entrevista jornal · jornal jornal laboratÓrio do curso de comunicaÇÃo social da escola superior...

16
esta JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES www.esta.ipt.pt DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2005 PRIMEIRO CAMPO NACIONAL DE BASEBOL EM ABRANTES “Criar uma nova vivência do desporto”. Este é o objectivo da autarquia de Abrantes, que abraçou a ideia de construir uma infra-estrutura onde se inclui o primeiro campo nacional de basebol com as medidas oficiais. Para além deste desporto, nas novas instalações vai ser possível a prática do Futebol de 7, do Râguebi e do Atletismo. Com esta aposta, a sede da Federação Portuguesa de Basebol e de Softbol passa a estar em Abrantes. O investimento, orçado em 550 mil euros, pretende dinamizar a actividade económica do concelho. Para o próximo ano está já agendado o Campeo- nato Europeu de Basebol. páginas 10 e 11 “Tolerância Zero” para os incêndios O concelho de Abrantes ,fustigado pelas chamas no último Verão, prepara aplica- ção do Plano de Ordenamento Florestal para combater uma situação de abando- no. Aplica-se um regime de “Tolerância Zero” e aposta-se na criação de infra-estru- turas: novos caminhos, tanques e postos florestais. Simultaneamente, o Serviço Municipal de Protecção Civil aposta num Plano de Emergência, que é accionado não só no combate aos incêndios como também noutros casos de catástrofes na- turais. A queda da ponte da Abrançalha foi disso exemplo. Em entrevista ao ESTAjornal, António Pires da Silva, novo presidente do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), analisa a actual situação da instituição e explica os objectivos do seu mandato. página 8 páginas 4 e 5 Depois da experiência de nove anos no Sardoal, o ensino desta língua estrangeira é uma realidade no concelho vizinho. JOÃO LOBATO CATARINA MACHADO INGLÊS NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO Reportagem páginas 6 e 7 Tiago Lopes Um jovem escritor à procura de uma oportunidade ENTREVISTA p. 12

Upload: others

Post on 24-Jul-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

estaJ O R N A L

J O R N A L L A B O R AT Ó R I O D O C U R S O D E C O M U N I CA Ç Ã O S O C I A L DA E S C O L A S U P E R I O R D E T E C N O L O G I A D E A B R A N T E S

www.esta.ipt.ptD I R E C T O R A : H Á L I A C O S TA S A N TO S

N.º 7 . A N O 3 . Q UA RTA - F E I R A, 30 D E N OV E M B R O D E 2005

PRIMEIRO CAMPO NACIONAL DE BASEBOL EM ABRANTES“Criar uma nova vivência do desporto”. Este é o objectivo da autarquia de Abrantes, que abraçou a ideia de construir uma infra-estrutura onde se inclui o primeiro campo nacional de basebol com as medidas oficiais. Para além deste desporto,

nas novas instalações vai ser possível a prática do Futebol de 7, do Râguebi e do Atletismo. Com esta aposta, a sede da Federação Portuguesa de

Basebol e de Softbol passa a estar em Abrantes. O investimento, orçado em 550 mil euros, pretende dinamizar a actividade económica do concelho. Para o próximo ano está já agendado o Campeo-nato Europeu de Basebol. páginas 10 e 11

“Tolerância Zero” para os incêndios

O concelho de Abrantes ,fustigado pelas chamas no último Verão, prepara aplica-ção do Plano de Ordenamento Florestal para combater uma situação de abando-no. Aplica-se um regime de “Tolerância Zero” e aposta-se na criação de infra-estru-turas: novos caminhos, tanques e postos florestais. Simultaneamente, o Serviço Municipal de Protecção Civil aposta num Plano de Emergência, que é accionado não só no combate aos incêndios como também noutros casos de catástrofes na-turais. A queda da ponte da Abrançalha foi disso exemplo.

Em entrevista ao ESTAjornal, António Pires da Silva, novo presidente do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), analisa a actual situação da instituição e explica os objectivos do seu mandato.

página 8

páginas 4 e 5

Depois da experiência de nove anos no Sardoal, o ensino desta língua estrangeira é uma realidade no concelho vizinho.

JOÃO LOBATO

CATARINA MACHADO

INGLÊS NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO

Reportagem

páginas 6 e 7

Tiago LopesUm jovem escritor à procura

de uma oportunidade

E N T R E V I S T A

p. 12

Page 2: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

2 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

ESTATUTOEDITORIAL

• O ESTA é um jornal de Escola, de pendor assumidamente regional, mas que nem por isso abdica da dimensão de um órgão de grande informação ou da ambição de conquistar o público para além do meio universitário.

• O ESTA Jornal adopta como lema e norma critérios de rigor, de absoluta independên-cia e de pluralismo dos pontos de vista a que dá expressão.

• O ESTA Jornal aposta, por isso, numa infor-mação plural e diversificada, procurando abordar os mais diversos campos de acti-vidade numa atitude de criatividade e de abertura perante a sociedade e o Mundo.

• O ESTA Jornal considera como parte da sua missão contribuir para a formação de uma opinião pública informada, emancipada e interveniente - condição fundamental da democracia e de uma sociedade aberta e tolerante.

• A democracia participativa e entendida para além da sua dimensão meramente institucional, o pluralismo, a abertura e a tolerância são os valores primaciais em que se alicerça a atitude do ESTA Jornal perante o Mundo.

• O ESTA Jornal considera-se responsável única e exclusivamente perante a ambição e a exigência dos seus redactores, alunos do Curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes e pe-rante o público a que se dirige.

O ESTA Jornal está por isso plenamente dispo-nível e empenhado com os leitores, compro-metendo-se a manter canais de comunicação abertos com quantos connosco queriam parti-lhar as suas ideias e inquietações.

FUNDADO A 13 DE JANEIRO DE 2003PROPRIEDADE DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES

M O R A DA : RUA 17 DE AGOSTO DE 18082200-370 ABRANTEST E L E F O N E : 241361169FA X : 241361175E - M A I L : [email protected]

D I R E C TO R A : HÁLIA COSTA SANTOSD I R E C TO R A - A D J U N TA : RAQUEL BOTELHOE D I TO R A S : FABIANA SOCORRO E SANDRA FERNANDESR E DACÇ ÃO : ANA CATARINA BRANDÃO, ANA RAQUEL FERREIRA, ANDRÉ CANOA, CATARINA MACHADO,CATARINA VÉSTIA, CLÁUDIA COSTA, CHARLENE IZAQUE, DIANA CORDEIRO, EMANUEL TEIXEIRA, EUNICE PINTO, HELENA SOFIA MACEDO, JEFFERSON GOMES, JOÃO PEDRO LOBATO, MARIA JOSÉ DE SOUSA VAZ, NUNO CAROLA, VÂNIA PALMINHA, RAFAELA SANTOSCO L A B O R A D O R E S : DAVID CAETANO, MARGARIDA CARVALHO, MARTA AZEVEDO, TIAGO LOPES, VERA AGOSTINHO, VERA INÁCIOR E V I S ÃO D E T E X TO : MARIA ROMANAP R O J E C TO G R Á F I CO E PAG I N AÇ ÃO : JOÃO PEREIRAI M P R E S S ÃO / G R Á F I C A : GRÁFICA ALMONDINA, TORRES NOVAST I R AG E M : 1000 EXEMPLARES

Este é já o quarto ano de vida do ESTA Jornal. Porque se trata de um jornal laboratório, praticamente todas as edições têm novidades. Em cada número que sai há coisas que ficam e outras que desaparecem. São experiências que se fazem à procura de uma linha condutora. As decisões, assumidas em “plenário de candidatos a jornalistas”, são sempre tomadas de acordo com a maioria. Havendo opiniões diferentes, ganha a que tiver mais votos. Porque todos os anos lectivos a equipa redactorial muda, é natural que as opções mudem também. Mas, no essencial, ao fim de seis edições do ESTA Jornal, encontrou-se já uma linha editorial consistente e uma imagem gráfica com identidade própria.Para além das mudanças que significam um afinar de ideias, este sétimo número do ESTA Jornal representa um avanço a dois níveis. Por um lado, a distribuição do jornal deixará de ser feita só ao nível interno, procurando-se novos públicos. Queremos chegar à população, não só do concelho de Abrantes, mas também do concelho de Tomar, Entroncamento e Sardoal. Por isso, este número, com tiragem aumentada, é oferecido em locais de grande circulação, como escolas, cafés e hipermercados. Por outro lado, a partir de agora a periodicidade aumenta: em vez de duas edições por ano lectivo passamos a ter quatro, duas em cada semestre. A prática assim o permite e os futuros jornalistas que o fazem assim o exigem.

Sabemos que chegando mais longe e a mais leitores estamos mais expostos. Já não são só os familiares e amigos que lêem o que fazemos. Estamos, por isso, perante uma avaliação externa, muito mais exigente. Mas assumimos o risco. Precisamos dessa avaliação porque não queremos trabalhar para o umbigo e porque queremos melhorar. Já agora, importa dizer que não é nosso objectivo entrar em concorrência com a imprensa regional. Aliás, mantemos colaborações com vários jornais, nomeadamente ao nível de estágios, que consideramos preciosas. No caso deste jornal laboratório temos outro enquadramento e outros objectivos.Para quem nos lê pela primeira vez, resta dizer que este jornal, que conta com colaborações de alunos de outros anos e cursos, é essencialmente produzido pelos alunos do 3º ano do curso de Comunicação Social da ESTA. Para quase todos eles, esta é a primeira vez que assinam um trabalho num jornal que efectivamente circula. E importa frisar que as abordagens e os estilos de cada um são respeitados. O trabalho de edição é mínimo porque a direcção do ESTA Jornal entende que essa é a melhor maneira de os alunos mostrarem o que são capazes de fazer. Este é, de facto, um jornal feito pelos alunos.

Hália Costa Santos

À procura de novos públicosEditorial

ENTRE

AS CHAMAS E A CHUVA

UM CARTOON

DE VERA INÁC IO

Page 3: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 3

Nos últimos meses fomos bombardea-dos, quase diariamente, com notícias sobre o referendo à interrupção voluntária da gravidez.

Muitas foram as opiniões favoráveis ou desfavoráveis à realização deste referen-do.

Muitas foram as vozes que se levantaram para criticar o governo.

Muitos são os dedos que apontam as mulheres que recorrem ao aborto como solução para uma gravidez indesejada.

Apesar de tanto se escrever sobre o as-sunto, de tanto se discutir e de tantas hi-póteses apresentadas a questão fica adiada mais um ano.

O Tribunal Constitucional cumpriu o seu dever: a Constituição da República Portuguesa é, e deve continuar a ser, a linha condutora dos políticos.

O Governo agiu da forma mais correcta

que poderia ter agido: respeitou compro-missos eleitorais e princípios democrá-ticos.

Não pretendo defender as mulheres que recorrem ao aborto nem quem se apresenta contra essas mesmas mulheres. Essa é a questão que ficou adiada.

Na última campanha do referendo a esta matéria houve um slogan que me ficou no ouvido: “Direitos não se referendam”.

E os grupos de interesses que sobrevivem graças à lei que hoje temos? Médicos, en-fermeiros, parteiras e clínicas privadas irão, dia após dia, continuar a ganhar dinheiro sem que ninguém os consiga controlar. As mulheres irão continuar a ser apontadas e julgadas. E estes profissionais de saúde? Estes acabam por passar despercebidos no meio de tantas manifestações que defen-dem os direitos da mulher… porque, afinal, lobbies não se referendam…

Trinta anos após a revolução dos cravos, não é de todo arrogante afirmarmos que os portugueses (ou grande parte deles) ainda não aprenderam a votar. Podem e sabem fazê-lo, mas não o sabem fazer bem. Atentemos, então.

As duas últimas eleições autárquicas não foram dominadas pelos temas que mais lhes deveriam interessar: “Quem tem personalidade para ser o autarca vence-dor? Quem tem um melhor projecto para o município?” Nada disto demonstrou ser relevante. Tratou-se sempre de saber se era necessário, ou não, dar o tão fa-migerado “cartão amarelo/vermelho” ao Governo em funções. No fim prevaleceu a decisão de exercer a tal punição. Agora pergunto: o que tem a ver uma eleição autárquica com uma outra legislativa? Resposta: nada! No entanto, o soberano povo português misturou alhos com bu-galhos, preferindo votar no autarca de cor partidária diferente da do Governo e es-quecendo-se que não é a este que compete baixar ou subir impostos, quanto mais definir qual será o Orçamento de Estado para o ano seguinte. A querer penalizar o executivo em funções a forma mais de-mocrática e responsável para o fazer seria

esperar pelas eleições legislativas. Nada mais justo, mais democrático, nada mais correcto. Infelizmente não foi isso que aconteceu… e já por duas vezes seguidas. Dá que pensar… e preocupar!

No fim ganham uns e perdem outros, mas também saem derrotados os que mereciam ganhar e cantam vitória os que nada demonstraram para o merecer. Ou seja, a boa governança acaba por perder, a democracia acaba por perder, os portu-gueses acabam por perder. Melhor dizen-do, acaba tudo no maior disparate.

Como em tudo na vida, é preciso saber o que se faz e é necessário ter maturidade na altura de exercer os nossos actos. Votar é isso mesmo. É saber o que fazemos e porque o fazemos. É óbvio que todos nós temos o direito de dar voz e azo ao nosso descontentamento, mas é preciso fazê-lo na altura certa e da forma correcta. Caso contrário corremos o risco de o tiro sair pela culatra e o que estava mal ficar ainda pior. E se isso acontecer, não deveremos então culpar só os políticos, deveremos olhar para nós próprios e reconhecer a nossa imaturidade política.

Votar é um direito inexorável, tal como o dar-lhe bom uso também o é!

Num país cheio de sol, com um dos melhores climas que se pode ter, este Verão tornou-se num verdadeiro inferno de cha-mas. Primeiro porque os fogos destruíram mais de metade do nosso território florestal e, segundo, porque a falta de água deu origem a uma das piores secas que o nosso país alguma vez já atravessou.

Podemos ver como abatido o nosso país ficou, desde o facto de não existir alimen-tos para os agricultores fornecerem aos animais, à falta de água para a nossa pró-pria sobrevivência, que também afectou algumas das aldeias e cidades do nosso Portugal.

É de salientar que, sem dúvida, uma região que ficou bastante afectada foi o Alentejo, onde os campos de cultivo, as pastagens e as barragens ficaram secas, sem nada, nem vida, nem cor, onde a calma alentejana por natureza deu lugar a um rebuliço fora do comum!!!

A quem podemos apelar numa altura destas?

Não é através de um qualquer subsídio

que se vai resolver a situação, além de que é impossível responder a todas as necessidades, pois o Estado não tem euros suficientes para tal; se somos obrigados a pagar cada vez mais impostos porque o país não tem dinheiro, como vai o Estado resolver todas as situações que se foram alastrando ao longo deste Verão?!

Uma coisa é certa, não existem meios suficientes para se resolverem situações desta natureza, pois os nossos governantes pensam apenas no reverso da medalha, ou seja, comprar submarinos para navegar sabe-se lá onde, em vez de terem reservas suficientes para quando existirem situações como esta!

Fica a pergunta no ar: para o próximo ano, caso aconteça semelhante situação, como irá o primeiro-ministro e o restan-te Governo solucioná-la? Será que vão continuar a comprar submarinos ou a investir na OTA? Ou será que irão encon-trar modo de resolver problemas como este que na hora de fazer vítimas não faz distinções?!

Apesar das críticas, a verdade é que a revisão da lei que passa a idade da re-forma dos 60 para os 65 anos foi mesmo aprovada pelo executivo. Assim como o aumento do tempo de descontos dos 36 para os 40 anos. Com esta alteração fica suspensa a possibilidade de os trabalha-dores no activo se reformarem volunta-riamente antes dos 65 anos.

A nova medida permite ao Estado poupar cerca de 200 milhões de euros nos próximos quatro anos, o que, para um país em contenção económica, é bastante benéfico.

O objectivo é que seja o beneficiário a suportar os custos da reforma anteci-pada, e não o Estado. Isto é, que o em-pregado veja o esforço de uma vida de trabalho recompensado na sua reforma, ao mesmo tempo que se promove o enve-lhecimento da população activa.

Num momento em que o país atra-vessa um clima de “depressão” e de “ne-gativismo” esta solução pode ser vista como “uma luz ao fundo do túnel”, nu-ma tentativa de fazer esquecer o que de menos bom tem acontecido no país e no mundo.

É verdade que a revisão da lei pode ser um incentivo a todos aqueles que, a

partir de certa idade, se sentem inválidos e deprimidos. Contudo, parece que o Go-verno se esqueceu de alguns pormenores relevantes. Para um Estado da União Europeia que vive um atraso de cerca de dez anos relativamente à maioria dos outros países europeus, como é Portugal, esta lei poderá não ser válida para todas as profissões. Ou confiaríamos nós que um médico de 65 anos nos operasse? Será que terá a mesma lucidez que um profissional de 30 anos de idade? Creio que não. E aí me questiono também em relação a outras actividades. Pois, é nor-mal que um empregado da construção civil, depois de uma vida de trabalho, não tenha o mesmo rendimento que tinha aos 20 anos.

É sobretudo fundamental estudar casos concretos antes de qualquer aprovação da lei. Ou pelo menos, no que respeita às profissões, verificar se a aplicação faz sentido ou não. E como cada caso é um caso, não vamos generalizar e fazer crer que qualquer cidadão aos 65 anos está apto para continuar a sua actividade profissional.

Ora, não queremos nós despromover os nossos jovens desempregados, só para promover os nossos “velhinhos”!

A Lei dos 65Diana Cordeiro

O direitode votar bem

João Pedro Lobato

Seca em PortugalVânia Palminha

Os (ir)referendáveis

Cláudia Costa

O P I N I Ã O

Page 4: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

4 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

Como reagiu a população directamente afectada por estas catástrofes naturais?

Reagiram com algum desa-grado. A população sente-se desprotegida porque, quando chama os bombeiros, a actu-ação demora cerca de quatro horas, uma vez que existem situações inicialmente mo-rosas. A população insurge-se contra os bombeiros pelo tempo demorado, só que os operacionais estão numa fase de transição, a dirigir-se para o local.

Como explicam às pesso-as quais as medidas de in-tervenção mais adequadas durante e posteriormente à tragédia em si, quer seja in-cêndio ou inundação?

O cidadão comum, o pro-prietário do terreno, faz o possível pela sua proprieda-de tendo recursos próprios para proteger o que é seu. Eles tomam medidas consoante o problema que existe. Infeliz-mente, em Portugal, só são to-madas essas medidas quando acontece o problema. Pois só quando o incêndio está a 100 metros das suas propriedades

é que são tomadas medidas como o corte de ervas e arbus-tos. Se falarmos nas cheias a história repete-se.

Que meios têm ou encon-traram os bombeiros para minimizar os estragos?

Os bombeiros, obviamen-te, têm de estar preparados para todas as ocorrências que surjam por causas naturais e tentam, dentro do possível, planificar os recursos exis-tentes para as áreas de inter-venção que sejam afectadas. Os planos que existem, são planos adoptados pela Pro-tecção Civil, de intervenção e socorro da região de Santa-rém. No caso dos incêndios, não existe um plano de inter-venção em fogos florestais. Existe, sim, um dispositivo assumido pelo Governo, em articulação com os vários corpos de bombeiros do pa-ís. Abrantes inclui-se numa área extremamente povoa-da na área florestal, e como tal, tem um dispositivo que lhe permite, na primeira in-tervenção, colocar os meios possíveis para fazer frente a esses incêndios.

Como se organizam os bombeiros nestas situações de urgência em que é neces-sário actuar rapidamente? Existe algum plano de emer-gência?

Em primeiro lugar, há que pensar em repor rapi-damente o que foi afecta-do. Foi necessário colocar máquinas a restabelecer o caudal e trajectória do rio. Depois, existe a questão dos pavimentos das estradas que

foram afectados, o que exi-giu uma limpeza adequada das valas. E nisto os bombei-ros têm sempre uma palavra a dizer, no que respeita ao apoio em limpezas e outro tipo de trabalhos. No que toca a reposições, caberá aos órgãos competentes, serviço municipal de protecção civil, juntas de freguesia, câmaras municipais, eventualmente o serviço distrital de protecção civil.

Os bombeiros trabalham sozinhos ou actuam em par-ceria com a protecção civil? Mantêm uma boa relação de inter-ajuda no campo de acção?

Tem que ser! Não faz sen-tido não existir uma relação próxima, articulada, organiza-da e planeada entre estas duas organizações. Os bombeiros são os primeiros a ser chama-dos. Se houver um incêndio, um acidente, não se chama a protecção civil, mas sim os bombeiros. Os bombeiros não têm os recursos todos, não têm máquinas, não têm os recursos necessários para essas ocorrên-cias. Nestas situações terão que ser accionados os mecanismos da protecção civil.

Qual julga ser a percen-tagem da existência de mão criminosa nos incêndios do concelho?

As estatísticas comprovam que em mais de 90 por cento dos incêndios florestais existe mão humana. 80 a 90 por cento dessa mão humana existe uma intencionalidade, mas cerca de 15 por cento não é intencional. Coloca-se então uma questão:

como é que eu posso qualifi-car e identificar uma causa de um incêndio que tem início às três horas da manhã num vale onde não há acessos pedestres, não há caminhos públicos, não há lixeiras, não há sol? É, sem dúvida, mão humana, não é negligência.

O que está a ser feito em relação ao futuro, no que respeita aos incêndios e às inundações?

Abrantes tem um plano, não só de ordenamento florestal, mas também de prevenção aos incêndios que é de “Tolerân-cia Zero”, que está sedeado no concelho de Abrantes, parte Norte. A câmara tem traba-lhado junto dos agricultores e associações para promover a limpeza da área florestal. Têm sido criados caminhos para facilitar o acesso dos bombei-ros no combate aos incêndios florestais, criadas estruturas e mecanismos com implan-tação de tanques em áreas de difícil acesso. Em matéria de cheias existe um plano que deve obedecer a umas regras de teste para verificar algumas correcções.

O cenário de destruição é visível quando nos deslo-camos do centro de Abran-tes para as aldeias de Rio de Moinhos, Abrançalha ou Paúl. Árvores ardidas, ma-tos varridos pela força das chamas. Por tudo quanto é lugar destacam-se as cores preto e cinzento. Um cenário triste. O olhar distante da-quelas pessoas que perderam os seus bens faz-se notar a todos os instantes. Ainda ho-je, Elsa Bexiga, habitante da aldeia de Paúl, vê tudo preto quando vai para casa: “Só me dá vontade de chorar”.

Elsa recorda que segun-da-feira, dia 22 de Agosto, as “chamas ficaram mais in-tensas e mais perto das casas”. O seu olhar revela alguma de-

silusão pelo trabalho desem-penhado pelos bombeiros. Conta que chegaram a arder capoeiras. “Se não fossem as próprias pessoas e os fami-

liares a salvar as casas, aquilo tinha ardido tudo”.

Quem viveu a situação lembra que o choro e os gritos iam alternando com

o desespero de ver as cha-mas a lavrarem. A sensação de impotência crescia a cada minuto que passava, a cada metro que as chamas avan-çavam. No momento a co-ragem surgia, vinda não se sabe de onde, para salvar os seus bens.

As mangueiras disponíveis eram pequenas demais e as fagulhas caíam do céu como flocos de neve. Se por um la-do queriam proteger as suas casas, por outro as suas vidas eram também o bem mais precioso. As chamas alastra-vam, fogo da esquerda, fogo da direita, fogo da frente. Os habitantes de Paúl sentiam-se encurralados dentro de uma parede infernal. Elsa recorda que “é muito triste ver o fogo nas encostas”. E acrescenta: “Olhamos para a direita e ve-mos o fogo a vir, olhamos pa-

ra a esquerda e vemos o fogo a vir, olhamos para a frente e vemos o fogo a vir. Ficamos sem saber o que fazer”.

Elsa viveu, recentemente, outra experiência menos boa: as inundações na sua terra. A sua casa não ficou muito danificada, mas já Manuela Duarte viveu um verdadeiro drama quando, em Setembro, a ribeira de Rio de Moinhos transbordou e fez-se convida-da em sua casa. As lágrimas rebentaram quando Manue-la recordou esse dia. “Fiquei triste, aborrecida e aflita. E só pensava: e se eu caísse agora aqui? Morria afogada”.

Manuela estava sozinha na sua drogaria quando a água entrou e comodamente se distribuiu pelo espaço, estra-gando apenas alguns “pacote-zinhos de cimento” e alguns electrodomésticos.

A ribeira transbordou por-que, segundo Manuela, havia uma rede que a tapava. “Todo o lixo que vinha arrastado na água ficava ali preso”. Até que a água subiu...e inundou. Ainda diz que, “antigamente, sempre que se precisava de regar, tirava-se a tapagem”. Em sua casa, os vestígios das inundações ainda são visíveis. Os montes de entulho no seu pátio, os sacos de cimento completamente humedeci-dos, a parede de sua casa com uma marca à altura da água e a tristeza que até hoje se faz ver nos olhos de Manuela.

A ribeira encheu; trans-bordou; inundou as ruas e as casas; estragou roupas, electrodomésticos e outros bens; deitou a ponte a bai-xo e deixou Rio de Moinhos completamente danificada. Passou, destruiu!

Rio de Moinhos: a terra dos contrastes

Ana Catarina Brandão

Rio de Moinhos, a aldeia onde aparentemente reinava a tranquilidade, deparou-se, recentemente, com a força das águas que deixou atrás de si um cenário de destruição. Muros caídos, quintais destruídos e a tristeza no olhar dos habitantes. “Só me dá vontade de chorar”.

Histórias de quem viveu o drama dos incêndios e a calamidade das inundações

“Em mais de 90% dos incêndios florestais existe mão humana”O responsável pelos Bombeiros Voluntários de Abrantes, Luís Pombo, lamenta o facto de as pessoas só tomarem medidas contra os incêndios quando o fogo “está a 100 metros das suas propriedades”. Habituado a contrariar as chamas e a força das águas, o comandante diz que com as inundações a história é a mesma. Para além de evidenciar a necessária proximidade entre bombeiros e protecção civil, explica o programa “Tolerância Zero”.

TE

MA

CATÁSTROFES NATURAIS

Luís Pombo. “Os bombeiros têm que estar preparados para todas as ocorrências que surjam por causas naturais”

| ENTREVISTA | LUÍS POMBO, COMANDANTE DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE ABRANTES, EM ENTREVISTA

EMANUEL TEIXEIRA

Primeiras chuvas. A força das águas destruiu a aldeia

ANA CATARINA BRANDÃO

Page 5: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 5

C A T Á S T R O F E S N A T U R A I S

Em 2004, data de assinatura de um protocolo com a Agên-cia de Prevenção aos Incêndios Florestais, foi criado, pela Câ-mara Municipal de Abrantes, um gabinete técnico-florestal incumbido de planificar e or-denar a área florestal na zona concelhia. Surgia então um plano de ordenamento, com caminhos e metas a atingir num prazo de cinco anos, subsidiado por fundos comu-nitários, estatais, municipais e dos agricultores. O objectivo é “direccionar os meios de com-bate e, essencialmente, a pre-venção”, afirma João Pombo, coordenador do Serviço Mu-nicipal de Protecção Civil para a zona de Abrantes, referindo como exemplo a “abertura de caminhos, limpeza de matas, abertura de aceiros em torno das povoações, de modo a que essa prevenção seja mais efectiva”.

O insucesso de algumas medidas anteriores, em parte

devido à falta de apoios, levou ao aparecimento desse plano de ordenamento. Assim como a criação de infra-estruturas (novos caminhos, tanques e depósitos florestais), e de uma zona de “Tolerância Zero”, ponto principal na defesa da floresta.

No que se refere à preocu-pação com a mancha florestal portuguesa, Luís Pombo, Chefe dos Bombeiros Municipais de Abrantes, realça o facto de o nosso país não se ter adaptado “às novas realidades portugue-sas”. E acrescenta: “Deixámos ao abandono a nossa floresta”. Ou seja, progressivamente e ao longo das últimas décadas, a população rural abandonou os campos agrícolas, sendo estes, consequentemente, ocupados pela floresta selvagem, sem que tenha havido qualquer tipo de ordenamento. Ao mesmo tempo, damo-nos conta de que quem trata das suas pro-priedades não é premiado, tal como os que não as tratam não são penalizados. Na opinião de João Pombo, é fundamen-tal “dar um impulso” para que essa situação se inverta.

Se analisarmos os prob-lemas da área de Abrantes, encontramos uma zona a norte do Tejo com grandes proprie-dades e bom ordenamento, e uma outra a sul to Tejo, pre-dominada por minifúndios. E é aqui que começa o verda-deiro problema. Na opinião de João Pombo, para quem “o problema é o minifúndio”. As pessoas que herdam esses ter-renos “nem sabem que têm esse património”, quanto mais saber tomar conta dele.

Mas, não basta um plano de ordenamento para resolver todos os problemas da floresta em Abrantes. É necessária, igualmente, uma integração muito grande das mais diver-sas forças existentes, sejam elas o Estado, os municípios, bombeiros, polícia ou produ-tores florestais, de forma a re-solver o problema. Tal como se exige das populações uma consciência das suas respon-sabilidades e deveres, já que, como explica Luís Pombo, a-inda “há uma dificuldade, pelo nosso concidadão, em assumir esse papel”.

Quando se criou o Plano de Emergência Municipal para a região de Abrantes?

O plano já existe há dez anos, desde que começou a haver uma obrigatoriedade. Havia planos sectoriais que cobriam o caso das che-ias, dos incêndios florestais, mas eram planos “desgarrados”. No ano passado criou-se o gabinete do Serviço Municipal de Protecção Civil e tudo ficou mais elaborado. Por fim foi aprovada, em Assembleia Municipal, a nova versão do Plano de Emergência Municipal.

E esse plano engloba todo o concelho de Abrantes?

O plano foi criado para englobar todo o concelho. Fizemos o levantamento de todas as probabilidades de risco que o concelho possui, bem como o levantamento de todos os recursos e meios que este concelho pode auferir. Finalizado este trabalho avançámos para a criação de um Plano Municipal de Emergência para as cheias e para os incêndios florestais.

Abrantes é um concelho que foi bastante afectado, durante o último Verão, pelos incêndios florestais. Por que é que o Plano de Emergência só foi activado em Agosto do ano corrente?

O Plano de Emergência é activado quando o incidente leva a que os meios a utilizar no seu combate sejam superiores aos municipais, ou seja, obriga a integração de outras forças que não são só as de combate aos incêndios.

Aqui surgem a Assistência Social e a GNR, sendo estas forças coordenadas pelo presi-dente da Câmara Municipal. Assim sendo, o Plano foi activado dia 20 de Agosto.

Há pouco tempo uma pequena ponte ruiu em Abrantes. A Protecção civil estava preparada para esta situação?

Estava, tanto que a ponte caiu às 20h30, e, meia hora depois já a Protecção Civil es-tava no local. A falta de água não se deveu à queda da ponte, mas sim a uma questão de segurança da conduta de água que vem da barragem de Castelo de Bode. Os serviços têm sempre furos de água que servem para abastecer o concelho e este foi um desses casos. Houve, também, falta de água porque na altura que se fez a ligação do troço (uma pequena obra de engenharia), tivemos que cortar a água.

Considera ser necessária alguma refor-mulação ao Plano de Emergência?

O plano não é estático, prevê a reformula-ção de anexos, a saída e entrada de novas pes-soas. Apesar disso, o corpo geral será quase o mesmo. A nossa meta é actualizar o plano de ano para ano. Agora irá haver uma grande reestruturação na formulação dos planos mu-nicipais (a legislação vai ser alterada e a lei de bases da protecção civil esteve em discussão até final de Novembro). Nós até andamos um pouco mais à frente do panorama nacional, em matéria de protecção civil, uma vez que possuímos uma “Comissão Municipal” para a protecção civil, e esta figura só agora surgiu com esta nova legislação.

Um planopara o futuroA tragédia dos incêndios, que tocaram Abrantes e o resto do país, mostraram até que ponto a floresta portuguesa e o seu ordenamento precisam de ser repensados. Urge então definir e desenvolver um plano de ordenamento da floresta. A ideia já existia, faltava-lhe, contudo, aplicação prática.

Ordenamento florestal

Ana Catarina Brandão, Emanuel Teixeira e João Pedro Lobato

“Nós até andamos um pouco mais à frente...”

Emanuel Teixeira

Abrantes foi obrigada a adaptar-se à dura realidade dos incêndios florestais e das cheias provocadas pelo rio Tejo. João Pombo dá a conhecer o que está a ser feito para que o combate a estes dois problemas seja mais eficaz. A solução está no Plano de Emergência Municipal.

| ENTREVISTA |

JOÃO POMBO, COORDENADOR DO SERVIÇO MUNICIPAL DE PROTECÇÃO CIVIL

João Pombo. “O Plano de Emergência tem que estar em constante actualização”.

Medidas a tomar. A criação e manutenção de caminhos florestais estarão previstas no plano

EMANUEL TEIXEIRA

JOÃO LOBATO

Page 6: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

6 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

Às 15h45 a aula começa. A turma de 15 alunos já está pronta para a “Hello Song”, canção das boas-vindas. Com o premir de um botão os alu-nos começam a marchar e iniciam uma coreografia bem sincronizada. Todos acompa-nham. No final, calmamente, todos se sentam. Intimidados pela presença de pessoas es-tranhas, começam por rever a aula anterior. A professora insiste e eles lá vão cedendo, dizendo o vocabulário então aprendido.

O cenário é a Escola Básica nº1 (EB1) de Alferrarede Velha. Os protagonistas são meninos de Abrantes, que têm entre oito e dez anos, e que, pela primeira vez, contactam com uma lín-gua estrangeira. Aos alunos daquela escola juntam-se os da EB1 de Casais Revelhos.O mesmo cenário se verifica na Escola António Torrado que recebe os meninos da EB1 Nº3 da Abrançalha.

A professora é Elizabete Pereira, que descreve o envol-vimento dos pequenos apren-dizes: “Estão a ficar muito en-tusiasmados”. Basta observar para comprovar.

“Quem é a lagartinha mais famosa?”, pergunta a professo-ra. Todos respondem: “Colin,

Como está a decorrer o en-sino de Inglês nas escolas de Abrantes?

Fizemos a candidatura para as escolas todas e está tudo a correr bem. Falei com a empresa res-ponsável e disseram-me que está tudo a correr dentro da norma-lidade. Não houve reclamações, portanto, à partida, as coisas estão a correr bem.

Quem está a leccionar?A partir do momento que se

começou a falar desta questão do Inglês, houve uma série de pesso-as que vieram à Câmara entregar currículos. Nós encaminhámo-los para a Edutec, empresa que os contratou e que está encarregue da organização do ensino.

Quais são os recursos e apoios de que dispõem?

O Ministério da Educação fi-nancia este projecto em 100€ por aluno e essa verba é o que paga-mos à Edutec pela organização

deste processo. Para além disso, há outras componentes que a Câ-mara está a financiar, nomeada-mente a compra de Data-Shows, porque a empresa tem um ensino muito vivo e baseado nas novas tecnologias, e o transporte dos alunos, uma vez que muitos são transportados de uns locais para outros. Nós temos escolas com poucos alunos e, assim sendo, é preciso haver o transporte destes para determinadas escolas. Por exemplo, os alunos das escolas da zona norte - Souto, Fontes e Carvalhal - vêm todos ter aulas ao Carvalhal.

Quais são as perspectivas para o futuro?

Eu penso que este projecto é, de facto, bom. Foi lançado este ano, à pressa, tem defeitos mas tem uma grande virtude: foi im-plementado. E terá que ser, no próximo ano, revisto. Perante a avaliação daquilo que se fizer

O Inglês ensinado a alunos do 1º ciclo do ensino básico

“Colin, the caterpillar”

Catarina Machado

Uma realidade recente, mas já muito dinâmica. Assim se caracteriza o ensino de Inglês na Escola Básica nº1 de Alferrarede Velha, em Abrantes. Com o apoio das novas tecnologias e a ajuda do “Colin”, as crianças vão aprendendo as bases deste idioma.

“É muito positivo o facto de ter sido lançado o programa”Isilda Jana é vereadora da Educação, Cultura e Animação, Juventude e Tempos Livres na Câmara Municipal de Abrantes. Explica como decorreu todo o processo de implementação do ensino de Inglês ao 3º e 4º anos do ensino básico, num município onde todas as escolas foram abrangidas. Esta responsável acredita que “este projecto é, de facto, bom”. Mas

acrescenta que, após o balanço deste ano, “terá que ser revisto”.

| ENTREVISTA | ISILDA JANA, VEREADORA DA EDUCAÇÃO EM ABRANTES, FALA SOBRE O INGLÊS NO 1º CICLO

Um projecto lançado pela tutela

O ensino de Inglês aos 3º e 4º anos do 1º Ciclo do Ensino Básico (antiga escola primária) está em vigor desde o passado dia 15 de Setembro, por indicação do Ministério da Educação (ME). Não sendo de carácter obrigatório, pretende-se que a possibi-lidade seja dada ao maior número possível de alunos.A nível nacional, 93% das escolas (num total de sete mil) já têm Inglês como disciplina semanal, ex-tracurricular e gratuita, e 87% dos alunos do 3º e 4º anos (percentagem que correspondente a 183 mil crianças) frequentam esta disciplina. Contudo, estes dados não abrangem as escolas em zonas isoladas, que correspondem a mais de 50% do total. O pro-blema pode vir a ser col-matado com o anunciado encerramento das escolas com menos de dez alunos, que serão transferidos para outros estabelecimentos de ensino tendo, então, acesso a esta nova disciplina. Para viabilizar este pro-

jecto, o ME atribui um financiamento de 100€ por aluno/ano, num total de 20 milhões de euros.

Em Abrantes…A entidade promotora foi apenas a Câmara Municipal de Abrantes e a adesão foi de 100%: 37 escolas (Esco-las de Abrantes Oeste, de Abrantes Norte, D. Miguel de Almeida, do Tramagal e das freguesias de Alvega e Concavada) e 756 alunos. A empresa contratada pela Câmara foi a Edutec, sediada em Lisboa. Existe desde 1994 e lecciona o Inglês em escolas privadas (entre elas S. João de Brito, Saint Julian’s e Mira Rio). Para além desta discipli-na, lecciona Informática, Matemática e Robótica.

Na Europa…Portugal, Dinamarca, Bél-gica (região francófona), Polónia e Eslováquia co-meçam o ensino de Inglês aos dez anos de idade. Grécia, Itália, Finlândia e Suécia começam aos sete. Malta e Holanda aos cinco. Alferrarede Velha. Escola Básica 1 é uma das 37 do concelho a contar com este programa

CATARINA MACHADO

the caterpillar” (o lagarto). Em toda a aula se ouve o nome do Colin e dos seus amigos. Ini-cialmente com uma história de “hide-and-seek” (jogo das escondidas), a qual é recor-tada, dobrada e pintada pelos alunos, depois com a “Colin’s Favourite Word Today” (a palavra-chave que é revelada no final de cada aula), com coreografias ao longo da aula e, finalmente, com os jogos

projectados no DataShow, material cedido pela Câmara Municipal a todas as escolas.

A cada nova tarefa surge uma expectativa. Tudo se exalta na sala. “Vamos recor-tar” – dizem umas meninas. “Já sei” – dizem outras segre-dando quando lhes são dadas as pistas para a palavra do dia. “O Colin deu uma cambalho-ta como o Topê”, comparação feita muitas vezes pelos alunos

com o membro do grupo pop português D’Zrt.

Quando chega a hora dos jogos é a única altura em que se faz silêncio total. Os mais pequenos não se deixam enga-nar pelos erros simulados por quem está a mexer no com-putador. Seguem atentamen-te todos os passos e corrigem sempre que algo está mal.

Findados os jogos, mais uma coreografia, mas desta

vez de despedida. “Goodbye!” – gritam todos enquanto aban-donam a sala.

O programa de ensino de Inglês em Abrantes é forneci-do pela Edutec, empresa res-ponsável pela aplicação deste projecto em sete concelhos do Ribatejo. O programa, que está previamente estipulado para todo o ano, consiste em histórias que giram à volta de uma personagem, o Colin,

e tudo o que se passa nessas histórias é interligado com a realidade. Segundo Francis-co Cunha, representante da Edutec, este método de en-sino inovador “tem sido um sucesso” e “a ajuda das no-vas tecnologias é um grande contributo”. O programa cha-ma-se “Bugs 1”, é da editora Macmillan Heinmann e tem como autoras Carol Read e Ana Soberón.

Isilda Jana. No futuro, o Inglês deve estar incluído no horário lectivo

ARQUIVO

este ano, podemos melhorar. Por exemplo: o despacho do Ministé-rio da Educação coloca o Inglês nas actividades extracurriculares e penso que seria bom caminhar para que o Inglês faça parte do currículo, dentro do horário lec-tivo. Porque, neste momento, se os alunos não quiserem ir, se os pais não quiserem que eles fre-quentem as aulas de Inglês, eles não vão. Nós estamos a organizar tudo e eles não vão. Essa medida facilitará também as coisas em relação ao horário dos profes-sores que dão Inglês. Estes só podem ter aquelas três horas por dia e, se calhar, com quatro ou cinco professores, poderíamos dar horários completos a todos e, assim, davam aulas em todo o concelho. Portanto, penso que é muito positivo o facto de ter sido lançado o programa, no-meadamente ter sido lançado no concelho de Abrantes.

Qual a sua opinião acerca do facto de não se ter recorrido às listas de colocação dos profes-sores?

Isso nem sequer nos passou pela cabeça, até porque não temos um serviço que permita fazê-lo. Se o fizéssemos, arriscávamos colocar um professor de Lisboa ou de Braga para dar nove horas de aulas por semana. Era inconce-bível. Daí a entrega deste processo à empresa, que colocará os profes-sores de acordo com os requisitos que o próprio Ministério lançou no despacho.

E quanto ao facto de os pro-fessores não serem obrigados a saber falar Português?

Isso não acontece em Abrantes. Mas, estando a lidar com crian-cinhas pequeninas e não saber falar português é capaz de ser complicado.

Catarina Machado

E D U C A Ç Ã O

Page 7: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 7

Ana Raquel Ferreira

Sardoal com Inglêsno 1º Ciclo há nove anos Numa Europa

plurilingue e num mundo onde a construção da cidadania global surge como um fenómeno irreversível, a inserção do Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico reveste-se de uma importância fulcral, dado que contribui para a aquisição de um conhecimento de uma língua estrangeira, e aperfeiçoamento de uma competência de comunicação geral no âmbito das relações sociais e da informação, bem como a aquisição de saberes e de saber-fazer culturais.Apesar de ser tardia, pois na maioria dos países da Europa é uma medida já implementada há alguns anos, não deixa de ser um primeiro passo para a aprendizagem precoce de uma língua estrangeira, numa idade em que as crianças estão substancialmente ávidas de novos contextos linguísticos.No entanto, colocam-se várias questões relativas a esta medida: porquê a obrigatoriedade do Inglês e não de outra língua estrangeira? Quem deverá leccionar as aulas de Inglês? O Inglês adquiriu, ao longo dos anos, o estatuto de língua universal de comunicação, encarnando, assim, o conceito de global village criado por Marshall McLuhan. O Inglês aparece no mundo do trabalho, do lazer e da cultura; torna-se impossível não admitir que esta é, realmente, a língua franca e privilegiada em qualquer forma de comunicação internacional.Em relação ao perfil dos professores que irão leccionar o Inglês, o Ministério da Educação alargou os requisitos necessários, dando agora oportunidade a cidadãos de outros países que residam em Portugal, que possuam os graus e diplomas necessários. Só se esqueceram de um pormenor: o que vão fazer os milhares de professores de Inglês que não foram colocados e que têm mais do que as necessárias qualificações?Vale a pena reflectir e analisar todo este processo, que no seu global, não se traduz, assim em tantas novas e inovadoras medidas…

Marta Azevedo, Docente de Inglês da ESTA

O ensino de uma língua estrangeira no 1º Ciclo do Ensino Básico já não é novidade para as crianças do Sardo-al. As aulas de Inglês neste nível de ensino foram, há já nove anos, uma das medidas adoptadas pelo conce-lho para concretizar um projecto do Governo que pretendia acabar com as assimetrias, com o isolamento da região e com a falta de recursos edu-cativos. Em 1996 o concelho do Sar-doal tornou-se Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP) e com esta nova realidade antecipou-se, oferecendo aos seus alunos aquilo que, agora, pela primeira vez, é oferecido a nível nacional.

A Escola Básica 2,3 do Sardoal é a

escola sede, onde agora funcionam as aulas de Inglês para os meninos do 3º e 4º anos de esco-laridade. No início do projecto TEIP as aulas de Inglês eram para as crianças de todos os anos do 1º ciclo. O Governo atribuía compensa-ções monetárias que permitiam aos do-centes deslocarem-se às várias aldeias. Estas aulas não eram obrigatórias, mas aconteciam durante o tempo lectivo porque vigorava a monodocência coadjuvada, ou seja, um professor podia dar aulas na hora lectiva de outro professor.

Com o fim do TEIP e da monodo-cência coadjuvada, começou a ser fei-

ta uma selecção das crianças e só os 3º e 4º anos tinham Inglês, porque passava a ser a escola sede a pagar os professores e não havia horário para eles se deslocarem.

A partir de 2001, a autarquia, para col-matar este problema, fez uma avença com uma professora e pagava as suas des-locações às escolas, garantindo que o

projecto teria continuidade.Este ano os moldes são os exigidos

pela nova lei do Governo. O que signi-

fica que o agrupamento de Escolas do Sardoal é a entidade promotora deste novo projecto. A vice-presidente do Conselho Executivo da EB 2,3 do Sar-doal, Olga Januário, explica a razão: “O Governo achou que a escola estava melhor apetrechada para receber os meninos”.

O projecto do Sardoal baseia-se num protocolo com o Instituto de Abrantes “English for you”, uma vez que a escola sede não tem professores com horário incompleto que pudessem leccionar esta disciplina. O professor que dá aulas às crianças é indicado pelo “English for you” e as deslocações dos alunos são da responsabilidade da autarquia. O pagamento do professor é assegurado pela Escola do Sardoal, que recebe os 100€ de cada aluno prometido pelo Governo.

SIM AO INGLÊS! INOVADOR?

Daniela, Mariana e André são três irmãos que actualmen-te estudam no 8º ano de escola-ridade. Quando frequentaram o 1º ciclo do ensino básico (an-tiga escola primária) tiveram aulas de Inglês, fazendo parte de uma minoria de alunos que teve contacto com uma língua estrangeira mais cedo do que então era comum. Estão, por isso, em condições de dar o seu testemunho sobre a ex-periência.

Quando entraram para o 2º ciclo do ensino básico, os três irmãos tiveram aulas de Inglês com colegas que con-tactavam pela primeira vez com esta língua estrangeira. Daniela e Mariana dizem ter sentido algumas diferenças: “Percebíamos melhor o que a professora dizia, entendíamos melhor as perguntas e sabí-amos responder. Os nossos colegas não estavam tão bem preparados”. André tem ou-tra opinião, defendendo que, apesar de níveis de conheci-mento diferentes, “os outros colegas acompanhavam bem a matéria”.

Os três irmãos dizem não ter sentido grandes diferenças na passagem do 1º para o 2º ciclo do ensino básico, no que diz respeito à aprendizagem do Inglês. “No 5º e no 6º ano não

Desde 1996 que as escolas do concelho do Sardoal têm Inglês no 1º ciclo devido a um projecto educativo que tem por objectivo combater o isolamento e a falta de recursos educativos. Numa primeira fase, as aulas abrangiam todos os anos. Actualmente só os 3º e 4º anos é que frequentam as aulas.

“Fomos mais bem preparados para o 2º ciclo”

Uma avaliação feita na primeira pessoa

E D U C A Ç Ã O

sentimos grandes diferenças porque a matéria era igual” – explicam. Mesmo assim, em relação às aulas de Inglês no 1º ciclo, os três estudantes fazem uma avaliação positiva:

“São importantes”. Não só ao nível do ensino formal, como também no que diz respeito a competências práticas, até por-que, defendem, “para ir para o estrangeiro é importante falar

bem o Inglês”. E concluem com uma certeza: “Graças às aulas de Inglês fomos mais bem pre-parados para o 2º ciclo”.

A.R.F.

Em 1996 o concelho do

Sardoal tornou--se Território Educativo de Intervenção Prioritária

ANA RAQUEL FERREIRA

“Percebíamoso que a professora

dizia e entendíamos melhor as perguntas”

Page 8: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

8 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

Quais são os objectivos a cumprir enquanto Presidente do Instituto Po-litécnico de Tomar (IPT)?

Os objectivos que pretendo cumprir são aqueles que defini no meu projecto eleitoral e que passam por promo-ver, em articulação com as escolas do IPT, parcerias com organizações de governação local, pólos tecnológicos, entidades de ensino e formação, a ban-ca e empresas da região para, assim, desenvolver ainda mais o Politécnico. Pretendo, ainda, disponibilizar meios e recursos que permitam a obtenção de fundos comunitários disponíveis para a implementação de oficinas de transferência de tecnologia, incubado-ras de spinoffs e dessa forma induzir uma dinâmica económica e cultural na região.

Durante este mandato ambiciono, igualmente, proceder à revisão tanto dos Estatutos como à revisão do Plano de Desenvolvimento do IPT.

Outro dos objectivos assumidos, desde o início, é o apoio às Escolas para que seja possível diversificar a oferta de formação, equipar e reequipar os laboratórios tecnológicos e empre-sariais, criar o Centro de Incubação de Ideias e Negócios do IPT, ou seja, desenvolver formas de estímulo para os nossos alunos.

Apesar de, neste momento, haver uma certa dificuldade em concretizar alguns dos projectos, estamos a traba-lhar afincadamente nesse sentido.

No seu projecto pretende manter os protocolos existentes, nomeadamente com Cabo Verde?

Esses protocolos não só são para

Professor há mais de duas décadas

“O Politécnico de Tomar continuará a ser uma instituição de referência”

Diana Cordeiro

Eleito no passado dia 6 de Junho, António Pires da Silva é o novo presidente do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Após ter cumprido dois mandatos enquanto vice-presidente desta instituição de ensino, o desafio, agora, é ainda maior. Elevar o nome

do IPT a nível nacional é o objectivo a alcançar.

Perfil

CATARINA MACHADO

manter como também para ampliar. Temos protocolos com cinco Câmaras Municipais, com o Instituto Superior de Educação de Cabo Verde, que é no fundo uma das instituições base da futura da Universidade de Cabo Verde e, ainda, com a sua Comissão Insta-ladora.

No seu manifesto de candidatura assume o compromisso de “dinami-zar a constituição de mecanismos de controlo que assegurem a equidade e rectidão da atribuição de bolsas”. Já fez alguma coisa nesse sentido?

Essa parte transcende-nos um pouco, pois, os dinheiros são sempre poucos. Neste momento, temos novamente o problema do pagamento das bolsas. Todos os anos o número de bolseiros aumenta e mediante o plafond que nos é atribuído temos procurado aumentar

o valor das bolsas. Apesar de todas as dificuldades que se têm verificado vamos tentar colmatar as deficiências nesta área através de novos métodos de gestão.

Actualmente, os politécnicos deba-tem-se com uma crise, relativamente ao número de vagas que não são pre-enchidas por falta de alunos. Na sua opinião, a que se deve esta crise?

Esta crise é anunciada há muitos anos. A seguir ao 25 de Abril e com a vinda das pessoas que estavam em África, verificou-se um aumento no ingresso ao ensino superior, o que pro-vocou a criação de novos cursos e de mais vagas. Contudo, com o decrés-cimo da natalidade verificou-se uma diminuição na procura. Há já muito tempo que o 1º ciclo do ensino básico se debate com esta realidade, a de ter

António Pires da Silva nasceu a 28 de Junho de 1941, em Figueira e Barros, no concelho de Avis, Portalegre. Ingressou no ensino superior em Outubro de 1960, na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, tendo pedido transferência dois anos mais tarde para o curso em Ciências Físico-Químicas. Interrompeu a vida escolar em 1965 para cumprir serviço militar, completando a licenciatura em 1975. Efectuou a profissionalização em exercício no Colégio Nun´Álvares de Tomar nos anos lectivos de 1983/84 e 1984/85. Desde 1969 até 1988 foi professor do 3º ciclo e do Ensino Secundário no Colégio Nun´Alvares, na Escola C+S de Ferreira do Zêzere, na Escola Secundária de Santa Maria do Olival e no Colégio S.Miguel, em Fátima, leccionando as disciplinas de Matemática, Ciências Físico-Químicas, Química Geral e Analítica

e Processos Químicos de Fabrico.Iniciou-se no Ensino Superior no ano lectivo de 1988/89 exercendo função de equiparado a assistente de 2º trénio, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Tomar do Instituto Politécnico de Santarém, e no Instituto de Emprego e Formação Profissional, leccionando as disciplinas de Física, Química e Química Aplicada. Em Setembro de 1996 iniciou as funções de professor adjunto na Escola Superior de Tecnologia, do Instituto Politécnico de Tomar, e no ano de 2000 na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Exerceu funções de membro da Comissão Pedagógica do Colégio de Nun´Alvares desde Junho de 1974 até 1980, ano em que foi eleito Director Pedagógico do mesmo. Para além disso, foi membro das equipas de elaboração das provas de exame de 1975 a 1978 nos distritos de Leiria

e Santarém e corrector de provas de exame da disciplina de Física e Ciências Físico-Químicas em vários anos lectivos. Destacou-se enquanto coordenador da comissão “Politécnico 97”, no início do ano lectivo 1996/97, para promoção e divulgação do Instituto Politécnico de Tomar e Abertura Solene do ano lectivo.No Instituto Politécnico de Tomar foi nomeado Vice-presidente pela primeira vez em 2002 e, depois, em 2004. Em 2005 alcançou o lugar de maior prestigio na cidade que sempre o acolheu, tendo sido eleito presidente do Instituto Politécnico de Tomar no passado dia 6 de Junho.É autor de inúmeros trabalhos de investigação na área da Física e na Formação de Professores, tendo também uma participação activa em debates/seminários e conferências relacionados com estas áreas.

D.C.

| ENTREVISTA | NOVO PRESIDENTE DO IPT, ANTÓNIO PIRES DA SILVA

poucos alunos. Com o passar dos anos, esta situação teria que influenciar o ensino superior.

E no caso particular do IPT?O IPT é um caso muito particular no

sentido em que é um instituto muito recente, a funcionar enquanto estrutu-ra pública desde 1999, o que influencia as questões de financiamento. Anti-gamente, existia um plafond máximo atribuído às Escolas que não tinha em conta o número total de alunos, por exemplo o Politécnico já teve cerca de 100 alunos não subsidiados. Agora com a nova fórmula de financiamento as contas são feitas de uma outra forma que não nos favorece.

Vê algum entrave pelo facto de o IPT estar situado no interior do pa-ís?

Não só por estar no interior do país, mas também, porque geograficamente está rodeado de instituições de Ensino Superior, como por exemplo, os Insti-tutos Politécnicos de Santarém, de Por-talegre, de Castelo Branco, de Coimbra e de Leiria. Contudo, tendo em conta a oferta de cursos de excelência, fruto do esforço que tem sido desenvolvido, pensamos que o Politécnico de Tomar continuará a ser uma instituição de referência.

A ESTA está em instalações pro-visórias há sete anos. Está a ser feito alguma coisa para alterar essa situ-ação?

Neste momento, estamos em cola-boração com a Câmara Municipal de Abrantes para melhorar as condições das instalações. Devido às dificuldades governamentais não se prevê para já qualquer mudança de instalações a qual terá que contar sempre, neces-sariamente, com o apoio da Câmara Municipal.

“Tendo em conta a oferta de cursos de excelência, fruto do esforço que tem sido de-senvolvido, pensamos que o Politécnico de Tomar continuará a ser uma instituição de referência.”

E D U C A Ç Ã O

Page 9: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 9

Observando, ao longe, as casas dispostas em forma de presépio encimadas pela im-ponente Igreja Matriz, senti-mos uma nostalgia que, por vezes, se pode confundir com uma certa mística. É assim que o concelho do Sardoal se apre-senta: um concelho que, ao longo dos seus 92 quilómetros quadrados, conjuga harmonio-samente o culto pelo histórico e o desenvolvimento.

Com cerca de quatro mil ha-bitantes, este é um concelho de características rurais, que encontra a dinamização eco-nómica numa pluralidade de recursos de pequena escala.

A população activa empre-gada deste município ronda as 1500 pessoas e, à semelhança da maioria dos concelhos da região, a sua estrutura eco-nómica tem vindo a sofrer alterações com a diminuição da mão-de-obra no sector pri-mário. Contudo, a industriali-zação detém ainda pouco peso na rede económica concelhia, sendo que a grande aposta, ac-tualmente, reside no comércio, na restauração e no desenvol-vimento do turismo rural.

Percorrendo este concelho na direcção do Sul entramos no seu concelho vizinho: Abrantes.

A imagem do Castelo no al-to da colina, relembra a impor-tância histórica desta cidade, contrasta com a imagem da zona industrial, situada num dos limites urbanos da cidade, que relembra a importância deste pólo no desenvolvimento industrial da região.

Caracterizada por um misto de história, desenvolvimento, antiguidade e modernidade, esta cidade apresenta-se como um pólo de unificação entre os vários concelhos limítrofes.

Com cerca de 42500 habi-tantes, distribuídos por 713 quilómetros quadrados, este é um concelho em franca ex-pansão e desenvolvimento, que emprega cerca de metade dos seus 17 mil habitantes, profis-sionalmente activos, no sector terciário.

Antagonismo políticoA familiaridade agradável

de um concelho contrasta com a importância do desenvolvi-mento industrial do outro.

Contudo, estes dois conce-

Polarização política ou personalização do voto?Quem viaja pelo Norte do Distrito de Santarém encontra, muito perto do seu limite territorial, dois concelhos que, devido à sua proximidade geográfica, podem ser considerados, pelos que não os conhecem, bastante similares.Contudo, se nos detivermos a observá-los, iremos encontrar duas realidades demográficas e políticas surpreendentemente diferentes a uma distância de escassos quilómetros.

Cláudia Costa

Olinda, 44 anos, é portadora de uma deficiência visual que lhe afecta a visão em cerca de 99 por cento. Tal como todos os portadores de doenças ou de deficiências físicas que os impeçam do direito de voto, esta eleitora vota acompanhada por um outro eleitor à sua escolha. No seu caso, Olinda opta ou pelo acompanhamento da irmã ou da mãe por “serem pessoas de confiança”. Devido à sua deficiência não ser evidente é-lhe obrigatório apresentar, em todos os actos eleitorais, um atestado comprovativo da sua incapacidade emitido pelo médico.

lhos limítrofes distinguem-se num outro aspecto: o poder político.

Enquanto os eleitores de Abrantes confiaram uma maioria absoluta ao Partido Socialista para a autarquia, elegendo Nelson de Carvalho para o quarto mandato conse-cutivo, no Sardoal os eleitores elegeram com maioria abso-luta o candidato do Partido Social-Democrata, Fernando Moleirinho, igualmente para o quarto mandato consecutivo.

Analisando os resultados dos últimos quatro actos eleitorais autárquicos, constatamos que existe uma tendência constante na vontade destes eleitores. Esta diferente linha eleitoral entre Abrantes e Sardoal levantam uma questão: serão as popula-ções destes concelhos vizinhos totalmente opostas ao nível da orientação política?

Para o presidente da autar-quia do Sardoal, em proces-sos de eleições autárquicas no Sardoal “há nitidamente um voto nas pessoas”, o que o leva a defender que, “em eleições autárquicas, os partidos não deviam concorrer, mas sim concorrer grupos de cidadãos para que as pessoas pudessem escolher livremente, sem obri-gações partidárias”.

Segundo este presidente de câmara, no Sardoal existe um conjunto de pessoas com ideias mais à esquerda e um outro grupo de pessoas que se identificam mais com a direi-ta, o que provoca, na maioria dos casos, retirando as eleições

autárquicas, “empates pratica-mente técnicos”.

Contudo, para Fernando Moleirinho, a grande diferen-ça entre Sardoal e Abrantes é o facto de “no Sardoal existir um sentimento quase bairrista que une as pessoas para defender a sua terra”.

Maria Pinto, eleitora no con-celho de Sardoal, afirma que “não votei no professor Mo-leirinho pelo partido dele, mas porque acredito que ele vai dar continuação à obra feita”.

Para o autarca do Sardoal, o facto de ter sido reeleito para o quarto mandato consecuti-vo prende-se com a obra feita, mas “especialmente porque as pessoas se identificam comigo porque participei sempre na vida da comunidade”.

Em relação a Abrantes, Fer-nando Moleirinho acredita que a conjuntura é diferente e que “as pessoas votam no parti-do”, contudo, para este autarca, “Nelson [Carvalho], hoje, já

tem factores a favor dele que são o ser suficientemente co-nhecido e ter obra feita”.

João Carvalho é eleitor no concelho de Abrantes e confir-ma as convicções de Fernando Moleirinho quando afirma: “Sou socialista e sempre votei no partido socialista, mas gos-to muito do nosso presidente e votaria nele, mesmo que fosse de outro partido”.

Em relação a esta questão Nelson de Carvalho pensa que, “na generalidade, nos municípios mais pequenos, há tendência para um voto personalizado mais forte e nos municípios de maior dimensão já há um voto partidário mais estável”. Ainda segundo este autarca, o fundamento desta tendência prende-se com o facto de nos concelhos mais pequenos ser possível “uma relação mais personalizada com os eleitores”.

Em relação ao município do qual é presidente, Nelson

Carvalho julga que Abrantes foge a essa lógica dos peque-nos municípios, mesmo não sendo uma grande metrópole: “Em Abrantes joga-se o que é a política da região, há uma componente política, partidá-ria, ideológica e de disputa pela hegemonia mais forte”.

Contudo, o autarca de Abrantes não afasta a perso-nalização do voto. “As quatro maiorias absolutas que tive, em parte, devem-se ao meu trabalho e à pessoa. Em todo o lado é assim, há flutuações que dependem da pessoa e da avaliação que os eleitores

fazem do trabalho feito” - ar-gumenta.

Segundo este autarca, ao longo da história Abrantes tem sido um concelho que “tem re-velado uma base eleitoral mais forte do Partido Socialista” e ao longo dos tempos têm existido “flutuações para cima em fun-ção das pessoas, da conjuntura, dos protagonistas”.

Nelson de Carvalho salienta ainda que, na sua opinião, em Abrantes estamos perante três importantes factores: “o traba-lho feito, a base sociológica e as flutuações devido à conjuntura nacional”.

Votar no Escuro

0

10

20

30

40

50

60

70

80PSD PS

2005200119971993

0

10

20

30

40

50

60PSD PS

2005200119971993

Resultados de Eleições Autárquicas em Sardoal(em percentagem)

Resultados de Eleições Autárquicas em Abrantes(em percentagem)

DADOS DA CNE

DADOS DA CNE

A vila e a cidade. Diferenças e semelhanças separadas por poucos quilómetros

P O L Í T I C A

Abrantes e Sardoal

CLÁUDIA COSTA

Page 10: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

10 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

Encontra-se em fase de construção o mais recente investimento infraestrutural desportivo do município de Abrantes: o primeiro campo de basebol com medidas oficiais em Portugal.

Classificada por Manuel Jorge Valamatos, vereador do pelouro do Desporto da Câ-mara Municipal de Abrantes (CMA), como uma aposta ar-rojada, a nova infra-estrutura, que se prevê seja inaugurada em Janeiro próximo, compre-ende um campo de Basebol, dois campos de Futebol de 7, um campo de Râguebi e gaiola de Atletismo.

Segundo o autarca, o pro-jecto resulta de um conjunto de coincidências felizes: “Ha-via necessidade de ocupar um espaço que se encontrava devoluto, e que estava inicial-mente pensado para courts de ténis, que exigiam uma maior envolvência infraestrutural, e concluímos que não era a melhor solução. A ideia nas-ceu quando o presidente da CMA leu uma notícia num jornal que afirmava que não havia nenhum campo de ba-sebol com medidas oficiais em Portugal. Desenvolvemos alguns contactos com a Fede-

ração Portuguesa de Basebol, estivemos nalguns campos da Europa para perceber como é que o campo se estruturava, e percebemos que, para além de ser um campo de basebol, podia ser, e terá que ser, um espaço para muitas outras mo-dalidades, nomeadamente o futebol, o atletismo, o râguebi, o hóquei em campo e outras modalidades”.

Manuel Valamatos explica que com este novo espaço, o município de Abrantes passa a dispor de novas valências no sentido de “criar uma nova vivência do desporto”, apoiada numa oferta de qualidade aos munícipes, e num reforço de valências, como o Pavilhão Multiusos que a autarquia pretende instalar com vista ao desenvolvimento de activida-des de indoor.

Orçamentado em cerca de 550 mil euros, este inves-timento pretende dinamizar a actividade económica do concelho, como a hotelaria, a restauração e os espaços de lazer, atraindo o maior número de pessoas à região. Para tal, o vereador adianta que estão já previstas algumas actividades de âmbito nacional e interna-cional: “Teremos, no próximo ano, o Campeonato Europeu de Basebol, além do Portugal Meeting 2006, a maior prova

de orientação de âmbito inter-nacional, e o Circuito Mundial de Alas Abertas, com 10 km a nadar na Albufeira de Castelo de Bode”.

Utilizado como “arma de arremesso político” nas últimas eleições autárqui-cas, e também nas sessões da Assembleia Municipal, o Campo de Basebol em Abrantes é, ainda, visto por muitas pessoas como uma incógnita, dado não haver no concelho, praticantes destas novas modalidades. Manuel Jorge Valamatos ultrapassa essa indefinição com a aposta clara na atracção de pessoas ao concelho: “Sabemos que essas modalidades não são muito praticadas no nosso concelho, mas também não são na nossa região, nem no nosso país. Abrantes tem essa tendência de ser pioneira e original num conjunto de ac-tividades e intervenções. Daí que nos tenhamos saído bem nessa perspectiva da origina-lidade e da intervenção, de modo a atrair um conjunto de interesses de maior valia para o nosso concelho.”

Além de todas as novas in-tervenções previstas, este pro-jecto trará a Abrantes a Sede da Federação Portuguesa de Ba-sebol e de Softbol, tornando a cidade na capital do basebol. Como nasceu a ideia do Basebol em Por-

tugal?As primeiras equipas eram constituídas por

ex-emigrantes da Venezuela. A ideia surge um bocado destas raízes. Com eles começaram a aparecer as primeiras equipas em Portugal: uma no Seixal, uma em Sta. Maria da Feira, outra em Oliveira de Azeméis, concentradas também ali na zona de Estarreja. Tudo por influência das origens. Foi há 12 anos atrás.

Como tem vindo a evoluir a modalidade no nosso país? Quer ao nível de número de prati-cantes quer ao nível de número de clubes?

A modalidade teve um crescimento extre-mamente rápido nos primeiros anos. De 1996 a 1999 esse crescimento foi muito acelerado. Des-de 2004, ano em que a actual direcção tomou posse, o crescimento foi outra vez aumentando, apareceram mais cinco equipas na Liga, mais os escalões escolares, etc. Estão sempre a aparecer novas equipas.

As expectativas criadas pela Federação Portuguesa de Basebol e Softbol têm sido superadas?

Têm sido conseguidas e habitualmente superadas muito acima daquilo que nós espe-raríamos. É uma modalidade que tem muitas dificuldades, não só pela questão monetária,

porque é cara (o equipamento de basebol tem os seus custos), mas também pela dificuldade das infra-estruturas. Temos de jogar em cam-pos adaptados para a prática da modalidade. É evidente que isso implica muitas restrições em relação a uma série de eventos e de acti-vidades que se poderiam realizar e a outro tipo de propostas que a federação poderia pôr em prática. Pessoalmente, e falo dentro do prazo do meu mandato, acho que temos vindo a fazer um excelente trabalho e prova disso tem sido o mediatismo que vemos nos últimos dias.

Quais as perspectivas a curto e longo prazo para o futuro?

A curto prazo é, sem dúvida, aumentar e divulgar ao máximo a modalidade no nos-so país, fazer com que as pessoas saibam que existe basebol em Portugal, que existe basebol organizado, que existe uma modalidade que se pratica nas escolas. A longo prazo nós temos muito que fazer para que a Federação, com um crescimento moderado e consolidado, chegue à altura de outras federações do nosso país. As nossas expectativas são sempre modestas, mas queremos sempre aumentar o número de praticantes e evoluir para que o basebol português tenha uma representatividade ao nível da Europa. São objectivos genéricos, mas que são, de certa forma, a essência de todas as federações.

Nuno Carola

Novas infra-estruturas desportivas pretendem dinamizar a actividade económica do concelho

“A modalidade teveum crescimento rápido”André Canoa

ABRANTES, CAPITAL DO BASEBOL

D E S P O R T O

1. Campo de Basebol / 2 campos de Futebol 72. Balneários 3. Passeio envolvente 4. Estacionamento 5. Zona relvado

6. Árvores 7. Bancos 8. Piscinas 9. Campo nº1 10. Campo nº2 11. Gaiola de lançamentos

CAMPO DE BASEBOL

Manuel Valamatos. “Queremos criar uma nova atitude desportiva”

NUNO CAROLA

| ENTREVISTA |

SÓNIA MONTEIRO, PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE BASEBOL

Page 11: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 11

2

1

3

CONHECE O PROJECTO DO CAMPO DE BASEBOL NA CIDADE DESPORTIVA?

POSSUI ALGUM CONHECIMENTO SOBRE A PRÁTICA DO BASEBOL?

ACHA QUE ESTE PROJECTO PODERÁ TRAZER BENEFÍCIOS À REGIÃO?

1. Mal.2. Não.3. Em princípio, se for uma coisa de novidade, é sempre bom.

1. Como vou à piscina durante a semana, conheço a infra-estrutura em si, mas o projecto não conheço.2. Conhecimento, tenho através da televisão.3. Sempre que há a prática da modalidade, traz mais pessoas à cidade, mas como não é um desporto que aqui seja conhecido, acho que há outras coisas mais importantes.

1. Sei o que se vai lá fazer.2. Só através da televisão.3. Acho que agora é uma incógnita. Não sabemos se o basebol vai ser bem recebido ou não.

1. Não.2. Do que vejo na televisão.3. Muitos. Não só melhora a imagem da cidade, como também vai ajudar os jovens a terem mais com que praticar, não só o futebol que é o que mais se pratica cá na cidade.

Manuel Godinho59 anosGerente Comercial

Julieta Marchante39 anosEmpregada de Escritório

Vítor José Martins42 anosEncarregado de Armazém

Olívia Kustiuc25 anosAjudante de Lar

D E S P O R T O

O desporto que faz furor em Ter-ras do Tio Sam chegou a Portugal. Abrantes é hoje uma cidade plena de esperança para o futuro do basebol. Os abrantinos serão os primeiros em Portugal a possuírem um campo de-vidamente apropriado à prática da modalidade.

O basebol ainda é uma modalidade oculta no panorama desportivo por-tuguês. No entanto, começa a dar-se ao conhecimento nas escolas e através da existência de duas ligas (A e B) re-gidas por uma organização também

ela recente: a Federação Portuguesa de Basebol e Softbol.

Hoje em dia as grandes questões acer-ca deste desporto são: Como se pratica? Quais os objectivos/regras do jogo?

Em linhas muito gerais, no jogo de basebol existem duas equipas. O objec-tivo da equipa que está a atacar é fazer com que o jogador que bate a bola com o taco (batedor), após o batimento des-ta, largue o taco e se converta em “ve-locista” a fim de tocar nas quatro bases existentes pelo campo, antes do jogador da equipa adversária interceptar a bola.

De notar que existe um árbitro que ava-lia o lançamento da bola de uma equipa para o batedor da equipa contrária, ou seja, a bola tem de ser lançada num de-terminado perímetro para que a jogada possa prosseguir e ser válida.

Este é um subtil desvendar do pa-no, sendo que o desporto que move multidões nos E.U.A. tem uma maior complexidade de regras/normas que orientam o envolvimento dos jogadores em campo.

A. C.

Inquérito

COMOSE JOGA

Bola € 41,37

Cinto € 5,09

Boné € 7,75

Taco € 49,13

Luvas € 39,65

Máscara € 18,96

Peitoral € 31,03

Caneleiras € 68,09

Botas € 76,72

T-shirt € 22,42

Calças € 27,98

Não sendo propriamente um desporto de elite, também não é acessível a qualquer bolso. A espe-cificidade da modalidade, caracterizada por uma exigente resistência material do equipamento, jus-tifica os elevados preços com que nos deparamos. Os preços aqui apresentados foram recolhidos em agentes comerciais devidamente informados e co-

nhecedores da prática.Em Abrantes ainda não se vêem movimentações

dos comerciantes nesse sentido, à excepção das “Lo-jas Chinesas”, que dispõem há já algum tempo de equipamento a preços muito acessíveis. Resta saber quantas tacadas aguentarão as bolas, e a quantas bolas resistirão os tacos.

QUANTO CUSTA O EQUIPAMENTO

Page 12: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

12 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

Como é que surgiu a escrita e o que o motivou para escrever?

Sempre gostei do universo do fantástico, de criar os meus mun-dos, de brincar com a minha ima-ginação. Considero a escrita uma forma de ocupar o meu tempo livre.

Qual foi a primeira experiência literária que teve?

O livro de aventuras, que o meu computador fez questão de apa-gar. Foi após este “aviso” que o meu computador me fez que pensei que o caminho da aventura não era o caminho mais adequado. Decidi, então, começar a escrever o meu primeiro romance.

O que o leva a escrever sem parar?

Quanto mais escrevo, mais ideias tenho. Na altura em que escrevi o meu primeiro romance, surgiram ideias para mais dois que já se en-contram terminados. Actualmen-te tenho sete livros acabados, isto é, quatro romances, dois contos infantis e um livro de ficção, que pertence a uma triologia.

Qual é essa triologia?A triologia “Jogos Fatais”. O

centro da história é a Mitologia do Antigo Egipto. Deuses, humanos e outras criaturas enfrentam vários desafios para conquistar o Poder Supremo. É uma triologia sobre os limites da razão e da loucura.

Quando e onde gosta de escre-ver?

Regra geral, escrevo de madru-gada entre as 5h00 e as 7h00, na sala da minha casa, visto que é o local e a hora em que encontro sossego.

Como surgem as histórias e as personagens dos seus livros?

Nos romances, as histórias vão surgindo nu-ma tentativa de exploração dos opostos, mas também com alguma crítica social porque é um assunto que me fascina. As personagens, a nível físico, retratam pessoas que conheço e a nível psicológico posso dizer que vão sendo deta-lhadas para o efeito, isto é, consoante a história, vou-as trabalhando. No entanto, são elas que assumem o controlo da situação. Sobre a ficção já falei anteriormente. Nos contos infantis, tento explorar as fantasias da minha infância.

Qual é o objectivo dos seus livros? Tem al-guma mensagem entre linhas?

O objectivo é a diversão, a reflexão e a crítica

social intensa. Todos os meus livros apresen-tam mensagens, excepto os contos infantis. São abordados temas como a homossexualidade, a relação pais-filhos, e a toxicodependência de forma mais ligeira.

Nunca teve medo de ser mal compreen-dido?

Não, esse medo nunca me incomodou. Ha-bituei-me a explorar a má compreensão das pessoas e aproveitei esse facto para chocar.

Nunca pensou em editar um livro?Sim. Tenho tentado, mas os apoios têm sido

insuficientes. Para a edição de um livro é neces-sário capital, que eu não disponho. Também já efectuei apelo a várias instituições, no entanto a resposta foi sempre negativa

E concursos literários? Já participou em algum?

Sim. Já participei em alguns, sem grande su-

cesso até ao momento. O último em que participei foi promovido pelo “Expresso” e pela Fundação Calouste Gulbenkian e terminou sem vencedores. Não ganhei nem perdi.

Como é que um concurso ter-mina sem vencedores?

Não sei. Segundo as entidades que promoveram o concurso, ne-nhuma das obras a concurso atin-giu os parâmetros de qualidade e originalidade que estes preten-diam. O mais estranho é que no regulamento não existia nenhuma secção que referisse tal necessida-de. O regulamento até é bastante vago, não definindo sequer um estilo de literatura específico. Já pedi esclarecimentos a uma das entidades promotoras, mas conti-nuo sem resposta.

O que dizem os seus familiares acerca do que escreve?

A maior parte dos meus familia-res gosta do que escrevo, no entanto já me confrontei com situações mais tensas devido a certas temáticas.

E os amigos?Apesar da maioria gostar, es-

pecialmente aqueles que se en-quadram com as personagens, há quem, felizmente, os critique. No entanto, apesar das críticas, hou-ve mesmo quem afirmasse que os livros se tornam obsessivos e que por esse motivo têm de ser lidos até ao fim.

Quais as piores críticas que fi-zeram aos seus livros?

Houve quem os considerasse de-masiado “light”. Outros dizem que me perco nas descrições de ambien-

tes e de espaços. Eu aceito as críticas, mas con-tinuo a pensar que o leitor merece conhecer os espaços pelos quais se move a minha imaginação. Onde vivem as personagens, como se vestem, o que comem, tudo é devido ao leitor.

Já tentou mais alguma coisa, além de es-crever livros?

Já. Tenho uma peça de teatro terminada, à espera de quem lhe pegue e estou a meio de concluir um segundo guião. Também escrevi uma mini-série televisiva de seis episódios, que está a ser avaliada pelos entendidos na matéria. Agora só me resta esperar.

Numa frase defina o que é para si a escri-ta?

A escrita é uma porta que me permite explorar os meus mundos privados. Considero-a um exercício de puro egoísmo, visto que, quando escrevo, é de mim para mim.

Está tudo a postos para a realiza-ção do maior Encontro de Estudantes Cabo-Verdianos que se realiza em Portugal. Este ano a cidade de Tomar é a anfitriã do evento, que decorre de 30 de Novembro a 4 de Dezembro, sob o lema “Duas Comunidades, Um Povo”.

O Encontro, que anualmente reúne mais de mil estudantes, é já um marco na vida académica cabo-verdiana em Portugal. A iniciativa começou em 1995 na cidade de Aveiro e já passou

por várias cidades, de entre as quais Braga e Coimbra. Cabe, desta vez, à Associação de Estudantes Africanos do Instituto Politécnico de Tomar (AEA–IPT) a sua prossecução, por votação unânime das associações de estudantes cabo-verdianos espalhados pelos vários estabelecimentos de ensi-no superior no país.

Para além da confraternização pre-tendida entre os académicos cabo-verdianos e o povo português, o 10º aniversário do certame não passará despercebido. Conforme explica o presidente da AEA–IPT, José Maria Tavares, este ano resolveu-se “come-

morá-lo de forma especial, convidan-do outras associações cabo-verdianas que não sejam apenas as de estudantes”. A intenção, e tendo em conta o lema, é, realça José Tavares, “dar o primeiro passo para um convívio mais próximo entre os estudantes e os imigrantes”. E acrescenta: “Queremos trabalhar de perto com outras associações, discu-tir os problemas com eles e procurar soluções para os mesmos”.

Durante os cinco dias do Encontro são várias as actividades a serem leva-das a cabo. Destacam-se torneios de futebol de salão e de basquetebol com a participação especial da Associação

Cultural Moinho da Juventude e da Associação de Estudantes Cabo-Ver-dianos do Rio de Janeiro.Está tam-bém previsto um concurso musical e a realização de saraus culturais com convidados da cena musical cabo-ver-diana como Tcheka, Heavy H e Tito Paris, para além de fóruns de debate e de discussão que vão focalizar a co-munidade cabo-verdiana em Portugal com a presença de representantes de diversas associações.

O Encontro reúne anualmente mais de mil estudantes cabo-verdianos.

A sub-região de Santarém e o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), em parceria com a Câmara Municipal de Abrantes, estão a desenvolver um pro-jecto inovador, denominado Alta Segu-ra. Esta iniciativa é da responsabilidade da Unidade Coordenadora Funcional (UCF), vertente de saúde materna e neonatal, do Ribatejo Norte. O que se pretende é atribuir a todos os recém nascidos da maternidade de Abrantes uma cadeira própria para transporte adequado.

Para além da componente do em-préstimo da cadeira, este projecto pre-tende sensibilizar os técnicos de saúde e promover atitudes responsáveis dos pais face ao transporte das crianças no automóvel. Deste modo, pretende-se assegurar o correcto transporte dos recém-nascidos, depois de terem tido “alta” da maternidade.

Com o objectivo de divulgar este novo projecto, realizou-se no passado dia 11 de Novembro um congresso em Constância, no qual o projecto Alta Se-gura foi tido como um contributo para a redução do índice de mortalidade infan-til através do uso correcto dos Sistemas de Retenção das Crianças (SRC).

O congresso contou com a presen-ça de Fernando Afoito, coordenador da sub-região de Saúde de Santarém, de António Lourenço, subdirector da região de Saúde de Santarém, e de Sil-vino Alcaravela, director do CHMT. Na iniciativa participaram também médicos de família, enfermeiros, pe-diatras, obstetras e técnicos do Serviço Social. Fernando Afoito mostrou-se satisfeito com o desenvolvimento do novo projecto. A Câmara Municipal de Abrantes, que nesta primeira fase do projecto ofereceu 30 cadeiras, também marcou presença.

A operacionalização do projecto foi uma das questões abordadas ao longo do congresso. Segundo Paula Gil, enfer-meira de cuidados primários do Centro de Saúde de Abrantes, só a articulação entre os diferentes centros de saúde e as várias unidades do CHMT permite a funcionalização do projecto, pelo que serão traçadas linhas de orientação às diferentes unidades de cuidado.

Relativamente à prestação deste ser-viço, terão prioridade, até uma semana, as famílias que ainda não adquiriram SRC, mas que se prevêem a sua compra. Poderão usufruir das cadeiras por um período até nove meses as famílias com dificuldades, sinalizadas pelos centros de saúde ou pelos serviços sociais.

Para que os recém-nascidos benefi-ciem desde serviço é necessário que os pais preencham alguns documentos, nomeadamente o título de empréstimo (que fica na maternidade e que se tem como um termo de responsabilidade), uma ficha de notificação de acidentes, a ficha da cadeira e um carimbo no boletim de Saúde Infantil e notícias de nascimento. Após utilização deste ser-viço a cadeira retorna à maternidade, através do centro de saúde da área de residência da família.

Embora o SRC ainda não esteja em vigor, espera-se que seja um sucesso e que contribua para uma maior e me-lhor segurança dos recém-nascidos na sua primeira exposição ao risco de acidente.

“Um exercício de puro egoísmo”

Helena Sofia Macedo

PROJECTO ALTA SEGURA VISA GARANTIR A SEGURANÇA NEO-NATALEunice Pinto

Jefferson Gomes

Tomar acolhe X Encontro de Estudantes Cabo-Verdianos

C U L T U R A

“Habituei-me a explorar a má compreensão das pessoas e aproveitei

esse facto para chocar”

VERA INÁCIO

“Sonhador, criador e escritor”. É com estas palavras que Tiago se descreve, enquanto a caneta completa mais um parágrafo do seu novo romance. Com 19 anos, a estudar Comunicação Social na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, Tiago André Ferreira Lopes tenta realizar o seu maior sonho: ser escritor.

| ENTREVISTA | TIAGO LOPES, UM JOVEM ESCRITOR À ESPERA DE UMA OPORTUNIDADE

Page 13: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 13

O Museu Municipal D. Lopo de Almeida, em Abrantes, surge de por-tas abertas para quem não esqueceu o valor da cultura. Contudo, segun-do a arqueóloga da Câmara Munici-pal, Filomena Gaspar, “os abrantinos conhecem e frequentam pouco o museu e são maioritariamente as pessoas de fora que o visitam”.

No Verão decorreu uma expo-sição temporária, que reunia arte contemporânea com arte medie-val. Neste momento está a decor-rer novamente, devendo encerrar no início de Dezembro. Filomena Gaspar lamenta que quem vive em Abrantes se interesse pouco pelo núcleo museológico que dirige e, consequentemente, pelas exposições que ali se organizam.

Na perspectiva da arqueóloga, ao

A quadra natalícia chegou. Muitas actividades alusivas à efeméride estão programadas para Abrantes, mas nem só do Natal se fala na agenda cultural. O destaque do mês vai para a exposição “Representações da Natividade: presépios de Fernando Canha da Silva”, que está patente ao público na Biblioteca Municipal António Botto desde o dia 30 de Novembro até ao dia 6 de Janeiro de 2006.Fernando Canha da Silva colecciona presépios há mais de vinte anos, tendo já uma colecção de mais de 1200 exemplares provenientes de todo o mundo. Representam um riquíssimo repositório artístico deste episódio cristão e, ao mesmo tempo, a expressão de um variado leque de culturas que, nos seus diferentes modos de ser e de ver, se encontram numa representação de paz, harmonia e fraternidade, mensagens que se pretende transmitir aos visitantes da exposição. A agenda cultural de Dezembro não foca apenas o Natal. O realce recai ainda sobre duas outras actividades paralelas, também programadas pela Biblioteca Botto. Uma é a sessão de formação e animação denominada “Histórias da Nossa Terra”, marcada para o dia 7 de Dezembro, em parceria com a Pirâmide Mágica. Pretende-se com a actividade que os nossos idosos contem as histórias e lendas das suas terras e demais peripécias das suas vivências que achem dignas de relevo. A outra, agendada para o dia 14 de Dezembro, enquadra-se na rubrica “Vozes dos Livros” da Botto e visa o lançamento da obra “Crónicas de Maldizer” de Eurico Heitor Consciência. Este livro foi editado pelo JorTejo Edições e é uma recolha seleccionada das crónicas de Eurico Heitor Consciência publicadas no semanário “O Ribatejo”.

Jefferson Gomes

Ao ritmo do Hip Hop dos “New Beat”, iniciou-se o es-pectáculo “Trapos e Palavras em Movimento”. Decorreu em Outubro, no Pavilhão da Casa do Povo de Aveiras

de Cima, no concelho da Azambuja, com o objectivo de angariar fundos para a Instituição Casa do Pombal – A Mãe.

A Associação Casa do Pombal – A Mãe foi criada em 1999 pelo Padre Antó-nio José de Barros Cardoso. O seu intuito é o de apoiar

e acolher crianças vítimas de maus-tratos, abandono, desamparo ou em condições que possam colocar a sua segurança e bem-estar em causa. Esta associação con-ta com o apoio do Estado e de muitos particulares, que unem os seus esforços para que as crianças que acolhem

tenham uma vida melhor. O lema daquela instituição é que “toda a criança tem direito à dignidade e feli-cidade, a ter esperança no futuro e a crescer com afecto, auto-estima e confiança”.

O espectáculo contou com a participação de Cláudia Brum, manequim professio-

nal, e de Jordana Jardel, irmã de Mário Jardel, ex-jogador do Sporting Clube de Portu-gal. A companhia de dança contemporânea de Leiria “8 Tempos”, os grupos Musi-cais “Estado de Espírito” e “New Beat” também mar-caram presença. O desfile de moda da designer Madalena

Toscany foi outro atractivo do espectáculo.

Segundo Cláudia Brum, “um evento como este é sempre louvável, uma vez que é para ajudar crianças abandonadas”. A manequim defende que em Portugal de-veria haver mais casas como esta.

C U L T U R A

Museu Municipal D. Lopo de Almeida, entre muralhas, mas de portas abertas

“Uma terra não cresce se não gostarmos dela”Charlene Izaque

PROPOSTAS DE ACTIVIDADES CULTURAIS

Trapos e palavras em movimentoCatarina Véstia

Filomena Gaspar. “Este executivo tem vontade de alterar a realidade que nós cá tínhamos”

CHARLENE IZAQUE

nível do município, “as coisas têm vindo a mudar(...)Este executivo tem vontade de alterar a realidade que nós cá tínhamos”. A atitude da popu-lação é a mais difícil de mudar: “As pessoas ainda continuam de costas viradas para o Castelo e para cultura em geral. Uma terra não cresce se não gostarmos dela”.

O sr. Manuel, de 72 anos, habi-tante de Abrantes, justifica as suas poucas visitas ao núcleo museológi-co, que inclui o Castelo: “Fica muito longe…o caminho é grande e eu já estou velho!” Os jovens apresentam outras razões para o afastamento. “ Nós conhecemos o Castelo, mas temos pouco tempo para lá ir” – jus-tificam Maria, de 18 anos, e António, de 16. A falta de disponibilidade é também o problema de José, de 42 anos: “Já fui algumas vezes ao Cas-telo, mas não sei o que há a nível de exposições. O trabalho é muito e o tempo é pouco”.

Diogo Oleiro foi quem formou o museu, recolhendo espólio em Abran-tes, Mação, Sardoal e Constância. O museu começou a funcionar em 1921 e foi o sexto do país. O Castelo/Forta-leza constitui uma das marcas mais significativas da fundação da cidade. Assim como a Igreja Santa Maria do Castelo, fundada por D. Diogo Fer-nandes de Almeida, data do século XII e é considerada monumento nacional. Situada no interior da fortaleza, trata-se de um templo com um arco triunfal, tectos de madeira modernos e portas góticas. A arte sacra, a etnografia, a paramentaria e os objectos arqueoló-gicos, são algumas peças que se pode vislumbrar.

O núcleo museológico depen-de exclusivamente da Câmara de Abrantes mas, segundo Filomena Gaspar, “existem grandes assimetrias entre municípios e este é um municí-pio pobre, logo as verbas são muito reduzidas”. As burocracias também têm o seu lugar, a arqueóloga con-firma que existe um problema legal: “As muralhas estão classificadas e sobre a tutela do IPPAR. A Igreja sendo monumento nacional, per-tence às Igrejas nacionais e o museu é tutela da Câmara. Quando precisa-mos de fazer uma pequena obra ou reparação, temos que recorrer a três entidades e pedir autorização”.

Castelo de Abrantes. Uma das marcas mais significativas da fundação da cidade

CHARLENE IZAQUE

Page 14: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

14 | ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005

À s 12 ho-ras do quinto dia do mês de Março nascia no nº4 da Rua das Giestas a sexta filha de D.Guilhermina e Gregório Gracindo.

A criança, a quem o pai deu o nome de Gra-ciete em memória da sua mãezinha já falecida, chorou durante 13 dias e 18 horas, facto que foi comentado na Aldeia da Graça por todas as pessoas que lá viviam.

- A criança não queria nascer! – diziamA sua mãe, mulher robusta e sorridente, ficou

muito desgostosa e fazia tudo para tentar alegrar a sua menina mas a única coisa que conseguiu foi emagrecer 26 quilos, conseguindo provar que tratar de um filho era sempre mais eficaz que qualquer dieta.

Os anos passaram e Graciete continuava na

mesma. Chorava a toda a hora e os pais da me-nina acharam, por bem, levá-la a um especialista não estivesse a pobrezinha embruxada ou com al-gum problema ainda mas grave. Havia na Aldeia da Graça apenas um médico, o que no entender de D.Guilhermina era mais que suficiente uma vez que todos estudam o mesmo.

O Dr. Godofredo, homem conceituado entre os habitantes e conhecido por cheirar a desinfec-tantes, fruto da sua fixação em último grau pela limpeza, foi assim, à falta de melhor, o escolhido para examinar a menina. Não será preciso dizer que a consulta se mostrou uma tarefa digna de um herói épico capaz de aturar a maior gritaria alguma vez ouvida em todo o bairro. Ao fim de algumas horas o diagnóstico estava feito e o Dr. Godofredo foi peremptório:

- Esta criança sofre de insatisfação crónica. A D. Guilhermina não deve ter satisfeito os seus desejos enquanto estava grávida. E agora, aí está! Não há volta a dar, vão ter que aprender a lidar com a fedelha.

- Valha-me Nossa Senhora dos Aflitos! Quer o Sô ‘Tor dizer que a minha menina não tem cura? – perguntou Gregório Gracindo estarrecido.

- Recomendo que beba chá de Paciência, não a criança, mas a senhora sua mãe que pelo que estes meus olhos vêem e estes pobres ouvidos ouvem bem deve precisar. E agora, se me dão licença, está na hora da limpeza.

Depois de receber esta notícia D.Guilhermina esteve 19 horas sem falar com Gregório Gracin-do, que há exactamente 5 anos e 12 dias se havia recusado a levantar às 4 horas e 3 minutos da manhã para arranjar à esposa a sua fruta favorita. Ninguém tirava da cabeça da senhora que era este o motivo da insatisfação da sua menina e o facto de não haver morangos em Novembro era um pormenor que não lhe parecia relevante para a história.

Uma vez que a medicina não tinha solução para a pequena, a família Gracindo decidiu optar pela solução divina e pedir ajuda ao Padre Geor-gino. Todos os graciosos sabiam que o Sr. Padre gostava muito de viajar e que se não fosse feita

marcação com alguns meses de antecedência era difícil apanhá-lo na igreja.

Gregório Gracindo decidiu ligar para a TeleFé, um serviço com valor acrescentado mas que garantia resposta aos crentes.

- Se quiser fazer um pedido a S. Pedro pres-sione a tecla 1, para o Sto. António pressione a

tecla 2, para o S.João pressione a tecla 3. Se quiser pedir directamente ao Senhor por favor pressione o 0 e aguarde a sua vez. Obrigada.

Uma vez que o assunto requeria uma certa urgência Gregório Gracindo achou por bem falar directamente com a Entidade Máxima que recebeu o pedido após o sinal e prometeu resposta para breve. A verdade é que esta tardou e Graciete foi crescendo querendo sempre o contrário daquilo que lhe davam. Nunca estava feliz.

A menina insatisfeita queria usar máscaras no Natal e trocar prendas no Carnaval, que-ria dormir de dia e brincar de noite.

A Aldeia da Graça via assim crescer a mais complicada de todas as habitantes alguma vez conhecidas - tirando aquela velha que em tempos vivia por cima do talho do Sr. Gustavo e coleccionava dentes de alho por achar que aquele era um local favorável à visita de lobisomens.

O tempo tornou Graciete numa be-la jovem. Tinha aprendido a viver com a sua insatisfação e o seu estado de ansiedade. Sabia que não era feliz porque, apesar de ter os melhores pais do mundo- ou pelo menos da Aldeia da Graça, sentia sempre a falta de qualquer coisa que não tinha nome nem tinha rosto mas que sabia existir.

No dia do casamento da sua quinta irmã, a única que ainda era solteira, Graciete disse à sua mãe que queria arranjar noivo porque não estava nos seus planos ficar para tia. D.Guilhermina ficou de tal maneira preocupada com este desejo da sua filha que provou apenas metade das cerca de 748 sobremesas que findavam o copo de água.

O pai decidiu tornar público o desejo da sua filha mais nova e, uma vez que esta não era feia nem pobre, não demorou muito tempo a apare-cerem candidatos. Mas havia sempre qualquer coisa que não agradava a Graciete e o número de pretendentes diminuía a olhos vistos. Um era demasiado magro, o outro demasiado gordo, um falava demais e o outro era demasiado calado.

Às vezes, quando olhava para a lua desejando que fosse o sol, Graciete pensava que nunca iria encontrar ninguém para casar.

Durante os meses que se seguiram passaram pela casa da família Gracindo 158 candidatos dispostos a casar, ainda que todos tivessem me-do de ter como esposa uma jovem tão difícil de contentar. A sua beleza porém compensava qualquer sacrifício.

No dia do seu 20º aniversário Graciete Gra-cindo foi com a sua mãe ao mercado da aldeia comprar o que era preciso para a festa que não queria fazer mas que era obrigada a aceitar.

Era D.Guilhermina quem escolhia a fruta e as

hortaliças porque para a sua filha nunca estavam em condições. Achava a fruta ora demasiado verde ora demasiado madura. Abençoado chá de Paciência!

Enquanto a sua mãe pagava os limões, Gracie-te deambulava entre as bancas de fruta, criticava os preços e a qualidade das laranjas. Foi então que

Graciete viu entre todos os gra-ciosos que faziam as suas

compras

de Domingo um jovem que não conhecia. Não se lembrava que tivesse ido a sua casa oferecer-se para seu noivo. Fora talvez o único.

Era alto, usava um boné que lhe escondia os olhos e apregoava em cima de uma caixa de madeira:

- Fruta fresca, fruta barata! Vejam como estão vermelhos e brilhantes! - dizia enquanto sorria para todos os que passavam por si. Via-se que gostava de estar ali.

O frio que Graciete sentiu na sua barriga era igual àquele que tinha quando comia gelado de banana no inverno. Não percebeu porque o sen-tia, nem porque os seus lábios sorriam. O certo é que a partir daquele dia a menina insatisfeita passou a fazer de livre vontade as compras para a casa. Todas as semanas fazia questão de ir ao mercado.

Qualquer rapariga comum já se teria apre-sentado ao rapaz, mas Graciete decidiu esperar. Não sabia se o que sentia por ele era inveja ou admiração.

- Por que será que está sempre tão feliz?- pen-sava

As suas visitas não eram, no entanto, em vão.

Tinha conseguido descobrir onde vivia e o seu nome- Gustavo. A única coisa que piorou com as suas idas ao mercado foi a qualidade da fruta servida em casa dos Gracindo, mas a sua família não se importava porque pelo menos Graciete parecia, pela primeira vez, ser uma menina sa-tisfeita.

No terceiro domingo do mês de Maio, Gra-ciete, movida pela curiosidade que aumentava à mesma velocidade que aumentava o preço da

hortaliça, foi até à banca do rapaz e apressada-mente como quem pergunta o preço de um quilo de maças:

- Por que és tão alegre? - disse enquanto a menina dos seus olhos parecia dançar uma música orquestrada pelo compasso acelerado

do seu coraçãoGaspar olhou para a menina insa-

tisfeita e respondeu sem hesitar como quem esperava a pergunta

- Porque quando vivemos num mun-do que nos oferece tamanha beleza como

aquela que está perante os meus olhos não posso senão sorrir, cara donzela - disse com um sorriso aberto que mostrou os seus dentes

brilhantes- e a menina porque não se alegra? Está um belo dia de sol...

- Demasiado sol –interrompeu Graciete - Um belo dia para um passeio não acha? - Nem por isso- respondeu desconfiada- Se esperar que termine o meu trabalho irei

provar-lhe que está enganada e que não há dia mais belo que o de hoje.

A partir daquele dia em que Gaspar conseguiu convencer Graciete a acompanha-lo num passeio pela Aldeia da Graça, passaram a ser habituais os encontros entre os dois. O rapaz contava-lhe o que via em todas as aldeias que visitava a cada dia da semana. Gostava de ser vendedor. Cada aldeia era só por si um mercado de histórias e de gente e cada caminho que as separava era mais uma maravilha do mundo.

- O mundo não tem apenas sete maravilhas. Quem o disse não teve certamente tempo para as contar todas – gracejava

No dia em que Graciete contou ao rapaz do mercado que era, desde que nascera, uma me-nina insatisfeita Gaspar sorriu, olhou para ela e enquanto lhe afastava os longos cabelos do rosto disse:

- Que tristeza a tua de não conseguires perce-ber que sorrir é a melhor maneira que temos de agradecer aquilo que nos rodeia e aqueles que nos amam. Os teus dias são momentos e esses momentos são a tua vida. Aproveita-os e sorri, porque melhor é impossível.

Às 14 horas do oitavo dia do mês de Julho, Graciete e Gaspar celebravam na Igreja da Aldeia da Graça o seu casamento. Todos lá estavam, até o Padre Georgino. Graciete tinha finalmente percebido que o que realmente importa é saber aproveitar aquilo que a vida nos dá. A satisfação está nas pequenas coisas que nos fazem sorrir e saber tirar partido delas é saber viver.

O rapaz do mercado transformou Graciete numa mulher satisfeita e o facto de ser vende-dor de morangos não passou de uma simples coincidência.

Fim

Quero quem Quem eu nunca vi

Porque eu só quero quem Quem não conheci

(António Variações)

C O N T O

por Vera Agostinhoilustração Margarida Carvalho

A Menina Insatisfeita

Page 15: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

ESTA JORNAL • 30 de Novembro de 2005 | 15

Ultimamente tenho aprendido muito com certos e determinados políticos…lições de persistência e determinação, aliados a uma boa dose de loucura, Migo Mário Soares…isso é que é genica! Também me divertiu imenso… tudo porque o Mário é um “gra-çolas”, o facto do bucheichas ter acusado Cavaco Silva de ser «um candidato esfinge»; bom…todos nós sabemos que as esfinges têm uns bons milhões de anos em cima e que não são muito hábeis em movimento, isto está a fazer lembrar alguém!? Sim, porque ainda há aquela de desvalorizar os resulta-dos de uma sondagem, que dava vitória nas presidenciais a Cavaco, argumentando que «a sociedade é uma realidade dinâmica». Agora perguntamos o que é que este senhor entende por realidade afinal? Quando a sua própria candidatura é surreal. Mas… força

Quando ainda falta mais de um mês para o dia de Natal, já se sentem no ar os sinais típicos de que a quadra festiva está a chegar e, tenho a impressão, de que isto acontece cada vez mais cedo.

É tempo de assistirmos ao início da azáfama nas ruas com algumas montras já decoradas, a instalação da tão tradicional iluminação natalícia já vai acontecendo e, provavelmente, começamos já a pensar no que vamos oferecer àquele tio ou àquela tia que no ano anterior teve a gentileza de nos ofertar um belo par de peúgas. Evidentemente, também damos largas à nossa subtileza com discretas e cirúrgicas sugestões a pessoas, estrategicamente escolhidas pela sua proximidade e poder de compra, sobre aquilo que gostarí-amos de receber no Natal.

Contudo, o primeiro e mais evidente sinal de que a quadra natalícia está próxima chega-nos através dos meios de co-municação social, principalmente através da televisão, com os repetidos e sucessivos spots publicitários a brinquedos

para crianças que, de tão constantes, se tornam também uma tradição de Natal.

É evidente que a criança dentro de mim não fica indi-ferente aos anúncios de bonecas e Action Men mas, a esta distância etária do tempo em que a minha motivação era outra, fico um pouco assustado com o que se transmite às crianças através destes anúncios.

Recordo, por exemplo, um em que se apela à compra de um conjunto de bonecas muito in que viajam de carro e tiram fotos e que, para poderem criar um efeito mais completo, obrigam a dona a estar tão ou mais colorida que a maquilhagem aparente das ditas bonecas. Claro que no fim a recompensa chega através da inveja que as bonecas despertam nas amigas das donas.

Depois, temos toda uma gama de anúncios de bonecos de plástico, com musculatura sobre-humana e uma indu-mentária de deixar o governador do estado da Califórnia roxo de inveja, em situações de acção inverosímil, cujos

lemas são “matar”, “atacar”e “destruir”. Isto claro, apenas dois exemplos de um extenso manancial de anúncios do mesmo género.

Que se acautelem os Reis Magos no presépio! Um dia destes ainda vamos ouvir falar de um qualquer miúdo que, equipado com o seu Kit-Rambo ™, atentou à integridade das figuras do presépio gritando palavras de ordem de quem não nutre especial simpatia por personagens que usam turbante.

Obviamente que a própria conjuntura televisiva acaba por não tornar muito surpreendente os anúncios em si que bem encaixam no meio de tanto telelixo, como um qualquer cimento rasca no meio de tijolos de dúbia qualidade.

Por este andar, não me admirava nada que um dia destes surgisse um anúncio a apelar à compra da Barbie Divorciada. Esta teria a grande vantagem de, para além de não trazer o Ken atrelado a si, ainda incluir no conjunto o carro, a casa, as jóias… Enfim.

Um reino de Bobos

Natal é quando o homem quiser… uma vez por ano

H U M O R

por Charlene Izaque

Mariozito! Sem stress, nas calmas… Che-garás ao pódio concerteza, nem que seja de penico na mão e com a ajuda das bem ditas fraldinhas, pois…é que a incontinência é uma gaja sacaninha! Não podia esquecer o Nicolas Sarkozy, seria muito pouco gentil da minha parte, uma vez que este senhor tem muito para ensinar no que toca a boas maneiras e graciosidade…Ah meu pique-no folião…o Nicolas dá-lhe! … Sabe mui-to…coisas singelas do género “escumalha”, sem dúvida que arranha bem o francês e se arranha. Acho que as gentes dos subúrbios também arranhariam no “vedeta”, com o mesmo entusiasmo e afinco com que estão a arranhar a indústria automóvel!

Falando em arranhar…há gente que gosta muito de arranhar em hambúrgueres…são aqueles inteligentes concursos de hambúr-gueres! “Bora lá ver quem come mais…só são uns 50 seguidos! O quê? Tás com náuseas meu? A seguir vomitas páh! É só pra gente gozar uma beca com o pessoal que passa fome!” No último concurso deste género ganhou um chinoca, ultimamente os gajos andam a limpar tudo o que é concurso para encher o bucho. Acho que andam sempre com a agenda de concursos no bolso, (isto tudo em chinês): “ Oh Maria!!!...nos pró-ximos meses não há cá comida…é que eu tenho um concurso pa ganhar…diz que são 80 agora!” Por acaso agora não me ocorre o nome do gajo que ganhou o último concur-so, mas também não interessa, os gajos são todos iguais…pequenos, esgachadinhos, amarelados e sempre com as bogas em bico! O que faria necessariamente notícia era um concurso de hambúrgueres na Etiópia ou no Bangladesh. Outra coisa digna de notícia seria um indivíduo da Etiópia, com fome, desnutrição e com inanição, a despachar os 50 exemplares de hambúrgueres. Já estou a ver o que ele diria ao gabinete de imprensa: “Ah…correu bem…gostei muito e sempre tive oportunidade de abanar um pouco o ma-xilar! Já agora, o que era aquilo que eu estava a comer?” Mundo de bobos, o nosso…

por David Caetano

Page 16: ENTREVISTA JORNAL · JORNAL JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES DIRECTORA: HÁLIA COSTA SANTOS N.º 7 . ANO 3 . QUARTA-FEIRA,

Rá (Deus do Sol)16 de Julho a 15 de AgostoCarta: TranquilidadeAté Janeiro vai ter muito em que pensar e pouco tempo para o fazer. Aprenda a gerir horários. Período sensível peara os olhos. Dedique-se à vida do lar.

Neit (Deusa da Caça)16 de Agosto a 15 de SetembroCarta: TrabalhoDepois dos nativos de Ptah, seguem-se os nativos de Neit. Trabalhar vai ser a sua profissão e o seu lazer… Mas este é um trabalho que compensa. Esforce-se.

Maat (Deusa da Verdade)16 de Setembro a 15 de OutubroCarta: HerançaMuitos sonhos ficaram por realizar em 2005. O ano foi mesmo uma pequena decepção. Com esta carta o início de 2006 afigura-se mais risonho. Conselho: Sonhe!

Osíris (Deus da Renovação)16 de Outubro a 15 de NovembroCarta: DuplicidadePorque a coragem não é ausência de medo, tome decisões inadiáveis. Cuidado com os ciúmes no amor. Altura de fazer uma auto-reflexão. Será este o caminho?

Hator (Deusa da Adivinhação)16 de Novembro a 15 de DezembroCarta: FortunaFinalmente um bom ciclo económico. Não gaste em excesso. Invista! Solte o romantismo que existe em si. Cuidado com os seus pulmões.

Anúbis (Guardião dos Mortos)16 de Dezembro a 15 de JaneiroCarta: DesordemO caos veio e instalou-se. Arrume os seus pensamentos e deixe de lado as teimosias. Altura para reforçar laços familiares. Diga aos amigos o que pensa. Não se vai arrepender.

Bastet (Deusa Gato)16 de Janeiro a 15 de FevereiroCarta: IndecisãoOs nativos de Bastet já são por inseguros e com esta carta tudo se reforça. Não deixe conversas a meio. Confie mais em si! Não tenha medos de se explorar na cama.

Tauret (Deusa da Fertilidade)15 de Fevereiro a 15 de MarçoCarta: Juízo FinalBrinque com os seus amigos, se já os escolheu! Algumas amizades vão revelar-se muito importantes. Não fuja dos problemas. Resolva-os. Hidrate a sua pele.

Sekhmet (Deusa da Guerra)16 de Março a 15 de AbrilCarta: O LoucoVão surgir propostas profissionais interessantes. Estude-as com calma. Não tenha medo de assumir cargos de liderança. Cuidado com os excessos. Não seja infiel!

Ptah (Criador Universal)16 de Abril a 15 de MaioCarta: Roda da FortunaTrabalhou? Agora vai descansar. Esta é uma boa fase para receber os louros do seu esforço. Não se entregue ao absentismo. Desfrute. Seja mais paciente.

Tot (Deus da Escrita)16 de Maio a 15 de JunhoCarta: OfertaVai sentir alguma insegurança. Seja generoso! Mais do que receber, aprenda a dar. Excelente época para se dedicar a jogos de sedução e luxúria. Seja ousado!

Ísis (Deusa da Magia)16 de Junho a 15 de JulhoCarta: ForçaDeixe o passado de lado. Desenvolva as suas potencialidades, sem medo de errar. Só os Deuses não erram! Prepare-se para ser posta à prova. Atenção ás correntes de ar…

Quarta-Feira, 30 de Novembro de 2005ÚLTIMA

Neit (Deusa da Caça)16 de Agosto a 15 de SetembroCarta:Depois dos nativos de Ptah, seguem-se os nativos de Neit. Trabalhar vai ser a sua profissão e o seu lazer… Mas este é um trabalho que compensa. Esforce-se.

Osíris (Deus da Renovação)16 de Outubro a 15 de NovembroCarta:Porque a coragem não é ausência de medo, tome decisões inadiáveis. Cuidado com os ciúmes no amor. Altura de fazer uma auto-reflexão. Será este o caminho?

Ptah (Criador Universal)16 de Abril a 15 de MaioCarta:Trabalhou? Agora vai descansar. Esta é uma boa fase para receber os louros do seu esforço. Não se entregue ao absentismo. Desfrute. Seja mais paciente.

Rá (Deus do Sol)16 de Julho a 15 de AgostoCarta:Até Janeiro vai ter muito em que pensar e pouco tempo para o fazer. Aprenda a gerir horários. Período sensível peara os olhos. Dedique-se à vida do lar.

Sekhmet (Deusa da Guerra)16 de Março a 15 de AbrilCarta:Vão surgir propostas profissionais interessantes. Estude-as com calma. Não tenha medo de assumir cargos de liderança. Cuidado com os excessos. Não seja infiel!

Tauret (Deusa da Fertilidade)15 de Fevereiro a 15 de MarçoCarta:Brinque com os seus amigos, se já os escolheu! Algumas amizades vão revelar-se muito importantes. Não fuja dos problemas. Resolva-os. Hidrate a sua pele.

Tot (Deus da Escrita)16 de Maio a 15 de JunhoCarta:Vai sentir alguma insegurança. Seja generoso! Mais do que receber, aprenda a dar. Excelente época para se dedicar a jogos de sedução e luxúria. Seja ousado!

Anúb16 de Dezembro a 15 de JaneiroCarta:O caos veio e instalou-se. Arrume os seus pensamentos e deixe de lado as teimosias. Altura para reforçar laços familiares. Diga aos amigos o que pensa. Não se vai arrepender.

Bastet (Deusa Gato)16 de Janeiro a 15 de FevereiroCarta:Os nativos de Bastet já são por inseguros e com esta carta tudo se reforça. Não deixe conversas a meio. Confie mais em si! Não tenha medos de se explorar na cama.

Hator (Deusa da Adivinhação)16 de Novembro a 15 de DezembroCarta:Finalmente um bom ciclo económico. Não gaste em excesso. Invista! Solte o romantismo que existe em si. Cuidado com os seus pulmõe

Ísis (Deusa da Magia)16 de Junho a 15 de JulhoCarta:Deixe o passado de lado. Desenvolva as suas potencialidades, sem medo de errar. Só os Deuses não erram! Prepare-se para ser posta à prova. Atenção ás correntes de ar…

Maat (Deusa da Verdade)16 de Setembro a 15 de OutubroCarta:Muitos sonhos ficaram por realizar em 2005. O ano foi mesmo uma pequena decepção. Com esta carta o início de 2006 afigura-se mais risonho. Conselho: Sonhe!

Zodíaco Egípcio Previsões por Tiago Lopes

Branca, 41 anos, empregada auxiliar1. Não sei.2. Carlos Carvalhas.3. Não sei.

Matilde, 17 anos, estudante1. O corvo.2. Nélson de Carvalho.3. Cinco.

João José Alves, 59 anos, reformado1. O pelicano.2. Nelson. Não sei o apelido.3. Cinco, seis anos.

: TESTE À CULTURA ABRANTINA :

FILME – O “Doutor Jivago” porque é um filme que fala da Revolução Russa, retrata a transição de uma família perfeitamente estabelecida na nomenclatura anterior à revolução russa (tempo dos czares). O “Doutor Jivago” é sobre todas as dimensões, o filme que toca todos os assuntos mais relevantes, desde do drama de alguém que é médico, que é apanhado no meio da guerra, que é soldado ao mesmo tempo que é médico.

VIAGEM – Angola (Jamba, 1986), quando havia um conflito armado muito forte entre as forças do MPLA e as forças da Unita. Foi uma viagem profundamente marcante, não só pelo próprio risco que a viagem comportava, como pelo encontrar de novas culturas, novos hábitos de vida de uma população que eu não conhecia. Foi uma visita à África profunda, foi algo de marcante não só do ponto de vista político, mas também do ponto de vista humano.

MÚSICA – Gostei muito dos Beatles. São um conjunto que impressionantemente marcou a geração deles e as gerações seguintes. Gosto de música de intervenção, gosto de música cuja letra tem um significado e uma mensagem. Sou muito exigente nesse aspecto. Gosto imenso de ópera e de Beethoven.

PESSOA QUE MAIS O MARCOU – O meu avô porque era uma pessoa muito austera e além disso fui educado pelo meu avô. Foi a pessoa que nos momentos mais difíceis da minha vida, esteve sempre ao meu lado, só me exigia que fizesse o melhor possível. Também me inspirou ideais republicanos. Sou um católico pouco clerical também em função disso e sou um amante da terra e da natureza talvez

porque cresci numa quinta. Aprendi a gostar imenso de animais. O meu avô habituou-me a respeitar os animais.

DEFEITOS – Sou muito teimoso. Quando tenho uma ideia na cabeça raramente me afasto dela, até a ver concretizada. Aceito dificilmente um “não”, detesto dar o braço a torcer. Não sou muito organizado, tenho rasgos de organização ao contrário da minha mulher que é super-organizada.

VIRTUDES – Sou leal. A lealdade é um dos valores fundamentais da vida. A lealdade é um valor que se está a perder entre colegas, entre amigos. A lógica da vida é hoje muito interesseira, as pessoas relacionam-se cada vez mais em função do que posso ganhar com esta relação.

FOBIAS – Não gosto de andar de avião. Quando a viagem é longa entro muito bem disposto, mas a meio lembro-me que estou num avião e que pode cair. Também tenho medo de ficar fechado no elevador.

COMIDA FAVORITA – Carne de porco à alentejana.

LIVRO – “Os Maias” de Eça de Queirós. É o livro que mais leio quando estou triste e quando quero descansar, porque é muito tranquilizador. Sou um amante de Eça de Queirós porque Eça transporta-nos para uma realidade da sociedade portuguesa em muitos casos actual. É alguém que eu consigo estar a ver e a ler ao mesmo tempo.

Rafaela Santos

Manuel Monteiro

Manuel Monteiro, presidente da Nova Democracia e docente da

ESTA, não tem uma lógica determinista segundo a qual há um

filme ou um livro que marcam a vida, ao ponto de se dizer

que, logo a seguir, nunca mais somos exactamente a mesma

coisa. Mesmo assim, aceitou o convite do nosso jornal para

eleger o livro, o filme e as visitas que foram importantes

na sua vida.

As escolhas de…

1. QUAL O S ÍM B O LO DA C I DAD E?

2 . CO M O S E C HAMA O PR E S I D E NTE DA CÂMAR A MU N I C I PA L?

3 . QUANTO S AN O S TE M A E .S .T.A .?por Maria José de Sousa Vaz

VOX

POP

Respostas: 1. Corvo; 2. Nélson Carvalho; 3. Seis Respostas: 1. Corvo; 2. Nélson Carvalho; 3. Seis

Maria Joaquina, 66 anos, reformada1. Não sei.2. Não me lembro.3. Não sei

Filipa Santos, 18 anos, estudante1. Corvo.2. Nelson qualquer coisa.3. 34.

João Carpinteiro, 55 anos, servente1. Pombo2. Nélson de Carvalho.3. Seis.