o computador como ferramenta pedagÓgica

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Faculdades São Sebastião LUIZA FERREIRA DE BARROS FILHA O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA: Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia apresentado às Faculdades São Sebastião como condição parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia sob orientação do Prof Adriano Scala Pandolfi. São Sebastião S.P. 2009

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Page 1: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Faculdades São Sebastião

LUIZA FERREIRA DE BARROS FILHA

O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA:

Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia apresentado às Faculdades São Sebastião como condição parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia sob orientação do Prof Adriano Scala Pandolfi.

São Sebastião – S.P.

2009

Page 2: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Dedico a minha Mãe, meu maior

referencial teórico e prático para toda

minha vida.

Page 3: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

AGRADECIMENTOS

A Deus que permitiu que tudo isso fosse possível.

A minha mãe por nem sempre concordar comigo.

A todos os professores que desde Ensino Fundamental e Médio, me ensinaram a

ser professora em especial: Maria Amélia da 2ª série, Aninha e Vera de Ciências,

Cristina de Educação Física, Luis Carlos e Franklin de Artes, Alberto de História,

Glória Geografia, Suzana, Cidinha e Mara de Matemática, Luis Donato, Catarina,

Maria Bernadete de Língua Portuguesa, Renato e Emanuel de Química,

Lourenço de Física, Judith, Sultane e Edileusa Brasil De Inglês.

A Dra Eliane, pelas impagáveis aventuras no retorno para casa.

Aos meus primeiros alunos que me ensinaram algumas das lições mais

importantes.

A equipe da Escola Municipal de Juqueí, primeira escola que lecionei.

Aos alunos e professores da Escola Municipal Prof. Walfrido Maciel Monteiro.

Silas, Valéria, Silvia, Rui, Rosânia que ampliaram minha visão de mundo.

Aos amigos e colegas de trabalho: Hamilton Pereira Rangel, João Paulo, José

Carlos Nobre, José Ricardo Reis, Dalva Maria da Costa, Leonardo Matsuhashi,

Roberto Brito, Rafael Taraschuk, Alan Patrik Pineda Fernandes, Ernesto dos

Santos Neto, Décio, Ronald, Sônia, Natália, Felipe Santos.

A todas as pessoas que, de alguma forma, ajudaram a tornar este sonho real.

Page 4: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

“Divinizar ou diabolizar a tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e

perigosa de pensar errado”

Paulo Freire

Page 5: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 ........................................................................................................

1968: Bill Gates (de pé) ao lado de Paul Allen no computador da Lakeside

School.

Imagem 2 ........................................................................................................

Alunos jogando Hex Multiplicativo na aula de informática.

Imagem 3 ........................................................................................................

Proposta inicial. Tela do Jogo Hex Multiplicativo

Imagem 4 ........................................................................................................

Tela inicial do Power Point explicativo.

Imagem 5 ........................................................................................................

Tela 2 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar

Imagem 6 ........................................................................................................

Tela 3 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar

Imagem 7 ........................................................................................................

Tela 4 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar

Imagem 8 ........................................................................................................

Tela 5 do Power Point Atividade Muitos Modos de Multiplicar

Imagem 9 ......................................................................................................

Nova atividade para prática da multiplicação por meio do novo modelo

Imagem 10 ......................................................................................................

Alunos jogando Hex Multiplicativo

Page 6: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

1 INTRODUÇÃO

Por meio deste estudo busca-se apresentar o ambiente computacional como

instrumento pedagógico com potencial de auxiliar o educador e aluno do Ensino

Fundamental no processo de aprendizagem. Isto pode ocorrer por meio de

atividades lúdicas, dinâmicas que enfatizam a fundamental importância de uma ação

pedagógica associada aos conteúdos apresentados na sala de aula regular.

O interesse em desenvolver o tema surgiu a partir das experiências em

função do trabalho como Monitora de Informática na rede Municipal de Ensino

Fundamental em São Sebastião. Nesse período, várias turmas foram atendidas e

cada qual uma realidade educacional própria.

O principal objetivo deste estudo é mostrar como ambiente computacional

pode enriquecer as práticas pedagógicas aplicadas na sala de aula regular

favorecendo o aprendizado dos alunos.

O estudo contará com depoimentos de professores e alunos do programa Sua

Escola a 2000 por Hora, parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Microsoft, e o

programa: Salas de Aula do Futuro da Apple – ACOT1 (Apples Classrooms of

Tomorrow).

Os dados obtidos neste estudo visam responder a seguinte questão: o

ambiente computacional pode colaborar para o aprendizado de alunos do Ensino

Fundamental?

O embasamento teórico foi composto a partir dos Parâmetros Curriculares

Nacionais - PCNs, publicações correlatas ao tema de tecnologia e educação,

leituras que se concentraram na relação entre os agentes do processo educacional

escolar em ambiente com recursos tecnológicos computacionais.

A pesquisa contou ainda, com o levantamento feito por Bettega (2004), que

relacionou as principais iniciativas do governo em todas as suas esferas nas últimas

décadas.

A análise do levantamento de dados permitiu que se constituísse uma

imagem do início da crise da educação, no tangível a tecnologia computacional

como instrumento pedagógico, o que envolve o professor - com seus argumentos

para a aceitação ou recusa deste instrumento; o aluno - que se desenvolve em uma

1 O Projeto ACOT - 1992 a 2002 cujo objetivo foi criar diferentes formas de aprendizagem com ajuda da tecnologia ofereceu a cada professor, aluno e sua

família um computador.

Page 7: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

sociedade repleta de tecnologias e que também estuda em um local de

convergência desses recursos.

Em decorrência do encontro do professor, da tecnologia na escola e do aluno

surge a necessidade da reformulação dos perfis de atuação de cada um dos

agentes dentro do processo de incorporação da tecnologia computacional como

recurso para a aprendizagem e desenvolvimento da criança.

O foco deste estudo está nas possibilidades e mudanças ocasionadas em

virtude da adoção de recursos computacionais como instrumento pedagógico no

Ensino Fundamental.

O estudo conta com a análise de uma situação em que o computador foi

utilizado como ferramenta pedagógica em favor do desenvolvimento de um grupo de

alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental, com significativa defasagem de

aprendizado em um determinado conteúdo da disciplina de Matemática e desse

modo contextualizar os aspectos anteriormente abordados mostrando como o uso

do computador pode ser positivo.

Page 8: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

2 DEFINIÇÃO DO TERMO “INFORMÁTICA”

Neste capítulo pretende-se apresentar o que foi compreendido durante o

levantamento de dados para a constituição desta pesquisa, a respeito do termo

Informática. Notou-se que há uma convergência entre os diversos autores

pesquisados no sentido de que a informática decorre das necessidades que o

homem tem de produzir, manipular e transmitir informações, motivo pelo qual ele

está sempre criando equipamentos e meios, cada vez mais eficazes, para o

atendimento de suas necessidades.

A informática surge, então, como ciência encarregada de estudos que

proporcionam o desenvolvimento desses equipamentos e meios. Esta idéia pode ser

mais bem compreendida por meio dos estudos de LANCHARRO, LOPEZ E

FERNANDEZ, (1991, p.1) que afirma que “a informática nasceu da idéia de auxiliar o

homem nos trabalhos rotineiros e repetitivos, em geral cálculos e gerenciamento”.

Para esses autores, citados acima, uma a definição mais popular para o

termo Informática é: “Ciência que estuda o tratamento automático e racional da

informação.” De acordo com os autores, esse termo foi criado no início na década de

60, na França, provém da contração de outras duas palavras: Information

Automatique que significa Informação Automática.

Com o decorrer do tempo, esse termo popularizou-se passando a representar

uma gama de atividades e serviços relacionados a computadores. Exemplo disso,

são as aulas que têm o computador como recurso principal, essas são denominadas

aulas de informática, as iniciativas que as organizam – elaboram e avaliam – a aula

com utilização do computador são chamadas de projetos de informática. Uma

generalização redutora aplicada indistintamente.

Sendo a expressão ”aula de informática” mais bem aceita e melhor

compreendida no meio em que este estudo foi desenvolvido, como uma espécie de

acordo tácito, será adotado para com o sentido de Tecnologia da Informação

Comunicação – TIC, que utiliza recursos computacionais para o desenvolvimento de

atividades pedagógicas.

Page 9: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

3 O GOVERNO E OS COMPUTADORES

Neste capítulo será apresentado um breve resumo das propostas do governo,

em favor da adoção da informática como ferramenta pedagógica no Brasil,

destacando-se como elas colaboraram para a reformulação da postura do professor

em relação ao ensino cruzando os olhares de autores como Bettega (2004), Valente

(1999) entre outros.

Valente (1999) relata que apesar do Brasil ter recebido influências dos

Estados Unidos, há variações nas características que motivaram a implementação

da informática na educação nesses dois países. Ainda segundo Valente (1999, p.3),

nos Estados Unidos, “o uso dos computadores é completamente descentralizado e

independente das decisões governamentais.”. De acordo com esse autor, o que

impulsiona essa integração com a educação é o próprio crescimento tecnológico.

Verifica-se, nesse caso, o puro interesse capitalista em se disseminar um

produto mais rapidamente na sociedade, então escola tornou-se um canal propício

para o alcance das metas empresariais.

De acordo com Ahl (1977 apud VALENTE 1999, p.3), “a tecnologia nas

escolas americanas era do giz e quadro negro, o número de escolas que usavam

computadores como recurso educacional era muito pequeno.”. Diferente do que

acontecia nas universidades a disseminação dos computadores nas escolas, de

para o autor, ocorreu devido ao surgimento dos microcomputadores da Apple no

início dos anos 80. Dessa forma Valente (19992, p.3) afirma que:

A presença dos microcomputadores permitiu também a divulgação de novas modalidades de uso do computador na educação, como ferramenta no auxílio de resolução de problemas, na produção de textos, manipulação de banco de dados e controle de processos em tempo real. De acordo com essa abordagem, o computador passou a assumir um papel fundamental de complementação, de aperfeiçoamento e de possível mudança na qualidade da educação, possibilitando a criação e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem. O Logo3 foi o exemplo mais marcante dessa proposta.

No Brasil, segundo Tajra (2000 apud BETTEGA 2004, p.30) “houve várias

iniciativas governamentais para a instalação de computadores, visando garantir aos

alunos o acesso ao conhecimento de uma tecnologia utilizada na sociedade

moderna.”. Essa autora relata uma série de “ações desenvolvidas” em favor da

tecnologia, como a criação da Comissão Especial de Informática, em 1983,

2 O computador na Sociedade do Conhecimento

3 Linguagem desenvolvida em 1967, baseada na teoria de Piaget e em algumas idéias da Inteligência Artificial (Papert, 1980)

Page 10: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

incumbida, segundo Bettega (2004, p.31), de “desenvolver discussões e

implementar ações para levar os computadores às escolas públicas.”. Nessa mesma

época foi criado o projeto EDUCOM4, tido como id “[...] primeira ação oficial e

concreta para levar os computadores às escolas públicas [...]”.

Depois de oferecer às escolas públicas os computadores, surge a

preocupação do governo de o que fazer com eles. Por isso, concursos de programas

educacionais foram lançados visando a constituição de uma proposta educacional.

A partir de 1987, as Secretarias Estaduais de Educação voltaram seus

olhares para a formação do professor, por meio da id“[...] implantação de Centros de

Informática Educacional, visando atender cerca de cem mil usuários em convênio

com as Secretarias Estaduais de Educação[...]”.

O interesse em inserir os professores na tecnologia motivou ações como a da

Secretaria de Estado da Educação de São Paulo que criou o Programa Nacional de

Informática na Educação, o PROINFO5, que existe atualmente e continua a trabalhar

com as propostas dos educadores.

A estrutura do programa é a de formar multiplicadores voluntários, conforme

BETTEGA (2004, p.33) “auxiliam tanto no processo de planejamento e de

incorporação das novas tecnologias quanto no suporte técnico e capacitação dos

professores e das equipes administrativas das escolas.”.

3.1 O COMPUTADOR OCASIONANDO MUDANÇAS

Este capítulo aborda as mudanças de posicionamento do professor no

processo de aprendizagem em decorrência da adoção do computador como nova

ferramenta pedagógica. De modo geral o professor torna-se mediador da construção

do conhecimento pelo aluno.

Com essa nova ordem, o educando é o centro do processo e o computador,

em função de suas variedade de aplicações, é visto como uma ferramenta capaz de

tornar a aprendizagem mais dinâmica.

Contudo essa é uma visão otimista, mas não configura uma unanimidade

entre os educadores, haja vista que nem todos são favoráveis ao uso do computador

para tal propósito. As opiniões contrárias serão consideradas e os argumentos

4 Fusão de Educação com Computador que somente oficializado em 1984 segundo Bettega (2004 p31)

5 Para saber mais acesse: www.mec.gov.br

Page 11: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

analisados para que seja possível esclarecer os prós e contras da inserção do

computador na educação.

Considerando os dados apontados sobre as iniciativas do governo em

integrar a tecnologia computacional ao contexto escolar observa-se que dessas

situações origina - se um novo paradigma, onde o aluno é o centro do processo

educacional o que decorre da inserção dos recursos computacionais

potencializadores do contato com outras culturas, modelos de aprendizagens

independentes sem a presença do professor, diferente do modo tradicional, o que

não significa que ele não seja mais necessário, como o exposto nos Parâmetros

Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental (1998 p.157)

A tecnologia é um instrumento capaz de aumentar a motivação dos alunos, se a sua utilização estiver inserida num ambiente de aprendizagem desafiador. Não é por si só um elemento motivador. Se a proposta de trabalho não for interessante, os alunos rapidamente perdem a motivação.

De acordo com Imbernón (2002 apud BETTEGA 2004, p.39) “a instituição

educativa e a profissão docente desenvolve-se num contexto marcado por uma

mudança acelerada nas formas adotadas pela comunidade social.” E em função de

id [...]” tantas mudanças ocorrendo em curto espaço, ao mesmo tempo em que exige

a reformulação de sua prática educativa o coloca quase que em uma crise

existencial[...].”. Contudo o educador é solicitado para ser o mediador da

aprendizagem e o formador do aluno. Parece uma simples questão de aproveitar a

oportunidade.

Gates (1995), mostra que a adaptação é fundamental para a sobrevivência de

uma empresa dentro de um ramo tão competitivo quanto a de tecnologia de

informação. Empresas como a Apple que vinculava até 1995 o hardware ao software

de forma que id[...] “se você quisesse o software, teria que comprar os

computadores da Apple [...]” entram em graves crises. Para GATES (1995, p.76), “é

cada vez mais importante poder competir e ao mesmo tempo cooperar, mas isso

requer um bocado de maturidade.”. Tal competitividade é percebida entre o

professor e a máquina.

Deste modo é possível estabelecer um paralelo entre a experiência da Apple

e os professores. Muitos vinculam o ensino a sua presença, seguindo assim na

contramão das mudanças na tentativa de assegurar o seu lugar de educador

Page 12: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

transmissor de informação como se verifica a seguir pela constatação feita por

Moran, Masetto e Behrens (2006, p.142):

Para nós professores essa mudança de atitude não é fácil. Estamos acostumados a sentimo-nos seguros com nosso papel tradicional de comunicar ou transmitir algo que conhecemos muito bem. Sair dessa posição, entrar em diálogo direto com os alunos, correr o risco de ouvir uma pergunta para a qual no momento talvez não tenhamos resposta, e propor aos alunos que pesquisemos juntos para buscarmos a resposta – tudo isso gera um grande desconforto e uma grande insegurança.

Contudo essa posição já não existe mais, Freire (2007, p.47) afirma que

“ensinar não é transferir conhecimento, mas sim criar possibilidades para a sua

própria produção ou a sua construção.”

Para Moran, Masetto e Behrens (2006, p.71) “é sempre importante conectar o

ensino à vida do aluno.”. Os professores precisam buscar informações sobre as

ferramentas disponíveis de modo que se permita utilizá-las em favor do

desenvolvimento de seus educandos constituindo assim uma prática mediada pela

tecnologia computacional. Os autores citados acima em (2006, p.144), definem

mediação pedagógica como sendo: “O comportamento do professor que se coloca

como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta

com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem”.

Ao assumir essa posição, o educador torna-se também aprendiz, pois

segundo Freire (2007, p.23) “ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.”

3.2 A relação dos educadores com o computador na educação

Pretende-se nesse capítulo ponderar a cerca dos argumentos propostos pelos

dois principais grupos de educadores, favoráveis e contrários, que se formam a partir

da proposta do uso do computador na educação como instrumento pedagógico.

Dessa forma busca-se compreender os motivos que levaram a aceitação ou rejeição

do comutador na educação.

O professor tem suas crenças pessoais e trabalha de acordo com elas, do

contrário dificilmente obteria sucesso, mas seu objetivo maior é o desenvolvimento

de seus alunos e certamente não será fácil com ou sem o computador. Para Nespor

(1987 apud SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER, 1997, p48) “as crenças têm um

papel importante nos esforços humanos, especialmente em situações nas quais há

uma grande quantidade de incerteza como nas escolas.”, complementando essa

Page 13: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

idéia Rokeach (1975 apud SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER 1997, p48) afirma

que “elas [as crenças] formam a base das perspectivas dos indivíduos sobre o certo

e o errado, elas predispõem os indivíduos a certos modos de conduta.”.

Defendendo o uso do computador na educação, sobre a máquina afirma

Valente (1995, p.1) que “pode provocar uma mudança de paradigma pedagógico.”.

Segundo esse autor há, pelo menos, duas correntes ideológicas na educação sobre

a presença do computador: uma contra, que ele chama de “Visão Cética” e outra

favorável denominada “Otimista” e cada qual apresenta argumentos para justificar

sua conduta.

Freire (2007, p.35) afirma: ”é próprio do pensar certo à disponibilidade ao

risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo,

assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico.”. Conduzindo,

desta forma, a uma reflexão sobre os critérios de avaliação daquilo que é proposto

como prática pedagógica.

Os céticos, segundo o autor, consideram a pobreza da educação argumento

conforme a seguir: Valente6 (1995, p2) “a escola não tem carteiras, não tem giz, não

tem merenda, e o professor ganha uma miséria. Nessa pobreza, como falar em

computador?”. Esse autor complementa da seguinte forma id “[...] apenas melhorar

os aspectos físicos da escola não garante uma melhoria no aspecto educacional

[...].”

Analisando dados da Prova Brasil, de 2007, publicados na Revista Nova

Escola do mesmo ano, o Colégio Estadual Januário de Toledo Pizza, no Estado do

Rio de Janeiro, obteve a primeira colocação em matemática com 288,07 pontos,

muito acima da média do Estado 184,44 e da média Nacional 179,98 pontos. O

colégio não possui laboratório de informática ou de outros tipos, nem quadra.

Valente (19957, p.3) salienta que é “necessária uma valorização salarial e da

educação” e que id “[...] isto significa que a escola deve dispor de todos os recursos

existentes na sociedade, caso contrário, a escola continuará obsoleta [...].”. Esse

autor aponta ainda outro argumento utilizado por quem faz oposição ao uso do

computador id “[...] é a desumanização que essa máquina pode provocar na

educação [...].”. Esse argumento permite uma reflexão sobre a possibilidade de o

professor ser substituído pelo computador. Contudo, a defesa é feita da seguinte

6Porquê o computador na educação? disponível em www.nied.inicamp.br/publicacoes/separatas/sep2.pdf

7 Porquê o computador na educação? disponível em www.nied.inicamp.br/publicacoes/separatas/sep2.pdf

Page 14: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

forma pelos Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino

Fundamental (1998, p.155):

A tecnologia traz inúmeras contribuições para a atividade de ensino e para os processos de aprendizagem dos alunos, mas não substitui o professor e, muito menos os processos criativos do próprio estudante, na produção de conhecimento. O professor continua sendo quem planeja e desenvolve situações de ensino a partir do conhecimento que possui sobre o conteúdo, sobre os processos de aprendizagem, sobre a didática das disciplinas e sobre a potencialidade da ferramenta tecnológica como um recurso para a aprendizagem.

O paradigma adotado pelos céticos é chamado, por Valente (1995), de

Instrucionista. O ponto crítico está localizado na postura do professor e o modo

como ele lida com o computador de forma que o educador pretende continuar

atuando como transmissor de conhecimento. Convém enfatizar que, segundo

Valente (1995, p. 3) “se o professor se coloca na posição de somente passar

informação para o aluno ele certamente corre o risco de ser substituído” conclui o

autor.

Analisando, ainda a visão dos otimistas sob ótica de Valente8 (1995, p.4) “os

argumentos nem sempre são tão convincentes. O otimismo é gerado por razões

pouco fundamentadas, correndo o risco de frustrações como já ocorreu com outras

propostas para a educação.”.

Sobre a argumentação da inevitável presença do computador no cotidiano,

Valente (1995, p.5) acredita que “esse argumento é falacioso”, e explica sua postura

sobre o uso da ferramenta do ponto de vista técnico afirmando que id”[...]computador

na educação não significa aprender sobre computadores, mas sim por meio de

computadores[...]” pois para ele, id“[...]o interesse em estudar esse objeto,

tecnológico deve ir além do simples fato de eles permearem a nossa vida[...]”.

Valente (1995, p.6) aponta como sendo “a razão mais nobre e irrefutável do

uso do computador na educação”, aquele que trata de desenvolver o raciocínio do

aluno por meio da proposição de situações problema na qual o computador seja um

elemento colaborativo permitindo que ele construa seu conhecimento por meio de da

ferramenta e isto para Papert (1986 apud Valente 1995, p.12) chama-se paradigma

Construcionista.

8 Computador e conhecimento: publicações NIED: 1995

Page 15: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Independente do posicionamento adotado, Cético Instrucionista ou Otimista

Construcionista o fato é que, a utilização da ferramenta computacional promove

mudanças na postura dos alunos e isso precisa ser considerado como consta nos

Parâmetros Curriculares Nacionais Terceiro e Quarto Ciclo do Ensino Fundamental

(1998, p.156) ao preconizarem que:

A tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções da ação didática, com o objetivo de criar ambientes de ensino aprendizagem que favoreçam a postura crítica, a curiosidade, a observação e análise, a troca de idéias, de forma que o aluno possa ter autonomia no seu processo de aprendizagem, buscando e ampliando conhecimentos.

Desse modo, Freire (2007, p.33) sugere cuidado, “divinizar ou diabolizar a

tecnologia ou a ciência é uma forma altamente negativa e perigosa de pensar

errado.”. Por isso, de acordo com Freire (2007, p.39) “na formação permanente dos

professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.”. Dessa

forma é necessário sempre reavaliar crenças que recaem sobre as práticas

verificando seu grau de adequação com relação à fase na qual se encontra.

Page 16: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

4 REFORMULANDO A SALA DE AULA - O COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO

Este capítulo pretende mostrar a necessidade de que haja uma reformulação

das estratégias empregadas em sala de aula para que o computador venha a se

tornar um recurso que agregue valor ao ensino.

Durante as pesquisas verificou-se que os motivos que impulsionaram a

evolução dos computadores estiveram sempre ligados à análise de dados para fins

bélicos, e industriais. O que demonstra, portanto, não ter sido desenvolvida,

inicialmente, com propósitos educacionais. Sobre isso, Valente (1999 p1) afirma que

“esse tipo de aplicação [pedagógica] sempre foi um desafio para os pesquisadores

preocupados com a disseminação dos computadores em nossa sociedade.”

As histórias de sucesso de pessoas como Gates, Allen, e empresas como a

Microsoft que conseguiu manter-se líder durante todas as fases da evolução da

tecnologia, ocorreram muito em função de habilidades em relacionar-se com outras

empresas e adaptar-se às necessidades do mercado empresarial e dos usuários

domésticos. Habilidades como essas são aplicáveis às pessoas, especificamente

aos educadores, em seu relacionamento com as máquinas. A importância do

professor pode ser percebida por meio da opinião expressa por Moran 9(2007 p.3)

O educador continua sendo importante, não como informador nem como papagaio repetidor de informações prontas, mas como mediador e organizador de processos. O professor é um pesquisador – junto com os alunos – e articulador de aprendizagens ativas, um conselheiro de pessoas diferentes, um avaliador dos resultados. O papel dele é mais nobre, menos repetitivo e mais criativo do que na escola convencional.

No que tange a estabilidade do professor, de acordo com Gates (1995,

p.232), a tecnologia “não vai substituir professores interessados, administradores

criativos, pais envolvidos e, é claro, aluno diligente.”. Segundo ele, a estrada10,

reunirá os melhores trabalhos de incontáveis professores e autores para que todos

compartilhem deles e explorá-los interativamente. De acordo com os Parâmetros

Curriculares Nacionais Quarto e Quinto Ciclo do Ensino Fundamental (1998, p.154):

É fundamental que o professor tenha conhecimento sobre as possibilidades do recurso tecnológico, para poder utilizá-lo como instrumento para a aprendizagem. Caso contrário, não é possível saber como o recurso pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.

9 Extraído do artigo “Como utilizar as tecnologias na escola” acesso em 14.dez.2007.

10 Termo utilizado na época para referir-se a Internet.

Page 17: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Freire (2007, p.50) autodescreve-se da seguinte forma: “como professor

crítico sou um aventureiro responsável, predisposto à mudança, à aceitação do

diferente. Nada do que experimentei em minha vida docente deve necessariamente

repetir-se.”

O professor deve preparar-se para receber, analisar e processar essas

informações além de trabalhar com elas motivando seus educandos. Moran, Masetto

e Behrens (2006, p.62), afirmam que “educadores entusiasmados, atraem,

contagiam, estimulam, tornam-se próximos da maior parte dos alunos. Mesmo

quando não concordemos com todas as suas idéias.”.

Para Gates (1995 p233) “chegará o momento em que esse acesso ajudará a

disseminar oportunidades educacionais e pessoais até mesmo entre estudantes que

não tiveram a felicidade de freqüentar as melhores escolas.”. Essa previsão tornou-

se realidade em função, da parceria da Microsoft com o Instituto Ayrton Senna, que

culminou com a criação de um projeto chamado Sua Escola a 2000 por Hora11.

Alguns relatos de alunos extraídos de material de divulgação do programa

confirmam o pensamento de Gates.

Almeida (1988, p.9) aponta que “hoje no Brasil há projetos em todas as áreas

para seu uso: o computador na medicina, na agricultura, nos equipamentos de

guerra, nas pesquisas científicas” e, por conseguinte, a escola também é estimulada

a criar os seus id “[...] uma dezena de escolas de grande porte nas principais capitais

do país, já abriram suas portas ao trabalho com o computador [...].”.

A parceria do Instituto Ayrton Senna com a Microsoft utiliza a tecnologia como

suporte técnico e pedagógico sendo definido pela Orientadora Maria Isabel

Guimarães, como “um conjunto de ações que buscam uma nova educação, uma

nova escola no Brasil.”. De acordo com Dolla, Grego (2002,p.33):

De fato, a controvérsia sobre a conveniência ou não da utilização do computador nas escolas, nos diferentes níveis de ensino, parece tornar-se obsoleta, e ao debate se coloca para os critérios e as formas de implementação da informática nas escolas.

A professora Adriana Martinelli, coordenadora desse programa afirma que “o

papel da tecnologia dentro da escola passa a ser um meio fundamental para que o

aluno possa desenvolver competências e habilidades.”.

11 Informações extraídas do CD de divulgação do Programa Sua Escola a 2000 por Hora

Page 18: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Sobre as mudanças na educação em função das tecnologias, Moran12 (2007,

p3) afirma ainda que:

As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.

A aluna Gláucia Basílio, da Escola Municipal Professora Leonilda Montandon

em Araxá, Minas Gerais, coloca “depois que o programa sua escola veio pra dentro

da nossa escola, parece que abriu a mente do professor, da direção. Agora agente

aqui dentro da escola faz o nosso papel.”.

Além do Sua Escola, o projeto ACOT também oferece aulas com esse

formato – centrado no aluno como verifica-se no relato da experiência do professor

John Erickson do projeto ACOT às autoras Sandholtz, Ringstaff, Dwyer, (1997,

p.82):

Primeiro ano do projeto: Minha aula expositiva de ciências não durou mais de dez minutos hoje. No restante do período, os alunos trabalharam em um projeto. Que efeito isso terá sobre sua aprendizagem? Dois anos mais tarde: Quando os alunos estão apresentando seus projetos de informática, eu posso permitir que eles assumam o papel do professor e eu o de aluno... às vezes, nós pedimos que outros na classe se apresentem como voluntários para dar as informações primeiro. Eu, por assim dizer, me torno a última pessoa que dá informações na classe, ao invés de ser a primeira. No ano seguinte: Eu acho que os alunos estão adquirindo uma quantidade extraordinária de... conhecimento... embora o esteja fazendo por conta própria e este conhecimento não esteja sendo transmitindo a eles por um professor que fica em pé a sua frente.

Mesmo as crianças que apresentam desajustes de comportamento podem

participar da mudança, que deve ser encarada como uma possibilidade de

ajustamento e integração com seu grupo como o relatado pelas autoras a seguir.

Joe é o aluno falante, perturbador e desajustado que todo professor já teve algum dia. Ele adora o computador. Ele não era popular entre os colegas, mas pegou muito rápido a linguagem do computador. Os outros estão perguntando :”Será que o Joe pode vir até aqui me ajudar:” É interessante ver como o fato de ele ter se tornando um especialista influenciou suas relações com a classe. (SANDHOLTZ, RINGSTAFF, DWYER 1997. p.86 )

Para a professora de Matemática Cínara Ávila, da Escola Municipal Professora

Leonilda Montandon em Araxá Minas Gerais o projeto também serviu para destacar

a importância do aluno do processo de aprendizagem, “agente viu que, agente já

12 Extraído do artigo: A integração das tecnologias na educação acesso em 18.04.2007

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sabia, mas agora mais do que nunca quem faz a escola são os alunos, eles são os

protagonistas. Se eles querem com certeza vai acontecer.”

E do ponto de vista dos alunos a mudança também foi percebida, como fica

explicitado na fala da aluna Gláucia Basílio também de Araxá: “as disciplinas agora

são mais inovadoras, não tem só aquela coisa, é só livro, o computador ajudou muito

a fonte de pesquisa (como fonte de pesquisa) acho que a escola melhorou cem por

cento.”. Gates relata algumas possibilidades em que a estrutura tecnológica

dinamizará a aula tornando-a mais rica e interessante:

Posso imaginar um professor de ciências daqui a uma década, trabalhando uma aula sobre o Sol, explicando não só a ciência, mas também a história das descobertas que tornaram possíveis. Enquanto ele fala sobre o Sol imagens e gráficos aparecerão nos momentos apropriados. Se um aluno perguntar sobre a fonte da energia solar, ele poderá responder usando desenhos animados de átomos de hidrogênio e hélio, mostrar erupções e manchas solares ou outros fenômenos. (GATES 1995, p.237).

De acordo com Valente, (1999, p3) “a implantação da informática, como

auxiliar do processo de construção do conhecimento, implica em mudanças na

escola que vão além da formação do professor.” id “[...] deve criar condições para o

docente construir conhecimento sobre as técnicas computacionais, entender porque

e como integrar o computador na sua prática pedagógica [...].”.

Para Gates (1995, p.244) “Diferentes ritmos de aprendizagens serão

contemplados, pois os computadores serão capazes de dar a atenção individual a

cada um de seus alunos.”. O autor posiciona-se como id “[...] declaradamente

otimista em relação às tecnologias na educação [...]”, e desta forma acredita que

estas irão inicialmente apenas potencializar as ferramentas tradicionais.

Essas propostas não eram mais do que idealizações, na época em que foram

concebidas, há treze anos, no entanto após o período suposto nos pensamentos de

Gates, verifica-se que são absolutamente tangíveis.

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5 O PLANEJAMENTO DAS NOVAS AÇÕES PEDAGÓGICAS

O planejamento de ações pedagógicas, sobretudo, as que se propõem a ser

mediadoras, é de vital importância para na prática docente. Planejar a aula,

considerando a realidade das turmas, como aponta Freire (1981), conhecendo a

realidade dos alunos, procurando conhecer seus valores, sua condição de vida, sua

cultura, saberes sonhos e angústias, representa ampliar as chances de acerto, de

sucesso da aula e torna-se um fator de diminuição da indisciplina no laboratório.

Segundo Gandin, Gandin (2008, p.161) caso não haja planejamento

estratégico, “se você não repensar os fundamentos teóricos e gnosiológicos, que

embasam sua prática, pouca diferença faz mudar a forma de agir.”.

Para Moran, Masetto e Behrens (2006 p.144) “O comportamento do professor

que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que

se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua

aprendizagem.”

Nos Estados Unidos originou-se o programa: Salas de Aula do Futuro da

Apple – ACOT (Apples Classrooms of Tomorrow), Sandholtz, Ringstaff Dwyer, 1997

p.61 reconhece que “a mudança é evolutiva, nós sugerimos uma abordagem gradual

para alterar o contexto e dar o apoio necessário.”

Esta proposta deu origem a estrutura que auxiliava o professor na adaptação

com sua nova sala de aula, agora informatizada. Essas autoras relatam que no

começo, os professores preocupavam-se com a parte física do computador por isso

id“[...] o treinamento técnico, portanto, é um ingrediente chave que pode reduzir o

estresse e aumentar a confiança [...].” Situações que desgaste podem ser

ocasionadas pelos alunos que, assim como seus professores, estão aprendendo.

O professor David Mendez fez o seguinte relato às autoras Sandholtz,

Ringstaff Dwyer, (1997, p. 64):

Se eu tivesse escolha, eu não acho que olharia novamente para um computador. Um de meus alunos entrou na rede e perdeu muitas informações porque ele não sabia o que estava fazendo. É uma situação típica, e causou um grande problema porque, agora os computadores estão desligados. Diariamente nós temos que lidar com tantas variáveis como esta que eu não antecipei ao entrar para este programa. Eu fico ansioso para que chegue o final de semana para que eu não tenha que fazer coisa alguma com computadores.

Page 21: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Freire13(1981) lembra que também é necessário ao profissional olhar-se,

analisar-se “estou inteiro, estou disponível, estou marcado pelo preconceito, me

acho dono da verdade, estou aberto para aprender com os alunos?.”.

Quando a aula não é planejada os alunos percebem e desvirtuar o rumo da

aula, torna-se fácil isto porque não há rumo. Essa situação gera desconforto entre

alunos e professor, pois eles se sentem desconsiderados.

Em referência a isso os Parâmetros Curriculares Nacionais Quarto e Quinto

Ciclos do Ensino Fundamental (1998, p.153) recomendam que:

As aulas devem ser planejadas levando-se em consideração: os objetivos e os conteúdos de aprendizagem; as potencialidades do recurso tecnológico para promover aprendizagens significativas; os encaminhamentos para problematizar os conteúdos utilizando tecnologia; e os procedimentos da máquina que são necessários conhecer para sua manipulação.

Quanto à elaboração dos objetivos, Vasconcelos (2003, p.16) atenta para o

que ele chama de “eventual conflito entre o objetivo expresso (registrado no projeto)

e o objetivo real (sobreviver, cumprir o programa, conseguir controle...).”. Os

objetivos previamente estipulados podem mudar em função de uma necessidade

específica de uma turma, ou por um enfoque diferenciado que um aluno, com uma

simples pergunta, pôde dar à aula. Deste modo, o planejamento, deve ser tão

rigoroso quanto flexível permitindo adaptações que se façam necessárias no

decorrer de sua execução.

O projeto deve estar minuciosamente explicado, pois o grau de detalhamento

dá a medida do cuidado e atenção dedicada à elaboração da proposta Vasconcelos

(2003, p.13) enfatiza que “por trás de toda prática há sempre algum elemento

teórico, algum suporte reflexivo.”.

Soares (2006, p.123) “deve-se considerar para quem se dirige, porque e qual

a especificidade que guarda e necessita explicar.”. Um projeto que apresenta

metodologias genéricas e superficiais pode acarretar em uma prática pautada mais

no improviso que no próprio planejamento e para Vasconcelos (2003, p.13) “como o

improviso não é tão simples de acontecer, devido às estruturas e amarras a

tendência é a reprodução de práticas arcaicas e equivocadas.”.

Na rede municipal de ensino, existe um Projeto Pedagógico que atende às

especificidades que Soares (2006, p.123) já apontada neste estudo, onde todas as

13 Pedagogia do Oprimido.

Page 22: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

turmas são atendidas ao menos uma vez por semana, e se após atribuição

igualitária dos horários às turmas, permanecer algum sem utilização, este poderá ser

requerido por alunos, desde que acompanhados por um professor, para eventuais

pesquisas ou desenvolvimento de trabalhos.

Os fatos relatados neste capítulo foram presenciados durante o cumprimento

da carga horária de Estágio Supervisionado no primeiro semestre do ano de 2008.

As condições de utilização das informações exigem que o nome da escola, e dos

envolvidos sejam preservados.

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6 A COMUNIDADE E A ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS

Quando o Clube das mães da Escola Lakeside resolveu investir a verba

arrecadada em um bazar beneficente na escola de seus filhos no final dos anos

sessenta em Seatle, o computador não tinha tela e servia para pouquíssimas coisas.

No entanto, ao inserir aquele objeto de adulto em um contexto infanto-juvenil o

impacto foi tão marcante quanto decisivo na vida daqueles alunos.

A experiência de jogar o jogo da velha nesta máquina é relata pelo jovem

Gates (1995, p.11):

Para jogar digitávamos nossas jogadas em um teclado semelhante ao de uma máquina de escrever, depois ficávamos sentados ali em volta, até os resultados voltarem pipocando em uma barulhenta impressora. Avançávamos todos para ver quem tinha ganho ou decidir qual a próxima jogada. Uma partida de jogo da velha, que levaria trinta segundos com papel e lápis, podia consumir quase todo o horário de almoço. Mas quem

estava se importando? Havia algo de muito atraente naquela máquina.

Tempos depois o jovem Bill, pode entender o que se passava com ele e seus

colegas diante daquele terminal de computador na Lakeside Scholl em Seatle, Gates

(1995, p.13):

O encanto residia no fato de que ali estava aquela máquina imensa, cara, de gente grande, e nós garotos, podíamos controla-la. Éramos jovens para dirigir [...], mas podíamos dar ordens àquela máquina enorme e ela obedecia sempre.

Hoje o jovem Bill, é Bill Gates, um dos mais bem sucedidos do ramo de

tecnologia. Mas o encanto que o levou a ser quem é começou na escola. Se aquele

grupo de mães não houvesse proporcionado aquela experiência, possivelmente

muita coisa não estaria acontecendo atualmente em relação à tecnologia e à

educação.

O fato maior é que a influência foi positiva. Destaca-se que essa ocorreu em

um ambiente de aprendizado formal isto é, dentro de uma escola. O ocorrido pode

servir de exemplo, de motivação para os alunos e educadores, pois mesmo com a

precariedade da máquina a experiência foi fascinante.

A capacidade de interação e a dinâmica proporcionada pelos computadores

aumentaram na mesma proporção que o seu potencial físico. Na visão de Freire

(2007 p31) “a curiosidade ingênua, continuando a ser curiosidade, se criticiza [...]

tornando-se então curiosidade epistemológica, metodicamente rigorizando-se na sua

aproximação com o objeto, conota seus achados maior exatidão.”.

Page 24: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Desta forma caberá ao educador, a opção de como assumir seu papel de

facilitador proposto pelos autores e aderir à ferramenta computacional, podendo com

isso, despertar em seus educandos essa curiosidade valorizada por Freire,

canalizando-a para a efetiva construção de conhecimentos.

Page 25: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

7 ESTUDO DE CASO

Uma determinada turma do sétimo ano do Ensino Fundamental, no início do

segundo bimestre, do ano de 2008, apresentou grave defasagem de conteúdo em

Matemática. A situação decorreu de uma atividade diagnóstica para o grupo de

dezoito alunos por meio da qual ficou evidenciado que esses não sabiam multiplicar.

A atividade diagnóstica pretendia justamente sondar os conhecimentos

daquele grupo em Matemática, contudo não se esperava tamanha dificuldade.

A proposta inicial14 constituía-se de um jogo em duplas, chamado Hex

Multiplicativo, tendo como base à multiplicação e a divisão. A grande dificuldade do

grupo ocasionou a reformulação dos planos de aulas subseqüentes destinados

àqueles dezoito alunos.

O replanejamento exigiu que fosse feita uma pesquisa sobre outras formas de

realização do cálculo multiplicativo, sendo elaborada uma nova atividade específica

para este grupo que contou com outros professores especialistas em matemática.

Sob orientação de um grupo de professores, foi utilizado um método diferente

de construir o algoritmo da multiplicação. Para explicá-lo aos alunos a monitoria

criou uma apresentação com auxílio do Microsoft Power Point.

Apresentados ao novo formato, após toda explicação, que fosse necessária,

haveria uma outra atividade onde os alunos poderiam praticar o novo método, como

mostra a tela a seguir:

A nova atividade propunha cálculos apenas por dois dígitos em cada fator. A partir

deste momento, com alguma insistência, uma melhora bastante sutil, foi sentida, e

com mais três atividades de raciocínio lógico, que buscavam a estimulação por meio

da aparente brincadeira, a turma demonstrou condições de retomar a proposta inicial

do jogo multiplicativo e concluí-la.

Destaca-se, nesse caso, a professora de Matemática que acompanhou

diretamente o desenvolvimento da proposta orientando seus alunos e constituindo

uma parceria com os monitores, de forma que o conteúdo oferecido em sala de aula

foi adaptado visando o desenvolvimento dos alunos naquele determinado aspecto.

A turma continua sendo estimulada, mas sua defasagem de aprendizado que

é profunda, está sendo trabalhada em favor de sua diminuição.

14 Planejamento original consta em Anexos.

Page 26: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Desse modo é possível perceber como o computador tem mostrado-se um

bom aliado no desenvolvimento dos alunos dentro da escola, mas sua adoção

requer planejamento e comprometimento dos profissionais envolvidos com a

construção do conhecimento por parte dos alunos.

Embora todo o exposto tenha ocorrido em um ambiente tecnológico, salas

com computadores, o mais importante para o sucesso do intento, foi o interesse que

os monitores e a professora de matemática demonstraram em resgatar aqueles

alunos com problemas.

Page 27: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes do computador, os alunos utilizavam apenas os livros didáticos

escolhidos pela escola dentre uma lista, que representa já uma pré-seleção,

elaborada pelo Ministério da Educação e Cultura. Nesse processo, os alunos não

possuíam nenhuma participação e mesmo os professores não detinham grande

liberdade nas escolhas.

O computador permite que haja maior participação de todos os envolvidos no

processo de aprendizagem, pois, viabiliza o acesso a um grande número de livros

virtuais, chamados e-books, que podem ser lidos sem nenhum custo por meio da

Internet.

Embora sejam de cunho pedagógico, esses materiais não estão salvos de

erros, caberá, então ao educador revisá-los, antes de utilizar com suas turmas. O

mesmo ocorre com a Internet. Os alunos precisam saber que há sites não

confiáveis.

Além dos e-books, estão à disposição dos alunos e professores artigos de

pesquisa científica com informações de qualidade, recentes e diretos da fonte, o que

dificulta alguma manipulação a favor de algum interesse.

Toda essa liberdade de acesso confere também maior responsabilidade ao

aluno, mas principalmente para o educador. A ele cabe a tarefa de “mover os alunos

da zona de conforto”, que as facilidades do mundo moderno colocar- lhes para que

se tornem críticos. E se essa tarefa, que sempre lhe coube, já não era fácil, agora

requer mais empenho, pois o mundo não se limita mais às fronteiras de seu bairro,

seu município, seu país, pois de fato não há mais fronteiras a partir do momento em

que o aluno adquire alguma autonomia sobre a tecnologia computacional.

Isso pode ser bom, ou ruim, vai depender, em parte, do compromisso que a

escola e a sociedade assumirem com a formação de todos os alunos, hoje e no

futuro.

Com base nas experiências pode-se perceber que o computador, por si só,

não produz conhecimento espontaneamente, contudo, mostrou-se uma ferramenta

capaz de auxiliar no aprendizado especialmente por meio de atividades bem

dirigidas e baseadas na realidade dos alunos, É preciso definir as intenções do uso

da ferramenta e compartilhá-las com os alunos, para que eles mantenham o foco na

aprendizagem para a construção de conhecimentos.

Page 28: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

O computador tornou-se um mecanismo extremamente atraente para a

educação dos tempos atuais, principalmente pelo encanto que exerce nos alunos.

Entretanto o sucesso do uso do computador, na escola, depende de uma proposta

integradora que promova a aprendizagem significativa.

A educação volta-se cada vez mais para o alunado, colocando-o no centro da

aprendizagem. Analisando, superficialmente, tem-se a sensação de que o professor

encontra-se marginalizado nesse processo. Contudo, esta condição somente se

confirmará se ele próprio permitir.

O educador, enquanto profissional, deve sim estar direcionado ao

aprendizado do aluno, porém ele não é única e exclusivamente profissional. Deste

modo, o horizonte abre-se para a figura humana do educador tímida, porém

insurgente, que deve colocar-se no centro de seu próprio aprendizado.

Ao assumir essa proposta o educador compreendeu sua natureza inacabada,

de que se refere Paulo Freire, dispondo-se a conhecer mais e a aprender sobre

tudo, inclusive informática. Haja vista que as potencialidades do computador não

recaem somente sobre os alunos. Nada impede que o educador procure aprender

sobre a ferramenta, de modo a permitir-lhe construir um acervo pessoal tanto para o

ensino, como para o lazer.

Tornar-se factível elaborar um acervo pessoal de imagens referentes aos

principais assuntos que o professor abordará em um determinado semestre ou

aprender pelo computador novíssimas técnicas de artesanato, por exemplo. Não

haverá limites para o ser – profissional e humano – relação ao que poderá

apreender por meio do computador.

Page 29: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

9 REFERÊNCIAS

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Page 30: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

______.Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias; Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm> acesso em 18.Abr.2007. ______.Educar o educador. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/educar.htm> acesso em 18.Abr.2007. ______.As mídias na educação. Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/midias_educ.htm> acesso em 18.Abr.2007. NITZKE, J. A. A construção do engenheiro para o terceiro milênio. In: FRANCO, S.R.K.org. Informática na Educação: estudos interdisciplinares. 1. ed. Rio Grande do Sul: UFRGS, 2004. p.27. Nova Escola, Avaliação, ano XXII nº 199 Janeiro/fevereiro 2007 p 34-44 ROCHA, B.T. Mídia e Educação: pesando o currículo na era digital. Tecnologia Educacional n163/166 out. 2003 set 2004 p91-96 SANDHOLTZ, J.H., RINGSTAFF, D. DWYER, D. Ensinando com Tecnologia: criando salas de aula centradas nos alunos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 167p. SILVA, L.N. A quarta onda: os novos rumos da sociedade da informação. São Paulo: Record, 1992 p71-77 VALENTE, J.A. Questão do Software educacional: parâmetros para o desenvolvimento de software educativo. NIED,memo nº24 1989 Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/publicações/memos/memo24.pdf> acesso em 18 jan 2008. ______.Por quê o computador na educação? Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/publicações/separatas/sep2.pdf> acesso em 18 jan 2008 ______.O computador na sociedade do conhecimento. 1.ed. Campinas: NIED 1999 156p VASCONCELOS, C.S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político pedagógico, ABC Educatio, sem data, p13.

Page 31: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

ANEXOS

Page 32: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

ANEXO A

Imagem 2 : Proposta inicial tela do Jogo Hex Multiplicativo

Imagem 3: Tela Inicial do Power Point explicativo Imagem 4: Tela 2

Page 33: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Imagem 5: Tela 3 Imagem 6 Tela 4

Imagem 7: Tela 5 Imagem 8: Tela 6 encerrando a apresentação

Page 34: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Imagem 9: Nova atividade para a prática da multiplicação por meio do novo modelo.

Page 35: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

ANEXO B

E.W.M.M.

Diretora:

Coordenadora:

Monitora:

6º ao 9º Ano

Planejamento de Abril – 2008

Primeira e Segunda Semana

Tema: Jogos Matemáticos - Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo

Objetivos: Além do cálculo mental os objetivos deste jogo são a memorização da

tabuada e a compreensão da divisão como operação inversa da multiplicação.

Apesar de estarmos enfatizando compreensão e reflexão no trato com as operações,

alguns aspectos do cálculo, tais como conhecimento da tabuada, continua sendo

importantes.

Atividade: Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo

Duração: Uma aula

Recursos: Planilha de Excel, lápis, papel e borracha para rascunho

Disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática.

Metodologia: Antes de sair da sala de aula regular os alunos são organizados em

duplas. Ao entrarem no laboratório são instruídos a abrir o arquivo do Microsoft

Excel chamado Jogos Matemáticos e clicar na guia Jogo Multiplicativo. Os jogadores

decidem quem começa e jogam alternadamente. Em cada rodada, o jogador escolhe

dois números entre os “números do jogo” e multiplica-os marcando o resultado na

planilha. Caso o resultado obtido já tiver sido marcado por outro jogador perderá a

vez e adversário jogará duas vezes seguidas. Ganha o jogo àquele que fizer maior

número de pontos ou preencher uma linha ou coluna resultados primeiro.

Page 36: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

ANEXO C

E.W.M.M.

Diretora:

Coordenadora:

Monitoras:

6º ao 9º Ano

Avaliação de Abril – 2008

Primeira e Segunda Semana

Tema: Jogo Multiplicativo – Hex Multiplicativo

Resultados obtidos: Com as atividades propostas tiveram caráter de avaliação

formativa, pois ainda estou conhecendo as turmas. Dentro desta proposta foi

possível notar quais turmas apresentavam dificuldades e em quais conteúdos.

Tais informações colaboram para a constituição do perfil da sala e das novas

propostas que deverão possibilitar o desenvolvimento das habilidades e

competências desejáveis para cada série favorecendo o desenvolvimento dos

conteúdos em sala de aula.

Atividade: Enquanto jogavam, aproveitei para observar não apenas como

compreendem as regras, e o domínio dos recursos computacionais, mas

também, como estão em relação às estimativas, tabuada e o algoritmo,

multiplicação. Devido a esta prática pude notar que o 7º ano X possui grande

déficit no conteúdo de matemática, pois não conseguiam resolver contas simples

de multiplicação. Na maioria dos casos não reconheciam sequer a modalidade da

operação executando uma soma onde seria multiplicação. A alternativa

encontrada para esta turma foi interromper o projeto de jogos e visando minorar

este déficit executamos as atividades: Muitos Modos de Multiplicar onde uma

apresentação de Power Point exibia um modo diferente de montar o algoritmo da

multiplicação, desta forma o aluno via mais claramente de onde vinham os

produtos. Após esta apresentação os alunos abriram uma Planilha do Microsoft

Excel que, por meio deste novo algoritmo, tinham de fazer as contas referentes

ao jogo da aula anterior servindo de subsídio para a retomada daquela atividade.

Page 37: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

A turma foi não, parte, receptiva com a nova proposta demonstrando que haviam

criado uma rejeição à matemática devido à grande dificuldade que apresentam.

Este comportamento está sendo contornado com auxílio da professora de

matemática. Ao final da proposta as alunas apresentaram certas melhora

inclusive em sala de aula regular conseguindo desenvolver outros conteúdos.

Ação Conjunta: Em relação à turma com déficit de conteúdo, 7º ano X, a

professora X que ministra aula de matemática para a classe tem acompanhado

mais atentamente a turma e as atividades da informática estão sendo

direcionadas para a resolução deste problema. As demais turmas estão

acompanhando e desenvolvendo as propostas como o esperado e com a

participação dos professores.