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- 147 - 11.4 - PRINCIPAIS DEPOSITOS DA PLATAFORMA 1. INTRODUÇll.Q Nos capitulas anteriores analisaram-se algumas das principais caracterlsticas texturais e composicionais da cobertura sedimentar da plataforma continental portuguesa setentrional. A conjugação das caracteristicas observadas permite concluir que existem, nesta plataforma, depósitos sedimentares com caracteristicas sedimentológicas distintas. Neste capitulo efectuar-se-á a caracterização de tais depósitos. Parte substancial dos sedimentos da cobertura não consolidada das platafor- mas do globo não está em equilibrio com as condições ambientais actuais. SHEPARD (1932) foi um dos primeiros investigadores a constatar este facto, tendo con- cluido que muitos destes sedimentos se depositaram em ambientes litorais, durante periodos em que o nivel do mar estava mais baixo que o actual. Com a progressiva expansão dos conhecimentos sobre as plataformas continentais nos anos subsequentes ao trabalho percursor de SHEPARD (1932), verificou-se que tais sedimentos "rellquia", como foram denominados por EMERY (1952), cobrem, na gen- eralidade, cerca de 70% das plataformas do globo (EMERY, 1968). Neste capitulo tentar-se-ão identificar também, na plataforma setentrional portuguesa, sedimentos que não se encontram em equil1brio com as condições ambientais actuais. Na prossecução deste objectivo tentar-se-ão ainda reconhecer particulas sedimentares cuja deposição na plataforma é atribuivel a periodos em que o nivel do mar estava mais baixo que o actual. 2. DEFINIÇAO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS Um dos termos mais utilizados na literatura cientifica da especialidade é a palavra I1 se dimento". Todavia, este termo e frequentemente aplicado com dupla significação, isto e, tanto pode designar, "o material depositado" como "o depósito de material". Para evitar esta ambiguidade, McMANUS (1975) propôs que se utilizassem preferencialmente os termos "particulas sedimentares" (ou " . 1") "d ó· d·" d " d . " materla e ep Slto se lmentar , empregan o se apenas o termo se lmento como abrangente daqueles dois, isto é, designando tanto as particulas como o deposito sedimentar no qual aquelas estão integradas. A utilização da termino- logia assim definida permite realçar as diferenças entre as propriedades fisicas das particulas sedimentares (tais como composição, densidade, dimensão e forma) e as propriedades dos depositas sedimentares (tais como textura e estrutura). No entanto, sempre que se revele apropriado, e passIveI não efectuar tal distinção recorrendo-se ao termo "sedimento". Outros termos são utilizados ao longo deste trabalho que, porque frequen- temente empregues na bibliografia com diferentes significações, carecem aqui de definição mais precisa. Ass-im, pareceu-nos apropriado efectuar a distinção entre Itremobilizac;ão" e "erosão". A "remobilização" de partlcu1as e, como a propria etimologia da palavra revela, a reentrada em movimento dessas partIculas, o que implica estadia deposicional previa. No entanto,as particulas podem reentrar em movimento sendo, todavia, nula a resultante do movimento. t o que se verifica, frequentemente, por exemplo, quando as partlculas são sujeitas à Lcção de correntes do tipo oscilatorío, corno as induzidas pela passagem das

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11.4 - PRINCIPAIS DEPOSITOS DA PLATAFORMA

1. INTRODUÇll.Q

Nos capitulas anteriores analisaram-se algumas das principais caracterlsticas texturais e composicionais da cobertura sedimentar da plataforma continental portuguesa setentrional. A conjugação das caracteristicas observadas permite concluir que existem, nesta plataforma, depósitos sedimentares com caracteristicas sedimentológicas distintas. Neste capitulo efectuar-se-á a caracterização de tais depósitos.

Parte substancial dos sedimentos da cobertura não consolidada das platafor­mas do globo não está em equilibrio com as condições ambientais actuais. SHEPARD (1932) foi um dos primeiros investigadores a constatar este facto, tendo con­cluido que muitos destes sedimentos se depositaram em ambientes litorais, durante periodos em que o nivel do mar estava mais baixo que o actual. Com a progressiva expansão dos conhecimentos sobre as plataformas continentais nos anos subsequentes ao trabalho percursor de SHEPARD (1932), verificou-se que tais sedimentos "rellquia", como foram denominados por EMERY (1952), cobrem, na gen­eralidade, cerca de 70% das plataformas do globo (EMERY, 1968).

Neste capitulo tentar-se-ão identificar também, na plataforma setentrional portuguesa, sedimentos que não se encontram em equil1brio com as condições ambientais actuais. Na prossecução deste objectivo tentar-se-ão ainda reconhecer particulas sedimentares cuja deposição na plataforma é atribuivel a periodos em que o nivel do mar estava mais baixo que o actual.

2. DEFINIÇAO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS

Um dos termos mais utilizados na literatura cientifica da especialidade é a palavra I1 sedimento". Todavia, este termo e frequentemente aplicado com dupla significação, isto e, tanto pode designar, "o material depositado" como "o depósito de material". Para evitar esta ambiguidade, McMANUS (1975) propôs que se utilizassem preferencialmente os termos "particulas sedimentares" (ou " . 1") "d ó· d·" d " d . " materla e ep Slto se lmentar , empregan o se apenas o termo se lmento como abrangente daqueles dois, isto é, designando tanto as particulas como o deposito sedimentar no qual aquelas estão integradas. A utilização da termino­logia assim definida permite realçar as diferenças entre as propriedades fisicas das particulas sedimentares (tais como composição, densidade, dimensão e forma) e as propriedades dos depositas sedimentares (tais como textura e estrutura). No entanto, sempre que se revele apropriado, e passIveI não efectuar tal distinção recorrendo-se ao termo "sedimento".

Outros termos são utilizados ao longo deste trabalho que, porque frequen­temente empregues na bibliografia com diferentes significações, carecem aqui de definição mais precisa. Ass-im, pareceu-nos apropriado efectuar a distinção entre Itremobilizac;ão" e "erosão". A "remobilização" de partlcu1as e, como a propria etimologia da palavra revela, a reentrada em movimento dessas partIculas, o que implica estadia deposicional previa. No entanto,as particulas podem reentrar em movimento sendo, todavia, nula a resultante do movimento. t o que se verifica, frequentemente, por exemplo, quando as partlculas são sujeitas à Lcção de correntes do tipo oscilatorío, corno as induzidas pela passagem das

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
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ondas. Como a erosão pressupõe remoção de partlculas, no casO vertente existe remobilização sem erosão.

Por outro lado, ao nivel das partlculas, os processos sedimentares são geralmente do tipo estocasticoo Assim, verifica-se frequentemente que, num mesmo local, existe remobilização e transporte de partlculas para outras zonas, em simultâneo com deposição, nesse local, de partlculas analogas, sem que, ao n!vel do deposito, exista aumento ou diminui~ão do número global de part!culas. Atendendo ao que acabou de se explanar, revelou-se conveniente aplicar o termo "remobiliza~ão" às pardculas isoladas, conferindo-lhes conota~ão estocástica. O termo "erosão" sera utilizado como descritor de fenômenos que poderão ser designados como deterministicos, sendo aplicado quer às particulas, quer, pre­ferencialmente, aos depositos.

No que se refere aos processos que conduzem à integração de part!culas sedimentares num deposito (que, na serie estratigráfica, será representado pelos estratos), existem varias termos que, muitas vezes, são utilizados na bibliografia como sinonimas, inclusivamente ao longo do mesmo artigo. Entre esses termos podem citar-se: deposição, acumulação e sedimentação. No caso mais simples, no entanto raro, em que o deposito se constitui pela mera acumulação de part!culas sem episodios de remobi1ização, qualquer dos termos referidos pode ser adequado. Todavia, na maior parte dos casos, o ambiente natural é mais dinâmico, sendo as particulas sujeitas a repetidos episodios de deposição e remobilização antes de ser incorporada, a titulo permanente, no registo estratigráfico. t apropriado, por isso, efectuar a distinção entre vários ter­mos que se possam utilizar como descritores dos varios processos envolvidos.

Seguindo as propostas de McKEE et alo (1983), "deposição" e utilizado, neste trabalho, como descritor da integração, temporária ou não, de part!culas no deposito ou, mais exactamente, no depositaria. O termo "acumulação l1 ê aplicado para referir o saldo, num lapso de tempo significativo, entre a deposi~ão e a remoção de particulas num deposito. Deste modo, os termos t1deposi~ãot1 e "acumulação" podem ser considerados antonimos de "remobilização" e "erosão".

A necessidade de distinguir com precisão os diferentes termos não é apenas semântica. As defini~ões desses termos são efectuadas com base no conhecimento conceptual dos processos e, por vezes, carecem de actualizações ou redifini~ões de modo a adequá-los a novos conhecimentos adquiridos. A utiliza~ão dos con­ceitos atras referidos conduz, numa base conceptual, à no~ão de "ciclo de deposi~ão", o qual significa a erosão, transporte e acumula~ão das particulas sedimentar~s sob determinadas condi~ões ambientais, abrangendo os varias episodios de remobilização e deposição a que foram sujeitas, e incluindo os diferentes processos intervenientes (f!sicos, qu!micos e biologicos). Na reali­dade, trata-se de verdadeiro ciclo de sedimentação pois nele se podem incluir os varias processos sedimentares. Todavia, como "ciclo sedimentar" tem significado proprio aceite em estratigrafia, e à falta de melhor termo, designá-lo-emos por "ciclo de deposição".

Do exposto pode concluir-se que este conceito se liga, também, aos de deposito sedimentar em equil!brio ou desequil!brio com as condições ambientais actuais. "Ciclo de deposição" tera, portanto, dupla conotação: temporal e ambiental. O factor separador de dois ciclos de deposição serÁ, no que se refere a um deposito sedimentar e ás part!culas nele depositadas de forma "per­manente" (isto é à acumulação), a variação das condi~ões ambientais que conduzem à preserva~ão desse deposito na serie estratigráfica, e/ou à sua modifica~ão, com poss!vel erosão parcial ou total do deposito e consequente remobiliza~ão de material. Em última análise, diferentes ciclos de deposi~ão são separados por variação significativa do nivel energético do meio.

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Outro conceito atil é o de "àrea de sedimenta5ão", o qual serà utilizado como significando area mais ou menos extensa, onde ocorrem os diferentes proces­sos sedimentologicos, desde a erosão à acumula~ão, e é delimitada fisiografi­camente por condi~ões de fronteira dinâmico-ambientais. Assim, a plataforma con­tinental portuguesa setentrional constituira uma "area de sedimentação ll delimi­tada a oriente pela fronteira oceano - terra emersa, a ocidente pelas condições de fronteira plataforma - vertente continental e a sul pelo canhão submarino da Nazaré.

Da conjugação dos conceitos acima expressos resulta que a mesma area de sedimenta~ão (ou extensas partes dela) pode ser sujeita a varias ciclos de deposição. Consoante os niveis energeticos actuantes junto ao fundo são menos ou mais elevados que os do ciclo anterior, assim os depositas pré-existentes tendem a ser cobertos por novos depositos ou modificados pelas novas condi~ões ambientais. Neste ultimo caso, particulas sedimentares do ciclo anterior são remobilizadas, entrando em novo ciclo de deposi~ão conjuntamente com as particulas que, mercê deste novo ciclo, chegam pela primeira vez a esta àrea de sedimentação.

Do que acabou de se expôr pode concluir-se que, num dado momento, do ponto de vista da dinâmica sedimentar, o mais importante não são os depositas sedimen­tares na sua globalidade, mas sim a parte mais superficial desses depositas, a qual é sedimentologicamente activa. Esta parte superficial foi denominada por Me MANUS (1975) como o "depositaria". Como refere este autor, num mesmo depositario podem existir numerosos depositos locais.

3. DEPÓSITOS SEDIMENTARES DA PLATAFORMA

A conjuga~ão dos dados texturais e composicionais das amostras colhidas na plataforma continental portuguesa setentrional permite concluir da existência de depositas com facies sedimentologicas distintas. A anàlise dos perfis de reflexão sismica ligeira e de sondagem continua de precisão que se teve opor­tunidade de consultar permitiram confirmar que esses depositas, marcados por contrastes de indole textural e composicional, são tambem, frequentemente, detectaveis nesses perfis. Sempre que possivel, tiveram-se em atenção os elementos referidos na caracterização sumária e delimitação geral desses depositas. Serà porventura oportuno reafirmar que não é objectivo deste trabalho proceder à delimita~ão exacta dos depositas, nem efectuar uma cartografia sedimentologica de precisão. Pretende-se apenas identificar o padrão geral de distribui~ão, a nivel regional, da cobertura não consolidada da plataforma, investigar a sua genese e reconstituir a sua evolução.

Os principais portuguesa serão sumària.

tipos de depositas identificados na plataforma continental seguidamente referenciados e efectuada a sua caracterização

3.1. "Depositas Litorais"

Estes depositos situam-se, como e obvio, junto ao litoral, prolongando-se, em média, até cerca dos 30m-40m de profundidade. São constituldos essencial­mente por areia. As outras classes texturais são muito reduzidas ou estão ausentes. Localmente, no entanto, podem tornar-se mais abundantes. As areias destes depàsitos são, em geral, finas a muito finas (M0>2), unimodais, bem cali­bradas (0.35<00<0.50), apresentando assimetria ligeiramente negativa e tendência para serem leptocúrticas.

No respeitante à composição, esta e predominantemente terr!gena (geralmente mais de 90%), sendo a classe composicional mais abundante a do quartzo. A mica está, em geral, presente na arela, podendo ser, ocasionalmente, abundante,

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principalmente na zona nordeste da plataforma, onde os granitos e rochas metamórficas não só caracterizam a geologia da região costeira como a da própria plataforma. Aqui, a mica apresenta-se em palhetas pouco alteradas, as quais chegam a ter frequência elevada mesmo nas frac~ões mais grosseiras da areia. No respeitante aos terrigenos, e ainda de referir a presença de feldspatos, por vezes integrados em grãos polimineralicos, especialmente nas amostras pro­venientes da mesma zona da plataforma. A componente biogenica da areia, muito reduzida, e predominantemente constitutda por conchas de moluscos, quer inteiras, quer fragmentadas.

t possivel distinguir, nestes depósitos litorais, os do sector setentrional (um pouco mais lodosos, com areia mais fina (30 a 40), mais micaceos e feldspaticos) e os do sector meridional (em que as caracteristicas contrastam com as daqueles). Os depositas litorais setentrionais parecem ser, com base nas caracterlsticas apontadas, mais imaturos que os meridionais. Se, por um lado, estas diferenças se podem explicar pela proximidade do soco granitico e metamorfico, que chega a ser aflorante na plataforma interna setentrional, por outro lado estão relacionadas com a orientação da costa (e da batimetria) em rela~ão à agita~ão marltima dominante e, ainda, com O maior ou menor desenvol­vimento de zonas de pre-sedimenta~ão na desembocadura dos rios principais.

3.2. "Depósitos da Plataforma Media"

Os depósitos que designamos por "Depósitos da Plataforma Media" localizam­se a maior distância da costa que os anteriores. Dispõem-se, em geral, entre os 30m-40m e os SOm (localmente 100m) de profundidade. A caracteristica mais mar­cante é o seu contendo em cascalho, o qual ~, predominantemente, de origem terrlgena. Na sua composi~ão, entre outros, avultam os fragmentos sub-rolados a rolados de quartzito, de granito e de gnaisse. Frequentemente, a percentagem de cascalho terrlgeno e superior a 10% da amostra, não sendo raras as amostras em que tal percentagem excede os 50%.

A areia destes depósitos e grosseira ou muito grosseira (M0<10), modera­damente bem calibrada (0,50<G0<0,SO), com assimetria positiva (chegando nalguns casos a ser fortemente positiva), evidenciando as distribui~ões granulometricas da areia, em geral, tendência para serem meso-Ieptocnrticas ou mesmo leptocúrticas.

O caracter predominantemente terrigeno e quÁrtzico destes depósitos confere-lhes, neste aspecto, certas semelhanças com os depositas litorais. A percentagem de quartzo na areia excede, frequentemente, mais de 75% da are1a, estando a componente biogenica reduzida, em geral, a menos de 10%. A m1ca, quando presente na areia, esta-o principalmente nas frac~ões mais finas, o mesmo se verificando no que se refere aos feldspatos.

Tal como se verifica nos depósitos litorais, também nestes depósitos e possivel distinguir os do sector setentrional dos do sector meridional (cuja separação se efectua, em termos gerais, por volta da latitude 4loN a 4l 0 20'N). No sector setentrional, os depositas da plataforma media parecem estar menos bem definidos, verificando-se tendência para serem menos cascalhentos, e para esta frac~ão textural apresentar menor abundância de terrlgenos. A media granulometrica da areia apresenta maior variabilidade e, no que se refere à compos1çao, a maior abundância de mica (e de feldspatos) implica caracter menos quartzico. Os depósitos do sector meridional parecem ser mais bem definidos e mais cascalhentos, verificando-se maior homogeneidade de caracterlsticas. Visto não se detectarem grandes diferenças na abundância relativa da componente biogenica da areia, o facto da mica estar aqui apenas em estado vestiglal ou mesmo ausente (o mesmo se verificando com os feldspatos), confere-lhes caracter predominantemente quartzico.

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Fig.63 - Distribui~ão dos principais tipos de depósitos da plataforma portuguesa setentrional. 1 - "Depósitos Litorais"; 2 - "Depósitos da Plataforma Média"; 3 -"Depositos da Plataforma Externall

; 4 - "Faixa Central" dos "Depositos da Pla­taforma Externa l1

; 5 - "Depósitos do Bordo da Plataforma"; 6 - Outros depositos. A traio continllo mais forte assinalou-se a localização dos perfis de amostras cuja informação sedimentolbgica estA expressa graficamente nas fig.64 a 67 (perfis I, II, III e IV).

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As diferenças acima referidas são atribulveis às relações entre estes Depositos da Plataforma Media e os Depositos Litorais. Consequentemente, são aqui aplicàveis, pelo menos por via indirecta, as causas invocadas para explicar as diferenças entre os depositas litorais setentrionais e meridionais. t provÁvel, no entanto, que afloramentos de rochas consolidadas contribuam tambem para as variações referidas nos depositos da plataforma media.

3.3. "Depositos da Plataforma Externa"

A ocidente de uma linha que segue, "grosso modo", a batimetrica dos 100m, as areias são dominadas pela componente biogenica. Trata-se de areias medias a finas (10<M0<30), com calibração variÁvel e assimetria geralmente negativa. As fracções lodosas (essencialmente o silte) estão presentes em quantidades geral­mente apreciÁveis, atingindo localmente mais de 25% da amostra. O cascalho tambem integra as amostras provenientes destes depositas, ocasionalmente em quantidades superiores a 25% da amostra, revelando composição predominantemente biogenica. A localização destas amostras cascalhentas sugere a existência de faixa mais Ou menos continua, localizada a profundidades que variam, em geral, entre os 100m e os 140m de profundidade. Esta faixa e tambem evidenciada por medias granulometricas mais grosseiras na arela.

A areia e, como se referiu, dominada pela componente biogenica, em que as classes composicionais malS abundantes são as constituldas por carapa~as de foraminlferos e clastos de moluscos. Localmente, todavia, a classe "outros biogenicos" apresenta maior abundância relativa. A areia destes depositas, que designÁmos por "Depositos da Plataforma Externa", e geralmente deficitÁria em quartzo (relativamente à dos depositos menos profundos). A percentagem de quartzo na areia e, por vezes, bastante inferior a 25%. Ocorre, predominan­temente, nas frac~ões mais finas da areia.

A mica esta normalmente ausente ou, quando presente, corresponde a percen­tagens diminutas da areia. A glauconite aparece de modo sistemático nas amos­tras estudadas embora, em geral, não ultrapasse os 5% da areia. A faixa longi­tudinal mais grosseira (cascalhenta) referida mais atrás, e que parece estar expressa, tambem, por conteúdo mais elevado em clastos de moluscos, passa, aparentemente de forma gradual, a areias finas sem cascalho (ou em que este e muito reduzido), e em que a classe composicional largamente maioritária e a dos foraminIferos.

Tambem aqui existem diferen~as assinaláveis, por vezes fortemente contras­tantes, entre os Depositas da Plataforma Externa localizados nos sectores seten­trional e meridional, aqui separados pela zona do canhão submarino do Porto. No sector setentrional, as caracterlsticas destes depositas apresentam maior varia­bilidade. As areias apresentam tendência leptocurtica, ao contrário do que se constata no sector meridional em que, regra geral, as distribui~ões da frac~ão areia são meso-platicúrticas ou mesmo platicurticas. Alem disso, no sector setentrional, estes depositas contêm menos silte e argila, a faixa com cascalho parece dispôr-se a menOr profundidade, e a areia contem mais quartzo, mais clas­tos de moluscos e menos carapa~as de foraminlferos que os depositas do mesmo tipo situados no sector meridional.

As diferenças entre os Depositos da Plataforma Externa destes dois sectores estão possivelmente relacionadas com a disposi~ão geral da batimetria (com tendência NNW-SSE no sector norte e N-S a NNE-SSW no sector meridional), com a existência do canhão submarino do Porto, com as caracterlsticas fisiográficas da plataforma e do bordo e com o estado de abarrancamento da vertente continental.

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3.4. "Depósi tos do Bordo da Plataforma"

No bordo da plataforma e na vertente continental superior verifica-se a existência de sedimentos com areias mais finas e menos biogenicas que os depósitos da plataforma externa. Estes depósitos incluem-se entre os mais defi­cientemente amostrados, pelo que a sua caracteriza~ão e mais dificil e menos segura.

De um modo geral, parece verificar-se tendência para os materiais que con­stituem estes depositas serem areias sem cascalho e com materia lodosa reduzida «25%), por vezes quase vestigial. As curvas de distribuição da areia das amos­tras provenientes destes depositas revelam medias granulometricas no domlnio das areias finas e, com alguma frequência, muito finas, calibração geralmente boa, assimetria negativa e angulosidade da curva de distribuição quase sempre supe­rior a 1 (leptoc&rtico). No que se refere A composição da areia, constata-se que a componente maioritAria pode ser a terrigena ou a autigenica. Em relação às classes composicionais consideradas, verifica-se que a classe representativa do quartzo e a que atinge, quase sempre, maiores percentagens. Esporadicamente, no entanto, a percentagem de glauconite ou de foraminlferos ultrapassa a do quartzo. Contudo, não se observa, geralmente, predominância absoluta de qualquer classe.

Não obstante a escassez de dados, parece poder considerar-se, na zona do bordo da plataforma continental (e vertente continental superior) desta região, a existência de depbsitos com caracteristicas ate certo ponto distintas. Numa categoria podem incluir-se depbsitos mais qUArtzicos, geralmente com menos materia lodosa e em que a ocorrência de glauconite decai para valores que permi­tem considera-la como vestigial ou mesmo ausente. Outra categoria integra depbsitos com menos quartzo, geralmente um pouco mais lodosos, em que a areia revela maiores percentagens relativas de foraminiferos, e em que a glauconite esta, por via de regra, presente, por vezes em percentagens elevadas (chegando a constituir mais de 20% da areia).

A variabilidade de caracteristicas, a escassez de amostragem e a aparente aleatoriedade da ocorrência perante as informações disponiveis, não possibilita melhor caracterização e mais precisa definição destes depbsitos.

3.5. Outros Depósitos

Alem dos depósitos atrÁs referidos, foi passivei detectar outros tipos de depbsitos, os quais, no entanto, não atingem expressão regional, isto é, estão condicionados essencialmente por caracterlsticas que, provavelmente, apenas têm âmbito local. SerA relevante reafirmar que a amostragem efectuada teve em vista um estudo ao nivel regional e não local.

Os principais tipos de depósitos assinalados incluem:

a) Depósitos em bolsadas (pocket deposits), relacionados com afloramentos de rochas consolidadas. As caracteristicas destes depbsitos variam, entre outros· factores, com o tipo de rochas que condicionam a sua existência, com a sua localização na plataforma, e com os depósitos adjacentes.

b) Depósitos mais finos da plataforma media, com fortes analogias com os depbsitos litorais e que por vezes parecem "cortar" os depbsitos cascalhentos da plataforma media.

c) Depósitos adjacentes ao bordo norte do canhão da Nazare, com alta variabilidade nas caracteristicas sedimentolbgicas, as quais, frequentemente, apresentam analogias com as dos depbsitos regionais adjacentes.

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d) Complexo sedimentar do canhão submarino do Porto, que parece estender-se desde os 60m de profundidade até às cabeceiras do canhão. Trata-se de sedimentos lodosos (tipos texturais que variam de areia siltosa a silte argiloso) em que, com frequência, a classe textural silte ultrapassa 50% da amostra. Por vezes, contêm cascalho (embora em percentagens reduzidas). As caracteristicas da areia e do cascalho sugerem que os depositas regionais não estão a! completamente obliterados.

4. ANÁLISE DE ALGUNS PERFIS DE AMOSTRAGEM

Na fig.63 representou-se a presum!vel distribuição dos depositas atras referidos. Como é obvio, a delimitação destes depOsitas é dif!cil devido à variabilidade de caracter!sticas, a transição gradual de uns depositas para outros e a obliteração parcial ou total de caracter!sticas rel!quia devida a actuação dos factores da dinâmica sedimentar actual.

Nas fig.64 a 67 representaram-se, sob forma diagramatica, alguns perfis de amostras da plataforma estudada, cuja localização esta assinalada no mapa da fig.63. Este tipo de perfis, baseado nos publicados por SHEPARD (1973), pretende sumarizar, de forma facilmente leg!vel, a informação mais relevante no que concerne à textura e composição das amostras. Analisando-os, torna-se facil visualizar os pontos de afinidade e de divergência entre diferentes amostras.

Nas figuras referidas, cada amostra esta representada por conjunto de três diagramas. No superior, indicaram-se as percentagens de cada fracção granulometrica da areia, bem como as percentagens de materiais silto-argilosos e cascalhentos em relação à amostra total (pequenos c!rculos localizados respec­tivamente do lado direito e esquerdo do diagrama). O diagrama do meio traduz a compOSlçao das diferentes fracções granulometricas da areia, estando as princi­pais classes composicionais representadas por diferentes sobrecargas. O diagrama circular inferior corresponde à composição total da amostra. Ai se representaram não 80 as abundâncias relativas de cascalho, areia e silte+argila, mas tambem as percentagens, em relação à amostra, das componentes terrigena e biogénica do cascalho e as das classes composlclonais da areia total. Nos perfis cuja orientação e perpendicular à costa, incluiu-se ainda a informação batimetrica respectiva, bem como a posição de colheita das amostras. São evi­dentes, nos perfis apresentados, as diferenças entre os varias depositas da pla­taforma que mais atrÁs foram referidos.

O perfil I (fig.64) corresponde a uma linha grosseiramente paralela à costa, localizada longitudinalmente nos Depositas Litorais. Não obstante exis­tir grande variabilidade na profundidade a que as amostras foram colhidas (10m a 40m), constata-se que estas são essencialmente arenosas, estando o cascalho pra­ticamente ausente. A fracção silto-argilosa, quando presente, corresponde a reduzida percentagem da amostra. Embora a areia seja predominantemente quÁrtzica, quer a mica, quer os "outros terrigenos" apresentam abundâncias rela­tivamente elevadas. Constata-se, ainda, que as fracções mais finas da areia são mais quartziferas que as fracções mais grosseiras. A percentagem de bioclastos na areia é, em geral, muito reduzida. t nitida a tendência para aS fracções mais finas da areia conterem a maior parte do material desta classe textural (areia). Em contrapartida, as fracções mais grosseiras apresentam percentagens reduzidas.

O perfil II (fig.65) tem orientação N-S e situa-se nos Depositas da Pla­taforma Média, em frente a Aveiro, a profundidades entre 55m e 60m. t evidente o contraste entre as amostras que constituem este perfil e as que atrÁs' se referiram (perfil I). O cascalho esta sempre presente com percentagens elevadas. A componente silto-argilosa e praticamente inexistente. A areia e predominantemente quartzosa e os bioclastos, nesta classe textural, têm

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Fig.64 - Informação sedimento16gica das amostras que constituem o perfil I (situado longitudinalmente nos Dep6sitos Litorais). A localização do perfil esta expressa no mapa da fig.63. A explicação dos ,diagramas encontra-se no texto. Os números sob os diagramas referem respectivamente o n&mero da amostra e a pro­fundidade de colheita.

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expressão percentual reduzida. As frac~ões mais abundantes da are~a são as mais grosseiras, sendo as mais finas (principalmente a areia muito fina) quase ine~­istentes. A composi,ão da areia por frac,ões contrasta também com a dos Depósitos Litorais visto que as frac,ões mais quartziferas são, nestes Depósitos da Plataforma Média, as mais grosseiras.

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Fig.65 - Informação sedimentologica das amostras que constituem o perfil II (situado longitudinalmente n08 Depositos da Plataforma Media). A localização do perfil estA expressa no mapa da fig.63. Os n~eros sob os diagramas referem respectivamente o nâmero da amostra e a profundidade de colheita. A explicação dos diagramas encontra-se no texto. A simbologia estA indicada na fig.64.

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o perfil III (fig.66) corresponde a uma linha de amostras perpendicular ao desenvolvimento geral da plataforma, localizada a sul da latitude do Porto. As duas amostras menos profundas correspondem aos Depósitos Litorais. A terceira amostra localiza-se, provavelmente, na translçao entre estes depositas e os Depositos da Plataforma Média, representados, no perfil, pelas duas amostras seguintes, colhidas a 45m e 60m de profundidade. As amostras colhidas às pro­fundidades de 100m e 130m respectivamente, com elevado conteúdo silto-argiloso, correspondem aos Depósitos da Plataforma Externa, aqui bastante modificados pela adjacência do complexo sedimentar do canhão submarino do Porto. Finalmente, as duas amostras mais profundas, muito menos silto-argilosas, pertencem jà aos Depósitos do Bordo da Plataforma.

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Fig.66 - Informa~ão sedimento16gica das amostras que constituem o perfil III (situado a Sul do paralelo do Porto). A localização do perfil estA expressa no mapa da fig.,63. Os nàmeros sob os diagramas referem respectivamente o número da amostra e a profundidade de colheita. A explicação dos diagramas encontra-se no texto.

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Fíg.67 - Informação sedimentolbgicB das amostras que constituem o perfil IV (situado a Sul do paralelo da Figueira da Foz). A localização do perfil est~ expressa no mapa da fig.63. Os nãmeros sob os diagramas referem respectivamente o nàmero da amostra e a profundidade de colheita. A explica~ão dos diagramas encontra-se no texto. A simbologia estA indicada na fig.66.

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o perfil IV (fig.67) dispõe-se segundo um paralelo, a sul da Figueira da Foz. As duas amostras menos profundas correspondem aos Depositas Litorais e as quatro seguintes (entre os 45m e os 80m de profundidade) aos Dep6sitos da Pla­taforma Media. A amostra colhida a 95m de profundidade apresenta algumas afini­dades com os Dep6sitos Litorais, embora exiba elevado conteúdo bioclástico e revele a presen,a de glauconite. Corresponde, provavelmente, a deposito local que, se por um lado pode, de algum modo, estar relacionado com o Mondego, pode, por outro lado, estar influenciado quer pelo canhão submarino da Nazare (rela­tivamente proximo), quer pelos afloramentos rochosos da zona. A amostra seguinte (colhida a 105m de profundidade) e tambem, no contexto dos depositas regionais referidos, anómala. Ao contrario da amostra precedente, esta revela certas afinidades com os Depositas da Plataforma Media, embora deles se diferen­cie principalmente pela composição da areia que e predominantemente bioclastica. Representa, possivelmente, deposito conectado com afloramentos rochosos existentes nesta zona.

A amostra colhida a 120m de profundidade no perfil IV, não se integra tambem, aparentemente, nos depositas regionais atras descritos. O seu elevado conteúdo sílto-argiloso, bem como certa semelhança de caracteristicas granulometricas e composlc10nais com amostras colhidas mais a sul, junto aO bordo do canhão da Nazare, permite aventar a hipotese de forte influência de factores ligados a este canhão submarino. As duas amostras mais profundas (130m e 145m de profundidade) exibem caracteristicas que permitem integrá-las nos Depositas da Plataforma Externa, não obstante a variabilidade que estes depositas apresentam. A deficiência de material nas frac,ões intermedias da areia relativamente às mais finas e às mais grosseiras, a composição predominan­temente bioclástica da areia e o seu conteúdo em cascalho biogenico e em siltes e argilas podem considerar-se tipicos destes depositas.

5. CARACTERíSTICAS MtDIAS DOS DEPÓSITOS REGIONAIS DA PLATAFORMA

A fig. 68 representa, atraves de diagramas análogos aos anteriormente apresentados (fig. 64 a 67), as caracteristicas medias dos principais depositas com expressão regional, isto e, dos Depositas Litorais (DL), dos Depositas da Plataforma Media (DPM) e dos Depositas da Plataforma Externa (DPE). Estes diagramas foram construidos determinando, para cada variavel envolvida, a media dos valores das amostras mais representativas de cada tipo de deposito. Não se adoptou procedimento análogo para os Dep6sitos do Bordo da Plataforma devido à alta variabilidade que apresentam. Os cálculos efectuados para as amostras pro­venientes destes depositas revelaram valores de desvio padrão muito elevados, sugerindo diminuta representatividade das medias determinadas. Nos diagramas referidos e evidente o conjunto de caracterlsticas atras apontado para os depositas regionais considerados.

Os Depositas Litorais (DL) revelam concentra,ão da maior parte da areia (quase 90%) nas frac~ões 20 a 30 e 30 a 40, sendo a quantidade de material correspondente às frac~ões mais grosseiras extremamente reduzida. A abundância relativa de quartzo aumenta no sentido inverso ao das dimensões das partlculas.

Os Depositas da Plataforma Media (DPM) contrastam fortemente com os referi­dos atrás. Apresentam elevado conteúdo cascalhento (sendo o cascalho predom­inantemente de origem terrigena) e conteúdo silto-argiloso muito reduzido. A maior parte da areia (praticamente 90%) está integrada nas frac,ões mais gros­selras desta classe textural~ A abundância relativa de quartzo na areia apresenta tendência para aumentar no sentido directo das dimensões das partlculas, verificando-se comportamento oposto no que se refere à mica.

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a 20. O quartzo, mais abundante nas fracções mais finas, tem menor expressão que nos depósitos atrÁs considerados (DL e DPM). A componente bioclÁstica é quantitativamente muito importante, quer na areia, quer no cascalho (onde ocupa a quase totalidade desta classe textural).

No sentido de averiguar em que medida os depósitos considerados apresentam ou não semelhanças, isto ê, para saber se grupos de amostras colhidas em diferentes depositas apresentam ou não diferenças significativas, realizaram-se testes t envolvendo a amostragem utilizada para a construção dos diagramas atras referidos. Os testes incidiram sobre 75 variaveis sedimentologicas correspon­dentes às classes texturais, aos parâmetros granulometricos, à composição total da areia e à composição de cada fracção de peneiração.

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o estatistico t (ou de Student) eum dos mais utilizados e com maiores potencialidades. N;ste teste, a hipótese HO de que as medias dos dois grupos de valores utilizados são iguais e testada contra a hipótese Hl de que essas medias são significativamente diferentes. O metodo de calculo utilizado foi o indicado por KOCH & LINK (1970) e DAVIS (1973). Na analise dos resultados que a seguir se apresentam deve ter-se em consideração que, como o ultimo autor referido afirma, estes testes "podem demonstrar, com probabilidades especificadas, o que as coisas não são, mas não podem estipular o que são".

Os resultados obtidos com os testes efectuados estão expressos no quadro VII onde, para cada variavel, se apresenta o valor da função t (para o numero de graus de liberdade respectivo) e o valor da probabilidade (p) de que os dois grupos de amostras consideradas não apresentem diferenças significativas. Com base nas indicações de FOLK (1968), pode dizer-se que se P>0,2 as diferenças são insignificantes. Se P estÁ compreendido entre 0,2 e 0,05 as diferenças poderão ser reais embora os dados utilizados sejam insuficientes para ter qualquer garantia disso. Se P<0,05 as diferenças podem ser consideradas reais. Como regra pratica considerou-se ainda que se P<O,OOl existem muito possivelmente diferenças muito significativas. Se P>O,S não exitem, provavelmente, diferenças significativas entre as medias dos valores da variavel considerada.

A anÁlise do quadro VII permite verificar quais as variaveis que não apresentam diferenças significativas nos depositas considerados e quais as que têm valores significativamente diferentes. Assim, no que se refere aos resulta­dos dos testes entre o grupo de amostras representativas dos Depositos Litorais (DL) e o dos Depósitos da Plataforma Media (DPM), constata-se que a probabili­dade de não apresentarem diferenças significativas e extremamente reduzida (P<O,OOl) no que se refere, entre outros, aos conteÚdos de cascalho, de areia e de silte, aos valores da media e da calibração granulometricas e às percentagens de quartzo e de mica nas fracções correspondentes à areia muito grosseira (-10 a 00), grosseira (00 a 10) e media (10 a 20). Por outro lado, a probabilidade de que não haja diferenças e muito elevada (P>0,5) no que respeita, por exemplo, aO conteudo de foraminlferos planctónicos nas fracções areia media (10 a 20) e areia fina (20 a 30). AliÁs, estas duas fracções granulometricas parecem ser as que têm maior probabilidade de não apresentarem diferenças significativas nos dois grupos de amostras considerados.

Aparentemente, os depósitos em que a probabilidade de não existirem diferenças significativas e menor, são os DPM e DPE. Com efeito, no conjunto das 75 variaveis consideradas, a probabilidade de não existirem diferenças SIg­

nificativas e inferior a 0,001 em 49 dessas variaveis. Apenas em 3 das variÁveis utilizadas essa probabilidade e superior a 0,5. Comparando os DL com os DPE verifica-se que os valores atras referidos ocorrem respectivamente em 30 e 5 variÁveis. Entre os DL e os DPM esse nUmero de variÁveis e, respec­tivamente, de 23 e 5.

No sentido de quantificar, de alguma forma, as diferenças (ou ausência de semelhanças) entre os depositas considerados, determinou-se, para cada comparação de depósitos, a media dos valores de ~ e a respectiva probabilidade P de não existirem diferenças significativas. Os resultados obtidos foram:

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Resultados obtidos com a aplica~ão do teste ~ aos valores de 75 sedimentologicas determinados em amostras representativas dos DL, dos DPE.

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
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- 163 -

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Apesar da validade estatistica destes valores ser reduzida, o metodo per­mite apreender, de forma global, algumas das indica~ões contidas no quadro VII e, em conjugação com este, estimar quais os depositas que apresentam diferenças mais significativas. Os grupos de amostras que revelam menor probabilidade de não apresentarem diferenças significativas são os referentes aos DPM e DPE. Aliás, essas diferen~as são tambem evidentes nos diagramas da fig.68.

6. DIFERENÇAS ENTRE OS DEPÓSITOS SETENTRIONAIS E OS DEPÓSITOS MERIDIONAIS

Como mais atras se referiu, parecem existir diferenças entre os depositas da plataforma localizados a norte e a sul de uma linha localizada, "grosso modo", entre o Porto e o canhão submarino do mesmo nome. No sentido de averi­guar se efectivamente existem ou não diferenças entre esses depositas regionais setentrionais e meridionais, seguiu-se metodologia analoga à aplicada no ponto anterior.

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Caracterlsticas medias dos Depôsitos Litorais (8) e meridional (M) da plataforma estudada. expresso na fig.68.

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
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- 164 -

QUADRO VIII

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Resultadas obtidos com 8 aplicação do teste ! aos valores de sedimento16gicas determinados em amostras representativas dos DL, DPE localizadas nos sectores ~etentrional (8) e meridional (M) da

75 variÁveis dos DPM e dos plataforma.

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- 165 -

Os diagramas resultantes estão reproduzidos nas fig.69 a 71 e os valores obtidos com a aplica~ão de testes ~ encontram-se expressos no quadro VIII. Da análise deste quadro pode concluir-se que a hipótese de que não existem diferen;as significativas entre os depósitos referidos A de excluir. No entanto, os valores de P determinados são significativamente mais elevados do que os que foram calculados para a totalidade dos depósitos no ponto anterior.

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Fig.70 - Csr8cterlsticas m~dias dos Depbsitos da Plataforma Media (DPM) dos sec­tores setentrional (8) e meridional (M). O significado da simbologia esta expresso na fig.68.

Os depósitos que parecem apresentar maiores diferen;as são os DL. Com efeito, quando se comparam os DL setentrionais com os DL meridionais, verifica­se que a probabilidade de não existirem diferen;as significativas A inferior a 0,001 em 6 das 75 variáveis consideradas. Em 5 das variáveis a probabilidade A superior a 0,5. No que se refere aos DPM setentrionais e meridionais, 5 variáveis apresentam P<O,OOl e 15 têm P>0,5. Considerando os DPE, esses valores encontram-se respectivamente em 4 e 21 variàveis. As medias dos valores de t dos testes efectuados entre os depositas setentrionais e meridionais conduzira~

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QUADRO IX

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
Page 21: I1 e, - UAlgw3.ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks/DinSedPlat/DinSedPlat_II_4.pdf · mesmo local, existe remobilização e transporte de partlculas para outras zonas, em simultâneo com deposição,

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QUADRO X

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Resultados obtidos com a aplica~ão do teste t aos valores de 75 sedimentolOgicas determinados em amostras rep;esentativas dos DL, dos DPE localizadas no sector setentrional (S) da plataforma.

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
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aos resultados seguintes:

1--------1----------1----------1 1 1 t 1 P 1 1--------1----------1----------1 1 DL 1 1,927 1 0,072 1 1 DPM 1 1,538 1 0,169 1 1 DPE 1 1,478 1 0,159 1 1--------1----------1----------1

Do conjuhto da informação apresentada parece poder concluir-se que existem diferenças significativas entre os depositas setentrionais e os meridionais, sendo essas diferenças maiores entre os DL e menores entre os DPE.

A aplicação deste método separadamente aos depósitos que ocorrem no sector setentrional e aos que ocorrem no sector meridional da plataforma estudada (qua­dros IX e X e fig.69 a 71) revela que as diferenças são significativas. Constata-se ainda que essas diferenças são particularmente significativas no sector meridional. Com efeito, como se pode verificar no quadro seguinte, o nUmero de variáveis em que P<O,OOl é bastante maior no sector meridional:

1------------1---------------1---------------1 1 Sectorl Setentrional 1 Meridional 1 1 1--------1------1--------1------1 IDepósitos 1 P<0,001Ip>0,5 1 P<0,001Ip>0,5 1 1------------1--------1------1--------1------1 1 DL - DPM 1 9 1 18 1 22 1 16 1 1 DPM - DPE 1 17 1 6 1 50 1 6 1 1 DL - DPE 1 2 1 12 1 28 1 6 1 1------------1--------1------1--------1------1

o cálculo das médias dos valores de 1 para os depósitos referidos conduziu aos resultados seguintes:

1------------1----------------1-----------------1 1 Sectorl Setentrional 1 Meridional 1 1 1··------1--------1--------1--------1 IDepósitos 1 t 1 P 1 t 1 P 1 1------------1-------1--------1--------1--------1 1 DL - DPM 1 2,001 1 0,059 1 2,619 1 0,009 1 1 DPM - DPE 1 2,615 1 0,012 1 5,560 1 <0,001 1 1 DL - DPE 1 1,576 1 0,140 1 3,282 1 0,006 1 1------------1-------1--------1--------1--------1

A analise cuidada dos quadros e diagramas apresentados permite verificar o comportamento diferencial de muitas das variaveis estudadas nos diferentes depósitos, sendo dai possivel extrair ilacções relevantes no que se refere à dinâmica sedimentar da plataforma estudada e ao comportamento hidráulico de mui­tas dessas particu1as.

o facto dos depositas meridionais apres~ntarem diferen~as aparentemente mais significativas que os setentrionais deve-se a varias factores, entre os quais se referem: a) o afluxo de materiais terrigenos provenientes do continente ~ bastante maior no sector norte, o que certamente conduz a menor diferenciação

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
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de caracteristicas neste sector setentrional; b} o pendor da plataforma e mais elevado no sector setentrional que no meridional, o que permite, neste último sector, menor mistura de materiais e melhor preservação das caracterlsticas (nomeadamente das caracteristicas reliquia); c} o transporte geral e, aparen­temente, de norte para sul, conduzindo à ocorrência, no sector meridional, de sedimentos mais maturas e mais diferenciados; d) a interacção da agitação marltima com o fundo induz, provavelmente, maior mobilidade de materiais no sec­tor setentrional e, consequentemente, maior interpenetração das caracterlsticas dos respectivos depósitos.

7. SEDIMENTOS RELíqUIA ~ MODERNOS DA PLATAFORMA

l.l. Cri terias de identifica,ão de sedimentos religuia I

Como se afirmou no inicio deste capitulo, a cobertura sedimentar não conso­lidada das plataformas actuais do globo inclui, basicamente, dois tipos de sedi­mentos: os que não estão em equillbrio com as condições ambientais actuais, e os que estão em equilibrio com essas condições. Os primeiros foram denominados por EMERY (1968) como "sedimentos reliquia", tendo sido definidos por este autor, em sentido lato, como "sedimentos depositados hã muito tempo, em equilibrio com os ambientes de então; posteriormente, os ambientes modificaram-se de modo que esses sedimentos deixaram de estar em equilibrio apesar de não terem sido cober­tos por sedimentos posteriores".

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Caracterlsticas medias dos Oepbsitos da Plataforma ExternA (DPE) setentrional (S) e meridional (H). O significado da simbologia

na fig.68.

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Face aos dados apresentados e discutidos nos capitulas anteriores, se-ão identificar, em seguida, os sedimentos rellquia e os sedimentos que ocorrem na plataforma portuguesa se,tentrional.

tentar­modernos

De acordo com EMERY (1968), os sedimentos rel!quia podem ser reconhecidos pelo facto das suas composi~ões, caracter!sticas e aspecto da superf!cie dos grãos serem anómalos, mesmo quando se verificou deslocamento de partlculas como resposta às novas condições ambientais. De facto, os sedimentos de qualquer ambiente especifico apresentam, geralmente, caracteristicas microtopografícas, de estrutura ínterna e granulométrícas t!pícas desse ambiente. A modífíca~ão desse ambiente pode provocar grandes modifica~ões na microtopografia do fundo e correspondentes repercursões nas estruturas internas. Todavia, essa modifica~ão do ambiente induz, geralmente, apenas pequenas alterações na composlçao, na granulometria e no tipo de partlculas desse sedimento. Afortunadamente, como diz EMERY (1968), estes aspectos são os que mais vulgarmente e com mais facilidade são analisados nas amostras de fundo. As principais caracterlsticas composi­cionais e granulometricas dos sedimentos da plataforma portuguesa setentrional foram ja atras discutidas, pelo que sera poss!vel aplicar, a esta plataforma, os critérios de identifica~ão de sedimentos rel!quia atras referidos. No que se refere ao tipo de part!culas, o assunto sera debatido no capitulo seguinte (I1.5).

Frequentemente, a modifica~ão do ambiente responsavel pela passagem de um sedimento aO estado rellquia e traduzida, entre outros, por acréscimo ou decréscimo da espessura da coluna de àgua sobrejacente, por aumento ou diminui~ão da temperatura da agua, por varia~ão da salinidade e por diferen~as no fornecimento de part!culas para o depositario. Embora existam excep~ões, estas modifica~ões são induzidas, em geral, por modifica~ões de ordem maior resultantes dos movimentos eustÁticos, nos quais se reunem, segundo a nomencla­tura de MORNER (1976), os movimentos tectono-eustaticos, os glacio-eustaticos e os geuido-eustaticos.

As repercursões mais facilmente reconheclveis, induzidas por estes movimen­tos são, nas plataformas continentais, as varia~ões de profundidade. Se se atender a que o n!vel energético actuante num local determinado do depusito é fun~ão da profundidade, é ubvio que tais varia~ões ficarão registadas nos sedi­mentos (cujas caracter!sticas são, em ultima analise, fun~ão da energla do meio).

Consequentemente, um decréscimo na profundidade induz, em geral, maior energia actuante no depositÁrio e, portanto, remobiliza~ão de partlculas e poss!vel erosão (parcial ou total) do depusito. Pelo contrario, aumento de pro­fundidade refl~e-se, normalmente, em diminui~ão do n!vel energético, ficando os depósitos cobertos, em maior ou menor grau, de acordo com o maior Ou menor afluxo, a esse local, de part!culas suscept!veis de deposi~ão. Esta abordagem ao assunto permite concluir que per!odos de decréscimo energético (aumento de pro­fundidade) "fossilizam" estÁdios mais energéticos anteriores, e que perlodos de acréscimo de energia (diminui~ão de profundidade) são destrutivas, provocando grandes altera~ões, pelo menos na parte mais superficial dos depósitos, que cul­minam na sua erosão parcial ou total.

Como a energia da ondula~ão que se faz sentir no depositÁrio varia, em priclpio, de forma gradual com a profundidade, os sedimentos de origem terr!gena manifestam tendência para serem mais finos a maior distância da costa e a maior profundidade. Um critério importante de reconhecimento da origem rel!quia de um sedimento é, como foi constatado por EMERY (1968) e, posteriormente, por muitos outros autores (p.ex. NORDSTROM & MARGOLIS, 1972), a existência de areias grosseiras, bem calibradas, situadas a maior distância da costa e a maior pro­fundidade que areias mais finas e menos bem calibradas.

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- 171 -

7.2. Sedimentos rellguia da Plataforma

A anÁlise do mapa de distribui~ão regional da media granulometrica da areia na plataforma estudada (fig.39) e a aplica~ão do criterio atrÁs referido permite reconhecer duás zonas anbmalas. A primeira e constitulda pelos Depbsitos da Plataforma Media (cascalhentos), que exibem medias granulometricas no domlnio das areias grosseiras e muito grosseiras. Adjacentes a estes depósitos, do lado do continente, situam-se os Depósitos Litorais com areias geralmente finas e muito finas (M0>20). A segunda zona anbmala dispõe-se nos depbsitos da pla­taforma externa, a p-rofundidades que, no sector meridional, variam aproxima­damente entre os 120m e os 140m de profundidade. Trata-se de areias medias (20<M0<10), ladeadas a ocidente e a oriente por areias finas (20<M0<30). Estas duas zonas estão bem expressas, tambem, no que diz respeito ao contendo em cas­calho (fig.36).

No que se refere à composi~ão (outro dos criterios utilizados por EMERY, 1968), alguns dos mapas de distribui~ão anteriormente apresentados e analisados reflectem, tambem, a existência destas duas zonas, nomeadamente os respeitantes à distribui~ã~ do cascalho terrigeno e dos clastos de moluscos na areia.

SerÁ conveniente referir que as amostras estudadas são superficiais, reflectindo predominantemente as condi~ões do depositAria, isto e, a parte mais superficial, sedimentologicamente activa, dos depositas. Consequentemente, man­ifestam, com frequência, atributos sedimentologicos inerentes aos depositas con­stituídos em ciclos de deposição anteriores, mais ou menos obliterados pelas caracterlsticas sedimentologicas do actual ciclo de deposi~ão.

7.3. Interpretação

Do que acima se expôs pode concluir-se da existência de faixas de sedimen­tos reliquia na plataforma externa (mais mal definidos) e na plataforma media (mais bem definidos). Estes sedimentos poderão corresponder a episbdios de abaixamento do nlvel do mar em relação ao continente que interromperam a subida generalizada desse nivel, induzida pela última deglacia~ão. Os depbsitos da pla­taforma externa, localizados a maior profundidade, seriam mais antigos que os depbsitos cascalhentos da plataforma media.

Os sedimentos rellquia da plataforma externa teriam sofrido maiores modifica~ões que os da plataforma media visto que: a) teriam estado sujeitos, apos a sua constituição, a pelo menos um perlodo de aumento energético, derivado do episbdio de abaixamento do nlvel relativo do mar, responsÁvel pela forma~ão dos depbsitos cascalhentos da plataforma media; b) teriam disposto de um maior perlodo de tempo para serem remobilizados, ou cobertos e preservados, influenci­ando consequentemente, em menor grau, as caracterlsticas do depositaria actual, nesses locais; c) teriam estado SUjeItos durante mais tempo a fenomenos de sedimentação bio e autigenica, com as consequentes modificações da parte super­ficial dos depbsitos.

Os sedimentos rellquia referidos estão aparentemente mais bem definidos no sector meridional que no sector setentrional. Tal facto e explicável não sb pelo nãmero de rios e respectivos tipos de desembocadura existentes em cada sector (quanto maior e o afluxo de terrigenos transportados do continente para a pla­taforma no actual ciclo de deposi~ão, maior e a probabilidade dos depbsitos rellquia serem obliterados e/ou cobertos), mas tambem pelas caracterlsticas fisiogrÁficas (principalmente declive medio, relevo e largura) de cada sector. Com efeito, jÁ EMERY (1968) (e posteriormente vÁrios outros autores) reconhecia que os sedimentos rel!quia mais bem definidos se localizavam nas partes mais largas das plataformas em cujos litorais, os materiais detrlticos, provenientes do continente, são retidos por sistemas estuarinos Ou lagunares desenvolvidos.

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
Page 26: I1 e, - UAlgw3.ualg.pt/~jdias/JAD/ebooks/DinSedPlat/DinSedPlat_II_4.pdf · mesmo local, existe remobilização e transporte de partlculas para outras zonas, em simultâneo com deposição,

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o ciclo de deposi~ão actual sera responsavel pela forma~ão dos Depositas Litorais e pela modifica~ão progressiva da parte superficial dos depositas reliquia, devido quer à "difusão" das partlculas para o largo, quer às caracterIsticas muito energeticas da ondula~ão que atinge esta plataforma,

8. SOMULA

A conjuga~ão dos dados granulometricos e composlclonais das amostras colhi­das na plataforma continental portuguesa setentrional, permite concluir que:

1) Existem quatro tipos de depositas principais com âmbito regional: a) Depositas Litorais, localizados a menos de 30m-40m de profundidade, caracteriza­dos, genericamente, por areias finas, unimodais, bem calibradas, de compOS1~ao essencialmente terrlgena, sendo a classe composicional mais abundante a do quartzo. Existem, todavia, concentra~ões locais de areias muito finas, micaceas, no sector setentrional. b) Depositas da Plataforma Media, localizados entre 30m-40m e 80m (localmente 100m) de profundidade, constituídos por areias grosseiras cascalhentas e cascalhos arenosos, compostos essencialmente por quartzo. c) Depositas da Plataforma Externa, entre os depositas referidos na allnea anterior e a zona do bordo da plataforma, 'constitui dos por areias carbo­natadas, com uma faixa longitudinal mais grosseira (areia media), situada pre­ferencialmente entre 100m e 120m no sector setentrional e entre 120m-140m no meridional, em que os clastos de moluscos são mais abundantes, constatando-se transição, no sentido da maior profundidade, para areias mais finas, dominadas por carapa~as de foraminlferos. d) Depositas do Bordo da Plataforma, constitul­dos por areias finas e muito finas, dominadas por carapaças de foraminlferos, verificando-se concentrações locais quer de quartzo, quer de glauconite.

2) A zona compreendida entre as cabeceiras do canhão submarino do Porto e o paralelo 41 0 N divide a plataforma estudada em dois sectores, um setentrional, outro meridional. Os depositas referidos no ponto anterior manifestam diferenças assinalàveis consoante se localizam num ou noutro sector. Estas diferen~as são atribuIveis a: a) nUmero de rios e tipo de desembocaduras presentes em cada sector; b) caracterIsticas das bacias hidrograficas drenadas para cada sector; c) orientação da costa e disposição geral da batimetria, em cada sector, relativamente à direcção da agitação marltima mais energética; d) caracterIsticas fisiograficas da plataforma, nomeadamente declive media, topo­grafia do fundo e largura; e) localiza~ão, entre os dois sectores, do canhão submarino do Porto.

3) Embora não seja esse o objectivo expresso deste trabalho, foi passIveI detectar a existência de depositas com âmbito local, nomeadamente: a) depositas em bolsadas relacionados com afloramentos rochosos; b) depositas finos da pla­taforma média, com afinidades com os depositos litorais, que parecem tlcortartl os depositas cascalhentos; c) depositas adjacentes ao bordo norte do canhão submar­lno da Nazare; d) complexo sedimentar do canhão submarino do Porto.

4) ~ passIveI atribuir origem rellquia (segundo o conceito de EMERY, 1968) aos depositas cascalhentos da plataforma media e à faixa mais grosseira dos depositas da plataforma externa. Estes sedimentos rellquia constituiram-se, pro­vavelmente, em perlodos de abaixamento do nivel do mar que interromperam episo­dicamente a eleva~ão generalizada desse nIvel devida à ultima deglacia~ão. Devido às caracterIsticas dos depositas, e passiveI atribuir idade mais antiga aos Depositas da Plataforma Externa e mais moderna aos Depositas da Plataforma Media (cascalhentos).

5) o ciclo de deposi~ão actual e responsavel pela forma~ão dos depositas litorais e modifica~ão, pelo menos da parte superficial, dos depositas da pla­taforma media e externa.

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Dias, J. M. Alveirinho (1987) - Dinâmica Sedimentar e Evolução Recente da Plataforma Continental Portuguesa Setentrional.. Dissertação de Doutoramento, 384p., Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.