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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM O SUPERVISOR EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA Por: Adriana Cabral Pereira de Araujo Orientador Prof. Mary Sue Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O SUPERVISOR EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO

DOCENTE NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Por: Adriana Cabral Pereira de Araujo

Orientador

Prof. Mary Sue

Niterói

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O SUPERVISOR EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO

DOCENTE NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar

Por: Adriana Cabral Pereira de Araujo

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus autor da vida, pelos

cuidados e sustento, a família que

sempre me apóia, aos amigos e

professores que me inspiram e fazem a

diferença na minha trajetória de vida.

4

DEDICATÓRIA

.....dedico a Gabriel “o bonitão” da

mamãe.

5

RESUMO

Este trabalho tem o intuito de analisar a ação supervisora numa gestão

democrática considerando a formação continuada no interior da escola como

caminho possível para a ação supervisora em prol de uma educação de

qualidade.

O papel do supervisor também se faz em analisar e conhecer sua

realidade e dos seus liderados, e os fatores que contribuem para a melhoria da

qualidade profissional no exercício do magistério, no sentido de proporcionar

através do estudo e da participação coletiva, o crescimento, o envolvimento

real e contínuo, a participação que compõem o processo de gestão

democrática.

Para além da flexibilização dessa ação supervisora, da ressignificação

das reuniões pedagógicas como tempo/ espaço possível de formação

continuada, um breve rememorar do percurso histórico da formação de

professores no Brasil nos auxiliará na compreensão do desgaste e

desvalorização que assolam o magistério no Brasil.

Palavra – Chave: gestão democrática, supervisão, formação continuada.

6

METODOLOGIA

A proposta deste trabalho é analisar o espaço escolar como lócus

da formação continuada e a ação supervisora numa gestão democrática que

além do suporte para essa formação, busque, sobretudo a participação

coletiva numa ação voltada para a formação do professor reflexivo e

pesquisador da própria prática. Para tal, adotamos como metodologia a

pesquisa bibliográfica, revisitando autores que discutem a ação supervisora, as

identidades que envolvem a profissão e o universo docente, e especificamente

as questões voltadas para a formação continuada numa gestão democrática.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I -

A AÇÃO SUPERVISORA NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA. 10

CAPÍTULO II -

A FORMAÇÃO CONTINUADA COMO CAMINHO POSSÍVEL PARA A AÇÃO

SUPERVISORA. 17

CAPÍTULO III – O PLANEJAMENTO COLETIVO COMO ESPAÇO DE

FORMAÇÃO CONTINUADA 29

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

8

INTRODUÇÃO

Estudar a formação de professores representa hoje um grande

desafio diante da crescente desvalorização, do abandono dos sistemas de

ensino por parte do governo, e do menosprezo social pela profissão reforçado

pela sociedade, especialmente a de professor das séries iniciais do ensino

fundamental

Os caminhos trilhados pelos sujeitos na profissão docente sejam na

sua formação e no exercício da função, estão atravessados por fatores

pessoais e subjetivos que constituem o sujeito e pela construção social da

identidade que é definida historicamente. A profissão docente, para além da

formação inicial, é marcada por um conjunto de subjetividades que envolvem

as características pessoais, a forma como cada sujeito se vê, sente e se diz

professor.

A profissão docente que vivenciou em décadas passadas, o status e

um considerável prestígio social, hoje, vive as marcas e as perdas da sua

valorização social e profissional, perdendo na sua trajetória, condições dignas

de trabalho e salários, que são fundamentais no exercício da função docente.

É preciso reconhecer e questionar a existência do abandono de políticas

públicas voltadas para o sistema educacional do país e principalmente para a

formação e valorização dos professores, pois isso condiciona sua identificação

com a profissão, determinando sua subjetividade profissional e

conseqüentemente influenciando na qualidade do ensino brasileiro.

Ao pensarmos na atuação profissional de cada professor e as

questões que atravessam e influenciam sua prática pedagógica. Torna-se

extremamente importante conhecer as utopias que os movem, a forma como

se identificam com a sua profissão, as dificuldades enfrentadas no seu fazer

pedagógico, as possibilidades de avanço e crescimento profissional. Por maior

que seja a semelhança das trajetórias profissionais de cada sujeito, cada um

desenvolve uma forma própria – pessoal - de organizar sua prática

pedagógica, ministrar as aulas, de dirigir-se aos alunos, e de assumir

determinadas posturas nos momentos de crises, conflitos, etc. A troca e o

9

aprendizado coletivo através de uma formação continuada planejada e

consistente contribuem no crescimento da equipe e no desenvolvimento

profissional dos professores.

A formação do educador assim como a de outros profissionais não

se esgota na formação inicial. Percebemos sempre a necessidade de rever e

redimensionar conhecimentos, necessidade da pesquisa e da reflexão movidas

pelo olhar investigativo do professor pesquisador. Assim, torna-se de extrema

importância refletir sobre a formação continuada no espaço escolar e nas

ações do supervisor educacional nessa formação.

Considerando a necessidade vital da formação continuada na vida

do educador e na qualidade do trabalho desenvolvido, surge a possibilidade de

refletirmos sobre essa formação continuada no espaço escolar e como esse

processo é assimilado na prática educativa pela ação supervisora numa gestão

democrática. Tal reflexão nos impulsiona a refletir e analisar as questões que

perpassam essa formação, a destacar as possibilidades da formação

continuada dos professores no espaço escolar e a discutir essa formação

como caminho possível da ação supervisão comprometida com a qualidade do

ensino.

O espaço escolar é um espaço propício a formação continuada. A

analise do tempo/ espaço destinado ao planejamento pedagógico coletivo na

escola, e sua utilização como espaço possível para a formação continuada dos

educadores numa gestão democrática. Um espaço que proporcione

crescimento, reflexão, estudo, participação e formação profissional.

A prática pedagógica desenvolvida sob uma perspectiva reflexiva

onde cada educador reflita e questione sua prática e na troca, na busca

coletiva provoque a mudança dessa prática a partir da reflexão crítica. A partir

deste contexto, refletir, pensar, aprender a pensar são idéias que precisam

estar intrínsecas, cada vez mais na vida do educador e que exigem novas

concepções nas formas de organização e atuação do supervisor numa gestão

democrática.

10

CAPÍTULO I

A AÇÃO SUPERVISORA NUMA GESTÃO

DEMOCRÁTICA.

Hoje o papel do Supervisor Escolar tornou-se um aliado, um

mediador e colaborador das atividades educativas do diretor e do professor,

como um agente responsável pela prática democrática envolvendo todos na

unidade escolar. MEDINA (1995), afirma “o objeto de trabalho do supervisor na

escola é resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina/

aprende e o aluno que aprende / ensina.”

A ação supervisora se realiza numa prática em que se busca o

significado do papel e exercício da cidadania e da própria humanidade,

reconhecendo a importância da vivência escolar e das trocas que podem ser

potencializadas a partir dessas vivências. O trabalho pedagógico sustenta-se

nos intercâmbios e nas aprendizagens comuns, respeitando e valorizando as

diversidades de posicionamentos. A este respeito Lima enfatiza que:

“Na sociedade do conhecimento em que vivemos, que se

caracteriza pelo processo ensino-aprendizagem

permanente e continuado (mundo globalizado e em

processo de globalização) não é possível entender a

escola e suas relações como se estivessem

desvinculadas da totalidade social, materializando seus

esforços simplesmente como transmissora de

conhecimentos, cujo dever formal se completa na

formação de sujeitos determinados para uma sociedade

impessoalizada e alienante.” (LIMA, 2007,P. 18)

O Superior educacional não resume sua atuação centrada apenas

numa dimensão mecânica e centralizadora, alienando-se das questões

11

contextuais que inquietam professores, alunos e comunidade; muito pelo

contrario, garante o espaço do dialogo, fortalecendo e valorizando as vivências

dos diferentes atores sociais, bem como auxiliando a equipe na superação dos

obstáculos que inviabilizam as ações coletivas, promovendo a capacitação e

formação profissional permanente num espaço onde todos possam lutar por

uma educação de qualidade.

Numa visão de Gestão Democrática, o Supervisor Escolar passa a

ser aquele que orienta, aprende e ensina, tornando-se um parceiro no

processo educativo. Este, contudo, procurará formas diferenciadas para

auxiliar o professor em sua prática, participando e observando as vivências

escolares.

O Supervisor deixa de ser o facilitador para ser o problematizador,

pesquisador e articulador, para que juntos possam construir um trabalho eficaz.

É confiando neste trabalho eficaz, que o Supervisor Escolar se

organiza e se desdobra para garantir a eficiência do ensino, através de ações

desenvolvidas na escola, que orientam os professores em sua prática

consistindo na missão essencial do supervisor: fazer com que os professores

se aprimorem na prática de sala de aula para que os alunos aprendam

sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a formação continuada dos

docentes da escola.

Segundo CANDAU 1996, a formação continuada não pode ser

entendida apenas como um processo de acumulação (de cursos, palestras,

seminários, etc., de conhecimentos ou de técnicas), mas precisa envolver um

trabalho de reflexão crítica sobre as práticas que atuem na construção e

reconstrução de uma identidade pessoal e profissional. A autora afirma que:

(...) não é o simples fato de estar na escola e desenvolver

uma prática escolar concreta que garante a presença das

condições mobilizadoras de um processo formativo. (...)

Para que ele se dê é importante que essa prática seja

uma prática reflexiva, uma prática capaz de identificar os

problemas e resolvê-los (...) que seja uma prática coletiva,

12

uma prática construída conjuntamente por grupos de

professores ou por todo o corpo docente de uma

determinada instituição escolar. (CANDAU, 1996, p. 144).

A ação supervisora numa gestão democrática requer um olhar

atento por parte dessa gestão, principalmente no que tange a formação

continuada dos professores. O Supervisor enquanto Coordenador

Pedagógico faz parte do corpo docente da escola e encaminha a sua função

de modo interdisciplinar. Essa interdisciplinaridade se dá no que diz respeito

aos professores, alunos, objetivos, conteúdos, métodos, avaliação,

recuperação e contexto. É essencial dizer que o enfoque da supervisão é o

processo ensino-aprendizagem que deverá ser acompanhado e atualizado

no cotidiano escolar. Para tanto é necessário que o supervisor estimule o

estudo procurando subsidiá-lo.

1.1 – A gestão democrática e a prática de supervisão.

O espaço escolar traz no seu bojo a busca pela gestão participativa

e pelo envolvimento dos que compõem esse espaço. A gestão escolar é

atravessada por questões muito peculiares e exige de seus atores

conhecimento, comprometimento e uma visão ampla das ações que norteiam

essa visão de administração escolar.

A gestão escolar moderna segundo Heloisa Luck, admite a

participação de todos os que integram o espaço escolar seja na influência, na

participação, na tomada de decisões, etc. O gestor escolar precisa estar atento

às demandas que surgem a partir das novas compreensões sobre a gestão

participativa, mentoreando e capacitando os liderados a fim de obter apoio da

equipe e sucesso na sua gestão. Reconhecendo sempre que o espaço

escolar é um espaço de trabalho de caráter coletivo.

Pressupõe ainda uma modalidade de gestão pautada na

participação, numa ação de caráter coletivo, onde haja o envolvimento de

todos os que integram o espaço escolar.

13

Com a moderna gestão busca-se por meio da participação de todos

à democratização do conhecimento produzido, a transformação não só da

escola, mas da sociedade.

A participação é caracterizada por uma atuação consciente onde

cada membro da equipe reconhece e assume o poder de exercer influência, na

tomada de decisões, na discussão coletiva das questões vivenciadas no

cotidiano escolar, dá às pessoas a oportunidade de controlar o próprio

trabalho, sentirem-se autoras e responsáveis pelos resultados, construindo,

portanto, sua autonomia. Mediante a prática participativa, é possível superar o

exercício do poder individual e de referência e promover a construção do poder

da competência, centrado na unidade social escolar como um todo.

A gestão escolar democrática se faz presente quando todos os

envolvidos estão integrados para atingir um bem comum, ou melhor, a

qualidade do processo ensino - aprendizagem. Cada um dentro de uma escola

tem suas atribuições, porém deve participar de forma efetiva para enfrentar

desafios e assegurar o eficiente desempenho da organização no processo

dinâmico e interativo, na superação das dificuldades e limitações e do bom

cumprimento da sua finalidade social.

A escola deve ser vista como instituição que pode contribuir para a

transformação social. O gestor deve delegar poderes, dividir responsabilidades

e demonstrar transparência, suas ações e decisões, tem que ser do

conhecimento de todos tanto no que diz respeito ao processo educativo quanto

no processo administrativo.

A supervisão de currículo e programas deve contar com a

participação dos professores e com oportunidades de estudo e integração

entre eles. No âmbito do estudo coletivo sobre livros e material didático, os

temas devem contemplar o método (as formas de uso), além de conhecimento

correto e atual.

A ação supervisora, mais do que descrever métodos e técnicas de

ensino pode incentivar o estudo de princípios metodológicos. São elementos

pontuais para a escolha do método: consideração das relações entre

professores, alunos, objetivos, conteúdo, avaliação e recuperação da

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aprendizagem; consideração do aluno e seus interesses; consideração das

especificidades dos temas e dos programas; consideração de fundamentos da

aprendizagem e da dinâmica da sala de aula; consideração de processos e

recursos de avaliação e recuperação da aprendizagem.

No que concerne à supervisão da avaliação, podem ser objeto de

estudo dos professores: a avaliação centrada na aprendizagem, como meio de

aprender; como entendimento mais amplo que o de verificação de quantidades

ou mensuração de resultados; como meio auxiliar do conhecimento sobre o

aluno; como meio de correções necessárias, de professores e alunos, no curso

do alcance dos objetivos.

No que diz respeito às correções necessárias tanto para o

desempenho dos alunos quanto para o desempenho dos professores e do

processo didático, o estudo poderá contemplar: as múltiplas relações entre

avaliação e recuperação; a diversificação de atividades; as motivações a

serem acrescentadas ao processo; e os novos recursos.

1.2 - O estudo como método de supervisão

O hábito de estudo, com leituras e discussões, amplia e aprofunda

os conhecimentos e as concepções do ato educativo de ensinar e aprender,

que é a especificidade da escola. Para garantir o estudo o supervisor deve ter

uma visão geral do processo didático que engloba as relações pessoais de

todos que participam da comunidade escolar.

Na relação entre professor e aluno existem duas condições:

assimétrica, não-linear (autoridade) e não vertical, hierárquica (autoritarismo).

A assimetria é inerente à autoridade do professor e lhe é conferida pela

competência nos conteúdos, no método, no domínio das habilidades e da

habilitação para o magistério. Sendo assim, não existe linearidade, pois não há

como negar a autoridade do professor que é a quem cabe o papel de conduzir

e orientar o processo didático. Essa autoridade deve ser exercida com base na

confiança para que suas ações sejam legítimas e legitimadas pelo grupo na

15

qual ela é exercida. A falta de competência e de condições de desempenho

necessárias à autoridade conferida pode gerar o autoritarismo com contornos

de insegurança e arbitrariedade.

Ainda com foco nos relacionamentos temos a questão da disciplina

com diferentes vertentes. Primeira, ensinar e aprender requer planejamento,

organização, sistematização. Segunda, olhar crítico em formas de controle.

Terceira, considerar as “conversas” dos alunos uma explicação para a solidão.

Retomando, temos o enfoque do supervisor no estudo do processo

didático e nas suas relações, as existentes entre professores – alunos -

objetivos. Os objetivos, parte dos planos de ensino-aprendizagem, associados

ao programa, ao método, à avaliação e à recuperação, são elementos de

referência à orientação do processo didático e não devem ser artificiais. A

artificialidade implica na perda da previsibilidade tão necessária à condução

metodológica do ensino para promover a aprendizagem. Os termos dos

objetivos são o que o aluno vai realizar para a (re) construção do

conhecimento. Se essa (re) construção não se der, é sinal de que é necessário

reformular todo o processo com base nos fundamentos e na concepção dos

próprios objetivos.

Chegamos, então, à questão dos conteúdos com a visão clara sobre

o seu significado, ou seja, considerar o por quê, para quê e para quem o

conhecimento escolar. Essa consideração implica, em nível de currículo, em

uma seleção de conteúdos que contemple os parâmetros normativos e os

interesses regionais e locais. Realça-se aqui a importância do estudo dos

parâmetros curriculares, submetendo-os a uma leitura crítica e contextualizada.

Em outro nível, o conteúdo refere-se ao programa, o que implica, também, na

seleção de temas para cada componente curricular e nível de escolaridade. O

que requer uma organização coletiva.

No que concerne à ação supervisora, são princípios de elaboração

de currículo e programas: acompanhar a atualização pedagógica e normativa;

propiciar oportunidades de estudo e interlocução dos professores em

atividades coletivas, propiciar oportunidades de reavaliação periódica de

currículo e programas de estudo e, também de decisões coletivas sobre

16

material didático. É interessante notar que tanto os princípios de elaboração

quanto à “habilidades e competências” aplicam-se à sua prática didática.

Construir um ambiente democrático não é tarefa fácil e, por isso,

não é empreitada para apenas um elemento. “Uma gestão participativa

também é uma gestão da participação” afirma José Carlos Libâneo (1996,

p.200). O supervisor, ao ocupar seu cargo que é de liderança precisa despir-

se do posicionamento predominantemente autocrático para possibilitar o

desenvolvimento de um espaço em que todos contribuam com idéias, criticas,

encaminhamentos, pois na gestão democrática, a participação pedagógica

pressupõem uma educação democrática, onde cada um possa sugestionar em

benefício do coletivo, revisitar posicionamentos, quando necessário, e primar

pela análise e desdobramento do que é imprescindível para o processo ensino-

aprendizagem, da formação continuada do professor e das metas que a escola

se propõe em determinada situação ou realidade escolar. É preciso evidenciar

e garantir espaços e tempos de construção coletiva no interior da escola.

Cabe, portanto ao supervisor valorizar esse espaço/ tempo com um

planejamento eficaz, priorizando o respeito, a participação coletiva

desenvolvendo a consciência de que a formação continuada se dá e só tem

sentido com a contribuição do outro. Proporcionando na gestão democrática,

uma ação voltada para a formação do professor reflexivo e pesquisador da

própria prática.

17

CAPÍTULO II

“... é só no tecer de um processo quase invisível, quase

inaudível e quase ilegível, que é preciso aprender a ver,

ouvir, sentir e tocar, que se pode inverter e superar o já

aprendido e em nós marcado”.

(Nilda Alves)

A FORMAÇÃO CONTINUADA COMO CAMINHO

POSSÍVEL PARA A AÇÃO SUPERVISORA.

Pensar a formação continua dos professores constitui-se numa ação

dialógica e também remete-nos a voltar nosso olhar as políticas públicas e

ações que perpassam a formação docente, reconhecendo ainda a importância

de uma política educacional que valorize a formação de docentes e trate como

prioridade a formação contínua do educador.

Segundo Nóvoa, a busca isolada pela atualização é difícil e, por

isso, é aconselhável um vínculo com uma instituição. Mas o mais importante é

entender que o local de trabalho é o espaço ideal para a formação continuada.

Essa formação que se dá no exercício da função

docente ou em serviço, pautada na participação coletiva dos profissionais da

escola, é também chamada de formação permanente ou formação

continuada.

“A escola, local de trabalho dos professores, assume,

com a reforma educacional, a função de ser espaço de

formação docente, o que pode trazer uma nova

identidade ao professor, uma vez que a formação em

18

serviço e continuada se faz em um ambiente coletivo de

trabalho”. (LIBÂNEO, 2003, p. 272).

Segundo Libâneo, 2003, a formação continuada refere-se a:

• Ações de formação durante a jornada de trabalho, que

compreende a participação do projeto político pedagógico da escola,

tais como: reuniões de trabalho para discutir a prática com os colegas,

pesquisas, estudos de caso, conselhos de classe, etc;

• Ações de formação fora da jornada de trabalho, que

abrange os cursos, encontros e palestras promovidos pela secretaria

de educação ou por uma rede de escolas.

A Formação Continuada deve constituir-se um espaço de diálogos,

de participação coletiva, e de produção de novos conhecimentos, propicia aos

professores a troca de diferentes saberes, de experiências, num tempo/

espaço de repensar e refazer a prática pedagógica do professor e de todos os

profissionais da escola.

“A troca de experiências e a partilha de saberes

consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada

professor é chamado a desempenhar, simultaneamente,

o papel de formador e de formando”. (NÓVOA, 1997,

p.26).

Os profissionais da educação precisam estar conscientes da

importância desse espaço, como espaço de lutas, de trocas, de participação

coletiva, de pesquisa, que pode proporcionar transformações no interior da

escola e conseqüente em suas idéias e práticas profissionais, a partir de uma

formação permanente e integrada no seu dia-a-dia na escola. Segundo Paulo

Freire,

“... na formação permanente dos professores, o momento

fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É

19

pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que

se pode melhorar a próxima prática”.(FREIRE, 1996,

p.39).

Essa formação essencial na vida do professor na perspectiva de

Nóvoa (2002), se estabelece num continuum. “O aprender contínuo é

essencial, se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a

escola, como lugar de crescimento profissional permanente”. (NÓVOA, 2002,

p. 23).

2.1. Rememorando a história da formação docente no Brasil

O processo educacional brasileiro foi organizado e dirigido pelos

padres jesuítas, que fundaram colégios, aplicaram sua metodologia e por

quase dois séculos, catequizaram e ministraram a formação de uma elite culta

e religiosa impondo-lhes sua cultura européia.

A partir de 1759, com a implantação das reformas pombalinas, o

Marquês de Pombal, em Portugal, deliberou no Alvará Régio de 28/06/1759 a

extinção das classes e escolas dirigidas pelos jesuítas, privando-os de toda

atuação pedagógica. Essas reformas se deram no Brasil em 1772, com a

expulsão dos jesuítas. Elas aconteceram isoladamente e em algumas regiões

provocaram grandes crises na educação existente nelas. Essas crises se

refletiram na falta de adaptação e na rejeição a novos métodos de ensino e

aos professores régios vindos da metrópole para assumirem a educação no

país, devido à carência de professores locais.

Esse colapso na educação brasileira teve inicio desde 1759 quando

17 colégios e seminários foram desativados. Essas instituições além de serem

consideradas centros de excelência significavam referências educacionais para

as instituições menores.

Em 1774, o ensino público na cidade do Rio de Janeiro se deu com

a inauguração das Aulas Régias que aconteceram em todo o reino português.

20

Essas aulas que atendiam pessoas sociais e economicamente bem

posicionadas marcavam a inauguração da educação leiga agora regida pelo

estado e não mais subordinada a uma ordem religiosa, como a dos jesuítas

que por muito tempo conduziram a educação no Brasil. As Aulas Régias se

dividiam em Aulas de Estudos Menores e Aulas de Humanidade. As Aulas de

Estudos Menores também chamadas de ensino das primeiras letras eram

compostas pelas aulas de ler, escrever e contar, enquanto que as Aulas de

Humanidades eram compostas pelas aulas de gramática latina, língua grega,

língua hebraica, retórica e poética, passando a incluir posteriormente filosofia

moral e racional.

As aulas régias predominaram até 1822 quando passaram a ser

chamadas de aulas públicas. Eram ministradas na casa do professor e

distintas para cada sexo. As aulas para meninos eram regidas por mestres e

as para meninas por uma mestra.

Os mestres eram os que ensinavam as primeiras letras e

professores os que ensinavam as demais cadeiras. Apesar de um contrato que

existia entre professores e o Estado, sua admissão se daria a partir de

concurso público desde 1759, com edital e banca examinadora que concedia

ou não a licença para lecionar numa época em que “os professores não

formavam ainda uma classe profissional”. (CARDOSO, 1999, p.114). O

concurso público para professores até 1830 não limitava a idade do candidato.

A partir desse ano o governo estabeleceu que menores de 25 anos não

poderiam ser professores das primeiras letras.

A lei determinava salários iguais para professores e professoras. Na

prática o homem professor usufruía melhor remuneração devido às aulas de

geometria que ministrava para os meninos

Em 1835, foi criada oficialmente a primeira escola normal, na cidade

de Niterói, capital da província Fluminense. Segundo Villela (2001), essa

escola foi importante instituição de formação de professores no Império.

Contudo, inicialmente essa instituição não previa a matrícula de alunas.

A partir de 1860, as escolas normais começaram a aceitar a

presença feminina. Além da diferenciação curricular, para atender as alunas e

21

alunos, funcionavam em dias ou horários alternados ou até mesmo em prédios

separados.

A professora Maria Joaquina Rosa dos Santos, filha do ator João

Caetano, foi à primeira mulher a se formar pela Escola Normal de Niterói em

1866, a primeira escola normal da América Latina.

Nas primeiras escolas normais, moças e rapazes estudavam em

classes separadas. O currículo mantinha a diferenciação curricular das escolas

de meninas e meninos. Durante todo o século XIX a matemática foi superficial

e a geometria permaneceu ausente do currículo voltado para as meninas. No

final do referido século, quando o número de mulheres já superava o número

de homens na escola normal, ocorreu a unificação do currículo.

O surgimento das escolas normais representou um marco na

formação e na luta pela profissionalização da função docente. “As escolas

22

normais, no século XIX, substituem definitivamente o ”velho” mestre-escola

pelo “novo” professor do ensino primário.” ( VILLELA, 2001 p. 101).

Na primeira República, numa sociedade fortemente marcada pelos

processos de industrialização, urbanização e pela primeira guerra mundial, o

movimento denominado de entusiasmo pela educação, a partir de campanhas

de caráter quantitativo, buscava expandir a rede escolar de modo à

“desanalfabetizar” a população.

Segundo Ghiraldelli (1990), as pedagogias que se organizaram na

República, especialmente a pedagogia tradicional assimilaram os preceitos de

uma herança pedagógica estabelecida pelos jesuítas.

A rede escolar da Primeira República era extremamente precária.

Segundo Lemme, (Apud Ghiraldelli, 1990), no interior do país em algumas

escolinhas rurais, trabalhavam professores sem qualquer formação. As poucas

escolas públicas nas cidades atendiam os filhos da classe média. Os ricos

contratavam preceptores que ministravam em casa o ensino aos seus filhos,

ou ainda os mandavam para colégios particulares leigos ou religiosos, em

regime de internato ou semi-internato.

A função de ensinar, que inicialmente era exercida por homens

professores, sofre grandes transformações, pois, a partir dos processos de

industrialização e urbanização, novas oportunidades de trabalho surgiram,

contribuindo para que os homens fossem abandonando a sala de aula. Esses

espaços aos poucos foram sendo assumidos pelas mulheres que os tinham

como única oportunidade de trabalho “decente” fora de casa. Segundo Guacira

Louro (1997), o exercício da docência não subverteria a função feminina

fundamental da maternidade, ela poderia até contribuir para sua ampliação, a

partir da visão de cada aluno como um filho. O discurso, por volta de 1900, era

o de que o magistério representasse “uma atividade de amor, de entrega e

doação. A ele acorreriam aquelas que tivessem vocação”. (LOURO, 1997,

p.450).

Na década de 1940, após três séculos de existência, a profissão do

professor, foi finalmente reconhecida no Brasil, a partir do Decreto 2028 pelo

Ministério do Trabalho.

23

A partir da década de 30 a educação, principalmente no Rio de

Janeiro, vive o reconhecimento e o glamour, gerados pela inauguração do

Instituto de Educação, período esse também conhecido como “os anos

dourados” da educação, principalmente para as normalistas do Instituto de

Educação do Rio de Janeiro.

O Instituto de Educação, hoje o ISERJ, Instituto Superior de

Educação do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 1880, fundado inicialmente

como Escola Normal. Recebeu ainda o nome de Escola Normal da Corte e

Escola Normal do Distrito Federal, nome que permaneceu até 1932, quando o

prefeito Prado Júnior abriu licitação para a construção de um prédio específico

para abrigar a Escola Normal. A construção foi baseada nas indicações de

Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Sampaio Dória, que movimentavam o cenário

educacional da década de 1930. O Instituto agora com sede própria passou a

ser chamado de Instituto de Educação – Instituto de Educação da Guanabara

e, depois da fusão em 1975, Instituto de Educação do Rio de Janeiro.

No início de seu funcionamento, como Escola Normal da Corte, as

aulas aconteciam em horário semi-integral. Como de costume da época, as

alunas aprendiam corte e costura, e outras tarefas domésticas. Segundo a

historiadora Heloísa Meirelles, no porão do Instituto, ainda podem ser

encontradas algumas máquinas de costura desse período.

O Instituto de Educação do Rio de Janeiro, inaugurado em 1932,

colocou em prática os ideais da Escola Nova, difundido por Anísio Teixeira, na

época o diretor de Instituição Pública, um dos pais da Escola Nova, Anísio

Teixeira, convidou Lourenço Filho para dirigir a escola. Ambos buscaram

implementar nessa escola tudo que sonharam em termos de educação.

Sempre à frente das metodologias educacionais, o Instituto de

Educação, em 1967, foi pioneiro no trabalho com televisão educativa. Foram

em média 50 programas. A escola possuía espaço próprio para criar e produzir

esses programas.

Passados os anos dourados da educação, e o auge de

reconhecimento da profissão docente, os professores vivem a partir da década

de 60, um período de lutas contra o regime militar instaurado no país.

24

Nos anos 70, percebemos o massacre quanto aos ideais da

formação docente. Com a aplicação do tecnicismo no sistema educacional, os

professores são esvaziados de uma formação reflexiva e de uma prática

pedagógica democrática e criativa. Contudo não se esvaziou a sua luta pelo

reconhecimento e valorização profissional, por melhores salários e sempre

contra o regime em vigor nessa época.

A primeira greve dos professores realizada no chamado período

negro da história do país foi em 1979 À categoria possuía, naquele momento

histórico, uma força de luta coletiva muito grande. A greve de 79 foi um marco

na história do SEPE, na história da categoria de professores e certamente um

marco na história de todo o país. E por que não dizer, uma verdadeira

revolução nas identidades que perpassam a profissão. Afinal, as boas tias,

não deveriam sair à luta e abandonar os sobrinhos. Segundo os dados

históricos, disponíveis no site do SEPE, o movimento conquistou com essa

greve um piso salarial equivalente a cinco salários mínimos.

Outros movimentos aconteceram posteriormente. Em 1986, 25 mil

professores em greve no Maracanãzinho, conquistaram um plano de carreira

que regulamentava a profissão.

A profissão docente adentra os anos 80, sofrendo o desgaste, o

declínio e a desvalorização profissional que persiste até hoje. Os sindicatos

perderam forças, e os professores perdem a cada dia condições de luta e de

trabalho digno. A maioria precisa dobrar a carga horária, com turmas enormes,

e condições insatisfatórias de salários e condições de trabalho.

A identidade profissional do professor a partir do século XVIII

sofreu várias mudanças na sua estrutura e foi marcada pela busca da sua

valorização e de seu reconhecimento social. Os professores régios do século

XVIII receberam título de nobreza pelo exercício da sua função. Até meados do

século XX o sentimento de pertencimento a categoria, o ser professor, refletia

prestígio e importância. As moças, principalmente as de classe média

buscavam essa profissão pela oportunidade de prosseguimento de seus

estudos, mas também pelo prestígio social que ela lhes proporcionava.

25

A formação de professores representa hoje um grande desafio

diante da sua crescente desvalorização, do abandono por parte do governo

dos sistemas de ensino, e do menosprezo social pela profissão reforçado pela

sociedade, especialmente a de professor primário.

2.2- A FORMAÇÃO DOCENTE NO PROJETO DE FORMAÇÃO

CONTINUADA

Ser educador, formador de pessoas exige vivência plena com

consciência e sensibilidade. Ensinar a pensar, saber comunicar-se, saber

pesquisar, ter e ensinar o raciocínio lógico, saber organizar e ter disciplina para

o trabalho, ser independente e autônomo. Ser sempre um aprendente,

construtor de sentidos, cooperador e acima de tudo um dinamizador da

aprendizagem.

Ao pensarmos na atuação profissional de cada professor, não se

trata apenas de referenciar a gama de conhecimentos que possuem, mas,

também, de se compreender os valores, as definições éticas e as visões de

educação, de homem e de sociedade, que esses docentes internalizaram a

partir da sua formação, da sua experiência de vida pessoal e profissional, que

influenciam e conduzem sua prática pedagógica. Torna-se extremamente

importante conhecer as utopias que os movem, a forma como se identificam

com a sua profissão, e a relação que estabelecem entre a sua formação, suas

subjetividades e sua prática docente. Segundo Goodson, “o estilo de vida do

professor dentro e fora da escola, as suas identidades e culturas ocultas têm

impacto sobre os modelos de ensino e sobre a prática educativa”.(GOODSON,

1992, p.72).

A identidade profissional é inseparável da identidade pessoal. Por

muitas décadas, nos próprios cursos de formação de professores, essa idéia

era completamente negada, onde se considerava que o professor era o

professor e sua vida pessoal era algo que precisava ser deixado na porta da

escola.

26

Antônio Nóvoa destaca que há uma afinidade entre o que o

professor é, como ele se vê e a forma como desempenha a docência,

sobretudo o estreitamento nas relações entre as identidades profissionais e as

identidades pessoais em todas as suas dimensões. Jennifer Dias apud Nóvoa

ressalta que: “O professor é a pessoa e uma parte importante da pessoa é o

professor”. (DIAS, apud NÓVOA, 1992, P.15).

É impossível que em seu exercício profissional, o professor se

esvazie de si mesmo, sua subjetividade, suas crenças, seus ideais, seus

sonhos, valores e tudo aquilo que compõe o seu modo próprio de ser

professor.

“A maneira como cada um de nós ensina está

diretamente dependente daquilo que somos como pessoa

quando exercemos o ensino”.(ANTÔNIO NÓVOA, 1992,

p.72).

Por maior que seja a semelhança das trajetórias profissionais de

cada sujeito, cada um desenvolve uma forma própria – pessoal - de organizar

sua prática pedagógica, ministrar as aulas, de dirigir-se aos alunos, e de

assumir determinadas posturas nos momentos de crises e conflitos, etc.

A formação do educador assim como a de outros profissionais não

se esgota na formação inicial. Há sempre a necessidade de rever e

redimensionar conhecimentos, necessidade da pesquisa e da reflexão movidas

pelo olhar investigativo do professor pesquisador. Essa formação não é algo

meramente precedente ao fazer pedagógico. Ela, sem dúvida, acontece nos

cursos de formação, nos cursos de Licenciatura, mas o local no qual ela se

configura e no qual o profissional cria forma definitiva é no próprio trabalho.

Ciente do inacabamento que envolve o docente e sua formação, sua

configuração profissional se dá, portanto, no seu cotidiano, onde a partir de

questões vivenciadas e compartilhadas na sua prática diária, da reflexão sobre

essa prática, ele amplia sua atuação, construindo saberes e redirecionando

sua própria prática.

“O professor autoritário, o professor licencioso, o

professor competente, sério, o professor incompetente,

27

irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes,

o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e

das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles

passa pelos alunos sem deixar sua marca”.(FREIRE,

1996, p.73).

A formação docente, muito mais que habilitar para o exercício legal

de uma profissão, pode proporcionar as condições para o desenvolvimento de

conhecimentos, de habilidades, atitudes e valores que compõem a ação

docente sem, contudo, desprezar a relação desse conjunto de conhecimentos

e valores com o processo contínuo e dinâmico de construção da identidade do

professor na sua dimensão pessoal e profissional.

As representações sociais do ser professor influenciam no desempenho

de atividades desse Profissional, bem como na compreensão da importância

do papel social da educação e na visão do magistério como profissão. As

ações pedagógicas desses profissionais presentes na prática cotidiana são

direcionadas pelas representações constituídas socialmente e que foram

internalizada pelos professores.

A prática é mesclada não só dos conhecimentos

adquiridos pela professora, mas de algo mais, que

normalmente é esquecido pela escola: as representações

que ela tem dos alunos, do conhecimento, da profissão,

da sociedade, das instituições e de suas funções.

(ASSUNÇÃO, 1996, P. 63).

Essas representações que dão sentido as práticas cotidianas

influenciam na relação professor-aluno, na postura do professor diante do

trabalho a ser desenvolvido.

Segundo Goodson, “o estilo de vida do professor dentro e fora da

escola, as suas identidades e culturas ocultas têm impacto sobre os modelos

de ensino e sobre a prática educativa”.(GOODSON, 1992, p.72).

28

O professor hoje ganha e internaliza papéis que excedem a função

daquele que ensina. O professor é também aquele que cuida, encoraja, que

conhece para além das técnicas, os aspectos pertinentes à cultura, ao

desenvolvimento infantil, e a forma como aprendem. Precisa dominar os

conhecimentos sociais e culturais que envolvem o seu grupo social e o de seus

alunos. Na visão de Freinet (1969), os professores não são propriamente

mestres, mas, sobretudo guias, amigos e encorajadores da criança. Estes

precisam orientar a criança, para viver plenamente como criança, sem afastá-la

do humano e principalmente do social.

Compreender essas questões tão pertinentes ao fazer pedagógico e

apontar a necessidade de transformações tanto nas concepções a respeito dos

saberes quanto das práticas desenvolvidas e principalmente das

aprendizagens desenvolvidas perpassam a ação supervisora. O supervisor

educacional consciente do seu papel pode olhar a prática docente com mais

propriedade, sempre apontano para o tipo de homem e sociedade que se

deseja formar.

29

CAPÍTULO III

PLANEJAMENTO COLETIVO COMO ESPAÇO

DE FORMAÇÃO CONTINUADA

O espaço escolar é um espaço propício à formação continuada.

Analisar o tempo/ espaço destinado ao planejamento pedagógico coletivo na

escola, e sua utilização como espaço possível para a formação continuada dos

educadores numa gestão democrática traz a luz um caminho e uma

possibilidade para que essa formação em serviço aconteça eficazmente na

escola.

3.1 – Reuniões pedagógicas: uma possibilidade de reinvenção

da prática

As reuniões pedagógicas por serem formalmente instituídas podem

constituir-se em tempos/ espaços privilegiados de encontro e possibilitam ao

professor – pesquisador uma atitude cotidiana de reflexão sobre sua prática,

que busque compreender os processos de aprendizagem, os níveis de

desenvolvimento dos alunos, as condições de luta pela construção da sua

autonomia e de seus educandos, (re) inventando uma prática que aponte para

uma sociedade mais justa e humana.

A garantia de um tempo/ espaço de encontro e reflexão sobre a

prática como uma das condições desejáveis a um trabalho de qualidade é

garantia pela lei de 9394/96. Todo professor tem garantido por lei o

aperfeiçoamento continuado e ainda a existência de período reservado a

estudos, incluído na carga horária de trabalho.

Art. 67º. Os sistemas de ensino promoverão a valorização

dos profissionais da educação, assegurando-lhes,

30

inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de

carreira do magistério público:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de

provas de títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive

com licenciamento periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou

habilitação, e na avaliação do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e

avaliação, incluído na carga de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho.

A lei que rege o ensino brasileiro deixa bem claro como incumbência

e como direito do professor sua participação nesses períodos que são

reconhecidas e reservadas para se dedicar ao planejamento, a reflexão

coletiva, e as demais questões da escola. Esse espaço/ tempo conhecido

como reuniões pedagógicas, reunião de planejamento, etc, se traduz a partir

da reflexão, do estudo e do trabalho coletivo na possibilidade de reinvenção da

prática de formação continuada no espaço escolar. Esse espaço/ tempo

reconhecido e garantido aos professores representa hoje uma conquista e a

consolidação das lutas da categoria.

Analisando a garantia determinada na lei e as possibilidades do

espaço escolar como espaço de formação continuada, o supervisor como

gerenciador desse processo formativo poderá definir em seu planejamento

anual os encontros com os professores que atenderão essa demanda. O

supervisor poderá adotar a divisão quinzenal desses encontros com

professores. Numa quinzena o planejamento e em outra quinzena o encontro

para estudos nas dependências da escola. Esse horário na maioria das

escolas é reservado ao planejamento coletivo dos professores, onde

dependendo da dinâmica do trabalho desenvolvido pela equipe pedagógica

31

pode resultar em momento de riqueza e crescimento dos professores. Em

outras situações, esse tempo/ espaço tem sido mau planejado e acaba

“passando” sem que percebida sua importância.

Os profissionais da educação precisam estar conscientes da

importância desse espaço, como espaço de lutas, de trocas, de participação

coletiva que pode proporcionar mudanças em suas idéias e práticas

profissionais, numa formação permanente e integrada no seu dia-a-dia na

escola.

“Uma das atividades mais importantes, segundo penso, a

ser programada por parte do corpo docente, seria a de

registrar, desenvolver e coordenar as experiências e

observações pedagógicas e didáticas; deste trabalho

ininterrupto só pode nascer o tipo de escola e o tipo de

professor que o ambiente requer. Que grande livro se

poderia fazer, e quão útil, sobre experiências”.

(GRAMSCI, 1987, P.81).

Nesses encontros específicos para estudos poderão ser realizadas

leituras, discutidos planos, novas propostas de trabalho, enfim, argumentos

que subsidiem as demandas da escola. Para o desenvolvimento das

atividades pedagógicas no grupo de estudo alguns recursos metodológicos

tornam-se de extrema importância: palestras com profissionais de diversas

áreas, estudo e discussão de textos, slides, dinâmicas, música, vídeos,

dramatização, tudo relacionado aos temas propostos, sempre buscando a

participação de todos os envolvidos nos debates e trabalhos em grupo, por

meio da contextualização dos assuntos e da metodologia de pesquisa-ação,

onde cada educador se sinta participante na construção do processo de

formação continuada.

Durante os encontros do grupo para estudos poderá ser

implementado um material didático que ao longo do ano letivo comporá a

construção de um portifólio.

32

3.2 - Temas Geradores para o estudo com os professores no

processo de formação continuada.

Pensar em formação de professores nos remete a pensar a escola

como espaço privilegiado de formação. Se nas instituições formais de ensino,

o professor realiza sua formação inicial, seja ela em nível médio ou superior,

na escola, local de seu trabalho, ele encontra um espaço que promove sua

formação continuada.

Para tanto, a formação continuada precisa ser tomada como um

processo constante e não pontual, estando sempre interligada com as

atividades e as práticas profissionais que estão sendo desenvolvidas dentro da

escola. Essa formação deve ser voltada para o coletivo ou pelo menos deveria

ser encarada sob esse prisma.

Os temas discutidos variam de acordo com as disciplinas, com as

necessidades levantadas pelo grupo e as questões vivenciadas na rotina

escolar.

v A educação integral

v Currículo oculto

v Currículo, análise e reorganização da proposta curricular

desenvolvida na escola.

v Projeto político pedagógico e a identidade da escola.

v O processo de ensino-aprendizagem

v Métodos e técnicas de avaliação

v Dificuldades de aprendizagem

v Necessidades Educacionais especiais

v O refletir/ repensar da própria prática

v Qualidades emocionais

v Literatura e cinema

v Leitura na formação do cidadão

Após o estudo desses temas e outros definidos pelo grupo numa

gestão democrática, será concedido certificado com o total de horas aplicadas

33

na formação continuada. A aplicação dos temas será ministrada no decorrer do

ano letivo por profissionais da própria escola ou por convidados de acordo com

as necessidades do grupo. Trimestralmente o grupo de estudos será avaliado

em forma de questionários e auto-avaliação o que sinalizará a continuidade ou

mudança na proposta de estudos.

Na confecção do cronograma, o dia da semana definido para

estudos e planejamento coletivo foi o dia de sexta-feira. Quinzenalmente

acontecerá PL planejamento coletivo ou FC formação continuada. O material

confeccionado para essa formação somados a produção individual de cada

professor comporá o portifólio a ser entregue no final do ano letivo.

SUPERVISÃO EDUCACIONAL – CRONOGRAMA FORMAÇÃO

CONTINUADA 2011

Mês

Dia

Temas

obs

Fevereiro 11 FC - Dinâmicas de boas vindas.

18 PL - Planejamento coletivo

25 FC - A educação integral

Março 04 PL

11 Feriado

18 FC - Currículo oculto

25 PL

abril 01 FC - Currículo, análise e reorganização da

proposta curricular desenvolvida na escola.

08 PL

15 FC - Projeto político pedagógico e a

identidade da escola.

22 Feriado

34

29 PL

maio 06 FC – Avaliação

13 PL

20 FC - O processo de ensino-aprendizagem

27 PL

junho 03 FC – Métodos e técnicas de avaliação

10 PL

17 FC – avaliação centrada na aprendizagem

24 Feriado

Julho 01 PL

08 FC – Avaliação

15 PL

Agosto 05 FC - Dinâmicas de socialização e

desenvolvimento emocional

12 PL

19 FC – Dificuldades de aprendizagem

26 PL

Setembro 02 FC - Dificuldades de aprendizagem

09 PL

16 FC - O refletir/ repensar da própria prática

23 PL

30 FC - Qualidades emocionais dos

professores

Outubro 07 FC - Necessidades Educacionais especiais

14 PL

21 FC – Avaliação

35

28 PL

Novembro 04 FC - Leituras

11 PL

18 FC - A leitura na formação do cidadão

25 PL

Dezembro 02 FC – Literatura e cinema

09 PL

16 Encerramento e entrega dos certificados da

formação continuada.

3.3– A formação continuada como possibilidade de mudança

De certa forma, o repensar a concepção da formação dos

professores, que até a pouco tempo objetivava a capacitação destes, através

da transmissão do conhecimento, a fim de que “aprendessem” a atuar

eficazmente na sala de aula, vem sendo substituído pela abordagem de

analisar a prática que este professor vem desenvolvendo, enfatizando a

temática do saber docente e a busca de uma base de conhecimento para os

professores, considerando os saberes da experiência.

A leitura de bons livros, filmes oportunos, entrevistas, espetáculos

memoráveis permite que se construa um profissional melhor habilitado para se

trabalhar, principalmente em educação.

A partir destas análises é possível afirmar ainda que discussões

possíveis em grupos de estudos, que levam a produção de novos saberes,

contribuem para nortear/ iluminar novos direcionamentos para uma prática

docente reflexiva. Esse movimento se concretiza no entendimento de que levar

à escola, arbitrariamente e descontextualizadamente, um saber externo,

36

teórico pouco ou nada contribui para a melhoria do ensino. A elaboração

teórica faz sentido a partir de um conhecimento advindo do interior da escola, a

partir de interlocuções junto a um grupo de estudo, de um fazer juntos, por

meio de uma relação baseada na experiência e na troca de saberes, via

pesquisa-ação. Dessa maneira advém o processo de autonomia e o

crescimento profissional docente.

Nesse sentido, não basta repensar teoricamente a prática docente

de cada professor, é preciso a implementação de ações, nas quais o próprio

professor problematize sua prática e proponha uma nova prática pedagógica.

A etapa fundamental de um plano de formação continuada é o

diagnóstico da realidade da escola, das necessidades do corpo docente. O

supervisor ou coordenador pedagógico precisa conduzir esse processo de

forma democrática, dando vez e voz ao professor, buscando atender suas

demandas, sanando as dificuldades enfrentadas no interior da escola. Ele deve

apresentar os desafios que a escola e os alunos enfrentam e traçar

prioridades. Mas as decisões devem ser compartilhadas. É importante ser

flexível, ouvir os professores e estimulá-los a participar da definição de

objetivos e construir no coletivo um plano de formação continuada eficaz e que

proporcione ao educador mais autonomia, crescimento profissional e a

promoção de uma educação de qualidade.

37

CONCLUSÃO

Os caminhos trilhados pelos sujeitos na profissão docente sejam na

sua formação e no exercício da função, estão atravessados por fatores

pessoais e subjetivos que constituem o sujeito e pela construção social da

identidade que é definida historicamente.

À medida que o indivíduo se constrói e se desenvolve na sociedade

como sujeito ativo de sua própria história, constrói a sua identidade – que se

dá num processo individual e coletivo – e onde cada um se apropria da cultura

e dos conhecimentos historicamente acumulados na sociedade. É preciso reconhecer e questionar a existência de um abandono de

políticas públicas voltadas para o sistema educacional do país e principalmente

para a formação e valorização dos professores, ressaltando que o papel do

supervisor educacional que tenha o olhar voltado para a formação continuada

dos professores, imbuindo ao espaço escolar as condições propicias para que

haja o crescimento, a participação, o aprendizado coletivo e

conseqüentemente a melhoria da qualidade na educação brasileira.

Numa gestão democrática há espaço para o diálogo e tomada de

decisões de acordo com o bem comum do coletivo. Ao cultivar este espaço, no

qual o supervisor se coloca como mediador/ orientador, pode-se crescer junto

com o professor ampliando todos os olhares, sem perder de foco a

responsabilidade de cada um no processo. No coletivo é possível buscar

soluções para as adversidades que surgem no ambiente escolar, mantendo as

relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do

professor e a sua própria formação, desenvolvendo habilidades para lidar com

as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma

educação de qualidade, dando voz e vez aos elementos envolvidos neste

processo.

Mesmo percebendo que na prática o tempo/ espaço reservado ao

planejamento coletivo, tem se constituído precariamente em reuniões que

veiculam as informações pertinentes ao funcionamento escolar e ao

38

andamento do projeto da escola e são percebidos como mais uma obrigação a

ser cumprida pelos professores. Reconhecemos nesse espaço um direito

constituído e garantido ao professor: de ter dentro do seu espaço de trabalho

um tempo produtivo, de estudo coletivo, crescimento, reflexão e de extrema

importância no exercício da profissão docente.

Consideramos, sobretudo que este tempo/ espaço é um direito do

educador e que a sua ressignificação dentro do espaço escolar, no sentido de

maximizar suas potencialidades e permitir que seja realmente um espaço de

formação continuada dos professores constitui-se questão própria da ação

supervisora numa gestão democrática. Uma ação voltada para a formação do

professor reflexivo e pesquisador da própria prática.

39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSUNÇÃO, Maria Madalena S. de. Magistério primário e cotidiano escolar.

Campinas, São Paulo: Ed. Autores Associados, 1996. (Coleção Polêmicas do

nosso tempo)

CANDAU, V. M. F. Formação Continuada de Professores: Tendências Atuais. São

Carlos: Editora da Universidade Federal de São Carlos, 1996.

CARDOSO, Tereza Fachada Levy. As aulas Régias no Rio de Janeiro: do

projeto à prática. 1759- 1834. Pelotas, 1999. v.3 n.16. P.105-130

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática

educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GOODSON, Ivor F. Dar vez e voz ao professor: As Histórias de vida dos

Professores e o seu desenvolvimento profissional. In: NÓVOA, A. Vida de

Professores, Porto: Porto Edições, 1992.

GHIRALDELLI, Paulo Jr. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.

GRAMSCI, Antônio. Cartas do Cárcere. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1987.

LIMA, Paulo Gomes. Possibilidades ou potencialidades: a postura piagetiana

na epistemologia genética sobre a gênese da inteligência. Acta científica.

Ciências Humanas. Engenheiro Coelho: Unaspress: v. 02, n. 09, 2007.

LUCK, Heloisa. A dimensão participativa da gestão escolar

MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão Escolar: da ação exercida à ação

repensada. Porto Alegre: Edipucrs, 1995.

40

NÓVOA, Antonio. Os professores e sua história de vida. In: NÓVOA, A. Vida

de Professores, Porto: Porto Edições. 1992.

______, António. (Org.) Profissão professor. Porto: ed. Porto, 1991.

RANGEL, Mary. (Org.). Supervisão Pedagógica: princípios e práticas. 4ª ed.

Campinas: Papirus, 2004.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo: Autores Associados,

1987.

________________. Do Senso Comum à Consciência Filosófica. 11ª ed.,

São Paulo: Autores Associados, 1992.

SINDICATO DOS PROFESSORES DO RIO DE JANEIRO. História do SEPE.

Disponível em: www.sepe-rj.org.br/historia.htm. Acesso em 23/07/2011

VILLELA, Heloisa de Oliveira. Santos. A primeira Escola Normal do Brasil.

Uma contribuição à história da Formação de Professores. Niterói, 1990. 286p.

Tese (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade

Federal Fluminense, Niterói, 1990.

41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I -

A AÇÃO SUPERVISORA NUMA GESTÃO DEMOCRÁTICA. 10

1.1 – A gestão democrática e a prática de supervisão. 12

1.2 – O estudo como método de supervisão 14

CAPÍTULO II -

A FORMAÇÃO CONTINUADA COMO CAMINHO POSSÍVEL PARA A AÇÃO

SUPERVISORA. 17

2.1. Rememorando a história da formação docente no Brasil 19

2.2- A formação docente no projeto de formação continuada 25

CAPÍTULO III –

O PLANEJAMENTO COLETIVO COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO

CONTINUADA 29

3.1 – Reuniões pedagógicas: uma possibilidade de reinvenção da prática 29

3.2 - Temas Geradores para o estudo com os professores no processo de

formação continuada 32

3.3– A formação continuada como possibilidade de mudança 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 41