editorial - exército brasileiro · revista de educaÇÃo fÍsica - nº 136 - marÇo de 2007 -...

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REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA - Nº 136 - MARÇO DE 2007 - PÁG. EDUCAÇÃO FÍSICA REVISTA DE Nº 136 MARÇO DE 2007 EDITORIAL Coincidentemente, no ano em que a Revista de Educação Física completa 75 anos, acontece, no Rio de Janeiro, em julho, o maior evento esportivo das Américas, os XV Jogos Pan-americanos. Nossa revista fomentou, ao longo de seus 75 anos, a Educação Física como qualidade de vida, de saúde e como fator preponderante para a melhoria e para o incremento da operacionalidade das Forças Armadas. Além de ser a primeira revista brasileira dedicada à Educação Física, é, hoje, a única totalmente digitalizada desde o seu primeiro número, datado de 1932. Como Comandante da Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), berço da Educação Física brasileira, é uma honra e um prazer muito grande poder escrever o editorial desta edição histórica. O cenário promissor da realização dos Jogos Pan-americanos, no Brasil, tem uma parcela considerável de responsabilidade do “Calção Preto”, como carinhosamente é conhecido o graduado pela EsEFEx, por sua dedicação ao ensino, à pesquisa, à consolidação de uma doutrina brasileira, enfim, à Educação Física. A participação do “Calção Preto” na história da Revista de Educação Física e dos Jogos Pan-americanos é facilmente constatada quando são citados nomes como: Adhemar Ferreira, João do Pulo, Sylvio Padilha, Cláudio Coutinho, Maria Lenk, entre tantos outros. Nomes que, por si só, já são suficientes para ratificar a grande responsabilidade de todos nós, integrantes do complexo da Fortaleza de São João, que trabalhamos em prol da Educação Física: Diretoria de Pesquisa e Estudos de Pessoal (DPEP), EsEFEx, Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército (IPCFEx), Comissão de Desportos do Exército (CDE) e Bateria Estácio de Sá. Os 75 anos desta Revista e a realização dos XV Jogos Pan-americanos também exigirão uma nova visão dos conceitos de administração desportiva, de organização de eventos esportivos, do incremento do uso da tecnologia como apoio ao treinamento e à pesquisa, de medidas antidoping e do conceito de ética voltado ao desporto e à pesquisa. Este ano marca, também, para nós, o início de uma nova era, após ingressarmos oficialmente na Rede do Centro de Excelência Nacional do Esporte, confirmando a seriedade com que sempre tratamos os diversos protocolos de avaliação e como encaramos a Educação Física e o desporto de alto rendimento. Todos nós, integrantes deste esplendoroso complexo da Urca, estamos conscientes da responsabilidade e estamos aptos a encarar os desafios do último quartil para os cem anos desta revista. Parabéns, “Calção Preto”, pelos 75 anos deste poderoso veículo de difusão do conhecimento científico da Educação Física brasileira. Boa leitura a todos. Ten Cel ANTONIO RUY COSTA JÚNIOR Comandante da Escola de Educação Física do Exército

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REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA - Nº 136 - MARÇO DE 2007 - PÁG.

EDUCAÇÃO FÍSICAREVISTA DE

Nº 136 MARÇO DE 2007

EDITORIAL

Coincidentemente,noanoemqueaRevistadeEducaçãoFísicacompleta75anos,acontece,noRio

deJaneiro,emjulho,omaioreventoesportivodasAméricas,osXVJogosPan-americanos.

Nossarevistafomentou,aolongodeseus75anos,aEducaçãoFísicacomoqualidadedevida,desaúde

ecomofatorpreponderanteparaamelhoriaeparaoincrementodaoperacionalidadedasForçasArmadas.

AlémdeseraprimeirarevistabrasileiradedicadaàEducaçãoFísica,é,hoje,aúnicatotalmentedigitalizada

desdeoseuprimeironúmero,datadode1932.

ComoComandantedaEscoladeEducaçãoFísicadoExército(EsEFEx),berçodaEducaçãoFísica

brasileira,éumahonraeumprazermuitograndepoderescreveroeditorialdestaediçãohistórica.

OcenáriopromissordarealizaçãodosJogosPan-americanos,noBrasil,temumaparcelaconsiderável

deresponsabilidadedo“CalçãoPreto”,comocarinhosamenteéconhecidoograduadopelaEsEFEx,porsua

dedicaçãoaoensino,àpesquisa,àconsolidaçãodeumadoutrinabrasileira,enfim,àEducaçãoFísica.

Aparticipaçãodo“CalçãoPreto”nahistóriadaRevistadeEducaçãoFísicaedosJogosPan-americanos

éfacilmenteconstatadaquandosãocitadosnomescomo:AdhemarFerreira,JoãodoPulo,SylvioPadilha,

CláudioCoutinho,MariaLenk,entretantosoutros.

Nomesque,porsisó,jásãosuficientespararatificaragranderesponsabilidadedetodosnós,integrantes

docomplexodaFortalezadeSãoJoão,quetrabalhamosemproldaEducaçãoFísica:DiretoriadePesquisa

eEstudosdePessoal(DPEP),EsEFEx,InstitutodePesquisadaCapacitaçãoFísicadoExército(IPCFEx),

ComissãodeDesportosdoExército(CDE)eBateriaEstáciodeSá.

Os75anosdestaRevistaearealizaçãodosXVJogosPan-americanostambémexigirãoumanovavisão

dosconceitosdeadministraçãodesportiva,deorganizaçãodeeventosesportivos,doincrementodousoda

tecnologiacomoapoioaotreinamentoeàpesquisa,demedidasantidopingedoconceitodeéticavoltadoao

desportoeàpesquisa.

Esteanomarca,também,paranós,oiníciodeumanovaera,apósingressarmosoficialmentenaRede

doCentrodeExcelênciaNacionaldoEsporte,confirmandoaseriedadecomquesempretratamososdiversos

protocolosdeavaliaçãoecomoencaramosaEducaçãoFísicaeodesportodealtorendimento.

Todosnós,integrantesdesteesplendorosocomplexodaUrca,estamosconscientesdaresponsabilidade

eestamosaptosaencararosdesafiosdoúltimoquartilparaoscemanosdestarevista.

Parabéns,“CalçãoPreto”,pelos75anosdestepoderosoveículodedifusãodoconhecimentocientífico

daEducaçãoFísicabrasileira.

Boaleituraatodos.

TenCelAnTOnIO Ruy COSTA JúnIORComandantedaEscoladeEducaçãoFísicadoExército

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ArtigoOriginal

ASPECTOS FISIOLÓGICOS E DE TREINAMENTO DE MOUNTAIN BIKERS BRASILEIROS

Vitor Pereira Costa1, Fábio Yuzo Nakamura2, Fernando Roberto de Oliveira3

1-LaboratóriodePesquisaMorfo-Funcional,CentrodeEducaçãoFísica,FisioterapiaeDesportos-UniversidadedoEstadodeSantaCatarina-Florianópolis-SC-Brasil.

2-GrupodeEstudodasAdaptaçõesFisiológicasaoTreinamento-UniversidadeEstadualdeLondrina-Londrina-PR-Brasil.

3-NúcleodeEstudosdoMovimentoHumano-UniversidadeFederaldeLavras-Lavras-MG–Brasil.

__________Recebidoem29.05.2006.Aceitoem09.11.2006.

Resumo

As decisões sobre estratégias de treinamentorequerem o conhecimento sobre as variáveisdeterminantesdaperformanceedascaracterísticasdosatletas.NoMountain Bike(MTB),verifica-seumcrescimentodonúmerodeatletasedecompetiçõesde alto nível, restando a necessidade de umadescriçãodevariáveisassociadasaestaevolução.O objetivo deste estudo foi descrever aspectosfisiológicos,nutricionaisedetreinamentodesportivoemmountain bikersbrasileiros.Vinteenovemountain bikers receberam um questionário com perguntassobrenutriçãoetreinamentodesportivo.Emseguida,foramsubmetidosaumtesteprogressivonociclo-simulador,com90–110rpm(rotaçõesporminuto),com carga inicial de 100 W e incremento de 30W a cada três min, até a exaustão.A freqüênciacardíaca (FC) foi registrada durante todo o teste.

Ascaracterísticasdosparticipantes revelamqueogrupoapresentaosvaloresdecargamáximaaeróbia(W

máx315,6±34,7W)ecarganopontodedeflexão

da freqüência cardíaca (WPDFC 258,2 ± 35,6 W)inferioresaosatletasdaeliteinternacionalnoMTB.Muitosatletasnãoapresentamacompanhamentodeprofissionalhabilitado,alémdenãoseremsubmetidosàavaliaçãofísica,oqueimplicanabaixautilizaçãodevariáveisfisiológicasparaprescriçãoecontroledotreinamento.83%utilizamsuplementosalimentaressemumaprescriçãoprofissional.Apesardaevoluçãoedaquantidadede informaçãoespecíficasobreoMTB, os dados obtidos indicam que grande partedosmountain bikersbrasileiroscontinuatreinandodeformaartística,emdiscordânciacomotreinamentodesportivocontemporâneo.

Palavras-chave: Mountain Bike, TreinamentoDesportivo,FreqüênciaCardíaca.

OriginalArticlePHySIOLOGICAL AnD TRAInInG ASPECTS OF

BRAZILIAn MOunTAIn BIKERS

Abstract

The decision about training strategies require theknowledgeofdeterminingvariablesofperformances

andthecharacteristicsofathletes.InMountainBike(MTB),ithasbeencheckedagrowthinthenumberofathletesandcompetitionsofhighlevel,remainigthenecessityofadescriptionofvariablesassociatedtothisevolution.Thegoalofthisstudywastodescribephysiological, nutritional and training aspects ofbrazilian mountain bikers. Twenty-nine mountainbikersreceivedaquestionnaireaboutnutritionandsports training. Then, they were submitted to aprogressivetestinthecycle-simulator,with90–110rpm(rotationsperminute),withaninitialchargeof

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100Wandanincreaseof30Wineverythreeminutes,until they got exhausted. Heart frequencies wereregisteredduring thewhole test.Thecharacteristicsof theparticipantsshowthat thegrouppresents thenumbersformaximumaerobiccharge(W

max315,6+

34,7W)andchargeatthedeflectionpointoftheheartfrequency (WDPHF 258,2 + 35,6 W) inferior to theinternationaleliteathletesofMTB.Manyathletesarenot advised by professionals; besides, they are notsubmittedtoaphysicalevaluation,whichimpliesalowutilizationofphysiologicalvariablestotheprecription

and control of trainings. 83% of them make use offoodsupplementswithoutthehelpofaprofessional.In spiteof theevolutionand thequantityof specificinformation about MTB, the collected data indicatethat a big amount of brazilian moutain bikers keeptraining artistically, disagreeing with contemporarysportstrainings.

Key words: Mountain Bike, SportsTraining, HeartFrequency.

InTRODuÇÃO

O mountain bike (MTB) é uma expansão dasmodalidades do ciclismo, sendo as principaiscompetições mundiais organizadas pela UniãoCiclísticaInternacional(UCI).Dentreasmodalidadesdisputadas,ocross-country (XC)éumdoseventosmaispopulares.As competições são realizadasemcircuito fechado, com trechos estreitos e sinuosos(single tracks),e/ouestradasabertas,geralmentecomapresençadeerosões,pedras,cascalhos, troncos,árvoresetravessiaemtrechoscomlama(PfeiffereKronish,1995).Aduraçãodoeventoestá,emgeral,entreduasatrêshorasparahomense1he45mina2he25minparaasmulheres(Baron,2001),comgrandeexigênciaaeróbiaeutilizaçãodeaproximadamente90%dafreqüênciacardíacamáxima(FC

máx)(Impellizzeriet

al.,2002).Emnívelinternacional,oconsumomáximodeoxigênio(VO

2máx)destesatletasestáacimade75

ml.kg-1.min-1(Leeetal.,2002;Impellizzerietal.,2005b).Noconjunto,estesdadossustentamanecessidadedeelevadaaptidãoaeróbiaparaqueoatletasuporteademandacompetitivadurantetodooevento.

No Brasil, dados do Laboratório de PesquisaMorfo-Funcional - Centro de Educação Física,FisioterapiaeDesportos,daUniversidadedoEstadodeSantaCatarina(Costa,2006)mostramqueosatletasdeXCsãosubmetidos,quandoparticipamdeetapadeCopadoMundo,aumestressefisiológicosimilaraodeatletasprofissionaisdenívelinternacional,apesardedisporemdemenoresvaloresdeVO

2máx-68,6±

4,3ml.kg-1.min-1,bemcomosugeremdeficiênciasnotreinamento empregado por estes atletas (Costa et

al.,2004).NaliteraturanacionalsobreXC,existeumalacunarelativaàscaracterísticasmorfofuncionaisdosatletas,informaçõesbásicasdetreinamentoeaspectosnutricionaisdapreparaçãodosmesmos.Apartirdestaconstatação, o objetivo desse estudo foi descreveralgumascaracterísticasmorfofuncionais,nutricionaisedetreinamentoemmountain bikersbrasileiros.

METODOLOGIA

Aamostrafoidotiponãoprobabilísticaintencional,sendo os atletas acessados a partir de contatostelefônicos.Vinteenovemountain bikers,participantesdecampeonatosestaduais,nacionaiseinternacionais,provenientesdacategoriajuvenilatésênior,participaramdoestudo.Osdadosforamobtidosapósassinaturadoconsentimentoinformado,commetodologiaaprovadapeloComitêdeÉticaemPesquisadaUniversidadedo Estado de Santa Catarina (número 017/05 -Florianópolis-Brasil).

Primeiramente, os participantes responderam aumquestionárioqueapresentaperguntas,demúltiplaescolhaediscursivas,referentesàexperiênciaeaovolumesemanaldetreinamento,aoacompanhamentoeàprescriçãoporpartedeprofissionaishabilitadossobreaspectosnutricionaisesuplementaçãodesportiva.Oquestionáriofoirespondidoindividualmente,emumasala,sendoque,aqualquerdúvidadosparticipantes,houvelivreconsultaaopesquisadorresponsável.

Emseguida,foirealizadaavaliaçãoantropométrica,com medidas de estatura (estadiômetro - Sanny®),massa corporal (balança eletrônica - Toledo®) e

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dobrascutâneas(compasso-Cescorf®).Foramfeitasmedidasdasdobrascutâneasnasregiõesdotórax,abdômenecoxa,compercentualdegordura(%G)estimadoatravésdaequaçãodeJacksonePollock(1978),sendoutilizadaapadronizaçãodeLohmanetal. (1988).Emconjunto, tambémfoi realizadoosomatóriodedobrascutâneas(SDC).

Posteriormente,osparticipantesforamsubmetidosa um teste progressivo, realizado na própriabicicleta do atleta, acoplada a um ciclo-simulador(CompuTrainerTMRacerMate8000,SeattleWA).Osatletasrealizaramaquecimentocomduraçãodeoitominutos,comcargade50watts(W),paraposteriorcalibraçãodociclo-simulador.Durantetodooteste,osatletasmantiveramfreqüêncianopedalentre90–110rotaçõesporminuto(rpm).Afaltadesustentaçãodacadênciadopedalentreestesintervalosfoiocritérioutilizadoparaainterrupçãodoteste.

Otestefoiiniciadocomcargade100Weincrementosde30Wacadatrêsminutos,atéexaustão.Duranteoteste,arelaçãopédevela/cassetefoifixadaem44/17paratodososatletas.

Quandoacargadoestágionãofoicompletada,acargamáxima(W

máx) foideterminadasegundoo

métododeKuipersetal.(1985):

Wmáx

=Pf+(t/180x30)

onde:Pf éacargaemWdoúltimoestágio, téotempo(s) doestágio incompleto, 180éo tempo(s)proposto para cada carga e 30 W é o valor doincrementodascargas.

Afreqüênciacardíaca(FC)foimonitoradadurantetodootesteatravésdecardio-freqüencímetrosPolar®(S610i).Opontodedeflexãodafreqüênciacardíaca(PDFC)foiidentificadopelométodoD

máx,atravésdo

empregodeumajustepolinomialdeterceiraordemedeterminaçãodeumareta,utilizandodoispontosparaasuadeterminação:oprimeirovalorsuperiorouiguala140bpmeaFC

máx.OPDFCfoiconsideradocomo

opontomaisdistanteentrearetaeacurvaajustada(Karaetal.,1996),sendodeterminadasacargaeaFCcorrespondente.Apercepçãosubjetivadeesforço(PSE)foimedidanofinaldecadaestágioapartirdaescalarazãode10pontosdeBorg(1982).

Os dados foram descritos em forma de média,desviopadrãoedistribuiçãodefreqüências(GraphPadPrism®4.0).

RESuLTADOS

Na TABELA 1, são apresentados os valoresdescritivosdascaracterísticasdosparticipantesdoestudo.

TABELA1

CARACTERÍSTICASDOSPARTICIPANTESDOESTUDO.

n=29mountain bikers.

Na TABELA 2, são apresentados os valoresdescritivos de variáveis máximas e sub-máximasdos participantes do estudo obtidas no testeprogressivo.

TABELA2

VARIÁVEISMÁXIMASESUB-MÁXIMASDOSPARTICIPANTESDOESTUDO.

FCmáx

(freqüênciacardíacamáxima),Wmáx

(cargamáxima),W

máx/kg(cargamáximarelativa),PSE

máx(percepçãosubjetiva

deesforçomáxima),PDFC(pontodedeflexãodafreqüênciacardíaca),WPDFC(carganopontodedeflexãodafreqüência

cardíaca),%(percentuaisdoesforçomáximo),n=29

mountain bikers.

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O questionário revelou que 90% dos atletasrecebiamalgumtipodeapoiooupatrocínio,sendoque83%jápensaramemabandonaroesporteporfaltadeincentivofinanceiro.NoGRÁFICO1,estáadescriçãodosprofissionaishabilitadosqueauxiliamnapreparaçãofísicadosatletas.

GRÁFICO1

DISTRIBUIÇÃOPERCENTUALDOSPROFISSIONAISQUEAUXILIAMNA

PREPARAÇÃODOSATLETAS.

Legenda:A(treinador),B(nutricionista),C(psicólogo),

D(massagista),E(fisioterapeuta)eF(nenhum).

Sobre a experiência de treinamento, em médiaogrupo treinahá6,4±4,1anos, sendoque76%dosmountain bikerspedalamentrecincoaseisdiassemanais.Emadição,34%pedalamentreseisa10horase52%entre10a15horassemanais.Todososatletasdescansampelomenosumdianasemana.Aofinaldatemporada,79%escolhementre15a30diasdeperíododetransição.

Apenas34%dosparticipantesjáforamsubmetidosa avaliações laboratoriais e de campo, sendo que24%utilizamasvariáveisidentificadasparaocontroledotreinamento.Sobreaorganizaçãodotreinamento,somente 24% utilizam periodização das cargasutilizadas.Sobreotreinamentocomplementar,38%realizam alongamentos, 34% musculação, 24%corridaeapenasumsujeitopraticanatação.Alémdisto,24%praticamdoisoumaisexercíciosfísicoscomplementares,e39%apenaspraticamMTB.

Emrelaçãoànutrição,86%dosmountain bikersrealizamentrequatroaseisrefeiçõesdiárias,sendo

que79%sealimentamatéumahoraapósassessõesdiáriasdetreinamento.Aproximadamente83%dosatletasingeremsuplementosalimentares(GRÁFICO2).Apenas14%nãoingeremnenhumsuplemento,enquanto 62% utilizam dois ou mais suplementosalimentares.

GRÁFICO2

DISTRIBUIÇÃOPERCENTUALDESUPLEMENTOSALIMENTARESCONSUMIDOS

PELOSMOUNTAIN BIKERS.

Legenda:A(carboidratos),B(aminoácidos),C(vitaminase

saisminerais),D(creatina)eE(outros).

DISCuSSÃO

As características dos atletas indicam que ogrupo apresenta reduzida massa corporal. Estesachados estão de acordo com a literatura, queregistravaloresde67,0±6,1e66,4±5,7kg(Costaetal.,2005;Impellizzerietal.,2005b).Emadição,obaixopercentualdegorduraestimado,adespeitodas diferentes técnicas utilizadas de uma formageral,tambémésemelhanteaoreportadoemoutrosestudos (Lee et al., 2002; Costa et al., 2005).Ascaracterísticas morfológicas encontradas nestesatletasrepresentaminformaçõesquepodemauxiliarnodesempenho,poisosparâmetrosfisiológicossãofreqüentementenormalizadosemrelaçãoàmassacorporal(Leeetal.,2002).

Impellizzerietal.(2005a,b)afirmamqueosfatoresmais importantes que afetam o desempenho nascompetiçõesdeXCsãoosindicadoresdepotênciaecapacidadeaeróbia,ambosnormalizadospelamassa

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corporal.Segundoosautores,asfortescorrelaçõesencontradaspodemserexplicadaspelasrepetidassubidasencontradasnoscircuitos.Leeetal.(2002)compararam as características morfo-fisiológicasentre ciclistas e mountain bikers, sendo que osvalores foram significantemente maiores para ogrupo de mountain bikers quando os parâmetrosforamexpressosrelativosàmassacorporal.Assim,percebe-se que o peso corporal, associado aoreduzido%G,constituicondiçãorelevanteparaosatletasquebuscamaprimorarseudesempenhonoXC.

Em relação às variáveis máximas, o grupo deatletas avaliados pelo teste progressivo apresentanível funcional (W

máx -315,6±34,7W) inferiorem

relaçãoaoreportadonaliteraturainternacionalparaatletas de calibre internacional. Lee et al. (2002)avaliaramumgrupodemountain bikers profissionaisaustralianos,verificandovaloresde413±36WnaW

máx. O protocolo utilizado empregou incrementos

de50Wacadacincominutos.Luciaetal. (2001)sugeremqueciclistasprofissionaisatingemaW

máx

mais elevada em protocolo com incremento decarga e estágios reduzidos. Neste sentido, ficaevidenteadiscrepânciadeaptidãoentreosatletasbrasileiros, neste estudo investigados, em relaçãoaosapresentadosporLeeetal.(2002).

QuandoaWmáx

foinormalizadaporalometria,percebe-se novamente que os valores sãoinferiores (4,7 ± 0,4 W.kg-1) aos atletas da eliteinternacional. Wilber et al. (1997) avaliaramatletasdeXCnorte-americanosquesedestacamemcompetiçõesdaCopadoMundo,sendoqueosvaloresencontradossãode5,9±0,3W.kg-1.Impellizzerietal.(2005b)investigarammountain bikers i tal ianos que disputam os principaiscampeonatosinternacionais,sendoqueosvaloresestão próximos a 6,4 ± 0,6 W.kg-1. Desta forma,percebe-sequeapotênciarelativaimprimidapelosatletasbrasileiros,aquiinvestigados,éreduzida.

A variável sub-máxima investigada foi o PDFC,que,normalmente,éreferenciadocomoumindicadordecapacidadeaeróbia(Karaetal.,1996;BoadnereRhodes,2000),comométodoalternativoenão-invasivopara a estimativa do segundo limiar de transiçãometabólica (LTM2) (Ribeiro et al., 1985). Nestesentido, os valores percentuais encontrados noPDFCsãoligeiramenteinferioresaosverificadosnosegundolimiardelactatoematletasinternacionais,

sendode93,3±1,5%(Impellizzerietal.,2002).Poroutrolado,Leeetal.(2002)utilizaramométodoD

máx

modificadoparaidentificaçãodeLTM2nacurvadelactato sangüíneo, sendo que o valor percentualemrelaçãoaW

máxfoisemelhanteaoencontradono

presenteestudo(82±4%).Apesar dos percentuais de intensidade do

PDFC e da WPDFC serem, de uma forma geral,semelhantes aos reportados em outros estudos,os valores absolutos e relativos à massa corporalsão significantemente inferiores aos de atletasinternacionais.Emalgunscasos, verifica-sequeacargaalcançadanoLTM2émaiselevadaqueaW

máx

atingidapelosatletasbrasileiros(Wilberetal.,1997;Leeetal.,2002;Impellizzerietal.,2005a,b).Dessaforma, percebe-se que o nível de aptidão aeróbiadosmountain bikersbrasileiros,oraanalisados,estáinferioraosdeprofissionaisamericanos,europeuseaustralianos.

Emrelaçãoaoquestionárioavaliado,verifica-seque 51% dos atletas não recebem algum tipo deacompanhamentodeumprofissionalhabilitadonaáreaesportiva.Osresultadosindicamescassaparticipaçãode técnicos, de nutricionistas, de psicólogos e deoutros profissionais, no processo pedagógico detreinamento.Apesardareduzidaorientação,ogrupodeatletaspodesercaracterizadocomoexperiente,dadootempodepráticadosmesmos(6,4±4,1anos).Alémdisso,grandepartepedalaacimadecincodias,entre10a15horasporsemana,erealizaalgumtipode treinamento complementar, o que se enquadradentrodoesperadoparaestesatletas.Emadição,poucosforamsubmetidosaalgumtipodeavaliaçãoepoucosutilizamvariáveisfisiológicasparaocontroledas sessões de treinamento (24%). Dessa forma,percebe-se que grande parte da programação dotreinamentorealizadaaolongodosanosfoiefetuadasem a detecção de variáveis determinantes deperformance,emoposiçãoaosmodernosmétodosde treinamento apresentados para modalidadesesportivascomcaracterísticassimilares.

Emrecenteestudo,Costaetal.(2004)avaliaram,pormeiodequestionário,aspectosnutricionaisedetreinamentode50mountain bikersquecompetiramemdiferentescategoriasna“VoltadeSantaCatarina”.Odadosobtidos,emgrandeparte,corroboramcomnosso estudo atual, sugerindo que muitos atletastreinam de forma não orientada, a despeito dasinformaçõescientíficasdisponíveisnaatualidade.

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Nopresenteestudo,apesardeapenas17%dosparticipantes relataremoacompanhamentodeumnutricionista,muitosutilizamsuplementosnutricionaiscomo recurso ergogênico durante a temporadade treinamento e/ou competições. Percebe-sea predominância na utilização de carboidratos,sendo que muitos também utilizam aminoácidos ecomplexosvitamínicoscomsaisminerais.Crampetal.(2004)investigaramoefeitodaingestãopréviadecarboidratosnodesempenhodepraticantesdeMTBemsimulaçãolaboratorial.Osresultadossugeremqueaingestãode3.0g.kg-1demassacorporal,trêshorasantesde93mindeMTBnãoapresentadiferençasignificanteemrelaçãoà ingestãode1.0g.kg-1demassacorporal.Noentanto,oganhodeapenas3%nodesempenhopodesersignificativoduranteumacompetiçãodeXC.OMTBrequerumaaltademandadapotênciaaeróbia,dadapelaaltaporcentagemdaFC

máxduranteasprovas,oquesuportaaidéiadeuma

participaçãopredominantedecarboidratosefadigaassociadaaestadepleção,justificandooempenhoemsuplementaçãoadicionaldecarboidratosnosmaisdiversosperíodosdetreinamentoecompetição.

Afaltadeconhecimentoespecíficosobreacorretaingestão de nutrientes necessária aos mountain bikers, pode explicar, em parte, a utilização dediferentestiposdesubstâncias.Foi,também,descritaa utilização de aminoácidos (52%) e de creatina(10%).Aparticipaçãodeaminoácidoscomosubstratoenergético, apesar de ser proporcionalmentepequena, ocorre em atividades de longa duração(Brooks, 1987). Em adição, pouco se conhecesobreaparticipaçãodosdiferentesaminoácidosnareestruturaçãodasfibrasmuscularespós-treinamentoaeróbio, apesar de serem verificados ganhos emhipertrofia pós-treinamento de força (Tipton et al.,1999),sendo, talvez,umadas justificativasparaasuautilizaçãopelosatletasdeXC.

Muito se discute sobre a utilização de creatina

ematividadesdepotênciaecapacidadeanaeróbia.Noentanto,poucoseconhecesobreosbenefíciosem modalidades predominantemente aeróbias delongaduraçãocomonoXC.VolekeRawson(2004)apresentam as bases científicas e os aspectospráticos para a suplementação de creatina ematletas.Verifica-sequeosestudossãocontroversosemrelaçãoaosganhosdeperformance,explicadosem parte pelo aumento da massa corporal. Noentanto,pelascaracterísticasdasprovasdeXC,comtrechosdesubidasedescidas,restaanecessidadeda verificação se os possíveis ganhos fisiológicosdo emprego da creatina suplantam as possíveisperdasprovocadaspelosganhosdemassacorporalenvolvidosnestasuplementação.

COnCLuSÕES

Foidemonstradoquealgunsindicadoresfisiológicosmáximos e sub-máximos de mountain bikers brasileirosapresentamvaloresabsolutoserelativosreduzidosemcomparaçãoàeliteinternacional.Emadição, grande parte dos atletas não apresentaorientação específica de profissionais habilitados,como treinadores especializados e nutricionistas,compossíveisperdasnaqualidadedotreinamentoempregado. Estes achados podem explicar parteda desigualdade de nível competitivo dos nossosatletas com relação aos mountain bikers de nívelinternacional.

Endereço para correspondência:VitorPereiraCosta

LaboratóriodePesquisaMorfo-FuncionalCentrodeEducaçãoFísica,FisioterapiaeDesportos

UniversidadedoEstadodeSantaCatarinaRuaPascoalSimone,nº358-Coqueiros

Florianópolis-SC-Brasil-CEP88080-350e-mail:[email protected]

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ArtigoOriginal

COMPARAÇÃO DOS TESTES DE COOPER E DA UNIVERSIDADE DE MONTREAL COM O TESTE DE MEDIDA DIRETA DE CONSUMO

MÁXIMO DE OXIGÊNIO

Leonardo Maurmann Speck1, Hélio Gonçalves Chagas de Macedo1, Guilherme Bottrel Carvalho1, Sylvio R. nunes neto1, Antonio C. da Silva Barbosa Jr1, Wilmar Marconggine Forquim Jr1,

Thiago Rodrigues Alves1, Jose Luiz Andrade Jr1, André Valentim Siqueira Rodrigues2.

1-EscoladeEducaçãoFísicadoExército-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.2-InstitutodePesquisadaCapacitaçãoFísicadoExército-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.

__________Recebidoem11.11.2006.Aceitoem17.01.2007.

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Resumo

OVO2máx

épartefundamentaldaaptidãofísicaeumexcelenteindicadordasaúdecardiovasculardeum indivíduo.Suamedida,porém,édedifícilrealizaçãopeloaltocustodoequipamentoepeladificuldade do teste ser aplicado em grandesefetivos.Daíaexistênciadeprotocolosdecampoqueoavaliamindiretamente,taiscomooTestedeCooper(TC)eoTestedaUniversidadedeMontreal(TUM). O objetivo deste estudo foi comparar ecorrelacionar o VO

2máx, medido diretamente em

laboratório, comoestimadopormeiodos testesdeCooperedaUniversidadedeMontreal.Foramavaliados29homens,voluntáriosparaapesquisa,fisicamenteativos,comidadesentre23e29anos.Ostestesforamrealizadosdentrodeumperíodode 40 dias e na seguinte ordem: 1) avaliaçãodo VO

2máxatravés do TC, realizado em pista de

atletismo; 2) medida direta do VO2máx

realizadono laboratório em esteira, utilizando o protocolode rampa; e 3) avaliação do VO

2máx através do

TUM.Houveumintervalosuperioraumasemanaentreos testese,nas48horasprecedentesaosmesmos,houveaorientaçãoparaanãorealizaçãodeatividadesfísicas.Duranteastrêsavaliações,

afreqüênciacardíacafoimonitorada,afimdesecomprovar o esforço máximo de cada indivíduo.Foramobtidososseguintesresultados(média±desviopadrão)deVO

2máx:emlaboratório,49,97±4,18mlO

2.

kg-1.min-1;noTC, 57,30 ± 4,20 mlO2.kg-1.min-1; no

TUM,59,6±4,11mlO2.kg-1.min-1.AtravésdaANOVA

one wayeopost hocdeTukey,foramverificadasdiferençassignificativasentreostestesdecampoeolaboratorial(p=0,000),masnãohouvediferençaentre os testes de campo (p=0,096). Foi, ainda,verificadoqueacorrelaçãodePearsonentreTCeamedidadiretafoir=0,548,comp=0,002eentreoTUMeoconsumodiretofoir=0,618comp=0,000.Paraaamostraemquestão,osresultadosindicaramdiferençassignificativasentreostestesdecampoeodelaboratório.Ascorrelaçõesentreostestesdecampoeodelaboratório,apesardesignificativas,apresentaram-seabaixodoqueosartigos originais sugerem. Recomenda-se quesejamrealizadosestudosmaisamplos,comumaamostra maior e mais heterogênea no que dizrespeito à idade, ao gênero e, principalmente, àcondiçãofísica,afimdeverificaraaplicabilidadedeambosostestes.

Palavras-chave: Aptidão Física, VO2máx

,Teste deCooper,TestedaUniversidadedeMontreal.

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OriginalArticle

COMPARISOn OF TESTS OF COOPER AnD THE unIVERSITy OF MOnTREAL WITH THE DIRECT MEASuREMEnT TEST OF OXyGEn COnSuME

Abstract

The VO2max

is a fundamental part of physicalaptitudeandanexcellentindicatorofcardiovascularhealthofanindividual.Itsmeasurement,however,isofdifficultrealizationforthehighcostsofequipmentsandalso for thedifficultyof the test tobeappliedin big groups. Thus, we have the existence ofprotocolsof field thatevaluate it indirectly like theTestofCooper(TC)andtheTestoftheUniversityof Montreal (TUM). This study aims to compareand correlate the VO

2max, measured directly at a

laboratory,withtheestimatedbymeansoftestsofCooperandtheUniversityofMontreal.Twenty-ninemen were evaluated, volunteers to the research,physically active, aging between 23 and 29.Thetestsweredonewithinaperiodof40days, in thefollowingorder:1)evaluationofVO

2maxthroughthe

TC,realizedinthetracks-trackandfield;2)directmeasureofVO

2maxrealizedonthebeltconveyorin

the laboratory, using the ramp protocol; and3)evaluation of VO

2maxthrough theTUM.There was

abreak formore thanaweekbetween testsand,

in the 48 hours before the tests, the volunteersweretoldnottohaveanykindofphysicalactivity.Duringthreeevaluations,theheartfrequencywasmonitoredinordertoprovethemaximumeffortofeach individual.The following results of VO2maxwere taken (average ± standard deviation): at alaboratory,49,97±4,18mlO

2.Kg-1.min-1;intheTC,

57,30±4,20mlO2.Kg-1.min-1;intheTUM,59,6±4,11mlO

2.

Kg-1.min-1.ThroughtheANOVAonewayandtheposthoc ofTukey, significant differences between thetestsoffieldandthelaboratoryoneswerechecked(p=0,000),buttherewasnodifferencebetweenthefield tests (p=0,096). It was still checked that thePearsoncorrelationbetweentheTCandthedirectmeasurement was r = 0,548, with p = 0,002 andbetweentheTUMandthedirectconsumewasr=0,618withp=0,000.To the referredsample, theresults indicated significant differences betweenfieldtestsandthelaboratoryones.Thecorrelationsbetween field tests and the lab ones, althoughsignificant, presented lower results than what theoriginal articles suggest. It is recommended thatmorein-depthstudiesberealized,withabiggerandmoreheterogeneoussampletakingintoaccountage,genreandmainlythephysicalcondition,inordertoverifytheapplicablenessofbothtests.

Key words:PhysicalAptitude,VO2max

,TestofCooper,TestoftheUniversityofMontreal.

InTRODuÇÃO

Os testes cardiorrespiratórios, quer sejamde laboratório ou de campo, são utilizados namensuração do VO

2máx, sendo importantes no

planejamentodotreinamentoesportivo,nodiagnósticoenapromoçãodasaúdepública.Alémdisso,estestestessãoutilizadoscomocomponentesembateriasde avaliação física de acordo com propostas dediferentesinstituições(ACSM,2006;Brasil,2005).

O VO2máx

é aceito como o melhor instrumentoverificador do limite funcional da capacidade dosistemacardiovascular (BasseteHowley,2000)e,também,éexcelente indicadordemorbidadeedemortalidade(Myers,2002;Blair,2002).Cadapessoatem uma possibilidade máxima para aproveitar

o oxigênio, sendo esta possibilidade limitada porfatoresgenéticos.Noentanto,amaioriadossereshumanos,habitualmente,seencontrabemabaixodeseuslimites.Otreinamentopermitequeseconsigaaproximardeles(Moreira,1996).

A medida direta do consumo de oxigênio,durante um teste de exercício máximo, fornecea avaliação mais precisa da potência aeróbiamáxima,sendoutilizadacomoreferênciafrenteaváriostestesdecampo.Seuscustos,entretanto,são elevados devido à alta qualificação dosprofissionaisnecessáriosparaasuarealizaçãoeà avançada tecnologia dos meios, tornando suaaplicação inviável ou improvável para grandespopulações.Poressasrazões,métodosindiretossãoaplicadosparasuplantarosóbicesdosdiretos,

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semquehajaerrosignificativonaquantificaçãodoVO

2máxapurado(LégereBoucher,1980).

Vários fisiologistas defendem a realização dostestes diretos como imprescindíveis para umaavaliaçãodeumatletavisandoaprescriçãodeumtreinamento. Sem desmerecer a importância dosestudosdelaboratóriocomoferramentasessenciaisparaapesquisa científicanodesporto, oprincípiodaespecificidadedo treinamentodesportivoalertaparaofatodequeumergoespirômetronãosimula,emtodasassuasvariáveis,osdesníveisdoterrenoouainfluênciadatemperaturaambientequeserãoencontradosnolocaldaprova.

OVO2máx

deumatletaéfatordeterminantedesuacapacidadededesempenhoemprovascomduraçãoentrequatroe15minutos.Nãoéàtoaqueatletasde meio fundo costumam apresentar os maioresconsumosmáximosdeoxigênio,seguidosdepertopelos fundistas,obrigadosacombinarumelevadoVO

2máx com uma alta resistência aeróbia (Moreira,

1996).

OBJETIVO

CompararosresultadosdeVO2máx

obtidosentredois testesdecampo,asaber:oTestede12min(Cooper,1968)eoTestedaUniversidadedeMontreal(LégereBoucher,1980),comosobtidosdiretamentepormeiodoergoespirômetroemprotocoloderampa(MyerseBellin,2000),naesteira.

METODOLOGIA

Amostra

Ouniversodopresenteestudofoiformadopor29militares,voluntários,dosexomasculino,estudantesda Escola de Educação Física do Exército, assimcaracterizados (média ± desvio-padrão): idade de26,3±2,3 anos; peso corporal de 71,4±11,4 Kg;estaturade179±20,8cm;ÍndicedeMassaCorpórea(IMC)de24,72±3,95kg.m-2;eSomatóriodeQuatroDobras (Triciptal: 9,3±8,7;Subescapular: 11,7±9,3;Supra-espinhal: 10,2±4,8; Panturrilha: 8,3±3,7)de 39,5±26,5 mm. Todos os participantes eramfisicamente ativos (ACSM, 2006). Suas atividadesfísicastinham,emmédia,umafreqüênciasemanaldetrêssessões,comduraçãode45minutoscada.

Foi critério de inclusão no estudo o diagnósticomédicofavorávelparaarealizaçãodeesforçofísico,bemcomoarealizaçãodeexercíciosperiódicosdecorrida,emumafreqüênciamínimadetrêsvezesporsemana.Foramconsideradoscritériosdeexclusão:a impossibilidade dos indivíduos de realizaremos testes, decorrentes de enfermidades e lesões,assimcomoanão realizaçãodeatividades físicasregulares.

Anteriormente ao início do estudo, todos ossujeitosassinaramotermodeconsentimentolivreeesclarecido,sendoobedecidastodasasnormaséticasdepesquisascomsereshumanos(Leinº196/96doConselhoNacionaldeSaúde).

Instrumentos

A massa corpórea e a estatura foram medidasutilizando-se uma balança de marca Filizola,modeloStar,comprecisãodecincogramas,eumestadiômetroprofissionaldeparede,marcaSanny,com precisão de 1 mm. Nos testes de Cooper,medidadireta(ergoespirômetro)edeLéger-Boucher(TestedaUniversidadedeMontreal)foramutilizadosmonitores de freqüência cardíaca da marca Polar,modelos S-610 e S-710. Especificamente, para arealizaçãodoTestedeMedidaDireta,foiutilizadaumaesteiramultiprogramável, fabricadapela Inbramed,modelosuperATL,eumanalisadordegasesMedicalGraphics,modeloCPX–D.

Procedimentos

A massa corporal foi medida com os sujeitosdescalços, no centro da balança, trajando apenassunga.A estatura foi mensurada através de umestadiômetro,colocando-seosavaliadosdecostaspara a escala da balança, na posição ereta, comafastamento lateraldospés,estandoaplataformaentre os mesmos. Em seguida, o sujeito foi postosobreenocentrodaplataforma,eretoecomoolharem um ponto fixo à sua frente (Lohman,Roche eMartorell,1988).

Objetivando uma coleta de dados, nos testesde campo e esteira, a mais fidedigna possível, osavaliados eram aconselhados a chegar ao localde avaliação com antecedência; estabelecer umintervalomínimodeduashorasentreaúltimarefeição

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earealizaçãodoteste;terumanoitecomseisaoitohorasdesono;evitarousodesedativos;evitarfumarpelomenosquatrohorasantesdarealizaçãodoteste;evitarqualquertipodeatividadefísicanodiadoteste;realizarumaatividadefísicamoderadanavésperadomesmo;providenciarvestimentaadequada:camiseta,shortetênis;ecomunicarqualquertipodealteraçãonoestadodesaúdeocorridanasvinteequatrohorasqueantecedemoteste.Testes de campo (indiretos)

Naprimeirabateriadetestes(TestedeCooper),realizadacomtemperaturade24,4ºCeumidadedoar (URA) de 75% ± 3%, utilizando camiseta semmangas,calçãodenylon,meiasetênisapropriadoparaacorrida,osavaliadosforamdispostosemumapistadeatletismode400m,namarcadechegadadoscemmetrosrasos,ondedispuseram,então,de10minentrealongamentoeaquecimento.Aotérminodesteperíodo,preparavam-separaalargadae,atravésdeumsilvodeapito,eradadoinícioàcorrida.Aotérminodos12min,erarealizadoumsilvodealtaintensidadeparaqueosparticipantesparassemno localondeestivessem.Oscontroladores,depossedepranchetae cartões de registradores, apontavam os valorescorrespondentesàsdistânciaspercorridas.

Asegundabateriadetestes(TestedaUniversidadedeMontreal)foirealizadacomamesmavestimentadaanterior,temperatura23ºCeURAde70%.Aamostraconsiderada realizouo referido teste,queconsisteem acompanhar progressivamente a performancedo avaliado através de sua corrida em uma pistadeatletismode400m,construídaemterrenoplano,marcadaporconesde50em50metroseincrementosdevelocidadede1METacada2minutos.Ocritériode interrupção do teste implica no indivíduo nãoconseguiralcançartrêsconessucessivosnotempocorrespondente. O aplicador se colocou ao centrodocampodefutebol,enquantooscontroladoresdeposto,depossedepranchetaecartãoderegistrador,procediamàmarcaçãodosníveisdeestágiosdosseusrespectivosavaliados.Teste de medida direta

Na terceirabateriade testes (ergoespirômetro),as condições laboratoriais eram: temperatura de

21a23ºCeURAde55a65%(American Thoracic Society/American College of Chest Physicians,2003). Os avaliados chegaram ao laboratório 30min antes do início do teste a fim de tomaremas providências necessárias à realização domesmo: alongamento, aquecimento, colocação dofreqüencímetro,mensuraçãodopesoedaaltura,bemcomorecebimentodeinstruçõesparaaexecução.

Oprotocoloutilizadofoioderampa(MyerseBellin,2000),cujosparâmetrosutilizadosparaapreparaçãodaesteiraestiveramdeacordocomaanamnesefeitacomcadaindivíduo.Todosostestesduraramentreoitoe12minutos,sendocritérioparaainterrupçãoamanifestaçãodeexaustãovoluntáriadoindivíduo.Em todosos testes, foramobedecidososcritériosqueoconsiderarammáximos(RER≥1,1eFC

máx≥

que95%dapreditaparaaidade).Ostestesforamrealizadosnaseguinteseqüência:

TestedeCooper,TestenoergoespirômetroeTestedaUniversidadedeMontreal.Ointervalomínimoentrecadatestefoidedoisdiaseointervalomáximofoidecincodias.Aduraçãototaldacoletafoide22dias.

Análise estatística

Paraaanálisedosresultados,foifeitoumtestedeANOVA one way e o post hoc deTukey paracompararosresultadosdostrêstestes.Paraverificaracorrelaçãoentreostestesdemedidaindiretacomotestedemedidadireta,foiutilizadaacorrelaçãodePearson.OsoftwareutilizadofoioSPSS14.0etodaaestatísticafoifeitautilizando-seumα=0,05.

RESuLTADOS

NoquedizrespeitoaoVO2máx

medidodiretamenteemlaboratório,comoestimadopormeiodosTestesde Cooper e da Universidade de Montreal, foramobtidososseguintesresultados(média+desviopadrão):em laboratório,49,97±4,18mlO

2.kg-1.min-1; noTUM,

57,30±4,20mlO2.kg-1.min-1enoTC,59,6±4,11mlO

2.

kg-1.min-1. Com base na observação do GRÁFICO1 (resultadosobservadosdeVO

2máx nos testes), a

ANOVAone wayeopost hocdeTukeyrevelaramdiferençassignificativasentreostestesdecampoeolaboratorial(p=0,000),masnãohouvediferençaentreostestesdecampo(p=0,096).ComaaplicaçãodacorrelaçãodePearson,foiverificadoqueacorrelação

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entreTCeamedidadiretafoir=0,548,comp=0,002e,entreoTUMeoconsumodireto,foiigualar=0,618comp=0,000.

GRÁFICO1

COMPARAÇÃOENTREVO2máx

MEDIDODIRETAMENTEEESTIMADOATRAVÉSDETUM

EDOTC.

Diferençasignificativa(p=0,000)entreostestesdecampoe

odemedidadireta.

DISCuSSÃO

OpresenteestudoobjetivoucompararosresultadosdamensuraçãodiretadoVO

2máx,atravésdamedida

diretaepormeiodedoisprotocolosindiretos:oTestedeCooper(TC)eoTestedaUniversidadedeMontreal(TUM).Ascorrelaçõesentreostestesmostraram-sesignificativas, p ≤ 0,05, mas inferiores às obtidasquandodavalidaçãodosrespectivostestes(Cooper,1968; Legér e Boucher, 1980).Além disso, houvediferença significativa entre os testes de campo eoslaboratoriais,comesteapresentandoresultadosinferioresàqueles.

Apesar das limitações do estudo, sendo umadelasaamostrautilizadasercompostaporindivíduosfisicamenteativosepossuidoresdeVO

2máxelevado,

os resultados encontrados colocam em dúvida aaplicaçãodeambosostestes,umavezqueostestesde campo superestimaram o consumo máximo deoxigênioemquase20%.

Sobesteaspecto,háqueseconsiderarofatodequeaaparelhagemutilizadaparaamedidadiretafoiumequipamentoCPX-D,daMedicalGraphics,que,

segundoGore,Clark,Shipp,VanDerPloegeWithers(2003),subestimaoconsumomáximodeoxigênioematé11%.Istoexplicariaamaiorpartedavariabilidadeapresentadanosresultadosencontrados.Oconsumodeoxigênio,medidodiretamente,apresentoucomoresultadoquase50mLO

2.kg-1.min-1e,seacrescidode

11%,seriam55,5mLO2.kg-1.min-1,bastanteparecido

comosresultadosencontradosnoTCenoTUM.Outralimitaçãofoiointervalodetempodarealização

dostestes(22dias),talvezdemasiadamenteextensoecapazderefletiremalteraçõesdocondicionamentofísicodosavaliados.Paraminimizarestalimitação,foi realizado um novo Teste de Cooper controle,apósacoletadedadosdostestesdecampoedotestede medida direta, sendo constatado, atravésda realização de um Teste t pareado entre osresultadosobtidosemambososTC,quenãohouvediferença significativa entre os testes (p = 0,274),o que minimizaria, ou até mesmo evitaria, estalimitação,constatando-sequenãohouvemudançanocondicionamentodosindivíduos.

O TUM apresentou maior correlação com amedidadiretadeoxigêniodoqueoTestedeCooper.Umaexplicaçãoparaofatopassapeloprincípiodaespecificidadeepelasemelhançaqueoprotocoloderampa(MyerseBellin,2000)guardacomoTUM,umavezqueambospossuemumincrementoprogressivodeesforço,aopassoqueoTCé,emtese,realizadoaumavelocidademaisoumenosconstante.

QuandocomparadoscomGrant,Corbett,Amjad,WilsoneAitchison(1995),osresultadosencontradosnopresenteestudoapresentamacaracterísticadesuperestimar o VO

2máx mensurado pelo Teste de

Coopercomsujeitosfisicamenteativos.Talfatoseexplica,emparte,pelo fatodoscálculosutilizadosporCooper,quandodavalidaçãodoTestede12min,abarcaremumapopulaçãomaioremaisheterogênea.Logo,arealizaçãodoTestedeCooperporindivíduospossuidoresdeVO

2máxsuperioresaovalormédioda

populaçãodeslocariaacurvanormalparaadireita,proporcionandovaloresacimadotestepadrão,mascoerentescomopropostoporCooper(1968).

Noentanto,nosachadosporGrantetal.(1995),acorrelaçãocomoTestedeCooperapresentouumacorrelação de 0,92, enquanto o presente trabalhoapresentou um “r” de 0,548.Além dos fatores jáexpostos,outraspossíveiscausasqueinfluenciaramosresultadosdecorremdaeficiênciamecânica,das

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diferentesespecificidadesdopúblicoquerealizouostestesedamotivaçãodaamostra.

Opúblicodemelhoreficiênciamecânicatendeaapresentarmelhordesempenhonostestesdecampo,com este valor sendo em torno de 15% (Morgan,Martin,KrahenbuhleBaldini,1991).Alémdisso,naesteira,nãoéaaçãodoindivíduoqueolevaparafrente,masadoequipamento,queapenassimulaa atividade.Apesar dos estudos apresentarempopulaçõesdeidadeeVO

2máxsemelhantes,aamostra

oraempregadaéhabituadaatreinarearealizarotestede12min.JáosindivíduosquecolaboraramcomGrantpraticavamesporteacíclico:futeboldesalão.Logo,paraumamesmamensuraçãodeVO

2máxentre

osdiferentesgrupos,háumatendênciademelhordesempenho,pormeiodoprincípiodeespecificidadeedaeficiênciamecânica,dosindivíduosdopresenteestudo.

Porfim,umfatordedifícilmensuraçãoéograudemotivação,quepode influenciarnamensuraçãodoVO

2máx.Paraosindivíduosqueparticiparamdopresente

estudo,otestede12minaqueforamsubmetidos,alémdecomporestetrabalho,constituíaparteintegrantedaavaliaçãofísicamilitar,imprescindívelnavalorizaçãoe ascensão profissional.Talvez, os indivíduos querealizaramotestecomGrantapresentassemmenorgraudemotivação,umavezquenãosepodeprecisarque juízodevalor foi atribuídoao testede12minparaestegrupo.Alémdisso,durantearealizaçãodostrêstestes,foimonitoradaafreqüênciacardíacadossujeitosenãohouvediferençasignificativaentreostestescomrelaçãoaestavariável, indicandoqueoesforçodevetersidoomesmoemtodasassituaçõesdetestagem.

COnCLuSÃO

Foramverificadasbaixascorrelaçõesdostestesdecampocomotestedemedidadireta,constatando-se

queostestesdecampo,paraaamostraemquestão,superestimaramoconsumomáximodeoxigênioemcercade20%,oquese traduziuemumadiferençasignificativa,evidenciadaatravésdacomparaçãodasmédiasdeVO

2máxobtidas.Noentanto,esteresultado

nãoédefinitivo,umavezqueaamostratevecaráterhomogêneo,nãofoirepresentativadapopulaçãoetinhaqualidadesfísicasacimadamédiapopulacional.

Quantoàaplicabilidadedostestesdecampo,éindiscutívelapraticidadedoTestedeCooperquandoomesmoéempregadoemgrandespopulações,poisnãorequeroempregodeequipamentossofisticados,umaltograude controleeumapistaoupercursodemarcado.JáoTUMexigeoempregodeumáudio,umaltoníveldecontroleduranteaexecuçãodotesteeumamaiorespecialidadeepráticadoaplicadoredoexecutante,oquedificultasuautilizaçãoemlargaescala.(LegéreBoucher,1980).

É importante ressaltar que o VO2máx

é aceito,internacionalmente, como o melhor parâmetrofisiológico para avaliar a capacidade funcionaldo sistema cardiorrespiratório, sendo parâmetropara prescrever atividades físicas sob a forma decondicionamentofísiconormal(sedentários,obesose idosos), especial (cardiopatas, pneumopatas,diabéticosetc.)ousobaformadetreinamentofísico(preparaçãofísicadeatletas).

Em virtude da relevância do assunto e dasrestrições acima mencionadas, recomenda-se quesejamrealizadosoutrosestudoscomumamaioremaisheterogêneapopulação,afimdequesepossachegaraconclusõesmaisdefinitivassobreoassunto.

Endereço para correspondência:AndréValentimSiqueiraRodrigues

AvJoãoLuizAlves,s/nº(ForteSãoJoão)-UrcaRiodeJaneiro-RJ-Brasil-CEP22291-090

Tel:212543-3323e-mail:[email protected]

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ArtigoOriginal

COMPARAÇÃO ENTRE A PUXADA POR TRÁS E A PUXADA PELA FRENTE DE ACORDO COM A ATIVAÇÃO

ELETROMIOGRÁFICA

Carlos Sandro Coelho Carpenter, Jefferson Novaes, Luiz Alberto Batista

UniversidadeCasteloBranco-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.

__________Recebidoem28.07.2006.Aceitoem07.11.2006.

Resumo

Oobjetivodestetrabalhofoicompararaatividadeeletromiográficaentredoistiposdoexercíciopuxadanopulley:PuxadaporTrásePuxadapelaFrente.Foram examinadas as atividades dos músculosbícepsbraquial,tríceps,latíssimosdodorso,trapézioepeitoralemtrêscondições:cadenciadoa80%de1RM(CT80),semcadênciaa80%de1RM(SCT80)esemcadênciaa70%de1RM(SCT70).Dozesujeitostreinados(78,1±6,6kg;176,9±5,6cm),emambososexercícios,foramtestadosemdoisdiasdiferentes.ForamfeitasmensuraçõesdovalorRaizQuadráticaMédia(RMS)paratodotempodetensãomuscularecomparado,entresi,emcadacondição,cadênciae

intensidade.OtesteparamétricoANOVAone wayfoiempregadoeopost hocdeTukeyrevelouoresultadodadiferençaentreasmédias(p<0,05).Osresultadossugerem diferença significativa apenas para omúsculo trapézio na condição CT80, realizando aPuxadaporTrás.Paratodososoutrosmúsculos,emqualquercondição,cadênciaouintensidade,nãofoiencontradadiferençasignificativa.Conclui-sequeaPuxadaporTrássemostroucomlevesuperioridadenaativaçãoelétricaparaquasetodososmúsculos,porém apenas o trapézio apresentou diferençasignificativa(p<0,05)emumadascondições.

Palavras-chave: PuxadaporTrás,PuxadapelaFrente,Eletromiografia,TreinamentodeResistência.

OriginalArticle

COMPARISOn BETWEEn BACK PuLLInG AnD FROnT PuLLInG ACCORDInG TO THE

ELECTROMyOGRAPHIC ACTIVATIOn

Abstract

The focus of this study was to compare theelectromyographic activity between two types ofexercisesinthepulley:backpullingandfrontpulling.Theactivitiesof themuscles (bicepsbrachii, triceps,latissimus dorsi, trapezius, and pectoralis) wereexaminedinthreeconditions:incadenceat80%of1RM(CT80),withnocadenceat80%of1RM(SCT80)andat70%of1RM(SCT70).Twelvetrainedmen(78,1±

6,6Kg;176,9±5,6cm)inbothexercisesweretestedintwodifferentdays.Thevalueoftheaveragesquareroot (ASR) toallmuscle tensionwasmeasuredandcomparedineachcondition,cadenceandintensity.TheparametrictestANOVAonewayandposthocofTukeyrevealedtheresultasadifferencebetweentheaverages(p<0,05).Theresultssuggestasignificantdifferenceonly to the trapeziusmuscle in theCT80condition,doingthebackpulling.Toalltheothermuscles,atanycondition,cadenceorintensity,nosignificantdifferencewasfound.Therefore,itispossibletoconcludethatbackpullinghasshownadiscretesuperiorityintheelectricalactivationat almost allmuscles, but only trapeziuspresentedasignificantdifference (p<0,05)atoneoftheconditions.

Key words:BackPulling,FrontPulling,Electromyography,Resistancetraining.

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InTRODuÇÃO

Jáháalgumtempoaeletromiografiavemsendoutilizada como ferramenta de estudo da funçãomuscular,tendosido,aoqueparece,Inman,SaunderseAbbott(1944)osprecursoresnousodestatécnica,estudandoaatividadeeletromiográficadosmúsculosdacinturaescapular.

Sãocadavezmaispresentes,naliteraturacientífica,trabalhos que buscam analisar o comportamentobiomecânicodeexercíciosutilizadosemtreinamentodeforça,noquedizrespeitoàsvariaçõescinemáticas,cinéticas e à ativação mioelétrica, na busca depadrõesideaisdeexecução,oqueéumindicativodocrescenteinteressenestecampodeconhecimento.(Escamilla, Fleiseg, Zheng, Barrentine, Wilk eAndrewa,1998;Escamilla,2001;Blackard,JeseneTebben,1999;McCaweMelrose,1999;Signorille,ZinkeSzewed,2002;BarnetteKippers,1995;GlasseArmsntrong,1997).Emcertamedida,estesestudosdemonstram,também,queousodaeletromiografiadesuperfície,comotécnicadeverificaçãodaatividademuscularduranteosexercíciosdinâmicos,constituiestratégiadeboaaceitação.AinterpretaçãoatravésdaRaizQuadráticaMédia(RMS)éumapráticausualdospesquisadoresnestecampo,dadoasevidênciasde seresteoparâmetroquemais completamenterefleteafisiologiadocomportamentodasunidadesmotorasduranteumacontraçãomuscular(LawrenceeDeLuca,1996).

Hanninen, Airaksinen, Karipohj, Manninen,SihvonenePekkarinen(1989)consideramqueovalordeRMSdosinaleletromiográficoindicavariaçõesnafreqüência de disparo das unidades musculares eamplitudedosinalmioelétrico,sendoestasvariáveisnormalmenteafetadasnoprocessodafadiga.

Barnett e Kippers (1995), Glass eArmsntrong(1997)examinaramaatividadeelétricadosmúsculosque atuam no exercício de supino com barra, emtrês posições diferenciadas: inclinado, declinado eparalelo.Emseusachados,nãoforamconstatadasasproposiçõesdosensocomum,cujoentendimentodavacontadeumamaiorativaçãoemdeterminadaporçãodopeitoralmaior,quandoaposiçãodocorpoera alterada. Já Finucane, Rafeei, Kues, Lamb,e Mayew (1998) estudaram a utilização do valorRMS,nãonormalizado,emmúsculosdosmembrosinferiorescomrelaçãoàfidedignidadenotesteeno

re-teste, em dias separados. Os resultados foramsatisfatóriosnestetipodeprocedimento.

Oexercíciodepuxadanopulley, examinadonopresentetrabalho,érealizadoemposiçãosedestracomasmãossegurandoumabarrahorizontal,inicialmenteposicionadaacimadacabeçadoexecutante.Consistenotracionamentodeumcaboligadoàcitadabarra,emumaextremidade,eaumamassanaoutra,sobreaqualoindivíduodeverárealizartrabalhomecânico.Tradicionalmente, este tipo de exercício pode serexecutadodeduas formasdiferentes: comabarrasendopuxadaadiantedocorpoouportrásdocorpo.Estudos têm sido realizados com o propósito deexaminarocomportamentocinemáticobidimensionaldestas duas formas de exercício.Apesar de nãoavançaremnoexamecinético,estestrabalhostrazemàtonaevidênciasquelevaramosautoresaidentificardiferençasnopadrãodemovimento,entreumaeoutraformadeexecução,quepodemdeterminardiferenças,também,emsuascapacidadesdeinduzirlesõesnosistemamúsculo-esquelético (Crate, 1997;Decker,Tokish,Ellis,TorryeHawkins,2003;Gross,Brender,EsformeseSonzogni,1993;Fees,1998).

O exame da atividade elétrica dos músculosativados nesta modalidade de exercício faz partedoconjuntodetemastratados.Emestudorecente,pesquisadores compararam quatro variações depuxadas, utilizando o valor RMS normalizado(NrmsEMG), separando a fase concêntrica daexcêntrica. O exame de cinco músculos apontapara a Puxada pela Frente como a que ativa,preferencialmente,aaçãodolatíssimosdodorsoedopeitoral(Signorilleetal.,2002).Osgestosforamcadenciados e utilizaram dez repetições máximas(10RM),sendoqueapenasastrêsprimeirasforamescolhidasparaanálisedeatividademioelétrica.

OBJETIVO

As possíveis variações da ativação elétricamuscular,emdiferentestécnicasdeexecuçõesdosexercícios de musculação, fazem com que hajainteressepeculiaremavaliarestascondutasmotorasmais profundamente. Sendo assim, o objetivo dopresenteestudofoicompararovaloreficaz(RMS)peloeletromiogramadesuperfície(SEMG)decincomúsculosenvolvidosnoexercíciodePuxadaporTrás,emrelaçãoàPuxadapelaFrente.

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METODOLOGIA

Participaram do estudo 12 sujeitos, do gêneromasculino,commaisdeseismesesdeexperiêncianosexercíciospropostos,comidadesentre20e35anos(TABELA1),semhistóricodelesãonaarticulaçãodoombrooudealgiasrecentes.Atodosfoiexplicadocomooexperimentoseriaencaminhadoe todossecomprometeramanãorealizarqualqueresforçofísicodurante os dias de testagem, buscando manter aperfeitaharmoniafísicaepsicológica.TodosassinaramoTermodeConsentimentoaprovadopeloComitêdeÉticadaUniversidadeCasteloBranco-RJ.

TABELA1ESTATÍSTICADESCRITIVA.

Os sujeitos da amostra compareceram trêsvezesaolaboratório,daquipordianteidentificadascomo visitas. No primeiro dia, foram realizadasavaliações morfo-funcionais, teste de prediçãode1RMe familiarizaçãocomoequipamento.Nasegundae terceira visitas, foramcoletadosdadosdaatividadeelétricadoscincomúsculosenvolvidosnosexercícios:bícepscabeçacurta,trícepscabeçalonga,latíssimosdodorso,trapéziofibrashorizontaisepeitoralporçãoesternocostal.Ossujeitosforamescolhidos, de forma aleatória, para executar osexercícios,ouseja,nasegundavisita,metadedaamostrarealizouaPuxadaporTráseaoutrametade,aPuxadapelaFrente.Naterceiravisita,ostiposdeexecuçãoporgrupoforamtrocados.

Paraaquisiçãodosdados,osexecutantesrealizaramtrêssériescommáximarepetição,emcadadiadevisita,comintervalo,entreséries,decincoe10minutos.Foiutilizadoocontroledacadênciacom80%de1RMemumadascondições.Paratalprocedimento,cadasujeitoteveseudeslocamentoangulardeombrosmedidopreviamente.Utilizou-seummetrônomo,damarcaQwiktime®,paracontrole,oqueorientouumacadênciade100bpm.Destaforma,paracadatrêstoquessonoros,osujeitodeveriaexecutarumafasedacontraçãodoexercício,oqueos levouapercorrer cada fasedecontraçãoemaproximadamenteumsegundoemeio.

Para as outras duas condições de coleta (80%e 70% de 1 RM, respectivamente), não foramcontroladas a cadência do movimento. Destamaneira,cadasujeitofoisubmetidoatrêstestagens:80% com controle (CT80), 80% sem controle decadência(SCT80)e70%tambémsemcontroledecadência(SCT70).

Para captação dos sinais eletromiográficos,foramutilizadoseletrodosdesuperfíciemonopolarespassivosAg/AgCl(MedTrace200),comdiâmetrodecaptaçãode1cm,sendoosmesmoscolocadosempares,paralelosemrelaçãoàsfibrasmuscularesecom distância inter-eletrodos (centro a centro) de2 cm, segundo as recomendações de Hermes eSeniam(1999).Olocaldefixaçãofoi,incialmente,preparado através de uma tricotomia, seguida delimpezapormeiodesoluçãoalcoólica,detalmaneiraque o rubor na pele ficasse evidenciado.Após afixaçãodoseletrodosempar,emcadamúsculo,umterceiroeletrodo,denominadoterra,foifixado,como intuito de reduzir a interferência do sinal, tendosido posto próximo ao par de eletrodos em localmaisrígido(sobreoosso).Destaforma,quandoosexecutantesrealizavamsuascontraçõesmáximas,osmovimentosnãoprovocavamruídosdeartefatomecânico,adicionando-osaosinalmioelétrico.

Para coletados sinaismioelétricos, foi utilizadoumeletromiógrafoMegaEletronicsKuopioFinland,modeloMespec4000, s/n: 984019,deoito canais,com freqüência de aquisição de 1980 Hz, e, pararecorte,osinalfoiescolhidobandapassante(altaebaixa)de10a600Hz,seguindoosmesmoscritériosparaaquisiçãodeumsinalcombaixoruído(Corrêa,SantoseVeloso,1993).

Cadasujeitodaamostra,aochegaraolaboratório,recebeu informações sobre o exercício a serrealizado. Inicialmente, procedeu-se ao teste depredição de 1 RM, utilizando a média de seisequaçõesdisponibilizadasna literatura(Cummingse Finn, 1998). Os testes foram realizados emequipamento da marca IronTech®, com roldanassimples e correntes de fixação.Após a colocaçãodoseletrodos,ossujeitosforaminstruídosarealizarcadaaçãomuscularnacadênciapré-estimulada,atéquenãomaisfossepossívelumarepetiçãocompletaaceitável.

OsdadosdecargautilizadosparaaexecuçãodascondiçõesestãoapresentadosnaTABELA2.

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TABELA2VALORESDECARGANASCONDIÇÕES.

p=0,328/PT-puxadaportrás/PF-puxadapelafrente

Paraanálisedosinaleletromiográfico,foiutilizadoosoftwaredeaquisiçãodedadosSAD32,desenvolvidopeloLaboratóriodeMediçõesMecânicasdaUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul.Destaforma,osinalbrutofoiretificadoporondacompleta,tendosidoidentificadosos trêsmaiorespicoseutilizadaamédiaentreelesparaanormalizaçãodosdados.Aescolhadenãoseutilizarumacontraçãovoluntária isométricamáxima(CVIM)paraanormalizaçãose fezem funçãodascríticasaestetipodeprocedimento,quandodoestudodegestosdinâmicos(Corrêaetal.,1993;Mirka,1991;Ervilha,DuarteeAmadio,1998).Apósanormalização,foi realizadaa identificaçãodovaloreficazdosinalcompletoparatodasasrepetições,pelojanelamentoretangularde990pontos(0,5segundos).

OtesteparamétricoANOVAone wayparavariáveisindependentes foiutilizadoparacompararaatividadedosmúsculosdeacordocomacondiçãodeexercício,decadênciaedeintensidade.Quandonecessário,otestepost hocdeTukeyfoiempregadopararevelaroresultadodadiferençaentreasmédias.Ocritériodoníveldealfafoiestipuladoem0,05(5%)paratodaanáliseestatística.

RESuLTADOS

Asequaçõesescolhidasparapredizeremosvaloresde1RMforamasquepossuemmelhoresestimativasparahomenstreinadosemexercíciosmultiarticulares.Como não houve diferença significativa entre asequações Puxada pela Frente (PF) e Puxada portrás (PT) (p=0,989 e 0,975, respectivamente), foiutilizada,então,amédiaentreelascomoparâmetronodelineamentodascargas.

A representação gráfica dos valores de carga,paracadaequaçãodepredição,estáexpressanoGRÁFICO1.

GRÁFICO1CARGAMÁXIMADECADAEQUAÇÃOPREDITIVA(KG).

ATABELA3apresentaatendênciacentral(moda)do número de repetições para cada exercício econdição.Percebe-seque,apesardadiferençaentreastrêscondiçõesimpostas,estasestãodentrodascondiçõespré-estabelecidasdetreinamentodeforça(Zatsiorsky,1999:128).

TABELA3NÚMERODEREPETIÇÕESPARACADA

CONDIÇÃO.

ATABELA 4 expressa os valores comparativosentreosdoisexercícios,deacordocomacondição,sendo comparado o valor eficaz normalizado paracadamúsculo.

TABELA4VALORDE“p”PARACADAMÚSCULOECONDIÇÃO.

p<0,05

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A FIGURA 1 apresenta as diferenças dos mesmos músculos, para as três condições de testagem,ilustrandoumatendênciaàsuperioridadedeativaçãoeletromiográficaparaquasetodososmúsculosnoexercícioPuxadaporTrás.Somenteotrapézioapresentoudiferençasignificativanacondiçãocomcontrolea80%de1RM.

FIGURA1MÉDIAEDESVIOPADRÃODOVALORRMSPARACADAMÚSCULO.

Barrapreta(PT)ebarrabranca(PF).a)bíceps,b)tríceps,c)latíssimos,d)trapézio,e)peitoral.CT80=controledecadênciaa80%de1RM;SCT80=semcontroledecadênciaa80%de1RM;SCT70=semcontrolede

cadênciaa70%de1RM

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DISCuSSÃO

Opercentualutilizadoparaostestes,assimcomoacadência,podeinfluenciaronúmeroderepetiçõesemcadacondição.Nopresenteestudo,entretanto,osvaloresentreestasforampróximos,oquesugerequeograudefadiganãoestárelacionadoexclusivamenteaestefator.LaChanceeHortobagyi(1994)mediramainfluêncianonúmeroderepetições,emfunçãodecadências controladas para exercícios de puxada,assimcomoparaodeempurrarcargas.Acadênciautilizada por estes autores correspondia a doissegundos,durantea faseconcêntrica,ededoisaquatro segundos para a excêntrica, ou seja, beminferioraosvaloresderapidez,secomparadoscomosobtidosnestetrabalho.

Ovaloreficaz,utilizadoparaefeitocomparativoentreascondições,mostrou-sesimilarparaquasetodasascondições,excetonacondiçãosemcontrolecom 80% da carga máxima, sendo o trapézio omúsculo a apresentar tal diferença, revelandosuperioridadenosvaloresparaoexercícioPuxadapor Trás. Provavelmente, alterações no padrãocinemáticoforamcapazesdeinterferirnestecontexto.Carpenter,NovaeseBatista (2006)demonstraramsimilaridadecinemáticaparaombroecotoveloentreos dois exercícios, mas, também, identificaramdiferenças em relação à adução da escápula,podendoseresteúltimoofatordeterminanteparaadiferençadaatividadedamusculatura.

Verificou-sequeotempopararealizaroexercício,na condição controlada, foi superior ao do semcadência,oquepodeterlevadoaumaelevaçãodovalorRMSpor fadiga,constituindoestaocorrênciafatordedeterminaçãodasdiferenças.

Naterceiracondiçãodetestagem,semcontrolecom 70% de carga máxima, constatou-se osresultados mais conflitantes, devido aos valoresserem bem próximos aos das outras condições enãoapresentaremdiferenças.Observou-seummaiorvalorparao trícepseparaopeitoral,nacondiçãopela frente, porém não significativo. Isto pode serdevido, provavelmente, ao fato desta condição tersido,sempre,adaterceirasérie.Acreditamosque,apesardointervaloadotado,oexecutantejárealizavao exercício com algum grau de fadiga. Como sesabe,afadigaaumentaosvaloresRMS(Gonçalves,2003;Melo,Torre,Breyer,LosseCandotti, 2005),

o que pode ter contribuído, sem dúvida alguma,para os dados obtidos, sendo recomendado queoutrosestudossejamrealizadoscomopropósitodeinvestigar amagnitudede influênciadaestratégiaadotada.

Acarênciadeestudoscinemáticosmaisprecisosdificultacomparaçõeseconclusõesa respeitodosachados.Contudo,seguramente,comofoiescolhidoovaloreficazparatodootempodetensãoeestevalorelevou-secomoaparecimentodafadiga(Meloetal,2005),acreditamosqueosresultadosencontradosestãosujeitosaestetipodevariação.Certamente,aopçãoporestaabordagemsedápelanecessidadedeidentificaçãoaolongodetodasasrepetições,enãodepartedestas,contrárioaotrabalhodeSignorilleetal.(2002),poisestesrecortaramosinalparaastrês primeiras repetições, como forma de evitar ainterferênciadafadiga.

COnCLuSÃO

Osdadosobtidosnopresenteestudosugerem,com uma confiabilidade estatística de 95%, que aatividadeelétricadequatromúsculos(bíceps,tríceps,latíssimos do dorso e peitoral) foi similar entre osexercíciosparaacondiçãoCT80.Paraestamesmacondição, com uma confiabilidade estatística de95%,omúsculotrapézioapresentoumaioratividadeelétricanoexercícioPuxadaporTrás(PT)JáparaascondiçõesSCT80eSCT70,nãohouvediferençasignificativa (p>0,05) para nenhum dos músculosestudados.

O valor eficaz (RMS) da atividade elétrica debíceps,latíssimosdodorsoetrapézio,paratodasascondições,nãoapresentoudiferençassignificativas,apesardosvaloresligeiramentemaiselevadosparaaPuxadaporTrás.

Em função do acervo de informações sobre aatividade elétrica nestes exercícios, na literatura,serpobre,compararosresultadosoraencontradoscom os anteriormente apresentados constituiuestratégia extremamente difícil. O que pode serconstatadoéqueosresultadosdopresenteestudodivergemdaquelesencontradosporSignorileetal.(2002), que indicaram que a Puxada pela Frente,comapegadaaberta,teveprevalêncianaatividadeelétrica de latíssimos do dorso, do peitoral e dotríceps.Porém,háquese teremcontadois fatos

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quepodemexplicarasdiferençasentreosresultadosobtidospelosdoisestudos,asaber:a)Signorileetal. (2002)nãorealizaramavaliaçãodovaloreficazparatodoosinal,jáquefoirecortadoparaapenasastrêsprimeirasrepetições,nãoapresentando,destaforma,fadigaduranteaanálise;b)ogrupodesujeitosdestetrabalhonãoapresentavadiferençasignificativaparaotestede1RM,sendobastantesimilaraforçamáximaparaosdoisexercícios,oquenãoocorreunoestudodereferência,poisaamostraapresentoumaiorforçaparaaPFdoquePT.

Assumindoqueaúnicadiferençaencontradaentreosexercíciosfoinaatividadedomúsculotrapézio,emapenasumacondição (CT80),podemos inferirqueosexercíciossãopraticamenteidênticossobreo ponto de vista eletromiográfico. Logo, qualquerpreocupação em relação ao risco articular deverá

serinvestigada,tendo-seemcontaopapeldeoutrasvariáveis, como as anatômicas e, principalmente,cinemáticas.

Sugere-se, também, que os estudos cinéticossobre esta temática sejam precedidos porestudos cinemáticos mais precisos, de formaque a variável “movimento corporal” possa serconsideradanamedidacorretadamagnitudedesuainterferência.

Endereço para correspondência:RomeroZander,78apto203-Bonsucesso

RiodeJaneiro-RJ-BrasilCEP:21040-080

Tel:212564-9523/219975-9638e-mail:[email protected]

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ArtigoOriginal

COMPARAÇÃO DE MÉTODO INVASIVO E NÃO INVASIVO PARA DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE CRÍTICA EM

NADADORES

Sandro Fernandes da Silva1,2,3, Alessandro Henrique Machado de Assis4, Cíntia Campolina Duarte Rocha2, José Antonio de Paz3

1-UniversidadedeItaúna-Itaúna-MG-Brasil.2-CentroUniversitáriodeBeloHorizonte(UNI-BH)-BeloHorizonte-MG-Brasil.

3-UniversidaddeLeón-León-Espanha.4-UniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG)-BeloHorizonte-MG-Brasil.

__________Recebidoem15.06.2006.Aceitoem12.01.2007.

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Resumo

Anataçãoéumdosesportesmaispraticados

em todo território brasileiro. Em razão disto,

o controle do treinamento dentro da natação

compet i t iva se faz necessár io para que o

rendimentosejaefetivoeobtenhaosresultados

almejados, tanto por treinadores, quanto por

atletas.OtesteT-30éumdosmeiosdecontrole

detreinamento,sendoummétodonão-invasivo.

Outrotestequecomeçaasermuitoutilizadoé

otesteVitesse,queavaliaolimiardelactato.A

partirdestas informações,opresente trabalho

sepropôsaestudarestesdoistiposdetestes,

buscando identificar a velocidade crítica dos

nadadores, comparando se os dois testes

possuem diferenças ou não, em relação à

velocidadecrítica,descritaemm/s,enotempo

emsegundos,em100metros.Participaramdo

estudo oito sujeitos do sexo masculino, com

uma idade média de 21,6 ± 2,97 anos, com

experiênciaemnataçãocompetitivade9,37±

2,50anos.Parao testeVitesse,os indivíduos

realizaramapenasumasérie,respeitando-seo

estilodecadanadador.OtesteT-30foirealizado

doisdiasapósoprimeiroteste,consistindoem

nadar o máximo de distância possível em 30

minutos ou nadar os 3000 metros em menos

de 30 minutos. Para comprovação estatística,

utilizou-seotestenãoparamétricodeWilcoxon

com comparação de médias e p ≤ 0,05. Os

resu l tados demonst raram que não houve

diferençasignificativaentreostestes,tantoem

relaçãoàvelocidadecrítica,expressaemm/s,

quantoemrelaçãoaotempodelimiardelactato

paraos100metros,critérioparaprescriçãode

treinamentoemnatação.Assim,conclui-seque

os dois testes utilizados são eficientes para

identificar a velocidade crítica e o limiar de

lactatonanataçãocomnadadoresexperientes,

todosvelocistas.

Palavras-chave: Teste T-30, Teste Vitesse,VelocidadeCrítica.

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OriginalArticle

COMPARISOn BETWEEn InVASIVE AnD nOn-InVASIVE METHODS TO DETERMInE THE

CRITICAL SPEED In SWIMMERS

Abstract

Swimming isoneofhemostpracticedsports inallBrazilianterritory.So,thecontroloftraininginsidethe competitive swimming is necessary to have asolid output and to obtain expected results, eitherbycoachesorathletes.TheT-30test isoneoftheways tocontrol training,beinganon-invasive test.Another test that is now a lot used is the Vitesse,which evaluates the limits of lactate.As of theseinformation,thepresentworkaimstostudybothtests,attemptingtoidentifythecriticalspeedofswimmers,checkingwhetherornotthesetestshavedifferencesinrelationtothecriticalspeeddescribedinm/s,and

attimeinseconds,in100meters.Eightmentookpartin thestudy,averageage21,6±2,97,competitiveswimmingexperienceof9,37±2,50years.To theVitessetest,theindividualsrealizedonlyoneoutoftheseries,regardingeachswimmerstyle.TheT-30testwasrealizedtwodaysafterthefirsttest,consistingof swimming as far as possible in 30 minutes orswimming3000metersinlessthan30minutes.Toprovestatistically,itwasusedthenon-parametrictestofWilcoxonwiththecomparisonofaveragesandp≤0,05.Theoutcomesdemonstratedthattherewasnosignificantdifferencebetween the tests, neitherinrelationtocriticalspeed,expressedinm/s,norinrelationtothelimitoflactateto100meters,criteriontotheprescriptionoftrainingatswimming.Thus,bothtestsareefficienttoidentifythecriticalspeedandthelimitsoflactateinswimmingconsideringexperiencedspeedswimmers.

Key words:T-30Test,VitesseTest,CriticalSpeed.

InTRODuÇÃO

Durante o exercício de baixa intensidade, opiruvato é oxidado no processo do metabolismoaeróbiconamitocôndria,mas,infelizmente,estanãoécapazdeoxidartodoopiruvatoduranteoexercíciointenso.Assim,umapartedopiruvatoéconvertidaem lactato no mioplasma (Gladden, 2004). IstogeralmentefazcomqueoacúmulodelactatosejadiretamenteassociadocomaproduçãodeH+ecoma queda do pH intramuscular ou acidose (Brokks,2001). Recentes trabalhos discutem a formaçãodoH+,concluindoquenãoéverdadeiraahipótesedeacidoseláctica,sendoqueoH+nãoéformadodiretamente durante a produção de lactato pelopiruvato.EstesmesmosautorespropõemqueessaformaçãodoH+ocorreduranteasreaçõesglicolitícasenvolvendoahidrólisedeATP(Robergsetal.,2004;Robergsetal.,2005).

A atividade física prolongada produz umaacumulação do lactato, tanto nos músculos comono sangue, sendo que, nas fibras musculares,o H+ é eliminado via transportadores de lactatorealizadospelasproteínaspresentesnasmembranas,

principalmentedasfibrasmuscularesdecontraçãolenta(Juel,1997).

O lactato sangüíneo é a resposta do exercícioprogressivoquerelata, também,aperformancenoexercíciodeendurance(HeldeMarti,1999).Olimiarde lactato reflete a capacidade de endurance doindividuo,alemdeproverinformaçõesparamonitoraraintensidadedotreinamentoaeróbico.(HeldeMarti,1999;Benekeetal.,2003).

Onívelde4,0mmoldelactatonosangue,ouOBLA(Onset Blood Lactate Accumulation), apresentadoporSjödinetal.(1981),apresentaumaltograudeconfiança em relação ao controle de treinamento,principalmenteemrelaçãoaodesempenhoaeróbico(Wakayoshietal.,1992).

Olactatosangüíneopodeterasuaconcentraçãomodificadapelaatividade física,podendovariardeacordocomaduraçãoea intensidadedacargadetrabalho.Sabe-sequea faltadeoxigênioaceleraoíndicedeproduçãodelactato,bemcomooaumentodesuaconcentraçãonosanguedeve-seaofatodesuaentradaexcederoíndicedesuaeliminação(Lacouretal.,1990;Bretetal.,2003).Portanto,aconcentraçãode lactato sangüíneo em atletas de natação está

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diretamenterelacionadacomoníveldedesempenhoecomaprescriçãodetreinamentodosmesmos.Algunsestudosdemonstraramqueo limiaranaeróbicotemsidoempregado,extensivamente,paraindicarmelhoranodesempenhodeatletas,nãosódenatação,comotambémdeoutrasmodalidades.Alémdisso,olimiardelactatopodeserutilizadocomoumparâmetrodecontroledetreinamento(Baronetal.,2003).

DeacordocomMäestuetal.(2000),aimportânciadometabolismooxidativotambéméconfirmadapelaelevada potência aeróbica máxima (consumo deoxigênio) de nadadores, em comparação a outrosatletas, fazendocomqueoVO

2máxea intensidade

correspondenteaolimiaranaeróbicosejamutilizados,com sucesso, na predição do desempenho paranadadores(Dekerleetal.,2005).

Secher (1993) ressalta que o limiar anaeróbicopareceseravariávelmaissensívelparamonitorara evolução do treinamento, pois, muitas vezes, oVO

2máx não se modifica, mas o limiar anaeróbico

aumentacomotreinamento,resultandoemmelhoriadodesempenho(Baronetal.,2003;Dekerleetal.,2004).O testede lactato,deacordocomJoneseDoust(1998),trazinformaçõesimportantessobreacapacidade aeróbica dos nadadores, podendo serutilizadoparaverificarosefeitosdotreinamento,bemcomoparadeterminaramelhoradaperformanceematletasdealtorendimento.

OBJETIVO

Esteestudoprocuroudemonstraraimportânciadaidentificaçãodavelocidadecríticaedotemponolimiaranaeróbicoparaatletasdenatação,comparandodoistestes com diferentes procedimentos, sendo uminvasivo(TesteVitesse)eoutronãoinvasivo(T-30).

METODOLOGIA

A população deste estudo foi composta denadadores de elite, do estado de Minas Gerais,federados à FederaçãoAquática Mineira (FAM),comíndiceparadisputaroCampeonatoTroféuJoséFinkeldeNatação/2004.Participaramdestetrabalhooitoindivíduosdosexomasculino,voluntários,comno mínimo cinco anos de natação competitiva,todos no período básico na periodização de seustreinamentos.A coleta de dados foi realizada no

Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH),emumapiscinasemi-olímpica(25m),ondeaáguase encontrava a uma temperatura de 27,5ºC. Oteste de lactato para determinação do limiar delactato foi oTeste Vitesse. Para o mesmo, foramutilizadaslancetasdescartáveisparacadapunção,sendocoletadosanguedodedoindicadordecadaparticipante,apósosatletasesterilizaremasmãosacadateste.Apessoaresponsávelpelotesteutilizouluvasdeborracha,tambémdesinfetadasapóscadacoletadeamostradesangue.Foirealizadaumacoletasangüíneatotalde25microlitrosparacadaanálisemetabólicapelolactímetroAccutrend(ROCHE),tendosidodescartadaaprimeiragotadosanguecoletado.A coletaparaanálise foi realizadaao final de trêsminutosparaqueoácidoláticoproduzidonomúsculofosse reduzido a lactato e, assim, analisado nosangue.Duranteacoletasangüínea,contou-secomapresençademédicoedepessoalautorizado.

Paraarealizaçãodotestedelactatosangüíneo,foirealizadooTestedeSangueVitesse,onde,segundoMaglischo(2003),temos:

Nadadoresdecrawl,sexomasculinoefeminino:_Realizarumtirode400ma85%emrelaçãoao

melhortempodatemporada.Nadadoresdecostas,peito,borboletaemedley,

sexomasculinoefeminino:_Realizarumtirode200ma80%emrelaçãoao

melhortempodatemporada.Antecedendo a realização do teste de lactato

sangüíneo, todos os atletas realizaram 400m livreparaaquecimento,comumaintensidadede55%domelhortempodatemporadanonadolivre.

Otestede30minutos,ou3000metros,consistenatomadadetempode30minutos,ondeosnadadoresdeverãonadaremesforçomáximo, comum ritmoregulardurantetodooteste.Estetestefoirealizadodoisdiasapósosatletasteremrealizadootestedelactatosangüíneo,tendoosnadadoressidoorientadosanadaramaiormetragempossívelduranteotempoestimado.Foiemitidoumsinalsonoroindicandocincominutosparao términodo teste,deacordocomocombinadopreviamente.AntecedendoarealizaçãodotesteT-30,todososatletasrealizaram400mlivresparaaquecimento,comumaintensidadede55%domelhortempodatemporadanonadolivre.

Foirealizadaumaanáliseestatísticadescritiva,com comparação de médias para identificar a

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diferença estatisticamente significativa entre asvariáveis, velocidade crítica em m/s e tempoalcançado no limiar anaeróbico relacionado comadistânciade100metros.Utilizou-seoTestedeWilcoxon,paraamostrasnãoparamétricas,pacoteestatístico SPSS 13.0 for Windows, com auxílioda planilha de dados Excel. Para comprovaçãoestatísticautilizamosp≤0,05.

Os part ic ipantes assinaram o termo deconsentimentolivreesclarecido.

RESuLTADOS

AsTABELAS 1 e 2 demonstram alguns dadosmetodológicos referentesàcomposiçãocorporaleaotreinamentodosatletas,comointuitodeanalisarahomogeneidadedogrupopesquisado.

TABELA1DADOSMETODOLÓGICOS.

TABELA2DADOSDOTREINAMENTO.

NaTABELA3,vê-seasdiferençasem relaçãoàvelocidadecríticaeaotempodelimiaranaeróbiconos100metrosnostestesrealizados,TesteVitesseeT-30.

TABELA3VELOCIDADECRÍTICAETEMPONOLIMIAR

ANAERÓBICO.

Verificou-sequenãohouvediferençasignificativa(p≤ 0,05)entreavelocidadecríticaemm/sentreosdoistestes.Omesmoocorreunotempodelimiaranaeróbiconos100metros(p≤0,05).

NoGRÁFICO1,mostramosa relaçãodosdoistestesemrelaçãoàvelocidadecríticadossujeitosdeste estudo, aonde não encontramos diferençassignificativas(p≤0,05).

GRÁFICO1VELOCIDADECRÍTICANOSTESTES.

NoGRÁFICO2,vê-sequenãoforamencontradasdiferenças significativas entre os dois testes, emrelaçãoaotempoparaos100metros(p≤0,05).

GRÁFICO2TEMPO(S)NOSTESTES.

DISCuSSAO

Esteestudoutilizouumtestecomumaúnicasériedenatação,determinandoosvaloresdelactatoaofinaldasérie,buscandovaloressimilaresoupróximosa4,0mmol.Ossujeitosdoestudoalcançaramolimiarno finaldoTesteVitesseentre3e6,8mmol.EstavariaçãoparadeterminaroOBLA,bemcomoparaidentificá-locomolimiaranaeróbico,érelatadapelosprimeirospesquisadoresqueidentificaramovalorde

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4,0mmolcomosendoo limiar (Hecketal.,1985).Váriosestudos,entretanto,mostraramqueo limiaranaeróbico individual pode ser encontrado acimaouabaixode4,0mmol/L(BaldarieGuidetti,2000).SegundoosestudosdeOlbrechtetal.(1985),olimiaranaeróbioé,geralmente,definidocomoaintensidadedeexercícioaumaconcentraçãodelactatode4,0mmol/L,jáqueestevalorpoderiaserutilizadoparaestabelecera intensidadeidealdetreinamento.Aocompararessevalordelactatocomoutrosestudosrealizados com nadadores, vê-se que a variaçãopraticamentenãoexiste,jáqueosreferidostrabalhosutilizaramumaquantidadedelactatofixaem4,0mmol(Billatetal.,2003;Grecoetal.,2003;Kokubun,1996;Wakayoshietal.,1993).

Um fator que, com certeza, limitou este estudofoi a pequena amostra de somente oito sujeitos.Comumaamostramaior,osresultadosencontradospoderiam ser diferentes, verificando-se estesprocedimentosdostestesemumnúmeromaiordesujeitos,principalmenteemrelaçãoàefetividadedoTesteVitessenomelhorestilodenado.

Ao comparar o resultado destes sujeitos comos estudos de Denadai e Greco (1997), Denadaiet al. (1997), Denadai et al. (2000), Greco etal.(2002),Grecoetal.(2003),verifica-sequeforaminferioresaosencontradosnapresenteinvestigação,observando que nossos sujeitos encontraramvaloressuperioresaosdestesestudos.Essagrandediferença pode ser explicada pela diferença doprotocolo, já que eles utilizaram um protocolo demaissérieseemumúnicoestilo.OTesteVitesseutilizado neste estudo é um protocolo específico,segundooestilodonadador.Alémdisto,oscitadosestudostrabalharamcomnadadoresadolescenteseesteestudofoirealizadocomnadadoresadultos.Comnadadoresetriatletasmaisexperientes,comodescrevemosestudosdeMartineWhyte(2000)eDekerle et al. (2005), também encontramos umavelocidadeinferior,provandoqueotestenoestilodonadadorpodevirasermaiseficienteaoprescrevero treinamento, inclusive pela especificidade domesmo.Bishopetal.(1998)comentamque,paraumtestedevelocidadecríticasereficiente,eledeveserinferioratrêsminutos,comoocorreunesteestudo,quandoseprocurou relacionaro limiarde lactatocomotempoemm/souemrelaçãoaossegundosnos100metros.

O T-30 é um teste usualmente utilizado portreinadoresporserumtestedefácilaplicabilidade,emquesedeterminaodesempenhoaeróbico.Essemesmo teste é ainda utilizado para prescrever asintensidades de treinamento durante a temporada(Olbrechtetal.,1985;Maglischo,2003).Aprincipalvantagem do Teste T-30, em relação a outrosmétodos não-invasivos, é que ele demonstrou serum indicador válido das velocidades de nataçãonecessáriasparaatingiroMaxlass(Olbrechtetal.,1985;Grecoetal.,2003).Estemesmoautorcomenta,ainda,adificuldadedenadadoresnão-experientescontrolaremavelocidade,dificultandoaidentificaçãodavelocidadecrítica.Nesteestudo,istonãoocorreu,poisosindivíduospesquisadospossuíamexperiênciaemtreinamento,bemcomoemnataçãocompetitivaconformedemonstradonaTABELA2.

Alguns estudos encontraram uma alta relaçãoentreo testeparadeterminaravelocidadecríticaatravésdaanálisedo lactatosangüíneoeoT-30(Dekerleetal.,2002;Wakayoshietal.,1992).Essesestudos corroboram o encontrado no presentetrabalho, sobretudo com nadadores experientes.JáGrecoetal.(2003)nãoencontraramomesmoresultado em nadadores jovens, podendo serexplicada a diferença em função da falta deexperiência no controle do tempo e da cargaexigidano teste,maisbemcontroladoporatletasmaisexperientescomoosdestainvestigação.Nãosomente o fator experiência no controle do testedeve ser levado em conta para esta diferença,comonãosepodeesquecer,também,dadiferenteproduçãode lactatosangüíneoemcriançaseemadolescentes, se comparados a adultos (Berg etal.,1986).

COnCLuSÕES E RECOMEnDAÇÕES

O estudo conclui que o Teste Vitesse paradeterminar a velocidade crítica, se comparado aoutros testes para predição do limiar de lactatoda própria velocidade crítica, aparenta ser maiseficiente, pelo fato do avaliado realizar o testeem seu melhor estilo, diferentemente de outrosprotocolossangüíneosemquetodososnadadoresdevemrealizarnonadocrawl.OTesteT-30tambémsemostroueficiente, sendomais recomendandoquando não se podem utilizar meios invasivos

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para análise do limiar de velocidade. Não foramencontradas diferenças significativas entre osdois testes ao determinar a velocidade crítica eo tempo nos 100 metros. Pode-se concluir queambosostestespodemserutilizadosparadetectara velocidade crítica com eficiência, bem como olimiarparatreinamentonanatação.Recomenda-seum estudo maior, com número de amostragemmais expressivo, com nadadores velocistas enadadores fundistas, em diferentes fases do

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Endereço para correspondência:SandroFernandesdaSilva.R.Curitiba,613-SãoJosé

ParádeMinas-MG-CEP:35660-119Tel:373232-2831/319122-5711

e-mail:[email protected]/[email protected]

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ArtigoOriginal

RELAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES

José Mário de Souza-e-Sá Júnior1, Marcos Alexandre Monteiro-Gomes1, Carla Cristina Pimenta Alcaraz1, José Carlos Meireles de Sousa1, Francisco Harrisson de Souza1, Cynthia Torres França da

Silva1, Marcos de Sá Rego Fortes2, Eduardo Camillo Martinez2,3

1-EscoladeEducaçãoFísicadoExército-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.

2-InstitutodePesquisadaCapacitaçãoFísicadoExército-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.

3-EscolaNacionaldeSaúdePúblicaSérgioArouca/FundaçãoOswaldoCruz-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.

_________Recebidoem20.11.2006.Aceitoem24.01.2007.

38-46

Resumo

Variáveisantropométricastêmsemostrado

associadasaoriscodedoençascardiovasculares

pelaliteraturacientífica.Esteestudo,decorte

transversal, teve por objetivo descrever as

característicasantropométricasdesujeitoscom

IMC≥ 28kg.m-2,bemcomoavaliarrelaçõescom

indicadoresderiscocardiovascular.Aamostra

foi constituída por 19 militares da ativa, com

idade de 38,1 ± 7,8 anos, massa corporal de

89,3±7,1kg,estaturade172,7±5,6cm,relação

cintura/quadrilde0,93±0,05epercentualde

gorduracorporal(%G)de24,9±4,2,esteúltimo

aferidopelométododaPesagemHidrostática.

Foramdosadososníveisséricosdecolesterol

to ta l (CT), HDL-c, LDL-c, t r ig l icer ídeos e

g l i cemia de je jum. O estabelecimento da

associação entre as variáveis foi feito pelo

coeficiente de correlação de Spearman e, para

a análise dos dados de maneira categorizada,

utilizou-se o teste exato de Fisher (p<0,05). Os

resultados mostraram correlação inversa entre

acircunferênciadacinturadeHan,aglicemiade

jejume%G.OIMC>30kg.m-2semostrouassociado

aoaumentodaprevalênciadehipercolesterolemia

e à diminuição da prevalência de indivíduos

com HDL-c>40mg.dl-1.A freqüência semanal

de a t iv idade f ís ica (>3 sessões) most rou

influência inversa na prevalência de sujeitos

com IMC>30kg.m-2.ATMR>1150kcaldiminuiu

aprevalência(p<0,05)desujeitoscomglicemia

em jejum>100mg.dl -1, hipercolesterolemia e

hipertensãoreferida.

Palavras-chave:DoençasCardiovasculares,Gasto

Energético, Militares, Nível deAtividade Física,

FatoresdeRisco.

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OriginalArticle

RELATIOn BETWEEn AnTHROPOMETRIC MEASuREMEnTS AnD CARDIOVASCuLAR

RISKS

Abstract

Anthropometricvariableshavebeenassociatedtotheriskofcardiovasculardiseasesbythescientificliterature.ThisstudyoftransversalcuthasitsmaingoalasdescribingtheanthropometriccharacteristicsoftheindividualswithBodyMassIndex(BMI)≥28Kg.m-2,aswellasevaluatingtherelationswithcardiovascularrisk indicators.The sample was composed of 19militaries, still on duty, aged 38,1 ± 7,8 years,bodymassof89,3±7,1Kg,heightof172,7±5,6cm, relationwaist/hipof0,93±0,05andbody fatpercentage(%F)of24,9±4,2,whichwasmeasuredby the hydrostatics weighing method.The sericolevelsoftotalcholesterol(TC)weredosedHDL-c,

LDL-c, triglycerides,andglycemiaduring fasting.TheestablishmentofanassociationbetweenthevariableswasdonebythecorrelationcoefficientofSpearman,andtoanalyzethedatainacategorizedway, it was used the exact test of Fisher (p<0,05).Theresultsshowedaninversecorrelationbetween the circumference of the waist of Han,theglycemiaduringfastingand%F.TheBMI>30Kg.m-2wasseenasassociatedtotheprevalenceofhypercholesterolemiaandthereductionoftheprevalence of individuals with HDL-c >40mg.dl-1.The weekly physical activity frequency (> 3sessions) showed an inverse influence on theprevalence of individuals with BMI > 30Kg.m-2.TheTMR>1150Kcalloweredtheprevalence(p<0,05) of individuals with glycemia during fasting>100mg.dl-1,hypercholesterolemiaand referredhighbloodpressure.

Key words: Cardiovascular diseases, EnergeticConsume,Militaries,LevelofPhysicalActivity,RiskFactors.

InTRODuÇÃO

E m b o r a a m o r t a l i d a d e p o r d o e n ç a scardiovasculares (DCV) venha declinando nohemisférionorte,suaprevalênciapermanececomoamaiorcausademortedesdeosanos90.NoBrasil,elasrespondempor32%dasmortesocorridasentre1979e1997(Brasil,1998),sendo,naatualidade,asmaiorescausasdeóbito.

Os gastos federais do governo brasileiro cominternações de alta complexidade cardiológicacorresponderam a 43,6% do total, em 2001.Alémdisso,excetuando-seascomplicaçõesrelacionadasàgravidezeaoparto,asdoençascardiorrespiratóriasforamresponsáveis,respectivamente,por43,5%e33,5%dastaxasdemortalidadeemorbidadenacional(Brasil,2001).

NasorganizaçõesmilitaresdesaúdedoExércitoBrasileiro(EB),noanode2005,aespecialidadede

cardiologia foi responsávelpor12,8%do totaldos873.973atendimentosambulatoriaisepor36%dageraçãodeexamescomplementares,excluindo-seosexamesradiológicossimples(Brasil,2005).

Segundo recomendações da OMS (WHO,2000), a vigilânciados fatoresde riscoparaDCV,pormeiosantropométricos,mostra-seefetivaparaprediçãodessasdoenças,sobretudonadetecçãodosobrepesoedaobesidade,definidacomodoençadoacúmuloexcessivodegorduracorporal,sendoesta,atualmente,umproblemadesaúdepúblicaemdiversospaíses (MondinieMonteiro,2000;Popkin,2001).Osobrepeso,aobesidadeea relaçãocintura-quadril(RCQ)guardamumarelaçãodiretacomosfatoresderiscocoronarianos,omesmovalendoparaoÍndicedeMassaCorporal(IMC).Valoresacimade25kg.m-2mostram-seassociadoscomodesenvolvimentodadoençacoronarianaedesuamorbidade(Dornetal.,1997).DeacordocomSalehetal.(1999),aobesidade

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estáestreitamentevinculadaàtaxametabólicabasal(TMB)doindivíduo.

As medidas antropométr icas podem serrelacionadasaoriscodedesenvolvimentodeváriasdoenças (Callaway, 1988), seja pela RCQ, pelacircunferência da cintura (CC) (Han et al., 1995;Grundy,1999),oupeloIMC(WHO,2000).

Areduçãodamassacorporaldiminuiosfatoresde risco de doença cardiovascular, assim como areduçãodegorduraabdominalmelhoraoperfillipídicoereduzapressãoarterial(National Heart, Lung and Blood Institute/Institutes of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases,1998;Ellisetal.,1997).

Este estudo descritivo-correlacional, de cortetransversal, teve por objetivo descrever ascaracterísticas antropométricas de militares comsobrepesoeobesidade,assimcomoavaliarsuaspossíveis relações com os níveis plasmáticosdeindicadoresderiscocoronariano–colesteroltotal(CT),LDL-colesterol(LDL-c),HDL-colesterol(HDL-c), triglicerídeos (TG) e glicemia de jejum–nessapopulação.

METODOLOGIA

Seleção da amostra

Foramselecionados19militaresdaativa, todosvoluntárioseservindonoForteSãoJoão,naUrca/RJ,queseapresentaramcomidadede38,1±7,8anos, massa corporal de 89,3±7,1 kg, estatura de172,7±5,6cme24,9±4,2%degorduracorporal(%G). Foram excluídos da amostra todos osmilitarescom IMCmenorque28kg.m-2eaquelesque apresentavam alguma limitação física para arealizaçãodosexames.

Procedimentos

Os militares foram contatados individual ereservadamente em seus locais de serviço,sendo convidados a participarem do estudo.Apósestaremesclarecidosquantoaeventuaisdúvidasedemonstraremvontadede fazerpartedaamostra,assinaram o termo de consentimento livre eesclarecidoetiveramseusexamesagendados.

Medidas durante a coleta

MassaCorporaleEstatura:amassacorporalfoimedida no primeiro horário da manhã, em jejum,utilizando-sebalançaeletrônicadigitalFilizola,comprecisãode50gramasecapacidadepara150quilos.Omilitarestavadescalço,trajandosomentesunga,nocentrodabalança,defrenteparaoavaliadorede costas para o display de resultado.A estaturafoi mensurada em estadiômetro de parede fixo,comprecisãode1milímetro.Amedida foi tomadadochãoatéovértexdacabeça,estandoomilitarcompletamente ereto, com a coluna cervical emposiçãoneutra.

Perímetros da cintura e do quadril: o perímetrodacinturafoimedidonamenorcircunferênciaentreaporçãoinferiordogradilcostaleacristailíaca.Operímetro da cintura de Han (1995) foi medido nopontomédioentreestesdoispontosanatômicos.Operímetrodoquadrilfoimedidonamaiorcircunferênciada regiãoglútea, comomilitar vestindocalçãodebanho. Foram adotados, para todas as medidas,os procedimentos constantes no Anthropometric Standardization Reference Manual (Callawayetal.,1988).Osperímetrosforammensuradosutilizando-seumafitamétricadamarcaSanny®,comprecisãode 1 mm. Para o cálculo da razão cintura-quadril,dividiu-seovalordoperímetrodacinturapelovalordoperímetrodoquadril.

Preenchimento do questionário: foi aplicadoum questionário auto-respondido, com questõesde histórico individual de doenças, rotinas gerais,atividadefísica,usodemedicamentos,etc.Aomilitar,foifacultadaaopçãodedeixarderesponderqualquerpergunta.

Pesagem Hidrostática: realizada no tanque depesagemhidrostáticadoLaboratóriodeAntropometriado InstitutodePesquisadaCapacitaçãoFísicadoExército (IPCFEx), com o militar trajando apenassunga, conforme descrição de Pollock e Wilmore(1993),apósjejumdepelomenosquatrohoras,comabexigaesvaziadaesemterrealizadoatividadefísicaporumperíodode12horas.Ovolumeresidualfoicalculadocomosendoiguala0,017x(idade,anos)+0,027x(estatura,cm)–3,477.

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Para o cálculo da Densidade Corporal (D),utilizou-seafórmula:

MassaCorporal(MC)(emKg)D=(g.ml-1)=

[(MC–PS)/Da]–(VR+100)

ondePS=pesosubmersonaáguaemkgeDa=densidadedaágua.

Examebioquímico: foi realizadono laboratóriodaDiretoriadePesquisaeEstudosdePessoal(DPEP),emjejumde12horas,períodoemqueosindivíduospoderiamingerirapenaságua.Semprequepossível,foievitadaaadministraçãodemedicamentosnostrêsdiasqueantecederamoexame.Casocontrário, ofatoseria registrado,assimcomoosmedicamentosingeridos.Foramcoletadosdoistubosdeensaiode4,5mldesangueparaasmedidasbioquímicas.Dosou-seonívelséricodeglicemia,CT,LDL-c,HDL-ceTG.Paraaanálisebioquímicadocolesteroltotalefrações,osanguefoiseparadoporcentrifugaçãoa3000rpm,durante20minutosapóscoagulação,ficandoembanho-mariade37º,por15minutos.Paraaanálisedaglicose,20μldesororeceberam2mldereagente,permanecendoembanho-mariade37ºC,por10minutos.Asleiturasforamrealizadasemespectofotômetrocomregulagemde505nanômetros.Paraanálisedonívelde triglicerídeos,10μldesoro receberam1mlde reagentee,apósbanho-mariade10minutos,aleiturafoirealizadaemespectofotômetro(500nanômetros).

Valores adotados para as análises

Foram considerados, como fatores de riscocardiovascular,osníveisséricosde:CT≥240mg.dl-1,LDL-c≥190mg.dl-1,HDL-c<40mg.dl-1,glicemiaemjejum≥100mg.dl-1eTG≥200mg.dl-1.OsvaloresdeIMC>25kg.m-2classificaramomilitarcomoportadordesobrepesoeobesidade(WHO,2002).RCQ>0,95,assimcomooperímetrodacinturadeHanmaiorque102cm,classificaramosujeitocomoportadorderisco(Pereiraetal.,1999;Hanetal.,1995)epercentuaisdegorduracorporalmaioresque25%classificaramosujeitocomoobeso(PollockeWilmore,1993).

Estatística

Utilizou-seo testedeShapiro-Wilkparaverificaradistribuiçãodosdadose,após isto,optou-sepor

utilizartestesestatísticosnão-paramétricospelofatodenãotersidoencontradanormalidadenacurvadedistribuição.

Paraaanálisedecorrelação,foiutilizadootestede correlação de Spearman e para a análise dosdados de maneira categorizada, o teste exato deFisher(todoscomsignificânciade0,05).FoiutilizadoosoftwareStata8.0paraWindows.

RESuLTADOS

Os valores médios da amostra indicam que osníveisséricosdeCT,HDL-c,LDL-c,TGeglicemiadejejumseencontramabaixodossugeridoscomoderiscopelaliteraturacientífica(TABELA1).

TABELA1CARACTERÍSTICASDAAMOSTRA(n=19).

Foi encontrada relação direta entre o %G e aglicemia(r=0,622)eentreo%GeoLDL-c(r=0,451),todosparap<0,05.Noentanto,nãoforamencontradasrelaçõescomoCT,HDL-ceTG.

OperímetrodacinturadeHanmostroucorrelaçãodiretacomopercentualdegordura(r=0,84;p<0,0001),colesterol total (r=0,88; p<0,0001), LDL-c (0,54;p<0,05)e IMC (r=0,89;p<0,0001), comopodeserconstatadonoGRÁFICO1.

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GRÁFICO1CORRELAÇÃOENTREOPERÍMETRODACINTURAECOLESTEROLTOTAL,LDL-COLESTEROL,

PERCENTUALDEGORDURAEIMC.

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Ao realizaraanálisedeprevalênciados fatoresde risco de maneira categorizada, encontrou-semenorprevalênciadesujeitoscomIMC≥30kg.m-2emindivíduosquepraticavamatividadefísicaregularmente(50,0%x8,33%;p<0,05).

OIMCmaiorque30kg.m-2semostrouassociadoaoaumentodaprevalênciadehipercolesterolemia(33,3%x100%;p<0,05)ediminuiçãodaprevalênciadeindivíduoscomHDL-c>40mg.dl-1(57,1%x33,3%;p<0,05)(GRÄFICO2).

GRÁFICO2PREVALÊNCIAPELOIMC.

Comrelaçãoàscaracterísticasdaatividadefísicarealizada,afreqüênciasemanaldeatividadefísicamostrouinfluênciainversanaprevalênciadesujeitoscomIMC>30kg.m-2,encontrando-se50%desujeitosentreaquelesquerealizavammaisdetrêssessõessemanais e 100% naqueles que realizavam nomáximotrêssessões(p<0,05).

A glicemia em jejum maior que 100 mg.dl-1

se mostrou mais presente entre os sujeitos comperímetrodecinturamaiorque102cm(p<0,05)eemsujeitoscomIMCmaiorque25Kg.m-2(p<0,05).

DISCuSSÃO

AoseavaliarosefeitosdoexercíciofísicosobreosdiferentesfatoresderiscodeDCV,váriosautoresapresentam dados bastante semelhantes quantoaobenefíciodessaprática,tantocomocoadjuvanteterapêutico, quanto como fator de profilaxia,sobretudo quando em associação com perda demassa gorda e programas dietéticos.A relaçãoprotetora do treinamento físico encontrada neste

estudoestádeacordocomoquesugerealiteraturacientífica (Martinez, 2004;Kujala et al., 1998) queafirmaexistirumacorrelaçãodiretaentrefreqüênciae intensidadedaatividade físicacomosníveisdeHDL-c,bemcomorelaçãoinversacomosníveisdecolesteroltotaledeLDL-c,assimcomoopercentualdegorduraeoIMC.

Aparentemente, o tipo de sistema energéticopredominantenoexercíciofísicoapresentainfluêncialimitada sobre os dados bioquímicos. Sabia etal. (2004) e Bestetti e Santos (1984) sugeremque, em sujeitos com IMC elevado, os exercíciosaeróbicos melhoraram de modo mais evidente oHDL-c, o LDL-c e o CT em comparação com asatividades anaeróbicas, mais eficientes para oTGe HDL-c somente. Este estudo também corroboraos achados deste trabalho, considerando que ossujeitosrealizavam,predominantemente,atividadesaeróbicas.

Nocasoespecíficodasmodificaçõesbioquímicas,osresultados,emboramenoshomogêneosquantoaosaspectosquantitativosdasdiferentesvariáveis,tambémsemostraramsignificativos.Barbatoetal.(2006)sugeremqueummenorpesocorporal,sobumregimedeexercíciosfísicosedieta,estabeleceuvalores de redução nos níveis de CT e de LDL-c.Resultados semelhantes (Martinez, 2004; Denke,1993)tambémapontamparaainfluênciado%GcomosníveisdeLDL-ceglicemiadejejum,corroborandoosachadosdopresenteestudo.

Osparâmetrosdemensuraçãodocondicionamentofísicoedesuainfluêncianoorganismosemostraramqualitativamente adequados, mesmo em suasdiferenças e peculiaridades.Anjos (1992) ressaltaa validade do uso do IMC, sobretudo quantoao aspecto da praticidade do método como umfacilitador.EstudosdeLotufo(1998),doNIH(2001)edeMartinez(2004)sugeremqueoIMCinfluenciaaincidênciadehipercolesterolemiademaneirageralesofreinfluênciadascaracterísticasdaatividadefísica,oqueestádeacordocomosachadosdesteestudo.Ainda,comrelaçãoàcomposiçãocorporal,o%Gsemostra influenciadopela intensidadeeduraçãodotreinamento físico, indo ao encontro do estudo deSessoetal.(2000).

Os dados sugerem que o sobrepeso aumentao risco de morbidade, o que está de acordo coma literatura internacional.A análise da distribuiçãocentraldagorduramostrou-sebastanteimportante,

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relacionando-secomosníveisdeglicemiadejejum,o%GdemaneirageraleoVO

2máx,maisumavez

deacordocomaliteraturaestudada(ABESO,2001;Han,1995).Aconsiderávelassociaçãoencontradaentre as variáveis antropométricas dos sujeitosestudados,assimcomoentreosresultadosdoexamedeglicemiadejejum,mostraainfluênciadaquelasnaprevalênciadestadisfunção,potencializadapelo fatodaamostrasercompostaporsujeitoscomsobrepeso.Infere-sequeestaprevalênciapodereduzirpormeiodosimplescontroleemelhoradoestadonutricionaledocondicionamentofísicodestesmilitares.

COnCLuSÕES E SuGESTÕES

A deposição central de adiposidade, medidapelo perímetro de cintura de Han, relacionou-seinversamentecomosníveisséricosdeglicemiadejejumediretamentecomopercentualdegordura.

Daanálisedarelaçãoentreo%Geaglicemiaeentreo%GeoLDL-c,osachados,demodogeral,vãoaoencontrodoqueéefetivamentedescritonaliteratura,istoé,arelaçãodiretadeproporcionalidade.QuantoaoIMCesuainfluêncianosíndiceslipídicos,valoresmaioresque25kg.m-2semostraramassociadosaumaumentodaprevalênciadehipercolesterolemiaeaumadiminuiçãodaprevalênciadeindivíduoscomHDL-c>40mg.dl-1.

Baseadonosdadosapresentadosenasinformaçõesobtidasduranteesteestudo,sugere-seque:

1. Sejarealizadaumaabordagemindividualizadae multiprofissional nos militares que apresentaram

%Gacimade25%,visandopromoverarecuperaçãodoestadodesaúdedosmesmos;

2. Seja amplamente divulgada, pelo Comandodo Exército Brasileiro, através dos veículos decomunicação existentes na Força, campanhassobre a importância da manutenção do bomcondicionamento cardiorrespiratório, bem comoda prevenção da obesidade, através de níveisadequadosdeatividadefísicaedocontrolenutricionalnos aquartelamentos (preparo, balanço da dieta equantidadeconsumida).

3. Sejammantidasa regularidade, freqüênciaeduraçãodassessõesdetreinamentofísicoprevistasno manual de Treinamento Físico do ExércitoBrasileiro,objetivandoamanutençãodasaúdedatropa;

4. Sejaincentivadoousodoperímetrodecintura(Han) e o IMC nos exames pré-Teste deAptidãoFísica, para identificar precocemente possíveisfatoresderisco, facilitandoaadequadaprevençãodeDCV;e

5. Sejam incentivados e implementados novosestudos, visando aumentar a robustez destesachados e analisar novos problemas que possamlevaràobesidade.

Endereço para correspondência:AvJoãoLuizAlves,s/nº(ForteSãoJoão)-Urca

RiodeJaneiro-RJ-Brasil-CEP22291-090Tel:212543-3323

e-mail:[email protected]

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ArtigodeRevisão

hOMEOSTASE DE COBRE E ATIVIDADE FÍSICA

Josely Correa Koury 1, Carmen Marino Donangelo 2

1-UniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro-RiodeJaneiro-Brasil.2-UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro-RiodeJaneiro-Brasil.

Resumo

Ocobreéummetaldetransiçãoessencialparaa manutenção de vários processos biológicos,alguns deles importantes para a atividade física,tais como: para o metabolismo energético, paraahomeostasede ferroeparaosmecanismosdeproteçãoantioxidante.Noentanto,ocobretambémparticipa de reações oxidativas que promovem aliberação de radicais livres, podendo prejudicar aintegridade e a função celular.A atividade físicae a dieta são fatores que afetam a homeostasedo cobre, podendo interferir na sua capacidadeantioxidante.A atividade física intensa promoveuma maior utilização de oxigênio, favorecendo a

__________Recebidoem20.09.2006.Aceitoem14.11.2006.

liberaçãoderadicaislivres,comdanosirreversíveisaoorganismo,quandoosmecanismosnaturaisdeproteção,incluindoosdependentesdecobre,nãosãoadequadamenteestimulados.Umadietadeficienteemcobree/oudesequilibrada,talcomocomousodesuplementaçãonutricionaldescontroladadeácidoascórbicoezinco,comumentreatletas,interferenaabsorçãoenautilizaçãodocobre,prejudicandosuaaçãocomoantioxidante.Este trabalhode revisãotevecomoobjetivomostraraimportânciabiológicadocobreedamanutençãodasuahomeostasenaatividadefísicaintensa.

Palavras-chave:Cobre,Atletas,Cuproenzimas,Metalotioneína,SuperóxidoDismutase.

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RevisedArticle

HOMEOSTASIS OF COPPER AnD PHySICAL ACTIVITy

Abstract

Copperisanessentialmetalforthemaintenanceof various biological processes; some of themare important to the physical activity: energeticmetabolism, homeostasis of copper and themechanismsofantioxidantprotection.Yet,copperalsoparticipatesinoxidativereactionsthatpromotetheliberationoffreeradicals,whichmayharmtheintegrityandcellularfunction.Thephysicalactivityandthedietarefactorsthataffectthehomeostasis

ofcopper,interferingintheantioxidantcapacity.Theintensephysicalactivityfostersabiggerutilizationofoxygen,favoringtheliberationoffreeradicals,withirreversibledamagestotheorganism,whennaturalmechanismsofprotection,includingthedependentson copper, are not adequately stimulated.A dietinsufficient or unbalanced in copper, as usinguncontrollednutritionalsupplementofascorbicacidand zinc, common among athletes, interferes intheassimilationandutilizationofcopper,harmingits antioxidant action. This review focused onshowing the biological importance of copper andthemaintenanceof itshomeostasis in the intensephysicalactivity.

Key words: Copper,Athletes, Cuprous Enzymes,Metalotionein,SuperOxideDismutasis

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InTRODuÇÃO

O cobre é um elemento traço essencial parainúmeras funções biológicas, desempenhandopapel importante na atividade física, através dasua participação no metabolismo energético, nahomeostasedoferroeemmecanismosdeproteçãoantioxidantecomocomponentedediversasenzimas(Speichetal.,2001).Noentanto,oíoncobrelivre,tantoemestadooxidado(Cu+2),quantoemestadoreduzido(Cu+1),podecatalisaraformaçãodeespéciesreativas de oxigênio e atuar como pró-oxidante,condição favorecida na atividade física intensa.Aaçãopró-oxidantedocobreécontroladaporrigorosose complexos mecanismos que mantém a suahomeostasenoorganismo(GaetkeeChow,2003).Aadequaçãodestesmecanismoséparticularmenteimportanteemindivíduosquepraticamatividadefísicaintensaeregular.

O consumo adequado de cobre é importanteparaassegurarobomdesempenhodeatletas.Emgeral,a ingestãodecobredeatletasdediferentesmodalidades supera as recomendações dietéticas(Lukaskietal.,1990;SingheEvans,1993;Lukaskietal.,1996;Kouryetal.,2004).Noentanto,outrosnutrientes, tais como ácido ascórbico, ferro ezinco, quando consumidos em excesso, podemcausar efeitos adversos sobre a homeostase decobre e, possivelmente, prejudicar a manutençãode sua função antioxidante (Harris, 1992). O usode suplementos nutricionais que não contemplamadequadamenteofornecimentodecobreébastantecomumentreatletas,podendoprejudicara funçãoessencialdocobreduranteaatividadefísica.

Estetrabalhoderevisãotemporobjetivodestacaraimportânciabiológicadocobreedamanutençãodasuahomeostase,nocontroledoestresseoxidativo,associadoaoexercíciofísicointenso.

DISCuSSÃO

Funções biológicas do cobre

Ocobreparticipadediversasfunçõesnoorganismo,sendo essencial nos sistemas imune, nervoso ecardiovascular,bemcomonamanutençãodasaúdeóssea.Ocobreécomponentedeumgrandenúmerodeproteínaseenzimasquedesempenhamfunções

biológicasfundamentaisàscélulasequecontribuemparaamanutençãodesuahomeostase(GaetkeeChow,2003;Harris,1992).

Algumas das principais enzimas e proteínascobre-dependentessãoapresentadasnaTABELA1.Aenzimamitocondrialcitocromocoxidaseéimportanteparaaproduçãocelulardeenergia,umavezqueestáenvolvidanacadeiadetransportedeelétrons,ondereduzooxigênioàáguacomformaçãodeATP.Asferroxidases,comoaceruloplasmina(ferroxidaseI)eaferroxidaseII,sãoenzimascobre-dependentesqueparticipamdamanutençãodahomeostasedeferronoorganismo.Aceruloplasminapossui,ainda,funçãodevarredorderadicaislivreseparticipadaoxidaçãodeaminasaromáticasefenóis.Aenzimalisiloxidasedesempenhafunçãocrucialnaformação,manutençãoeestabilizaçãodotecidoconjuntivo.Adopamina-b-monooxigenaseparticipadaproduçãode catecolaminas, catalisando a conversão dadopamina à noraepinefrina.A enzima cobre-zincosuperóxido dismutase é encontrada no citoplasmadascélulasenomeioextracelular,estandoenvolvidana dismutação do radical livre ânion superóxido aperóxidodehidrogênioeágua.Ametalotioneínaéuma proteína rica em resíduos de cisteína capazde ligar zinco, cádmio e cobre, sendo importantena manutenção de níveis adequados destesmetais dentro das células.A metalotioneína reduzatoxicidadedocobre,limitandoasuaparticipaçãoemreaçõesquefavorecemaliberaçãodeespéciesreativasdeoxigênio(Faillaetal.,2001;Tapieiroetal.,2003).

Tal comoo ferro, o cobreéummetal essencialaosseresvivos,mas,também,potencialmentetóxicoàs células pela facilidade de sofrer mudanças doestadodeoxidaçãonaformadeíon livre.Portanto,para que as cobre-proteínas desempenhem suasfunçõesessenciaisdeformasatisfatória,taiscomoasantioxidantes,oíoncobreprecisaestaradequadamentecompartimentalizadoepresenteemconcentraçõesintraeextracelularesadequadas.Tantoadeficiência,quantooexcessodestemineralpodemtrazerprejuízosàintegridadecelular(Faillaetal.,2001).

A manutenção da homeostase de cobre noorganismo exige mecanismos bastante complexosde absorção, transporte, captação, distribuição edetoxificaçãocelular,algunsdelesdependentesdeoutrosnutrientes.

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TABELA1EXEMPLOSDEENZIMASEOUTRASPROTEÍNASCOBRE-DEPENDENTES.

AdaptadodeFaillaetal.(2001)eTapieiroetal.(2003).

Homeostase do cobre

Ocobreingeridoéabsorvidonaprimeiraporçãodo intestino delgado, através de mecanismosnão completamente conhecidos. Sabe-se que acaptação pelo epitélio intestinal é facilitada portransportadores específicos e não específicos,localizadosnamembranaembordaestriada(Wapnir,1998).Aabsorçãoé,provavelmente,controladapelaquantidadetotaldecobredietéticoingerido(Turnlund,1998).Omecanismodetransporteéativosaturávelquandohábaixaconcentraçãointraluminaldecobre,devido à reduzida ingestão. Já a difusão passivaé o principal mecanismo de absorção quando aingestãodecobredietéticoéelevada.Aeficiênciadeabsorçãodecobreéde,geralmente,20a50%,sendocontroladapelanecessidadedecobredoorganismoereguladapelametalotioneínadascélulasintestinais(Tapieiroetal.,2003).

O cobre absorvido pelas células da mucosaintestinal é transportado na circulação, ligado,primariamente,àalbumina,transcupreínaeligantesdebaixopesomolecularcomoalgunsaminoácidos-histidina,metiononaecisteína(Jacobetal.,1987).

A maior parte do cobre absorvido é mobilizadaparaofígadoeincorporadoàceruloplasmina,umapequenaparteétransportadaparaorim.Aindanãoestáestabelecidaaformadecaptaçãodocobrenorim.Provavelmente,ocorreafiltraçãopelogloméruloe reabsorção pelos túbulos renais (Danks, 1988).Quando a ingestão é elevada, o cobre hepáticopode ser incorporado à metalotioneína, proteínaconsideradaumagenteimportantededetoxificaçãoemhumanoseratos(Hammer,1986;Suzukietal.,2002).

Ascélulashepáticaspossuemumsistemabemintegradonocontroledaadequaçãodaquantidadedecobreintracelular(GaetkeeChow,2003).Ocobre,primeiramente,étransportadoparadentrodascélulasligado a uma ou mais proteínas transmembrana(CTR1).Nocitoplasma,ocobreliga-seaumgrupode proteínas receptoras (metalochaperones) quedirecionametransferemocobreparaasestruturascelularescontendoasdiversasapo-cuproproteínas,substânciassemaincorporaçãodocobre.

Oscobre-chaperonessãodesignadoscomo:CCS(direcionaocobreparaocitoplasmaparaasíntesedecobre-zincosuperóxidodismutase),Atox1(direcionaocobreparaasATPases7Ae7B,queservemcomomediadorasnotransportedecobredependentedeenergia,paraolúmemdocomplexodeGolgi,parafutura síntese de ceruloplasmina e lisil oxidase) eCOX17 (direciona o cobre para as mitocôndriasparasíntesedecitocromocoxidase).Oschaperonesauxiliamnaproteçãointracelularcontraopoderdeóxido-reduçãodocobre(GaetkeeChow,2003).

Quandoocobreintracelularestáelevado,asATPasesque translocamcobresão redistribuídaspara dentro de vesículas citoplasmáticas. Estasvesículas contêm o pool de cobre intracelulardestinado ao efluxo, através de mecanismo deexocitose, contribuindo, portanto, para evitar oacúmulo de cobre intracelular em níveis tóxicos.Outro mecanismo (secundário) de controle datoxicidade do cobre intracelular é através demetalotioneínas,quesãoproteínasricasemcisteínacom afinidade por íons de metais pesados e poríonscobreezinco(GaetkeeChow,2003).Cadamolécula de metalotioneína é capaz de ligar até12 átomos de cobre, zinco e cádmio. Seu papelpareceserdearmazenamentooudeseqüestrodoexcessodeíonsmetálicos,evitandoaintoxicação.

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Estepapeltorna-seimportantequandooprocessodeefluxocelulardecobreestácomprometido,sejaporalteraçõesnaATP7AouATP7B,ouquandoháexposiçãoagudaaelevadasconcentraçõesdecobre(Bremner,1987).

Omecanismoprimárioqueregulaahomeostasedocobrenoorganismoéasuaexcreção,evitandoque o cobre seja acumulado e seu excessoleve à toxicidade.A principal via de excreção decobre é através da bile, originada de fragmentosde ceruloplasmina proveniente do catabolismohepático(Tapieiroetal.,2003).Ocobreéexcretadoprincipalmentepelasfezes(0,5-2,5mg.dia-1)e,empequenasquantidades,pelosuor(20-100μg.L-1)epelaurina(5-50μg.dia-1)(JohnsoneKays,1990).Aadequaçãodestesmecanismosfavoreceocaráterantioxidantedocobre,enquantoqueainadequaçãopropiciaseucaráterpró-oxidante.

Cobre como antioxidante

O cobre participa das enzimas superóxidodismutase e ceruloplasmina que possuemcaracterísticasantioxidantes,protegendodiferentesestruturascelularesdaaçãodeespéciesreativasdeoxigênio.

Superóxido dismutase

A reduçãodooxigênioporumelétronproduzoânionsuperóxido,radicallivrepotencialmentelesivoàs células, processo favorecido nas mitocôndrias.Apesar da citocromo c oxidase proteger destaredução,aliberaçãodepequenaquantidadedoânionsuperóxido é inevitável e a função da superóxidodismutaseéreduziraaçãolesivadoânionsuperóxido,catalisandosuaconversãoaespéciesmenosreativas(Radak,2000).

O radical íon superóxido não atravessa asmembranas biológicas, havendo necessidade dapresença da enzima superóxido dismutase emdistintos compartimentos celulares (mitocôndria ecitosol)enoespaçoextracelular(Fridovich,1995).Aenzimasuperóxidodismutasepossuitrêsisoformas,sendoduasintracelulares(manganês-dependente,mitocôndriasecobre-zinco-dependente,citoplasma),além da cobre-zinco extracelular.A cobre-zincosuperóxido dismutase é uma enzima muito

estável, tendo o cobre como cofator essencialparaaatividadecatalítica,enquantoqueozincodesempenhafunçãoestrutural(McCordeFridovich,1969).

OcentroativodaCu-Znsuperóxidodismutaseécarregadopositivamenteecircundadoporumanelderadicaiscomcarganegativa.Oânionsuperóxidoé atraído eletrostaticamente para o centro ativo eliga-seaoCu+2,promovendoatransferênciadeumelétroneformandoCu+eoxigênio,queéliberado.Osegundoânionsuperóxidopenetranocentroativoe liga-se ao Cu+, à arginina e ao íon hidrogênio,adquirindo um elétron. Com isso, é formado operóxido de hidrogênio e o Cu+2 é recuperado.Aenzima catalase, ferro-dependente, atua sobre operóxido de hidrogênio produzido, impedindo queomesmosofraaçãodeíonslivresdemetaiscomoferroecobre(Stryer,1996).

Tecidos como fígado, rim, cérebro, glândulaadrenal, muscular esquelético e coração, dentreoutros, possuem elevada atividade da Cu-Znsuperóxido dismutase (Radak, 2000). No tecidomuscular, diferenças na atividade desta enzimaentreostiposdefibrasmuscularessãopequenas,embora alguns autores tenham encontrado, emratos, maior atividade desta enzima nas fibrasmuscularesdecontraçãorápida(tipoIIb)(Jonhson,2002).

Os eritrócitos, por estarem constantementeexpostos ao oxigênio, requerem mecanismos dedefesa antioxidante muito ativos para preveniroureduzir lesõesoxidativas.ACu-Znsuperóxidodismutase eritrocítica protege estas células deradicais lesivos. Na deficiência de cobre, emestudoscomratos, temsidoobservadoaumentoda lesão oxidativa em eritrócitos e alteraçãonas proteínas da membrana celular em funçãoda reduzida atividade da superóxido dismutase(Sukalskietal.,1997).

Entreosfatoresidentificadoscomoestimulantesda atividade da Cu-Zn superóxido dismutasedestaca-se a adequação da ingestão dietética docobreeoexercíciofísico(Jonhson,2002).Aatividadefísica regular eleva esta atividade enzimática,sendomaiornasmodalidadesaeróbiasdoquenasanaeróbias(Tuyaetal.,1996),podendoser,também,influenciadapela intensidadede treinamento físico(Marzaticoetal.,1997).

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Ceruloplasmina

Aceruloplasminaéumaglicoproteínapresentenoplasma,caracterizadapelapresençadeseisátomosdecobreincorporadosdurantesuabiossíntesehepática.Em humanos, possui ação de ferroxidase, pois écapazdeoxidaroíonferrosoemíonférrico(Hellmane Gitlin, 2002).Alguns autores têm demonstradoemanimais(porcosecachorros)que,subseqüenteà oxidação catalisada pela ceruloplasmina, o íonférrico é incorporado à apotransferrina, tornandoa ceruloplasmina uma enzima importante nahomeostasedoferro(HellmaneGitlin,2002).

Aconcentraçãodecobreextracelularexerceefeitodiretosobreaqualidadedesínteseesecreçãodeceruloplasmina. Mesmo quando ocorre reduzidaincorporaçãodecobreduranteasíntese,comonocaso de deficiência de cobre, há liberação de umprodutoinstável(apoceruloplasmina)desprovidodaatividade de ferroxidase (Hellman e Gitlin, 2002).Portanto, o fornecimento adequado de cobre éimportanteparamanterasíntesedeceruloplasminafuncionalmenteadequada.

Afunçãoantioxidantedaceruloplasminaconsistenãoapenasemsuacapacidadedemanterosíonscobreeferro ligadosasuasproteínasespecíficas,evitandoqueosmesmosparticipemda reaçãodeFenton,mas,também,noseuefeitovarredorsobreos ânions superóxido e outras espécies reativasde oxigênio.A ceruloplasmina inibe a oxidaçãode lipídeos e fosfolipídeos, protegendo estruturasprotéicas e DNA de lesões (Gutteridge, 1985) e,ainda,éconsideradacomoproteínadefaseaguda,uma vez que em condições especiais, tais comotrauma, infecções e processos inflamatórios, háelevaçãodesuaconcentraçãoplasmática,reduzindoas conseqüências lesivas associadas a essascondições(HellmaneGitlin,2002).

Duranteoexercíciofísicointensoháliberaçãodeespéciesreativasdeoxigênioeestímuloaoprocessoinflamatórioatravésda liberaçãodecitocinas (Foxet al., 1995), podendo resultar em elevação daconcentração de ceruloplasmina (Meyer et al.,2001),jáquetantoasíntesequantoaliberaçãodeceruloplasmina no plasma são estimuladas pelasinterleucinas 1 e 6 (Anuradha e Balakrishnam,1998). No entanto, é possível que o aumento deceruloplasmina em resposta às interleucinas no

exercício físico esteja, também, associado ao seupapel como antioxidante (Linder e Hazegh-Azam,1996).

Cobre como pró-oxidante

Diversos mecanismos têm sido propostos paraexplicar a participação do cobre na lesão celular.Oíoncobrelivreparticipadaformaçãoderadicaislivres tanto na forma cúprica quanto na formacuprosa(GaetkeeChow,2003).Napresençadeíonssuperóxidooudeagentesredutores,comooácidoascórbicoeglutation,oíoncúprico(Cu+2)podeserreduzidoàcuproso(Cu+),sendocapazdecatalisaraformaçãoderadicaishidroxilaapartirdoperóxidodehidrogênio,viareaçãodeFenton(Jonhson,2002).Ahidroxilaéo radical livremais lesivoàscélulas,podendo causar danos em praticamente todas asmoléculas biológicas através da peroxidação delipídeos das membranas celulares e da oxidaçãodeestruturasprotéicasedoDNA(GaetkeeChow,2003).

A origem do íon cobre livre pode ser atravésda ação direta do peróxido de hidrogênio sobrea ceruloplasmina (Halliwell e Gutteridge, 1989).O peróxido de hidrogênio é capaz de fragmentara estrutura da ceruloplasmina, com conseqüenteliberação do íon cobre que poderá participar dasreações químicas que liberam a hidroxila.Alémdisso, a redução da atividade de ferroxidase daceruloplasmina,associadaàperdadocobreligado,favoreceaparticipaçãodoíonferrosolivrenareaçãodeFenton,aumentandoaindamaisaformaçãodoradicalhidroxila(HalliwelleGutteridge,1989).

Emcondiçõesnormais,operóxidodehidrogênio,resultantedaaçãocitoplasmáticaeextracelulardasuperóxidodismutasesobreoânionsuperóxido,nãoseacumula,emvirtudedaaçãodaenzimacatalase.No entanto, durante a atividade física intensa, hámaiorliberaçãodeperóxidodehidrogênio,associadaàaçãodaxantinaoxidase,àcadeiadetransportedeelétronseàmaioratividadedasuperóxidodismutasedevidoàelevaçãonaproduçãomitocondrialdeânionsuperóxido(Choietal.,2000).Portanto,aatividadefísica intensa favorece a produção de peróxidode hidrogênio e sua conseqüente ação sobre aceruloplasmina, condições que propiciam a açãopró-oxidantedocobre.

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Adaptação da homeostase de cobre à atividade física

Aconcentraçãoplasmáticadecobre,ematletas,podeseapresentarelevada(Tuyaetal.,1996)ouinalterada(Kouryetal.,2004;Kouryetal.,2005).Tuyaetal.(1996),aocompararematletasdemodalidadesbasicamente aeróbias e anaeróbias, observaramqueosatletasdemodalidadesanaeróbiaspossuíammaior concentração de cobre plasmático. Asdiferentes concentrações plasmáticas de cobreencontradas podem ser parcialmente explicadaspelotipodetreinamentoimpostoacadamodalidadeesportiva estudada. O treinamento físico crônico,aparentemente, estimula mecanismos de defesaantioxidante, mobilizando o cobre plasmático parasíntesedeceruloplasminaesuperóxidodismutase(Lukaski,1996).

Talcomoocorrecomocobreplasmático,alteraçõesna concentração da ceruloplasmina associadas àatividadefísicaintensasãocontraditórias.Anuradhae Balakrishnam (1998) encontraram aumentosignificativodaceruloplasminaemcorredoresdelongadistância,imediatamenteapósesforçofísicointenso(corridade10.000m),justificandoestaelevaçãopelapropriedadeantinflamatóriaeantioxidante.Kouryetal.(2004)encontraramconcentraçãomaiselevadadeceruloplasminaplasmáticaemcorredoresfundistas,quando comparados a triatletas, a corredoresvelocistaseanadadores,avaliadosapós24horasde repouso. Outros autores não têm observadoresultadossemelhantes(Lukaskietal.,1990).

Devidoaoaumentonaliberaçãoderadicaislivres,associadoaoexercíciointenso,aatividadeenzimáticada Cu-Zn superóxido dismutase eritrocítica e aceruloplasmina plasmática tendem a aumentarduranteeapósaatividadefísica(Lukaskietal.,1990;Marzaticoetal.,1997;Meyeretal.,2001).Noentanto,nem todos os autores encontraram resultadossemelhantes.Tauleretal.(1999),apóscompetiçãodeduatlon,observaramreduçãonaatividadedaCu-Znsuperóxidodismutaseeritrocítica.Asdiscrepânciasobservadaspodemserjustificadaspelosdiferentesensaiosempregadosparadeterminaraatividadedasuperóxidodismutase.Alémdisso,hávariaçõesnaintensidadeenafreqüênciadostreinamentosusados,oquepodegerarváriosníveisdeestresse(Radak,2000;Kouryetal.,2004).

A homeostase do cobre em atletas, tal comoem sedentários, é também mantida através demecanismosdeexcreção.Noentanto,aavaliaçãodesses mecanismos é complicada, uma vez quea excreção pelo suor é de difícil quantificação.Astécnicasdecoletadosuor,apósoexercíciointenso,são de complicado controle, além das diferençasencontradas na concentração de cobre de acordocomosítiodecoleta.Aruomaetal.(1998),estudandoaexcreçãodecobreemhomensadultos,apóstrintaminutosdebicicletaergométrica,encontrarammaiorconcentração deste mineral no suor coletado noabdômendoqueocoletadonobraço,nopeitoenascostas.

Alguns autores acreditam que a magnitudeda perda de cobre, através do suor, em atletas,não conduza à deficiência de cobre, porém podereduziraatividadedaCu-Znsuperóxidodismutase(Lukaskietal.,1990;Aruomaetal.,1998;Fogelholm,1999).Aindanãoestáclaroosignificadodamaiorconcentraçãodeíonscobreeferroemsuordeatletas,embora Gutteridge et al. (1985) tenham sugeridoqueestadesempenheumefeitoprotetoratravésdocontroledaflorabacterianadapele.Outropossívelpapelprotetoréareduçãodaconcentraçãodosíonsferroecobrelivresnoplasma,limitandoaextensãoda formaçãodehidroxilasporaçãodestesmetaisdetransição.

Influência da dieta sobre a homeostase de cobre

Ocobreéencontradoemváriostiposdealimentos,sendoquesuaconcentraçãopodevariardeacordocomosolodecultivo,otipodefertilizanteeograudeprocessamentodoalimento.Emalimentosbrasileiros,taiscomofrutas,vegetais,tubérculosecarnes,oteordecobrevariade0,02a0,41mg.100g-1dealimento(Ferreiraetal.,2005).

Diversos estudos têm demonstrado que aabsorção, a retenção e a excreção de cobrerespondemaflutuaçõesdocobredietético(GaetkeeChow,2003).Aingestãode0,8mg.d-1promoveuummaiorgraudeabsorção(56%)doque7,5mg.d-1(12%)(Turnlund,1998).Estaadaptação,tantonaeficiênciadeabsorçãoquantonaretençãodocobre,garanteníveisnormaisdecobreplasmáticoeatividadedascuproenzimas em um amplo intervalo de ingestão

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dietética (Gaetke e Chow, 2003). No entanto, osmecanismos adaptativos para manter um estadonutricionaladequadoemcobredeixamdeserefetivosquandoaingestãohabitualdecobreémenordoque0,7mg.d-1(GaetkeeChow,2003).

Asatuaisrecomendaçõesnutricionaissãode900μg.d-1 para homens e mulheres adultos e a dosemáximatolerávelde10.000μg.d-1(Food and Nutrition Board,2002).Estasrecomendaçõesdietéticasforambaseadas em diversos estudos em humanos, emestadosdedepleçãoedesuplementação,utilizandocomo critério uma combinação de indicadoresbioquímicos, incluindo cobre e ceruloplasminaplasmáticos,atividadedesuperóxidodismutaseemeritrócitoseconcentraçãodecobreemplaquetas.

A ingestão de cobre por atletas de diferentesmodalidades, geralmente, supera ou atende àsrecomendações dietéticas (Lukaski et al., 1996;Kouryetal.,2004).Nãoháestudosqueevidenciemníveistóxicosdeconsumodecobreematletas,maséimportantelembrarqueestapossibilidadesetornarealquandoháusoindiscriminadodesuplementosnutricionais.

Abiodisponibilidadedocobre ingeridopodeseralteradapelacomposiçãodadietaemcircunstânciasespeciais.Reduçãonabiodisponibilidadedocobretemsidoobservada,geralmente,emindivíduosquefazemusodedietasrestritivasoudeelevadosníveisdesuplementaçãodenutrientesespecíficos,taiscomoácidoascórbico,ferroezinco.Osefeitosprejudiciaisdestesnutrientessobreoestadonutricionaldecobresão intensificados quando baixas quantidades decobre são também consumidas (Turnlund, 1998;Faillaetal.,2001).

Oácidoascórbicoapresentainteraçãocomcobrenolocaldesuaabsorção,promovendoareduçãodoíoncúpricoacuproso,oquereduzabiodisponibilidadedocobre(VanCampeneGross,1968).Umestudorealizadocomhomensjovensqueconsumiam605mg.dia-1 de ácido ascórbico mostrou redução em21%naconcentraçãodeceruloplasminaplasmática(Jacobetal.,1987).

Aingestãodietéticadeácidoascórbicoporatletasé,geralmente,muitosuperior (cercade100vezesoumais)às recomendaçõesnutricionaisparaestavitamina (Worme et al., 1990; Williams, 1984).Ainfluênciadoelevadoconsumodeácidoascórbicosobreoestadonutricionalemcobre,deatletas,não

temsidoaindarelatadanaliteratura,apesardasuaimportância.

A relação entre os minerais cobre e ferro é dedifícilavaliação,umavezqueosmecanismosquedescrevem suas interações são muito complexos.O ferro depende do cobre para sua absorção etransporte, já que o cobre é cofator das enzimashefestinaeceruloplasmina(Tapieiroetal.,2003).Ahefestinaéumaenzimatransmembrânicacomcercade134kDa,primariamentelocalizadanasvesículastrans-Golgi. Sua função é oxidar o ferro para quepossa se ligar à apotransferrina e ser liberado nosangue,atravésdeexocitose(Tapieiroetal.,2003).A ceruloplasmina (ferroxidase I) permite a ligaçãodo ferro à transferrina, para seu transporte até oslocaisdearmazenamentoetecidoshematopoéticos(Hellman e Glitin, 2002). Logo, uma redução nabiodisponibilidade de cobre pode afetar o estadonutricional de ferro. No entanto, elevada ingestãodeferro,naformadesaisdeferroinorgânico,pode,também,comprometeroestadonutricionaldecobrepor competição entre os dois minerais pelo sítioabsortivo(Turnlund,1998).

Aelevada ingestãodezinco induzàsíntesedemetalotioneína intestinal, favorecendo a retençãodo cobre no enterócito pela maior afinidadeda metalotioneína pelo cobre, o que limita suatransferência para o plasma (Dibley, 2001). Temsidodemonstradoquea ingestãode50mg.d-1dezinco,semconcomitantesuplementaçãodecobre,reduz a atividade de superóxido dismutase emeritrócitos(Yadricketal.,1989).Outrosestudostêm,também, demonstrado efeito prejudicial do uso desuplementação de zinco (50 a 200 mg.d-1 ) sobreindicadoresbioquímicosdecobre(Food and Nutrition Board,2002).

A ingestão de zinco por atletas é geralmentesuperior às recomendações (Lukaski et al., 1990;Wormeetal.,1990;Kouryetal.,2004).Dependendoda magnitude da ingestão de zinco, poderá havercomprometimento na biodisponibilidade de cobre.Festa et al. (1985) demonstraram que a ingestãoadicional de 10mg.d-1 de zinco foram suficientesparaaumentaraexcreçãoeparareduziraretençãodecobre.

Atualmente,oconsumodesuplementonutricionalricoemzincoébastantedifundidoentreatletas,comindicaçãodeingestãodiáriaacimade40mg.d-1,dose

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máximatolerável(Food and Nutrition Board,2002).Apesardousodedoseselevadasdesuplementosnutricionais,aindanãoháevidênciascientíficasquecomprovem a melhora do desempenho físico emfunçãodousodesuplementaçãoexcessiva(Powersetal.,2004).

COnCLuSÃO

O cobre é um nutriente essencial durante aatividadefísica.Tantooexcessoquantoadeficiênciade cobre podem causar danos a várias estruturascelulares, prejudicando o desempenho físico e asaúdedoatleta.Ousodesuplementosnutricionaisdeformadescontrolada,contendoácidoascórbico,ferro

ezinco,talcomoéfeitocomfreqüênciaporatletas,pode prejudicar a manutenção da homeostase decobre. O fornecimento de quantidades adequadasde cobre e de outros nutrientes que alteram suabiodisponibilidade é importante para manter oequilíbrioentreasaçõespróeantioxidantesdocobre,principalmenteematletas,devidoaoelevadoriscodeestresseoxidativo.

Endereço para correspondência:JoselyCorreaKoury

RuaSãoFranciscoXavier,524-12ºandar,sala12.006Maracanã-RiodeJaneiro-Brasil

CEP:20559-900e-mail:[email protected]

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ArtigodeRevisão

A POLÍTICA NOS JOGOS OLÍMPICOS

José Maurício Capinussú

UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.

__________Recebidoem25.11.2006.Aceitoem10.01.2007.

Resumo

EstetrabalhoprocuramostrarainfluênciadapolíticanarealizaçãodosJogosOlímpicos,desdeaGréciaantigaatéosnossosdias.Paraatingiresteobjetivo,procedemosaumaretrospectivadosfatosocorridos,anteseduranteasváriascompetiçõesolímpicas, até a mais recente, Atenas 2004,sendooportunodestacarqueoComitêOlímpico

Internacional nem sempre se deixou influenciarporqualquermanifestaçãointimidatóriacapazdeafetar a ordem cronológica dos Jogos ou cedera injunções que implicassem no afastamento dequalquerpaísrepresentadoporseucomitêolímpiconacional.

Palavras-chave: Jogos Olímpicos, Competições,Política.

RevisedArticle

POLITICS In THE OLyMPIC GAMES

Abstract

This study attempts to show the influence ofpolitics in the realization of the Olympic Games,since theancientGreeceup to thepresent days.Inorder toaccomplish thisgoal,wehavemadearetrospectofthefacts,beforeandduringtheseveral

Olympic competitions, until the most recent one.Athens2004,anditisimportanttohighlightthattheinternational Olympic committee was not alwaysinfluenced by any kind of inhibitory manifestationcapableofaffectingthechronologicalorderof thegamesorcedingtheinjunctionswhichimplyinthedismissalofanycountryrepresentedbyitsnationalOlympiccommittee.

Key words: Olympic Games, Competit ions,Politics.

InTRODuÇÃO

“O homem não se compõe de duas partes:o corpo e a alma; se compõe de três: ocorpo, o espírito e o caráter; o caráter nãoseformapeloespírito,seformasobretodoocorpo.Osantigossabiamdisso,nossospaiso olvidaram e nós o aprendemos de novo,penosamente”.

(Trecho do discurso proferido pelo BarãoPierre de Coubertin, em 23 de junho de1894,naUniversidadedeParis–PaláciodaSorbonne,porocasiãodacriaçãodoComitêOlímpicoInternacionaledorestabelecimentodosJogosOlímpicos).

AosetornarograndeideólogodoressurgimentodosJogosOlímpicos,PierredeCoubertinimaginavaqueachamada“TréguaSagrada”–períodoemqueos exércitos representativos dos Estados Gregos

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suspendiam suas hostilidades, não importando asvantajosasposiçõesqueocupassem–seriaadotada,emplenoséculoXX,pornaçõesemguerra,quandoexistissem competições olímpicas previamentemarcadas.Entretanto,paraseudesencanto,istonãoocorreuemduasocasiões:noperíodocompreendidoentre 1914 e 1918, durante a 1ª Grande Guerra(quando havia uma Olimpíada marcada para serealizar em 1916, em Berlim) e no período entre1939e1945,durantea2ªGrandeGuerra(quandodeveria ter havido as Olimpíadas marcadas para1940,emHelsinque,epara1944,emLondres).Antesde se iniciar esta última etapa, Coubertin já haviafalecido,em1937,nãotendo,assim,adesventuradepresenciaraumacompletafalênciadesuanobreidéia,concernenteàcriaçãodeumamanifestaçãoesportiva capaz de interromper conflitos belicistasentreasnações.

Aquilo que Coubertin tanto temia, a nefastainfluência da política sobre o esporte, acabou setornando uma situação permanente, a ponto de,anosantesdosJogosserealizarem,algunspaísescondicionarem suas participações, exercendopressões injustificáveis sobre o Comitê OlímpicoInternacional (COI), com a finalidade de obteremdividendos políticos através do esporte e, assim,alcançaremumaposiçãoderealcejuntoàcomunidadeinternacional.

DISCuSSÃO

Ainda na antigüidade grega, a política causavaconstante rivalidade entre as cidades-estado,ameaçando seriamente a realização dos JogosOlímpicos, apesar da Trégua Sagrada se fazerpresente, com os responsáveis pela sua violaçãosendo severamente punidos. Isto ocorreu com osespartanos,duranteaGuerradosPeloponeso,que,apósapromulgaçãodasuspensãodashostilidades,tomaram,pelasarmas,aFortalezadePhyscos,aomesmo tempo em que colocavam uma guarniçãoem Lepreon.Estes atos lhes valeram uma severasanção:multadedoismilminas/soldado,segundoasleisvigentes.Osinfratores,entretanto,nãopagarama multa, sendo imediatamente desclassificados eexcluídosdosJogos.

AprópriasupressãodosJogosOlímpicosnoanode394d.C.,porobradoimperadorromanoTeodósioI,

após 292 disputas ininterruptas, representou umato político. Na época, os Jogos passavam porum processo de total distorção, transformando-seem uma festa pagã, ao mesmo tempo em que ocristianismo ganhava expansão.Teodósio era umapologistadadoutrinaneo-platonistaque,entreaspregações,preconizavaacondenaçãodocultoaocorpoemfavordoascetismo,responsávelpelocultoaoespírito.

AprimeiraOlimpíada,realizadaemAtenas,em1896,não apresentou problemas de maior repercussão,embora,naprópriaGrécia,aconcretizaçãodoeventomerecesseinúmerascríticasporpartedospolíticosoposicionistas,eosatletasalemães,ganhadoresdeonzemedalhasemembrosdaAssociaçãoAlemãdeGinástica,tenhamsidoexpulsosdestaentidadeporteremcompetidoaoladodosinimigosfranceses.

Quatro anos depois, os Jogos Olímpicos, quetiveram Paris como sede, foram incluídos naprogramação de uma Exposição Universal, coma duração de cinco meses, bastante privilegiadapelas preferências governamentais por se tratardeumeventocujosdividendospolíticoserammaisrentáveis do que as Olimpíadas. Para coroar oabsurdodeincluiracompetiçãonoprogramadeumacontecimentototalmentedivorciadodoesporte,osresponsáveis pela exposição planejaram distribuirprêmiosemdinheiroparaalgunsvencedores,irritandoprofundamente o Barão de Coubertin, contrário àviolaçãodospreceitosregulamentarespreviamenteestabelecidoseaoespíritodoamadorismo.

Em1904,emSaintLouis,EstadosUnidos,outravezosJogosOlímpicosserealizaramparalelamentea uma exposição, a “World’s Fair” ou “Louisiana Purchase Exposition”.Aproveitou-se, também, aoportunidadeparaumainsólitainiciativadenominada“Antropological Days”, competição entre índios,negrosemestiços,contraaqualseinsurgiuPierredeCoubertin.

NosJogosOlímpicosdeLondres, em1908,osingleses, contrariando os regulamentos, exigiramqueosárbitrosfossemnativosenãoestrangeiros,imposiçãoqueoCOIacabouaceitando.Osinglesescriaram,ainda,umatritocomosnorte-americanosaoincluíremopentatlomilitarnosJogos.

Em 1912, nos Jogos Olímpicos de Estocolmo,fez-segrandealardedeuma“novidade”lançadanacompetição,quenofundoseriaumaposiçãopolítica

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deboaconvivênciadoCOI:apermissãoparaamulhercompetir, oqueocorreumaciçamentenanatação,registrando-seaparticipaçãoderepresentantesdaAustrália,daInglaterra,daAlemanha,daSuéciaedaÁustria.Entretanto,anteriormente,em1900,inglesascompetiram em tênis; em 1904, norte-americanascompetiramemtirocomarco;e,em1908,novamenteinglesasparticiparamdeprovasdetirocomarcoetênis,demonstrandoqueoineditismodosJogosdeEstocolmo,tãopropalado,erapurademagogia.

Ainda nesta Olimpíada, os alemães criticaramo império austro-húngaro, pois estes queriammarchar unidos. Viena pediu aos húngaros quedesfilassemjuntocomosaustríacose,seissonãoseconcretizasse,oshúngarosameaçavamboicotarosJogos,oqueacabounãoacontecendo.

Em 1916, os Jogos Olímpicos, marcados paraBerlim,foramcanceladosdevidoà1ªGrandeGuerra,iniciada em 1914, já que os alemães estavamseriamenteenvolvidos.Desmistificou-se,portanto,aTréguaSagrada,sonhoacalentadoporCoubertin,emplenoséculoXX.Conta-sequeobarãoficouváriosdiasrecolhidoaoseular,triste,meditandosevaliaapenacontinuarsededicandodecorpoealmaàcausaolímpica comovinha fazendoatéentão.De formaagressiva,apolíticainterferianoolimpismo.

Reativados em 1920, os Jogos Olímpicos, emsua sétima edição, se realizaram emAntuérpia,observando-se a ausência dos alemães e seusaliadosnaguerraencerradadoisanosantes,poisestesnãoforamconvidadospeloCOIaparticipardoevento.Foramexcluídososaustríacos,ostchecos,oshúngaros,osbúlgaroseosturcos.Tratava-sedeumamedidapreventiva,objetivandoevitarrepresáliasentrepaísesqueseposicionaramafavorecontraosalemães.

NosJogosdeAmsterdã,em1928,oCOIpermitiuavoltadaAlemanha.AUniãoSoviéticaclassificoua competição como sendo do “capitalismo e daburguesia”,nãocomparecendo.

Mas, seria Hitler que, em 1936, nos JogosOlímpicosdeBerlim,aproveitariaoesporteemtodaasuaplenitudeparatentardemonstraraomundoapreconizada superioridade da raça ariana. Com adoutrinadonacional-socialismoconsolidadaemtodaaAlemanha,pregando-seepondo-seempráticaumapermanenteperseguiçãoaosjudeuseumacerradadiscriminaçãoaosnegros.Hitlernãopodiaperdera

oportunidadepara,deacordocomsuasidéias,provaraomundoa“supremaciadaraçabranca”procurandohumilharosatletasnegros,conformetentoufazeraonãocumprimentarocampeoníssimonorte-americanoJesseOwens.

Com o objetivo de mostrar aos visitantesestrangeiros que o propalado anti-semitismo faziaparte de uma campanha difamatória da imprensainternacionalcontraaAlemanha,Hitlerordenouquetodo e qualquer indício de animosidade contra osjudeusresidentesnopaísfosseevitado.Aomesmotempo,determinouqueosciganosfossemremovidospara fora de Berlim, por se tratarem de um grupomarginal que poderia comprometer a eficácia dapolíticanazista.Chegou-seaoextremoderepatriaresportistas, como a esgrimista Helene Meyer,campeãolímpicadefloreteemLosAngeles(1932),esquecendo-se sua origem judia, simplesmentepor se tratardeumaatletadealtonível capazdecapitalizar simpatia para a causa alemã. O COI,entretanto, protestou veementemente contra essanacionalizaçãodosesportescomfinspolíticos.

Em1940e1944,osJogosOlímpicosmarcados,respectivamente,paraHelsinqueeparaLondresnãoforamrealizados,emvirtudedeumconflitobelicistadeâmbitomundial,a2ªGrandeGuerra.Eraapolíticainterferindo,novamente,deformaaltamentemaléfica,noolimpismo.

Em1948,porém,osJogosforamreativados,tendoLondresporcenário,masaAlemanhaeoJapãonãoforamconvidados.Aindaeragrandeaanimosidadecontraestesdoispaíses,protagonistasdeumconflitocujas marcas o tempo custaria a apagar. Israel,também,foiexcluídodestaOlimpíadaemfunçãodepressõespolíticasexercidaspelosárabes.

Os Jogos de Helsinque, em 1952, marcaram oretornodealemãesejaponesesaoconvívioolímpico,assim como o “debut” da União Soviética, paísque,quatroanosdepois,nosXVIJogosOlímpicos,realizados em Melbourne, provocaria o abandonovoluntáriodaEspanha,daDinamarcaedaSuécia,revoltadoscomsuaatitudede invadir,em1955,aHungria,parareprimirde formabrutalesangrentauma revoltapopularcontraocomunismoopressorquealiseinstalara.Aliás,estafoiaOlimpíadamaisabundanteemprotestosdevariadasorigens:Egito,LíbanoeIraquemanifestaram-secontraaInglaterraeFrança,quemesesanteshaviamtomadooCanal

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Suez;eadelegaçãodaRepúblicaPopulardaChinaausentou-sedosJogosaoverhasteado,naVilaOlímpica,abandeiradeFormosa(ChinaNacionalista).

Ainda, o antagonismo político entre russos ehúngarosproporcionouumespetáculodignodaeraemqueosJogos,jávilipendiadosemsuaessência,tinhamoColiseuporarena:HungriaeUniãoSoviéticajogavam a semifinal de pólo-aquático em que oshúngaros venceram por 4 a 0.Assistiam ao jogoexpatriadoshúngaros,queinsuflavamseuspatríciosafazermaisgols,estímuloqueirritouosjogadoresdaURSS,tendoumdeles,Prokopov,desferidoviolentacotovelada no magiar Zador, que teve o supercílioaberto, perdendo muito sangue.A água da piscinaganhou uma coloração avermelhada e os russosabandonaram o jogo, temerosos de uma forra doshúngarosedabatalhadeBudapeste,ocorridaumanoantes,quandoostanquesrussosinvadiramacapitalhúngara.

Em1960,nosJogosOlímpicosdeRoma,atelevisãotransmitiu, pela primeira vez, a competição, masapenasparaaEuropa,poisnãohaviasatélitecapazdeproporcionarumatransmissãointercontinental.Estefatocertamenteiriapossibilitar,nofuturo,umincentivoàpropagaçãodascausaspolíticasmanifestadasdurantea realizaçãodasOlimpíadas,poisoscontestadoressabiam que, a partir de então, teriam uma enormeplatéiaparapresenciareatéapoiarsuasidéias.

Em1964,anodarealizaçãodosJogosOlímpicosdeTóquio,aÁfricadoSul foiproibidadeparticiparporadotarapolíticado“appartheid”,quesechocavafrontalmentecomasregrasdoCOI.Nestaoportunidade,a Federação Internacional de NataçãoAmadorae a Federação Internacional deAtletismoAmadorimpediram que atletas participantes do GANEFO(Games of the New Emerging Forces),manifestaçãopolítico-desportivaocorridaumanoantesemJacarta,disputassemaOlimpíadadacapitaljaponesa.CoréiadoNorteeIndonésiadiscordaramdestaatitudeenãoforamaTóquio.

Os Jogos do México, em 1968, também forammarcadosporfatosque,cadavezmais,comprovavamseracompetiçãoolímpicaumexcelentepalcoparaadivulgaçãodeatitudespolíticascapazesdesensibilizaromundointeiro.Antesdeseiniciaremasdisputas,aÁfricadoSuljáestavaproibidadeparticipar,umavezquecontinuavaadotandoapolíticadediscriminaçãoracial.Istomotivouumaatitudeinsólitaesurpreendentepor

partededoisatletasnegrosnorte-americanos,TommieSmitheJohnCarlos,colocadosem1ºeem3ºlugarnaprovade200metrosrasos:aoseremchamadosparareceberemasmedalhasaquefaziamjus,descalçaramos sapatos, colocaram distintivos no peito e boinaspretasna cabeça. Jánopódio, levantaramumdosbraçose,comopunhocerrado,fizeramumasaudaçãodeprotestoemfavordomovimentodenominado“BlackPower”econtraapolíticaracista,naépocaemplenaefervescêncianosEstadosUnidos.AindaantesdosJogos, uma manifestação estudantil degenerou emconflito, estimando-se que mais de 250 estudantesforammortospelapolíciaecercademilforamferidos.AtragédiaaconteceunaPlazadelasTrêsCulturas,CidadedoMéxico.

Em1968,ainda,aCoréiadoNorteprotagonizououtroatodeprotestopolíticoaoseretirardosJogosemrepresáliaàdecisãodoCOIdenãopermitirquesua delegação participasse da competição com adenominaçãodeRepúblicaDemocráticaePopulardaCoréiadoNorte.OutrofatopolíticopresenteaosJogosdo México foi a participação, pela primeira vez, deduasdelegaçõesrepresentandoAlemanhaOcidentaleAlemanhaOriental.

OsXXJogosOlímpicos, realizadosem1972,nacidade de Munique, se iniciaram sem a Rodésia,impedida de participar devido a uma exigênciadasnaçõesafricanas, aceita peloCOI, dequenãocompareceriamàOlimpíadaseaquelepaís,seguidordapolíticadesegregaçãoracial,estivessepresente.

Mas, apesar de toda a maravilhosa organizaçãodemonstradapelosalemães,aOlimpíadadeMuniquese perpetuará na história como a competição maissangrentadostemposmodernos,emvirtudedobárbaroassassinatode11atletasisraelensesporpartedeumcomandopalestino,integrantedogrupodenominado“Setembro Negro”, que, ao lado de outras facções,lutava pela implantação de um estado palestino.SorrateiramenteeburlandoasnormasdesegurançavigentesnaVilaOlímpica,ocomandopenetrounosalojamentoseseqüestrouosisraelenses,cumprindoumamissãocujanegatividadeficarágravadaparatodoosemprenahistóriadasOlimpíadas.

Quatro anos depois, em Montreal, os XXI JogosOlímpicoscomeçaramcomaausênciade28naçõesafricanaseárabesqueresolveramnãoparticiparemprotestocontraapresençadaNovaZelândia,quedoismesesanteshavia feito, comsuaequipede rugby,

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umaexcursãopelaÁfricadoSul, prestigiandoumpaísqueseencontravaproscritodascompetiçõesinternacionaisporinsistirnapolíticado“appartheid”.Anteriormente,oscitadospaísespressionaramoCOIanãoaceitarapresençadaNovaZelândianosJogosdeMontreal.Comonãoobtiveramêxito,resolveramnão participar, sendo a África negra representadaapenas por Senegal e pela Costa do Marfim, quepreferiramnãomisturaresportecompolítica.

Em 1980, nos Jogos Olímpicos de Moscou, osEstados Unidos não compareceram como umaformadeprotestoàagressãosofridaumanoantespeloAfeganistão,queteveseuterritórioinvadidoeocupadopelaURSS.EstarecebeuumultimatoparaseretirardaquelepaísatéoiníciodosJogos.Comoissonãoocorreu,osnorte-americanosnãoforamaMoscou,atitude imitadapormais63países,entreelesaAlemanhaOcidental,oCanadá,oJapão,aÁustria e outros de menor importância no cenárioesportivo internacional.Algumas nações, como aItália,recusaram-se,inclusive,aparticipardodesfiledeaberturadosJogoscomsuabandeiranacionalàfrentedadelegação,substituindo-apelabandeiradoseuComitêOlímpico.

OsJogosOlímpicosrealizadosem1984tiveramum boicote das nações socialistas, à exceção daRomênia e da Iugoslávia, contando, porém, pelaprimeiravez,comapresençadaRepúblicaPopularda China.Alegando falta de segurança para oscomponentes de sua delegação, a URSS achouporbemretribuira“gentileza”dosnorte-americanosquatroanosantes,nãocomparecendoaLosAngeles,obtendoasolidariedadedeoutrospaísesalinhadoscom suas diretrizes políticas, comoAlemanhaOriental,Hungria,Tchecoslováquia,Cuba,Albânia,AngolaePolônia.

Indubitavelmente,asmanifestaçõespolíticasdenorte-americanosesoviéticos,em1980eem1984,arrastando consigo outros países de renomadoprestígio no ambiente esportivo internacional,provocaram um prejuízo técnico de elevadasproporçõesàcausaolímpica,privandoaassistênciainternacionaldever,emconfronto,osmaioresnomesdoesportemundialemMoscoueemLosAngeles.

AXXIVOlimpíada,ocorridaemSeul,foiantecedidadeangustianteexpectativadevidoàincertezaquantoàpresençadaUniãoSoviética,quedeúltimahoraresolveunãoapoiaraatitudedaCoréiadoNorte,que

condicionavasuaparticipaçãonosJogosàpretensãodedividir,comaCoréiadoSul,aresponsabilidadedeorganizaroevento.

ACoréiadoSulparticipoudetodasasetapasqueculminaramcomaescolhadeSeulparasediarosJogos Olímpicos, enfrentando e superando sériosproblemasdecarátertécnicoefinanceiro,semqueosnorte-coreanossemanifestassemparaajudá-lanosmomentosmaisdifíceis.Mesmoassim,comoconsentimentodoCOI,ossul-coreanosoferecerama seus vizinhos a oportunidade de co-participar,organizandocompetiçõesdealgumasmodalidades,tendosidoestapropostadesprezada.ACoréiadoNorte declarou interesse, inclusive, em fazer oscerimoniaisdeaberturaeencerramentoemseparado,gerandoumacrisecausadoradoboicoterepresentadopelaausênciadeCuba,Albânia,Angola,Etiópia,IlhasSeychelles(noOceanoÍndico)edaprópriaCoréiadoNorte.

Alguns analistas de política internacionalcomentaramqueadesistênciadeCubaseriaapoiada,integralmente, pela União Soviética. Entretanto,quandoestaresolveuparticipardosJogos,contrarioua atitude cubana que, de acordo com os mesmosanalistas,paranãoevidenciaroqueseriaencaradocomoumasubserviênciadeclaradaaMoscou,preferiusercoerenteàdecisãoanteriormentetomada.

Tambémproblemaspolíticos internosestiveramnaiminênciadeimpedirqueosJogosOlímpicosde1988acontecessememSeul.Aseleições,realizadasemdezembrode1987,levaramparaocomandodanação sul-coreana o presidente RohTae-Woo, doPartidodaDemocraciaeJustiça,nãoconseguindoneutralizar as divergências entre o governo e aoposição, que, aliada ao movimento estudantil,desejava mais democracia, melhores salários e,principalmente,areunificaçãodaCoréia,separadapelazonamilitarizadanoParalelo38,desdeaguerraentreasduasCoréias,noperíodode1950e1953.

Um acordo verbal entre Governo, liderançaspolíticas e estudantis permitiu que, durante aocorrênciadasOlimpíadas,Seulnãofosseagitadapelassangrentas lutasqueantecederamosJogose que, um ano depois, recrudesceram. O acordodeSeulreviveuasnormasdosJogosOlímpicosdaantigüidade e, por alguns dias, o espírito idealistae puro do Barão Pierre de Coubertin tambémfoi reverenciado, propiciando a ressurreição da

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outrora respeitada “Trégua Sagrada”. Entretanto,providênciasdegrandealcancenãodeixaramdesertomadas,objetivandoevitararepetiçãodabarbáriedeMunique,sendomontadoumesquemadesegurançanunca antes visto em toda a história dos JogosOlímpicos, incluindovárias forçaspreparadasparaaçõesdeanti-guerrilhaurbanaeoperaçõesespeciais,comumtotalde100milpoliciais,destacando-setropasanti-terroristasexímiasnapráticadeartesmarciaisedotadasdeequipamentosdesegurançaultra-modernos.

EmBarcelona,1992,haviaotemordoETA(Euskadi Ta Askatasuna), organização basca que pleiteia aindependênciadaCatalunha,repetirosatosterroristasatéentãopraticadoscomcaracterísticasdaguerrilhaurbana,sacrificandoinúmerosinocentesebuscandochamaratençãodomundoparaasuacausa,semseimportarcomasconseqüênciasnegativasdestasatitudes,provocandoarevoltapopular.

Mas, novamente, oespírito daTréguaSagradavoltoua imperar.OETAeogovernoespanhol seentenderam e as Olimpíadas se realizaram namais absoluta normalidade, sendo consideradasumpadrãodaorganizaçãoparaomundoesportivointernacional.

EmAtlanta,1996,umabombaexplodiu foradaVilaOlímpicasemmaioresconseqüências,emboraofatotenhasidoconsideradocomoumaatitudedeprotesto,nãosesabendo,atéhoje,contraoqueoucontraquem.

Os Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000,apresentaram como fato político marcante a

reconciliação dos colonizadores ingleses, quedurantemuitosanosdominaramaAustrália,comosaboríginesdaquelepaís.

EmboraaolongodestetrabalhofossemfocalizadosapenasosincidentesocorridosnosJogosdeVerão,cabe um registro especial de um fato acontecidonosJogosOlímpicosde InvernodeSaltLakeCity(2002), quando o presidente George Bush fez aaberturasolenedacompetição,postando-senomeiodadelegaçãonorte-americana,aoinvésdefazê-loda tribunadehonra.Foiumaatitudedemagógica,em represália ao atentado de 11 de setembro,complementadapeladelegação,quedesfiloulevandouma bandeira rasgada, como um troféu que teriasobradodatragédiaqueceifouvidasde inocentesalheios aos atos truculentos de representantes depolíticasterroristas.

COnCLuSÃO

Paraofuturo,espera-sequeanormalidade,vigentedesdeosJogosdeSeul,continuesemanifestando,comoumaevidênciadequeoamadurecimentodospovos não deve misturar esporte com política, fielaoolimpismoeaoespíritoidealistaepurodoBarãoPierredeCoubertin.

Endereço para correspondência:AvJoãoLuizAlves,s/nº(ForteSãoJoão)-Urca

RiodeJaneiro-RJ-Brasil-CEP22291-090Tel:212543-3323

e-mail:[email protected]

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ArtigodeRevisão

EQUAÇÕES NACIONAIS PARA A ESTIMATIVA DA GORDURA CORPORAL DE BRASILEIROS

Marcelo Salem1,2, Cândido Simões Pires Neto3, William Waissmann2

1-InstitutodePesquisadaCapacitaçãoFísicadoExército-RiodeJaneiro-RJ-Brasil.2-EscolaNacionaldeSaúdePública/FIOCRUZ-RiodeJaneiro-RJ-Brasil

3-UniversidadeTuiutidoParaná-Curitiba-PR-Brasil.

__________Recebidoem02.08.2006.Aceitoem25.11.2006.

Resumo

Aestimativaeocálculodagorduracorporalpodemserrealizadosporváriosmétodoslaboratoriais(diretosou indiretos) e/oude campo (indiretos).Oúnicoemais preciso método direto para se quantificar agorduracorporaléadissecaçãocadavérica.Apesarda disponibilidade de uma variedade de métodos,indiretos,bemprecisosemodernos,seususosnãosãorecomendadosparaavaliarumgrandenúmerodepessoas, jáqueutilizamequipamentoscaros,gastamumtempoconsiderávelenecessitamdeprofissionaisaltamentequalificados(NortoneOlds,1996).Abuscadetécnicasmaisfáceisebemmaiseconômicasfezcomqueváriosprofissionais,noBrasilenoexterior,procurassemumasoluçãopráticaemenosdispendiosanosmétodosantropométricos,quepreconizamasmedidasdasdobrascutâneas,dosperímetrosmuscularesedosdiâmetrosósseos, realizados forados laboratórios.Apesardadisponibilidadedecentenasdemodelosmatemáticos,o uso de equações não deve ser indiscriminado,

pois,anãoserquesejamvalidadasparagruposdesujeitoscomdiferentescaracterísticas,sódevemserutilizadasemgruposparaosquaisforamdesenvolvidase validadas (Salem,2004).Portanto, como intuitodedivulgaramplamenteos trabalhosnacionaisquedesenvolveramevalidaramequaçõesnacionaisparaofracionamentodacomposiçãocorporal,esteestudoteveporobjetivoapresentarasprincipaisequações,genéricaseespecíficas,paraaestimativadadensidadee/ougorduracorporal,apartirdemedidasantropométricas,desenvolvidas e validadas por autores brasileiros,bemcomoametodologiae instrumental utilizados.Considerandosomenteosestudosenvolvendovariáveisantropométricas,asequaçõesdesenvolvidasforamasdeDartagnanPintoGuedes(1985),EdioLuizPetroski(1995),AnatoleBarretoRodriguesdeCarvalho(1998),CiroRomélioRodriguezAñez (1999),RenatoShoeiYonamine(2000),MarceloSalem(2003e2006).

Palavras-chave: Composição Corporal,EquaçõesNacionais,GorduraCorporal.

RevisedArticle

nATIOnAL EQuATIOnS FOR ESTIMATIOn OF BRAZILIAn BODy FAT

Abstract

Theestimationandthecalculusofbodyfatcanberealizedthroughseverallaboratorialmethods(directorindirect)and/orfieldmethods(indirect).

Theonlyandmostprecisedirectmethodtoquantifybodyfatisdissectingacadaver.Inspiteofhavingavarietyofpreciseandmodernindirectmethods,theyarerecommendedtoevaluateagreatnumberofpeoplebecauseitisnecessarytouseexpensiveequipments,abigamountoftimeisrequired,andhighly-qualifiedprofessionalsareneeded(NortonandOlds,1996).Thesearchesforeasierandmoreeconomictechniquesmadealotofprofessionals,inBrazilandabroad,lookforapracticalandlessexpensivesolutionintheanthropometricmethods,whichcommendsthemeasurementsofskinfolds,

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muscularperimeters,andbonediameters,realizedoutsidethelaboratories.Despitehavinghundredsofmathematicmethods,theuseofequationscannotbeindiscriminately,unlesstheyarevalidatedtoagroupofindividualswithdifferentcharacteristics,otherwise they can only be used for groups towhomtheyweredevelopedandvalidated(Salem,2004). Therefore, in order to acknowledge thenationalresearchesthatdevelopedandvalidatednationalequations to the fractioningof thebodycomposition, this study focused on presentingthe main generic and specific equations, tothe estimation of density and/or body fat, from

anthropometric measurements, developed andvalidated by Brazilian authors, as well as themethodologiesandinstrumentsused.Takingintoaccountonlythestudiesinvolvinganthropometricvariables,thedevelopedequationsweretheonesof Dartagnan Pinto Guedes (1985), Edio LuizPetroski (1995),Anatole Barreto Rodrigues deCarvalho (1998), Cirio Romelio RodriguezAez(1999),RenatoShoeiYonamine(2000),MarceloSalem(2003and2006).

Key words:BodyComposition,NationalEquations,BodyFat.

InTRODuÇÃO

Ointeressepelofracionamentoepelocálculodoscomponentes corporais surgiu na década de 40,quando o Dr.Albert Behnke, médico da marinhaamericana, considerado a maior autoridade emcomposição corporal, realizou um trabalho demedidascorporais,visandofracionaracomposiçãocorporal, tendo realizado medidas de estatura,formaeestruturade25jogadoresprofissionaisdefutebolamericano.Esteestudocomprovouque11dos17jogadoresconsideradosobesospelatabeladepesoealtura,utilizadanaépocacomopadrãode medida da composição corporal, possuíam agordura corporal relativamente baixa e que este“excesso de peso”, em realidade, era devido aodesenvolvimento da massa muscular (Katch eMcArdle,1996).

Após os estudos de Behnke, vários autorespassaramaterinteresseemfracionaracomposiçãocorporal, visando obter informações detalhadase importantes sobre as dimensões do corpohumano,jáqueotipocorporalfornecemuitomaisinformações do que simplesmente proporçõescorporais.

Segundo Heyward e Stolarczyk (1996), alémdeavaliaraquantidadetotaleregionaldegorduracorporalparaidentificarriscosàsaúde,sãováriasasaplicaçõesdacomposiçãocorporal,aseguir:

- Identificar riscosàsaúde,associadosaníveisexcessivamentealtosebaixosdegorduracorporaltotal;

- Identificar riscos à saúde, associados aoacúmuloexcessivodegorduraintra-abdominal;

- Proporcionarentendimentosobreosriscosàsaúde,associadosàfaltaouaoexcessodegorduracorporal;

- Monitorarmudançasnacomposiçãocorporal,associadasacertasdoenças;

- Avaliaraeficiênciadeintervençõesnutricionaisedeexercíciosfísicosnaalteraçãodacomposiçãocorporal;

- Estimar o peso corporal ideal de atletas enão-atletas;

- Formular recomendações dietét icas eprescriçõesdeexercíciosfísicos;e

- Monitorarmudançasnacomposiçãocorporal,associadas ao crescimento, desenvolvimento,maturaçãoeidade.

Buscando informações mais detalhadas,váriosestudos foram realizadospara fracionara

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composiçãocorporal,emvárioscompartimentos,sendoomodelodedivisãodaMassaCorporalTotal(MCT) mais comum o de dois compartimentos,ouseja,aMCTdivididaemMassaGorda(MG)eMassaLivredeGordura(MLG),sendoaMGasomadetodososlipídioscorporaiseaMLGasomadaágua,dasproteínasedoscomponentesmineraisdocorpo(HeywardeStolarczyk,1996).

Aestimativaeocálculodagorduracorporalpodemser realizados por vários métodos laboratoriais(diretos ou indiretos) e/ou de campo (indiretos).O único e mais preciso método direto para sequantificar a gordura corporal é a dissecaçãocadavérica.

Norton e Olds (1996) colocam que algunsmétodosdelaboratóriobastantesofisticadossãoutilizados, hoje em dia, para estimar a gorduracorporal, dentre eles o da condutividade elétricatotaldocorpo(Malina,1987),oultrasônico(Katch,1983) e o do scanner com raios infravermelhos(McLeaneSkinner,1992).

Além dos métodos acima citados, podemosencontrar,tambémaabsortometriaradiológicadedupla energia (DEXA), a bioimpedância elétrica,a densitometria, a pletismografia, a hidrometria,aespectometria,aultrasonografia,a tomografiacomputadorizada, a ressonância magnética, aativação de nêutrons, a interactância de raiosinfravermelhos, a antropometria, a excreção decreatinina,acreatininasérica,aabsorçãofotônica,aradiografiaea3-metil-histidinaurinária(PollockeWilmore,1993).

Apesardadisponibilidadedeumavariedadedemétodosbemprecisosemodernos,seususosnãosãorecomendadosparaavaliarumgrandenúmerodepessoas,jáqueutilizamequipamentoscaros,gastamumtempoconsiderávelenecessitamdeprofissionaisaltamentequalificados(NortoneOlds,1996).

Abuscade técnicasmais fáceisebemmaiseconômicas fez com que vários profissionaisprocurassem uma solução prática e menosdispendiosa nos métodos antropométricos, quepreconizamasmedidasdasdobrascutâneas,dosperímetros musculares e dos diâmetros ósseos,realizadosforadoslaboratórios.

Ocálculodagorduracorporal,apartirdemedidasantropométricas,érealizadodesenvolvendo-seevalidando-se equações de regressão para essefim.

DeacordocomNortoneOlds(1996),amaioriadas equações de predição foi desenvolvidausando métodos de l abo ra tó r i o como adensimetria hidrostática, ou seja, a medição daDensidadeCorporal (D)utilizando-seapesagemhidrostática.

Segundo Lohman (1992), muitos peri tosconsideram a medida da densidade corporalcomooprocedimentopadrãoparaaavaliaçãodacomposiçãocorporal.

Não só no Brasil, mas em todo o mundo,várias equações têm sido desenvolvidas com oobjetivo de quantificar a gordura corporal e, apartirdaí,relacioná-lacomdoençasecomoriscocoronariano.

Apesar da disponibilidade de centenas demodelos matemáticos, o uso de equações nãodeveserindiscriminado,pois,anãoserquesejamvalidadasparagruposdesujeitoscomdiferentescaracterísticas,sódevemserutilizadasemgrupospara os quais foram desenvolvidas e validadas(Salem,2004).

Portanto,comointuitodedivulgaramplamenteos trabalhos que desenvolveram e validaramequações nacionais para o fracionamento dacomposiçãocorporal,esteestudoteveporobjetivoapresentar as principais equações, genéricase específicas, para a estimativa da densidadee/ou gordura corporal, a partir de medidasantropométricas, desenvolvidas e validadas porautores brasileiros, bem como a metodologia einstrumentalutilizados.

EQuAÇÕES nACIOnAIS

Dartagnan Pinto Guedes (1985)

Oprimeiropesquisadorbrasileiroadesenvolvere validar equaçõesnacionaisparaaestimativadaDensidadeCorporalapartirdemedidasantropométricasfoiDartagnanPintoGuedes,em1985.

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Seu estudo foi realizado na UniversidadeFederaldeSantaMaria,ondeforamavaliados206universitários,sendo110homens,comidadesentre17e27anos,e96mulheres,comidadesentre17e29anos.

ParaadeterminaçãodaDensidadeCorporal(DC),Guedes(1985)utilizouumapiscinade23x12m,comprofundidade de 1,4 m e temperatura constantede 27º a 29º C. Para a realização da PesagemHidrostática (PH), construiu-se uma caixa comdimensõesde1,50x1,50m,ondeevitou-sequeamovimentaçãodaáguaafetasseosvaloresdopesosubmerso.

Osavaliadosforampesadosemumacadeiraconstruídaemferrogalvanizado,comdimensõesde0,40x0,50m,paraqueestespudessemseacomodarnomomentodomergulho.

A balança util izada para tomada do pesosubmerso foi de fabricação italiana, de marcaSUPREMAMODRS,comprecisãode5g.

Para o desenvolvimento das equações, oautor utilizou como variável dependente a DCe, como variáveis independentes, oito dobrascutâneas.

AsequaçõesdesenvolvidasporGuedesparaosuniversitáriossãoapresentadasnasTABELAS1e2,aseguir:

TABELA1EQUAÇOESDESENVOLVIDASPORGUEDES

(1985)PARAUNIVERSITÁRIOS(n=110).

Onde:X=dobrascutâneas;X1=AB;X2=AB+TR;X3=AB+TR+SI;X4=AB+TR+SI+AM;X5=AB+TR+SI+AM+SE;X6=AB+TR+SI+AM+SE+CX;X7=AB+TR+SI+AM+SE+CX+PM;X8=AB+TR+SI+AM+SE+CX+PM+BI.

EPE=erropadrãodeestimativaeR=coeficientedecorrelaçãomúltipla.

TABELA2EQUAÇOESDESENVOLVIDASPORGUEDES

(1985)PARAUNIVERSITÁRIAS(n=96).

Onde:X=dobrascutâneas;X1=TR;X2=SI+CX;X3=SI+CX+SE;X4=SI+CX+SE+TR;X5=SI+CX+SE+TR+

BI;X6=SI+CX+SE+TR+BI+PM;X7=SI+CX+SE+TR+BI+PM+AB;X8=AB+TR+SI+AM+SE+CX+PM+BI.

EPE=erropadrãodaestimativaeR=coeficientedecorrelaçãomúltipla.

Comoditoanteriormente,estasequações foramdesenvolvidas para universitários brasileiros comidadeentre17a29anos,devendoasmesmasseremvalidadascasosejamutilizadasparaoutrossujeitos.

OprocedimentodevalidaçãodeumaequaçãoparasujeitosquenãoparticiparamdesuaconstruçãodeveseguirasrecomendaçõesdeLohman(1992),PetroskiePiresNeto(1995)apresentadasaseguir:

1.Realizar a Pesagem Hidrostática de umaamostrasignificativadossujeitosparaosquaisoestudoédestinado.

2.Realizarasmedidasantropométricas,seguindoasrecomendaçõesdoautordaequação.

3. CalcularaDCou%G(variáveldependente)deacordocomaequaçãoquesedesejavalidar.

4.Testar a correlação de Pearson entre ovalor da DC/%G medidos pela PH e a DC/%Gestimados pela equação em questão (p ≤ 0,05).Esta correlação deve alcançar valores próximosousuperioresa0,80.

5.Testar estatisticamente a diferença entreasmédiasdosvaloresdaDC/%GestimadapelaPH e a medida pela equação (p ≤ 0,05). Esteteste t pareado não pode apresentar diferençasestatisticamentesignificativas.

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6. Calcular oerro constante (EC), ou seja: EC

(erro constante)=MÉDIA ((DC/%GPH) - (DC/%G

Equação)), diferença média entre a densidade

mensurada(DC/%GmedidaPH)eestimada(DC/%G

usandoaequação).

7. Calcularoerrotécnico(ET),ouseja:

ET(errotécnico)= onde:Y1é

aDC/%GestimadapelaequaçãoeY2éaDC/%G

medidapelaPH.

8. Comparar os erros calculados com o EPE,

devendoestessereminferioresaoEPEfornecidopelo

autor.

Esteprocedimentopode, também, ser realizado

com equações estrangeiras, como publicado por

váriosautoresnacionais,entreelesPiresNeto(1995a

2006),Guedes(1985),Petroski(1995),Glaner(1997),

Carvalho(1998),Rodriguez-Añez(1999)eYonamine

(2000).

Edio Luiz Petroski (1995)

Outroautoradesenvolverequaçõesnacionaisfoi

EdioLuizPetroski,em1995,orientadopeloProfDr

CândidoSimõesPiresNeto,sendooprimeiroestudioso

adesenvolverequaçõesgeneralizadasnoBrasil.

Cabe, neste momento, diferenciar equações

específicasegeneralizadas:

-Equaçõesespecíficas-sãoequaçõesdesenvolvidas

apartirdepopulaçõesespecíficas,como,porexemplo,

asequaçõesdesenvolvidasparauniversitários,com

idadeentre17e27deGuedes(1985).

- Equações generalizadas - são desenvolvidas

utilizandograndesamostrasheterogêneasemidade,

em composição corporal e em aptidão física.As

equaçõesgeneralizadas,geralmente,usamomodelo

de regressão curvilinear e a idade como variável

independente.A principal vantagem é que uma

equaçãogeneralizadapodeseraplicadaparadiversas

populações,semperderasuaacuracidade(Petroski

ePiresNeto,1996).

Petroski realizou seu estudo na Universidade

FederaldeSantaMaria,comotesededoutorado,tendo

estudadoumapopulaçãocompostaporadultosde

ambosossexos(n=672),nafaixaetáriaentre18e66

anos,dasregiõescentraldoRSelitorâneadeSC.

Ossujeitosforamdivididosemdoisgrupos:ogrupo

de regressão (GR=213mulherese304homens),

para o desenvolvimento das equações, e o grupo

devalidação(GV=68mulherese87homens),para

validarasequaçõesdesenvolvidas.

ParaaPHfoidesenvolvidaumacaixapintadade

branco,deformatoquadrado1,30X1,30m,com

1,40mdealtura,semfundo,construídaemmadeira

com2,5cmdeespessura.

Paraaferiçãodopesosubmersofoiutilizadauma

balançaFilizola, comcapacidadepara6 kge com

divisãode5g,

Paraasustentaçãodosavaliadosfoiutilizadoum

trapéziotubular,emPVC,cano40,comdimensãode

50cm.

Umcintodemergulhador,com1,8kg,foicolocado

emvoltadacinturadosavaliados,buscandomantera

estabilidadecorporalduranteomergulho,tendoopeso

dessecintosidosubtraídoaofinaldaspesagens.

Nãofoiutilizadaaposiçãosentadaparaosavaliados,

e,sim,aposiçãogrupada,porsermaisconfortávelpara

osavaliados(PetroskiePiresNeto,1996).

Comovariáveldependentenasequações,Pestroski

utilizouaDCe,comovariáveisindependentes,usou

asdobrascutâneas,osperímetrosmusculareseos

diâmetrosósseos.

As equações desenvolvidas pelos autores para

homensemulheressãoapresentadasaseguirnas

TABELAS3e4.

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TABELA3

EQUAÇOESGENERALIZADASDESENVOLVIDASPARAHOMENSDE18A66ANOS.

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Onde:DC=dobrascutâneas(mm);ID=idade(anos);CAT=circunferênciadoantebraço(cm);

CAB=circunferênciadoabdômen(cm);X9=∑9DCSE,TR,BI,AM,PT,SI,AB,CXePM;

X7=∑7DCSE,TR,PT,AM,SI,ABeCX;X6=∑6DCSE,TR,BI,PT,AMeSI;

X4=∑D4C,SE,TR,SIePM;Z4=∑4DCSE,TR,BIeSI;

X3=∑3DC,SE,TReSI;Z

3=∑3DCSE,TRePT;X

2=∑2DCTReAM.

ContinuaçãodaTABELA3

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TABELA4

EQUAÇOESGENERALIZADASDESENVOLVIDASPARAMULHERESDE18a51ANOS.

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ContinuaçãodaTABELA4

Onde:ID=Idade(anos);MC=massacorporal(kg);ES=estaturacorporal(cm);CAB=circunferênciado

abdômen(cm);CCX=circunferênciadacoxa(cm);

DC=dobracutânea(mm);X9=∑9DC,SE,TR,BI,PT,AM,SI,AB,CXePM;

X7=∑7DC,SE,TR,AM,SI,AB,CXePM;Y7=∑7DC,SE,TR,AM,PT,SI,ABeCX;

X5=∑5DC,SE,TR,SI,ABePM;X4=∑4DC,SE,TR,SIePM;

Y4=∑4DC,AM,SI,CXePM;X

3=∑3DC,SE,SIeCX;Y

3=∑3DC,AM,SIeCX;

Anatole Barreto Rodrigues de Carvalho (1998)

Carvalhodesenvolveuseu trabalho,orientadopelo

ProfDrCândidoSimõesPiresNeto,comuniversitários

(n=66homensen=58mulheres)estudantesdeMedicina,

Odontologia,Enfermagem,Engenharia,Jornalismoe

EducaçãoFísicadaUniversidadeFederaldePernambuco,

UniversidadedePernambuco,UniversidadeCatólicade

PernambucoemilitaresdoNúcleodePreparaçãode

OficiaisdaReserva(NPOR)deSantaMaria-RS.

A metodologia foi praticamente a mesma dos

autores anteriormente citados, com apenas uma

diferençasignificativa:oautorutilizou,comovariável

dependente,aMassaCorporalMagra(MCM)e,como

variáveis independentes,alémdedobrascutâneas

eperímetrosmusculares, a ImpedânciaBioelétrica

(TetrapolarBiodynamicsmodelo310).

AMCMfoicalculadatransformando-seaDCem%

degordurapormeiodaequaçãodeSiri(1961),istoé,

%G=(495/DC)–450.

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AMassaGorda(MG)foicalculadapelaseguinteequação:MG=MCT(%G/100).

AMCMfoicalculadasubtraindo-sedaMCTaMG:MCM=MCT–MG.

As equações desenvolvidas são mostradas naTABELAS5e6,aseguir:

TABELA5EQUAÇÕESDESENVOLVIDASPARAHOMENS

DE18a30ANOS.

Onde:R=resistência,Rc=reatância,EST=estatura,Eres=EST2/R,MC=massacorporal(Kg),ID=idade,

Pabd=perímetrodoabdômen.

TABELA6EQUAÇÕESDESENVOLVIDASPARAMULHERES

DE18a28ANOS.

Onde:R=resistência,Rc=reatância,EST=estatura,Eres=EST2/R,MC=massacorporal(Kg),

Ppan=perímetrodapanturrilha.

Ciro Romélio Rodriguez-Añez (1999)

Orientado pelo Prof Dr Cândido Simões PiresNeto,Rodriguez-Añesrealizouumestudocom64cabosesoldadosdoExércitoBrasileiro,comidadesentre18e22anos,servindonacidadedeSantaMaria-RS.

Os procedimentos metodológicos foram osmesmos descritos pelos outros autores, tendosido,entretanto,mensuradas13dobrascutânease nove perímetros musculares como variáveisindependentes e, como variável dependente, aMCM.

AMCMfoicalculadatransformando-seaDCem%degordurapormeiodaequaçãodeSiri(1961),istoé,%G=(495/DC)-450.

AMassaGorda(MG)foicalculadapelaseguinteequação:MG=MCT(%G/100).

AMCMfoicalculadasubtraindo-sedaMCTaMG:MCM=MCT–MG.

As equações específicas desenvolvidas sãomostradasnaTABELA7.

TABELA7EQUAÇOESESPECÍFICASPARAAESTIMATIVA

DADENSIDADECORPORALDECABOSESOLDADOSDOEXÉRCITO.

Onde:X2=dobracutânea(dc)abdominalhorizontal,X3=Sdcabdominalvertical(ABDV)+dcsuprailíacaobliqua

(SIO),X6=Sdcabdov+SIO+coxamedial(CXM),X7=SDCABDV+SIO+CXM+TR(dctriciptal),X10=SDC

ABDV+SIO+CXM+TR+PT(dcpeitoral),X14=SDCABDV+SIO+CXM+TR+PT+AXO(dcaxilarobliqua

+PAM(dcpanturrilhamedial),X16=SDCABDV+SIO+CXM+TR+PT+AXO+PAM+BI(diâmetrobiestiloidal),X17=X16=SDCABDV+SIO+CXM+TR+PT+AXO+

PAM+BI+SE(dobrasubescapular),PPES=perímetrodopescoço,PABD=perímetroabdominalePCXS=perímetro

dacoxasuperior.

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Renato Shoei Yonamine (2000)

Esteestudovisoudesenvolverequaçõespara93meninos,entre12a14anosdeidade(n=31decadaidade).

TambémsobaorientaçãodoProfDrCândidoSimões Pires Neto, Yonamine usou comovariável dependente a MCM e, como variáveisindependentes,alémdaMCT,aestaturaeaidade,asdobrascutâneas,osperímetrosmuscularesea Impedândia Bioelétrica (mesmo modelo usadoanteriormenteporCarvalho,1998).

ParaatransformaçãodaDCem%Gutilizou-seaequaçãodeLohman(1989):%G=507/DC-464.

Asequaçõesdesenvolvidassãomostradas,aseguir,naTABELA8.

TABELA8EQUAÇOESDESENVOLVIDASPARA

GAROTOSDE12a14ANOS.

Onde:IR=índicederesistência(est2/R),est=estatura,

R=resistênciaelétricacorporal(Ω),mc=massacorporal

total,IMC=índicedemassacorporal(Kg/m2)ePcx=

perímetrodacoxa.

Marcelo Salem (2004)

Ainda sob a orientação do Prof Dr Cândidoe José Fernandes Filho, Salem desenvolveuequações específicaspara a estimativa da DC demulheresmilitaresdoExércitoBrasileiro,utilizando-seunicamentedevariáveisantropométricas.

Aamostra foi compostaporumgrupode100mulheres,comidadesentre18e45anos,divididasemgrupoderegressãoedevalidação.

Aprincipaldiferençaentreesteeoutrosestudosutilizando-seaPH,éque,nestecaso,foiconstruídoum tanque exclusivamente para a realização dopesosubmerso.

Váriascaracterísticasdiferenciamestetanque,como por exemplo: seu aquecimento e suafiltragemsãoautomáticos;opesonãoéaferido

atravésdeumabalança,esim,comumacélulade carga, desenvolvida pela FILIZOLA, commostradordigitaldeváriasvelocidadesdeleituraeprecisãode5a50gentreoutrascaracterísticas(Salem,Monteiro,FernandesFilhoePiresNeto,2003).

Aidade,aestatura,aMCT,asdobrascutâneas,osperímetrosmusculareseosdiâmetrosósseosforam usados como variáveis independentes naequaçãoeaDC,comovariáveldependente.

AsequaçõesdesenvolvidassãomostradasnaTABELA9.

TABELA9EQUAÇOESESPECÍFICASPARAAESTIMATIVA

DADCEMMULHERESMILITARES.

Onde:BIC=dobradobíceps,TRI=dobradotríceps,

ANTE=perímetrodoantebraço,TORAX=perímetrodo

tórax,CINT=perímetrodacintura,DBI=diâmetrobiestiloidal,

PESC=perímetrodopescoço,PCOXA=perímetrodacoxa,

PABDO=perímetroabdominal,R=coeficientedecorrelação

múltiplaeEPE=erropadrãodaestimativa.

Marcelo Salem et al. (2006)

Este estudo foi realizado dentro da Escolade Educação Física do Exército (EsEFEx),como iniciação cientifica dos alunos do Cursode Instrutores de 2006, tendo como propostadesenvolver uma equação específ ica paraa lunos do Curso de Educação F ís ica daEsEFEx,utilizandopoucasvariáveise focandoapraticidade.

Participaram do estudo 20 militares (50% dapopulaçãodoestudo),oficiaisdoExército,alunosdocursodaEsEFEx/2006.

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ComovariáveisdependentesforamusadasaDCea%G,ecomoindependentes,asmesmasvariáveisutilizadasporGuedesePetroski.

OúnicodiferencialdesteestudofoiométododevalidaçãoquenãoseguiuasrecomendaçõesdeLohman(1992)e,sim,aanálisediagnósticadosresíduosdaregressão.

Neste procedimento fez-se, basicamente,a análise estatística dos resíduos das novasequações,analisandoaindependênciadestesemrelação às variáveis, a homocedasticidade dosresíduoseanormalidadedosresultados.

AsequaçõesdesenvolvidassãomostradasnaTABELA10.

TABELA10EQUAÇOESESPECÍFICASPARAESTIMARA

DCE%GEMMILITARESDAEsEFEx.

COnCLuSÃO

As equações listadas nesta revisão foramcoletadassomentedepublicaçõesemperiódicosindexados e usando como instrumento critérioaPH.Asequaçõespublicadasem resumosdecongressosnãoforamlevadasemconsideração,em função da dif iculdade de acesso a taisinformações.

Equaçõesutilizandomedidasantropométricassão amplamente utilizadas, por serem simplese implicarem em baixo custo, principalmentequandoutilizadasemtrabalhosdesaúdepública,envolvendoumgrandenúmerodesujeitos.

Apesar da disponibi l idade de equaçõesnacionais,pode-seperceberque,comexceçãodaequaçãodePetroski(1995),todasasoutrasforamdesenvolvidasparapopulaçõesespecíficasenãodevemserutilizadasparapopulaçõesemgeral.

Portanto, quando se for usar uma equaçãoparaestimaragorduracorporal,deve-setomar

grandecuidadonaescolhadomodeloapropriado,pois características como a idade, o gênero eas características antropométricas devem serconsiderados,jáqueousodeummétodoindiretopara estimar os componentes corporais podegerarvárioserros.

Alem disto, segundo Norton e Olds (1996),vários erros estão embutidos nos modelosmatemáticos indiretos: o erro biológico naquantificaçãoenapadronizaçãodoscomponentescorporais,acriaçãodomodeloderegressãopeloprograma estatístico, o uso de equipamentosdescalibrados,atransformaçãodeDCem%deGordura, a escolha incorreta da equação e, omaisprejudicial,oerroembutidopeloavaliadorinexperiente.

Se somarmos todos os erros aos valorese s t i m a d o s , p o d e r e m o s a c h a r u m v a l o rcomple tamente d i fe rente dos parâmet rosesperados, principalmente quando se trata desaúde.

Paraamenizaralgunserrosembutidospelosavaliadores nos resultados das avaliações,alguns autores estão desenvolvendo estudosutil izando somente perímetros, pois, apesardestas equações apresentarem acurácia maisbaixa,torna-semaisdifícilqueoavaliadorcometaerrosnatomadadasmedidasantropométricas,jáqueascircunferênciassãomaisfáceisdeseremmedidas, não necessitando de equipamentopróprioecalibrado.

Conclu i -se, por tanto, que permanece anecess idade de serem rea l i zados ou t rosestudosvalidando,oumesmodesenvolvendo,novas equações para populações ou gruposespecíficos não contemplados com modelosmatemát icos própr ios , v isando min imizarpossíveiserros.

Endereço para correspondência:AvJoãoLuizAlves,s/n(ForteSãoJoão)-Urca

RiodeJaneiro-RJ-Brasil-CEP:22291-090Tel:212543-3323

e-mail:[email protected]

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Nº 136 MARÇO DE 2007

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