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ALAIN HENRIQUE DE SOUZA ORIENTADOR: ALDOMAR PEDRINI/CO: M ARCELO TINOCO SiMAHS SISTEMA MISTO PARA AUTOCONSTRUÇÃO VOLTADO PARA HABITAÇÃO SOCIAL: PROJETO E CONSTRUÇÃO. CADERNO1 INTRODUÇÃO, REVISÃO, MÉTODO, RESULTADOS E CONCLUSÕES

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Page 1: ORIENTADOR: ALDOMAR PEDRINI/CO: M ARCELO ......II. Tinoco, Marcelo. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UF/BSE15 CDU 72:69 SiMAHS - Projeto e Construção

ALAIN HENRIQUE DE SOUZA

ORIENTADOR: ALDOMAR PEDRINI/CO: M ARCELO TINOCO

SiMAHS

SISTEMA MISTO PARA AUTOCONSTRUÇÃO VOLTADO PARA HABITAÇÃO SOCIAL: PROJETO E CONSTRUÇÃO.

CADERNO1 INTRODUÇÃO, REVISÃO, MÉTODO, RESULTADOS E CONCLUSÕES

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SiMAHS - Projeto e Construção 0

3

Alain Henrique de Souza

SiMAHS

Sistema misto para

autoconstrução voltada para

habitação social

Trabalho final de graduação apresentado ao

programa de graduação em Arquitetura e Urbanismo

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Aldomar Pedrini

Co-orientador: Marcelo Tinoco

Natal-RN

2015.2

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Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Souza, Alain Henrique de.

SIMAHS: Sistema misto para autoconstrução voltada para habitação

social / Alain Henrique de Souza. – Natal, RN, 2015.

140f. : il.

Composto por 2 cadernos.

Orientador: Aldomar Pedrini.

Co-orientador: Marcelo Tinoco.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.

1. Sistemas construtivos – Habitação social – Monografia.

2. Arquitetura – Monografia. 3. Autoconstrução – Monografia.

4. Parametrização – Monografia. I. Pedrini, Aldomar. II. Tinoco,

Marcelo. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 72:69

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SiMAHS - Projeto e Construção 1

Mas ele desconhecia

Esse fato extraordinário:

Que o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.

(Vinícius de Moraes)

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SiMAHS - Projeto e Construção 2

Agradecimentos

Aos meus orientadores ao longo da graduação e no TFG. Em ordem cronológica: Luiz

Guilherme, do Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energias Sustentáveis (LMHES1 -

Eng. Mecânica - UFRN), Edna Moura e Bianca Negreiros do Laboratório de Sistemas

Estruturais e Construtivos (LABSEC - Arquitetura e Urbanismo - UFRN), Khosrow

Ghavami (MTENC - Engenharia Civil - PUC-RIO), Angela Paiva2, do Grupo de Pesquisa

História da Cidade, do Território e do Urbanismo (HCUrb - Arquitetura e Urbanismo -

UFRN), Aldomar Pedrini, Marcelo Tinoco e André Alves (respectivamente: Orientador,

Có-orientador e ex orientador do TFG).

Aos meus pais por terem segurado tantas barras durantea graduação (e antes também),

pela educação e pela paciência.

Aos demais professores, pela tolerância com minha maneira de me portar enquanto

aluno, sobretudo nos momentos em que o movimento estudantil e o tédio com a

graduação me fizeram falhar com minhas responsabilidades.

Aos meus amigos e a cerveja barata dos botecos por manterem minha vida divertida e

gerarem espaços para que eu chegasse a conclusões importantes para esse TFG que

nunca sairiam de um escritório.

A Camile Suellen, que durante nossas infinitas conversas de altíssima complexidade no

fim do ano passado me ajudou a aumentar minhas capacidades cognitivas, o que foi de

fundamental importância para a realização desse trabalho.

2 O SiMAHS foi dividido em duas partes para que fosse passível de execução. A primeira delas foi uma

pesquisa sobre metodologias de intervenção para estimular a adoção de Tecnologias Alternativas da Construção pelas classes D e E. Esse trabalho foi realizado no oitavo período, mediante orientação da professora.

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Ao meu pai, mais uma vez, por ser um horizonte de coerência e intelectualidade.

A minha mãe, mais uma vez, por me tirar das trevas da falta de perspectiva de futuro e

me colocar na Arquitetura e Urbanismo e me fazer vestir a na habitação social, ninho no

qual fiz morada. Hoje, é difícil pensar que já houve um dia em que a área não tinha

nenhum significado na minha vida.

A Marx/Engels, Louis Althusser, Sérgio Ferro e o PSTU, imprescindíveis a minha

formação enquanto militante de esquerda (assim como tantos outros…).

Aos outros, merecedores e não citados, pois o papel é finito.

A mim mesmo. Tive que superar muita coisa profundamente enraizada para finalmente

chegar ao fim do curso.

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Resumo

Esse trabalho apresenta o desenvolvimento do Sistema Misto para Autoconstrução

voltada para Habitação Social (SiMAHS). O tema é motivado pela imensa desigualdade

social brasileira, que provoca precárias condições de morada, ainda que a lei 11.888,

de 2008, garanta acesso à assistência técnica para construir como um direito àqueles

que não tem renda o suficiente para contratar um arquiteto. O sistema se caracteriza

principalmente pelo baixo custo, rapidez, facilidade de apreensão e por ter sido

concebido para autoconstrução não assistida. O baixo custo é obtido, sobretudo, por

meio de redução drástica na quantidade de matéria empregada e de baixo custo da

mesma, economia com transporte entre outros. A proposta de autoconstrução parte de

uma modulação que possibilita arranjos arquitetônicos diversos por meio de

parametrização que utiliza fórmulas matemáticas, tabelas automatizadas e quadros

para gerar inclusive implantações, medidas entre outros, reduzindo a dependência em

relação ao projetista. As soluções construtivas são planejadas para que possa ser

executadas por cinco pessoas, em 24h00, gastando aproximadamente cinco mil reais

para a construção de um núcleo mínimo morável. O sistema foi detalhado com

determinação de custos, cartilha de execução, criação de gabarito para auxiliar na

projetação e exemplificação de projetos. Os resultados demonstram que o SIMAHS é

mais barato e rápido de construir do que as tecnologias tradicionais atuais e que,

através da sua simplicidade, foi possível elaborar uma cartilha que, em conjunto com

outras ferramentas, pode ensinar pessoas que não tem vivência com a construção civil

a construir e a projetar de maneira simplificada.

Palavras-chave: Sistema construtivo, Autoconstrução, Habitação social, Assistência

técnica, Parametrização.

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Abstract

This work presents the development of the Sistema Misto para Autoconstrução voltada

para Habitação Social-SiMAHS (Mixed System for do-it-yourself construction of Social

Houses). The theme is motivated by the huge problem of Brazilian social inequality,

which causes poor dwelling conditions, although the (Brazilian) law nº 11.888 2008,

guarantees access to technical assistance to build as a right to those who do not have

enough income to hire an architect. The system is mainly characterized by low cost,

speed, ease of learning and is designed for do-it-yourself construction. The low cost is

obtained mainly by means of a drastic reduction in the amount of material employed and

low cost of the materials, transport and other savings. The proposed modulation enables

diverse architectural arrangements through parameter setting that uses mathematical

formulas, automated tables and charts to generate deployments including, among other

measures, reducing the dependence on the architect/designer. Constructive solutions

are planned for it to be performed by five people, in 24.00, spending about 5.000R$ for

the construction of a minimum habitable core of a house. The system is detailed with

costing, execution primer, design guide to assist in the planning and project

exemplification. The results demonstrate that the SIMAHS is cheaper and faster to build

than current traditional technologies and by its simplicity, it was possible to make a

primer that in conjunction with other tools, can teach how to build and design a simplified

way for people who do not have experience with construction.

Keywords: Constructive system, do-it-yourself construction, low incoming house,

Technical assistance, Parametrization.

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Lista de Figuras

Figura 1-1 - Tipos de TCC desenvolvidos na Arquitetura e Urbanismo da UFRN ......... 19

Figura 3-1 - Placas de argamassa armada .................................................................. 41

Figura 3-2 - Concreto celular ......................................................................................... 42

Figura 3-3 - Vedação com garrafas PET ....................................................................... 43

Figura 3-4 - Esterilhas de bambu ................................................................................. 44

Figura 3-5 - Parede de tijolos de adobe ........................................................................ 45

Figura 3-6- Parede de gesso ......................................................................................... 46

Figura 3-7- Taboas de madeira agrupadas enquanto chapa ........................................ 47

Figura 4-1- Importância relativa de cada critério ........................................................... 48

Figura 5-1- UHM construída com o SiMAHS ................................................................. 58

Figura 5-2- Reprodução de parte da tabela geradora de macro e micro-módulos ........ 61

Figura 5-3- Tabela automatizada para placas pré-moldadas de peitoril ........................ 65

Figura 5-4. Zona bioclimática 8 (em cinza) ................................................................... 65

Figura 5-5- UHM com micro-módulos de 1m................................................................. 73

Figura 5-6- UHM com macro-módulos de 0,8m ............................................................ 73

Figura 5-7- UHM com macro-módulos de 0,6m ............................................................ 73

Figura 5-8- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s ................................................. 85

Figura 5-9- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s ................................................. 85

Figura 5-10- Exemplo de folha gabarito 1/100 para processos de planejamento

participativo ................................................................................................................... 89

Figura 5-11- Folha de gabarito 1/50 para processos de planejamento participativo ..... 91

Figura 5-12- Folha de blocos 1/50 para processos de planejamento participativo ........ 91

Figura 5-13- Processo de projeto utilizando colagem de blocos ................................... 91

Figura 5-14- Dimensões internas e externas do Fiat Uno modelo antigo. ..................... 95

Figura 5-15- Processo de fabricação das sapatas pré-moldadas ................................ 97

Figura 5-16- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de piso ....................... 98

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Figura 5-17- Acabamento tradicional de cimento queimado com corante xadrez

vermelho...................................................................................................................... 100

Figura 5-18- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de peitoril ................. 100

Figura 5-19- Pré-impermeabilização da fundação do embasamento em alvenaria .... 102

Figura 5-20- Exemplo de instalação elétrica aparente de baixo custo ........................ 103

Figura 5-21- Cabo tipo PP de duas vias. ..................................................................... 103

Figura 5-22- Cabo comum........................................................................................... 103

Figura 5-23- Passos 1 a 5 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .............. 114

Figura 5-24- Passo 6 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ..................... 115

Figura 5-25- Passos 7 a 11 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ........... 116

Figura 5-26- Passos 12 a 16 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 117

Figura 5-27- Passos 17 a 18 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ......... 118

Figura 5-28- Passos 19 a 22 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 118

Figura 5-29- Passos 23 a 26 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 119

Figura 5-30- Passo 27 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .................... 121

Figura 5-31- Passos 28 a 29 para a construção de uma UHM com o SiMAHS ......... 121

Figura 5-32- Passo 30 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .................... 122

Figura 5-33- Passo 31 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .................... 122

Figura 5-34- Passos 32 a 34 para a construção de uma UHM com o SiMAHS .......... 123

Figura 5-35- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas .......................................... 124

Figura 5-36- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas ................................... 124

Figura 5-37- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas ................................ 124

Figura 5-38- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas ................................................... 124

Figura 5-39- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade

de acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas ..................................... 125

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Figura 5-40- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade

de acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas .............................. 125

Figura 5-41- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na

possibilidade de acabamento tipo III com somente as janelas superiores .................. 125

Figura 5-42- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade

de acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas .............................................. 125

Figura 5-43- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas .......................................... 126

Figura 5-44- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas ................................... 126

Figura 5-45- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas ................................ 126

Figura 5-46- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas ................................................... 126

Figura 5-47- Perspectiva interna sala-cozinha de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas .......................................... 127

Figura 5-48- Canteiro de fabricação de pré-moldados simulado ................................. 128

Figura 5-49- Terreno de construção do MOCAP, já desmatado. ................................ 130

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Lista de tabelas

Tabela 5-1 - Modulação do SiMAHS em função de diferentes placas .......................... 62

Tabela 5-2. Tamanho de aberturas. .............................................................................. 66

Tabela 5-3. Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis

para cada tipo de vedação externa ............................................................................... 70

Tabela 5-4. Transmitância térmica do SiMAHS. ............................................................ 70

Tabela 5-5 - Orçamento de uma UHM com o SiMAHS ................................................. 74

Tabela 5-8 -Teste de equações e inequações de implantação para um caso exemplo 82

Tabela 5-9 - Carga suportada por pessoas de diferentes configurações ...................... 93

Tabela 5-10 - Peso do m³ de diversos materiais ........................................................... 93

Tabela 5-11 - Transporte e manejo de pré-moldados e afins ........................................ 94

Tabela 5-12 – Quantidade de viagens .......................................................................... 96

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Lista de quadros

Quadro 3-1- Exemplos de casos de descumprimento ao código de obras de Natal

indiretamente pelo processo de projeto sugerido pelo SiMAHS..................................... 37

Quadro 4-1- Rankeamento entre critérios utilizado para projetar o SiMAHS ................ 50

Quadro 4-2. Classificação (e exemplificação) dos tipos de sistemas construtivos mais

utilizados para a construção de habitações em geral ..................................................... 52

Quadro 4-3. Diferentes bitolas de fio utilizadas por padrão no SiMAHS ........................ 56

Quadro 5-1. - Zonas bioclimáticas do Brasil e cumprimento (ou não) do SiMAHS às

orientações. .................................................................................................................... 66

Sobre isso, a norma apresenta determinadas exigências numéricas para considerar

uma determinada edificação válida dentro de uma Zona Bioclimática. Isso pode ser

visto na Tabela 5-3.Quadro 5-2. Estratégias para alcançar o conforto térmico em

diferentes zonas bioclimáticas........................................................................................ 68

A cobertura possui transmitância compatível com o exigido (Tabela 5-4). Para auxiliar a

decisão pela utilização do SiMAHS, foi criado o Quadro 5-3 à partir da NBR, com todas

as cidades levantadas pela norma na Zona 8: O quadro figura na cartilha para facilitar a

escolha ou não pelo sistema.Quadro 5-3. Cidades da zona bioclimática 8 do Brasil onde

foram realizadas as medições e estratégias específicas para elas. Destaque em verde

para as capitais .............................................................................................................. 70

Quadro 5-4- Onde geminar uma UHM com apenas um recuo lateral ............................ 83

Quadro 5-5 - Onde locar uma UHM que se encontra no meio de um terreno ................ 87

Quadro 5-6 - Passo-a-passo para fabricação de uma sapata pré-moldada ................... 97

Quadro 5-7 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de piso pré-moldada ......... 99

Quadro 5-8 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de peitoril pré-moldada ... 101

Quadro 5-9-Comodities e afins utilizados para construir uma UHM com o SiMAHS .... 105

Quadro 5-10- Madeiras utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS ............... 106

Quadro 5-11 - Aplicação e descartáveis utilizados para construir uma UHM com o

SiMAHS ........................................................................................................................ 108

Quadro 5-12- Ferragens utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS .............. 109

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SiMAHS - Projeto e Construção 11

Quadro 5-13- Ferramentas de pequeno e médio porte utilizadas para construir uma

UHM com o SiMAHS .................................................................................................... 111

Quadro 5-14 Ferramentas de grande porte utilizadas para construir uma UHM com o

SiMAHS ........................................................................................................................ 112

Quadro 5-15 Ferramentas de Limpeza, transporte e afins utilizadas para construir uma

UHM com o SiMAHS .................................................................................................... 113

Quadro 5-16-Perfil das pessoas selecionadas para o teste do sistema de projeto: ..... 132

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SiMAHS - Projeto e Construção 12

Sumário:

1 Introdução .............................................................................................................. 16

1.1 Objetivos: ......................................................................................................... 18

1.2 Justificativa: ...................................................................................................... 18

2 Referencial teórico ................................................................................................. 21

: 2.1 – Habitação social e tecnologia: ........................................................................ 21

2.1 Contexto histórico com ênfase tecnológica da habitação social no Brasil........ 22

2.2 Adequando um sistema para alterar relações trabalhistas ............................... 24

3 Método - Elaboração do sistema ............................................................................ 25

3.1 Premissas ........................................................................................................ 25

3.1.1 Destilação de conceitos ............................................................................. 25

3.2 Critérios primários ............................................................................................ 27

3.2.1 Custo ......................................................................................................... 27

3.2.2 Facilidade de apreensão ........................................................................... 29

3.2.3 Rapidez da execução ................................................................................ 29

3.2.4 Transporte e manuseio .............................................................................. 30

3.2.5 Durabilidade .............................................................................................. 31

3.2.6 Ampliação, reforma e manutenção ............................................................ 31

3.2.7 Disponibilidade no local dos materiais ....................................................... 32

3.2.8 Interface com outros sistemas ................................................................... 32

3.2.9 Conforto térmico ........................................................................................ 32

3.2.10 Condições de financiamento .................................................................. 33

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3.3 Critérios secundários ........................................................................................ 33

3.3.1 Adaptabilidade a outros usos (além de habitação social) .......................... 33

3.3.2 Conforto acústico ....................................................................................... 34

3.3.3 Verticalização ............................................................................................ 34

3.3.4 Baixo Impacto ambiental ........................................................................... 35

3.3.5 Legalidade ................................................................................................. 36

3.3.6 Segurança contra incêndio e afins............................................................. 38

3.3.7 Estética ...................................................................................................... 38

3.3.8 Gosto do público alvo ................................................................................ 38

3.4 Tipos de sistemas construtivos ........................................................................ 38

3.4.1 Sistemas de maciços ................................................................................. 39

3.4.2 Sistemas pilar/viga ..................................................................................... 39

3.4.3 A escolha do sistema de pilaretes e reflexões sobre a taipa de mão ........ 40

3.5 Possibilidades de vedação ............................................................................... 41

4 Resultados ............................................................................................................. 48

4.1 Escolhas ........................................................................................................... 51

4.1.1 Estrutural ................................................................................................... 51

4.1.2 Vedação .................................................................................................... 52

4.1.3 Cobertura ................................................................................................... 53

4.1.4 Fundações ................................................................................................. 54

4.1.5 Piso ............................................................................................................ 54

4.1.6 Instalações hidráulicas .............................................................................. 54

4.1.7 Instalações elétricas .................................................................................. 56

5 O sistema ............................................................................................................... 57

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SiMAHS - Projeto e Construção 14

5.1 Modulação: ....................................................................................................... 58

5.2 Conforto Térmico:............................................................................................. 65

5.3 Custo ................................................................................................................ 72

5.4 Locação parametrizada da construção no terreno ........................................... 78

5.5 Como projetar com o SiMAHS: ........................................................................ 88

5.6 Pré-moldados: .................................................................................................. 92

5.6.1 Sapatas pré-moldadas ............................................................................... 97

5.6.2 Placas de piso ........................................................................................... 98

Placas pré-moldadas de peitoril ........................................................................... 100

5.6.3 Preparo prévio da fundação do embasamento em alvenaria (cartilha

comentada): ......................................................................................................... 102

5.6.4 Pré-preparo das vedações: ..................................................................... 102

5.6.5 Malha na zona neutra .............................................................................. 102

5.6.6 Instalações elétricas ................................................................................ 103

5.6.7 Instalações hidráulicas ............................................................................ 104

5.7 Insumos .......................................................................................................... 104

5.7.1 Comodities e afins ................................................................................... 104

5.7.2 Madeira .................................................................................................... 106

5.7.3 Aplicação e descartáveis ......................................................................... 108

5.7.4 Ferragens ................................................................................................ 109

5.7.5 Ferramentas: ........................................................................................... 110

5.8 Processo de montagem (cartilha comentada): ............................................... 113

5.9 Possibilidades de personalização/acabamento: ............................................. 123

5.9.1 Construção do MOCAP ........................................................................... 128

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SiMAHS - Projeto e Construção 15

5.9.2 Teste da cartilha ...................................................................................... 130

6 Conclusões .......................................................................................................... 136

7 Referências .......................................................................................................... 139

8 código de obras de NatalGLOSSÁRIO: ............................................................... 141

9 APÊNDICES ........................................................................................................ 142

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SiMAHS - Projeto e Construção 16

Introdução

Trata-se aqui do SiMAHS, sistema construtivo voltado para habitação social

desenvolvido pelo autor entre os anos de 2011 e 2015, no âmbito do curso de

Arquitetura e Urbanismo da UFRN, da elaboração de um manual com o mesmo voltado

para autoconstrução não assistida e da construção de um modelo em escala real

(MOCAP3).

Busca-se contribuir para a resolução do problema do déficit habitacional no Brasil, sob

os preceitos das minhas crenças de militância política e papel social do Arquiteto. Uno

minha pretendida área de atuação dentro da profissão - desenho de sistemas

construtivos - com o anseio de trazer algo de útil para a sociedade.

Sua realização teve início com uma longa reflexão sobre onde eu teria a capacidade de

causar um maior impacto social como Arquiteto-Urbanista. Ao escutar uma afirmação

atribuída a Lefebvre de que O possível só é possível buscando-se o impossível, me

veio a mente que talvez fosse possível a criação de um sistema construtivo para

habitação social que conseguisse possuir uma melhor performance em relação aos

demais sistemas em todos os quesitos simultaneamente.

Sobretudo entre 2012 e 2013, investi tempo e energia para descobrir como conseguir o

impossível. Inúmeros critérios foram se desdobrando em diretrizes projetuais por vezes

conflitantes. Usei disciplinas do curso como espaço para a produção de subsídios

dentro da temática. Em Projeto de Arquitetura 03, projetei habitações de interesse

3 MOCAP – no caso desse trabalho, o termo está sendo utilizado como sinônimo de

modelo em escala real do sistema construtivo e não de uma UHM. Trata-se de 1x1

macro-módulo.

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social com uma variação verticalizável de uma versão ancestral do sistema. Em

estruturas 02, desenvolvi uma treliça de baixo custo que permite vencer grandes vãos.

Durante o processo, dialoguei com diversos profissionais, tanto de exatas quanto de

humanas, explicando o sistema e rebatendo os apontamentos. Ao constatar problemas

que não poderia rebater, voltava ao projeto para saná-los. A partir de determinado

ponto, não encontrei mais contra argumentação que não pudesse rebater e portanto,

considerei então que o escopo do projeto estava pronto e que a partir daquele momento

se tratava de um refinamento.

O sistema apresentado atende, teoricamente, diversos aspectos de funcionalidade e

sua aplicação deverá apontar formas de melhoramento. Com essa intenção, foi

construído em Nísia Floresta (pium) um MOCAP para detectar pontos cegos, gerar

dados para a elaboração do manual e envelhecer para gerar dados sobre as patologias

à serem sanadas durante meu

Este trabalho foi dividido em duas partes. A primeira tratou de criar uma metodologia de

convencimento à adoção das TACHS4 pelas as classes D e E5 e foi desenvolvido em

2014.1 durante a disciplina de Planejamento e Projeto Urbano e Regional 06 sob

orientação da professora Angela Paiva (disponível nos apêndices).

Apesar de grande parte do material não possuir referências específicas, muito do

conteúdo aqui disposto foi obtido através do acúmulo dos últimos anos. Livros como o

manual do arquiteto descalço, os manuais técnicos do IPT, tipológicos, inúmeros

artigos, monografias, mestrados e doutorados, experiência em três laboratórios que

trabalhavam com sistemas construtivos e muita reflexão.

4 TACHS – Tecnologia Alternativa da Construção voltada para Habitação Social. Sigla cunhada pelo autor

anos atrás e utilizada exaustivamente durante a primeira parte desse trabalho (que não é o TCC).

5 No caso desse trabalho, a classificação da sociedade em classes de renda é abordada de maneira mais

livre, baseada nos hábitos de consumo que as camadas costumam apresentar baseada na sua renda e

não na sua renda em si.

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1.1 Objetivos:

O objetivo geral é desenvolver um sistema construtivo para autoconstrução não

assistida de habitações sociais, com o potencial e as ferramentas necessárias para se

auto-replicar.

Os objetivos específicos são:

1. Apresentar o sistema ao público acadêmico;

2. Criar uma cartilha que possa ser utilizada para orientar as autoconstruções com

esse sistema sem a necessidade do acompanhamento de algum profissional da

área;

3. Realizar o MOCAP para averiguar o funcionamento do SiMAHS;

4. Demonstrar possibilidades de utilização do sistema.

1.2 Justificativa:

Na Arquitetura e Urbanismo, frequentemente a linha que separa as áreas está muito

mais para um gradiente, de modo que para classificar os TFGs6 da UFRN se mostra

mais fácil separá-los em três grandes grupos: Analíticos/história/extensão,

Projeto/Urbano e Projeto/Edificação. Em consulta a Biblioteca Digital de Monografias da

UFRN, existem 52 TFGs disponíveis, relativos as três ultimas turmas formadas. Destes,

seis são de projeto urbano, oito de teoria/história/extensão e 38 de projeto de

edificações. Quatro dos 38 flertam com a área de sistemas construtivos, mas são

fundamentalmente da área de projeto.

6 No curso de Arquitetura e Urbanismo é utilizada a sigla TFG – Trabalho Final de Graduação ao em vez

da usual na grande maioria dos cursos TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.

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Figura 0-1 - Tipos de TCC desenvolvidos na Arquitetura e Urbanismo da UFRN

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados extraídos do

site: monografias.ufrn.br. Acesso em novembro de 2015

Apesar de auxiliar e compor o raciocínio projetual das demais áreas, não existe desde

pelo menos os últimos três períodos conclusos, um TFG que seja eminentemente da

área tecnológica ao em vez de utilizá-la como ferramenta de projeto. Este é o primeiro,

e tal qual os demais, utiliza as outras áreas como instrumento para tomada de decisões

projetuais. Não de uma edificação nem de um meio urbano dessa vez, mas de um

sistema. Este trabalho não se enquadra na tradicional dicotômica classificação

(informal?) que acontece na Arquitetura e Urbanismo da UFRN, de TFGs de projeto

(edificações ou urbano) e teóricos.

O raciocínio a dar prosseguimento a partir dos comentários anteriores e estatística é

que a tecnologia, especificamente da construção, é uma ferramenta poderosa para os

arquitetos/urbanistas alcançarem seus objetivos, sejam eles quais forem, mas as

estatísticas provam que à pesquisa e aperfeiçoamento da mesma parece estar sendo

severamente subestimada pelos estudantes do nosso curso. Sem tentar entrar em

mérito especulativo de qual seria o motivo do fenômeno.

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A autoconstrução é uma das modalidades que em maior ou menor grau mais ocorre no

Brasil para as classes mais baixas. Ela recorre, sobretudo devido à falta de recursos

dos brasileiros, sendo o pouco que as famílias conseguem conquistar em termos de

morar. Frequentemente, faltam detalhes básicos que permitam conforto, longevidade,

salubridade etc. Primeiro pela falta de recursos, segundo pelo alto grau de

complexidade para quem não é da área da construção civil das variações da alvenaria

convencional.

A existência de um sistema extremamente fácil, rápido e barato, pensado para ser

construído por pessoas que não pertencem à área evitaria os tradicionais deslizes que

colocam em cheque a qualidade de vida daqueles que mais dela carecem. Ao menos,

no que diz respeito ao ambiente em que moram.

Faz-se necessário voltar para a prancheta e para reflexões sobre como construir, para

que possamos construir melhor.

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Referencial teórico

2.1 – Habitação social e tecnologia:

De acordo com Soares et al. (2006, p. 161), entre os desafios a serem superados para

a habitação social no Brasil está à simplificação de procedimentos técnicos e

operacionais na produção da habitação. O autor coloca ainda que a autoconstrução ou

construção por mutirão tem o potencial de diminuir os custos da obra, desde que haja

colaboração entre as esferas públicas, centros de pesquisa e a sociedade em geral

(2006, p. 169).

Segundo Larcher apud Vargas (2005, p. 30):

“Os primeiros materiais de construção industrializados, precariamente,

foram os tijolos, vindo a substituir o processo artesanal da taipa nas

construções das paredes de edifícios”. Na medida em que os edifícios

passavam a serem produzidos com uma abordagem mais industrial, a

produção de seus insumos também se convertia em produção para o

mercado

Destacando alguns exemplos interessantes de TACHS próximos a nós, temos a

reconstrução da comunidade de Cajueiro Seco em Recife, onde Borsói capitaneou, a

pedido de Miguel Arraes juntamente com a UFPE e outros colaboradores (1963 e 1964)

a demanda de reconstrução com painéis de taipa pré-moldados de taipa de mão em um

regime misto, onde por mutirão seriam montadas fabricas para os elementos pré-

moldados destinado para as habitações e as residências em si seriam realizadas por

autoconstrução, com desenho do sistema construtivo feito para a ocasião e apoio

técnico a nível de projeto com os então estudantes da federal. O projeto foi interrompido

com o golpe militar, antes que fosse possível testemunhar os seus erros e acertos.

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No Rio Grande do Norte, o exército reconstruiu com o projeto taipa (também em painéis

pré-moldados de t. de mão) milhares de residências destruídas durante os abalos

sísmicos ocorridos pouco antes, com epicentro no município.

Para conseguir uma redução dos custos por m², alguns dos artifícios que podem ser

utilizados (até então, I, II, III e IV tem sido largamente utilizados pelo MST): I - Corte dos

lucros das empresas privadas construindo por mutirão; II - Redução ao mínimo dos

gastos com mão de obra através da construção por mutirão; III - Compra de material em

larga escala visando poder de barganha; IV - Projeto das edificações com soluções que

visam baixo custo; V - Sistemas construtivos mais baratos alternativos ao convencional.

1.3 Contexto histórico com ênfase tecnológica da habitação social no

Brasil

Durante o período do pós II guerra o estado brasileiro apesar dos poucos

investimentos, assinala pela primeira vez reconhecer o que estava se tornando

consenso à época, que o problema da habitação social não iria se resolver pela livre

regulamentação do mercado, sendo necessária a intervenção estatal a nível federal

para que se chegasse a uma solução (BONDUKI, 1994, p. 9).

A habitação social passa a receber recursos maciços no primeiro ano do golpe de 1964,

quando é criado o Banco Nacional de Habitação – BNH -para a produção de

unidades habitacionais em massa e viabilização da criação de empregos na

construção civil. As diretrizes passam a ser mais técnicas e econômicas e o lado social

é colocado em segundo plano (LARCHER, 2005 p. 35 apud FARAH, 1998).

Na década de 1980 com a estagnação econômica, o estado abandona gradativamente

a prioridade dada as habitações de interesse social (SOARES et. Al, 2006, p. 162)

entretanto, a abertura política permitiu que a política estatal fosse duramente criticada,

fazendo o BNH retomar a atenção que havia esquecido à população de baixa renda,

com grandes conjuntos habitacionais de edifícios nas grandes cidades (LARCHER,

2005, p. 36apud FARAH, 1996). Através de influência das reconstruções da Europa

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pós guerra, as restrições orçamentarias levam a adoção maciça da pré-fabricação de

elementos estruturais e de vedação. Pesquisa e desenvolvimento de novos sistemas

construtivos foram promovidos pelo BNH em canteiros experimentais, com êxito

sobretudo nos conjuntos habitacionais de grande porte (LARCHER, 2005, p. 37).A crise

econômica também leva também a mudanças na gerência de obras das empresas da

construção civil que buscavam sobreviver à crise econômica e tiveram rebatimento na

habitação de interesse social. LARCHER lista (2005, p.39 apud FARAH,1992): I –

Retirada de tarefas do canteiro, com a compra de elementos que poderiam ser

moldados in loco a terceiros ou fabricação em outras propriedades da firma; II –

Terceirização de etapas do processo construtivo, sobretudo nos de alta especialização

para serviços pontuais e III – Busca de maior eficiência no processo. Segundo

LARCHER ainda (p. 39, 2005), FARAH (1998) também identificara novas estratégias

empresariais, como o abandono da visão da industrial, com grandes gastos em

maquinários e afins para a de racionalização, visando a redução dos grandes gastos

com maquinários, vantajosos somente para conjuntos habitacionais de grande porte.

Segundo LARCHER (p.40, 2005):

(...)da visão de industrialização como sinônimo de

mecanização e de soluções tecnológicas isoladas,

baseada nas experiências europeias, para uma visão de

flexibilidade nos processos focada nos princípios dos

sistemas abertos, baseados na compatibilidade e na

intercambialidade de componentes produzidos por

diferentes fabricantes, com base em processos

industrializados;

O aumento da crise dos anos 1980 leva a extinção do BNH em 1986, que passa a ter

suas atribuições incorporadas pela CEF7. Sem estrutura para assumir o papel, as ações

7 CEF – Caixa Econômica Federal

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do Governo Federal no Brasil ficam praticamente paralisadas até 1989 (LARCHER,

2005, p. 37).

O fim da década de 1980 e a década de 1990 como um todo marcam a quase

estagnação das ações do estado brasileiro no sentido da resolução do déficit

habitacional brasileiro.

Todavia, políticas voltadas para a habitação social se mantém através das COHABs

8com grandes conjuntos habitacionais (LARCHER, 2005, p. 38 apud FARAH, 1996). O

aumento da urbanização gera um aumento das necessidades habitacionais; retrai-se a

mão de obra disponível para o setor, cresce a especulação imobiliária e a exigência do

público em relação as habitações, fazendo com que nesse período haja um maior

enfoque na pesquisa tecnológica e de sistemas construtivos como forma de contornar

esses obstáculos (LARCHER, 2005 p. 38 apud FARAH, 1992).

A constituição de 1988 marca uma guinada em direção a uma discussão mais

sistematizada. Na década de 1990, se mantém a estagnação de ações estatais, mas

são marcantes algumas conferências importantes sobre a temática habitacional, como a

das nações unidas sobre ambiente e desenvolvimento e a segunda conferência das

nações unidas sobre estabelecimentos humanos.

1.4 Adequando um sistema para alterar relações trabalhistas

8 COHAB – Companhia de Habitação Popular

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Método - Elaboração do sistema

O método é composto de premissas que influenciaram os procedimentos e de uma

série de critérios levados em conta para a elaboração do SiMAHS. Houve a

necessidade de separá-los em critérios primários e critérios secundários, uma vez que

alguns foram sérios delineadores (os primários) enquanto o outro grupo era de variável

interesse em ser atingido, mas em algum momento foi necessário abrir mão pratica ou

totalmente dele. Alguns critérios mais, outros menos.

1.5 Premissas

As premissas do desenvolvimento do método são no primeiro caso, filosofia do

pensamento envolvida nesse trabalho, voltada para encontrar resultados melhores – ou

– formas de pensar processos que acompanharam o desenvolvimento desse trabalho.

Em outros casos, tratam-se de desdobramentos de prática de projeto que foi aplicada a

esse TFG.

1.5.1 Destilação de conceitos

Mies Van der Howe utilizou-se de um mecanismo de pensamento para chegar as suas

sínteses do que significa arquitetura moderna. A destilação de conceitos, que

basicamente significa entender o que realmente nós queremos. Exemplo de destilação

de conceito: “Querer fazer um muro para que o vizinho pare de olhar para seu quintal”

pode ser destilado para “Querer um plano vertical que bloqueie a visual do vizinho do

seu quintal” que pode ser novamente destilado para “Um obstáculo visual para

impedir…” para “Impedir a visualização do quintal” para “privacidade do quintal”.

A destilação de conceitos permite que compreendamos exatamente qual é a raiz do

problema para que ele possa receber uma resposta que ataque a sua natureza, ao em

vez de combate-lo através de algum mecanismo ao qual já estamos condicionados a

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utilizar como solução. É um exercício de abstração que pode chegar a soluções para o

exemplo anterior adversas ao óbvio. Como: 1 - Conversar com vizinho e chegar a

algum combinado; 2 - Deixar de se incomodar com privacidade; 3 - Utilizar plantas para

separar visualmente as duas propriedades.

Durante todo o trabalho foi utilizada a destilação para conseguir entender quais

realmente eram as soluções que eu deveria tomar, para passar a encarar uma garrafa

PET como um cilindro oco com grande resistência a tração, imune a intempéries, frágil

ao fogo, com 2 litros de capacidade, bom condutor térmico, dentre outras propriedades.

O sistema nunca está pronto

Do início da elaboração do sistema construtivo até a apresentação do trabalho, todas

as soluções do SiMAHS foram consideradas como temporárias até que se achasse

alguma melhor. Praticamente nada sobrou do que existia nos meus primeiros

rascunhos de um sistema estruturado de PVC com fechamento em Taipa pré-moldada.

Isso só foi possível pela síntese ter demorado cerca de três anos. Todavia, toda ela se

mantém aberta para que possa ser aperfeiçoada.

Curso concomitante ao desenvolvimento do SiMAHS

Foram utilizados os conteúdos dos cursos de formação universitária, sempre que

possível direcionando os trabalhos para aperfeiçoar o sistema, ou para desconstruí-lo

ao observar suas falhas. Significa que houve pouco resgate de conteúdo aprendido

para desenvolvê-lo, já que a graduação caminhou em conjunto com o mesmo. O

mesmo vale para as dezenas de livros lidos sobre sistemas construtivos.

Viver o sistema

Vivenciar o sistema de forma prática possibilitou observar muita coisa que não seria

possível caso o trabalho fosse desenvolvido de maneira puramente teórica. Vários

experimentos por exemplo, foram realizados ao longo da graduação para achar traços

de concreto, aprender hidráulica na prática etc.

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Interação com outras pessoas

Apresentei o meu sistema a dezenas de pessoas, sobretudo da construção civil,

conversando o máximo possível com elas e buscando ao máximo críticas negativas. A

ideia, além da captação de sugestões, foi blindar o sistema de pontos fracos. A cada

coisa que eu não sabia como justificar, defender, contra argumentar, senti-me felicitado

pela oportunidade de poder sanar as fraquezas antes que o sistema fosse considerado

pronto. Nenhum defeito foi detectado nos últimos dois anos.

1.6 Critérios primários

Os critérios primários são os delineadores do sistema, enquanto os secundários eram

de interesse em ser atingidos, mas, por um motivo ou outro, foi necessário abrir mão de

um pouco com completamente deles

Os critérios foram em grande parte determinados pelo relatório final do autor na

disciplina de “Planejamento e Projeto Urbano e Regional VI”: ”Repensando abordagens

de inserção sobre a aceitação das Tecnologias Alternativas da Construção voltadas

para Habitaçao Social”, desenvolvido durante o período letivo de 2014.1. Nesse

trabalho, o autor buscou indícios de que tipo de linha argumentativa seria necessária

para atingir a inserção das TACHS nas classes D e E e o que uma tecnologia

alternativa deveria ter para ser preterida em relação a construção convencional.

1.6.1 Custo

Uma das maneiras de se quantificar o custo de uma construção é através do CUB, que

corresponde ao preço médio de uma construção por médio quadrado. O índice pode

enganar em alguns momentos ao vermos o preço de uma construção de interesse

social (1.034,34 R$/m² de acordo com SINDUSCON) parecer mais cara do que a de

uma de padrão baixo (de 715,25 a 1072,73). Isso se deve dentre outros fatores, a

despesas fixas de uma habitação social em relação a de uma habitação de baixo

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padrão (pela primeira possuir menos área em geral), como áreas molhadas, entrada de

energia etc. O preço pode ser separado em algumas principais partes:

Custo - Mão de obra, lucro e manutenção das empresas

Os custos com a mão de obra e relativos à manutenção e lucro das empresas podem

ser zerados na autoconstrução e na construção por mutirão, desde que o sistema seja

extremamente simples de ser entendido e repassado e que não necessite de nenhuma

ferramenta, forma ou coisa semelhante, que pressuponha necessidade de replicamento

em larga escala para que o sistema se torne economicamente viável.

Custo - Despesas materiais

Os custos com as despesas materiais, assim como as duas categorias elencadas no

parágrafo acima são extremamente altos e, para que eles diminuam muito, é necessária

a redução da quantidade de material utilizado na construção. Isso é particularmente

viável em locais com um clima semelhante ao nosso, onde o conforto térmico é

idealmente conseguido através da ventilação cruzada, mas pode se tornar um problema

em climas com menor umidade, ou muito mais frios se – por exemplo – diminuirmos

drasticamente a quantidade de material utilizado na envoltória para diminuir o gasto

com materiais.

Custo - Despesas legais

As despesas legais foram desconsideradas enquanto parâmetro, posto que o sistema é

voltado e autoconstrução de baixa renda e uma construção realizada com ele teria

probabilidade irrisória de ser legalizada, quiçá ter a presença de um arquiteto para

assinar o projeto.

Custo - Transporte e armazenagem

Não é em toda situação de construção civil que será possível moldar os pré-moldados

que compõe o sistema in loco, seja por questão de logística, seja por risco de roubo.

Também, é uma questão importante para se pensar para que seja possível, no caso da

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construção por mutirão, centralizar a produção para maximizar a eficiência

(trabalho/horas trabalhadas).

Quanto maiores e mais pesados os elementos envolvidos enquanto pré-moldados,

maior a necessidade de se contratar transporte especializado (e consequentemente

pago) para realizar os traslados. É possível evitar essa despesa.

Custo do terreno

No caso da construção por mutirão, é possível a união de forças, pleiteando que o

estado brasileiro em suas diversas instâncias proceda a doação de terras da união ou a

compra de lotes. De qualquer forma, é importante observar que o sistema é adequado

para os meios rurais e suburbano, onde o preço dos lotes é um dos menores

empecilhos.

1.6.2 Facilidade de apreensão

A facilidade de apreensão do sistema é um fator extremamente importante para um

sistema voltado para autoconstrução por habitação social. Uma vez que sem ela, seria

necessário o auxílio técnico de profissionais da área da construção civil, o que

inviabilizaria o processo.

Um sistema que não seja extremamente fácil, tende a ser mal construído pelas

populações que não tenham alguma experiência com a construção civil, gerando

patologias e consequentemente a descredibilização do mesmo, ou simplesmente - o

que acredito ser o mais provável - não ser usado, sendo abandonado em detrimento da

solução tradicional da alvenaria (utilizada como) estrutural.

1.6.3 Rapidez da execução

Sendo possível construir mais rapidamente, porquê demorar mais? Muitas das técnicas

de permacultura não saem dos respectivos centros por serem extremamente

demoradas e/ou desgastante fisicamente.

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Uma coisa que não se costuma levar em conta em termos de construção civil é o preço

da hora do trabalho dedicado a uma residência. Da mesma forma, um processo muito

longo tende a afastar os interessados.

Como referência, para um salário mínimo de R$788,00, alguém que ganhe essa

quantia e trabalhe seis dias da semana durante oito horas ganha cerca de R$ 44,50 por

hora. Se quatro pessoas trabalharem doze horas por dia aos domingos durante seis

meses existem cerca de R$1300 não computados ao custo! E isso levando em conta o

preço do salário mínimo e desconsiderando o fato de que o trabalho físico até certo

ponto extremo da construção civil é extremamente mais desgastante do que a maioria

do empregos do terceiro setor.

A rapidez de execução de um sistema é fundamental para que uma família possa se

mudar rapidamente, economizando o dinheiro dos aluguéis. Supondo que a família está

morando em uma casa alugada em uma zona de baixa renda, ao custo de R$300,00

por mês, existem R$1.800 que são gastos a mais com o acúmulo de aluguéis que

poderiam ser economizados se a casa demorar seis meses para ficar pronta. Somando

esse custo com o anterior, são R$3.100 reais de diferença, no mínimo, ao utilizar

sistemas consideravelmente mais lentos que poderiam ser economizados. É importante

a ressalva de que existem uma série de fatores que podem influir no tempo necessário

à finalização de uma casa com um mesmo sistema, como quantidade e qualidade da

mão de obra, disponibilidade ou não de ferramentas mais especializadas e caras,

condições específicas do terreno e do canteiro de obras, qualidade da mão de obra,

processo de planejamento de uma obra, dentre tantos outros.

1.6.4 Transporte e manuseio

Todos os elementos foram desenhados para que pudessem ser transportados em um

carro popular, acessível às classes mais baixas, seja através da boa vontade dos

amigos e familiares, ou por realmente possuir um. Por carregar em um carro popular

que se entenda “carregar como der”, seja sobre o teto ou com a mala aberta. Sem isso,

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se tornaria necessário recorrer aos fretes, o que iria de encontro com o parâmetro

custo, o mais importante dentre todos.

O peso dos elementos também foi levado em conta na elaboração, sendo colocado

como limite 80kg, viabilizando dessa maneira o transporte e manuseio por dois adultos

saudáveis, mas buscando manter abaixo de 60kg (um homem adulto de acordo com a

NBR 17). Sem isso, criar-se-ia a necessidade da utilização de maquinário

especializado, inviabilizando em termos de custo o processo em pequena escala

(possivelmente até em média).

1.6.5 Durabilidade

No que cabe ao sistema construtivo em si, ele pretende ser solução superior para

aqueles que o utilizarem, ou ao menos o melhor custo x benefício possível dentro dessa

lógica. A construção civil em geral é pensada em termos de durabilidade para cerca de

50 anos. Como praticamente todos os materiais empregados são tradicionais da

construção civil, espera-se semelhante durabilidade, desde que: 1- a manutenção seja

feita a contento, 2- durante a execução, sejam executados a contento os detalhes

necessários para proteger os elementos existentes, 3- Seja seguido o processo de

projeto descrito nesse manual ou exista algum profissional técnico habilitado; 4- Não

existam erros não previstos de projeto do sistema que gerem patologias. Figuram como

mais dependentes para longevidade de uma correta manutenção os fechamentos em

madeira pinus, que são particularmente susceptíveis à ação da água.

1.6.6 Ampliação, reforma e manutenção

Em construções de interesse social assistidas (ou não), é quase certo que as

ampliações que irão se suceder dentro de alguns anos. Sabendo que muito

provavelmente irá existirá uma necessidade de ampliação da residência com ou o

passar do tempo ou simplesmente, haverá mais dinheiro disponível, esse caráter é

fundamental para que o sistema possa funcionar a contento.

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A facilidade de a construção ser reformada e ampliada finda por gerar a necessidade de

uma lógica diferente para a manutenção das instalações hidráulicas e elétricas, que

findam por se tornando mais flexíveis à intervenções posteriores a conclusão das

construções em seu momento original.

1.6.7 Disponibilidade no local dos materiais

A validade do desenvolvimento desse sistema construtivo enquanto solução

habitacional para o país é diretamente proporcional a facilidade com que as pessoas

possam achar os materiais necessários para construir na maior abrangência possível

de regiões. Dessa maneira, o sistema foi pensado para se utilizar somente de

elementos que sejam “universais” na construção civil.

Infelizmente, essa perspectiva inviabilizou o uso de algumas soluções que seriam

interessantíssimas como ferramenta de redução de custos ou incremento na velocidade

de construção, como o uso de algumas espécies de bambu, solos, impermeabilizantes

naturais…

1.6.8 Interface com outros sistemas

A interface com outros sistemas é um parâmetro muito importante, porquê significa que

o sistema deixa de estar limitado somente para construção (do zero) e passa a servir

para reforma/ampliação, situação muito comum em toda a construção civil (não

somente para as classes D e E)

A interface com outros sistemas também é particularmente importante se levarmos em

conta que é o sistema possui a limitação de não estar apto a suportar a carga de uma

caixa d’água.

1.6.9 Conforto térmico

Devido ao raciocínio construtivo utilizado (de baixar ao máximo a quantidade de

material empregado, por uma série de fatores) existe pouca massa por metro cúbico de

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ambiente construído e a inércia térmica é baixa, apropriado para zona bioclimática 8. As

paredes apresentam alta transmitância térmica e por isso são adotados sombreamentos

por beiral e revestimentos de baixa absortância térmica. A coberta é clara e sua

transmitância térmica é de aproximadamente 2,0W/m²K, preferencialmente clara.

1.6.10 Condições de financiamento

Para que haja o financiamento de alguma construção com o sistema proposto seriam

necessários uma série de testes que averiguassem a viabilidade do mesmo e

elencassem parâmetros para a aprovação. O processo como um todo é bastante

burocrático, o que por si só já seria um empecilho para ser vencido ao longo de muitos

anos, mas o maior problema é que, em um cenário hipotético de sucesso, o SiMAHS

não contará na maior parte das vezes com a assistência técnica necessária (assinatura

de arquiteto e urbanista), terrenos legalizados etc para à aprovação de um

financiamento. Assim, só existe viabilidade do sistema para a autoconstrução caso ele

não utilize financiamento.

Para não utilizar o financiamento, aposta-se na construção de uma UHM - Unidade de

Habitação Mínima com cerca de 18m² ao custo de R$5.000 como núcleo expansível da

residência, o que possibilitaria que grande parte do público alvo quitasse as despesas

todas de uma vez, mediante acúmulo de poupança ou venda de algum bem.

1.7 Critérios secundários

Os critérios secundários são: Adaptabilidade a outros usos (além de habitação social),

Conforto acústico, Verticalização, Baixo impacto ambiental, Legalidade, Segurança

contra incêndio e afins, Estética e Gosto do público alvo. Seguem abaixo:

1.7.1 Adaptabilidade a outros usos (além de habitação social)

Apesar de não ser essencial, estende a utilidade do sistema para um universo mais

vasto, o que auxiliaria a disseminação do SiMAHS. Além disso, poderia permitir em

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assentamentos rurais estruturas comunitárias auxiliares, como cocheiras, silos etc.

Sempre que isso não trouxe consequências negativas para outros parâmetros, foi

buscado.

1.7.2 Conforto acústico

Devido à pequena quantidade de massa presente no sistema, não existe significativa

capacidade de isolamento sonoro com esse sistema. Em muitos casos isso não será

um problema, posto que por não ser verticalizável, ele é indicado sobretudo para áreas

rurais e suburbanas, onde, na maior parte dos casos, não existem altos níveis de

ruídos.

1.7.3 Verticalização

A autoconstrução verticalizada é pouco comum e perigosa devido ao risco de

desmoronamento, que não compensa a possibilidade da verticalização em uma obra

não assistida.

O sistema apresentado nesse trabalho não é verticalizável, mas isso não é somente por

cautela. O sistema é modulado e pré-moldado, o que permite grande barateamento,

além de agilizar o processo como um todo. Verticalizar o sistema aumentaria

drasticamente criaria uma demanda variável de carga (devido entre outras coisas, a

enorme possibilidade de números diferentes de andares), o que inviabilizaria o uso dos

mesmos pré-moldados utilizados para construções térreas, tornando-se necessária a

criação de um sistema de pré-dimensionamento para o SiMAHS muito mais complexo,

sobretudo para mim enquanto Arquiteto (não Engenheiro Civil).

Verticalizar tornaria mais complexas a instalação e o dimensionamento da hidráulica e

elétrica, tornando assim, também mais complicado criar o material necessário para

ensinar como fazer isso.

As fundações teriam que aguentar muito mais peso, de modo que da maneira como

elas estão concebidas no momento, ultrapassariam os 80 kilos, inviabilizando o

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processo de transporte sem utilização de maquinário ou criando a necessidade de fazer

a fundação in loco mesmo.

Criar a possibilidade de verticalizar o SiMAHS tornaria o sistema mais caro, mais difícil

de aprender, mais lento de executar, mais difícil no transporte/manuseio dos

componentes, e afetaria as condições de financiamento (fora diversos outros fatores).

Diretamente, isso iria drasticamente contra ao menos 6 dos 9 critérios primários,

diminuindo a eficiência alcançada nos mesmos. Com tudo isso, a verticalização que era

um dos critérios primários teve que ser rebaixado para permitir aos demais

prosperarem.

Ou seja, seria praticamente impossível criar uma cartilha para autoconstrução não

assistida que permitisse a verticalização de maneira parametrizada, tal qual feito aqui

com vários dos componentes (você poderá ler sobre isso mais adiante). Ao mesmo

tempo, o valor de algo desse tipo seria inestimável para resolver o problema do deficit

habitacional nas cidades.

1.7.4 Baixo Impacto ambiental

O baixo impacto ambiental não foi considerado prioritário na elaboração do SiMAHS,

posto que o déficit habitacional foi considerado um problema muito mais grave. Não é

que esse critério não seja importante para a construção civil em geral, mas ele afeta

diretamente a escolha dos materiais a serem utilizados, prejudicando de inúmeras

maneiras todas as outras conquistas que poderiam ser alcançadas.

Uma série de tecnologias existentes trabalham com baixo impacto ambiental, mas

infelizmente, as mesmas acabam recaindo na necessidade de mão de obra intensiva

durante meses a fio, necessidade de alto grau de conhecimento técnico ou uma série

de materiais que em muitos casos não vão estar disponíveis. Esses problemas

inviabilizam diretamente critérios prioritários aqui elencados.

Todavia, mesmo não sendo sido buscado, o baixo impacto ambiental está presente no

sistema, ao menos em relação aos sistemas que são utilizados hoje em dia pela

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indústria. A baixa quantidade de material utilizada e o fato de que muitos são

biodegradáveis (madeira, tijolos) contribui para a redução do impacto ambiental.

1.7.5 Legalidade

A legalidade é questionável. Por um lado, o sistema proposto de autoconstrução não-

assistida de habitações sociais é por si só ilegal (por não ter projeto assinado), porém

pode ser utilizado por um arquiteto e ter um projeto registrado normalmente, seguindo

todos os parâmetros dos códigos de obras e planos diretores. A autoconstrução não-

assistida é uma ilegalidade que não será resolvida enquanto toda uma lógica política

não for alterada no Brasil. Mudanças assim não acontecem rapidamente. O SiMAHS foi

projetado não para estimular a ilegalidade, mas para qualificar uma ilegalidade que é

sistêmica. Por outro lado, quem cria a demanda pela ilegalidade no fim das contas é o

estado capitalista brasileiro. A lei Nº 11.888 de 24 de dezembro de 2008 garante que:

Art. 2o As famílias com renda mensal de até 3 (três)

salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou

rurais, têm o direito à assistência técnica pública e

gratuita para o projeto e a construção de habitação de

interesse social para sua própria moradia.

O problema é que de nada adianta garantir um direito para a população sem criar os

aparelhos necessários para a sua implantação. A lei vem atender á constituição de

1988 no seu artigo sexto:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a

alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o

lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição.

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Todavia, é importante ressaltar que a moradia no artigo 6º vem da emenda

constitucional número 26, de 2000. Para que se tenha uma ideia da gravidade dessa

situação, 79% dos brasileiros ganham até três salários mínimos. Ou seja: quatro em

cada cinco brasileiros teria direito à assistência técnica de um arquiteto.

Quanto aos códigos de obras das cidades em geral (utilizando o de Natal como

exemplo), foram essas as irregularidades percebidas, caso uma UHM seja feita

conforme os tamanhos e processos pensados por esse trabalho.

Quadro 0-1- Exemplos de casos de descumprimento ao código de obras de Natal indiretamente pelo processo de projeto sugerido pelo SiMAHS

Artigo Motivo

Art. 4P - Toda obra elou serviço de engenharia tem um ou mais responsáveis técnicos sendo todos eles, técnica, administrativa e civilmente responsáveis solidários pelo mesmo e obedece a projeto elaborado por profissional legalmente habilitado.

Se a obra realmente for realizada por autoconstrução não assistida, não haverá licenciamento, alvará nem profissional legalmente habilitado.

Art. 8P - Parágrafo único - Deve ser mantida na obra uma cópia do Alvará de construção e do projeto aprovado, em local de fácil acesso.

Ver acima

Art. 94 - Iniciar a execução de obras e/ou serviços sem licenciamento (passível de punição)

Art. 145 - Nas unidades residenciais, os compartimentos destinados a estudo elou trabalho, t6m de possuir área mínima de oito metros quadrados (8,OO m2).

Para resultar em 8m², o macro-módulo deveria possuir no mínimo 2,83m,todavia por definição ele varia de 2,5 a 3,5m

Art. 146 -. A unidade residencial deve ter, no minimo, uma Área construída de trinta metros quadrados (30,00 m2), em condições de habitabilidade, com no mínimo um banheiro.

Essas dimensões mínimas são pensadas para uma residência, não para uma UHM. Todas as UHM’s que podem ser geradas pelo cálculo automatizado tem área inferior (de 15,3 a 28,5 com as simulações feitas até o momento).

Fonte: Código de obras de Natal.

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1.7.6 Segurança contra incêndio e afins

Uma atenção foi tomada em relação as instalações elétricas, com a utilização de cabos

KPP em detrimento de simples conduítes, para evitar o contato direto com a água,

assim como a possibilidade de desgaste devido à ação física, o que poderia gerar

curtos circuitos (e consequentemente incêndios devido a grande quantidade de madeira

utilizada).

1.7.7 Estética

A estética não é considerada como fator relevante na elaboração do sistema, posto que

em grande parte ela é socialmente construída. A abordagem aqui é no sentido que os

olhos se acostumem ao que se põe à vista, mas que não haja desvios no sentido de

uma busca. Destaca-se que o sistema pode ser personalizado pelos usuários por meio

de cores.

1.7.8 Gosto do público alvo

Não é do interesse da elaboração do sistema buscar satisfazer ao gosto de algum

público alvo, posto como critério abstrato de enumeração de valor por dois motivos. O

primeiro é que o “gostar” ou o “não gostar” sem algum motivo relevante explicitamente

coloca em segundo plano todo um raciocínio utilizado para realizar um sistema

destinado a resolver um problema e o segundo é que o sistema pretende ser o mais

abrangente para a maior quantidade possível de pessoas e seria impossível atender

aos gostos de todos ao mesmo tempo.

1.8 Tipos de sistemas construtivos

São classificados em três grandes grupos, visando à identificação dos benefícios e

determinação de uma TACHS.

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1.8.1 Sistemas de maciços

De todos esses, o sistema de pilaretes é o que necessita da menor quantidade de

material envolvido, assim como tem as fundações mais simples de serem resolvidas. Se

a cobertura tiver pouco material envolvido, ela irá pesar pouco sobre as paredes, que

poderão receber menos material e se, de fato o fizerem, podem permitir uma fundação

extremamente simples e barata (com pouco gasto material), para facilitar o processo de

autoconstrução.

Tenho testemunhado que, salvo algumas poucas exceções, as construções mais

rápidas tem sido as de sistema de pilaretes, mas não necessariamente são ausentes as

limitações características dessa classe. O woodframe e lighting steelframe por exemplo,

acabam saindo mais caros em termos de material envolvido, apesar de economizarem

em mão de obra. A taipa de mão parece ser o sistema que melhor lida com o problema

até o momento.

Ao mesmo tempo, é importante destacar que diversos sistemas de maciços tem o custo

das vedações verticais praticamente nulos, sobretudo aqueles ligados às arquiteturas

de terra, como é o caso da taipa de pilão, ao adobe e o superadobe. Essa aparente

vantagem acaba se traduzindo ao meu ver em um problema sem limites, pois o nível de

desgaste físico necessário para empregar uma dessas técnicas é frequentemente muito

grande. Em alguns casos, como o caso do adobe simples, o esforço não é tão

acentuado, mas o tempo necessário para a construção de uma casa chega a se tornar

demasiadamente longo.

1.8.2 Sistemas pilar/viga

Os sistemas de pilar/viga de todos são os que apresentam a possibilidade dos maiores

vãos livres. Em geral, considera-se que vigas de concreto moldadas in loco (as mais

comuns para a construção civil residencial em pequena escala) são viáveis

economicamente até cerca de 6m de comprimento, o que daria algo em torno de 50 a

60cm de altura, a depender do dimensionamento adotado e de quais são os esforços

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envolvidos. Ressalva: muitos construtores “práticos” evitam vão tão grandes, pois de 4

até 6m o acréscimo do preço linear da viga é exponencial, pela maior necessidade de

aço. Os custos estruturais não justificam sua utilização em uma habitação do tipo social

que não seja verticalizada, posto que a necessidade de vãos não é tão grande assim.

Uma estrutura muito mais simples se não houver verticalização é utilizar madeira, que

além de bem mais barata, pode ser utilizada sem tanta necessidade de mão de obra

específica, tampouco maquinário que não compensa a utilização em pequena escala.

Sobre a possibilidade da utilização do aço em seus diversos perfis I, H, C, U… O

enorme peso se torna ainda mais inviável na pequena escala característica da

autoconstrução. Faz-se necessária a utilização de maquinário de grande porte, como

guindastes, além de um controle de processo completamente inviável.

A utilização de pilar/viga com base em madeira caiu em desuso a muitos anos devido

ao alto custo em relação as à época novas tecnologias: Concreto e aço, sobretudo pelo

encarecimento do preço da madeira. Hoje em dia, a mão de obra, além de altamente

específica é também escassa (e muito cara).

1.8.3 A escolha do sistema de pilaretes e reflexões sobre a taipa de mão

Considerei durante algum tempo no início desse trabalho me utilizar da taipa de mão

(alguma variação do sistema) para solução. Infelizmente, o que se tem feito com o

sistema no país é basicamente de construções mal feitas, por parte dos necessitados.

Essas construções carecem de detalhes suficientes para que as construções possam

ser suficientemente resistentes às patologias. A bem da verdade, a quantidade de

detalhes necessários é um tanto quanto grande. Pensei à época que se fosse ao

menos possível substituir a estrutura dos esteios e das barras horizontais e a partir

disso trabalhar com um sistema de painéis pré-moldados, poderíamos ter um

melhoramento necessário, tal como já foram feitos vários no país (sistemas de taipa de

mão pré-moldada, taipa leve, dentre outros derivados). Acabei não seguindo em frente

com isso, por acreditar que seria possível desenvolver um sistema mais simples e

rápido, que necessitasse de uma quantidade menor de preocupações para ser

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implementado (como o embasamento, percentual dos componentes na massa,

impermeabilização dos esteios, dentre tantas outras coisas). No caso da taipa de mão

especificamente, meu receio é de que o sistema, ao ser utilizado pela autoconstrução,

não seria utilizado de maneira adequada, o que acarretaria na perda do reboco por falta

de manutenção e afins, ocasionando a destruição do entramado e possivelmente

colocando os esteios em risco. Ou seja: acredito que a taipa de mão é uma solução

viável, mas ela ainda necessita de um grau muito grande de acompanhamento por

parte dos profissionais técnicos, o que me parece extremamente desinteressante

reduzir. Todavia, quais são os caracteres da taipa de mão que podem ser aproveitados

para serem utilizados em um sistema? Dai, destaco, o fato de ser um sistema que pode

ser modulado, pré-fabricado, a fundação não-corrida (que facilita a construção, apesar

de só ser possível ou com uma hipertrofia das sapatas ou com uma redução bruta das

cargas) etc.

1.9 Possibilidades de vedação

Diante das minhas pesquisas, me deparei com alguns materiais/tecnologias que

poderiam ser utilizados para vedação. Não posso dizer que eu tenha encontrado um

material perfeito, mas convém falar de cada um dos que se aproximaram e porquê eles

não foram utilizados:

Argamassa armada

Rápida, leve, fácil de fazer. Infelizmente, o custo com a tela soldada e a tela de

galinheiro tipo pintinho torna inviável a sua utilização.

Figura 0-1 - Placas de argamassa armada

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Fonte:http://www.premoldadosaojose.com/imag

es/placasPremoldadas.jpg. Acesso em

novembro de 2011.

Compósito de gesso/areia/cimento/água

Relativamente barato, seca muito rápido, o que permite ter uma pequena quantidade de

fôrmas se for um pré-moldado. Infelizmente, não tem resistência física o suficiente pela

pequena resistência à tração. Para sua utilização, seria necessária a diminuição da

modulação dos pilares ou a utilização de alguma espécie de entramado dentro do

compósito, o que iria complicar o processo ou, no mínimo, encarecê-lo;

Concreto celular

Opção extremamente interessante, por ser de baixo custo, gastar pouco material, ser

leve e barato. Infelizmente, só permite uma densidade mínima de cerca de 1200kg/m³

sem que haja a utilização de máquina borbulhadora, com a qual seria possível chegar a

um mínimo de cerca de 300kg\m³, que tornaria sua utilização muito mais barata e

simples do que todos os outros materiais considerados. Sendo assim, muito

provavelmente utilizaria em construção por mutirão (pela divisão dos gastos do aluguel

com a máquina). Existe outro ponto complicado também com a utilização do concreto

celular, que é a dificuldade em conseguir comprar o aditivo necessário e alugar

(inclusive achar para alugar) a máquina borbulhadora em diversas regiões do país.

Para piorar, só achei o aditivo a venda em quantidades muito altas;

Figura 0-2 - Concreto celular

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Fonte:http://www.concretocelular.com.br/ESW/I

mages/bloco_de_concreto_celular_5274.jpg.

Acesso em novembro de 2015.

Vedação com garrafas PET

Apesar de parecer vantajoso à princípio, o custo unitário das garrafas (achei a dez

centavos) acaba saindo muito caro no fim das contas. Além disso, necessita de uma

utilização muito grande de mão de obra, com grande probabilidade de não adensar

corretamente o barro/areia dentro das garrafas. Acaba sendo uma solução final que

sobrecarrega as fundações, não existe com tanta abundância quanto se pensa etc.

Com o passar do tempo e as mudanças que foram ocorrendo no sistema, essa opção

não teria sido nem considerada, pois na configuração em que ele se encontra no

momento, isso não conseguiria ser suportado pelas fundações.

Figura 0-3 - Vedação com garrafas PET

Fonte:https://lh5.googleusercontent.com/-

9E4yBrZZXq0/TYYi_Qj53-

I/AAAAAAAAAFQ/TEBJoCYWlWQ/s1600/construc

ao_garrafa_pet_03.jpg. Acesso em: Novembro de

2015.

Esterilla de bambu revestida com argamassa de cimento e areia:

Fácil e barato de fazer e de pré-moldar. Infelizmente, depende da existência no local de

bambu com bitola suficiente à formação das esterillas, o que é incomum em muitas

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partes do nosso país. Existe em abundância em algumas regiões do nosso país o

Bambusa vulgaris. Infelizmente também, essa espécie exógena, introduzida no Brasil

durante a década de 1980 para fabricação de papel possui taxas muito altas de amido,

o que dificultaria a questão de tratamento, sobretudo se formos pensar dentro de uma

autoconstrução em pequena escala

Figura 0-4 - Esterilhas de bambu

Fonte:http://image.slidesharecdn.com/natana-

iura-e-taynara-sistemas-estruturais-

bambupdf3510/95/natana-iura-e-taynara-

sistemas-estruturais-bambupdf-68-

728.jpg?cb=1304889137. Acesso em: Novembro

de 2015.

Alvenarias em geral e o adobe

As alvenarias com blocos cerâmico e de concreto são bem dominadas em termos de

uso pela população em geral. Infelizmente, elas trazem o ônus de ser uma grande

carga a ser depositava sobre as fundações. O uso do tijolo de adobe durante algum

tempo se colocou enquanto opção, uma vez que a fabricação é simples, rápida e

gratuita (fora os gastos com forma, claro). Infelizmente, a escolha depende da

existência de terra adequada no local (e da sua aditação), assim como de detalhes

inerentes à arquitetura de terra (tal qual a taipa de mão), que me parecem complicados

de passar adiante em um processo de autoconstrução.

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Figura 0-5 - Parede de tijolos de adobe

Fonte:http://www.ecocasa.com.br/acpu_img/detalh

e-da-parede-de-adobe.jpg. Acesso em: Novembro

de 2015.

No fim das contas, a utilização da alvenaria convencional como vedação parcial do

sistema se mostrou uma ótima solução, pois o tempo e a dificuldade de realizar a

alvenaria são proporcionais à altura que ela se encontra. A utilização da mesma

somente até 80cm me permitiram uma execução rápida e que dispensa a utilização

pedra marroada na sapata da parede. O peso é acaba sendo muito pequeno. Seria

uma impossibilidade construir as paredes completamente com madeira, pois a mesma

estaria sujeita à ação da chuva e da umidade ascendente (a não ser que a casa fosse

construída sobre pilotis ou afim).

Gesso

Rápido e não gera grande carga para as fundações. Todavia, necessita de mão de obra

qualificada e tem custo elevado. Logo, não vale a pena. Para piorar a história, a UHM

só tem paredes externas e a utilização de gesso significaria necessariamente que se

tornaria necessária à adoção de uma série de detalhes construtivos. Estes, teriam a

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potencialidade de encarecer sensivelmente a obra e/ou complicar o processo e/ou

torná-lo mais demorado.

Figura 0-6- Parede de gesso

Fonte:http://mlb-s2-p.mlstatic.com/paredes-de-

gesso-divisorias-e-forros-em-drywall-pisosetc-

20733-MLB20196851498_112014-O.jpg. Acesso

em: Novembro de 2015.

Madeira

Apresenta como vantagens manter uma obra mais organizada (por não gerar tantos

detritos), possibilitar uma rápida execução da obra e gerar pouca carga, o que minimiza

a quantidade de material necessário para a construção (a matéria que vai estar

embaixo e suportar o peso da madeira). Traz como desvantagem os gastos com

tratamento (e manutenção do mesmo), a fragilidade à umidade e um possível alto

custo, a depender da espécie. Essa desvantagem pode ser contornada se levarmos em

conta 1 - Que espécies mais caras podem reduzir os gastos com tratamento e

manutenção e 2 - Que espécies mais baratas podem ser utilizadas, desde que se

redobrem os cuidados, para evitar o aparecimento de patologias, com isso reduzindo os

custos e a periodicidade das manutenções.

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Figura 0-7- Taboas de madeira agrupadas enquanto chapa

Fonte:http://thumbs.dreamstime.com/x/textura-

de-madeira-velha-da-parede-16104066.jpg.

Acesso em: Novembro de 2015.

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Resultados

Como maneira de explicar como está sendo entendida a importância relativa de cada

um dos critérios levados em conta durante o meu TCC, o Quadro 0-1 exemplifica como

cada critério se encaixa numa escala prioritária da busca. Destaca-se que se trata de

uma quantificação para atingir as metas empregada como referência.

Figura 0-1- Importância relativa de cada critério

Fonte: Elaborado pelo autor.

A coluna ranking demonstra a importância relativa de cada critério levado em conta

para elaborar o SiMAHS.

A coluna parâmetro se refere a qual é o parâmetro específico ao qual a linha o Quadro

0-1 está se referindo.

Na coluna grau de importância, temos o quanto cada um dos critérios é importante.

Sendo: 1 - Dispensável; 2 - Desejável; 3 - Importante; 4 - Importantíssimo e 5 -

Fundamental. A mesma escala é compartilhada pela coluna mínimo de sucesso

admitido.

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Foi buscado conseguir um nível máximo (5) para todos os critérios existentes, todavia,

sabendo que isso não seria possível, quando algum dos critérios se colocou em choque

com outro, foi priorizado o parâmetro de ranking mais alto, desde que o mínimo de

sucesso admitido não se colocasse abaixo do explicitado no Quadro 0-1. Essa forma de

pensamento evita por exemplo, que se sacrifique em demasia um fator de prioridade

mediana em função de melhorias irrisórias em fatores muito mais importantes.

Lembrando que isso se trata de uma explicação de como foi pensado o sistema, várias

vezes foram sacrificados fatores prioritários no ranking em função de melhorias em

dois, três ou quatro critérios. O Quadro 0-1 foi colorido com as cores verde (grau de

importância 5, 4 e 3) e amarelo (3, 2 e 1) para facilitar a leitura. Exemplificando (custo):

1. Irrelevante;

2. até 20 mil reais;

3. até 10 mil reais;

4. até 5 mil reais;

5. até 3 mil reais.

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Quadro 0-1- Rankeamento entre critérios utilizado para projetar o SiMAHS

Ranking Critério Grau de importância

Mínimo de sucesso admitido

1 Custo 5 4

2 Facilidade de apreensão 5 4

3 Rapidez de execução 5 4

4 Transporte e manuseio 4 4

5 Durabilidade 4 3

6 Ampliação, reforma e manutenção 4 3

7 Disponibilidade no local dos materiais 4 3

8 Interface com outros sistemas 4 3

9 Conforto térmico 4 3

10 Condições de financiamento 3 3

11 Adaptabilidade a outros usos 3 2

12 Conforto acústico 2 1

13 Verticalização 2 1

14 Baixo impacto ambiental 2 1

15 Legalidade 2 1

16 Segurança contra incêndio e afins 1 1

17 Estética 1 1

18 Gosto do público alvo 1 1

Fonte: Elaborado pelo autor.

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1.10 Escolhas

As escolhas aqui são apresentadas na forma de categorias, de modo a facilitar o

entendimento pelo leitor. Todavia, é importante enfatizar que as categorias são inter-

dependentes entre si, seja parcialmente ou completamente. Por exemplo, no caso de

um sistema de taipa de pilão, estrutura e vedação são a mesma coisa. O mesmo não é

o caso para sistemas de pilar/viga nem de pilaretes.

1.10.1 Estrutural

Para que eu chegasse a conclusão de que o melhor tipo de sistema que eu poderia

utilizar seguindo os meus critérios, classifiquei os tipos de sistemas em algumas

categorias, a partir das semelhanças encontradas entre eles (em termos de

funcionamento estrutural, gasto material etc). Outras categorias poderiam ser

adicionadas Ao Quadro 0-2, como estruturas tenseis, penseis, estaiadas, infladas,

geodesóicas (ou qualquer outro termo que se queira atribuir), tensionadas, de casca. O

sistema é voltado para habitação social e, embora possa ser utilizado para outros tipos

de construção, não convém utilizar nada que comprometa o custo.

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Quadro 0-2. Classificação (e exemplificação) dos tipos de sistemas construtivos mais utilizados para a construção de habitações em geral

Tipo de sistema Subdivisão Exemplificação

SISTEMAS DE MACIÇOS

Alvenarias Estruturais

Alvenaria cerâmica, com blocos de concreto, garrafas PET, construção com feno, adobe

Outros Super adobe, taipa de pilão

SISTEMAS PILAR/VIGA

Moldados in loco Concreto armado por engaste

Pré moldados Concreto armado por espera, aço (diversos perfiz)

SISTEMAS DE PILARETES

Industrializados/processados

Steelframe, woodframe, Taipa pré-moldada

In loco Taipa de mão (e algumas variações)

Fonte: Elaborado pelo autor.

1.10.2 Vedação

A escolha das vedações foi uma das partes mais trabalhosas desse trabalho, uma vez

que nenhuma se apresentava como próxima a perfeição. A solução para isso foi se

utilizar de uma vedação mista. A madeira lida muito mal com umidade (a não ser

madeiras muito caras), ao mesmo tempo que tem uma série de qualidades. O problema

se resolve através de detalhes construtivos, ao utilizarmos um embasamento de no

mínimo uns 40cm de algum material não hidrófilo e a parte de cima em placas de

madeira.

Encontrei como solução a utilização de alvenaria na parte de baixo. Com poucas fiadas,

a fundação não fica sobrecarregada (até por que não vai suportar o peso de nada além

dela mesma) e também, é muito mais fácil manter as fiadas alinhadas quando a

alvenaria não sobe muito, sobretudo pela utilização do nível. Como o sistema é

pensado para que seja utilizada mão de obra especializada, essa solução é

considerada viável. Fica com essa altura também viável a utilização daquela fundação

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tão conhecida para muros, com dois tijolos deitados, muito embora ainda necessária a

amarração do sistema aos pilaretes, para solidarizar a estrutura.

1.10.3 Cobertura

Para a cobertura ser o mais barata possível, são consideradas como viáveis dois tipos

de telhas, a de fibrocimento, de mínima ondulação (conhecida popularmente como

Brasilit) e a Tetrapak. Ambas, possuem características semelhantes em termos

térmicos, de necessidade de distanciamento entre o madeiramento, peso etc. A

durabilidade da Brasilit é maior, mas a Tetrapak tem menor impacto ambiental por ser

feita com materiais reciclados e não utilizar tanta energia durante sua fabricação. Aqui,

é importante que se leve em conta a diferença de preços entre regiões e a qualidade da

telha do segundo tipo, uma vez que ela varia de acordo com a região do país podendo

ter sua durabilidade seriamente comprometida, sobretudo em localidades com alto

índice pluviométrico.

A utilização de telhas de um desses tipos permite a redução da quantidade de

madeiramento, o que repercute no custo em dois pontos: O primeiro é o da madeira em

si, enquanto que o segundo é por poupar de esforços o madeiramento dos esteios, o

que repercute na facilidade de execução das fundações e na diminuição do tamanho

necessário para as mesmas. Como consequência final, isso permite que a fundação

seja pré-moldada. Ou seja: o SiMAHS não aceita nenhuma cobertura pesada, a não ser

que - ao menos na parte das fundações - o sistema seja feito in loco, comprometendo

uma das buscas, a de um sistema que permitisse a criação de uma UHM dentro de

24h00. Essas 24h00 podem ser irrelevantes em várias situações, logo, a substituição se

torna válida, apesar de que com ressalvas.

Em cima de cada pilarete, ligando-o ao seu paralelo, passa uma linha de 6x12cm,

inclinada em 5 a 10% para o escoamento das águas da chuva. Entre essas linhas,

outra linha, fazendo com que elas existam a cada meio macro-módulo. Sobre essas

linhas, por padrão o sistema se utiliza de placas de madeira (podem ser as mesmas

utilizadas na construção), que suportam tarugos feitos com restos de madeira da

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própria obra. Estes, irão se localizar no local onde as telhas forem ser fixadas. Assim,

passa-se a ter uma cobertura ventilada. Gasta-se mais com essas placas de vedação a

mais, mas ao mesmo tempo elas funcionam como estrutura de transição para as cargas

das telhas, permitindo que haja economia com o restante do madeiramento utilizado na

cobertura. A utilização da cobertura ventilada é padrão, mas não é uma prorrogativa do

sistema. É completamente válido dispensá-la em situações aonde isso se tornar mais

vantajoso.

1.10.4 Fundações

Para as fundações foi escolhido o uso de latas de 18,2 litros, utilizadas para tintas em

geral. Muito comuns de se encontrar em restos de obra pelo Brasil inteiro, são

concretados com uma espera de PVC para posteriormente receber o pilar. Ainda à

espera do pilar, o cano de PVC gera uma parte oca no concreto. Para o transporte à

obra, o bloco final fica com cerca de 35 kilos. Já com a concretagem do pilar através de

grouteamento, o peso sobe para aproximadamente 52 kilos.

1.10.5 Piso

Para o piso do SiMAHS foram escolhidas placas pré-moldadas de concreto. A ideia aqui

é que piso e contrapiso sejam feitos de uma vez só, criando uma placa que em uma

das bordas já saia como cimento queimado. Isso seria um processo extremamente

complicado de realizar in loco, todavia, com as placas pré-moldadas é muito simples de

resolver utilizando simplesmente uma régua de alumínio.

1.10.6 Instalações hidráulicas

Apesar de ter sido estudado para o projeto do sistema a criação de elementos pré-

moldados de pias (foi fabricada uma pia utilizando madeira e fibra de vido) o processo

se mostrou extremamente trabalhoso e até certo ponto difícil. Para piorar, gerou

economia irrisória, de cerca de 15 reais. Realizar isso pode se colocar como algo válido

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caso se esteja trabalhando com uma maior escala, todavia, não posso corroborar isso

nesse trabalho, pois não tive a oportunidade de testar nem possuo a experiência

necessária para realizar essa projeção. Não foram feitos vasos sanitários, pois a

experiência com a pia iria determinar se a etapa prosseguiria para a fase número dois

(vaso sanitário). Todavia, enquanto uma pia das mais baratas custa cerca de 35 reais,

esse preço sobe para cerca de 110 reais no caso dos vasos sanitários, o que pode

tornar esse um ponto bem vantajoso no futuro para ser explorado, gerando assim uma

economia maior ainda no sistema.

Os encanamentos no SiMAHS por padrão são realizados do lado de fora das paredes.

Isso acontece por uma série de razões: I) É necessária a economia de tempo gerada

pelas instalações externas; II) O SiMAHS não recebe emboço, chapisco ou reboco para

que possa ficar pronto dentro de 24h00, o que não poderia ser casado com os

encanamentos internos; III) Uma UHM nada mais é do que o embrião de uma futura

residência, portanto, colocar os canos dentro das paredes dificultaria a expansão; IV)

Colocar canos dentro das paredes dificulta a manutenção; V) Caso o tipo de parede

utilizada seja de tijolo maciço do mais fino (o que seria adequado, posto que em casos

de terrenos muito pequenos, geraria economia sensível de área à construir) a

integridade física das paredes poderia ser seriamente comprometida pela grande bitola

dos encanamentos utilizadas pelo SiMAHS.

A UHM, como poderá ser visto mais para frente no trabalho concentra todos os seus

encanamentos de entrada em um único trecho e por isso é possível realizar todo o

encanamento deste projeto base utilizando somente canos de 50mm externos. Ao em

vez de reduzir o tamanho do cano quando o mesmo está chegando ao alimentador da

privada, simplesmente utilizamos um redutor exatamente no canto onde se conectará a

mangueira de entrada da caixa acoplada.

Ainda, sobre a caixa acoplada, é conveniente que ela seja do tipo alta e ainda, se

possível, que o cano seja alongado o máximo possível para permitir a economia de

água (seguindo a fórmula da energia potencial gravitacional de Epg = mgh // ou:

Energia potencial gravitacional é igual ao produto da massa pela gravidade e pela

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altura), vemos que dobrar a altura da caixa d’água do vaso sanitário diminui pela

metade a necessidade de gasto de água por descarga).

As ligações de entrada da água, a parte da caixa d’água, do ladrão e da válvula de

limpeza são feitos de acordo com o processo usual. Sem observações.

1.10.7 Instalações elétricas

As instalações elétricas no SiMAHS à exemplo das hidráulicas (e pelos mesmos

motivos na maioria dos casos) também são externas. Assim como nas mesmas, por

padrão uma UHM deve ser projetada levando em conta que o sistema elétrico deve

suportar a expansibilidade de um futuro que é imprevisível. Para que isso seja possível,

os moradores são incentivados a se utilizarem de somente quatro bitolas das

disponíveis. A padronização das bitolas dessa maneira não só facilita a expansibilidade

do sistema, como também evita que o autoconstrutor se confunda e acabe fazendo

alguma coisa cara ou perigosa no meio do processo (respectivamente

superdimensionar e subdimensionar) ou se confunda e utilize uma bitola mais fina em

algum local onde deveria haver uma mais grossa. As bitolas padrão às quais à pessoa

é instruída a usar são:

Quadro 0-3. Diferentes bitolas de fio utilizadas por padrão no SiMAHS

Bitola Uso

1,5mm Iluminação

2,5mm TUG´s

4,0mm TUE´s

6,0mm Entrada de energia para a residência

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Sempre que possível o ideal seria que se utilizassem cabos paralelos durante a

instalação, de modo que se economizasse ainda mais tempo.

Quanto aos caminhos por onde passa a instalação, através da cartilha o auto-construtor

é orientado a passar os fios de TUG´s 9e TUE´s 10por debaixo das zonas neutras,

utilizando cabos tipo PP, que podem suportar esse tipo de ambiente. Como o tipo de

encapsulamento PP já engloba normalmente de dois a três fios, não existe cabo PP

paralelo. Ao chegar em alguma parece onde a pessoa tem o interesse de colocar uma

tomada, o fio sobe através de um eletroduto até pouco abaixo da placa de peitoril, onde

uma caixa de tomada é parafusada à parede para receber um espelho.

No caso da iluminação, a questão dos caminhos é facilmente resolvível passando os

fios entre o madeiramento, o que não gera gasto algum. Quanto ao caminho entre o

interruptor e o fim da parede, é conveniente que o eletroduto suba a uma altura de pelo

menos 2,10m, para evitar eventuais acidentes mecânicos que pudessem gerar danos à

fiação, assim como risco à crianças etc. A localização exata do interruptor vai depender

do projeto que está sendo feito. No caso da UHM demostrada como exemplo aqui, ela

se aproveita da parede que suporta a caixa d’água (de alvenaria convencional). Em

outros casos, pode ser que se mostre conveniente utilizar os pilaretes para a fixação,

uma vez que deixá-los na alvenaria limitaria a altura dos mesmos a 70cm (muito baixa)

e as placas de vedação em madeira são pensadas para serem utilizadas também como

janelas.

O sistema

Um exemplo do que pode ser feito com o SiMAHS pode ser visto abaixo (Figura 0-1).

Se trata de uma UHM feita utilizando como módulo chapas de madeira pinus de

1,34x0,98m (semelhante a um pallet, mas com espessura final de cerca de 2cm),

9 TUG – Tomada de uso geral

10TUE - Tomada de uso específico. Utilizada no lugar das TUG´s quando existe a possibilidade que o

consumo na tomada específica ultrapasse os 1500W.

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utilizada no transporte de carga. O resultado do uso do sistema pode ser

completamente diferente e não necessariamente vai resultar em algo semelhante,

inclusive em termos de acabamento.

Figura 0-1- UHM construída com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

1.11 Modulação:

Para que o sistema que fique pronto rapidamente, sendo versátil ao permitir expansão

sem gambiarras, o SiMAHS, assim como outros sistemas que se propõe a ser rápidos,

recorre a modulação. O principal intuito de utilizar modulação no sistema construtivo

proposto é economizar recursos, principalmente em termos humanos, mantendo a

viabilidade “em planta” para dispor móveis, circulação etc. No caso do SiMAHS, ela

precisa garantir: 1) Espaços funcionais; 2) Evitar corte de elementos pré-existentes; 3)

Manter pré-moldados abaixo de 80kg (preferencialmente menor), permitindo transporte

e manuseio por dois homens adultos.

O sistema foi pensado para vedação com placas de pallets, material nem sempre

disponível e nem sempre nas mesmas dimensões. Para manter a modulação viável,

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SiMAHS - Projeto e Construção 59

mesmo que se efetuem alterações no material utilizado para vedação ou em suas

dimensões, o SiMAHS adota uma modulação flexível, permitindo uma utilização

adaptável à existência de diversos tipos de matéria prima em forma de placa (o que

varia de acordo com o local).

O SiMAHS é um sistema é de pilaretes e pré-moldado, portanto necessariamente segue

uma modulação rígida. Esta é ao mesmo tempo modulação estrutural, de projeto e de

instalações. Considera-se por padrão para arquitetura de habitação social, um módulo

quadrado de projeto é viável entre 2,5m e 3,5m de aresta (perfil quadrado). O que pode

ser ajustado de acordo com o projetista. Exemplificando o valor mínimo de 2,5m:

● 2,5m em um quarto: 1,9m de uma cama+0,6m de circulação; 1,4m de uma cama

de casal+0,5m de armário+0,6m de circulação;

● 2,5m em uma cozinha: 0,6 de um fogão+0,7 de uma geladeira+1,2m de uma pia,

dispostos lado a lado;

● 2,5m em uma sala: 0,60m do sofá+0,5m de um móvel para tv+1,4m para

circulação (também possibilita uma pequena mesa de centro); 0,7m de

sofá+0,70+ de sofá+1,1m de circulação.

Exemplificando o valor máximo, de 3,5m:

● 3,5m em um quarto: 1,9m de cama+0,5m de armário+1,1m de circulação; 1,4m

de cama de casal+0,5m de armário+0,60m de um criado mudo+1m de

circulação;

(e assim em diante…)

Ao contrário de uma modulação comum de projeto, não é possível conseguir uma

disposição perfeita, pois se trata de um macro-módulo para pequenas dimensões, sem

tanta flexibilidade para projeto. Todavia, se estivermos trabalhando com outros tipos de

construção, os macro-módulos podem ser ajustados.

Os macro-módulos são divididos em módulos menores (micro-módulos), para que as

placas de piso mantenham dimensões viáveis e facilitar a instalação, ampliação e

manutenção das instalações.

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SiMAHS - Projeto e Construção 60

Como existem diversas placas diferentes no mercado que podem ser utilizadas para

executar os fechamentos, torna-se interessante criar parâmetros que permitam

determinada flexibilidade modular que mantenha a viabilidade de layouts de móveis e

circulação.

Sem a flexibilidade dos macro-módulos, seria necessário na maioria dos casos serrar

as placas obtidas, ocasionando perda de tempo e/ou de material e/ou pior: corte

inadequado dos elementos por parte da mão de obra não qualificada. A equação que

dá origem a isso pode ser vista abaixo. Não existe pretensão que o autoconstrutor

entenda a mesma, por isso uma planilha pré-programada é anexa ao trabalho, de modo

que o mesmo só necessitará substituir valores.

Tendo as variáveis:

● Lc = Largura da chapa para vedação vertical;

● Qc = Quantidade de chapas por macro-módulo;

● Lp = Largura do piso;

● Pp = Peso de uma placa de piso;

● Qp = Quantidade de placas em uma aresta do macro-módulo;

● Hp = Altura (espessura do piso);

● Lm = Largura do macro-módulo;

● Lz = Largura da zona neutra;

● 2400/2500 kg = respectivamente: Peso de 1m³ de concreto simples e armado.

Podemos postular que:

● Lm = Qc*Lc. Ou seja: a largura do macro-módulo (distância entre pilaretes) é

igual ao número de placas que multiplica largura das mesmas;

● Lm = Qp*Lp + (Qp-1)*Lz. Ou seja: a largura do macro-módulo também é igual a

quantidade de placas (linearmente dispostas) de piso multiplicada pela a largura

de piso mais a quantidade de placas de piso menos um que multiplica a largura

das zonas neutras;

● Levando em conta que para cada tipo de projeto uma modulação específica de

macro-módulo é necessária. Consideramos que para habitação social, um

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macro-módulo quadrado deve possuir entre 2,5 e 3,5m de aresta. Portanto:

2,5m<=Lm<=3,5m. Esse parâmetro pode ser ajustado caso seja necessário;

● Não podemos admitir que uma placa de piso de seção retangular pese mais do

que 80kg para duas pessoas levantarem. Portanto: Pp <= Hp*Lp²*2400 (caso

estejamos trabalhando com concreto simples. Caso contrário, substituir o 2400

pelo peso próprio do m³ do material utilizado);

Logo, para conseguirmos o menor número possível de placas de piso, de maneira que

cada uma delas individualmente não pese mais do que 80kg e a aresta do macro-

módulo fique entre 2,5 e 3,5m, podemos montar uma tabela automatizada Ela também

retorna a informação de que determinados parâmetros estão fora dos valores

desejados, para que o responsável possa ajustá-los e conseguir alcançar valores

válidos:

Figura 0-2- Reprodução de parte da tabela geradora de macro e micro-módulos

Fonte: Elaborado pelo autor.

No caso do usuário que estiver utilizando a cartilha fornecida para construir e dimensionar o sistema, o tamanho do macro-módulo vai variar em função do tipo de placa vedação utilizada, assim como diversos outros parâmetros. Para os tipos de chapa de madeira compatíveis mais

comuns, vamos obter os seguintes resultados (já fornecidos na cartilha para evitar o uso desnecessário da planilha).

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Tabela 0-1 - Modulação do SiMAHS em função de diferentes placas

Placa Aresta

Macro-

módulo

m² aprox

macro-módulo

m² apro da - UHM

Zona neutr

a (cm)

Placa de

piso (cm)

Placa de

piso (kg)

Minimo/máximo da

modulação

MDP tipo 1 (cortado ao meio maneira a), MDP tipo 2 (cortado ao meio

maneira B)

1,05 3,15 9,9 21,6 5 75 67,5 Dentro dos parâmetros

10 71 60,92

Compensado multilaminado tipo 1,

OSB tipo 1 ou 2 cortado ao meio

1,10 3,30 10,9 23,5 5 79 74,42 Dentro dos parâmetros

10 75 67,5

Compensado multilaminado tipo 2,

OSB tipo 1 ou 2

1,22 2,44 ou

3,66

6,0 ou 13,4

13,7 ou 28,5

5 69 57,46 Fora dos parâmetros

10 65 51,01

Pinus pré montada semelhante a Pallet.

Tipo 1.

1,30 2,60 6,8 15,3 5 70 58,8 Dentro dos parâmetros

10 74 65,71

Pinus pré montada semelhante a Pallet.

Tipo 2.

1,34 2,68 7,2 16,1 5 76 70,04 Dentro dos parâmetros

10 72 62, 90

MDP tipo 1 ou 2 (cortado ao meio

maneira b)

1,375

2,75 7,6 16,9 5 79 73,95 Dentro dos parâmetros

10 74 66,60

Compensado multilaminado tipo 3,

compensado sarrafeado

1,60 3,20 10,2 22,1 5 76 69,78 Dentro dos parâmetros

10 73 63,08

MDP tipo 1 1,83 3,66 13,4 28,5 5 69 57,46 Fora dos parâmetros

10 65 51,01

Aglomerado, MDF 1,85 3,70 13,7 29,1 5 70 58,8 Fora dos parâmetros

10 66 52,27

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Do mesmo modo, é necessário tomar um cuidado especial para que as placas pré-

moldadas de peitoril também não ultrapassem o peso máximo de 80kg. Isso também

pode ser calculado através de uma equação, utilizando as seguintes variáveis:

● Ap = Área da sessão do peitoril, incusos vazios;

● Act Área de cheios na sessão do tijolo;

● Avt = Área de vazios na sessão do tijolo;

● At = Área do tijolo, inclusos vazios;

● Cp = Comprimento do peitoril inteiro;

● Ct = Comprimento do tijolo. Considerar como o comprimento dele mais um

centímetro, mínimo necessário para que um possa aderir a outro;

● Da = Densidade do ar. Considera-se para efeito de cálculo que é

aproximadamente 0;

● Dce. Densidade da cerâmica (ou outro material) utilizado para a confecção do

tijolo/bloco que vai no interior do peitoril. Expressa em quilos por metro cúbico;

● Dco = Densidade do concreto (ou outro material utilizado). Expressa em quilos

por metro cúbico. Por padrão essa grandeza é de 2400kg/m³, pois a infima

armadura está sendo desprezada para efeito de cálculo;

● Dt = Densidade do m³ do tijolo. Levando em conta também o ar nele contido;

● Hp = Altura do peitoril. Deve ser igual a ao menos ao comprimento de um tijolo

mais dois centímetros dos capeamentos. Aumentar um pouco seria bom para

tornar a estrutura mais solidária;

● Lp = Largura do peitoril. Precisa ser igual a ao menos a largura de um tijolo

acrescida de ao menos mais quatro centímetros (dois centímetros de

capeamento em cada uma das laterais. Servirá para segurar a pequena

quantidade de aço;

● Mm = Macro-módulo. Essa grandeza é possível de obter através da parte

anterior da tabela, onde se consegue a modulação do sistema;

● Pc = Peso total do concreto;

● Pp = Peso do peitoril;

● Pt = Soma do peso dos tijolos no peitoril;

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SiMAHS - Projeto e Construção 64

● Qt = Quantidade de tijolos no peitoril (feito de uma vez só)

● Qt’ = Quantidade arredondada para baixo de tijolos no peitoril (feito de uma vez

só);

● Vp = Volume total do peitoril

● Vt = Volume aproximado de um tijolo (Incluindo vazios);

Assim, relacionamos da seguinte maneira:

● Dt = Act*Dce + Avt*Da /(Act+Avt)*Ct. A densidade do tijolo é igual a soma dos

produtos das suas áreas de cheio pela densidade da cerâmica com sua área de

vazios pela densidade do ar divididos pelo produto do comprimento do tijolo pela

soma das áreas de cheios e vazios;

● Pt = Qt’*Vt*Dt. Ou: O peso total dos tijolos é igual a quantidade de tijolos

colocadas no peitoril caso não haja quebra (ou seja, arredondado para baixo)

que multiplica o volume, que multiplica a densidade dos tijolos por m³;

● Qt = Cp/Ct. Ou seja, a quantidade de tijolos é igual ao comprimento do peitoril

dividido pelo tamanho dos tijolos. Nota: Qt é utilizado somente para ser

arredondado para baixo e achar Q’;

● Vp = Hp*Lp*Cp. O volume do peitoril é igual ao produto da sua altura com sua

largura e seu comprimento;

● Pp = (Vp-Qt’*Vt)Dc + Qt’*Vt*Dt. O peso do peitoril (estipulado) será igual ao

produto da densidade do concreto pelo volume do peitoril subtraído o espaço

ocupado pelos tijolos (inclusos os espaços vazios) e por fim somado com o

produto da quantidade de tijolos pelo volume ocupado por um tijolo (inclusos

espaços vazios) que multiplica a densidade de um tijolo.

● Pp>=80kg. Caso a afirmação seja verdadeira o cálculo está finalizado. Caso

contrário, considerar o comprimento do peitoril pela metade para que ele seja

dividido em dois e refazer as contas. Se ainda assim o valor não atender, pode-

se dividir por três, quatro… Até se atender o valor pretendido, todavia, para

habitação social é bem improvável que isso aconteça (dada a limitação superior

para a aresta dos macro-módulos).

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SiMAHS - Projeto e Construção 65

Com o cálculo anterior, não se espera que ninguém se dê ao trabalho de calcular o

peso e a quantidade de placas de peitoril por aresta do Macro-módulo. O resultado sai

automaticamente na planilha de cálculos automatizados do sistema.

Figura 0-3- Tabela automatizada para placas pré-moldadas de peitoril

Fonte: Elaborado pelo autor.

1.12 Conforto Térmico:

Para determinar a adequabilidade do SiMAHS para diferentes zonas climáticas do

Brasil, foi utilizada a NBR 15220 - “Desempenho térmico de edificações” em sua

terceira parte: “Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para

habitações unifamiliares de interesse social”. A mesma separa o território Brasileiro em

8 zonas bioclimáticas (Figura 0-4) e classifica as vedações por meio de transmitância

térmica, atraso térmico e fator de calor solar (Tabela 0-3), tamanho de aberturas e

estratégias específicas (Quadro 0-1).

Figura 0-4. Zona bioclimática 8 (em cinza)

Fonte: NBR 15220

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SiMAHS - Projeto e Construção 66

Tabela 0-2. Tamanho de aberturas.

Quadro 0-1. - Zonas bioclimáticas do Brasil e cumprimento (ou não) do SiMAHS às orientações.

ZONA Aberturas Sombreamento das aberturas

Paredes externas

Cobertura Estratégias de condicionamento térmico passivo

SiMAHS atende?

1 Médias Permitir sol durante o período frio

Leve Leve isolada

B, C NÃO

2 Médias Permitir sol durante o inverno

Leve Leve isolada

B, C, J NÃO

3 Médias Permitir sol durante o inverno

Leve refletora

Leve isolada

B, C, J NÃO

4 Médias Sombrear aberturas Pesada Leve isolada

B, C, H, J NÃO

5 Médias Sombrear aberturas Leve refletora

Leve isolada

C, J NÃO

6 Médias Sombrear aberturas Pesada Leve isolada

C, H, J NÃO

7 Pequenas Sombrear aberturas Pesada Pesada H, J NÃO

8 Grandes Sombrear aberturas Leve refletora

Leve refletora

J SIM

Fonte: NBR 15220.

O Quadro 0-1 foi colorido com as cores verde (atende) e vermelha (não atende ao

quesito) para facilitar uma rápida leitura. Paredes em cores claras por exemplo são um

quesito que o sistema pode atender, mas não necessariamente vai atender, pois isso

dependerá de como serão feitos o projeto e sua execução. A mesma situação se repete

por exemplo com os tarugos utilizados para permitir que exista ventilação entre o forro e

a cobertura de telhas. São uma estratégia de conforto para manter o ambiente em uma

temperatura mais fresca, todavia, o SiMAHS pode ser construído sem se utilizar da

mesma.

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SiMAHS - Projeto e Construção 67

Sobre o tamanho das aberturas, foi considerada que o SiMAHS sempre atende a esse

quesito, posto que as placas de vedação/janelas do SiMAHS podem ser abertas desde

muito pouco até completamente, permitindo grande versatilidade nesse sentido. Da

mesma maneira, elas podem ser simplesmente pregadas, servindo somente como

vedação se for do interesse do responsável, seja la qual for o motivo para isso.

As estratégias de condicionamento passivo são detalhadas na NBR através da tabela

25 (da norma) - Detalhamento das estratégias e condicionamento térmico, transcrita no

Sobre isso, a norma apresenta determinadas exigências numéricas para considerar

uma determinada edificação válida dentro de uma Zona Bioclimática. Isso pode ser

visto na Tabela 0-3.

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SiMAHS - Projeto e Construção 68

Quadro 0-2. Estratégias para alcançar o conforto térmico em diferentes zonas

bioclimáticas

, com a adição de uma terceira coluna de classificação do SiMAHS . A exemplo da

tabela anterior, esta também foi colorida com as cores verde e vermelha para facilitar a

identificação do atendimento do quesito com o sistema.

Sobre isso, a norma apresenta determinadas exigências numéricas para considerar uma determinada edificação válida dentro de uma Zona Bioclimática. Isso pode ser visto na Tabela

0-3.

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SiMAHS - Projeto e Construção 69

Quadro 0-2. Estratégias para alcançar o conforto térmico em diferentes zonas bioclimáticas

Estratégia Detalhamento Atende?

A O uso de aquecimento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por frio.

SIM

B O uso de aquecimento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por frio.

SIM

C A adoção de paredes internas pesadas pode contribuir para manter o interior da edificação aquecido.

NÃO

D Caracteriza a zona de conforto térmico (a baixas umidades). NÃO

E Caracteriza a zona de conforto térmico.

F As sensações térmicas são melhoradas através da desumidificação dos ambientes. Esta estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por ar externo através da

ventilação dos ambientes.

SIM

G e H Em regiões quentes e secas, a sensação térmica no período de verão pode ser amenizada através da evaporação da água. O resfriamento evaporativo pode ser obtido através do uso de

vegetação, fontes de água ou outros recursos que permitam a evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar.

SIM

H e I Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso de paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o calor armazenado

em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a noite, quando as temperaturas externas diminuem.

NÃO

I e J A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da edificação. Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada, a porta deveria ser mantida

aberta para permitir a ventilação cruzada. Também deve-se atentar para os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar significativamente a

direção dos ventos.

SIM

K O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de desconforto térmico por calor.

SIM

L Nas situações em que a umidade relativa do ar for muito baixa e a temperatura do ar estiver entre 21oC e 30oC, a umidificação do ar proporcionará sensações térmicas mais agradáveis.

Essa estratégia pode ser obtida através da utilização de recipientes com água e do controle da ventilação, pois esta é indesejável por eliminar o vapor proveniente de plantas e atividades

domésticas.

SIM

fonte: NBR 15.220, parte 3

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Tabela 0-3. Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis para cada tipo de vedação externa

Fonte: NBR 15.220, parte 3.

Tabela 0-4. Transmitância térmica do SiMAHS. Vedação Transmitância

térmica (W/m²K) Parede 3,60 coberta 2,0

Fonte: NBR 15220

A cobertura possui transmitância compatível com o exigido (Tabela 0-4). Para auxiliar a decisão pela utilização do SiMAHS, foi criado o Quadro 0-3 à partir da NBR, com todas as cidades

levantadas pela norma na Zona 8: O quadro figura na cartilha para facilitar a escolha ou não pelo sistema.

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Quadro 0-3. Cidades da zona bioclimática 8 do Brasil onde foram realizadas as medições e estratégias específicas para elas. Destaque em verde para as capitais

UF Cidade Estrat. UF Cidade Estrat. UF Cidade Estrat.

AC Cruzeiro do Sul

FJK BA São Gonçalo dos Campos

FIJ PA Tucuruí FJK

AC Rio Branco FIJK BA Serrinha FIJ PB Areia FIJ

AC Tarauacá FJK CE Fortaleza FIJ PB Bananeiras FIJ

AL Anadia FIJ CE Jaguaruana FIJK PB Campina Grande FIJ

AL Coruripe FIJ CE Mondibim FIJ PB Guarabira FIJK

AL Maceió FIJ ES Cachoeiro de Itapemirim

FIJK PB João Pessoa FIJ

AL Palmeira dos índios

FIJ ES Conceição da Barra

FIJ PB Umbuzeiro FI

AL Pão de Açúcar

FIJK ES Linhares FIJ PE Barreiros FJK

AL Pilar FIJ ES São Mateus FIJ PE Correntes FIJ

AL Porto de Pedras

FIJ ES Vitória FIJ PE Fernando de Noronha

FIJ

AM Barcelos FJK MA Coroatá FIJK PE Goiana FIJ

AM Coari FJK MA São Bento FIJK PE Nazaré da Mata FIJ

AM Fonte Boa FJK MA São Luiz JK PE Pesqueira FI

AM Humaitá FIJK MA Turiaçu FIJ PE Recife FIJ

AM Iaurete FJK MA Zé Doca FIJK PE São Caetano FIJ

AM Itacoatiara FJK MS Corumbá FIJK PE Surubim FIJ

AM Manaus FJK MS Cáceres FIJK PE Tapera FIJ

AM Parintins JK PA Altamira FJK PI Parnaíba FIJ

AM Taracua FJK PA Alto Tapajós FJK RJ Angra dos Reis FIJ

AM Tefé FJK PA Belém FJK RJ Cabo Frio FIJ

AM Uaupes FJK PA Belterra FJK RJ Ilha Guaiba FIJ

AP Macapá FJK PA Breves FJK RJ Rio de Janeiro FIJ

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BA Alagoinhas FIJ PA Conceição do Araguaia

FIJK RN Apodi FIJK

BA Canavieiras FIJ PA Itaituba FJK RN Ceará Mirim FIJ

BA Caravelas FIJ PA Marabá FJK RN Macaíba FIJ

BA Cipó FIJK PA Monte Alegre FIJ RN Macau FIJ

BA Guaratinga FIJ PA Óbidos FJK RN Natal FIJ

BA Ilhéus FIJ PA Porto de Moz FJK RN Nova Cruz FIJ

BA Itaberaba FI PA Santarém FJK RO Porto Velho FIJK

BA Jacobina FI PA São Félix do Xingú

FIJK SE Aracajú FIJ

BA Lençóis FIJ PA Soure JK SE Itabaianinha FIJ

BA Salvador FIJ PA Tiriós FIJ SE Propriá FIJK

BA São Francisco do Conde

FIJ PA Tracuateua FJK

Fonte: NBR15220

O sistema construtivo atende plenamente apenas a ZB8, mas mesmo assim contempla

13 capitais: Aracajú, Belém, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Porto

Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, Vitória. Ou seja: Metade das

capitais do Brasil. Incluindo ai a segunda, a terceira e a quinta maiores capitais do

Brasil.

1.13 Custo

Uma UHM consiste de um embrião do que será a casa da família no futuro. Uma

sala/quarto, um banheiro, uma cozinha e uma pequena área de serviços que juntas

somam nos casos estudados de 15,3 a 23,5m², a depender da modulação adotada

(maiores explicações na parte sobre modulações). A adoção desse artifício permite que

uma família economize de três a seis meses em aluguel se mudando rapidamente e,

através disso, poupar para ampliar residência. Com um valor tão baixo, a UHM

consegue ser construída por pessoas pobres sem que estas precisem requerer a um

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SiMAHS - Projeto e Construção 73

sistema de financiamento, o que baixa ainda mais os custos da UHM em si, uma vez

que não haverá gastos com juros. Alguns exemplos de UHM´s e a pequena variação de

projeto que elas sofrem em função da variação da dimensão dos macro-módulos:

Figura 0-5- UHM com micro-módulos de 1m

Figura 0-6- UHM com macro-módulos de 0,8m

Figura 0-7- UHM com macro-módulos de 0,6m

Fonte: Elaborado pelo autor.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Nas Figura 0-5 , Figura 0-6 e Figura 0-7, o tamanho do micro-módulo (placas de piso)

para que a pessoa possa se guiar em termos de escala (respectivamente: 1m, 0,8m e

0,6m). No caso dos exemplos acima, todas as zonas neutras adotadas foram de 10cm.

Como foi possível confirmar através de orçamento realizado com base na tabela

SINAPI, do Rio Grande do Norte, Caixa Econômica Federal, para placas de vedação de

1,34m que geram macro-módulos de 2,68m, totalizando aproximadamente 5.823 reais.

Essa UHM foi construída com as opções mais caras que o SiMAHS fornece, como

dobradiças em todas as placas de vedação, uso de parafusos franceses ao em vez de

aço CA20 rosqueado através do uso da ferramenta vira-macho, uso de forro, beirais

generosos, entre outros. Os custos de uma UHM tendem a oscilar entre cerca de 4500

reais até 5500 reais.

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SiMAHS - Projeto e Construção 74

Tabela 0-5 - Orçamento de uma UHM com o SiMAHS

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Elétrica Cabo 1,5mm simples =~15m 0,88 13,20

Cabo 2,5mm paralelo 0 2,40 0,00

Cabo PP 2x2,5mm** =~20m =~3,00 60,00

Cabo paralelo 4mm 0 3,88 0

Cabo PP 4mm** 0 3,50 0

Cabo paralelo 4mm 0 2x1,76 0

Cabo PP 6mm** =~15m =~6,00 90,00

Quadro de disjuntores 1 unid 17,08 17,08

Disjuntor 10A 1 unid 3,58 3,58

Disjuntor 20A 1 unid 3,60 3,60

Disjuntor 30A 1 unid 3,70 3,70

Caixa para medidor de entrada 1 unid 74,29 74,29

Medidor de entrada 1 unid 0 0

Poste de entrada** 1 unid 80,00 80,00

Eletroduto 15mm 5m 3,64 18,20

Condulete de PVC 7 unid 1,78 12,46

Espelho de tomada 7 unid 5,20 36,40

Espelho de interruptor c/2 botões 2 unid 7,18 14,36

Bocal para lâmpada 3 unid 1,92 5,76

Lâmpada fluorescente de 18W 3 unid 3,70 11,10

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Hidráulica (entrada)

Cano 50mm* =~22m 6,36 139,92

Joelho 50mm =~5 unid 2,32 11,60

T 50mm 8 unid 5,68 45,44

Tampa cega 50mm 4 unid 2,34 9,36

Registro de gaveta 50mm 2 unid 86,03 172,06

Redutor de 50mm p/ ½”* 4 unid 6,30 25,20

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Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Hidráulica de entrada

(complementar)

Vaso sanitário com caixa acoplada 1 unid 201,30 201,30

Chuveiro simples c registro 1 unid 3,12 3,12

Pia da cozinha 1 unid 135,11 135,11

Pia da área de serviço 1 unid 45,00 45,00

Caixa d’água 500L 1 unid 183,67 183,67

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Esgotamento sanitário

Cano 150mm (espera dos pilares) 2m 19,50 39,00

Cano 100mm 5m 8,22 41,10

Cano 50mm 1m 5,35 5,35

Curva 45º 100mm 0 10,35 0

Curva 90º 50mm 0 8,04 0

Curva 90º 100mm 1 10,36 10,36

Joelho 100mm 0 11,57 0

Joelho 50mm 3 3,48 10,44

Ralo com caixa 1 unid 7,81 7,81

Caixa de gordura concreto pré mold. 1 unid 54,66 54,66

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Madeiramento

Perfil quadrado (10x10c) p pilar* 18m 21,12 380,16

Linha 6x12cm destinada aos travamentos

22 16,99 373,78

Linha 6x12cm destinada à cobertura 25m 16,99 424,75

Placa de pallet 1,34x0,98 p vedação vertical

16 15,00 240,00

Placa de pallet 1,34x0,98 destinada à forro

21 15,00 315,00

Placa de pallet 1,34x0,98 p portas 4 15,00 60,00

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Ferragens Dobradiças sem anéis 38 1,71 64,98

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Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Ferrolhos 16 1,35 21,60

Parafuso francês* ⅜”, arruela* ⅜” e porca* ⅜”

18 6,74 121,32

Prego para ripa* 1kg 7,67/kg 7,67

Prego para caibro 1kg 8,30/kg 8,30

Prego para telha* 1kg 8,30/kg 8,30

Cadeado 4mm 1 23,14/unid 23,14

Corrente (para trancar casa) 1kg 14,62/kg 14,62

Suporte para eletroduto =~15 1,14/unid 17,10

Aço CA20 6,3mm 5kg 4,54/unid 22,70

Arame 12 1kg 10,75 10,75

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Material de construção

Telha fibrocimento 2,44x0,50cm 27 11,94 322,38

Cimento (preferencialmente CP-V) =~3 sacos 22,00 66,00

Areia média =~1/2m³ 55,00/m³ 27,50

Brita número 2 =~1/2m³ 57,71/m³ 28,86

Bloco tijolo 8 furos baiano =~150 0,42 63,24

Tijolo cerâmico maciço 5 x 10 x 20cm 5074 0,26/unid 1366,04

Verniz marítimo 2 57,90/GL 115,80

Impermeabilizante =~15L 6,75 101,25

Lixa de madeira 120 10 0,53 5,30

Fita veda-rosca 1 1,98 1,98

Bisnaga de silicone** 1 7,35/unid 7,35

Fita isolante 1 1,70 1,70

Vigota pré-moldada 2 9,40 18,40

Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

Reciclados/ Óleo queimado 5L 0 0

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Categoria Insumo Quantidade $ unitário Total

sem custo Lata de =~18L 6 0 0

Água ? 0 0

TOTAL =~5823

Fonte: Tabela SINAPI-RN da Caixa Econômica Federal de agosto de 2015

As principais observações são:

1. O preço dos insumos foi obtido a partir da tabela do SINAPI, fornecida à partir de

dados colhidos no Rio Grande do Norte em agosto de 2015. No caso de alguns

elementos não encontrados, foi adotado algum outro semelhante, provavelmente

de preço semelhante. Estes produtos encontram-se marcados por um asterisco.

2. Não estão contidos nos custos da Tabela 0-5 fossa e sumidouro, posto que pode

haver esgoto no local, mas o encanamento calculado é o suficiente para chegar

até os limites do terreno. De forma análoga, não é calculado poço artesiano,

gerador de energia ou muramento do terreno.

3. A quantidade de cimento, areia e brita foram majoradas, ainda que sejam muito

importantes (em termos de percentual representado na composição do custo),

mas de pouca precisão da hora de realizar um cálculo para serem utilizados na

construção civil não qualificada.

4. Alguns elementos não constam na Tabela 0-5 e não tem outros produtos de

custo semelhante. Nesses casos, foi feita uma rápida consulta na internet e dado

um valor aproximado. No caso dessa composição, isso se mostra

especificamente importante no caso dos cabos PP;

O custo de aproximadamente R$5823 se mostra ainda mais atrativo se deduzirmos dele

o preço de, por exemplo, quatro meses de aluguel a 200 reais. Chegamos agora

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SiMAHS - Projeto e Construção 78

(quase) a o embrião de uma moradia, pronta dentro de 24h00 e gastando 5.000 reais. A

construção do MOCAP em Nísia Floresta confirmou que os preços na prática estão

próximos aos averiguados in loco. Como o MOCAP não tem instalações, não foi

possível verificar a validade dos dados gerados.

1.14 Locação parametrizada da construção no terreno

Seja qual for o macro-módulo adotado para a realização de um UHM é de grande

importância que a implantação da mesma seja realizada de forma a poder maximizar as

possibilidades de crescimento dentro da modulação e também de permitir outros

parâmetros, como vagas para carro, facilidade de instalar algum comércio, adotando-se

um sistema misto para poder promover renda, expansibilidade mantendo a capacidade

de possuir aberturas e (preferencialmente) ventilação cruzada dentre outros

parâmetros. Colocando a implantação em função da espacialidade (desconsiderando

zona bioclimática, por exemplo). É possível dividir as implantações possíveis em alguns

grupos, dispostos na Tabela 0 abaixo. As colunas 4, 5, 6, 7, 8 e 9 tem um índice de

qualidade da disposição espacial para o parâmetro específico a que se referem.

Sabidamente:

● Priv = Privacidade gerada pela implantação;

● Vag = Possibilidade de colocar vagas para carros;

● $ = Economia gerada pela implantação. Nesse caso específico diz respeito à

geminação em um ou mais muros, que barateia a construção;

● Ex = Expansibilidade resultante da implantação adotada;

● Com = O quanto a implantação é vantajosa para o comércio;

● Jan = Quanta área haverá disponível para locar janelas tanto no momento da

construção da UHM quanto através das expansões mais prováveis.

Esses parâmetros encontram-se na cartilha valorados de maneira empírica de 1 (ruim a

péssimo), passando por 2 (médio) até 3 (bom a ótimo), de maneira a facilitar a escolha

do usuário caso a última coluna possua mais de uma linha com a condição de

verdadeira para as grandezas por ele utilizadas de macro-módulo e de testada.

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SiMAHS - Projeto e Construção 79

Tabela 0- Gerador de implantações para UHM´s com o SiMAHS

Local Posição Nº Priv Vag $ Exp Com Jan Indicada

Grudada na frente

Paralela grudada em um dos lados

1 2 2 3 2 2 1 Misto; 2M+40cm>T>=M+180cm

Paralela centralizada

2 2 1 1 1 2 3 Misto; 2M+190cm>T>=M+330cm ou 4M+ 210cm >T>=3M+350cm

Perpendicular centralizada

3 1 1 1 2 3 3 NUNCA

Perpendicular grudada em um dos lados

4 1 1 2 2 3 3 NUNCA

Perp. grudada dos dois lados

5 1 1 3 3 3 3 NUNCA

Local Posição Nº Priv Vag $ Exp Com Jan Indicada

À 5m da entrada ou mais

Paralela grudada em um dos lados

6 3 3 3 3 1 1 Casa; 2M+340cm>T>=M+180cm ou 3M + 350 cm >T>2M +190cm ou 4M+360cm >T>=3M+200cm

Paralela centralizada

7 3 3 1 1 1 3 Casa; 2M+190cm > T>M+330cm ou 4M+210cm>T>= 3M+350cm

Perpendicular centralizada

8 3 3 1 3 2 3 Casa ou Misto; 3M+200cm>T>=2M+340cm

Perp. grudada em um dos lados

9 3 3 2 3 2 3 Misto ou Casa; 3M+50cm>T>=2M+190cm ou 4M+60cm>T> =3M+200cm

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SiMAHS - Projeto e Construção 80

Perp. grudada dos dois lados

10 3 3 3 3 2 2 Misto ou casa; M+30cm=~T ou 2M+40cm=~T ou 3M+50cm=~T...

Local Posição Nº Priv Vag $ Exp Com Jan Indicada

Sem recuo atrás

Paralela grudada em um dos lados

11 3 3 3 2 1 1 NUNCA

Paralela centralizada

12 3 3 2 1 1 3 Casa; 4M+210cm>T>=3M+350cm ou 3M+50cm>T> =2M+340cm 2M+40cm >T>=M+330cm

Perpendicular centralizada

13 3 3 3 2 1 3 Casa;

3M+50cm>T>=2M+340cm ou 4M+60cm>T>= 3M+350cm

Perp. grudada em um dos lados

14 3 3 3 2 1 2 NUNCA

Perp. grudada dos dois lados

15 3 3 3 1 1 1 NUNCA

Fonte: Elaborado pelo autor.

Considera-se que para habitação social, sobretudo para autoconstrução não-assistida,

o tamanho dos lotes é completamente variável e em muitos casos com uma testada e

comprimento pequenos. Apesar do segundo (comprimento) também ser reduzido, a

primeira (testada) será utilizada como parâmetro para cálculo de implantação, posto

que costuma ser menor que o primeiro.

A Tabela 0 não se propõe em momento algum a aplacar todas as possibilidades (e da

melhor maneira) de implantação de uma UHM no terreno, todavia, para quem não for

ter acesso a algum arquiteto, ela pode se mostrar de grande valia como um importante

fator norteador para uma expansibilidade que poderia não estar sendo bem calculada.

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É o caso por exemplo de lotes esconsos, muito comuns em ocupações. Nesse caso,

caso for pequena a irregularidade, deve-se considerar o que for menor (ou a testada ou

a largura do fundo). Caso a irregularidade for facilmente visível, considera-se que a

Tabela 0 perdeu a sua validade.

A última coluna da tabela apresenta uma série de equações e inequações que

relacionam a testada com o tamanho de um macro-módulo. O interessado em implantar

utilizando essa metodologia deverá perceber em quais casos essa relação se mostra

verdadeira para as grandezas de testada e de macro-módulo para a partir disso

escolher um dos casos possíveis. Também existem algumas células nessa coluna

marcadas como “NUNCA”, pois geram situações extremamente ruins de implantação.

Para alguém que for locar com esse sistema automatizado com valores (por exemplo)

de 8 metros de testada e 2,68 de macro-módulo, podemos montar a Com base na qual

e nos valores numéricos da Erro! Autoreferência de indicador não válida., exposta

anteriormente a essa (com qualidades valoradas de 1 a 3), o usuário pode escolher

entre diferentes possibilidades. No caso de haver geminação em somente uma das

laterais da casa, levando em conta que estamos na zona bioclimática 8 e considerando

o vento de Natal por exemplo (mais constante a sul e mais forte a leste). A lateral

escolhida pode ser automatizada a partir do Quadro 0-4 (que busca maximizar o fluxo

de vento e reduzir a quantidade de sol incidido).

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Tabela 0-6 para analisar as possibilidade de implantação com maximização do espaço

existente no terreno:

Com base na qual e nos valores numéricos da Erro! Autoreferência de indicador não

válida., exposta anteriormente a essa (com qualidades valoradas de 1 a 3), o usuário

pode escolher entre diferentes possibilidades. No caso de haver geminação em

somente uma das laterais da casa, levando em conta que estamos na zona bioclimática

8 e considerando o vento de Natal por exemplo (mais constante a sul e mais forte a

leste). A lateral escolhida pode ser automatizada a partir do Quadro 0-4 (que busca

maximizar o fluxo de vento e reduzir a quantidade de sol incidido).

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Tabela 0-6 -Teste de equações e inequações de implantação para um caso exemplo

Relação de M com T Exemplo com T=8m e M=2,68m Residencial Misto

T<M+30cm (Falso) Impossível de construir

2M+40cm>T>=M+180cm (Falso) 1

2M+190cm>T>=M+ 330cm (Falso) 7, 12 2

4M+210cm>T>=3M+350cm (Falso) 7, 12 2

3M+200cm>T>2M+340cm (Falso) 8 8

2M+340cm>T>=M+180cm (Verdadeiro) 6

3M+350cm>T>2M+190cm (Verdadeiro) 6

4M+360cm>T>3M+200cm (Falso) 6

3M+200cm>T>=2M+340cm (Falso) 8 8

3M+50cm>T>2M+190cm (Falso) 9 9

4M+60cm>T>3M+200cm (Falso) 9 9

M+30cm ou 2M+40cm ou 3M+50cm ou 4M+60cm...=~T

(Verdadeiro) 10 10

3M+50cm>T>=2M+340cm (Falso) 13 13

4M+60cm>T>=3M+350cm (Falso) 13 13

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 0-4- Onde geminar uma UHM com apenas um recuo lateral

Frente do terreno Geminar no muro

Norte Oeste

Nordeste Noroeste

Leste Norte

Sudeste Sudoeste

Sul Oeste

Sudoeste Noroeste

Oeste Norte

Noroeste Sudoeste

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Caso a casa fique na faixa do meio do terreno, considera-se que meio do terreno é tudo

aquilo que não é grudado nem na frente nem atrás, o terreno pode ser dividido em

faixas para locar a construção de maneira a mais uma vez, maximizar a sua

expansibilidade. A primeira faixa inicia em zero (limite do terreno) - locado no limite

anterior - caso a implantação esteja mais para frente – ou posterior - se a implantação

se der mais para trás.- As faixas podem ser achadas através de uma das seguintes

funções:

Onde:

Dl(n) = Distância do limite de uma faixa n;

Mm = Macro-módulo;

Zn = Zona neutra

n = Número da faixa

Para se achar essas equações, considerou-se que:

Zn+2B = 0,3. Ou seja: os 30cm de espessura em que o pilar tem a sua sessão

de embasamento (30x30cm) podem ser expressos como a soma da zona neutra

com o que sobra do embasamento. Como o que sobra fica metade para um lado,

metade para o outro, essa largura pode ser expressa por B (letra aleatoriamente

escolhida);

Zn+B=Dl(3). Pois, uma vez que Dl(1) e Dl(2) são, respectivamente, um número

fixo (pois a distância de um limite dele mesmo sempre será zero) e outro número

que representa o recuo anterior ou posterior– Dl(2) – necessitamos descobrir

Dl(3) de maneira que levemos em conta B, para que o recuo frontal não seja

invadido. Somente um dos B’s invadiria o recuo frontal, pois o outro estaria

invadindo o módulo de projeto do macro-módulo;

Com algumas substituições, vamos ter que Dl(3) = Dl(2) + 0,15 + Zn/2;

Apesar do processo parecer complicado, é simples de ser aplicado. No fim das contas,

consiste, a partir de Dl(4), em acrescentar à distância do limite anterior, alternadamente

o macro-módulo e a zona neutra para achar o limite do próximo n.

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Também é possível mais uma vez utilizar a tabela automatizada para obter

automaticamente todas essas medidas. Ela "puxa" os valores de outras partes da

tabela. A única coisa necessária será introduzir o valor do recuo frontal.

Figura 0-8- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como maneira alternativa de realizar a divisão através de faixas de implantação, as

malhas já existentes na cartilha em escala 1/100 podem ser utilizadas com o auxílio de

uma régua comum para conseguir locar um terreno. Imaginando a utilização de um

macro-módulo de 2,58m (da placa formada por tábuas de pinus), não seria necessária

nenhuma conta e já teríamos uma implantação guiada por macro-módulos, como é

possível observar na Figura 0-9.

Figura 0-9- Tabela automatizada é cálculo dos Dl(n)’s

Fonte: Elaborado pelo autor.

No exemplo acima, como se pode ver, não foi utilizada nenhuma fórmula matemática,

pois o terreno hipotético tinha 8x15m e (quase) coube dentro do papel, que já era

projetado para uma placa nas dimensões compatíveis. Todavia, se não houver malha

disponível nas dimensões adequadas, com o auxílio de uma régua normal, a criação de

uma malha dessas não deve apresentar grandes dificuldades (inclusive na escala 1/50,

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com contas simples). Para garantir que o nível de exatidão esteja de acordo na hora de

fazer a marcação para construir, a determinação matemática dos Dl´s trará exatidão,

enquanto que durante o processo de pensar sobre o projeto e locação em si, a escala

gráfica poderá ser bastante útil.

A delimitação matemática das faixas seguiu uma progressão matemática com as

fórmulas acima colocadas, de modo que:

Dl(1) = 0 → Afinal, a distância é sempre 0, pois Dl(1) é o próprio limite;

Dl(2) = 5 → A implantação vai ter vaga de garagem;

Dl(3) = Dl(2) + 0,15 + Zn/2 = 5,2m → Pois, para Dl(3), n é impar;

Dl(4) = Mm + Dl (n-1) = 7,88m → Pois, para Dl(4), n é par;

Dl(5) = mm + Dl (n-1) = 7,98m → Pois, para Dl(5), n é impar;

Dl(6) = Mm + Dl (n-1) = 10,66m → Pois, para Dl(6), n é par;

Dl(7) = mm + Dl (n-1) = 10,76m → Pois, para Dl(7), n é impar;

Dl(8) = Mm + Dl (n-1) = 13,44m → Pois, para Dl(8), n é par;

Dl(9) = mm + Dl(8) = 13,54m → Pois, para Dl(9), n é impar;

Dl(10) = Mm + Dl(n-1) = 16,22. ISSO É FALSO, pois a profundidade do terreno é

de 15m, o que torna Dl(10)=Dl(última). Logo, Dl(10)=15m.

A fórmula acima - aparentemente complexa - nada mais é do que: I- Considerar o recuo

frontal; II- considerar o trecho onde existe o início da marcação dos pilares e III--

considerar que a diferença entre (n+1) e n é alternadamente a constante do macro-

módulo e a constante da zona neutra.

Não é previsto que se faça o cálculo para dividir o terreno na longitudinal, uma vez que

as testadas dos terrenos voltados para habitação social são muito pequenas. Se isso

for feito, basta considerar que:

Dl(1)=Dl(2)=Dl(3). Dessa forma, o restante do cálculo se mantém o mesmo e é

possível continuar a divisão do terreno, considerando que a zona neutra do início

da separação termina no muro divisor do terreno e que dessa forma, está

prevista uma geminação em caso de expansão.

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O interessado em locar deve escolher onde locar a sua residência dentro do terreno.

Sobre isso, o Quadro 0-5 de sugestões é adicionado a cartilha, com diretrizes básicas

de projeto para baratear/facilitar o processo:

Quadro 0-5 - Onde locar uma UHM que se encontra no meio de um terreno

Tipo do terreno

Vegetação p/

preservar

Solução

Plano ou =~ plano

Sim a) Realizar levantamento dos trechos com menor quantidade de vegetação em relação à divisão em faixas; b)Seguir as

recomendações da célula abaixo de maneira aproximada, mas NÃO locar a construção fora das faixas.

Não a) Separar terreno em faixas e botar casa iniciando a 5m da frente se houver intenção de uso misto. Se não houver, locar a 1,5m da parte

de trás caso haja grande anseio por privacidade; b) Locar a casa dentro das faixas; c)Locar a casa no meio divide os terrenos já

pequenos e da a impressão que o lote é menor.

Declives/Aclives variáveis, com trechos planos ou =~planos

Sim a)Realizar levantamento dos trechos com menor quantidade de vegetação em relação à divisão em faixas; b)Seguir as

recomendações da célula abaixo, sempre que possível, mas dar preferência em quase todos os casos aos trechos mais planos em

relação à vegetação; c)Se a vegetação for suficientemente importante para não haver nenhum trecho plano disponível,

considerar que a construção será locada de acordo com alguma das células da primeira coluna abaixo: “Pequena ou média inclinação

constante” ou “grande inclinação constante”.

Não a) Levantar quais são as faixas que estão aproximadamente nas zonas com trechos planos; b) escolher uma delas de modo a locar o

mais para trás do terreno (privacidade) ou o mais para frente (intenção de uso misto), desde que na parte da frente sobrem ao

menos 5m e na de trás, ao menos 3m.

Pequena ou média

inclinação constante

Sim a)Seguir as mesmas recomendações da célula abaixo, mas escolher onde locar a casa levando em conta também a vegetação.

Não a)Dividir o terreno em faixas; b)escolher uma delas de modo a locar o mais para trás do terreno (privacidade) ou o mais para frente

(intenção de comércio); c)Executar as fundações in loco de maneira tradicional(ao em vez das pré-moldadas), tanto para os pilares

quanto para a parede que fica a 80 cm.

Grande inclinação constante

Sim ou Não O SiMAHS ainda é muito experimental para trabalhar com grandes inclinações. Utilizar fundação (total) tradicional, inclusive o contrapiso

se continuar do seu interesse o uso do sistema..

Fonte: Elaborado pelo autor.

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1.15 Como projetar com o SiMAHS:

Apesar da facilidade de criação de um processo de parametrização matemática para

descobrir uma implantação adequada para a maioria dos casos para uma UHM, o

mesmo não é tão simples caso se trate de uma residência completa construída desde o

início. O processo de projeto com o SiMAHS de uma residência completa desde o início

também é possível e para isso foi implementada uma forma de projetação simplificada

que tende a de maneira muito mais simples permitir a um leigo rascunhar soluções para

a criação da sua residência construída através de construção assistida. Ao contrário da

parametrização para implantar uma residência no terreno, existem muitas variáveis em

jogo para o projeto de uma residência em si, o que impossibilitou dentro do universo de

tempo do trabalho final de graduação que esta prática fosse adotada. É também nesta

fase que tendem a acontecer a maior quantidade de erros, mesmo com as orientações

fornecidas na cartilha.

Baseado em algumas metodologias de planejamento participativo que trabalham com

maquetes para vencer a falta de noção espacial dos não-profissionais da construção

civil, são fornecidas vinte folhas, que cruzam dez medidas utilizadas por placas de

madeira - que podem ser utilizadas para vedação - com dois tamanhos comuns de zona

neutra: 5 e 10cm.

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Figura 0-10- Exemplo de folha gabarito 1/100 para processos de planejamento participativo

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para facilitar o processo de projetação pelos leigos, a escala desses gabaritos está em

1/100, de modo que o processo pode ser auxiliado pelo uso de uma régua comum,

facilmente encontrada. Duas ferramentas podem ser utilizadas para evitar a distorção

de medidas através do encadeamento de fotocópias, impressões reduzidas ou afins, a

escala gráfica e a xerox . Dessa maneira a escala gráfica pode ser utilizada para

mensurar a imprecisão acumulada das fotocópias enquanto ao mesmo tempo os blocos

já contidos na mesma folha distorcem na mesma taxa que o gabarito, tornando a

distorção acumulada (quando não utilizada a régua como auxílio) irrelevante.

Os blocos fornecidos em anexo em cada uma das folhas contém a grande maioria dos

móveis e eletrodomésticos que podem constar em uma residência, em diversos

formatos que podem - ou não - suprir todas as necessidades de determinada situação.

Se não suprirem, o responsável pode utilizar régua e desenhar novos blocos, desde

que anteriormente a consulta a escala gráfica tenha sido aferido e provado-se ainda

suficientemente fiel.

O processo de projetação autóctone é pensado resumidamente para funcionar na

seguinte sequência:

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1. Leitura do manual;

2. Escolha de alguma placa de vedação e consequente descoberta do macro-

módulo;

3. Copiar várias vezes a página que corresponda ao macro-módulo ou - caso não

exista página correspondente - criar uma utilizando caneta e régua;

4. Marcar as dimensões do terreno no gabarito, aproveitar e realizar a distribuição

do terreno em faixas;

5. Recortar os blocos;

6. Rascunhar repetidas vezes enquanto se “caminha” com o layout pela planta com

a ajuda de um durex ou afim, jogar fora muitas folhas, comparar com a opinião

dos outros familiares;

7. Finalizar o projeto parametrizado.

Dessa maneira, a partir de elementos simples e baratos, se chega a uma exatidão

compatível com a necessária do canteiro para a realização de um projeto dentro do

SiMAHS. Em uma realidade familiar, o processo tende a se tornar mais participativo

também em termos da família, pois além de barato, permite repetição indefinida e não

onerosa e de uma maneira em que a posteriori não acarretará problemas com a

distribuição dos móveis. Analfabetos e crianças devidamente instruídos e

acompanhados poderão participar de parte do processo, desde que isso se restrinja a

parte gráfica.

Apesar das vantagens descritas anteriormente em uma mesma folha conter os blocos e

a malha para projeto e utilizarem uma régua padrão com facilidade, isso trás como

revés a necessidade da utilização da escala 1/100, o que pode dificultar em alguns

sentidos quando se tentar trabalhar recortando os blocos. Se coloca como opcional a

utilização também da escala 1/50, só que com uma folha separada para os blocos

anexa a cartilha. As duas folhas podem ser vistas respectivamente na Figura 0-11 e na

Figura 0-12.

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Figura 0-11- Folha de gabarito 1/50 para processos de planejamento participativo

Fonte:.Elaborado pelo autor.

Figura 0-12- Folha de blocos 1/50 para processos de planejamento participativo

Fonte:.Elaborado pelo autor.

O resultado que se espera com isso seria algo semelhante

Figura 0-13- Processo de projeto utilizando colagem de blocos

Fonte:.Elaborado pelo autor.

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SiMAHS - Projeto e Construção 92

1.16 Pré-moldados:

Todos os elementos que formam o SiMAHS são concebidos de maneira a serem

condizentes com os critérios principais elencados anteriormente. Em termos de

desdobramento de projeto:

1. As peças precisam ser o mais baratas, para serem viáveis;

2. Elas devem ser fáceis de construir, para que qualquer um fora da área da

construção civil possa produzi-las sem o risco de cometer erros que

comprometam a qualidade das mesmas;

3. As peças devem ter um peso final abaixo de 80kg;

4. Sua fabricação não deve necessitar de equipamentos elétricos – e/ou de difícil

e/ou de caro acesso;

5. Devem utilizar como matéria prima elementos fáceis de encontrar na maior parte

do Brasil, sobretudo na zona bioclimática 8,

6. Os componentes e a matéria prima devem ser transportáveis em um carro

popular;

7. O processo de produção das peças deve ser rápido e pouco desgastante

fisicamente;

Para serem fáceis de construir, as peças utilizam processos facilmente domináveis e

comuns a produção de pré-moldados. A cartilha fornece instruções de como construir

cada um deles, o que deve ser suficiente a confecção sem dúvidas ou com dúvidas

facilmente sanáveis por profissionais mais acessíveis do que os graduados.

Para ter parâmetros do que seria um peso razoável, foi utilizada a NBR17, que dispõe sobre segurança do trabalho pesos máximos para pessoas de diferentes configurações (Tabela 0-7).

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Tabela 0-7 - Carga suportada por pessoas de diferentes configurações

Descrição Carga

2 Homens adultos (máximo) 80kg

Homem adulto (máximo) 60kg

Homem adulto (ideal) 23kg

Mulher adulta 20kg

Homem (14-18, ideal) 20kg

Mulher (14-18, ideal) 15kg

Fonte: NBR17, exceto primeira linha abaixo da legenda da coluna, estipulada

taxativamente pelo autor.

Com base nos limites da Tabela 0-7, foi limitado o peso aproximado de todos os

componentes. Considerou-se 60kg (o máximo de um homem adulto) um valor razoável,

ideal 20kg (máximo de uma mulher adulta). Não foram achadas referências para o

máximo que dois homens adultos poderiam carregar, por isso estabeleceu-se

taxativamente 80kg.

É interessante ressaltar que: I - a NBR17 utiliza dados da época do café e é baseada

no peso da saca para os estivadores. O limite é considerado muito alto para os padrões

atuais e essa capacidade parece ser abusiva para a maior parte da população. A

discrepância entre o peso máximo de um homem e de uma mulher adulta é enorme; II –

Foi considerado válido utilizar o peso máximo e não o confortável por se tratar de um

trabalho ocasional e não repetitivo. Com dimensões dos componentes e a densidade

dos materiais, pode-se estipular o peso. Para isso, consultamos a Tabela 0-8:

Tabela 0-8 - Peso do m³ de diversos materiais

Material kg/m³ Material kg/m³

Água 1000 Madeiras leves <600

Areia seca 1600 a 1800 Madeiras médias 600 a 750

Cimento em saco 1200 Madeiras pesadas >750

Concreto simples 2400 Vidro 2400 a 2600

Concreto armado 2500 Cerâmica

Fonte: FALTA A FONTE

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Se utilizássemos placas compostas de tábuas de pinos de 1,34m, geradoras de macro-

módulos de 2,68m, chegaríamos aos valores de peso dos componentes, dispostos na

Tabela 0-9. As duas últimas colunas servem como base para a Erro! Fonte de

referência não encontrada..

Tabela 0-9 - Transporte e manejo de pré-moldados e afins

Tipo Elemento Cm Kg Pessoas

Qnt.

Carro? Viagens

Pré-moldado

Placa de piso 59,5x59,5x5,5

46,7 1 18 SIM A

Peitoril 24x11x124 47,8 1 8 SIM

Fundação *=~18 (L) =~40 1 6 SIM

Telhas 244x50x0,5 9 1 27 FORA B

Poste de entrada 200x10x10 50 1 1 FORA

Vergas 120X10X14 42 1 2 SIM

Madeira

Placa de pinus 134x98x4 <20,0 1 31 SIM C

Pilarete 10x10x300 30,3 1 6 FORA

Travamento Horizontal

6x12x600 21,8 1 22 FORA

Linhas 6x12x500 18,2 1 5 FORA

Diversos

Canos diversos YxYx600 - 1 - SERRAR

Caixa d’água 500L 124x124x72 10,5 1 1 SIM

Cimento, areia, brita =/= =/= =/= =/= NÃO

Fonte: Elaborado pelo autor.

As peças utilizam materiais comuns, facilitando o acesso ao sistema e exceto a

furadeira (muito comum), dispensam equipamentos elétricos para fabricação. Um

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opcional pré-requisito em obras que prossigam durante a noite, seria a iluminação

artificial.

Os componentes prontos e a matéria prima deveriam ser transportáveis em um carro

popular, internamente, com o porta malas aberto ou sobre o teto. O Fiat Uno modelo

antigo foi escolhido como modelo para medidas do mesmo (Figura 0-14) por dois

motivos:.I- Trata-se de um carro comum dentre as classes populares e era de fácil

acesso no período da monografia.

Figura 0-14- Dimensões internas e externas do Fiat Uno modelo antigo.

Fonte:http://www.the-blueprints.com/blueprints-depot-

restricted/cars/fiat/fiat_uno-39955.jpg

A utilização de um carro específico como norteador de projeto abriu a possibilidade de

calcular quantas viagens seriam necessárias para mover todo o material quando todos

os pré-moldados estivessem prontos do canto onde eles foram confeccionados até o

local onde serão utilizados. Disponível na Tabela 0-10, mas necessário acessar últimas

duas colunas da tabela Tabela 0-9.

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SiMAHS - Projeto e Construção 96

Tabela 0-10 – Quantidade de viagens

QUANTIDADE DE VIAGENS

COD Viagens Observações

A 1 Viagem de carro -

B 1 Viagem de carro -

C* 1 Viagem de caminhão Rota: loja de construção,

madeireira, placas

D 1 viagem de carro Demais ítens

E 1 viagem de carro Ferramentas

Total 4 viagens de carro; 1 frete de caminhão

Fonte: Elaborado pelo autor.

A seguir, é possível ver o passo a passo de confecção dos pré-moldados necessários

para a construção com o SiMAHS. A apresentação do conteúdo nessa sessão se da

inicialmente pela inclusão de um quadro para cada um dos componentes com as

instruções da maneira que são colocadas na cartilha para a seguir receber a explicação

(não contida na cartilha).

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1.16.1 Sapatas pré-moldadas

Figura 0-15- Processo de fabricação das sapatas pré-moldadas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 0-6 - Passo-a-passo para fabricação de uma sapata pré-moldada

Passo Descrição

1 Fabricar escora que irá manter o cano no local enquanto o concreto seca. Fazer conforme desenho abaixo, com todas as peças de madeira terminando exatamente no fim da lata,

para que o cano fique perfeitamente centralizado;

2 Cortar cano de 150mm em peças de 60cm;

3 Posicionar o cano e a escora de modo que o cano fique 30cm para dentro e 30 para fora;

4 Furar cano juntamente com a forma (se for a primeira utilização) e introduzir uma barra rosqueada no meio conforme desenho;

5 Forrar cano até o fundo com jornal para evitar grouteamento acidental;

6 Groutear até a boca;

7 Retirar gabarito após três horas. Pode ser movido com cuidado.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para que o sistema possa ser construído rapidamente, as fundações foram projetadas

para que pudessem ser pré-moldadas, de maneira que não necessitem curar após

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colocadas no. Isso é possível pelo sistema ser extremamente leve e pela fundação ser

do tipo estaca, sem cinta de amarração (o que inviabilizaria a pré-moldagem). Se o

sistema fosse mais pesado, seria necessário maquinário para erguer a sapata ou

utilizar cinta de amarração, inviabilizando a auto-construção dentro dos parâmetros

buscados pelo o SiMAHS, sobretudo preço e tempo (e nos dois casos complexidade).

Uma maneira barata para construir uma sapata de pequeno porte é utilizar galões de

18,2L de tinta, comumente são descartados. Na falta, vasos pretos descartáveis de

plástico podem ser utilizados como. Eles estão disponíveis em hortos e custam menos

de um real.

Está prevista a utilização de um pedaço de PVC com diâmetro de 15cm para a espera

onde posteriormente se encaixará o pilarete para receber o. grout.

1.16.2 Placas de piso

Figura 0-16- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de piso

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Quadro 0-7 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de piso pré-moldada

Passo Descrição

1 Obter dimensões do contra-piso na tabela automatizada;

2 Cortar madeiras ou utilizar madeira com ao menos 11cm de largura para taboas longitudinais. Comprimento igual ao número de placas por forma vezes a largura das

mesmas mais essa mesma quantidade acrescida de um que multiplica a largura da forma. Ou seja: C=Np*Lp+(1+Np)*Lf;

3 Cortar madeiras para transversal com comprimento igual a largura das placas;

4 Revestir as formas no local onde elas receberão o grouteamento com latas cortadas de refrigerante;

5 Montar a forma com pregos de ripa;

6 Posicionar a forma sobre uma lona em cima de piso reto;

7 Untar todo o espaço que vai ser grouteado com óleo de motor queimado;

8 Groutear até o fim da forma com massa pouco fluida;

9 Dar acabamento com régua de alumínio;

10 Desenformar sem mover após três horas. Mover, só no dia seguinte

Fonte: Elaborado pelo autor.

As placas de piso são confeccionadas também em concreto, na mesma proporção das

fundações. Aproveita-se o mesmo grout dos demais pré-moldados e agiliza-se o

processo de produção. O piso e o contra-piso são uma placa única, agilizando a

montagem. Se for desejo do responsável, nada impede que nessas placas sejam

assentadas cerâmicas, porcelanato ou o que quer que se deseje, desde que se tome

cuidado para que às mesmas estejam bem assentadas, evitando acúmulo de água,

sobretudo nas áreas molhadas.

A queima do cimento é passível de variação de acabamento utilizando-se tintas corante

xadrez (Figura 0-17).

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Figura 0-17- Acabamento tradicional de cimento queimado com corante xadrez vermelho

Fonte:http://casabemfeita.com/wp-

content/uploads/2011/07/fazendo-piso-cimentado-

queimado.jpg

Importante perceber que o mesmo processo também pode ser adotado na confecção

das placas pré-moldadas de peitoril.

Placas pré-moldadas de peitoril

Figura 0-18- Processo de fabricação das placas pré-moldadas de peitoril

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Quadro 0-8 - Passo-a-passo para fabricação de uma placa de peitoril pré-moldada

Passo Descrição

1 Introduzir dados na tabela para ver se o peitoril deverá ser dividido ou não em duas partes;

2 Cortar madeiras ou utilizar madeira com ao menos 11cm de largura para as taboas longitudinais. Comprimento igual ao do peitoril;

3 Cortar madeiras para transversal com comprimento igual a soma da largura dos peitoris+as placas em questão;

4 Revestir as formas no local onde elas receberão o grouteamento com latas cortadas de refrigerante;

5 Montar a forma com pregos de ripa;

6 Posicionar a forma sobre uma lona em cima de piso reto;

7 Untar todo o espaço que vai ser grouteado com óleo de motor queimado;

8 Groutear 1cm. Aguardar 3 horas;

9 Posicionar vergalhões no meio do vão (vertical), utilizando alguma escora para isso;

10 Posicionar tijolos com =~1cm de distância entre eles;

11 Pregar táboas auxiliares para evitar empenamento da forma;

12 Groutear até o fim da forma com massa pouco fluida para os furos não sejam preenchidos;

13 Dar acabamento com régua de alumínio;

14 Desenformar sem mover após três horas. Mover, só no dia seguinte.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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1.16.3 Preparo prévio da fundação do embasamento em alvenaria (cartilha

comentada):

Figura 0-19- Pré-impermeabilização da fundação do embasamento em alvenaria

Fonte: Elaborado pelo autor.

1.16.4 Pré-preparo das vedações:

O pré-preparo das vedações se resume a uma opcional etapa de acabamento prévio:

Lixamento e aplicação de uma camada de verniz. Essa etapa é opcional e não se

devem passar mais de uma camada, posto que mais aplicações se farão necessárias

na etapa do transporte. É possível também deixar dobradiças e ferrolhos pré-instalados,

mas não fundamental.

1.16.5 Malha na zona neutra

Existem zonas neutras entre os micro-módulos, onde deverão ser utilizados tijolos

maciços com alto teor de vitrificação impermeabilizados e assentados à junta seca.

Esses tijolos permitem o acesso para manutenção dos sistemas elétrico e hidráulico,

facilitando manutenção em geral, além de reforma/expansão mais simples da UHM. As

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juntas não deverão receber água (ao menos em excesso) diretamente, a não ser que

recebam um grouteamento mínimo. A água poderia passar através da cama de areia,

com o tempo causando recalque diferencial das placas de piso.

As zonas neutras são delimitantes para o cálculo da aresta das placas de piso e –

consequentemente, do peso das mesmas através da tabela automatizada.

1.16.6 Instalações elétricas

As instalações elétricas passam: I - Abaixo da malha nas zonas neutras utilizando

cabos tipo PP (Figura 0-21) - resistentes a umidade do solo, dispensando conduítes; II -

parafusados diretamente nas paredes (Figura 0-20), com a utilização de eletrodutos e

suportes e III - entre o madeiramento do teto, quando para iluminação.

Figura 0-20- Exemplo de instalação elétrica aparente

de baixo custo

Figura 0-21- Cabo tipo PP de duas vias.

Figura 0-22- Cabo comum

Fonte:http://2.bp.blogspot.com/-f6SVGTkBWOg/TrL9MX6TOjI/AAAAAAAAAAM/RqRUkbONUAE

/s1600/016.JPG

Fonte:http://www.bazar339.com.br/media/image/cabo_2x.jpg

Fonte:http://www.moino.com.br/produtos/SPNw4CpQjPIgfdS1ksJKhW2dS38a6PDNaRF9TuQ7.j

pg

Quanto a quadros de disjuntores, registros de energia e afins, nada pode ser alterado

devido a uma série de legislações. Caixas de passagem se fazem desnecessárias em

várias situações onde normalmente elas seriam utilizadas, posto que toda a instalação

já esteja acessível para manutenção.

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1.16.7 Instalações hidráulicas

Indica-se que a hidráulica se concentre sob as faixas de zona neutra quando tiver que

passar por debaixo do piso, facilitando manutenção e expansão. A maneira como cada

edificação – sobretudo uma UHM - será expandida é difícil de prever, por isso é

indicada a utilização de tubulação externa, com grande bitola (50mm) e utilização de

redutores.

O sistema não é preparado estruturalmente para suportar o peso de uma caixa d’água,

posto a enorme sobrecarga que ela gera. Algumas soluções indicadas:

1. Se houver fornecimento muito regular de água e situação econômica

extremamente frágil, pode-se dispensar a caixa d’água ou adotar um tambor

plástico grande, somente para estabilizar um pouco a pressão. Isso

provavelmente irá de encontro a alguma norma;

2. Utilizar caixa d’água tipo castelo para várias casas, barateando o custo para

todos de criar uma estrutura independente. Essa opção é especialmente

interessante quando se tratarem de varias residências sendo construídas

simultaneamente por um processo de mutirão;

3. Construir o banheiro em alvenaria convencional e colocar a caixa sobre ele. Essa

será a solução indicada na maior parte dos casos.

1.17 Insumos

Apesar de não ser possível até o momento listar e mensurar com total exatidão todos

os insumos que se farão necessários, a maior parte deles pôde ser determinada

através da simulação da criação de um canteiro de obras. Chegou-se ao seguinte

resultado:

1.17.1 Comodities e afins

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Quadro 0-9-Comodities e afins utilizados para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Insumo Utilização Observações

Comodites e afins Água 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das

estacas de fundação;2 - Assentamento para os

blocos; 3 - Higienização da obra;

É indicado que se possível a argamassa

de assentamento utilizada para os blocos cerâmicos seja do tipo pronta, principalmente se a obra estiver sendo executada por leigos,

para reduzir a possibilidade de fiadas irregulares e o tempo

gasto.

Areia média 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das

estacas de fundação;2 - Assentamento para os blocos;3 - Cama para recepcionar as lajotas

de piso;

Cimento 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das

estacas de fundação;2 - Assentamento para os

blocos;

Brita 3 1 - Pré-moldagem das placas de piso e das estacas de fundação;

Bloco para alvenaria 1 - realização do embasamento para os

pilares; 2 - pequena parede abaixo das

esquadrias; 3 - juntas nas zonas neutras

Utilizar blocos o mais regulares possível, para

minimizar a possibilidade de mal

assentamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os comodities se mostram um dos grupos mais interessantes dentro dos insumos, pois

existe uma grande possibilidade de variação quanto a seus quantitativos e a dinâmica

deles dentro do sistema. Posto:

1. A quantidade de cimento, brita, areia e cimento e água pode variar fortemente dentro dos traços adotados. Apesar do sistema adotar medidas padrão que majoram fortemente em direção a segurança, se houver a existência de mão de obra qualificada é possível que um olhar mais preparado em termos de prática construtiva e de observação da peculiaridade de diferentes fornecimentos dos mesmos materiais aponte na direção de solução mais eficientes;

2. Dependendo das estruturas de fornecimento pode ser favorável alterar o tipo de brita, areia, cimento etc, o que é complicado de mensurar sem uma visão de cada canteiro específico;

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3. Dependendo da dimensão do projeto (uma UHM? Uma casa? Um assentamento rural?) pode se tornar vantajoso passar a adotar traços e tipos de areia, brita, cimento, o que não pode ser previsto em um trabalho generalista desse porte;

4. A utilização de cimento CP-V, de cura rápida inicialmente pode se mostrar vantajosa em alguns casos e irrelevante em outras;

5. Os blocos para alvenaria disponíveis em cada região podem variar, repercutindo na largura do micro-módulo, na necessidade ou não (e em que intensidade?) de impermeabilização e a partir dai alterando uma série de outros parâmetros, como a quantidade de placas de piso dispostas em uma aresta, a dimensão e peso das mesmas, os custos com formas envolvidos e por fim, a viabilidade do uso das mesmas como zonas neutras em junta seca para a manutenção das instlações;

6. Com tudo isso (e com tanto que ele aparece em termos de produto finalizado), sua representatividade não é tão grande no orçamento líquido final e a variação do preço do mesmo pode tornar viável aqui adotar alternativas muito mais caras percentualmente que tragam outras vantagens. É um grupo a ser estudado com atenção.

1.17.2 Madeira

Quadro 0-10- Madeiras utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Insumo Utilização Observações

Madeira Placa para vedação Confecção das esquadrias em

geral

Em alguns locais se encontram disponíveis pallets sem alternância de

espaços vazios. Dar preferência.

Linha (variável) Suporta cobertura.

1 - As dimensões, sobretudo a altura, podem variar com a distância e o tipo de

madeira utilizados; 2 - Para vãos consideravelmente grandes, é mais

econômico utilizar treliças

Sarrafo 10x10cm Para pilaretes.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O grupo de comodities da madeira é um dos mais custosos dentro do sistema. Não a

toa, ele é responsável pela estrutura do mesmo, não só em termos de pilaretes e vigas,

como também por permitir um sistema com baixo peso próprio e tempo de construção,

facilitando a lógica dos pré-moldados, inclusive das fundações transportáveis.

Mesmo com tudo isso, a madeira trás a desvantagem de necessitar de uma

manutenção um tanto mais constante, o que tende a ser uma problemática dentro da

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SiMAHS - Projeto e Construção 107

habitação social, posto que a alvenaria tende a resistir em pé, mesmo lançada as

irresponsabilidades.

O uso extensivo de madeira casa bem com as necessidades de grandes beirais que

não só a protegem, como também tornam o SiMAHS inerentemente apto a zona

bioclimática 8. É para proteger a madeira que existe o embasamento em alvenaria.

A falta de uma regulamentarização e periodicidade confiável dos perfis de madeira pelo

Brasil fazem com que, apesar de serem determinadas algumas dimensões da parte

estrutural, por vezes elas tenham que adotar medidas semelhantes por falta de

disponibilidade.

Diferentes madeiras exigem diferentes periodicidades de manutenção, o que pode

tornar uma parametrização de manual construtivo especialmente difícil, sobretudo se

levarmos em conta que as espécies de madeira exploradas mudam ciclicamente e que

isso intervém diretamente no ciclo de manutenções.

Apesar de todas as dimensões encontradas de placas de vedação terem sido

estudadas com base em suas dimensões:

Faltam estudos – revisados nesse trabalho - quanto a durabilidade e incidência

de patologias, sobretudo a água e insetos xilófagos necessita ser um caso

abordado complementarmente;

Faltam estudos – revisados nesse trabalho – quanto ao desgaste mecânico e de

abrasão das placas de vedação;

As placas de pinus, quando com alta densidade (para tipos de pinus) parecem

ser a alternativa mais promissora até o momento, mas foi estudado qual o nível

de disseminação desse insumo dentro das áreas de abrangência do sistema;

Com todas as variações que se colocam sobre o grupo madeira (sobretudo no quesito

dimensões e bitolas), o sistema teve que se tornar completamente parametrizável, para

que a falta, imprecisão, custo caro ou inadequabilidade dos insumos locais tornassem

inadequada uma alternativa local. Assim, ele passa a se adaptar para se aproveitar das

melhores oportunidades, sem recorrer ao uso de chapas por pessoal despreparado e

desprovido de equipamento adequado, o que poderia gerar custos adicionais pagar

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SiMAHS - Projeto e Construção 108

para cortar), problemas para cortar as chapas com precisão (devido ao despreparo do

público alvo), desperdício de material ou encaixes defeituosos.

1.17.3 Aplicação e descartáveis

O grupo de aplicação e descartáveis (salvaguardo os verniz marítimo e piche/outro

impermeabilizante) tendem a ter custo desprezível em relação ao montante maior do

orçamento, assim como serem insumos de difícil quantização. Isso não deve ser visto

como algo preocupante, devido ao primeiro fator.

Quadro 0-11 - Aplicação e descartáveis utilizados para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Insumo Utilização Observações

Aplicação e descartáveis

Piche/outro impermeabilizante

Impermeabilização das fundações e da

alvenaria

Aplicar com pincel

Thinner Diluir o verniz marítimo; limpar os pincéis

Dispensável para verniz marítimo a base de

água

Verniz marítimo Proteção da madeira em geral

Não economizar nas demãos, sobretudo

sobre os Pallets.

Fita isolante

Fita veda-rosca

Fluido à escolha para limpeza

Para manter a obra organizada

Tipo e quantidade ficam a encargo do

responsável pela obra. Lixas para madeira Para manter a obra

organizada

Sacos de lixo Para manter a obra organizada

Silicone

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto a dupla salvaguardada (verniza marítimo e piche/outro impermeabilizante),

cabem as ressalvas em comum de que:

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SiMAHS - Projeto e Construção 109

O orçamento para os dois deve ser feito em função da área de envoltória externa

(note, na maior parte do tempo essa monografia pensa como parâmetro em uma

UHM) que se deseja cobrir e, portanto, tem capacidade sensível de variação em

função do macro-módulo adotado, portanto, da aresta da placa de vedação;

Os valores podem variar em função também do preço por m² de cada insumo;

Tipos de solo diferentes necessitarão de uma eficiência diferente em termos de

impermeabilização da fundação da alvenaria, assim como isso dependerá do

nível de vitrificação da própria alvenaria utilizada para fazer vedação;

Chapas de madeira de tipos diferentes irão absorver quantidades diferentes de

verniz, gerando custeio diferenciado em termos de preço/m².

1.17.4 Ferragens

Quadro 0-12- Ferragens utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Insumo Utilização Observações

Ferragens Arame 12

Arruelas

Barra rosqueada

Cadeados

Dobradiças

Ferrolhos

Lâmina para serra-arco

Parafusos diversos

Porcas

Prego para telha

Pregos pequenos

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os custos com ferragens podem variar sobretudo em função dos fatores:

Que tipo de conexão está sendo utilizada para conectar o esqueleto do sistema.

Existem algumas possibilidades que se dispõe:

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SiMAHS - Projeto e Construção 110

o Barra rosqueada com porcas e arruelas;

o Aço CA20 sulcado com a utilização de vira-macho para atender a

possibilidade anterior, todavia, a economia pode ser irrisória em função da

escala;

o Parafuso francês. A alternativa mais rápida, mas a mais cara das três.

Pode apresentar vantagens a depender da situação.

A quantidade de placas de vedação móveis dentro do projeto (pode-se manter

algumas placas fixas para economizar em ferrolhos e dobradiças, a depender do

caso;

A quantidade de geminações com alvenaria, que acarretariam na diminuição de

ferragens, pois haveriam menos placas de vedação.

O arame foi acrescentado sem nenhum uso específico previsto dentro do projeto, por

sua função de coringa dentro de uma obra. Assim, a variação de bitola do mesmo é

viável, salvaguardo que uma forte diminuição irá atingir diretamente a resistência, assim

como um forte aumento, a trabalhabilidade.

1.17.5 Ferramentas:

Os quadros abaixo, na sessão ferramentas, apresentam as ferramentas previstas para

a utilização com o SiMAHS. Todavia, é importante que se ressalte que:

o Algumas obras podem apresentar necessidades específicas de ferramentas;

o Ferramentas podem ser substituídas por outras de igual função, com perda,

ganho ou irrelevância na eficiência das mesmas.

o O SiMAHS foi projetado para ser construído com ferramentas o mais comuns

possível, utilizando como única ferramenta elétrica uma furadeira.

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Quadro 0-13- Ferramentas de pequeno e médio porte utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Ferramenta Uso principal Observações

Ferramentas de pequeno e médio porte

Alicate universal 1 - Elétrica; 2 - Com as conexões de barra

rosqueada;

1 - Mais alicates específicos permitem melhor rendimento do

trabalho;

Furadeira (elétrica) c/ jogo

de brocas

1 - Pilares para barra rosqueada; 2 - Confecção

de esquadrias;

1 - Não indicada (exceto em caso de região sem energia elétrica) a substituição pela correlata não-

elétrica;

Jogo universal de chaves de fenda,

philips e sextavadas

Usos diversos

Martelo 1 - Madeiramento de cobertura; 2 - Confecção de

esquadrias;

Martelo de borracha

1 - Assentamento das lajotas do piso; 2 -

assentamento das juntas da zona morta;

1 - Dependendo do caso, seu uso pode tornar-se dispensável;

Nível 1 - Preparação do substrato e assentamento das lajotas

do piso

1 - Dependendo de vários fatores, seu uso pode tornar-se optativo;

Prumo 1 - Manter as fiadas alinhadas; 2 - certificar-se do

correto assentamento dos pilares;

Serra arco 1 - Serrar as barras rosqueadas;

1 - Pode ser substituído por uma esmerilhadeira angular, micro-retífica ou afins para acelerar o processo, mas a aquisição com esse objetivo exclusivo não é

vantajosa;

Serrote 1 - Serrar linhas e sarrafos em geral; 2 - Pallets caso

necessário;

1 - A substituição por uma serra circular aumenta muito o rendimento do trabalho;

Trincha 1 - Envernizar (ou se o responsável preferir, pintar)

as esquadrias;

1 - Considerar como uma ferramenta descartável, apesar de

poder ser aproveitada algumas vezes; 2 - Para maior durabilidade,

limpar em pano seco; deixar em molho meia hora no thinner e depois limpar novamente com

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SiMAHS - Projeto e Construção 112

pano; 3 - Procurar reunir e fazer em um só momento todas as atividades relativas a trincha;

Vira-macho (opcional)

1 - Rosqueamento das barras de aço

1 - Permite criar barras rosqueadas a partir de cilindros de aço.

Representa economia, mas pode dificultar a logística (indicado para obras que possuam porte um tanto

maior);

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Quadro 0-13 apresenta uma série de ferramentas comuns (e algumas poucas

incomuns ou raras) que frequentemente já se encontram na mala de ferramentas de

muitas famílias brasileiras. A impropriedade das mesmas, seja quanto a posse, seja

quanto a sapiência, deverá ser facilmente contornável mediante a ajuda dos próximos.

Quadro 0-14 Ferramentas de grande porte utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Ferramenta Uso principal Observações

Ferramentas de grande

porte

Boca-de-lobo 1 - Cavar local onde serão colocadas as fundações de

estaca;

Betoneira (opcional)

1 - Preparar concreto a ser pré moldado;

1 - Programar todas as atividades relativas a betoneira para que

sejam organizadas de uma única vez, possibilitando a redução da

quantidade de diárias pagas;

Malho 1 - Compactar o solo para a colocação das placas de

piso/contrapiso;

1 - Pode ser confeccionado in loco de diversas maneiras;

Pá 1 - Transporte de areia, brita e metralha;

Inchada

Fonte: Elaborado pelo autor.

O Quadro 0-14 apresenta algumas ferramentas incomuns no suburbano, mais ainda no

urbano e relativamente fáceis de encontrar no rural (fora a betoneira, claro).

O uso da betoneira pode ser extremamente vantajoso a depender da escala da obra e

da sua natureza específica, sobretudo no momento de confecção dos pré-moldados. Há

de se pensar sobre o seu uso ou não em projetos de média e larga escala.

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SiMAHS - Projeto e Construção 113

Quadro 0-15 Ferramentas de Limpeza, transporte e afins utilizadas para construir uma UHM com o SiMAHS

Categoria Ferramenta Uso principal Observações

Limpeza, transporte e

afins

Baldes 1 - Transporte de areia, brita, agua, metralha e

ferramentas;

Carro de mão

Extensão, T´s 1 - Facilitar logística com energia dentro da obra

1 - Comprar cabo encapsulamento KPP de 2,5mm ou de 4mm; 2 - Não se assustar com o preço, a fiação será aproveitada depois na casa;

Refletor ou equivalente

Mangueira/caixa d’água ou tonel

1 - Facilitar a logística de transporte da água; 2 -

Possibilita que se pegue água com algum vizinho;

1 - Tampar para evitar animais na água e impurezas em geral;

Vassoura 1 - Limpeza e organização da obra; 2 - utilizada para acabamento com pó de

cimento

1 - Geralmente utilizada a de piaçava

Fonte: Elaborado pelo autor.

As ferramentas do Quadro 0-15 em grande parte dos casos já são de propriedade da

família, vizinhos ou amigos e provavelmente serão conseguidas sem maiores

dificuldades, talvez com um pouco de improviso. Quanto a caixa d’água utilizada na

obra, pode ser a mesma que fará parte da UHM mais tarde a depender do caso.

1.18 Processo de montagem (cartilha comentada):

O processo de montagem adotado pelo SiMAHS apesar de já haver sido pensado, foi

revisado e retificado a partir da criação de um modelo de canteiro de obras 3d no

software sketchup.

Os passos estão agrupados de maneira diferente de maneira a facilitar a visualização

da progressão da montagem. Aqui, se trata de uma sugestão, que não deve, a

princípio, substituir a experiência de profissionais da área de construção civil/execução

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que estejam aptos a gerir uma obra específica com suas particulariedades in loco. Isso

é verdade sobretudo em relação as instalações de elétrica, hidráulica e de esgotos, que

não guardam grandes diferenças em relação as práticas comuns.

A sequência é uma sugestão.

Figura 0-23- Passos 1 a 5 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

1 - Executar marcação com nylon e

piquetes;

2 - Cavar valas para os peitoris;

3 - Cavar pontos para a sapata pré-

moldada;

4 - Malhar/regularizar a vala, aditando

cim. e água;

5 - Fazer fundação com dois tijolos

deitados previamente pincelados com

pixe.

Durante os passos previstos pela Figura 0-23 não existe grande discordância fcom a

prática da construção civil dominante. Observa-se:

o Não existe diferença na maneira que se trabalha o esgotamento sanitário

(embora a adoção de uma fossa com bananeiras seja uma sugestão a depender

da realidade específica de cada projeto;

o As valas pré-moldadas, assim como os pontos de espera das sapatas são muito

mais rasos do que o que se espera. Isso se deve a:

o Redução drástrica de peso devido à adoção de um sistema de pilaretes,

que necessita de menos massa própria para suportar a si mesmo;

o A terra compactada recebe a adição de água (já de praxe), mas agora

também cimento, de maneira a estabilizar a terra para evitar um recalque

diferencial, o que não seria possível se o peso próprio do sistema não

fosse tão abaixo do convencional;

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o Os tijolos não recebem pedra amarroada devido a parte de alvenaria do

peitoril só avançar 70cm acima da altura do piso e os tijolos deitados

terem sido impermeabilizados com antecedência

o Ao critério de construir o mais rápido possível;

o A marcação com nylon e piquetes não possui diferença fundamental do sistema

utilizado atualmente, mas para a maioria dos casos, é sugerido que ela siga a

delimitação dos Dl(n)’s para melhor aproveitamento do terreno;

o A lógica de fundação utilizada pelo SiMAHS não é válido para os pontos onde a

alvenaria vá obedecer a uma lógica convencional, como é o caso dos banheiros.

Figura 0-24- Passo 6 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

6 - Preparar esgotamento, aguardando

as áreas molhadas. Notas: I - Cano de

100mm para vaso sanitário e 50mm para

as demais; II - Evitar furar fundação da

parede;

A figura Figura 0-24 demonstra com a câmara mais fechada as esperar que devem ser

utilizadas para esgotamento sanitário e os tijolos impermeabilizados já em suas valas.

Parenteses que por vezes pode ser necessário furar parte da fundação pode ter que ser

interrompida para a passagem de esgotamento sanitário se se adotar a tipologia de

UHM sugerida.

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Figura 0-25- Passos 7 a 11 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

7 - Posicionar pilares;

8 - Locar travamentos horizontais na

altura adequada à dimensão das placas.

Alvenaria acabada a 80cm do piso;

9 - Efetuar retíficas. Usar nível de bolha

para averiguar travamentos e prumo os

pilares;

10 - Groutear pilares já retificados;

11 - Aguardar três horas antes de

mexer em qualquer coisa perto dos

pilares e dos travamentos em si;

Na Figura 0-25 vê-se que os canos de 150mm de PVC concretados às sapatas e até

então inertes recebem os pilares, mas essa ainda não é a hora do grouteamento, pois

os travamentos laterais poderão travar os mesmos, garantindo melhor alinhamento

antes do processo.

Utilizando nível e trena, os travamentos laterais são cuidadosamente colocados para

não afetar a posteriori o recebimento das placas de vedação. Para não comprometer a

estabilidade do sistema antes que os pilares sequem do grouteamento, é válida a

utilização de calços e de pregos que prendam as barras estruturais, evitando assim o

movimento de giro. Agora sim, os pilares devem ser grouteados e deve-se esperar ao

menos qualquer atividade que perturbe diretamente essa parte da estrutura (para

esforço estrutural de verdade, mais tempo).

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Figura 0-26- Passos 12 a 16 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

12 - Enterrar áreas que fujam da

modulação;

13 - Regularizar e malhar a superfície

polvilhando com cimento e água;

14 - Colocar cama de 1cm de areia;

15 - Colocar as placas de piso e utilizar

martelo de borracha com nível e guias;

16 - Para tampar os buracos que

fogem da modulação, taboas em

conjunto com régua de aço podem ser

utilizadas. Sempre que necessário

caminhar, evitar ao máximo que isso seja

na parte não pré-moldada;

Durante as etapas representadas pela Figura 0-26 é sugerido que, caso se opte por

utilizar placas de piso pré-moldadas também nessa parte, que as partes restantes

sejam trabalhadas para realizar o contra-piso de maneira diferente que as demais (a

terra em um nível mais alto). A figura diz respeito as zonas neutras não parametrizadas

(banheiros em alvenaria e outros).

Cavando cerca de 20cm, remexendo essa mesma terra e compactando-a com a

utilização de malho, água e salpicando com cimento, o substrato tende a ficar bem

mais estabilizado do que seria de praxe. Uma espécie de semi impermeabilização e

proteção contra o recalque diferencial, semelhante a criar um tijolo de solocimento

monolítico, ou estabilizar uma estrada de terra. Além do cimento, o uso de baba de

cupim poderia se mostrar vantajoso, mas a abrangência desse insumo não é tão

grande. Regularizar a superfície durante o processo.

A cama de 1cm de areia terá a sua espessura variável em função da qualidade da

regularização, onde deverá aumentar de maneira inversamente proporcional,

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funcionando como retífica. Quanto mais argiloso for o solo, também mais se deve

aumentar a espessura dessa camada. Dessa maneira, a areia age como uma barreira

contra a umidade ascendente, já reduzida pela camada de solo estabilizada.

Groutear onde for necessário, aplicando nata de cimento sobretudo nas áreas

molhadas.

Figura 0-27- Passos 17 a 18 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

17 - Serrar o excesso dos pilares;

Pois os pilares são comprados em tamanho um pouco maior do que o necessário,

tendo vista a diferença de relevo dos terrenos.

Figura 0-28- Passos 19 a 22 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

18 - Assentar alvenaria em cima da

fundação simples até altura de 80cm no

ponto mais alto do terreno;

19 - Assentar placa pré-moldada;

20 - Malhar salpicando com areia e

cimento;

21 - Colocar cama de areia de 1cm;

Na Figura 0-28, a alvenaria é assentada de maneira tradicional (o sistema suporta as

alvenarias convencionais) até a altura de 80cm do ponto mais alto do terreno. Assim,

caso haja desnível, o contrapiso nunca ficará abaixo do nível da terra. A confecção do

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peitoril em alvenaria é realizado por três principais razões: I – A susceptibilidade da

madeira a ação da água, que costuma respingar mais nas partes mais baixas, além da

susceptibilidade a umidade ascendente, II – O tempo, a dificuldade e a possibilidade de

criar um resultado desastroso assentando alvenaria é diretamente proporcional a quão

alta a mesma está sendo assentada; III – Pouca alvenaria possibilita fundações leves,

mais facilmente executadas anteriormente. A alvenaria baixa, se mostra bastante viável.

Figura 0-29- Passos 23 a 26 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

22 - Executar hidráulica;

23 - Fixar aparelhos hidráulicos;

24 - Executar elétrica;

25 - Locar placas de piso e zonas

neutras, executar eventuais quebras com

marreta e formão, por fim deixando na

localização exata com o uso de martelo

de borracha;

Durante a instalação da hidráulica no anteprojeto da UHM típica (Figura 0-29),

desenvolvido para demonstração do passo a passo do sistema, optou-se por

instalações hidráulicas externas com canos de 50mm com a instalação de reduções e

T´s no local de cotovelos, deixando uma espera, posto que:

o A expansibilidade do projeto tipo seria imprevisível e o aumento exagerado do

diâmetro do encanamento até o limite do utilizado para encanamentos

residenciais permitira estar preparado para qualquer que fosse a necessidade

futura;

o As paredes escolhidas no caso exemplo são finas e poderiam ser afetadas por

tal bitola pelo caminho escolhido pela hidráulica, podendo deixar parte da

sustentação da cobertura susceptível a uma parede frágil;

o Para uma UHM, pensada como um núcleo para expansibilidade futura, adotar

encanamentos externo é uma vantagem que facilitam o processo;

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o No caso de um projeto tipo de UHM, como é o caso, existe somente uma parede

hidráulica, com um caminho extremamente curto, de modo que os custos

proporcionalmente maiores com tubos de maior diâmetro se tornariam ínfimos

em relação ao valor total;

o Com tão pouco caminho hidráulico, não haveria vantagem palpável na

diversificação da tubulação em várias bitolas diferentes.

A elétrica para tomadas TUG utilizada por padrão nas UHM’s foi adotada igualmente

nesse projeto tipo, de modo que os cabos de elétrica PP 2,5mm trafegam na camada

da cama de areia, abaixo das zonas neutras, permitindo com isso:

o Manutenção e expansibilidade com a retirada dos tijolos de junta seca e

colocação posterior, sem haver quebra;

o Afloramento dos mesmos através de eletrodutos rígidos, várias vezes pouco

abaixo das placas de peitoril, chegando até caixas de tomada parafusadas às

paredes e equipadas com espelhos com duas tomadas cada.

A instalação das TUE´s no caso desse projeto consegue se manter na parede de

alvenaria que separa a parte da UHM construída com SiMAHS daquela que é feita com

alvenaria convencional (banheiro, feito assim para suportar o peso da caixa d’água).

Dessa forma, uma instalação externa com cabos “normais” (não PP) passando por

dentro de eletrodutos rígidos saindo diretamente do quadro de disjuntores consegue

facilmente atender à tomada do chuveiro no banheiro e mais uma para a cozinha (para

uso com micro-ondas e afins). A elétrica da instalação elétrica que diz respeito a

iluminação será abordada mais para frente, quando o modelo já possuir cobertura.

Na Figura 0-29 também aparece à instalação de mais placas de piso, dessa vez da

maioria delas. O processo deve ser realizado à exemplo do que foi explicado para a

Figura 0-26. Dessa vez, temos também as zonas neutras, ou tijolos de junta seca, que

se manterão presas no lugar por meio de posição relativa (simplesmente eles não tem

para onde se deslocar.

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Figura 0-30- Passo 27 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

26 - Locar e fixar as linhas ligando os

pilaretes. Entre eles (ver acima), utilizar

calços quanto necessário e pregos para

caibro;

27 – Colocar no lugar as placas de

vedação e instalar também as

respectivas ferragens (dobradiças e

ferrolhos).

Durante a Figura 0-30 temos a instalação das placas de vedação encontradas. Nesse

caso, placas de pinus de 1,34x0,98m, formando duas camadas de parede/esquadria e

suas respectivas ferragens. Também, a instalação das linhas, juntando dois pilaretes e

também no meio, para que o espaçamento não fique demasiadamente grande. Nessa

etapa pode ser necessária a utilização de tarugos para fornecer uma inclinação de 5 a

10% (nesse caso foi adotada uma inclinação de 5%).

Figura 0-31- Passos 28 a 29 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

28 - Pregar placas sobre as linhas;

29 - Pregar tarugos no distanciamento

adequado para pregar as telhas. Utilizar

restos de madeira;

A Figura 0-31 demonstra que a utilização de chapas de madeira por sobre as linhas

anteriormente colocadas nos permite utilizar as mesmas como estrutura temporária

para a fixação das telhas. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que estamos tendo um

gasto a mais com chapas, também reduzimos o consumo com as linhas utilizadas. Não

só isso, utilizando os tarugos – restos de madeira provenientes da própria obra ou não,

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mero lixo de algum outro canto – nos pontos de fixação das telhas, estamos criando

preparando uma cobertura ventilada que em breve entrará em ação.

Figura 0-32- Passo 30 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

30 - Executar barrilete com a parte mais

alta a pelo menos 2,80m. Utilizar restos

de madeira;

A Figura 0-32 demonstra como as dimensões do banheiro são adequadas para essa

tipologia de barrilete, muito comum em residências simples. Pode ser realizada com

restos de madeira dessa obra específica ou de alguma outra. Destaque (para ver na

foto) para o ladrão da caixa d’água, a válvula de limpeza, a instalação com canos de

50mm e redutores, a visível expansibilidade pensada e a pequena quantidade linear de

canos utilizada.

Figura 0-33- Passo 31 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

31 - Colocar forro do banheiro, acima

dele a caixa d’água e realizar as

respectivas conexões;

A instalação do forro com mais alguma chapa de madeira no banheiro (Figura 0-33) da

algum acabamento por dentro, ajuda a distribuir melhor as cargas e evita o acúmulo de

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sujeira no banheiro, sem com isso dificultar futuras mudanças de conformação que o

espaço venha a passar.

Figura 0-34- Passos 32 a 34 para a construção de uma UHM com o SiMAHS

Fonte: Elaborado pelo autor.

32 - Pregar telhas com pregos próprios

nos tarugos. Utilizar balanço máximo da

telha em relação as placas;

33 - Serviços complementares como

portão, muro e afins;

34 - Ligações hidráulica e elétrica

A Figura 0-34 demonstra uma UHM projeto tipo pronta, com todas as esquadrias

abertas. Como o preço das mesmas pode variar em função de inúmeros fatores, esta

saiu por cerca de 5.800 reais. Esse custo não inclui fossa, muros, portões... Mas fora

isso, quadro de disjuntores, disjuntores, poste de entrada de energia, caixa de gordura

dentre outros foram cotados no orçamento. Também não está inclusa a mão de obra,

posto que o SiMAHS é voltado para autoconstrução.

Nas etapas contidas nessa foto, será necessária a ligação definitiva das

concessionárias de energia e água (poço?), assim como os serviços complementares,

como muros, portões etc. Destaque na foto para a cobertura ventilada de baixo custo, o

grande beiral, as janelas que podem ser abertas em várias conformações diferentes e

ainda sombreiam. Funcionando de maneira muito satisfatória com as necessidades da

zona bioclimática 8.

1.19 Possibilidades de personalização/acabamento:

Assim como qualquer outro sistema construtivo, o SiMAHS pode receber vários tipos de

acabamento sem que isso o descaracterize. Anteriormente nesse trabalho já foi

comentada a possibilidade da adição de corante xadrez nas peças pré-moldadas. Outra

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opção que se coloca é a pintura das peças, que inclusive pode se reverter em

economia em relação aos gastos com verniz e a durabilidade do mesmo.

Sem entrar no mérito da estética – até porquê, conforme explicitado anteriormente, não

foi parâmetro para desenvolvimento do SiMAHS, demonstra-se abaixo uma série de

acabamentos diferentes, do mais espartano (Figura 0-35), acabamento típico de

comércio que precisa chamar atenção (Figura 0-36), sem exageros (Figura 0-37) até

uma demonstração do que poderia se tornar um exagero (Figura 0-38).

Figura 0-35- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas

Figura 0-36- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 0-37- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas

Figura 0-38- Perspectiva frontal da fachada sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

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Observa-se, tanto nas fotos anteriores, quanto nas próximas (Figura 0-39, Figura 0-40,

Figura 0-41 e Figura 0-42) não só os acabamentos, mas também as diferentes

maneiras como as esquadrias podem ser abertas. A bem da verdade, cada UHM

dessas tem 16 placas de janela que poderiam estar abertas ou fechadas, totalizando 2

elevado a dezesseis possibilidades de combinação, 16.536 combinações.

Figura 0-39- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas

Figura 0-40- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade de acabamento tipo II com somente as janelas

inferiores abertas

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 0-41- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na

possibilidade de acabamento tipo III com somente as janelas superiores

Figura 0-42- Perspectiva frontal das fachadas oeste e sul de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

O número de combinações é ainda maior. Ao observarmos Figura 0-43, Figura 0-44,

Figura 0-45 e Figura 0-46 e Figura 0-47, vemos que as hastes que seguram as janelas

podem facilmente ser reguladas para três posições de abertura e mais uma de fechada,

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totalizando então 4 elevado a 16 e não 2. Total de combinações possível:

4.294.967.296. Se um ser humano vivesse oitenta anos e nunca dormisse, ele

conseguiria testar 1,7 opções de ventilação por segundo. Se considerássemos a porta

como aberta ou fechada, 3,4.

Figura 0-43- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo I com as duas faixas de janelas abertas

Figura 0-44- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo II com somente as janelas inferiores abertas

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 0-45- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo III com somente as janelas superiores abertas

Figura 0-46- Perspectiva interna cozinha-sala de uma UHM na possibilidade de

acabamento tipo IV com todas as janelas fechadas

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

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Figura 0-47- Perspectiva interna sala-cozinha de uma UHM na possibilidade de acabamento

tipo I com as duas faixas de janelas abertas

Fonte: Elaborado pelo autor.

1.19.1 Simulação do processo

A simulação computacional de uma obra passo-a-passo revisou o processo e

identificou peças não previstas no orçamento que poderiam prejudicar a eficiência do

sistema. A obra foi montada passo-a-passo no programa Sketchup e chegou-se

próximo ao nível de detalhamento de um projeto executivo, tendo sido previsto até

mesmo equipamentos como caixa de gordura, saída do cano da fossa, válvula de

limpeza da caixa d’água, ladrão, contador de água e energia, poste de entrada

(elétrica), eletrodutos, caixa de disjuntores, forro da caixa d’água, dentre tantas outras

coisas. O processo passo-a-passo da fabricação dos pré-moldados também foi

simulado, com a “fabricação” das formas, aplicação de groutes, dentre várias outras

coisas. Como se pode observar na Figura 0-48, até um canteiro de fabricação dos pré-

moldados foi simulado, visando aperfeiçoar a dinâmica de fabricação dos mesmos.

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Figura 0-48- Canteiro de fabricação de pré-moldados simulado

Fonte: Elaborado pelo autor.

1.19.2 Construção do MOCAP

O teste prático é a construção de um modelo em escala real, MOCAP em escala 1:1.

Considerando as restrições de custo e de tempo, decidiu-se pela construção de

somente um macro-módulo em um terreno em Nísia Floresta-RN, de propriedade da

família do autor, que também custeou a obra. Preferencialmente, o experimento deveria

ser realizado por um grupo de pessoas sem experiência. Algumas razões práticas

conspiraram para que isso não fosse possível:

1. Para alcançar o feito, seria necessário encontrar pessoas dispostas a ler uma

cartilha de cerca de 70 páginas e construir algo que requer notável esforço físico

em um local de difícil acesso que quando ficasse pronto não seria de

propriedade das mesmas;

2. Pessoas sem nenhuma experiência construindo algo que não lhes seria de

utilidade prática tenderiam a gerar resultados inferiores aos encontrados em um

cenário real;

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3. O pressuposto de que a cartilha já estaria pronta para que as pessoas pudessem

construir não seria verdadeiro, uma vez que a mesma foi sendo construída

concomitantemente ao TCC, até para que não houvessem discrepâncias entre

ambos;

4. Seria necessária a presença do autor o tempo todo na obra para a

documentação, o que seria impossível, posto que o trabalho escrito do TFG já

estava causando um consumo imenso de tempo. Também seria incoerente, já

que a presença no local invariavelmente causaria interferência em um momento

tão inicial do sistema;

Como solução parcial para o problema, foi empregado o uso de um mestre de obras

com experiência e entregue a ele a documentação existente (onde já existia a

modelagem passo-a-passo explicada), juntamente a possibilidade de consultas por

telefone com o autor para que o mesmo executasse o tramite sozinho.

O emprego de um mestre de obras experiente para resolver o problema, apesar de não

se tratar do público que realmente utilizará o SiMAHS na maior parte do tempo,

acabaria trazendo um bônus colateral: O mesmo poderia executar a sua própria

avaliação e sugerir mudanças, que possivelmente seriam implementadas na próxima

etapa de revisão do sistema construtivo (mestrado do autor).

Foi escolhido um trecho do terreno de Nísia Floresta com um pouco mais de inclinação

do que habitualmente o sistema irá se deparar. Dessa maneira, o sistema terá a

oportunidade de provar a sua validade em condições que por tabela findam aferindo-o

um uma gama maior.

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Figura 0-49- Terreno de construção do MOCAP, já desmatado.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A obra está em andamento neste momento e gerará resultados a curto prazo ao

possibilitar defeitos no sistema e no processo/sequência de montagem e, ao longo dos

anos, as vulnerabilidades diversas a patologias de médio prazo. Os dados servirão para

aperfeiçoamento do sistema.

1.19.3 Teste da cartilha

Assim como no desenvolvimento do sistema construtivo, a cartilha que o explica parte

do pressuposto que ela nunca deverá ser considerada finalizada. Para que se pudesse

ter ideia de como melhorá-la, algumas pessoas foram convidadas a participar do teste.

O público selecionado deveria obedecer aos critérios de:

1. Não fazer parte da construção civil nem possuir experiência digna de nota na

mesma;

2. Saber operar com habilidade o suficiente um programa de planilhas, dada a

necessidade de utilizar a planilha geradora automatizada para descobrir alguns

parâmetros necessários ao processo de projeto;

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3. Possuir declarado grande nível de disposição para realizar o processo, uma vez

que o feito consumiria algumas unidades de hora e desistentes acarretariam em

perda de tempo para o autor deste trabalho, que à época já não tinha mais muito

tempo;

4. Ser preferencialmente militante ligado às classes populares, com experiência em

mutirões (fora ligados a construção civil), trabalhar em coletivos, educação

popular, teatro do oprimido ou assemelhados. Essas pessoas poderiam dar

conselhos valiosos para a melhoria do processo de projeto, apresentação da

cartilha etc, com experiências de outras áreas para tornar a cartilha mais

completa;

5. Ser preferencialmente amigo ou amiga do autor, para que a experiência pudesse

continuar sendo discutida informalmente no futuro, trazendo assim um maior

retorno e também, tendendo a reduzir a probabilidade de evasão do teste.

Dentro dos pré-requisitos e cumprindo sempre que possível as preferências elencadas

foram selecionados indivíduos o mais diferentes possível, para que as dificuldades e

contribuições (sugestões) pudessem ser observadas.

A amizade com o autor foi uma fundamental diretriz, posto que desconhecidos

dificilmente se desporiam a realizar um processo tão desgastante, além de tornar mais

cômodo o diálogo.

No Quadro 0-16, é possível ver quais são as pessoas escolhidas para participar do

teste. É importantíssimo ressaltar que Possuo uma quantidade diferente de informação

de cada uma delas, de modo que a terceira coluna não pode ser considerada de forma

alguma uma forma de currículo ou algo do tipo. Na primeira coluna do Quadro 0-16 o

preenchimento em cor verde assinala aqueles que participaram da avaliação e em

vermelho aqueles que por algum motivo não puderam, não quiseram ou não

responderam ao convite. Sobre o perfil dos selecionados, a arquiteta Cecília Marilaine –

atuante na área de assistência técnica à habitação rural e permacultura- é exceção. A

idéia era que ela funcionasse como controle.

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Quadro 0-16-Perfil das pessoas selecionadas para o teste do sistema de projeto:

Nome Porque foi escolhido

Alessandro Muniz

Fontenelle

Organizador da casa/coletivo Casa Caracol, que organiza atividades diversas (ortas em espaços públicos, cursos gratuitos….), pensador do cotidiano.

Ana Lus Moura Gadelha

Militante feminista e do levante popular, atua em felipe camarão

Camille Suellen Organizou um mutirão para limpeza do presépio de Natal, participou do programa guerreiros sem armas, pensadora do cotidiano com enorme acuidade intelectual.

Cecília Marilaine Indivíduo de controle. É a única pessoa da lista que tem prática com tecnologia da construção, habitação social, construção por mutirão, metodologias de projeto participativo e afins. É arquiteta e tem um extenso currículo na área de atuação

desse TFG.

Felipo Bellini Militante autônomo no circuito no mundo profissional dos professores, consultor para start’ups, participou de vários projetos voluntários (ou quase voluntários,

variados prêmios em didática e afins, excelente gestor de pessoas.

Lincoln Moraes Militante de esquerda a cerca de 50 anos, conhecimentos sobre Paulo Freire, fundador e primeiro presidente do PT no RN, organizador da campanha de

desfiliação em massa, cientista social (doutor), especialista com extenso currículo e extremamente reconhecido na área de Gestão de Políticas Públicas, pensador do

cotidiano com enorme acuidade intelectual.

Luana Soares Dirigente do PSTU, feminista e outros, assessora política/parlamentar da vereadora Amanda Gurgel, habilidades destacadas nas áreas de mobilização e organização,

assistente social.

Matheus Selim Estudante de Design, das pessoas conhecidas, a com mais experiência na área de Experiência do Usuário.

Morvan França Ex militante do levante popular, auxiliou o coletivo #[R]existe_Reis_Magos como fotógrafo, pensador do cotidiano com enorme acuidade intelectual.

Pedro Baesse Militante do Partido Pirata, ambientalista e ciclista.

Raoni Costa Pessoa muito solícita, considerando construir uma UHM completa em Nísia Floresta dependendo dos resultados do TFG. Isso significaria a existência de um

modelo plenamente operativo para um futuro estudo de pós-ocupação e de susceptibilidade a patologias.

Ricardo Tersuliano

Presidente do IAPHACC, militante do patrimônio histórico, um dos principais articuladores da resistência que está impedindo a demolição do Hotel Reis Magos,

excepcional articulador/organizador.

Robério Paulino Militante do PSOL/LSR, ambientalista, personalidade publica notável (reconhecida) na cidade, economista (doutorado), professor de políticas públicas da UFRN.

TOTAL 13 selecionados de 1492 contatos.

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Fonte: Elaborado a partir do site https://www.facebook.com/alain.souza.1/friends. Acesso em: Novembro

de 2015.

Por questão de comodidade e tempo hábil, a lista foi montada com o autor olhando as

pessoas do seu facebook e vendo quais se encaixavam nos critérios acima

explicitados. De posse da lista montada, foi criado um evento no facebook. A descrição

consta nos apêndices. Todas as pessoas foram chamadas ao chat, individualmente,

para evitar que o convite passasse e desapercebido e também para sanar eventuais

dúvidas sobre o processo em si. Muitas não responderam ou estavam indisponíveis.

Confirmado em alguns casos, a faixa etária da maior parte dos participantes fez que

grande parte dos convidados não pudessem participar do processo devido as

dificuldades inerentes a vida universitária em conjunto com fim do período letivo. Foram

registrados mais dois casos de pessoas que não participaram por dificuldade de lidar

com tecnologia.

O esperado era que os indivíduos que participaram do experimento fossem apresentar

médias ou grande dificuldades, mas que ao fim de algum esforço conseguissem

compreender o sistema. Isso não aconteceu. A falha em fazer com que Camille Suellen,

estudante de Ciências Sociais, compreendesse o sistema confirmou a eficácia do

procedimento metodológico adotado. Tal qual feito com o sistema construtivo, as

dificuldades e falhas apresentadas foram aproveitadas como oportunidade para o

melhoramento contínuo. Suellen me auxiliou durante dois dias a retrabalhar na cartilha,

marcando os termos que ela não entendia. Com isso, a cartilha ganhou um extenso

glossário ilustrado e dezenas de notas de rodapé, auxiliando as pessoas seguintes a

compreender mais facilmente.

Continuando o experimento, a maior dificuldade estranhamente não foi com falta de

vocabulário na área da construção civil, mas com a falta de convívio cotidiano com

tabelas e o tipo do raciocínio utilizado para elaboração. Não foi possível demonstrar ao

indivíduo - nem com algum esforço - a utilizar os procedimentos propostos. Foi dado

continuidade ao aperfeiçoamento no intuito de deixar a cartilha mais compreensível

tentando escrever os textos de maneira mais clara, ilustrando mais, levando mais

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funções para a tabela automatizada etc, mas mesmo com grande dedicação do

indivíduo isso não surtiu efeito.

O segundo indivíduo, Luana Soares, apresentou o mesmo nível de incompreensão que

a primeira, mesmo com todas as modificações realizadas, todavia, tendendo a

desistência mais rápida. Esgotadas as possibilidades aparentes de melhoramento da

cartilha dentro de tempo hábil, não houve nada a fazer.

Matheus Selim, estudante de design, foi o terceiro indivíduo a testar a cartilha,

utilizando-a sem problemas e elogiando o quanto ela estava didática. Leu a mesma

sem pedir qualquer auxílio e declarou ter capacidade de projetar com o mesmo a partir

dos dados disponíveis, que faria isso se não possuísse renda o suficiente (foi

convencido ao sistema), mas que possuindo preferiria contratar um arquiteto-urbanista.

Interessante relembrar que ele foi escolhido para o teste por ser interessado e ter algum

conhecimento na área de experiência do usuário, a qual dizia respeito justamente o

teste e aperfeiçoamento com as cartilhas. Mais testes não foram feitos por

indisponibilidade de voluntários dentro do grupo escolhidos.

Apesar da amostra não ser suficientemente representativa, o fato de que de três

pessoas de capacidade cognitiva acima do normal, faixa etária e escolaridade

semelhante e todos sem nenhum conhecimento da área de construção civil um

apresentar resultados tão diferentes parecem gerar alguns apontamentos.

Mesmo que isso não necessariamente tenha ligação com a área profissional a qual eles

se dedicaram, O primeiro indivíduo forma de pensar abstrata, o segundo

organizativa/gerencial e o terceiro técnica. A grande diferença nos resultados permite

especular de que provavelmente não vá ser a escolaridade o maior fator limitador para

a compreensão da cartilha, mas sim o modus operandi de cada um, tendendo a haver

indivíduos que reproduzam a mesma maneira de Selim em todas as classes sociais.

Parênteses que o prosseguimento do processo de automatização da tabela será

essencial para conseguir reduzir o nível de escolaridade necessária, distanciando o

usuário final de equações, inequações e funções. Todavia, isso não parece que irá

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auxiliar de forma alguma alguns indivíduos, inclusive de altíssima

escolaridade/capacidade cognitiva se eles não tiverem modo de pensar técnico.

Ainda existe a possibilidade de melhorar a cartilha, tornando ela mais prática, amigável,

ilustrada, melhor diagramada, tornando-a acessível a um número maior de pessoas.

Todavia, parece mais promissor a migração para outros canais de comunicação que

ainda não tenham sido explorados para atingir públicos-alvo (em termos de forma de

pensar) diferentes.

Há a possibilidade de criar um vídeo, utilizando-o como guia para a utilização da

cartilha, pois muitos tendem a ser menos resistentes a esse tipo de material. Seguindo

o mesmo caminho, encará-la como uma apostila a ser utilizada após prévia capacitação

para grupos de mutirão se coloca também como opção, mas para autoconstrução

realmente não assistida, não resolve o problema como um todo.

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Conclusões

O objetivo geral é desenvolver um sistema construtivo para autoconstrução não

assistida de habitações sociais, com o potencial e as ferramentas necessárias para se

auto-replicar.

A partir desse trabalho foi possível continuar o desenvolvimento do SiMAHS – Sistema

Misto para Autoconstrução voltada para Habitação Social e chegar a um nível

adequado no seu potencial bruto, detalhamento, orçamento, simulação de

aplicabilidade e de processo construtivo, incrementando exponencialmente sua

fiabilidade com recursos e tempo um tanto quanto limitados.

1. Apresentar o sistema ao público acadêmico;

A demonstração do processo metodológico, justificativas de decisão e critérios

elencados coloca-o não só como um produto por si só, mas como uma decorrência de

uma série de encadeamentos lógicos que trazem não só valor prático, mas também

valor acadêmico para utilização do mesmo.

2. Criar uma cartilha que possa ser utilizada para orientar as autoconstruções com

esse sistema sem a necessidade do acompanhamento de algum profissional da

área;

Ao passo que o sistema se afasta cada vez mais do mundo das idéias ao se aproximar

da realidade, a criação da cartilha se mostrou parcialmente satisfatória, pois a

dificuldade de comunicar o sistema sem a intervenção do autor , embora tenha sido

sensivelmente reduzida. O esforço se demonstrou válido, mas ainda não chegou a um

patamar de excelência. O assunto continua em aberto.

3. Realizar o MOCAP para averiguar o funcionamento do SiMAHS;

O início de construção da MOCAP demonstra que aparentemente o sistema já

demonstra maturidade suficiente para o início dos testes de campo. De acordo com o

procedimento metodológico, o resultado é invariavelmente positivo. Ou as ambições

para o SiMAHS se confirmam, o que seria um grande passo para a pesquisa que está

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sendo desenvolvida, ou serão descobertas falhas no mesmo, gerando possibilidades

para que o mesmo continue evoluindo, possibilitando que o mesmo alce novos

patamares de qualidade. Importante é que mantenha-se permanentemente a

consciência de que um sistema construtivo, como qualquer outra coisa no mundo,

sempre possui a capacidade de ser aperfeiçoado.

4. Demonstrar possibilidades de utilização do sistema.

Foram apresentadas possibilidades de utilização do sistema não antes previstas antes

do início do trabalho grassas a parametrização da largura de macro-módulo, que

encadeou uma série de consequências, chegando a alçar bem de perto o mote de

sistema auto projetável baseado em parâmetros numéricos, o que possibilita que uma

parcela importante de decisões de projeto dos autoconstrutores não assistidos pare de

se basear em questões randômicas e se coloque objetivamente lógica (mesmo que não

seja possível desenvolver um algorítimo plenamente satisfatório), pois segue critérios

matemáticos definidos.

Projet ara mutirao

1.20 Limitações do trabalho

Para alcançar em outros critérios escolhidos como mais importantes o nível de

qualidade atingido até agora, o sistema teve que abrir mão da sua capacidade de

verticalização ainda nos primórdios, o que o restringiu na maioria dos casos às áreas

suburbanas e rural. Da mesma forma, o sistema também é seriamente limitado em

relação a terrenos muito inclinados, inviável para o clima de aproximadamente metade

do Brasil.

Existe uma possibilidade de que o sistema apresente problema com patologias de

alguns tipos de chapas de madeira reconstituída, assim como com a fundação das

muretas, ambos experimentais. Não se pode ter certeza no momento, pois não houve

por parte do autor estudo específico sobre o mesmo, nem acesso a material conclusivo

sobre a questão.

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Para atingir todos os públicos ao mesmo tempo, o sistema necessitaria deixar de ter

uma cara tão parametrizada, pois mesmo que todas as aplicações pareçam simples ao

seguir as instruções descritas, findam por assustar muita gente. A tabela automatizada

foi criada como alternativa para sanar – ou reduzir – esse problema. Ela não conseguiu

cumprir esse objetivo. Funcionou muito bem e facilitou a aplicação do sistema, mas só

para quem já tinha raciocínio técnico. Recomendações para futuros trabalhos

Para futuros trabalhos colocam-se como questões interessantes:

o Vencer as limitações do sistema: verticalização e climática sobretudo;

o Realizar os testes de campo, preferencialmente com variações que permitam

descobrir quais são as limitações exatas do sistema, quanto a inclinação

máxima na qual ele pode ser utilizado, se algumas chapas de madeira devem

ser evitadas etc;

o Melhorar os atributos onde o sistema já apresenta bons resultados: Torná-lo

mais barato, mais rápido e mais durável sobretudo;

o Criar um site que gere automaticamente plantas baixas com RRT quando

autorizadas por algum responsável, possibilitando que grande quantidade de

pessoas que não tem oportunidade, baixem para imprimir plantas com RRT pela

internet;

o Construir uma UHM inteira e realizar um estudo de ocupação;

o Realizar uma experiência de extensão com o MST que construa com o SiMAHS,

utilizando a metodologia de planejamento participativo parametrizada disposta

no corpo do trabalho;

o lançar as bases para um programa com interface amigável que possa “jogar

para baixo do tapete” tudo aquilo que lembre, mesmo que vagamente

matemática. Esse é um encaminhamento que estou considerando trabalhar no

mestrado.

o

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edificações. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050: Acessibilidade a

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BONDUKI, Nabil G. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo, x edição. Editora????. 1994.

CARDOSO et al. Habitação de interesse social: Política ou mercado? Reflexos a construção do espaço

metropolitano. Rio de Janeiro, 2011.

Governo do Brasil. Constituição do Brasil. Diário oficial da União??? 1988.

LARCHER, José Valter M. Diretrizes visando a melhoria de projetos e soluções construtivas na

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IPT-SP. Divisão de Edificações. Manual de orientação para execução racionalizada de instalações

por ajuda-mútua: instalações elétricas. Brasília, CEF – DEPEA, 1989

IPT-SP. Divisão de Edificações. Manual de orientação para execução racionalizada de instalações

por ajuda-mútua: instalações hidráulico-sanitárias. Brasília, CEF – DEPEA, 1989

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SiMAHS - Projeto e Construção 140

SALVADORI, Mario. Por que os edifícios ficam de pé. São Paulo, Martins Fontes.

http://copyfight.noblogs.org/gallery/5220/manual_arquiteto_descalco_pt_1.pdf

http://sindusconrn.com.br/. Acessado em 16/11/2015.

http://economia.uol.com.br/noticias/infomoney/2014/08/14/injusto-quem-recebe-ate-tres-salarios-minimos-

e-quem-mais-paga-impostos-no-brasil.htm

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GLOSSÁRIO:

● CUB – Custo Unitário Básico

● UHM – Unidade de Habitação Mínima – Conceituada como o mínimo necessário

que uma “casa” pode ter para que uma pessoa ou um grupo de pessoas possa

morar com dignidade. Consiste em uma sala/quarto, uma cozinha americana, um

banheiro e uma área de serviço. Uma UHM não é uma casa. Ela é o embrião do

que no futuro deverá se tornar uma casa (pois não possui quartos).

● Macro-módulo: Módulo utilizado para projeto no SiMAHS. É igual a distância dos

pilaretes (face-a-face); das placas de piso entre os pilaretes com suas

respectivas zonas neutras; do número de placas multiplicado pela sua largura

entre dois pilaretes

● MOCAP – no caso desse trabalho, o termo está sendo utilizado como sinônimo

de modelo em escala real do sistema construtivo e não de uma UHM. Trata-se

de 1x1 macro-módulo.

● SiMAHS - Sistema Misto de Autoconstrução voltado para Habitação Social. É o

sistema do qual esse trabalho trata.

● TACHS - Tecnologias Alternativas da Construção voltadas para Habitação

Social. Termo cunhado pelo autor para evitar uma constante redundância ao

longo do texto;

● TCC - Trabalho de conclusão de curso. O mesmo que TFG;

● TFG - Trabalho final de graduação;

● Zona neutra:

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APÊNDICES

1.21 Apêndice I: Convite feito pelo facebook aos convidados a participar

do teste da cartilha:

“1492 contatos no meu facebook e 13 pessoas selecionadas se desejarem a participar do processo de teste de uma parte do meu TCC que irá colaborar para resolver o problema do deficit habitacional no Brasil. Isso daqui não é um SPAM. O SiMAHS é um sistema construtivo e de projeto que está em aperfeiçoamento. É voltado para pessoas das faixas de renda D e E, para autoconstrução. O que eu gostaria de testar com você é se o processo está compreensível por pessoas que não são da área da construção civil. Ou melhor, onde NÃO está. Você foi selecionado para participar desse processo porquê de alguma maneira considerei que possuia um interesse (e experiência, empatia, e disposição de investir o seu tempo) em um projeto maior de sociedade. O que está em jogo aqui é um projeto de quase cinco anos para dar um passo no sentido de ajudar a resolver um problema sistêmico. A cartilha não segue regras da ABNT e será destinada a trabalhadores pobres das classes D e E interessados em construir suas próprias moradias. Não espere linguagem acadêmica (o TCC é dividido em um caderno acadêmico e esse segundo caderno, que procura ter uma leitura o mais leve possível). Essa não é a versão final, muito pelo contrário. Aqui, sua ajuda será importante para que se consiga chegar nesse patamar. Criticas são muito bem vindas para que ela possa melhorar. Link da cartilha, ainda em desenvolvimento: https://docs.google.com/document/d/1ocLO2DR4atkLr5MTrIErwuPNa5_UxRQVp34obHuXB2c/edit?usp=sharing Link das malhas para projeto: https://www.dropbox.com/s/1kj7vnbi8wis1on/Malhas%20juntas.pdf?dl=0”

1.22 Apêndice II: Relatório final: Repensando abordagens de inserção:

Sobre a aceitação das Tecnologias Alternativas da Construção

voltadas para Habitação Social.

Apêndice disponível no CD desta monografia.