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Si MesmoA HERANÇA DE

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Intermedio Logosófico, 216 págs., 1950. (1)

Introducción al Conocimiento Logosófico, 494 págs., 1951. (1) (2)

Diálogos, 212 págs., 1952. (1)

Exégesis Logosófica, 110 págs., 1956. (1) (2) (4)

El Mecanismo de la Vida Consciente, 125 págs., 1956. (1) (2) (4)

La Herencia de Sí Mismo, 32 págs., 1957. (1) (2) (4)

Logosofía. Ciencia y Método, 150 págs., 1957. (1) (2) (4)

El Señor de Sándara, 509 págs., 1959. (1)

Deficiencias y Propensiones del Ser Humano, 213 págs., 1962. (1) (2) (4)

Curso de Iniciación Logosófica, 102 págs., 1963. (1) (2) (4) (6)

Bases para Tu Conducta, 55 págs., 1965. (1) (2) (3) (4) (5) (6)

El Espíritu, 196 págs., 1968. (1) (2) (4) (7)

Colección de la Revista Logosofía (tomos I (1), II (1), III), 715 págs., 1980.

Colección de la Revista Logosofía (tomos IV, V), 649 págs., 1982.

(1) Em português.

(2) Em inglês.

(3) Em esperanto.

(4) Em francês.

(5) Em catalão.

(6) Em italiano.

(7) Em hebraico.

ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES DO AUTOR

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7a EdiçãoEditora Logosófica

São Paulo2007

Edição comemorativa do 500 aniversário de lançamento da 1a edição

Si MesmoA HERANÇA DE

Carlos Bernardo González Pecotche

RAUMSOL

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Título do original:

La herencia de si mismoCarlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

REVISÃO DA TRADUÇÃO: José Dalmy Silva Gama

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Silvia Ribeiro

ASSISTENTES DE DESIGN : Clarice Uba

CAPA E PRODUÇÃO GRÁFICA: Adesign

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

González Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963.A herança de si mesmo / Carlos Bernardo

González Pecotche (Raumsol) ; [revisão datradução por José Dalmy Silva Gama]. -- 7. ed. --São Paulo : Logosófica, 2007.

Título original: La herencia de si mismo.ISBN 978-85-7097-065-7

1. Hereditariedade 2. Logosofia I. Título.

07-3025 CDD -155.7-149.9

Índices para catálogo sistemático:

1. Hereditariedade psicológica: Psicologia evolutiva 155.72. Logosofia: Doutrinas filosóficas 149.9

Copyright da Editora Logosóficawww.editoralogosofica.com.brwww.logosofia.org.brfone/fax: (11) 3885 7340Rua Coronel Oscar Porto, 818 - CEP 04003-004São Paulo - SP - Brasil,da Fundação Logosófica Em Prol da Superação Humana

Sede central: SHCG/NORTE - Quadra 704 - Área de Escolas CEP 70730-730 - Brasília - DF - Brasilvide representantes regionais na última página

EDITORA AFILIADA

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desconhecimento de suas possi-

bilidades internas e dos segredos

que se aninham nas profundezas de sua

alma tornou o homem cético a respeito de

seu próprio destino.

Saiba ele encontrar a chave de sua

evolução na lei que o proclama herdeiro

de si mesmo e conhecerá o porquê das

angústias que padece, questão sobre a qual

não encontrou ainda explicação alguma

que lhe satisfaça.

b

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O homem será o que quer

ser, se une a seu saber e a suas

forças o conhecimento da

própria herança.

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Da verdade surgem só afirmações;jamais hipóteses.

ada pode causar maior assombro que ofato de o homem ter permanecidoalheio, desde tempos remotos, a uma

realidade que tão direta e exclusivamente lhe concerne:a herança de si mesmo.

Já muito se pensou e escreveu sobre a herança emseu aspecto material e psicológico – sem mencionar ojurídico –, mas sempre se atendo à ascendência edescendência das correntes que, na ordem comum, par-ticularizam a linhagem. Ela é reconhecida nos traçosfisionômicos, na composição óssea, no sangue e demaispartes da constituição física, assim como são consideradasprovenientes do mesmo conduto as qualidades docaráter e da inteligência, as tendências de toda ordem, alucidez intelectual, as deficiências mentais e morais, e

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A Herança de Si Mesmo

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muitas outras peculiaridades psíquicas. Até aí chegou ainvestigação oficial e privada, e aí se deteve.

Sem levantar questões – que estimamos nestemomento inúteis – sobre a limitada visão com que seexaminou este problema tão fundamental para a cons-ciência de cada indivíduo, dedicar-nos-emos, neste tra-balho, exclusivamente a assinalar a transcendência que aherança adquire do ponto de vista logosófico.

A lei de herança é ampla, generosa e inexorável,

como todas as leis universais. Está enraizada nos mais

recônditos arcanos da existência humana, e seu segredo

consiste em permanecer oculta até o momento em que

é descoberta.Se bem seja certo que a célula genésica leva impres-

sa a herança de cada indivíduo, também é certo que elatransmite só uma parte dessa herança.Tomemos, comoexemplo, um casal com três ou mais filhos. É transmiti-do a cada um deles o conteúdo global da herança? Não,visto que não denunciam todos as mesmas caracte-rísticas, nem compartilham, em proporção idêntica ouparecida, as qualidades boas ou más de seus progenitores,nem padecem tampouco – no caso de existirem – deiguais perturbações patológicas. Este fato é uma de-monstração inquestionável de que a célula genésica faz

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deslizar em cada filho só uma parte da herança: a que aele corresponde como potencial hereditário.

Considerada deste ponto de vista, a herança é, pois,relativa e conforma, pode-se dizer, uma necessidadebiológica, mas não determina nunca reproduções fatais.Nenhuma lei universal pode coartar a plena liberdadedo espírito humano. Daí a total independência e livre-arbítrio do homem. Cada um é o que é, conforme oquis, e – salvo nos casos em que aparecem malesirreparáveis – será aquilo que se proponha ser, mas pelaúnica via possível: o conhecimento.

A parte de herança que recebemos de nossos pais, eque eles por sua vez receberam de seus ascendentes, é amesma – melhorada ou piorada – que legaremos a nos-sos filhos, e eles a seus filhos, até o final dos tempos.

Ao tomar como ponto de nosso enfoque a parteevolutiva da herança, compreenderemos que cada indi-víduo haverá de encontrar, dentro de si, o caudalhereditário que foi formando através de suas própriasgerações. Vai descobri-lo, por exemplo, ao sentir umaacentuada vocação por determinada ciência, arte ouprofissão. A facilidade que encontre ao encarar estudose as idéias que auxiliem sua compreensão, enquanto seencaminha para o pleno domínio do conhecimento aque aspira, serão demonstrações claras de que nissoopera a herança de si mesmo. O sangue imaterial é

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como os rios, que arrastam, além de elementos impon-deráveis para a fertilização das terras que banham comsuas águas, outras riquezas, que a corrente leva em seuincessante movimento. Aquele que aproveita os ele-mentos fertilizantes desse sangue para a própria vida, eque dele extrai as riquezas que contém, herdará tudoisso de si mesmo, de sua própria iniciativa. Pois bem;tanto as riquezas que o rio arrasta no caudal de suaságuas, como as que a corrente sangüínea contém, pas-sarão ao largo, avançando de geração em geração, se seignora o que se pode extrair delas. No caso destas últi-mas, é óbvio que tais riquezas estariam representadaspelas valiosas contribuições contidas na evolução queflui passando de pais para filhos. O homem que per-manece indiferente a essa realidade perderá, com isso,uma grande oportunidade que a vida lhe oferece, masnão acontecerá o mesmo com quem, embora semsaber, extraia de sua herança os valores que lhe per-tencem exclusivamente. Esta revelação dos segredos daherança pode bem explicar aquelas indagações dos queinquirem por que os filhos não herdam a sabedoria deseus pais, sua vasta cultura, etc.

Há uma verdade de todos conhecida: é a que insti-tui o homem como herdeiro direto da criação. Porém,faltaria ainda conhecer que essa herança está sujeita aleis inexoráveis, que não permitem à criatura humanaherdar absolutamente nada enquanto não se faça digna

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desse presente universal.A lição não pode ser mais sábiae prudente: Não ponhais ao alcance das mãos de umacriança os comandos da usina que distribui a luz, porquevos deixará às escuras. Não aviveis repentinamente achama do saber na mente incipiente, sem antesrecomendar ao beneficiário que retire dela todo pensa-mento inflamável, pois se correrá o perigo de provocarum incêndio mental.

Do que dissemos se infere que toda criatura humanatem as portas abertas para alcançar a magna prerrogati-va de sua herança, mas antes deverá torná-lo possívelpara si. Isto a obrigará a pensar que deve ir do pouco aomuito, do mínimo ao máximo, e nunca ao contrário,como pretende a ignorância. Numa palavra: ambiciona-se abarcar mais do que se pode e deve.

Convirá, pois, indagar; investigar os aspectos maisproeminentes da lei de herança, a fim de poder saber aque se ater.

Se tomamos o caso dos que por razões diversas nãotêm descendência, surge a pergunta: Pode a herançaproduzir-se, através das gerações, por via colateral? Re-portamo-nos, para sua resposta, ao que ficou dito sobrea corrente sangüínea; mas agregaremos que não é sópor essa via que se pode herdar. Há algo também quefica imantado à existência visível ou invisível de um ser:são os feitos, os pensamentos, as idéias e as palavras que

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caracterizaram sua vida.A transmigração dos pensamen-tos e das palavras, por exemplo, que obedecem a umverbo1 forma a herança de um homem: daquele queexerceu a autoridade desse verbo e lhe deu vida, ensi-nando ou fazendo um bem a seus semelhantes.A recor-dação deles, por parte dos que seguem o exemplo de suatrajetória, toma força de herança em suas vidas,adquirindo estas, em tais casos, expressa manifestaçãohumanística. Os continuadores dos pensamentos deCristo e de outros famosos sábios e filósofos confirmamo que foi dito. Quantos deles não participaram da glóriade seus inspiradores, cujos nomes pluralizaram ao seremchamados os Pasteurs, os Newtons, os Ehrlichs, etc.,menção honrosa que implica o reconhecimento daautoridade dos herdeiros daqueles pensamentos ben-feitores, que tantos serviços prestaram à humanidade.

Os grandes homens que se destacam através das trêsépocas clássicas em que se divide a história humana,sempre foram reconhecidos grandes por seus pensa-mentos e por suas idéias quando, após titânica e persis-tente luta, conseguiram atrair a atenção e fazer com quese advertisse o bem que continham. Em quantas mentespenetrou a luz de seus pensamentos e idéias! Quantas

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1 Logosoficamente, emprega-se o vocábulo "verbo" para referir-se à paternidade de pensa-mentos e palavras que certificam uma moral. uma conduta, ciência ou fé.

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foram fecundadas com a semente das extraordináriasconcepções daquelas inteligências que puseram, ali, todoo poder de sua influência criadora!

Estamos referindo-nos à herança do pensamentoalheio, tanto mais respeitável quanto mais elevado econstrutivo. Pudemos ver, no transcurso do tempo,como os pensamentos de uns permitiram que germi-nassem, nas mentes de outros, conhecimentos quefavoreceram o processo da civilização e o progresso dospovos, sendo, no final das contas, a própria sociedadehumana a beneficiária direta e herdeira legítima de tãoprecioso legado mental. Seus nomes e suas idéias, quesobreviveram ao último de seus sonos, não foram sepul-tados com seus restos mortais. Ao contrário, como avesmensageiras, alçaram vôo e, em fecundas e gloriosas eta-pas, cruzaram mares e continentes e esparziram pelomundo os benefícios de sua presença, como agentesprecursores de grandes verdades e auxiliares poderososdo entendimento. Assim, temos visto refletirem-se, nocéu de todos os povos da terra, os nomes e os descobri-mentos daqueles valorosos arautos da herança universal;pudemos vê-los levando uma auréola luminosa após si eiluminando, com seu rastro, as mentes e os corações demuitas gerações. Nada, certamente, tem contribuídocom maior eficácia, para a formação da cultura humana,

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do que os pensamentos geniais dos homens que sou-beram criá-los.

O formoso e grande da lei de herança se evidenciano fato de que cada indivíduo pode aplicar a si mesmoseus ditados e comprovar sua realidade. Mas observe-mos, primeiramente, como sua inexorabilidade se con-cretiza até em episódios sem importância da vida cor-rente. Se uma pessoa ofende inesperadamente a outra, émuito provável que esta reaja contra ela e, se seu tem-peramento é violento, não será difícil que até chegue aaplicar-lhe uns golpes. Como conseqüência, aquela her-dará alguma contusão e seu descrédito. É indubitávelque, se nossa conduta é censurável, herdaremos odesprezo dos demais; que, se infringimos as leis penais,herdaremos o rigor de suas sanções: a detenção, o julga-mento e, finalmente, a prisão; que, se nos deixamos levarpela frivolidade da vida, herdaremos na maturidade ovazio representado pelo fastio, a insatisfação, o ceticismoe a desorientação. Mas se nos preocupamos, ao con-trário, em forjar nossa própria herança, desde esseinstante ela começará a manifestar-se com resultadospositivos. Isto significa, não cabe dúvida, que o homempode herdar a si mesmo em vida; e quanto mais cedoadvirta semelhante perspectiva, tanto mais rapidamentese disporá a seguir comprovando as grandes vantagensque esse fato haverá de trazer-lhe.

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Ninguém discutirá que o título que recebe o médi-co, o advogado ou o engenheiro, ao término de seucurso, é herança de seu estudo, de seu esforço e desvelo;numa palavra: a herança de si mesmo a curto prazo, cujaprojeção poderia, não obstante, manifestar-se como efe-tiva contribuição à própria linha hereditária. Coisa igualocorre com os que se empenham em conseguir umfuturo econômico folgado, uma posição social respeitá-vel, ou a culminação feliz de algum projeto próprio dasinquietudes humanas. Repetimos que tais heranças são,já que empalidecem com a morte, limitadas e, portanto,intranscendentes. Empalidecem em virtude de suadescontinuidade, causa pela qual podem até desaparecer,pois tais realizações não têm a consistência evolutiva dasque concernem ao aperfeiçoamento integral do indiví-duo. Não é precisamente a esta herança que havemos denos referir.

Para poder conhecer uma verdade, é necessárioaproximar-se dela progressiva e continuadamente, comhumildade, empenho e tato. Quando dizemos que ohomem herda a si mesmo, estamos referindo-nos a umalei que, como todas as leis universais, encerra umagrande verdade, mas será necessário conhecer omecanismo dessa lei até em seus menores detalhes, parapoder apreciar sua insuperável importância. Quem

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pensa que isto é coisa que se pode deixar entregue aoacaso, ou realizar-se sob o impulso de entusiasmos pas-sageiros, se equivoca e terminará decepcionado. Conve-nhamos, então, que para conhecer esse mecanismo éimprescindível a assistência da consciência, a qual sehaverá de dotar com conhecimentos que penetrem omistério dessa lei e esclareçam sua realidade.

Sendo que a consciência tem a ver com a herançasuperior do ser humano, teremos de admitir que oespírito, tal como o define a concepção logosófica1, équem, absorvendo dela os valores que o homemadquire, os prolonga através do tempo em cada uma dasetapas da existência humana. O espírito é, em suma, odepositário da herança pessoal, com o que se entenderáque a herança é espiritual por excelência, não material;nem fruto, tampouco, da especulação intelectual, fatoque a própria lei rechaça, por não constituir umaexpressão cabal das ânsias humanas de saber.

Existe um problema capital, não resolvido até o pre-sente: o da continuação pós-morte ou extrafísica dohomem. Já foram apresentadas as mais curiosas hipótesessobre a mal chamada “reencarnação”, e ingenuamente setem admitido que esta se produz de um modo natural,

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1 Veja-se O Mecanismo da Vida Consciente, do mesmo autor (pág. 59)

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tendo-se ensaiado recursos de prova que levaramdemasiadamente longe as temerárias asseverações. Tem-se, também, a crença contrária de que não existe conti-nuação depois da morte, o que fez os homens céticos edesorientou suas vidas. A isso se deve, em grande parte,o abandono moral e espiritual em que se encontra ahumanidade. Se tudo termina ao morrer, para que sepreocupar em ser melhor? Eis aí o axioma fatal, queparalisa os nobres esforços da criatura humana.

Deus não podia criar, por certo, um ser tão mara-vilhosamente concebido, para que desapareça em vir-tude de um término inexoravelmente assinalado parasua vida. Já deixamos claro o pensamento de sua con-tinuação na progênie: à margem de sua vontade, eleestende a seus filhos suas perfeições ou imperfeições oudefeitos físicos, morais ou psicológicos. Porém, se cadaser humano tem peculiaridades que o caracterizam euma fisionomia própria, diferente da de seus seme-lhantes, é porque tal diferenciação haverá de distinguir oprolongamento de sua semente além do túmulo. Nãosendo assim, que outra razão haveria para essa rigorosadiferenciação, que não fosse a de propiciar a herança?Algum grande objetivo a Vontade Suprema há de haverperseguido, ao conceder ao homem a prerrogativa deuma identidade inconfundível e imutável, e tal objetivo

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não pode ser outro que o da sua própria perpetuação.Mas essa perpetuação, que pode chegar a ser consciente,não poderá ser satisfeita nunca, se se burlam as leis ou seinfringem os preceitos e normas da evolução.

Ao dizer isto, quisemos expressar que a herançapode sofrer relaxamento, e esse relaxamento levá-la,inclusive, à sua dissolução como linha que individualizao homem dentro de sua espécie. Isto tem sua causa nadepuração lógica que a lei de herança leva a cabo porvia da seleção, já que pouco importaria aos mesmos finshumanos a perpetuação, por exemplo, de um homemque mostrasse em todas as suas etapas de vida os sinais,expressões e características do bárbaro, ou do indivíduoque chegou, em seu descenso,mais além dos limites per-mitidos pela lei.

Entender-se-á, através do exposto, que a perpetua-ção se define e concretiza na formação superior daconsciência, quer dizer, quando a alma consegue realizarseus reais objetivos, numa permanente e ininterruptaação evolutiva.

O homem só começa a ter consciência da realidadeque a herança de si mesmo lhe oferece, ao iniciar seuprocesso de evolução consciente. É aí, precisamente, noinstante de enfrentar-se o ser consigo mesmo, que selhe apresenta com toda a evidência essa verdade. O queé que, admitindo-se honestamente, pôde ele herdar atéesse momento, graças exclusivamente a si mesmo? Mais

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de um deveu ali ruborizar-se, ao ver vazias as arcas desua herança.Tudo se havia deixado, até então, entregueaos acasos da vida; numa palavra: entregue à inconsciên-cia; tudo se havia feito sem pensar sequer um momen-to no mais além, no prolongamento da existência.Aindaassim, não são poucos os que já se detiveram para per-guntar-se: O que nos espera após a morte? Para ondeirão, ao morrer, nossas almas?...

Tem-se pretendido explicar certos fenômenoschamados de alucinação, que se referem à aparição das“almas penadas” que percorrem, à procura de alívio, oslugares que lhes foram familiares antes de sua morte.Quão fácil resulta explicar as coisas quando não se temesse conhecimento que faz os homens sábios e pru-dentes em seus juízos! Por acaso não são almas em penatodos os seres humanos que andam pelo mundo sofren-do por seus próprios erros e faltas, ou padecendoinjustiças de toda classe? Estas, e não outras, são as ver-dadeiras almas penadas, e não se incluem entre elas só osdeserdados da fortuna, senão também aqueles que, poresgotarem os recursos de sua própria herança, já nadatêm e nada são capazes de fazer para recuperá-la e trans-cender esse declínio moral, espiritual e físico queoprime suas vidas.

A herança do espírito, em sua fase evolutiva – ou seja,o que o homem herda de si mesmo nesse conceito –, é asoma dos conhecimentos superiores adquiridos e das

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obras de bem que, com esses conhecimentos, tenhamsido realizadas nas diferentes etapas da existência. É aessência dos pensamentos que presidiram cada umadessas etapas de vida e deram a ela um conteúdo. Isso éo que o homem que evolui conscientemente transmiteaos filhos que gera, e o que lhes continuará transmitin-do por via do exemplo e do auxílio direto em sua for-mação psicológica, moral e espiritual.

Muito bem; que herança poderemos legar-nos, seem nossa mente damos guarida a pensamentos de todaíndole, maus e bons, próprios e alheios, que nelaentram e saem sem que nos demos conta alguma dessemovimento? E que diremos de nossas ações diárias, detão variada espécie? E de nossas intenções e nossaspalavras, em cuja desconexão damos mostra de umaconduta instável? Pode-se, por acaso, esperar algo deum caos semelhante? O que de bom se poderá extrairde uma mente desorientada e cheia de contradições? Ede uma mente fátua, cheia de obscuridades?...Pensamentos, sem dúvida, tão obscuros quanto ela. Essaserá, pois, sua herança.

Se, por derivação hereditária, desfrutamos hoje doque nossos pais nos legaram, que poderia ser: facilida-de para o estudo, para uma profissão ou para a arte,inquietudes espirituais, etc., não deveremos, porventu-ra, aumentar com tais recursos o acervo próprio,

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reforçando assim a contribuição de nossos progeni-tores? Sabemos que herdaremos amanhã o que sobreela acumularmos. Falamos aqui excluindo os bensmateriais, já que é muito mais importante e mais efe-tivo o acúmulo que possamos fazer de bens de conhe-cimento e experiência. Seu acrescentamento, sendoconstante, nos permitirá enriquecer essa herança diaapós dia, podendo herdar hoje o realizado ontem e,amanhã, o que façamos hoje.

O fato de que não se tenha uma idéia acabada dopapel imponderável que o conhecimento e a organiza-ção do sistema mental desempenham nos eventos daherança de si mesmo haverá, sem dúvida, de dificultar decerto modo a compreensão de nossa exposição. Nãoobstante, será fácil intuir as grandes perspectivas quenela oferecemos às possibilidades humanas.

A herança mental ou do espírito compreende –como dissemos antes – os bens do conhecimento trans-cendente, fruto de qualquer esforço ou realização ante-rior tendente a fixá-los na consciência. A este respeito,queremos assinalar que, ao não se levarem em conta taisbens, por ignorância de se possuí-los, perde-se a opor-tunidade de ser seu beneficiário direto e, em conse-qüência, a herança fica postergada. Tenha-se em contaque só dissemos postergada; não anulada, porque semprefica a possibilidade de conectar-se a ela.

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A Herança de si mesmo

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Os tesouros ocultos nas entranhas da terra não são,por estarem ocultos, inexistentes. Tão logo são desco-bertos, adquirem vida e podem enriquecer um homem,um povo e até toda a humanidade. Exatamente o mes-mo ocorre com os tesouros da própria herança; e quere-mos aqui novamente ressaltar por que afirmamos quesão da própria herança. São porque nos vêm de nossospais, que os recolheram dos seus, em direção ao mesmotempo ascendente e descendente. É, definitivamente,uma posta espiritual, onde cada geração toma a tocha desua própria herança e ilumina seu caminho, percorren-do o maior trecho que sua capacidade lhe permita per-correr do extraordinário caminho da evolução. Será fácildeduzir que, numa infinidade de casos, a tocha per-manece no mesmo lugar, ou pouco avança, por falta deconhecimentos acerca desta estupenda e ao mesmotempo formosa realidade.

Talvez, na mente dos que seguiram nossa exposiçãosobre a herança de si mesmo e os bens do conhecimen-to, tenham amadurecido estas perguntas fundamentais:Como retomar o fio da própria herança? Como pene-trar nesse grande segredo, capaz de cambiar totalmentea vida do homem?

A resposta está, precisamente, na mensagem trazidapela Logosofia, ciência que descobre os mais recônditos

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Carlos Bernardo González Pecotche (raumsol)

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mistérios da alma humana e do mundo transcendente euniversal. Para demonstrá-lo, faremos referência a umade suas grandes concepções: a que revela o livre desen-volvimento do espírito e suas manifestações indepen-dentes da vontade.

É no espírito onde fica impressa a herança, por serele o que sobrevive ao ente físico e aparece, através dostempos, seguindo a célula hereditária. O conhecimentode si mesmo implica, indefectivelmente, conhecer opróprio espírito, tal qual ele é em potência e atividade.Esse conhecimento é o reencontro das células mentaisque se identificam e se unem por imantação da forçahereditária, surgindo daí a verdadeira entidade. Como énatural, isto requer um processo de evolução da cons-ciência, conscientemente realizado.

Os bens do conhecimento não podem ser herdadospela ignorância. Daí que seja necessário ativar o campodas próprias possibilidades, para que a herança se mani-feste ali onde se lhe ofereça a oportunidade de fazê-lo.

O processo de evolução consciente, instituído pelaLogosofia, leva a esse fim, pois não só abarca os aspectosfundamentais do ser, sua vida e seu destino, mas tambémse estende ao mundo transcendente, onde, chegado omomento, e para ciência e sabedoria do homem, oespírito pode atuar sem limitações.

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A Herança de si mesmo

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Resumindo, diremos que a herança de si mesmo éuma realidade inobjetável, que adquire maior força evigência ao produzir-se a união das duas células mentais:a que contém a herança e a que haverá de prolongá-la,dotando-a de plena energia e riqueza.

Enquanto o homem permanecer alheio a essa ver-dade, viverá às escuras a respeito de tão vantajosa possi-bilidade, e lutará e se debaterá num mar de compli-cações, sem encontrar solução para o grande problemade sua existência, ou seja, a razão fundamental de suapresença na terra e a orientação que haverá de iluminá-la, para poder conhecer sua verdade e ser feliz.

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Carlos Bernardo González Pecotche (raumsol)

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São PauloRua Gal. Chagas Santos, 590 - Saúde04146-051 - São Paulo - SPFone (11) 5584 6648

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