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C.S.T. EM SISTEMAS ELÉTRICOS GABRIEL BERBERT MOLINA RAFAEL NUNES SILVA ELEMENTOS DE PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO Campos dos Goytacazes 2014

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  • C.S.T. EM SISTEMAS ELÉTRICOS

    GABRIEL BERBERT MOLINA

    RAFAEL NUNES SILVA

    ELEMENTOS DE PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO

    Campos dos Goytacazes

    2014

  • GABRIEL BERBERT MOLINA

    RAFAEL NUNES SILVA

    ELEMENTOS DE PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO

    Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

    Instituto Federal Fluminense, Campus Centro,

    como requisito parcial para obtenção de grau de

    Tecnólogo em Sistemas Elétricos.

    Orientador: Prof. José Claudio Ribeiro Barreto

    Coorientador: Prof. Leonardo Carneiro Sardinha, M.Sc*

    Campos dos Goytacazes

    2014

  • GABRIEL BERBERT MOLINA

    RAFAEL NUNES SILVA

    ELEMENTOS DE PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO DE SUBESTAÇÃO

    Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

    Instituto Federal Fluminense, Campus Centro,

    como requisito parcial para obtenção de grau

    de Tecnólogo em Sistemas Elétricos.

    Aprovada em de de 2014

    Banca Avaliadora:

    ............................................................................................

    José Claudio Ribeiro Barreto (orientador)

    Instituto Federal Fluminense – Campus Campos Centro

    ............................................................................................

    Leonardo Carneiro Sardinha, M.Sc* (coorientador)

    Instituto Federal Fluminense – Campus Campos Centro

    ............................................................................................

    Laurentino Paulo de Souza

    Instituto Federal Fluminense – Campus Campos Centro

    ............................................................................................

    Carlos Alberto Gomes Viana, M.Sc*

    Instituto Federal Fluminense – Campus Campos Centro

  • Dedicamos o desenvolvimento deste trabalho, aos

    nossos familiares, professores e amigos.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por me dar sabedoria e por estar ao meu lado em todos os dias da minha vida, me

    dando o suporte necessário para perseverar e vencer. E acima, de tudo, pelo dom da vida.

    À minha família que me apoiou e ajudou durante todos esses anos de formação, com carinho e

    amor, disposta a enfrentar tudo por mim.

    À minha esposa, Rafaella, por me ajudar em todos os momentos, me apoiando, incentivando e

    se preocupando com meu sucesso.

    Aos professores Marco Antônio, José Cláudio e Leonardo Sardinha que nos incentivaram a

    crescer e a ultrapassar as nossas limitações.

    Rafael Nunes Silva

    À minha família que sempre acreditou no meu potencial e me incentivou durante todo o

    curso.

    À minha mãe, Marília Berbert, ao meu pai, Manuel Molina e ao professor, Marco Antônio que

    contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento deste trabalho.

    Ao orientador, José Claudio e ao coorientador, Leonardo Sardinha, que sempre se

    disponibilizaram para tirar nossas dúvidas.

    Aos meus amigos, que sempre incentivaram e ajudaram, mesmo que de forma indireta, o

    desenvolvimento deste trabalho.

    Gabriel Berbert Molina

  • “A ciência é, portanto, uma perversão de si mesma,

    a menos que tenha como fim último, melhorar a

    humanidade.”

    Nikola Tesla

  • RESUMO

    O avanço tecnológico alcançado nas últimas décadas no setor de comunicação permitiu à

    sociedade mundial realizar a transmissão e permuta de informações não apenas de forma

    eficiente, mas em tempo real. Todo este processo é dependente do desenvolvimento de

    equipamentos eletroeletrônicos cada vez mais sofisticados, mas nenhum progresso seria

    possível sem o indispensável investimento no sistema de energia elétrica. No Brasil, visando a

    imprimir qualidade e eficiência no atendimento aos usuários, as concessionárias vêm

    adotando tecnologias avançadas para aprimorar os equipamentos do Sistema Elétrico de

    Potência (SEP). No presente trabalho de conclusão de curso procurou-se enfatizar a

    importância de um SEP de alta confiabilidade e desempenho na oferta e distribuição de

    energia elétrica, e que permita a segurança do trabalhador nas atividades desenvolvidas no

    setor elétrico. Para isso, deve-se ter o controle sobre as falhas no sistema elétrico em geral e

    principalmente nas subestações aplicando técnicas de automação, que se baseiam no controle

    à distancia dos equipamentos e monitoramento em tempo real dos parâmetros elétricos. O

    objetivo geral foi apresentar os principais equipamentos empregados nas subestações e suas

    funções, enfatizando-se aqueles envolvidos no sistema de proteção e automação. Neste

    contexto, foram apresentadas as características e funcionamento do relé digital, que consiste

    no equipamento mais importante para a proteção do sistema elétrico automatizado, uma vez

    que é responsável pela supervisão e controle dos equipamentos de operação e pela ligação

    com o sistema supervisório. Estes relés, diferentemente de seus antecessores, o

    eletromecânico e o estático, caracteriza-se por exercer as funções de proteção, medição e

    predição e, dentre suas vantagens estão as de propiciar maior velocidade, melhor

    acessibilidade, interfaceamento amigável, acesso remoto e armazenamento de informações.

    Foi apresentado um exemplo de um sistema de automatizado de proteção para uma subestação

    hipotética, demostrando-se as funções de proteção desempenhadas por modelos de relés

    digitais comerciais provenientes de um fabricante que apresenta alta aceitação no mercado.

    Palavras Chave: Sistema Elétrico de Potência. Falhas. Subestações. Automação.

    Equipamentos. Controle. Relé Digital. Supervisão. Sistema Supervisório. Funções de

    Proteção

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Disjuntor de potência 15

    Figura 2 - Esquema básico de um TC 19

    Figura 3 - Esquema básico de um TP 19

    Figura 4 - Pára-raio de carboneto de silício (A) e de oxido de zinco (B) 21

    Figura 5 - Chave fusível 21

    Figura 6 - Configuração de um relé eletromecânico 23

    Figura 7- Modelos de relés estáticos 24

    Figura 8 - Evolução cronológica dos relés de proteção 24

    Figura 9 - Exemplos de relés digitais de proteção 26

    Figura 10 - Representação lógica dos Relés de proteção 26

    Figura 11 - Diagrama de ligação entre relés e equipamentos da SE 27

    Figura 12 - Subsistemas de um relé digital e seus componentes básicos 31

    Figura 13 - Unidade digital do relé 32

    Figura 14 - Esquema de supervisório utilizando CLP 33

    Figura 15 - Exemplo da tela de um supervisório 34

    Figura 16 - Concentrador de dados e conversor de protocolos, interface para o SCADA e acesso de engenharia

    35

    Figura 17 - Subestação genérica de distribuição 38

    Figura 18 - Proteção de barramento com relé SEL-487B indicando as funções de proteção

    43

    Figura 19 - Proteção do transformador (T1 e T2) com relé SEL-387A indicando as funções de proteção

    45

    Figura 20 - Proteção dos alimentadores com relé SEL-351A indicando as funções de proteção

    45

    Quadro 1 - Tabela ANSI 39

  • ABREVIATURAS

    A/D Do inglês Analogic/Digital (Analógico/Digital)

    CPU Unidade Central de Processamento

    D/A Do inglês Digital/Analogic Conversor (Conversor Digital-Analógico)

    D/I Do inglês Data In (Entrada de Dados)

    D/O Do inglês Data Out (Saída de Dados)

    EEPROM Do inglês Electrically Erasable Programmable Read Only Memory (Memória

    Somente de Leitura Programável Apagável Eletricamente)

    ESM Do inglês Energy Management System (Sistema de Gerenciamento de Energia)

    IEC Do inglês International Electrotechnical Commission (Comissão Eletrotécnica

    Internacional)

    IED Do inglês Intelligent Eletronic Device (Dispositivo Eletrônico Inteligente)

    LAN Do inglês Local Area Network (Rede de Área Local)

    SAS Sistema de Automação de Subestação

    SCL Linguagem de Configuração de Subestação

    SSC Sistema de Supervisão e Controle

    TC Transformador de Corrente

    TP Transformador de Potencial

    UAC Unidade de Aquisição de Dados e Controle

    SE Subestação

    SEL Schweitzer Engineering Laboratories

    SEP Sistema Elétrico de Potência

    kVA Kilo Volt Àmpere

    CI Circuito Integrado

    SCADA Do inglês Supervisory Control And Data Acquisition (Sistemas de Supervisão

    e Aquisição de Dados)

    CLP Controlador Lógico Programável

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO 11

    2. OBJETIVOS 13

    3 CLASSIFICAÇÃO DAS SUBESTAÇÕES 14

    4 EQUIPAMENTOS DE UMA SUBESTAÇÃO 14

    4.1 DISJUNTOR 14

    4.1.1 Arco elétrico 15

    4.1.2 Tipos de disjuntores 15

    4.1.2.1 SF6 16

    4.1.2.2 Sopro Magnético 17

    4.1.2.3 A Óleo 17

    4.2 TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA 17

    4.2.1 Classificação quanto ao meio isolante 18

    4.3 TRANSFORMADOR DE CORRENTE 18

    4.4 TRANSFORMADOR DE POTENCIAL 19

    4.5 CHAVE SECCIONADORA 20

    4.6 PÁRA-RAIOS A RESISTOR NÃO LINEAR 20

    4.7 CHAVE FUSÍVEL 21

    4.8 CONDUTORES ELÉTRICOS 22

    5 RELÉS DE PROTEÇÃO 22

    5.1 EVOLUÇÃO DOS RELÉS DE PROTEÇÃO QUANTO A TECNOLOGIA

    CONSTRUTIVA

    22

    5.1.1 Relé Eletromecânico 23

    5.1.2 Relés Estáticos 23

    5.1.3 Relés Digitais 25

    5.1.3.1 Funcionamento 26

    5.1.3.2 Elementos de Indicação e Operação 28

    5.1.3.3 Subsistemas 30

    6 SISTEMA SUPERVISÓRIO 33

    6.1 CLP – CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL 34

    6.2 PLATAFORMA COMPUTACIONAL 35

    6.2.1 Características do SEL 3354 36

  • 7 NORMA 61850 36

    7.1 PADRÃO DE COMUNICAÇÃO 37

    8 PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO DA SUBESTAÇÃO: EXEMPLO DE CASO 37

    8.1 APLICAÇÃO DOS RELÉS DE PROTEÇÃO 38

    8.1.1 Proteção de Barramento 42

    8.1.2 Proteção dos Transformadores 43

    8.1.3 Proteção dos Alimentadores 45

    9 CONCLUSÕES 46

    10 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47

  • 11

    1. INTRODUÇÃO

    Vivemos o cotidiano de um mundo globalizado, no qual o avanço tecnológico torna

    cada vez maior a dependência da sociedade por equipamentos eletroeletrônicos que atendam a

    necessidade de comunicação plena e em tempo real. Para tornar possível a difusão de dados e

    a troca de informações de maneira eficaz e eficiente é necessário, no entanto, investir em um

    fator que é indispensável ao funcionamento de todo o processo: a energia elétrica.

    Ao longo do tempo, o aumento da demanda de energia elétrica no Brasil exigiu das

    concessionárias uma evolução na forma de ministrar a eletricidade, visando a atender os

    consumidores de modo confiável, eficiente e com o mínimo de paralisações. Para viabilizar

    este processo, foi necessário desenvolver técnicas mais avançadas e investir em tecnologias

    para aprimorar os equipamentos do Sistema Elétrico de Potência (SEP). Entende-se por

    Sistema Elétrico de Potência, de acordo com Tortelli (2009), o conjunto de equipamentos que

    opera de maneira coordenada com a finalidade de fornecer energia elétrica aos consumidores,

    dentro de certos padrões de qualidade (confiabilidade, disponibilidade), segurança e custos, e

    com o mínimo impacto ambiental.

    Um dos elementos mais importantes do SEP é a subestação (SE). Esta é definida como

    o conjunto de condutores, aparelhos e equipamentos destinados a modificar as características

    da energia elétrica (tensão e corrente), permitindo sua distribuição aos pontos de consumo em

    níveis adequados de utilização (Mamede Filho, 2010, p.422). Dentre estes equipamentos

    destaca-se o relé, devido a sua importância no controle e na proteção do sistema elétrico. O

    relé de proteção é um dispositivo elétrico que é projetado para interpretar as condições de

    entrada na forma prescrita e, após as condições especificadas serem satisfeitas, responder para

    causar a operação do contator ou mudanças abruptas semelhantes associadas aos circuitos

    elétricos de controle (Anderson, 1998).

    O avanço da tecnologia permitiu uma significativa evolução dos relés, possibilitando a

    criação dos relés digitais. Diferentemente de seus antecessores, o relé digital é caracterizado

    por exercer três diferentes funções: Proteção, Medição e Predição. As funções de proteção são

    aquelas que monitoram as falhas e atuam em tempo muito rápido. São dotadas de larga faixa

    de medição, atuando em valores que podem atingir 20 vezes a grandeza nominal. As funções

    de medição são aquelas que exercem a supervisão do sistema elétrico. Algumas medições são

    registradas diretamente pelo relé, tais como tensão e corrente, enquanto outras são obtidas

    através de cálculos numéricos, tais como potência e fator de potência. As funções preditivas,

    por sua vez, são aquelas que realizam as medições cumulativas de determinadas grandezas,

  • 12

    tais como a duração do tempo de apuração e o número de operações de um disjuntor

    (Mamede Filho e Mamede, 2011 p.17).

    O presente trabalho irá retratar os principais equipamentos de uma subestação, com

    ênfase para os relés digitais e destaque para os aspectos relativos à sua função de proteção do

    sistema. Serão também abordadas as particularidades de um sistema supervisório e as

    premissas básicas da Norma IEC 61850. Finalmente, será apresentado um estudo de caso

    demonstrando a aplicação de um sistema de proteção em uma subestação.

  • 13

    2. OBJETIVOS

    Geral

    O objetivo geral do trabalho é apresentar uma revisão sobre os equipamentos

    empregados em subestações, suas particularidades e principais funções, enfocando os

    dispositivos envolvidos no sistema de proteção e automação.

    Específicos

    Definir e apresentar as principais características dos relés digitais, com ênfase para sua

    função de proteção do sistema;

    Apresentar o sistema supervisório e sua importância no processo de automação, bem

    como as premissas da Norma IEC 61850;

    Apresentar um estudo de caso demonstrativo de um esquema de proteção em uma

    subestação hipotética, indicando dispositivos de atuação de marca comercial

    conceituada.

  • 14

    3. CLASSIFICAÇÃO DAS SUBESTAÇÕES

    Segundo Dualibe (1999), as subestações podem ser classificadas quanto a sua função

    no sistema elétrico. São elas: subestação transformadora e subestação seccionadora, de

    manobra ou de chaveamento.

    a) É aquela que converte a tensão de suprimento para um nível diferente, maior ou

    menor, sendo designada, respectivamente SE Transformadora Elevadora e SE

    Transformadora Abaixadora.

    b) É aquela que interliga circuitos de suprimento sob o mesmo nível de tensão,

    possibilitando a sua multiplicação. É também adotada para possibilitar o

    seccionamento de circuitos, permitindo a sua energização em trechos sucessivos de

    menor comprimento (Dualibe,1999).

    4. EQUIPAMENTOS DE UMA SUBESTAÇÃO

    Para que a energia chegue de forma satisfatória para o consumidor, alguns parâmetros

    elétricos devem ser controlados. Para isso, faz-se necessária a aplicação de alguns

    equipamentos, dentre eles: disjuntor, transformador de potência, transformador de corrente

    (TC), transformador de potencial (TP), chaves seccionadoras, para-raios, chave fusível e

    condutores elétricos. O relé digital, cuja importância será enfatizada neste trabalho será

    apresentado em separado (Item 5).

    4.1 DISJUNTOR

    Os disjuntores são equipamentos de proteção e manobra cuja finalidade é interromper

    ou não permitir o reestabelecimento das correntes elétricas num determinado ponto do

    circuito. De acordo com Mamede Filho (2005, p. 403), o disjuntor é um dispositivo de

    proteção quando acompanhado da aplicação dos relés respectivos, que são os elementos

    responsáveis pela detecção das correntes elétricas do circuito que, após analisadas por

    sensores previamente ajustados, podem enviar ou não a ordem de comando para sua abertura.

    Na Figura 1, que mostra o corte longitudinal de um disjuntor, podem ser vistas suas partes

    principais.

  • 15

    Figura 1: Disjuntor de potência. Fonte: ABB (2014)

    Segundo a empresa Scheider-Eletric (2012), são funções básicas do disjuntor: (i)

    proteger os cabos contra sobrecargas e curtos-circuitos; (ii) permitir o fluxo normal da

    corrente sem interrupções; (iii) abrir e fechar o circuito à intensidade nominal; e, (iv) garantir

    a segurança da instalação e dos utilizadores.

    4.1.1. Arco Elétrico

    Arco elétrico é definido como a interrupção da passagem da corrente elétrica por um

    condutor ou quando os elétrons rompem o dielétrico (resistência elétrica) do ar e a corrente

    elétrica passa através do ar atmosférico, dissipando grande quantidade de energia, que é

    transformada em calor, luz e som, no meio onde se propaga. De acordo com Mamede Filho

    (2005, p. 403) trata-se de

    [...] Um fenômeno que ocorre quando se separam dois terminais de um

    circuito que conduz determinada corrente de carga, de sobrecorrente ou de

    defeito. Pode ser definido também como um canal condutor, formado num

    meio fortemente ionizado, provocando um intenso brilho e elevando,

    consideravelmente, a temperatura do meio em que se desenvolve.

  • 16

    4.1.2. Tipos de Disjuntores

    Os disjuntores diferem entre si pelo modo como o arco elétrico é extinto. Os principais

    disjuntores aplicados em subestações são apresentados a seguir.

    4.1.2.1 - SF6

    Os disjuntores SF6 recebem este nome por utilizarem o gás hexafluoreto de enxofre

    para a extinção do arco elétrico. Existem algumas técnicas de utilização deste disjuntor, que

    são descritas como:

    a) Dupla Pressão:

    Esta técnica consiste na utilização de dois vasos de pressão durante o processo de

    funcionamento do disjuntor. Segundo Mamede Filho (2005 p.418):

    Quando este inicia o processo de abertura, é liberada de um vaso de alta

    pressão, da ordem de 16 Kg/cm², certa quantidade de SF6 dirigida sobre a

    região dos contatos. Logo em seguida, o gás é levado ao vaso de baixa

    pressão, da ordem de 3 Kg/cm². Depois, o SF6 é bombeado para de alta

    pressão.

    Atualmente, essa técnica está em desuso pelo fato deste sistema ser de baixa

    confiabilidade. Segundo Dualibe (1999), o SF6 tem tendência a liquefazer a temperatura

    ambiente quando comprimido, o que torna necessária a instalação de aquecedores nos vasos

    de alta pressão, com consequente aumento da complexidade do equipamento e redução da

    confiabilidade.

    b) Autocompressão:

    Esta técnica consiste na utilização de apenas um vaso de pressão, também denominada

    pressão única, ou ainda impulso. Este sistema é descrito como:

    Quando o disjuntor atua, o deslocamento do êmbolo, em cuja extremidade

    encontra-se o contato móvel, pressiona o SF6, no interior do vaso, onde o

    gás é forçado a penetrar na região dos contatos, atingindo o arco de forma

    transversal, roubando calor e o extinguindo-o rapidamente (Mamede Filho,

    2005, p.418, 419).

    De acordo com Dualibe (1999), os disjuntores de pressão única apresentam projeto

    mais simples que o de dupla pressão e dispensam a instalação de aquecedores para impedir a

    liquefação do SF6, sendo consequentemente mais econômicos e mais confiáveis.

  • 17

    c) Arco Girante

    Este sistema pode ser descrito como:

    Quando o disjuntor atua e os contatos se separam, forma-se um arco entre

    eles que produz um campo magnético agindo sobre o próprio arco, fazendo-

    o movimentar-se num percurso anular no interior da câmara de SF6. Neste

    momento, a corrente a ser interrompida passa a ser conduzida por uma

    bobina ligada em série com o contato de arco fixo e que é envolvida pelo

    contato principal fixo no disjuntor (Mamede Filho, 2005, p. 419).

    De acordo com Mamede Filho (2005 p. 419), a construção da bobina proporciona uma

    elevada velocidade no deslocamento do arco, resfriando-o de maneira eficiente e quanto

    maior for à intensidade da corrente, maior será o seu resfriamento.

    4.1.2.2 - Sopro Magnético

    Os disjuntores de Sopro Magnético, segundo Mamede Filho (2005 p. 414), utilizam o

    princípio da força eletromagnética para conduzir o arco elétrico a uma câmara de extinção,

    onde o arco é dividido, desionizado, resfriado e extinto.

    4.1.2.3 - A Óleo

    Neste equipamento os contatos do disjuntor a óleo estão imersos em óleo mineral

    isolante, o qual impede o restabelecimento do arco elétrico, resfriando-o. Sua aplicação é vista

    em subestações de pequeno e médio porte. Mamede Filho (2005 p. 409) cita os motivos da

    sua forte presença no mercado, devido a seu custo reduzido, robustez construtiva,

    simplicidade operativa e reduzidas exigências de manutenção.

    4.2. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

    É um equipamento muito importante em uma subestação de distribuição, pois ele é o

    responsável por controlar a energia das linhas de transmissão em valores de kVA, elevando ou

    abaixando a tensão, ou seja, mudando os parâmetros de corrente e tensão que se deseja

    trabalhar.

    Transformador é um equipamento de operação estática que por meio de

    indução eletromagnética transfere energia de um circuito, chamado primário,

    para um ou mais circuitos denominados, respectivamente, secundário e

  • 18

    terciário, sendo, no entanto, mantida a mesma frequência, porém com

    tensões e correntes diferentes (Mamede Filho 2005, p. 448).

    A operação desse equipamento se dá por três formas:

    Operação a vazio - quando o transformador está energizado, mas não existe

    nenhum consumo de energia (carga) ligado ao circuito secundário;

    Operação em carga - quando existe uma carga consumindo energia do

    secundário;

    Operação em curto-circuito - quando o secundário é ligado a um circuito de

    impedância desprezível e a tensão nos terminais seja nula. Isso provoca perdas

    nos enrolamentos de cobre do transformador.

    4.2.1 Classificação Quanto ao Meio Isolante

    Os transformadores são classificados quanto ao meio isolante em dois grandes grupos,

    são eles: transformadores em líquido isolante e transformadores a seco.

    a) Transformadores em líquido isolante: são empregados de modo generalizado em

    sistemas de distribuição e força e em plantas industriais comuns. Três tipos de líquidos

    isolantes são usados em transformadores: óleo mineral, silicone e ascarel. O uso deste

    último foi proibido em território nacional;

    b) Transformadores a seco: são empregados mais especificadamente em instalações

    onde o perigo de incêndios for eminente, ou seja, em locais onde seja exigido um nível

    maior de segurança contra explosões de inflamáveis. São equipamentos que têm um

    custo muito elevado comparado aos isolados por líquidos isolantes. As bobinas podem

    ser enroladas de forma que os fios de cobre sejam revestidos por fios de fibra de vidro

    impregnados em epóxi ou podem ser usados os enrolamentos colocados em moldes e

    aplicando epóxi, dosado com sílica e talco, sob vácuo, para eliminar as bolhas e selar a

    bobina.

    4.3. TRANSFORMADOR DE CORRENTE

    A finalidade dos transformadores de corrente (TC’s) é intermediar a conexão entre os

    valores diretos de corrente alternada em circuitos de alta tensão e instrumentos de medição,

    controle e proteção (Caminha, 1977). A Figura 2 ilustra o esquema de ligação.

  • 19

    Figura 2: Esquema básico de um TC. Fonte: Dualibe (1999).

    4.4. TRANSFORMADOR DE POTENCIAL

    Autores como Mamede Filho e Mamede (2011, p.79) relatam que os transformadores

    de potencial (TP) são equipamentos que permitem aos instrumentos de medição e proteção

    funcionar adequadamente sem que seja necessário possuir tensão de isolamento de acordo

    com a rede à qual estão ligados (Figura 3). Mamede (2005, p.192) salienta ainda que os TP’s

    são equipamentos utilizados para suprir aparelhos que apresentam elevada impedância, tais

    como voltímetros, relés de tensão, bobinas de tensão de medidores de energia, etc.

    Figura 3: Esquema básico de um TP. Fonte: Dualibe (1999).

  • 20

    4.5. CHAVE SECCIONADORA

    Segundo Mamede (2005, p.223), os seccionadores são utilizados em subestações para

    permitir manobras de circuitos elétricos, sem carga, isolando disjuntores, transformadores de

    medida, de proteção e de barramentos.

    Os seccionadores podem desempenhar várias e importantes funções dentro de uma

    instalação elétrica, tais como:

    Manobrar circuitos, permitindo a transferência de carga entre barramentos de uma

    subestação;

    Isolar um equipamento qualquer da subestação, tais como transformadores,

    disjuntores, etc. para execução de serviços de manutenção ou outra finalidade;

    Propiciar o By-Pass de equipamentos, notadamente dos disjuntores e religadores

    da subestação.

    4.6. PÁRA-RAIOS A RESISTOR NÃO LINEAR

    As linhas de transmissão e distribuição são sensíveis às descargas atmosféricas ou

    surtos de tensão (variação brusca de tensão em um espaço de tempo muito curto), ocasionados

    por manobras efetuadas na subestação. Por esse motivo, as concessionárias e os grandes

    consumidores de energia elétrica (indústrias) utilizam equipamentos apropriados para limitar

    a sobretensão (tensão acima dos valores normais de funcionamento) a um valor máximo,

    compatível com a suportabilidade desse sistema, os chamados pára-raios. Segundo Mamede

    (2005, p.01) ele é utilizado para proteger os diversos equipamentos que compõem uma

    subestação de potência ou simplesmente um único transformador de distribuição instalado em

    poste.

    Existem dois tipos de pára-raios mais utilizados (Figura 4):

    De carboneto de silício: utilizam como resistor não linear o carboneto de silício

    (SiC) e tem em série com este um centelhador formado por vários gaps (espaços

    vazios);

    De Óxido de Zinco: utilizam como resistor não linear o óxido de zinco (ZnO) e

    não possuem centelhadores em série.

  • 21

    Figura 4: Pára-raio de carboneto de silício (A) e de oxido de zinco (B).

    4.7. CHAVE FUSÍVEL

    Equipamento destinado à proteção de sobrecorrentes de circuitos primários (Figura 5),

    utilizado em redes aéreas de distribuição e em pequenas subestações de consumidor e de

    concessionária. Um elemento fusível é responsável pelas características de operação (Mamede

    2005, p. 46).

    Segundo Paradelo Junior (2006), fisicamente, o elo fusível é montado dentro do

    cartucho e é composto de um elemento metálico que na passagem de corrente elétrica elevada,

    funde-se dentro de um intervalo de tempo determinado.

    Figura 5: Chave fusível. Fonte: Delmar (2012).

  • 22

    4.8. CONDUTORES ELÉTRICOS

    Condutor de energia é o meio pelo qual se transporta potência desde um determinado

    ponto, denominado fonte ou alimentação, até um terminal consumidor (Mamede-Filho, 2005,

    p. 77).

    Os metais mais utilizados na fabricação dos condutores elétricos são o alumínio e o

    cobre, sendo o primeiro mais vantajoso economicamente. O cobre, apesar de ser um bom

    condutor elétrico, possui um alto custo no mercado. Esses cabos ou fios são revestidos por

    dois tipos de materiais isolantes, pelos aspectos técnicos e econômicos, o cloreto de polivinila

    (PVC) e o polietileno (PE). Estes dois materiais perdem suas características básicas (isolantes)

    quando submetidos a temperaturas superiores a 70 °C.

    5. RELÉS DE PROTEÇÃO

    Os relés de proteção historicamente são de grande importância para o sistema elétrico

    de potência. Estes identificam as falhas1, e em conjunto com outros equipamentos de

    proteção, impedem que danos ao sistema de potência se agravem. Barboza (2008) afirma que

    a principal função do relé é mitigar os efeitos dos curtos-circuitos e de outras condições

    anormais de operação, e também exercem uma função importante na determinação do tipo de

    falha que está ocorrendo no sistema, como a sua localização, possibilitando uma análise mais

    ampla do problema e suas possíveis soluções.

    As falhas identificadas pelos relés de proteção são aos distúrbios nos parâmetros

    elétricos dimensionados na subestação como tensão, corrente, frequência, potência, dentre

    outros.

    5.1. EVOLUÇÃO DOS RELÉS DE PROTEÇÃO QUANTO A TECNOLOGIA CONSTRUTIVA

    Ao longo do tempo, os relés de proteção foram sendo aprimorados em relação à forma

    de construção. Alguns deles são: relés eletromecânicos, relés estáticos e relés digitais.

    1 Falhas: qualquer anormalidade que faça o sistema elétrico operar fora dos limites previstos ou de parte dele.

    MAMEDE FILHO E MAMEDE (2011, p.1).

  • 23

    5.1.1. Relés Eletromecânicos

    A primeira classe dos equipamentos de proteção do Sistema Elétrico de Potência

    foram os relés eletromecânicos, os quais utilizam o campo magnético do circuito (bobina)

    para mover a parte móvel do relé (armadura) e assim fechar ou abrir os contatos. A Figura 6

    representa um relé eletromecânico (Netto, 2008).

    Figura 6: Configuração de um relé eletromecânico. Fonte: Netto (2008).

    5.1.2. Relés Estáticos

    Com a evolução da primeira classe de relés de proteção foram desenvolvidos os relés

    estáticos que são constituídos por dispositivos eletrônicos (transistores e os circuitos

    integrados – CI’s), os quais dispensam o uso de elementos mecânicos móveis (válvulas). Esta

    característica trouxe uma segurança para o manuseio dos relés, uma vez que, ao contrário dos

    mecânicos, os relés estáticos funcionam em baixas tensões (Netto, 2008).

    A evolução tecnológica dos relés estáticos resultou no surgimento dos relés

    eletrônicos, que utilizam dispositivos microprocessados controlados por um software

    específico à proteção que se deseja monitorar. A Figura 7 ilustra modelos de relés estáticos.

  • 24

    Figura 7: Modelos de relés estáticos. Fonte: Netto (2008).

    Na Figura 8 é apresentada a evolução cronológica dos relés de proteção até a quarta

    geração do relés estáticos eletrônicos microprocessados.

    Figura 8: Evolução cronológica dos relés de proteção.

    O avanço tecnológico trouxe para os relés de proteção maior agilidade de atuação

    contra falhas, maior segurança operacional, em relação às altas cargas elétricas a que eram

    submetidos, e redução da sua robustez. Em relação às funções exercidas no Sistema Elétrico

  • 25

    de Potência, o progresso se deu na forma de monitorar os parâmetros elétricos, que passou a

    ser feito em tempo real, bem como na melhoria da seletividade em relação à interrupção de

    circuitos na ocorrência falhas elétricas (Netto, 2008).

    5.1.3. Relés Digitais

    Atualmente, as subestações empregam os relés digitais por serem tecnologicamente

    mais evoluídos. Os relés digitais (Figura 9) geram uma proteção baseada em

    microprocessadores, os quais mantém o mesmo princípio de funcionamento dos relés

    antecessores (estático, indução, eletromecânico, etc.). Têm a capacidade de processar

    digitalmente os valores medidos do sistema, tais como tensão, corrente e frequência, e de

    realizarem operações lógicas e aritméticas. Além disso, os relés digitais apresentam novas

    funções, que acarretam em maior velocidade, melhor acessibilidade, interfaceamento

    amigável, acesso remoto, armazenamento de informações, dentre outras (Mamede Filho,

    2005).

    Estes dispositivos eletrônicos apresentam as seguintes vantagens em relação aos seus

    antecessores: (i) Pequeno consumo de energia reduzindo a capacidade dos transformadores de

    corrente; (ii) Elevada confiabilidade devido à função de auto supervisão; (iii) Diagnóstico de

    falha por meio de armazenamento de dados de falha; (iv) Possibilidade de comunicação com

    um sistema supervisório, através de uma interface serial; (v) Possibilidade de serem ajustados

    à distancia; (vi) Durante os procedimentos de alteração nos ajustes mantêm a proteção do

    sistema elétrico ao nível dos ajustes existentes; (vii) Elevada precisão à tecnologia digital;

    (viii) Amplas faixas de ajuste com vários degraus e ajuste dos parâmetros guiados por uma

    interface amigável; (ix) Indicação dos valores de medição e dos dados de falha por meio de

    display2 alfanumérico (Mamede Filho, 2005, p.269).

    Para o gerenciamento dos parâmetros elétricos nas subestações, podem-se destacar:

    diagnóstico de falha – função que otimiza o trabalho do operador na detecção da falha ou do

    setor onde ocorreu a falha; comunicação com o supervisório – permite uma visualização total

    da planta local e também a comunicação com outras subestações; ajuste à distância – feito

    por acesso remoto através de um software específico garante a segurança do trabalhador, já

    que este não precisa se aproximar da rede de alta-tensão.

    2 Apresentação visual da informação

  • 26

    Figura 9: Exemplos de relés digitais de proteção. Fonte: Schweitzer Engineering Laboratories (2013).

    5.1.3.1 - Funcionamento

    O funcionamento do relé digital baseia-se na aquisição de dados provenientes dos

    equipamentos da subestação. Os sinais de entrada consistem na tensão, corrente ou

    frequência. Os equipamentos usados são o Transformador de Potencial (TP) e o

    Transformador de Corrente (TC).

    De acordo com Barboza (2008), a sequencia lógica da aquisição de dados, do

    processamento e da tomada decisão do relé digital ocorre segundo o esquema mostrado na

    Figura 10.

    Figura 10: Representação lógica dos Relés de proteção. Fonte: BARBOZA (2008).

    A importância da tomada de decisão de um relé de proteção, isto é, o envio do sinal de

    abertura do disjuntor (sinal de trip3), é determinado pelo pré-ajuste do usuário de acordo com

    as funções desejadas e suas configurações, já que para cada função exige uma parametrização

    3 Atuação de Proteção de um equipamento mediante a uma falha do sistema

  • 27

    específica de acordo com a topologia da rede elétrica, da lógica de proteção adotada e da

    porção do sistema que se deseja proteger (Barboza, 2008). A Figura 11 representa um

    diagrama simplificado, apenas do sistema de proteção, da ligação entre os equipamentos de

    uma subestação (TP, TC e disjuntor) e os relés de proteção.

    Figura 11: Diagrama de ligação entre relés e equipamentos da SE. Fonte: Maezono

    (2003).

    Para que a proteção atue de forma eficiente dentro do sistema, ou seja, com rapidez e

    precisão, e com a parametrização correta dos relés, algumas características básicas devem ser

    observadas. São elas:

    Confiabilidade: assegurar que a proteção atuará corretamente quando for

    necessária, distinguindo entre situações de falta e condições normais de operação;

    Seletividade: maximizar a continuidade do serviço de fornecimento de energia,

    desconectando o mínimo do sistema em situações de falta. Segundo Mamede

    Filho e Mamede (2011, p. 32), em um projeto de um sistema de proteção cada

    elemento protetor deve ter uma abrangência de atuação, denominada

    simplesmente zona de proteção. Há dois casos a considerar:

  • 28

    (i) Proteção de primeira linha: Corresponde ao elemento de proteção para o

    qual é definida uma zona de responsabilidade dentro dos limites

    predefinidos, devendo atuar num tempo previamente ajustado, sempre que

    ocorrer um defeito nessa zona. (ii) Proteção de segunda linha ou de

    retaguarda: Corresponde ao elemento de proteção responsável pela

    desconexão do sistema caso haja uma falha na proteção de primeira linha,

    dentro de um intervalo de tempo definido no projeto de coordenação.

    Velocidade de operação: minimizar o tempo de duração da falta e consequente

    perigo para os equipamentos;

    Simplicidade: mínimo de equipamentos de proteção e circuitos elétricos

    associados para executar os objetivos da filosofia de proteção desejada;

    Economia: máxima proteção com o mínimo de custo.

    5.1.3.2 - Elementos de Indicação e Operação

    O relé digital é basicamente um microprocessador que possui interfaces de vídeo e

    inserção de dados (programação) para que o equipamento seja facilmente operado por

    qualquer usuário. Estes elementos são classificados por Mamede Filho (2005, p. 269 - 272)

    como:

    Display (mostrador) alfanumérico: utilizado para mostrar os valores de medição

    e de ajuste, os dados armazenados na memória de massa e as mensagens que o

    relé quer transmitir;

    Teclas: São utilizadas para ativar os parâmetros de medida a serem indicados e

    indicar o armazenamento desses parâmetros;

    Interface com o processo: há duas formas do relé digital interfaciar com o

    processo elétrico:

    Condicionamento dos sinais: Significa realizar a interface entre o processo e o

    ambiente eletrônico, isolando galvanicamente os referidos ambientes, a fim de

    evitar que as grandezas do sistema elétrico normalmente de valor elevado, tais

    como tensão e corrente, causem danos aos circuitos muito sensíveis do relé

    digital que operam com valores típicos de +/-5 A e +/-15 V;

  • 29

    Conversão dos sinais analógicos para digitais: É através de conversores A/D

    que os relés realizam a conversão analógica da grandeza elétrica numa

    sequência numérica (sinais digitais) que é enviada aos microprocessadores.

    Microprocessadores: são elementos do relé que recebem os sinais digitais do

    conversor, além dos sinais digitais gerados naturalmente pelos contatos secos de

    chaves, contatores, etc. e executam as funções de medição, proteção e controle,

    etc. O resultado dessas operações é mostrado no display de cristal líquido do relé

    e/ou enviando para os canais de saída, representados por microprocessadores;

    Memória EEPROM4: Segundo Mamede Filho e Mamede (2011, p. 265), é a

    memória utilizada para armazenar os parâmetros programados pelo usuário. Todos

    os dados armazenados são mantidos mesmo que o relé perca a sua alimentação

    auxiliar.

    Entradas e saídas seriais: É o componente do relé capaz de receber e enviar

    informações digitais, tais como mensagens operacionais, estados de operação do

    disjuntor.

    Fonte de alimentação: Os relés digitais necessitam de uma fonte de tensão

    operando em baixas voltagens com a finalidade de fazer operar o mecanismo de

    abertura do disjuntor.

    Auto supervisão: A fim de garantir a confiabilidade do sistema elétrico e do

    próprio dispositivo, os relés são monitorados constantemente por um software

    dedicado (do próprio relé) que informa o estado dos diversos componentes que

    integram a unidade, tais como fonte de alimentação, memórias, processador, etc.

    No caso de ocorrência de uma condição não favorável ao desempenho do relé, um

    alarme sonoro e/ou luminoso será emitido indicando sua origem.

    Interface Homem Máquina – IHM: O relé é acompanhado de um software que

    permite ao usuário, a partir de um microcomputador, comunicar-se facilmente

    com o dispositivo de proteção. A comunicação tem por objetivo introduzir e

    alterar os ajustes dos relés, acessar informações armazenadas e carregar tais

    informações para posterior análise.

    4 Sigla em inglês, que significa Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory.

  • 30

    Relatórios e falha: O relé digital é dotado de memória para armazenamento de

    eventos relacionados a eles próprios, além de informações sobre os últimos

    defeitos ocorridos no sistema elétrico que protegem. Estes relatórios serão gerados

    quando houver alguma falha no SEP, se não houver falha o programa retornará

    seu ciclo de trabalho sem gerar relatórios.

    5.1.4. Subsistemas

    Segundo Coury (2012) o relé digital possui subsistemas com funções bem definidas,

    cujos estágios são mostrados desde a entrada de dados no relé até o processamento. Estes

    subsistemas são:

    Subsistemas de condicionamentos de sinais;

    Subsistemas de conversão de sinais;

    Subsistema de processamento digital dos sinais.

    Os dois primeiros subsistemas são universais para os relés digitais, já o terceiro varia

    de acordo com a função específica nele programado, ou seja, para o funcionamento de um relé

    digital as duas primeiras etapas (subsistema de condicionamentos de sinais e subsistemas de

    conversão de sinais) são iguais para todos e a terceira etapa (subsistema de processamento

    digital dos sinais) depende do tipo de proteção que se deseja fazer. Seus componentes são: (i)

    D/O (Date/Output); (ii) D/I (Date/Input); (iii) CPU (Central Processing Unit); (iv) D/A =

    Conversor Digital-Analógico; e, (v) A/D = Conversor Analógico-Digital.

    Na Figura 12 é mostrado um diagrama com os subsistemas de um relé digital,

    especificando seus componentes básicos. Cada um dos subsistemas pode ser analisado de forma

    independente, como segue:

    a) Subsistema de Condicionamento de Sinais

    Na primeira etapa, os sinais provenientes dos Transdutores (TP e TC) são

    condicionados em níveis compatíveis à conversão A/D, isolando eletricamente os circuitos

    eletrônicos do relé dos circuitos de entrada (Espinoza, 2011). Isto é, os níveis de alta corrente

    e alta tensão são atenuados para níveis em que seja possível fazer a conversão A/D (corrente

    de 1A até 5A e tensões entre 127V até 220V) (COURY, 2012). Após os sinais de corrente e

    tensão terem sidos atenuados pelos Transdutores eles entram em um módulo de interface.

    Segundo Coury (2012), esse módulo é composto por filtros passa-baixa e transformadores. A

    função deste último é reduzir ainda mais o nível de tensão da entrada, enquanto os filtros

  • 31

    eliminam os componentes transitórios de alta frequência dos sinais de entrada, evitando um

    fenômeno conhecido como aliasing5, que é a sobreposição de frequências.

    Figura 12: Subsistemas de um relé digital e seus componentes básicos. Fonte: Coury (2012)

    5 Sobreposição dos espectros de frequências do sinal de entrada no relé. Tal fenômeno, se não for evitado,

    acarretará em erros na conversão A/D.

  • 32

    b) Subsistema de Conversão Digital

    Nesta segunda etapa, os sinais já condicionados, são convertidos em sinais digitais

    pelo circuito Sample and hold em conjunto com o Multiplexador. Estes últimos são descritos

    como:

    O circuito Sample and Hold é responsável pela amostragem e

    armazenamento do sinal de entrada para que o conversor A/D possa realizar

    as várias conversões existentes para cada instante de amostragem. Esses

    vários circuitos em conjunto com um circuito multiplexador possibilitam

    uma solução economicamente viável ao processo de amostragem do sinal.

    O multiplexador é um dispositivo que seleciona um sinal de um número de

    canais de entrada e o transfere para o canal de saída, permitindo a

    transmissão de vários sinais simultaneamente (COURY, 2012).

    Segundo Espinoza (2011), após a passagem dos sinais analógicos pelo circuito Sample

    and Hold, estes são multiplexados por um multiplexador analógico e convertidos em sinais

    digitais. Desta forma, os sinais digitais estão aptos a serem processados.

    c) Subsistema de Processamento Digital de Sinais

    De acordo com Espinoza (2011), este bloco é encarregado de executar os algoritmos

    numéricos de proteção, controlar diversas funções temporizadas e realizar tarefas de

    autodiagnostico e comunicação com os periféricos. O sinal de trip enviado depende da lógica

    armazenada na memória (que foi introduzida pelo usuário) e das funções que o relé pode

    executar. A Figura 13 ilustra esta situação.

    Figura 13: Unidade digital do relé. Fonte: Coury (2012).

  • 33

    6. SISTEMA SUPERVISÓRIO

    O sistema Supervisory Control And Data Acquisition (SCADA) é um software que

    possibilita a interface homem/máquina de forma a obter um melhor controle e supervisão dos

    equipamentos de uma subestação (disjuntores, chaves seccionadoras, etc.). Além disso, ele

    extinguiu os painéis elétricos que ocupavam grandes salas e eram utilizados também para

    controle e supervisão de toda subestação. Baseado na tecnologia microprocessada dos

    computadores, o software de controle e supervisão torna a operação de uma subestação mais

    rápida e segura. O software de supervisão e controle busca informações armazenadas no CLP,

    em tempo real, das variáveis (tensão, corrente, potência, etc.) e do estado dos equipamentos

    da subestação (ligado/desligado). Após interpretá-los, o sistema gera os gráficos das

    ocorrências e aciona os alarmes. Assim, o sistema possibilita uma melhor análise dos

    acontecimentos (falhas) de uma subestação, tornando a sua operação mais segura, de melhor

    qualidade e com menor custo (Vianna, 2000). A Figura 14 esquematiza o processo.

    Figura 14: Esquema de supervisório utilizando CLP. Fonte: Vianna (2000)

    A programação do sistema supervisório resulta em uma tela virtual que simula a

    organização física dos elementos da subestação (disjuntores, transformadores, linhas de

    transmissão, chaves seccionadoras, etc.) e através dos sinais obtidos pelo CLP (controlador

    lógico programável), são indicados os parâmetros elétricos correspondentes dos equipamentos

    nesta tela. A Figura 15 mostra um exemplo da tela de um supervisório de uma subestação.

  • 34

    Figura 15: Exemplo da tela de um supervisório. Fonte: Vantel (2013).

    6.1. CLP – CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL

    O PLC (do inglês Programable Logic Control) ou CLP é um dispositivo de controle e

    armazenamento das informações dos dispositivos elétricos. A associação de equipamentos

    elétricos NEMA (National Electrical Manufacturers Association) o descreve como:

    Aparelho eletrônico digital que utiliza uma memória programável para o

    armazenamento interno de instruções para implementações específicas, tais

    como lógica, sequenciamento, temporização, contagem e aritmética, para

    controlar, através de módulos de entradas e saídas, vários tipos de máquinas

    ou processos (NEMA, 2013).

    Comparado a outros dispositivos utilizados para controle (os relés eletromagnéticos),

    o CLP apresenta as seguintes características Vianna (2000):

    Menor espaço físico para instalação;

    Menor exigência de potência elétrica;

    Possibilidade de reutilização;

    É programável, em caso de mudança nos requisitos de controle;

    Maior facilidade de manutenção;

    Maior flexibilidade;

  • 35

    Permite interface através de redes de comunicação com outros CLPs e

    microcomputadores (supervisórios);

    Projeto do sistema mais rápido.

    O CLP permite a interface através de redes de comunicação com outros CLPs e

    microprocessadores devido à padronização da linguagem de programação e portabilidade

    estabelecida pela norma IEC-1131-3 Vianna (2000).

    6.2. PLATAFORMA COMPUTACIONAL

    Em lugar do CLP, a intermediação entre o sistema SCADA, os relés de proteção e os

    equipamentos da subestação é feita por um relé concentrador de dados, como o SEL 3354,

    fabricado pela empresa Schweitzer Engineering Laboratories. Segundo dados do fabricante, o

    SEL 3354 utiliza os dados coletados diretamente dos relés, eliminando a necessidade de

    equipamentos de baixa confiabilidade como CLP’s. A Figura 16 apresenta o diagrama geral da

    subestação com emprego do relé concentrador, mostrando a ligação direta do SCADA ao relé

    3354, que por sua vez está ligado aos relés de proteção e aos equipamentos da subestação

    (intermediado pelo equipamento SEL 24116).

    Figura 16: Concentrador de dados e conversor de protocolos, interface para o SCADA

    e acesso de engenharia. Fonte: Schweitzer Engineering Laboratories (2013).

    6 Equipamento utilizado para dar Tap nos transformadores e medições de tensão, corrente, potência, fator de

    potência, frequência, dentre outras.

  • 36

    6.2.1. Características do SEL 3354

    De acordo com a Schweitzer Engineering Laboratories, o SEL 3354 possui

    processador, memória RAM, portas seriais, comunicação ethernet, dentre outras. Operam em

    subestações e indústrias. As principais funções deste equipamento são:

    Configuração de Hardware e Software flexíveis: permite a instalação em qualquer

    sistema de proteção (Geração, Transmissão, Distribuição ou Industrial);

    Fornece acesso remoto aos dados provenientes de relés de proteção e outros

    dispositivos digitais, para diferentes usuários locais e/ou remotos;

    Simplifica e gerencia o acesso remoto aos equipamentos digitais de uma

    subestação, via porta serial, rede ethernet, ou outros meios físicos, otimizando o

    processo de coleta de dados, ajustes e parametrização remota;

    Multiusuário, permitindo acesso via diferentes portas seriais.

    A empresa fabricante destaca ainda como principais aplicações destes equipamentos:

    Interface homem-máquina para o sistema supervisório em tempo real,

    possibilitando telas de alarme, indicação local e controle;

    Concentração de todos os dados coletados de relés, processadores de comunicação

    ou outros dispositivos conectados.

    Seleção e envio de dados específicos para diferentes usuários. Ex: Sistema

    supervisório, equipe de engenharia, equipe de manutenção, etc.

    Coleta de oscilografia, parametrização remota e eventos para o sistema

    supervisório compartilhadas num único canal Ethernet.

    7. NORMA IEC 61850

    Na implantação de um sistema automatizado em uma subestação são usados

    equipamentos eletrônicos de diferentes fabricantes e equipamentos de diferentes gerações, o

    que dificulta a comunicação entre eles. De acordo com Souza e Carmo (2004):

    A comunicação entre esses equipamentos é difícil, pois a maior parte deles

    usa protocolos específicos o que leva o uso de um equipamento de conversão

    entre os protocolos específicos (gateway) ou a imposição de usar

    equipamentos com o mesmo protocolo de comunicação, o que possivelmente

    implica no uso de equipamentos de um mesmo fabricante (Souza e Carmo,

    2004).

  • 37

    Para solucionar este problema de comunicação entre os equipamentos e dar liberdade

    ao proprietário de quais marcas de equipamentos irá utilizar, foi criada em 2004 a norma IEC

    61850, que tem como objetivo principal, de acordo com Moreira (2009), garantir a

    interoperabilidade entre IEDs de diferentes fabricantes, permitindo o uso e a troca irrestrita de

    dados afim de que sejam realizadas suas funcionalidades dedicadas individuais.

    7.1. PADRÃO DE COMUNICAÇÃO

    Em uma subestação equipada com IEDs e funcionando segundo as especificações da

    norma IEC 61850, a comunicação é feita por meio de uma rede local (LAN – Local Area

    Network). Uma vantagem na utilização dessa inovação é a drástica redução na quantidade de

    fios de cobre, uma vez que se possibilita o uso da rede ethernet para troca de informações por

    cabos ópticos (Lacerda e Carneiro, 2012).

    A Linguagem de Configuração de Subestação (SCL – Substation Configuration

    Language) habilita a configuração da subestação e possibilita a especificação da relação da

    comunicação entre as unidades que compõem o SAS (Sistema de Automação de Subestações).

    Esta linguagem consiste em:

    [...] uniformizar a nomenclatura utilizada através de um modelo único de

    dados, criando, assim, um vocabulário comum. Este tipo de padronização é

    essencial para uma comunicação eficiente [...] (Lacerda e Carneiro, 2012).

    8. PROTEÇÃO E AUTOMAÇÃO DA SUBESTAÇÃO: EXEMPLO DE CASO

    Como foi visto nos itens anteriores, os relés digitais fazem, juntamente com os

    equipamentos da subestação (disjuntor, transformadores, barramentos e chaves), a proteção, o

    controle e a supervisão do sistema elétrico de potência. Neste item será apresentado um

    exemplo de estudo das proteções necessárias para operar uma subestação de distribuição

    genérica. O modelo de subestação utilizado para o estudo é apresentado na Figura 17.

    A subestação proposta pode ser utilizada, por exemplo, em uma cidade, sendo um circuito

    consumidor destinado a atender uma indústria e outros três a atender residências. Durante este

    estudo, foi mostrada a importância da automação de uma subestação. A aplicação dos relés

    digitais para proteção e controle desta subestação será feito a seguir.

  • 38

    Figura 17: Subestação genérica de distribuição. Adaptado de Mamede Filho e

    Mamede (2011).

    8.1. APLICAÇÃO DOS RELÉS DE PROTEÇÃO

    A Tabela ANSI (American National Standards Institute), apresentada no Quadro 1, é a

    relação de todas as proteções que um relé pode desempenhar. O modelo apresentado está

    disponibilizado pela empresa SEL (Schweitzer Engineering Laboratories, Comercial Ltda)

    em seu sítio na Internet.

  • 39

    Quadro 1 - Tabela ANSI (Schweitzer Engineering Laboratories, Comercial Ltda, 2013).

  • 40

  • 41

  • 42

    Foram escolhidos os relés digitais da empresa Schweitzer Engineer Laboratories para

    exemplificar como é feita a proteção da subestação estudada (Figura 16). Os elementos a ser

    protegidos são barramento, transformadores e alimentadores.

    8.1.1. Proteção de Barramento

    Segundo Mamede Filho e Mamede (2011, p.485) o barramento principal de uma

    subestação concentra uma grande quantidade de potência e muitas derivações para

    atendimento das cargas elétricas, tornando-se um elemento de elevada importância para a

    confiabilidade do sistema. Desta forma, é necessária a sua proteção com relação aos seguintes

    defeitos (Mamede Filho e Mamede, 2011, p.485):

    (i) Rompimento da isolação devido a danos de natureza elétrica ou mecânica; (ii) objetos

    estranhos, muitas vezes caídos sobre a subestação; (iii) esquecimento da retirada dos cabos de

    aterramento após os serviços de manutenção; (iv) esquecimento de ferramentas de trabalho

    sobre as barras; (v) falha nos dispositivos de bloqueio das chaves de aterramento utilizadas

    nos serviços de manutenção; (vi) falhas ou inexistência de um sistema de proteção contra

    descargas atmosféricas – SPDA; (vii) presença de répteis sobre os barramentos; (viii)

    contaminação de poluentes ambientais, tais como maresia, poeira de resíduos industriais.

    Segundo Mamede Filho e Mamede (2011, p.485) as seguintes funções são utilizadas

    para a proteção do barramento:

    87B – Diferencial de Barramento

    Segundo Madergan (2010), são relés que operam quando a diferença da corrente

    de entrada em relação à corrente de saída ultrapassa um valor preestabelecido ou

    ajustado;

    50/51 – Sobrecorrente de fase instantânea e temporizada.

    A função 50 atua de forma instantânea quando a corrente nominal do barramento

    ultrapassa o valor ajustado no relé, enquanto que a função 51 atua se a falha

    persistir por um determinado tempo.

    50/51N – Proteção instantânea e temporizada de neutro;

    50/51Q – Sobrecorrente instantânea e temporizada de seqüência negativa;

    64 – Proteção de terra;

    67G – Proteção direcional de Terra;

    46 – Proteção de fase aberto (desbalanceamento de corrente).

  • 43

    Para este estudo foi utilizado o relé SEL-487B. Apenas as seguintes funções foram

    habilitadas (Figura 18), conforme indicado pela empresa:

    87B – Diferencial de barramento (até 7 bays com um relé ou até 21 bays com três relés);

    50/51 - Sobrecorrente instantâneo e temporizado.

    Figura 18: Proteção de barramento com relé SEL-487B indicando as funções de proteção.

    8.1.2 Proteção dos Transformadores

    Normalmente, os transformadores de potência devem ser protegidos contra: (i)

    sobrecarga; (ii) curto-circuito: entre fases e entre fase e terra; (iii) sub e sobretensão; (iv)

    presença de gás: relé de Buchholz; (v) sobre pressão: óleo e gás; (vi) temperatura do ponto

    mais quente e do topo do óleo (Mamede Filho e Mamede, 2011, p.290 e 292).

    Segundo Mamede Filho e Mamede (2011, p.485), para a proteção do transformador, as

    seguintes funções são utilizadas:

    87 – Diferencial;

    50/51 – Sobrecorrente de fase instantânea e temporizada para o primário e

    secundário do transformador;

  • 44

    50/51N – 3 entradas independentes para proteção de neutro do transformador (opcional);

    Atua de forma instantânea e temporizada sobre a corrente no neutro do

    transformador.

    50/51G – Sobrecorrente residual instantânea e temporizada para o primário e

    secundário do transformador; Atua de forma instantânea e temporizada sobre a

    corrente residual no transformador.

    50/62BF – Falha de disjuntor;

    Esta função permite que o relé digital envie o sinal de trip para o relé 86 (relé de

    bloqueio) que irá atuar na bobina do disjuntor caso ele falhe.

    59 – Proteção contra sobretensão.

    Atua quando os transformadores são submetidos a níveis elevados de tensão de

    curta duração, provenientes de descargas atmosféricas ou de longa duração como

    surtos de manobra caracterizados pela perda de um grande bloco de carga.

    64 – Proteção de terra

    81 – Proteção contra subfrequência e sobrefrequência

    Atua quando houver variação da frequência da rede.

    27 – Proteção contra subtensão. Atua quando a tensão que passa pelos terminais

    do transformador está abaixo da tensão nominal do transformador.

    63 – Proteção contra presença de gás (Relé Buchholz).

    Informa a atuação do relé de gás.

    Para este estudo foi utilizado o relé SEL – 387A. Apenas as seguintes funções foram

    habilitadas (Figura 19), conforme indicado pela empresa:

    87 – Diferencial;

    50/51 – Sobrecorrente de fase instantânea e temporizada para o primário e

    secundário do transformador;

    50/51G – Sobrecorrente residual instantânea e temporizada para o primário e

    secundário do transformador;

    50/51N – 3 entradas independentes para proteção de neutro do

    transformador (opcional);

  • 45

    50/62BF – Falha de disjuntor.

    Figura 19: Proteção do transformador (T1 e T2) com relé SEL-387A indicando as funções de proteção.

    8.1.3 Proteção dos Alimentadores

    Os alimentadores são os circuitos direcionados aos consumidores ligados a esta

    subestação. Eles são protegidos contra a sobrecorrente conforme mostra a Figura 20. Neste

    caso, será usado o relé SEL-351A com as seguintes funções habilitadas:

    50/51

    50/51N

    Figura 20: Proteção dos alimentadores com relé SEL-351A indicando as funções de proteção.

  • 46

    9. CONCLUSÕES

    O trabalho buscou mostrar os aspectos positivos da aplicação da automação em

    subestações, bem como a importância do sistema supervisório e da Norma IEC 61850 no

    processo de automação. Enfatizou-se a importância dos relés digitais na proteção,

    monitoramento e controle de uma subestação, destacando-se suas vantagens em relação aos

    seus antecessores.

    Em relação a demanda de energia consumida, um sistema elétrico de médio e grande

    porte fica vulnerável a intempéries se não houver um sistema automático. A falha no sistema

    pode ser inevitável tanto no sisitema automatizado quanto no convencional, mas a forma de

    eliminar os efeitos da falha em uma subestação automatizada é mais ágil e seletivo. A melhor

    forma de controlar esses efeitos negativos é eliminar a passagem de energia no ponto

    vulnerável, ou seja, as causas só podem ser evitadas se houver a extinção da energia naquele

    circuito em particular por um período seguro, de modo que não danifiquem os equipamentos

    de campo. Desta forma, os relés digitais são programados para seccionar os circuitos, após a

    identificação do defeito, de forma temporizada (quando o problema ocorrer por um tempo

    determinado e seguro para o sistema) ou instantâneo (no momento que ocorrer). Nas

    subestações convencionais, além de inseguro para o operador, possivelmente o tempo de

    percepção do defeito e da atuação para seccionar o circuito seja insuficiente para preservar a

    subestação.

    Com o objetivo de ilustrar a aplicação dos relés digitais em uma subestação hipotética, foi

    apresentado um exemplo das funções mais utilizadas para a proteção dos barramentos,

    transformadores e alimentadores e identificadas conforme a falha ocorrida. O monitoramento

    e identificação das falhas com antecedência permite que o sistema seja mais seguro e eficaz,

    permitindo-se tomar as medidas de controle antes que ocorram os defeitos no sistema elétrico,

    os quais possivelmente danificariam os equipamentos da subestação.

  • 47

    10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • 48

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