filosofia da religião

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Filosofia da Religião - 14/9/2015 Objetivos - tradições religiosas e filosóficas centrais ao desenvolvimento do mundo contemporâneo maior incidência nas religiões monoteístas, com especial enfoque no cristianismo e isl amismo - capacidade de pensamento crítico própria da filosofia - relacionar eventos actuais a sistemas religiosos e filosóficos - perspectivar acerca de diversos grupos religiosos e culturais com análise crítica A epistemologia da crença religiosa (TEMA) Introdução procuramos verificar até que ponto a nossa relação com a crença religiosa constitui conh ecimento centrado no pensamento de um filósofo Wittgenstein. L "lectures and conversations on Aesthethics. Psycology and religi ous belief. Compiled from notes taken by.... "primeiro" Wittgenstein e "segundo" Wittgenstein. Tratado lógico-filosófico é do prime iro período. Há muitos outros autores explorados numa perspetiva de auxílio (bibliografia secundári a) das reflexões de Wittgenstein sobre a análise das religiões e correntes filosóficas mais exploradas na cadeira. Na parte final, introduzir o pensamento de J. H. Newman e a sua gramática do assen timento. Relacionar com o pensamento de Wittgenstein. Notas acerca de Wittgenstein: 1889 - nasce Começa por estudar engenharia, geometria descritiva, matemática. Wittgenstein começa a desviar o seu interesse pela engenharia a favor de um intere sse crescente pela filosofia (1912), com Bertrand Russel Isola-se na Noruega para preparar a sua tese de messtrado, onde se prepara para a submeter em 1914, o que não acontece devido à guerra. Alista-se no exército austro-húngaro. Enquanto combatia vai registando as su as observações filosóficas nos cadernos de 1914-16. - Génese do tratado lógico-filosófico. primeiro caderno -filosofia da linguagem, epistemologia junho de 1916 - transição. encontra-se um conjunto de observações sobre matéria ética, estéti a e religiosa - "O meu trabalho estendeu-se da lógica aos fundamentos do mundo". Wittgenstein util izou um código mt peculiar para a escrita destes cadernos. (Provinha de uma família bastante abastada. Antes de começar a guerra rece be um herança enorme, mas ofereceu todos os seus bens aos irmãos.) Após terminar o tratado, Wittgenstein vai atravessar um período no qual a sua produção f ilosófica é nula. Forma-se em professor primário e exerce durante uns anos. Criou problemas nos locais onde exerceu esta activida de devido a conflitos entre o seu carácter e as populações. 1920 abarca o processo de construção de uma casa para a sua irmã, com o auxílio do amigo arquitecto Paul Engelmann. Loos teria sido professor de Engelmann, famoso pelo seu manifesto "Ornamento e Crime". Só após a finalização do pr

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Filosofia Da Religião

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Page 1: Filosofia Da Religião

Filosofia da Religião - 14/9/2015

Objetivos

- tradições religiosas e filosóficas centrais ao desenvolvimento do mundo contemporâneomaior incidência nas religiões monoteístas, com especial enfoque no cristianismo e islamismo

- capacidade de pensamento crítico própria da filosofia

- relacionar eventos actuais a sistemas religiosos e filosóficos

- perspectivar acerca de diversos grupos religiosos e culturais com análise crítica

A epistemologia da crença religiosa (TEMA)

Introdução

procuramos verificar até que ponto a nossa relação com a crença religiosa constitui conhecimentocentrado no pensamento de um filósofo Wittgenstein. L "lectures and conversations on Aesthethics. Psycology and religious belief. Compiled from notes taken by...."primeiro" Wittgenstein e "segundo" Wittgenstein. Tratado lógico-filosófico é do primeiro período.Há muitos outros autores explorados numa perspetiva de auxílio (bibliografia secundária) das reflexões de Wittgenstein sobre a análise das religiões e correntes filosóficas mais exploradas na cadeira.Na parte final, introduzir o pensamento de J. H. Newman e a sua gramática do assentimento. Relacionar com o pensamento deWittgenstein.

Notas acerca de Wittgenstein:

1889 - nasceComeça por estudar engenharia, geometria descritiva, matemática.Wittgenstein começa a desviar o seu interesse pela engenharia a favor de um interesse crescente pela filosofia (1912), com Bertrand RusselIsola-se na Noruega para preparar a sua tese de messtrado, onde se prepara para a submeter em 1914, o que não acontece devidoà guerra. Alista-se no exército austro-húngaro. Enquanto combatia vai registando as suas observações filosóficas nos cadernos de 1914-16. - Génese do tratado lógico-filosófico.primeiro caderno -filosofia da linguagem, epistemologiajunho de 1916 - transição. encontra-se um conjunto de observações sobre matéria ética, estética e religiosa - "O meu trabalho estendeu-se da lógica aos fundamentos do mundo". Wittgenstein utilizou um código mt peculiar para a escrita destes cadernos. (Provinha de uma família bastante abastada. Antes de começar a guerra recebe um herança enorme, mas ofereceu todos os seus bens aos irmãos.) Após terminar o tratado, Wittgenstein vai atravessar um período no qual a sua produção filosófica é nula. Forma-se em professor primário e exerce durante uns anos. Criou problemas nos locais onde exerceu esta actividade devido a conflitos entre o seu carácter e as populações.1920 abarca o processo de construção de uma casa para a sua irmã, com o auxílio do amigo arquitecto Paul Engelmann. Loos teria sido professorde Engelmann, famoso pelo seu manifesto "Ornamento e Crime". Só após a finalização do pr

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ojecto de arquitectura, em 1929, Wittgenstein regressaà actividade filósofica em Cambridge. Apesar desta segunda fase estar mais relacionada com a filosofia da religião, já nos cadernos, nas páginasde verso se poderiam contemplar algumas questões desta ordem. "cadernos secretos de 1916". Na década de 30 volta a refugiar-se na noruega paraelaborar um livro.1951 - À data da sua morte Wittgenstein tinha públicado menos de meia dúzia de obras. Entrega a três dos seus alunos os direitos de publicaçãodas suas obras.

Bibliografia Secundária

Atkinson para o misticismo, auxílio da compreensão do pensamento do "primeiro" Wittgenstein.

Clack, B. R. - Direccionado sobre Wittgenstein e James Joyce Frazer - investigações em torno das sociedades primitivas. Obra "The Golden Bough".

Helm. P - "Wittgenstein Religion and 'Reformed' Epistemology

Kienzler - Relações entre Wittgenstein e Newman, parelelismos e divergências

Malcolm. N (aluno de Wittgenstein) "Wittgenstein: A religious point of view?" Citação das memórias de Wittgenstein: "I'm not a religious man, but I can't help seeing everything from a religious point of view"

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Obsevações preliminares

Do que se trata a disciplina em causa? Conhecimento prévio sobre a área, que se fundamenta na naturalidade cognoscitivamediante a qual encaram a totalidade da nossa experiência existencial e fundamentam as nossas práticas.É preciso parar para reflectir como se processa toda essa informação. Heraclito: "A mim mesmo me procurei" - é este procurarde nós próprios que está na essência do filosofar. A filosofia é arqueológica no sentido em que debate a base de fundamentação onde podemos acrescentar valor cognoscitivo. Isto para contrariar a uso vulgar do termo "filosofar", que remete para os laicos numa espécie de valor acrescentado em determinada reflexão, quando na realidade o processo filosófica pretende sair completamente forada esfera do comum, mas que consigamos ter um domínio e compreensão sobre as bases na qual assentam outros dados cognitivos. O saber em filosofianão corresponde a um valor acrescentado. Descorrer acerca dos fundamentos do conhecimento, não tomar como evidente o que se apresenta e tentarpossuir uma visão transparente sobre a realidade. Passar do espectro da doxa (opinião), produzindo um discurso verdadeiramente racional, até atingirum patamar de verdadeira "sophia" (conhecimento). Aletheia (verdade) é a negação do escondimento. Aletheia está oposto à "doxa".

A base filosófica com que se estuda a religião tem a ver com a relação do indivíduo com o transcendente constituída em procura de sentido para o nosso acontecimento.

"Episteme" - a lógica de conhecimento que possibilita a existência de uma crença religiosa.

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1929 - Regresso a Cambridge. Sociedade Os Heréticos convida-o para dar uma conferência sobre um tema à sua escolha - Conferência sobre ética

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Desde sempre, a filosofia, aquilo que esteve presente foi a necessidade de encontrar uma clarificação para o fenómeno da vidaProcura de um auto-encontro

Wittgenstein pretende estabelecer um corte com tudo aquilo que tinha sido feito, posiciona-se numa forma radicalmente nova no método de focagemA sua escrita é aforística, ou nas palavras do autor: observação filosófica.Influências no estilo de escrita aforísticaPhilosopherOtto Weininger was an Austrian philosopher. In 1903, he published the book Geschlecht und Charakter, which gained popularity after his suicide at the age of 23. Karl KraussNietzcheGoethe

"Sorge" - termo utilizado na segunda parte do "Fausto" de Goethe. Personificada por Goethe juntamento com outras três figuras, atormentam Fausto. Traduz-se normalmente por preocupação. Nanyel (fome), dívida, angústia. A preocupação é a única que consue entrar na casa de Fausto. Diz-lhe que assim que ela se instalar na vida dele, não será posteriormente possível um único momento de sossego. - analítica existencial intemporal da humanidade - dúvida existencialWittgenstein pretende libertar-se da "sorge". O que está em causa não é nenhuma preocupação circunstancial. Ele parece apontar para uma estrutura que exerce tal poderque não o permite prosseguir a sua vida. Carta a BR após leitura de "Varieties of religious experience""Sorge" é um fenómeno ontológico para Heidegger. Causa uma movimentação antiteleológica.

O mundo só é o que é através de uma projecção nossa. Não há acesso ao mundo sem um sujeito, emra a existência do mundo não seja posta em causa pela necessidadede um observar.

"Sobre lógica não posso escrever-te hoje nada. Talvez julgues que é um desperdício de tempo pensar sobre mim mesmo; mas como posso ser um lógico, se não sou um homem?Antes de tudo tenho que acertar contas comigo mesmo!" (Carta a Russell em 1913)

submissão/humildade, não se perder a si mesmo!!!! "É que mais facilmente nos perdemos a nós mesmos quando nos queremos dar a outras pessoas". A força que o mundo exerce sobre nós próprios restringe-nos a liberdade de ideias/pensamento/acções. Se me perco no exterior, perco uma vida onde sou realmente livre. Impedir que o tempo nos viva mas sim viver antes o mundo.Salienta os escritos de Tolstoi em 1914: "O homem é fraco na carne mas livre através do espírito". A única possibilidade de liberdade não é através da relação de nóscom o mundo, mas sim de uma forma interior. O espírito (Geist) é algo que nos distingue, o mais alto atributo da nossa condição animal, a capacidade do pensamento racional.

A Ética é um dever para mim mesmo. Lógica e Ética são a mesma coisa (Heidegger). Wittgenstein estava de acordo com Heidegger no que toca à importância do dever

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ético. O dever do pensamento, ou seja, da função teleológica. O valor é algo que nós projectamos no mundo. É obviamente relacionado com a estrtutra ética do sujeito.

Notas: (An Introduction to Wittgenstein's Philosophy of Religion By Brian R. Clack)

Define facto como existência de estados das coisas, e estado das coisas como combinação de objectos. Objecto é a partícula indivisível e imutável que confere substância ao mundo.Palavras são imagens das coisasA estrutura da linguagem espelha a estrutura do mundo.

Introdução Às observações wittgensteinianas acerca da religião.Passagem de uma carta a Russell, "Variedades da experiência religiosa" de

James. Analítica existencial intemporal - Sorge (conceito de fausto)

Preocupação - conferir sentido à nossa vida (1912)Direcciona a sua reflexão para um espaço de sentido onde conseguisse

ganhar clarificação face à sua própria condição. A própria filosofia da religiãose constitui desta procura por um sentido. Demarcação face às preocupações habituais do quotidiano.

1 ano e meio depois Wittgenstein desculpava-se por não ter conseguido formular mais nenhuma questão acerca de lógica. Não se pode interessar por lógica quandoainda não se tem a sua vida definida. Conferência de sentido formal e não sentido de conteúdo. A ideia do confronto com a morte passa a estar presente noutras passagens.

"Diários Secretos" Wittgenstein

Comentário aos evangelhos de Tolstoi: (elucidações/Erlauterungen): A filosofia nunca devia propôr uma teoria. Para Wittgenstein, a filosofia não deve ter essaambição doutrinal. O seu propósito é alcançar uma posição tal que sobre essa perspectiva não spudesse levantar qualquer dúvida. Trabalho elucidativo, descritivo, e não dogmático, como se apresenta na natureza da sua filosofia.Distinção entre viver através do espírito ou viver para a carne. (Conforme S. Paulo)

"Que eu nunca me perca a mim mesmo"

7.10.1914

Ligação entre belo e bem. Wittgenstein aponta para a identidade entre ética e estética. Possibilidade da reflexão se constituir um dever para consigo mesmo. Otto Weininger exerceu uma influência marcante sobre o início da reflexão de Wittgenstein. "Sexo e carácter" (1903, Weininger)

Diferença entre facto e valor (conferência sobre ética): possibilidade de um evento como uma queda de uma pedra constituir um facto como qlq outro, mas no qualo valor é completamente diferente de um assassinato, por exemplo. O mundo exterior é concebido por factos, mas só a nossa vida interior lhes pode confere um valor.Esta ideia é uma base importante para o âmbito da sua reflexão (valor)

Como é que a vida deixa de ser apenas um processo de satisfação de necessidades no qual fazemos parte, mas que passe a constituir o âmbito de uma reflexão filosófica."Sou espírito e por isso sou livre" 13.10.14"Viver apenas para o próprio espírito e entregar tudo a Deus!" 30.11.14

Observação 8.12.14

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Volume VIII de Nietzsche, últimos escritos dele."Uma Vontade de Poder". Ficou profundamento afectado pela sua hostilidade para com o cristianismo.Há algo de verdade nos seus escritos.Cristianismo como único caminho seguro para a felicidade. Nietzsche considera uma continuidade do pensamento platónico na raíz filosófica do Cristianismo. "Gorgias": ideia que é apresentada como a visão sofística da realidade,vamos encontrar nesta proposta de cálicles, uma defesa daquilo que platão considera ser epithymia. Ideal de vida epifimeticamente, vontade de prazer.Thymos - elemento vital. Vida que não é vivida em função da verdade mas sim em função do poder. Nunca atingiríamos um preenchimento dessa forma. Para Platão, a única alternativa para o preenchimento seria filosofar. "Filebo" (Platão). Cálicles argumenta muito no sentido de Nietzsche na sua crítica da civilização ocidental.Para Nietzsche, Platão devia ter aceitado o movimento de Cálicles. Nós queremos ver a verdade, necessidade de construir uma versão da verdade. A nossa vontade de verdadecorresponde a uma vontade de erro. E se é para viver em erro constante, mais vale viver pelo poder. Vivendo segundo a natureza. É uma outra humanidade diferenteque é procurada em Nietzsche. Mas tal existência é sinnlos (sem sentido) Que é que Wittgenstein considera forte no pensamento de Nietzsche. Contudo, afirma que certamente o cristianismo é o único caminho seguro para a felicidade. O que há de verdade em Nietzsche é a definição das estruturas de verdade que constituem projecções enganosas e ilusórias que nos ajudam a viver. Wittgenstein devolve o mesmo argumento de sócrates. Se eu tento seguir a natureza e me movimento na lógica da afectação, como vou atingir algum nível de controlo sobre a minha vida? Como podemos nós abdicar do logos? Como verdadeiramente me consigo estabelecer no Ich sem um caminho através do espírito (Geist) O que tenho porém de fazer para que a minha vida não se perca? Tenho que estar sempre consciente dele do espírito.

Nietzsche é um excelente analista de falhas: é verdade que nos baseamos em projecções ilusórias para podermos viver a nossa vida.

A ideia que cada um é o seu mundo, cada indivíduo é um microkosmos. Reflecte o macros kosmos, o mundo "como ele é". A concepção de ética de Wittgenstein vai partir daqui.É transcendental no sentido em que são tudo parte desta natureza que partilhamos. A ideia que por ser um "eu" tenho controlo sobre mim, e distingo o mundo.

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28-09-2015

Confrontação com a morte como aquilo que permite realmente o significado da vida. Sinn (sentido) / Bedeutung (significado)

Ziel (finalidade) / Zweck (propósito)

11.06.16 - Primeira grande observação publicada nos cadernos 14-16 sobre Deus.

Cada um de nós é um elemento de focagem de toda a realidade. (Que estou nele como o meu olho no seu campo de visão)Que portanto, bem e mal se relacionam, de algum modo, com o sentido do mundo.Teologia negativa - tudo o que podemos saber acerca de Deus é compreendido a parti

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r da negação daquilo que ele não pode ser.

O sentido do mundo tem que estar fora dele. O valor tem que estar fora de todo o acontecer e "ser-assim" (So-sein). O que acontece é acidental. O acontecimentoestá dentro do mundo. O valor tem que estar fora do mundo. É aí que se encontra a estética, e ética, a religião. Wert (Valor): algo que se projecta no âmbito da nossa subjectividade, ainda que essa subjectividade é inter-subjectividade.

A primeira aparição do solipsismo no tratado - 23.05.15

"Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo"

Existe apenas uma alma do mundo que pode ser chamada minha, através da qual eu concebo a alma dos outros. Nós somos o ponto de fuga a partir do qual a realidadeexiste.

A observação anterior fornece a chave para decidirmos em que medida o solipsismo é uma verdade.

"A lógica enche o mundo; os limites do mundo são também os seus limites... O que não podemos pensar não podemos pensar, também não podemos dizer o que não podemospensar.""Logos" originariamentente significa língua, linguagem, racionalidade.

Esta situação em que nos encontramos é a de sermos um microcosmos.De facto, o que o solipsismo quer dizer é totalmente correcto. Não se deixa dizer mas mostra-se.Que o mundo é o meu mundo mostra-se no facto de os limites da minha linguagem (a única que eu compreendo) significarem os limites do meu mundo.

O mundo e a vida são uma e a mesma coisa.

Eu sou o meu mundo (O microcosmos).

O sujeito pensante (denkende), representante (vostellende), não existe.

cogito, ergo sum - res cogitan, uma entidade intelectual, pensante, que tem possibilidade de representar o mundo, res extensa/corporea

Se escrevesse um livro---- teria então também de dar notícia do meu corpo e dizer quais membros estão sujeitos à minha vontade e quais não estão.... isto é sobretudoum método de isolar o sujeito ou, melhor, de mostrar que num importante sentido não existe nenhum sujeito: ele seria a única coisa de que não se poderia falar neste livro.

30.09.2015---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Proposição: 6.41 do Tractatus

A ideia que o sentido do mundo não é qlq coisa que se encontre no mundo, mas tem que ser algo localizado no exterior deste, na medida que no mundo as coisas são comosão, os factos dão-se, e esse acontecimento não implica nenhum valor intrínseco. Para que algo tenha valor, esse valor tem que estar fora desse acontecimento. O valornão é algo identificável nos valores do mundo. O mundo é tudo o que é o caso/facto/acontec

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imento ou estado de coisas. Temos que procurar o valor onde não se constituí um sítio. O valor constitui-se no limite da nossa presença.

Solipsismo é um conceito epistemológico. A ideia de estarmos fechados no nosso próprio mundo. A primeira faceta da paradoxalidade do solipsimo é estarmos tão fechadosem nós próprios que qnd reflectimos sobre isto, o âmbito de presença é mt mais significativo do que mundanamente consideramos. Este horizonte de presença não se esgotanos limites da emanência. Há uma tendência natural do ser humano de sair para fora destes limites. O debater contra os limites da linguagem, contra as paredes da nossa jaula. O solipsimo determina o fechamento do indivíduo e também a sua abertura. O indivíduo tem um pé na emanência / exterior e outro na transcendência / interior.

Dizer/Mostrar. Segundo Wittgenstein, a lógica enche o mundo. Os seus limites são também os limites do mundo. Aquilo que não podemos pensar não podemos pensar, e tambémnão podemos dizer o que não podemos pensar. O que podemos dizer na linguagem é da ordem do pensamento. Há uma identidade entre pensamento e linguagem. O que não se pode dizer não é realmente um pensamento, é uma questão de ter um pensamento ilusório, demasiado abrangente, que não é realmente um pensamento. Ou seja, não há uma verdadeira definição. Nesta fase do seu pensamento, Wittgenstein é bastante rígido em relação a este princípio.

O método de demonstração e não de explicitação deve ser a orientação da filosofia.

"O mundo e a vida são uma mesma coisa (Eins)" - a não identificação da vida com o mundo leva que a vida vá perdendo. Vorstellung - representação do real. O sujeito não existe porque ele é a possibilidade de representação do mundo.

"Como tudo se relaciona é Deus.Deus é como tudo se relaciona"

Encontrar a forma geral da proposição. Considera que a lógica tem determinados condutores que são absolutamente necessários para o nosso acesso às coisas. Sendo queo nosso acesso se processa de forma binária, Wittgenstein vai elencar um conujunto de funções de verdade. Como W. consegue extrair a partir de qlq proposição nós conseguimos extrair quaisquer funções de verdade sobre o que pode ser dito. A conclusão a que ele chega é que a forma proposicional mais geral é: isto acontece assime assim/ isto passa-se assim e assim / isto relaciona-se assim e assim.... É este fazer ser com que as coisas são que Wittgenstein procura no Tractatus. Se a forma geral é "so und so", tal e tal, então tem que haver alguma forma de sustentação, a forma de sustentação reside na observação Deus como sendo tudo o que se relaciona.

Apenas da consciênca do carácter único da minha vida surge religião - ciência - e a arte"

estados de coisas/relações de coisas - o que vai dizer nos cadernos é que o que garante esssa relação é Deus.

"Bem e mal acontecem primeiramente através do sujeito. E o sujeito não pertence ao mundo ms é um limite do mundo."

"O sujeito não pertence ao mundo, mas é um limite do mundo."

"O meu trabalho estendeu-se dos fundamentos da lógica à essência do mundo." 2.8.16

O realismo está oposto ao idealismo. Tudo é como é diz-nos o realismo. Nada pode ser provado real tirando a existência do nosso próprio pensamento é o idealismo.O solipsismo de Wittgenstein está entre estas duas posturas.

Se não existesse a vontade, também não haveria aquele centro do mundo ao qual chamamos

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o "eu" e que é o portador da ética.A ética não está aí no mundo, nem em nenhum ente criado pelo Homem. A ética está em cada um de nós.

"Aqui se vê que o que o solipsismo, autenticamente levado às últimas consequências, coincide ao total realismo.

05.10.2015--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

No caso da filosofia, o eu não deve ser tratado num sentido psicológico. Não se pretende uma subjectividade transversal, mas sim a ideia de subjectividadevista de um ponto de vista metafísico. Tem que haver alguma coisa como natureza humana, que implica reconhecer uma estruturação básica ou nível da lógica e ao nívelda ética.

O "eu" aparece na filosofia pelo facto de que 'o mundo é o meu mundo'.

O transcendental designa todo o conhecimento que nao se ocupa dos objectos dados mas sim do nosso conhecimento desses objectos, e que esse conhecimento se possa estabelecer a priori. (Kant)

"Aqui se vê que o solipsismo, rigorosamente levado a efeito, coincide com o puro realismo. O eu do solipsismo contrai-se num ponto sem extensão e fica a realidadecoordenada por ele."

"O eu filosófico não é o homem, não é o corpo humano ou a alma humana, com as propriedade psicológicas, mas o sujeito metafísico, o limite do mundo.

Tudo o que acontece no mundo tem que conter em si a possibilidade de ter acontecido de outra forma. A bipolaridade do sentido. Determina que qualquer coisa pode sero caso porque também poderíamos conceber a possibilidade de assim não o ser. O a priori deve ser compreendido no sentido que nenhuma parte é da experiência é determinada pelo sujeito, é sempre a posteriori. O sujeito possuí apenas condições de possibilidade de determinados acontecimentos, sem não os poder de forma nenhumacontrolar. (proposição 5.634 do TLP).

07.10.2015-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Procuramos iluminar esta temática com a análise das observações levantadas sobre a condição do solipsismo. A ideia que pode haver qlq coisa como uma experiênciasolipsiticamente determinada,

O realismo só é verdadeiramente compreendido em termos filosóficos quando conseguimos ver o "eu" solipsita em toda a sua extensão. Deixa-mos de ter o "eu" realistaou solipsista para encontrar uma condição de pato-coelho. Não podemos ficar no realismo ingenúo nem no solipsismo idealista e fechado, em que o mundo seria integralmenteconcebido por nós. A existência humana processa-se num sujeito metafísico, o "eu" filosófico. Ele situa-se no limite do mundo, não tem verdadeiramente uma posição

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física. É uma entedida muito mais abrangente que consiste neste trazer o mundo a cada instante connosco.

Numa das entradas entende a vontade de viver como pecado. Uma vida irrazoável, por ter uma natureza de querer manter a vida, de gostar de viver. Wittgenstein compara-secom um animal nesse sentido, considera isso assustador. Quando estamos no âmbito desta concepção de vida ele considera uma vida falsa. Uma vida verdadeira consistea uma vida que é acompanhada pelo sujeito, pela consciência. A única hipótese de salvação seria através da interioridade, que é posta em confronto com a perspectiva devida anteriormente descrita. (Diários Secretos, 29.7.1916)

"Sabes o que tens de fazer para viver feliz. Uma vida má é uma vida irrazoável" (diários secretos, observação de 12.8.1916)consciência - núcleo axiológico a priori

"Luto ainda inutilmente contra a minha natureza ruim (schlechte Natur). Que Deus me dê força! (Observação de 13.8.16 incluída nos diários secretos de 1914-16)

"Mas pode-se viver de tal maneira que a vida deixe de ser problemática? De tal maneira que se viva no eterno (im Ewigen) e não no tempo (in der Zeit)?" (Observaçãode 6.7.1916)

"Só quem vive não no tempo mas no presente (in der Gegenwart) é feliz" Para a vida no presente não existe morte." O eterno é o instante presente.

"Se entendermos por eternidade (Ewigkeit) não a duração temporal infinita mas a não-temporalidade, então pode dizer-se que vive eternamente quem vive no presente."(Observção de 8.7.16 inlucídas em Notebooks 14-16)

"A obra de arte é o objecto visto sub specie aeternitatis, e a vida boa é o mundo visto sub specie aeternitatis. Esta é a conexão entre arte e ética."

"O modo comum de observação vê os objectos, por assim dizer, do seu meio, a observação sub specie aeternitatis de fora."(Observação de 7.10.1916 incluídas em Noteboks 14-16)

"O milagre artístico (kunstlerische Winder) é que o mundo exista. Que exista o que existe." (Observação de 20.10.16 incluída em Notebooks)

Influenciado por Espinoza, o terceiro género cognitivo, a intuição. A mente é eterna na possibilidade de conceber a coisa do ponto de vista da eternidade. É a própria mente que ao conceber isso se torna eterna.

"A contemplação (Anschumg/intuição) do mundo sub specie aeterni é a contemplação como todo - limitadoO sentimento do mundo como todo limitado é o místico (das mystische)" (Proposição 6.45 do TLP)

Reconhecimento de uma experiência de interioridade e do sentido do mundo é a contemplação como um todo limitado.

"Existe, com efeito, o que não pode ser posto em palavras. Isso mostra-se, é o místico." (Proposição 6.522 do TLP)

"É claro que a ética não se deixa pôr em palavras." (Proposição 6.421 do TLP)

"A ética é transcendental.

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12.10.2015-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Na observação de 12 de agosto de 16 chamávamos a atenção para o facto de já sempre sabermos o que devemos fazer. A crítica da razão prática de Kant pretende respondera "Was soll ich ton?" (O que devo fazer?). Determina-se no âmbito de uma consciencialização que funciona de forma a priorística. No dia seguinte Wittgenstein escreveuma observação a lutar com a sua natureza. Análise da questão da temporalidade. Como é que se podia fazer sentido de qlq coisa como isto. Que se possa viver no eternoe não no tempo, quando estamos completamente determinados temporalmente. Para fazer sentido deste passar a estar numa perspectiva de temporalidade. O presente é determinado verdadeiramente como o momento eterno. O eterno co-relacionado com o momento presente, que nos confere a responsabilização máxima por tudo o que fazemos.Relaciona isto com a visão de Espinoza. A eternidade não corresponde a uma temporalidade infinita mas a não-temporalidade.

A obra de arte é o objecto visto sub specie aeternitatis, e a vida boa é o mundo visto sub specie aeternitatis. Esta é a conexão entre a arte e ética."Segundo Espinoza, na obra "Ethica"3 géneros cognoscitivos:1 baseado na opinião e na imaginação1 guiado pela razão 1 apresentado intuitivamente ---- "Gewisse"=consciência éticaÉ com base neste terceiro género que Espinoza vai falar sobre a mente enquanto eterna. A mente é eterna enquanto consegue olhar para as coisas do ponto de vista da eternidade. Proposição 6.45 do TLF."A contemplação/intuição do mundo sub specie aeterni é a sua contemplação como todo limitado.O sentimento do mundo como todo limitado é o místico""Existe, com efeito, o que não pode ser posto em palavras. Isto mostra-se, é o místico."Diários de Henzel, companheiro de cela com quem falava filosofia. O calar-se perante o místico.A filosofia é silência. O resto é acção. Tornar-se um homem decente. Ele pensa na mística e na individuação da vontade de Schopenauer.Durante este período de cativeiro corresponde-se com Ficker, Russell, Fackel e Kraus (Der Brenner).

versão inglesa corrigida por wittgenstein - people.umass.edu/klement/tlp

"É claro que a étic não se deixa pôr em palavras" (aussprechen) Proposição 6.421(1) TLC

"A ética é transcendental"Proposição 6.421 do TLC

"Ética e estética são uma e a mesma coisa"Proposição de 6.421(3)

hermeneuticacorpora/corpus textuais - conj dos escritosepistemografias "... o tema parecer-lhe-á totalmente estranho. Na realidade não lhe é estranho, pois o sentido do livro é ético. Uma vez tive vontade de incluir no prefácio uma proposição que agora efectivamente não se encontra lá, mas que lhe dou a conhecer neste momento, dado que será talvez uma chave para si: queria escrever, nomeadamente, que o meu trabalho consiste em duas partes, na que está aqui perante e em tudo aqu

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ilo que não escrevi. E esta segunda parte é, justamente, a mais importante. É que oético será delimitado pelo meu livro, por assim dizer, a partir de dentro; e estou convencido de que, em rigor, Apenas assim ele pode ser delimitado. Em poucas palavrasdeterminei eu no meu livro enquanto fico em silência acerca disso. E eis, porque, se não me engano muito, dirá o livro muitas coisas que você mesmo quer dizer, emboraporventura não veja que isso é dito aí. Recomendar-lhe-ia, então, que lesse o prefácio e a conclusão, visto que estes trazem à expressão o sentido mais directamente"(extracto de uma carta de Outubro de 1919 publicada em "Briefe an Ludwig von Ficker": 23)

Possibilidade de vida, paradoxalidade, relação ético-religiosa que se constituí para além de qlq forma de normatividade. Influência de Kierkegaard.

"Frege diz: qualquer proposição legitimamente formada tem de ter um sentido [Sinn]; e eu digo: qualquer proposição possível está legitimamente formada, e se nãotem sentido, isso só pode residir no facto de que não atribuímos nenhum significado [keine Bedeutung] a alguns dos seus elementos. Ainda que acreditemos que issofoi feito"Proposição 5.3064 do Prototractatus e 5.4733 do TLC

"É por isso que 'Sócrates é idêntico' não diz nada, porque não atribuímos nenhum significado àalavra 'idêntico' enquanto adjectivo. Pois quando se apresenta comosinal de identidade, ela simboliza de um modo completamente diferente - a relação significativa é diferente - portanto o sinal é também diferente nos dois casos; osdois sinais têm apenas acidentalmente a sua parte visível [o sinal] em comum. Proposição 5.4733 do TLC

Para um mesmo sinal existem símbolos diferentes. A compreensão está dependente do contexto. É possível ter sinais que contêm mais do que um símbolo.

"Tem de superar estas proposições; então chega à posição correcta para ver o que se deixa dizer. (o mundo)""Acerca do que não se pode falar tem de se ficar em silêncio."

19.10.2015

A experiência ética não tem sentido (sinn) Bedeutuny

"Espanto-me com a existência do mundo" - Criação do mundo. Carrega símbolos ou expressões que não conseguimos compreender completamente, não conseguimos preencher os contornos.

Sentimento de segurança. Nada me poderá fazer mal, aconteça o que acontecer.

Terceiro exemplo está relacionado com o sentimento de culpa. Sentimento de dívida.

Cada uma destas exemplificações tem uma relação com a crença religiosa. É paradoxal que uma experiência, um facto, pareça ter valor sobrenatural.

Lectures on Ethics, 17.11.1929

Toda a minha tendência e, acredito, a tendência de todos os homens que alguma vez tentaram escrever ou falar acerca da étcia ou religião foi correr contra asfronteira da linguagem. Este correr contra as paredes da nossa jaula é perfeitamen

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te, absolutamente desesperançado. - A ética, contanto que provém do desejo de dizeralguma coisa a respeito do significado último da vida, do bem absoluto, do valioso absoluto, não pode ser uma ciência. O que diz não aumenta o nosso conhecimento em nenhum sentido. Mas é o documento de uma tendência na mente humana que pessoalmente não posso evitar respeitar profundamente e para salvar a minha vida nãoridicularizaria."

Este correr contra a jaula, ou experessar conteúdos ético-religiosos é algo destinado ao fracasso. Uma impossibilidade concreta. Na conclusão da conferência sobre ética encontramos a mesma ideia que está na conclusão do TLP. A única coisa que pdoemos fazer é utilizar as palavras para nos refererir-mos a estados de coisas, do que épassível de verificação do valor de verdade. Este outro horizonte de investigação, o ético, trata-se de uma questão pessoal, mas não subjectiva. A ética não é uma ciênciaporque não aumenta o nosso conhecimento em nenhum sentido, apenas ficamos mais próximos de nós mesmos no espaço de isolamento fundamental em que nos encontramos - solipsismo.Na verdade, a ética constitui uma tendência na mente humana. Para salvar a sua vida não iria ridicularizar a questão. O que está em jogo é encontrar um modo de vidasuficientemente bom para aguentar a existência e o confronto com a morte de forma tranquila.

Wittgenstein und der Wiener Kreis, 30 de Dezembro de 1929

Tendência para correr contra os limites da linguagem. Espantar com o mundo não é algo que se constitua em sentido. Kierkgaard correr contra o paradoxo. Este correr contra o limite da linguagem é a ética. Não podemos estabelecer um palavreado. Mas a tendência, o correr, aponta paraalgo. Isso percebera já Santo Agostinho ...

Heidegger Pensemos o ser. Não conseguimos pensar o nada. O confronto com o ser é inevitável. Remete para o conceito de angúsia de Kierkgaard.

Entrada no diário de Enzel

Alcançar intuitivamente uma visão, estado de espírito que sem a transgressão linguística para o sem sentido não se conseguiria alcançar.

"Espanto acerca do facto do mundo. Qualquer tentativa de o expressar leva ao sem sentido"

"Schlick diz que na ética teológica existem duas concepções de essência do bem: de acordo com a interpretação mais superficial, o bem é bom porque Deus o quer;de acordo com a interpretação mais profunda, Deus quer o bem porque isso é o bom. Eu penso que a primeira concepção é a mais profunda: bom é o que Deus ordena. Pois ela corta caminho de uma qualquer explicação de "porquê" isso é bom, enquanto precisamente a segunda concepção é a superficial, a racionalista, que faz "como se" o que é bom pudesse ser ainda fundamentado.A primeira concepção diz claramente que a essência do bem não tem que ver com os factos e por isso não pode ser esclarecida através de nenhuma proposição [...]O bem não pode ser esclarecido através de nenhuma proposição...É essencial para a religião o falar? Eu posso perfeitamente bem imaginar uma religião na qual não existem nenhuns dogmas, na qual, portanto, não se fala.A essência da religião não pode evidentemente ter que ver com algo que é falado. Rejeição da factualidade.Waismann pergunta a Wittgenstein: Relaciona-se a existência [Dasein] do mundo com o ético?Wittgenstein: Que existe aqui uma relação sentiram os homens e expresaram-no assim: Deus Pai criou o mundo, Deus Filho (ou a palavra que vem de Deus) é o ético..."

Page 13: Filosofia Da Religião

Ponto de vista primário é o ponto de vista religioso, que qualquer um pode alcançar. As religiões são interpretaçõesJudaísmo defende um sem sentido inalcançável, indizível, mas que ainda assim se deixa sentir.Cristianismo adiciona uma confirmação

21.10.2015

Parte II

"Hamann (contemporaneo de Kant, autor de reproduções socráticas, influenciou bastante Kierkgaard no plano do misticismo) vê Deus como uma parte da natureza e ao mesmo tempo com a natureza. E não é com isso expresso o paradoxo religioso: 'Como pode a natureza ser uma parte da natureza?'"Observação de 22.2.31, Diário 1930-32/1936-37Esta observação vai ter vários aprofundamentos. Preocupação com a relação entre um criador e aquilo que é criado.

"Ser um apóstolo é uma vida. Isso expra-se bem em parte no que ele diz, mas não em que isso seja verdadeiro mas sim em que ele o diga. É sofrer pela ideia que o faz,mas também aqui vale que o sentido da proposição "este é um apóstolo" é o modo da sua verificação. Descrever um apóstolo significa descrever uma vida. A impressãoque esta descrição causa em outros tem de se deixar a esses. Crer num apóstolo significa relacionar-se com ele assim e assim. - relacionar-se activamente.Gescreiben (descrição) como algo que vai para além de um teorizar.

Rm, 1, 1-7 do Novo Testamento.

-servo de Cristodoulos (subjugado, submetido)-apóstolo escolhido(kletos apostolos)-separado para o evangelho de Deusaphôrismenos eis evaggelion Theou

A primeira determinação do apostolado paulino deriva desta ideia de servidão perante Deus.

Sobre Kierkgaard: Eu apresento-te uma vida e agora vê como te relacionas com isso, se te atrai viver (impele a) assim também ou que outra relação consegues com isso.Através da apresentação (Darstellung) eu gostaria por assim dizer de soltar a tua vida.Nota: representação (Vorstellung)

"É bom porque Deus o quis". é a expressão correcta para a falta de fundamento. (Grundlosigkeit)

Uma proposição ética enuncia 'Deves fazer isso!' ou 'Isso é bom!' mas não 'Estes homens dizem que isso é bom'. Uma proposição ética é na verdade uma acção pessoal.Nenhuma constatação de um facto. Como ma expressão (Ausruf) de admiração (Bewunderung). Pensa pois que a fundamentação da 'proposição ética' apenas procurareconduzir a proposição a outras que te provocam uma impressão (Eindruck). Se no fim não tiveres nenhuma abominação perante esta e nenhuma admiração por aquela, entãonão existe nenhuma fundamentação digna desse nome."Fazemos aquilo que fazemos em virtude do hábito, através dos quais adquirimos valor e move-mo-nos no eixo de recompensa/comissão(punição). Estrutura epistémica do hábito. Embora a escola empirísta pense deste modo, ela reconhece a existência de um sentimento de empatia. Possibilidade de reconheer qlq coisa como a natureza human

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aou biológica. Embora a identidade se construa em acção, a própria natureza está configurada para confirmar com muitos dos valores estabelecidos.Uma proposição ética não está relacionada com algo instrinsecamente presente no facto. Apenas reconduz a proposição a outras que causem impressão.

"Se quisermos compreender os milagres de Cristo, por exemplo, o milagre no casamento em Caná como Dostoiévski o fez, então temos de os conceber como símbolos. Atransformação de água em vinho é extraordinariamente espantosa e quem o pudesse fazer espantar-nos-ia, mas mais nada. Isso não pode ser portanto o magnífico (das Herrliche)O miraculoso tem de ser o que dá a esta acção o seu conteúdo e o seu significado. O milagre (Wunder) tem de ser compreendido como gesto, como expressão, se nos quiser falar.Poderia também dizer: apenas quando ele faz o que faz num espírito miraculoso é isso um milagre. Sem este espírito isso é apenas um caso extraordinariamente singular."

Apresentação dos milagres como símbolos. O miraculoso relaciona-se com o gesto, a expressão.

26.10.2015

"Big Typescript" (1933) - Wittgenstein

Livro VII, Cap. IV - As Bodas de Caná, irmãos Karamasov.

Jo 2, 1-12Está em causa algo na ordem do simbólico no milagre.

J. Frazer "The Golden Bough"

Wittgenstein encontra a obra de Frazer e vai comentá-la, criticando severamente Frazer. Aplica categorias da sua sociedade relativamente a povos primitivos. Essasmesmas práticas não devem ser interpretadas mas sim descritas. Há uma diferença clara no pensamentos Wittgensteiniano entre Bescriben/Erklaren. Possibilidade de explicar descritivamente sem efectuar uma interpretação.

Estas observações são escritas em 1931 e em 1936.

O que está em causa não é resultado que pode decorrer de determinado ritual. O que está em causa é o modo como eles acreditam que com a sua movimentação se pode produzir qlq coisa. Só assim se pode patentear algo de significativo. Estes povos estão muito mais próximos de uma natureza humana do que o intelectualismo.~

Apresentação sinóptica ou panôramica Impressiona o compreender, que se traduz por ver as conexões. Daí a importância de encontrar os elos intermédios. O que Wittgensteinquer dizer que é que sua visão se preocupa em ter em conta os diversos elementos presentes.

Secção 122 - Philosophical Investigations

2.11.2015

"Como o insecto em redor da luz, assim à volta do Novo Testamento. Ontem tive este pensamento: se abstraísse completamente da punição no além: acho certo que um indivíduo sofra toda a vida pela justiça, depois tenha talvez uma morte horrível - e agora não tenha nenhuma recompensa por esta vida? Eu admiro porém um indivíduocomo esse, coloco-o bem acima de mim: e porque não digo que foi um idiota que usou

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a vida assim? Porque não é ele estúpido? OU também: porque não é ele o homem mais miserável? Não deveria sê-lo, se isso agora é tudo, que teve uma vida horrível até ao seu final? Mas pensa agora que eu respondia: Não, ele não foi estúpido pois estábem depois da sua morte. Isto tbm não é satisfatório. Ele não me parece estúpido, sim, pelo contrário, parece-me fazer o que está certo (das Richtige). Ele não meparece estúpido, sim, pelo contrário, parece-me ....sabes que indizível horror é capaz uma pessoa? Pensa nisso e saberás o que é o inferno, ainda que não se trate de uma duração... Não se pode agora dizer a algu´m e eu a mim:Tens razão em teres medo do desespero. Tens de viver de tal modo que a tua vida não possa levar no fim ao desespero. À sensação: Agora é tarde demais.(Observação de 15.2.37 em Denkbewegungen. Tagebucher 1930-32. 1936-37)Conceitos presentesJustiçaAusdruck Bild - ImagemInefávelIndizível (das Unsagbares)

Investigação acerca da Gramática (Grammatik)Características associadas à palavra Deus, encontro outras determinações não são aplicáveis. O nosso uso das palavras determina a sua essencialidade.Princípio do contexto (influência de Frege)

UnsinnGedanke - Gottnão há referente - Bedeutung

Lebens Form - Form des Lebens - Ideia de forma de vida - aponta para um âmbito formal, os conteúdos são apresentados de determinada maneira. A forma de vida deve ser compreendida em termos apenas culturais ou num prisma ontológico (determinando variações entre os diversos grupos)

Uma interpretação da doutrina cristã: Desperta completamente! Se o fizeres, reconheces que não vales nada; e com isto acaba para ti o divertimento neste mundo.E ele não pode ainda regressar se permaneceres desperto. Mas agora precisas de salvação - senão estás perdido. Mas tens de permanecer na vida (e este mundo estámorto para ti), por isso precisas de uma nova luz de outra parte. Nesta luz não pode estar nenhuma inteligência ou sabedoria, pois estás morto para este mundo.(Pois ele é o paraíso, mas no qual, devido à tua pecaminosidade, não podes fazer nada) Tens, portanto, de te reconhecer como morto e receber uma oura vida (pois sem isto é impossível, sem desespero, reconheceres-te como morto) Esta vida tem que, de algum modo, manter-te em suspensão sobre a terra: quer dizzer, quando caminhas sobre a terra, já não repousas porém mais sobre a terra, mas estás suspenso do céu (ideia de segurança); estarás seguro a partir do alto, não apoiado em baixo. Mas esta vida é o amor, o amor humano, pelo perfeito. E ESTE é a fé."(Observação de 6.4.37, Movimentos do pensar)Divertimento no mundo, tudo o que fazemos com vista a uma satisfação pessoal. O acordar do sujeito para a realidade na qual está inserido leva-nos a ver a incompletudedo perseguição do desejo, visto que a satisfação obtida pelo mundo seria algo que agr íriamos querer abdicar, em virtude de nos dedicarmos a outro nível de satisfação.Ideia da determinação do mundo como paraíso, enquanto que a nossa movimentação mundana é vista como pecaminosa. Tudo o que façamos surge à consciência como insuficiente."Tens agr de receber outra vida" - que é descrita através de metáforas e alegorias que nos encaminham ao sem sentido.

Ideia de perfeição: participar na perfeição ao identificar uma existência mais perfeita. Oração como reflexão acerca do sentido da vida.

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A religião diz: Faz isto! - Pensa assim! - mas não pode fundamentar isso e se também apenas o procurar, destrói-se; pois para cada fundamento que dê existe um contra-fundamento plausível.É mais convincente dizer: "Pensa assim!" - tão estranho que isto possa parecer - OU: "Não gostarias de fazer isso?" - tão destrutivo que isso seja"Predestinação (Eleição de graça) (Gnadenwahl): devemos apenas escrever assim sob o mais pavoroso sofr

hybris - aquilo que vai para lá dos limites do aceitável.

1937 - ano importante para a reflexão religiosa.Predestinação (Eleição da graça): devemos apenas escrever assim sob o mais pavoroso sofrimento - e então isso significa algo totalmente outro. Mas por isso ninguém devetambém citar isto como verdade, a não ser que ele próprio o diga em dor. - Não é precisamente nenhuma teoria - Ou também: se isto for verdade, então não é a que pareceser expressa no primeiro instante. Menos do que uma teoria, é um suspiro ou um grito."Rm 8, 14-30ideia de desígnio ou propósitodiário 1916 - a liberdade da vontade não é algo que fica afectado pelo reconhecimento de Deus como força que une os acontecimentos do mundo.predestinação - salvação

gnosticismo - cristianismo primitivo

Wittgenstein recusa de novo qualquer interpretação literal da bíblia, no sentido que nada acerca de verdades universais da razão ou verdades históricas são relevantespara o exercício da crença, nem que a prática religiosa constituí em alguma medida uma mensagem que possa ser analisável no plano factual. É o espírito (geist) doevangelho que importa para a religião.

Urbild - prototipificação

Para Wittgenstein, qlq coisa como uma eleição da graça não deve ser vista no seu aspecto teórico ou encarada em posições que apresentem isso com um valor epistémico de verdade. Aponta para uma dimensão que não pode ser expressa ou posta em palavras.Conceito de verdade impõe-se como qualquer que não apenas determina determinada factualidade mas é algo que irrompe de forma...

Ideia encontrada no Quaran: nada nos poderá acontecer sem a predestinação de Deus. Só nos ocorrerá uma das suas sublimes coisas (o martírio ou a vitória).Encontramos noutra tradição religiosa a ideia de predestinação.

"Tão estranhamente isto soa: os relatos dos Evangelhos poderiam, no sentido histórico, ser comprovadamente falsos e, porém, a creança não perderia nada com isso; mas nãoporque se trate de algo como "verdades universais da razão"! Mas sim porque a prova histórica constitui um jogo diferente que nada tem a ver com a crença. Esta mensagem (os Evangelhos) será apreendida pelo Homem crendo (quer dizer, amando): Isso é de certeza deste ter-por-verdadeiro ("Fur-wahr-halten"); não outra coisa. O crente não tem relativamente a estas mensagen nem uma relação para com a verdade hostórica, nem para com a doutrina de "verdades da razão". Isso existe. - (Temos atitudes bem diferentes mesmo face àquilo a que chamamos ficção - Dichtung).

Kant - três modos do "Fur-wahr-halten"no modo da opiniãono modo do saber

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no modo da crença, crer /kredo/São estes três modos que vão permitir a Kant pensar a relação epistémica entre o sujeito metafísico e o mundo. Mas é Frege que depois de Bolzano se ter referidoà ideia de "Fur-wahr-halten de uma forma extremamente crítica, que vai recuperar o conceito de Kant expondo a consideração de algo verdadeiro como um fenómeno psicológico. Gesetze des Wahrseins e Gesetze des Furwahrhaltens - Leis do ser verdadeiro e leis do "tomar como verdadeiro" - domínio da subjectividade.

"Frege chama "uma lei do tomar por verdadeiro humano" a "É impossível ao homem... reconhecer um objecto como diferente de si mesmo" - Quando penso que isso me é impossível, penso em tentar fazê-lo. Olho então para o meu candeeiro e digo: "Este candeeiro é diferente de si mesmo" (Mas isso não mexe nada) Não vejo algo que sejafalso, mas não consigo fazer nada com isso. (A não se quando o candeeiro brilha à luz do sol, então posso expressar isso perfeitamente bem com essa frase.) [...]Wittgenstein contraria Frege no alcance psicologista das leis do ser verdadeiro, visto que fazia subsumir todo o verdadeiro está relacionado com a nossa projecçãode determinado fenómeno, pelo que seria em última instância um tomar por verdadeiro.

"Como reza pois autenticamente o princípio da identidade? Porventura assim: É impossível ao homem no ano de 1893 reconhecer um objecto como diferente de si mesmo" ou assim: "Cada objecto é idêntico a si mesmo"? Aquela lei trata do homem e contém uma determinação temporal, nesta o assunto não diz respeito ao homem nem a um tempo.Esta é uma lei do ser verdadeiro, aquela uma do tomar por verdadeiro humano. O seu conteúdo é totalmente diferente e elas são independentes uma da outra."

A não ser que não haja envolvimento com a experiência, não há relações epistémicas sem ter em nta esse mesmo envolvimento, através da citação de Frege sem incluira determinação temporal.

" [...] se devo realmente ser redimido, então preciso de certeza - não de sabedoria, sonhos, especulação - e esta certeza é a fé. E a fé é fé no que o meu coração, a minha almaprecisa, não o meu entendimento especulativo. Pois a minha alma, com as suas paixões, por assim dizer com a sua carne e sangue, tem de ser redimida, não o meu espírito abstracto. Pode-se talvez dizer: só o amor pode crer na ressureição. Ou: é o amor que crê na ressureição. Poder-se-ia dizer: o amor redentor também crê na ressureição,mantém também a ressureição. O que combate a dúvida é por asism dizer a redenção. O manter isstem de ser o manter essa crença.

O geist lida apenas com aspectos do entendimento/saber/opinião. As questão de ordem ético-religiosa estão relacionados com a alma (seele) e o pathos.Paradoxalmente, é a crença que oferece a possibilidade de certeza, não o saber científico.

Pascal

- Prefácio. As provas metafísicas de Deus estão tão distantes do raciocínio dos homens e tão envolvidas que tocam pouco e quando isso servir a alguns, não servirá senãodurante o instante que vêem esta demonstração, mas uma hora depois receiam estar enganados.Quod curiositate cognoverunt, superbia amiserunt.É o que produz o conhecimento de Deus que se tira sem Jesus Cristo, que é o de comunicar sem mediador com o Deus que se conheceu sem mediador.Ao passo que aqueles que conheceram Deus pelo mediador conhecem a sua miséria."

- "O conhecimento sem o da sua (nossa) miséria faz o orgulho.O conhecimento da sua miséria sem o de Deus faz o desespero.O conhecimento de JC faz o meio-termo porque aí encontramos Deus e a nossa miséria."

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- "FigurasQuando a palavra de Deus que é verdadeira é literalmente falsa, ela é verdadeira espiritualmente. Sede a dextris meis: isto é falso literalmente, portanto isto éverdadeiro espiritualmente.Nestas experessões fala-se de Deus à maneira dos homens. E isto não significa outra coisa senão que a intenção que os homens têm em fazer sentar à sua direita. Deus também a terá. É portanto uma marca da intenção de Deus, não da sua maneira de o executar. Assim quando se diz: Deus recebeu o odor dos vossos perfume e dar-vos-á em recompensa uma terra farta. atribuir a deus as configurações que achamos mais positivas, pois as coisas de Deus sendo inexprimíveis não podem ser ditas de outro modoe a Igreja de hoje ainda as usa, quia confortavit seras, etc.

O discurso religioso é sempre figurativo

Aulas de crença religiosa: 1937/8

"Suppose I say that the body will rot, and another says: "No. Particles will rejoin in a thousand years, and there will be a Ressurection of you"If some said: "Wittgenstein, do you believe in this?" I'd say: "No." "Do you contradict that man?" I'd say: "No."If you say this, the contradiction already lies in this.Would you say: "I believe the opposite", or "There is no reason to suppose such a thing?" I'd say neither.Suppose someone were a believer and said: "I believe in a Last Judgement" and I said: "Well, I'm not so sure. Possibly." You would say that there is an enormous gulfbetween us. If he said "There is a German aeroplane overhead" and I said "Possibly I'm not so sure", you'd say we were fairly near.It isn't a question of my being anywhere near him, but on an entirely altogether different plane, which you could express by saying: "You mean something altogetherdifferentt, Wittgenstein."The difference might not show up at all in any explanation of the meaning.Why is it that this case I seem to be missing the entire point?Suppose somebody made this guidance for this life: believing in the Last Judgment.Whenever he does anything, this is before his mind.

Não faz sentido pensar na ressureição, a ideia de juízo final é algo que não conseguimos conceber factualmente, etc...Não podemos pura e simplesmente recusar isso. São dois níveis de expressão. Há diversos planos onde podemos utilizar a linguagemO carácter epistémico destas demonstrações deverá ser completamente diferente do carácter epistémico de questões científicas ou factuais.

"There are instances where you have a faith - where you say "I believe" - and on the other hand this belief does not rest on the fact on which our ordinary everyday beliefsnormally do rest.How should we compare beliefs with each other? What would it mean to compare them?An entirely different way of comparing beliefs is seeing what sorts of grounds he will give."

25/11/2015

"An Essay In Aid Of A Grammar of Assent" John Heny Newman, 1874

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O objectivo não é estudar este volume, é apenas salientar certos aspectos em conexão com alguns dos aspectos estudados em Wittgenstein.Tendo em conta que o tema é epistemologia da tema religiosa, é interessante confrontar a posição wittgensteiniana com a de Newman, visto que Newmanfoi uma influência directa na compreensão da filosofia wittgensteiniana. Esta obra, tendo influenciado autores importantes acabou por não lhe serreconhecida hoje a devida importância.Part I. Assent and Apprehension

Cap. I Modes of Holding and Apprehending PropositionsComo relaciona Newman a epistemologia com a Religião? Cap. V - Apprehension and Assent in the matter of ReligionParte II. Assent and InferenceCap. VII - CertezaCap. X - Inferência e Assent in the matter of Religion

Religião natural e religião reveladaEstas matérias estão fora do quadro habitual da epistemologia e são essênciais para a compreensão do fenómeno religioso.Esta conexão foi reforçada por uma autor: DruryEsta obra de Newman debruça-se essencialmente com questões epistemológicas. Últimos escritos wittgensteinianos "On certainty" (1949-51)Influência determinante de Newman na escolha do título da obra. Newman terá tido uma influência importante não só nessa obra, mas também algo que foi relevante para a compreensão religiosa de Wittgenstein.Novo entendimento da lógica contra o princípio da identidade para Frege. A certeza do tomar por verdadeiro é a fé. Frege pretendia estabelecer um psicologismo, nas tais leis do verdadeiro. Furwahrhalten, como utilizado por Kant, é por vezes traduzido como "tomar por verdadeiro", mas mais geralmente como Assentimento.

Modos de apreender proposições:

Proposições: sujeito + cópula + predicado. Podem ser categóricas, condicionais ou interrogativas.

1. Interrogative: questão, implica uma possibiliade de uma resposta afirmativa ou negativa.2. Condicional: expressa uma condição, estabelece uma inferência. Implicação de uma relação de dependência.3. Categóricas: quando apenas fazem uma afirmação/asserção. Não implicam condições ou reservasVale por si mesma.Estes 3 modos de formar uma proposição seguem-se numa ordem natural. Leva ao argumento.

2) Não tem a ver com o que corresponde ao estabelecimentos das props, mas sim há nossa forma de apresentar uma capacitação epistémica.O acto interno de apreender as proposições é análogo à forma exterior de a anunciar, havendo uma correspondência. Há três modos de consideraruma proposição, também estes correspondendo às formas de colocar as proposições: Dúvida, Infercia e Assentitmento.

Furwahrhalten:neinung/neinenwissenGlaube/Glauben

Paralelismo com a Gramática do Assentimento de Newman, Kant quando introduz a ideia de um considerar como verdadeiro, encara a opinião como insuficiente, quer subjectivamente, quer

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objectivamente.Validade subjectiva da crença.O saber é algo que não se possuí apenas, mas é válido objectivamente.

Distinção entre a expressibilidade de uma proposição e os diferentes modos de considerar essas proposições como algo que as distingue do estado mental.Escala de valorização epistémica desses modos de considerar a proposição (hierarquicamente estabelecidos): Dúvida, Inferência e Assentitmento.

By our apprehension of propositions I mean our imposition of a sense on the terms of which they are composed. Now what do the terms of a proposition, the subjectand the predicate, stand for? Sometimes they stand for certain ideas existing in our own minds, and for nothing outside of them; sometimes for things simplyexternal to us, brought home to us through the experiences and informations we have of them.

Ideia de notional propositions... relação entre entidades abstractas, gerais, não-existentes.

Ideia de proposicional real... compostas de entidades externas, individuais e unitárias.

Síntese compreensiva a partir de Newman.

2.12.2015

Modos de considerar uma proposição e de que modo é possível fazer a apreensão desses mesmos elementos conceptuais.

A forma como os conceitos religiosos são enquadrados parece apontam para entidades nocionais. Tendemos a pensar em Deus, como um conj de determinações de ordem imaginária que não têm um co-relato na realidade.

"I observe that inferences, which are conditional acts, are especially cognate to notional apprehension, and assents, which are unconditional, to real"(Newman, Grammar of Assent, cap. II, "modes of apprehending propositions")

Cap. II - O Assentimentos considerado como apreensivo

"By apprehension of a proposition, I mean, as I already said, the interpretations given to the terms which it is composed. When we infer, we consider a propositionin relation to other propositions; when we assent to it, we consider it for its own sake and in its intrinsic sense.I apprehend a proposition, whe I apprehend its predicate. The subject itself need not be apprehended per se in order to a genuine assent: for it is the very thing which the predicate has to elucidate...Thus the child's mother might teach him to repeat a passageof Shakespeare, and when he asked the meaning of a particular line, such as "The quality of mercy is notstrained" or "Virtue itself turns vice, being misapplied", she might answer him, that he was too young to understand it yet, but that it had a beautiful meaning, as hewould one day know: and he, in faith on her word, might give his assent to sucj a proposition, - not, that is, to the line itself which he had got by heart, and which

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would be beyond him, but to its being tru, beautiful and good. Of course I am speaking of assent itself, and its intrinsic conditions, not of the ground or motive of it.I am examining the act of assent itself, not its preliminaries and I have specifiec three directions, which among to its truth, and assent both to its truth and to theground of its being true together..."

Cap. V - Apreensão e assentimento nas questões religiosas

Influência geral nas concepções epistemológicas de Wittgenstein, e na posição geral da filosofia em relação ao assunto.

"We are now able to determine what a dogma of faith is, and what it is to believe it. A dogma is a proposition, it stands for the notion or for thing; and to believe it is to give the assent of the mind of it, as it stands for the one or for the other. To give a real assent to it is an act of religion; to give a notional, is a theological act. It is discerned, rested in, and appropriated as a reality, by the religious imagination; it is held as truth, by the theological intellect.... no theology can start or thrive without the initiative and abiding presence of religion... as regards our relations with the Supreme Being, we get our facts fromthe witness, first of nature, then of revelation, and our doctrines, in which they issue, throught the exercise of abstraction and inference... I propose to considerthe dogmas of the Being of a God, and of the Divine Thrinity in Unity, in their relation to assent, both notional and real, and principally to real assent.... my subject is assent, and not inference... what it is to believe in them, what the mind does, what it contemplates... this is the very reason that makes it necessaryfor me at the outset to insist on the real distinction between these two concurring and coincident courses of thought, and to premise by the way of caution, lest I shouldbe misunderstood, that I am not considering the question that there is a God, but rather what God is.... I mean by belief, not precisely faith, because faith, in its theological sense, includes a belief, not only in the thing believed, but also in the ground ofbelieving; that is, not only belief in certain doctrines, but belief in them expressly because God has revealed them; but here I am engaged only with what is calledthe material object of faith, not with formal - with the thing believed... this "because He says it" does not enter into the scope of the present inquiry, but only the truths themselves, and these particular truths. "He is One", "He is Three".There is one God, such and such in Nature and Attributes.I say "such and such" for, unless I explain what I mean by "one God", I use words which may mean anything or nothing. I may mean a mere anima mundi; or an initialpriciple which once was in action and now is not; or collective humanity. I speak then of the God of the Theist and of the Christian: a God who is numerically One,who is Personal, the Author, Sustainer and Finisher of all things,

Conceito de impressão também em Newman, tal como utilizado em Wittgenstein para reflectir sobre o Novo Testamento e sobre os apóstolos. Podemos estabelecer uma relaçãocom um estilo de vida/utilização de linguagem que cause tal impressão no nosso espírito. A apreensão que podemos fazer a partir destas figuras é uma apreensão

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real e não nocional. Se trabalhamos a partir de noções abstractas gerais, estamos no foro da apreensibilidade teológica, mas ao lidar com estas descrições, as impressõesque algumas vidas podem causar em nós, por nos afectarem, podem sim criar uma apreensão real, e isso é o que está evidenciado na perspectiva religiosa.