promotor da lei concursal utiliza-a para lucrar com a...

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nÚmero 110 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica vitaminas Para o GaleGo 20 O NOVAS dA GALIzA e outros 17 projetos comunicativos lançam umha campa- nha destinada à arrecadaçom de fun- dos e à implicaçom cidadá no apoio à informaçom em galego. Tece-se a se- mente de umha associaçom de meios. Paralisam a risGa 4 Quando a pobreza se socializa, a Jun- ta decidiu manter praticamente a mes- ma dotaçom que no ano passado para a renda básica de inserçom destinada aos e às mais desfavorecidas. O nú- mero de requerentes duplicou-se. N ovas da G ali a “A Europa está a acabar com o naval galego, apoiada polos Governos do Estado espanhol” MANUEl DOMí NgUEZ NgUEZ trabalhador pré-jubilado do setor naval val Pág. 6 oPiniom CONTRA A iNVASOM EóliCA por Duarte Ferrín / 3 “RETiRAREMOS OS SiNOS DA igREjA” por Ana gonzález jove / 3 MUiTO POR SAChAR por Xan Carlos Ánsia / 28 suPlemento Central a revista A VOZ DO CONDADO, PRECURSOR DO NOVAS Pequena história dos oito exemplares do jornal anticaciquista que a Junta de Vizinhos da comarca tirou entre 1977 e 1979 O ENTERRADOR E OS SEUS MORTOS Publicamos o primeiro relato premiado no certame promovido por NOVAS dA GALIzA e Edicións Positivas, escrito por Xabier Vieiro BNG debate o seu futuro na assembleia mais tensa friCçons internas ameaçam a frente O BNG volta a jogar-se o seu fu- turo numha Assembleia Nacio- nal. Mas desta vez, o debate e a fricçom parecem poder alcançar limites de insustentabilidade. A pergunta chave é, como sempre, se as diferenças ideológicas, e também pessoais, podem operar como forças suficientemente im- portantes para romper o equilí- brio instável no nacionalismo ins- titucional. Ver a fortaleza da inér- cia de umha marca eleitoral as- sente e de um projeto comum que leva tecendo-se e destecendo-se desde o final da ditadura. As pro- postas da UPG, Mais Galiza, o Encontro Irmandinho e o Movi- mento Galego ao Socialismo, que serám confrontadas no próximo dia 28 de janeiro, som examina- das a fundo polo NOVAS. / PÁG. 18 Promotor da Lei Concursal utiliza-a para lucrar com a crise Exclusom continua noutros guetos Populaçom cigana, imigrante e marginalizada é levada para assentamentos precários e carece de direitos sociais / PÁG. 17 O ex-deputado Carlos Mantilla é acusado de dilatar processos de intervençom de empresas para obter benefícios económicos a partir do marco legal que promoveu O economista viguês e militante do Partido Popular Carlos Mantil- la foi o relator e principal impul- sionador da Lei Concursal que foi aprovada em 2003 no Parlamento espanhol. Na atualidade dirige umha consultora que assessora empresas em processos de que- bra e exerce como administrador concursal do estaleiro Barreras e do grupo empresarial Proinsa, polo qual obtém importantes lu- cros na aplicaçom do texto legis- lativo do qual afirma sentir-se pai. Acusam-no de dilatar interessei- ramente os procedimentos para incrementar os seus ganhos e pom como exemplo o caso da Proinsa, um grupo societário que iniciou a fase concursal em abril de 2008 e que nos dias de hoje ainda nom pagou aos seus traba- lhadores as dívidas pendentes, apesar de dispor de mais de um milhom de euros na sua conta bancária. Há empresas que asses- soram ao mesmo tempo socieda- des em falência e aos seus credo- res, abrindo portas a atuaçons ilí- citas com fins lucrativos. / PÁG. 16 GABRIEL TIZÓN

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Page 1: Promotor da Lei Concursal utiliza-a para lucrar com a crisenovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz110.pdf · nÚmero 110 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012 1,20 € p e r i

nÚmero 110 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

vitaminas Para o GaleGo 20O NOVAS dA GALIzA e outros 17 projetoscomunicativos lançam umha campa-nha destinada à arrecadaçom de fun-dos e à implicaçom cidadá no apoio àinformaçom em galego. Tece-se a se-mente de umha associaçom de meios.

Paralisam a risGa 4Quando a pobreza se socializa, a Jun-ta decidiu manter praticamente a mes-ma dotaçom que no ano passado paraa renda básica de inserçom destinadaaos e às mais desfavorecidas. O nú-mero de requerentes duplicou-se.

Novas da Gali a

“A Europa está

a acabar com

o naval galego,

apoiada polos

Governos do

Estado espanhol”

MANUEl DOMíNgUEZNgUEZtrabalhador pré-jubilado do setor navalvalPág. 6

oPiniom

CONTRA A iNVASOM EóliCA por Duarte Ferrín / 3

“RETiRAREMOS OS SiNOS DA igREjA”por Ana gonzález jove / 3

MUiTO POR SAChAR por Xan Carlos Ánsia / 28

suPlemento Central a revista

A VOZ DO CONDADO, PRECURSOR DO NOVASPequena história dos oito exemplares do jornal anticaciquista que a Junta de Vizinhos da comarca tirou entre 1977 e 1979

O ENTERRADOR E OS SEUS MORTOSPublicamos o primeiro relato premiado no certame promovido porNOVAS dA GALIzA e Edicións Positivas, escrito por Xabier Vieiro

BNG debate o seu futurona assembleia mais tensa

friCçons internas ameaçam a frente

O BNG volta a jogar-se o seu fu-turo numha Assembleia Nacio-nal. Mas desta vez, o debate e africçom parecem poder alcançarlimites de insustentabilidade. Apergunta chave é, como sempre,se as diferenças ideológicas, etambém pessoais, podem operarcomo forças suficientemente im-portantes para romper o equilí-brio instável no nacionalismo ins-

titucional. Ver a fortaleza da inér-cia de umha marca eleitoral as-sente e de um projeto comum queleva tecendo-se e destecendo-sedesde o final da ditadura. As pro-postas da UPG, Mais Galiza, oEncontro Irmandinho e o Movi-mento Galego ao Socialismo, queserám confrontadas no próximodia 28 de janeiro, som examina-das a fundo polo NOVAS. / PÁG. 18

Promotor da Lei Concursal utiliza-a para lucrar com a crise

Exclusom continua noutros guetosPopulaçom cigana, imigrante e marginalizada é levada paraassentamentos precários e carece de direitos sociais / PÁG. 17

O ex-deputado Carlos Mantilla é acusado de dilatar processos de intervençom deempresas para obter benefícios económicos a partir do marco legal que promoveuO economista viguês e militantedo Partido Popular Carlos Mantil-la foi o relator e principal impul-sionador da Lei Concursal que foiaprovada em 2003 no Parlamentoespanhol. Na atualidade dirigeumha consultora que assessoraempresas em processos de que-bra e exerce como administradorconcursal do estaleiro Barreras edo grupo empresarial Proinsa,polo qual obtém importantes lu-cros na aplicaçom do texto legis-lativo do qual afirma sentir-se pai.Acusam-no de dilatar interessei-

ramente os procedimentos paraincrementar os seus ganhos epom como exemplo o caso daProinsa, um grupo societário queiniciou a fase concursal em abrilde 2008 e que nos dias de hojeainda nom pagou aos seus traba-lhadores as dívidas pendentes,apesar de dispor de mais de ummilhom de euros na sua contabancária. Há empresas que asses-soram ao mesmo tempo socieda-des em falência e aos seus credo-res, abrindo portas a atuaçons ilí-citas com fins lucrativos. / PÁG. 16

GABRIEL TIZÓN

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02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDiTORAMiNhO MEDiA S.l.

DiRETORCarlos Barros gonçales

CONSElhO DE REDAçOMCarlos Calvo Varela, iván garcía Riobó, Aarón lópez Rivas, Antia Rodríguez garcía,Xoán Rodríguez Sampedro, Olga Romasanta,Alonso Vidal, Paulo Vilasenin

SECçONSCronologia: iván Cuevas / Economia: Aarónlópez Rivas / Agro: Paulo Vilasenin e jéssi-ca Rei / Mar: Afonso Dieste / Media: Xoán

R. Sampedro e gustavo luca / A Terra Tre-me: Daniel R. Cao / Além Minho: EduardoS. Maragoto / Povos: josé Antom Muros,Fernando Arrizado / Dito e Feito: Olga Ro-masanta / A Denúncia: iván garcía / Cultu-ra: Antia Rodríguez / Desportos: NgZ, Xer-mán Viluba e ismael Saborido / Sexualida-de: Beatriz Santos / Consumir Menos, ViverMelhor: Toni lodeiro / A Criança Natural:Maria Álvares Rei / Agenda: irene Cancelas/ A Foto: Sole Rei / Tempos Modernos - EmTempos: Carlos Calvo / A galiza Natural:joão Aveledo / gastronomia: luzia Rgues.,Sino Seco / língua Nacional: Valentim R.Fagim / Criaçom: Patricia janeiro / Cinema:Francesco Traficante, Xurxo Chirro

DESENhO gRÁFiCO E MAQUETAçOMManuel Pintor, helena irímia, hilda Carvalho

FOTOgRAFiAArquivo NgZ, Sole Rei, galiza independente(gZi-Foto), Natália gonçalves, Zélia garcia

ADMiNiSTRAçOMSara Pérez Neira

lOgíSTiCASuso Diz, josé Viana e Daniel R. Cao

AUDiOViSUAl: galiza Contrainfo

iMAgEM CORPORATiVA: Miguel garcía

hUMOR gRÁFiCOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé lois hermo,Franxo Padín, Ruth Caramés, Pepe Carreiro

CORREçOM liNgÜíSTiCAEduardo S. Maragoto, Fernando V. Corredoira, Vanessa Vila Verde, Mário herrero (A Revista)

COlABORAM NESTE NÚMEROAna glez., D. Ferrín, Xavier Fidalgo, Ana Paz,josé Quintiá, Begoña de Bernardo, M. Casallodeiro, Xiao Varela, R. Campos, Raul Rios,gabriel Tizón, Maria Frá, Sílvia Pinha, AntiaPinheiro, X.C. Ánsia, Xabier Vieiro, j. Vilariño

FEChO DE EDiçOM: 14/01/2012

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

ÁlCool e menores

As nossas vozes ainda mostramindignaçom perante o peculiarcomeço de 2012 que tivemos queenfrentar. A primeira noite do anotransformou-se num pequeno in-ferno invadido pola mentira e aastúcia. Nos dias prévios, polasredes sociais atroava a publicida-de da conhecida “rota” que com-preendia três estabelecimentos:Pirámide, Loft 36 e Ola Green.Por 35 euros ofereciam o bilhetepara entrada à discoteca e baraberto de bebidas alcoólicas. Um-ha oferta sem dúvida tentadora.Porém, o único que recebemosem troca deste dinheiro foi o fortevento do atlántico, que gelou anossa esperança. Aproveitárom-se da nossa inocência, empregan-do os nossos amigos, menores deidade, para venderem os seus bi-lhetes fraudulentos. Camuflá-rom-se atrás deles oferecendo-lhes umha pequena porçom dolucro, tecendo assim a sua redetransparente. Ao chegarmos aoprimeiro bar, o porteiro arrancou-nos o bilhete de entrada. Em tro-ca, recebemos umha pulseira semnengumha funçom. deste modo,alimentavam a impossibilidade

de reclamarmos o montante e fi-carmos nós sem nengumha justi-ficaçom. O representante de umdos pubs prometeu-nos que nin-guém nos ia ouvir, com um sorri-so sarcástico. Mas isto nom podeficar assim: os nossos coraçonspedem umha resposta forte dajustiça, para continuar a acreditarnela. Como se entende que utili-zem menores para oferecerembar aberto de álcool (gratuitodentro do bar)? Onde foi o nossodinheiro, aforrado durante tantotempo? Provavelmente, nom o re-cuperaremos jamais. Mas a nossaforça nom se esgotará nunca!

Checho Parada (Corunha)

ataque Contra a vizinhança de teis

No dia 2 de janeiro, às 9h00 da ma-nhá, o pessoal da associaçom vici-nal de Teis no centro cívico, a juntadiretiva e um grupo de vizinhos evizinhas, apresentamo-nos nasinstalaçons do centro cívico deTeis e comprovamos que a sedeutilizada pola associaçom estavafechada e o pessoal da associaçomnom pudo desenvolver a atividadecomo figemos ao longo destes 9

anos, ainda que o centro cívico es-tivesse aberto. Nós, a vizinhança,continuamos concentrados no in-terior do centro cívico durante um-ha hora, até as 10h00 da manhá,para mostrar a nossa indignaçom.Como já a tínhamos convocada,para aquela tarde às 19h00 horas,realizamos umha nova assembleiano centro cívico, para decidir quemedidas de pressom tomar. A as-sociaçom já informou telefonica-mente do acontecido aos gruposmunicipais do PP e do BNG.

Esta associaçom nom vai renun-ciar a continuar com a reivindica-çom de gestom destas instalaçonsmunicipais. Impedir naquela ma-nhá que a associaçom pudesseusar as instalaçons é um ataquesem precedentes ao movimentovicinal e um recuo da participa-çom na cidade de Vigo. Teríamosde voltar ao Franquismo para en-contrar um facto semelhante.

Anxo Iglesias Covelo éSecretário da A.V. de Teis

soluçons Para o Caminho do Penisal

A Agrupaçom de Eleitores de Re-dondela (AER) levou como per-gunta a plenário o problema doCaminho do Penisal e anexos, emChapela. Provém de umha obranom finalizada, o qual gera incon-venientes aos vizinhos, perigo pa-ra os rapazes e raparigas que ousam como rota para irem à escolae também problemas de circula-çom nuns caminhos já deficientes.AER perguntou no plenário paraquando haverá umha soluçom e sese pediriam compensaçons. O go-verno local descarta pedir com-pensaçons, já que dim que o quegerou este problema foi o projetodo próprio Concelho. A perguntade quando haverá umha soluçomrecebeu por resposta o mesmo quehá três meses: afirmam que estáma pressionar a deputaçom paraque finalizem a obra; mas quenom depende do Concelho, poloque nom podem marcar prazos...Pola parte da AER, nom deixare-mos de nos preocupar por esteproblema até que tenha soluçom.

Agrupaçom de Eleitores de Redondela (AER)

Airrupçom do PP no Gover-no do Estado augura tem-pos mais duros para a

maioria social e fai prever umhaintensificaçom do controlo espa-nhol sobre as naçons que nom dis-ponhem de recursos para decidi-rem sobre o seu destino. A radica-lizaçom na aplicaçom dos ditamesneoliberais e a reforma do modelode Estado que querem implemen-tar os ideólogos da FAES situam onosso país numha encruzilhadaperante a qual as forças naciona-

listas, soberanistas e de esquerdadeverám estar à altura das circuns-táncias para responderem com aaudácia que exige um momentohistórico como o que enfrentamos.

No entanto, que a direita espa-nholista ocupe os centros de poderem Madrid, Compostela e na maio-ria dos concelhos nom deve mudaros desafios atuais de um movimen-to popular que aspira a tornar rea-lidade um modelo social qualitati-va e radicalmente diferente. Aliás,deve servir como incentivo para

alimentar a construçom de umhaalternativa que nom tenha que de-pender de resultados eleitorais. Aalternativa que se constrói passo apasso, partindo de baixo e alicer-çando todas e cada umha das fer-ramentas e recursos que visam oobjetivo de fazer gomar a Galizaque sonhamos. Essa é a aposta in-subornável que um movimentoque pretende ter futuro deve pôrnas maos do povo a que se deve.

deste modo, o fortalecimentodos laços de solidariedade entre os

e as que padecemos as injustiçasdo capitalismo, a criaçom de coo-perativas de produçom e consumo,a articulaçom de redes que favore-çam sinergias entre os recursoscom que já contamos, o impulsio-namento de alternativas para o en-sino e a formaçom, o conhecimen-to e reconhecimento mútuo dasiniciativas populares, o fomento ea expansom dos nossos centros so-ciais ou a promoçom de meios decomunicaçom ao serviço dos inte-resses populares som prioridadesque cobram maior releváncia paraa reconstruçom do país quando arealidade que nos corresponde vi-ver se torna mais crua.

Nas maos de quem quer avançarneste caminho está contribuir como seu grao de areia para conseguirdar passos em frente. A travessia élonga e os seus entraves inúmeros.Porém, todas as conquistas que al-cançarmos, todo o que ganharmose edificarmos, partirá do própriopovo e servirá para a sua autoafir-maçom, para o seu empoderamen-to. Só com alicerces e recursospróprios e sólidos poderemos tergarantias para um futuro de nosso.Sem aguardar por ninguém nemdepender de estruturas que só te-nhem contribuído para o nossoprogressivo esmorecimento comocomunidade coletiva.

Sem dependênciaseditorial

humor ruth Caramés

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

Muitas das pessoas do lu-gar nascidas após o 36nunca ouviram falar de

Amador... No Canedo, centro daparóquia monferense do Vale deGestoso, nasce Amador Rodrí-guez Guerra, lá por 1894, na casaao pé da igreja. Nom há muitotempo, descobrimos um artigo pu-blicado em Cátedra. Revista eu-

mesa de estudos, escrito por JuanSobrino e Manuel domínguez queleva por título: Amador Rodríguez

Guerra (1894-1936). Umha voz si-

lenciada do agrarismo eumês. FoiAmador um homem provenientede umha família de labregos aoqual a paróquia do Vale de Gesto-so deve a fundaçom, em meadosde 1918, da ‘Sociedade agrícola dedefesa vicinal de Vale Gestoso’(Monfero), hoje chamada ‘Coo-perativa Vale Gestoso’.

“A nossa cooperativa é de antesda República”, ouve-se dizer, emnom poucas ocasions e com orgu-lho, a muitos velhos e velhas daparóquia, mas ninguém fala doseu fundador. Há quem saiba dasua existência, mas os relatos es-tám cheios de névoa e misturam-se histórias em que se confundemdados e pessoas.

di a neta do velho Casavellaque o seu avô falava de Amador

como um homem com muito gé-nio, um homem valente, e lembra-va umha frase que ele sempre di-zia: “Algum dia retiraremos ossinos da igreja do Canedo”.

Foi umha pessoa com-prometida, um homemfundamental que pre-tendeu profundas re-formas sociais e po-líticas participan-do da fundaçomdo Partido Agrá-rio Radical Ga-lego (PARG).Em La Voz del

Agro, órgao deexpressom dopartido, que saià luz em 1932sob a direçomde Amador, já seindicavam algunsdos seus objetivos:“denunciar injusti-ças, assinalar defeitose defendermo-nos, os tra-balhadores, dos atropelosque a diário se cometem connos-co, ao mesmo tempo que trabalha-remos incansáveis porque a Gali-za saia do ostracismo e do aban-dono em que vive para se incor-porar com toda a decisom ao con-certo dos povos livres”.

Foi um radical, um portentosoradical que luitou por converter o

m o v i -mentoagra-

rista numhaforça política

centrada no país, queequiparou a luita agrária

com a luita operária urba-na e que defendeu a organi-

zaçom política do campesinato,mostrando sempre um grande

interesse polas coincidências en-tre agrarismo e nacionalismo.Comprometido na defesa do regi-me republicano, também publicoulivros sobre a telegrafia e a radiote-lefonia no momento, passatempoque o acompanhou na vida.

A casa de Guerra ainda existe,como todas as casas da aldeia

com o seu nome e per-sonal idade

pró-pria, co-

mo um ser vivoque evolui partindo da sua própriaexperiência. Os de Guerra nomvotam, nunca votárom. O mais ve-lho da casa, cheio de boas inten-çons gosta de dar conselhos àgente nova: “digo-cho polo teubem, deixa a política, nom te me-

tas nisso, nom che vai compen-sar…”. A casa de Guerra ficou ca-pada de liberdade de expressomherdando, ao longo de geraçonssucessivas, umha atitude de acei-taçom do sistema em que corres-ponda viver em cada momento.

Contodo, o artigo que referi-mos ao começo provocou grandeemoçom em Gestoso, converten-do-se na escussa ideal para tor-nar Amador o protagonista denom poucas conversas no lugar.Este estudo chegou às minhasmaos através de um rapaz entra-nhável que conhecim um domin-go de verao numha sessom ver-

mute na paróquia de Sam Paio,em Castro Verde, Antom Santos,um dos bons e generosos.

Amador foi assassinado a 18de setembro de 1936

no Vale do Ín-cio. Nos

dias dehoje, pas-sados 75 anos,Antom Santos estápreso no cárcere de Aranjuez, coma ruim intençom de silenciar a suavoz e assassinar as suas ideias.

Os sinos da igreja ainda nom fô-

rom retirados, como apregoouAmador um dia, e continuam asoar as mesmas badaladas desempre: duas pequenas e umhagrande por umha mulher; duasgrandes e umha pequena se omorto for homem...

Ana Glez. Jove é concelheira do BNG em

Monfero e ativista da A.C. O Abordelo

oPiniom

Apotência de energia eólicainstalada na Galiza igua-la, na atualidade, a de hi-

dráulica. Em 2009 representavaquase 20% do total do Estado com87 parques e 4.000 aerogerado-res, um índice de moinhos porunidade de superfície que já tri-plicava a média do Estado.

Segundo dados de Rede Elétri-

ca Espanhola, de 2010, a Galizaproduz um excesso de 41% deenergia elétrica em relaçom à queconsome, portanto nom há neces-sidades energéticas que justifi-quem esta invasom. Apesar disso,nom está previsto fechar as cen-trais térmicas poluentes, e argu-menta-se que som necessárias pa-ra regular a produçom, devido àvariaçom do vento e para quandoeste escasseia. Tampouco vamdeixar de construir-se centrais hi-droelétricas e minicentrais nosrios, já que há muitos projetos emandamento, e nem sequer vai serestimulada a reduçom do consu-mo. Quer dizer, o Plano Eólico daGaliza nom está pensado para

que esta energia seja alternativa,porque o objetivo é produzirquanta seja possível e vendê-la.Um lucrativo negócio para asgrandes empresas que é rentávelpor ser umha energia subvencio-nada com dinheiro público e quenom deixa mais riqueza no paísque umha pequena esmola aosconcelhos e às pessoas proprietá-rias dos montes, às quais som ex-propriados os terrenos a preço desolo rural se nom chegarem a umacordo com as empresas. Todo is-to sem se ter em conta o aprovei-tamento económico real tiradodos parques eólicos, porque aproduçom desta energia foi decla-rada de utilidade pública, priori-zando-se o seu desenvolvimentosobre outras atividades. Estám-sea instalar parques inclusive ondeo vento é escasso e a produçomeólica só é rentável polas primasrecebidas do Estado.

Para poder exportar esta novaproduçom estám-se a construiras chamadas autoestradas ener-géticas para lugares deficitários.A primeira destas linhas vai paraMadrid, duplicando a capacida-

de atual. A segunda irá pola cos-ta cantábrica, eixo elétrico quenom existia, e umha terceira pa-ra Portugal.

Quanto à criaçom de postos detrabalho, segundo a Universidadede Vigo os parques eólicos sócriam um posto de trabalho fixopor cada 7 MW de potência, e istoquer dizer que para 2.325 MW se-riam criados unicamente 232 pos-tos de trabalho e nom 3.000 comoanuncia a Junta.

A maioria dos parques eólicosafetam zonas de grande valor na-tural, arqueológico, etnográfico,cultural e social, inclusive umhaboa parte deles afetam diretamen-te zonas com diferentes graus deproteçom pola sua riqueza natu-ral. Na proposta da Junta de am-pliaçom de Rede Natura fôrom es-quivadas irracionalmente zonasonde há projetados parques eóli-cos, provocando que haja aeroge-radores e infraestruturas viáriassituados sobre zonas ecologica-mente mais relevantes que algum-has das que se vam proteger.

Esta rede deveria recolher zo-nas com alto valor natural co-municadas por corredores eco-lógicos e nom pequenas parce-las desconexas rodeadas de par-ques industriais.

Muitos parques eólicos estámprojetados em zonas que previa-mente fôrom arrasadas por in-cêndios florestais intencionados,muitos em 2006, algo que, maisdo que umha coincidência pare-ce umha suja estratégia para ar-ruinar os valores culturais, am-bientais e económicos que te-

nhem os nossos montes.O único que deixam estas insta-

laçons no país som grandes exten-sons de natureza artificializadas,serras degradadas geomorfologi-camente, milhares de quilómetrosde pistas de mais de 6 m. de largopolas quais sobem enormes ca-mions, linhas elétricas aéreas ousoterradas e cumes de montescheios de bases de betom para osmoinhos. Sem esquecer a degra-daçom visual e paisagística, osecossistemas estragados, com fau-na e flora arrasada, inclusive espé-cies ameaçadas, a modificaçomdos cursos de água, a degradaçomarqueológica, etnográfica e doselementos do território relaciona-dos com o património imaterial, oimpacto acústico durante a cons-truçom e o funcionamento do par-que, a privatizaçom de facto domonte comunal, a degradaçom dasatividades económicas relaciona-das com o aproveitamento susten-tável e rentável do monte e o im-pacto sobre as atividades sociais(culturais, desportivas e de lazer)associadas ao monte.

E todo isto em nome da utilida-de pública.

Duarte Ferrín é ativista

da Rede Galiza Nom Se vende

Contra a invasom de parques eólicosDuarte Ferrín

“Retiraremos os sinos da igreja do Canedo”Ana gonzález jove

A maioria dos moinhos afetam zonas de grande valornatural, arqueológico,etnográfico, culturale social. Boa parteafetam diretamentezonas com diferentesgraus de proteçompola sua riqueza

Amador guerra foium radical que luitoupor converter oagrarismo numhaforça centrada nopaís, equiparou a luita agrária coma luita operária e defendeu a organizaçom políticado campesinato,mostrando sempreum grande interessepolas coincidênciasentre agrarismo e nacionalismo

Page 4: Promotor da Lei Concursal utiliza-a para lucrar com a crisenovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz110.pdf · nÚmero 110 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012 1,20 € p e r i

NGZ / Seriam por volta de 70 milos galegos e galegas afetadospor umha fraude de retençomde “participaçons preferentes”,umha modalidade bancária queprometia rentabilidade, mas quese viu afetada pola crise.

Segundo umha denúncia deBNG e PSOE, Novagalicia Bancoestá a cometer umha fraude commilhares de clientes aos quais seretém o dinheiro que depositá-rom em “participaçons preferen-tes", para tentar recapitalizar asituaçom financeira da entidade.

Carlos Aymerich polo BNG, eJuan Carlos Francisco Riverapolo PSOE, denunciárom estaprática abusiva, que poderiachegar a afetar uns 70 mil gale-gos e galegas, que vam às enti-

dades financeiras à procura doseu depósito, muitas vezes aspoupanças de muitos anos, e en-contram-se com a imposibilida-de de recuperar o dinheiro.

As "participaçons preferentes"som um instrumento "intermé-dio" entre a obrigaçom e a açom,que pode cotizar em bolsa -subire baixar-, e também tem rendi-mentos anuais de até 7%, comose fosse umha obrigaçom. Po-rém, por causa da crise, estasparticipaçons nom encontramcompradores, de maneira que osseus titulares nom podem ven-dê-las ou recuperar o dinheiroinvestido. Para além disso, mui-tos dos clientes de NG Banconom eram conscientes deste fac-to quando adquirírom o produto.

04 aConteCe Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

aConteCeGraças à abstençom de onze deputadosdo PP, a deputaçom de Lugo nom poderáretirar ao ditador Francisco Franco, PilarPrimo de Rivera e à Falange, as distinçonshonoríficas que lhes concedeu a institui-çom durante a ditadura.

PP defende o fasCismo na dePutaçom de luGo

A nova de Lei de Caça permite obter a li-cença a crianças de 14 de anos para iremcomo acompanhantes. Samuel Juárezpretendeu assegurar o “relevo geracio-nal” nesta prática, sem a qual, julga, nomse pode gerir o meio de forma eficaz.

liCença de Caça Para Crianças de 14 anos

10.12.2011 / Carlos Negreira eGerardo Conde Roa, alcaldesda Corunha e Compostela,usam toponímia deturpada nainauguraçom da linha do TAVCorunha-Ourense.

11.12.2011 / Centenas de pes-soas manifestam-se em Com-postela contra as últimas de-tençons de independentistas.

12.12.2011 / Matilde VázquezRamallal, de 38 anos, é assas-sinada polo seu ex-companhei-

ro sentimental no seu posto detrabalho, em Carral.

13.12.2011 / A CIG Ensino de-nuncia que há 118 licenças deprofessorado sem preencher.

14.12.2011 / Federaçom de A.V.de Vigo acusa o governo deAbel Caballero de nom assinarconvénio de colaboraçom paraafogá-la economicamente.

15.12.2011 / Dezassete associa-çons da cidade da Corunha

fundam umha plataforma emdefesa da faixa bus.

16.12.2011 / Vaticano nomeia bis-po de Ourense José Leonardo Le-mos Montanet, membro da Socie-dade Sacerdotal da Santa Cruz.

17.12.2011 / Conselho Nacionaldo BNG rejeita escolher o can-didato num processo de primá-rias por 49 votos a 43.

18.12.2011 / Incêndio arrasa aconserveira de Lago Paganini

em Cangas e deixa sem empre-go 80 trabalhadoras.

19.12.2011 / Zara aceita investir1,4 milhons de euros em açomsocial no Brasil após as denún-cias de condiçons de semies-cravatura nas empresas fornece-doras e a reclamaçom de umhaindemnizaçom por parte do Mi-nistério do Trabalho brasileiro.

20.12.2011 / Cámara Municipalde Tápia exige à empresa mi-neira Astur Gold que detenha

as sondagens em Salave numprazo de 48 horas.

21.12.2011 / Investigadores doprograma Parga Pondal encer-ram-se no reitorado da USC pa-ra reclamarem umha soluçom àsua situaçom laboral.

22.12.2011 / Vizinhos do Irijo to-mam a Casa do Concelho paraprotestarem pola incineradora.

23.12.2011 / Camiom acidenta-do na AP-9 provoca um despe-

CronoloGia

Risga fica quase paralisadaeste ano enquanto o númerode requerentes duplica

soCializaçom da Pobreza estende-se de modo alarmanteNGZ / A procura de apoio social depessoas e famílias sem recursosestá a triplicar, mas o dinheiro quedestina a Junta nom cresce emproporçom a esta situaçom. Assimo tenhem denunciando oposiçome sindicatos nas últimas sessonsparlamentares, considerando in-suficientes os 23,3 milhons de eu-ros que os orçamentos galegosdestinarám à Risga em 2012. Estaquantidade implicará um aumen-to de apenas 3% em relaçom aoano anterior, enquanto o númerode pessoas que a solicitarám cres-cerá em 100%. Ainda que segundoa conselheira de Trabalho e Bem-estar, Beatriz Mato, o número depessoas que solicitárom esta ajudano passado ano é de 3.050, outrasfontes apontam que pudo chegaraté as 10.000. O deputado do BNGManuel Parga Núñez denuncioutambém que em 2010 nom houvoampliaçom das verbas orçamen-tárias da Risga, tendo-se deixadosem gastar dous milhons no pro-grama de proteçom social.

Apesar do imobilismo institucio-nal, os dados do Instituto Galegode Estatística (IGE) demonstramque e situaçom nos lares galegospiora a passos largos. Em 2009,41,9% das pessoas galegas chega-vam com facilidade ao fim do mês,42,2% com dificuldade e 15,9%

com muita dificuldade. O relatórioassinala também que 54,8% dosrendimentos das famílias galegasprovém do trabalho assalariado,11,6% do trabalho por conta pró-pria e 30% de prestaçons, sendo ascomarcas do interior do país asque mais recorrem a elas.

Bancos de Alimentos com mais trabalho que nunca Os encarregados do Bancos deAlimentos de Galiza alertam so-bre o “espetacular” aumento daspessoas que solicitam ajuda ali-

mentar todos os dias, incidindoaliás em que existe umha claramudança no perfil das mesmas:“antes era o homem que dormiaentre cartons e agora é a famíliainteira”. Somam-se novos perfisde famílias sem trabalho e com hi-potecas pendentes. No Banco deVigo, por exemplo, passou-se de14.000 a 18.000 solicitantes, en-quanto no de Ourense triplicá-rom. Por sua parte, o de Lugo mul-tiplicou por dez os seus usuáriosnos últimos três anos e chegou aatender 400 pessoas num dia.

DISTRIBUIÇOM DO NOVAS DA GALIZAEste número do NOVAS dA GALIzA é o último que vai ser enviado a quiosques e li-

vrarias através de distribuidoras convencionais. Se o compravas nestes estabe-

lecimentos e quigeres continuar a lê-lo, recomendamos-che que te tornes assi-

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verám contactar-nos através do e-correio [email protected].

Denunciam 'corralito' em Novagalicia Banco

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05aConteCeNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

José María Castellano apenas conseguiu juntar 70 dos150 milhons de investimento privado galego que colo-cara de objetivo para Novagalicia Banco. Apenas parti-ciparám quinze empresas, e os próprios contributos deCastellano e do seu conselheiro delegado César Gonzá-lez-Bueno. A direçom do banco considera-o um “êxito”.

investimento GaleGo em novaGaliCia fiCa em metade

No passado dia 5 de janeiro morreu Isaac díaz Pardo.Nascido em 1920, era um dos últimos representantes vivosdo galeguismo da II República junto com Avelino PousaAntelo. dedicou-se à pintura e à cerámica através de vá-rias iniciativas empresariais. defendeu o reintegracionis-mo e foi pioneiro na recuperaçom da memória histórica.

faleCe o históriCo naCionalista isaaC díaz Pardo

jo de fuel para o rio Rionfrio,que abastece a Avegondo.

24.12.2011 / Morre o patrom dobarco do prático do porto de VilaGarcia ao embater com um bar-co de coletores à saída do porto.

25.12.2011 / Segundo dados doIGE, a Galiza perderá mais de113.000 habitantes em dez anos.

26.12.2011 / Grupo de trabalha-doras da Clesa volta a encerrar-se na fábrica de Caldas de Reis.

27.12.2011 / Cabo da Guarda Ci-vil imputado na Operaçom Ca-rioca detido por desrespeitar aordem de afastamento.

28.12.2011 / Tripulante do pes-queiro Vulcano desaparece nazona do farol de Mera (Oleiros).

30.12.2011 / Coordenadora deTrabalhadores de Normaliza-çom Lingüística denuncia queem 2011 fôrom fechados quin-ze Serviços de Normalizaçomnoutros tantos concelhos.

31.12.2011 / Edelmiro Piñeiromorre enquanto pescava comcana em Sam Genjo. Ao dia se-guinte, outro homem falecerealizando pesca de mergulho.

02.01.2012 / Trabalhadores daCámara Municipal de Vigo im-pedem aos vizinhos de Teis oacesso ao centro cívico.

03.01.2012 / Junta da Galiza eli-mina as conselharias de MeioRural e Cultura que se integramem Mar e Educaçom.

04.01.2012 / Segundo o presi-dente da Associaçom de Traba-lhadores Autónomos da Galiza,Rafael Granados, mais de3.000 autónomos déram baixaao longo do ano 2011.

05.01.2012 / Samuel Juárez énomeado novo delegado dogoverno espanhol na Galiza.

06.01.2012 / Isaac Díaz Pardo,falecido no dia anterior, é enter-rado no cemitério de Boisaca,em Compostela.

07.01.2012 / Umhas 2.500 pes-soas manifestam-se no Irijocontra a instalaçom da centralde lixo na sua localidade.

08.01.2012 / Segundo dados daPricewaterhouseCoopers, maisde 300 empresas galegas en-trárom em concurso de credo-res em 2011.

09.01.2012 / Animalista Liberadenuncia perante a UE presumí-veis irregularidades no zoo deVigo e no aquário de Ogrove.

CronoloGia

NGZ / No coletivo SOS Grobaassinalam que o traçado deampliaçom da rede de prote-çom na Serra da Groba (Oia,Baixo Minho) está condicio-nado previamente pola si-tuaçom dos aerogeradores.

Na apresentaçom da amplia-çom da Rede Natural, o agoraex-conselheiro do Meio Rural,Samuel Juárez, assinalou que asua proposta vinha “coordena-da” com o departamento deEconomia, responsável polo se-tor eólico. de facto, esta “coor-denaçom” pode-se medir sim-

plesmente consultando o mapada nova Rede Natura: polo me-nos em dous parques eólicos,situados na Serra da Groba, ha-verá aerogeradores a menos de500 metros de um LIC (Lugarde Interesse Comunitário) quea Junta pretende criar. Algunsaerogeradores mesmo vam fi-car encaixados entre este LIC eum outro para a Costa de Oia.

O coletivo SOS Groba, quedefende desde há anos a recu-peraçom da Serra da Groba,revela que nesta coordena-çom entre departamentos oúnico que se fijo foi assinalar

primeiro os parques eólicos,para a seguir alargar a RedeNatura “no espaço de sobra-va”, conta Xilberte Manso,membro do coletivo, para ojornal madrileno El País, nasua ediçom para a Galiza.Nesta linha, em SOS Grobamesmo assinalam que algunsmoinhos e as suas estruturasestarám situadas em zonasecologicamente mui relevan-tes, mesmo mais do que al-gumhas que se vam proteger,como as zonas húmidas e po-ças do Alto da Groba, ondemoram espécies ameaçadas.

Nova Rede Natura deixa sítiopara velhos projetos eólicos

a serra da Groba volta a estar ameaçada Polos moinhos

Manifestaçom contraabusos a imigrantesNGZ / Sob o lema de “nengumha pes-soa é ilegal”, a associaçom Sem Pa-péis e o Foro Galego da Imigraçomconvocavam no passado dia 29 dedezembro umha manifestaçom naCorunha para protestarem polo no-vo episódio de abusos policiais con-tra o coletivo imigrante. A numerosamanifestaçom que decorreu às20h00 entre a praça de Maria Pita eo Obelisco pretendia denunciar osfactos do dia 17 de dezembro, quan-do vários agentes à paisana detivé-rom um senegalês que trabalhavacomo vendedor ambulante na RuaReal atuando com muita agressivi-dade apesar de que o moço nom ofe-

receu resistência. Um dos polícias éjá conhecido na cidade por apontarcom a sua arma um imigrante semnem sequer estar de serviço.

Segundo denuncia Sem Papéis,existe toda umha série de práticasilegais para com os imigrantes quese tenhem repetido com impunida-de nos últimos meses. Entre elasencontra-se umha clara falta de se-guimento da normativa, a inutiliza-çom dos procedimentos de garan-tia às pessoas detidas ou retidas, oemprego de agentes à paisana paraatividades que nom lhes correspon-dem, as detençons ilegais ou assubtraçons nom documentadas.

O alcalde ‘popular’ doCarvalhinho também se opom à incineradoraNGZ / O alcalde do Carvalhinho, obaltarista Argimito Marnote, foi umdos poucos dirigentes ‘populares’que se opujo publicamente à plantade resíduos do Irijo. Para além dese distanciar do PP galego, o alcal-de carbalhinês também vira as cos-tas à organizaçom provincial. Nopassado dia 5 de janeiro concreti-zava a sua postura, num pleno emque PP, PSOE e BNG aprovavampor unanimidade opor-se à central.

Marnotes nom é o único alcaldedo PP da zona que se opom à lixei-ra -também o figérom os alcaldes

de Lalim, doçom e Agolada-, ain-da que sim fosse o mas contun-dente, ao afirmar que acima de to-do estám os interesses dos seus vi-zinhos e vizinhas, e nom do parti-do. Porém, no passado domingonom apareceu na multitudináriamanifestaçom organizada polacoordenadora que aglutina maisde 400 vizinhos e que percorreu oIrijo, passando pola casa do rege-dor, Manuel Penhasco, e termi-nando diante da Casa do Conce-lho, clamando contra a decisomadotada polo Governo de Feijoo.

SERRA DA GROBAna Ria de Vigo

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06 aConteCe Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

Como fôrom os seus primeiros

contactos com o movimento

operário organizado?

desde mui novo, sempre me sen-tim mui próximo do movimentooperário, ainda que nom fosse atéas grandes mobilizaçons de 72 quecomecei a tomar verdadeira cons-ciência. Ao igual que outros muitosmoços e moças galegas, fum deti-do e passei três dias preso na anti-ga cadeia da rua Príncipe de Vigo,onde agora está o Museu de ArteContemporánea. Um ano depoistivem que ir cumprir o serviço mi-litar e voltei a sofrer as conseqüên-cias do meu compromisso social:apesar de ser já casado e com umfilho, mandárom-me para Carta-gena. Lá conhecim mais galegosretaliados e comecei a militar poli-ticamente com gente da Organiza-çom Revolucionária de Trabalha-dores (ORT), formaçom marxista-leninista de orientaçom maoísta.

Com o sindicalismo nacionalista?

Em 1974 volto para Vigo e man-tenho relaçom com a ORT, que ti-nham alguns militantes em Fer-rol. Assim estamos uns meses atéque o Partido Comunista de Uni-ficaçom (PCU) contacta connos-co e começamos a trabalhar já nocampo político-sindical. Monta-mos algumhas células de empre-sa e fazemos distribuiçom depropaganda nos centros de tra-balho. depois produz-se a fusomentre o PCU e o Partido do Tra-balho (PT), de onde nasce a Con-federaçom Sindical Unitária deTrabalhadores (CSUT), que nonosso país dará lugar à Confede-raçom de Trabalhadores Galegos(CTG). Nesta época começam oscontactos com o sindicalismo na-cionalista, que está em fase de as-

sentamento. depois produziria-se a rutura da CTG com a CSUTa nível estatal e chegaria a unifi-caçom com a Intersindical Nacio-nal Galega (ING), que dá comoresultado a INTG. Ainda se pro-duziria umha cisom nesta últimaque deu lugar à CGTG. Estasduas organizaçons convergirámposteriormente em 1994 dandolugar à atual Confederaçom In-tersindical Galega (CIG).

Começou a ser um referente sin-

dical na sua empresa bem cedo...

Nas primeiras eleiçons sindicaisde 1977 escolhem-me delegadode pessoal, mas já antes me im-plicara na defesa dos nossos di-reitos como trabalhadores e tra-balhadoras. Apresentei-me por-que entendim que era o únicomodo de continuar a fazê-lo. Mes-mo assim, sofrim represálias porparte da empresa, como quandome despedírom em 83 com a acu-saçom de fazer prática sindicaltendo umha licença. Tivérom quereadmitir-me depois de umhagreve de fome que durou 15 dias.daquela, sentim a enorme solida-riedade dos meus companheirose companheiras. Mantivem-mecomo representante dos trabalha-dores e trabalhadoras durantemais de 40 anos. Nesse tempo ti-vemos que nos confrontar com acompanhia em várias ocasions,como em 84, quando pretendiamdespedir 55 pessoas. Levamos acabo fechos de mais de 20 dias econseguimos que, afinal, só aban-donassem a empresa 12 pessoasde forma voluntária. Ou mais re-centemente, há poucos meses,quando despedírom vários com-panheiros e companheiras de ad-ministraçom porque pretendiam

centralizar este serviço em Ma-drid. Voltamos aos encerramen-tos e às mobilizaçons.

Viveu as grandes luitas do naval...

Em 83 o setor também atravessouumha crise mui grave, mas a gentesaiu à rua. As pessoas eram maisconscientes em relaçom à situa-çom e à repercussom que teria pa-ra a economia do país a desapari-çom de umha indústria de que de-pendem milhares de famílias. Sótemos que lembrar que se convo-cárom duas greves gerais. A mo-bilizaçom social evitou que des-sem cabo do setor definitivamentepor imperativo da Uniom Euro-peia, mas essa fatura ainda estápendente de cobrança. A UniomEuropeia está a afundar o navalcom o apoio dos Governos do Es-tado espanhol. O exemplo maisclaro temo-lo com Astano, umgrande estaleiro ao qual nom sepermite trabalhar para que nomconcorra com os alemáns. Agoratenhem umha oportunidade únicapara o liquidarem e só consegui-

remos salvá-lo se houver grandesmobilizaçons sociais, como ocor-reu noutras ocasions. O problemaé que hoje em dia temos um lastroem forma de crise financeira. Ogrande triunfo do sistema foi fazercom que acreditássemos que to-dos somos responsáveis pola si-tuaçom, o que provoca frustraçome desmobilizaçom na gente.

Como valoriza o papel dos

sindicatos neste tempo?

diferenciaria mui claramente afunçom do sindicalismo estatal,por um lado, representado porCCOO e UGT, e por outra, o papeljogado polo sindicalismo naciona-lista galego. Penso que os primei-ros sempre fôrom condescenden-tes com as medidas aplicadas porMadrid. Em caso contrário nom seentende que na atualidade, com osetor à beira da desapariçom, con-tinuem sem convocar mobiliza-çons. Até parece que nom há pro-blemas. Nom se trata de defenderempresa por empresa, senom dosetor em conjunto. Com esta atitu-de o único que conseguem é des-mobilizar a classe trabalhadora.

Onde está entom a soluçom?

Na conquista da soberania na-cional, para poder decidir sobreos nossos assuntos. Estar na Eu-

ropa nom nos permite tomar asnossas próprias decisons sobreos setores estratégicos da nossaeconomia. Mas a soluçom finaldepende de que se consigamnovos projetos, que sejam assi-nados contratos. O naval nomestará a salvo até que nom sevolte a cortar chapa nos estalei-ros. Os Governos espanhol e ga-lego nom estám a fazer nada pa-ra evitar que morra. Fala-semuito do tax lease e das subven-çons, mas pouco de exigir res-ponsabilidades a quem geriudesastrosamente umhas empre-sas que repartiam lucros atémeses antes de suspender paga-mentos ou apresentarem EREs.Os culpados desta situaçomnom podem continuar à frentedas companhias e as Adminis-traçons tenhem que controlar aquem dam subvençons públi-cas. Porque o papel dos empre-sários foi obter lucros e guardá-los, nunca se preocupárom porinvestir para modernizar o setore garantir a sua competitividadeno futuro. O que a Europa faziaera dar dinheiro para que se fe-chassem instalaçons pré-jubi-lando o pessoal, algo ao quesempre se opujo o sindicalismonacionalista. daquela já recla-mávamos que por cada duaspessoas pré-reformadas fossecontratada umha rapariga ouum rapaz novo. E também quefossem criados dous grupos em-presariais fortes que pudessemconcorrer com garantias nummercado globalizado.

Qual vai ser o seu papel?

A minha atividade principal seráo trabalho sindical na empresa -à qual ainda continuo vinculadoporque paga umha parte da mi-nha pré-jubilaçom- e na CIG.Participo e continuarei a fazê-loem todas as mobilizaçons que seconvocarem em defensa do na-val, do mesmo modo que deve-riam fazer todas as pessoas cons-cientes. Os trabalhadores e tra-balhadoras sempre figérom mui-tos sacrifícios polo setor e nestesmomentos é mais necessário quenunca que o voltem a fazer. Sóluitando teremos futuro.

“O naval só se salvará com mobilizaçom”manuel domínGuez Pereira, trabalhador Pré-jubilado do setor naval viGuês

José Ricardo de Prada, magistrado da Audiência Nacio-nal, emitiu um voto particular de disconformidade coma consideraçom da 'kale borroka' como terrorismo. de-nuncia que se está a realizar um “mero automatismo”que nom cumpre as exigências de motivaçom e análisejurídica que umha sentença de condenaçom requer.

dissensons sobre a Consideraçom da 'kale borroka'

A Comunidade de Montes de Gargamala (Mondariz)opom-se à expropriaçom forçosa sobre a qual se preten-de construir umha mina-canteira nos terrenos vicinaisem mao comum. A Comunidade, única proprietária dosterrenos afetados, apresentou alegaçons por prejuízossocioeconómicos, naturais e culturais.

Comunidade de montes de GarGamala oPom-se à Canteira

I.G.R. / Manolo Domínguez nasceu na paróquia viguesa de Lavado-res em 1952. Com só 13 anos começou a trabalhar como aprendizem Isolux, umha empresa auxiliar do setor naval. Pré-jubilado re-centemente depois de perto de meio século na mesma companhiae de ter participado em centenas de conflitos laborais. Nas pri-meiras eleiçons sindicais foi escolhido delegado de pessoal po-los seus companheiros e companheiras, confiança que se manti-vo ao longo de toda a sua trajetória profissional. Luitador incan-sável e todo um exemplo de entrega à causa da classe trabalha-dora galega organizada, relembra para o NOVAS DA GALIZA algunsaspetos da sua trajetória militante e estado atual de umha indús-tria da qual dependem milhares de famílias.

“Pedem subvençons,nom responsabilidades

pola má gestom”

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07aConteCeNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

NGZ / A Comissom pola Recu-peraçom da Memória Históricada Corunha (CRMH) envioupara o tribunal argentino queinvestiga os crimes do fran-quismo documentaçom prova-tória sobre o papel desenvolvi-do por Manuel Fraga Iribarnenos trinta e cinco anos em queparticipou no governo fascista.

Assinalam que no Conselho deMinistros “foi partícipe e cúmpli-ce de toda a política repressivacontra o povo”, em alusom a “fu-silamentos, cárceres, campos deconcentraçom, despedimentos,exílio, Tribunal de Ordem Públi-ca, graves violaçons de direitoshumanos, expedientes a jorna-

listas, encerramentos de meiosde comunicaçom e assassinatosde trabalhadores”.

María Servini é a juíza federalda Argentina que reativou a in-vestigaçom sobre o franquismono ano passado. Em virtude dosprincípios de justiça universal,pode investigar crimes de lesa hu-manidade acontecidos noutrosestados, apesar de que a Justiçaespanhola ainda nom tenha res-pondido aos seus requerimentos.

dende o alçamento lideradopor Francisco Franco até 1975morrêrom um milhom e meio depessoas e desaparecêrom váriosmilhares em episódios relacio-nados com violência política.

NGZ / Em 2009 gastarom-se uns2.600 milhons de euros em canti-nas coletivas, de escolas, residên-cias, hospitais, fábricas... o quesignifica que se trata de um setorem que algumhas empresas en-contrárom um importante negó-cio. Nom som estas pequenas em-presas familiares de restauraçomsenom, segundo assinalam emAmigos da Terra, multinacionais

e fundos de investimento a mono-polizarem este serviço.

dez empresas dominam mais demetade do mercado total no Esta-do espanhol, e só duas delas pos-suem 21% do total. O ranking estáencabeçado por Serunion-EliorSerunion, umha empresa espa-nhola, filial do grupo internacionalElior, o terceiro grupo de restaura-çom coletiva da Europa, que cozi-

nha para 314 mil pessoas cada dia,entre eles estudantado e pessoalde dous mil colégios de todo o Es-tado. Segundo Branca G. Ruibal,técnica da área de Agricultura eAlimentaçom desta ONG, este mo-nopólio é preocupante, já que dei-xa de fora do modelo a preocupa-çom polos impactos ambientais, “asaúde das famílias e o futuro doslabregos e labregas locais".

O empório de Amancio Ortega ganhou 1.302 mi-lhons de euros nos nove primeiros meses do anofiscal e inaugurou 358 lojas em 45 países, com umcrescimento de 10%. Enquanto continua a explora-çom de trabalhadoras em zonas como a China ouMarrocos, as suas açons subírom na bolsa 1,7%.

inditeX reGista CresCimento históriCo

A Forga, entidade dependente do maior sindicato nacio-nalista, oferece cursos para a aquisiçom de habilidadespoliciais como “controlo de massas”, “detençom” ou “psi-cologia das massas”. Vigilante de segurança, Interven-çom ante explosivos ou defesa pessoal para segurançaprivada som outros dos cursos lecionados.

CiG ofereCe Cursos de formaçom PoliCial e Controlo de massas

Documentam o papelde Fraga no franquismo

Multinacionais monopolizamnegócio da comida escolar

dez emPresas abranGem mais de metade do merCado total

NGZ / O Avant começou a fun-cionar em meados do passadomês de dezembro, unindo as ci-dades da Corunha e Ourense, eé o comboio que apresenta ummaior custo por quilómetro detodos os que funcionam no Es-tado. Polas suas paragens e dis-táncia de percurso, o caso gale-go seria semelhante ao doAvant Valladolid-Segovia-Madrid, mas enquanto o nossocusta 23,50 euros para um tra-jeto de 149 quilómetros, o preçodo serviço castelhano é de ape-nas 20 céntimos mais: 23,70 eu-ros, por 180 quilómetros que in-clusive percorre em três minu-tos menos que a hora e oito mi-nutos do Avant galego.

O comboio também sai per-dendo nos deslocamentos par-

ciais, além de ser o único detodos os trens da Renfe de lon-ga e média distáncia que nomtem nengum desconto no pre-ço do bilhete de ida e volta. ARenfe assinala que o preço en-tre a Corunha e Santiago émais elevado do normal, por-que já existem outros com-boios que cobrem essa distán-cia por um preço menor, e oAvant está pensado para quemse desloque entre Ourense eSantiago. Para além disso,também indicárom que estepreço mais elevado entre asduas cidades mais septentrio-nais procura que o comboionom se encha de gente que sóviaja até Santiago, deixandosem lugares as pessoas quequigerem ir a Ourense.

O Avant é o comboiomais caro do Estado

Centros soCiaisaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

Cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

Cso bairro do CuraBairro do Cura · Vigo

a.C. bou evaTerço de Fora · Vigo

a Casa da estaciónPonte d’Eume

a Casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

Casa dos CaracoisAvda. da Igreja, Arca · Pino

Cso Casa do ventoFigueirinhas · Compostela

a Cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

Cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaAmor Meilám · Lugo

Csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

Cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

o PincheGalerias do Couto · Ourense

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

Csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

Cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

Csa Xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

Cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

NGZ / O grupo parlamentar doBNG reclamou que o Governopromova um consumo sustentávelno Natal e introduza valores “vin-culados à cultura e tradiçons daGaliza” como a figura do Apalpa-dor. Consideram que deve promo-ver-se a sua recuperaçom atravésdos meios de comunicaçom públi-cos para complementar o trabalhodesenvolvido “graças ao empenhode diferentes associaçons e coleti-vos”, polas palavras do deputadonacionalista Bieito Lobeira.

defendem que a Junta deve va-lorizar os seus sinais de identida-de, o que requer “mais vontade queoutro tipo de esforços”, conformeafirmou Lobeira, que consideraque o Apalpador “contribui parafomentar entre os mais pequenos

outro tipo de valores e a querençapola sua cultura e tradiçom”.

Este ano vários livros comple-mentam a promoçom da figurado carvoeiro das montanhas, en-tre eles A Estória do Apalpador,editado polo Diário Liberdade

em colaboraçom com o NOVAS dA

GALIzA, entre outras entidades.

A recuperaçom da persona-gem iniciou-se a partir do traba-lho investigador de José AndréLopes Gonçales e a sua divulga-çom foi promovida inicialmentepola Gentalha do Pichel, reveza-da a seguir por mais centros so-ciais e depois por numerosos co-letivos e mesmo instituiçons.

Recuperaçom do Apalpadoré debatida no Parlamento

bnG reClama difusom nos meios de ComuniCaçom PÚbliCos

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08 aConteCe Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

NGZ / duas marchas leváromapoio aos presos e presas inde-pendentistas e sociais por partede iniciativas solidárias galegas.A entidade antirrepressiva Cei-var mobilizou-se a 7 de janeiro,enchendo um autocarro que vi-sitou prisons madrilenas, en-quanto a já tradicional marcha àprisom de Teixeiro, promovidapolo ativismo libertário, foi rea-lizada a 17 de novembro.

A mobilizaçom independentis-ta partiu quinze dias depois doprevisto por causa de umha proi-biçom governamental. O seu ob-jetivo nesta ocasiom fôrom osquatro cárceres madrilenos emque se encontram em prisom pre-ventiva os e a ativista detidos naúltima operaçom da Audiência Na-cional contra o independentismo.

Por sua vez, a décima segun-da ediçom da marcha a Teixeirotraduziu-se em concentraçompara evitar incidentes como osdo ano passado, em que ultrasdesconhecidos furárom as rodasdos carros em que se desloca-ram os ativistas. depois do atoperante a cadeia, manifestárom-se polas ruas da Corunha em so-lidariedade com a campanhacontra os maus tratos nas pri-sons que se está a desenvolverno interior dos cárceres estatais.

Solidariedade com as pessoaspresas vai às cadeias polo Natal

marChas a teiXeiro e a Prisons esPanholas

NGZ / dous indivíduos identifica-dos como funcionários do Minis-tério de Interior abordárom o mi-litante independentista BernardoMáiz Bar no passado dia 22 denovembro diante do seu domicí-lio em Bertamiráns, na área deCompostela, com o objetivo depressioná-lo para que exercessecomo confidente.

Os alegados funcionários, comsotaque castelhano, solicitárom-lhe informaçom genérica sobre oindependentismo ao ativista ofe-recendo-lhe dados sobre “o queestám a dizer de ti”. Aludírom a

que o movimento político nom ovalorizava suficientemente e es-petárom-lhe “tu vales muito”.

Na breve conversa que manti-vérom evidenciárom um elevadoconhecimento sobre os movimen-tos, telefonemas, correios eletró-nicos e contatos do militante.

Perante a negativa de Máiz Bara colaborar com eles, manifestá-rom-lhe a sua deceçom sobre oque diziam aguardar dele.

No fecho desta ediçom, o Novasda Galiza tivo constáncia de umhaoutra tentativa de infiltraçomatravés de um estudante de Ma-

gistério em Compostela, alheio aoativismo político. O jovem fora de-nunciado por umha falta leve du-rante umha noite de festa, após oqual vários agentes à paisana lheoferecêrom nom ser sancionadoem troca de informaçom sobredous independentistas que estu-davam com ele, e pretendêromque se integrasse em vários cen-tros sociais para servir-lhe comoinfiltrado. depois de várias citas echamadas ao seu domicílio e de-pois de comprovarem que nomacedia a colaborar, as pressonssobre o moço cessárom.

Fracassam novas tentativas de infiltraçompolicial no independentismo galego

NGZ / A Comissom de Pessoal daJunta aprovou no dia 3 de janei-ro um decreto que permitirá queas sociedades mercantis públi-cas e as fundaçons -entes conhe-cidos popularmente como ‘chi-ringuitos’- podam realizar con-tratos de pessoal sem necessida-de de realizar processos de sele-çom públicos. A medida contoucom o apoio de CCOO e CSIF.

A CIG considera o decreto co-mo umha “consolidaçom” destasentidades paralelas, ao seremautorizadas para continuar acontratar pessoal, confirmandotratar-se de um espaço caciquis-ta “com liberdade seus dos ges-tores para ter pessoal próprio”.

Por parte da federaçom daAdministraçom da CIG aludemtambém a que a falta de contro-lo destes organismos permiteestabelecer salários “semelhan-tes aos do presidente da Junta”e que as pessoas contratadas te-nhem a possibilidade de se con-verter em pessoal laboral efeti-vo da Junta “mesmo sem terpassado um processo seletivo”.

No início da sua legislaturaNúñez Feijóo anunciara comoobjetivo pôr fim a este tipo de en-tidades, promesa que choca coma realidade atual. A CIG acusa-ode “falta de valentia” por manter“chiringuitos que funcionam co-mo reinos de taifas”.

Administraçom paralelavai contratar pessoalsem processos seletivos

Pretendem gestar umharede de escolas galegasNGZ / A iniciativa por umha redede ensino privado em galego,Galiza com o Galego, preparaumha assembleia para integrarnovas entidades e coletivos como objetivo de tornar realidadeumha “rede de escolas infantiscom um programa educativo co-mum e aberto”. O encontro terálugar no próximo dia 28 de janei-ro e a sua proposta afirma contarcom mais de três mil adesons.

O grupo promotor estaráapoiado na assembleia por as-sociaçons em defesa da língua,associaçons pedagógicas, sindi-catos e cooperativas de ensino.

O projeto, que foi tornado pú-blico há dous anos, procura ummodelo de ensino privado emque os proprietários sejam ospróprios utentes e promotores,em que a gestom parta da co-munidade escolar com base nosprincípios do “pluralismo, dorespeito, da toleráncia e da di-versidade, à margem de qual-quer influência religiosa”.

A única iniciativa de ensino ga-lego promovida pola base que seconverteu em realidade é o cen-tro infantil Semente, que come-çou a sua atividade no presenteano escolar em Compostela.

Engenho incendiário emsede da Mutua GallegaNGZ / Um engenho incendiáriocom o pavio acendido foi loca-lizado por um viandante nopassado dia 5 de janeiro à por-ta de acesso à sede da MutuaGallega da Corunha. Foi neu-tralizado com água por respon-sáveis pola companhia antesde chegar a explodir.

Fontes policiais aludem àsmotivaçons do ataque como “al-

gum tipo de represália ou vin-gança”, pretendendo desvincu-lá-lo de qualquer tipo de inten-cionalidade política ou sindical.

O engenho estava embrulha-do em papéis e dele sobressaíaumha mecha de longa duraçomque estaria já acessa. A sede damútua de segurança e contrololaboral está localizada na Aveni-da Rubine, no centro da cidade.

Oito independentistas em oito prisons espanholasOs três presos e a presa detidos en-tre novembro e dezembro estámem prisom preventiva em quatrocárceres da comunidade autóno-ma de Madrid. Maria Osório nocárcere de Soto del Real, RobertoFialhega no de Estremera, Eduar-do Vigo no de Navalcarnero e An-tom Santos no de Aranjuez. Porsua vez, Telmo Varela continua noCentro Penitenciário de Topas (Sa-lamanca), Santiago Vigo no de LaMoraleja (duenhas, Palência) eJosé Manuel Sanches no de Man-

silla de las Mulas (Leom).Miguel Nicolás Aparício foi cas-

tigado com a sua dispersom desdeo cárcere asturiano de Villabonapara o de zuera, em Saragossa, de-pois de ter estado em regime deisolamento. Por sua vez, SantiagoVigo conseguiu passar do primeiropara o segundo grau penitenciário,de maneira que passará a desfru-tar de mais horas de pátio e teráacesso a atividades e cursos. An-tom Santos e Eduardo Vigo conti-nuam em regime de isolamento.

MARCHA DE CEIVARperante o cárcere de Estremera (Madrid)

CHARO LOPES

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09aConteCeNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

NGZ / As mudanças apresen-tadas no começo do mês porFeijóo passam por reduzir onúmero de conselharias, emudar os titulares da Saúdee da Fazenda. Foi especial-mente criticado o nomea-mento da nova responsávelpolo Sergas, Rocío Mosque-ra, que foi acusada mais deumha vez de nepotismo.

No dia 3 de Janeiro, o presiden-te da Junta, Alberto Núñez Fei-jóo, encenava a reduçom do or-ganigrama governamental dedez a oito conselharias. A con-selheira Rosa Quintana concen-traria a titularidade de Mar eMeio Rural, Jesús Vázquez a deEducaçom e Cultura, enquantoque a secretária geral de turis-mo passava a depender direta-mente de Presidência. Além dis-to, Feijóo informava de que anova conselheira de Fazendapassava a ser Elena Muñoz Fon-teriz, até agora interventora ge-ral da Comunidade Autónoma,e a titular da Saúde Rocío Mos-quera, até agora gerente do Ser-viço Galego de Saúde (Sergas).

A remodelaçom respondia à“obrigaçom”, polas palavras deFeijoo, de cobrir os postos vagosdeixados polas ex-conselheirasda Saúde e Fazenda, Pilar Farjase Marta Fernández Currás, queacabavam de tomar posse comosecretária geral da Saúde e se-cretária de Estado de Orçamen-tos e Gastos, respetivamente. Ta-

mém se revelava a saída de Sa-muel Juárez, conselheiro deMeio Rural, e de Roberto Varela,titular de Cultura até o momen-to, aos quais os aguardavam “no-vas responsabilidades" no gover-no espanhol. Núñez Feijoo vol-tava pois a escudar-se com a pro-messa da “austeridade” paralouvar a própria ideia de cortar onúmero de conselharias, e des-pedia os ex-conselheiros e ex-conselheiras agradecendo-lheso seu “esforço e trabalho” duran-te “o período mais difícil da his-tória autonómica”.

Críticas à fusom e liquidaçomde departamentos públicosAs mudanças no Governo, ence-nadas publicamente no dia a se-guir, a 4 de janeiro, nom fôrommui bem acolhidas, sobretodonos setores da cultura, da pescae da agricultura.

Os dous setores produtivos ga-legos, o pesqueiro e o agrope-

cuário, queixárom-se da falta deatençom que lhes é prestadacom a remodelaçom, já que aose fusionarem as conselhariasde Mar e Meio Rural, ambos per-dem peso no Governo. das con-frarias de marinheiros chegá-rom leves críticas às mudanças ea reivindicaçom da independên-cia de ambos os departamentos.Mas as críticas mais fortes vi-nhérom dos sindicatos do agro:enquanto em Xóvenes Agricul-tores pedem à conselheira quenom perda eficácia, no SindicatoLabrego som mais duros, e defi-nem como umha “irresponsabi-lidade total” a mudança de estru-tura, coincidindo com UnionsAgrárias em que se trata de ummal momento para fazer mu-danças, quando a negociaçomda Política Agrária Comum eu-ropéia entra na sua reta final es-te ano 2012. Polo seu lado, a Or-ganizaçom Galega de Comuni-dades de Montes Vicinais emMao Comum considerou a ads-criçom do departamento deMeio Rural à Conselharia deMar como umha "aberraçom", aomesmo tempo que criticavam agestom do ex-conselheiro Juá-rez que, segundo assinalaram,“nom contribuiu para o desen-volvimento do rural”.

Também o setor da cultura semostrou cético perante a remo-delaçom do governo. Entidadescomo a Associaçom Galega deEditores ou a Associaçom deAtores e Atrizes considerároma absorçom de Cultura por Edu-caçom um passo mais no des-mantelamento da cultura gale-ga. Outras associaçons estámainda expetantes perante asmudanças no organigrama, eperante a forma como vam sergeridos os orçamentos. de fac-to, o presidente do Consello daCultura Galega, Ramón Villa-res, salientou que a boa gestom“depende antes dos recursosque do facto de se dispor de umdepartamento próprio”.

Setores da cultura, agro e marcriticam mudanças na Junta

denunCiam liquidaçom de dePartamentos neCessÁrios

Acusam de nepotismo anova conselheira da Saúde

Um xenófobo e um ultramandam nas políciasNGZ / O novo executivo de Maria-no Rajoy designou Arsenio Fer-nández de Mesa e Ignacio Cosidócomo mandos políticos das suasforças de segurança. O primeirofoi militante dos ‘Guerrilleros deCristo Rey’ e o segundo um mili-tante da direita que identificou aimigraçom mussulmana como“risco para a nossa democracia”.

Fernández de Mesa é amigo epessoa de confiança de MarianoRajoy. Foi delegado do governo es-panhol durante a crise do Prestigee destacou-se pola sua responsa-bilidade em numerosas interven-çons violentas das polícias assimcomo pola negaçom dos perigosdo afundamento do petroleiro. Nasua mocidade estivo integrado nogrupo ferrolano da organizaçomultra ‘Guerrilleros de Cristo Rey’,que centrou os seus ataques con-tra militantes da esquerda e ho-

mossexuais. Funcionário públicodesde 1979, fai parte do setor doPPdeG liderado polo ex-ministroda Saúde José Manuel RomayBeccaria, que foi mentor políticotanto dele como do atual presiden-te do Governo espanhol.

A direçom Geral da Polícia es-panhola está ao mando de IgnacioCosidó, que num ato organizadopola fundaçom FAES em 2008 jul-gou a imigraçom mussulmana co-mo portadora de um modelo de vi-da que “apresenta incompatibili-dades sérias” com a sociedadeestatal e que implica um “risco”para a convivência. Forneceu da-dos, sem citar fontes, segundo osquais cerca de cinqüenta mil imi-grantes (5 por cento dos mussul-manos) seriam apoiantes da vio-lência yihadista, através de umhasentença genérica que situa noalvo toda essa comunidade.

Denunciam “mentiras daincineraçom” nos mediaNGZ / A Adega denuncia as “men-tiras” difundidas através dosmeios nas últimas semanas a res-peito das “bondades da incinera-çom”. Recorrendo a dados oficiais,o documento demonstra a falsida-de de que os países europeus re-corram em grande medida à inci-neraçom: enquanto estes desti-nam a este sistema 20% dos refu-gos, a Galiza incinera 51,2%, e se areciclagem em Sogama é de 1,5%,na Europa chega a 24%. Por outraparte, nom é certo que, como assi-nalárom diversos meios, a incine-raçom crescesse no continente eu-ropeu em 60%; o aumento foi só

de 30%, mas a reciclagem aumen-tou, no resto dos países, em 87%.

As emissons de gases de efeitode estufa por quilo de resíduossom seis vezes mais altas para acentral da Sogama que para asinstalaçons de compostagem deNostiám e Barbança. Pode-secomparar também o número depostos de trabalho que criam aprimeira e as segundas para des-vendar o argumento de que as in-cineradoras servem de fortes mo-tores para o emprego local, já queenquanto na Sogama há 91 pes-soas empregadas, na central deBarbança trabalham 150.

A eleiçom de Rocío Mosqueracomo conselheira da Saúde estámarcada polos seus polémicosantecedentes de presumível ne-potismo a favor do seu homem eda sua filha durante a sua etapade gerente do Sergas. Assim oassinalou o deputado do PSOE,Méndez Romeu, em conferênciade imprensa, poucas horas de-pois de conhecer o novo Gover-no. Perante os meios, os socialis-tas destacárom o caso da adjudi-caçom da seleçom de ofertas pa-ra o novo hospital de Vigo à con-sultora Price WaterhouseCoopers Corporate Finance, on-de trabalha a filha de Mosquera.O próprio Feijoo tivo que compa-recer no Parlamento para asse-gurar que a filha da nova conse-

lheira já nom se dedica a temassanitários desde que a sua maefoi nomeada. Porém, nom é estaa única acusaçom de apadrinha-mento que acumula a nova con-selheira da Saúde: em finais de2010, PSOE e BNG desvendároma "oposiçom conjunta" de dous ci-rurgiaos do CHUS de Santiago ànomeaçom do marido de Mos-quera, Manuel Bustamante, co-mo chefe de cirurgia do aparelhodigestivo do CHUS. A vaga estavasem ocupar desde há três anos, efoi tirada a concurso quandoMosquera chegou à gerência doSergas. das três pessoas que seapresentárom, ganhou a de piorcurrículo, o que fixo com que osoutros dous candidatos protestas-sem publicamente pola eleiçom.

Contra a exploraçom demenores no LafayetteNGZ / O Observatório para a defe-sa dos direitos e Liberdades, Es-culca, apresentou ao longo de dedezembro dous recursos contra aatuaçom da Fiscalia da Área deFerrol, que recusou a este coletivoo acesso aos testemunhos referen-tes à suposta exploraçom de me-nores no barco de bandeira russaLafayette. O caso fora denunciadopor trabalhadores do estaleiro Na-vantia, onde o navio estivo parado,e ali a fiscalia ordenou a vigilánciae controlo da tripulaçom, masnom chegou a transferir a denún-cia à autoridade judicial que pode-ria permitir um registo da embar-caçom, com umha tripulaçom de200 pessoas. É justamente aos re-sultados dessa vigilância que pre-

tende aceder Esculca, para deter-minar se é possível que a Fiscaliaignorasse a apariçom em vídeo decrianças de origem asiática,atuando de forma irresponsável enegligente com os direitos de me-nores, e fechando-se agora numha“posiçom obscurantista, alheia aqualquer tipo de transparência”.

No entanto, o navio foi revista-do no porto canário de La Luz porinspetores de pesca e alguns efe-tivos dos corpos policiais espa-nhóis, sem que aparecessem evi-dências de exploraçom de meno-res a bordo, mas sem que podaser descartada ainda a possibili-dade dado que a inspecçom foisuperficial para um navio do ta-manho do Lafayette.

FEIJÓO E RUEDAem comité de direçom do PPdeG

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10 aConteCe Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

aGro

P.V. / As recentes decisons tomadaspor parte do Conselho de Minis-tros do Governo espanhol subscre-vem na totalidade o acordado porparte da Comissom Europeia e oparlamento europeu no que di res-peito ao novo enquadramento danegociaçom coletiva do preço doleite. A proposta tem como eixocentral a desregularizaçom doatual quadro de negociaçom paraque sejam os produtores e a indús-tria que transformam o leite osúnicos implicados na negociaçomdos preços, o que coloca umhagrande parte dos produtores, es-pecialmente os mais pequenos,numha situaçom de debilidade no-tória frente aos excessos das gran-des multinacionais. Mas como afe-tará isto o meio rural galego?

O rural perante a criseA nova óptica com que está a serplaneado o futuro do setor agríco-la na Europa está a ficar encami-nhada mais que nunca no devirdas políticas macroeconómicasque favorecem o liberalismo. Anova PAC assim o demonstra, im-pondo aos mercados europeus aprimazia das exportaçons e daprodutividade, num momento degrande crise no emprego, nomea-damente na Galiza. dados recen-tes confirmam que no nosso paíso desemprego juvenil aumentou

em 50% nos últimos quatro anos.O setor primário, que em condi-çons de apoio poderia conter aemigraçom de milhares de gale-gos perante as inexistência deoportunidades no país, está a ficarinacessível às pessoas que quere-riam empreender um negócio li-gado à terra devido à necessidadede grande capital que o atual mo-delo de produçom industrial exi-ge. das atuais 11.000 exploraçonsagrícolas que existem na Galiza,diversos estudos falam de que emtorno de 70 % tenderám a desapa-recer nos próximos anos. A con-centraçom empresarial em tornoda produçom agrícola vai contraos postos de trabalho ligados àterra e pode acabar por gerar umdeserto verde na Galiza.

A incertezaSe no ámbito da economia finan-ceira a incerteza é o principal ini-migo dos mercados, também estaé umha firme aliada das opera-çons especulativas. No que se re-

fere ao setor agropecuário, a pró-pria UE nom dispom de estudosatualizados que analisem o im-pacto que provocará em 2015 aeliminaçom das quotas de produ-çom no setor do leite, o que situao setor num momento de grandeincerteza quando seria mais pre-ciso desenhar umha estratégia defuturo. Mais umha vez, a incerte-za engorda os cofres das multina-cionais que navegam com GPSnum terreno sem cartografar paraos próprios moradores.

ReestruturaçonsAlém do dito, tanto as recentesmudanças políticas ao nível do Es-tado espanhol como a reestrutura-çom do Governo da Junta fampensar que o setor agroalimentardeixou de ser umha questom es-tratégica para ser lançado em con-junto à sorte do que ditem os mer-cados. Por isso na Galiza as conse-lharias de Pesca e Agriculura de-pendem agora de um único depar-tamento, quando na realidade somsetores tam importantes que me-recem umha atençom pormenori-zada. Ao nível do Estado espanhol,Arias Cañete foi colocado comonovo ministro da Agricultura. Pos-suidor de umha grande fortuna eabsoluto ignorante em questonsmeio-ambientais, trata-se de umsimples gestor do sistema.

Incertezas acerca do futurodos preços no setor agrícola

mar

A Junta controla aideologia de bateeiros

A.DIESTE / O setor bateeiro, comoprincipal alicerce de emprego eriqueza em nom poucas vilascosteiras galegas, sempre estivono alvo dos interesses políticosdo governo autonómico, inte-ressado em ter “controlado” umsetor que, como mostrou emnom poucas ocasions, nom temmedo das mobilizaçons contun-dentes na defesa dos seus inte-resses. O que representa umhanovidade é que um flamante al-to cargo da Conselharia do Marse pronuncie na sede parlamen-tar sobre a ideologia de repre-sentantes bateeiros. Assim o fijorecentemente Juan Maneiro,atual secretário geral de Mar,numha reuniom da Comissomde Pesca em que se debatia so-bre a Comissom do Mexilhom,um organismo impulsionadopola Junta para, afirmam, terumha interlocuçom direta como setor bateeiro. Em pleno de-bate, e perante as acusaçons denacionalistas e socialistas deque essa entidade tinha nascidopara controlar os mexilhoeiros,Maneiro respondeu à oposi-çom: “Nesse organismo há maisrepresentantes bateeiros afins avocês do que a nós. E se quiger,dou-lhe os nomes”. Esta afirma-çom gerou surpresa entre os de-putados do PSOE e do BNG,mas escandalizou sobretodo nosetor, umha vez que evidenciaque se pretendem “controlar”as ideias dos mexilhoeiros quefam parte do organismo.

de facto, nesta Comissom es-tám presentes 37 associaçons(representando 2.893 bateias,

88% das existentes na Galiza)agrupadas em cinco grandesgrupos: Opmega, Agame, Arou-sa Norte, Amegrove e, por últi-mo, Virxe de Rosario, com ou-tras minoritárias. Os porta-vo-zes dessas entidades na Comis-som carecem de filiaçom a par-tidos políticos ou de atividadepolítica pública algumha. daíque o setor se pergunte comopode saber Maneiro as suas pre-ferências ideológicas. “Vigiam-nos, espiam-nos, ou quê?” pre-guntava-se um bateeiro. A nomser, como reflete algum produtorde mexilhom, que para a Conse-lharia do Mar mostrar a discre-páncia nessa Comissom com assuas propostas e políticas para osetor “já te torne suspeito de seresquerdista ou separatista”.

Nesse mesmo debate, JuanManeiro até defendeu a criaçomda Comissom do Mexilhom, as-sinalando que antes a única in-terlocuçom para o governo auto-nómico Bipartido era “um grupode cinco bateeiros eleitos por se-rem afins a vocês”. E responsabi-lizou umha confabulaçom de na-cionalistas e socialistas pola cria-çom da Pladimega (umha plata-forma unitária promovida polosbateeiros) à qual acusou de pro-vocar “algaradas” nos molhes.

A estrutura da agricultura na Europa viraas costas ao trabalho ligado à terra

novos diriGentes euroPeus tenhem Perfil neoliberal

“O modelo agrícolaatual exige fortes

investimentos de capital”

O secretário geral de Mar pronuncia-se no Parlamento sobre a afinidade política de representantes do setor mexilhoeiro

Maneiro di que aplataforma de

bateeiros é umhatrama da oposiçom

JUAN MANEIROé secretário geral do Mar

ZÉLIA GARCIA

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11aConteCeNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

“Pouco importa que em 2010 cada conselheiro do banco presidido polodefraudador Botín ganhasse, em média, 768 vezes o salário mínimo”eConomia

Seguindo o exemplo da piarade expertos que a diário nosilustram a respeito dos humo-res e amores desse ser anima-do chamado Economia e dabondade dos diferentes remé-dios que se lhe deveriam ad-ministrar, analisemos breve-mente o inicial receituárioprescrito ao doente pola «so-bradamente preparada» equi-pa de doutores do Dr. Rajoy1.

XAVIER R. FIDALGO / Assim, come-cemos por umha primeira deci-som mariana que poderíamos en-quadrar dentro do ámbito dasempre desejável transparência:nomear ministro de Economiaum banqueiro. Este ato pretendetornar cristalino, nom só quemgoverna de facto, mas tambémquem deve governar formalmen-te o oikos coletivo. Ademais, queo banqueiro venha de LehmanBrothers agoura diafanamentequal é o futuro buscado para oReino de Espanha.

No ámbito da confiança é ondetalvez encaixe melhor essoutramedida urgente de congelar o sa-lário mínimo (SM), pois confian-ça plena é a que podem abrigaros ricos neste Executivo que, co-mo o precedente, vai continuar acargar contra os salários, quantomais mínimos, melhor. Polo con-trário, a promulgaçom de umharenda máxima nom se julga im-periosa. Pouco importa que em2010, depois de medrar 13,4%,cada conselheiro do banco presi-dido polo defraudador Botín ga-nhasse, em média, 768 vezes oSM2. Pouco importa, pois já co-

meçamos a assumir que nesta cri-se a banca nom tivo culpa algum-ha, que a culpa é dos demais porviver acima das nossas possibili-dades (entre as quais nunca de-vêrom figurar habitaçom, saúde,ensino, etc.) e que o ubre do Esta-do deve reservar-se para os mer-cados, esses espíritos mamonsque, como outrora os deuses, éque possuem verdadeira capaci-dade para indignar-se e transfor-mar o mundo.

Quanto ao incremento de im-postos e o corte de serviços públi-cos anunciados como «o início doinício» por Sáenz de Santamaría,há que situá-los claramente nodomínio da redistribuiçom. Maio-res tributos para as rendas do tra-

balho (nas quais vai recair 80% dasuba anunciada) e ausência denovidades na fiscalidade empre-sarial3, as SICAV, as transaçons fi-nanceiras especulativas, etc.,constituem umha renovada apos-ta em prolongar a extraçom de re-cursos da classe trabalhadora emfavor da casta dos rendistas. Re-distribuiçom pura e dura, para darumha mao à mao invisível.

Finalmente, todas estas medi-das venhem confirmar outra ver-dade quase científica: que o PP«administra melhor a Econo-mia». de que outro modo senompoderíamos qualificar, no con-texto capitalista, umha situaçomem que se nos oferece menos(proteçom, serviços, direitos,

etc.) em troca de um preço supe-rior (maiores impostos)? Se pen-sas que a resposta é “roubo” ou“fraude” é que nom estudastenumha business school como Ur-dangarin, logo nom és um perito,logo vai preparando a aspirina emais a vaselina4.

Xavier R. Fidalgo é economista

1. A moda de utilizar metáforas médicas

está servindo para, polo menos, dous

propósitos: o primeiro, reforçar a perce-

çom de que a Economia é um organis-

mo com vida própria e, em conseqüên-

cia, a sua cura deve deixar-se nas maos

de especialistas (médicos) encarrega-

dos de aplicar os únicos paliativos obje-

tivamente possíveis (entre os que a va-

selina nunca costuma ser nomeada); o

segundo, dissimular a idiotice, em sen-

tido amplo (lembremos que idiotas

eram, no grego clássico, aqueles que só

se ocupavam dos seus assuntos priva-

dos), desses peritos em Economia Pato-

lógica (que, no entanto, a maioria das

vezes acabam por mostrar umha dupla

ignoráncia, em Economia e em Medici-

na, sendo fácil escuitar como prescre-

vem simples aspirina para curar a su-

posta esquizofrenia que padece o coita-

dinho, com a sua alma fendida entre o

setor financeiro e o setor produtivo).

2. O que significa que a conta com os

honorários da eficiente e produtiva cú-

pula do Banco Santander nos custou o

equivalente a 5.264 salários mínimos e,

ademais, foi imune às “congelaçons”.

Tomo o Santander polo que tem de

símbolo, mas poderíamos tomar, por

exemplo, os 7,4 milhons de euros com

que fôrom remunerados administrado-

res e alta direçom do grupo Corpora-

ción Voz de Galicia S.L. no período

2008-2010 (os três exercícios de “crise”

de que há informaçom no Registo Mer-

cantil), algo que nom costuma receber

a atençom dos media, por razons que

julgamos evidentes. Todas estas quan-

tidades referem-se unicamente às re-

tribuiçons em qualidade de “trabalha-

dores” das empresas mencionadas, ex-

cluindo, portanto, as também colossais

recompensas em qualidade de capita-

listas-proprietários (dividendos, incre-

mentos patrimoniais, etc.).

3. Segundo cálculos publicados polo

sindicato de técnicos do Ministério da

Fazenda (Gestha), a taxa efetiva do im-

posto de sociedades minguou até 18%,

«ou inclusive inferior, por causa de um

complexo sistema de deduçons e da

possibilidade de compensar as perdas

de exercícios anteriores». Afirmam

neste coletivo que a criaçom de um im-

posto para grandes empresas (com

vendas superiores aos 45 milhons de

euros) elevando o gravame aplicável

aos lucros que superem o milhom de

euros até 35%, permitiria incrementar

a arrecadaçom «em mais de 13.900 mi-

lhons de euros anuais, quantidade mui-

to superior à que se obterá pola modifi-

caçom do IRPF».

4. Ver nota 1.

Receitas para umha economia patológicaAssume-se que nacrise a banca nomtivo culpa algumha

O ubre do Estadoreserva-se agora

para os mercados

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12 internaCional Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

DANIEL R. CAO / Sobre respostaslocais a problemas globais fa-lamos com Bletxu Valeiras.Este ex-trabalhador da bancade Ponte Fechas é ativo cola-borador da campanha mun-dial BDS, que procura a so-cializaçom da solidariedadecom o povo palestiniano.

Em que consiste e como surge a

iniciativa Boitore Desinvesti-

mento e Sançons (BDS)?

O movimento nasceu em 2005,quando umha cheia de grupospalestinianos decidírom atuarcontra Israel seguindo umha es-tratégia de boicote semelhante àque contribuiu para pôr fim aoregime de apartheid na África doSul. Esta estratégia abrange trêsámbitos: o económico, que pro-move o boicote aos produtos deempresas que se beneficiam daocupaçom israelita da Palestina;o académico, que visa evitar a co-laboraçom de instituiçons acadé-micas com universidades e insti-tutos cúmplices da ocupaçom, eo cultural e desportivo, que tentadesvendar o que se oculta por de-trás da tentativa sionista de nor-malizar a ocupaçom financiandofestivais de cinema e música,competiçons desportivas interna-cionais, etc. Personalidades rele-vantes do mundo da cultura pro-movem e aderem à campanha,como John Berger, Ilan Pappé,Ken Loach, desmond Tutu, Ro-ger Waters ou Elvis Costelo. BdSpromove também o desinvesti-mento, e aqui tivo grandes êxitoscomo a aplicaçom de sançons aIsrael polos reiterados incumpri-mentos do direito internacional.

Em que ámbitos estades a de-

senvolver o vosso trabalho?

BdS-Galiza trabalha em trêsfrentes. Informando a cidadaniamediante diferentes atividades,

palestras ou mesmo comparecen-do em atos pró-sionistas organi-zados por coletivos vinculados aoEstado de Israel, sobre a realida-de da ocupaçom e dos objetivos eatividades da nossa plataforma.A segunda, encorajando as gale-gas e galegos a apoiarem o boico-te. Por exemplo, nestas festas co-meçamos duas campanhas: um-ha para conseguir que Sephoraretire umha linha de cosméticos("Yes to Carrots") produzidos nosterritórios ocupados com mine-rais do Mar Morto, roubados àpopulaçom autóctone, e outra pa-ra conseguir que Imaginarium fe-che as lojas que tem abertas emIsrael e deixe de comercializarbrinquedos fabricados no Estadosionista. No ámbito académicoconvém lembrar que na próximaJunta de Governo da USC serádebatido o eventual cancelamen-to do convénio que esta institui-çom assinou em janeiro de 2010com a orgulhosamente sionistauniversidade Ben Gurión, um de-bate que terá lugar depois de vá-rias gestons realizadas por BdS-Galiza junto do reitor e membrosda própria Junta. A terceira inse-re-se no quadro da solidariedadeinternacional. Assim, o trabalhode BdS-Galiza na iniciativa Ru-mo a Gaza fijo possível a partici-paçom de cinco membros da nos-sa plataforma na tentativa da IIFlotilha da Liberdade de furar obloqueio da Faixa em julho doano passado.

Achas que na Galiza há um senti-

mento generalizado de apoio ou

rejeiçom da causa palestiniana?

Penso que existe umha desinfor-maçom que provoca umha curio-sa ambivalência nos sentimentosdas galegas. Por um lado, e sem-pre generalizando, comprovamosque existe umha evidente simpa-tia para com a causa palestiniana.No entanto, a visom que difundeIsrael, qualificando como terro-ristas todos os ativistas palesti-nianos e mostrando-se como víti-mas da sua própria ocupaçom,tem certo eco na populaçom, oque fai com que essa simpatia ini-cial se expresse com reservas nahora de avaliar a situaçom. A sen-saçom de que este é um 'conflito'entre duas partes está bastanteestendida, quando a realidade éque o quarto exército mais pode-roso do planeta ocupa polas ar-mas um território do qual expulsaas suas gentes mediante opera-çons de limpeza étnica.

Como valorizas o possível reco-

nhecimento por parte da ONU

da Palestina como Estado de

pleno direito? E, relacionado

com isso, pensas que o nomea-

mento para o Ministério de Ex-

teriores espanhol de um confes-

so sionista vai mudar o discurso

da diplomacia espanhola ou es-

ta já era bastante tendenciosa

com o anterior executivo?

Quanto ao reconhecimento porparte da ONU, entendo que podehaver discrepáncias na sociedadepalestiniana por causa das condi-çons em que se pode conseguiresse reconhecimento, nomeada-mente no que di respeito à ques-tom dos direitos dos refugiados.Mas esse é um assunto interno daPalestina que BdS-Galiza, comogrupo, nom deve avaliar. Quantoao novo ministro, é verdade que éfrustrante que um pró-sionista

tam notório ocupe esse cargo,mas há que dizer que a política doPP a respeito de Israel é bem cla-ra e que portanto a sua escolhanom nos produz surpresa nen-gumha. Com certeza, as ánsias decolaboraçom do novo governocom o Estado sionista serám maisevidentes que as do anterior, masna prática a diferença nom há deser muita. A atitude do anteriorgoverno era de clara submissoma Israel. Só é preciso lembrar co-mo se dobrou quando o Gernikafoi seqüestrado polo governo gre-go no porto de Kolimpari. A diplo-macia espanhola, apesar de setratar de umha iniciativa pacíficade pessoas de cidadania espanho-la, inibiu-se, dando a razom às au-toridades gregas, humilhante-mente vendidas a Israel.

Umha das vossas reivindicaçons

é a de que seja fechada a fábrica

de armas. Isto costuma ser con-

tra-argumentado com o pretex-

to dos postos de trabalho na

mesma. Qual é a tua opiniom?

O assunto da fábrica de armas édelicado. O nosso objetivo a curtoprazo é conseguir que nom se fa-brique nengumha peça destinadaao exército israelita. A médio-lon-go prazo, o objetivo seria a recon-versom da fábrica, e com esse fimestamos a trabalhar em busca deexperiências semelhantes quepodam ser levadas a cabo no casoda fábrica da Corunha. BdS-Ga-liza tem em conta a problemáticadas trabalhadoras, e é por issoque solicitou umha reuniom como comité de empresa para entretodos e todas procurarmos possí-veis saídas a esta situaçom. Pen-samos que a Galiza nom pode co-laborar com Israel fabricando ar-mamento que depois será utiliza-do polo exército sionista nas ope-raçons de limpeza étnica contra opovo palestiniano.

“O quarto exército mais poderoso do planeta ocupa um território do qual expulsa as gentes mediante operaçons de limpeza étnica”

“A galiza nom pode continuar a colaborar com israel fabricando-lhe armamento”

a terra treme

bletXu valeiras é ativista da seCçom GaleGa da CamPanha internaCional Pró-Palestiniana bds

“Encorajamos a sociedade a apoiar oboicote ántissionista”

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13internaCionalNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / No ante-rior artigo do Novas nom pudemdesenvolver um tema ao qual voltoeste mês. Trata-se da lenda da de-sapariçom dos tasmanianos. Elanom é certa. O governo tasmania-no e a Austrália branca utilizáromesta lenda para nom reconhece-rem aos herdeiros dos tasmania-nos (palawas) a condiçom de povoaborígene. Nom foi até 1994 que oreconhecimento chegou. Os factosreais em que assenta esta lenda é ahistória de Truganini e da sua fa-milia, umha triste história de ex-termínio na Tasmánia. Os tasma-nianos sobrevivem nos seus des-

cendentes atuais, filhos da misci-genaçom de presos, marinheiros esoldados retirados (ou desertores)com mulheres tasmanianas. Estes,filhos de umha cultura mista, nun-ca perdêrom a sua consciência ét-nica nem a sua relaçom com osaborígenes puros nem boa partedo acervo cultural indígena.

Truganini, na realidade, é a últi-ma tasmaniana submetidada à re-serva e à escravatura. Houvo tas-manianos puros posteriores que serefugiárom com estes herdeiros deraça mista e nunca aceitárom osubmetimento aos brancos. O no-me tradicional da gente que habi-

tava (e habita...) esta ilha é palawa,mas eu uso o gentílico tasmaniano

para rejeitar a estúpida lenda doúltimo tasmaniano (com todos osrespeitos para Truganini e a suafamília). Os governos tasmanianoe federal acordárom com os des-cendentes desta gente a devolu-çom das últimas reservas (ou antescaberia dizer campos de concenta-çom...), o cemitério onde descan-sam os seus restos (também os dalenda), áreas florestais onde gru-pos isolados de tasmanianos resis-tírom, terrenos de nidificaçom deaves marinhas e baías onde se con-formárom as comunidades de que

falo. Também lhes concedeu umautogoverno que os torna iguaisao resto da populaçom aborígeneaustraliana. Todo isto lhes foraroubado geraçons atrás.

O facto de que os últimos resis-tentes se refugiassem com eleslembrou-me aos bretons, que se re-fugiárom na Gallaecia e na Armó-rica (outros resistírom em Gales ena Cornualha): era normal, eramparentes, com muita relaçom.

A propósito, mais dous dadossalientáveis: um de mesquindadee outro de dignidade e plenitude:aos palawas, apesar de serem ne-gados e nom terem reconhecida acondiçom de aborígenes nem di-reitos no território, foi-lhes aplica-da toda a normativa de negaçomde cidadania e as suas crianças fô-

rom levadas, ao igual que os abo-rígenes australianos, a orfanatosde igrejas, tendo sido esteriliza-das, em bastantes casos, muitasmulheres. A nota positiva é que oidioma dos tasmanianos nom seperdeu. Conservou-se na tradiçomoral oral, gravaçons, toponímia,ditados... os seus descendentes, aoigual que os córnicos e outros po-vos, recuperárom-na do "mundodos sonhos", utilizando-a em atosespeciais, ensinando-a às criançase escrevendo-a para o mundo (te-nha-se em conta que, salvo para atrascriçom das gravaçons e nasanotaçons de botánicos e missio-nários, esta lingua fora sempreágrafa). Umha continuidade espe-rançadora, polo menos em rela-çom ao que já passárom, nom é?

Truganini, na realidade, é a última tasmaniana submetidada à reserva e à escravaturaPovos

Notas sobre os tasmanianos

“Não estamos numa crise cíclica, masno corolário de uma crise mais geral”ANA PAZ / Carlos Carvalhas, mi-litante do partido ComunistaPortuguês desde 1969 e seuantigo Secretário-Geral (1994-2004), cidadão interventivo.

Estamos perto do fim da histó-

ria… do capitalismo, do Estado,

do Euro? do que?

A tese do fim da história é uma teseideológica, que a vida comprovanão ter fundamento, como a crisedo capitalismo mostra. É uma teseque serviu ou procurava servir osinteresses instalados, no sentidode desmobilizar as forças progres-sistas e as forças da indignação.

No meu ponto de vista, o Estadoé uma expressão das classes do-minantes. Serve essas classes, esobretudo o sistema financeiro –a banca e os grandes grupos eco-nómicos. A crise da dívida públicaé no fundamental uma conse-quência da crise do sistema finan-ceiro –da especulação bancária– ede os Estados terem socorridocom dinheiros públicos a banca.Estão endividados e passam a fa-tura aos cidadãos, através dos im-postos. Estamos a pagar nós e so-bretudo vão pagar os mais pobres!Com a alienação das empresaspúblicas, a fatura pode ser diferi-da do ponto de vista financeiro,mas no futuro vai ser paga tam-

bém pelos trabalhadores, por to-dos nós. Esta crise do capitalismo,no meu ponto de vista não é ape-nas uma crise cíclica, mas sim ocorolário de uma crise mais geral,do ponto de vista estrutural.

Quanto ao Euro, não sou ne-nhuma Cassandra, o que digo éque a arquitetura deste sistemamonetário europeu tem contradi-ções insanáveis e não se podemanter nesta configuração. Éuma questão de tempo: ou há paí-ses que saem do euro; ou podehaver a criação de dois euros, umeuro para países ricos e um euro

para países da periferia; ou have-rá uma moeda comum para astransações internacionais e cadapaís volta à sua moeda nacional.Há várias soluções técnicas noquadro do sistema. O que eucreio é que este sistema tem con-tradições tão profundas que nãose vai aguentar como está.

Os jovens estão despolitizados?

A ideologia dominante –veiculadana comunicação social, nas uni-versidades–, procura a resignaçãoe levar ao ‘salve-se quem puder’,ao individualismo. Cada um tem

de resolver os problemas por si,porque o Estado, dizem, não podeassumir esses problemas. É aideologia do Estado mínimo, mí-nimo para os jovens e o povo masmáximo para os grandes senhoresdo dinheiro. Muitos jovens, peran-te as dificuldades e a avalanchepropagandística de que não há al-ternativa, tendem a pensar quenão há solução! Muitos votam nospartidos soi-disant “da esquerda”,que assim que chegam ao poderlevam à prática uma política de di-reita, e chegam à conclusão quesão todos iguais. Com a despoliti-zação procuram viver o dia-a-dia!Creio que a despolitização dos jo-vens é uma política organizada,deliberada do poder para evitar aindignação, a contestação e a re-volta. É evidente que isto tem li-mites, porque perante as dificul-dades, os jovens acabam por se re-voltar. Há uma diferença entre re-volucionário e revoltado. O revol-tado quer resolver os seus

problemas de imediato, pode ser àbomba, desde que seja imediata-mente. O revolucionário tem aten-ção à relação de forças: quem épor nós, quem é contra nós, quemestá no meio para ver se se podeneutralizar e, portanto, tem umaideia de que isto é um processo, eque é necessário juntar forças. Aágua quando está a 80ºgraus ain-da é água quente, mas quandopassa a 100º e se torna vapor, háuma alteração qualitativa… e otesto da panela salta!

Possibilidades para a lusofonia?

A lusofonia é um projeto interes-sante, não só cultural, como tam-bém económico, financeiro e so-cial, mas de grande debilidade ecom uma expressão praticamenteirrelevante. Países como Brasil, An-gola, Portugal podiam ser motoresde uma comunidade cultural e eco-nómica com um peso muito maiorna comunidade internacional.

Uma palavra aos nossos amigos

galegos? Avante?

Aquilo que eu digo aos meus ami-gos portugueses! Uma frase ve-lha, ‘batida’ –como diria o nossocantor–, mas que vale a pena re-petir: quando se luta nem semprese ganha, mas quando não se lutaperde-se sempre!

Carlos Carvalhas, seCretÁrio Geral do Partido Comunista PortuGuês de 1994 a 2004

“Com a alienação das empresas públicas, a fatura pode ser diferidado ponto de vista financeiro, mas no futuro vai ser paga por todos nós”além minho

“O revolucionáriosabe que isto é umprocesso: é preciso

juntar forças”

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14 Palestra Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

Palestra Confrontamos duas perspetivas a respeito do aproveitamento económico do rural através do turismo

Somos um país verde, um país, sei-ca, com um enorme potencial parao 'turismo verde', o 'turismo susten-

tável' ou, como deu em chamá-lo aqui oorganismo representante do Estado deturno, o 'turismo rural'. Podemos, portan-to, aspirar a nos convertermos no par eu-ropeu dos safáris fotográficos. Todo muitomais civilizado, isso sim: nom somos pre-tas (de pele), temos um estado benfeitor(em retirada) e salvamos assim o rural. Asempre providencial Uniom Europeia,que se encarrega através das instituiçonsespanholas de nos lembrar com subsídiosque somos um país nom autossuficiente,mas que sempre está aí para ajudar quan-do o precisarmos, fomenta a aposta: “ten-des um rural envelhecido, que nom podeproduzir, mas fica mui agradável à vistada mesocracia funcionarial: tendes que omanter”. Um ciclo magnífico em que aspróprias instituiçons que por obra ouomissom condenárom o nosso país a dei-xar de produzir e a importar nos dias dehoje umha quantidade de alimentos im-pensável há apenas três décadas, inven-tam e ponhem nome à nossa salvaçom.

Turismo Rural. Casas de Turismo Rural.Nom 'Casas rurais com alojamento', ou'Casas de comidas com camas'. Haveráquem negue a releváncia do nominal.Quem diga que nom há muita diferençaentre umha 'Casa de Turismo Rural' e um-ha casa labrega que dê hospedagem. E épossível que assim seja nalguns casos.Mas para a cara está a cruz, e nom sompoucos os estabelecimentos rurais que setenhem convertido no negócio 'silvestre'de senhoritos ou herdeiros de desembar-cados da urbe para fazer pouco menosque hoteizinhos com umha decoraçomem ocasions digna de vivendas da Ingla-terra vitoriana. E, aqui a melhor parte,com dinheiro público muito menos fisca-lizado do que devia ter sido.

Cumpre, é verdade, deixar claro quemé responsável por esta nova reviravoltana constituiçom da Galiza em entidadecolonial, completada já a fase energéti-

ca, turística. Evidente é que quem encon-tra nesta umha via para nom ter queabandonar a casa e a paróquia, pouco ounada tem de condenável. Mas as institui-çons que nos tenhem convencido de quea única saída para o rural galego vai sera de se converter num remanso de pazem que executivos e burócratas rachemcom o stress e a rotina diária, essas somas que ham de pedir desculpas um dia.Porque, queiramo-lo ou nom, e aindaapesar do limitado do projeto, umha 'saí-da-que-nom-é' tem como resultado adiara procura de saídas reais, sustentáveis,autocentradas e duradouras no médioprazo, quando deixe de haver turistas -ou os poucos que ainda podam sê-lo se-jam só os de nível Ritz.

A criaçom e venda da etiqueta, por ou-tra parte, iguala projetos que podem che-gar a ser diametralmente opostos. A úni-ca condiçom comum é aqui encontrar-seem zonas agrárias ou florestais e fazerparte das listagens de rigor. O modelo po-de incluir casas preocupadas pola mini-mizaçom da pegada ecológica e outrasem que o aquecimento ande a puxar todoo dia junto com iluminaçom própria deum edifício público; casas em que a hote-laria seja parte de umha unidade de pro-duçom mais ampla dedicada à agricultu-ra, ponhamos por caso, ao mesmo tempoque casas nas que os donos, pré-jubila-dos, nom tenham mais preocupaçom queir tendo algum quarto ocupado de vez emquando; e assim outras muitas compara-çons odiosas que nom deixam de serreais, e que ao ver de quem escreve ex-plicitam à perfeiçom o absurdo e mal-in-tencionado de umha denominaçom edumha ideia do futuro do rural dissimu-ladamente neocolonial.

Tornar Galiza em paraíso comercial

José Quintiá

Àmedida que as sociedades evoluempara modelos mais complexos eexiste um excedente de recursos,

as pessoas começam a procurar e valori-zar o tempo livre, as férias, como umhanecessidade, e entre as atividades de lazermais populares nas sociedades desenvol-vidas encontra-se ir de viagem, conheceroutros lugares. Às vezes, é simplesmenteum desejo de escapar aos agóbios da vidaquotidiana, descansar e desligar do traba-lho. Outras vezes responde a um impulsode conhecer outras terras, paisagens, cul-turas. Existem tantos modelos turísticoscomo queiramos imaginar, mas do quenom cabe dúvida é de que, no modelo eco-nómico em que estamos inseridos, o turis-mo representa um setor económico impor-tante. Na Galiza o turismo significa 11%do PIB, e os ocupados em atividades turís-ticas representam 10,06% do total de ocu-pados (EPA, 3º trimestre de 2011).

da mesma maneira que tem acontecidocom o resto de atividades humanas, amiú-de o desenvolvimento do turismo tem-sefeito de modo vertiginoso e desordenado,em virtude de um excedente de recursosenergéticos e naturais. Passado o tempo, fi-ca demonstrado que as atividades turísti-cas podem ser tam desastrosas pela pres-som que exercem sobre os habitats comoqualquer outro tipo de atividade humana.Por isso hoje falamos de conceitos comoturismo sustentável, turismo de proximi-dade, cultural, respeitoso com o meio, etc.Ademais, num contexto de escassez de re-cursos naturais, mesmo paisagísticos, e derecursos energéticos, os modelos turísticose de férias terám que ser revistos profun-damente. Mas o turismo também é umhafonte de riqueza, nom só económica, se-nom cultural, e de troca. O cerne da ques-tom é que cousas interessa pôr em valornum modelo turístico, e também a atitudecom que os turistas se chegam a um terri-tório. A base das relaçons humanas é o co-nhecimento mútuo, para entender há queconhecer. E a aproximaçom de outras ter-ras, de outras culturas, deve fazer-se par-

tindo do respeito mútuo. dá nas vistas porexemplo o desconhecido que é o meio ruralgalego para habitantes de outras zonas doEstado espanhol, e o positivo que é paraestas pessoas receber explicaçons a respei-to de temas como a organizaçom territorialda Galiza ou a situaçom real do idioma.Neste ámbito penso que o turismo rural,por exemplo, tem desempenhado um papelde verdadeira importáncia na aproxima-çom dos visitantes da nossa realidade.

deve-se fomentar um turismo responsá-vel, de baixa pegada ecológica, de conheci-mento do próximo em primeiro lugar, detroca de experiências (por exemplo o turis-mo marinheiro ou o agroturismo, ou mesmoas visitas a indústrias). É de destacar o valorque tem o facto de que os turistas conheçamnom só umha paisagem ou um ámbito geo-gráfico, senom umha atividade económica,um modo de vida, um processo de trabalho.O enriquecimento é mútuo, o visitante levaa satisfaçom de conhecer de primeira maoas pessoas que tornam possível que tomeum determinado alimento ou que disponhade um determinado bem e os trabalhadoresdesse setor veem como o seu trabalho ad-quire um valor e umha consideraçom maior.

Temos grandes potencialidades turísti-cas que podemos aproveitar sem prejuízopara o território, se a focagem for a ade-quada. desde a imensa quantidade de pa-trimónio que temos, até a riqueza das nos-sas paisagens, ou da nossa gastronomia,passando pola manifestaçom cultural. Oturismo é mais umha atividade económica,e como tal está sujeita a focagens diferentesque a podem tornar beneficiosa ou prejudi-cial para um território e os seus habitantes.

Begoña de Bernardo Miño é engenheira agrónoma

e proprietária da Casa Pousadoira (turismo rural)

Um outro turismoé possível no país

Begoña de Bernardo Miño

Temos grandes potenciaisque podemos aproveitarsem prejuízo no território

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Está a desenhar-se umfuturo dissimuladamenteneocolonial para o rural

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15em anÁliseNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

M. CASAL LODEIRO / Umha equipacientífica russa que desde há 20anos está a observar a plataformamarinha da Sibéria Oriental ficouespantada com a dimensom dasemissons de metano que estám asurgir na zona, segundo publicouem 13 de dezembro o jornal bri-tánico The Independent. Para IgorSemiletov, diretor da equipa, en-contrar estruturas de emissom dedezenas de metros de diámetroera habitual nas suas observa-çons anuais, mas em 2011 achá-rom pola primeira vez formaçonsde mais dum quilómetro de diá-metro. Até 2003 as emissons ob-servadas polas diversas equipasque investigam na zona perma-neciam estáveis, mas desde en-tom nom deixam de medrar e em2008 começárom detectar-se cha-

minés com concentraçons de me-tano 100 vezes maiores do habi-tual. A preocupaçom da equiparussa vem também pola densida-de destas fontes de bolhas que dofundo marinho xordem à tona daágua: “deve haver milheiros de-las”, afirmárom. À luz disto, as es-timativas de oito milhons de to-neladas emitidas por ano nestaregiom seriam largamente ultra-passadas. Outros estudos recen-tes afirmam que o carbono conti-do debaixo do permafrost é trêsvezes mais do que se pensava eque está a sair para a atmosfera aum ritmo maior do previsto.

Imensos depósitos de metanoA comunidade científica quantifi-cou em centos de milhons de to-neladas o metano que em formaduns cristais de gelo chamadosclatratos está contido debaixo dopermafrost que se estende maradentro desde as terras siberia-nas. O perigo é que com o aqueci-mento do planeta e especialmen-te desta regiom, o permafrost co-meça a derreter e isso está a liber-tar parte deste metano para a at-mosfera, fazendo que aindaaqueça mais e disparando assimum ciclo de retroalimentaçom im-parável. Esta hipótese é conheci-da como a “arma de clatratos”,que umha vez disparada nom te-ria recuo e poderia levar a umha

extinçom massiva das formas devida terrestres como a que acon-teceu entre os períodos Permianoe Triássico, há mais de 250 mi-lhons de anos. Os cientistas es-tám avisando desde há anos deque estas emissons massivas po-deriam suceder e observando osníveis emitidos nesta área tamsensível. No continente o perma-frost siberiano também começoua derreter, fazendo abalar edifica-çons e florestas inteiras, susten-tadas até agora numha terra gea-da firme e dura como o granito.Para alguns cientistas, estes da-dos seriam indício de que a bom-

ba de relojoaria do metano árticofoi ativada.

As possíveis conseqüênciasA biogeoquímica russa NataliaShakhova afirmava em 2008 quese o permafrost ártico vinhesse aderreter, libertaria para a atmos-fera umha quantidade de metano12 vezes maior do que a que ago-ra existe, causando “um aqueci-

mento global catastrófico”. Aprincipal dúvida dos cientistas éacerca do ritmo a que poderiaocorrer: anos? décadas? séculos?A possibilidade de que sejaabrupto é assinalada com preo-cupaçom por alguns e apoia-senos registos geológicos de eraspassadas em que houvo este tipode catástrofes climáticas. MartinKennedy, da Universidade da Ca-lifórnia, afirma que em 20 anospoderíamos ter ultrapassado oponto de nom retorno cara a umaquecimento global desbocado. Aqüestom dos clatratos relativizamuito a suposta segurança do li-mite de +2ºC considerado nas ci-meiras internacionais como a dedurban, já que os modelos de

prediçom climática parecem tersubestimado o impacto do rápidodegelo do permafrost que man-tém presos estes vastos depósitosde carbono. Sabia-se que haveriafeedbacks que poderiam exacer-bar o aquecimento global mas atéagora assumia-se que só ocorre-riam em fases mais avançadas.Porém, segundo afirmou JamesHansen, climatologista da NASA,mesmo um aumento de só 2ºC le-varia a “conseqüências catastrófi-cas”. E o que dizer se forem atin-gidos os +4ºC, como muitos avi-sam que sucederá, se continuar-mos o rumo atual!

Emissons e pico do petróleoMas, será realista afirmar que po-de continuar o ritmo atual deemissons se, como todo indica, opetróleo começa a declinar devidoao esgotamento das reservas? Aeste respeito há duas conclusonsclaras: por umha banda, o carvom,material energético fóssil que emi-te muito mais dióxido de carbono

que o petróleo, voltará a ser con-sumido em maior quantidade (atéque também deixe de ser energe-ticamente rendível) substituindonalguns usos o petróleo; e, por ou-tra, ainda que as emissons vinhes-sem a diminuir por simples faltade combustíveis, a inércia das jáproduzidas continuaria fazendoaumentar a temperatura ainda porbastante tempo.

Alarme para alguns, preocupaçom para muitosOutros cientistas mais preocupadosque alarmados negam que se te-nha ativado nengumha bomba de

tempo. Apesar das mudanças ob-servadas nestes últimos anos, háinvestigadores que alegam que oprocesso de libertaçom é prévioao aquecimento antropogénico, eque os picos que ocorrem agorapoderiam ser umha tendência quevinha de longe. Segundo a redecientífica Permafrost Carbon ain-da há lacunas nos nossos conhe-cimentos. A maioria dos cientistasconsideram que a libertaçom dometano ártico é mais umha razompara limitar urgentemente asemissons de efeito estufa de ori-gem humana, mas outros assegu-ram que a maior parte deste me-tano nom se daria libertado nemnos piores cenários de aqueci-mento global. Os dados som aindainsuficientes e precisa-se demaior coordenaçom e financia-mento para monitorizar este fe-nómeno de libertaçom de metanopotencialmente tam perigoso.

NOTA: As fontes para a elaboraçom

deste artigo podem consultar-se em

http://www.debulla.info/bookmarks.php

/casdeiro/metano

em anÁlise

Metano ártico: alarme por umha possívelaceleraçom do aquecimento global

Em 2008 começárom detetar-se ‘chaminés’ com concentraçons de metano 100 vezes maiores do habitual

a libertaçom do metano eXistente no ÁrtiCo Poderia Causar umha eXtinçom em massa

Cientistas russos dérom o alarme ao descobrir imensas plumas de metanono oceano Ártico em zonas onde a camada de gelo se está a retirar pola subadas temperaturas. O metano é um gás de efeito estufa 72 vezes mais potenteque o dióxido de carbono (medido num período de 20 anos), e debaixo das

águas árticas e enterrado no ‘permafrost’ (tipo de solo, composto por terra,gelo e rochas congeladas) existe metano de abondo para reverter a atmosferaa um estado inabitável. Diversas vozes avisam de que puido começar umprocesso de aceleraçom drástica do aquecimento global.

Pode-se abrir um ciclode retroalimentaçom

imparável e nocivo

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16 a denÚnCia Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

HILDA CARVALHO / Economistas esindicalistas críticos com a ges-tom atual dos processos concur-sais reprovam o papel que estáma exercer os seus administrado-res, que recebem em média entretrês e quatro mil euros mensaispor dirigirem as empresas que re-correm a esta lei para saldarem assuas dívidas e buscarem possíveissoluçons perante situaçons de in-solvência. Fontes consultadas as-sinalam que este tipo de proces-sos concluem rapidamente quan-do as sociedades nom disponhemde fundos, mas acabam por dila-tar-se “o máximo tempo possível”quando contam com remanentesde dinheiro ou tenhem dívidaspendentes de cobrar, num períodoem que os gastos de assessora-mento e os destinados ao paga-mento salarial dos administrado-res ‘concursales’ se multiplicam.

Contra as classes trabalhadoras“Estám a tirar proveito dos proble-mas dos demais”, denuncia o se-cretário comarcal da CIG de Pon-te-Vedra, Rafael Iglesias, quempom como exemplo que o advoga-do contratado por umha empresapara o seu concurso de credoresrecebe entre doze e vinte mil euros“muitas vezes só por apresentar adocumentaçom do concurso”.

Iglesias considera que a lei pro-tege as empresas para evitar quese lhe poidam penhorar os benscom os que poderiam fazer frenteàs indemnizaçons dos trabalhado-res. E, ao mesmo tempo, permiteque administradores da falênciacomo os da empresa Montoto che-guem a cobrar até 400.000 eurospor seis meses de trabalho.

Por parte da CIG reclamam queo poder judicial “controle este tipode anomalias”, pondo ênfase na-queles processos de empresasque, dispondo de liquidez, “aca-bam por eternizar-se”. denunciamademais que existem “máfias” debufetes que estám a gerir até 6concursos diferentes ao mesmotempo, assim como casos em queas empresas dos administradoresconcursais assessoram também

entidades credoras da empresa su-jeita a intervençom, o que abre ocaminho para o exercício de atua-çons ilícitas com fins lucrativos.

Proinsa como exemploO grupo lalinense Proinsa -forma-do pola empresa do mesmo nome,Obras Seixo e Inyeuropa- entrouem fase de concurso de credoresem abril de 2008 e iniciou o seuprocesso de liquidaçom em janei-ro de 2010. desde entom, os seusex-trabalhadores ainda nom co-brárom as indemnizaçons por des-pedimento, assim como parte dos

salários de meses trabalhados.Várias dezenas dos obreiros

afetados concentrárom-se no pas-sado 26 de dezembro perante ogabinete dos administradores dafalência para reclamarem o paga-mento do dinheiro que lhes cor-responde, depois de conheceremque o grupo empresarial tem umsaldo positivo na sua conta bancá-ria de 1.200.000 euros.

No passado mês de Novembrodecorreu umha reuniom entre re-presentantes dos trabalhadores eos administradores da falência -àque nom assistiu Carlos Mantilla-na qual a parte empresarial reco-nheceu dispor do dinheiro refe-renciado, se bem aludiam desco-nhecer o montante real da dívidacom a Segurança Social como jus-tificaçom para nom pagarem asdívidas aos trabalhadores.

No entanto, o sindicalista Ra-fael Iglesias considera o argu-mentário dos administradorescomo umha manobra de distra-

Advogados contratados para os concursos de credores recebem entre doze e vinte mil euros “muitas vezes só por apresentar a documentaçom”a denÚnCia

Carlos mantilla é administrador dos ConCursos abertos na barreras e no GruPo Proinsa

Acusam relator da lei Concursal de dilatarliquidaçom de empresas com fins lucrativos

“Atrasa-se o pagamentode indemnizaçons e

protege-se a empresa”

90% das empresasque recorrem a esta

lei acabam por quebrar

Que é a Lei Concursal?É umha lei que regula os procedimentos de empresas que nom te-nhem liquidez para afrontar as suas dívidas. Permite-lhes declara-rem-se insolventes para atrasar a possível penhora e a liquidaçomdas suas dívidas através de supervisom judicial, favorecendo o frac-cionamento dos pagamentos e a sua reduçom com o propósito de-clarado de viabilizar a entidade.

Qual é a funçom dos ‘administradores concursales’?Som responsáveis pola identificaçom do património da empresa, asua conservaçom na medida do possível e a comprovaçom das ope-raçons realizadas pola entidade para averiguar eventuais casos defraude. Administram os pagamentos pendentes com a pretensom desaldar dívidas e, se for possível, recuperar a empresa.

Quem os designa?Um juiz do mercantil que participa na intervençom da empresa emprocesso de falência. Normalmente som três pessoas: um advogadocom um mínimo de cinco anos de exercício; um auditor, economistaou titulado mercantil (o posto que ocupa Carlos Mantilla), e um re-presentante que atua em nome das entidades credoras.

Umha lei na moda em tempo de crise Em 2011 fôrom 335 as empresas da Comunidade Autónoma Galegaque entrárom em concurso de credores, mais 20 por cento que noano anterior. No caso da província de Lugo o número de sociedadesinsolventes multiplicou-se por três em relaçom a 2010. Por enquanto,Ponte Vedra situa-se como a província mais afetada, com um total de139 empresas intervindas, especialmente na indústria.

O economista viguês e militante do Partido Popular Carlos Mantilla foi o relator eprincipal impulsor da Lei Concursal que foi aprovada em 2003 no Parlamento espa-nhol. Na atualidade dirige umha consultora que assessora empresas em processosde quebra e exerce como administrador concursal do estaleiro Barreras e do grupoempresarial Proinsa, polo que obtém importantes lucros na aplicaçom do texto le-

gislativo do qual afirma sentir-se pai. A CIG acusa-o de dilatar interesseiramente osprocedimentos com o objectivo de incrementar os seus ganhos e pom como exem-plo o caso da Proinsa, um grupo societário que iniciou a fase concursal em abril de2008 e que a dia de hoje ainda nom pagou aos seus trabalhadores as dívidas pen-dentes, apesar de dispor de mais de um milhom de euros na sua conta bancária.

MONTOTOOs seus ‘administradores concursais’ recebêrom400.000 euros por seis meses de trabalho

CARLOS MANTILLAfijo parte do grupo parlamentar do PP

no Congresso de 1993 a 2008

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17a eXameNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

Ciganos, migrantes, pensionistas com rendas baixase jovens precários som socialmente excluídosa eXame

através do Caso dos assentamentos PreCÁrios na Cidade da Corunha

Segregaçom urbana na GalizaApresentamos reflexons sobre os processos de segregaçom ur-bana no contexto galego, através do exemplo dos assentamen-tos precários (comummente mal nomeados assentamentos ‘cha-bolistas’ ou ‘barriadas’) na área metropolitana da Corunha. É es-

cusado dizer que se trata dum exemplo com peculiaridades de-terminadas, mas pode servir para retratar dumha óptica genéricamecanismos de segregaçom e consequências, bem como paraoferecer propostas para luitar contra tais mecanismos.

"Hai que facer um esforzo por delegar

e facer a todos responsáveis"*

Escrito num encerado do Castro de Sargadelos

por Isaac diaz Pardo (1920-2012)

XIAO VARELA / A modo de contextualizaçom,cabe referir que a cidade da Corunha e ago-ra também a sua área Metropolitana (devidoao desalojo forçoso e nom planificado doassentamento de Penamoa nos últimosanos), albergam a maior quantidade (relati-va e absoluta) de populaçom vivendo em as-sentamentos precários.

Situaçom histórica e forçosaEsta situaçom vem de longe, com bairros for-mais como o do Portinho, criados a princípiodos anos 60 pola administraçom para ocultar amiséria da cidade, ou assentamentos informaiscomo o das Ranhas ou a Passagem, resultadoem grande parte de operaçons de expulsomem decorrência de processos especulativos,como foi a construçom dumha grande superfí-cie comercial no centro da cidade no ano 1984.

Em todos os casos, fica patente que o noma-dismo tantas vezes achacado às pessoas afeta-das nom é umha escolha, mas vem forçadopolo mercantilismo do solo, com operaçomimobiliárias, de higienizaçom urbana ou dedesenvolvimento infraestrutural (como no ca-so de Penamoa e a sua afeçom pola 3ª ronda).

Direitos conculcados e responsabilidadesO desfrute do direito à cidade através dos di-reitos básicos de cidadania, tais como edu-caçom, vivenda ou saúde, é um direito bási-co e nom um privilégio. É evidente que na ci-dade da Corunha há camadas da populaçomque som sistematicamente segregadas e ex-pulsas das políticas sociais e da engrenagemde articulaçom social através da pressom ur-bana, por razons de diferença étnica e/oueconómica: ciganos, e também migrantes,pensionistas com rendas baixas e jovensprecários, entre outros grupos.

Se analisamos os actores responsáveis poresta situaçom, torna-se evidente que a res-ponsabilidade principal corresponde à admi-nistraçom, pois é ela que, por açom ou omis-som, está a alimentar desde há décadas umproblema que só na área da cidade da Coru-nha afecta muitas centenas de pessoas.

duas linhas principais falam dessa nefastagestom. Por um lado, o servilismo ao mercado,especialmente o imobiliário e, por outro, a máadministraçom dos recursos para problemassociais, de maneira exclusivamente assisten-cialista, com a conseguinte geraçom de de-pendência que provoca a falta de iniciativa evisom crítica nas pessoas objecto das ajudas.

Enlaçando esta dinámica concreta na nos-sa cidade com as dinámicas políticas (da polí-tica representativa e lucrativa) a um nívelmais geral, gostaria de retratar a deriva queestamos a sofrer na cidade. Como conse-qüência da mudança política, passou-se dum-ha gestom social-democrata de pendor maisassistencialista (já comentada), para outraneoliberal, que identifica os direitos básicoscom a caridade e que relaciona a gestom dasinjustiças urbanas com um privilégio ou um-ha graça, pendente da boa vontade do res-ponsável do momento. Tanto umha como ou-tra som insatisfatórias. A soluçom exige a au-tonomia na gestom do habitat.

Ativaçom social necessáriaCom efeito, a conquista colectiva do direito àcidade deve nascer da iniciativa cidadá. Fron-te à cidadania passiva e à espera da assistên-

cia da administraçom, ou de qualquer outraentidade institucional, é preciso umha cida-dania mais autónoma e crítica, que seja capazde reivindicar de maneira mais activa os seusdireitos e chegue mesmo a gerir de maneiradirecta o seu habitat.

Esta activaçom é responsabilidade cidadã.de toda a sociedade civil, com a populaçomafectada à cabeça e deve guiar-se por proces-sos de autoorganizaçom colectiva, tendosempre presente a importáncia da correspon-sabilidade, sobretodo no que atinge à neces-sidade de as pessoas se envolverem de ma-neira directa no devir da comunidade.

Contra a invisibilidadePor umha banda, a invisibilidade em que seacham as realidades segregadas e o ocultis-mo incentivado polas administraçom (poraçom ou omissom) som pesados lastros nosprocessos de normalizaçom urbanas. Por is-so, qualquer açom realizada para visibilizaros problemas e socializá-los entre o resto dacidadania "nom afectada" é umha ajuda im-prescindível para resolver os desequilíbrios.

Por outra banda e de maneira paralela,cumpre utilizar os mecanismos de pressom emobilizaçom social crítica que obriguem asadministraçons públicas a providenciar asmedidas que garantam o cumprimento dosdireitos básicos de cidadania. E até exigir aestas que sejam capazes de incentivar a cor-responsabilidade social, e permitirem a parti-cipaçom cidadá direta nos processos de deci-som, com critérios prévios marcados que pro-movam o direito à cidade de maneira plena eigualitária. Neste sentido, a Carta Mundialpara o direito à Cidade, pode ser um docu-mento interessante que define alguns dessescritérios (http://habitatsocial.coop/obradoiroli-

toral/wp-content/uploads/2011/10/Carta_mun-

dial_derecho_ciudad.pdf).

*Tirado dumha fotografia contida no livro: Isaac Díaz

Pardo. Arte e Industria. Editado por Labirinto de Paixóns.

“há camadas da populaçomque som sistematicamente

segregadas e expulsas das políticas sociais”

çom, julgando “inacreditável”que depois de quase quatro anosde processo de falência nom poi-da quantificar-se a dívida real daempresa. Exige o pagamentoimediato, polo menos, dumhaparte proporcional do saldo daempresa aos trabalhadores emrelaçom à sua dívida total, dadoque a lei contempla como “prio-ritário” que os operários cobremaquilo que se lhes deve.

“Esta ley es mi hija”O viguês Carlos Mantilla foi o re-lator que o PP designou em 2003para apresentar perante o Con-gresso dos deputados a Lei Con-cursal que entraria em vigor noano a seguir. Em declaraçons aoFaro de Vigo qualificou a lei quehoje lhe reporta lucros como “asua filha”, dado que, além de a de-fender no Parlamento, se consi-dera como o seu principal impul-sor. Entende a lei “como um be-nefício” para as empresas, “nomumha carga”, visto que busca que“todas as partes se sacrifiquemum pouco para que a empresacontinue a subsistir”. A realidade,no entanto, mostra que por voltade 90 por cento das empresas querecorrem a esta lei acabam por fa-lir definitivamente.

Entre os principais concursosem que participou como admi-nistrador está o do Grupo deEmpresas Álvarez, sociedade deque fora supervisor contável nadécada de 60. Recentemente in-tervéu em defesa de Horácio Gó-mez e a sua equipa gestora àfrente do Celta de Vigo no ámbi-to do seu processo de falência. Ena atualidade destaca-se por serum dos administradores do con-curso de credores da Hijos de J.Barreras S.A., um dos pulmons

do naval viguês que poderia de-ver arredor de sessenta milhonsa empresas fornecedoras e ummontante por determinar a enti-dades creditícias.

Entre 1964 e 1980 exerce comodiretor económico e de recursoshumanos das Factorias VulcanoSA, passando a substituir o laborempresarial polo político comoconcelheiro e porta-voz do PP nacidade de Vigo ao longo dos anos80, quando é conhecido comoCharlie Mantilla. No final destadécada obtém um lugar na depu-taçom Provincial e de 1993 a 2008é deputado nas Cortes espanho-las. Logo depois de abandonarMadrid, em 2008, exerce comoassessor pessoal do presidente dadeputaçom de Ponte-Vedra, Ra-fael Louzán Abal.

Hoje é titular de umha consul-tora que, entre outras atividades,presta assessoramento a empre-sas em fase de concurso de cre-dores e liquidaçom. O seu nome éo aval do valor da empresa e a suaprópria denominaçom. Os seusserviços podem ser consultados econtratados através da páginawww.carlosmantilla.es.

GABRIEL TIZÓN

DEMOLIÇONSno povoado corunhês de Penamoa

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18 a fundo Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

a fundo O debate e a fricçom interna podem alcançar limites deinsustentabilidade para o futuro do nacionalismo institucional

ALONSO VIDAL / Nesta ocasiom epola primeira vez, os setores en-frentados mostram todas as suascartas abertamente e movem osfios na maquinaria local e comar-cal para conseguir impor a sua vi-som na Assembleia. No NOVAS dA

GALIzA propomo-nos analisar bre-vemente os projetos que se po-nhem em jogo neste momento.

Numha organizaçom onde amaior parte dos militantes nom es-tám adscritos a nenhumha corren-te interna, e num momento de es-pecial incerteza após os resulta-dos conseguidos nas últimas con-frontaçons eleitorais, as diversassensibilidades podem agrupar-se,grosso modo, em dous grandespólos com projetos alternativos eantagónicos. A vitória de um delespode configurar definitivamente atrajetória do BNG em muito tem-po. daí a importáncia do debate.

O primeiro pólo está nucleadoem torno à UPG, que aglutina se-tores afins sob as siglas da ApU(Alternativa pola Unidade). defen-de posturas de revisom profundadas atuaçons dos últimos anos epropugna umha clara viragem pa-ra espaços soberanistas e socialis-tas. Este setor nom deveria ter difi-culdades para chegar a acordoscom o MGS (Movimento Galegoao Socialismo), mesmo para pac-tuar candidatos para o ConselhoNacional. O outro pólo é ocupadopor Mais Galiza, que diz procurartransformar o BNG numa organi-zaçom de massas, nacionalista etransformadora. No meio, o En-contro Irmandinho de Beiras, pa-rece propugnar fundamentalmen-te umha refundaçom do projeto.

Os tópicos manejados por am-bas as partes para a confrontaçomtambém nom som novos. Para osetor UPG, um triunfo das tesesde Mais Galiza significaria umaperda de identidade do coletivo,diluindo-se num partido do siste-ma comparável ao PSOE e PP, cujafinalidade seria apenas conseguirvotos, ainda que para isso fossepreciso renunciar a defender os si-nais de identidade históricos donacionalismo galego, como a lín-gua ou o direito à autodetermina-çom. Por sua parte, Mais Galizateme que se vinhesse a impor-se aUPG, o BNG estaria condenado àmarginalidade, afastando-se ain-da mais da cidadania, e ficando a

defender umha visom arcaica donacionalismo e do socialismo pró-pria do século passado. Trata-se,em palavras de um responsávelnacional desta corrente, “de acom-panharmos a sociedade um passi-nho por diante dela, e nom cami-nharmos tam adiante que a socie-dade nom poda seguir-nos”.

Soberania: República galegaou Estado plurinacional?Para ApU, o sistema constitucio-nal e autonómico é já agora inde-fensável. Opta abertamente porumha visom soberanista e, polaprimeira vez, tem umha meta cla-ra e precisa: conseguir um EstadoGalego democrático, laico e repu-blicano: a República da Galiza.Mesmo se propóm a bandeira es-trelada como bandeira nacionalda República. O MGS, nessa mes-ma linha, propugna romper Ga-leuscat e colaborar com as de-mais forças soberanistas do Esta-do. Para Mais Galiza, porém, aautonomia significou um avançohistórico e uma ferramenta paraa conquista do autogoverno, e“deve ser aproveitada para reali-zar todos os avanços que o qua-dro legal atual permite.” O fim úl-timo seria avançar na consecu-çom de um Estado plurinacional,já que “a realidade atual obriga arevisar o conceito tradicional desoberania sob o que fôrom cons-truídos os Estados-Naçom”.

Imersom ou cooficialidade?Mais Galiza defende para a nor-malizaçom da língua a cooficiali-dade efetiva, conseguida atravésdo “protagonismo da sociedade edo reforço do autogoverno, com ofim de que o galego passe “de umstatus de suboficialidade para umde cooficialidade real”. Para ApU,“a normalizaçom da língua passaporque todo o ensino na Galiza seveicule no nosso idioma”. defen-de-se o Plano de NormalizaçomLingüística, contemplando a der-rogaçom do decreto de Plurilin-guismo do PP. Para o MGS, alémdisso, o BNG deve demandar des-

Assembleia: o BNG perante o espelhoa frente naCionalista voltarÁ a joGar-se Por enésima vez o seu futuro num enContro naCional

Diferenças ideológicase pessoais podem

quebrar o equilíbrio

Posiçons em temas estratéGiCos dos setores do bnG Perante a assembleia de janeiro

ApU (UPG) + GALIZA E. IRMANDIÑO* MGS

Soberania

Exercício de autodeter-minaçom, Estado galegodemocrático, laico e re-publicano: a Repúblicada Galiza.

Espaços de convivênciacom os povos do Estado.Avançar para um Estadoplurinacional. Flexibilizaros esquemas tradicio-nais de soberania.

A Galiza é umha naçomsubmetida ao papel decolónia interior no Esta-do. Autodeterminaçomcomo povo, orientadapara a independência.

Au tode te rminaçom.Alianças estáveis comas organizaçons sobera-nistas e de esquerda dasnaçons sem Estado.

Autonomia

Sem resultados. Nomassumir a defesa do mo-delo autonómico quenunca compartiu.

É um avanço históricotranscendental e ferra-menta importante noprocesso de conquistado autogoverno.

Reformular o modelo deEstado dumha posiçomrepublicana e soberanis-ta galega.

A autonomia nom foi umêxito do povo galego nocaminho do autogover-no, mas o ópio das na-çons sem Estado.

Língua

Plano Geral de Normali-zaçom, aprovado poloParlamento, Derrogar odecreto do Plurilingüismo.

O galego deve passardum status de suboficia-lidade a um novo de coo-ficialidade real.

Aproveitar as vantagensda pertença da Galiza àcomunidade lingüísticagalego portuguesa.

Modelo de imersom lin-güística no ensino. Usosocial do galego por par-te de todas e todos osmilitantes do BNG.

Medidaseconómi-cas

Titularidade pública oumista dos setores estra-tégicos. Supressom dosconcertos com empresasno ensino e na saúde.

Facilitar projetos empre-sariais geradores de em-prego e riqueza. Respal-do público àquelas ini-ciativas privadas que ge-rem riqueza e emprego.

Volta à gestom públicadas concessons feitas aosetor privado de infraes-truturas, recursos, bense serviços de interessepúblico e ou comum.

Superaçom do capitalis-mo que está na basemesma da opressom eda injustiça. Defesa dosocialismo como alter-nativa.

Coletivossociais

Política de participaçomativa da militância dentroda organizaçom e na vi-da social através do teci-do associativo.

O BNG nom pode deixara definiçom da sua políti-ca lingüística, ambiental,juvenil... nas maos de or-ganizaçons setoriais, porimpedir umha açom polí-tica global e coerente.

Processo de aberturaaos nacionalistas que es-tám fora do BNG e à so-ciedade civil na que es-tám a agromar movimen-tos de rebeldia cívica eemancipaçom social.

Desenvolver um ativis-mo político na rua, emcontato com a gente ecom os problemas econflitos existentes, po-sicionando-se com osoprimidos polo sistema.

Organiza-çom interna

Pluralidade dentro daunidade no BNG e exis-tência de partidos e co-letivos no seu seio.

Eliminaçom das prerro-gativas formais e infor-mais dos partidos e co-letivos do BNG. Listasabertas.

Refundar o BNG, devol-vê-lo à militância e res-gatá-lo do “seqüestro” daburocracia e os políticosprofissionais da UPG.

Manutençom dos coleti-vos no seio do BNG.

Eleiçomcandidatos

Pessoas distintas paraPorta-voz nacional e acandidatura à presidên-cia da Junta da Galiza.Candidato à Junta esco-lhido por toda a militân-cia com voto em urnanas distintas comarcas.

Porta-voz e candidatoconcidirám. Eleiçom do/acandidato/a à Presidên-cia de Galiza medianteeleiçons primárias aber-tas ao conjunto da cida-dania galega.

O Porta-voz será o cabe-ça da lista mais votadana AN se esta obtivermais de 50% dos votos.Candidato: Realizaçomde umha Assembleia Ex-traordinária após umhas“primárias” abertas.

A A. N. elegerá o candi-dato à Presidência dogoverno galego, incom-patível com o Porta-vozNacional. Nom às primá-rias abertas à cidadaniapara nom mediatizar aseleiçons.

*Tirado doutros diversos documentos do coletivo, por nom aparecer nos documentos assembleares

O BNG volta a jogar-se o seu futuro numha Assembleia Nacional. Mas desta vez, o de-bate e a fricçom parecem poder alcançar limites de insustentabilidade. A perguntachave é, como sempre, se as diferenças ideológicas, e também pessoais, podem ope-

rar como forças suficientemente importantes para romper o equilíbrio instável no na-cionalismo institucional. Ver a fortaleza da inércia de umha marca eleitoral assente ede um projeto comum que leva tecendo-se e destecendo-se desde o final da ditadura.

GUILLERME VÁZQUEZ,atual porta-voz do BNG,

numha assembleiade Galiza Nova

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19dito e feitoNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

“O Plano Aqüícola está paralisado: nom seatrevem a vender-nos assim às multinacionais”dito e feito

Como nasce a cooperativa Rainha Lupa?

A cooperativa nasce diante do Plano Setorialda Junta, que tinha previsto umha ampliaçomdo viveirio de Quilmas de 25.000 m² para320.000 m². O que para a Junta era riqueza eprogresso, os vizinhos e vizinhas vimo-lo des-de o princípio como umha ameaça ao nossoterritório. diziam-nos que criaria postos detrabalho, mas o certo é que o conjunto dos vi-veiros de todo o País nom dam mais que 600postos de trabalho, e o de Quilmas ocupa ape-nas duas pessoas que nem sequer estám con-formes com a empresa. Vendo a destruiçomque todo isto podia implicar, criamos primeiroa Plataforma pola defesa do Património Cul-tural de Quilmas, a partir da qual promove-mos a cooperativa. Ademais dumha forma deprotestar, esta iniciativa pretendia ser umhaalternativa real aos planos dos governantes,demonstrando que há muitas maneiras de en-riquecer umha terra sem a encher de cimento.Nom queríamos que nos regalassem às multi-nacionais, que se enriquecem à custa da des-truiçom da terra e a poluiçom do mar.

O primeiro que figemos foi falar com a vi-zinhança. As pessoas associadas tínhamosterrenos, mas queriamos somar espaços paraampliar o projeto, de modo que decidimosentre todos formalizar a Comunidade deBens: quem tinha terras na zona que nos in-teressava para parar os pés ao Plano, cedia-nas em troca dumha custódia do terreno. Adia de hoje somos 15 pessoas sócias, entre asquais há colaboradoras e trabalhadoras. Eusom o presidente da cooperativa, e a secretá-ria é Luzia Ferreira, umha técnica agrícolaque fai um labor mui importante. Há tambémapoderadas, e, ademais de todo isto, muitovoluntariado tanto nacional como internacio-nal que nos ajuda a levar o trabalho adiante.

Como reagiu a vizinhança?

A maioria mui bem, porque a oposiçom aoPlano era e é mui forte em Quilmas. Com otempo essa acolhida mesmo foi melhorando,porque quando a gente vê que vais avançan-do, que vais evoluindo, que és viável, juntam-se ao projeto.

Realizades também umhas Jornadas de

Voluntariado. Som bem acolhidas?

Som, funcionam mui bem! É muita a genteque passa por aqui para contribuir com onosso projeto. A maioria som de Galiza,mas agora mesmo temos também umhaalemá e um inglês. Ao longo do ano chegá-rom por volta de cem pessoas do estran-

geiro. Pode dizer-se, logo, que a iniciativa,para ser de caráter local, tem bastante vi-sibilidade fora. O trabalho que realizam écrucial; sem ir mais longe, há dous anoshouvera um acidente que nos desfigera osinvernadoiros, e foi a gente quem os ama-nhou, porque da administraçom nom véunem um só euro de ajuda. Assim che é oconto, o que nom podes esperar dos políti-cos atopá-lo no povo.

Onde lhe dades saída aos produtos?

Nós trabalhamos sobretodo na escala local eas proximidades de Carnota, porque nos pa-rece o sistema mais sustentável. Assistimosaos mercados que tenhem lugar no entorno,como o de Muros, em que estivemos em trêsocasions, ademais de organizarmos nós mes-mos um em Quilmas, que tem lugar sete ve-zes por ano entre abril e outrubro. Neles ven-demos todos os nossos produtos, que sombasicamente hortaliças de tempada e frutas,das que procuramos sempre as variadadesautótones. O nosso objetivo é melhorar a bio-diversidade e a fertilidade da zona, por issosempre procuramos escolher as espéciesmais ajeitadas para cada tipo de terreno, rea-lizar rotaçons nos cultivos e reutilizar os res-tos orgánicos para compostar.

Tal e como nos comentavas há um pouco, a

cooperativa nasce diretamente relacionada

com o Plano Aquícola elaborado pola Con-

selharia da Pesca. Em que situaçom está

este projeto agora mesmo?

Está paralisado, mas nom sabemos por quan-to tempo. Há ainda um contencioso que nósapresentamos no Tribunal Administrativosem resolver, e nengum político se atreve alhe dar para adiante dumha vez porque sa-bem que há oposiçom e que arrasará a zona.Regalar três milhons de metros quadrados aumhas multinacionais que, por nom ter nomtenhem nem sede na Galiza, nom é tam sim-ples. Certamente, as consequências seriamdevastadoras, nom já polo impacto visual ena economia local, senom também na pró-pria saúde do ambiente, porque de que iamestar alimentados esses rodabalhos mais quede produtos transgénicos?

Conhecedes outras iniciativas semelhantes?

Há várias, por exemplo a de Monte Cavalarna Estrada, contra os eólicos, ou outra cha-mada Labregos d’Aqui. Grupos de consumoresponsável há cada vez mais, como porexemplo zocaminhoca, da Corunha, comque nós contatamos. Procuramos participarem todas as iniciativas de custódia do territó-rio e organizar nós o maior número de ativi-dades possíveis para pormo-nos em contatocom outros projetos semelhantes. Ademais,formamos parte da Plataforma Monte PindoParque Natural ou da Plataforma de defesado rio Jalhas. Com o Concelho estamos tra-balhando agora mesmo para estender o pro-jeto de Quilmas polo resto de Carnota.

“Rainha lupa é umha alternativareal aos planos dos governantes”

josé manuel Casais, desta CooPerativa de aGriCultura eColóGiCa de quilmas

O.R. / Quatro anos depois da constituiçom da cooperativa Rai-nha Lupa, o povo que queria “trigo e nom rodabalho” continuaa sua luita. Mais de 20 hectares de terreno, 15 sócias e toda um-ha aldeia implicada no aproveitamento sustentável das terrasque lhe pertencem som argumentos avondo para demonstrar aquem for preciso que as alternativas aos planos dos governan-

tes que querem oferecer o País às multinacionais som muitomais do que umha utopia. O Plano Aqüícola ainda nom foi can-celado, e a ameaça de converter umha das zonas mais ricas dolitoral galego numha macroviveiro continua a pairar sobre osseus habitantes; porém, Quilmas vive, e a sua atividade cons-tante indica-nos que o continuará a fazer por muito tempo.

“Queremos estendera iniciativa de Quilmas

ao longo de toda Carnota”

de todas as instâncias, e sem com-plexos, “um modelo de imersomna língua própria para o ensino; oseu uso, como língua veicular emtodas as instituiçons e umha prá-tica lingüística coerente por partede todas e todos os militantes”.

O peso da iniciativa privadaMais Galiza, aposta num modelosocial e económico de bem-estar,baseado no acesso universal abens e serviços essenciais (saúde,educaçom, habitaçom, segurançasocial), com intervençom e públicacomo garante da primazia do inte-resse geral; mas também na cria-çom de condiçons que facilitem osprojetos empresariais geradoresde emprego e riqueza. dizemapostar em potenciar e valoraros/as “empreendedores/as” capa-zes de desenvolverem projetosinovadores de emprego digno e dequalidade. O setor em torno à UPGdefende um outro sistema econó-mico-social “mais justo, democrá-tico e solidário”, fundamentadonumha economia produtiva quedesenvolva os setores estratégicosde Galiza; coerentes com a visommais orientada para a esquerdaque dizem representar proponhem“que os setores estratégicos e bási-cos da economia galega (recursosnaturais, energia, telecomunica-çons...) devem ser de titularidadepública ou mista ao serviço do po-vo galego”. Nesse sentido, é pro-posta a supressom progressiva dos“concertos estabelecidos com asempresas privadas, nomeadamen-te no ensino e na saúde”.

Relaçons com os movimentos.Ativismo ou independência?Enquanto para a ApU e MGS, aprópria direçom da frente deve fo-mentar a participaçom ativa damilitância na vida social atravésdo tecido associativo, para MaisGaliza, o BNG nom pode deixar adefiniçom da sua “política econó-mica, lingüística, ambiental ou ju-venil nas maos de organizaciónssetoriais”.O MGS defende aindaum ativismo político sem tutelas,na rua, em contato direto com agente, posicionando-se “a caromdos oprimidos polo sistema”.

Organizaçom interna. Quem decide no BNG?A ApU defende um maior rigor naaceitaçom de novos militantes(tramitadas polos Conselhos Co-marcais, com um relatório doConselho Local da localidade emque se enquadre o filiado). Pro-pugna a formaçom política dosafiliados. Num ponto diametral-mente oposto, Mais BNG preten-de abrir o Bloco aos eleitores,“porque é do BNG quem vota noBNG”. Nesse sentido, proponhemmesmo a eleiçom de candidato àpresidência da Junta com prima-rias abertas a toda a cidadania.Também som a favor da elimina-çom das prerrogativas dos grupose coletivos que formam a frente.

JOSÉ MANUEL CASAIS na feira de Muros

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20 media Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

X.R. SAMPEDRO / Lançada publica-mente no passado 17 de dezembro,a campanha 'Vitaminas para o Gale-go' procura ser umha via alternativapara financiar os projetos informati-vos em galego, existentes ou aindapor vir. Mediante a venda de mate-rial, assim como através de doaçons,os meios promotores do projeto pro-curam o envolvimento da cidadaniana sobrevivência da informaçom emgalego, umha vez que esta nom pa-rece ser umha prioridade da admi-nistraçom pública.

Na campanha, que foi posta emandamento por dez meios, entre osquais este periódico, participam 18cabeçalhos e emissoras, tanto nacio-nais como comarcais e locais, quefam da informaçom em galego sinalde identidade num campo domina-do polas empresas de perfil marca-damente espanholista.

Na primeira fase, que irá concluirem finais do mês de janeiro, o obje-

tivo de arrecadar 3.300 euros deachegas voluntárias foi já largamen-te ultrapassado vinte dias antes dese fechar a página habilitada paraisso na web de 'crowfunding' Verka-

mi. As e os mecenas da campanharecebem materiais-guarda-chuvas,almanaques de bolso...- e outras re-compensas polo seu apoio, que nofeche desta ediçom já se quantifica-va em 4.490 euros.

Mas isto é só o começo dumhacampanha que se há de completarcom intervençons nas ruas de diver-sas localidades e com a realizaçomdum festival nos próximos meses. Oobjetivo é conseguir o envolvimentoda cidadania com o sustento dumharede de meios em galego e dar a co-nhecer a variedade e extensom geo-gráfica desses meios, que muitas ve-zes é ignorada mesmo polas pessoasinteressadas na sua existência.

NOVAS DA gAliZA participa na semente de umha nova associaçom de meios em galegomedia

‘vitaminas Para o GaleGo’ ProCura finanCiamento e junta meios

Sustento económico para ainformaçom na nossa língua

Procuram envolver acidadania no apoio à

informaçom em galego

notas de rodaPé

Morre um nacionalista de longa distáncia como diaz Pardo,e os títulos parecem escritos para nom compreendermos

os seus méritos ou para mitificá-los como exceçom absoluta.

Repetem que desaparece um intelectual. Intelectual? Comque argumento? A mesa de governo da Autonomia, por

exemplo, ideia sem descanso a aboliçom da diferença da Gali-za. Som intelectuais da demoliçom. Quem poderia compará-los com diaz Pardo, defensor dos carateres próprios da Galizacomo tesouro da humanidade?

Que fai um enterrador confesso do Galego como Jesús Váz-quez, dando golpes de peito no velório quem entregara a

sua vida para que continuassem o idioma e a cultura do País?

Diaz Pardo batalhara por recuperar o Seminário de EstudosGalegos. Nengum meio recorda o esforço de Isaac por tra-

çar o paradeiro de arquivos e peças de arte roubadas pelos fran-quistas e volvê-las à propriedade coletiva. Foi o nosso SimonWiesenthal, sem os meios milionários do caça-nazis. Tinha in-formaçom dos delinqüentes que penhorárom o nosso tesouro.

Há louvanças que pode ser de interesse para quem as impri-me e nom para quem as recebe. O título “desaparece o der-

radeiro intelectual galego do século XX” (Faro de Vigo) fai umpear a diaz Pardo e decreta o passe aos arquivos dos inteletuaisnados antes do 2000. Nom colabora no velho jornal dos consig-natários vigueses nengum inteletual de mais de 12 anos?

Oadjetivo “irrepetível”, aplicado ao nacionalista desapareci-do, pode também induzir umha imagem inatingível. Quem

imitar poderia tam altas qualidades? A propósito, diaz Pardoera pura solidariedade e idealismo progressista, procedentes doseu compromisso comunista de primeira mocidade.

Ao elevá-lo ao trono de “galeguista histórico” (La Voz de Gali-

cia) em que fraçom pretendem imortalizá-lo? Na de domin-gos Garcia Sabell, delegado de Interior, ou na de Luís Seoane?

AGaliza é umha longa história de resistência. Nengum meioou instituiçom deveria utilizar a morte dum nacionalista

para ocultar essa história debaixo da ambiguidade.

Carronheiros

Cerca de vinte por cento de desemprego atinge coletivo de jornalistas na GalizaA alta incidência crónica do desemprego no setor do jor-nalismo era confirmada estatisticamente mais umha vezem dezembro passado, quando o Colégio Profissionalde Jornalistas da Galiza (CPJG) apresentava um relató-rio intitulado “A situaçom laboral dos e das jornalistasgalegos e o impacto da crise no setor”. Segundo os últi-

mos dados que recolhe o estudo, o desemprego situa-seno fim do ano em 19 por cento, o que representa quequase um em cada cinco profissionais está em situaçomde desemprego. As duas quintas partes, 41,3 por cento,das e os jornalistas estivérom nalgumha tempada de-sempregados durante os últimos cinco anos.

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21PerfilNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

RAMOM CAMPOS / Nado em 1959em Padrom, Gerardo Jesús Con-de Roa aginha abandonou a suaideologia de esquerda radical. Li-cenciado em direito, o seu pri-meiro cargo em política foi o deconcelheiro de Compostela em1983. Candidatou-se em 1987,2007 e 2011. Entretanto, foi depu-tado polo PP (na Galiza 1985-1997, em Espanha 2008-2010) emembro do conselho de adminis-traçom da RTVE.

O católico moralistaMilitante da Opus dei e pai deseis filhos, tivo que deixar a orga-nizaçom integrista que nom ad-mite divorciados. No comovedorartigo “El indulto y el perdón” (El

Correo Gallego, 19-X-2007) apro-veitava para matar dous coelhosdumha cajadada: por umha parteexortava aos três do Eixo a arre-pender-se por se defenderemdumha agressom policial e, poroutra, colocava-se a si próprio deexemplo: “eu, como creio que omelhor é predicar com o exem-plo, creio que eu devo pedir pu-blicamente perdom a muitas pes-soas que me conhecem-a come-çar pola minha própria família-polo meu comportamento nos úl-timos tempos. Muitas pessoas deboa fé, estou certo, ficárom pro-fundamente surpreendidas-ouescandalizadas-pola minha sepa-raçom matrimonial. Sou umhapessoa católica que procurou vi-ver toda a sua vida de acordo comumha forma cristá de pensamen-to e obrar em conseqüência. Ulti-mamente nom foi assim, e issocreio que suscitou graves interro-gaçons e incertezas em pessoasque me conhecem ou que, polomenos, sabem quem sou.”

Antes de chegar à alcaldia de-

clarou que umha das suas primei-ras medidas seria tornar Compos-tela numha cidade da rede anti-abortista “Red Española de Ciu-dad por la Vida”.

O polícia ao ‘Dirty Harry’Seria demasiado extensa umhaantologia das frases que CondeRoa dedicou aos movimentos so-ciais da sua cidade, com especialpredileçom polos centros sociais.O seu nom é a ginástica repressivade “manutençom”, ele joga à ofen-siva, declara a guerra a todo o quenom baila ao seu som. 'Kale borro-ka', Sam Sebastiám dos 80, guer-rilha urbana... som conceitos quefam parte habitual dos seus dis-cursos. “A cidade velha de Santia-go nom é a cidade velha de SamSebastiám”, declarou antes da suaparapolicial: “vam sentir o nossoalento na nuca”. Proibiu os atos do

independentismo no dia da Pátriasem se descabelar e semanas de-pois contratou a tenente da Guar-da-Civil María del Mar HinojosaIzquierdo -com umha ampla ex-periência repressiva desde 1995-para “coordenar” corpos.

Mas para um ultra como ele,que se maneja nos conceitos fran-quistas de “vagos y maleantes”,também a juventude é alvo, amea-çando a participaçom em 'bote-lhons' com multas desorbitadas.Medida inversamente proporcio-nal à que tomou com o seu ho-

mem de confiança e líder da cam-panha anti-botelhom, Miguel Án-gel Espadas, caçado pouco antesdas eleiçons dormindo ébrio numsemáforo com o volante às maos,nomeado o chefe de gabinete emregime de dedicaçom exclusiva.

O empresário exemplarEm 2003 decidiu dar rédea à suafaceta empresarial, constituindo aGeslander Proyectos de Edicia-ción SL, de que tem 99% das açonse exerce de administrador desde2004. Edificou habitaçom públicaem Compostela que o Governo deFraga lhe adjudicou, e promoveuurbanizaçons em Lalim, daimiel(Espanha) e na área de Madrid.Concelhos que lhes reclamáromdívidas, incluído o de Compostela,de que agora é alcalde.

No passado abril, o BOE publi-cou outras três notificaçons de

embargo à empresa, que recebeu18 “incidências judiciais em fasesexecutivas que indicam que a so-ciedade nom está ao corrente nocumprimento das suas obriga-çons com a Fazenda, com a Segu-rança Social ou as Administra-çons Locais e Autonómicas”.

O escándalo de governar umConcelho em que tem dívidas, so-lucionou-no ao seu estilo: indo aum pleno na passada legislaturacom um cheque de 7.300 eurosque exibiu aos jornalistas, masnom depositou na tesouraria.

O espanhol patriotaLuitou com unhas e dentes paraque a seleçom espanhola de ténisjogasse a Copa davis na Cidadeda Cultura, mas o que prometiaser o esperpento do ano ficounum bluff. Conseguiu no entanto,como Lores, que 'La Vuelta a Es-paña' passe para o ano pola suacidade. Em 2010 conseguira,numha só declaraçom, sintetizaro seu ideário: “nom temos qual-quer dúvida de que o êxito da se-leçom espanhola no Mundial foiapoiado pola intervençom doSantiago Apóstolo”. Ainda, háapenas uns dias anunciou que oquadro do Rei de Espanha quepreside ao salom de plenos doConcelho será substituído por umnovo. Serám 8.000 euros de des-pesas numha cidade, a capital daGaliza, que acaba de atingir o re-corde de desemprego da década.

Conde Roa: o perfil dum guerreiro de Deuso alCalde de santiaGo de ComPostela é um dos emblemas da nova direita enCabeçada Por feijóo

“Som como som, carregado de contradiçons, tranquilo, embora às vezespareça o contrário, mui inconformista e a única imagem que me preocupa(se é que se pode falar assim) é a que de mim tenha Deus”. Assim de bem seautodefinia há uns meses Conde Roa, alcalde de Compostela e emblema da

nova direita dos Ruedas e Carlos Negreiras. É contraditório: dirigente daausteridade num Concelho com que a sua empresa tinha dívidas, integristacatólico divorciado e perseguidor do 'botelhom' em casa alheia. Mas, comoele dixo, apenas a Deus cabe julgá-lo.

A sua empresa foiembargada e tem

dívidas com Fazendae administraçons

“A cidade velha de Santiago nom é a cidade velha de Sam Sebastiám”,declarou antes de concluir: “vam sentir o nosso alento na nuca”Perfil

Pretende integrar Compostela dentro da

rede antiabortista‘Ciudad por la Vida’

GERARDO CONDE ROAde maos dadas com o arcebispocompostelano Julián Barrio

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22 Cultura Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

Cultura O diretor de AgADiC reconheceu que o governo tem dívidas com o teatro galego por 400 mil euros

O fecho da obra social da caixa e a tesourada junta deixam doente a cultura oficial

Com as mudanças do Governo endureCem-se os Cortes orçamentÁrios que jÁ tinham Começado

A.R.G. / A nova Conselharia deCultura, Educaçom e Ordena-çom Universitária, liderada poloaté o de agora conselheiro deEducaçom, Jesús Vázquez, con-tará com duas secretarias: a Se-cretaria Geral Técnica, que cor-responde a Jesús Oitavén; e a Se-cretaria Geral de Cultura, daqual será titular o ex secretáriogeral de Política Linguística, An-xo Lorenzo. Marcha o conselhei-ro Roberto Varela, e desaparece,ao tempo, a direçom Geral de Li-vro, Bibliotecas e Arquivos cria-da há justo um ano, em substitui-çom, naquela altura, da de dire-çom e Promoçom Cultural.

No passado 6 de Janeiro, os es-colhidos por Feijoo para protago-nizar este corte de consellariasencenavam a mudança, louvandoos ex colegas e chamando aoapoio da cidadania. Jesús Váz-quez considerava “natural” a fu-som de Educaçom com Cultura, eAnxo Lorenzo citava a Ramón Pi-ñeiro para solicitar a colaboraçomdos agentes culturais e do “povointeiro” na sua nova gestom. Po-rém, nom começa um ano singelopara o desenvolvimento de gran-des projetos: enquanto a crisecontinue a dar azos aos fans doscortes orçamentais, que se escu-dam na má situaçom económicapara se aferrarem à tesoira, nomparece que as novas políticas cul-turais vaiam andar livres, sem en-contrar poças no caminho. O pró-prio diretor da AGAdIC (AgênciaGalega das Indústrias Culturais),Juan Carlos Fasero, reconheciarecentemente no jornal madrilenoEl País que o Governo tinha dívi-das com a cena galega por 400 mileuros, cifra que vai continuar aaumentar neste ano. Entretanto,baixam as subvençons ou apa-gam-se, fecham as salas, as pro-gramaçons, previsons e ativida-des vam minguando, e o recortegeneralizado nas infraestruturasculturais fai que comecemos o pri-meiro mês do ano um pouco cép-ticos -outra volta-, com as mudan-ças ideadas por Núñez Feijoo paranos salvar do mal.

Corte nas infraestruturas: o MARCO reduzirá horário e começará a cobrar entradaO corte generalizado nas infraes-truturas culturais que tenciona aJunta para este ano afeta entida-des como o CGAC ou a FundaçomSeoane, que neste ano vai contarcom uns 100 mil euros menos noseu orçamento. Além disto, oMARCO de Vigo vai perder os fi-nanciamentos das obras sociaisdas ex caixas e da deputaçom dePonte Vedra em poucos meses.Em meados do mês de dezembropassado, o diretor da Obra Socialde Novacaixagalicia, GuillermoBrea, anunciava a sua saída do pa-droado do Museu de Arte Contem-porânea de Vigo em 2013, assina-lando, ao tempo, que para este anohaviam baixar a sua contribuiçomde 300 mil a 100 mil euros. Namesma reuniom, o vice-presidenteda deputaçom de Ponte Vedra,Chema Figueroa, anunciava que aentidade provincial havia pagaresse mês os 450 mil euros que de-via das três últimas anualidades,mas advertia que estavam a repen-sar a sua continuidade no projeto.Assim, começado o ano, o presi-dente da deputaçom de Ponte Ve-dra, Rafael Louzán, anunciava ocesse do financiamento com o que

contava o MARCO desde 2002, eque no ano passado chegou aos150 mil euros. Segundo Louzán,apesar de deixar de financiar omuseu viguês, a deputaçom vai“continuar a apoiar as atividades”que se realizem no centro, aindaque o dirigente popular nom che-gou a especificar de que modo.

Também a Vigo afeta o feche doArquivo Pacheco, que documenta-va a memória fotográfica da cida-de através das fotografias tomadaspolo italiano Felipe Prósperi no úl-timo terço do XIX, e posteriormen-te por Xaime Pacheco e os seus fi-lhos, do que fôrom digitalizadasumhas 58 mil imagens. Em mea-dos do mês de Janeiro, os trabalha-dores e trabalhadoras recebêromo cessamento dos seus contratos,sem novas contrataçons, aindaque o Concelho de Vigo assegurouque vai convocar um concurso pú-blico para a sua gestom. Porém,enquanto isto nom é resolvido, ocentro permanece fechado ao pú-blico, e as imagens agachadas.

Diminui a programaçom de teatro e salas: A AGADIC começaa ter problemas para pagarAs cifras de espetáculos progra-mados nas salas e teatros da Ga-liza vam descer consideravel-mente este ano, devido, segundoo diretor da AGAdIC, Juan Car-los Fasero, ao “contexto à bai-xa” em que se encontra a Juntae as administraçons locais eprovinciais. Também segundoFasero, baixam as funçons, mastambém os cenários, devido àsaída “da rede de alguns centroscomo o Teatro Colón, que esta-vam ligados à Fundaçom Nova-caixagalicia”, o que tambémafeta, assinalou, “à descida deespetáculos e funçons”. dentrodesse contexto de desapareci-mento de espaços cénicos, o di-retor da AGAdIC também apon-tou que o descenso do orçamen-to da Rede de Salas foi em partedevido ao feche da Sala Nasa,em Compostela.

Na apresentaçom da progra-maçom das redes também esta-va a diretora do Centro dramá-tico Galego (CdG), Blanca Cen-dán, quem assinalou que, ape-sar de que em plena crise “nomé momento de falar da suba dospreços nas bilheteiras”, trata-se

de um tema que “deveria ser re-pensado” antes de aprovar.

A AGAdIC continua a ter, co-mo já contávamos numhas li-nhas anteriores, umha impor-tante dívida com o sector cénicogalego, porém nesta apresenta-çom Fasero assinalava que estasvam ser abonadas no “primeirotrimestre do ano”, ao tempo quesalientava, empregando, outravolta, a mesma expressom, queas subvençons do ente “estám àbaixa”, ainda que “nom estáprevista a eliminaçom de nen-gumha linha de ajuda”, sim o es-tá o “dimensionamento” dasmesmas em relaçom “com o pe-so real que tem o sector”.

Encerramento dos serviços de normalizaçom lingüísticaem doze concelhosO ano que ainda agora começa-mos também vai implicar a extin-çom de 12 serviços de normaliza-çom linguística de ámbito local,os dos concelhos de Aranga, Ar-çua, Barreiros, Cabana de Ber-gantinhos, Carinho, Cerzeda,Malpica, Messia, Monfero, Santi-so, Vilasantar e zás, segundo de-nunciou a CTNL (Coordenadorade Trabalhadores de Normaliza-çom Linguística).

O ano 2012 começa com umha mudança orgánica na Junta que vai condicionara política cultural prevista para os próximos 12 meses. A cousa poderia resumir-se assim: baixam as funçons e baixam as subvençons. As antigas caixas retiramos apoios das suas obras sociais, os concelhos e as deputaçons fecham abilha, e os novos gestores da flamante Conselharia de Cultura, Educaçom e Or-denaçom Universitária tratam de reorganizar os caudais próprios, amarrados às

tesoiras. Do NOVAS DA GALIZA fazemos umha pequena análise das mudanças quese dérom nos últimos meses nas políticas culturais institucionais. Pode parecerum pouco catastrofista, mas é preciso lembrar que, se bem o futuro nom parecemui prometedor no que diz respeito ao trabalho cultural das administraçons, asiniciativas culturais de base nom deixam de medrar polo País adiante, atravésdo trabalho de coletivos, associaçons e centros sociais.

A obra social da caixareduz as doaçons para

o MARCO a um terço

JESúS OITAVÉN, JESúS VÁZQUEZ E ANxO LORENZO

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23CulturaNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

Skacha pom fim a vinteanos sobre os palcosA.R.G. / Num comunicado publi-cado na Rede no passado 17 dedezembro, a banda viguesa depunk-rock punha fim a vinte anosde carreira. Formada no bairro deCoia em 1991, levavam décadassobre os cenários, fazendo girasconjuntas e editando trabalhospróprios, desde que em 1993 gra-várom a sua primeira maqueta,Galiza´s Montes, no local de outromítico grupo viguês, os desvirg-heitors. Com Sempre Ceibes

(Plastic disc, 1995), disco quecontém temas históricos como Apor ellos, ou O Viño, que dá títuloao cd, atingírom um importantesucesso: a maqueta chegou a serselecionada entre as cinco melho-res estatais pola revista musicalFree Rock, e a sua capa chegou aaparecer entre os quadrinhos dePedro Pico & Pico Vena, criadospor Azagra para a revista El Jue-

ves. Pouco depois, Sempre Ceibes

foi editado em formato Cd polo se-lo alemám S.O.S. Records. As for-maçons fôrom mudando, mas

sempre fôrom cinco os membrosde Skacha, até que no ano 2010gravárom o seu disco último disco,Catro (Escacha records, 2010), in-titulado assim porque, pola primei-ra vez na história de Skacha, o gru-po gravava com só quatro compo-nentes.No seu comunicado afir-mam que se trara de umha “deci-som mui meditada e nada singela”,mas assinalam que é possível queno futuro voltem reunir-se de mo-do pontual. Na atualidade, mem-bros da última formaçom de Ska-cha estám a tocar com grupos co-mo Falperrys ou Transilvanians.

a deClaraçom Como bem de interesse Cultural imaterial nom Garante a sua Proteçom

A Junta apoia o Valedor do Povo que pedia a retirada dum libro de texto

A.R.G. / A editorial responsá-vel polo livro já modificou oparágrafo que amolava Be-nigno López, e assinalouque vai enviar umha sepa-rata com os “erros” a todosos seus clientes.

Mediado o mês de dezembropassado, e valendo-se de umhadenúncia apresentada polocoordenador do partido UPydem Vigo, Pedro Larralde, o Va-ledor do Povo, Benigno LópezGonzález, instava à Conselha-ria de Educaçom a retirar umlivro de texto de quinto de pri-mária da matéria Conhecimen-to do Meio, porque nele figura-va que "a língua própria da Ga-liza é o galego". Umha informa-çom que López considerava“inexata e incompleta e, por-tanto, falsa", já que nom citava“o papel de língua oficial quetambém tem o castelhano”.

Antes mesmo de que termi-nasse o mês, o conselheiro deEducaçom naquela altura(agora também de Cultura), Je-sús Vázquez, explicava no Par-lamento que se tinha posto emcontacto com a editorial res-ponsável polo livro, a VicensVives, “com o fim de conhecera sua versom e de buscar aadaptaçom do livro para seguira recomendaçom do Valedor”.Segundo Vázquez, a editora ti-nha informado de que "a reedi-çom para o próximo curso in-corporava já as mudanças”, ao

tempo que se comprometia a“enviar aos seus clientes umhaseparata com as modificaçonspertinentes". Vázquez mostrouumha prova "da página 57" dareediçom do livro, rectificada,ao que o deputado do BNG,Bieito Lobeira -quem tinha fei-to a pregunta parlamentariaque respondeu Vázquez-, ensi-nou a página do atual livro cri-ticada polo Valedor e a páginaanterior do mesmo volume, on-de se afirma que a Constitui-çom estabelece o castelhanocomo língua oficial no conjun-to do Estado junto com as ou-tras línguas oficiais nas respe-tivas autonomias.

A queixa do Valedor provo-cou as protestas de vários cole-tivos de defesa da língua, quese concentrárom no passado 15de dezembro ante a sede do Va-ledor do Povo pedindo a demis-som de Benigno López.

Os nacionalistas assinalamque se trata de umha proteçom“simbólica, mas nom real” deumha obra composta por maisde três mil peças, repartidaspor todo mundo. Assim mes-mo, o BNG fixo públicas assuas suspeitas de que partedas peças podam ser empre-gadas para financiar opera-çons de Novacaixagalicia Ban-co, entidade que possui partedo legado do rianjeiro.

A.R.G. / Na sexta-feira 23 de de-zembro, o Conselho da Juntaaprovava a declaraçom de Bem deInteresse Cultural (BIC) Imaterialpara o "conjunto" da obra de Cas-telao, "pola sua significaçom paraa cultura e a identidade da Galiza".

Trata-se da primeira declara-çom de BIC imaterial que é reali-zada na Galiza, e também a pri-meira declaraçom de um BIC ao"conjunto da obra de um autor".Segundo informavam naquela al-tura desde a Conselharia de Cultu-ra, esta declaraçom implicava “aconservaçom, difusom e investiga-çom do conjunto da obra de Caste-lao, sem prejuízo do exercício dosdireitos de propriedade intelectualpolos seus legítimos titulares, as-sim como o fomento da sua pega-da entre as geraçons futuras".

Proteçom simbólica, nom realPorém, em começos de janeiro oBNG dava umha conferência deimprensa em que acusava a Juntade ter feito um pacto nom escrito

com Novagalicia Banco para evitarproteger o legado do político, de-buxante e escritor rianjeiro, asse-gurando que parte da sua obra es-tava nas extintas fundaçons Cai-xanova e Caixa Galicia, polo quepode passar a maos desta entidadebancária para a sua "especulaçom".

Assim o assinalava a deputadanacionalista Ana Pontón, quemcriticou a Junta por nom prote-ger "devidamente" o legado deumha das figuras mais importan-tes do século XX para a Galiza.Segundo o Bloque, a proteçomaprovada polo governo é só um-ha "declaraçom testemunhal" eumha "fraude de lei" já que, "se-gundo o artigo 65 da Lei de Patri-mónio da Galiza, os bens imate-riais som os de tipo etnográfico".

Denunciam umha possível tentativa de espoliaçom da obra de Castelao

Por afirmar que a linGua ProPia da Galiza é o GaleGo

Defensores do idiomacontentravam-se a

15 de dezembro para que demitisse

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24 desPortos Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

AUTODETERMiNAçOM

DiREiTO DE AUTODETERMiNAçOM, UM POTENCiAl DEMOCRÁTiCO

Texto de henrique del BosqueZapata, prologado por Uxío-Breo-gán Diéguez Cequiel

Editam: Causa galiza e A Fenda8 euros (com os gastos de en-vio)Breve e acessível manual sobre odireito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na galizaVersom em norma AgAl e RAg

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ATlAS hiSTóRiCO DA gAliZAE do seu Contorno geográfico e Cultu-ralTexto de josé Manuel Barbosa

Design gráfico e ilustraçom de joséManuel gonçales Ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)Edita: Edições da galiza

Amplo percurso pola história da gali-za através dos diferentes mapas decada etapa a toda a cor

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O CONTO DO APAlPADOR

Textos de lua Sende e Alexandre Miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)Editam: Edições da galiza e

A Fenda EditorialCuidada ediçom para criançasque aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons, tampas duras

d desP

orto

squestionam Gasto PÚbliCo Para a ‘vuelta’

A galega que foi nomeada melhor joga-dora da liga de futebol estadunidense,Verónica Boquete, assinou um contratopor duas épocas com a equipa suecaTyresö. No entanto, entre os meses demaio e agosto jogará no Philadelphiados EUA, o campeonato de maior nível.

veróniCa boquete fiCha Por equiPa sueCa

O Clube Ciclista de Ferrol e o BNG criti-cárom o gasto que vam destinar o Con-celho de Ferrol e a deputaçom corun-hesa para que a Vuelta espanhola passepola cidade em agosto, num momentoem que som reduzidos os apoios paraas equipas galegas desta disciplina.

RAUL RIOS /Pois sim, o marcadorficou 2-1 para a Galiza, mais nestecaso o famoso dito é certo: o im-portante é participar. Mais umano, Siareir@s Galeg@s organi-zou o jogo amistoso da seleçomnacional galega de futebol semnengum apoio por parte da Junta,dos clubes, da Federaçom Galegade futebol nem dos meios de co-municaçom comerciais. Tambémmais um ano, as siareiras aprovei-tárom a ausência da limitaçominstitucional para convocar umhaseleçom galega de homens e mul-heres; capitaneada pola melhorjogadora do mundo, Verónica Bo-quete; e para convidar a seleçomdoutra naçom sem Estado pró-prio, a R.A.S.d. (República ÁrabeSaariana democrática).

Momentos antes do jogo, umha

manifestaçom de meio milhar depessoas reivindicou a continuida-de e oficialidade das seleçons ga-legas. Este ano, devido ao carácterrural da protesta, foi a Guarda Ci-vil e nom a Polícia Nacional o cor-po repressivo que tentou impedira saída da manifestaçom, solici-tando várias identificaçons aosresponsáveis, apesar de que osconvocantes já tinham solicitadoautorizaçom à subdelegaçom dogoverno. de Siareir@s Galeg@stambém notificárom pressons àCámara de Teio nos dias préviosao jogo. Para previr qualquer tipode incidente motivado pola Guar-da Civil, a organizaçom formouunha cadeia de segurança própriae contárom com a presença dasobservadoras de Esculca. Final-mente, a marcha decorreu sem

nengum tipo de incidentes. Partiudo próprio campo da Canhoteira,lugar central das atividades, e foitraçando umha circunferência en-tre as leiras da paróquia, fazendo

vários trechos a escuras, para re-gressar ao ponto de saída.

Antes do jogo rendeu-se home-nagem ao prestigioso ciclista gale-go Ezequiel Mosquera, nado em

Cacheiras, pedindo justiça no seusuposto caso de dopagem, que elemesmo detalhava na entrevista doúltimo número do NOVAS dA GALI-zA. Pola sua parte, Verónica Bo-quete leu um texto defendendo a

Organizaçom popular volta a fazer realidadeo jogo da seleçom nacional de futebol no Natal

RAUL RIOS / Há quem gosta do futebol e há quem nom. O 23 de dezembro emCacheiras (Teio) estavam as pessoas que gostavam e as que nom, numhajornada em que, para além do jogo entre as seleçons de futebol galega e saa-riana, foi reivindicado o direito da Galiza a contar com seleçons nacionais

próprias em todos os deportes e que poidam competir em encontros interna-cionais de carácter oficial. "Como ficou o partido? Ganhamos?" "Pois nomtenho nem ideia". Esta era a conversa de alguns para os que este jogo era oprimeiro e último que iam ver em todo o ano.

o Combinado GaleGo venCeu Por 2 Golos a 1 à equiPa rePresentante do saara oCidental em teio

Umha seleçom mistacapitaneada pola melhor jogadora, Verónica Boquete

Foi homenageado o ciclista Ezequiel

Mosquera, pedindoque volte a competir

FITO E CONCHI / PORUNSAHARALIBRE.ORG

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

XERMÁN VILUBA / O impulso epunho firme que representa abandeira da LNB presidiu a saídaao campo das seleçons irmás, aGaliza e o RASd, deixando assima sua pegada como um dos refe-rentes fundamentais do entrama-do de açom galega. Assim, no pas-sado 23 de dezembro, foi realiza-do um novo encontro da nossaAutêntica seleçom nacional de fu-tebol no grande campo de refugia-dos em que se converteu o estádiode futebol de Cacheiras. de um la-

do o Saara, do outro a Galiza, e nomeio a força e coragem infinita dagrande tribo de tuaregues bilhar-deiros neste nosso abafante e des-comunal deserto galaico. Teu foi onosso oásis de licor café, futebol,bilhardas, festa e luita, mas ogrande repto que saiu de aí juntocom os irmaos é irmás de Siarei-ros Galegos é continuarmos sa-chando leiras e campos de golfepara a criaçom de umha alternati-va válida e viável para o desenvol-vimento desportivo e social pró-

prio e autogestionado com quecombater as políticas galegófobasdo atual governo galego, o qualgostava de aproveitar partidos co-mo este para fechar o recinto comarames de espinhos e gasear os

jogadores e assistentes. Xosé Mi-guel da Faísca, tal como foi anun-ciado em tempo real por O Varalfacebook, atual campeom olímpi-co e recentemente proclamadoPasaiako-Txirikilari, foi o campe-om do já mítico Aberto da Autên-tica realizado no campo de ervaartificial de Cacheiras antes dopartido, sendo o seu próprio com-panheiro de equipa o Pinto, queostentava o título obtido em Ou-rense no ano passado, quem fijoentrega dos fantásticos troféus em

estado líquido e sólido. Aliançacom os siareiros e siarerias gale-gas, com o Apalpador que acudiuàs pistas de bilharda do país paracomprovar o estado de forma umNatal mais e apoiar a soberaniaalimentar de palanadores e pala-nadoras e encher o saco com o ex-plosivo disco duplo República Bil-harda para oferecer junto com ascastanhas às crianças do país in-teiro, porque nom vamos parar atéjogar em toda parte... Siareir@ssempre, Adiante com o Varal!

Bilharda: por umha Galiza e um Saara Ocidental livres

Xosé Miguel da Faíscaganhou o Aberto da

Autêntica em Teio

igualdade de género nos despor-tos. Também Fito Álvarez, de Soli-dariedade Galega com o Povo Saa-riano, leu um texto que arengavaem prol da causa saariana e da fra-ternidade entre ambos países.

25 anos de Siareir@s Galeg@sNa jornada do 23 de dezembrotambém foi celebrado o XV ani-versario de Siareir@s Galeg@s,apesar de que o diário local El Co-rreo Gallego tinha asseguradoque o coletivo pró-oficialidadefestejava os seus vinte e cincoanos na que deveu ser a únicamençom do evento na imprensaempresarial. O clima non foi omelhor para umha jornada ao arlivre, pois orvalhou à tarde e ànoite houvo temperaturas de me-nos de zero graus. Como brincavao próprio Ezequiel durante a suaintervençom, "fai muito frio, sabe-des que aqui em Teio nom anda-mos com brincadeiras". Mesmoassim, as atividades fôrom dilata-das desde bem cedo de tarde atépassadas as 3 da madrugada. de-pois do jantar, começava o tradi-cional aberto de bilharda organi-zado um ano mais pola LNB, se-guido de umha demonstraçom deesgrima medieval. Após o jogo,começou o concerto que encerra-ria o aniversário, onde tocárom osgrupos galegos Invivo, Contra asCordas e Bastards on Parade; e amítica banda catalá Opcio-K 95.

Este é o terceiro ano que os Sia-reir@s Galeg@s organizam poreles mesmos o jogo amistoso deNatal da seleçom, trás a queda dogoverno bipartido e o passo daJunta a maos do PP, foi eliminadotanto este jogo como a própria se-leçom galega de futebol. É a pri-meira vez que se organiza um jo-go destas características fora deumha das grandes cidades gale-gas, algo que, somado ao facto decair em sexta-feira (dia laborá-vel), fazia prever umhas más ci-fras de assistência. Um erro. O jo-go foi desfrutado por 1.000 assis-tentes, apenas 300 menos que noano passado em Ourense, comumha grande participaçom dasfamílias do concelho anfitriom,orgulhosas de ter à Irmandinhajogando ao pé das suas casas.

FITO E CONCHI / PORUNSAHARALIBRE.ORG

FITO E CONCHI / PORUNSAHARALIBRE.ORG

FITO E CONCHI / PORUNSAHARALIBRE.ORG

GZCONTRAINFO

GZCONTRAINFO

GZCONTRAINFO

Boa parte da bancada estava composta por siareiras saarianasOs jogadores saarianos festejárom a alegria de poder representar a sua naçom

Os presos independentistas também tivérom espaço no jogo e na manifestaçom "Marroquino o que nom bote!" foi berrado por siareiros e siareiras

Os golos que dérom a vitória à Galiza fôrom de Jimmi e de Verónica Boquete Também estivo presente o Apalpador

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

temPos livres

ANTIA PINHEIRO / desde os pro-vincialistas até o independentis-mo dos nossos dias, todos os in-tentos por preservar a memóriadesta velha naçom europeia de-pendêrom da própria militáncia.Sem entrar nas divergências ide-ológicas nem nas diferenças eapós o fracasso do bipartido edas “empresas em chave de pa-ís”, a recuperaçom do Apalpadornom podia estar noutro lugarque na comunidade nacional.

É por isso que, apesar de ter ca-minhado polas nossas ruas desdehá anos, o primeiro livro teóricosobre a figura do nosso carvoeirochega às livrarias galegas tam tar-

de. Porque as pessoas que impul-sam o livro através da Comissomde Memória Histórica da Gental-ha do Pichel tenhem, previsivel-mente, mui pouco tempo e outrascousas que atender. Este livro co-letivo conta com as seguintes con-tribuiçons: Jorge Paços traça asraízes existentes entre a tradiçome a modernidade na construçomnacional, situando a centralidadedo mito como umha forma de do-tá-lo de valores e de princípios;André Seoane recompom aquelareuniom da Comissom em queAntom Santos apresenta um arti-go publicado em 2005 no PGL ecomo se foi socializando poste-

riormente fora dos círculos maisconsequentes; José André Lopes,autor do artigo anteriormente cita-do, fala dos perigos do eurocentris-mo e de umha etnologia para a li-bertaçom nacional; Mar Llinaressitua o Apalpador dentro da mito-logia galega; Pepe Árias trata aquestom das festas natalícias des-de a tradiçom até o centro comer-cial, com a inestimável colabora-çom de Coca-Cola; María Iglesiasensina-nos a compreender o tem-po e os ciclos da perspetiva da so-ciedade rural tradicional; CarlosCalvo fai umha escolha da recolhi-da etnográfica elaborada na ope-raçom castanheiro; André Pena fa-

la doutras festas populares esta-cionais; e já para rematar, Jose Ca-daveira e Anjo Rua traem outrascelebraçons do solstício de invernono marco do continente europeu.

Se isto fosse pouco, membrosda Gentalha assinalárom nas di-ferentes apresentaçons que pre-param novos trabalhos sobre estetema para fornecer de argumen-tos o movimento popular peranteas agressons virulentas do espan-holismo ultra, que vê neste ele-mento um reforçamento das si-nais de identidade coletivas.

AA.VV. Teoria de Inverno. Os presen-

tes do Apalpador. Gentalha, 2011

MARIA FRÁ E SÍLVIA PINHA / O Fe-minismo tem centrado muitos es-forços em denunciar a imposiçomdo rol materno patriarcal ligado àsubmissom à família, ao trabalhodoméstico, à dupla jornada, à re-pressom dos desejos próprios... Aincorporaçom das mulheres aomercado laboral, às instituiçonsacadémicas e à política burguesaaparecia confrontada ao papeltradicional da mulher-mae, re-cluída na casa e encarregada dosseus cuidados. Aliás, o Feminis-mo bebeu nas suas raízes de um-ha concepçom para a superaçomdas hierarquias pola via da igual-dade, hoje perfeitamente integra-da no discurso oficial, que, par-tindo de um padrom de referên-cia que é o masculino, só pode ob-servar a maternidade como umproblema para a equiparaçom.

Neste contexto é subvalorizadoum espaço sexual próprio como éo da maternidade e aceitamosmaioritariamente a intromissomdo poder masculino representadopor umha das suas instituiçonsmais misóginas: a classe médica.Foi imposta assim umha vivênciada maternidade produtivista e ro-botizada ao tempo que aceitamoso paternalismo médico em detri-mento da nossa intuiçom e donosso desejo. Viver a maternida-de igual que a vivem os homens éo mesmo que nom vivê-la: gravi-dezes pendentes de resultados egráficas e nom dos desejos e dosvínculos, partos anestesiadas,aleitamentos artificiais, berçosseparados das nossas camas on-

de desfrutar da nossa sexualida-

de (reduzida ao coito), infantáriosdesde os primeiros meses ou de-legar noutras mulheres o cuidadodas nossas crianças (mulheresque ao tempo estám separadasdas suas próprias)...

A revoluçom da mulher parecenom ser a das maes: jornadas detrabalho duplicadas, o corpo de-formado esteticamente para oscánones de beleza imperantes, vi-da social restringida às necessi-dades da criança que é vivida bai-xo a sombra da culpabilidade edo rejeitamento, para além de es-tar acompanhada de um arsenalideológico de desprestígio dasmaes que optam por umha crian-ça natural, virando o prazer emsacrifício, amar em “mal criar”.

Os modelos de criança nomobedecem só às necessidades demao de obra feminina e às estra-tégias de deslocamento do ám-bito doméstico ao mercado la-boral ou vice-versa, nem ao ne-gócio da externalizaçom doscuidados, análises que pecam deeconomicistas e obviam o fun-damental da questom: o contro-lo da reproduçom humana e so-cial. Numha sociedade caracte-rizada polo individualismo cum-pre perguntarmo-nos: Ondeaprendemos a estar sós e a su-portá-lo? Onde aprendemos aaceitar a autoridade que nosoprime? Onde arrumamos osnossos desejos para submeter-nos ao controlo do poder? Ondenasce a repressom sexual?Quando começou a abrir-se esta

ferida na nossa autoestima quenos impede revelar-nos? Nen-gumha teorizaçom sobre o sta-tus quo imperante que nom fagasua umha crítica à família poderádeitar luz sobre o estado de (au-

to)repressom que ordena a pro-duçom e a reproduçom da vida nanossa cultura. Os espaços públi-cos nom som neutros, pressupo-nhem uns espaços privados e vi-ce-versa. Capitalismo e Patriarca-do som um mesmo sistema, e afamília nuclear o modelo que cor-responde ao atual despedaça-mento da vida e da produçom.

Aqui nom defendemos o ante-rior modelo de maternidade pa-triarcal ajustado perfeitamente às

necessidades reprodutivas ante-riores e nom à liberdade sexualdas mulheres. Nom defendemos avolta da mulher ao fogar e a suareclusom no ámbito privado, doque tanto nos custou sair. O Femi-nismo é a única teoria revolucio-nária que até o momento é capazde fazer umha analise crítica glo-bal e nom parcelada nas dicoto-mias público-privado, produçom-reproduçom, sociedade-família.Os nossos objetivos nom som der-rubar esta ou aquela porçom deinjustiça social, e sim o sistema noseu conjunto e nesta tarefa, recu-perar a verdadeira mae, a maenom patriarcal, a mae libidinal.

Para isto algumhas propostasde atuaçom que milhares de mu-lheres estám a protagonizar emtodo o mundo som: a constru-çom de espaços próprios decriança, onde homens e mulhe-res assumam a tarefa coletiva decriar e educar as filhas da nossacomunidade, e assim oferece-rem às nossas crianças diversosroles de referência na sua edu-caçom; o apoio às maes median-te recursos que evitem as cons-tantes interrupçons no desenvol-vimento da sua maternidade, aotempo, que se recupera a sua vi-da publica, entendida esta comoa participaçom na vida comuni-tária na toma de decisons colec-tivas ou na construçom de novosprojetos para a emancipaçom;reivindicaçom para e do feminis-mo de espaços construídos nadefesa de umha outra materni-dade: grupos de lactáncia ou dedefesa dum parto respeitado esobretodo, dotar a maternidadedoutros significados diferentesaos reconhecidos polo poder.

Recuperando a verdadeira mae

entrelinhas teoria de inverno, os Presentes do aPalPador

a Criança natural é subvalorizado um esPaço seXual PróPrio Como é o da maternidade

Viver a maternidadeigual que os homensé igual a nom vivê-la

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2012

que fazer

17.01.2012 / MERCADO EN-TRE LUSCO E FUSCO / 18:00no Parque de Belvis. COM-POSTELAProdutos ecológicos e artesanais.Todas as terças-feiras.

17.01.2012 / PALESTRA SO-BRE ‘PRIVATIZAÇONS DASPENSONS. A GRANDE EX-PROPRIAÇOM’ / 20:00 naFundaçom Caixa Galiza(Cantom Grande). CORUNHAOrganiza a Agrupaçom Cultural‘O Facho’ dentro do ciclo ‘Econo-mia, História, e Realidade So-cial’. Falará o economista e pro-fessor Xabier Peres davila.

18.01.2012 / OBRADOIRO MO-NOGRÁFICO DE BARRO /17:00 no C.S.O. Palavea (RuaRio Quintás, 31). CORUNHA

18.01.2012 / APRESENTAÇOMDE CRAC, DE GONZALOHERMO / 19:30 na BibliotecaPública Ángelo Casal (Rua Joám XXIII, s/n). COMPOSTELAParticipam Chus Pato, OrianaMéndez, Fran Cortegoso e o au-tor. Alicia Fernández recitará po-emas do livro.

18.01.2012 / OBRADOIRO DEMÚSICA / 20:00 no C.S.O. Pa-lavea. CORUNHATodas as quartas-feiras.

18.01.2012 / REUNIOM ABER-TA DO GRUPO DE TEATRODO FAÍSCA / 20:00 no LocalSocial Faísca (Rua Toledo, 9).VIGOTodas as quartas-feiras.

18.01.2012 / PROJEÇOM DEGALICIA 1936-2011, DE RA-MIRO LEDO E PABLO CA-YUELA, E VERTOV EMBLUM. UMHA INVESTIGA-ÇOM, DE ADELHEID HEFT-BERGER, MICHAEL LOE-BENSTEIN E GEORG WAS-NER / 21:30 no C.S. O Pichel(Rua Santa Clara, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. Apresentam Ramiro Le-do e Pablo Cayuela. VO e VOSG,respetivamente.

19.01.2012 / JANTAR IMPO-PULAR / 14:30 no C.S.O. Pa-lavea. CORUNHAdepois do jantar, jornadas dehorta impopular. Todas as quin-tas-feiras.

19.01.2012 / SAM KANUTO2012 / 20:00 na Praça Bugal-hal. PONTE AREIASConcentraçom pola legalizaçomdo canábis.

19.01.2012 / SAM KANUTO2012 / 20:00 na carvalheirade Santa Susana.COMPOSTELAConcentraçom e festa pola legali-zaçom do canábis.

19.01.2012 / PROJEÇOM DEFALSO ORGASMO, DE JO

SOL / 21:30 no C.S. Vagalu-me (Rua Nóreas, 5). LUGO

20.01.2012 / CONCERTO SO-LIDÁRIO COM OSPRESOS/AS INDEPENDEN-TISTAS / 21:00 no Café Cultu-ral Auriense (Praça do Corre-gedor, 11). OURENSEAtuam Keltoi! e Tiro na Testa.

20.01.2012 / CONCERTO SE-MENTES DE MÚSICA. GALI-ZA E BRASIL SEMENTANDOSONHOS / 21:30 no Auditóriode Galiza (Avenida do Burgodas Naçons, s/n). COMPOSTELAConcerto de apoio à escola Se-mente. Atuam Guadi Galego,Uxía Senlle, Ugia Pedreira, Gui-llerme Fernández, Sérgio Tannuse Fred Martins. depois do con-certo, sessom dJ com música ga-lega e brasileira no C.S. O Pichel.

21.01.2012 / ROTEIRO POLOFARO DE BUDINHO / 9:30 naPraça do Concelho. SALZE-DA DE CASELASInscriçom em [email protected].

21.01.2012 / JANTAR POPU-LAR EM APOIO ÀS PESSOASPRESAS / 14:00 no C.S. ACova dos Ratos (Rua Romil,3). VIGO

21.01.2012 / PROJEÇOM DEESQUADRONS DA MORTE: AESCOLA FRANCESA, DEMARIE-MONIQUE ROBIN /20:00 no C.S. A Revira (RuaGonzalo Gallas, 4). PONTE VEDRA

21.01.2012 / I ENCONTRO DECOROS TRADICIONAIS /20:30 no no Auditorio Muni-

cipal Lois Tobío (Rua Lois To-bío, s/n). GONDOMARParticipam Cantigas e Agarimos,de Compostela, e Cantares doBrión, de Víncios, Gondomar.

23.01.2012 / CICLO ‘O CINE-MA ARREDOR DA FÁBRICA’ /21:00 no Liceo Mutante (RuaRosalia de Castro, 100).PONTE VEDRATodas as segundas-feiras. Maisinformaçom em http://www.liceo-mutante.com/.

25.01.2012 / OBRADOIROMONOGRÁFICO DE CARICA-TURAS / 17:00 no C.S.O. Pa-lavea. CORUNHA

25.01.2012 / PROJEÇOM DECHAPLIN DESCONHECIDO,DE KEVIN BROWNLOW E DA-VID GILL / 21:30 no C.S. O Pi-chel. COMPOSTELA

Organiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

26.01.2012 / PROJEÇOM DEOS NOSSOS FILHOS ACUSA-RAM-NOS, DE JEAN PAULJAUD / 21:30 no C.S. Vagalu-me (Rua Nóreas, 5). LUGO

27.01.2012 / CONCENTRA-ÇONS POLA LIBERDADEDOS PRESOS INDEPENDEN-TISTAS / 20:00. COMPOSTE-LA, LUGO, VIGO E OURENSEOrganiza Ceivar. Mais informa-çom em http://www.ceivar.org.

28.01.2012 / LELA. UMHA GA-LA DE CANTIGAS E AGARI-MOS / 21:00 no Onde TeatroPrincipal (Praça da Constitui-çom, s/n). ESTRADA

29.01.2012 / ROTEIRO POLACOVA DA SERPE (FRIOL) /9:00 frente à Escola de Ma-gistério (Avenida de RamónFerreiro, s/n). LUGOOrganiza Adega.

01.02.2012 / PROJEÇOM DEDOLI, DOLI, DOLI... COM ASCONSERVEIRAS. REGISTODE TRABALHO, DE UQUIPERMUI. 21:30 no C.S. O Pi-chel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. Apresenta Uqui Permui.Versom Original.

02.02.2012 / PROJEÇOM DEBARAKA, DE CLAUDENUNDSANY E MARIE PÉ-RENNAA / 21:30 no C.S. Va-galume. LUGO

04, 05, 11 e 12.02.2012 / VJORNADAS DE FORMAÇOME MOSTRA AUDIOVISUALLAV012 / Toda a jornada emdiferentes espaços. VEDRAOrganizadas pola AssociaçomSenunpeso Producións. disponi-bilizam 158 vagas para noveobradoiros. A inscriçom finalizaa 1 de fevereiro. Há mais infor-maçom sobre o programa e ho-rários na página webhttp://www.senunpeso.org/.

08.02.2012 / PROJEÇOM DEVIKINGLAND, DE XURXOCHIRRO / 21:30 no C.S. O Pi-chel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. Apresenta Xurxo Chirro.

09.02.2012 / PROJEÇOM DEWORKING MAN’S DEATH, DEMICHAEL GLAWOGGER /21:30 no C.S. Vagalume. LUGO

15.02.2012 / PROJEÇOM DELOS ANGELES INTERPRETA-SE, DE THOM ANDERSEN /21:30 no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

Fim de semana de atividades polo segundoaniversário do CSO A Casa da EstaçomO movimento okupa celebra nofim-de-semana de 20 e 21 de ja-neiro o segundo aniversário doCentro Social Okupado A Casa daEstaçom, em Ponte D’Eume.

Na sexta-feira, dia 20, organizamumha palestra sobre ‘Repressomnos movimentos sociais e direito eokupaçom’, um campeonato dematraquilho e umha sessom de

música pinchada desde as 22:30.No sábado as atividades come-

çam de manhá, com a prepara-çom coletiva do jantar, que seráàs 14:30. Todas as atividadessom abertas e de balde.

Para as 17:30 preparam umhareuniom de casas okupas e rádioslivres para debater sobre a situa-çom destes movimentos e estudar

possíveis maneiras de colaborar eorganizar-se conjuntamente.

À noite, desde as 22:30, há umconcerto em que atuam Bitxo Bola,The Bulldzers, The Brossas e outrogrupo pendente de confirmaçom.

Aliás, na Casa da Estaçom háum obradoiro de percussom cadaduas terças-feiras e outro de ma-labares todas as quintas-feiras.

Curso para falar em públicoA livraria lila de lilith (Rua Tra-vesa, 7), em Compostela, orga-niza o curso ‘Claves para a co-municaçom oral sob a perspetivade género’. Este obradoiro pre-tende ajudar a superar o medode falar em público. Começa nodia 16 de janeiro e desenvolve-

rá-se durante cinco semanas(um dia por semana), até 13 defevereiro. O preço da matrícula,que inclui todos os materiais pa-ra o curso, é de 50 euros.

inscriçom em visible@visible-

comunicacion.eu ou em liladeli-

[email protected].

A liga Estudantil galega convo-ca o i Certame de poesia e relatocurto Xosé Neira Vilas, aberto atodas as idades mas destinado anovos valores. Podem-se enviaros textos (no caso dos poemas,três ou quatro), em galego e detema livre, até o dia 15 de mar-ço. há dous prémios para me-nores de 18 anos e dous para osque superarem essa idade.

Podem-se consultar as basesna página: http://certameneira-

vilas.ligaestudantilgalega.info/.

Certame depoesia erelato curto

até 15 de março

em Ponte d’eume

na livraria lila de lilith

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há anos, mandava-semuito a sachar. A pou-co que um se despis-

tasse e estivesse a fazer algoimprodutivo, tinha que escuitardo vizinho do lado aquilo de “sefôssedes sachar…”. Poucasatividades se livravam do man-dato imperativo a pegar no sa-cho. ler a Mao, colar cartazes,reunir-se numha célula, sentar-se num parque a beijar-se, fa-zer o percurso da rua dos vin-hos a garrafas em duas taças,disparar balins nas barroncasdo Barbanha, passar a mega-fonia, escuitar o Sílvio toman-do-lhe umha de licor-café oucolocar a faixa do 25 na Ala-meda, fôrom alguns dos moti-vos polos que alguém com sen-tido comum retranqueiro man-dou aos que comigo estavam ea mim ir sachar. Nalgum girocomarcal, o recado podia teroutras encomendas: ir roçar aoCourel, cavar as vinhas ou es-tercar as leiras. A mensagemera a mesma. Pegar no sachoe deixar-se de caralhadas.

Nom sei que puido ter acon-tecido, mas atualmente já podeum fazer a pior das pantomi-mas que ninguém o vai man-dar a sitio nengum. Nem acomprar um burro para ir porpinhas. Assim temos iniciativasparlamentares para restringir aentrada de menores aos toros,mas sem se atrever a proibi-lostotalmente, enquanto somaprovadas leis para permitiremir de caça às crianças de cator-ze anos, empresários e políti-cos que reclamam fazer-se car-go do novo banco galego à cus-ta dos orçamentos públicos,sindicatos que fam cursos deformaçom para afiliados inte-ressados em técnicas policiaisde reparto de estopa e controlode masas, ou chefes de gabi-nete do bipartido gerindo a car-teira de negócios capitalistasna Andorra.

Sei de muita militáncia na-cionalista, que em vez de estara sachar, vai todos os dias àpiscina, ao ginásio, a andar debicicleta ou a buscar choupins.Som milhares de horas consu-midas em fazer largos, pedalarencosta arriba, dar-lhe ao spi-nin ou perder-se pola carval-heira de Catasós. Vivem com atranquilidade de saber que jánom há ninguém que os vaiamandar sachar, mas é que ain-da que quigessem pegar no sa-cho, hoje por hoje nom há ondese pôr à tarefa sachadora.

Xan Carlos Ánsia

muito Por saChar

Como chegaste à regueifa? Foi

nos primeiros contactos com a

música tradicional?

Eu tivem-no fácil: comecei aos 12anos a tocar o tambor, mas tam-bém gostava de cantar. Improvi-sava no momento, por exemplo,nas festas com os amigos, ou notrabalho, cantando aos clientes.Mas daquela nom sabia que oque fazia era regueifa. Andandopolo mundo este -da música tra-

dicional-, topei com Luís O Ca-runcho, e quando lhe cantei, con-testou-me. desde aquela estouregueifando: penso que levo unsseis anos. Ao começo nom era detodo umha regueifa, porque bo-tava eu só as coplas, improvisava,e ninguém me contestava. Masdepois descobrim este modo detirar ponta a todo.

Que é a regueifa para ti?

É improvisar, cantar o momentoem que estás, fazendo coplas ca-rregadas de retranca, como dizia,tirando ponta a todo, e criandocontrovérsia com quem tés ao la-do. Podes falar de todo, dependeda situaçom: o leque vai de temas

políticos a brincar com as rapari-gas de umha festa. Sabia da re-gueifa porque tinha visto na TVos velhos de Bergantinhos, ondehá muita tradiçom, mas se numcomeço era umha atividade mais,como ir a nataçom, por exemplo,agora fai parte da minha vida.

Ao teu ver, que deve ter um

bom regueifeiro?

Trabalhar podes trabalhar a rimaperfeita, a métrica... Mas para po-der regueifar há que ter retrancae procurar um momento de chis-pa. Nom é só questom de botarumhas coplas, senom de buscar avolta a cada acontecimento, apro-veitar o momento e fazer rir àgente. Também há que ter emconta a situaçom em que estejas,já que nom é o mesmo botar um-has coplas numha taberna, num-ha festa ou num auditório, poisconta muito estar ao pé da gente,em contacto direto. Mas tambémé certo que temos dias em quesaem coplas redondas, mui gra-ciosas, e outros em que temos quearranjar-nos com o que nos sainas improvisaçons. E há, assim

mesmo, algumas técnicas para fa-zer as improvisaçons mais singe-las, como empregar verbos em in-finitivo, ou usar como verso dearranque o último verso do outroregueifeiro... Há muitos truques.

E de onde tiras tu as ideias?

Eu gosto do momento. Nom épreciso que che deem os temasdas regueifas, como costumamfazer nalguns festivais, já que odivertido é jogar com o que tésao lado, nesse tempo, com o queestá a acontecer: buscas algo so-bre o que falar e vas-lhe dando,procurando o acompanhamentodo público. Ao começo, cantavapola emoçom que me dava, eporque gostava muito, nas festascom os colegas... depois para bo-tar algum piropo às moças, eagora porque é parte de mim.Também quando saímos a tocarcom o grupo Tanto nos Ten,apresento os meus e as minhascolegas com umha cançom.

Conhecemos muitos regueifei-

ros, mas nom parece umha ocu-

paçom de mulheres...

Na Galiza só conheci umha sen-hora maior, em Sarandom daUlha, que era fantástica. EmPortugal, onde há muita tradi-çom e onde as regueifas somcantares ao desafio, há maismulheres. Nom sei porqueacontece isto na Galiza, mas doque sim estou certo é de que asmulheres seriam melhores re-gueifeiras, porque também sommais retranqueiras.

Pensas que é possível o encontro

da regueifa com outras fórmu-

las, como por exemplo o rap?

Na associaçom ORAL já temosfeito um “concerto” entre reguei-feiros e rapeiros: primeiro iameles, logo nós e finalmente jun-tamo-nos todos... Mas ao meuver som duas fórmulas nom muicompatíveis, porque os rapeirostrabalham com umha base, efam muitas repetiçons, assim co-mo improvisaçons de três minu-tos, por exemplo, e nós em qua-renta segundos cantamos umdesafio improvisado em verso:som duas cousas bastante dife-rentes, na minha opiniom.

“A regueifa é improvisar, cantar o momento,fazendo rir à gente com doses de retranca”ANTIA R. GARCIA / Primeiro há que saudar o público, e imedia-tamente entrar no desafio dialéctico: um ataca, o outro de-fende-se, construindo a sua estrofe para lha devolver ao ad-versário, e assim sucessivamente... até se esgotarem os con-tendentes, vaia marchando o público ou termine a festa. Aschaves da regueifa ou desafio oral improvisado em versosom a sua rapidez e espontaneidade: nom há interlúdios mu-sicais e nom há pausas entre os versos. Há que servir-se doengenho para sair airoso dos envites do outro, e, de passo,

fazer rir ao público. E isto todo de modo improvisado: nomvale trazer os versos e as rimas feitas da casa. Da oralidade,o desafio, a improvisaçom, a rima e a retranca falou o NOVASDA GALIZA com Josinho da Teixeira (Redondela, 1984), o re-gueifeiro mais novo da Galiza, carpinteiro de profissom, emembro do grupo Tanto nos ten e da associaçom ORAL, atra-vés da que um grupo de regueifeiros trabalham por recuperara tradiçom dos desafios orais improvisados em verso maisconhecidos como Regueifa, Brindos ou Loias.

josinho da teiXeira é um dos reGueifeiros mais novos do País

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