hino da galiza: os pinheiros

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O Hino Nacional da Galiza Ediçom com otimizaçom gráfica, morfológica e lexical

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Ediçom do texto de Eduardo Pondal, com otimizaçom gráfica, morfológica e lexical, realizada por Carlos Garrido, da Comissom Lingüística da Associaçom de Estudos Galegos, em 2011.

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Page 1: Hino da Galiza: Os Pinheiros

O Hino Nacional da GalizaEdiçom com otimizaçom gráfica, morfológica e lexical

Page 2: Hino da Galiza: Os Pinheiros

O Hino Nacional da Galiza (letra de Eduardo Pondal)Ediçom com otimizaçom gráfica, morfológica e lexical (Garrido, 2011: 796–799)

«Os Pinheiros»0 [4 primeiras estrofes]

Que dim os rumorososna costa verdecente,ao raio transparente1

do plácido2 luar?Que dim as altas copasde escuro arume harpadoc’o seu bem compassadomonótono fungar?

— Do teu verdor cingidoe de benignos astros,confim dos verdes castrose valoroso3 clam4,nom dês a esquecimento5

da injúria o rude6 tono7;desperta do teu sono,ó lar8 de Breogám.

— Os bons e generososa nossa voz entendeme com arroubo atendemao9 nosso rouco10 som,mas só11 os ignorantese férridos12 e duros,imbecis13 e obscuros14,nom os entendem, nom.

— Os tempos som chegadosdos bardos das idades15,que as vossas vaguidades16

cumprido fim terám,pois, onde17 quer, gigante,a nossa voz pregoaa redençom da boanaçom de Breogám.

Page 3: Hino da Galiza: Os Pinheiros

Texto original [v. Ferreiro, 1997: 51–52]

«Os Pinos»0 [4 primeiras estrofes]

Que din os rumorososNa costa verdecente,Ó rayo trasparente1,Do prácido2 luar...?Que din as altas copasD’escuro arume arpado,Co seu ben compasado,Monótono fungar...?

—Do teu verdor cingido,É de benígnos astros,Confin dos verdes castros,E valeroso3 clán4,Non dés a esquecemento5,Da injuria o rudo6 encono7;Despérta do teu sono,Fogar8 de Breogán.

Os boos e generosos,A nosa voz entenden;E con arroubo atendenO9 noso rouco10 son;Mas, sós11 os ignorantes,E férridos12 e duros,Imbéciles13 e escuros14,No-nos entenden, non.

Os tempos son chegados,Dos bardos da edades15,Q’as vosas vaguedades16,Cumprido fin terán;Pois donde17 quer gigante,A nosa voz pregóa,A redenzón da bóaNazón de Breogán.

Page 4: Hino da Galiza: Os Pinheiros

Notas:

0. Substituiçom castelhanizante: *pino, castelhanismo substitutório por pinheiro.1. Corrupçom plebeizante da voz culta transparente.2. Diferencialismo abusivo: *prácido, hipergaleguismo por formaçom pseudopatrimonial de

eruditismo, em vez de plácido.3. Estagnaçom e suplência castelhanizante: (*)valeroso, castelhanismo suplente (de freqüência), em

vez de valoroso (valeroso é considerada hoje voz rara em luso-brasileiro).4. A voz clam, presente no original pondalino, surge deturpada, como *chan, na versom do hino

oficializada polo Governo Galego a 23.6.1984.5. Variaçom geográfica sem padronizaçom: esquecemento ~ esquecimento. A variante codificável em

galego, de harmonia com o padrom luso-brasileiro, é esquecimento.6. Erosom e suplência castelhanizante (de freqüência): (*)rudo, castelhanismo suplente (de

freqüência), em vez de rude (rudo é considerada hoje voz rara em luso-brasileiro; 1.ª abonaçom de rude ~ rudo: séc. XIII-XIV).

7. Substituiçom castelhanizante induzida por estagnaçom: *encono, cacofónico castelhanismo substitutório (ou suplente), em vez de rancor. Aqui, por razons fónicas, propom-se o emprego de tono, voz galega arcaica equivalente a tom.

8. Substituiçom castelhanizante: *fogar ‘domicílio familiar’, castelhanismo substitutório (cast. hogar), em vez de lar.

9. Sendo atender aqui um verbo transitivo indireto, acrescenta-se-lhe a preposiçom a.10. A voz rouco, presente no original pondalino, surge deturpada, como *ronco, na versom do hino

oficializada polo Governo Galego a 23.6.1984.11. A forma só encaixa aqui de modo mais natural do que sós, a presente no original.12. A voz férridos (< ferro), presente no original pondalino, surge deturpada, como *féridos, na

versom do hino oficializada polo Governo Galego a 23.6.1984.13. Estagnaçom e suplência castelhanizante: *imbécil, castelhanismo suplente, em vez de imbecil

(1.ª abonaçom de imbecil em galego-português: séc. XVI).14. Estagnaçom e suplência castelhanizante: *escuro ‘nom esclarecido, ignorante’, castelhanismo

suplente (< cast. oscuro ‘nom esclarecido, ignorante’), em vez de obscuro (1.ª abonaçom de obscuro ‘ignorante’ em galego-português: séc. XV). Parece necessário —em coincidência, por exemplo, com a Profa. María Pilar García Negro («A letra do himno galego», A Nosa Terra, 1290: 12)— interpretarmos nesta estrofe o adjetivo escuros do original pondalino no sentido intelectual e moral aduzido, e nom —como prefere, por exemplo, Xosé Ramón Barreiro (A Nosa Terra, 1290: 41)— no sentido «racista» de ‘(com pele) de cor escura’.

15. Substituiçom castelhanizante: *edade, castelhanismo substitutório (cast. edad), em vez de idade.16. Substituiçom castelhanizante induzida por estagnaçom: *vaguedade, castelhanismo substitutório

(sufixo) ou suplente (palavra completa), em vez de vaguidade.17. Substituiçom castelhanizante: *donde, castelhanismo substitutório, em vez de onde.

Referências citadas

FERREIRO, Manuel. 1997. De Breogán aos Pinos. O Texto do Himno Galego. Edicións Laiovento. Santiago de Compostela.

GARRIDO, Carlos. 2011. Léxico Galego: Degradaçom e Regeneraçom. Edições da Galiza. Barcelona.