para o negócio, enquanto a missão identifica o negócio;

A visão diz para onde vamos, enquanto a missão diz onde estamos;

A visão é o passaporte para o futuro, enquanto a missão é a “carteira de identidade” da

empresa;

A visão energiza a empresa, enquanto a missão dá rumo a ela;

A visão é inspiradora, enquanto a missão é motivadora.

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106

Objetivos e Metas

O objetivo é definido “como o alvo que se pretende atingir, os anseios da empresa. Enquanto as

metas é a quantificação desses objetivos determinada sempre ao longo de um período de tempo”

(CLEMENTE, 2004, p. 45)

Oliveira (2009: 148) entende que a meta,

É a etapa que é realizada para o alcance do objetivo ou desafio. São fragmentos

dos objetivos e desafios e sua utilização permite melhor distribuição de

responsabilidades, como também melhor controle dos resultados concretizados

pelos diversos participantes das equipes de trabalho.

Valor

Para Oliveira (2009: 147) representa “o conjunto de princípios, crenças e questões éticas

fundamentais de uma empresa, bem como fornece sustentação a todas as suas principais

decisões”. São as virtudes fundamentais que a empresa constrói.

Políticas

Maximiano (2006:61) expressa que “políticas focalizam o comportamento das áreas funcionais e

as relações da organização com seus funcionários, clientes, competidores ou qualquer outro

aspecto de sua atuação”.

“Toda organização, independente de seu tamanho, negócio ou atividade e meio de atuação,

possui cultura, filosofia e políticas, podendo ser definidas formalmente ou praticadas

informalmente”. (REZENDE,2008:61)

Ambiente externo

Consiste em tudo aquilo que está externo a organização, e é agente influenciador para as

tomadas de decisões da empresa. São alguns exemplos que caracterizam o ambiente externo:

clientes, concorrentes, mudanças tecnológicas, ação e controle do governo, mudanças na

economia, mudanças na legislação eetc. (MAXIMIANO, 2000)

Técnica SWOT

A técnica SWOT é a identificação e análise. De acordo com Have (2003:179) “Qualquer

empresa que empreenda um planejamento estratégico em algum momento avaliará suas forças e

fraquezas. Combinada com um levantamento de oportunidades e ameaças no ambiente externo

da empresa”. SWOT é uma combinação de palavras de origem estrangeira que significa

(Strenghts-Forças, weaknees- Fraquezas, opportunities- oportunidades e threats- Ameaças).

Have (2003: 181) afirma que “o valor de uma análise de SWOT está principalmente no fato de

que ela constitui uma auto avaliação para a administração”.

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107

2.6 CENÁRIO DE RISCOS

Para Bernardi (2003:56) “No Brasil, a despeito dos esforços de modernização do país, verifica-

se ainda que as vulnerabilidades empresariais são visíveis e acentuadas, quando comparadas a

padrões mundiais e que há necessidade de mudança”.

O índice de mortalidade nos primeiros anos de existência das micro e pequenas empresas (MPE)

brasileiras é de aproximadamente 70%, e na região nordeste este cenário corresponde a 20%.

Segundo Dolabela (1999: 33) “A quantidade de empresas que fecham prematuramente, ou seja,

a mortalidade infantil entre empresas nascentes é elevada em todo o mundo”.

Em se tratando da razão para abertura de empreendimentos, classificam-se em por oportunidade

e por necessidade, Segundo IBGE, oportunidade representou no Brasil 10,7%, enquanto na

região Nordeste representou 10,3%. Empreendedores por necessidade 4,7% no Brasil, e na

região Nordeste 6,6%.

Muitos dos empreendimentos ainda são por necessidade, representam aqueles que muitas das

vezes não conseguem espaço no mercado de trabalho e então decide abrir seu próprio negócio

para ter alguma renda e contribuir com o sustento da família, ou até mesmo ser a única renda

familiar. Desenvolvem atividades no empreendimento porque é a única opção que sabem, ou ás

vezes não entendem nada sobre o negócio e buscam atender a demanda de forma empírica.

Por outro lado, empreendedores visualizam grandes oportunidades e investem naquilo que

acreditam ser um empreendimento de sucesso, estes geralmente tem visão de onde querem

chegar, quando estão motivados buscam ajuda em órgãos e trabalham com mais empenho.

De acordo com a pesquisa realizada pelo SEBRAE SP, os fatores de riscos dos empreendedores

nacionais, indicaram que, em 1º (primeiro) lugar está a falta do planejamento, sendo a principal

causa do fracasso, além de outros fatores tais como; deficiência de gestão, politicas de apoio

insuficiente, conjuntura econômica e problemas pessoais e familiares. Além dos fatores externos

influenciarem, os fatores internos seguem sendo principais fatores de riscos. Sabe-se que um

planejamento falho ou a falta do mesmo são suficientes para provocar o declínio do negócio.

A falta do planejamento também é falta de conhecimento sobre negócio, falta de informações

sobre órgãos de apoio que estão à disposição daqueles que pretendem abrir um empreendimento.

A busca de órgãos de apoio em 2012 são as seguintes:

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Órgãos de Apoio BRASIL (%) NORDESTE (%)

Não procurou Nenhum 82,1 83,6

Associação Comercial 1,8 0,8

SENAC 1,5 1,5

SEBRAE 12,9 11,8

SENAI 1,2 0,0

SENAR 0,0 0,0

SENAT 0,2 0,3

SINDICATO 0,7 0,8

Nenhuma das opções acima. 2,4 2,8

Fonte: GEM Brasil 2012 apud SEBRAE

Sabe-se que os empreendimentos não estão isentos dos riscos, então quanto mais existem as

mudanças maiores serão as imprevisibilidades que estão sujeitos a enfrentar. As MPEs (micro e

pequenas empresas) normalmente planejam de modoinformal e irregular, o que acarreta em um

risco, o próprio ato de não planejar.

O planejamento estratégico muito pouco é usado pelos EI’s e até mesmo micro e pequenas

empresas não utilizam por não conhecer a ferramenta e por achar que já são maduros no

mercado, por ter seus clientes fiéis, no final do mês tem lucros então de forma ignorante

preferem optar pelo empirismo, deixando a empresa sem alternativas para eventuais

acontecimentos.

Segundo Hashimoto (2006: 4), “o risco é composto por três fatores básicos: as anomalias ou

variações aos quais produtos, processos e serviços estão sujeitos: probabilidade de ocorrência de

tais anomalias e a gravidade das consequências dessas ocorrências”.

Se ao combinar esses elementos for grande, então o risco também será grande. Exemplificando

temos que, o risco sendo avaliado em uma determinada anomalia, um produto já existente no

mercado não ter boas vendas, determina-se quais as probabilidades de não conseguir vender, o

que acarreta para a empresa se não houve vendas. São premissas que devem ser levadas em

considerações, avaliando o grau de gravidade.

Há uma disparidade entre empreender e abrir um negócio, digamos que um casal ao desejar

abrir um mercadinho de esquina, notadamente decide iniciar um negócio sem fazer um

planejamento, classificamos que este está correndo riscos, iniciando um pequeno negócio sem

caracterização. Diferentemente de uma rede de franquias que identifica seus mercados

consumidores, fornecedores, padroniza processos e ferramentas, define o fluxo de distribuição,

reduz a ineficiência e etc.

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109

O Empreendedor individual já se depara com um cenário de riscos quando não planeja, a partir

daí, toma decisões precipitadas, aumenta o desperdício dos recursos e muitas das vezes não

identificam as oportunidades.

A grande verdade é que sem planejamento não conseguimos atingir metas,

objetivos. E sem metas e objetivos não há sentido ou razão para a existência de

uma organização, seja ela pública ou privada. É como navegar sem destino e

sem equipamento de orientação.Através do planejamento estratégico podemos

determinar a melhor maneira de associar os recursos disponíveis com a

necessidade da sociedade, pondo em prática mudanças contínuas que levem à

maior produtividade e à melhor qualidade dos serviços prestados. (FREITAS,

2009)

Existem as armadilhas que os empreendedores costumam cair quando não planejam suas ações,

logo falta dinheiro porque retiram os recursos do proprietário e depois tiram do caixa para

contas da família, investem uma boa parte do capital em ativos fixos e esquece de reservar para

o giro do caixa, sem planejamento do negócio fica difícil a obtenção de crédito por partes das

instituições financeiras, não tem condições de honrar os credores, perdem a credibilidade dos

fornecedores e a empresa cada vez mais inadimplente corre o risco de perder qualidade dos

produtos ofertados, perde clientes e quem ganha com isso são os concorrentes que estão na

frente sabendo sobressair e possui planejamento estratégico.

3 METODOLOGIA

3.1 Tipos de Pesquisa

Os tipos de pesquisa utilizados foram: bibliográfica, descritiva, explicativa e pesquisa em

campo.

Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é utilizada para “conhecer e analisar as contribuições culturais ou

científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema”. (CERVO; BERVIAN;

SILVA, 2007: 60) Foi utilizada a bibliográfica para citar através de diferentes autores acerca do

assunto proposto, cada um com suas contribuiçõessendo fontes de subsídios para abordar o

planejamento estratégico.

Descritiva

Cervo;Bervian; Silva (2007:61) afirma que “a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e

correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Esse tipo de pesquisa abrange

diferentes áreas como econômica, politica, comportamento no convívio social dos indivíduos,

religião etc.Foi utilizado esse tipo de pesquisa para investigar a realidade que os

empreendedores individuais enfrentam devido à falta do planejamento estratégico.

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110

Explicativa

A pesquisa explicativa é “o tipo que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque

explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e delicado”. (GIL, 2008)

Foi utilizada a pesquisa explicativa para conhecer as situações e quais relações que os fatores

devem ser observados como influenciador decorrente da falta do planejamento estratégico, essa

pesquisa foi desenvolvida abordando os principais elementos que precisam ser coletados e

registrados para realização do estudo dos empreendedores individuais na cidade de Senhor do

Bonfim- BA.

Pesquisa de Campo

De acordo com Rodrigues (2006: 89) a pesquisa de campo “é realizada a partir de dados obtidos

no local (campo) onde o fenômeno surgiu, e ocorre em situação natural, espontaneamente”.

Foi utilizada a pesquisa de campo para abordar o objeto a ser pesquisado, através disso, foram

coletados nos locais informações precisas onde o fenômeno está ocorrendo, ou seja, é um

levantamento de dados diretamente no local, e até mesmo uma observação direta na cidade

deSenhor do Bonfim-BA.

3.2 INSTRUMENTOS; TÉCNICAS E MÉTODOS

Observação

Segundo Marconi; Lakatos (2008: 275) “a observação é uma técnica de coleta de dados para

conseguir informações utilizando os sentidos na obtenção de determinados aspectos da

realidade. Examina fatos ou fenômenos que se deseja estudar”.

Foi utilizada a observação sistemática não participante, onde “o pesquisador entra em contato

com a comunidade, grupo ou realidade estudada, sem integrar-se a ela. Apenas participa do

fato”. (MARCONI; LAKATOS, 2008: 276)

Questionário

O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir

com mais exatidão o que se deseja. É necessário estabelecer, com critério, as

questões mais importantes a serem propostas e que interessam ser conhecidas,

de acordo com os objetos. Devem ser propostas perguntas que conduzam

facilmente ás respostas de forma a não insinuarem outras colocações.(CERVO;

BERVIAN; SILVA, 2007: 53)

Portanto, o questionário tem como vantagem simples aplicação e as respostas são codificadas o

que facilita a análise dos dados. Foi aplicado questionário estruturado fechado para fazer a

coleta de dados, com questões objetivas e diretas a fim de obter respostas mais precisas sobre os

elementos do planejamento estratégico, bem como outros aspectos tais como há quanto tempo

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existe o empreendimento, quem gerência e qual a escolaridade, qual o ramo de atividade, se

houve busca de informações em alguma das instituições.

3.4 SUJEITOS E ESPAÇO

Acidade de Senhor do Bonfim–BA foi criado em 1885, possui uma área de 827,487km², o

bioma da cidade é a caatinga a densidade demográfica (hab/km²) é 89,93, clima semi-árido. De

acordo com o censo de 2010 possui 74.419 (setenta e quatro mil e setecentos e dezenove)

habitantes. Dentre os quais 38.399 (trinta e oito mil trezentos e noventa e nove) são mulheres e

36.020 (trinta e seis mil e vinte) são homens. A cidade tem como distritos: Carrapichel, Igara,

Missão do Sahy, Quiçé e Tijuaçu. (IBGE)

O sujeito da pesquisa foram os empreendedores individuais enquadrados pelo MEI (micro

empreendedor individual) com faturamento bruto anual até R$ 60.000,00 reais, situados na

cidade de Senhor do Bonfim–BA, Vale ressaltar que, o local da pesquisa foi no local onde a

atividade comercial é realizada.

Em senhor do Bonfim, até Janeiro de 2014 existem cerca de 1.382 (mil trezentos e oitenta e

dois) empreendedores individuais cadastrados. Foram entrevistados 100(cem) empreendedores

que tem o empreendimento localizado no comércio da cidade, o que representou um percentual

de 7,24% do total.

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Com o intuito de conhecer as características dos empreendedores individuais e coletar dados

sobre a utilização do planejamento estratégico dos mesmos, fez necessário à realização da

pesquisa no local onde as atividades são realizadas, através de questionário estruturado fechado.

Os resultados apurados foram:

Gráfico 01: Há quanto tempo sua empresa existe?

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112

Fonte: Própria autora.

Na primeira pergunta do questionário foi possível mensurar a quanto tempo os empreendedores

estão exercendo suas atividades e de acordo com o resultado 40% mencionaram que estão a

mais de 05 (cinco) anos.

Gráfico 02: Qual a área de atuação do seu negócio?

Fonte: Própria autora.

Para ter uma noção das atividades exercidas pelos empreendedores, foram incluídas algumas

áreas no questionário. Diante disso, 37% dos questionados estão enquadrados em outros tipos de

ramo, ou seja, diferente das alternativas apresentadas no questionário proposto.

Gráfico 03: Para abertura da sua empresa o Sr(a) pediu informações junto ás intituições?

6%

16%

15%

7%

6% 10%

40%

inferior a 1 ano

1 ano

2 anos

3 anos

4 anos

5 anos

mais de 5 anos

4%

8%

4%

11%

2%

24% 8%

2%

37%

Mídia/ Entretenimento

Tecnologia decomputaçãoSupermercado

Padaria/lanchonete

Artesanato

Comércio de produtosem geralSalões de beleza

instalação e reparaçãoautomotivaoutros

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113

Fonte: Própria autora.

Ao que se refere à busca de informações aos órgãos de apoio que estão à disposição para ajudá-

los na abertura do empreendimento, verificou-se que 72% dos empreendedores não procuraram

nenhuma das instituições existentes na cidade onde foi realizada a pesquisa.

Gráfico 04: Quem gerência a empresa?

Fonte: Própria autora.

Em relação à pessoa responsável para gerenciar o empreendimento, constatou-se que 88% do

totaldas empresas são gerenciadas pelo próprio empresário.

Gráfico 05: Qual a escolaridade da pessoa que gerência a empresa?

72%

22%

2% 0%

4%

Não

Sebrae

Sindicato

Ass. Comercial

Outros

88%

6%

4% 2%

Empresário (a)

Cônjuge

Filho(a)

Outros

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Fonte: Própria autora.

Em relação à escolaridade da pessoa responsável por fazer o gerenciamento do empreendimento,

observa-se que 51% concluiu o ensino médio completo.

Gráfico 06: A empresa possui planejamento estratégico?

Fonte: Própria autora.

Para abordagem do tema principal do presente artigo, foi fundamental questionar se as empresas

possuem planejamento estratégico, e acordo com os dados coletados 66% afirmaram que não

possuem.

Gráfico 07: A empresa possui definida a missão?

13%

11%

51%

16%

9% 0% Ens.

Fundamental

Ens. Médioincompleto

Ens.Médiocompleto

Superiorincompleto

Superiorcompleto

Semescolaridade

34%

66%

Sim

Não

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Fonte: Própria autora.

Para ter conhecimento sobre quais elementos do planejamento estratégico a empresa possui, foi

questionado se tem determinada a missão do empreendimento.Diante dos resultados, 63%

informaram que não possuem a missão definida.

Gráfico 08: A empresa possui definida a visão?

Fonte: Própria autora.

Em relação à visão como elemento essencial do planejamento estratégico,71% dos

empreendedores questionadosinformaram que não possuem definida a visão do negócio.

Gráfico 09: A empresa possui objetivos e metas quantificados?

37% 63%

Sim

Não

29%

71%

Sim

Não

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Fonte: Própria autora.

Em se tratando da definição dos objetivos e metas para direcionar seus negócios, 52%

afirmaram que não detém dessas informações quantificadas.

Gráfico 10: A empresa identifica as oportunidades de criatividade e inovação disponíveis?

Fonte: Própria autora.

Ao questionar os empreendedores sobre as oportunidades de criatividade e inovação

disponíveis, 71% responderam a alternativa sim.

Gráfico 11: A empresa identifica quais são as fraquezas e ameaças?

48%

52%

Sim

Não

71%

29%

Sim

Não

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117

Fonte: Própria autora.

Como quesito importante para análise dos ambientes interno e externo, foi questionado se os

empreendedores identificam as fraquezas e ameaças que afetam a empresa. Diante da apuração

67% informaram que sim.

Gráfico 12: Qual o motivdo para a abertura da empresa?

Fonte: Própria autora.

Diante do resultado, 53% dos questionados relatou que a experiência no ramo foi a principal

razão para abertura dos empreendimentos.

Gráfico 13: Na sua visão a empresa está em uma situação?

67%

33%

Sim

Não

53%

26%

21%

Exp. no ramo

Alternativa deocupação e renda

oportunidade

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Fonte: Própria autora.

Por fim, o último questionamento da pesquisa junto aos empreendedores serviu de indicador

referente à situação atual das empresas. De acordo com o resultado, 34% relatou que a empresa

encontra-se em uma posição que precisa melhorar.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo teve como enfoque identificar na cidade de Senhor do Bonfim-BA, se os

empreendedores individuais utilizam o planejamento estratégico e com isso analisar a situação

de vulnerabilidade, devido á falta da utilização dessa ferramenta para gerenciar seus negócios.

Vale lembrar que cada vez mais a concorrência está acirrada, e para se destacar das demais faz

necessário buscar conhecer o ambiente interno e externo, com isso melhorar, adaptar-se e

principalmente sobressair diante das instabilidades econômicas.

Foram abordados conceitos de diferentes autores para dar embasamento à pesquisa, de modo

que, tenha a sustentação necessária para a devida aplicação do planejamento estratégico e que

seja fundamental a utilização dessa ferramenta no empreendimento, diminuindo os riscos ou até

mesmo a incidência de falência.

Observou-se diante dos resultados apresentados que a grande maioria não buscou nenhum órgão

de apoio para auxiliá-los, e que mais da metade dos empreendedores decidiram abrir a empresa

por conta própria, arriscando e apostando na experiência do ramo, alternativa de ocupação e

renda e até mesmo por ter enxergado uma oportunidade.Vale destacar que, apesar de a maioria

não possuir planejamento estratégico, a empresa identifica quais são oportunidades de

criatividade e inovação que estão disponíveis no mercado, ou seja, estão identificando as

mudanças que ocorrem no cenário o qual estão inseridos. Outro fator relevante é referente à

31%

31%

3%

34%

1%

Boa

Confortável

Ruim

precisa melhorar

Não sabe

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119

identificação das fraquezas e ameaças, onde 67% dos empreendedores individuais conseguem

descobrir, mesmo de forma empírica o que afeta o ambiente interno.

Pode-se concluir que, 66% dos questionados não utiliza o planejamento estratégico em suas

empresas, acarretando inúmeras consequências por não saber qual a missão, ou seja, por quais

motivos fora criada, não ter a visão definida, isto é aonde pretende chegar, não apresentar os

objetivos e metas quantificados para desempenhar as atividades em busca do alcance uma vez

que estabelecidas. Em relação aos valores, princípios e políticas quando não determinados há

uma lacuna das virtudes, crenças, comportamentos e questões éticas que influenciam nas

atitudes e nas decisões diárias.

Baseando-se no fato de que, 34% dos empreendedores individuais classificaram a situação da

empresa como que precisa melhorar, é possível confirmar que não utilizam a ferramenta para

gerenciar seus negócios e que estão diante de um cenário de vulnerabilidade. Entende-se

também que,a falta do planejamento estratégico é um fator que pode ser decisivo e direcionar as

empresas ao fracasso.

A partir dos resultados da pesquisa, pode-se mencionar os possíveis riscos que os

empreendimentos estão sujeitos decorrentes da falta do planejamento estratégico, tais como;

serem sucumbidos pelos concorrentes, ter clientes insatisfeitos,empreendedores

frustrados,oferecer produtos e serviços que não atendem as necessidades, expectativas e

exigências dos clientes, ter dificuldade de enxergar as oportunidades, insignificância da

existência, ser desconhecido no mercado,não ter competência para competir no mercado, não ter

informações suficientes sobre o ramo que atuam, ter péssima relação com fornecedores, inaptos

a mudanças que o mercado impõe e descontrole do gerenciamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDI. L. A. Manual de empreendedorismo e gestão: Fundamentos, estratégias e

dinâmicas. São Paulo: Atlas,2003.

BRASIL. Lei Complementar 128 de 19 de dezembro de 2008. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp128.htm, acesso em 20 de maio de 2013.

CERVO, A. L; BERVIAN, P. A; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2007.

CESAR, Ana Maria Roux Valentini Coelho. Método do Estudo de Caso (Case Studies) ou

Método do Caso (Teaching Cases)? Uma análise dos dois métodos no Ensino e Pesquisa em

Administração. (2005/2006) Disponível

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A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL CONTÁBIL NA GESTÃO EMPRESARIAL DAS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NA CIDADE DE JUAZEIRO-BA

Romaíne Caline Barbosa dos Santos Vieira

Carla Patrícia dos Santos Falcão

Florisvaldo Cunha Cavalcante Júnior32

Wellington Dantas de Souza

RESUMO

O presente artigo teve como objetivo analisar a percepção dos profissionais em contabilidade

acerca da gestão empresarial das micro e pequenas empresas da cidade de Juazeiro-BA. Para

tanto, foi executada uma pesquisa descritiva por meio da aplicação de questionário direcionado

aos profissionais que prestam serviços contábeis para MPEs. As MPEs respondem por mais de

um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país, um resultado que vem crescendo nos últimos

anos, segundo dados do Sebrae Nacional. Dada a relevância da temática, o estudo, que teve uma

amostra por conveniência de 31 entrevistados, dentre outros resultados, apresentou que a

maioria dos empresários, diante da percepção dos profissionais contábeis, não utilizam as

informações contábeis como principal ferramenta na gestão empresarial, não enxergam a

relevância das informações geradas como diferencial e, dessa forma, possivelmente

comprometem a continuidade dos negócios.

Palavras-chave: Micro e pequenas empresas. gestão empresarial. informação contábil.

1. INTRODUÇÃO

No atual contexto empresarial, a informação é um recurso imprescindível para as

empresas, podendo verdadeiramente representar uma vantagem competitiva para determinadas

organizações (McGEE E PRUSAK, 1994; BEUREN, 2000).

Num ambiente assim a tomada de decisão se torna imprescindível e, por conseguinte, a

qualidade e o uso das informações do seu empreendimento fundamentais (SILVA et al, 2010).

O processo decisório é questão de pesquisa tanto para grandes quanto para pequenas empresas e

requer atenção dos gestores devido à dificuldade com os problemas diários, sendo necessárias

informações concretas que supram a carência de informações administrativa e financeira dos

gestores (MOREIRA et al, 2013).

Segundo Oliveira (1999, p. 37) “a informação é o produto da análise dos dados

existentes na empresa, devidamente registrados, classificados, organizados, relacionados e

interpretados em um determinado contexto, para transmitir conhecimento e permitir a tomada de

decisão de forma otimizada”.

32

Faculdade São Francisco de Juazeiro – Núcleo de Pós-Graduação NUPEX –

[email protected]

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Na identificação de necessidades de informação, o profissional da informação deve

observar duas características de grande valor, seja na fase de elaboração da estratégia

empresarial ou em sua execução, que se consubstanciam na variedade de informações

necessárias e na disponibilidade das mesmas (BEUREN, 2000).

Melo e Prieto (2013) destacam que as MPEs são os amortecedores dos efeitos das

flutuações ocorridas nas atividades econômicas. Mantêm o patamar em certas regiões e

apresentam potencial de assimilação, adaptação, introdução, e algumas vezes a geração de novas

tecnologias de produtos e processos, contribuindo para a descentralização das atividades

econômicas. Ainda são capazes de dinamizar a economia dos pequenos municípios e até mesmo

dos bairros das grandes metrópoles, (CEZARINO; CAMPOMAR, 2007).

Atkinson et al. (2000) salientam que a Contabilidade possui o papel de gerar informações

ao empresário de modo a favorecer tomadas de decisões mais acertadas e em tempo hábil.

Horngren, Sundem e Stratton (2006) complementam que o objetivo básico da informação

proveniente da Contabilidade é o de auxiliar seus diversos usuários no processo decisório, sendo

importante para isso que tais informações sejam compreendidas de forma concreta, para que

possam contribuir para um melhor resultado.

Diante disso surge o seguinte problema de pesquisa: qual a percepção dos

profissionais em contabilidade quanto à gestão empresarial das micro e pequenas

empresas em Juazeiro-BA?

Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a percepção dos profissionais em

contabilidade quanto a gestão empresarial das micro e pequenas empresas de Juazeiro-BA. Para

tanto, foi utilizado um estudo descritivo com aplicação de questionário.

Desse modo, a pesquisa está estruturada em seções, além desta introdução, a segunda

seção trata do referencial teórico, a terceira apresenta os aspectos metodológicos do estudo, a

quarta compreende a análise e discussão dos dados, e por fim, as considerações finais.

2.REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 UTILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS NA GESTÃO DAS MPEs

Uma qualidade essencial para as informações contábeis tornarem-se úteis aos gestores,

é que sejam entendidas pelos usuários, gerando comunicação entre o emissor e o receptor destas,

de forma que as decisões possam ser tomadas com eficiência (RIBEIRO FILHO; LOPES;

PEDERNEIRAS, 2009).

Segundo Marion (1988), a contabilidade representa um instrumento que auxilia a

administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos,

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mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou

comunicados, que contribuem sobremaneira para tomada de decisões.

Para alcançar a eficiência e eficácia na gestão empresarial, é imprescindível adotar uma

série de critérios de controle que venham dar suporte em todos os níveis do processo de tomada

de decisão.Segundo Chiavenato, toda organização deve ser analisada sob o escopo da eficácia e

da eficiência, ao mesmo tempo:

Eficácia é uma medida normativa do alcance dos resultados, enquanto

eficiência é uma medida normativa da utilização dos recursos nesse processo.

(...) A eficiência é uma relação entre custos e benefícios. Assim, a eficiência

está voltada para a melhor maneira pela qual as coisas devem ser feitas ou

executadas (métodos), a fim de que os recursos sejam aplicados da forma mais

racional possível (...) (CHIAVENATO, 1994, p. 70).

Magalhães e Lunkes (2000) corroboram dizendo que as informações serão construídas

mediante a integração de diversos subsistemas, que recebem dados de vários setores da empresa,

inclusive, da contabilidade. Tratando-se de informações contábeis e gestão empresarial, o

planejamento tributário é uma ferramenta importante, que segundo Nilton Latorraca (2000, p.

58):

Costuma-se, então, denominar de Planejamento Tributário a atividade

empresarial que, desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta os

atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os ônus

tributários em cada uma das opções legais disponíveis. O objeto do

planejamento tributário é, em última análise, a economia tributária. Cotejando

as várias opções legais, o administrador obviamente procura orientar os seus

passos de forma a evitar, sempre que possível, o procedimento mais oneroso do

ponto de vista fiscal.

Conforme informações do Sebrae(2007), frequentemente o gerenciamento de uma

empresa é visto como essencial, mas é tratado de maneira reativa ou, ainda, com pouca

responsabilidade. Pode-se afirmar que grande parte das micro e pequenas empresas que morrem

nos primeiros dois anos de vida sofrem desse mal: escolha incorreta dos indicadores de

desempenho e/ou gestão empresarial deficiente.

Diante desse contexto, pode-se notar que perante um conturbado cenário em que se

encontra a economia nacional e mundial, as empresas devem adotar mecanismos de controle

para gerenciar com eficiência e eficácia, com vista na melhoria dos seus resultados e manter-se

firme no mercado.

2.2 A REPRESENTATIVIDADE E RELEVÂNCIA DAS MPEs PARA A ECONOMIA

Conforme informações do Sebrae Nacional (2014), as MPEs vêm adquirindo, ao longo

dos últimos 30 anos uma importância crescente no país, pois é inquestionável o relevante papel

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socioeconômico desempenhado por estas empresas. As informações a seguir corroboram tal

afirmativa em diversas dimensões da realidade nacional:

As MPEs geraram, em 2011, 27,0% do valor adicionado do conjunto de atividades

pesquisadas (PIB). Esse percentual vem aumentando na série histórica, iniciada em

1985, quando esse indicador representava de 21,0% do valor adicionado (PIB), e em

2001, 23,2%;

Serviços e comércio representaram, em 2011, 19% do valor adicionado, enquanto a

indústria totalizava 7,8%;

Em relação ao número de empresas as MPEs representaram, em 2011, nas atividades de

serviços e de comércio, respectivamente, 98% e 99% do total de empresas formalizadas;

Em relação ao emprego, as MPEs representavam 44% dos empregos formais em

serviços, e aproximadamente 70% dos empregos gerados no comércio;

Cerca de 50% das remunerações do setor formal de comércio foram pagas, em 2011, por

MPE.

A tabela a seguir demonstra o valor adicionado das Micro e Pequenas Empresas na

Economia Nacional entre os anos de 2009 a 2011.

Tabela 1

% DO VALOR ADICIONADO DAS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS

ANO

2009 2010 2011

Serviços 9,0% 9,3% 10,0%

Comércio 9,5% 9,2% 9,1%

Indústria 8,6% 8,3% 7,8%

Micro e Pequenas Empresas 27,1% 26,7% 27,0%

Fontes: Sebrae e FGV, a partir de dados do IBGE 2009 a 2011.

No Brasil, o Sebrae (2014) classifica as empresas pelo número de funcionários conforme

o setor em que atua. A tabela a seguir demonstra pelo número de pessoas ocupadas na empresa.

Tabela 2 - Critério de classificação do porte das empresas por : pessoas ocupadas.

PORTE ATIVIDADES ECONÔMICAS

SERVIÇOS E COMÉRCIO INDÚSTRIA

Microempresa Até 09 pessoas ocupadas Até 19 pessoas ocupadas

Pequena Empresa De 10 a 49 pessoas ocupadas De 20 a 99 pessoas ocupadas

Média Empresa De 50 a 99 pessoas ocupadas De 100 a 499 pessoas ocupadas

Grande Empresa Acima de 100 pessoas Acima de 500 pessoas

Fonte: Sebrae 2014.

Já a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que define o regime

tributário do Simples Nacional, classifica-as conforme o faturamento bruto anual, sendo de até

R$ 360 mil para as Microempresas - ME e entre uma faixa superior a R$ 360 mil e inferior R$

3,6 milhões as Empresas de Pequeno Porte-EPPs.

Micro e pequenas empresas assumem características próprias de gestão, competitividade

e inserção no mercado (CEZARINO; CAMPOMAR, 2007; LEONE, 1999). Melo e Prieto

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(2013) afirmam que as MPEs são fundamentais para promover o crescimento econômico, criar

empregos e renda, melhorando as condições de vida da população, cuja contribuição é

reconhecida principalmente na capilaridade que estes negócios proporcionam.

Santos, Silva e Neves (2011), afirmam que as particularidades das MPEs as levam ao

enfrentamento de problemas bem específicos, com proporções diferentes dos vivenciados por

empresas de maior porte. Para os autores, as MPEs são atrativas pela rentabilidade, mas em

virtude da gestão ineficiente, essas organizações acabam suscetíveis a deficiências financeiras e

operacionais, deixando-as expostas a imprevistos comuns à natureza dos negócios.

2.3 GESTÃO EMPRESARIAL DAS MPEs

A evolução tecnológica característica da sociedade contemporânea institui a necessidade

de adaptação ao novo contexto de mudanças econômicas e mercadológicas. A crescente

disseminação de informações demanda novos desafios aos gestores das instituições, impactando

a necessidade de planejamento das operações em meio à alta volatilidade do mercado e do fluxo

constante de informações (Gardelin, Rossetto &Verdinelli, 2013).

O avanço da tecnologia em todas as áreas da sociedade exige das empresas meios

confiáveis de obtenção de informações, como a existência é primordial para a tomada de

decisões é imprescindível na busca pelo sucesso empresarial (RIBEIRO; FREIRE; BARELLA,

2012).

Segundo Pacheco, Gomes e Silveira (2013), a inovação tem sido considerada um dos

principais fatores responsáveis por ganhos de competitividade e crescimento empresarial no

contexto econômico cada vez mais globalizado que as empresas estão inseridas. Assim, cada vez

mais faz-se necessário que as micro empresas acompanhem essa evolução para que possam

competir no mesmo nível que as suas concorrentes.

De acordo com Ferreira (2009), essas mudanças estão fazendo com que os empresários

tenham que se adaptar a um modelo de gestão dinâmica e atuante. Existem empresas que não

utilizam as informações contábeis no seu processo gerencial. Alguns gestores, geralmente por

desconhecimento ou por falha na assessora contábil, baseiam as tomadas de decisões apenas em

suas experiências (PASSOS, 2010).

Para Hoffmann e Chemalle (2013), a inteligência competitiva ainda não é difundida de

forma sistemática em MPEs, não por falta de métodos adequados, mas principalmente pela

conscientização dos empresários e atores envolvidos na identificação da importância da busca

por diversos tipos de informações adequadas ao apoio a processos produtivos e estratégicos,

propiciando um diferencial competitivo através de inovação, compartilhamento de recursos e a

inserção em novos mercados.

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta pesquisa consiste em um estudo descritivo, que, na concepção de Gil (2002) tem

como objetivo descrever as características da população e de fenômenos. Quanto aos

procedimentos técnicos realizou-se pesquisa de campo, em que se realizou uma análise

qualitativa, definindo a população e amostra analisada. Segundo Marconi (2010, p.69):

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações

e/ou conhecimento acerca de um problema para o qual se procura uma resposta,

ou de uma hipótese que queira comprovar, ou, ainda descobrir novos

fenômenos ou as relações entre eles.

A pesquisa buscou aferir aspectos qualitativos, como percepção dos contadores quanto a

gestão empresarial das micro e pequenas empresas de Juazeiro-BA. Para Minayo (2001), a

pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,

valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e

dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Foi utilizada a pesquisa bibliográfica, tendo como fonte de consulta livros, artigos,

revistas, monografias e sites da internet para fundamentação. “A pesquisa de campo consiste na

observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles

referentes e nos registros de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los”

(MARCONI, 1996, p. 75).

Com o objetivo de verificar a percepção dos contadores que prestam serviços para micro

e pequenas empresas da cidade de Juazeiro-BA, foram aplicados 31 questionários, tendo como

público os profissionais da área contábil, sendo 23 contadores e 8 técnicos em contabilidade. A

ferramenta utilizada para obtenção de dados foi por meio de questionário.

A amostragem utilizada foi por conveniência. Segundo Gil (2008) constitui o menos

rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é destituída de qualquer rigor

estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam,

de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos

exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.

De acordo com Marconi (1996 p. 88) “questionário é um instrumento de coletas de

dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidos por escrito

e sem a presença do entrevistador”.

O questionário foi constituído por 17 perguntas, sendo 16 objetivas de múltipla escolha e

1 discursiva. O mesmo foi enviado através de mensagem eletrônica com o intuito de responder

ao problema de pesquisa proposto sobre a percepção do profissional contábil quanto a gestão

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empresarial das micro e pequenas empresas na cidade de Juazeiro-BA. Os dados foram

tabulados em planilhas eletrônicas.

4. ANÁLISE DOS DADOS

O presente estudo buscou uma descrição da percepção dos contadores quanto a gestão

empresarial das micro e pequenas empresas de Juazeiro-BA. Abaixo serão apresentados os

resultados obtidos na pesquisa.

Inicialmente serão analisados os dados descritivos dos profissionais que fizeram a

composição da amostra. Desse modo, o gráfico 1 apresenta o sexo dos participantes da pesquisa.

Gráfico 1 – Sexo dos participantes da pesquisa.

Fonte: dados da pesquisa 2016.

De acordo com a pesquisa, dos 31 entrevistados 16 (52%) são do sexo feminino e 15

(48%) masculino, o que demonstra um equilíbrio entre homens e mulheres que estão atuando na

profissão contábil no mercado local. No gráfico 2 apresenta-se a faixa etária.

Gráfico 2 - Faixa etária:

Fonte: dados da pesquisa 2016.

No que se refere à faixa etária, a maioria concentra-se nos intervalos entre 31 a 50 anos,

o que representa 78% dos entrevistados. Em relação ao nível escolaridade, apresenta-se no

gráfico 3 seus resultados.

46%

48%

50%

52%

Masculino Feminino

Masculino

Feminino

0%

10%

20%

30%

40%

50%

20 a 25Anos

26 a 30Anos

31 a 40Anos

41 a 50anos

Acima de50

20 a 25 Anos

26 a 30 Anos

31 a 40 Anos

41 a 50 anos

Acima de 50

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129

Gráfico 3 - Nível de escolaridade:

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Quanto ao nível de escolaridade, a pesquisa revelou que 23 (74%) dos entrevistados têm

curso superior em Contabilidade e 8 (26%) curso técnico. Isso mostra que houve melhora na

qualidade desses profissionais, a partir da busca pelo curso superior, o que fortalece a classe

contábil. O porte das empresas é evidenciado no gráfico 4.

Gráfico 4 - Porte das empresas que prestam serviços contábeis:

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Para a caracterização do porte das empresas que os entrevistados prestam serviços

contábeis, foi utilizado o critério segundo a Lei 123/2006 que define o porte das micro e

pequenas empresas conforme o faturamento.

Das micro empresas, a pesquisa demonstrou que 3% dos entrevistados tem até 9 clientes,

16% responderam que tem entre 10 a 40, 45% tem entre 41 a 60, 16% entre 61 e 80 e nenhum

entrevistado declarou ter mais de 80 clientes em sua carteira.

Entre as empresas de pequeno porte, a pesquisa mostrou que 45% dos entrevistados tem

entre 10 a 40 clientes, 10% tem entre 41 a 60, 3% entre 61 e 80 e 23% tem mais de 80 clientes

em sua carteira.

A pesquisa também buscou informações sobre médias empresas, o que apresentou os

seguintes números: 19% dos entrevistados tem até 9 clientes, 26% tem entre 10 a 40 clientes,

6% tem entre 41 a 60 e 3% tem mais de 80 clientes em sua carteira. No tocante às atividades

principais das empresas (gráfico 5), observa-se os resultados a seguir.

0%

20%

40%

60%

80%

Superior Técnico

Superior emContabilidade

Técnico emContabilidade

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Até 9Clientes

de 10 a 40Clientes

de 41 a 60Clientes

de 61 a 80Clientes

Mais de 80Clientes

Micro

Pequena

Média

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130

Gráfico 5 - Atividades principais das empresas:

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Com este gráfico observa-se que, entre 50% a 70% dos clientes dos entrevistados são do

segmento do comércio, de 20% a 50% são serviços e até 20% dos clientes são da indústria. Isso

demonstra a predominância da atividade do comércio na utilização dos serviços contábeis

terceirizados, seguido das empresas de serviços e por fim as indústrias. Para o gráfico 6, têm-se

as respostas da pergunta relacionada aos demonstrativos contábeis mais solicitados.

Gráfico 6 - Demonstrações/relatórios contábeis mais solicitadas.

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Pode-se perceber que dentre as demonstrações contábeis mais solicitadas o Balanço

Patrimonial é o mais requisitado com 87%, seguido da DRE (58%) e por último o Balancete

(45%). A DMPL representou apenas 3%, o que mostra a pouca utilização dessa demonstração

entre as micro e pequenas empresas. Com relação à Periodicidade das demonstrações

disponibilizadas (gráfico 7), o estudo apresenta seus achados.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Comércio Serviço Indústria

Até 20%

20% a 50%

50% a 70%

70% a 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

DRE BalançoPatrimonial

DMPL Balancete

DRE - Demonstração doResultado do Exercício

Balanço Patrimonial

DMPL - Demonstraçãodas Mutações doPatrimônio Líquido

Balancete

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131

Gráfico 7 - Periodicidade das demonstrações disponibilizadas

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Quanto à periodicidade das demonstrações que são disponibilizadas pela contabilidade,

os profissionais responderam que fazem com uma frequência de três meses (39%), seguido de

anual (35%) e mensal (23%). Os respondentes informaram se os Clientes utilizam as

informações contábeis como apoio na gestão empresarial no gráfico 8.

Gráfico 8 - Clientes que utilizam as informações contábeis como apoio na gestão empresarial.

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Este gráfico demonstra que 39% dos empresários sempre utilizam as informações

contábeis como apoio na gestão empresarial, ou pelo menos de maneira parcial, o que é muito

bom em se tratando de preocupação com a tomada de decisões.

Gráfico 9 - As empresas, na sua maioria, utilizam as informações contábeis para qual finalidade?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Anual

Semestral

Trimestral

Mensal

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Utilizam Parcialmente

Não Utilizam

Sim, Sempre Utilizam

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

1 2 3 4 5

1. Analisar custos

2. Formar preço devenda

3. Analisar balanço

4. Acompanharmetas

5. Outra (Banco eLicitações)

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132

De acordo com as informações da pesquisa, observamos que a grande utilização das

informações contábeis são para a participação de processos licitatórios e atender a exigências

bancárias (29%- outros), seguido da utilização para análise dos balanços(26%), análise de custos

(23%), acompanhar metas (19%) e por último na formação do preço de vendas (16%). Nessa

alternativa alguns entrevistados informaram que as informações contábeis são utilizadas para

mais de uma finalidade.

Gráfico 10 - Os clientes entendem que as informações fornecidas pela contabilidade são importantes

para o suporte à gestão empresarial?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Ratificando o gráfico anterior, pode-se perceber neste, que a utilização só se dá nos

períodos em que precisam para se habilitar em processos de geração de receitas, anualmente

(32%), 29% disseram que não consideram importantes as informações contábeis, seguido de

16% que afirmam utilizarem constantemente para gerir os negócios e os 26% até acham

importantes as informações contábeis, porém só as utilizam a cada três ou seis meses.

Gráfico 11 - Quem analisa a informação contábil na empresa?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

As informações contábeis são analisadas em 65% dos casos por proprietários, que são os

maiores interessados em se habilitar nos processos ou na obtenção de recursos em instituições

financeiras, seguidos dos gerentes (13%) que neste assumem a função de gestor, ou quando

interessados no futuro da empresa em que trabalha.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

1 2 3 4 5

1. Sim, utilizamconstantemente paragestão empresarial2. Sim, mas utilizamanualmente

3. Sim, mas utilizam apenasa cada trimestre

4. Sim, mas utilizam apenasa cada semestre

5. Não consideramimportante

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Proprietário

Sócio

Diretor

Gerente

Outro

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133

Gráfico 12 - As informações contábeis expressam a realidade econômica/financeira e patrimonial das empresas?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

De acordo com o gráfico, 48% dos entrevistados afirmaram que as informações

contábeis expressam a realidade econômica/financeira e patrimonial apenas em algumas

empresas; 35% fornecem informações incompletas para os escritórios, ficando estes

impossibilitados de emitir informações precisas para a tomada de decisões; 16% afirmaram que

todas expressam a realidade da empresa; e 3% disseram que não expressam a realidade, uma vez

que as informações não são apresentadas à contabilidade em tempo hábil.

Gráfico 13 - Da sua carteira de clientes, quantas empresas possuem gestores aptos para tomar

decisões a partir das informações contábeis e quantas não dispõem?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

O gráfico mostra que 61% dos entrevistados afirmaram queapenas 30% dos gestores são

aptos para a tomada de decisões, 23% disseram que são 50% e apenas 13% afirmaram que 70%

dos gestores são aptos. Quanto aos gestores que não são aptos para tomada de decisões, 29% dos

entrevistados asseguraram que 70% dos gestores não são, 20% afirmaram que 30% e 50% não

são aptos. Isso nos mostra a ineficiência na gestão empresarial.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1 2 3 4 5

1. Sim, todas expressam arealidade da empresa

2. Não, pois as informaçõesfornecidas pelo cliente sãoincompletas

3. Não, pois não há observânciaao principio da entidade

4. Não, pois as informações nãosão apresentadas àcontabilidade em tempo hábil

5. Apenas de algumas empresas

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

São aptos Não são aptos

30% dos Gestores

50% dos Gestores

70% dos Gestores

100% dos Gestores

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134

Gráfico 14 - O empresário fez algum curso de empreendedorismo ou cursos afins da área empresarial antes

de abrir o negócio?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Dos profissionais de contabilidade entrevistados, 68% afirmam não saber se os

empresários fizeram algum curso de empreendedorismo ou cursos afins da área empresarial

antes de abrir seu negócio, e os que afirmaram terem feito, foram cursos oferecidos pelo

SEBRAE (13%), o que mostra o desinteresse e despreparo por parte dos empresários.

Gráfico 15 - Os empresários das MPEs investem em seus colaboradores para melhorar o desempenho dos

seus negócios e tornarem-se mais competitivos?

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Pelos entrevistados que tem uma convivência direta com os colaboradores das MPEs,

pode-se perceber que raramente os empresários investem em capacitação (74%);6%

asseguraram que os empresários investem; 6% afirmaram que não investem; e 13% não

souberam responder. Isso demonstra que os empresários ainda precisam adotar políticas de

gestão que tornem seus colaboradores mais habilitados para gestão e competitividade no

mercado. Em relação ao gráfico 16 que questionou se o profissional contábil conseguia

descrever a estrutura organizacional das MPEs, tem-se os seguintes dados:

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

1 2 3 4

1. Sim, fez curso pelo Sebrae

2. Sim, fez curso superior naárea empresarial

3. Nunca fez curso na áreaempresarial

4. Não sei

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Sim Não Raramente Não sei

Sim

Não

Raramente

Não sei

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135

Gráfico 16 - Estrutura organizacional das MPEs

Fonte: dados da pesquisa 2016.

Percebe-se que os empresários das MPEs acham desnecessário ter uma

estruturaorganizacional (52%), que não há definição de funções (26%) nessas empresas, que não

há condições motivadoras (10%); apenas 13% afirmaram que há estrutura organizacional

eficiente. Isso demonstra um cenário totalmente desfavorável para o crescimento saudável da

entidade, uma vez que uma boa estrutura organizacional é fator indispensável para a

competitividade das MPEs.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo investigar a percepção dos profissionais em contabilidade

quanto a gestão empresarial das micro e pequenas empresas. Para levantamento dos dados foram

entrevistados 31 profissionais da área contábil que prestam serviços para MPEs em Juazeiro-

BA.

A análise dos dados revelou que muitos empresários ainda utilizam as informações

contábeis numa baixa frequência no que se refere à gestão empresarial, considerando a alta

relevância dessas informações no planejamento.

Foi constatado na pesquisa que apenas 48% MPEs têm suas informações contábeis

expressando a realidade econômica/financeira. Percebe-se que os empresários não são

capacitados o suficiente e nem investem nos seus colaboradores para o processo de tomada de

decisão de forma eficiente, a partir das informações contábeis e demais fatores úteis nesse

processo. Isso nos leva a entender a grande falha quanto a visão do que é gestão empresarial,

fator esse que gera desequilíbrio e compromete a continuidade.

O estudo apresenta limitações no número de profissionais pesquisados, uma vez que a

aplicação dos questionários deu-se num período de grande movimentação nos escritórios de

contabilidade devido à DIRPF, o que alguns profissionais justificaram indisponibilidade de

tempo para participar da pesquisa.

Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se, portanto, que seja realizado um

estudo para verificar os processos internos no que tange às informações administrativas,

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1 2 3 4

1. Não há definição de funções

2. Os sócios achamdesnecessario ter umaestrutura organizacional3. Não há condiçõesmotivadoras

4. Há estrutura organizacionaleficiente

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136

contábeis e financeiras.Portanto, o objetivo proposto foi alcançado ao identificar a percepção

dos profissionais que prestam serviços contábeis para MPEs. Constatou-se que em relação às

MPEs de Juazeiro-BA há um baixo nível no tocante à gestão, justamente pela falta de

conhecimento ou pouco preparo do assunto.

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140

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO COMO FATOR DE EFICIÊNCIA,

EFICÁCIA E COMPETITIVIDADE NA GESTÃO EMPRESARIAL

FLORISVALDO CUNHA CAVALCANTE JÚNIOR33

ELIS MAGALHÃES SANTOS DE FREITAS

WELLINGTON DANTAS DE SOUZA

RESUMO

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma ferramenta que se adequadamente implementada nas organizações,

é decisiva para a eficiência, eficácia, comprometimento dos colaboradores e consequentemente favorece a gestão

empresarial das entidades. A problemática desta produção será evidenciar como a QVT pode gerar eficiência,

eficácia e comprometimento nas organizações. O objetivo geral deste artigo é analisar como a QVT gera eficiência,

eficácia e comprometimento nas organizações. Será abordado à importância da valorização do capital intelectual

para a alavancagem dos negócios da entidade. Para discorrer sobre os objetivos propostos, o instrumento

metodológico utilizado será a pesquisa bibliográfica, baseado em referencias consultadas em bibliotecas físicas e

digitais. Os principais autores que abordam a temática são Cavalcante, Barbosa e Estender (2015), Denise (2014),

Drucker (2002), Ducci e Elgenneni (2009). Com as ações de QVT implementadas o processo de gestão empresarial

será dinamizado, os colaboradores se sentirão motivados e envolvidos com a gestão. A eficiência e eficácia serão

notadas e a organização alavancará seus resultados, seus clientes externos estarão satisfeitos e a missão institucional

atendida. Conclui-se que é preciso uma visão estratégica por parte dos gestores empresariais, que antes de cobrar

resultados ele precisa entender que sem o apoio do capital humano a missão institucional dificilmente será a

atendida. Para haver eficiência, eficácia e comprometimento dos empregados é indispensável que se tenha QVT,

que estes sejam valorizados, desta forma gestão terá subsídios para manter a entidade competitiva no mercado.

Palavras-chave: Eficiência. Eficácia. Motivação. Qualidade de Vida no Trabalho.

Introdução

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma ferramenta que se adequadamente

implementada nas organizações, é decisiva para a eficiência, eficácia, comprometimento dos

colaboradores e consequentemente favorece a gestão empresarial das entidades.

No Brasil, este conceito começa a ser discutido com maior frequência e já se pode ter

uma ideia das tendências nesta década. “As empresas estão se preocupando em valorizar mais o

ser humano, possibilitando autonomia nas suas decisões, descentralizando, capacitando melhor

seu corpo gerencial, instituindo flexibilidade de funções e apoiando o trabalho sinérgico”.

(MARTINS, 2016, p. 02).

33

Instituto Federal de Educação do Sertão Pernambucano – IFSERTAO-PE – Colegiado do Curso Superior de Gestão de Tecnologia da Informação. [email protected]

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

141

É de conhecimento geral que o capital humano faz toda diferença para a eficácia,

eficiência e competitividade da gestão das empresas, colaboradores desvalorizados, sem

perspectivas, provocam prejuízos imensuráveis para as entidades.

Muito embora a empresa não seja formada somente por seres humanos, deve-se

compreender que estes constituem o fator principal de qualquer organização, pois,

máquinas, computadores e recursos materiais, financeiros, patrimoniais ou mesmo

mercadológicos não desenvolvem atividades produtivas se não houver um indivíduo

fazendo uso deles, neste contexto e perfeitamente perceptível a importância das pessoas

para se atingir dos objetivos organizacionais.

Neste contexto, o proposito desta produção é mostrar como a QVT pode contribuir com

os resultados das organizações, através de colaboradores motivados, valorizados, com um

ambiente de trabalho humanizado. Outrossim, a problemática desta produção será evidenciar

como a QVT pode gerar eficiência, eficácia e comprometimento nas organizações?

Segundo Martins (2016, p. 02)

Nos países avançados, ultimamente, as empresas estão preocupadas em conscientizar

os indivíduos quanto aos benefícios do correto gerenciamento de seu estilo de vida,

evitando agressões ao seu estado físico e psíquico. O indivíduo consciente de como agir

em relação a sua saúde, com estilo de vida saudável, certamente produzirá mais, usará

menos o sistema assistencial de saúde, faltará menos e se integrará melhor dentro da

estrutura do trabalho.

Freitas e Souza (2012, p. 03) ressaltam que:

Em um mercado, em que as áreas da tecnologia e ciência vêm ditando o ritmo de

aceleração no desenvolvimento das empresas desde os primórdios da industrialização,

o reconhecimento do valor do trabalhador dentro da organização é crescente e teve

início através da quebra do paradigma do conhecimento onde, as pessoas deixaram de

ser vistas como geradores de custo e passaram a ser vistas como geradores de receita,

ou seja, passaram a ser reconhecidas como o capital ativo mais importante das

empresas.

Os autores deixam claro que a preocupação com as pessoas devem ser prioridade para a

gestão, pois os resultados de uma QVT consolidada são indiscutíveis, um ambiente de trabalho

saudável além de reduzir diversos custos facilita o processo de gestão, pois os lideres terão um

corpo funcional motivado para o alcance dos objetivos institucionais.

A relevância deste estudo consiste em disseminar a importância da valorização dos

colaboradores para a eficiência, eficácia e competitividade das empresas, pois o capital

intelectual tem papel preponderante nos resultados da organização, empregados motivados e

inseridos em um ambiente acolhedor resulta em clientes satisfeitos e consequentemente

alavancagem nos resultados das empresas.

Segundo Ribas e Duran (2012, p. 33) o empregado deve ser “estimulado, motivado,

ouvido, compreendido, desta forma, a organização pode e deve criar um ambiente altamente

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

142

motivador e propício para o desenvolvimento da criatividade, criando comprometimento e

estimulando o colaborador a sentir-se parte da organização”.

Na visão de Feitas e Souza (2012, p. 04) estes fatores atrelados à “qualidade de vida e

saúde dos trabalhadores é o principal combustível para a produtividade da empresa. No

momento que as pessoas ficam satisfeitas a tendência é a proporcionalidade de resultados cada

vez mais desejáveis”.

“A preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos trabalhadores no desempenho de

suas tarefas é atualmente considerada uma estratégia competitiva. O enfoque nos trabalhadores,

permitindo ambientes de trabalho produtivos e saudável” (FREITAS e SOUZA, 2012, p. 04)

Percebe-se que muitos gestores estão sempre focados em resultados, eficiência e

eficácia, esquecendo que antes de tudo é preciso valorizar as pessoas e lhes proporcionar um

ambiente de trabalho agradável, a partir dai, pode se cobrar e esperar resultados satisfatórios. A

motivação para elaboração desta produção textual é enfatizar que o capital humano é o balizador

para o sucesso ou insucesso da gestão empresarial dos empreendimentos.

Dutra (2008, p. 06) “afirma que cada vez mais as empresas buscam o

comprometimento das pessoas, que só se concretiza à medida que elas percebam que a relação

com a organização lhes traga valor, e que é garantia de criação e sustentação dos diferenciais

competitivos”. Por esta razão a empresa antes de tudo precisa pensar na satisfação do

funcionário com o ambiente de trabalho antes de cobrar comprometimento dos colaboradores.

Neste contexto, o objetivo geral deste artigo é analisar como a QVT gera eficiência,

eficácia e comprometimento nas organizações. Será abordado à importância da valorização do

capital intelectual para a alavancagem dos negócios da entidade.

Para discorrer sobre os objetivos propostos, o instrumento metodológico utilizado será

a pesquisa bibliográfica, baseado em referencias consultadas em bibliotecas físicas e digitais. Os

principais autores que abordam a temática são Cavalcante, Barbosa e Estender (2015), Denise

(2014), Drucker (2002), Ducci e Elgenneni (2009), Dutra (2008), Fernandes, e Machado

(2007), Freitas e Souza (2012), Martins, (2016), Oliveira (2014), Ribas e Duran (2012), Wood,

Tonelli, Cooke (2012). Os quais estão citados na produção textual e devidamente referenciados

no final do trabalho.

Desenvolvimento

Qualidade de Vida no Trabalho – QVT

No processo de gestão, a qualidade de vida no trabalho tem papel preponderante para o

alcance dos objetivos organizacionais, pois a motivação para o trabalho, adaptabilidade as

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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mudanças no ambiente organizacional, criatividade e desenvolvimento de ideias inovadoras, são

amplamente comprometidos quando não há qualidade de vida no ambiente corporativo.

Segundo Fernandes e Machado (2007, p. 01) “A Qualidade de Vida no Trabalho tem

por objetivo fazer com que os trabalhadores se sintam bem em trabalhar na empresa e fazer do

ambiente de trabalho, um lugar agradável e produtivo”.

Um colaborador motivado só traz benefícios para gestão, pois certamente o individuo

vai interagir de forma sinérgica com a organização, colaborando com seus resultados e

superando as expectativas do cliente.

Compreender a importância de se criar condições para que os empregados participem

efetivamente do seu trabalho, tendo orgulho e lutando pelo futuro da empresa tem sido

uma estratégia fundamental diante da economia competitiva, pois estando as pessoas

comprometidas com o trabalho, com os resultados, estarão contribuindo

com a apresentação de sugestões visando melhorias continuas, sentindo-se integrantes

do processo, com sua permanência na empresa, bem como, na luta pela sobrevivência

da mesma. (MARTINS, 2003, p. 5).

Erroneamente, muitas empresas coagem seus funcionários em busca de resultados, faz

um monitoramento continuo sobre a qualidade do atendimento que esta sendo prestado ao

cliente, mas muitas esquecem que a base esta na QVT. Quando ela esta impregnada na empresa,

estas demandas automaticamente são atendidas, e se houver alguma inconformidade, os ajustes

são facilmente realizados.

Para Cavalcante (2015, p. 7) “O grande desafio das empresas está em desenvolver

ferramentas motivacionais e assim conseguir com que os funcionários venham desempenhar

suas funções com qualidade, garantindo uma eficácia organizacional”.

A motivação seria a melhor ferramenta para o uso dos gestores na obtenção de extrair o

maior potencial de cada colaborador, utilizando palestras e investindo nos funcionários,

“disponibilizando alguns cursos profissionalizantes para ajudar no desenvolvimento do capital

intelectual da empresa, envolver o colaborador através de um programa de remuneração variável

ou por habilidades”. (CAVALCANTE, 2015, p. 8).

Eficiência e Eficácia Organizacional

As organizações, sejam elas públicas ou privadas, sempre estão em busca da eficiência

e eficácia em seus negócios, mais uma vez, o capital intelectual assume papel preponderante

para concretização dos resultados organizacionais, ou seja, sem a QVT dificilmente uma

entidade será eficiente e eficaz.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

144

Peter Drucker (2012) afirma que a eficiência consiste em fazer certo as

coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos

recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima, etc. Enquanto

que a eficácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial.

No mercado competitivo no qual as empresas estão inseridas, se faz necessário a

economia de recursos, redução de tempo nas tarefas, atendimento rápido e com qualidade. Uma

empresa eficiente é fruto de um corpo funcional motivado e valorizado, por isso que a gestão

deve focalizar nas pessoas para maximizar seus resultados.

Entretanto, a eficiência sem a eficácia não é vantagem competitiva para a empresa, pois

é preciso além de economia de tempo, materiais e dinheiro é necessário fazer certo, atingir os

objetivos e metas, além de superar as expectativas dos clientes, acarretando desta forma a

alavancagem do negócio.

Quadro 1- Eficiência X Eficácia

Fonte: Denise et al (Adaptado)

No quadro acima a autora esquematiza como a eficiência deve ser complementada pela

eficácia, pois além da racionalidade de recursos é preciso manter a qualidade para conquistar e

manter o cliente, fazendo com que a empresa cumpra sua missão.

Comprometimento dos Colaboradores

Conforme discutido anteriormente, a QVT é uma ferramenta chave para o alcance da

eficiência e eficácia nas organizações, mas para sua plena execução é preciso que haja

comprometimento dos colaboradores. Acerca do comprometimento é preciso uma atuação

proativa dos lideres no sentido de saber envolver, desenvolver e reconhecer seus empregados.

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145

Na prática é possível gerenciar talentos e conseguir o comprometimento dos funcionários

com políticas e práticas (ou seja, ações) que permitam: o envolvimento desses funcionários,

o desenvolvimento e o reconhecimento (OLIVEIRA, 2014).

Acerca da temática, Oliveira (2014) exemplifica no quadro abaixo:

Antes: As pessoas eram vistas como

recursos.

Antes: Uma empresa oferecia ao seu

funcionário um salário razoável, benefícios e

garantia de estabilidade de emprego e

esperava em troca sua lealdade, assiduidade

e pontualidade.

Atualmente: As pessoas são vistas como

parceiras ou colaboradoras das

organizações.

Atualmente: As empresas necessitam

compartilhar responsabilidades e do

comprometimento dos seus funcionários

com o resultado, e podem oferecer em troca

a oportunidade para o seu auto-

desenvolvimento.

Quadro 2 – Evolução da valorização do Capital Humano

Fonte: Oliveira 2014 (p. 04)

A autora aborda que é preciso enxergar as pessoas como parceiras da organização e não

como mão de obra, é preciso compartilhar as responsabilidades e saber reconhecer, valorizar e

desenvolver seus colaboradores.

Wood JR; Tonelli; Cooke (2012) ainda complementam que

Se o indivíduo não assume responsabilidades e não tem iniciativa, ele dificilmente

contribuirá para o resultado. E se a empresa não proporcionar um ambiente que garanta

autonomia aos funcionários, que os incentive a produzir com motivação, também não

conseguirá aproveitar as competências individuais dos seus funcionários.

Garantir o comprometimento e desenvolvimento do ativo humano para a

implementação de objetivos estratégicos e a busca de melhores resultados é um processo

complexo que deve ser arquitetado. “As organizações devem elaborar estratégias, políticas,

práticas, bem como conceber uma estrutura de Recursos Humanos que contribua com essa

gestão”. (RIBAS e DURAN, 2012, p 32).

No próximo quadro, é possível visualizar como envolver e desenvolver os

colaboradores de uma organização.

Para ENVOLVER os funcionários é

preciso que a organização invista em:

Para DESENVOLVER os funcionários

na prática é preciso:

Comunicação: Para que todos saibam

onde a organização quer chegar e como

Treinamento contínuo: para que as

habilidades pouco desenvolvidas ou

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146

ela quer chegar. Isto nos lembra da missão

e visão de uma empresa não lembra?

inexistentes sejam adquiridas pelos

funcionários.

Trabalho em Equipe: O trabalho em

equipe coloca todos os funcionários no

mesmo patamar, não tem chefe nem

subordinado, todos tem que superar as

diferenças e se concentrar nas

necessidades da empresa.

Promoção: para dar-lhes a oportunidade

de crescerem com um novo desafio, um

novo cargo ou função dentro da empresa.

Descentralização das decisões: Ou seja,

dar aos funcionários a oportunidade de

participar dos processos de decisão, ou até

mais, permitir que eles decidam qual a

melhor solução para um problema e

situação.

Feedback contínuo: é preciso avaliação

contínua da evolução do colaborador,

se este apresenta desvios que não são

corrigidos, tanto o empregado como sua

atuação na organização ficam

comprometidos.

Quadro 3: Esquematização de Envolvimento e Desenvolvimento de colaboradores

Fonte: Oliveira (2014, p. 30)

Neste contexto é nítido que para envolver é preciso haver um processo de comunicação

eficiente, onde o colaborador tenha ciência da missão da empresa, incentivo ao trabalho em

equipe e divisão de responsabilidades.

Já o desenvolvimento esta atrelado ao treinamento frequente para que o funcionário

adquira as habilidades necessárias para a eficiência, a promoção, e a avaliação contínua através

do feedback, pois o colaborador precisa saber seus pontos fortes e fracos para interagir

eficientemente com a organização.

Ducci e Elgenneni apud Rocha (1997, p. 136) complementam que

O desenvolvimento não inclui apenas a formação no sentido de aumentar a qualidade

em ordem a executar uma tarefa específica, mas a educação no sentido mais geral, de

forma a aumentar o nível de conhecimento e a capacidade de respostas às mudanças

no ambiente exterior a organização.

Importante ressaltar também que para que os funcionários mantenham suas condutas de

comprometimento é preciso reconhecer suas atuações. Dividir os lucros da empresa com os

funcionários, de acordo com o desempenho (Oliveira, 2014).

Com estas ações implementadas o processo de gestão empresarial será dinamizado, os

colaboradores se sentirão motivados e envolvidos com a gestão. A eficiência e eficácia serão

notadas e a organização alavancará seus resultados, seus clientes externos estarão satisfeitos e a

missão institucional atendida.

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147

Conclusão

O proposito desta produção foi mostrar como a QVT pode contribuir com os resultados

das organizações, através de colaboradores motivados, valorizados, com um ambiente de

trabalho humanizado. Foi aborado como a QVT gera eficiência, eficácia e comprometimento

nas empresas. Com base no estudo bibliográfico foi possível analisar como a QVT é importante

para a gestão empresarial.

Em vista dos argumentos apresentados, conclui-se que é preciso que a questão da

Qualidade de Vida no Trabalho seja levada a sério pelas empresas, ademais, os benefícios

advindos da sua implantação são imensuráveis para a gestão das organizações. Pessoas

motivadas e valorizadas são fundamentais para a alavancagem dos negócios da entidade.

Percebeu-se que muitas empresas sofrem com a questão da alta rotatividade e

absenteísmo, situações que certamente seriam sanadas com uma QVT corretamente

implementada, pois os funcionários acima de tudo precisam ser valorizados como ser humano,

ser reconhecido, ter autonomia e perspectivas de crescimento.

Verificou-se que a QVT contribui com a eficiência da organização, ademais, quando há

um ambiente de trabalho agradável, haverá economia de recursos, redução de tempo nas tarefas,

atendimento com qualidade e satisfação do público externo.

Do mesmo modo, a eficácia também é favorecida quando há um ambiente laboral

aconchegante, pois as falhas serão minimizadas, os objetivos serão almejados, os resultados

serão maximizados, os gestores terão mais facilidade para liderarem e a organização será

referencia em seu ramo de atuação.

É imprescindível que todos se conscientizem que para haver comprometimento dos

colaboradores é preciso enxergar as pessoas como parceiras da organização e não como mão de

obra, é preciso compartilhar as responsabilidades e saber reconhecer, valorizar e desenvolver

seus colaboradores. É necessário treinar, desenvolver e dividir os lucros conforme a atuação dos

colaboradores.

Conclui-se que é preciso uma visão estratégica por parte dos gestores empresariais, que

antes de cobrar resultados ele precisa entender que sem o apoio do capital humano a missão

institucional dificilmente será a atendida. Para haver eficiência, eficácia e comprometimento dos

empregados é indispensável que se tenha QVT, que estes sejam valorizados, desta forma gestão

terá subsídios para manter a entidade competitiva no mercado.

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REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, Daniela Santos; BARBOSA, Lidiane; ESTENDER, Antônio Carlos. A

motivação como ferramenta para eficácia organizacional. XII Simpósio de Excelência em

Gestão e Tecnologia, 2015.

DENISE, Santos et al. O Papel da Tecnologia da Informação (TI) na estratégia das

Organizações. 2014.

DRUCKER, Ferdinand P. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thompson

Learning, 2002.

DUCCI, Larissa Z; ELGENNENI, Sara Maria De Melo. Gestão de Pessoas II. Editora

Pearson, São Paulo: 2009.

DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2008.

FERNANDES, Mirtes Seger; MACHADO, Mirian Magnus. A importância da qualidade de

vida no trabalho no paço municipal de Gaspar. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada,

Blumenau, v.1, n.2, p.01-20, Sem I. 2007 Edição Temática TCC’s – II ISSN 1980-7031.

FREITAS, Magalhaes Santos de Freitas e SOUZA, Laura Thais Chaves. Programas de

qualidade de vida no trabalho do Sebrae Juazeiro/BA e Petrolina/PE: teoria versus prática.

Congresso Internacional de Administração, 2012.

MARTINS, Ana Maria Santana. Programas de Qualidade de Vida, Satisfação no Trabalho

e Comprometimento Organizacional. Disponível em:

<http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad_2003/COR/2003_COR621.p

df>. Acesso em 22 ago. 2016.

OLIVEIRA, Elisete Alice Zanpronio. Gestão de Pessoas II- Universidade Norte do Paraná,

2014.

https://www.colaboraread.com.br/aluno/webaula/index/0089974202?atividadeDisciplinaId=971

051#1

RIBAS, Andréia e DURAN, Cristiana. Gestão de Pessoas nas Organizações. 2012.

WOOD JR, Thomaz; TONELLI, Maria José; COOKE, Bill. Recursos humanos: para onde vai a

gestão de pessoas? GVExecutivo. Volume 11. 2ª Ed, 2012.

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O PODER DOS ATACAREJOS: ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS DO COMÉRCIO

REGIONAL PARA COMBATER A EVASÃO DA RENDA E TRAZER O EQUILÍBRIO

DO MERCADO REGIONAL DE ALIMENTOS NO NORTE DA BAHIA.

José Adelson Gonçalves de Almeida34

Resumo

As grandes mudanças no mercado regional, nacional e internacional, motivadas pelo processo

de globalização exigem o aumento da competitividade no mercado. Esse artigo mostra a

estrutura de mercado dos atacarejos instalados no Município de Juazeiro, norte da Bahia. Que

estão movimentando o comércio varejista de alimentos, através de uma estrutura oligopolista

competitiva. Esse protótipo evidencia as desvantagens do comércio varejista regional, para o

enfrentamento ao modelo implantado, que enfatiza a possibilidade de ocorrência de evasão da

renda do Município de Juazeiro, a partir de dados estatísticos oficiais. Porquanto o objetivo

desse trabalho é apresentar estratégias competitivas, frente à estrutura mercadológica dos

atacarejos. O modelo protecionista definido entre as estratégias abraça o cooperativismo, como

forma de dissolver as limitações relativas às disparidades econômicas entre, a estrutura dos

atacarejos e o comércio local, com finalidade de equacionar as diferenças no mercado delineado,

e buscar o seu equilíbrio.

Palavras-chave: Oligopólio competitivo; Consequências; Cooperativismo.

Introdução

A competição se intensificou de forma drástica nas ultimas décadas em praticamente

todas as partes do mundo (PORTER, 1999. P. 07). Ainda segundo Porter “o interesse pela

competitividade das nações, dos estados e das cidades aumentou rapidamente, em razão da

difusão e da intensificação da competição”. Segundo (PINDYCK e RUBINFELD 2002, p. 250), o

modelo de competição total baseia-se em três suposições básicas: aceitação de preços,

homogeneidade de produtos e livre entrada e saída de empresas. A teoria neoclássica apresenta

diversos modelos de concorrência, porém a discussão a seguir é restrita, ao oligopólio

competitivo, que se caracteriza por um pequeno número de empresas de grande porte, que

concorrem com um quantitativo grande de pequenas empresas, em uma economia de mercado.

Trazendo esta realidade para a região norte da Bahia, com ênfase no munícipio de Juazeiro,

pode-se observar a presença de uma estrutura oligopolista competitiva, que está afetando a

34 Economista graduado pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina – FACAPE, Especialista

em Gestão de RH pela Universidade de Pernambuco – UPE. Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro –

FASJ. Coordenador da Empresa Júnior e Escritório modelo de contabilidade da/FASJ. E-mail

[email protected]

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

150

permanência de empresas de menor porte no mercado regional, por não estarem preparadas

estrategicamente para esta competitividade.

A Presença de projeto de viabilidade econômica ou até mesmo de um plano de negócio,

que poderia auxiliar as empresas da referida cidade, na tomada de decisão, não é uma prática

comum, fato observado em conversas com empresários locais e regionais. Essa ocorrência torna

as empresas regionais vulneráveis, aos empreendimentos comerciais com características

oligopolistas. Com o aspecto dos oligopólios, frente às empresas regionais, a livre concorrência

desaparece e as corporações usam o seu poder de mercado e, assim, com influencia sobre os

preços das mercadorias, os atacarejos conseguem controlar a maior fatia da demanda regional no

mercado varejista de alimentos, e produtos de uso doméstico, através de práticas restritivas à

concorrência, com fim de ampliar seus lucros, apesar da ausência de barreiras a entrada de

novos concorrentes potenciais.

O objetivo deste artigo é discutir a alternância, entre o grau da concorrência oligopolista

competitiva, com alto poder sobre o marcado, diante da vulnerabilidade das empresas do mesmo

seguimento, mas, com poder econômico inferior, no município de Juazeiro e região. E ainda

trazer para esta discussão, modelos de estratégias competitivas, metodologias e práticas

econômicas, que podem proporcionar estreitamento da distancia concorrencial, com

possibilidades de alcançar o equilíbrio deste mercado.

Atacarejos

Atacarejos, uma combinação de atacado e de varejo, que atualmente briga, cada vez

mais, com as redes clássicas (HSIEN, CÔNSOLI e GIULIANI, 2010, p. 98).

O comércio atacadista e varejista transformou-se, no mercado brasileiro, e mundial. O que antes

eram entendidos como dois modelos distintos, e auxiliares, ou seja, o atacado como suporte

logístico para o varejo.

A diferença entre os atacadistas e os varejistas não consiste apenas em seus fins

contrapostos. De acordo com (KOTLER, 1998, p. 511). Os atacadistas, na maioria das vezes,

atuam em regiões de maior comercialização do que os varejistas, e também trabalham com

transações maiores do que estes. Os atacadistas não priorizam o espaço da localização de seus

empreendimentos, e a estrutura física que as lojas possuem, pelo fato de comercializar seus

produtos com compradores jurídicos, ou seja, os varejistas, e não com clientes finais. Segundo

(PARENTE 2000, P. 22) o varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de

venda de produtos e serviços para atender uma necessidade pessoal do consumidor, portanto,

qualquer estabelecimento que tenha como atividade principal comercializar produtos e serviços

para o consumidor final. Agora, o atacadista e o varejista, estão agregados em uma estrutura

estratégica fortemente competitiva: os atacarejos. Essa é a origem da distribuição em massa,

segundo (DA SILVA 1990, p. 24). Até o inicio dos anos 1990, os canais de distribuição não

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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ocupavam lugar de destaque no Brasil, pelo fato da economia brasileira encontra-se em três

setores, fechada para o resto do mundo. Hoje no mercado globalizado a economia se encontra

em franca expansão, e as relações comerciais com os consumidores estão cada vez mais

complexas, pois estes, têm em tempo real, informações sobre produtos e serviços ofertados no

mercado, independente da região geográfica. Porquanto, as logísticas e canais de distribuição os

“atacarejos” são planejados estrategicamente como um diferencial de relação com os

consumidores, essa estrutura se enquadram segundo a teoria econômica como oligopolista.

Estrutura de marcado oligopolista.

Essa estrutura de mercado geralmente apresenta um numero pequeno de empresas.

Segundo “(ROSSETTI, 2003 p. 403) as indústrias automobilísticas, química de base, siderurgia e

de celulose e papel são exemplos de oligopólios constituídos efetivamente por número pequeno

de empresas produtoras”. Entretanto de forma pontual pode ter um número maior de empresas, o

que se evidencia nos setores de alimentos, por exemplo. O quantitativo não caracteriza perda da

hegemonia no mercado, devido as suas altas taxas de participação, e por ter o mercado

dominado por um encurtado grupo de maior potencial econômico financeiro.

A estrutura oligopolista de alimentos que se instalou em Juazeiro, fundamentado na

competitividade de mercado, se mostra extremamente superior ao modelo existente no comércio

e serviço local e regional. Pode se observar, que não existe um efetivo poder de reação das

empresas regionais no formato unilateral, diante do poder econômico dos atacarejos,

caracterizados pelo alto poder de compra e planejamentos estratégicos, apoiados na relevância

de percepção da ciência econômica a partir da lei de oferta e demanda. Segundo (PINDYCK,

2010 p. 20), “a análise da oferta e da demanda é uma ferramenta essencial e poderosa que pode

ser aplicada a uma ampla variedade de questões interessantes e importantes”. Esta afirmativa

esclarece sobre as possibilidades de entendimento e análise seguras nas condições econômicas

regionais e mundiais que afetam o preço de marcado e a produção. A interferência do Governo

no controle dos impactos do salário mínimo, de preços e subsídios à produção, e ainda como os

consumidores são afetados a partir das decisões governamentais concernentes aos tributos, e as

cotas de importação.

Na sequencia são apresentados gráficos que demonstram as alterações do mercado, de

acordo com a lei da oferta e demanda “coeteris páribus”:

P D = a - b(P) 2 1

D 13 16 Q Fonte: PINDYCK, 2010 p. 22

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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A curva de demanda negativamente inclinada mostra que o aumento no preço do produto

gera uma redução da demanda. A função demanda comprova que substituindo o preço por outro

maior gera uma queda na quantidade demandada. Partindo deste pressuposto, é possível

entender que a implantação da estrutura oligopolista de alimentos no Município de Juazeiro, se

deu, viabilizado pelo potencial demográfico, e devido aos elevados preços dos produtos

comercializados na região pelas empresas locais, conjunturas positivas identificadas pelos

atacarejos, que tem como principal fator competitivo o controle sobre os preços.

P S S = a + b(P) 2

1

13 16 Q

Fonte: PINDYCK, 2010 p. 20

A curva de oferta, positivamente inclinada tem efeito positivo sobre o aumento no preço

dos produtos, isso implica em aumento da oferta em caso de aumento dos preços. Essa

afirmativa pode ser comprovada através da função oferta, que apresenta aumento da oferta de

produtos, quando o preço aumenta. De acordo com a lei de oferta, e as práticas comerciais no

mercado efetivadas pelas empresas locais e regionais pode-se evidenciar, que, essa é a porta de

entrada dos atacarejos na região. O amplo poder de negociação com a indústria, neste caso, de

alimentos, favorece a estrutura de mercado oligopolista na redução dos preços cobrados aos

consumidores da região. Isso cria um hiato¹ entre a estrutura oligopolista e empresas locais, que

não possuem concentração de capital monetário apropriado para concorrer em par de igualdades

com os atacarejos.

Município de Juazeiro da Bahia: alterações em sua economia

TABELA – 1 ESTATÍSTICA DO CADASTRO CENTRAL DE EMPRESA EM JUAZEIRO: 2007 / 2014

Fonte: IBGE cidades / 2016

A tabela 1 mostra os dados estatísticos nominais das empresas instaladas.

A função abaixo permite que sejam comparados os períodos, ano a ano, e observadas às

variações socioeconômicas no município de Juazeiro, cidade referência do estudo:

∆ = ab / aa – 1 x 100

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Numero de unidades locais 3.604 3.684  3.921  4.239  4.227  4.044  4.372  3.961

Pessoal ocupado Assal. 22.281 23.568  27.014  27.114  27.297  20.028  31.854  32.622

Pessoal ocupado total 26.201 27.584  31.340  31.843  32.092  33.748  36.848  37109

Salário médio mensal 2,2 2,2 2,1 2,1 2 2,1 2,1 2,1

Salários e outras

remunerações em mil reais: 244.540 279.028 331.493  400.436  449.508  529.075  618.570  704.978 

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

153

∆ = variação ab = ano base / aa = ano anterior

TABELA – 2 ESTATÍSTICA % DO CADASTRO CENTRAL DE EMPRESA EM JUAZEIRO: 2007 / 2014

Fonte: IBGE cidades / 2016

Hiato¹ diferenças de estruturas competitivas: efetivas x potenciais, que se definem a partir do poder econômico,

capacitação de mão de obra e da tecnologia.

Na tabela 2 observou-se que, no ano 2007 comparado a 2006, ocorreu redução de (3,38%)

no número de unidades empresariais instaladas no município de juazeiro, fato que não envolve,

ainda, a instalação dos atacarejos na região. De 2008 a 2010 houve crescimento médio positivo

de 5,39%, e volta a ficar (0,28%) negativo em 2011 comparado a 2010.

Na variável ocupação de trabalhadores, pode-se observar que apenas no ano de 2009, há

um real crescimento do número de ocupados assalariados de 14,62%. Nos períodos seguintes:

2010 e 2011, o aumento efetivo da geração de empregos pelas empresas locais no município de

Juazeiro foi de 0,37% e 0,67% consecutivamente. Resultados inferiores ao ano de 2007 em

relação a 2006, que teve crescimento de 0,71%. O crescimento total médio de pessoal ocupado é

de 3,87% no período, e a renda média no município de Juazeiro no mesmo período segundo o

IBGE é de: 2,15 salários mínimos por pessoa ocupada.

TABELA – 3 PIB, POPULAÇÃO, PIB PER CAPITA E VAGAS DE EMPREGO EM JUAZEIRO: 2002 / 2015

Fonte: IBGE cidades / 2016; MTE - CAGED 2016.

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Numero de unidades locais -3,38% 2,22% 6,43% 8,11% -0,28% -4,33% 8,11% -9,38%

Pessoal ocupado Assal. 0,71% 5,78% 14,62% 0,37% 0,67% -26,63% 59,05% 2,41%

Pessoal ocupado total 2,00% 5,22% 13,62% 1,60% 0,78% 5,16% 9,19% 0,71%

Salário médio mensal 2,2 2,2 2,1 2,1 2 2,1 2,1 2,1

Salários e outras

remunerações em mil reais: 17,48% 14,10% 18,80% 20,80% 12,25% 17,70% 16,92% 13,97%

Anos PIB preço cor. Δ % Popul. Δ % PIB Percapita Δ % Vagas de empregos

2002 912.795.000,00 - 176.577 - 5.169,39 - 944 C. RE AL % 0,53

2003 864.809.000,00 -5,26 188.667 6,41 4.583,79 -11,33 2.013 1,07

2004 935.240.000,00 7,53 193.136 2,31 4.842,39 5,64 396 0,21

2005 1.136.053.000,00 17,68 203.263 4,98 5.589,08 15,42 480 0,24

2006 1.290.252.000,00 11,95 208.422 2,48 6.190,57 10,76 -84 -0,04

2007 1.465.446.000,00 11,95 213.297 2,29 6.870,45 10.98 728 0,34

2008 1.471.189.000,00 0,39 237.627 10,24 6.191,17 -9,89 223 0,09

2009 1.770.834.000,00 16,92 243.897 2,57 7.260,58 17,27 1.869 0,77

2010 1.919.843.000,00 7,76 197.965 -23,20 9.697,89 33,57 1.069 0,54

2011 1.993.417.000,00 3,69 199.761 0,90 9.979,01 2,90 12 0,01

2012 2.135.551.000,00 6,66 201.499 0,86 10.598,32 6,21 2.243 1,11

2013 2.591.068.000,00 17,58 214.748 6,17 12.065,62 13,84 1.123 0,52

2014 * - 216.588 0,85 - 598 0,28

2015 * - 218.324 0,80 - -686 -0,31

183,86% 41.747 133,41% 10.928 4,83

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

154

O primeiro atacarejo implantado em Juazeiro data de setembro de 2008, e marca uma

baliza no crescimento do PIB local, partido de um crescimento de 0,39% no ano de sua

fundação, para 16,92% no ano seguinte. Crescimento, que pode ser atribuído a grande

concentração de consumidores de municípios limítrofes com Juazeiro, que consumiram no

atacarejo.

Não há motivos para comemorar o crescimento do PIB, pois o aquecimento do comércio

local de alimentos, não caracteriza ganhos reais para o município, como pode ser observado na

comparação do crescimento do número de empresas instaladas no ano de 2011, em relação a

2010, que apresenta crescimento negativo, de acordo com o IBGE.

A partir do ano 2010, o PIB do município de Juazeiro, tem uma redução bastante

significativa, se repetindo o fato em 2011. No censo de 2010, o IBGE apresentou redução da

população de Juazeiro em – 23,20%, isso fez com que a renda percapita tivesse aumento

significativo, com variação de 33,57% em relação ao ano de 2009. Fato preocupante é que a

maioria os indicadores mostram reduções significativas, a exemplo da renda percapita que

reduziu seu crescimento de 33,57% no ano de 2010, para apenas 2,9% em 2011.

Na avaliação do crescimento real da geração de empregos, pode se observar que o

período que antecedeu a chegada dos atacarejos em Juazeiro da Bahia teve crescimento real

médio de 1,91% e 2,92% nos oito anos seguintes, com resultado final de: 10.928 vagas mantidas

em catorze anos. Esse crescimento comparado a o aumento da população no mesmo período:

41.747 habitantes.

Segundo o IBGE, 2010 66% da população nesse mesmo ano, compõe em Juazeiro a

População Economicamente Ativa –PEA. Assim o número de vagas mantidas no período seria:

27.553, ao invés de 10.928. Na coluna geração de emprego real na tabela ( 3 ), é possível

observar que a presença dos atacarejos em Juazeiro não influenciou o aumento na geração de

emprego real. Afirmativa que pode ser confirmada nos últimos anos da pesquisa: em 2012 o

crescimento real foi de 1,11%, nos anos 2013, 2014 e 2015, os resultados foram decrescentes:

0,52, 0,28 e (- 0,31).

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155

TABELA – 4 PIB preços correntes - IPC - Inflação - PIB real - Taxa de crescimento

Fontes: IBGE cidades / 2016 – VASCONCELOS. Micro e macro /2002. – BACEN: histórico de inflação.

Na tabela 4 são resumidos e confirmados os resultados das tabelas anteriores. Nesta, são

mostrados os números, que esclarecem as alterações na economia do município de Juazeiro da

Bahia. O ano de 2009 pode ser lembrado como o ano perfeito, para o crescimento econômico: o

PIB cresceu 16,92%, comparado com 2008 e, a inflação foi a mais baixa do período: 4,31%, o

crescimento real da economia foi de 15,39%. Além da geração de emprego que aumentou

significativamente em relação a 2008. Já nos 2011 e 2012, os resultados apurados a partir de

dados oficiais do IBGE cidades – 2016, não são nada animadores. Têm as duas maiores taxas de

inflação do período, os dois menores crescimentos reais do município, além da menor renda

percapita, mostrada na tabela 3. A partir da avaliação da conjuntura dos dados, é possível

afirmar, que houve um desaquecimento da economia do município de Juazeiro a partir de 2010.

Manifesta redução do efeito multiplicador da moeda em circulação neste município, devido à

concentração do consumo nas lojas atacarejos, e, a saída das rendas das famílias de Juazeiro, e

dos municípios limítrofes, por duas condições básicas: as matrizes das lojas atacarejos, para

onde são enviados os lucros líquidos, não estão instaladas na região, e, não são efetivados

reinvestimentos dos recursos coletados pelas lojas atacarejos, no município de Juazeiro. Nesse

contexto, compreende-se a necessidade da implantação de medidas protecionistas para a

economia da região norte da Bahia.

Planejamento e estratégias competitivas para enfrentar a concorrência dos atacarejos

A concorrência pode ser percebida como a capacidade da empresa de articular e conduzir

estratégias competitivas, que viabilize expandir, de forma contínua, um lugar de destaque no

mercado. “A organização é, portanto, identificada como um espaço de planejamento e

coordenação da produção que se estrutura ao redor de suas diversas áreas de competência”

PIB Indice Geral de Preços PIB real

a preços Indice Taxa A preços constantes 2006

Anos correntes Base Inflação R$ Taxa

R$ 2006 = 100 % (1) / (2) * 100 Crescimento

"1" "2" "3" "4" %

2006 1.290.252.000,00 100 0 1.290.252.000,00 0

2007 1.465.446.000,00 104,46 4,46 1.402.877.657,00 8,73

2008 1.471.189.000,00 110,62 5,90 1.329.948,472,00 -5,20

2009 1.770.834.000,00 115,39 4,31 1.534.651.183,00 15,39

2010 1.919.843.000,00 122,21 5,91 1.570.937.730,00 2,36

2011 1.993.417.000,00 130,15 6,50 1.531.630.426,00 -2,50

2012 2.135.551.000,00 137,75 5,84 1.550.309.256,00 1,22

2013 2.591.068.000,00 145,89 5,91 1.776.042.224,00 14,56

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156

(FERRAZ, 1995, p.3). O planejamento das estratégias competitivas de uma firma abrange a

necessidade de observação dos resultados, centrado nos objetivos, que envolvem os pontos

fortes e fracos, oportunidades e ameaças da concorrência no segmento. As ações e reações dos

concorrentes necessariamente precisam ser observadas em sua conjuntura, porquanto as

estratégias para conquistar o espaço no mercado precisam ser montada no período com projeção

futura. É real a dificuldade nesse enfrentamento, devido ao domínio dos atacarejos no mercado,

principalmente pela condição de entrante que assume o comércio varejista do norte da Bahia. Se

contrapondo aos atacarejos, que estão em um processo dinâmico de expansão no setor varejista

da região e do Brasil, com tendência à entrada de novos grupos internacionais. Isso não

inviabiliza a organização cooperada dos empresários regionais nessa competição de mercado

com os atacarejos, haja vista que o sucesso do projeto se dará de acordo o planejamento e as

estratégias fundamentadas no alcance da demanda efetiva dos consumidores.

Os principais municípios do norte da Bahia, e Petrolina município pernambucano, somam mais

de 1,1 milhão de habitantes, em um raio de aproximadamente 250 Km. A região se destaca

na produção de frutas para exportação, principalmente Juazeiro na Bahia e Petrolina no Estado

de Pernambuco, que juntas concentram a maior densidade demográfica da região em estudo.

TABELA 5: PRINCIPAIS CIDADES DO NORTE DA BAHIA E PETROLINA-PE. – 2016

Fonte: IBGE cidades 2016

O PIB a preços correntes do ano de 2013, nesta região, segundo o IBGE cidades, foi de

12,2 bilhões de reais, com destaque para o setor terciário e agricultura irrigada.

A economia da região pesquisada dispõe de condições favoráveis à reversão da situação de

domínio do mercado local pelos atacarejos, condicionante balizada num projeto protecionista

fundamentado no associativismo.

Cidade: População: PIB a preços correntes em mil R$

Capim grosso 31.181 253.282,00

Campo formoso 73.118 480.939,00

Curacá 35.320 216.868,00

Casa nova 72.798 402.432,00

Euclides da Cunha 61.618 469.640,00

Itiuba 37.500 188.529,00

Jacobina 83.435 854.910,00

Jaguarari 34.304 423.697,00

Juazeiro 220.253 2.591.068,00

Petrolina-PE 337.683 4.905.327,00

Remanso 42.481 241.284,00

Sobradinho 23.650 310.684,00

Senhor do bomfim 80.769 746.643,00

Uauá 25.853 139.319,00

1.159.963 12.224.622,00

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157

Considerações finais

As teorias das estruturas de mercado podem, e são utilizadas como fator positivo de

orientações para as projeções de estratégias competitivas. Nesse contexto, os empresários do

mercado varejista de alimentos do norte da Bahia necessitam de forma cooperada, objetivar o

equilíbrio do mercado, para evitar os vazamentos da renda para outras regiões do país, e impedir

a saída de divisas internacionais do Brasil em forma de lucro líquido: Renda Liquida Enviada ao

Exterior - RLEE, projetar o aumento do efeito multiplicador da moeda na região, e

assim aumenta a concentração de riquezas e beneficiar o crescimento do PIB regional e

brasileiro, através do equacionamento do poder de compra e dos preços praticados.

REFERENCIAS

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FERRAZ, J.C., KUPFER, D, HAGUENAUER, L. Competitividade: Definições e

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158

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CRESCIMENTO ECONÔMICO E A ESTRUTURA DE REPARTIÇÃO DA

RENDA EM PETROLINA-PE, 2000.

Antonio José Gomes Pedrosa

RESUMO

Nos anos 90 o município de Petrolina-PE apresentou elevado crescimento econômico (70,7%),

acima dos padrões produtivos do seu estado (30,7%) e do país (45,3%). No mesmo período, os

dados do IPEA apontaram para elevados índices de pobreza e indigência no município. O

presente estudo tem como objetivo identificar o impacto da desigualdade de renda sobre efetiva

participação da sociedade no que diz respeito ao processo de melhoria das condições de vida,

entre 1991-2000. A partir dos instrumentos de aferição da desigualdade econômica foi possível

mensurar o nível da discrepância entre os diferentes estratos sociais bem como o grau de

concentração de renda no município. Apesar de relativa melhora quando comparada com dados

nacional e estadual os resultados apontaram para uma elevada desigualdade de renda, bem

como, elevado grau de concentração do produto social em direção a uma parcela reduzida dessa

sociedade. Evidenciando-se que a exclusão econômica, que aflige parte significativa da

população, está associada a desigualdade de renda e não a insuficiência de recursos.

Palavras-chaves: Crescimento Econômico, Pobreza e Distribuição de Renda.

1. INTRODUÇÃO

Nos anos 90 o município de Petrolina-PE apresentou elevado crescimento econômico

(70,7%), acima dos padrões produtivos do seu estado (30,7%) e do país (45,3%). No ano 2000,

com PIB (Produto Interno Bruto) de R$725 milhões o município entrava na lista das dez

maiores economias do seu estado. O sucesso da atividade econômica, pressupõe que a maior

parte da população dessa sociedade seja beneficiada pela prosperidade material em curso.

O crescimento econômico constitui um processo através do qual a renda per capita de

uma dada sociedade se eleva persistentemente. Assim sendo, ao longo do tempo, para a maior

parte da população, devam ocorrer melhorias no padrão de vida material, nas condições de

saúde, maior tempo de vida, ampliação no exercício da cidadania, e maiores oportunidades de

aperfeiçoamento pessoal (CACCIAMALI, 2002).

Apesar do bom desempenho da economia de Petrolina ocorrido na última década do

século XX, os dados do IPEA apontam para elevados índices de pobreza e indigência no

município, levando parte significativa de população a não usufruir da prosperidade material

gerada no município. Portanto, fica caracterizado que o crescimento econômico local não está

Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ). Professor Substituto da Universidade do

Estado da Bahia (UNEB), Campus VII. Graduado em Economia pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE). Especialista em Administração e Finanças pela Uninter.

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160

conseguindo alcançar seu objetivo de melhorar o padrão de vida da maior parte de sua

população.

Respostas à exclusão econômica e social da população de Petrolina, pode estar ligada

diretamente a distorções na distribuição de renda do município. Barros, Henriques, e Mendonça

(2001) afirmam que a desigualdade na distribuição de renda pode ser responsável pelo

crescimento econômico não conseguir atingir o objetivo de melhoria nos padrões materiais dos

indivíduos.

Nesses termos, questiona-se se a desigualdade na distribuição de renda do município de

Petrolina, no período 1991-2000, pode ser responsável pela prosperidade material local não

conseguir gerar efetiva participação da sociedade no que diz respeito ao processo de melhoria

das condições de vida?

Neste sentido, a presente pesquisa teve como objetivo elaborar um referencial de

discussão a respeito da magnitude da desigualdade na distribuição de renda em Petrolina,

analisando suas proporções e dimensões, no período 1991-2000. Acredita-se que os elevados

níveis de pobreza e indigência do município, que vêm excluindo parte significativa da

população a melhores condições de vida, estaria associada a desigualdade de renda e não a

insuficiência de recursos.

O presente trabalho está organizado em cinco seções, iniciando com esta primeira em

que em que se faz a introdução da temática. Em seguida tem-se o tópico dos aspectos teóricos e

a abordagem empírica, fundamentando o estudo em questão. Na terceira seção foram realizadas

considerações a respeito dos aspectos metodológicos da pesquisa. Na quarta seção apresenta-se

a análise e as discussões dos resultados encontrados. Na última seção, realizou-se as

considerações finais da pesquisa.

2. ASPECTOS TEÓRICOS E ABORDAGEM EMPÍRICA

2.1 Crescimento Econômico: Aspectos Conceituais e Desempenho da Economia de

Petrolina na Década de 90.

a) Aspectos Conceituais

Na sociedade contemporânea, a riqueza ou o crescimento econômico é proveniente do

aumento da produção (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Esta por sua vez é medida pelo

Produto Interno Bruto (PIB). Quando se pretende avaliar o desempenho da atividade econômica,

verifica-se a variação do PIB. Períodos de crescimento do PIB são chamados de expansão ou

crescimento econômico, e os de variação negativa do PIB, de recessão (BLANCHARD, 2011).

A taxa de crescimento econômico é identificada por meio da variação positiva do PIB

real (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Este indicador mede a produção e sua variação ao longo

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

161

do tempo eliminando o efeito do aumento nos preços no nível da atividade econômica apurada

em um determinado período. O PIB real é calculado pelo somatório das quantidades de bens e

serviços finais multiplicadas por preços constantes, em vez de preços correntes (BLANCHARD,

2011).

Comumente, quando economistas se preocupam com as variações da atividade

econômica, suas atenções se voltam para a interação entre produção, emprego e renda. O

crescimento econômico normalmente é acompanhado pela redução do desemprego e aumento da

disponibilidade de mais empregos e geração de renda (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Além

disso, quando ocorre crescimento econômico, a produção de bens e serviços de uma

determinada economia aumenta, tornando possível uma elevação da prosperidade material da

sociedade.

Em resumo o crescimento econômico tem papel fundamental no desenvolvimento das

sociedades contemporâneas, bem como, torna-se condição essencial para a prosperidade

material dos indivíduos. Assim sendo, o melhor padrão de vida material da sociedade está

condicionado ao desempenho da atividade econômica.

b) Desempenho da Economia de Petrolina na Década de 90

As informações da Tabela 01, a partir do recorte temporal de 1985–2000, permitem uma

análise comparativa da geração de riqueza (PIB a preços constantes) e do desempenho

econômico (crescimento do PIB a preços constantes) do município de Petrolina com os

diferentes níveis geográficos: municipal (10 maiores economias de seu estado no ano de 2000),

estadual (Pernambuco) e nacional (Brasil). Os dados utilizados na tabela foram fornecidos pelo

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Tabela 01 – Produto Interno Bruto (R$) e Crescimento Econômico (%), 1985-2000.

Nível Geográfico PIB em mil (R$)

Ano 1985

PIB em mil (R$)

Ano 2000

Cresc.%

(85-00) Classificação

Recife 7.617.142,00 9.811.667,89 28,8% 7º

Jaboatão dos Guararapes 1.633.997,68 2.167.342,72 32,6% 6º

Ipojuca 142.644,85 1.380.166,28 867,6% 1º

Cabo de Santo Agostinho 689.198,15 1.237.679,23 79,6% 3º

Olinda 922.336,44 1.024.205,18 11,0% 8º

Caruaru 417.455,30 783.507,58 87,7% 2º

Petrolina 424.910,77 725.486,07 70,7% 5º

Paulista 1.110.229,07 697.172,96 -37,2% 10º

Igarassu 363.171,50 329.075,28 -9,4% 9º

Garanhuns 190.580,68 329.056,89 72,7% 4º

PE 20.628.845,12 26.959.112,38 30,7%

Brasil (milhões) 1.819.571.619 2.643.750.064 45,3% Fonte: IPEADATA, 2016.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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De acordo com dados do IPEA, no ano de 2000, com um PIB real de R$ 725,4 milhões,

Petrolina estava entre as dez maiores economias do seu estado. No intervalo de 1985 (R$424,9

milhões) a 2000 (R$725,4), a economia de Petrolina evoluiu 70,7%, registrando o 5º maior

crescimento econômico dentre as 10 maiores economias de Pernambuco. Considerando o

mesmo recorte temporal (1985-2000), o desempenho econômico de Petrolina conseguiu superar

as médias de crescimento estadual (30,7%) e nacional (45,3%).

O padrão de vida médio de uma sociedade pode ser medido pelo nível do PIB real per

capita, que representa a razão entre o PIB real e a população daquela economia (BLANCHARD,

2011). A taxa de crescimento do PIB real per capita é o mais importante dos indicadores

macroeconômicos (DORNBUSCH; FISCHER, 2013). Afinal, por meio deste indicador torna-se

possível identificar a capacidade de geração de riqueza por pessoa de uma determinada

economia.

Nesses termos, constatado a magnitude da geração de riqueza do município de

Petrolina (entre as 10 maiores economias do estado de Pernambuco) e a evolução da economia

(70,7%) entre 1985-2000, a Tabela 02, utilizando o PIB real per capita, revela a capacidade do

município de Petrolina gerar riqueza por habitante, fazendo um comparativo a partir da mesma

série temporal (1985-2000) e os mesmos níveis geográficos tratados na Tabela 01.

Tabela 02 – PIB per capita (R$) e Crescimento do PIB per capita (%), 1985-2000.

Nível Geográfico PIB per capita

1 (R$)

Ano 1985

PIB per capita (R$)

Ano 2000

Cresc.%

(85-00) Classificação

Recife 5.867,33 6.895,52 17,5% 6º

Jaboatão dos Guararapes 3.354,41 3.726,80 11,1% 7º

Ipojuca 3.140,30 23.281,76 641,4% 1º

Cabo de Santo Agostinho 5.425,22 8.090,62 49,1% 4º

Olinda 2.701,68 2.783,91 3,0% 8º

Caruaru 1.953,49 3.089,13 58,1% 2º

Petrolina 2.422,44 3.319,73 37,0% 5º

Paulista 5.249,53 2.658,56 -49,4% 10º

Igarassu 4.548,91 3.999,60 -12,1% 9º

Garanhuns 1.844,19 2.794,56 51,5% 3º

PE 2.894,12 3.404,64 17,6%

Brasil (milhões) 12.392,75 15.569,86 25,6%

Fonte: IPEADATA, 2016. 1Para o cálculo do PIB per capita de 1985, devido à ausência do PIB para o ano de 1990, utilizou-se da média entre

o PIB de 1985 e a população de 1990.

Segundo dados da Tabela 02, em 1985 o PIB real per capita de Petrolina era de

R$2.422,44 um pouco abaixo da média estadual (R$2.894,12). Passados quinze anos, em 2000,

esse valor sobe para R$3.319,73 aproximando-se da média estadual (R$3.404,64). Os dados

revelam, que entre 1985 e 2000, o indicador de riqueza por pessoa de Petrolina, cresceu 37,0%

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registrando o quinto melhor desempenho entre as dez maiores economias do estado. A evolução

desse indicador conseguiu ainda superar os desempenhos estadual (17,6%) e o nacional (25,6%).

Com o desempenho positivo do PIB real per capita no período estudado (1985-2000), o

resultado evidencia que na última década do século XX o crescimento econômico do município

de Petrolina foi superior ao crescimento populacional. Nesses termos, os dados apontam para

uma relativa melhora no padrão médio de vida desses munícipes, que pode se traduzir em

melhores condições de vida.

Estudos (CHAGAS E TONETO JR., 2003; DIVINO et al., 2012; KROTH, 2006;

OLIVEIRA, 2004; IRFFI et al., 2009), apontam para diversos determinantes que podem

contribuir para o crescimento econômico dos municípios. Seja sob o aspecto do planejamento

estatal, seja através dos fatores de produção (capital humano), já conhecidos pela literatura

convencional, ou mesmo pelos aspectos estruturais de uma determinada localidade. Dessa

forma, qualquer desses fatores podem ter contribuído para o crescimento econômico de

Petrolina, no período 1985-2000.

Comprovado a capacidade de geração de riqueza no município de Petrolina para cada

habitante, cabe agora destacar as condições de vida material de sua população. A partir de dados

do IPEA investigou-se os níveis de pobreza e de indigência do município, bem como suas

dimensões e evolução considerando o recorte temporal 1991-2000. A base de sustentação do

que caracteriza pobreza e indigência, no presente estudo, segue a teoria econômica tradicional

que tem a dimensão renda como seu principal parâmetro.

2.2 Condições de Vida Material: Níveis de Pobreza e indigência no Município de Petrolina

(anos 90)

Em vista do crescimento econômico vivido pelo município de Petrolina ao longo da

década de 90, a Tabela 03 traz dados, levantados no IPEA, de como se comportou os índices de

pobreza (%) e indigência (%) na sociedade do município. Mantendo-se os mesmos níveis

geográficos aqui estudados: municipal (10 maiores economias do estado), estadual

(Pernambuco) e nacional (Brasil).

Segundo o IPEA o % de pobres representa o percentual de pessoas com renda

domiciliar per capita inferior a R$75,50, equivalentes a 1/2 do salário mínimo, já o % de

indigentes representa o percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a

R$37,75, equivalentes a 1/4 do salário mínimo, ambos indicadores têm os seus valores

monetários vigentes em agosto de 2000. O universo de indivíduos é limitado àqueles que são

membros que vivem em domicílios particulares permanentes.

Segundo dados do IPEA, a partir da Tabela 03, nota-se que em 1991 mais da metade

(54,53%) dos indivíduos que viviam em domicílios particulares permanentes recebiam abaixo

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de 1/2 do salário mínimo, ou seja, encontravam-se em condição de pobreza. No mesmo ano,

26,66% desse universo encontrava-se em condições de indigência, vivendo com menos de 1/4

do salário mínimo vigente em agosto de 2000. Entretanto, é possível visualizar uma relativa

melhora ao longo da década, entre 1991 e 2000 o % de pobres caiu 18,4% e o % de indigentes

caiu 22,0%.

Tabela 03 – % de Pobres e % de Indigentes, 1991-2000.

Nível Geográfico

% de Pobres % de Indigentes

1991 2000 Var. %

(91-00) 1991 2000

Var. %

(91-00)

Cabo de Santo Agostinho (PE) 56,43 50,66 -10,2% 27,70 25,54 -7,8%

Caruaru (PE) 42,29 35,32 -16,5% 16,31 14,14 -13,3%

Garanhuns (PE) 54,79 48,10 -12,2% 27,70 25,43 -8,2%

Igarassu (PE) 65,45 53,04 -19,0% 34,92 28,82 -17,5%

Ipojuca (PE) 77,31 60,40 -21,9% 42,87 30,20 -29,6%

Jaboatão dos Guararapes (PE) 44,40 39,09 -12,0% 21,06 17,36 -17,6%

Olinda (PE) 38,19 33,55 -12,1% 17,00 14,35 -15,6%

Paulista (PE) 34,90 30,44 -12,8% 14,51 12,60 -13,2%

Petrolina (PE) 54,53 44,52 -18,4% 26,66 20,79 -22,0%

Recife (PE) 38,39 31,51 -17,9% 17,44 13,56 -22,2%

Pernambuco 60,04 51,31 -14,5% 33,84 27,73 -18,1%

Brasil 40,08 32,75 -18,3% 20,24 16,32 -19,4%

Fonte: IPEADATA, 2016.

Conforme Tabela 03, comparando com as dez maiores economias do estado de

Pernambuco, em 1991 e 2000, Petrolina era a 5º município em % de pobres e % de indigentes.

Por outro lado, Petrolina apresentou o terceiro melhor desempenho na redução de % de pobres (-

18,4%) e na redução de % de indigentes (-22,0%). Ainda, em números relativos, em 1991, com

54,53% de pobres Petrolina estava abaixo do índice estadual (60,04%) e acima dos padrões

nacional (40,08%), o mesmo ocorre para o % de indigentes.

Quando comparado o aspecto evolutivo (1991-2000) Petrolina apresenta melhores

resultados, seja em % de pobres (-18,4%), seja em % de indigentes (-22,0%), que os padrões

estadual (-14,3% e -18,1%) e nacional (-18,3% e -19,4%). Mesmo com a melhora ao longo do

período analisado (1991-2000), o município de Petrolina encontra-se acima dos padrões

nacional: (1) em % de pobres em 2000, Petrolina (44,52%) e Brasil (32,75%); e (2) em % de

indigentes em 2000, Petrolina (20,79%) e no Brasil (16,32%).

Em resumo, os dados do IPEA, a respeito do município de Petrolina, de acordo com a

Tabela 03, entre 1991 e 2000, apontam para uma queda (-18,3%) no % de pobreza e no % de

indigentes (-22,0%). Por outro lado, no período estudado, nota-se que existiu uma persistência

no elevado número de pobres e de indigentes no município, que por sua vez compromete a

melhoria das condições materiais de vida da população.

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O crescimento do PIB real per capita de 37,0%, em Petrolina, no período 1985-2000

(conforme Tabela 02), que representa a geração de riqueza por pessoa, certamente contribuiu

para reduzir o % de pobres (-18,4%) e o % de indigentes (-22,0%), conforme dados da Tabela

03. Mesmo com a relativa melhora, os dados da Tabela 03, fornecidos pelos IPEA, revelam que

o número de pessoas nas condições de pobreza e indigência ainda estão acima da média

nacional.

As evidências empíricas mostram que o padrão médio de vida de Petrolina não

acompanhou na mesma proporção a evolução do crescimento econômico ao longo dos anos 90.

Mesmo com certa melhora na redução dos níveis de pobreza e indigência, há uma parcela

significativa da população de Petrolina à margem do progresso material.

Respostas à magnitude da exclusão econômica no município de Petrolina, entre 1991-

2000, evidenciada pelos dados do IPEA, poderiam encontrar explicações no processo de

desigualdade na distribuição de renda. Haja vista que distorções na estrutura de repartição da

renda pode em certa medida neutralizar os impactos do crescimento econômico na melhoria dos

padrões de vida dos indivíduos.

2.3 Implicações do Crescimento Econômico e da Desigualdade de Renda Sobre as

Condições de Vida: Uma Abordagem Empírica

No limiar do século XX, foram realizadas no Brasil diversos estudos (BARROS;

HENRIQUES; MENDONÇA, 2000; MARINHO, 2003; BARRETO, 2005; HOFFMANN,

2001; MEDONÇA e BARROS, 2001) na tentativa de explicar a causalidades do crescimento

econômico e desigualdade de renda com relação a redução do nível de pobreza, tendo como

recorte temporal as últimas décadas do século XX.

Entre as principais pesquisas realizados no Brasil (BARROS, HENRIQUES e

MENDONÇA, 2000; HOFFMANN, 2001; MEDONÇA e BARROS, 2001) os especialistas

partem da premissa em comum de que a redução da pobreza, sob a ótica da dimensão renda,

estaria diretamente ligada ao crescimento econômico e/ou redução do grau de concentração de

renda.

Outros estudos revelaram o impacto do crescimento econômico e da concentração de

renda sobre a redução da pobreza, seja nos estados brasileiros, no período de 1985-1999

(MARINHO, 2006; RIBEIRO, CAVALCANTI, 2015), seja no Brasil, nas últimas décadas do

século XX (BARROS; HENRIQUES; MENDONÇA, 2000).

Após constatação, em comparações internacionais, que o Brasil era um país rico, a

hipótese central era a de que o “Brasil não era um país pobre, mas um país com muitos pobres”

(BARROS; HENRIQUES; MENDONÇA, 2000, p.01). Segundo os autores, os elevados níveis

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de pobreza que acometiam a sociedade brasileira, estavam ligados diretamente com a estrutura

da desigualdade de renda no País.

Os países da América Latina, e em particular o Brasil, destacavam-se pela elevada

desigualdade da distribuição de renda (HOFFMANN, 2001). Na explicação do autor, as

distorções da desigualdade no processo distributivista da renda, estaria na formação e evolução

econômico-social dessas antigas colônias de Portugal e Espanha ainda no século XVI.

Para se ter uma ideia da magnitude da desigualdade de renda o Brasil, no final do anos

80, de acordo com os dados da Pesquisa por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1989, o índice

de Gini do rendimento das pessoas ocupadas com rendimento positivo atingiu 0,630. Com esse

patamar o Brasil se colocava entre o mais desigual país do mundo com dados confiáveis sobre a

distribuição de renda (HOFFMANN, 2001).

Segundo as pesquisas (BARROS; HENRIQUES; MENDONÇA, 2000);

(HOFFMANN, 2001); (MENDONÇA e BARROS 2001) a origem da pobreza no Brasil não

estava associada a insuficiência de recursos, já que se tratava de uma economia pujante, mas em

decorrência do enorme grau de desigualdade na distribuição de renda que persistia em manter-se

estável ao longo das últimas décadas do séculos XX.

Os autores chegaram à conclusão de que os elevados níveis de pobreza no país eram

mais sensíveis as alterações na redução do grau de desigualdade na distribuição de renda do que

nos impactos gerados a partir do crescimento econômico (BARROS; HENRIQUES; E

MENDONÇA, 2000). Em certa medida justificada pelas distorções ocasionadas pela estrutura

do processo distributivo do País.

A preocupação com o estudo das formas de distribuição dos valores da riqueza

produzida, não diz respeito somente ao Brasil, e data de meados do século XIX. Desde aquela

época, estudos do produto e da renda nacional, eram pontos de partida para as análises setoriais,

indispensáveis ao processo da divisão da riqueza entre os fatores responsáveis pela sua geração

(HOFFMANN, 2001).

O valor das riquezas criadas deve ser repartido ou distribuído entre aqueles que as

produziram. Cada um dos agentes, pela repartição, será retribuído conforme sua função no

processo conjunto da criação de riquezas traduzidas em bens e serviços. Aos proprietários será

destinada a renda ou o aluguel; o trabalhador o salário; o capitalista, o juro; o empresário, o

lucro e ao Estado, caberá retirar da riqueza social os recursos necessários, na forma de impostos,

taxas ou contribuições (GASTALDI, 2005).

As modalidades de repartição dos valores e serviços criados assumem grande

importância, com repercussão imediata sobre todos os fenômenos sociais e econômicos.

Notadamente em situações de desigualdades de rendas e pelo crescente distanciamento entre os

ricos e os pobres dentro das comunidades, criando complexos e perigosos problemas, a

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representar a questão social, em face dos atritos e antagonismo entre as classes sociais no

processo repartitivo (GASTALDI, 2005).

Mesmo na literatura econômica basilar, entende-se que paralelamente ao processo de

crescimento econômico, a maior parte da população seja a principal beneficiária das mudanças

em curso (CACCIAMALI, 2002). Haja vista que a redução da pobreza deva ser acompanhada

pelo crescimento da economia (BARRETO, 2005), e que distorções no processo distributivo

pode impedir o alcance pretendido do progresso econômico aos mais necessitados, estudos sobre

a evolução da distribuição da renda mostram-se fundamentais.

3. CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Diante do objetivo da pesquisa, que visa identificar o comportamento e a dimensão da

desigualdade na distribuição de renda no município de Petrolina nos anos 90 (1991-2000), foi

realizado um levantamento de dados no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os

dados foram devidamente compilados, estruturados, apresentados em tabelas e gráficos na seção

análise dos resultados.

Para alcançar os objetivos pretendidos na pesquisa, inicialmente buscou-se comprovar a

desigualdade de rendimentos (apropriação e disparidades) e posteriormente o grau de

concentração de renda e sua evolução na distribuição de renda em Petrolina, nos anos 90. Fez-se

uso de diferentes níveis geográficos: municipal (as dez maiores economias do estado de

Pernambuco no ano 2000); estadual (Pernambuco); e nacional (Brasil). Os diferentes níveis

permitiram parametrizar os resultados encontrados do município de Petrolina com outros

padrões.

A investigação ocorreu basicamente a partir da interpretação de quatro medidas e/ou

instrumentos tradicionais em pesquisas dessa natureza:

(1) A apropriação de renda pelas camadas (quintis) mais extremas da sociedade:

a participação (%) na renda gerada no município pelos 20% mais ricos e a

participação (%) obtida pelos 20% mais pobres;

(2) a razão entre a média de renda dos 10% + ricos e a renda média dos 40% +

pobres. Quanto maior o número encontrado maior será a desigualdade de

rendimentos;

(3) Curva de Lorenz – pode ser derivada a partir do referencial de eixos

cartesianos da seguinte maneira: a) Classifica-se, num dos eixos, a percentagem

acumulada das pessoas ou das famílias que recebem até um determinado nível

de renda; b) no outro eixo, classifica-se a percentagem acumulada da renda

agregada calculada para cada percentagem da população obtida no item

anterior; c) com estes dados, traça-se a curva de Lorenz correspondente;

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(4) Coeficiente de Gini – constitui uma das medidas usuais para se medir o grau

de concentração da renda de uma localidade, região ou sociedade. Este índice é

obtido através da curva de Lorenz, a partir da área formada entre a curva e a

linha de equidistribuição. Quanto mais próximo de 1 maior grau de

concentração e sua proximidade de 0 representa menor grau de concentração ou

distribuição mais equânime da renda.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Desigualdade na Repartição de Renda em Petrolina, Década de 90.

Dividindo a sociedade em quintis nos extremos encontra-se os 20% + pobres (camada

mais pobre) e os 20% + ricos (camada mais rica) revelando, pela estratificação, a estrutura da

repartição da renda de uma determinada economia. Na Tabela 04, a partir dos dados do IPEA,

foi possível verificar a distribuição de renda e sua evolução (1991-2000) do município de

Petrolina, fazendo uma análise comparativa com os diferentes níveis geográficos trabalhados até

aqui: municipal (10 maiores economias de seu estado), estadual (Pernambuco) e nacional

(Brasil).

Tabela 04 – Estrutura de Repartição da Renda (%): os 20% + pobres e os 20% + ricos, entre 1991 e 2000.

Nível Geográfico

20% + pobres 20% + ricos

1991 2000 Var. (%) 1991 2000 Var. (%)

Recife (PE) 1,6 1,4 -12,5% 71,7 72,6 1,3%

Jaboatão dos Guararapes (PE) 2,3 1,8 -21,7% 65,6 68,5 4,4%

Ipojuca (PE) 4,9 2,5 -49,0% 52,0 58,6 12,7%

Cabo de Santo Agostinho (PE) 3,5 2,1 -40,0% 55,1 59,8 8,5%

Olinda (PE) 2,3 2,1 -8,7% 64,4 64,9 0,8%

Caruaru (PE) 3,4 2,6 -23,5% 60,0 62,3 3,8%

Petrolina (PE) 2,6 1,7 -34,6% 67,4 68,2 1,2%

Paulista (PE) 3,0 2,7 -10,0% 58,9 57,5 -2,4%

Igarassu (PE) 2,9 1,2 -58,6% 56,5 58,8 4,1%

Garanhuns (PE) 2,7 1,6 -40,7% 64,8 65,2 0,6%

Pernambuco (1) 2,2 1,7 -22,3% 69,8 69,8 0,0%

Brasil (2) 1,9 1,8 -4,2% 67,2 67,6 0,5%

Fonte: IPEADATA, 2016.

(1) e (2) Em virtude da ausência de dados para os respectivos anos (1991 e 200) no IPEADATA, os dados que

seguem foram coletados no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Observa-se inicialmente que a estrutura de repartição da renda se assemelha em

praticamente todos os níveis geográficos trabalhados na Tabela 04, revelando que a

concentração de renda em direção a uma camada da sociedade não se mostra característica de

qualquer economia em particular tratada na pesquisa.

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Em 1991, os 20% + pobres do município de Petrolina detinham 2,6% da renda

municipal, enquanto os 20% + ricos ficavam com 67,4% da renda gerada no município.

Comparada com as 10 maiores economias do estado, a estrutura de distribuição de renda de

Petrolina (67,4%), registrava a 2ª pior concentração de renda ficando atrás somente da capital

Recife (71,4%). É possível observar uma relativa melhora com relação ao grau de concentração

do estado (69,8%), e uma leve piora com relação a concentração de renda do padrão nacional

(67,2%).

Ao longo da última década do século passado (1991-2000) os dados mostram que

houve uma piora (-34,6%) na participação dos 20% + pobres, caindo de 2,7% da renda

municipal para 1,6%. A camada mais pobre, no período analisado, teve sua participação

reduzida na distribuição da renda no decorrer dos anos. Nota-se que, em números relativos, os

dados apontam para uma maior concentração de renda para a camada mais rica, 68,2% em 2000

contra 67,2% em 1991. Passados dez anos (1991-2000), os dados do IPEA, compilados na

Tabela 04, apontaram para uma tendência de piora da desigualdade na distribuição de renda no

município de Petrolina.

A Tabela 05 apresenta a razão entre a renda média dos 10% mais ricos e a dos 40%

mais pobres para os diferentes níveis geográficos. O indicador de desigualdade mostra que

quanto menor for a razão entre essas rendas médias, mais equânime será a estrutura distributiva,

com os mais pobres obtendo uma renda média de valor relativamente próximo à dos mais ricos.

Tabela 05 – Desigualdade de Renda: a razão entre a renda média dos 10% + ricos e a dos 40% + pobres, 1991-

2000.

Nível Geográfico

A razão entre os 10% + ricos e os 40% + pobres

1991 2000 Var. (%)

Recife (PE) 39,07 41,75 6,86%

Jaboatão dos Guararapes (PE) 25,18 30,23 20,06%

Ipojuca (PE) 10,41 17,38 66,95%

Cabo de Santo Agostinho (PE) 13,66 19,68 44,07%

Olinda (PE) 24,46 25,30 3,43%

Caruaru (PE) 17,09 20,56 20,30%

Petrolina (PE) 26,06 30,87 18,46%

Paulista (PE) 17,10 16,25 -4,97%

Igarassu (PE) 15,06 20,83 38,31%

Garanhuns (PE) 23,69 27,82 17,43%

Pernambuco 31,86 38,87 22,00%

Brasil 26,471 22,95

2 -13,30%

Fonte: IPEDATA, 2016. 1 Dado de 1990.

2 Dado de 1999.

Conforme dados na tabela 05, a razão entre a média de renda dos 10% + ricos com a

dos 40% + pobres, confirma a evolução de piora na distribuição de renda em Petrolina. Em 1991

a renda média dos 10% + ricos era 26 vezes maior que a renda média dos 40% + pobres. Note

que em 2000, a desigualdade nos rendimentos médios intensificou-se, a classe dos 10% + ricos

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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detinham uma renda média superior aproximadamente 31 vezes maior do que a renda média

recebida pelos 40% + pobres.

No período 1991-2000, quando comparado com os demais municípios estudados, com

exceção da capital Recife, os dados do IPEA revelam que Petrolina apresenta a maior

desigualdade de renda entre as classes analisadas. Essa desigualdade acentua-se no transcorrer

dos anos 90, acompanhando os padrões de deterioração da distribuição de renda no estado de

Pernambuco (+22,0%), e segue na contramão dos padrões declinantes da redução da

desigualdade no Brasil (-13,30%).

Os dados do IPEA, expostos na Tabela 05, ajudam a delinear a magnitude da

desigualdade na distribuição de renda no município de Petrolina no período compreendido entre

1991 a 2000.

4.2 Mensuração da Concentração de Renda: Curva de Lorenz e o Índice de Gini

Os gráficos (Curva de Lorenz) que seguem nesta seção apresentam a evolução dos

padrões de distribuição de renda para diferentes níveis geográficos: municipal (as 10 maiores

economias do estado de pernambucano), estadual (Pernambuco) e nacional (Brasil), no período

de 1991 a 2000. No eixo vertical encontram-se as classes de rendimento em distribuições

acumuladas, por meio de números relativos, e no eixo horizontal, encontra-se a camada da

sociedade estratificada em quintis cumulativos também em números relativos. Os gráficos

também apresentam o índice de Gini.

a) Evolução do Grau de Concentração de Renda em Petrolina (1991-2000)

O Gráfico 01, a partir dos dados do IPEA, apresenta um maior distanciamento da Curva

de Lorenz de Petrolina no ano 2000 com relação a linha de equidistribuição. Note que a Curva

de Lorenz em 1991 está relativamente mais próxima da linha de equidistribuição. Isso quer dizer

que, no recorte temporal (1991-2000), houve uma piora com relação ao grau de concentração de

renda no município. A distância das curvas à linha de equidistribuição demonstra elevada

concentração de renda no município. Essa constatação pode ser respaldada pelo índice de Gini

que alcança 0,628 (em 1991), e 0,644 (em 2000), aproximando-se da extrema desigualdade

(1,0).

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171

Gráfico 01 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina (1991-2000).

Fonte: IPEADATA, 2016.

b) Evolução do Grau de Concentração de Petrolina com relação e as 10 maiores economias

do estado Pernambucano (1991-2000)

Gráfico 02 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e as 10 maiores (1991).

Fonte: IPEADATA, 2016.

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172

Gráfico 03 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e as 10 maiores (2000).

Fonte: IPEADATA, 2016.

Os Gráficos 02 e 03 revelam que os padrões de distribuição de renda de Petrolina estão

abaixo dos padrões das 10 maiores economias do estado de Pernambuco. Esta constatação pode

ser observada para os dois períodos analisados (1991 e 2000). Repare que a Curva de Lorenz do

município de Petrolina encontra-se mais distante da diagonal de equidistribuição, apresentando

maior grau de concentração de renda. Note que o Índice de Gini dos 10 maiores municípios do

estado pernambucano aproxima-se de zero (perfeita igualdade), evidenciando menor grau de

concentração de renda.

c) Evolução do Grau de Concentração de Petrolina com relação ao estado de Pernambuco

(1991-2000)

Gráfico 04 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Pernambuco (1991).

Fonte: IPEADATA, 2016.

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173

Gráfico 05 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Pernambuco (2000).

Fonte: IPEADATA, 2016.

Os Gráficos 04 e 05 revelam que o grau de concentração de renda de Petrolina mostra-

se praticamente no mesmo patamar dos padrões do estado pernambucano, seja para 1991, seja

para o ano 2000. Nos dois períodos, repare que a Curva de Lorenz do município de Petrolina,

embora apresente mais próximo da linha de equidistribuição, praticamente se sobrepõe a Curva

de Lorenz de seu estado. O índice de Gini ajuda a reforçar a constatação, basta notar que os

indicadores estão próximos, em 1991 Petrolina (0,628) e Pernambuco (0,650) e em 2000

Petrolina (0,644) e Pernambuco (0,660).

d) Evolução do Grau de Concentração de Petrolina com relação ao Brasil (1991-2000)

Gráfico 06 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Brasil (1991).

Fonte: IPEADATA, 2016.

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174

Gráfico 07 – Curva de Lorenz e Índice de Gini, Petrolina e Brasil (2000).

Fonte: IPEATADA, 2016.

Os Gráficos 06 e 07 mostram que o grau de concentração de renda de Petrolina

apresenta-se praticamente no mesmo patamar dos padrões brasileiro, seja para 1991, seja para o

ano 2000. Nos dois períodos, repare que a Curva de Lorenz do município de Petrolina, embora

apresente mais próximo da linha de equidistribuição, praticamente se sobrepõe a Curva de

Lorenz do Brasil. O índice de Gini ajuda a reforçar a constatação, basta notar que os indicadores

estão próximos, em 1991 Petrolina (0,628) e Brasil (0,630) e em 2000 Petrolina (0,644) e Brasil

(0,640).

5. CONSIDERAÇÕES

O objetivo com o presente estudo foi elaborar um referencial de discussão a respeito da

desigualdade na distribuição de renda, analisando suas proporções e dimensões, caracterizadas a

partir do crescimento econômico no município de Petrolina, no período 1991-2000. Para tanto

foi observado o comportamento das variáveis: (1) de geração de riqueza; (2) de desigualdade na

distribuição de renda; e (3) do grau de concentração de renda.

Ao longo dos anos 90 o município de Petrolina apresentou elevado crescimento

econômico, bem acima dos padrões produtivos do seu estado e do país. O sucesso da atividade

econômica, pressupõe que a maior parte da população dessa sociedade seja beneficiada pela

prosperidade material em curso. Entretanto, os dados fornecidos pelo IPEA, mostraram uma

forte tendência a elevados níveis de pobreza e de indigência, onde parte significativa de sua

população encontra-se à margem do progresso econômico.

Respostas à exclusão econômica e social da população de Petrolina, pode estar ligada

diretamente a distorções na distribuição de renda do município. Estudos afirmam que a

desigualdade na distribuição de renda tem sido o principal responsável pelo crescimento

econômico não conseguir atingir o objetivo de melhoria nos padrões materiais dos indivíduos.

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A partir de dados do IPEA, a pesquisa identificou elevada desigualdade na distribuição

de renda, bem como elevado grau de concentração de renda. Em 2000, Os 20% mais pobres

recebiam 1,7% da renda gerada no município, enquanto os 20% mais ricos ficavam com 68,2%.

No mesmo ano, a diferença entre a renda média dos 10% mais ricos com relação a dos 40%

mais pobres era de aproximadamente 31 vezes. O índice de Gini que mede a concentração de

renda mostrou-se acima do padrão nacional. Com relação ao início da década de 90 esses

números são uma evolução piorada dos padrões de desigualdade de renda e concentração de

renda no município de Petrolina.

Os dados do IPEA mostraram que os anos 90, no município de Petrolina, foi marcado

pela crescente riqueza do município e, em paralelo, pelo aumento substancial da desigualdade na

distribuição de renda e da pobreza. Esse ponto de inflexão, por si só oferece justificativas

plausíveis para novas pesquisas e delineamentos a respeito da evolução da desigualdade na

distribuição de renda no município de Petrolina.

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ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES RELACIONADAS AO TEMA EXAME DE SUFICIÊNCIA DO

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, NO PERÍODO DE 2014 A 2015

Rita Regina Marques Costa35

Jamila Cristina Almeida de Jesus36

RESUMO

Este estudo tem como objetivo apresentar levantamento e análise das publicações nos periódicos

contábeis relacionadas ao tema Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no

período de 2014 a 2015. O referido exame foi criado pelo CFC para habilitar os profissionais com

conhecimentos médios exigidos pelo mercado de trabalho. A base teórica que sustenta a pesquisa é o

estudo de Broitti (2014), com foco para o período de 1989 a 2013, que corresponde à primeira e segunda

fase de aplicação do exame. Quanto ao método utilizado, optou-se pelo quanti-qualitativo, uma vez que

se realizou levantamento bibliométrico dos trabalhos científicos publicados no período proposto, com

identificação do objetivo por periódicos. A comparação dos resultados encontrados demonstrou que o

tema ainda é pouco abordado na proporção da sua relevância, visto que não apresenta representatividade

em relação ao número de periódicos do período estudado. Apesar do exame representar instrumento de

habilitação ao exercício profissional, não tem expressividade nas pesquisas cientificas, haja vista que, das

50 publicações pertencentes aos 30 periódicos investigados, apenas 2, o que corresponde a 6%,

demonstram melhor resultado em relação à pesquisa anterior, que identificou, dentre 437 publicações de

30 periódicos, apenas 15 registros, ou seja, menos de 1%. Destarte, o resultado apresentado demonstra

ainda uma tendência da Revista Brasileira de Contabilidade, como o principal periódico a tratar do tema.

Palavras-chave: Contabilidade. Exame de Suficiência. Formação professional. Produção científica.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea está cada vez mais globalizada, impondo, portanto,

mudanças significativas, seja no ambiente pessoal ou no profissional. Na área contábil, em

específico, tais mudanças são visíveis não só pelos avanços tecnológicos - que aperfeiçoaram o

processamento de dados transformando-os em informações e a divulgação destas, melhorando a

comunicação, mas também pelas mudanças decorrentes das exigências dos órgãos reguladores

da profissão.

Para Padoveze (2010), a complexidade das organizações e o volume de suas transações

exigem profissionais cada vez mais capacitados, que atendam às suas expectativas. Destarte,

para satisfazer essas novas demandas, a atuação profissional contábil não deve se limitar apenas

35

Especialista em Auditoria (FVC), Gestão Pública Municipal (UNIVASF). Docente na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da Faculdade do Vale do São Francisco (FASJ) Email: [email protected] 36

Especializanda em Gestão Pública Municipal (UNIVASF). Contadora da União Contábil. Email: [email protected]

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

178

a fornecer informações financeiras e não-financeiras aos seus usuários, sendo, pois,

imprescindível buscar qualidade nos seus serviços. Assim posto, a Ciência Contábil tem como

finalidade identificar as necessidades dos seus usuários, lhes fornecendo informações objetivas,

qualificadas e úteis (CORDEIRO; DUARTE, 2006).

Segundo Oliveira Neto e Kurotori (2009 apud Broietti 2014), a nova sistemática contábil

global e a necessidade de um profissional com um perfil atualizado germinaram de uma

preocupação em relação aos cursos de graduação no Brasil, aos docentes, aos discentes e às

instituições, no sentido de resguardar a qualidade dos serviços prestados aos seus clientes e o

mínimo de conhecimento ao desempenho do contabilista.

Preocupado em garantir à sociedade um profissional melhor qualificado, o Conselho

Federal de Contabilidade (CFC) implementou programas de fiscalização preventiva, de

educação continuada e exames de certificação, dentre os quais se destaca o exame de

suficiência. Este tem o objetivo de resguardar a qualidade dos serviços prestados aos seus

usuários e o atendimento de um nível mínimo de conhecimento necessário ao desempenho das

atribuições deferidas ao Contabilista (BUGARIM et al, 2014). O exame foi instituído, pela

primeira vez, pelo CFC, em 1999, por meio da Resolução nº853/99, entretanto em 2004 foi

suspenso.

Posteriormente, reconhecendo esse novo panorama acima exposto, o CFC, juntamente

com os Conselhos Regionais, impôs uma nova avaliação pela Resolução nº 12.249, de 2010,

definindo, no artigo 2º, que:

Exame de Suficiência é a prova de equalização destinada a comprovar a obtenção de

conhecimentos médios, consoante os conteúdos programáticos desenvolvidos no curso

de bacharelado em Ciências Contábeis e no Curso de Técnico em Contabilidade

(BRASIL, 2010).

O CFC entende que a obrigatoriedade do exame contribui para melhorar a qualidade dos

cursos de graduação e a qualificação dos profissionais do universo contábil, visto que, para que

o contador possa se registrar no órgão que representa sua profissão, não basta somente a

conclusão do curso de bacharelado, sendo necessária também sua aprovação no Exame de

Suficiência.

Através de um levantamento bibliométrico, utilizando como base os 15 anos decorridos

entre a primeira institucionalização do exame de suficiência (1999) até 2013, e abrangendo todo

o universo contábil, incluindo os cursos de graduação e os cursos técnicos, Broietti (2014)

apresenta em seu estudo a quantidade de publicações em periódicos de Contabilidade que

abordaram esse tema.

Segundo o autor, pesquisas acerca dos artigos publicados sobre o tema, ainda é pouco

estudado e explorado em termos científicos, diante da importância para a classe, visto que é

condição essencial para habilitação profissional. Diante da relevância do referido estudo, surgiu,

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

179

então, o interesse em identificar, por meio desta pesquisa que ora se apresenta, se houve

mudanças significativas em relação aos dados apresentados pelo autor. Para tanto, buscou-se

identificar quantas publicações foram realizadas nos anos de 2014 e 2015 e se apresentam o

tema como um dos mais discutidos no universo contábil, refletindo ou não a credibilidade que o

exame de suficiência traz.

Em síntese, o presente trabalho tem como objetivo demonstrar, a partir da pesquisa de

Broietti (2014), os números de publicações sobre o exame de suficiência nos anos referidos,

verificando, ainda, se ele se revela significativo por ser mecanismo para habilitação de

profissionais contábeis no mercado de trabalho.

Para melhor organização das informações, o artigo foi estruturado em seções, sendo a

primeira introdução, onde foram expostos, respectivamente, o tema da pesquisa, o problema, o

objetivo e a justificativa, seguidos do referencial teórico, metodologia, análise dos dados

coletados e considerações finais.

2 REFERENCIAL TEORICO

Faz parte da atividade desenvolvida pelo profissional contábil avaliar de forma eficaz o

patrimônio da entidade e analisar rigorosamente todas as variações ocorridas em determinado

período de tempo. De acordo com Oliveira (2005, p.27):

A contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objetivo é o

Patrimônio, busca, por meio de apreensão, da quantificação, da classificação do

registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das

mutações sofridas pelo patrimônio da Entidade particularizada, a geração de

informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos

físicos, quanto monetários.

Por ser uma profissão legalmente regulamentada, a contabilidade está sujeita à

legislação específica, por isso foram criados, por meio do Decreto-lei n.º 9.295/46, o Conselho

Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de Contabilidade, cujo objetivo é

promover o registro profissional e a fiscalização do exercício dos Contadores e dos Técnicos em

Contabilidade no país, com o objetivo de impedir e punir as infrações sobre as violações

apuradas. De acordo com §1º, do art. 1º, Resolução CFCn.º1370/11, é de competência dos

Conselhos de Contabilidade:

I –registrar, fiscalizar, orientar e disciplinar, técnica e eticamente, o exercício

da profissão contábil em todo o território nacional;

II – regular sobre o Exame de Suficiência, o Cadastro de Qualificação Técnica

e os Programas de Educação Continuada;

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180

III – editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e

profissional, bem como os Princípios Contábeis.

No art. 6º da mesma Resolução (CFC nº 1379/11,pag. 6) ressalta-se que:

O CFC é responsável pela “regulamentação das atividades-fim do Sistema

CFC/CRCs, bem como a fiscalização e o controle das atividades financeiras,

econômicas, administrativas, contábeis e orçamentárias dos Conselhos de

Contabilidade”.

Por conseguinte, as atividades contábeis somente podem ser exercidas por profissionais

habilitados pelo Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Para garantir o cumprimento dessa

lei, foi instituído, pelo CFC, o exame de suficiência, por meio da Resolução CFC nº 853/99

(alterada pela Resolução CFC nº 933/02,). O exame tem como objetivo resguardar a qualidade

dos serviços prestados aos seus usuários e verificar a existência de um nível mínimo de

conhecimento necessário ao desempenho das atribuições deferidas ao Contabilista.

A comprovação do conhecimento médio adquirido pelo estudante na graduação ou no

curso técnico, a fim de que ele possa atender às exigências do mercado, com conhecimento

técnico, se tornou obrigatória a partir de 2010, com a Lei nº 12.259/10, que possibilitou ao CFC

instituir e dispor sobre o Exame de Suficiência. Neste contexto, os art. 17 e 18, parágrafos

XXXIII e XXIII, da Resolução n.º CFC 1370/11 estabelecem que:

O CFC é responsável por dispor sobre o Exame de Suficiência Profissional

como requisito para concessão do registro profissional, cabe ao CRCs tomar as

providências necessárias à realização dos Exames de Suficiência para

concessão do registro profissional, observada a disciplina constituída pelo

Conselho Federal.

Desde então, as Instituições de Ensino Superior (IES) passaram a se preocupar com a

preparação de seus alunos para o referido Exame. Assim, não cabe mais às instituições apenas

desempenhar o papel de transmitir conhecimento e construção científica, elas devem formar

profissionais especializados em áreas específicas, com capacidade para exercerem a profissão

com competência e zelo.

Para Pimenta (2002, p.164) a universidade tem o dever de “propiciar o domínio de um

conjunto de conhecimentos, métodos científicos, que assegurem o domínio científico e

profissional do campo específico e estes devem ser ensinados criticamente”. O autor

complementa afirmando que também é papel da universidade conduzir o aluno na busca pelo

conhecimento, pelo aperfeiçoamento em determinado campo, desenvolvendo a capacidade de

pensamento e contribuindo para o desenvolvimento do país.

Segundo Peleias (2006, p.15), é atribuição das universidades “a transmissão da cultura, a

investigação científica, a educação dos novos homens de ciência e de cultura, o ensino das

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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profissões e, finalmente, a prestação de serviços à sociedade, mediante ao desenvolvimento das

atividades denominadas de extensão”. Para ele, o Exame de Suficiência é uma contribuição para

a melhoria e o fortalecimento do conceito dos profissionais contábeis, pois é uma avaliação

destinada a comprovar os conhecimentos dos futuros profissionais contábeis, sendo responsável

pelo reconhecimento profissional, garantindo maior excelência e modernização nos serviços

contábeis prestados. Portanto, pode ser considerado um grande feito para a contabilidade no

Brasil.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa, quanto à abordagem, caracteriza-se como qualiquantitativa, visto que se

utilizou de recursos estatísticos para a coleta e tratamento dos dados e para análise dos

resultados. A respeito desse tipo de pesquisa, Fonseca (2002, p. 20) esclarece que:

A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as

causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta

da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que

se poderia conseguir isoladamente.

Quanto aos objetivos, se refere a uma pesquisa descritiva. Conforme Cerco e Bervian

(2002, p. 67), nesse tipo de pesquisa “são investigados documentos a fim de se poder descrever

e comparar usos e costumes, tendências, diferenças e outras características”.

Como instrumento, optou-se pela pesquisa bibliográfica, que consiste no levantamento

de informações usadas no desenvolvimento da pesquisa. De acordo com Silveira (2000, p. 70):

A pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando-se resolver um problema ou

adquirir conhecimento a partir do emprego predominante das informações

advindas de material gráfico, sonoro e informatizado, assim é utilizada neste

trabalho, por meio de pesquisas, via internet e artigos.

Na análise dos dados, por sua vez, utilizou-se como base os resultados apresentados pela

pesquisa de Broietti (2014), apresentada no 5º Congresso UFSC de Controladoria e Finanças &

Iniciação Cientifica em Contabilidade, que compreendeu o período de 1998 a 2013, utilizando

como amostra 30 periódicos. Os periódicos escolhidos pelo autor foram somente os periódicos

nacionais e classificados segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES), que possuem o conceito “A”, “B” e “C” e que publicam assuntos

relacionados à contabilidade. Conforme Broietti (2014), este conjunto de

procedimentos de avaliação, conhecido como sistema “Qualis”, indicam a qualidade em que

cada periódico se encontra, classificando-os em uma posição em indicativos de qualidade, que

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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vão do A1 (mais elevado, melhor classificação), passando por A2, B1, B2, B3, B4, B5, ao C

(pior classificação).

Para garantir condições de comparação entre os resultados do autor e os desta pesquisa,

manteve-se a análise das publicações nos mesmos periódicos, sendo o novo intervalo

compreendido entre 2014-2015 e utilizando como critério a busca pela palavra-chave “exame de

suficiência” no título, e/ou em resumo.

Em seguida, foram utilizadas a estatística descritiva e análise de correspondência para a

seleção dos dados, recorrendo-se à análise bibliométrica, referenciada na teoria de Bradford,

sobre produtividade de periódicos em relação a determinado assunto, e na teoria de Lotka, que

descreve a frequência de publicações por autor. O método bibliométrico, geralmente é utilizado

para se fazer levantamento da quantidade e qualidade de artigos sobre um tema que é

considerado relevante para uma determinada área. Segundo Faro (2007), pode-se medir os

padrões estatísticos encontrados em diversos tipos de publicação, não se limitando aos

livros, considerando variáveis como: autoria, fonte, origem geográfica e citações. Assim, a

opção por esse critério foi por proporcionar verificar a ocorrência do termo “Exame de

Suficiência” nas publicações dos periódicos nacionais.

4 ANÁLISE DO RESULTADO

Na pesquisa de Broietti (2014), considerando os 15 anos por ele estipulados, foram

identificados 30 periódicos da área contábil, num total de 437 publicações, conforme quadro

abaixo:

Quadro 1: Relação dos Periódicos

Revista de Contabilidade e

Finanças

Revista de Gestão, Finanças e

Contabilidade

Revista de Ciências Contábeis

– RCIC

Revista contemporânea de

Contabilidade

CAP- Accountingand

Management (TECAP -

UTFPR)

Revista Eletrônica de

Contabilidade da UFSM

Contabilidade, Gestão e

Governança

Revista Catarinense da

Ciência Contábil

Revista Paulista de

Contabilidade

Enfoque: Reflexão contábil

Revista de Contabilidade da

UFBA Contabilidade Vista e Revista

RACE: Revista de

Administração,

Contabilidade e economia Revistas de Estudos Contábeis

Revista Contemporânea de

Negócios

Revista Ambiente Contábil

Revista de Administração e

contabilidade da FAT

Revista Contabilidade do

Mestrado da UERJ

Sociedade, Contabilidade e

Gestão

Revista Mineira de

Contabilidade

Revista de Controle e

Administração do RJ

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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Pensar Contábil

RACI. Revista de

Administração e Ciências

Contábeis do IDEAU

Revista de Administração e

Contabilidade (Univ.Vale do

Rio dos Sinos)

RACEF: Revista de

Administração,

Contabilidade e Economia

da FUNDACE Razão Contábil (São Paulo)

Revista Brasileira de

Contabilidade do CFC

Registro Contábil:

RECONT

Revista Contabilidade e

Informação

Revista Eletrônica de

Contabilidade

Fonte: Broietti (2014).

Entre esses periódicos, apenas 9 contaram com edições publicadas referente ao tema

Exame de Suficiência, totalizando, assim, 15 artigos publicados, discriminados, conforme o

quadro abaixo:

Quadro 2: Edições por periódico, no período 1989 -2013, que abordam o Exame de Suficiência

Periódicos Sigla

Período de

publicação

Edições

publicadas por

periódicos

Total de

Exemplares que

tem artigos

Relacionados ao

Exame de

Suficiência

Contabilidade Vista e Revista CVR 1989 -2012 65 3

Revista Conteporranea de Negócios RCN 2007-2011 5 1

CAP- Accountingand Management

(TECAP - UTFPR) CAP 2006-2012 6 1

Revista Contabilidade do Mestrado

da UERJ RCM 1995-2003 41 1

Revista de controle e Administração

do RJ RCA 2005-2012 16 1

Revista de Administração e

Contabilidade (Universidade Vale

do Rio dos Sinos) RAC 2004-2013 31 2

Revista Eletrônica de Contabilidade

da UFSM REC 2004-2012 11 1

Revista de Contabilidade e Finanças RCF 1996-2013 61 2

Revista Brasileira de Contabilidade RBC 1971-2013 201 3

TOTAL 437 15

Fonte: Broietti (2014).

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

184

Nesse período, o periódico que mais constou publicações foi a Revista Brasileira de

Contabilidade (RBC), seguido pela revista Contabilidade Vista e Revista (CVR). Conforme o

autor, o número de artigos encontrados com alguma relação direta sobre o assunto não atingiu

1% dos exemplares consultados por periódico, conforme se verifica no quadro abaixo:

Quadro 3: Proporção de Artigos sobre o Exame de Suficiência por periódico

Fonte: Dados da Pesquisa de Broietti (2014)

No que diz respeito à análise do período de 2014-2015, foram identificados um total de

50 publicações, entretanto apenas 1 periódico apresentou artigos sobre exame de suficiência.

Comparando com os 9 periódicos identificados na pesquisa anterior, apenas a

Revista Brasileira de Contabilidade, que anteriormente teve 3 publicações, apresenta 2

publicações, como se verifica no quadro abaixo:

Quadro 3: Edições Publicadas por periódicos no período 2014-2015

Periódicos Sigla

Período de

publicação

Edições

publicadas

por

periódicos

Total de

Exemplares

que têm

artigos

Relacionados

ao Exame de

Suficiência

Contabilidade Vista e Revista CVR 2014-2015 6 0

Revista Contemporânea de Negócios RCN 2014-2015 2 0

CAP- Accountingand Management

(TECAP - UTFPR) CAP 2014-2015 2 0

Revista Contabilidade do Mestrado RCM 2014-2015 6 0

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

185

da UERJ

Revista de controle e Administração

do RJ RCA 2014-2015 4 0

Revista de Administração e

Contabilidade (Univ. Vale do Rio

dos Sinos) RAC 2014-2015 8 0

Revista Eletrônica de Contabilidade

da UFSM REC 2014-2015 4 0

Revista de Contabilidade e Finanças RCF 2014-2015 6 0

Revista Brasileira de Contabilidade RBC 2014-2015 12 2

TOTAL 50 2

Fonte: O Autor

Ao analisar os objetivos dos artigos encontrados, verificou-se que o artigo de Rogério

João Lunkes, Fabrícia Silva da Rosa, Dayana Fernandes da Silva, Rosana Bernardes (2014)

teve por objetivo identificar e analisar os temas abordados na Contabilidade Gerencial nas

quatro primeiras edições do Exame de Suficiência para bacharéis em Ciências Contábeis. Já o

artigo de Idalberto José das Neves Júnior, Simone Alves Moreira, Roberto Gonçalves dos Reis,

Rogério Lacerda de Faria (2015) teve por objetivo analisar a percepção dos respondentes quanto

à importância do Exame de Suficiência como ferramenta de avaliação de qualidade na formação

profissional do contador. Segue quadro com identificação do título, ano e nome do artigo:

Quadro 4: Relação dos artigos sobre exame de suficiência, no período de 2014-2015

Periódico Nome do Artigo

Ano

Publicação Autores

Revista

Brasileira de

Contabilidade

do CFC

Análise do Exame de Suficiência

do CFC: um estudo sobre as

questões de Contabilidade

Gerencial 2014

Rogério João Lunkes,

Fabrícia Silva da Rosa,

Dayana Fernandes da Silva ,

Rosana Bernardes.

O Exame de Suficiência contábil

na percepção dos inscritos que se

submeteram à prova no Distrito

Federal 2015

Idalberto José das Neves

Júnior, Simone Alves

Moreira, Roberto Gonçalves

dos Reis, Rogério Lacerda

de Faria

Fonte: Elaborado pelos autores, com base nos dados desta pesquisa.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

186

Ao se comparar os dados dois períodos analisados, considerando as devidas proporções

de publicações, identificou-se que na pesquisa anterior o percentual de artigos relacionados ao

Exame de Suficiência não chegou a 1% de publicações e com hegemonia da região Sul e

Sudeste do país. Já no período de 2014-2015 esse percentual passou para 4% concentrada na

região Sul e Centro-Oeste. Embora o percentual tenha aumentado, continua inexpressivo em

relação ao número total de publicações da área contábil.

5 COSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa atingiu seu objetivo de demonstrar os números de publicações nos últimos

dois anos e se o mesmo se revela significativo em relação à temática de interesse no universo

contábil. A comparação dos resultados demonstrou um número inexpressivo de publicações e

suscitou questionamento se o tema é devidamente trabalhado e divulgado durante a formação

dos discentes pelos docentes, juntamente com as IES, na proporção do seu grau de importância,

visto que é condição essencial para a habilitação profissional.

Entende-se, pois, que a finalidade do exame não é só de habilitar, mas também de

possibilitar formar profissionais capacitados para uma atuação satisfatória na sociedade. Assim,

torna-se essencial estimular questionamentos e suscitar o interesse pela investigação sob

diversos aspectos, tais como: analisar se as questões cobradas estão em conformidade com o

currículo mundial; verificar na percepção desses profissionais se existe correlação do

desempenho com aprovação no exame e investigar que fatores contribuem para o resultado aqui

apresentado.

Posto isso, ressalta-se a importância de novas pesquisas com uma amostra mais

abrangente, a fim de compreender a percepção dos alunos nas principais IES por região e se os

mesmos a consideram como ferramenta eficaz de habilitação profissional. É interessante ainda

investigar o porquê do tema não estar entre as temáticas mais discutidas no universo contábil,

além de investigar se a inexpressividade do resultado aqui apresentado tem alguma relação com

o numero de aprovação.

De fato, é notório que o tema aqui exposto apresenta relevância para o exercício

profissional, entretanto, não no mesmo grau das demais pesquisas acadêmicas. Isso suscita a

necessidade de maior divulgação e questionamentos durante a formação do docente da área

contábil, propor novas reflexões sobre o tema, além de contribuir para que corpo docente e as

Instituições auxiliem no melhor desempenho dos egressos no mercado de trabalho, tanto quanto

no aprimoramento do profissional contábil, através da formação continuada.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

187

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

189

A UTILIDADE DE UMA OBRA LITERÁRIA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA.

Inaldo Moreno de Sousa37

RESUMO

O presente trabalho busca contribuir para o estudo e a utilização de vários recursos no ensino de

Geografia, permitindo assim realizar relações interdisciplinares com outras matérias a exemplo

da Literatura. Demonstra também alguns exemplos de autores e suas respectivas obras literárias

como Euclides da Cunha em “Os Sertões”, José de Alencar e o romance O Guarani,assim como

o outro Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto que podem ser trabalhadas em sala

de aula de forma construtiva e interativa. Romances, poemas e crônicas são materiais valiosos

para mostrar, através de diversos pontos de vista diferentes, como o homem e o ambiente se

interagem. A importância de construir um ensino interdisciplinar reside também na integração

do ensino à realidade, formando discentes capazes de compreender a sociedade da qual fazem

parte como indivíduos.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Ciência Geográfica, Textos Literários.

ABSTRACT

This paper seeks to contribute to the study and use of various resources in the teaching of

geography, thus perform interdisciplinary relationships with other materials such as the

Literature. It also shows some examples of authors and their literary works such as Euclides da

Cunha in "The Hinterlands", José de Alencar O Guarani and romance, Morte e Vida Severina by

João Cabral de Melo Neto that can be worked in class constructively and interactive. Novels,

poems and chronicles are valuable materials to show, through several different viewpoints, as

the man and the environment interact. The importance of building an interdisciplinary teaching

in the integration of to reality, making students able to understand the society of which form

part as individuals.

Keywords: Interdisciplinary, Geographical Science, LiteraryTexts.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a Geografia a exemplo de algumas disciplinas, tem buscado em

outras áreas um trabalho de forma interdisciplinar, lançando mão de outras fontes de informação

37 Graduado no curso de Licenciatura Plena em Geografia com Especialização em Educação Ambiental

pelo Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF), Mestre em Ciências da Educação

pela Unisal (Universidade San Lorenzo/Uniaméricas), Professor Efetivo do Centro de Ensino Superior

do Vale do São Francisco (CESVASF), Professor de Geografia, Artes e Ecumenismo na Escola

Professora Odete Lustosa (EPOL), Colégio Nossa Senhora do Patrocínio (CNSP) -

([email protected]).

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

190

e redes- cobrindo nestas disciplinas, a exemplo da Literatura, um instrumento que instigue o

interesse do aluno e proporcione curiosidade sobre a leitura e compreensão do espaço e da

paisagem como um todo. A ciência geográfica, ao redefinir o seu principal objeto de estudo, o

espaço, remete-se a uma análise mais perceptiva, participativa e, consequentemente, reflexiva.

Assim, objetiva-se uma renovação no imaginário geográfico, para reafirmar a sua importância e

necessidade na compreensão das transformações espaciais e como o homem se comporta diante

de tais mudanças ao seu entorno. Considerando a Geografia uma disciplina indispensável à

análise sócio-espacial, percebe-se como esta, na contemporaneidade, vem reafirmando o seu

objeto de estudo, não só técnico-científico, mas, principalmente à educação nas escalas local,

regional e global.

Reportando-se a Tomasi (2004, p.13), faz-se a seguinte colocação:

“Na evolução do conhecimento geográfico é possível verificar a busca

por diversas abordagens, das relações entre homem e natureza, numa

constante dicotomização e posteriormente entre sociedade e natureza

buscando apreender uma visão mais totalizante do espaço em suas

investigações.”

De acordo com os PCN's (1999, p.39/40) a Geografia é em si um saber

interdisciplinar, e abandonou sua posição de se constituir como uma ciência de síntese, ou seja,

capaz de explicar o mundo sozinha, por isso a cada dia busca a necessidade de relacionar-se com

outras ciências, ultrapassando seus limites conceituais sem, no entanto, perder sua identidade e

especificidade. Na sua busca por pensar o espaço enquanto totalidade, de estabelecer uma

unidade na diversidade da paisagem geográfica e de abrir outras possibilidades mediante a visão

de conjunto. A Ciência Geográfica pode ajudar a romper a fragmentação factual e

descontextualizada.

2. O ENSINO DE GEOGRAFIA E A LITERATURA

Para trabalhar os textos literários na disciplina de Geografia, o professor, antes de

tudo, precisa definir os seus objetivos de leitura e escolher as publicações (bibliografias) que

melhor se adaptem aos conteúdos a serem ensinados aos seus discentes. Os pontos que serão

focados em sua forma de aprendizagem devem demonstrar clareza. Definido o livro, há duas

opções a ser seguida: usar com o objetivo de finalizar o estudo de um assunto e ilustrar os

conteúdos que a turma aprendeu nas aulas anteriores ou apresentá-lo aos alunos para dar início à

discussão gerando algumas problemáticas através do tema que será aprofundado com o apoio do

livro didático.

O processo de ensino da Geografia no Brasil, diferentemente de outros países,

continua negligenciando os textos literários como embasamento informacional e de construção

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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do conhecimento, apesar de toda riqueza espacial representada pela literatura nacional. Apesar

de a literatura ser pouco utilizada nas análises do espaço geográfico ela tem sido apontada pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais como possibilidade interdisciplinar com a Geografia.

Reportando-se, ainda, aos PCN's entende - se que é possível aprender a disciplina Geografia a

partir da leitura de obras de autores consagrados de nossa literatura.

Autores renomados como José de Alencar e o romance O Guarani, que está inserido

na corrente filosófica do Romantismo que se baseia, a princípio, nas ideias do pensador

iluminista Jean Jacques Rousseau, segundo o qual o Homem é visto como ser originalmente

puro sendo corrompido pela sociedade. Esse texto literário pode ser utilizado tanto pela

Geografia quanto pela História, Sociologia e Filosofia dentre outras disciplinas. Outras obras de

Alencar que também podem ser trabalhadas de forma interdisciplinar tanto pela Geografia

quanto por outras disciplinas, uma vez que o autor não se limitou a escrever romances

classificados como indianistas, temática relacionada com a primeira geração romântica, há, de

forma bem clara em suas produções literárias, romances que também tratam de problemáticas

regionais e urbanas diagnosticadas e que perduram nos dias atuais.

Embora tenha sido feita referência à obra de José de Alencar, classificada na

literatura brasileira como romântica, os estudos entre Geografia e Literatura têm sido realizados

principalmente com autores das correntes Realista e Naturalista, justamente por estes buscarem

dar a suas obras um caráter documental e de denúncia aproximando ao máximo a ficção da

realidade com o intuito de propor discussões políticas acerca das temáticas abordadas. Temos

como autores dessas correntes: Machado de Assis, Lima Barreto, Aluízio de Azevedo e muitos

outros. Podemos citar o escritor Euclides da Cunha que com sua brilhante obra, demonstra a

fragilidade e as mazelas de uma região castigada pela seca e fortemente marcada por um

fanatismo religioso local. Neste cenário completamente inóspito, Euclides da Cunha cobriu o

conflito de Canudos para o jornal O Estado de São Paulo. Sua intenção naquele momento era

escrever uma série de reportagens e voltar. Mas sua vida e sua obra transformaram-se pelo

impacto do que viu. Das páginas do diário que escreveu no interior da Bahia nasceu uma das

mais importantes obras da literatura brasileira: Os Sertões.

A obra, de difícil classificação, apresenta características de tratado científico e de

investigação Sócioantropológica, de matéria jornalística e, também, de texto literário.

Com clara visão determinista, o romance liga-se ao Naturalismo e a visão do homem

como produto no meio em que vive. Euclides, porém, dá ao determinismo fortes contornos

regionalistas, e sua obra intensifica, em cerca de três décadas, a linha mestra da prosa de ficção

da segunda geração modernista: o romance regionalista.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

192

“Euclides relata a gênese do líder messiânico com tonalidades fortes:

“[...] E surgia na Bahia o anacoreta sombrio cabelos crescidos até os

ombros, barba inculta e longa; face escaveirada, olhar fulgente;

monstruoso, dentro de um hábito azul de brim americano; abordado ao

clássico bastão em que se aporá o posso dos peregrinos [...]”.

No romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, pode-se identificar

claramente uma crítica ao nacionalismo absurdo representado na figura deste personagem

fictício e, também, ao nacionalismo, extremismo nacionalista que pode se tornar perigoso nas

mãos de ditadores autoritários muitas vezes detentores de poderes absolutos, como o

coronelismo da época e que, ainda, perdura até dos dias atuais em pequenos centros sertanejos.

Por isso, alguns críticos literários acreditam que o livro de Lima Barreto escrito em 1915 é uma

profecia sobre os regimes autoritários nazi-fascistas que drasticamente viriam a se fortalecer a

partir de 1930. Em seus romances, Lima Barreto, também descreve algumas passagens sobre o

subúrbio carioca sua população e seu modo de vida fazendo assim uma crítica à forma como o

Estado age em relação a essa parcela do espaço urbano.

Veja nestes fragmentos como Lima Barreto descreve o subúrbio em Triste Fim de

Policarpo Quaresma (p.86-87):

“Os subúrbios do Rio de Janeiro são a mais curiosa coisa em matéria de

edificação de cidade. A topografia do local, caprichosamente

montanhosa, influi de certo para tal aspecto, mais influíram, porém os

azares das construções. Nada mais irregular, mais caprichoso, mais sem

plano qualquer, pode ser imaginado. As casas surgiram como se fossem

semeadas ao vento, e conforme as casas as ruas se fizeram. Há algumas

delas que começam largas como boulevards e acabam estreitas que nem

vielas; dão circuitos inúteis e parecem fugir ao alinhamento reto com

ódio tenaz e sagrado.”

No romance Clara dos Anjos (p.52 - 55) o literato segue mostrando o processo de

ocupação do subúrbio carioca e a negligência do Estado neste processo. O subúrbio

propriamente dito é uma longa faixa de terra que se alonga desde o Rocha ou São Francisco

Xavier até Sapopemba tendo para eixo a linha férrea da Central.

Para os lados, não se aprofunda muito, sobretudo quando se encontra com

colinas e montanhas que tenham a sua expansão; mas, assim mesmo, o subúrbio

contínua invadindo, com as azinhagas e trilhos, charnecas e morrotes. Passa-se

por um lugar que supomos deserto, e olhamos, por acaso, o fundo de uma grota,

donde brotam ainda árvores de capoeira, lá damos com um casebre tosco, que

para ser alcançado torna-se preciso descer uma ladeira ta quase a prumo. [...]

Há casas, casinhas, casebres, barracões, choças por toda a parte onde possa

fincar quatro estacas de pau e uni-las por paredes duvidosas. Todo o material

para essas construções serve: são latas de fósforos distendidas, telhas velhas,

folhas de zinco, e, para as nervuras das paredes a taipa, o bambu, que não é

barato. [...]

Nos fragmentos citados dos romances de Lima Barreto destacam-se, com mais

clareza, as questões urbanas que mostram como a expansão da cidade em direção ao subúrbio

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segregou espacialmente a população mais pobre e como a ausência do Estado neste processo de

expansão ocupação do subúrbio carioca lhe conferiu características específicas. No entanto a

contribuição desse autor para o ensino de geografia e de outras disciplinas é muito maior. Lima

Barreto escreveu romances que denunciam a escravidão, fazem críticas ao ufanismo republicano

e a maneira como as mulheres eram educadas durante aquele período. Lessa (2001, p.224) nos

fala que Lima Barreto em seus romances, não se especializa nem é atraído pelos transgressores.

Fala dos cinzentos e "não - folclorizáveis”, fala dos anônimos que sustentam e mantêm viva a

cidade. Fala com carinho e sem mistificação do povo dos subúrbios e do escalão humilde da

pirâmide social, relatando, assim, a crueza da condição humana imposta àquelas pessoas.

Conforme Teixeira (2007) no romance naturalista O Cortiço, Aluísio Azevedo traça

um painel da sociedade brasileira representando em seus personagens os fatos sociais e políticos

da época. O romance retrata a transformação na organização espacial na Cidade do Rio de

Janeiro, particularmente do bairro de Botafogo, a partir da construção de O Cortiço, o autor

descreve minuciosamente o cotidiano dos habitantes deste tipo de residência popular, suas

expectativas futuras, seus hábitos, seus sentimentos em relação àquele ambiente.

Azevedo dá à obra um enfoque de denúncia social, a obra tem como foco delatar a

miséria, a prostituição e a exploração, apontando, ainda, as falhas do sistema ao expor

minuciosamente a exploração dos cortiços. O romancista, inteligentemente, utilizou suas obras

como veículos de divulgação do que se queria possivelmente combater: a especulação

imobiliária e o enriquecimento dos proprietários das habitações coletivas. Podemos afirmar que

a obra de Azevedo é um importante meio para entendermos o panorama do espaço geográfico

carioca no final do século XIX.

Em Vidas Secas, Graciliano Ramos chama a atenção do leitor para as adversidades

naturais e as injustiças sociais as quais o povo nordestino está exposto. O autor nos mostra os

caminhos que seus personagens percorrem e como os mesmos sofrem com a aridez do lugar, a

exploração e o abuso por parte dos poderosos coronéis, a humilhação cotidiana e, o pior, a

escassez de água e comida. A obra de Graciliano Ramos nos permite realizar uma aproximação

com diversas disciplinas, assim como todas as obras literárias citadas neste estudo, pois as

mesmas representam momentos da construção da sociedade brasileira que, com sua integração

com o meio físico e a partir das relações sociais estabelecidas pelos seus membros, imprimiram

ao longo do tempo características especificas ao espaço geográfico brasileiro.

Diversos outros literatos representaram a cidade do Rio de Janeiro em suas obras

para se fazer uma leitura do espaço geográfico da cidade e das relações sociais que se

desenvolviam em um momento de construção da sociedade brasileira, sociedade esta que

buscava uma identidade nacional. O Rio de Janeiro foi referência principal da literatura

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nacional, talvez por já ter sido capital imperial e da República. A cidade está presente nas obras

A Moreninha de Manoel de Macedo, Senhora de José de Alencar, O Encilhamento de Visconde

de Taunay, entre outras.

3. PROPOSTA PEDAGÓGICA UTILIZANDO A OBRA DE JOÃO CABRAL DE

MELO NETO “MORTE E VIDA SEVERINA” E “O QUINZE” DE RAQUEL DE

QUEIROZ.

A obra Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto pode ser utilizada com

os alunos para demonstrar os aspectos da paisagem nordestina do semiárido, seu povo, sua

cultura e crenças e o êxodo rural já que na obra fica evidente a passagem do personagem central

que sai do Sertão passando pelo Agreste, Zona da Mata até chegar ao Litoral na busca de

sobrevivência e melhoria de vida. Podem-se levar os alunos, através de exercícios, a

identificarem os aspectos destes lugares (zonas). Outra proposta que pode ser feita com esta

obra, é a relação do homem com o lugar em que vive. Através de Morte e Vida Severina, pode-

se criar uma relação entre ambos e demonstrar para os alunos sobre isso.

Uma estratégia que merece destaque seria mostrar, também, o valor intrínseco do

espaço no qual o homem nordestino vive, a ponto de criar uma identidade com o lugar.

Colocando estes exemplos, pode-se aplicar ao aluno como atividade, uma pesquisa sobre a

situação do Nordeste em todos os aspectos, seja social, econômico, cultural, político e natural,

além disso, incentivar os alunos a buscar, pesquisar, interpretar e prospectar ideias e

questionamentos a partir das obras clássicas de mesmo estilo para observarem melhor a

geografia humana do Sertão e as paisagens naturais e urbanas do Nordeste. Propor, também,

discussões sobre o Nordeste no século 21 contrapondo-o aos relatos literários das obras

propostas e a realidade atual

Desta forma, utilizando-se a obra Morte e Vida Severina, pode-se ensinar sobre a

região Nordeste em escola de todo o Brasil.

O Quinze, de Rachel de Queiroz (1910-2003), é um romance que traz um exemplo

bem típico do semiárido nordestino: a saga dos retirantes cearenses na seca de 1915. A obra em

questão é um romance com todos os caracteres modernistas e neorealistas. Modernistas a

despeito das normas vigentes da geração de 30 a 45 em que, com a atenção voltada para o

nacionalismo, para a cultura brasileira, surge então a ficção em prosa regionalista, em que a

autora, com 20 anos, escreve este, se não único romance verdadeiramente regional e social. Nele

pode ser destacada a saga dos flagelados representantes da desastrosa seca no ano de 1915. Estes

personagens: Chico Bento e sua família, Conceição, Vicente, mãe Nácia, também respondem

pela sociedade do Logradouro e do município de Quixadá, interior do Ceará, com suas crenças,

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costumes e tradições: “Ô meu boi! Ô lá meu boi é! Meu boi manso! Ô ê... ê...ê...” (QUEIROZ:

1930, p. 23).

Depois de mencionar fatos de que a seca leva o homem nordestino ao desespero e a

consequente saída do seu ambiente natural em busca de sobrevivência outros lugares (os

retirantes) é de imensurável importância citar o evento da migração como um problema social.

Do século XIX atéo século XXI, milhares de nordestinos migraram e continuam migrando para

o sul e sudeste do Brasil. Um grande exemplo é a formação de megalópoles como em São Paulo

e no Rio de Janeiro. Esses Estados formam um aglomerado populacional de 51.333.752

(cinquenta e um milhões trezentos e trinta e três mil e setecentos e cinquenta e dois habitantes).

(A ESCOLA EM CASA: 2005, p. 274).

O inesquecível Patativa do Assaré em sua descrição literária sobre o lamento do

sertanejo (Triste Partida), que migra para outro estado retratando todo sofrimento que o mesmo

se depara através do seu deslocamento da seguinte forma:

“Nós vamos a São Paulo

Que a coisa tá feia

Por terras alheia

Nós vamos vagar

Meu Deus, meu Deus

Se o nosso destino

Não for tão mesquinho

Cá e pro mesmo cantinho

Nós torna a voltar

Ai, ai, ai, ai

E vende seu burro

Jumento e o cavalo

Inté mesmo o galo

Venderam também

Meu Deus, meu Deus

Pois logo aparece

Feliz fazendeiro

Por pouco dinheiro

Lhe compra o que tem

Ai, ai, ai, ai

Em um caminhão

Ele joga a famia

Chegou o triste dia

Já vai viajar

Meu Deus, meu.”

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4. CONCLUSÃO

Acredita-se, realmente, que as propostas aqui abordadas sejam de possível e fácil

aplicação em sala de aula, visto que a produção literária nacional é rica em autores (escritores)

que buscam em suas obras retratar as diversas paisagens, regiões, biomas, panoramas sociais e

urbanos sem esquecer-se dos aspectos políticos, sociais e culturais da sociedade que as tornam

muito importantes em diferentes temporalidades. Muitos são os literatos que nos propõem um

olhar fictício com viés histórico e, ainda, podem nos auxiliar na busca pelo entendimento da

construção do espaço geográfico como produto histórico e social, pois para entendermos o

espaço, principalmente como ele é hoje devemos estar atentos aos processos que influenciaram

e que de alguma forma continuam influenciando ainda hoje a produção do espaço geográfico

como um todo.

Através de renomadas obras literárias, no caso deste artigo, que têm como um

exemplo Morte e Vida Severinade João Cabral de Melo Neto, O Quinze, de Rachel de Queiroz,

o estudo de espaço, lugar e regionalismo do Nordeste ficam notadamente evidentes, deixando o

aprendizado muito mais fácil, além da magia que a literatura proporciona em relação as suas

obras. Ficam claras a importância e a contribuição que às obras literárias podem dar ao processo

de ensino/aprendizagem da Geografia. É só escolher as obras que melhor se adaptem à sua

proposta de trabalho e verificar o que ela pode proporcionar de interdisciplinaridade para

formação critica e conhecimento do se aluno.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARALDI, Adriana Rosinha. Construção do conhecimento através da interdisciplinaridade

In. REGO Nelson, SUERTEGARYDirce, HEINDRICH Álvaro Orgs. Geografia e Educação:

Geração de Ambiências. Porto Alegre: Universidade/UFRGS, 2000.

BARRETO, LIMA. Clara dos Anjos.Clássicos Scipione. 2 ed. São Paulo: Scipione. 2005.

BARRETO, LIMA. O Triste fim de Policarpo Quaresma.Série Clássicos da Literatura.

Editorial So l90.Barcelona. Espanha. 2004.

BASTOS, A.R V.R. Geografia e Romances Nordestinos das Décadas de 1930 e 1940: Uma

Contribuição ao Ensino. Dissertação de Mestrado em Geografia, Departamento de Geografia/

USP.1993.

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apresentação dos temas transversais, ética / Secretária de Educação Fundamental. -Brasília:

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BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino

médio, vol. 4. Ciências Humanas e suas tecnologiasBrasília: MEC/SEF, 1999.

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CALLAI, H.C.; SHÄFFER, N.O.; KAERCHER, N.A.; (Orgs) Geografia em sala de aula:

práticas e reflexões. Porto Alegre. Editora da UFGRS, 1998.

MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas para vozes. 34ª ed. Rio

de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.

QUEIROZ, Rachel de. O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio Editora,

2004.

SOMMA,Miguel L. Alguns Problemas Metodológicos no Ensino de Geografia. In:

CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos et al (Org.). Geografia em Sala de Aula:

Práticas e Reflexões. 4ª ed. Porto Alegre: AGB, seção Porto Alegre, 2003.

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Janeiro a partir da obra de Aluísio de Azevedo: O Cortiço / Ana Lúcia Teixeira, 2007.

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MARKETING SOCIETAL: COMPREENDENDO SUA APLICAÇÃO NAS

ESTRATEGIAS DAS ACADEMIAS DE JUAZEIRO-BA

Cleiane Alves dos Santos Pionorio38

Erika Maria Jamir de Oliveira39

Géssica Tamires Barbosa Silva40

Lilian Filadelfa Lima dos Santos Leal41

Victor Cunha dos Santos Souza42

RESUMO:

Objetivou-se com este trabalho identificar e compreender o marketing societal nas estratégias

organizacionais das academias da cidade de Juazeiro, estado da Bahia, como também

compreender sua importância com relação às necessidades e desejos dos usuários destes

serviços. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, exploratória - descritiva com duas unidades

empresariais (academias). Os gestores analisados reportam que, o marketing societal

possibilitou a expansão e o sucesso da cartela de serviços ofertados no segmento de academias

de exercícios físicos, logo, existia deficiência na oferta em quantidade e qualidade desses

serviços na cidade de Juazeiro-BA. Conclui-se que, as empresas analisadas faz o uso do

marketing societal, além disso, constatou-se que há uma agregação de oferta de serviços visando

à manutenção e fidelização destes usuários às academias de exercícios físicos.

Palavras-chaves: Marketing Societal, Estratégia, Academias

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos houve um aumento significativo na quantidade e na qualidade das

academias da cidade de Juazeiro, estado da Bahia. Os investidores desta segmentação

perceberam a necessidade que a população tinha não só de uma academia, mais de serviços afins

que agregassem valores a sua busca por saúde, bem-estar, estética e a redução ou perda do

sedentarismo, ou seja, a preocupação com a qualidade de vida.

Devido a estas relevâncias, surge à motivação à pesquisa para compreender a aplicação

do marketing societal neste mercado, quanto o seu estudo, sua importância e aplicação nas

estratégias destas organizações, com relação às necessidades e desejos do público alvo.

O marketing societal tem como propósito agregar ao produto ou ao serviço

responsabilidade social, tornando-se um aspecto fundamental na gestão da organização. Esta

orientação é estimulada pela tomada de consciência por parte do consumidor, do impacto que o

consumo pode causar na sociedade quando considera apenas uma visão de curto prazo, ou seja,

38

Graduanda em Administração – [email protected] - Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ) 39

Orientadora – Especialista em MBA em Gestão Empresarial – [email protected] - FASJ 40

Colaboradora - Graduanda em Administração – [email protected] - FASJ 41

Colaboradora - Graduanda em Administração – [email protected] - FASJ 42

Colaborador - Graduando em Administração – [email protected] - FASJ

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a orientação de marketing societal tem como objetivo preservar ou melhorar o bem-estar do

consumidor e da sociedade.

O objetivo da pesquisa está atrelado à identificação e a compreensão do marketing

societal nas estratégias organizacionais das academias da cidade de Juazeiro, estado da Bahia.

Como também compreender sua importância com relação às necessidades e desejos dos usuários

destes serviços.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1. CONCEITO E A IMPORTÂNCIA DO MARKETING.

O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais.

Para a American Marketing Association, o marketing constitui em atividade composta de

conhecimentos e os processos de criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor

para consumidores, clientes, parceiros e sociedade como um todo, de modo que, beneficie a

organização e seu público interessado (KLOTER 2013, p. 3).

Além das funções citadas acima, o marketing também determina quais os mercados-

alvo que a organização pode atender melhor, planejar e desenvolver produtos, serviços e

programas adequados para atender e satisfazer o mercado, bem como fazer com que toda a

organização comece a pensar em servir os consumidores, independente do seu cargo, suas

atividades ou a etapa do processo o qual está inserido (CORRÊA et al., 2012, p. 4).

São muitas as definições de marketing e podemos confrontá-la até mesmo pela

perspectiva social que conceitua o papel do marketing como “proporcionar um padrão de vida

melhor”. Já a visão gerencial da definição é que o marketing é a “arte de vender”.

Para Drucker, a venda é apenas a ponta da pirâmide da definição dor marketing, para

ele sempre haverá a necessidade de vender, mas o objetivo do marketing é tornar supérfluo o

esforço da venda. Tendo como objetivo conhecer e entender o cliente tão bem que o produto ou

o serviço possa se adequar a ele e se vender sozinho, ou seja, a única coisa necessária seria

tornar o produto disponível (DRUCKER 1973, p. 64-65).

O marketing é importante tanto para o crescimento das empresas como também para a

sua sobrevivência. Segundo Kotler (2013) o marketing é essencial para a aceitação de novos

produtos, quanto à permanência dos produtos já existentes. Os profissionais do Marketing estão

sempre procurando novas ferramentas para satisfazer clientes e superar a concorrência, dessa

forma deve conhecer os gostos, necessidades e desejos dos clientes, sabendo que esses

comportamentos mudam constantemente e as empresas deverão estar sempre sintonizados para

acompanhar essas modificações. Com a alta competitividade do mercado empresarial e, com

inúmeros empreendimentos preparados com a finalidade de alcançar seus objetivos, as empresas

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não podem ignorar essa “ferramenta” (marketing), pois a mesma e fundamental para capturar e

fidelizar clientes. O marketing esta cada vez mais presente na rotina das pessoas desde uma

simples compra de sorvete ate a compra de um imóvel (SILVEIRA, 2009).

2.2.AS ORIENTAÇÕES DO MARKETING

A única justificativa econômica e social para a existência de uma empresa é a

satisfação dos desejos e necessidades do cliente e ao mesmo tempo em que as necessidades da

organização também são atendidas. Assim, apenas é possível obter resultados efetivos com um

plano de marketing, quando as orientações produzir trocas mutualmente satisfatória entre a

empresa e o mercado (LAMB 2001, p. 8).

As empresas vivem em novas realidades filosóficas, que orientam os esforços de

marketing, em conformidade com uma visão holística. Para entender melhor essa evolução, é

preciso retornar aos seus conceitos.

A orientação de para produção pode ser considerada com um dos conceitos mais

antigos. Ela pressupõe que os consumidores preferem produtos que possuam baixo custo, como

também de fácil acesso. Nesse tipo de orientação, a gerência se preocupa com a eficiência,

preços acessíveis e distribuição facilitada a todos. Esse tipo de orientação pode ser encontrado

em países em desenvolvimento, como a China, que apresenta expansão de mercado e mão de

obra barata.

A orientação para o produto pressupõe que os consumidores preferem a

qualidade, o desempenho e a inovação de produtos. No entanto, é preciso ter um cuidado maior

por parte da gerência que se “ludibriam” por apresentar produtos melhores acreditando que os

consumidores virão ao encontro da loja com a intensão de adquirir os produtos por imediatismo.

Além de melhorias, os consumidores podem ver algo como preços, forma de distribuição ou

adequação nas vendas.

A orientação para vendas atendem ao principio que os consumidores não são tão

espontâneos ao ir a uma organização, e adquirir um produto de forma imediata ou em

quantidades suficientemente boas. Essa orientação é utilizada em produtos pouco procurados,

como seguros ou sepulturas, que ninguém procura diariamente, mas em períodos ocasionais.

A orientação de marketing surge por volta dos anos 50, como uma filosofia de “sentir-

e-responder”, centrada no cliente. Esta orientação não da prioridade a escolha do cliente certo,

mas sim ao produto certo ou/e a preferencia do mercado.

A orientação de marketing societal agrega a organização, bem como ao produto

ou/e serviço à questão da responsabilidade social com um aspecto fundamental na gestão. Esta

orientação é impulsionada pela tomada de consciência por parte do consumidor do impacto que

o consumo pode causar na sociedade quando considera apenas uma visão de curto prazo. Para

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Kotler (2013, p.16) a tarefa da organização é determinar as necessidades, os interesses e desejos

dos mercados-alvo e, oferecer as satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que a

concorrência, de uma maneira que preserve ou melhore o bem-estar do consumidor e da

sociedade. Restando saber se a adoção desta orientação gera atitudes positivas e compra

(KLOTER 2013, p. 16-17).

2.3.MARKETING SOCIETAL

O Marketing Societal destaca-se em relação ao Marketing Tradicional pelo fato de que,

é atribuído ao mesmo à valorização do bem estar do consumidor, diferindo do anterior, que

busca de modo imediato à satisfação do consumidor em curto prazo. Nesse contexto, torna-se

necessário ressaltar que, o Marketing Societal fornece aos clientes informações dos produtos,

tanto os positivos á sua aquisição ou não, implicando na decisão de adquiri-lo ao próprio cliente

(SILVA et al., 2010).

Kotler (1978, p. 62) reporta uma reformulação do conceito de Marketing, definindo o

conceito de Marketing Societal “[...] é uma orientação para as necessidades dos consumidores,

apoiado pelo Marketing Integrado, objetivando gerar a satisfação dos consumidores e o bem-

estar dos consumidores em longo prazo, como meio para se atingir os objetivos

organizacionais”.

O surgimento do Marketing Societal, fornece subsídios para produção com tendência á

sustentabilidade, uma vez que, preocupa-se com a sociedade em termos de satisfação atrelada à

qualidade de vida, logo, o mesmo busca associar o interesse do lucro sinalizado pelas empresas,

desejos dos consumidores e interesse da sociedade. Nesse sentido, é importante inserir a

temática “ÉTICA”, logo, os aspectos inseridos nesse contexto, diz respeito aos seres humanos, e

para isso, constatamos que esse tipo de Marketing apresenta muita similaridade ao chamado

Marketing Verde (KOTLER, 2000).

Sendo assim, é imperativo contextualizar o Marketing Verde, pois este está focado na

satisfação do consumidor individual, no bem estar da sociedade em longo prazo e na

minimização dos impactos ambientais para atingir os objetivos organizacionais, possibilitando

assim, uma economia com atributos e responsabilidade multilaterais.

2.4.QUALIDADE DE VIDA

A aplicação do marketing societal nas academias está relacionada ao oferecimento de

qualidade de vida de seus usuários, proporcionando saúde e bem-estar em longo prazo. A

preocupação com a qualidade de vida é crescente e está atribuída a valorização de controle de

sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. Sendo assim, a

qualidade de vida é abordada por alguns autores, como sinônimo de saúde, felicidade, satisfação

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pessoal, condições de vida e estilo de vida e por outros como um conceito mais abrangente, em

que as condições de saúde seriam um dos aspectos a serem considerados. (PEREIRA, et al.,

2012)

3. METODOLOGIA

Para a coleta de dados foi realizado uma pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa,

quanto à inserção do marketing societal nas estratégias das academias da cidade de Juazeiro,

estado da Bahia. A proposta foi trabalhar com o conceito de marketing societal e à sua aplicação

para mostrar a importância desta orientação nas estratégias organizacionais.

Nesta pesquisa foi aplicado um questionário possuindo três perguntas com o objetivo de

obter informações quanto à iniciativa do investimento e o público alvo a serem atendidos em

cada uma das organizações, os métodos estratégicos da aplicação do marketing societal e os

aspectos diferenciais de cada uma quanto ao seu destaque no amplo mercado da cidade.

Esse questionário foi aplicado em forma de entrevista com os gestores de duas academias da

cidade em estudo, que possuem o mesmo padrão e oferecem serviços complementares ao seu

público alvo. Esta pesquisa teve como objetivo compreender as diversas aplicações do

marketing societal nesta segmentação de mercado e como elas se comportam diante das

necessidades e desejos de seus clientes. Após a coleta de dados, os mesmos foram confrontados

com o referencial teórico pesquisado.

4. RESULTADOS E DISCURSÕES

Os gestores reportam que, através de suas experiências no mercado e atentos às necessidades

e desejos da população local, conseguiram expandir seus negócios e consequentemente ofertar

uma maior cartela de atividades e serviços.

As empresas pesquisadas foram: Academia Refea Center e Academia Pró Vigor. A amostra

foi determinada por possuírem padrão de qualidade e oferecerem diversos serviços

complementares para seus usuários que contribuem para atender as necessidades e desejos

destes, como métodos estratégicos da aplicação do marketing societal em suas academias.

As entrevistas realizadas revelaram opiniões e relatos convergentes entre os diferentes

gestores e ainda com o referencial teórico desta pesquisa.

A primeira questão tratou-se sobre as razões que os levaram a investir nesta segmentação de

mercado e a determinação do público alvo. As opiniões foram semelhantes e complementares.

Para a gestora da academia REFEA CENTER “as razões que nos levaram a investir primeiro foi

à escassez”. E para o coordenador da academia PRÓ VIGOR “a carência da região e do local foi

uma das razões, talvez a principal”.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

211

Quanto às necessidades observadas para o investimento nesta segmentação foram

divergentes, para a gestora da academia REFEA CENTER, a necessidade observada foi

“vincular a atividade física a uma clinica de fisioterapia e a estética, porque, fora do município

de Juazeiro isto já estava bem, o público aceitava isso de uma forma perfeita e observamos que

Juazeiro não tinha.”. Já o coordenador da academia PRÓ VIGOR salientou que “a necessidade

estava atrelada à cobrança da população local, já que na localidade da academia existem quatro

grandes condomínios e muitas vezes os condôminos saiam para fazer suas atividades em

Petrolina, ou no centro de Juazeiro”. Com relação ao público alvo, a gestora da academia

REFEA CENTER relata:

... Chegamos à conclusão que não teríamos um público alvo em questão de

divisão de classe, em relação à criança, idoso e pessoas especiais. O público

que tentaríamos atingir era relação à classe financeira, atingir um público de

acordo com a cultura e a necessidade da região, do que era necessário há cinco

anos.

Em contrapartida o coordenador da academia PRÓ VIGOR salienta que “... o objetivo é

atingir todos os públicos, fazendo com que haja certa flexibilidade para que esse público mesmo

sendo de classe menos favorecida possa conhecer o local, se apaixonar e ficar conosco”.

Tendo em vista que a iniciativa dos investimentos em academias no município vem

atender as necessidades e demandas da população, Kloter (2013, p. 8) conceitua necessidade

como requisitos básicos do ser humano, já a demanda são os desejos por produtos ou serviços

específicos sustentados pela capacidade de compra. Quanto à escolha do público alvo ele afirma

que para cada mercado-alvo escolhido, a empresa desenvolve uma oferta de mercado, que é

posicionada na mente dos consumidores-alvo como algo que fornece um ou mais benefícios

(KLOTER 2013, p. 8-9).

A segunda questão buscava compreender quais os métodos aplicados na organização

para que os clientes saiam do sedentarismo e eleve a sua qualidade de vida, saúde e o bem estar,

salientando que os métodos que visam suprir esses aspectos podem ser considerados estratégias

da aplicação do Marketing Societal dentro dessas academias. Para a gestora da academia

REFEA CENTER, mostrar a importância para o aluno de iniciar suas atividades após a

avaliação física do educador, a preocupação com a frequência daquele aluno, estimulação e

motivação do mesmo para que continuem suas atividades, a pluralidade de modalidades de

atividades oferecidas, bem como a vinculação da academia com o Centro de Estética e

Fisioterapia são fatores estratégicos para suprir os aspectos questionados durante a entrevista.

Para o coordenador da academia PRO VIGOR “... é fundamental termos métodos padrões para

que possamos falar a mesma língua. Dentro destes padrões, a gente se preocupa com a questão

do bem-estar aplicando em incentivos, motivações e cobrando do associado à frequência.”

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

212

Quando fala-se de marketing societal aplicado à academias, sua aplicação está atrelada

na oferta de bem-estar a longo prazo para seus usuários, para Kloter (1978, p. 62) o marketing

societal é uma orientação voltada para as necessidades dos consumidores, objetivando gerar

satisfação destes e o bem-estar em longo prazo, como meio de se atingir os objetivos

organizacionais (KLOTER, 1976, p. 62).

A terceira questão buscava relacionar os aspectos que os diferenciam no amplo

mercado de academias na cidade de Juazeiro-BA. A gestora da academia REFEA CENTER

acredita que o principal diferencial deles está trelado a junção de um clinica de fisioterapia e

estética à atividade física “trouxemos esse diferencial. Clinica de fisioterapia e estética e a

academia, a gente vincula todos esses serviços”. Outro diferencial segundo a gestora está na

prevenção, “muitos médicos infelizmente hoje não liberam algum tipo de paciente lesionado, eu

sou contra, um professor da REFEA é contra, porque não precisa ficar em casa engordando,

desmotivado, sedentário por causa de uma lesão. Iremos tratar a lesão, o cliente vai para o salão

e aquele segmento será tratado.”.

E sobre o mesmo, o coordenador da academia PRÓ VIGOR acredita que “... demostrar

carisma, segurança, uma verdadeira interação, uma verdadeira amizade, pois a cada dia

precisamos estar conquistando o associado e esses aspectos são fundamentais para que a

empresa possa funcionar e fidelizar o cliente.”. A questão da oferta de modalidades diferentes de

atividades, bem como eventos aberto não só aos associados como também para o público

externo são importantes, na visão do coordenador “... a empresa que não busca inovação, não

busca novidades, fica para trás.”.

É visível que para se destacar no amplo mercado de academia na cidade de Juazeiro-

BA, as academias precisam possuir uma administração de marketing eficaz, para Kloter (2013,

p. 25-26) o desenvolvimento de estratégias e planos de marketing, a conexão com os clientes, a

construção de marcas fortes, bem como a entrega e comunicação de valor aos consumidores são

pontos chaves para esse diferencial e o sucesso em longo prazo (KLOTER 2013, p. 25-27).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que as empresas analisadas no presente estudo faz o uso do Marketing

Societal, logo, o perfil empresarial das mesmas é embasada na oferta da qualidade de vida de

seus associados. A aplicação do marketing societal em ambas as empresa, está atrelada ao

desejo de suprir as necessidades da população local em longo prazo, a qual tornou-se exigente

ao longo dos anos quando a questão envolve saúde e atividade física. Constatou-se também a

agregação de oferta de serviços visando à manutenção e fidelização destes usuários.

Como perspectivas futuras, sugere-se a ampliação desse estudo, de modo a abarcar

mais unidades empresariais, como também, expandir para outros setores da sociedade

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

213

empresarial, tanto especificadamente no município de Juazeiro, estado da Bahia, como em todo

o Submédio Vale do São Francisco.

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Definition of Marketing. Disponível

em: <www.marketingpower.com/AboutAMA/Pages/DefinitionofMarketing.aspx>, 2007;

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Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/a-importancia-de-um-

plano-de-marketing-para-as-empresas/27200/>, Acesso em 07 de Novembro de 2015.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

214

A IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DE MARKETING PARA O DESEMPENHO

COMPETITIVO NA REDE DE POSTOS RAUL LINS

Amanda Vargas Moraes43

Erika Maria Jamir de Oliveira44

Gessica Shirlei Silva de Mattos45

Lara Lorena Rodrigues de Castro46

Sheyla Maria Domingos dos Reis47

RESUMO

Opresente artigo tentou compreender a estratégia de marketing utilizada na rede de postos Raul

Lins, em Juazeiro-BA e Petrolina-PE. Os postos de gasolina Raul Lins apresentam semelhanças

em suaestrutura, nos preços e nos serviços que são oferecidos. Devido ao crescimento do setor

de abastecimento, e, por consequência a elevação da concorrência neste setor percebe-se a

importância em desenvolver uma estratégia que o diferencie no mercado, aumentando e

fidelizando o número de clientes. Os resultados da estratégia de marketing são amplamente

estudado atualmente, pois uma estratégia bem desenvolvida agrega valor a organização,

fidelizando o público alvo. Esse artigo tevecomo objetivo entender a estratégia utilizada nos

postos Raul Lins, analisando as ferramentas, técnicas e meios utilizados. Dessa forma, foi

aplicado um questionário aos funcionários e proprietários dos postos, feito uma pesquisa

bibliográfica, através de livros e artigos publicados em língua portuguesa no período de 1996 a

2008. Esta pesquisa evidencia a necessidade de planejar e aplicar estratégias de marketing, para

que a organização se diferencie no mercado em relação aos concorrentes e a escolha certa do

mercado-alvo e da captação, manutenção e fidelização de clientes por meio da criação, da

entrega e da comunicação de valor superior para o cliente.

Palavras chave: Estratégias de marketing, Diferenciação, Planejamento.

1. INTRODUÇÃO

O setor de abastecimento vem aumentando com o crescimento do país com projetos de

longo prazo e expectativas, esse movimento coloca em evidência o mercado de trabalho com

maior procura por profissionais especializados, novas criações na estratégia de gestão, a fim de

garantir a lucratividade e a competitividade das empresas. Em um mercado competitivo, torna-

se essencial conhecer a fundo as estratégias dos seus concorrentes para assim ganhar vantagens

competitivas. Cada empresa possui a sua estratégia de acordo com as suas necessidades e

possibilidades.

O foco principal da análise desse estudo é a importância da estratégia de marketing

para o desempenho competitivo na rede de postos de combustível Raul Lins, e devido ao

43

Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected] 44

Professora Orientadora - Faculdade São Francisco de [email protected] 45

Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected] 46

Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected] 47

Graduanda em Administração – Faculdade São Francisco de [email protected]

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

215

crescimento e expansão do mercado, surgiu a necessidade de se destacar no mercado, Apesar

dessa concorrência, as empresas regionais que abrangem esse setor, não inserem o marketing e

suas estratégias como um diferencial frente aos outros concorrentes.

Segundo Kotler e Keller (2006, p.215), a estratégia é um plano de como chegar lá.

Cada negocio deve estabelecer sua própria estratégia para atingir suas metas. Ferrell e Hartline

(2005, p.29), citam que a estratégia de marketing basicamente se define em como a empresa irá

satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes.

A partir daí, observa-se que o marketing é utilizado para entender quais são as

necessidades dos consumidores finais e intermediários, através do processo de pesquisa pode-se

analisar o comportamento dos consumidores e o mercado para facilitar que segmentos de

consumidores poderão ser satisfeitos para se obter a diferenciação dos produtos e analisar os

canais de distribuição para melhorar a competitividade.

Este artigo pretende contribuir com a rede de postos de combustíveis Raul Lins de

Juazeiro-BA e Petrolina-PE, analisando a importância e a forma como o marketing é visto e

elaborado: as ferramentas, técnicas e estratégias utilizadas, se estão alcançando os objetivos

almejados, na busca de satisfazer as necessidades da organização e clientes. Com isso, contribuir

para um melhor direcionamento da empresa no mercado regional e maior satisfação dos clientes.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Kotler(1999, p.113) aponta que o marketing identifica as necessidades e desejos dos

clientes, ajudando a empresa a decidir sobre produtos e serviços adequados para uma maior

satisfação do público alvo e maior rentabilidade da organização.Em um mercado tão

competitivo como o atual é necessário alguns fatores que diferenciem uma empresa da

outra. Assim também podemos definir marketing como (re)conhecimento do mercado, como ele

se comporta, de planejar e executar desde o estabelecimento dos preços até a distribuição de

ideias.

Segundo Ferrell, (2000,p.26) a elaboração de um plano de marketing,torna - se

fundamental para atingir as metas. Desta forma, o empresário planeja todo o diferencial do

produto ou serviço, de forma a obter os melhores resultados, gerindo melhor os recursos,

medindo as expectativas, sem perder de vista a diversidade das percepções. Assim, embora os

postos de gasolina apresentem um layout homogêneo, ela pode apresentar propostas de

marketing que a torne diferenciada no mercado.

O propósito de elaborar uma estratégia de marketing é inovar para o cliente, fazer com

que o público alvo se identifique com as propostas de venda e serviço que a empresa oferece.

Por isso, ao iniciar o plano de marketing, é importante que a organização saiba qual é seu

público alvo, evitando assim resultados ruins devido a não realização de um estudo sobre o

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216

mercado e comportamento onde a organização pretende instalar seu

negócio(MCCARTHY;PERREAULT 1997, p.43).

Com um mercado cada vez mais competitivo e exigente, o marketing usado há dez anos

já está ultrapassado e para que se alcance um resultado, é necessário que a organização esteja

sempre inovando. Com isso, podemos atribuí-lo como uma função empresarial que cria valor

para o cliente e vantagem competitiva para a organização. Isso só é possível através de uma boa

gestão estratégica entre as principais variáveis do marketing: produto, preço, comunicação e

marketing. O marketing é muito mais do que atividade direcionada a venda! O mesmo começa

antes mesmo do produto existir, está presente na fase de criação, e em todas as fases de vida de

um produto ou serviço, sendo elemento fundamental para o seu sucesso e presente na relação da

empresa com o cliente (POTTER1990, p.18).

2.1 ESTRATÉGIAS DE SEGMENTAÇÃO PARA O DIFERENCIAL

Para Kotler(2008, p.135) os consumidores têm hábitos de compras variados, gostos

diferenciados, de acordo com suas necessidades, preferências, estilos de vida, etc. Assim sendo,

não se pode tratar todos da mesma forma, o que se pode fazer é uma estratégia para reunir

grupos de pessoas com características, preferências e gostos semelhantes e tratá-los como se

fossem iguais. Tais diferenças são frutos de discussões do processo decisório da empresa. Daí a

importância da estratégia de segmentação de mercado com instrumento de visualizar suas

vantagens.

De acordo com Tavares (2000, p.343) a segmentação é a estratégia utilizada pelas

organizações para auxiliá-la a penetrar em focos escolhidos, alinhando a oferta à demanda, o

produto ao mercado. É uma estratégia poderosa, cujas implicações decorrem da escolha de

segmentos bem definidos para o delineamento de estratégias competitivas. Assim, primeiro

segmenta-se o mercado,escolhe-se o segmento que deseja atuar, formas de diferenciação dos

produtos e serviços de modo a atender as necessidades e desejos do público-alvo.

Siqueira (2005, p.47) destaca a importância da segmentação para que as organizações

possam definir melhor seu mercado-alvo, ou seja, que consumidores pretendem atender. Dessa

forma classifica as estratégias de acordo com a finalidade de cada uma, dividindo-as em:

Estratégia de segmentação de não diferenciada:Nesse tipo, a empresa escolhe por

explorar todo o seu mercado potencial, em todas as regiões geográficas possíveis. Levando em

consideração que se utiliza apenas um plano de marketing, único e válido para todo o mercado.

Estratégia de segmentação por diferenciação: Nesse caso a empresa reconhece e

algumas diferenças significativas que possam existir em seus segmentos alvo, e escolhe em

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

217

tratá-los de formas diferentes, preparando e executando plano de marketing especifico,ou seja,

mais de um plano para cada segmento que decida tratar diferenciadamente.

Estratégia de concentração: Por diversos motivos, a empresa escolhe um

segmento como prioritário, como o mais importante e decide colocar todos os objetivos e

esforços apenas nele, fazendo-o como um plano de marketing especifico para aquele segmento.

É mais usado em segmentação geográfico.

Ainda de acordo com os Professores do Departamento de Mercadologia da FGV-

EAESP e Convidados (2006, p.303),

Podem, também, incorporar ao tema estratégia os conceitos de penetração de

mercado e ocupação de mercado. Penetrar em algum mercado significa estar

presente nele, ainda que de maneira pouco representativa (participação de

mercado pequena). Ocupar mercado significa ter nele uma posição forte,

bastante significativa em termos de concorrência e, portanto, de participação de

mercado.

De acordo com a mesma pesquisa, a organização que escolher por uma estratégia de

não diferenciação poderá ter um grande índice de penetração, mas não necessariamente uma

grande ocupação em todos os segmentos explorados. Por outro lado a empresa que opte pela

estratégia de concentração estará sempre buscando uma grande participação no mercado. Os

conceitos de penetração e ocupação serão bem aplicadas quando as empresas estiverem

colocado em pratica os seus trabalhos, de diferentes segmentação de mercado e executando suas

estratégias.

2.2 IDENTIFICANDO OS CONCORRENTES

Há duas visões de concorrência: a industrial, que é a concorrência formada por todas

aquelas que oferecem produtos substitutos aos da empresa e a visão de mercado, que farão parte

da concorrência todos aqueles que tenham como objeto satisfazer as mesmas necessidades ao

mesmo grupo de consumidores. O caminho pra identificar o mesmo passa por relacionar estas

duas visões com o segmento de produto/mercado em que a empresa se

insere. Segundo Porter (1990, p.193), a organização precisa conhecer seus concorrentes, fazer

um comparativo e visualizar áreas que possam retirar vantagens competitivas.

De acordo com Kotler (2000, p.195), o objetivo é a empresa identificar seus

concorrentes e suas estratégias, buscando saber o que cada concorrente pretende e o

comportamento de cada um, incluindo porte, histórico, administração atual e situação financeira.

É importante também saber se a matriz o está dirigindo para o crescimento e para o lucro. Uma

forma alternativa é a de que cada concorrente obtenha um conjunto de objetivos sendo eles,

lucratividade atual, aumento da participação de mercado, fluxo de caixa e liderança no

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

218

atendimento. Enfim a empresa deve monitorar os planos de expansão e suas estratégias em

relação aos seus concorrentes, determinado seu mercado alvo.

2.3 COMO ATRAIR, CONQUISTAR E MANTER CLIENTES

Os clientes são a razão de existência de qualquer empresa. No entanto, qualquer

organização precisa primeiramente definir o seu público alvo, para depois buscar fidelizar esse

público, através da oferta de um produto que supere as expectativas e tenha um preço justo. Para

isso, as empresas que estão atentas ao mercado, aos avanços tecnológicos e as novidades que

surgem no mercados serão bem sucedidas entendendo, portanto, que o cliente é parte do seu

negócio, e portanto dependem dele e não o contrário: as organizações não prestam favores aos

seus clientes, ao contrário, é um favor a oportunidade que tem de servi-los(KOTLER2003 p.85-

88).

Dessa forma,Kotler(2003, p.90) afirma ainda que para conquistar e manter

o clienteé fundamental procurar caminhos que ofereçam mais do que o cliente espera. É preciso

ser criativo e surpreender o consumidor, procurando conhecer melhor o perfil de cada cliente,

suas necessidades e expectativas.

2.4 ESTRATÉGIAS DE DIFERENCIAÇÃO PARA VANTAGEM COMPETITIVA

Para Oliveira (1996, p.59) a finalidade da estratégia é apresentar caminhos a serem

seguidos para que se possa alcançar os objetivos e desafios estabelecidos pelas organizações.

Seguindo o pensamento do autor, as estratégias devem ser feitas de forma que se aproveitem

todas as oportunidades possíveis, e utilizando a estratégia certa no momento certo.

Coelho (1997, p.213) complementa afirmando que o ponto central da estratégia de liderança é a

empresa fazer com que seu custo total seja menor do que o de seus concorrentes. O custo mais

baixo funciona como mecanismo de defesa da empresa contra a rivalidade de seus concorrentes,

especialmente no tocante à guerra de preços.

Porter (2009, p.115) afirma que diferenciação consiste em oferecer produtos/serviços

únicos segundo a percepção dos clientes, com tal qualidade que valha a pena pagar mais para ter

uma solução diferenciada. Dessa forma, a mesma é muito importante em qualquer organização,

pois é ela que permite o crescimento do seu empreendimento, tornando possível o aumento das

margens de venda. Segundo o mesmo autor, existem alguns tipos de diferenciação:

Diferenciação por preço

É a que se caracteriza como vantagem competitiva, com preço menor preço para o

mercado, de fácil visibilidade para o consumidor. A diferenciação por preço se trata de redução

de custo não associada à redução de preço, mas à melhor integração do produto ofertado à

cadeia produtiva ou ao processo de compra do cliente”.

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219

. Diferenciação por Imagem

Essa diferenciação procura desenvolver uma imagem que o torne inovador dos demais,

podendo ser criada através de propaganda, como também através de técnicas de promoção, que

seja algo diferencial dos seus concorrentes.

Diferenciação por Qualidade

Esta estratégia se caracteriza por oferecer algo com o custo mais alto, o que

consequentemente elevaria o preço de mercado. Basicamente o produto pode ser considerado

por confiabilidade e menor probabilidade de falhas, maior durabilidade.

Diferenciação por Design (projeto)

É oferecido um produto ao mercado, com características diferentes em relação ao

mesmo produto de seus concorrentes. Vale ressaltar que o importante nesse tipo é que o produto

seja diferente, mas não necessariamente melhor.

2.5 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NAS EMPRESAS

Segundo Porter (1989, p.130), uma empresa sem planejamento “corre o risco de se

transformar em uma folha seca, que se move ao capricho dos ventos da concorrência”. Por isso a

importância do planejamento estratégico, já que seu objetivo é orientar e reorientar os negócios

e produtos da empresa de modo que gere lucros e crescimento satisfatórios.

Dessa forma, Porter (1989,p.132) define Planejamento Estratégico como sendo uma

técnica gerencial que é fundamental para o sucesso da empresa. Por meio do planejamento de

uma organização, é possível fazer uma análise de oportunidades e ameaças, pontos fortes e

fracos para o cumprimento da sua missão e visão. Ele norteia a organização onde possa

aproveitar novos espaços e evite riscos, gerindo recursos com maior eficiência, eficácia e

efetividade, com qualificação no atendimento das demandas da sociedade. Portanto, podemos

dizer que planejar é decidir antecipadamente, o que fazer, como fazer, quando fazer, e com quais

recursos.

Nesse sentido, ao ter a visão e missão da empresa bem definidos e alinhados aos

objetivos da organização, consegue-se monitorar e avaliar clientes, concorrentes, distribuidores,

fornecedores e todos aqueles que afetam sua capacidade de obter lucro.

3. METODOLOGIA

A partir da definição do tema e escolha do objeto (local) a ser estudado, foi observado

que o tipo de pesquisa que melhor nortearia o trabalho realizado é a pesquisa qualitativa, já que

esta, segundo Lakatos (1999,p.25), destaca aspectos psicológicos, opiniões, comportamentos e

atitudes do público alvo. Outro fator que define o estudo realizado como uma pesquisa

qualitativa é a preocupação com o aprofundamento do tema, ao mesmo tempo que possa ser

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

220

compreendida pelas pessoas. Assim, ela também é considerada explicativa, pois explica os

dados encontrados no material analisado.

Também foi realizado um questionário com perguntas referentes ao plano e estratégia

de marketing dos Postos Raul Lins, satisfação dos funcionários e clientes, etc.Foram

considerados sujeitos desta pesquisa, funcionários da rede de postos de combustíveis Raul Lins

em Juazeiro-BA e Petrolina-PE, com faixa etária entre 20 a 50 anos de idade. A pesquisa foi

feita com 10 colaboradores de ambos os sexos, incluindo proprietários onde tornará a pesquisa

clara e democrática, na expectativa de colher dados de acordo com a realidade da classe social e

cultural a que estes pertencem.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A utilização da estratégia de marketing nas empresas é fatorque impulsiona o seu

diferencial e valor competitivo. É preciso que as empresas adotem uma postura de trabalho

voltada para o incremento de novas ideias e que fomente o gosto pelo desafio, reconhecendo o

potencial ilimitado de seus produto/serviço e de seus elementos humanos, os quais são os

responsáveis diretos pelo bom desempenho das atividades desenvolvidas pela empresa.

Sendo assim o artigo teve como objetivo identificar se o processo de estratégia de marketing da

Rede de Posto Raul Lins de Petrolina-PE e Juazeiro-BA atende as necessidades dos gestores de

cada unidade pesquisada.

O que motivou a escolha de uma rede de postos, como alvo da pesquisa foi o questionamento de

como é realizada a estratégia de marketing em um segmento de mercado (postos de gasolina)

que apresenta uma estrutura rígida para o planejamento de marketing. Para isso, além da

bibliografia pesquisada, conversamos com os funcionários e gestores da empresa, em busca de

saber mais acerca da história, finanças, estratégias, relacionamento com os funcionários e

fornecedores, etc.

Com base no questionário aplicado um dos pontos destacados aos gestores, foi “a

satisfação da estratégia de marketing aplicada na rede, se o seu posicionamento havia

diferencial frente aos concorrentes”. Dos dez colaboradores entrevistados, somente um indicou

“a necessidade de um planejamento estratégico mais eficaz e a necessidade de mais

investimento nas ações de marketing a fim de proporcionar um melhor atendimento às

expectativas dos consumidores”.

Um problema que ficou evidenciado, diante dos resultados, foi que o marketing ainda

não alcança os objetivos da organização. Todos concordaram que“há uma necessidade de

diferenciação no atendimento, melhorianos sistemas tecnológicos de informação e maior

inserção nas mídias social”.Tanto o gerente de Juazeiro, quanto o de Petrolina, ressaltaram que

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

221

“o método atual utilizado pela organização de atrair, conquistar e manter clientes não é

suficiente”.

Nesse sentido, Zacarelli (2003,p.87) afirma que as estratégias têm como elementos

essenciais a identificação de pontos fortes e fracos existentes nas empresas bem como as

ameaças e oportunidades inseridas no ambiente mercadológico no qual a empresa se encontre.

Para o responsável pela estratégia de marketing da empresa, “a rede deve buscar e

aplicar novas ferramentas, pois, embora seja uma empresa bem consolidada no mercado e ter

uma grande carteira de clientes, falta um departamento especifico para desenvolver estratégias

e planejamentos relacionados ao marketing”.Giglio (1996,p.185), afirma que marketing é o

processo de ações orientadas para o cliente, que tem como complemento o marketing integrado,

visando gerar a sua satisfação e bem-estar no longo prazo e para isso precisa ser pensado e

desenvolvido por pessoas que entendam do assunto.

Comprovando no que foi dito no referencial teórico de que as empresas para serem bem

sucedidas no atual mercado competitivo, devem estar voltadas para o cliente, a rede de postos

Raul Lins revelou uma preocupação com a qualidade dos produtos (combustíveis) e dos serviços

com vistas a atender as necessidades e satisfação dos seus clientes. No entanto, percebemos

através do questionário aplicado na empresa, que falta mais criatividade, organização e

direcionamento nas ferramentas aplicadas, para que possam aumentar seu público-alvo.

Todos os respondentes foram unânimes em dizer que “fazem uso de estratégia de

diferenciação por qualidade, e uma mesma segmentação não diferenciada de mercado nas duas

cidades, assim levando apenas um plano de marketing para toda a região, explorando o seu

mercado potencial”.Dessa forma a empresa interage com a região onde está localizada, já que o

marketing é um processo social e administrativo pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que

necessitam e o que desejam através da criação e troca de produtos e valor com outras pessoas

(KOTLER 2000, p. 78).

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender o comportamento do consumidor é tarefa complexa, porém necessária para

que uma organização se mantenha em um mercado competitivo e tenha destaque frente aos

concorrentes. O comportamento do consumidor é um conjunto de referências que servem de

suporte para o conhecimento das culturas, valores, crenças e desejos. Para entender realmente

como os consumidores tomam suas decisões de compra, as empresas devem identificar quem

participa do processo de decisão e as pessoas que podem ser influenciadores ou usuárias

KOTLER (1998, p.115).

Para Porter (1986, p.39) toda empresa que quer se manter competitiva no mercado,

deve criar sua estratégia de vantagem competitiva para assim poder competir, atuar e sobreviver

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

222

no mercado. Empresas que não tiverem uma estratégia bem definida tendem a ter um

desempenho pior em relação à definição das estratégias.

Sendo assim a pesquisa proporcionou um leque de informações na área de marketing,

onde apontou relevância do processo de estratégias aplicadas dentro do contexto organizacional.

Mostrou ainda que conquistar clientes não é uma tarefa fácil, é preciso estar munido de

conhecimentos técnicos e específicos, pois uma estratégia errada acarreta prejuízos para a

empresa.

Entendemos que a Rede de Postos Raul Lins, precisa melhorar o atendimento aos

clientes, utilizando de estratégias de marketing, principalmente o Marketing 3.0 de Kotlher,

utilizando-se de mídias sociais, e-mail marketing, agilizando assim o processo de comunicação

com seus clientes internos e externos. Notamos ainda que a Rede de Postos, poderia implantar

um setor de marketing na sua própria organização, dando maior celeridade e agilidade para

facilitar o relacionamento com os colaboradores.

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224

A APLICABILIDADE DOS PROGRAMAS DE MARKETING NA EMPRESA

HAVAIANAS DA CIDADE DE PETROLINA-PE

David Reinaldo Dantas48

Erika Maria Jamir de Oliveira49

Resumo

O marketing é uma área que engloba ações imprescindíveis para as empresas. Apresentando

elementos úteis e fundamentais das características de imagem, qualitativas e quantitativas dos

produtos e/ou serviços para o público-alvo numa relação de troca e transferência de informações

a fim de alcançar objetivos, e satisfazer as necessidades de seus clientes. Através da

administração dos programas de marketing é possível diferenciar, segmentar e posicionar

estratégias para agregar valor e construir relações. O foi objetivo investigar a aplicabilidade dos

subestratos do programa (produto, preço, praça e promoção) dos atuais 4 P’s do Marketing na

franquia havaianas em Petrolina-PE. Além disso, os resultados confirmam e correlacionam

diante do exposto na literatura selecionada, os meios que a empresa cria e estabelece valor para

disputar e manter-se competitiva no mercado.

Palavras- chaves: estratégia, programas, marketing.

1. Introdução

O cenário vivenciado pelo mundo na primeira década do século XXI caracterizado pela

turbulência e competitividade agressiva desafiou muitas organizações a se manter, e até mesmo

a sobreviver. Considerando essa dura realidade, o marketing é imprenscindível para enfrentar

tais desafios, tendo em vista que, operações, contabilidade, finanças não terão sentindo se não

houver demanda por produtos (bens ou serviços) suficiente para que a empresa obtenha

resultados que a sustentem (KOTLER; KELLER, 2012, p. 2).

Essa elevada competitividade ocasionada por mudanças nos fatores do ambiente externo

(concorrentes, governo, economia, acionistas, fornecedores e exigências de clientes) podem

ocasionar redução nas vendas. No entanto, as organizações podem elaborar programas

estratégicos com vistas ao ambiente externo, mas, partindo do ambiente interno. Uma

interessante possibilidade é traçar estratégias de crescimento de marketing, pois, o produto, o

preço, a promoção e a praça mantém e abrem novas oportunidades de vendas e lucros podendo

tornar a organização competitiva (AMARAL, 2000, p. 54).

48

Graduando em Administração- Faculdade São Francisco de Juazeiro. E-mail: [email protected] 49

Professora efetiva da Faculdade São Francisco de Juazeiro/FASJ. Colegiado de Administração. Professora temporária da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina/FACAPE. MBA em Gestão Empresarial/ Centro Universitário Maurício de Nassau/UNINASSAU. Pós-graduanda em Gestão Pública Secretaria de Educação a Distância/UNIVASF. E-mail: [email protected]

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225

Segundo Cobra (2007, p. 68) a ausência de um plano de marketing bem elaborado é hoje

um dos principais fatores que levam os empresários a fecharem as portas, pois, dessa forma, não

identificam as falhas para corrigir os erros e nem sabem ao certo onde investir para atrair

consumidores, por muitas vezes arriscam sem ter o escopo, por isso importância de elaborar este

programas para traçar os pontos que são fundamentais para o crescimento sustentado da

organização.

As organizações necessitam de parceiros que estejam engajados com os objetivos

propostos, a missão e visão da empresa, abrangendo e estimulando as condições que facilitam o

alcance de suas expectativas e necessidades de curto, médio e longo prazo. Além disso, deve

atuar maciçamente através do marketing para permitir a continuidade das atividades rotineiras e

atingir o público alvo permitindo interatividade com o consumidor (MAXIMIANO, 2008, p.

80).

O objetivo desse artigo é descrever o Marketing e seus elementos como técnica essencial

para as empresas, a fim de identificar as vantagens da elaboração de programas de marketing e

observar se existe a aplicabilidade destes na franquia havaianas. O motivo da escolha da

empresa havaianas, se deu pelo fato da boa manutenção aparente dos programas da referida

organização.

2. Referencial teórico

2.1 Definição de Marketing

Para Las Casas (2006, p. 26) Marketing,

“é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes

às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e

necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados

objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio

ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem estar

da sociedade”.

Conceituada como uma área amplamente abrangente tem-se que, o marketing envolve

relações de comercialização sempre em busca de agregar valor e satisfação para o cliente.

Segundo Kotler (2004, p. 12) Marketing “é o conjunto de atividades humanas que tem por

objetivo facilitar e consumar relações de trocas”. Ainda sobre conceito de marketing é descrito

como “o processo através do qual a economia é integrada à sociedade para servir às

necessidades humanas” (DRUCKER; ROCHA; CHRISTENSEN, 1999, p. 15). Marketing “é o

processo de planejamento e execução de concepção, do preço, da promoção e da distribuição de

ideias, bens e serviços, para criar trocas que satisfaçam objetivos” (KOTLER; ARMSTRONG,

1998, p.40).

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226

Através do estudo de marketing tem-se o conhecimento da percepção dos aspectos

identificáveis do produto a ser comercializado assim como do serviço oferecido, favorecendo os

procedimentos inerentes ao negócio e maximizando os recursos e materiais. Preocupando-se

com o processo de satisfação. Para Chiavenato (2009, p. 04) “estratégia é definida basicamente

como um curso de ação escolhida pela organização a partir da premissa de que uma futura e

diferente posição poderá oferecer ganhos e vantagens em relação à situação presente”.

2.2 Atualização dos 4 Ps

McCartthy apud Kotler; keller (2102, p. 23) estratificou as atividades de marketing em

ferramentas de mix de marketing em quatro tipos amplos, denominando-as em 4 Ps do

marketing: produto, preço, praça e promoção. O quadro 1 mostra as variáveis do antigo mix de

marketing.

Quadro 1. Os 4Ps do mix de marketing

PRODUTO

Variedade

Qualidade

Design

Características

Embalagem

Serviços

Garantias

PREÇO

Preço de lista

Descontos

Bonificações

Prazo de pagamento

Condições de financiamento

PRAÇA

Canais

Cobertura

Sortimentos

Locais

Estoque

Transporte

PROMOÇÃO

Promoção de vendas

Propaganda

Força de vendas

Relações públicas

Marketing direto

Fonte: KOTLER; KELLER, 2012, p. 23.

Entretando, em decorrência da complexidade e riqueza do marketing, esses 4 Ps não

contempla todo cenário. Atualmente o conjunto de atividades que representa o marketing

moderno envolve: pessoas, processos, programas e performance (KOTLER; KELLER, 2012, p.

23). Como mostra o quadro 2.

Quadro 2. Evolução da administração de marketing

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227

4 Ps DO MIX DE MARKETING 4 Ps DA MODERNA ADMINISTRAÇÃO DE

MARKETING

Produto

Praça

Promoção

Preço

PESSOAS

PROCESSOS

PROGRAMAS

PERFORMANCE

Fonte: KOTLER; KELLER, 2012, p. 23.

2.2.1 Pessoas

Envolve o marketing interno e os funcionários como elementos fundamentais para a

consecução de um programa de marketing bem sucedido, pois este terá um desempenho tão bom

quanto as pessoas dentro da organização. Remete também a importância da organização

enxergar consumidores como seres humanos, buscando a compreensão de sua vida em maior

abrangência (KOTLER; KELLER, 2012, p. 23).

2.2.2 Processos

Incidi em toda estrutura incorporada à administração de marketing. As organizações

devem instaurar um conjunto certo de processos que orientem as atividades e programas,

visando envolver-se em relacionamentos de longo prazo, mutualmente benéficos (KOTLER;

KELLER, 2012, p. 23).

2.2.3 Programas

Os programas tratam das atividades da organização que se direcionam aos seus

consumidores. Englobam os antigos 4 Ps (produto, preço, promoção e praça), e uma diversidade

de outras atividades de marketing. Essas atividades podem tomar diversas formas, vituais ou

reais, entrentanto, elas devem ser integradas, causando assim, um efeito sinérgico com os

objetivos organizacionais (KOTLER; KELLER, 2012, p. 23).

2.2.3.1 Produto

É algo que pode ser ao mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e para

satisfazer desejos ou uma necessidade. O produto é o bem, serviço, informações, lugares, algo

material ou imaterial, ou seja, é aquilo que é oferecido para ser o objeto de interesse de um

estabelecido público-alvo, a fim de satisfazer os consumidores. Convém que, o produto

apresenta diversas variedades de produtos, qualidade, design, características, nome da marca,

embalagem, tamanhos, serviços, garantias, devoluções. Estes pontos devem-se ser definidos

claramente para que se possa transferir e agregar valor ao ofertado. Antes de tudo, é importante

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228

definir a fatia de mercado de acordo com o mercado novo ou mercado existente, e atentar-se a

diversificação do produto (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 204).

2.2.3.2 Preço

É entendível como a quantificação, a mensuração que induz o poder de compra, a

precificação do determinado produto. É o valor agregado em uma relação de necessidade x

desejo x condições de pagamento, pautado na realidade do cliente, uma vez que, este acompanha

critérios e inúmeros meios de realizar a compra para satisfazer o desejo do consumidor que são

através de preço da lista, descontos, concessões, prazo de pagamento, condições do

financiamento (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 206).

O estabelecimento de preço é bastante delicado, pois não deve ser muito alto, o que

implica na falta de interesse na hora da compra, pois existem outros similares e substitutivos que

estarão alocados na mesma prateleira, no mesmo local de venda, na mesma seção, no mesmo

endereço. E nem relativamente baixo, pois deprecia o produto e o consumidor não aprecia e

causa inúmeras duvidas na hora de comprar. O preço por sua vez, pode ser promocionais, por

segmentos diferentes, por regiões geográficas, por sazonalidade e personalizado o que é comum

para os serviços (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 207).

2.2.3.3 Praça

É toda a preocupação e planejamento através da logística para alocar os produtos e

tornar disponível ao consumidor por meio de canais, distribuição, variedades, locais, estoque,

transporte. Envolve a escolha do fornecedor dentro do raio de atuação, distribuidores diretos

(sem intermediários) e indiretos (com intermediários), varejistas etc. Tem como objetivo a

facilidade de distribuição e entregas de forma rápida para cumprimento de prazos, sendo

acessível e conveniente para ser adquiridos. Através da praça define-se a localidade ou

delimitação geográfica onde o a empresa irá atuar, onde e como alcançar os consumidores seja

através do comercio on-line ou lojas físicas. Este ponto é susceptível a problemas, pois engloba

outros fatores que muitas vezes são oriundos dos gargalos logísticos. Se não estiver mensurado e

calculados os riscos está sujeito ao bloqueio de toda estratégia de marketing (KOTLER,

ARMSTRONG, 2007, p. 210).

2.2.3.4 Promoção

É a forma de promover o produto, a marca, a empresa através de meios para atrair e

lembrar os consumidores da existência do produto ou serviço e diante mão despertar a

curiosidade, o interesse e o desejo do consumo de acordo com a necessidade. Portanto, estimula

a demanda através das informações que são repassadas mediantes corretos canais de

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229

comunicação. Para atingir tais objetivos utiliza-se de promoção de vendas, através de meios que

induzam o cliente a comprar para concorrer a outros produtos, propaganda, força de vendas,

relações públicas demostrando participação no âmbito social colaborando com a comunidade

por meio de ações sociais institutos de caridades, marketing direto, internet, politicas de

fidelização, telemarketing, comunicação no ponto de venda, marketing de patrocínio e venda

pessoal (KOTLER, ARMSTRONG, 2007, p. 212).

Schultz (1994, p. 27) estabeleceu alguns pontos para elaboração do mix de Marketing,

dicas fáceis e exequíveis para atingir e não perder o foco tanto do produto quanto do cliente,

englobando meios de entregas e fixar na mente dos consumidores a marca. São as seguintes:

1. Esqueça o Produto: estude as vontades e as necessidades do consumidor ou Cliente. Você não

pode mais vender tudo o que consegue fabricar, pode apenas vender o que alguém

especificamente quer adquirir.

2. Esqueça o Preço: compreenda o custo para o consumidor satisfazer sua vontade ou

necessidade.

3. Esqueça o Ponto de Distribuição (Praça): e pense na Conveniência de comprar.

4. Esqueça a Promoção: pois a palavra de ordem da década de 90 é a Comunicação.

Alguns autores apontam a necessidade de elaboração e identificação de questões que

apontam as falhas, erros que por vezes passam despercebidos ao olhar dos gestores e demais

envolvidos.

2.2.4 Performance

A performance captura a gama de possíveis indicadores de resultado (financeiros e não

financeiros), além das implicações que transcendem a própria organização como a

responsabilidade social e a ética (KOTLER; KELLER, 2012, p. 23).

3. Metodologia

A metodologia utilizada foi descritiva, explicativa e para a concretização das

informações foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisa em campo com o instrumento

de questionário. Cervo; Bervian; Silva (2007, p. 61) afirma que “a pesquisa descritiva observa,

registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. O método

utilizado na investigação junto à empresa foi através do questionário, abordando perguntas

específicas em busca de respostas para hipóteses voltadas ao composto do mix de marketing,

contendo os 4P’s. A empresa observada foi a franquia havaianas situada na cidade de Petrolina-

PE.

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230

“O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita

medir com mais exatidão o que se deseja. É necessário estabelecer, com

critério, as questões mais importantes a serem propostas e que

interessam ser conhecidas, de acordo com os objetos. Devem ser

propostas perguntas que conduzam facilmente ás respostas de forma a

não insinuarem outras colocações” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007

p. 53).

Foi aplicado um questionário com indagações sobre marketing, que tem como principal

vantagem a simples aplicação e as respostas que facilitaram a análise através da estruturação

aberta para fazer a coleta de dados. As informações foram correlacionadas através das respostas

do instrumento aplicado junto a empresa em questão e análise mediante relatos, observações do

comportamento do mercado.

4. Resultados da pesquisa

A empresa franqueada Havaianas está localizada na cidade de Petrolina-PE, atuante na

comercialização de calçados denominados sandálias que são produzidas a partir de borrachas,

conhecidas mundialmente como alpargatas. A partir dos dados coletados permitiu a transcrição

de elementos constituentes dos “programas” marketing são relevantes para analisar a pesquisa

esclarecendo objetivos propostos.

Foi analisado na empresa Havaianas a aplicabilidade do subestrato de um dos atuais 4Ps,

os “programas” que entre suas atividades, analisam a gestão do produto, preço, praça e

promoção. Esses componentes agregam valor ao produto tornando diferencial competitivo a

medida que sobressaí perante os demais (considerados concorrentes) que estão expostos no

mercado, uma vez que, através da administração dos programas de marketing fixou na mente

dos consumidores, sendo referência quando remete ao assunto de alpargatas.

Seus produtos têm inúmeras campanhas que marcaram e que fizeram história através do

glamour, personalidade e estilo, sendo estas características que a empresa ao longo do tempo

tentou firmar na mente dos consumidores. De forma a assegurar que estão beneficiando em

quase todos os quesitos e não somente calçar, mas tem o compromisso de proporcionar conforto,

qualidade, tendência, segurança e durabilidade.

Atualmente o mercado da havaianas é considerado maduro, ou seja, bastante conhecido

em diversos países e que atende diversos gostos, sendo adequado para todas as idades e tem em

seu portifólio diversidade e variedade para atender aos segmentos existentes que vai desde o

modelo tradicional ao modelo mais sofisticado, a sandália de borracha é um item considerado

básico e fundamental no cotidiano do brasileiro.

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231

Kotler; Armstrong (2003, p. 204) afirmam que o produto representa a diversidade e

variabilidade em aspectos como, qualidade, design, características, embalagem, tamanhos,

serviços, garantias, devoluções. Devendo ser definidos de forma transparente visando a

transferência de gerar valor ao produto (bem ou serviço) ofertado.

Observa-se também a excelente gestão do componente “preço” das sandálias havaianas,

podendo atender as diferentes classes sociais. A organização produz uma grande diversidade de

modelos que tem preços também diversificados a depender do produto.

As estratégias adotadas para diferencia-las no mercado competitivo estão de acordo com

necessidade do cliente, se este busca apenas um produto para uso ocasional o modelo tradicional

satisfaz com um preço acessível, por outro lado se busca uma sandália que além da qualidade

tenha estilo, tiras delicadas e trabalhadas, estampas coloridas com ilustrações que traduz

afinidade com a personalidade este requer um preço mais elevado, e proporcionam satisfação.

Estabelecer o preço é uma atividade delicada, considerando a diversidade de opções

disponíveis no mesmo local, isso poderá reduzir as vendas. Entretanto, se for muito baixo

deprecia a imagem do produto (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 206).

A empresa busca sempre inovar o seu “produto”, em seus modelos e design, colocando

disponível modelos que atraem olhares tanto feminino, quanto masculino, busca conhecer os

gostos, as tendências de cores, vibrantes ou suaves de acordo com a estação, estampas coloridas,

design moderno, retrô, sofisticado, ou seja, pesquisa qual a tendência do público infantil,

adolescente e mais conservador para os mais idosos.

A forma como empresa havaianas administra sua “praça” é considerado um grande

diferencial, pois a exposição de seus produtos em locais que são estratégicos e de fácil acesso,

ou seja, encontram-se em supermercados, em lojas de conveniências, farmácias, shoppings, lojas

de roupas, lojas de material esportivo, lojas de artigos em geral, e principalmente em lojas de

calçados, ou seja, o produto está sempre disponível onde o consumidor frequenta, não passa

despercebido, pois encontra-se em locais que diariamente o cliente passa.

Os processos relacionados a gestão da praça visam estabelecer a localidade ou

delimitação geográfica onde a empresa irá atuar e como alcançar os consumidores seja através

do comércio real e virtual (KOTLER, ARMSTRONG, 2007, p. 210).

A “promoção” da havaianas é feita por meio de campanhas promocionais que é sempre

bastante difundida, baseia-se em suas campanhas frisar a ideia que além de ser legitimas, todo

mundo usa, sem distinção e restrição, sempre com inovação com humor, criatividade, passam a

imagem que o produto pode ser usados em diversas situações e ocasiões. Investem em

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232

publicidade e propaganda através de outdoors, cartazes, redes sociais, patrocínios, e

principalmente em horários considerados nobres nos canais de televisão.

5. Considerações finais

Verificou-se que a empresa pesquisada utiliza os elementos de marketing em seu

planejamento e ação, sendo estes essenciais para a tomada de decisão e meios de manter e

garantir o nível de satisfação dos clientes através de preço, qualidade do produto, pontos de

entrega e promoção extremamente eficiente e eficaz.

Cabe ressaltar que, por ser uma empresa franqueada sua autonomia em relação á

exploração de marketing é um tanto quanto restrita, mas por outro lado a rede de lojas

Havaianas realiza investimentos periodicamente e que são bastante estendidos por alguns meios

de comunicação a fim de estar presente no cotidiano do seu público alvo. Portanto, constatou-se

que a empresa Havaianas em Petrolina-PE segue o modelo padrão que é imposto pelo

franqueador, a fim de obter uniformidade e manter normas e procedimentos que lhe são

repassadas.

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234

QVT - QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: A FELICIDADE COMO

VALOR ORGANIZACIONAL

Janine De Lamare Cordeiro Moura50

M.s. Valéria Miranda dos Santos51

Me. Hesler Piedade Caffé Filho52

RESUMO

O objetivo do presente artigo é fazer uma análise das principais abordagens e contribuições de

pesquisadores sobre a qualidade de vida no trabalho (QVT), incluindo temas recentemente

discutidos e contextualizá-los com as práticas vividas em uma grande organização do setor

energético, tendo como base sua regional em Sobradinho – BA. O trabalho explana sobre uma

nova abordagem, que se contrapõe a perspectiva hegemônica disseminada nas organizações,

cujo o objetivo é desenvolver a qualidade de vida do colaborador a partir do seu ponto de vista,

lançando um novo olhar sobre as práticas de QVT e tentando compreender melhor as reais

necessidades do capital humano. A metodologia utilizada foi a pesquisa documental. São

observados os métodos que orientaram as práticas de QVT desenvolvidas na organização

escolhida, cujo conceito de qualidade de vida é fortemente disseminado, apresentando um leque

variado de práticas que visam trazer melhorias para a vida de seus colaboradores, características

preponderantes para escolha do objeto do estudo de caso.

Palavras-chave: Qualidade. Vida. Trabalho. Felicidade. Satisfação.

1. Introdução

A qualidade de vida no trabalho alcançou um patamar de grande importância dentro das

organizações. Com aumento da competitividade, fruto da globalização, as empresas enxergaram

a necessidade de buscar formas de se destacarem no mercado. Desse modo, houve uma

intensificação dos investimentos feitos em novas tecnologias, marketing e qualificações

profissionais que se tornam cada vez mais importantes para obtenção de bons índices de

produtividade e competitividade organizacional.

As diversas atividades organizacionais, as próprias máquinas e todo o aparato

tecnológico são conduzidos por pessoas, sendo estas as principais responsáveis pelo alcance dos

resultados. Com base nisso, é notória a importância do capital humano. A boa relação dessas

pessoas com o trabalho faz toda a diferença para obtenção dos resultados esperados.

50

Pós-graduanda em Gestão empresarial. Faculdade de São Francisco de Juazeiro-BA. Campus Juazeiro. Email: [email protected].

51 http://lattes.cnpq.br/0047832268197786 (74) 36117672

3 http://lattes.cnpq.br/7527346637492629 (74) 36117672

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235

Os autores Fernandes, Gomide Júnior, & Oliveira (2011) acreditam que a saúde

organizacional esta atrelada a uma coesão entre a empresa e empregado, supondo que as

variáveis comportamentos éticos organizacionais e confiança do empregado na organização

podem impactar na variável saúde organizacional. Eles mencionam ainda os estudos de Jaffe

(1995) sobre a influência da organização saudável sobre a saúde de seus membros e da

comunidade por ela afetada. Também citam Peterson e Wilson (2002) que argumentaram sobre

as consequências nocivas da ênfase exclusiva na saúde do trabalhador, podendo acarretar

restrições que comprometeriam a empresa diante do mercado global. Assim como, também

relacionaram o foco apenas na saúde organizacional com a criação de um ambiente negativo e,

em longo prazo, podendo estimular o aparecimento de doenças crônicas, o estresse e ausência de

comprometimento.

As organizações modernas enfrentam o desafio de se manterem inovadoras. Para tanto,

houve uma aceleração no ritmo de trabalho, exigindo um pessoal mais capacitado, com

múltiplas habilidades e um bom nível de especialização. Segundo Ferreira (2012) citado por

Pacheco (2014), o cenário moderno das empresas vem apresentando trabalhos mais complexos e

que envolvem formas heterogêneas no desempenho de funções. Elói (2013) cita em sua

publicação um estudo do grupo ManPower sobre as competências mais exigidas, tendo sido

realizado em 2011 e aplicado em aproximadamente 60 países, de diversos setores sediadas em

41 países.

Entre as competências mais solicitadas pelos empregadores são a capacidade de

trabalho em grupo, de seguida as habilidades interpessoais, o entusiasmo e

motivação, profissionalismo, atenção aos detalhes, competência de resolução

de problemas, adaptabilidade e flexibilidade, pensamento crítico e pensamento

criativo. (Elói 2013).

Esses novos contextos exigem do sujeito que exerce função gerencial uma atuação mais

dinâmica e ativa no enfrentamento das causas que comprometam o bem-estar dos trabalhadores

e a efetividade organizacional. O papel do gestor não se limita ao papel de motivar seus

colaboradores e cobrar os resultados, agora eles também são responsáveis por comunicar a

estratégia e garantir o alinhamento dos processos para o alcance da estratégia organizacional,

atuando como orientadores do desenvolvimento das pessoas e das competências organizacionais

(Alho & Carvalho, 2007).

Paiva e Couto (2008) atentam para a importância do gestor, dentro dessa nova

perspectiva organizacional, por ser um elo entre a alta gerência e o nível operacional, havendo

uma grande pressão sobre o mesmo. Ainda segundo a lógica dos autores, mediante os estudos de

Hackman e Oldham (1975), a percepção dos gestores sobre a importância de suas atividades nos

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resultados organizacionais reflete e ajuda na manutenção da QVT (Qualidade de Vida no

Trabalho), pois, inspira-os a desempenhar suas atribuições com prazer e afinco.

A gestão da qualidade de vida vem ganhando cada vez mais espaço e com o advento de

novas percepções sobre o tema, a teoria vem conquistando novos dilemas e avanços que estão

fazendo grande diferença na vida dos trabalhadores. Do ponto de vista de Carvalho (2014) “a

empresa moderna, e que deseja sobreviver e consolidar-se no mercado competitivo, deve

investir no seu Capital Intelectual, desenvolvendo ações que melhorem o nível de Qualidade de

Vida dos indivíduos”. Esse pensamento reafirma a necessidade das empresas desenvolverem e

qualificarem seu pessoal de maneira a elevar e aplicar corretamente suas habilidades e

competências. O autor se posiciona a favor da continua aplicação dos conceitos de QVT e

sublinha que:

A preocupação com Qualidade de Vida no Trabalho e com a satisfação dos

colaboradores, não pode ser vista como forma de modismo das empresas, mas

deve ser uma ferramenta de suma importância para o desenvolvimento das

organizações que têm foco na produtividade, no mercado de trabalho

(Carvalho, 2014).

Acreditando na importância da QVT para um bom desempenho das atividades e da

melhoria constante dos resultados, a pesquisa desenvolvida neste trabalho contextualiza a teoria

com o que tem sido praticado na Companhia hidroelétrica do vale do São Francisco na busca

por melhorias contínuas.

2. Referencial teórico

2.1. Gestão de Pessoas e o Desenvolvimento da Qualidade de Vida no Trabalho

No âmbito da gestão de pessoas dentro das organizações pode-se perceber a expansão

das atividades agregadas ao setor. Quando se pensa em RH - Recursos Humanos, logo vem a

mente as atividades de recrutamento, seleção e treinamento, contudo, esta área da administração

tem muito mais a oferecer.

Nos últimos anos, em meio ao intenso movimento pela qualidade e produtividade, as

empresas perceberam que sua principal vantagem competitiva é decorrente das pessoas que

nelas trabalham. A correta alocação do capital intelectual pode potencializar pontos fortes ou

ainda reforçar as fragilidades de uma organização.

Torna-se cada vez mais notável a atenção dada aos programas voltados para a

qualidade de vida dos parceiros internos e isso tem transformado o modo com que algumas

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237

organizações enxergam o trabalhador. Barbosa (2016) complementa este pensamento quando

afirma:

As pessoas devem ser visualizadas como parceiras das organizações. Como

tais, elas são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, competências e,

sobretudo, o mais importante aporte para as organizações: a inteligência que

proporciona decisões racionais e que imprime significado e rumo aos objetivos

globais. Neste sentido, as pessoas constituem parte integrante do capital

intelectual da organização. As organizações bem-sucedidas se deram conta

disso e tratam seus funcionários como parceiros do negócio e fornecedores de

competências e não mais como simples empregados contratados.

Observa-se que intuito de compreender as necessidades dos colaboradores, atuando de

modo a tentar satisfazer os seus objetivos, tornam as empresas mais fortes.

Sejam nos investimentos em benefícios, na estrutura física ou no próprio

reconhecimento dos esforços dos funcionários e no aumento da participação dos mesmos nas

decisões da empresa, a gestão de pessoas deve estar envolvida com tudo que possa trazer

melhorias dentro e fora da organização.

2.2. Qualidade de Vida no Trabalho

A origem da qualidade de vida no trabalho teve início na década de 50 e foi marcada

pelos estudos de Eric Trist e colaboradores, do Tavistock Institute, Rodrigues (1991). Seus

estudos analisam a relação indivíduo-trabalho-organização com o desenvolvimento da

abordagem sócio-técnica. Neste sentido, o modo como o trabalhador percebe as suas tarefas

diárias relaciona-se com a forma que as atividades são organizadas e do seu conteúdo.

Na década de 70 os estudos de Walton (1973), de acordo com o trabalho conduzido por

Ferreira, R., Ferreira, M., Antloga e Bergamaschi (2009) ganham relevância, propondo o

equilíbrio entre o trabalho e a vida, com destaque para o papel social da organização. Ainda

segundo os autores, os estudos Walton apresentam oito fatores que expressam a QVT, sendo

elas:

Compensação justa e adequada é a busca pela equidade interna e externa no pagamento dos

salários.

Condições de trabalho tem em vista a preservação da saúde e análise das reais condições

oferecidas para que o trabalhador possa executar suas tarefas.

Uso e desenvolvimento das capacidades seria o adequado aproveitamento dos talentos e

incentivos para que o indivíduo possa aplicar suas capacidades e assim melhorar seu

desempenho, atuando de forma mais autônoma.

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238

Chances de crescimento e segurança envolvem as questões que lidam com as possibilidades

de desenvolvimento de carreira, segurança no emprego e o crescimento pessoal.

Integração social na empresa infere na valorização das relações, na igualdade de

oportunidades e na ausência de atos discriminatórios.

Constitucionalismo refere-se à aplicabilidade das leis referentes aos direitos dos trabalhadores e

ao respeito à privacidade e liberdade de expressão.

Trabalho e espaço total de vida associam-se ao conceito de que entre a vida particular e o

trabalho deveria haver um equilíbrio.

Relevância social do trabalho é responsável pela averiguação do papel social da empresa para

com o meio no qual esta inserida, também envolve a visão do empregado sobre a organização e

as práticas realizadas para aumentar a qualidade dos produtos ou serviços.

Esses fatores atentam para a diversidade de necessidades dentro da organização e a

influência dessas na qualidade de vida dos indivíduos, englobando questões que vão além do

gerenciamento de riscos físicos, tornando indispensável o exercício de bons relacionamentos,

cumprimentos de leis e respeito aos direitos, motivação e administração do desenvolvimento das

pessoas. Os estudos de Walton procuram equilibrar a produtividade com os programas de

qualidade de vida no trabalho.

Ainda na década de 70 é possível observar estudos voltados para a defesa da

humanização das formas de gestão do trabalho. De acordo com Pedroso, Pilatti, Santos, C., e

Santos Jr. (2010) os estudiosos Hackman e Oldham (1975), pioneiros na quantificação de

instrumentos de avaliação da qualidade de vida no trabalho, criaram um escore denominado

“Potencial Motivador do Trabalho” que avalia as propriedades motivadoras do trabalho. A

quantificação do grau de significação do trabalho é realizada através de um questionário que

considera as cinco dimensões essenciais do trabalho: Variedade da tarefa, identidade da tarefa,

significância da tarefa, autonomia e feedback.

Na variedade da tarefa observa-se o quanto é exigido do trabalhador no tocante a

variação de operações/procedimentos ou uso de equipamentos para o desempenho de suas

funções, assim como também na variedade de talentos e habilidades. A identidade da tarefa esta

relacionada com o quanto o funcionário realiza atividades completas e é capaz de identificar os

resultados obtidos mediante os seus esforços. A significância da tarefa refere-se ao impacto da

atividade/serviço realizado na vida de outros trabalhadores e no meio ambiente. A autonomia

associa-se a liberdade de atuação que o trabalhador pode ter na execução das atividades. O

feedback envolve o recebimento de informações sobre o desempenho nas atividades por parte

dos funcionários, deixando-os cientes de que o trabalho esta sendo bem executado ou não.

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239

Observa-se nas cinco dimensões citadas uma preocupação com a percepção do

funcionário diante das atividades exercidas e do retorno de seus esforços. As tarefas

desenvolvidas impactam na vida dos indivíduos e no meio ambiente no qual estão inseridos de

modo a influenciar no seu grau de motivação para o trabalho.

A preocupação com os recursos intangíveis da organização é um fato ainda recente na

história da administração, pessoas são imprescindíveis para a obtenção do sucesso de uma

empresa. São elas as responsáveis pela realização de todo o processo produtivo. Logo, é fácil

perceber que a temática vai bem mais além de um simples “analgésico” para o mal-estar, como

diz Ferreira (2011). É preciso enxergar o que faz o colaborador feliz em seu ambiente de

trabalho, não pensando somente nos ganhos que essa realização trará para organização.

De acordo com Sampaio (2012) a QVT53

é um “guarda-chuva teórico” onde não há um

conceito universal para o tema, mas que este repousa sobre três conceitos nucleares: o

humanismo (motivação e satisfação), participação do empregado em discussões de gestão e o

bem-estar.

O humanismo esta inserido numa abordagem que busca o atendimento das

necessidades humanas, fazendo com que a lucratividade e produção não sejam os únicos

objetivos organizacionais. A participação do empregado em decisões ou nos grupos

autogerenciados, assim como o humanismo, tem suas origens na sociotécnica. Ainda segundo o

autor, a inserção da participação do empregado é justificada devido a sua associação com o

humanismo e aumento da qualidade de vida. O bem-estar vai além das condições biológicas,

relacionando-se com o estado psicológico, o ambiente social e espiritual do indivíduo. Sampaio

(2012) cita em seu trabalho Morin & Gagné (s.n, p. 9) que se referem ao bem-estar como um

equilíbrio entre o corpo e a mente.

Ainda segundo o autor supracitado, baseado nos estudos de Sirgy e colaboradores

(2001), a qualidade de vida no trabalho seria a satisfação das necessidades do trabalhador, dando

passagem para o comprometimento organizacional, a satisfação com o trabalho e outros

domínios da vida pessoal. Chiavenato (2006) corrobora com os estudos de Sirgy e colaboradores

(2001) quando afirma que “Qualidade de vida implica em criar, manter, e melhorar o ambiente

de trabalho”, acrescentando que isto pode se dar através da higiene e segurança (condições

físicas) ou com melhorias nas condições psicossociais. Todo planejamento voltado para o bem-

estar físico e mental do pessoal implicará em melhorias na qualidade de vida dentro e fora da

organização.

A QVT seria o grau de satisfação das necessidades pessoais e organizacionais, ela afeta

comportamentos importantes e diretamente relacionados com a produtividade a exemplo da

motivação, criatividade e vontade de inovar.

53

Qualidade de Vida no Trabalho.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

240

Os estudos de Gallie (2003), citado por Sampaio (2012), destacam empresas com sede

em países desenvolvidos que oferecem maior participação dos funcionários no processo de

decisões, dando ao colaborador o poder de influenciar nas decisões de mudança organizacional,

além disso, as frequentes reuniões deixam o canal aberto para que possam expressar suas

opiniões. Essa maior participação e consulta implica em maior qualidade nas tarefas.

Diante do exposto, é notória a necessidade impostergável de se aplicar a QVT como um

objetivo estratégico. A humanização das forças de trabalho é enxergá-las com a mesma presteza

com que exercem seus afazeres diários e de buscar a cidadania nas relações organizacionais.

Mesmo não havendo um consenso sobre o que é ou qual melhor programa de qualidade de vida

aplicado, sabe-se a necessidade de se trabalhar o lado humano das pessoas, tendo a compreensão

que eles são parte essencial da empresa e seus esforços devem ser compensados,

entendendo nem sempre ser possível deixar os problemas pessoais “da porta para fora” e que

qualidade de vida não se resume a programas assistencialistas.

Ainda há muito para se investigar nesse âmbito. Existem diversas maneiras de se

aplicar a QVT, contudo, o mais importante para obtenção do resultado esperado é a

compreensão das reais necessidades do empregado. Quais as suas perspectivas? Elas são

atingíveis? Como posso motivar meu funcionário mesmo diante das pressões que o mercado

exige e do estresse decorrente? Estas são, com certeza, questões relevantes que um bom gestor

deveria observar dentro do seu próprio contexto, elegendo os melhores caminhos para se aplicar

as técnicas de qualidade de vida no trabalho.

2.3. Abordagem hegemônica

De modo geral é possível identificar duas abordagens de QVT: a abordagem

hegemônica e a contra-hegemônica. De acordo com Ferreira (2011), importante estudioso da

qualidade de vida no trabalho, a abordagem hegemônica remonta a ótica da “restauração corpo-

mente”. Tem caráter assistencialista, o funcionário é responsável por sua qualidade de vida no

trabalho, a natureza é compensatória e voltada para a produtividade da organização. Ou seja, são

paliativos que tentam, em sua essência, aliviar as condições de mal-estar causadas pelo trabalho.

É comum serem oferecidas atividades voltadas para o bem-estar físico como a massagem e a

ginástica laboral.

Nesta abordagem é possível destacar alguns eixos. O primeiro tem por foco a

produtividade da organização. Segundo Ferreira (2011), essas ações estão carregadas de

referências à “maximização dos resultados”, do “bem-estar organizacional” e “necessidades da

empresa”. Neste sentido, observa-se uma preocupação com os objetivos organizacionais e o

intuito de aumentar o rendimento dos funcionários. Geralmente são atividades práticas e rápidas,

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

241

que proporcionam um momento de descontração e relaxamento, incentivando o colaborador a

desenvolver com mais empenho seu trabalho nas horas subsequentes.

O segundo eixo diz respeito ao foco no indivíduo, neste cenário temos ações que

objetivam, ainda de acordo com Ferreira (2011), dar suporte/apoio/ajuda no gerenciamento de

consequências negativas advindas das tarefas realizadas no trabalho. Como exemplo é possível

citar a “Gestão do estresse”, atividades de lazer, entre outras.

Neste eixo, a abordagem é voltada para a reeducação da saúde emocional de seus

funcionários, tratar as pessoas que possam de alguma forma atrapalhar o equilíbrio das

atividades organizacionais. Ferreira (2011) aponta esta ótica como uma tentativa de excluir da

organização emoções nocivas ao ambiente empresarial.

O caráter assistencialista da abordagem é evidenciado nos programas de cunho

compensatório, para aliviar a tensão do estresse e mal-estar causados pelo contexto produtivo.

Para Ferreira (2011) estas atuações melhoram o desgaste causado pelo trabalho, porém, não

resolvem o problema em definitivo.

Ainda seguindo o pensamento de Ferreira (2011), a ótica de restauração corpo-mente

demonstra ser uma forma eficiente e eficaz no trato de indicadores clássicos, tais como:

absenteísmo, desmotivação e rotatividade. Contudo, não tem o contexto de produção de bens e

serviços como a variável que necessita de mudança, sendo o trabalhador o fator mutável

conforme verificamos em Ferreira, et al (2009). Ou seja, as causas existentes no ambiente que o

tornam adoecedor permanecem, evidenciando a característica paliativa da modalidade

hegemônica de QVT.

Para Ferreira (2011) as ações de cunho assistencialista são importantes e válidas, o

problema se instaura quando a promoção de QVT restringe-se somente a práticas de caráter

assistenciais. Deixar as causas reais do mal-estar no ambiente de trabalho intocáveis pode tornar

o problema ainda mais complexo.

2.4. Abordagem contra-hegemônica

Os processos de reestruturação dos meios de produção têm criado um descompasso

entre as práticas hegemônicas de qualidade de vida no trabalho e as necessidades latentes dos

trabalhadores.

Na realidade, os fatores que causam o mal-estar no ambiente de trabalho são mais

complexos e exigem um programa de QVT mais estruturado e voltado para as necessidades do

ambiente em questão.

Ao abordarem, de forma enfática, a “adequação” como aspecto estruturador das

condições de trabalho, os trabalhadores estão reivindicando tudo aquilo que a

Ergonomia da Atividade preconiza e de longa data vem insistindo: adaptação

do trabalho a quem trabalha (Ferreira, 2011).

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242

A abordagem contra-hegemônica tem suas bases na ergonomia e lança um novo olhar

sobre as práticas de QVT. De caráter preventivo, trata o assunto como um meio de se conquistar

o equilíbrio biopsicossocial, tendo como foco a remoção dos fatores causadores de mal-estar no

ambiente de trabalho. “Os fios que tecem a abordagem contra-hegemônica dão origem a uma

QVT coletivamente construída, radicalmente diferenciada da abordagem assistencialista”

Ferreira (2011).

Para o autor supracitado, responsável pelos passos iniciais da perspectiva contra-

hegemônica, O modo mais apropriado para se construir uma concepção de QVT é baseando-se

na realidade das organizações, questionando aos próprios trabalhadores e a todos que atuam

numa dada organização sobre o que eles pensam sobre qualidade de vida no trabalho.

Acreditando seguramente que a opinião dos colaboradores é essencial no processo de

melhoria da qualidade de vida no trabalho e este posicionamento se contrapõe a visão clássica

disseminada nas organizações Ferreira (2011) completa seu pensamento:

É por meio da voz, dada ao trabalhador, e da consideração dos seus gestos, das

suas opiniões, sentimentos e vivências que se compreende o seu trabalho real,

ou seja, a sua atividade. Compreende-se, sobretudo, em que circunstâncias as

exigências das situações de trabalho colocam em risco o bem-estar no trabalho.

Esse pressuposto da centralidade da fala se contrapõe à visão clássica das

ciências do trabalho de que, por meio da tarefa ou do trabalho prescrito, é

possível planejar e executar um trabalho. Essa perspectiva analítica coloca o

trabalhador no centro do processo, autor de cada etapa, ser pensante e que age

sobre sua realidade.

Os estudos da abordagem contra-hegemônica adota a ergonomia da atividade como

guia na aplicação das práticas de QVT. Acreditando na individualidade e na capacidade de

mudança das pessoas, a teoria está sempre aberta a adaptações e inovações. O preceptor desta

abordagem compara a teoria contra-hegemônica a um software livre que aprimora-se com o

tempo.

3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral

Descrever as atividades de qualidade de vida desenvolvidas na Companhia Hidro

Elétrica do São Francisco.

3.2.Objetivos Específicos

Construir um referencial teórico sobre o tema abordado;

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243

Descrever as práticas de qualidade de vida no trabalho de caráter hegemônico e contra-

hegemônico realizadas na empresa objeto de estudo;

4. Metodologia

A metodologia desta pesquisa é fundamentada em investigações teóricas com o

propósito de contextualizar as abordagens relacionadas à qualidade de vida no trabalho com a

realidade praticada em determinada organização. Permitindo assim, a ampliação do

conhecimento dos diversos trabalhos utilizados como referencial bibliográfico do presente

trabalho.

O estudo científico é realizado através de uma pesquisa documental na qual foi feito

um levantamento de referenciais teóricos em fontes diversificadas (artigos, web sites, jornais

científicos, entre outros), com a finalidade de verificar a origem de práticas de QVT

desenvolvidas na empresa objeto deste estudo.

A respeito do objeto de estudo, a maior parte dos documentos utilizados no

levantamento dos dados podem ser encontrados no site da empresa (https://www.chesf.gov.br) e

no site da Fachesf (www.fachesf.com.br) responsável pela gestão do plano de saúde e outros

serviços dentro da Chesf.

Os dados levantados são transcritos e relacionados com as teorias abordadas. As ações

referentes à QVT da organização em estudo estão separadas, segundo sua abordagem

orientadora. A pesquisa tem caráter predominantemente qualitativo.

4.1.Caracterização do objeto de estudo

A empresa em estudo está há 68 anos no mercado. É subsidiária da Eletrobrás

vinculada ao ministério de minas e energia e tem como atividade principal a geração,

transmissão e a comercialização de energia elétrica.

Explorando a bacia hidrográfica do Rio São Francisco, conta com uma sede em Recife

e 10 regionais (Salvador-BA, Sobradinho-BA, Paulo Afonso-BA, Fortaleza-CE, Terezina-PI,

Brasília-DF, Aracajú-SE, Rio Largo -AL, Natal-RN, Campina Grande-PB).

Criada no governo de Getúlio Vargas, durante o período do Estado novo (1945), tem

como missão produzir, transmitir e comercializar energia elétrica com qualidade, de forma

rentável e sustentável. Possui uma termoelétrica e dez usinas hidroelétricas, sendo a maior delas

a de Xingó com 3.162 MW de potência.

Os valores da empresa giram em torno do respeito às pessoas, justiça e equidade,

compromisso com a sociedade, ética e transparência e respeito ao meio-ambiente. Tem como

visão garantir o crescimento sustentável até 2019.

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244

O recrutamento e seleção das pessoas ocorrem por meio de Concurso Público,

conforme o Artigo 37 da Constituição Federal de 1988. A Chesf conta com mais de 4.500

funcionários e demonstra uma grande preocupação com a qualidade de vida, saúde e segurança

de seus colaboradores, proporcionando programas e ações na tentativa de estimular as pessoas à

adoção de estilos de vida saudáveis. Dentre os planos de benefícios é possível destacar, dentre

outros:

Assistência Educacional

Assistência à pessoa com deficiência

Atendimento ambulatorial

Educação ensino superior

Auxilio óculos e lentes

Complementação de auxílio-doença

Pecúlio por morte ou invalidez decorrente de acidente de trabalho

Plano de assistência patronal

Previdência privada

Seguros de vida e de acidentes pessoais

Auxilio transporte

Vale refeição e alimentação

Auxilio funeral

Dados relevantes da companhia elétrica:

Número de empregados 4.511

Produção anual de energia 25.080 GWh

Energia vendida 52.983 GWh

Distribuição da energia vendida Em regime de cotas - 86%

Ambiente de Contratação Livre - 14%

Clientes/Empresas Distribuidoras de Energia 47

Clientes/Empresas Consumidoras de Energia 18

Clientes/Empresas Comercializadoras de

Energia

6

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

245

Patrimônio líquido R$ 8.848,3 milhões

Receita Operacional Bruta R$ 4.774,3 milhões

Receita Operacional líquida R$ 4.039,9 milhões

Fonte: https://www.chesf.gov.br Informação em 31/12/2015

4.2. Apresentação dos coletados

A empresa é responsável por um extenso programa de qualidade de vida, adotando

diversas modalidades. Podem-se observar práticas de QVT envolvendo tanto a abordagem

hegemônica quanto a contra-hegemônica.

4.2.1. Atividades de QVT de caráter hegemônico:

Suporte físico-laboral

Ginástica laboral

Suporte corporativo

Academia

Sala de convivência

Terapias corpo-mente

Massoterapia

Fisioterapia

Reeducação nutricional

Nutricionistas à disposição

Programas

Programa de tratamento ao tabagismo

Programa de prevenção e combate ao uso de álcool

ABPS (acompanhamento biopsicossocial): Voltado exclusivamente para os operadores.

MBPS (monitoramento biopsicossocial): Direcionado para os mantenedores (pessoal de

manutenção). Envolve cuidados psicológicos, atendimento médico e assistência social

disponível dentro da organização.

4.2.2. Atividades de QVT de caráter contra-hegemônico:

Dentistas à Disposição Dentro da Organização

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

246

A empresa dispõe de profissionais da área odontológica para atendimento na própria

empresa. O funcionário não precisa sair do trabalho para realizar consultas e procedimentos

odontológicos. Isto é um fator importante, visto que muitos funcionários se deslocariam até

Petrolina-PE ou Juazeiro-Ba em busca de atendimento.

Fachesf-Saúde

A Fachesf oferece aos seus Participantes e beneficiários o Fachesf-Saúde, plano de

assistência à saúde sem fins lucrativos (autogestão), criado com o objetivo de assegurar aos

usuários (Participantes Ativos, Assistidos e dependentes) serviços médico-hospitalares, nos

termos do seu regulamento (ANS 31723-3, RN nº 16, de 05/12/02 MS), com diferentes opções

de cobertura e Rede Credenciada.

Plano de Assistência Patronal 54

Administrado pela Fachesf, o Plano de Assistência Patronal (PAP) concede o benefício

de medicina assistencial aos seus funcionários e dependentes. São serviços cobertos pelo PAP:

a) assistência médica, hospitalar e odontológica, inclusive tratamentos ortodônticos e

implantodontia;

b) assistência psicológica, fisioterápica, fonoaudiológica, nutricional e terapêutica ocupacional;

c) assistência à pessoa com deficiência;

d) assistência à pessoa com dependência química;

e) exames para complementação de diagnósticos e tratamentos realizados em clínicas

especializadas;

f) reembolso de aparelhos e próteses ortopédicas, órteses, aparelhos respiratórios e auditivos,

mediante prescrição médica;

g) reembolso de medicamentos, mediante prescrição médica;

h) reembolso de aparelhos para controle de dosagem de glicose, seringas para insulina, lancetas

e fitas, mediante explícita definição de quantitativo em parecer médico da Chesf ou da Fundação

Chesf de Assistência e Seguridade Social - Fachesf;

i) reembolso de leite sem lactose, mediante parecer e prescrição médica;

j) reembolso de óculos de grau, armações e lentes corretivas, mediante prescrição médica;

k) reembolso das despesas constantes das alíneas “a” a “e” anteriores, quando realizadas e

devidamente comprovadas, por profissionais não credenciados para o atendimento executado.

Plano de Aposentadoria

A Fachesf oferece o plano de Contribuição Definida (CD). Neste plano é possível

observar duas vantagens. A primeira refere-se à possibilidade de escolha do valor da

54

Dados coletados da página virtual da Fachesf. Disponível em: http://www.fachesf.com.br/pdf/pap_resolucao_normativa.pdf. Acesso em 12 de abril de 2016.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

247

contribuição mensal pelo participante e a participação da patrocinadora na contribuição com a

poupança. Na concessão da aposentadoria, o saldo existente na conta determinará o valor do

benefício.

Plano de Promoções/ Carreiras

Com um amplo programa de educação corporativa no intuito de desenvolver as

competências profissionais, a Chesf, através de parcerias com diversas instituições de ensino

promove cursos de capacitação, financiamentos de custos com pós-graduação, mestrados, entre

outros.

Baseado no conceito de competências e resultados, o plano de Carreira e remuneração

esta associado ao desempenho de seus funcionários que se autoavaliam e posteriormente são

avaliados por seus gestores, isto ocorre anualmente, onde os funcionários mais bem avaliados

recebem promoções salariais variáveis.

Programa Equilíbrio

Através do ASO – Atestado de Saúde Ocupacional – a Chesf procura acompanhar os

funcionários com resultados alterados, buscando solucionar o problema de saúde do mesmo. É

possível destacar os casos de colaboradores com resultado alterado referente às taxas de

triglicerídeos. Esses funcionários são encaminhados ao nutricionista para uma melhor avaliação

e posterior reeducação alimentar.

Programa Vivendo e Aprendendo

É um programa voltado para a alfabetização dos funcionários que não tiveram

oportunidade de aprender a ler e escrever. É um programa que eleva a alto estima, traz

realização pessoal e autoconfiança para os beneficiários.

Os dados adquiridos possibilitam a observação de uma grande variedade de práticas de

QVT atendendo diversas necessidades dos colaboradores, indicando que a teoria hegemônica e

contra-hegemônica podem orientar em conjunto um programa de qualidade de vida no trabalho

em prol de melhorias contínuas dentro e fora da organização, preocupando-se com os interesses

múltiplos.

5. Considerações finais

Os textos utilizados na elaboração do presente artigo deram o suporte necessário para a

contextualização da qualidade de vida no trabalho em um ambiente real, onde as atividades

desenvolvidas oferecem grande variedade de informações no que diz respeito aos aspectos mais

modernos em programas de QVT.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

248

A organização, objeto do estudo, percebe a importância de gerir aspirações, sonhos e

necessidades de seus colaboradores. É possível constatar o quanto a qualidade de vida é

essencial e as inúmeras possibilidades de se aplicar as teorias de QVT nas organizações.

O grau de periculosidade das atividades, por ter muitos trabalhadores envolvidos com

alta tensão, sugere a preocupação constante com o bem estar dos colaboradores. Atendendo a

necessidades distintas, o programa de qualidade de vida da organização em estudo dialoga e

tenta compreender a individualidade dos seus ativos intangíveis.

Diferenciada e inovadora, a proposta de unir as teorias, assistencialista e contra-

hegemônica, foram bem recebidas pela organização. É notável o envolvimento e participação

dos funcionários nas diversas atividades oferecidas em especial os programas voltados para a

melhoria da saúde do trabalhador.

A conclusão principal do presente artigo refere-se à importância dada a progressão e

expansão da qualidade de vida no trabalho nas organizações, em especial, a objeto de estudo.

Onde se pode perceber uma motivação constante em oferecer melhores condições de trabalho

aos seus colaboradores. Oferecendo respeito às diferenças e necessidades intrínsecas de cada

um, fazendo da felicidade um valor organizacional.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

251

RESUMOS DOS PÔSTERES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – CONINTA

FISIOTERAPIA NA SAÚDE NA MULHER

Carine Freitas e Silva1

Edi Paulo da Silva1

Emanoela Andrade Santos1

Renivaldo Batista Dias1

Hugo José Cavalcanti Coelho Pereira2

Laís de Holanda (Orientadora)3

1Discente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro.

2Fisioterapeuta, Especialista em Morfolofia, Universidade Federal de Pernambuco

3Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro.

Resumo:

Atualmente, no Brasil, grande parte da população é composta por mulheres. A nova geração feminina

ocupa o mercado de trabalho; qualifica-se profissionalmente, responsabiliza-se pela família; preocupa-se

com estética e com a luta por igualdade. Expõe-se, assim, a diversos tipos e graus de riscos à saúde.

Desta forma, torna-se necessário aprofundamento de políticas de prevenção e planejamento de ações que

promovam a melhoria da qualidade de vida, da igualdade e dos direitos de cidadania da mulher. O

atendimento fisioterapêutico especializado em Saúde da Mulher surge então como uma ferramenta

fundamental para garantir, em todos os níveis de atenção à saúde e fases do desenvolvimento ontogênico,

ações de prevenção, promoção e reabilitação para esta população. O fisioterapeuta especializado pode

atuar desde a prevenção e o tratamento de infecções urinárias e disfunções sexuais até o

acompanhamento e a intervenção em pacientes gestantes e puérperas. O objetivo desta pesquisa foi

observar atividades fisioterapêuticas de promoção e educação em saúde na atenção primária, em visita à

Clinica SERFISIO, na cidade de Petrolina-PE. Fundamentado em entrevista com a fisioterapeuta D.C.G.,

que atua na área de saúde da mulher, conheceu-se a rotina de avaliação e a prática terapêutica com as

pacientes. Por conseguinte, tais práticas ratificaram a importância da ação da fisioterapia especializada na

elaboração de atividades preventivas, no atendimento eficiente e específico os quais geram resultados

satisfatórios e impacto positivo na qualidade de vida desta população.

Palavras-chave: atenção à saúde, prevenção, fisioterapia, saúde da mulher

INTEGRAÇÃO DO MARKETING COM GESTÃO DA PRODUÇÃO: MÉTODO

SERVQUAL COMO INDICADOR DE QUALIDADE DE SERVIÇOS E

INFORMAÇÕES NA BIBLOTECA DA FASJ

Lílian Filadelfa Lima dos Santos Leal1

Cleiane Alves dos Santos Pionório1

Jorge Messias Leal do Nascimento2

Érika Maria Jamir de Oliveira2

1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];

[email protected] 2Docentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];

[email protected]

RESUMO:

A relação do Marketing, Gestão da Produção e Estatística possibilita a compreensão à cerca da avaliação

de diferentes tipos de serviços de informações, em especial, os prestados por bibliotecas acadêmicas.

Nesse contexto, o método SERVQUAL constitui ferramenta para ser aplicado na mensuração da

qualidade de serviços de informações e, as expectativas e percepções por parte dos usuários desses

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

252

serviços. Objetivou-se com esse estudo, adaptar à aplicação da escala SERQUAL para uso da avaliação

da informação de serviços prestados pela biblioteca da instituição de ensino superior Faculdade São

Francisco de Juaziero-BA (FASJ). Realizou-se uma pesquisa de caráter quali-quantitativo, com

elaboração/adaptação e aplicação de questionário auto estruturado. O grupo amostral foi constituído de

23 discentes de uma população amostral 284 discentes, obtidos por amostragem probabilística aleatória.

Após a obtenção dos dados, procedeu-se as analises de Estatística descritiva e construções gráficas de

demonstrações estatísticas. Os principais resultados estão atrelados aos quesitos de informação: O acervo

atende as necessidade de informações?; Os livros e periódicos apresentam facilidade de serem

encontrados?; A quantidade de acervo atende à demanda discente? Para esses três quesitos, verificou-se

que houve maiores valores percentuais para a expectativa em relação à percepção dos serviços prestados

pela biblioteca da Fasj, obtendo-se segundo o fator confiabilidade, insatisfação dos usuários frente aos

serviços mencionados. A escala SERVQUAL demonstra que, os serviços de informações prestados pela

Biblioteca da FASJ não correspondem às expectativas de seus usuários, alcançando GAPs negativos

quanto à relação Percepção x Expectativa.

Palavras - chave: Acervo. Ensino. Interdisciplinaridade. Service Quality.

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NA PRODUÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: UM

ESTUDO EM DUAS IES PRIVADAS DA CIDADE DE JUAZEIRO-BA

Lara Lorena Rodrigues de Castro¹

Sheyla Maria Domingos dos Reis¹

Erika Maria Jamir de Oliveira²

1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];

[email protected] 2Docente do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected]

Resumo: Diante da elevada competitividade observada atualmente na cidade, faz-se necessário que os

coordenadores de curso das Instituições de Ensino Superior façam uso das ferramentas de Gestão de

Pessoas disponíveis. O trabalho teve como objetivo a análise da gestão por competências nas operações

de duas IES da cidade de Juazeiro-Ba. Por meio da pesquisa bibliográfica foi constatado que a Gestão

por Competências pode contribuir para resultados efetivos na operação dos docentes, além de

proporcionar o crescimento e visibilidade das IES em que está sendo aplicada. As entrevistas foram

realizadas por meio de um questionário estruturado, e, permitiram identificar quais são os critérios

utilizados pelos coordenadores para contratação dos professores das IES. Os resultados indicam que os

coordenadores das instituições fazem uso parcial das ferramentas de Gestão por Competências, ou seja,

aplicam algumas etapas, mas não de forma sistêmica. E ainda que, de modo geral, os entrevistados

possuem opiniões semelhantes sobre as questões levantadas na pesquisa.

Palavras-chave: Gestão por competências. Ensino superior. Gestão de Operações.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

253

LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES E PESQUISA DE MARKETING: UM ESTUDO

SOBRE DECISÕES DE NOVA UNIDADE DE OPERAÇÃO DO GBARBOSA NA

CIDADE DE JUAZEIRO-BA

Bianca Rafaela de Souza Santo¹

Géssica Tamires Barbosa Silva¹

Erika Maria Jamir de Oliveira²

1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];

[email protected] 2Docente do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected]

Resumo

Localizar significa determinar o local onde será a base de operações, entretanto, para que essa escolha

seja bem sucedida, podem-se utilizar alguns parâmetros, um deles é a pesquisa de marketing. O objetivo

da presente pesquisa foi identificar se houve pesquisa de marketing no processo de tomada de decisão

com relação a localização de uma nova unidade operacional do GBarbosa em Juazeiro-BA. Incialmente,

buscou-se no Portal de Periódicos da CAPES, pesquisas realizadas com a mesma temática, em seguida

elaborou-se um quadro com os resultados encontrados, posteriormente por meio do estudo de caso e de

um questionário com perguntas de caráter descritivo-qualitativo, foi realizada uma pesquisa de campo, o

que possibilitou uma discussão verticalizada referente a integração da Pesquisa de Marketing e a Gestão

da Produção no GBarborsa. Os resultados indicam que além de ter sido realizada pesquisa, o profissional

de marketing desenvolveu uma análise ambiental, e ainda, que o administrador enxergou excelente

potencial da região, para uma escolha definitiva e bem sucedida da localização.

Palavras-chave: Tomada de decisão. Pesquisa de marketing. Localização de nova unidade produtiva.

PROCEDIMENTOS SUSTENTÁVEIS COM ENFOQUE NO PROCESSO

PRODUTIVO: UMA ANÁLISE EM UM RESTAURANTE SELF-SERVICE DA

CIDADE DE JUAZEIRO-BA

Amanda Vargas Moraes1

Gessica Shirlei Silva De Mattos1

Erika Maria Jamir De Oliveira2

1Discentes do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected];

[email protected] 2Docente do curso de Administração, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil. E-mail: [email protected]

Resumo:

Em 2015 líderes mundiais adotaram na sede da ONU a nova agenda de desenvolvimento sustentável,

esta agenda é formada pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser

implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030. E o décimo

segundo objetivo é: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. O objetivo do presente

estudo consistiu em analisar os procedimentos sustentáveis com enfoque no processo produtivo em um

restaurante da cidade de juazeiro-BA. A pesquisa possui abordagem qualitativa, e para conhecer a

realidade do restaurante aplicou-se um questionário com o proprietário. Constatou-se que produção de

óleo de cozinha queimado, emissão de esgoto, desperdício de alimentos e desperdício de água, são os

principais impactos causados pelo restaurante. Apesar disso, percebeu-se que há uma preocupação por

parte do mesmo em diminuir os impactos causados por suas atividades, e que o mesmo considera a

preservação ambiental o principal motivo para a implementação e prática das ações sustentáveis no

restaurante.

Palavras-chave: Gestão da Produção, Sustentabilidade, Self-Service.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

254

EXISTE BELEZA EM VOCÊ - UMA NOVA PERSPECTIVA SOBRE BELEZA NA

TERCEIRA IDADE

Denise Da Silva Bispo1

Nielio Araujo De Souza1

Davi Dos Santos Monteiro1

Deborah Katalane Da Silva E Silva1

Diego Cacalcante1

Pablo Michel Magalhães2

1Discentes do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.

2Docente do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.

Resumo:

O presente estudo visa analisar o consumo cultural associado à beleza feminina na sociedade. Diante do

cenário atual, percebemos que o público a qual se destina a maior parte dessas informações tem mudado,

as mulheres jovens tem dado lugar às mais maduras quando o assunto é o consumo de cosméticos. Isto é

resultado da decaída da taxa de mortalidade, fazendo dessa forma, com que um novo mercado esteja em

ascensão: o da terceira idade. Portanto, o presente trabalho visa mostrar, através da elaboração de uma

campanha publicitária, uma nova perspectiva sobre a beleza deste público, até então, pouco explorado.

Para isto, utilizamos como principais fontes teóricas autores como Castro (2003), Souza (2004) e Morin

(2011)

Palavras Chave: Beleza, cosméticos, publicidade, campanha.

JOGO INFANTIL - HERÓI DO VELHO CHICO

Samuel De Souza Moraes1

Luan Emmanuel Pires Tupiná1

George Muniz1

Pablo Michel Magalhães2

1Discentes do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.

2Docente do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, FASJ, Juazeiro-BA, Brasil.

Resumo:

O presente estudo busca desenvolver um jogo infantil, tendo como foco a conscientização sobre o tema

da preservação do rio São Francisco. Uma vez que as crianças estão cada vez mais presas aos meios

eletrônicos, foi decidido utilizar este fator de maneira positiva, transmitindo diversão de forma educativa,

focando no objetivo principal que é a conscientização dos problemas pelos quais o rio São Francisco vem

passando. O conceito foi desenvolvido pelo próprio grupo, onde a abordagem é totalmente relacionada

com a realidade que presenciamos hoje, desde a criação da logo, do personagem e das fases. Como

principais teóricos, que fundamentam este trabalho, estão GODINHO, A. L. (2003), trazendo uma

descrição técnica do Rio São Francisco e o declínio da pesca. COSTA, L. D. (2009), ressaltando de

forma clara e objetiva a importância de jogos educativos serem também divertidos e efetivos, assim

como os jogos de entretenimento. BATISTA, A.D. (2010), destacando os direitos de preservação e

sustentabilidade por meio da lei e por fim, OLIVEIRA, F. N. (2013), falando sobre jogos educativos, a

sua importância e como fazer.

Palavras-Chaves: Jogo; Educação Ambiental; Conscientização; Crianças.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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DIREITO DA MULHER NA RELAÇÃO DE EMPREGO E CONTRATO DE

TRABALHO: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Edson Dias de Souza¹

Helga Carolina de O. dos Santos²

Micaelle Eugênia S. Pinheiro³

Wellington Dantas de Sousa4

¹ Graduando em Direito na Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina (FACAPE),e-

mail:[email protected].

² Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco de Juazeiro(FASJ),e-mail:

[email protected]

³ Graduando em Ciências Contábeis na Faculdade São Francisco de Juazeiro(FASJ),e-mail:

[email protected]; 4 Especialista em Docência do Ensino Superior, Coordenador do curso de Administração e Ciências Contábeis da

Faculdade São Francisco de Juazeiro (FASJ), e-mail: [email protected].

RESUMO

A presente pesquisa, de caráter quantitativo, tem como escopo desenvolver um estudo para evidenciar a

evolução do direito da mulher na relação de emprego e contrato de trabalho. No Contexto histórico em

termos de valoração, o trabalho da mulher sempre foi menor valorado quando comparado com o trabalho

do homem. Várias são as justificativas, a saber, a mulher produz bens de pequeno valor no mercado, tem

menos anos de estudos, requer diferença na jornada de trabalho ou simplesmente dizem que a mulher

possui menor capacidade de se organizar em sindicatos para lutar por seus direitos. O fato é que

diferenças salariais existem até hoje e são justificadas historicamente como sendo normais. Assim sendo,

a pesquisa teve como objetivo desenvolver um estudo para buscar evidências da luta das mulheres pela

igualdade entre os gêneros no mercado de trabalho. É incontestável que a mulher necessita de um amparo

legal maior, devido à adequação física e psíquica, sendo, portanto, necessária uma legislação que as

ampare em seus direitos levando em conta, as necessidades anteriormente citadas. A pesquisa consistiu

num estudo de campo tendo como referência a Faculdade de Ciências Aplicada de Petrolina – FACAPE,

onde foi aplicado questionário de múltipla escolha aos professores da instituição, fundamentado por meio

de referências de autores sobre o tema. Através do instrumento aplicado, foi possível constatar e analisar

as diferenças salariais entre homens e mulheres docentes daquela instituição de ensino. Foi possível

perceber o grau de instrução e outros parâmetros salariais. O estudo também foi capaz de identificar as

diferenças entre a relação de emprego e contrato de trabalho entre gêneros. Para futuras pesquisas

recomendam-se estudos relacionado ao papel da mulher na sociedade e o valor do seu trabalho. O Estudo

em servirá de base de pesquisa para que o meio acadêmico e social possam garantir direitos trabalhistas

conquistados pelas mulheres no mercado de trabalho.

Palavras - chaves: Direito. Mulher. Emprego e Trabalho.

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256

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA ESCOLA

PÚBLICA DE PETROLINA (PE)

Larissa Lorena de Carvalho1

Patrícia Shirley Alves de Sousa2

Dennis Marinho Oliveira Ramalho de Souza3

Marcelo Domingues de Faria4

1Mestranda no Programa de Pós-Graduação Ciências da saúde e Biológicas da UNIVASF, Graduação em

Odontologia pela UFPE. E-mail: [email protected] 2Mestranda no Programa de Pós-Graduação Ciências da saúde e Biológicas da UNIVASF, Especialista em Saúde

da Família pela UFPel, Graduação em Enfermagem pela UFPI. E-mail: [email protected] 3Professor Adjunto da UNIVASF, Colegiado de Engenharia Elétrica. E-mail: [email protected]

4Professor Associado da UNIVASF, Mestrado e Doutorado em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres pela

USP, Graduação em Medicina Veterinária pela UNIRP. E-mail: [email protected]

RESUMO:

INTRODUÇÃO

A prevenção é a maneira mais econômica e eficaz de se evitar o aparecimento e desenvolvimento

das principais doenças bucais. Dentro das várias atividades preventivas, a educação e a motivação do

indivíduo ocupam lugar de destaque e devem ser aplicadas com o objetivo de alterar hábitos e

comportamentos, promovendo a saúde e melhorando a higiene bucal do paciente (ARCIERI et al., 2013).

A educação em saúde bucal (ESB) é uma ação importante do processo de promoção da saúde,

exigindo características específicas que envolvem práticas, conhecimento, conscientização da população

e oportunidades de aprendizagem (PAULETO; PEREIRA; CYRINO, 2004). A ESB realizada na escola

permite o envolvimento da criança e adolescente na construção de novos conhecimentos, implicando em

mudança de atitudes, hábitos e cuidados. A escola deve ser um ambiente de suporte para a saúde,

permitindo participação da comunidade escolar, através de trabalho coletivo (MESQUINI; MOLINARI;

PRADO, 2006).

Diante do exposto, foi elaborado um programa de educação em saúde bucal numa escola

municipal de Petrolina (PE), visando à motivação dos alunos na melhoria da condição de saúde bucal. O

enfoque deste trabalho é a descrição de um Projeto de Educação em Saúde Bucal desenvolvido como

parte das atividades de uma Dissertação de Mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade

Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), com a finalidade de compartilhar a experiência e refletir

sobre a prática preventiva.

MATERIAS E MÉTODOS

Esse estudo é retrospectivo, descritivo, que relata experiências vivenciadas num projeto de ESB

desenvolvido nas dependências da Escola Municipal de Tempo Integral São Domingos Sávio, no

Município de Petrolina (PE), realizado em parceria com a Organização Não-Governamental (ONG)

Instituto de Educação de Petrolina (IEP), de novembro (2015) a junho (2016), não considerando o mês de

janeiro (2016), por ser época de férias escolares.

Esta proposta surgiu com o intuito de promover a melhoria da condição de saúde bucal dos

discentes desta instituição de ensino com faixa etária entre 6 a 14 anos. Participaram do projeto 144

alunos, devidamente autorizados, através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

assinado por cada responsável.

O principal objetivo do projeto foi permitir que os alunos desenvolvessem: a) capacidade

cognitiva - ampliando os conhecimentos em saúde bucal, e refletindo sobre o consumo consciente do

açúcar; b) capacidade psicomotora - através do treinamento mecânico para o controle do biofilme

dentário, por meio uso do fio dental e da escovação com creme dental.

Um plano de ação para promoção de saúde bucal e prevenção da cárie dentária foi instituído na

escola, através da entrega de escovas de dente, dentifrícios fluoretados, fios dentais e enxaguatório

bucais, a cada três meses, ou seja, em dezembro de 2015 e março e Junho de 2016. No período

compreendido entre novembro de 2015 a junho de 2016, após o almoço, houve escovação supervisionada

diariamente pelos professores da escola. Nos meses de fevereiro e maio de 2016, aconteceu a aplicação

de flúor gel (1,23%), diretamente na escova dos alunos.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

257

As atividades eram realizadas em grupo no pátio da escola e, algumas vezes, exclusivamente

com uma turma, dentro da sala de aula. Os mesmos temas eram abordados nas atividades de todas as

turmas, os quais ocorriam com diferenciação na linguagem utilizada e na didática, levando em

consideração a faixa-etária de cada grupo.

Os alunos assistiram filme educativo sobre saúde bucal intitulado “Missão saúde bucal”; tiveram

palestras abordando temas como identificação dos dentes, estrutura dentária, placa bacteriana, cárie,

gengivite, mau hálito, alimentação saudável, consumo de açúcar, frequência de consulta odontológica,

higiene bucal (escovação e fio dental) e flúor; receberam orientação e demonstração da técnica de

escovação e uso do fio dental e ganharam materiais impressos para desenhar e colorir, além de revistas

com jogos relacionados à saúde bucal.

Também foi realizado jogo de perguntas e respostas sobre conhecimentos em saúde bucal. Ao

término da resposta dada pelos alunos, um odontólogo fazia esclarecimentos sobre o conteúdo,

estimulando-os a refletir. Cada turma foi dividida em 2 equipes, sendo que a equipe com maior número

de acertos ganhava brindes. Nas questões foram abordados os mesmos temas das palestras.

Houve na instituição de ensino um evento intitulado “Família na escola”, neste episódio foi

realizada uma Oficina de saúde bucal aos alunos e familiares, com exibição de filme educativo com

orientações de higiene bucal, distribuição de panfletos sobre o tema, materiais para desenhar e colorir,

revistas com jogos relacionados à saúde bucal, distribuição de kits de higiene bucal (escova de dente e

creme dental) e aplicação tópica de flúor em familiares e alunos.

O projeto também avaliou o Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) de Greene e Vermillion

(1964), em dois momentos: 1) em fevereiro de 2016, antes da instalação do programa educativo

preventivo em saúde bucal e após 4 meses; 2) em junho de 2016, ao final do programa, sendo a sua

interpretação clínica IHO-S: 0,0-0,6 (Bom), 0,7-1,8 (Regular) e 1,9-3,0 (Ruim).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo da experiência, ficou evidente o aumento de conhecimento em saúde bucal adquirido

pelos alunos e a motivação deles na realização das atividades de higiene bucal. Turrioni et al. (2012)

observaram melhoria na higiene oral de alunos que participaram das ações preventivas na escola. Houve

incremento no número daqueles que apresentaram gengiva saudável ou inflamação leve no segundo

exame e também frequência superior de escovação no grupo escolar. Com relação ao consumo de doces,

apresentaram diminuição entre o 1º e o 2º exames. Verificou-se a importância do processo de capacitação

e do planejamento conjunto das ações entre os profissionais da escola e os profissionais de saúde.

O IHOS, avaliado em dois momentos, auxilia na verificação dos métodos de escovação e na

efetividade de programas de educação para a saúde bucal (ROVIDA et al., 2010). Este índice avalia o

acúmulo de biofilme dental (placa bacteriana) na superfície dentária. Tendo em vista que o biofilme

dental é o principal fator etiológico da cárie, o controle do biofilme deve ser feito para impedir que as

bactérias desmineralizem o esmalte dental. Esse índice avaliou se houve melhorias nas condições de

higiene oral dos escolares após a instalação do programa educativo e preventivo em saúde bucal.

Durante a primeira avaliação, o IHOS médio encontrado foi 1,94, considerado ruim. Na segunda

avaliação, obteve-se IHOS médio de 1,11, considerado regular. Pode-se observar diferença significativa

(p-valor<1%), indicando que, em média, o valor da segunda avaliação teve queda em relação à primeira

com nível de confiança de 99%.

Rodrigues, Matias e Ferreira (2016) desenvolveram, durantes os anos de 2012 e 2013, um projeto

de educação em saúde na escola denominado “Senhor Dente”, direcionado a 258 crianças de 3 a 6 anos

de idade, o qual consistiu na implementação da escovação dentária diária com o objetivo de determinar o

grau de redução da Placa Bacteriana nas crianças abrangidas pelo referido projeto, de forma a avalia sua

efetividade na redução das cáries dentárias. Os autores observaram que, após a implementação da

escovação dentária na escola, houve redução significativa do índice de Placa Bacteriana de 2,45,

podendo contribuir para a redução do risco de desenvolver a cárie dentária. Os resultados desse estudo

demonstraram a efetividade dos programas de saúde escolar que promovam a escovação dentária diária

nas escolas. Esses pesquisadores sugerem avaliar a duração desses projetos, como forma de otimizar os

recursos necessários para seu desenvolvimento.

Em 2013, foi realizado um estudo com 64 escolares de escola municipal de Itapagipe (MG), de 9

a 12 anos de idade, estabelecendo um programa de educação e motivação em saúde bucal. Os alunos

assistiram três palestras relacionadas a cuidados com a saúde bucal e participaram de atividades

supervisionadas que incluíram escovação e uso do fio dental. Foi aplicado questionário com as crianças

antes e após a realização de um método educativo. Após as orientações, 100% dos alunos responderam

saber sobre a cárie e a necessidade de higienizar a boca três ou mais vezes ao dia; 98,4% assinalaram que

se deve usar escova, creme dental e fio dental para higienização bucal; 79,6% dos alunos disseram que

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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comer muito doce, não escovar os dentes e não usar fio dental faz mal aos dentes. Houve melhora

significativa no número de respostas corretas obtidas após as atividades de orientação, o que demonstra

que os alunos aumentaram seus conhecimentos com relação à saúde bucal. Entretanto, os autores deste

estudo ressaltam que educação e aprendizado, com assimilação de conhecimentos em relação à saúde

geral e bucal, não significa necessariamente, a adoção efetiva dessas boas práticas para saúde, mas

espera-se que repercuta na prevenção e controle da doença cárie (CRUZ et al., 2015).

Evidenciou-se que ações educativas permitem a aquisição de novos conhecimentos, estimulam o

desenvolvimento de habilidades e aptidões pessoais, possibilitam a formação de atitudes preventivas e

permitem a criação de valores que levam o indivíduo à autonomia do cuidado com a própria saúde.

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o projeto de ESB permitiu o envolvimento dos alunos na construção de

novos conhecimentos, implicando em mudança de comportamentos, hábitos e cuidados. A escola deve

ser ambiente de suporte para a saúde, pois é corresponsável na formação de atitudes e valores,

favorecendo o desenvolvimento de ações para a prevenção de doenças, dentre elas, a cárie dentária.

REFERÊNCIAS

ARCIERI, R. M.; ROVIDA, T. A. S.; LIMA, D. P.; GARBIN, A. J. I.; GARBIN, C. A. S. Análise do

conhecimento de professores de Educação Infantil sobre saúde bucal. Educar em Revista, n. 47, p. 301-

314, 2013.

CRUZ, M. C. C.; ASSIS, M. F.; FERNANDES, T. C.; SIMONATO, L. E.; KINA, M.; SAKASHITA,

M. S. S. Método de educação em saúde bucal para estudantes. ARCHIVES OF HEALTH

INVESTIGATION, v. 4, n. 5, 2015.

MESQUINI, M. A.; MOLINARI, S. L.; PRADO, I. M. M. Educação em saúde bucal: uma proposta para

abordagem no Ensino Fundamental e Médio. Arquivos do Museu Dinâmico Interdisciplinar. 10: 16-

22 p. 2006.

PAULETO, A. R. C.; PEREIRA, M. L. T.; CYRINO, E. G. Saúde bucal: uma revisão crítica sobre

programações educativas para escolares. Ciênc Saúde Coletiva, v. 9, n. 1, p. 121-30, 2004.

RODRIGUES, A. P.; MATIAS, F.; FERREIRA, M. M. Escovagem de dentes em ambiente escolar e

redução do índice de placa bacteriana: avaliação da efetividade de um projeto de saúde oral. Revista

Portuguesa de Saúde Pública, 2016.

ROVIDA, T. A. S.; MOIMAZ, S. A. S.; ARCIERI, R. M.; GARBIN, C. A. S.; LIMA, D. P. Controle da

placa bacteriana dentária e suas formas de registro. Revista Odontológica de Araçatuba, v. 31, n.2, p.

57-62, 2010.

TURRIONI, A. P. S.; SALOMÃO, F. G. D. MONTI, J. F. C.; VAZQUEZ, F. L.; CORTELLAZZI, K.

L.; PEREIRA, A. C. Avaliação das ações de educação na saúde bucal de adolescentes dentro da

Estratégia de Saúde da Família. Ciênc. saúde coletiva, v. 17, n. 7, p. 1841-1848, 2012.

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO COMBATE ÀS ARBOVIROSES

Bárbara Araújo RORIZ 1

Barbara Candeia MORAES 1

Fernanda Ferraz BIONE 1

Gabriela Brito MARCELINO 1

Juliana Lima BERNARDES1

Lívia PAIVA1

Maria Luiza Nunes COSTA1

Carlos Dornels Freire de SOUZA2

Caroline Dieder Dalmas de ANDRADE²,

Denyse Brito NUNES²

Denilson José de OLIVEIRA2

Marcus Amando Fernandes da SILVA²

Paula TELLES ²

Valéria MIRANDA²

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

2 Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO:

Arboviroses são doenças emergentes novas que promovem significativo impacto sobre o ser humano,

devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas limitadoras e morte ou pelas repercussões

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2

sociais relacionadas com a sua prevalência, reveladoras de degradação ambiental. As doenças

reemergentes ou resistentes às drogas são as que reaparecem após período de declínio significativo ou

com risco de aumento no futuro próximo (PEDROSO, 2009.). Teve como objetivo realizar uma visita ao

Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), visando informar a comunidade sobre as

arboviroses (Dengue, Zika e Chikungunya). Caracteriza-se por ser um relato que descreve as

experiências vivenciadas em grupos de mulheres que frequentam o Centro de Referência em Assistência

Social (CRAS) do Bairro Dom Avelar no município de Petrolina, Pernambuco. Dessa forma, as

experiências foram categorizadas pela temática em questão (arboviroses), tentando-se transmitir

informações sobre os aspectos relevantes e as principais dificuldades encontradas pela comunidade.

A partir da experiência vivenciada, pode-se concluir que há uma necessidade de reforma no método de

prevenção e orientação para com a comunidade. A uma maior necessidade de divulgação de informações

coerentes e verdadeiras com base em estudos científicos, pois foi observado um certo “conhecimento”

distorcido embasado em informações sensacionalista e populares. Diante do que foi vivenciado, foi

possível notar algumas informações distorcidas relacionados a forma de transmissão e prevenção, e com

isso houve a possibilidade de passar informações corretas para a conscientização da população e uma

possível redução de focos do agente agressor.

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA GESTAÇÃO

Ana Carolina da Silva LEITE1

Camila Dasmasceno dos SANTOS1

Cínthia Roxanne Ferreira SILVA1

Claudiane Ribeiro DANTAS1

Geisa da Silva NASCIMENTO1

Mirelle Djane ALENCAR1

Monaliza Coelho PEREIRA1

Carlos Dornels Freire de SOUZA2

Denilson José de OLIVEIRA2

¹Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA, Brasil. E-mail:

[email protected] 2Professor da Faculdade São Francisco de Juazeiro.

RESUMO

Um momento sublime na vida de qualquer mulher é a gravidez. Momento esse que proporciona diversas

modificações e alterações no organismo materno, gerando diversas adaptações fisiológicas sendo

atribuídas a mudanças hormonais, aumento do útero e de tecidos, mudanças essas necessárias para

a adaptação e crescimento do embrião e depois do feto durante o período gravídico (CANESIN et al,

2010). Essas modificações podem ser tanto físicas como psicológicas, transformando a vida social,

familiar e profissional das mulheres. Hall (2001), afirma ser o fisioterapeuta, o profissional mais

apropriado para lidar com as múltiplas alterações musculoesqueléticas que ocorrem em resposta à

gravidez. Muitas dessas alterações podem tornar a mulher grávida mais vulnerável à dor e às lesões. O

trabalho da fisioterapia obstétrica, fazendo parte da equipe multidisciplinar, tem a intenção de melhorar a

qualidade de vida da grávida tanto no pré como no pós-parto imediato e/ou tardio. A boa qualidade de

vida, eficiência, frequência e extensão da assistência pré-natal revelam o grau de desenvolvimento de

uma nação. Estes são indispensáveis porque a gestação é um dos estudos chamados fisiológicos em que

mais ocorrem anomalias. Este trabalho teve como objetivo realizar uma avaliação e elaborar uma cartilha

informativa para uma gestante a partir de uma abordagem interdisciplinar da fisioterapia. O trabalho

baseou-se em um estudo de caso a partir da aplicação de uma avaliação fisioterapêutica em uma gestante

com 36 semanas. A participante foi selecionada de acordo com a disponibilidade da demanda da Unidade

de Saúde do bairro Angarí em Juazeiro – BA. A ficha de avaliação foi construída conforme os dados do

cartão da gestante, segundo informações prévias sobre o acompanhamento do pré-natal, anamnese, sinais

vitais, exame físico, testes clínicos e avaliação postural. O teste de caminhada de 6 minutos não foi

realizado devido a gestante estar entrando em trabalho de parto. Posteriormente, os acadêmicos

elaboraram uma cartilha com base nos principais achados da avaliação sobre orientações e cuidados

durante a continuidade da gestação, momento do parto e puerpério através de orientações sobre

exercícios, posturas, cuidados laborais e amamentação. Foi marcado um novo encontro com a gestante

após sete dias da avaliação para a entrega e explicação da cartilha além de esclarecer possíveis dúvidas

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2

sobre as orientações e condutas. Para a confecção do trabalho, foi utilizado como base de dados Scielo,

Biblioteca Virtual em Saúde e Pubmed. A partir do trabalho proposto, pode-se perceber que a fisioterapia

pode atuar na avaliação, intervenção, orientações durante o período gestacional, parto, puerpério e não só

nas alterações que ocorrem durante a gravidez, mas também com dicas sobre a amamentação.

Palavras-chaves: Fisioterapia, gestação, atuação fisioterapêutica.

FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL E A INTEGRALIDADE A SAÚDE

Joice De Souza Batista

Daniela Da Silva Rodrigues

Daltair Junior

CONTRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA PARA CONSTRUÇÃO

DA INTEGRALIDADE EM SAÚDE

Carine Freitas e Silva1

Edi Paulo da Silva1

Renivaldo Batista Dias1

Rosimeire Araújo dos Santos1

Carlos Dornels Freire de Souza

(Orientador)2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA, Brasil. 2 Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA, Brasil.

Resumo:

A saúde pública no Brasil é de responsabilidade do poder público, garantido pela constituição, e possui a

finalidade de garantir atendimento gratuito e eficiente para a população, dividido em estágios primário,

secundário e terciário de atenção, de acordo com o grau de complexidade patológica. Nessa perspectiva,

o trabalho em questão visa compreender a proposta de atuação do profissional fisioterapeuta inserido na

saúde pública, bem como os níveis de atenção à saúde e ao trabalho do profissional na atenção primária,

que pode se desenvolver em unidades básicas de saúde através do Núcleo de Atenção à Saúde da Família

(NASF); em núcleos de vigilância sanitária; em centros de referência e em núcleos de epidemiologia,

como epidemiologista ou como sanitarista (especialista em saúde pública), no cuidado amplo ao paciente

e suas complexidades físicas, biológicas e psicossociais. A metodologia aplicada consistiu-se na

elaboração de um questionário contendo doze perguntas com abordagem ampla, direcionada ao

Fisioterapeuta do Posto de Saúde do Bairro Angari, na cidade de Juazeiro-BA, com posterior análise de

discurso, assim como também foram consultados livros e revistas da área da fisioterapia. Observou-se

que existem amplas possibilidades de carreira e esta profissão não se limita às especialidades clínicas

normalmente pressupostas, a fisioterapia mostra-se transversa a diversas outras áreas da saúde. Os

resultados indicam que a atuação do fisioterapeuta na saúde pública, além de necessária, exige um olhar

mais sensível do profissional sob o paciente, estendendo-se a visão social e promovendo saúde e

cidadania em conjunto.

Palavras-chave: Saúde pública; fisioterapia; cidadania.

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2

REABILITAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA PARA HANSENÍASE: UMA PROPOSTA

TERAPÊUTICA A PARTIR DE ESTUDO DE CASO.

Anne Karoline NUNES¹

Dalma NASCIMENTO¹

Jobivânia SANTOS¹

Keity Izabely CONCEIÇÃO¹

Symara Ingritt COSTA¹

Carlos Dornels Freire de Souza2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

2 Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi traçar um plano terapêutico de acordo com as incapacidades em

decorrência das disfunções acarretadas pela Hanseníase. Foi feito um estudo de caso, em um paciente

com idade de 72 anos, acometido pela Hanseníase multibacilar virchowiava, com reação hanseniana tipo

2. Realizou-se uma avaliação onde foi identificado edema venoso agudo em ambos os membros

inferiores e lesões como: comprometimento do nervo mediano do membro superior esquerdo, nervo

tibial do membro direito e fibular no membro esquerdo, resultando respectivamente em perda de

sensibilidade do 1° ao 3° dedo na região palmar, perda parcial de sensibilidade na região plantar do 1°

metatarso e ausência na região do 3°, não realiza dorsiflexão do pé esquerdo. Na soma de Olhos Mãos e

Pés (OMP) obteve um total de 6 graus de incapacidade. Devido à sua carência quanto a hidratação

cutânea, estando relacionada a idade e Hanseníase, originou-se uma ulceração na região do terço distal da

perna esquerda. Foram realizadas as respectivas condutas: limpeza e remoção de tecido desvitalizado;

Laser de 660nm (3J/cm² , tempo: 6s, modo: varredura e pontual); Banho de hidratação; Orientações para

hidratação à domicílio; Massoterapia nos MMII e Elevação dos MMII; Liberação miofascial de tríceps

sural e técnicas de alongamento passivo e contrai-relaxa; Micromobilização grau 4 ( 3x 30 – articulação

talocrural), exercícios ativos assistidos, isométricos e exercício para músculos intrínsecos do pé;

Exercícios resistidos ( 3x 10 - carga progressiva); Circuito com exercícios proprioceptivo, equilíbrio e

treino de marcha. Concluiu-se que há eficácia no uso de intervenções fisioterapêuticas em casos de

hanseníase, quanto a funcionalidade e o aspecto da pele, resultando na melhora de qualidade de vida.

Palavras-chaves: Hanseníase; Proposta terapêutica; Fisioterapia.

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA INFÂNCIA NO

BRASIL NO PERÍODO ENTRE 2007 E 2013.

Yasmin Santos Carvalho Gama1

Lorena Brito Macedo Borges1

Nathália Carvalho Souza1

Aline Teixeira Ramos1

Renata Mirella Galdencio De Almeida1

Wilsara Estrela Fernandes1

André Luiz Souza Da Silva1

Paula Telles2

Valeria Miranda Dos Santos2

Denyse Brito Nunes2

Carlos Dornels Freire De Souza2

Denilson José De Oliveira2

Marcus Amando Fernandes Da Silva2

Caroline Dieder Dalmas De Andrade2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO

Introdução: A Leishmaniose Visceral (LV) trata-se de uma zoonose do tipo Antropozoonose, pois é

primariamente dos animais, porém transmissível ao homem. A LV tem estreita relação com as precárias

condições ambientais nas quais os indivíduos estão submetidos. É mister destacar que a população

infantil é um dos principais grupos de risco para o adoecimento. Objetivo: Descrever o perfil

epidemiológico da Leishmaniose Visceral na população infantil no Brasil, entre 2007 e 2013.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

2

Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo, envolvendo todos os casos de

leishmaniose visceral diagnosticados e notificados no Brasil, entre 2007 e 2013. Foram utilizados dados

secundários extraídos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação-SINAN. As variáveis analisadas

foram: região de residência, sexo, faixa etária, zona de residência, raça, modo de entrada, critério de

confirmação, presença de co-infecção LV/HIV e desfecho epidemiológico. Foram calculados os

seguintes indicadores: taxa de incidência (geral e por sexo), de cura, de letalidade e de abandono de

tratamento. Por utilizar dados secundários, este trabalho dispensou autorização do comitê de ética.

Resultados: As regiões Norte e Nordeste representaram a grande maioria dos casos diagnosticados

(24,9% e 51,7%, respectivamente). Por outro lado, na região Sul, apenas 9 casos (0,1%) foram

registrados. A incidência da doença teve ligeiro declínio no período estudado, variando entre 4,60/100

mil e 3,21/100 mil. Quanto ao perfil epidemiológico, destaca-se: 52,32% dos indivíduos eram do sexo

masculino, 66,7% da raça parda, 68,8% residiam na zona urbana. 91,17% foram registrados como casos

novos e 84,06% confirmados laboratorialmente. A taxa de cura foi de 73,39%, a de abandono foi de

0,29% e a de letalidade foi de 3,53%. Discussão: A baixa imunidade da população infantil e a exposição

à ambientes de risco tem explicado a magnitude da doença nessa população. Além desses, outros fatores,

como as condições socioeconômicas e de moradia tem impactado na carga da doença. O declínio da

incidência da doença tem relação com as melhoras sanitárias e dos serviços de saúde experimentados nos

últimos anos. É preciso destacar que a letalidade pela doença ainda se configura como um problema a ser

superado. Conclusão: Podemos concluir que a LV na população infantil ainda é um grave problema de

saúde pública no Brasil, fundamentada pela elevada incidência e letalidade. Recomenda-se que políticas

públicas sejam desenvolvidas para acelerar a redução da carga da doença no país.

Palavras-Chave: Leishmaniose. Infância. Letalidade. Incidência.

EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE HIV/AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM

GRUPO DE ADOLESCENTES

Amanda de Oliveira PAIXÃO1

Débora Vitória Melo GABRIEL1

Brena Thaís dos Passos RIBEIRO1

Suzana Souza SANTANA¹

Jéssica Letícia Rodrigues MEDRADO1

Camylla Gomes CAMPOS1

Paula Teles VASCONCELOS²

Carlos Dornels Freire de SOUZA2

Denilson José de OLIVEIRA²

Caroline Dieder Dalmas de ANDRADE²

Marcus Amando Fernandes da SILVA²

Denyse BRITO²

Valéria Miranda dos SANTOS²

Bruna Angela ANTONELLI²

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO

O HIV é o vírus de imunodeficiência humana, agente causador da a AIDS (Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida). Registrada pela primeira vez na década de 1980, hoje configura-se como

um dos mais importantes problemas de saúde pública do mundo. Este trabalho tem como objetivo relatar

a experiência da realização de educação em saúde na prevenção de HIV/AIDS com adolescentes de uma

escola pública no Município de Juazeiro/BA. Foi realizada uma palestra na escola Luiz Eduardo

Magalhães no dia 14 de junho de 2016 as 10:00 da manhã, com duração de 50 minutos, para um público

composto por 47 alunos do 2° e 3° ano do ensino médio. Na ação foram abordados os seguintes temas:

Definição do termo HIV e AIDS, modos de transmissão, uso de preservativos nos diferentes tipos de

relações sexuais e formas de prevenção. Além disso, foi aplicado um questionário para avaliar o

conhecimento dos alunos sobre o tema. 90% dos alunos presentes durante a palestra tinham um

conhecimento prévio sobre HIV/aids e vias de transmissão. Esses dados apontam que esses jovens

possuem alguns conhecimentos sobre o HIV/aids compatível com seu grau de escolaridade. A vivência

de educação em saúde proporcionou uma experiência desafiadora na construção do artigo, visto que esta

foi realizada superando o modelo tradicional em sala de aula, desenvolvendo uma

atividade interdisciplinar e de cunho social. Conclui-se que há necessidade de inclusão de discussões

permanentes, debates nas escolas sobre o tema em questão, favorecendo a participação ativa dos atores

envolvidos.

Palavras-Chaves: AIDS, educação em saúde, prevenção.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

2

A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NA MICROCEFALIA

Gabriel Henrique Barbosa MIRANDA1

Géssica Luana Oliveira da SILVA1

Ingride Ítala Souza Alencar TELES1

Jéssica Pinheiro dos SANTOS1

Jéssica Silva Hermenegildo de SOUZA1

Maria de Fátima Nascimento dos REIS1

Priscilla Silva Hermenegildo de SOUZA1

Carlos Dornels Freire de Souza2

Denilson José de Oliveira2

Caroline Dieder Dalmas de Andrade

2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

Resumo:

O aumento das notificações de casos de microcefalia em Pernambuco, Brasil, e no Nordeste caracterizou

uma epidemia que levou o Ministério da Saúde a decretar emergência nacional de saúde pública.

Inicialmente, o Ministério da Saúde definiu como suspeitos recém-nascidos de 37 semanas ou mais de

idade gestacional (IG) e com perímetro cefálico (PC) de 32cm. O rápido aumento do número de casos

suspeitos de microcefalia em recém-nascidos vivos, a partir de agosto de 2015, em Pernambuco,

Nordeste do Brasil, chamou atenção dos médicos dos sistemas público e privado de saúde do estado. A

possível associação do aumento de casos de microcefalia com surtos de infecção pelo vírus Zika,

ocorridos no Brasil em meados de 2015, principalmente no Nordeste, passou a ser objeto de

investigações. Não existe um tratamento característico para a microcefalia, possuem meios que auxiliam

o desenvolvimento da criança. Cada criança apresenta sinais diversos e por esse motivo devem ser

atendidas por uma equipe médica multidisciplinares. A microcefalia causa sérias sequelas e ela pode

estar associada a desnutrição, drogas, toxoplasmose, zika, uma diversidade de anormalidade e síndromes

metabólicas e/ou genéticas, agressões ambientais, e causas ainda desconhecidas podem afetar

crescimento e desenvolvimento do cérebro. A Fisioterapia atua no tratamento da microcefalia utilizando

alguns métodos, como reabilitação, uso de órteses e próteses. São necessárias algumas ações para

diminuir alguns vetores, consequentemente diminui também as faixas de incidência e também a mal

formação congênita da microcefalia.

CONVERSANDO SOBRE A TUBERCULOSE COM PACIENTES DO CENTRO DE

INFORMAÇÕES EM DST-HIV/AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Ádria Caroline de SOUZA1

Ana Caroline Batista MAIA¹

Araly Carvalho Guimarães COELHO1

Hanna da Silva DIAS1

Jamilly Carvalho SANTOS1

Rita de Kássia Silva de Marques

FERREIRA1

Valquíria da Costa RIBEIRO1,

Bruna Ângela ANTONELLI²

Carlos Dornels Freire de SOUZA²,

Caroline Dieder Dalmas de ANDRADE²,

Denilson José de OLIVEIRA²,

Denyse Brito NUNES²

Marcus Amando Fernandes da SILVA²

Paula Teles VASCONCELOS²

Valéria Miranda dos SANTOS²

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO

Introdução: Em meados do século XVIII, a tuberculose foi evidenciada como uma doença de

representação romântica, sendo utilizada pelos poetas no seu projeto de negação do “mundo concreto” e

de expressão de sua desilusão para com a vida social. No entanto sabe-se que a tuberculose é uma doena

infecto contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). A infecção por

esse bacilo dá-se através do ar, da tosse, da fala ou do espirro de um indivíduo doente e a sua inalação

ocasiona alterações no organismo do indivíduo infectado. Objetivo: Esclarecer o que é a tuberculose,

para que a sociedade saiba o que fazer e como tratar evitando assim que o preconceito persista e que não

contribua para as consequências da progressão da patologia. Metodologia: A presente pesquisa trata-se

de um estudo de caso onde foram relatados a experiência vivenciada na execução de uma palestra

ministrada à pacientes da unidade do CIDHA- Centro de informações em DST- HIV/AIDS em Juazeiro-

Bahia. Na explanação da palestra foram abordados o tema tuberculose explicando conceitos e

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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esclarecendo as dúvidas da comunidade para uma melhor compreensão da doença, auxiliando assim um

melhor tratamento e consequentemente uma redução do número de casos na cidade. Além da execução

da palestra foi efetuada uma pesquisa nas bases de dados BVS e Scielo buscando artigos que

compreendessem o tema abordado para um melhor estudo de caso. Resultados: A população que

participou da palestra não tinha conhecimentos prévios sobre a doença nem mesmo que a fisioterapia

poderia atuar no tratamento, sendo assim válido todo o conhecimento transmitido durante a palestra para

que os ouvintes pudessem conhecer essa doença que é tão antiga e que mesmo assim desconhecida por

parte da população. Conclusão: A pesquisa contribuiu de forma positiva na vida dos pacientes ouvintes,

visto que agregou conhecimento para eles sobre uma patologia antiga que é pouco informada para a

população, principalmente para a população carente e com restrições ao acesso de informação.

Palavras- chave: Tuberculose. Fisioterapia na tuberculose. Preconceito na tuberculose.

H1N1 – A PREVENÇÃO COMO A MELHOR FORMA DE COMBATER A DOENÇA

Andréa Lira Pinheiro de SOUZA1

Eric Pereira de SOUZA1

Giovana Cristine Castro Amorim LINS1

Renata dos Santos Lopes ALMEIDA1

Sarah Patrícia Alves dos SANTOS1

Vitor Ravi Marques Miranda RODRIGUES1

Yure Santos Castro ALVES1

Carlos Dornels Freire de Souza²

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

Resumo:

Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicos do curso De Fisioterapia do terceiro

período da Faculdade São Francisco de Juazeiro, que desenvolveram uma atividade a título informativo

do componente curricular interdisciplinar: CONINTA. Essa atividade ocorreu no mês de Junho de 2016,

no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), localizado no Bairro Dom Avelar, no município

de Petrolina–PE. Diante esta realidade, a disciplina apresentou como proposta realizar um diálogo com

grupos de crianças de 07 a 12 anos, adolescentes, mães e gestantes do programa Mãe Coruja e com

idosos. Para tanto, os discentes realizaram uma palestra sobre o tema Influenza A/H1N1, com objetivo de

abordar os sinais e sintomas, formas de contagio, tratamento e prevenção, assim como retirar dúvidas dos

participantes. Também foram utilizadas técnicas de RTM como a Tapotagem. Durante esse diálogo foi

abordado questões no intuito de saber o conhecimento prévio dos presentes sobre o assunto. Além da

palestra, como forma de revisão foi mostrado uma animação em forma de vídeo de nome H1N1 com a

Turma da Mônica, que apresenta uma linguagem mais simples e divertida. Após o vídeo foi feito para as

crianças uma atividade lúdica, com desenhos e pinturas sobre a temática abordada e para os jovens e

adultos um pequeno questionário afim de saber o nível de absorção de conteúdo dos mesmos. Ao termino

da palestra foram distribuídos folhetos informativos sobre o tema.

Palavras-Chave: H1N1; Influenza; educação em saúde.

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMAS: SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ

NO CONTEXTO INTERDISCIPLINAR

Bruno Eugênio Ferreira¹

Carlos Eduardo De Almeida¹

Pamella Wanessa¹

Henrique Santos¹

Paula Teles Vasconcelos2

Carlos Dornels Freire Souza2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

2

RESUMO Introdução: A síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polirradiculopatia desmielinizante de

inflamação aguda, autoimune, de apresentações geralmente com reversibilidade, os sintomas sucedem

episódios infecciosos, principalmente os de quadros virais. A ABP tem uma relevância maior sobre o

ensino tradicional, a troca do conhecimento fragmentado, ofertado em disciplinas, por uma problemática

real, que envolvam diversos aspectos educativos, favorece uma aprendizagem ampla, contextual e, ainda,

gera a integração dos conteúdos curriculares dos ciclos básico e clinico. Objetivo: Relatar a experiência

de aprendizagem baseada em problemas utilizando como disparadores de aprendizagem a Síndrome de

Guilain-Barré e a interdisciplinaridade. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência realizado a

partir de uma pratica com grupo tutorial, tendo como eixo direcional a aprendizagem problematizada.

Foram realizados quatro encontros com a participação de quatro alunos do 3° período de fisioterapia,

sendo dois desses com a presença da orientadora. Resultados: Por meio dos objetivos de pesquisa

identificados através da situação-problema proposta pela ABP, foi possível elucidar algumas questões

acerca da SGB, como sua causa (fisiopatologia da doença), os principais acometimentos, tipos de

tratamento dentro da Fisioterapia em cada fase da doença (aguda ou crônica), relacionar a atuação da

equipe multidisciplinar, principalmente o psicólogo e fisioterapeuta no processo de aceitação da

síndrome pelo paciente. Conclusão: O estudo em questão motivou a busca por maiores esclarecimentos

sobre a SGB num contexto de interdisciplinaridade, visando um conhecimento participativo e atuante dos

envolvidos em todo o processo de obtenção de informações. Despertando interesse e motivação na

construção do saber acerca do tema proposto e tornando os integrantes do grupo agentes construtores. O

uso da metodologia ativa estimulou de forma eficaz a pesquisa através da sequência dos 7 passos

propostos pela ABP.

GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA NA POPULAÇÃO IDOSA AFETADA PELA

HANSENÍASE NO ESTADO DA BAHIA: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO ENTRE

2001 E 2012.

Aryane Vallesca Mendonça de Sousa¹

Camila Oliveira da Silva¹

Leny Gleystiane Miguel Santana¹

Mariana Castro Lopes¹

Mariana Coelho Sento-Sé¹

Slayra Enels Silva Tranquilli¹

Wandreya Tainá Freire Godim¹

Carlos Dornels Freire de Souza2

Denilson José Oliveira2

Paula Telles2

Bruna Antonelli2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO

Introdução: Nos países em desenvolvimento são considerados idosos aqueles indivíduos com 60 anos e

mais. No Brasil, essa população já ultrapassa 23 milhões de pessoas. A hanseníase é uma doença

infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae e representa um dos mais importantes problemas de saúde

pública no Brasil, em razão da magnitude da doença e das graves incapacidades físicas que pode gerar.

Objetivo: Demonstrar a carga da doença em idosos no estado da Bahia, descrever o perfil

epidemiológicos e analisar o grau de incapacidade física nessa população.

Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal e descritivo envolvendo todos

os casos novos de hanseníase diagnosticados em idosos residentes no estado da Bahia, entre os anos de

2001 e 2012. Os dados foram obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação- SINAN, base

estadual; já os dados populacionais necessários foram coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística –IBGE. Após a coleta, foram calculados os coeficientes de detecção de casos novos na

população geral e na idosa. Além dos indicadores, foram traçados os perfis sociodemográfico e

epidemiológico. Por fim, foi conduzida a análise do grau de incapacidade física.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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Resultados: O coeficiente de detecção na população idosa é muito superior ao coeficiente na população

geral (pico de 53,09/100 mil e 28,44/100 mil, respectivamente). O coeficiente de detecção foi maior no

sexo masculino (45,10/100 mil) e na faixa etária 60-69 anos (43,03/100 mil). Foi observada também a

baixa escolaridade dos casos registrados (31,04% de analfabetos). A classificação operacional que

prevaleceu foi a multibacilar e a classificação clínica dimorfa. Quanto ao grau de incapacidade, foi

observada que a proporção de homens com incapacidades físicas foi maior do que o de mulheres. Por

outro lado, a proporção de mulheres com grau zero de incapacidade foi maior.

Discussão: Características do processo de envelhecimento, com a queda da imunidade tem explicado

porque a magnitude da hanseníase é maior na população idosa. Além disso, é pertinente destacar que

aspectos culturais de negligenciamento do corpo masculino tem relação com a maior ocorrência de

incapacidades físicas na população idosa do sexo masculino. Outro aspecto relevante diz respeito ao

diagnóstico tardio, uma vez que a grande maioria dos casos diagnosticados são dimorfos (classificação

clínica) e multibacilar (classificação operacional).

Conclusão: A doença se mantém com elevada magnitude no estado da Bahia, com destaque para a

população idosa. Nesse grupo, predomina o sexo masculino, a baixa escolaridade, a forma clínica

dimorfa e a classificação operacional multibacilar. Podemos concluir ainda que há diferença no grau de

incapacidade quando comparados os sexos, sendo os homens com mais incapacidades físicas do que as

mulheres. Recomenda-se que políticas públicas devem ser implantadas considerando tais peculiaridades.

Palavras-Chaves: hanseníase; idoso; GIF; incapacidade física.

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA ASSOCIADA A ACUPUNTURA NA

PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA

Lucas Carvalho de Macedo¹

Victor Lucas Batista Nascimento¹

Carlos Dornels Freire de Souza2

Marcus Armando Fernandes da Silva2

Denilson José de Oliveira2

Bruna Ângela Antonelli2

¹Discentes da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil. 2Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro - FASJ, Departamento de Fisioterapia, Juazeiro - BA , Brasil.

RESUMO

Introdução. A Paralisia Facial Periférica é uma síndrome clínica de etiologia incerta, resultante da lesão

do nervo facial. Objetivo. Relatar a intervenção fisioterapêutica associada a acupuntura em indivíduo

com paralisia facial periférica, atendido no Laboratório Multifuncional da Faculdade São Francisco de

Juazeiro, no período entre março e junho de 2016. Método: Trata-se de um relato de caso. Inicialmente,

realizou-se a anamnese e o exame físico do paciente, usando o sistema de classificação de House-

Brackmann. Após a avaliação, foi traçado um plano terapêutico composto por 50 sessões de fisioterapia,

realizadas diariamente, exceto em finais de semanas e feriados. O programa foi composto por

eletroterapia com corrente Aussie, massoterapia, cinesioterapia, Facilitação Neuromuscular

Proprioceptiva e acupuntura. Resultados. Após o tratamento, o paciente foi reavaliado. Quanto a

classificação de House-Brakmann, a função motora foi classificada como normal, com alinhamento do

ângulo da boca, capacidade de fechamento palpebral alternado e sem lagoftalmo, de enrugamento da

testa, de assovio e de sugar usando canudo. Conclusões. A abordagem fisioterapêutica proposta mostrou-

se eficaz na recuperação neuromotora do paciente com paralisia facial periférica.

Palavras-Chave: Fisioterapia, paralisia facial, acupuntura, terapia por estimulação elétrica.

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Revista Expansão Acadêmica. Ano 2, n. 3, jul./dez. 2016

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FISIOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA

Carine Freitas e Silva1

Edi Paulo da Silva1

Renivaldo Batista Dias1

Rosimeire Araújo dos Santos1

Prof. Carlos Dornels Freire de Souza (Orientador)2

1Discente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro. 2Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade São Francisco de Juazeiro.

Resumo:

A saúde pública no Brasil é de responsabilidade do poder público, garantido pela constituição, e possui a

finalidade de garantir atendimento gratuito e eficiente para a população, dividido em estágios primário,

secundário e terciário de atenção, de acordo com o grau de complexidade patológica. Nessa perspectiva,

o trabalho em questão visa compreender a proposta de atuação do profissional fisioterapeuta inserido na

saúde pública, bem como os níveis de atenção à saúde e ao trabalho do profissional na atenção primária,

que pode se desenvolver em unidades básicas de saúde através do Núcleo de Atenção à Saúde da Família

(NASF); em núcleos de vigilância sanitária; em centros de referência e em núcleos de epidemiologia,

como epidemiologista ou como sanitarista (especialista em saúde pública), no cuidado amplo ao paciente

e suas complexidades físicas, biológicas e psicossociais. A metodologia aplicada consistiu-se na

elaboração de um questionário contendo doze perguntas com abordagem ampla, direcionada ao

Fisioterapeuta do Posto de Saúde do Bairro Angari, na cidade de Juazeiro-BA, com posterior análise de

discurso, assim como também foram consultados livros e revistas da área da fisioterapia. Observou-se

que existem amplas possibilidades de carreira e esta profissão não se limita às especialidades clínicas

normalmente pressupostas, a fisioterapia mostra-se transversa a diversas outras áreas da saúde. Os

resultados indicam que a atuação do fisioterapeuta na saúde pública, além de necessária, exige um olhar

mais sensível do profissional sob o paciente, estendendo-se a visão social e promovendo saúde e

cidadania em conjunto.

Palavras-chave: Saúde pública; fisioterapia; cidadania.