literatura e orientalismoe orientalismo cartas de escritores portugueses a angelo de gubernatis...

25
Literatura e Orientalismo Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 1 Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 1 17/05/2020 17:36:12 17/05/2020 17:36:12

Upload: others

Post on 26-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Literatura e Orientalismo

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 1Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 1 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 2: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 2Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 2 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 3: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

LITERATURA E ORIENTALISMO

Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877 -1912)

Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral

l i s b o at i n ta-d a- c h i n a

M M X I X

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 3Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 3 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 4: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

© 2019, Filipa Lowndes Vicente, Ana Rita Amarale Edições Tinta -da -china

Edições Tinta -da -chinaRua Francisco Ferrer, n.º 6 -A1500 -461 LisboaTels.: 21 726 90 28/29E -mail: [email protected]

Título: Literatura e Orientalismo: Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877 -1912)Edição: Filipa Lowndes Vicente e Ana Rita AmaralEnsaios: Filipa Lowndes Vicente, Ana Rita Amaral e Rui RamosTradução: Marta Rosa, Sonia Miceli e Ana Rita AmaralRevisão de sânscrito: Shiv Kumar SinghRevisão: Tinta -da -chinaComposição: Tinta -da -china Capa: Tinta -da -china

1.ª edição: Setembro de 2019 isbn 978 -989 -671 -515-1depósito legal n.º 469900/20

Publicação financiada por fundos nacionais através da FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto 3599 — Promover a Produção Científica, o Desenvolvimento Tecnológico e a Inovação — não cofinanciado (PTDC/CPC -CMP/0398/2014).

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 4Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 4 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 5: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

ÍNDICE

PARTE 1 LITERATURA E ORIENTALISMO ENTRE ITÁLIA E PORTUGAL NO SÉCULO XIX História, publicações e arquivo: Angelo de Gubernatis em Florença na segunda metade do século xixFilipa Lowndes Vicente 8

Angelo de Gubernatis e a história dos intelectuais em Portugal no século xixRui Ramos 34

As cartas: temas, problemas e critérios editoriaisAna Rita Amaral 60

Bibliografia seleccionada (parte I) 80

PARTE 1I CARTAS DE ESCRITORES PORTUGUESES A ANGELO DE GUBERNATIS

Angelo de Gubernatis 88Adolfo Coelho 92Alberto Pimentel 94Almada Negreiros 97Antero de Quental 102António da Costa 106Avelino Fernandes 108Cândido de Figueiredo 112Consiglieri Pedroso 1 16Correia Barata 118Francisco Gomes de Amorim 128

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 5Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 5 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 6: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Oliveira Martins 138Ramos Coelho 147Reis Dâmaso 151Sampaio Bruno 169Teófilo Braga 174Vasconcelos Abreu 183Visconde de Faria 199

Cartas publicadas na Revue Internationale 226

Portugueses referidos nos dicionários de escritores editados por Angelo de Gubernatis 238Referências arquivísticas 242Publicações de Angelo de Gubernatis em bibliotecas portuguesas 245Bibliografia seleccionada (parte II) 246Cronologia 249Índice das sociedades científicas e literárias citadas 250Índice onomástico 250Agradecimentos 253

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 6Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 6 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 7: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

PARTE ILITERATURA E ORIENTALISMO

ENTRE ITÁLIA E PORTUGAL NO SÉCULO XIX

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 7Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 7 17/05/2020 17:36:1217/05/2020 17:36:12

Page 8: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

HISTÓRIA, PUBLICAÇÕES E ARQUIVO:

1 Este texto foi escrito a partir da investigação que realizei em Florença e publicada no meu livro — Filipa Lowndes Vicente, Outros Orientalismos: A Índia entre Florença e Bombaim (1860 -1900), Lisboa: ICS, 2009; Other Orientalisms: India between Florence and Bombay (1860 -1900), Nova Deli: Orient BlackSwan, 2012; Altri Orienta-lismi: L’India a Firenze (1860 -1900), Florença: Florence University Press, 2012.2 Entre as publicações mais recentes sobre esta correspondência, incluem -se: Amedeo Benedetti, «Angelo de Gubernatis nelle lettere agli amici letterati», Lares, vol. 80, n.º 2 (2014), pp. 305 -336; Teresa Cini, «Lettere di Ida Baccini a Angelo de Gubernatis», Studi sulla Formazione, vol. 13, n.º 1 (2010), pp. 163 -186, 217; Luca Bani (ed.), Il Carteggio tra Cesare Cantù e Angelo de Gubernatis: 1868 -1893, Bérgamo: Sestante, 2006; Dino Manca (ed.), Il Carteggio Farina: De Gubernatis (1870 -1913), Cagliari: Centro di Studi Filologici Sardi/CUEC, 2005; Michele Fatica, «Giacomo Lignana, Michele Kerbaker, Angelo de Gubernatis e la fondazione a Napoli dell’Instituto Orientale (1888)», Scritture di Storia: Quaderni diretti da Michele Fatica, n.º 4, 2005; Stefano Aloe, «Angelo de Gubernatis et Louis Leger: Une collaboration aux sources de la slavistique italienne et française», Revue des études slaves, vol. 72, n.º 1/2 (2000), pp. 7 -24; Stefano Aloe, Angelo de Gubernatis e il Mondo Slavo: Gli esordi della slavistica italiana nei libri, nelle reviste e nell’epistolario di un pioniere, 1865 -1913, Pisa: Editrice Pisana, 2000.

ANGELO DE GUBERNATIS EM FLORENÇA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIXFilipa Lowndes Vicente

FLORENÇA: O LUGAR DO ARQUIVO

O vasto espólio de Angelo de Gubernatis (1840 -1913) — centenas de caixas com cartas de uma lista imensa de correspondentes, papéis e algumas fotografias — está depositado na secção de «Manuscritos» da Biblioteca Nazionale Centrale de Florença1. Foi o próprio Gubernatis a decidir que a Biblioteca de Florença seria o lugar onde, depois da sua morte, ficaria depositada quer a sua biblioteca pes-soal (hoje integrada na biblioteca geral), quer o resultado de uma vida longa e rica de relações humanas materializada numa correspondência feita de milhares de nomes. Homens na sua maioria, mas também mulheres, a escrever e enviar cartas — primeiro para Florença e, depois, para Roma, quando para lá se mudou Guber-natis — a partir dos mais variados lugares do mundo2. Os motivos e assuntos desta correspondência — carteggio, como designam os italianos — globalizada foram diversos, a reflectir o diletantismo curioso e ambicioso de um homem que sempre conjugou a escrita e a erudição com as múltiplas práticas do «fazer» — organizou congressos, exposições e museus, criou sociedades, associações e instituições,

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

8

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 8Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 8 17/05/2020 17:36:1317/05/2020 17:36:13

Page 9: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

fundou inúmeras revistas e fez viagens longas, a diferentes lados do mundo. Além disso, escreveu muito. Publicou livros e artigos, dos mais diversos géneros e for-matos — dicionários, enciclopédias, livros de viagem e até uma autobiografia, já no fim da vida.

Foi assim a partir de Florença que Gubernatis consolidou a sua carreira de aca-démico, de intelectual e de escritor, aprofundando os seus temas de investigação e de escrita, ao mesmo tempo que se convertia em participante e agente da nova Itália unitária. Com tantos interesses, uma vida cívica intensa e uma obra prolífica, cedo se destacou sobretudo em duas áreas: os estudos literários e os estudos indianos3. A literatura e a linguística também assumiram um papel central nos seus estudos sobre a Índia, mas a cultura religiosa indiana, inseparável da língua sânscrita, cons-tituiu, como repetiu tantas vezes, o seu principal interesse. A notoriedade nestes campos de saber não parece ter sido sempre um sinónimo de prestígio e respeito entre os seus pares, algo cépticos com a prolixidade de quem escrevia tanto e sobre tudo4. A diversidade dos seus caminhos de investigação afastou -o da especializa-ção, ou da profundidade, na opinião de alguns, mas, na sua autobiografia, Fibra: Pagine di Ricordi, publicada no fim da vida, pôde fazer a narrativa do seu passado, respondendo -lhes: «Quem me acusa assim de fazer demasiadas coisas, que me diga, então, se eu o faço com frieza. É verdade, é mesmo escandalosamente verdade; tive na minha vida vários amores diversos: o teatro, a escola, a história, a biografia, a lite-ratura, a mitologia5, o folclore, Manzoni, Dante, o Oriente, a Índia e, sobre todas as coisas, a Itália.»6 O seu espólio, em Florença, é a prova material dos seus muitos amores. Ele próprio tinha consciência de que a sua exuberância perturbava os «bea-tos sonos académicos» dos seus críticos, mas, aproveitando a liberdade das páginas das suas memórias — onde vem o retrato de um Gubernatis já velho, que escolhe-mos para capa deste livro —, pôde responder -lhes: quem tivesse feito mais e melhor que atirasse a primeira pedra.

3 Maurizio Taddei, «Angelo de Gubernatis e il Museo Indiano di Firenze: Un’immagine dell’India per l’Italia Umbertina», in Angelo de Gubernatis: Europa e Oriente nell’Italia Umbertina, Maurizio Taddei (ed.), vol. I, Nápo-les: Istituto Universitario Orientale, 1995; Aniruddha Das, «Angelo de Gubernatis (1840 -1913): An Italian Indologist», Proceedings of the Indian History Congress, vol. 76 (2015), pp. 593 -596; Iacopo Macchia, «Angelo de Gubernatis: poligrafo e scienziato dell’Italia post -unitaria», Tesi di Laurea — Specialistica in Filosogia e Forme del Sapere, Università degli studi di Pisa (2014/2015).4 Rosa Maria Cimino; Fabio Scialpi (ed.), India and Italy. Exhibition organised in collaboration with the Archaeo-logical Survey of India and the Indian Council for Cultural Relations, Roma: Is.M.E.O., 1974, pp. 148 -149.5 Lorenzo Fabbri, «Angelo de Gubernatis pioniere degli studi di mitologia vegetale in Italia: esame critico della Mythologie des plantes», Studi e Materiali di Storia delle Religioni, vol. 84, n.º 1 (2018), pp. 300 -321; Fabbri, Lorenzo, «Angelo de Gubernatis e la mitologia comparata. Studi e Materiali di Storia delle Religioni», vol. 83, n.º 1 (2017), pp. 143 -169.6 Angelo de Gubernatis, Fibra: Pagine di Ricordi, Roma: C. Tipografi del Senato, 1900, p. 393.

his

ria

, p

ub

lic

õe

s e

ar

qu

ivo

9

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 9Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 9 17/05/2020 17:36:1317/05/2020 17:36:13

Page 10: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Durba Ghosh identifica o arquivo como «zona de contacto»7. A Florença da segunda metade de Oitocentos é uma «zona de contacto» globalizada, cosmopolita, transnacional e transcolonial: lugar para onde tantos homens, e também mulheres, de vários lugares do mundo escrevem a Angelo de Gubernatis. Cartas, na sua maio-ria — o modo de comunicação dominante que, no século xix, se tornou ainda mais fácil com o desenvolvimento internacional dos correios —, mas também postais, ou mesmo fotografias, suficientemente pequenas (as carte -de -visite) para caberem num envelope. As instituições, revistas, livros, dicionários, espaços de exposição ou con-gressos que Gubernatis criou, publicou ou organizou em Florença, e depois em Roma, foram o tema de boa parte da correspondência, incluindo da correspondência com os «portugueses» que aqui publicamos.

Assim, um arquivo em Itália, Florença, uma periferia, quer histórica quer his-toriográfica, no século xix como nos estudos actuais sobre o século xix, pode ser uma oportunidade para multiplicar os centros de vários temas históricos. Numa cidade secundária de uma nação recém -formada, marginal aos centros de poder e de produção de conhecimento europeus. Numa cidade enclausurada — no século xix mas também agora —, numa retórica renascentista que não lhe permite usufruir plenamente das suas outras identidades, e de um século ainda demasiado próximo e insignificante na cronologia histórica italiana, o arquivo de Angelo de Gubernatis tem necessariamente de ocupar um lugar marginal numa biblioteca riquíssima como é a de Florença. As formas de mobilidade, os fluxos de correspondência, a partilha de interesses e a troca de objectos, ideias, informações e conhecimento estão con-tidas neste arquivo, exemplar de tantos outros arquivos pessoais existentes em todo o mundo. Estes arquivos pessoais podem já estar incluídos em arquivos públicos ou podem ainda encontrar -se em arquivos privados, nas mãos de descendentes ou parte de espólios de coleccionadores.

Mas quais os motivos que me levaram ao arquivo de Angelo de Gubernatis? Tinha acabado de me doutorar na Universidade de Londres, no ano 2000, e mudara -me para Florença. No âmbito de um pós -doutoramento, estava a fazer investigação sobre produ-ção de conhecimento escrito, visual e expositivo em Goa no século xix, quando li acerca da existência de várias dezenas de cartas escritas por um intelectual goês, José Gerson da Cunha, dirigidas a um indianista italiano sediado em Florença, Angelo de Gubernatis8.

7 Durba Ghosh, «National Narratives and the Politics of Miscegenation: Britain and India», in Archive His-tories: Facts, Fictions, and the Writing of History, Antoinette Burton (ed.), Durham e Londres: Duke University Press, 2005.8 Maria Luisa Cusati, «Angelo de Gubernatis and Goa. Correspondence between Angelo de Gubernatis and José Gerson da Cunha (1878 -1899)», in Goa and Portugal: History and Development, Charles J. Borges, Oscar G. Pereira, Hannes Stubbe (ed.), Nova Deli: Concept Publishing Company, 2000. Mais tarde, a autora publi-cou uma outra versão deste artigo, «José Gerson da Cunha entre Goa e Itália: Correspondência entre José Gerson da Cunha e Angelo de Gubernatis (1878 -1899)», in L’acqua era d ’oro sotto i ponti. Studi di Iberistica che gli amici offrono a Manuel Simões, Giuseppe Bellini e Donatella Ferro (ed.), Roma: Bulzoni, col. Studi di Letteratura Ispano -Americana, 2001. Ver também o artigo em que Cusati publicou todas as cartas escritas por Gerson

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

10

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 10Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 10 17/05/2020 17:36:1317/05/2020 17:36:13

Page 11: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

ANGELO DE GUBERNATIS E A HISTÓRIA DOS INTELECTUAIS EM PORTUGAL NO SÉCULO XIXRui Ramos

1 Neste ensaio, aproveitei outros trabalhos meus sobre o tema dos intelectuais portugueses no século xix, indicados nas notas ao longo do texto.

Angelo de Gubernatis não teve dificuldades em encontrar interlocutores portugueses para o seu projecto de um «Dicionário Internacional dos Escritores de Hoje» [ver sec-ção Dicionários e Obras Biográfico -Literárias na p. 241]1. Iniciativas como a de Guber-natis correspondiam ao modo como as várias «repúblicas das letras» formadas dentro dos novos Estados nacionais no século xix ainda se pensavam como elementos de uma mais vasta «república das letras» europeia, assente em solidariedades como as que um dos contactos portugueses de Gubernatis, o historiador J.P. de Oliveira Martins, tentou expressar ao juntar portugueses e italianos numa fraternidade de «hispano -romanos» (outros, depois, falariam de unidade «latina»). A sustentar este antigo sentimento cosmopolita, havia múltiplas redes de relações e meios de comunicação. É significa-tivo que os homens de letras portugueses aqui representados tenham conhecido este projecto, ora por contacto directo de Gubernatis, através de cartas circulares, ora pelas notícias que este fez inserir na imprensa, a pedir informações sobre escritores.

Sem dificuldade, Gubernatis não só arranjou informadores sobre as letras portu-guesas, mas até entusiastas, como José António dos Reis Dâmaso, que em Fevereiro de 1888 lhe prometia fazer «uma boa e activa propaganda» do «vosso famoso dicioná-rio» em «todos os jornais portugueses», porque esta «obra deve ser difundida» e era mesmo «um serviço feito ao país (Portugal) dá -la a conhecer», até porque nela «vejo bem representado o Portugal moderno».

A verdadeira dificuldade de um projecto como o de Angelo de Gubernatis era outra, e dizia respeito à selecção dos autores a incluir no Dicionário. Qual o critério para incluir e para excluir? Quem tinha autoridade para definir o cânone dos «Escri-tores de Hoje»?

Logo em 1878, vemos Oliveira Martins a enviar a Angelo de Gubernatis o retrato de Antero de Quental e a sugerir a inserção na obra dos retratos gravados de João

HISTÓRIA DOS INTELECTUAIS EM PORTUGAL NO SÉC. XIX

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

34

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 34Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 34 17/05/2020 17:36:1417/05/2020 17:36:14

Page 12: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

de Deus, Guerra Junqueiro, Mendes Leal, Latino Coelho, Pinheiro Chagas, Eça de Queirós e José Dias Ferreira. Era uma mistura curiosa de autores. Muito provavel-mente, serviu a Oliveira Martins para promover Antero, João de Deus, Junqueiro e Eça, então ainda relativamente jovens, entre os autores de gerações anteriores, como Mendes Leal e Latino Coelho, ou autores populares, como Pinheiro Chagas, ou ainda especialistas, como José Dias Ferreira, professor de Direito. Nesse sentido, a corres-pondência portuguesa de Angelo de Gubernatis é importante pelo modo como nela se reflecte o triunfo de uma «geração», a hoje chamada Geração de 70, que incluiu o historiador Oliveira Martins, o romancista J.M. Eça de Queirós, o professor Teófilo Braga, o crítico J.D. Ramalho Ortigão, e os poetas Antero de Quental e Abílio Guerra Junqueiro. A imprensa portuguesa da época chamou -lhe a «geração nova». Era um conjunto de jovens letrados, nascidos na década de 1840, e que, como tantos outros, provinham maioritariamente daquela classe média que encaminhava os filhos, através de Coimbra, para os empregos do Estado. Em 1865, o país tomara conhecimento dessa «geração nova» através de uma polémica que começou por opor Antero de Quental e Teófilo Braga ao velho António Feliciano de Castilho, o poeta oficial do regime. A «Questão Coimbrã» foi a maior briga literária portuguesa do século xix, em que intervieram 33 autores, que produziram 37 opúsculos, publicados em Lisboa, Porto, Coimbra e até no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, os jovens inimigos de Castilho destacaram -se precisamente por tentar importar as últimas modas intelectuais euro-peias: desde o «socialismo» de Proudhon e da Associação Internacional dos Trabalha-dores, até ao «positivismo» de Auguste Comte, passando pela erudição «científica» das universidades alemães, e pelo estilo «naturalista» dos romancistas franceses2. Por isso, como a Oliveira Martins, deve -lhes ter parecido muito natural figurarem em desta-que num Dicionário como o de Angelo de Gubernatis, embora tendo o cuidado, que é notório nas sugestões de Oliveira Martins, de trazerem a reboque alguns nomes de autores de gerações anteriores ou de percursos diferentes, para tornarem a selecção mais representativa.

Neste sentido, o Dicionário de Angelo de Gubernatis, cerca de duas décadas depois da «Questão Coimbrã», registou, através da influência dos seus interlocutores portugueses, o êxito da «nova geração» em impor -se como o fulcro da história literária portuguesa do século xix, num lugar que manteve aliás até hoje. Quando Angelo de Gubernatis lhes escreveu ou ouviu falar deles, já os autores da «geração nova» tinham tido grandes êxitos, como as Farpas (1871) de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, a His-tória de Portugal (1879) de Oliveira Martins, ou a Velhice do Padre Eterno (1886) de Guerra Junqueiro, e ocupavam empregos e posições relativamente importantes: Eça de Queirós

2 Ver Rui Ramos, «A Formação da Intelligentsia Portuguesa (1860 -1880)», em Análise Social, n.os 116 -117, 1991, pp. 483 -528; António José Saraiva, A Tertúlia Ocidental, Lisboa: Gradiva, 1990; Maria Filomena Mónica, Eça de Queirós, Lisboa: Quetzal, 2001; Ana Pina, A Quimera do Ouro. Os Intelectuais Portugueses e o Liberalismo, Lisboa: Celta, 2003. his

ria

do

s in

te

lec

tu

ais

em

po

rt

ug

al

no

c. x

ix

35

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 35Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 35 17/05/2020 17:36:1417/05/2020 17:36:14

Page 13: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

era cônsul de Portugal em Paris; Teófilo Braga, professor do Curso Superior de Letras de Lisboa; Guerra Junqueiro e Oliveira Martins, deputados; Ramalho Ortigão, bibliotecário da Biblioteca Real da Ajuda. Angelo de Gubernatis, ao inscrever -lhes o nome no seu Dicio-nário, representou mais uma etapa de consagração que não lhes era despicienda, como se nota pelo entusiasmo com que os próprios tomavam nota de traduções ou de notícias críticas de obras suas na imprensa europeia, e coleccionavam filiações em academias cien-tíficas e literárias estrangeiras. Na sua carta a Gubernatis, em 1887, Antero de Quental preocupou -se em indicar a tradução dos seus sonetos por Wilhelm Storck. Já não eram exactamente, como Oliveira Martins ainda se apresentava a Gubernatis em Dezembro de 1878, uma «voz que vos fala do fundo de um canto quase ignorado da Europa».

Mas a guerra de gerações literárias não era a única questão que o projecto de Angelo de Gubernatis podia suscitar em Portugal. Um autor mais velho, Francisco Gomes de Amorim, levantou outros problemas. Para começar, o da ordenação alfa-bética dos nomes portugueses, que sempre confundiu os dicionaristas do resto da Europa, como também notou Cândido de Figueiredo na notícia que escreveu sobre o Dicionário, em 1889. Francisco Gomes de Amorim não queria estar em A — Amo-rim, mas em G — Gomes de Amorim. A sua maior preocupação, porém, não era essa, mas a que procurou expressar numa carta de 2 de Abril de 1888: «É com espanto que aí vejo colocados, entre os escritores portugueses, nomes que aqui ninguém leva a sério.» E permitia -se notar que o critério de admissão lhe parecia baixo: «Em Portugal, como em toda a parte, hoje em dia, todos os ociosos se apelidam de homens de letras. Basta escrever qualquer notícia para os jornais, escrever uma cena cómica (sempre sem comicidade), qualquer farsa, etc., para ser popular, célebre, tudo o que há de mais grandioso no homem!» Também Cândido de Figueiredo lamentou a inclusão no Dicio-nário, «a par de Teófilo Braga, de António Enes e de Gomes de Amorim e de outros, justamente considerados, o escritor dramático Pedro Carlos de Alcântara Chaves», autor do que Figueiredo considerava «literatura de cordel».

A selecção de Angelo de Gubernatis, para além da questão da Geração de 70, sugere assim a questão de definir quem são de facto os «homens de letras», quando toda a gente parece poder reivindicar esse rótulo. De facto, as duas questões estão ligadas entre si.

3 Christophe Charle, Les Intellectuels en Europe au XIXe siècle. Essai d ’histoire comparée, Paris: Éditions du Seuil, 1996.

«HOMENS DE LETRAS», ESCRITORES E INTELECTUAIS

Christophe Charle começou uma das mais completas sínteses sobre o tema lem-brando que os «intelectuais» seriam um dos grupos mais recentemente constituídos em objecto da «história social»3. Talvez seja uma maneira oblíqua de admitir que os

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

36

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 36Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 36 17/05/2020 17:36:1417/05/2020 17:36:14

Page 14: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

AS CARTAS: TEMAS, PROBLEMAS E CRITÉRIOS EDITORIAISAna Rita Amaral

1 Entre os perfis elaborados por Cândido de Figueiredo e incluídos nesta obra, encontram-se também os de Alberto Pimentel (um dos correspondentes), Ramalho Ortigão, Alexandre da Conceição, Magalhães Lima, Jules Michelet, para mencionar apenas alguns dos nomes também referidos nas cartas. Figuras Lite-rárias Nacionaes e Estrangeiras tinha como antecedente um outro volume biográfico-literário de Cândido de Figueiredo intitulado Homens e Letras: Galerias de Poetas Contemporaneos (Lisboa, 1881), do qual constam perfis de Alberto Pimentel, Antero de Quental, Francisco Gomes de Amorim, Joaquim de Araújo, Teófilo Braga, entre outros.

Literatura e Orientalismo: Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis tem como eixo central a edição de um conjunto de 75 cartas — 72 inéditas e três publicadas —, escritas por 17 correspondentes portugueses entre o último quartel do século xix e a primeira década do século xx. Todas as cartas inéditas se encontram no espólio de Angelo de Gubernatis, na Biblioteca Nazionale Centrale de Florença. Designados genericamente como «escritores», estes 17 correspondentes podem ser na verdade descritos como literatos, intelectuais, eruditos, académicos, poetas, romancistas, jornalistas, publicistas, orientalistas, filólogos, historiadores, etnógrafos, folcloristas, políticos, republicanos, socialistas, diplomatas e editores, o que desde logo aponta para a riqueza das cartas que a presente edição torna acessível.

A cada um dos 17 capítulos que compõem a segunda parte do livro corresponde, portanto, um dos autores-correspondentes, a saber: Adolfo Coelho, Alberto Pimentel, Almada Negreiros (pai), Antero de Quental, António da Costa, Avelino Fernandes, Cân-dido de Figueiredo, Consiglieri Pedroso, Correia Barata, Francisco Gomes de Amorim, Oliveira Martins, Ramos Coelho, Reis Dâmaso, Sampaio Bruno, Teófilo Braga, Vascon-celos Abreu e Visconde de Faria. Estes capítulos são antecedidos por uma apresentação biográfica de Angelo de Gubernatis, escrita por Cândido de Figueiredo e incluída no seu livro Figuras Literárias Nacionaes e Estrangeiras (Lisboa, 1906)1. Nesta apresentação — que constitui um interessante contraponto às apresentações biográficas dos escritores portugueses publicadas nos dicionários internacionais editados por Angelo de Guber-natis, reproduzidas na abertura de cada capítulo — Cândido de Figueiredo dá-nos

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

60

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 60Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 60 17/05/2020 17:36:1517/05/2020 17:36:15

Page 15: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

informações úteis sobre a recepção e a circulação da obra de Gubernatis em Portugal, bem como sobre algumas questões que emergem nas cartas.

Os capítulos foram ordenados alfabeticamente pelos nomes por que hoje os escri-tores são mais conhecidos, mas registam-se os nomes completos junto aos retratos de cada escritor. A sequência é sempre a mesma: uma imagem legendada do escritor, a sua nota biográfica publicada num dos dicionários de Gubernatis e, por fim, as car-tas que endereçou ao erudito italiano. Para as imagens, demos prioridade aos retra-tos publicados na primeira edição do dicionário de Gubernatis, como são os casos de Antero de Quental e de Teófilo Braga, e procurámos a máxima proximidade cronoló-gica entre cada retrato e o período das cartas do respectivo escritor. Infelizmente, não conseguimos obter imagens de Avelino Fernandes e de Correia Barata.

Gubernatis editou três dicionários internacionais de escritores. A primeira edi-ção, em italiano, foi publicada entre 1879 e 1880; a segunda, em francês, cerca de dez anos depois, entre 1890 e 1891; e a terceira entre 1905 e 1906, também em francês, mas apenas dedicada aos escritores do «mundo latino». Privilegiámos as entradas biográfi-cas da segunda edição, que na maior parte dos casos é a mais completa e actualizada, e apresentamos as respectivas traduções em português. Por estarem ausentes das edi-ções anteriores, as notas biográficas de Ramos Coelho e do Visconde de Faria provêm do dicionário do «mundo latino». Para evitar perdas de informação, assinalamos as ausências ou discrepâncias entre as edições em notas de rodapé. No aparato final, incluímos ainda as listas dos portugueses referidos nos três dicionários, de modo a permitir uma leitura comparativa mais imediata das ocorrências. Estas listas poderão ser usadas como pistas de investigação, na medida em que apontam para mais cartas de portugueses no Arquivo Gubernatis em Florença, cuja catalogação está ainda em curso.

Todavia, quatro dos correspondentes portugueses de Gubernatis aqui representa-dos não constam dos dicionários: Almada Negreiros (pai), Avelino Fernandes, Correia Barata e Sampaio Bruno. Os seus resumos biográficos foram escritos por nós, a partir dos elementos mais relevantes das cartas e sem qualquer pretensão de exaustividade. Os motivos para estas ausências nos dicionários não são evidentes. O facto de Avelino Fernandes ser editor talvez tenha pesado, mas a omissão dos outros dois escritores e de um académico torna-se mais difícil de compreender. Seria de esperar a inclusão de Almada Negreiros pelo menos no dicionário do «mundo latino», já que a sua primeira carta aponta nesse sentido e que o Visconde de Faria, numa das suas cartas, se dispõe a enviar informações sobre aquele seu «grande amigo» para o dicionário. As cartas de Correia Barata e de Sampaio Bruno não se debruçam sobre a questão.

Depois dos 17 capítulos reproduzindo as 72 cartas inéditas, acrescentámos a trans-crição e a tradução de mais três cartas, duas de Teófilo Braga e uma de Reis Dâmaso. Ainda que dirigidas a Gubernatis, estas cartas tiveram uma circulação diferente e não se encontram no seu arquivo. Foram publicadas numa das revistas criadas e edita-

as

ca

rt

as:

te

ma

s, p

ro

ble

ma

s e

cr

ité

rio

s e

dit

or

iais

61

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 61Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 61 17/05/2020 17:36:1517/05/2020 17:36:15

Page 16: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

das por Gubernatis neste período, a Revue Internationale (Florença, 1883-1891)2. A pri-meira carta aí publicada tem a assinatura de Teófilo Braga e a data de 23 de Novembro de 1882, saindo no primeiro número da revista, de 25 de Dezembro do mesmo ano. A carta de Reis Dâmaso, datada de 23 de Janeiro de 1884, surge na revista de 10 de Fevereiro. Por fim, na revista de 25 de Março de 1884, surge publicada uma segunda carta de Teófilo Braga, com a data de 26 de Fevereiro. A riqueza dos conteúdos des-tas cartas, bem como a sua relação com as anteriores foram factores decisivos para a inclusão neste livro.

Além das listas dos portugueses referidos nos dicionários de escritores, o aparato que apresentamos no final do livro inclui ainda as referências arquivísticas e biblio-gráficas, uma lista das publicações de Gubernatis existentes em bibliotecas públicas em Portugal, uma cronologia e dois índices, um das sociedades científicas e literá-rias citadas e outro onomástico. As referências arquivísticas das cartas são apresen-tadas juntamente com as datas, locais de emissão e línguas em que foram escritas, em formato de tabela, para permitir uma apreciação mais imediata das características gerais do conjunto. A grande maioria dos escritores portugueses dirigiu-se a Angelo de Gubernatis em francês (49 das 72 cartas)3. Se a língua francesa era então consi-derada como a «língua mais generalizada», nas palavras de Cândido de Figueiredo4, vários são os escritores portugueses, incluindo o próprio Cândido de Figueiredo, que se desculpam repetidamente pelo seu uso rudimentar desta língua. Por sua vez, uma quantidade significativa de cartas foi escrita em português (20), como são as de Teó-filo Braga e Vasconcelos Abreu, que se dirigem a Gubernatis exclusivamente na sua língua nativa. Vasconcelos Abreu, na primeira carta que aqui publicamos, referia-se à questão linguística nestes termos: «Assim como eu entendo o italiano sem nunca o ter estudado, assim julgo que V. Ex.ª entenderá o portuguez, mesmo se nunca o estudou. Convencido d’isto escrevo a V. Ex.ª em portuguez. V. Ex.ª dignar-se-ha de me respon-der em italiano.» Também Francisco Gomes de Amorim, que escreve em francês, se questionava se Gubernatis leria português, citando a propósito os dois últimos versos da estrofe camoniana:

Sustentava contra elle Venus bella,Affeiçoada á gente LusitanaPor quantas qualidades via nellaDa antigua tão amada sua Romana,Nos fortes corações, na grande estrella,Que mostraram na terra Tingitana,

2 Pudemos identificá-las com relativa facilidade graças às cópias digitais da revista existentes em acesso aberto nos catálogos do Internet Archive e da Biblioteca Bodleiana da Universidade de Oxford.3 As cartas publicadas na Revue Internationale encontram-se em francês, mas poderão ter sido traduzidas.4 Cândido de Figueiredo, op. cit., p. 29.

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

62

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 62Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 62 17/05/2020 17:36:1517/05/2020 17:36:15

Page 17: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

PARTE IICARTAS DE

ESCRITORES PORTUGUESES A ANGELO DE GUBERNATIS

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 87Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 87 17/05/2020 17:36:1917/05/2020 17:36:19

Page 18: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Angelo de Gubernatis Retrato fotográfico publicado em Angelo de Gubernatis, Fibra: Pagine di Ricordi, Roma: Forzani E.C. Tipografi del Senato, 1900.

ANGELO DE GUBERNATIS ( T u r i m , 1 8 4 0 — R o m a , 1 9 1 3 )

«O CONDE DE GUBERNATIS», POR CÂNDIDO DE FIGUEIREDO (1889)

‘Recebi agora de Venêza os primeiros volumes da obra monumental, o Diccio-nário Internacional dos Escritôres Contem-porâneos.

Esta obra, que representa um longo e colossal trabalho, e que é escrita em fran-cês, na língua mais generalizada, constitue uma nova consagração dos largos méritos do seu ilustre autôr, o conde Angelo de Gubernatis, uma das maiores notabilida-des literárias da Itália e da Europa con-temporânea.

Em Portugal, onde a literatura italia-na, aliás irman da nossa, é escassamente conhecida, e agora que todas as bibliote-cas do mundo culto estão necessariamen-te adquirindo o mais completo e mais minuciôso diccionário bibliográfico dos tempos modernos, afiguram-se-me opor-tunas algumas breves indicações sobre a

brilhante personalidade do autôr do Dic-cionário Internacional.

Angelo de Gubernatis não conta ain-da cincoenta annos, e as suas obras, nota-bilissimas pela maior parte, contam-se já por centenares.

Oriundo de uma nobre familia pro-vençal, nasceu em Turim, em 1840, e ali se doutorou em lêtras, em 1861. Um ano depois, era enviado pelo govêrno italiano a Berlim, para proseguir nos seus estudos filológicos, sendo depois nomeado pro-fessor de sânscrito no Instituto dos Estu-dos Superiôres, de Florença.

Tão rapidamente crescêram os seus créditos de filólogo, que representou o govêrno em o congresso dos orientalistas de San-Petersburgo; e, convidado pela Taylorian Institution, foi a Inglaterra fa-zêr algumas prelecções sobre Manzoni,

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

88

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 88Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 88 17/05/2020 17:36:2017/05/2020 17:36:20

Page 19: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Angelo de Gubernatis Retrato fotográfico publicado em Angelo de Gubernatis, Fibra: Pagine di Ricordi, Roma: Forzani E.C. Tipografi del Senato, 1900.

ANGELO DE GUBERNATIS ( T u r i m , 1 8 4 0 — R o m a , 1 9 1 3 )

na universidade de Oxford. Fêz parte do congresso dos orientalistas em Berlim, percorreu os principaes países da Euro-pa, e fêz uma viagem á Índia, onde per-maneceu quase um ano, fundando no seu regresso o Museu Indiano, de Florença, de que é directôr, e a Sociedade Asiática italia-na, de que é presidente efectivo.

O rei Humberto agraciou-o com o ti-tulo de conde para êle e seus descenden-tes. Este titulo pertencêra aos chefes de dois extintos ramos da sua familia.

Além de numerosas condecorações, com que os govêrnos dos diferentes paí-ses têm revelado o altíssimo apreço e a admiração que o grande escritôr inspira, o conde de Gubernatis é membro das mais célebres academias scientificas e literárias, do velho e novo mundo, como a Socieda-de Real das Indias Neerlandêsas, a Socie-dade Asiática de Bombaim, a Sociedade Filosófica de Filadélfia, a Academia das Sciencias de Buda-Pesth, a Academia das Sciências de Belgrado, etc.

Poéta, dramaturgo, filólogo, jornalista, orientalista, crítico, o conde de Guberna-tis tem, nos últimos trinta anos, exercido tão diversamente, e tão fecundamente, a sua actividade literária e scientífica, que é hoje muito dificil, senão impossível, a sua bibliografia completa.

Pelos seguintes tópicos poderá entre-tanto julgar-se, ao menos, da excepcional actividade e das diversíssimas aptidões do célebre poligrafo:

De 1859 até hoje, tem fundado e redigi-do as seguintes revistas e jornaes: — Litera-tura Civil; Itália literária; Civilização Italiana; Revista Oriental; Revista Europeia; Boletim Italiano dos Estudos Orientaes; Cordelia; Revis-

ta Internacional; Jornal da Sociedade Asiática Italiana. A sua colaboração scientifica e li-terária encontra-se nas principaes revistas da Alemanha, França, Rússia, Inglaterra, Estados-Unidos, etc.

Escreveu para o teatro numerosos dra-mas ou tragédias, em prosa e em verso, como Sampiero, Werner, Crescencio, a Morte de Catão, o Rei Nala, Rómulo, etc. Algumas das suas peças foram representadas pelo célebre trágico Rossi, que Portugal têve ensejo de conhecêr e admirar, há anos.

Além das suas poesias soltas, novelas e folhetins, e além do que deixo aludido, são quase sem conta os seus trabalhos histo-rico-literários. Ocorrem-me os seguintes: Recordações biográficas; Alexandre Manzoni; Eustáquio Degola; Anuário da literatura; His-tória Universal da literatura, em 18 volumes.

Sem me detêr em mencionar as suas obras de folclorista, não farei ponto nesta ementa bibliográfica, sem citar a Vida e Mi-lagres do Deus Indra no Rig-Veda; a Mitologia zoológica, em inglês; o Manual das Mitologias comparadas; a Enciclopédia Indiana; a Hungria politica e social; Peregrinações Indianas…

Duas colunas de um jornal não basta-riam certamente para a simples resenha dos importantes documentos do fecun-díssimo talento e vastíssimo sabêr do conde de Gubernatis.

Com taes predicados, nada mais dis-pensável do que enaltecêr a autoridade que acompanha o Diccionário Internacio-nal, que se está publicando em Florença, nas celebradas oficinas de Nicolai.

O Diccionário, impresso em formato grande, a duas colunas, vai no fascículo ou volume 9.º e chega já a pág. 1:000, em que findam os nomes referentes á letra F.

an

ge

lo

de

gu

be

rn

at

is

89

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 89Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 89 17/05/2020 17:36:2017/05/2020 17:36:20

Page 20: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

O plano, além da sua enorme vastidão, porque abrange as literaturas actuaes de todos os povos cultos, diverge, quanto á forma, do conhecido Diccionário Biblio-gráfico de Innocencio. Neste último, os escritôres são distribuídos pela ordem dos nomes próprios, o que dificulta por vêzes a investigação, para quem não co-nheça por inteiro o nome dos escritôres, cuja noticia procura. No de Gubernatis, a distribuição é pelos apelidos.

Dá-se porém aqui uma circunstância curiosa, que, uma vêz ou outra, póde também dificultar o estudo da obra. O autôr, orientado fundadamente pelos processos da nomenclatura italiana e francêsa, supôs que em português a par-tícula de, ao precedêr alguns apelidos, seria parte integrante e inseparável de-les. Dessa forma, quando procuramos, por exemplo, o nome de Narciso de Lacerda, não só o não encontrâmos, na-turalmente na lêtra N, o que seria opôs-to ao plano, senão que também o não vemos na lêtra L. E contudo não é um nome omitido: encontra-se na letra D: De Lacerda.

Se estas despretenciosas linhas che-gassem á mão do conde de Gubernatis, eu pediria ao meu respeitável amigo e mestre que, nas edições subsequentes, — que as há de têr e muitas, — o Diccionário Internacional designasse os escritôres por-tuguêses pelos apelidos, sem precedência de particula. É uma simples questão de forma, mas de essencial importância em trabalhos lexicográficos.

Em França, diz-se Monsieur de La Martine; em Itália il signore De Gubernatis; mas em Portugal ninguém diz o senhôr de

Oliveira Martins, o senhôr de Barros Gomes, o senhôr de Alpoim.

E não me refiro ociosamente a este ponto, porque a obra de Gubernatis, abran-gendo a bibliografia de todos os povos que têm literatura, dá a Portugal quinhão largo na participação do preciôso inventário.

Largo talvez de mais, quanto ao nú-mero dos escritôres citados. Em obra de tal valor seria, creio eu, perfeitamente dispensável o registo da dramatologia de feira e do que nós chamamos literatura de cordel. E assim, muito naturalmente, e sem aduzir mais que um exemplo, os nossos brios nacionaes não se lisonjeiam extraordinariamente, quando vemos men-cionado, a par de Teófilo Braga, de Antó-nio Ennes, de Gomes de Amorim, e de outros, justamente considerados, o es-critor dramático Pedro Carlos de Alcântara Chaves!

Estes senões, quase inevitáveis num diccionário internacional de biografias, evidentemente não promanam do mau critério do autôr, mas da necessidade do recebêr quaesquer informações que póde obtêr, e que nem sempre procedem de fonte insuspeita e autorizada.

As dificuldades, com que lutam os nossos autores de bibliografias nacionaes, explicam e atenuam as deficiências ou de-masias que se notem em trabalhos estra-nhos, alusivos a coisas nossas: e, em vista das inexatidões e da ignorância, com que os escritôres estrangeiros vulgarmente se ocupam de coisas portuguêsas, devemos congratular-nos vivamente, pela relativa exactidão e lisonjeira minuciosidade, com que o conde de Gubernatis fala dos nossos escritôres contemporâneos.

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

90

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 90Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 90 17/05/2020 17:36:2017/05/2020 17:36:20

Page 21: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Os leves reparos, que o Diccionário Internacional possa sugerir á crítica, são amplamente resgatados e compensados pelo inconteslável e extraordinário valôr da obra, no seu conjunto.

O immortal Daniel Sterne1, fazendo justiça inteira ao conde de Gubernatis, e vendo que um dos grandes objectivos da vida intelectual deste grande lutadôr tem sido o tornar mais conhecida a Itália no estrangeiro e o estrangeiro na Itália, dizia que Gubernatis é um excelente fio condutôr entre a França e a Itália, mas não disse tudo: o autor do Diccionário Internacional tornou-se, com esta obra, um excelente fio

1 Daniel Sterne é o pseudónimo da escritora e historiadora francesa Marie Catherine Sophie de Flavigny, Condessa d’Agoult (1805-1876). O Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis possui uma entrada sobre Sterne em «Flavigny, Maria de», referindo o seu «talento raro, revelando ideias vivas e audaciosas, não só em literatura, mas também em arte, em história, em filosofia e em política», e destacando as suas obras Ensaio sobre a Liberdade Considerada como Princípio e Fim da Actividade Humana (1846), Cartas Republicanas (1848), História da Revolução de 1848 (1851) e Dante e Goethe (1866), das quais não parece existir qualquer edição portuguesa (A. Lopes de Oliveira; Mário Gonçalves Viana, Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, Porto: Lello & Irmão, 1967).2 As informações biográficas de Angelo de Gubernatis presentes no texto de Cândido de Figueiredo foram parcialmente adaptadas da entrada referente ao próprio no Dictionnaire internationale des écrivains du jour, Dir. Angelo de Gubernatis, Florença: Louis Niccolai, 1888-1891, pp. 787-788.

condutôr entre os escritores de todos os po-vos civilizados. Fazendo alfabeticamente, e com a possível larguêza, a história geral de todas as literaturas contemporâneas, estabelece o mais estreito e fecundo laço intelectual e moral entre milhares de es-critôres que, reciprocamente, nem de nome se conheciam até hoje.

É natural pois que o conde de Guber-natis, além da consciência do seu mérito, que é o primeiro e o maior galardão para os espíritos superiôres, logre o aplauso afectuôso e franco de todas as nações em que se escreve e se pensa.’

[«O Conde de Gubernatis (1889)», in Cândido de Figueiredo, Figuras Literárias: Nacionaes e Estrangeiras (Perfis e Medalhões), Lisboa: Livraria Editora Viúva

Tavares Cardoso, 1906, pp. 29 -332]

an

ge

lo

de

gu

be

rn

at

is

91

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 91Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 91 17/05/2020 17:36:2117/05/2020 17:36:21

Page 22: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

AGRADECIMENTOS

Só foi possível publicar este livro porque tivemos o apoio do projecto «Textos e Contextos do Orientalismo Português: Congressos Internacionais de Orientalistas (1873 -1973)», coordenado por Marta Pacheco Pinto, na Faculdade de Letras da Uni-versidade de Lisboa. Gostaríamos assim de deixar o nosso agradecimento à Marta, pela partilha dos materiais do projecto, particularmente os perfis biográficos de Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho e Guilherme de Vasconcelos Abreu1; pela escolha das tradutoras e acompanhamento de todo o processo de tradução e edi-ção das cartas; pela supervisão das questões burocráticas, bem como pelas dicas e sugestões pertinentes.

Quando a Filipa Lowndes Vicente fez investigação no Arquivo Gubernatis (em vários momentos entre 2000 e 2008), teve o apoio das arquivistas Paola Pirolo e Roberta Masini. Quando, muitos anos mais tarde, voltámos a contactar a secção de Manuscritos da Biblioteca de Florença, já no âmbito da publicação deste livro, Paola Pirolo reformara -se e foi Roberta Masini quem nos ajudou muito no processo de iden-tificar e reproduzir as novas cartas que, entretanto, tinham sido classificadas (mas não se encontravam disponíveis no catálogo online da Biblioteca).

Gostaríamos de assinalar o profissionalismo e agradecer a diligência da Biblio-teca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada na obtenção das cópias digitais do fundo de Teófilo Braga. Do mesmo modo, agradecemos o apoio prestado na Biblio-teca Nacional de Portugal para acedermos às cartas de Gubernatis no espólio de Oliveira Martins, no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea. Agradecemos também as informações transmitidas pela Dr.ª Susana Marques, e à Dr.ª Ana Cunha, do Arquivo Histórico da Academia das Ciências de Lisboa.

A Marta Rosa e a Sónia Miceli são as responsáveis pelas traduções do francês e do italiano, que tanto beneficiaram esta edição. O Shiv Kumar Singh, investigador e pro-fessor no Centro de Estudos Indianos da Faculdade de Letras da Universidade de Lis-boa, deu -nos uma ajuda preciosa nas cartas em que Guilherme de Vasconcelos Abreu incluía várias palavras em sânscrito. A Carlos Silveira agradecemos a transcrição de

1 Disponíveis na página do projecto — http://tecop.letras.ulisboa.pt — e no volume coordenado por Marta Pacheco Pinto, A Participação Portuguesa nos Congressos Internacionais de Orientalistas (1813 -1973): Textos e contextos, Lisboa, Húmus, 2019.

ag

ra

de

cim

en

to

s

253

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 253Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 253 17/05/2020 17:36:4817/05/2020 17:36:48

Page 23: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

algumas das cartas. Daniel Pires, especialista em Bocage e coleccionador de foto-grafias e gravuras de escritores, emprestou -nos várias das imagens que se reprodu-zem neste livro. Fica aqui o nosso reconhecimento. O Vasco Rosa beneficiou muito os nossos textos introdutórios com a sua atenta revisão. À equipa da Tinta -da -china — Rute Paiva, Vera Tavares, Pedro Serpa, Inês Hugon e Catarina Homem Marques — o nosso agradecimento pelo óptimo trabalho no desenho da capa, na paginação e na revisão dos textos. Agradecemos por fim a todas as pessoas que nos foram aju-dando com sugestões diversas, nomeadamente Joana B. Vieira da Silva, Luís Farinha Franco, Lourenço Correia de Matos, Afonso Dias Ramos e Catarina Almada, bisneta do Almada Negreiros, que neste livro referimos.

lit

er

at

ur

a e

or

ien

ta

lis

mo

254

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 254Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 254 17/05/2020 17:36:4817/05/2020 17:36:48

Page 24: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

foi composto em caracteres Hoefler Text e Verlag,

e impresso pela Eigal, Indústria Gráfica,sobre papel Coral Book

de 90 gramas, em Setembro de 2019.

LITERATURA E ORIENTALISMO

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 255Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 255 17/05/2020 17:36:4817/05/2020 17:36:48

Page 25: Literatura e OrientalismoE ORIENTALISMO Cartas de Escritores Portugueses a Angelo de Gubernatis (1877-1912) Filipa Lowndes Vicente Ana Rita Amaral lisboa tinta-da-china MMXIX Cartas

Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 256Cartas de Orientalistas_PAG_14_21.indd 256 17/05/2020 17:36:4817/05/2020 17:36:48