hermetismo e maÇonaria - federico gonzalez

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  • 7/28/2019 HERMETISMO E MAONARIA - Federico Gonzalez

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    HERMETISMO E MAONARIA

    Doutrina, Histria, AtualidadeFederico Gonzlez

    INDICE

    Introduo

    Captulo I Os Livros Hermticos

    Captulo II Tradio Hermtica e Maonaria(emweb Glolya)

    Captulo III Apontamentos sobre Hermetismo eCincia

    Captulo IV LA INICIACION MASONICA Y LA

    HERMETICA EN LA OBRA DE RENEGUENON

    CONCLUSION

    Apndices: 1. Corpus Hermeticum: Poimandrs I-XI.

    2. La Escuela Pitagrica y la Academiade Platn: Genealoga.

    3. Biblioteca Colombina

    4. Algunas obras alqumicasIndice onomstico

    Traduo em portugus:Igor Silva.

    INTRODUO

    Faz j mais de vinte anos foi publicado na Frana Science de l'Homme et

    http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#Introducaohttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htmhttp://hermetismoymasoneria.com/ps13fgon.htmhttp://hermetismoymasoneria.com/ps13fgon.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/hermetismo-e-ciencia.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/hermetismo-e-ciencia.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/hermetismo-e-ciencia.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/hermetismo-e-ciencia.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/hermetismo-e-ciencia.htmhttp://hermetismoymasoneria.com/ps13fgon.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#Introducao
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    Tradition 1; seu autor, o discutido Gilbert Durand, ao referir-se decadncia do racionalismo, do positivismo, etc., quer dizer, das cinciashumanas atuais, sustenta que a nica possibilidade de tir-las de seu becosem sada, a presena do Hermetismo, ou seja a aceitao de tudo aquiloque significam os deuses enquanto pautas, enquadramentos e padres do

    pensamento, em particular o verstil Hermes, deidade das adaptaes,mensageiro e portanto veculo da comunicao e do Ensino (Psicopompo).

    Segundo G. Durand isto j ocorreu outras vezes, o que est implcito,adicionamos ns, em sua prpria denominao de Hermes Trismegisto, ouseja, de trs vezes grande, que no s est em relao com sua prpriaidentidade, mas tambm com sua atuao no devir, sua intervenohistrica. De fato, esta figura percorre toda a histria do Ocidente atnossos dias j que no s o Trismegisto alexandrino, o Hermes grego e oMercrio romano, entidades to mveis e inquietas como seus mltiplosatributos, que abrem caminhos e resolvem encruzilhadas, mas tambm damesma forma o Thot egpcio, deidade escritora que aparece aqui e acolcomo heri cultural. De fato esta figura universal e pode assimil-la aosOdn e Wotan Nrdicos, com os Enoque, Elias e Eliseu bblicos, com oZoroastro iraniano, e com o Quetzalcotl tolteca e seus anlogos em toda aAmrica2, com quem compartilha muitos de seus atributos e funes, dosquais se diz que no morreram, mas foram arrebatados ao cu, esto vivos,e se afirma tm que voltar para final dos tempos, quer dizer deste ciclohumano.

    De fato, estes deuses so antediluvianos, atlantes, e ainda de origemanterior, hiperbreos, e sua presena foi contnua ao longo da presentehumanidade articulando as tradies conhecidas por sua prpria funo, eat aquelas das quais perdemos notcia. Inclusive muito importante naltima revelao religiosa, o Isl, onde conhecido como o profeta Idris(como tal mencionado no Coro) e onde assimilado ao Mahdi,

    personagem que tambm aparecer ao final dos tempos3, e que de fato seapresentou cada vez que esta tradio esteve em perigo de extino oucorrupo. As comparaes com Jesus, o Cristo,assim como suas relaes

    com os deuses de distintos pantees, especialmente o gregolevar-nos-iammuito longe para os limites desta introduo, embora no podemos deixarde assinalar as numerosas equiparaes da alquimia crist4 Medieval eRenascentista entre o Mercrio Solar e a divindade crstica, e igualmente asrelaes hebraicas entre o Metatron e esta divindade, filha direta do Pai,quer dizer, nosso irmo5.

    O Hermes grego, segundo os hinos homricos, nasce na obscuridade deuma gruta, como Jesus num prespio na noite, e finalmente tem queconverter-se no sol do amanhecer6. Seus pais so Zeus e Maia7(relacionar

    este nome com o da me de Buda) e, como todas as deidades anlogas,atravs de um processo ascendente alcana a plenitude de suas

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    possibilidades e o ser humano ento se deifica atravs de cus, ou planosomundo intermedirio, como o Corpus Hermeticum e outros textosatestam; o que o mesmo que dizer que os nmens ou anjos se fazem nele(de modo descendente)8, posto que o recipiente de sua alma conseguiu lhesdar capacidade mediante uma reciprocidade harmnica, possibilidade que

    pode se expressar em cada alma individual, ou ser coletivo, ainda que emnossos dias sombrios.

    Assinalamos a estreita vinculao do Hermetismo com o Cristianismo, etambm com a Tradio Hebraica (Enoque, Elias, Metatron) mas queremosadicionar quanto a esta ltima sua relao com o Egito, onde os judeusviveram cativos e foram liberados por meio de Moiss, filho adotivo doFara, que certamente recebeu determinados conhecimentos tradicionaisdessa civilizao. Igualmente outra influncia muito destacada a caldia,

    j que o patriarca Abrao era da cidade de Ur; isto se encontra vinculado,ento, a importantes legados astrolgicos e "mgicos", j que naAntigidade estes termos estavam identificados com o vocbulo caldeu.Isso sem negar a absoluta originalidade da Tradio Judaica e sua lnguasagrada. Entretanto, em pocas posteriores, na Idade Mdia, surgem naEspanha com a apario do Zohar, e em toda a Europa, vrias correntesrelacionadas no somente com a rvore da Vida Cabalstica (SepherYetsirah, Sepher Bahir), que tiveram parentesco com o pensamentognstico e neoplatnico, conforme autorizados investigadores; este o casode Gershom Scholem, e atinge o cerne do judasmo, pois tudo isso foi

    incorporado doutrina, Cabala, termo cuja traduo, como se sabe, literalmente "Tradio" e, portanto, ns adicionamos, igualmente ligada porintermdio da Gnose com a Tradio Hermtica. Tudo isso sem mencionar Cabala Crist que se denomina assim por constituir a apario daTradio judaica no seio do cristianismo, tal como o termo HermetismoCristo com respeito a Hermes, na Tradio cristde tanta influncia noRenascimento (e ainda na Idade Mdia) e que se projetar at nossos dias.

    No caso do Isl, um povo, o dos sabeus, rendia culto a Hermes.Posteriormente foram islamizados e, como j dissemos, seu antigo Deus

    passou a ser o profeta Idris

    9

    . Diz-se que este povo "descendia" da Rainhade Sab, e da sua vinculao com Salomo e seu Templo, deste modotomado como modelo da Maonaria, cujo parentesco com o Hermetismo seestudar no presente livro.

    Por isso Hermes, Pastor do rebanho celeste, Deus verdadeiramenteUniversal, ao mesmo tempo a deidade mais antiga de todos os pantees sendo antediluvianoe portanto um nmen que bem poderia ser qualificadode Arquetpico, ou melhor, o Arqutipo da deidade no plano intermedirio,ou identificado ao Ensino, como forma de comunicao, por mediao do

    Conhecimento, com os planos mais altos da Cosmogonia e a Ontologia, e

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    da mesma forma com os autnticos suportes da Metafsica10.

    Igualmente Hermes est vinculado com a msica e a arte em geral, pois oinventor da lira que entrega a Apolo e tem estreito parentesco com asMusas11, j que suas trs primeiras irms, em Delfos, personificavam ascordas desse instrumento.12De fato, a msica, cuja origem divina, estrelacionada com o plano intermdio, e capaz de estabelecer vnculos entrea audio e o Verbo, quer dizer entre o que se ouve e o sopro do inaudvel.

    Comparou-se a estrutura do cosmo com uma arquitetura musical, j que ossons e os nmeros expressam propores arquetpicas de harmonia emovimento coincidentes tanto no macro como no microcosmo. No s amsica teraputica e aqui preciso recordar a vara mgica que Apolodeu a Hermes em troca da lira, que podia curar13, ou despertar, tanto comodar o sonho e a morte, e que logo se converte no eixo de seu caduceu, mastambm manifesta estruturas invisveis e inaudveis que se expressam porsua intermediao. Por outra parte, sabido que a msica se propaga peloar e as asas do caduceu mercurial representam esta idia, j que a deidadetransmissora se vale fundamentalmente deste meio para revelar suasmensagens, assim como o vento anuncia a bno das chuvas.

    A.-J. Festugire, em seu livro La Rvlation d'Herms Trismgiste, afirmaque h um hermetismo popular e um hermetismo culto. Estamos de acordocom ele mas no por suas razes, j que parece confundir povo com"massa". De outra parte, cataloga o hermetismo popular como seexpressando mediante mancias, tais como a astrologia, ou por conjuros, outalisms, o que considera supersties, ao mesmo tempo em que s destacaos textos sapienciais (sem entend-los por seus preconceitos, claro, emboraeste outro assunto). No obstante ns queremos tambm destacar esseoutro grupo de ensinos e costumes, prprios de todas as tradies, e que s

    podem ser qualificadas de supersticiosas quando se as compara com outrosritos que se entendem como oficiais, ou apoiando-se no racionalismo maisevidente e numa lgica que exclui o pensamento analgico. Se todo um

    povo acreditar em certos amuletos em primeira instncia smbolos queexpressam a energia desse deus, que esse deus est vivo para eles, einvocado permanentemente. Por isso que existe igualmente uma TradioHermtica popular, to vlida quanto a sapiencial, pois o Deus ao qual seinvoca naquela se encontra to vivo como o que possa existir nesta.14Nosmomentos em que Hermes presidiu um povo, uma instituio, um grupo,

    pelo consentimento deste e, sobretudo, por Sua graa, a diferena entre osconhecimentos s questo de grau numa sociedade organizada de talmaneira que todos participem de acordo com as suas capacidades econdies especiais, que tm sua funo dentro dela, sem nenhumaexcluso por motivos artificiais, ou por uma diferenciao contundente,

    como nos possvel observar cotidianamente.

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    Como se pode apreciar, as revelaes do Deus Hermes so mltiplas e adeidade aparece de muitssimos modos distintos no curso daHistria.15Deste modo se poder observar neste estudo a ntima relao denosso deus com a Maonaria, como arauto do Grande Arquiteto doUniverso. Para nosso trabalho tomamos em geral modelos mticos greco-romano-alexandrinos, que posteriormente podero ser assimilados a outros

    pantees, mas a deidade, ou o conjunto de deidades intermedirias, seguesendo o mesmo, agrupado sob a entidade chamada Hermes (Hiram), queest to presente hoje em dia como o fora em outros tempos e espaos, e secontinua revelando de muitas diferentes maneiras, de acordo s diversasmentalidades, grupos e indivduos que habitam o planeta.

    O caduceu ou a vara junto com as asas j mencionadas o elementoprincipal da iconografia do Hermes greco-romano, mas estes elementosesto presentes de diversos modos em outras muitas representaes. Defato, as serpentes enroscadas no eixo da vara se encontram em diferentestradies; no caso do Hermes-Mercrio, bvio que elas representam dualidade, prpria de tudo o que criado no Cosmo. E a interao destasserpentes enroladas no eixo universal em trs nveis reflete, por um lado o

    plano do Universo, e por outro a conjuno dos opostos efetuadaigualmente em todos os mundos. Mediante esta unio dos contrrios, pode-se escalar atravs do eixo at que essa dualidade superada pela funo

    polar do prprio eixo, que transcende os opostos, e vitorioso se eleva paraum espao definitivamente outro.

    Por sua agilidade, nosso deus preparado, espontneo e rpido, por isso foireconhecido como o nmen de comerciantes16 e diplomatas, inclusive deladres; isso est claro em seu currculo, j que uma de suas primeirasfaanhas roubar cinqenta vacas do rebanho de Apolo, o que indigna aeste, embora que seja posteriormente perdoado. Alm das significaesastronmicas atribudas a este mito, isto ao mesmo tempo o localiza dentrodas deidades "trapaceiras", ou seja, as que vivem em sua raiz o paradoxo dadualidade csmica, qual so capazes de transcender de sbito, atravs deuma conjuntura pela qual podem filtrar-se.

    Sem dvida a Hermtica uma tradio complexa, como a vida, o planodo Universo, e as relaes entre os homens; ousar quase necessrio paranos tirarmos as cadeias que nos fazem escravos de nossa programao, oudas que querem nos infligir outros, verdadeiros policiais do pensamento,espritos totalitrios cujo refgio a norma, embora esta seja notoriamentefalsa. Ningum vem nos oferecer ou nos dar a liberdade; uma dascondies para obt-la faz-lo por ns mesmos, sem se deixar enganar

    por qualquer "mestre" ou diretor espiritual, mas sim por meio do planointermedirio, invocando ao Mestre Interno.

    Apesar da sua ambigidade, a entidade numnica ser capaz de nos guiar

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    no caminho, de tutelar nossas peregrinaes e de nos tirar dos labirintos aosquais constantemente acedemos; e, se nos amparar com sua graa, seremoscapazes de encontr-la em cada volta da viagem, e reconhec-la sob asdiferentes maneiras e os diversos disfarces com que se reveste.

    Por isso no sempre fcil para todos conseguir uma filiao com estaTradiotampouco Hermes tem que lha outorgar a qualquer um sem queeste pague seu preonem a realizao nessa via, que no se expressa demaneira religiosa ou sentimental-devocional, que no possui ortodoxiasteologais estritas, a no ser a vivncia de sua doutrina por meio doConhecimento, o que obriga constantemente ao Aprendiz a constatar o queacontece no itinerrio de seu prprio caminho, em seu ser interno, querdizer, em sua Iniciao, sem o consolo que lhe soem brindar determinadascrenas relativas ao aparato religioso, que, entretanto, podem serobservadas desde outro nvel simblico, depurando-as, ou seja, em termosalqumicos, "retificando-as". Por isso que a denominou uma Tradio "intemprie" e pode ser considerada pouco apta para certos espritos pacatosque no se arriscam e, portanto, desta forma no podem calar ou deixar dese queixar por suas vicissitudes, ao invs de prosseguirem seu caminho,

    presidido pelo silncio hermtico.

    Antes de finalizar estas palavras preambulares, queremos destacar um meiodo qual se vale o hermetismo. De fato, para os hermetistas, o livro umtransmissor direto de conhecimentos, que se unem numa doutrina, que absolutamente transformadora j que, tomando conscincia de ns mesmos,conhecemos tambm nosso ser no mundo, quer dizer, os segredos dacosmogonia em virtude das leis da analogia que estabelecem ascorrespondncias entre macro e microcosmo. A intermediao desteconhecimento do "Si", sempre pela mediao simblica de um terceiroelemento, capaz de conectar duas proposies e realizar o milagre datriunidade do Ser, tanto do homem quanto do mundo, posto que sabemosque a cosmogonia o Ser (ontologia) do Universo.

    Por este motivo se justifica que comecemos esta obra com um captulodedicado aos livros hermticos que fixam o ensino oralonde se poderapreciar a histria desta deidade, tanto quanto de suas doutrinas no mundogreco-romano e alexandrino, na Idade Mdia e no Renascimento e seusepgonos atuais.

    Nesse sentido, o Corpus Hermeticum, a coleo de escritos maisemblemtica da Tradio Hermtica, no cap. XXIII (5-8) dos "Extratos deEstobeu", denominado a Pupila do Cosmo ouKor Kosmou, afirma:

    "Agora, oh maravilhoso filho meu, Hrus, no num ser de raa mortalonde isto poderia se produzirde fato nem sequer existia ainda, a no sernuma alma que possusse o lao de simpatia com os mistrios do cu: eis a

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    o que era Hermes, quem tudo conheceu. Viu o conjunto das coisas; e, tendovisto, compreendeu; e, tendo compreendido, teve poder de revelar eensinar. De fato, as coisas que conheceu, gravou, e, havendo-as gravado,ocultou-as, tendo preferido melhor, a respeito da maior parte delas, guardarum firme silncio antes que falar, a fim de que tivesse que as buscar todagerao nascida, depois, do mundo. Nisto, Hermes se dispunha a remontar

    para os astros para escoltar os deuses seus primos. Entretanto deixava porsucessores a Tat, simultaneamente seu filho e o herdeiro destes ensinos,logo, pouco depois, a Asclpios o Imuths, segundo os intuitos de Ptah-Hefaistos, e a outros ainda, a todos aqueles que, pela vontade daProvidncia rainha de todas as coisas, deviam realizar uma busca exata econscienciosa da doutrina celeste. Hermes pois, estava a ponto de dizer emsua defesa, ante o espao circundante, que nem sequer tinha entregue adoutrina ntegra a seu filho, em vista da ainda muito pouca idade deste,

    quando, havendo-se levantado o dia, sendo que, com seus olhos que a tudovem, contemplava o Oriente, percebeu algo indistinto e, medida que oexaminava, lentamente, ao fim, veio-lhe a deciso precisa de depositar ossmbolos sagrados dos elementos csmicos perto dos objetos secretos deOsris e, depois, assim que realizou ainda uma prece e pronunciado tais equais palavras, subiu ao cu."

    "Mas no convm, meu menino, que deixe este relato incompleto: necessrio que refira tudo o que disse Hermes no momento de depositar oslivros. Ele, pois, falou assim: 'oh livros sagrados que foram escritos por

    minhas mos imperecveis, vs sobre os quais, havendo-os ungido com oelixir da imortalidade, tenho todo poder, permaneam imputrescveis eincorruptveis, atravs dos tempos de todos os ciclos, sem que se lhes vejaou se lhes descubra nenhum daqueles que tero que percorrer as planciesdesta terra, at o dia em que o cu envelhecido da luz a organismos dignosde vs, aqueles que o Criador chamou Almas'."

    NOTAS1

    H edio em castelhano recente: Ciencia del Hombre y Tradicin, Ed.

    Paids, Barcelona 1999.2

    Quetzalcotl (serpente alada) tambm deus Asteca e como tal se estendeupor toda a rea deste imprio, inclusive o sudoeste dos E.U.A. A mesmadeidade recebe os nomes de Kukulcan, Gucumatz e Votam (notar o

    parentesco do nome com a deidade nrdica) entre os Maias, Bochica nosChibchas colombianos, Viracocha entre as culturas incaicas, etc. etc., osquais bem poderiam ser chamados os Hermes Atlantes.

    3 Ver L. Massignon, apndice bibliogrfico sobre "L'Hermtisme Arabe", em

    La Rvlation d'Herms Trismgiste: A.-J. Festugire, Les Belles Lettres,Paris 1989.

    4 Muitos textos do conta dela. Virtualmente toda a alquimia ocidental est

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    posta sob o patrocnio de Hermes, invocado dentro da Tradio Crist.5

    Ver Charles Mopsik.Le Livre Hbreu d'Hnoch. Mosh Idel,Hnoch c'estMtatron. Ed. Verdier, Lagrasse, Frana 1989.

    6 Ou seja, a possibilidade de cada um ser um Hermes no nascido, que

    posteriormente far despontar a alvorada.7

    Maia uma das Pliades, filhas de Atlas, da sua relao com a civilizaoAtlntida e suas resultantes, ou seja: com a raa vermelha.

    8 Ainda que ambos movimentos, ascendente-descendente, so na verdade

    simultneos.9

    Ver Henry Corbin,Historia de la Filosofa Islmica. Editorial Trotta,Madrid 1994.

    10 Se houver uma tradio Primordial, quer dizer: Arquetpica, e todas as

    formas em que se manifesta so s maneiras diferentes devido a condies

    de tempo, espao e mentalidade, tambm h deuses arquetpicos e unnimesem todos os pantees, e se revelam tambm de diversas maneiras. De fato,Hermes, senhor do plano intermedirio e condutor sutil nas estruturas do

    pensamento, universal, e portanto csmico e capaz de nos levar peloscaminhos do Conhecimento at os graus mais altos, e igualmente dos modosmais inesperados.

    11 Ver W. Otto,Las Musas, el origen divino del canto y del mito. Eudeba, Bs.

    As. 1981.12

    No incio, segundo Eraststenes em sua Mitologia do Firmamento(Catasterismos = transformao em estrelas), a lira estava feita "a partir da

    carapaa de uma tartaruga e dos chifres das vacas de Apolo; tinha setecordas, em lembrana das filhas de Atlas [Pliades]. Foi entregue a Apolo,que, depois de entoar um canto com ela, deu-a de presente a Orfeu, o filhode Calope, uma das Musas, que ampliou o nmero de cordas a nove" emhonra das mesmas. (Alianza Ed. Madrid 1999).

    13 Quanto medicina, o Caduceu preside at hoje atravs do basto de

    Esculpio (Asklepios) seu filho, todas aquelas cincias no s vinculadas aesta mas tambm a farmacopia.

    14 Recordemos aqui uma forma de Hermes, como a antiga divindade Tracia,

    invocada pelos pastores para cuidar e reproduzir seus rebanhos, da que na

    Arcdia fosse representado com o falo ereto, o que chegou a serextremamente popular entre os camponeses que o colocavam nas frontariasde suas casas, passando posteriormente como um poderoso talism scidades gregas.

    15 Por exemploe para citar s um caso, nas tradies pr-colombianas,

    Quetzalcotl e seus anlogos j citados possuem distintos atributos e formas,mas no difcil reconhecer deidade em sua funo mediadora etransmissora. "Salve Hermes, dispensador de alegria, mensageiro, doador de

    bens!" (Hino Homrico XVIII).16

    A presena de Hermes como deus do comrcio est testemunhada em

    numerosas cidades de diversos continentes nos edifcios dedicados sBolsas, ao comrcio martimo, (nossa deidade no s fundamental na

    http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#5http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#5http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#6http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#6http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#7http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#7http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#10http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#10http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#11http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#11http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#12http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#12http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#13http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#13http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#14http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#14http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#15http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#15http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#16http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#16http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#16http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#15http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#14http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#13http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#12http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#11http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#10http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#7http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#6http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo-pt.htm#5
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    viagem inicitica mas tambm em todas as viagens, e especialmente nasgrandes empresas de navegaosem contar as terrestresque deram lugarao descobrimento de novos mundos), aos seguros, etc. Muitas destasesculturas ou baixos-relevos, emblemas e alegorias, so verdadeiras obras dearte, e em especial foram produzidas nos sculos XVIII e XIX.

    Baixo-relevo do Rameseum. O deus fala com Ramsso Grande. Trad. J.F. Champollion.

    Principes gnraux de l'ecriture, Paris 1836

    HERMETISMO E MAONARIADoutrina, Histria, Atualidade

    Federico Gonzlez

    I. OS LIVROS HERMTICOS (1)

    Para o judasmo, o cristianismo e o islamismo, quer dizer, as tradies"do livro", o Antigo, o Novo Testamento e o Coro so a base de suarevelao e o centro ante o qual giram todos seus pensamentos e

    atividades; de fato, estes textos sagrados so tambm livros religiososonde se encontram dogmas e leis morais. Mas este no o caso de todos

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    os livros sagrados, pois h outros onde os textos, que so to reveladorescomo quaisquer, no so tomados com uma uno quase supersticiosa,ou legalista, ou literal, mas sim como um testemunho da luz da sabedoriaque se expande em qualquer parte, sem imposies ou limitaes de

    nenhum tipo, e qual o ser humano deve acessar por sua prpriaconvenincia ao encarnar o papel que corresponde ao HomemVerdadeiro1, ao Anthropos hermtico. Tal o caso do Corpus

    Hermeticum, conjunto de livros sagrados emanados de uma corrente depensamento tradicional que se coloca sob a avocao do Deus Hermes,ou Hermes Trismegisto, deidade greco-egpcia, considerada como o deusda Palavra (Verbo, Logos), do Ensino e grande iniciador nos Mistriosda Cosmogonia, psicopompo, cujo patrocnio se estende desde os

    primeiros sculos de nossa era pelo mundo mediterrneo, tendo seuncleo de irradiao em Alexandria, at nossos dias, em tudo o que se

    pode considerar o Ocidente ou sua rea de influncia cultural.Assinalaremos que esta corrente de antiga linhagem, pois Hermes oDeus egpcio Thot e os Hermetica os livros sagrados de Thot, incluiimportantes autores da Antigidade grega, romana e bizantina, assimcomo foi determinante em personalidades muito destacadas do Isl. Poroutra parte, este pensamento percorreu a Idade Mdia europia e o

    prprio Corpus Hermeticum foi conhecido entre outros por Bernardo deTours e Teodorico de Chartres, sculo XII, este ltimo dado importante,tendo em conta o que a escola desse lugar representou no sculo

    posterior e em geral na Idade Mdia; entretanto no Renascimento ondeeste pensamento e os livros da Hermetica adquiriram seu maiorsignificado ao ser o Corpus traduzido por Marslio Ficino e completadodepois por F. Patrizzi, e estes escritos editados pela Academia platnicade Florena que veio substituir histrica e geograficamente o farolluminoso de Alexandria, cujo feixe se perpetuou pontualmente at hoje.Isto por outra parte no se deve estranhar, j que a Tradio Hermticatem inegveis relaes e estreito parentesco com as religies mistricasegpcias, gregas e romanas, com Plato e o neoplatonismo, as gnoses nodualistas, e o cristianismocom os quais compartilha anlogos conceitos

    cosmognicos e teognicos, sem excluir as fontes hebraicas e"orientais", em especial a caldia.

    Deve se observar que, ao nos referirmos aos textos sacros, iniciticos esapienciais que so tomados de modo "religioso", de forma devota ou demaneira fantica, dogmtica, legalista ou literal, no discutimos os textosem si, a maior parte dos quais admiramos e reverenciamos, seno o nvelde leitura que se faz deles. Por outra parte esses livros reveladores sotransmitidos pelas religies oficiais dentro de seu aparato, e a difusodesses livros esotricos justificaria, acaso, a existncia de instituiesreligiosas cujo nico fim levar a autntica mensagem, de

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    Conhecimento salvfico, ao homeme portanto sua nica funo ligareste com o Esprito, que nele reside, e entretanto se ocupam de questesmateriais (quando se sabe que a matria no transcendente) ou sociais,

    para citar um par de exemplos de inverso

    Alm disso deve se considerar que, para o leitor atual, queira-o ou no,vtima de uma programao herdada e imposta pela cultura profana,qualquer texto que no siga uma seqncia racional inclusiveexplicativa em suas partes, ou que no inclua geralmente uma tese euma demonstrao, algo que no tem valor. De fato assim ficariamdesqualificados como o esto para os modernos todos os textossagrados universais por desconexos ou absurdos. Essa atitude os levaigualmente a encontrar contradies na letra, o que vez por outra ocorre,embora muitas delas sejam aparentes; o mesmo quando se acusa de vago

    ou confuso algum livro, pois nem sempre o com outros parmetrosmais abertos de juzo. Na realidade o que se busca algo fixo e oficial eda a repulsa, quando no a fobia, aos textos chamados apcrifos, e aindaaos simples manuscritos que passaram por numerosos copistas emdiferentes pocas e lnguas, e tambm a desconfiana que pode

    produzir uma literatura no datada com exatido; igualmente se deveassinalar o preconceito ou o temor a respeito de tudo aquilo que annimo.2

    Mas o curioso que esta atitude inconsciente se encontra presente naobra dos crticos, e ainda na dos comentaristas desses textos que, de fato,so as pessoas que mais trabalharam com eles, e se d o paradoxo deque, por outra parte, muitos estudiosos de livros sapienciais, deConhecimento, e obras sagradas transmitidas e repetidas pela Tradioso lidos com condicionamentos culturais, religiosos, cientficos(universitrios) e particulares, ao ponto de que estes comentaristas nocaptam em ltima instncia o pensamento que estudam e comentam. Omelhor exemplo disto se constitui na obra de Plato: por um lado seus"estudiosos" se queixam de sua obscuridade "terica", agravada por sua

    expresso em forma de dilogos que incluem diferentes pontos de vistasobre a cosmogonia e opinies divergentes sobre algum tema exemploque imitam de forma bitolada, por outro no encontram em sua obrae

    pensamentoalgo fixo que possam classificar, ou proposies lgicas,mas sim em alguns fragmentos que nem sempre encaixam com osoutros, ou a seu parecer se contrapem. Por isso todo o aparato crtico efilolgico que elaboram, que de um ponto de vista muito valioso(estabelecimento de textos, tradues, notas eruditas), necessrio, til eesclarecedor num aspecto horizontal, desde outro completamente nulo,

    j que no constitui, na maioria dos casos, uma hermenutica, e nem

    sequer uma exegese da obra, assunto que no figura em suas intenes

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    embora seja o mais importante; ainda mais quando no so capazes decompreender que a linguagem em que esto escritos precisamente o dametafsica, sempre evasivo.

    O Corpus Hermeticum, e os textos de tipo filosfico nele includos (semdesprezar o corpus astrolgico-mgico que corre paralelo) sofreram umaestranha sorte no curso da histria. Mencionados calorosamente nos

    primeiros sculos do cristianismo por autores esotricos e filsofos,passam Idade Mdia onde conservam seu prestgio entre telogos esbios (tal como a vertente astrolgico-mgica: Picatrix, Turba

    Philosophorum) e chegam ao Renascimento via G. Pletn, e o gregoortodoxo Bessarion, ambos ligados aos ensinos do bizantino MiguelPselos, onde a Academia de Florena, dirigida por Marslio Ficino,consagr-los- publicando-os em traduo do prprio Ficino, por

    encargo de Cosme de Mdicis, ao mesmo tempo em que as obras dePlato. Posteriormente, F. Patrizzi (que faz de Hermes umcontemporneo de Moiss, e o mesmo pensa de suas obras), "publicouseu 'Nova filosofia universal', acompanhando a de uma verso doCorpus Hermeticum segundo o texto grego de Turnbe e Foix deCandale, do qual levou a cabo uma nova traduo ao latim, assim comodoAsclepius e de alguns dosHermetica conservados por Estobeu, com acorrespondente verso latina de tais textos. Deste modo, Patrizzirecolheu em dito volume a mais extensa coleo da Hermetica que

    jamais se reuniu at ento e tomou como base para a construo de suanova filosofia" (F. Yates, Giordano Bruno y la Tradicin Hermtica.

    Ariel, Barcelona 1983). Sabe-se que foi tanto o encontrado nestes textospelos criadores do Renascimento (filosfico, escultrico, pictrico,artesanal, cientfico, etc., etc.), quer dizer, os sbios autores de seumovimento revolucionrio antes que a faco de pensamento"humanista" triunfasse sobre a corrente hermtica (assunto que no

    podemos espraiar aqui mas que est vinculado de todas as maneirascom a doutrina dos ciclos), que inclusive chegaram a pensar que estestextos eram, por ser os mais sapienciais, os mais antigos (prisca

    theologia) e deles derivavam os do Moiss, Orfeu, Pitgoras, Plato,etc., e seu contedo revelava os ensinos de Hermes-Nos, quer dizer, daMente Divina.3

    De fato, como se v, estes textos inspiradores do Renascimento, juntocom Pitgoras, Plato, os neoplatnicos, a cabala hebraica, as cincias danatureza, a magia natural e a Antigidade egpcia, grega e romana,moldou a cultura desse perodo, e de algum jeito a nossa, acontempornea, pois atravs do Renascimento estes livros e seucontedo seguiram vivos at nossos dias, manifestados por uma corrente

    hermetista que inclui alquimia, sempre espiritual, em seu conjunto, e

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    todas as cincias que invoquem a paternidade ou o amparo de Hermes ouestejam vinculadas a essa transmisso to singular de energias esimpatias, cujo pensamento os Hermetica em seu conjunto expressamcom claridade, j que o prprio Hermes tomado como o mantenedor da

    sabedoria oculta e seu transmissor, e seu nome deve ser consideradomais como o de uma influncia espiritual, que o de uma pessoa.

    Por isso o Renascimento venerou estes textos e praticou sua filosofia;pois a Beleza, a Inteligncia e a Sabedoria neles contida umamensagem repetida de uma ou outra maneira por todas as gnoses, j quederiva de uma Tradio Unnime, polar, quer dizer, vertical, qual ohomem pode ter acesso conforme o indicam estes mesmos textos. Aadequao da sociedade renascentista aosHermetica marcou o esplendorhistrico deles, junto com os ensinos pitagricos, platnicos,

    neoplatnicos, cabalsticos e cristos4com os quais coincidem em muitonumerosos pontos, sem que nenhum deles seja necessariamente"sincrtico" tal qual como se entende hoje esse vocbulo

    Da que nos parea muito injusto o tratamento que certos eruditosmodernos, ou racionalistas de tipo "grego clssico", ou com preconceitoscristos, ou "gramticos", todos influenciados pela viso literal domundo moderno, dispensaram a estes escritos, aos quais subestimam porserem fragmentos diz que desconexos, ou obscuros, ou contraditrios,sem pensar que todos os livros sagrados tm as mesmas caractersticas esem ver os constantes resplendores de luz, doutrina e poesia que brotamde seus textos. Acreditam que talvez a datao exagerada e acaso asupervalorizao destes livros no Renascimento, assim que no s eramcomparados vantajosamente com a Bblia qual eram anterioresmastambm quase com qualquer outro escrito, tenham determinado emgrande parte sua desvalorizao posterior, j que uma vez que IsaacCasaubon em 1614 descobriu o engano de datao mediante um estudofilolgico e estilstico de suas partes e o situou nos primeiros sculos docristianismo, o Corpus Hermeticum comeou a ser relegado e menos

    considerado, quase culpado de uma fraude e de uma brincadeirahistrica que deviam pagar os prprios escritos, e cuja condenao deviaser o esquecimento, quando no o desdm.5

    Assim como o padre A. J. Festugire, tradutor do Corpus Hermeticume autor da obra em quatro tomosLa Rvlation d'Herms Trismgiste6 euma autoridade na matria cujo mrito indisputvel, fala de umacontradio no pensamento fixado nos Hermetica, que, inclusive, est

    presente na obra de Plato. Por um lado assinala que uma doutrinainserida neles admite que o mundo est penetrado pela divindade e

    portanto belo e bom e a contemplao desse mundo, obra divina,

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    uma aproximao a seu Criador. Pelo outro observa que nos textostambm o mundo criado aparece como mau, no sendo a Obra doPrimeiro Deus, mas sim do Demiurgo, seu filho, a segunda pessoa daDivindade, um Deus to terrvel como terrvel a Criao sujeita a

    destruio, enfermidade, velhice e morte. De fato, s no nimo do P.Festugire existe esta contradio que s justificvel no mbito de umamente racionalista. Por que nesta dupla percepo, que chama"doutrina", seria incompatvel e excludente um dos termos com respeitoao outro? Nas "doutrinas" de todos os povos se fala de uma duplanatureza no homem, que por isso o intermedirio entre cu e terra.Como qualquer cristo sabe, trata-se da distino entre a parte mais sutil,associada ao esprito, e a mais grosseira, vinculada com a matria. Istoque reconhecido no microcosmo vlido para o macrocosmo. E amaravilhosa criao, a Obra de um Ser Infinito, no incompatvel com

    um crcere em que o Esprito e a deidade se acham presos; tampoucouma forma de ver diferente e simultnea do mundo tem por que associar-se necessariamente com algo to mutvel como uma viso "otimista" ou"pessimista". mais, se no fora por esta priso csmica, a RevelaoHermtica e o caminho que prope (assim como sua cosmogonia) noteriam razo de existir, e inclusive seria nulo o Mundo Intermedirio;mais quando se pensa em Hermes como um psicopompo, ou o que omesmo, em Poimandres como um Pastor capaz de nos liberar, ao pontode tornar o crcere em nossa casa, e ordenar nossa sada do cosmo. Por

    outra parte, a queda do homem contemporneo sumido nas trevas, queprefere luz, est descrita nestes livros naKorKosmou e o Apocalipsede Asclpio que anunciam para o Egito Mtico, Centro do Mundo, umatotal inverso dos valores.7

    Mas o mais importante que esta dualidade do que voa e do que repta,ou das trevas e a luz, est inscrita no corao mesmo da deidade, queconstantemente conjuga os opostos produzindo a harmonia csmica,

    pois "tudo deve resultar da oposio e da contrariedade: e impossvelque seja de outro modo" (X,10). Entretanto o Deus-Nos no tem nome,

    mais, incognoscvel e no se pode aplicar-Lhe nenhumadeterminao, aparecendo s de maneira racional em termos negativos, oque faz ao Conhecimento Divino um paradoxo imensamente majestoso.

    O homem pois mediador, no s em sua funo central mas tambmcomo um pequeno demiurgo numa criao que sempre existiu e que seencontra permanentemente inacabada, viva, em constante metamorfose eque ele pode transformar, j que aparece como o ponto ou a unidadeonde convergem todas as energias criacionais, coroando e dando sentidoao plano divino ao restabelecer os contatos que revelam as analogias,

    pois o mundo sensvel se reflete no inteligvel como o inteligvel no

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    sensvel. Tudo isso graas a uma rede onde o Amor o protagonista e omatrimnio (Hieros Gamos) entre o Cu e a Terra uma cpula perptua.O que equivalente em outro simbolismo a uma cadeia de iniciados (Ofio de Ouro) que se transmite doNos ao Poimandres, deste a Hermes, d

    Hermes a Tat e deste a todos os Adeptos e teurgos da tradioHermtica. Da que o Corpus Hermeticum constitua uma revelao e quea s compreenso de seus enunciados conforme uma Gnose, dado quesomos a matria do que conhecemos e o Verbo Primitivo se manifestano humano possibilitando o surgimento do homem pneumtico,

    paradigma do iniciado, que sabe ler os sinais da natureza e os smbolosmutveis de sua aventura csmica, adequando-se s circunstncias desua viagem, que se assemelha ao Conhecimento, e que o texto do Corpus

    Hermeticum transmite.

    O Conhecimento, ou seja, a Realizao Espiritual, est to longe dareligio como da magia, segundo estes termos so entendidosnormalmente pelo mundo moderno; e mais: estas soem constituir-se eminimigos implacveis num processo inicitico. Conta disso do-nos o

    judasmo sionista, o cristianismo integrista e o islamismofundamentalista. Nada a dizer da literalidade da magia chamadacerimoniosa (sempre sujeita dualidade causa-efeito) com respeito stradies arcaicas que utilizavam as frmulas, encantamentos e talismsnum contexto de crenas e smbolos cosmognicos grupais, nuncaisolados de sua razo de ser ltima, e igualmente com respeito "magianatural" renascentista e que so autenticamente as correspondncias eanalogias como veculos de acesso cosmogonia, ontologia e metafsica, quer dizer, a Via Simblica em sua verticalidade ascendente,que se manifesta no microcosmo como diversos estados do SerUniversal. Deve se dizer que as palavras religio e magia, tomadas emseu sentido mais amplo e esotrico, podem ser vlidas, como o casoem certos autores de lngua inglesa, onde o costume as utiliza sem muita

    preciso; inclusive nesse idioma os termos misticismo e ocultismo tmum significado geral que o uso de algum jeito legitima. Entretanto em

    matria de doutrina, quer dizer, da prpria compreenso intelectual detais conceitos, necessrio os redefinir j que podem significar idiasdiametralmente opostas ao que verdadeiramente expressam e negar aintuio da Suprema Identidade, e obstaculizar o trabalho dos aprendizesda Cincia Sagrada.

    No Renascimento e na Tradio Hermtica em geral (assim como nasarcaicas) sublinha-se a figura do teurgo como ideal do Homem deConhecimento (ainda que no seja um "erudito" e, inclusive, no saibaler ou escrever), a do Adepto, a do Filsofo ou Artista, a do Mestre

    Construtor mas nunca a do monge, frade ou religioso, embora alguns

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    deles o tenham sido. Como se v, a Teurgia, s vezes involuntria, oumelhor, sem fins concretos ou especficos, est includa no processoalqumico; na maioria dos casos este no passa pela religio, onde

    paradoxalmente se encontram tambm os smbolos do Conhecimento e

    onde se refugiam os que, por um ou outro motivo no podem alcan-lopor si mesmos, ou seja, aqueles aos quais a graa que lhes coube nolhes permite transcender este nvel, muitos dos quais, em lugar de aceitarsuas limitaes com serenidade, pretendem fazer das "grandes religies"o meio ou caminho oficial do metafsico, o que um engano quevaloriza o menos e o confunde com o que mais.

    Neste sentido, deve-se observar que os livros da Hermetica soemanados num meio e num tempo onde a Teurgia e a Filosofia de mosdadas, a tal ponto que a figura do sbio e do mago, ou melhor, do teurgo,

    identificavam-se, e onde os textos pertencentes ao Corpus Hermeticumaparecem simultaneamente com outros manuscritos e autores, como ocaso de um grande conjunto de colees com frmulas e receitasmgicas, medicina, astronomia-astrologia, e alquimia, que ainda hoje seconservam, e que se acham colocadas sob a avocao de Hermes, ouMercrio, ou Hermes-Trismegisto, consistentes sobretudo emcorrespondncias e analogias entre os astros, o ser humano, o reinomineral, vegetal e animal e outras prticas rituais individuaisrelacionadas com a cosmogonia, o plano intermedirio e as cincias danatureza. Festugire estabelece aqui tambm uma dupla diviso entremagia popular e a filosofia do Corpus Hermeticum; a ttulo provisrio

    parece aceitvel essa diviso enquanto tudo que relacionado com amagia e com as prticas rituais muito apreciado e sentido por umagrande quantidade de pessoas, cuja compreenso dos smbolos, mitos eritos muito relativa, embora participem tambm destes ensinos; masacreditam que essa diviso pode tomar-se em conta caso se faa sob acondio de que, na Tradio Hermtica, a corrente "popular" e a"filosfica" se encontrem indissoluvelmente unidas, como os livros"populares" o esto com o Corpus Hermeticum conforme pode apreciar-

    se para citar s um exemploquanto ao tema da unidade da matria.Nomearemos aqui uma srie de livros e textos que pertencem a estesHermetica, chamados astrolgicos ou mgicos e que no foram aindaobjeto da ateno necessria pelos estudiosos, o que seria de grandeinteresse. Um Livro das Tinturas Naturais atribudo a Hermes,conhecido atravs das entrevistas e comentrios que faz Zsimo em suaConta Finale que d a impresso de ser mais um tratado sobre osimbolismo da cor e seus significados mltiplos que um tratado prticosobre tingimento, dada a bvia impossibilidade de conseguir certas tintasem determinados materiais; O Transe de Salomo que comea com umacontagem de nomes sagrados que Hermes Trismegisto tinha gravado em

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    hierglifos e que se ocupa tambm da fabricao de talisms conformedados astrolgicos, sejam estes estatuetas ocas de Hermes ou algumasoutras, que deviam possuir em seu interior um encantamento escritosobre um papiro, como foi o caso do descobrimento do texto da Tbua

    de Esmeralda. Especial ateno deve se prestar ao Liber HermetisTrismegisti, considerado principalmente um tratado astrolgico (como oMonomoirai, referente aos deuses de cada um dos 360 graus do Zodaco,e que no se conserva, mas cujo tema constitui entretanto o cap. 25 do

    Liber), traduo latina de um florilgio grego do Sc. V que contmensinos mais antigos de carter egpcio, que se pensa terem sidoretocados no Sc. II-III d. C., procedentes de um grande corpus integralastrolgico hermtico articulado na poca ptolomaica, entre as quais aque se refere aos decanatos (presente nos textos que se guardavam nostemplos desde 3.000 anos a.C., e tratada tambm no Extrato VI de

    Estobeu); por outra parte, este manuscrito passou diretamente atravsdos gregos ao ocidente medieval sem a participao dos rabes, como foi

    pelo contrrio o caso do Picatrix e da Turba Philosophorum; outrotratado astrolgico, como seu nome o indica, : Sobre a dominao e a

    potncia dos doze lugares. Vrios volumes sempre baseados na idia domovimento dos astros em relao com os elementos csmicos e assimpatias secretas que os unem, tratam sobre medicina e receitas comelementos minerais, vegetais e animais que devem ser invocadas ecombinadas de acordo a tempo e lugar com respeito relao prpria de

    cada astro com o operador, em virtude da ntima relao entre o macro eo microcosmo. Tal o caso do Livro sagrado de Hermes a Asclpio eoutros textos. Adicionaremos o De XV herbis lapidibus et figuris,atribudo a Enoque; igualmente o De XV Stellis, escrito por Hermes(recebido por via islmica) chamado deste modo em alguma ocasioQuadripertitumHermetis (pelo quaternrio dos temas: estrelas, pedras,

    plantas e talisms, e um prlogo sobre as virtudes do nmero 4), tambmatribudo a Enoque em uma de suas formas resumidas. A estes ttulosdevem somar-se Iatromathematika de Hermes a Ammn o egpcio e as

    Kyranides, de Hermes, ao que lhe outorga bastante importncia, e que

    principalmente trata sobre a atrao e a repulso, ou seja, as simpatias eantipatias que animam o cosmo; meno parte merece o manuscritoegpcio de Leyden, escrito em demtico e grego, encontrado em Tebasno ano de 1828, dividido em duas partes que se conservam uma nacidade do mesmo nome e outra no Museu Britnico, cujo contedo, defrmulas oraculares e mgicas, medicinais e botnicas, constitui umclaro exemplo desta literatura hermtica, na qual no faltam nem aastrologia, nem os lapidrios e bestirios; igualmente Os sete captulosou livros de Hermes sero referncia de numerosos hermetistas e textosde alquimia medievais e renascentistas e tem sido editado at hoje.8Deoutros livros similares h tambm referencias em outros textos, embora

    http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n8
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    ainda no tenham sido encontrados os originais em questo. H autoresque soem adicionar aos Hermetica as obras de Bolos de Mendes, osescritos de Zsimo, de Sinesius, de Olimpiodoro e de Stephanus daAlexandria produzidos do II ao VII sculos de nossa era; igualmente o

    corpus dos alquimistas gregos e os numerosos fragmentos alqumicos deHermes que o conformam.9Tambm devem ser mencionados os textoschamados Definies, ou De Hermes Trismegisto a Asclpio, textosarmnios publicados pela primeira vez, junto a uma traduo ao russoem 1956, e que P. Mahe, que os estudou, situa no primeiro sculoanterior era crist, que embora tenham o mesmo ttulo que o livro XVIdoPoimandres, trata-se de textos distintos.

    Os Livros Hermticos II

    NOTAS1

    Seria muito saudvel que assim pudessem ser lidos certos livros bblicoscomo os de Moiss, das profecias, dos salmos, dos de sabedoria, dosevangelhos (especialmente o de S. Joo), So Paulo, etc., tal como so ecomo foram escritos, sem nenhuma conotao dogmtica a respeito.

    2 Costumou-se criticar o Corpus Hermeticum, no s oPoimandres, que seu

    texto s vezes confuso, quando no contraditrio ou devido mo devrios autores. A respeito, queremos citar a introduo ao Evangelho de So

    Joo, publicado na Bblia de Jerusalm (Descle de Brouwer, Bilbao 1984):" bastante difcil descobrir o plano preciso segundo o qual quis So Jooexpor este mistrio de Cristo. Notemos acima de tudo que a ordem em quese apresenta o evangelho oferece certo nmero de dificuldades: sucessodifcil dos caps. 4, 5, 6, 7 1-24; anomalia nos caps. 15-17 que vm depois dadespedida 14 31; situao fora do contexto de fragmentos como 3 31-36 e 1244-50. possvel que estas anomalias provenham do modo como se compse editou o evangelho: na realidade, seria o resultado de uma lentaelaborao, com elementos de pocas diversas, retoque, adies, diversasredaes de um mesmo ensino, havendo-se publicado definitivamente no

    pelo mesmo Joo seno, depois de sua morte, por seus discpulos, 21 24;

    estes teriam inserido na trama primitiva do evangelho fragmentos jonicosque no queriam que se perdessem e cujo lugar no estava rigorosamentedeterminado."

    3 Para este e outros temas ligados a Hermes e aos livros hermticos ver os

    muito valiosos estudos de Antoine Faivre, especialmente: The EternalHermes, from Greek God to Alchemical Magus, Phanes Press 1995, GrandRapids (MI) USA; do mesmo modo, de A. Faivre e colaboradores (M.Sladek, P. Lory, M. Allen, C. Vasoli, I. Pantin, J. Telle),Prsence d'HermsTrismgiste, Ed. Albin Michel, "Cahiers de l'Hermtisme", Paris 1988.

    4 O cristianismo em geral e o catolicismo em particular, jamais atacou ou

    censurou o contedo do Corpus Hermeticum; pelo contrrio, foi conhecido eutilizado em algumas ocasies por seus prprios telogos e muitos de seus

    http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos-2.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos-2.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#1http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#1http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#2http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#2http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#3http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#3http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#4http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#4http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#4http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#3http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#2http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#1http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos-2.htmhttp://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#n9
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    sacerdotes.5

    Em grande parte a importncia dos livros Hermticos vem por Thot ser oescriba divino e o Deus da escritura; alguns autores do final de sculo e

    princpio deste como Frederic du Portal e E. A. Wallis Budge estudaram a

    relao entre os hierglifos egpcios e distintas formas de expresso grfica.Ver para este tema das linguagens simblicas hermticas: The AlphabeticLabyrinth: The letters in History and imagination, Johanna Drucker, Thamesand Hudson, N. York 1995; logicamente tambmPrincipes Gnraux del'criture Sacre gyptienne, J. F. Champollion. Institut d'Orient, Paris1984.

    6 Ed. Les Belles Lettres. Pars 1989.

    7 " posto que convm aos sbios conhecer por antecipao todas as coisas

    futuras, h uma que necessrio que saibam. Vir um tempo em queparecer que os egpcios honraram em vo seus deuses, com a venerao de

    seu corao, mediante um rito assduo: toda sua sagrada adorao fracassar,ineficaz, ser privada de seu fruto. Os deuses, deixando a terra, retornaro aocu; abandonaro o Egito; esta comarca, que foi antigamente o domiclio dassagradas liturgias, viva agora de seus deuses, no desfrutar mais de sua

    presena. Estrangeiros enchero este pas, esta terra, e no somente j no setomar cuidado das observncias, mas sim, coisa mais penosa, ser estatudo

    por pretendidas leis, sob pena de castigos prescritos, abster-se de toda prticareligiosa, de todo ato de venerao ou de culto para os deuses. Ento estaterra muito santa, ptria dos santurios e templos, ficar inteiramente cobertade sepulcros e mortos. Oh, Egito, Egito! No ficar de seus cultos mais quelendas e seus filhos, mais tarde, nem sequer acreditaro nisso" (Asclpio,

    24). "Os homens arrancaro as razes das plantas e examinaro as qualidadesdos sucos. Escrutaro as naturezas das pedras e abriro de cima a baixoqueles viventes carentes de razo; que digo, dissecaro a seus semelhantes,em seu desejo de examinar como foram formados. Tendero suas audazesmos at o mar e, abatendo os bosques que crescem por si mesmos,transportar-se-o uns aos outros de margem margem at as terras que estoalm. Investigaro inclusive que natureza se oculta no fundo dos santuriosinacessveis. Perseguiro a realidade at no alto, vidos de conhecer por suasobservaes qual a ordem estabelecido do movimento celeste. Mas aindaisto ser pouco." (Extratos de Estobeu, XXIII 45).

    8

    Los Siete Captulos de Hermes. Ed. Atalanta, Matar, Barcelona 1995.TambmEl Papiro de Leyden, mesmo editora e ano. E o Tratado de losTalismanes o Figuras Astrales(1658), Obelisco, Barcelona 1995.

    9 Para mais informao e referncias bibliogrficas e inclusive traduo de

    textos, ver Festugire:La Rvlation d'Herms Trismgiste, T. I.

    http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#5http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#5http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#6http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#6http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#7http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#7http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#9http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#8http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#7http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#6http://simbolismoyalquimia.com/hermetismo/os-livros-hermeticos.htm#5
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    TRADIO HERMTICA E MAONARIA (1)FEDERICO GONZALEZ

    No antigo manuscrito manico Cooke, (cerca de 1.400) da BibliotecaBritnica, l-se nos pargrafos 281-326 que toda a sabedoriaantediluviana foi escrita em duas grandes colunas. Depois do dilvio de

    No, uma delas foi descoberta por Pitgoras, a outra por Hermes, oFilsofo, que se dedicaram a ensinar os textos ali gravados. Isto seencontra em perfeita concordncia com o testemunhado por uma lendaegpcia, da qual j dava conta Manethon, segundo o mesmo Cooke,vinculada tambm com Hermes.

    bvio que essas colunas, ou obeliscos, semelhantes aos pilares J. e B.,so as que sustentam o templo manico e, ao mesmo tempo, permitemo acesso ao mesmo e configuram os dois grandes afluentes sapienciaisque nutriro a Ordem: o hermetismo, que assegurar o amparo do deusatravs da Filosofia, quer dizer do Conhecimento, e o pitagorismo, quedar os elementos aritmticos e geomtricos necessrios, que reclama osimbolismo construtivo; deve-se considerar que ambas as correntes sodireta ou indiretamente de origem egpcia. Igualmente que essas duascolunas, so as pernas da Me loja, pelas quais parido o Nefito, querdizer pela sabedoria de Hermes, o grande iniciador, e por Pitgoras, oinstrutor gnstico.

    De fato, na mais antiga Constituio Manica editada, a de Robertspublicada na Inglaterra em 1722 (portanto anterior de Anderson), masque no mais que a codificao de antigos usos e costumes operativosque derivam da Idade Mdia, e que sero desenvolvidos posteriormentena Maonaria especulativa, menciona-se especificamente a Hermes, na

    parte chamada "Histria dos Franco-maons". Efetivamente, ali aparece

    na genealogia manica com esse nome e tambm com o de GrandeHermarmes, filho de Sem e neto de No, que depois do dilvioencontrou as j mencionadas colunas de pedra onde se achava inscrita asabedoria antediluviana (atlntica) e l (decifra) numa delas o que emseguida ensinar aos homens. O outro pilar, como se mencionou, foiinterpretado por Pitgoras enquanto pai da Aritmtica e da Geometria,elementos essenciais na estrutura da loja, e portanto ambos os

    personagens formam, como vimos, a "alma mater" da Ordem, emparticular em seu aspecto operativo, ligado s Artes liberais.

    No manuscrito Grand Lodge n 1 (1583) s subsiste a coluna de Hermes,

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    reencontrada pelo "Grande Hermarines" (a quem se faz descendente deSem) "que foi chamado mais tarde Hermes, o pai da sabedoria". Note-seque Pitgoras no figura j como o intrprete da outra coluna. Nomanuscrito Dumfries n 4 (C. 1710) tambm aparece, como "o grande

    Hermorian", "que foi chamado 'o pai da sabedoria' ", mas, neste caso,retificou-se sua origem de acordo com o texto bblico que o fazdescendente de Cam e no de Sem, por intermdio de Kush; como diz J.-F. Var emLa franc-maonnerie: documents fondateurs, Ed. L'Herne, P.207, N. 33: "Agora, na Gnese (10, 6-8), Kush o filho de Cam e no deSem. O redator do Dumfries retificou conseqentemente a filiao. Aomesmo tempo, esta filiao resulta em ser a que a Escritura d comrelao a Nemrod. Daqui a assimilao de Hermes com Nemrod,contrariamente a outras verses que fazem deles dois personagens

    distintos."Assim o destaca tambm o manuscrito chamado Regius, descoberto porHaliwell, no Museu Britnico em 1840, ao qual reproduz J. G. Findel na

    Histria Geral da Franco-maonaria (1861), em sua extensa primeiraparte que trata das origens at 1717, embora nele no se inclua Pitgorascomo o hermeneuta que, junto com Hermes, decifra os mistrios quesero herdados pelos maons, seno a Euclides, a quem se faz filho deAbrao; a este respeito, deve se recordar que o teorema do tringuloretngulo de Pitgoras foi enunciado na proposio quarenta e sete de

    Euclides.

    O mesmo Findel, referindo-se quantidade de elementos gnsticos eoperativos que constituem a Maonaria, e concretamente ocupando-sedos canteiros alemes, afirma: "Se a conformidade que resulta entre oorganismo social, os usos e os ensinos da franco-maonaria e os dascompanhias de maons da Idade Mdia j indica a existncia de relaeshistricas entre estas diversas instituies, os resultados dasinvestigaes feitas nos arcanos da histria e o concurso de umamultido de circunstncias irrecusveis estabelecem de modo positivo

    que a Sociedade dos Franco-maons descende, direta e imediatamente,daquelas companhias de maons da Idade Mdia." E adiciona: "ahistria da franco-maonaria e da Sociedade dos Maons est por issomesmo intimamente unida das corporaes de maons e histria daarte de construir na Idade Mdia; , pois, indispensvel dirigir um rpidoolhar sobre esta histria para chegar a que nos ocupa."

    O interessante destas referncias provenientes da Alemanha que suaHistria Geral... considerada como a primeira histria (no sentido

    moderno do termo) da Maonaria, e desde o comeo o autor estabeleceque: "a histria da Franco-maonaria, assim como a histria do mundo,

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    tem sua base na tradio" 1. Desta forma resulta bvio que os AntigosUsos e Costumes, os smbolos e os ritos e os segredos do ofcio,transmitiram-se sem soluo de continuidade desde datas muito remotase certamente nas corporaes medievais, e a passagem do operativo ao

    especulativo no foi seno a adaptao de verdades transcendentes anovas circunstncias cclicas, fazendo notar que o termo operativo nos se refere ao trabalho fsico ou de construo, projeo ou

    planejamento material e profissional das obras, mas tambm possibilidade de que a Maonaria opere no iniciado o Conhecimento, pormeio das ferramentas proporcionadas pela Cincia Sagrada, seussmbolos e ritos. Precisamente isto o que procura a Maonaria comoOrganizao Inicitica, e o confirma na continuidade da passagemtradicional, que faz com que, igualmente, seja encontrada na Maonaria

    especulativa, de modo reflexo, a virtude operativa e a comunicao coma loja manica Celeste, quer dizer, a recepo de seus eflvios que soos que garantem qualquer iniciao verdadeira, principalmente quandoos ensinos so emanados do deus Hermes e do sbio Pitgoras. 2 Detodas as maneiras, tanto uma quanto outra so os ramos de um troncocomum que tem os Old Charges (Antigos Deveres) como modelo; destesse encontraram numerosos fragmentos e manuscritos em forma decilindro do sculo XIV em diversas bibliotecas.3

    Quanto a Hermes, no mencionado nas constituies de Anderson, em

    particular o Hermes Trismegisto grego (o Thot egpcio), uma figura tofamiliar Maonaria dos mais distintos ritos e obedincias como opoderia ser para os alquimistas, forjadores da imensa literatura posta sobseu patrocnio. No s o Hermetismo o tema de abundantes pranchas elivros manicos, e inumerveis lojas manicas se chamam Hermes,mas tambm existem ritos e graus que levam seu nome. Assim, h umRito chamado os discpulos de Hermes; outro o Rito Hermtico da lojaMe Escocesa de Avignon (que no a de Dom Pernety), Filsofo de

    Hermes o ttulo de um Grau cujo catecismo se encontra nos arquivosda "loja dos amigos reunidos de So Luis", Hermes Trismegisto outrograu arcaico do qual nos d conta Ragn, Cavaleiro Hermtico umahierarquia contida em um manuscrito atribudo ao irmo Peuvret ondetambm se fala de outro denominado Tesouro Hermtico, quecorresponde ao grau 148 da nomenclatura chamada da Universidade,aonde existem outros como Filsofo Aprendiz Hermtico, Intrprete

    Hermtico, Grande Chanceler Hermtico, Grande Tesofo Hermtico(correspondente ao grau 140), O Grande Hermes, etc. Igualmente noRito do Memphis o grau 40 da srie Filosfica se chama Sublime

    Filsofo Hermtico, e o grau 77 (9 srie) do Captulo Metropolitano

    nomeadoMaom Hermtico.

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    No faltam tampouco na atualidade, em revistas e dicionriosmanicos, referncias diretas Filosofia Hermtica e ao Corpus

    Hermeticum,4onde esta se encontra fixada, seno que incluem analogiascom a terminologia alqumica; eis aqui um s exemplo tirado do

    Dictionnaire de la franc-maonnerie de D. Ligou (pg. 571): "Citaremosuma interpretao hermtica de alguns termos utilizados no vocabulriomanico: Enxofre (Venervel), Mercrio (1. Vigilante), Sal (2.Vigilante), Fogo (Orador), Ar (Secretrio), gua (Hospitaleiro), Terra(Tesoureiro). Encontram-se aqui os trs princpios e os quatro elementosdos alquimistas."

    Por isso que Hermes e o Hermetismo so referncias habituais naMaonaria, como o so tambm Pitgoras e a geometria. Por outra parteambas as correntes histricas de pensamento derivam atravs da Grcia,Roma e Alexandria, do Egito mais remoto e por seu intermdio daAtlntida e da Hiperbrea, como em ltima instncia acontece com todaOrganizao Inicitica, capaz de religar o homem com sua Origem. Enaturalmente que esta impressionante genealogia na qual estocompreendidos os deuses, os sbios (sacerdotes) e os reis (tanto de Tiroe Israel, quanto da Esccia: a realeza no desdenhava a construo e orei era mais um mestre operativo) forma um mbito sagrado, um espaointerior construdo de silncio, lugar onde se efetivam todas asvirtualidades e, assim, pode refletir o Ser Universal de modo especular.

    A loja manica, como se sabe, uma imagem visvel da loja Invisvel,como o Logos o desenvolvimento da Triunidade dos Princpios.

    A influncia do deus Hermes, e as idias do sbio Pitgoras nodesapareceram totalmente deste mundo crepuscular que habitamos, defato tudo o que resta dele; no esqueamos que os alquimistasequiparam Jesus com o Mercrio Solar, no Ocidente pelo menos. Poroutra parte, talvez sequer pudera ser o mundo sem eles, tanto no aspectodas energias perpetuamente regeneradoras atribudas a Hermes e suaFilosofia, como o das idias-fora pitagricas, sem cuja ordem numrica

    (e geomtrica) hoje no seria possvel a menor operao.

    A deidade imanente em cada ser, e os Filhos da Viva, os filhos da luz,re-conhecem-na no interior de sua prpria loja manica, feita imageme semelhana do Cosmo. A raiz H. R. M. comum aos nomes Hermes eHiram, e este ltimo forma com Salomo um paredro onde se unem asabedoria e a possibilidade (a doutrina e o mtodo), destacando-se Tradio (Cabala) hebraica, em que nasceu Jesus, como a veiculadoradesta revelao sapiencial, real, e artstica (artesanal), que constitui a

    Cincia Sagrada, que aprendida e ensinada por smbolos e ritos na lojamanica, "livro" cifrado que os Mestres decodificam hoje, tal qual o

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    fizeram seus antepassados no tempo mtico, posto que a Maonaria nooutorga o Conhecimento em si, mas mostra os smbolos e indica as vias

    para aceder a ele, com a bno dos ritos ancestrais, que atuam comotransmissores mediticos desse Conhecimento.5

    Ou seja, que a atualizao da possibilidade, quer dizer, o Ser, acomprovao de que tudo est vivo, de que o Presente Eterno, asimultaneidade do Tempo, a idia da Triunidade do nico e S, formamum Conhecimento ao qual os maons conduzem pela prpriaexperincia, que proporciona um aprendizado gradual e hierarquizado.

    O Mestre Construtor leva sua loja manica interior a todas partes, elemesmo isso, uma miniatura do Cosmo, desenhada pelo GrandeArquiteto do Universo. Mas a obra est inacabada, necessita-se polir(com Cincia e Arte) sua pedra bruta tal como cinzelou o Criador suaObra. Os nmeros e as figuras geomtricas simbolizam conceitosmetafsicos e ontolgicos, que tambm representam realidades humanasconcretas e imediatas, to necessrias como as atividades fisiolgicas e,da por diante, quaisquer outras. O nmero estabelece idia de escala, de

    proporo, e relao; tambm de ritmo, medida e harmonia, j que soeles os canais que tende a Unidade para a indefinidade numrica, at osquatro pontos do horizonte matemtico e da multiplicidade.

    bvio que Pitgoras ou Tales de Mileto no "inventou" nada, mas simreconheceu na srie decimal, que retorna a sua Origem (10 = 1 + 0 = 1),uma escala natural, uma ascese, que permitisse ao ser humano completara Obra e transmutar assim no Homem Verdadeiro, paradigma de todoIniciado, localizado na Cmara do Meio, entre o esquadro e o compasso.6No houve Tradio que no tenha desenvolvido um sistema numricoque lhe servisse como mtodo de conhecimento, em perfeitacorrespondncia com as pautas criacionais. Recordemos que o teto daloja est decorado pelos astros, os Regentes, que governam as esferascelestes e estabelecem os intervalos e as medidas da Harmonia

    Universal.

    Entretanto os maons no deixaram nunca de reconhecer a fraseevanglica: "Na casa de meu Pai h muitas moradas" (Joo, 14, 2), poisembora saibam que eles tm uma senda aberta diante de si que osconduzir a seu Pai, no negam outros caminhos nem se opem anenhuma via, j que pensam que as estruturas invisveis so as mesmas,

    prottipos vlidos para todo tempo e lugar, apesar da adaptaoconstante de distintas formas aptas para diferentes individualidades, amaior parte das vezes determinadas pelos ciclos temporais tal qual

    poderia ser exemplificado por qualquer organismo vivo, entre eles o ser

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    humano e suas modificaes e adaptaes ao longo dos anos, ciclos aosquais tampouco a Maonaria alheia, como se comprova em sua

    paulatina transformao concretizada finalmente no sculo XVIII. E por essa mesma compreenso de suas possibilidades metafsicas e

    iniciticas que a Maonaria reconhece outras Tradies, e tambm deixaem aberto o exerccio de qualquer crena religiosa, ou pseudo-religiosa,entre seus membros, muitos dos quais conciliam seu processo deConhecimento, leia-se Iniciao, com a prtica de preceitos e cerimniasreligiosas exotricas e legais, que pensam poderem enriquecer sua

    passagem e o de outros por este mundo. No h portanto conflito entreMaonaria e Religio, sempre que no tratem de misturar os conceitos,ou se pretenda, como j aconteceu, que determinados fundamentalistas(religiosos ou no) tentem monopolizar as lojas manicas para seu

    proveito pessoal. De fato, numerosos hermetistas, pitagricos e maonsforam, e so, perfeitos cristos, ou grandes cabalistas, e todos elestiveram os smbolos como seus mestres. A Igreja Catlica jamaiscondenou o Hermetismo, nem Euclides, herdeiro da cincia geomtrica

    pitagrica, e mestre dos maons, mas teve problemas com a Maonariado sculo XVIII a ponto de conden-la e excomungar seus membros.Entretanto foi sendo produzida nos ltimos tempos uma paulatinaaproximao entre ambas as instituies, salpicada aqui e acol porincompreenses e interferncias, muitas vezes interessadas. SegundoJos A. Ferrer Benimelli, S. J., a revista a Civilitt Cattolica de Roma,

    publicada desde 1852, e que deu seguimento ao tema da Maonaria atnossos dias, marca em sua evoluo este processo de aproximao, ou aomenos de respeito mtuo. Efetivamente os primeiros artigos soviolentos e condenatrios, h um perodo de transio, e os dos ltimosanos, bastante conciliatrios e abertos ao dilogo.7

    So numerosos os maons catlicos, muitos deles franceses, que tentamh anos conciliar ambas as instituies e suspender a excomunho;entretanto h muitos outros autores manicos que se integramcompletamente Tradio Hermtica, com sua Ordem, sem necessidadede um exoterismo religioso, tal o caso de Oswald Wirth, diretor durantemuitos anos da revista Le Symbolisme, e reconhecido maom que temescrito sobre os Smbolos da Tradio Hermtica e os smbolosmanicos,El Simbolismo Hermtico en sus relaciones con la Alquimia

    y la Masonera, Saros, Bs. As. 1958 (ver aqui pg. XXX), mostrandomuitos aspectos de sua identidade de Origem; quanto a maons que

    publicaram nos ltimos anos, tanto sobre os distintos graus como acercados Nmeros, desejaramos citar em primeiro lugar a Raoul Berteaux,dentro de um nutrido grupo que tratou amplamente a Aritmosofia, de

    base pitagrica.8

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    Hermes, a quem se lhe adjudica o ensino de todas as cincias, gozou desupremo prestgio ao longo de distintos perodos da histria da culturado Ocidente. Isto foi assim entre os alquimistas e os chamados filsofoshermticos, e estas mesmas idias se manifestaram na Ordem dos Irmos

    Rosacruzes, influncias todas que recolheu a Maonaria a tal ponto quese lhe pode considerar como um depsito da sabedoria pitagrica e suatransmissora nos ltimos sculos, assim como uma receptora dosPrincpios Alqumicos, e tambm das idias Rosacruzes, 9 o que evidente quando simples vista comprovamos que um dos mais altosgraus no Rito Escocs Antigo e Aceito, o 18, denomina-se precisamentePrncipe Rosacruz. Igualmente analogias e conexes com as Ordens deCavalaria so reclamadas por alguns maons, concretamente com aOrdem do Templo. H muitos indcios histricos que mostrariam estas

    sementes, tambm tradies e ritos, especialmente uma das palavras depasse no grau 33, mas ficam bastante diminudos quando se recorda queos Templrios eram ao mesmo tempo monges e soldados (emboragrandes construtores medievais), o que no guarda relao aparente coma Maonaria, onde, por outra parte, h destaque para uma influncia bemclara do hebraico que j assinalamos no caso de Salomo e daConstruo do Templo, e se v confirmada pela simples comprovao deque quase todas as palavras de passe e grau, segredos sagrados,

    pronunciam-se em hebraico.10

    No Diccionario Enciclopdico de la Masonera (Ed. del Valle deMxico, Mxico D. F.), talvez o mais conhecido em castelhano, sob ottulo "Hermes" encontramos o verbete correspondente, onde podeapreciar a importncia atribuda ao Corpus Hermeticum que, emalgumas lojas manicas sul-americanas, ocupa o lugar da Bblia comolivro sagrado. conhecida a relao de Hermes com o silncio, e costume chamar-se hermtico quilo que se encontra perfeitamentefechado, ou selado. O silncio deste modo prprio da Maonaria etambm dos pitagricos que passavam cinco anos cultivando-o.

    Elas Ashmole tambm um bom ponto de confluncia entre oHermetismo e a Maonaria. Este extraordinrio personagem, nascido emLichfield, Inglaterra, em 1617, parece ter desempenhado um papelimportante na transio entre a antiga Maonaria, anterior a Anderson-Desaguliers, e sua projeo histrica posterior, encaminhada pararesgatar a maior parte da mensagem espiritual-intelectual, ou seja,gnstica (no sentido etimolgico do termo), das autnticas organizaesiniciticas, entre elas a Maonaria e a Ordem da Jarreteira. Foi recebidona loja manica de Warrington em 16-10-1646, embora segundo seu

    dirio, s foi sua segunda sesso muitos anos depois, somente.Entretanto, no deve nos chamar a ateno este comportamento numa

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    individualidade como a sua, produto do ambiente da poca, onde o cultodo segredo e do mistrio era habitual por razes bvias de segurana ede prudncia. Em 1650 publica seu Fasciculus Chemicus sob o nomeanagramtico de James Hasolle; trata-se da traduo de textos latinos de

    Alquimia (entre eles o de Jean d'Espagnet), com sua introduo. Em1652 edita o Theatrum Chemicum Britannicum, uma coleo de textosalqumicos ingleses em verso, que rene muitas das mais importantes

    peas produzidas nesse pas, e seis anos depois The Way to Bliss, aomesmo tempo em que trabalha em buscas documentais literrias comohistoriador, e desenvolve sua atividade de antiqurio reunindo nummuseu toda espcie de "curiosidades" e "raridades" relacionadas com aarqueologia e com a etnologia, como igualmente colees de Histria

    Natural, inclusive todo tipo de espcies minerais, botnicas e zoolgicas.

    Na realidade, este ltimo foi o objetivo cientfico do museu (ondeinclusive se realizaram os primeiros experimentos qumicos naInglaterra), que hoje visitado em suas magnficas instalaes deOxford, mais como Museu de Arte que como instituio precursora dacincia e auxiliar da Universidade. A vida de Ashmole esteve muitounida de Oxford, e os recursos de suas doaes de objetos emanuscritos instituio de seu nome (onde tambm se encontram seus

    jornais redigidos num sistema cifrado e que contm numerosas notassobre a Maonaria) 11 foram muito importantes para essa cidade, dadoseu prestgio universitrio. Em Oxford, e tambm em Londres, Ashmole

    teve um destacadssimo papel; filho de sua poca, entregou-se cincianatural e experimental como uma forma da magia das transmutaes, talcomo numerosos filsofos hermticos. Nesse sentido tratou comAstrlogos, Alquimistas, Matemticos e todos os tipos de sbios edignatrios da poca, junto com os quais formar a Royal Society deLondres e a Philosophical Society de Oxford. Seus numerosos amigos ecompanheiros de toda uma vida so nomes de muitssimo relevo, muitosdeles ligados Maonaria em seus mais altos graus, como ChristopherWren, ou investigao e exerccio das Artes liberais e da CinciaSagrada, que formaram um conjunto de personalidades de um papelfundamental em seu tempo, concretamente na difuso e prtica daTradio Hermtica e na relao desta com a Maonaria. Como disseRen Gunon ao referir-se ao papel de Ashmole: "Pensamos, inclusive,que se buscou no sculo XVII, reconstituir a este respeito uma tradioda qual uma grande parte j se perdeu". Neste extraordinrio trabalho

    brilha o nome do E. Ashmole em dois aspectos: como um dosreconstrutores da Maonaria quanto relao desta com as ordens daCavalaria e as corporaes de construtores, e igualmente como ponto deconfluncia com a Tradio Hermtica. O mesmo Ashmole se chamava

    filho de Mercrio (Mercuriophilus Anglicus), e sua obra mais

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    importante, a j mencionada The Way to Bliss, 1658, recolhe seusestudos em Filosofia Hermtica, conforme indica em sua introduo aoleitor.

    Deste modo deve ser destacado que alguns autores fazem muita questosobre certos temas relacionados com o catolicismo e com o

    protestantismo no processo de passagem da Maonaria operativa especulativa. De fato, acostumou-se a simplificar o assunto dizendo queas corporaes operativas eram catlicas e as especulativas, posteriores,

    protestantes. Certamente que, do ponto de vista histrico, estes fatospodem ser mais ou menos "reais", pois a Ordem, como toda instituio,est sujeita a determinados vai-e-vns cclicos que tm manifestaessociais, polticas, econmicas, etc. Mas do ponto de vista da Maonariacomo organizao inicitica, ela no est sujeita ao devir, motivo peloqual subsistir at que finalize o ciclo. 12Na realidade, a TradioHermtica (e Hermes mesmo) sofreu inumerveis adaptaes atravs dotempo, embora jamais deixou de se expressar; e bvio que estaTradio, como os fundamentos da Maonaria, identificada com aCincia de Construir, anterior ao Cristianismo, embora tenhaconvivido com ele durante vinte sculos, e at produziu hermetistascristos e cristos hermticos (entre estes ltimos, dignitrios do maisalto nvel, papas inclusive), o que no impede que essa Tradio tenhaantecedentes claramente pagos, relacionados com as escolas de

    mistrios, ou como hoje se as denomina, religies mistricas; portanto,poder-se-ia asseverar que o hermetismo tem uma vertente pag e outracrist. Neste sentido, devemos esclarecer que a palavra pago soa anossos ouvidos acostumados ao mais superficial das religiesabramicas a maldito, ilegal, bastardo, ou pelo menos a um nebuloso

    pecado. Tambm a ignorncia atribuda ao atraso de povos que sedesconhecem, e que nem sequer interessam. costumeiro oentendimento do pago como algo renhido com a opinio civilizada,extremamente primitivo, ou que est contrrio ao cristianismo, ou religio, e portanto fora de toda ordem. Em suma, o paganismo esteliminado previamente, por censura interior, como algo um poucorepugnante, antes de que nos inteiremos que, na realidade, s se trata dasabedoria de indefinidos povos tradicionais que povoaram este mundoantes e durante os s vinte sculos que caracterizam chamadaCivilizao contempornea.13

    Supomos que desde este ltimo ponto de vista, quase oficialmenteecumnico, no h nada injurioso em compartilhar o pensamento pago,como bem o viram dos Pais da Igreja at numerosos sbios, sacerdotes e

    pastores contemporneos.14

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    Na verdade para o Hermetismo, anterior historicamente ao Cristianismo,existe uma Cosmogonia Perene, manifestada por sua filosofia e seusescritos, como para o maom religioso ou no o est em seus smbolos eritos.

    A respeito da relao entre os Franco-maons e as corporaes deconstrutores e artesos existem trs grandes testemunhos bastantecitados como fontes documentais sobre a prtica da construo na idadeMdia.15Nicol Coldstream as recolhe em seu livro sobre os artesanatosna Idade Mdia, 16 onde rechaa a idia da filiao "fantasmal" daFranco-maonaria com os construtores e artesos medievais, (suasimples tese que os maons eram operrios e no pessoas de gabinete)embora paradoxalmente seu estudo o confirma de diferentes maneiras;assim nos diz referindo-se ao tema:

    "Trata-se do documento, redigido pelo abade Suger, que relata aconstruo do novo coro da abadia de Saint-Denis; do manuscrito,datado cerca 1200, do monge Gervais do Canterbury, sobre o incndio ea reparao da catedral de Canterbury, e do Album de Villard deHonnecourt, conjunto de desenhos e de planos de edifcios, molduras etornos elevadores. Dos trs, o texto do Suger nos informa mais sobre ohomem e da decorao de sua igreja que sobre o edifcio, embora faa,de passagem, algumas aluses preciosas sobre sua construo. O exame

    atento do Album de Villard de Honnecourt nos permite duvidarseriamente de que este tenha construdo alguma vez Igrejas e de quetenha tido algum conhecimento de arquitetura; quanto a seus desenhos,embora sejam interessantes, no seriam entretanto os de um arquiteto ouos da oficina de um maom. O texto de Gervais, pelo contrrio, onico documento medieval que descreve uma equipe de maonstrabalhando; proporciona numerosas informaes sobre a prtica dosmaons e alguns mtodos de construo."

    Interessa-nos especialmente a referncia ao Album de Villard de

    Honnecourt. Efetivamente, no a primeira vez que se destacam certascaractersticas sobre o fato de que este caderno no um manual detecnologia aplicada, seno completamente outra coisa, muito mais ligadacom as pr