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2 CIFRÃO○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

29 DE JULHO DE 2005

N O T I C I A

O primeiro-ministro José Maria Neves visitará a partir de 12 deAgosto próximo, e durante dez dias, cinco estados brasileiros no quadrodo desenvolvimento das relações com os Estados do Nordeste doBrasil. Maria Neves far-se-á acompanhar na sua deslocação às terrasde Vera Cruz dos ministros da Economia, Crescimento eCompetitividade e da Educação e Valorização dos Recursos Humanose de uma delegação que integra representantes da Enapor, ASA, CaboVerde Investimentos e uma componente empresarial chefiada pelasCâmaras do Comércio de Barlavento e Sotavento.

O chefe do executivo cabo-verdiano confirmou a sua visita ao Brasil,concretamente aos Estados de Pernambuco, Alagoas, Ceará, Paraí-ba e Goiás ao governador de Alagoas, Ronaldo Santos, que esteve nonosso país há dias, a convite do Cinemate, que realiza o filme luso-cabo-brasileiro “A ilha dos Escravos”. “Já aceitei o convite. Vamosidentificar uma data”, afirmou Maria Neves, anunciando que seráacompanhado por uma delegação empresarial e governamental como intuito de discutir as perspectivas de cooperação futura. “É umavisita fundamental, que deixará marcas. Serão abertos os cami-nhos para uma forte cooperação entre Cabo Verde e o Nordestedo Brasil”, perspectivou Neves.

E esta ‘missão cabo-verdiana’ ao Brasil é uma resposta aos in-sistentes pedidos dos Estados do Nordeste, que têm manifestado in-teresse no aumento da frequência de voos da TACV para o Brasil. “Osbrasileiros manifestaram essa vontade, sobretudo por causa doturismo de negócios. E nos dois sentidos, ou seja, de Cabo Ver-de-Brasil e vice-versa. Cabo Verde está interessado em sentar ediscutir o assunto”, diz uma fonte da CI.

Quanto à presença da Enapor na delegação, ao que consegui-mos apurar, o governo pretende rentabilizar os investimentos feitos anível das infra-estruturas portuárias e trazer o Brasil para Cabo Verde,com o argumento de que as ilhas podem funcionar como um refluxopara outras paragens. Com isso, o Brasil poderá instalar indústrias nonosso país, beneficiar da Agoa e alargar a sua penetração nos Palop,a partir de Cabo Verde. O próprio primeiro-ministro reafirmou recente-mente o desejo de ver Cabo Verde estabelecer uma parceria estraté-gica com o Brasil e ser a sua porta de entrada no continente africano.

“Já há manifestação de interesse. Por exemplo, neste momen-to está-se a analisar a possibilidade do Brasil montar uma desti-laria e uma unidade de produção de PVC em São Vicente. E háoutras indústrias que poderão vir no seguimento destas”, reforçaoutra fonte deste jornal, para quem Cabo Verde pode ainda despertaro interesse do Brasil na privatização, por exemplo, da Emprofac. Éque tendo em conta a sua experiência desta nossa empresa na pro-dução de medicamentos, Brasil pode aqui produzir medicamento es-pecialmente retro-virais, a preços bastante competitivos. Ou seja, pros-segue, a mesma fonte, há várias possibilidades de Cabo Verde coo-perar com o Brasil, seja através de iniciativas individuais seja em ‘jo-int ventures’.

Mas não é apenas a área empresarial que se mostra aberta aessa aventura. Há um interesse forte de Cabo Verde em cooperarcom o Brasil também no domínio da cultura, concretamente na quali-ficação do nosso produto cultural genuíno. É que, conforme pessoasligadas à cultura, Cabo Verde possui um património edificado consi-derável, além do património imaterial que são a Tabanka, o batuque,Cola San Jon, alguns produtos de carácter religioso, um espólio valio-so que veio do Seminário-Liceu de São Nicolau, entre outros, queprecisam ser reabilitados e qualificados.

“É preciso fazer a história desses produtos, enquadrá-los nocontexto em que surgiram e associá-los a outros produtos queCabo Verde pode oferecer aos visitantes, mas também para po-der divulgá-los junto dos países emissores de turistas”, afirmam.Sobre a identidade cultural comum entre Cabo Verde e Alagoas queJosé Maria Neves confessou “não imaginava tão forte”, o PM dissetratar-se de uma ponte que se cria. “A cultura acaba por unir aspessoas. É um cimento que fortifica a identidade dos povos. Es-tamos a criar as condições para restabelecer esta ponte com oBrasil”.

Ainda, a banca, Universidade de Cabo Verde e formação técnico-profissional são outras áreas que o governo de Cabo Verde tem inte-resse em explorar na sua relação com o Brasil. Neste capítulo, impor-ta realçar o envolvimento de algumas estruturas de ensino superior namontagem da Universidade de Cabo Verde. Quanto ao apoio à forma-ção técnica e profissional, observa uma fonte da Educação, “CaboVerde não tem riquezas naturais, pelo que precisa apostar fortenos seus recursos humanos. E os quadros bem qualificados sãoum recurso valioso. Precisamos ser agressivos, mostrar as nos-sas reais capacidades e não ficar à espera que nos notem”, con-clui. Constânça de Pina

Forte delegaçãoempresarial “na bagagem”

PM VISITA BRASIL EM AGOSTO… CERTIFICAÇÃO DO AEROPORTO DA PRAIA

Boeing da TACV faz voo teste no NAP

Pista e área de manobra, plataforma deestacionamento, balizagem luminosa, meiosde combate a incêndios, assistência em esca-la, sistema de comunicação e combustível sãoos serviços do NAP em análise no decursodeste voo experimental. Sobre a certificaçãoem curso, o Gabinete de Comunicação, Ima-gem e Relações Públicas da ASA explica quea Convenção da Aviação Civil internacionalobriga os Estados a oferecerem serviços econdições operacionais adequados e unifor-mes a todas as aeronaves de outros estados,nos aeródromos e aeroportos abertos ao pú-blico, de acordo com os Standard e PráticasRecomendadas (SARPs) da Organização daAviação Civil Internacional (ICAO).

Em Cabo Verde, o Estado, intermediadopela Agência de Aviação Civil, é a entidaderesponsável pela verificação e supervisão doestado de cumprimento das SARPs pelo ope-rador aeroportuário, a ASA, empresa que ad-ministra os aeroportos de Cabo Verde, atra-vés de uma legislação apropriada. “Os do-cumentos da ICAO que regem o processode certificação são a Convenção de Chica-go (Vol 1) e o Manual de certificação deAeródromos. Em Cabo Verde o processode certificação dos aeroportos é reguladopela Parte 14 dos CV CAR (Cabo VerdeCivil Aviation Regulation), aprovado emJaneiro de 2005 e publicado em Março pas-sado”, escreve José Pedro Santos, do GCIRPda ASA.

Foi, aliás, a partir da publicação do CVCAR 14, que a ASA iniciou o processo depreparação da certificação, designando asequipas técnicas multidisciplinares para acoordenação dos procedimentos e elaboraçãode um Manual de Operações do Aeroporto(MOA), instrumento chave para o processode certificação e funcionamento do NAP. OMOA do Aeroporto da Praia deu entrada naACC, em Maio de 2005, conjuntamente comum requerimento de certificação. Quarta-fei-ra, 27, uma equipa de inspectores da IAC,assistida por consultores neozelandeses eacompanhada por técnicos da ASA, deu iní-cio às verificações e inspecções das infra-es-truturas, facilidades, sistemas e procedimen-tos, o que deverá terminar no dia 3 de Agos-to, após o que será elaborado e apresentadoum relatório de avaliação preliminar.

GÉNESE DO NAP

O Aeroporto da Praia é o primeiro aero-porto de Cabo Verde a ser construído, certifi-cado e operacionalizado no período pós-in-dependência. De acordo com a ASA, espera-se, com a sua abertura um impacto signifi-cativo no sistema de transportes e na dinami-zação da actividade económica, turística, co-mercial e de negócios, em Santiago e emCabo Verde. Exactamente por isso e nas vés-

peras da sua certificação e operacionalização,a ASA, através de um comunicado, traça opercurso do NAP.

“As obras de construção do Novo Ae-roporto da Praia foram desenvolvidas combase num Plano Director elaborado pelaEmpresa de Aeroportos e Navegação Aé-rea de Portugal (ANA-EP), em 1990. Odono da obra é o Governo de Cabo Verde,representado pelo Ministério das Infra-estruturas e Transportes, que designou umGestor do Projecto. As obras foram adju-dicadas a um consórcio português consti-tuído pela Mota Engil, Adriano e Efacec.A fiscalização foi entregue à FBO”.

Quanto à decisão de melhorar as infra-es-truturas aeroportuárias da capital, lê-se no Pla-no, “ultrapassou o simples propósito de umaampliação das áreas de tratamento do trá-fego nas suas características evolutivas his-tóricas. Alguns factores determinaram anecessidade de uma revisão de fundo dasinfra-estruturas aeroportuárias, nomeada-mente a sua função de suporte na reestru-turação do transporte aéreo nacional entreilhas (tráfego doméstico), a definição dazona de influência do aeroporto de carac-terísticas sub-regionais, relativamente aocontinente africano (Dakar, Banjul, Bissau,Nouakhchott) e a acessibilidade a aviões demaior capacidade e autonomia (privilegi-ando no entanto o Aeroporto do Sal comoaeroporto internacional)”.

Foram definidos como princípios bási-cos do Esquema Director Aeroportuário oAirbus A310/300 como a aeronave crítica aoperar no NAP, os procedimentos de aproxi-mação à pista como de não precisão, ou seja,de aproximação clássica baseada num radio-farol não direccional, que a ASA complemen-tou anos mais tarde com um Very High Om-nidirectional Range/Distance MeasuringEquipment (VOR/DME) e procedimentosGlobal Navigation Satellite System (GNSS),enquanto que a pista foi desenhada com umcumprimento de 2.100 metros, utilizáveis àdescolagem em ambos os sentidos.

PERCURSO COMPLICADO

Inicialmente os planificadores e deciso-res entenderam estabelecer como critérios nadeterminação do comprimento da pista con-siderar a operação do avião ATP, tendo comoetapa crítica o percurso Praia-Dakar e a ope-ração do avião A310/300, com escala no Ae-roporto do Sal. O custo do projecto seria de31 milhões de dólares, financiados pelo BAD,BADEA, Fundo da Nigéria e Governo deCabo Verde. Mas nem tudo correu como pla-neado e, em 2001, as obras estavam paralisa-das há mais de um ano e as dívidas acumula-das junto do consórcio-empreiteiro ascendi-am a 210 mil contos. Paralelamente, foram

detectados graves problemas técnicos no ter-minal de passageiros.

“Então, o Ministério das Infra-estru-turas e Transportes e a ASA desencadea-ram uma série de acções visando resolveros problemas e a retomada dos trabalhos.Entre essas acções destacam-se as negoci-ações das dívidas com o consórcio, com aANA (projectista) e a Engil (Empreiteiro).A IATA fez uma auditoria ao projecto deinfra-estruturas e as instalações em que fo-ram identificados alguns constrangimen-tos como, por exemplo, a não segregaçãodos passageiros internacionais e domésti-cos e a existência de salas únicas à chega-da e partida”, informa o gabinete de Ima-gem da ASA.

Foi então decidido elaborar um outroprojecto, este visando a construção de umterminal doméstico, avaliado em 358 milcontos, cujas obras foram concluídas em De-zembro de 2004. Alterações ao plano que,afirma o GCIRP, exigiram investimentoscomplementares da ASA e da TACV. Só aASA injectou mais de 14 milhões de dóla-res em equipamentos e infra-estruturas que,somados aos 31 milhões do projecto inicial,perfazem 45 milhões de dólares, cerca detrês milhões e 700 mil contos cabo-verdia-nos. Por seu turno TACV, na qualidade deoperador de handling, investiu 1,6 milhõesde dólares, 118 mil contos cabo-verdianos,em equipamentos.

E hoje, quatro anos depois, o NAP estáapto para receber todos os tipos de aerona-ves, desde os Boeing 737, 757 e 767 aos Air-bus A310 e A321. Importa realçar que a frotada TACV é formada por B757-200, que ope-ram no NAP sem problemas, para os desti-nos Lisboa, Luanda, Amsterdão, Paris, Ma-drid, Londres, Roma, Zurique, Munique, For-taleza, Boston. Quanto ao hangar, de acordocom a nossa fonte, poderá recolher a frotaATR da TACV e, ainda que condicionado,um B757 e um A310.

Entretanto, o Plano Director de 2002 ela-borado pela IATA estabelece o princípio dedesenvolvimento em três fases, até ao ano de2023. A primeira até 2008, a segunda entre2008 e 2015 e a terceira que se alonga até2023. Para isso, as infra-estruturas poderãopassar por processos de expansão e adequa-ção da capacidade em função do crescimen-to e demanda de tráfego. “A pista e a plata-forma de estacionamento de aeronavespodem ser aumentadas. Já o terminal depassageiros poderá crescer na vertical.Serão ainda construídos um check-in con-course e um transportation center, um ter-minal vip e um novo parque de estaciona-mento de viaturas, estes já financiados peloFundo Cedeao, no valor de sete milhões dedólares”, conclui a nota da ASA.

Constânça de Pina

O Aeroporto da Praia recebeu ontem, 28, um voo de teste com um Boeing 757/200 da TACV. Este voo enquadra-se

no processo de certificação do Novo Aeroporto da Praia e vai permitir ao IAC, ASA e TACV obter informações

complementares sobre as condições de operacionalidade da infra-estrutura.

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O L H A R E S

“Ir para foraaqui dentro”

Que o turismo é uma indústria volátil - hoje estáaqui, amanhã acolá - todos nós sabemos. E queexige investimentos, para além das infra-estrutu-ras, para os quais fica difícil o país dar respostaadequada, é um facto que também todos conhe-cemos de cor e salteado.

Assim, se até aqui os hotéis no Sal (só paracitar o caso mais turístico do país), puderam dar-se ao luxo de importar frutas e legumes da Áfricado Sul, por exemplo, para dar respostas à exigên-cia da clientela, há outros itens tão importantes paraa indústria hoteleira a que estamos longe de darresposta. A água e energia eléctrica encabeçamesta lista de carências. E, neste capítulo, apesardo muito blá blá, nada de substancial se tem feitoa nível das energias renováveis, que muito poderi-am contribuir para baratear os nossos custos deprodução.

Mas se este é um problema com que há muitoaprendemos a conviver, há um outro em que nemsequer pensamos nele. Um problema que tem aver com um futuro não muito distante, quando CaboVerde deixar de ser um destino turístico na moda,que, como também sabemos, é coisa passageira.Não me acusem de pessimismo, porque o Rio deJaneiro, a cidade maravilhosa, só a título de exem-plo, já perdeu lugar para Fortaleza nos tempos quecorrem, por causa da violência e não só.

E porque isto, mais dia menos dia, também vaiacontecer com Cabo Verde, é urgente conceber-se uma lógica de turismo que possa atrair o turistanacional, que quer conhecer o seu país, quando ovisitante estrangeiro bater as asas noutra direcção.Isto porque, o que se vê actualmente, devido aospreços praticados pela “indústria” hoteleira, é queo potencial turista nacional é mantido totalmente àmargem de um negócio para o qual ele tambémpoderia contribuir e, neste caso, de maneira pere-ne.

Mas os preços são de tal forma elevados queo nacional prefere, por exemplo, ir a Fortaleza,como o CIFRÃO mostrou no seu número anterior,apesar do custo do bilhete aéreo, do que conhecerBoa Vista, Santo Antão, São Vicente ou outra ilhaqualquer que não seja a sua. Sabendo que não éboa política colocar de lado o turista estrangeiro, jáque com ele vêm as divisas que tanto bem fazemà economia, é, entretanto, mais que urgente con-ceber um tipo de turismo para o bolso local, pen-sando não só no sector propriamente dito comotambém no papel de integração que ele poderá terentre os cabo-verdianos.

Nessa matéria há muitos países que nos po-dem servir de exemplo; Portugal com as suas pou-sadas, Brasil ou África do Sul, com infra-estruturassimples, sem grandes investimentos, acessíveis aomédio cidadão. No país de Mandela o governo dis-ponibilizou uma linha de crédito para famílias quequeriam melhorar as suas casas e entrar no negó-cio do turismo familiar. Uma aposta que gera umafonte de rendimento para essas famílias e dá aoturista nacional, e também ao estrangeiro que quersair da lógica dos pacotes, uma opção de qualida-de e a bom preço.

No Brasil, cuja indústria turística está a ser afec-tada, actualmente, pela baixa do dólar e do euro,há muito se aposta no nacional. Um exemplo ailustrar isto é que, ao lado do famoso e caro BeachPark de Fortaleza, há um outro hotel, muito maisbarato e com qualidade que satisfaz a quem che-ga, voltado para o turista local. O espaço está sem-pre cheio, o que prova que mesmo certos luxospodem estar ao alcance dos menos abonados fi-nanceiramente. Basta que alguém olhe para elescomo potenciais clientes de um serviço a ser pres-tado.

Exemplos como o citado acima há para todosos gostos e bolsos. Por isto, está na hora dos ope-radores cabo-verdianos pensarem nesta sugestão.Para depois não ficarmos de boca aberta, e comgrandes infra-estruturas sem utilidade nas mãos,a exclamar: Ai s’im sabeba!

MERCADO DE CAPITAIS

A venda dos 90 por cento

das acções que o Estado

detém na Sociedade Cabo-

verdiana de Tabacos irá

marcar o arranque oficial da

Bolsa de Valores de Cabo

Verde. Esta iniciativa está

sendo encarada como um

bom negócio da BVCV que

estará, conforme o seu

presidente, operacional em

Setembro deste ano.

Veríssimo Pinto perspectiva

que até lá serão realizadas

várias acções,

nomeadamente a nível da

formação.

Venda das acções do Estado na SCT

vai marcar o arranque da Bolsa de ValoresA retirada do Estado da Sociedade Cabo-

verdiana de Tabacos constitui uma das activi-dades que irá marcar, em Setembro deste ano,a entrada em funcionamento da Bolsa de Valo-res de Cabo Verde. Ou seja, o BVCV, em par-ceria com outras instituições oficiais, vai parti-cipar na venda dos 90 por cento das acções quea extinta Empresa Pública de Abastecimento(Empa) detém na citada fábrica, contra os 10%subscritos pela Câmara Municipal do Tarrafal.A SCT dispõe de um capital social de 40 milcontos cabo-verdianos e tem como objecto prin-cipal a indústria de tabacos.

O presidente do CA da Bolsa de Valores,Veríssimo Pinto, confirma conhecer a intençãodo governo em marcar o arranque da institui-ção que dirige com a venda das acções do Esta-do na SCT. Mas Veríssimo Pinto recusou-se afornecer detalhes sobre tal processo e remeteueste jornal para o Ministério das Finanças oupara o Gabinete das Privatizações, entidadesque estão a gerir o dossier.

Embora tenha sido impossível chegar à falacom as entidades acima mencionadas, A Sema-na está em condições de avançar que o proces-so da alienação das acções do Estado na Socie-dade Cabo-verdiana de Tabacos segue o seucurso normal. A SCT é sucessora da antiga Fá-brica de Tabacos, de que a Câmara Municipaldo Sal era accionista maioritária. A mesma foiextinta, na sequência de um polémico processode penhora que o então governo do MpD man-dou desencadear, alegando que aquela unidadeindustrial dispunha de dívidas avultadas juntoao fisco.

Entendidos na matéria consideram que aoperação em causa poderá constituir um bomnegócio e marca de melhor forma a entrada emfuncionamento da Bolsa de Valores de Cabo

Verde. É que de uma quota de mercado de me-nos 30% (36 mil contos) nos exercícios de 2002,a Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos detémactualmente cerca de 90% do mercado de ci-garros de Cabo Verde, representando um volu-me de vendas superior a 705 mil contos. A nos-sa fonte precisa que o mercado nacional se apro-xima dos 130 mil cigarros e o número de fuma-dores corresponde a cerca de 13% da popula-ção adulta, dos quais cerca de 75% são homens.A sociedade comercializa SG Gigante, PortoGrande e Falcões, a única marca sem filtro. Asduas últimas são marcas próprias da empresa,enquanto que o SG Gigante é produzido a co-berto de um contrato de licença. A SCT tam-bém distribui, desde Julho de 1998, o Marlbo-ro, importado dos Estados Unidos da América.

A venda das acções do Estado na SCT vaiser conduzida pelo Ministério das Finanças,através do Gabinete das Privatizações. A Bolsade Valores, enquanto entidade interveniente nomercado de capitais, funciona, juntamente comas instituições bancárias, como intermediáriono processo. Deverá, segundo as nossas fontes,coordenar o processo de recolha das ordens esubscrições das acções.

Veríssimo Pinto garante que a BVCV esta-rá operacional no próximo mês de Setembro,devendo a infra-estrutura estar completamentemontada até ao fim deste mês. “Vamos iniciarcom as obrigações do Estado, produtos dadívida e fundos de investimentos. Estandoestruturado o mercado de dívidas e dos fun-dos, o passo seguinte será o de estruturar omercado accionista”.

VP assevera que o primeiro trabalho a serfeito será passar os títulos físicos em papel paraa representação electrónica. Conforme ele, estaoperação permitirá não só comercializar os tí-

tulos entre os participantes do sistema comotambém entre os investidores nacionais e es-trangeiros.

Aquele técnico destaca que a aposta prin-cipal da Bolsa de Valores de Cabo Verde seráformar profissionais de primeira linha. “Esta-mos a realizar 20 acções de formação, quecontemplam todas as vertentes do mercado.Na próxima semana vamos fazer uma for-mação sobre “Ofertas públicas de vendas detítulos”. Para a primeira prospecção do mer-cado, vamos também realizar um mestradopresencial em finanças, em parceria com oISEG de Portugal”.

Veríssimo Pinto precisa que o BVCV já re-alizou várias outros cursos de formação. Umdeles foi sobre a “Codificação Isin”, ou seja,um conjunto de alfanuméricos que permitemidentificar os títulos segundo critérios inequí-vocos e normas internacionalmente aceites. Omesmo se poderá dizer relativamente a mode-los de liquidar e compensar títulos, os quaiscompreendem o processo de transferência dostítulos e fundos do vendedor para o comprador.A Bolsa ministrou mais duas formações, umaincidindo sobre o “Sifox” e a outra sobre a“Gestão de carteiras”. Esta última consistenum conjunto de técnicas que permitem com-binar os títulos de forma a que se assegure omenor risco para um determinado nível de ren-tabilidade. Quanto ao “Sifox” refere-se ao sis-tema informático através do qual se pode com-pensar e liquidar os títulos.

O BVCV irá funcionar com um corpo detrês profissionais a tempo inteiro, além de umjurista e dois técnicos informáticos avençados.O objectivo é ter, conforme conclui o presiden-te do CA, uma estrutura leve, eficiente e commenos custos para o Estado. Alírio Dias de Pina

N O T I C I A

getulio vargas alves monteiro

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FEIRAS INTERNACIONAL E DUTY FREE

A Feira Internacional de Cabo Verde (FIC) está a trabalhar para

realizar duas importantes feiras nos próximos meses de Outubro

e Novembro. Essas duas feiras devem encerrar as actividades

do 30º aniversário da independência nacional.

Ensaiosda ‘Zona Franca de Cabo Verde’

A “Feira Duty Free”, é a grande novidade daFIC para São Vicente. Com esta primeira feira,segundo o presidente do Conselho de Administra-ção, Amiro Faria, pretende-se aproveitar a lei 83/98 que cria as Zonas Francas e estabelece que al-guns produtos podem ser vendidos com franquiascomerciais. “Vamos aplicar essa lei e os seus re-gulamentos. Essa feira vai ser um ensaio para azona franca e vai acontecer em São Vicente.Digo um ensaio porque a zona franca ainda nãoexiste, de facto, tendo em conta que falta umalei, que concede incentivos fiscais aos operado-res das zonas francas, para que sejam verda-deiramente competitivos”, assegura Amiro Fa-ria.

Perfumes, produtos de maquilhagem, máqui-nas fotográficas, rádios de pequenas dimensões,canetas e lapiseiras de marca, telemóveis, jóias eartigos de seda são alguns dos produtos encontrá-veis na “Feira Duty Free”, a preços que, comoFaria perspectiva, serão razoavelmente baixos.“Estamos a contar com 15 expositores das Ca-nárias, que habitualmente vendem esse tipo deartigos e que vão aqui concorrer entre si, e ou-tros tantos nacionais. Também estamos a ten-tar promover, através da TACV e outras com-panhias aéreas, excursões para alguns países docontinente, concretamente para o Senegal, Gui-né-Bissau e Conacri, Gâmbia, São Tomé e An-gola”, informa Faria.

Para conseguir tal objectivo, prossegue o en-trevistado, a FIC está a analisar sobretudo os paí-

ses com ligações directas e/ou mais ou menos fre-quentes com Cabo Verde e cujos preços das pas-sagens sejam acessíveis. Antecipando possíveiscríticas, Amiro Faria explica que a Zona FrancaComercial não é um paraíso de contrabandistasnem um facilitador de vida a uma minoria. A ZonaFranca constitui uma oportunidade para atrair aCabo Verde operadores económicos dos países davizinha Costa Africana. “Vamos começar com coi-sas pequenas, mas podemos evoluir inclusivepara a venda de automóveis. Queremos estimu-lar a vinda dos nossos irmãos africanos a CaboVerde, para fazer negócios”.

Relativamente à 9ª edição da Feira Internacio-nal de Cabo Verde, marcada para acontecer de 16a 20 de Novembro, nas instalações da FIC na La-jinha, a Administração do certame ainda está a re-ceber inscrições, daí não poderem avançar o nú-mero de expositores aguardados. As expectativassão enormes, sobretudo quanto à presença dos bra-sileiros que, de acordo com este responsável daFIC, têm manifestado interesse em Cabo Verde.“Enviámos convites para o Brasil, Espanha, in-cluindo Canárias, e Brasil. No caso do Brasil,em concreto, as nossas expectativas são de queo interesse manifestado em várias ocasiões te-nha reflexo nesta feira”.

Já em relação a Portugal, a promoção e a di-vulgação da FIC está sob responsabilidade da suacongénere, a Feira Internacional de Lisboa (FIL).Paralelamente às exposições, e à semelhança deanteriores edições da FIC, haverá um vasto pro-

grama de actividades paralelas organizadas pelasCâmaras do Comércio de Barlavento e Sotavento.

Doze anos passados sobre a realização da pri-meira feira internacional em Cabo Verde seguidade várias edições posteriores, nove para ser exacto,Amiro Faria garante que a grande lição a tirar destaexperiência é que “as feiras são como a pesca ar-tesanal. Não é possível realizar feiras, e com su-cesso, sem que haja um desenvolvimento globaldo país”. No caso da Praia, em particular, segundoFaria, neste momento a prioridade são as instala-ções que, embora não resolvam todos os proble-

mas, favorecem a realização de algumas feiras te-máticas. Aliás, a ideia é repor alguns temas que jáforam executados com sucesso em São Vicente.“Estamos a dar passos seguros e em frente. Háquem diga que o modelo FIC está esgotado. Maspenso que o país é que tem fracas possibilidades.Exactamente por isso, defendo que devemos vol-tar para a Zona Franca, onde o mercado é maisvasto e o retorno financeiro paga as despesas eainda deixa outros ganhos a nível dos hotéis,transportes aéreos e marítimos, de entre muitosoutros”, arremata. Constânça de Pina

companhia aérea nacional iniciou na passada sexta-feira, 22, uma forte campanha de publicidade dosseus voos para os Estados Unidos da América. Oobjectivo, segundo o director comercial da TACV,Raul Andrade, é mostrar aos cabo-verdianos queainda vão a tempo de programar as suas fériasnos EUA. A campanha surge cerca de três sema-nas depois da empresa começar a voar para asterras do Tio Sam em aparelhos próprios e numaaltura em que, segundo Andrade, pelos menosos três primeiros voos se encontram lotados.

O primeiro voo da TACV nesta sua nova largada aconteceno próximo dia 2 de Agosto, terça-feira, a bordo de um 767,num aparelho de 275 lugares. Os voos subsequentes estãoagendados para os dias 9, 16 e 23 do mesmo mês e, de acor-do com o director comercial da empresa, estão praticamentefechados. “As primeiras três semanas já estão cheias, so-bretudo no sentido Cabo Verde/Estados Unidos. Exacta-mente por isso, pretendemos arrancar com uma campa-nha semelhante na América”, afirma Andrade, para quemnão obstante o lançamento tardio deste voo, a reacção dopúblico tem sido muito positiva.

Este responsável reconhece, no entanto, que parte des-sa demanda está relacionada com as mexidas que a em-presa fez nas tarifas, sobretudo no que diz respeito às esta-dias de curta duração. Esta estratégia está a revelar-se um‘gol de placa’ da TACV, ainda que, admite, algo limitativa.

“Os mercados dos EUA, Brasil e Portugal foram elei-tos pela TACV como prefe-renciais nos próximos cin-co anos e estamos a inves-tir forte e sério. Mas a gran-

de novidade será, a meu ver, a aposta daempresa no turismo da segunda geração, queconsiste em incentivar os filhos de cabo-verdia-nos a conhecerem o país dos seus progenitorese receberem como bónus, uma passagem grátis

para o Brasil”, assegura.A ideia, frisa Andrade, é promover Cabo Verde, apro-

veitando a rota para o Brasil. Os filhos dos emigrantes queresidem na Europa, mais concretamente na Holanda, Françae Portugal também não foram esquecidos. A esses, a TACVvenderá uma passagem, por exemplo, Lisboa/Brasil, com di-reito a permanecer uma ou duas semanas em Cabo Verde.“Estamos a contrabalançar o mercado de Cabo Verde, que éextremamente reduzido. Com isso estamos a materializar umaestratégia definida pela empresa e que é transformar CaboVerde num centro de geração de tráfico. Queremos que CaboVerde seja um circuito.

Constânça de PinaA A B C D E F J H I G K L M N O P Q R S T U V Z X W

A A B C D E F J H I G K L M N O P Q R S T U V Z X W

TACV com voos lotados para os EUA

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29 DE JULHO DE 2005

Com a vila a ascender à categoria de cidade no próximo mês de Setembro,

o Porto do Porto Novo (PN), de Santo Antão, está a beneficiar de

investimentos consideráveis, para a sua expansão e melhor funcionamento.

Além da via de acesso alternativo que se encontra numa fase avançada de

construção, a Enapor deverá concluir, nos próximos meses, o estudo para

o Plano Director dessa infra-estrutura, que prevê o seu alargamento.

Porto Novo

em expansão

O impacto desses dois projectos será de-terminante para o futuro do porto do PortoNovo que, só no ano passado, movimentou, se-gundo o seu Delegado Manuel Ramos, 1.205navios, 70.525 toneladas de carga e mais de 200mil passageiros.

Mas o Plano Director, cujo estudo deveráficar pronto nos próximos meses, é esperadocom expectativa ainda maior. É que, conformeo Director do Gabinete Técnico da Enapor,Osvaldo Lopes, o citado plano prevê um inves-timento de mais de 10 milhões de dólares naexpansão e melhoria do PN. “O plano terá emconta o aumento do tráfego de mercadoriase consequentemente o aumento do porte dosnavios que escalarão o porto no futuro e con-jugará o tráfego de mercadorias e navioscom o tradicional tráfego de passageirosexistentes no PN. O plano terá em conta aszonas de estacionamento dos diversos tiposde viaturas que demandam o porto. O aspec-to ambiental será determinante”.

Osvaldo Lopes salienta que o estudo con-templa, até à presente data, duas alternativas.Uma que prevê construir 220 metros de muroquebra-mar e o alargamento do cais número 2para 25 metros, bem como a construção de 1,5ha de terrapleno bem protegido e pavimenta-do, uma gare marítima, a via alternativa actu-almente em curso e um outro molho acostávelde cerca 120 metros, junto à zona que é hojeutilizada para arrastar botes de pesca. A segun-da alternativa seria, de acordo com a mesmafonte, edificar 280 metros de quebra-mar, alar-

gar o cais nú-mero 2 para50 metros,c o n s t r u i rum molheacostável decerca 120metros àfrente docais número

2, bem comouma gare marí-

tima, um parque deestacionamento e a via alternativa de

acesso ao cais, actualmente em construção.A via alternativa de acesso ao cais do PN

encontra-se, por seu turno, em fase avançada deconstrução. Executada pela Firmotec, a mesmaé financiada pela Enapor, num montante inicialque ronda os 54 mil contos cabo-verdianos. Temcomo objectivo principal o descongestionamentodo acesso ao Porto, o aumento da segurança nacirculação de viaturas e outros bens de e para oporto e o acesso à futura estrada que liga PortoNovo ao interior de S. Antão.

Conforme o apurado por “Farol das Ilhas”,a nova rodovia terá cerca de 300 metros decomprimento e uma largura que varia entre os6 e os 20 metros, aproximadamente. Além dealbergar viaturas estacionadas pelo lado direi-to em toda a sua extensão, ela terá um parquede estacionamento de raiz para cerca de 20 vi-aturas. A mesma será pavimentada com para-lelos e complementarmente a actual estrada serábeneficiada no geral, o que proporcionará umamaior fluidez ao tráfego tanto na entrada comona saída do porto, além de criar mais espaçospara parqueamento de veículos fora do cais.

Para o fiscal Carlos Gomes, embora a obraesteja parcialmente atrasada, ela está ainda den-tro do prazo de execução, aprazado para mea-dos do próximo mês de Agosto. “Com vista aintroduzir melhorias tanto para a ENAPOR,no concernente aos aspectos de exploração doporto, segurança das operações e sintonia comos planos futuros para este porto, como paraos ensejos da Câmara Municipal no tocanteà concordância entre a futura via de acesso

ao porto e a actual via que liga a futura cida-de do Porto Novo ao interior da ilha, o pro-jecto inicial foi modificado. Isto alterou o vo-lume de trabalho anteriormente previsto, oque poderá influenciar no cumprimento doprazo inicial de entrega da obra”.

Além de garantir emprego a muitos jovens,Manuel Ramos perspectiva que a expansão docais terá grande impacto para o desenvolvimen-to de Santo Antão e do Porto Novo, em particu-lar. “Levando em conta o aspecto actual defuncionamento deste Porto, tudo o que é fei-to para aumentar a fluidez no acesso de pes-soas e bens de e para as instalações portuári-as, melhorar a produtividade e segurança nasoperações de movimentação de carga, navi-os, veículos e passageiros, tem efeito local edirecto no aumento da eficiência e economianas trocas comerciais, actividades turísticase de serviços, transporte marítimo e rodoviá-rio, etc. Daí que a nova via vai dar um impul-so importante nas actividades mencionadas,com os consequentes efeitos a nível social, con-tribuindo assim para o desenvolvimento daVila/Cidade do Porto Novo”.

Ainda assim, Manuel Ramos defende sernecessário criar infra-estruturas complementa-res ao porto, para satisfazer o tráfego Ro-Ro eo incremento da fluidez, segurança e segrega-ção do movimento de pessoas e bens que seregista actualmente no Porto Novo.

O Delegado do PN salienta, por isso, exis-tir constrangimentos vários nessa infra-estru-tura portuária. São os casos de falta de espaçopara movimentar cargas dos veículos para osnavios, para o parqueamento de viaturas e má-quinas dentro e fora do porto, para a unitiza-ção de mercadorias e parqueamento dos con-tentores. Manuel Ramos destaca a necessidadede uma gare marítima para separar o fluxo depassageiros do de carga e assim oferecer con-forto e segurança aos passageiros que são de-sembarcados em lanchas dos navios cruzeirosque ficam no fundeadouro. Aquele responsá-vel aponta ainda insuficiências na movimenta-ção de combustíveis de e para os camiões e des-tes para os armazéns, assim como na bomba-gem dos mesmos a granel para os “depôts” que

ficam dentro da área portuária. Isso sem con-tar com a exiguidade da actual estrada de aces-so ao porto e a necessidade de se concluir a viaalternativa cujas obras estão em curso.

O Porto Novo está, segundo Ramos, a co-nhecer um desenvolvimento acelerado, devidosobretudo ao movimento diário de um númeroconsiderável de pessoas e cargas entreS.Vicente e Santo Antão. “Em 2004 recebe-mos 1.205 navios, perfazendo cerca de1.705.095 Toneladas de Arqueação Bruta,nos quais foram movimentados 70.525 tone-ladas de carga, mais de 200 mil passageirose 6.231 veículos”.

O cais do Porto Novo foi construído em1962 e pode receber navios de passageiros deaté 8.000 Toneladas de Arqueação Bruta, atra-cados, e outros maiores, em fundeadouros. Dis-põe de dois molhes de acostagem, sendo o prin-cipal formado por um único berço de atraca-ção de 133,6 metros de comprimento, 9 de lar-gura e 6 de profundidade. O outro berço tem129 metros de comprimento e uma largura quevaria dos 30 aos 50 metros. O segundo molheé subdividido em berço de atracação n.º 2 eberço n.º 3, cujas profundidades variam dos 2,5a 4,5 metros de profundidade.

Sobre a plataforma de implantação dos ber-ços 2 e 3, existe um edifício administrativo quealberga todos os serviços portuários e operacom um staff de 13 pessoas e um armazém demercadorias de 450 m2 que, por sua vez, pos-sui uma subdivisão utilizada como alpendrepara arrecadar os equipamentos. O porto aindaé dotado de dois “pipelines”, que permitem adescarga de combustível a granel, desde os na-vios atracados no cais nº1 até aos “depôts” daEnacol e da Shell. Para a operação de naviosRo-Ro, o mesmo possui uma rampa provisó-ria, que tem sido utilizada desde os finais de2003. “Contudo, levando em conta a nossadisponibilidade em operar 24 horas por diae 365 dias por ano, as taxas de ocupação por-tuárias rondam os 6% para os berços 2 e 3,15% para o n.º 1, que é maioritariamenteocupado por um dos ferry-boats, e cerca de1% por navios de longo curso”, conclui oDelegado do Porto Novo.

P Á G I N A I N S T I T U C I O N A L

SEDE: Telefone: (238) 2324414 / 2324515 • Fax: (238) 2324337 / 2322170 • Email: [email protected] — PORTO GRANDE: Telefone: (238) 2324414 / 2324515 • Fax: (238)2321433 • Email: [email protected] — PORTO DA PRAIA: Telefone: (238) 2633338 / 39 / 40 / 41 • Fax: (238) 2633899 • Email: [email protected]

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Turistas começamO Verão está aqui e com o sol aumentam tam

que querem que seja ao mesmo tão bem com

prática a expectativa só se comprova em rela

e a rezar para que as coisas mudem e depress

na mesma no que toca a vendedores ambula

A praia cheia acusa a chegada dos turis-tas e de facto, em hotéis maiores como Djad’Sal, a taxa de ocupação já ronda os 70por cento, representando quase 300 clien-tes. Também nos dois hotéis do grupo Oá-sis, NovoHorizonte e BeloHorizonte diz umdos seus dirigentes, Paulo Ribeiro, “temoscasa cheia. E Agosto perspectiva temposainda melhores, pelo menos para essesdois”. Enquanto o Dja d’Sal conta melho-rar os seus números, os hotéis Oásis já fa-zem as contas de um ano recorde, sendoque Setembro também é certeza de “casacheia”, o que regista uma performancemelhor do que o ano de 2004.

Companhias aéreas como a Air Luxor jáanunciaram o aumento de um para três voossemanais nesta época, em vigor desde a se-mana passada, com cerca de 140 passagei-ros por voo, enquanto agências turísticascomo A CVTS também dão previsões opti-mistas. Sem avançar com números, RominaCarneiro, representante daquela agência, dizque têm trabalhado com um bom número deturistas, sobretudo portugueses, número queesperam ver aumentado a partir de Agosto.Mas Romina Carneiro vai comentando queos turistas preferem os grandes hotéis, poisestes, por vezes, possuem os seus própriosvoos charters, o que lhes permite garantirpreços mais competitivos, já que “só o pre-ço que os turistas pagam com as desloca-ções é mais caro do que os pacotes tudoincluido”, salienta. Carneiro aconselha porisso os hotéis médios e pequenos a se junta-rem para “discutir a sua sobrevivência elevar as suas preocupações às instânciascompetentes”.

É que contrastando com este cenário desucesso, os hotéis de médio e pequeno por-

te como o Leme Bedje queixam-se de me-nor sorte, e mostram uma taxa inferior aos50 por cento, muito abaixo da registada emJulho do ano passado. E nem o aproximar

de Agosto anima Carlos Santos, gerente dohotel, que prevê um pequeno aumento, mas,ainda assim, menor do que 2004. Daí osque conseguem ultrapassar a barreira dos

50 por cento, caso do Odjo d’Água comuma taxa a aproximar os 61 por cento, sedarem por satisfeitos. De acordo com in-formações da recepção do estabelecimen-

POR: KAUNDA SIMA

O negócio imobiliário dedicado a turistas está em cres-cendo em Cabo Verde, e no Sal. Com vários projectosrecentemente anunciados ou já em curso, mais investi-mentos são ainda esperados. Já se comenta a entrada deum grupo de ingleses querendo investir, também na hote-laria, na Ponta Preta, o que, de acordo com agentes imo-biliários e gente ligada ao turísmo, pode não só gerar umaespeculação excessiva sobre o preço dos terrenos comotambém trazer consequências negativas para a qualidadede vida da população da ilha.

Basta ver o grande número de novos investimentos aserem anunciados todos os dias. É o futuro Dja d’Sal Re-sidence. É o Leme Bedje Residence, o projecto do MarineResort e Residence da Global, na baía da Murdeira. É oprojecto da Turinvest Holding para a Pedra de Lume, ava-

liado em cerca de 90 milhões de euros. É inclusive, a Mur-deira Village, antigo aldeamento turístico da Murdeira per-tencente ao grupo Turim, a fazer um grande esforço, istoassociado a uma estratégia de mudança para chegar maisperto dos potenciais compradores estrangeiros. Isso quan-do, segundo o seu director comercial, José Carlos Santos,a Turim, empresa pioneira no sector imobiliário no Sal, atéaqui, vinha trabalhando, quase que exclusivamente parao mercado nacional.

E se não bastam esses exemplos para mostrar que onegócio imobiliário para os estrangeiros está a aumentar,estão agências imobiliárias como a “Oceano Azul” do ita-liano Renato Evarchi para comprovarem o interesse dosestrangeiros por investir em imóveis no Sal. “O negóciotem melhorado muito em relação ao ano passado”, afir-

ma Evarchi sem especificar números. E boa parte dessescompradores são ingleses, conforme revela. Satisfeito por-tanto, está ele com o súbito interesse dos ingleses em in-vestir em Cabo Verde, como faz prever o possivel interes-se dos britânicos em entrar no ramo hoteleiro. AntónioLoureiro, o Canário que é um dos gerentes da Cabocanempresa que controla o negócio da vendas de terrenos nazona da Ponta Preta, confirma negociações com um gru-po inglês que quer comprar terrenos para construir um hotelde porte idêntico ao tão já propalado Hotel Riu-Funaná.Mas Loureiro não escusa de aconselhar prudência já queo negócio não está concluído.

A euforia do empresário Canário é contida pela preo-cupação do que poderá vir a significar em termos de infla-mação a inserção da libra esterlina no mercado imobiliário

Cresce especulação investimentos imobil

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m a chegarmbém as expectativas dos operadores turísticos quanto ao desempenho deste Verão de 2005

mo o de 2004. E se no final do ano passado, a certeza era de um ano bom para o turísmo, na

ação aos operadores maiores, porque os hotéis de médio e pequeno porte continuam a penar

sa, já em Agosto, pois só assim poderão salvar o seu ano. Enquanto isso, tudo continua igual

antes que, segundo operadores e os visados “massacram os turistas”.

to, o mês de Agosto não parece vir a alterarem muito essa situação.

Para Carlos Santos a explicação está nofacto de que os grandes hotéis trabalham

em regime de clubes, com grandes touroperators que por seu turno têm numero-sos clientes. “Por isso se não conseguir-mos uma estratégia diferente de marke-

ting que nos permita actuar em conjun-to, estamos mal”, sentencia.

E LÁ VÊM OSVENDEDORESAMBULANTES

Com o aumento do fluxo turístico naPraia de Santa Maria cresce também o nú-mero dos vendedores ambulantes e inten-sificam-se as reclamações por parte de ho-téis, agências, restaurantes, lojas e dos pró-prios turístas. Esses vendedores, como jáfoi inúmeras vezes documentado, são namaioria cidadãos de países vizinhos afri-canos, sobretudo senegaleses.

Todos os hotéis contactados dão contade inúmeras reclamações de seus clientes quenão suportam serem permanentemente as-sediados, onde quer que estejam e a qual-quer hora do dia ou da noite, por pessoasque lhes querem impingir coisas em que nãotêm o mínimo interesse. “Temos muitasqueixas da nossa clientela da venda am-bulante. Isso foi minimizado com algumasmedidas no ano passado, nomeadamentealguns repatriamentos após aquele inci-dente que envolveu alguns desses vende-

dores com a polícia, mas já se percebe quevolta a intensificar”, opina.

O representante da UNOTUR, UniãoNacional dos Operadores Turisticos, Nél-son Évora, reforça essa preocupação. A si-tuação da segurança já foi normalizada edevemos parabenizar a polícia por isso, masjá o assédio aos turístas está péssimo”, as-segura Évora.

Sobre a questão Mário Lopes coman-dante da esquadra de Santa Maria, afirmaque se comparada a algum tempo atrás, “asituação está sob controlo”. Pelo menosquando a polícia está na praia eles desapa-recem, nós temos diariamente três polici-ais fazendo ronda na praia. “As pessoas nãopodem esperar que fiquemos 24 horas napraia, quando temos que patrulhar tam-bém a vila e outras diligências por fazer”,responde.

O comandante de Santa Maria acha, ali-ás, que “a fiscalização terá que ser feitapor fiscais da câmara, pois este não é opapel da polícia”, sentencia. Mesmo as-sim, Lopes adianta que 80 por cento dasactividades da POP na vila turística resu-mem-se justamente à patrulha na praia deSanta Maria.

sobreliários

cabo-verdiano, “uma moeda muito forte”. E tem uma outrasituação que são os preços dos imóveis que tendem aaumentar. “Isso não é uma coisa positiva, porque quan-do tem muita especulação, aumenta o custo de vida, oque vai aumentar o fosso social”, realça.

Uma outra fonte ligada ao turismo comenta, sob anoni-mato, o aumento desse tipo de investimentos, que, de fac-to, tende a aumentar a especulação sobre o mercado imo-biliário. Essas coisas são normalmente fenómenos muitoligados à moda e temos que tomar cuidado para nào deixarfugir do controlo esta situação. Não vá acontecer como nasCanárias. “É que depois de criarmos verdadeiros ele-fantes brancos, com a saturação do mercado, vamoster depois que deitar abaixo algumas infra-estruturaspara voltar a tomar o destino aprozível...”, adverte. KS PR

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CONFERÊNCIA SOBRE TURISMO RURAL EM SANTO ANTÃO Amigos de Santo Antão lançaram a

ideia de, até ao final deste ano, se

discutir o turismo rural e de aventura e

a iniciativa teve pronta adesão de

pessoas em Macau, Portugal, França,

Alemanha e em outros países

europeus. Na verdade, pensam os

organizadores que esta é uma

oportunidade não só para se esboçar

uma componente turística para as

propriedades agrícolas, mas também

para definir fórmulas estruturadas de

aproveitar as variedades paisagísticas

de ilhas como Santo Antão, Fogo,

Santiago, São Nicolau, Brava.

Oportunidade para seperceber essa alternativa

No momento em que as chuvas escasseiam,com claros prejuízos para a agricultura, um gru-po de amigos de Santo Antão quer reunir numamesa gentes de diversas procedências para en-contrar alternativas ao desenvolvimento dasilhas de vocação agrícola. E é neste sentido queeles pretendem promover uma conferência emSanto Antão sobre o desenvolvimento do turis-mo rural e de aventura, para perceberem de queforma esse segmento “tende a jogar um papelde capital importância para o crescimento daeconomia cabo-verdiana nos próximos anos”,como afirma um dos promotores da iniciativa,que pediu anonimato porque prefere “não as-sumir qualquer protagonismo”.

Em concreto, esse projecto objectiva lançarideias lúcidas no sentido de transformar as pro-priedades agrícolas, algumas delas “moribun-das” ou abandonadas, em pólos turísticos dosmeios rurais. Isto é, locais onde os aventureirospodem não só acompanhar as formas tradicio-

nais ou modernas de produção agrícola, apreci-ar um sumo de fruto natural, conhecer pratos dagastronomia regional, como também ter uma al-ternativa para hospedagem. Nessa perspectiva,as casas das propriedades rurais poderão funci-onar como pousadas para quem gosta de fazerlongas caminhadas e conhecer os vales e mon-tanhas de ilhas como Santo Antão.

Outra ideia que os promotores da conferên-cia querem aprofundar é como fomentar imobi-liárias rurais, para criar conjuntura e induzir aspessoas a construirem em zonas mais afastadas.No fundo, será um modo de “transferir” para ocampo iniciativas empresariais privadas que têmsido bem sucedidas nos centros urbanos do país,nomeadamente com os projectos “Cidadela” naPraia, “Copacabana” em São Vicente e outros.

Essas são bases de um projecto para o qualesses amigos de Santo Antão estão a convocartodos os “cabo-verdianos de boa vontade everdadeiramente apostados no futuro de de-

senvolvimento económico de Cabo Verde, in-dependentemente da sua cor política”, pois oimportante, neste momento, é definir um cami-nho para o turismo rural e de aventura, e os be-nefícios que esse tipo de actividade pode trazerpara o país.

Desde logo, pensam que o incremento deiniciativas credíveis no campo para atrair turis-tas deverá contribuir para criar melhores em-pregos nas zonas afastadas das urbes, diminuiro êxodo rural, promover o intercâmbio cultu-ral, diversificar a oferta turística no país. Ou-trossim, dessa mesma movimentação podemresultar estratégias para preservar os recursosnaturais e ambientais, melhorar as infra-estru-turas de transporte, de comunicação e saneamen-to, entre outros aspectos positivos para as co-munidades rurais.

Na verdade, parece claro que os promotoresda conferência ambicionam encontrar fórmulaspara impulsionar esse segmento do turismo, tan-

to no país como no exterior. Aliás, verifica-se queos turistas franceses, alemães, espanhóis e deoutros países da Europa ocidental gostam dessetipo de aventura e, desde que haja condições mí-nimas, as ilhas de Santo Antão, Fogo, São Nico-lau, Santiago ou Brava podem ser um destino paraos apreciadores quer do tracking de alguns ti-pos de desportos radicais quer das variedadespaisagísticas e dos ares do campo.

E porque desejam que haja uma participa-ção alargada nos preparativos e na própria con-ferência, os organizadores criaram até um por-tal na Internet (www.portalada.com) para difun-dir a ideia.

De referir ainda que se trata da iniciativa deum grupo de pessoas que espera contar comcontributos vários para poder pôr de pé o pro-jecto. Para já, mostram-se satisfeitos com a ade-são de pessoas de Macau, Portugal, França, Ale-manha, além das entidades oficiais.

João Almeida Medina

Os terrenos para construção de moradias, blocos de apar-tamentos e ou empreendimentos turísticos na Boa Vista es-tão pela hora da morte, e o que era antes um mero termoeconómico - especulação imobiliária - faz agora parte do dia-a-dia dos boavistenses. Cidadãos comuns, técnicos e imo-biliárias responsabilizam os estrangeiros, sobretudo os ita-lianos, pela valorização excessiva dos terrenos numa ilhaonde a procura supera de longe a oferta.

Com a autoridade de quem trabalha há vários anos nestaárea, Irlando Andrade, da Baía Sal Rei, empresa de presta-ção de serviços na área imobiliária, é categórico ao afirmarque a especulação imobiliária surgiu na Boa Vista depoisque os italianos começaram a se interessar por este sector.“Estamos a falar de uma ilha com pessoas cujo único recurso éum pedaço de terra que compraram ou receberam de herança.Os italianos oferecem valores astronómicos por esses terrenos,sobretudo os com uma situação geográfica privilegiada. Tenhoconhecimento de casos de pessoas que venderam um metro qua-drado de terreno por 15, 20 mil escudos. Por causa disso, hojeos melhores terrenos da ilha estão nas mãos dos italianos, queconstróem ou vendem esses lotes lá fora por valores que corres-pondem a três ou quatro vezes o pago ao nacional”.

O mais grave, de acordo com Andrade, é que é habitual ocomprador estrangeiro depois de adquirir os terreno a umnatural da ilha, pedir que este lhe passe uma procuração paraagilizar o processo de legalização. Só que, com essa procu-ração nas mãos, os estrangeiros têm vindos a elaborar pro-jectos, a construir e a vender, em nome do antigo proprietá-rio do lote, a edificação por preços altíssimos, sem deduziros impostos correspondentes. “Todos os boavistenses conhe-cem e criticam essa prática, que lesa o país e em particular o

município, mas ninguém tem coragem de denunciar. A própriaCâmara Municipal sabe desta ‘fuga camuflada ao fisco’ só quenão consegue controlar essa especulação e/ou não quer se quei-mar”, critica Andrade, para quem ao Boa Vista poderia ser ailha mais rica do país se controlasse as negociatas paralelasde terrenos.

O mais grave, prossegue a mesma fonte, é que a Câma-ra, conhecedora da situação, vende terrenos a estrangeirospor tabela - o metro quadrado de terreno por tabela variaentre 700 e mil escudos -, que depois são alienados comosimples lotes por valores que se aproximam dos mil euros,mais de cem contos cabo-verdianos, o metro quadrado. “Essagente chegou aqui, percebeu as potencialidades da ilha e adqui-riu os melhores lotes. E a Câmara vendeu a todos os que quise-ram comprar, sem discriminação. Só que hoje é impossível voltaratrás. Mas ainda continuam a comprar terrenos em nome de ou-tras pessoas, socorrendo-se de procurações”, revela Andrade,para quem esta situação só veio a lume porque a Câmara jánão tem lotes para vender.

Embora o mercado da Boa Vista seja demasiado peque-no, Bertoni Luciano, gerente da Boa Vista Construção, admi-te que não enfrenta grandes dificuldades para adquirir terre-nos, inclusive na Câmara Municipal. “Normalmente compra-mos terrenos na Câmara e construímos apartamentos que sãodepois vendidos na Itália. Mas também compramos de privadosque, claro, são mais caros”, assegura este italiano, que dizestar há sete anos na Boa Vista e que sempre comprou terre-nos na Câmara e foi tratado de igual para igual, em relaçãoaos locais.

E não é por acaso que, frisa Bertoni Luciano, neste mo-mento a Boa Vista Construções tem em construção um con-

junto de 17 apartamentos e um outro de 38 apartamentos,todos na Praia de Cabral. Boa parte dos terrenos que a em-presa utiliza foram comprados na Câmara, com base na ta-bela em vigor, ou seja, por mil escudos o metro quadrado,salvo o campo de futebol que, frisa, foi arrematado por 70mil contos. “O estádio de Sal-Rei foi colocado em hasta públicanos primeiros dias de Maio e arrematámos esse terreno, que medepouco mais de 19 mil metros quadrados, por 70 mil escudos”,frisa.

É aqui que a “porca torce o rabo” porque, segundo o presi-dente da Câmara Municipal da Boa Vista - ver entrevista “BoaVista está na moda” - , “o estádio está à venda em regime deshort list, um método aplicado na gestão moderna. Entretanto,ainda não foi arrematado porque o prazo termina a 31 de Maio”.Também Andrade se mostrou surpreso com a anunciadacompra do estádio pela “Boa Vista Construções” porque, afir-ma, tem um cliente interessado no terreno e não soube dahasta pública.

Sobre este assunto em particular, importa realçar que aCâmara Municipal se reuniu antecipadamente com a popula-ção desportiva da ilha e esta foi informada da necessidadede se deslocar o estádio de futebol para outra zona. É que,segundo uma fonte da Câmara, em termos técnicos o actualestádio está numa zona baixa onde é preciso um grande in-vestimento para se fazer uma fundação conveniente. Em jei-to de exemplo, a mesma fonte lembra que, quando chove, ocampo fica impraticável por vários dias. Por isso, prosse-gue, a Câmara decidiu transferir o estádio para a zona deSalinas e, com o dinheiro da venda, construir uma estruturacondigna, inclusive com relva sintética.

Constânça de Pina

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA NA BOA VISTA

Italianos “incham” preço dos terrenos

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Depois de marcar presença em Portugal e Espanha, o escritório de advogados Raposo

Bernardo & Associados chega a Cabo Verde ainda neste Verão. A informação foi avançada

pelo “partner” principal dessa sociedade de advogados vocacionada para o apoio às empresas

e operações comerciais e de investimento, em Portugal e no estrangeiro.

“Cabo Verdeé a nossa

próxima aposta”- Qual é o vosso objectivo em investir em

Cabo Verde?- O nosso objectivo não é concorrer com quem

for, mas sim trazer investimentos para países delíngua e expressão portuguesa e neste caso paraCabo Verde, nos sectores de infraestruturas, sane-amento básico, saúde, turismo e construção civil.Os nossos serviços abrangem a componente legal,contabilidade, fiscalidade, alguma estratégia demercado, para além de acompanhamento em con-tactos úteis para o desenvolvimento dos negóciosdos nossos clientes. Temos presença ibérica emalgumas cidades de Portugal e Espanha, sendo queCabo Verde é a nossa próxima aposta.

- Porquê a escolha de Cabo Verde?- Por várias razões. Primeiro, por causa da po-

sição geográfica, devido à sua proximidade com aUnião Europeia. Segundo, pelo desenvolvimentoeconómico e por outro lado, acresce ainda, embo-ra com uma importância decisiva, o elevado nívelcultural e educacional que o povo cabo-verdianorevela. Esta trata-se, seguramente, de uma condi-ção fundamental na decisão de investimento dequalquer empresário ou gestor.

- O que pretendem em relação a este arqui-pélago?

- Pretendemos dois aspectos fundamentais:Uma aproximação cada vez mais com a U.E e poroutro lado apostamos em área de desenvolvimen-to social. Não é só fazermos trabalho de advoca-cia mas sim captar investimentos estrangeiros etrabalhar nas áreas de desenvolvimento social, con-tribuindo para o desenvolvimento desses países eneste caso concreto Cabo Verde.

- Espanha foi o primeiro passo da vossa in-ternacionalização. Desde quando têm presençanaquele país? Que tipo de clientes têm?

- Exactamente. Trabalhamos com regularida-de com o mercado espanhol há cerca de dez anos.A intensificação dessa actividade exigiu a abertu-ra de escritório próprio em 2003, em Madrid. Onosso escritório naquela cidade espanhola tem ser-vido como plataforma de intercâmbio para os ne-gócios ibéricos e, a partir deste centro, tambémpara o Brasil e África. A nossa carteira de clientesé muito diversificada, abrangendo desde grandesgrupos a PME. As áreas de actividade jurídica, emEspanha são fundamentalmente os investimentosestrangeiros, comerciais, sectores regulados, so-cietário, fusões e aquisições, “private equality”,

laboral e fiscalidade.- Que oportunidades de investimento para

empresas portuguesas vê em Cabo Verde?- Cabo Verde apresenta-se para o investidor

externo como um mercado extremamente interes-sante, por conciliar uma localização geográfica ex-celente, como plataforma entre a África Ociden-tal, a Europa, a América do Sul e a América doNorte. Por outro lado, as políticas de abertura aoinvestimento estrangeiro começam a dar os seusresultados, decorrentes da criação das necessáriascondições legais, fiscais e mesmo políticas, quese têm revelado extremamente favoráveis ao in-vestimento externo.

Estando esgotadas parte das privatizações emsectores essenciais da economia, vemos muito in-teresse em sectores estruturais, que contribuampara o desenvolvimento local. A política da nossasociedade sempre foi de longo prazo, pelo que não

elegemos os sectores de riqueza imediata e fácilcomo os prioritários. Pelo contrário, privilegiamoso apoio legal a projectos em sectores como as in-fraestruturas, a construção, o ambiente, os trans-portes e logística, o turismo e o financeiro e ban-cário. Cremos que estes serão os sectores onde nospróximos dez anos há muito para realizar e gosta-ríamos de estar envolvidos nos projectos estrutu-rais que hão-de deixar marcas no desenvolvimen-to deste país.

- E em termos de contactos no nosso país?- Já temos muitos contactos. O nosso escritó-

rio vai dar já formação para os quadros do BancoCentral de Cabo Verde sobre o acordo de BasileiaII. Neste momento estamos em contacto com re-guladores de Cabo Verde, entidades oficiais e comempresas para apresentarmos esta potencial par-ceria com os investidores.

Já tivemos uma reunião com o Senhor Basto-

nário da Ordem dos Advogados, que manifestou amáxima cordialidade e receptividade para com anossa instalação em Cabo Verde. O mesmo suce-deu com mais de uma dezena dos colegas comquem tivemos oportunidade de reunir. Para nós éimportante sentir essa abertura; não hesito em di-zer que revela um superior sinal de inteligência.

- Para quando é que os clientes em CaboVerde poderão contar com os vossos serviços?

- Desde já. Neste momento estamos em pro-cesso de selecção em Cabo Verde, bem como deinstalação física. A partir do momento em que istoaconteça, durante o Verão, vamos começar a exe-cutar o projecto.

- O que pensam encontrar no mercado emCabo Verde?

- A nossa filosofia é de longo prazo. Entramosneste país com muita humildade e com muito res-peito pela advocacia local. Esperamos encontrarmuito trabalho para conseguirmos vingar. Mas temsido sempre esse o nosso lema, onde quer que es-tejamos: muito trabalho. Por outro lado, encontra-remos também muitos amigos. De certo modo, éum prazer vir reencontrar, alguns anos depois,amigos que foram meus alunos na Faculdade deDireito de Lisboa e hoje são advogados oualtosquadros em Cabo Verde. É isso que pensamos en-contrar.

- A expansão continua ou pára por aqui?- O nosso escritório tem a sede central em Lis-

boa. Em 2002 abrimos escritório no centro deMadrid. Em 2004 no Algarve, ao sul de Portugal.Já em 2005 no Porto, no norte do país. Agora esta-mos a iniciar a nossa introdução em Cabo Verde.Em termos de expansão em África prosseguire-mos em Moçambique, onde estamos a tomar umaposição de destaque no mercado da advocacia lo-cal, e que em breve será devidamente anunciada.

Fecharemos o nosso círculo de África no iní-cio de 2006, com algum tipo de intervenção emAngola, São Tomé e na Guiné-Bissau. A nível eu-ropeu, a nossa dimensão permite-nos desenvolveralguma presença no leste, em países como a Eslo-váquia, Hungria e outros da mesma zona geográ-fica e com idêntico perfil. Mas é preciso ter emconsideração que a nossa internacionalização sefará através de escritórios próprios, com meioshumanos nossos, meios técnicos nossos e instala-ções nossas. Não se trata de qualquer rede de cor-respondentes.

NELSON RAPOSO BERNARDO, responsável da sociedade de advogados RB&A

“É preciso ter em consideração que a nossa internacionalização se fará através

de escritórios próprios, com meios humanos nossos, meios técnicos nossos e

instalações nossas. Não se trata de qualquer rede de correspondentes”.

Por: AIDÊ CARVALHO

E N T R E V I S T A

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29 DE JULHO DE 2005

FORMAÇÕES PROFISSIONALIZANTES

Jovens do Fogo beneficiam de

projectos de carpintaria e marcenariaO Centro Concelhio de Alfabetização de São Fi-

lipe pretende implementar um projecto na área decarpintaria e marcenaria, beneficiando 15 jovens quefrequentam ou já concluíram círculos de cultura. Oprojecto, cujo arranque está aprazado para o mêsde Outubro, após a azágua, terá a duração de cincomeses e está orçado em 900 contos, financiados pelaDirecção-Geral de Alfabetização e Educação deAdultos.

Os candidatos a carpinteiro/marceneiro foram se-leccionados, na sua grande maioria, no interior dailha do Fogo - Cova Figueira, Patim, Salto, LuziaNunes e Monte Tobar -, zonas agrícolas por excelên-cia, o que acabou por condicionar o início da forma-ção ao término do período de azáguas, isto é, a pri-meira quinzena de Outubro. O objectivo deste curso,segundo o orientador pedagógico da Alfabetizaçãoem São Filipe, é incutir nos jovens, inclusive algunsque já têm prática de carpintaria/marcenaria, infor-mações que lhes permitam entrar no mercado de tra-balho sem nenhuma contrariedade.

“Escolhemos esta formação porque carpinta-ria/marcenaria é uma área que carece de profissi-onais com uma classificação adequada. No térmi-no deste curso, cada formando receberá um kitde ferramentas, avaliado em 15 mil escudos, que facilitará aintegração dos mesmos no mercado de trabalho”, completaAntónio Alberto Lopes.

MANUTENÇÃO E TURISMOEM SÃO VICENTE

Enquanto isso, em São Vicente acontecem dois cursos pro-fissionalizantes nos domínios da manutenção industrial e turis-

mo, promovidos pela Câmara do Comércio, Indústria, Agricul-tura e Serviços de Barlavento. O primeiro preconiza a criação deum sistema produtivo forte e dinâmico assente na valorização docapital humano e o segundo, Capacitação de Guias de Turismo,é tido como um sustentáculo para o futuro da economia de CaboVerde.

A justificação para esses cursos de Manutenção Industrial eTurismo vem de atrás, mais concretamente do Fórum “Constru-ção de um Quadro de Consenso Nacional para a Transfor-

mação de Cabo Verde”, realizado a 11 de Abril de2003, e que elegeu a indústria ligeira e o turismocomo sectores estratégicos do desenvolvimento dopaís.

“As vulnerabilidades do país citadas nos di-versos estudos económicos muitas vezes estão as-sentes nesses pontos fracos que condicionam e li-mitam o alcance de qualquer política de desen-volvimento. O único factor potencialmente posi-tivo ou forte são os recursos humanos que, aomesmo tempo, constituem o principal problemado país”, lê-se na brochura do curso de Manuten-ção. A referida publicação especifica que o curso deManutenção Industrial tem a duração de 180 horas etrês fases: teórica, prática e estágio. Os participan-tes estão repartidos em dois sub-grupos, um forma-do por pessoas que estão ligadas a empresas indus-triais e um outro por jovens à procura do primeiroemprego.

Relativamente ao curso de Guias de Turismo,cujo arranque aconteceu na segunda-feira, 25, con-templa dez alunos de São Nicolau, quatro de SantoAntão e dez de São Vicente. O curso desenvolve-senos módulos teoria, prática e estágio e tem a dura-ção de 266 horas. “Os consensos apontam para a

qualidade de um turismo especializado como o eco-turismo,turismo rural e cultural (excursões de aventura, jogos des-portivos náuticos, excursões culturais, turismo de habitação,de entre outros)”. E porque o turismo é um mercado competiti-vo, “Cabo Verde terá que, não só definir o seu mercado-alvoe facilitar o desenvolvimento de infra-estruturas, como tam-bém providenciar formações que tendam a aumentar a efici-ência do sector”, frisa Adriano Cruz.

Constânça de Pina

CABO VERDE E EUROPA DO SUL

As vias de uma cooperação durável“Cabo Verde e Europa do Sul: As vias de

uma cooperação durável” é um projecto queestá a ser desenvolvido em Barlavento, com acontribuição técnica e financeira da “PRO IN-VEST”, programa da União Europeia/ACP paraa promoção de investimentos e transferência detecnologia nos países da África, Caraíbas e Pa-cífico. Este projecto resulta da parceria entre aCâmara de Comércio, Indústria, Agricultura eServiços de Barlavento (CCIASB), e a EurobicToscana Sud (Agência de Desenvolvimento Ter-ritorial sediada na Toscânia - Itália), a Agate(Agência de Desenvolvimento Económico deTarn, França) e o CEEI (Centro Europeu de Em-presas e Inovação da Galiza, Espanha).

Estabelecer sociedades entre micro, peque-nas e médias empresas do norte do país, com pro-jectos nas áreas de turismo rural, eco-turismo eindústria alimentar tradicional - pesca, agricul-tura e pecuária -, e empresas europeias da Itália,França e Espanha; e criar ferramentas de coope-ração, informação e promoção que favoreçam odesenvolvimento do sector privado. Estes são osobjectivos preconizados pelo “Cabo Verde e Eu-ropa: As vias de uma cooperação durável”,projecto orçado em mais de 120 mil euros (maisde 13 mil contos cabo-verdianos), dos quais 60mil foram disponibilizados pela “PRO IN-VEST”, tendo os parceiros e empresas contribu-ído com 40 e 11,9%, respectivamente.

“Recebemos um total de 25 projectos de21 promotores das ilhas de Santo Antão, SãoVicente e São Nicolau. Desses foram seleccio-nados os 15 com maior potencial para o esta-belecimento de uma cooperação. Neste mo-mento estão a ser reunidas informações maisdetalhadas sobre os projectos pré-selecciona-dos, que serão apresentadas às empresas eu-ropeias interessadas”, explica Adriano Cruz, Se-

cretário-geral da CCIASB, realçando que as par-cerias podem ser de ordem financeira, técnica,tecnológica, transferência de know-how, acor-dos comerciais, joint-ventures, e outras.

Para Novembro próximo, estão previstas mis-sões temáticas durante as quais as empresas eu-ropeias visitarão, por um período de cinco dias,as suas congéneres cabo-verdianas, cujos projec-tos foram seleccionados para o estabelecimento

de acordos de cooperação. A expectativa da Câ-mara do Comércio é que, no âmbito desses acor-dos, surjam novos projectos conjuntos entre asempresas nacionais e europeias, cujos financia-mentos poderão contar, com apoios dos parcei-ros - Eurobic, Toscana Sud, Agate, CEEI e CI-ASB - encontrados junto do “PRO INVEST”.

Constânça de Pina

N O T I C I A

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29 DE JULHO DE 2005

P Á G I N A I N S T I T U C I O N A L

EMBAIXADOR DA HOLANDA:

O Segundo Plano de Acção Nacional para o Ambiente (PANA II) já é uma realidade em Cabo Verde, prevendo-

se que o seu impacto no desenvolvimento do país venha a reflectir-se, positivamente, em todos os sectores

da vida nacional. A responsabilidade por esses resultados será sempre repartido por um grande número de

instituições e entidades nacionais e estrangeiras que, desde o início, se envolveram incondicionalmente na

elaboração e, agora, na implementação desse instrumento estratégico para o futuro de Cabo Verde. No

entanto, é de justiça destacar o papel de algumas dessas entidades e instituições, pela

centralidade e transcendência das intervenções que tiveram e terão nesse processo.

É o caso da cooperação holandesa, responsável pelo gros-so do financiamento do PANA II e que assume, igualmente,um papel de primeiro plano no que diz respeito ao financia-mento dos projectos e programas nele inscritos e que já co-meçaram a ser implementados. Todo o trabalho durante a ne-gociação e de garantia das condições necessárias teve a con-duzi-lo, pela parte holandesa, o embaixador Joos van Agge-len que, depois de quase seis anos como representante diplo-mático dos Países-Baixos em Cabo Verde, terminou a sua mis-são e regressa, como ele próprio diz, com o sentimento de terfeito “tudo o que era possível” para que a cooperação entreos dois países no domínio do ambiente desse os seus frutos.

Esses frutos são hoje visíveis, e consubstanciam-se na exis-tência do PANA II e nas perspectivas que abre para o futurode Cabo Verde, em todos os domínios. Na entrevista que seimpunha, na hora do balanço, com o diplomata holandês, Joosvan Aggelen considerou que a decisão da Holanda de con-

centrar a sua ajuda a Cabo Verde no sectordo ambiente foi uma “aposta ganha”, pers-pectivando que também o facto de o seu go-

verno ter decidido disponibilizar esses apoiosna modalidade de ajuda orçamental terá “im-

pacto positivo” na sua utilização.

UM BOM EXEMPLO

“Trabalhámos intensamente,nos últimos cinco anos, para conse-guirmos os resultados actuais e creioque a existência do PANA II e as boas

perspectivas de materialização queapresenta constituem um passo em frente em rela-ção, por exemplo, ao primeiro plano ambiental”,referiu o embaixador, congratulando-se com o factode preconizar um “excelente quadro de descentra-lização” que garante aos municípios um “papel cen-tral” na execução dos projectos e programas aprova-

dos e na utilização dos recursos disponibilizados pelogoverno dos Países-Baixos.

Segundo Joos van Aggelen, para quem o PANA II é um“bom exemplo da excelente cooperação” existente entre osdois países, essa circunstância vai permitir que os projectosbeneficiem mais directamente as populações mais periféricaso que, na opinião do diplomata, será visto, pelo governo ho-landês e pelas autoridades cabo-verdianas como um “resul-tado positivo” das acções que vão ser empreendidas no do-mínio do ambiente.

Mas para o embaixador, não há dúvidas de que outros re-sultados esperados serão atingidos, uma vez que, na sua opi-nião, tanto o PANA II em si como a grande envolvência quepresidiu à sua elaboração e a confiança depositada na sua im-plementação são “indicadores seguros” disso mesmo.

A experiência da cooperação holandesa com Cabo Verdeno sector do ambiente foi analisada por Joos van Aggelen emcomparação com o que está a ser levado a cabo noutros paí-ses, nomeadamente no Senegal, resultando dessa compara-

ção uma apreciação positiva, uma vez que, segundo o embai-xador, não obstante ser um país também com acentuados pro-blemas de ordem ambiental, o Senegal não dispõe de um pla-no “tão abrangente” como o PANA II.

Outro aspecto importante destacado nessa comparação dizrespeito à forma “muito participativa” como o PANA II foielaborado, com a colaboração estreita das autarquias. Na opi-nião do diplomata, isso foi possível em Cabo Verde com al-guma facilidade mas talvez não fosse viável no Senegal, umavez que é necessária uma “razoável capacidade técnica e orespeito pelos necessários equilíbrios” entre as atribuiçõesde todos os níveis de poder participantes no processo. Segun-do o embaixador, tais resultados “não seriam possíveis acurto prazo” naquele país vizinho.

Por tudo isto, Joos van Aggelen disse estar convicto deque o balanço a fazer no fim dos 10 anos de vigência do Se-gundo Plano de Acção Nacional para o Ambiente serão “fran-camente positivos” e manifestou a sua confiança na “capa-cidade de realização” das autoridades, dos técnicos e da so-ciedade de Cabo Verde, aos quais desejou os maiores suces-sos.

No momento de se despedir, o diplomata holandês mani-festou-se igualmente confiante de que acooperação entre os dois países“continuará a crescer”, umavez que, na sua opinião, elaé “apenas um aspecto” dasrelações entre os Países-Baixos e Cabo Verde, queconsiderou “muito profun-das” porque “baseadas noentendimento entre os doispovos”, sendo exemplo dissoa existência de uma grande co-munidade cabo-verdiana “per-feitamente integrada” nasociedade holandesa,segundo o em-baixador.

O embaixador Joos van Aggelen foi condecorado pelo Presidente da República, Pedro Pires.

Pana II é “exemploda cooperação bilateral”

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Jornal de economia

IFRÃOA

Semana

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ELECTRA PREVÊ MANUTENÇÃO DE GERADORES DO PALMAREJO

Nova crise em SetembroAçoitada por cortes

sistemáticos no

abastecimento de

energia eléctrica, a

cidade da Praia poderá

enfrentar uma crise

ainda maior durante o

mês de Setembro. A

Electra prevê iniciar a

manutenção dos

geradores do

Palmarejo em finais de

Agosto, o que vai

provocar cortes

parciais e rotativos nos

bairros da Capital.

Segundo Rui Santos, a empresa aguar-

da a chegada das peças encomendadas para

iniciar o processo de manutenção dos dois

grupos de produção de electricidade. Por

cada um dos grupos que estiver parado

para reparação, calcula que serão feitos

cortes sistemáticos durante dez dias. No

total serão vinte dias de cortes no abaste-

cimento de energia, em pleno período de

Verão.

“A ponta na cidade da Praia é de 16,5

mega-watts, mas prevemos interromper

o abastecimento numa média de apenas

dois mega-watts. E esses cortes irão res-

peitar uma ordem de rotatividade”, in-

forma o gestor da Electra. Segundo San-

tos, a Electra vai contactar os serviços

equipados com geradores de emergência

no sentido de usarem tais equipamentos

durante esse período de crise. Desta for-

ma, diz, será diminuída a sobrecarga nos

geradores.

Os cortes que têm afectado a cidade da

Praia nos últimos tempos estão relaciona-

dos, em parte, com a excessiva vibração

registada nos geradores Caterpilar, insta-

lados na central do Palmarejo, e que pro-

vocam interrupções inesperadas. Fora isso,

outras avarias continuam a ser provoca-

das, segundo Santos, pela acção incontro-

lada das máquinas de escavação de deter-

minadas empresas e da própria edilidade

praiense. Como explica, a Câmara da Praia

continua a autorizar obras na via pública

sem perguntar à Electra se tem ou não ca-

bos subterrâneos instalados nesses terre-

nos. “Chegámos a endereçar alguns pro-

testos à Câmara, mas de nada serviram.

As intervenções persistem sem consul-

tas prévias, com as consequências que

todos conhecemos”, afirma Rui Santos,

para quem a edilidade da Praia tem mani-

festado uma postura de bloqueio à activi-

dade da Electra, na Capital. Como expli-

ca, a Câmara demora um tempo excessivo

a autorizar os trabalhos da empresa na via

pública, o que prejudica os planos da Elec-

tra no tocante à manutenção dos ramais

de água e dos cabos de electricidade.

Outro factor que tem estado na origem

dos cortes de electricidade tem a ver com

a fraca capacidade da empresa em fazer

reservas de energia. Deste modo, uma ava-

ria implica logo o corte no abastecimento

à população e pode também ter consequên-

cias na produção e distribuição de água.

No entanto, a capacidade instalada da

Electra corresponde, neste momento, às

necessidades da cidade da Praia em água

e energia. Esse quadro tem sido, no entan-

to, afectado pelas avarias, como explica

Rui Santos.

Só no primeiro semestre do ano passa-

do, a Capital sofreu seis black-

outs.Situações, todas elas, provocadas por

avarias que surpreenderam a Electra, se-

gundo o gestor desta empresa. No entan-

to, persiste o problema da vibração exces-

siva dos geradores da Caterpilar. A vibra-

ção das máquinas tem estado na origem

de algumas avarias mas, mesmo assim, a

Electra tenciona adquirir mais um gerador

dessa marca. Isto porque, segundo Santos,

a central do Palmarejo foi dimensionada

desde o início para receber mais dois ge-

radores Caterpilar e, optar por uma outra

marca, iria acarretar custos suplementares.

De qualquer modo, a Electra promete ter

mais prudência neste novo negócio.

Quanto à água, a Electra defende que

o abastecimento tem estado a ser mais di-

fícil nas zonas altas. No entanto, a empre-

sa aguarda a conclusão do projecto IX

FED, da União Europeia, para proceder à

ampliação da rede de distribuição de água

na cidade da Praia. O projecto da EU pre-

vê a construção de dois reservatórios e a

remodelação de uma conduta. Enquanto

essas obras não estiveram prontas, a Elec-

tra tenciona melhorar a rede de distribui-

ção de água e canalizar esse líquido com

maior justiça para todas as habitações.

Kim-Zé Brito