orientador: aldomar pedrini/co: m arcelo ......ii. tinoco, marcelo. iii. universidade federal do rio...
TRANSCRIPT
ALAIN HENRIQUE DE SOUZA
ORIENTADOR: ALDOMAR PEDRINI/CO: M ARCELO TINOCO
SiMAHS
SISTEMA MISTO PARA AUTOCONSTRUÇÃO VOLTADO PARA HABITAÇÃO SOCIAL: PROJETO E CONSTRUÇÃO.
CADERNO1 INTRODUÇÃO, REVISÃO, MÉTODO, RESULTADOS E CONCLUSÕES
SiMAHS - Projeto e Construção 0
3
Alain Henrique de Souza
SiMAHS
Sistema misto para
autoconstrução voltada para
habitação social
Trabalho final de graduação apresentado ao
programa de graduação em Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Orientador: Aldomar Pedrini
Co-orientador: Marcelo Tinoco
Natal-RN
2015.2
Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.
Souza, Alain Henrique de.
SIMAHS: Sistema misto para autoconstrução voltada para habitação
social / Alain Henrique de Souza. – Natal, RN, 2015.
140f. : il.
Composto por 2 cadernos.
Orientador: Aldomar Pedrini.
Co-orientador: Marcelo Tinoco.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.
1. Sistemas construtivos – Habitação social – Monografia.
2. Arquitetura – Monografia. 3. Autoconstrução – Monografia.
4. Parametrização – Monografia. I. Pedrini, Aldomar. II. Tinoco,
Marcelo. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 72:69
SiMAHS - Projeto e Construção 1
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
(Vinícius de Moraes)
SiMAHS - Projeto e Construção 2
Agradecimentos
Aos meus orientadores ao longo da graduação e no TFG. Em ordem cronológica: Luiz
Guilherme, do Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energias Sustentáveis (LMHES1 -
Eng. Mecânica - UFRN), Edna Moura e Bianca Negreiros do Laboratório de Sistemas
Estruturais e Construtivos (LABSEC - Arquitetura e Urbanismo - UFRN), Khosrow
Ghavami (MTENC - Engenharia Civil - PUC-RIO), Angela Paiva2, do Grupo de Pesquisa
História da Cidade, do Território e do Urbanismo (HCUrb - Arquitetura e Urbanismo -
UFRN), Aldomar Pedrini, Marcelo Tinoco e André Alves (respectivamente: Orientador,
Có-orientador e ex orientador do TFG).
Aos meus pais por terem segurado tantas barras durantea graduação (e antes também),
pela educação e pela paciência.
Aos demais professores, pela tolerância com minha maneira de me portar enquanto
aluno, sobretudo nos momentos em que o movimento estudantil e o tédio com a
graduação me fizeram falhar com minhas responsabilidades.
Aos meus amigos e a cerveja barata dos botecos por manterem minha vida divertida e
gerarem espaços para que eu chegasse a conclusões importantes para esse TFG que
nunca sairiam de um escritório.
A Camile Suellen, que durante nossas infinitas conversas de altíssima complexidade no
fim do ano passado me ajudou a aumentar minhas capacidades cognitivas, o que foi de
fundamental importância para a realização desse trabalho.
2 O SiMAHS foi dividido em duas partes para que fosse passível de execução. A primeira delas foi uma
pesquisa sobre metodologias de intervenção para estimular a adoção de Tecnologias Alternativas da Construção pelas classes D e E. Esse trabalho foi realizado no oitavo período, mediante orientação da professora.
SiMAHS - Projeto e Construção 3
Ao meu pai, mais uma vez, por ser um horizonte de coerência e intelectualidade.
A minha mãe, mais uma vez, por me tirar das trevas da falta de perspectiva de futuro e
me colocar na Arquitetura e Urbanismo e me fazer vestir a na habitação social, ninho no
qual fiz morada. Hoje, é difícil pensar que já houve um dia em que a área não tinha
nenhum significado na minha vida.
A Marx/Engels, Louis Althusser, Sérgio Ferro e o PSTU, imprescindíveis a minha
formação enquanto militante de esquerda (assim como tantos outros…).
Aos outros, merecedores e não citados, pois o papel é finito.
A mim mesmo. Tive que superar muita coisa profundamente enraizada para finalmente
chegar ao fim do curso.
SiMAHS - Projeto e Construção 4
Resumo
Esse trabalho apresenta o desenvolvimento do Sistema Misto para Autoconstrução
voltada para Habitação Social (SiMAHS). O tema é motivado pela imensa desigualdade
social brasileira, que provoca precárias condições de morada, ainda que a lei 11.888,
de 2008, garanta acesso à assistência técnica para construir como um direito àqueles
que não tem renda o suficiente para contratar um arquiteto. O sistema se caracteriza
principalmente pelo baixo custo, rapidez, facilidade de apreensão e por ter sido
concebido para autoconstrução não assistida. O baixo custo é obtido, sobretudo, por
meio de redução drástica na quantidade de matéria empregada e de baixo custo da
mesma, economia com transporte entre outros. A proposta de autoconstrução parte de
uma modulação que possibilita arranjos arquitetônicos diversos por meio de
parametrização que utiliza fórmulas matemáticas, tabelas automatizadas e quadros
para gerar inclusive implantações, medidas entre outros, reduzindo a dependência em
relação ao projetista. As soluções construtivas são planejadas para que possa ser
executadas por cinco pessoas, em 24h00, gastando aproximadamente cinco mil reais
para a construção de um núcleo mínimo morável. O sistema foi detalhado com
determinação de custos, cartilha de execução, criação de gabarito para auxiliar na
projetação e exemplificação de projetos. Os resultados demonstram que o SIMAHS é
mais barato e rápido de construir do que as tecnologias tradicionais atuais e que,
através da sua simplicidade, foi possível elaborar uma cartilha que, em conjunto com
outras ferramentas, pode ensinar pessoas que não tem vivência com a construção civil
a construir e a projetar de maneira simplificada.
Palavras-chave: Sistema construtivo, Autoconstrução, Habitação social, Assistência
técnica, Parametrização.
SiMAHS - Projeto e Construção 5
Abstract
This work presents the development of the Sistema Misto para Autoconstrução voltada
para Habitação Social-SiMAHS (Mixed System for do-it-yourself construction of Social
Houses). The theme is motivated by the huge problem of Brazilian social inequality,
which causes poor dwelling conditions, although the (Brazilian) law nº 11.888 2008,
guarantees access to technical assistance to build as a right to those who do not have
enough income to hire an architect. The system is mainly characterized by low cost,
speed, ease of learning and is designed for do-it-yourself construction. The low cost is
obtained mainly by means of a drastic reduction in the amount of material employed and
low cost of the materials, transport and other savings. The proposed modulation enables
diverse architectural arrangements through parameter setting that uses mathematical
formulas, automated tables and charts to generate deployments including, among other
measures, reducing the dependence on the architect/designer. Constructive solutions
are planned for it to be performed by five people, in 24.00, spending about 5.000R$ for
the construction of a minimum habitable core of a house. The system is detailed with
costing, execution primer, design guide to assist in the planning and project
exemplification. The results demonstrate that the SIMAHS is cheaper and faster to build
than current traditional technologies and by its simplicity, it was possible to make a
primer that in conjunction with other tools, can teach how to build and design a simplified
way for people who do not have experience with construction.
Keywords: Constructive system, do-it-yourself construction, low incoming house,
Technical assistance, Parametrization.
SiMAHS - Projeto e Construção 6
Lista de Figuras
Figura 1-1 - Tipos de TCC desenvolvidos na Arquitetura e Urbanismo da UFRN ......... 19
Figura 3-1 - Placas de argamassa armada .................................................................. 41
Figura 3-2 - Concreto celular ......................................................................................... 42
Figura 3-3 - Vedação com garrafas PET ....................................................................... 43
Figura 3-4 - Esterilhas de bambu ................................................................................. 44
Figura 3-5 - Parede de tijolos de adobe ........................................................................ 45
Figura 3-6- Parede de gesso ......................................................................................... 46
Figura 3-7- Taboas de madeira agrupadas enquanto chapa ........................................ 47
Figura 4-1- Importância relativa de cada critério ........................................................... 48
Figura 5-1- UHM construída com o SiMAHS ................................................................. 58
Figura 5-2- Reprodução de parte da tabela geradora de macro e micro-módulos ........ 61
Figura 5-3- Tabela automatizada para placas pré-moldadas de peitoril ........................ 65
Figura 5-4. Zona bioclimática 8 (em cinza) ................................................................... 65
Figura 5-5- UHM com micro-módulos de 1m................................................................. 73
Figura 5-6- UHM com macro-módulos de 0,8m ............................................................ 73
Figura 5-7- UHM com macro-módulos de 0,6m ............................................................ 73
Figura 5-8- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s ................................................. 85
Figura 5-9- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s ................................................. 85
Figura 5-10- Exemplo de folha gabarito 1/100 para processos de planejamento
participativo ................................................................................................................... 89
Figura 5-11- Folha de gabarito 1/50 para processos de planejamento participativo ..... 91
Figura 5-12- Folha de blocos 1/50 para processos de planejamento participativo ........ 91
Figura 5-13- Processo de projeto utilizando colagem de blocos ................................... 91
Figura 5-14- Dimensões internas e externas do Fiat Uno modelo antigo. ..................... 95
Figura 5-15- Processo de fabricação das sapatas pré-moldadas ................................ 97
Figura 5-16- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de piso ....................... 98
SiMAHS - Projeto e Construção 7
Figura 5-17- Acabamento tradicional de cimento queimado com corante xadrez
vermelho...................................................................................................................... 100
Figura 5-18- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de peitoril ................. 100
Figura 5-19- Pré-impermeabilização da fundação do embasamento em alvenaria .... 102
Figura 5-20- Exemplo de instalação elétrica aparente de baixo custo ........................ 103
Figura 5-21- Cabo tipo PP de duas vias. ..................................................................... 103
Figura 5-22- Cabo comum........................................................................................... 103
Figura 5-23- Passos 1 a 5 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .............. 114
Figura 5-24- Passo 6 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ..................... 115
Figura 5-25- Passos 7 a 11 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ........... 116
Figura 5-26- Passos 12 a 16 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 117
Figura 5-27- Passos 17 a 18 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ......... 118
Figura 5-28- Passos 19 a 22 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 118
Figura 5-29- Passos 23 a 26 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 119
Figura 5-30- Passo 27 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .................... 121
Figura 5-31- Passos 28 a 29 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ......... 121
Figura 5-32- Passo 30 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .................... 122
Figura 5-33- Passo 31 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .................... 122
Figura 5-34- Passos 32 a 34 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 123
Figura 5-35- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas .......................................... 124
Figura 5-36- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas ................................... 124
Figura 5-37- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas ................................ 124
Figura 5-38- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas ................................................... 124
Figura 5-39- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade
de acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas ..................................... 125
SiMAHS - Projeto e Construção 8
Figura 5-40- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade
de acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas .............................. 125
Figura 5-41- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na
possibilidade de acabamento tipo III com somente as janelas superiores .................. 125
Figura 5-42- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade
de acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas .............................................. 125
Figura 5-43- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas .......................................... 126
Figura 5-44- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas ................................... 126
Figura 5-45- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas ................................ 126
Figura 5-46- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas ................................................... 126
Figura 5-47- Perspectiva interna sala-cozinha de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas .......................................... 127
Figura 5-48- Canteiro de fabricação de pré-moldados simulado ................................. 128
Figura 5-49- Terreno de construção do MOCAP, já desmatado. ................................ 130
SiMAHS - Projeto e Construção 9
Lista de tabelas
Tabela 5-1 - Modulação do SiMAHS em função de diferentes placas .......................... 62
Tabela 5-2. Tamanho de aberturas. .............................................................................. 66
Tabela 5-3. Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis
para cada tipo de vedação externa ............................................................................... 70
Tabela 5-4. Transmitância térmica do SiMAHS. ............................................................ 70
Tabela 5-5 - Orçamento de uma UHM com o SiMAHS ................................................. 74
Tabela 5-8 -Teste de equações e inequações de implantação para um caso exemplo 82
Tabela 5-9 - Carga suportada por pessoas de diferentes configurações ...................... 93
Tabela 5-10 - Peso do m³ de diversos materiais ........................................................... 93
Tabela 5-11 - Transporte e manejo de pré-moldados e afins ........................................ 94
Tabela 5-12 – Quantidade de viagens .......................................................................... 96
SiMAHS - Projeto e Construção 10
Lista de quadros
Quadro 3-1- Exemplos de casos de descumprimento ao código de obras de Natal
indiretamente pelo processo de projeto sugerido pelo SiMAHS..................................... 37
Quadro 4-1- Rankeamento entre critérios utilizado para projetar o SiMAHS ................ 50
Quadro 4-2. Classificação (e exemplificação) dos tipos de sistemas construtivos mais
utilizados para a construção de habitações em geral ..................................................... 52
Quadro 4-3. Diferentes bitolas de fio utilizadas por padrão no SiMAHS ........................ 56
Quadro 5-1. - Zonas bioclimáticas do Brasil e cumprimento (ou não) do SiMAHS às
orientações. .................................................................................................................... 66
Sobre isso, a norma apresenta determinadas exigências numéricas para considerar
uma determinada edificação válida dentro de uma Zona Bioclimática. Isso pode ser
visto na Tabela 5-3.Quadro 5-2. Estratégias para alcançar o conforto térmico em
diferentes zonas bioclimáticas........................................................................................ 68
A cobertura possui transmitância compatível com o exigido (Tabela 5-4). Para auxiliar a
decisão pela utilização do SiMAHS, foi criado o Quadro 5-3 à partir da NBR, com todas
as cidades levantadas pela norma na Zona 8: O quadro figura na cartilha para facilitar a
escolha ou não pelo sistema.Quadro 5-3. Cidades da zona bioclimática 8 do Brasil onde
foram realizadas as medições e estratégias específicas para elas. Destaque em verde
para as capitais .............................................................................................................. 70
Quadro 5-4- Onde geminar uma UHM com apenas um recuo lateral ............................ 83
Quadro 5-5 - Onde locar uma UHM que se encontra no meio de um terreno ................ 87
Quadro 5-6 - Passo-a-passo para fabricação de uma sapata pré-moldada ................... 97
Quadro 5-7 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de piso pré-moldada ......... 99
Quadro 5-8 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de peitoril pré-moldada ... 101
Quadro 5-9-Comodities e afins utilizados para construir uma UHM com o SiMAHS .... 105
Quadro 5-10- Madeiras utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS ............... 106
Quadro 5-11 - Aplicação e descartáveis utilizados para construir uma UHM com o
SiMAHS ........................................................................................................................ 108
Quadro 5-12- Ferragens utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS .............. 109
SiMAHS - Projeto e Construção 11
Quadro 5-13- Ferramentas de pequeno e médio porte utilizadas para construir uma
UHM com o SiMAHS .................................................................................................... 111
Quadro 5-14 Ferramentas de grande porte utilizadas para construir uma UHM com o
SiMAHS ........................................................................................................................ 112
Quadro 5-15 Ferramentas de Limpeza, transporte e afins utilizadas para construir uma
UHM com o SiMAHS .................................................................................................... 113
Quadro 5-16-Perfil das pessoas selecionadas para o teste do sistema de projeto: ..... 132
SiMAHS - Projeto e Construção 12
Sumário:
1 Introdução .............................................................................................................. 16
1.1 Objetivos: ......................................................................................................... 18
1.2 Justificativa: ...................................................................................................... 18
2 Referencial teórico ................................................................................................. 21
: 2.1 – Habitação social e tecnologia: ........................................................................ 21
2.1 Contexto histórico com ênfase tecnológica da habitação social no Brasil........ 22
2.2 Adequando um sistema para alterar relações trabalhistas ............................... 24
3 Método - Elaboração do sistema ............................................................................ 25
3.1 Premissas ........................................................................................................ 25
3.1.1 Destilação de conceitos ............................................................................. 25
3.2 Critérios primários ............................................................................................ 27
3.2.1 Custo ......................................................................................................... 27
3.2.2 Facilidade de apreensão ........................................................................... 29
3.2.3 Rapidez da execução ................................................................................ 29
3.2.4 Transporte e manuseio .............................................................................. 30
3.2.5 Durabilidade .............................................................................................. 31
3.2.6 Ampliação, reforma e manutenção ............................................................ 31
3.2.7 Disponibilidade no local dos materiais ....................................................... 32
3.2.8 Interface com outros sistemas ................................................................... 32
3.2.9 Conforto térmico ........................................................................................ 32
3.2.10 Condições de financiamento .................................................................. 33
SiMAHS - Projeto e Construção 13
3.3 Critérios secundários ........................................................................................ 33
3.3.1 Adaptabilidade a outros usos (além de habitação social) .......................... 33
3.3.2 Conforto acústico ....................................................................................... 34
3.3.3 Verticalização ............................................................................................ 34
3.3.4 Baixo Impacto ambiental ........................................................................... 35
3.3.5 Legalidade ................................................................................................. 36
3.3.6 Segurança contra incêndio e afins............................................................. 38
3.3.7 Estética ...................................................................................................... 38
3.3.8 Gosto do público alvo ................................................................................ 38
3.4 Tipos de sistemas construtivos ........................................................................ 38
3.4.1 Sistemas de maciços ................................................................................. 39
3.4.2 Sistemas pilar/viga ..................................................................................... 39
3.4.3 A escolha do sistema de pilaretes e reflexões sobre a taipa de mão ........ 40
3.5 Possibilidades de vedação ............................................................................... 41
4 Resultados ............................................................................................................. 48
4.1 Escolhas ........................................................................................................... 51
4.1.1 Estrutural ................................................................................................... 51
4.1.2 Vedação .................................................................................................... 52
4.1.3 Cobertura ................................................................................................... 53
4.1.4 Fundações ................................................................................................. 54
4.1.5 Piso ............................................................................................................ 54
4.1.6 Instalações hidráulicas .............................................................................. 54
4.1.7 Instalações elétricas .................................................................................. 56
5 O sistema ............................................................................................................... 57
SiMAHS - Projeto e Construção 14
5.1 Modulação: ....................................................................................................... 58
5.2 Conforto Térmico:............................................................................................. 65
5.3 Custo ................................................................................................................ 72
5.4 Locação parametrizada da construção no terreno ........................................... 78
5.5 Como projetar com o SiMAHS: ........................................................................ 88
5.6 Pré-moldados: .................................................................................................. 92
5.6.1 Sapatas pré-moldadas ............................................................................... 97
5.6.2 Placas de piso ........................................................................................... 98
Placas pré-moldadas de peitoril ........................................................................... 100
5.6.3 Preparo prévio da fundação do embasamento em alvenaria (cartilha
comentada): ......................................................................................................... 102
5.6.4 Pré-preparo das vedações: ..................................................................... 102
5.6.5 Malha na zona neutra .............................................................................. 102
5.6.6 Instalações elétricas ................................................................................ 103
5.6.7 Instalações hidráulicas ............................................................................ 104
5.7 Insumos .......................................................................................................... 104
5.7.1 Comodities e afins ................................................................................... 104
5.7.2 Madeira .................................................................................................... 106
5.7.3 Aplicação e descartáveis ......................................................................... 108
5.7.4 Ferragens ................................................................................................ 109
5.7.5 Ferramentas: ........................................................................................... 110
5.8 Processo de montagem (cartilha comentada): ............................................... 113
5.9 Possibilidades de personalização/acabamento: ............................................. 123
5.9.1 Construção do MOCAP ........................................................................... 128
SiMAHS - Projeto e Construção 15
5.9.2 Teste da cartilha ...................................................................................... 130
6 Conclusões .......................................................................................................... 136
7 Referências .......................................................................................................... 139
8 código de obras de NatalGLOSSÁRIO: ............................................................... 141
9 APÊNDICES ........................................................................................................ 142
SiMAHS - Projeto e Construção 16
Introdução
Trata-se aqui do SiMAHS, sistema construtivo voltado para habitação social
desenvolvido pelo autor entre os anos de 2011 e 2015, no âmbito do curso de
Arquitetura e Urbanismo da UFRN, da elaboração de um manual com o mesmo voltado
para autoconstrução não assistida e da construção de um modelo em escala real
(MOCAP3).
Busca-se contribuir para a resolução do problema do déficit habitacional no Brasil, sob
os preceitos das minhas crenças de militância política e papel social do Arquiteto. Uno
minha pretendida área de atuação dentro da profissão - desenho de sistemas
construtivos - com o anseio de trazer algo de útil para a sociedade.
Sua realização teve início com uma longa reflexão sobre onde eu teria a capacidade de
causar um maior impacto social como Arquiteto-Urbanista. Ao escutar uma afirmação
atribuída a Lefebvre de que O possível só é possível buscando-se o impossível, me
veio a mente que talvez fosse possível a criação de um sistema construtivo para
habitação social que conseguisse possuir uma melhor performance em relação aos
demais sistemas em todos os quesitos simultaneamente.
Sobretudo entre 2012 e 2013, investi tempo e energia para descobrir como conseguir o
impossível. Inúmeros critérios foram se desdobrando em diretrizes projetuais por vezes
conflitantes. Usei disciplinas do curso como espaço para a produção de subsídios
dentro da temática. Em Projeto de Arquitetura 03, projetei habitações de interesse
3 MOCAP – no caso desse trabalho, o termo está sendo utilizado como sinônimo de
modelo em escala real do sistema construtivo e não de uma UHM. Trata-se de 1x1
macro-módulo.
SiMAHS - Projeto e Construção 17
social com uma variação verticalizável de uma versão ancestral do sistema. Em
estruturas 02, desenvolvi uma treliça de baixo custo que permite vencer grandes vãos.
Durante o processo, dialoguei com diversos profissionais, tanto de exatas quanto de
humanas, explicando o sistema e rebatendo os apontamentos. Ao constatar problemas
que não poderia rebater, voltava ao projeto para saná-los. A partir de determinado
ponto, não encontrei mais contra argumentação que não pudesse rebater e portanto,
considerei então que o escopo do projeto estava pronto e que a partir daquele momento
se tratava de um refinamento.
O sistema apresentado atende, teoricamente, diversos aspectos de funcionalidade e
sua aplicação deverá apontar formas de melhoramento. Com essa intenção, foi
construído em Nísia Floresta (pium) um MOCAP para detectar pontos cegos, gerar
dados para a elaboração do manual e envelhecer para gerar dados sobre as patologias
à serem sanadas durante meu
Este trabalho foi dividido em duas partes. A primeira tratou de criar uma metodologia de
convencimento à adoção das TACHS4 pelas as classes D e E5 e foi desenvolvido em
2014.1 durante a disciplina de Planejamento e Projeto Urbano e Regional 06 sob
orientação da professora Angela Paiva (disponível nos apêndices).
Apesar de grande parte do material não possuir referências específicas, muito do
conteúdo aqui disposto foi obtido através do acúmulo dos últimos anos. Livros como o
manual do arquiteto descalço, os manuais técnicos do IPT, tipológicos, inúmeros
artigos, monografias, mestrados e doutorados, experiência em três laboratórios que
trabalhavam com sistemas construtivos e muita reflexão.
4 TACHS – Tecnologia Alternativa da Construção voltada para Habitação Social. Sigla cunhada pelo autor
anos atrás e utilizada exaustivamente durante a primeira parte desse trabalho (que não é o TCC).
5 No caso desse trabalho, a classificação da sociedade em classes de renda é abordada de maneira mais
livre, baseada nos hábitos de consumo que as camadas costumam apresentar baseada na sua renda e
não na sua renda em si.
SiMAHS - Projeto e Construção 18
1.1 Objetivos:
O objetivo geral é desenvolver um sistema construtivo para autoconstrução não
assistida de habitações sociais, com o potencial e as ferramentas necessárias para se
auto-replicar.
Os objetivos específicos são:
1. Apresentar o sistema ao público acadêmico;
2. Criar uma cartilha que possa ser utilizada para orientar as autoconstruções com
esse sistema sem a necessidade do acompanhamento de algum profissional da
área;
3. Realizar o MOCAP para averiguar o funcionamento do SiMAHS;
4. Demonstrar possibilidades de utilização do sistema.
1.2 Justificativa:
Na Arquitetura e Urbanismo, frequentemente a linha que separa as áreas está muito
mais para um gradiente, de modo que para classificar os TFGs6 da UFRN se mostra
mais fácil separá-los em três grandes grupos: Analíticos/história/extensão,
Projeto/Urbano e Projeto/Edificação. Em consulta a Biblioteca Digital de Monografias da
UFRN, existem 52 TFGs disponíveis, relativos as três ultimas turmas formadas. Destes,
seis são de projeto urbano, oito de teoria/história/extensão e 38 de projeto de
edificações. Quatro dos 38 flertam com a área de sistemas construtivos, mas são
fundamentalmente da área de projeto.
6 No curso de Arquitetura e Urbanismo é utilizada a sigla TFG – Trabalho Final de Graduação ao em vez
da usual na grande maioria dos cursos TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.
SiMAHS - Projeto e Construção 19
Figura 0-1 - Tipos de TCC desenvolvidos na Arquitetura e Urbanismo da UFRN
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados extraídos do
site: monografias.ufrn.br. Acesso em novembro de 2015
Apesar de auxiliar e compor o raciocínio projetual das demais áreas, não existe desde
pelo menos os últimos três períodos conclusos, um TFG que seja eminentemente da
área tecnológica ao em vez de utilizá-la como ferramenta de projeto. Este é o primeiro,
e tal qual os demais, utiliza as outras áreas como instrumento para tomada de decisões
projetuais. Não de uma edificação nem de um meio urbano dessa vez, mas de um
sistema. Este trabalho não se enquadra na tradicional dicotômica classificação
(informal?) que acontece na Arquitetura e Urbanismo da UFRN, de TFGs de projeto
(edificações ou urbano) e teóricos.
O raciocínio a dar prosseguimento a partir dos comentários anteriores e estatística é
que a tecnologia, especificamente da construção, é uma ferramenta poderosa para os
arquitetos/urbanistas alcançarem seus objetivos, sejam eles quais forem, mas as
estatísticas provam que à pesquisa e aperfeiçoamento da mesma parece estar sendo
severamente subestimada pelos estudantes do nosso curso. Sem tentar entrar em
mérito especulativo de qual seria o motivo do fenômeno.
SiMAHS - Projeto e Construção 20
A autoconstrução é uma das modalidades que em maior ou menor grau mais ocorre no
Brasil para as classes mais baixas. Ela recorre, sobretudo devido à falta de recursos
dos brasileiros, sendo o pouco que as famílias conseguem conquistar em termos de
morar. Frequentemente, faltam detalhes básicos que permitam conforto, longevidade,
salubridade etc. Primeiro pela falta de recursos, segundo pelo alto grau de
complexidade para quem não é da área da construção civil das variações da alvenaria
convencional.
A existência de um sistema extremamente fácil, rápido e barato, pensado para ser
construído por pessoas que não pertencem à área evitaria os tradicionais deslizes que
colocam em cheque a qualidade de vida daqueles que mais dela carecem. Ao menos,
no que diz respeito ao ambiente em que moram.
Faz-se necessário voltar para a prancheta e para reflexões sobre como construir, para
que possamos construir melhor.
SiMAHS - Projeto e Construção 21
Referencial teórico
2.1 – Habitação social e tecnologia:
De acordo com Soares et al. (2006, p. 161), entre os desafios a serem superados para
a habitação social no Brasil está à simplificação de procedimentos técnicos e
operacionais na produção da habitação. O autor coloca ainda que a autoconstrução ou
construção por mutirão tem o potencial de diminuir os custos da obra, desde que haja
colaboração entre as esferas públicas, centros de pesquisa e a sociedade em geral
(2006, p. 169).
Segundo Larcher apud Vargas (2005, p. 30):
“Os primeiros materiais de construção industrializados, precariamente,
foram os tijolos, vindo a substituir o processo artesanal da taipa nas
construções das paredes de edifícios”. Na medida em que os edifícios
passavam a serem produzidos com uma abordagem mais industrial, a
produção de seus insumos também se convertia em produção para o
mercado
Destacando alguns exemplos interessantes de TACHS próximos a nós, temos a
reconstrução da comunidade de Cajueiro Seco em Recife, onde Borsói capitaneou, a
pedido de Miguel Arraes juntamente com a UFPE e outros colaboradores (1963 e 1964)
a demanda de reconstrução com painéis de taipa pré-moldados de taipa de mão em um
regime misto, onde por mutirão seriam montadas fabricas para os elementos pré-
moldados destinado para as habitações e as residências em si seriam realizadas por
autoconstrução, com desenho do sistema construtivo feito para a ocasião e apoio
técnico a nível de projeto com os então estudantes da federal. O projeto foi interrompido
com o golpe militar, antes que fosse possível testemunhar os seus erros e acertos.
SiMAHS - Projeto e Construção 22
No Rio Grande do Norte, o exército reconstruiu com o projeto taipa (também em painéis
pré-moldados de t. de mão) milhares de residências destruídas durante os abalos
sísmicos ocorridos pouco antes, com epicentro no município.
Para conseguir uma redução dos custos por m², alguns dos artifícios que podem ser
utilizados (até então, I, II, III e IV tem sido largamente utilizados pelo MST): I - Corte dos
lucros das empresas privadas construindo por mutirão; II - Redução ao mínimo dos
gastos com mão de obra através da construção por mutirão; III - Compra de material em
larga escala visando poder de barganha; IV - Projeto das edificações com soluções que
visam baixo custo; V - Sistemas construtivos mais baratos alternativos ao convencional.
1.3 Contexto histórico com ênfase tecnológica da habitação social no
Brasil
Durante o período do pós II guerra o estado brasileiro apesar dos poucos
investimentos, assinala pela primeira vez reconhecer o que estava se tornando
consenso à época, que o problema da habitação social não iria se resolver pela livre
regulamentação do mercado, sendo necessária a intervenção estatal a nível federal
para que se chegasse a uma solução (BONDUKI, 1994, p. 9).
A habitação social passa a receber recursos maciços no primeiro ano do golpe de 1964,
quando é criado o Banco Nacional de Habitação – BNH -para a produção de
unidades habitacionais em massa e viabilização da criação de empregos na
construção civil. As diretrizes passam a ser mais técnicas e econômicas e o lado social
é colocado em segundo plano (LARCHER, 2005 p. 35 apud FARAH, 1998).
Na década de 1980 com a estagnação econômica, o estado abandona gradativamente
a prioridade dada as habitações de interesse social (SOARES et. Al, 2006, p. 162)
entretanto, a abertura política permitiu que a política estatal fosse duramente criticada,
fazendo o BNH retomar a atenção que havia esquecido à população de baixa renda,
com grandes conjuntos habitacionais de edifícios nas grandes cidades (LARCHER,
2005, p. 36apud FARAH, 1996). Através de influência das reconstruções da Europa
SiMAHS - Projeto e Construção 23
pós guerra, as restrições orçamentarias levam a adoção maciça da pré-fabricação de
elementos estruturais e de vedação. Pesquisa e desenvolvimento de novos sistemas
construtivos foram promovidos pelo BNH em canteiros experimentais, com êxito
sobretudo nos conjuntos habitacionais de grande porte (LARCHER, 2005, p. 37).A crise
econômica também leva também a mudanças na gerência de obras das empresas da
construção civil que buscavam sobreviver à crise econômica e tiveram rebatimento na
habitação de interesse social. LARCHER lista (2005, p.39 apud FARAH,1992): I –
Retirada de tarefas do canteiro, com a compra de elementos que poderiam ser
moldados in loco a terceiros ou fabricação em outras propriedades da firma; II –
Terceirização de etapas do processo construtivo, sobretudo nos de alta especialização
para serviços pontuais e III – Busca de maior eficiência no processo. Segundo
LARCHER ainda (p. 39, 2005), FARAH (1998) também identificara novas estratégias
empresariais, como o abandono da visão da industrial, com grandes gastos em
maquinários e afins para a de racionalização, visando a redução dos grandes gastos
com maquinários, vantajosos somente para conjuntos habitacionais de grande porte.
Segundo LARCHER (p.40, 2005):
(...)da visão de industrialização como sinônimo de
mecanização e de soluções tecnológicas isoladas,
baseada nas experiências europeias, para uma visão de
flexibilidade nos processos focada nos princípios dos
sistemas abertos, baseados na compatibilidade e na
intercambialidade de componentes produzidos por
diferentes fabricantes, com base em processos
industrializados;
O aumento da crise dos anos 1980 leva a extinção do BNH em 1986, que passa a ter
suas atribuições incorporadas pela CEF7. Sem estrutura para assumir o papel, as ações
7 CEF – Caixa Econômica Federal
SiMAHS - Projeto e Construção 24
do Governo Federal no Brasil ficam praticamente paralisadas até 1989 (LARCHER,
2005, p. 37).
O fim da década de 1980 e a década de 1990 como um todo marcam a quase
estagnação das ações do estado brasileiro no sentido da resolução do déficit
habitacional brasileiro.
Todavia, políticas voltadas para a habitação social se mantém através das COHABs
8com grandes conjuntos habitacionais (LARCHER, 2005, p. 38 apud FARAH, 1996). O
aumento da urbanização gera um aumento das necessidades habitacionais; retrai-se a
mão de obra disponível para o setor, cresce a especulação imobiliária e a exigência do
público em relação as habitações, fazendo com que nesse período haja um maior
enfoque na pesquisa tecnológica e de sistemas construtivos como forma de contornar
esses obstáculos (LARCHER, 2005 p. 38 apud FARAH, 1992).
A constituição de 1988 marca uma guinada em direção a uma discussão mais
sistematizada. Na década de 1990, se mantém a estagnação de ações estatais, mas
são marcantes algumas conferências importantes sobre a temática habitacional, como a
das nações unidas sobre ambiente e desenvolvimento e a segunda conferência das
nações unidas sobre estabelecimentos humanos.
1.4 Adequando um sistema para alterar relações trabalhistas
8 COHAB – Companhia de Habitação Popular
SiMAHS - Projeto e Construção 25
Método - Elaboração do sistema
O método é composto de premissas que influenciaram os procedimentos e de uma
série de critérios levados em conta para a elaboração do SiMAHS. Houve a
necessidade de separá-los em critérios primários e critérios secundários, uma vez que
alguns foram sérios delineadores (os primários) enquanto o outro grupo era de variável
interesse em ser atingido, mas em algum momento foi necessário abrir mão pratica ou
totalmente dele. Alguns critérios mais, outros menos.
1.5 Premissas
As premissas do desenvolvimento do método são no primeiro caso, filosofia do
pensamento envolvida nesse trabalho, voltada para encontrar resultados melhores – ou
– formas de pensar processos que acompanharam o desenvolvimento desse trabalho.
Em outros casos, tratam-se de desdobramentos de prática de projeto que foi aplicada a
esse TFG.
1.5.1 Destilação de conceitos
Mies Van der Howe utilizou-se de um mecanismo de pensamento para chegar as suas
sínteses do que significa arquitetura moderna. A destilação de conceitos, que
basicamente significa entender o que realmente nós queremos. Exemplo de destilação
de conceito: “Querer fazer um muro para que o vizinho pare de olhar para seu quintal”
pode ser destilado para “Querer um plano vertical que bloqueie a visual do vizinho do
seu quintal” que pode ser novamente destilado para “Um obstáculo visual para
impedir…” para “Impedir a visualização do quintal” para “privacidade do quintal”.
A destilação de conceitos permite que compreendamos exatamente qual é a raiz do
problema para que ele possa receber uma resposta que ataque a sua natureza, ao em
vez de combate-lo através de algum mecanismo ao qual já estamos condicionados a
SiMAHS - Projeto e Construção 26
utilizar como solução. É um exercício de abstração que pode chegar a soluções para o
exemplo anterior adversas ao óbvio. Como: 1 - Conversar com vizinho e chegar a
algum combinado; 2 - Deixar de se incomodar com privacidade; 3 - Utilizar plantas para
separar visualmente as duas propriedades.
Durante todo o trabalho foi utilizada a destilação para conseguir entender quais
realmente eram as soluções que eu deveria tomar, para passar a encarar uma garrafa
PET como um cilindro oco com grande resistência a tração, imune a intempéries, frágil
ao fogo, com 2 litros de capacidade, bom condutor térmico, dentre outras propriedades.
O sistema nunca está pronto
Do início da elaboração do sistema construtivo até a apresentação do trabalho, todas
as soluções do SiMAHS foram consideradas como temporárias até que se achasse
alguma melhor. Praticamente nada sobrou do que existia nos meus primeiros
rascunhos de um sistema estruturado de PVC com fechamento em Taipa pré-moldada.
Isso só foi possível pela síntese ter demorado cerca de três anos. Todavia, toda ela se
mantém aberta para que possa ser aperfeiçoada.
Curso concomitante ao desenvolvimento do SiMAHS
Foram utilizados os conteúdos dos cursos de formação universitária, sempre que
possível direcionando os trabalhos para aperfeiçoar o sistema, ou para desconstruí-lo
ao observar suas falhas. Significa que houve pouco resgate de conteúdo aprendido
para desenvolvê-lo, já que a graduação caminhou em conjunto com o mesmo. O
mesmo vale para as dezenas de livros lidos sobre sistemas construtivos.
Viver o sistema
Vivenciar o sistema de forma prática possibilitou observar muita coisa que não seria
possível caso o trabalho fosse desenvolvido de maneira puramente teórica. Vários
experimentos por exemplo, foram realizados ao longo da graduação para achar traços
de concreto, aprender hidráulica na prática etc.
SiMAHS - Projeto e Construção 27
Interação com outras pessoas
Apresentei o meu sistema a dezenas de pessoas, sobretudo da construção civil,
conversando o máximo possível com elas e buscando ao máximo críticas negativas. A
ideia, além da captação de sugestões, foi blindar o sistema de pontos fracos. A cada
coisa que eu não sabia como justificar, defender, contra argumentar, senti-me felicitado
pela oportunidade de poder sanar as fraquezas antes que o sistema fosse considerado
pronto. Nenhum defeito foi detectado nos últimos dois anos.
1.6 Critérios primários
Os critérios primários são os delineadores do sistema, enquanto os secundários eram
de interesse em ser atingidos, mas, por um motivo ou outro, foi necessário abrir mão de
um pouco com completamente deles
Os critérios foram em grande parte determinados pelo relatório final do autor na
disciplina de “Planejamento e Projeto Urbano e Regional VI”: ”Repensando abordagens
de inserção sobre a aceitação das Tecnologias Alternativas da Construção voltadas
para Habitaçao Social”, desenvolvido durante o período letivo de 2014.1. Nesse
trabalho, o autor buscou indícios de que tipo de linha argumentativa seria necessária
para atingir a inserção das TACHS nas classes D e E e o que uma tecnologia
alternativa deveria ter para ser preterida em relação a construção convencional.
1.6.1 Custo
Uma das maneiras de se quantificar o custo de uma construção é através do CUB, que
corresponde ao preço médio de uma construção por médio quadrado. O índice pode
enganar em alguns momentos ao vermos o preço de uma construção de interesse
social (1.034,34 R$/m² de acordo com SINDUSCON) parecer mais cara do que a de
uma de padrão baixo (de 715,25 a 1072,73). Isso se deve dentre outros fatores, a
despesas fixas de uma habitação social em relação a de uma habitação de baixo
SiMAHS - Projeto e Construção 28
padrão (pela primeira possuir menos área em geral), como áreas molhadas, entrada de
energia etc. O preço pode ser separado em algumas principais partes:
Custo - Mão de obra, lucro e manutenção das empresas
Os custos com a mão de obra e relativos à manutenção e lucro das empresas podem
ser zerados na autoconstrução e na construção por mutirão, desde que o sistema seja
extremamente simples de ser entendido e repassado e que não necessite de nenhuma
ferramenta, forma ou coisa semelhante, que pressuponha necessidade de replicamento
em larga escala para que o sistema se torne economicamente viável.
Custo - Despesas materiais
Os custos com as despesas materiais, assim como as duas categorias elencadas no
parágrafo acima são extremamente altos e, para que eles diminuam muito, é necessária
a redução da quantidade de material utilizado na construção. Isso é particularmente
viável em locais com um clima semelhante ao nosso, onde o conforto térmico é
idealmente conseguido através da ventilação cruzada, mas pode se tornar um problema
em climas com menor umidade, ou muito mais frios se – por exemplo – diminuirmos
drasticamente a quantidade de material utilizado na envoltória para diminuir o gasto
com materiais.
Custo - Despesas legais
As despesas legais foram desconsideradas enquanto parâmetro, posto que o sistema é
voltado e autoconstrução de baixa renda e uma construção realizada com ele teria
probabilidade irrisória de ser legalizada, quiçá ter a presença de um arquiteto para
assinar o projeto.
Custo - Transporte e armazenagem
Não é em toda situação de construção civil que será possível moldar os pré-moldados
que compõe o sistema in loco, seja por questão de logística, seja por risco de roubo.
Também, é uma questão importante para se pensar para que seja possível, no caso da
SiMAHS - Projeto e Construção 29
construção por mutirão, centralizar a produção para maximizar a eficiência
(trabalho/horas trabalhadas).
Quanto maiores e mais pesados os elementos envolvidos enquanto pré-moldados,
maior a necessidade de se contratar transporte especializado (e consequentemente
pago) para realizar os traslados. É possível evitar essa despesa.
Custo do terreno
No caso da construção por mutirão, é possível a união de forças, pleiteando que o
estado brasileiro em suas diversas instâncias proceda a doação de terras da união ou a
compra de lotes. De qualquer forma, é importante observar que o sistema é adequado
para os meios rurais e suburbano, onde o preço dos lotes é um dos menores
empecilhos.
1.6.2 Facilidade de apreensão
A facilidade de apreensão do sistema é um fator extremamente importante para um
sistema voltado para autoconstrução por habitação social. Uma vez que sem ela, seria
necessário o auxílio técnico de profissionais da área da construção civil, o que
inviabilizaria o processo.
Um sistema que não seja extremamente fácil, tende a ser mal construído pelas
populações que não tenham alguma experiência com a construção civil, gerando
patologias e consequentemente a descredibilização do mesmo, ou simplesmente - o
que acredito ser o mais provável - não ser usado, sendo abandonado em detrimento da
solução tradicional da alvenaria (utilizada como) estrutural.
1.6.3 Rapidez da execução
Sendo possível construir mais rapidamente, porquê demorar mais? Muitas das técnicas
de permacultura não saem dos respectivos centros por serem extremamente
demoradas e/ou desgastante fisicamente.
SiMAHS - Projeto e Construção 30
Uma coisa que não se costuma levar em conta em termos de construção civil é o preço
da hora do trabalho dedicado a uma residência. Da mesma forma, um processo muito
longo tende a afastar os interessados.
Como referência, para um salário mínimo de R$788,00, alguém que ganhe essa
quantia e trabalhe seis dias da semana durante oito horas ganha cerca de R$ 44,50 por
hora. Se quatro pessoas trabalharem doze horas por dia aos domingos durante seis
meses existem cerca de R$1300 não computados ao custo! E isso levando em conta o
preço do salário mínimo e desconsiderando o fato de que o trabalho físico até certo
ponto extremo da construção civil é extremamente mais desgastante do que a maioria
do empregos do terceiro setor.
A rapidez de execução de um sistema é fundamental para que uma família possa se
mudar rapidamente, economizando o dinheiro dos aluguéis. Supondo que a família está
morando em uma casa alugada em uma zona de baixa renda, ao custo de R$300,00
por mês, existem R$1.800 que são gastos a mais com o acúmulo de aluguéis que
poderiam ser economizados se a casa demorar seis meses para ficar pronta. Somando
esse custo com o anterior, são R$3.100 reais de diferença, no mínimo, ao utilizar
sistemas consideravelmente mais lentos que poderiam ser economizados. É importante
a ressalva de que existem uma série de fatores que podem influir no tempo necessário
à finalização de uma casa com um mesmo sistema, como quantidade e qualidade da
mão de obra, disponibilidade ou não de ferramentas mais especializadas e caras,
condições específicas do terreno e do canteiro de obras, qualidade da mão de obra,
processo de planejamento de uma obra, dentre tantos outros.
1.6.4 Transporte e manuseio
Todos os elementos foram desenhados para que pudessem ser transportados em um
carro popular, acessível às classes mais baixas, seja através da boa vontade dos
amigos e familiares, ou por realmente possuir um. Por carregar em um carro popular
que se entenda “carregar como der”, seja sobre o teto ou com a mala aberta. Sem isso,
SiMAHS - Projeto e Construção 31
se tornaria necessário recorrer aos fretes, o que iria de encontro com o parâmetro
custo, o mais importante dentre todos.
O peso dos elementos também foi levado em conta na elaboração, sendo colocado
como limite 80kg, viabilizando dessa maneira o transporte e manuseio por dois adultos
saudáveis, mas buscando manter abaixo de 60kg (um homem adulto de acordo com a
NBR 17). Sem isso, criar-se-ia a necessidade da utilização de maquinário
especializado, inviabilizando em termos de custo o processo em pequena escala
(possivelmente até em média).
1.6.5 Durabilidade
No que cabe ao sistema construtivo em si, ele pretende ser solução superior para
aqueles que o utilizarem, ou ao menos o melhor custo x benefício possível dentro dessa
lógica. A construção civil em geral é pensada em termos de durabilidade para cerca de
50 anos. Como praticamente todos os materiais empregados são tradicionais da
construção civil, espera-se semelhante durabilidade, desde que: 1- a manutenção seja
feita a contento, 2- durante a execução, sejam executados a contento os detalhes
necessários para proteger os elementos existentes, 3- Seja seguido o processo de
projeto descrito nesse manual ou exista algum profissional técnico habilitado; 4- Não
existam erros não previstos de projeto do sistema que gerem patologias. Figuram como
mais dependentes para longevidade de uma correta manutenção os fechamentos em
madeira pinus, que são particularmente susceptíveis à ação da água.
1.6.6 Ampliação, reforma e manutenção
Em construções de interesse social assistidas (ou não), é quase certo que as
ampliações que irão se suceder dentro de alguns anos. Sabendo que muito
provavelmente irá existirá uma necessidade de ampliação da residência com ou o
passar do tempo ou simplesmente, haverá mais dinheiro disponível, esse caráter é
fundamental para que o sistema possa funcionar a contento.
SiMAHS - Projeto e Construção 32
A facilidade de a construção ser reformada e ampliada finda por gerar a necessidade de
uma lógica diferente para a manutenção das instalações hidráulicas e elétricas, que
findam por se tornando mais flexíveis à intervenções posteriores a conclusão das
construções em seu momento original.
1.6.7 Disponibilidade no local dos materiais
A validade do desenvolvimento desse sistema construtivo enquanto solução
habitacional para o país é diretamente proporcional a facilidade com que as pessoas
possam achar os materiais necessários para construir na maior abrangência possível
de regiões. Dessa maneira, o sistema foi pensado para se utilizar somente de
elementos que sejam “universais” na construção civil.
Infelizmente, essa perspectiva inviabilizou o uso de algumas soluções que seriam
interessantíssimas como ferramenta de redução de custos ou incremento na velocidade
de construção, como o uso de algumas espécies de bambu, solos, impermeabilizantes
naturais…
1.6.8 Interface com outros sistemas
A interface com outros sistemas é um parâmetro muito importante, porquê significa que
o sistema deixa de estar limitado somente para construção (do zero) e passa a servir
para reforma/ampliação, situação muito comum em toda a construção civil (não
somente para as classes D e E)
A interface com outros sistemas também é particularmente importante se levarmos em
conta que é o sistema possui a limitação de não estar apto a suportar a carga de uma
caixa d’água.
1.6.9 Conforto térmico
Devido ao raciocínio construtivo utilizado (de baixar ao máximo a quantidade de
material empregado, por uma série de fatores) existe pouca massa por metro cúbico de
SiMAHS - Projeto e Construção 33
ambiente construído e a inércia térmica é baixa, apropriado para zona bioclimática 8. As
paredes apresentam alta transmitância térmica e por isso são adotados sombreamentos
por beiral e revestimentos de baixa absortância térmica. A coberta é clara e sua
transmitância térmica é de aproximadamente 2,0W/m²K, preferencialmente clara.
1.6.10 Condições de financiamento
Para que haja o financiamento de alguma construção com o sistema proposto seriam
necessários uma série de testes que averiguassem a viabilidade do mesmo e
elencassem parâmetros para a aprovação. O processo como um todo é bastante
burocrático, o que por si só já seria um empecilho para ser vencido ao longo de muitos
anos, mas o maior problema é que, em um cenário hipotético de sucesso, o SiMAHS
não contará na maior parte das vezes com a assistência técnica necessária (assinatura
de arquiteto e urbanista), terrenos legalizados etc para à aprovação de um
financiamento. Assim, só existe viabilidade do sistema para a autoconstrução caso ele
não utilize financiamento.
Para não utilizar o financiamento, aposta-se na construção de uma UHM - Unidade de
Habitação Mínima com cerca de 18m² ao custo de R$5.000 como núcleo expansível da
residência, o que possibilitaria que grande parte do público alvo quitasse as despesas
todas de uma vez, mediante acúmulo de poupança ou venda de algum bem.
1.7 Critérios secundários
Os critérios secundários são: Adaptabilidade a outros usos (além de habitação social),
Conforto acústico, Verticalização, Baixo impacto ambiental, Legalidade, Segurança
contra incêndio e afins, Estética e Gosto do público alvo. Seguem abaixo:
1.7.1 Adaptabilidade a outros usos (além de habitação social)
Apesar de não ser essencial, estende a utilidade do sistema para um universo mais
vasto, o que auxiliaria a disseminação do SiMAHS. Além disso, poderia permitir em
SiMAHS - Projeto e Construção 34
assentamentos rurais estruturas comunitárias auxiliares, como cocheiras, silos etc.
Sempre que isso não trouxe consequências negativas para outros parâmetros, foi
buscado.
1.7.2 Conforto acústico
Devido à pequena quantidade de massa presente no sistema, não existe significativa
capacidade de isolamento sonoro com esse sistema. Em muitos casos isso não será
um problema, posto que por não ser verticalizável, ele é indicado sobretudo para áreas
rurais e suburbanas, onde, na maior parte dos casos, não existem altos níveis de
ruídos.
1.7.3 Verticalização
A autoconstrução verticalizada é pouco comum e perigosa devido ao risco de
desmoronamento, que não compensa a possibilidade da verticalização em uma obra
não assistida.
O sistema apresentado nesse trabalho não é verticalizável, mas isso não é somente por
cautela. O sistema é modulado e pré-moldado, o que permite grande barateamento,
além de agilizar o processo como um todo. Verticalizar o sistema aumentaria
drasticamente criaria uma demanda variável de carga (devido entre outras coisas, a
enorme possibilidade de números diferentes de andares), o que inviabilizaria o uso dos
mesmos pré-moldados utilizados para construções térreas, tornando-se necessária a
criação de um sistema de pré-dimensionamento para o SiMAHS muito mais complexo,
sobretudo para mim enquanto Arquiteto (não Engenheiro Civil).
Verticalizar tornaria mais complexas a instalação e o dimensionamento da hidráulica e
elétrica, tornando assim, também mais complicado criar o material necessário para
ensinar como fazer isso.
As fundações teriam que aguentar muito mais peso, de modo que da maneira como
elas estão concebidas no momento, ultrapassariam os 80 kilos, inviabilizando o
SiMAHS - Projeto e Construção 35
processo de transporte sem utilização de maquinário ou criando a necessidade de fazer
a fundação in loco mesmo.
Criar a possibilidade de verticalizar o SiMAHS tornaria o sistema mais caro, mais difícil
de aprender, mais lento de executar, mais difícil no transporte/manuseio dos
componentes, e afetaria as condições de financiamento (fora diversos outros fatores).
Diretamente, isso iria drasticamente contra ao menos 6 dos 9 critérios primários,
diminuindo a eficiência alcançada nos mesmos. Com tudo isso, a verticalização que era
um dos critérios primários teve que ser rebaixado para permitir aos demais
prosperarem.
Ou seja, seria praticamente impossível criar uma cartilha para autoconstrução não
assistida que permitisse a verticalização de maneira parametrizada, tal qual feito aqui
com vários dos componentes (você poderá ler sobre isso mais adiante). Ao mesmo
tempo, o valor de algo desse tipo seria inestimável para resolver o problema do deficit
habitacional nas cidades.
1.7.4 Baixo Impacto ambiental
O baixo impacto ambiental não foi considerado prioritário na elaboração do SiMAHS,
posto que o déficit habitacional foi considerado um problema muito mais grave. Não é
que esse critério não seja importante para a construção civil em geral, mas ele afeta
diretamente a escolha dos materiais a serem utilizados, prejudicando de inúmeras
maneiras todas as outras conquistas que poderiam ser alcançadas.
Uma série de tecnologias existentes trabalham com baixo impacto ambiental, mas
infelizmente, as mesmas acabam recaindo na necessidade de mão de obra intensiva
durante meses a fio, necessidade de alto grau de conhecimento técnico ou uma série
de materiais que em muitos casos não vão estar disponíveis. Esses problemas
inviabilizam diretamente critérios prioritários aqui elencados.
Todavia, mesmo não sendo sido buscado, o baixo impacto ambiental está presente no
sistema, ao menos em relação aos sistemas que são utilizados hoje em dia pela
SiMAHS - Projeto e Construção 36
indústria. A baixa quantidade de material utilizada e o fato de que muitos são
biodegradáveis (madeira, tijolos) contribui para a redução do impacto ambiental.
1.7.5 Legalidade
A legalidade é questionável. Por um lado, o sistema proposto de autoconstrução não-
assistida de habitações sociais é por si só ilegal (por não ter projeto assinado), porém
pode ser utilizado por um arquiteto e ter um projeto registrado normalmente, seguindo
todos os parâmetros dos códigos de obras e planos diretores. A autoconstrução não-
assistida é uma ilegalidade que não será resolvida enquanto toda uma lógica política
não for alterada no Brasil. Mudanças assim não acontecem rapidamente. O SiMAHS foi
projetado não para estimular a ilegalidade, mas para qualificar uma ilegalidade que é
sistêmica. Por outro lado, quem cria a demanda pela ilegalidade no fim das contas é o
estado capitalista brasileiro. A lei Nº 11.888 de 24 de dezembro de 2008 garante que:
Art. 2o As famílias com renda mensal de até 3 (três)
salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou
rurais, têm o direito à assistência técnica pública e
gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social para sua própria moradia.
O problema é que de nada adianta garantir um direito para a população sem criar os
aparelhos necessários para a sua implantação. A lei vem atender á constituição de
1988 no seu artigo sexto:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
SiMAHS - Projeto e Construção 37
Todavia, é importante ressaltar que a moradia no artigo 6º vem da emenda
constitucional número 26, de 2000. Para que se tenha uma ideia da gravidade dessa
situação, 79% dos brasileiros ganham até três salários mínimos. Ou seja: quatro em
cada cinco brasileiros teria direito à assistência técnica de um arquiteto.
Quanto aos códigos de obras das cidades em geral (utilizando o de Natal como
exemplo), foram essas as irregularidades percebidas, caso uma UHM seja feita
conforme os tamanhos e processos pensados por esse trabalho.
Quadro 0-1- Exemplos de casos de descumprimento ao código de obras de Natal indiretamente pelo processo de projeto sugerido pelo SiMAHS
Artigo Motivo
Art. 4P - Toda obra elou serviço de engenharia tem um ou mais responsáveis técnicos sendo todos eles, técnica, administrativa e civilmente responsáveis solidários pelo mesmo e obedece a projeto elaborado por profissional legalmente habilitado.
Se a obra realmente for realizada por autoconstrução não assistida, não haverá licenciamento, alvará nem profissional legalmente habilitado.
Art. 8P - Parágrafo único - Deve ser mantida na obra uma cópia do Alvará de construção e do projeto aprovado, em local de fácil acesso.
Ver acima
Art. 94 - Iniciar a execução de obras e/ou serviços sem licenciamento (passível de punição)
Art. 145 - Nas unidades residenciais, os compartimentos destinados a estudo elou trabalho, t6m de possuir área mínima de oito metros quadrados (8,OO m2).
Para resultar em 8m², o macro-módulo deveria possuir no mínimo 2,83m,todavia por definição ele varia de 2,5 a 3,5m
Art. 146 -. A unidade residencial deve ter, no minimo, uma Área construída de trinta metros quadrados (30,00 m2), em condições de habitabilidade, com no mínimo um banheiro.
Essas dimensões mínimas são pensadas para uma residência, não para uma UHM. Todas as UHM’s que podem ser geradas pelo cálculo automatizado tem área inferior (de 15,3 a 28,5 com as simulações feitas até o momento).
Fonte: Código de obras de Natal.
SiMAHS - Projeto e Construção 38
1.7.6 Segurança contra incêndio e afins
Uma atenção foi tomada em relação as instalações elétricas, com a utilização de cabos
KPP em detrimento de simples conduítes, para evitar o contato direto com a água,
assim como a possibilidade de desgaste devido à ação física, o que poderia gerar
curtos circuitos (e consequentemente incêndios devido a grande quantidade de madeira
utilizada).
1.7.7 Estética
A estética não é considerada como fator relevante na elaboração do sistema, posto que
em grande parte ela é socialmente construída. A abordagem aqui é no sentido que os
olhos se acostumem ao que se põe à vista, mas que não haja desvios no sentido de
uma busca. Destaca-se que o sistema pode ser personalizado pelos usuários por meio
de cores.
1.7.8 Gosto do público alvo
Não é do interesse da elaboração do sistema buscar satisfazer ao gosto de algum
público alvo, posto como critério abstrato de enumeração de valor por dois motivos. O
primeiro é que o “gostar” ou o “não gostar” sem algum motivo relevante explicitamente
coloca em segundo plano todo um raciocínio utilizado para realizar um sistema
destinado a resolver um problema e o segundo é que o sistema pretende ser o mais
abrangente para a maior quantidade possível de pessoas e seria impossível atender
aos gostos de todos ao mesmo tempo.
1.8 Tipos de sistemas construtivos
São classificados em três grandes grupos, visando à identificação dos benefícios e
determinação de uma TACHS.
SiMAHS - Projeto e Construção 39
1.8.1 Sistemas de maciços
De todos esses, o sistema de pilaretes é o que necessita da menor quantidade de
material envolvido, assim como tem as fundações mais simples de serem resolvidas. Se
a cobertura tiver pouco material envolvido, ela irá pesar pouco sobre as paredes, que
poderão receber menos material e se, de fato o fizerem, podem permitir uma fundação
extremamente simples e barata (com pouco gasto material), para facilitar o processo de
autoconstrução.
Tenho testemunhado que, salvo algumas poucas exceções, as construções mais
rápidas tem sido as de sistema de pilaretes, mas não necessariamente são ausentes as
limitações características dessa classe. O woodframe e lighting steelframe por exemplo,
acabam saindo mais caros em termos de material envolvido, apesar de economizarem
em mão de obra. A taipa de mão parece ser o sistema que melhor lida com o problema
até o momento.
Ao mesmo tempo, é importante destacar que diversos sistemas de maciços tem o custo
das vedações verticais praticamente nulos, sobretudo aqueles ligados às arquiteturas
de terra, como é o caso da taipa de pilão, ao adobe e o superadobe. Essa aparente
vantagem acaba se traduzindo ao meu ver em um problema sem limites, pois o nível de
desgaste físico necessário para empregar uma dessas técnicas é frequentemente muito
grande. Em alguns casos, como o caso do adobe simples, o esforço não é tão
acentuado, mas o tempo necessário para a construção de uma casa chega a se tornar
demasiadamente longo.
1.8.2 Sistemas pilar/viga
Os sistemas de pilar/viga de todos são os que apresentam a possibilidade dos maiores
vãos livres. Em geral, considera-se que vigas de concreto moldadas in loco (as mais
comuns para a construção civil residencial em pequena escala) são viáveis
economicamente até cerca de 6m de comprimento, o que daria algo em torno de 50 a
60cm de altura, a depender do dimensionamento adotado e de quais são os esforços
SiMAHS - Projeto e Construção 40
envolvidos. Ressalva: muitos construtores “práticos” evitam vão tão grandes, pois de 4
até 6m o acréscimo do preço linear da viga é exponencial, pela maior necessidade de
aço. Os custos estruturais não justificam sua utilização em uma habitação do tipo social
que não seja verticalizada, posto que a necessidade de vãos não é tão grande assim.
Uma estrutura muito mais simples se não houver verticalização é utilizar madeira, que
além de bem mais barata, pode ser utilizada sem tanta necessidade de mão de obra
específica, tampouco maquinário que não compensa a utilização em pequena escala.
Sobre a possibilidade da utilização do aço em seus diversos perfis I, H, C, U… O
enorme peso se torna ainda mais inviável na pequena escala característica da
autoconstrução. Faz-se necessária a utilização de maquinário de grande porte, como
guindastes, além de um controle de processo completamente inviável.
A utilização de pilar/viga com base em madeira caiu em desuso a muitos anos devido
ao alto custo em relação as à época novas tecnologias: Concreto e aço, sobretudo pelo
encarecimento do preço da madeira. Hoje em dia, a mão de obra, além de altamente
específica é também escassa (e muito cara).
1.8.3 A escolha do sistema de pilaretes e reflexões sobre a taipa de mão
Considerei durante algum tempo no início desse trabalho me utilizar da taipa de mão
(alguma variação do sistema) para solução. Infelizmente, o que se tem feito com o
sistema no país é basicamente de construções mal feitas, por parte dos necessitados.
Essas construções carecem de detalhes suficientes para que as construções possam
ser suficientemente resistentes às patologias. A bem da verdade, a quantidade de
detalhes necessários é um tanto quanto grande. Pensei à época que se fosse ao
menos possível substituir a estrutura dos esteios e das barras horizontais e a partir
disso trabalhar com um sistema de painéis pré-moldados, poderíamos ter um
melhoramento necessário, tal como já foram feitos vários no país (sistemas de taipa de
mão pré-moldada, taipa leve, dentre outros derivados). Acabei não seguindo em frente
com isso, por acreditar que seria possível desenvolver um sistema mais simples e
rápido, que necessitasse de uma quantidade menor de preocupações para ser
SiMAHS - Projeto e Construção 41
implementado (como o embasamento, percentual dos componentes na massa,
impermeabilização dos esteios, dentre tantas outras coisas). No caso da taipa de mão
especificamente, meu receio é de que o sistema, ao ser utilizado pela autoconstrução,
não seria utilizado de maneira adequada, o que acarretaria na perda do reboco por falta
de manutenção e afins, ocasionando a destruição do entramado e possivelmente
colocando os esteios em risco. Ou seja: acredito que a taipa de mão é uma solução
viável, mas ela ainda necessita de um grau muito grande de acompanhamento por
parte dos profissionais técnicos, o que me parece extremamente desinteressante
reduzir. Todavia, quais são os caracteres da taipa de mão que podem ser aproveitados
para serem utilizados em um sistema? Dai, destaco, o fato de ser um sistema que pode
ser modulado, pré-fabricado, a fundação não-corrida (que facilita a construção, apesar
de só ser possível ou com uma hipertrofia das sapatas ou com uma redução bruta das
cargas) etc.
1.9 Possibilidades de vedação
Diante das minhas pesquisas, me deparei com alguns materiais/tecnologias que
poderiam ser utilizados para vedação. Não posso dizer que eu tenha encontrado um
material perfeito, mas convém falar de cada um dos que se aproximaram e porquê eles
não foram utilizados:
Argamassa armada
Rápida, leve, fácil de fazer. Infelizmente, o custo com a tela soldada e a tela de
galinheiro tipo pintinho torna inviável a sua utilização.
Figura 0-1 - Placas de argamassa armada
SiMAHS - Projeto e Construção 42
Fonte:http://www.premoldadosaojose.com/imag
es/placasPremoldadas.jpg. Acesso em
novembro de 2011.
Compósito de gesso/areia/cimento/água
Relativamente barato, seca muito rápido, o que permite ter uma pequena quantidade de
fôrmas se for um pré-moldado. Infelizmente, não tem resistência física o suficiente pela
pequena resistência à tração. Para sua utilização, seria necessária a diminuição da
modulação dos pilares ou a utilização de alguma espécie de entramado dentro do
compósito, o que iria complicar o processo ou, no mínimo, encarecê-lo;
Concreto celular
Opção extremamente interessante, por ser de baixo custo, gastar pouco material, ser
leve e barato. Infelizmente, só permite uma densidade mínima de cerca de 1200kg/m³
sem que haja a utilização de máquina borbulhadora, com a qual seria possível chegar a
um mínimo de cerca de 300kg\m³, que tornaria sua utilização muito mais barata e
simples do que todos os outros materiais considerados. Sendo assim, muito
provavelmente utilizaria em construção por mutirão (pela divisão dos gastos do aluguel
com a máquina). Existe outro ponto complicado também com a utilização do concreto
celular, que é a dificuldade em conseguir comprar o aditivo necessário e alugar
(inclusive achar para alugar) a máquina borbulhadora em diversas regiões do país.
Para piorar, só achei o aditivo a venda em quantidades muito altas;
Figura 0-2 - Concreto celular
SiMAHS - Projeto e Construção 43
Fonte:http://www.concretocelular.com.br/ESW/I
mages/bloco_de_concreto_celular_5274.jpg.
Acesso em novembro de 2015.
Vedação com garrafas PET
Apesar de parecer vantajoso à princípio, o custo unitário das garrafas (achei a dez
centavos) acaba saindo muito caro no fim das contas. Além disso, necessita de uma
utilização muito grande de mão de obra, com grande probabilidade de não adensar
corretamente o barro/areia dentro das garrafas. Acaba sendo uma solução final que
sobrecarrega as fundações, não existe com tanta abundância quanto se pensa etc.
Com o passar do tempo e as mudanças que foram ocorrendo no sistema, essa opção
não teria sido nem considerada, pois na configuração em que ele se encontra no
momento, isso não conseguiria ser suportado pelas fundações.
Figura 0-3 - Vedação com garrafas PET
Fonte:https://lh5.googleusercontent.com/-
9E4yBrZZXq0/TYYi_Qj53-
I/AAAAAAAAAFQ/TEBJoCYWlWQ/s1600/construc
ao_garrafa_pet_03.jpg. Acesso em: Novembro de
2015.
Esterilla de bambu revestida com argamassa de cimento e areia:
Fácil e barato de fazer e de pré-moldar. Infelizmente, depende da existência no local de
bambu com bitola suficiente à formação das esterillas, o que é incomum em muitas
SiMAHS - Projeto e Construção 44
partes do nosso país. Existe em abundância em algumas regiões do nosso país o
Bambusa vulgaris. Infelizmente também, essa espécie exógena, introduzida no Brasil
durante a década de 1980 para fabricação de papel possui taxas muito altas de amido,
o que dificultaria a questão de tratamento, sobretudo se formos pensar dentro de uma
autoconstrução em pequena escala
Figura 0-4 - Esterilhas de bambu
Fonte:http://image.slidesharecdn.com/natana-
iura-e-taynara-sistemas-estruturais-
bambupdf3510/95/natana-iura-e-taynara-
sistemas-estruturais-bambupdf-68-
728.jpg?cb=1304889137. Acesso em: Novembro
de 2015.
Alvenarias em geral e o adobe
As alvenarias com blocos cerâmico e de concreto são bem dominadas em termos de
uso pela população em geral. Infelizmente, elas trazem o ônus de ser uma grande
carga a ser depositava sobre as fundações. O uso do tijolo de adobe durante algum
tempo se colocou enquanto opção, uma vez que a fabricação é simples, rápida e
gratuita (fora os gastos com forma, claro). Infelizmente, a escolha depende da
existência de terra adequada no local (e da sua aditação), assim como de detalhes
inerentes à arquitetura de terra (tal qual a taipa de mão), que me parecem complicados
de passar adiante em um processo de autoconstrução.
SiMAHS - Projeto e Construção 45
Figura 0-5 - Parede de tijolos de adobe
Fonte:http://www.ecocasa.com.br/acpu_img/detalh
e-da-parede-de-adobe.jpg. Acesso em: Novembro
de 2015.
No fim das contas, a utilização da alvenaria convencional como vedação parcial do
sistema se mostrou uma ótima solução, pois o tempo e a dificuldade de realizar a
alvenaria são proporcionais à altura que ela se encontra. A utilização da mesma
somente até 80cm me permitiram uma execução rápida e que dispensa a utilização
pedra marroada na sapata da parede. O peso é acaba sendo muito pequeno. Seria
uma impossibilidade construir as paredes completamente com madeira, pois a mesma
estaria sujeita à ação da chuva e da umidade ascendente (a não ser que a casa fosse
construída sobre pilotis ou afim).
Gesso
Rápido e não gera grande carga para as fundações. Todavia, necessita de mão de obra
qualificada e tem custo elevado. Logo, não vale a pena. Para piorar a história, a UHM
só tem paredes externas e a utilização de gesso significaria necessariamente que se
tornaria necessária à adoção de uma série de detalhes construtivos. Estes, teriam a
SiMAHS - Projeto e Construção 46
potencialidade de encarecer sensivelmente a obra e/ou complicar o processo e/ou
torná-lo mais demorado.
Figura 0-6- Parede de gesso
Fonte:http://mlb-s2-p.mlstatic.com/paredes-de-
gesso-divisorias-e-forros-em-drywall-pisosetc-
20733-MLB20196851498_112014-O.jpg. Acesso
em: Novembro de 2015.
Madeira
Apresenta como vantagens manter uma obra mais organizada (por não gerar tantos
detritos), possibilitar uma rápida execução da obra e gerar pouca carga, o que minimiza
a quantidade de material necessário para a construção (a matéria que vai estar
embaixo e suportar o peso da madeira). Traz como desvantagem os gastos com
tratamento (e manutenção do mesmo), a fragilidade à umidade e um possível alto
custo, a depender da espécie. Essa desvantagem pode ser contornada se levarmos em
conta 1 - Que espécies mais caras podem reduzir os gastos com tratamento e
manutenção e 2 - Que espécies mais baratas podem ser utilizadas, desde que se
redobrem os cuidados, para evitar o aparecimento de patologias, com isso reduzindo os
custos e a periodicidade das manutenções.
SiMAHS - Projeto e Construção 47
Figura 0-7- Taboas de madeira agrupadas enquanto chapa
Fonte:http://thumbs.dreamstime.com/x/textura-
de-madeira-velha-da-parede-16104066.jpg.
Acesso em: Novembro de 2015.
SiMAHS - Projeto e Construção 48
Resultados
Como maneira de explicar como está sendo entendida a importância relativa de cada
um dos critérios levados em conta durante o meu TCC, o Quadro 0-1 exemplifica como
cada critério se encaixa numa escala prioritária da busca. Destaca-se que se trata de
uma quantificação para atingir as metas empregada como referência.
Figura 0-1- Importância relativa de cada critério
Fonte: Elaborado pelo autor.
A coluna ranking demonstra a importância relativa de cada critério levado em conta
para elaborar o SiMAHS.
A coluna parâmetro se refere a qual é o parâmetro específico ao qual a linha o Quadro
0-1 está se referindo.
Na coluna grau de importância, temos o quanto cada um dos critérios é importante.
Sendo: 1 - Dispensável; 2 - Desejável; 3 - Importante; 4 - Importantíssimo e 5 -
Fundamental. A mesma escala é compartilhada pela coluna mínimo de sucesso
admitido.
SiMAHS - Projeto e Construção 49
Foi buscado conseguir um nível máximo (5) para todos os critérios existentes, todavia,
sabendo que isso não seria possível, quando algum dos critérios se colocou em choque
com outro, foi priorizado o parâmetro de ranking mais alto, desde que o mínimo de
sucesso admitido não se colocasse abaixo do explicitado no Quadro 0-1. Essa forma de
pensamento evita por exemplo, que se sacrifique em demasia um fator de prioridade
mediana em função de melhorias irrisórias em fatores muito mais importantes.
Lembrando que isso se trata de uma explicação de como foi pensado o sistema, várias
vezes foram sacrificados fatores prioritários no ranking em função de melhorias em
dois, três ou quatro critérios. O Quadro 0-1 foi colorido com as cores verde (grau de
importância 5, 4 e 3) e amarelo (3, 2 e 1) para facilitar a leitura. Exemplificando (custo):
1. Irrelevante;
2. até 20 mil reais;
3. até 10 mil reais;
4. até 5 mil reais;
5. até 3 mil reais.
SiMAHS - Projeto e Construção 50
Quadro 0-1- Rankeamento entre critérios utilizado para projetar o SiMAHS
Ranking Critério Grau de importância
Mínimo de sucesso admitido
1 Custo 5 4
2 Facilidade de apreensão 5 4
3 Rapidez de execução 5 4
4 Transporte e manuseio 4 4
5 Durabilidade 4 3
6 Ampliação, reforma e manutenção 4 3
7 Disponibilidade no local dos materiais 4 3
8 Interface com outros sistemas 4 3
9 Conforto térmico 4 3
10 Condições de financiamento 3 3
11 Adaptabilidade a outros usos 3 2
12 Conforto acústico 2 1
13 Verticalização 2 1
14 Baixo impacto ambiental 2 1
15 Legalidade 2 1
16 Segurança contra incêndio e afins 1 1
17 Estética 1 1
18 Gosto do público alvo 1 1
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 51
1.10 Escolhas
As escolhas aqui são apresentadas na forma de categorias, de modo a facilitar o
entendimento pelo leitor. Todavia, é importante enfatizar que as categorias são inter-
dependentes entre si, seja parcialmente ou completamente. Por exemplo, no caso de
um sistema de taipa de pilão, estrutura e vedação são a mesma coisa. O mesmo não é
o caso para sistemas de pilar/viga nem de pilaretes.
1.10.1 Estrutural
Para que eu chegasse a conclusão de que o melhor tipo de sistema que eu poderia
utilizar seguindo os meus critérios, classifiquei os tipos de sistemas em algumas
categorias, a partir das semelhanças encontradas entre eles (em termos de
funcionamento estrutural, gasto material etc). Outras categorias poderiam ser
adicionadas Ao Quadro 0-2, como estruturas tenseis, penseis, estaiadas, infladas,
geodesóicas (ou qualquer outro termo que se queira atribuir), tensionadas, de casca. O
sistema é voltado para habitação social e, embora possa ser utilizado para outros tipos
de construção, não convém utilizar nada que comprometa o custo.
SiMAHS - Projeto e Construção 52
Quadro 0-2. Classificação (e exemplificação) dos tipos de sistemas construtivos mais utilizados para a construção de habitações em geral
Tipo de sistema Subdivisão Exemplificação
SISTEMAS DE MACIÇOS
Alvenarias Estruturais
Alvenaria cerâmica, com blocos de concreto, garrafas PET, construção com feno, adobe
Outros Super adobe, taipa de pilão
SISTEMAS PILAR/VIGA
Moldados in loco Concreto armado por engaste
Pré moldados Concreto armado por espera, aço (diversos perfiz)
SISTEMAS DE PILARETES
Industrializados/processados
Steelframe, woodframe, Taipa pré-moldada
In loco Taipa de mão (e algumas variações)
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.10.2 Vedação
A escolha das vedações foi uma das partes mais trabalhosas desse trabalho, uma vez
que nenhuma se apresentava como próxima a perfeição. A solução para isso foi se
utilizar de uma vedação mista. A madeira lida muito mal com umidade (a não ser
madeiras muito caras), ao mesmo tempo que tem uma série de qualidades. O problema
se resolve através de detalhes construtivos, ao utilizarmos um embasamento de no
mínimo uns 40cm de algum material não hidrófilo e a parte de cima em placas de
madeira.
Encontrei como solução a utilização de alvenaria na parte de baixo. Com poucas fiadas,
a fundação não fica sobrecarregada (até por que não vai suportar o peso de nada além
dela mesma) e também, é muito mais fácil manter as fiadas alinhadas quando a
alvenaria não sobe muito, sobretudo pela utilização do nível. Como o sistema é
pensado para que seja utilizada mão de obra especializada, essa solução é
considerada viável. Fica com essa altura também viável a utilização daquela fundação
SiMAHS - Projeto e Construção 53
tão conhecida para muros, com dois tijolos deitados, muito embora ainda necessária a
amarração do sistema aos pilaretes, para solidarizar a estrutura.
1.10.3 Cobertura
Para a cobertura ser o mais barata possível, são consideradas como viáveis dois tipos
de telhas, a de fibrocimento, de mínima ondulação (conhecida popularmente como
Brasilit) e a Tetrapak. Ambas, possuem características semelhantes em termos
térmicos, de necessidade de distanciamento entre o madeiramento, peso etc. A
durabilidade da Brasilit é maior, mas a Tetrapak tem menor impacto ambiental por ser
feita com materiais reciclados e não utilizar tanta energia durante sua fabricação. Aqui,
é importante que se leve em conta a diferença de preços entre regiões e a qualidade da
telha do segundo tipo, uma vez que ela varia de acordo com a região do país podendo
ter sua durabilidade seriamente comprometida, sobretudo em localidades com alto
índice pluviométrico.
A utilização de telhas de um desses tipos permite a redução da quantidade de
madeiramento, o que repercute no custo em dois pontos: O primeiro é o da madeira em
si, enquanto que o segundo é por poupar de esforços o madeiramento dos esteios, o
que repercute na facilidade de execução das fundações e na diminuição do tamanho
necessário para as mesmas. Como consequência final, isso permite que a fundação
seja pré-moldada. Ou seja: o SiMAHS não aceita nenhuma cobertura pesada, a não ser
que - ao menos na parte das fundações - o sistema seja feito in loco, comprometendo
uma das buscas, a de um sistema que permitisse a criação de uma UHM dentro de
24h00. Essas 24h00 podem ser irrelevantes em várias situações, logo, a substituição se
torna válida, apesar de que com ressalvas.
Em cima de cada pilarete, ligando-o ao seu paralelo, passa uma linha de 6x12cm,
inclinada em 5 a 10% para o escoamento das águas da chuva. Entre essas linhas,
outra linha, fazendo com que elas existam a cada meio macro-módulo. Sobre essas
linhas, por padrão o sistema se utiliza de placas de madeira (podem ser as mesmas
utilizadas na construção), que suportam tarugos feitos com restos de madeira da
SiMAHS - Projeto e Construção 54
própria obra. Estes, irão se localizar no local onde as telhas forem ser fixadas. Assim,
passa-se a ter uma cobertura ventilada. Gasta-se mais com essas placas de vedação a
mais, mas ao mesmo tempo elas funcionam como estrutura de transição para as cargas
das telhas, permitindo que haja economia com o restante do madeiramento utilizado na
cobertura. A utilização da cobertura ventilada é padrão, mas não é uma prorrogativa do
sistema. É completamente válido dispensá-la em situações aonde isso se tornar mais
vantajoso.
1.10.4 Fundações
Para as fundações foi escolhido o uso de latas de 18,2 litros, utilizadas para tintas em
geral. Muito comuns de se encontrar em restos de obra pelo Brasil inteiro, são
concretados com uma espera de PVC para posteriormente receber o pilar. Ainda à
espera do pilar, o cano de PVC gera uma parte oca no concreto. Para o transporte à
obra, o bloco final fica com cerca de 35 kilos. Já com a concretagem do pilar através de
grouteamento, o peso sobe para aproximadamente 52 kilos.
1.10.5 Piso
Para o piso do SiMAHS foram escolhidas placas pré-moldadas de concreto. A ideia aqui
é que piso e contrapiso sejam feitos de uma vez só, criando uma placa que em uma
das bordas já saia como cimento queimado. Isso seria um processo extremamente
complicado de realizar in loco, todavia, com as placas pré-moldadas é muito simples de
resolver utilizando simplesmente uma régua de alumínio.
1.10.6 Instalações hidráulicas
Apesar de ter sido estudado para o projeto do sistema a criação de elementos pré-
moldados de pias (foi fabricada uma pia utilizando madeira e fibra de vido) o processo
se mostrou extremamente trabalhoso e até certo ponto difícil. Para piorar, gerou
economia irrisória, de cerca de 15 reais. Realizar isso pode se colocar como algo válido
SiMAHS - Projeto e Construção 55
caso se esteja trabalhando com uma maior escala, todavia, não posso corroborar isso
nesse trabalho, pois não tive a oportunidade de testar nem possuo a experiência
necessária para realizar essa projeção. Não foram feitos vasos sanitários, pois a
experiência com a pia iria determinar se a etapa prosseguiria para a fase número dois
(vaso sanitário). Todavia, enquanto uma pia das mais baratas custa cerca de 35 reais,
esse preço sobe para cerca de 110 reais no caso dos vasos sanitários, o que pode
tornar esse um ponto bem vantajoso no futuro para ser explorado, gerando assim uma
economia maior ainda no sistema.
Os encanamentos no SiMAHS por padrão são realizados do lado de fora das paredes.
Isso acontece por uma série de razões: I) É necessária a economia de tempo gerada
pelas instalações externas; II) O SiMAHS não recebe emboço, chapisco ou reboco para
que possa ficar pronto dentro de 24h00, o que não poderia ser casado com os
encanamentos internos; III) Uma UHM nada mais é do que o embrião de uma futura
residência, portanto, colocar os canos dentro das paredes dificultaria a expansão; IV)
Colocar canos dentro das paredes dificulta a manutenção; V) Caso o tipo de parede
utilizada seja de tijolo maciço do mais fino (o que seria adequado, posto que em casos
de terrenos muito pequenos, geraria economia sensível de área à construir) a
integridade física das paredes poderia ser seriamente comprometida pela grande bitola
dos encanamentos utilizadas pelo SiMAHS.
A UHM, como poderá ser visto mais para frente no trabalho concentra todos os seus
encanamentos de entrada em um único trecho e por isso é possível realizar todo o
encanamento deste projeto base utilizando somente canos de 50mm externos. Ao em
vez de reduzir o tamanho do cano quando o mesmo está chegando ao alimentador da
privada, simplesmente utilizamos um redutor exatamente no canto onde se conectará a
mangueira de entrada da caixa acoplada.
Ainda, sobre a caixa acoplada, é conveniente que ela seja do tipo alta e ainda, se
possível, que o cano seja alongado o máximo possível para permitir a economia de
água (seguindo a fórmula da energia potencial gravitacional de Epg = mgh // ou:
Energia potencial gravitacional é igual ao produto da massa pela gravidade e pela
SiMAHS - Projeto e Construção 56
altura), vemos que dobrar a altura da caixa d’água do vaso sanitário diminui pela
metade a necessidade de gasto de água por descarga).
As ligações de entrada da água, a parte da caixa d’água, do ladrão e da válvula de
limpeza são feitos de acordo com o processo usual. Sem observações.
1.10.7 Instalações elétricas
As instalações elétricas no SiMAHS à exemplo das hidráulicas (e pelos mesmos
motivos na maioria dos casos) também são externas. Assim como nas mesmas, por
padrão uma UHM deve ser projetada levando em conta que o sistema elétrico deve
suportar a expansibilidade de um futuro que é imprevisível. Para que isso seja possível,
os moradores são incentivados a se utilizarem de somente quatro bitolas das
disponíveis. A padronização das bitolas dessa maneira não só facilita a expansibilidade
do sistema, como também evita que o autoconstrutor se confunda e acabe fazendo
alguma coisa cara ou perigosa no meio do processo (respectivamente
superdimensionar e subdimensionar) ou se confunda e utilize uma bitola mais fina em
algum local onde deveria haver uma mais grossa. As bitolas padrão às quais à pessoa
é instruída a usar são:
Quadro 0-3. Diferentes bitolas de fio utilizadas por padrão no SiMAHS
Bitola Uso
1,5mm Iluminação
2,5mm TUG´s
4,0mm TUE´s
6,0mm Entrada de energia para a residência
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 57
Sempre que possível o ideal seria que se utilizassem cabos paralelos durante a
instalação, de modo que se economizasse ainda mais tempo.
Quanto aos caminhos por onde passa a instalação, através da cartilha o auto-construtor
é orientado a passar os fios de TUG´s 9e TUE´s 10por debaixo das zonas neutras,
utilizando cabos tipo PP, que podem suportar esse tipo de ambiente. Como o tipo de
encapsulamento PP já engloba normalmente de dois a três fios, não existe cabo PP
paralelo. Ao chegar em alguma parece onde a pessoa tem o interesse de colocar uma
tomada, o fio sobe através de um eletroduto até pouco abaixo da placa de peitoril, onde
uma caixa de tomada é parafusada à parede para receber um espelho.
No caso da iluminação, a questão dos caminhos é facilmente resolvível passando os
fios entre o madeiramento, o que não gera gasto algum. Quanto ao caminho entre o
interruptor e o fim da parede, é conveniente que o eletroduto suba a uma altura de pelo
menos 2,10m, para evitar eventuais acidentes mecânicos que pudessem gerar danos à
fiação, assim como risco à crianças etc. A localização exata do interruptor vai depender
do projeto que está sendo feito. No caso da UHM demostrada como exemplo aqui, ela
se aproveita da parede que suporta a caixa d’água (de alvenaria convencional). Em
outros casos, pode ser que se mostre conveniente utilizar os pilaretes para a fixação,
uma vez que deixá-los na alvenaria limitaria a altura dos mesmos a 70cm (muito baixa)
e as placas de vedação em madeira são pensadas para serem utilizadas também como
janelas.
O sistema
Um exemplo do que pode ser feito com o SiMAHS pode ser visto abaixo (Figura 0-1).
Se trata de uma UHM feita utilizando como módulo chapas de madeira pinus de
1,34x0,98m (semelhante a um pallet, mas com espessura final de cerca de 2cm),
9 TUG – Tomada de uso geral
10TUE - Tomada de uso específico. Utilizada no lugar das TUG´s quando existe a possibilidade que o
consumo na tomada específica ultrapasse os 1500W.
SiMAHS - Projeto e Construção 58
utilizada no transporte de carga. O resultado do uso do sistema pode ser
completamente diferente e não necessariamente vai resultar em algo semelhante,
inclusive em termos de acabamento.
Figura 0-1- UHM construída com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.11 Modulação:
Para que o sistema que fique pronto rapidamente, sendo versátil ao permitir expansão
sem gambiarras, o SiMAHS, assim como outros sistemas que se propõe a ser rápidos,
recorre a modulação. O principal intuito de utilizar modulação no sistema construtivo
proposto é economizar recursos, principalmente em termos humanos, mantendo a
viabilidade “em planta” para dispor móveis, circulação etc. No caso do SiMAHS, ela
precisa garantir: 1) Espaços funcionais; 2) Evitar corte de elementos pré-existentes; 3)
Manter pré-moldados abaixo de 80kg (preferencialmente menor), permitindo transporte
e manuseio por dois homens adultos.
O sistema foi pensado para vedação com placas de pallets, material nem sempre
disponível e nem sempre nas mesmas dimensões. Para manter a modulação viável,
SiMAHS - Projeto e Construção 59
mesmo que se efetuem alterações no material utilizado para vedação ou em suas
dimensões, o SiMAHS adota uma modulação flexível, permitindo uma utilização
adaptável à existência de diversos tipos de matéria prima em forma de placa (o que
varia de acordo com o local).
O SiMAHS é um sistema é de pilaretes e pré-moldado, portanto necessariamente segue
uma modulação rígida. Esta é ao mesmo tempo modulação estrutural, de projeto e de
instalações. Considera-se por padrão para arquitetura de habitação social, um módulo
quadrado de projeto é viável entre 2,5m e 3,5m de aresta (perfil quadrado). O que pode
ser ajustado de acordo com o projetista. Exemplificando o valor mínimo de 2,5m:
● 2,5m em um quarto: 1,9m de uma cama+0,6m de circulação; 1,4m de uma cama
de casal+0,5m de armário+0,6m de circulação;
● 2,5m em uma cozinha: 0,6 de um fogão+0,7 de uma geladeira+1,2m de uma pia,
dispostos lado a lado;
● 2,5m em uma sala: 0,60m do sofá+0,5m de um móvel para tv+1,4m para
circulação (também possibilita uma pequena mesa de centro); 0,7m de
sofá+0,70+ de sofá+1,1m de circulação.
Exemplificando o valor máximo, de 3,5m:
● 3,5m em um quarto: 1,9m de cama+0,5m de armário+1,1m de circulação; 1,4m
de cama de casal+0,5m de armário+0,60m de um criado mudo+1m de
circulação;
(e assim em diante…)
Ao contrário de uma modulação comum de projeto, não é possível conseguir uma
disposição perfeita, pois se trata de um macro-módulo para pequenas dimensões, sem
tanta flexibilidade para projeto. Todavia, se estivermos trabalhando com outros tipos de
construção, os macro-módulos podem ser ajustados.
Os macro-módulos são divididos em módulos menores (micro-módulos), para que as
placas de piso mantenham dimensões viáveis e facilitar a instalação, ampliação e
manutenção das instalações.
SiMAHS - Projeto e Construção 60
Como existem diversas placas diferentes no mercado que podem ser utilizadas para
executar os fechamentos, torna-se interessante criar parâmetros que permitam
determinada flexibilidade modular que mantenha a viabilidade de layouts de móveis e
circulação.
Sem a flexibilidade dos macro-módulos, seria necessário na maioria dos casos serrar
as placas obtidas, ocasionando perda de tempo e/ou de material e/ou pior: corte
inadequado dos elementos por parte da mão de obra não qualificada. A equação que
dá origem a isso pode ser vista abaixo. Não existe pretensão que o autoconstrutor
entenda a mesma, por isso uma planilha pré-programada é anexa ao trabalho, de modo
que o mesmo só necessitará substituir valores.
Tendo as variáveis:
● Lc = Largura da chapa para vedação vertical;
● Qc = Quantidade de chapas por macro-módulo;
● Lp = Largura do piso;
● Pp = Peso de uma placa de piso;
● Qp = Quantidade de placas em uma aresta do macro-módulo;
● Hp = Altura (espessura do piso);
● Lm = Largura do macro-módulo;
● Lz = Largura da zona neutra;
● 2400/2500 kg = respectivamente: Peso de 1m³ de concreto simples e armado.
Podemos postular que:
● Lm = Qc*Lc. Ou seja: a largura do macro-módulo (distância entre pilaretes) é
igual ao número de placas que multiplica largura das mesmas;
● Lm = Qp*Lp + (Qp-1)*Lz. Ou seja: a largura do macro-módulo também é igual a
quantidade de placas (linearmente dispostas) de piso multiplicada pela a largura
de piso mais a quantidade de placas de piso menos um que multiplica a largura
das zonas neutras;
● Levando em conta que para cada tipo de projeto uma modulação específica de
macro-módulo é necessária. Consideramos que para habitação social, um
SiMAHS - Projeto e Construção 61
macro-módulo quadrado deve possuir entre 2,5 e 3,5m de aresta. Portanto:
2,5m<=Lm<=3,5m. Esse parâmetro pode ser ajustado caso seja necessário;
● Não podemos admitir que uma placa de piso de seção retangular pese mais do
que 80kg para duas pessoas levantarem. Portanto: Pp <= Hp*Lp²*2400 (caso
estejamos trabalhando com concreto simples. Caso contrário, substituir o 2400
pelo peso próprio do m³ do material utilizado);
Logo, para conseguirmos o menor número possível de placas de piso, de maneira que
cada uma delas individualmente não pese mais do que 80kg e a aresta do macro-
módulo fique entre 2,5 e 3,5m, podemos montar uma tabela automatizada Ela também
retorna a informação de que determinados parâmetros estão fora dos valores
desejados, para que o responsável possa ajustá-los e conseguir alcançar valores
válidos:
Figura 0-2- Reprodução de parte da tabela geradora de macro e micro-módulos
Fonte: Elaborado pelo autor.
No caso do usuário que estiver utilizando a cartilha fornecida para construir e dimensionar o sistema, o tamanho do macro-módulo vai variar em função do tipo de placa vedação utilizada, assim como diversos outros parâmetros. Para os tipos de chapa de madeira compatíveis mais
comuns, vamos obter os seguintes resultados (já fornecidos na cartilha para evitar o uso desnecessário da planilha).
SiMAHS - Projeto e Construção 62
Tabela 0-1 - Modulação do SiMAHS em função de diferentes placas
Placa Aresta
Macro-
módulo
m² aprox
macro-módulo
m² apro da - UHM
Zona neutr
a (cm)
Placa de
piso (cm)
Placa de
piso (kg)
Minimo/máximo da
modulação
MDP tipo 1 (cortado ao meio maneira a), MDP tipo 2 (cortado ao meio
maneira B)
1,05 3,15 9,9 21,6 5 75 67,5 Dentro dos parâmetros
10 71 60,92
Compensado multilaminado tipo 1,
OSB tipo 1 ou 2 cortado ao meio
1,10 3,30 10,9 23,5 5 79 74,42 Dentro dos parâmetros
10 75 67,5
Compensado multilaminado tipo 2,
OSB tipo 1 ou 2
1,22 2,44 ou
3,66
6,0 ou 13,4
13,7 ou 28,5
5 69 57,46 Fora dos parâmetros
10 65 51,01
Pinus pré montada semelhante a Pallet.
Tipo 1.
1,30 2,60 6,8 15,3 5 70 58,8 Dentro dos parâmetros
10 74 65,71
Pinus pré montada semelhante a Pallet.
Tipo 2.
1,34 2,68 7,2 16,1 5 76 70,04 Dentro dos parâmetros
10 72 62, 90
MDP tipo 1 ou 2 (cortado ao meio
maneira b)
1,375
2,75 7,6 16,9 5 79 73,95 Dentro dos parâmetros
10 74 66,60
Compensado multilaminado tipo 3,
compensado sarrafeado
1,60 3,20 10,2 22,1 5 76 69,78 Dentro dos parâmetros
10 73 63,08
MDP tipo 1 1,83 3,66 13,4 28,5 5 69 57,46 Fora dos parâmetros
10 65 51,01
Aglomerado, MDF 1,85 3,70 13,7 29,1 5 70 58,8 Fora dos parâmetros
10 66 52,27
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 63
Do mesmo modo, é necessário tomar um cuidado especial para que as placas pré-
moldadas de peitoril também não ultrapassem o peso máximo de 80kg. Isso também
pode ser calculado através de uma equação, utilizando as seguintes variáveis:
● Ap = Área da sessão do peitoril, incusos vazios;
● Act Área de cheios na sessão do tijolo;
● Avt = Área de vazios na sessão do tijolo;
● At = Área do tijolo, inclusos vazios;
● Cp = Comprimento do peitoril inteiro;
● Ct = Comprimento do tijolo. Considerar como o comprimento dele mais um
centímetro, mínimo necessário para que um possa aderir a outro;
● Da = Densidade do ar. Considera-se para efeito de cálculo que é
aproximadamente 0;
● Dce. Densidade da cerâmica (ou outro material) utilizado para a confecção do
tijolo/bloco que vai no interior do peitoril. Expressa em quilos por metro cúbico;
● Dco = Densidade do concreto (ou outro material utilizado). Expressa em quilos
por metro cúbico. Por padrão essa grandeza é de 2400kg/m³, pois a infima
armadura está sendo desprezada para efeito de cálculo;
● Dt = Densidade do m³ do tijolo. Levando em conta também o ar nele contido;
● Hp = Altura do peitoril. Deve ser igual a ao menos ao comprimento de um tijolo
mais dois centímetros dos capeamentos. Aumentar um pouco seria bom para
tornar a estrutura mais solidária;
● Lp = Largura do peitoril. Precisa ser igual a ao menos a largura de um tijolo
acrescida de ao menos mais quatro centímetros (dois centímetros de
capeamento em cada uma das laterais. Servirá para segurar a pequena
quantidade de aço;
● Mm = Macro-módulo. Essa grandeza é possível de obter através da parte
anterior da tabela, onde se consegue a modulação do sistema;
● Pc = Peso total do concreto;
● Pp = Peso do peitoril;
● Pt = Soma do peso dos tijolos no peitoril;
SiMAHS - Projeto e Construção 64
● Qt = Quantidade de tijolos no peitoril (feito de uma vez só)
● Qt’ = Quantidade arredondada para baixo de tijolos no peitoril (feito de uma vez
só);
● Vp = Volume total do peitoril
● Vt = Volume aproximado de um tijolo (Incluindo vazios);
Assim, relacionamos da seguinte maneira:
● Dt = Act*Dce + Avt*Da /(Act+Avt)*Ct. A densidade do tijolo é igual a soma dos
produtos das suas áreas de cheio pela densidade da cerâmica com sua área de
vazios pela densidade do ar divididos pelo produto do comprimento do tijolo pela
soma das áreas de cheios e vazios;
● Pt = Qt’*Vt*Dt. Ou: O peso total dos tijolos é igual a quantidade de tijolos
colocadas no peitoril caso não haja quebra (ou seja, arredondado para baixo)
que multiplica o volume, que multiplica a densidade dos tijolos por m³;
● Qt = Cp/Ct. Ou seja, a quantidade de tijolos é igual ao comprimento do peitoril
dividido pelo tamanho dos tijolos. Nota: Qt é utilizado somente para ser
arredondado para baixo e achar Q’;
● Vp = Hp*Lp*Cp. O volume do peitoril é igual ao produto da sua altura com sua
largura e seu comprimento;
● Pp = (Vp-Qt’*Vt)Dc + Qt’*Vt*Dt. O peso do peitoril (estipulado) será igual ao
produto da densidade do concreto pelo volume do peitoril subtraído o espaço
ocupado pelos tijolos (inclusos os espaços vazios) e por fim somado com o
produto da quantidade de tijolos pelo volume ocupado por um tijolo (inclusos
espaços vazios) que multiplica a densidade de um tijolo.
● Pp>=80kg. Caso a afirmação seja verdadeira o cálculo está finalizado. Caso
contrário, considerar o comprimento do peitoril pela metade para que ele seja
dividido em dois e refazer as contas. Se ainda assim o valor não atender, pode-
se dividir por três, quatro… Até se atender o valor pretendido, todavia, para
habitação social é bem improvável que isso aconteça (dada a limitação superior
para a aresta dos macro-módulos).
SiMAHS - Projeto e Construção 65
Com o cálculo anterior, não se espera que ninguém se dê ao trabalho de calcular o
peso e a quantidade de placas de peitoril por aresta do Macro-módulo. O resultado sai
automaticamente na planilha de cálculos automatizados do sistema.
Figura 0-3- Tabela automatizada para placas pré-moldadas de peitoril
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.12 Conforto Térmico:
Para determinar a adequabilidade do SiMAHS para diferentes zonas climáticas do
Brasil, foi utilizada a NBR 15220 - “Desempenho térmico de edificações” em sua
terceira parte: “Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para
habitações unifamiliares de interesse social”. A mesma separa o território Brasileiro em
8 zonas bioclimáticas (Figura 0-4) e classifica as vedações por meio de transmitância
térmica, atraso térmico e fator de calor solar (Tabela 0-3), tamanho de aberturas e
estratégias específicas (Quadro 0-1).
Figura 0-4. Zona bioclimática 8 (em cinza)
Fonte: NBR 15220
SiMAHS - Projeto e Construção 66
Tabela 0-2. Tamanho de aberturas.
Quadro 0-1. - Zonas bioclimáticas do Brasil e cumprimento (ou não) do SiMAHS às orientações.
ZONA Aberturas Sombreamento das aberturas
Paredes externas
Cobertura Estratégias de condicionamento térmico passivo
SiMAHS atende?
1 Médias Permitir sol durante o período frio
Leve Leve isolada
B, C NÃO
2 Médias Permitir sol durante o inverno
Leve Leve isolada
B, C, J NÃO
3 Médias Permitir sol durante o inverno
Leve refletora
Leve isolada
B, C, J NÃO
4 Médias Sombrear aberturas Pesada Leve isolada
B, C, H, J NÃO
5 Médias Sombrear aberturas Leve refletora
Leve isolada
C, J NÃO
6 Médias Sombrear aberturas Pesada Leve isolada
C, H, J NÃO
7 Pequenas Sombrear aberturas Pesada Pesada H, J NÃO
8 Grandes Sombrear aberturas Leve refletora
Leve refletora
J SIM
Fonte: NBR 15220.
O Quadro 0-1 foi colorido com as cores verde (atende) e vermelha (não atende ao
quesito) para facilitar uma rápida leitura. Paredes em cores claras por exemplo são um
quesito que o sistema pode atender, mas não necessariamente vai atender, pois isso
dependerá de como serão feitos o projeto e sua execução. A mesma situação se repete
por exemplo com os tarugos utilizados para permitir que exista ventilação entre o forro e
a cobertura de telhas. São uma estratégia de conforto para manter o ambiente em uma
temperatura mais fresca, todavia, o SiMAHS pode ser construído sem se utilizar da
mesma.
SiMAHS - Projeto e Construção 67
Sobre o tamanho das aberturas, foi considerada que o SiMAHS sempre atende a esse
quesito, posto que as placas de vedação/janelas do SiMAHS podem ser abertas desde
muito pouco até completamente, permitindo grande versatilidade nesse sentido. Da
mesma maneira, elas podem ser simplesmente pregadas, servindo somente como
vedação se for do interesse do responsável, seja la qual for o motivo para isso.
As estratégias de condicionamento passivo são detalhadas na NBR através da tabela
25 (da norma) - Detalhamento das estratégias e condicionamento térmico, transcrita no
Sobre isso, a norma apresenta determinadas exigências numéricas para considerar
uma determinada edificação válida dentro de uma Zona Bioclimática. Isso pode ser
visto na Tabela 0-3.
SiMAHS - Projeto e Construção 68
Quadro 0-2. Estratégias para alcançar o conforto térmico em diferentes zonas
bioclimáticas
, com a adição de uma terceira coluna de classificação do SiMAHS . A exemplo da
tabela anterior, esta também foi colorida com as cores verde e vermelha para facilitar a
identificação do atendimento do quesito com o sistema.
Sobre isso, a norma apresenta determinadas exigências numéricas para considerar uma determinada edificação válida dentro de uma Zona Bioclimática. Isso pode ser visto na Tabela
0-3.
SiMAHS - Projeto e Construção 69
Quadro 0-2. Estratégias para alcançar o conforto térmico em diferentes zonas bioclimáticas
Estratégia Detalhamento Atende?
A O uso de aquecimento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por frio.
SIM
B O uso de aquecimento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por frio.
SIM
C A adoção de paredes internas pesadas pode contribuir para manter o interior da edificação aquecido.
NÃO
D Caracteriza a zona de conforto térmico (a baixas umidades). NÃO
E Caracteriza a zona de conforto térmico.
F As sensações térmicas são melhoradas através da desumidificação dos ambientes. Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por ar externo através da
ventilação dos ambientes.
SIM
G e H Em regiões quentes e secas, a sensação térmica no período de verão pode ser amenizada através da evaporação da água. O resfriamento evaporativo pode ser obtido através do uso de
vegetação, fontes de água ou outros recursos que permitam a evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar.
SIM
H e I Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso de paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o calor armazenado
em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a noite, quando as temperaturas externas diminuem.
NÃO
I e J A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da edificação. Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada, a porta deveria ser mantida
aberta para permitir a ventilação cruzada. Também deve-se atentar para os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar significativamente a
direção dos ventos.
SIM
K O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por calor.
SIM
L Nas situações em que a umidade relativa do ar for muito baixa e a temperatura do ar estiver entre 21oC e 30oC, a umidificação do ar proporcionará sensações térmicas mais agradáveis.
Essa estratégia pode ser obtida através da utilização de recipientes com água e do controle da ventilação, pois esta é indesejável por eliminar o vapor proveniente de plantas e atividades
domésticas.
SIM
fonte: NBR 15.220, parte 3
SiMAHS - Projeto e Construção 70
Tabela 0-3. Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cada tipo de vedação externa
Fonte: NBR 15.220, parte 3.
Tabela 0-4. Transmitância térmica do SiMAHS. Vedação Transmitância
térmica (W/m²K) Parede 3,60 coberta 2,0
Fonte: NBR 15220
A cobertura possui transmitância compatível com o exigido (Tabela 0-4). Para auxiliar a decisão pela utilização do SiMAHS, foi criado o Quadro 0-3 à partir da NBR, com todas as cidades
levantadas pela norma na Zona 8: O quadro figura na cartilha para facilitar a escolha ou não pelo sistema.
SiMAHS - Projeto e Construção 71
Quadro 0-3. Cidades da zona bioclimática 8 do Brasil onde foram realizadas as medições e estratégias específicas para elas. Destaque em verde para as capitais
UF Cidade Estrat. UF Cidade Estrat. UF Cidade Estrat.
AC Cruzeiro do Sul
FJK BA São Gonçalo dos Campos
FIJ PA Tucuruí FJK
AC Rio Branco FIJK BA Serrinha FIJ PB Areia FIJ
AC Tarauacá FJK CE Fortaleza FIJ PB Bananeiras FIJ
AL Anadia FIJ CE Jaguaruana FIJK PB Campina Grande FIJ
AL Coruripe FIJ CE Mondibim FIJ PB Guarabira FIJK
AL Maceió FIJ ES Cachoeiro de Itapemirim
FIJK PB João Pessoa FIJ
AL Palmeira dos índios
FIJ ES Conceição da Barra
FIJ PB Umbuzeiro FI
AL Pão de Açúcar
FIJK ES Linhares FIJ PE Barreiros FJK
AL Pilar FIJ ES São Mateus FIJ PE Correntes FIJ
AL Porto de Pedras
FIJ ES Vitória FIJ PE Fernando de Noronha
FIJ
AM Barcelos FJK MA Coroatá FIJK PE Goiana FIJ
AM Coari FJK MA São Bento FIJK PE Nazaré da Mata FIJ
AM Fonte Boa FJK MA São Luiz JK PE Pesqueira FI
AM Humaitá FIJK MA Turiaçu FIJ PE Recife FIJ
AM Iaurete FJK MA Zé Doca FIJK PE São Caetano FIJ
AM Itacoatiara FJK MS Corumbá FIJK PE Surubim FIJ
AM Manaus FJK MS Cáceres FIJK PE Tapera FIJ
AM Parintins JK PA Altamira FJK PI Parnaíba FIJ
AM Taracua FJK PA Alto Tapajós FJK RJ Angra dos Reis FIJ
AM Tefé FJK PA Belém FJK RJ Cabo Frio FIJ
AM Uaupes FJK PA Belterra FJK RJ Ilha Guaiba FIJ
AP Macapá FJK PA Breves FJK RJ Rio de Janeiro FIJ
SiMAHS - Projeto e Construção 72
BA Alagoinhas FIJ PA Conceição do Araguaia
FIJK RN Apodi FIJK
BA Canavieiras FIJ PA Itaituba FJK RN Ceará Mirim FIJ
BA Caravelas FIJ PA Marabá FJK RN Macaíba FIJ
BA Cipó FIJK PA Monte Alegre FIJ RN Macau FIJ
BA Guaratinga FIJ PA Óbidos FJK RN Natal FIJ
BA Ilhéus FIJ PA Porto de Moz FJK RN Nova Cruz FIJ
BA Itaberaba FI PA Santarém FJK RO Porto Velho FIJK
BA Jacobina FI PA São Félix do Xingú
FIJK SE Aracajú FIJ
BA Lençóis FIJ PA Soure JK SE Itabaianinha FIJ
BA Salvador FIJ PA Tiriós FIJ SE Propriá FIJK
BA São Francisco do Conde
FIJ PA Tracuateua FJK
Fonte: NBR15220
O sistema construtivo atende plenamente apenas a ZB8, mas mesmo assim contempla
13 capitais: Aracajú, Belém, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Porto
Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, Vitória. Ou seja: Metade das
capitais do Brasil. Incluindo ai a segunda, a terceira e a quinta maiores capitais do
Brasil.
1.13 Custo
Uma UHM consiste de um embrião do que será a casa da família no futuro. Uma
sala/quarto, um banheiro, uma cozinha e uma pequena área de serviços que juntas
somam nos casos estudados de 15,3 a 23,5m², a depender da modulação adotada
(maiores explicações na parte sobre modulações). A adoção desse artifício permite que
uma família economize de três a seis meses em aluguel se mudando rapidamente e,
através disso, poupar para ampliar residência. Com um valor tão baixo, a UHM
consegue ser construída por pessoas pobres sem que estas precisem requerer a um
SiMAHS - Projeto e Construção 73
sistema de financiamento, o que baixa ainda mais os custos da UHM em si, uma vez
que não haverá gastos com juros. Alguns exemplos de UHM´s e a pequena variação de
projeto que elas sofrem em função da variação da dimensão dos macro-módulos:
Figura 0-5- UHM com micro-módulos de 1m
Figura 0-6- UHM com macro-módulos de 0,8m
Figura 0-7- UHM com macro-módulos de 0,6m
Fonte: Elaborado pelo autor.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nas Figura 0-5 , Figura 0-6 e Figura 0-7, o tamanho do micro-módulo (placas de piso)
para que a pessoa possa se guiar em termos de escala (respectivamente: 1m, 0,8m e
0,6m). No caso dos exemplos acima, todas as zonas neutras adotadas foram de 10cm.
Como foi possível confirmar através de orçamento realizado com base na tabela
SINAPI, do Rio Grande do Norte, Caixa Econômica Federal, para placas de vedação de
1,34m que geram macro-módulos de 2,68m, totalizando aproximadamente 5.823 reais.
Essa UHM foi construída com as opções mais caras que o SiMAHS fornece, como
dobradiças em todas as placas de vedação, uso de parafusos franceses ao em vez de
aço CA20 rosqueado através do uso da ferramenta vira-macho, uso de forro, beirais
generosos, entre outros. Os custos de uma UHM tendem a oscilar entre cerca de 4500
reais até 5500 reais.
SiMAHS - Projeto e Construção 74
Tabela 0-5 - Orçamento de uma UHM com o SiMAHS
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Elétrica Cabo 1,5mm simples =~15m 0,88 13,20
Cabo 2,5mm paralelo 0 2,40 0,00
Cabo PP 2x2,5mm** =~20m =~3,00 60,00
Cabo paralelo 4mm 0 3,88 0
Cabo PP 4mm** 0 3,50 0
Cabo paralelo 4mm 0 2x1,76 0
Cabo PP 6mm** =~15m =~6,00 90,00
Quadro de disjuntores 1 unid 17,08 17,08
Disjuntor 10A 1 unid 3,58 3,58
Disjuntor 20A 1 unid 3,60 3,60
Disjuntor 30A 1 unid 3,70 3,70
Caixa para medidor de entrada 1 unid 74,29 74,29
Medidor de entrada 1 unid 0 0
Poste de entrada** 1 unid 80,00 80,00
Eletroduto 15mm 5m 3,64 18,20
Condulete de PVC 7 unid 1,78 12,46
Espelho de tomada 7 unid 5,20 36,40
Espelho de interruptor c/2 botões 2 unid 7,18 14,36
Bocal para lâmpada 3 unid 1,92 5,76
Lâmpada fluorescente de 18W 3 unid 3,70 11,10
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Hidráulica (entrada)
Cano 50mm* =~22m 6,36 139,92
Joelho 50mm =~5 unid 2,32 11,60
T 50mm 8 unid 5,68 45,44
Tampa cega 50mm 4 unid 2,34 9,36
Registro de gaveta 50mm 2 unid 86,03 172,06
Redutor de 50mm p/ ½”* 4 unid 6,30 25,20
SiMAHS - Projeto e Construção 75
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Hidráulica de entrada
(complementar)
Vaso sanitário com caixa acoplada 1 unid 201,30 201,30
Chuveiro simples c registro 1 unid 3,12 3,12
Pia da cozinha 1 unid 135,11 135,11
Pia da área de serviço 1 unid 45,00 45,00
Caixa d’água 500L 1 unid 183,67 183,67
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Esgotamento sanitário
Cano 150mm (espera dos pilares) 2m 19,50 39,00
Cano 100mm 5m 8,22 41,10
Cano 50mm 1m 5,35 5,35
Curva 45º 100mm 0 10,35 0
Curva 90º 50mm 0 8,04 0
Curva 90º 100mm 1 10,36 10,36
Joelho 100mm 0 11,57 0
Joelho 50mm 3 3,48 10,44
Ralo com caixa 1 unid 7,81 7,81
Caixa de gordura concreto pré mold. 1 unid 54,66 54,66
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Madeiramento
Perfil quadrado (10x10c) p pilar* 18m 21,12 380,16
Linha 6x12cm destinada aos travamentos
22 16,99 373,78
Linha 6x12cm destinada à cobertura 25m 16,99 424,75
Placa de pallet 1,34x0,98 p vedação vertical
16 15,00 240,00
Placa de pallet 1,34x0,98 destinada à forro
21 15,00 315,00
Placa de pallet 1,34x0,98 p portas 4 15,00 60,00
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Ferragens Dobradiças sem anéis 38 1,71 64,98
SiMAHS - Projeto e Construção 76
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Ferrolhos 16 1,35 21,60
Parafuso francês* ⅜”, arruela* ⅜” e porca* ⅜”
18 6,74 121,32
Prego para ripa* 1kg 7,67/kg 7,67
Prego para caibro 1kg 8,30/kg 8,30
Prego para telha* 1kg 8,30/kg 8,30
Cadeado 4mm 1 23,14/unid 23,14
Corrente (para trancar casa) 1kg 14,62/kg 14,62
Suporte para eletroduto =~15 1,14/unid 17,10
Aço CA20 6,3mm 5kg 4,54/unid 22,70
Arame 12 1kg 10,75 10,75
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Material de construção
Telha fibrocimento 2,44x0,50cm 27 11,94 322,38
Cimento (preferencialmente CP-V) =~3 sacos 22,00 66,00
Areia média =~1/2m³ 55,00/m³ 27,50
Brita número 2 =~1/2m³ 57,71/m³ 28,86
Bloco tijolo 8 furos baiano =~150 0,42 63,24
Tijolo cerâmico maciço 5 x 10 x 20cm 5074 0,26/unid 1366,04
Verniz marítimo 2 57,90/GL 115,80
Impermeabilizante =~15L 6,75 101,25
Lixa de madeira 120 10 0,53 5,30
Fita veda-rosca 1 1,98 1,98
Bisnaga de silicone** 1 7,35/unid 7,35
Fita isolante 1 1,70 1,70
Vigota pré-moldada 2 9,40 18,40
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
Reciclados/ Óleo queimado 5L 0 0
SiMAHS - Projeto e Construção 77
Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total
sem custo Lata de =~18L 6 0 0
Água ? 0 0
TOTAL =~5823
Fonte: Tabela SINAPI-RN da Caixa Econômica Federal de agosto de 2015
As principais observações são:
1. O preço dos insumos foi obtido a partir da tabela do SINAPI, fornecida à partir de
dados colhidos no Rio Grande do Norte em agosto de 2015. No caso de alguns
elementos não encontrados, foi adotado algum outro semelhante, provavelmente
de preço semelhante. Estes produtos encontram-se marcados por um asterisco.
2. Não estão contidos nos custos da Tabela 0-5 fossa e sumidouro, posto que pode
haver esgoto no local, mas o encanamento calculado é o suficiente para chegar
até os limites do terreno. De forma análoga, não é calculado poço artesiano,
gerador de energia ou muramento do terreno.
3. A quantidade de cimento, areia e brita foram majoradas, ainda que sejam muito
importantes (em termos de percentual representado na composição do custo),
mas de pouca precisão da hora de realizar um cálculo para serem utilizados na
construção civil não qualificada.
4. Alguns elementos não constam na Tabela 0-5 e não tem outros produtos de
custo semelhante. Nesses casos, foi feita uma rápida consulta na internet e dado
um valor aproximado. No caso dessa composição, isso se mostra
especificamente importante no caso dos cabos PP;
O custo de aproximadamente R$5823 se mostra ainda mais atrativo se deduzirmos dele
o preço de, por exemplo, quatro meses de aluguel a 200 reais. Chegamos agora
SiMAHS - Projeto e Construção 78
(quase) a o embrião de uma moradia, pronta dentro de 24h00 e gastando 5.000 reais. A
construção do MOCAP em Nísia Floresta confirmou que os preços na prática estão
próximos aos averiguados in loco. Como o MOCAP não tem instalações, não foi
possível verificar a validade dos dados gerados.
1.14 Locação parametrizada da construção no terreno
Seja qual for o macro-módulo adotado para a realização de um UHM é de grande
importância que a implantação da mesma seja realizada de forma a poder maximizar as
possibilidades de crescimento dentro da modulação e também de permitir outros
parâmetros, como vagas para carro, facilidade de instalar algum comércio, adotando-se
um sistema misto para poder promover renda, expansibilidade mantendo a capacidade
de possuir aberturas e (preferencialmente) ventilação cruzada dentre outros
parâmetros. Colocando a implantação em função da espacialidade (desconsiderando
zona bioclimática, por exemplo). É possível dividir as implantações possíveis em alguns
grupos, dispostos na Tabela 0 abaixo. As colunas 4, 5, 6, 7, 8 e 9 tem um índice de
qualidade da disposição espacial para o parâmetro específico a que se referem.
Sabidamente:
● Priv = Privacidade gerada pela implantação;
● Vag = Possibilidade de colocar vagas para carros;
● $ = Economia gerada pela implantação. Nesse caso específico diz respeito à
geminação em um ou mais muros, que barateia a construção;
● Ex = Expansibilidade resultante da implantação adotada;
● Com = O quanto a implantação é vantajosa para o comércio;
● Jan = Quanta área haverá disponível para locar janelas tanto no momento da
construção da UHM quanto através das expansões mais prováveis.
Esses parâmetros encontram-se na cartilha valorados de maneira empírica de 1 (ruim a
péssimo), passando por 2 (médio) até 3 (bom a ótimo), de maneira a facilitar a escolha
do usuário caso a última coluna possua mais de uma linha com a condição de
verdadeira para as grandezas por ele utilizadas de macro-módulo e de testada.
SiMAHS - Projeto e Construção 79
Tabela 0- Gerador de implantações para UHM´s com o SiMAHS
Local Posição Nº Priv Vag $ Exp Com Jan Indicada
Grudada na frente
Paralela grudada em um dos lados
1 2 2 3 2 2 1 Misto; 2M+40cm>T>=M+180cm
Paralela centralizada
2 2 1 1 1 2 3 Misto; 2M+190cm>T>=M+330cm ou 4M+ 210cm >T>=3M+350cm
Perpendicular centralizada
3 1 1 1 2 3 3 NUNCA
Perpendicular grudada em um dos lados
4 1 1 2 2 3 3 NUNCA
Perp. grudada dos dois lados
5 1 1 3 3 3 3 NUNCA
Local Posição Nº Priv Vag $ Exp Com Jan Indicada
À 5m da entrada ou mais
Paralela grudada em um dos lados
6 3 3 3 3 1 1 Casa; 2M+340cm>T>=M+180cm ou 3M + 350 cm >T>2M +190cm ou 4M+360cm >T>=3M+200cm
Paralela centralizada
7 3 3 1 1 1 3 Casa; 2M+190cm > T>M+330cm ou 4M+210cm>T>= 3M+350cm
Perpendicular centralizada
8 3 3 1 3 2 3 Casa ou Misto; 3M+200cm>T>=2M+340cm
Perp. grudada em um dos lados
9 3 3 2 3 2 3 Misto ou Casa; 3M+50cm>T>=2M+190cm ou 4M+60cm>T> =3M+200cm
SiMAHS - Projeto e Construção 80
Perp. grudada dos dois lados
10 3 3 3 3 2 2 Misto ou casa; M+30cm=~T ou 2M+40cm=~T ou 3M+50cm=~T...
Local Posição Nº Priv Vag $ Exp Com Jan Indicada
Sem recuo atrás
Paralela grudada em um dos lados
11 3 3 3 2 1 1 NUNCA
Paralela centralizada
12 3 3 2 1 1 3 Casa; 4M+210cm>T>=3M+350cm ou 3M+50cm>T> =2M+340cm 2M+40cm >T>=M+330cm
Perpendicular centralizada
13 3 3 3 2 1 3 Casa;
3M+50cm>T>=2M+340cm ou 4M+60cm>T>= 3M+350cm
Perp. grudada em um dos lados
14 3 3 3 2 1 2 NUNCA
Perp. grudada dos dois lados
15 3 3 3 1 1 1 NUNCA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Considera-se que para habitação social, sobretudo para autoconstrução não-assistida,
o tamanho dos lotes é completamente variável e em muitos casos com uma testada e
comprimento pequenos. Apesar do segundo (comprimento) também ser reduzido, a
primeira (testada) será utilizada como parâmetro para cálculo de implantação, posto
que costuma ser menor que o primeiro.
A Tabela 0 não se propõe em momento algum a aplacar todas as possibilidades (e da
melhor maneira) de implantação de uma UHM no terreno, todavia, para quem não for
ter acesso a algum arquiteto, ela pode se mostrar de grande valia como um importante
fator norteador para uma expansibilidade que poderia não estar sendo bem calculada.
SiMAHS - Projeto e Construção 81
É o caso por exemplo de lotes esconsos, muito comuns em ocupações. Nesse caso,
caso for pequena a irregularidade, deve-se considerar o que for menor (ou a testada ou
a largura do fundo). Caso a irregularidade for facilmente visível, considera-se que a
Tabela 0 perdeu a sua validade.
A última coluna da tabela apresenta uma série de equações e inequações que
relacionam a testada com o tamanho de um macro-módulo. O interessado em implantar
utilizando essa metodologia deverá perceber em quais casos essa relação se mostra
verdadeira para as grandezas de testada e de macro-módulo para a partir disso
escolher um dos casos possíveis. Também existem algumas células nessa coluna
marcadas como “NUNCA”, pois geram situações extremamente ruins de implantação.
Para alguém que for locar com esse sistema automatizado com valores (por exemplo)
de 8 metros de testada e 2,68 de macro-módulo, podemos montar a Com base na qual
e nos valores numéricos da Erro! Autoreferência de indicador não válida., exposta
anteriormente a essa (com qualidades valoradas de 1 a 3), o usuário pode escolher
entre diferentes possibilidades. No caso de haver geminação em somente uma das
laterais da casa, levando em conta que estamos na zona bioclimática 8 e considerando
o vento de Natal por exemplo (mais constante a sul e mais forte a leste). A lateral
escolhida pode ser automatizada a partir do Quadro 0-4 (que busca maximizar o fluxo
de vento e reduzir a quantidade de sol incidido).
SiMAHS - Projeto e Construção 82
Tabela 0-6 para analisar as possibilidade de implantação com maximização do espaço
existente no terreno:
Com base na qual e nos valores numéricos da Erro! Autoreferência de indicador não
válida., exposta anteriormente a essa (com qualidades valoradas de 1 a 3), o usuário
pode escolher entre diferentes possibilidades. No caso de haver geminação em
somente uma das laterais da casa, levando em conta que estamos na zona bioclimática
8 e considerando o vento de Natal por exemplo (mais constante a sul e mais forte a
leste). A lateral escolhida pode ser automatizada a partir do Quadro 0-4 (que busca
maximizar o fluxo de vento e reduzir a quantidade de sol incidido).
SiMAHS - Projeto e Construção 83
Tabela 0-6 -Teste de equações e inequações de implantação para um caso exemplo
Relação de M com T Exemplo com T=8m e M=2,68m Residencial Misto
T<M+30cm (Falso) Impossível de construir
2M+40cm>T>=M+180cm (Falso) 1
2M+190cm>T>=M+ 330cm (Falso) 7, 12 2
4M+210cm>T>=3M+350cm (Falso) 7, 12 2
3M+200cm>T>2M+340cm (Falso) 8 8
2M+340cm>T>=M+180cm (Verdadeiro) 6
3M+350cm>T>2M+190cm (Verdadeiro) 6
4M+360cm>T>3M+200cm (Falso) 6
3M+200cm>T>=2M+340cm (Falso) 8 8
3M+50cm>T>2M+190cm (Falso) 9 9
4M+60cm>T>3M+200cm (Falso) 9 9
M+30cm ou 2M+40cm ou 3M+50cm ou 4M+60cm...=~T
(Verdadeiro) 10 10
3M+50cm>T>=2M+340cm (Falso) 13 13
4M+60cm>T>=3M+350cm (Falso) 13 13
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 0-4- Onde geminar uma UHM com apenas um recuo lateral
Frente do terreno Geminar no muro
Norte Oeste
Nordeste Noroeste
Leste Norte
Sudeste Sudoeste
Sul Oeste
Sudoeste Noroeste
Oeste Norte
Noroeste Sudoeste
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 84
Caso a casa fique na faixa do meio do terreno, considera-se que meio do terreno é tudo
aquilo que não é grudado nem na frente nem atrás, o terreno pode ser dividido em
faixas para locar a construção de maneira a mais uma vez, maximizar a sua
expansibilidade. A primeira faixa inicia em zero (limite do terreno) - locado no limite
anterior - caso a implantação esteja mais para frente – ou posterior - se a implantação
se der mais para trás.- As faixas podem ser achadas através de uma das seguintes
funções:
Onde:
Dl(n) = Distância do limite de uma faixa n;
Mm = Macro-módulo;
Zn = Zona neutra
n = Número da faixa
Para se achar essas equações, considerou-se que:
Zn+2B = 0,3. Ou seja: os 30cm de espessura em que o pilar tem a sua sessão
de embasamento (30x30cm) podem ser expressos como a soma da zona neutra
com o que sobra do embasamento. Como o que sobra fica metade para um lado,
metade para o outro, essa largura pode ser expressa por B (letra aleatoriamente
escolhida);
Zn+B=Dl(3). Pois, uma vez que Dl(1) e Dl(2) são, respectivamente, um número
fixo (pois a distância de um limite dele mesmo sempre será zero) e outro número
que representa o recuo anterior ou posterior– Dl(2) – necessitamos descobrir
Dl(3) de maneira que levemos em conta B, para que o recuo frontal não seja
invadido. Somente um dos B’s invadiria o recuo frontal, pois o outro estaria
invadindo o módulo de projeto do macro-módulo;
Com algumas substituições, vamos ter que Dl(3) = Dl(2) + 0,15 + Zn/2;
Apesar do processo parecer complicado, é simples de ser aplicado. No fim das contas,
consiste, a partir de Dl(4), em acrescentar à distância do limite anterior, alternadamente
o macro-módulo e a zona neutra para achar o limite do próximo n.
SiMAHS - Projeto e Construção 85
Também é possível mais uma vez utilizar a tabela automatizada para obter
automaticamente todas essas medidas. Ela "puxa" os valores de outras partes da
tabela. A única coisa necessária será introduzir o valor do recuo frontal.
Figura 0-8- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como maneira alternativa de realizar a divisão através de faixas de implantação, as
malhas já existentes na cartilha em escala 1/100 podem ser utilizadas com o auxílio de
uma régua comum para conseguir locar um terreno. Imaginando a utilização de um
macro-módulo de 2,58m (da placa formada por tábuas de pinus), não seria necessária
nenhuma conta e já teríamos uma implantação guiada por macro-módulos, como é
possível observar na Figura 0-9.
Figura 0-9- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s
Fonte: Elaborado pelo autor.
No exemplo acima, como se pode ver, não foi utilizada nenhuma fórmula matemática,
pois o terreno hipotético tinha 8x15m e (quase) coube dentro do papel, que já era
projetado para uma placa nas dimensões compatíveis. Todavia, se não houver malha
disponível nas dimensões adequadas, com o auxílio de uma régua normal, a criação de
uma malha dessas não deve apresentar grandes dificuldades (inclusive na escala 1/50,
SiMAHS - Projeto e Construção 86
com contas simples). Para garantir que o nível de exatidão esteja de acordo na hora de
fazer a marcação para construir, a determinação matemática dos Dl´s trará exatidão,
enquanto que durante o processo de pensar sobre o projeto e locação em si, a escala
gráfica poderá ser bastante útil.
A delimitação matemática das faixas seguiu uma progressão matemática com as
fórmulas acima colocadas, de modo que:
Dl(1) = 0 → Afinal, a distância é sempre 0, pois Dl(1) é o próprio limite;
Dl(2) = 5 → A implantação vai ter vaga de garagem;
Dl(3) = Dl(2) + 0,15 + Zn/2 = 5,2m → Pois, para Dl(3), n é impar;
Dl(4) = Mm + Dl (n-1) = 7,88m → Pois, para Dl(4), n é par;
Dl(5) = mm + Dl (n-1) = 7,98m → Pois, para Dl(5), n é impar;
Dl(6) = Mm + Dl (n-1) = 10,66m → Pois, para Dl(6), n é par;
Dl(7) = mm + Dl (n-1) = 10,76m → Pois, para Dl(7), n é impar;
Dl(8) = Mm + Dl (n-1) = 13,44m → Pois, para Dl(8), n é par;
Dl(9) = mm + Dl(8) = 13,54m → Pois, para Dl(9), n é impar;
Dl(10) = Mm + Dl(n-1) = 16,22. ISSO É FALSO, pois a profundidade do terreno é
de 15m, o que torna Dl(10)=Dl(última). Logo, Dl(10)=15m.
A fórmula acima - aparentemente complexa - nada mais é do que: I- Considerar o recuo
frontal; II- considerar o trecho onde existe o início da marcação dos pilares e III--
considerar que a diferença entre (n+1) e n é alternadamente a constante do macro-
módulo e a constante da zona neutra.
Não é previsto que se faça o cálculo para dividir o terreno na longitudinal, uma vez que
as testadas dos terrenos voltados para habitação social são muito pequenas. Se isso
for feito, basta considerar que:
Dl(1)=Dl(2)=Dl(3). Dessa forma, o restante do cálculo se mantém o mesmo e é
possível continuar a divisão do terreno, considerando que a zona neutra do início
da separação termina no muro divisor do terreno e que dessa forma, está
prevista uma geminação em caso de expansão.
SiMAHS - Projeto e Construção 87
O interessado em locar deve escolher onde locar a sua residência dentro do terreno.
Sobre isso, o Quadro 0-5 de sugestões é adicionado a cartilha, com diretrizes básicas
de projeto para baratear/facilitar o processo:
Quadro 0-5 - Onde locar uma UHM que se encontra no meio de um terreno
Tipo do terreno
Vegetação p/
preservar
Solução
Plano ou =~ plano
Sim a) Realizar levantamento dos trechos com menor quantidade de vegetação em relação à divisão em faixas; b)Seguir as
recomendações da célula abaixo de maneira aproximada, mas NÃO locar a construção fora das faixas.
Não a) Separar terreno em faixas e botar casa iniciando a 5m da frente se houver intenção de uso misto. Se não houver, locar a 1,5m da parte
de trás caso haja grande anseio por privacidade; b) Locar a casa dentro das faixas; c)Locar a casa no meio divide os terrenos já
pequenos e da a impressão que o lote é menor.
Declives/Aclives variáveis, com trechos planos ou =~planos
Sim a)Realizar levantamento dos trechos com menor quantidade de vegetação em relação à divisão em faixas; b)Seguir as
recomendações da célula abaixo, sempre que possível, mas dar preferência em quase todos os casos aos trechos mais planos em
relação à vegetação; c)Se a vegetação for suficientemente importante para não haver nenhum trecho plano disponível,
considerar que a construção será locada de acordo com alguma das células da primeira coluna abaixo: “Pequena ou média inclinação
constante” ou “grande inclinação constante”.
Não a) Levantar quais são as faixas que estão aproximadamente nas zonas com trechos planos; b) escolher uma delas de modo a locar o
mais para trás do terreno (privacidade) ou o mais para frente (intenção de uso misto), desde que na parte da frente sobrem ao
menos 5m e na de trás, ao menos 3m.
Pequena ou média
inclinação constante
Sim a)Seguir as mesmas recomendações da célula abaixo, mas escolher onde locar a casa levando em conta também a vegetação.
Não a)Dividir o terreno em faixas; b)escolher uma delas de modo a locar o mais para trás do terreno (privacidade) ou o mais para frente
(intenção de comércio); c)Executar as fundações in loco de maneira tradicional(ao em vez das pré-moldadas), tanto para os pilares
quanto para a parede que fica a 80 cm.
Grande inclinação constante
Sim ou Não O SiMAHS ainda é muito experimental para trabalhar com grandes inclinações. Utilizar fundação (total) tradicional, inclusive o contrapiso
se continuar do seu interesse o uso do sistema..
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 88
1.15 Como projetar com o SiMAHS:
Apesar da facilidade de criação de um processo de parametrização matemática para
descobrir uma implantação adequada para a maioria dos casos para uma UHM, o
mesmo não é tão simples caso se trate de uma residência completa construída desde o
início. O processo de projeto com o SiMAHS de uma residência completa desde o início
também é possível e para isso foi implementada uma forma de projetação simplificada
que tende a de maneira muito mais simples permitir a um leigo rascunhar soluções para
a criação da sua residência construída através de construção assistida. Ao contrário da
parametrização para implantar uma residência no terreno, existem muitas variáveis em
jogo para o projeto de uma residência em si, o que impossibilitou dentro do universo de
tempo do trabalho final de graduação que esta prática fosse adotada. É também nesta
fase que tendem a acontecer a maior quantidade de erros, mesmo com as orientações
fornecidas na cartilha.
Baseado em algumas metodologias de planejamento participativo que trabalham com
maquetes para vencer a falta de noção espacial dos não-profissionais da construção
civil, são fornecidas vinte folhas, que cruzam dez medidas utilizadas por placas de
madeira - que podem ser utilizadas para vedação - com dois tamanhos comuns de zona
neutra: 5 e 10cm.
SiMAHS - Projeto e Construção 89
Figura 0-10- Exemplo de folha gabarito 1/100 para processos de planejamento participativo
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para facilitar o processo de projetação pelos leigos, a escala desses gabaritos está em
1/100, de modo que o processo pode ser auxiliado pelo uso de uma régua comum,
facilmente encontrada. Duas ferramentas podem ser utilizadas para evitar a distorção
de medidas através do encadeamento de fotocópias, impressões reduzidas ou afins, a
escala gráfica e a xerox . Dessa maneira a escala gráfica pode ser utilizada para
mensurar a imprecisão acumulada das fotocópias enquanto ao mesmo tempo os blocos
já contidos na mesma folha distorcem na mesma taxa que o gabarito, tornando a
distorção acumulada (quando não utilizada a régua como auxílio) irrelevante.
Os blocos fornecidos em anexo em cada uma das folhas contém a grande maioria dos
móveis e eletrodomésticos que podem constar em uma residência, em diversos
formatos que podem - ou não - suprir todas as necessidades de determinada situação.
Se não suprirem, o responsável pode utilizar régua e desenhar novos blocos, desde
que anteriormente a consulta a escala gráfica tenha sido aferido e provado-se ainda
suficientemente fiel.
O processo de projetação autóctone é pensado resumidamente para funcionar na
seguinte sequência:
SiMAHS - Projeto e Construção 90
1. Leitura do manual;
2. Escolha de alguma placa de vedação e consequente descoberta do macro-
módulo;
3. Copiar várias vezes a página que corresponda ao macro-módulo ou - caso não
exista página correspondente - criar uma utilizando caneta e régua;
4. Marcar as dimensões do terreno no gabarito, aproveitar e realizar a distribuição
do terreno em faixas;
5. Recortar os blocos;
6. Rascunhar repetidas vezes enquanto se “caminha” com o layout pela planta com
a ajuda de um durex ou afim, jogar fora muitas folhas, comparar com a opinião
dos outros familiares;
7. Finalizar o projeto parametrizado.
Dessa maneira, a partir de elementos simples e baratos, se chega a uma exatidão
compatível com a necessária do canteiro para a realização de um projeto dentro do
SiMAHS. Em uma realidade familiar, o processo tende a se tornar mais participativo
também em termos da família, pois além de barato, permite repetição indefinida e não
onerosa e de uma maneira em que a posteriori não acarretará problemas com a
distribuição dos móveis. Analfabetos e crianças devidamente instruídos e
acompanhados poderão participar de parte do processo, desde que isso se restrinja a
parte gráfica.
Apesar das vantagens descritas anteriormente em uma mesma folha conter os blocos e
a malha para projeto e utilizarem uma régua padrão com facilidade, isso trás como
revés a necessidade da utilização da escala 1/100, o que pode dificultar em alguns
sentidos quando se tentar trabalhar recortando os blocos. Se coloca como opcional a
utilização também da escala 1/50, só que com uma folha separada para os blocos
anexa a cartilha. As duas folhas podem ser vistas respectivamente na Figura 0-11 e na
Figura 0-12.
SiMAHS - Projeto e Construção 91
Figura 0-11- Folha de gabarito 1/50 para processos de planejamento participativo
Fonte:.Elaborado pelo autor.
Figura 0-12- Folha de blocos 1/50 para processos de planejamento participativo
Fonte:.Elaborado pelo autor.
O resultado que se espera com isso seria algo semelhante
Figura 0-13- Processo de projeto utilizando colagem de blocos
Fonte:.Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 92
1.16 Pré-moldados:
Todos os elementos que formam o SiMAHS são concebidos de maneira a serem
condizentes com os critérios principais elencados anteriormente. Em termos de
desdobramento de projeto:
1. As peças precisam ser o mais baratas, para serem viáveis;
2. Elas devem ser fáceis de construir, para que qualquer um fora da área da
construção civil possa produzi-las sem o risco de cometer erros que
comprometam a qualidade das mesmas;
3. As peças devem ter um peso final abaixo de 80kg;
4. Sua fabricação não deve necessitar de equipamentos elétricos – e/ou de difícil
e/ou de caro acesso;
5. Devem utilizar como matéria prima elementos fáceis de encontrar na maior parte
do Brasil, sobretudo na zona bioclimática 8,
6. Os componentes e a matéria prima devem ser transportáveis em um carro
popular;
7. O processo de produção das peças deve ser rápido e pouco desgastante
fisicamente;
Para serem fáceis de construir, as peças utilizam processos facilmente domináveis e
comuns a produção de pré-moldados. A cartilha fornece instruções de como construir
cada um deles, o que deve ser suficiente a confecção sem dúvidas ou com dúvidas
facilmente sanáveis por profissionais mais acessíveis do que os graduados.
Para ter parâmetros do que seria um peso razoável, foi utilizada a NBR17, que dispõe sobre segurança do trabalho pesos máximos para pessoas de diferentes configurações (Tabela 0-7).
SiMAHS - Projeto e Construção 93
Tabela 0-7 - Carga suportada por pessoas de diferentes configurações
Descrição Carga
2 Homens adultos (máximo) 80kg
Homem adulto (máximo) 60kg
Homem adulto (ideal) 23kg
Mulher adulta 20kg
Homem (14-18, ideal) 20kg
Mulher (14-18, ideal) 15kg
Fonte: NBR17, exceto primeira linha abaixo da legenda da coluna, estipulada
taxativamente pelo autor.
Com base nos limites da Tabela 0-7, foi limitado o peso aproximado de todos os
componentes. Considerou-se 60kg (o máximo de um homem adulto) um valor razoável,
ideal 20kg (máximo de uma mulher adulta). Não foram achadas referências para o
máximo que dois homens adultos poderiam carregar, por isso estabeleceu-se
taxativamente 80kg.
É interessante ressaltar que: I - a NBR17 utiliza dados da época do café e é baseada
no peso da saca para os estivadores. O limite é considerado muito alto para os padrões
atuais e essa capacidade parece ser abusiva para a maior parte da população. A
discrepância entre o peso máximo de um homem e de uma mulher adulta é enorme; II –
Foi considerado válido utilizar o peso máximo e não o confortável por se tratar de um
trabalho ocasional e não repetitivo. Com dimensões dos componentes e a densidade
dos materiais, pode-se estipular o peso. Para isso, consultamos a Tabela 0-8:
Tabela 0-8 - Peso do m³ de diversos materiais
Material kg/m³ Material kg/m³
Água 1000 Madeiras leves <600
Areia seca 1600 a 1800 Madeiras médias 600 a 750
Cimento em saco 1200 Madeiras pesadas >750
Concreto simples 2400 Vidro 2400 a 2600
Concreto armado 2500 Cerâmica
Fonte: FALTA A FONTE
SiMAHS - Projeto e Construção 94
Se utilizássemos placas compostas de tábuas de pinos de 1,34m, geradoras de macro-
módulos de 2,68m, chegaríamos aos valores de peso dos componentes, dispostos na
Tabela 0-9. As duas últimas colunas servem como base para a Erro! Fonte de
referência não encontrada..
Tabela 0-9 - Transporte e manejo de pré-moldados e afins
Tipo Elemento Cm Kg Pessoas
Qnt.
Carro? Viagens
Pré-moldado
Placa de piso 59,5x59,5x5,5
46,7 1 18 SIM A
Peitoril 24x11x124 47,8 1 8 SIM
Fundação *=~18 (L) =~40 1 6 SIM
Telhas 244x50x0,5 9 1 27 FORA B
Poste de entrada 200x10x10 50 1 1 FORA
Vergas 120X10X14 42 1 2 SIM
Madeira
Placa de pinus 134x98x4 <20,0 1 31 SIM C
Pilarete 10x10x300 30,3 1 6 FORA
Travamento Horizontal
6x12x600 21,8 1 22 FORA
Linhas 6x12x500 18,2 1 5 FORA
Diversos
Canos diversos YxYx600 - 1 - SERRAR
Caixa d’água 500L 124x124x72 10,5 1 1 SIM
Cimento, areia, brita =/= =/= =/= =/= NÃO
Fonte: Elaborado pelo autor.
As peças utilizam materiais comuns, facilitando o acesso ao sistema e exceto a
furadeira (muito comum), dispensam equipamentos elétricos para fabricação. Um
SiMAHS - Projeto e Construção 95
opcional pré-requisito em obras que prossigam durante a noite, seria a iluminação
artificial.
Os componentes prontos e a matéria prima deveriam ser transportáveis em um carro
popular, internamente, com o porta malas aberto ou sobre o teto. O Fiat Uno modelo
antigo foi escolhido como modelo para medidas do mesmo (Figura 0-14) por dois
motivos:.I- Trata-se de um carro comum dentre as classes populares e era de fácil
acesso no período da monografia.
Figura 0-14- Dimensões internas e externas do Fiat Uno modelo antigo.
Fonte:http://www.the-blueprints.com/blueprints-depot-
restricted/cars/fiat/fiat_uno-39955.jpg
A utilização de um carro específico como norteador de projeto abriu a possibilidade de
calcular quantas viagens seriam necessárias para mover todo o material quando todos
os pré-moldados estivessem prontos do canto onde eles foram confeccionados até o
local onde serão utilizados. Disponível na Tabela 0-10, mas necessário acessar últimas
duas colunas da tabela Tabela 0-9.
SiMAHS - Projeto e Construção 96
Tabela 0-10 – Quantidade de viagens
QUANTIDADE DE VIAGENS
COD Viagens Observações
A 1 Viagem de carro -
B 1 Viagem de carro -
C* 1 Viagem de caminhão Rota: loja de construção,
madeireira, placas
D 1 viagem de carro Demais ítens
E 1 viagem de carro Ferramentas
Total 4 viagens de carro; 1 frete de caminhão
Fonte: Elaborado pelo autor.
A seguir, é possível ver o passo a passo de confecção dos pré-moldados necessários
para a construção com o SiMAHS. A apresentação do conteúdo nessa sessão se da
inicialmente pela inclusão de um quadro para cada um dos componentes com as
instruções da maneira que são colocadas na cartilha para a seguir receber a explicação
(não contida na cartilha).
SiMAHS - Projeto e Construção 97
1.16.1 Sapatas pré-moldadas
Figura 0-15- Processo de fabricação das sapatas pré-moldadas
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 0-6 - Passo-a-passo para fabricação de uma sapata pré-moldada
Passo Descrição
1 Fabricar escora que irá manter o cano no local enquanto o concreto seca. Fazer conforme desenho abaixo, com todas as peças de madeira terminando exatamente no fim da lata,
para que o cano fique perfeitamente centralizado;
2 Cortar cano de 150mm em peças de 60cm;
3 Posicionar o cano e a escora de modo que o cano fique 30cm para dentro e 30 para fora;
4 Furar cano juntamente com a forma (se for a primeira utilização) e introduzir uma barra rosqueada no meio conforme desenho;
5 Forrar cano até o fundo com jornal para evitar grouteamento acidental;
6 Groutear até a boca;
7 Retirar gabarito após três horas. Pode ser movido com cuidado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Para que o sistema possa ser construído rapidamente, as fundações foram projetadas
para que pudessem ser pré-moldadas, de maneira que não necessitem curar após
SiMAHS - Projeto e Construção 98
colocadas no. Isso é possível pelo sistema ser extremamente leve e pela fundação ser
do tipo estaca, sem cinta de amarração (o que inviabilizaria a pré-moldagem). Se o
sistema fosse mais pesado, seria necessário maquinário para erguer a sapata ou
utilizar cinta de amarração, inviabilizando a auto-construção dentro dos parâmetros
buscados pelo o SiMAHS, sobretudo preço e tempo (e nos dois casos complexidade).
Uma maneira barata para construir uma sapata de pequeno porte é utilizar galões de
18,2L de tinta, comumente são descartados. Na falta, vasos pretos descartáveis de
plástico podem ser utilizados como. Eles estão disponíveis em hortos e custam menos
de um real.
Está prevista a utilização de um pedaço de PVC com diâmetro de 15cm para a espera
onde posteriormente se encaixará o pilarete para receber o. grout.
1.16.2 Placas de piso
Figura 0-16- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de piso
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 99
Quadro 0-7 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de piso pré-moldada
Passo Descrição
1 Obter dimensões do contra-piso na tabela automatizada;
2 Cortar madeiras ou utilizar madeira com ao menos 11cm de largura para taboas longitudinais. Comprimento igual ao número de placas por forma vezes a largura das
mesmas mais essa mesma quantidade acrescida de um que multiplica a largura da forma. Ou seja: C=Np*Lp+(1+Np)*Lf;
3 Cortar madeiras para transversal com comprimento igual a largura das placas;
4 Revestir as formas no local onde elas receberão o grouteamento com latas cortadas de refrigerante;
5 Montar a forma com pregos de ripa;
6 Posicionar a forma sobre uma lona em cima de piso reto;
7 Untar todo o espaço que vai ser grouteado com óleo de motor queimado;
8 Groutear até o fim da forma com massa pouco fluida;
9 Dar acabamento com régua de alumínio;
10 Desenformar sem mover após três horas. Mover, só no dia seguinte
Fonte: Elaborado pelo autor.
As placas de piso são confeccionadas também em concreto, na mesma proporção das
fundações. Aproveita-se o mesmo grout dos demais pré-moldados e agiliza-se o
processo de produção. O piso e o contra-piso são uma placa única, agilizando a
montagem. Se for desejo do responsável, nada impede que nessas placas sejam
assentadas cerâmicas, porcelanato ou o que quer que se deseje, desde que se tome
cuidado para que às mesmas estejam bem assentadas, evitando acúmulo de água,
sobretudo nas áreas molhadas.
A queima do cimento é passível de variação de acabamento utilizando-se tintas corante
xadrez (Figura 0-17).
SiMAHS - Projeto e Construção 100
Figura 0-17- Acabamento tradicional de cimento queimado com corante xadrez vermelho
Fonte:http://casabemfeita.com/wp-
content/uploads/2011/07/fazendo-piso-cimentado-
queimado.jpg
Importante perceber que o mesmo processo também pode ser adotado na confecção
das placas pré-moldadas de peitoril.
Placas pré-moldadas de peitoril
Figura 0-18- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de peitoril
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 101
Quadro 0-8 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de peitoril pré-moldada
Passo Descrição
1 Introduzir dados na tabela para ver se o peitoril deverá ser dividido ou não em duas partes;
2 Cortar madeiras ou utilizar madeira com ao menos 11cm de largura para as taboas longitudinais. Comprimento igual ao do peitoril;
3 Cortar madeiras para transversal com comprimento igual a soma da largura dos peitoris+as placas em questão;
4 Revestir as formas no local onde elas receberão o grouteamento com latas cortadas de refrigerante;
5 Montar a forma com pregos de ripa;
6 Posicionar a forma sobre uma lona em cima de piso reto;
7 Untar todo o espaço que vai ser grouteado com óleo de motor queimado;
8 Groutear 1cm. Aguardar 3 horas;
9 Posicionar vergalhões no meio do vão (vertical), utilizando alguma escora para isso;
10 Posicionar tijolos com =~1cm de distância entre eles;
11 Pregar táboas auxiliares para evitar empenamento da forma;
12 Groutear até o fim da forma com massa pouco fluida para os furos não sejam preenchidos;
13 Dar acabamento com régua de alumínio;
14 Desenformar sem mover após três horas. Mover, só no dia seguinte.
Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 102
1.16.3 Preparo prévio da fundação do embasamento em alvenaria (cartilha
comentada):
Figura 0-19- Pré-impermeabilização da fundação do embasamento em alvenaria
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.16.4 Pré-preparo das vedações:
O pré-preparo das vedações se resume a uma opcional etapa de acabamento prévio:
Lixamento e aplicação de uma camada de verniz. Essa etapa é opcional e não se
devem passar mais de uma camada, posto que mais aplicações se farão necessárias
na etapa do transporte. É possível também deixar dobradiças e ferrolhos pré-instalados,
mas não fundamental.
1.16.5 Malha na zona neutra
Existem zonas neutras entre os micro-módulos, onde deverão ser utilizados tijolos
maciços com alto teor de vitrificação impermeabilizados e assentados à junta seca.
Esses tijolos permitem o acesso para manutenção dos sistemas elétrico e hidráulico,
facilitando manutenção em geral, além de reforma/expansão mais simples da UHM. As
SiMAHS - Projeto e Construção 103
juntas não deverão receber água (ao menos em excesso) diretamente, a não ser que
recebam um grouteamento mínimo. A água poderia passar através da cama de areia,
com o tempo causando recalque diferencial das placas de piso.
As zonas neutras são delimitantes para o cálculo da aresta das placas de piso e –
consequentemente, do peso das mesmas através da tabela automatizada.
1.16.6 Instalações elétricas
As instalações elétricas passam: I - Abaixo da malha nas zonas neutras utilizando
cabos tipo PP (Figura 0-21) - resistentes a umidade do solo, dispensando conduítes; II -
parafusados diretamente nas paredes (Figura 0-20), com a utilização de eletrodutos e
suportes e III - entre o madeiramento do teto, quando para iluminação.
Figura 0-20- Exemplo de instalação elétrica aparente
de baixo custo
Figura 0-21- Cabo tipo PP de duas vias.
Figura 0-22- Cabo comum
Fonte:http://2.bp.blogspot.com/-f6SVGTkBWOg/TrL9MX6TOjI/AAAAAAAAAAM/RqRUkbONUAE
/s1600/016.JPG
Fonte:http://www.bazar339.com.br/media/image/cabo_2x.jpg
Fonte:http://www.moino.com.br/produtos/SPNw4CpQjPIgfdS1ksJKhW2dS38a6PDNaRF9TuQ7.j
pg
Quanto a quadros de disjuntores, registros de energia e afins, nada pode ser alterado
devido a uma série de legislações. Caixas de passagem se fazem desnecessárias em
várias situações onde normalmente elas seriam utilizadas, posto que toda a instalação
já esteja acessível para manutenção.
SiMAHS - Projeto e Construção 104
1.16.7 Instalações hidráulicas
Indica-se que a hidráulica se concentre sob as faixas de zona neutra quando tiver que
passar por debaixo do piso, facilitando manutenção e expansão. A maneira como cada
edificação – sobretudo uma UHM - será expandida é difícil de prever, por isso é
indicada a utilização de tubulação externa, com grande bitola (50mm) e utilização de
redutores.
O sistema não é preparado estruturalmente para suportar o peso de uma caixa d’água,
posto a enorme sobrecarga que ela gera. Algumas soluções indicadas:
1. Se houver fornecimento muito regular de água e situação econômica
extremamente frágil, pode-se dispensar a caixa d’água ou adotar um tambor
plástico grande, somente para estabilizar um pouco a pressão. Isso
provavelmente irá de encontro a alguma norma;
2. Utilizar caixa d’água tipo castelo para várias casas, barateando o custo para
todos de criar uma estrutura independente. Essa opção é especialmente
interessante quando se tratarem de varias residências sendo construídas
simultaneamente por um processo de mutirão;
3. Construir o banheiro em alvenaria convencional e colocar a caixa sobre ele. Essa
será a solução indicada na maior parte dos casos.
1.17 Insumos
Apesar de não ser possível até o momento listar e mensurar com total exatidão todos
os insumos que se farão necessários, a maior parte deles pôde ser determinada
através da simulação da criação de um canteiro de obras. Chegou-se ao seguinte
resultado:
1.17.1 Comodities e afins
SiMAHS - Projeto e Construção 105
Quadro 0-9-Comodities e afins utilizados para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Insumo Utilização Observações
Comodites e afins Água 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das
estacas de fundação;2 - Assentamento para os
blocos; 3 - Higienização da obra;
É indicado que se possível a argamassa
de assentamento utilizada para os blocos cerâmicos seja do tipo pronta, principalmente se a obra estiver sendo executada por leigos,
para reduzir a possibilidade de fiadas irregulares e o tempo
gasto.
Areia média 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das
estacas de fundação;2 - Assentamento para os blocos;3 - Cama para recepcionar as lajotas
de piso;
Cimento 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das
estacas de fundação;2 - Assentamento para os
blocos;
Brita 3 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das estacas de fundação;
Bloco para alvenaria 1 - realização do embasamento para os
pilares; 2 - pequena parede abaixo das
esquadrias; 3 - juntas nas zonas neutras
Utilizar blocos o mais regulares possível, para
minimizar a possibilidade de mal
assentamento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os comodities se mostram um dos grupos mais interessantes dentro dos insumos, pois
existe uma grande possibilidade de variação quanto a seus quantitativos e a dinâmica
deles dentro do sistema. Posto:
1. A quantidade de cimento, brita, areia e cimento e água pode variar fortemente dentro dos traços adotados. Apesar do sistema adotar medidas padrão que majoram fortemente em direção a segurança, se houver a existência de mão de obra qualificada é possível que um olhar mais preparado em termos de prática construtiva e de observação da peculiaridade de diferentes fornecimentos dos mesmos materiais aponte na direção de solução mais eficientes;
2. Dependendo das estruturas de fornecimento pode ser favorável alterar o tipo de brita, areia, cimento etc, o que é complicado de mensurar sem uma visão de cada canteiro específico;
SiMAHS - Projeto e Construção 106
3. Dependendo da dimensão do projeto (uma UHM? Uma casa? Um assentamento rural?) pode se tornar vantajoso passar a adotar traços e tipos de areia, brita, cimento, o que não pode ser previsto em um trabalho generalista desse porte;
4. A utilização de cimento CP-V, de cura rápida inicialmente pode se mostrar vantajosa em alguns casos e irrelevante em outras;
5. Os blocos para alvenaria disponíveis em cada região podem variar, repercutindo na largura do micro-módulo, na necessidade ou não (e em que intensidade?) de impermeabilização e a partir dai alterando uma série de outros parâmetros, como a quantidade de placas de piso dispostas em uma aresta, a dimensão e peso das mesmas, os custos com formas envolvidos e por fim, a viabilidade do uso das mesmas como zonas neutras em junta seca para a manutenção das instlações;
6. Com tudo isso (e com tanto que ele aparece em termos de produto finalizado), sua representatividade não é tão grande no orçamento líquido final e a variação do preço do mesmo pode tornar viável aqui adotar alternativas muito mais caras percentualmente que tragam outras vantagens. É um grupo a ser estudado com atenção.
1.17.2 Madeira
Quadro 0-10- Madeiras utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Insumo Utilização Observações
Madeira Placa para vedação Confecção das esquadrias em
geral
Em alguns locais se encontram disponíveis pallets sem alternância de
espaços vazios. Dar preferência.
Linha (variável) Suporta cobertura.
1 - As dimensões, sobretudo a altura, podem variar com a distância e o tipo de
madeira utilizados; 2 - Para vãos consideravelmente grandes, é mais
econômico utilizar treliças
Sarrafo 10x10cm Para pilaretes.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O grupo de comodities da madeira é um dos mais custosos dentro do sistema. Não a
toa, ele é responsável pela estrutura do mesmo, não só em termos de pilaretes e vigas,
como também por permitir um sistema com baixo peso próprio e tempo de construção,
facilitando a lógica dos pré-moldados, inclusive das fundações transportáveis.
Mesmo com tudo isso, a madeira trás a desvantagem de necessitar de uma
manutenção um tanto mais constante, o que tende a ser uma problemática dentro da
SiMAHS - Projeto e Construção 107
habitação social, posto que a alvenaria tende a resistir em pé, mesmo lançada as
irresponsabilidades.
O uso extensivo de madeira casa bem com as necessidades de grandes beirais que
não só a protegem, como também tornam o SiMAHS inerentemente apto a zona
bioclimática 8. É para proteger a madeira que existe o embasamento em alvenaria.
A falta de uma regulamentarização e periodicidade confiável dos perfis de madeira pelo
Brasil fazem com que, apesar de serem determinadas algumas dimensões da parte
estrutural, por vezes elas tenham que adotar medidas semelhantes por falta de
disponibilidade.
Diferentes madeiras exigem diferentes periodicidades de manutenção, o que pode
tornar uma parametrização de manual construtivo especialmente difícil, sobretudo se
levarmos em conta que as espécies de madeira exploradas mudam ciclicamente e que
isso intervém diretamente no ciclo de manutenções.
Apesar de todas as dimensões encontradas de placas de vedação terem sido
estudadas com base em suas dimensões:
Faltam estudos – revisados nesse trabalho - quanto a durabilidade e incidência
de patologias, sobretudo a água e insetos xilófagos necessita ser um caso
abordado complementarmente;
Faltam estudos – revisados nesse trabalho – quanto ao desgaste mecânico e de
abrasão das placas de vedação;
As placas de pinus, quando com alta densidade (para tipos de pinus) parecem
ser a alternativa mais promissora até o momento, mas foi estudado qual o nível
de disseminação desse insumo dentro das áreas de abrangência do sistema;
Com todas as variações que se colocam sobre o grupo madeira (sobretudo no quesito
dimensões e bitolas), o sistema teve que se tornar completamente parametrizável, para
que a falta, imprecisão, custo caro ou inadequabilidade dos insumos locais tornassem
inadequada uma alternativa local. Assim, ele passa a se adaptar para se aproveitar das
melhores oportunidades, sem recorrer ao uso de chapas por pessoal despreparado e
desprovido de equipamento adequado, o que poderia gerar custos adicionais pagar
SiMAHS - Projeto e Construção 108
para cortar), problemas para cortar as chapas com precisão (devido ao despreparo do
público alvo), desperdício de material ou encaixes defeituosos.
1.17.3 Aplicação e descartáveis
O grupo de aplicação e descartáveis (salvaguardo os verniz marítimo e piche/outro
impermeabilizante) tendem a ter custo desprezível em relação ao montante maior do
orçamento, assim como serem insumos de difícil quantização. Isso não deve ser visto
como algo preocupante, devido ao primeiro fator.
Quadro 0-11 - Aplicação e descartáveis utilizados para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Insumo Utilização Observações
Aplicação e descartáveis
Piche/outro impermeabilizante
Impermeabilização das fundações e da
alvenaria
Aplicar com pincel
Thinner Diluir o verniz marítimo; limpar os pincéis
Dispensável para verniz marítimo a base de
água
Verniz marítimo Proteção da madeira em geral
Não economizar nas demãos, sobretudo
sobre os Pallets.
Fita isolante
Fita veda-rosca
Fluido à escolha para limpeza
Para manter a obra organizada
Tipo e quantidade ficam a encargo do
responsável pela obra. Lixas para madeira Para manter a obra
organizada
Sacos de lixo Para manter a obra organizada
Silicone
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quanto a dupla salvaguardada (verniza marítimo e piche/outro impermeabilizante),
cabem as ressalvas em comum de que:
SiMAHS - Projeto e Construção 109
O orçamento para os dois deve ser feito em função da área de envoltória externa
(note, na maior parte do tempo essa monografia pensa como parâmetro em uma
UHM) que se deseja cobrir e, portanto, tem capacidade sensível de variação em
função do macro-módulo adotado, portanto, da aresta da placa de vedação;
Os valores podem variar em função também do preço por m² de cada insumo;
Tipos de solo diferentes necessitarão de uma eficiência diferente em termos de
impermeabilização da fundação da alvenaria, assim como isso dependerá do
nível de vitrificação da própria alvenaria utilizada para fazer vedação;
Chapas de madeira de tipos diferentes irão absorver quantidades diferentes de
verniz, gerando custeio diferenciado em termos de preço/m².
1.17.4 Ferragens
Quadro 0-12- Ferragens utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Insumo Utilização Observações
Ferragens Arame 12
Arruelas
Barra rosqueada
Cadeados
Dobradiças
Ferrolhos
Lâmina para serra-arco
Parafusos diversos
Porcas
Prego para telha
Pregos pequenos
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os custos com ferragens podem variar sobretudo em função dos fatores:
Que tipo de conexão está sendo utilizada para conectar o esqueleto do sistema.
Existem algumas possibilidades que se dispõe:
SiMAHS - Projeto e Construção 110
o Barra rosqueada com porcas e arruelas;
o Aço CA20 sulcado com a utilização de vira-macho para atender a
possibilidade anterior, todavia, a economia pode ser irrisória em função da
escala;
o Parafuso francês. A alternativa mais rápida, mas a mais cara das três.
Pode apresentar vantagens a depender da situação.
A quantidade de placas de vedação móveis dentro do projeto (pode-se manter
algumas placas fixas para economizar em ferrolhos e dobradiças, a depender do
caso;
A quantidade de geminações com alvenaria, que acarretariam na diminuição de
ferragens, pois haveriam menos placas de vedação.
O arame foi acrescentado sem nenhum uso específico previsto dentro do projeto, por
sua função de coringa dentro de uma obra. Assim, a variação de bitola do mesmo é
viável, salvaguardo que uma forte diminuição irá atingir diretamente a resistência, assim
como um forte aumento, a trabalhabilidade.
1.17.5 Ferramentas:
Os quadros abaixo, na sessão ferramentas, apresentam as ferramentas previstas para
a utilização com o SiMAHS. Todavia, é importante que se ressalte que:
o Algumas obras podem apresentar necessidades específicas de ferramentas;
o Ferramentas podem ser substituídas por outras de igual função, com perda,
ganho ou irrelevância na eficiência das mesmas.
o O SiMAHS foi projetado para ser construído com ferramentas o mais comuns
possível, utilizando como única ferramenta elétrica uma furadeira.
SiMAHS - Projeto e Construção 111
Quadro 0-13- Ferramentas de pequeno e médio porte utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Ferramenta Uso principal Observações
Ferramentas de pequeno e médio porte
Alicate universal 1 - Elétrica; 2 - Com as conexões de barra
rosqueada;
1 - Mais alicates específicos permitem melhor rendimento do
trabalho;
Furadeira (elétrica) c/ jogo
de brocas
1 - Pilares para barra rosqueada; 2 - Confecção
de esquadrias;
1 - Não indicada (exceto em caso de região sem energia elétrica) a substituição pela correlata não-
elétrica;
Jogo universal de chaves de fenda,
philips e sextavadas
Usos diversos
Martelo 1 - Madeiramento de cobertura; 2 - Confecção de
esquadrias;
Martelo de borracha
1 - Assentamento das lajotas do piso; 2 -
assentamento das juntas da zona morta;
1 - Dependendo do caso, seu uso pode tornar-se dispensável;
Nível 1 - Preparação do substrato e assentamento das lajotas
do piso
1 - Dependendo de vários fatores, seu uso pode tornar-se optativo;
Prumo 1 - Manter as fiadas alinhadas; 2 - certificar-se do
correto assentamento dos pilares;
Serra arco 1 - Serrar as barras rosqueadas;
1 - Pode ser substituído por uma esmerilhadeira angular, micro-retífica ou afins para acelerar o processo, mas a aquisição com esse objetivo exclusivo não é
vantajosa;
Serrote 1 - Serrar linhas e sarrafos em geral; 2 - Pallets caso
necessário;
1 - A substituição por uma serra circular aumenta muito o rendimento do trabalho;
Trincha 1 - Envernizar (ou se o responsável preferir, pintar)
as esquadrias;
1 - Considerar como uma ferramenta descartável, apesar de
poder ser aproveitada algumas vezes; 2 - Para maior durabilidade,
limpar em pano seco; deixar em molho meia hora no thinner e depois limpar novamente com
SiMAHS - Projeto e Construção 112
pano; 3 - Procurar reunir e fazer em um só momento todas as atividades relativas a trincha;
Vira-macho (opcional)
1 - Rosqueamento das barras de aço
1 - Permite criar barras rosqueadas a partir de cilindros de aço.
Representa economia, mas pode dificultar a logística (indicado para obras que possuam porte um tanto
maior);
Fonte: Elaborado pelo autor.
O Quadro 0-13 apresenta uma série de ferramentas comuns (e algumas poucas
incomuns ou raras) que frequentemente já se encontram na mala de ferramentas de
muitas famílias brasileiras. A impropriedade das mesmas, seja quanto a posse, seja
quanto a sapiência, deverá ser facilmente contornável mediante a ajuda dos próximos.
Quadro 0-14 Ferramentas de grande porte utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Ferramenta Uso principal Observações
Ferramentas de grande
porte
Boca-de-lobo 1 - Cavar local onde serão colocadas as fundações de
estaca;
Betoneira (opcional)
1 - Preparar concreto a ser pré moldado;
1 - Programar todas as atividades relativas a betoneira para que
sejam organizadas de uma única vez, possibilitando a redução da
quantidade de diárias pagas;
Malho 1 - Compactar o solo para a colocação das placas de
piso/contrapiso;
1 - Pode ser confeccionado in loco de diversas maneiras;
Pá 1 - Transporte de areia, brita e metralha;
Inchada
Fonte: Elaborado pelo autor.
O Quadro 0-14 apresenta algumas ferramentas incomuns no suburbano, mais ainda no
urbano e relativamente fáceis de encontrar no rural (fora a betoneira, claro).
O uso da betoneira pode ser extremamente vantajoso a depender da escala da obra e
da sua natureza específica, sobretudo no momento de confecção dos pré-moldados. Há
de se pensar sobre o seu uso ou não em projetos de média e larga escala.
SiMAHS - Projeto e Construção 113
Quadro 0-15 Ferramentas de Limpeza, transporte e afins utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS
Categoria Ferramenta Uso principal Observações
Limpeza, transporte e
afins
Baldes 1 - Transporte de areia, brita, agua, metralha e
ferramentas;
Carro de mão
Extensão, T´s 1 - Facilitar logística com energia dentro da obra
1 - Comprar cabo encapsulamento KPP de 2,5mm ou de 4mm; 2 - Não se assustar com o preço, a fiação será aproveitada depois na casa;
Refletor ou equivalente
Mangueira/caixa d’água ou tonel
1 - Facilitar a logística de transporte da água; 2 -
Possibilita que se pegue água com algum vizinho;
1 - Tampar para evitar animais na água e impurezas em geral;
Vassoura 1 - Limpeza e organização da obra; 2 - utilizada para acabamento com pó de
cimento
1 - Geralmente utilizada a de piaçava
Fonte: Elaborado pelo autor.
As ferramentas do Quadro 0-15 em grande parte dos casos já são de propriedade da
família, vizinhos ou amigos e provavelmente serão conseguidas sem maiores
dificuldades, talvez com um pouco de improviso. Quanto a caixa d’água utilizada na
obra, pode ser a mesma que fará parte da UHM mais tarde a depender do caso.
1.18 Processo de montagem (cartilha comentada):
O processo de montagem adotado pelo SiMAHS apesar de já haver sido pensado, foi
revisado e retificado a partir da criação de um modelo de canteiro de obras 3d no
software sketchup.
Os passos estão agrupados de maneira diferente de maneira a facilitar a visualização
da progressão da montagem. Aqui, se trata de uma sugestão, que não deve, a
princípio, substituir a experiência de profissionais da área de construção civil/execução
SiMAHS - Projeto e Construção 114
que estejam aptos a gerir uma obra específica com suas particulariedades in loco. Isso
é verdade sobretudo em relação as instalações de elétrica, hidráulica e de esgotos, que
não guardam grandes diferenças em relação as práticas comuns.
A sequência é uma sugestão.
Figura 0-23- Passos 1 a 5 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
1 - Executar marcação com nylon e
piquetes;
2 - Cavar valas para os peitoris;
3 - Cavar pontos para a sapata pré-
moldada;
4 - Malhar/regularizar a vala, aditando
cim. e água;
5 - Fazer fundação com dois tijolos
deitados previamente pincelados com
pixe.
Durante os passos previstos pela Figura 0-23 não existe grande discordância fcom a
prática da construção civil dominante. Observa-se:
o Não existe diferença na maneira que se trabalha o esgotamento sanitário
(embora a adoção de uma fossa com bananeiras seja uma sugestão a depender
da realidade específica de cada projeto;
o As valas pré-moldadas, assim como os pontos de espera das sapatas são muito
mais rasos do que o que se espera. Isso se deve a:
o Redução drástrica de peso devido à adoção de um sistema de pilaretes,
que necessita de menos massa própria para suportar a si mesmo;
o A terra compactada recebe a adição de água (já de praxe), mas agora
também cimento, de maneira a estabilizar a terra para evitar um recalque
diferencial, o que não seria possível se o peso próprio do sistema não
fosse tão abaixo do convencional;
SiMAHS - Projeto e Construção 115
o Os tijolos não recebem pedra amarroada devido a parte de alvenaria do
peitoril só avançar 70cm acima da altura do piso e os tijolos deitados
terem sido impermeabilizados com antecedência
o Ao critério de construir o mais rápido possível;
o A marcação com nylon e piquetes não possui diferença fundamental do sistema
utilizado atualmente, mas para a maioria dos casos, é sugerido que ela siga a
delimitação dos Dl(n)’s para melhor aproveitamento do terreno;
o A lógica de fundação utilizada pelo SiMAHS não é válido para os pontos onde a
alvenaria vá obedecer a uma lógica convencional, como é o caso dos banheiros.
Figura 0-24- Passo 6 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
6 - Preparar esgotamento, aguardando
as áreas molhadas. Notas: I - Cano de
100mm para vaso sanitário e 50mm para
as demais; II - Evitar furar fundação da
parede;
A figura Figura 0-24 demonstra com a câmara mais fechada as esperar que devem ser
utilizadas para esgotamento sanitário e os tijolos impermeabilizados já em suas valas.
Parenteses que por vezes pode ser necessário furar parte da fundação pode ter que ser
interrompida para a passagem de esgotamento sanitário se se adotar a tipologia de
UHM sugerida.
SiMAHS - Projeto e Construção 116
Figura 0-25- Passos 7 a 11 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
7 - Posicionar pilares;
8 - Locar travamentos horizontais na
altura adequada à dimensão das placas.
Alvenaria acabada a 80cm do piso;
9 - Efetuar retíficas. Usar nível de bolha
para averiguar travamentos e prumo os
pilares;
10 - Groutear pilares já retificados;
11 - Aguardar três horas antes de
mexer em qualquer coisa perto dos
pilares e dos travamentos em si;
Na Figura 0-25 vê-se que os canos de 150mm de PVC concretados às sapatas e até
então inertes recebem os pilares, mas essa ainda não é a hora do grouteamento, pois
os travamentos laterais poderão travar os mesmos, garantindo melhor alinhamento
antes do processo.
Utilizando nível e trena, os travamentos laterais são cuidadosamente colocados para
não afetar a posteriori o recebimento das placas de vedação. Para não comprometer a
estabilidade do sistema antes que os pilares sequem do grouteamento, é válida a
utilização de calços e de pregos que prendam as barras estruturais, evitando assim o
movimento de giro. Agora sim, os pilares devem ser grouteados e deve-se esperar ao
menos qualquer atividade que perturbe diretamente essa parte da estrutura (para
esforço estrutural de verdade, mais tempo).
SiMAHS - Projeto e Construção 117
Figura 0-26- Passos 12 a 16 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
12 - Enterrar áreas que fujam da
modulação;
13 - Regularizar e malhar a superfície
polvilhando com cimento e água;
14 - Colocar cama de 1cm de areia;
15 - Colocar as placas de piso e utilizar
martelo de borracha com nível e guias;
16 - Para tampar os buracos que
fogem da modulação, taboas em
conjunto com régua de aço podem ser
utilizadas. Sempre que necessário
caminhar, evitar ao máximo que isso seja
na parte não pré-moldada;
Durante as etapas representadas pela Figura 0-26 é sugerido que, caso se opte por
utilizar placas de piso pré-moldadas também nessa parte, que as partes restantes
sejam trabalhadas para realizar o contra-piso de maneira diferente que as demais (a
terra em um nível mais alto). A figura diz respeito as zonas neutras não parametrizadas
(banheiros em alvenaria e outros).
Cavando cerca de 20cm, remexendo essa mesma terra e compactando-a com a
utilização de malho, água e salpicando com cimento, o substrato tende a ficar bem
mais estabilizado do que seria de praxe. Uma espécie de semi impermeabilização e
proteção contra o recalque diferencial, semelhante a criar um tijolo de solocimento
monolítico, ou estabilizar uma estrada de terra. Além do cimento, o uso de baba de
cupim poderia se mostrar vantajoso, mas a abrangência desse insumo não é tão
grande. Regularizar a superfície durante o processo.
A cama de 1cm de areia terá a sua espessura variável em função da qualidade da
regularização, onde deverá aumentar de maneira inversamente proporcional,
SiMAHS - Projeto e Construção 118
funcionando como retífica. Quanto mais argiloso for o solo, também mais se deve
aumentar a espessura dessa camada. Dessa maneira, a areia age como uma barreira
contra a umidade ascendente, já reduzida pela camada de solo estabilizada.
Groutear onde for necessário, aplicando nata de cimento sobretudo nas áreas
molhadas.
Figura 0-27- Passos 17 a 18 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
17 - Serrar o excesso dos pilares;
Pois os pilares são comprados em tamanho um pouco maior do que o necessário,
tendo vista a diferença de relevo dos terrenos.
Figura 0-28- Passos 19 a 22 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
18 - Assentar alvenaria em cima da
fundação simples até altura de 80cm no
ponto mais alto do terreno;
19 - Assentar placa pré-moldada;
20 - Malhar salpicando com areia e
cimento;
21 - Colocar cama de areia de 1cm;
Na Figura 0-28, a alvenaria é assentada de maneira tradicional (o sistema suporta as
alvenarias convencionais) até a altura de 80cm do ponto mais alto do terreno. Assim,
caso haja desnível, o contrapiso nunca ficará abaixo do nível da terra. A confecção do
SiMAHS - Projeto e Construção 119
peitoril em alvenaria é realizado por três principais razões: I – A susceptibilidade da
madeira a ação da água, que costuma respingar mais nas partes mais baixas, além da
susceptibilidade a umidade ascendente, II – O tempo, a dificuldade e a possibilidade de
criar um resultado desastroso assentando alvenaria é diretamente proporcional a quão
alta a mesma está sendo assentada; III – Pouca alvenaria possibilita fundações leves,
mais facilmente executadas anteriormente. A alvenaria baixa, se mostra bastante viável.
Figura 0-29- Passos 23 a 26 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
22 - Executar hidráulica;
23 - Fixar aparelhos hidráulicos;
24 - Executar elétrica;
25 - Locar placas de piso e zonas
neutras, executar eventuais quebras com
marreta e formão, por fim deixando na
localização exata com o uso de martelo
de borracha;
Durante a instalação da hidráulica no anteprojeto da UHM típica (Figura 0-29),
desenvolvido para demonstração do passo a passo do sistema, optou-se por
instalações hidráulicas externas com canos de 50mm com a instalação de reduções e
T´s no local de cotovelos, deixando uma espera, posto que:
o A expansibilidade do projeto tipo seria imprevisível e o aumento exagerado do
diâmetro do encanamento até o limite do utilizado para encanamentos
residenciais permitira estar preparado para qualquer que fosse a necessidade
futura;
o As paredes escolhidas no caso exemplo são finas e poderiam ser afetadas por
tal bitola pelo caminho escolhido pela hidráulica, podendo deixar parte da
sustentação da cobertura susceptível a uma parede frágil;
o Para uma UHM, pensada como um núcleo para expansibilidade futura, adotar
encanamentos externo é uma vantagem que facilitam o processo;
SiMAHS - Projeto e Construção 120
o No caso de um projeto tipo de UHM, como é o caso, existe somente uma parede
hidráulica, com um caminho extremamente curto, de modo que os custos
proporcionalmente maiores com tubos de maior diâmetro se tornariam ínfimos
em relação ao valor total;
o Com tão pouco caminho hidráulico, não haveria vantagem palpável na
diversificação da tubulação em várias bitolas diferentes.
A elétrica para tomadas TUG utilizada por padrão nas UHM’s foi adotada igualmente
nesse projeto tipo, de modo que os cabos de elétrica PP 2,5mm trafegam na camada
da cama de areia, abaixo das zonas neutras, permitindo com isso:
o Manutenção e expansibilidade com a retirada dos tijolos de junta seca e
colocação posterior, sem haver quebra;
o Afloramento dos mesmos através de eletrodutos rígidos, várias vezes pouco
abaixo das placas de peitoril, chegando até caixas de tomada parafusadas às
paredes e equipadas com espelhos com duas tomadas cada.
A instalação das TUE´s no caso desse projeto consegue se manter na parede de
alvenaria que separa a parte da UHM construída com SiMAHS daquela que é feita com
alvenaria convencional (banheiro, feito assim para suportar o peso da caixa d’água).
Dessa forma, uma instalação externa com cabos “normais” (não PP) passando por
dentro de eletrodutos rígidos saindo diretamente do quadro de disjuntores consegue
facilmente atender à tomada do chuveiro no banheiro e mais uma para a cozinha (para
uso com micro-ondas e afins). A elétrica da instalação elétrica que diz respeito a
iluminação será abordada mais para frente, quando o modelo já possuir cobertura.
Na Figura 0-29 também aparece à instalação de mais placas de piso, dessa vez da
maioria delas. O processo deve ser realizado à exemplo do que foi explicado para a
Figura 0-26. Dessa vez, temos também as zonas neutras, ou tijolos de junta seca, que
se manterão presas no lugar por meio de posição relativa (simplesmente eles não tem
para onde se deslocar.
SiMAHS - Projeto e Construção 121
Figura 0-30- Passo 27 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
26 - Locar e fixar as linhas ligando os
pilaretes. Entre eles (ver acima), utilizar
calços quanto necessário e pregos para
caibro;
27 – Colocar no lugar as placas de
vedação e instalar também as
respectivas ferragens (dobradiças e
ferrolhos).
Durante a Figura 0-30 temos a instalação das placas de vedação encontradas. Nesse
caso, placas de pinus de 1,34x0,98m, formando duas camadas de parede/esquadria e
suas respectivas ferragens. Também, a instalação das linhas, juntando dois pilaretes e
também no meio, para que o espaçamento não fique demasiadamente grande. Nessa
etapa pode ser necessária a utilização de tarugos para fornecer uma inclinação de 5 a
10% (nesse caso foi adotada uma inclinação de 5%).
Figura 0-31- Passos 28 a 29 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
28 - Pregar placas sobre as linhas;
29 - Pregar tarugos no distanciamento
adequado para pregar as telhas. Utilizar
restos de madeira;
A Figura 0-31 demonstra que a utilização de chapas de madeira por sobre as linhas
anteriormente colocadas nos permite utilizar as mesmas como estrutura temporária
para a fixação das telhas. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que estamos tendo um
gasto a mais com chapas, também reduzimos o consumo com as linhas utilizadas. Não
só isso, utilizando os tarugos – restos de madeira provenientes da própria obra ou não,
SiMAHS - Projeto e Construção 122
mero lixo de algum outro canto – nos pontos de fixação das telhas, estamos criando
preparando uma cobertura ventilada que em breve entrará em ação.
Figura 0-32- Passo 30 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
30 - Executar barrilete com a parte mais
alta a pelo menos 2,80m. Utilizar restos
de madeira;
A Figura 0-32 demonstra como as dimensões do banheiro são adequadas para essa
tipologia de barrilete, muito comum em residências simples. Pode ser realizada com
restos de madeira dessa obra específica ou de alguma outra. Destaque (para ver na
foto) para o ladrão da caixa d’água, a válvula de limpeza, a instalação com canos de
50mm e redutores, a visível expansibilidade pensada e a pequena quantidade linear de
canos utilizada.
Figura 0-33- Passo 31 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
31 - Colocar forro do banheiro, acima
dele a caixa d’água e realizar as
respectivas conexões;
A instalação do forro com mais alguma chapa de madeira no banheiro (Figura 0-33) da
algum acabamento por dentro, ajuda a distribuir melhor as cargas e evita o acúmulo de
SiMAHS - Projeto e Construção 123
sujeira no banheiro, sem com isso dificultar futuras mudanças de conformação que o
espaço venha a passar.
Figura 0-34- Passos 32 a 34 para a construção de uma UHM com o SiMAHS
Fonte: Elaborado pelo autor.
32 - Pregar telhas com pregos próprios
nos tarugos. Utilizar balanço máximo da
telha em relação as placas;
33 - Serviços complementares como
portão, muro e afins;
34 - Ligações hidráulica e elétrica
A Figura 0-34 demonstra uma UHM projeto tipo pronta, com todas as esquadrias
abertas. Como o preço das mesmas pode variar em função de inúmeros fatores, esta
saiu por cerca de 5.800 reais. Esse custo não inclui fossa, muros, portões... Mas fora
isso, quadro de disjuntores, disjuntores, poste de entrada de energia, caixa de gordura
dentre outros foram cotados no orçamento. Também não está inclusa a mão de obra,
posto que o SiMAHS é voltado para autoconstrução.
Nas etapas contidas nessa foto, será necessária a ligação definitiva das
concessionárias de energia e água (poço?), assim como os serviços complementares,
como muros, portões etc. Destaque na foto para a cobertura ventilada de baixo custo, o
grande beiral, as janelas que podem ser abertas em várias conformações diferentes e
ainda sombreiam. Funcionando de maneira muito satisfatória com as necessidades da
zona bioclimática 8.
1.19 Possibilidades de personalização/acabamento:
Assim como qualquer outro sistema construtivo, o SiMAHS pode receber vários tipos de
acabamento sem que isso o descaracterize. Anteriormente nesse trabalho já foi
comentada a possibilidade da adição de corante xadrez nas peças pré-moldadas. Outra
SiMAHS - Projeto e Construção 124
opção que se coloca é a pintura das peças, que inclusive pode se reverter em
economia em relação aos gastos com verniz e a durabilidade do mesmo.
Sem entrar no mérito da estética – até porquê, conforme explicitado anteriormente, não
foi parâmetro para desenvolvimento do SiMAHS, demonstra-se abaixo uma série de
acabamentos diferentes, do mais espartano (Figura 0-35), acabamento típico de
comércio que precisa chamar atenção (Figura 0-36), sem exageros (Figura 0-37) até
uma demonstração do que poderia se tornar um exagero (Figura 0-38).
Figura 0-35- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas
Figura 0-36- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas
Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 0-37- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas
Figura 0-38- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas
Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 125
Observa-se, tanto nas fotos anteriores, quanto nas próximas (Figura 0-39, Figura 0-40,
Figura 0-41 e Figura 0-42) não só os acabamentos, mas também as diferentes
maneiras como as esquadrias podem ser abertas. A bem da verdade, cada UHM
dessas tem 16 placas de janela que poderiam estar abertas ou fechadas, totalizando 2
elevado a dezesseis possibilidades de combinação, 16.536 combinações.
Figura 0-39- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas
Figura 0-40- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade de acabamento tipo II com somente as janelas
inferiores abertas
Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 0-41- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na
possibilidade de acabamento tipo III com somente as janelas superiores
Figura 0-42- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas
Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.
O número de combinações é ainda maior. Ao observarmos Figura 0-43, Figura 0-44,
Figura 0-45 e Figura 0-46 e Figura 0-47, vemos que as hastes que seguram as janelas
podem facilmente ser reguladas para três posições de abertura e mais uma de fechada,
SiMAHS - Projeto e Construção 126
totalizando então 4 elevado a 16 e não 2. Total de combinações possível:
4.294.967.296. Se um ser humano vivesse oitenta anos e nunca dormisse, ele
conseguiria testar 1,7 opções de ventilação por segundo. Se considerássemos a porta
como aberta ou fechada, 3,4.
Figura 0-43- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas
Figura 0-44- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas
Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 0-45- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas
Figura 0-46- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de
acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas
Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.
SiMAHS - Projeto e Construção 127
Figura 0-47- Perspectiva interna sala-cozinha de uma UHM na possibilidade de acabamento
tipo I com as duas faixas de janelas abertas
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.19.1 Simulação do processo
A simulação computacional de uma obra passo-a-passo revisou o processo e
identificou peças não previstas no orçamento que poderiam prejudicar a eficiência do
sistema. A obra foi montada passo-a-passo no programa Sketchup e chegou-se
próximo ao nível de detalhamento de um projeto executivo, tendo sido previsto até
mesmo equipamentos como caixa de gordura, saída do cano da fossa, válvula de
limpeza da caixa d’água, ladrão, contador de água e energia, poste de entrada
(elétrica), eletrodutos, caixa de disjuntores, forro da caixa d’água, dentre tantas outras
coisas. O processo passo-a-passo da fabricação dos pré-moldados também foi
simulado, com a “fabricação” das formas, aplicação de groutes, dentre várias outras
coisas. Como se pode observar na Figura 0-48, até um canteiro de fabricação dos pré-
moldados foi simulado, visando aperfeiçoar a dinâmica de fabricação dos mesmos.
SiMAHS - Projeto e Construção 128
Figura 0-48- Canteiro de fabricação de pré-moldados simulado
Fonte: Elaborado pelo autor.
1.19.2 Construção do MOCAP
O teste prático é a construção de um modelo em escala real, MOCAP em escala 1:1.
Considerando as restrições de custo e de tempo, decidiu-se pela construção de
somente um macro-módulo em um terreno em Nísia Floresta-RN, de propriedade da
família do autor, que também custeou a obra. Preferencialmente, o experimento deveria
ser realizado por um grupo de pessoas sem experiência. Algumas razões práticas
conspiraram para que isso não fosse possível:
1. Para alcançar o feito, seria necessário encontrar pessoas dispostas a ler uma
cartilha de cerca de 70 páginas e construir algo que requer notável esforço físico
em um local de difícil acesso que quando ficasse pronto não seria de
propriedade das mesmas;
2. Pessoas sem nenhuma experiência construindo algo que não lhes seria de
utilidade prática tenderiam a gerar resultados inferiores aos encontrados em um
cenário real;
SiMAHS - Projeto e Construção 129
3. O pressuposto de que a cartilha já estaria pronta para que as pessoas pudessem
construir não seria verdadeiro, uma vez que a mesma foi sendo construída
concomitantemente ao TCC, até para que não houvessem discrepâncias entre
ambos;
4. Seria necessária a presença do autor o tempo todo na obra para a
documentação, o que seria impossível, posto que o trabalho escrito do TFG já
estava causando um consumo imenso de tempo. Também seria incoerente, já
que a presença no local invariavelmente causaria interferência em um momento
tão inicial do sistema;
Como solução parcial para o problema, foi empregado o uso de um mestre de obras
com experiência e entregue a ele a documentação existente (onde já existia a
modelagem passo-a-passo explicada), juntamente a possibilidade de consultas por
telefone com o autor para que o mesmo executasse o tramite sozinho.
O emprego de um mestre de obras experiente para resolver o problema, apesar de não
se tratar do público que realmente utilizará o SiMAHS na maior parte do tempo,
acabaria trazendo um bônus colateral: O mesmo poderia executar a sua própria
avaliação e sugerir mudanças, que possivelmente seriam implementadas na próxima
etapa de revisão do sistema construtivo (mestrado do autor).
Foi escolhido um trecho do terreno de Nísia Floresta com um pouco mais de inclinação
do que habitualmente o sistema irá se deparar. Dessa maneira, o sistema terá a
oportunidade de provar a sua validade em condições que por tabela findam aferindo-o
um uma gama maior.
SiMAHS - Projeto e Construção 130
Figura 0-49- Terreno de construção do MOCAP, já desmatado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A obra está em andamento neste momento e gerará resultados a curto prazo ao
possibilitar defeitos no sistema e no processo/sequência de montagem e, ao longo dos
anos, as vulnerabilidades diversas a patologias de médio prazo. Os dados servirão para
aperfeiçoamento do sistema.
1.19.3 Teste da cartilha
Assim como no desenvolvimento do sistema construtivo, a cartilha que o explica parte
do pressuposto que ela nunca deverá ser considerada finalizada. Para que se pudesse
ter ideia de como melhorá-la, algumas pessoas foram convidadas a participar do teste.
O público selecionado deveria obedecer aos critérios de:
1. Não fazer parte da construção civil nem possuir experiência digna de nota na
mesma;
2. Saber operar com habilidade o suficiente um programa de planilhas, dada a
necessidade de utilizar a planilha geradora automatizada para descobrir alguns
parâmetros necessários ao processo de projeto;
SiMAHS - Projeto e Construção 131
3. Possuir declarado grande nível de disposição para realizar o processo, uma vez
que o feito consumiria algumas unidades de hora e desistentes acarretariam em
perda de tempo para o autor deste trabalho, que à época já não tinha mais muito
tempo;
4. Ser preferencialmente militante ligado às classes populares, com experiência em
mutirões (fora ligados a construção civil), trabalhar em coletivos, educação
popular, teatro do oprimido ou assemelhados. Essas pessoas poderiam dar
conselhos valiosos para a melhoria do processo de projeto, apresentação da
cartilha etc, com experiências de outras áreas para tornar a cartilha mais
completa;
5. Ser preferencialmente amigo ou amiga do autor, para que a experiência pudesse
continuar sendo discutida informalmente no futuro, trazendo assim um maior
retorno e também, tendendo a reduzir a probabilidade de evasão do teste.
Dentro dos pré-requisitos e cumprindo sempre que possível as preferências elencadas
foram selecionados indivíduos o mais diferentes possível, para que as dificuldades e
contribuições (sugestões) pudessem ser observadas.
A amizade com o autor foi uma fundamental diretriz, posto que desconhecidos
dificilmente se desporiam a realizar um processo tão desgastante, além de tornar mais
cômodo o diálogo.
No Quadro 0-16, é possível ver quais são as pessoas escolhidas para participar do
teste. É importantíssimo ressaltar que Possuo uma quantidade diferente de informação
de cada uma delas, de modo que a terceira coluna não pode ser considerada de forma
alguma uma forma de currículo ou algo do tipo. Na primeira coluna do Quadro 0-16 o
preenchimento em cor verde assinala aqueles que participaram da avaliação e em
vermelho aqueles que por algum motivo não puderam, não quiseram ou não
responderam ao convite. Sobre o perfil dos selecionados, a arquiteta Cecília Marilaine –
atuante na área de assistência técnica à habitação rural e permacultura- é exceção. A
idéia era que ela funcionasse como controle.
SiMAHS - Projeto e Construção 132
Quadro 0-16-Perfil das pessoas selecionadas para o teste do sistema de projeto:
Nome Porque foi escolhido
Alessandro Muniz
Fontenelle
Organizador da casa/coletivo Casa Caracol, que organiza atividades diversas (ortas em espaços públicos, cursos gratuitos….), pensador do cotidiano.
Ana Lus Moura Gadelha
Militante feminista e do levante popular, atua em felipe camarão
Camille Suellen Organizou um mutirão para limpeza do presépio de Natal, participou do programa guerreiros sem armas, pensadora do cotidiano com enorme acuidade intelectual.
Cecília Marilaine Indivíduo de controle. É a única pessoa da lista que tem prática com tecnologia da construção, habitação social, construção por mutirão, metodologias de projeto participativo e afins. É arquiteta e tem um extenso currículo na área de atuação
desse TFG.
Felipo Bellini Militante autônomo no circuito no mundo profissional dos professores, consultor para start’ups, participou de vários projetos voluntários (ou quase voluntários,
variados prêmios em didática e afins, excelente gestor de pessoas.
Lincoln Moraes Militante de esquerda a cerca de 50 anos, conhecimentos sobre Paulo Freire, fundador e primeiro presidente do PT no RN, organizador da campanha de
desfiliação em massa, cientista social (doutor), especialista com extenso currículo e extremamente reconhecido na área de Gestão de Políticas Públicas, pensador do
cotidiano com enorme acuidade intelectual.
Luana Soares Dirigente do PSTU, feminista e outros, assessora política/parlamentar da vereadora Amanda Gurgel, habilidades destacadas nas áreas de mobilização e organização,
assistente social.
Matheus Selim Estudante de Design, das pessoas conhecidas, a com mais experiência na área de Experiência do Usuário.
Morvan França Ex militante do levante popular, auxiliou o coletivo #[R]existe_Reis_Magos como fotógrafo, pensador do cotidiano com enorme acuidade intelectual.
Pedro Baesse Militante do Partido Pirata, ambientalista e ciclista.
Raoni Costa Pessoa muito solícita, considerando construir uma UHM completa em Nísia Floresta dependendo dos resultados do TFG. Isso significaria a existência de um
modelo plenamente operativo para um futuro estudo de pós-ocupação e de susceptibilidade a patologias.
Ricardo Tersuliano
Presidente do IAPHACC, militante do patrimônio histórico, um dos principais articuladores da resistência que está impedindo a demolição do Hotel Reis Magos,
excepcional articulador/organizador.
Robério Paulino Militante do PSOL/LSR, ambientalista, personalidade publica notável (reconhecida) na cidade, economista (doutorado), professor de políticas públicas da UFRN.
TOTAL 13 selecionados de 1492 contatos.
SiMAHS - Projeto e Construção 133
Fonte: Elaborado a partir do site https://www.facebook.com/alain.souza.1/friends. Acesso em: Novembro
de 2015.
Por questão de comodidade e tempo hábil, a lista foi montada com o autor olhando as
pessoas do seu facebook e vendo quais se encaixavam nos critérios acima
explicitados. De posse da lista montada, foi criado um evento no facebook. A descrição
consta nos apêndices. Todas as pessoas foram chamadas ao chat, individualmente,
para evitar que o convite passasse e desapercebido e também para sanar eventuais
dúvidas sobre o processo em si. Muitas não responderam ou estavam indisponíveis.
Confirmado em alguns casos, a faixa etária da maior parte dos participantes fez que
grande parte dos convidados não pudessem participar do processo devido as
dificuldades inerentes a vida universitária em conjunto com fim do período letivo. Foram
registrados mais dois casos de pessoas que não participaram por dificuldade de lidar
com tecnologia.
O esperado era que os indivíduos que participaram do experimento fossem apresentar
médias ou grande dificuldades, mas que ao fim de algum esforço conseguissem
compreender o sistema. Isso não aconteceu. A falha em fazer com que Camille Suellen,
estudante de Ciências Sociais, compreendesse o sistema confirmou a eficácia do
procedimento metodológico adotado. Tal qual feito com o sistema construtivo, as
dificuldades e falhas apresentadas foram aproveitadas como oportunidade para o
melhoramento contínuo. Suellen me auxiliou durante dois dias a retrabalhar na cartilha,
marcando os termos que ela não entendia. Com isso, a cartilha ganhou um extenso
glossário ilustrado e dezenas de notas de rodapé, auxiliando as pessoas seguintes a
compreender mais facilmente.
Continuando o experimento, a maior dificuldade estranhamente não foi com falta de
vocabulário na área da construção civil, mas com a falta de convívio cotidiano com
tabelas e o tipo do raciocínio utilizado para elaboração. Não foi possível demonstrar ao
indivíduo - nem com algum esforço - a utilizar os procedimentos propostos. Foi dado
continuidade ao aperfeiçoamento no intuito de deixar a cartilha mais compreensível
tentando escrever os textos de maneira mais clara, ilustrando mais, levando mais
SiMAHS - Projeto e Construção 134
funções para a tabela automatizada etc, mas mesmo com grande dedicação do
indivíduo isso não surtiu efeito.
O segundo indivíduo, Luana Soares, apresentou o mesmo nível de incompreensão que
a primeira, mesmo com todas as modificações realizadas, todavia, tendendo a
desistência mais rápida. Esgotadas as possibilidades aparentes de melhoramento da
cartilha dentro de tempo hábil, não houve nada a fazer.
Matheus Selim, estudante de design, foi o terceiro indivíduo a testar a cartilha,
utilizando-a sem problemas e elogiando o quanto ela estava didática. Leu a mesma
sem pedir qualquer auxílio e declarou ter capacidade de projetar com o mesmo a partir
dos dados disponíveis, que faria isso se não possuísse renda o suficiente (foi
convencido ao sistema), mas que possuindo preferiria contratar um arquiteto-urbanista.
Interessante relembrar que ele foi escolhido para o teste por ser interessado e ter algum
conhecimento na área de experiência do usuário, a qual dizia respeito justamente o
teste e aperfeiçoamento com as cartilhas. Mais testes não foram feitos por
indisponibilidade de voluntários dentro do grupo escolhidos.
Apesar da amostra não ser suficientemente representativa, o fato de que de três
pessoas de capacidade cognitiva acima do normal, faixa etária e escolaridade
semelhante e todos sem nenhum conhecimento da área de construção civil um
apresentar resultados tão diferentes parecem gerar alguns apontamentos.
Mesmo que isso não necessariamente tenha ligação com a área profissional a qual eles
se dedicaram, O primeiro indivíduo forma de pensar abstrata, o segundo
organizativa/gerencial e o terceiro técnica. A grande diferença nos resultados permite
especular de que provavelmente não vá ser a escolaridade o maior fator limitador para
a compreensão da cartilha, mas sim o modus operandi de cada um, tendendo a haver
indivíduos que reproduzam a mesma maneira de Selim em todas as classes sociais.
Parênteses que o prosseguimento do processo de automatização da tabela será
essencial para conseguir reduzir o nível de escolaridade necessária, distanciando o
usuário final de equações, inequações e funções. Todavia, isso não parece que irá
SiMAHS - Projeto e Construção 135
auxiliar de forma alguma alguns indivíduos, inclusive de altíssima
escolaridade/capacidade cognitiva se eles não tiverem modo de pensar técnico.
Ainda existe a possibilidade de melhorar a cartilha, tornando ela mais prática, amigável,
ilustrada, melhor diagramada, tornando-a acessível a um número maior de pessoas.
Todavia, parece mais promissor a migração para outros canais de comunicação que
ainda não tenham sido explorados para atingir públicos-alvo (em termos de forma de
pensar) diferentes.
Há a possibilidade de criar um vídeo, utilizando-o como guia para a utilização da
cartilha, pois muitos tendem a ser menos resistentes a esse tipo de material. Seguindo
o mesmo caminho, encará-la como uma apostila a ser utilizada após prévia capacitação
para grupos de mutirão se coloca também como opção, mas para autoconstrução
realmente não assistida, não resolve o problema como um todo.
SiMAHS - Projeto e Construção 136
Conclusões
O objetivo geral é desenvolver um sistema construtivo para autoconstrução não
assistida de habitações sociais, com o potencial e as ferramentas necessárias para se
auto-replicar.
A partir desse trabalho foi possível continuar o desenvolvimento do SiMAHS – Sistema
Misto para Autoconstrução voltada para Habitação Social e chegar a um nível
adequado no seu potencial bruto, detalhamento, orçamento, simulação de
aplicabilidade e de processo construtivo, incrementando exponencialmente sua
fiabilidade com recursos e tempo um tanto quanto limitados.
1. Apresentar o sistema ao público acadêmico;
A demonstração do processo metodológico, justificativas de decisão e critérios
elencados coloca-o não só como um produto por si só, mas como uma decorrência de
uma série de encadeamentos lógicos que trazem não só valor prático, mas também
valor acadêmico para utilização do mesmo.
2. Criar uma cartilha que possa ser utilizada para orientar as autoconstruções com
esse sistema sem a necessidade do acompanhamento de algum profissional da
área;
Ao passo que o sistema se afasta cada vez mais do mundo das idéias ao se aproximar
da realidade, a criação da cartilha se mostrou parcialmente satisfatória, pois a
dificuldade de comunicar o sistema sem a intervenção do autor , embora tenha sido
sensivelmente reduzida. O esforço se demonstrou válido, mas ainda não chegou a um
patamar de excelência. O assunto continua em aberto.
3. Realizar o MOCAP para averiguar o funcionamento do SiMAHS;
O início de construção da MOCAP demonstra que aparentemente o sistema já
demonstra maturidade suficiente para o início dos testes de campo. De acordo com o
procedimento metodológico, o resultado é invariavelmente positivo. Ou as ambições
para o SiMAHS se confirmam, o que seria um grande passo para a pesquisa que está
SiMAHS - Projeto e Construção 137
sendo desenvolvida, ou serão descobertas falhas no mesmo, gerando possibilidades
para que o mesmo continue evoluindo, possibilitando que o mesmo alce novos
patamares de qualidade. Importante é que mantenha-se permanentemente a
consciência de que um sistema construtivo, como qualquer outra coisa no mundo,
sempre possui a capacidade de ser aperfeiçoado.
4. Demonstrar possibilidades de utilização do sistema.
Foram apresentadas possibilidades de utilização do sistema não antes previstas antes
do início do trabalho grassas a parametrização da largura de macro-módulo, que
encadeou uma série de consequências, chegando a alçar bem de perto o mote de
sistema auto projetável baseado em parâmetros numéricos, o que possibilita que uma
parcela importante de decisões de projeto dos autoconstrutores não assistidos pare de
se basear em questões randômicas e se coloque objetivamente lógica (mesmo que não
seja possível desenvolver um algorítimo plenamente satisfatório), pois segue critérios
matemáticos definidos.
Projet ara mutirao
1.20 Limitações do trabalho
Para alcançar em outros critérios escolhidos como mais importantes o nível de
qualidade atingido até agora, o sistema teve que abrir mão da sua capacidade de
verticalização ainda nos primórdios, o que o restringiu na maioria dos casos às áreas
suburbanas e rural. Da mesma forma, o sistema também é seriamente limitado em
relação a terrenos muito inclinados, inviável para o clima de aproximadamente metade
do Brasil.
Existe uma possibilidade de que o sistema apresente problema com patologias de
alguns tipos de chapas de madeira reconstituída, assim como com a fundação das
muretas, ambos experimentais. Não se pode ter certeza no momento, pois não houve
por parte do autor estudo específico sobre o mesmo, nem acesso a material conclusivo
sobre a questão.
SiMAHS - Projeto e Construção 138
Para atingir todos os públicos ao mesmo tempo, o sistema necessitaria deixar de ter
uma cara tão parametrizada, pois mesmo que todas as aplicações pareçam simples ao
seguir as instruções descritas, findam por assustar muita gente. A tabela automatizada
foi criada como alternativa para sanar – ou reduzir – esse problema. Ela não conseguiu
cumprir esse objetivo. Funcionou muito bem e facilitou a aplicação do sistema, mas só
para quem já tinha raciocínio técnico. Recomendações para futuros trabalhos
Para futuros trabalhos colocam-se como questões interessantes:
o Vencer as limitações do sistema: verticalização e climática sobretudo;
o Realizar os testes de campo, preferencialmente com variações que permitam
descobrir quais são as limitações exatas do sistema, quanto a inclinação
máxima na qual ele pode ser utilizado, se algumas chapas de madeira devem
ser evitadas etc;
o Melhorar os atributos onde o sistema já apresenta bons resultados: Torná-lo
mais barato, mais rápido e mais durável sobretudo;
o Criar um site que gere automaticamente plantas baixas com RRT quando
autorizadas por algum responsável, possibilitando que grande quantidade de
pessoas que não tem oportunidade, baixem para imprimir plantas com RRT pela
internet;
o Construir uma UHM inteira e realizar um estudo de ocupação;
o Realizar uma experiência de extensão com o MST que construa com o SiMAHS,
utilizando a metodologia de planejamento participativo parametrizada disposta
no corpo do trabalho;
o lançar as bases para um programa com interface amigável que possa “jogar
para baixo do tapete” tudo aquilo que lembre, mesmo que vagamente
matemática. Esse é um encaminhamento que estou considerando trabalhar no
mestrado.
o
SiMAHS - Projeto e Construção 139
Referências
ARANTES, Pedro F. (org.). Sérgio Ferro: arquitetura e trabalho livre. São Paulo. COSAC NAIFY,
2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15520: Desempenho térmico de
edificações. Rio de Janeiro, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050: Acessibilidade a
edifcações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2002.
BONDUKI, Nabil G. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo, x edição. Editora????. 1994.
CARDOSO et al. Habitação de interesse social: Política ou mercado? Reflexos a construção do espaço
metropolitano. Rio de Janeiro, 2011.
Governo do Brasil. Constituição do Brasil. Diário oficial da União??? 1988.
LARCHER, José Valter M. Diretrizes visando a melhoria de projetos e soluções construtivas na
expansão de habitações de interesse social. Curitiba, PA, 2005. Disponível em:
http://www.metodista.br/cidadania/72/brasil-tem-deficit-habitacionalde-23-milhoes-de-moradias.
Acessado em 08/03/2014.
Lei 11888. Assistência Técnica a Habitação de Interesse Social. Brasília.
LENGEN, Johan Van. Manual do Arquiteto Descalço. São Paulo, Empório do Livro. 2008.
Prefeitura Municipal de Natal. Código de obras de Natal. Diário ....???? ANO
IPT-SP. Divisão de Edificações. Manual de orientação para execução racionalizada de instalações
por ajuda-mútua: instalações elétricas. Brasília, CEF – DEPEA, 1989
IPT-SP. Divisão de Edificações. Manual de orientação para execução racionalizada de instalações
por ajuda-mútua: instalações hidráulico-sanitárias. Brasília, CEF – DEPEA, 1989
SiMAHS - Projeto e Construção 140
SALVADORI, Mario. Por que os edifícios ficam de pé. São Paulo, Martins Fontes.
http://copyfight.noblogs.org/gallery/5220/manual_arquiteto_descalco_pt_1.pdf
http://sindusconrn.com.br/. Acessado em 16/11/2015.
http://economia.uol.com.br/noticias/infomoney/2014/08/14/injusto-quem-recebe-ate-tres-salarios-minimos-
e-quem-mais-paga-impostos-no-brasil.htm
SiMAHS - Projeto e Construção 141
GLOSSÁRIO:
● CUB – Custo Unitário Básico
● UHM – Unidade de Habitação Mínima – Conceituada como o mínimo necessário
que uma “casa” pode ter para que uma pessoa ou um grupo de pessoas possa
morar com dignidade. Consiste em uma sala/quarto, uma cozinha americana, um
banheiro e uma área de serviço. Uma UHM não é uma casa. Ela é o embrião do
que no futuro deverá se tornar uma casa (pois não possui quartos).
● Macro-módulo: Módulo utilizado para projeto no SiMAHS. É igual a distância dos
pilaretes (face-a-face); das placas de piso entre os pilaretes com suas
respectivas zonas neutras; do número de placas multiplicado pela sua largura
entre dois pilaretes
● MOCAP – no caso desse trabalho, o termo está sendo utilizado como sinônimo
de modelo em escala real do sistema construtivo e não de uma UHM. Trata-se
de 1x1 macro-módulo.
● SiMAHS - Sistema Misto de Autoconstrução voltado para Habitação Social. É o
sistema do qual esse trabalho trata.
● TACHS - Tecnologias Alternativas da Construção voltadas para Habitação
Social. Termo cunhado pelo autor para evitar uma constante redundância ao
longo do texto;
● TCC - Trabalho de conclusão de curso. O mesmo que TFG;
● TFG - Trabalho final de graduação;
● Zona neutra:
SiMAHS - Projeto e Construção 142
APÊNDICES
1.21 Apêndice I: Convite feito pelo facebook aos convidados a participar
do teste da cartilha:
“1492 contatos no meu facebook e 13 pessoas selecionadas se desejarem a participar do processo de teste de uma parte do meu TCC que irá colaborar para resolver o problema do deficit habitacional no Brasil. Isso daqui não é um SPAM. O SiMAHS é um sistema construtivo e de projeto que está em aperfeiçoamento. É voltado para pessoas das faixas de renda D e E, para autoconstrução. O que eu gostaria de testar com você é se o processo está compreensível por pessoas que não são da área da construção civil. Ou melhor, onde NÃO está. Você foi selecionado para participar desse processo porquê de alguma maneira considerei que possuia um interesse (e experiência, empatia, e disposição de investir o seu tempo) em um projeto maior de sociedade. O que está em jogo aqui é um projeto de quase cinco anos para dar um passo no sentido de ajudar a resolver um problema sistêmico. A cartilha não segue regras da ABNT e será destinada a trabalhadores pobres das classes D e E interessados em construir suas próprias moradias. Não espere linguagem acadêmica (o TCC é dividido em um caderno acadêmico e esse segundo caderno, que procura ter uma leitura o mais leve possível). Essa não é a versão final, muito pelo contrário. Aqui, sua ajuda será importante para que se consiga chegar nesse patamar. Criticas são muito bem vindas para que ela possa melhorar. Link da cartilha, ainda em desenvolvimento: https://docs.google.com/document/d/1ocLO2DR4atkLr5MTrIErwuPNa5_UxRQVp34obHuXB2c/edit?usp=sharing Link das malhas para projeto: https://www.dropbox.com/s/1kj7vnbi8wis1on/Malhas%20juntas.pdf?dl=0”
1.22 Apêndice II: Relatório final: Repensando abordagens de inserção:
Sobre a aceitação das Tecnologias Alternativas da Construção
voltadas para Habitação Social.
Apêndice disponível no CD desta monografia.