lenin- 3 textos
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LENINE
SOCIALISM O PEQUENO-B URGUS
E SOCIALISM O PROLETRIO
ACERCA DOS COMPROMISSOS
ACERCA DA COOPERAO
C A D E R N O S O P E R R I O V E R M E L H O
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SOCIALISMO PEQUENO-BURGUSE SOCIALISMO PROLETRIO
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ACERCA DOS COMPROMISSOS
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ACERCA DA COOPERAAO
E D I T O R I A L M I N E R V A
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EDITORIAL MINERVA
Rua L uz Soriano, 31-33 L isboa, P ortugal
Traduo:
Adelino dos Santos Rodrigues
1 ed i o : M a i 19 75
Composto e impresso nas oficinasgrficas da Editorial Minerva Rua da Alegria, 30 LI SBOA
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SOCIALISMO PEQUENO-BURGUSE SOCIALISMO PROLETRIO
Entre as diversas doutrinas do socialismo, o marxismo adquiriu actualmente completo predomnio naEuropa e a luta pela implantao' do regime socialista trava-se quase integralmente como- uma lutada classe operria dirigida pelos partidos sociais--democratas. Mas este completo predomnio do
socialismo proletrio, baseado na doutrina do marxismo, no se consolidou de repente, mas sim depoisde luta prolongada contra todas as doutrinas retrgradas, contra o socialismo pequeno-burgus, oanarquismo, etc. H cerca de trinta anos, o marxismoainda nem sequer predominava na Alemanha, onde
prevaleciam, para falarmos com propriedade, opinies de transio, mistas, eclcticas, entre o socialismo pequeno-burgus e o socialismo proletrio.E nos pases latinos, em Frana, em Espanha, naBlgica, as doutrinas mais difundidas entre os operrios avanados eram o proudhonismo, o blanquismo
e o anarquismo, que exprimiam claramente o ponto de vista do pequeno-burgus e no do proletariado.
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A que se deve esta rpida e completa vitria domarxismo, precisamente nos ltimos decnios? Todaa evoluo, tanto econmica como poltica, das sociedades contemporneas, e toda a experincia do
movimento revolucionrio e da luta das classes oprimidas, confirmaram cada vez mais a justeza dasidias marxistas. A decadncia da pequena burguesia trar consigo inevitavelmente, mais tarde oumais cedO', o desaparecimento de todos os preconceitos pequeno-burgueses. A evoluo do capitalismo e
a agudizao da luta de classes no seio' da sociedadecapitalista foram a melhor agitao em prol dasidias do socialismo proletrio.
O atraso' da Rssia explica logicamente a grandeconsistncia que tm no nosso pas diversas doutrinas retrgradas do socialismo. Toda a histria do
pensamento revolucionrio russo durante o ltimoquarto de sculo a histria da luta do marxismocontra o socialismo populista pequeno-burgus, E seo rpido crescimento e os xitos surpreendentes domovimento operrio russo tambm j deram ao marxismo a vitria na Rssia, por outro lado o desenvolvimento de um movimento campons indubita
velmente revolucionrio sobretudo depois dosclebres levantamentos camponeses de 1902 naPequena Rssia suscitou certa reanimao dopopulismo1senil e decrpito. O velho- populismo,remoado peto oportunismo europeu em moda (o re-visionismo, o bernsteinismo e a crtica da teoria de
Marx), constitui toda a bagagem ideolgica original
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dos chamados socialistas revolucionrios. Da omotivo por que a questo camponesa ocupa o lugarprincipal nas disputas dos marxistas, tanto com os
populistas puros como com os socialistas revolucionrios.
O populismo foi at certo ponto uma doutrinaperfeita e conseqen te. N egava-se odomnio do capitalismo na Rssia; negava-se o papel dos operriosfabris como lutadores avanados de todo o proleta
riado ;negava-se a importncia da revoluo polticae da liberdade poltica burguesa; apregoava-se arevoluo socialista imediata, baseada na comunidade camponesa com a sua pequena propriedade. Detoda esta doutrina completa hoje s restam fragmentos. Mas para compreender conscientemente asdisputas presentes e impedir que se convertam emguerra aberta necessrio ter sempre em conta asbases populistas gerais e fundamentais dos desvioscometidos pelos nossos socialistas revolucionrios.
O homem do futuro, na Rssia, o mujique, pensavam os populistas, e esta opinio inferia-se inevitavelmente da confiana no carcter socialista da
comunidade rural e da desconfiana nos destinos docapitalismo. O homem do futuro, na Rssia, ooperrio, pensavam os marxistas, e a evoluo docapitalismo russo, tanto na agricultura como naindstria, confirma cada vez mais as suas opinies.O movimento operrio na Rssia obrigou agora a
reconhecerem-no; pelo que se refere ao movimentocampons, todo* o abismo existente entre o populismo
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e o marxismo continua a manifestar-se at este momento na diferente compreenso deste movimento.Para o populista, o movimento campons refuta precisamente o marxismo, um movimento a favor da
revoluo* socialista imediata, no reconhece nenhumaliberdade poltica burguesa, no parte da grandeeconomia, mas sim da pequena. Para o populista, emsuma, o movimento campons um movimento verdadeiramente socialista, autntica e directamentesocialista. A f populista na comunidade rural e o
anarquismo populista explicam por completo a inevitabilidade destas concluses.
Para o marxista, o movimento campons precisamente um movimenta no socialista e siim democrtico. na Rssia, como aconteceu noutros pases,um acompanhante indispensvel da revoluo demo
crtica, burguesa devido ao seu contedo econmico--social. Esse movimento no se orienta absolutamente nada contra as bases do regime burgus,contra a economia mercantil, contra o capital. Pelocontrrio, orienta-se contra as velhas relaes deservido pr-capitalistas no campo e contra a propriedade agrria latifundiria como principal pontode apoio de todas as sobrevivncias do regime deservido. Por isso, a vitria completa de tal movimento campons no eliminar o capitalismo, antespelo contrrio criar uma base mais ampla para oseu desenvolvimento, acelerar e agudizar a evoluo puramente capitalista. A vitria completa de
uma insurreio camponesa s pode criar um ba
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luarte da repblica democrtica burguesa, em queprecisamente se desenvolver pela primeira vez emtoda a sua pureza luta do proletariado contra a
burguesia.So, pois, estas as cluas opinies antagnicas quedeve compreender com clareza quem desejar orien-tar-se no abismo que separa no campo dos princpiosos socialistas revolucionrios e os sociais-democra-tas. Segundo uma opinio, o movimento campons socialista; segundo outra, um movimento demo-crtico-burgus. Por aqui se pode ver a grandeignorncia de que do mostras os nossos socialistasrevolucionrios ao repetirem pela centsima vez(comparemos, por exemplo, o n. 75 do Revolutsion-naya Rossia) que algumas vezes os marxistas ortodoxos ignoraram (no quiseram saber para nada)
a questo> camponesa. S existe um meio de lutarcontra semelhante ignorncia supina: repetir o ABC,expor as velhas idias consequentemente populistas,indicar pela centsima ou milsima vez que a diferena verdadeira no consiste no desejo ou na faltade desejo de ter em conta a questo camponesa, no
seu conhecimento ou omisso, mas sim na diferenteapreciao do presente movimento campons e daactual questo camponesa na Rssia. Quem diz queos marxistas fizeram caso omisso da questo camponesa na Rssia , em primeiro lugar, um perfeitoignorante, pois as principais obras dos marxistas
russos, a comear pelo livro de Plekhanov intituladoAs N ossas D iscrepncias,publicado h mais de vinte
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anos, foram primordialmente dedicadas a explicar ocarcter errneo das idias populistas na questocamponesa russa. Em segundo lugar, quem diz que osmarxistas fizeram caso omisso da questo campo
nesa demonstra a sua tendncia para fugir apreciao completa da verdadeira discrepncia de princpio : ou no democrtico-burgus o actual movimentocampons? Est ou no est orientado, pelo seusignificado objectivo, contra os restos do regime daservido ?
Os socialistas revolucionrios nunca deram, nempodem dar, uma resposta clara e exacta a esta pergunta, pois perdem-se irremediavelmente entre avelha opinio populista e a actual opinio' marxistaacerca do problema campons na Rssia. Os marxistas dizem que os socialistas revolucionrios mantm o ponto de vista da pequena burguesia (e denominam-nos idelogos da pequena burguesia) precisamente porque estes no conseguem desembaraar-se das iluses pequeno-burguesas, das fantasiasdo populismo, na apreciao do movimento campons.
A est porque nos vemos obrigados a repetir ob--b. A que aspira o actual movimento campons
na Rssia? terra e liberdade. Que significadoter a vitria completa deste movimento? Ao conseguir a liberdade, acabar com o domnio dos latifundirios e dos funcionrios na administrao doEstado. Ao conseguir a terra, entregar aos camponeses as terras dos latifundirios. Acabar com a
economia mercantil a liberdade total e a expropria-
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o total dos latifundirios (confiscao das suasterras) ? No, no acabar com ela. Acabar a liberdade total e a expropriao total dos latifundirioscom as propriedades camponesas individuais na terra
comunal ou na terra socializada? No, no acabarcom elas, Acabar a liberdade total e a expropriaototal dos latifundirios com o profundo abismo existente entre o campons rico, dono de muitos cavalose vacas, e o trabalhador rural, o jomaleiro, querdizer, entre a burguesia rural e oproletariado agr
cola? No, no acabar com ele. Pelo contrrio,quanto maig completa for a derrota e a liquidaodo escalo superior (latifundirio), mais profundoter o desentendimento de classe entre a burguesiae o proletariado. Que importncia ter a vitria completa da insurreio camponesa no tocante ao seu
significado objectivo ? Essa vitria varrer por completo todos os restos do regime da servido, mas noacabar com o regime econmico burgus, no acabar com o capitalismo nem com a diviso da sociedade em classes, em ricos e pobres, em burguesia eproletariado. Por que motivo o actual movimentocampons um movimento democrtico-burgus?
Porque ao acabar com o poder dos funcionrios e doslatifundirios criar um regime democrtico na sociedade sem modificar a base burguesa dessa sociedadedemocrtica, sem pr termo ao domnio do capital.Qual deve ser a atitude do operrio consciente, dosocialista, perante o actual movimento campons?
Deve apoiar esse movimento, ajudar com a maior
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energia os camponeses, ajud-los at ao fim. a desembaraarem-se tanto do poder dos funcionrios comodo dos latifundirios. Mas ao mesmo tempo deveexplicar aos camponeses que no basta desembaraarem-se do poder dos funcionrios e dos latifundirios. Ao fazerem isso necessrio prepararem-se,simultaneamente, para destruir o poder do capital,o poder da burguesia. E para esse fim h que difundirsem demora a doutrina inteiramente socialista, querdizer, marxista, e unir, tornar coesos e organizar os
proprietrios agrcolas para a luta contra a burguesia camponesa e contra toda a burguesia daRssia. Pode o operrio consciente esquecer a lutademocrtica nas aras da luta socialista ou vice-versa?No, o operrio consciente chama-se social-demo-crata precisamente porque compreendeu a relao
existente entre uma e outra luta. Sabe que o nicocaminho para chegar ao socialismo passa pela democracia, pela liberdade poltica. Por isso busca a realizao completa e conseqente da democracia a fimde atingir o objectivo final, o socialismo. Porque noso iguais as condies da luta democrtica e da lutasocialista? Porque numa e noutra luta os operriostero infalivelmente aliados diferentes. Travam aluta democrtica juntamente com uma parte da burguesia, sobretudo da pequena burguesia. Travam aluta socialista contra toda a burguesia. A luta contraos funcionrios e os latifundirios pode e deveser travada juntamente com todos os camponeses,
incluindo os ricos e os remediados. E a luta contra
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a burguesia e portanto contra os camponeses ricoss pode ser travada com a maior segurana juntamente com o proletariado agrcola.
Se recordarmos toda estas verdades elementaresdo marxismo, a cuja anlise os socialistas revolucionrios preferem sempre fugir, dificilmente aceitaremos as suas seguintes objeces (novssimas)contra o marxismo.
S Al sabe, exclama o Revolu tsionnaya Rossia(n. 75), por que motivo era necessrio apoiar ocampons em geral contra o latifundirio e depois(quer dizer, ao mesmo tempo) o proletariado contrao campons em geral, em lugar de se apoiar de umavez o proletariado contra o latifundirio, e que temo marxismo a ver com tudo isso!
Isto constitui o
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ingnuo. E na Rssia temos diante dos olhos duaslutas diferentes de duas foras sociais diversas.O proletariado luta contra a burguesia em toda aparte onde existem relaes de produo capitalistas(e essas relaes existem seja dito para conhecimento dos nossos socialistas revolucionrios atna comunidade camponesa, quer dizer, na terra maissocializada, do seu ponto de vista). O campesinato,como camada de pequenos proprietrios da terra, depequenos burgueses, luta contra todos os restos do
regime da servido, contra os funcionrios e os latifundirios. S pessoas qua desconhecem em absolutoa economia poltica e a histria das revolues noMundo inteiro so capazes de no ver estas duasguerras sociais, diferentes e de natureza diversa.Fechar os olhos diferena destas duas guerras
recorrendo s palavras de uma vez significa esconder a cabea debaixo da asa e renunciar a toda aanlise da realidade.
Carecidos da integridade de opinies do velhopopulismo, os socialistas revolucionrios esqueceramat muitas coisa;-; da doutrina dos prprios populistas.
A.oajudar o campesinato a expropriar os lati
fundirios, escreve o Revolu tsi onm ya Rossia nomesmo artigo, o Sr. Lmine contribui inconscientemente para a instaurao da economia pequeno-burguesa sobre as runas de formas j mais ou menosevoludas de economia agrcola capitalista. No isso um passo atrs do ponto de vista do marxismo
ortodoxo?
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Tenham vergonha, meus senhores! Esqueceram-sedo seu prprio Sr. V. V.! Consultem a sua obraOs Desti n os do Capitali smo,os Ensaiosdo Sr. Niko-
lai-on e outros trabalhos que constituem a fonte dasua sabedoria e verificaro que a propriedade latifundiria russa contm em si aspectos capitalistase do regime da servido. Descobriro ento que existeo sistema de pagamento' em trabalho, essa reminis-cncia evidente do servio braal. E se alm disso
folhearem um livro marxista ortodoxo como o terceiro tomode 0 Capital,de Marx, encontraro l queo desenvolvimento da propriedade rstica baseadano servio braal e a sua transformao em capitalista no se efectuou em parte alguma, nem se podiaefectuar, a no ser atravs da propriedade camponesa pequeno-burguesa. Para denegrir o marxismo,os senhores procedem de uma maneira muito simples, h muito tempo desmascarada: atribuem aomarxismo a opinio simplista e caricatural da substituio directa da grande propriedade baseada noservio braal pela grande propriedade capitalista!Os senhores raciocinam assim: as colheitas dos lati
fundirios so maiores do que as dos camponeses;portanto, a expropriao dos latifundirios representa um passo atrs. Esse raciocnio de um prima-rismo confrangedor. Pensem, senhores, no terconstitudo um passo atrs separar a terra camponesa de pouco rendimento da dos latifundirios
de grande rendimento durante a queda do regimeda servido?
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A propriedade latifundiria moderna russa contmem si aspectos capitalistas e do regime da servido.A luta actual dos camponeses contra os latifundirios , pelo seu -significado objectivo, uma luta contraos restos do regime da servido. Mas tentar contartodos os casos isolados e sopesar cada um deles,determinar com a preciso de uma balana de farmcia onde termina exactamente o regime da servido e comea o capitalismo puro, significa daparte dos senhores atriburem aos marxistas o seu
prprio pedantismo. No preo dos produtos comprados a um pequeno retalhista no podemos calcularque parte representa o valor criado pelo trabalho eque parte a especulao, etc. Significa isto, senhores, que se deva atirar pela borda fora a teoria dovalor criado pelo trabalho?
A propriedade latifundiria moderna contm em siaspectos capitalistas e do regime da servido. S ospedantes podem extrair disto a concluso de qe onosso dever consiste em sopesar, contar e inscrevercada aspecto em cada caso isolado, consoante o seucarcter social. S os utopistas podem extrair disto-
a concluso de que no h nenhuma razo paradiferenciarmos as duas lutas sociais distintas. O quese depreende disto, na realidade, a concluso eunicamente esta concluso de que tanto no nossoprograma como na nossa tctica devemos juntar aluta puramente proletria contra o- capitalismo lutademocrtica geral (e camponesa geral) contra a
servido.
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Quanto mais desenvolvidos estiverem os aspectoscapitalistas da moderna propriedade latifundiriade semi-serviao, tanto mais imperiosa ser a necessidade de organizar independentemente' o proletariadoagrcola, pois maior ser a rapidez com que aparecer em cena, durante qualquer confiscao, o antagonismo puramente capitalista ou puramente proletrio. Quanto mais acentuados forem os aspectoscapitalistas da propriedade latifundiria, tanto maisrapidamente a confiscao democrtica levar
verdadeira luta pelo socialismo e portanto mais perigosa ser a "falsa idealizao da revoluo democrtica efectuada com o auxlio do palavro socializao. Aqui tm a concluso que se extrai do entrelaamento do capitalismo com o regime da servidona propriedade latifundiria.
Portanto, h que ligar a luta puramente proletriacom a luta camponesa geral, mas sem as confundir.H que apoiar a luta democrtica geral e a luta camponesa geral, mas sem de modo algum fundir comaquela esta luta, que no de classes, sem a idealizarcom palavres falazes como socializao, sem esquecer um s momento a organizao do proletariadourbano e do proletariado agr colanum partido social--democrata classista completamente independente.Ao apoiar at ao fim o mais decidido democratismo,esse partido no se deixar desviar do caminho revolucionrio por sonhos reaccionrios e experinciasde igualitarismios na economia mercantil. Hoje, os
camponeses travam com os latifundirios uma luta
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revolucionria; no momento actual da evoluoeconmica e poltica, a confiscao das terras doslatifundirios revolucionria em todos os sentidos*
e ns apoiamos essa medida revolucionrio-democrtica. Mas chamar socializao a tal medida,enganarmo-nos a ns prprios e enganarmos o povocom a possibilidade do usufruto igualitrio do solona economia mercantil, constitui uma utopia reaccio-nria pequeno-burguesa que deixamos aos socialistasreaccionrios.
Proletari, n .24, d e 7 de N ovem br o (25 d e O u tu br o) d e 1905.
T . 12, pgs. 39-48.
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ACERCA DOS COMPROMISSOS
Em poltica, chama-se compromisso concessofeita em certas circunstncias, renncia a uma
parte das prprias reivindicaes, em virtude de umacordo com outro partido.
A ideia que o vulgo tem habitualmente! acerca dosbolcheviques, sustentada pelas calnias da imprensa,consiste em que estes nunca se prestam a compromisso algum com ningum.
Tal ideia lisonjeira para ns, como partido doproletariado revolucionrio, pois demonstra que atos inimigos se vem obrigados a reconhecer a nossafidelidade aos princpios fundamentais do socialismoe da revoluo. Mas, apesar de tudo, h que dizera verdade: essa ideia no corresponde aos factos.
Engels tinha razo quando na sua crtica ao manifesto dos blanquistas da Comuna (no ano de 1873)ridicularizava a declarao destes: Nenhum compromisso! Isto no passa de uma frase, dizia ele,pois os compromissos de um partido em luta soamide inevitavelmente impostos pelas circunstncias e absurdo renunciar de uma vez para semprea cobrar a dvida em. prestaes. O dever de um
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partido autenticamente revolucionrio no consisteem proclamar impossvel a aceitao de qualquercompromisso, mas sim em saber cumprir fielmenteatr avs e todos os com prom issos na medida em
que sejam inevitveisos deveres impostos pelosseus princpios, pela sua classe, pela sua misso revolucionria, pela sua obra de preparar a revoluoe educar as massas populares para o triunfo darevoluo.
Por exemplo: participar na I I I e IV Duma era um
compromisso, uma renncia temporria s reivindicaes revolucionrias. Mas era um compromissoabsolutamente foroso, pois a correlao de forasaconselhava-nos a pr de parte, durante certo tempo,a luta revolucionria de massas, e para a sua amplapreparao era necessr io saber trabalhar at da
par te e den tr o de semelhante estbulo. E a histria demonstrou que era correcto os bolcheviques,como partido, colocarem o problema em tais termos.
Agora, o problema imediato no um compromissoimposto e sim um compromisso voluntrio.
O nosso Partido, como qualquer outro partidopoltico, aspira a conquistar o domnio' polticopara si.A nossa meta a ditadura do proletariadorevolucionrio. Seis meses de revoluo confirmaramcom extraordinria clareza, fora e eloqncia a justeza e a inevitabilidade de tal exigncia, precisamente no interesse da revoluo em vi sta, pois opovo no pode obter doutro modo nem uma paz
democrtica, nem a terra para os camponeses, nem
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completa liberdade (uma repblica inteiramentedemocrtica). O curso dos acontecimentos no meioano da nossa revoluo, a luta de classes e dos partidos, a evoluo das crises de 20-21 de Abril, 9-10e 18-19 de J unho, 3-5 de J ulho e 27-31 de Agostodemonstraram e revelaram que era assim.
Agora verificou-se na revoluo russa uma viragem to brusca e original que, como partido, podemospropor um compromisso voluntrio, certo que no
burguesia, nosso directo e principal inimigo declasse, mas sim aos nossos adversrios mais prximos, os principais partidos da democracia pequeno--burguesa, os eseristas e os mencheviques.
Como uma mera excepo, apenas forados poruma situao especial que, evidentemente, se man
ter to-s durante pouco tempo, podemos proporum compromisso a esses partidos e, na minha opinio, devemos faz-lo.
um compromisso da nossa parte regressar snossas reivindicaes anteriores a J ulho: todo opoder aos Sovietes, formao de um governo de ese-ristas e mencheviques responsvel perante osSovietes.
Agora, s agora, e talvez apenas durante poucosdias ou por uma ou duas semanas, seria possvelconstituir e firmar de modo absolutamente pacficoum governo desse gnero. Muito provavelmente,poder-se-ia ter como certo um movimento' pacfico
de avano de toda a revoluo russa e oferecer-se-iamextraordinrias possibilidades de o movimento mun-
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dil avanar a passos largos para a paz e para otriunfo do socialismo.
S em nome desta evoluo pacfica da revoluo possibilidadeextraordinariamenterara na Histriae extraordinariamente valiosa, excepcionalmenterara , s em nome dela podem e devem,' em meuentender, os bolcheviques partidrios da revoluomundial e dos mtodos revolucionrios aceitar semelhantes compromissos.
O compromisso consistiria em os bolcheviques, sem
pretenderem participar no governo (coisa impossvelpara um internacionalista enquanto se no realizaremefectivamente as condies da ditadura do proletariado e dos camponeses pobres), renunciarem a exigirimediatamente a entrega do Poder ao proletariadoe aos camponeses pobres e a pr em prtica os m
todos revolucionrios de luta por essa reivindicao.A condio, de per si evidente e que no representaria novidade alguma para os eseristas e os men-cheviques, seria a plena liberdade de agitao e aconvocao da Assembleia Constituinte, sem novasdilaes e at num prazo mais breve.
Como bloco governamental, os mencheviques e oseseristas consentiriam (na hiptese de se concretizar o compromisso) em formar um governo inteirae exclusivamente responsvel perante os Sovietes epassariam para as mos destes todo o Poder tambmnas provncias. Nisso consistiria a nova condio.Penso que os bolcheviques no proporiam outras con
dies, confiados em que uma verdadeira e completa
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liberdade de agitao e a imediata aplicao de novosprincpios democrticos na composio dos Sovietes(novas eleies) e no seu funcionamento garantiriam de per si a evoluo pacfica da revoluo epor iam prati cam en te fims lutas partidrias no seiodos Sovietes.
Talvez isto sejajimpossvel? Talvez. Mas nocaso de existir ainda que seja apenas uma probabilidade em cem, valeria a pena tent-lo.
Que ganhariam ambas as partes contratantes,
quer dizer, os bolcheviques por um lado e o bloco doseseristas e mencheviques por outro, com este compromisso? Se nenhuma das duas partes ganhassenada, seria necessrio reconhecer a impossibilidadedo compromisso e ento no valeria a pena falarmais nele. Mas, por mais difcil que seja agora
(depois de J ulho e Agosto, dois meses que eqivalema duas dcadas de um perodo pacfico e sonolento) esse compromisso, parece-me que existe umapequena probabilidade de o pr em prtica, e essaprobabilidade dada pela deciso dos eseristas e dosmencheviques de no entrarem num governo de quefaam parte os democratas constitucionalistas.
Os bolcheviques ficariam a ganhar, pois obteriama possibilidade de realizar com absoluta liberdade apropaganda das suas opinies e de, em condiesefectiva e inteiramente democrticas, procuraremconquistar influncia nos Sovietes. Por palavras,todos reconhecem hoje essa liberdade aos bolche
viques; mas na prtica ela im possvel com um
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governo burgus ou em que participe a burguesia,com um governo que no seja sovitico. Com umgoverno sovitico essa liberdade seria possvel (nodizemos garantida com segurana, mas sim possvel).Por essa possibilidade valeria a pena decidirmo-nos,num momento to difcil, por um compromisso coma maioria actual dos Sovietes. Numa verdadeirademocracia, nada temos a recear, pois a vida estconnosco e at a forma como se desenvolvem ascorrentes dentro dos partidos dos eseristas e dos
mencheviques, que nos so hostis, confirma queestamos no caminho certo.
Os mencheviques e os eseristas tambm ficariama ganhar ao receberem imediatamente a plena possibilidade de realizar o programa doj seubloco, apoiando-se com conhecimento de causa na enorme maioria
do povo e garantindo-se a utilizao pacfica dasua maioria nos Sovietes.
Claro que desse bloco heterogneo por ser blop,e tambm porque a democracia pequeno-burguesa sempre menos homognea do que a burguesia e doque o proletariado se ergueriam provavelmente
duas vozes.Uma voz diria: o nosso caminho no coincide denenhum modo com o dos bolcheviques, com o do proletariado revolucionrio. De todas as maneiras esteexigir mais do que a conta e arrastar demagogiea-mente os camponeses pobres. Exigir a paz e o rompimento' com os aliados. Isso impossvel. Estamos
mais identificados e mais seguros com a burguesia,
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porque no noseparmos dela, apenas nos desentendemos durante algum tempo e unicamente devidoao incidente Kornilov. Zangmo-nos, mas acabaremos por nos reconciliar. De resto, os bolcheviques
no nos fazem nenhuma concesso, visto os seusplanos de insurreio estarem de todos os modoscondenados derrota, como a Comuna de 1871.
Outra voz diria: a referncia Cbmuna muitosuperficial e at estpida, porque, em primeiro lugar,os bolcheviques alguma coisa aprenderam desde 1871e agora no deixariam de se apoderar dos bancosnem hesitariam em marchar sobre Versalhes ; e emtais condies at a Cbmuna poderia ter triunfado.Alm disso, a Comuna no podia oferecer imediatamente' ao povo tudo o que lhe podero oferecer osbolcheviques se obtiverem o Poder, ou seja: a terrapara os camponeses, a proposta imediata da paz,
controlo efectivo da produo, paz honesta com osUcranianos e com os Finlandeses, etc. Falando emtermos vulgares, os bolcheviques tm dez vezes maistrunfos nas mos do que a Comuna. Em segundolugar, a Comuna significa de todos os modos umapenosa guerra civil, tuna prolongada interrupo do
desenvolvimento cultural pacfico depois dela, facilita as operaes e as manobras de todos os sucessores de Macmahon e Kornilov e tais operaesameaam toda a nossa sociedade burguesa. Sersensato correr o risco da Cbmuna?
Mas a Comuna ser inevitvel na Rssia se no
tomarmos o Poder, se as coisas continuarem na
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mesma situao difcil em que estiveram de 6 deMaio a 31 de Agosto. Todo o operrio e soldado revolucionrio pensar inevitavelmente na Comuna, ter
f nela, tentar inevitavelmente p-la em prtica,raciocinando assim: o povo morre, a guerra, a fomee a runa prossegue a sua marcha. A salvao resideapenas na Comuna. Pereceremos, morreremos todos,mas faremos da Comuna uma realidade.
Tais pensamentos so inevitveis nos operrios e
desta vez no se conseguir vencer a Comuna tofacilmente como em 1871. A Comuna russa ter emtodo o Mundo aliados cem vezes mais fortes do queem 1871... Ser sensato corrermos o risco daCbmuna ?
Tambm no posso concordar que, no fundo, os
bolcheviques no nos concedam nada com o seu compromisso, pois em todos os pases civilizados os ministros inteligentes atribuem grande valor a qualqueracordo, por pequeno que seja, com o proletariado,durante a guerra. Reconhecem-lhe uma importnciamuito, muito grande. Trata-se de gente prtica, de
autnticos ministros, De resto, os bolcheviques fortalecem-se com bastante rapidez, apesar das represses, apesar da fraqueza da sua imprensa... Sersensato corrermos o risco da Comuna?
Temos uma maioria garantida e ainda no estassim to prximo o despertar do campesinato pobre ;
temos tempo suficiente. No creio que a maioria sigaos extremistas num pas essencialmente agrcola.
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E contra uma maioria segura, numa repblica verdadeiramente democrtica, a insurreio impossvel.
Assim falaria a segunda voz.
Talvez se encontre uma terceira voz entre algunspartidrios de Martov ou de Spiridonova, que diga:indigna-me, camaradas, que ao raciocinarem acercada Comuna e da possibilidade da sua existnciaambos se coloquem sem hesitar ao lado dos seusadversrios, um de uma forma e o outro de outra,mas ambos do lado dos que esmagaram a Comuna.
No irei fazer agitao pela Comuna, no posso prometer de antemo que combaterei nas suas fileiras,como far qualquer bolchevique, mas apesar dissodevo dizer que se a Comuna surgir a despei to dosmeus esforos, mais depressa ajudarei os seus defensores do que os seus adversrios...
A discordncia no bloco grande e inevitvel,pois na democracia pequeno-burguesa est representado um mundo de matizes, desde um perfeito burgus absolutamente ministrvel at um semimendigoainda no completamente apto a adoptar o ponto devista do proletariado. E ningum sabe qual ser em
cada momento dado o resultado dessa discordncia.
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As linhas precedentes foram escritas na sexta--feira, dia 1 de Setembro, e devido a circunstnciascasuais (a Histria dir que no tempo de Kerenskinem todos os bolcheviques tinham o direito de fixar
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livremente a sua residncia) no chegaram redaco nesse mesmo dia. E depoisi de ler os jornais desbado e de hoje, digo para comigo: talvez seja demasiado tarde para propor um compromisso. Talvez
tenham passado tambmos poucos dias em queaindaera possvel uma evoluo pacfica. Sim, tudo indicaque j passaram. De uma maneira ou de outra,Kerenski afastar-se- dopartido eserista e doseseristas e firmar-se- com o auxlio dos burgueses, sem,os eseristas, graas inaco destes... Sim, tudo
indica quejpassaram os dias em que seria ocasionalmente possvel o caminho da evoluo pacfica.S me resta enviar estas notas redaco e pedir--lhe que as intitule assim: Pensam en tos Tar di os...s vezes, talvez possa ter certo interesse conheceralguns pensamentos tardios.
3 de Setembro de 1917.
E scr i to em 1-3 (14-16) d e S etem br o e 1917.
P u bl i cad o em 19 (6 ) e S etem br o e 1917 no n. 3 d e Rabochi Put.A ssi n a d o: N . Ln i n e. T . 25 , pgs. 282-287.
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ACERCA DA COOPERAO
I
Parece-me que no prestamos suficiente ateno cooperao. pouco provvel que todos compreendam que a partir da Revoluo de Outubro e independentemente da Nep (pelo contrrio, neste sentidodever-se-ia dizer: precisamente graas Nep) acooperao adquire no nosso pas uma importnciaverdadeiramente extraordinria. Nos sonhos dos
velhos cooperadores h muita fantasia. So com frequncia cmicos, pelo que tm de fantsticos. Masem que consiste o seu carcter fantstico? No factode as pessoas no compreenderem a importnciafundamental, essencial, da luta poltica da classeoperria para aniquilar o domnio dos exploradores.
Agora j um facto esse aniquilamento, e muito doque parecia fantstico, mesmo romntico e at trivialnos sonhos dos velhos cooperadores, converte-senuma realidade sem artifcios.
Cbm efeito, sendo a classe operria senhora dopoder do Estado no nosso pas e pertencendo a esse
poder estatal todos os meios de produo, na rea
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lidade s nos resta a tarefa de organizar a populao em cooperativas. Conseguindo a mxima organizao dos trabalhadores em cooperativas, atingepor si mesmo o seu objectivo aquele socialismo quedantes provocava zombarias justificadas, sorrisose uma atitude de desprezo por parte daqueles queestavam convencidos, e com razo, da necessidadeda luta de classes, da luta pelo poder poltico, etc.Ora bem, nem todos os camaradas se do conta daimportncia gigantesca e incomensurvel que adquireagora para ns a organizao cooperativa na Rssia.Cm a Nep fizemos uma concesso ao campons nasua qualidade de comerciante, uma concesso ao princpio do comrcio privado; precisamente da queemana (ao contrrio do que alguns julgam) a importncia gigantesca da cooperao. No fundo, tudo o
que necessitamos organizar em cooperativas apopulao russa, num grau suficientemente amploe profundo, durante a dominao da Nep, pois agoraencontrmos o grau de conjugao dos interessesparticulares, dos interesses comerciais privados, comos interesses gerais, os mtodos de comprovao e
controlo dos interesses particulares pelo Estado e ograu da sua subordinao aos interesses gerais, oque anteriormente constituiu um escolho para muitossocialistas. Com efeito, todos os grandes meios deproduo em poder do Estado e o poder do Estadonas mos do proletariado ; a aliana desse mesmo
proletariado com milhes e milhes de pequenos e
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muito pequenos camponeses; a direco dos camponeses pelo proletariado, etc. no , porventura,tudo o que se necessita para edificar a sociedade
socialista completa, partindo da cooperao, e exclusivamente da cooperao, qual dantes chamvamosmercantilismo e agora, sob 9. Nep, merece tambm,de certo modo, o mesmo nome? No , porventura,isto tudo o que se torna indispensvel para edificara sociedade socialista completa? Isto no ainda
a edificao da sociedade socialista, mas o indispensvel e o suficiente para tal edificao.
Pois bem, esta circunstncia depreciada pormuitos dos nossos militantes dedicados ao trabalhoprtico. Entre ns sente-se menosprezo pela cooperao, sem se compreender a excepcional importncia
que tem, em primeiro lugar do ponto de vista dosprincpios (a propriedade dos meios de produo nasmos do Estado), e em segundo lugar do ponto devista da passagem a uma nova ordem de coisas pelocaminho mais sim p l es,. fci l e acessvel para ocampesimato.
E nisto, uma vez mais, reside o essencial. Umacoisa fantasiar sobre toda a espcie de associaesoperrias para a construo do socialismo e outra aprender na prtica a construir esse socialismo,de tal modo que cada pequeno campons possa colaborar nessa construo. Chegmos agora a esse
degrau, e indubitvel que, uma vez alcanado, oaproveitamos muito pouco.
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Ao passarmos Nep excedemo-nos, no no sentidode dedicarmos demasiado espao ao princpio daindstria e do comrcio livres, mas sim no sentidode que nos esquecemos da cooperao, no a consideramos agora o suficiente e comemos j a esquecera sua importncia gigantesca nos dois aspectos dosu significado atrs indicados.
Proponho-me agora conversar com o leitor acercado que se pode e deve fazer praticamente de momento,partindo desse princpio cooperativo. Com querecursos se pode e deve comear a desenvolver hojeesse princpio cooperativo, de tal modo que paratodos e para cada um seja evidente o seu significadosocialista?necessrio organizar politicamente a cooperao
de sorte que no s desfrute em todos os casos de
certas vantagens, mas tambm que estas sejam dendole puramente material (o tipo de juro bancrio, etc.). necessrio conceder cooperao crditos do Estado que superem, ainda que pouco, osconcedidos s empresas privadas, elevando-os inclusi-vamente at ao nvel dosi crditos destinados inds
tria pesada, etc.Qualquer regime social surge exclusivamente com
o apoio financeiro de determinada classe. Escusadoser recordar as centenas e centenas de milhes derublos que custou o desabrochar do livre capitalismo. Agora devemos compreender, para agirmos em
conformidade, que o regime social a que no presente
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devemos prestar apoio extraordinrio o regimecooperativo. Mas necessrio apoi-lo no verdadeirosentido da palavra, quer dizer, no basta entendercomo tal apoio a ajuda prestada a qualquer inter
cmbio cooperativo, mas sim que por tal apoio sedeve entender o prestado a um intercmbio cooperativo em que par ti cipam efecti vam en te verdadei r asmassas da populao. Conceder um bnus ao campons que participe no intercmbio cooperativo , semdvida, uma forma acertada, mas ao mesmo tempo
necessrio, verificar essa participao e at queponto consciente e valiosa; nisso- reside a chaveda questo. Quando um cooperador chega a umaaldeia e organiza um armazm cooperativo, a populao-, falando estritamente, no participa nisso demodo- algum, mas ao mesmo tempo e guiada pelo seu
prprio interesse, apressa-se a tentar a sua participao.
Esta questo tem tambm outro aspecto. Falta-nosfazer muito pouco, do ponto de vista de um europeucivilizado (acima de tudo, do que saiba ler e escrever) para a populao inteira participar, e no
de uma maneira passiva, mas sim activa, nas operaes das cooperativas. A bem dizer, falta-nos sumacoisa: elevar a nossa populao a tal grau de civilizao que compreenda todas as vantagens da participao de todos nas cooperativas e que organize essaparticipao. S isto. No necessitamos agora de
nenhuma outra espcie de sabedoria para passarmos
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ao socialismo. Mas para realizarmos esse s necessria toda uma revoluo, toda uma etapa dedesenvolvimento cultural das massas do povo. Pelomesmo motivo, a nossa norma deve ser: a menor
quantidade possvel de lucubraes e a menor quantidade de artifcios. Neste sentido a Nep representaj um progresso, pois adapta-se ao nvel do camponsmais comum e no lhe exige nada superior. Mas paraconseguirmos, por intermdio da Nep, que tome partenas cooperativas o conjunto da populao, necessi
tamos de todo um perodo histrico. Na melhor dashipteses, poderemos percorrer esse perodo em umou dois decnios, Mas ser um perodo histricoespecial, e sem passarmos por esse perodo histrico,
sem conseguirmos que todos saibam ler e escrever,sem um grau suficiente de compreenso, sem habi
tuarmos em grau suficiente a populao leitura delivros e sem uma base material para isso, sem certasgarantias, digamos, contra as ms colheitas, contraa fome, etc. sem isso no poderemos alcanar onosso objectivo. Toda a questo reside agora emsabermos combinar esse impulso revolucionrio, esse
entusiasmo revolucionrio, que j revelmos comsuficiente amplitude e vimos coroado de completoxito, em sabermos combin-lo com a capacidade deser (aqui estou quase disposto a diz-lo) um mercador inteligente e instrudo, o que perfeitamentesuficiente para se ser um bom cooperador. Por capa
cidade para ser um bom mercador entendo o saber
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ser um mercador culto. Que tenham isto bem presente os Russos ou simplesmente os camponeses que
julgam que pelo facto de comerciarem j sabem sercomerciantes. Isso absohitamente errado. Comer
ciam, mas da a saberem ser comerciantes cultos vaiuma grande distncia. Agora comerciam em estiloasitico, ao passo que para se saber ser comerciantese deve comerciar em estilo europeu. E dieso separa-os todo um perodo.
Termino: h que conceder uma srie de privil
gios econmicos, financeiros e bancrios cooperao; nisto deve consistir o apoio prestado pelo nossoEstado socialista ao novo princpio de organizaoda populao. Mas com isto o problema s est colocado em linhas gerais, pois ainda permanece indeterminado e por desenvolver pormenorizadamente o
aspecto prtico do problema: quer dizer, h quesaber encontrar a forma dos bnus (e as condiesda sua entrega) que concederemos pelo trabalhorealizado em prol da cooperao, a forma dosbnus que nos permita prestar uma ajuda suficiente s cooperativas e preparar cooperadores cul
tos. Ora bem, quando os meios de produo pertencem sociedade, quando um facto o triunfo declasse do proletariado sobre a burguesia, o regimedos cooperadores cultos o regime socialista.
4 de J aneiro de 1923.
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n
Sempre que escrevi qualquer coisa acerca da novapoltica econmica, citei o meu artigo de 1918 acerca
do capitalismo de Estado. Isto, em mais de umaocasio, despertou dvidas entre alguns camaradasjovens. Mas as suas dvidas giravam sobretudo volta de questes polticas abstractas,
Achavam que se no devia qualificar de capitalismo de Estado um regime em que os meios de pro
duo pertencem classe operria e no qual esta senhora do poder estatal. Contudo, no se davamconta de que eu utilizava o qualificativo' capitalismo de Estado em 'pr im eir o lugarpara estabelecera relao histrica da nossa posio actual com aposio ocupada na minha polmica contra os cha
mados comunistas de esquerda; e tambm j ento'demonstrei que o capitalismo de Estado seria superior nossa economia de hoje. O importante paramim era estabelecer a continuidade entre o habitualcapitalismo de Estado e aquele extraordinrio, mesmoexcessivamente extraordinrio capitalismo' de Estado a que me referi ao introduzir o leitor na novapoltica econmica. Em seguno< lugar , para mimsempre foi de grande importncia o objectivo prtico. E o objectivo' prtico da nossa nova polticaeconmica consistia na obteno de concesses concesses que sem dvida alguma, nas nossas condies, seriam j um tipo puro de capitalismo de
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Estado. Aqui tm em que aspecto tratava eu aquesto do capitalismo de Estado.
Mas existe ainda outro aspecto* da questo peloqual poderamos necessitar do capitalismo de Estado, ou pelo menos traar um paralelo com este.Trata-se da cooperao.
indubitvel que a cooperao, nas condies doEstado capitalista, representa uma instituio capitalista colectiva. Tambm no h dvida que nascondies da nossa actual realidade econmica quando
juntamos as gmpresas capitalistas privadas masno doutro modo que no seja na base da terrasocializada e debaixo do controlo do poder do Estado, pertencente classe operria1com as empresas de tipo consequentemente socialista (quandotanto os meios de produo como o solo em, que se
encontra implantada a empresa e toda ela no seuconjunto pertence ao Estado) surge a questo deum terceiro tipo de empresas, que anteriormente noeram independentes do ponto de vista da sua importncia de princpios, a saber: as empresas cooperativas. No capitalismo privado, as empresas coope
rativas diferenciam-se das empresas capitalistas,como as empresas colectivas se diferenciam das privadas. No* capitalismo de Estado, as empresas cooperativas diferenciam-se das empresas capitalistas deEstado, em primeiro lugar por serem empresas privadas e em segundo lugar por serem empresas colectivas. No nosso regime actual, as empresas coopera
tivas diferenciam-se das empresas capitalistas pri
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vadas por serem empresas colectivas, mas no sediferenciam das empresas socialistas sempre e quandose baseiem numa terra e empreguem meios de pro
duo pertencentes ao Estado, quer dizer, classeoperria.No tomamos esta circunstncia suficientemente
em conta quando discutimos acerca da cooperao.Esquece-se que a cooperao adquire no nosso pas,devido peculiaridade do nosso regime poltico, umaimportncia verdadeiramente excepcional. Se pusermos de parte as concesses, que evidentemente noalcanaram no nosso pas desenvolvimento importante, sob as nossas condies, a cooperao coincidea cada passo e plenamente com o socialismo.
Explico a minha ideia. Em que consiste o caracterfantstico dos planos dos velhos cooperativistas, acomear por Roberto Owen? Em que sonhavam coma transformao pacfica da sociedade moderna pormeio do socialismo, sem terem em conta questesto fundamentais como a luta de classes, a conquistado poder poltico pela classe operria, o aniquilamento da dominao da classe dos exploradores.E por isso temos razo para considerar tal socialismo cooperativo uma pura fantasia, qualquercoisa romntica e at trivial pelos seus sonhos detransformar, mediante um simples agrupamento dapopulao' em cooperativas, os inimigos de classeem colaboradoresi de classe e a guerra de classes empaz de classes (a chamada paz civil).
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Indubitavelmente, do ponto de vista da tarefafundamental na actualidade, ns tnhamos razo,pois sem a luta de classes pelo poder poltico do Estado o socialismo no pode ser realizado.
Mas reparem como se modificou agora a questo,uma vez que o poder do Estado se encontra nas mosda classe operria, uma vez que o poder poltico dosexploradores foi aniquilado e todos os meios de produo (excepto aqueles que o Estado operrio,voluntria e condicionalmente, d por certo tempo
em concesso aos exploradores) esto- nas mos daclasse operria.
Agora temos o direito de afirmar que para ns osimples desenvolvimento da cooperao se identifica(salvo- a pequena excepo atrs indicada) como desenvolvimento do socialismo-, e ao mesmo- tempo
vemo-nos obrigados a reconhecer a mudana radicalproduzida em todo o nosso ponto de vista acerca dosocialismo. Essa mudana radical consiste em queanteriormente colocvamos e devamos colocar ocentro de gravidade na luta poltica, na revoluo-,na conquista do poder, etc., ao passo que actualmente
o centro de gravidade muda at se deslocar para otrabalho pacfico de organizao cultural. E estoudisposto a dizer que o centro de gravidade se transferiria no nosso pas para a obra de cultura, se nofossem as relaes internacionais, se no- fosse portermos de lutar pelas nossas posies em escala internacional. Mas se pusermos essa questo de parte
e nos limitarmos s nossas relaes econmicas
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internas, na realidade o centro de gravidade do trabalho resume-se hoje obra cultural.
Temos diante de ns duas tarefas principais, que
representam toda uma poca. Uma a tarefa de refazer o nosso aparelho, que no serve agora .absolutamente para nada e que recebemos integralmenteda poca anterior; no conseguimos refaz-lo seriamente em cinco anos de luta, nem o podamos conseguir. A nossa segunda tarefa consiste no nossotrabalho cultural entre os camponeses. E esse tra
balho cultural entre os camponeses persegue precisamente, como objectivo econmico, a cooperao.Se pudssemos organizar nas cooperativas toda apopulao, j estaramos com ambos os ps no solosocialista. Mas esta condio, a de organizarmostoda a populao em cooperativas, pressupe em si
tal grau de cultura dos camponeses (precisamentedos camponeses, como uma massa imensa) que essacooperao completa impossvel sem uma no* menoscompleta, revoluo cultural.
Os nossos adversrios tm-nos dito mais de umavez que empreendemos uma obra descabelada ao im
plantar o socialismo num pas de cultura insuficiente.Mas enganam-se; no- comemos pela ordem devidasegundo a teoria (de todo um grupo de pedantes),e a revoluo poltica e social precedeu, no nosso pas,a revoluo cultural essa revoluo cultural perante a qual, apesar de tudo, nos encontramos agora.
Hoje basta-nos esta revoluo cultural para nosconvertermos num pas completamente socialista,
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mas tal revoluo cultural apresenta incrveis dificuldades para ns, tanto no aspecto puramente cultural (pois somos analfabetos) como no aspectomaterial (pois para se sej* culto necessrio certodesenvolvimento dos meios materiais de produo,necessita-se de certa base material).
6de J aneiro de 1923.
Pu bl i cad o pel a pr i m ei r a vez n os d i as 26 e 27 d e M ai o e 1923,n os n.* 115 e 116 o Pravda. A ssi n ao: N . L n i n e. T . 45,pgs. 369-377.
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SEBO DO MARCO BARUERII
uni iiiii iiiii i mi iiii!: r iii11* 5 0 3 . 4 1 9 *
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J
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